“Claridade”: a viagem e o sonho de encontrar uma terra prometida
“Claridade”: a viagem e o sonho de encontrar uma terra prometida
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A <strong>viagem</strong> e o <strong>sonho</strong> <strong>de</strong> <strong>encontrar</strong> <strong>uma</strong> <strong>terra</strong> <strong>prometida</strong> <strong>de</strong> Clarida<strong>de</strong>.<br />
Pedro Miguel Craveiro <strong>de</strong> Magalhães<br />
«O Mar!<br />
pondo rezas nos lábios,<br />
<strong>de</strong>ixando nos olhos dos que ficaram<br />
a nostalgia resignada <strong>de</strong> países distantes<br />
que chegam até nós nas estampas das ilustrações<br />
nas fitas <strong>de</strong> cinema<br />
e nesse ar <strong>de</strong> outros climas que trazem os passageiros<br />
quando <strong>de</strong>sembarcam para ver a pobreza da <strong>terra</strong>!»<br />
A CLARIDADE<br />
in «Poema do Mar», <strong>de</strong> Jorge Barbosa<br />
A revista Clarida<strong>de</strong> é a primeira manifestação intelectual da elite cabo-verdiana.<br />
De facto, esta revista, que surgiu no ano <strong>de</strong> 1936, em Min<strong>de</strong>lo, centro <strong>de</strong> um movimento<br />
<strong>de</strong> emancipação cultural, social e política da socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Cabo-ver<strong>de</strong>, traçou <strong>uma</strong><br />
divisória entre a poética tributária do mo<strong>de</strong>lo português e a submersão nas raízes<br />
sociais, passando pela leitura do mo<strong>de</strong>rnismo brasileiro. Deste modo, po<strong>de</strong>r-se-á afirmar<br />
que a Clarida<strong>de</strong> é, evi<strong>de</strong>ntemente, «sensível às realida<strong>de</strong>s do quotidiano do povo, (...)<br />
no sentido <strong>de</strong> <strong>uma</strong> cada vez maior abrangência e representativida<strong>de</strong> da consciência geral<br />
da nação» 1 .<br />
Os fundamentos <strong>de</strong>ste movimento resi<strong>de</strong>m,<br />
<strong>de</strong>certo, na atitu<strong>de</strong> da burguesia liberal oitocentista<br />
saída do Setembrismo, <strong>uma</strong> vez ultrapassado o<br />
1 Poesia Africana <strong>de</strong> Língua Portuguesa. In Cronopios [Em linha]. [Consult. 2010-12-27]. Disponível na<br />
www: <br />
0
conflito entre a socieda<strong>de</strong> crioula <strong>de</strong> base esclavagista e as novas instâncias sociais e<br />
jurídicas inerentes à abolição da escravatura e do regime dos morgadios, que anunciam<br />
o fim do Antigo Regime. Neste sentido, a nova burguesia liberal instituiu a Escola,<br />
como elemento homogeneizador da diversida<strong>de</strong> étnica que persistia no arquipélago,<br />
sabendo que o processo <strong>de</strong> alfabetização e formação intelectual da população era<br />
indispensável ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>uma</strong> consciência geral esclarecida. Na verda<strong>de</strong>, fê-<br />
lo <strong>de</strong> maneira sistemática e com a aprovação e apoio constantes da Igreja que era, neste<br />
momento histórico, a única entida<strong>de</strong> <strong>de</strong>tentora <strong>de</strong> <strong>uma</strong> estrutura <strong>de</strong> ensino activo. Deste<br />
modo, a Escola <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ou <strong>uma</strong> fome <strong>de</strong> leitura que, consequentemente, está na base<br />
do extraordinário progresso cultural <strong>de</strong> Cabo-ver<strong>de</strong> no século XX.<br />
A Clarida<strong>de</strong> vai-se firmando, lenta e sub<strong>terra</strong>neamente, alastrando-se para fora<br />
<strong>de</strong>ssa revista divulgada, envolvendo <strong>uma</strong> geração inteira e difundindo <strong>uma</strong> estética<br />
realista que, por seu turno, correspondia a <strong>uma</strong> nova situação e condição sociais<br />
existentes: «No sentido prospectivo, a Clarida<strong>de</strong> foi capaz <strong>de</strong> dizer, mediante <strong>uma</strong> ética<br />
que reelaborou o conceito <strong>de</strong> artista da palavra, o que convinha à população que <strong>de</strong>la<br />
fosse dito para se realizar como nação-estado. A <strong>de</strong>mora em percorrer esse percurso <strong>de</strong><br />
soberania, (...) vem a ser assim um dos significantes da permanência do espírito <strong>de</strong><br />
realismo vivo que foi enformando e readaptando a revista a sucessivas gerações <strong>de</strong><br />
colaboradores.» 2<br />
O principal projecto da geração dos claridosos era, sobretudo, o <strong>de</strong> «fincar os pés<br />
na <strong>terra</strong>» 3 , ou seja, abordar a <strong>terra</strong> e o homem na sua relação umbilical e a cultura<br />
nacional, criando, <strong>de</strong>ste modo, «raízes com o chão, <strong>de</strong> forma a proporcionar <strong>uma</strong> íntima<br />
e profunda ligação <strong>de</strong> amor firme do homem à <strong>terra</strong> que o sustém.» 4<br />
Para que este anseio primeiro se pu<strong>de</strong>sse, então, concretizar, os homens da geração da<br />
Clarida<strong>de</strong> tinham, convenientemente, que <strong>de</strong>dicar gran<strong>de</strong> parte do seu interesse ao<br />
movimento oposto a esta vonta<strong>de</strong>: a emigração. Na verda<strong>de</strong>, esta temática foi,<br />
amplamente, espelhada na literatura que marcou os poetas claridosos. Neste contexto,<br />
há quem argua que os homens <strong>de</strong>sta geração <strong>de</strong>ram importância e atenção exacerbadas a<br />
2 I<strong>de</strong>m.<br />
3 Geração da Clarida<strong>de</strong>. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2010-12-<br />
04]. Disponível na www: .<br />
4 I<strong>de</strong>m.<br />
1
esta temática, tornando (ao olhar exterior) a literatura cabo-verdiana da década <strong>de</strong> trinta<br />
quase, unicamente, baseada na temática do evasionismo.<br />
A par <strong>de</strong>sta linha temática, a Clarida<strong>de</strong> partilha temas recorrentes como o <strong>terra</strong>-<br />
longismo geográfico (mistificado em Pasárgada), ou seja, a <strong>terra</strong> longe, que é, portanto,<br />
local <strong>de</strong> fuga para on<strong>de</strong> emigravam os homens cabo-verdianos; o tratamento duplo do<br />
elemento pantalássico, isto é, o mar como prisão, que impe<strong>de</strong> o homem <strong>de</strong> alargar os<br />
seus horizontes, e o mar como evasão, que permite ao homem adquirir novos saberes,<br />
novas experiências, e, particularmente, possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sobrevivência n<strong>uma</strong> <strong>terra</strong>, pelo<br />
menos, mais fértil; as montanhas e planícies áridas e secas, que coibiam o homem <strong>de</strong><br />
persistir naquela <strong>terra</strong> tão infértil; a dimensão telúrica, on<strong>de</strong> se revela um<br />
incomensurável amor àquela <strong>terra</strong>, que tanto faz sofrer na hora da partida; e,<br />
finalmente, a tragédia das eternas secas das ilhas, que fustigam a <strong>terra</strong> e a alma cabo-<br />
verdianas, levando, por seu turno, ao <strong>de</strong>sespero <strong>de</strong> querer partir.<br />
Para além <strong>de</strong>stas linhas temáticas condutoras <strong>de</strong> textos, mensagens e condutas da<br />
geração claridosa; é evi<strong>de</strong>nte, a in<strong>de</strong>smentível fé e religiosida<strong>de</strong> <strong>de</strong>smedidas <strong>de</strong>ste<br />
povo insular que, mesmo con<strong>de</strong>nado a amarguras, não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> esperar que um dia tudo<br />
mu<strong>de</strong> e que possam «fincar os pés n<strong>uma</strong> <strong>terra</strong> que os sustente plenamente.» 5<br />
Neste contexto, é pertinente salientar que as linhas fundamentais do movimento<br />
dos claridosos estão, em certa medida, con<strong>de</strong>nsadas na obra <strong>de</strong> Jorge Barbosa, gran<strong>de</strong><br />
responsável por este movimento emancipatório. De facto, a preocupação basilar da sua<br />
poesia é <strong>de</strong>nunciar situações que, diariamente, o homem cabo-verdiano encara, por<br />
exemplo, a fome, a miséria, a falta <strong>de</strong> esperança no dia <strong>de</strong> amanhã, as secas e os seus<br />
efeitos <strong>de</strong>vastadores. Os tópicos, mormente, abordados pelo poeta claridoso são o lugar,<br />
o ambiente sócio-económico e o povo, havendo <strong>uma</strong> correlação entre todos e,<br />
consequentemente, com o mar, pois é elemento provocador do advento <strong>de</strong> <strong>uma</strong><br />
realida<strong>de</strong> dual, soberbamente, tratada na poética barbosiana: «a <strong>viagem</strong> e o <strong>sonho</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>encontrar</strong> <strong>uma</strong> <strong>terra</strong> <strong>prometida</strong>.» 6<br />
5 I<strong>de</strong>m.<br />
6 Jorge Barbosa. In Lusofonia [Em linha]. [Consult. 2010-12-04]. Disponível na www: .<br />
2
Deste modo, proponho a leitura e a breve análise do poema Irmão 7 , <strong>de</strong> Jorge<br />
Barbosa, a fim <strong>de</strong> constatar, <strong>de</strong>certo, nos seus versos, características sui generis da<br />
Clarida<strong>de</strong> e para que, igualmente, se explicite a i<strong>de</strong>ologia que, anteriormente, referi.<br />
7 BARBOSA, Jorge. Ambiente, 1941.<br />
Irmão<br />
Cruzaste Mares<br />
na aventura da pesca da baleia,<br />
nessas viagens para a América<br />
<strong>de</strong> on<strong>de</strong> 19 às vezes os navios não voltam mais.<br />
Tens as mãos calosas <strong>de</strong> puxar<br />
as enxárcias dos barquinhos no mar alto;<br />
viveste horas <strong>de</strong> expectativas cruéis<br />
na luta com as tempesta<strong>de</strong>s;<br />
25<br />
aborreceu-te esse tédio marítimo<br />
das longas calmarias intermináveis.<br />
Sob o calor infernal das fornalhas<br />
alimentaste <strong>de</strong> carvão as cal<strong>de</strong>iras dos vapores,<br />
em tempo <strong>de</strong> paz<br />
em tempo <strong>de</strong> guerra.<br />
E amaste com o ímpeto sensual da nossa gente<br />
as mulheres nos países estrangeiros!<br />
Em <strong>terra</strong><br />
nestas pobres Ilhas nossas<br />
és o homem da enxada<br />
abrindo levadas à água das ribeiras férteis,<br />
cavando a <strong>terra</strong> seca<br />
nas regiões ingratas<br />
on<strong>de</strong> às vezes a chuva mal chega<br />
on<strong>de</strong> às vezes a estiagem é <strong>uma</strong> aflição<br />
e um cenário trágico <strong>de</strong> fome!<br />
Levas aos teus bailes<br />
a tua<br />
melancolia no fundo da tua alegria,<br />
quando acompanhas as Mornas com as posturas<br />
18<br />
3
graves do violão<br />
ou apertas ao som da música crioula<br />
as mulheres amoráveis contra o peito...<br />
A Morna...<br />
parece que é o eco em tua alma<br />
da voz do Mar<br />
e da nostalgia das <strong>terra</strong>s mais ao longe<br />
que o Mar te convida,<br />
o eco<br />
da voz da chuva <strong>de</strong>sejada,<br />
o eco<br />
da voz interior <strong>de</strong> nós todos,<br />
da voz da nossa tragédia sem eco!<br />
A Morna...<br />
tem <strong>de</strong> ti e das coisas que nos ro<strong>de</strong>iam<br />
a expressão da nossa humilda<strong>de</strong>,<br />
a expressão passiva do nosso drama,<br />
da nossa revolta,<br />
da nossa silenciosa revolta melancólica!<br />
A América...<br />
a América acabou-se para ti...<br />
Fechou as portas à tua expansão!<br />
Essas Aventuras pelos Oceanos<br />
já não existem...<br />
Existem apenas<br />
nas histórias que contas do passado,<br />
com o canhoto atravessado na boca<br />
e risos alegres<br />
que não chegam a escon<strong>de</strong>r<br />
a tua<br />
melancolia...<br />
O teu <strong>de</strong>stino...<br />
O teu <strong>de</strong>stino<br />
sei lá!<br />
Viver sempre vergado sobre a <strong>terra</strong>,<br />
a nossa <strong>terra</strong>,<br />
4
pobre<br />
ingrata<br />
querida!<br />
Ser levado talvez um dia<br />
na onda alta <strong>de</strong> alg<strong>uma</strong> estiagem!<br />
como um <strong>de</strong>sses barquinhos nossos<br />
que andam pelas Ilhas<br />
e o Oceano acaba também por levar um dia!<br />
Ou outro fim qualquer humil<strong>de</strong><br />
anónimo...<br />
Ó Cabo-Verdiano humil<strong>de</strong><br />
anónimo<br />
— meu irmão!<br />
Este poema, presente na obra Ambiente, comporta várias linhas temáticas,<br />
caracteristicamente, claridosas. É evi<strong>de</strong>nte, no princípio do poema, a <strong>viagem</strong> à América,<br />
que parece surgir, neste contexto, como solução e fuga aos problemas do território<br />
insular. De facto, é através do irmão que se ausenta <strong>de</strong>ssas «pobres ilhas nossas» (linha<br />
18) e que é, pois, caracterizado como «homem da enxada/ abrindo levadas à água das<br />
ribeiras férteis/ (…) on<strong>de</strong> às vezes a chuva mal chega/ on<strong>de</strong> às vezes a estiagem é <strong>uma</strong><br />
aflição / e um cenário trágico <strong>de</strong> fome!» (linhas 19 a 25), que o poeta faz transfigurar e<br />
aparecer espaços reais e, também, <strong>de</strong>finidos. A América é, neste sentido, para o cabo-<br />
verdiano, lugar paradisíaco, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong> resolucionar os seus problemas económicos;<br />
contudo, lentamente, apercebemo-nos <strong>de</strong> que o que é narrado, no poema, vai-se<br />
convertendo num <strong>sonho</strong>, contribuindo, <strong>de</strong>ste modo, para <strong>uma</strong> apatia e melancolia<br />
ancoradas no Irmão e que os seguintes versos ilustram, evi<strong>de</strong>ntemente: «essas<br />
Aventuras pelos Oceanos/ já não existem.../ Existem apenas/ nas histórias que contas do<br />
passado,/ com o canhoto atravessado na boca/ e risos alegres/ que não chegam a<br />
escon<strong>de</strong>r/ a tua/ melancolia...» (linhas 52 a 60) . Posteriormente a essa queda no mundo<br />
da <strong>sonho</strong> e da melancolia, o sujeito lírico retoma a linha realista, advertindo à<br />
solidarieda<strong>de</strong> fraterna do cabo-verdiano. Em s<strong>uma</strong>, neste poema barbosiano, temos a<br />
presença e a recorrência a variadas linhas temáticas: a fome, a miséria, a falta <strong>de</strong><br />
esperança no dia <strong>de</strong> amanhã, as secas, o <strong>terra</strong>-longismo geográfico e o duplo tratamento<br />
do elemento pantalássico. Com efeito, ainda que alg<strong>uma</strong>s <strong>de</strong>ssas linhas sejam,<br />
5
tenuemente, exploradas, a verda<strong>de</strong> é que as duas últimas temáticas são forças motrizes<br />
do poema.<br />
Outro poema que me proponho, igualmente, a analisar é <strong>de</strong> Manuel Lopes, poeta<br />
precursor da Clarida<strong>de</strong> e que, juntamente, com Jorge Barbosa e Baltasar Lopes<br />
(Osvaldo Alcântara) pontifica a manifestação intelectual claridosa.<br />
Cais<br />
Nunca parti <strong>de</strong>ste cais<br />
e tenho o mundo na mão!<br />
Para mim nunca é <strong>de</strong>mais<br />
respon<strong>de</strong>r sim<br />
cinquenta vezes a cada não.<br />
Por cada barco que me negou<br />
cinquenta partem por mim<br />
e o mar é plano e o céu azul sempre que vou!<br />
Mundo pequeno para quem ficou...<br />
«Nunca parti <strong>de</strong>ste cais» (linha 1), segundo nos relata o sujeito poético. De facto,<br />
é reconhecível que o poema se intitula <strong>de</strong> Cais e parece ter um sentido bastante<br />
importante e oportuno. Na minha opinião, o vocábulo ‘cais’ que dá título ao poema e,<br />
somente, aparece no primeiro verso da composição, é um elemento mediador.<br />
Indubitavelmente, está inerente ao texto o binómio dos mundos interior e exterior;<br />
Cabo-ver<strong>de</strong> é o mundo interior, um «mundo pequeno para quem ficou» (linha 9), e «o<br />
mar plano e o céu azul» (linha 8) sinónimos <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> e mundo exterior. Neste<br />
sentido, po<strong>de</strong>mos constatar que há, <strong>de</strong>certo, a alusão ao <strong>terra</strong>-longismo dos cabo-<br />
verdianos; contudo, o sujeito lírico, insistente, pois respon<strong>de</strong> «sim/ cinquentas vezes a<br />
cada não» (linha 4 e 5), parece não ter ido nessa busca <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s. A composição<br />
poética aborda, <strong>de</strong> igual modo, o elemento marítimo na sua dualida<strong>de</strong>, ou seja, para<br />
quem vai, o mar é evasão e, para quem fica, o mar é prisão.<br />
4<br />
1<br />
9<br />
8<br />
6
Em tom conclu<strong>de</strong>nte, importa salientar que o poema suscita, em mim, <strong>uma</strong><br />
dúvida passageira: se o sujeito poético não vê o mar como fugacida<strong>de</strong> e pleno <strong>de</strong><br />
oportunida<strong>de</strong>s, porque fica no território insular, visto que o caracteriza como um<br />
«mundo pequeno para quem ficou» (linha 9)? Será que o facto <strong>de</strong> ter «o mundo na mão»<br />
(linha 2) é razão para ficar? Este poema parece-me ilustrar, claramente, o principal<br />
projecto da geração dos claridosos, ou seja, «fincar os pés na <strong>terra</strong>» 8 , criando, <strong>de</strong>ste<br />
modo, «raízes com o chão, <strong>de</strong> forma a proporcionar <strong>uma</strong> íntima e profunda ligação <strong>de</strong><br />
amor firme do homem à <strong>terra</strong> que o sustém.» 9<br />
SITOGRAFIA GERAL<br />
www: .<br />
www: .<br />
www: <br />
8 Geração da Clarida<strong>de</strong>. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2010-12-<br />
04]. Disponível na www: .<br />
9 I<strong>de</strong>m.<br />
7