14.04.2013 Views

rochas geradoras e seus biomarcadores - Universidade Federal da ...

rochas geradoras e seus biomarcadores - Universidade Federal da ...

rochas geradoras e seus biomarcadores - Universidade Federal da ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Figura 1Figura 2Figura 3Figura 4Figura 5Figura 6Figura 7Figura 8Figura 9Figura 10Figura<br />

11Figura 12Figura 13Figura 14Figura 15Figura 16Figura 17Figura 18Figura 19Figura 20Figura<br />

21Figura 22Figura 23Figura 24Tabela 1Tabela 2Tabela 3Foto 1Foto 2Foto 3Foto 4<br />

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA<br />

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS<br />

CURSO DE GEOLOGIA<br />

EULA ANDRADE NASCIMENTO DA SILVA<br />

ROCHAS GERADORAS E SEUS BIOMARCADORES:<br />

UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA COM ÊNFASE NAS<br />

BACIAS DA COSTA LESTE BRASILEIRA<br />

Salvador<br />

2011


EULA ANDRADE NASCIMENTO DA SILVA<br />

ROCHAS GERADORAS E SEUS BIOMARCADORES:<br />

UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA COM ÊNFASE NAS<br />

BACIAS DA COSTA LESTE BRASILEIRA<br />

Monografia apresenta<strong>da</strong> ao curso de Geologia, do<br />

Instituto de Geociências, <strong>Universi<strong>da</strong>de</strong> <strong>Federal</strong> <strong>da</strong><br />

Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau<br />

de Bacharel em Geologia.<br />

Orientador: Prof. Msc. Roberto Rosa <strong>da</strong> Silva<br />

Co-orientadora: Prof a . Dra. Olívia Maria Cordeiro<br />

Salvador<br />

2011<br />

TERMO DE APROVAÇÃO<br />

ii


TERMO DE APROVAÇÃO<br />

EULA ANDRADE NASCIMENTO DA SILVA<br />

ROCHAS GERADORAS E SEUS BIOMARCADORES:<br />

UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA COM ÊNFASE NAS<br />

BACIAS DA COSTA LESTE BRASILEIRA<br />

Monografia aprova<strong>da</strong> como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em<br />

Geologia, <strong>Universi<strong>da</strong>de</strong> <strong>Federal</strong> <strong>da</strong> Bahia, pela seguinte banca examinadora:<br />

___________________________________________________________<br />

1º Examinador – Prof. Msc. Roberto Rosa <strong>da</strong> Silva – Orientador<br />

Instituto de Geociências, UFBA/ Petrobrás<br />

___________________________________________________________<br />

2º Examinador – Geólogo Paulo <strong>da</strong> Silva Milhomem<br />

Petrobrás<br />

___________________________________________________________<br />

3º Examinadora – Química Claudia Yolan<strong>da</strong> Reyes<br />

Instituto de Geociências, UFBA<br />

Salvador, 18 de Novembro de 2011<br />

Local, Dia de Mês de Ano<br />

iii


iv<br />

Aos meus pais Levi e Elza<br />

e minha irmã Joanita.


AGRADECIMENTOS<br />

Agradeço a Deus por ter conseguido chegar até este tão esperado momento <strong>da</strong> minha vi<strong>da</strong>,<br />

minha graduação em Geologia e por ter me concedido saúde, perseverança, persistência, por<br />

ter me <strong>da</strong>do forças para lutar e por ter iluminado o meu caminho nesta dura caminha<strong>da</strong>,<br />

durante esses anos de muita dificul<strong>da</strong>de, lutas, renúncias e erros, na tentativa de sempre<br />

acertar.<br />

Agradeço a minha família, por todo o apoio, dedicação, amor e paciência cedidos ao longo<br />

destes anos. Em especial aos meus pais: Elza e Levi e a minha irmã Joanita.<br />

Aos mestres, tão importantes para minha formação, em especial, a Hailton, Ângela,<br />

Simone, Flávio, Roberto Rosa, Olívia, Johildo, Tânia, Reginaldo, Haroldo Sá, Amalvina,<br />

Tânia, Félix, Amim Bassrei e Lamark (in memoriam).<br />

Aos funcionários do IGEO, em especial Mércia pela dedicação aos alunos e pela paciência<br />

comigo.<br />

Ao PRH-ANP, em especial, ao professor Cícero <strong>da</strong> Paixão pela atenção e mesmo não<br />

sendo o meu orientador, o agradeço pelas conversas e idéias compartilha<strong>da</strong>s.<br />

Aos orientadores Roberto Rosa e Olívia pela orientação deste trabalho, pelos<br />

conhecimentos compartilhados e pela paciência de ambos.<br />

Aos amigos conquistados nesta longa caminha<strong>da</strong> e que fazem parte <strong>da</strong> minha vi<strong>da</strong> para<br />

sempre: André Lyrio, Gleice, Mariana, Henrique Assumpção, Acácio, Nelize, Gleide,<br />

Fabiane, Dira, Bianca, Luciano Mata, Milena, Luís Henrique, Rebeca, Valter, Josafá,<br />

Anderson Muniz, Henrique Balogh, Maria Sales, Marília, Renil<strong>da</strong>, Fernando Cunha, Fábio<br />

Ro<strong>da</strong>milans, Ana Fábia, Leila Karine, Kátia Ab<strong>da</strong>la, Alex Gomes e a todos que fizeram parte<br />

desta caminha<strong>da</strong>.<br />

v


"Antes de julgar a minha vi<strong>da</strong> ou o meu<br />

caráter... calce os meus sapatos e percorra o caminho<br />

que eu percorri, viva as minhas tristezas, as minhas<br />

dúvi<strong>da</strong>s e minhas alegrias. Percorra os anos que eu<br />

percorri, tropece onde eu tropecei e levante-se assim<br />

como eu fiz. E então, só aí poderás julgar. Ca<strong>da</strong> um tem<br />

a sua própria história. Não compare a sua vi<strong>da</strong> com a<br />

dos outros. Você não sabe como foi o caminho que eles<br />

tiveram que trilhar na vi<strong>da</strong>."<br />

vi<br />

Clarice Lispector


RESUMO<br />

Existem semelhanças quanto a evolução tectônica e história do preenchimento sedimentar<br />

entre as bacias marginais brasileiras, devido a gênese comum, resultado <strong>da</strong> ruptura do<br />

Gondwana. A partir desta história evolutiva conclui-se que existem semelhanças em termos<br />

de bacias sedimentares entre a Costa Oeste <strong>da</strong> África e o litoral do Brasil. A região africana<br />

apresenta estruturas geológicas considera<strong>da</strong>s comparáveis àquelas encontra<strong>da</strong>s no Brasil e<br />

possui potencial para a descoberta de expressivos volumes de petróleo em áreas localiza<strong>da</strong>s de<br />

águas profun<strong>da</strong>s. Este trabalho foi desenvolvido através <strong>da</strong> revisão bibliográfica destacando a<br />

caracterização <strong>da</strong>s <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> através <strong>da</strong>s técnicas geoquímicas de COT, Pirólise Rock-<br />

Eval, Reflectância de Vitrinita, Índice de Alteração Térmica para avaliação do potencial<br />

gerador e maturação <strong>da</strong> matéria orgânica, como também as técnicas utiliza<strong>da</strong>s para<br />

determinação dos <strong>biomarcadores</strong>. Complementando este trabalho, serão apresenta<strong>da</strong>s as<br />

<strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> localiza<strong>da</strong>s nas bacias <strong>da</strong> costa oeste africana a fim de correlacioná-las com<br />

as bacias <strong>da</strong> costa leste brasileira, estabelecendo as possíveis relações entre as diferentes<br />

<strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> destas bacias hoje separa<strong>da</strong>s pelo Oceano Atlântico.<br />

Palavras-Chave: Rochas Geradoras; Técnicas Geoquímicas; Biomarcadores;<br />

Petróleo.<br />

vii


ABSTRACT<br />

There are similarities in the evolution and tectonic history of sedimentary deposits between<br />

the Brazilian marginal basins, because of their comparable genesis, related to the disruption of<br />

Gondwana. Based evolution, one can infer that there are similarities between the sedimentary<br />

basins in west Africa and eastern of Brazil. The African basins have geological structures<br />

comparable to those found in Brazil and have potential for the discovery of large volumes of<br />

oil in localized areas of deep water. This work was developed through a bibliographic review<br />

highlighting the characterization of source rocks by geochemical techniques of TOC, Rock-<br />

Eval pyrolysis, vitrinite reflectance, thermal alteration index for assessing the source rock<br />

potential and maturation of organic matter, as well as the techniques used for analyzing<br />

biomarker. Complementing this work, we present the source rocks which occur in the basins<br />

of the west african coast in order to establish possible correlations between the different<br />

source rocks sampled in basins now separated by the Atlantic Ocean.<br />

Key Words: Source Rocks; Geochemical Techniques; Biomarkers; Oil.<br />

viii


SUMÁRIO<br />

LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................. xi<br />

LISTA DE FOTOS ................................................................................................................ xiii<br />

FOTOMICROGRAFIA ........................................................................................................ xiii<br />

LISTA DE TABELAS ........................................................................................................... xiii<br />

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 15<br />

2. OBJETIVO ...................................................................................................................... 16<br />

3. METODOLOGIA ........................................................................................................... 16<br />

4. ORIGEM DO PETRÓLEO INORGÂNICA X ORGÂNICA ..................................... 17<br />

5. SISTEMA PETROLÍFERO ........................................................................................... 19<br />

5.1 AMBIENTES DE PRESERVAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA ............................. 20<br />

6. CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA DAS ROCHAS GERADORAS .................. 23<br />

6.1 CARBONO ORGÂNICO TOTAL (COT) ..................................................................... 23<br />

6.2 PIRÓLISE DE ROCK-EVAL ........................................................................................ 24<br />

6.2.1 PARÂMETROS OBTIDOS NA PIRÓLISE ........................................................... 26<br />

6.2.2 APLICAÇÃO DOS PARÂMETROS OBTIDOS NA PIRÓLISE .......................... 28<br />

6.2.3 TIPOS DE QUEROGÊNIO ..................................................................................... 30<br />

6.2.4 ESTÁGIOS DE MATURAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA ............................. 34<br />

6.2.4.1 DIAGÊNESE, CATAGÊNESE E METAGÊNESE ......................................... 35<br />

6.2.5 REFLECTÂNCIA DA VITRINITA ........................................................................ 37<br />

6.2.6 ÍNDICE DE ALTERAÇÃO TÉRMICA .................................................................. 41<br />

6.2.7 PERFIL GEOQUÍMICO .......................................................................................... 42<br />

7. BIOMARCADORES GEOQUÍMICOS ....................................................................... 44<br />

7.1 CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE MÉDIA PRESSÃO (CLMP) .............................. 47<br />

7.1.2 CROMATOGRAFIA GASOSA (WHOLE OIL) ..................................................... 49<br />

7.1.3 – ESPECTROMETRIA DE MASSA ...................................................................... 52<br />

7.1.4 ISÓTOPOS ESTÁVEIS DE CARBONO ................................................................ 54<br />

8. CARACTERIZAÇÃO DOS AMBIENTES DEPOSICIONAIS DAS ROCHAS<br />

GERADORAS ......................................................................................................................... 57<br />

8.1 GRUPO I - LACUSTRINO DE ÁGUA DOCE ............................................................. 58<br />

8.2 GRUPO II- LACUSTRINO DE ÁGUA SALINA ......................................................... 59<br />

8.3 GRUPO III - MARINHO EVAPORÍTICO .................................................................... 60<br />

8.4 GRUPO IV- MARINHO CARBONÁTICO .................................................................. 62<br />

ix


8.5 GRUPO V - MARINHO DELTÁICO (INFLUÊNCIA DA LITOLOGIA<br />

CARBONÁTICA) ................................................................................................................ 64<br />

8.6 GRUPO VI - MARINHO ALTAMENTE ANÓXIDO, COM DOMINÂNCIA DA<br />

LITOLOGIA CALCÁREA .................................................................................................. 66<br />

8.7 GRUPO VII - MARINHO ANÓXIDO, COM PREDOMINÂNCIA DE LITOLOGIA<br />

SILICICLÁSTICA ................................................................................................................ 67<br />

9. AMBIENTE GERADOR DE BACIAS DA MARGEM LESTE BRASILEIRA ...... 68<br />

9.1 EVOLUÇÃO TECTÔNICA DAS MARGENS LESTE BRASILEIRA E OESTE<br />

AFRICANA .......................................................................................................................... 68<br />

9.2 EXEMPLOS DE ROCHAS GERADORAS NAS BACIAS DA MARGEM LESTE<br />

BRASILEIRA ....................................................................................................................... 72<br />

9.3 EXEMPLOS DE ROCHAS GERADORAS NAS BACIAS DA MARGEM OESTE<br />

AFRICANA .......................................................................................................................... 74<br />

10. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ..................................................................... 77<br />

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 79<br />

x


LISTA DE FIGURAS<br />

Figura 1: Visão microscópica de uma rocha geradora de petróleo. Fonte: Abreu,<br />

(2007). ...................................................................................................................................... 20<br />

Figura 2: Preservação <strong>da</strong> Matéria Orgânica. Fonte: Notas de Aulas de Geologia do<br />

Petróleo, Silva (2011). .............................................................................................................. 21<br />

Figura 3: Tipos de amostras analisa<strong>da</strong>s geoquimicamente. Fonte: Apostila Interna<br />

do Curso de Formação de Geologia do Petróleo (RH/UP/ECTEP, 2009). .............................. 22<br />

Figura 4: Ciclo do carbono orgânico na natureza. Fonte: Abreu, (2007). ................................ 23<br />

Figura 5: Método <strong>da</strong> Pirólise: Simulação do processo natural de maturação <strong>da</strong><br />

matéria orgânica. Fonte: Apostila de Geoquímica do Petróleo, CENPES (2009). .................. 25<br />

Figura 6: Esquema geral de pirólise de <strong>rochas</strong>, parâmetros adquiridos e registros.<br />

Fonte: Lavargue (1998). ........................................................................................................... 27<br />

Figura 7: Taxa de transformação <strong>da</strong> matéria orgânica. Fonte: Tissot & Welte<br />

(1984); Espetalié et al. (1985). ................................................................................................. 30<br />

Figura 8: Tipos de querogênios. Fonte: Tissot & Welt (1980). ................................................ 31<br />

Figura 9: Diagrama de Van Krevelen petróleo. Fonte: Tissot & Welt (1980). ........................ 32<br />

Figura 10: Estágios de maturação <strong>da</strong> matéria orgânica. Fonte: Tissot & Welte (1978). .......... 34<br />

Figura 11: Esquema do equipamento óptico utilizado para a determinação <strong>da</strong><br />

reflectância <strong>da</strong> vitrinita. Fonte: Silva (2007). ........................................................................... 38<br />

Figura 12: Perfil geoquímico. Fonte: Apostila de Geoquímica do Petróleo CENPES<br />

(2009). ...................................................................................................................................... 43<br />

Figura 13: Definição e exemplo de biomarcador. Fonte: Apostila de Geoquímica do<br />

Petróleo CENPES (2009). ........................................................................................................ 44<br />

Figura 14: Biomarcador Fitano. Fonte: Apostila de Geoquímica do Petróleo<br />

CENPES (2009). ....................................................................................................................... 45<br />

Figura 15: Biomarcador Pristano. Fonte: Apostila de Geoquímica do Petróleo<br />

CENPES (2009). ....................................................................................................................... 45<br />

Figura 16: Relações entre Pristano e Fitano. Fonte: Apostila de Geoquímica do<br />

Petróleo CENPES (2009). ........................................................................................................ 46<br />

Figura 17: Roteiro <strong>da</strong>s análises geoquímicas de <strong>biomarcadores</strong>. Fonte: Apostila de<br />

Geoquímica do Petróleo (CENPES,2009). ............................................................................... 46<br />

Figura 18: Caracterização e correlação de hidrocarbonetos. Fonte: Apostila de<br />

Geoquímica do Petróleo (CENPES, 2009). .............................................................................. 49<br />

Figura 19: Cromatografia Gasosa Óleo Total (whole oil). Fonte: Apostila de<br />

Geoquímica do Petróleo (CENPES 2009). ............................................................................... 51<br />

Figura 20: Exemplos de óleos de diferentes origens. Fonte: Apostila de Geoquímica<br />

do Petróleo (CENPES 2009). ................................................................................................... 51<br />

Figura 21: Cálculo de Isótopos Estáveis. Fonte: Apostila Interna do Curso de<br />

Formação de Geologia do Petróleo (RH/UP/ECTEP, 2009). ................................................... 55<br />

xi


Figura 22: Fingerprint de um óleo de um paleoambiente lacustre de água doce.<br />

Fonte: Triguis et al (2009). ....................................................................................................... 59<br />

Figura 23: Fingerprint de óleo de um paleoambiente lacustre salino. Fonte: Triguis<br />

et al.(2009). .............................................................................................................................. 60<br />

Figura 24: Fingerprint de um óleo associado a paleoambiente evaporítico. Fonte:<br />

Triguis et al., 2009. ................................................................................................................... 62<br />

Figura 25: Fingerprint de um óleo associado a paleoambiente marinho carbonático.<br />

Fonte: Triguis et al., 2009. ....................................................................................................... 64<br />

Figura 26: Fingerprint de um óleo associado a paleoambiente marinho deltaico.<br />

Fonte Triguis et al., 2009. ........................................................................................................ 65<br />

Figura 27: Reconstituição paleogeográfica do Atlântico Sul durante o final do<br />

Aptiano. Fonte: Apostila Interna do Curso de Formação de Geologia do Petróleo<br />

(RH/UP/ECTEP, 2009) ............................................................................................................ 70<br />

Figura 28: Fisiografia atual <strong>da</strong> região oceânica exibindo as principais feições<br />

topográficas do fundo oceânico. A cadeia Rio Grande-Walvis, hoje descontínua,<br />

teve importante papel no controle <strong>da</strong> incursão marinha durante o Aptiano. Fonte:<br />

Lima e Júnior (2003). ............................................................................................................... 71<br />

Figura 29: Correlação de <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> <strong>da</strong> Costa Leste Brasileira e Costa Oeste<br />

Africana. Fonte: Apostila Interna do Curso de Formação de Geologia do Petróleo<br />

(RH/UP/ECTEP 2009). ............................................................................................................ 76<br />

xii


LISTA DE FOTOS<br />

Figura 1: Determinação do R0% através <strong>da</strong> reflectância <strong>da</strong> vitrinita. Fonte: Apostila<br />

Interna do Curso de Formação de Geologia do Petróleo (RH/UP/ECTEP 2009). ................... 40<br />

Foto 2: Análise de cromatografia líqui<strong>da</strong>. Fonte: Apostila Interna do Curso de<br />

Formação de Geologia do Petróleo, RH/UP/ECTE (2009). ..................................................... 48<br />

Foto 3: Análise de Cromatografia Gasosa. Fonte: Apostila Interna do Curso de<br />

Formação de Geologia do Petróleo, RH/UP/ECTEP (2009). ................................................... 50<br />

Foto 4: Análise de isótopos estáveis. Fonte: Apostila Interna do Curso de Formação<br />

de Geologia do Petróleo, RH/UP/ECTEP (2009). .................................................................... 56<br />

FOTOMICROGRAFIA<br />

Fotomicrografia 1: Análise do Índice de Coloração dos Esporos ou de Coloração<br />

Térmica (SCl: Spore Color Index). Fonte: Apostila Interna do Curso de Formação<br />

de Geologia do Petróleo (RH/UP/ECTEP 2009). ..................................................................... 42<br />

LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 1: Etapas de transformação do querogênio. Fonte: Petroleum Geoscience<br />

Technology. Disponível em http://www.pgt.com.br/artigo.pdf. Acesso em<br />

20/08/2011. ............................................................................................................................... 40<br />

Tabela 2: Características geológicas e geoquímicas <strong>da</strong>s <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> na margem<br />

leste brasileira. Fonte: Modificado de Notas de Aulas de Geologia do Petróleo<br />

(Silva, 2011). ............................................................................................................................ 73<br />

xiii


LISTA DE ABREVIAÇÕES<br />

COT: Carbono Orgânico Total<br />

S1: Quanti<strong>da</strong>de de hidrocarbonetos livres gerados<br />

S2:Quanti<strong>da</strong>de de hidrocarbonetos gerados na pirólise(potencial gerador)<br />

S3: Quanti<strong>da</strong>de de oxigênio presente na matéria orgânica<br />

Tmax: Temperatura máxima de pirólise<br />

IH: Índice de hidrogênio<br />

IO: Índice de oxigênio<br />

IAT: Índice de alteração térmica<br />

TT: Taxa de transformação<br />

Ma: Milhões de anos<br />

MO: Matéria orgânica<br />

IP: Índice de Produção<br />

EM: Espectrometria de massa<br />

DIC: Detector de ionização de chama<br />

CG: Cromatografia Gasosa<br />

Pr: Pristano<br />

Fi: Fitano<br />

ppm: Parte por milhão<br />

Hc/ton: hidrocarboneto por tonela<strong>da</strong><br />

mg Hc/g: miligrama hidrocarboneto por grama<br />

kg Hc/ton: quilo hidrocarboneto por tonela<strong>da</strong><br />

xiv


1. INTRODUÇÃO<br />

O estudo <strong>da</strong>s bacias sedimentares de margem passiva <strong>da</strong> placa sul-americana,<br />

relacionando-as à evolução tectônica com estágios de subsidência rifte e pós-rifte, é de<br />

importância fun<strong>da</strong>mental para a avaliação do potencial exploratório na pesquisa de<br />

hidrocarbonetos.<br />

A indústria petrolífera foi gradualmente percebendo, ao longo de déca<strong>da</strong>s de<br />

exploração, que para se encontrar jazi<strong>da</strong>s de hidrocarbonetos de volume significativo era<br />

imperioso que um determinado número de requisitos geológicos ocorresse simultaneamente<br />

nas bacias sedimentares (Magoon & Dow, 1994).<br />

O estudo destas características de maneira integra<strong>da</strong> e a simulação preliminar <strong>da</strong>s<br />

condições ótimas para sua existência concomitante, de forma a diminuir o risco exploratório<br />

envolvido nas perfurações de poços, foram consoli<strong>da</strong>dos em um único conceito: o de sistema<br />

petrolífero (Magoon & Dow, 1994).<br />

Nesse conceito destacamos, especialmente, o estudo <strong>da</strong>s <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> de petróleo<br />

dessas bacias (Magoon & Dow, 1994).<br />

Por ser o petróleo um recurso estratégico, o conhecimento do potencial petrolífero do<br />

território brasileiro deve ser buscado em seu maior grau de precisão possível. As bacias<br />

sedimentares brasileiras possuem uma grande diversi<strong>da</strong>de geológica e, como conseqüência,<br />

riscos exploratórios diferenciados. Essa diversi<strong>da</strong>de deriva o tipo de rocha geradora que as<br />

compõem.<br />

Com a descoberta dos <strong>biomarcadores</strong> na indústria do petróleo é possível obter<br />

informações sobre a origem marinha ou continental do óleo, o estágio de maturação, rotas de<br />

migração (correlação óleo-óleo e óleo-rocha geradora) e biodegra<strong>da</strong>ção.<br />

No desenvolvimento <strong>da</strong>s bacias sedimentares brasileiras, têm surgido algumas<br />

in<strong>da</strong>gações sobre as correlações entre a exuberância de pacotes geradores e os volumes de<br />

óleo já descobertos. Em alguns casos, há indicações de que geradores classificados<br />

geoquimicamente como medianos parecem ter gerado volumes de óleo mais significativos do<br />

que pacotes considerados excelentes.<br />

Os resultados de estudos científicos sobre geração, papel dos geocatalizadores e<br />

migração de hidrocarbonetos, certamente permitirão, a médio prazo, estabelecer a história <strong>da</strong>s<br />

15


acumulações de hidrocarbonetos nas bacias, reduzindo dessa maneira os riscos envolvidos na<br />

exploração.<br />

2. OBJETIVO<br />

Este trabalho tem por objetivo principal discutir <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> em termos de<br />

ambiente de geração (lacustre doce, lacustre salino, marinho, hipersalino), através de <strong>seus</strong><br />

<strong>biomarcadores</strong> fazendo a correlação rocha geradora - óleo nas bacias <strong>da</strong> costa leste brasileira.<br />

Como objetivo específico, será discuti<strong>da</strong> a caracterização <strong>da</strong>s <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> através<br />

<strong>da</strong>s técnicas geoquímicas de COT, Pirólise, Reflectância de Vitrinita, Índice de Alteração<br />

Térmica para avaliação do potencial gerador e maturação <strong>da</strong> matéria orgânica, como também<br />

as técnicas utiliza<strong>da</strong>s para determinação dos <strong>biomarcadores</strong>.<br />

De forma complementar, serão apresenta<strong>da</strong>s as <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> localiza<strong>da</strong>s nas<br />

bacias <strong>da</strong> costa oeste africana, a fim de correlacioná-las com as bacias <strong>da</strong> costa leste brasileira.<br />

3. METODOLOGIA<br />

Os <strong>da</strong>dos utilizados para o desenvolvimento desta Monografia foram obtidos através<br />

de revisão bibliográfica. As informações coleta<strong>da</strong>s foram adquiri<strong>da</strong>s em publicações nacionais<br />

e internacionais sobre <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong>, <strong>da</strong>ndo-se ênfase naquelas referentes às bacias de<br />

Camamu, Cumuruxatiba, Espírito Santo, Campos, Santos e Pelotas, to<strong>da</strong>s situa<strong>da</strong>s na Costa<br />

Leste Brasileira.<br />

Essa pesquisa bibliográfica foi estendi<strong>da</strong> também às Bacias <strong>da</strong> Costa Oeste Africana, a<br />

fim de serem estabeleci<strong>da</strong>s possíveis relações entre as diferentes <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> presentes<br />

em bacias hoje separa<strong>da</strong>s pelo Oceano Atlântico.<br />

16


4. ORIGEM DO PETRÓLEO INORGÂNICA X ORGÂNICA<br />

As teorias inorgânicas atribuem ao petróleo uma origem a partir de processos<br />

exclusivamente inorgânicos, abiogênicos, baseados em sínteses inorgânicas, isto é, sem a<br />

intervenção de organismos vivos de qualquer espécie.<br />

Essas teorias foram estabeleci<strong>da</strong>s e defendi<strong>da</strong>s principalmente pelos químicos, alguns<br />

deles de celebri<strong>da</strong>de reconheci<strong>da</strong>. A referência mais antiga sobre a origem inorgânica do<br />

petróleo parece ser de Virlet (1834). Esse autor considerou os hidrocarbonetos do petróleo<br />

como originários de emanações vulcânicas.<br />

Informa ain<strong>da</strong> que numerosas fontes termais produzem hidrocarbonetos em<br />

quanti<strong>da</strong>des significativas. Boutigny, em 1858, propôs uma “teoria cósmica” para a origem do<br />

petróleo. O autor imaginou a atmosfera primitiva <strong>da</strong> Terra contendo hidrocarbonetos em<br />

abundância sob a forma gasosa, além de vapor d’água. Com o resfriamento do planeta os<br />

hidrocarbonetos teriam se precipitado sob a forma de chuva, infiltrando-se no solo e aí<br />

formando os depósitos petrolíferos.<br />

Berthhelot, químico e político francês, em 1866 disse que o petróleo se originaria nas<br />

proximi<strong>da</strong>des do núcleo terrestre. O CO2 aí existente se combinaria com metais alcalinos<br />

livres, produzindo compostos do tipo C2Na2. Estes, em contato com a água, <strong>da</strong>riam origem ao<br />

acetileno que, por reações de polimerização e hidrogenação, formaria os demais<br />

hidrocarbonetos do petróleo, tanto aromáticos como saturados.<br />

Dentre as teorias inorgânicas mais modernas, merece destaque a do cientista russo<br />

Porfir’ev (1974) que usando o método dedutivo e baseado nos princípios clássicos <strong>da</strong><br />

termodinâmica e em idéias modernas de geologia e geofísica, conclui que, sob as altas<br />

pressões e temperaturas existentes dentro <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> de Gutemberg, na parte superior do<br />

manto, em <strong>rochas</strong> ultramáficas contendo óxido de ferro e compostos voláteis (H2O, CO),<br />

compostos orgânicos equivalentes ao petróleo são formados e podem aí existir em equilíbrio<br />

termodinâmico com o meio circun<strong>da</strong>nte.<br />

Isto porque, em <strong>seus</strong> laboratórios, eram capazes de produzir hidrocarbonetos a partir<br />

de fontes exclusivamente inorgânicas e não viam razão para que fenômeno semelhante não<br />

ocorresse em condições naturais.<br />

17


As teorias orgânicas postulam que o petróleo é formado a partir de restos de animais e<br />

plantas, isto é, dos produtos bioquímicos incorporados às <strong>rochas</strong> sedimentares durante a<br />

sedimentação.<br />

Nas déca<strong>da</strong>s de 60 e 70, foi estabelecido e firmado o conceito de rocha geradora, base<br />

<strong>da</strong> Teoria Orgânica Moderna: “Se foi encontrado petróleo, deve existir uma rocha geradora a<br />

ela relaciona<strong>da</strong>” (Welte, 1965).<br />

A Teoria Orgânica Moderna é aceita atualmente pela esmagadora maioria dos<br />

geólogos e geoquímicos. Entretanto, não se contestam a existência de hidrocarbonetos<br />

formados inorganicamente, tanto na Terra como no espaço exterior. Entretanto, não existem<br />

ain<strong>da</strong> evidências de que estes hidrocarbonetos tenham contribuído de maneira significativa<br />

para as acumulações petrolíferas conheci<strong>da</strong>s.<br />

A descoberta dos <strong>biomarcadores</strong> em óleos foi o golpe final na teoria inorgânica do<br />

petróleo, uma vez que só organismos vivos orgânicos podem sintetizar essas substâncias que<br />

constituem o “esqueleto” dos <strong>biomarcadores</strong>.<br />

18


5. SISTEMA PETROLÍFERO<br />

Um sistema petrolífero ativo compreende a existência e o funcionamento síncronos de<br />

quatro elementos (<strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> maturas, <strong>rochas</strong>-reservatório, <strong>rochas</strong> selantes e trapas) e<br />

dois fenômenos geológicos dependentes do tempo (migração e sincronismo).<br />

O elemento mais importante e fun<strong>da</strong>mental para a ocorrência de petróleo em<br />

quanti<strong>da</strong>des significativas em uma bacia sedimentar, em algum tempo geológico passado ou<br />

presente, é a existência de grandes volumes de matéria orgânica de quali<strong>da</strong>de adequa<strong>da</strong>,<br />

acumula<strong>da</strong> quando <strong>da</strong> deposição de certas <strong>rochas</strong> sedimentares que são denomina<strong>da</strong>s de<br />

<strong>geradoras</strong>.<br />

A presença de <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> é imperativa, de acordo com a teoria moderna <strong>da</strong><br />

origem orgânica do petróleo. Trata-se de <strong>rochas</strong> de granulação muito fina (geralmente<br />

folhelhos, margas e calcários), muito ricas em matéria orgânica adequa<strong>da</strong> à geração de<br />

hidrocarbonetos.<br />

Uma rocha geradora (Figura 1) deve conter um teor médio a elevado de matéria<br />

orgânica (> 1%). Trata-se, portanto, de rocha forma<strong>da</strong> sob condições excepcionais, <strong>da</strong>í sua<br />

rari<strong>da</strong>de relativa (Apostila de Geoquímica do Petróleo, CENPES 2009).<br />

No caso de folhelhos, somente pacotes com teores iguais ou superiores a 1% de<br />

carbono orgânico são considerados geradores potenciais de hidrocarbonetos em quanti<strong>da</strong>des<br />

comerciais devido a composição <strong>da</strong> rocha geradora.<br />

No caso de calcários, o limite inferior é geralmente estabelecido entre 0,2 e 0,4%. A<br />

quanti<strong>da</strong>de de matéria orgânica é determina<strong>da</strong> por métodos químicos (determinação do teor de<br />

carbono orgânico) que serão abor<strong>da</strong>dos posteriormente (Apostila de Geoquímica do Petróleo,<br />

CENPES, 2009).<br />

As <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong>, uma vez submeti<strong>da</strong>s a adequa<strong>da</strong>s temperaturas e pressões,<br />

gerarão o petróleo em subsuperfície. Caso falte este elemento em uma bacia, a natureza não<br />

terá meios de substituí-la, ao contrário dos outros cinco elementos constituintes do sistema<br />

petrolífero, que mesmo estando ausentes, podem ser de alguma forma compensados por<br />

condições de exceções geológicas ou por algumas coincidências adequa<strong>da</strong>s.<br />

19


Figura 1: Visão microscópica de uma rocha geradora de petróleo. Em amarelo as vitrinitas, em preto o<br />

óleo Fonte: Abreu, 2007).<br />

5.1 AMBIENTES DE PRESERVAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA<br />

A exposição <strong>da</strong> matéria orgânica ao oxigênio (em superfície) resulta na sua<br />

degra<strong>da</strong>ção. Nos ambientes aquáticos, o grau de preservação <strong>da</strong> matéria orgânica depende <strong>da</strong><br />

concentração de oxigênio e do tempo de trânsito <strong>da</strong> biomassa ao longo <strong>da</strong> coluna d’água e de<br />

exposição na interface água/sedimento (Petroleum Geoscience Technology, 2011).<br />

Assim, em águas óxicas, a matéria orgânica tende a ser degra<strong>da</strong><strong>da</strong>, enquanto em águas<br />

anóxicas há melhores condições de preservação (Petroleum Geoscience Technology, 2011).<br />

Em bacias onde to<strong>da</strong> a coluna d’água é óxica, altas taxas de sedimentação podem<br />

auxiliar na preservação <strong>da</strong> matéria orgânica, retirando-a <strong>da</strong> interface água/sedimento mais<br />

rapi<strong>da</strong>mente (Petroleum Geoscience Technology, 2011).<br />

A ativi<strong>da</strong>de de organismos heterotróficos também exerce importante papel no processo<br />

de degra<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> matéria orgânica. Sob condições óxicas, as bactérias aeróbicas e organismos<br />

metazoários desempenham um importante papel na degra<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> biomassa primária<br />

(Petroleum Geoscience Technology, 2011).<br />

Sob condições disóxicas/anóxicas, a ação desses organismos é limita<strong>da</strong> ou mesmo<br />

elimina<strong>da</strong>, e a alteração <strong>da</strong> matéria orgânica passa a ser realiza<strong>da</strong> por bactérias anaeróbicas,<br />

que empregam nitratos e sulfatos como agentes oxi<strong>da</strong>ntes. Já na ausência desses agentes<br />

20


oxi<strong>da</strong>ntes, a matéria orgânica é decomposta por bactérias metanogênicas, como no caso de<br />

sistemas lacustres (Figura 2) (Petroleum Geoscience Technology, 2011).<br />

Figura 2: Preservação <strong>da</strong> Matéria Orgânica. Fonte: Notas de Aulas de Geologia do Petróleo (Silva,<br />

2011).<br />

Nos sistemas lacustres de água doce (onde é baixa a disponibili<strong>da</strong>de de sulfato) a<br />

metanogênese pode ser responsável, junto com a oxi<strong>da</strong>ção por oxigênio livre, pela<br />

decomposição <strong>da</strong> maior parte <strong>da</strong> matéria orgânica produzi<strong>da</strong> (Petroleum Geoscience<br />

Technology, 2011).<br />

Estima-se que em média 0,1% <strong>da</strong> matéria orgânica produzi<strong>da</strong> pelos organismos<br />

fotossintéticos é preserva<strong>da</strong> nos sedimentos. Os ambientes mais favoráveis à preservação <strong>da</strong><br />

matéria orgânica são os mares restritos, os lagos profundos e também nos lagos rasos<br />

estratificados (Petroleum Geoscience Technology, 2011).<br />

Quais os tipos de amostras utiliza<strong>da</strong>s nas análises geoquímicas que serão discuti<strong>da</strong>s a<br />

seguir? Amostras de calha, testemunhos e afloramentos (Figura 3).<br />

21


Tipos de amostras utiliza<strong>da</strong>s<br />

Amostra de calha/ Testemunhos/ Afloramentos<br />

Figura 3: Tipos de amostras analisa<strong>da</strong>s geoquímicamente. Fonte: Apostila Interna do Curso de<br />

Formação de Geologia do Petróleo (RH/UP/ECTEP, 2009).<br />

22


6. CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA DAS ROCHAS GERADORAS<br />

A caracterização geoquímica de <strong>rochas</strong> potencialmente <strong>geradoras</strong> é necessária para<br />

avaliação <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de, quali<strong>da</strong>de e maturação <strong>da</strong> matéria orgânica.<br />

Para este estudo, são utilizados <strong>da</strong>dos de análises rotineiras de carbono orgânico total<br />

(COT), pirólise Rock-Eval e petrografia orgânica através <strong>da</strong> reflectância <strong>da</strong> vitrinita ou do<br />

índice de alteração de pólens e esporos. Esta metodologia é aplica<strong>da</strong> no estudo de <strong>rochas</strong><br />

<strong>geradoras</strong> de bacias brasileiras.<br />

6.1 CARBONO ORGÂNICO TOTAL (COT)<br />

O ciclo do carbono (Figura 4) constitui um dos mais importantes ciclos<br />

biogeoquímicos não só por sua complexi<strong>da</strong>de e abrangência, como também pela importância<br />

econômica, liga<strong>da</strong> à compreensão <strong>da</strong> origem e ocorrência de combustíveis fósseis.<br />

Figura 4: Ciclo do carbono orgânico na natureza. Fonte: Abreu (2007).<br />

23


A maior parte do carbono orgânico nos ambientes aquáticos ocorre sob forma de<br />

carbono dissolvido, sendo o restante de natureza particula<strong>da</strong>.<br />

O carbono orgânico dissolvido, composto principalmente por substâncias húmicas,<br />

proteínas, carboidratos e lipídios (Esteves, 1988), consiste no produto <strong>da</strong> decomposição de<br />

plantas e animais e <strong>da</strong> excreção destes organismos (fitoplâncton principalmente).<br />

Já o carbono orgânico particulado compreende a matéria orgânica em suspensão,<br />

incluindo a pequena fração representa<strong>da</strong> pelos organismos vivos.<br />

O conteúdo de carbono orgânico total é uma medi<strong>da</strong> de quanti<strong>da</strong>de de matéria<br />

orgânica que foi preserva<strong>da</strong> e incorpora<strong>da</strong> ao sedimento.<br />

COT > 1% para folhelho e COT > 0,5% para calcilutitos. Depois o material é pesado<br />

para se ter uma idéia do resíduo insolúvel. Após a amostra ser coloca<strong>da</strong> no aparelho Zeco e<br />

queimado a 1000ºC o novo CO2 é encaminhado para um analisador medir o teor de C no CO2.<br />

Para análise de COT é necessário de 3 gramas de amostra. Com 0,25g o material seria<br />

queimado a 1200ºC e a dissociação térmica gera CO2 <strong>da</strong> MO.<br />

Para esta análise, 0,5 grama de amostra de rocha é acidifica<strong>da</strong> em ácido hidroclórico<br />

(HCl) concentrado, visando eliminar o carbono inorgânico. Após a acidificação, o resíduo<br />

insolúvel é levado a um forno e submetido a temperaturas de até 1200ºC.<br />

Um fluxo constante de oxigênio puro carreia os gases liberados pela combustão. O<br />

dióxido de carbono (CO2) é medido usando-se um detector de condutivi<strong>da</strong>de térmica. A<br />

quanti<strong>da</strong>de de matéria orgânica é reporta<strong>da</strong> como percentagem de carbono.<br />

6.2 PIRÓLISE DE ROCK-EVAL<br />

Para determinar o potencial gerador e a quanti<strong>da</strong>de de petróleo livre na rocha,<br />

emprega-se esta técnica que simula, em laboratório, o processo de degra<strong>da</strong>ção térmica do<br />

querogênio (fração insolúvel <strong>da</strong> MO presente nas <strong>rochas</strong> sedimentares), ou seja, o processo de<br />

maturação <strong>da</strong> matéria orgânica (Figura 5) que ocorre na natureza (Espitalié et al., 1977).<br />

24


O processo envolve temperaturas experimentais consideravelmente maiores que<br />

aquelas normalmente registra<strong>da</strong>s na subsuperfície, de maneira que possam ocorrer as reações<br />

termoquímicas num curto espaço de tempo. Esta técnica foi desenvolvi<strong>da</strong> pelo Instituto<br />

Francês do Petróleo.<br />

A pirólise adota<strong>da</strong> pelo CENPES (Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo<br />

A. Minguez de Mello, <strong>da</strong> Petrobrás) utiliza o equipamento RockEval e envolve o aquecimento<br />

de rocha pulveriza<strong>da</strong> de 300ºC a 600ºC, num período de aproxima<strong>da</strong>mente 25 minutos.<br />

Figura 5: Método <strong>da</strong> Pirólise: Simulação do processo natural de maturação <strong>da</strong> matéria orgânica. Fonte:<br />

Apostila de Geoquímica do Petróleo, CENPES (2009).<br />

Nessa análise são obtidos três picos (S1, S2 e S3) em diferentes faixas de temperatura<br />

e o Tmáx. Ca<strong>da</strong> pico possui um significado dentro do processo de geração e migração do<br />

hidrocarboneto.<br />

1mg de amostra é aueci<strong>da</strong> em atmosfera de Hélio inerte. Aumenta-se a temperatura até<br />

350ºC para medir S1 (hidrocarboneto livre presente) em torno de 10 minutos, depois até<br />

600ºC. O querogênio vai gerar muito se estiver imaturo e pouco se estiver maturo. Dando S2<br />

(potencial gerador) é medido o Tmáx. Abaixo de 440ºC a MO é imatura e acima desse valor<br />

matura, a partir de 460ºC a rocha é senil.<br />

Após essa queima, a matéria orgânica libera CO2 medindo assim o seu teor (CO2) na<br />

amostra que é S3. Este dióxido de carbono não provém <strong>da</strong> combustão e sim <strong>da</strong> per<strong>da</strong> de<br />

grupos funcionais presentes no querogênio (hidroxilas e carboxilas).<br />

25


Quando associamos esses picos ao teor de carbono orgânico total, obtemos parâmetros<br />

que nos permitem caracterizar a matéria orgânica. Esses parâmetros são denominados de<br />

índices de hidrogênio, de oxigênio, de produção e de transformação. Todos os produtos <strong>da</strong><br />

pirólise, como esses parâmetros, estão descritos a seguir.<br />

6.2.1 PARÂMETROS OBTIDOS NA PIRÓLISE<br />

A pirólise é um processo simples, rápido e de baixo custo, o que possibilita i)<br />

reconhecer os vários tipos de <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> e estimar o potencial petrolífero destas; ii)<br />

caracterizar o grau de evolução diagenética <strong>da</strong> matéria orgânica; iii) selecionar intervalos para<br />

outras análises geoquímicas e determinar zonas com indícios de hidrocarbonetos e<br />

acumulações de petróleo. A seguir são descritos os seguintes parâmetros utilizados na<br />

interpretação <strong>da</strong> maturação <strong>da</strong> matéria orgânica:<br />

Pico S1 - É obtido por volta de 300ºC e está associado aos hidrocarbonetos livres<br />

passíveis de migração. Hidrocarbonetos livres presentes nas amostras, que fornecem a<br />

quanti<strong>da</strong>de de hidrocarbonetos gerados pela rocha e que não sofreram migração. A<br />

área de ca<strong>da</strong> pico obtido, é computa<strong>da</strong> durante a pirólise sendo representa<strong>da</strong> em<br />

uni<strong>da</strong>des de volume de rocha (S1 - mg Hc/g rocha);<br />

Pico S2 - É obtido entre 300ºC e 600ºC de temperatura e corresponde aos<br />

hidrocarbonetos gerados durante a pirólise e não migraram. O S2 é denominado de<br />

Potencial Gerador e corresponde à quanti<strong>da</strong>de de petróleo que a rocha analisa<strong>da</strong> teria<br />

condição de produzir caso fosse submeti<strong>da</strong> às condições de temperatura e<br />

soterramento adequa<strong>da</strong>s (S2 - mg Hc/g rocha);<br />

T máx – A Temperatura Máxima de Pirólise, Tmáx, é <strong>da</strong><strong>da</strong> pela temperatura mostra<strong>da</strong><br />

pelo pico S2 e demonstra a paleotemperatura máxima sofri<strong>da</strong> pela matéria orgânica,<br />

sendo, portanto, uma medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> maturação ou evolução térmica <strong>da</strong> matéria orgânica.<br />

Resultados <strong>da</strong> ordem de 430ºC indicariam um posicionamento <strong>da</strong> matéria orgânica no<br />

26


topo <strong>da</strong> zona matura (TZM) e valores <strong>da</strong> ordem de 480ºC estariam indicando um<br />

posicionamento no topo <strong>da</strong> zona supermatura (TZS).<br />

Pico S3 – O pico S3 ocorre acima de 600ºC e corresponde à presença de oxigênio<br />

associado a matéria orgânica. É medido através <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de de dióxido de carbono<br />

(CO2) liberado pelo craqueamento térmico do querogênio (S3 - (mg CO2/g rocha)).<br />

A seguir (Figura 6) é mostra<strong>da</strong> a técnica <strong>da</strong> pirólise, com os parâmetros obtidos e os<br />

respectivos registros.<br />

Figura 6: Esquema geral de pirólise de <strong>rochas</strong>, parâmetros adquiridos e registros. Fonte: Lavargue (1998).<br />

27


6.2.2 APLICAÇÃO DOS PARÂMETROS OBTIDOS NA PIRÓLISE<br />

A quanti<strong>da</strong>de de S1 apresenta a fração do potencial de geração original que teria sido<br />

transformado em hidrocarbonetos. A quanti<strong>da</strong>de de S2 representa a outra fração do potencial<br />

de geração, ou seja, o potencial residual para geração de hidrocarbonetos.<br />

Desta forma S1+S2 expressos em miligramas (mg) de hidrocarbonetos por grama (g)<br />

de rocha, forneceriam uma avaliação do potencial de geração, estando relacionados ao tipo e à<br />

abundância de matéria orgânica.<br />

Sendo Tmáx a temperatura máxima de pirólise (em ºC) usa<strong>da</strong> como parâmetro de<br />

maturação, de modo geral, as <strong>rochas</strong> termicamente imaturas apresentam valores de Tmáx <<br />

435º-440ºC, enquanto aquelas que alcançaram o pico de geração apresentam valores de Tmáx<br />

entre 440º-450ºC.<br />

Uma vez que os picos S2 e S3 refletem, respectivamente, as quanti<strong>da</strong>des de hidrogênio<br />

e oxigênio presentes na matéria orgânica, utilizando-se os índices de hidrogênio e de oxigênio<br />

em relação às razões H/C e O/C, obti<strong>da</strong>s através de análises elementares, tem-se a interação<br />

entre a natureza <strong>da</strong> matéria orgânica e seu grau de preservação.<br />

A quanti<strong>da</strong>de de petróleo gerado pode ser representa<strong>da</strong> diretamente pelo valor de S1,<br />

caso não tenha ocorrido expulsão de óleo. Durante a fase em que ocorre apenas geração de<br />

petróleo, sem expulsão, a taxa de transformação calcula<strong>da</strong> com base nos potenciais original e<br />

residual é igual ao valor do índice de produção (IP).<br />

A partir do início <strong>da</strong> expulsão, a quanti<strong>da</strong>de de hidrocarbonetos livres na rocha<br />

geradora (S1) diminui. Conseqüentemente, o índice de produção aponta valores<br />

sistematicamente inferiores aos calculados para a taxa de transformação. A seguir estão<br />

descritos e demonstrados na figura 6 os indicadores que podem ser obtidos utilizando as<br />

relações entre S1, S2 e S3:<br />

Índice de Hidrogênio (IH) – pode ser comparado à razão S2 (mg HC) / carbono<br />

orgânico total <strong>da</strong> rocha em gramas.<br />

Índice de Oxigênio (IO) – pode ser comparado à razão S3(mg CO2)/ carbono orgânico<br />

total <strong>da</strong> rocha em gramas.<br />

Índice de Produção (IP) ‒ razão entre a quanti<strong>da</strong>de de hidrocarbonetos liberados no<br />

primeiro estágio de aquecimento e a quanti<strong>da</strong>de total de hidrocarbonetos liberados;<br />

28


caracteriza o nível de evolução <strong>da</strong> matéria orgânica e torna possível a detecção de<br />

indícios de óleo; [S1/(S1+S2)]. IP < 0,1 ~ <strong>rochas</strong> termicamente imaturas e IP ~ 0,4<br />

<strong>rochas</strong> termicamente maturas.<br />

Taxa de Transformação (TT) ‒ defini<strong>da</strong> como a relação entre a quanti<strong>da</strong>de de petróleo<br />

gerado e o potencial genético original (Tissot e Welte, 1984, e Espitalié et al. 1985)<br />

(Figura 7).<br />

É importante ressaltar que:<br />

Os índices de hidrogênio e oxigênio também indicam os estágios avançados de<br />

maturação, caracterizados por valores próximos a zero.<br />

Rochas que apresentam potencial (S1+S2) inferior a 2mg de HC/g de rocha não são<br />

considera<strong>da</strong>s <strong>geradoras</strong> de óleo, mas apresentam algum potencial para gás;<br />

Rochas que apresentam potencial (S1+S2) superior a 6mg de HC/g de rocha são<br />

considera<strong>da</strong>s <strong>geradoras</strong> com bom potencial para geração;<br />

A correlação dos <strong>da</strong>dos de COT com o IH (valores de 300 até 500 mgHC/g COT)<br />

sugere um ambiente de sedimentação onde ocorreram eventos que possibilitaram a<br />

preservação <strong>da</strong> matéria orgânica. Geralmente, em bacias sedimentares marinhas, os<br />

intervalos com melhor preservação <strong>da</strong> matéria orgânica possuem valores máximos de<br />

IH de cerca de 600 mgHC/g COT.<br />

29


Figura 7: Taxa de transformação <strong>da</strong> matéria orgânica. Fonte: Tissot & Welte (1984)<br />

Espetalié et al. (1985).<br />

6.2.3 TIPOS DE QUEROGÊNIO<br />

O produto final do processo de diagênese é o querogênio, definido como a fração<br />

insolúvel <strong>da</strong> matéria orgânica presente nas <strong>rochas</strong> sedimentares. Além do querogênio, também<br />

há uma fração solúvel, composta por hidrocarbonetos e não-hidrocarbonetos derivados de<br />

biopolímeros pouco alterados, e denomina<strong>da</strong> de betume (Petroleum Geoscience Technology,<br />

2011).<br />

O querogênio é a forma mais importante de ocorrência de carbono orgânico na Terra,<br />

sendo 1000 vezes mais abun<strong>da</strong>nte do que o carvão e o petróleo somados (Petroleum<br />

Geoscience Technology, 2011).<br />

Quimicamente, o querogênio é uma macromolécula tridimensional constituí<strong>da</strong> por<br />

“núcleos” aromáticos (cama<strong>da</strong>s paralelas de anéis aromáticos condensados), ligados por<br />

“pontes” de cadeias alifáticas lineares ou ramifica<strong>da</strong>s. Tanto os núcleos quanto as pontes<br />

apresentam grupos funcionais com heteroátomos (ex: ésteres, cetonas etc.) (Petroleum<br />

Geoscience Technology, 2011). .<br />

Ao microscópio, normalmente é possível identificar estruturas remanescentes <strong>da</strong><br />

matéria orgânica original, tais como tecidos vegetais, pólens e esporos, colônias de algas etc.<br />

30


Em muitos casos, entretanto, o processo de diagênese pode obliterar a estrutura original, o que<br />

resulta na formação de um querogênio amorfo (Petroleum Geoscience Technology, 2011).<br />

A proporção entre os três elementos mais abun<strong>da</strong>ntes no querogênio (C, H e O) varia<br />

consideravelmente em função <strong>da</strong> origem e evolução térmica <strong>da</strong> matéria orgânica.<br />

Com base nas razões elementares H/C e O/C e em <strong>da</strong>dos químicos e petrográficos é possível<br />

classificar os querogênios como dos tipos I, II e III (Figura 8) (Petroleum Geoscience<br />

Technology, 2011), caracterizados no diagrama de Van Krevelen (Figura 9) por <strong>seus</strong><br />

respectivos estágios de evolução. Parecem englobar a maioria dos querogênios existentes<br />

segundo La Plante (1974).<br />

Figura 8: Tipos de querogênios. Tissot e Welte, 1980.<br />

31


Figura 9: Principais tipos de querogênios, caracterizados em diagrama de Van Krevelen. Fonte: Tissot &<br />

Welte, 1980.<br />

(a) Tipo I - O querogênio do tipo I é constituído predominantemente por cadeias<br />

alifáticas, com poucos núcleos aromáticos. Rico em hidrogênio (alta razão H/C), é<br />

derivado principalmente de lipídeos de origem algálica. Normalmente encontrado em<br />

<strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> deposita<strong>da</strong>s em ambiente lacustre (Petroleum Geoscience<br />

Technology, 2011).<br />

(b) Tipo II – O querogênio do tipo II contém uma maior proporção de núcleos aromáticos,<br />

anéis naftênicos e grupos funcionais oxigenados. Consequentemente, é mais pobre em<br />

hidrogênio e mais rico em oxigênio que o querogênio do tipo I. Geralmente derivado<br />

de matéria orgânica de origem marinha, continental e ocorre também em lagos<br />

(Petroleum Geoscience Technology, 2011).<br />

(c) Tipo III – O querogênio do tipo III é constituído predominantemente por núcleos<br />

aromáticos e funções oxigena<strong>da</strong>s, com poucas cadeias alifáticas. Apresenta baixos<br />

valores para a razão H/C e altos valores de O/C. Derivado de matéria orgânica de<br />

origem terrestre, também ocorre em lagos, este tipo é frequentemente encontrado em<br />

32


ochas <strong>geradoras</strong> deposita<strong>da</strong>s em ambiente marinho deltaico (Petroleum Geoscience<br />

Technology, 2011).<br />

A composição do petróleo gerado a partir de ca<strong>da</strong> querogênio reflete em sua<br />

composição. Assim, um óleo derivado de um querogênio do tipo I apresenta uma eleva<strong>da</strong><br />

abundância relativa de compostos alifáticos, enquanto um óleo proveniente de um querogênio<br />

do tipo II possui, em geral, um maior conteúdo de enxofre (Petroleum Geoscience<br />

Technology, 2011).<br />

O querogênio do tipo I possui o maior potencial para geração de óleo, seguido pelo<br />

tipo II, com um potencial moderado para a geração de óleo e gás, e pelo tipo III, que possui<br />

um baixo potencial para a geração de óleo. Nas <strong>rochas</strong> sedimentares, além dos mencionados<br />

acima, também pode ocorrer um tipo denominado de querogênio residual, derivado de matéria<br />

orgânica intensamente retrabalha<strong>da</strong> e oxi<strong>da</strong><strong>da</strong> (Petroleum Geoscience Technology, 2011).<br />

Diferentes tipos de querogênios podem ser caracterizados pela relação entre os índices<br />

de hidrogênio e oxigênio. Por exemplo, querogênios Tipo I (matéria orgânica amorfa) exibem<br />

teores de IH elevados baixos teores de índice de oxigênio, sendo favoráveis à geração de óleo.<br />

Já a matéria orgânica do Tipo II ( leptinítica) apresentam valores de IH entre 400 e 700<br />

mgHc/gCOT e baixo valor de IO (


6.2.4 ESTÁGIOS DE MATURAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA<br />

O processo natural de formação do petróleo pode ser resumido como uma função do<br />

incremento <strong>da</strong>s condições de soterramento (gradiente térmico é importante) <strong>da</strong> matéria<br />

orgânica e formação <strong>da</strong>s <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong>, onde ocorrem variações na abundância e<br />

composição dos hidrocarbonetos gerados (Silva, 2007).<br />

Após sua incorporação nos sedimentos, a matéria orgânica passa por uma série de<br />

transformações. São reconheci<strong>da</strong>s três fases na evolução <strong>da</strong> matéria orgânica em função do<br />

aumento de temperatura: diagênese, catagênese e metagênese (Figura 10).<br />

Figura 10: Estágios de maturação <strong>da</strong> matéria orgânica. Apostila Interna do Curso de Formação<br />

de Geologia do Petróleo (RH/UP/ECTEP 2009).<br />

.<br />

34


6.2.4.1 DIAGÊNESE, CATAGÊNESE E METAGÊNESE<br />

A diagênese tem início com a degra<strong>da</strong>ção bioquímica <strong>da</strong> matéria orgânica pela<br />

ativi<strong>da</strong>de de microorganismos (bactérias, fungos etc.) aeróbicos e anaeróbicos que vivem na<br />

porção superior <strong>da</strong> coluna sedimentar, principalmente no primeiro metro (Petroleum<br />

Geoscience Technology, 2011).<br />

As proteínas e carboidratos são transformados em <strong>seus</strong> aminoácidos e açúcares<br />

individuais, os lipídios são convertidos em glicerol e ácidos graxos e a lignina decomposta em<br />

fenóis e ácidos aromáticos (Petroleum Geoscience Technology, 2011).<br />

As proteínas e carboidratos são os compostos mais instáveis, enquanto que os lipídios<br />

e a lignina são mais resistentes à degra<strong>da</strong>ção. Essas transformações são acompanha<strong>da</strong>s pela<br />

geração de dióxido de carbono, água e metano (Petroleum Geoscience Technology, 2011).<br />

O resíduo <strong>da</strong> degra<strong>da</strong>ção microbiana passa em segui<strong>da</strong> por mu<strong>da</strong>nças químicas (per<strong>da</strong><br />

de grupos funcionais e polimerização) que resultam numa progressiva condensação e<br />

insolubilização <strong>da</strong> matéria orgânica.<br />

Ao longo deste processo, os biopolímeros (compostos sintetizados pelos organismos)<br />

são transformados nos geopolímeros encontrados nas <strong>rochas</strong> sedimentares (Petroleum<br />

Geoscience Technology, 2011).<br />

Alguns lipídios e hidrocarbonetos sintetizados pelas plantas e animais resistem à<br />

degra<strong>da</strong>ção microbiana, sofrendo somente pequenas mu<strong>da</strong>nças em sua composição e estrutura<br />

molecular. Estas substâncias, encontra<strong>da</strong>s em sedimentos recentes e <strong>rochas</strong> sedimentares são<br />

chama<strong>da</strong>s de fósseis geoquímicos ou moleculares, marcadores biológicos ou <strong>biomarcadores</strong><br />

(Petroleum Geoscience Technology, 2011).<br />

O produto final do processo de diagênese é o querogênio, como mencionado<br />

anteriormente. Na medi<strong>da</strong> em que se prossegue a subsidência <strong>da</strong> bacia sedimentar, o<br />

querogênio é soterrado a maiores profundi<strong>da</strong>des.<br />

O aumento de temperatura acarreta a degra<strong>da</strong>ção térmica do querogênio para geração<br />

do petróleo, que sob as condições adequa<strong>da</strong>s é expulso <strong>da</strong> rocha geradora (migração primária)<br />

e se desloca através do meio poroso até as trapas (migração secundária) (Petroleum<br />

Geoscience Technology, 2011).<br />

35


Com o soterramento <strong>da</strong> rocha geradora, o querogênio é submetido a temperaturas<br />

progressivamente mais altas, e tem sua estrutura modifica<strong>da</strong>, às novas condições de pressão e<br />

temperatura (Petroleum Geoscience Technology, 2011).<br />

O querogênio passa por uma série de transformações que incluem, inicialmente, a<br />

liberação de grupos funcionais e heteroátomos, segui<strong>da</strong> pela per<strong>da</strong> de hidrocarbonetos<br />

alifáticos e cíclicos, acompanha<strong>da</strong> por uma progressiva aromatização <strong>da</strong> matéria orgânica<br />

(Petroleum Geoscience Technology, 2011).<br />

Como conseqüência <strong>da</strong>s transformações sofri<strong>da</strong>s pelo querogênio, são produzidos<br />

dióxido de carbono, água, gás sulfídrico, hidrocarbonetos etc (Petroleum Geoscience<br />

Technology, 2011).<br />

São reconheci<strong>da</strong>s três fases na evolução <strong>da</strong> matéria orgânica em função do aumento de<br />

temperatura: diagênese, catagênese e metagênese (Petroleum Geoscience Technology, 2011).<br />

Durante a diagênese, o metano é o único hidrocarboneto gerado em quanti<strong>da</strong>de<br />

significativa (Petroleum Geoscience Technology, 2011).<br />

Na catagênese, o querogênio é submetido a temperaturas ain<strong>da</strong> maiores (<strong>da</strong> ordem de<br />

50 a 150ºC), o que resulta na formação sucessiva de óleo, condensado e gás úmido. O final <strong>da</strong><br />

catagênese é alcançado no estágio em que o querogênio completou a per<strong>da</strong> de suas cadeias<br />

alifáticas (Petroleum Geoscience Technology, 2011).<br />

Na metagênese, alcança<strong>da</strong> sob temperaturas muito eleva<strong>da</strong>s (acima de 150-200ºC), a<br />

matéria orgânica é representa<strong>da</strong> basicamente por gás seco (metano) e um resíduo carbonoso<br />

(Petroleum Geoscience Technology, 2011).<br />

O termo maturação se refere ao estágio de evolução térmica alcançado pelas <strong>rochas</strong><br />

<strong>geradoras</strong>. Uma rocha é chama<strong>da</strong> de imatura quando o querogênio encontra-se ain<strong>da</strong> na fase<br />

de diagênese e ain<strong>da</strong> não ocorreu a geração de volumes significativos de petróleo. Ao passar<br />

pela catagênese, a rocha geradora é considera<strong>da</strong> matura (Petroleum Geoscience Technology,<br />

2011).<br />

No início <strong>da</strong> catagênese, o querogênio passa inicialmente pela “janela de óleo” (zona<br />

de geração de óleo ou oil window), estágio em que predomina largamente a geração dos<br />

hidrocarbonetos líquidos (iso-, ciclo-, e n-alcanos de médio peso molecular) sobre os gasosos<br />

(Petroleum Geoscience Technology, 2011).<br />

36


Ain<strong>da</strong> durante a catagênese, sob temperaturas mais eleva<strong>da</strong>s, o querogênio passa pela<br />

zona regressiva de geração de óleo, na qual aumenta a proporção de n-alcanos de baixo peso<br />

molecular (Petroleum Geoscience Technology, 2011).<br />

No final <strong>da</strong> catagênese, a rocha geradora atingiu a “janela de gás” (zona de geração de<br />

gás ou gás window), sendo considera<strong>da</strong> senil (Petroleum Geoscience Technology, 2011).<br />

Assim, são utilizados diversos parâmetros químicos, óticos e moleculares na definição<br />

do grau de maturação de uma rocha geradora, como a medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> reflectância <strong>da</strong> vitrinita<br />

(%Ro).<br />

Para caracterizar a evolução do processo de transformação do querogênio em petróleo<br />

são empregados dois parâmetros: o potencial genético (ou potencial gerador), definido como a<br />

quanti<strong>da</strong>de de petróleo (óleo e gás) que um querogênio é capaz de gerar, e a taxa de<br />

transformação (TT), defini<strong>da</strong> como a relação entre a quanti<strong>da</strong>de de petróleo gerado e o<br />

potencial genético original (Petroleum Geoscience Technology, 2011).<br />

O potencial gerador original se refere ao querogênio que ain<strong>da</strong> não foi submetido à<br />

catagênese, ou seja, cuja taxa de transformação é zero (Petroleum Geoscience Technology,<br />

2011).<br />

A partir do início <strong>da</strong> catagênese, a conversão do querogênio em petróleo ocasiona um<br />

progressivo aumento <strong>da</strong> taxa de transformação associado à redução do potencial gerador, o<br />

qual passa a ser denominado de residual (Petroleum Geoscience Technology, 2011).<br />

Sob condições extremas de evolução térmica (metagênese) o potencial gerador<br />

residual do querogênio pode ser reduzido à zero enquanto a taxa de transformação chega a<br />

100% (Petroleum Geoscience Technology, 2011).<br />

Para a determinação do potencial gerador e <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de de petróleo é normalmente<br />

emprega<strong>da</strong> a técnica <strong>da</strong> pirólise Rock-Eval, que simula o processo de degra<strong>da</strong>ção térmica do<br />

querogênio, conforme exposto anteriormente.<br />

6.2.5 REFLECTÂNCIA DA VITRINITA<br />

A matéria orgânica conti<strong>da</strong> no sedimento transforma-se com a diagênese, sob<br />

influência <strong>da</strong> pressão e principalmente <strong>da</strong> temperatura. Este processo, usualmente chamado de<br />

37


maturação, constitui um dos itens importantes para caracterizar a rocha geradora e os<br />

hidrocarbonetos que dela se originam (Apostila de Geoquímica do Petróleo, CENPES 2009).<br />

O processo de maturação <strong>da</strong> matéria orgânica consiste na transformação química em<br />

sua composição e/ou estrutura, que em última instância acaba se refletindo em variações de<br />

proprie<strong>da</strong>des detectáveis mesmo através de métodos não químicos (Apostila de Geoquímica<br />

do Petróleo, CENPES, 2009).<br />

Entre eles podem-se citar os métodos óticos, amplamente difundidos na indústria do<br />

petróleo, a reflectometria <strong>da</strong> vitrinita desenvolvido por Espitalié (1977) e o ICE (índice de<br />

coloração de esporos), sendo estes os mais comumente utilizados (Apostila de Geoquímica do<br />

Petróleo, CENPES 2009).<br />

A reflectometria consiste na medição <strong>da</strong> reflectância sobre uma superfície plana poli<strong>da</strong><br />

de uma partícula orgânica (Figura 11). Mede-se a reflectância em vitrinitas, pois estas<br />

apresentam respostas proporcionais à maturação, enquanto em outros tipos de matéria<br />

orgânica (exinita e inertinita) a resposta <strong>da</strong> reflectância não é proporcional (Apostila de<br />

Geoquímica do Petróleo, CENPES, 2009).<br />

A vitrinita é origina<strong>da</strong> <strong>da</strong> parte lenhosa de vegetais superiores. Trata-se de uma resina<br />

que pode ser analisa<strong>da</strong> oticamente. Na MO do tipo I não se tem a presença de vitrinita.<br />

Figura 11: Esquema do equipamento óptico utilizado para a determinação <strong>da</strong> reflectância <strong>da</strong> vitrinita.<br />

Fonte: Silva(2007).<br />

38


A alteração química que ocasiona a variação <strong>da</strong> reflectância é irreversível. Isto confere<br />

à vitrinita um papel análogo ao de um termômetro de máxima, pois sua reflectância é<br />

conseqüência <strong>da</strong> maior temperatura experimenta<strong>da</strong> durante a sua existência (Apostila de<br />

Geoquímica do Petróleo, CENPES, 2009).<br />

A rigor, a reflectância <strong>da</strong> vitrinita é uma função exponencial <strong>da</strong> temperatura máxima<br />

e, conseqüentemente, numa seção não perturba<strong>da</strong> após a maturação, um perfil de reflectância<br />

exibe um incremento exponencial com a profundi<strong>da</strong>de (Apostila de Geoquímica do Petróleo,<br />

CENPES, 2009).<br />

A interpretação do perfil de reflectância envolve uma série de princípios e convenções<br />

pré-estabelecidos:<br />

- o perfil de maturação em diagrama monolog é uma reta contínua, desde que não<br />

tenham ocorrido eventos térmicos locais ou tectônicos posteriores à época <strong>da</strong> máxima<br />

transformação térmica (Apostila de Geoquímica do Petróleo, CENPES, 2009).<br />

- a janela de geração do óleo (Foto 1) está compreendi<strong>da</strong> entre os valores de 0,6 e<br />

1,35% Ro: as zonas imaturas e senil são representa<strong>da</strong>s para valores menores que 0,6% Ro e<br />

maiores que 1,35% Ro, respectivamente (Tabela 1) (Apostila de Geoquímica do Petróleo,<br />

CENPES, 2009).<br />

39


Foto 1: Determinação do R0% através <strong>da</strong> reflectância <strong>da</strong> vitrinita. Fonte: Apostila Interna do Curso de<br />

Formação de Geologia do Petróleo (RH/UP/ECTEP, 2009).<br />

Tabela 1: Etapas de transformação do querogênio. Fonte: Petroleum Geoscience Technology. Disponível em .<br />

http://www.pgt.com.br/artigo.pdf. Acesso em: 20/08/2011.<br />

ESTÁGIO %R0 NÍVEL DE MATURAÇÃO<br />

Diagênese < 0,6 Imaturo<br />

Catagênese 0,60 - 1,00 Zona de óleo<br />

Catagênese 1,00 - 1,35 Maturo zona regressiva<br />

Catagênese 1,35 - 2,00 zona de gás úmido<br />

Metagênese > 2,0 Senil zona de gás seco<br />

Na zona imatura, ocorrem, principalmente, CH4 (metano) e compostos de nitrogênio,<br />

enxofre e oxigênio, sendo raras as ocorrências de outros hidrocarbonetos (Quadros, 1987).<br />

Nas zonas maturas encontram-se hidrocarbonetos gasosos (etano, propano, butano),<br />

líquidos (na faixa <strong>da</strong> gasolina e do querosene) e pesados, além de compostos de nitrogênio,<br />

enxofre e oxigênio (Quadros, 1987).<br />

40


Na zona senil, há o domínio de metano, estando ausentes as frações de C4 a C15<br />

(Quadros, 1987).<br />

6.2.6 ÍNDICE DE ALTERAÇÃO TÉRMICA<br />

Maturação térmica é a medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> história <strong>da</strong> temperatura a que foram submeti<strong>da</strong>s as<br />

organolitas (partículas orgânicas conti<strong>da</strong>s nos sedimentos) preserva<strong>da</strong>s nas <strong>rochas</strong><br />

sedimentares (Quadros, 1987).<br />

As organolitas utiliza<strong>da</strong>s para as determinações paleotermométricas são os pólens,<br />

esporos, foraminíferos quitinosos, algas, fungos, restos de vegetais, chitinozoa e acritarchae.<br />

Este material é reconhecido em microscópio com luz transmiti<strong>da</strong> e com aumento que varia<br />

entre 200X e 400X (Quadros, 1987).<br />

A coloração e a preservação <strong>da</strong>s organolitas permitem avaliar a temperatura máxima a<br />

que estas foram submeti<strong>da</strong>s. De posse dos valores do índice de alteração térmica (IAT) pode-<br />

se estabelecer uma correspondência entre esses índices e os estágios diagenéticos alcançados<br />

pelas organolitas (Quadros, 1987).<br />

Com a progressão térmica, as colorações originais <strong>da</strong>s organolitas variam em função<br />

de escalas próprias de ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s formas considera<strong>da</strong>s. Analiticamente, as organolitas são<br />

isola<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s <strong>rochas</strong> através de ataques ácidos (Quadros, 1987).<br />

Os graus de maturação térmica são avaliados subjetivamente em escalas numéricas.<br />

Existem diversas escalas para determinação visual <strong>da</strong> maturi<strong>da</strong>de térmica <strong>da</strong>s organolitas<br />

(Fotomicrografia 1) (Quadros, 1987).<br />

Os valores de IAT, por serem subjetivos, devem ser comparados com os valores <strong>da</strong><br />

Reflectância <strong>da</strong> Vitrinita (%R0). Por exemplo, valores entre 2,6 e 3,0 de IAT correspondem a<br />

valores entre 0,6 e 1,0 de %R0 (Quadros, 1987).<br />

41


Fotomicrografia 1: Análise do Índice de Coloração de Esporos ou de Coloração Térmica (SCl:<br />

Spore Color Index). Fonte: Apostila Interna do Curso de Formação de Geologia do Petróleo<br />

(RH/UP/ECTEP, 2009).<br />

6.2.7 PERFIL GEOQUÍMICO<br />

Com a obtenção e análise de <strong>da</strong>dos geoquímicos de <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong>, é possível<br />

construir um perfil geoquímico desses <strong>da</strong>dos. Pode-se verificar uma linha, à direita <strong>da</strong> reta que<br />

indica a profundi<strong>da</strong>de de uma determina<strong>da</strong> perfuração, que mostra a intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> anomalia<br />

de hidrocarbonetos presentes numa seção perfura<strong>da</strong> por um determinado poço de petróleo<br />

(Triguis et al, 2009).<br />

Abaixo tem-se um perfil geoquímico de um poço, mostrando intervalo com elevado<br />

potencial gerador entre 600 e 800 m. Entretanto, este intervalo está imaturo, como indicam os<br />

<strong>da</strong>dos de Tmáx e refletância <strong>da</strong> vitrinita (Ro). A zona matura está a 1600m (Figura 12).<br />

42


ento de<br />

doras em<br />

uímicos<br />

se Rock-<br />

500m<br />

200m<br />

Elementos e Processos dos Sistemas Petrolífer<br />

COT S2 IH IO<br />

Figura 12: Perfil geoquímico. Fonte: Apostila Interna do Curso de Formação de Geologia do<br />

Petróleo, RH/UP/ECTEP, 2009.<br />

43<br />

Ro<br />

Tmax S1


7. BIOMARCADORES GEOQUÍMICOS<br />

Os indicadores geoquímicos moleculares, que também são conhecidos como “fósseis<br />

químicos” (Eglinton & Calvin, 1967), “marcadores biológicos” (Speers & Whitehead, 1969) e<br />

“<strong>biomarcadores</strong>” (Seifert & Moldowan, 1981) são amplamente utilizados para inferir o grau<br />

de maturação térmica, bem como no entendimento dos processos de migração do óleo e para a<br />

correlação óleo-óleo e óleo-rocha geradora. Além disso, podem ser utilizados como elementos<br />

de diagnose e de interpretação geológica de ambientes sedimentares pretéritos, contribuindo<br />

para a caracterização do ambiente deposicional e correlação entre uma acumulação de<br />

hidrocarboneto e sua rocha geradora.<br />

Biomarcadores são compostos orgânicos presentes na geosfera, cujas estruturas podem<br />

ser indubitavelmente relaciona<strong>da</strong>s aos constituintes de algum tipo de organismo (Figura 13).<br />

Na geoquímica do petróleo (Figura 14), os mais estu<strong>da</strong>dos são n-alcanos, hidrocarbonetos<br />

isoprenóides, triterpanos, esteranos e <strong>seus</strong> respectivos compostos insaturados e aromáticos<br />

(Figura 15) .<br />

Figura 13: Definição e exemplo de biomarcador.Fonte: Apostila de Geoquímica do Petróleo (CENPES,<br />

2009).<br />

44


Figura 14: Biomarcador Fitano. Apostila de Geoquímica do Petróleo, CENPES (2009).<br />

Figura 15: Biomarcador Pristano. Apostila de Geoquímica do Petróleo, CENPES (2009).<br />

Altas razões de pristano / fitano indicam <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> com maior percentual de<br />

matéria orgânica terrestres. Baixas razões indicam <strong>geradoras</strong> com maior quanti<strong>da</strong>de de<br />

material marinho (Figura 16).<br />

45


Figura 16: Relações entre Pristano e Fitano. Fonte: Apostila de Geoquímica do Petróleo, CENPES, (2009).<br />

Os bioamarcadores são caracterizados através <strong>da</strong>s análises de Cromatografia Líqui<strong>da</strong>,<br />

Cromatografia Gasosa, Isótopos Estáveis e Espectrometria de Massa. Abaixo encontra-se<br />

discriminado o Roteiro <strong>da</strong>s análises geoquímicas necessárias à identificação de <strong>biomarcadores</strong><br />

(Figura 17). Essas análises serão descritas nos subitens seguintes .<br />

Figura 17: Roteiro <strong>da</strong>s análises geoquímicas de <strong>biomarcadores</strong>. Fonte: Apostila de Geoquímica do<br />

Petróleo (CENPES 2009).<br />

46


7.1 CROMATOGRAFIA LÍQUIDA DE MÉDIA PRESSÃO (CLMP)<br />

Este processo tem a finali<strong>da</strong>de de separar os componentes dos óleos (Foto 2) nas<br />

frações parafinas (normais, ramifica<strong>da</strong>s e cíclicas), compostos aromáticos e compostos<br />

polares (resinas + asfaltenos) (Figura 18). A separação é feita através <strong>da</strong> passagem <strong>da</strong> amostra<br />

de óleo diluí<strong>da</strong> em um solvente (n-hexano + padrão colestano), que é a fase móvel, por uma<br />

coluna de sílica, que é a fase estacionária (Lopes et al., 2008).<br />

As diferentes frações irão percolar a coluna com veloci<strong>da</strong>des distintas devido às<br />

interações moleculares entre os compostos carreados pela fase móvel e a fase estacionária<br />

(Lopes et al,, 2008).<br />

Os compostos polares ficam retidos nessa pré-coluna, passando apenas os<br />

hidrocarbonetos, que são encaminhados a uma coluna principal. Na coluna principal, as<br />

parafinas passam com o menor tempo de retenção. Existem dois frascos coletores específicos,<br />

um para as parafinas e outro para os aromáticos (Lopes et al., 2008).<br />

As duas frações são posteriormente concentra<strong>da</strong>s. As parafinas são registra<strong>da</strong>s como<br />

um pico pelo sinal do detector UV (ultravioleta), que faz o registro por sinal eletrônico, e os<br />

aromáticos são registrados como dois picos concomitantes, gerados pelo sinal no detector IR<br />

(índice de refração), que faz o registro pela diferença de polari<strong>da</strong>de do solvente (Lopes et al.,<br />

2008).<br />

Os compostos polares que ficam retidos nas pré-colunas são pressurizados com etanol,<br />

extraídos, concentrados e armazenados em frascos separados, para o cálculo <strong>da</strong> composição<br />

<strong>da</strong> amostra analisa<strong>da</strong> (Lopes et al., 2008)<br />

47


Foto 2: Análise de cromatografia líqui<strong>da</strong> de média pressão. Fonte: Apostila Interna do Curso de Formação<br />

de Geologia do Petróleo( RH/UP/ECTE, 2009).<br />

48


Figura 18: Caracterização e correlação de hidrocarbonetos. Fonte: Apostila de Geoquímica<br />

do Petróleo, (CENPES 2009).<br />

7.1.2 CROMATOGRAFIA GASOSA (WHOLE OIL)<br />

A técnica de cromatografia gasosa, que é realiza<strong>da</strong> na amostra de óleo, permite a<br />

separação e a identificação dos compostos mais abun<strong>da</strong>ntes em um petróleo, ou seja, as<br />

parafinas (principalmente as lineares e as ramifica<strong>da</strong>s) (Foto 3). Após a separação <strong>da</strong>s frações,<br />

se faz necessário identificar esses componentes (Lopes et al., 2008).<br />

Geralmente, os cromatogramas de óleos preservados apresentam picos predominantes<br />

representando as cadeias lineares, e picos menores, representando cadeias ramifica<strong>da</strong>s,<br />

cíclicas e compostos aromáticos (Lopes et al., 2008)<br />

49


Para a análise de cromatografia gasosa de óleo total (whole oil), deve ser injetado 1μl<br />

<strong>da</strong> amostra diluí<strong>da</strong> em diclorometano no cromatógrafo a gás. O injetor permite o controle <strong>da</strong><br />

vazão de amostra injeta<strong>da</strong> e é mantido a 300ºC (Lopes et al., 2008).<br />

Ca<strong>da</strong> grupo de moléculas semelhantes é vaporizado e arrastado pelo gás inerte hélio,<br />

passando por um tubo capilar de metilsilicone com 30m de comprimento e 0,25mm de<br />

diâmetro interno, contendo uma fina película de fase estacionária (Lopes et al., 2008).<br />

O tempo de saí<strong>da</strong> dos grupos de compostos depende <strong>da</strong> afini<strong>da</strong>de que estes têm com a<br />

fase estacionária. As moléculas mais voláteis tendem a sair primeiro. Por isso, trabalha-se<br />

com uma rampa de aquecimento de 40º a 320ºC, com taxa de aquecimento de 2,5ºC/min,<br />

permitindo que os mais pesados saiam gra<strong>da</strong>tivamente com o aumento <strong>da</strong> temperatura (Lopes<br />

et al., 2008).<br />

Ao sair <strong>da</strong> coluna (Figura 19), as moléculas são reconheci<strong>da</strong>s por um detector de<br />

ionização de chama (DIC), mantido a 340ºC, registrando picos para os grupos de moléculas<br />

(Lopes et al., 2008).<br />

Nota-se que de acordo com a composição relativa <strong>da</strong> fração parafínica interpretam-se<br />

diferentes origens de óleo características (Figura 20).<br />

Foto 3: Análise de Cromatografia Gasosa. Fonte: Apostila Interna do Curso de Formação de Geologia do<br />

Petróleo (RH/UP/ECTEP, 2009).<br />

50


=<br />

Figura 19: Cromatografia Gasosa Óleo Total (whole oil). Fonte: Apostila de Geoquímica do Petróleo<br />

(CENPES 2009).<br />

Figura 20: Exemplos de óleos de diferentes origens analisados por cromatografia gasosa. Fonte: Apostila<br />

de Geoquímica do Petróleo (CENPES 2009).<br />

Os compostos do petróleo, cujo esqueleto básico <strong>da</strong> molécula é o de um<br />

hidrocarboneto, mas que contêm heteroátomos como: nitrogênio, enxofre e oxigênio são<br />

51


conhecidos como a fração de não - hidrocarbonetos. Dentre esses compostos, aqueles<br />

contendo enxofre, com moléculas cujo número de átomos de carbono é inferior a 25,<br />

pertencem a três classes principais: Tióis (mercaptanos), Sulfetos orgânicos, Tiofeno e <strong>seus</strong><br />

derivados (Triguis et al 2009).<br />

Os alcanos ramificados de médio peso molecular (C9 a C25) são conhecidos como<br />

isoprenóides, isto é, compostos saturados derivados do isopreno. Eles possuem um radical<br />

metila ligado a ca<strong>da</strong> 4 átomos de carbono <strong>da</strong> cadeia linear e têm como precursores biológicos<br />

a cadeia lateral <strong>da</strong> molécula <strong>da</strong> clorofila e arqueobactérias (Treibs, 1936 apud Peters e<br />

Moldowan, 1993).<br />

Os isoprenóides mais abun<strong>da</strong>ntes no petróleo são o pristano (2, 6, 10, 14 tetrametil<br />

pentadecano – C19) e o fitano (2, 6, 10, 14 tetrametil hexadecano – C20), pois juntos somam<br />

mais que 55% de todos os isoprenóides acíclicos (Tissot e Welte, 1984; Hunt, 1995).<br />

7.1.3 – ESPECTROMETRIA DE MASSA<br />

As frações do petróleo separa<strong>da</strong>s por cromatografia líqui<strong>da</strong> podem ser analisa<strong>da</strong>s por<br />

métodos gravimétricos, por espectroscopia do infra–vermelho, espectroscopia de fluorescência e<br />

do ultra–violeta. Entretanto, os métodos mais utilizados são a cromatografia em fase gasosa e a<br />

cromatografia em fase gasosa acopla<strong>da</strong> à espectrometria de massa (CG/ EM) (Wang & Fingas,<br />

1995).<br />

Devido a não especifici<strong>da</strong>de do detector de ionização de chama na quantificação dos<br />

compostos mono e poliaromáticos e na identificação e quantificação de moléculas complexas<br />

como os <strong>biomarcadores</strong>, <strong>da</strong>s famílias dos triterpanos e esteranos, a técnica mais apropria<strong>da</strong> é a<br />

de cromatografia gasosa de alta resolução acopla<strong>da</strong> à espectrometria de massa (CG/EM), a<br />

qual combina separação química com eleva<strong>da</strong> resolução espectral (McFadden, 1973 apud<br />

Peters e Moldowan, 1993; Roques et al,1994).<br />

Um equipamento de cromatografia gasosa acoplado a um espectrômetro de massa é<br />

constituído <strong>da</strong>s seguintes uni<strong>da</strong>des funcionais:<br />

1. Cromatógrafo em fase gasosa com coluna capilar<br />

2. Linha de transferência dos compostos<br />

52


3. Câmara de ionização<br />

4. Analisador de massa<br />

5. Detetor de íons<br />

6. Computador para aquisição, processamento e apresentação dos <strong>da</strong>dos.<br />

Após a separação dos componentes <strong>da</strong> mistura por cromatografia gasosa, os<br />

compostos são transferidos para o espectrômetro de massa (CG/EM).<br />

A ionização de ca<strong>da</strong> composto que chega ao espectrômetro normalmente é feita por<br />

impacto de elétrons. Os elétrons são gerados pelo aquecimento de um filamento de tungstênio<br />

e, após serem acelerados, adquirem a capaci<strong>da</strong>de de ionizar compostos que variam de 50 a<br />

600 uni<strong>da</strong>des de massa atômica (uma), em intervalos de tempo inferiores a 3 segundos.<br />

Os elétrons acelerados bombardeiam as moléculas do composto formando íons<br />

moleculares (M + ), fragmentos menores e moléculas neutras de menor peso molecular<br />

(Silverstein et al., 1979; Peters & Moldowan, 1993).<br />

Os íons e fragmentos formados são levados ao analisador de massa, do tipo<br />

quadrupolo, e avaliados em função de sua razão massa/carga (m/z), sendo a seguir detectados<br />

por um multiplicador de elétrons que gera um perfil de fragmentação característico do<br />

composto, conhecido como seu espectro de massa.<br />

O espectro de massa de um determinado composto é obtido fixando-se o número de<br />

varreduras ou tempo de retenção e plotando-se a razão m/z por resposta do detector. Ca<strong>da</strong><br />

espectro consiste de uma série de fragmentos de íons que podem ser usados na eluci<strong>da</strong>ção <strong>da</strong><br />

estrutura do composto, até mesmo a de estereoisômeros característicos de compostos<br />

<strong>biomarcadores</strong> do petróleo.<br />

Um cromatograma de massa é obtido fixando-se m/z e plotando-se tempo de retenção<br />

por resposta do detector. Ele pode ser usado para monitorar uma série de compostos de pesos<br />

moleculares variados, formados após a fragmentação (Silverstein et al., 1979; Peters &<br />

Moldowan, 1993).<br />

Para a aquisição e o processamento <strong>da</strong> grande quanti<strong>da</strong>de de <strong>da</strong>dos gera<strong>da</strong> ao longo de<br />

uma análise, é necessário o uso de um computador. Durante uma análise de CG/EM que dure<br />

aproxima<strong>da</strong>mente 90 minutos, o espectrômetro de massa analisa cerca de 1800 espectros,<br />

comparando ca<strong>da</strong> um deles com aqueles previamente existentes numa determina<strong>da</strong> biblioteca.<br />

53


Na identificação de componentes desconhecidos em uma mistura de compostos a<br />

utilização <strong>da</strong> biblioteca é de grande utili<strong>da</strong>de, pois o sistema compara o espectro de massas,<br />

obtido para o componente desconhecido com aqueles já padronizados, fornecendo,<br />

normalmente, duas opções para a identificação do componente em questão.<br />

Esse tipo de análise denomina-se full-scan (varredura completa). Nela todo o espectro<br />

de íons gerados pela fonte de ionização - massa de 50 a 600 uma é analisado, não havendo<br />

per<strong>da</strong>s de informação.<br />

Para isso, é necessário que se utilize um computador capaz de adquirir e processar<br />

uma grande quanti<strong>da</strong>de de <strong>da</strong>dos. Na mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de de full scan, é gerado um espectro de massa<br />

completo que serve para ser usado na identificação qualitativa de compostos (Peters &<br />

Moldowan, 1993).<br />

7.1.4 ISÓTOPOS ESTÁVEIS DE CARBONO<br />

A razão 13 C/ 12 C é utiliza<strong>da</strong> para medir o fracionamento isotópico em processos<br />

genéticos, associados à geradora, e pós-genéticos, relacionados a transformações secundárias.<br />

Os resultados <strong>da</strong> composição isotópica total de carbono são expressos na forma de δ 13 C, onde<br />

δ = [(Ra - Rp)/Rp] x 10 3 , onde Ra e Rp referem-se às razões isotópicas 13 C/ 12 C <strong>da</strong> amostra e<br />

do padrão, respectivamente (Figura 21) (Lopes et al., 2008). Portanto, os valores medidos<br />

representam o desvio em relação ao padrão internacional PDB, calibrados a um padrão<br />

secundário como o NBS 19 oil (Lopes et al., 2008).<br />

54


Figura 21: Cálculo de isótopos estáveis. Fonte: Apostila Interna do Curso de Formação de Geologia do<br />

Petróleo (RH/UP/ECTEP, 2009).<br />

Para a determinação isotópica de carbono de um óleo, deve ser feita uma análise<br />

elementar e espectroscopia de massas para a razão isotópica (EA-IRMS) (Lopes et al., 2008).<br />

Pesam-se cerca de 200μg de amostra, em cápsulas de estanho. Estas cápsulas são<br />

acondiciona<strong>da</strong>s em um amostrador automático, onde são purga<strong>da</strong>s em fluxo contínuo de hélio.<br />

A amostra é transferi<strong>da</strong> para dentro de um tubo vertical de quartzo, onde ocorre a oxi<strong>da</strong>ção.<br />

Este tubo contém óxido de cromo, óxido de cobalto e prata (Lopes et al., 2008).<br />

A temperatura é de 900ºC e o hélio é enriquecido temporariamente com oxigênio puro,<br />

ocorrendo a oxi<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> amostra pela reação flash combustion. São formados então CO2,<br />

água e compostos nitrogenados. Os compostos nitrogenados devem ser eliminados, em<br />

específico o N2O, que tem massa 44 e pode interferir no pico do CO2 (que também apresenta<br />

massa 44) (Lopes et al., 2008).<br />

Então, a amostra passa por um forno de redução a 680ºC, contendo cobre e óxido de<br />

cobre, onde os compostos nitrogenados são eliminados. A água forma<strong>da</strong> na oxi<strong>da</strong>ção fica<br />

reti<strong>da</strong> em uma armadilha (trapa) de anidrônio (perclorato de magnésio). O CO2 e o N2 são<br />

separados em uma coluna cromatográfica e transferidos para uma interface (Lopes et al.,<br />

2008).<br />

Nesta uni<strong>da</strong>de, o CO2 é diluído com hélio e transferido ao espectrômetro de massas.<br />

Então as moléculas de CO2 entram em uma fonte de íons, onde são bombardea<strong>da</strong>s com feixe<br />

55


perpendicular de elétrons a 70eV, formando CO2 + . O íon CO2 + pode apresentar massa 44, 45<br />

ou 46, dependendo <strong>da</strong> combinação dos isótopos (C 13 /C 12 e O 16 / O 18 ) (Lopes et al., 2008).<br />

Ca<strong>da</strong> íon formado é encaminhado a um coletor pré-determinado, através de campos<br />

magnéticos específicos. O resultado é então ampliado e comparado com o resultado do gás de<br />

referência para o cálculo de δ (Foto 4) (Lopes et al., 2008).<br />

Foto 4: Análise de isótopos estáveis. Fonte: Apostila Interna do Curso de Formação de Geologia do<br />

Petróleo (RH/UP/ECTEP, 2009).<br />

56


8. CARACTERIZAÇÃO DOS AMBIENTES DEPOSICIONAIS DAS<br />

ROCHAS GERADORAS<br />

A avaliação e diferenciação de paleoambientes deposicionais de <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> de<br />

petróleo, usando parâmetros geoquímicos e biológicos, têm aumentado nos últimos anos<br />

(Mello et al., 1988).<br />

Muitos autores têm demonstrado que evidências geoquímicas e biológicas de<br />

distribuição de marcadores podem constituir critérios diagnósticos para distinção de extratos e<br />

origem de <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> deposita<strong>da</strong>s numa varie<strong>da</strong>de de ambientes, como lacustrino, água<br />

doce-salobra, salino e hipersalino (Mello et al., 1988).<br />

O cromatograma identifica ca<strong>da</strong> tipo de óleo ou extrato, através de suas feições<br />

específicas, conforme descrito anteriormente. O cromatograma recebe também a denominação<br />

de fingerprint, devido a suas características únicas para ca<strong>da</strong> tipo de óleo ou extrato. Com<br />

relação aos fingerprints de ca<strong>da</strong> óleo, pode-se reuni-los em famílias em função do tipo de<br />

input orgânico, isto é, do tipo <strong>da</strong> matéria orgânica que deu origem ao óleo, do paleoambiente<br />

deposicional e <strong>da</strong> maturação dessa matéria orgânica (Triguis et al., 2009)<br />

Esta avaliação resume uma multidisciplinari<strong>da</strong>de aproxima<strong>da</strong> (geoquímica, geológica,<br />

paleontológica e estatística), usa<strong>da</strong> para avaliar os ambientes deposicionais de <strong>rochas</strong><br />

<strong>geradoras</strong> na maioria <strong>da</strong>s bacias marginais brasileiras (Mello et al., 1988).<br />

Uma vantagem extra no exame de características de marcadores biológicos e<br />

geoquímicos de <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> de petróleo é a disponibili<strong>da</strong>de de amostras de uma<br />

varie<strong>da</strong>de de sistemas deposicionais para os quais feições geológicas e paleontológicas são<br />

bem descritas (Mello et al., 1988).<br />

As bacias marginais brasileiras oferecem uma oportuni<strong>da</strong>de ideal para uma<br />

investigação, desde que elas contenham uma sucessão de sedimentos depositados em<br />

diferentes ambientes, dentro de um único domínio geográfico (Mello et al., 1988).<br />

Através de alguns parâmetros moleculares que dependem <strong>da</strong> maturi<strong>da</strong>de, há uma<br />

disponibili<strong>da</strong>de e uma varie<strong>da</strong>de de amostras de <strong>rochas</strong> maturas e imaturas (com óleos)<br />

escolhi<strong>da</strong>s para cobrir relativamente uma extensão matura (%Ro) e ain<strong>da</strong> permite feições<br />

varia<strong>da</strong>s para serem descritas para uma dependência original (Mello et al., 1988).<br />

57


Amostras de ambiente lacustre são claramente separa<strong>da</strong>s <strong>da</strong> <strong>da</strong>quelas de sistemas<br />

marihos carbonáticos e evaporíticos. O óleo tende a ser intimamente associado a <strong>rochas</strong><br />

<strong>geradoras</strong> de mesmo ambiente deposicional, confirmando que as variáveis seleciona<strong>da</strong>s são<br />

primariamente independentes <strong>da</strong> maturi<strong>da</strong>de (Mello et al., 1988).<br />

Os efeitos <strong>da</strong>s variáveis nos componentes principais mostram que o primeiro<br />

componente principal está relacionado à concentração absoluta de <strong>biomarcadores</strong>, enquanto<br />

que o segundo principal componente para classificação está relacionado ao total relativo de<br />

esteranos e triterpanos (Mello et al., 1988).<br />

Através dos <strong>da</strong>dos geoquímicos, os seguintes ambientes são classificados: lacustrino<br />

de água doce; lacustrino de água salga<strong>da</strong>; marinho evaporítico; marinho carbonático; marinho<br />

deltaico; marinho altamente anóxico com uma predominância <strong>da</strong> litologia calcárea; e marinho<br />

anóxico com uma predominância <strong>da</strong> litologia siliciclástica (Mello et al., 1988).<br />

8.1 GRUPO I - LACUSTRINO DE ÁGUA DOCE<br />

Presentes em bacias <strong>da</strong>s porções central e norte <strong>da</strong> margem continental. As <strong>rochas</strong><br />

<strong>geradoras</strong> (querogênios Tipos I e II) foram deposita<strong>da</strong>s no Neocomiano e o Aptiano, estando<br />

<strong>seus</strong> óleos acumulados em <strong>rochas</strong> sedimentares de mesma i<strong>da</strong>de (Figura 22) (Mello et al.,<br />

1988). As <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> contém COT moderado a alto (superior a 6,5%) e um elevado<br />

potencial gerador de hidrocarbonetos (superior a 37Kg Hc/ ton de rocha) devido ao<br />

querogênio tipo I e II que lhes caracteriza (Índice de Hidrogênio superior a 779 mg Hc/g<br />

carbono orgânico) (Mello et al., 1988).<br />

Nas bacias marginais brasileiras é representado por uma associação com alto<br />

conteúdo de saturados, relativa abundância de n-alcanos com alto peso molecular, menor<br />

valor de enxofre (0-3% para óleos, c. 0.3% para <strong>rochas</strong>), menor valor <strong>da</strong> relação V/Ni<br />

(somente óleos), menores valores de 13 C (31%o), pristano sempre superior ao fitano, n-alcanos<br />

dominantes, alta razão hopanos/esteranos (5-15), ausência de C30 esteranos regulares e<br />

presença de outros esteranos (Mello et al., 1988).<br />

Outras proprie<strong>da</strong>des devem também ser nota<strong>da</strong>s, e.g. ausência de β-carotano e 28,30-<br />

bisnorfano (biomarcador) e traço ou ausência de níquel e vanádio fracionado (Mello et al.,<br />

1988).<br />

58


Figura 22: Fingerprint de um óleo de um paleoambiente lacustre de água doce. Fonte: Triguis et al<br />

(2009).<br />

8.2 GRUPO II- LACUSTRINO DE ÁGUA SALINA<br />

As <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> e óleos deste grupo estão confinados nas bacias de Campos e<br />

Espírito Santo, situa<strong>da</strong>s nas áreas oriental e meridional <strong>da</strong> margem continental brasileira. As<br />

<strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> (somente matéria orgânica amorfa) foram deposita<strong>da</strong>s principalmente no<br />

Barremiano/Aptiano. Elas contém de moderado a alto COT (superior a 5%) e elevado<br />

potencial gerador de hidrocarbonetos (superior a 38Kg Hc/ton de <strong>rochas</strong>) abun<strong>da</strong>ntemente<br />

originado de querogênio do tipo I (índice de hidrogênio superior a 900mg Hc/g carbono<br />

orgânico) (Figura 23) (Mello et al., 1988).<br />

Os óleos são acumulados em reservatórios depositados em fácies não-marinhas e<br />

marinhas, com i<strong>da</strong>des do Aptianoas ao Oligoceno (Mello et al., 1988).<br />

Os óleos e amostras de <strong>rochas</strong> apresentam registros similares aos de <strong>da</strong>dos<br />

diagnósticos de um ambiente não-marinho, mas modificados por alguns constituintes com<br />

características isotópicas e moleculares que podem ser descritas como originárias de alta<br />

salini<strong>da</strong>de em corpos de água, quando comparados aos <strong>da</strong>dos de outros grupos (Mello et al.,<br />

1988). Estes incluem médio conteúdo de enxofre (<strong>rochas</strong> 0.3 - 0.6%, óleos c. 0.3%), alta razão<br />

V/Ni (somente óleos), presença de β-carotano, eleva<strong>da</strong>s concentrações de C30 αβ hopeno,<br />

59


abundância média relativa de gamacerano, valores pesados de ∂ 13 C e altas concentrações de<br />

esteranos (C21-22) com baixo peso molecular (Mello et al., 1988).<br />

Outras notáveis feições incluem i) altas concentrações de níquel (superior a 2800 ppm)<br />

relativo para o vanádio (superior a 150 ppm) porfírico (Ni/Ni+V=0 variando de 0.9 a 1.0) e de<br />

isoprenóides C25 e C30, ii) a presença de 28,30-bisnorhopano e 25,28,30-trisnorhopano (baixa<br />

abundância) e iii) abundância triclínica de terpanos superiores a C35 (Mello et al., 1988).<br />

Poucos exemplos de lagos antigos salinos têm sido noticiados na literatura. As<br />

melhores comparações com exemplos brasileiros são a Formação Green River, USA, e a bacia<br />

Chai<strong>da</strong>mu, na China. Ambientes análogos contemporâneos devem ocorrer nos Lagos Magadi,<br />

Nakuru e Bogoria, no sistema rifte <strong>da</strong> África Oriental (Mello et al., 1988).<br />

Figura 23: Fingerprint de óleo de um paleoambiente lacustre salino. Fonte: Triguis et al.(2009).<br />

8.3 GRUPO III - MARINHO EVAPORÍTICO<br />

Rochas <strong>geradoras</strong> e óleos deste grupo ocorrem nas bacias do Ceará, Potiguar, Sergipe/<br />

Alagoas, Bahia Sul e Espírito Santo, nas áreas equatorial, central e oriental <strong>da</strong> margem<br />

continental (Figura 24). Estas <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> (matéria orgânica mista de amorfos, herbáceos<br />

e lenhosa) foram deposita<strong>da</strong>s durante o Aptiano (Mello et al., 1988) e geralmente contém<br />

moderado a alto COT superior a 14% e elevado potencial gerador original (superior a 97 kg<br />

60


Hc/ton de <strong>rochas</strong> ), normalmente relacionado a querogênio do tipo II (índice de hidrogênio<br />

superior a 300 mg Hc/g carbono orgânico) (Mello et al., 1988).<br />

Os óleos estão contidos em reservatórios do Aptiano ao Paleoceno. As amostras são<br />

caracteriza<strong>da</strong>s por um grupo de tamanho, com <strong>da</strong>dos elementares e moleculares que provém,<br />

talvez, a maioria <strong>da</strong> classificação correta dentro de grupos (Mello et al., 1988).<br />

Feições úteis para esta finali<strong>da</strong>de são as eleva<strong>da</strong>s concentrações de gamacerano, C30<br />

αβ hopano e esteranos (superiores a 1200, 2000 e 4000 ppm, respectivamente), além do β-<br />

caroteno (superior a 600 ppm) do isoprenóide C25 e do esqualano (superior a 1500 ppm)<br />

(Mello et al., 1988).<br />

Outras importantes proprie<strong>da</strong>des são i) fitano > pristano, sendoeste último n-alcano<br />

dominante; ii) alto conteúdo de enxofre (superior a 1,5% para óleos e a 2,5% para <strong>rochas</strong>); iii)<br />

relativa abundância superior de 28,30-bisnorhopano e 25,28,30-trisnorhopano e de 4-metil<br />

esteranos com uma dominância do componente C30; iv) baixa a muito baixa abundância<br />

relativa de diasteranos e terpanos tricíclicos, C35 hopanos tendendo a dominante de C34 em<br />

contraparti<strong>da</strong> altas concentrações de níquel em ambos (superior a 1900 ppm) e vanádio<br />

(superior a 600ppm) porfirínicas (Ni/Ni + V = 0 estendendo de 0,6 a 0,9 (Mello et al., 1988).<br />

Valioso registro é o de que um grupo similar de <strong>da</strong>dos tem sido relatado para diversas<br />

<strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> hipersalinas paleogênicas lacustrinas e óleos (e.g. a bacia Jianghan, China<br />

oriental; Fu Jiamo et al., 1986), com exceção <strong>da</strong> presença de C30 esteranos, 28,30-<br />

bisnorhopano e 25,28,30-trisnorhopano.<br />

Além disso, um número de resultados similares tem sido relatado de ambientes<br />

hipersalinos marinhos (evaporíticos) na i) bacia de Terragona, Espanha; ii) bacia Paradox<br />

(Utah), U.S.A.; iii) bacias Prinos e Messiniana (Apeninos setentrional), iv) bacias Italy e<br />

Camargue, França Meridional (Albaiges et al., 1986; Peterson & Hite, 1969; ten Haven et al.,<br />

1988; Moldowan et al.,1985; Connan & Dessort, 1987).<br />

A presença, embora em menor abundância relativa, de C30 esteranos é considera<strong>da</strong> um<br />

indicador de origem marinha (Moldowan et al., 1985), junto com alta abundância de 28,30-<br />

bisnorhopano e 25, 28,30-trisnorhopano também verifica<strong>da</strong> em to<strong>da</strong>s as amostras brasileiras,<br />

sugerindo uma origem marinha para o estabelecimento de ca<strong>da</strong> ambiente hipersalino.<br />

De fato, os C30 esteranos estão ausentes nas amostras não-marinhas brasileiras<br />

(grupos I e II). Também é possível que a abundância relativa de vanádio porfirínico para os<br />

61


teores de níquel supracitados, traduza uma influência marinha, desde que as amostras<br />

carbonáticas marinhas (grupo IV) tenham maior abundância relativa de componentes de<br />

vanádio (Mello et al., 1988).<br />

Podem ser citados exemplos de bacias marinhas hipersalinas: Mar Vermelho e Mar<br />

Morto no meio leste; Shark Bay, na Austrália ocidental; Laguna Madre e Baffin Bay, no<br />

Texas e Sivash na Rússia (Kinsman, 1975; Friedman, 1980; Dunlop and Jefferies, 1985;<br />

Kirkland and Evans, 1980; Huang e Meinschein, 1984).<br />

Figura 24: Fingerprint de um óleo associado a paleoambiente evaporítico. Fonte: Triguis et al (2009).<br />

8.4 GRUPO IV- MARINHO CARBONÁTICO<br />

Rochas <strong>geradoras</strong> marinhas carbonáticas e <strong>seus</strong> respectivos óleos são encontra<strong>da</strong>s<br />

somente nas bacias do Amapá, Maranhão e Sergipe / Alagoas, situa<strong>da</strong>s nas partes central e<br />

oriental <strong>da</strong> margem continental brasileira (Figura 25). As <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> (somente MO<br />

amorfa e lenhosa) foram deposita<strong>da</strong>s durante o Albiano (Mello et al., 1988) e possuem<br />

moderado a alto carbono orgânico (COT superior a 4%), além de um alto potencial gerador de<br />

hidrocarbonetos (superior a 22kg Hc/ton de rocha), largamente relacionado a mistura dos<br />

62


querogênios dos tipos I e II (Índice de Hidrogênio superior a 557 mg Hc/g carbono orgânico)<br />

(Mello et al., 1988).<br />

Os óleos são acumulados em reservatórios do Maastrichtiano ao Terciário. As<br />

características geoquímicas e moleculares deste ambiente são muito similares às do Grupo III-<br />

Evaporítico (Mello et al., 1988). São características comuns a esses dois ambientes. i) Menor<br />

razão hopano /esterano (< 3); ii) abundância relativa similar do 4-metil esterano, com<br />

dominância de componentes C30; iii) dominância de fitano sobre pristano, sendo um n-alcano<br />

superior preferencial; iv) alto conteúdo de enxofre, devido à acidez do hidrocarboneto; v)<br />

Ts/Tm menor que 1; vi) menor abundância relativa de diasteranos; vii) alta abundância<br />

relativa de 28,30-bisnorhopano e 25,28,30 trisnorhopano e viii) uma tendência à dominância<br />

de C35 hopanos sobre C34 homólogos (Mello et al., 1988).<br />

Embora as amostras de ambos os grupos contenham β-caroteno, longa cadeia<br />

2,6,10,14,18-pentametileicosano (C25) e C30 (esqualano) isoprenóide, além de gamacerano,<br />

esses estão em maior concentração nas amostras de ambiente evaporítico, presumivelmente<br />

refletindo essa característica extremamente salina (Mello et al., 1988).<br />

Outras diferenças entre amostras dos Grupos III e IV são i) a maior abundância<br />

relativa de vanádio (superior a 300 ppm) porfirínico para níquel (superior a 400 ppm; Ni/Ni +<br />

V = 0 variando entre 0,1-0,3); ii) a maior abundância relativa de esteranos regulares C30 e<br />

terpanos triclínicos superiores ao C35, mas menor C30 αβ hopano e concentrações de esteranos<br />

(Mello et al., 1988).<br />

Feições similares às de amostras carbonáticas marinhas têm sido registra<strong>da</strong>s em<br />

amostras i) <strong>da</strong>s Formações La Luna e Querencua, Venezuela e Colômbia; ii) bacia Officer<br />

oriental, Austrália e iii) bacia do sul <strong>da</strong> Flóri<strong>da</strong>, U.S.A. (Taluk<strong>da</strong>r et al., 1986; Zumberge,<br />

1984; McKirdy et al., 1984 Palacas et al., 1984). Exemplos contemporâneos registrados na<br />

literatura são poucos. Conceitua<strong>da</strong> menção são margens continentais do sudoeste de Porto<br />

Rico e Belize oriental e o Golfo de Aden, costa <strong>da</strong> Arábia (Rafalska-Bloch & Cunningham,<br />

1986; Pelet, 1981).<br />

63


Figura 25: Fingerprint de um óleo associado a paleoambiente marinho carbonático. Fonte: Triguis et<br />

al.(2009).<br />

8.5 GRUPO V - MARINHO DELTÁICO (INFLUÊNCIA DA LITOLOGIA<br />

CARBONÁTICA)<br />

As <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> e óleos deste grupo são confinados a sequências do Terciário,<br />

ocorrendo na parte oriental <strong>da</strong> margem continental (Figura 26). São observa<strong>da</strong>s feições que<br />

sugerem o estabelecimento de um ambiente deltáico sobre uma plataforma marinha<br />

carbonática (Mello et al., 1988).<br />

As <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> contêm moderado a alto carbono orgânico (COT superior a 7,2%)<br />

e elevado potencial gerador de hidrocarbonetos (superior a 26 kg Hc/ton de rocha), associado<br />

a querogênio do tipo II/III (índice de hidrogênio superior mg Hc/g carbono orgânico) (Mello<br />

et al., 1988).<br />

As amostras deste ambiente podem ser diferencia<strong>da</strong>s de outros grupos usando<br />

marcadores diagnósticos próprios, por serem específicos para altas contribuições de<br />

organismos, especialmente a presença de 18α (H)- oleanano e alta abundância relativa de um<br />

C24 terpano tetracíclico, junto com um elevado conteúdo ceroso (Mello et al., 1988).<br />

Elas também mostram algumas <strong>da</strong>s feições que caracterizam amostras deriva<strong>da</strong>s de<br />

carbonatos, tais como baixa razão pristano/fitano, predominância de n-alcanos, alta razão<br />

V/Ni (disponível somente para óleos), e conteúdo de enxofre (superior a 0,4% para óleos e<br />

0,7% para <strong>rochas</strong>), baixa razão hopano / esterano (0,5-3,0), alta abundância relativa de C30<br />

64


esteranos, dominância de C35 hopanos sobre C34 correspondentes, além de uma abundância<br />

similar relativa de esteranos com baixo peso molecular (Mello et al., 1988).<br />

Estas feições dão suporte à idéia do estabelecimento de um ambiente deltáico sobre<br />

uma plataforma carbonática. Dignas de nota, duas outras feições de amostras do grupo V são<br />

a virtual ausência de 28,30-bisnorhopano e 25,28,30-trisnorhopano e de porfirínicos (Mello et<br />

al., 1988).<br />

Talvez quais feições estejam relata<strong>da</strong>s para uma diminuição na anoxia do ambiente<br />

como resultado do aporte de águas oxigena<strong>da</strong>s trazendo altas porções de minerais de argila e<br />

restos de matéria orgânica associados a sistemas de canais (contraste com grupos II-IV, VI-<br />

VII) (Mello et al., 1988).<br />

A eleva<strong>da</strong> abundância relativa de diasteranos nas <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> investiga<strong>da</strong>s (as<br />

quais são imaturas; %Ro em torno 0,55%), supõem uma hipótese, desde que estejam<br />

combina<strong>da</strong>s, acredita-se surgirem <strong>da</strong> redução do reajuste de produtos dos esteranos, mesmo<br />

com os efeitos catalíticos dos minerais argilosos ácidos (Rubinstein et al., 1975).<br />

Algumas feições similares às de amostras do grupo V têm sido relata<strong>da</strong>s para algumas<br />

amostras do delta do Níger, Nigéria (Ekweozor et al., 1979 a,b), delta Mahakam, Indonésia<br />

(Grantham et al., 1983, e delta do Congo, bacia de Angola (Connan et al., 1988).<br />

Análogos modernos de ambientes deltaicos são o delta do Níger, na Nigéria; delta do<br />

Amazonas, no Brasil, e deltas do Ganges e Indus, no Oceano Índico (Demaison & Moore,<br />

1980) e delta Mahakam, na Indonésia (Pillon et al., 1986).<br />

Figura 26: Fingerprint de um óleo associado a paleoambiente marinho deltaico. Fonte Triguis et al.<br />

(2009).<br />

65


8.6 GRUPO VI - MARINHO ALTAMENTE ANÓXIDO, COM<br />

DOMINÂNCIA DA LITOLOGIA CALCÁREA<br />

As <strong>rochas</strong> sedimentares deste grupo, com i<strong>da</strong>de Turoniana a Santoniana, distribuem-se<br />

ao longo <strong>da</strong> margem continental. As amostras de rocha investiga<strong>da</strong>s por (Mello et al., 1988)<br />

foram obti<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s bacias do Amapá, Ceará, Potiguar, Sergipe/Alagoas e Campos. Geralmente<br />

elas contêm moderado a alto carbono orgânico (COT superior a 5%) e um elevado potencial<br />

gerador de hidrocarbonetos (superior a 20kg Hc/ton de rocha), relacionado a querogênio do<br />

tipo II (índice de hidrogênio superior a 550 mg Hc/g carbono orgânico) (Mello et al., 1988).<br />

As feições geoquímicas e moleculares dessas amostras são similares às de amostras<br />

marinhas carbonáticas. As similari<strong>da</strong>des incluem teores de enxofre significantes e elevados<br />

conteúdos carbonáticos (superiores a 0,5% e 48%, respectivamente), menor razão<br />

pristano/fitano, predominância de n-alcanos, valores δ 13 C relativamente pesados (em torno de<br />

27,5%o), alta abundância relativa de C30 esteranos, presença de β-caroteno, dominância de<br />

C35 hopanos sobre esses C34 em contraparti<strong>da</strong>, e muito menor abundância relativa de<br />

diasteranos (Mello et al., 1988).<br />

As feições mais notáveis dessas amostras são, entretanto, muitas abundâncias relativas<br />

e concentrações de 28,30-bisnorhopano (superior a 120 ppm) e 25,28,30-trisnorhopano<br />

(superior a 130 ppm). Em muitos casos, estes compostos geram picos maiores em m/z 191 e<br />

177, nos cromatogramas massa, e em alguns casos nas frações alcano (Mello et al., 1988).<br />

Eleva<strong>da</strong>s abundâncias desses compostos têm sido associa<strong>da</strong>s à presença de altas<br />

condições marinhas anóxi<strong>da</strong>s (Rullkotter et al., 1984; Katz & Elrod, 1983). As amostras do<br />

grupo VI também possuem altas concentrações de níquel (superior a 1700 ppm) e vanádio<br />

(superior a 4000 ppm) porfirínico, com razão Ni/Ni + V = 0 variando de 0,3 a 0.9) (Mello et<br />

al., 1988). Outra feição de to<strong>da</strong>s as amostras neste grupo é a alta abundância relativa de<br />

esteranos C29.<br />

Exemplos de ambientes análogos antigos estão na formação Monterey, na Califórnia<br />

(Katz & Elrod, 1983; Curiale et al., 1985), sedimentos do Cenomaniano/Turoniano do Oued<br />

Bahloul, Tunisia e Danish Grabén Central, Mar do Norte (Farrimond, 1987), e folhelhos<br />

pleistocênicos e jurássicos <strong>da</strong> plataforma continental norueguesa, Mar do Norte (Rullkotter et<br />

al., 1982; Volkman et al., 1983).<br />

66


Exemplos contemporâneos são áreas de poços na plataforma continental peruano,<br />

oceano Índico e na plataforma sudoeste africana (Demasion & Moore, 1980).<br />

8.7 GRUPO VII - MARINHO ANÓXIDO, COM PREDOMINÂNCIA DE<br />

LITOLOGIA SILICICLÁSTICA<br />

As <strong>rochas</strong> desta sequência, deposita<strong>da</strong>s entre o Aptiano e o Oligoceno, ocorrem em<br />

algumas áreas de bacias marginais. Elas são vistas nas bacias do Ceará, Sergipe/Alagoas e<br />

Espírito Santo (Mello et al., 1988).<br />

Somente <strong>rochas</strong> foram estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s, principalmente as que estão imaturas. Em geral,<br />

eles contêm moderado a alto carbono orgânico (COT superior a 4,4%) e um elevado potencial<br />

gerador de hidrocarbonetos (superior a 17kg Hc/ton de rocha), relacionado a um querogênio<br />

do tipo II (índice de hidrogênio superior a 368 mg Hc/g carbono orgânico) (Mello et al.,<br />

1988).<br />

De acordo com interpretações, feições geoquímicas e moleculares dessas amostras<br />

podem essencialmente ser considera<strong>da</strong>s como características de muitas <strong>da</strong>s maiores feições<br />

diagnósticas de outros ambientes deposicionais que não estão presentes (Mello et al., 1988).<br />

As principais feições geoquímicas e moleculares são a predominância de n-alcanos de<br />

menor peso molecular, pristano sempre mais alto que fitano, alta abundância relativa de<br />

diasteranos e esteranos C30, concentrações médias de esteranos e hopanos (razões<br />

hopano/esterano variando de 1,5 a 3,0), concentrações de pregnanos e homopregnanos<br />

relativamente altas e significativas concentrações de níquel (superior a 800 ppm) e vanádio<br />

(superior a 130 ppm) porfirinas na maioria <strong>da</strong>s amostras (Mello et al., 1988).<br />

Análogos antigos deste ambiente são os do Liassico, Oxfordiano e Kimmeridgiano no<br />

Mar do Norte e os folhelhos Toarcianos do sudoeste <strong>da</strong> Alemanha e bacia de Paris, França<br />

(Mackenzie et al., 1980, 1984; Moldowan et al., 1986). Exemplos contemporâneos<br />

documentados são áreas do oceano Índico e Mar Negro (Demaison & Moore, 1980).<br />

67


9. AMBIENTE GERADOR DE BACIAS DA MARGEM LESTE<br />

BRASILEIRA<br />

9.1 EVOLUÇÃO TECTÔNICA DAS MARGENS LESTE<br />

BRASILEIRA E OESTE AFRICANA<br />

As bacias marginais brasileiras compartilham, de uma forma geral, grandes<br />

semelhanças quanto à evolução tectônica e história do preenchimento sedimentar. Essas<br />

semelhanças devem-se à gênese comum, relaciona<strong>da</strong>s aos dos processos que culminaram com<br />

a ruptura do Gondwana a partir do final do Jurássico (Lima & Junior, 2003).<br />

Analisando-se a sucessão sedimentar <strong>da</strong>s diversas bacias <strong>da</strong>s margens leste e<br />

equatorial brasileira, observa-se que o pacote sedimentar existente nessas bacias poderia ser<br />

agrupado em seqüências geneticamente correlatas, geograficamente contínuas, relaciona<strong>da</strong>s a<br />

estágios evolutivos termomecânicos distintos. Com base no estudo dessas seqüências, cinco<br />

estágios tectônicos foram diferenciados nessas bacias: sinéclise, pré-rifte, rifte, transicional e<br />

deriva (Lima & Junior, 2003).<br />

Desses estágios, os três últimos correspondem àqueles que ocorrem sucessivamente<br />

em bacias que evoluem de uma fase rifte para uma fase de deriva (margem passiva). Os dois<br />

primeiros, sinéclise e pré-rifte, não ocorrem necessariamente (Lima & Junior, 2003).<br />

O estágio de sinéclise corresponde às sucessões sedimentares relaciona<strong>da</strong>s ao<br />

preenchimento de grandes depressões, em geral associa<strong>da</strong>s às bacias intracratônicas, que não<br />

é o caso <strong>da</strong>s bacias estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s neste trabalho.<br />

O estágio pré-rifte está provavelmente relacionado ao soerguimento crustal resultante<br />

do aquecimento induzido pela presença de hotspots (pontos quentes) no Gondwana central,<br />

embora tenha-se também aproveitado <strong>da</strong>s antigas depressões relaciona<strong>da</strong>s às sinéclises<br />

paleozóicas. A ação desses hotspots auxiliou o enfraquecimento crustal <strong>da</strong> junção entre as<br />

placas sul-americana e africana, causando sua posterior ruptura (Lima & Junior, 2003).<br />

O início ou final desse estágio, bem como a intensi<strong>da</strong>de de soerguimento, variou de<br />

um local a outro, porém, em geral, ocorreu entre o final do Jurássico e o início do Cretáceo<br />

(Berriasiano a Valanginiano) (Lima & Junior, 2003).<br />

68


No estágio rifte, a distensão atingiu o limite elástico <strong>da</strong> crosta e, finalmente, conduziu<br />

à ruptura <strong>da</strong> placa litosférica. Nas bacias <strong>da</strong> margem leste, o início do rifte foi mais ou menos<br />

simultâneo, ocorrendo entre o Berriasiano e o Valanginiano (145 – 135 Ma, início do<br />

Cretáceo) (Lima & Junior, 2003).<br />

A evolução crustal foi, contudo, distinta nas bacias situa<strong>da</strong>s mais ao sul (bacias do<br />

Espírito Santo a Pelotas), onde o estiramento crustal esteve associado a vulcanismo basáltico,<br />

já na fase rifte. Nas bacias <strong>da</strong> margem equatorial, o rifteamento ocorreria mais tarde, entre o<br />

Barremiano e o final do Albiano (130 - 100 Ma) (Lima & Junior, 2003).<br />

Durante o estágio rifte, a sedimentação consistiu praticamente na colmatagem <strong>da</strong> calha<br />

gera<strong>da</strong> pelos falhamentos novos ou reativados pelos esforços distensivos que aconteceram ao<br />

longo <strong>da</strong> atual margem continental brasileira. Várias calhas (bacias distintas) eram<br />

internamente compartimenta<strong>da</strong>s em blocos altos (horsts) e baixos (grabens), que<br />

condicionaram a sedimentação em seu interior (Lima & Junior, 2003).<br />

A evolução <strong>da</strong> ruptura continental esteve condiciona<strong>da</strong> às direções estruturais impostas<br />

pelo arcabouço dos crátons e <strong>da</strong>s faixas móveis que serviram de embasamento às bacias, bem<br />

como pelos principais lineamentos e falhas existentes na região (Lima & Junior, 2003).<br />

Analisando-se a atual margem continental, nota-se que praticamente todo o litoral leste<br />

brasileiro, desde o Rio Grande do Sul até a Bahia, desenvolveu-se condicionado aos<br />

alinhamentos derivados <strong>da</strong> orogenia brasiliana, ocorri<strong>da</strong> no final do Proterozóico (Lima &<br />

Junior, 2003).<br />

O tectonismo de i<strong>da</strong>de eocretácea, conhecido como "Reativação Wealdeniana", foi<br />

responsável pela reativação tectônica <strong>da</strong>s estruturas brasilianas, gerando os riftes estreitos e<br />

alongados que ocuparam essa área (Lima & Junior, 2003).<br />

A propagação <strong>da</strong> ruptura, que ocorreu preferencialmente de sul para norte na margem<br />

leste, foi bastante mais complexa na margem equatorial. Nesta região, as principais feições<br />

estruturais são paralelas à costa, estando, muitas vezes, relaciona<strong>da</strong>s a falhas de transferência<br />

(Lima & Junior, 2003).<br />

A rotação diferencial <strong>da</strong>s placas sul-americana e africana, mais rápi<strong>da</strong> a sul, ocasionou<br />

compressão e distensão localiza<strong>da</strong> na margem equatorial, causa<strong>da</strong>s pela reativação do<br />

complexo sistema nordestino de lineamentos e falhas de direção predominante leste-oeste e<br />

nordeste-sudeste (Lima & Junior, 2003).<br />

69


O progresso <strong>da</strong> separação entre as placas sul-americana e africana permitiu a entra<strong>da</strong><br />

intermitente de água marinha no estreito e alongado golfo mol<strong>da</strong>do ao final <strong>da</strong> fase rifte. Essa<br />

incursão marinha marcou o início do estágio transicional. O influxo de água marinha no golfo<br />

do proto-oceano Atlântico esteve controlado por uma importante feição estrutural que hoje<br />

estende-se entre o litoral sul do Brasil e a costa <strong>da</strong> Namíbia, na África: a cadeia de Rio<br />

Grande-Walvis (Figura 27) (Lima & Junior, 2003).<br />

Figura 27: Reconstituição paleogeográfica do Atlântico Sul durante o final do Aptiano. Fonte: Apostila<br />

Interna do Curso de Formação de Geologia do Petróleo (RH/UP/ECTEP, 2009).<br />

Esse alto atuou como uma barreira à comunicação efetiva entre o oceano Atlântico<br />

Austral e o golfo Brasil-África, de modo que o influxo de água restrito e as altas taxas de<br />

70


evaporação existentes devido ao clima quente então vigente favoreceram a concentração dos<br />

sais nesses mares (Lima & Junior, 2003). Assim permitiu-se o acúmulo de uma espessa<br />

seqüência evaporítica, que exerceu grande influência na evolução tectono-sedimentar<br />

subseqüente dessas bacias. Esse estágio começou mais cedo também nas bacias <strong>da</strong> margem<br />

leste, ocorrendo predominantemente durante o Aptiano. Nas bacias <strong>da</strong> margem equatorial<br />

ocorreu entre o final do Aptiano e o Cenomaniano (Lima & Junior, 2003).<br />

A fase transicional caracteriza-se por uma diminuição dos falhamentos por distensão<br />

crustal, mas taxas de sedimentação ain<strong>da</strong> altas ocorreram no início desta fase devido à<br />

subsidência térmica (Lima & Junior, 2003).<br />

Com o avanço <strong>da</strong> separação entre as placas sul-americana e africana, a cadeia de Rio<br />

Grande-Walvis teve seu papel progressivamente reduzido no controle <strong>da</strong>s incursões marinhas<br />

para o golfo, de modo que estas assumiram caráter permanente (Figura 28). Iniciou-se, então,<br />

o estágio de deriva continental (Lima & Junior, 2003).<br />

Figura 28: Fisiografia atual <strong>da</strong> região oceânica, exibindo as principais feições topográficas do fundo<br />

oceânico. A cadeia Rio Grande-Walvis, hoje descontínua, teve importante papel no controle <strong>da</strong>s incursões<br />

marinhas durante o Aptiano. Fonte: Lima & Júnior (2003).<br />

71


O estágio de deriva foi inicialmente marcado, nas bacias marginais, pelo<br />

desenvolvimento de amplas plataformas carbonáticas. O progresso <strong>da</strong> separação, associado às<br />

modificações climáticas induzi<strong>da</strong>s pelo extenso oceano gerado, inibiu posteriormente a gênese<br />

e deposição carbonática, de modo que as seqüências sedimentares evoluíram para um sistema<br />

predominantemente siliciclástico que persiste até hoje (Lima & Junior, 2003).<br />

9.2 EXEMPLOS DE ROCHAS GERADORAS NAS BACIAS DA<br />

MARGEM LESTE BRASILEIRA<br />

Amostras de rocha ricas em matéria orgânica de origem lacustre são responsáveis por<br />

mais de 90% <strong>da</strong>s reservas de petróleo do Brasil. Devido a maior suscetibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s bacias<br />

lacustres às mu<strong>da</strong>nças ambientais, <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> de petróleo lacustres tendem a apresentar<br />

variações laterais e verticais de fácies e de características geoquímicas mais abruptas do que<br />

as apresenta<strong>da</strong>s por aquelas de origem marinha.<br />

A produção e a preservação <strong>da</strong> matéria orgânica nos sistemas lacustres são<br />

condiciona<strong>da</strong>s por uma série de fatores, tais como o padrão de estratificação <strong>da</strong> coluna d’água,<br />

salini<strong>da</strong>de e temperatura, que influem no padrão de estratificação os quais por sua vez<br />

dependem <strong>da</strong> história tectônica, climática e hidrológica <strong>da</strong> bacia.<br />

Como reflexo <strong>da</strong> complexi<strong>da</strong>de e varie<strong>da</strong>de de ambientes encontrados nas bacias<br />

lacustres, diversos modelos de formação de <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> têm sido propostos nas últimas<br />

déca<strong>da</strong>s. A utilização de parâmetros geoquímicos integrados a <strong>da</strong>dos geológicos constitui uma<br />

poderosa ferramenta para reconstrução <strong>da</strong> evolução paleoambiental dessas bacias. Na Tabela<br />

2, destacam-se exemplos de <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> nas Bacias <strong>da</strong> Margem Leste Brasileira e<br />

características geológicas e geoquímicas:<br />

72


Tabela 2: Características geológicas e geoquímicas <strong>da</strong>s <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> na margem leste brasileira. Fonte: Modificado de Notas de Aulas de Geologia do Petróleo (Silva, 2011).<br />

Bacias COT IH (mgHc/g<br />

COT)<br />

MO Rochas Geradoras I<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Rocha Geradora Tipo de Ambiente<br />

Camamu 4 – 5% 200 - 300 Tipo I Sedimentos lacustres de água doce Rio <strong>da</strong> Serra a Jiquiá Eocretáceo<br />

Cumuruxatiba 1 – 4% até 300 Tipo II Margas e folhelhos calcíferos marinhos <strong>da</strong> Fm.<br />

Regência.<br />

Espírito Santo 2 - 8% > 650 Tipo II Fm Urucutuca e Fm Regência (Albiano); Fm<br />

Campos 2 - 6% 900<br />

Santos 2 - 5% 200<br />

Pelotas<br />

Média<br />

4,2%<br />

> 400<br />

Tipos I e II<br />

Tipo II<br />

Tipo I<br />

Mariricu/ Membro Mucuaí (Neoaptiano); Fm Cricaré,<br />

principal intervalo gerador/ Membro Sernambi<br />

(Barremiano/Eoaptiano).<br />

Folhelhos lacustrinos do Cretáceo Inferior e margas <strong>da</strong><br />

Fm. Lagoa Feia (Cretáceo Inferior).<br />

Folhelhos marinhos <strong>da</strong> Fm. Itajaí-Açu (influência de<br />

sedimentação carbonática).<br />

Folhelhos <strong>da</strong> Fm. Irati (Permiano); Folhelhos lacustres<br />

<strong>da</strong> fase rifte; Folhelhos <strong>da</strong> Fm. Imbé (“Cone”).<br />

(~143-123 Ma).<br />

Albiano/Cenomaniano (~112-95<br />

Ma).<br />

Albiano (~112-100 Ma)<br />

Neo-Aptiano (~121-112 Ma)<br />

Barremiano/Eoaptiano (~130-123<br />

Ma).<br />

Barremiano e Aptiano (~127-123<br />

Ma).<br />

Aptiano e final do Cretáceo inferior<br />

(~120-113 Ma).<br />

Permiano, Aptiano,<br />

Cenomaniano/Turoniano (~120-140<br />

Ma).<br />

Lacustre<br />

Marinho<br />

Deposicional<br />

Marinho<br />

Incursões marinhas<br />

Lacustre<br />

Lacustre Alcalino<br />

Marinho<br />

Marinho<br />

73


9.3 EXEMPLOS DE ROCHAS GERADORAS NAS BACIAS DA<br />

MARGEM OESTE AFRICANA<br />

Rochas <strong>geradoras</strong> lacustres são responsáveis pela origem de uma parcela significativa<br />

<strong>da</strong>s reservas de petróleo em várias regiões do mundo (e.g., Indonésia, China, Brasil, Sumatra,<br />

oeste <strong>da</strong> África e Austrália; Katz, 1990).<br />

A costa oeste <strong>da</strong> África, nota<strong>da</strong>mente nas águas profun<strong>da</strong>s de Angola (delta do Congo)<br />

e Nigéria (delta do Niger), completa o chamado “triângulo dourado <strong>da</strong>s águas profun<strong>da</strong>s”<br />

(Brazilian Journal of Geophysics, 2000).<br />

Uma série impressionante de descobertas feitas por companhias como a Elf e a Total<br />

(hoje TotalFinaElf), Esso (hoje ExxonMobil), British Petroleum (hoje BP-Amoco) e Texaco<br />

já somam cerca de 8 bilhões de barris de reservas (Brazilian Journal of Geophysics, 2000).<br />

Entretanto, o único campo em produção atualmente em lâminas d’água superiores a<br />

600m encontra-se na Guiné Equatorial (Campo de La Ceiba), sendo operado pela pequena<br />

companhia Triton (Brazilian Journal of Geophysics, 2000)<br />

Outras áreas em franco desenvolvimento no número de descobertas e na perspectiva<br />

de entra<strong>da</strong> em produção de campos de petróleo em águas profun<strong>da</strong>s como Trini<strong>da</strong>d Tobago e<br />

outros países <strong>da</strong> África Ocidental (Guiné Equatorial, Congo, Costa do Marfim e Mauritânia),<br />

também se destacam (Brazilian Journal of Geophysics, 2000)<br />

Nas águas profun<strong>da</strong>s e ultraprofun<strong>da</strong>s, <strong>da</strong> costa oeste africana a maioria dos sistemas<br />

petrolíferos ativos são deltaicos. As <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> podem ser folhelhos prodeltaicos<br />

(eocênicos-oligocênicos), depositados antes <strong>da</strong> progra<strong>da</strong>ção de grandes deltas oligo-<br />

miocênicos, a exemplo do delta do Niger, ou folhelhos marinhos, relacionados a depósitos<br />

anóxicos do Cenomaniano/Turoniano, cobertos igualmente por progra<strong>da</strong>ções deltaicas<br />

oligomiocênicas, tais como os deltas do Orinoco (Trini<strong>da</strong>d Tobago) e do Congo<br />

(Angola/Congo).<br />

De acordo com a empresa Petrobrás (2011), há semelhanças entre as bacias<br />

sedimentares <strong>da</strong> Costa Oeste <strong>da</strong> África e <strong>da</strong> Margem Leste do Brasil. A bacia costeira do<br />

Gabão, por exemplo, está localiza<strong>da</strong> em área foco de atuação para a empresa – a Costa Oeste<br />

<strong>da</strong> África.<br />

74


A região apresenta estruturas geológicas considera<strong>da</strong>s comparáveis àquelas<br />

encontra<strong>da</strong>s no Brasil e possui potencial para a descoberta de expressivos volumes de petróleo<br />

em áreas localiza<strong>da</strong>s em águas profun<strong>da</strong>s. Nesta região, a Petrobras já está presente em<br />

Angola, Benin, Namíbia e Nigéria.<br />

Acredita-se que possam existir grandes reservas de petróleo no pré-sal na costa Oeste<br />

<strong>da</strong> África, por razões geológicas. Há cerca de 150 milhões de anos, parte do Hemisfério Sul<br />

era um só, com a América do Sul e a África unidos em um só bloco. Há cerca de 120 milhões<br />

de anos as duas regiões começaram a se separar, (ao se separarem, uma parte do pré-sal ficou<br />

na costa brasileira e a outra, na costa africana) com a movimentação <strong>da</strong>s placas tectônicas, que<br />

estão em constante movimento. Os olhos <strong>da</strong>s gigantes corporações petrolíferas estão se<br />

voltando para a costa Oeste <strong>da</strong> África, onde haveria reservas significativas de petróleo<br />

também abaixo <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> de sal, numa área idêntica à existente no Brasil.<br />

Ao longo do período de separação dos dois continentes, em determinado momento se<br />

formou um golfo, semelhante ao Mar Vermelho atual. O golfo se formou na costa brasileira,<br />

entre Pernambuco e Santa Catarina. Foi a partir de então que começou a se formar a cama<strong>da</strong><br />

de sal. O Atlântico formou-se posteriormente com a oceanização deste golfo.<br />

Na época, formou-se a cama<strong>da</strong> de sal, sobrepondo-se a pacotes sedimentares, contendo<br />

<strong>rochas</strong> propícias à formação de hidrocarbonetos (petróleo ou gás natural). Na altura de<br />

Florianópolis, em Santa Catarina, uma barreira vulcânica impediu a continuação <strong>da</strong> formação<br />

<strong>da</strong> cama<strong>da</strong> de pré-sal no Sul do país e na Argentina.<br />

Como resultado do processo de fragmentação do Gondwana., os blocos do pré-sal na<br />

Bacia de Santos estão de frente para a bacia de Angola no continente africano. A costa<br />

africana, nas proximi<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s ilhas de São Tomé e Príncipe, é área de estruturas<br />

excepcionais abaixo do pré-sal e, por isso, com grandes expectativas de que existam reservas<br />

significativas de petróleo. Abaixo observa-se alguns exemplos de ambientes deposicionais<br />

entre as costas leste brasileira e oeste africana (Angola). É possível que as <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong><br />

destes ambientes possuam similari<strong>da</strong>des (Figura 29).<br />

75


Figura 29: Correlação de <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> <strong>da</strong> Costa Leste Brasileira e Costa Oeste Africana.<br />

Fonte: Apostila Interna do Curso de Formação de Geologia do Petróleo (RH/UP/ECTEP, 2009).<br />

76


10. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES<br />

A geoquímica orgânica do petróleo caracteriza-se pela utilização integra<strong>da</strong> dos<br />

métodos e técnicas <strong>da</strong> química orgânica e <strong>da</strong> geologia.<br />

O objeto de estudo <strong>da</strong> geoquímica orgânica do petróleo é a sua gênese, que é um ramo<br />

bastante especializado <strong>da</strong> indústria do petróleo, cuja compreensão possui grande impacto na<br />

exploração de uma bacia sedimentar.<br />

A evolução <strong>da</strong> matéria orgânica é trata<strong>da</strong> pela geoquímica orgânica do petróleo. Ela é<br />

a matéria prima para geração de hidrocarbonetos, sendo necessário que se compreen<strong>da</strong> sua<br />

evolução desde a sua incorporação às <strong>rochas</strong> até sua transformação térmica em petróleo e/ou<br />

gás natural. Os dois objetivos principais <strong>da</strong> geoquímica orgânica do petróleo são a<br />

determinação de parâmetros para a avaliação do potencial gerador em uma bacia sedimentar e<br />

a análise geoquímica do óleo, identificando os estratos que lhe deram origem.<br />

Com esta finali<strong>da</strong>de, são utiliza<strong>da</strong>s técnicas para caracterização de <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong>,<br />

estu<strong>da</strong>ndo assim a quanti<strong>da</strong>de, a quali<strong>da</strong>de e o nível de maturação <strong>da</strong> matéria orgânica,<br />

contribuindo para a exploração de petróleo. Utilizam-se técnicas petrográficas de avaliação<br />

óptica (Reflectância <strong>da</strong> Vitrinita, Índice de Coloração dos Esporos) bem como técnicas<br />

geoquímicas qualitativas e quantitativas (parâmetros de Pirólise Rock - Eval, conteúdo de<br />

carbono orgânico total – COT e caracterização dos <strong>biomarcadores</strong>).<br />

Conforme mencionado ao longo do texto, existem semelhanças entre as bacias<br />

sedimentares <strong>da</strong> Costa Oeste <strong>da</strong> África e <strong>da</strong> Margem Leste do Brasil, pois a costa oeste<br />

africana apresenta estruturas geológicas considera<strong>da</strong>s comparáveis àquelas encontra<strong>da</strong>s no<br />

Brasil, possuindo potencial para a descoberta de expressivos volumes de petróleo em áreas<br />

localiza<strong>da</strong>s em águas profun<strong>da</strong>s.<br />

Acredita-se que possam existir grandes reservas de petróleo no pré-sal na costa Oeste<br />

<strong>da</strong> África, por razões geológicas. Há cerca de 150 milhões de anos, parte do Hemisfério Sul<br />

era um só, com a América do Sul e a África unidos em um só bloco. Há cerca de 120 milhões<br />

de anos as duas regiões começaram a se separar, (ao se separarem, uma parte do pré-sal ficou<br />

na costa brasileira e a outra, na costa africana) com a movimentação <strong>da</strong>s placas tectônicas, que<br />

estão em constante movimento. Os olhos <strong>da</strong>s gigantes corporações petrolíferas estão se<br />

voltando para a costa Oeste <strong>da</strong> África, onde haveria reservas significativas de petróleo<br />

também abaixo <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> de sal, numa área idêntica à existente no Brasil.<br />

77


A constatação de uma rocha geradora numa bacia sedimentar constitui o principal<br />

elemento de um sistema petrolífero e a ausência dela inviabiliza totalmente a exploração de<br />

hidrocarbonetos.<br />

Assim, recomen<strong>da</strong>-se estudos e pesquisas nessas regiões para que se descubram e se<br />

desenvolvam grandes acumulações petrolíferas, gerando riquezas e desenvolvimento para os<br />

países que detêm as respectivas áreas.<br />

78


11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

APOSTILA INTERNA DO CURSO DE FORMAÇÃO DE GEOLOGIA DO<br />

PETRÓLEO, RH/UP/ECTEP, 2009.<br />

ABREU, L.O. 2007. Petróleo: caracterização, identificação, situação atual e perspectivas.<br />

Instituto de Agronomia, <strong>Universi<strong>da</strong>de</strong> <strong>Federal</strong> Rural do Rio de Janeiro. 42p.<br />

ALBAIGES J., ALGABA J., CLAVELL E., GRIMALT J. 1986. Petroleum geochemistry of<br />

the Tarragona Basin (Spanish Mediterranean off – shore). In Advances in Organic<br />

Geochemistry 1985 (Edited by Leythaeuser D. and Rullkotter J.), pp. 441 – 450. Pergamon<br />

Press, Oxford.<br />

BRAZILIAN JOURNAL OF GEOPHYSICS, 2000.<br />

(CEGEQ) CENTRO DE EXCELÊNCIA EM GEOQUÍMICA. 2009. Centro de Pesquisas<br />

Leopoldo A. Miguez de Mello (CENPES/PETROBRAS) pela análise de geoquímica<br />

orgânica.<br />

CHICARELLI M.I. 1985. The porphyrins of Serpiano oil shale: Structures and<br />

significance. Ph. D. thesis, University of Bristol.<br />

CONNAN J. & DESSORT D. 1987. Novel family of hexacyclic hopanoid alkanes (C32-C35)<br />

occurring in sediments and oils from anoxic palaeoenvironments. Org. Geochem. 11, 103-<br />

113.<br />

CONNAN J., LEVACHE D., SALVATORI T., RIVA A., BURWOOD R., LEPLAT P. 1988.<br />

Petroleum Geochemistry in Angola: An Agelfi Study. In Advances in Organic<br />

79


Geochemistry 1987, Part II (Edited by Mattavelli L. and Novelli L.). Pergamon Press,<br />

Oxford.<br />

CURIALE, J.A., CAMERON D., DAVIS D.V. 1985. Biological marker distribution and<br />

significance in oils and rocks of the Monterey Formation, California. Geochim.<br />

Cosmochim. Acta 49, 271-288.<br />

DEMAISON, G.J.& MOORE, G.T. Anoxic environments and oil source bed genesis.<br />

American Association of Petroleum Geologists Bulletin, v. 64, n. 8, p. 1179-1209, 1980.<br />

DUNLOP, R.W. & Jefferies P.R. 1985. Hydrocarbons of the hypersaline basins of Shark<br />

Bay, Western Australia. Org. Geochem. 8, 313-320.<br />

EGLINTON, G. & CALVIN, M. Chemical fossils. Scientific American, New York, v. 261, p.<br />

32-43. 1967.<br />

EKWEOZOR C.M., OKOGUN J.I., EKONG D.E.U., MAXWELL J.R. 1979a Preliminary<br />

organic geochemical studies of samples from the Niger delta (Nigeria). I. Analyses of<br />

crude oils for triterpanes. Chem. Geol. 27, 11-29.<br />

EKWEOZOR C.M., OKOGUN J.I., EKONG D.E.U., MAXWELL J.R. 1979b Preliminary<br />

organic geochemical studies of samples from the Niger delta (Nigeria). II. Analyses of<br />

shale for triterpenoid derivatives. Chem. Geol. 27, 29-37.<br />

ESPITALIÉ, J.; LAPORTE, J.L.; MADEC, M.; MARQUIS, F.; LEPAT, P.; PAULET, J.;<br />

BOUTEFEU, A. Méthode rapide de caractérisation des roches mère, de leur potentiel<br />

petrolier et leur degré d’évolution. Revue de l’Institute Français Du Pétrole, v. 32, p. 23-42,<br />

1977.<br />

80


ESPITALIÉ, J., DEROO, G., MARQUIS, F., 1985. La pyrolise Rock-Eval et ses<br />

applications. Revue de l’ Institute Français du Pétrole 40, 563-579.<br />

ESTEVES, F.A. Fun<strong>da</strong>mentos de Limnologia. Rio de Janeiro: Interciência, 1988, 575p.<br />

FARRIMOND P. 1987. The Toarcian and Cenomanian/ Turonian Oceanic Anoxic<br />

Events: An organic geochemical study. Ph.D. thesis, University of Bristol.<br />

FERREIRA, J.C. Centro de Pesquisas e Desenvolvimento – Leopodo A. Miguez de Mello<br />

(CENPES – PETROBRÁS) – Rio de Janeiro.<br />

FRIEDMAN G.M. 1980. Review of depositional environments in evaporate deposits and<br />

the role of evaporates in hydrocarbon accumulation. Bull. Am. Assoc. Pet. Geol. 56,<br />

1072-1086.<br />

FU JIAMO, GUOYING S., PINGAN P., BRASSELL S.C., EGLINTON G., JIGANG J.<br />

1986. Peculiarities of salt lake sediments as potential source rocks in China. In Advances<br />

in Organic Geochemistry 1985 (Edited by Leythaeuser D. and Rullkotter J.), pp. 119 – 127.<br />

Pergamon Press, Oxford.<br />

GRANTHAM, P.J., POSTHUMA J., BAAK A. 1983. Triterpanes in a number of Far<br />

Estern crude oils. In Advances in Organic Geochemistry 1981 (edited by BjorØy M. et al.),<br />

pp. 675-683. Wiley, Chichester.<br />

HAVEN, H.L., LEEW J.W., SINNINGHE DAMSTÈ, J.S., SCHENCK, P.A., PALMER, S.<br />

E., ZUMBERGE, J.E. 1988. Application of biological markers in the recognition of paleo<br />

hypersaline environments. In Lacustrine Petroleum Source Rocks (Edited by Kelts K., Fleet<br />

A. and Talbot M.). Blackwell, Oxford.<br />

81


HUANG, W.Y. & MEINSCHEIN, W.G. 1978. Sterols in sediments from Baffin Bay,<br />

Texas. Geochem. Cosmochim. Acta 42, 1391-1396.<br />

HUNT, J. M. 1995. Petroleum geochemistry and geology. W.H. Freeman and Company,<br />

New York,743p.<br />

KATZ, B.J., EROLD, L.W. 1985. Organic Geochemistry of DSDP Site 467, offshore<br />

California, Middle Miocene to Lower Pliocene strata. Geochem. Cosmochem. Acta. 47,<br />

389- 396.<br />

KATZ, B.J. Controls on distribution of lacustrine source rocks through time and space.<br />

In: B.J. Katz (Ed.), Lacustrine Basin Exploration: Case Studies and Modern Analogs.<br />

American Association of Petroleum Geologists, Memoir, n. 50, p. 61-76, 1990.<br />

KINSMAN, D.J.J. 1975. Rift Valley basins and sedimentary history of trailing<br />

continental margins. In Petroleum and Global Tectonics (Edited by Fisher A. G. and Judson<br />

S.), pp. 83-126. Princeton University Press.<br />

KIRKLAND, D.W. & EVANS, R. 1980. Source-rock potential of evaporate environment.<br />

Bull. Am. Assoc. Pet. Geol. 69, 181-190.<br />

LA PLANTE, R.E. 1974. Hydrocarbon generation in Golf Coast Tertiary sediments. Am<br />

Assoc Petrol. Geol. Bull. 58: 1281-89.<br />

Lafarge Corp. Announces Major Construction Materials Acquisition," Reston, Va.: Lafarge<br />

Corporation, March 17, 1998.<br />

LIMA, W.S. & JUNIOR, G.P.H. 2003. Bacias <strong>da</strong> margem continental. Fun<strong>da</strong>ção<br />

Paleontológica Phoenix, ano 5, número 49. Aracaju, Sergipe, Brasil.<br />

82


LOPES, J.P., RANGEL, M.D., MORAIS, E.T., AGUIAR, H.G.M. 2008. Geoquímica de<br />

reservatórios. Revista Brasileira de Geociências. 38(1 -suplemento).<br />

MACKENZIE, A.S., PATIENCE, R. S., MAXWELL, J.R., VANDENBROUCKE, M.,<br />

DURAND, D. 1980. Molecular parameters of maturation in the Toarcian shales, Paris<br />

Basin, France- I. Changes in the configurations of acyclic isoprenoid alkanes, steranes<br />

and triterpanes. Geochim. Cosmochim. Acta 44, 1709-1721.<br />

MACKENZIE, A.S., MAXWELL, J.R., COLEMAN, M.L., DEEGAN, C.E. 1984 Biological<br />

marker and isotope studies of North Sea crude oils and sediments. Proceedings of the 11 th<br />

World Petroleum Congress, Vol 2, Geology Exploration Reserves , pp. 45-56. Wiley,<br />

Chichester.<br />

MAGOON, L. B., DOW, W.G., 1994. The Petroleum System, In Magoon, L. B., Dow, W<br />

G., eds., The petroleum system - From source to trap: American Association of Petroleum<br />

Geologists Memoir 60, p. 3-24.<br />

MCKIRDY, D.M., KANTSLER, A.J., EMMETT, J.K., ALDRIGE, A.K. 1984 Hydrocarbon<br />

genesis and organic facies in Cambrian carbonates of the eastern Officer Basin South<br />

Australia. In Petroleum Geochemistry and Source Rock Potential of Carbonate Rocks,<br />

A.A.P.G. Studies in Geology (Edited by Palacas J.G.), Vol 18, pp 13-32.<br />

McFADDEN, D. 1973. Condicional Logit Analysis of Qualitative Choice Behavior, In P.<br />

Zaremkba, ed., Frontiers in Econometrics, Academic Press, New York.<br />

MELLO, M.R., N. TELNAES., P.C. GAGLIANONE., M.J. CHICARELLI., S.C.<br />

BRASSEL., J.R. MAXWELL. 1988. Organic geochemical characterization of depositional<br />

palaeoenvironments of source rocks and oils in Brazilian marginal basins.<br />

83


MILANI, E.J., BRANDÃO, J.A.S.L., ZALÁN, P.V., GAMBOA, L.A.P. 2000. Petróleo na<br />

margem continental brasileira: geologia, exploração, resultados e perspectivas. Rev.<br />

Bras. Geof., vol.18, no.3 São Paulo.<br />

MOLDOWAN, J. M., SUNDARARAMAN, P., SCHOELL, M. 1985, pg 42. Sensitivity of<br />

biomarker properties to depositional environment and/or source input in the Lower<br />

Toarcian of SW- Germany. In Advances in Organic Geochemistry 1985 (Edited by<br />

Leythaeuser D. and Rullkotter J.), pp. 915-926. Pergamon Press, Oxford.<br />

PELET, R. 1981. Géochimie organique des sediments marins profound du golfe d’Aden<br />

et de la mer d’ Oman- vue d’ensemble. In ORGON W, Golfe d’Aden, Mer d’Oman, pp.<br />

529-547. Editions du CNRS, Paris.<br />

PETERS, K.E. & MOLDOWAN, J.M. 1993. The Biomarker Guide: Interpreting<br />

Molecular Fossils in Petroleum and Ancient Sediments. Prentice-Hall, New Jersey.<br />

PETERSON, J. A., HITE, R. J. 1969. Pennsylvanian evaporate-carbonate cycles and their<br />

relation to petroleum occurrence, southern Rocky Mountains. Bull. Am. Assoc. Pet. Geol.<br />

53, 884-908.<br />

PETROBRÁS. Disponível em: http://www.petrobras.com.br/artigo. pdf. Acesso em<br />

25/08/2011.<br />

PETROLEUM GEOSCIENCE TECHNOLOGY. Geologia do Petróleo. Disponível em .<br />

http://www.pgt.com.br/artigo.pdf. Acesso em: 20/08/2011.<br />

PILLON, P., JOCTEUR MONROZIER L., GONZALEZ, C., SALIOT, A. 1986. Organic<br />

geochemistry of Recent equatorial deltaic sediments. In Advances in Organic<br />

84


Geochemistry 1985 (Edited by Leythaeuser D. and Rullkotter J.), pp. 711-716. Pergamon<br />

Press, Oxford.<br />

PORFIR'EV V.B., 1974. Inorganic origin of petroleum. - AAPG Bull., vol. 58, no. 1. - pp.<br />

3–33<br />

QUADROS, L.P. 1987. Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopodo A. Miguez de<br />

Mello (CENPES – PETROBRÁS) – Rio de Janeiro.<br />

RAFALSKA Bloch, J. & CUNNINGHAM R. Jr. 1986. Organic facies in Recent sediments<br />

of carbonate platforms: South-western Puerto Rico and Northern Belize. In: Advances in<br />

Organic Geochemistry 1985 (Edited by Leythaeuser D. and Rullkotter J.), pp. 717-724.<br />

Pergamon Press, Oxford.<br />

ROQUES, D.E., OVERTON, E.B., HENRY, C.B. Using gas chromatography/mass<br />

spectroscopy fingerprint analyses to document process and progress of oil degra<strong>da</strong>tion,<br />

J. Environ. Qual. v. 23, p. 851-855, 1994.<br />

RUBINSTEIN, I., SIESKIND, O., ALBRECHT, P. 1975. Rearranged sterenes in a shale:<br />

occurrence and simulated formation. J. Chem. Soc. Perkin I, 1833.<br />

RULLKOTTER, J., LEYTHAEUSER, D., WENDISCH, D. 1982. Novel 23,28-<br />

bisnorlupanes in Tertiary sediments. Wide-spread occurrence of nuclear demethylated<br />

triterpanes. Geochim. Cosmochim. Acta 47, 2501-2510.<br />

RULLKOTTER, J., MACKENZIE, A.S., WELT, D.H., LEYTHAEUSER, D., RADKE, M.<br />

1984. Quantitative gas chromatography-mass spectrometry analysis of geological<br />

samples. Org. Geochem. 6, 817-827.<br />

85


SEIFERT, W.K. & MOLDOWAN, J.M. Paleoreconstruction by biological markers.<br />

Geochimica et Cosmochimica Acta, London, v. 45, p. 783-794, 1981.<br />

SPEERS, G.C. & WHITEHEAD, E.V. Crude petroleum. In: EGLINTON, G., MURPHY,<br />

M.T.J. (Ed.). Organic geochemistry: methods and results. New York: Springer-Verlag,<br />

1969. p. 638-675.<br />

SILVA, C.G.A. 2007. Caracterização geoquímica orgânica <strong>da</strong>s <strong>rochas</strong> <strong>geradoras</strong> de<br />

petróleo <strong>da</strong>s Formações Irati e Ponta Grossa <strong>da</strong> Bacia do Paraná. Instituto de Química,<br />

<strong>Universi<strong>da</strong>de</strong> <strong>Federal</strong> do Rio Grande do Sul. Dissertação de Mestrado. 114p.<br />

SILVA, R.R. Notas de aulas de Geologia do Petróleo. 2011.<br />

SILVERSTEIN, E., PERTSCHUIK, L. P. & FRIEDLAND, J. (1979) Immunofluorescent<br />

localization of angiotensinconverting enzyme in epithelioid and giantcells of sarcoidosis<br />

granulomas. Proc. Natl Acad.Sci. U.S.A., 76, 6646.<br />

TALUKDAR, S., GALLANGO, O., CHIN-A-LIEN M. 1986. Generation and migration of<br />

hydrocarbons in the Maracaibo Basin, Venezuela: An integrated basin study. In:<br />

Advances in Organic Geochemistry 1985 (Edited by Leythaeuser D. and Rullkotter J.), pp.<br />

261-280, Pergamon Press, Oxford.<br />

TISSOT, B.P.& WELTE, D.H. 1978. Petroleum Formation and Occurrence: A New<br />

Approach to Oil and Gas Exploration. xviii+538 pp., 243 figs, 70 tables. Berlin,<br />

Heidelberg, New York: Springer-Verlag.<br />

TISSOT, B.P. & WELTE, D.H. Petroleum Formation and Occurrence. Springer-Verlag,<br />

Berlin, 2 ed., 1984. 699p.<br />

86


TREIBS, A. E., Chlorophyll-und Häminderivate in organischen Mineralstoffen.<br />

Angewandte Chemie, 49 (1936), pp. 682–686.<br />

TRIGUIS, J.A.; SOARES, E.S.; OLIVEIRA, O.M.C. de. Geoquímica do Petróleo utiliza<strong>da</strong><br />

na Exploração, Produção e Meio Ambiente Impactado por Petróleo. Apostila do Curso.<br />

Programa de Pós Graduação em Geoquímica: Petróleo e Meio Ambiente (POSPETRO)<br />

/IGEO/UFBA. 2009. 68p.<br />

VIRLET D’ AOUST., CH, 1834. Sur le terrain houiller de Turon. 1 fasc Paris.<br />

VOLKMAN, J.K., ALEXANDER R., KAGI, R.I., RULLKOTTER, J. 1983. GC-MS<br />

characterization of C27 and C28 triterpanes in sediments and petroleum. Geochim.<br />

Cosmochim. Acta 47, 1033-1040.<br />

WANG, Z .& M. FINGAS. Study of the effects of the weathering on the chemical<br />

composition of a light crude oil using GC/MS and GC/FID. J. Microcolumn Separations;<br />

1995, 7, 617-639.<br />

WELTE, D.H. 1965. Relation between petroleum and source rock. Am. Assoc. Petrol.<br />

Geol. Bull. 49: 2246-68.<br />

ZUMBERGE, J.E. 1984. Source Rocks of the La Luna Formation (Upper Cretaceous)<br />

in the Middle Mag<strong>da</strong>lena Valley, Colombia. In Petroleum Geochemistry and Source Rock<br />

Potential of Carbonate Rocks, A.A.P.G. Studies in Geology (Edited by Palacas J. G.), Vol 18,<br />

pp. 127-134.<br />

ZUMBERGE, T.X.J. & ODEGARD., M. BOB F. PERKINS W. DICKSON C,<br />

GCSSEPM FOUNDATION 25 th Annual Shiefelbein Research Conference,<br />

Houston. December 4-7, 2005<br />

87

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!