Carlos Roberto de Toledo Leonardo - o ppgecc - Universidade ...
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CARLOS ROBERTO DE TOLEDO LEONARDO<br />
ESTUDO DE CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO, VISANDO<br />
APLICAÇÃO EM REPAROS ESTRUTURAIS.<br />
Dissertação apresentada como requisito<br />
parcial à obtenção do grau <strong>de</strong> mestre.<br />
Curso <strong>de</strong> Pós-Graduação em<br />
Engenharia Civil, Programa <strong>de</strong> Pós-<br />
Graduação em Construção Civil, da<br />
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná<br />
Orientador: Professor Dr. Kleber<br />
Franke Portella.<br />
Co-orientador: Professor Dr. Almir<br />
Sales.<br />
CURITIBA<br />
2002
TERMO DE APROVAÇÃO<br />
CARLOS ROBERTO DE TOLEDO LEONARDO<br />
ESTUDO DE CONCRETO DE ALTO DESEMPENHO, VISANDO APLICAÇÃO EM<br />
REPAROS ESTRUTURAIS.<br />
Dissertação aprovada como requisito parcial à obtenção do grau <strong>de</strong> Mestre. Curso <strong>de</strong><br />
Pós-Graduação em Engenharia Civil, Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Construção<br />
Civil, da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná, pela comissão formada pelos professores:<br />
BANCA EXAMINADORA<br />
Prof. José Alberto Cerri<br />
Dr. – Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> São <strong>Carlos</strong><br />
Prof. Luiz Alkimin <strong>de</strong> Lacerda<br />
D.Sc. – COPPE / Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />
Prof. Kleber Franke Portella.<br />
Dr – Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (USP)<br />
Orientador<br />
Prof. Almir Sales.<br />
Dr –.Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> São <strong>Carlos</strong><br />
Co-orientador<br />
Prof. Ney Augusto Nascimento<br />
Ph.D – Colorado University<br />
Coor<strong>de</strong>nador do Programa <strong>de</strong> Pós-<br />
Graduação em Construção Civil - UFPR<br />
CURITIBA, 05 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2002
"É preferível a angústia da busca que a paz da acomodação."<br />
Marisa B. <strong>de</strong> <strong>Toledo</strong> <strong>Leonardo</strong>
Aos meus pais, Mário e Marisa...
Ao Arquiteto Francisco Solano Lopez Pare<strong>de</strong>s,<br />
pela sua colaboração e apoio<br />
Ao Engenheiro Joelcio Mancino,<br />
pela sua colaboração e calma.<br />
Ao Engenheiro José Augusto Braga,<br />
pelo respeito e profissionalismo.<br />
Á estagiária do Laboratório <strong>de</strong> Tecnologia do Concreto<br />
Edna Possan,<br />
que tanto colaborou na elaboração <strong>de</strong>sta dissertação, pela valiosa<br />
contribuição, interesse, <strong>de</strong>sempenho e <strong>de</strong>dicação.<br />
Aos Técnicos do Laboratório <strong>de</strong> Tecnologia do Concreto...<br />
Gilmar Fabro,<br />
pela sua <strong>de</strong>dicação e alegria.<br />
Heliodoro Colman Franco,<br />
pelo seu conhecimento e entusiasmo.
Francilino Fernan<strong>de</strong>s Netto,<br />
pela sua paciência, sabedoria e experiência.<br />
Nilo Bernardi,<br />
pelo seu trabalho e colaboração.<br />
Claudinei Gomes Dias,<br />
pelo seu trabalho e empenho.<br />
Ari<strong>de</strong>lson Maier,<br />
pela atenção e colaboração.<br />
Artemis Lamar Speciale,<br />
pelo seu entusiasmo e <strong>de</strong>sprendimento.<br />
José <strong>de</strong> Souza Porto,<br />
que com qualida<strong>de</strong> e sabedoria processou e controlou os dados dos<br />
ensaios <strong>de</strong>sta pesquisa.<br />
E aos <strong>de</strong>mais técnicos do Laboratório <strong>de</strong> Tecnologia do Concreto,<br />
que <strong>de</strong> certa forma participaram <strong>de</strong>ste trabalho,<br />
agra<strong>de</strong>ço o empenho e sem vocês o resultado não seria satisfatório.
Agra<strong>de</strong>ço também<br />
Á profª Giovanna Patrícia Gava,<br />
pelo apoio técnico e didático prestado durante o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong>sta dissertação.<br />
Aos colegas <strong>de</strong> mestrado pelo apoio prestado.<br />
Ao meu orientador Professor Doutor Kleber Franke Portella e coorientador<br />
Professor Doutor Almir Sales, pela atenção, paciência,<br />
<strong>de</strong>dicação e companheirismo, sem os quais este trabalho não teria<br />
chegado ao fim.<br />
Á Sandra,<br />
pela retidão, serieda<strong>de</strong> e compreensão da minha ausência.<br />
Á Mariana e Mário,<br />
pela alegria que transformou minha vida.<br />
Ao meu pai, Professor Doutor Mário <strong>Roberto</strong> <strong>Leonardo</strong>,<br />
i<strong>de</strong>alista, incentivador, pela maneira séria e serena que norteia o<br />
meu pensamento científico.
Ao Professor Doutor Renato <strong>de</strong> <strong>Toledo</strong> <strong>Leonardo</strong>,<br />
pela valiosa contribuição, pela atenção e ensinamentos.<br />
Á Marisa Barboza <strong>de</strong> <strong>Toledo</strong> <strong>Leonardo</strong>,<br />
pela atenção e entusiasmo.<br />
Á Marina <strong>Leonardo</strong> Azevedo Souza,<br />
pela atenção e amiza<strong>de</strong>.<br />
Aos meus tios, Marina e Edmilson Laurini,<br />
pelo apoio e carinho.<br />
A Deus...onipotente e único, companheiro <strong>de</strong> todas as horas.<br />
E....<br />
a todos que contribuíram na elaboração <strong>de</strong>sse trabalho.
Agra<strong>de</strong>cimentos Institucionais<br />
Á Itaipu Binacional, pela colaboração no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta pesquisa, a<br />
qual permitiu que se utilizasse o seu espaço físico (laboratórios) e relatórios<br />
técnicos <strong>de</strong>senvolvidos pela mesma ao longo dos anos e em especial à<br />
Superintendência <strong>de</strong> Obras por essa oportunida<strong>de</strong>.<br />
Á Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná e ao Curso <strong>de</strong> Pós-Graduação em<br />
Engenharia Civil, Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Construção Civil.<br />
Ao Instituto <strong>de</strong> Tecnologia para o Desenvolvimento, LACTEC.<br />
Atenciosamente, <strong>Carlos</strong> <strong>Leonardo</strong>.
SUMÁRIO<br />
RESUMO...................................................................................................................... V<br />
ABSTRACT ................................................................................................................ VI<br />
LISTA DE FIGURAS.................................................................................................VII<br />
LISTA DE TABELAS................................................................................................ IX<br />
LISTA DE ANEXOS................................................................................................... X<br />
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................1<br />
1.1 OBJETIVOS ..........................................................................................................4<br />
1.1.1 Principais .............................................................................................................4<br />
1.1.2 Específicos...........................................................................................................4<br />
1.2 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO.....................................................................5<br />
2 O CAD ...................................................................................................................7<br />
2.1 MATERIAIS CONSTITUINTES.........................................................................16<br />
2.1.1 Cimento ..............................................................................................................16<br />
2.1.2 Agregado Miúdo.................................................................................................19<br />
2.1.3 Agregado Graúdo ...............................................................................................20<br />
2.1.4 Aditivo................................................................................................................24<br />
2.1.5 Sílica Ativa .........................................................................................................27<br />
2.1.6 Água ...................................................................................................................30<br />
2.2 PROPRIEDADES DO CAD.................................................................................32<br />
2.2.1 No Estado Fresco................................................................................................32<br />
2.2.1.1 Trabalhabilida<strong>de</strong> ..............................................................................................33<br />
2.2.2 No Estado Endurecido........................................................................................34<br />
2.2.2.1 Resistência à abrasão .......................................................................................35<br />
2.2.2.2 Módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong>....................................................................................35<br />
2.2.2.3 Resistência à compressão ................................................................................39
2.2.2.4 A<strong>de</strong>rência.........................................................................................................40<br />
2.2.2.5 Durabilida<strong>de</strong> ....................................................................................................41<br />
2.2.2.6 Permeabilida<strong>de</strong> ................................................................................................41<br />
2.2.2.7 Porosida<strong>de</strong>........................................................................................................42<br />
2.2.2.8 Retração ...........................................................................................................43<br />
2.2.2.9 Resistência ao fogo..........................................................................................44<br />
2.2.2.10 Resistência à tração.........................................................................................44<br />
3 DESGASTE SUPERFICIAL .............................................................................45<br />
3.1 ABRASÃO............................................................................................................46<br />
3.2 RESISTÊNCIA À ABRASÃO .............................................................................47<br />
3.2.1 Resistência à Abrasão do Agregado...................................................................50<br />
3.2.2 Resistência à Abrasão <strong>de</strong> Estruturas Hidráulicas ...............................................51<br />
3.2.3 Ensaios................................................................................................................52<br />
3.2.4 Reparos em Estruturas........................................................................................53<br />
4 MATERIAIS E MÉTODOS...............................................................................55<br />
4.1 METODOLOGIA DE PESQUISA....................................................................55<br />
4.2 SELEÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS .................................57<br />
4.2.1 Cimento ..............................................................................................................58<br />
4.2.2 Agregados...........................................................................................................58<br />
4.2.2.1 Agregado miúdo ..............................................................................................58<br />
4.2.2.2 Agregado graúdo .............................................................................................59<br />
4.2.2.3 Análise do agregado graúdo e agregado miúdo ..............................................59<br />
4.2.3 Sílica Ativa .........................................................................................................59<br />
4.2.4 Aditivo................................................................................................................60<br />
4.2.5 Água ...................................................................................................................60<br />
4.3 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS ....................................................................61<br />
4.3.1 Balanças..............................................................................................................61<br />
4.3.2 Estufa..................................................................................................................61
4.3.3 Mol<strong>de</strong>s ................................................................................................................61<br />
4.3.4 Misturador Mecânico .........................................................................................62<br />
4.3.5 Consistência da Argamassa (flow table) ............................................................62<br />
4.3.6 Betoneira.............................................................................................................63<br />
4.3.7 Vibrador..............................................................................................................63<br />
4.3.8 Consistência <strong>de</strong> Abatimento (slump test) ...........................................................63<br />
4.3.9 Prensas................................................................................................................63<br />
4.3.10 Equipamento <strong>de</strong> Ensaio <strong>de</strong> Abrasão..................................................................64<br />
4.3.11 Resistência <strong>de</strong> A<strong>de</strong>rência...................................................................................65<br />
4.4 PLANEJAMENTO DA PESQUISA .................................................................66<br />
4.5 METODOLOGIA DOS ENSAIOS....................................................................72<br />
4.5.1 Ensaios no Concreto Fresco ...............................................................................72<br />
4.5.1.1 Consistência.....................................................................................................72<br />
4.5.1.2 Ar Incorporado ................................................................................................72<br />
4.5.1.3 Temperatura.....................................................................................................72<br />
4.5.1.4 Massa Específica .............................................................................................73<br />
4.5.2 Ensaios no Concreto Endurecido .......................................................................73<br />
4.5.2.1 Resistência à compressão axial simples ..........................................................73<br />
4.5.2.2 Resistência à tração por compressão diametral ...............................................73<br />
4.5.2.3 Módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong>....................................................................................74<br />
4.5.2.4 Resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência..................................................................................74<br />
4.5.2.5 Resistência à abrasão .......................................................................................76<br />
4.5.2.5.1 Seqüência para <strong>de</strong>terminação dos ensaios ....................................................78<br />
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................79<br />
5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS ..........................................................80<br />
5.1.1 Cimento ..............................................................................................................80<br />
5.1.2 Agregado Miúdo.................................................................................................81<br />
5.1.3 Agregado Graúdo ...............................................................................................82
5.1.4 Aditivo................................................................................................................84<br />
5.1.5 Sílica Ativa .........................................................................................................85<br />
5.1.6 Água ...................................................................................................................86<br />
5.2 ENSAIOS NO CONCRETO FRESCO ................................................................87<br />
5.2.1 Consistência........................................................................................................87<br />
5.2.2 Teor <strong>de</strong> Ar Incorporado......................................................................................91<br />
5.2.3 Massa Específica ................................................................................................93<br />
5.2.4 Teor <strong>de</strong> Ar x Massa Específica...........................................................................94<br />
5.3 ENSAIOS NO CONCRETO ENDURECIDO .....................................................97<br />
5.3.1 Resistência à Compressão ..................................................................................97<br />
5.3.2 Resistência à Tração..........................................................................................101<br />
5.3.3 Módulo <strong>de</strong> Elasticida<strong>de</strong>.....................................................................................104<br />
5.3.4 Resistência à Abrasão........................................................................................106<br />
5.3.5 Resistência <strong>de</strong> A<strong>de</strong>rência...................................................................................109<br />
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................115<br />
6.1 CONCLUSÃO .....................................................................................................115<br />
6.1.1 Teor <strong>de</strong> Pasta .....................................................................................................116<br />
6.1.2 Resistência à Abrasão........................................................................................117<br />
6.1.3 Resistência <strong>de</strong> A<strong>de</strong>rência...................................................................................118<br />
6.1.4 Ensaios...............................................................................................................118<br />
6.2 SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS..................................................119<br />
7 GLOSSÁRIO ......................................................................................................120<br />
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................128<br />
9 ANEXOS .............................................................................................................133
RESUMO<br />
O <strong>de</strong>sgaste superficial freqüentemente observado em estruturas hidráulicas, <strong>de</strong>corrente<br />
do efeito abrasivo da água contendo sólidos em suspensão, é um parâmetro <strong>de</strong> controle<br />
<strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong> barragens durante a fase <strong>de</strong> operação e tem merecido atenção especial<br />
no seu acompanhamento. Objetivando a utilização <strong>de</strong> concreto <strong>de</strong> alto <strong>de</strong>sempenho em<br />
recuperação <strong>de</strong> estruturas sujeitas ao <strong>de</strong>sgaste superficial, principalmente em calhas <strong>de</strong><br />
vertedouros, neste trabalho foram <strong>de</strong>senvolvidos estudos laboratoriais com alguns<br />
traços <strong>de</strong> concreto <strong>de</strong> alto <strong>de</strong>sempenho buscando obter a máxima compacida<strong>de</strong> da<br />
pasta, a máxima resistência à abrasão e a resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência. Para tal, foi<br />
acrescido à mistura tradicional <strong>de</strong> concreto aditivo superplastificante com o intuito <strong>de</strong><br />
melhorar a trabalhabilida<strong>de</strong> do concreto e sílica ativa, esta última num teor <strong>de</strong> 10% em<br />
relação ao volume do cimento que melhora a compacida<strong>de</strong>, reduz a permeabilida<strong>de</strong> e<br />
aumenta a resistência à abrasão, proporcionando um concreto com maior durabilida<strong>de</strong>.<br />
Para a realização <strong>de</strong>sta pesquisa <strong>de</strong>finiu-se um traço referência com concreto<br />
convencional, como parâmetro para comparação e análise dos resultados dos <strong>de</strong>mais<br />
concretos produzidos. Inicialmente, <strong>de</strong>finiu-se cinco traços experimentais, analisando<br />
as seguintes proprieda<strong>de</strong>s do concreto: no estado fresco, a consistência e, no estado<br />
endurecido a resistência à compressão, à tração por compressão diametral, módulo <strong>de</strong><br />
elasticida<strong>de</strong>, e <strong>de</strong>sgaste à abrasão. Os resultados no estado fresco e no estado<br />
endurecido indicaram que o concreto com relação água/cimento 0,32 teve um melhor<br />
<strong>de</strong>sempenho em todos os parâmetros analisados. Para um estudo mais aprofundado<br />
alterou-se, para esse concreto, a porcentagem <strong>de</strong> pasta da mistura nos teores <strong>de</strong> 0, 5, 10<br />
e 15% superior ao <strong>de</strong>terminado como i<strong>de</strong>al no ensaio <strong>de</strong> consistência normal da pasta.<br />
Para estes concretos acrescidos <strong>de</strong> pasta, além dos ensaios já citados, foi realizado o<br />
ensaio <strong>de</strong> resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência. O concreto com porcentagem <strong>de</strong> pasta <strong>de</strong> 10%<br />
apresentou excelente trabalhabilida<strong>de</strong> para aplicação em reparos estruturais. Os<br />
ensaios no estado endurecido comprovaram que este concreto também apresentou<br />
melhor <strong>de</strong>sempenho na resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência, maior resistência à abrasão, à tração e<br />
à compressão. A resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência aumentou quando a superfície reparada com<br />
o CAD não estava totalmente lisa.<br />
v
ABSTRACT<br />
The superficial abrasion frequently observed in hydraulic structures, due to the water<br />
abrasive effect containing solid bodies suspension is a dam structure parameter control<br />
during the operation phase, and it has <strong>de</strong>served special attention to its accompaniment.<br />
Having as the main object the use of a high performance concrete in estoration of<br />
structures exposed to superficial abrasion, mainly in spillways, this paper <strong>de</strong>veloped<br />
lab research with some traits of high performance concrete seeking to obtain the<br />
maximum compactness of the paste, the maximum abrasive resistance and the<br />
adherence resistance. For that, it was ad<strong>de</strong>d to the traditional concrete mixture,<br />
superplastic additive in or<strong>de</strong>r to improve the workability of the concrete and the active<br />
silica, the later in a 10% content, concerning the cement volume which improves the<br />
compactness, reduces the permeability and increases the abrasive resistance providing<br />
a more durable concrete. To the accomplishment of this research it was <strong>de</strong>fined a<br />
reference trait with conventional concrete, as a parameter to compare and analyse the<br />
results of the other produced concretes. In the beginning five experimental traits were<br />
<strong>de</strong>fined, analysing the following properties of the concrete: in fresh state, the<br />
consistence and in hard state the compression resistance, the traction for diametral<br />
compression, elasticity module and abrasive wear. The results in fresh state and hard<br />
state showed that the concrete concerning water/cement 0.32 had better performance in<br />
all the analysed parameters. For a <strong>de</strong>eper research it was changed to that concrete, the<br />
percentage of the mixture paste in contents of 0.5, 10 and 15 percent, better than the<br />
one consi<strong>de</strong>red as the i<strong>de</strong>al in the normal paste consistence essay. For these concretes<br />
ad<strong>de</strong>d by paste in addition to the essays already mentioned, it was done the adherence<br />
resistance essay, the concrete whose percentage of paste is 10% shows excellent<br />
workability to the use in structural repairs. The essays in hard state prove that this<br />
concrete shows better performance of adherence resistance and a bigger compression,<br />
traction and abrasive resistance .The adherence resistance improves, when the surface<br />
to be repaired with cad, doesn’t look completely smooth.<br />
vi
LISTA DE FIGURAS<br />
FIGURA 1 – INFLUÊNCIA DA SÍLICA ATIVA NO DESENVOLVIMENTO DOS CRISTAIS<br />
HIDRATADOS. .......................................................................................................................................... 29<br />
FIGURA 2 – GRÁFICO DA EVOLUÇÃO DO MÓDULO DE ELASTICIDADE. ............................................ 36<br />
FIGURA 3 – VISTA DO VERTEDOURO DA USINA HIDRELÉTRICA DE ITAIPU..................................... 51<br />
FIGURA 4 – PRINCIPAIS MATERIAIS UTILIZADOS PARA A PRODUÇÃO DO CAD, SENDO: DA<br />
ESQUERDA PARA A DIREITA ÀGUA, ADITIVO, AGREGADO GRAÚDO, AGREGADO MIÚDO,<br />
CIMENTO E SÍLICA ATIVA..................................................................................................................... 57<br />
FIGURA 5 – MOLDES PARA O ENSAIO DE ADERÊNCIA............................................................................ 62<br />
FIGURA 6 – PRENSA DE ENSAIOS.................................................................................................................. 64<br />
FIGURA 7 – EQUIPAMENTO DE ENSAIO DE RESISTÊNCIA À ABRASÃO. ............................................. 65<br />
FIGURA 8 – APARELHO PARA ENSAIO DE ARRANCAMENTO................................................................ 65<br />
FIGURA 9 – PRODUÇÃO DO CCV. .................................................................................................................. 67<br />
FIGURA 10 – PRODUÇÃO DO CONCRETO CAD 28...................................................................................... 69<br />
FIGURA 11 – PRODUÇÃO DO CONCRETO CAD 32...................................................................................... 69<br />
FIGURA 12 – CORPOS-DE-PROVA PARA EXECUÇÃO DO ENSAIO DE ADERÊNCIA............................ 75<br />
FIGURA 13 – DESENHO ESQUEMÁTICO DO EQUIPAMENTO DE ENSAIO DE ABRASÃO................... 77<br />
FIGURA 14 – CORPO-DE-PROVA NO RECIPIENTE DE ENSAIO DE ABRASÃO...................................... 77<br />
FIGURA 15 – GRÁFICO DA CURVA DE COMPACIDADE DOS AGREGADOS. ........................................ 83<br />
FIGURA 16 – CONSISTÊNCIA DOS CONCRETOS SEM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA DAS<br />
MISTURAS. ................................................................................................................................................ 88<br />
FIGURA 17 – ABATIMENTO DOS CONCRETOS COM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA DAS<br />
MISTURAS. ................................................................................................................................................ 89<br />
FIGURA 18 – ABATIMENTO DA MISTURA SEM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA (CAD 32). ......... 90<br />
FIGURA 19 – ABATIMENTO DA MISTURA COM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA (CAD 32 15). ... 91<br />
FIGURA 20 – TEOR DE AR INCORPORADO DOS CONCRETOS SEM ALTERAÇÃO DO TEOR DE<br />
PASTA......................................................................................................................................................... 92<br />
FIGURA 21 – TEOR DE AR INCORPORADO DOS CONCRETOS COM ALTERAÇÃO DO TEOR DE<br />
PASTA......................................................................................................................................................... 93<br />
FIGURA 22 – MASSA ESPECÍFICA DAS MISTURAS SEM ALTERAÇÃO DA PASTA.............................. 93<br />
FIGURA 23 – MASSA ESPECÍFICA DAS MISTURAS COM ALTERAÇÃO DA PASTA............................. 94<br />
FIGURA 24 – MASSA ESPECÍFICA E TEOR DE AR INCORPORADO: MISTURAS SEM ALTERAÇÃO<br />
DE PASTA. ................................................................................................................................................. 95<br />
FIGURA 25 – MASSA ESPECÍFICA E TEOR DE AR INCORPORADO: MISTURAS COM ALTERAÇÃO<br />
DE PASTA. ................................................................................................................................................. 96<br />
FIGURA 26 – RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DAS MISTURAS SEM ALTERAÇÃO DO TEOR DE<br />
PASTA......................................................................................................................................................... 98<br />
FIGURA 27 – RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DAS MISTURAS COM ALTERAÇÃO DO TEOR DE<br />
PASTA......................................................................................................................................................... 99<br />
vii
FIGURA 28– RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO EM FUNÇÃO DA CONSISTÊNCIA: MISTURAS COM<br />
ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA. .................................................................................................... 100<br />
FIGURA 29 – ENSAIO À COMPRESSÃO AXIAL SIMPLES DA MISTURA CAD 32 10............................ 101<br />
FIGURA 30 – RESISTÊNCIA À TRAÇÃO: MISTURAS SEM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA. ....... 102<br />
FIGURA 31 – RESISTÊNCIA À TRAÇÃO: MISTURAS COM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA. ...... 103<br />
FIGURA 32 – ENSAIO DE RESISTÊNCIA À TRAÇÃO................................................................................. 103<br />
FIGURA 33 – MÓDULO DE ELASTICIDADE: MISTURAS SEM ALTERAÇÃO DA PASTA. .................. 104<br />
FIGURA 34 – ENSAIO DE MÓDULO DE ELASTICIDADE.......................................................................... 105<br />
FIGURA 35 – MÓDULO DE ELASTICIDADE: MISTURAS COM ALTERAÇÃO DA PASTA. ................. 106<br />
FIGURA 36 – PERDA DE MASSA DAS MISTURAS SEM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA. ............ 107<br />
FIGURA 37 – PERDA DE MASSA DAS MISTURAS COM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA. ........... 108<br />
FIGURA 38 – CORPOS-DE-PROVA COM A SUPERFÍCIE DESGASTADA NO ENSAIO DE ABRASÃO.<br />
................................................................................................................................................................... 108<br />
FIGURA 39 – CORPOS-DE-PROVA DESGASTADOS POR ABRASÃO...................................................... 109<br />
FIGURA 40 – VALORES MÉDIOS DE RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA PARA SUPERFÍCIE NÃO<br />
PREPARADA............................................................................................................................................ 110<br />
FIGURA 41 – VALORES MÉDIOS DE RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA PARA SUPERFÍCIE<br />
PREPARADA............................................................................................................................................ 111<br />
FIGURA 42 – ENSAIO DE ARRANCAMENTO: MISTURA CAD 32 15. ..................................................... 112<br />
FIGURA 43 - RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA PARA SUPERFÍCIE NÃO PREPARADA. ........................ 113<br />
FIGURA 44 – RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA PARA SUPERFÍCIE PREPARADA. ................................. 114<br />
FIGURA 45 – RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA: EXECUÇÃO DO ENSAIO................................................ 114<br />
viii
LISTA DE TABELAS<br />
TABELA 1 – QUALIDADE DA ÁGUA PARA PRODUÇÃO DO CONCRETO .............................................. 31<br />
TABELA 2 – ENSAIOS NO CONCRETO ENDURECIDO PARA CADA MISTURA..................................... 56<br />
TABELA 3 – ORDEM DE COLOCAÇÃO DOS MATERIAIS NA BETONEIRA E TEMPO DE MISTURA. 67<br />
TABELA 4 – DEFINIÇÃO DO TRAÇO DAS MISTURAS SEM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA........ 68<br />
TABELA 5 – NOMENCLATURA DAS MISTURAS SEM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA................. 68<br />
TABELA 6 – DEFINIÇÃO DOS TRAÇOS DAS MISTURAS COM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA. . 70<br />
TABELA 7 – NOMENCLATURA DAS MISTURAS COM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA................ 70<br />
TABELA 8 – APLICAÇÃO DO REPARO NO CORPO-DE-PROVA................................................................ 75<br />
TABELA 9 – CARGAS ABRASIVAS................................................................................................................. 78<br />
TABELA 10 – DADOS DA CARACTERIZAÇÃO DO CIMENTO................................................................... 80<br />
TABELA 11 – DADOS DA CARACTERIZAÇÃO DO AGREGADO MIÚDO. ............................................... 81<br />
TABELA 12 – DADOS DA CARACTERIZAÇÃO DO AGREGADO GRAÚDO............................................. 82<br />
TABELA 13 – COMPACIDADE AREIA X BRITA. .......................................................................................... 83<br />
TABELA 14 – DADOS DA CARACTERIZAÇÃO DO ADITIVO SUPERPLASTIFICANTE......................... 84<br />
TABELA 15 – DADOS DA CARACTERIZAÇÃO DA SÍLICA ATIVA........................................................... 85<br />
TABELA 16 – RESULTADOS DA CARACTERIZAÇÃO DO CIMENTO E DA SÍLICA ATIVA. ................ 85<br />
TABELA 17 – QUALIDADE DA ÁGUA PARA PRODUÇÃO DO CONCRETO. ........................................... 86<br />
TABELA 18 – ABATIMENTO DOS CONCRETOS SEM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA DAS<br />
MISTURAS. ................................................................................................................................................ 87<br />
TABELA 19 – ABATIMENTO DOS CONCRETOS COM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA DAS<br />
MISTURAS. ................................................................................................................................................ 89<br />
TABELA 20 – DADOS DO ENSAIO DE RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA COM SUPERFÍCIE NÃO<br />
PREPARADA............................................................................................................................................ 111<br />
TABELA 21 – DADOS DO ENSAIO DE RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA COM SUPERFÍCIE<br />
PREPARADA............................................................................................................................................ 112<br />
ix
LISTA DE ANEXOS<br />
ANEXO 01 – PRODUÇÃO DAS MISTURAS DE CONCRETO ....................................................................... 69<br />
ANEXO 02 – MOLDAGEM DOS CORPOS-DE-PROVA.................................................................................. 71<br />
ANEXO 03 – MOLDAGEM DOS CORPOS-DE-PROVA.................................................................................. 90<br />
ANEXO 04 – TEOR DE AR INCORPORADO: TABELAS ............................................................................... 91<br />
ANEXO 05 – ENSAIO DE RESISTÊNCIA À ABRASÃO: FOTOS ILUSTRATIVAS................................... 109<br />
ANEXO 06 – ENSAIO DE ADERÊNCIA ......................................................................................................... 112<br />
x
1 INTRODUÇÃO<br />
O concreto foi inventado no século XIX e os primeiros edifícios em concreto<br />
armado foram construídos há pouco mais <strong>de</strong> um século. A tecnologia adotada utilizava<br />
apenas uma mistura <strong>de</strong> cimento, agregado e água.<br />
Com o <strong>de</strong>correr dos anos, muitas pesquisas foram <strong>de</strong>senvolvidas e adicionou-se<br />
à mistura básica aditivos minerais e compostos químicos, surgindo então concretos<br />
mais resistentes e com praticamente todas as proprieda<strong>de</strong>s melhoradas: menor<br />
porosida<strong>de</strong>, maior resistência à abrasão, elevada resistência à compressão, baixa<br />
permeabilida<strong>de</strong>, etc., revolucionando a Engenharia e a Arquitetura mo<strong>de</strong>rnas.<br />
Em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong>stas adições no final da década <strong>de</strong> 50, iniciou-se a produção<br />
dos concretos <strong>de</strong> alta resistência (CARs). Inicialmente, essa categoria abrangia<br />
concretos com resistência característica à compressão superior a 35 MPa. Atualmente,<br />
estes concretos são usados na construção civil com muita freqüência e não se<br />
enquadram <strong>de</strong>ntro da categoria do concreto <strong>de</strong> alta resistência, uma vez que são<br />
obtidos concretos com resistência à compressão acima <strong>de</strong> 100 MPa com relativa<br />
facilida<strong>de</strong>.<br />
De uma forma geral, concretos com valores <strong>de</strong> resistência à compressão acima<br />
dos usuais em um dado local ou época foram normalmente chamados concretos <strong>de</strong> alta<br />
resistência. Assim sendo, o Bulletin d’Information 197 do CEB, reúne a variação<br />
ocorrida nos valores <strong>de</strong>finidos como alta resistência ao longo dos anos. Nos anos 50,<br />
nos EUA, concretos com resistência à compressão da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 34 MPa eram ditos <strong>de</strong><br />
alta resistência; nos anos 70, em torno <strong>de</strong> 62 MPa, e atualmente, estes valores se<br />
encontram entre 76 e 97 MPa.<br />
Com o <strong>de</strong>senvolvimento dos CARs, chegou-se, nos dias atuais, a um novo tipo<br />
<strong>de</strong> concreto: o concreto <strong>de</strong> alto <strong>de</strong>sempenho (CAD). Este concreto, quando comparado<br />
1
com o CAR, possui características particulares, visto que ele não leva em<br />
consi<strong>de</strong>ração, apenas, sua resistência, mas o conjunto <strong>de</strong> todas as proprieda<strong>de</strong>s<br />
melhoradas, garantindo ao mesmo o aumento da durabilida<strong>de</strong>.<br />
Além dos inúmeros investimentos, tais como: capacitação dos recursos<br />
humanos, equipamentos <strong>de</strong> última geração, melhoria <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> na construção civil,<br />
<strong>de</strong>ntre outros, sentiu-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> averiguar um tema específico <strong>de</strong>ntro da área<br />
<strong>de</strong> atuação <strong>de</strong>ste setor, que é o incremento do uso do CAD. Este é um produto <strong>de</strong> alta<br />
qualida<strong>de</strong>, importante para a socieda<strong>de</strong> (PAMPLOMA E CARDOSO, 2000, p. 02).<br />
Para <strong>de</strong>terminados projetos, o emprego do CAD oferece inúmeras vantagens<br />
com relação ao concreto convencional (CCV). Obras executadas com esse tipo <strong>de</strong><br />
concreto tiveram gran<strong>de</strong> sucesso, po<strong>de</strong>ndo-se <strong>de</strong>stacar: pontes e viadutos, edifícios<br />
altos, plataformas marinhas, reparos em estruturas sujeitas ao <strong>de</strong>sgaste superficial<br />
(calhas <strong>de</strong> vertedouros). Como já mencionado, o CAD apresenta maior durabilida<strong>de</strong><br />
que o concreto convencional. A durabilida<strong>de</strong> é uma <strong>de</strong> suas principais características e<br />
é conseguida com a redução da relação água/cimento. Essa redução também<br />
proporciona um ganho <strong>de</strong> resistência à compressão, aumento da compacida<strong>de</strong>, do<br />
módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> e diminuição da permeabilida<strong>de</strong>.<br />
Visto que as estruturas <strong>de</strong> concreto não são eternas, a indústria <strong>de</strong> tecnologia do<br />
concreto vem tentando buscar alternativas para minimizar os problemas patológicos e<br />
aumentar a sua vida útil, com consi<strong>de</strong>ráveis reduções dos custos <strong>de</strong> manutenção. Uma<br />
das soluções encontradas foi o emprego do CAD.<br />
Essa é uma das razões do emprego cada vez mais freqüente dos chamados CAD<br />
ou internacionalmente conhecidos por High Performance Concrete (HPC)<br />
(HARTMANN E HELENE, 2001, p. 02).<br />
O alto <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>stes concretos abre novas perspectivas <strong>de</strong> uso em<br />
diferentes tipos <strong>de</strong> estruturas, abrangendo obras industriais, pisos sujeitos a ação <strong>de</strong><br />
produtos químicos ou ao <strong>de</strong>sgaste superficial, reservatórios, obras enterradas em solo<br />
agressivo e obras hidráulicas. KORMANN et al, (2002) <strong>de</strong>finiram algumas<br />
2
proprieda<strong>de</strong>s que os materiais <strong>de</strong> reparo <strong>de</strong>vem apresentar: resistência aos esforços<br />
mecânicos e ao <strong>de</strong>sgaste. As estruturas hidráulicas <strong>de</strong> concreto <strong>de</strong> barragens<br />
principalmente, na região superficial dos vertedouros, também <strong>de</strong>vem suportar a<br />
radiação solar, os ciclos <strong>de</strong> secagem, molhagem e as diferenças <strong>de</strong> temperatura. Dentre<br />
os principais problemas encontrados em estruturas hidráulicas <strong>de</strong> concreto, <strong>de</strong>stacam-<br />
se as erosões superficiais ocasionadas pela abrasão ou cavitação hidráulica, a qual é<br />
<strong>de</strong>corrente da dinâmica do fluxo d’água. Um dos materiais utilizados para a<br />
recuperação da estruturas que sofrem <strong>de</strong>sgaste superficial é o CAD. DAL MOLIN<br />
(1995) diz que o CAD possui elevada resistência ao <strong>de</strong>sgaste ou abrasão, baixas<br />
<strong>de</strong>formações e, principalmente, benefícios ecológicos, energéticos e econômicos, por<br />
utilizar resíduos industriais (sílica ativa, por exemplo) e também pelo fato <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />
usar materiais disponíveis praticamente em toda a região.<br />
Os CADs exigem conhecimento técnico diferenciado para sua obtenção, mas é<br />
possível compreendê-los como uma evolução natural do <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico<br />
do concreto tradicional (KERBER E ROMAN, 1994, p. 27).<br />
3
1.1 OBJETIVOS<br />
1.1.1 Principais<br />
O objetivo principal <strong>de</strong>ste projeto é estudar e especificar um ou mais traços <strong>de</strong><br />
CAD que possuam condições propícias para as aplicações em reparos <strong>de</strong> estruturas<br />
hidráulicas sujeitas à abrasão, por meio das relações entre a resistência mecânica,<br />
módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>sgaste à abrasão.<br />
1.1.2 Específicos<br />
• Produzir misturas <strong>de</strong> CAD economicamente viáveis, quando comparadas<br />
com a durabilida<strong>de</strong> da estrutura e os custos <strong>de</strong> manutenção.<br />
• Correlacionar suas principais proprieda<strong>de</strong>s com as proprieda<strong>de</strong>s do<br />
Concreto Convencional (CCV).<br />
• Aumentar o conhecimento técnico e laboratorial com relação ao CAD e<br />
seus materiais, para possíveis aplicações em reparos estruturais.<br />
• Verificar suas principais características físicas, para que seja<br />
recomendado para execução <strong>de</strong> reparos em estruturas <strong>de</strong> concreto sujeitas à abrasão.<br />
• Determinar uma mistura <strong>de</strong> concreto <strong>de</strong> fácil produção, utilizando os<br />
materiais facilmente encontrados na região, apresentando condições favoráveis <strong>de</strong><br />
aplicação: trabalhabilida<strong>de</strong>.<br />
• Avaliando-se a importância da resistência à abrasão dos concretos,<br />
empregados às estruturas hidráulicas, essa pesquisa objetiva produzir um concreto<br />
compacto, com baixa porosida<strong>de</strong> e, conseqüentemente, mais resistente que o CCV.<br />
4
1.2 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO<br />
Inicialmente, fez-se uma revisão bibliográfica sobre o CAD, buscando-se<br />
<strong>de</strong>finições concisas e específicas. Estudou-se os seus materiais componentes,<br />
avaliando suas características e proprieda<strong>de</strong>s, bem como a influência <strong>de</strong>stes na mistura<br />
fresca e endurecida. A revisão da literatura, foi realizada a partir <strong>de</strong> um histórico do<br />
<strong>de</strong>senvolvimento e surgimento do CAD, da <strong>de</strong>scrição das consi<strong>de</strong>rações gerais<br />
relacionadas aos materiais constituintes, tais como: composição, proprieda<strong>de</strong>s,<br />
utilização na construção civil e vantagens do seu emprego. Justificando o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste trabalho, aprofundou-se a discussão sobre o <strong>de</strong>sgaste<br />
superficial apresentado em estruturas <strong>de</strong> concreto, correlacionando as características<br />
do CAD ligadas a sua durabilida<strong>de</strong>.<br />
No sentido <strong>de</strong> confirmar as suas principais proprieda<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>terminar um<br />
concreto resistente ao <strong>de</strong>sgaste superficial, <strong>de</strong>finiu-se a parte prática <strong>de</strong>ste trabalho.<br />
Esta foi realizada no Laboratório <strong>de</strong> Tecnologia do Concreto o LTC da Itaipu<br />
Binacional, em Foz do Iguaçu, no Estado do Paraná.<br />
Em um capítulo à parte, discutiu-se sobre o <strong>de</strong>sgaste superficial das estruturas<br />
<strong>de</strong> concreto, principalmente aquelas existentes nas estruturas hidráulicas sujeitas ao<br />
efeito abrasivo da água contendo sólidos em suspensão. Buscou-se estudar e<br />
<strong>de</strong>terminar as principais causas <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>sgaste, para a especificação do melhor traço <strong>de</strong><br />
CAD.<br />
5
Com base nesses fatos, elaborou-se a pesquisa experimental, on<strong>de</strong> são<br />
apresentados as características dos materiais utilizados, <strong>de</strong>finição dos traços<br />
empregados, equipamentos utilizados nos ensaios, metodologia <strong>de</strong> pesquisa,<br />
planejamento e freqüência dos ensaios, bem como a execução dos mesmos.<br />
No penúltimo capítulo, são apresentados e discutidos os resultados obtidos dos<br />
CADs. O estudo foi realizado em duas partes; uma que avalia o concreto no estado<br />
fresco: consistência, massa específica e ar incorporado, e outra no estado endurecido:<br />
resistência à compressão, resistência à tração por compressão diametral, resistência à<br />
abrasão, resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência e módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong>.<br />
No último capítulo é apresentada a conclusão do trabalho.<br />
6
2 O CAD<br />
O advento dos CARs e, mais apropriadamente, do CAD, traz à engenharia<br />
recursos <strong>de</strong> enorme utilida<strong>de</strong> para otimização <strong>de</strong> diversos problemas, principalmente<br />
aqueles ligados às estruturas <strong>de</strong> concreto (KERBER E ROMAN, 1994, p. 28).<br />
Existe uma enorme diferença entre o CAR e o CAD. O primeiro envolve apenas<br />
a resistência do concreto. O segundo envolve toda uma série lógica <strong>de</strong> concepções e<br />
análise dos parâmetros do meio da vida útil <strong>de</strong>sejada, apresentando um conjunto <strong>de</strong><br />
características que o diferenciam do CAR, como: permeabilida<strong>de</strong> reduzida, calor <strong>de</strong><br />
hidratação e exsudação controlado, resistência à corrosão da armadura e à <strong>de</strong>gradação<br />
do concreto, resistência a esforços mecânicos a curto e a longo prazo, abatimento<br />
a<strong>de</strong>quado, viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção e outros (VAZ <strong>de</strong> CAMPOS, 2000, p. 28).<br />
O CAD surgiu nos Estados Unidos nos anos 60 e início dos anos 70, a partir do<br />
momento que se constatou que o uso do concreto armado com máxima resistência e<br />
um mínimo <strong>de</strong> aço oferecia uma solução econômica para reduzir as dimensões dos<br />
pilares <strong>de</strong> edifícios altos.<br />
No início, aplicava-se a mesma tecnologia do CCV, porém com maior controle<br />
e seleção dos materiais. Com o passar dos anos, novos materiais, como sílica ativa,<br />
cimentos mais finos e aditivos superplastificantes, foram incorporados à mistura. A<br />
partir disso, o CAD foi se diferenciando do CCV, e encarado como um novo tipo <strong>de</strong><br />
material estrutural (AMARAL FILHO, 2000).<br />
O CAD foi introduzido no Brasil em 1988, por Epaminondas Melo <strong>de</strong> Amaral<br />
Filho, com a utilização <strong>de</strong> sílica ativa. Neste caso, preferiu <strong>de</strong>signar como CAD o material<br />
que apresentava outras proprieda<strong>de</strong>s mais importantes além da resistência, como a baixa<br />
permeabilida<strong>de</strong> (evitando a corrosão da armadura e reduzindo a carbonatação), boa<br />
a<strong>de</strong>rência com outros concretos e maior durabilida<strong>de</strong>. Observando sempre que estes<br />
fatores são melhorados, há aumento da resistência (VASCONCELOS, 1992).<br />
7
Des<strong>de</strong> o início, os pesquisadores estavam conscientes <strong>de</strong> que, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> certos<br />
limites, a resistência à compressão do concreto era inversamente proporcional à<br />
relação a/c (água/cimento), e a trabalhabilida<strong>de</strong> do concreto fresco era diretamente<br />
proporcional à quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água. Sendo assim, era indispensável o uso <strong>de</strong> aditivos<br />
redutores <strong>de</strong> água na produção <strong>de</strong> CAD.<br />
A partir <strong>de</strong> 1930, com o <strong>de</strong>senvolvimento dos aditivos redutores <strong>de</strong> água, estes<br />
se tornaram essenciais na produção <strong>de</strong> concreto. Nas últimas décadas, surgiram<br />
gran<strong>de</strong>s projetos <strong>de</strong> estrutura, tais como: barragens, pontes, edifícios altos e outros. Ao<br />
mesmo tempo surgiram vários tipos <strong>de</strong> aditivos redutores <strong>de</strong> água, sendo os mais<br />
eficientes os superplastificantes (ALVES, 1999).<br />
Descobriu-se que concretos com uma relação água/cimento ou<br />
água/aglomerante muito baixa com a utilização <strong>de</strong> aditivos redutores <strong>de</strong> água, também<br />
tinham outras características melhoradas, tais como: flui<strong>de</strong>z mais elevada, módulo <strong>de</strong><br />
elasticida<strong>de</strong> mais alto, resistência à flexão maior, menor permeabilida<strong>de</strong>, resistência à<br />
abrasão melhorada e maior durabilida<strong>de</strong> (AÏTCIN, 2000).<br />
À medida que o uso dos superplastificantes foi se tornando mais comum,<br />
percebeu-se que essas moléculas po<strong>de</strong>riam ser utilizadas para reduzir a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
água <strong>de</strong> mistura para um nível jamais experimentado e ainda produzir um concreto<br />
com gran<strong>de</strong> trabalhabilida<strong>de</strong>. Essas moléculas sintéticas são tão po<strong>de</strong>rosas para<br />
dispersar partículas <strong>de</strong> cimento que, pela primeira vez na tecnologia do concreto, foi<br />
possível fazer um concreto fluido, tendo uma relação água/aglomerante menor do que<br />
0,3. É notável que nos últimos anos a resistência característica à compressão teve um<br />
nível <strong>de</strong> crescimento inimaginável anteriormente (AÏTCIN, 2000, p. 137).<br />
Os aditivos variam <strong>de</strong> tensoativos, sais solúveis e polímeros a minerais<br />
insolúveis. São empregados no concreto a fim <strong>de</strong> melhorar a trabalhabilida<strong>de</strong>,<br />
aceleração ou aumento <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> pega, controle do <strong>de</strong>senvolvimento da resistência,<br />
melhora da resistência à ação do gelo, à fissuração térmica, à expansão álcali-agregado,<br />
a soluções ácidas sulfatadas (MEHTA E MONTEIRO, 1994, p. 273).<br />
8
Os superplastificantes também são chamados aditivos redutores <strong>de</strong> água <strong>de</strong> alta<br />
eficiência por serem capazes <strong>de</strong> reduzir o teor <strong>de</strong> água <strong>de</strong> três a quatro vezes, em um<br />
dado traço <strong>de</strong> concreto (MEHTA E MONTEIRO, 1994, p. 282). Essa redução <strong>de</strong> água,<br />
ocasiona um aumento na resistência do concreto <strong>de</strong> alto <strong>de</strong>sempenho.<br />
No concreto, o uso <strong>de</strong> aditivos superplastificantes <strong>de</strong> pega normal ou alto<br />
<strong>de</strong>sempenho possibilita uma redução da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água e confere também uma<br />
maior flui<strong>de</strong>z e menor risco <strong>de</strong> segregação. Este aditivo permite a dosagem <strong>de</strong> concreto<br />
com redução do consumo <strong>de</strong> cimento, proporcionando economia. As microfissuras<br />
<strong>de</strong>correntes da retração do concreto durante a cura também se reduzem com a<br />
diminuição da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água da mistura.<br />
Os aditivos químicos, redutores <strong>de</strong> água (superplastificantes), proporcionam<br />
uma redução ainda maior na porosida<strong>de</strong> da pasta <strong>de</strong> cimento e no diâmetro dos poros,<br />
o que eleva a durabilida<strong>de</strong> do concreto e aumenta a resistência mecânica (ALMEIDA,<br />
1992, p. 113-116).<br />
Com uma mesma relação água/cimento e mesmo teor <strong>de</strong> água na mistura, o<br />
efeito dispersante dos superplastificantes aumenta a trabalhabilida<strong>de</strong> do concreto<br />
(NEVILLE, 1997, p. 264).<br />
No CAD, a utilização <strong>de</strong> aditivo superplastificante permite adicionar materiais<br />
muito finos, tais como a sílica ativa.<br />
A sílica ativa é um subproduto da fabricação <strong>de</strong> silício ou <strong>de</strong> ligas <strong>de</strong> ferro-<br />
silício. Constituída <strong>de</strong> partículas muito finas, é um tipo <strong>de</strong> gás transformado em pó<br />
pela sua oxidação com o ar, e tem uma enorme área específica. No concreto, atua<br />
como efeito fíler, ou seja, preenche parte dos poros capilares, aumentando a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>.<br />
Com o uso da sílica ativa, o concreto passa a ter maior resistência à abrasão e à<br />
corrosão química, maior resistência à compressão, maior compacida<strong>de</strong>,<br />
conseqüentemente menor porosida<strong>de</strong>, maior a<strong>de</strong>são a outras superfícies <strong>de</strong> concreto e<br />
melhor a<strong>de</strong>rência ao aço.<br />
9
Um grão <strong>de</strong> cimento é cerca <strong>de</strong> 100 vezes maior que um <strong>de</strong> sílica ativa. Até<br />
pouco tempo atrás, a sílica ativa era consi<strong>de</strong>rada material <strong>de</strong> refugo <strong>de</strong> difícil<br />
estocagem, pois além <strong>de</strong> inútil, era volumosa <strong>de</strong>mais por ser <strong>de</strong> baixo peso específico<br />
(0,2 g/cm 3 ) (AMARAL FILHO, 1993, p. 16).<br />
A sílica ativa diminui a segregação e a exsudação, enquanto a viscosida<strong>de</strong> e a<br />
coesão interna são aumentadas.<br />
Devido a sua finura, as partículas <strong>de</strong> sílica ativa po<strong>de</strong>m preencher os vazios<br />
entre as partículas maiores do cimento, quando elas estão bem <strong>de</strong>floculadas na<br />
presença <strong>de</strong> uma dosagem a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> superplastificante. Diz-se que o efeito fíler é<br />
também responsável pelo aumento da flui<strong>de</strong>z dos concretos com uma relação<br />
água/aglomerante muito baixa (AÏTCIN, 2000, p. 161-162).<br />
A reação química da sílica ativa acontece principalmente na interface entre<br />
argamassa <strong>de</strong> cimento e agregado graúdo, a qual constitui-se em um ponto vulnerável<br />
do concreto. Por isto, com o uso da sílica ativa há uma maior a<strong>de</strong>rência entre agregado<br />
e pasta, e o ponto fraco do concreto passa a ser o agregado. Isto é evi<strong>de</strong>nciado<br />
observando-se a superfície <strong>de</strong> ruptura do CAD na compressão, mostrando os<br />
agregados totalmente rompidos (SIMPLÍCIO, 2001).<br />
A introdução <strong>de</strong> aditivos químicos e minerais no concreto provoca diversas<br />
alterações em suas características, tanto no estado fresco quanto no endurecido. A<br />
maior parte <strong>de</strong>las é <strong>de</strong>corrente das modificações que surgem na sua microestrutura.<br />
Hoje se sabe que os aditivos em geral atuam não somente na pasta <strong>de</strong> cimento, mas<br />
também na interface ou ligação pasta-agregado (ALMEIDA, 1992, p. 113-116).<br />
Do ponto <strong>de</strong> vista dos materiais, o CAD não é nada mais do que um concreto<br />
com porosida<strong>de</strong> muito baixa, conseguida principalmente pelo uso <strong>de</strong> menos água <strong>de</strong><br />
mistura do que no concreto usual, <strong>de</strong> tal forma que as partículas <strong>de</strong> cimento e <strong>de</strong><br />
material cimentício suplementar estejam muito mais próximas umas das outras do que<br />
nos traços <strong>de</strong> concreto usual (AÏTCIN, 2000, p. 110).<br />
10
O cimento para a produção <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> concreto <strong>de</strong>ve satisfazer algumas<br />
exigências: a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> resistência mecânica e apropriado<br />
<strong>de</strong>senvolvimento reológico (perda <strong>de</strong> trabalhabilida<strong>de</strong> com o tempo, segregação,<br />
compatibilida<strong>de</strong> com o aditivo químico, pega e exsudação) (TORALLES<br />
CARBONARI, 1996).<br />
É possível produzir CAD com qualquer tipo <strong>de</strong> cimento, sendo preferível o<br />
cimento Portland comum e aqueles com elevados teores <strong>de</strong> C3S e C2S (MEHTA E<br />
AÏTCIN, 1990, p. 265-286). O melhor cimento é aquele que apresenta menor<br />
variabilida<strong>de</strong> em termos <strong>de</strong> resistência à compressão (ACI 363, 1991).<br />
Hoje, está bem claro que as proprieda<strong>de</strong>s reológicas dos cimentos Portland que<br />
aten<strong>de</strong>m às normas po<strong>de</strong>m ser muito diferentes, na medida em que são empregados<br />
concretos com relação água/aglomerante muito baixa, na presença <strong>de</strong> altas dosagens <strong>de</strong><br />
superplastificantes (AÏTCIN, 2000, p. 190).<br />
À medida que a porosida<strong>de</strong> da pasta diminui, a resistência do concreto aumenta,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> que os agregados, particularmente os graúdos, sejam resistentes o bastante.<br />
Assim, a seleção e o proporcionamento dos ingredientes do CAD é uma questão muito<br />
mais crítica do que no concreto usual (AÏTCIN, 2000, p. 110).<br />
Os agregados são <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância na confecção do concreto, quer do<br />
ponto <strong>de</strong> vista econômico, quer do ponto <strong>de</strong> vista técnico. Os agregados exercem<br />
influência benéfica sobre algumas características importantes, como: retração,<br />
aumento da resistência ao <strong>de</strong>sgaste etc., sem prejudicar a resistência aos esforços<br />
mecânicos, pois os agregados <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> têm resistência mecânica superior à da<br />
pasta (PETRUCCI, 1983, p. 38).<br />
Os agregados representam 60 a 80% do volume do concreto endurecido. Suas<br />
partículas <strong>de</strong>vem possuir resistência a<strong>de</strong>quada às ações mecânicas e às resultantes do<br />
intemperismo. Atenção especial <strong>de</strong>ve ser dada às substâncias estranhas (argila, compostos<br />
orgânicos, etc.), cuja presença venha <strong>de</strong>gradar o concreto (SOBRAL, 1997, p. 01).<br />
11
Os agregados constituem um componente importante no concreto. Suas<br />
características apresentam uma larga gama <strong>de</strong> variação, o que os leva, na tecnologia do<br />
concreto, a serem submetidos ao estudo e controle da qualida<strong>de</strong> antes e após a<br />
confecção do concreto. Para produzir qualquer tipo <strong>de</strong> concreto, os agregados não<br />
<strong>de</strong>vem reagir com o cimento e serem estáveis perante aos agentes que irão entrar em<br />
contato com a estrutura. Devem ser excluídos os agregados provenientes <strong>de</strong> rochas<br />
macias, friáveis ou <strong>de</strong> baixa resistência à compressão, ou que contenham pirita, gesso e<br />
componentes ferrosos; <strong>de</strong>vem ser isentos <strong>de</strong> argila e matéria orgânica, ou <strong>de</strong> materiais<br />
que prejudiquem sua a<strong>de</strong>rência à argamassa ou interfiram na pega e no endurecimento<br />
(BAUER, 1987, p. 104).<br />
Atualmente, em algumas regiões, o <strong>de</strong>sempenho dos agregados constitui o fator<br />
limitante, quando a resistência à compressão do CAD <strong>de</strong>va ser aumentada (AÏTCIN,<br />
2000, p. 225).<br />
No CAD, as altas resistências exigem relativa limitação do tamanho máximo<br />
dos agregados, <strong>de</strong> maneira a gerar área suficiente para absorção das tensões na<br />
interface pasta/agregado (KERBER E ROMAN, 1994, p. 29).<br />
A resistência da maioria das partículas do agregado graúdo não po<strong>de</strong> ser menor<br />
que a do concreto. A influência do agregado graúdo na resistência do concreto<br />
possivelmente é <strong>de</strong>vida à sua resistência mecânica e, <strong>de</strong> maneira significativa, a sua<br />
absorção e características <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência (NEVILLE, 1997, p. 136).<br />
A graduação, o tamanho máximo e a mineralogia dos agregados têm influência<br />
direta sobre as proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalhabilida<strong>de</strong> e resistência à compressão dos<br />
concretos <strong>de</strong> resistência normal e alta. Para os agregados miúdos, a sua graduação<br />
influencia diretamente na <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> água do concreto e conseqüentemente na<br />
relação água/cimento e/ou consumo <strong>de</strong> aditivos redutores <strong>de</strong> água. Nos casos dos<br />
agregados graúdos, a absorção, a mineralogia, o tamanho e a forma dos agregados são<br />
as principais características que influenciam o <strong>de</strong>sempenho final dos concretos<br />
(GAVA; et al, 2001, p.3).<br />
12
Para o CAD, os indicadores <strong>de</strong> procedimentos e as constatações <strong>de</strong> laboratório<br />
recomendam faixas granulométricas que resultem na melhor trabalhabilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong><br />
maneira a exigir as menores quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> água, possibilitando, então, o mais baixo<br />
fator água/cimento (KERBER E ROMAN, 1994, p. 31).<br />
Se o agregado for usado <strong>de</strong> modo que o seu volume <strong>de</strong> vazios seja mínimo será<br />
usado menos pasta. Se o agregado for totalmente graúdo, haverá muito espaço a<br />
preencher; se for totalmente miúdo, haverá muita superfície a envolver. O volume da<br />
pasta será mínimo sempre que houver boa quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> agregado graúdo, mas com os<br />
espaços entre os grãos preenchidos sucessivamente por grãos menores, ou seja, com<br />
granulometria variada. Uma boa granulometria do agregado proporciona maior<br />
trabalhabilida<strong>de</strong> à pasta (VERÇOSA, 1983, p. 71).<br />
As misturas ricas usadas na produção do CAD apresentam um alto teor <strong>de</strong> finos,<br />
exigindo um agregado miúdo com um módulo <strong>de</strong> finura maior, em torno <strong>de</strong> 3,0. A<br />
areia para o CAD <strong>de</strong>ve ser isenta <strong>de</strong> impurezas, ter granulometria uniforme, grãos<br />
arredondados e ser um pouco grossa.<br />
A seleção dos materiais constituintes do concreto e o seu correto<br />
proporcionamento é o passo mais importante para a produção <strong>de</strong> um concreto que<br />
atenda às especificações <strong>de</strong> trabalhabilida<strong>de</strong> e resistência à compressão. Sabe-se que as<br />
características e proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>stes materiais influenciam diretamente no seu<br />
proporcionamento e no <strong>de</strong>sempenho final do concreto (MENEGHETTI, 1999).<br />
A retração do concreto se <strong>de</strong>ve à pasta <strong>de</strong> cimento. Logo, quanto maior o<br />
consumo <strong>de</strong> agregado, menor será a retração e, conseqüentemente, menor a<br />
probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fissuração, o que proporciona um ganho na vida útil da estrutura.<br />
Por apresentar extraordinária evolução em diversos parâmetros, o CAD <strong>de</strong>staca-<br />
se por apresentar características peculiares e altamente atrativas para o seu emprego na<br />
construção civil. Sua aplicação em edifícios reduz a seção dos pilares, aumentando o<br />
espaço útil nos primeiros pavimentos. Também, propicia a redução da carga<br />
permanente na estrutura e nas fundações.<br />
13
Segundo AMARAL FILHO (1999, p 05) os CADs <strong>de</strong>stacam-se por apresentar<br />
inúmeras vantagens em relação ao concreto convencional. Dentre elas:<br />
a) alta resistência à compressão, tanto nas primeiras ida<strong>de</strong>s quanto nas<br />
ida<strong>de</strong>s mais avançadas;<br />
b) menor retração por secagem;<br />
c) reduzida <strong>de</strong>formação lenta (fluência) sob carga <strong>de</strong> longa duração;<br />
d) ausência <strong>de</strong> exsudação, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que bem dosado e com aditivo<br />
superplastificante compatível com o cimento;<br />
e) ausência <strong>de</strong> segregação no lançamento e a<strong>de</strong>nsamento;<br />
f) excelente a<strong>de</strong>rência a substrato <strong>de</strong> concreto já endurecido, ou seja,<br />
a<strong>de</strong>quado para retorno <strong>de</strong> concretagens, pisos, revestimentos, reparos<br />
e reforços;<br />
g) elevada resistivida<strong>de</strong> elétrica;<br />
h) reduzida carbonatação;<br />
i) baixo coeficiente <strong>de</strong> difusão <strong>de</strong> cloretos;<br />
j) reduz a permeabilida<strong>de</strong> e gradientes <strong>de</strong> pressão <strong>de</strong> água e <strong>de</strong> gases;<br />
k) reduzido risco <strong>de</strong> corrosão <strong>de</strong> armaduras; e<br />
l) alto módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong>, ou seja, sofre pequenas <strong>de</strong>formações.<br />
Devido a estas características, o CAD po<strong>de</strong> ser utilizado com sucesso em<br />
diversos tipos <strong>de</strong> estruturas, tais como:<br />
a) estruturas <strong>de</strong> concreto aparente em ambientes agressivos on<strong>de</strong> se<br />
busca à durabilida<strong>de</strong>;<br />
b) edifícios altos;<br />
c) peças pré-moldadas, pois seu uso impõe agilida<strong>de</strong>;<br />
d) concreto projetado <strong>de</strong>vido a estes concretos eliminarem o problema <strong>de</strong><br />
reflexão;<br />
e) recuperação <strong>de</strong> estruturas pela sua gran<strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência às superfícies <strong>de</strong><br />
concreto;<br />
14
f) estruturas <strong>de</strong> concreto on<strong>de</strong> se necessita <strong>de</strong> rapi<strong>de</strong>z na <strong>de</strong>sforma;<br />
g) obras marítimas <strong>de</strong>vido a sua baixa permeabilida<strong>de</strong>;<br />
h) pontes e viadutos;<br />
i) estruturas protendidas;<br />
j) soleiras <strong>de</strong> vertedouros <strong>de</strong> usinas hidrelétricas <strong>de</strong>vido a sua boa<br />
resistência à abrasão; e<br />
k) pisos industriais por serem resistentes à abrasão e ao ataque a<br />
químicos.<br />
Neste contexto, justifica-se o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> estudos sobre o CAD tendo<br />
em vista o seu crescente emprego no setor <strong>de</strong> construção civil brasileira, o que<br />
permitirá novas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uso, proporcionando vantagens em diversos aspectos<br />
se comparado ao concreto convencional.<br />
O futuro e a consolidação do CAD <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> não só <strong>de</strong> estudos em concreto mas<br />
também em aditivos e adições que melhorem a estrutura da pasta e sua interface com<br />
os agregados (HELENE, 1997, p. 03).<br />
O CAD não é um produto <strong>de</strong> baixo custo que po<strong>de</strong> ser produzido com<br />
procedimentos usuais, pois envolve um maior controle tecnológico dos materiais<br />
constituintes, bem como melhor qualificação da mão-<strong>de</strong>-obra que o produz. No<br />
entanto, seu correto emprego po<strong>de</strong>rá trazer benefícios que compensarão seu elevado<br />
custo.<br />
15
2.1 MATERIAIS CONSTITUINTES<br />
Os materiais mais freqüentemente utilizados no CAD são: o cimento, os<br />
agregados graúdo e miúdo, as adições minerais, os aditivos químicos<br />
(superplastificantes) e a água. O cimento e a água formam a pasta e os agregados<br />
constituintes, o esqueleto granular.<br />
Ainda que não contenha nenhum ingrediente especial ou incomum, o CAD<br />
requer o uso <strong>de</strong> materiais com algumas proprieda<strong>de</strong>s específicas, ao menos em certos<br />
aspectos (AÏTCIN, 2000, p. 113). Esses materiais, se não forem escolhidos com<br />
critérios, po<strong>de</strong>m ocasionar problemas irreversíveis nas estruturas.<br />
2.1.1 Cimento<br />
O cimento Portland é um material pulverulento, constituído <strong>de</strong> silicatos e<br />
aluminatos <strong>de</strong> cálcio. Esses silicatos e aluminatos complexos, ao serem misturados<br />
com água, hidratam-se e produzem o endurecimento da massa, o que po<strong>de</strong> então<br />
oferecer a elevada resistência mecânica (PETRUCCI, 1983, p. 05).<br />
Os principais constituintes do cimento Portland são a cal (CaO), a sílica (SiO2),<br />
a alumina (Al2O3), o óxido <strong>de</strong> ferro (Fe2O3), certa proporção <strong>de</strong> magnésia (MgO) e<br />
uma pequena porcentagem <strong>de</strong> anidrido sulfúrico (SO3), que é adicionado após a<br />
calcinação para retardar o tempo <strong>de</strong> pega do produto. Como constituintes menores,<br />
aparecem impurezas, óxido <strong>de</strong> sódio (Na2O), óxido <strong>de</strong> potássio (K2O), óxido <strong>de</strong> titânio<br />
(TiO2) e outras substâncias <strong>de</strong> menor importância. Os óxidos <strong>de</strong> potássio e sódio<br />
constituem os chamados álcalis do cimento (BAUER. 1987, p. 35).<br />
16
A cal, a sílica, a alumina e o óxido <strong>de</strong> ferro são os componentes essenciais do<br />
cimento Portland, constituindo, geralmente, 95 a 96 % do total dos componentes. Estes<br />
óxidos, juntamente com os <strong>de</strong>mais constituintes do cimento, durante a produção do<br />
clínquer, resultam na formação <strong>de</strong> diversos compostos oriundos <strong>de</strong> combinações<br />
químicas (BAUER, 1987, 35).<br />
A compatibilida<strong>de</strong> do cimento e aditivo é influenciada pelas composições<br />
químicas <strong>de</strong>ssas substâncias. Para o cimento, <strong>de</strong>ve-se verificar o teor <strong>de</strong> C3A e<br />
C4AF, a reativida<strong>de</strong> do C3A, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da sua morfologia e do grau <strong>de</strong><br />
sulfurização do clínquer, o teor <strong>de</strong> sulfato <strong>de</strong> cálcio etc. (NEVILLE, 1997, p.<br />
667).<br />
Para o superplastificante, os fatores mais importantes são o comprimento<br />
da ca<strong>de</strong>ia molecular, o tipo <strong>de</strong> íon associado (isto é, se sódio ou potássio) e a<br />
presença <strong>de</strong> sulfatos residuais, os quais po<strong>de</strong>m influenciar nas proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>floculação do cimento (NEVILLE, 1997, p. 667).<br />
Dentre os compostos formados, temos o silicato tricálcico (C3S) que é<br />
responsável pelas proprieda<strong>de</strong>s hidráulicas do cimento. Além <strong>de</strong> provocar imediata<br />
liberação <strong>de</strong> calor e elevada resistência inicial, ele também é o responsável pela<br />
resistência em todas as ida<strong>de</strong>s. O silicato bicálcico (C2S) possui maior importância no<br />
processo <strong>de</strong> endurecimento e na resistência em ida<strong>de</strong>s mais avançadas. O aluminato<br />
tricálcico (C3A) contribui para a resistência nas primeiras ida<strong>de</strong>s e proporciona a pega<br />
rápida. Para aumentar o tempo <strong>de</strong> pega do cimento, é adicionado gesso. O ferro<br />
aluminato tetracálcico (C4AF) em nada contribui para o ganho <strong>de</strong> resistência.<br />
A cal livre e a magnésia (MgO) são responsáveis pela expansão. O óxido <strong>de</strong><br />
titânio (TiO2) aumenta a resistência mecânica. Os álcalis (Na2O e K2O) são<br />
in<strong>de</strong>sejáveis na composição do cimento, <strong>de</strong>vido à reação <strong>de</strong>stes álcalis com certos<br />
tipos <strong>de</strong> agregados.<br />
Existem algumas divergências quanto ao tipo <strong>de</strong> cimento para ser utilizado na<br />
produção do CAD. Segundo a ABCP (1999) todos os cimentos produzidos no Brasil e<br />
17
<strong>de</strong>stinados a estruturas <strong>de</strong> concreto po<strong>de</strong>m ser utilizados na produção do CAD. Porém,<br />
sempre que disponíveis na região, são preferíveis e recomendáveis os cimentos <strong>de</strong> alta<br />
resistência à compressão.<br />
O cimento Portland anidro não aglomera areia e agregado graúdo, ele só<br />
adquire a proprieda<strong>de</strong> a<strong>de</strong>siva quando misturado à água. Isto acontece porque a reação<br />
química do cimento com a água, comumente chamada <strong>de</strong> hidratação do cimento, gera<br />
produtos que possuem características <strong>de</strong> pega e endurecimento (MEHTA E<br />
MONTEIRO, 1994, p. 198).<br />
GJORV (1992, p. 21-67) atribui importância ao tipo <strong>de</strong> cimento a ser utilizado<br />
no CAD no que tange à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água da mistura, para os quais os fatores <strong>de</strong><br />
controle são o conteúdo <strong>de</strong> C3A e a granulometria do cimento.<br />
A escolha do melhor cimento para produção <strong>de</strong>stes concretos <strong>de</strong>veria ser<br />
realizada, segundo ABCP (1997), por meio <strong>de</strong> ensaios e experimentos num concreto o<br />
mais próximo possível daquele que será utilizado na obra, analisando a<br />
compatibilida<strong>de</strong> com os agregados e, principalmente, com as adições e aditivos.<br />
O tamanho das partículas do cimento influi diretamente na velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reação<br />
<strong>de</strong> hidratação. Logo, quanto maior a superfície específica das partículas maior a<br />
velocida<strong>de</strong> da reação, o que implica no aumento da resistência à compressão do<br />
concreto logo nas primeiras ida<strong>de</strong>s.<br />
Do ponto <strong>de</strong> vista da resistência, quanto mais fino for o cimento, melhor, pois<br />
mais rápido a fase silicato entrará inteiramente em contato com a água. Mas do ponto<br />
<strong>de</strong> vista reológico, quanto mais fino for o cimento, mais reativo ele será, pois uma<br />
maior propagação das fases silicato e intersticial estará em contato com a água e,<br />
assim, mais etringita será formada e mais C-S-H se <strong>de</strong>senvolverá rapidamente na<br />
superfície das fases silicatos (NAWA, EGUCHI E OKKUBO, 1991).<br />
Do ponto <strong>de</strong> vista reológico, po<strong>de</strong>-se postular um cimento i<strong>de</strong>al para o CAD não<br />
muito fino (provavelmente finura Blaine até 400 m 2 /kg) e teor muito baixo <strong>de</strong> C3A,<br />
cuja ativida<strong>de</strong> é facilmente controlada pelos íons sulfato provenientes da dissolução<br />
dos sulfatos do cimento (NEVILLE, 1997, p. 662-664).<br />
18
O aumento da finura do cimento no concreto melhora a resistência à<br />
compressão, principalmente nas primeiras ida<strong>de</strong>s, aumenta a sua trabalhabilida<strong>de</strong> e<br />
coesão. A finura do cimento é relacionada ao tamanho dos grãos do produto, e po<strong>de</strong><br />
ser <strong>de</strong>terminada pelo tamanho máximo do grão e pelo valor da superfície específica,<br />
(soma da superfície dos grãos contidos em um grama <strong>de</strong> cimento).<br />
No CAD, a finura do cimento influencia diretamente na eficiência do aditivo<br />
superplastificante; quanto mais fino for o cimento maior será a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aditivo a<br />
ser adicionada à mistura. Como o aditivo superplastificante e o cimento nem sempre<br />
são compatíveis, há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se fazer ensaios <strong>de</strong> compatibilida<strong>de</strong>.<br />
2.1.2 Agregado Miúdo<br />
Enten<strong>de</strong>-se por agregado miúdo a areia natural quartzosa ou o pedrisco<br />
resultante do britamento <strong>de</strong> rochas instáveis, com tamanhos <strong>de</strong> partículas tais que, no<br />
máximo, 5% ficam retidos na peneira <strong>de</strong> 4,8 mm (PETRUCCI, 1983, p. 49).<br />
A textura superficial do agregado tem influência sobre a a<strong>de</strong>rência à pasta <strong>de</strong><br />
cimento e também na <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> água da mistura, especialmente no caso do agregado<br />
miúdo (NEVILLE, 1997, p. 132).<br />
O agregado miúdo recomendado para o CAD <strong>de</strong>ve ser isento <strong>de</strong> impurezas;<br />
possuir grãos mais esféricos, pois agregados mais arredondados e lisos necessitam <strong>de</strong><br />
menos água <strong>de</strong> mistura e <strong>de</strong> maior módulo <strong>de</strong> finura. A areia não necessita ser muito<br />
fina, pois no CAD a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> finos presentes (cimento e adição mineral, em<br />
alguns casos) é normalmente elevada (ALVES, 2000). Os agregados miúdos <strong>de</strong>vem<br />
estar em conformida<strong>de</strong> com a NBR 7211.<br />
Como mencionado anteriormente, o agregado miúdo influi diretamente na<br />
19
<strong>de</strong>manda <strong>de</strong> água. No CAD, o i<strong>de</strong>al é utilizar agregados miúdos com partículas<br />
arredondadas e lisas, <strong>de</strong> preferência com um módulo <strong>de</strong> finura <strong>de</strong> 2,7 a 3,0, que<br />
<strong>de</strong>manda menos água <strong>de</strong> mistura para uma dada trabalhabilida<strong>de</strong>, melhorando sua<br />
resistência e diminuindo custos.<br />
Do ponto <strong>de</strong> vista granulométrico, o agregado miúdo <strong>de</strong>ve ficar retido nas<br />
peneiras ABNT <strong>de</strong> abertura 9,5; 6,3; 4,87; 2,4; 1,2; 0,6; 0,3 e 0,15 mm e menor que<br />
0,15 mm, e agregados artificiais (tipo pó-<strong>de</strong>-pedra).<br />
2.1.3 Agregado Graúdo<br />
O agregado é um componente inerte que quando adicionado ao concreto<br />
<strong>de</strong>sempenha a função <strong>de</strong> material <strong>de</strong> enchimento e <strong>de</strong> material resistente, constituído<br />
por partículas que <strong>de</strong>vem ser cimentadas entre si pela pasta, resultante da hidratação da<br />
mistura <strong>de</strong> cimento e água (GIAMMUSSO, 1992, p. 43).<br />
Enten<strong>de</strong>-se como agregado graúdo o pedregulho ou brita, proveniente <strong>de</strong> rochas<br />
instáveis, ou misturas <strong>de</strong> ambas, cujos grãos passam por uma peneira com abertura<br />
nominal <strong>de</strong> 15,2 mm e ficam retidos na peneira ABNT 4,8 mm (NBR 7211/1983).<br />
O agregado graúdo influencia diretamente na resistência à compressão do CAD.<br />
Para a produção do CAD recomenda-se que o agregado graúdo tenha elevada resistência<br />
à compressão, baixo índice <strong>de</strong> abrasão Los Angeles, baixo índice <strong>de</strong> materiais friáveis,<br />
que <strong>de</strong>vem ser sãos, não reagir com os álcalis do cimento e apresentar boa a<strong>de</strong>rência à<br />
pasta <strong>de</strong> cimento. Os agregados <strong>de</strong>vem estar em conformida<strong>de</strong> com a NBR 7211.<br />
Durante a seleção dos agregados graúdos, <strong>de</strong>vem ser analisados outros fatores<br />
que também exercem gran<strong>de</strong> influência na produção <strong>de</strong>ste concreto, como: textura<br />
superficial, dimensão máxima característica, distribuição granulométrica, resistência à<br />
compressão e reativida<strong>de</strong>.<br />
Quanto à superfície das partículas do agregado graúdo, sem referência a área<br />
20
unitária, tudo leva a buscar superfícies rugosas que permitem o máximo atrito e<br />
ancoragem da pasta, <strong>de</strong> maneira a auxiliar a maximização da ligação pasta-agregado<br />
(KERBER E ROMAN, 1994, p. 31).<br />
A forma do agregado graúdo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da sua natureza petrográfica, do tipo e da<br />
relação da redução do britador. A forma e a textura superficial do agregado graúdo<br />
exercem consi<strong>de</strong>rável influência sobre a resistência do concreto e efeitos um pouco<br />
maiores na resistência à flexão que é significativa no CAD. A lamelarida<strong>de</strong> e a forma<br />
do agregado graúdo possuem efeito significativo sobre a trabalhabilida<strong>de</strong> do concreto.<br />
O aumento da angulosida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste agregado <strong>de</strong> um mínimo para um máximo reduz o<br />
fator <strong>de</strong> a<strong>de</strong>nsamento, porém, na prática não existe relação <strong>de</strong>finida entre estes dois<br />
fatores, visto que outras proprieda<strong>de</strong>s do agregado po<strong>de</strong>m influenciar a<br />
trabalhabilida<strong>de</strong> (NEVILLE, 1997, p. 130-134).<br />
A esfericida<strong>de</strong> ou lamelarida<strong>de</strong> do agregado graúdo, que é função da relação<br />
entre a área superficial das partículas e seu volume, está relacionada com a<br />
estratificação e a clivagem da rocha mãe. Para o CAD quanto menor a relação entre a<br />
área superficial e o volume (quanto mais esférico), menor a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> água para<br />
uma dada trabalhabilida<strong>de</strong> do concreto (NEVILLE, 1997, p. 131). Os agregados com<br />
fragmentos lamelares são inconvenientes, no quesito <strong>de</strong> trabalhabilida<strong>de</strong>, para a<br />
utilização no CAD.<br />
A a<strong>de</strong>rência entre o agregado graúdo e a pasta <strong>de</strong> cimento é fator <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />
importância no que se refere à elevação da resistência do concreto.<br />
Na composição do CAD, a a<strong>de</strong>rência do agregado graúdo na pasta <strong>de</strong> cimento<br />
exerce uma função importante na interação entre os dois componentes. Assim, a forma<br />
dos grãos e a textura superficial do agregado são fatores relevantes no comportamento<br />
mecânico. Recomenda-se que o agregado graúdo possua grãos o mais próximo<br />
possível <strong>de</strong> uma esfera, com boa rugosida<strong>de</strong> superficial para proporcionar boa<br />
a<strong>de</strong>rência.<br />
A dimensão máxima característica do agregado graúdo para a produção <strong>de</strong><br />
21
CAD <strong>de</strong>ve ser menor que 19 mm, pois quanto menor a superfície do agregado graúdo,<br />
menor a influência <strong>de</strong>sfavorável <strong>de</strong> zona <strong>de</strong> transição pasta x agregado, o que<br />
proporciona ganho <strong>de</strong> resistência (AÏTCIN 2000, p. 227-230). Quanto menor o<br />
agregado graúdo, menor a superfície capaz <strong>de</strong> reter água durante a exsudação do<br />
concreto fresco, o que propicia uma zona <strong>de</strong> transição <strong>de</strong> menor espessura e<br />
conseqüentemente mais resistente (DAL MOLIN et al, 1997, p. 050). Quanto mais alta<br />
for a resistência à compressão pretendida, menor <strong>de</strong>verá ser o tamanho máximo do<br />
agregado graúdo.<br />
A dimensão máxima característica do agregado graúdo <strong>de</strong>ve ser suficientemente<br />
reduzida para evitar concentração <strong>de</strong> tensões e o <strong>de</strong>slocamento dos agregados na<br />
argamassa. Recomenda-se utilizar a menor dimensão máxima característica para<br />
conseqüentemente obter a maior superfície específica <strong>de</strong> contato agregado x pasta, o<br />
que aumenta a superfície <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência do agregado à pasta <strong>de</strong> cimento (ALVES,<br />
2000).<br />
A distribuição granulométrica altera a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água da mistura, que por<br />
sua vez afeta a resistência da pasta e também influencia no empacotamento dos grãos.<br />
O empacotamento dos grãos po<strong>de</strong> alterar a fração volumétrica do agregado a ser<br />
incorporado em uma mistura <strong>de</strong> concreto. A fração volumétrica está relacionada,<br />
principalmente, ao módulo <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação do concreto.<br />
O ponto chave <strong>de</strong> uma granulometria é o tamanho máximo do agregado graúdo,<br />
uma vez que, aumentando as dimensões dos grãos, diminui o número <strong>de</strong> grãos que<br />
precisam ser aglomerados por metro cúbico <strong>de</strong> concreto e, com isto, diminui também a<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cimento necessária para a aglomeração por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> volume <strong>de</strong><br />
concreto (HUMMEL, 1966), sendo a granulometria a <strong>de</strong>terminação das proporções <strong>de</strong><br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> partículas existentes em um material granular.<br />
Nos CADs e ou CARs (fck da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 50-70 MPa), a resistência dos grãos do<br />
agregado po<strong>de</strong> ser insuficiente, rompendo-se o concreto por fratura dos grãos, mesmo<br />
com agregado graúdo proveniente do granito. Nesses casos, é preciso dar atenção à<br />
escolha do agregado (BAUER, 1987, p. 104).<br />
22
Ao romper um corpo-<strong>de</strong>-prova <strong>de</strong> CAD verifica-se que o plano <strong>de</strong> ruptura se<br />
<strong>de</strong>senvolve na argamassa, na interface agregado/argamassa e nas partículas <strong>de</strong><br />
agregado. Se a pasta for mais resistente que o agregado graúdo, esse plano <strong>de</strong> ruptura<br />
passa a se <strong>de</strong>senvolver através das partículas do agregado, logo, a resistência à<br />
compressão no CAD é limitada pela resistência mecânica do agregado graúdo, sendo<br />
preferível que a resistência à compressão do mesmo seja superior à resistência da<br />
pasta.<br />
Os usos <strong>de</strong> agregados não inertes, tais como calcário e argila expandida,<br />
melhoram as características da zona <strong>de</strong> transição <strong>de</strong>vido a uma a<strong>de</strong>rência química entre<br />
a pasta e o agregado (SPONHOLZ, 1998, p. 18).<br />
É importantíssimo, para a confecção do CAD, <strong>de</strong>terminar a relação ótima dos<br />
agregados graúdos e miúdos. A porcentagem <strong>de</strong> vazios e a superfície específica<br />
mínima da mistura dos agregados indicarão a composição i<strong>de</strong>al, na qual o consumo <strong>de</strong><br />
cimento será mínimo (O’REILLY, 1998, 22-23).<br />
23
2.1.4 Aditivo<br />
O aditivo é um material, além da água, agregados, cimentos hidráulicos e fibras,<br />
empregado como constituinte do concreto ou argamassa e adicionado na betoneira<br />
imediatamente antes ou durante a mistura <strong>de</strong> um concreto especial (ASTM C 125 –<br />
ACI 212.3R, 1989).<br />
A NBR 11768 (RB–1763/92) <strong>de</strong>fine os aditivos como produtos, que<br />
adicionados em pequena quantida<strong>de</strong> (menos que 5% da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> massa <strong>de</strong><br />
cimento) a concretos <strong>de</strong> cimento Portland, modificam algumas proprieda<strong>de</strong>s, no<br />
sentido <strong>de</strong> melhor a<strong>de</strong>quá-las a <strong>de</strong>terminadas condições.<br />
O aditivo, quando adicionado ao concreto, tem por objetivo mudar certas<br />
características no estado fresco ou durante o processo <strong>de</strong> endurecimento.<br />
A classificação dos aditivos, para concretos e argamassas, segundo a NBR<br />
11768 (RB–1763/92), é <strong>de</strong>terminada conforme:<br />
A – aceleradores;<br />
R – retardadores;<br />
P – plastificante;<br />
SP – superplastificante;<br />
PR – plastificante retardador;<br />
SPR – superplastificante retardador, e;<br />
IAR – incorporador <strong>de</strong> ar;<br />
Na confecção do concreto, o uso <strong>de</strong> aditivos condiciona: o aumento da<br />
compacida<strong>de</strong> e da durabilida<strong>de</strong>, melhora a trabalhabilida<strong>de</strong> e a impermeabilida<strong>de</strong>,<br />
aumenta ou reduz o tempo <strong>de</strong> pega, melhora a resistência à ação do <strong>de</strong>gelo, a expansão<br />
álcali-agregado, diminui a relação água/cimento, a retração plástica e o calor <strong>de</strong><br />
hidratação, além <strong>de</strong> proporcionar um acréscimo na resistência aos esforços mecânicos.<br />
24
Para a produção do CAD os aditivos mais utilizados são os superplastificantes,<br />
também <strong>de</strong>nominados redutores <strong>de</strong> água e, <strong>de</strong> uma maneira um pouco exagerada a<br />
ASTM (C 494 – 92), <strong>de</strong>nomina estes aditivos como redutores <strong>de</strong> água <strong>de</strong> alta<br />
eficiência. A <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> redutores <strong>de</strong> água, para os aditivos superplastificantes, é<br />
<strong>de</strong>corrente da capacida<strong>de</strong> dos mesmos reduzirem o teor <strong>de</strong> água <strong>de</strong> um concreto <strong>de</strong> três<br />
a quatro vezes.<br />
Quando adicionados ao CAD, os superplastificantes melhoram as suas<br />
proprieda<strong>de</strong>s, principalmente a trabalhabilida<strong>de</strong>, visto que, uma das principais<br />
características <strong>de</strong>stes concretos é a baixa relação água/cimento.<br />
Segundo NEVILLE (1997, p. 260), a principal finalida<strong>de</strong> do uso <strong>de</strong> um aditivo<br />
superplastificante em um concreto é a redução da relação a/c (água/cimento),<br />
mantendo a trabalhabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejada ou, como alternativa, aumentar a<br />
trabalhabilida<strong>de</strong> com uma mesma relação a/c. Os concretos com superplastificantes,<br />
geralmente, apresentam baixa segregação e boa flui<strong>de</strong>z.<br />
Os superplastificantes têm por finalida<strong>de</strong> melhorar a plasticida<strong>de</strong> dos CADs,<br />
permitindo melhor compactação com menos dispêndio <strong>de</strong> energia, ou então, reduzir a<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água da mistura, diminuindo a retração, segregação e exsudação,<br />
aumentando a resistência ou ainda economizando aglomerante (PETRUCCI, 1983, p.<br />
80).<br />
Os superplastificantes são polímeros orgânicos hidrossolúveis, obtidos<br />
sinteticamente, usando um processo complexo <strong>de</strong> polimerização para obtenção <strong>de</strong><br />
moléculas longas <strong>de</strong> elevada massa molecular. Essas moléculas longas se enrolam em<br />
torno das partículas <strong>de</strong> cimento, conferindo uma carga altamente negativa <strong>de</strong> modo<br />
que elas passam a se repelir. Isso resulta na <strong>de</strong>floculação e dispersão das partículas <strong>de</strong><br />
cimento. O melhoramento resultante da trabalhabilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser aproveitado <strong>de</strong> duas<br />
formas: produzindo-se concretos com trabalhabilida<strong>de</strong> muito alta ou concretos com<br />
resistência muito alta (NEVILLE, 1997, p. 263,264).<br />
25
A elevação da trabalhabilida<strong>de</strong> do CAD com o uso <strong>de</strong> superplastificante é<br />
obtida mantendo-se a relação a/c e o teor <strong>de</strong> água da mistura. Já o aumento da<br />
resistência mecânica do concreto é obtido reduzindo-se o teor <strong>de</strong> água da mistura e,<br />
conseqüentemente, a relação a/c.<br />
A dimensão coloidal das partículas da ca<strong>de</strong>ia longa do aditivo, provavelmente,<br />
obstruem os canais <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong> água <strong>de</strong> exsudação do concreto, <strong>de</strong> modo que,<br />
geralmente, a segregação não é observada em concretos com superplastificantes<br />
(METHA E MONTEIRO, 1994, p. 282).<br />
A eficiência do aditivo superplastificante po<strong>de</strong> variar, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da dosagem<br />
do concreto e também dos constituintes da mistura, especialmente as proprieda<strong>de</strong>s do<br />
cimento (NEVILLE, 1997, p. 252). As partículas do cimento, quando em contato com<br />
a água <strong>de</strong> amassamento, ten<strong>de</strong>m a flocular. Os aditivos superplastificantes atuam<br />
dispersando estas partículas.<br />
Para um dado cimento Portland, a dosagem <strong>de</strong> superplastificante necessária<br />
para obter uma pasta com flui<strong>de</strong>z <strong>de</strong>finida aumenta com a sua área específica do<br />
cimento. Quanto mais fino for o cimento, maior a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> superplastificante<br />
necessária para obter uma dada flui<strong>de</strong>z ou trabalhabilida<strong>de</strong> (AÏTCIN, 2000, 147).<br />
O consumo <strong>de</strong> aditivos superplastificantes é influenciado pela graduação do<br />
agregado miúdo (areia), que, por sua vez, influencia diretamente na <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> água<br />
da mistura.<br />
A produção <strong>de</strong> um concreto utilizando-se sílica ativa, só se torna possível com o<br />
uso <strong>de</strong> aditivo superplastificante.<br />
Os superplastificantes evoluíram ao longo do tempo, e suas proprieda<strong>de</strong>s foram<br />
melhoradas, tal que, atualmente, alguns superplastificantes po<strong>de</strong>m manter um<br />
abatimento gran<strong>de</strong> por um tempo <strong>de</strong> 45 a 90 minutos.<br />
Po<strong>de</strong>m ser encontrados aditivos superplastificantes <strong>de</strong> diversas composições.<br />
No entanto, faz-se necessário sua seleção e <strong>de</strong>finição dos teores empregados e <strong>de</strong><br />
26
estudos <strong>de</strong> compatibilida<strong>de</strong> do aditivo com o aglomerante. Para tal, diversos estudos<br />
têm sido realizados com o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir metodologias e ensaios, os quais<br />
<strong>de</strong>stacam-se: ensaios em pasta pelo método <strong>de</strong> Cantro (Mini Slump) e Cone <strong>de</strong> Marsh e<br />
ensaios em argamassa, pelo ensaio <strong>de</strong> Mesa <strong>de</strong> Queda Livre (Flow Table).<br />
2.1.5 Sílica Ativa<br />
Na ligação pasta-agregado, por meio da microscopia eletrônica <strong>de</strong> varredura, é<br />
possível i<strong>de</strong>ntificar redução na espessura da chamada zona <strong>de</strong> transição entre o<br />
agregado e a pasta <strong>de</strong> cimento. Devido ao efeito fíler das adições minerais, há um<br />
aumento na compacida<strong>de</strong> da pasta. A atuação química das adições minerais (reação<br />
pozolânica) encarrega-se <strong>de</strong> combinar a cal hidratada do hidróxido <strong>de</strong> cálcio com os<br />
silicatos presentes na sílica ativa (ALMEIDA, 1992).<br />
Uma das adições minerais mais empregadas na produção do CAD é a sílica<br />
ativa, subproduto da indústria <strong>de</strong> ferro ligas, gerada a partir do gás monóxido <strong>de</strong><br />
silício, passando a ser transformado em pó, pela oxidação quando entra em contato<br />
com a atmosfera. Este subproduto é um composto altamente poluente.<br />
A sílica ativa é leve e fina, possui enorme superfície específica cerca <strong>de</strong> 2,0<br />
m 2 /g, e um peso específico baixo, cerca <strong>de</strong> 0,2 g/cm 3 . Consiste em partículas<br />
extremamente pequenas, <strong>de</strong> forma esférica e com diâmetro médio na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 0,1 μm.<br />
É encontrada em diversas tonalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cinza, sendo essa variação na coloração<br />
<strong>de</strong>vida ao percentual <strong>de</strong> carbono, que varia <strong>de</strong> 1 a 3%.<br />
“A microssílica exerce influência sobre as proprieda<strong>de</strong>s do concreto, <strong>de</strong> tal<br />
importância com o comportamento reológico do concreto fresco, a distribuição <strong>de</strong><br />
poros por tamanho e os produtos formados durante a hidratação e, portanto sobre as<br />
proprieda<strong>de</strong>s mecânicas e a durabilida<strong>de</strong> dos produtos a base <strong>de</strong> cimento” (AMARAL<br />
FILHO, 1998).<br />
27
A sílica ativa também melhora outros aspectos do concreto no estado fresco e<br />
endurecido como a diminuição da segregação e exsudação, aumentando a coesão<br />
interna e a viscosida<strong>de</strong>, bem como a trabalhabilida<strong>de</strong>. Porém, <strong>de</strong>ve-se tomar cuidado,<br />
pois concretos contendo sílica ativa apresentam tendência ao aparecimento <strong>de</strong> fissuras<br />
<strong>de</strong>vido à retração plástica. No estado endurecido a sílica ativa exerce gran<strong>de</strong> influência<br />
sobre as proprieda<strong>de</strong>s mecânicas do concreto, aumentando a resistência à compressão,<br />
a resistência à tração, proporciona maior a<strong>de</strong>rência com o aço e outras superfícies <strong>de</strong><br />
concreto, influencia beneficamente na resistência à abrasão e a corrosão química,<br />
aumentando a durabilida<strong>de</strong>.<br />
A sílica ativa atua como efeito fíler e como efeito pozolânico. O efeito fíler<br />
ocorre quando o concreto se encontra no estado fresco. Este é responsável pelo<br />
aumento da flui<strong>de</strong>z com uma relação água/cimento muito baixa. O efeito fíler ou<br />
preenchimento dos vazios ocorre <strong>de</strong>vido aos grãos da sílica ativa possuírem gran<strong>de</strong><br />
finura, cerca <strong>de</strong> 100 vezes menor que a do cimento, e penetrarem nos vazios,<br />
diminuindo os espaços disponíveis para a água. Com isso têm-se um aumento da<br />
coesão, logo, uma melhora <strong>de</strong> resistência na ligação pasta/agregado e um aumento da<br />
compacida<strong>de</strong>, diminuindo a permeabilida<strong>de</strong> do concreto. Segundo ALMEIDA (1997)<br />
as conseqüências do efeito fíler são: tornar o concreto menos permeável e diminuir a<br />
permeabilida<strong>de</strong> iônica que provoca a corrosão eletrolítica.<br />
Além <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsificar a matriz na região da interface pasta e agregado, o efeito<br />
fíler altera a microestrutura da zona <strong>de</strong> transição, segundo a Figura 1 A, nos concretos<br />
sem sílica ativa os cristais <strong>de</strong> C-H formados na interface agregado/pasta têm<br />
orientação preferencial. Com adição <strong>de</strong> sílica ativa, Figura 1 B, a orientação é alterada,<br />
pois estes cristais <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> crescer na superfície do agregado.<br />
28
(A) (B)<br />
FIGURA 1 – INFLUÊNCIA DA SÍLICA ATIVA NO DESENVOLVIMENTO DOS CRISTAIS HIDRATADOS.<br />
O efeito pozolânico ocorre quando o concreto se encontra no estado endurecido,<br />
correspon<strong>de</strong> à reação da sílica ativa e do hidróxido <strong>de</strong> cálcio originado da hidratação<br />
do cimento, dando origem ao silicato <strong>de</strong> cálcio hidratado, responsável pela resistência<br />
dos concretos.<br />
A sílica ativa impõe ao concreto uma melhoria nas suas mais importantes<br />
características. Isto é conseguido pela sua atuação na microestrutura do concreto, por<br />
meio <strong>de</strong> dois efeitos: atua quimicamente reagindo com o hidróxido <strong>de</strong> cálcio (CH)<br />
transformando-o em silicato <strong>de</strong> cálcio hidratado (CSH), que é um dos principais<br />
componentes do concreto endurecido, responsável pela sua resistência, e atua,<br />
também, como material inerte, preenchendo os poros do concreto e tornando-os<br />
<strong>de</strong>scontínuos (SIMPLÍCIO 2001).<br />
A proporção <strong>de</strong> sílica ativa usada em concretos varia <strong>de</strong> 5% a 20% em massa ou<br />
volume do cimento, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da resistência e trabalhabilida<strong>de</strong> requeridas. Contudo,<br />
a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> água aumenta significativamente com o aumento da sua porcentagem<br />
em peso. Os aditivos redutores <strong>de</strong> água ou superplastificantes são necessários para<br />
manter a relação água/cimento baixa e dispersar as partículas extremamente finas,<br />
produzindo um CAD trabalhável (SPONHOLZ, 1998, p. 20).<br />
O efeito da sílica ativa no CAD é mais efetivo na redução da permeabilida<strong>de</strong> do<br />
que no aumento da resistência (AMARAL FILHO, 1998).<br />
29
2.1.6 Água<br />
“A água é claramente um dos ingredientes essenciais do concreto, que preenche<br />
suas funções básicas: uma função física, que consiste em dar ao concreto as<br />
proprieda<strong>de</strong>s reológicas exigidas, e uma função química, que consiste em produzir as<br />
reações <strong>de</strong> hidratação. O concreto i<strong>de</strong>al <strong>de</strong>veria conter somente água suficiente para<br />
<strong>de</strong>senvolver a resistência máxima do cimento, ao mesmo tempo provendo as<br />
proprieda<strong>de</strong>s reológicas necessárias ao seu lançamento”. GRZESZCYK and<br />
KUCHARSKA 1 apud (AÏTCIN, 2000, p. 133).<br />
A água quando adicionada ao concreto tem como função dar plasticida<strong>de</strong> ao<br />
conjunto quando este se encontra no estado fresco e reagir com os componentes do<br />
cimento permitindo o seu endurecimento.<br />
A água <strong>de</strong> mistura do concreto é <strong>de</strong> fundamental importância na resistência e<br />
nas <strong>de</strong>mais proprieda<strong>de</strong>s. Impurezas na água po<strong>de</strong>m alterar a pega e a resistência do<br />
concreto, causar <strong>de</strong>feitos arquitetônicos na superfície <strong>de</strong> uma peça, ou ainda, no caso<br />
<strong>de</strong> concreto armado, causar corrosão nas armaduras.<br />
Segundo PETRUCCI (1987, p. 74), os maiores <strong>de</strong>feitos provenientes da água <strong>de</strong><br />
amassamento <strong>de</strong> um concreto têm maior relação com o seu excesso do que<br />
propriamente com os elementos que ela possa conter.<br />
Do ponto <strong>de</strong> vista patológico, o emprego <strong>de</strong> água não potável no amassamento<br />
do concreto po<strong>de</strong> criar problemas a curto e longo prazo (FERNANDEZ CÁNOVAS,<br />
1988, p. 39).<br />
PETRUCCI (1998) recomenda como satisfatória as águas que respeitem os<br />
limites máximos mostrados na Tabela 1.<br />
1 GRZESZCZYK, S. and KUCHARSKA, L. Hydrative reactivity of cement and<br />
rheological properties of fresh cement pastes. Cement and concrete research. 1990, 20, 165-74.<br />
30
TABELA 1 – QUALIDADE DA ÁGUA PARA PRODUÇÃO DO CONCRETO<br />
Requisitos Especificação<br />
pH 5,8 e 8,0<br />
Matéria orgânica (expressa em oxigênio consumido) 3 mg/l<br />
Resíduos sólidos 5000 mg/l<br />
Sulfatos (p.p.m.) ≤ 2000<br />
Cloretos (p.p.m.) ≤ 5000<br />
Açúcar 5 mg/l<br />
Para o CAD, a dosagem <strong>de</strong> água varia <strong>de</strong> 110 a 160 kg/m 3 . Com relação à<br />
qualida<strong>de</strong> da água para a produção CAD, segue as mesmas restrições do CCV –<br />
Concreto Convencional.<br />
31
2.2 PROPRIEDADES DO CAD<br />
2.2.1 NO ESTADO FRESCO<br />
Uma das maneiras <strong>de</strong> se efetuar o controle tecnológico <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado<br />
concreto é sobre a mistura <strong>de</strong> concreto no estado fresco, o que permite, por meio <strong>de</strong><br />
alguns ensaios, manter a uniformida<strong>de</strong> da mistura durante a produção (SCANDIUZZI<br />
E ANDRIOLO, 1986, p. 117-122).<br />
O concreto no estado fresco apresenta diversas proprieda<strong>de</strong>s, como textura,<br />
integrida<strong>de</strong> da massa, retenção <strong>de</strong> água, massa específica, trabalhabilida<strong>de</strong> etc. Estas<br />
proprieda<strong>de</strong>s são muito importantes e garantem a qualida<strong>de</strong> e o <strong>de</strong>sempenho do<br />
concreto no estado endurecido. Como conseqüência, é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para os<br />
CADs o conhecimento <strong>de</strong> sua reologia, <strong>de</strong> sua utilização e compactação.<br />
No CAD, as baixas relações água/cimento, a presença <strong>de</strong> sílica ativa e aditivos<br />
redutores <strong>de</strong> água afetam as suas proprieda<strong>de</strong>s no estado fresco, <strong>de</strong> modo que o<br />
comportamento estático ou dinâmico não po<strong>de</strong>m ser comparados com o concreto<br />
convencional (SPONHOLZ, 1998, p. 33).<br />
32
2.2.1.1 Trabalhabilida<strong>de</strong><br />
A condição principal no estado fresco é a obtenção da trabalhabilida<strong>de</strong>, pois um<br />
concreto trabalhável facilita o lançamento e diminui a segregação; incorporando um<br />
volume mínimo <strong>de</strong> ar.<br />
Des<strong>de</strong> o início, os pesquisadores estavam conscientes <strong>de</strong> que, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> certos<br />
limites, a resistência era inversamente proporcional à relação água/cimento. Porém, <strong>de</strong><br />
outro lado, a trabalhabilida<strong>de</strong> do concreto fresco era diretamente proporcional à<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água. Dessa forma, se a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água era reduzida, obtinha-se um<br />
concreto mais resistente e menos poroso, porém difícil <strong>de</strong> ser colocado na forma<br />
(SERRA, 1997, p. 02).<br />
Plasticida<strong>de</strong>, flui<strong>de</strong>z e segregação são elementos que <strong>de</strong>terminam a<br />
trabalhabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um concreto, que não é uma proprieda<strong>de</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, mas<br />
resultante <strong>de</strong> outras. O concreto <strong>de</strong>ve apresentar uma trabalhabilida<strong>de</strong> tal que assegure<br />
plasticida<strong>de</strong> máxima, segregação mínima e consistência apropriada (VERÇOSA, 1983,<br />
p. 76).<br />
Segundo VERÇOSA (1983, p. 76-77), a trabalhabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>:<br />
a) da flui<strong>de</strong>z da pasta, dada pelo fator água/cimento;<br />
b) da plasticida<strong>de</strong> da mistura, dada pela proporção entre a pasta e os<br />
agregados;<br />
c) da proporção entre os agregados;<br />
d) das características <strong>de</strong>stes agregados.<br />
A consistência influi diretamente na trabalhabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um concreto (METHA<br />
E MONTEIRO, 1994, p. 348-352). O nome <strong>de</strong> consistência é atribuído ao grau <strong>de</strong><br />
umida<strong>de</strong> do concreto, estando intimamente ligado com o grau <strong>de</strong> plasticida<strong>de</strong> da massa<br />
e, trabalhabilida<strong>de</strong> para a facilida<strong>de</strong> com que o concreto po<strong>de</strong> ser misturado,<br />
manuseado, transportado, lançado e compactado sem per<strong>de</strong>r a homogeneida<strong>de</strong>.<br />
33
Os aditivos são produtos que misturados às argamassas e concretos modificam<br />
certas características, seja no estado fresco ou durante a sua passagem para o estado<br />
endurecido (SOBRAL, 1996,p. 11).<br />
Na produção do CAD, os superplastificantes possuem gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
alterar a sua consistência, permitindo reduções significativas no consumo <strong>de</strong> água da<br />
mistura. Embora inúmeros fatores estejam vinculados à alteração da consistência,<br />
segundo MAILVAGANAM (1979, p. 389-403) e RAVINDRARAJAH E TAM (1985,<br />
p. 83-170), no que diz respeito aos aditivos superplastificantes a questão fundamental<br />
é, sem dúvida, a perda <strong>de</strong> consistência inicial com o tempo, visto que a consistência<br />
obtida com o uso <strong>de</strong> superplastificante, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo das condições, se mantém apenas<br />
por um período <strong>de</strong> 30 a 60 minutos. Em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong>ste fator, a máxima<br />
trabalhabilida<strong>de</strong> adquirida normalmente permanece por 10 a15 minutos.<br />
No aspecto <strong>de</strong> trabalhabilida<strong>de</strong> das misturas <strong>de</strong> CAD, a menor porcentagem <strong>de</strong><br />
vazios, ou também, a massa específica máxima compactada, não é a mais satisfatória;<br />
o i<strong>de</strong>al é um volume <strong>de</strong> vazios um pouco maior do que o volume mínimo.<br />
2.2.2 NO ESTADO ENDURECIDO<br />
Várias expressões empíricas têm sido <strong>de</strong>senvolvidas por diversos autores para<br />
avaliar as proprieda<strong>de</strong>s mecânicas do CAD. Porém, <strong>de</strong>vido à diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
composições que este concreto po<strong>de</strong> ter e ao simplismo <strong>de</strong> muitas <strong>de</strong>ssas expressões,<br />
elas po<strong>de</strong>m levar a valores consi<strong>de</strong>ravelmente diferentes entre si e dos reais<br />
(BARBOSA et al, 2001).<br />
34
2.2.2.1 Resistência à Abrasão<br />
Um estudo mais <strong>de</strong>talhado sobre a resistência à abrasão do CAD será discutido<br />
no capítulo 5.<br />
2.2.2.2 Módulo <strong>de</strong> Elasticida<strong>de</strong><br />
Módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> do concreto é a relação entre o incremento <strong>de</strong> tensão e o<br />
incremento <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação. É a medida da rigi<strong>de</strong>z ou da resistência à <strong>de</strong>formação do<br />
material. O concreto não é verda<strong>de</strong>iramente um material elástico e o gráfico, tensão x<br />
<strong>de</strong>formação para incrementos contínuos <strong>de</strong> cargas, tem geralmente a forma <strong>de</strong> uma<br />
linha suavemente curva.<br />
Como a tensão-<strong>de</strong>formação no concreto não é linear, o módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong><br />
não é constante e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do nível <strong>de</strong> tensão em que é avaliado. O módulo <strong>de</strong><br />
elasticida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> modo geral, é dado pela expressão (SOBRAL, 1997, p. 33):<br />
On<strong>de</strong>:<br />
σ = Tensão;<br />
δ = Deformação.<br />
O concreto é um material não homogêneo, fabricado artificialmente. Essa<br />
ausência <strong>de</strong> homogeneida<strong>de</strong> possui gran<strong>de</strong> influência no comportamento e po<strong>de</strong> ser<br />
visualizada no diagrama tensão-<strong>de</strong>formação, apresentado na Figura 2 (NEVILLE,<br />
1997, p. 414).<br />
E<br />
c<br />
σ<br />
=<br />
δ<br />
35
FONTE: NEVILLE, 1997, P. 415.<br />
FIGURA 2 – GRÁFICO DA EVOLUÇÃO DO MÓDULO DE ELASTICIDADE.<br />
Nota-se que a pasta <strong>de</strong> cimento hidratada e o agregado quando submetidos<br />
separadamente ao carregamento apresentam uma curva <strong>de</strong> tensão-<strong>de</strong>formação linear.<br />
“A razão da curvatura, é a presença <strong>de</strong> interfaces entre o agregado e a pasta <strong>de</strong> cimento<br />
e o aparecimento <strong>de</strong> microfissuras nessas interfaces” (SHAH E WINTER 2 apud<br />
NEVILLE, 1997, p. 415).<br />
Segundo PETRUCCI (1983, p. 108), a não-linearida<strong>de</strong> do gráfico tensão-<br />
<strong>de</strong>formação <strong>de</strong>monstra que o concreto não possui um comportamento elástico perfeito,<br />
<strong>de</strong>finindo-se três módulos <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong>, quando em compressão uniaxial (sem<br />
confinamento). Módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> tangente é o coeficiente angular da tangente<br />
geométrica no ponto consi<strong>de</strong>rado; particularmente o valor da tangente <strong>de</strong> origem. Já o<br />
módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> secante é dado pela inclinação da reta que une a origem à<br />
2 SHAH, S. P.; WINTER, G. Inelastic behavior and fracture of concrete, Symp. In causes,<br />
Mechanism, and Control of Cracking in Concrete. ACI SP – 20, pp 5-28 (Detroit, Michigan, 1968).<br />
36
tensão dada, e o módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> obtido nas linhas <strong>de</strong> carga e <strong>de</strong>scarga do<br />
diagrama tensão <strong>de</strong>formação.<br />
Conhecer o módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um concreto é muito importante, do<br />
ponto <strong>de</strong> vista do projeto, quando se <strong>de</strong>ve calcular as <strong>de</strong>formações dos diferentes<br />
elementos que compõem a estrutura.<br />
O módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um concreto sofre variações, principalmente em<br />
função dos seguintes fatores:<br />
a) tipo e consumo do aglomerante;<br />
b) consistência do concreto fresco;<br />
c) volume <strong>de</strong> pasta por m 3 <strong>de</strong> concreto;<br />
d) ida<strong>de</strong> do concreto;<br />
e) tipo e quantida<strong>de</strong> do agregado;<br />
f) porcentagem <strong>de</strong> ar incorporado;<br />
g) dimensão e umida<strong>de</strong> dos corpos-<strong>de</strong>-prova no momento do ensaio;<br />
h) resistência à compressão;<br />
i) temperatura <strong>de</strong> ensaio;<br />
j) relação água/cimento; e<br />
k) velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicação da carga ou <strong>de</strong>formação.<br />
Em resumo, o módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das características da pasta e dos<br />
agregados, características da zona da interface pasta-agregados, ida<strong>de</strong> do concreto etc.<br />
O módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> cresce mais lentamente do que a resistência à compressão. A<br />
elasticida<strong>de</strong> do concreto pressupõe que, cessada a solicitação <strong>de</strong> carga, a <strong>de</strong>formação<br />
<strong>de</strong>saparece.<br />
A <strong>de</strong>formação do concreto será sempre intermediária entre as <strong>de</strong>formações do<br />
agregado e da pasta. À medida que se melhora a qualida<strong>de</strong> da pasta e da interface, bem<br />
como o agregado graúdo, têm-se um aumento no módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> e na<br />
resistência à compressão do concreto.<br />
37
Os mesmos fatores que causam variações na resistência <strong>de</strong> um concreto,<br />
também provocam variações no módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong>. Desta forma, concretos<br />
com baixa relação água/cimento e baixos teores <strong>de</strong> ar, nas ida<strong>de</strong>s avançadas têm<br />
aumento na resistência e no módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> (SCANDIUZZI E ANDRIOLO,<br />
1986. p. 172).<br />
Para enten<strong>de</strong>r o comportamento do módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> do CAD ou do CAR,<br />
<strong>de</strong>ve-se analisar os diversos níveis <strong>de</strong> tensão a uma mesma relação tensão-resistência.<br />
Quanto mais resistente for o concreto, maior a <strong>de</strong>formação. Porém, com uma mesma<br />
tensão, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da resistência, os concretos mais resistentes apresentam uma<br />
menor <strong>de</strong>formação. Logo os concretos que apresentam resistência à compressão<br />
elevada têm um módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> maior (NEVILLE, 1998, p. 416, 4170).<br />
O módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um concreto é elevado nas primeiras ida<strong>de</strong>s, ou<br />
seja, apresenta um gran<strong>de</strong> crescimento, aumentando mais lentamente nas ida<strong>de</strong>s mais<br />
avançadas. Esse comportamento é <strong>de</strong>vido à interface pasta-agregados. “Com iguais<br />
incrementos <strong>de</strong> resistência, o módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> <strong>de</strong> concretos com resistências<br />
maiores apresentariam incrementos menores” (GIAMMUSSO E VASCONCELOS,<br />
1998, p. 21).<br />
O uso <strong>de</strong> sílica ativa além <strong>de</strong> aumentar a resistência do concreto, <strong>de</strong>vido ao<br />
efeito pasta-agregado, também melhora o módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong>, pois <strong>de</strong>vido ao<br />
retardamento da fissuração da pasta, o módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> do agregado graúdo tem<br />
maior participação na compressão do concreto sob ação <strong>de</strong> solicitações<br />
(GIAMMUSSO E VASCONCELOS, 1998, p. 24). O módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> é<br />
influenciado pelo módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> do agregado graúdo e pelo volume <strong>de</strong>ste<br />
agregado no concreto (NEVILLE, 1997, p. 418-420).<br />
COUTINHO 3 apud SOBRAL (1997, p. 17) <strong>de</strong>screve que o "módulo <strong>de</strong><br />
elasticida<strong>de</strong> do agregado graúdo apesar <strong>de</strong> ser uma gran<strong>de</strong>za que raramente se<br />
3 COUTINHO, A. <strong>de</strong> S. Fabrico e proprieda<strong>de</strong>s do betão. Lisboa: LNEC, 1979. 2V.<br />
38
<strong>de</strong>termina, sua influência no módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> do concreto é muito<br />
importante".<br />
O CAD por apresentar uma argamassa mais rígida e uma maior a<strong>de</strong>rência pasta-<br />
agregado, possui maior módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> quando comparado com o CCV.<br />
Porém, o módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> não aumenta com a mesma intensida<strong>de</strong> da resistência<br />
à compressão. Segundo SPONHOLZ (1998, P. 35), o módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> do CAD<br />
po<strong>de</strong> chegar a 50 GPa, mas geralmente situa-se na faixa <strong>de</strong> 30 a 40 GPa.<br />
2.2.2.3 Resistência à Compressão<br />
A resistência à compressão é uma das proprieda<strong>de</strong>s mais importantes do<br />
concreto. Para ALMEIDA 4 apud SPONHOLZ (1998, p. 34) A resistência à<br />
compressão dos concretos é influenciada por uma série <strong>de</strong> fatores, tais como:<br />
a) natureza e dosagem do aglomerante;<br />
b) granulometria;<br />
c) máxima dimensão, forma e textura superficial dos agregados;<br />
d) resistência e rigi<strong>de</strong>z das partículas;<br />
e) relação água/cimento;<br />
f) porosida<strong>de</strong>;<br />
g) relação cimento/agregados;<br />
h) ida<strong>de</strong> do concreto;<br />
i) grau <strong>de</strong> a<strong>de</strong>nsamento;<br />
j) condições <strong>de</strong> cura; e<br />
k) condições <strong>de</strong> ensaio.<br />
4 ALMEIDA, I. R. Concretos <strong>de</strong> alto <strong>de</strong>sempenho: evolução tecnológica dos concretos<br />
tradicionais. São Paulo: 1990.<br />
39
A elevada resistência à compressão, baixa porosida<strong>de</strong> e alta compacida<strong>de</strong> dos<br />
CADs <strong>de</strong>vem ser conseguidas pela distribuição granulométrica dos agregados e,<br />
principalmente, pelo controle da relação água/cimento que <strong>de</strong>ve ser inferior a 0,40.<br />
Segundo TORALLES CARBONARI E CARBONARI (1998, p. 43), um dos<br />
aspectos que afeta os coeficientes <strong>de</strong> segurança no projeto da estrutura do material<br />
utilizado está relacionado com a evolução da resistência à compressão com a ida<strong>de</strong> do<br />
concreto. Devido o CAD possuir menor relação água/cimento, maior volume <strong>de</strong> pasta,<br />
levar adições minerais e aditivos entre outros, faz com que a sua resistência não<br />
estabilize aos 28 dias, chegando a aumentar na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 10% até atingir os 56 dias ou<br />
até 90 dias <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Por esta razão, alguns pesquisadores propõem modificar o<br />
conceito <strong>de</strong> resistência característica <strong>de</strong>stes concretos, ampliando para 56 dias.<br />
2.2.2.4 A<strong>de</strong>rência<br />
Termo atribuído a um processo <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são entre os materiais concreto e aço e<br />
entre concreto velho ou endurecido com concreto novo, ou seja, fresco. A a<strong>de</strong>rência<br />
po<strong>de</strong> ser relacionada, também, ao lançamento sucessivo <strong>de</strong> camadas ou <strong>de</strong> um reparo<br />
em estruturas, como no caso <strong>de</strong>ste estudo.<br />
melhorada.<br />
Com a adição <strong>de</strong> sílica ativa e aditivos redutores <strong>de</strong> água, a a<strong>de</strong>rência é<br />
Um concreto com sílica ativa, aplicado sobre superfície limpa, rugosa e úmida<br />
<strong>de</strong> um concreto velho, confere uma a<strong>de</strong>rência que po<strong>de</strong> ser assumida, como sendo <strong>de</strong><br />
100% (AMARAL FILHO, 2000).<br />
40
2.2.2.5 Durabilida<strong>de</strong><br />
A resistência à compressão e a taxa <strong>de</strong> absorção capilar estão ligadas à<br />
durabilida<strong>de</strong> das estruturas <strong>de</strong> concreto. O uso da sílica ativa eleva a resistência à<br />
compressão e reduz a taxa <strong>de</strong> absorção <strong>de</strong> água do CAD quando se compara com o<br />
concreto convencional, além <strong>de</strong> reduzir os custos <strong>de</strong> manutenção das estruturas <strong>de</strong><br />
concreto.<br />
A retração plástica ou por secagem causam fissurações, que comprometem a<br />
durabilida<strong>de</strong> dos concretos.<br />
2.2.2.6 Permeabilida<strong>de</strong><br />
A permeabilida<strong>de</strong> é extremamente reduzida, e esta é a característica mais<br />
freqüentemente associada a sua durabilida<strong>de</strong> (ALMEIDA, 1992, p. 113-116). Essa<br />
baixa permeabilida<strong>de</strong> é <strong>de</strong>corrente <strong>de</strong> uma estrutura <strong>de</strong>nsa da pasta <strong>de</strong> cimento<br />
hidratada, com um sistema <strong>de</strong> poros <strong>de</strong>scontínuos, logo, mais resistente ao ataque <strong>de</strong><br />
agentes externos.<br />
O agregado também influencia na permeabilida<strong>de</strong> do concreto, quanto mais<br />
baixa for a sua permeabilida<strong>de</strong> menor será a permeabilida<strong>de</strong> do concreto.<br />
Segundo SPONHOLZ (1998, p. 37), a permeabilida<strong>de</strong> dos concretos <strong>de</strong> alto<br />
<strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> vários fatores, tais como:<br />
a) relação água/cimento;<br />
b) dosagem, granulometria e tipo do cimento;<br />
c) tipo e diâmetro dos agregados;<br />
d) a<strong>de</strong>nsamento;<br />
e) condições <strong>de</strong> cura; e<br />
f) ida<strong>de</strong>.<br />
41
O uso <strong>de</strong> materiais pozolânicos e aditivo, geralmente, são benéficos do ponto <strong>de</strong><br />
vista da permeabilida<strong>de</strong> do concreto. Os materiais pozolânicos agem como fíler ,<br />
preenchendo os poros da pasta. Os aditivos superplastificantes auxiliam na redução da<br />
relação água/cimento e os incorporadores <strong>de</strong> ar formam microbolhas <strong>de</strong> ar isoladas e<br />
dificultam a formação <strong>de</strong> capilares durante a fase plástica do concreto (ANDRIOLO E<br />
SGARBOZA, 1993, p. 127).<br />
Um CAD feito com sílica ativa po<strong>de</strong> apresentar permeabilida<strong>de</strong> 1.000 vezes<br />
menor que a <strong>de</strong> um outro concreto sem sílica ativa e com o mesmo consumo<br />
(AMARAL FILHO, 1990, p. 04).<br />
2.2.2.7 Porosida<strong>de</strong><br />
Para ser possível moldar o concreto <strong>de</strong> modo a<strong>de</strong>quado é utilizada na mistura<br />
uma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água superior àquela estritamente necessária para completar as<br />
reações <strong>de</strong> hidratação do cimento e, por conseqüência, parte <strong>de</strong>sta água fica<br />
aprisionada no interior, tornando o concreto poroso. Essa porosida<strong>de</strong> é aumentada<br />
<strong>de</strong>vido a certa quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ar que se introduz durante o preparo da mistura <strong>de</strong><br />
concreto. Essa porosida<strong>de</strong> implica na permeabilida<strong>de</strong> do concreto (ANDRIOLO E<br />
SGARBOZA, 1993, p. 125). O concreto <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> apresenta porosida<strong>de</strong> baixa.<br />
42
2.2.2.8 Retração<br />
O endurecimento do concreto é um processo que se inicia com as primeiras<br />
reações químicas <strong>de</strong> hidratação do cimento, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a água e o aglomerante entram<br />
em contato.<br />
Esse processo é acompanhado pela retração da massa. A <strong>de</strong>formação total <strong>de</strong><br />
retração po<strong>de</strong> ser separada em retração plástica ou endógena, retração <strong>de</strong> secagem e<br />
retração autógena.<br />
A retração plástica, ou retração endógena, acontece quando o concreto se<br />
encontra no estado plástico e é conseqüente da perda <strong>de</strong> certo volume <strong>de</strong> água pela<br />
superfície do concreto exposto. Segundo SPONHOLZ (1998, p. 38), o CAD possui<br />
baixa quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água e <strong>de</strong>senvolve poros capilares muito pequenos. Além disso,<br />
não ocorre a exsudação e isso leva a fissuras <strong>de</strong> retração plástica, caso a perda <strong>de</strong> água<br />
pela superfície não seja impedida.<br />
A retração <strong>de</strong> secagem ocorre quando o concreto se encontra no estado<br />
endurecido e é <strong>de</strong>corrente da redução do volume ocasionado pela perda da água do<br />
concreto pela evaporação para o meio ambiente. No CAD <strong>de</strong>vido os capilares serem<br />
muito pequenos, praticamente não há retração <strong>de</strong> secagem.<br />
O terceiro tipo <strong>de</strong> retração no concreto é a retração autógena, que é<br />
conseqüência da hidratação continuada do cimento pela sua massa e não somente na<br />
sua superfície. Essa retração <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> muito da relação água/cimento da mistura. A<br />
retração autógena po<strong>de</strong> ser reduzida, substituindo uma parte do cimento por fíler<br />
calcário. No CAD uma gran<strong>de</strong> conseqüência da retração autógena é o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> microfissuras internas pela massa do concreto. Isso po<strong>de</strong> ser prevenido com a cura<br />
úmida (SPONHOLZ, 1998, p. 38).<br />
43
2.2.2.9 Resistência ao fogo<br />
O CAD apresenta baixa resistência ao fogo, pois a baixa permeabilida<strong>de</strong> não<br />
permite a saída <strong>de</strong> vapor formado pela água da pasta <strong>de</strong> cimento hidratado (NEVILLE,<br />
1997, p. 673).<br />
2.2.2.10 Resistência à tração<br />
A resistência à tração aumenta com a resistência à compressão, porém, no CAD<br />
o aumento da resistência à tração não é diretamente proporcional ao aumento da<br />
resistência à compressão.<br />
44
3 DESGASTE SUPERFICIAL<br />
“O advento dos CADs traz à Engenharia Civil recursos <strong>de</strong> enorme utilida<strong>de</strong><br />
para otimização <strong>de</strong> diversos problemas, principalmente àqueles ligados a durabilida<strong>de</strong><br />
das estruturas <strong>de</strong> concreto, possibilitando que muitos problemas sejam resolvidos <strong>de</strong><br />
maneira mais econômica e racional” (KERBER E ROMAN, 1994).<br />
A erosão, uma das principais causas da <strong>de</strong>terioração das superfícies aparentes e<br />
submersas <strong>de</strong> concretos <strong>de</strong> barragens, <strong>de</strong>correntes da força <strong>de</strong> atrito, ação da água e<br />
ação conjunta <strong>de</strong> materiais abrasivos pela mesma, vem sendo motivo dos diversos<br />
trabalhos e obras completas <strong>de</strong> sistema e métodos <strong>de</strong> recuperação (Concrete Repair<br />
Manual, 1999; ACI). Um dos problemas mais encontrados em estruturas hidráulicas é<br />
a erosão superficial, causada principalmente por abrasão e cavitação hidráulica.<br />
O uso <strong>de</strong> CAD em diversos tipos <strong>de</strong> estruturas e também em reparos, vem<br />
aumentando consi<strong>de</strong>ravelmente e o principal motivo é a sua durabilida<strong>de</strong> (REVISTA<br />
IBRACON, 1996, 1997).<br />
METHA E GERWICK 5 apud METHA E MONTEIRO (1994, p. 128) agrupam<br />
as causas físicas da <strong>de</strong>terioração do concreto em duas categorias: <strong>de</strong>sgaste superficial<br />
ou perda <strong>de</strong> massa <strong>de</strong>vida à abrasão, erosão e cavitação; e fissuração <strong>de</strong>vido a<br />
gradientes normais <strong>de</strong> temperatura, umida<strong>de</strong>, pressões <strong>de</strong> cristalizações <strong>de</strong> sais nos<br />
poros, carregamento estrutural e variações <strong>de</strong> temperatura.<br />
Neste projeto <strong>de</strong> pesquisa será estudado o <strong>de</strong>sgaste superficial das estruturas <strong>de</strong><br />
concreto, principalmente o causado pela resistência à abrasão.<br />
5 METHA, P.K.; GERWICK, B.C. Concr. Int. Vol. 4, N o 10, pp. 45-51, 1982.<br />
45
3.1 ABRASÃO<br />
A abrasão é a ação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste do material por fricção. No caso <strong>de</strong> estruturas<br />
hidráulicas é causada pela dinâmica do fluxo da água. Segundo o GLOSSÁRIO DE<br />
GEOLOGIA (1979), a abrasão é um processo mecânico <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste das superfícies<br />
das rochas, causado pelo material sólido transportado pelas correntes marítimas e<br />
ondas (abrasão marinha), pelos rios (abrasão fluvial), pelas geleiras (abrasão glacial) e<br />
pelo vento (abrasão eólica). A cavitação é um processo hidromecânico que remove as<br />
partículas da superfície do concreto, causada <strong>de</strong>vido às elevadas pressões puntiformes,<br />
provocadas pelo colapso <strong>de</strong> bolhas ou vapor <strong>de</strong> água, geradas em regiões <strong>de</strong> baixa<br />
pressão no escoamento.<br />
Segundo METHA E MONTEIRO (1994, p. 129), o termo abrasão geralmente<br />
se refere ao atrito seco, como no caso do <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> pavimentos e pisos industriais<br />
pelo tráfego <strong>de</strong> veículos. Já o termo erosão é usado normalmente para <strong>de</strong>signar o<br />
<strong>de</strong>sgaste pela ação abrasiva <strong>de</strong> fluidos contendo partículas sólidas em suspensão. A<br />
erosão ocorre em estruturas hidráulicas: em revestimentos <strong>de</strong> canais, vertedouros, em<br />
tubulações para transportes <strong>de</strong> água ou esgoto. Outra possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> danos em<br />
superfícies hidráulicas é por cavitação, que é relacionada à perda <strong>de</strong> massa pela<br />
formação <strong>de</strong> bolhas <strong>de</strong> vapor quando as águas fluem em alta velocida<strong>de</strong>.<br />
A cavitação po<strong>de</strong> ocorrer em regiões sujeitas a alta velocida<strong>de</strong> d’água, on<strong>de</strong><br />
houver uma <strong>de</strong>flexão abrupta entre a linha <strong>de</strong> fluxo e a superfície <strong>de</strong> escoamento,<br />
resultando em turbulência e conseqüentemente em áreas <strong>de</strong> subpressões, causando a<br />
remoção das partículas <strong>de</strong> concreto. Tais turbulências po<strong>de</strong>m ocorrer <strong>de</strong>vido a<br />
ângulos, cantos vivos, projeções ou <strong>de</strong>pressões. A superfície erodida por cavitação<br />
é áspera, rugosa, com agregado à vista dando aspecto <strong>de</strong> uma “bicheira”<br />
(ANDRIOLO, 1986).<br />
46
Segundo AGUIAR (2000, p. 04), a abrasão po<strong>de</strong> ser caracterizada sempre que<br />
for verificada uma redução na espessura da estrutura, a partir da superfície <strong>de</strong> contato<br />
interna da galeria, motivada pela passagem <strong>de</strong> líquidos, com ou sem partículas sólidas,<br />
que por fricção causam o <strong>de</strong>sgaste da superfície <strong>de</strong> concreto. As causas prováveis <strong>de</strong>sta<br />
<strong>de</strong>terioração são:<br />
a) presença <strong>de</strong> partículas sólidas abrasivas;<br />
b) baixa resistência do concreto;<br />
c) uso <strong>de</strong> agregados ina<strong>de</strong>quados; e<br />
d) acabamento ina<strong>de</strong>quado do concreto.<br />
AGUIAR (2000, p. 04) também cita que a cavitação é caracterizada sempre que<br />
for verificada uma redução na espessura da estrutura, a partir da superfície <strong>de</strong> contato<br />
interna da galeria, provocado pela formação <strong>de</strong> bolhas <strong>de</strong> vapor sobre pressão, nas<br />
regiões <strong>de</strong> <strong>de</strong>graus, que junto com o fluxo <strong>de</strong> água em alta velocida<strong>de</strong> e pressão,<br />
causam impactos na superfície do concreto. É causada principalmente por:<br />
a) existência <strong>de</strong> <strong>de</strong>graus ou superfícies curvas; e<br />
b) alta velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escoamento da água.<br />
3.2 RESISTÊNCIA À ABRASÃO<br />
A erosão do concreto por abrasão geralmente ocorre <strong>de</strong>vido ao carreamento<br />
pela água <strong>de</strong> partículas sólidas (materiais abrasivos) como argila, areia, cascalhos etc.<br />
Os materiais abrasivos são aqueles capazes <strong>de</strong> arrancar por fricção partículas <strong>de</strong> outros<br />
corpos, sendo mais duras.<br />
A resistência à abrasão é uma proprieda<strong>de</strong> do concreto endurecido, e no<br />
<strong>de</strong>correr dos anos faz com que proprietários e construtoras apresentem uma gran<strong>de</strong><br />
preocupação com a durabilida<strong>de</strong> das estruturas <strong>de</strong> concreto.<br />
47
A resistência à abrasão é uma característica importante nas superfícies sujeitas a<br />
movimentação <strong>de</strong> cargas. A <strong>de</strong>struição da estrutura do material se processa pelo<br />
rompimento dos grãos dos agregados ou pelo seu arrancamento. A utilização <strong>de</strong><br />
agregados mais duros e <strong>de</strong> maior tamanho diminui o <strong>de</strong>sgaste. A melhor qualida<strong>de</strong> da<br />
pasta <strong>de</strong> cimento também contribui na sua diminuição. De modo geral, a resistência à<br />
abrasão do concreto cresce proporcionalmente com a resistência à compressão entre<br />
200 e 400 kg/cm 2 ; com resistências inferiores a 200 kg/cm 2 o <strong>de</strong>sgaste cresce mais<br />
rapidamente (BAUER, 1987, p. 288).<br />
O <strong>de</strong>sgaste é proporcional à resistência à compressão e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> muito da<br />
granulometria e da coesão. Em superfícies sujeitas à abrasão, o consumo mínimo <strong>de</strong><br />
cimento <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> 350 kg/m 3 . O concreto úmido gasta mais rapidamente que o<br />
concreto seco, porque a umida<strong>de</strong> facilita a <strong>de</strong>sagregação (VERÇOSA, 1983, p. 88).<br />
A pasta <strong>de</strong> cimento endurecida não possui alta resistência ao atrito. A vida útil<br />
do concreto po<strong>de</strong> ser diminuída sob condições <strong>de</strong> ciclos repetidos <strong>de</strong> atrito,<br />
principalmente quando a pasta <strong>de</strong> cimento possui alta porosida<strong>de</strong> ou baixa resistência,<br />
e é ina<strong>de</strong>quadamente protegida por um agregado que não possui resistência ao<br />
<strong>de</strong>sgaste superficial, ou seja, <strong>de</strong>sgaste à abrasão (METHA E MONTEIRO, 1994, p.<br />
129). Logo, quanto maior a resistência, menor a permeabilida<strong>de</strong> e a porosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um<br />
concreto, menor será o <strong>de</strong>sgaste superficial causado por abrasão.<br />
A resistência dos concretos ao <strong>de</strong>sgaste por abrasão é regida por vários fatores,<br />
tais como: a dosagem e natureza do aglomerante, a relação água/cimento, as<br />
características do agregado graúdo (natureza petrográfica, resistência à abrasão e à<br />
compressão, dimensão máxima, granulometria e dosagem <strong>de</strong>stes agregados no<br />
concreto) e ainda pela a<strong>de</strong>rência entre os agregados e a pasta <strong>de</strong> cimento. Interferem<br />
também na questão, as características do concreto quando no estado fresco, ou seja, a<br />
segregação, a exsudação, o abatimento, o teor <strong>de</strong> ar incorporado, a compactação, a<br />
cura e o acabamento ou tratamento superficial (ALMEIDA, 2000, p. 2).<br />
48
Em algumas aplicações do concreto, a resistência à abrasão é uma característica<br />
que <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rada como principal. Em pistas <strong>de</strong> aeroporto, pistas rodoviárias e,<br />
principalmente, em vertedouros <strong>de</strong> barragens, o concreto sofre um gran<strong>de</strong> atrito<br />
proveniente <strong>de</strong> fatores climáticos, assoreamento, frenagem etc. Nestes casos, é<br />
necessário o uso <strong>de</strong> agregados graúdos <strong>de</strong> alta resistência à abrasão.<br />
A tribologia é um ramo da ciência e da técnica que se <strong>de</strong>dica ao estudo do<br />
comportamento mecânico das superfícies dos materiais.<br />
As superfícies submetidas ao <strong>de</strong>sgaste à abrasão exigem da engenharia <strong>de</strong><br />
materiais o advento <strong>de</strong> inovações tecnológicas e <strong>de</strong> materiais com melhor <strong>de</strong>sempenho<br />
ao <strong>de</strong>sgaste superficial.<br />
A resistência à abrasão po<strong>de</strong> ser um fator crítico <strong>de</strong> projeto em certas<br />
circunstâncias ou em certas estruturas <strong>de</strong> concreto: pavimento <strong>de</strong> rodovias, zonas <strong>de</strong><br />
frenagem e <strong>de</strong> aceleração junto às cabines <strong>de</strong> pedágio rodoviário, áreas <strong>de</strong><br />
aproximação <strong>de</strong> túneis em vias expressas e urbanas (AÏTCIN E KHAYAT, 1992);<br />
também ocorre em <strong>de</strong>terminados pontos <strong>de</strong> algumas estruturas hidráulicas sujeitos à<br />
ação <strong>de</strong> água com partículas sólidas em suspensão, como em <strong>de</strong> calhas <strong>de</strong> vertedouros,<br />
estacas <strong>de</strong> pontes e <strong>de</strong>cantadores.<br />
O acabamento superficial e o regime <strong>de</strong> cura afetam muito mais a resistência à<br />
abrasão do que a resistência à compressão dos concretos.<br />
A ligação da pasta à areia e agregado graúdo confere ao concreto altíssima<br />
resistência à cavitação e à erosão superficial e/ou abrasão. A sua resistência à abrasão<br />
é relacionada com a dureza do agregado graúdo, logo, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do tipo <strong>de</strong> agregado<br />
utilizado na composição do concreto. A redução do fator água/cimento e o<br />
conseqüente aumento da resistência à compressão também aumentam a sua resistência<br />
à abrasão.<br />
Uma das características que no CAD é extremamente aprimorada é a resistência<br />
à abrasão, chegando a ser <strong>de</strong>z vezes maior que a do concreto convencional<br />
(ALMEIDA, 1992, p. 113-116).<br />
49
SHAH & AHMAD (1994) reportaram que a resistência à compressão é o fator<br />
mais importante na <strong>de</strong>terminação da resistência a abrasão dos concretos. Outros fatores<br />
como agregados e a umida<strong>de</strong> do concreto também influem em sua resistência ao<br />
<strong>de</strong>sgaste, no entanto, existem experiências que indicam que estes <strong>de</strong>sgastes são<br />
reduzidos ao aumentar a sua resistência à compressão.<br />
É boa a resistência à abrasão do CAD, não somente <strong>de</strong>vido a sua alta<br />
resistência, mas também à boa a<strong>de</strong>rência entre o agregado graúdo e a matriz, que<br />
impe<strong>de</strong>m o <strong>de</strong>sgaste diferencial da superfície (NEVILLE, 1997, p. 673).<br />
3.2.1 Resistência à Abrasão do Agregado<br />
Em termos <strong>de</strong> agregado graúdo, sabe-se que este é o componente do concreto<br />
que protege a argamassa, geralmente menos resistente ao <strong>de</strong>sgaste. Em concretos com<br />
resistência à compressão superior a 42,0 MPa, entretanto, parece que a influência dos<br />
agregados na resistência à abrasão é pequena (ALMEIDA, 2000, p. 2). O agregado<br />
graúdo proveniente da britagem do basalto apresenta <strong>de</strong>sgaste por abrasão em torno <strong>de</strong><br />
10 a 20% com relação a sua massa.<br />
O agregado graúdo, para a produção do CAD, <strong>de</strong>ve possuir resistência à<br />
abrasão, <strong>de</strong>sgaste por fricção, ou seja, <strong>de</strong>ve resistir à <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong>vido ao manuseio,<br />
estocagem e mistura.<br />
50
3.2.2 Resistência à Abrasão <strong>de</strong> Estruturas Hidráulicas<br />
O efeito abrasivo da água contendo objetos sólidos em suspensão nas<br />
superfícies <strong>de</strong> concreto, como mostrado na Figura 3: vista das calhas do vertedouro da<br />
Usina Hidrelétrica <strong>de</strong> Itaipu, principalmente nas superfícies hidráulicas e em<br />
vertedouros, é um parâmetro <strong>de</strong> controle das estruturas <strong>de</strong> concreto em barragens<br />
durante a fase <strong>de</strong> operação, que tem merecido atenção especial no seu comportamento.<br />
FIGURA 3 – VISTA DO VERTEDOURO DA USINA HIDRELÉTRICA DE ITAIPU.<br />
Esse <strong>de</strong>sgaste sofrido pelas estruturas é correlacionado a sua durabilida<strong>de</strong>, pois<br />
quanto menor a resistência ao <strong>de</strong>sgaste superficial ou à abrasão menor a durabilida<strong>de</strong><br />
da estrutura e vice-versa. Essa preocupação fez com que o estudo do <strong>de</strong>sgaste das<br />
estruturas hidráulicas <strong>de</strong> concreto, fosse realizado com maior ênfase, no que tange à<br />
composição do concreto e suas principais características.<br />
Para KORMANN et al, (2001), a manutenção aparente das superfícies <strong>de</strong><br />
estruturas hidráulicas <strong>de</strong> barragens <strong>de</strong> concreto é <strong>de</strong>corrente da combinação <strong>de</strong><br />
diversos fatores: custo, <strong>de</strong>sempenho, durabilida<strong>de</strong>, trabalhabilida<strong>de</strong>, aplicação,<br />
51
característica dos materiais envolvidos e compatibilida<strong>de</strong> entre o substrato e o material<br />
<strong>de</strong> reparo.<br />
Visto que os sólidos em suspensão contidos na água não po<strong>de</strong>m ser contidos, a<br />
solução foi aumentar a durabilida<strong>de</strong> dos concretos utilizados nestas estruturas. Uma<br />
solução prática é o emprego do CAD, sobre CCV, apresentando diversas vantagens,<br />
tais como: maior compacida<strong>de</strong>, menor porosida<strong>de</strong>, maior resistência e,<br />
conseqüentemente, maior durabilida<strong>de</strong>.<br />
3.2.3 Ensaios<br />
Vários métodos <strong>de</strong> ensaios são usados para avaliar a resistência da superfície <strong>de</strong><br />
concreto contra <strong>de</strong>sgaste por abrasão. Dentre os métodos mais usados encontram-se o<br />
<strong>de</strong> rodas <strong>de</strong>ntadas, rotação <strong>de</strong> discos abrasivos, jateamento <strong>de</strong> cargas abrasivas e<br />
rolamento <strong>de</strong> esferas.<br />
Sabe-se ainda que o procedimento <strong>de</strong> ensaio tem gran<strong>de</strong> influência nos<br />
resultados do <strong>de</strong>sgaste por abrasão, sendo os ensaios conduzidos em presença <strong>de</strong><br />
umida<strong>de</strong>, por serem mais severos que os realizados a seco...<br />
A falta <strong>de</strong> um ensaio normalizado é um dos maiores problemas encontrados<br />
para <strong>de</strong>terminação da resistência à abrasão do concreto. Esse fato é <strong>de</strong>vido à<br />
dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se produzir em laboratório uma situação o mais próximo possível da<br />
situação real da estrutura, visto que o <strong>de</strong>sgaste da estrutura ocorre ao longo dos anos e<br />
para cada situação as condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste são diferenciadas.<br />
52
3.2.4 Reparos em Estruturas<br />
Raramente em reparos <strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong> concretos, a resistência é o parâmetro<br />
mais importante. Aliás, quando se executa um reparo com tecnologia a<strong>de</strong>quada e<br />
mo<strong>de</strong>rna, sempre que os parâmetros fundamentais sejam atingidos, a resistência quase<br />
certamente terá um valor bem acima do necessário. Um concreto feito com<br />
consistência e conhecimento <strong>de</strong>ve apresentar boa a<strong>de</strong>rência, baixa permeabilida<strong>de</strong><br />
(inferior a 10 -10 cm/seg.), alta resistivida<strong>de</strong> elétrica (superior a 100.000 Ω.cm) e alta<br />
resistência à compressão à baixa ida<strong>de</strong>; tudo isso <strong>de</strong>ntro das a<strong>de</strong>quadas condições <strong>de</strong><br />
trabalhabilida<strong>de</strong> (AMARAL FILHO, 1990, p. 04).<br />
Segundo AMARAL FILHO (1993, p. 24), para se efetuar um reparo em uma<br />
estrutura <strong>de</strong> concreto, utilizando-se CAD, <strong>de</strong>ve-se observar o seguinte:<br />
a) o concreto a reparar <strong>de</strong>ve ter superfície limpa, isenta <strong>de</strong> pó, cortada com<br />
ponteiro (e não serra) e totalmente saturada;<br />
b) o concreto do reparo <strong>de</strong>ve ter consistência, slump, compatível com o<br />
trabalho (<strong>de</strong> 5 a 23 cm); e<br />
c) o tempo <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>ve ser inferior ao tempo <strong>de</strong> vida útil do<br />
superplastificante (em geral inferior a 50 min).<br />
Nestas condições o reparo efetuado po<strong>de</strong> ser assumido como tendo a<strong>de</strong>rência <strong>de</strong><br />
100% (AMARAL FILHO, 1993, p. 24).<br />
Dentre as características que distinguem o CAD do CCV, ressaltam duas <strong>de</strong><br />
extrema importância em reparos: a baixíssima permeabilida<strong>de</strong> e a alta a<strong>de</strong>rência<br />
(AMARAL FILHO, 1990, p. 01).<br />
PORTELLA, KORMANN (2002) e KORMANN (2002) estudaram o<br />
<strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> quatro materiais <strong>de</strong> reparo para superfícies hidráulicas, sendo dois com<br />
componentes poliméricos orgânicos (argamassa epoxídica e argamassa polimérica) e<br />
53
dois contendo, respectivamente: argamassa <strong>de</strong> sílica ativa e concreto com fibra <strong>de</strong> aço.<br />
Para a seleção do melhor sistema em laboratório, foram realizados ensaios <strong>de</strong><br />
resistência à abrasão pelo método submerso, resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência, resistência à<br />
compressão axial simples, resistência à tração na flexão, módulo <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação<br />
estática, ensaios <strong>de</strong> permeabilida<strong>de</strong>, envelhecimento acelerado em câmara <strong>de</strong> raios UV<br />
e <strong>de</strong> intemperismo wheater-Ometer e ensaios físico-químicos dos materiais.<br />
Consi<strong>de</strong>rando-se todas as proprieda<strong>de</strong>s medidas, inclusive <strong>de</strong> aplicação prática em<br />
campo, os materiais <strong>de</strong> reparo foram classificados, segundo o melhor <strong>de</strong>sempenho em:<br />
argamassa epoxídica e argamassa com sílica ativa > concreto com fibra <strong>de</strong> aço ><br />
argamassa polimérica.<br />
Neste contexto justifica-se o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> estudos sobre o CAD, tendo<br />
em vista o seu crescente emprego no setor da construção civil brasileira, o que<br />
permitirá novas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uso, proporcionando vantagens em diversos aspectos<br />
se comparado ao concreto convencional (POSSAN, 2001).<br />
54
4 MATERIAIS E MÉTODOS<br />
4.1 METODOLOGIA DE PESQUISA<br />
pesquisa:<br />
Para a busca dos objetivos propostos, <strong>de</strong>senvolveu-se a seguinte metodologia <strong>de</strong><br />
a) primeiramente, os materiais constituintes do CAD: o cimento, os<br />
agregados graúdos e miúdos, a sílica ativa e os aditivos foram analisados<br />
e caracterizados mediante os seguintes ensaios:<br />
- cimento (aglomerante): início e fim <strong>de</strong> pega NBR 11581, finura NBR<br />
11579, massa específica NBR, área específica NBR 7224,<br />
expansibilida<strong>de</strong> a quente NBR 11582;<br />
- agregado graúdo (brita): massa unitária NBR 7810, absorção <strong>de</strong> água<br />
NBR 9937, massa específica condição saturada superfície seca, NBR<br />
9937, abrasão “Los Angeles” NBR NM 51, granulometria NBR<br />
7217;<br />
- agregado miúdo (areia): inchamento NBR 6467, absorção <strong>de</strong> água.<br />
NBR 9776, massa específica na condição saturada superfície seca<br />
NBR 9776, granulometria NBR 7217;<br />
- sílica ativa NBR 13956: finura;<br />
- água potável;<br />
- aditivo NBR 11768: para a <strong>de</strong>terminação da porcentagem<br />
correspon<strong>de</strong>nte ao ponto <strong>de</strong> saturação do aditivo químico, no caso, o<br />
superplastificante, foram realizados ensaios em pasta <strong>de</strong><br />
compatibilida<strong>de</strong> aditivo/cimento e aditivo/ sílica ativa /cimento pelo<br />
estudo da flui<strong>de</strong>z da pasta;<br />
55
- agregado graúdo e miúdo: compacida<strong>de</strong> da mistura, para a<br />
<strong>de</strong>terminação da maior massa específica aparente e índice <strong>de</strong> vazios.<br />
b) caracterizados os materiais, foi <strong>de</strong>finido o traço experimental,<br />
<strong>de</strong>terminando o volume dos mesmos e produzidos os concretos.<br />
c) no estado fresco, realizou-se o ensaio <strong>de</strong> abatimento <strong>de</strong> tronco <strong>de</strong> cone<br />
(slump test), temperatura, ar incorporado e massa específica.<br />
d) no estado endurecido, realizaram-se os ensaios <strong>de</strong> resistência à<br />
compressão axial simples NBR 5739, resistência à tração por compressão<br />
diametral NBR 7222, módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> NBR 8522, resistência à<br />
abrasão ASTM C 1138 e resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência NBR 13539 . No<br />
momento da confecção do concreto foram moldados, para cada mistura,<br />
corpos-<strong>de</strong>-prova para a avaliação do concreto no estado endurecido,<br />
mediante os ensaios mostrados na Tabela 2.<br />
TABELA 2 – ENSAIOS NO CONCRETO ENDURECIDO PARA CADA MISTURA.<br />
Ensaio<br />
Corpos-<strong>de</strong>-prova<br />
Quantida<strong>de</strong> Dimensão (DxH) cm<br />
Dia do ensaio<br />
Resistência à compressão 9 15x30 3,7 e 28<br />
Resistência à tração 2 15x30 28<br />
Módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> 1 15x30 28<br />
Resistência à abrasão 2 30x10 28<br />
Resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência 8 50x60 28<br />
NOTA: nos corpos-<strong>de</strong>-prova <strong>de</strong> resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência foram executados 5 ensaios <strong>de</strong> arrancamento.<br />
56
4.2 SELEÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS<br />
Para se produzir um CAD <strong>de</strong>ve-se selecionar com muito cuidado os materiais<br />
constituintes do concreto, pois estes contribuem no <strong>de</strong>sempenho final da mistura e na<br />
garantia das proprieda<strong>de</strong>s. Muitos autores <strong>de</strong>senvolveram estudos <strong>de</strong> recomendações<br />
práticas que auxiliam na seleção rápida dos materiais. Para o CAD, escolher o material<br />
constituinte é uma questão que implica no sucesso da aplicação final. Para a sua<br />
produção é <strong>de</strong> fundamental importância conhecer as principais características dos<br />
agregados constituintes que são: porosida<strong>de</strong>, composição granulométrica, absorção <strong>de</strong><br />
água, forma e textura superficial das partículas, massa específica, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, teor <strong>de</strong><br />
umida<strong>de</strong> etc.<br />
Nesta pesquisa experimental procurou-se escolher os materiais para a produção<br />
do CAD disponíveis na região, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que aten<strong>de</strong>ssem às especificações prescritas<br />
pelas normas brasileiras. Na Figura 4, são mostrados os principais materiais utilizados.<br />
FIGURA 4 – PRINCIPAIS MATERIAIS UTILIZADOS PARA A PRODUÇÃO DO CAD, SENDO: DA ESQUERDA<br />
PARA A DIREITA ÀGUA, ADITIVO, AGREGADO GRAÚDO, AGREGADO MIÚDO, CIMENTO E<br />
SÍLICA ATIVA.<br />
57
4.2.1 Cimento<br />
Para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta pesquisa utilizou-se o cimento Portland composto<br />
com fíler, CP II F – 32. Este produto é encontrado facilmente no mercado, possui<br />
massa específica igual a 3,12 kg/dm 3 .<br />
4.2.2 Agregados<br />
O agregado é um material particulado incoesivo, constituído <strong>de</strong> misturas <strong>de</strong><br />
partículas cobrindo extensa gama <strong>de</strong> tamanho.<br />
Na composição do CAD, o agregado é <strong>de</strong> fundamental importância. Juntamente<br />
com o aglomerante (cimento) e a água vão proporcionar a melhor mistura aten<strong>de</strong>ndo a<br />
critérios <strong>de</strong> resistência, trabalhabilida<strong>de</strong> e durabilida<strong>de</strong>, contribuindo principalmente na<br />
redução dos custos <strong>de</strong> produção.<br />
4.2.2.1 Agregado miúdo<br />
O agregado miúdo, ou seja, a areia utilizada na confecção do CAD, é <strong>de</strong> origem<br />
quartzosa lavada <strong>de</strong> rio, proveniente do estoque da areia da Itaipu Binacional – PR, o<br />
qual foi <strong>de</strong>vidamente secada e estocada nos silos <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> agregados do<br />
Laboratório <strong>de</strong> Tecnologia do Concreto da Itaipu.<br />
58
4.2.2.2 Agregado graúdo<br />
O agregado graúdo utilizado nesta pesquisa experimental é proveniente da<br />
Itaipu Binacional – PR, sendo este <strong>de</strong> composição mineralógica basáltica, com boa<br />
uniformida<strong>de</strong> e homogeneida<strong>de</strong><br />
4.2.2.3 Análise do agregado graúdo e agregado miúdo<br />
Realizou-se nesta pesquisa experimental o ensaio <strong>de</strong> compacida<strong>de</strong> dos<br />
agregados graúdo e miúdo, sendo a compacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> agregados a<br />
relação entre a soma <strong>de</strong> seus volumes aparentes e o volume ocupado pelos mesmos.<br />
Quanto maior a compacida<strong>de</strong> menor é o volume <strong>de</strong> vazios e, conseqüentemente, menor<br />
a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pasta <strong>de</strong> cimento a ser empregada, resultando num concreto mais<br />
econômico e com menor retração plástica.<br />
O ensaio <strong>de</strong> compacida<strong>de</strong> realizado com o agregado graúdo e miúdo tem a<br />
finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> combinar estes materiais para que a mistura exija uma mínima<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> argamassa, mantendo uma boa trabalhabilida<strong>de</strong>. A composição i<strong>de</strong>al<br />
<strong>de</strong>terminada pelo ensaio <strong>de</strong> compacida<strong>de</strong> é aquela que apresentar maior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> ou<br />
menor índice <strong>de</strong> vazios.<br />
4.2.3 Sílica Ativa<br />
A sílica ativa utilizada neste trabalho é em forma <strong>de</strong> pó não con<strong>de</strong>nsada,<br />
proveniente <strong>de</strong> uma indústria do ramo.<br />
59
4.2.4 Aditivos<br />
Foi empregado aditivo superplastificante composto <strong>de</strong> polímero melamínico,<br />
disponível na forma líquida, <strong>de</strong> cor castanho e <strong>de</strong> odor característico, <strong>de</strong> produção<br />
nacional, facilmente encontrado no mercado regional.<br />
A compatibilida<strong>de</strong> aditivo/aglomerante mediante estudo da flui<strong>de</strong>z foi medida<br />
pelo ensaio <strong>de</strong> evolução da flui<strong>de</strong>z e ponto <strong>de</strong> saturação. O ensaio foi realizado<br />
utilizando o Cone <strong>de</strong> Marsh, para verificar a evolução e o ponto <strong>de</strong> saturação, o que<br />
<strong>de</strong>termina a porcentagem ótima <strong>de</strong> superplastificante.<br />
4.2.5 Água<br />
Para a produção do CAD foi utilizada água potável proveniente da re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
abastecimento da Itaipu Binacional.<br />
60
4.3 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS<br />
4.3.1 Balanças<br />
Foram utilizadas três balanças com tamanho e precisão diferentes durante o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta pesquisa. Para a medida da massa dos materiais constituintes<br />
do concreto utilizou-se, durante os ensaios <strong>de</strong> caracterização, uma balança eletrônica,<br />
marca Filizola, com precisão <strong>de</strong> 50 gramas e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> 50 kg. O cimento,<br />
os agregados graúdo e miúdo, a sílica ativa e a água para a confecção dos concretos<br />
foram medidos em balança manual, marca Filizola, com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> 300<br />
kg e precisão <strong>de</strong> 200 gramas. Para o ensaio <strong>de</strong> abrasão utilizou-se uma balança<br />
romana, hidrostática, marca Record, com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 50 kg e sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um<br />
grama.<br />
4.3.2 Estufa<br />
Para a secagem dos materiais utilizou-se uma estufa automática com termostato,<br />
precisão <strong>de</strong> 1 o C e temperatura <strong>de</strong> 150 o C.<br />
4.3.3 Mol<strong>de</strong>s<br />
Os corpos-<strong>de</strong>-prova <strong>de</strong> concreto foram confeccionados em mol<strong>de</strong>s metálicos<br />
cilíndricos <strong>de</strong> dimensões (15x30) cm (diâmetro x altura), para os ensaios <strong>de</strong> resistência<br />
61
à tração, compressão e módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong>. Para o ensaio <strong>de</strong> resistência à abrasão<br />
utilizou-se mol<strong>de</strong> metálico <strong>de</strong> 30cm x10cm (diâmetro x altura) e para os ensaios <strong>de</strong><br />
a<strong>de</strong>rência foram <strong>de</strong>senvolvidos mol<strong>de</strong>s <strong>de</strong> concreto retangulares e circulares com<br />
dimensões variadas, conforme Figura 5.<br />
4.3.4 Misturador Mecânico<br />
FIGURA 5 – MOLDES PARA O ENSAIO DE ADERÊNCIA.<br />
Para a mistura das argamassas foi utilizado o misturador mecânico marca<br />
Hobart, com cuba <strong>de</strong> aço <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aproximadamente 5 litros (volume<br />
nominal) e duas velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> rotação (alta e baixa), <strong>de</strong> acordo com a NBR 7215.<br />
4.3.5 Consistência da Argamassa (flow table)<br />
A consistência da argamassa foi <strong>de</strong>terminada na mesa para índice <strong>de</strong><br />
consistência, conforme a NBR 7215.<br />
62
4.3.6 Betoneira<br />
Para a confecção dos concretos foi utilizada uma betoneira da marca Paulista,<br />
com volume nominal <strong>de</strong> 350 litros e motor <strong>de</strong> 3,0 HP.<br />
4.3.7 Vibrador<br />
Utilizou-se para o a<strong>de</strong>nsamento do concreto nos mol<strong>de</strong>s um vibrador <strong>de</strong> imersão<br />
mecânico marca Hayashi, com diâmetro externo da agulha <strong>de</strong> 25 mm.<br />
4.3.8 Consistência <strong>de</strong> Abatimento (slump test)<br />
A consistência do concreto fresco foi <strong>de</strong>terminada pelo abatimento <strong>de</strong> tronco <strong>de</strong><br />
cone, conforme a NBR 7223.<br />
4.3.9 Prensas<br />
Para o ensaio <strong>de</strong> resistência à compressão axial simples, resistência à tração por<br />
compressão diametral e módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong>, utilizou-se a prensa hidráulica marca<br />
Torsse, com controle <strong>de</strong> carga manual, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> 200 toneladas e<br />
precisão <strong>de</strong> 200 kg. Foto da prensa é mostrada na Figura 6. Os ensaios seguiram os<br />
procedimentos <strong>de</strong>scritos na NBR 7215.<br />
63
FIGURA 6 – PRENSA DE ENSAIOS.<br />
4.3.10 Equipamento <strong>de</strong> Ensaio <strong>de</strong> Abrasão<br />
O equipamento utilizado no ensaio é mostrado na Figura 7, e consiste num<br />
recipiente metálico cilíndrico <strong>de</strong> 310 mm <strong>de</strong> diâmetro interno e 450 mm <strong>de</strong> altura, com<br />
tampa <strong>de</strong> aço e base estanque. Possui um sistema <strong>de</strong> agitação <strong>de</strong> água obtido com o<br />
auxílio <strong>de</strong> um motor elétrico com velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1200 rpm acoplado à tampa <strong>de</strong> aço.<br />
64
FIGURA 7 – EQUIPAMENTO DE ENSAIO DE RESISTÊNCIA À ABRASÃO.<br />
4.3.11 Resistência <strong>de</strong> A<strong>de</strong>rência<br />
Para este ensaio, foi utilizado um aparelho portátil para arrancamento, com<br />
indicador digital, conforme está mostrado na Figura 8, marca Dinateste mo<strong>de</strong>lo DNTT,<br />
com célula <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> 5000 N ou 20 kN <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> máxima.<br />
FIGURA 8 – APARELHO PARA ENSAIO DE ARRANCAMENTO.<br />
65
4.4 PLANEJAMENTO DA PESQUISA<br />
Neste programa <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong>finiu-se uma metodologia <strong>de</strong>talhada para o<br />
estudo do CAD.<br />
Os agregados utilizados são oriundos da Itaipu Binacional, sendo o agregado<br />
graúdo, com diâmetro máximo <strong>de</strong> 19 mm, e o agregado miúdo, uma areia classificada<br />
como média. Ambos dosados em massa e nas condições saturada superfície seca (sss).<br />
A sílica ativa, <strong>de</strong> uma única marca, foi utilizada em substituição à massa do<br />
cimento em um teor <strong>de</strong> 10%.<br />
O cimento utilizado foi o CP II F – 32, <strong>de</strong> uma única marca, dosado em massa.<br />
A porcentagem ótima <strong>de</strong> aditivo superplastificante foi <strong>de</strong>terminada pelo estudo<br />
<strong>de</strong> flui<strong>de</strong>z da pasta, sendo este adicionado ao concreto com parte da água <strong>de</strong> mistura.<br />
Na dosagem do CAD, o teor <strong>de</strong> pasta e a relação agregado miúdo/agregado<br />
graúdo foram função do índice <strong>de</strong> vazios <strong>de</strong>terminado pelo ensaio <strong>de</strong> compacida<strong>de</strong> dos<br />
agregados.<br />
A coleta <strong>de</strong> dados e o procedimento foram feitos <strong>de</strong> forma informatizada para<br />
facilitar análises e conclusões.<br />
A equipe <strong>de</strong> trabalho foi mantida constante durante todo o período dos ensaios,<br />
minimizando a influência do operador nos resultados.<br />
O tempo <strong>de</strong> mistura dos materiais na betoneira foi mantido constante para todas<br />
as misturas, seguindo or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> colocação dos mesmos e o tempo <strong>de</strong> mistura. Ambos<br />
estão reunidos na Tabela 3.<br />
66
TABELA 3 – ORDEM DE COLOCAÇÃO DOS MATERIAIS NA BETONEIRA E TEMPO DE MISTURA.<br />
Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> colocação Tempo <strong>de</strong> mistura (segundos)<br />
1 o Toda a areia 60<br />
2 o Toda a brita 60<br />
3 o Todo o cimento e sílica ativa 60<br />
4 o Parte da água e todo o aditivo 120<br />
5 o Restante da água 60<br />
Para certificar-se dos resultados do CAD, confeccionou-se um traço base <strong>de</strong><br />
CCV, utilizando-se os mesmos materiais <strong>de</strong>stinados à confecção do CAD, exceto o<br />
aditivo e a sílica ativa, conforme mostrado na Figura 9. Para este traço optou-se pelo<br />
uso <strong>de</strong> uma relação a/c <strong>de</strong> 0,32, pois sem o uso <strong>de</strong> aditivo, para os materiais utilizados,<br />
não seria possível obter a trabalhabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejada em misturas com relação a/c<br />
inferior a 0,32.<br />
FIGURA 9 – PRODUÇÃO DO CCV.<br />
Para o traço do CAD variou-se a relação a/c da mistura em 0,28; 0,30; 0,32;<br />
0,34 e 0,40, acrescendo aditivo superplastificante e sílica ativa. Estes concretos foram<br />
<strong>de</strong>nominados traços sem alteração do teor <strong>de</strong> pasta e estão relacionados na Tabela 4.<br />
67
TABELA 4 – DEFINIÇÃO DO TRAÇO DAS MISTURAS SEM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA.<br />
Mistura Cimento Microssílica Areia Brita Água Aditivo<br />
CAD 28 1 0,1 2,846 3,93 0,28 0,0361<br />
CAD 30 1 0,1 2,946 4,07 0,30 0,0354<br />
CAD 32 1 0,1 3,025 4,18 0,32 0,0295<br />
CAD 34 1 0,1 3,101 4,28 0,34 0,0236<br />
CAD 40 1 0,1 3,348 4,63 0,40 0,0178<br />
CCV 32 1 - 3,025 4,18 0,32 -<br />
A Tabela 5, mostra a nomenclatura das misturas efetuadas dos concretos sem<br />
alteração do teor <strong>de</strong> pasta.<br />
TABELA 5 – NOMENCLATURA DA MISTURAS SEM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA.<br />
Mistura Nomenclatura das misturas<br />
CAD 28 Concreto <strong>de</strong> alto <strong>de</strong>sempenho com relação a/c 0,28<br />
CAD 30 Concreto <strong>de</strong> alto <strong>de</strong>sempenho com relação a/c 0,30<br />
CAD 32 Concreto <strong>de</strong> alto <strong>de</strong>sempenho com relação a/c 0,32<br />
CAD 34 Concreto <strong>de</strong> alto <strong>de</strong>sempenho com relação a/c 0,34<br />
CAD 40 Concreto <strong>de</strong> alto <strong>de</strong>sempenho com relação a/c 0,40<br />
CCV 32 Concreto convencional com relação a/c 0,32<br />
Esses traços foram pré-<strong>de</strong>terminados pelo Laboratório <strong>de</strong> Tecnologia do<br />
Concreto da Itaipu, cujo método <strong>de</strong> dosagem utilizado foi o <strong>de</strong> TORALLES<br />
CARBONARI (1996), o qual afirma que o CAD po<strong>de</strong> ser produzido pela otimização<br />
da pasta e do esqueleto granular.<br />
Para cada traço experimental, foram realizados estudos em concreto no estado<br />
fresco e no estado endurecido. No estado fresco realizou-se o ensaio <strong>de</strong> consistência,<br />
massa específica e o teor <strong>de</strong> ar incorporado. No estado endurecido foram realizados os<br />
ensaios <strong>de</strong> resistência à compressão axial simples, resistência à tração por compressão<br />
diametral, resistência à abrasão e módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong>.<br />
68
Com estes ensaios concluídos, fez-se uma primeira análise dos resultados,<br />
quando se <strong>de</strong>finiu o melhor traço <strong>de</strong> concreto para utilização em reparos <strong>de</strong> estruturas<br />
e, a partir <strong>de</strong>ste, <strong>de</strong>finiu-se uma segunda parte da pesquisa. As Figuras 10 e 11<br />
mostram a produção da misturas CAD 28 e CAD 32, respectivamente. As Figuras das<br />
misturas restantes encontram-se no Anexo 1.<br />
FIGURA 10 – PRODUÇÃO DO CONCRETO CAD 28.<br />
FIGURA 11 – PRODUÇÃO DO CONCRETO CAD 32.<br />
Foram preparadas misturas alterando-se o teor <strong>de</strong> pasta, do CAD 32, em 0%<br />
5%, 10% e 15% superior ao <strong>de</strong>terminado como i<strong>de</strong>al pelo ensaio <strong>de</strong> consistência<br />
normal da pasta. O teor <strong>de</strong> sílica ativa foi fixado conforme a <strong>de</strong>terminação inicial e<br />
manteve-se constante em todos os traços. Esses traços foram <strong>de</strong>nominados CAD com<br />
69
alteração do teor <strong>de</strong> pasta.<br />
A relação a/c e o teor <strong>de</strong> aditivo foram fixados em todas as misturas. Na Tabela<br />
6 são mostrados os traços confeccionados, e na Tabela 7 encontra-se a nomenclatura<br />
das misturas produzidas.<br />
TABELA 6 – DEFINIÇÃO DOS TRAÇOS DAS MISTURAS COM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA.<br />
Mistura Cimento Sílica ativa Areia Brita Água Aditivo<br />
CAD 32 0 1 0,1 3,025 4,18 0,32 0,0295<br />
CAD 32 5 1 0,1 2,29 3,69 0,32 0,0295<br />
CAD 32 10 1 0,1 1,79 2,91 0,32 0,0295<br />
CAD 32 15 1 0,1 1,43 1,97 0,32 0,0295<br />
TABELA 7 – NOMENCLATURA DAS MISTURAS COM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA.<br />
Mistura Nomenclatura das misturas<br />
CAD 32 0 Concreto <strong>de</strong> alto <strong>de</strong>sempenho com relação a/c 0,32 e teor <strong>de</strong> pasta 0%<br />
CAD 32 5 Concreto <strong>de</strong> alto <strong>de</strong>sempenho com relação a/c 0,32 e teor <strong>de</strong> pasta 5%<br />
CAD 32 10 Concreto <strong>de</strong> alto <strong>de</strong>sempenho com relação a/c 0,32 e teor <strong>de</strong> pasta 10%<br />
CAD 32 15 Concreto <strong>de</strong> alto <strong>de</strong>sempenho com relação a/c 0,32 e teor <strong>de</strong> pasta 15%<br />
Para a continuação dos trabalhos <strong>de</strong>sta pesquisa foram analisados em separado<br />
os ensaios no concreto fresco e ensaios no concreto endurecido. Na mistura fresca,<br />
<strong>de</strong>terminou-se a consistência pelo abatimento do tronco <strong>de</strong> cone, o percentual <strong>de</strong> ar<br />
incorporado, a temperatura e a massa específica.<br />
Para os ensaios na mistura endurecida, foram moldados corpos-<strong>de</strong>-prova<br />
cilíndricos com as seguintes dimensões (∅ × h): <strong>de</strong> 150 mm x 300 mm e 300 mm x<br />
100 mm.<br />
Os corpos-<strong>de</strong>-prova <strong>de</strong> 150mm x 300 mm foram utilizados para ensaios <strong>de</strong><br />
resistência à compressão axial (3, 7 e 28 dias), resistência à compressão diametral (28<br />
dias) e módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> (28 dias). Os corpos-<strong>de</strong>-prova <strong>de</strong> (300 x 100) mm foram<br />
utilizados para realização dos ensaios <strong>de</strong> abrasão, baseado no método CRD-80 da<br />
70
ASTM C 1138.<br />
Buscando simular ao máximo a condição real <strong>de</strong> um reparo, no ensaio <strong>de</strong><br />
resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência utilizou-se laje <strong>de</strong> concreto pré-fabricada com espessura <strong>de</strong><br />
300 mm, e corpos-<strong>de</strong>-prova preparados em laboratório, os quais foram revestidos com<br />
uma camada <strong>de</strong> CAD com espessura <strong>de</strong> 30 mm. Aos 28 dias efetuou-se o<br />
arrancamento do concreto. No Anexo 2 seguem fotos da moldagem.<br />
71
4.5 METODOLOGIA DOS ENSAIOS<br />
4.5.1 Ensaios no Concreto Fresco<br />
4.5.1.1 Consistência<br />
Para cada traço <strong>de</strong> concreto produzido, 6 minutos após o início da mistura,<br />
<strong>de</strong>terminava-se a consistência segundo o método <strong>de</strong>scrito na NBR 7223.<br />
4.5.1.2 Ar incorporado<br />
Para a <strong>de</strong>terminação do teor <strong>de</strong> ar incorporado foi utilizado o procedimento<br />
<strong>de</strong>scrito na ASTM-C-231.<br />
4.5.1.3 Temperatura<br />
A temperatura do concreto foi <strong>de</strong>terminada no instante em que o concreto foi<br />
retirado da betoneira para se efetuar a moldagem dos corpos-<strong>de</strong>-prova. Para tal,<br />
utilizava-se <strong>de</strong> um termômetro <strong>de</strong> vidro graduado.<br />
72
4.5.1.4 Massa específica<br />
9833.<br />
A massa específica foi <strong>de</strong>terminada segundo procedimento <strong>de</strong>scrito na NBR<br />
4.5.2 Ensaios no Concreto Endurecido<br />
4.5.2.1 Resistência à compressão axial simples<br />
O ensaio <strong>de</strong> resistência à compressão foi realizado segundo a <strong>de</strong>terminação da<br />
NBR 5839, no LTC da Itaipu, em corpos-<strong>de</strong>-prova cilíndricos <strong>de</strong> 15cm x 30cm<br />
(diâmetro x altura). A resistência à compressão foi <strong>de</strong>terminada nas ida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 3, 7 e 28<br />
dias, com os corpos-<strong>de</strong>-prova curados em câmara úmida.<br />
4.5.2.2 Resistência à tração por compressão diametral<br />
Esse ensaio foi realizado segundo a <strong>de</strong>terminação da NBR 7222, no LTC da<br />
Itaipu, em corpos-<strong>de</strong>-prova cilíndricos <strong>de</strong> 15 cm x 30 cm (diâmetro x altura). A<br />
resistência à tração foi <strong>de</strong>terminada na ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 28 dias, com os corpos-<strong>de</strong>-prova<br />
curados em câmara úmida.<br />
73
4.5.2.3 Módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong><br />
O módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> foi <strong>de</strong>terminado segundo o procedimento <strong>de</strong>scrito na<br />
NBR 8522, em corpos-<strong>de</strong>-prova cilíndricos <strong>de</strong> 15cm x 30cm (diâmetro x altura). O<br />
módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> dos concretos foi <strong>de</strong>terminado aos 28 dias <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, com os<br />
corpos-<strong>de</strong>-prova curados em câmara úmida.<br />
4.5.2.4 Resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência<br />
A resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência foi <strong>de</strong>terminada segundo o método <strong>de</strong>scrito na NBR<br />
13528. Como esta pesquisa, por problemas <strong>de</strong> tempo e dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> operação e<br />
realização do reparo, não po<strong>de</strong> ser realizada em uma estrutura existente, <strong>de</strong>finiu-se<br />
cinco estruturas <strong>de</strong> reparo em laboratório, com as seguintes dimensões: uma laje <strong>de</strong><br />
(210 x 75 x 21) cm (comprimento x largura x altura), 3 corpos-<strong>de</strong>-prova <strong>de</strong> 10 cm x 30<br />
cm (altura x diâmetro) e um protótipo <strong>de</strong> (40 x 40 x 10) cm. O primeiro espécime foi<br />
uma laje <strong>de</strong> CCV pré-fabricada oriunda <strong>de</strong> uma fábrica <strong>de</strong> pré-moldados da região. A<br />
laje está mostrada na Figura 12. Os <strong>de</strong>mais espécimes foram confeccionados no<br />
laboratório <strong>de</strong> Tecnologia <strong>de</strong> Concreto da Itaipu, sendo três <strong>de</strong>les nos mol<strong>de</strong>s<br />
utilizados no ensaio à abrasão e outro em forma confeccionada in loco.<br />
74
FIGURA 12 – CORPO-DE-PROVA PARA EXECUÇÃO DO ENSAIO DE ADERÊNCIA.<br />
Para a execução do ensaio, a laje foi dividida em quatro partes iguais e aplicou-<br />
se em cada parte uma camada <strong>de</strong> CAD com espessura <strong>de</strong> 30 mm. Os <strong>de</strong>mais espécimes<br />
tiveram a superfície <strong>de</strong> contato com o reparo <strong>de</strong>sgastada, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> testar a<br />
influência da textura superficial na resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência. Para cada subdivisão dos<br />
corpos-<strong>de</strong>-prova aplicou-se um traço diferenciado <strong>de</strong> CAD, conforme <strong>de</strong>scrito na<br />
Tabela 8. Com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> garantir a uniformida<strong>de</strong> da espessura do revestimento<br />
utilizou-se uma talisca <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira circundando a área a ser reparada.<br />
TABELA 8 – APLICAÇÃO DO REPARO NO CORPO-DE-PROVA.<br />
I<strong>de</strong>ntificação do reparo I<strong>de</strong>ntificação do cp CAD utilizado<br />
I L CAD 32 0<br />
II L CAD 32 5<br />
III L CAD 32 10<br />
IV L CAD 32 15<br />
I E CAD 32 0<br />
II E CAD 32 5<br />
III E CAD 32 10<br />
IV E CAD 32 15<br />
Legenda: cp= corpo-<strong>de</strong>-prova<br />
L= Laje (270 x 75 x 21) cm.<br />
E= Espécimes 3 <strong>de</strong> (10 x 30 ) cm e 1 <strong>de</strong> (40 x 40 10) cm.<br />
75
O concreto aplicado foi <strong>de</strong>vidamente a<strong>de</strong>nsado e teve sua superfície<br />
regularizada com o auxílio <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>sempena<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> aço. Procurando simular a<br />
situação real <strong>de</strong> um reparo o corpo-<strong>de</strong>-prova reparado foi submetido à cura úmida<br />
durante três dias em ambiente externo.<br />
Decorridos 28 dias, realizou-se o ensaio <strong>de</strong> resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência. Para tal, as<br />
pastilhas <strong>de</strong> aço foram coladas com a<strong>de</strong>sivo epóxi 24 horas antes da realização do<br />
ensaio.<br />
4.5.2.5 Resistência à abrasão<br />
Para a resistência à abrasão os ensaios realizados foram baseados no método<br />
CRD – 80, no qual Tony Liu fundamentou seus estudos <strong>de</strong>scritos em publicações do<br />
ACI (American Concrete Institute) em conformida<strong>de</strong> com a ASTM C 1138.<br />
O ensaio consiste em simular o comportamento da água em movimento,<br />
contendo objetos sólidos em suspensão (siltes, argilas, areias, pedras e outros sólidos),<br />
obtendo então uma avaliação relativa à resistência das superfícies <strong>de</strong> concreto sujeitas<br />
à abrasão. Para cada corpo-<strong>de</strong>-prova submetido ao ensaio, o equipamento simula o<br />
<strong>de</strong>sgaste superficial em apenas uma face do mesmo, po<strong>de</strong>ndo, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> invertida a<br />
colocação inicial, ser submetido novamente ao ensaio.<br />
O equipamento utilizado no ensaio está ilustrado na Figura 13, e consiste <strong>de</strong> um<br />
recipiente metálico, cilíndrico <strong>de</strong> 310 mm <strong>de</strong> diâmetro interno e 450 mm <strong>de</strong> altura,<br />
com uma tampa <strong>de</strong> aço estanque. Para a simulação da água em movimento, o<br />
equipamento possui um sistema <strong>de</strong> agitação <strong>de</strong> água, obtido com o auxílio <strong>de</strong> um<br />
motor elétrico com velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1200 rpm.<br />
76
DIMENSÃO EM mm<br />
1200 rpm<br />
Reservatório metálico<br />
Alça<br />
Nível da água<br />
Bolas <strong>de</strong> aço<br />
(diâmetro variado)<br />
Pá giratória<br />
Anel <strong>de</strong> borracha<br />
Espécime <strong>de</strong> concreto<br />
Motor elétrico<br />
FIGURA 13 – DESENHO ESQUEMÁTICO DO EQUIPAMENTO DE ENSAIO DE ABRASÃO.<br />
Para esse ensaio foram confeccionados corpos-<strong>de</strong>-prova cilíndricos <strong>de</strong> 30 cm x<br />
10 cm (diâmetro x altura). Para cada mistura foram moldados dois corpos-<strong>de</strong>-prova,<br />
sendo ambos submetidos ao ensaio nas duas faces. Decorridas 24 horas da moldagem,<br />
os corpos-<strong>de</strong>-prova foram retirados das formas e curados submersos nas condições <strong>de</strong><br />
(23 ± 2) o C durante 28 dias. Os corpos-<strong>de</strong>-prova foram curados por imersão para<br />
garantir a completa saturação, visando uma menor interferência nos resultados. O<br />
<strong>de</strong>sgaste por abrasão é dado em porcentagem em massa perdida durante as 72 horas <strong>de</strong><br />
ensaio. A Figura 14 mostra um corpo-<strong>de</strong>-prova no recipiente <strong>de</strong> ensaio.<br />
FIGURA 14 – CORPO-DE-PROVA NO RECIPIENTE DE ENSAIO DE ABRASÃO.<br />
77
Representando as cargas abrasivas são colocados no recipiente <strong>de</strong> ensaio sobre<br />
o corpo-<strong>de</strong>-prova 70 esferas <strong>de</strong> aço com granulometria especificadas na Tabela 9.<br />
TABELA 9 – CARGAS ABRASIVAS.<br />
Número <strong>de</strong> esferas Diâmetro (mm)<br />
4 23,9<br />
7 22,0<br />
16 21,3<br />
10 20,3<br />
8 17,5<br />
25 11,1<br />
O método é baseado na norma americana ASTM C1138/97, e a<strong>de</strong>quado ao<br />
procedimento da CRD – 80.<br />
4.5.2.5.1 Seqüência para <strong>de</strong>terminação dos ensaios<br />
Para a execução dos ensaios, primeiramente, fez-se a <strong>de</strong>terminação do peso<br />
inicial do corpo-<strong>de</strong>-prova. Para manter o corpo-<strong>de</strong>-prova na condição saturada<br />
superfície seca, manuseou-se o mesmo com o auxílio <strong>de</strong> um pano úmido.<br />
Após a pesagem, o corpo-<strong>de</strong>-prova foi colocado no recipiente metálico, com a<br />
superfície a ser testada para cima. Tomou-se o cuidado no momento da colocação<br />
<strong>de</strong>ste para garantir o posicionamento horizontal do corpo-<strong>de</strong>-prova. A seguir colocou-<br />
se as cargas abrasivas e água, até aproximadamente 170 mm acima da superfície do<br />
corpo-<strong>de</strong>-prova, e então o recipiente foi fechado com a tampa estanque e o motor<br />
elétrico que movimenta a pá <strong>de</strong> agitação, acionado. A altura da pá com a superfície foi<br />
constante em todos os ensaios, sendo fixada em 40 mm.<br />
78
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />
Neste capítulo são apresentados os resultados da análise dos materiais e os<br />
resultados obtidos no programa experimental <strong>de</strong>scrito no capítulo anterior, baseados na<br />
revisão <strong>de</strong> literatura apresentada no Capítulo 2.<br />
Para a melhor análise <strong>de</strong>stes resultados, <strong>de</strong>finiu-se o estudo, abaixo<br />
discriminado, das proprieda<strong>de</strong>s dos concretos produzidos:<br />
a) No estado fresco, verificando:<br />
- consistência;<br />
- teor <strong>de</strong> ar incorporado; e<br />
- massa específica.<br />
b) No estado endurecido, verificando:<br />
- resistência à compressão axial;<br />
- resistência à tração por compressão diametral;<br />
- módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong>;<br />
- resistência à abrasão; e<br />
- resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência.<br />
Para as proprieda<strong>de</strong>s acima <strong>de</strong>scritas fez-se uma análise comparativa dos<br />
resultados, verificando aspectos <strong>de</strong> trabalhabilida<strong>de</strong> e aplicabilida<strong>de</strong> das misturas.<br />
79
5.1 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS<br />
5.1.1 Cimento<br />
O cimento utilizado foi o CP II F – 32, e sua caracterização foi feita no<br />
Laboratório <strong>de</strong> Tecnologia do Concreto da Itaipu. Os resultados estão apresentados na<br />
Tabela 10.<br />
TABELA 10 – DADOS DA CARACTERIZAÇÃO DO CIMENTO.<br />
Características do cimento CP II F – 32<br />
Perda ao fogo 4,77 %<br />
Sílica (SiO2) 17,31 %<br />
Óxido <strong>de</strong> Cálcio (CaO) 61,12 %<br />
Óxido <strong>de</strong> Magnésio (MgO) 2,19 %<br />
Óxido <strong>de</strong> Ferro (Fe2O3) 3,06 %<br />
Óxido <strong>de</strong> Alumínio (Al2O3) 7,24 %<br />
Resíduo Insolúvel 0,65 %<br />
Anidrido Sulfúrico (SO3) 2,08 %<br />
Cal Livre (CaO) 1,29 %<br />
Óxido <strong>de</strong> Sódio (Na2O) 0,13 %<br />
Óxido <strong>de</strong> Potássio (K2O) 0,62 %<br />
Equivalente Alcalino (Na2O) 0,54 %<br />
Gesso (CaSO4) 3,53 %<br />
Tricálcio Silicato (C3O) %<br />
Dicálcio Silicato (C2O) %<br />
Tricálcio Aluminato (C3A) %<br />
Tetracálcio Ferro Aluminato (C4AF) %<br />
80
5.1.2 Agregado Miúdo<br />
Os resultados dos ensaios <strong>de</strong> caracterização do agregado miúdo, realizados no<br />
LTC – Itaipu, estão reunidos na Tabela 11.<br />
TABELA 11 – DADOS DA CARACTERIZAÇÃO DO AGREGADO MIÚDO.<br />
Peneira (mm)<br />
Areia Natural<br />
(%) retida acumulada<br />
6,3 0<br />
4,8 0<br />
2,4 0<br />
1,2 1,0<br />
0,6 15,0<br />
0,3 63,0<br />
0,15 98,0<br />
< 0,15 100,0<br />
Dmáx 2,38 mm MF 1,77 γsss 2,63<br />
γs 2,61 γap 1,54 Abs 0,4<br />
LEGENDA:<br />
Dmáx = Diâmetro máximo<br />
MF = Módulo <strong>de</strong> Finura<br />
γsss = Densida<strong>de</strong> saturada superfície seca (g/cm 3 )<br />
γs = Densida<strong>de</strong> seca (g/cm 3 )<br />
γap = Densida<strong>de</strong> aparente (g/cm 3 )<br />
Abs = Absorção (%)<br />
81
5.1.3 Agregado Graúdo<br />
Os resultados dos ensaios <strong>de</strong> caracterização do agregado graúdo, executados no<br />
LTC – Itaipu, estão expostos na Tabela 12.<br />
TABELA 12 – DADOS DA CARACTERIZAÇÃO DO AGREGADO GRAÚDO.<br />
Peneira (mm)<br />
Brita 1<br />
(%) retida acumulada<br />
19,0 5,0<br />
12,5 46,0<br />
9,5 68,0<br />
4,8 94,0<br />
2,4 100,0<br />
1,2 100,0<br />
0,6 100,0<br />
0,3 100,0<br />
0,15 100,0<br />
< 0,15<br />
Dmáx 19 mm MF 6,67 γsss 2,93<br />
γs 2,89 γap 2,89 Abs 1,35<br />
LEGENDA:<br />
Dmáx = Diâmetro máximo<br />
MF = Módulo <strong>de</strong> Finura<br />
γsss = Densida<strong>de</strong> saturada superfície seca (g/cm 3 )<br />
γs = Densida<strong>de</strong> seca (g/cm 3 )<br />
γap = Densida<strong>de</strong> aparente (g/cm 3 )<br />
Abs = Absorção (%)<br />
Para a a<strong>de</strong>quação da granulometria dos agregados graúdo e miúdo foi elaborado<br />
o ensaio <strong>de</strong> compacida<strong>de</strong>, cujos dados encontram-se na Tabela 13 e a curva <strong>de</strong><br />
compacida<strong>de</strong> correspon<strong>de</strong>nte é mostrada na Figura 15.<br />
82
TABELA 13 – COMPACIDADE AREIA X BRITA.<br />
Brita/<br />
areia<br />
Areia<br />
Quan. Acres 1<br />
Peso (kg)<br />
2 3 Médio<br />
MUn MEA % V<br />
100/0 0 0 5,55 8,45 8,52 7,507 1,687 2,89 41,626<br />
90/10 1,09 1,1 9,612 9,35 9,4 9,454 1,879 2,862 34,347<br />
80/20 2,45 1,4 9,988 10,3 10,48 10,256 2,05 2,834 27,664<br />
70/30 4,31 1,8 10,7 10,78 10,78 10,753 2,147 2,8 23,321<br />
60/40 6,65 2,39 10,88 10,75 10,96 10,863 2,169 2,77 21,697<br />
58/42 7,25 0,57 10,85 10,92 10,98 10,917 2,18 2,772 21,356<br />
56/44 7,86 0,62 10,81 10,81 10,88 10,833 2,16 2,7668 21,931<br />
54/46 8,48 0,7 10,77 10,83 10,85 10,817 2,153 2,761 22,021<br />
52/48 9,2 0,75 10,72 10,62 10,8 10,713 2,128 2,755 22,759<br />
50/50 10,2 0,8 10,6 10,58 10,55 10,577 2,108 2,743 23,150<br />
48/52 11,76 0,79 10,55 10,38 10,61 10,513 2,098 2,744 23,542<br />
46/54 12,7 0,91 10,4 10,29 10,15 10,280 2,071 2,732 24,195<br />
44/56 13,8 0,99 10,09 10,09 10,11 10,097 2,008 2,733 26,528<br />
42/58 15 1,1 10,1 10,09 9,5 9,897 2,02 2,723 25,817<br />
40/60 15 1,1 9,81 9,8 8,8 9,470 1,959 2,722 28,031<br />
0/100 10 8,28 8,2 8,2 8,227 1,632 2,61 37,471<br />
LEGENDA: MUn = MASSA UNITÁRIA MÉDIA;<br />
MEA = MASSA ESPECÍFICA APARENTE;<br />
%V – PORCENTAGEM DE VAZIOS;<br />
Massa unitária<br />
3<br />
2<br />
1<br />
0<br />
0<br />
20<br />
40<br />
44<br />
48<br />
% areia<br />
52<br />
56<br />
60<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
% <strong>de</strong> vazios<br />
massa unitária<br />
% <strong>de</strong> vazios<br />
FIGURA 15 – GRÁFICO DA CURVA DE COMPACIDADE DOS AGREGADOS.<br />
83
5.1.4 Aditivo<br />
As características do aditivo superplastificante utilizado nesta pesquisa foram<br />
fornecidas pelo fabricante e se encontram na Tabela 14.<br />
TABELA 14 – DADOS DA CARACTERIZAÇÃO DO ADITIVO SUPERPLASTIFICANTE.<br />
Características do Aditivo Superplastificante<br />
Ponto <strong>de</strong> ebulição Até 100 o C<br />
Ponto <strong>de</strong> fusão NA<br />
Densida<strong>de</strong> 20 o C = 1,23 g/cm 3<br />
Densida<strong>de</strong> aparente NA<br />
Pressão <strong>de</strong> vapor ND<br />
Viscosida<strong>de</strong> 20 o C 30-50 cPs<br />
Solubilida<strong>de</strong> (em água) 20 o C parcial<br />
pH (sol. 10% v/v) 20 o C 8-10<br />
Ponto <strong>de</strong> fulgor ND<br />
Temperatura <strong>de</strong> ignição ND<br />
Limites <strong>de</strong> explosão inferior ND<br />
Limites <strong>de</strong> explosão superior ND<br />
Decomposição térmica -<br />
Reações perigosas Com materiais oxidantes<br />
FONTE: Ficha <strong>de</strong> informação <strong>de</strong> segurança do produto SIKAMENT 300<br />
LEGENDA: ND = Não disponível<br />
NA = Não aplicável<br />
84
5.1.5 Sílica Ativa<br />
Os resultados dos ensaios <strong>de</strong> caracterização da sílica ativa estão apresentados na<br />
Tabela 15. Também estão apresentados na Tabela 16, os dados dos ensaios <strong>de</strong><br />
caracterização do cimento e da sílica ativa.<br />
TABELA 15 – DADOS DA CARACTERIZAÇÃO DA SÍLICA ATIVA.<br />
Características<br />
Módulo <strong>de</strong> Finura 10,622 cm 2 /g<br />
Densida<strong>de</strong> Específica 2,16 g/ cm 3<br />
Densida<strong>de</strong> Aparente 0,42 g/ cm 3<br />
Umida<strong>de</strong> 0,56%<br />
Perda ao Fogo 1,17%<br />
Sílica Total (SiO2) 98,80%<br />
Óxido <strong>de</strong> Cálcio (CaO) 0,21%<br />
Óxido <strong>de</strong> Magnésio (MgO) 0,07%<br />
TABELA 16 – RESULTADOS DA CARACTERIZAÇÃO DO CIMENTO E DA SÍLICA ATIVA.<br />
Ensaios Cimento Sílica Ativa<br />
Início <strong>de</strong> pega 2 h e 49 min<br />
Final <strong>de</strong> pega 4 h e 56 mm<br />
Consistência normal 22,41 % <strong>de</strong> água<br />
Massa específica 30,9 g/cm 3<br />
Finura 200 5,6% 69,67%<br />
Finura 325 19,3%<br />
Superfície específica 3568 cm 2 /g<br />
85
5.1.6 Água<br />
Os resultados dos ensaios <strong>de</strong> caracterização da água oriunda da Itaipu<br />
Binacional estão apresentados na Tabela 17.<br />
ABNT.<br />
TABELA 17 – QUALIDADE DA ÁGUA PARA PRODUÇÃO DO CONCRETO.<br />
Requisitos Resultados<br />
pH 7,10<br />
Sólidos dissolvidos 30 mg/l<br />
Sólidos em suspensão 11 mg/l<br />
Sólidos totais 41 mg/l<br />
Sulfatos 6,0 mg/l<br />
Cloretos 4 mg/l<br />
Os resultados obtidos no ensaio <strong>de</strong> caracterização da água aten<strong>de</strong> às normas da<br />
86
5.2 ENSAIOS NO CONCRETO FRESCO<br />
5.2.1 Consistência<br />
O ensaio <strong>de</strong> abatimento foi <strong>de</strong> fundamental importância na <strong>de</strong>finição do melhor<br />
traço <strong>de</strong> concreto. Verificou-se que nos concretos produzidos com o teor <strong>de</strong> pasta<br />
consi<strong>de</strong>rado como i<strong>de</strong>al no ensaio, mesmo quando a relação água/cimento sofria<br />
variações, a consistência não apresentava uma variação significativa. Estes CADs<br />
quando comparados com o concreto convencional (CCV) não apresentaram valores<br />
significativos <strong>de</strong> alteração <strong>de</strong> consistência, porém o CCV apresentou elevada<br />
segregação, baixa plasticida<strong>de</strong> e trabalhabilida<strong>de</strong>.<br />
O CAD apresentou alta coesão, pouca trabalhabilida<strong>de</strong>, baixa plasticida<strong>de</strong>,<br />
dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicação, a<strong>de</strong>nsamento e acabamento superficial. Tais fatos são<br />
<strong>de</strong>correntes do elevado consumo <strong>de</strong> finos (cimento e sílica ativa) e da textura<br />
superficial do agregado graúdo, <strong>de</strong> origem basáltica com forma lamelar e superfície<br />
áspera, características estas bastante <strong>de</strong>scritas na literatura (NEVILLE, 1997). Atribui-<br />
se também ao aditivo superplastificante a alta coesão dos CADs. Na Tabela 18 são<br />
mostrados os resultados da consistência dos concretos sem alteração do teor <strong>de</strong> pasta<br />
das misturas.<br />
TABELA 18 – ABATIMENTO DOS CONCRETOS SEM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA DAS MISTURAS.<br />
Mistura Abatimento (cm)<br />
CCV 2,0<br />
CAD 28 2,5<br />
CAD 30 3<br />
CAD 32 4,5<br />
CAD 34 0<br />
CAD 40 2<br />
87
Na Figura 16, percebe-se que há pouca alteração nos valores <strong>de</strong> consistência<br />
dos concretos com o incremento <strong>de</strong> aditivo e aumento <strong>de</strong> relação água/cimento, para<br />
todas as misturas, quando comparadas com o CCV.<br />
Abatimento (cm)<br />
5<br />
4,5<br />
4<br />
3,5<br />
3<br />
2,5<br />
2<br />
1,5<br />
1<br />
0,5<br />
0<br />
2<br />
2,5<br />
3<br />
4,5<br />
CCV CAD 28 CAD 30 CAD 32 CAD 34 CAD 40<br />
Mistura<br />
FIGURA 16 – CONSISTÊNCIA DOS CONCRETOS SEM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA DAS MISTURAS.<br />
Durante a confecção dos concretos, verificou-se que a mistura CAD 32<br />
apresentava maior plasticida<strong>de</strong> que as <strong>de</strong>mais. As superfícies dos topos dos corpos-<strong>de</strong>-<br />
prova podiam ser acabadas com maior facilida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong>.<br />
A mistura CAD 34 não apresentou abatimento. Esse fato po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado<br />
como um erro no proporcionamento dos materiais ou <strong>de</strong> execução do ensaio, pois para<br />
esta relação água/cimento este concreto <strong>de</strong>veria apresentar um abatimento maior. Esse<br />
fato comprova-se com o resultado obtido na mistura CAD 32 e CAD 40, as quais<br />
apresentaram, respectivamente, 4,5 cm e 2 cm <strong>de</strong> abatimento.<br />
Objetivando uma mistura mais trabalhável, adicionou-se à mistura do concreto<br />
CAD 32 quatro teores <strong>de</strong> pasta diferentes, sendo estes: 0, 5, 10 e 15%, além do<br />
<strong>de</strong>terminado pelo ensaio <strong>de</strong> consistência normal.<br />
Observou-se que os concretos com relação água cimento igual a 0,32, com o<br />
uso <strong>de</strong> aditivo superplastificante, porém com um consumo <strong>de</strong> pasta no limite <strong>de</strong> 5%<br />
além do <strong>de</strong>terminado pelo ensaio <strong>de</strong> consistência normal, apresentaram pouca<br />
0<br />
2<br />
88
trabalhabilida<strong>de</strong> e excessiva coesão. Já os concretos com porcentagem <strong>de</strong> pasta<br />
superior a 10% da <strong>de</strong>terminada pelo ensaio apresentaram um abatimento elevado, com<br />
boa trabalhabilida<strong>de</strong> e uma coesão não muito acentuada. Os concretos com15 % a mais<br />
<strong>de</strong> pasta apresentaram elevadíssimo abatimento, apresentando início <strong>de</strong> segregação dos<br />
materiais. Essa segregação é <strong>de</strong>vida ao aumento do teor <strong>de</strong> argamassa da mistura. Na<br />
Tabela 19, são apresentados os resultados obtidos no ensaio <strong>de</strong> consistência das<br />
misturas com variação no teor <strong>de</strong> pasta. Notam-se valores bem mais elevados para o<br />
CAD 32 10 e CAD 32 15.<br />
TABELA 19 – ABATIMENTO DOS CONCRETOS COM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA DAS MISTURAS.<br />
Mistura Abatimento (cm)<br />
CAD 32 0 3<br />
CAD 32 5 4<br />
CAD 32 10 20,5<br />
CAD 32 15 25,3<br />
No gráfico da Figura 17, verifica-se que com o incremento <strong>de</strong> pasta nas<br />
misturas houve um aumento muito significativo da consistência. Isso reforça o fato <strong>de</strong><br />
que as quantida<strong>de</strong>s relativas <strong>de</strong> pasta e <strong>de</strong> agregado graúdo influenciam na consistência<br />
dos concretos.<br />
Abatimento (cm)<br />
30<br />
25<br />
20<br />
15<br />
10<br />
5<br />
0<br />
3<br />
4<br />
20,5<br />
25,3<br />
0 1 2 3 4 5<br />
Mistura<br />
FIGURA 17 – ABATIMENTO DOS CONCRETOS COM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA DAS MISTURAS.<br />
89
Na Figura 17 po<strong>de</strong>-se verificar a gran<strong>de</strong> variação do abatimento com o aumento<br />
do teor <strong>de</strong> pasta das misturas. Quando esse aumento é <strong>de</strong> apenas 5% a variação do<br />
abatimento é pequena, porém aumentando-se esse teor para 10% há uma gran<strong>de</strong><br />
variação do abatimento da mistura, alterando também as proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> coesão e<br />
trabalhabilida<strong>de</strong>. Quando adicionados 15% <strong>de</strong> pasta à mistura, nota-se que o<br />
abatimento não tem um aumento significativo, quando comparado com um teor <strong>de</strong><br />
pasta <strong>de</strong> 10%, porém a coesão é bem reduzida e a mistura apresenta início <strong>de</strong><br />
segregação.<br />
A variação do abatimento dos concretos, com e sem aumento <strong>de</strong> pasta, po<strong>de</strong> ser<br />
melhor visualizada nas Figuras 18 e 19. No Anexo 3, é mostrado o ensaio <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> consistência <strong>de</strong> outras misturas.<br />
FIGURA 18 – ABATIMENTO DA MISTURA SEM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA (CAD 32).<br />
90
FIGURA 19 – ABATIMENTO DA MISTURA COM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA (CAD 32 15).<br />
5.2.2 Teor <strong>de</strong> Ar Incorporado<br />
Quando se trabalha com aditivo superplastificante na confecção dos concretos,<br />
existe uma preocupação muito gran<strong>de</strong> com o teor <strong>de</strong> ar incorporado nas misturas. Em se<br />
tratando <strong>de</strong> um concreto com elevada resistência à abrasão, esta preocupação aumenta<br />
consi<strong>de</strong>ravelmente. Procurou-se <strong>de</strong>terminar o melhor concreto resistente à abrasão, ou<br />
seja, o mais compacto com menor volume <strong>de</strong> vazios. Sabe-se que os CADs apresentam<br />
maior teor <strong>de</strong> ar incorporado que os CCVs, porém, pelo ensaio <strong>de</strong> ar incorporado o CCV<br />
apresentou um teor <strong>de</strong> 3%. Esse valor elevado é <strong>de</strong>corrente da dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
a<strong>de</strong>nsamento <strong>de</strong>ste concreto, que <strong>de</strong>ixou um volume <strong>de</strong> vazios, também elevado, entre<br />
os agregados graúdos durante o a<strong>de</strong>nsamento, <strong>de</strong>corrente da pequena quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
pasta e baixa relação água/cimento, que reduziram a trabalhabilida<strong>de</strong> da mistura. O<br />
Anexo 4 traz as tabelas com os dados dos ensaios do teor <strong>de</strong> ar incorporado.<br />
91
O CAD 32 apresentou menor teor <strong>de</strong> ar incorporado durante a mistura,<br />
conforme po<strong>de</strong> ser verificado na Figura 20. O material possui uma maior compacida<strong>de</strong><br />
e conseqüentemente elevada resistência à abrasão, comparada às <strong>de</strong>mais misturas<br />
efetuadas.<br />
Teor <strong>de</strong> ar incorporado (%)<br />
3,5<br />
3<br />
2,5<br />
2<br />
1,5<br />
1<br />
3<br />
2,45<br />
CCV CAD<br />
28<br />
2,95<br />
CAD<br />
30<br />
Mistura<br />
FIGURA 20 – TEOR DE AR INCORPORADO DOS CONCRETOS SEM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA.<br />
1,4<br />
CAD<br />
32<br />
1,78<br />
CAD<br />
34<br />
1,8<br />
CAD<br />
40<br />
Para as misturas com alteração da pasta, o teor <strong>de</strong> ar teve pequenas alterações e<br />
um pequeno aumento com o incremento <strong>de</strong> pasta à mistura. Com a mistura CAD 32 15<br />
foi obtido o ponto máximo do teor <strong>de</strong> ar incorporado. Tal fato é <strong>de</strong>vido ao elevado teor<br />
<strong>de</strong> aditivo da mistura. A mistura CAD 32 0 <strong>de</strong>terminou o ponto mínimo. Nas <strong>de</strong>mais<br />
misturas, CAD 32 5 e CAD 32 10, o teor <strong>de</strong> ar manteve-se praticamente igual. O<br />
aumento do teor <strong>de</strong> ar incorporado nas misturas é maior quanto maior o volume <strong>de</strong><br />
pasta e, conseqüentemente, tem-se aumento do teor <strong>de</strong> aditivo superplastificante. Foi<br />
<strong>de</strong>tectada uma tendência linear com o incremento da pasta, conforme visualizado no<br />
gráfico da Figura 21.<br />
92
Teor <strong>de</strong> ar incorporado (%)<br />
4<br />
3,5<br />
3<br />
2,5<br />
2<br />
1,5<br />
1<br />
0,5<br />
0<br />
1,6<br />
2,1<br />
0 1 2 3 4 5<br />
Mistura<br />
FIGURA 21 – TEOR DE AR INCORPORADO DOS CONCRETOS COM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA.<br />
5.2.3 Massa Específica<br />
A massa específica real dos CADs é um pouco maior que a massa específica do<br />
concreto convencional. Essa afirmação é confirmada na Figura 22, on<strong>de</strong> o CAD<br />
apresentou valores superiores <strong>de</strong> massa específica em relação ao CCV. Essa diferença<br />
do valor da massa específica do CCV e do CAD, ambos confeccionados com os<br />
mesmos materiais, é <strong>de</strong>vido ao CAD possuir sílica ativa, teores mais altos <strong>de</strong> cimento e<br />
menos água na sua mistura.<br />
Massa específica (Kg/dm3)<br />
2,58<br />
2,56<br />
2,54<br />
2,52<br />
2,5<br />
2,48<br />
2,46<br />
2,44<br />
2,42<br />
2,4<br />
2,46<br />
2,5<br />
2,56<br />
2,3<br />
2,53<br />
3,5<br />
2,51<br />
2,57<br />
CCV CAD 28 CAD 30 CAD 32 CAD 34 CAD 40<br />
Mistura<br />
FIGURA 22 – MASSA ESPECÍFICA DAS MISTURAS SEM ALTERAÇÃO DA PASTA.<br />
93
Com a alteração do teor <strong>de</strong> pasta, a massa específica dos concretos mostrou<br />
ligeira elevação. No gráfico apresentado na Figura 23 são mostradas as alterações da<br />
massa específica em função do teor <strong>de</strong> pasta das misturas <strong>de</strong> CAD.<br />
Massa específica (Kg/dm3)<br />
2,62<br />
2,6<br />
2,58<br />
2,56<br />
2,54<br />
2,52<br />
2,5<br />
2,48<br />
2,54<br />
2,53<br />
2,6<br />
2,55<br />
CAD 32 0 CAD 32 5 CAD 32 10 CAD 32 15<br />
Mistura<br />
FIGURA 23 – MASSA ESPECÍFICA DAS MISTURAS COM ALTERAÇÃO DA PASTA<br />
5.2.4 Teor <strong>de</strong> Ar x Massa Específica<br />
No gráfico da Figura 24, são apresentados os resultados comparativos entre a<br />
massa específica e o teor <strong>de</strong> ar incorporado das misturas sem alteração do teor <strong>de</strong><br />
pasta, confirmando as afirmações encontradas nas bibliografias (AÏTCIN, 2000).<br />
Verifica-se uma linearida<strong>de</strong> nos resultados <strong>de</strong> massa específica, enquanto que para os<br />
teores <strong>de</strong> ar há uma gran<strong>de</strong> variação dos resultados. A mistura CAD 32 apresenta uma<br />
discrepância maior dos resultados.<br />
94
3,5<br />
3<br />
2,5<br />
2<br />
1,5<br />
1<br />
CCV CAD 28 CAD 30 CAD 32 CAD 34 CAD 40<br />
Misturas<br />
Massa Específica Kg/dm3<br />
Teor <strong>de</strong> ar %<br />
Linear (Massa Específica<br />
Kg/dm3)<br />
Linear (Teor <strong>de</strong> ar %)<br />
FIGURA 24 – MASSA ESPECÍFICA E TEOR DE AR INCORPORADO: MISTURAS SEM ALTERAÇÃO DE PASTA.<br />
Na Figura 25 é mostrado o gráfico das misturas com alteração <strong>de</strong> pasta para as<br />
proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> massa específica e ar incorporado. Observa-se que a massa específica<br />
praticamente se manteve constante sem tendência à diminuição, enquanto que o teor<br />
<strong>de</strong> ar incorporado teve um aumento com o acréscimo <strong>de</strong> pasta. Este fato está <strong>de</strong> acordo<br />
com a literatura (AÏTCIN, 2000). O teor <strong>de</strong> ar é pequeno para correspon<strong>de</strong>r a gran<strong>de</strong>s<br />
alterações na massa específica.<br />
No gráfico, verifica-se que para o incremento <strong>de</strong> pasta <strong>de</strong> 0 a 5% e 5 % a 10% o<br />
teor <strong>de</strong> ar teve uma variação positiva <strong>de</strong> 0,2% e a massa específica uma variação<br />
negativa <strong>de</strong> 0,07 kg/dm 3 . Já para o intervalo do teor <strong>de</strong> pasta <strong>de</strong> 10% a 15% a variação<br />
do teor <strong>de</strong> ar foi <strong>de</strong> 1,2% e a variação da massa específica foi <strong>de</strong> apenas 0,05 kg/dm 3 .<br />
95
4<br />
3,5<br />
3<br />
2,5<br />
2<br />
1,5<br />
1<br />
CAD 32 0 CAD 32 5 CAD 32 10 CAD 32 15<br />
Misturas<br />
Massa Específica kg/dm3,<br />
Ar incorporado %,<br />
Linear (Massa Específica<br />
kg/dm3,)<br />
Linear (Ar incorporado %,)<br />
FIGURA 25 – MASSA ESPECÍFICA E TEOR DE AR INCORPORADO: MISTURAS COM ALTERAÇÃO DE<br />
PASTA.<br />
96
5.3 ENSAIOS NO CONCRETO ENDURECIDO<br />
Objetivando validar a pesquisa e esten<strong>de</strong>r as informações quanto a resistência<br />
mecânica dos concretos produzidos, <strong>de</strong>senvolveu-se para todas as misturas, no estado<br />
endurecido, os ensaios <strong>de</strong> compressão axial simples, módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong>,<br />
resistência à abrasão e resistência à tração por compressão diametral. Para avaliar a<br />
resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rências das misturas, realizou-se o referido ensaio em laboratório,<br />
somente nos concretos com variação do teor <strong>de</strong> pasta.<br />
5.3.1 Resistência à Compressão<br />
A resistência à compressão do CCV obtida aos 28 dias, apresentou ótimos<br />
resultados, chegando a alcançar 40,5 MPa. Tal fato <strong>de</strong>corre da baixa relação<br />
água/cimento empregada na confecção da mistura, do alto teor <strong>de</strong> cimento e alta<br />
compacida<strong>de</strong> da pasta. Observou-se que, para o CAD 28, a resistência à compressão<br />
teve um aumento <strong>de</strong> 8,3% com relação ao CCV. Para as <strong>de</strong>mais misturas a resistência<br />
à compressão apresentou variação muito discrepante, conforme mostrado na Figura 26.<br />
O incremento <strong>de</strong> aditivo na confecção do CAD, quando comparado com o CCV,<br />
possibilitou a redução da relação água/cimento com um consi<strong>de</strong>rável aumento da<br />
resistência à compressão. Na Figura 26, observa-se que as misturas apresentaram um<br />
pico <strong>de</strong> resistência, centrado na mistura CAD 32. Percebe-se que ao aumentar a<br />
relação água/cimento das misturas do CAD <strong>de</strong> 0,32 para 0,34 e 0,40 a resistência à<br />
compressão teve uma queda <strong>de</strong> 17,12% e 54,3% respectivamente.<br />
97
Resistência à compressão (MPa)<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
CCV 32 CAD 28 CAD 30 CAD 32 CAD 34 CAD 40<br />
Mistura<br />
3 dias<br />
7 dias<br />
28 dias<br />
FIGURA 26 – RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DAS MISTURAS SEM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA.<br />
Analisando o respectivo gráfico, verifica-se que para uma mesma relação<br />
água/cimento, no caso CCV 32 e CAD 32, a resistência à compressão teve um<br />
aumento muito significativo, cerca <strong>de</strong> 33%. Esse aumento é explicado pela utilização<br />
no CAD 32 <strong>de</strong> sílica ativa e aditivo superplastificante, on<strong>de</strong> a primeira, por ser um<br />
material muito fino, age como efeito fíler, preenchendo os vazios do concreto,<br />
aumentando sua compacida<strong>de</strong> e conseqüentemente sua resistência mecânica. O aditivo<br />
superplastificante proporcionou à mistura uma trabalhabilida<strong>de</strong> igual ao concreto sem<br />
aditivo, mas vale observar que o CAD possui um teor <strong>de</strong> fino maior que o CCV,<br />
<strong>de</strong>mandando uma maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água para a obtenção da mesma<br />
trabalhabilida<strong>de</strong> do CCV. Logo, o aditivo superplastificante auxiliou na obtenção da<br />
trabalhabilida<strong>de</strong> do CAD 32, agindo como um aditivo redutor <strong>de</strong> água conferindo o<br />
aumento da resistência.<br />
Fazendo a análise da superfície <strong>de</strong> fratura <strong>de</strong>stas misturas po<strong>de</strong>-se perceber uma<br />
diferença na forma <strong>de</strong> ruptura entre o CCV e as misturas do CAD. Analisando a<br />
superfície <strong>de</strong> fratura do CCV 32, o rompimento ocorreu, em gran<strong>de</strong> parte, na interface<br />
agregado/pasta, enquanto que no CAD a ruptura se <strong>de</strong>u no agregado, na pasta <strong>de</strong><br />
cimento e na interface agregado/pasta. Esse fato confirma o fortalecimento da pasta <strong>de</strong><br />
cimento nas misturas <strong>de</strong> CAD, <strong>de</strong>corrente da adição da sílica ativa aos concretos,<br />
98
afirmação muito evi<strong>de</strong>nciada nas bibliografias (NEVILLE, 1997 e AÏTCIN, 2000).<br />
Partindo para a análise das misturas <strong>de</strong> CAD 32 com alteração do teor <strong>de</strong> pasta,<br />
observa-se que para o incremento <strong>de</strong> pasta há um pequeno aumento da resistência à<br />
compressão em todas as ida<strong>de</strong>s, conforme mostrado na Figura 27.<br />
Resistência à Compressão (MPa)<br />
65<br />
60<br />
55<br />
50<br />
45<br />
40<br />
35<br />
30<br />
CAD 32 0 CAD 32 5 CAD 32 10 CAD 32 15<br />
Mistura<br />
3 dias<br />
7 dias<br />
28 dias<br />
FIGURA 27 – RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DAS MISTURAS COM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA.<br />
Porém, o fator prepon<strong>de</strong>rante nesta análise é a consistência da mistura em<br />
função da resistência à compressão. Pelo gráfico da Figura 28 observa-se que em<br />
ambos os parâmetros analisados, os resultados foram melhores no CAD 32 10 e CAD<br />
32 15, sendo a resistência à compressão em torno <strong>de</strong> 60,6 Mpa e 62,8 MPa, e a<br />
consistência <strong>de</strong> 205 mm e 253 mm, respectivamente. Percebe-se que para a mistura<br />
CAD 32 15 o incremento <strong>de</strong> resistência é muito pequeno quando comparado com a<br />
mistura CAD 32 10, porém, verificando-se a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> consistência, este<br />
concreto apresentou início <strong>de</strong> segregação e elevada flui<strong>de</strong>z, não sendo recomendado<br />
seu uso para reparos em estruturas <strong>de</strong> concreto sujeitas ao <strong>de</strong>sgaste superficial.<br />
99
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
3<br />
61,4 60,5 60,6<br />
4<br />
Consistência (cm)<br />
Resistência à Compressão (Mpa)<br />
CAD 32 0 CAD 32 5 CAD 32 10 CAD 32 15<br />
Misturas<br />
FIGURA 28– RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO EM FUNÇÃO DA CONSISTÊNCIA: MISTURAS COM<br />
ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA.<br />
O concreto com incremento <strong>de</strong> 5% <strong>de</strong> pasta, o CAD 32 5 apresentou ótima<br />
resistência à compressão 60,5 MPa. Quanto ao quesito <strong>de</strong> trabalhabilida<strong>de</strong>, o CAD 32<br />
5 não aten<strong>de</strong>u as expectativas, apresentou consistência muito seca, em torno <strong>de</strong> 40<br />
mm, possuindo dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>nsamento e acabamento superficial. A mesma<br />
análise é válida para a mistura CAD 32 0.<br />
Na Figura 29 é mostrada a superfície <strong>de</strong> fratura <strong>de</strong> um corpo-<strong>de</strong>-prova à<br />
compressão aos 28 dias <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, da mistura CAD 32 10%. Po<strong>de</strong>-se perceber que o<br />
rompimento se <strong>de</strong>u no agregado graúdo, na interface agregado graúdo x pasta e na<br />
pasta <strong>de</strong> cimento.<br />
20,5<br />
25,3<br />
62,8<br />
100
FIGURA 29 – ENSAIO À COMPRESSÃO AXIAL SIMPLES DA MISTURA CAD 32 10.<br />
5.3.2 Resistência à Tração<br />
A <strong>de</strong>terminação da resistência à tração por compressão diametral é um modo<br />
indireto <strong>de</strong> se <strong>de</strong>terminar à resistência à tração dos concretos. Para o CAD essa<br />
proprieda<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>terminada pelo ensaio <strong>de</strong> compressão diametral sem maiores<br />
dificulda<strong>de</strong>s, visto que po<strong>de</strong>m ser usados os mesmos dispositivos <strong>de</strong> ensaio do CCV. A<br />
<strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> uma relação entre resistência à tração e resistência à compressão no<br />
CAD é um tanto difícil <strong>de</strong> ser obtida. Esse fato é <strong>de</strong>vido às misturas dos CADs<br />
possuírem uma variação muito gran<strong>de</strong> da relação água/cimento e <strong>de</strong> resistência à<br />
compressão.<br />
No gráfico da Figura 30 po<strong>de</strong> se observar a variação da resistência à tração do<br />
CAD e, quando comparada com a resistência à compressão (já mostrada na Figura 26),<br />
a relação resistência à tração/resistência à compressão geralmente não aten<strong>de</strong> à relação<br />
válida para o concreto convencional, on<strong>de</strong> a resistência à tração correspon<strong>de</strong> em média<br />
101
a um décimo da resistência à compressão axial. Para o CAD essa relação varia em<br />
escala muito gran<strong>de</strong> e, afirmar que a resistência à tração vale um décimo da resistência<br />
à compressão po<strong>de</strong> incorrer em um erro <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação, o que confirma as<br />
informações já discutidas nas literaturas <strong>de</strong> CAD (AÏTCIN, 2000; DAL MOLIN 1995,<br />
AMARAL FILHO, 2000).<br />
Resistência à tração (MPa)<br />
4,8<br />
4,6<br />
4,4<br />
4,2<br />
4<br />
3,8<br />
3,6<br />
3,4<br />
3,2<br />
3<br />
3,92<br />
4,05<br />
3,59<br />
4,16<br />
4,41<br />
CCV 32 CAD 28 CAD 30 CAD 32 CAD 34 CAD 40<br />
Mistura<br />
FIGURA 30 – RESISTÊNCIA À TRAÇÃO: MISTURAS SEM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA.<br />
Para as misturas com alteração do teor <strong>de</strong> pasta, como mostrado no gráfico da<br />
Figura 31, não se tem uma correlação entre o incremento <strong>de</strong> pasta e o incremento <strong>de</strong><br />
resistência à tração. Na Figura 32 é mostrada a disposição <strong>de</strong> um dos corpos-<strong>de</strong>-prova<br />
submetidos ao ensaio <strong>de</strong> resistência à tração por compressão diametral.<br />
3,54<br />
102
Resistência à tração (MPa)<br />
5,5<br />
5<br />
4,5<br />
4<br />
3,5<br />
3<br />
4,78<br />
3,78<br />
4,6<br />
4,67<br />
CAD 32 0 CAD 32 5 CAD 32 10 CAD 32 15<br />
Mistura<br />
FIGURA 31 – RESISTÊNCIA À TRAÇÃO: MISTURAS COM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA.<br />
FIGURA 32 – ENSAIO DE RESISTÊNCIA À TRAÇÃO.<br />
103
5.3.3 Módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong><br />
Para as misturas confeccionadas, o módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> dos CADs teve o<br />
mesmo <strong>de</strong>sempenho que os apresentados na literatura (NEVILLE, 1997; ANDRIOLO,<br />
1984 E TORALLES CARBONARI, 1996). Percebe-se pelo gráfico da Figura 33 que o<br />
módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> é menor para o CAD quando este é comparado com o CCV.<br />
Tal fato é <strong>de</strong>vido ao CAD possuir uma alta rigi<strong>de</strong>z, ocasionando um módulo <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>formação com intensida<strong>de</strong> menor. Pela análise do módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> médio dos<br />
CADs (36939 MPa) com um <strong>de</strong>svio padrão <strong>de</strong> 7073 (MPa), quando este é comparado<br />
com o CCV, verificou-se uma queda <strong>de</strong> 22,7% da sua intensida<strong>de</strong>.<br />
A mistura CAD 30 apresentou um pico <strong>de</strong> mínimo em torno <strong>de</strong> 62% do valor do<br />
módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> do CCV. Esse valor discrepante não <strong>de</strong>finiu com clareza o real<br />
valor do módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta mistura. Po<strong>de</strong>m estar associados a esse resultado<br />
,alguns erros <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação como falhas nos equipamentos <strong>de</strong> leitura, não aferição<br />
dos relógios comparadores e ou, até mesmo, influência do operador.<br />
Módulo <strong>de</strong> Elasticida<strong>de</strong> aos 28 dias (MPa)<br />
50000<br />
40000<br />
30000<br />
20000<br />
47780<br />
42823<br />
29653<br />
35496<br />
47681<br />
42541<br />
CCV 32 CAD 28 CAD 30 CAD 32 CAD 34 CAD 40<br />
Mistura<br />
FIGURA 33 – MÓDULO DE ELASTICIDADE: MISTURAS SEM ALTERAÇÃO DA PASTA.<br />
104
O gráfico da Figura 33 também apresenta um ponto <strong>de</strong> máximo situado na<br />
mistura CAD 34, cujo valor quase se assemelha ao CCV, ficando apenas 0,2% abaixo<br />
do seu valor máximo. Nenhum fator foi atribuído a esta elevação, pois comparado com<br />
os <strong>de</strong>mais traços não houve variações perceptíveis na composição para esse aumento<br />
tão significativo.<br />
Na Figura 34 é mostrado um corpo-<strong>de</strong>-prova da mistura CAD 32, sendo<br />
submetido ao ensaio <strong>de</strong> módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong>. Para essa <strong>de</strong>terminação, usou-se<br />
somente relógios comparadores.<br />
FIGURA 34 – ENSAIO DE MÓDULO DE ELASTICIDADE.<br />
Para as misturas com alteração do teor <strong>de</strong> pasta, conforme gráfico apresentado<br />
na Figura 35, o módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> apresentou valores menos discrepantes do que<br />
para as misturas sem alteração do teor <strong>de</strong> pasta. O CAD 32 5 representa o ponto <strong>de</strong><br />
máximo com 4,36% acima da média, e a mistura CAD 32 10 apresentou o ponto <strong>de</strong><br />
mínimo com 6,94% abaixo da média.<br />
105
Módulo <strong>de</strong> Elasticida<strong>de</strong> ao 28 dias(MPa)<br />
60000<br />
50000<br />
40000<br />
30000<br />
20000<br />
51042<br />
52426<br />
48789 48312<br />
CAD 32 0 CAD 32 5 CAD 32 10 CAD 32 15<br />
Mistura<br />
FIGURA 35 – MÓDULO DE ELASTICIDADE: MISTURAS COM ALTERAÇÃO DA PASTA.<br />
Os resultados do módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> das misturas com alteração <strong>de</strong> pasta<br />
não alteraram em função do incremento <strong>de</strong> pasta.<br />
5.3.4 Resistência à Abrasão<br />
Com base nos resultados e dados da literatura (AMARAL FILHO, 2000), po<strong>de</strong>-<br />
se afirmar que o CAD é mais resistente à abrasão que o CCV. O gráfico da Figura 36<br />
<strong>de</strong>ixa bem explícita essa afirmação. Para o CCV obteve-se um <strong>de</strong>sgaste abrasivo <strong>de</strong><br />
4,9%, enquanto para a mistura CAD 28, <strong>de</strong> valor mais elevado, apresentou um<br />
<strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> 2,93% totalizando, 1,97% <strong>de</strong> diferença.<br />
106
Perda <strong>de</strong> massa (%)<br />
6<br />
5<br />
4<br />
3<br />
2<br />
1<br />
0<br />
4,9<br />
2,93<br />
2,5<br />
1,3<br />
1,78 1,9<br />
0 2 4 6 8<br />
Mistura<br />
FIGURA 36 – PERDA DE MASSA DAS MISTURAS SEM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA.<br />
A mistura CAD 32 apresentou menor <strong>de</strong>sgaste superficial, e foi a escolhida para<br />
a análise com alteração do teor <strong>de</strong> pasta, pois o intuito maior <strong>de</strong>ste trabalho<br />
compreendia a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> um concreto resistente à abrasão, o que fez esta<br />
característica ser prepon<strong>de</strong>rante na análise prévia dos resultados <strong>de</strong>ste experimento. O<br />
fato <strong>de</strong>sta mistura ter apresentado menos <strong>de</strong>sgaste superficial, 1,25% abaixo da média,<br />
está intimamente ligado à compacida<strong>de</strong> da pasta bem como ao melhor<br />
proporcionamento dos materiais. Vale lembrar que esta mistura apresentou resultados<br />
satisfatórios no que tange a resistência à compressão e consistência.<br />
Pelos resultados obtidos, notou-se que a resistência à abrasão do CAD parece<br />
não ter sofrido influência da relação água/cimento, mas, como <strong>de</strong>scrito no parágrafo<br />
anterior, a um melhor proporcionamento dos materiais.<br />
Um ponto <strong>de</strong> análise importante é a influência da sílica ativa na resistência à<br />
abrasão dos concretos. Comparando-se os resultados das misturas <strong>de</strong> mesma relação<br />
água/cimento CCV 32 (sem sílica ativa) e CAD 32 (com sílica ativa), fica bem nítida a<br />
influência <strong>de</strong>sta adição na resistência à abrasão dos concretos. Sua presença no<br />
concreto analisado aumentou em 37,6% a resistência ao <strong>de</strong>sgaste superficial.<br />
AMARAL FILHO (1997), afirmou que a sílica ativa aumenta a compacida<strong>de</strong> dos<br />
concretos e conseqüentemente a durabilida<strong>de</strong> dos mesmos.<br />
Para as misturas com alteração do teor <strong>de</strong> pasta os valores <strong>de</strong> resistência à<br />
abrasão tiveram pequenas variações com o incremento <strong>de</strong> pasta, conforme Figura 37.<br />
107
A mistura CAD 32 10 teve o menor <strong>de</strong>sgaste abrasivo correspon<strong>de</strong>ndo a 13% abaixo<br />
do valor médio, sendo o valor médio 1,295%. As <strong>de</strong>mais misturas apresentaram uma<br />
leve tendência na redução da resistência à abrasão com o incremento do teor <strong>de</strong> pasta.<br />
A maior variação obtida para estas três misturas foi a do CAD 32 15, que obteve uma<br />
redução <strong>de</strong> resistência <strong>de</strong> 9,1 % com relação ao valor médio.<br />
Perda <strong>de</strong> massa (%)<br />
1,5<br />
1,4<br />
1,3<br />
1,2<br />
1,1<br />
1<br />
0,9<br />
0,8<br />
1,37<br />
1,42<br />
0,96<br />
1,43<br />
0 1 2 3 4 5<br />
Mistura<br />
FIGURA 37 – PERDA DE MASSA DAS MISTURAS COM ALTERAÇÃO DO TEOR DE PASTA.<br />
A Figura 38 apresenta dois corpos-<strong>de</strong>-prova submetidos ao ensaio <strong>de</strong> resistência<br />
à abrasão. O espécime da direita correspon<strong>de</strong> ao CCV e o da esquerda ao CAC 32 10,<br />
pela figura percebe-se o nível do <strong>de</strong>sgaste apresentado pelas duas misturas. Fica claro<br />
que o CAD apresenta maior resistência à abrasão que o CCV.<br />
FIGURA 38 – CORPOS-DE-PROVA COM A SUPERFÍCIE DESGASTADA NO ENSAIO DE ABRASÃO.<br />
108
A Figura 39 mostra vários corpos-<strong>de</strong>-prova após o ensaio <strong>de</strong> abrasão. Os <strong>de</strong>mais<br />
exemplos dos ensaios, bem como as tabelas dos resultados, encontram-se no Anexo 5.<br />
FIGURA 39 – CORPOS-DE-PROVA DESGASTADOS POR ABRASÃO.<br />
5.3.5 Resistência <strong>de</strong> A<strong>de</strong>rência<br />
Para esta proprieda<strong>de</strong> do CAD no estado endurecido, foram analisadas somente<br />
as misturas com alteração <strong>de</strong> pasta, variando o acabamento da superfície a ser<br />
reparada. Verificou-se a influência da superfície <strong>de</strong> reparo na resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência.<br />
Os resultados obtidos comprovam que quanto mais rugosa for a superfície a ser<br />
reparada maior a resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência.<br />
Verificou-se que o incremento <strong>de</strong> pasta não proporciona um mesmo incremento<br />
<strong>de</strong> resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência. A Figura 40 mostra que a mistura CAD 32 10 possui maior<br />
resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência num total <strong>de</strong> 14% acima da média e, a mistura <strong>de</strong> valor<br />
mínimo, CAD 32 15 apresentou um valor <strong>de</strong> 19,4% abaixo da média.<br />
109
Resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência média (MPa)<br />
10,0<br />
9,0<br />
8,0<br />
7,0<br />
6,0<br />
5,0<br />
4,0<br />
3,0<br />
CAD 32 0 CAD 32 5 CAD 32 10 CAD 32 15<br />
Corpos <strong>de</strong> prova<br />
FIGURA 40 – VALORES MÉDIOS DE RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA PARA SUPERFÍCIE NÃO PREPARADA.<br />
Com os dados obtidos para as misturas, aplicadas sem o preparo da superfície,<br />
não foi possível obter um parâmetro confiável da influência do incremento <strong>de</strong> pasta na<br />
resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência.<br />
Fazendo a análise dos resultados médios das misturas aplicadas em superfícies<br />
preparadas, os dados convergiram para resultados semelhantes aos encontrados nas<br />
misturas aplicadas com a superfície não preparada. Porém, o incremento <strong>de</strong> resistência<br />
<strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência foi muito maior para essas misturas. Como po<strong>de</strong> se visto na Figura 41, a<br />
mistura CAD 32 10 apresentou os melhores resultados, com uma resistência superior a<br />
13% dos resultados médios e a mistura CAD 32 15 apresentou uma redução <strong>de</strong><br />
resistência, com base nos valores médios, <strong>de</strong> 10,3%.<br />
110
Resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência média (MPa)<br />
12<br />
10<br />
8<br />
6<br />
4<br />
2<br />
0<br />
CAD 32 0 CAD 32 5 CAD 32 10 CAD 32 15<br />
Tipo do Concreto<br />
FIGURA 41 – VALORES MÉDIOS DE RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA PARA SUPERFÍCIE PREPARADA.<br />
Fazendo uma associação entre os dados das duas análises, nota-se que a mistura<br />
CAD 32 10 é ponto <strong>de</strong> pico do teor <strong>de</strong> pasta a ser incrementado nas misturas, pois,<br />
para misturas com menor ou maior teor <strong>de</strong> pasta, os resultados em termos <strong>de</strong><br />
resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência são inferiores a esta.<br />
Fazendo uma análise da forma <strong>de</strong> ruptura apresentada pelo ensaio <strong>de</strong><br />
arrancamento em cada mistura, notou-se que a gran<strong>de</strong> maioria das misturas, em torno<br />
<strong>de</strong> 65%, sofreram rompimento no CAD e os outros 35% apresentaram ruptura na base<br />
com CAD, conforme é mostrado nas Tabelas 20 e 21, analisando os dois tipos <strong>de</strong><br />
superfície: não preparada e preparada, respectivamente.<br />
TABELA 20 – DADOS DO ENSAIO DE RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA COM SUPERFÍCIE NÃO PREPARADA.<br />
Mistura Amostra I Amostra II Amostra III Amostra IV Amostra V Média<br />
Ruptura CAD CAD CAD CAD CAD<br />
CAD 32 0 6,89 6,98 7,05 7,29 7,65 7,2<br />
Ruptura B/C B/C B/C B/C B/C<br />
CAD 32 5 5,05 5,71 6,03 6,6 8,22 6,3<br />
Ruptura B/C CAD CAD CAD B/C<br />
CAD 32 10 7,04 7,05 7,2 7,54 8,55 7,5<br />
Ruptura CAD CAD CAD CAD CAD<br />
CAD 32 15 4,44 4,62 4,66 6,04 6,98 5,3<br />
Legenda: CAD = ruptura ocorreu no CAD<br />
B/C = ruptura ocorreu na base com o CAD<br />
111
TABELA 21 – DADOS DO ENSAIO DE RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA COM SUPERFÍCIE PREPARADA.<br />
Mistura Amostra I Amostra II Amostra III Amostra IV Amostra V Média<br />
Ruptura CAD CAD CAD CAD CAD<br />
CAD 32 0 7,27 8,1 9,25 9,3 10,25 8,834<br />
Ruptura B/C B/C B/C B/C B/C<br />
CAD 32 5 7,56 9,55 9,84 9,98 10,55 9,496<br />
Ruptura B/C CAD CAD CAD B/C<br />
CAD 32 10 9,01 9,98 10,62 10,95 11,93 10,498<br />
Ruptura CAD CAD CAD CAD CAD<br />
CAD 32 15 7,33 7,85 8,09 8,29 10,11 8,334<br />
Legenda: CAD = ruptura ocorreu no CAD<br />
B/C = ruptura ocorreu na base com o CAD<br />
Na Figura 42, são mostrados alguns corpos-<strong>de</strong>-prova da mistura CAD 32 15<br />
com superfície preparada. No Anexo 6, são apresentadas outras figuras dos<br />
procedimentos e da execução <strong>de</strong>ste ensaio.<br />
FIGURA 42 – ENSAIO DE ARRANCAMENTO: MISTURA CAD 32 15.<br />
Com relação à forma <strong>de</strong> rompimento, quando este acontecia na base com CAD,<br />
a primeira impressão é que este concreto possuía um elo muito fraco entre o reparo e a<br />
base. Porém, nota-se que para a mistura CAD 32 10 ocorreram rompimentos na<br />
112
interface CAD/base. Por outro lado, esta mistura apresentou os valores mais altos <strong>de</strong><br />
resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência. Atribuiu-se esse fato a alta resistência <strong>de</strong>ste concreto, ou<br />
ainda, a um erro <strong>de</strong> execução do reparo ou do ensaio.<br />
No gráfico da Figura 43 são apresentados todos os resultados do ensaio <strong>de</strong><br />
resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência das misturas aplicadas na superfície não preparada e, no<br />
gráfico da Figura 44, são apresentados os dados das misturas aplicadas em superfície<br />
preparada. Estes dados confirmam que a mistura CAD 32 10, para ambos os casos,<br />
apresentou maior <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência e a mistura CAD 32 15 os piores valores.<br />
Resistência <strong>de</strong> A<strong>de</strong>rência (MPa)<br />
10<br />
9<br />
8<br />
7<br />
6<br />
5<br />
4<br />
3<br />
I II III IV V<br />
Ciclo do ensaio<br />
I 32 0<br />
I 32 5<br />
I 32 10<br />
I 32 15<br />
FIGURA 43 - RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA PARA SUPERFÍCIE NÃO PREPARADA.<br />
Para as superfícies preparadas, o incremento <strong>de</strong> resistência foi <strong>de</strong> 29,3%. Um<br />
valor muito superior ao da superfície sem preparo, confirmando que quanto mais<br />
rugosa ou áspera for a superfície a ser reparada maior a resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência do<br />
concreto novo ao concreto velho.<br />
113
Resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência (Mpa)<br />
14<br />
12<br />
10<br />
8<br />
6<br />
4<br />
2<br />
0<br />
I II III IV V<br />
Ciclo do ensaio<br />
I 32 0<br />
I 32 5<br />
I 32 10<br />
I 32 15<br />
FIGURA 44 – RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA PARA SUPERFÍCIE PREPARADA.<br />
Na Figura 45, é apresentado o aparelho <strong>de</strong> ensaio <strong>de</strong> arrancamento ou <strong>de</strong><br />
a<strong>de</strong>rência, colocado sobre a laje <strong>de</strong> ensaio, pronta para fazer o arrancamento <strong>de</strong> um dos<br />
corpos-<strong>de</strong>-prova da mistura CAD 32 0 com superfície não preparada.<br />
FIGURA 45 – RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA: EXECUÇÃO DO ENSAIO.<br />
O ensaio <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência confirmou a mistura CAD 32 10 como a melhor <strong>de</strong>ntre as<br />
quatro analisadas neste estudo, sendo que a superfície preparada apresentou melhores<br />
resultados.<br />
114
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
Esta pesquisa teve como objetivo estudar um CAD que ofereça alta resistência à<br />
abrasão para uso em reparos <strong>de</strong> estruturas hidráulicas <strong>de</strong> concreto sujeitas ao <strong>de</strong>sgaste<br />
superficial.<br />
Segue abaixo as conclusões da pesquisa, as quais <strong>de</strong>vem ser tomadas <strong>de</strong> forma<br />
indicativa, pois se referem a resultados obtidos com materiais qualificados com<br />
características específicas e com técnicas <strong>de</strong>talhadas na pesquisa experimental.<br />
6.1 CONCLUSÃO<br />
Observando os dados apresentados no Capítulo 5, po<strong>de</strong>-se tirar algumas<br />
conclusões sobre concretos <strong>de</strong> alto <strong>de</strong>sempenho para utilização, como reparo, em<br />
estruturas <strong>de</strong> concreto sujeitas ao <strong>de</strong>sgaste superficial.<br />
que:<br />
Analisando a influência da sílica ativa na composição do CAD, foi observado<br />
- esta aumentou a resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência; e<br />
- <strong>de</strong>mandou mais água para a mistura, e também observou-se melhora nas<br />
proprieda<strong>de</strong>s mecânicas com o seu incremento.<br />
115
6.1.1 Teor <strong>de</strong> Pasta<br />
A variação do teor <strong>de</strong> pasta das misturas proporcionou uma variação muito<br />
gran<strong>de</strong> em algumas proprieda<strong>de</strong>s dos concretos. Durante os ensaios e <strong>de</strong>terminação da<br />
pesquisa experimental, procurou-se avaliar essas alterações para que as mesmas<br />
viessem a contribuir da forma mais correta possível nos resultados finais. Abaixo são<br />
apresentadas algumas consi<strong>de</strong>rações:<br />
- foi observado que o incremento <strong>de</strong> teor <strong>de</strong> pasta influencia na<br />
trabalhabilida<strong>de</strong> das misturas;<br />
- quanto maior o incremento <strong>de</strong> pasta maior o incremento <strong>de</strong> consistência;<br />
- misturas com elevado teor <strong>de</strong> pasta apresentaram segregação;<br />
- misturas com teor <strong>de</strong> pasta <strong>de</strong> 15%, além do <strong>de</strong>terminado pelo ensaio <strong>de</strong><br />
consistência normal, não apresentaram resultados satisfatórios <strong>de</strong><br />
resistência à abrasão e a<strong>de</strong>rência;<br />
- para o traço estudado, o teor <strong>de</strong> pasta <strong>de</strong>terminado como i<strong>de</strong>al pelos<br />
ensaios, não ofereceu trabalhabilida<strong>de</strong> satisfatória para as misturas;<br />
- para as proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> resistência à abrasão, a<strong>de</strong>rência, compressão e<br />
consistência, a mistura CAD 32 10 apresentou melhores resultados;<br />
- para a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência, por si só, não se po<strong>de</strong> confirmar a<br />
influência do teor <strong>de</strong> pasta das misturas.<br />
116
6.1.2 Resistência à Abrasão<br />
- A resistência à abrasão do CAD resultou mais elevada que a do concreto<br />
convencional, fato já <strong>de</strong>scrito nas literaturas consultadas;<br />
- A sílica ativa influenciou positivamente na resistência à abrasão;<br />
- a resistência à abrasão foi mais elevada para os concretos com maior<br />
resistência à compressão, fato também constatado na literatura pesquisada;<br />
- o incremento do teor <strong>de</strong> pasta não alterou significativamente a resistência à<br />
abrasão dos CADs;<br />
- a relação água/cimento afetou a resistência à abrasão, porém o melhor<br />
compromisso foi com a mistura “i<strong>de</strong>al” dos materiais;<br />
- para misturas com baixa relação água/cimento, a resistência à abrasão foi<br />
baixa <strong>de</strong>vido à dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>nsamento e acabamento superficial;<br />
- para misturas com relação água/cimento superior a 0,32 a resistência à<br />
abrasão diminuiu;<br />
- não se po<strong>de</strong> afirmar que com a redução ou aumento da relação<br />
água/cimento das misturas, a resistência à abrasão sofreu variações nas<br />
mesmas proporções;<br />
- a mistura CAD 32 10 apresentou excelentes resultados <strong>de</strong> resistência à<br />
abrasão;<br />
117
6.1.3 Resistência <strong>de</strong> A<strong>de</strong>rência<br />
Nesta etapa procurou-se avaliar, pelo ensaio <strong>de</strong> arrancamento, qual a mistura<br />
que apresentava resultados mais satisfatórios quanto à a<strong>de</strong>rência tanto em superfície<br />
lisa como em superfície preparada, avaliando-se a viabilida<strong>de</strong> e o incremento <strong>de</strong><br />
resistência para ambos os casos.<br />
Os resultados obtidos revelaram:<br />
6.1.4 Ensaios<br />
- a influência do acabamento da superfície <strong>de</strong> aplicação do reparo afetou os<br />
resultados <strong>de</strong> resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência, sendo maiores para superfícies,<br />
on<strong>de</strong> antes <strong>de</strong> se efetuar o reparo, fez-se um preparo <strong>de</strong>ixando a mesma o<br />
mais rugosa ou áspera possível;<br />
- o incremento do teor <strong>de</strong> pasta não influenciou nos resultados da resistência<br />
<strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência;<br />
- a mistura CAD 32 10, para as duas superfícies estudas, apresentou os<br />
maiores resultados;<br />
- a mistura CAD 32 15, para as duas superfícies estudadas, apresentou os<br />
piores resultados;<br />
- para a superfície preparada o incremento <strong>de</strong> resistência, com base nos<br />
valores médios, foi <strong>de</strong> 29,3% com relação à superfície não preparada.<br />
Verificou-se que o ensaio <strong>de</strong> resistência à abrasão não reproduziu com gran<strong>de</strong><br />
precisão a situação real, muitas vezes apresentando resultados incorretos ou<br />
incoerentes. Em virtu<strong>de</strong> disso, muitos ensaios foram repetidos a fim <strong>de</strong> confirmar<br />
dados citados na bibliografia.<br />
118
Para o ensaio <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência, o método é simples e o equipamento para a sua<br />
execução é muito prático e funcional. Um dos pontos que futuramente po<strong>de</strong>ria ser<br />
analisado é a influência do operador com relação à velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> carga e<br />
a influência do tipo <strong>de</strong> fixação da pastilha do equipamento na superfície estudada.<br />
Em função dos dados, po<strong>de</strong>-se afirmar que o CAD 32 10 é um concreto<br />
resistente à abrasão e apresenta ótima resistência <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência ao substrato,<br />
principalmente se a superfície a ser reparada não for totalmente lisa, po<strong>de</strong>ndo ser<br />
aplicado em reparos estruturais com estruturas sujeitas ao <strong>de</strong>sgaste abrasivo.<br />
6.2 SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS<br />
Com base nas observações obtidas no <strong>de</strong>senvolvimento da pesquisa, o Autor<br />
apresenta algumas sugestões para futuras pesquisas:<br />
- efetuar um estudo “in loco” a fim <strong>de</strong> confirmar os resultados obtidos em<br />
laboratório;<br />
- avaliar o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> outros traços <strong>de</strong> CAD para estruturas sujeitas ao<br />
<strong>de</strong>sgaste superficial;<br />
- <strong>de</strong>senvolver métodos <strong>de</strong> ensaio <strong>de</strong> resistência à abrasão, que se<br />
reproduzam <strong>de</strong> forma mais real o <strong>de</strong>sgaste superficial do que o método<br />
estudado;<br />
- avaliar a influência <strong>de</strong> outros teores <strong>de</strong> pasta nas misturas;<br />
- avaliar a influência dos agregados na resistência à abrasão das estruturas<br />
hidráulicas.<br />
119
7 GLOSSÁRIO<br />
Abatimento – Ensaio normalizado para a <strong>de</strong>terminação da medida da consistência do<br />
concreto fresco. Permite verificar se não há excesso ou falta <strong>de</strong> água no concreto.<br />
Abrasão - É a ação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste do material por fricção. No caso <strong>de</strong> estruturas<br />
hidráulicas é causada pela dinâmica do fluxo da água (GLOSSÁRIO DE GEOLOGIA,<br />
1979).<br />
Abrasivo – Material que produz <strong>de</strong>sgaste por choque ou atrito.<br />
Absorção – O processo pelo qual um líquido penetra e ten<strong>de</strong> a preencher os poros<br />
permeáveis <strong>de</strong> um corpo sólido poroso; o aumento <strong>de</strong> peso <strong>de</strong> um corpo sólido poroso,<br />
<strong>de</strong>corrente da penetração <strong>de</strong> um líquido em seus poros permeáveis.<br />
A<strong>de</strong>nsamento – Processo manual ou mecânico para compactar uma mistura <strong>de</strong><br />
concreto no estado fresco, com o intuito <strong>de</strong> eliminar vazios internos da mistura (bolhas<br />
<strong>de</strong> ar) ou facilitar a acomodação do concreto no interior das fôrmas.<br />
A<strong>de</strong>rência – A ligação ou fixação do concreto ou argamassa à armadura ou à outra<br />
superfície contra a qual é colocado; inclui o atrito <strong>de</strong>vido à retração e a cisalhamento<br />
longitudinal no concreto causado pelas saliências da armadura; a ligação da pasta <strong>de</strong><br />
cimento com o agregado.<br />
Aditivo – Termo, freqüentemente utilizado como sinônimo para outros materiais, que<br />
não água, agregados ou cimento hidráulico, usados como um componente <strong>de</strong> concreto<br />
ou argamassa e adicionados ao mesmo, durante ou imediatamente antes da mistura.<br />
Aglutinante – Materiais ligantes, como cimentos, produtos <strong>de</strong> cimento ou cal, ou<br />
materiais silicosos reativos; os tipos <strong>de</strong> cimentos e condições <strong>de</strong> cura comandam os<br />
vários tipos <strong>de</strong> ligantes; materiais tais como asfalto, resinas e outros que se constituam<br />
na matriz <strong>de</strong> concreto, argamassas e caldas.<br />
Agregado – Material granular, tal como a areia, cascalho, pedra britada e escória <strong>de</strong><br />
alto-forno, usado com um meio aglomerante para constituir o concreto ou argamassa.<br />
Agregado graúdo – Agregado retido na peneira n.º 4 (abertura 4,8 mm).<br />
120
Agregado miúdo – Agregado passante pela peneira n.º 4 (4,8 mm) e<br />
predominantemente retido na peneira n.º 200 (abertura 0,075 mm).<br />
Agregado reativo – Agregado contendo substâncias capazes <strong>de</strong> reagir quimicamente<br />
com os produtos <strong>de</strong> solução ou hidratação do cimento Portland no concreto ou<br />
argamassa, sob condições normais <strong>de</strong> exposição, resultando em alguns casos em<br />
expansões nocivas ou fissuras.<br />
Água <strong>de</strong> mistura – A água na mistura fresca <strong>de</strong> concreto, argamassa, excluindo-se a<br />
água <strong>de</strong> absorção dos agregados.<br />
Agulha <strong>de</strong> Vicat – Agulha padronizada para <strong>de</strong>terminar a pega <strong>de</strong> cimentos<br />
hidráulicos.<br />
Álcalis – Sais <strong>de</strong> metais alcalinos, principalmente sódio e potássio, sendo<br />
normalmente expressos na análise química pelos óxidos <strong>de</strong> Na2O e K2O.<br />
Amostra – Porção, fragmento ou unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um produto natural ou fabricado,<br />
utilizado para <strong>de</strong>terminar sua natureza, qualida<strong>de</strong> ou tipo.<br />
Aparelho <strong>de</strong> Blaine – Permeabilímetro <strong>de</strong> ar para a medida da área superficial <strong>de</strong><br />
materiais finos, tais como cimento e outros.<br />
Aparelho <strong>de</strong> Vicat – O dispositivo <strong>de</strong> penetração usado para ensaiar cimentos<br />
hidráulicos e materiais similares.<br />
Apiloamento – A operação <strong>de</strong> compactar o concreto fresco recém lançado, pelo uso<br />
<strong>de</strong> um soquete.<br />
Ar incorporado – Bolhas microscópicas <strong>de</strong> ar, aproximadamente esféricas,<br />
intencionalmente incorporadas, normalmente pelo uso <strong>de</strong> um aditivo, ao concreto ou<br />
argamassa durante a mistura; com diâmetro entre 10 a 100 μm (micrômetros).<br />
Área <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência – A área <strong>de</strong> interface entre dois elementos pela qual a ligação se<br />
<strong>de</strong>senvolve ou po<strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolver, como ocorre entre o concreto e as barras da<br />
armadura.<br />
Área específica – Também <strong>de</strong>signada, ina<strong>de</strong>quadamente, superfície específica. A área<br />
superficial das partículas, ou <strong>de</strong> vazios <strong>de</strong> ar, como ocorre entre o concreto e as barras<br />
121
<strong>de</strong> armadura.<br />
Argamassa – A mistura <strong>de</strong> pasta <strong>de</strong> cimento e agregado miúdo; no concreto fresco, é<br />
o material que ocupa os vazios entre as partículas do agregado graúdo; nas edificações<br />
a argamassa po<strong>de</strong> ser constituída por cimento, cal (e possivelmente outros aditivos),<br />
água, para dar trabalhabilida<strong>de</strong> e plasticida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejada.<br />
Bombeamento - Transporte do concreto por meio <strong>de</strong> equipamentos especiais, bombas<br />
<strong>de</strong> concreto e tubulações metálicas, que transportam o concreto do caminhão betoneira<br />
até o local <strong>de</strong> concretagem.<br />
Brita – Agregado graúdo <strong>de</strong> origem artificial obtido por trituração <strong>de</strong> rocha e<br />
classificado segundo a sua granulometria.<br />
Cal hidratada- Hidróxido <strong>de</strong> cálcio; um pó seco obtido pelo tratamento <strong>de</strong> cal viva<br />
(cal virgem) com água.<br />
Cal livre – Óxido <strong>de</strong> cálcio (CaO), do clínquer presente no cimento, que não se<br />
combinou com SiO2 ou Fe2O3 durante o processo <strong>de</strong> cozimento, <strong>de</strong>vido, geralmente, a<br />
queima insuficiente, ou a moagem insuficiente dos materiais crus, ou pela presença da<br />
inibidores.<br />
Calda – A mistura <strong>de</strong> material aglutinante e água, dosada para produzir uma<br />
consistência compatível com o sistema <strong>de</strong> aplicação, sem segregação dos constituintes<br />
(mistura <strong>de</strong> outros materiais constituintes, mas <strong>de</strong> consistência semelhante).<br />
Calor <strong>de</strong> hidratação – O calor <strong>de</strong>senvolvido por reações químicas do cimento com<br />
água, como aquelas que ocorrem durante a pega <strong>de</strong> endurecimento do cimento<br />
Portland. É a diferença entre o calor <strong>de</strong> dissolução do cimento seco e aquele do<br />
cimento parcialmente hidratado.<br />
Câmara úmida – O compartimento on<strong>de</strong> a atmosfera é mantida a uma temperatura<br />
padrão (normalmente 23,0 ± 1,7 o C) e a uma umida<strong>de</strong> relativa <strong>de</strong> no mínimo 98 %,<br />
com a intenção <strong>de</strong> sazonamento <strong>de</strong> corpos-<strong>de</strong>-prova <strong>de</strong> argamassas, pasta ou concreto;<br />
o ambiente <strong>de</strong>ve ser mantido nas condições padronizadas.<br />
Capeamento - Revestimento que regulariza os topos <strong>de</strong> um corpo-<strong>de</strong>-prova com o<br />
122
objetivo <strong>de</strong> distribuir uniformemente a carga durante o ensaio. Po<strong>de</strong> ser feito com<br />
pasta <strong>de</strong> cimento ou <strong>de</strong> uma mistura composta <strong>de</strong> material pulverulento e enxofre<br />
<strong>de</strong>rretido.<br />
Carga <strong>de</strong> ruptura – Carga sob a qual se rompe a estrutura ou uma <strong>de</strong> suas peças.<br />
Cimento – É o produto gerado pela pulverização do clínquer, constituído<br />
essencialmente <strong>de</strong> silicatos hidráulicos <strong>de</strong> cálcio, com uma certa proporção <strong>de</strong> sulfato<br />
<strong>de</strong> cálcio natural, contendo, eventualmente, adições <strong>de</strong> certas substâncias que<br />
modificam suas proprieda<strong>de</strong>s ou facilitam seu emprego.<br />
Cisalhamento – Força interna tangencial ao plano <strong>de</strong> atuação.<br />
Clínquer – Produto parcialmente fundido em forno que é moído para produzir o<br />
cimento.<br />
Coesão – Resistência do material aos esforços <strong>de</strong> cisalhamento verificados ao longo <strong>de</strong><br />
uma superfície interior que não esteja submetida a pressões normais, mobilizando as<br />
forças <strong>de</strong> tração entre as partículas que o constituem.<br />
Compressão simples – Estado <strong>de</strong> uma barra, ou corpo, em que os esforços solicitantes<br />
são somente forças normais <strong>de</strong> compressão.<br />
Concreto – Mistura, em proporções fixadas, <strong>de</strong> um aglutinante com água e agregados<br />
miúdo e graúdo, e eventualmente aditivos que possam a vir formar uma massa<br />
compacta, <strong>de</strong> consistência <strong>de</strong>sejada e que endureça com o transcorrer do tempo.<br />
Cone <strong>de</strong> abatimento (Slump Test) – Mol<strong>de</strong> tronco-cônico com base <strong>de</strong> diâmetro <strong>de</strong><br />
200 mm, topo com diâmetro 100 mm e altura <strong>de</strong> 300 mm, usado para moldar um<br />
corpo-<strong>de</strong>-prova <strong>de</strong> concreto fresco para o ensaio do abatimento.<br />
Consistência – A relativa facilida<strong>de</strong>, mobilida<strong>de</strong> ou habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma mistura <strong>de</strong><br />
argamassa ou concreto fresco em fluir; a medida usual da consistência do concreto, é o<br />
abatimento pelo tronco <strong>de</strong> cone (slump); da argamassa ou calda é o escoamento e da<br />
pasta <strong>de</strong> cimento a resistência à penetração.<br />
Consistência normal – A condição física da pasta <strong>de</strong> cimento <strong>de</strong>terminada pela<br />
Agulha <strong>de</strong> Vicat <strong>de</strong> acordo com o ensaio padronizado; o grau <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> (ou aspecto)<br />
123
apresentado pelo concreto, argamassa ou calda quando a trabalhabilida<strong>de</strong> da mistura é<br />
consi<strong>de</strong>rada aceitável para os fins que se propõem.<br />
Corpo-<strong>de</strong>-prova - Amostra do concreto endurecida, especialmente preparada para<br />
testar proprieda<strong>de</strong>s como: resistência à compressão, módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> etc.<br />
Cura - Procedimentos para a manutenção das condições favoráveis <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> e<br />
temperatura nas primeiras ida<strong>de</strong>s do concreto (7dias) que possibilitam o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sua resistência e <strong>de</strong> outras proprieda<strong>de</strong>s.<br />
Deformação – Mudança <strong>de</strong> forma ou dimensões <strong>de</strong> um corpo por efeito das<br />
solicitações exteriores ou por ação <strong>de</strong> seu peso próprio.<br />
Densida<strong>de</strong> – Relação entre a massa específica <strong>de</strong> um corpo e a massa específica <strong>de</strong><br />
água. É adimensional.<br />
Dimensão máxima característica – gran<strong>de</strong>za associada à distribuição granulométrica<br />
do agregado, correspon<strong>de</strong>nte a abertura nominal, em milímetros, da malha da peneira<br />
<strong>de</strong> série normal ou intermediária, no qual o agregado apresenta uma porcentagem<br />
retida acumulada igual ou imediatamente inferior a 5 % em massa (NBR 7217/198).<br />
Dosagem – Estabelecimento das quantida<strong>de</strong>s ótimas dos componentes do concreto<br />
para aten<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>terminadas características ou proprieda<strong>de</strong>s pré-estabelecidas.<br />
Durabilida<strong>de</strong> – Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um material resistir às intempéries, ataque, abrasão e<br />
outras condições durante a vida útil.<br />
Elasticida<strong>de</strong> – Proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> um corpo recuperar a sua forma primitiva quando <strong>de</strong>ixa<br />
<strong>de</strong> atuar a solicitação que produziu a sua <strong>de</strong>formação.<br />
Ensaio – Realização <strong>de</strong> testes para avaliar proprieda<strong>de</strong>s físicas ou químicas <strong>de</strong> um<br />
material ou peça.<br />
Epóxi – Material caracterizado quimicamente, por possuir oxigênio ligado<br />
externamente a sua estrutura molecular dos compostos.<br />
Erosão – Trabalho mecânico <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste realizado pelas águas correntes ou pelo<br />
vento. A <strong>de</strong>sintegração progressiva <strong>de</strong> um sólido pela ação, abrasiva ou cavitação, <strong>de</strong><br />
gases, fluídos ou sólidos em movimento.<br />
124
Expansão – Deformação em que há um aumento <strong>de</strong> volume.<br />
Exsudação - Migração <strong>de</strong> parte da água <strong>de</strong> mistura <strong>de</strong> concreto para a superfície da<br />
peça concretada.<br />
Fator água/cimento (relação água/cimento) – A relação entre a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água,<br />
excluindo a absorvida pelo agregado, e a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cimento da mistura <strong>de</strong><br />
argamassa ou concreto, preferivelmente expressa em massa.<br />
Fíler – Material constituído <strong>de</strong> fragmentos, inertes <strong>de</strong> rochas <strong>de</strong> tamanhos máximos<br />
inferiores a 0,075 mm, usado para suprir <strong>de</strong>ficiência granulométrica, melhorar a<br />
trabalhabilida<strong>de</strong> e reduzir a retração.<br />
Fck – Resistência característica a compressão do concreto.<br />
Fim <strong>de</strong> pega – O grau <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> uma pasta <strong>de</strong> cimento e água, após o início <strong>de</strong><br />
pega. Normalmente estabelecido como um valor empírico representado pelo intervalo<br />
<strong>de</strong> tempo (horas e minutos) necessário para que a pasta resista à penetração <strong>de</strong> uma<br />
agulha padronizada. Também aplicável a misturas <strong>de</strong> argamassa e concretos em<br />
ensaios padronizados.<br />
Finura – A medida do tamanho <strong>de</strong> uma partícula.<br />
Fissuração - São pequenas rupturas que aparecem no concreto que po<strong>de</strong>m ser<br />
provocadas por atuação <strong>de</strong> cargas ou retração, <strong>de</strong>vido à rápida evaporação da água, ou<br />
por ambos fenômenos: físicos e químicos.<br />
Flexão pura – Estado <strong>de</strong> uma barra, em que os esforços solicitantes são somente<br />
momentos fletores. Na prática é consi<strong>de</strong>rada como caso particular <strong>de</strong> flexão simples,<br />
com força cortante nula.<br />
Granulometria - Determinação das proporções <strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> partículas existentes<br />
em um material granular, pela separação por peneiras <strong>de</strong> diferentes aberturas.<br />
Hidratação - Formação <strong>de</strong> compostos pela combinação da água com o cimento<br />
Portland. Processo <strong>de</strong> endurecimento <strong>de</strong> pastas, argamassas e concretos.<br />
Massa específica - Relação entre a massa e o volume <strong>de</strong> um corpo .<br />
Módulo <strong>de</strong> finura – É obtido pela soma das porcentagens retidas acumuladas <strong>de</strong> um<br />
125
agregado nas peneiras da série normal dividido por cem.<br />
Moldagem - Especificamente sobre concretos ou argamassas <strong>de</strong> cimentos Portland,<br />
refere-se a procedimento normalizado <strong>de</strong> confeccionar corpos-<strong>de</strong>-prova.<br />
Ninhos (bicheira) <strong>de</strong> concretagem - Falhas <strong>de</strong> concretagem que ocasionam buracos<br />
no concreto, <strong>de</strong>vido, principalmente, à falta <strong>de</strong> vibração.<br />
Pega - Condição <strong>de</strong> perda da plasticida<strong>de</strong> da pasta, argamassa ou concreto, medida<br />
pela resistência à penetração ou <strong>de</strong>formação em ensaios padronizados.<br />
Plasticida<strong>de</strong> – A proprieda<strong>de</strong> complexa do material envolvendo a combinação <strong>de</strong><br />
qualida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> e condições <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> e escoamento; a proprieda<strong>de</strong> da<br />
mistura fresca da pasta, argamassa ou concreto que <strong>de</strong>termina sua resistência à<br />
<strong>de</strong>formação e/ou facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> moldagem.<br />
Porosida<strong>de</strong> – A relação, normalmente expressa como porcentagem, do volume <strong>de</strong><br />
vazios <strong>de</strong> um material, para o volume total do material incluindo os próprios vazios.<br />
Pozolana - Material silicoso ou silico-aluminoso que, quando finamente moído e na<br />
presença <strong>de</strong> água, reage com hidróxido <strong>de</strong> cálcio, formando compostos com<br />
proprieda<strong>de</strong>s aglutinantes.<br />
Reação álcali-agregado - Reação química entre compostos do cimento (álcalis) e<br />
certos agregados reativos, ocorrendo expansões danosas ou fissuras na massa <strong>de</strong><br />
concreto.<br />
Resistência à tração por compressão diametral – A tensão <strong>de</strong> tração do concreto,<br />
<strong>de</strong>terminada pelo ensaio <strong>de</strong> ruptura <strong>de</strong> um corpo-<strong>de</strong>-prova cilíndrico no sentido<br />
diametral.<br />
Resistência ao cisalhamento – A máxima tensão <strong>de</strong> cisalhamento que o material ou<br />
elemento estrutural é capaz <strong>de</strong> sustentar.<br />
Resistência característica do concreto à compressão (fck) - Esforço resistido pelo<br />
concreto, estimado pela ruptura <strong>de</strong> corpos-<strong>de</strong>-prova cilíndricos em prensas especiais.<br />
Retração – Contração particularmente irreversível <strong>de</strong> uma calda, argamassa ou<br />
concreto, que se verifica durante o endurecimento; a redução do volume causada pela<br />
126
secagem ou por ação química em função do tempo, mas não da temperatura ou das<br />
tensões <strong>de</strong>vido ao carregamento.<br />
Saturação – Estado <strong>de</strong> um vapor em equilíbrio com o seu líquido; estado <strong>de</strong> uma<br />
solução em que a concentração <strong>de</strong> soluto é a máxima compatível com as condições <strong>de</strong><br />
temperatura e pressão da solução. Ação ou processo <strong>de</strong> saturação, ou estado <strong>de</strong> estar<br />
saturado.<br />
Segregação - Mistura heterogênea, separação dos constituintes <strong>de</strong> uma mistura. Fato<br />
que também ocorre com misturas <strong>de</strong> concreto por excesso <strong>de</strong> vibração durante o<br />
a<strong>de</strong>nsamento ou lançamento em alturas elevadas.<br />
Sílica – Dióxido <strong>de</strong> silício cristalino (SiO2).<br />
Soquete – Instrumento para a<strong>de</strong>nsar argamassa ou concreto pelo apiloamento.<br />
Superfície saturada seca (SSS) – Condição das partículas <strong>de</strong> agregados on<strong>de</strong> os<br />
vazios permeáveis encontram-se preenchidos com água e não ocorre água nas<br />
superfícies expostas.<br />
Trabalhabilida<strong>de</strong> – É a proprieda<strong>de</strong> da mistura fresca <strong>de</strong> argamassa ou concreto que<br />
caracteriza a facilida<strong>de</strong> e condições <strong>de</strong> homogeneida<strong>de</strong> com que a mistura po<strong>de</strong> ser<br />
transportada, lançada compactada e acabada.<br />
Traço - Especificamente em relação à misturas compostas <strong>de</strong> cimento Portland ou<br />
outro tipo <strong>de</strong> aglomerante, é a forma <strong>de</strong> exprimir a proporção entre os componentes<br />
<strong>de</strong>ssas mistura.<br />
Vibração – Agitação energética aplicada ao concreto fresco, durante o a<strong>de</strong>nsamento,<br />
pelos dispositivos mecânicos.<br />
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9 ANEXOS<br />
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