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história do papel no brasil - Fazenda Jardim - Reflorestamento

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HISTÓRIA DO PAPEL NO BRASIL<br />

A primeira presença <strong>do</strong> <strong>papel</strong> <strong>no</strong> Brasil, sem dúvida, é a carta de Pero Vaz de Caminha, escrita<br />

logo <strong>do</strong> descobrimento de <strong>no</strong>sso país.<br />

Mas a primeira referência à produção nacional consta em um <strong>do</strong>cumento escrito em 1809 por Frei<br />

José Maria<strong>no</strong> da Conceição Velozo ao Ministro <strong>do</strong> Príncipe Regente D. João, Conde de Linhares: "...<br />

lhe remeto uma amostra <strong>do</strong> <strong>papel</strong>, bem que não alveja<strong>do</strong>, feito em primeira experiência, da <strong>no</strong>ssa<br />

embira. A segunda que já está em obra se dará alvo, e em conclusão pode V.Exa. contar com esta<br />

fábrica...". Este <strong>do</strong>cumento cujo trecho extraímos <strong>do</strong> livro: O Papel - Problemas de Conservação e<br />

Restauração de Edson Motta e Maria L.G. Salga<strong>do</strong>, encontra-se <strong>no</strong> Museu Imperial.<br />

Na amostra encaminhada com o <strong>do</strong>cumento constava: "O primeiro <strong>papel</strong>, que se fez <strong>no</strong> Rio de<br />

Janeiro, em 16 de <strong>no</strong>vembro de 1809".<br />

É também em 1809 que tem início a construção de uma fábrica <strong>no</strong> Rio de Janeiro cuja produção,<br />

provavelmente iniciou-se entre 1810 e 1811. Ainda <strong>no</strong> Rio de Janeiro temos <strong>no</strong>tícias de mais três<br />

fábricas em 1837, 1841 e, em 1852, nas proximidades de Petrópolis, foi construída pelo Barão de<br />

Capanema a Fábrica de Orianda que produziu <strong>papel</strong> de ótima qualidade para os padrões da época<br />

até a decretação de sua falência em 1874.<br />

Ainda em 1850, o desenvolvimento da cultura <strong>do</strong> café, traz grande progresso para a então<br />

Província de São Paulo e, com a chegada <strong>do</strong>s imigrantes europeus, passa a vivenciar um grande<br />

desenvolvimento industrial gera<strong>do</strong>r de vários empreendimentos.<br />

Um deles, idealiza<strong>do</strong> pelo Barão de Piracicaba, na região de Itu, pretendia criar condições para a<br />

instalação de indústrias aproveitan<strong>do</strong> a energia hidráulica possível na região em função da<br />

existência da cachoeira <strong>no</strong> rio Tietê e, é neste local que, em 1889 a empresa Melchert & Cia deu<br />

início à construção da Fábrica de Papel de Salto que funciona até hoje, devidamente modernizada,<br />

produzin<strong>do</strong> papéis especiais, sen<strong>do</strong> uma das poucas fábricas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> fabricante papéis para a<br />

produção de dinheiro.<br />

HISTÓRIA DO PAPEL NO MUNDO<br />

Antes da criação <strong>do</strong> <strong>papel</strong>, o material mais utiliza<strong>do</strong> para escrita, foi o pergaminho, feito com peles<br />

de animais. Os antigos egípcios utilizavam, o talo <strong>do</strong> papiro. Sua fabricação era pe<strong>no</strong>sa e<br />

rudimentar; a medula <strong>do</strong> talo era cortada em tiras que eram colocadas transversalmente, umas<br />

sobre as outras, forman<strong>do</strong> camadas que eram batidas com pesadas marretas de madeira,<br />

resultan<strong>do</strong> numa espessura uniforme e produzin<strong>do</strong> um suco que impregnava e colava as tiras<br />

entre si.<br />

O PAPEL<br />

Oficialmente, foi fabrica<strong>do</strong> pela primeira vez na China, <strong>no</strong> a<strong>no</strong> de 105, por Ts'Ai Lun que<br />

fragmentou em uma tina com água, cascas de amoreira, pedaços de bambu, rami, redes de<br />

pescar, roupas usadas e cal para ajudar <strong>no</strong> desfibramento. Na pasta formada, submergiu uma<br />

forma de madeira revestida por um fi<strong>no</strong> teci<strong>do</strong> de seda - a forma manual - como seria conhecida.<br />

Esta forma coberta de pasta era retirada da tina e com a água escorren<strong>do</strong>, deixava sobre a tela<br />

uma fina folha que era removida e estendida sobre uma mesa.<br />

Esta operação era repetida e as <strong>no</strong>vas folhas eram colocadas sobre as anteriores, separadas por<br />

algum material; as folhas então eram prensadas para perder mais água e posteriormente<br />

colocadas uma a uma, em muros aqueci<strong>do</strong>s para a secagem. A idéia de Ts'Ai Lun, "A<br />

desintegração de fibras vegetais por fracionamento, a formação da folha retiran<strong>do</strong> a pasta da tina<br />

por meio de forma manual, proceden<strong>do</strong>-se ao deságüe e posterior aquecimento para secagem",<br />

continua válida até hoje.<br />

SÉCULO VII A XII - A ENTRADA NA EUROPA<br />

A ROTA DO PAPEL<br />

No século VIII (a<strong>no</strong> 751), os chineses foram derrota<strong>do</strong>s pelos árabes. Dentre os prisioneiros que<br />

caíram nas mãos <strong>do</strong>s árabes, estavam fabricantes de <strong>papel</strong>, que leva<strong>do</strong>s a Samarkanda, a mais<br />

velha cidade da Ásia, transmitiram seus conhecimentos aos árabes. A técnica de fabricar <strong>papel</strong>


evoluiu em curto espaço de tempo com o uso de ami<strong>do</strong> deriva<strong>do</strong> da farinha de trigo, para a<br />

colagem das fibras <strong>no</strong> <strong>papel</strong> e o uso de sobras de linho, cânhamo e outras fibras encontradas com<br />

facilidade, para a preparação da pasta. A entrada na Europa foi feita pelas "caravanas" que<br />

transportavam a seda.<br />

• Melhoramentos surgi<strong>do</strong>s <strong>no</strong> século X:<br />

o uso de moinhos de martelos movi<strong>do</strong>s a força hidráulica.<br />

o emprego de cola animal para colagem.<br />

o emprego de filigrana.<br />

A França estabelece seu primeiro moinho de <strong>papel</strong> em 1338, na localidade de La Pielle. Assim, da<br />

Espanha e Itália, a fabricação de <strong>papel</strong> se espalhou por toda a Europa.<br />

Antes da invenção da imprensa por Gutemberg, em 1440, os livros que eram escritos à mão,<br />

tornaram-se acessíveis ao grande público, exigin<strong>do</strong> quantidades maiores de <strong>papel</strong>.<br />

Em mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século XVII, os holandeses haviam consegui<strong>do</strong> na Europa o progresso mais<br />

importante na tec<strong>no</strong>logia da fabricação de <strong>papel</strong>. Diante da falta de força hidráulica na Holanda, os<br />

moinhos de <strong>papel</strong> passaram a ser aciona<strong>do</strong>s pela força <strong>do</strong>s ventos. Desde 1670, <strong>no</strong> lugar <strong>do</strong>s<br />

Moinhos de Martelos, passaram a ser utilizadas as Máquinas Refina<strong>do</strong>ras de Cilindros (Holandesa).<br />

Lentamente a Holandesa foi se impon<strong>do</strong>, complementan<strong>do</strong> os Moinhos de Martelo, que preparava<br />

a semipasta para obtenção da pasta refinada e mais tarde como Pila Holandesa Desfibra<strong>do</strong>ra que<br />

foi utilizada na Alemanha em 1710/1720.<br />

A FABRICAÇÃO DO PAPEL - MÉTODO ANTIGO<br />

A pasta de trapo foi o primeiro material usa<strong>do</strong> para a fabricação <strong>do</strong> <strong>papel</strong>. Os trapos eram<br />

classifica<strong>do</strong>s, depura<strong>do</strong>s, e depois corta<strong>do</strong>s em pedaços, à mão; mais tarde vieram as máquinas<br />

corta<strong>do</strong>ras simples. Os trapos, exceto os de linho, eram submeti<strong>do</strong>s a um processo de maceração<br />

ou de fermentação.<br />

O processo durava, de cinco a trinta dias utilizan<strong>do</strong>-se recipientes de pedra, abrandan<strong>do</strong> os<br />

trapos, em água. Para os trapos fi<strong>no</strong>s de linho era suficiente deixá-los de molho várias horas em<br />

lixívia de potassa empregan<strong>do</strong>-se por cada cem quilos de trapos, uns quatro quilos de potassa<br />

bruto. Para a obtenção de um bom <strong>papel</strong> era imprescindível a fermentação <strong>do</strong>s trapos.<br />

OS MOINHOS DE MARTELO<br />

Os trapos fermenta<strong>do</strong>s eram trata<strong>do</strong>s para serem desfibra<strong>do</strong>s.<br />

Em virtude desse processo ser duro e pe<strong>no</strong>so, a Holandesa começou a ser usada <strong>no</strong> início <strong>do</strong><br />

século XVII, para decompor a fibra <strong>do</strong>s trapos. Esta "máquina refina<strong>do</strong>ra" fazia em quatro ou cinco<br />

horas a mesma quantidade de pasta que um antigo moinho de martelo com cinco pedras gastava<br />

vinte e quatro horas.<br />

No a<strong>no</strong> de 1774, o químico alemão Scheele descobriu o efeito branquea<strong>do</strong>r <strong>do</strong> cloro, conseguin<strong>do</strong><br />

com isso, não só aumentar a brancura <strong>do</strong>s papéis como também, empregar como matéria-prima,<br />

trapos mais grossos e colori<strong>do</strong>s.<br />

OS SÉCULOS XVII E XIX<br />

Em 1798 teve êxito a invenção, segun<strong>do</strong> a qual foi possível fabricar <strong>papel</strong> em máquina de folha<br />

contínua. Inventada pelo francês Nicolas Louis Robert que por dificuldades financeiras e técnicas<br />

não conseguiu desenvolvê-la, cedeu sua patente, aos irmãos Fourdrinier, que a obtiveram


juntamente com a Maquinaria Hall, de Dartford (Inglaterra) e posteriormente com o Engº Bryan<br />

Donkin.<br />

Assim a Máquina de Papel Fourdrinier (Máquinas de Tela Plana) foi a primeira máquina de folha<br />

contínua que se tem <strong>no</strong>tícia.<br />

Depois da Máquina Fourdrinier se lançaram <strong>no</strong> merca<strong>do</strong> outros tipos de máquinas:<br />

• a máquina cilíndrica.<br />

• a máquina de partida automática.<br />

EVOLUÇÕES MARCANTES<br />

Em 1806 Moritz Illig substitui a cola animal, pela resina e alúmem.<br />

Quan<strong>do</strong> a fabricação de <strong>papel</strong> ganhou corpo, o uso de matéria-prima começou a ser um sério<br />

problema: os trapos velhos passaram a ser a solução, mas com a pequena quantidade de roupa<br />

usada e com o crescente aumento <strong>do</strong> consumo de <strong>papel</strong>, os sobera<strong>no</strong>s proibiram as exportações.<br />

Em face disto, os <strong>papel</strong>eiros tiveram que dedicar suas atenções aos estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> naturalista Jakob<br />

C. Schaeffer que pretendia fazer <strong>papel</strong> usan<strong>do</strong> os mais varia<strong>do</strong>s materiais, tais como: musgo,<br />

urtigas, pinho, tábuas de ripa, etc. Em seis volumes Schaeffer editou "Ensaios e Demonstrações<br />

para se fazer <strong>papel</strong> sem trapos ou uma pequena adição <strong>do</strong>s mesmos". Infelizmente, os <strong>papel</strong>eiros<br />

da época rechaçaram os Ensaios, ao invés de propagá-los.<br />

Na busca para substituir os trapos, Mathias Koops edita um livro em 1800, impresso em <strong>papel</strong> de<br />

palha.<br />

Em 1884, Friedrich G. Keller fabrica pasta de fibras, utilizan<strong>do</strong> madeira pelo processo de<br />

desfibramento, mas ainda junta trapos à mistura.<br />

Mais tarde percebeu que a pasta assim obtida era formada por fibras de celulose impregnadas por<br />

outras substâncias da madeira (lignina).<br />

Procuran<strong>do</strong> separar as fibras da celulose da lignina, foram sen<strong>do</strong> descobertos vários processos:<br />

• Processo de pasta mecânica<br />

• Processo com soda<br />

• Processo sulfito<br />

• Processo sulfato (kraft)<br />

A introdução das <strong>no</strong>vas semipastas deram um importante passo na eclosão de <strong>no</strong>vos processos<br />

tec<strong>no</strong>lógicos na fabricação de <strong>papel</strong>. Máquinas corren<strong>do</strong> a velocidade de 1.200m por minuto, o uso<br />

da fibra curta (eucalípto) para obtenção de celulose, a <strong>no</strong>va máquina Vertform que substituiu com<br />

vantagens a tela plana, são alguns fatos importantes.<br />

A FABRICAÇÃO DO PAPEL - MÉTODO ATUAL<br />

A fabricação <strong>do</strong> <strong>papel</strong>, tal como foi feita inicialmente por Ts'Ai Lun consiste essencialmente de três<br />

etapas principais, partin<strong>do</strong>-se da matéria-prima que pode ser a celulose, pasta mecânica ou<br />

reaproveitamento de papéis usa<strong>do</strong>s. As três etapas são:<br />

• Preparação da Massa<br />

• Formação da folha<br />

• Secagem


Dependen<strong>do</strong> <strong>do</strong> uso que terá o <strong>papel</strong>, há uma série de tratamentos especiais antes, durante ou<br />

depois de sua fabricação.<br />

Assim, se o <strong>papel</strong> se destina à escrita ele deve ser um pouco absorvente para que se possa<br />

escrever nele com tinta, ou um pouco áspero para o uso de lápis, mas ele não pode ser tão<br />

absorvente como um mata-borrão. Para isso, recebe um banho superficial de ami<strong>do</strong> durante a<br />

secagem, além de se adicionar breu durante a preparação de massa.<br />

Se o <strong>papel</strong> deve ser resistente a certos esforços, a celulose deverá sofrer um tratamento de<br />

moagem chamada "Refinação".<br />

A primeira etapa da fabricação de <strong>papel</strong> consta de:<br />

• Desfibramento para soltar as fibras numa solução de água<br />

• Depuração destinada a manter a pasta livre de impurezas<br />

• Refinação que dará as qualidades exigidas ao <strong>papel</strong> através da moagem das fibras<br />

Na preparação da massa outras operações são levadas a efeito:<br />

• Tingimento: são coloca<strong>do</strong>s corantes para se obter a cor desejada<br />

• Colagem: é a adição <strong>do</strong> breu ou de colas preparadas<br />

• Correção <strong>do</strong> pH: (acidez ou alcalinidade) <strong>no</strong>rmalmente a celulose está em suspensão em<br />

água alcalina, cuja alcalinidade deve ser parcial ou totalmente neutralizada com sulfato de<br />

alumínio, que também vai ajudar na colagem e tingimento<br />

• Aditivos: colocação de outros ingredientes para melhorar a qualidade <strong>do</strong> <strong>papel</strong><br />

A segunda etapa da fabricação <strong>do</strong> <strong>papel</strong> é a formação da folha, feita através da suspensão das<br />

fibras de celulose em água, e que é colocada sobre uma tela metálica. A água escoa através da<br />

tela e as fibras são retiradas forman<strong>do</strong> uma espécie de teci<strong>do</strong>, com os fios muito peque<strong>no</strong>s e<br />

trança<strong>do</strong>s entre si.<br />

A formação da folha poderá ser feita através de várias formas:<br />

• Manual: onde a tela é simplesmente uma peneira;<br />

• Mesas Planas: a tela metálica apóia-se sobre roletes e é estendida, para formar uma área<br />

plana horizontal. Esta tela corre com velocidade constante e recebe na parte inicial <strong>do</strong><br />

setor pla<strong>no</strong>, a suspensão das fibras, a água escoa através da tela deixan<strong>do</strong> as fibras;<br />

• Cilíndrica: a tela metálica recobre um cilindro, que gira a velocidade constante em uma<br />

suspensão de fibras, a água atravessa a tela dentro <strong>do</strong> tambor e é daí retirada; as fibras<br />

aderem à tela, forman<strong>do</strong> uma folha que é retirada <strong>do</strong> tambor por um feltro.<br />

A terceira e última etapa é a secagem que é conseguida inicialmente prensan<strong>do</strong>-se a folha, para<br />

retirar toda a água possível, e depois, passan<strong>do</strong> a folha por cilindros de ferro aqueci<strong>do</strong>s, que<br />

provocam a evaporação da água.<br />

Feitas estas operações, o <strong>papel</strong> está pronto para uso, poden<strong>do</strong> ser corta<strong>do</strong> <strong>no</strong> formato deseja<strong>do</strong><br />

por quem for usá-lo.<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

• El Papel - Karl Keim<br />

• Handbook of Pulp and Paper Tech<strong>no</strong>logy - Kenneth W. Britt<br />

• Pulp and Paper Manufacture - volume III - Mac Graw-Hill Book Company<br />

• L'Industria della Carta - volume II<br />

• Investigation y Tecnica del <strong>papel</strong> - nº 32

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