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Sentido das medidas<br />

Magna Natália Marin Pires<br />

Marilda Trecenti Gomes<br />

Des<strong>de</strong> muito pequenas, as crianças já se encontram envolvidas com as<br />

medidas, mesmo que informalmente. Isso se verifica quando comparam<br />

suas alturas ou investigam quem entre elas tem o lápis maior, por exemplo.<br />

É importante que o professor faça <strong>um</strong> trabalho a partir do qual a criança<br />

perceba que as noções <strong>de</strong> pequeno, médio e gran<strong>de</strong> são relativas. Para<br />

isso, é necessário que os objetos, animais e outros sejam “compara<strong>dos</strong>”. A<br />

partir <strong>de</strong> pequenas experiências, o professor <strong>de</strong>ve propor ativida<strong>de</strong>s nas<br />

quais há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> medidas mais precisas.<br />

Medir é comparar gran<strong>de</strong>zas <strong>de</strong> mesma espécie.<br />

O ato <strong>de</strong> medir envolve dois componentes.<br />

Inferência transitiva:<br />

ao usarmos <strong>um</strong>a régua na comparação <strong>de</strong><br />

dois comprimentos, por exemplo, é necessário compreen<strong>de</strong>r que<br />

esses comprimentos po<strong>de</strong>m ser compara<strong>dos</strong> por meio <strong>de</strong> <strong>um</strong>a medida<br />

com<strong>um</strong>. Para isso, é preciso ser capaz <strong>de</strong> fazer inferências; se x<br />

é igual a y e y é igual a z, então x é igual a z.<br />

Compreensão <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s:<br />

ao medirmos, estamos preocupa<strong>dos</strong><br />

com quantida<strong>de</strong>s reais. As unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> medida <strong>de</strong>vem ser constantes,<br />

<strong>um</strong> centímetro é sempre o mesmo; não seria útil medirmos dois<br />

comprimentos em palmos se a mesma mão não fosse aplicada a<br />

ambas as quantida<strong>de</strong>s.<br />

Antes <strong>de</strong> iniciarmos o trabalho <strong>de</strong> medição, é necessário escolher a unida<strong>de</strong><br />

mais a<strong>de</strong>quada à situação. Po<strong>de</strong>-se medir a largura <strong>de</strong> <strong>um</strong>a carteira,<br />

por exemplo, usando o comprimento <strong>de</strong> <strong>um</strong> palito <strong>de</strong> sorvete; porém, não<br />

seria viável usar a mesma referência, o comprimento do palito <strong>de</strong> sorvete,<br />

para medirmos a largura <strong>de</strong> <strong>um</strong> terreno.


Fundamentos Teóricos do Pensamento Matemático<br />

124<br />

O processo <strong>de</strong> medir algo se dá em três etapas:<br />

1.<br />

escolhe-se <strong>um</strong> objeto para funcionar como unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> medida;<br />

2. verificam-se quantas vezes a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> medida escolhida cabe no objeto<br />

a ser medido;<br />

3.<br />

tenta-se encontrar <strong>um</strong> número que possa expressar o resultado da medição.<br />

A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> medir é muito antiga, e talvez seja tão antiga quanto a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> contar.<br />

A história nos revela que o homem teve gran<strong>de</strong>s problemas com as unida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> medidas. Antiga mente, utilizava partes do corpo como referência para medir<br />

distâncias, objetos e outros. A polegada, o palmo, a braça e o pé são exemplos<br />

<strong>de</strong> alg<strong>um</strong>as <strong>de</strong>ssas referências.<br />

Os egípcios, há cerca <strong>de</strong> 4 mil anos, utilizavam como padrão <strong>de</strong> medida o<br />

cúbito, que é a medida do cotovelo à ponta do <strong>de</strong>do médio. Porém, as pessoas<br />

têm tamanhos diferentes, então o cúbito variava <strong>de</strong> pessoa para pessoa, ocasionando<br />

diferenças nos resulta<strong>dos</strong> das medidas. Isso acontecia também em outras<br />

civilizações com as medidas como palmos, passos, polegadas, pés etc. Esses problemas<br />

levaram o homem a criar unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> medida padronizadas.<br />

Para fazer medições mais precisas, é necessário <strong>um</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> referência fixa,<br />

ou seja, <strong>um</strong> instr<strong>um</strong>ento <strong>de</strong> medida que será utilizado como medida-padrão. O<br />

mo<strong>de</strong>lo-padrão <strong>de</strong>ve ser invariável em função <strong>de</strong> tempo e <strong>de</strong> lugar.<br />

Durante a Revolução Francesa, no século XVIII, tomou-se a iniciativa <strong>de</strong> unificar<br />

mundialmente os padrões <strong>de</strong> medidas. Devido aos problemas das variâncias,<br />

era preciso escolher <strong>um</strong> sistema simples <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>, baseado em padrões fixos,<br />

imutáveis. A Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Ciências, em 1799, criou o metro. O metro é <strong>de</strong>finido<br />

como a quarta parte do meridiano terrestre dividida em 10 milhões <strong>de</strong> partes<br />

iguais, ou seja:<br />

1<br />

1 metro =<br />

do arco que correspon<strong>de</strong> a 90º.<br />

10 000 000<br />

Como os meridianos não são rigorosamente iguais, foi escolhido, como referência<br />

para o metro, o meridiano que passa em Paris. Essa medida foi então<br />

gravada em <strong>um</strong>a barra <strong>de</strong> platina. A platina foi escolhida por ser <strong>um</strong> metal que<br />

não se dilata muito com o calor nem se contrai muito com o frio.


Sentido das medidas<br />

Hoje, segundo Toledo e Toledo (1997), utiliza-se o criptônio – gás nobre presente<br />

na atmosfera –, em proporção muito pequena, para <strong>de</strong>terminação do<br />

metro. O metro passou então a se caracterizar como <strong>um</strong> múltiplo do comprimento<br />

<strong>de</strong> onda do criptônio.<br />

A partir do metro, <strong>de</strong>finem-se outras medidas, <strong>um</strong>as mais utilizadas que<br />

outras. Vejam:<br />

mil metros (1 000 metros) = 1 quilômetro (km);<br />

cem metros (100 metros) = 1 hectômetro (hm);<br />

<strong>de</strong>z metros (10 metros) = 1 <strong>de</strong>câmetro (dam);<br />

a décima parte do metro (0,1 metro) = 1 <strong>de</strong>címetro (dm);<br />

a centésima parte do metro (0,01metro) = 1 centímetro (cm);<br />

a milésima parte do metro (0,001metro) = 1 milímetro (mm).<br />

Dessas medidas padronizadas, além do metro, as mais usadas são o quilômetro,<br />

utilizado para medir extensões <strong>de</strong> estradas, por exemplo; o centímetro<br />

e o milímetro, usa<strong>dos</strong> para medir extensões relativamente pequenas, como o<br />

compri mento e a largura <strong>de</strong> <strong>um</strong>a folha <strong>de</strong> papel.<br />

A partir do metro são <strong>de</strong>fini<strong>dos</strong> padrões para a medida <strong>de</strong> área e <strong>de</strong> vol<strong>um</strong>e.<br />

Vejam:<br />

A superfície quadrada <strong>de</strong>finida pelas dimensões 1 metro por 1 metro ocupa<br />

<strong>um</strong> espaço que chamamos <strong>de</strong> 1 metro quadrado (1m 2 ).<br />

1m 2 1m<br />

1m<br />

O vol<strong>um</strong>e ocupado por <strong>um</strong> cubo <strong>de</strong> arestas 1m ocupa <strong>um</strong> espaço tridimensional<br />

<strong>de</strong> 1 metro cúbico (1m 3 ).<br />

125


Fundamentos Teóricos do Pensamento Matemático<br />

126<br />

1m 3<br />

1m<br />

Gran<strong>de</strong>zas mensuráveis e não-mensuráveis<br />

As gran<strong>de</strong>zas po<strong>de</strong>m ser mensuráveis ou não-mensuráveis. Quando é possível<br />

<strong>de</strong>finir a soma <strong>de</strong> dois valores <strong>de</strong> <strong>um</strong>a mesma gran<strong>de</strong>za, essa gran<strong>de</strong>za é dita<br />

mensurável. Como exemplos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>zas mensuráveis há:<br />

o comprimento;<br />

a superfície;<br />

o vol<strong>um</strong>e;<br />

a massa.<br />

As gran<strong>de</strong>zas não-mensuráveis são apenas marcáveis. Como exemplo, po<strong>de</strong>-<br />

-se citar a temperatura e o tempo. Essas gran<strong>de</strong>zas são marcadas e or<strong>de</strong>nadas<br />

segundo <strong>um</strong>a escala n<strong>um</strong>érica que é tomada como referência. Ao contrário das<br />

gran<strong>de</strong>zas mensuráveis, não faz sentido somarmos valores. Se misturarmos, por<br />

exemplo, água a 100ºC com água a 50ºC, não teremos água a 150ºC.<br />

As unida<strong>de</strong>s-padrão para medir comprimento, área, vol<strong>um</strong>e, massa, capacida<strong>de</strong><br />

e temperatura baseiam-se no Sistema <strong>de</strong> N<strong>um</strong>eração Decimal. Já as unida<strong>de</strong>s-padrão<br />

para medir tempo e ângulo utilizam o Sistema <strong>de</strong> N<strong>um</strong>eração Sexagesimal,<br />

<strong>de</strong> origem babilônica. Por exemplo: <strong>um</strong>a hora tem 60 minutos e <strong>um</strong><br />

minuto tem 60 segun<strong>dos</strong>.<br />

1m<br />

As medidas nas primeiras séries<br />

do Ensino Fundamental<br />

As crianças estão incluídas n<strong>um</strong> mundo on<strong>de</strong> utilizam muito outras unida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> medidas.<br />

1m


Sentido das medidas<br />

Usualmente pe<strong>de</strong>m por <strong>um</strong> copo <strong>de</strong> água, <strong>um</strong>a lata <strong>de</strong> refrigerante, questionam<br />

sobre sua massa, ou seja, “peso”. Perguntam sobre quão gran<strong>de</strong> são <strong>de</strong>termina<strong>dos</strong><br />

objetos, ambientes (<strong>de</strong>ssa forma estão se referindo a vol<strong>um</strong>e), perguntam<br />

por preços, já se preocupam se falta muito tempo etc.<br />

Quando pe<strong>de</strong>m por <strong>um</strong> copo <strong>de</strong> água, po<strong>de</strong>m se dar conta que este tem a<br />

mesma capacida<strong>de</strong> da lata <strong>de</strong> refrigerante ou <strong>de</strong> <strong>um</strong>a caixinha <strong>de</strong> suco, isto é, <strong>de</strong><br />

250ml <strong>de</strong> líquido.<br />

Ao trabalhar as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> medida com as crianças, os professores <strong>de</strong>vem<br />

propiciar condições para que elas percebam que vários <strong>de</strong>sses sistemas <strong>de</strong><br />

medida são <strong>de</strong>cimais.<br />

Exemplos:<br />

o agrupamento <strong>de</strong> 10 moedas <strong>de</strong> 1 centavo equivale a 1 moeda <strong>de</strong> 10<br />

centavos;<br />

10 moedas <strong>de</strong> 10 centavos equivalem a <strong>um</strong> real;<br />

10 moedas <strong>de</strong> <strong>um</strong> real equivalem a <strong>um</strong>a cédula <strong>de</strong> 10 reais;<br />

10 cédulas <strong>de</strong> 10 reais equivalem a <strong>um</strong>a cédula ou nota <strong>de</strong> 100 reais.<br />

Já no sistema <strong>de</strong> medida <strong>de</strong> tempo, a base é sexagesimal, ou seja, a base é 60:<br />

60 segun<strong>dos</strong> equivalem a 1 minuto;<br />

60 minutos equivalem a 1 hora.<br />

Ativida<strong>de</strong>s como a <strong>de</strong> verificar quantos copos cheios <strong>de</strong> líquido são necessários<br />

para completar <strong>um</strong> litro proporcionam aos alunos a compreensão <strong>de</strong> que<br />

250ml correspon<strong>de</strong> a 1<br />

<strong>de</strong> <strong>um</strong> litro, pois <strong>um</strong> litro tem 1 000ml e 250 ml corres-<br />

4<br />

pon<strong>de</strong> exatamente a quarta parte <strong>de</strong> 1 000ml. Po<strong>de</strong>m ainda fazer <strong>um</strong>a relação<br />

semelhante a essa ao perceberem que <strong>um</strong>a moeda <strong>de</strong> 25 centavos correspon<strong>de</strong><br />

também a quarta parte <strong>de</strong> 1 real, por essa razão se dão conta <strong>de</strong> que precisam <strong>de</strong><br />

4 moedas <strong>de</strong>ssas para obter <strong>um</strong> real que, no nosso sistema monetário, equivale<br />

a <strong>um</strong>a moeda ou <strong>um</strong>a cédula <strong>de</strong> <strong>um</strong> real.<br />

= =<br />

Domínio público.<br />

127


Fundamentos Teóricos do Pensamento Matemático<br />

128<br />

É importante que os alunos percebam que:<br />

1<br />

<strong>de</strong> <strong>um</strong> real é 25 centavos, pois 100 : 4 = 25;<br />

4<br />

1<br />

<strong>de</strong> <strong>um</strong> litro é 250ml, pois 1litro = 1 000ml e 1 000 : 4 = 250.<br />

4<br />

No entanto:<br />

1<br />

<strong>de</strong> <strong>um</strong>a hora é 15 minutos, porque 60 : 4 = 15.<br />

4<br />

Devem-se, ainda, apresentar diferentes situações cotidianas aos alunos para<br />

que percebam as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> temperatura, <strong>de</strong> giro (dada em graus<br />

– que nesse caso também é sexagesimal), <strong>de</strong> superfície, <strong>de</strong> vol<strong>um</strong>e, e <strong>de</strong> outras<br />

mais. Ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> giro utilizando ângulos <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas medidas são oportunas<br />

às crianças <strong>de</strong>s<strong>de</strong> muito cedo. Elas po<strong>de</strong>m ser solicitadas para que girem<br />

para a direita, para a esquerda, e assim fazem giros <strong>de</strong> 90º para direita ou esquerda<br />

conforme solicitado. Nesse caso po<strong>de</strong>-se chamar atenção para perceberem<br />

que fizeram <strong>um</strong> giro <strong>de</strong> <strong>um</strong>a volta completa. Outras medidas <strong>de</strong> ângulos po<strong>de</strong>m<br />

ser solicitadas conforme seu nível <strong>de</strong> compreensão. Ex.: ângulo <strong>de</strong> meia-volta<br />

(180º), giro <strong>de</strong> <strong>um</strong>a volta completa (360º).<br />

Texto complementar<br />

Situações que envolvem medições<br />

(FONSECA et al., 2001, p. 99-107)<br />

O propósito <strong>de</strong>sta ativida<strong>de</strong> é <strong>de</strong>spertar os professores em formação para<br />

a importância <strong>de</strong> se promover o <strong>de</strong>senvolvimento da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> medir<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o primeiro segmento do Ensino Fundamental, consi<strong>de</strong>rando-se a frequência<br />

com que situações, envolvendo as medições, surgem na vida diária,<br />

ou seja, levando-se em conta a relevância social <strong>dos</strong> conhecimentos a elas<br />

referentes. Assim, propomos aos professores questões que preten<strong>de</strong>m chamar-lhes<br />

a atenção não somente para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resolver esse tipo


Sentido das medidas<br />

<strong>de</strong> situação, mas também para a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estratégias que po<strong>de</strong>m ser<br />

usadas para sua resolução, como a simples comparação, o raciocínio espacial,<br />

o emprego <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong> medição ou a realização <strong>de</strong> cálculos.<br />

As situações selecionadas são propositadamente abertas, <strong>de</strong> modo a<br />

enriquecer a discussão proposta pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nela se consi<strong>de</strong>rarem<br />

outros aspectos – práticos, econômicos, estéticos – que, embora não liga<strong>dos</strong><br />

diretamente às medições, apresentam-se muito frequentemente nos contextos<br />

que as envolvem.<br />

Descrição<br />

O formador propõe a cada grupo <strong>de</strong> três ou quatro professores <strong>um</strong>a das<br />

questões que se seguem. Caso seja necessário, o formador esclarece os professores<br />

a respeito da abertura proposital <strong>de</strong>ssas questões. Os grupos discutem<br />

as possíveis soluções para a situação que lhes couber e escolhem <strong>um</strong><br />

relator que registre, junto com essas soluções, as consi<strong>de</strong>rações feitas para<br />

obtê-las.<br />

Em seguida, cada grupo apresenta à plenária sua questão e as maneiras<br />

que propuseram para solucioná-las. É fundamental que os professores,<br />

nessa reunião, procurem contribuir com comentários relativos às questões<br />

que não tiveram oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> abordar na primeira parte da ativida<strong>de</strong>,<br />

realizada nos grupos pequenos.<br />

Finalmente, será proveitoso que o formador proponha a cada grupo pequeno<br />

a produção <strong>de</strong> <strong>um</strong> texto que sistematize o conteúdo das consi<strong>de</strong>rações<br />

tecidas em relação à sua questão original, durante toda a ativida<strong>de</strong>.<br />

1. N<strong>um</strong>a sala retangular há apenas <strong>um</strong>a tomada na pare<strong>de</strong> oposta<br />

àquela em que você quer encostar seu televisor. Como <strong>de</strong>terminar quanto<br />

<strong>de</strong> fio será necessário para ligá-lo?<br />

2. Como se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senhar <strong>um</strong> quadrado <strong>de</strong> 4cm <strong>de</strong> lado exatamente<br />

no centro <strong>de</strong> <strong>um</strong>a folha <strong>de</strong> papel A4?<br />

3. Como se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar quanto <strong>de</strong> plástico será preciso para encapar<br />

os ca<strong>de</strong>rnos e livros <strong>de</strong> <strong>um</strong> aluno?<br />

129


Fundamentos Teóricos do Pensamento Matemático<br />

130<br />

Comentários<br />

Como se po<strong>de</strong> perceber imediatamente, as situações presentes na ativida<strong>de</strong><br />

referem-se a medições <strong>de</strong> comprimento, superfície e capacida<strong>de</strong> que,<br />

entre as várias gran<strong>de</strong>zas a serem focalizadas no primeiro segmento do<br />

Ensino Fundamental, são as diretamente ligadas a i<strong>de</strong>ias geométricas.<br />

A primeira questão apresenta <strong>um</strong>a situação bastante com<strong>um</strong> no dia-a-dia,<br />

que é, em geral, resolvida mediante o uso <strong>de</strong> <strong>um</strong>a extensão conectada ao fio<br />

do aparelho que <strong>de</strong>ve ser ligado. Evi<strong>de</strong>ntemente, há extensões <strong>de</strong> comprimentos<br />

varia<strong>dos</strong> que possibilitam a conexão do televisor à tomada e, portanto,<br />

o problema não tem solução única. Ao examinar a situação, os professores<br />

po<strong>de</strong>m respon<strong>de</strong>r que basta medir a distância entre a tomada e o lugar<br />

on<strong>de</strong> o televisor <strong>de</strong>ve ficar e usar <strong>um</strong> fio cujo comprimento seja essa medida.<br />

No entanto, essa situação tão simples dá margem a diversas consi<strong>de</strong>rações.<br />

Por exemplo, os professores po<strong>de</strong>rão discutir duas possibilida<strong>de</strong>s: na primeira,<br />

o fio fica solto no chão; na segunda, fica preso ao rodapé e <strong>de</strong>verá então<br />

percorrer <strong>um</strong>a parte do contorno da sala. Em ambos os casos, mais com<strong>um</strong>ente<br />

o televisor não será colocado no chão e, sim, sobre <strong>um</strong> móvel a certa<br />

distância do solo; também a tomada está a <strong>um</strong>a certa altura do chão e assim<br />

essas distâncias <strong>de</strong>vem ser levadas em conta.<br />

Um outro aspecto a ser discutido é o que diz respeito ao instr<strong>um</strong>ento a ser<br />

utilizado para medir o comprimento que o fio <strong>de</strong>ve ter. Os professores po<strong>de</strong>rão<br />

propor que se use <strong>um</strong>a trena, <strong>um</strong>a fita métrica ou mesmo <strong>um</strong>a régua, isto<br />

é, que se trabalhe com <strong>um</strong>a unida<strong>de</strong> padrão <strong>de</strong> medida. Porém, é interessante<br />

também discutir como se po<strong>de</strong> resolver o problema no caso <strong>de</strong> nenh<strong>um</strong><br />

<strong>de</strong>sses instr<strong>um</strong>entos estar disponível. Assim, é possível utilizar comparação<br />

com comprimentos não-padroniza<strong>dos</strong>, ou seja, vale medir com barbante ou<br />

<strong>um</strong> cinto, por exemplo. Essa discussão chama a atenção para os três aspectos<br />

fundamentais da medição: a comparação entre gran<strong>de</strong>zas <strong>de</strong> mesma natureza,<br />

a realização <strong>de</strong>ssa comparação com <strong>um</strong>a unida<strong>de</strong>-padrão, e a medida,<br />

que é o número que expressa o resultado <strong>de</strong>ssa última comparação.<br />

A resposta à segunda questão são os valores das distâncias que <strong>de</strong>vem<br />

existir entre cada lado do quadrado e o lado da folha <strong>de</strong> papel que será paralelo<br />

a ele. Po<strong>de</strong>-se chegar a tais valores por meio <strong>de</strong> <strong>um</strong> cálculo simples para<br />

o qual é necessário conhecer as dimensões da folha <strong>de</strong> papel A4, que não<br />

são dadas na questão para chamar a atenção <strong>dos</strong> professores para dimen-


Sentido das medidas<br />

sões padronizadas, em geral, apresentadas nas embalagens <strong>dos</strong> produtos ou<br />

para que eles mesmos as meçam.<br />

Contudo, outra solução interessante é aquela que se obtém usando dobraduras<br />

muito simples para localizar o centro <strong>de</strong> <strong>um</strong>a folha <strong>de</strong> papel A4 e<br />

<strong>de</strong> <strong>um</strong> quadrado recortado em papel. Fazendo coincidir os dois centros, o<br />

quadrado estará exatamente no centro da folha <strong>de</strong> papel e po<strong>de</strong>rá ser <strong>de</strong>senhado<br />

conforme se pe<strong>de</strong>. Nesse caso, as distâncias <strong>de</strong>sejadas são encontradas<br />

por <strong>um</strong>a medição direta.<br />

Uma situação, como a abordada nessa segunda questão, ocorre frequentemente<br />

na prática: por exemplo, muitas vezes é necessário apresentar <strong>um</strong><br />

texto estando fixadas as dimensões da “mancha” que o mesmo <strong>de</strong>ve ocupar<br />

n<strong>um</strong>a página <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado tipo <strong>de</strong> papel. Nesse caso, é por meio <strong>de</strong> <strong>um</strong><br />

cálculo das margens (que essencialmente é o mesmo feito para resolver a<br />

segunda questão) que se po<strong>de</strong> fazer uso das instruções <strong>de</strong> <strong>um</strong> processador<br />

<strong>de</strong> textos como o Word.<br />

Situações como a da terceira questão ocorrem na prática para o professor<br />

quando elabora a lista <strong>de</strong> material escolar <strong>dos</strong> alunos ou quando alguém<br />

encapa os próprios livros e ca<strong>de</strong>rnos ou os <strong>de</strong> seus filhos. Como a questão<br />

não contém da<strong>dos</strong> n<strong>um</strong>éricos, os professores po<strong>de</strong>m propor sua solução<br />

com valores hipotéticos para a largura do plástico e o número e as dimensões<br />

<strong>dos</strong> livros e ca<strong>de</strong>rnos, e efetuar ou <strong>de</strong>screver os cálculos correspon<strong>de</strong>ntes,<br />

naturalmente consi<strong>de</strong>rando as dobras que serão feitas ao encapar o material.<br />

Po<strong>de</strong>m, ainda, propor <strong>um</strong>a solução empírica envolvendo <strong>um</strong>a simples<br />

comparação – dispõem-se to<strong>dos</strong> os livros e ca<strong>de</strong>rnos sobre o rolo <strong>de</strong> plástico<br />

aberto e toma-se a medida do comprimento necessário, mais <strong>um</strong>a vez levando<br />

as dobras em consi<strong>de</strong>ração. É interessante que os professores comparem<br />

essas duas soluções entre si ou com outras que po<strong>de</strong>m ser eventualmente<br />

propostas, discutindo a sua praticida<strong>de</strong> e conveniência.<br />

Para finalizar estes comentários, reforçamos nossa posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>sacordo<br />

com certas abordagens do tema, ainda presentes na prática escolar do primeiro<br />

segmento da Escola Fundamental, as quais <strong>de</strong>stacam, <strong>de</strong>snecessariamente,<br />

o estudo das unida<strong>de</strong>s e subunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> medidas e as conversões<br />

das mesmas e/ou insistem na apresentação ou <strong>de</strong>dução <strong>de</strong> fórmulas para<br />

o cálculo da área e do vol<strong>um</strong>e <strong>de</strong> alg<strong>um</strong>as figuras e sóli<strong>dos</strong> geométricos.<br />

Reconhecemos o valor social do conhecimento <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> medidas<br />

131


Fundamentos Teóricos do Pensamento Matemático<br />

132<br />

usuais e <strong>de</strong> suas relações com seus múltiplos e submúltiplos “mais famosos”,<br />

bem como das fórmulas e procedimentos para o cálculo <strong>de</strong> áreas e vol<strong>um</strong>es.<br />

No entanto, é fundamental que a abordagem da questão da medida não se<br />

reduza a <strong>um</strong> treinamento <strong>de</strong> técnicas, em <strong>de</strong>trimento <strong>dos</strong> aspectos históricos<br />

e epistemológicos que lhe são essenciais.<br />

Dicas <strong>de</strong> estudo<br />

Ler o livro: Medindo Comprimentos.<br />

Coleção: Vivendo a Matemática.<br />

Autor: Nilson José Machado.<br />

Editora: Scipione.<br />

A obra aborda várias questões <strong>de</strong> medidas, explora o surgimento do metro e<br />

trás ativida<strong>de</strong>s interessantes incluindo várias formas <strong>de</strong> medir.<br />

Ativida<strong>de</strong>s<br />

1. Qual foi o motivo que levou à criação do metro?<br />

Divulgação Scipione.


2. Qual é o sentido <strong>de</strong> medir?<br />

3. Quais são os componentes que envolvem o ato <strong>de</strong> medir? Explique-os.<br />

Sentido das medidas<br />

133

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