preview.pdf - UC Digitalis - Universidade de Coimbra
preview.pdf - UC Digitalis - Universidade de Coimbra
preview.pdf - UC Digitalis - Universidade de Coimbra
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
situações(70), ou ainda quando se utilizam alguns relatos e testemunhos em<br />
segunda mão, como refere Carminé Nobre: "Fui testemunha <strong>de</strong> alguns factos<br />
que aqui relato. Outros foram-me contados por amigos, que na recordação<br />
dos seus tempos <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>, encontraram, além <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong>s, alguns<br />
sorrisos <strong>de</strong> juventu<strong>de</strong>"(71).<br />
As "memórias" também não são uniformes na <strong>de</strong>scrição que fazem da<br />
comunida<strong>de</strong> estudantil. Há uma gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> no tipo e na qualida<strong>de</strong> da<br />
informação que cada autor transmite. Ao lado da clarividência <strong>de</strong> Trinda<strong>de</strong><br />
Coelho e Alberto Costa, outros autores revelam contradições em muitos<br />
factos(72), para já não falar <strong>de</strong> uma certa cópia <strong>de</strong> uns em relação a outros(73) e<br />
ainda das pesadas criticas feitas a alguns, acusados <strong>de</strong> relatarem acontecimentos<br />
que não correspon<strong>de</strong>m à maneira como se passaram, o que levou João Falcato<br />
(70) - Um dos bons exemplos são as já citadas Memórias <strong>de</strong> Cabral <strong>de</strong> Moncada. Este<br />
professor <strong>de</strong> Direito nasceu, em I 888, em Lisboa. Segundo nos informa o seu filho, Pedro<br />
Cabral <strong>de</strong> Moncada, o pai começou a escrever as suas Memórias no ano <strong>de</strong> 1972, isto é,<br />
quando contava já 84 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. (Cfr. Luís Cabral <strong>de</strong> Moncada, ob. cit., p. VII).<br />
Sobre este assunto, também o Dr. António José Soares, profundo conhecedor das<br />
coisas <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>, em carta que nos dirigiu em 26 <strong>de</strong> Janeiro <strong>de</strong> 1992, nos alertava para:<br />
" ... um ou outro livro <strong>de</strong> Memórias que por serem escritos muito tempo <strong>de</strong>pois dos<br />
acontecimentos, quase sempre <strong>de</strong>notam falta <strong>de</strong> ... Memória".<br />
(71) _ Carminé Nobre, <strong>Coimbra</strong> <strong>de</strong> capa e batina, vol. II, <strong>Coimbra</strong>, Atlântida Editora,<br />
1945, p. 25.<br />
(72) - É o caso do roubo do badalo <strong>de</strong> um dos sinos da Tonre da <strong>Universida<strong>de</strong></strong>. Segundo<br />
a narrativa <strong>de</strong> Trinda<strong>de</strong> Coelho, os estudantes, Adolfo Paiva Pereira Capon, Eduardo Segurado<br />
e Eduardo Montufar Banreiros, na mira <strong>de</strong> um feriado para a Aca<strong>de</strong>mia, fizeram a proeza<br />
<strong>de</strong>, certa noite, roubarem o badalo da Cabra. (Cfr. Trinda<strong>de</strong> Coelho, ob. cit., pp. 158-62). A<br />
<strong>de</strong>scrição que sobre este mesmo assunto nos faz Antão <strong>de</strong> Vasconcelos é já bem diferente.<br />
Diz: "Foi então que se fez o roubo do badalo do cabrão - e não da cabra, como diz Trinda<strong>de</strong><br />
Coelho ... " (Antão <strong>de</strong> Vasconcellos, Memórias do Mata-Carochas, Porto, Companhia Portuguesa<br />
Editora, 1920, p. 80).<br />
I 22 (73) - É o caso <strong>de</strong> Tempos <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong> em relação ao ln 11/0 Tempore. É António Cabral<br />
que nos diz: " ... vários elementos fomeci ao falecido escritor [Trinda<strong>de</strong> Coelho)". (António<br />
Cabral, Tempos <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>. Memorias <strong>de</strong> estudante - anedotas e casos, figuras e typos, <strong>Coimbra</strong>.<br />
<strong>Coimbra</strong> Editora, 1925, p. 137). António A. Pinto Machado, referindo-se à bibliografia sobre<br />
a vida académica <strong>de</strong> <strong>Coimbra</strong>, nomeadamente ao livro <strong>de</strong> Hipólito Raposo, <strong>Coimbra</strong> Doutora,<br />
escreveu: " ... vastissima, é impossível <strong>de</strong> se conhecer integralmente, pecando apenas pela falta<br />
<strong>de</strong> originalida<strong>de</strong> por natural saturação do assunto, já <strong>de</strong> si não excluindo referências e<br />
pormenores comuns a todos". (António A. Pinto Machado, "<strong>Coimbra</strong> Doutora", Via Latina,<br />
Ano XII, n.O S 60-61 , <strong>Coimbra</strong>, 30 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 1952, p. 2).