TESTEMUNHOS SELETOS VOL 1 - Mensagens dos 3 anjos
TESTEMUNHOS SELETOS VOL 1 - Mensagens dos 3 anjos
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<strong>TESTEMUNHOS</strong> <strong>SELETOS</strong> <strong>VOL</strong> 1<br />
Índice<br />
1 Fé em Deus / 21<br />
2 O Preparo Para o Encontro / 23<br />
3 A Responsabilidade <strong>dos</strong> Pais / 27<br />
4 Guardador do Irmão / 29<br />
5 Os Dois Caminhos / 32<br />
6 A Esposa do Pastor / 36<br />
7 "Sê Zeloso e Arrepende-te" / 40<br />
8 Jovens Observadores do Sábado / 47<br />
9 Tesouro no Céu / 57<br />
10 A Sacudidura / 59<br />
11 Deus Prova Seu Povo / 64<br />
12 Casas de Culto / 66<br />
13 Lições Tiradas das Parábolas / 68<br />
14 Fiadores de Incrédulos / 71<br />
15 Juramentos / 72<br />
16 Dever Para com os Filhos / 75<br />
17 Nosso Nome Denominacional / 79<br />
18 Inteira Consagração / 81<br />
19 Grande Aflição Futura / 87<br />
20 Dever Para com os Pobres / 92<br />
21 O Espiritismo / 95<br />
22 A Religião na Família / 101<br />
23 Falsas Idéias de Santificação / 109<br />
24 O Poder de Satanás / 116<br />
25 As Duas Coroas / 124<br />
26 O Futuro / 131<br />
27 Pais e Filhos / 133<br />
28 Perigos <strong>dos</strong> Jovens / 140<br />
29 Andar na Luz / 157<br />
30 Dons Falsifica<strong>dos</strong> do Espírito / 161<br />
31 A Oração de Davi / 172<br />
32 A Devida Observância do Sábado / 174<br />
33 Seguros de Vida / 176<br />
34 Saúde e Religião / 178<br />
35 Temperança Cristã / 181<br />
36 Alimentos Cárneos e Estimulantes / 194<br />
37 Consciência Violada / 198<br />
38 Separação do Mundo / 203<br />
39 O Verdadeiro Amor / 208<br />
40 Orações Pelos Enfermos / 212<br />
41 Ardis de Satanás / 217<br />
42 Os Sofrimentos de Cristo / 219<br />
43 Zelo Cristão / 236<br />
44 Responsabilidade <strong>dos</strong> Jovens / 237<br />
45 Uma Carta de Aniversário / 239<br />
46 O Engano das Riquezas / 247<br />
47 Conversão Genuína / 253<br />
48 Poluição Moral / 256<br />
49 Por que Deus Reprova Seu Povo / 264<br />
50 Apelo ao Domínio Próprio / 266<br />
51 Reuniões de Experiências e de Oração / 273<br />
1
52 Como Observaremos o Sábado? / 279<br />
53 A Recreação Cristã / 282<br />
54 Não Há Tempo de Graça Após a Vinda de Cristo / 285<br />
55 A Santidade do Sábado / 290<br />
56 Mentes Não Equilibradas / 293<br />
57 Fidelidade nos Deveres Domésticos / 297<br />
58 Pensamentos Vãos / 300<br />
59 Consideração Para com os que Erram / 302<br />
60 Parábolas <strong>dos</strong> Perdi<strong>dos</strong> / 305<br />
61 O Trigo e o Joio / 311<br />
62 A Educação Ideal / 315<br />
63 A Reforma de Saúde / 320<br />
64 O Perigo <strong>dos</strong> Elogios / 321<br />
65 O Trabalho em Favor <strong>dos</strong> que Erram / 322<br />
66 Amor e Dever / 325<br />
67 A Igreja de Laodicéia / 327<br />
68 O Dever de Reprovar o Pecado / 334<br />
69 Confessar ou Negar a Cristo / 339<br />
70 Os Que Desprezam a Repreensão / 342<br />
71 Apelo aos Jovens / 346<br />
72 O Poder da Oração nas Tentações / 356<br />
73 Dízimos e Ofertas / 359<br />
74 A Autoridade da Igreja / 390<br />
75 O Estado do Mundo / 397<br />
76 O Estado da Igreja / 401<br />
77 O Amor do Mundo / 404<br />
78 Presunção / 410<br />
79 O Poder do Apetite / 415<br />
80 A Disciplina da Provação / 425<br />
81 "Não Poderei Descer" / 429<br />
82 Biografias Bíblicas / 435<br />
83 A Responsabilidade do Membro da Igreja / 443<br />
84 Avançar / 450<br />
85 Coobreiros de Cristo / 453<br />
86 Reavivamentos Sensacionalistas / 461<br />
87 Retenção de Meios / 465<br />
88 O Processo de Prova / 473<br />
89 A Eficácia do Sangue de Cristo / 481<br />
90 Obediência Voluntária / 484<br />
91 Crítica aos Líderes / 489<br />
92 Santidade <strong>dos</strong> Mandamentos de Deus / 494<br />
93 Preparo Para a Vinda de Cristo / 503<br />
94 Enxertado em Cristo / 512<br />
95 Lição de Humildade / 515<br />
96 O Juízo / 518<br />
97 Embaixadores de Cristo / 523<br />
98 O Dever <strong>dos</strong> Pais Para com a Escola / 536<br />
99 Alunos da Escola / 539<br />
100 A Santidade <strong>dos</strong> Votos / 541<br />
101 Testamentos e Lega<strong>dos</strong> / 554<br />
102 Relações Entre os Membros da Igreja / 564<br />
103 Mentes Enfraquecidas / 569<br />
104 Casamentos Erra<strong>dos</strong> / 573<br />
2
105 Obreiros Fiéis / 579<br />
106 No Labirinto da Dúvida / 582<br />
107 A Influência <strong>dos</strong> Companheiros / 585<br />
108 A Igreja Triunfará / 590<br />
109 Simplicidade no Vestuário / 592<br />
110 A Aliança / 601<br />
111 A Formação do Caráter / 602<br />
Livro<br />
1<br />
Fé em Deus<br />
Pág. 21<br />
Quando em Battle Creek, Michigan, em 5 de maio de 1855, vi que havia grande falta<br />
de fé por parte <strong>dos</strong> servos de Deus, bem como da igreja. Ficavam muito facilmente<br />
desanima<strong>dos</strong>, eram demasiado inclina<strong>dos</strong> a duvidar de Deus, muito dispostos a crer<br />
que tinham uma dura sorte e que Deus os abandonara. Vi que isto era cruel. Deus os<br />
amara a ponto de dar Seu bem-amado Filho para morrer por eles, e todo o Céu estava<br />
interessado na sua salvação; todavia, depois de tudo quanto por eles fora feito, era-lhes<br />
difícil crer e confiar em tão bon<strong>dos</strong>o e benigno Pai. Ele disse que está mais disposto a<br />
dar o Espírito Santo àqueles que Lho pedirem, do que os pais terrestres o estão para<br />
fazer boas dádivas a seus filhos. Vi que os servos de Deus e a igreja desanimavam<br />
muito facilmente. Quando pediam ao Pai do Céu coisas que julgavam necessitar, e<br />
estas não vinham imediatamente, a fé lhes vacilava, fugia-lhes o ânimo, e deles se<br />
apoderava um sentimento de queixa. Isso, vi, desagradava a Deus.<br />
Todo santo que se aproximar de Deus com coração verdadeiro, dirigindo-Lhe com fé<br />
suas sinceras petições, verá suas orações atendidas. Vossa fé não deve largar as<br />
promessas de Deus, caso não vejais ou sintais a imediata resposta a vossas orações.<br />
Não temais confiar em Deus. Descansai em Sua firme promessa: "Pedi, e recebereis."<br />
João 16:24. Deus é demasiado sábio para errar, e demasiado bom para negar qualquer<br />
coisa boa a Seus santos, que andam na retidão. O homem é falível, e embora suas<br />
orações sejam dirigidas ao alto por um coração sincero, nem sempre pede aquilo que<br />
lhe convém, ou que seja para a glória de Deus. Assim sendo, nosso sábio e bom Pai<br />
Pág. 22<br />
ouve nossas orações e, por vezes, responderá imediatamente; dá-nos, porém, aquilo<br />
que é para nosso máximo bem e Sua própria glória. Deus nos dá bênçãos; caso nos<br />
fosse possível penetrar Seus planos, veríamos claramente que Ele sabe o que é melhor<br />
para nós, e que nossas orações são atendidas. Não nos é concedida coisa alguma que<br />
seja prejudicial, mas a bênção de que necessitamos, em lugar daquilo que pedimos e<br />
que não nos faria bem, mas mal.<br />
Vi que, se não recebermos resposta imediata a nossas orações, devemos ater-nos<br />
firmemente a nossa fé, não permitindo que penetre a desconfiança, pois isto nos<br />
separará de Deus. Se nossa fé vacilar, nada receberemos dele. Forte deve ser a<br />
confiança que temos em Deus; e quando mais dela necessitarmos, a bênção, qual<br />
chuveiro, cairá sobre nós.<br />
Quando os servos de Deus oram por Seu Espírito e Sua bênção, estes vêm por vezes<br />
imediatamente; mas nem sempre é concedida então. Em tais ocasiões, não desfaleçais.<br />
Apegue-se vossa fé com firmeza à promessa de que ela virá. Esteja vossa confiança<br />
plenamente em Deus, e muitas vezes essa bênção virá quando mais dela necessitardes,<br />
e recebereis inesperadamente auxílio de Deus ao estardes apresentando a verdade a<br />
incrédulos, e sereis habilita<strong>dos</strong> a falar a palavra com clareza e poder.<br />
Isto me foi representado como crianças que pedem um favor a seus pais terrestres, que<br />
os amam. Pedem alguma coisa que os pais sabem que lhes fará mal; dão-lhes então<br />
aquilo que será para seu bem, em lugar daquilo que desejavam. Vi que toda oração<br />
elevada ao Céu com fé, por um coração sincero, será ouvida por Deus, e aquele que<br />
3
dirige a petição terá a bênção quando mais dela necessitar, e excedendo ela muitas<br />
vezes a suas expectativas. Não se perderá nem uma oração feita por um santo fiel se<br />
feita com fé, por um coração sincero.<br />
2<br />
O Preparo Para o Encontro<br />
Pág. 23<br />
Vi que não devemos retardar a vinda do Senhor. Disse o anjo: "Preparai-vos, preparaivos<br />
para o que há de vir sobre a Terra. Correspondam vossas obras à fé que<br />
professais." Vi que a mente deve estar firme em Deus, e que nossa influência deve<br />
testemunhar de Deus e Sua verdade. Não podemos honrar o Senhor quando somos<br />
descui<strong>dos</strong>os e indiferentes. Não O podemos glorificar quando estamos desalenta<strong>dos</strong>.<br />
Cumpre-nos ser sinceros para assegurar a salvação da própria alma, e para salvar a<br />
outros. Devemos dar a isto toda a importância, e tudo mais deve vir em segundo lugar.<br />
Vi a beleza do Céu. Ouvi os <strong>anjos</strong> cantarem seus cânticos arrebatadores, rendendo<br />
louvor, honra e glória a Jesus. Pude então avaliar alguma coisa do assombroso amor<br />
do Filho de Deus. Ele abandonou toda a glória, toda a honra que tinha no Céu, e tão<br />
interessado estava em nossa salvação, que suportou paciente e mansamente toda a<br />
indignidade e desprezo que o homem sobre Ele pôde amontoar. Foi ferido, machucado,<br />
moído; foi estendido na cruz do Calvário, e sofreu a mais angustiosa das mortes, para<br />
que da morte nos salvasse; para que fôssemos lava<strong>dos</strong> em Seu sangue, e ressuscita<strong>dos</strong><br />
para viver com Ele nas mansões que está preparando para nós, e pudéssemos<br />
desfrutar a luz e a glória do Céu, ouvir os <strong>anjos</strong> cantarem, e com eles cantarmos<br />
também.<br />
Vi que todo o Céu está interessado em nossa salvação; e seremos nós indiferentes?<br />
Seremos descui<strong>dos</strong>os, como se fosse coisa de pouca importância o sermos salvos ou<br />
perdi<strong>dos</strong>? Menosprezaremos o sacrifício feito por nós? Alguns assim têm feito. Têm<br />
brincado com a misericórdia que lhes é oferecida, e<br />
Pág. 24<br />
o desagrado de Deus está sobre eles. O Espírito de Deus não será para sempre<br />
ofendido. Retirar-Se-á, caso seja ofendido por um pouco mais de tempo. Depois de ter<br />
sido feito tudo quanto Deus podia fazer para salvar os homens, caso eles mostrem por<br />
sua vida que menosprezam a oferecida misericórdia de Jesus, a morte será o quinhão<br />
deles. Será uma terrível morte; pois terão de sofrer a angústia sentida por Cristo, na<br />
cruz, a fim de adquirir para eles a redenção que recusaram. E compreenderão aí o que<br />
perderam - a vida eterna, a herança imortal. O grande sacrifício feito para salvar<br />
almas, mostra-nos o valor delas. Uma vez perdida a preciosa alma, está perdida para<br />
sempre.<br />
O Anjo com as Balanças<br />
Vi um anjo com balanças na mão, pesando os pensamentos e interesses do povo de<br />
Deus, especialmente <strong>dos</strong> jovens. Num prato estavam os pensamentos e interesses que<br />
tendiam para o Céu; no outro achavam-se os que se inclinavam para a Terra. E nessa<br />
balança era lançada toda leitura de livros de histórias, pensamentos acerca do<br />
vestuário e exibição, vaidade, orgulho, etc. Oh! que momento solene! Os <strong>anjos</strong> de Deus<br />
em pé com balanças, pesando os pensamentos de Seus professos filhos - aqueles que<br />
pretendem estar mortos para o mundo e vivos para Deus! O prato cheio <strong>dos</strong><br />
pensamentos da Terra, vaidade e orgulho, desceu rapidamente, e não obstante peso<br />
após peso rolou do prato. O que continha os pensamentos e interesses que se voltavam<br />
para o Céu subiu ligeiro enquanto o outro descia e, oh! quão leve estava ele! Posso<br />
relatar isso pelo que vi, mas nunca poderei dar a impressão solene e vívida gravada<br />
em minha mente, ao ver o anjo com a balança pesando os pensamentos e interesse do<br />
povo de Deus. Disse o anjo: "Podem esses entrar no Céu? Não, não, nunca. Diga-lhes<br />
que a esperança que agora possuem é vã, e a menos que se arrependam depressa e<br />
obtenham a salvação, hão de perecer."<br />
4
Uma forma de piedade não salvará ninguém. To<strong>dos</strong> devem possuir profunda e viva<br />
experiência. Unicamente isto os<br />
Pág. 25<br />
salvará no tempo de angústia. Então será provada de que espécie é sua obra; e se ela<br />
for ouro, prata e pedras preciosas, eles serão ocultos na fortaleza do Senhor. Mas, se<br />
sua obra for madeira, feno ou palha, coisa alguma os poderá proteger do furor da ira de<br />
Jeová.<br />
Dos jovens, bem como <strong>dos</strong> de mais idade, será exigida uma razão da esperança que<br />
têm. Mas a mente destinada por Deus para coisas melhores, formada para servi-Lo<br />
perfeitamente, tem-se fixado em coisas destituídas de senso, em vez de nos interesses<br />
eternos. A mente que é deixada a vaguear aqui e ali está tão apta a compreender a<br />
verdade, a prova bíblica da observância do sábado e o verdadeiro fundamento da<br />
esperança cristã, como a estudar a aparência, as maneiras, o vestuário, etc. E os que<br />
dão rédea solta à mente para divertir-se com histórias tolas e contos ociosos,<br />
alimentam a imaginação, mas o brilho da Palavra de Deus lhes fica eclipsado. A mente<br />
é desviada diretamente de Deus. É destruído o interesse em Sua preciosa Palavra.<br />
Nosso Livro-Guia<br />
Foi-nos dado um livro para nos guiar os pés através <strong>dos</strong> perigos deste mundo escuro,<br />
em direção ao Céu. Diz-nos como podemos escapar da ira de Deus, e conta-nos também<br />
os sofrimentos de Cristo por nós, o grande sacrifício feito a fim de sermos salvos e<br />
desfrutarmos para sempre a presença do Senhor. E se alguém estiver em falta afinal,<br />
tendo ouvido a verdade como tem ouvido nesta terra esclarecida, será sua própria<br />
culpa; será indesculpável. A Palavra de Deus diz-nos como nos podemos tornar cristãos<br />
perfeitos, e escapar às sete últimas pragas. Mas eles não tiveram nenhum interesse<br />
em verificar isto. Outras coisas lhes distraíam a mente, acariciaram ídolos, e a santa<br />
Palavra de Deus foi negligenciada e desprezada. Por professos cristãos Deus foi<br />
considerado de pouca importância, e quando Sua santa Palavra os julgar no derradeiro<br />
dia, serão encontra<strong>dos</strong> em falta. Essa Palavra que eles negligenciaram por tolos livros<br />
de histórias, lhes servirá de prova para a<br />
Pág. 26<br />
existência. Ela é a norma; seus motivos, palavras e obras, e a maneira por que<br />
empregam o tempo, serão to<strong>dos</strong> compara<strong>dos</strong> com a Palavra de Deus escrita; e se<br />
estiverem em falta então, seus casos estarão decidi<strong>dos</strong> para sempre.<br />
Nosso Único Modelo<br />
Vi que muitos se comparam entre eles mesmos, e comparam sua vida com a de outros.<br />
Não deve ser assim. Ninguém, senão Cristo, nos é dado como exemplo. Ele é nosso<br />
verdadeiro modelo, e to<strong>dos</strong> devem esforçar-se por imitá-Lo. Ou somos coobreiros de<br />
Cristo, ou coobreiros do inimigo. Ou ajuntamos com Cristo, ou espalhamos. Ou somos<br />
cristãos decidi<strong>dos</strong>, de todo o coração, ou nada somos. Diz Cristo: "Oxalá foras frio ou<br />
quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da Minha<br />
boca." Apoc. 3:15 e 16.<br />
Vi que muitos mal sabem ainda o que seja abnegação ou sacrifício, ou o que seja sofrer<br />
por amor da verdade. Mas ninguém entrará no Céu sem fazer algum sacrifício.<br />
Cumpre cultivar o espírito de abnegação e sacrifício. Alguns não se sacrificaram a si<br />
mesmos, a seu corpo, sobre o altar de Deus. Condescendem com o temperamento<br />
caprichoso, impulsivo, satisfazem os próprios apetites e cuidam <strong>dos</strong> próprios interesses<br />
egoístas, sem consideração para com a causa de Deus. Os que estiverem dispostos a<br />
fazer qualquer sacrifício pela vida eterna, tê-la-ão; e vale a pena que soframos por sua<br />
causa, que por ela crucifiquemos o próprio eu, e sacrifiquemos todo ídolo. O excelente<br />
peso eterno de glória absorve tudo, e eclipsa todo prazer terreno.<br />
3<br />
A Responsabilidade <strong>dos</strong> Pais<br />
Pág. 27<br />
5
Vi que grande responsabilidade pesa sobre os pais. Eles não devem ser dirigi<strong>dos</strong> pelos<br />
filhos, mas dirigi-los a eles. Foi-me apresentado Abraão. Ele foi fiel em sua casa.<br />
Ordenou sua casa depois dele, e isto foi lembrado por Deus.<br />
Foi-me então mostrado o caso de Eli. Ele não restringiu seus filhos, e eles se tornaram<br />
ímpios e vis, e por sua impiedade, desviaram a Israel. Havendo Deus dado a conhecer<br />
a Samuel os peca<strong>dos</strong> deles, e a severa maldição que se devia seguir porque Eli não os<br />
reprimiu, disse que seus peca<strong>dos</strong> não seriam nunca expia<strong>dos</strong> com sacrifício nem oferta.<br />
Ao contar-lhe Samuel o que o Senhor lhe mostrara, Eli submeteu-se, dizendo: "É o<br />
Senhor, faça o que bem Lhe aprouver." I Sam. 3:18. Seguiu-se em breve a maldição de<br />
Deus. Aqueles ímpios sacerdotes foram mortos, e mortos foram também trinta mil<br />
dentre Israel, e a arca de Deus foi tomada pelos inimigos. E ao ouvir Eli que a arca de<br />
Deus fora tomada, caiu para trás e morreu. Todo esse mal veio em resultado da<br />
negligência de Eli em restringir seus filhos. Vi que se Deus foi tão exigente em<br />
observar essas coisas antigamente, não o será menos nestes últimos dias.<br />
Os pais devem governar os filhos, corrigir-lhes as paixões e subjugá-las, do contrário<br />
Deus seguramente destruirá os filhos no dia de Sua ardente ira, e os pais que não<br />
controlaram os filhos não ficarão sem culpa. Especialmente os servos de Deus devem<br />
governar a própria família, mantendo-a em boa sujeição. Vi que eles não estão<br />
habilita<strong>dos</strong> para julgar ou decidir os negócios da igreja, a menos que possam governar<br />
bem a<br />
Pág. 28<br />
própria casa. Devem ter primeiro ordem em casa, e então seu juízo e influência terão<br />
peso na igreja.<br />
Vi que a razão por que as visões não têm sido mais freqüentes nos últimos tempos, é<br />
que não têm sido apreciadas pela igreja. A igreja quase perdeu sua espiritualidade e<br />
fé, e as reprovações e advertências não têm exercido sobre eles senão um pequeno<br />
efeito. Muitos <strong>dos</strong> que têm professado ter fé nelas, não as têm atendido.<br />
Alguns têm tomado direção desavisada; ao falarem de sua fé aos incrédulos, e ser-lhes<br />
pedida a prova da mesma, têm lido uma visão, em lugar de se voltarem para a Bíblia<br />
em busca de prova. Vi que esse proceder era incoerente, e suscitava nos incrédulos<br />
preconceitos contra a verdade. As visões não podem ter peso para os que nunca as<br />
viram, e nada sabem do espírito das mesmas. Não devemos a elas nos referir, em casos<br />
tais.<br />
4<br />
Guardador do Irmão<br />
Pág. 29<br />
Em 20 de novembro de 1885, enquanto me achava em oração, o Espírito do Senhor<br />
veio súbita e poderosamente sobre mim, e fui arrebatada em visão.<br />
Vi que o Espírito do Senhor tem estado a extinguir-Se na igreja. Os servos de Deus<br />
têm confiado demasiado na força do argumento, e não têm mantido em Deus aquela<br />
firme confiança que deveriam ter. Vi que a mera discussão sobre a verdade não levará<br />
as almas a decidir colocar-se ao lado <strong>dos</strong> remanescentes; pois a verdade é impopular.<br />
Os servos de Deus devem ter a verdade na alma. Disse o anjo: "Eles a devem receber<br />
com o calor da glória, levá-la no próprio seio, e derramá-la com calor e zelo de alma<br />
para os que a ouvem." Uns poucos, que são conscienciosos, estão prontos a decidir<br />
segundo o peso da evidência; mas é impossível mover a muitos por meio de uma<br />
simples teoria da verdade. Preciso é que ela seja acompanhada de poder, um<br />
testemunho vivo a impulsioná-los.<br />
Vi que o inimigo está ocupado em destruir almas. A exaltação tem penetrado nas<br />
fileiras; importa que haja mais humildade. Há demasiada condescendência com a<br />
independência de espírito entre os mensageiros. Isto tem que ser posto de lado, e<br />
cumpre que os servos de Deus se unam mais uns aos outros. Tem havido muito do<br />
espírito que indaga: "Sou eu guardador do meu irmão?" Gên. 4:9. Disse o anjo: "Sim, tu<br />
6
és o guardador de teu irmão. Deves ter por teu irmão vigilante cuidado, estar<br />
interessado em seu bem-estar, e nutrir para com ele um bom e amorável espírito.<br />
Avançai juntos, avançai juntos." É desígnio de Deus que os homens tenham o coração<br />
aberto e sincero, sem presunção, manso e humilde, com simplicidade.<br />
Pág. 30<br />
Esse é o princípio do Céu; assim o ordenou Deus. Mas o homem, frágil e pobre, buscou<br />
algo diferente - seguir seu próprio caminho, e atender cuida<strong>dos</strong>amente a seu próprio<br />
interesse.<br />
Indaguei do anjo por que a simplicidade fora excluída da igreja, e nela haviam<br />
penetrado o orgulho e a exaltação. Vi que esta foi a razão de quase havermos sido<br />
entregues à mão do inimigo. Disse o anjo: "Olha e vê que predomina este sentimento:<br />
Sou eu guardador do meu irmão?" E outra vez ele disse: "Tu és o guardador do teu<br />
irmão. Tua profissão, tua fé, exige que te negues a ti mesmo e sacrifiques a Deus, ou<br />
serás indigno da vida eterna; pois muito caro foi ela para ti comprada, isto é, pela<br />
angústia, os sofrimentos e o sangue do amado Filho de Deus."<br />
Algema<strong>dos</strong> por Posses Terrenas<br />
Vi que muitos, em vários lugares, no leste e no oeste, estavam ajuntando sítio a sítio, e<br />
terra a terra, e casa a casa, fazendo da causa de Deus uma desculpa, dizendo que<br />
assim fazem para que possam ajudar a causa. Algemam-se a si mesmos de maneira<br />
que não podem ser senão de pouco préstimo à causa de Deus. Alguns compram um<br />
pedaço de terra, e trabalham com todas as suas forças para pagá-lo. Seu tempo é tão<br />
ocupado, pouco é o que dele podem reservar para oração, e servir a Deus, e dele obter<br />
forças a fim de vencer suas tentações. Acham-se endivida<strong>dos</strong>, e quando a causa<br />
necessita de seu auxílio, não a podem ajudar; pois devem livrar-se primeiro da dívida.<br />
Mas tão depressa se vêem livres de uma dívida, estão mais longe de ajudar a causa do<br />
que antes: pois novamente se envolvem num acréscimo de sua propriedade.<br />
Lisonjeiam-se a si mesmos de que esta orientação é correta, de que empregarão o<br />
proveito na causa, quando na realidade estão é ajuntando tesouros aqui. Amam a<br />
verdade em palavras, mas não por obra. Amam a obra apenas tanto quanto suas obras<br />
o demonstram. Amam mais o mundo, e menos a causa de Deus; a atração do terrestre<br />
se fortalece, enquanto a do Céu enfraquece. O coração deles está com seu tesouro. Por<br />
seu exemplo dizem aos que os rodeiam que pretendem<br />
Pág. 31<br />
demorar-se aqui, que a Terra é a sua pátria. Disse o anjo: "Tu és o guardador do teu<br />
irmão."<br />
Muitos se têm envolvido em despesas desnecessárias, unicamente para satisfazer os<br />
sentimentos, o gosto e os olhos, quando a causa precisava <strong>dos</strong> próprios recursos que<br />
eles usavam, e quando alguns <strong>dos</strong> servos de Deus andavam mal traja<strong>dos</strong>, e tinham o<br />
seu trabalho entravado por falta de recursos. Disse o anjo: "Em breve passará o seu<br />
tempo de ação. Suas obras mostram que o próprio eu é seu ídolo, e a ele sacrificam." O<br />
próprio eu precisa ser satisfeito em primeiro lugar; seu sentimento é: "Sou eu<br />
guardador do meu irmão?" Gên. 4:9. Muitos têm recebido advertência após<br />
advertência, mas não deram ouvi<strong>dos</strong>. O eu é o objeto principal, e diante dele tudo se<br />
deve curvar.<br />
Vi que a igreja tem quase perdido o espírito de abnegação e sacrifício; fazem do eu e do<br />
interesse próprio a primeira coisa, e então fazem pela obra o que julgam que podem,<br />
seja sim ou seja não. Tal sacrifício, vi, é defeituoso, e não aceitável por Deus. To<strong>dos</strong><br />
devem estar interessa<strong>dos</strong> em fazer o máximo para levar avante a causa. Vi que os que<br />
não têm propriedade mas possuem forças físicas, são perante Deus responsáveis por<br />
elas. Devem ser diligentes no trabalho e de espírito fervoroso; não devem deixar que os<br />
que têm posses façam todo o sacrifício. Vi que eles podem sacrificar, e que é seu dever<br />
fazê-lo, da mesma maneira que os que possuem propriedades. Muitas vezes, porém, os<br />
que não possuem bens não compreendem que se podem negar a si mesmos de muitas<br />
7
maneiras, podem gastar menos consigo mesmos e satisfazer menos seus gostos e<br />
apetites, e encontrar muito em que poupar para a causa, ajuntando assim tesouros no<br />
Céu. Vi que há amabilidade e beleza na verdade; mas tire-se o poder de Deus, e ela<br />
ficará impotente.<br />
5<br />
Os Dois Caminhos<br />
Pág. 32<br />
Na assembléia de Battle Creek (Michigan), em 27 de maio de 1856, foram-me em visão<br />
mostradas algumas coisas que dizem respeito à igreja em geral. Foram-me mostradas<br />
a glória e a majestade de Deus. Disse o anjo: "Ele é terrível em Sua majestade, contudo<br />
não O compreendeis; terrível em Sua ira, e no entanto vós O ofendeis diariamente.<br />
'Porfiai por entrar pela porta estreita' (Luc. 13:24); 'porque larga é a porta, e espaçoso<br />
o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita<br />
é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.'" Mat.<br />
7:13 e 14. Estes caminhos são distintos, separa<strong>dos</strong>, em direções opostas. Um leva à<br />
vida eterna, e o outro à morte eterna. Vi a distinção entre esses caminhos, e também a<br />
diferença entre as multidões que neles viajam. Os caminhos são opostos; um é largo e<br />
suave; o outro, estreito e acidentado. Semelhantemente as duas multidões que os<br />
percorrem são opostas no caráter, na vida, no vestuário e na conversa.<br />
Os que viajam pelo caminho estreito conversam a respeito da alegria e felicidade que<br />
terão no fim da viagem. Seu rosto muitas vezes está triste, e, todavia, brilha<br />
freqüentemente com pie<strong>dos</strong>a e santa alegria. Não se vestem como a multidão do<br />
caminho largo, nem como eles falam, nem procedem. Um modelo lhes foi dado. Um<br />
homem de dores, e experimentado nos trabalhos lhes abriu aquele caminho e o<br />
palmilhou. Seus seguidores vêem-Lhe os rastos, e ficam consola<strong>dos</strong> e anima<strong>dos</strong>. Ele o<br />
percorreu em segurança; assim também poderão fazer os da multidão, se seguirem<br />
Suas pegadas.<br />
Na estrada larga to<strong>dos</strong> estão preocupa<strong>dos</strong> com sua pessoa,<br />
Pág. 33<br />
suas vestes, seus prazeres. Dão-se livremente ao riso e à zombaria e não pensam no<br />
termo da viagem nem na destruição certa, no fim do caminho. Cada dia se aproximam<br />
mais de sua destruição; contudo loucamente se arrojam, mais e mais depressa. Oh,<br />
como me pareceu terrível isso!<br />
Vi, percorrendo a estrada larga, muitos que tinham sobre si escritas estas palavras:<br />
"Morto para o mundo. Próximo está o fim de todas as coisas. Estai vós também<br />
prepara<strong>dos</strong>." Pareciam precisamente iguais a todas aquelas pessoas frívolas que em<br />
redor se achavam, com a diferença única de uma sombra de tristeza que lhes notei no<br />
rosto. Sua conversa era perfeitamente igual à daqueles que, diverti<strong>dos</strong> e inconscientes,<br />
se encontravam em redor; mas de quando em quando mostravam com grande<br />
satisfação as letras sobre suas vestes, convidando outros a tê-las sobre si. Estavam no<br />
caminho largo, e no entanto professavam pertencer ao número <strong>dos</strong> que viajavam no<br />
caminho estreito. Os que em redor deles estavam, diziam: "Não há distinção entre nós.<br />
Somos iguais; vestimos, falamos e procedemos semelhantemente."<br />
Uma Bênção Não Apreciada<br />
Foi-me então dirigida a atenção para os anos de 1843 e 1844. Havia naquela ocasião<br />
um espírito de consagração que hoje não existe. Que aconteceu com o povo que<br />
professa ser o povo peculiar de Deus? Vi a conformidade com o mundo, a indisposição<br />
de sofrer em prol da verdade. Vi grande falta de submissão à vontade de Deus. Foi-me<br />
chamada a atenção para os filhos de Israel, depois que saíram do Egito. Deus<br />
misericordiosamente os chamou dentre os egípcios para que pudessem adorá-Lo sem<br />
impedimento nem restrição. Operou em prol deles, no caminho, por meio de milagres;<br />
provou-os e experimentou-os pondo-os em situações angustiosas. Depois do<br />
maravilhoso trato de Deus com eles, e seu livramento muitas vezes, murmuravam<br />
8
quando por Ele prova<strong>dos</strong> ou experimenta<strong>dos</strong>. Suas expressões eram: "Quem dera<br />
houvéssemos morrido<br />
Pág. 34<br />
pela mão do Senhor na terra do Egito!" Êxo. 16:3. Cobiçavam os alhos e as cebolas de<br />
lá.<br />
Vi que muitos que professam crer na verdade para estes últimos dias, acham estranho<br />
que os filhos de Israel murmurassem enquanto viajavam; que depois do maravilhoso<br />
trato de Deus com eles, fossem tão ingratos que esquecessem o que por eles fizera.<br />
Disse o anjo: "Vós tendes feito pior do que eles." Vi que Deus deu a Seus servos a<br />
verdade tão clara, tão compreensível, que é impossível negá-la. Onde quer que<br />
estejam, têm certa a vitória. Seus inimigos não poderão fugir à convincente verdade. A<br />
luz foi derramada com tanta clareza que os servos de Deus podem levantar-se em<br />
qualquer parte e fazer com que ela, clara e harmoniosa, ganhe a vitória. Esta grande<br />
bênção não tem sido apreciada nem compreendida. Se surge alguma provação, alguns<br />
começam a olhar para trás, e pensam que passam por um tempo difícil. Alguns <strong>dos</strong><br />
professos servos de Deus não sabem o que sejam provações purificadoras. Algumas<br />
vezes suscitam eles próprios as provações, imaginam-nas, e desanimam tão facilmente,<br />
tão prontamente se magoam, e ressentem-se tão depressa, que fazem mal a si<br />
próprios, ofendem a outros e prejudicam a causa de Deus. Satanás faz parecer grandes<br />
as suas provações, e incute-lhes no espírito pensamentos que, a serem satisfeitos, lhes<br />
destruirão a influência e utilidade.<br />
Alguns se têm sentido tenta<strong>dos</strong> a retirar-se da obra, a fim de trabalhar por sua própria<br />
conta. Vi que se a mão de Deus fosse retirada deles, e ficassem sujeitos à enfermidade<br />
e à morte, saberiam então o que são dificuldades. Coisa terrível é murmurar contra<br />
Deus. Eles não têm em mente que o caminho que trilham é áspero, cheio de<br />
abnegação, e de crucifixão do próprio eu, e não deveriam esperar que tudo corresse tão<br />
suavemente como se estivessem andando no caminho largo.<br />
Vi que alguns <strong>dos</strong> servos de Deus, mesmo pastores, desanimam tão facilmente, tão<br />
prontamente se magoa o seu eu, que se julgam menospreza<strong>dos</strong> e ofendi<strong>dos</strong> quando não<br />
há tal. Acham ruim a sua sorte. Tais pessoas não compreendem<br />
Pág. 35<br />
como se sentiriam se Deus as desamparasse, e passassem por angústia de alma.<br />
Achariam então sua sorte dez vezes pior do que antes, quando se achavam<br />
empregadas na obra de Deus, sofrendo provações e privações, mas tendo a aprovação<br />
do Senhor.<br />
Alguns <strong>dos</strong> que trabalham na causa de Deus não sabem quando têm um tempo suave.<br />
Sofreram tão poucas privações, tão pouco sabem de necessidades, trabalho exaustivo<br />
ou contrariedades que, passando bem e sendo favoreci<strong>dos</strong> por Deus, e quase<br />
inteiramente livres de angústias de espírito não reconhecem as provações e as acham<br />
grandes. Vi que, a menos que tais pessoas tenham espírito de abnegação, e estejam<br />
dispostas a trabalhar animosamente, não poupando a si mesmas, Deus as dispensará.<br />
Ele não as reconhecerá como Seus servos abnega<strong>dos</strong>, mas suscitará quem trabalhe,<br />
não indolentemente, mas com fervor, e reconheça quando desfrutam de bem-estar. Os<br />
servos de Deus deveriam sentir responsabilidade pelo trabalho em prol das almas, e<br />
chorar entre o alpendre e o altar, clamando: "Poupa a Teu povo, ó Senhor!" Joel 2:17.<br />
Alguns <strong>dos</strong> servos de Deus consagraram a vida à causa de Deus, até ao ponto de terem<br />
a saúde enfraquecida e ficarem quase consumi<strong>dos</strong> pelo trabalho mental, cuida<strong>dos</strong><br />
incessantes, fadigas e privações. Outros não sentiram essa responsabilidade, ou não a<br />
quiseram assumir. Entretanto, justamente esses, por nunca terem experimentado<br />
dificuldades, acham que passam por um tempo difícil. Nunca foram batiza<strong>dos</strong> no<br />
quinhão do sofrimento, e nunca o serão enquanto manifestarem tanta fraqueza e tão<br />
pouca força, e amarem tanto a comodidade.<br />
9
Segundo o que Deus me mostrou, é preciso haver, entre os pastores, uma sacudidura, a<br />
fim de serem elimina<strong>dos</strong> os negligentes, preguiçosos e comodistas, e permanecer um<br />
grupo fiel, puro e abnegado, que não busque seu bem-estar pessoal, mas administre<br />
fielmente na palavra e na doutrina, dispondo-se a sofrer e suportar todas as coisas por<br />
amor de Cristo, e salvar aqueles por quem Ele morreu. Sintam esses servos o "ai" que<br />
sobre eles pesa se não pregarem o evangelho, isso será o bastante; mas nem to<strong>dos</strong> o<br />
sentem.<br />
6<br />
A Esposa do Pastor<br />
Pág. 36<br />
Vi as esposas <strong>dos</strong> pastores. Algumas delas não são de nenhum auxílio para os mari<strong>dos</strong>,<br />
e todavia professam a terceira mensagem angélica. Pensam mais em atender a seus<br />
próprios desejos e prazeres do que à vontade de Deus, ou em como podem suster<br />
erguidas as mãos do esposo mediante suas fiéis orações e sua cuida<strong>dos</strong>a maneira de<br />
viver. Vi que algumas delas tomam uma direção tão voluntariosa e egoísta, que<br />
Satanás as torna instrumentos seus, e trabalha por meio delas a fim de destruir a<br />
influência e utilidade <strong>dos</strong> mari<strong>dos</strong>. Sentem-se na liberdade de queixar-se e murmurar<br />
caso sejam levadas a qualquer situação precária. Esquecem-se <strong>dos</strong> sofrimentos <strong>dos</strong><br />
antigos cristãos por amor da verdade, e pensam que devem ter seus desejos satisfeitos<br />
e seguir a própria vontade. Esquecem o sofrimento de Jesus, seu Mestre. Esquecem o<br />
Homem de dores, experimentado nos trabalhos - Aquele que não tinha onde reclinar a<br />
cabeça. Não se importam de lembrar aquela santa fronte, ferida por uma coroa de<br />
espinhos. Esquecem-No a Ele que, levando Sua própria cruz ao Calvário, desfaleceu ao<br />
peso dela. Não estava sobre Ele apenas o peso da cruz de madeira, mas o pesado fardo<br />
<strong>dos</strong> peca<strong>dos</strong> do mundo. Esquecem os cravos cruéis enterra<strong>dos</strong> nas tenras mãos e pés, e<br />
Seu angustioso brado ao expirar: "Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?"<br />
Mat. 27:46; Mar. 15:34. Depois de todo esse sofrimento suportado por elas, sentem<br />
forte indisposição de sofrer por amor de Cristo.<br />
Essas pessoas, vi, estão enganando a si mesmas. Não têm parte nem sorte na causa.<br />
Possuem a verdade mas a verdade não as possui. Quando a verdade, a solene e<br />
importante<br />
Pág. 37<br />
verdade delas se apoderar, há de morrer o próprio eu; então a linguagem não será: "Eu<br />
irei para lá; não ficarei aqui"; mas a sincera indagação será: "Onde quer o Senhor que<br />
eu esteja? Onde O glorificarei melhor, e onde serão mais benéficos os nossos labores<br />
conjuga<strong>dos</strong>?" Sua vontade será absorvida na vontade de Deus. O espírito obstinado e a<br />
falta de consagração manifesta<strong>dos</strong> por algumas esposas de pastores, atravessar-se-á<br />
no caminho <strong>dos</strong> pecadores; o sangue de almas estará em suas vestes. Alguns <strong>dos</strong><br />
pastores têm dado vigoroso testemunho com relação ao dever e aos erros da igreja; mas<br />
isso não tem o efeito visado; pois suas próprias companheiras precisavam de todo o<br />
incisivo testemunho dado, e a reprovação recaía sobre elas com grande peso. Eles<br />
deixaram que as companheiras os afetassem, e puxassem para baixo, incutindo-lhes no<br />
espírito preconceitos, e ficam perdidas a sua utilidade e influência; sentem-se<br />
desanima<strong>dos</strong> e abati<strong>dos</strong>, e não compreendem a verdadeira origem do mal. Este se<br />
encontra bem perto.<br />
As Esposas Como Coobreiras<br />
Essas irmãs se acham intimamente relacionadas com a obra de Deus, se Ele chamou<br />
os mari<strong>dos</strong> para pregarem a verdade presente. Estes servos, caso sejam realmente<br />
chama<strong>dos</strong> por Deus, sentirão a importância da verdade. Encontram-se entre os vivos e<br />
os mortos, e devem velar pelas almas como quem delas deva dar contas. Solene é sua<br />
vocação, e suas companheiras podem ser-lhes uma grande bênção ou uma grande<br />
maldição. Elas os podem animar quando desalenta<strong>dos</strong>, confortar quando deprimi<strong>dos</strong>, e<br />
estimulá-los a olhar para cima e a confiar plenamente em Deus quando lhes desfalece<br />
10
a fé. Ou podem tomar a direção contrária, olhar ao lado sombrio, pensar que lhes cabe<br />
um tempo de provas, sem exercitar nenhuma fé em Deus, falar de suas provações e<br />
incredulidade aos companheiros, condescender com o espírito de queixa e<br />
murmuração, e serem-lhes um peso morto, e mesmo uma maldição.<br />
Vi que a esposa do pastor deve ajudar o marido em seus labores, e ser exata e<br />
cuida<strong>dos</strong>a quanto à influência que<br />
Pág. 38<br />
exerce; pois é observada, e espera-se mais dela do que das outras. Seu vestuário deve<br />
ser um exemplo. Sua vida e conversação também devem ser exemplares, exalando um<br />
cheiro de vida e não de morte. Vi que deve assumir atitude humilde, mansa, e todavia<br />
exaltada, não se dando a conversações que não tendam a dirigir a mente para o Céu. A<br />
grande questão deve ser: "Como posso salvar minha própria alma, e ser instrumento<br />
para salvar a outros?" Vi que neste assunto, não é aceitável a Deus uma obra de<br />
coração dividido. Ele quer todo o coração e o interesse todo; do contrário, nada. A<br />
influência da esposa, ou fala decidida, inequivocamente em favor da verdade, ou<br />
contra ela. Ou ela ajunta com Jesus, ou espalha. A esposa não santificada é a maior<br />
maldição que um pastor possa ter. Os servos de Deus que têm sido e são ainda<br />
bastante infelizes para terem em casa essa má influência, devem dobrar de orações e<br />
vigilância, assumir atitude firme e decidida, e não permitir que essa treva os empurre<br />
para baixo. Devem apegar-se mais a Deus, ser firmes e resolutos, governar bem a<br />
própria casa, e viver de maneira a receber a aprovação de Deus e o vigilante cuidado<br />
<strong>dos</strong> <strong>anjos</strong>. Mas se cederem aos desejos das não santificadas companheiras, estará sobre<br />
sua habitação o desagrado de Deus. A arca de Deus não pode permanecer na casa, pois<br />
eles condescendem com seus erros e os apóiam.<br />
Nosso Deus é um Deus zeloso. Terrível coisa é brincar com Ele. Antigamente, Acã<br />
cobiçou uma barra de ouro e uma capa babilônica, e as escondeu, e todo o Israel sofreu;<br />
foram repeli<strong>dos</strong> pelos inimigos. E quando Josué indagou a causa, o Senhor disse:<br />
"Levanta-te, santifica o povo, e dize: Santificai-vos para amanhã, porque assim diz o<br />
Senhor, o Deus de Israel: Anátema há no meio de ti, Israel; diante <strong>dos</strong> teus inimigos<br />
não poderás suster-te, até que tires o anátema do meio de vós." Jos. 7:13. Acã pecara, e<br />
Deus o destruiu a ele e a toda a sua família, com tudo quanto possuíam, e tirou a<br />
maldição de Israel.<br />
Vi que o Israel de Deus deve erguer-se, e renovar suas forças em Deus mediante a<br />
renovação e observância de seu concerto com Ele. A cobiça, o egoísmo, o amor do<br />
dinheiro e o<br />
Pág. 39<br />
amor do mundo, permeiam todas as fileiras <strong>dos</strong> observadores do sábado. Estes males<br />
estão destruindo o espírito de sacrifício entre o povo de Deus. Os que têm no coração<br />
essa cobiça, dela não se apercebem. Ela se apoderou deles imperceptivelmente, e a<br />
menos que seja desarraigada, sua destruição será tão certa quanto a de Acã. Muitos<br />
têm tirado o sacrifício de sobre o altar de Deus. Amam o mundo, amam-lhe o lucro e o<br />
aumento, e caso não haja neles inteira mudança, perecerão com o mundo. Deus lhes<br />
tem confiado meios; estes não lhes pertencem, mas o Senhor os fez mordomos Seus. E<br />
por isto eles chamam seus a esses recursos, e os acumulam. Mas oh! quão depressa, ao<br />
ser removida a mão de Deus, tudo é arrebatado em um momento! É preciso haver<br />
sacrifício para Deus, a negação do próprio eu por amor da verdade. Oh! como é frágil o<br />
homem! como é débil o seu braço! Vi que em breve será abatida a altivez humana,<br />
humilhado o seu orgulho! Reis e nobres, ricos e pobres, curvar-se-ão igualmente, e as<br />
consumidoras pragas de Deus cairão sobre eles.<br />
7<br />
"Sê Zeloso e Arrepende-te"<br />
Pág. 40<br />
11
Preza<strong>dos</strong> Irmãos e Irmãs: O Senhor mostrou-me em visão algumas coisas concernentes<br />
à igreja em seu atual estado de mornidão, as quais vos passo a relatar. A igreja me foi<br />
apresentada em visão. Disse o anjo à igreja: "Jesus te diz: 'Sê zeloso e arrepende-te'."<br />
Apoc. 3:19. Esta obra, vi, deve ser empreendida com sinceridade. Há alguma coisa de<br />
que arrepender-se. O espírito mundano, o egoísmo e a cobiça têm estado a corroer a<br />
espiritualidade e a vida do povo de Deus.<br />
O perigo do povo de Deus durante alguns anos passa<strong>dos</strong>, tem sido o amor do mundo.<br />
Disto têm brotado os peca<strong>dos</strong> do egoísmo e da cobiça. Quanto mais tiram deste mundo,<br />
tanto mais aí colocam suas afeições; e ainda se esforçam por obter mais. Disse o anjo:<br />
"É mais fácil entrar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no<br />
reino de Deus." Luc. 18:25. Todavia muitos que professam crer que estamos dando as<br />
últimas notas de advertência ao mundo, estão lutando com todas as energias para se<br />
colocarem em posição em que é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha,<br />
do que eles entrarem no reino do Céu.<br />
Esses tesouros terrestres são bênçãos quando devidamente emprega<strong>dos</strong>. Os que os<br />
possuem devem compreender que os mesmos lhes são empresta<strong>dos</strong> por Deus, e<br />
empregar alegremente seus recursos para o progresso de Sua causa. Não perderão<br />
aqui seu galardão. Serão benignamente considera<strong>dos</strong> pelos <strong>anjos</strong> de Deus, ao mesmo<br />
tempo que ajuntarão um tesouro no Céu.<br />
Vi que Satanás observa o temperamento peculiar, egoísta, cobiçoso de alguns que<br />
professam a verdade, e tentá-los-á<br />
Pág. 41<br />
pondo-os no caminho da prosperidade, oferecendo-lhes as riquezas deste mundo. Ele<br />
sabe que, se não vencerem seu temperamento natural, hão de tropeçar e cair pelo<br />
amor de Mamom, pela adoração de seu ídolo. O objetivo de Satanás é muitas vezes<br />
conseguido. O forte amor do mundo vence, absorve o amor da verdade. Os reinos do<br />
mundo são-lhes ofereci<strong>dos</strong>, e eles se apoderam ansiosamente de seus tesouros, e<br />
pensam que estão sendo maravilhosamente prospera<strong>dos</strong>. Satanás triunfa porque seu<br />
plano teve êxito. Abandonam o amor de Deus pelo amor do mundo.<br />
O Amor do Mundo<br />
Vi que os que são assim prospera<strong>dos</strong>, poderão impedir o desígnio de Satanás, caso<br />
vençam sua cobiça egoísta mediante o pôr todas as suas possessões no altar de Deus. E<br />
onde virem que são necessários meios para levar avante a obra da verdade e para<br />
ajudar a viúva, o órfão e o aflito, devem dar alegremente, entesourando assim no Céu.<br />
Dai ouvi<strong>dos</strong> ao conselho da Testemunha Verdadeira. Comprai ouro provado no fogo,<br />
para serdes ricos; vesti<strong>dos</strong> brancos para que vos possais vestir; e colírio para que<br />
possais ver. Fazei algum esforço. Estes preciosos tesouros não cairão sobre nós sem<br />
esforço de nossa parte. Cumpre-nos comprar - ser zelosos e arrepender-nos de nosso<br />
estado de mornidão. É preciso estarmos despertos para ver nossos erros, esquadrinhar<br />
nossos peca<strong>dos</strong>, e arrepender-nos zelosamente deles.<br />
Vi que os irmãos que possuem bens têm uma obra que fazer para se desligarem desses<br />
tesouros terrestres, e vencerem seu amor do mundo. Muitos deles amam este mundo,<br />
amam seu tesouro, mas não estão dispostos a reconhecer isto. Cumpre-lhes ser zelosos<br />
e arrependerem-se de sua cobiça egoísta, a fim de que o amor da verdade absorva tudo<br />
o mais. Vi que muitos <strong>dos</strong> que têm riquezas deixarão de comprar ouro, vesti<strong>dos</strong><br />
brancos e colírio. Seu zelo não possui intensidade e ardor proporcionais ao valor do<br />
objeto que buscam obter.<br />
Pág. 42<br />
Vi esses homens enquanto se esforçavam pelos bens terrestres; que zelo<br />
manifestavam, que diligência, que energia para obter um tesouro terreno que em<br />
breve passará! Que frios cálculos faziam eles! Planejam e labutam desde cedo até<br />
tarde, e sacrificam a comodidade e o conforto pelo tesouro terrestre. Um zelo<br />
correspondente, de sua parte, para alcançarem o ouro, as vestes brancas e o colírio,<br />
12
levá-los-á à posse desses desejáveis tesouros, e a vida, vida eterna no reino de Deus. Vi<br />
que, se alguém necessita de colírio, são os que possuem bens deste mundo. Muitos<br />
deles estão cegos para a sua própria condição, cegos para o seu firme apego a este<br />
mundo. Oh! que eles possam ver!<br />
"Eis que estou à porta, e bato: se alguém ouvir a Minha voz, e abrir a porta, entrarei<br />
em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo." Apoc. 3:20. Vi que muitos têm tanto lixo<br />
acumulado à porta do coração, que não a podem abrir. Alguns têm desinteligências a<br />
remover entre eles e os irmãos. Outros têm mau gênio, ambição egoísta para afastar<br />
antes de poderem abrir a porta. Outros rolaram o mundo para a porta do coração, e<br />
isso também a impede de ser aberta. Todo esse entulho deve ser removido, e então<br />
poderão abrir a porta e dar aí as boas-vindas ao Salvador.<br />
Oh! quão preciosa esta promessa, ao ser-me mostrada em visão! "Entrarei em sua<br />
casa, e com ele cearei, e ele comigo." Apoc. 3:20. Oh! o amor, o assombroso amor de<br />
Deus! Depois de toda a nossa mornidão e pecado, Ele diz: "Volta para Mim, e Eu<br />
voltarei para ti, e sararei todas as tuas apostasias." Isto foi repetido pelo anjo várias<br />
vezes. "Volta para Mim, e Eu voltarei para ti, e sararei todas as tuas apostasias."<br />
Alguns, vi eu, voltariam de boa vontade. Outros não permitirão que esta mensagem à<br />
igreja de Laodicéia tenha peso para com eles. Hão de deslizar caminho adiante, da<br />
mesma maneira por que antes o faziam, e serão vomita<strong>dos</strong> da<br />
Pág. 43<br />
boca do Senhor. Unicamente os que se arrependem hão de alcançar o favor de Deus.<br />
"Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no Meu trono; assim como Eu<br />
venci, e Me assentei com Meu Pai no Seu trono." Apoc. 3:21. Podemos vencer. Sim,<br />
plena e inteiramente. Jesus morreu a fim de prover-nos um caminho de escape, de<br />
modo a podermos vencer todo mau gênio, todo pecado, toda tentação, e, por fim,<br />
sentar-nos com Ele.<br />
Temos o privilégio de ter fé e salvação. O poder de Deus não diminuiu. Seu poder, vi,<br />
seria concedido agora tão abundantemente como outrora. É a igreja de Deus que tem<br />
perdido a fé para reclamar, a energia para lutar como fez Jacó, clamando: "Não Te<br />
deixarei ir, se me não abençoares." Gên. 32:26. A fé que persevera está a perecer. Ela<br />
deve ser reavivada no coração do povo de Deus. Precisamos reclamar Sua bênção. A fé,<br />
fé viva, leva sempre para cima - para Deus e a glória; a incredulidade, para baixo -<br />
para as trevas e a morte.<br />
Fabricar Provações<br />
Vi que a mente de alguns na igreja não tem andado na devida direção. Tem havido<br />
alguns temperamentos peculiares, que têm lá suas idéias pelas quais julgam os<br />
irmãos. E se alguém não estava exatamente em harmonia com eles, havia<br />
imediatamente perturbação no acampamento. Alguns têm coado um mosquito, e<br />
engolido um camelo.<br />
Essas idéias têm sido nutridas e com elas alguns têm condescendido, por longo tempo.<br />
Apegam-se a qualquer palha, por assim dizer. E quando não há dificuldades reais na<br />
igreja, fabricam-se provações. A mente da igreja e os servos do Senhor são desvia<strong>dos</strong><br />
de Deus, da verdade e do Céu, para se fixarem nas trevas. Satanás se deleita em que<br />
estas coisas prossigam; isto é um regalo para ele. Não são, porém, estas tribulações,<br />
que hão de purificar a igreja, e, no fim, aumentar a resistência do povo de Deus.<br />
Pág. 44<br />
Vi que alguns estão secando espiritualmente. Têm vivido por algum tempo a observar<br />
a fim de manter os irmãos direitos - observando toda falta, para então os meter em<br />
dificuldades. E enquanto isto fazem, a mente não está em Deus, nem no Céu ou na<br />
verdade; mas simplesmente onde Satanás quer que esteja - noutros. Sua alma é<br />
negligenciada; raramente essas pessoas vêem ou sentem as próprias faltas, pois têm<br />
tido bastante que fazer em vigiar as faltas <strong>dos</strong> demais, sem sequer olhar a própria<br />
alma, ou examinar o próprio coração. O vestido, o chapéu ou o avental lhes prendem a<br />
13
atenção. Precisam falar a este e àquele, e isto basta para os ocupar por semanas. Vi<br />
que toda a religião de algumas pobres almas, consiste em observar a roupa e os atos<br />
<strong>dos</strong> outros, e em os criticar. A menos que se reformem, não haverá no Céu lugar para<br />
elas, pois achariam defeitos no próprio Senhor.<br />
Disse o anjo: "É uma obra individual o estar direito para com Deus." A obra é entre<br />
Deus e nossa própria alma. Mas quando as pessoas têm tanto cuidado com as faltas<br />
<strong>dos</strong> outros, não cuidam de si mesmas. Essas pessoas imaginativas, críticas, curar-seiam<br />
muitas vezes desse hábito, se se dirigissem diretamente à pessoa que pensam<br />
estar errada. Isto seria tão desagradável, que abandonariam suas idéias, de<br />
preferência a ir ter com elas. Mas é mais fácil deixar a língua trabalhar livremente<br />
acerca deste e daquele, quando o acusado não está presente.<br />
Ordem no Culto<br />
Pensam alguns que não é direito procurar observar ordem no culto de Deus. Vi, porém,<br />
que não é perigoso observar ordem na igreja do Senhor. Tenho visto que a confusão<br />
Lhe desagrada, e que deve haver ordem no orar e também no cantar. Não devemos<br />
chegar à casa de Deus para orar por nossa família, a menos que um profundo<br />
sentimento a isto nos induza, enquanto o Espírito de Deus as está convencendo. Em<br />
geral, o lugar apropriado para orar por nossa família é o altar da família. Quando os<br />
objetos de nossas orações se acham distantes, o<br />
Pág. 45<br />
aposento particular é o lugar apropriado para instar com Deus em favor deles. Quando<br />
na casa de Deus, devemos orar por uma bênção presente, e esperar que Ele nos ouça e<br />
atenda às petições. Essas reuniões serão vivas e interessantes.<br />
Vi que to<strong>dos</strong> devem cantar com o espírito e com entendimento também. Deus não Se<br />
agrada de barulho e desarmonia. O certo é-Lhe sempre mais aprazível que o errado. E<br />
quanto mais perto puder chegar o povo de Deus do canto correto, harmonioso, tanto<br />
mais será Ele glorificado, a igreja beneficiada e os incrédulos impressiona<strong>dos</strong><br />
favoravelmente.<br />
Foi-me mostrada a ordem, a perfeita ordem do Céu, e senti-me arrebatada ao escutar a<br />
música perfeita que ali há. Depois de sair da visão, o canto aqui me soou muito áspero<br />
e dissonante. Vi grupos de <strong>anjos</strong> que se achavam dispostos em quadrado, tendo cada<br />
um uma harpa de ouro. Na extremidade inferior dela havia um dispositivo para virar,<br />
fixar a harpa, ou mudar os tons. Seus de<strong>dos</strong> não corriam pelas cordas<br />
descui<strong>dos</strong>amente, mas faziam vibrar diferentes cordas para produzir diferentes<br />
acordes. Há um anjo que dirige sempre, o qual toca primeiro a harpa a fim de dar o<br />
tom, depois to<strong>dos</strong> se ajuntam na majestosa e perfeita música do Céu. Ela é<br />
indescritível. É melodia celestial, divina, enquanto cada semblante reflete a imagem<br />
de Jesus, irradiando glória indizível.<br />
__________<br />
O povo de Deus não deve estar em confusão, carecendo de ordem e harmonia, coerência<br />
e beleza. O Senhor é grandemente desonrado quando existe desunião entre Seu povo.<br />
A verdade é unidade. A unidade exigida por Deus deve ser cultivada dia a dia, para<br />
que correspondamos à oração de Cristo. A desunião que forceja por existir entre os que<br />
professam crer na última mensagem de misericórdia a ser dada ao mundo, não deve<br />
encontrar lugar; pois seria terrível impedimento para o progresso da causa de Deus.<br />
Seus servos devem ser um, assim<br />
Pág. 46<br />
como Cristo é um com o Pai; suas faculdades, iluminadas, inspiradas e santificadas,<br />
devem unir-se para formar um todo completo. Os que amam a Deus e guardam os Seus<br />
mandamentos não se devem adiantar separadamente; cumpre-lhes avançar juntos.<br />
Testimonies, vol. 3, págs. 174 e 175, 1904.<br />
8<br />
Jovens Observadores do Sábado<br />
14
Pág. 47<br />
Em 22 de agosto de 1857, estando eu na casa de oração em Monterey, Michigan, foi-me<br />
mostrado que muitos ainda não ouviram a voz de Jesus, e a salvadora mensagem<br />
ainda não lhes tomou posse da alma, operando uma reforma na vida. Muitos <strong>dos</strong><br />
jovens não têm o espírito de Jesus. O amor de Deus não lhes está no coração, portanto<br />
toda tentação natural tem a vitória, em vez de terem-na o Espírito de Deus e a<br />
salvação.<br />
Os que possuem realmente a religião de Jesus, não se envergonharão da cruz nem<br />
temerão carregá-la perante os que têm mais experiência que eles. Caso almejem<br />
fervorosamente andar direito, desejarão todo auxílio que possam obter <strong>dos</strong> cristãos de<br />
mais idade. De boa vontade serão por eles ajuda<strong>dos</strong>; os corações que se acham<br />
aqueci<strong>dos</strong> pelo amor de Deus, não serão entrava<strong>dos</strong> por bagatelas na carreira cristã.<br />
Falarão daquilo que o espírito de Deus opera no interior. Cantarão isto, orarão sobre<br />
isto. É a falta de religião, a falta de vida santa que torna os jovens tardios. Sua vida os<br />
condena. Sabem que não vivem como os cristãos devem viver, por isto não têm<br />
confiança em Deus, nem na igreja.<br />
O motivo de se sentirem os jovens mais em liberdade quando os de mais idade estão<br />
ausentes, é que eles se acham com os de sua mesma espécie. Cada um pensa que é tão<br />
bom quanto o outro. To<strong>dos</strong> deixam de atingir o alvo, mas se medem uns pelos outros, e<br />
uns aos outros se comparam, e negligenciam o único modelo perfeito e verdadeiro.<br />
Jesus é o modelo genuíno. Sua vida de sacrifício, eis nosso exemplo.<br />
Vi quão pouco era tido em conta o Modelo, quão pouco exaltado diante deles. Quão<br />
pouco sofrem os jovens, ou se<br />
Pág. 48<br />
negam a si mesmos, por sua religião! Sacrificar-se, é coisa de que mal se pensa entre<br />
eles. Deixam inteiramente de imitar o Modelo neste sentido. Vi que a linguagem de<br />
sua vida é: O eu precisa ser satisfeito; é preciso condescender com o orgulho. Esquecem<br />
o Homem de dores, experimentado nos trabalhos. Os sofrimentos de Jesus no<br />
Getsêmani, as grandes gotas de sangue no jardim, a coroa entretecida de espinhos que<br />
Lhe feriram a fronte santa, não os comovem. Ficaram entorpeci<strong>dos</strong>. Suas<br />
sensibilidades estão embotadas, e perderam todo o senso do grande sacrifício por eles<br />
feito. Podem sentar-se e escutar a história da cruz, ouvir como os cravos cruéis foram<br />
prega<strong>dos</strong> nas mãos e pés do Filho de Deus, sem que isto lhes mova as profundezas da<br />
alma.<br />
Disse o anjo: "Fossem esses introduzi<strong>dos</strong> na cidade de Deus, e fosse-lhes dito que toda<br />
a sua suntuosa beleza e esplendor lhes pertencia para a gozarem para sempre, e eles<br />
não teriam nenhuma compreensão do alto preço por que essa herança lhes fora<br />
adquirida. Jamais avaliariam as incomparáveis profundezas do amor do Salvador. Não<br />
beberam do cálice, nem foram batiza<strong>dos</strong> com o batismo. O Céu manchar-se-ia se tais<br />
pessoas houvessem de morar ali. Unicamente os que partilharam <strong>dos</strong> sofrimentos do<br />
Filho de Deus, saíram de grande tribulação, lavaram seus vesti<strong>dos</strong> e os branquearam<br />
no sangue do Cordeiro, podem gozar da indescritível excelência e inexcedível beleza do<br />
Céu."<br />
A falta desta necessária preparação excluirá a maior parte <strong>dos</strong> jovens professos; pois<br />
não trabalharão bastante diligente e zelosamente para alcançar aquele repouso que<br />
resta para o povo de Deus. Não confessarão sinceramente seus peca<strong>dos</strong>, para que<br />
sejam perdoa<strong>dos</strong> e apaga<strong>dos</strong>. Dentro de pouco tempo esses peca<strong>dos</strong> serão revela<strong>dos</strong> em<br />
toda a sua enormidade. Os olhos de Deus não tosquenejam. Ele conhece todo pecado<br />
oculto aos olhos mortais. Os culpa<strong>dos</strong> sabem exatamente quais os peca<strong>dos</strong> a confessar<br />
para que sua alma seja purificada diante de Deus. Jesus está-lhes concedendo agora<br />
oportunidade de confessar, de se arrependerem em profunda humildade, e<br />
Pág. 49<br />
15
purificarem a vida pela obediência e o viver a verdade. Agora é o tempo de se<br />
endireitarem os erros e os peca<strong>dos</strong> serem confessa<strong>dos</strong>, ou eles aparecerão diante do<br />
pecador no dia da ira de Deus.<br />
Os Pais Uni<strong>dos</strong> na Disciplina<br />
Os pais têm geralmente confiança demasiada nos filhos; pois muitas vezes, quando<br />
estão confiantes, eles se acham em encoberta iniqüidade. Pais, vigiai vossos filhos com<br />
muito cuidado. Exortai, reprovai, aconselhai-os ao vos levantardes, e quando<br />
estiverdes senta<strong>dos</strong>; quando sairdes, e quando entrardes; "regra sobre regra,<br />
mandamento sobre mandamento, um pouco aqui, um pouco ali". Isa. 28:10. Sujeitai<br />
vossos filhos enquanto são tenros. Isto é tristemente negligenciado por muitos pais.<br />
Não tomam posição tão firme e decidida como devem com relação aos filhos. Deixam<br />
que sejam semelhantes ao mundo, amem o vestuário e associem-se aos que aborrecem<br />
a verdade, e cuja influência é venenosa. Assim, fazendo, estimulam nos filhos<br />
disposição mundana.<br />
Vi que deve haver sempre, da parte <strong>dos</strong> pais cristãos, o princípio de estarem uni<strong>dos</strong> no<br />
governo <strong>dos</strong> filhos. Existe a este respeito uma culpa da parte de alguns pais - a falta de<br />
união. Essa falta se encontra por vezes no pai, mas mais freqüentemente na mãe. A<br />
mãe amante amima os filhos e com eles condescende. O trabalho do pai muitas vezes o<br />
afasta de casa e do convívio <strong>dos</strong> filhos. A influência da mãe é que atua. Seu exemplo<br />
contribui muito para formar o caráter das crianças.<br />
Algumas mães bon<strong>dos</strong>as toleram nos filhos erros que não deveriam ser suporta<strong>dos</strong><br />
nem por um momento. Os malfeitos deles são muitas vezes ocultos ao pai. Artigos de<br />
vestuário ou qualquer outra concessão é feita pela mãe, com entendimento de que o pai<br />
nada deva saber a esse respeito; pois ele reprovaria tais coisas.<br />
Aí é ensinada eficazmente aos filhos uma lição de engano. Depois, se o pai descobre<br />
esses erros, são apresentadas<br />
Pág. 50<br />
desculpas, e a verdade é dita só pela metade. A mãe não é franca. Não considera como<br />
deve que o pai tem nos filhos o mesmo interesse que ela, e não deve ser mantido na<br />
ignorância <strong>dos</strong> erros ou tentações que precisam ser corrigi<strong>dos</strong> neles enquanto jovens.<br />
Têm-se encoberto coisas. Os filhos conhecem a falta de união entre os pais, e isto tem<br />
seu efeito. E cedo começam a enganar, encobrir, dizer à mãe e ao pai de maneira<br />
diferente, do que na verdade as coisas são. O exagero torna-se hábito, e chegam a ser<br />
ditas grossas mentiras quase sem que a consciência se sinta acusada ou repreendida.<br />
Esses erros começaram com a mãe ao esconder as coisas do pai, o qual deve ter igual<br />
interesse no caráter que os filhos estão formando. O pai devia ter sido consultado<br />
francamente. Tudo deveria ter-lhe sido exposto. A direção oposta, porém, tomada para<br />
ocultar os erros <strong>dos</strong> filhos, anima a disposição de enganar, a falta de veracidade e<br />
honestidade.<br />
A única esperança desses filhos, professem eles a religião ou não, é converterem-se<br />
cabalmente. Todo o seu caráter deve ser mudado. Irrefletida mãe, sabes enquanto<br />
ensinas teus filhos, que toda a sua vida religiosa é influenciada pelos ensinos que<br />
recebem na primeira idade? Submete-os enquanto jovens; ensina-lhes a sujeitarem-se<br />
a ti, e tanto mais rapidamente aprenderão a obedecer aos preceitos de Deus. Estimula<br />
neles disposição verdadeira e sincera. Nunca lhes dês ocasião de duvidarem de tua<br />
sinceridade e estrita veracidade. Vi que os jovens professam ter mas não desfrutam o<br />
poder salvador de Deus. Falta-lhes religião, falta-lhes salvação. E oh! as ociosas e<br />
inaproveitáveis palavras que proferem! Há um fiel e terrível registro a seu respeito, e<br />
os mortais serão julga<strong>dos</strong> segundo os atos pratica<strong>dos</strong> no corpo. Jovens amigos, vossos<br />
atos e palavras ociosas estão escritos no Livro. Vossa conversação não tem sido sobre<br />
as coisas eternas, mas sobre isto, e aquilo - conversas<br />
Pág. 51<br />
16
comuns, mundanas, em que se não devem os cristãos empenhar. Tudo está escrito no<br />
Livro.<br />
É Necessário Genuína Conversão<br />
Vi que, se não houver inteira mudança na juventude, inteira conversão, podem eles<br />
perder a esperança do Céu. Do que me tem sido mostrado, não mais da metade <strong>dos</strong><br />
jovens que professam a religião e a verdade, são verdadeiramente converti<strong>dos</strong>. Se se<br />
houvessem convertido, produziriam frutos para a glória de Deus. Muitos confiam<br />
numa suposta esperança, sem base real. A fonte não está purificada, portanto as<br />
correntes que dela procedem não são puras. Limpai a fonte, e puras serão as águas. Se<br />
reto for o coração, corretas hão de ser vossas palavras, vosso vestuário, vossas ações.<br />
Falta a verdadeira piedade. Eu não desonraria meu Mestre a ponto de admitir que<br />
seja cristã a pessoa descui<strong>dos</strong>a, frívola, que não ora. Não; o cristão alcança a vitória<br />
sobre os peca<strong>dos</strong> que o espreitam, sobre suas paixões. Há remédio para a alma<br />
enferma de pecado. Esse remédio está em Jesus. Precioso Salvador! Sua graça é<br />
suficiente para o mais fraco <strong>dos</strong> seres; e o mais forte precisa também possuir Sua<br />
graça, do contrário perecerá.<br />
Vi como essa graça poderia ser obtida. Ide ao vosso quarto e, ali a sós, rogai a Deus:<br />
"Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto." Sal.<br />
51:10. Sede fervorosos, sede sinceros. A oração fervente pode muito. À semelhança de<br />
Jacó, lutai em oração. Angustiai-vos. Jesus, no jardim, suou grandes gotas de sangue;<br />
deveis fazer um esforço. Não deixeis vosso aposento enquanto vos não sentirdes fortes<br />
em Deus; então, vigiai, e enquanto vigiardes e orardes vos será possível manter em<br />
sujeição esses maus assaltos, e a graça de Deus pode e há de aparecer em vós.<br />
Longe de mim que eu cesse de vos admoestar. Jovens amigos, buscai ao Senhor de todo<br />
o vosso coração. Ide com zelo, e quando sentirdes sinceramente que sem o auxílio de<br />
Deus<br />
Pág. 52<br />
perecereis, quando anelardes por Ele como o cervo brama pelas correntes das águas,<br />
então o Senhor presto vos fortalecerá. Então a vossa paz sobrepujará todo o<br />
entendimento. Se esperais salvação, precisais orar. Dedicai tempo. Não sejais<br />
apressa<strong>dos</strong> nem descui<strong>dos</strong>os em vossas orações. Rogai a Deus que em vós opere<br />
completa reforma, que os frutos do Seu Espírito habitem em vós, e brilheis como luzes<br />
no mundo. Não sejais obstáculo nem maldição para a causa de Deus; podeis ser um<br />
auxílio, uma bênção. Diz-vos Satanás que não é possível desfrutar plena e abundante<br />
salvação? Não acrediteis.<br />
Vi que é privilégio de todo cristão fruir as profundas atuações do Espírito de Deus.<br />
Uma doce paz celestial penetrará a mente, e dar-vos-á prazer meditar em Deus e no<br />
Céu. Deleitar-vos-eis nas gloriosas promessas de Sua Palavra. Mas sabei primeiro que<br />
destes os primeiros passos no caminho da vida eterna. Não vos enganeis. Temo, ou<br />
antes, sei que muitos dentre vós ignoram o que seja religião. Tendes experimentado<br />
alguma emoção, mas nunca vistes o pecado em sua enormidade. Jamais sentistes<br />
vossa arruinada condição, desviando-vos <strong>dos</strong> vossos maus caminhos com amarga dor.<br />
Nunca morrestes para o mundo. Sois ainda amantes de seus prazeres; apreciais<br />
entreter-vos em conversa sobre assuntos mundanos. Ao ser, porém, apresentada a<br />
vontade de Deus, nada tendes a dizer. Por que assim silenciosos?! Por que tão loquazes<br />
sobre coisas mundanas, e tão mu<strong>dos</strong> sobre o assunto que mais vos deveria interessar -<br />
um assunto que vos deveria ocupar inteiramente a alma? A verdade de Deus não<br />
habita em vós.<br />
Vi que muitos são justos em sua profissão de fé, enquanto interiormente há corrupção.<br />
Não vos enganeis, professos crentes de coração falso. Deus olha ao coração. "Do que há<br />
em abundância no coração, disso fala a boca." Mat. 12:34. Vi que o mundo está no<br />
coração desses, mas a religião de Jesus não está aí. Se os professos cristãos amam<br />
17
mais a Jesus que ao mundo, gostarão de falar nele, o seu melhor amigo, em quem se<br />
concentram suas mais altas afeições. Ele veio em auxílio<br />
Pág. 53<br />
deles quando sentiram sua condição de perdi<strong>dos</strong> prestes a perecer. Quando cansa<strong>dos</strong> e<br />
carrega<strong>dos</strong> de pecado, volveram-se para Ele. Jesus lhes removeu o fardo da culpa e do<br />
pecado, tirou-lhes a dor e o pranto, e mudou toda a direção de suas afeições. As coisas<br />
que outrora amavam, agora aborrecem; e as que aborreciam, amam agora.<br />
Jesus Requer Tudo<br />
Processou-se acaso em vós esta grande mudança? Não vos enganeis. Ou eu nunca<br />
proferiria o nome de Cristo, ou Lhe daria todo o meu coração, meu inteiro afeto.<br />
Devemos experimentar a mais profunda gratidão por Jesus aceitar essa oferenda. Ele<br />
requer tudo. Quando somos leva<strong>dos</strong> a render-nos a Suas solicitações, e a renunciar a<br />
tudo, então, e só então, lançar-nos-á Ele em torno os braços de misericórdia. Mas que<br />
damos nós quando tudo entregamos? A alma poluída do pecado para que Jesus a<br />
purifique, limpe por Sua misericórdia, salve-a da morte por Seu incomparável amor. E<br />
todavia eu vi que alguns achavam difícil entregar tudo. Envergonho-me de o ouvir,<br />
envergonho-me de o escrever.<br />
Falais em abnegação? Que deu Cristo por nós? Quando julgais ser demais que Cristo<br />
exija tudo, dirigi-vos ao Calvário, e chorai ali por esse pensamento. Contemplai as<br />
mãos e os pés de vosso Libertador, dilacera<strong>dos</strong> pelos cravos cruéis, a fim de serdes<br />
lava<strong>dos</strong> do pecado por Seu próprio sangue!<br />
Os que experimentam o amor de Deus, esse amor que compele, não perguntam quão<br />
pouco se pode dar para alcançar a recompensa celeste; não pedem a mais baixa norma,<br />
antes aspiram à perfeita conformidade com a vontade de Seu Redentor. Com desejo<br />
ardente entregam tudo, e manifestam zelo proporcional ao valor do objeto que buscam.<br />
Qual é esse objeto? A imortalidade, a vida eterna.<br />
Meus jovens amigos, muitos dentre vós estais lamentavelmente iludi<strong>dos</strong>. Tendes vos<br />
satisfeito com alguma coisa inferior à religião pura e incontaminada. Quero despertarvos.<br />
Os <strong>anjos</strong> de Deus vos estão procurando despertar. Oh! que as<br />
Pág. 54<br />
importantes verdades da Palavra de Deus vos despertem para o senso do perigo que<br />
correis, levando-vos a cabal exame de vós mesmos! Vosso coração é ainda carnal. Não<br />
está sujeito à lei de Deus, nem em verdade o pode estar. Esses corações carnais devem<br />
mudar, para verdes tal beleza na santidade, que aneleis por ela assim como o cervo<br />
anseia pelas fontes das águas. Então amareis a Deus e amareis a Sua lei. Então o jugo<br />
de Cristo será suave e o Seu fardo leve. Conquanto tenhais provações, estas<br />
devidamente suportadas, tornam simplesmente o caminho mais precioso. A herança<br />
imortal destina-se ao cristão abnegado.<br />
Vi que o cristão não deve dar valor demasiado ao entusiasmo <strong>dos</strong> seus sentimentos,<br />
nem depender muito disso. Esses sentimentos nem sempre são guias seguros. Todo<br />
cristão deve cuidar de servir a Deus, movido por princípios; não ser regido por<br />
sentimentos. Assim fazendo, exercitar-se-á a fé, e se desenvolverá. Foi-me mostrado<br />
que se o cristão viver vida humilde, abnegada, o resultado será paz e alegria no<br />
Senhor. Mas a felicidade máxima será experimentada mediante o fazer bem aos<br />
outros, em tornar outros felizes. Tal felicidade será perdurável.<br />
Muitos jovens não têm princípio fixo para servir a Deus. Não exercem fé. Sucumbem<br />
sob qualquer nuvem. Não têm força de resistência. Não crescem na graça. Parece<br />
guardarem os mandamentos de Deus. Fazem de quando em quando uma oração<br />
formal, e são chama<strong>dos</strong> cristãos. Os pais acham-se tão ansiosos a respeito deles, que<br />
aceitam qualquer coisa que lhes pareça favorável, e não trabalham com eles, não<br />
ensinam que a mente carnal deve morrer. Animam-nos a irem indo, e representarem<br />
um papel; deixam, porém, de levá-los a esquadrinharem o próprio coração com<br />
diligência, a examinarem-se a si mesmos, e avaliarem o preço do que constitui ser<br />
18
cristão. O resultado é que os jovens professam ser cristãos, sem provar suficientemente<br />
os próprios motivos.<br />
Diz a Testemunha Verdadeira: "Oxalá foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e<br />
não és frio nem quente,<br />
Pág. 55<br />
vomitar-te-ei da Minha boca." Apoc. 3:15 e 16. Satanás quer que sejais cristãos<br />
nominais, pois assim podereis melhor servir aos seus desígnios. Se tendes uma forma<br />
de piedade e não a piedade verdadeira, ele vos pode usar para seduzir outros ao<br />
mesmo caminho, isto é, a se iludirem a si mesmos. Algumas pobres almas olharão para<br />
vós em vez de porem os olhos na norma bíblica, e não chegarão mais alto. São tão bons<br />
quanto vós, e ficam satisfeitos.<br />
Insiste-se muitas vezes com os jovens para cumprirem deveres, para falar ou orar nas<br />
reuniões; insiste-se para morrerem para o orgulho. São instiga<strong>dos</strong> a cada passo. Tal<br />
religião de nada vale. Transforme-se o coração carnal, e não vos será tão enfadonha<br />
tarefa servir a Deus, ó vós, professos de coração frio! Todo aquele amor do vestuário e<br />
orgulho da aparência desaparecerão. O tempo que passais diante do espelho<br />
arranjando os cabelos a fim de agradar à vista, deve ser empregado em oração, a fazer<br />
exame interior. Não haverá, no coração santificado, lugar para o adorno exterior; antes<br />
haverá diligente e ansiosa busca do adorno interior, as graças cristãs - os frutos do<br />
Espírito de Deus.<br />
Diz o apóstolo: "O enfeite delas não seja o exterior, no frisado <strong>dos</strong> cabelos, no uso de<br />
jóias de ouro, na compostura de vesti<strong>dos</strong>; mas o homem encoberto no coração; no<br />
incorruptível trajo de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus." I<br />
Ped. 3:3 e 4.<br />
Subjugai a mente carnal, reformai a vida, e a pobre estrutura mortal não será tão<br />
idolatrada. Caso o coração seja reformado, isto se demonstrará na aparência exterior.<br />
Se Cristo for em nós a esperança da glória, nele descobriremos tão incomparáveis<br />
atrativos, que a alma ficará enamorada. Apegar-se-á a Ele, preferirá amá-Lo, e, cheia<br />
de admiração por Ele, esquecerá o próprio eu. Jesus será magnificado e adorado, e o eu<br />
abaixado e humilhado. A confissão religiosa, sem esse profundo amor, porém, é mera<br />
conversa, árida formalidade e enfadonho labor. Muitos dentre vós talvez conservem na<br />
cabeça um pouco de religião, uma religião exterior, ao passo que o coração<br />
Pág. 56<br />
não está purificado. Deus olha para o coração; "todas as coisas estão nuas e patentes<br />
aos olhos dAquele com quem temos de tratar". Heb. 4:13. Ficará Ele satisfeito com<br />
coisa alguma que não a verdade no interior? Toda alma verdadeiramente convertida<br />
apresentará os inequívocos traços de estar subjugada a mente carnal.<br />
Falo positivamente. Não creio que isto desanime um verdadeiro cristão; e não quero<br />
que nenhum de vós chegue ao tempo de angústia sem uma bem-fundada esperança em<br />
vosso Redentor. Decidi conhecer o pior aspecto de vosso caso. Certificai-vos se tendes<br />
uma herança no alto. Tratai sinceramente com vossa própria alma. Lembrai-vos de<br />
que Jesus apresentará a Seu Pai uma igreja sem mácula, nem ruga ou coisa<br />
semelhante.<br />
Como haveis de saber que estais aceitos por Deus? Estudai com oração Sua palavra.<br />
Não a deixeis de lado por nenhum outro livro. Este Livro convence do pecado. Revela<br />
plenamente o caminho da salvação. Apresenta alta e gloriosa recompensa. Revela-vos<br />
um Salvador completo e ensina-vos que unicamente mediante Sua ilimitada<br />
misericórdia podeis esperar a salvação.<br />
Não negligencieis a oração particular, pois é a alma da religião. Com sincera e<br />
fervorosa oração, rogai pureza de alma. Suplicai tão ardente e fervorosamente, como o<br />
faríeis por vossa existência mortal, caso ela estivesse em jogo. Permanecei perante<br />
Deus até que inexprimíveis anseios sejam em vós gera<strong>dos</strong> quanto à vossa salvação, e<br />
seja obtida a doce certeza do perdão <strong>dos</strong> peca<strong>dos</strong>.<br />
19
A esperança da vida eterna não deve ser recebida sobre frágeis fundamentos. É um<br />
assunto que deve ser assentado entre Deus e a vossa alma - assentado para a<br />
eternidade. Uma suposta esperança, e nada mais, demonstrar-se-á a vossa ruína. Uma<br />
vez que tendes de subsistir ou cair pela Palavra de Deus, a essa Palavra é que deveis<br />
olhar em busca de testemunho em vosso caso. Aí podeis ver o que de vós é exigido para<br />
vos tornardes cristãos. Não dispais vossa armadura, nem abandoneis o campo de<br />
batalha enquanto não obtiverdes a vitória, triunfantes em vosso Redentor.<br />
9<br />
Tesouro no Céu<br />
Pág. 57<br />
Alguns não têm seguido direção estritamente honesta, honrosa. Esses devem seguir<br />
orientação diversa, trabalhando firmemente para remir o tempo. Muitos observadores<br />
do sábado se acham em falta nesse ponto. Aproveitam-se até de seus pobres irmãos, e<br />
os que têm abundância exigem mais que o real valor das coisas, mais do que por elas<br />
pagariam, ao passo que esses irmãos se acham embaraça<strong>dos</strong> e aflitos por falta de<br />
meios. Deus sabe de todas essas coisas. Todo ato egoísta, toda extorsão cobiçosa, trará<br />
sua recompensa.<br />
Vi que é cruel e injusto não ter consideração pela situação de um irmão. Se está aflito<br />
ou pobre, fazendo todavia tudo quanto lhe é possível, deve-se fazer-lhe uma concessão,<br />
e mesmo não se lhe deve exigir o inteiro valor das coisas que compre <strong>dos</strong> ricos; antes<br />
estes devem ter para com ele sentimentos de misericórdia. Deus aprovará tais atos de<br />
bondade, e os que os praticam não perderão sua recompensa. Haverá, porém, um<br />
terrível registro contra muitos observadores do sábado por atos mesquinhos e<br />
gananciosos.<br />
Fui dirigida ao tempo em que não havia senão poucos que escutavam e abraçavam a<br />
verdade. Eles não possuíam muito <strong>dos</strong> bens deste mundo. As necessidades da Causa<br />
eram divididas entre bem poucos. Então foi necessário que alguns vendessem suas<br />
casas e terras, e procurassem um lugar mais barato para lhes servir de abrigo, ou de<br />
lar, enquanto seus recursos eram franca e generosamente empresta<strong>dos</strong> ao Senhor para<br />
publicar a verdade, e para de outro modo ajudar o avançamento da causa de Deus. Ao<br />
contemplar esses abnega<strong>dos</strong>, vi que haviam sofrido privações para benefício da Causa.<br />
Vi um anjo<br />
Pág. 58<br />
postado ao seu lado, apontando-lhes o Céu, e dizendo: "Vós tendes bolsas no Céu!<br />
Tendes no Céu bolsas que não envelhecem! Resisti até ao fim, e grande será o vosso<br />
galardão."<br />
Deus tem estado a tocar muitos corações. A verdade por que alguns tanto se<br />
sacrificaram, a fim de apresentá-la a outros, triunfou, e multidões a ela se apegaram.<br />
Em Sua providência, Deus tem tocado o coração <strong>dos</strong> que têm meios, trazendo-os para a<br />
verdade, para que, à medida que Sua obra aumenta, sejam satisfeitas as necessidades<br />
da Causa. Muitos recursos têm sido trazi<strong>dos</strong> às fileiras <strong>dos</strong> observadores do sábado, e<br />
vi que atualmente Deus não pede as casas que Seu povo tem para morar, a menos que<br />
troquem casas de muito preço por outras mais baratas. Mas se aqueles que possuem<br />
abundância não Lhe derem ouvi<strong>dos</strong>, não se separarem do mundo e dispuserem de<br />
parte de sua propriedade e terras, nem se sacrificarem por Deus, Ele os passará por<br />
alto, e chamará aqueles que estão dispostos a fazer qualquer coisa para Jesus, até a<br />
venderem sua morada a fim de atender às necessidades da Causa. Deus terá ofertas<br />
voluntárias. Os que as fazem devem considerar um privilégio fazê-lo.<br />
10<br />
A Sacudidura<br />
Pág. 59<br />
Em 20 de novembro de 1857 foi-me mostrado o povo de Deus, e vi-o fortemente<br />
sacudido. Alguns, com viva fé e agonizantes bra<strong>dos</strong>, pleiteavam com Deus. Tinham o<br />
20
semblante pálido e assinalado por profunda ansiedade, expressiva de suas lutas<br />
internas. Firmeza e grande fervor se exprimiam em seu semblante, enquanto grossas<br />
gotas de suor lhes caíam da fronte. De quando em quando seu rosto resplandecia com o<br />
sinal da aprovação de Deus, e de novo sobre eles pousava aquele olhar solene,<br />
fervoroso e ansioso.<br />
Anjos maus se aglomeravam em torno deles, circundando-os de trevas, para lhes<br />
afastar da vista a Jesus, a fim de que<br />
Pág. 60<br />
seus olhos fossem atraí<strong>dos</strong> para as trevas que os cercavam, e eles desconfiassem de<br />
Deus e contra Ele murmurassem. Sua única segurança estava em manterem os olhos<br />
fitos no alto. Anjos de Deus eram encarrega<strong>dos</strong> da guarda de Seu povo, e quando a<br />
atmosfera intoxicada, da parte <strong>dos</strong> <strong>anjos</strong> maus, era impelida em volta daquelas<br />
pessoas ansiosas, os <strong>anjos</strong> sobre eles agitavam continuamente as asas, para afugentar<br />
as densas trevas.<br />
Vi que alguns não participavam dessa obra de súplica intensa. Pareciam indiferentes e<br />
descui<strong>dos</strong>os. Não resistiam às trevas que os rodeavam, e os envolviam qual densa<br />
nuvem. Os <strong>anjos</strong> de Deus deixaram-nos, e vi-os apressar-se em auxílio <strong>dos</strong> que<br />
lutavam com todas as energias para resistir aos <strong>anjos</strong> maus, procurando ajudar-se a si<br />
mesmos invocando perseverantemente a Deus. Mas os <strong>anjos</strong> abandonaram os que não<br />
se esforçavam por ajudar-se a si mesmos, e perdi-os de vista. Enquanto os que oravam<br />
prosseguiram em seus clamores fervorosos, um raio de luz, provindo de Jesus, sobre<br />
eles incidia de quando em quando, a fim de os encorajar, e iluminar-lhes o semblante.<br />
Perguntei qual o sentido da sacudidura que eu acabava de presenciar e foi-me<br />
mostrado que fora causada pelo positivo testemunho motivado pelo conselho da<br />
Testemunha fiel, aos laodiceanos. Esse testemunho terá o seu efeito sobre o coração do<br />
que o recebe, levando-a a exaltar a norma e declarar a positiva verdade. Alguns não<br />
suportarão esse claro testemunho. Opor-se-lhe-ão e isto causará uma sacudidura entre<br />
os filhos de Deus.<br />
O testemunho da Testemunha fiel não foi atendido nem pela metade. O solene<br />
testemunho do qual depende o destino da igreja foi subestimado, se não rejeitado por<br />
completo. Esse testemunho tem que operar arrependimento profundo, e to<strong>dos</strong> os que<br />
de fato o receberem, obedecer-lhe-ão e serão purifica<strong>dos</strong>.<br />
Disse o anjo: "Escutai!" Logo ouvi uma voz que soava como muitos instrumentos de<br />
música, to<strong>dos</strong> em acordes perfeitos, suaves e harmoniosos. Ultrapassava a qualquer<br />
música<br />
Pág. 61<br />
que eu já ouvira. Parecia plena de misericórdia, compaixão, e regozijo santo e<br />
enobrecedor. Atravessou-me todo o ser. Disse o anjo: "Olhai!" Minha atenção foi então<br />
dirigida para o grupo que eu vira, e que fora fortemente abalado. Foram-me mostra<strong>dos</strong><br />
os que eu dantes vira a chorar e orar em agonia de espírito. O grupo de <strong>anjos</strong> da<br />
guarda em volta deles fora duplicado e achavam-se revesti<strong>dos</strong> de uma armadura, da<br />
cabeça aos pés. Moviam-se em rigorosa ordem, firmes como um batalhão de solda<strong>dos</strong>.<br />
Seu semblante exprimia o árduo conflito que haviam suportado, a difícil luta que<br />
atravessaram. Contudo sua fisionomia, assinalada por severa angústia íntima,<br />
resplandecia agora com a luz e glória do Céu. Haviam alcançado a vitória, e esta lhes<br />
trazia a mais profunda gratidão, e santo e nobre regozijo.<br />
Diminuíra o número das pessoas que compunham esse grupo. Alguns, pela<br />
sacudidura, foram lança<strong>dos</strong> fora, ficando à beira do caminho. Os descui<strong>dos</strong>os e<br />
indiferentes, que não se uniam aos que haviam prezado a vitória o bastante para a<br />
suplicar com insistência, não a alcançaram, sendo deixa<strong>dos</strong> atrás, em trevas. Seu<br />
número, porém foi imediatamente preenchido por outros que aceitavam a verdade e<br />
cerravam fileiras. Ainda os <strong>anjos</strong> maus se lhes aglomeravam em torno, mas sobre eles<br />
não tinham poder.<br />
21
Pág. 62<br />
Ouvi os que se achavam revesti<strong>dos</strong> da armadura proclamarem a verdade com grande<br />
poder. Isso surtiu efeito. Vi os que haviam sido proibi<strong>dos</strong>; algumas esposas haviam<br />
sido proibidas pelos mari<strong>dos</strong>, e filhos pelos pais. Os sinceros que haviam sido deti<strong>dos</strong><br />
ou impedi<strong>dos</strong> de ouvirem a verdade agora dela se apoderavam ansiosamente.<br />
Desaparecera todo temor que tinham <strong>dos</strong> parentes. A verdade, unicamente, era para<br />
eles exaltada. Era-lhes mais querida e preciosa do que a vida. Tinham dela estado<br />
famintos e sedentos. Perguntei pela causa dessa grande mudança. Um anjo respondeu:<br />
"É a chuva serôdia, o refrigério da presença do Senhor, o alto clamor do terceiro anjo."<br />
Grande poder acompanhava esses escolhi<strong>dos</strong>. Disse o anjo: "Olhai!" Foi-me chamada a<br />
atenção para os ímpios, ou incrédulos. Estavam to<strong>dos</strong> agita<strong>dos</strong>. O zelo e poder do povo<br />
de Deus haviam-nos despertado e enraivecido. Confusão, confusão mostrava-se por<br />
toda parte. Vi que eram tomadas medidas contra esse grupo, que possuía o poder e a<br />
luz de Deus. Trevas adensavam-se-lhes em torno, e no entanto ali se achavam,<br />
aprova<strong>dos</strong> de Deus e nele confiantes. Vi-os perplexos. A seguir, ouvi-os clamarem<br />
fervorosamente ao Senhor. Através do dia e da noite seu clamor não cessava. Ouvi as<br />
palavras: "Tua vontade, ó Deus, seja feita! Se for para a glória do Teu nome, abre um<br />
caminho de escape para o Teu povo! Livra-nos <strong>dos</strong> ímpios que nos rodeiam! Eles nos<br />
destinaram à morte; Teu braço, porém, pode operar a salvação." Essas são as palavras<br />
de que me recordo. To<strong>dos</strong> pareciam ter intuição profunda de sua indignidade e<br />
manifestavam inteira submissão à vontade<br />
Pág. 63<br />
de Deus. Entretanto, como Jacó, cada qual, sem uma única exceção, suplicava<br />
fervorosamente e pleiteava o livramento.<br />
Logo depois de haverem começado seu fervoroso clamor, os <strong>anjos</strong>, compassivos,<br />
desejavam acudir em seu livramento. Mas um anjo alto e majestoso não lho permitiu.<br />
Disse ele: "A vontade de Deus não se cumpriu ainda. Eles têm que sorver a taça. Têm<br />
que ser batiza<strong>dos</strong> com o batismo."<br />
Logo ouvi a voz de Deus, que abalou Céus e Terra. Houve grande terremoto. Edifícios<br />
ruíram por to<strong>dos</strong> os la<strong>dos</strong>. Ouvi então um triunfante brado de vitória, alto, harmonioso<br />
e claro. Contemplei aquele grupo que, pouco tempo antes, estivera em aflição e<br />
cativeiro. Estavam livres. Uma luz resplandecente brilhava sobre eles. Como<br />
pareceram formosos então! Haviam desaparecido toda fadiga e sinais de ansiedade;<br />
saúde e beleza viam-se em to<strong>dos</strong> os semblantes. Seus inimigos, os gentios que os<br />
cercavam, caíram por terra, como mortos. Não suportavam a luz que brilhava sobre os<br />
santos, libertos. Essa luz e resplendor sobre eles permaneceu até que Jesus foi visto<br />
nas nuvens do céu, e o grupo de fiéis e prova<strong>dos</strong> foram transforma<strong>dos</strong> num momento,<br />
num abrir e fechar de olhos, de glória em glória. Abriram-se os sepulcros e revesti<strong>dos</strong><br />
de imortalidade, surgiram os santos, bradando: "Vitória sobre a morte e a sepultura!" e<br />
em companhia <strong>dos</strong> santos vivos foram arrebata<strong>dos</strong>, para encontrar seu Senhor nos<br />
ares, enquanto belos e harmoniosos bra<strong>dos</strong> de glória e vitória procediam de to<strong>dos</strong> os<br />
lábios imortais.<br />
11<br />
Deus Prova Seu Povo<br />
Pág. 64<br />
Deus provará Seu povo. Jesus lida com eles pacientemente, e não os vomita da boca<br />
em um momento. Disse o anjo: "Deus está pesando o Seu povo." Se a mensagem<br />
houvesse tido a breve duração que muitos de nós supunham, não teria havido tempo<br />
para desenvolver o caráter. Muitos agiam segundo os sentimentos, não por princípios e<br />
pela fé, e esta solene e terrível mensagem os sacudiu. Atuou sobre seus sentimentos, e<br />
despertou-lhes os temores, mas não realizou a obra que Deus designava que fizesse.<br />
Deus lê o coração. Para que Seu povo não se engane quanto a si mesmo, Ele lhes dá<br />
22
tempo para que passe a emoção, e então os prova para ver se obedecem ao conselho da<br />
Testemunha Verdadeira.<br />
Deus conduz avante Seu povo, passo a passo. Leva-os a diferentes pontos, destina<strong>dos</strong> a<br />
manifestar o que está no coração. Alguns resistem em um ponto, mas caem no<br />
seguinte. A cada ponto mais adiante, o coração é provado um pouco mais de perto. Se o<br />
professo povo de Deus verifica estar o coração contrário a esta penosa obra, isto os<br />
deve convencer de que têm alguma coisa a fazer a fim de vencer, uma vez que não<br />
queiram ser vomita<strong>dos</strong> da boca do Senhor.<br />
Disse o anjo: "Deus operará mais e mais rigorosamente a fim de experimentar e provar<br />
cada um entre Seu povo.<br />
Alguns são prontos em receber um ponto; mas quando Deus os leva a outro ponto<br />
difícil, recuam diante dele e ficam para trás, pois acham que isto golpeia diretamente<br />
algum ídolo acariciado. Aí têm eles ensejo de ver o que, em seu coração, está excluindo<br />
a Jesus. Prezam alguma coisa mais que a verdade, e o coração não está preparado<br />
para receber a Jesus. Os<br />
Pág. 65<br />
indivíduos são experimenta<strong>dos</strong> e prova<strong>dos</strong> por um espaço de tempo a ver se<br />
sacrificarão seus ídolos e darão ouvi<strong>dos</strong> ao conselho da Testemunha Verdadeira. Caso<br />
alguém não seja purificado pela obediência à verdade, e vença o egoísmo, o orgulho e<br />
as más paixões, os <strong>anjos</strong> de Deus têm a recomendação: "Estão entregues a seus ídolos;<br />
deixai-os", e eles passarão adiante à sua obra, deixando esses com seus pecaminosos<br />
traços não subjuga<strong>dos</strong>, à direção <strong>dos</strong> <strong>anjos</strong> maus. Os que satisfazem em to<strong>dos</strong> os pontos<br />
e resistem a toda prova, e vencem, seja qual for o preço, atenderam ao conselho da<br />
Testemunha Verdadeira, e receberão a chuva serôdia, estando assim aptos para a<br />
trasladação. ...<br />
Oxalá todo morno professo adventista compreenda a obra de purificação que Deus está<br />
prestes a efetuar entre o povo que professa pertencer-Lhe! Preza<strong>dos</strong> amigos, não vos<br />
iludais quanto a vossa condição. Não podeis enganar a Deus. Diz a Testemunha<br />
Verdadeira: "Eu sei as tuas obras." Apoc. 3:15. O terceiro anjo está, passo a passo,<br />
guiando um povo cada vez mais para cima. A cada passo eles serão prova<strong>dos</strong>.<br />
12<br />
Casas de Culto<br />
Pág. 66<br />
Vi que muitos a quem Deus confiou recursos, sentem-se na liberdade de usá-los à<br />
vontade para seu próprio bem-estar, arranjando lares aprazáveis aqui; quando, porém,<br />
constroem uma casa para o culto do grande Deus que habita na eternidade, não podem<br />
permitir que Ele use os meios que lhes emprestou. Não se esforça cada um por exceder<br />
o outro em manifestar sua gratidão a Deus pela verdade, fazendo tudo quanto pode<br />
para preparar um apropriado lugar de culto; antes alguns procuram fazer<br />
simplesmente o mínimo possível; e acham que são nada mais que perdi<strong>dos</strong> os recursos<br />
que empregam em preparar um lugar em que o Altíssimo os visite. Tal oferta é<br />
defeituosa, e não é aceitável a Deus. Vi que seria muito mais aprazível a Deus se Seu<br />
povo mostrasse tanto entendimento em preparar-Lhe uma casa, quanto usa em suas<br />
próprias habitações.<br />
Fora ordenado que os sacrifícios e ofertas <strong>dos</strong> filhos de Israel fossem sem mancha e<br />
sem defeito, o melhor do rebanho; e cada um dentre o povo era solicitado a partilhar<br />
dessa obra. A obra de Deus para este tempo será extensa. Se construís uma casa para<br />
o Senhor, não O ofendais nem limiteis com o fazer ofertas defeituosas. Dai o melhor<br />
para uma casa construída para Deus. Seja o melhor que possuais; mostrai interesse<br />
em torná-la apropriada e confortável. Alguns pensam que isto não tem importância,<br />
visto que o tempo é curto. Fazei então o mesmo em vossas residências e em to<strong>dos</strong> os<br />
vossos arr<strong>anjos</strong> mundanos.<br />
23
Vi que Deus podia levar avante Sua obra sem qualquer auxílio humano; isto, porém,<br />
não é o Seu plano. O mundo atual destina-se a ser um cenário de provação para o<br />
homem. Ele<br />
Pág. 67<br />
está aqui a fim de formar um caráter que o acompanhe para o mundo eterno. O bem e<br />
o mal são coloca<strong>dos</strong> diante dele, e seu futuro estado depende da escolha que fizer.<br />
Cristo veio para mudar-lhe a direção <strong>dos</strong> pensamentos e afeições. Seu coração deve ser<br />
tirado do tesouro terreno e colocado no celeste. Por sua abnegação, Deus pode ser<br />
glorificado. Em favor do homem foi feito o grande sacrifício, e agora ele será provado a<br />
ver se seguirá o exemplo de Jesus, e fará sacrifício por seus semelhantes.<br />
Satanás e seus <strong>anjos</strong> acham-se coliga<strong>dos</strong> contra o povo de Deus; mas Jesus está<br />
procurando purificar esse povo para Si. Requer que Lhe leve a obra avante. Deus<br />
colocou nas mãos de Seu povo neste mundo, o suficiente para promover o andamento<br />
de Sua obra sem embaraço, e é intenção Sua que os meios que lhes foram confia<strong>dos</strong><br />
sejam emprega<strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong>amente. "Vendei o que tendes e dai esmolas" (Luc. 12:33), é<br />
uma parte da sagrada Palavra de Deus. Os servos de Deus devem erguer-se, clamar<br />
em alta voz, e não poupar: "Anuncia ao Meu povo a sua transgressão, e à casa de Jacó<br />
os seus peca<strong>dos</strong>." Isa. 58:1. A obra de Deus deve tornar-se mais ampla, e se Seu povo<br />
seguir o conselho que Ele lhe dá, não haverá em suas mãos muitos recursos para<br />
serem consumi<strong>dos</strong> na destruição final. To<strong>dos</strong> terão depositado seus tesouros onde a<br />
traça e a ferrugem não consomem; e o coração não terá uma ligação a prendê-lo à<br />
Terra.<br />
13<br />
Lições Tiradas das Parábolas<br />
Pág. 68<br />
Foi-me mostrado que a parábola <strong>dos</strong> talentos não tem sido plenamente compreendida.<br />
Esta importante lição foi dada aos discípulos para benefício <strong>dos</strong> cristãos que viveriam<br />
nos derradeiros dias. E estes talentos não representam meramente a capacidade de<br />
pregar e instruir pela Palavra de Deus. A parábola aplica-se aos recursos temporais<br />
que Deus confiou a Seu povo. Aqueles a quem foram da<strong>dos</strong> os cinco e os dois talentos,<br />
negociaram e duplicaram aquilo que lhes fora dado em depósito. Deus exige que os que<br />
possuem bens aqui, ponham seu dinheiro em giro para Ele - ponham-no na causa para<br />
espalhar a verdade. E se a verdade habita no coração do recebedor, ele também, com<br />
seus recursos, ajudará a enviá-la a outros; e por meio de seus esforços, sua influência e<br />
seus meios, outras almas abraçarão a verdade, e começarão por sua vez a trabalhar<br />
para Deus.<br />
Vi que alguns dentre os que professam ser Seu povo, são como o homem que escondeu<br />
o talento na terra. Impedem que seus bens sejam de proveito na causa do Senhor.<br />
Pretendem que os mesmos lhes pertencem, e que eles têm o direito de fazer o que lhes<br />
aprouver com o que é seu; e não se salvam almas mediante judiciosos esforços de sua<br />
parte, com o dinheiro de seu Senhor. Os <strong>anjos</strong> fazem um fiel relatório da obra de todo<br />
homem, e ao ser feito juízo sobre a casa de Deus, registra-se a sentença de cada um<br />
junto a seu nome, e o anjo é comissionado a não poupar os servos infiéis, mas a<br />
derribá-los no tempo da matança. E o que lhes fora confiado em depósito é-lhes tirado.<br />
Seu tesouro terrestre é então dissipado, e perderam tudo. E as coroas que poderiam<br />
haver usado caso tivessem sido fiéis,<br />
Pág. 69<br />
serão colocadas na fronte <strong>dos</strong> que foram salvos pelos servos fiéis, cujos recursos<br />
estiveram constantemente em giro para Deus. E cada um que foi salvo por intermédio<br />
deles, acrescenta estrelas a sua coroa de glória, aumentando-lhes a recompensa<br />
eterna.<br />
Foi-me mostrado também que a parábola do mordomo infiel nos deve ensinar uma<br />
lição. "Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos<br />
24
faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos." Luc. 16:9. Caso empreguemos<br />
nossos bens para glória de Deus aqui, depositamos um tesouro no Céu; e quando todas<br />
as posses terrenas tiverem desaparecido, o mordomo fiel tem como amigos a Jesus e os<br />
<strong>anjos</strong>, para recebê-lo nas eternas moradas, na pátria.<br />
Responsabilidades Para com Deus<br />
"Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também é<br />
injusto no muito." Luc. 16:10. Aquele que é fiel em suas posses terrestres, que são o<br />
mínimo, fazendo judicioso emprego daquilo que Deus lhes emprestou aqui, será fiel a<br />
sua profissão de fé. "Quem é injusto no mínimo, também é injusto no muito." Aquele<br />
que retém de Deus aquilo que Ele lhe emprestou, será infiel em to<strong>dos</strong> os aspectos nas<br />
coisas de Deus. "Pois, se nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as<br />
verdadeiras?" Luc. 16:10 e 11. Se nos demonstramos infiéis no uso do que Deus nos<br />
empresta aqui, Ele nunca nos dará a herança imortal. "E, se no alheio não fostes fiéis,<br />
quem vos dará o que é vosso?" Luc. 16:12.<br />
Jesus nos comprou a redenção. Esta nos pertence; somos, porém, coloca<strong>dos</strong> aqui em<br />
prova, a ver se nos demonstramos dignos da vida eterna. Deus nos prova confiando-nos<br />
bens terrenos. Se somos fiéis em dar abundantemente daquilo que Ele nos emprestou,<br />
para levar avante Sua causa, o Senhor nos pode confiar a herança imortal. "Não podeis<br />
servir a Deus e a Mamom." Luc. 16:13; Mat. 6:24. "Se alguém ama o mundo, o amor do<br />
Pai não está nele." I João 2:15.<br />
Deus Se desgosta com a maneira negligente, frouxa em que<br />
Pág. 70<br />
muitos <strong>dos</strong> que professam ser Seu povo dirigem seus negócios mundanos. Parecem ter<br />
perdido todo o senso de que a propriedade que estão usando pertence a Deus, e Lhe<br />
devem prestar contas de sua mordomia. Alguns têm os negócios seculares em total<br />
confusão. Satanás observa tudo isto, e dá o golpe no momento oportuno, tirando, por<br />
seu mau uso, muitos recursos das fileiras <strong>dos</strong> observadores do sábado. E esses meios<br />
vão para as fileiras dele. Alguns, já i<strong>dos</strong>os, não querem tomar quaisquer providências<br />
quanto a seus negócios seculares e, inesperadamente, adoecem e morrem. Os filhos,<br />
que não têm interesse na verdade, tomam a propriedade. Satanás manobrou da<br />
maneira que lhe convinha. "Pois, se nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos<br />
confiará as verdadeiras? E, se no alheio não fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso?"<br />
Luc. 16:11 e 12.<br />
Foi-me mostrado o terrível fato de que Satanás e seus <strong>anjos</strong> têm tido mais que ver com<br />
o uso da propriedade do povo que professa ser de Deus, do que o próprio Senhor. Os<br />
mordomos <strong>dos</strong> últimos dias são imprudentes. Permitem que Satanás lhes controle as<br />
questões de negócios, e leve para as próprias fileiras aquilo que pertence à causa de<br />
Deus, e nela deveria estar. Deus vos observa, mordomos infiéis; Ele vos chamará a<br />
contas. Vi que os mordomos de Deus podem, mediante fiel e judiciosa direção, manter<br />
seus negócios neste mundo regula<strong>dos</strong>, exatos e direitos. E é especialmente privilégio e<br />
dever <strong>dos</strong> i<strong>dos</strong>os, <strong>dos</strong> fracos e <strong>dos</strong> que não têm filhos, colocarem os recursos de que<br />
dispõem onde eles possam ser emprega<strong>dos</strong> na causa de Deus, caso eles sejam<br />
subitamente tira<strong>dos</strong>. Mas vi que Satanás e seus <strong>anjos</strong> exultam ante o êxito que obtêm<br />
nesse assunto. E os que devem ser sábios herdeiros da salvação quase deixam<br />
voluntariamente o dinheiro de seu Senhor escapar-lhes das mãos para as fileiras do<br />
inimigo. Por esta maneira, fortalecem o reino de Satanás, e parecem sentir-se muito<br />
sossega<strong>dos</strong> a esse respeito!<br />
14<br />
Fiadores de Incrédulos<br />
Pág. 71<br />
Vi que Deus estava desgostoso com Seu povo por se tornarem fiadores de incrédulos.<br />
Minha atenção foi dirigida para estes textos: "Não estejas entre os que dão as mãos, e<br />
entre os que ficam por fiadores de dívidas." Prov. 22:26. "De certo sofrerá severamente<br />
25
aquele que fica por fiador do estranho, mas o que aborrece a fiança estará seguro."<br />
Prov. 11:15. Mordomos infiéis! Empenham aquilo que pertence a outro - seu Pai<br />
celeste - e Satanás está a postos para ajudar seus filhos a arrebatá-lo de suas mãos. Os<br />
observadores do sábado não devem ser sócios <strong>dos</strong> incrédulos. O povo de Deus confia<br />
demasiado nas palavras <strong>dos</strong> estranhos, e buscam-lhes o conselho, quando não o devem<br />
fazer. O inimigo os torna agentes seus, e por intermédio deles trabalha para<br />
desconcertar os filhos de Deus, e os prejudicar.<br />
Alguns não têm tato para gerir sabiamente assuntos mundanos. Faltam-lhes as<br />
necessárias habilitações, e Satanás deles se aproveita. Quando assim é, essas pessoas<br />
não devem ignorar sua deficiência. Devem ser suficientemente humildes para, antes<br />
de executarem seus planos, se aconselharem com seus irmãos, em cujo discernimento<br />
podem confiar. Fui encaminhada para este texto: "Levai as cargas uns <strong>dos</strong> outros."<br />
Gál. 6:2. Alguns não são humildes bastante para deixar que os que possuem<br />
discernimento raciocinem por eles, enquanto não levarem a efeito seus próprios<br />
projetos, e se virem envolvi<strong>dos</strong> em dificuldades. Vêem então a necessidade do conselho<br />
e do juízo de seus irmãos; mas quão mais pesado é então o fardo do que a princípio! Os<br />
irmãos não devem descer a juízo, caso seja possível evitá-lo; pois dão assim grande<br />
vantagem ao inimigo para os enredar e desconcertar. Seria melhor entrar em<br />
entendimento, mesmo com prejuízo.<br />
15<br />
Juramentos<br />
Pág. 72<br />
Vi que alguns <strong>dos</strong> filhos de Deus têm cometido um erro no que respeita a fazer<br />
juramento, e Satanás se tem aproveitado disto para os oprimir, e deles tirar o dinheiro<br />
de seu Senhor. Vi que as palavras de nosso Senhor: "de maneira nenhuma jureis", não<br />
se referem ao juramento judicial. "Seja, porém, o vosso falar: "Sim, sim; não, não;<br />
porque o que passa disto é de procedência maligna." Mat. 5:34 e 37. Isto se refere a<br />
conversações comuns. Alguns exageram em sua linguagem. Outros juram pela própria<br />
vida; outros, pela sua cabeça - tão certo como eles viverem; tão certo como terem<br />
cabeça. Uns tomam o Céu e a Terra como testemunhas de que tais coisas são assim.<br />
Outros ainda esperam que Deus lhes tire a existência se o que estão dizendo não é<br />
verdade. É contra esta espécie de juramento comum que Jesus adverte Seus<br />
discípulos.<br />
Temos homens que são coloca<strong>dos</strong> sobre nós como governadores, e leis para nos<br />
regerem. Não fosse por essas leis, e as condições do mundo seriam piores do que são<br />
agora. Algumas dessas leis são boas, outras más. Estas têm aumentado, e seremos<br />
ainda leva<strong>dos</strong> a situações apertadas. Mas Deus susterá o Seu povo para ser firme e<br />
viver à altura <strong>dos</strong> princípios de Sua Palavra. Quando as leis <strong>dos</strong> homens se chocam<br />
com a Palavra e a lei de Deus, cumpre-nos obedecer a estas, sejam quais forem as<br />
conseqüências. À lei de nossa terra que exige entregarmos um escravo a seu senhor,<br />
não devemos obedecer; e cumpre-nos sofrer as conseqüências de violar essa lei. O<br />
escravo não é propriedade de homem algum. Deus, eis seu legítimo senhor, e o homem<br />
não tem nenhum direito de tomar a obra de Deus em suas mãos, e pretender que é<br />
propriedade sua.<br />
Pág. 73<br />
Vi que o Senhor tem ainda que ver com as leis do país. Enquanto Jesus está no<br />
santuário, o refreador Espírito de Deus é sentido por governantes e pelo povo. Mas<br />
Satanás domina em grande parte a massa do mundo, e não fossem as leis do pais,<br />
experimentaríamos muito sofrimento. Foi-me mostrado que, quando é realmente<br />
necessário, e eles são chama<strong>dos</strong> a testificarem de modo legal, não é violação da Palavra<br />
de Deus que Seus filhos tomem solenemente a Deus para testemunhar de que o que<br />
dizem é verdade, e coisa alguma senão a verdade.<br />
26
O homem é tão corrupto que são feitas leis para lhe lançarem a responsabilidade sobre<br />
a cabeça. Alguns homens não temem mentir aos seus semelhantes; mas foram<br />
ensina<strong>dos</strong> - e o refreador Espírito de Deus os impressionou - no sentido de ser coisa<br />
terrível mentir a Deus. O caso de Ananias e Safira, sua esposa, é-nos dado como<br />
exemplo. A questão é levada do homem para Deus, de maneira que se alguém der falso<br />
testemunho, não o faz para o homem, mas para o grande Deus, que lê o coração e<br />
conhece em to<strong>dos</strong> os casos a exata verdade. Nossas leis consideram grave crime o<br />
juramento falso. Deus muitas vezes fez cair juízos sobre o que jura falsamente, e ainda<br />
quando o juramento estava em seus lábios, o anjo destruidor o abateu. Isso se<br />
destinava a aterrar os malfeitores.<br />
Vi que, se existe na Terra alguém que possa coerentemente testificar sob juramento,<br />
esse é o cristão. Ele vive à luz do semblante de Deus. Ele se fortalece em Sua força. E<br />
quando questões de importância têm de ser resolvidas por lei, ninguém pode apelar<br />
para Deus com tanta justiça como o cristão. Ordenou-me o anjo que notasse que o<br />
próprio Deus jura por Si mesmo. Gên. 22:16; Heb. 6:13 e 17. Jurou Ele a Abraão (Gên.<br />
26:3), a Isaque (Sal. 105:9; Jer. 11:5), e a Davi (Sal. 132:11; Atos 2:30). Deus requeria<br />
<strong>dos</strong> filhos de Israel um juramento entre homem e homem. Êxo. 22:10 e 11. Jesus<br />
submeteu-Se ao juramento na hora de Seu julgamento. Disse-Lhe o sumo sacerdote:<br />
"Conjuro-Te pelo Deus vivo que nos digas se Tu és o Cristo, o Filho de Deus." Jesus<br />
respondeu: "Tu o disseste." Mat. 26:63 e 64. Se Jesus, em Seus ensinos aos<br />
Pág. 74<br />
discípulos, Se referisse ao juramento judicial, Ele teria reprovado o sumo sacerdote, e<br />
ali mesmo reforçado os Seus ensinos, para o bem de Seus seguidores que se achavam<br />
presentes. Satanás tem-se agradado com o fato de alguns considerarem o juramento<br />
sob um prisma falso, pois isso lhe tem dado oportunidade de oprimi-los e tirar-lhes o<br />
dinheiro de seu Senhor. Os mordomos de Deus devem ser mais sábios, elaborar seus<br />
planos e preparar-se para resistir às armadilhas de Satanás; pois ele fará maiores<br />
esforços que nunca.<br />
Vi que alguns têm preconceitos contra nossos governantes e contra as leis; mas se não<br />
fossem as leis, este mundo estaria em condição terrível. Deus refreia nossos<br />
governantes; pois o coração de to<strong>dos</strong> está em Suas mãos. Estabelecem-se limites para<br />
além <strong>dos</strong> quais não podem ir. Muitos <strong>dos</strong> governantes pertencem ao número <strong>dos</strong><br />
dirigi<strong>dos</strong> por Satanás; mas vi que Deus tem os Seus agentes, mesmo entre os<br />
governantes. E alguns deles se converterão ainda à verdade. Estão agora<br />
desempenhando a parte que Deus deseja que desempenhem. Quando Satanás opera<br />
por meio de seus agentes, fazem-se propostas que, se executadas, impediriam a obra<br />
de Deus e produziriam grande mal. Os <strong>anjos</strong> bons operam nesses agentes de Deus<br />
para que se oponham a essas propostas com razões fortes, às quais não podem resistir<br />
os agentes de Satanás. Uns poucos <strong>dos</strong> agentes de Deus terão poder para derribar<br />
grande massa de males. Assim a obra prosseguirá até que a terceira mensagem tenha<br />
realizado sua obra, e por ocasião do alto clamor do terceiro anjo, esses agentes terão<br />
oportunidade de receber a verdade, e alguns deles se converterão, e atravessarão com<br />
os santos o tempo de angústia. Quando Jesus deixar o Santíssimo, Seu Espírito<br />
refreador será retirado <strong>dos</strong> governantes e do povo. Serão deixa<strong>dos</strong> ao controle <strong>dos</strong> <strong>anjos</strong><br />
maus. Então serão feitas, por conselho e direção de Satanás, leis que, se não fosse<br />
muito breve o tempo, nenhuma carne se salvaria.<br />
16<br />
Dever Para com os Filhos<br />
Pág. 75<br />
Foi-me mostrado que os pais em geral não têm seguido a devida direção para com seus<br />
filhos. Não os têm restringido como deviam, mas permitido que condescendam com o<br />
orgulho, e sigam as próprias inclinações. Antigamente era considerada a autoridade<br />
27
paternal; então os filhos se achavam em sujeição aos pais, e temiam-nos e os<br />
reverenciavam; nestes últimos dias, porém, a ordem está invertida. Alguns pais estão<br />
sujeitos aos filhos. Temem contrariar a vontade deles, e portanto cedem. Mas enquanto<br />
os filhos se encontrarem sob o teto paterno, dependendo <strong>dos</strong> pais, devem estar<br />
subordina<strong>dos</strong> ao seu domínio. Os pais devem agir com decisão, exigindo que seus<br />
pontos de vista do direito sejam segui<strong>dos</strong>.<br />
Eli poderia ter restringido seus ímpios filhos, mas temia-lhes o desagrado. Tolerou que<br />
prosseguissem em sua rebelião, até que se tornaram uma maldição para Israel. Exigese<br />
<strong>dos</strong> pais que reprimam seus filhos. A salvação <strong>dos</strong> filhos depende em muito da<br />
orientação seguida pelos pais. Em seu mal entendido amor e afeição pelos filhos,<br />
muitos pais condescendem com eles para dano seu, nutrem-lhes o orgulho, e põem<br />
sobre eles enfeites e adornos que os tornam vãos, e os levam a julgar que a veste faz a<br />
senhora ou o cavalheiro. Um rápido conhecimento, porém, convence os que com eles se<br />
associam, de que a aparência exterior não basta para ocultar a deformidade de um<br />
coração destituído das graças cristãs, mas cheio de amor-próprio, altivez e paixões não<br />
controladas. Os que amam a mansidão, a humildade e a virtude, devem fugir de tal<br />
convívio, ainda que sejam filhos de observadores do sábado. Sua companhia é<br />
venenosa; sua influência conduz à morte. Os pais não<br />
Pág. 76<br />
avaliam a destruidora influência da semente que estão semeando. Ela brotará e dará<br />
frutos que farão com que os filhos desprezem a autoridade <strong>dos</strong> pais.<br />
Mesmo depois que têm idade, exige-se <strong>dos</strong> filhos o respeito para com seus pais, e que<br />
cuidem de prover-lhes conforto. Devem dar ouvi<strong>dos</strong> aos conselhos <strong>dos</strong> pie<strong>dos</strong>os pais,<br />
não achando que, por terem mais alguns anos, já não têm mais dever para com eles.<br />
Há um mandamento acompanhado de promessa para os que honram a seu pai e sua<br />
mãe. Nestes últimos dias os filhos se fazem notar tanto por sua desobediência e<br />
desrespeito, que Deus os tem observado especialmente, e isto constitui um sinal da<br />
proximidade do fim. É um indício de que Satanás tem completo domínio sobre a mente<br />
<strong>dos</strong> jovens. Por parte de muitos, já não há respeito para com a idade. É considerado<br />
demasiado fora de moda respeitar as pessoas i<strong>dos</strong>as; isto remonta aos dias de Abraão.<br />
Diz Deus: "Porque Eu o tenho conhecido, que ele há de ordenar a seus filhos e a sua<br />
casa depois dele." Gên. 18:19.<br />
Antigamente os filhos não tinham permissão de casar-se sem o consentimento <strong>dos</strong><br />
pais. Estes escolhiam para os filhos. Era considerado crime um filho contratar<br />
casamento por sua própria responsabilidade. O assunto era primeiramente exposto aos<br />
pais, e eles consideravam se a pessoa que devia ser posta em estreitas relações com<br />
eles era digna, e se as partes estavam em condições de prover a uma família. Era por<br />
eles considerado da maior importância que eles, adoradores do verdadeiro Deus, não se<br />
casassem num povo idólatra, não fossem suas famílias levadas a desviar-se de Deus.<br />
Mesmo depois de os filhos estarem casa<strong>dos</strong>, achavam-se na mais solene obrigação para<br />
com seus pais. Seu discernimento não era então considerado suficiente sem o conselho<br />
<strong>dos</strong> pais, e era-lhes exigido respeitar e obedecer aos desejos deles, a menos que estes se<br />
achassem em contradição com os preceitos de Deus.<br />
Fui novamente levada a considerar a condição <strong>dos</strong> jovens nestes últimos dias. Os filhos<br />
não são controla<strong>dos</strong>. Pais, deveis começar vossa primeira lição de disciplina quando<br />
vossos<br />
Pág. 77<br />
filhos são criancinhas de colo. Ensinai-lhes a submeter sua vontade à vossa. Isto se<br />
pode fazer mantendo a justiça e a firmeza. Os pais devem ter inteiro domínio sobre si<br />
mesmos, e com brandura mas com firmeza, dobrar a vontade da criança até que ela<br />
nada espere senão ceder aos desejos deles.<br />
Os Resulta<strong>dos</strong> da Negligência Paterna<br />
28
Os pais não começam a tempo. A primeira manifestação de gênio não é submetida, e os<br />
filhos crescem obstina<strong>dos</strong>, o que aumenta à medida que eles crescem, e se arraiga à<br />
proporção que eles se fortalecem. Certos filhos, ao terem mais idade, julgam ser coisa<br />
natural que façam a própria vontade, e que os pais se submetam aos seus desejos.<br />
Esperam que os pais os sirvam. Impacientam-se com as restrições, e quando têm idade<br />
suficiente para serem úteis aos pais, não assumem as responsabilidades que devem.<br />
Foram eximi<strong>dos</strong> de responsabilidades, e crescem inúteis em casa e lá fora. Não têm<br />
capacidade de resistência. Os pais suportaram as responsabilidades, e toleraram que<br />
eles crescessem na ociosidade, sem hábitos de ordem, de laboriosidade ou de economia.<br />
Não lhes foram ensina<strong>dos</strong> hábitos de abnegação, mas foram amima<strong>dos</strong> e cerca<strong>dos</strong> de<br />
indulgência, satisfeitos seus apetites, e crescem com uma saúde débil. Suas maneiras e<br />
comportamento não são agradáveis. Sentem-se infelizes, e tornam infelizes os que os<br />
rodeiam. E enquanto os filhos são ainda crianças, enquanto necessitam ser<br />
disciplina<strong>dos</strong>, é-lhes permitido saírem com outros e misturarem-se com os da mesma<br />
idade, e uns exercem uma influência corruptora sobre outros.<br />
A maldição de Deus pesará sobre os pais infiéis. Eles não somente estão plantando<br />
espinhos que os hão de ferir aqui, mas encontrarão a própria infidelidade quando se<br />
assentar o juízo. Muitos filhos se erguerão no juízo e condenarão os pais por não os<br />
haverem reprimido, e os acusarão de serem destruí<strong>dos</strong>. A falsa compaixão e o amor<br />
cego <strong>dos</strong> pais, faz com que eles desculpem as faltas <strong>dos</strong> filhos, passando-as sem<br />
correção,<br />
Pág. 78<br />
e os filhos se perdem em conseqüência disto, e o sangue de sua alma recairá sobre os<br />
pais infiéis.<br />
Os filhos que são assim cria<strong>dos</strong> sem disciplina, têm tudo a aprender quando professam<br />
ser seguidores de Cristo. Toda a sua vida religiosa é afetada pela criação que tiveram<br />
na infância. Aparece o mesmo espírito obstinado; a mesma falta de abnegação, a<br />
mesma impaciência sob as reprovações, o mesmo amor-próprio e indisposição de<br />
buscar conselhos <strong>dos</strong> outros, ou de ser influenciado por juízo alheio, a mesma<br />
indolência, fuga das ocupações, falta de sentimento de responsabilidade. Tudo isto se<br />
vê em suas relações para com a igreja. É possível essas pessoas vencerem; mas quão<br />
renhida é a batalha! Quão rigoroso o conflito! Quão difícil é passar pelo curso da<br />
inteira disciplina que lhes é necessária para alcançarem a elevação do caráter cristão!<br />
Todavia, se eles vencerem afinal, é-lhes permitido ver, antes de serem traslada<strong>dos</strong>,<br />
quão perto chegaram eles do precipício da destruição eterna, devido à falta de rigoroso<br />
preparo na mocidade, à falta de aprenderem a submissão na infância.<br />
17<br />
Nosso Nome Denominacional<br />
Pág. 79<br />
Foi-me mostrado o modo por que o povo remanescente de Deus obteve seu nome. Duas<br />
classes de pessoas me foram apresentadas. Uma abrangia as grandes corporações de<br />
cristãos professos. Esses transgrediam a lei divina, inclinando-se diante de uma<br />
instituição papal. Observavam o primeiro dia da semana em vez do sábado do Senhor.<br />
A outra classe, posto que pequena em número, tributava obediência ao grande<br />
Legislador. Esses guardavam o quarto mandamento. Os aspectos peculiares e<br />
destaca<strong>dos</strong> de sua fé são a observância do sétimo dia e a expectativa da volta de Cristo<br />
nas nuvens do céu.<br />
O conflito que se estabelece é entre as reivindicações de Deus e as exigências da besta.<br />
O primeiro dia da semana, que é uma instituição papal, e contradiz diretamente o<br />
quarto mandamento, deverá ainda ser convertido em pedra de toque pela segunda<br />
besta. Então será proclamada a tremenda advertência da parte de Deus, anunciando o<br />
castigo que aguarda os que adoram a besta e sua imagem. Estes beberão do vinho da<br />
ira de Deus, não misturado no cálice da Sua ira.<br />
29
Não podemos adotar outro nome melhor do que esse, que concorda com a nossa<br />
doutrina, exprime a nossa fé e nos caracteriza como povo peculiar. O nome Adventista<br />
do Sétimo Dia é uma contínua acusação ao mundo protestante. É aqui que está a linha<br />
divisória entre os que adoram a Deus e os que adoram a besta e recebem seu sinal. O<br />
grande conflito é entre os mandamentos de Deus e as exigências da besta. É porque os<br />
santos guardam to<strong>dos</strong> os mandamentos de Deus, que o dragão lhes move guerra. Se<br />
rebaixassem seu padrão e<br />
Pág. 80<br />
cedessem nas particularidades de sua fé, o dragão estaria satisfeito; mas suscitam sua<br />
ira por ousarem exaltar o padrão e levantar o estandarte de oposição ao mundo<br />
protestante que reverencia uma instituição do papado.<br />
O nome Adventista do Sétimo Dia exibe o verdadeiro caráter de nossa fé e será próprio<br />
para persuadir aos espíritos indagadores. Como uma flecha da aljava do Senhor, fere<br />
os transgressores da lei divina, induzindo ao arrependimento e à fé no Senhor Jesus<br />
Cristo.<br />
Foi-me mostrado que quase to<strong>dos</strong> os fanáticos, que surgem, no desejo de ocultar seus<br />
verdadeiros sentimentos a fim de iludir outros, afirmam pertencer à "Igreja de Deus".<br />
Esse nome havia, por isso, de despertar imediatamente suspeitas, porque é usado para<br />
ocultar os erros mais absur<strong>dos</strong>. É demasiadamente vago para designar o povo<br />
remanescente de Deus. Além disso, daria lugar à suspeita de que temos uma fé que<br />
desejamos ocultar.<br />
18<br />
Inteira Consagração<br />
Pág. 81<br />
Preza<strong>dos</strong> irmãos K.:<br />
Em minha última visão foram-me mostradas algumas coisas relativamente a vossa<br />
família. O Senhor tem a seu respeito pensamentos de misericórdia, e não os<br />
abandonará, a menos que O abandonem. L. e M. acham-se em um estado de mornidão.<br />
Eles devem despertar e fazer esforços pela salvação, ou perderão a vida eterna. Devem<br />
sentir uma responsabilidade individual, e obter experiência por si mesmos.<br />
Necessitam que o Espírito Santo opere em seu coração, levando-os a amar e escolher a<br />
companhia do povo de Deus de preferência a qualquer outra, e a se separarem <strong>dos</strong> que<br />
não têm amor pelas coisas espirituais. Jesus requer um sacrifício completo, uma<br />
inteira consagração.<br />
L. e M., não têm compreendido que Deus deles exige afeições não divididas. Têm feito<br />
uma santa profissão de fé, todavia têm descido ao baixo nível <strong>dos</strong> professos comuns.<br />
Apreciam a companhia <strong>dos</strong> jovens que não têm qualquer consideração pelas sagradas<br />
verdades que professam. Têm-se assemelhado a seus companheiros, e se têm satisfeito<br />
com uma religião que os torne agradáveis a to<strong>dos</strong>, sem incorrer na censura de<br />
ninguém.<br />
Cristo exige tudo. Caso Ele exigisse menos, Seu sacrifício teria sido demasiado<br />
precioso, demasiado grande para nos levar a tal nível. Nossa santa fé clama por<br />
separação. Não nos devemos conformar com o mundo, nem com professos crentes<br />
mortos, sem coração. "Transformai-vos pela renovação do vosso entendimento." Rom.<br />
12:2. Este é o caminho da renúncia. E quando pensarem que ele é demasiado estreito,<br />
que há demasiada abnegação neste caminho estreito; quando<br />
Pág. 82<br />
disserem: Quão duro é renunciar a tudo, dirijam a si mesmos a pergunta: Que<br />
renunciou Cristo por mim? Isso ofusca tudo quanto possamos chamar abnegação.<br />
Contemplem-nO no jardim, suando grandes gotas de sangue. Um solitário anjo é<br />
enviado do Céu para fortalecer o Filho de Deus. Sigam-nO à sala do julgamento,<br />
enquanto é ridicularizado, escarnecido e insultado por aquela turba enfurecida.<br />
Contemplem-nO vestido com o velho manto real de púrpura. Ouçam os gracejos<br />
30
vulgares e a zombaria cruel. Vejam-nos a colocarem naquela nobre fronte a coroa de<br />
espinhos, batendo-Lhe depois com a cana, fazendo com que os espinhos se Lhe<br />
enterrem nas fontes, o sangue a correr daquela fronte santa. Ouçam aquela turba<br />
assassina clamando ansiosamente pelo sangue do Filho de Deus. Ele é entregue em<br />
suas mãos, e conduzem dali o nobre Sofredor, pálido, fraco, desfalecido, ao lugar de<br />
Sua crucifixão. É estendido no madeiro, e os cravos são-Lhe enterra<strong>dos</strong> nas tenras<br />
mãos e pés. Contemplem-no pendurado na cruz durante aquelas horríveis horas de<br />
agonia, a ponto de os <strong>anjos</strong> velarem o rosto para ocultá-lo da horrorosa cena, e o Sol<br />
esconder sua luz, recusando-se a contemplá-la. Pensem nessas coisas, e então<br />
perguntem: É o caminho demasiado estreito? Não, não.<br />
Interesses Dividi<strong>dos</strong><br />
Em uma vida dividida, com interesses conflitantes, encontrarão dúvidas e<br />
obscuridade. Não poderão fruir as consolações da religião, nem a paz que o mundo<br />
oferece. Não se assentem na cadeira de descanso de Satanás, do pouco-fazer, mas<br />
ergam-se, e mirem à elevada norma que é privilégio seu atingir. Bendito é o privilégio<br />
de renunciar a tudo por Cristo. Não olhem a vida de outros nem os imitem, sem se<br />
elevar mais acima. Tendes um só Modelo verdadeiro, infalível. Só é seguro seguir a<br />
Jesus. Decidi que, se outros procedem segundo o princípio da indolência espiritual, vós<br />
os deixareis, e marchareis adiante, rumo à elevação de um caráter semelhante ao de<br />
Cristo. Formai um caráter para o Céu. Não é seguro dormir em seu posto. Lidai fiel e<br />
sinceramente com a própria alma.<br />
Pág. 83<br />
Tendes condescendendo com um mal que ameaça destruir a espiritualidade. Isso<br />
eclipsará toda a beleza e interesse das páginas sagradas. Esse mal é o apego aos livros<br />
de histórias, contos e outras leituras que não exercem influência para o bem na mente<br />
que, de qualquer maneira, se acha consagrada ao serviço de Deus. Isso produz uma<br />
estimulação falsa e má, deturpa a imaginação, incapacita a mente para a utilidade e<br />
para qualquer exercício espiritual. Separa a alma da oração e do amor das coisas<br />
espirituais. A leitura que derrame luz sobre o volume sagrado e estimule o desejo de<br />
estudá-lo e a diligência em fazê-lo, não é perigosa, antes benéfica. Vós me fostes<br />
apresenta<strong>dos</strong> com os olhos desvia<strong>dos</strong> do Sagrado Livro, e atentamente fixos em livros<br />
excitantes, que são morte para a religião. Quanto mais freqüentemente e com mais<br />
diligência examinarem atentamente as Escrituras, tanto mais belas parecerão, e<br />
menos gosto hão de ter pelas leituras leves. O estudo diário da Bíblia exercerá<br />
santificadora influência sobre o espírito. Hão de respirar uma atmosfera celeste. Uni<br />
esse precioso volume ao coração. Ele se demonstrará amigo e guia na perplexidade.<br />
Tivestes objetivos na vida, e com quanta firmeza e perseverança trabalhastes para<br />
alcançá-los! Calculastes e planejastes até que se realizassem as expectativas. Há<br />
diante de vós agora um objetivo digno de esforço infatigável de toda uma existência. É<br />
a salvação da alma - a vida eterna. E isso requer abnegação, sacrifício e cuida<strong>dos</strong>o<br />
estudo. Podeis ser purifica<strong>dos</strong> e enobreci<strong>dos</strong>. Falta-vos a salvadora influência do<br />
Espírito de Deus. Tendes misturado com os companheiros, e esquecestes de que<br />
mencionam o nome de Cristo. Procedeis e vestis como eles.<br />
"Saí e Separai-vos"<br />
Irmã K., vi que tendes uma obra a fazer. Precisais morrer para o orgulho, e pordes<br />
todo o interesse na verdade. Vosso interesse eterno depende da direção que a for<br />
escolhida agora. Caso queirais obter a vida eterna, precisais viver para ela, e<br />
Pág. 84<br />
negar-vos a vós mesmos. Saí do mundo, e separai-vos. Vossa vida deve ser assinalada<br />
pela sobriedade, vigilância e oração. Os <strong>anjos</strong> observam o desenvolvimento do caráter e<br />
pesam o valor moral. Todas as nossas palavras e atos passam em revista diante de<br />
Deus. É um tempo terrível, solene. A esperança da vida eterna não deve ser nutrida<br />
sobre frágeis fundamentos; ela deve ser assentada entre Deus e sua própria pessoa.<br />
31
Alguns confiam no juízo e na experiência de outros, em vez de se darem ao trabalho de<br />
um profundo exame do próprio coração, e passam meses e anos sem um testemunho do<br />
Espírito de Deus ou uma prova de Sua aceitação. Enganam-se a si mesmos. Têm uma<br />
suposta esperança, mas carecem das qualidades essenciais a um cristão. Primeiro,<br />
deve haver uma obra profunda no coração, depois as maneiras tomarão aquele elevado<br />
e nobre caráter que assinala os verdadeiros seguidores de Cristo. Exige esforço e valor<br />
moral o viver nossa fé.<br />
O povo de Deus é peculiar. Seu espírito não se pode misturar com o espírito e a<br />
influência do mundo. Não desejais usar o nome de cristãos, e todavia serdes indignos<br />
dele. Não desejais encontrar-vos com Cristo tendo meramente uma profissão de fé. Não<br />
desejais estar engana<strong>dos</strong> em questão de tanta importância. Examinai plenamente a<br />
base de vossa esperança. Lidai sinceramente com a alma. Uma suposta esperança<br />
jamais salvará. Acaso já calculastes o preço? Temo que não. Decidi agora a seguir a<br />
Cristo custe o que custar. Não se pode fazer isso e ainda desfrutar da companhia <strong>dos</strong><br />
que não dão atenção às coisas divinas. Vosso espírito e o deles não se podem misturar<br />
mais do que o fariam o azeite e água.<br />
Grande coisa é ser filho de Deus, e co-herdeiro de Cristo. Caso seja esse o vosso<br />
privilégio, a senhora conhecerá a comunicação das aflições de Cristo. Deus olha ao<br />
coração. Vi que deveis buscá-Lo diligentemente, e elevar vossa norma de piedade a<br />
mais alto nível, do contrário deixará por certo de alcançar a vida eterna. Talvez<br />
pergunte: "Viu a irmã White isto?" Sim; e procurei expô-lo diante da senhora, e dar as<br />
Pág. 85<br />
impressões que me foram transmitidas. Que o Senhor vos ajude a dar ouvi<strong>dos</strong>.<br />
Preza<strong>dos</strong> irmãos, velai por vossos filhos com muito cuidado. O espírito e a influência do<br />
mundo estão destruindo neles todo o desejo de serem genuínos cristãos. Que a vossa<br />
influência seja no sentido de os desviar <strong>dos</strong> jovens companheiros que não têm interesse<br />
nas coisas divinas. Eles precisam fazer um sacrifício, se quiserem alcançar o Céu.<br />
__________<br />
Qual escolhereis, diz Cristo, a Mim ou ao mundo? Deus pede incondicional entrega do<br />
coração e das afeições. Se amais aos amigos, aos irmãos e irmãs, ao pai ou a mãe, casas<br />
ou terras, mais do que a Mim, diz Ele, não sois dignos de Mim. A religião põe a alma<br />
sob a maior das obrigações quanto aos seus reclamos, de andar em seus princípios.<br />
Como a bússola aponta ao norte, assim apontam os reclamos da religião à glória de<br />
Deus. Por vossos votos batismais, vos achais obriga<strong>dos</strong> a honrar a vosso Criador, e a<br />
negar-vos resolutamente a vós mesmos e a crucificar vossas afeiçoes e concupiscências,<br />
levando até os vossos pensamentos em obediência à vontade de Cristo. Testimonies,<br />
vol. 3, pág. 45, 1872.<br />
__________<br />
Vosso mundanismo não vos inclina a abrir completamente a porta de vosso duro<br />
coração ao bater de Jesus, que aí busca entrar. O Senhor da glória, que vos redimiu<br />
por Seu próprio sangue, estava à vossa porta esperando entrada; mas não a abristes<br />
francamente, convidando-O para dentro. Alguns entreabriram a porta, deixando<br />
entrar um pouco da luz de Sua presença, mas não deram as boas-vindas ao Visitante<br />
celeste. Não havia lugar para Jesus. O lugar que Lhe devia ter sido reservado, estava<br />
ocupado com outras coisas. Jesus vos rogava: "Se alguém ouvir a Minha voz, e abrir a<br />
porta, entrarei em sua casa,<br />
Pág. 86<br />
e com ele cearei, e ele comigo." Apoc. 3:20. Havia uma obra a ser feita por vós para<br />
abrir a porta. Por algum tempo vos sentistes inclina<strong>dos</strong> a ouvir e a abrir; mas mesmo<br />
essa inclinação se foi, e deixastes de obter a comunhão com o Hóspede celeste que vos<br />
era dado o privilégio de receber. Alguns, todavia, abriram a porta, acolhendo de<br />
coração a seu Salvador. Testimonies, vol. 2, págs. 216 e 217, 1869.<br />
19<br />
32
Grande Aflição Futura<br />
Pág. 87<br />
Vi na Terra maior aflição do que nunca testemunhamos. Ouvi gemi<strong>dos</strong> e gritos de<br />
aflição, e vi grandes grupos em diligente batalha. Ouvi o troar do canhão, o retinido<br />
das armas, a luta corpo a corpo, e os gemi<strong>dos</strong> e orações <strong>dos</strong> moribun<strong>dos</strong>. O campo<br />
estava coberto de feri<strong>dos</strong> e cadáveres. Vi famílias desoladas, em desespero, e opressiva<br />
necessidade em muitas habitações. Mesmo agora, muitas famílias estão sofrendo<br />
privações, mas isto aumentará. O rosto de muitos estava macilento, pálido e desfeito<br />
pela fome.<br />
Vi que o povo de Deus deve estar estreitamente unido pelos laços da comunhão e do<br />
amor cristãos. Unicamente Deus pode ser nosso escudo e fortaleza nesse tempo de<br />
calamidades nacionais. O povo de Deus deve despertar. Suas oportunidades de<br />
disseminar a verdade devem ser melhor aproveitadas, pois não durarão muito. Foramme<br />
mostradas aflições e perplexidade e fome na Terra. Satanás está agora procurando<br />
manter o povo de Deus em um estado de inatividade, para os impedir de desempenhar<br />
sua parte na propagação da verdade, a fim de que sejam afinal pesa<strong>dos</strong> na balança e<br />
encontra<strong>dos</strong> em falta.<br />
O povo de Deus deve acatar a advertência e discernir os sinais <strong>dos</strong> tempos. Os sinais<br />
da vinda de Cristo são demasiado claros para deles se duvidar; e em vista destas<br />
coisas, todo aquele que professa a verdade deve ser um pregador vivo. Deus chama a<br />
to<strong>dos</strong>, tanto os pregadores como o povo, para que despertem. Todo o Céu está alerta.<br />
As cenas da história terrestre estão em rápido desfecho. Achamo-nos entre os perigos<br />
<strong>dos</strong> últimos dias. Maiores perigos se encontram diante de nós, e ainda não estamos<br />
despertos. Esta falta de atividade e<br />
Pág. 88<br />
fervor na causa de Deus, é terrível. Este mortal torpor vem de Satanás. Ele controla a<br />
mente <strong>dos</strong> não consagra<strong>dos</strong> observadores do sábado, levando-os a terem suspeitas uns<br />
<strong>dos</strong> outros, a criticar, a serem censores. É sua obra especial dividir os corações, para<br />
que a influência, a força e o trabalho <strong>dos</strong> servos de Deus se mantenham entre não<br />
consagra<strong>dos</strong> observadores do sábado, e seu precioso tempo seja ocupado em ajustar<br />
pequenas desinteligências, quando devia ser empregado em proclamar a verdade aos<br />
incrédulos.<br />
Tempo de Agir<br />
Foi-me mostrado o povo de Deus esperando que ocorresse alguma mudança - que um<br />
compulsivo poder deles se apoderasse. Mas ficarão decepciona<strong>dos</strong>, pois estão em erro.<br />
Precisam agir; precisam lançar por si mesmos mãos ao trabalho, e clamar<br />
fervorosamente a Deus por um genuíno conhecimento de si próprios. As cenas que<br />
estão passando diante de nós, são de magnitude suficiente a fazer-nos despertar,<br />
levando insistentemente a verdade ao coração de to<strong>dos</strong> os que quiserem escutar. A<br />
seara da Terra está quase madura.<br />
Foi-me mostrado quão importante é que sejam retos os pastores que se empenham<br />
nesta obra de responsabilidade solene, que é proclamar a terceira mensagem angélica.<br />
O Senhor não está limitado por causa de meios ou instrumentos com que realizar Sua<br />
obra. Ele pode falar em qualquer tempo, por intermédio de quem Lhe aprouver, e Sua<br />
palavra é poderosa, e cumprirá aquilo para que foi enviada. Mas se a verdade não tiver<br />
santificado, tornado puros e limpos as mãos e o coração daquele que ministra nas<br />
coisas santas, ele é capaz de falar segundo sua própria e imperfeita experiência; e<br />
quando ele fala de si mesmo, segundo as decisões de seu próprio juízo não santificado,<br />
o conselho que dele procede então não é de Deus, mas dele próprio. Como o que é<br />
chamado por Deus é chamado para ser santo, assim aquele que é aprovado e separado<br />
dentre os homens deve dar testemunho de sua santa vocação, e mostrar<br />
Pág. 89<br />
por suas palavras e conduta que é fiel Àquele que o chamou.<br />
33
Terríveis ais aguardam os que pregam a verdade, mas não são por ela santifica<strong>dos</strong>, e<br />
também os que consentem em receber e manter os não santifica<strong>dos</strong> para lhes<br />
ministrar por palavra e doutrina. Sinto-me alarmada pelo povo de Deus, o qual<br />
professa crer em solene e importante verdade; pois sei que muitos deles não se acham<br />
converti<strong>dos</strong> nem santifica<strong>dos</strong> por ela. Os homens podem ouvir e reconhecer toda a<br />
verdade, sem todavia conhecer coisa alguma do poder da piedade. Nem to<strong>dos</strong> os que<br />
pregam a verdade, serão salvos por ela. Disse o anjo: "Purificai-vos, os que levais os<br />
vasos do Senhor." Isa. 52:11.<br />
É chegado o tempo em que os que escolhem ao Senhor como sua presente e futura<br />
porção, devem confiar unicamente nele. To<strong>dos</strong> quantos professam piedade devem<br />
possuir uma experiência individual. O anjo relator está fazendo um registro fiel das<br />
palavras e atos do povo de Deus. Os <strong>anjos</strong> estão observando o desenvolvimento do<br />
caráter, e pesando o valor moral. Os que professam crer na verdade devem ser, eles<br />
mesmos, justos, e exercer toda a sua influência para esclarecer e ganhar outros para a<br />
verdade. Suas palavras e obras são o veículo através do qual são transmiti<strong>dos</strong> ao<br />
mundo os puros princípios da verdade e da santidade. Eles são o sal da Terra, e a sua<br />
luz.<br />
Vi que olhando em direção ao Céu, veremos luz e paz; olhando, porém, ao mundo,<br />
verificaremos que todo o refúgio nos há de faltar em breve, e todo o bem brevemente<br />
passará. Não há para nós socorro senão em Deus; neste estado de confusão da Terra,<br />
só nos é possível estar serenos, fortes, ou seguros, no poder de uma fé viva; nem<br />
podemos estar em paz, a não ser que descansemos em Deus e esperemos em Sua<br />
salvação. Incide sobre nós maior luz do que brilhou sobre nossos pais. Não podemos ser<br />
aceitos ou honra<strong>dos</strong> por Deus prestando o mesmo serviço, ou fazendo as mesmas obras<br />
que nossos pais. A fim de ser aceitos e abençoa<strong>dos</strong> por Deus como eles foram, cumprenos<br />
imitar sua fidelidade e seu zelo -<br />
Pág. 90<br />
aperfeiçoemos nossa luz como eles fizeram à sua - e façamos como eles teriam feito<br />
caso vivessem em nossos dias.<br />
Cumpre-nos viver segundo a luz que brilha sobre nós, do contrário, essa luz tornar-seá<br />
em trevas. Deus exige de nós que manifestemos ao mundo, no caráter e nas obras a<br />
medida do espírito de união e unidade proporcional às sagradas verdades que<br />
professamos, e ao espírito das profecias que se estão cumprindo nestes últimos dias. A<br />
verdade que atingiu nosso entendimento e a luz que nos incidiu sobre a alma nos<br />
julgará e condenará, caso dela nos desviemos e recusemos ser por ela guia<strong>dos</strong>.<br />
As Terríveis Cenas Diante de Nós<br />
Que direi a fim de despertar o povo remanescente de Deus? Foi-me mostrado que estão<br />
diante de nós terríveis cenas; Satanás e seus <strong>anjos</strong> estão reunindo todas as suas forças<br />
para oprimir o povo de Deus. Sabe que, se eles dormirem um pouco mais, está seguro<br />
quanto a eles, pois é certa sua destruição. Advirto a to<strong>dos</strong> os que professam o nome de<br />
Cristo a que se examinem rigorosamente, e façam plena e cabal confissão de to<strong>dos</strong> os<br />
seus erros, a fim de que os mesmos vão antecipadamente a juízo, e o anjo relator possa<br />
escrever ao lado de seus nomes o perdão. Meu irmão, minha irmã, caso estes preciosos<br />
momentos de misericórdia não sejam aproveita<strong>dos</strong>, sereis deixa<strong>dos</strong> sem desculpa. Se<br />
não fizerdes especial esforço para despertar, se não manifestardes zelo em vos<br />
arrepender, esses áureos momentos em breve passarão, e sereis pesa<strong>dos</strong> na balança e<br />
acha<strong>dos</strong> em falta. Então de nada hão de aproveitar vossos bra<strong>dos</strong> de angústia. Aí se<br />
aplicarão as palavras do Senhor: "Mas, porque clamei, e vós recusastes; porque estendi<br />
a Minha mão, e não houve quem desse atenção; antes rejeitasses todo o Meu conselho,<br />
e não quisestes a Minha repreensão; também Eu Me rirei na vossa perdição, e<br />
zombarei, vindo o vosso temor. Vindo como assolação o vosso temor, e vindo a vossa<br />
perdição como tormenta, sobrevindo-vos aperto e angústia, então a Mim clamarão,<br />
mas Eu não responderei; de<br />
34
Pág. 91<br />
madrugada Me buscarão, mas não Me acharão. Porquanto aborreceram o<br />
conhecimento; e não preferiram o temor do Senhor; não quiseram o Meu conselho, e<br />
desprezaram toda a Minha repreensão. Portanto comerão do fruto do seu caminho, e<br />
fartar-se-ão <strong>dos</strong> seus próprios conselhos. Porque o desvio <strong>dos</strong> simples os matará, e a<br />
prosperidade <strong>dos</strong> loucos os destruirá. Mas o que Me der ouvi<strong>dos</strong> habitará seguramente,<br />
e estará descansado do temor do mal." Prov. 1:24-33.<br />
20<br />
Dever Para com os Pobres<br />
Pág. 92<br />
São com freqüência feitas perguntas com respeito a nosso dever para com os pobres<br />
que abraçam a terceira mensagem angélica; e nós mesmos temos por muito tempo<br />
estado ansiosos de saber como lidar prudentemente no caso de famílias pobres que<br />
abraçam o sábado. Enquanto nos achávamos em Roosevelt, Nova Iorque, porém, a 3 de<br />
agosto de 1861, foram-me mostradas algumas coisas relativamente aos pobres.<br />
Deus não exige que nossos irmãos tomem a seu cargo toda família pobre que abraça a<br />
mensagem. Caso o fizessem, os pastores teriam de deixar de entrar em novos campos,<br />
pois os fun<strong>dos</strong> ficariam esgota<strong>dos</strong>. Muitos são pobres devido a sua própria falta de<br />
diligência e economia; eles não sabem manejar devidamente os recursos. Se fossem<br />
ajuda<strong>dos</strong>, isto lhes seria prejudicial. Alguns serão sempre pobres. Caso lhes fossem<br />
proporcionadas as melhores vantagens, isto não os ajudaria. Eles não calculam bem, e<br />
gastariam to<strong>dos</strong> os meios que pudessem obter, fossem muitos ou poucos.<br />
Alguns nada sabem do que seja renúncia e economia para se manterem livres de<br />
dívidas, e juntarem um pouco para uma ocasião de necessidade. Se a igreja devesse<br />
ajudar tais pessoas em vez de deixá-las contar com os próprios recursos, isto afinal as<br />
prejudicaria; pois olham à igreja, e esperam receber auxílio dela, e não exercem<br />
abnegação e economia quando estão bem providas. E se não receberem auxílio de cada<br />
vez, Satanás as tenta e ficam suspeitosas, e muito escrupulosas por seus irmãos,<br />
temendo que eles deixem de fazer tudo quanto é seu dever para com elas. O erro está<br />
de seu próprio lado. Acham-se enganadas. Não são os pobres do Senhor.<br />
Pág. 93<br />
As instruções dadas na Palavra de Deus quanto a ajudar os pobres, não dizem respeito<br />
a esses casos, mas aos infortuna<strong>dos</strong> e aflitos. Em Sua providência, Deus tem pessoas<br />
aflitas a fim de provar a outros. As viúvas e os inváli<strong>dos</strong> estão na igreja para se<br />
demonstrarem uma bênção para ela. Fazem parte <strong>dos</strong> meios escolhi<strong>dos</strong> por Deus para<br />
desenvolver o verdadeiro caráter <strong>dos</strong> professos seguidores de Cristo, e pôr em exercício<br />
os preciosos traços de caráter manifesta<strong>dos</strong> por nosso compassivo Redentor.<br />
Viúvas, Órfãos e Inváli<strong>dos</strong><br />
Muitos que mal podem viver enquanto solteiros, decidem casar-se e constituir família,<br />
quando sabem que nada têm com que a sustentar. E pior ainda, não têm governo de<br />
família. Toda a sua orientação na mesma é assinalada por seus hábitos frouxos,<br />
negligentes. Pouco é o domínio que exercem sobre si mesmos, são apaixona<strong>dos</strong>,<br />
impacientes e irritadiços. Quando essas pessoas abraçam a mensagem, sentem-se com<br />
direito à assistência de seus irmãos mais abasta<strong>dos</strong>; e se sua expectativa não é<br />
satisfeita, queixam-se da igreja, e acusam os irmãos de não viverem segundo a fé.<br />
Quais devem ser os sofredores nesse caso? Deve a causa de Deus ser saqueada e<br />
esgotado o tesouro em muitos lugares, para cuidar dessas grandes famílias pobres?<br />
Não. Os pais é que devem sofrer. Em geral eles não sofrerão mais necessidade depois<br />
de abraçarem o sábado, do que sofriam antes.<br />
Há entre os pobres um mal que, a menos que o vençam, se demonstrará por certo sua<br />
ruína. Eles abraçaram a verdade com seus hábitos vulgares, rudes, não cultiva<strong>dos</strong>, e<br />
leva tempo até que vejam e compreendam sua vulgaridade, e que ela não está em<br />
harmonia com o caráter de Cristo. Olham para outros que são mais bem ordena<strong>dos</strong> e<br />
35
mais poli<strong>dos</strong>, como sendo orgulhosos, e podeis ouvi-los dizer: "A verdade nos abaixa<br />
to<strong>dos</strong> ao mesmo nível." É, porém, completo engano pensar que a verdade abaixa a<br />
quem a recebe. Ela o eleva, apura-lhe o gosto, santifica-lhe o discernimento e, caso seja<br />
vivida, vai continuamente<br />
Pág. 94<br />
habilitando-o para a sociedade <strong>dos</strong> santos <strong>anjos</strong> na cidade de Deus. A verdade destinase<br />
a elevar-nos to<strong>dos</strong> a um nível.<br />
Os mais capazes devem sempre desempenhar uma nobre e generosa parte em seu<br />
trato com os irmãos mais pobres, e dar-lhes também bons conselhos, e deixá-los então<br />
combater o combate da vida. Foi-me mostrado, porém, que repousa sobre a igreja um<br />
soleníssimo dever de cuidar especialmente das viúvas pobres, <strong>dos</strong> órfãos e <strong>dos</strong><br />
inváli<strong>dos</strong>.<br />
__________<br />
Muitos <strong>dos</strong> que professam a verdade não são santifica<strong>dos</strong> por ela, e não terão mais<br />
coração para abaixar um pouco que seja nos preços <strong>dos</strong> produtos quando tratando com<br />
um irmão pobre do que o fariam para um mundano em boas condições. Não amam a<br />
seu próximo como a si mesmos. Seria mais agradável a Deus se houvesse menos<br />
egoísmo e mais desinteressada beneficência. Testimonies, vol. 2, pág. 51, 1868.<br />
21<br />
O Espiritismo<br />
Pág. 95<br />
Minha atenção foi dirigida a este texto, como se aplicando especialmente ao<br />
espiritismo moderno. "Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio<br />
de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição <strong>dos</strong> homens, segundo os rudimentos do<br />
mundo, e não segundo Cristo." Col. 2:8. Milhares, foi-me mostrado, têm-se estragado<br />
mediante a filosofia da frenologia e do magnetismo animal, sendo impeli<strong>dos</strong> à<br />
infidelidade. Caso a mente comece a soltar-se neste sentido, é quase certo ela perder o<br />
seu equilíbrio e ser controlada por um demônio. "Vãs sutilezas" enchem a mente <strong>dos</strong><br />
pobres mortais. Pensam que há em si mesmos tal poder para realizarem grandes<br />
obras, que não sentem nenhuma necessidade de um poder superior. Seus princípios e<br />
sua fé são "segundo a tradição <strong>dos</strong> homens, segundo os rudimentos do mundo, e não<br />
segundo Cristo". Col. 2:8.<br />
Jesus não lhes ensinou tal filosofia. Coisa alguma dessa espécie se pode encontrar em<br />
Seus ensinos. Ele não encaminhou a mente <strong>dos</strong> pobres mortais para si mesmos, a um<br />
poder possuído por eles próprios. Estava sempre a dirigir-lhes o espírito para Deus, o<br />
Criador do Universo, como fonte de sua força e sabedoria. Especial advertência é feita<br />
no versículo 18: "Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade e<br />
culto <strong>dos</strong> <strong>anjos</strong>, metendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua<br />
carnal compreensão." Col. 2:18.<br />
Os mestres do espiritismo aproximam-se de maneira agradável e fascinante para vos<br />
iludirem, e caso lhes deis ouvi<strong>dos</strong> às fábulas, sois seduzi<strong>dos</strong> pelo inimigo da justiça, e<br />
perdereis por certo vossa recompensa. Uma vez que a fascinadora influência do<br />
arquienganador chegue a vencer-vos, estais<br />
Pág. 96<br />
envenena<strong>dos</strong>, e sua mortífera influência adultera e destrói vossa fé em Cristo como o<br />
Filho de Deus, e deixais de confiar nos méritos de Seu sangue. Os que são engana<strong>dos</strong><br />
por esta filosofia, são iludi<strong>dos</strong> quanto a sua recompensa, por meio <strong>dos</strong> enganos de<br />
Satanás. Confiam nos próprios méritos, exercem voluntária humildade, estão mesmo<br />
dispostos a fazer sacrifícios e rebaixam-se, e subordinam a mente à crença do supremo<br />
absurdo, recebendo as mais absurdas idéias por intermédio daqueles que acreditam<br />
ser seus queri<strong>dos</strong> mortos. De tal forma lhes cegou Satanás os olhos e lhes perverteu o<br />
discernimento, que não percebem o mal; e seguem as instruções supondo serem de<br />
seus ama<strong>dos</strong> mortos, agora feitos <strong>anjos</strong> em uma esfera superior.<br />
36
Satanás escolheu uma ilusão que é seguramente muito fascinante, ilusão talhada para<br />
apoderar-se da simpatia <strong>dos</strong> que depositaram no sepulcro entes queri<strong>dos</strong>. Anjos maus<br />
tomam a forma dessas pessoas queridas, relatam incidentes relaciona<strong>dos</strong> com sua<br />
vida, fazem coisas que seus amigos costumavam fazer quando vivos. Por esta maneira,<br />
enganam e levam os parentes do falecido a crer que seus queri<strong>dos</strong> mortos são <strong>anjos</strong><br />
que estão ao seu redor, e com eles comunicam. Estes são por eles considera<strong>dos</strong> com<br />
certa idolatria, e o que eles disserem tem sobre eles maior influência do que a Palavra<br />
de Deus.<br />
Estes <strong>anjos</strong> maus que se fazem passar por amigos mortos, ou rejeitam inteiramente a<br />
Palavra de Deus como contos ociosos, ou, se lhes convém mais aos desígnios, procuram<br />
os pontos vitais que testificam de Cristo e apontam o caminho para o Céu, e mudam as<br />
positivas declarações da Palavra de Deus a fim de se ajustarem a sua própria natureza<br />
corrupta e arruinarem as almas. Com a devida atenção para com a Palavra de Deus,<br />
to<strong>dos</strong> se podem convencer, se quiserem, desta ilusão destruidora da alma. A Palavra<br />
de Deus declara em termos positivos que "os mortos não sabem coisa nenhuma". Ecl.<br />
9:5 e 6: "Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa<br />
nenhuma, nem tão pouco eles têm jamais recompensa, mas a sua memória ficou<br />
entregue ao esquecimento.<br />
Pág. 97<br />
Até o seu amor, o seu ódio, e a sua inveja já pereceram, e já não têm parte alguma<br />
neste século, em coisa alguma do que se faz debaixo do Sol."<br />
Aventurar-se no Terreno de Satanás<br />
Iludi<strong>dos</strong> mortais adoram os <strong>anjos</strong> maus, acreditando que eles são os espíritos de seus<br />
queri<strong>dos</strong> mortos. A Palavra de Deus declara expressamente que os mortos não têm<br />
mais parte em coisa alguma do que se faz debaixo do Sol. Os espíritos dizem que os<br />
mortos sabem tudo que se faz debaixo do Sol; que eles se comunicam com seus amigos<br />
na Terra, dão valiosas informações, e realizam maravilhas. "Os mortos não louvam ao<br />
Senhor, nem os que descem ao silêncio." Sal. 115:17. Transformado em anjo de luz,<br />
Satanás opera com todo o engano da injustiça. Aquele que pôde tomar o Filho de Deus<br />
- feito um pouco menor do que os <strong>anjos</strong> - e colocá-Lo no pináculo do templo, e levá-lo a<br />
uma elevadíssima montanha para apresentar diante dele os reinos deste mundo, é<br />
capaz de exercer seu poder sobre a família humana, grandemente inferior ao Filho de<br />
Deus em força e sabedoria, mesmo depois de Se haver Ele revestido da natureza do<br />
homem.<br />
Nesta época degenerada Satanás mantém controle sobre os que se afastam do direito e<br />
se arriscam em seu território. Sobre esses ele exerce seu domínio de maneira<br />
alarmante. Foi-me chamada a atenção para estas palavras: "Metendo-se em coisas que<br />
não viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão." Col. 2:18. Alguns, foi<br />
me mostrado, satisfazem sua curiosidade, e metem-se com o diabo. Não têm realmente<br />
fé no espiritismo, e recuariam horroriza<strong>dos</strong> à idéia de serem médiuns. Aventuram-se,<br />
todavia, e colocam-se em posição em que Satanás pode exercer poder sobre eles. Estes<br />
não pretendem aprofundar-se nessa obra; mas não sabem o que estão fazendo. Estãose<br />
aventurando no terreno do diabo, e tentam-no a controlá-los. Esse poderoso<br />
destruidor os considera sua legítima presa, e sobre eles exerce domínio, e isto contra a<br />
vontade deles. Quando se querem governar, não podem.<br />
Pág. 98<br />
Subordinam a mente a Satanás, e ele não cede seus direitos, mas mantém-nos cativos.<br />
Coisa alguma pode libertar a alma enredada, senão o poder de Deus, em resposta às<br />
fervorosas orações de Seus fiéis seguidores.<br />
A Única Segurança<br />
A única segurança agora, é procurar como a tesouro escondido a verdade, tal como se<br />
acha revelada na Palavra de Deus. Os assuntos do sábado, da natureza do homem, e<br />
do testemunho de Jesus, eis as grandes e importantes verdades a serem<br />
37
compreendidas; estas se demonstrarão qual âncora para firmar o povo de Deus nestes<br />
tempos perigosos. A massa da humanidade, porém, despreza as verdades da Palavra<br />
de Deus, e prefere as fábulas. II Tess. 2:10 e 11: "Porque não receberam o amor da<br />
verdade para se salvarem. E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que<br />
creiam a mentira."<br />
Os mais licenciosos e corruptos são altamente lisonjea<strong>dos</strong> por esses espíritos satânicos,<br />
que eles crêem ser o espírito de seus queri<strong>dos</strong> mortos, e estão inutilmente incha<strong>dos</strong> em<br />
sua compreensão carnal. "E não ligado à Cabeça, da qual todo o corpo, provido e<br />
organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo em aumento de Deus" (Col. 2:19),<br />
eles negam Aquele que ministra força ao corpo, para que todo membro vá crescendo<br />
em aumento de Deus.<br />
Vã filosofia. Os membros do corpo são regi<strong>dos</strong> pela cabeça. Os espíritas põem de lado a<br />
Cabeça, e crêem que to<strong>dos</strong> os membros do corpo devem agir por si mesmos, e que leis<br />
fixas os levarão a um estado progressivo de perfeição sem uma cabeça. João 15:1, 2, 4-<br />
6: "Eu sou a videira verdadeira, e Meu Pai é o lavrador. Toda a vara em Mim, que não<br />
dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto." "Estai em<br />
Mim, e Eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na<br />
videira, assim também vós, se não estiverdes em Mim. Eu sou a videira, vós as varas;<br />
quem está em Mim, e Eu nele, esse dá muito fruto; porque sem Mim nada<br />
Pág. 99<br />
podeis fazer. Se alguém não estiver em Mim, será lançado fora, como a vara, e secará;<br />
e os colhem e lançam no fogo, e ardem."<br />
Cristo é a fonte de nossa força. Ele é a videira, nós as varas. Devemos receber nutrição<br />
da Videira viva. Priva<strong>dos</strong> da força e nutrição dessa Videira, somos como membros do<br />
corpo sem a cabeça, e encontramo-nos justamente na posição em que Satanás nos<br />
deseja ver, a fim de poder controlar-nos segundo lhe aprouver. Ele opera "com todo o<br />
engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade<br />
para se salvarem. E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a<br />
mentira." II Tess. 2:10 e 11. O espiritismo é uma mentira. Baseia-se na grande<br />
mentira original: "Certamente não morrereis." Gên. 3:4. Milhares de pessoas separamse<br />
da Cabeça, e o resultado é que os membros agem sem a cabeça, Jesus, e outro lhes<br />
dirige o corpo. São controla<strong>dos</strong> por Satanás.<br />
Foi-me mostrado que Satanás não pode controlar a mente, a menos que ela seja<br />
submetida a sua direção. Os que se afastam do direito acham-se agora em sério risco.<br />
Separam-se de Deus e do vigilante cuidado de Seus <strong>anjos</strong>, e Satanás, sempre alerta<br />
para destruir almas, começa a apresentar-lhes seus enganos. Essas pessoas estão em<br />
extremo perigo; e se elas vêem isto e procuram resistir aos poderes das trevas e<br />
libertar-se <strong>dos</strong> laços do inimigo, não é coisa fácil consegui-lo. Aventuraram-se a entrar<br />
no terreno de Satanás, e ele as reclama. Não hesitará em empenhar todas as suas<br />
energias, e chama em seu auxílio todas as suas hostes malignas a fim de arrebatar um<br />
único ser humano que seja, das mãos de Cristo.<br />
Os que têm tentado o diabo a tentá-los, terão de fazer desespera<strong>dos</strong> esforços para se<br />
libertarem de seu poder. Quando, porém, começam a trabalhar por si mesmos, então os<br />
<strong>anjos</strong> de Deus, a quem eles ofenderam, virão em seu socorro. Satanás e seus <strong>anjos</strong> não<br />
querem perder a presa. Contendem e batalham com os santos <strong>anjos</strong>, e renhida é a luta.<br />
Mas, se os que erraram continuam a suplicar e, em profunda humildade, confessam<br />
Pág. 100<br />
seus erros, <strong>anjos</strong> magníficos em poder prevalecerão e os arrebatarão do poder <strong>dos</strong> <strong>anjos</strong><br />
maus.<br />
Ao ser erguida a cortina, e ser-me mostrada a corrupção deste século, meu coração<br />
enfermou, meu espírito quase desfaleceu dentro de mim. Vi que os habitantes da Terra<br />
estavam enchendo a medida da taça da iniqüidade. A ira de Deus está acesa, e não<br />
mais se acalmará até que os pecadores sejam destruí<strong>dos</strong> da Terra. Satanás é o inimigo<br />
38
pessoal de Cristo. É o originador e líder de todas as espécies de rebelião no Céu e na<br />
Terra. Sua ira aumenta; não lhe avaliamos o poder.<br />
Caso nos fossem abertos os olhos para ver os <strong>anjos</strong> maus em operação junto <strong>dos</strong> que se<br />
sentem à vontade e se consideram seguros, não nos sentiríamos tão em segurança. Os<br />
<strong>anjos</strong> maus nos estão nos calcanhares a cada momento. Da parte <strong>dos</strong> homens ímpios<br />
esperamos prontidão para agir segundo as sugestões do maligno; mas, quando temos o<br />
espírito desapercebido contra seus invisíveis agentes, eles ocupam novo território, e<br />
operam maravilhas e milagres a nossa vista. Estamos nós prepara<strong>dos</strong> para resistirlhes<br />
pela Palavra de Deus, a única arma com que podemos ser bem-sucedi<strong>dos</strong>?<br />
Alguns serão tenta<strong>dos</strong> a aceitar essas maravilhas como sendo de Deus. Enfermos serão<br />
cura<strong>dos</strong> à nossa vista. Milagres se efetuarão aos nossos olhos. Estamos nós<br />
apercebi<strong>dos</strong> para a prova que nos aguarda quando as mentirosas maravilhas de<br />
Satanás forem mais amplamente exibidas? Não serão muitas almas enredadas e<br />
arrebatadas? Separando-se <strong>dos</strong> positivos preceitos e mandamentos de Deus, e dando<br />
ouvido às fábulas, o espírito de muitos se está preparando para receber esses milagres<br />
de mentira. Cumpre buscarmos to<strong>dos</strong> armar-nos para o combate em que nos havemos<br />
de em breve empenhar. A fé na Palavra de Deus, o estudo apoiado pela oração e<br />
aplicado praticamente, será nossa proteção contra o poder de Satanás, levando-nos à<br />
vitória pelo sangue de Cristo.<br />
22<br />
A Religião na Família<br />
Pág. 101<br />
Foi-me mostrada a posição elevada e de responsabilidade que o povo de Deus deve<br />
ocupar. Eles são o sal da Terra e a luz do mundo, e devem andar assim como Cristo<br />
andou. Hão de passar por grande tribulação. O presente é um tempo de luta e prova.<br />
Diz nosso Salvador: "Ao quem vencer lhe concederei que se assente comigo no Meu<br />
trono; assim como Eu venci, e Me assentei com Meu Pai no Seu trono." Apoc. 3:21. A<br />
recompensa não é dada a to<strong>dos</strong> quantos professam ser seguidores de Cristo, mas aos<br />
que vencerem assim como Ele venceu. Devemos estudar a vida de Cristo, e aprender o<br />
que seja confessá-Lo diante do mundo.<br />
Se devemos confessar a Cristo, precisamos tê-Lo para confessar. Ninguém pode<br />
confessar verdadeiramente a Cristo a menos que nele estejam a mente e o espírito de<br />
Cristo. Se uma forma de piedade ou certo conhecimento da verdade fossem sempre<br />
confessar a Cristo, poderíamos dizer: Largo é o caminho que conduz à vida, e muitos<br />
há que o encontram. Precisamos compreender o que seja confessar a Cristo, e em que<br />
O negamos. É possível confessar a Cristo com os lábios, todavia negá-Lo com as obras.<br />
Os frutos do Espírito manifesta<strong>dos</strong> na vida, são uma confissão dEle. Se abandonamos<br />
tudo por Cristo, nossa vida será humilde, nossa conversação de caráter celeste,<br />
irrepreensível nossa conduta. A poderosa e purificadora influência da verdade na<br />
alma, e o caráter de Cristo exemplificado na vida, são uma confissão de nossa fé nEle.<br />
Se as palavras da vida eterna se acham semeadas em nosso coração, os frutos são<br />
justiça e paz.<br />
Podemos negar a Cristo em nossa vida pela condescendência<br />
Pág. 102<br />
com o comodismo e o amor-próprio, por gracejos e chocarrices, e por buscar as honras<br />
mundanas. Podemos negá-Lo por nossa aparência exterior, pela conformidade com o<br />
mundo, por um ar orgulhoso ou vestes custosas. Unicamente por meio de constante<br />
vigilância e perseverante e quase contínua oração, poderemos manifestar em nossa<br />
vida o caráter de Cristo ou a santificadora influência da verdade. Muitos afugentam a<br />
Cristo de sua família por meio de um espírito impaciente e apaixonado. Estes têm<br />
alguma coisa a vencer nesse sentido.<br />
Foi-me apresentada a condição de fraqueza atual da família humana. Cada geração se<br />
tem vindo enfraquecendo mais, e a raça humana é afligida por toda forma de<br />
39
enfermidade. Milhares de pobres mortais de corpos deforma<strong>dos</strong>, doentios, nervos em<br />
frangalhos e mente cheia de sombras, vão arrastando uma existência miserável.<br />
Cresce o poder de Satanás sobre a família humana. Não viera em breve o Senhor e<br />
destruísse o seu poder, e não tardaria que a Terra estivesse despovoada.<br />
Foi-me mostrado que o poder de Satanás é exercitado especialmente sobre o povo de<br />
Deus. Foram-me apresenta<strong>dos</strong> muitos em uma condição duvi<strong>dos</strong>a, desesperadora. As<br />
enfermidades do corpo afetam a mente. Nossos passos são segui<strong>dos</strong> por um inimigo<br />
astuto e poderoso, o qual emprega sua força e habilidade em procurar desviar-nos do<br />
caminho reto. E demasiadas vezes acontece que o povo de Deus não está em guarda,<br />
ignorando-lhe portanto os ardis. Ele opera por meios que melhor o ocultem à vista,<br />
conseguindo muitas vezes seu objetivo.<br />
Irmãos têm empregado recursos em direitos de patentes e outros empreendimentos, e<br />
têm induzido a se interessarem outras pessoas que não podiam resistir à perplexidade<br />
e ao cuidado de tais negócios. Sua mente ansiosa, sobrecarregada, afetou seriamente o<br />
corpo, já combalido, e elas se entregaram ao desânimo, chegando ao desespero. Perdem<br />
toda a confiança em si mesmas, e pensam que Deus as desamparou, não ousando crer<br />
que lhes faça misericórdia. Estas pobres almas serão abandonadas ao domínio de<br />
Satanás. Encontrarão caminho para sair das trevas, e novamente firmarão a trêmula<br />
fé nas<br />
Pág. 103<br />
promessas de Deus; Ele as livrará, e transformará a dor e o pranto em paz e alegria.<br />
Essas pessoas, porém, foi-me mostrado precisam aprender pelo que sofrem, a deixar<br />
em paz os direitos de patentes e essas várias empresas. Não devem permitir tampouco<br />
que seus irmãos com lisonjas os atraiam para tais empreendimentos; pois o que<br />
antecipam não se realizará, e depois serão lançadas no campo de batalha do inimigo,<br />
desarmadas para a luta.<br />
Os meios que devem ser postos no tesouro de Deus para levar avante Sua causa, são<br />
mais que perdi<strong>dos</strong> ao serem emprega<strong>dos</strong> em alguns desses empreendimentos<br />
modernos. Se pessoas que professam a verdade se sentem livres para se empenharem<br />
nesses direitos de patente e nessas invenções, e capazes de fazê-lo, não devem andar<br />
pelo meio de seus irmãos, deles fazendo seu campo de operação, antes procurem os<br />
incrédulos. Que o vosso nome e vossa profissão de fé adventista não seduzam os irmãos<br />
que desejam consagrar a Deus os recursos de que dispõem. Ide de preferência ao<br />
mundo, e que empregue seus meios aquela classe que não se importa com o<br />
avançamento da causa do Senhor.<br />
Foi-me mostrada a necessidade de abrir as portas de nossa casa e coração ao Senhor.<br />
Quando começarmos a trabalhar fervorosamente por nós mesmos e nossa família,<br />
então teremos auxílio de Deus. Foi-me mostrado que simplesmente observar o sábado<br />
e orar pela manhã e à noite, não são positivas provas de sermos cristãos. Estas formas<br />
exteriores podem ser todas estritamente observadas, e ainda faltar a verdadeira<br />
piedade. Tito 2:14: "O qual Se deu a Si mesmo por nós para nos remir de toda a<br />
iniqüidade, e purificar para Si um povo Seu especial, zeloso de boas obras." To<strong>dos</strong> os<br />
que professam ser seguidores de Cristo, devem dominar o próprio espírito, não se<br />
permitindo falar impaciente, irritadamente. O marido e pai deve conter aquela palavra<br />
impaciente que está prestes a deixar escapar; ponderar o efeito de suas palavras, para<br />
que não deixem tristeza e mancha.<br />
As enfermidades e moléstias afetam especialmente às<br />
Pág. 104<br />
mulheres. A felicidade da família depende muito da esposa e mãe. Se ela é fraca e<br />
nervosa, e é deixada com sobrecarga de trabalho, a mente fica deprimida, pois sofre<br />
com a fadiga do corpo; e depois ela encontra muito freqüentemente a fria reserva do<br />
marido. Se tudo não corre tão bem como ele possa desejar, censura a esposa e mãe.<br />
Vive quase alheio a seus cuida<strong>dos</strong> e cargas, e nem sempre sabe como simpatizar com<br />
40
ela. Não compreende que está cooperando com o grande inimigo em seu trabalho de<br />
derribar.<br />
O Esposo Considerado<br />
Pela fé em Deus ele deve erguer um estandarte contra Satanás; mas parece cego aos<br />
próprios interesses e aos da esposa. Trata-a com indiferença. Não sabe o que está<br />
fazendo. Está trabalhando exatamente contra sua própria felicidade, e destruindo a<br />
felicidade de sua família. A esposa fica desalentada e abatida. Desaparecem a<br />
esperança e satisfação. Ela prossegue maquinalmente em sua rotina diária, porque vê<br />
que o trabalho precisa ser feito. Sua falta de alegria e bom ânimo faz-se sentir no<br />
círculo da família. Há muitas dessas míseras famílias nas fileiras <strong>dos</strong> observadores do<br />
sábado. Os <strong>anjos</strong> levam ao Céu a vergonhosa notícia, e o anjo relator faz o registro de<br />
tudo isso.<br />
O marido deve manifestar grande interesse em sua família. Em especial, deve ser<br />
muito delicado para com os sentimentos de uma esposa débil. Ele pode cerrar a porta a<br />
muita doença. Palavras bon<strong>dos</strong>as, joviais, animadoras, demonstrar-se-ão mais eficazes<br />
do que os melhores remédios. Elas darão ânimo ao coração do desalentado e abatido, e<br />
a felicidade e a luz solar introduzidas na família por meio de atos de bondade e de<br />
palavras animadoras, recompensarão multiplicadamente o esforço feito.<br />
O marido deve lembrar que muito da responsabilidade de educar as crianças recai<br />
sobre a mãe; que ela tem muito que ver com o moldar-lhes o espírito. Isto deve chamar<br />
à atividade da parte dele os mais delica<strong>dos</strong> sentimentos, fazendo-o<br />
Pág. 105<br />
aliviar cuida<strong>dos</strong>amente os far<strong>dos</strong> a sua esposa. Ele deve animá-la a descansar em sua<br />
ampla afeição, e encaminhar-lhe a mente ao Céu, onde há força e paz, e um repouso<br />
final para o cansado. Não deve voltar para casa com o sobrecenho carregado, mas<br />
trazer com sua presença um clarão à família, e estimular a esposa a olhar para cima e<br />
confiar em Deus. Podem, uni<strong>dos</strong>, reclamar as promessas divinas, e atrair sobre a<br />
família Suas ricas bênçãos. As descortesias, queixas e zangas, excluem Jesus da<br />
habitação. Vi que os <strong>anjos</strong> de Deus fugirão de uma casa onde há palavras<br />
desagradáveis, irritação e contenda.<br />
A Esposa Bem Humorada<br />
Foi-me mostrado também que muitas vezes há grande falta da parte da esposa. Ela<br />
não exerce grandes esforços para reger o próprio espírito e tornar o lar feliz. Há muitas<br />
vezes, de sua parte, irritação e desnecessárias queixas. O marido chega em casa, do<br />
trabalho, fatigado e perplexo, e encontra um rosto carrancudo em lugar de palavras<br />
alegres e animadoras. Ele é apenas humano, e seu afeto retrai-se da esposa; perde o<br />
amor do lar, sua estrada fica obscurecida e destruído seu ânimo. Perde o respeito de si<br />
mesmo e aquela dignidade que Deus dele requer. O marido é a cabeça da família, como<br />
Cristo é a cabeça da igreja; e qualquer direção seguida pela esposa no sentido de<br />
diminuir-lhe a influência e fazê-lo descer daquela posição de dignidade e<br />
responsabilidade, é desagradável a Deus. É dever da esposa ceder seus desejos e sua<br />
vontade ao marido. Ambos devem estar dispostos a ceder, mas a Palavra de Deus dá<br />
preferência ao juízo do esposo. E não desmerecerá a dignidade da mulher ceder àquele<br />
a quem ela escolheu como seu conselheiro e protetor.<br />
O marido deve manter sua posição na família com toda a mansidão, todavia com<br />
decisão. Algumas mulheres têm perguntado: Devo eu estar em guarda e sentir<br />
continuamente uma restrição sobre mim? Foi-me mostrado que temos diante de nós<br />
uma grande obra quanto a esquadrinhar o próprio<br />
Pág. 106<br />
coração e vigiar-nos com cioso cuidado. Cumpre-nos saber onde faltamos, e então<br />
guardar-nos naquele ponto. Precisamos ter perfeito domínio sobre nosso espírito. "Se<br />
alguém não tropeça em palavras, o tal varão é perfeito, e poderoso para também<br />
refrear todo o corpo."<br />
41
A luz que incide sobre nosso caminho, a verdade que se recomenda à nossa<br />
consciência, condenará e destruirá a alma, ou santificá-la-á e transformá-la-á.<br />
Vivemos demasiado perto do fim do tempo da graça, para nos satisfazermos com uma<br />
obra superficial. A mesma graça que até aqui temos considerado suficiente, não nos<br />
susterá agora. Nossa fé deve crescer, e temos de tornar-nos mais semelhantes a Cristo<br />
na conduta e na disposição, a fim de suportar, e resistir com êxito às tentações de<br />
Satanás. A graça de Deus é suficiente para todo seguidor de Cristo.<br />
Satanás Ataca no Lar<br />
Sinceros e perseverantes devem ser nossos esforços para resistir aos ataques de<br />
Satanás. Ele emprega sua força e habilidade em buscar desviar-nos do caminho reto.<br />
Observa nossa saída e nossa entrada, a fim de achar oportunidade de ferir-nos ou<br />
levar-nos à destruição. Trabalha mais eficazmente nas trevas, prejudicando os que são<br />
ignorantes de seus ardis. Não teria êxito caso seus méto<strong>dos</strong> de ataque fossem bem<br />
compreendi<strong>dos</strong>. Os instrumentos emprega<strong>dos</strong> por ele para efetuar seus desígnios e<br />
disparar seus dar<strong>dos</strong> inflama<strong>dos</strong>, são muitas vezes os membros de nossa própria<br />
família.<br />
Os que amamos falarão ou agirão talvez inadvertidamente, o que nos poderá ferir<br />
muito fundo. Não era sua intenção fazer isto, mas Satanás amplia-lhes as palavras e<br />
atos, disparando assim um dardo de sua aljava para ferir-nos. Retesamo-nos para<br />
resistir àquele que julgamos nos ter ofendido e, assim fazendo, estimulamos as<br />
tentações do inimigo. Em vez de orar a Deus pedindo força para resistir a Satanás,<br />
permitimos que nossa felicidade seja prejudicada com o tentar<br />
Pág. 107<br />
colocar-nos na defesa do que chamamos "nossos direitos". Concedemos assim dupla<br />
vantagem ao adversário. Agimos em harmonia com nossos sentimentos ofendi<strong>dos</strong>, e<br />
Satanás serve-se de nós como instrumentos para ferir e afligir aqueles que não nos<br />
pretendiam ofender. As exigências do marido podem às vezes parecer irrazoáveis à<br />
esposa quando, se ela calma e candidamente considerasse melhor o assunto, no melhor<br />
aspecto possível para ele, veria que ceder sua própria vontade, e submeter-se ao juízo<br />
dele, mesmo que isto esteja em oposição aos seus sentimentos, poupá-los-ia ambos a<br />
desgostos, e lhes traria grande vitória sobre as tentações de Satanás.<br />
Vi que o inimigo contenderá, ou pela utilidade ou pela vida <strong>dos</strong> pie<strong>dos</strong>os, e procurará<br />
perturbar-lhes a paz enquanto viverem neste mundo. Seu poder, porém, é limitado.<br />
Talvez ele faça com que o forno seja aquecido, mas Jesus e os <strong>anjos</strong> velarão pelo cristão<br />
confiante, para que nada seja consumido senão a escória. O fogo aceso por Satanás não<br />
pode ter poder para destruir ou prejudicar o metal verdadeiro. É importante cerrar<br />
todas as portas possíveis contra a entrada de Satanás. É o privilégio de toda família<br />
viver de tal maneira que Satanás não se aproveite de coisa alguma que façam ou<br />
digam para derribar um ao outro. Todo membro da família deve ter em mente que<br />
to<strong>dos</strong> têm de fazer tanto quanto lhes for possível para resistir a nosso astuto inimigo, e<br />
com fervente oração e inabalável fé, cada um deve apoiar-se nos méritos do sangue de<br />
Cristo, e reclamar-Lhe o poder salvador.<br />
Andar Pela Fé<br />
Os poderes das trevas se adensam em torno da alma e excluem Jesus ao nosso olhar, e<br />
por vezes só nos é possível, em espanto e aflição, esperar até que as nuvens passem.<br />
São terríveis, por vezes, esses perío<strong>dos</strong>. Parece falhar a esperança, e de nós se<br />
apoderar o desespero. Nessas horas tremendas, precisamos aprender a confiar, a<br />
depender unicamente <strong>dos</strong> méritos da expiação, e em toda a nossa impotente<br />
indignidade, lançar-nos sobre os méritos do Salvador crucificado e ressurgido.<br />
Pág. 108<br />
Nunca pereceremos enquanto assim fizermos - nunca! Quando resplandece a luz em<br />
nossa estrada, não é grande coisa ser forte no poder da graça. Mas esperar<br />
pacientemente com esperança quando nos achamos rodea<strong>dos</strong> de nuvens, e tudo parece<br />
42
escuro, requer fé e submissão que fazem com que nossa vontade seja absorvida pela<br />
vontade de Deus. Ficamos muito facilmente desanima<strong>dos</strong>, e clamamos ansiosamente<br />
para que seja removida de nós a provação, quando devemos é pedir paciência para<br />
resistir e graça para vencer.<br />
Sem fé é impossível agradar a Deus. Podemos ter a salvação de Deus em nossa família,<br />
mas devemos crer neste sentido, viver neste sentido e ter constante, permanente fé e<br />
confiança em Deus. Cumpre submetermos um temperamento impulsivo, e dominar<br />
nossas palavras; e a esse respeito conseguiremos grandes vitórias. A menos que<br />
controlemos nossas palavras e nosso temperamento, somos escravos de Satanás.<br />
Achamo-nos sujeitos a ele. Ele nos leva cativos. Todas as palavras de contestação,<br />
palavras desagradáveis, impacientes, irritadas, são uma oferta feita a sua satânica<br />
majestade. E é uma custosa oferta, mais custosa do que qualquer sacrifício que<br />
possamos fazer a Deus; pois ela destrói a paz e a felicidade de famílias inteiras, destrói<br />
a saúde, e é afinal causa de perder-se uma vida eterna de felicidade.<br />
A restrição que a Palavra de Deus nos impõe, é para nosso próprio bem. Essa restrição<br />
aumenta a felicidade de nossa família e de to<strong>dos</strong> os que nos rodeiam. Apura-nos o<br />
gosto, santifica-nos o juízo e traz paz de espírito e, no fim, a vida eterna. Sob essa<br />
santa restrição, cresceremos em graça e humildade, e tornar-se-á mais fácil falar<br />
retamente. O temperamento natural, apaixonado, será mantido em sujeição. A<br />
presença constante do Salvador em nosso íntimo nos fortalecerá a cada hora. Anjos<br />
ministradores demorar-se-ão em nossa morada, e levarão alegremente para o Céu as<br />
novas de nosso progresso na vida divina, e o anjo relator fará um registro animador e<br />
feliz.<br />
23<br />
Falsas Idéias de Santificação<br />
Pág. 109<br />
Deus está agora experimentando e provando o Seu povo. O caráter está sendo<br />
aperfeiçoado. Os <strong>anjos</strong> estão pesando o valor moral, e mantendo fiel relatório de to<strong>dos</strong><br />
os atos <strong>dos</strong> filhos <strong>dos</strong> homens. Entre o povo professo de Deus há corações corruptos;<br />
serão, porém, experimenta<strong>dos</strong> e prova<strong>dos</strong>. Aquele Deus que lê o coração de to<strong>dos</strong>, trará<br />
à luz coisas ocultas das trevas onde muitas vezes menos delas se suspeitava, para que<br />
aquelas pedras de tropeço que têm prejudicado o progresso da verdade sejam<br />
removidas, e Deus tenha um povo puro e santo para declarar Seus estatutos e juízos.<br />
O Capitão de nossa salvação leva, passo a passo, Seu povo adiante, purificando-o e<br />
habilitando-o para a trasladação, e deixando na retaguarda os que estão dispostos a se<br />
separar do corpo, que não querem ser guia<strong>dos</strong>, e se satisfazem com a própria justiça.<br />
"Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!" Mat. 6:23.<br />
O espírito humano não pode ser enganado por maior ilusão do que a que induz os<br />
homens a condescenderem com um espírito de confiança em si mesmos para crerem<br />
que são justos e se acham na luz, quando se estão afastando do povo de Deus, e a luz<br />
que afagam são trevas. ...<br />
O irmão J. recebeu do Pastor K., uma falsa teoria de santificação, a qual se acha fora<br />
da terceira mensagem angélica, e onde quer que for recebida destrói o amor da<br />
mensagem. Foi-me mostrado que o Pastor K. se encontrava em terreno perigoso. Ele<br />
não está em união com o terceiro anjo. Ele fruiu uma vez a bênção de Deus, mas agora<br />
não a tem, pois não apreciou nem alimentou a luz da verdade que lhe brilhou no<br />
caminho. Ele trouxe consigo uma teoria metodista de santificação, e<br />
Pág. 110<br />
apresenta-a, dando-lhe a maior importância. E as sagradas verdades próprias para<br />
este tempo são por ele tidas em pouca consideração. Ele tem seguido sua própria luz, e<br />
ficado mais e mais em trevas, e se afastado mais e mais da verdade, até que ela não<br />
tenha sobre ele senão pequena influência. Satanás lhe tem dominado a mente, e ele<br />
tem ocasionado grande dano à causa da verdade no norte do Wisconsin.<br />
43
Seus Frutos<br />
Foi essa teoria de santificação que a irmã G. recebeu do Pastor K. e procurou seguir,<br />
que a levou àquele terrível fanatismo. O Pastor K. tem desencaminhado e confundido<br />
muitas pessoas com essa teoria da santificação. To<strong>dos</strong> os que a abraçam perdem em<br />
grande parte o interesse e o amor pela terceira mensagem angélica. Esse ponto de<br />
vista da santificação é uma teoria atraente. Ela encobre as faltas de pobres almas em<br />
trevas, no erro e no orgulho. Dá-lhes aparência de serem bons cristãos, e de possuírem<br />
santidade, quando têm corrupto o coração. É uma teoria de paz e segurança, que não<br />
traz o mal à luz, nem reprova e repreende o erro. Ela cura levianamente a ferida da<br />
filha do povo de Deus, gritando: Paz, paz, quando não há paz. Homens e mulheres de<br />
coração corrupto, lançam em volta de si as vestes da santificação, e são considera<strong>dos</strong><br />
como exemplo do rebanho, quando são agentes de Satanás por ele emprega<strong>dos</strong> para<br />
seduzir e enganar as almas sinceras para um atalho de modo a não sentirem a força e<br />
importância das solenes verdades proclamadas pelo terceiro anjo.<br />
O Pastor K. tem sido olhado como um exemplo, ao passo que tem sido um dano à causa<br />
de Deus. Sua vida não tem sido irrepreensível. Seus caminhos não têm estado em<br />
harmonia com a santa lei de Deus, ou com a vida de Cristo, sem pecado. Sua natureza<br />
corrupta não está subjugada; e todavia ele insiste muito na santificação, e assim<br />
engana a muitos. Fui encaminhada a seus trabalhos passa<strong>dos</strong>. Ele tem deixado de<br />
trazer almas para a verdade, e de estabelecê-las na terceira mensagem angélica.<br />
Apresenta como coisa de primeira importância uma<br />
Pág. 111<br />
teoria da santificação, ao passo que faz de pouco valor o veículo pelo qual nos vêm as<br />
bênçãos de Deus. "Santifica-os na verdade; a Tua palavra é a verdade." João 17:17. A<br />
verdade presente, que é o veículo, não é considerada, antes pisada a pés. Os homens<br />
podem clamar: Santidade! santidade! santificação! santificação! consagração!<br />
consagração! e todavia não saberem mais por experiência daquilo em que falam, do<br />
que o pecador com suas propensões corruptas. Deus há de em breve rasgar essas<br />
vestes caiadas de professa santificação, que alguns de mente carnal têm lançado sobre<br />
si para ocultar a deformidade da alma.<br />
É mantido um fiel relatório <strong>dos</strong> atos <strong>dos</strong> filhos <strong>dos</strong> homens. Coisa alguma pode ser<br />
escondida aos olhos daquele que é alto e santo. Alguns tomam um rumo diretamente<br />
em oposição à lei de Deus, e depois, para encobrir seu pecaminoso caminho, professam<br />
ser consagra<strong>dos</strong> a Deus. Esta profissão de santidade não se manifesta em sua vida<br />
diária. Não tem a tendência de elevar-lhes a mente, e levá-los a se absterem "de toda a<br />
aparência do mal". I Tess. 5:22. Somos feitos espetáculo ao mundo, aos <strong>anjos</strong> e aos<br />
homens. Nossa fé é blasfemada em conseqüência do torcido caminho <strong>dos</strong> que têm<br />
mente carnal. Eles professam parte da verdade, o que lhes dá influência, ao passo que<br />
não têm união com os que crêem e estão uni<strong>dos</strong> em toda a verdade. Qual tem sido a<br />
influência do Pastor K.? Quais têm sido os frutos de seus trabalhos? Quantos se têm<br />
convertido e estabelecido na verdade presente? ...<br />
Foi-me mostrado o caso do Sr. L. Ele tem muito a dizer sobre santificação, mas está<br />
enganado consigo mesmo, e outros estão engana<strong>dos</strong> com ele. Sua santificação pode<br />
durar enquanto ele está na reunião, mas não suporta a prova. A santidade bíblica<br />
purifica a vida; mas o coração de L. não está puro. O mal existe ali, e manifesta-se na<br />
vida, e os inimigos de nossa fé têm tido ocasião de censurar os observadores do sábado.<br />
Julgam a árvore pelos frutos.<br />
Pág. 112<br />
"Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia<br />
nem falsificando a Palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo<br />
homem, na presença de Deus, pela manifestação da verdade." II Cor. 4:2.<br />
Muitos andam diretamente em oposição ao texto acima mencionado. Andam com<br />
astúcia, e falsificam a Palavra de Deus. Não exemplificam em sua vida a verdade.<br />
44
Exercitam-se especialmente sobre a santificação, todavia lançam para trás das costas<br />
a Palavra divina. Oram sobre santificação, cantam sobre santificação, e clamam por<br />
santificação. Homens de coração corrupto tomam um ar de inocência, e professam ser<br />
consagra<strong>dos</strong>; isto, porém, não é prova de serem retos. Seus atos os desmentem. Têm a<br />
consciência cauterizada, mas está para vir o dia da visitação divina, e manifestar-se-á<br />
a obra de todo homem, de que qualidade é. E todo homem receberá segundo os seus<br />
atos.<br />
Disse o anjo ao apontar para L.: "Que tens tu que recitar os Meus estatutos, e que<br />
tomar o Meu concerto na tua boca, pois aborreces a correção, e lanças as Minhas<br />
palavras para detrás de ti? Quando vês o ladrão, consentes com ele, e tens a tua parte<br />
com adúlteros. Soltas a tua boca para o mal, e a tua língua compõe o engano." Sal.<br />
50:16-19. Deus espalhará e sacudirá para fora essas influências divisoras, e libertará<br />
Seu povo, caso os que professam a verdade venham em auxílio do Senhor.<br />
Não Há Santificação Para os Desobedientes<br />
Não há santificação bíblica para os que lançam para trás de si parte da verdade. Há na<br />
Palavra de Deus suficiente luz, de modo que ninguém precisa errar. A verdade é<br />
bastante elevada para causar admiração aos maiores intelectuais, e é todavia simples<br />
bastante para ser compreendida pelo mais humilde e mais fraco <strong>dos</strong> filhos de Deus, e<br />
para dar-lhe instrução. Os que não vêem a beleza da verdade, que não dão nenhuma<br />
importância à mensagem do terceiro anjo, serão inescusáveis; pois a verdade é clara.<br />
Pág. 113<br />
"Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está<br />
encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos <strong>dos</strong> incrédulos, para<br />
que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de<br />
Deus." II Cor. 4:3 e 4.<br />
"Santifica-os na verdade; a Tua palavra é a verdade." "E por eles Me santifico a Mim<br />
mesmo, para que também eles sejam santifica<strong>dos</strong> na verdade." João 17:17 e 19.<br />
"Purificando as vossas almas na obediência à verdade, para caridade fraternal, não<br />
fingida; amai-vos ardentemente uns aos outros com um coração puro." I Ped. 1:22.<br />
"Ora, ama<strong>dos</strong>, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da<br />
carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus." II Cor. 7:1.<br />
"De sorte que, meus ama<strong>dos</strong>, assim como sempre obedecestes, não só na minha<br />
presença, mas muito mais agora na minha ausência, assim também operai a vossa<br />
salvação com temor e tremor; porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o<br />
efetuar, segundo a Sua boa vontade. Fazei todas as coisas sem murmurações nem<br />
contendas; para que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no<br />
meio de uma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no<br />
mundo." Filip. 2:12-15.<br />
"Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado." João 15:3.<br />
"Vós, mari<strong>dos</strong>, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a Si<br />
mesmo Se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água,<br />
pela palavra, para a apresentar a Si mesma igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga,<br />
nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível." Efés. 5:25-27.<br />
Aí está a santificação bíblica. Não é apenas uma simples exibição ou obra exterior. É a<br />
santificação recebida por<br />
Pág. 114<br />
intermédio da verdade. É a verdade recebida no coração, e praticamente vivida.<br />
Como homem, Jesus era perfeito, e todavia cresceu em graça. "E crescia Jesus em<br />
sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens." Luc. 2:52. Mesmo o<br />
mais perfeito cristão pode crescer continuamente no conhecimento e no amor de Deus.<br />
"Pelo que, ama<strong>dos</strong>, aguardando estas coisas, procurai que dEle sejais acha<strong>dos</strong><br />
imacula<strong>dos</strong> e irrepreensíveis em paz." Antes crescei na graça e conhecimento de nosso<br />
45
Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A Ele seja dada glória, assim agora, como no dia da<br />
eternidade. Amém." II Ped. 3:14 e 18.<br />
Crescimento Constante<br />
A santificação não é obra de um momento, uma hora, ou um dia. É um contínuo<br />
crescimento na graça. Não sabemos um dia qual será nossa luta no dia seguinte.<br />
Satanás vive e está ativo, e precisamos cada dia clamar fervorosamente a Deus por<br />
auxílio e força para resistir-lhe. Enquanto Satanás reinar, teremos de subjugar o<br />
próprio eu, teremos assaltos a vencer, e não há lugar de parada, nenhum ponto a que<br />
possamos chegar e dizer que atingimos plenamente.<br />
"Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo<br />
para o que fui também preso por Cristo Jesus." Filip. 3:12.<br />
A vida cristã é uma constante marcha avante. Jesus coloca-Se como refinador e<br />
purificador de Seu povo; e quando Sua imagem estiver perfeitamente refletida neles,<br />
eles estarão perfeitos e santos, e prepara<strong>dos</strong> para a trasladação. Exige-se do cristão<br />
uma obra perfeita. Somos exorta<strong>dos</strong> a purificar-nos de toda a imundícia da carne e do<br />
espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus. Aí vemos onde está a grande<br />
obra. Há um trabalho contínuo para o cristão. Toda vara da videira-mãe tem de tirar<br />
dela vida e força, a fim de dar fruto.<br />
Pág. 115<br />
__________<br />
Custar-nos-á esforço conseguir a vida eterna. Será somente por meio de longo e<br />
perseverante esforço, severa disciplina e renhido conflito que sairemos vitoriosos. Mas,<br />
se nós, paciente e decididamente, no nome do Vitorioso que venceu em nosso benefício<br />
no deserto da tentação, vencermos assim como Ele o fez, alcançaremos a recompensa<br />
eterna. Nossos esforços, nossa abnegação e perseverança devem ser proporcionais ao<br />
infinito valor do objetivo que perseguimos. Testimonies, vol. 3, págs. 324 e 325, 1873.<br />
24<br />
O Poder de Satanás<br />
Pág. 116<br />
O homem caído é legítimo cativo de Satanás. A missão de Cristo foi libertá-lo do poder<br />
de Seu grande adversário. O homem é naturalmente inclinado a seguir as sugestões de<br />
Satanás, e não pode resistir com êxito a tão terrível inimigo, a menos que Cristo, o<br />
poderoso vencedor, nele habite, guiando-lhe os desejos, e dando-lhe resistência.<br />
Unicamente Deus é capaz de limitar o poder do maligno. Este anda de um lado para<br />
outro na Terra, e anda por ela acima e abaixo. Não está desapercebido nem por um<br />
instante, temendo perder uma oportunidade de destruir almas. Importante é que o<br />
povo de Deus compreenda isto, a fim de escapar-lhe aos ardis.<br />
Satanás está preparando seus enganos, para que, na última campanha contra o povo<br />
de Deus, eles não compreendam que é ele. "E não é maravilha, porque o próprio<br />
Satanás, se transfigura em anjo de luz." II Cor. 11:14. Enquanto algumas almas<br />
iludidas advogam a idéia de que ele não existe, ele as está levando cativas, e operando<br />
grandemente por meio delas. Melhor que o povo de Deus, sabe Satanás o poder que<br />
esse povo pode ter sobre ele, quando fazem de Cristo a sua força. Quando eles rogam<br />
humildemente ao poderoso Vencedor que os auxilie, o mais fraco <strong>dos</strong> crentes na<br />
verdade, repousando firmemente em Cristo, pode com êxito repelir a Satanás e todas<br />
as suas hostes. Ele é demasiado astuto para apresentar-se aberta e ousadamente com<br />
suas tentações; pois então as adormecidas energias do cristão despertar-se-iam, e ele<br />
havia de apoiar-se no forte e poderoso Libertador. Aproxima-se, porém,<br />
despercebidamente, e opera de maneira disfarçada por meio <strong>dos</strong> filhos da<br />
desobediência que professam piedade.<br />
Pág. 117<br />
Satanás irá até aonde dão suas forças para fatigar, tentar desencaminhar o povo de<br />
Deus. Aquele que ousou enfrentar, tentar e ridicularizar nosso Senhor, e teve poder<br />
46
para tomá-Lo nos braços e levá-Lo ao pináculo do templo, e ao cimo de uma montanha<br />
elevadíssima, exercitará extraordinariamente seu poder sobre a atual geração,<br />
incomparavelmente inferior em sabedoria a seu Senhor, e quase inteiramente<br />
ignorante da sutileza e força de Satanás. Ele afetará de maneira extraordinária o<br />
corpo <strong>dos</strong> que são naturalmente inclina<strong>dos</strong> a fazer-lhe a vontade. Satanás exulta com o<br />
fato de ser considerado como uma ficção. Quando fazem pouco, e o representam por<br />
qualquer ilustração infantil, ou como um animal, isto lhe convém. Julgam-no tão<br />
inferior, que a mente <strong>dos</strong> homens se acha de todo desapercebida para seus planos,<br />
sabiamente delinea<strong>dos</strong>, e quase sempre ele é bem-sucedido. Caso seu poder e sutileza<br />
fossem compreendi<strong>dos</strong>, muitos estariam prepara<strong>dos</strong> para resistir-lhe de maneira<br />
eficaz.<br />
To<strong>dos</strong> devem compreender que Satanás foi uma vez um anjo exaltado. Sua rebelião<br />
excluiu-o do Céu, mas não lhe destruiu as faculdades nem o tornou um animal. Desde<br />
sua queda, tem voltado a poderosa força de que dispõe contra o governo do Céu. Tem<br />
crescido em sagacidade, e tem aprendido a maneira mais eficaz de aproximar-se <strong>dos</strong><br />
filhos <strong>dos</strong> homens com suas tentações.<br />
Os Enganos de Satanás<br />
Satanás tem dado origem a fábulas para por meio delas enganar. Ele começou no Céu<br />
a combater contra a base do governo de Deus, e desde que caiu tem levado avante sua<br />
rebelião contra a lei de Deus, e levado a massa <strong>dos</strong> professos cristãos a pisar o quarto<br />
mandamento, que põe em foco o Deus vivo. Deitou por terra o sábado original do<br />
decálogo, substituindo-o por um <strong>dos</strong> dias de trabalho.<br />
A grande mentira original dita por ele a Eva no Éden: "Certamente não morrereis"<br />
(Gên. 3:4), foi o primeiro sermão pregado sobre a imortalidade da alma. Aquele sermão<br />
foi coroado<br />
Pág. 118<br />
de êxito, seguindo-se-lhe terríveis resulta<strong>dos</strong>. Ele tem levado a mente de muitos a<br />
receber esse sermão como sendo a verdade, e pastores pregam isto, cantam isto e sobre<br />
isto oram.<br />
O não haver um diabo literal, e haver graça depois da vinda de Cristo, estão-se<br />
tornando rapidamente fábulas populares. As Escrituras declaram positivamente que o<br />
destino de cada pessoa está para sempre determinado por ocasião da vinda do Senhor.<br />
"Quem é injusto, faça injustiça ainda; e quem está sujo, suje-se ainda; e quem é justo,<br />
faça justiça ainda; e quem é santo, seja santificado ainda. E, eis que cedo venho, e o<br />
Meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra." Apoc. 22:11 e 12.<br />
Satanás tem-se aproveitado dessas fábulas populares para ocultar-se. Ele se achega<br />
aos pobres, iludi<strong>dos</strong> mortais, mediante o espiritismo, que não põe limites às pessoas de<br />
mente carnal e, se posto em prática, separa famílias, cria invejas e ódios, dando livre<br />
curso às mais degradantes inclinações. O mundo não conhece ainda senão pouca coisa<br />
da corruptora influência do espiritismo. Ergue-se a cortina, e foi-me revelado muito de<br />
sua horrível obra. Foram-me mostradas pessoas que tiveram experiência no<br />
espiritismo, e que a ele renunciaram depois, e que tremem ao considerar quão perto<br />
estiveram da completa ruína. Haviam perdido o domínio de si mesmas, e Satanás as<br />
levava a fazer aquilo que elas detestavam. Mas mesmo essas pessoas não fazem senão<br />
uma pálida idéia do que seja o espiritismo. Pastores, inspira<strong>dos</strong> por Satanás, podem<br />
apresentar eloqüentemente esse horroroso monstro, ocultar-lhe a deformidade, e fazêlo<br />
parecer belo aos olhos de muitos. Mas ele vem tão direto de sua satânica majestade,<br />
que reclama o direito de controlar a to<strong>dos</strong> quantos têm que ver com ele, porquanto se<br />
aventuraram a penetrar em terreno proibido, e perderam a proteção de seu Criador.<br />
Algumas pobres almas que foram fascinadas com as eloqüentes palavras <strong>dos</strong><br />
ensinadores do espiritismo, e submeteram-se-lhe à influência, descobrem<br />
posteriormente seu caráter mortífero, e querem renunciar a ele e fugir-lhe,<br />
Pág. 119<br />
47
mas não conseguem. Satanás os segura por seu poder, e não os quer deixar libertaremse.<br />
Sabe que são indubitavelmente seus enquanto os tem sob controle especial, mas<br />
que, se uma vez se libertarem de seu poder, nunca mais os poderá levar outra vez a<br />
crer no espiritismo e a se colocarem tão diretamente sob seu domínio.<br />
O único meio de essas pobres almas se livrarem de Satanás, é discernirem entre a<br />
pura verdade bíblica, e as fábulas. Ao reconhecerem elas os reclamos da verdade,<br />
colocam-se na posição em que podem ser ajudadas. Elas devem rogar aos que têm<br />
experiência religiosa, e que possuem fé nas promessas de Deus, que pleiteiem com o<br />
poderoso Libertador em seu benefício. Será um renhido combate. Satanás reforçará os<br />
<strong>anjos</strong> maus que têm mantido essas pessoas em sujeição; mas se os santos de Deus, com<br />
profunda humildade, jejuarem e orarem, suas orações prevalecerão. Jesus<br />
comissionará santos <strong>anjos</strong> para resistirem a Satanás, e ele será repelido, e desfeito o<br />
seu poder sobre aquelas vítimas. "E disse-lhes: Esta casta não pode sair com coisa<br />
alguma, a não ser com oração e jejum." Mar. 9:29.<br />
O ministério popular não pode resistir com êxito ao espiritismo. Nada possuem com<br />
que proteger seus rebanhos dessa fatal influência. Muito <strong>dos</strong> tristes resulta<strong>dos</strong> do<br />
espiritismo pesará sobre os pastores deste século; pois têm pisado a verdade a pés, e<br />
preferido em seu lugar as fábulas. O sermão pregado por Satanás a Eva sobre a<br />
imortalidade da alma - "Certamente não morrereis" (Gên. 3:4) - têm eles reiterado do<br />
púlpito; e o povo o recebe como pura verdade bíblica. É o fundamento do espiritismo.<br />
Em parte alguma ensina a Palavra de Deus ser a alma do homem imortal. A<br />
imortalidade é atributo unicamente de Deus. I Tim. 6:16: "Aquele que tem, Ele só, a<br />
imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem nenhum <strong>dos</strong> homens viu nem pode<br />
ver: ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém."<br />
A Palavra de Deus, devidamente compreendida e aplicada, é uma salvaguarda contra<br />
o espiritismo. Um inferno ardendo eternamente, pregado do púlpito e conservado<br />
diante do povo,<br />
Pág. 120<br />
é uma injustiça ao benévolo caráter de Deus. Isto O apresenta como o maior tirano do<br />
Universo. Este espalhado dogma tem encaminhado milhares ao universalismo, à<br />
infidelidade e ao ateísmo. A palavra de Deus é clara. É uma perfeita cadeia de<br />
verdades, e demonstrar-se-á uma âncora para os que estão dispostos a aceitá-la, ainda<br />
que tenham de sacrificar suas acariciadas fábulas. Ela os salvará <strong>dos</strong> terríveis enganos<br />
destes tempos perigosos. Satanás tem dirigido a mente <strong>dos</strong> pastores de várias igrejas<br />
de modo a se apegarem tenazmente a seus erros populares, da mesma maneira que<br />
induziu os judeus em sua cegueira, a apegarem-se a seus sacrifícios, e a crucificarem a<br />
Cristo. A rejeição da luz e da verdade deixa os homens cativos, sujeitos ao engano do<br />
inimigo. Quanto maior a luz que eles rejeitarem, tanto maior o poder do engano e as<br />
trevas que deles se hão de apoderar.<br />
Foi-me mostrado que o verdadeiro povo de Deus é o sal da Terra e a luz do mundo.<br />
Deles exige Deus contínuo progresso no conhecimento da verdade, e no caminho da<br />
santidade. Então eles compreenderão a intromissão de Satanás, e no poder de Jesus,<br />
hão de resistir-lhe. Satanás chamará em sua ajuda legiões de seus <strong>anjos</strong>, para opor-se<br />
ao progresso de uma alma que seja, e, se possível, arrebatá-la da mão de Cristo.<br />
O Combate por Almas<br />
Vi <strong>anjos</strong> maus contendendo por almas, e <strong>anjos</strong> de Deus a resistirem-lhes. Renhida foi a<br />
luta. Os <strong>anjos</strong> maus estavam corrompendo a atmosfera com sua influencia venenosa, e<br />
amontoando-se em torno dessas almas a fim de adormecer-lhes as sensibilidades.<br />
Santos <strong>anjos</strong> observavam ansiosamente e aguardavam para repelir as hostes<br />
satânicas. Não cabe, porém, aos <strong>anjos</strong> santos, o controlar a mente <strong>dos</strong> homens contra a<br />
sua vontade. Caso eles cedam ao inimigo, e não façam esforços para resistir-lhe, então<br />
os <strong>anjos</strong> de Deus pouco mais podem fazer do que restringir a hoste de Satanás, para<br />
que não destrua, até que seja dada mais luz aos que estão em perigo, a fim de os<br />
48
Pág. 121<br />
mover a despertarem a volver-se para o Céu em busca de socorro. Jesus não<br />
comissionará os santos <strong>anjos</strong> a livrarem os que não fazem nenhum esforço para se<br />
ajudarem a si mesmos.<br />
Se Satanás vê que está em perigo de perder uma alma, ele se ativa ao máximo para<br />
conservá-la. E quando o indivíduo é despertado para o perigo em que se encontra, e<br />
aflita e fervorosamente, busca forças em Jesus, o inimigo teme perder um cativo, e<br />
chama um reforço de seus <strong>anjos</strong> a fim de encurralarem a pobre alma, formando um<br />
muro de trevas em torno dela, de modo que a luz do Céu não chegue até onde ela está.<br />
Se, porém, a pessoa em perigo persevera, e em sua impotência se lança sobre os<br />
méritos do sangue de Cristo, nosso Salvador escuta a fervorosa oração da fé, e envia<br />
reforço daqueles <strong>anjos</strong> magníficos em poder, a fim de a libertar.<br />
Satanás não suporta que se apele para seu poderoso rival, pois teme e treme diante de<br />
Sua força e majestade. Ao som da fervorosa oração todo o exército de Satanás treme.<br />
Ele continua a chamar legiões de <strong>anjos</strong> maus para conseguir seu fim. E quando os<br />
<strong>anjos</strong> todo-poderosos, revesti<strong>dos</strong> com a armadura celeste, chegam em auxílio da fraca e<br />
perseguida alma, o inimigo e seus <strong>anjos</strong> recuam, sabendo muito bem que sua batalha<br />
está perdida. Os voluntários súditos de Satanás são fiéis, ativos e uni<strong>dos</strong> no mesmo<br />
objetivo. E se bem que eles se odeiem e guerreiem uns aos outros, aproveitam toda<br />
oportunidade para promover o interesse comum. Mas o grande Comandante do Céu e<br />
da Terra limitou o poder de Satanás.<br />
Minha experiência tem sido singular, e por anos tenho sofrido peculiares provações de<br />
espírito. A condição do povo de Deus, e minha ligação com a Sua obra, têm-me trazido<br />
muitas vezes um peso de tristeza e desânimo inexprimíveis. Durante anos tenho<br />
considerado a sepultura como um aprazível lugar de descanso. Em minha última<br />
visão, indaguei do anjo que me assistia, por que eu era deixada a sofrer tal<br />
perplexidade de espírito, e era com tanta freqüência lançada no campo de batalha de<br />
Satanás. Roguei que, se eu devia estar tão estreitamente<br />
Pág. 122<br />
ligada à causa da verdade, fosse livrada dessas rigorosas provas. Há força e poder nos<br />
<strong>anjos</strong> de Deus, e supliquei que fosse protegida.<br />
Então me foi apresentada nossa vida anterior e foi-me mostrado que Satanás<br />
procurara por várias maneiras destruir nossa utilidade. Muitas vezes fizera ele planos<br />
para tirar-nos da obra de Deus, aproximara-se em mo<strong>dos</strong> vários e por meio de<br />
instrumentos diversos para realizar seus fins. Mas, pelo ministério <strong>dos</strong> santos <strong>anjos</strong><br />
fora derrotado. Vi que em nossas viagens de um lugar para outro, ele colocara<br />
freqüentemente seus <strong>anjos</strong> maus em nosso caminho a fim de provocar acidentes que<br />
nos tirassem a vida; mas <strong>anjos</strong> santos foram envia<strong>dos</strong> ao local para nos livrar. Vários<br />
acidentes puseram em grande risco a vida de meu marido e a minha, e fomos<br />
maravilhosamente protegi<strong>dos</strong>. Vi que tínhamos sido objetos especiais <strong>dos</strong> ataques do<br />
inimigo, devido ao nosso interesse pela obra de Deus, e nossa ligação com ela. Ao ver o<br />
grande cuidado que Deus tem a cada momento com aqueles que O temem e amam, foime<br />
inspirada confiança nEle, e senti-me reprovada por minha falta de fé.<br />
Foi pela exibição de poder sobrenatural ao fazer da serpente seu médium, que Satanás<br />
ocasionou a queda de Adão e Eva no Éden. Antes do fim do tempo ele operará<br />
maravilhas ainda maiores. Ao ampliar seu poder, ele há de realizar verdadeiros<br />
milagres. Dizem as Escrituras: "E engana os que habitam na Terra com sinais que lhe<br />
foi permitido que fizesse" (Apoc. 13:14) - não meramente os que ele pretende fazer.<br />
Esse texto apresenta alguma coisa mais que simples ilusões. Há, porém, um limite<br />
além do qual Satanás não pode ir; e aí ele chama em seu auxílio o engano, e falsifica a<br />
obra que não tem realmente o poder de efetuar. Nos últimos dias ele se apresentará de<br />
tal maneira que faça os homens crerem que ele<br />
Pág. 123<br />
49
é Cristo vindo pela segunda vez ao mundo. Ele se transformará na verdade em anjo de<br />
luz. Mas ao passo que ostentará em to<strong>dos</strong> os senti<strong>dos</strong> a aparência de Cristo, até aonde<br />
possa chegar a simples aparência, isto não enganará a ninguém senão aos que, como<br />
Faraó, estão procurando resistir à verdade. Testimonies, vol. 5, pág. 698, 1889.<br />
25<br />
As Duas Coroas<br />
Pág. 124<br />
Em visão que me foi concedida em Battle Creek (Michigan), a 25 de outubro de 1861,<br />
foi-me mostrada esta Terra, escura e triste. Disse o anjo: "Olha atentamente!" Então<br />
me foi mostrado o povo sobre a Terra. Alguns estavam rodea<strong>dos</strong> de <strong>anjos</strong> de Deus,<br />
outros se achavam em completas trevas, cerca<strong>dos</strong> de <strong>anjos</strong> maus. Vi um braço<br />
estendido do Céu, segurando um cetro de ouro. Na extremidade superior do cetro havia<br />
uma coroa, cravejada de brilhantes. Cada brilhante emitia luz cintilante, clara e bela.<br />
Inscritas na coroa havia estas palavras: "To<strong>dos</strong> os que me conquistam são felizes, e<br />
terão vida eterna."<br />
Embaixo desta coroa havia outro cetro, e sobre ele também outra coroa, em cujo centro<br />
havia jóias, ouro e prata, refletindo alguma luz. A inscrição sobre a coroa era:<br />
"Tesouros terrestres. A riqueza é um poder. To<strong>dos</strong> os que me conquistam têm honra e<br />
fama." Vi uma vasta multidão que lutava para alcançar essa coroa. Faziam grande<br />
rumor. Alguns, em sua avidez, pareciam priva<strong>dos</strong> da razão. Empurravam-se uns aos<br />
outros, deixando para trás os mais fracos, pisando sobre os que, na pressa, caíam.<br />
Muitos avidamente se apoderavam <strong>dos</strong> tesouros que estavam na coroa, e os seguravam<br />
firmemente. A cabeça de alguns era branca como a prata, e seu rosto estava enrugado<br />
pelos cuida<strong>dos</strong> e ansiedade. Não tomavam em consideração seus próprios parentes,<br />
ossos de seus ossos e carne de sua carne; mas, enquanto para eles eram lança<strong>dos</strong><br />
olhares súplices, mais firmemente seguravam seus tesouros, como se estivessem<br />
receosos de que num momento de descuido perdessem um pouco, ou fossem induzi<strong>dos</strong><br />
a reparti-los com eles.<br />
Pág. 125<br />
Seus olhares ávi<strong>dos</strong> muitas vezes se fixavam na coroa terrestre, e contavam e<br />
recontavam seus tesouros. Vultos que exprimiam necessidade e miséria, apareciam<br />
naquela multidão, olhavam cobiçosos os tesouros, e voltavam sem esperanças, visto<br />
que os mais fortes sobrepujavam e afastavam os mais fracos. Contudo não podiam<br />
assim desistir; mas, com uma multidão de deforma<strong>dos</strong>, enfermiços e i<strong>dos</strong>os,<br />
procuravam avançar para a coroa terrestre. Alguns morriam ao tentar alcançá-la;<br />
outros sucumbiam precisamente no ato de se apoderarem dela. Muitos morriam<br />
apenas se haviam dela apossado. Cadáveres se espalhavam pelo solo; todavia a<br />
multidão avançava, pisando os que estavam caí<strong>dos</strong> e o cadáver de seus companheiros.<br />
Cada um que atingia a coroa, adquiria parte nela, e era rui<strong>dos</strong>amente aplaudido pela<br />
multidão interessada que se achava em redor.<br />
Engano Satânico<br />
Uma grande multidão de <strong>anjos</strong> maus estava ocupadíssima. Satanás estava no meio<br />
deles, e to<strong>dos</strong> olhavam com a maior satisfação para a multidão que lutava pela coroa.<br />
Ele parecia lançar um encanto particular sobre os que avidamente a buscavam. Muitos<br />
que procuravam essa coroa terrestre eram cristãos professos. Alguns pareciam ter<br />
alguma luz. Olhavam interessa<strong>dos</strong> para a coroa celestial, e pareciam muitas vezes<br />
encantar-se com sua beleza, contudo não tinham o verdadeiro senso de seu valor e<br />
glória. Enquanto frouxamente estendiam uma das mãos à coroa celeste, a outra a<br />
estendiam avidamente à terrestre, decidi<strong>dos</strong> a possuí-la; e na sua diligência ansiosa<br />
por obter a terrestre, perdiam de vista a celeste. Ficavam em trevas, e mesmo assim<br />
andavam às apalpadelas, com ansiedade, buscando conseguir a coroa terrestre. Alguns<br />
se desgostavam da multidão que a procurava tão veementemente; pareciam ter<br />
intuição de seu perigo, e dele se desviavam, e diligentemente buscavam a coroa<br />
50
celestial. O rosto desses logo mudava de escuro para claro, de triste para prazenteiro e<br />
cheio de santa alegria.<br />
Pág. 126<br />
Vi então um grupo comprimindo-se por entre a multidão, tendo os olhos atentamente<br />
fixos na coroa celestial. Enquanto com esforço procuravam caminho por entre a<br />
multidão desordenada, ajudavam-nos <strong>anjos</strong>, que abriam caminho para que<br />
avançassem. Aproximando-se eles da coroa celestial, a luz que dela emanava<br />
resplandecia sobre eles, e em redor deles, afugentava as trevas, e tornava-se mais<br />
clara e brilhante, até que eles pareciam transformar-se e assemelhar-se aos <strong>anjos</strong>. Não<br />
se detinham em olhar à coroa terrestre. Os que se estavam empenhando na conquista<br />
da coroa terrestre, escarneciam deles, e atiravam-lhes pelas costas bolas pretas. Estas<br />
não lhes faziam mal contanto que seus olhos se mantivessem fixos na coroa celestial;<br />
aqueles, porém, que volviam a atenção para as bolas negras, eram por elas<br />
mancha<strong>dos</strong>. Foi-me apresentado o seguinte texto:<br />
"Não ajunteis tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os<br />
ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no Céu, onde nem a traça nem a<br />
ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o<br />
vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. A candeia do corpo são os olhos; de<br />
sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz; se, porém, os teus<br />
olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são<br />
trevas, quão grandes serão tais trevas! Ninguém pode servir a dois senhores; porque<br />
ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não<br />
podeis servir a Deus e a Mamom." Mat. 6:19-24.<br />
Então o que eu vira me foi explicado como segue: A multidão que tão avidamente se<br />
esforçava por alcançar a coroa terrestre, eram os que amam os tesouros deste mundo e<br />
se deixam enganar e lisonjear por suas efêmeras atrações. Alguns vi que, embora<br />
professem ser seguidores de Jesus, têm tanta ambição de obter os tesouros terrestres,<br />
que perdem o amor ao Céu, agem como o mundo e por Deus são considera<strong>dos</strong><br />
mundanos. Professam buscar uma coroa imortal, um tesouro nos<br />
Pág. 127<br />
Céus; mas seu interesse e principal empenho é adquirir tesouros terrestres. Aqueles<br />
que têm seus tesouros neste mundo, e amam suas riquezas, não podem amar a Jesus.<br />
Poderão supor que são justos e, ainda que com garras de avarento se apeguem a suas<br />
posses, não poderão ser leva<strong>dos</strong> a enxergar isto ou compreender que amam o dinheiro<br />
mais do que a causa da verdade ou o tesouro celeste.<br />
Riquezas Verdadeiras e Falsas<br />
"Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!" Mat. 6:23.<br />
Houve um momento na experiência de tais pessoas, em que a luz que lhes fora dada<br />
não foi mantida, e se tornou em trevas. Disse o anjo: "Não podeis amar e adorar os<br />
tesouros da Terra, e ter as verdadeiras riquezas." Quando aquele jovem foi ter com<br />
Jesus e Lhe disse: "Bom Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna?" Mat.<br />
19:16. Jesus lhe ofereceu esta escolha: Desfazer-se de suas posses e ter a vida eterna,<br />
ou reter aquelas e perder esta. Suas riquezas lhe eram de maior valor do que o tesouro<br />
celeste. A condição de desfazer-se de seus tesouros e dá-los aos pobres a fim de se<br />
tornar seguidor de Cristo e ter a vida eterna, esfriou-lhe o desejo, e ele se retirou,<br />
triste.<br />
Aqueles que me foram apresenta<strong>dos</strong> como estando ansiosos pela coroa terrestre, são os<br />
que recorrerão a to<strong>dos</strong> os meios para adquirir propriedades. Tornam-se doi<strong>dos</strong> neste<br />
sentido. To<strong>dos</strong> os seus pensamentos e energias se dirigem para a aquisição de riquezas<br />
terrestres. Pisam os direitos de outrem, oprimem os pobres e os jornaleiros em seu<br />
salário. Se podem ter vantagem sobre os que são mais pobres e menos sagazes, e assim<br />
agir de maneira a aumentar suas riquezas, não hesitarão um momento em oprimi-los,<br />
e mesmo vê-los leva<strong>dos</strong> a mendicância.<br />
51
Os homens abati<strong>dos</strong> pela idade, e de rosto enrugado pelos cuida<strong>dos</strong>, e que no entanto<br />
avidamente agarravam os tesouros de dentro da coroa, eram homens i<strong>dos</strong>os que poucos<br />
Pág. 128<br />
anos tinham diante de si. Contudo eram inflexíveis na defesa de seus tesouros<br />
terrestres. Quanto mais se aproximavam do túmulo, tanto mais ansiosos ficavam em<br />
apegar-se a eles. Seus próprios parentes não eram beneficia<strong>dos</strong>. Para economizar um<br />
pouco de dinheiro, consentiam que os membros de sua própria família trabalhassem<br />
além de suas forças. Não o empregavam para o bem de outrem, nem para o seu próprio<br />
bem. Bastava-lhes saber que o possuíam. Ao ser-lhes apresentado o dever de diminuir<br />
as necessidades <strong>dos</strong> pobres e de sustentar a causa de Deus, ficavam desgostosos.<br />
Alegremente aceitariam o dom da vida eterna, mas não quereriam que lhes custasse<br />
coisa alguma. As condições são muito penosas. Mas Abraão, para tal fim não recusou o<br />
seu único filho. Em obediência a Deus, sacrificaria esse filho da promessa, mais<br />
facilmente do que muitos sacrificariam algumas de suas posses terrestres.<br />
Era doloroso verem-se aqueles que deveriam estar a amadurecer para a glória e<br />
habilitar-se diariamente para a imortalidade, aplicando todas as suas forças na<br />
retenção de tesouros terrestres. Vi que esses tais não poderiam dar valor ao tesouro<br />
celestial. Seu apego intenso às coisas terrenas, levam-nos a mostrar, pelas suas obras,<br />
que não estimam a herança celestial o bastante para por ela fazer qualquer sacrifício.<br />
O jovem manifestou vontade de guardar os mandamentos, contudo nosso Senhor lhe<br />
disse faltar alguma coisa. Desejava a vida eterna, mas amava mais as suas posses.<br />
Muitos se enganam a si mesmos. Não buscam a verdade como se fosse um tesouro<br />
escondido. Não tiram o melhor partido possível de suas faculdades. Sua mente, que<br />
poderia iluminar-se com a luz do Céu, fica perplexa e perturbada. "Os cuida<strong>dos</strong> deste<br />
mundo, e os enganos das riquezas e as ambições de outras coisas, entrando, sufocam a<br />
palavra, e fica infrutífera." Mar. 4:19. "Tais pessoas", disse o anjo, "estão sem<br />
desculpa." Vi a luz apagando-se para elas. Não desejavam compreender as solenes e<br />
importantes verdades para este tempo, e achavam que<br />
Pág. 129<br />
estavam bem sem as compreender. Foi-se-lhes a sua luz, e ficaram às apalpadelas, em<br />
trevas.<br />
Agentes de Satanás<br />
A multidão <strong>dos</strong> deforma<strong>dos</strong> e doentios que se comprimia para alcançar a coroa<br />
terrestre, são aqueles cujos interesses e tesouros estão neste mundo. Conquanto de<br />
to<strong>dos</strong> os mo<strong>dos</strong> sofram desenganos, não colocarão suas afeições no Céu, nem<br />
assegurarão para si naquele lugar um tesouro e um lar. Fracassam na busca das<br />
coisas terrestres, e no entanto perdem as celestiais enquanto pelejam por aquelas.<br />
Apesar do desengano, vida infeliz e morte daqueles que puseram todo o seu empenho<br />
na obtenção de riquezas terrestres, outros seguem o mesmo caminho. Atiram-se<br />
doidamente, sem tomar em consideração o fim miserável daqueles cujo exemplo estão<br />
seguindo.<br />
Os que alcançaram a coroa e nela obtiveram parte, tendo por isso sido aplaudi<strong>dos</strong>, são<br />
aqueles que conseguem o que constitui o único objetivo de sua vida: riquezas. Recebem<br />
a honra que o mundo confere aos que são ricos. Têm influência no mundo. Satanás e<br />
seus <strong>anjos</strong> maus estão satisfeitos. Sabem que esses são certamente deles, e que<br />
enquanto viverem em rebelião contra Deus, são poderosos agentes de Satanás.<br />
Os que se desgostaram com a multidão que clamava pela coroa terrestre, são aqueles<br />
que notaram a vida e o fim de to<strong>dos</strong> os que se esforçam por conseguir riquezas<br />
terrestres. Vêem que esses tais nunca estão satisfeitos, e que são infelizes; assustamse<br />
e se separam daquela classe infeliz, e procuram as riquezas verdadeiras e duráveis.<br />
Aqueles que lutam por passar através da multidão a fim de obter a coroa celeste,<br />
auxilia<strong>dos</strong> pelos santos <strong>anjos</strong>, foi-me mostrado serem o fiel povo de Deus. Os <strong>anjos</strong> os<br />
52
conduzem, e eles são inspira<strong>dos</strong> com zelo a fim de se esforçarem para prosseguir na<br />
aquisição do tesouro celeste.<br />
Pág. 130<br />
As bolas pretas que eram atiradas às costas <strong>dos</strong> santos, eram as falsidades<br />
difamatórias postas em circulação contra o povo de Deus, por aqueles que amam e<br />
praticam a mentira. Devemos ter o máximo cuidado em viver vida irrepreensível, e<br />
abster-nos de toda a aparência do mal; e então é nosso dever avançar destemidamente,<br />
sem dar atenção às falsidades degradantes <strong>dos</strong> ímpios. Enquanto os justos<br />
mantiverem os olhares fixos no tesouro celeste e incalculável, tornar-se-ão mais e mais<br />
semelhantes a Cristo, e assim serão transforma<strong>dos</strong> e dispostos para a trasladação.<br />
26<br />
O Futuro<br />
Pág. 131<br />
Na transfiguração, Jesus foi glorificado pelo Pai. Ouvimo-Lo dizer: "Agora é glorificado<br />
o Filho do homem, e Deus é glorificado nEle." João 13:31. Assim, antes de ser traído, e<br />
crucificado, foi fortalecido para os últimos e terríveis sofrimentos. Ao se aproximarem<br />
os membros do corpo de Cristo do período de sua luta final, "o tempo da angústia de<br />
Jacó", crescerão em Cristo, e partilharão grandemente de Seu espírito. À medida que a<br />
terceira mensagem se avoluma e se torna alto clamor, e que a obra final é<br />
acompanhada de grande poder e glória, o fiel povo de Deus participa dessa glória. É a<br />
chuva serôdia que os vivifica e fortalece para passar pelo tempo de angústia. Seus<br />
rostos brilharão com a glória daquela luz que acompanha a mensagem do terceiro anjo.<br />
Vi que Deus preservará Seu povo, de maneira maravilhosa, durante o tempo de<br />
angústia. Como Jesus derramou Sua alma em agonia, no jardim, eles hão de clamar e<br />
angustiar-se fervorosamente dia e noite, pedindo libertação. Sairá o decreto para que<br />
eles rejeitem o sábado do quarto mandamento e honrem o primeiro dia, ou morram;<br />
eles não cederão, porém, para pisar a pés o sábado do Senhor e honrar uma instituição<br />
do papado. As hostes de Satanás e homens ímpios os rodearão, e exultarão sobre eles,<br />
pois parecerá não haver escape para eles. Em meio, porém, de sua orgia e triunfo,<br />
ouve-se ribombo após ribombo <strong>dos</strong> mais estron<strong>dos</strong>os trovões. Os céus se enegrecem,<br />
sendo ilumina<strong>dos</strong> apenas pela brilhante luz e a terrível glória do céu ao fazer Deus<br />
soar Sua voz desde Sua santa habitação.<br />
Abalam-se os fundamentos da Terra; os edifícios vacilam e<br />
Pág. 132<br />
caem com terrível fragor. O mar ferve como uma caldeira, e a Terra toda se acha em<br />
horrível comoção. Vira-se o cativeiro <strong>dos</strong> justos e, em suaves e solenes murmúrios,<br />
dizem uns aos outros: "Somos liberta<strong>dos</strong>. É a voz de Deus." Com solene respeito<br />
escutam eles as palavras da voz. Os ímpios ouvem, mas não entendem as palavras da<br />
voz de Deus. Temem e tremem, ao passo que os santos se regozijam. Satanás e seus<br />
<strong>anjos</strong> e os ímpios, que há pouco se regozijavam de que o povo de Deus se encontrasse<br />
no poder deles, para os destruírem da Terra, testemunham a glória conferida aos que<br />
honraram a santa lei de Deus. Contemplam o rosto <strong>dos</strong> justos iluminado e refletindo a<br />
imagem de Jesus. Os que estavam tão ansiosos de destruir os santos não podem<br />
resistir à glória que se manifesta sobre os liberta<strong>dos</strong>, e caem por terra como mortos.<br />
Satanás e os <strong>anjos</strong> maus, fogem da presença <strong>dos</strong> santos glorifica<strong>dos</strong>. Desaparece para<br />
sempre seu poder de os molestar.<br />
27<br />
Pais e Filhos<br />
Pág. 133<br />
Foi-me mostrado que, enquanto os pais tementes a Deus restringem seus filhos, devem<br />
estudar-lhes a disposição e temperamento, e procurar satisfazer-lhes as necessidades.<br />
Alguns pais atendem cuida<strong>dos</strong>amente às necessidades temporais <strong>dos</strong> filhos; tratamnos<br />
fiel e bon<strong>dos</strong>amente na enfermidade, e pensam então haver cumprido seu dever.<br />
53
Nisto se enganam. Sua obra apenas começou. Importa cuidarem das necessidades do<br />
espírito. Requer-se habilidade para aplicar os remédios apropria<strong>dos</strong> para curar uma<br />
mente magoada.<br />
As crianças têm provações tão difíceis de suportar, tão penosas em sua natureza, como<br />
as pessoas de mais idade. Os próprios pais não se sentem sempre da mesma maneira.<br />
Seu espírito se acha muitas vezes perplexo. Agem movi<strong>dos</strong> por pontos de vista e<br />
sentimentos erra<strong>dos</strong>. Satanás os esbofeteia, e cedem-lhe às tentações. Falam irrita<strong>dos</strong>,<br />
e de maneira a despertar a ira <strong>dos</strong> filhos, e são às vezes exigentes e frenéticos. As<br />
pobres crianças partilham do mesmo espírito, e os pais não se acham prepara<strong>dos</strong> para<br />
as ajudar, pois foram a causa do mal. Por vezes tudo parece ir torto. Há irritação ao<br />
redor, e to<strong>dos</strong> passam momentos deploráveis e infelizes. Os pais lançam a culpa aos<br />
pobres filhos, e julgam-nos muito desobedientes e indisciplina<strong>dos</strong>, as piores crianças do<br />
mundo, quando a causa da perturbação encontra-se neles próprios.<br />
Alguns pais suscitam muita tempestade por sua falta de domínio próprio. Em lugar de<br />
pedirem bon<strong>dos</strong>amente aos filhos para fazerem isto ou aquilo, ordenam em tom de<br />
ralho, tendo ao mesmo tempo nos lábios uma censura ou reprovação que as crianças<br />
não mereceram. Pais, essa direção seguida<br />
Pág. 134<br />
para com vossos filhos destrói-lhes a felicidade e a ambição. Fazem o que ordenais, não<br />
por amor, mas porque não ousam proceder diversamente. Não têm o coração no que<br />
fazem. É um trabalho servil, em vez de um prazer, e isto os leva a esquecer-se de<br />
seguir vossas direções, o que vos aumenta a irritação, e se torna ainda pior para as<br />
crianças. Repetem-se as censuras, sua má conduta é exibida diante delas em vivas<br />
cores, até que delas se apodera o desânimo, e não se lhes dá se agradam ou não.<br />
Tomam-se de um espírito de "não me importo", e procuram fora de casa, fora <strong>dos</strong> pais,<br />
o prazer e satisfação que aí não encontram. Misturam-se com companheiros de rua, e<br />
ficam em breve tão corrompi<strong>dos</strong> como os piores.<br />
O Que os Pais Podem Fazer<br />
Sobre quem recai este grande pecado? Caso o lar houvesse sido tornado atrativo, se os<br />
pais houvessem manifestado afeição pelos filhos, procurando bon<strong>dos</strong>amente ocupação<br />
para eles, e instruindo-os com amor na obediência a seus desejos, haveriam tocado<br />
uma corda sensível no coração deles, e teriam sido prontamente obedeci<strong>dos</strong> por pés,<br />
mãos e corações voluntários. Controlando-se a si mesmos e falando bon<strong>dos</strong>amente, e<br />
louvando as crianças quando se esforçam por fazer o que é direito, os pais podem<br />
estimular esses esforços, tornar as crianças muito felizes, e lançar sobre o círculo de<br />
família um encanto que afugentará toda sombra escura, aí introduzindo alegres raios<br />
de sol.<br />
Os pais desculpam às vezes sua errônea direção por não se sentirem bem. Sentem-se<br />
nervosos, e acham que não podem ser pacientes e calmos e falar de maneira agradável.<br />
Assim se enganam eles a si próprios, e agradam a Satanás, que exulta em que a graça<br />
de Deus não seja por eles considerada suficiente para vencer as fraquezas naturais.<br />
Eles podem e devem dominar-se sempre. Deus deles requer isto. Devem compreender<br />
que, quando cedem à impaciência e à irritação, fazem outros sofrer. Os que os rodeiam<br />
são afeta<strong>dos</strong> pelo espírito que<br />
Pág. 135<br />
manifestam, e se eles, por sua vez, procedem com o mesmo espírito, o mal aumenta, e<br />
tudo vai torto.<br />
Pais, quando vos sentis irrita<strong>dos</strong>, não deveis cometer um pecado tão grande como o de<br />
envenenar toda a família com essa perigosa irritabilidade. Em tais ocasiões, ponde<br />
uma dupla guarda sobre vós mesmos, e resolvei no coração não ofender com os vossos<br />
lábios; que só haveis de proferir palavras agradáveis, animadoras. Dizei-vos a vós<br />
mesmos: "Não arruinarei a felicidade de meus filhos com uma palavra irritada."<br />
Controlando-vos assim, tornar-vos-eis mais fortes. Vosso sistema nervoso não será tão<br />
54
sensitivo. Sereis fortaleci<strong>dos</strong> pelos princípios do direito. A consciência de estardes vos<br />
desempenhando fielmente de vosso dever vos fortalecerá. Os <strong>anjos</strong> de Deus aprovarão<br />
os vossos esforços, e ajudar-vos-ão.<br />
Quando vos sentis impacientes, pensais demasiadas vezes serem os filhos os<br />
causadores, e os censurais quando não o merecem. De outras vezes eles poderiam fazer<br />
exatamente as mesmas coisas, e tudo vos pareceria suportável e justo. As crianças<br />
conhecem, e notam, e sentem essas irregularidades, e elas não são sempre as mesmas.<br />
Às vezes acham-se de algum modo preparadas para enfrentar as disposições mutáveis,<br />
e de outras estão nervosas e irritáveis, e não podem suportar censuras. Seu espírito se<br />
insurge contra isto. Os pais querem que se faça toda concessão ao seu estado mental, e<br />
todavia não vêem a necessidade de as fazer da mesma maneira a seus pobres filhos.<br />
Desculpam em si mesmos aquilo que, visto nas crianças que não têm os mesmos anos<br />
de experiência e disciplina, haviam de censurar grandemente.<br />
Alguns pais são de temperamento nervoso, e quando fatiga<strong>dos</strong> com trabalho ou<br />
opressos por cuida<strong>dos</strong>, não mantêm um calmo estado de espírito, mas manifestam aos<br />
que mais caros lhes devem ser na Terra, uma irritação e falta de paciência que<br />
desagrada a Deus, e traz uma nuvem sobre a família. As crianças em suas<br />
perturbações, devem muitas vezes ser acalmadas com terna simpatia. A mútua<br />
bondade e paciência tornará o lar<br />
Pág. 136<br />
um paraíso, e atrairá os santos <strong>anjos</strong> ao círculo familiar.<br />
A mãe pode e deve fazer muito no sentido de controlar os nervos e o espírito, quando<br />
deprimida: mesmo quando doente, ela pode, uma vez que se eduque, ser amável e<br />
contente, e pode suportar mais ruído do que pensara outrora ser possível. Não deve<br />
fazer os filhos sofrerem as enfermidades dela e nublar-lhes o tenro e sensível espírito<br />
com suas depressões de espírito, fazendo-os achar que a casa é um túmulo, e o quarto<br />
da mãe o lugar mais triste do mundo. A mente e os nervos adquirem vigor e resistência<br />
pelo exercício da vontade. A força de vontade demonstrar-se-á em muitos casos<br />
poderoso calmante para os nervos.<br />
Um Tempo Crítico Para as Crianças<br />
Não vos mostreis aos vossos filhos de rosto triste. Se eles cedem à tentação, e depois<br />
reconhecem seu erro e se arrependem, perdoai-lhes tão francamente como esperais ser<br />
perdoa<strong>dos</strong> por vosso Pai do Céu. Instruí-os bon<strong>dos</strong>amente, e ligai-vos ao vosso coração.<br />
É um tempo crítico para as crianças. Influências serão exercidas sobre elas a fim de<br />
aliená-las de vós, e cumpre-vos contrabalançá-las. Ensinai-lhes a fazerem de vós seus<br />
confidentes. Segredem-vos elas ao ouvido suas provas e alegrias. Animando isto,<br />
poupá-las-eis a muitos laços prepara<strong>dos</strong> por Satanás a seus inexperientes pés. Não<br />
trateis vossos filhos apenas com severidade, esquecendo a vossa própria infância, e que<br />
eles não passam de crianças. Não espereis que sejam perfeitos, nem os busqueis tornar<br />
de repente homens e mulheres em seus atos. Assim fazendo, fechareis a porta de<br />
acesso que, de outro modo, a eles poderíeis ter, e os impelireis a abrir outra porta às<br />
influências prejudiciais, a que outros lhes envenenem a mente juvenil antes que<br />
desperteis para o perigo que correm.<br />
Satanás e sua hoste estão fazendo os mais poderosos esforços para manejar a mente<br />
das crianças, e estas devem ser tratadas com imparcialidade, ternura e amor cristãos.<br />
Isto vos<br />
Pág. 137<br />
dará uma forte influência sobre elas, e sentirão que podem depor ilimitada confiança<br />
em vós. Lançai em torno de vossos filhos os encantos do lar e de vosso convívio. Se<br />
assim fizerdes, não terão tanto desejo do convívio de companheiros jovens. Satanás<br />
trabalha por meio destes, levando-os a influenciar e corromper a mente uns <strong>dos</strong> outros.<br />
É o meio mais eficaz por que ele pode trabalhar. Os jovens têm poderosa influência uns<br />
sobre os outros. Sua conversa nem sempre é escolhida e elevada. Transmitem-se aos<br />
55
ouvi<strong>dos</strong> más informações, as quais, a não serem decididamente combatidas, encontram<br />
guarida no coração, tomam raízes, e brotam e dão fruto, corrompendo os bons<br />
costumes. Devido ao mal que há agora no mundo, e à restrição que é necessário impor<br />
aos filhos, os pais devem ter duplo cuidado de os ligar ao próprio coração, fazendo-os<br />
ver que os desejam tornar felizes.<br />
Pais Compreensivos<br />
Os pais não se devem esquecer <strong>dos</strong> anos de sua infância, de quanto anelavam simpatia<br />
e amor, e como se sentiam infelizes quando censura<strong>dos</strong> e repreendi<strong>dos</strong> com irritação.<br />
Devem ser novamente jovens em seus sentimentos, e levar a mente a compreender as<br />
necessidades das crianças. Todavia, com firmeza, misturada com amor, devem exigir<br />
obediência <strong>dos</strong> filhos. A palavra <strong>dos</strong> pais deve ser imediatamente obedecida.<br />
Anjos de Deus estão observando as crianças com o mais profundo interesse, a ver o<br />
caráter que desenvolvem. Se Cristo lidasse conosco como nós muitas vezes fazemos<br />
uns com os outros e com nossos filhos, tropeçaríamos e cairíamos devido ao completo<br />
desânimo. Vi que Jesus conhece nossas fraquezas e partilhou, Ele próprio, de nossa<br />
experiência em todas as coisas, mas sem pecado; portanto, Ele preparou-nos um<br />
caminho adequado a nossa força e capacidade e, como Jacó, tem caminhado devagar e<br />
segundo o passo das crianças e sua capacidade de resistência, a fim de nos entreter<br />
pelo conforto de Sua companhia, e ser-nos guia perpétuo. Ele não despreza, nem<br />
Pág. 138<br />
negligencia ou deixa para trás, as crianças do rebanho. Não nos pediu que<br />
marchássemos avante e as deixássemos atrás. Não tem caminhado tão depressa que<br />
nos deixasse para trás com os pequenos. Oh, não! mas tem aplainado a estrada da<br />
vida, mesmo para as crianças. E requer-se <strong>dos</strong> pais, em Seu nome, que as conduzam ao<br />
longo do caminho estreito. Deus nos designou uma vereda apropriada à resistência e<br />
capacidade das crianças.<br />
__________<br />
Compensará o manifestar afeto no convívio com vossos filhos. Não os repulseis por<br />
falta de terna compreensão em seus brinque<strong>dos</strong>, alegrias e desgostos. Nunca deixeis<br />
que haja sobrancelhas carregadas em vossa fronte, ou que uma palavra áspera vos<br />
escape <strong>dos</strong> lábios. Deus escreve todas essas palavras em Seu livro de memórias. As<br />
palavras ásperas azedam o gênio e ferem o coração das crianças e, em alguns casos,<br />
essas feridas são difíceis de curar. As crianças são sensíveis à mínima injustiça, e<br />
algumas ficam desanimadas ao sofrê-la, e nem darão ouvi<strong>dos</strong> a alta e zangada voz de<br />
comando, nem se importarão com ameaças de castigo. Muitas vezes se instala nos<br />
corações infantis a rebelião, devido a uma errônea disciplina por parte <strong>dos</strong> pais<br />
quando, houvesse sido seguido a devida direção, elas teriam formado caráter<br />
harmônico e bom. Uma mãe que não tem perfeito domínio de si mesma, não é apta<br />
para governar os filhos. Testimonies, vol. 3, págs. 532 e 533, 1875.<br />
Vencei vossa disposição de ser exigentes com vosso filho, para que o freqüente reprovar<br />
não lhe torne vossa presença desagradável, e aborrecível o vosso conselho. Uni-o ao<br />
vosso coração, não por meio de imprudente condescendência, mas pelos suaves laços do<br />
amor. Podeis ser firmes e ao mesmo tempo bon<strong>dos</strong>os. Cristo deve ser vosso ajudador. O<br />
amor será o<br />
Pág. 139<br />
meio de atrair outros corações ao vosso, e vossa influência os poderá estabelecer no<br />
caminho direito.<br />
Tenho-vos advertido contra o espírito de censura, e novamente desejo advertir-vos<br />
acerca dessa falta. Por vezes Cristo reprovava com severidade, e em alguns casos<br />
talvez seja necessário que nós o façamos; devemos considerar, no entanto que, ao passo<br />
que Cristo conhecia a condição exata das pessoas repreendidas, e a quantidade de<br />
reprovação que elas podiam suportar, e o que era necessário para lhes corrigir a<br />
direção errônea, sabia também exatamente a maneira de Se compadecer <strong>dos</strong> errantes,<br />
56
confortar o desafortunado, e animar o fraco. Sabia bem como guardar as almas do<br />
desalento e inspirar-lhes esperança, porquanto estava relacionado com os motivos<br />
exatos e as provações peculiares de cada espírito. Ele não Se podia enganar.<br />
Testimonies, vol. 4, pág. 66, 1876.<br />
28<br />
Perigos <strong>dos</strong> Jovens<br />
Pág. 140<br />
A 6 de junho de 1863 foram-me mostra<strong>dos</strong> alguns <strong>dos</strong> perigos <strong>dos</strong> jovens. Satanás está<br />
controlando a mente da juventude, e dirigindo-lhes os inexperientes pés por sendas<br />
extraviadas. Eles ignoram-lhe os ardis, e nesses tempos perigosos, os pais devem estar<br />
alerta, trabalhando com perseverança e diligência para impedir a primeira<br />
aproximação do inimigo. Eles devem instruir os filhos quando saem e quando entram,<br />
quando se levantam e quando se sentam, dando regra sobre regra, mandamento sobre<br />
mandamento, um pouco aqui, um pouco ali.<br />
A obra da mãe começa com a criança. Ela deve dominar a vontade e o gênio da criança,<br />
levando-a à sujeição, ensinando-a a obedecer. À medida que a criança vai crescendo,<br />
não deve ela afrouxar a mão. Toda mãe deve tomar tempo para raciocinar com seus<br />
filhos, para corrigir-lhes os erros, e ensinar-lhes pacientemente o caminho direito. Os<br />
pais cristãos devem saber que estão instruindo e preparando os filhos para se<br />
tornarem filhos de Deus. Toda a vida religiosa das crianças é influenciada pelas<br />
instruções dadas, e o caráter formado na infância. Caso a vontade não seja então<br />
submetida e levada a ceder à vontade <strong>dos</strong> pais, difícil será a tarefa de aprender a lição<br />
nos anos posteriores. Que luta difícil, que conflito, sujeitar aquela vontade que nunca<br />
foi subordinada, ao que Deus requer! Os pais que negligenciam esta importante obra,<br />
cometem grande erro, e pecam contra as pobres crianças, e contra Deus.<br />
As crianças que vivem sob estrita disciplina sentir-se-ão por vezes, descontentes.<br />
Ficarão impacientes sob a restrição,<br />
Pág. 141<br />
e quererão fazer a própria vontade, e ir e vir como lhes aprouver. Especialmente da<br />
idade <strong>dos</strong> dez anos aos dezoito, acharão que não há nenhum mal em ir a piqueniques e<br />
a outras reuniões de jovens; todavia seus experientes pais podem ver perigo.<br />
Conhecem o temperamento de seus filhos, e sabem a influência dessas coisas sobre a<br />
mente deles e, pelo interesse que têm em sua salvação, afastam-nos desses<br />
divertimentos excitantes.<br />
Quando esses filhos decidem por si mesmos deixar os prazeres do mundo, e tornaremse<br />
discípulos de Cristo, que peso é tirado do coração <strong>dos</strong> pais cuida<strong>dos</strong>os e fiéis! Ainda<br />
assim, sua obra não deve cessar. Os filhos não devem ser deixa<strong>dos</strong> na liberdade de<br />
seguir sua própria orientação, e resolverem sempre por si mesmos. Eles apenas<br />
começaram a luta contra o pecado, o orgulho, a paixão, a inveja, o ciúme, o ódio e to<strong>dos</strong><br />
os males do coração natural. E os pais precisam vigiar e aconselhar os filhos, e resolver<br />
por eles, e mostrar-lhes que, se não prestarem voluntária e satisfeita obediência a seus<br />
pais, não podem obedecer voluntariamente a Deus, sendo-lhes impossível ser cristãos.<br />
Os pais devem animar os filhos a confiar neles, e desabafar com eles o coração quando<br />
têm desgostos e em suas diárias contrariedades e provas. Assim podem os pais<br />
aprender a compadecer-se <strong>dos</strong> filhos, e podem orar com eles e por eles, para que Deus<br />
os proteja e guie. Podem encaminhá-los a seu infalível Amigo e Conselheiro, o qual<br />
será tocado pelo sentimento das fraquezas deles, pois em tudo foi tentado como nós<br />
somos, mas sem pecado.<br />
Satanás tenta os filhos a serem reserva<strong>dos</strong> com os pais, e a buscar como confidentes<br />
seus jovens e inexperientes companheiros; aqueles que os não podem ajudar, antes<br />
lhes dão maus conselhos. Moças e rapazes juntam-se, e riem, e gracejam, e afastam a<br />
57
Cristo do próprio coração e os <strong>anjos</strong> de sua presença, em virtude de sua tola tagarelice.<br />
Inúteis conversas sobre os atos de outros, sobre este rapaz e aquela moça,<br />
Pág. 142<br />
fazem definhar os pensamentos e sentimentos nobres e devocionais, e expelem do<br />
coração os desejos bons e santos, deixando-o frio e destituído de verdadeiro amor para<br />
com Deus e a Sua verdade.<br />
Os filhos seriam poupa<strong>dos</strong> a muitos males, fossem eles mais familiares com seus pais.<br />
Estes devem estimular neles a disposição de ser abertos e francos com eles, a lhes<br />
levarem suas dificuldades, e a quando se acharem perplexos quanto à direção certa a<br />
tomar, a exporem a questão diante de seus pais, tal como eles a vêem, pedindo-lhes<br />
conselho. Quem é tão capaz de ver e indicar o perigo que eles correm, como os pais<br />
pie<strong>dos</strong>os? Quem pode, como eles, compreender o temperamento particular de seus<br />
filhos? A mãe que observou toda disposição de espírito desde a infância, estando assim<br />
familiarizada com a natural inclinação, está mais bem preparada para aconselhar seus<br />
filhos. Quem pode dizer tão bem quais os traços de caráter a combater e restringir,<br />
como a mãe, ajudada pelo pai?<br />
Os filhos cristãos preferem o amor e aprovação de seus pais tementes a Deus, a toda<br />
bênção terrena. Amarão e honrarão a seus pais. Deve constituir um <strong>dos</strong> principais<br />
cuida<strong>dos</strong> de sua vida saber como hão de tornar seus pais felizes. Nesta época rebelde,<br />
os filhos que não receberam a devida instrução e disciplina, têm bem pouca<br />
compreensão de sua obrigação para com os pais. Dá-se muitas vezes que, quanto mais<br />
os pais fazem por eles, tanto mais ingratos são, e menos os respeitam. As crianças que<br />
foram amimadas e servidas, esperam sempre isto; e caso sua expectativa não se<br />
realize, ficam decepcionadas e perdem o ânimo. Essa mesma disposição se manifestará<br />
através de toda a sua vida; serão impotentes, dependendo do auxílio de outros,<br />
esperando que outros os favoreçam, e lhes façam concessões. E caso encontrem<br />
oposição, mesmo depois de atingirem à idade adulta, julgam-se maltrata<strong>dos</strong>; e assim<br />
atravessam penosamente o caminho pelo mundo, mal sendo capazes de levar as<br />
próprias cargas, murmurando e<br />
Pág. 143<br />
irritando-se freqüentemente porque tudo não vai à medida de seus desejos.<br />
Crianças Mimadas<br />
Pais mal-avisa<strong>dos</strong> estão ensinando a seus filhos lições que se lhes demonstrarão<br />
nocivas, e plantando ao mesmo tempo espinhos para os próprios pés. Julgam que,<br />
mediante o satisfazer aos desejos <strong>dos</strong> filhos, e deixá-los seguir as próprias inclinações,<br />
podem granjear-lhes o amor. Que erro! As crianças assim amimadas crescem sem<br />
restrições aos seus desejos, insubmissas na disposição, egoístas, exigentes e despóticas,<br />
um tormento para si mesmas e para os que as cercam. Em grande parte, os pais têm<br />
nas mãos a futura felicidade de seus filhos. Repousa sobre eles a importante obra de<br />
formar o caráter <strong>dos</strong> mesmos. Os ensinos ministra<strong>dos</strong> na infância os acompanharão<br />
através da vida. Os pais semeiam as sementes que brotarão e darão frutos, seja para<br />
bem, seja para mal. Eles podem habilitar seus filhos e filhas para a felicidade ou para<br />
a miséria.<br />
As crianças devem ser ensinadas desde muito cedo a serem úteis, a se servirem a si<br />
mesmas e aos outros. Muitas filhas nestes tempos, podem sem remorso ver sua mãe<br />
labutando, cozinhando, lavando ou passando, enquanto elas se sentam na sala de<br />
visitas e lêem histórias, fazem tricô, crochê ou borda<strong>dos</strong>. Têm o coração tão insensível<br />
como uma pedra. Mas onde se origina esse mal? Quais são os que têm a principal culpa<br />
nesse ponto, em geral? Os pobres e engana<strong>dos</strong> pais. Passam por alto o futuro de seus<br />
filhos, e em seu errôneo afeto, deixam-nos sentar-se ociosamente, ou fazer o que é de<br />
pouca importância, que não exige exercício da mente ou <strong>dos</strong> músculos, e depois<br />
desculpam as indolentes filhas por serem fracas. Que as tornou fracas? Em muitos<br />
casos, foi a errônea educação. A devida quantidade de exercício em torno da casa,<br />
58
melhoraria tanto a mente como o corpo. Mas os filhos são priva<strong>dos</strong> disto devido às<br />
falsas idéias, até que ficam avessos ao trabalho. Isto é desagradável, e não se<br />
harmoniza com as idéias que eles<br />
Pág. 144<br />
nutrem sobre a gentileza. Julga-se impróprio de uma dama e mesmo vulgar, lavar<br />
louça, passar ou estar a um tanque de lavar roupa. Tal é o ensino da moda que se<br />
ministra aos filhos nesta época infeliz.<br />
O povo de Deus deve ser governado por princípios mais eleva<strong>dos</strong> que os mundanos, que<br />
procuram pautar toda a sua conduta segundo a moda. Os pais tementes a Deus devem<br />
preparar os filhos para uma vida de utilidade. Não devem permitir que seus princípios<br />
de governo sejam mancha<strong>dos</strong> com as extravagantes idéias dominantes neste século, de<br />
que se devem acomodar às modas, e ser regi<strong>dos</strong> pelas opiniões <strong>dos</strong> mundanos. Não<br />
devem permitir que os filhos escolham seus próprios companheiros. Ensinai-lhes que<br />
vos cumpre escolher para eles. Preparai-os para assumir responsabilidades enquanto<br />
jovens.<br />
Se vossos filhos forem desabitua<strong>dos</strong> ao trabalho, cansar-se-ão depressa. Queixar-se-ão<br />
de dor no lado, dor nas costas, cansaço <strong>dos</strong> membros; e estais em risco de, por dó, fazer<br />
vós mesmos o trabalho, para que eles não sofram um pouco. Que seja a princípio bem<br />
leve a responsabilidade a pesar sobre as crianças, e depois, dia a dia, aumentara, até<br />
que possam fazer a devida porção de trabalho sem se cansar. A inatividade é a maior<br />
causa de dor no lado e dor na costas entre as crianças.<br />
Há uma classe de jovens senhoras, nesta época, que são simplesmente criaturas<br />
inúteis, que servem apenas para respirar, comer, vestir, e dizer tolices enquanto<br />
seguram nas mãos uma peça de bordado ou um crochê. Poucas jovens, porém, mostram<br />
real discernimento e bom senso. Vivem uma vida de borboletas, sem objetivo especial.<br />
Quando esta classe de companheiras mundanas se ajuntam, quase que só podeis ouvir<br />
algumas tolas observações sobre vesti<strong>dos</strong>, ou qualquer assunto frívolo, e depois riem<br />
de suas próprias observações, que consideram muito inteligentes. Isto é<br />
freqüentemente feito em presença de pessoas de mais idade, que não se podem deixar<br />
de entristecer por tal falta de reverência por<br />
Pág. 145<br />
seus anos. Essas jovens parecem haver perdido todo o senso de modéstia e boas<br />
maneiras. Todavia o modo por que foram criadas as leva a julgar isto o cúmulo da<br />
gentileza.<br />
Esse espírito é como uma doença contagiosa. O povo de Deus deve escolher o convívio<br />
de seus filhos, e ensinar-lhes a evitar a companhia desses mundanos vãos. As mães<br />
devem levar consigo as filhas para a cozinha, e ensiná-las pacientemente. Sua<br />
constituição ficará melhor por fazer esse trabalho; seus músculos adquirirão vigor e<br />
resistência, e serão mais saudáveis suas meditações, e mais elevadas, quando chegar o<br />
fim do dia. Talvez se achem fatigadas mas quão doce é o repouso depois de uma justa<br />
medida de trabalho! O sono, o suave restaurador da natureza, revigora o corpo<br />
fatigado, e prepara-o para os deveres do dia seguinte. Não deis a entender a vossos<br />
filhos que não importa se eles trabalham ou não. Ensinai-lhes que seu auxílio é<br />
necessário, seu tempo é valioso, e que contais com seus serviços.<br />
O Pecado da Preguiça<br />
Foi-me mostrado que muito pecado é resultado da preguiça. Mãos e mentes ativas não<br />
acham tempo para dar ouvi<strong>dos</strong> a toda tentação sugerida pelo inimigo; as mãos e os<br />
cérebros ociosos, porém, estão sempre em condições de ser controla<strong>dos</strong> por Satanás.<br />
Quando não devidamente ocupada, a mente demora-se em coisas impróprias. Os pais<br />
devem ensinar a seus filhos que a ociosidade é pecado. Foi me mostrado este texto:<br />
"Eis que esta foi a maldade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de pão, e<br />
abundância de ociosidade teve ela e suas filhas; mas nunca esforçou a mão do pobre e<br />
do necessitado." Ezeq. 16:49.<br />
59
Os filhos devem sentir-se em dívida para com os pais, que lhes têm protegido na<br />
infância e cuidado deles nas enfermidades. Devem compreender que os pais têm<br />
sofrido muita ansiedade por causa deles. Especialmente têm os pais conscienciosos e<br />
pie<strong>dos</strong>os sentido profundo interesse em que seus filhos sigam a direção devida. Ao<br />
verem faltas neles, quão opresso lhes fica o<br />
Pág. 146<br />
coração! Pudessem os filhos que têm ocasionado esses desgostos ver o efeito de sua<br />
conduta, e haveriam de sensibilizar-se. Caso vissem as lágrimas de sua mãe e lhe<br />
ouvissem as orações a Deus em seu favor, se lhes fosse dado escutar-lhes os reprimi<strong>dos</strong><br />
e entrecorta<strong>dos</strong> suspiros, o coração lhes doeria, e confessariam prontamente suas<br />
faltas e pediriam perdão. Uma obra há a ser feita por velhos e jovens. Cumpre aos pais<br />
habilitarem-se melhor para se desempenhar de sua missão para com os seus rebentos.<br />
Alguns pais não compreendem os filhos, e não se relacionam verdadeiramente com<br />
eles. Existe com freqüência grande separação entre aqueles e estes. Caso penetrassem<br />
os pais mais plenamente no sentimento <strong>dos</strong> filhos e verificassem o que lhes está no<br />
coração, isto exerceria sobre eles uma influência benéfica.<br />
A Conversão de Crianças<br />
Cumpre aos pais lidarem fielmente com as almas a eles confiadas. Não devem animar<br />
nos filhos o orgulho, o desperdício ou o amor da ostentação. Não lhes devem ensinar<br />
nem consentir que aprendam pequenas manhas que parecem divertidas nos<br />
pequeninos, mas que terão de desaparecer e pelas quais terão de ser corrigi<strong>dos</strong> quando<br />
forem mais velhos. Os hábitos primeiramente forma<strong>dos</strong> não são esqueci<strong>dos</strong> facilmente.<br />
Pais, deveis começar a disciplinar o espírito de vossos filhos enquanto bem tenros,<br />
visando que venham a ser cristãos. Seja todo o vosso esforço para sua salvação.<br />
Procedei como se eles fossem confia<strong>dos</strong> aos vossos cuida<strong>dos</strong> a fim de serem prepara<strong>dos</strong>,<br />
qual jóias preciosas, para brilharem no reino de Deus. Acautelai-vos, não os embaleis<br />
para adormecerem à beira do abismo da destruição, com a errônea idéia de que não<br />
têm idade suficiente para serem responsáveis, para se arrependerem de seus peca<strong>dos</strong> e<br />
professarem a Cristo.<br />
Minha mente foi dirigida às muitas preciosas promessas registradas para aqueles que<br />
cedo buscam ao Salvador. "Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes<br />
que<br />
Pág. 147<br />
venham os maus dias, e cheguem os anos, <strong>dos</strong> quais venhas a dizer: Não tenho neles<br />
contentamento." Ecl. 12:1. "Eu amo aos que Me amam, e os que de madrugada Me<br />
buscam Me acharão." Prov. 8:17. O grande Pastor de Israel está a dizer ainda: "Deixai<br />
vir a Mim os meninos, e não os impeçais, porque <strong>dos</strong> tais é o reino de Deus." Luc. !8:16.<br />
Ensinai a vossos filhos que a mocidade é o melhor tempo de buscar ao Senhor. Então<br />
os far<strong>dos</strong> da vida não pesam sobre eles, e sua mente jovem não é perturbada pelos<br />
cuida<strong>dos</strong>; enquanto são tão livres, devem consagrar o melhor de sua energia a Deus.<br />
Vivemos em uma época infeliz para as crianças. Forte corrente está impelindo para<br />
baixo, para a perdição, e é necessário mais que a experiência da meninice e sua força<br />
para avançar contra esta corrente, sem ser por ela derribado. Os jovens parecem em<br />
geral ser cativos de Satanás, e ele e seus <strong>anjos</strong> os estão conduzindo a uma destruição<br />
certa. Satanás e seus <strong>anjos</strong> estão guerreando contra o governo de Deus, e a to<strong>dos</strong> os<br />
que sentem o desejo de entregar-Lhe o coração e Lhe obedecerem aos mandamentos, o<br />
inimigo procurará desconcertar, e vencer com suas tentações, a fim de se desanimarem<br />
e abandonarem a luta.<br />
Pais, ajudai a vossos filhos. Despertai da letargia de que vos achais possuí<strong>dos</strong>. Vigiai<br />
continuamente para cortar a corrente e sacudir o peso do mal que Satanás está<br />
impelindo sobre vossos filhos. As crianças não podem fazer isto por si mesmas, mas os<br />
pais podem conseguir muito. Mediante fervorosa oração e viva fé, obter-se-ão grandes<br />
vitórias. Alguns pais não têm compreendido as responsabilidades que repousam sobre<br />
60
eles, e têm negligenciado a educação religiosa de seus filhos. Os primeiros<br />
pensamentos do cristão pela manhã, devem ser para Deus. Os trabalhos seculares e os<br />
interesses próprios devem vir em segundo lugar. Os filhos devem ser ensina<strong>dos</strong> a<br />
respeitar e reverenciar a hora de oração. Antes de sair de casa para o trabalho, toda a<br />
família deve ser reunida, e o pai ou a mãe na ausência dele, deve rogar fervorosamente<br />
a Deus que<br />
Pág. 148<br />
os guarde durante o dia. Ide com humildade, coração cheio de ternura, e com o senso<br />
das tentações e perigos que se acham diante de vós e de vossos filhos; pela fé, atai-os<br />
ao altar, suplicando para eles o cuidado do Senhor. Anjos ministradores hão de<br />
guardar as crianças assim consagradas a Deus. É o dever <strong>dos</strong> pais cristãos, de manhã<br />
e à tarde, pela fervente oração e fé perseverante, porem um muro em torno de seus<br />
filhos. Cumpre-lhes instruí-los pacientemente - bon<strong>dos</strong>a e infatigavelmente ensinailhes<br />
a viver de maneira a agradar a Deus.<br />
A Disciplina e Educação Apropriadas<br />
A impaciência nos pais desperta a mesma nos filhos. A paixão manifestada pelos pais,<br />
cria paixões nos filhos, suscitando-lhes o mal da própria natureza. Alguns pais<br />
corrigem os filhos severamente, num espírito de impaciência, e muitas vezes de paixão.<br />
Tais correções não produzem bons resulta<strong>dos</strong>. Procurando corrigir um mal, geram<br />
outro. O constante censurar e açoitar endurece as crianças e as afasta <strong>dos</strong> pais.<br />
Primeiro devem os pais aprender a se dominarem, depois poderão ser mais bemsucedi<strong>dos</strong><br />
em controlar os próprios filhos. Toda vez que eles perdem o domínio de si<br />
mesmos, e falam e agem impacientemente, pecam contra Deus. Devem antes<br />
raciocinar com os filhos, apontar-lhes claramente seus erros, mostrar-lhes seu pecado,<br />
e impressioná-los com o pensamento de que não somente pecaram contra seus pais,<br />
mas contra o Senhor. Tendo o próprio coração submisso e cheio de piedade e dor por<br />
vossos filhos errantes, orai com eles antes de corrigi-los. Então a disciplina não os<br />
levará a vos aborrecerem. Hão de amar-vos. Verão que os não castigais por vos<br />
haverem contrariado, ou porque desejais descarregar sobre eles vosso desagrado; mas<br />
por um sentimento de dever,<br />
Pág. 149<br />
para seu próprio bem, para não serem deixa<strong>dos</strong> a crescer no pecado.<br />
Alguns pais têm deixado de dar aos filhos educação religiosa, e também negligenciado<br />
sua instrução escolar. Nem uma nem outra devia ter sido esquecida. A mente das<br />
crianças é ativa, e, caso não seja empregada em trabalho físico, ou ocupada no estudo,<br />
estará exposta às más influências. É pecado os pais permitirem que seus filhos<br />
cresçam na ignorância. Devem fornecer-lhes livros bons e interessantes, e ensiná-los a<br />
trabalhar, a terem horas de labor físico, e horas para dedicarem ao estudo e à leitura.<br />
Os pais devem buscar elevar a mente de suas crianças, e desenvolver-lhes as<br />
faculdades mentais. A mente deixada a si mesma, inculta, é geralmente baixa, sensual<br />
e corrupta. Satanás aproveita sua oportunidade, e educa as mentes ociosas.<br />
Pais, o anjo relator escreve toda palavra impaciente, irritada que dirigis a vossos<br />
filhos. Todo fracasso de vossa parte em ministrar-lhes o devido ensino, e mostrar-lhes<br />
a excessiva malignidade do pecado, e o resultado final de uma direção pecaminosa, é<br />
registrada contra o vosso nome. Toda palavra descuidada proferida diante deles,<br />
negligentemente ou em gracejo, toda palavra que não seja pura e elevada, o anjo<br />
relator assinala como uma mancha em vosso caráter cristão. To<strong>dos</strong> os vossos atos são<br />
registra<strong>dos</strong>, sejam eles bons ou maus.<br />
Os pais não podem ser bem-sucedi<strong>dos</strong> no governo <strong>dos</strong> filhos enquanto não houverem<br />
primeiro aperfeiçoado o domínio de si mesmos. Precisam primeiro aprender a<br />
subjugarem-se a si, a dominarem as próprias palavras, e até a expressão da<br />
fisionomia. Não devem permitir que as inflexões de sua voz sejam perturbadas ou<br />
agitadas pela exaltação e a paixão. Poderão assim exercer decidida influência sobre os<br />
61
filhos. As crianças talvez desejem fazer o que é direito, talvez se proponham no coração<br />
a ser obedientes e bon<strong>dos</strong>as para com seus pais ou dirigentes; mas necessitam da parte<br />
deles auxílio e animação. Farão boas resoluções, mas a menos que seus princípios<br />
sejam<br />
Pág. 150<br />
fortaleci<strong>dos</strong> pela religião, e sua vida influenciada pela renovadora graça de Deus,<br />
deixarão de atingir o alvo.<br />
Cumpre aos pais redobrarem de esforços pela salvação <strong>dos</strong> filhos. Devem instruí-los<br />
fielmente, não permitindo que façam como melhor puderem a educação própria. Não se<br />
deve suportar que os jovens aprendam o bem e o mal, indiscriminadamente, com a<br />
idéia de que um dia, no futuro, o bem predominará, e o mal perderá sua influência. O<br />
mal aumentará mais depressa que o bem. É possível que o mal que eles aprenderam<br />
seja desarraigado depois de muitos anos; mas quem se arriscará a isto? O tempo é<br />
breve. É mais fácil e muito mais seguro semear sementes puras e boas no coração de<br />
vossos filhos, do que arrancar mais tarde as ervas ruins. É dever <strong>dos</strong> pais vigiar para<br />
que influências ambientes não tenham efeito daninho sobre seus filhos. É seu dever<br />
escolher os companheiros para eles, e não permitir que eles mesmos os escolham.<br />
Quem cuidará disto, se os pais não o fizerem? Poderão outros ter por vossos filhos o<br />
interesse que vós mesmos deveríeis ter? Podem eles ter aquele constante cuidado e<br />
profundo amor nutrido pelos pais?<br />
Os filhos <strong>dos</strong> observadores do sábado talvez se tornem impacientes com a restrição, e<br />
julguem os pais muito estritos; é possível até que se levantem maus sentimentos em<br />
seu coração, e que eles nutram idéias de descontentamento, fiquem ressenti<strong>dos</strong> contra<br />
os que estão trabalhando pelo seu bem presente, futuro e eterno. Se, porém, a vida<br />
lhes for poupada por alguns anos, hão de bendizer os pais por aquele estrito cuidado e<br />
fiel vigilância sobre eles nos anos de sua inexperiência.<br />
Os pais devem expor e simplificar o plano da salvação a seus filhos, de modo que o<br />
tenro espírito <strong>dos</strong> mesmos o possa apreender. As crianças de oito, dez, ou doze anos, já<br />
têm idade suficiente para serem dirigidas ao tema da religião individual. Não ensineis<br />
vossos filhos com referência a um tempo futuro em que eles terão idade bastante para<br />
se arrependerem e crerem na verdade. Caso sejam devidamente instruídas, crianças<br />
bem tenras podem ter idéias corretas quanto a seu estado de<br />
Pág. 151<br />
pecadores, e ao caminho da salvação por meio de Cristo. Os pastores são em geral<br />
bastante indiferentes para com a salvação das crianças, e não se dirigem a elas tão<br />
pessoalmente como deveriam. Passam com freqüência desaproveitadas áureas<br />
oportunidades de impressionar a mente delas.<br />
A Influência Doméstica<br />
A má influência em torno de nossos filhos é quase avassaladora; ela lhes está<br />
corrompendo a mente e arrastando-os à perdição. O espírito da juventude é<br />
naturalmente inclinado à leviandade; e nos verdes anos, antes de o caráter estar<br />
formado e o discernimento amadurecido, manifestam freqüentemente preferência por<br />
companheiros que exercerão nociva influência sobre eles. Alguns afeiçoam-se a pessoas<br />
de outro sexo, contrariamente aos desejos e rogos <strong>dos</strong> pais, e transgridem o quinto<br />
mandamento com o desonrá-los assim. É dever <strong>dos</strong> pais vigiarem o sair e o entrar de<br />
seus filhos. Devem estimulá-los e apresentar-lhes incentivos a serem atraí<strong>dos</strong> ao lar, e<br />
que façam ver o interesse que os pais neles têm. Os chefes de família devem tornar o<br />
lar aprazível e alegre.<br />
Pais e mães, falai bon<strong>dos</strong>amente a vossos filhos, lembrai-vos de como sois sensíveis, e<br />
do efeito que têm sobre vós as censuras; refleti e reconhecer que eles são como vós. O<br />
que não podeis suportar, não lanceis sobre eles. Se não vos é possível sofrer censura e<br />
acusação, tampouco o podem vossas crianças, mais fracas do que vós, e que não podem<br />
suportar tanto. Sejam sempre vossas palavras aprazíveis, alegres, como raios de sol<br />
62
em vossa família. Os frutos do domínio próprio, da solicitude e do esforço serão<br />
centuplica<strong>dos</strong>.<br />
Os pais não têm direito de lançar uma nuvem sombria por sobre a felicidade de seus<br />
filhos mediante críticas ou censuras severas por quaisquer pequeninos erros. O<br />
verdadeiro erro e pecado, deve ser apresentado tão pecaminoso como na verdade é,<br />
seguindo-se uma firme, resoluta orientação a fim de impedir sua reincidência. As<br />
crianças precisam ser<br />
Pág. 152<br />
impressionadas com um senso de seus erros, todavia não se deve deixá-las em um<br />
desesperançado estado de espírito, mas com certa medida de animação quanto a<br />
poderem melhorar-se e conquistar-vos a confiança e aprovação.<br />
Demasiada Brandura<br />
Alguns pais se enganam em dar a seus filhos demasiada liberdade. Têm por vezes<br />
tanta confiança neles, que não lhes vêem as faltas. É errado permitir às crianças, com<br />
certa despesa, fazerem visitas a distância, sem estarem acompanhadas <strong>dos</strong> pais ou de<br />
um guardião. Isto tem um mau efeito sobre elas. Chegam a pensar que são de muita<br />
importância, e que lhes pertencem certos privilégios, e caso estes lhes não sejam<br />
concedi<strong>dos</strong>, acham que estão sendo tratadas injustamente. Referem-se a crianças que<br />
vão para lá e para cá, e têm muitas regalias, ao passo que elas as têm tão poucas.<br />
E a mãe, receando que os filhos a julguem injusta, satisfaz-lhes os desejos, o que se<br />
demonstra afinal grandemente nocivo para eles. Visitantes jovens, não tendo sobre si<br />
os olhos vigilantes <strong>dos</strong> pais para verem e corrigirem suas faltas, recebem muitas vezes<br />
impressões que levará meses para apagar. Minha atenção foi dirigida a casos de pais<br />
que tinham filhos bons e obedientes, os quais, tendo a maior confiança em certas<br />
famílias, confiaram em deixar seus filhos irem a certa distância para visitar esses<br />
amigos. Desse tempo em diante, houve inteira mudança na conduta e caráter de seus<br />
filhos. Antes estavam contentes e felizes em casa, e não tinham grande desejo de<br />
andar muito na companhia de outros jovens. Ao voltarem para os pais, a restrição<br />
parecia injustiça, e o lar se lhes afigurava uma prisão. Tais gestos imprudentes <strong>dos</strong><br />
pais decidem o caráter de seus filhos.<br />
Por essas visitas, algumas crianças formam amizades que no fim se demonstram sua<br />
ruína. Pais, conservai, se puderdes, vossos filhos convosco, e vigiai-os com a mais<br />
profunda solicitude. Quando os deixais ir fazer visitas distantes de vós, eles<br />
Pág. 153<br />
julgam ter idade suficiente para cuidarem de si mesmos, e decidirem por si. Assim<br />
deixa<strong>dos</strong> a si mesmos, os jovens têm muitas vezes conversas sobre assuntos que os não<br />
refinam e elevam, nem lhes aumentam o amor pelas coisas religiosas. Quanto mais<br />
têm permissão de fazer visitas, tanto maior será seu desejo de ir, e menos atraente<br />
lhes parecerá o lar.<br />
Filhos, Deus achou por bem confiar-vos aos cuida<strong>dos</strong> de vossos pais, para que vos<br />
instruam e disciplinem, desempenhando assim sua parte na formação de vosso caráter<br />
para o Céu. Todavia cumpre-vos a vós o decidir se formareis um bom caráter cristão,<br />
mediante o aproveitar da melhor maneira as vantagens que vos têm sido dadas por<br />
pais pie<strong>dos</strong>os, fiéis, da<strong>dos</strong> à oração. Não obstante toda a ansiedade e fidelidade <strong>dos</strong><br />
pais em favor <strong>dos</strong> filhos, sozinhos eles não os podem salvar. Resta aos filhos uma obra<br />
a fazer. Cada filho tem um caso individual a atender. Pais crentes, tendes uma obra de<br />
responsabilidade diante de vós, o guiar os passos de vossos filhos, mesmo em sua<br />
experiência religiosa. Quando amarem verdadeiramente a Deus, vos bendirão e<br />
reverenciarão pelo cuidado que manifestastes por eles, e por vossa fidelidade em<br />
restringir-lhes os desejos e sujeitar-lhes a vontade.<br />
A influência dominante no mundo, é consentir que os jovens sigam a inclinação<br />
natural de seu espírito. E quando são muito desenfrea<strong>dos</strong> na mocidade, os pais dizem<br />
que hão de endireitar depois de algum tempo, e quando estiverem com dezesseis ou<br />
63
dezoito anos, raciocinarão por si, e deixarão seus maus hábitos, tornando-se afinal<br />
homens e mulheres úteis. Que engano! Permitem por anos que um inimigo semeie o<br />
jardim do coração, admitem que os errôneos princípios se desenvolvam e assim, em<br />
muitos casos, todo o labor empregado posteriormente naquele solo, nada aproveitará.<br />
Satanás é um astucioso e perseverante operário, um inimigo mortal. Quando quer que<br />
uma palavra inadvertida for dita para prejuízo da juventude, seja em lisonja, seja para<br />
fazê-los considerar com menos aversão a algum pecado, Satanás<br />
Pág. 154<br />
aproveita-se disto, e nutre a má semente, para que ela deite raiz e dê colheita<br />
abundante. Alguns pais têm permitido que os filhos formem maus hábitos, cujos<br />
vestígios poderão ser vistos através de toda a vida. Pesa sobre os pais esse pecado.<br />
Esses filhos podem professar cristianismo, todavia, sem uma obra especial da graça<br />
em seu coração, e uma completa reforma na vida, seus hábitos passa<strong>dos</strong> se<br />
manifestarão em toda a sua existência e ostentarão justamente o caráter que os pais<br />
permitiram que eles formassem.<br />
Mistura<strong>dos</strong> com o Mundo em Seus Prazeres<br />
A norma da piedade é tão baixa entre os professos cristãos em geral, que os que<br />
desejam seguir a Cristo em sinceridade, acham essa tarefa muito mais trabalhosa e<br />
difícil do que de outro modo lhes seria. A influência <strong>dos</strong> professos cristãos mundanos é<br />
prejudicial aos jovens. A massa <strong>dos</strong> cristãos professos tem removido a linha divisória<br />
entre os cristãos e o mundo, e ao passo que professam viver para Cristo, estão vivendo<br />
para o mundo. Sua fé não tem senão uma pequena influência em restringir-lhes os<br />
prazeres; conquanto professem ser filhos da luz, andam em trevas, e são filhos da noite<br />
e das trevas.<br />
Os que andam nas trevas não podem amar a Deus e desejar sinceramente glorificá-Lo.<br />
Não se acham ilumina<strong>dos</strong> para discernir a excelência das coisas celestiais, e portanto<br />
não as podem amar. Professam ser cristãos porque isto é honroso, e não há para os<br />
seus ombros uma cruz. Seus motivos são freqüentemente egoístas. Alguns desses<br />
professos cristãos podem entrar na sala de baile, e participar de to<strong>dos</strong> os divertimentos<br />
que ela oferece. Outros não chegam a esse ponto, mas sentem-se na liberdade de<br />
participar de reuniões de prazer, piqueniques, quermesses e espetáculos. E o mais<br />
atento <strong>dos</strong> olhos não poderia discernir nesses professos cristãos um sinal de<br />
cristianismo. Uma pessoa não distinguiria em seu aspecto qualquer diferença entre<br />
eles e o maior <strong>dos</strong> incrédulos. O professo cristão, o dissoluto, o franco<br />
Pág. 155<br />
escarnecedor da religião e o declarado profano, misturam-se to<strong>dos</strong> como um só. E Deus<br />
os considera como um só no espírito e na prática.<br />
Uma profissão de cristianismo sem a fé e as obras correspondentes, de nada<br />
aproveitará. Homem algum pode servir a dois senhores. Os filhos do maligno são<br />
servos de seu senhor; de quem se fazem servos para lhe obedecer, desses são servos, e<br />
não podem ser servos de Deus enquanto não renunciarem ao diabo e a todas as suas<br />
obras. Não pode ser inofensivo para os servos do celeste Rei, o empenharem-se nos<br />
prazeres e diversões em que se empenham os servos de Satanás, embora eles repitam<br />
muitas vezes que tais diversões são inocentes. Deus tem revelado santas e sagradas<br />
verdades para separar Seu povo <strong>dos</strong> ímpios e purificá-los para Si. Os adventistas do<br />
sétimo dia devem viver sua fé. Os que obedecem aos Dez Mandamentos, vêem o estado<br />
do mundo e as coisas religiosas de um ponto de vista inteiramente diferente de como os<br />
vêem os professos cristãos que são amantes <strong>dos</strong> prazeres, que se esquivam à cruz e<br />
vivem na transgressão do quarto mandamento.<br />
No atual estado de coisas na sociedade, não é fácil tarefa os pais refrearem os filhos, e<br />
ensiná-los segundo a regra bíblica do direito. Os religiosos professos têm se afastado<br />
tanto da Palavra de Deus, que quando Seu povo volta para Sua sagrada Palavra, e<br />
quer educar os filhos segundo os preceitos dela e, como Abraão outrora, ordenar sua<br />
64
casa depois deles, as pobres crianças com tais influências ao seu redor julgam seus<br />
pais desnecessariamente restritos e por demais cuida<strong>dos</strong>os quanto a seus<br />
companheiros. Desejam naturalmente seguir o exemplo <strong>dos</strong> professos cristãos<br />
mundanos e amantes <strong>dos</strong> prazeres.<br />
Nestes dias mal se conhecem a perseguição e a injúria por amor de Cristo. Bem pouco<br />
é o sacrifício e a abnegação necessária para alguém se revestir de uma forma de<br />
piedade, ter o nome no livro da igreja; viver, porém, de tal maneira que nossos<br />
caminhos sejam agradáveis a Deus, e nossos nomes registra<strong>dos</strong> no livro da vida,<br />
exigirá vigilância e oração, abnegação e<br />
Pág. 156<br />
sacrifício de nossa parte. Os professos cristãos não são de modo algum exemplo para a<br />
juventude, a não ser quando eles seguem a Cristo. As ações justas são inequívocos<br />
frutos da verdadeira piedade. O Juiz de toda a Terra dará a cada um segundo as suas<br />
obras. As crianças que seguem a Cristo têm diante de si uma batalha a travar; têm<br />
uma cruz diária a levar no sair do mundo, e serem separadas, e em imitarem a vida de<br />
Cristo.<br />
29<br />
Andar na Luz<br />
Pág. 157<br />
Foi-me mostrado que o povo de Deus demora demasiado sob nuvens. Não é vontade<br />
dele que eles vivam em incredulidade. Jesus é luz, e nele não há treva alguma. Seus<br />
filhos são filhos da luz. São renova<strong>dos</strong> à Sua imagem, e chama<strong>dos</strong> das trevas para Sua<br />
maravilhosa luz. Ele é a luz do mundo, e assim são os que O seguem. Não andarão em<br />
trevas, mas terão a luz da vida. Quanto mais rigorosamente se esforçar o povo de Deus<br />
para imitar a Cristo, tanto mais perseverantemente serão eles persegui<strong>dos</strong> pelo<br />
inimigo; sua proximidade de Cristo, porém, fortalece-os para resistir aos esforços de<br />
seu astuto inimigo para os alienar de Cristo.<br />
Foi-me mostrado que há demasiado comparar-nos uns aos outros, tomando por<br />
exemplo mortais falíveis, quando temos um seguro e infalível Modelo. Não nos<br />
devemos medir pelo mundo, nem pelas opiniões <strong>dos</strong> homens, nem pelo que nós éramos<br />
antes de abraçarmos a verdade. Nossa fé e posição no mundo, porém, tais como são<br />
agora, devem ser compara<strong>dos</strong> com o que poderiam ter sido, caso nossa direção tivesse<br />
sido sempre para a frente e para cima, desde que professamos ser seguidores de Cristo.<br />
Esta é a única comparação digna de confiança que se pode fazer. Em qualquer outra<br />
haverá engano. Se o caráter moral e o estado espiritual do povo de Deus não<br />
correspondem às bênçãos, privilégios e luz a eles concedi<strong>dos</strong>, são pesa<strong>dos</strong> na balança, e<br />
os <strong>anjos</strong> fazem o registro: EM FALTA.<br />
Quanto a alguns, parece que lhes é oculto seu verdadeiro estado. Eles vêem a verdade,<br />
mas não lhe percebem a importância, ou suas reivindicações. Ouvem a verdade, mas<br />
não a<br />
Pág. 158<br />
compreendem plenamente, porque não harmonizam com ela sua vida, não sendo<br />
portanto santifica<strong>dos</strong> pela obediência à mesma. Todavia eles descansam tão<br />
desinteressa<strong>dos</strong> e satisfeitos como se a nuvem de dia e a coluna de fogo à noite fossem<br />
adiante deles, sinal do favor de Deus. Professam conhecer a Deus, mas negam-nO com<br />
as obras. Contam-se como Seu povo escolhido e peculiar, todavia Sua presença e poder<br />
de salvar perfeitamente raro se manifestam entre eles. Quão grandes são as trevas<br />
dessas pessoas! no entanto elas o não sabem. A luz resplandece, elas, porém, não a<br />
compreendem. Não há mais forte ilusão a enganar a mente humana, do que a que as<br />
faz crer que são justas, e que Deus aceita Suas obras, quando estão pecando contra<br />
Ele. Tomam a forma da piedade pelo espírito e poder da mesma. Julgam-se ricos, e que<br />
de nada têm falta, quando são pobres, miseráveis, cegos e nus, careci<strong>dos</strong> de tudo.<br />
65
Alguns há que professam ser seguidores de Cristo, e todavia não fazem nenhum<br />
esforço no sentido espiritual. Em to<strong>dos</strong> os empreendimentos mundanos, desenvolvem<br />
esforços e manifestam ambição de conseguir seu objetivo, e realizar o desejado fim; no<br />
empreendimento da vida eterna, no entanto, em que tudo está em jogo e sua felicidade<br />
eterna depende de seu triunfo, procedem com tanta indiferença como se não fossem<br />
agentes morais, como se outro estivesse jogando a partida da vida por eles, e eles não<br />
tivessem nada a fazer senão aguardar os resulta<strong>dos</strong>. Oh, que loucura! que demência!<br />
Se to<strong>dos</strong> manifestarem na vida eterna tão-somente aquele grau de ambição, zelo e<br />
diligência que mostram em seus empreendimentos mundanos, serão vitoriosos. Cada<br />
um, eu vi, tem de obter por si mesmo uma experiência, to<strong>dos</strong> têm de desempenhar bem<br />
e fielmente sua parte na partida da vida. Satanás vigia sua oportunidade de apoderarse<br />
das preciosas graças, quando estamos desapercebi<strong>dos</strong>, e teremos um renhido<br />
conflito com as forças das trevas para conservar essas graças ou readquirir uma graça<br />
celeste caso, por falta de vigilância, a venhamos a perder.<br />
Pág. 159<br />
Alerta Quanto ao Conflito<br />
Foi-me mostrado, porém, que é privilégio <strong>dos</strong> cristãos alcançar de Deus força para<br />
conservar todo precioso dom. A oração fervente e eficaz será considerada no Céu.<br />
Quando os servos de Cristo tomam o escudo da fé como sua defesa, e a espada do<br />
Espírito para combater, há perigo no acampamento do adversário, e deve ser feita<br />
alguma coisa. A perseguição e as dificuldades apenas esperam que os que se acham<br />
dota<strong>dos</strong> de poder do alto os chamem à ação. Quando a verdade em sua simplicidade e<br />
força prevalecer entre os crentes, e for posta contra o espírito do mundo, evidenciar-seá<br />
que não há concórdia entre Cristo e Belial. Os discípulos de Cristo devem ser<br />
exemplos vivos da vida e espírito de seu Senhor.<br />
Jovens e velhos têm diante de si um conflito, uma guerra. Não devem dormir nem por<br />
um momento. Um perigoso inimigo está constantemente alerta para os desencaminhar<br />
e vencer. Os crentes na verdade presente devem ser tão vigilantes como seu<br />
adversário, e manifestar sabedoria em resistir a Satanás. Farão eles isto?<br />
Perseverarão eles nesta peleja? Serão cuida<strong>dos</strong>os de afastar-se de toda iniqüidade?<br />
Cristo é negado de muitas maneiras. Podemos negá-Lo por falar em contrário da<br />
verdade, por falar mal <strong>dos</strong> outros, por conversas e gracejos tolos, ou por palavras<br />
ociosas. Nestas coisas manifestamos bem pouco tato ou sabedoria. Tornamo-nos fracos;<br />
são débeis nossos esforços para resistir a nosso grande inimigo, e somos venci<strong>dos</strong>. "Do<br />
que há em abundância no coração disso fala a boca", e devido à falta de vigilância<br />
confessamos que Cristo não está em nós.<br />
Os que hesitam em consagrar-se sem reservas a Deus, fazem uma fraca obra no seguir<br />
a Cristo. Seguem-nO a tão grande distância que a metade do tempo não sabem se<br />
estão seguindo Suas pegadas, ou as do grande inimigo. Por que somos tão tardios em<br />
renunciar a nossos interesses nas coisas deste mundo, e tomar a Cristo como nossa<br />
única porção? Por que havemos nós de desejar conservar a amizade <strong>dos</strong> inimigos do<br />
Senhor, e seguir-lhes os costumes, e ser guia<strong>dos</strong> por suas<br />
Pág. 160<br />
opiniões? Cumpre haver inteira entrega a Deus, entrega sem reservas, abandono e<br />
afastamento do amor do mundo e das coisas terrenas, ou não podemos ser discípulos<br />
de Cristo.<br />
A vida e espírito de Cristo é a única norma de excelência e perfeição; e nossa única<br />
direção segura é seguir-Lhe o exemplo. Se assim fizermos, Ele nos guiará por Seu<br />
conselho, recebendo-nos depois em glória. Precisamos esforçar-nos diligentemente, e<br />
estar dispostos a sofrer muito, a fim de seguir as pisadas de nosso Redentor. Deus está<br />
pronto a trabalhar por nós, a dar de Seu abundante Espírito, caso por isto nos<br />
esforcemos, vivamos para isto, e nisto creiamos; e então podemos andar na luz como<br />
Ele na luz está. Podemos nutrir-nos de Seu amor, e beber de Sua farta plenitude.<br />
66
__________<br />
Se a oração particular e a leitura das Escrituras são negligenciadas hoje, amanhã elas<br />
poderão ser omitidas com menos protestos da consciência. Haverá uma longa lista de<br />
omissões, tudo por causa de um único grão semeado no solo do coração. Por outro lado,<br />
todo raio de luz acariciado, dará uma colheita de luz. A tentação uma vez resistida,<br />
dará poder para resistir mais firmemente a segunda vez; toda nova vitória ganha<br />
sobre o próprio eu, aplainará o caminho para mais eleva<strong>dos</strong> e mais nobres triunfos.<br />
Toda vitória é uma semente semeada para a vida eterna.<br />
30<br />
Falsos Dons do Espírito<br />
Pág. 161<br />
O espírito de fanatismo tem dominado certa classe de observadores do sábado ali [no<br />
Leste <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>]; eles não têm bebido senão levemente da fonte da verdade,<br />
e não estão familiariza<strong>dos</strong> com o espírito da mensagem do terceiro anjo. Coisa alguma<br />
se pode fazer por essa classe enquanto seus pontos de vista fanáticos não forem<br />
corrigi<strong>dos</strong>.<br />
Algumas dessas pessoas têm formas de culto a que chamam dons, e dizem que o<br />
Senhor os pôs na igreja. Têm uma algaravia sem sentido a que chamam língua<br />
desconhecida, desconhecida não só ao homem, mas ao Senhor e a todo o Céu. Tais dons<br />
são manufatura<strong>dos</strong> por homens e mulheres ajuda<strong>dos</strong> pelo grande enganador. O<br />
fanatismo, a exaltação, o falso falar línguas e os cultos rui<strong>dos</strong>os, têm sido considera<strong>dos</strong><br />
dons postos na igreja por Deus. Alguns têm sido iludi<strong>dos</strong> a esse respeito. Os frutos de<br />
tudo isto não têm sido bons. "Pelos seus frutos os conhecereis." Mat. 7:20. O fanatismo<br />
e o ruído têm sido considera<strong>dos</strong> indícios especiais de fé.<br />
Algumas pessoas não se satisfazem com uma reunião, a menos que experimentem<br />
momentos de poder e de alegria. Esforçam-se por isso, e chegam a uma confusão <strong>dos</strong><br />
sentimentos. A influência dessas reuniões, porém, não é benéfica. Ao passar o auge do<br />
sentimento, essas pessoas imergem mais fundo que antes da reunião, pois sua<br />
satisfação não proveio da devida fonte. As mais proveitosas reuniões para o bem<br />
espiritual, são as que se caracterizam pela solenidade e o profundo exame do coração,<br />
cada um procurando conhecer-se a si mesmo e, com sinceridade e profunda humildade,<br />
buscando aprender de Cristo. ...<br />
Pág. 162<br />
Há muitos espíritos desassossega<strong>dos</strong> que não se submeterão à disciplina, ao sistema e<br />
à ordem. Julgam que sua liberdade seria restringida, caso tivessem de pôr de parte o<br />
juízo próprio e submeterem-se ao das pessoas de mais experiência. Não haverá<br />
progresso na obra de Deus, a menos que haja disposição para se submeterem à ordem,<br />
e expelirem de suas reuniões o espírito negligente e desordenado de fanatismo. As<br />
impressões e os sentimentos não são seguras provas de que uma pessoa esteja sendo<br />
dirigida pelo Senhor. Se não estivermos apercebi<strong>dos</strong>, Satanás dará sentimentos e<br />
impressões. Estes não são guias seguros.<br />
To<strong>dos</strong> se devem familiarizar plenamente com as provas de nossa fé, e a grande<br />
preocupação deve ser adornarem sua profissão de fé, e produzirem frutos para glória<br />
de Deus. Ninguém deve tomar uma direção que o leve a se tornar aborrecível aos que<br />
não são membros da igreja. Devemos ser castos, modestos e eleva<strong>dos</strong> na conversação,<br />
bem como irrepreensíveis na vida. Um espírito frívolo, gracejador, negligente, deve ser<br />
censurado. Não é nenhum indício de ter a graça de Deus no coração, uma pessoa falar<br />
e orar eloqüentemente nas reuniões, e depois entregar-se a uma descui<strong>dos</strong>a e rude<br />
maneira de falar e agir, quando lá fora. Tais pessoas são mesquinhos representantes<br />
de nossa fé; são um obstáculo para a causa de Deus.<br />
Há estranha mistura de idéias entre os professos observadores do sábado em ______.<br />
Alguns não se acham em harmonia com o corpo da igreja, e conquanto continuem a<br />
ocupar a posição que têm agora, serão sujeitos às tentações de Satanás, e afeta<strong>dos</strong> pelo<br />
67
fanatismo e o espírito do erro. Alguns nutrem idéias fantasiosas, que lhes cegam os<br />
olhos para pontos importantes e vitais da verdade, levando-os a colocarem suas<br />
próprias e fantasiosas deduções no mesmo nível que a verdade vital. A aparência<br />
dessas pessoas, e o espírito que as acompanha, faz o sábado que elas professam muito<br />
objetável aos não adventistas sensatos. Seria muito melhor para o progresso e êxito da<br />
terceira mensagem angélica, se essas pessoas deixassem a verdade. ...<br />
Pág. 163<br />
Os pastores que trabalham na palavra e na doutrina, devem ser obreiros competentes,<br />
e apresentarem a verdade em sua pureza, todavia com simplicidade. Devem alimentar<br />
o rebanho com forragem limpa, cabalmente joeirada.<br />
Há estrelas errantes que professam ser ministros envia<strong>dos</strong> por Deus, os quais andam<br />
pregando o sábado de lugar em lugar, mas que têm a verdade misturada com o erro, e<br />
estão lançando ao povo a massa de seus discordantes pontos de vista. Satanás os<br />
empurrou para dentro a fim de causar desagrado aos inteligentes e judiciosos que não<br />
são membros. Alguns desses têm muito a dizer sobre os dons, e são muitas vezes<br />
especialmente agita<strong>dos</strong>. Entregam-se a sentimentos desordena<strong>dos</strong> e produzem sons<br />
ininteligíveis, a que chamam o dom de línguas, e certa classe parece encantada com<br />
essas estranhas manifestações. Reina entre essa classe um espírito estranho, que<br />
subjuga e passa por cima de quem quer que os reprove. O Espírito de Deus não está<br />
nessa obra e não acompanha a tais obreiros. Eles têm outro espírito. Todavia, esses<br />
pregadores têm êxito entre certa classe. Isto, porém, aumenta grandemente o trabalho<br />
<strong>dos</strong> servos a quem Deus enviou, os quais se acham habilita<strong>dos</strong> a apresentar perante o<br />
povo o sábado e os dons em seu devido aspecto, e cuja influência e exemplo são dignos<br />
de imitação.<br />
A verdade deve ser apresentada de maneira a torná-la atrativa ao espírito inteligente.<br />
Não somos bem compreendi<strong>dos</strong> como um povo, mas olha<strong>dos</strong> como pobres, fracos de<br />
espírito, baixos e degrada<strong>dos</strong>. Quão importante é, pois, para to<strong>dos</strong> os que ensinam e<br />
to<strong>dos</strong> os que crêem na verdade, ser tão afeta<strong>dos</strong> por sua santificadora influência, que a<br />
vida coerente, elevada que vivem, mostre aos não membros que eles se têm enganado<br />
com esse povo! Quão importante que a causa da verdade seja despojada de tudo que<br />
seja exaltação falsa e fanática, que a verdade se erga sobre os próprios méritos,<br />
revelando sua pureza e seu exaltado caráter naturais!<br />
Vi que é de alta importância que os pregadores da verdade sejam refina<strong>dos</strong> em suas<br />
maneiras, que fujam às esquisitices e<br />
Pág. 164<br />
excentricidades, e apresentem a verdade em sua pureza e clareza. Minha atenção foi<br />
dirigida a Tito 1:9: "Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que<br />
seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os<br />
contradizentes." Em seguida, Paulo fala de uma classe que professa conhecer a Deus,<br />
mas que O nega nas obras, sendo "reprova<strong>dos</strong> para toda a boa obra". Tito 1:16. E então<br />
ele exorta Tito: "Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina. Os velhos sejam sóbrios,<br />
graves, prudentes, sãos na fé, na caridade, e na paciência. ... Exorta semelhantemente<br />
os mancebos a que sejam modera<strong>dos</strong>. Em tudo te dá por exemplo de boas obras; na<br />
doutrina mostra incorrupção, gravidade, sinceridade, linguagem sã e irrepreensível,<br />
para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós." Tito<br />
2:1, 2 e 6-8. Essas instruções acham-se escritas para benefício de to<strong>dos</strong> aqueles a quem<br />
Deus chamou para pregar a Palavra, e também para benefício de Seu povo que dá<br />
ouvi<strong>dos</strong> à Palavra.<br />
A Verdade Eleva<br />
A verdade de Deus jamais degradará, antes elevará ao que a recebe, apura-lhe o gosto,<br />
santifica-lhe o juízo, e aperfeiçoa-o para a companhia <strong>dos</strong> puros e santos <strong>anjos</strong> no reino<br />
de Deus. Alguns há a quem a verdade encontra vulgares, rudes, esquisitos,<br />
jactanciosos, prontos a aproveitar-se de seus semelhantes para se beneficiarem a si<br />
68
mesmos; erram por muitas maneiras, e todavia, quando a verdade é crida de coração<br />
por eles, operará inteira mudança em sua vida. Começaram imediatamente a obra de<br />
reforma.<br />
A pura influência da verdade elevará o homem todo. Em suas relações de negócio com<br />
os semelhantes, terá o temor de Deus diante de si e amará a seu próximo como a si<br />
mesmo, tratando como quereria ser tratado. Sua conversação será verdadeira, pura e<br />
de caráter tão elevado, que os descrentes não poderão se aproveitar dela, ou com<br />
justiça falar mal dele, nem ficar aborreci<strong>dos</strong> com suas maneiras sem cortesia e sua<br />
linguagem imprópria. Ele introduzirá a santificadora influência da<br />
Pág. 165<br />
verdade em sua família, e fará resplandecer de tal maneira diante deles sua luz que,<br />
vendo suas boas obras, possam glorificar a Deus. Em todas as situações da vida, há de<br />
exemplificar a vida de Cristo.<br />
A lei de Deus não se satisfaz com coisa alguma que não seja a perfeição, a perfeita e<br />
inteira obediência a to<strong>dos</strong> os seus reclamos. O chegar a meio caminho de suas<br />
reivindicações, e não prestar perfeita e completa obediência, de nada aproveitará. Os<br />
mundanos e infiéis admiram a coerência, e sempre se convenceram poderosamente de<br />
que Deus estava com Seu povo quando as obras desse povo correspondiam à fé que<br />
professavam. "Por seus frutos os conhecereis." Mat. 7:20. Toda árvore é conhecida por<br />
seus frutos. Nossas palavras e ações são os frutos que apresentamos.<br />
Há muitos que ouvem os ensinos de Cristo, mas não os praticam. Fazem profissão de<br />
fé, mas seus frutos são de molde a desgostar aos que não são membros. São<br />
jactanciosos, e oram e falam orgulhosamente, exaltando-se a si mesmos, contando suas<br />
boas ações e, como os fariseus, agradecendo por assim dizer a Deus porque não são<br />
como os outros homens. No entanto esses mesmos são fraudulentos, aproveitam-se de<br />
outros nos negócios. Não dão bons frutos. Suas palavras e atos são injustos, e ainda<br />
eles parecem cegos à própria condição destituída e miserável.<br />
Foi-me mostrado que o texto seguinte é aplicável aos que se acham em tal ilusão:<br />
"Nem todo o que Me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino <strong>dos</strong> Céus, mas aquele que<br />
faz a vontade de Meu Pai, que está nos Céus. Muitos Me dirão naquele dia: Senhor,<br />
Senhor, não profetizamos nós em Teu nome? e em Teu nome não expulsamos<br />
demônios? e em Teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi<br />
abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniqüidade."<br />
Mat. 7:21-23.<br />
Aí está a maior ilusão que pode afetar o espírito humano; essas pessoas crêem que são<br />
justas, quando estão erradas. Julgam estar fazendo uma grande obra em sua vida<br />
religiosa, mas<br />
Pág. 166<br />
afinal Jesus arranca sua cobertura de justiça própria, e apresenta vividamente diante<br />
deles o verdadeiro quadro de sua própria condição, em to<strong>dos</strong> os seus erros e<br />
deformidades de caráter religioso. São acha<strong>dos</strong> em falta quando é para sempre<br />
demasiado tarde para suprir-lhes as carências. Deus providenciou meios para corrigir<br />
o errante; todavia, se os que erram preferem seguir seu próprio juízo, e desprezam os<br />
meios ordena<strong>dos</strong> por Ele para os corrigir e uni-los na verdade, serão leva<strong>dos</strong> à posição<br />
descrita pelas palavras de nosso Senhor, acima citadas.<br />
Deus está conduzindo um povo e preparando-o para apresentar-se como um, unido,<br />
para falar as mesmas coisas, e assim cumprir a oração de Cristo por Seus discípulos.<br />
"E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de<br />
crer em Mim; para que to<strong>dos</strong> sejam um, como Tu, ó Pai, o és em Mim, e Eu em Ti; que<br />
também eles sejam um em Nós, para que o mundo creia que Tu Me enviaste." João<br />
17:20 e 21.<br />
Pequenos Grupos de Almas Desassossegadas<br />
69
Erguem-se continuamente pequenos grupos que crêem que Deus está unicamente com<br />
os poucos, os dispersos, e sua influência é derribar e espalhar o que os servos de Deus<br />
constroem. Espíritos desassossega<strong>dos</strong>, que desejam ver e crer constantemente alguma<br />
coisa nova, surgem de contínuo, uns aqui, outros ali, fazendo to<strong>dos</strong> uma obra especial<br />
para o inimigo, e todavia pretendendo possuir a verdade. Eles ficam separa<strong>dos</strong> do povo<br />
a quem Deus está conduzindo e fazendo prosperar, e por meio de quem há de realizar<br />
Sua grande obra. Esses estão continuamente exprimindo seus temores de que o corpo<br />
de observadores do sábado se esteja tornando como o mundo; mas dificilmente há dois<br />
deles cujos pontos de vista se harmonizem. Acham-se dispersos e confundi<strong>dos</strong>, e<br />
todavia se enganam a si mesmos a ponto de pensar que Deus está especialmente com<br />
eles. Alguns desses professam possuir os dons entre eles; mas são leva<strong>dos</strong>, mediante a<br />
influência e os ensinos<br />
Pág. 167<br />
desses dons, a pôr em dúvida aqueles a quem Deus confiou o especial encargo de Sua<br />
obra, e a tirar uma classe de pessoas do corpo da igreja. O povo que, segundo a Palavra<br />
de Deus, está se esforçando ao máximo para ser um, os que são estabeleci<strong>dos</strong> na<br />
mensagem do terceiro anjo, são olha<strong>dos</strong> com suspeita, pelo fato de estarem estendendo<br />
sua obra, e reunindo almas à verdade. São considera<strong>dos</strong> mundanos, porque exercem<br />
influência sobre o mundo, e seus atos testificam de que eles estão esperando que Deus<br />
faça ainda uma obra grande e especial na Terra - conduzir um povo e prepará-lo para o<br />
aparecimento de Cristo.<br />
Essa classe não sabe realmente o que crê, ou as razões de sua crença. Eles estão<br />
sempre aprendendo, e nunca são capazes de chegar ao conhecimento da verdade.<br />
Surge um homem com idéias extravagantes, errôneas e pretende que Deus o enviou<br />
com nova e gloriosa luz e to<strong>dos</strong> devem crer no que ele apresenta. Alguns que não têm<br />
fé estabelecida, que não se acham subordina<strong>dos</strong> ao corpo de crentes, mas andam<br />
flutuando daqui para ali sem âncora que os firme, recebem aquele vento de doutrina.<br />
Sua luz resplandece de molde a fazer o mundo afastar-se dele, desgostoso, e aborrecêlo.<br />
Então ele se coloca de maneira blasfema ao lado de Cristo, e pretende que o mundo<br />
o aborrece pela mesma razão por que aborreceu a Cristo.<br />
Levanta-se outro, dizendo ser guiado por Deus, e advoga a heresia da não ressurreição<br />
<strong>dos</strong> ímpios, a qual é uma das grandes obras-primas de erro satânico. Outro nutre<br />
errôneos pontos de vista com relação à idade futura. Outro insiste zelosamente no<br />
costume [traje] americano. To<strong>dos</strong> querem plena liberdade religiosa, e cada um age<br />
independentemente <strong>dos</strong> outros, e pretendem todavia que Deus esteja operando<br />
especialmente entre eles.<br />
Guias Presunçosos<br />
Alguns se regozijam e exultam em possuir os dons que os outros não têm. Que Deus<br />
guarde Seu povo de tais dons. Que fazem esses dons em benefício deles? São eles,<br />
mediante o<br />
Pág. 168<br />
exercício desses dons, leva<strong>dos</strong> à unidade da fé? E convencem os descrentes de que Deus<br />
está em verdade com eles? Quando esses dissidentes, sustentando suas várias idéias,<br />
se reúnem e há considerável agitação, e língua desconhecida, fazem sua luz brilhar de<br />
tal modo, que os descrentes dizem: Esta gente não está em seu juízo; são leva<strong>dos</strong> por<br />
um falso reavivamento, e conhecemos que não possuem a verdade. Esses tais colocamse<br />
diretamente no caminho <strong>dos</strong> pecadores; sua influência é eficaz em impedir outros de<br />
aceitar o sábado. Essas pessoas serão recompensadas segundo suas obras. Prouvera a<br />
Deus que eles se reformassem ou abandonassem o sábado! Assim não se<br />
atravessariam no caminho <strong>dos</strong> descrentes.<br />
Deus tem guiado homens que labutaram por anos, que têm estado prontos a fazer<br />
qualquer sacrifício, têm sofrido privações e suportado provas para apresentar a<br />
verdade ao mundo, e por sua vida coerente, remover a mancha que os fanáticos têm<br />
70
trazido sobre a causa de Deus. Têm encontrado oposição em toda maneira. Têm<br />
labutado noite e dia na pesquisa das provas de nossa fé, de modo a poderem fazer<br />
aparecer a verdade em toda a sua clareza, em forma organizada, a fim de poder<br />
resistir à oposição. O incessante trabalho e as provas mentais ligadas a esta grande<br />
obra, minaram mais de um organismo, envelhecendo prematuramente muitas pessoas.<br />
Eles não se esgotaram em vão. Deus observou suas ferventes e angustiosas orações,<br />
feitas por entre lágrimas, a fim de poderem alcançar luz e verdade, e que esta pudesse<br />
brilhar em sua clareza perante os outros. Ele marcou os abnega<strong>dos</strong> esforços que eles<br />
fizeram, e recompensá-los-á em harmonia com suas obras.<br />
Por outro lado, aqueles que não lidaram para trazer à luz essas preciosas verdades,<br />
apareceram e receberam alguns pontos, como a verdade do sábado, pontos to<strong>dos</strong><br />
prepara<strong>dos</strong>, ao alcance de sua mão, e depois, toda a gratidão por eles manifestada pelo<br />
que nada lhes custou, mas custou tanto a outros, é levantarem-se como Coré, Datã e<br />
Abirã, e infamarem aqueles sobre quem Deus colocou a responsabilidade de Sua obra.<br />
Diziam: "Demais é já, pois que toda a congregação é santa, to<strong>dos</strong><br />
Pág. 169<br />
eles são santos, e o Senhor está no meio deles; por que, pois, vos elevais sobre a<br />
congregação do Senhor?" Núm. 16:3. Eles são estranhos à gratidão. Possuem um<br />
espírito determinado, que não cede à razão, e que os levará avante à própria ruína.<br />
Deus tem abençoado Seu povo, que prosseguiu adiante, seguindo o caminho<br />
providencialmente aberto por Ele. O Senhor trouxe um povo, saído de todas as classes,<br />
para a grande plataforma da verdade. Incrédulos têm-se convencido de que Deus<br />
estava com Seu povo, e têm humilhado o coração para obedecer à verdade. A obra de<br />
Deus avança decididamente. Todavia, não obstante todas as provas de que Deus tem<br />
estado a guiar o corpo de crentes, há e continuará a haver pessoas que professem o<br />
sábado agindo independentemente do corpo, e crendo e procedendo segundo lhes<br />
aprouver. Suas idéias são confusas. Sua condição dispersa é um permanente<br />
testemunho de que Deus não está com eles. O sábado e seus erros são postos pelo<br />
mundo no mesmo plano, e juntamente rejeita<strong>dos</strong>.<br />
Deus está irado com os que seguem uma direção de molde a fazer com que o mundo os<br />
odeie. Se um cristão é odiado por causa de suas boas obras e por seguir a Cristo, terá<br />
uma recompensa; mas se ele é aborrecido por não seguir orientação de molde a ser<br />
amado; aborrecido por causa de suas maneiras incultas e porque faz da verdade<br />
motivo de questões com os vizinhos, e vive de maneira a tornar o sábado o mais<br />
desagradável possível para eles, esse cristão é uma pedra de tropeço para os<br />
pecadores, um obstáculo para a verdade sagrada. A menos que ele se arrependa,<br />
melhor seria que lhe pusessem uma pedra de moinho ao pescoço, e fosse atirado ao<br />
mar.<br />
Nenhuma ocasião deve ser dada aos descrentes para criticar nossa fé. Somos<br />
considera<strong>dos</strong> esquisitos e diferentes, e não devemos seguir um procedimento que leve<br />
os descrentes a assim nos julgarem, mais do que nossa fé requer que sejamos.<br />
__________<br />
Há na natureza humana a tendência de pender para os extremos, e de um extremo a<br />
outro inteiramente oposto. Muitos<br />
Pág. 170<br />
são fanáticos. São consumi<strong>dos</strong> por um ardente zelo, o qual é tomado por religião; mas o<br />
caráter é a verdadeira prova do discipulado. Têm eles a mansidão de Cristo? Têm Sua<br />
humildade e suave benevolência? Está o templo da alma vazio de orgulho, arrogância,<br />
egoísmo e crítica? Caso não seja assim, eles não sabem de que espírito são. Não<br />
compreendem que o verdadeiro cristianismo consiste em produzir muito fruto para a<br />
glória de Deus.<br />
Outros vão a outro extremo em sua conformidade com o mundo. Não há linha clara,<br />
distinta de separação entre eles e os mundanos. Se em um caso os homens são<br />
71
afugenta<strong>dos</strong> da verdade por um espírito áspero, censor, condenatório, neste outro caso<br />
são leva<strong>dos</strong> a concluir que o professo cristão é destituído de princípios, e nada conhece<br />
de uma mudança de coração ou caráter. "Assim resplandeça a vossa luz diante <strong>dos</strong><br />
homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos<br />
Céus" (Mat. 5:16), são as palavras de Cristo. Testimonies, vol. 5, págs. 305 e 306, 1885.<br />
__________<br />
O Senhor requer que Seu povo empregue a razão, e não a ponha de lado por<br />
impressões. Sua obra será compreensível a to<strong>dos</strong> os Seus filhos. Seus ensinos serão de<br />
molde a se recomendarem ao entendimento das pessoas estudiosas. São calcula<strong>dos</strong> a<br />
elevar a mente. O poder de Deus não é manifestado em toda ocasião. A necessidade do<br />
homem é a oportunidade de Deus. Testimonies, vol. 1, pág. 230, 1861.<br />
__________<br />
Quando os que têm testemunhado e experimentado falsos exercícios espirituais, se<br />
convencem de seu engano, então Satanás se aproveita desses erros, e os põe<br />
constantemente diante deles de modo a atemorizá-los quanto a quaisquer exercícios<br />
espirituais, e dessa maneira busca destruir-lhes a fé na verdadeira piedade. Porque<br />
foram uma vez engana<strong>dos</strong>, temem fazer qualquer esforço por meio de fervorosa e<br />
sincera oração a<br />
Pág. 171<br />
Deus em busca de auxílio especial e vitória. Essas pessoas não devem deixar Satanás<br />
alcançar seu objetivo, e atirá-las ao frio formalismo e incredulidade. Precisam lembrar<br />
que o fundamento de Deus fica firme. Seja Deus verdadeiro e todo homem mentiroso.<br />
Sua única segurança é colocar os pés sobre a firme plataforma, para ver e entender a<br />
terceira mensagem angélica, prezar, amar e obedecer à verdade. Testimonies, vol. 1,<br />
págs. 323 e 324, 1862.<br />
31<br />
A Oração de Davi<br />
Pág. 172<br />
Foi-me mostrado Davi rogando ao Senhor que o não abandonasse quando fosse velho, e<br />
o que foi que lhe inspirou essa fervorosa oração. Ele viu que a maioria das pessoas<br />
i<strong>dos</strong>as que o rodeavam não eram felizes, e que os traços lamentáveis de caráter<br />
aumentavam especialmente com a idade. Se as pessoas eram naturalmente<br />
mesquinhas e cobiçosas, isto se acentuava desagradavelmente em sua velhice. Se eram<br />
ciumentas, irritáveis e impacientes, tornavam-se mais ainda quando i<strong>dos</strong>as.<br />
Davi afligia-se ao ver que reis e nobres que pareciam ter o temor de Deus diante de si<br />
enquanto se achavam no vigor da varonilidade, tornavam-se ciumentos de seus<br />
melhores amigos e parentes, quando se tornavam mais velhos. Receavam<br />
continuamente que houvesse motivos egoístas nas manifestações de interesse <strong>dos</strong><br />
amigos para com eles. Davam ouvi<strong>dos</strong> às sugestões e conselhos enganosos de estranhos<br />
com relação àqueles em quem deviam confiar. Seus não refrea<strong>dos</strong> ciúmes inflamavamse<br />
por vezes, porque nem to<strong>dos</strong> concordavam com seu juízo falível. Terrível era sua<br />
cobiça. Pensavam muitas vezes que os próprios filhos e parentes desejavam que eles<br />
morressem a fim de tomar-lhes o lugar e possuir-lhes as riquezas, e receber as<br />
homenagens que lhes haviam sido prestadas. E alguns eram de tal modo controla<strong>dos</strong><br />
pelos ciúmes e sentimentos de cobiça, que destruíam os próprios filhos.<br />
Davi observava que, se bem que a vida de alguns houvesse sido justa enquanto se<br />
achavam no vigor <strong>dos</strong> anos, eles pareceram perder o domínio de si mesmos ao sobrevirlhes<br />
a velhice. Satanás penetrou-lhes no espírito e os dirigiu, tornando-os<br />
desassossega<strong>dos</strong> e descontentes. Viu Davi que muitos <strong>dos</strong> i<strong>dos</strong>os pareciam<br />
abandona<strong>dos</strong> por Deus, e se expunham ao ridículo e ao insulto por parte de seus<br />
inimigos.<br />
Pág. 173<br />
72
Davi sentia-se profundamente abalado; ficou aflito ao pensar nos anos futuros, quando<br />
estivesse velho. Temia que Deus o deixasse, e que ele fosse tão infeliz como outros<br />
velhos cuja conduta ele observara, e exposto à desonra <strong>dos</strong> inimigos do Senhor. O<br />
coração opresso por isto, ele orou fervorosamente: "Não me rejeites no tempo da<br />
velhice; não me desampares, quando se for acabando a minha força." "Ensinaste-me, ó<br />
Deus, desde a minha mocidade; e até aqui tenho anunciado as Tuas maravilhas. Agora<br />
também, quando estou velho e de cabelos brancos, não me desampares, ó Deus, até que<br />
tenha anunciado a Tua força a esta geração, e o Teu poder a to<strong>dos</strong> os vindouros." Sal.<br />
71:9, 17 e 18. Davi sentia a necessidade de guardar-se contra os males que<br />
acompanham a velhice.<br />
Dá-se freqüentemente que os i<strong>dos</strong>os não estão dispostos a compreender e reconhecer<br />
que sua força mental está falhando. Abreviam os próprios dias com o tomarem sobre si<br />
cuida<strong>dos</strong> que pertencem a seus filhos. Satanás joga muitas vezes com a imaginação<br />
deles, e leva-os a sentirem contínua ansiedade com relação aos bens que possuem. Isto<br />
é seu ídolo, e amontoam com avaro cuidado. Privam-se muitas vezes <strong>dos</strong> confortos da<br />
vida, e trabalham além de suas forças, de preferência a empregar os meios que têm.<br />
Colocam-se assim em constante carência, por temor de que, em algum tempo futuro,<br />
venham a sofrer falta. To<strong>dos</strong> esses temores são origina<strong>dos</strong> por Satanás. Ele estimula<br />
os órgãos que levam aos temores servis e aos ciúmes que corrompem a nobreza da<br />
alma e destroem os pensamentos e sentimentos eleva<strong>dos</strong>. Essas pessoas são insanas<br />
no que respeita ao dinheiro. Caso tomassem a atitude que Deus deseja que<br />
mantenham, seus últimos dias seriam os melhores e mais felizes. Os que têm filhos em<br />
cuja honestidade e judicioso governo têm motivos para confiar, devem permitir que<br />
eles os tornem felizes. A menos que façam isto, Satanás se aproveitará de sua falta de<br />
resistência mental, e manejará com eles. Devem pôr de lado a ansiedade e as<br />
preocupações, ocupar o tempo da maneira mais satisfatória possível, e amadurecerem<br />
para o Céu.<br />
32<br />
A Devida Observância do Sábado<br />
Pág. 174<br />
Foi-me mostrado em 25 de dezembro de 1865, que tem havido muita negligência com<br />
relação à observância do sábado. Não tem havido prontidão para cumprir os deveres<br />
seculares durante os seis dias de trabalho da<strong>dos</strong> por Deus ao homem, nem cuidado de<br />
não infringir uma hora do santo e sagrado tempo que Ele reservou para Si mesmo.<br />
Não há ocupação humana que deva ser considerada de tanta importância que faça<br />
transgredir o quarto mandamento do Senhor.<br />
Há casos em que Cristo deu permissão de trabalhar mesmo no sábado - no salvar a<br />
vida de homens e animais. Mas se violamos a letra do quarto mandamento para nosso<br />
próprio benefício, do ponto de vista pecuniário, tornamo-nos transgressores do sábado,<br />
e culpa<strong>dos</strong> de transgressão de to<strong>dos</strong> os mandamentos; pois se pecamos em um ponto,<br />
somos culpa<strong>dos</strong> de to<strong>dos</strong>.<br />
Se a fim de salvar a propriedade quebramos o expresso mandamento do Senhor, onde<br />
está o ponto de parada? Onde estabeleceremos os limites? Transgridamos em uma<br />
pequena coisa, e consideremos isso como não sendo um pecado particular de nossa<br />
parte, e a consciência se torna endurecida, embotadas as sensibilidades, até que<br />
iremos ainda mais adiante, e faremos uma porção de serviço, e ainda nos<br />
lisonjearemos de ser observadores do sábado quando, segundo a norma de Cristo,<br />
estamos violando cada um <strong>dos</strong> santos preceitos de Deus. Há uma falta da parte <strong>dos</strong><br />
observadores do sábado nesse sentido, mas Deus é muito exato, e to<strong>dos</strong> os que julgam<br />
estar poupando um pouco de tempo, ou se beneficiando a si mesmos, por uma pequena<br />
infração do tempo do Senhor, cedo ou tarde encontrarão prejuízo. Ele não os pode<br />
abençoar como seria<br />
Pág. 175<br />
73
Seu prazer fazê-lo, pois Seu nome é desonrado por eles, Seus preceitos considera<strong>dos</strong> de<br />
pouca importância. A maldição de Deus repousará sobre eles, e perderão dez ou vinte<br />
vezes mais do que lucram. "Roubará o homem a Deus? Todavia vós Me roubais. ... Me<br />
roubais a Mim, vós toda a nação."<br />
Deus deu ao homem seis dias em que trabalhar para si mesmo, mas reservou um dia<br />
em que Ele deve ser especialmente honrado. Deve ser glorificado, respeitada Sua<br />
autoridade. E todavia o homem rouba a Deus tirando um pouco do tempo que o<br />
Criador reservou para Si. Deus reservou o sétimo dia como um período de repouso<br />
para o homem, para bem do homem mesmo, assim como para glória Sua. Ele viu que<br />
as necessidades do homem exigiam um dia de repouso da labuta e do cuidado, que sua<br />
saúde e vida seriam postas em perigo, sem um período de abandono do trabalho e da<br />
ansiedade <strong>dos</strong> seis dias.<br />
O sábado foi feito para benefício do homem; e transgredir conscientemente o santo<br />
mandamento que proíbe o trabalho no sétimo dia é um crime à vista do Céu, o qual era<br />
sob a lei mosaica de tanta importância, que exigia a morte do ofensor. Isto, porém, não<br />
era tudo quanto o faltoso devia sofrer, pois Deus não levaria para o Céu um<br />
transgressor de Sua lei. Ele devia sofrer a segunda morte, a plena e última pena para<br />
o transgressor da lei de Deus.<br />
33<br />
Seguros de Vida<br />
Pág. 176<br />
Foi-me mostrado que os adventistas observadores do sábado não se devem meter em<br />
seguros de vida. Isto é um comércio com o mundo, que o Senhor não aprova. Os que se<br />
empenham nisso estão-se unindo ao mundo, ao passo que Deus chama Seu povo a sair<br />
de entre eles, e a ser separado. Disse o anjo: "Cristo vos comprou pelo sacrifício de Sua<br />
vida. Quê! não sabeis vós que sois o templo do Espírito Santo, que habita em vós,<br />
proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes compra<strong>dos</strong> por bom<br />
preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a<br />
Deus. Porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus.<br />
Quando Cristo, que é vossa vida, Se manifestar, então também vós vos manifestareis<br />
com Ele em glória." Eis o único seguro de vida sancionado pelo Céu.<br />
O seguro de vida é um método mundano que leva nossos irmãos a nele se meterem a<br />
fim de se apartarem da simplicidade e pureza do evangelho. Todo afastamento assim<br />
enfraquecerá nossa fé e diminuirá nossa espiritualidade. Disse o anjo: "Mas vós sois a<br />
geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis<br />
as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz." I Ped.<br />
2:9. Como um povo, somos do Senhor em sentido especial. Cristo nos comprou. Anjos<br />
magníficos em poder nos rodeiam. Nem um passarinho cai ao solo sem o conhecimento<br />
de nosso Pai celestial. Mesmo os cabelos de nossa cabeça estão conta<strong>dos</strong>. Deus tomou<br />
providências em favor de Seu povo. Tem por eles especial cuidado, e eles não devem<br />
desconfiar de Sua providência, metendo-se em um plano juntamente com o mundo.<br />
É desígnio de Deus que conservemos em singeleza e santidade nosso caráter peculiar,<br />
como um povo. Os que se ligam a esse método mundano, depositam meios que<br />
pertencem a Deus, que Ele lhes confiou para que empreguem em Sua<br />
Pág. 177<br />
causa, para promover o avançamento de Sua obra. Poucos, porém, obterão quaisquer<br />
lucros do seguro de vida, e sem a bênção de Deus mesmo esses se demonstrarão<br />
prejuízo em vez de benefício. Aqueles a quem Deus fez mordomos Seus, não têm direito<br />
de colocar nas fileiras do inimigo os recursos que Ele lhes confiou para usar em sua<br />
causa.<br />
Satanás está constantemente apresentando engo<strong>dos</strong> ao povo escolhido de Deus, a fim<br />
de desviar-lhes o espírito da solene obra de preparo para as cenas que se acham<br />
mesmo diante de nós, no futuro. Ele é, em todo o sentido da palavra, um enganador,<br />
74
um hábil encantador. Reveste seus planos e ardis de coberturas de luz tomadas<br />
emprestadas ao Céu. Tentou Eva a comer do fruto proibido, fazendo-a crer que isto<br />
seria para ela grandemente vantajoso. Satanás leva seus agentes a introduzirem<br />
várias invenções e patentes, e outros empreendimentos, para que os adventistas do<br />
sétimo dia que estão ansiosos de enriquecer, caiam em tentação, fiquem enreda<strong>dos</strong>, e<br />
se traspassem a si mesmos com muitas dores. Ele está inteiramente alerta,<br />
atarefadamente empenhado em levar o mundo cativo e, mediante a instrumentalidade<br />
<strong>dos</strong> mundanos, mantém continuamente alguma aprazível armadilha para atrair os<br />
incautos que professam crer na verdade, a se unirem com os mundanos. A<br />
concupiscência <strong>dos</strong> olhos, o desejo de excitação e de agradáveis entretenimentos, é uma<br />
tentação e laço para o povo de Deus. Satanás tem muitas redes finamente tecidas,<br />
perigosas, com aparência de inocentes, mas com as quais se prepara habilmente para<br />
absorver o povo de Deus. Há aprazíveis espetáculos, diversões, conferências sobre<br />
frenologia, e uma infindável variedade de empreendimentos que surgem de contínuo, e<br />
são calcula<strong>dos</strong> a levar o povo de Deus a amar o mundo e as coisas que há no mundo.<br />
Mediante esta união com o mundo, a fé se enfraquece, e os meios que deviam ser<br />
emprega<strong>dos</strong> na causa da verdade presente, são transferi<strong>dos</strong> para as fileiras do inimigo.<br />
Por meio desses diferentes veículos, está Satanás drenando habilmente a bolsa do povo<br />
de Deus, e assim pesa sobre eles o desagrado do Senhor.<br />
34<br />
Saúde e Religião<br />
Pág. 178<br />
Há pessoas de imaginação doentia, para quem a religião é um tirano, governando-as<br />
como com vara de ferro. Essas pessoas estão continuamente lamentando sua<br />
depravação, e gemendo por um suposto mal. Não há amor em seu coração; têm sempre<br />
um semblante carregado. Ficam frias ao inocente riso da juventude ou de quem quer<br />
que seja. Consideram toda recreação ou diversão pecado, e pensam que a mente deve<br />
estar constantemente trabalhando no mesmo grau de severa tensão. Isto é um<br />
extremo. Outras acham que a mente deve estar de contínuo em tensão para inventar<br />
entretenimentos e diversões a fim de obter saúde. Aprendem a depender da<br />
estimulação, e ficam desassossegadas quando sem isso. Tais pessoas não são<br />
verdadeiros cristãos. Vão ao outro extremo.<br />
Os verdadeiros princípios do cristianismo abrem a to<strong>dos</strong> uma fonte de felicidade, cuja<br />
altura e profundidade, comprimento e largura são incomensuráveis. É Cristo em nós,<br />
uma fonte de água que salta para a vida eterna. Fonte contínua da qual o cristão pode<br />
beber à vontade, sem nunca a esgotar.<br />
O que traz doença ao corpo e à mente de quase to<strong>dos</strong>, são os sentimentos de<br />
descontentamento, e as murmurações de quem está mal satisfeito. Não têm a Deus,<br />
não têm aquela esperança que penetra para além do véu, que é como a âncora da alma<br />
segura e firme. To<strong>dos</strong> os que possuem essa esperança hão de purificar-se a si mesmos<br />
assim como Ele é puro. Estes se acham livres de desassossega<strong>dos</strong> anseios,<br />
murmurações e descontentamento; não estão continuamente esperando o mal e<br />
aninhando emprestadas aflições. Vemos, porém, muitos que estão passando<br />
antecipadamente por um tempo de angústia; a<br />
Pág. 179<br />
ansiedade estampa-se em cada feição; parecem não encontrar consolo, e apresentam<br />
um aspecto de contínuo temor na expectativa de algum terrível mal.<br />
Essas pessoas desonram a Deus, e desacreditam a religião de Cristo. Não possuem<br />
verdadeiro amor para com Deus, nem por seus companheiros e filhos. Suas afeições<br />
tornaram-se doentias. Vãos divertimentos, porém, jamais hão de corrigir a mente <strong>dos</strong><br />
que são assim. Para serem felizes, eles necessitam a influência transformadora do<br />
Espírito de Deus.<br />
__________<br />
75
A afinidade que existe entre a mente e o corpo, é muito grande. Se um é afetado, o<br />
outro se ressente. O estado da mente tem muito que ver com a saúde física. Se a mente<br />
está despreocupada e contente, sob a consciência do dever cumprido e com certo senso<br />
de satisfação por proporcionar felicidade a outros, isto criará uma alegria que reagirá<br />
sobre todo o organismo, produzindo mais perfeita circulação do sangue, o<br />
fortalecimento de todo o corpo. A bênção de Deus é um remédio; e os que são generosos<br />
em beneficiar a outros, experimentarão essa maravilhosa bênção no próprio coração e<br />
vida. Testimonies, vol. 4, págs. 60 e 61, 1876.<br />
__________<br />
A religião da Bíblia não é prejudicial à saúde do corpo, ou do espírito. A influência do<br />
Espírito de Deus é o melhor remédio que um homem ou mulher possa receber, quando<br />
doente. O Céu é todo saúde; e quanto mais profundamente se experimentarem as<br />
influências celestes, tanto mais certa será a cura do crente inválido. Testimonies, vol.<br />
3, pág. 172, 1872.<br />
Satanás é o originador da doença; e o médico luta contra sua obra e poder.<br />
Enfermidades mentais prevalecem por toda<br />
Pág. 180<br />
parte. Nove décimos das doenças de que sofrem os homens, têm aí sua base. Talvez<br />
algum vivo problema doméstico esteja, como um câncer, roendo a própria alma e<br />
debilitando as forças vitais. O remorso do pecado por vezes mina a constituição e<br />
desequilibra a mente. Existem também doutrinas errôneas, como a de um inferno<br />
eternamente ardente, e o tormento sem fim <strong>dos</strong> ímpios, as quais dando uma visão<br />
exagerada e desvirtuada do caráter de Deus, têm produzido os mesmos resulta<strong>dos</strong><br />
sobre espíritos sensíveis. Incrédulos têm explorado ao máximo esses casos infelizes,<br />
atribuindo a insanidade à religião; mas é esta uma acusação grosseira, e que não terão<br />
prazer em enfrentar, afinal. A religião de Cristo, longe de ser causa de insanidade, é<br />
um de seus mais eficazes remédios, pois é poderoso calmante <strong>dos</strong> nervos. Testimonies,<br />
vol. 5, pág. 444, 1885.<br />
__________<br />
O fardo do pecado, com seu desassossego e desejos não satisfeitos, jaz mesmo à base de<br />
grande parte das doenças sofridas pelos pecadores. Cristo é o poderoso comunicador de<br />
cura à alma enferma de pecado. Esses pobres sofredores precisam ter um<br />
conhecimento mais claro daquele a quem conhecer devidamente, é vida eterna. Eles<br />
precisam ser paciente e bon<strong>dos</strong>a mas diligentemente ensina<strong>dos</strong> quanto à maneira de<br />
abrir completamente as janelas da alma, deixando entrar o Sol do amor de Deus, para<br />
iluminar os obscureci<strong>dos</strong> recantos do espírito. Testimonies, vol. 4, pág. 579, 1881.<br />
35<br />
Temperança Cristã<br />
Pág. 181<br />
"Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós,<br />
proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes compra<strong>dos</strong> por bom<br />
preço; glorificai pois a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a<br />
Deus." I Cor. 6:19 e 20.<br />
Não somos de nós mesmos. Fomos compra<strong>dos</strong> por alto preço, os próprios sofrimentos e<br />
morte do Filho de Deus. Caso pudéssemos compreender isto, e o avaliássemos<br />
plenamente, experimentaríamos uma grande responsabilidade a pesar sobre nós<br />
quanto a manter-nos no melhor estado de saúde, a fim de prestar a Deus um serviço<br />
perfeito. Quando, porém, seguimos qualquer direção que nos gasta a vitalidade,<br />
diminui a força ou obscurece o intelecto, pecamos contra Deus. Ao seguirmos essa<br />
orientação não O glorificamos no corpo e no espírito, que Lhe pertencem, mas estamos<br />
cometendo grande erro aos Seus olhos.<br />
Entregou-Se Jesus Cristo por nós? Foi um grande preço pago pela nossa redenção? É<br />
mesmo verdade que não somos de nós mesmos? É real que todas as faculdades de<br />
76
nosso ser, nosso corpo, espírito, tudo quanto possuímos e tudo quanto somos pertencem<br />
a Deus? Certamente sim. E ao compreendermos isso, sob que obrigação esse fato nos<br />
coloca para com o Senhor, de conservar-nos naquelas condições em que O possamos<br />
honrar na Terra, em nosso corpo e no Espírito que Lhe pertencem!<br />
O Fim da Graça<br />
Cremos sem nenhuma dúvida que Cristo está para vir em breve. Isto não é uma fábula<br />
para nós; é uma realidade. Não temos dúvida, nem por anos temos duvidado uma só<br />
vez, de que<br />
Pág. 182<br />
as doutrinas que hoje mantemos sejam verdade presente, e de que nos estamos<br />
aproximando do juízo. Estamos nos preparando para encontrar-nos com Aquele que,<br />
acompanhado por uma comitiva de santos <strong>anjos</strong>, há de aparecer nas nuvens do céu,<br />
para dar aos fiéis e justos o toque final da imortalidade. Quando Ele vier, não nos há<br />
de purificar de nossos peca<strong>dos</strong>, remover de nós os defeitos que há em nosso caráter, ou<br />
curar-nos das fraquezas de nosso gênio e disposição. Se acaso esta obra houver de ser<br />
efetuada em nós, sê-lo-á totalmente antes daquela ocasião.<br />
Quando o Senhor vier, os que são santos serão santos ainda. Os que houverem<br />
conservado o corpo e o espírito em santidade, em santificação e honra, receberão então<br />
o toque final da imortalidade. Mas os que são injustos, não santifica<strong>dos</strong> e sujos, assim<br />
permanecerão para sempre. Nenhuma obra se fará então por eles para lhes tirar os<br />
defeitos, e dar-lhes um caráter santo. Então o Refinador não Se assentará para<br />
prosseguir em Seu processo de purificação, e para remover-lhes os peca<strong>dos</strong> e a<br />
corrupção. Tudo isto deve ser feito nestas horas da graça. É agora que esta obra deve<br />
ser feita por nós.<br />
Abraçamos a verdade de Deus com nossas faculdades diversas, e ao chegarmos sob a<br />
influência dessa verdade, ela realizará por nós a obra necessária a fim de dar-nos<br />
aptidão moral para o reino da glória, e para a sociedade <strong>dos</strong> <strong>anjos</strong> celestes. Achamonos<br />
agora na oficina de Deus. Muitos de nós somos pedras rústicas da pedreira. Ao<br />
apoderar-nos, porém, da verdade de Deus, sua influência nos afeta. Eleva-nos, e tira<br />
de nós toda imperfeição e pecado, seja de que natureza for. Assim estamos prepara<strong>dos</strong><br />
para ver o Rei em Sua beleza, e unir-nos afinal com os puros <strong>anjos</strong> celestes no reino da<br />
glória. É aqui que esta obra tem de ser efetuada por nós; aqui que nosso corpo e<br />
espírito devem ser habilita<strong>dos</strong> para a imortalidade.<br />
Achamo-nos em um mundo avesso à justiça, à pureza de caráter, e ao crescimento na<br />
graça. Para onde quer que olhemos, vemos corrupção e contaminação, deformidade e<br />
pecado.<br />
Pág. 183<br />
E qual é a obra que devemos empreender aqui antes de receber a imortalidade? É<br />
conservar nosso corpo santo, puro o nosso espírito, para que avancemos<br />
incontamina<strong>dos</strong> entre as corrupções tão comuns ao nosso redor nestes últimos dias. E<br />
se esta obra se há de realizar, precisamos nela empenhar-nos imediatamente, com<br />
coração e entendimento. Aí não deve entrar o egoísmo para nos influenciar. O Espírito<br />
de Deus deve ter sobre nós perfeito domínio, influenciando-nos em todas as nossas<br />
ações. Se nos apegarmos devidamente ao Céu, ao poder do alto, experimentaremos a<br />
santificadora influência do Espírito de Deus em nosso coração.<br />
Causar Sofrimento aos Outros<br />
Ao procurarmos apresentar a reforma da saúde a nossos irmãos e irmãs, e lhes<br />
falarmos da importância de comerem e beberem, e fazerem tudo o que fizerem para a<br />
glória de Deus, muitos têm dito por suas ações: "Não é da conta de ninguém se<br />
comemos isto ou aquilo. Seja o que for que fizermos, nós mesmos é que temos de<br />
suportar as conseqüências."<br />
Preza<strong>dos</strong> amigos, estais grandemente engana<strong>dos</strong>. Não sois vós os únicos a sofrer por<br />
causa de vossa errônea maneira de viver. A sociedade em que estais, sofre em alto<br />
77
grau as conseqüências de vossos erros, da mesma maneira que vós. Se sofreis por<br />
causa de vossa intemperança no comer e beber, nós que nos achamos ao redor de vós<br />
ou a vós associa<strong>dos</strong>, também somos afeta<strong>dos</strong> por vossas enfermidades. Temos de sofrer<br />
por causa da maneira errônea em que viveis. Se isso tem o efeito de prejudicar-vos as<br />
faculdades mentais ou físicas, nós sentimos isto quando em convívio convosco, e somos<br />
assim afeta<strong>dos</strong>. Se, em vez de ter um espírito bem disposto, estais sombrios, lançais<br />
uma nuvem sobre o espírito de to<strong>dos</strong> os que vos rodeiam. Se estamos tristes e<br />
deprimi<strong>dos</strong>, e perturba<strong>dos</strong>, poderíeis, caso vos encontrásseis na devida condição de<br />
saúde, ter um cérebro claro para nos mostrar uma porta de escape, e dirigir-nos uma<br />
palavra de conforto. Mas se vosso cérebro está<br />
Pág. 184<br />
tão nublado pela errônea maneira de viver que seguis, que não vos é possível dar-nos o<br />
justo conselho, não sofremos nós um prejuízo? Não nos afeta seriamente a influência<br />
que exerceis? Talvez tenhamos certo grau de confiança em nosso próprio juízo, todavia<br />
queremos ter conselheiros; pois "na multidão de conselheiros há segurança". Prov.<br />
11:14. Desejamos que nosso procedimento pareça coerente àqueles a quem amamos, e<br />
desejamos buscar-lhes o conselho e que eles estejam capazes de no-lo dar com um<br />
cérebro esclarecido. Mas que nos importa vosso juízo, se a capacidade de vosso cérebro<br />
foi sobrecarregada ao máximo, e a vitalidade retirada do mesmo para atender às<br />
comidas impróprias introduzidas em vosso estômago ou à enorme quantidade de<br />
alimento, mesmo que seja saudável? Que nos importa o juízo de tais pessoas? Elas<br />
vêem através de uma massa de comida indigesta. Portanto, vossa maneira de viver nos<br />
afeta. Impossível vos é seguir qualquer direção errônea, sem causar a outros<br />
sofrimento.<br />
Correr a Carreira Celeste<br />
"Não sabeis vós que os que correm no estádio, to<strong>dos</strong>, na verdade, correm, mas um só<br />
leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. E todo aquele que luta de tudo se<br />
abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível, nós, porém, uma<br />
incorruptível. Pois eu assim corro, não como a coisa incerta: assim combato, não como<br />
batendo no ar. Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que, pregando<br />
aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira ficar reprovado." I Cor. 9:24-27.<br />
Aqueles que se empenhavam na carreira para obter um prêmio que era considerado<br />
honra especial, eram temperantes em todas as coisas, de modo que os músculos, o<br />
cérebro e todo o seu corpo se achassem na melhores condições para correr. Caso não<br />
fossem temperantes em todas as coisas, não teriam aquela elasticidade que<br />
desfrutavam. Temperantes, poderiam realizar com mais êxito aquela corrida; e<br />
seguros de obter a coroa.<br />
Mas não obstante toda a sua temperança - to<strong>dos</strong> os seus<br />
Pág. 185<br />
esforços para se submeterem a um cuida<strong>dos</strong>o regime de modo a estar nas melhores<br />
condições - os que corriam a carreira terrestre corriam simplesmente ao acaso.<br />
Poderiam fazer o melhor que lhes fosse possível e, afinal de contas, não receber o<br />
penhor da honra; pois outro poderia estar um pouquinho adiante deles e alcançar o<br />
prêmio. Um apenas recebia a recompensa. Na carreira celeste, porém, podemos correr<br />
to<strong>dos</strong>, e to<strong>dos</strong> receberemos o prêmio. Não há incerteza nem risco a esse respeito.<br />
Cumpre revestir-nos das graças celestes e, com os olhos volta<strong>dos</strong> para a coroa da<br />
imortalidade, manter o Modelo sempre diante de nós. Ele foi um homem de dores, e<br />
experimentado nos trabalhos. A vida humilde, abnegada de nosso divino Senhor,<br />
devemos conservar sempre em vista. E então, ao buscarmos imitá-Lo, olhos fitos na<br />
recompensa, podemos correr com segurança essa carreira, sabendo que, se fizermos o<br />
melhor ao nosso alcance, conseguiremos o prêmio com certeza.<br />
Os homens se submetiam à abnegação e à disciplina a fim de correr e obter uma coroa<br />
corruptível, daquelas que num dia perecem, e que era apenas um sinal de honra da<br />
78
parte <strong>dos</strong> mortais aqui. Nós, porém, temos de correr a corrida a cujo fim se acha uma<br />
coroa de imortalidade e vida eterna. Sim, um peso eterno de glória mui excelente, sernos-á<br />
outorgado como prêmio quando o fim da carreira chegar. "Nós", diz o apóstolo,<br />
"uma incorruptível." I Cor. 9:25. E se aqueles que se empenham nesta carreira aqui na<br />
Terra por uma coroa temporal, podiam ser temperantes em tudo, não o podemos nós,<br />
que temos em vista uma coroa incorruptível, um eterno peso de glória e vida que se<br />
compara à de Deus? Tendo diante de nós tão grande incentivo, não podemos correr<br />
"com paciência a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, autor e<br />
consumador da fé"? Heb. 12:1 e 2. Ele indicou-nos o caminho, e assinalou-o em toda a<br />
sua extensão com as próprias pegadas. É o caminho por onde andou e, com Ele,<br />
podemos experimentar a abnegação e o sofrimento, e trilhar essa vereda marcada com<br />
Seu próprio sangue.<br />
Pág. 186<br />
"Pois eu assim corro, não como a coisa incerta: assim combato, não como batendo no ar.<br />
Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão." I Cor. 9:26 e 27. Há aí uma obra a<br />
ser feita por todo homem, mulher e criança. Satanás, está continuamente buscando<br />
adquirir controle sobre vosso corpo e espírito. Cristo, porém, vos comprou, e sois<br />
propriedade Sua. E agora cabe-vos trabalhar em união com Ele, em união com os<br />
santos <strong>anjos</strong> que vos servem. Cabe-vos manter o corpo subjugado, e reduzi-lo à<br />
servidão. A menos que isto façais, perdereis por certo a vida eterna, e a coroa da<br />
imortalidade. E ainda alguns dirão: "Que importa a alguém o que eu como ou bebo?"<br />
Mostrei-vos a relação que há entre vosso modo de viver e os outros. Vistes que ele tem<br />
muito que ver com a influência que exerceis em vossa família. Muito que ver com o<br />
moldar do caráter de vossos filhos.<br />
Responsabilidade Paterna<br />
Como eu disse antes, vivemos em uma época de corrupção. É um tempo em que<br />
Satanás parece ter quase inteiro domínio sobre as mentes não totalmente consagradas<br />
a Deus. Há, portanto, mui grande responsabilidade sobre os pais e pessoas que têm a<br />
seu cargo a criação de crianças. Os pais assumiram a responsabilidade de dar à<br />
existência essas crianças; e agora, qual é seu dever? É deixá-las crescer como lhes for<br />
possível, e segundo a vontade delas? Permiti que vos diga: pesada é a responsabilidade<br />
que repousa sobre esses pais. "Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra<br />
qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus." I Cor. 10:31. Assim fazeis ao preparar<br />
o alimento para vossa mesa, e chamar a família a dele partilhar? Colocais diante de<br />
vossos filhos apenas a comida que sabeis que há de produzir o melhor sangue? É a<br />
espécie de alimento que lhes manterá o organismo na condição menos febril possível?<br />
É aquele que os colocará na melhor relação para com a vida e a saúde? É esta a comida<br />
que estais pensando em colocar diante de vossos filhos? Ou, sem consideração para<br />
com seu futuro bem, proporcionais-lhes alimentação nociva, estimulante, própria a<br />
causar irritação?<br />
Pág. 187<br />
Deixai-me dizer-vos que há crianças que nascem para mal. Satanás parece ter o<br />
domínio sobre elas. Toma-lhes posse da mente juvenil, e elas são corrompidas. Por que<br />
procedem os pais e mães como se estivessem possuí<strong>dos</strong> de letargia? Eles não<br />
desconfiam de que Satanás esteja semeando ruins sementes em sua família. Acham-se<br />
tão cegos e descui<strong>dos</strong>os e negligentes com relação a essas coisas, quanto é possível<br />
estar. Por que não despertam, e não lêem e estudam sobre estes assuntos? Diz o<br />
apóstolo: "Acrescentai à vossa fé a virtude, e à virtude a ciência. E à ciência<br />
temperança, e à temperança paciência", etc. II Ped. 1:5 e 6. Aí está uma obra que cabe<br />
a to<strong>dos</strong> os que professam seguir a Cristo; é viver segundo o plano de adição. ...<br />
Comer em Excesso<br />
Muitos <strong>dos</strong> que adotaram a reforma pró-saúde, deixaram tudo quanto era nocivo;<br />
segue-se, porém, que pelo fato de deixarem essas coisas, podem comer tanto quanto<br />
79
lhes apetecer? Sentam-se à mesa e, em vez de considerar quanto lhes convém ingerir,<br />
entregam-se ao apetite, e comem excessivamente, e o estômago tem quanto lhe é<br />
possível fazer, ou o que deve fazer, para o resto do dia, afadigando-se com o fardo que<br />
lhe é imposto. Toda a comida posta no estômago, da qual o organismo não pode tirar<br />
proveito, é uma carga para a natureza em seu trabalho. Entrava a máquina viva. O<br />
organismo fica abarrotado, e não pode com êxito levar avante sua obra. Os órgãos<br />
vitais ficam desnecessariamente sobrecarrega<strong>dos</strong>, e a energia nervosa do cérebro é<br />
chamada ao estômago para ajudar os órgãos digestivos no trabalho de dispor de uma<br />
quantidade de comida que não faz nenhum bem ao organismo.<br />
Assim o vigor do cérebro é diminuído com o sacar tão fortemente dele em favor do<br />
estômago com sua pesada carga. E depois de ele concluir a tarefa, quais são as<br />
sensações experimentadas em resultado desse desnecessário dispêndio de energia<br />
vital? Uma sensação de fraqueza,<br />
Pág. 188<br />
como se devêsseis comer mais. Talvez essa sensação sobrevenha justamente antes da<br />
hora da refeição. Qual a causa disso? A natureza afadigou-se com seu trabalho, e achase<br />
tão exausta em conseqüência disto, que experimentais essa sensação de fraqueza. E<br />
julgais que o estômago diz: "Mais comida", quando, em sua fraqueza, ele está dizendo<br />
distintamente: "Dai-me repouso."<br />
O estômago necessita de descanso para refazer as exaustas energias para outro<br />
trabalho. Mas em vez de lhe conceder qualquer período de sossego, pensais que ele<br />
precisa de mais comida, e amontoais outra carga sobre a natureza, negando-lhe o<br />
necessário descanso. É como um homem que trabalha no campo durante todo o período<br />
da manhã, até estar cansado. Ele entra ao meio-dia, e diz que está cansado e exausto;<br />
mas dizeis-lhe que vá trabalhar novamente, que achará descanso. É assim que tratais<br />
vosso estômago. Ele se acha de todo cansado. Em vez, porém, de dar-lhe repouso, daislhe<br />
mais comida, e depois chamais a vitalidade de outras partes do organismo para o<br />
ajudar no trabalho da digestão. ...<br />
A Primeira Obra da Mãe<br />
Tenho visto mães de grandes famílias, que não podiam ver a obra que lhes ficava<br />
exatamente no caminho, diante delas, na própria família. Queriam ser missionárias, e<br />
fazer alguma grande obra. Estavam buscando para si alguma alta posição, mas<br />
negligenciando cuidar da própria obra que o Senhor lhes dera a fazer, no lar. Quão<br />
importante é que o cérebro esteja claro! Quão importante que o corpo se ache, quanto<br />
possível, livre de doenças, a fim de podermos realizar a obra que o Céu nos confiou, e<br />
efetuá-la de tal modo que o Mestre possa dizer: "Bem está, servo bom e fiel. Sobre o<br />
pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu Senhor." Mat. 25:21.<br />
Minhas irmãs, não desprezeis as poucas coisas que o Senhor vos deixou para fazer.<br />
Fazei com que as ações de cada<br />
Pág. 189<br />
dia sejam tais que, no dia do final ajuste de contas, não vos envergonheis de enfrentar<br />
o registro feito pelo anjo relator.<br />
Um Regime Insuficiente<br />
Mas que dizer quanto a um regime insuficiente? Tenho falado da importância de a<br />
quantidade e a qualidade da comida estarem em estrito acordo com as leis da saúde.<br />
Não recomendamos, todavia, um regime alimentar insuficiente. Foi-me mostrado que<br />
muitos têm uma idéia errônea da reforma pró-saúde, e adotam uma alimentação bem<br />
pobre. Vivem com uma qualidade de comida barata e fraca, preparada sem cuidado ou<br />
sem atenção para com a nutrição do organismo. É de importância que o alimento seja<br />
preparado com cuidado, para que o apetite, quando não pervertido, o possa saborear.<br />
Pelo fato de, por princípio, rejeitarmos carne, manteiga, pastéis de carne, especiarias,<br />
toucinho e o que irrita o estômago e destrói a saúde, não se deve dar nunca a idéia de<br />
que não tem muita importância o que comemos.<br />
80
Alguns há que vão a extremos. Precisam comer determinada quantidade, e apenas tal<br />
qualidade, e se limitam a duas ou três coisas. Não permitem que sejam postas diante<br />
deles e sua família para comer senão poucas coisas. Comendo pequena quantidade de<br />
alimento e este não da melhor qualidade, não põem no estômago o que é próprio para<br />
nutrir o organismo. Comida sem nutrição não pode ser convertida em sangue bom. Um<br />
regime empobrecido, empobrecerá o sangue. ...<br />
Alguns não podem ser impressiona<strong>dos</strong> com a necessidade de comerem e beberem para<br />
a glória de Deus. A condescendência com o apetite afeta-os em todas as relações da<br />
vida. Mostra-se na família, na igreja, na reunião de oração e na conduta <strong>dos</strong> filhos.<br />
Tem sido a maldição de sua vida. Não vos é possível fazê-lo compreender as verdades<br />
para estes últimos dias. Deus proveu abundantemente quanto ao sustento e a<br />
felicidade de todas as Suas criaturas; e caso Suas leis jamais fossem violadas, e to<strong>dos</strong><br />
agissem em harmonia com a vontade<br />
Pág. 190<br />
divina, experimentar-se-iam saúde, paz e felicidade em lugar de miséria e contínuo<br />
mal. ...<br />
Carne, Leite e Açúcar<br />
Os alimentos cárneos prejudicam o sangue. Cozinhai carne com condimentos e comei-a<br />
com bolos e tortas muito substanciosos e tereis má qualidade de sangue. O organismo<br />
é demasiadamente sobrecarregado para digerir uma comida assim. Os pastéis de carne<br />
e os picles, que jamais deveriam encontrar lugar em qualquer estômago humano,<br />
proporcionarão mísera qualidade de sangue. E um alimento de qualidade pobre<br />
preparado de maneira imprópria, insuficiente na quantidade, não pode formar sangue<br />
bom. Alimentos cárneos e comidas muito substanciosas, bem como um regime pobre,<br />
produzirão os mesmos resulta<strong>dos</strong>.<br />
Agora, quanto ao leite e açúcar: Sei de pessoas que ficaram atemorizadas com a<br />
reforma pró-saúde, e disseram que não queriam ter nada a ver com ela, por causa de<br />
falar contra o abundante uso dessas coisas. As mudanças devem ser feitas com grande<br />
cuidado; e devemos proceder cautelosa e sabiamente. Devemos seguir uma orientação<br />
que se recomende por si mesma aos homens e mulheres inteligentes da Terra. Grandes<br />
quantidades de leite e açúcar ingeri<strong>dos</strong> juntos, são prejudiciais. Comunicam impurezas<br />
ao organismo. Os animais de que se obtém o leite, nem sempre são sadios. Podem estar<br />
doentes. Uma vaca pode estar aparentemente boa de manhã, e morrer antes da noite.<br />
Então, ela já estava enferma pela manhã, e seu leite estava contaminado, e vós não o<br />
sabíeis. A criação animal está enferma. As carnes estão infeccionadas. Pudéssemos nós<br />
saber que os animais estavam em perfeita saúde, e eu recomendaria que o povo<br />
comesse carne de preferência a grandes quantidades de leite com açúcar. Ela não<br />
causaria o mal que leite com açúcar ocasionam. O açúcar abarrota o organismo.<br />
Entrava o trabalho da máquina viva. ...<br />
Sento-me com freqüência à mesa de irmãos e irmãs, e vejo que eles usam grande<br />
quantidade de leite e açúcar. Isto<br />
Pág. 191<br />
sobrecarrega o organismo, irrita os órgãos digestivos, e afeta o cérebro. Tudo quanto<br />
embaraça o ativo funcionamento do maquinismo vivo, afeta muito diretamente o<br />
cérebro. E segundo a luz que me foi dada, o açúcar, quando usado abundantemente, é<br />
mais prejudicial que a carne. Estas mudanças devem ser feitas com prudência, e o<br />
assunto deve ser tratado de maneira calculada a não desgostar nem suscitar<br />
preconceito às pessoas a quem queremos ensinar e ajudar.<br />
Mães e Filhas<br />
Freqüentemente nossas irmãs não sabem cozinhar. A estas, eu diria: Eu iria à melhor<br />
cozinheira que se pudesse encontrar no país e permaneceria aí, se necessário, por<br />
semanas, até que me tornasse mestre na arte - uma inteligente e hábil cozinheira.<br />
Assim faria eu se tivesse uns quarenta anos. É vosso dever saber cozinhar, da mesma<br />
81
maneira que é dever vosso ensinar vossas filhas a fazê-lo. Ao ensinar-lhes a arte<br />
culinária estais construindo ao redor delas uma barreira que as preservará de loucura<br />
e do vício a que, de outro modo, serão tentadas a entregar-se. Eu prezo minha<br />
costureira, dou valor a minha secretária; mas, minha cozinheira, que sabe preparar<br />
bem o alimento para sustentar a vida e nutrir o cérebro, os ossos e músculos, ocupa o<br />
mais importante lugar entre os auxiliares em minha família.<br />
Religião e Boa Cozinha<br />
Podemos ter variedade de comida boa e sã, preparada de modo saudável, de modo a ser<br />
apetecível a to<strong>dos</strong>. E se vós, minhas irmãs, não sabeis cozinhar, aconselho-vos a<br />
aprender. É para vós de vital importância aprender a cozinhar. Há mais almas<br />
perdidas pela cozinha deficiente, do que sois capazes de imaginar. Ela produz doença,<br />
enfermidade, e irritações; o organismo fica desorganizado, e as coisas celestiais não<br />
podem ser discernidas. Há mais religião em um pedaço de pão bem feito, do que<br />
muitos de vós pensais. Há mais religião na boa cozinha do que fazeis idéia. Queremos<br />
que aprendais o que seja a boa<br />
Pág. 192<br />
religião, e a ponhais em prática em vossa família. Quando fora de casa, por vezes,<br />
tenho visto que o pão que estava na mesa, e o geral da comida, me fariam mal; mas era<br />
obrigada a comer um pouco para sustentar a vida. É um pecado aos olhos do Céu ter-se<br />
tal comida. Tenho sofrido por falta da comida apropriada. Para um estômago<br />
dispéptico, podeis pôr sobre a mesa frutas de diferentes espécies, mas não muitas em<br />
uma refeição. Assim podeis ter variedade, e será apetitoso, e depois de haverdes<br />
tomado a refeição, sentir-vos-eis bem. ...<br />
Alguns de vós parecem desejar que alguém lhes diga quanto devem comer. Não<br />
deveria ser assim. Cumpre-nos proceder por um ponto de vista moral e religioso.<br />
Devemos ser temperantes em tudo, pois uma coroa incorruptível, um tesouro celeste se<br />
acha diante de nós. E agora desejo dizer a meus irmãos e irmãs, que eu teria força<br />
moral para tomar uma atitude e governar-me a mim mesma. Não delegaria isto a<br />
outra pessoa. Comeis em excesso, e depois vos arrependeis, e ficais a pensar no que<br />
comestes e bebestes. Comei simplesmente o que mais convém, e ide adiante, sentindovos<br />
sem culpa diante do Céu, sem remorsos de consciência. Não cremos na completa<br />
remoção de tentações, seja de crianças, seja de adultos. To<strong>dos</strong> nós temos diante de nós<br />
uma luta, e cumpre-nos permanecer na atitude de resistir às tentações de Satanás; e<br />
precisamos saber que possuímos em nós mesmos poder para fazer isto.<br />
Um Protesto Contra os Inexperientes<br />
E ao passo que vos desejaríamos advertir a não comer em excesso, mesmo da melhor<br />
qualidade de comida, quereríamos também advertir aos que são extremistas a não<br />
erguerem uma falsa norma, e depois se esforçarem por levar toda a gente a segui-la.<br />
Alguns há que se estão iniciando como reformadores da saúde, e que não estão<br />
habilita<strong>dos</strong> a se empenharem em nenhum outro empreendimento, e não possuem<br />
senso suficiente para cuidar da própria família, ou manter o próprio lugar na igreja. E<br />
que fazem eles? Ora, eles se arvoram em médicos da reforma pró-saúde, como se<br />
pudessem fazer disso um sucesso.<br />
Pág. 193<br />
Assumem as responsabilidades de sua prática, e tomam nas mãos a vida de homens e<br />
mulheres, quando na verdade nada sabem do assunto.<br />
Erguei a voz contra isto, de pessoas não habilitadas tentarem tratar de doenças,<br />
professando fazê-lo segundo os princípios da reforma pró-saúde. Deus nos defenda de<br />
sermos os pacientes que lhes sirvam de campo de experiência! Somos muito poucos.<br />
Isto é uma batalha demasiado inglória para nela perecermos. Que Deus nos livre de<br />
tal perigo! Não precisamos de tais mestres e médicos. Procurem tratar de doenças os<br />
que conhecem alguma coisa do organismo humano. O Médico celeste era cheio de<br />
compaixão. Deste espírito necessitam os que tratam <strong>dos</strong> doentes. Alguns que<br />
82
empreendem tornar-se médicos, são fanáticos, egoístas, obstina<strong>dos</strong> como jumentos.<br />
Não lhes podeis ensinar qualquer coisa. Talvez nunca tenham feito qualquer coisa<br />
digna de fazer-se. Talvez não tenham tornado a vida um sucesso. Não sabem nada<br />
realmente digno de saber-se, e todavia começaram a praticar a reforma pró-saúde. Não<br />
podemos permitir que tais pessoas matem este e aquele. Não; não o podemos permitir!<br />
Devemos ser justos sempre. Precisamos levar nosso povo à devida posição quanto à<br />
reforma pró-saúde. "Purifiquemo-nos", diz o apóstolo, "de toda a imundícia da carne e<br />
do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus." II Cor. 7:1. Precisamos ser<br />
justos a fim de subsistir nos últimos dias. Precisamos de cérebros claros e mentes sãs<br />
em corpos sãos. Devemos começar a trabalhar sinceramente por nossos filhos, por todo<br />
membro de nossa família. Empreendê-lo-emos e trabalharemos segundo o verdadeiro<br />
ponto de vista? Jesus vem; e se seguimos uma direção de molde e cegar-nos para as<br />
verdades destinadas a elevar a alma, as verdades destes últimos dias, como podemos<br />
ser santifica<strong>dos</strong> por meio da verdade? Como podemos ser prepara<strong>dos</strong> para a<br />
imortalidade? Que o Senhor nos ajude, a fim de começarmos a trabalhar aqui como<br />
nunca dantes.<br />
36<br />
Alimentos Cárneos e Estimulantes<br />
Pág. 194<br />
Preza<strong>dos</strong> irmão e irmã H.: Recordei vossas fisionomias como se achando entre várias<br />
que tenho visto, e que necessitam de uma obra em seu favor, antes de poderem ser<br />
santifica<strong>dos</strong> pela verdade. Abraçastes a verdade por reconhecer que era a verdade; ela,<br />
porém, ainda não tomou posse de vós. Não avaliastes sua santificadora influência na<br />
vida. Vossa vereda foi iluminada com relação à reforma pró-saúde, e ao dever que<br />
repousa sobre o povo de Deus, nestes últimos dias, de exercer temperança em tudo. Vi<br />
que vos encontráveis entre aqueles que ficariam para trás quanto a vos convencer, e a<br />
corrigir vossa maneira de comer, beber e trabalhar. À medida que a luz da verdade for<br />
aceita e seguida, operará inteira reforma na vida e no caráter de to<strong>dos</strong> os que forem<br />
santifica<strong>dos</strong> por ela. ...<br />
Irmã H. tem o sangue corrompido. Seu organismo está cheio de humores escrofulosos<br />
provenientes do alimento cárneo. O uso de carne de porco em sua família comunicou<br />
má qualidade de sangue. A irmã H. precisa limitar-se estritamente a um regime de<br />
cereais, frutas e verduras cozi<strong>dos</strong> sem carne ou gordura de qualquer espécie. Levará<br />
bastante tempo de um regime alimentar estritamente saudável para pô-la em<br />
melhores condições de saúde, em que se possa relacionar devidamente com a vida.<br />
Impossível é aos que usam carne em abundância, ter um cérebro desanuviado, um<br />
ativo intelecto.<br />
Aconselhamo-la a mudar seus hábitos de vida; fazendo isso, porém, sabiamente.<br />
Conheço famílias que mudaram do regime cárneo para um regime pobre. Seu alimento<br />
é tão deficientemente preparado, que o<br />
Pág. 195<br />
estômago o aborrece, e depois me disseram que a reforma pró-saúde não lhes vai bem;<br />
que estavam enfraquecendo. Aí está uma razão por que alguns não foram bemsucedi<strong>dos</strong><br />
em seus esforços para simplificar a comida. Usam um regime sem nutrição.<br />
A comida é preparada sem capricho, e comem continuamente a mesma coisa. Não deve<br />
haver muitas espécies na mesma refeição, mas todas as refeições não devem constar<br />
<strong>dos</strong> mesmos pratos, sem variação. A comida deve ser preparada com simplicidade,<br />
todavia de maneira a se tornar apetecível. A irmã deve evitar a gordura. Ela prejudica<br />
qualquer espécie de prato que prepare. Coma abundância de frutas e verduras.<br />
Aumento da Possibilidade de Doenças<br />
Depois de reduzir sua resistência física pela quantidade reduzida e pela pobre<br />
qualidade do alimento, alguns concluem que sua antiga maneira de viver era melhor.<br />
O organismo precisa ser nutrido. Não obstante, não hesitamos em dizer que o alimento<br />
83
cárneo não é necessário para a saúde e vigor. Se é usado, é porque o apetite pervertido<br />
o cobiça. Seu uso estimula as propensões animais, aumentando-lhes a atividade, e<br />
fortalece as paixões animais. Quando as propensões animais aumentam, decrescem as<br />
energias intelectuais e morais. O uso da carne de animais tende a produzir desajeitada<br />
corpulência, ao mesmo tempo que embota as finas sensibilidades da mente.<br />
Há de o povo que se está preparando para tornar-se santo, puro e enobrecido, a fim de<br />
poder ser introduzido na sociedade <strong>dos</strong> <strong>anjos</strong> celestes, continuar a tirar a vida das<br />
criaturas de Deus e viver de sua carne, deliciando-se com ela como uma iguaria? Do<br />
que o Senhor me tem mostrado, esta ordem de coisas se há de mudar, e o povo peculiar<br />
de Deus exercerá temperança em tudo. Os que vivem em grande parte de carne, não<br />
podem evitar de comer a carne de animais doentes, em maior ou menor grau. O<br />
processo de preparar animais para o consumo produz neles moléstias e, mesmo que<br />
sejam alimenta<strong>dos</strong> da maneira mais saudável, se irritam e adoecem pela caminhada<br />
antes de chegarem ao mercado. Os flui<strong>dos</strong> e a carne<br />
Pág. 196<br />
desses animais enfermos são recebi<strong>dos</strong> diretamente no sangue, passando à circulação<br />
do corpo humano, tornando-se flui<strong>dos</strong> e carne do mesmo. Assim se introduzem<br />
humores no organismo. E se a pessoa já tem um sangue impuro, isto é grandemente<br />
agravado pelo ingerir a carne desses animais. A possibilidade de adquirir moléstias é<br />
dez vezes aumentada pelo uso da carne. As faculdades intelectuais, morais e físicas<br />
são prejudicadas pelo uso habitual de alimentos cárneos. Esse uso desarranja o<br />
organismo, obscurece o intelecto e embota as sensibilidades morais. Dizemo-vos,<br />
prezado irmão e irmã: o caminho mais seguro para vós, é deixar de lado a carne.<br />
Chá e Café<br />
O uso de chá e café também é prejudicial ao organismo. O chá, até certo ponto, produz<br />
intoxicação. Entra na circulação, e desequilibra gradualmente a energia do corpo e da<br />
mente. Estimula, provoca e aviva o movimento da máquina viva forçando-a a uma<br />
ação fora do natural, dando assim ao que o ingere a impressão de que lhe está<br />
prestando grande serviço, comunicando-lhe força. É engano. O chá influi sobre as<br />
energias nervosas deixando-as grandemente debilitadas. Ao desaparecer sua<br />
influência e o aumento de ação ocasionado por ele diminuir, qual é o resultado então?<br />
Abatimento e fraqueza proporcionais à vivacidade artificial comunicada pelo chá.<br />
Quando o organismo já se encontra sobrecarregado e precisando de repouso, o uso do<br />
chá fustiga a natureza pelo estímulo para realizar uma ação indesejada e não natural,<br />
diminuindo-lhe por esse modo a capacidade de trabalho e de resistência; e suas<br />
faculdades se esgotam muito antes do tempo designado pelo Céu. O chá é venenoso<br />
para o organismo. Os cristãos devem deixá-lo em paz. A influência do café é, até certo<br />
ponto, a mesma do chá, mas o efeito sobre o organismo é ainda pior. Sua influência é<br />
estimulante, e justo na medida em que ele eleva acima do normal, também deprime na<br />
mesma proporção. Os bebedores de chá e de café, apresentam<br />
Pág. 197<br />
no rosto os seus vestígios. A pele torna-se pálida, tomando um aspecto sem vida. Não<br />
se lhes vê no semblante o brilho da saúde.<br />
O chá e o café não nutrem o organismo. O alívio deles obtido é súbito, antes de o<br />
estômago ter tempo de os digerir. Isso indica que os estimulantes considera<strong>dos</strong> pelos<br />
adeptos como energia, são recebi<strong>dos</strong> unicamente mediante estímulo <strong>dos</strong> nervos<br />
estomacais, que transmitem a irritação ao cérebro, o qual é por sua vez despertado<br />
para comunicar acrescida atividade ao coração e passageira energia a todo o<br />
organismo. Tudo isso é falso vigor, que nos deixa pior. Eles não comunicam uma<br />
partícula de energia natural.<br />
Outro efeito de tomar chá é dor de cabeça, insônia, palpitação do coração, indigestão,<br />
tremor <strong>dos</strong> nervos e muitos outros males. ...<br />
84
Necessitais de mente clara, enérgica a fim de apreciar o exaltado caráter da verdade,<br />
apreciar a expiação, e dar a devida estimativa às coisas eternas. Se seguis uma<br />
errônea direção, e condescendeis com erra<strong>dos</strong> hábitos no regime alimentar,<br />
enfraquecendo assim as energias mentais, não dareis à salvação e à vida eterna aquele<br />
alto preço que vos inspirará a pôr a vida em conformidade com a vida de Cristo; não<br />
fareis, para obter inteira conformidade com a vontade de Deus, aqueles diligentes,<br />
abnega<strong>dos</strong> esforços que são requeri<strong>dos</strong> por Sua Palavra, e necessários para dar-vos o<br />
preparo moral para o último toque da imortalidade.<br />
37<br />
Consciência Violada<br />
Pág. 198<br />
Prezado irmão N.: Sinto-me compelida por um senso de dever a dirigir-lhe algumas<br />
linhas. Foram-me mostradas em relação com o seu caso algumas coisas que não ouso<br />
reter. Vi que Satanás se aproveitou do irmão devido a sua esposa não ter abraçado a<br />
verdade. O irmão foi lançado no convívio de uma mulher corrupta; mulher cujos passos<br />
se dirigem para o inferno. Ela professava grande simpatia pelo irmão devido à<br />
oposição que sofria de sua esposa. Como a serpente no Éden, tornava suas maneiras<br />
fascinantes. Deu-lhe a impressão de que o irmão era um homem maltratado; de que<br />
sua esposa não lhe apreciava os sentimentos nem correspondia a suas afeições; que<br />
fora cometido um erro em seu matrimônio; até que o irmão imaginou que os votos<br />
matrimoniais de constância por toda a vida àquela a quem tomara como esposa eram<br />
uma mortificante cadeia. O irmão volveu-se para esse aparente anjo na linguagem, em<br />
busca de simpatia. Derramou-lhe aos ouvi<strong>dos</strong> aquilo que só devia ter sido confiado a<br />
sua esposa, a quem prometera amar, honrar e proteger enquanto ambos vivessem.<br />
Esqueceu-se de vigiar e orar sempre, para não cair em tentação. Sua alma foi<br />
manchada por um crime. Marcou o registro de sua vida no Céu com um terrível borrão.<br />
Todavia serão aceitáveis diante de Deus profunda humilhação e arrependimento para<br />
com Ele. O sangue de Cristo pode lavar estes peca<strong>dos</strong>.<br />
O irmão caiu, caiu horrivelmente. Satanás o seduziu a cair-lhe na rede, deixando-o<br />
depois desemaranhar-se o melhor que pudesse. O irmão tem estado afligido e perplexo,<br />
e terrivelmente tentado. Perturba-o uma consciência culpada. Desconfia de si mesmo,<br />
e imagina que to<strong>dos</strong> os outros também<br />
Pág. 199<br />
desconfiam. Suspeita de si mesmo, e imagina que em to<strong>dos</strong> os outros corações existe<br />
para consigo a mesma suspeita. Não tem confiança em si mesmo, e imagina que seus<br />
irmãos também não a têm a seu respeito. Satanás apresenta freqüentemente o<br />
passado aos seus olhos, e diz que não adianta procurar viver a verdade, que o caminho<br />
é demasiado estreito para o irmão. O senhor foi vencido; agora, Satanás se aproveita<br />
de seu caminho pecaminoso para fazê-lo crer que já não há redenção para si.<br />
O irmão encontra-se no campo de batalha do inimigo, empenhado em renhido combate.<br />
A barreira que é lançada em torno do círculo de toda família, e a torna sagrada, o<br />
senhor a derribou. E agora Satanás o aflige quase de contínuo. O irmão não tem<br />
descanso. Não está em paz, e busca tornar seus irmãos responsáveis por seus<br />
contraditórios sentimentos, suas dúvidas e suspeitas; acha que eles estão em falta, que<br />
não lhe dão atenção. A dificuldade está dentro do senhor mesmo. Quer seguir seu<br />
próprio caminho, e não rasga o coração diante de Deus, lançando-se, quebrantado e<br />
contrito, pecador e poluído, sobre Sua misericórdia. Seus esforços para salvar-se, caso<br />
neles persista, darão em resultado uma ruína certa.<br />
Acabe com as suspeitas e críticas. Volva a atenção para seu próprio caso e, mediante<br />
humilde arrependimento, confiando unicamente no sangue de Cristo, salve sua alma.<br />
Faça uma obra cabal para a eternidade. Se o senhor se desviar da verdade, é um<br />
homem arruinado; arruinada, sua família. Uma vez derribadas as fortificações que<br />
mantêm sagradas a particularidade e os privilégios da relação de família, difícil é<br />
85
eerguê-las; na força de Deus, porém, e em Sua força unicamente, isso pode ser<br />
realizado. A verdade, a sagrada verdade, é sua âncora, a qual o salvará de flutuar<br />
corrente abaixo para o crime e a destruição.<br />
A consciência uma vez violada fica grandemente enfraquecida. É mister a força de<br />
contínua vigilância e incessante oração. O senhor encontra-se em um lugar<br />
escorregadio. Necessita de toda a força que a verdade lhe possa dar para fortificá-lo, e<br />
salvá-lo do completo naufrágio. Acham-se diante do irmão a<br />
Pág. 200<br />
vida e a morte; qual escolherá? Houvesse o irmão visto a necessidade de estar<br />
firmemente estabelecido sobre princípios, não sendo movido por impulsos, e não<br />
ficando facilmente desanimado, mas preparado para suportar as vicissitudes, e não<br />
teria sido vencido da maneira por que o foi. O irmão agiu por impulso. Não estava<br />
disposto, à semelhança de nosso impecável Modelo, a sofrer a contradição <strong>dos</strong><br />
pecadores contra si mesmo. Somos exorta<strong>dos</strong> a lembrar-nos daquele que suportou isto,<br />
para que não nos cansemos e desfaleçamos em nosso espírito. O irmão foi fraco como<br />
uma criança, sem poder de resistência. Não sentiu a necessidade de estar estabelecido,<br />
fortalecido, firmado, arraigado e edificado na fé.<br />
Felicidade ou Infortúnio<br />
O irmão tem achado ser seu dever ensinar a verdade aos outros, em lugar de aprendêla<br />
por sua vez. Mas deve estar disposto a ser um discípulo, a receber a verdade de<br />
outros, e deve acabar com suas desconfianças, críticas, queixas, e, com mansidão,<br />
receber a enxertada palavra que é capaz de lhe salvar a alma. Com o irmão fica o ter<br />
felicidade ou infortúnio. Cedeu uma vez à tentação, e não pode agora confiar na<br />
própria força. Satanás tem grande poder sobre sua mente, e o irmão não terá coisa<br />
alguma que o segure, uma vez que se aparte da refreadora influência da verdade. Esta<br />
lhe tem sido uma salvaguarda para o refrear do crime e da iniqüidade. Sua única<br />
esperança é buscar inteira conversão, e redimir o passado com uma vida bem ordenada<br />
e pie<strong>dos</strong>o comportamento.<br />
O irmão tem sido movido por impulsos que agradam ao seu temperamento. Sua única<br />
esperança agora é arrepender-se sinceramente das passadas transgressões da lei de<br />
Deus, e purificar sua alma pela obediência da verdade. Cultive pureza de pensamentos<br />
e pureza de vida. A graça de Deus será sua força para refrear as paixões e reprimir os<br />
apetites. Fervorosa oração, velando nisto, fará com que o Espírito Santo lhe venha em<br />
auxílio, para aperfeiçoar a obra, e torná-lo semelhante a seu impecável Modelo.<br />
Pág. 201<br />
Caso o irmão prefira rejeitar a sagrada e repressora influência da verdade, Satanás o<br />
levará cativo à sua vontade. Estará em risco de dar lugar a seus apetites e paixões,<br />
dando rédea solta às concupiscências, a maus e abomináveis desejos. Em lugar de<br />
apresentar no semblante calma serenidade sob as provas e aflições, como o fiel<br />
Enoque, tendo a face iluminada pela esperança e aquela paz que excede o<br />
entendimento, terá nela estampa<strong>dos</strong> os pensamentos carnais, os concupiscentes<br />
desejos. O irmão apresentará a imagem do satânico em vez de a do divino.<br />
"Pelas quais Ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas<br />
fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela<br />
concupiscência há no mundo." II Ped. 1:4. O irmão tem agora o privilégio de, por meio<br />
de humilde confissão e sincero arrependimento, tomar palavras e voltar ao Senhor.<br />
Osé. 14:2. O precioso sangue de Cristo pode purificá-lo de toda impureza, tirar toda<br />
contaminação, e fazer o irmão perfeito nele. As misericórdias de Cristo ainda se<br />
encontram ao seu alcance, caso as aceite. Para o bem de sua ofendida esposa, e de seus<br />
filhos, fruto de seu próprio ser, deixe de fazer o mal, e aprenda a fazer o bem. Aquilo<br />
que o senhor semear, isto também há de ceifar. Se semear na carne, da carne ceifará a<br />
corrupção. Se semear no Espírito, dele também ceifará a vida eterna.<br />
86
O irmão deve vencer sua sensibilidade e espírito de crítica. Desconfia de que os outros<br />
não lhe dão toda a atenção que julga dever receber. O irmão não se deve apegar à<br />
experiência que se baseia no sentimento, e que cheira a fanatismo. Ela não é segura.<br />
Proceda movido por princípios, por uma plena compreensão. Busque as Escrituras, e<br />
esteja disposto a dar a todo homem que lhe pedir, as razões da esperança que tem, com<br />
mansidão e temor. Faça morrer a exaltação do próprio eu, "alimpai as mãos,<br />
pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações. Senti as vossas misérias, e<br />
lamentai e chorai: converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo em tristeza."<br />
Pág. 202<br />
Tia. 4:8 e 9. Quando assaltado pelas tentações e maus pensamentos, não há senão Um<br />
a quem o irmão pode recorrer em busca de alívio e socorro. Fuja para Ele em sua<br />
fraqueza. Quando ao Seu lado, partem-se as setas de Satanás, e não lhe podem fazer<br />
mal. Suportadas em Deus, suas provas e tentações hão de purificar e humilhar, mas<br />
não o destruirão nem o comprometerão.<br />
38<br />
Separação do Mundo<br />
Pág. 203<br />
É-nos ordenado que, quer comamos quer bebamos, ou façamos outra qualquer coisa,<br />
façamo-lo para glória de Deus. Quantos têm sido conscienciosamente movi<strong>dos</strong> por<br />
princípios e não por impulso, e obedecido literalmente a este mandamento? Quantos<br />
<strong>dos</strong> jovens discípulos em ______ têm feito de Deus Sua confiança e Sua porção,<br />
buscando diligentemente conhecer e fazer Sua vontade? Muitos há que são servos de<br />
Cristo em nome, mas não em verdade.<br />
Onde os princípios religiosos governam, pequeno é o risco de se cometerem grandes<br />
erros; pois o egoísmo, que sempre cega e engana, fica subordinado. O sincero desejo de<br />
fazer bem aos outros predomina, de maneira que o próprio eu é esquecido. A posse de<br />
firmes princípios religiosos é um inestimável tesouro. É a mais pura, mais elevada e<br />
nobre influência que os mortais possam possuir. Os que a possuem têm uma âncora.<br />
Todo ato é bem considerado, não seja seu efeito prejudicial a outro, e o desvie de<br />
Cristo. A contínua indagação do espírito, é: Senhor, como Te servirei melhor, e<br />
glorificarei Teu nome na Terra? Como dirigirei minha vida para fazer de Teu nome na<br />
Terra um louvor, e induzir outros a Te amarem, servirem e honrarem? Permite que eu<br />
deseje apenas e escolha a Tua vontade. Que as palavras e exemplo de meu Redentor<br />
sejam a luz e a força de meu coração. Enquanto O sigo e confio nele, não me deixará<br />
perecer. Ele será minha coroa de regozijo.<br />
Se confundirmos a sabedoria do homem com a de Deus, somos transvia<strong>dos</strong> pela<br />
loucura da sabedoria humana. Aí está o grande perigo de muitos em ______. Não<br />
possuem experiência por si mesmos. Não têm formado o hábito de considerar<br />
Pág. 204<br />
por si mesmos, com oração, com juízo despreconcebido, imparcial, questões e assuntos<br />
novos para eles, os quais podem sempre surgir. Esperam para ver o que os outros<br />
pensam. Se estes discordam, é quanto basta para fazê-los convencer-se de que o<br />
assunto em consideração não é de nenhum valor. Conquanto seja grande essa classe,<br />
isto não altera o fato de eles serem inexperientes e fracos de mente em conseqüência<br />
de cederem longamente ao inimigo, e serão sempre tão débeis como criancinhas,<br />
andando segundo a luz <strong>dos</strong> outros, vivendo de sua experiência religiosa, sentindo como<br />
os outros sentem e agindo como os outros agem. Procedem como se não tivessem<br />
individualidade. Sua identidade é absorvida em outras; são meras sombras daqueles<br />
que eles julgam andarem mais ou menos direito.<br />
A menos que estes se apercebam de seu caráter vacilante, e o corrijam, perderão to<strong>dos</strong><br />
a vida eterna; serão incapazes de resistir aos perigos <strong>dos</strong> últimos dias. Não têm fibra<br />
para resistir ao diabo; pois não sabem que é ele. É preciso que esteja alguém ao seu<br />
lado para adverti-los se é um inimigo ou um amigo que se aproxima. Não são<br />
87
espirituais, portanto não discernem as coisas espirituais. Não são sábios nas coisas<br />
que se relacionam com o reino de Deus. Nem jovem nem velho é escusável em confiar a<br />
outro o ter por ele uma experiência religiosa. Disse o anjo: "Maldito o homem que<br />
confia no homem, e faz da carne o seu braço." Jer. 17:5. É necessário na vida e na luta<br />
cristãs, uma nobre confiança em si mesmo.<br />
Pedir com Fé<br />
Homens, mulheres e jovens, Deus requer que possuais valor moral, firmeza de<br />
propósito, fortaleza e perseverança, mentes que não podem aceitar as afirmações de<br />
outros, mas que pesquisam por si mesmas antes de receber ou rejeitar, que estudam e<br />
pesam as provas, e levam-nas ao Senhor em oração. "Se algum de vós tem falta de<br />
sabedoria, peça-a a Deus, que a to<strong>dos</strong> dá liberalmente, e o não lança em rosto, e serlhe-á<br />
dada." Agora, a condição: "Peça-a, porém, com fé, não duvidando; porque o<br />
Pág. 205<br />
que duvida é semelhante à onda do mar, que é levada pelo vento, e lançada de uma<br />
para outra parte. Não pense tal homem que receberá do Senhor alguma coisa." Tia.<br />
1:5-7. Esta petição de sabedoria não deve ser uma oração sem sentido, que desaparece<br />
da mente apenas concluída. É uma prece que exprime o forte, sincero desejo do<br />
coração, partido da consciência de falta de sabedoria para determinar a vontade de<br />
Deus.<br />
Uma vez feita a oração, caso a resposta não venha imediatamente, não vos canseis de<br />
esperar, nem fiqueis instáveis. Não vacileis. Apegai-vos à promessa: "Fiel é O que vos<br />
chama, o qual também o fará." I Tess. 5:24. Qual a viúva importuna, insisti em vosso<br />
caso, ficando firme em vosso desígnio. É o objeto de grande importância e conseqüência<br />
para vós? Certamente o é. Então, não vacileis; pois talvez vossa fé seja provada. Se o<br />
que desejais é de valor, merece um vigoroso e diligente esforço. Tendes a promessa;<br />
vigiai e orai. Sede firmes, e a oração será atendida; pois não foi Deus que o prometeu?<br />
Se vos custa alguma coisa o alcançá-la, haveis de prezá-la mais, uma vez obtida. É-vos<br />
dito positivamente que se duvidardes, não precisais pensar em receber qualquer coisa<br />
do Senhor. Uma advertência é aí dada para não se cansar, mas firmemente descansar<br />
na promessa. Se pedis, Ele vos dará liberalmente, e o não lança em rosto.<br />
Aí está onde muitos cometem um erro. Vacilam em seu desígnio, e sua fé desfalece. Eis<br />
a razão por que não recebem nada do Senhor, nossa fonte de força. Ninguém precisa de<br />
andar em trevas, tropeçando pelo caminho como um cego; pois o Senhor tem<br />
providenciado luz, caso eles a aceitem segundo a maneira por Ele designada, não<br />
procurando seu próprio caminho. Ele exige de to<strong>dos</strong> diligente cumprimento <strong>dos</strong> deveres<br />
de cada dia. Isto é especialmente exigido de to<strong>dos</strong> os que se acham empenha<strong>dos</strong> na<br />
solene, importante obra no escritório de publicações, tanto daqueles sobre quem<br />
repousam as mais pesadas responsabilidades da obra, como <strong>dos</strong> que têm as menores.<br />
Isto<br />
Pág. 206<br />
se pode fazer olhando a Deus em busca de capacidade para habilitar a cumprir<br />
fielmente o que é direito aos olhos do Céu, fazendo todas as coisas como quem é regido<br />
por motivos abnega<strong>dos</strong>, como se os olhos de Deus fossem visíveis a to<strong>dos</strong>, a to<strong>dos</strong><br />
olhando, e investigando os atos de to<strong>dos</strong>.<br />
A Mancha do Egoísmo<br />
O pecado com que mais se condescende, e que nos separa de Deus e produz tantas<br />
contagiosas perturbações espirituais, é o egoísmo. Não pode haver retribuição ao<br />
Senhor, a não ser por meio da abnegação. Não podemos fazer coisa alguma de nós<br />
mesmos, mas mediante a força que Deus nos comunica, podemos viver para fazer bem<br />
aos outros, esquivando-nos assim ao mal do egoísmo. Não necessitamos de ir para<br />
terras pagãs para manifestar nosso desejo de consagrar a Deus tudo, em uma vida<br />
útil, abnegada. Devemos fazer isto no círculo familiar, na igreja, entre aqueles com<br />
quem convivemos, e com quem temos negócios. Justamente nas ocupações comuns da<br />
88
vida, é que nos cumpre negar-nos a nós mesmos e manter o eu em sujeição. Paulo<br />
podia dizer: "Cada dia morro." I Cor. 15:31. É o morrer diário para o próprio eu nos<br />
pequeninos tratos da vida, que nos torna vencedores. Devemos esquecer o próprio eu<br />
no desejo de fazer bem aos outros. Há por parte de muitos decidida falta de amor para<br />
com os outros. Em vez de cumprirem fielmente seu dever, buscam de preferência o<br />
próprio prazer.<br />
Deus prescreve positivamente a to<strong>dos</strong> os Seus seguidores o dever de beneficiar os<br />
outros com sua influência e seus meios, e buscarem dele aquela sabedoria que os<br />
habilite a fazerem tudo ao seu alcance para elevarem os pensamentos e afeições <strong>dos</strong><br />
que lhes chegam ao alcance da influência. No fazer bem aos outros, experimentarão<br />
uma doce satisfação, uma paz interior que lhes será suficiente recompensa. Quando<br />
impeli<strong>dos</strong> por elevado e nobre desejo de fazer o bem aos outros, encontrarão verdadeira<br />
felicidade num fiel desempenho <strong>dos</strong> múltiplos deveres da vida. Isso trará mais que<br />
uma recompensa terrestre; pois todo cumprimento fiel, abnegado do dever, é notado<br />
pelos<br />
Pág. 207<br />
<strong>anjos</strong> e se destaca no registro da vida. No Céu, ninguém pensará em si mesmo, nem<br />
buscará o próprio prazer; mas to<strong>dos</strong>, movi<strong>dos</strong> por puro e genuíno amor, buscarão a<br />
felicidade <strong>dos</strong> seres celestes que os rodeiam. Caso desejemos fruir a sociedade celeste<br />
na Terra renovada, precisamos ser aqui regi<strong>dos</strong> por princípios celestes.<br />
Todo ato de nossa vida afeta a outros para bem ou para mal. Nossa influência tende<br />
para elevar ou para rebaixar; ela é experimentada, posta em prática e, em maior ou<br />
menor escala, reproduzida por outros. Caso por nosso bom exemplo ajudemos outros no<br />
desenvolvimento de bons princípios, damos-lhes poder para fazer o bem. Por sua vez,<br />
eles exercem a mesma influência benéfica sobre outros, e assim centenas e milhares<br />
são afeta<strong>dos</strong> por nossa inconsciente influência. Se, por nossos atos, fortalecemos ou<br />
impelimos à atividade as faculdades más <strong>dos</strong> que nos rodeiam, partilhamos de seu<br />
pecado, e teremos de dar contas pelo bem que lhes poderíamos ter feito e não fizemos,<br />
porque não tornamos Deus a nossa força, nosso guia e conselheiro.<br />
39<br />
O Verdadeiro Amor<br />
Pág. 208<br />
O verdadeiro amor não é uma forte, ardente e impetuosa paixão. Ao contrário, é calmo<br />
e profundo em sua natureza. Olha para além das meras exterioridades, sendo atraído<br />
pelas qualidades apenas. É sábio e apto a discernir, e sua dedicação é real e<br />
permanente. Deus nos experimenta e prova pelas ocorrências comuns da vida. São as<br />
pequenas coisas que revelam os capítulos do coração. São as pequenas atenções, os<br />
numerosos incidentes pequeninos e as simples cortesias da vida, que formam a soma<br />
da felicidade da existência; e é a negligência das palavras bon<strong>dos</strong>as, animadoras e<br />
afetuosas, e das pequenas cortesias da vida que ajudam a formar o todo da infelicidade<br />
da existência. Verificar-se-á afinal que a negação do próprio eu pelo bem e felicidade<br />
<strong>dos</strong> que nos rodeiam constitui grande parte do registro da vida no Céu. E revelar-se-á<br />
também o fato de que, o cuidado do eu, sem consideração para com o bem e a felicidade<br />
de outros, não escapa à observação de nosso Pai celeste.<br />
Irmão B., o Senhor está trabalhando em seu favor, e o abençoará e fortalecerá no<br />
caminho do direito. O irmão compreende a teoria da verdade, e deve obter todo o<br />
conhecimento que lhe seja possível quanto à vontade e à obra de Deus, a fim de que<br />
esteja preparado para ocupar uma posição de mais responsabilidade, caso Ele, vendo<br />
que o senhor pode glorificar-Lhe melhor o nome assim fazendo, o requeira do irmão.<br />
Mas o senhor tem ainda uma experiência a adquirir. É demasiado impulsivo, por<br />
demais afetado pelas circunstâncias. Deus está disposto a fortalecer, estabelecer e<br />
firmar o irmão, caso busque sincera e humildemente sabedoria - dele que é infalível,<br />
Pág. 209<br />
89
e que promete que o não fará em vão.<br />
Ao ensinar aos outros a verdade, o irmão está em risco de falar demasiado fortemente,<br />
de uma maneira que não está em harmonia com sua curta experiência. O irmão<br />
apreende as coisas de relance, e pode compreender de pronto a importância <strong>dos</strong><br />
assuntos. Nem to<strong>dos</strong> são organiza<strong>dos</strong> como o irmão, e não podem fazer o mesmo. O<br />
irmão não estará preparado para esperar calma e pacientemente que essas pessoas<br />
que não podem ver tão prontamente como o senhor mesmo, pesem as provas. Estará<br />
em risco de insistir demasiado com os outros para verem imediatamente como lhe<br />
acontece, e sentirem todo aquele zelo e necessidade de ação que o irmão experimenta.<br />
Caso sua expectativa não se realize, o irmão está sujeito a desanimar e ficar<br />
desassossegado, e a desejar uma mudança.<br />
Deve fugir da tendência de censurar e impor. Abstenha-se de tudo que cheire a um<br />
espírito acusador. Não agrada a Deus que haja esse espírito em qualquer de Seus<br />
servos de longa experiência. É próprio de um jovem, caso seja adornado de humildade<br />
e daquele ornamento interior, manifestar ardor e zelo; mas quando um zelo áspero e<br />
espírito acusador são manifesta<strong>dos</strong> por um jovem que não possui senão alguns anos de<br />
experiência, isto é muito impróprio, e simplesmente desagradável. Coisa alguma lhe<br />
pode tão depressa destruir a influência como isto. A brandura, a gentileza, a paciência<br />
e a longanimidade, o não se ofender facilmente, o sofrer tudo, esperar tudo, tudo<br />
suportar - estes são os frutos da<strong>dos</strong> pela preciosa árvore do amor, árvore de origem<br />
celeste. Esta árvore, se nutrida, demonstrar-se-á daquelas que estão sempre verdes.<br />
Seus ramos não secarão, não lhe murcharão as folhas. É imortal, eterna,<br />
continuamente regada pelos orvalhos celestes.<br />
O Poder do Amor<br />
O amor é poder. Neste princípio acha-se envolvida força intelectual e moral, e dele não<br />
se podem separar. O poder da riqueza tem a tendência de corromper e destruir; o<br />
poder da força é potente para causar dano; a excelência e o valor do amor puro,<br />
Pág. 210<br />
porém, consistem em sua eficiência para fazer bem, e nada senão bem. Tudo quanto é<br />
feito por puro amor, por mais pequenino ou desprezível que seja aos olhos <strong>dos</strong> homens,<br />
é inteiramente frutífero; pois Deus olha mais a quantidade de amor com que alguém<br />
trabalha do que à porção de trabalho que realiza. O amor é de Deus. O coração não<br />
convertido é incapaz de originar ou produzir esta planta de procedência celeste, que só<br />
vive e floresce onde Cristo reina.<br />
O amor não pode viver sem ação, e cada ato aumenta-o, robustece-o, expande-o. O<br />
amor obterá a vitória onde o argumento e a autoridade são impotentes. O amor não<br />
trabalha pelo proveito nem pela recompensa; todavia foi ordenado por Deus que<br />
grande ganho acompanhe seguramente toda obra de amor. Este é difusivo em sua<br />
natureza e sem ruído em sua maneira de agir, e todavia forte e poderoso em seu<br />
desígnio de vencer grandes males. Sua influência é de molde a abrandar e a<br />
transformar, e tomará posse da vida <strong>dos</strong> pecadores e lhes tocará o coração quando<br />
to<strong>dos</strong> os outros meios se houverem demonstrado infrutíferos.<br />
Onde quer que seja empregado o poder do intelecto, da autoridade ou da força, e não se<br />
achar manifestamente presente o amor, as afeições e a vontade daqueles a quem<br />
buscamos alcançar tomam uma atitude defensiva ou de repulsa, e acresce-lhes a força<br />
de resistência. Jesus era o Príncipe da Paz. Veio a este mundo a fim de sujeitar a Si a<br />
resistência e a autoridade. Era senhor da sabedoria e da força, mas os meios que<br />
empregou para vencer o mal foram a sabedoria e a força do amor. Não tolere coisa<br />
alguma que lhe divida o interesse do atual trabalho que faz, até que Deus ache por<br />
bem lhe dar outra parte da obra no mesmo campo. Não busque felicidade, pois nunca a<br />
encontramos procurando-a. Cumpra seu dever. Seja a fidelidade a característica de<br />
todas as suas realizações, e revista-se de humildade.<br />
90
"Tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós." Mat. 7:12.<br />
Benditos seriam os resulta<strong>dos</strong> de tal atitude. "Com a medida com que tiverdes medido<br />
Pág. 211<br />
vos hão de medir a vós." Mat. 7:2. Há aí fortes motivos que nos devem constranger a<br />
amar uns aos outros com um coração puro, fervorosamente. Cristo é nosso exemplo.<br />
Ele andou fazendo o bem. Viveu para beneficiar a outros. O amor embelezava e<br />
enobrecia todas as Suas ações. Não nos é ordenado fazer a nós mesmos tudo o que<br />
desejamos que os outros nos façam; cumpre-nos fazer aos outros o que desejamos que<br />
eles nos façam em idênticas circunstâncias. Com a medida com que medimos, nos é<br />
medido de novo.<br />
O amor puro é simples em suas maneiras de agir, e distingue-se de qualquer outro<br />
princípio de ação. O amor da influência e o desejo de desfrutar a estima <strong>dos</strong> outros<br />
talvez produzam uma vida bem ordenada e, freqüentemente, uma conduta<br />
irrepreensível. O respeito de nós mesmos nos pode levar a evitar a aparência do mal.<br />
Um coração egoísta pode praticar ações generosas, reconhecer a verdade presente, e<br />
exprimir humildade e afeição de maneira exterior, não obstante os motivos podem ser<br />
enganosos e impuros; as ações emanadas de um coração assim podem ser destituídas<br />
do sabor da vida, <strong>dos</strong> frutos de verdadeira santidade, <strong>dos</strong> princípios do amor puro. O<br />
amor deve ser nutrido e cultivado, pois sua influência é divina.<br />
__________<br />
O Céu deve começar aqui na Terra. Quando o povo de Deus estiver cheio de mansidão<br />
e ternura, compreenderá que Sua bandeira sobre eles é o amor, e Seu fruto lhes será<br />
mais doce ao paladar. Farão aqui embaixo um Céu em que se preparem para o Céu em<br />
cima. Testimonies, vol. 7, pág. 131, 1902.<br />
40<br />
Orações Pelos Enfermos<br />
Pág. 212<br />
No caso da irmã F., uma importante obra tinha de ser feita. Os que se uniram para<br />
orar por ela, precisavam de que uma obra se fizesse em favor deles. Se Deus houvesse<br />
atendido suas orações, isto teria redundado em sua desgraça. Nesses casos de aflição,<br />
em que Satanás exerce domínio sobre a mente, devia proceder-se antes da oração a um<br />
exame escrupuloso de si mesmo a fim de verificar se existem peca<strong>dos</strong> que precisam ser<br />
confessa<strong>dos</strong> e abandona<strong>dos</strong>. É mister que haja profunda humilhação da alma diante de<br />
Deus e se tenha confiança humilde nos merecimentos do sangue de Cristo. A oração e o<br />
jejum nada conseguem, enquanto o coração estiver isolado de Deus por um<br />
procedimento errôneo. "Porventura não é este o jejum que escolhi? que soltes as<br />
ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo? e que deixes livres os<br />
quebranta<strong>dos</strong>, e despedaces todo o jugo? Porventura não é também que repartas o teu<br />
pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desterra<strong>dos</strong>? e, vendo o nu, o cubras, e<br />
não te escondas da tua carne?" "Então clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás, e<br />
Ele dirá: Eis-Me aqui; se tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo, e o falar<br />
vaidade; e se abrires a tua alma ao faminto, e fartares a alma aflita; então a tua luz<br />
nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia. E o Senhor te guiará<br />
continuamente, e fartará a tua alma em lugares secos, e fortificará os teus ossos; e<br />
serás como um jardim regado, e como um manancial, cujas águas nunca faltam." Isa.<br />
58:6, 7, 9-11.<br />
Pág. 213<br />
É trabalho de coração, o que o Senhor exige; boas obras provindas de um coração<br />
repleto de amor. To<strong>dos</strong> deveriam cuida<strong>dos</strong>a e devotamente considerar as passagens<br />
acima, e investigar seus motivos e ações. A promessa de Deus a nós é sob condição de<br />
obediência, submissão a todas as Suas ordens. "Clama em alta voz", diz o profeta<br />
Isaías, "não te detenhas, levanta a tua voz como a trombeta e anuncia ao Meu povo a<br />
sua transgressão, e à casa de Jacó os seus peca<strong>dos</strong>. Todavia, Me procuram cada dia,<br />
91
tomam prazer em saber os Meus caminhos; como um povo que pratica a justiça, e não<br />
deixa o direito de seu Deus, perguntam-Me pelos direitos da justiça, têm prazer em se<br />
chegar a Deus, dizendo: Por que jejuamos nós, e Tu não atentas para isso? Por que<br />
afligimos as nossas almas, e Tu o não sabes?" Isa. 58:1-3.<br />
Trata-se aqui de um povo que faz alta profissão, que tem o hábito de orar e se deleita<br />
em exercícios religiosos, mas, não obstante, está em falta. Reconhecem que suas<br />
orações não são atendidas; que seus diligentes e zelosos esforços não são leva<strong>dos</strong> em<br />
conta no Céu, e solicitamente inquirem porque o Senhor não lhes responde. Toda a<br />
dificuldade está do lado deles mesmos. Professando piedade, não produzem frutos que<br />
glorifiquem a Deus; seus atos não são o que deveriam ser. Negligenciam deveres os<br />
mais positivos. A menos que reparem esta falta, Deus não poderá ouvir-lhes as orações<br />
consoante Sua glória.<br />
Nas orações feitas a favor da irmã F., houve confusão de sentimentos. Alguns se<br />
revelaram fanáticos, sendo movi<strong>dos</strong> apenas por um impulso de momento. Tinham zelo,<br />
porém não com entendimento. Outros olhavam o grande resultado que ali deviam<br />
presenciar, e como que triunfavam antes da vitória estar ganha. Havia ali muito desse<br />
espírito de Jeú: "Vai comigo, e verás o meu zelo para com o Senhor." II Reis 10:16. Em<br />
vez dessa confiança própria, deviam manifestar espírito de humildade e desconfiança<br />
própria, chegando-se para Deus com o coração contrito e arrependido.<br />
Pág. 214<br />
Como Orar<br />
Foi-me mostrado que em situações de enfermidade, em que não houver impedimento<br />
algum para que sejam feitas orações em favor do doente, o caso deveria ser confiado ao<br />
Senhor com calma e fé, e não com agitação. Só Ele é quem conhece a vida passada do<br />
indivíduo, e sabe também o que será o seu futuro. Conhece o coração de to<strong>dos</strong> os<br />
homens, sabe se o doente, depois de restabelecido, glorificará Seu nome ou se, pelo seu<br />
desvio e apostasia, virá a desonrar a Deus. Tudo o que nos compete fazer é pedir-Lhe<br />
que restabeleça o doente de conformidade com Sua vontade, e crer que Ele tomará em<br />
consideração as razões apresentadas e as orações que a favor do enfermo forem feitas.<br />
Se o Senhor vir que o restabelecimento do doente é para Sua glória, atenderá às<br />
nossas orações. Insistir, porém, na cura sem conformar-se com Sua vontade, é um erro.<br />
O que Deus prometeu, a todo tempo é capaz de cumprir, e a obra que confiou a Seu<br />
povo a pode perfeitamente realizar por seu intermédio. Se este estiver disposto a<br />
andar em conformidade com toda a palavra que Deus falou, toda boa palavra e<br />
promessa serão cumpridas. Mas se faltar à perfeita obediência, as grandes e preciosas<br />
promessas não serão obtidas e não se cumprirão.<br />
Tudo o que podemos fazer, ao orar por um doente, é suplicar a Deus com insistência a<br />
favor dele e com confiança plena depositar seu caso em Suas mãos. Se atentarmos<br />
para alguma iniqüidade em nosso coração, Deus não nos ouvirá. Tem o direito de fazer<br />
o que Lhe apraz com o que Lhe pertence. Glorificará Seu nome operando nos que O<br />
seguem de coração, e por meio deles, de maneira a ficar patente que é o Senhor que<br />
tudo neles opera, e que suas obras se cumprem em Deus. Disse Cristo: "Se alguém Me<br />
servir, Meu Pai o honrará." João 12:26. Quando, pois, nos chegamos a Deus, devemos<br />
orar para que nos seja dado compreender e realizar Seu propósito, e nossos desejos e<br />
interesses se identifiquem com os dele. Devemos protestar-Lhe nossa conformidade<br />
com Sua vontade e não<br />
Pág. 215<br />
pedir que condescenda com a nossa. É bom para nós que o Senhor não defira sempre<br />
as nossas súplicas ao tempo e do modo que o desejamos. Assim procedendo, far-nos-á<br />
maior bem do que cumprindo nossa vontade, porque nossa sabedoria é loucura diante<br />
de Deus.<br />
Temo-nos reunido em fervorosa prece ao redor do leito de dor de homens, mulheres e<br />
crianças, e vimos que foram restituí<strong>dos</strong> à vida em resposta às nossas ardentes<br />
92
súplicas. Nessas orações pensamos que devíamos ser positivos e, se tínhamos fé,<br />
devíamos pedir nada menos que a vida. Não ousamos juntar à nossa súplica esta<br />
restrição: "se for para glória de Deus", temendo que isso fosse aparentar certa dúvida.<br />
Observamos atentamente os que assim nos foram restituí<strong>dos</strong>, e notamos que alguns<br />
deles, particularmente jovens, depois de recebida a saúde, se esqueceram de Deus,<br />
abandonando-se a uma vida dissoluta, causando aflição e tristeza aos pais e amigos e<br />
cumulando de vergonha até os que receavam orar por eles. Não honraram nem<br />
glorificaram a Deus com sua vida, mas grandemente O desonraram com seus vícios.<br />
Desistimos, pois, de impor a Deus a norma de proceder nesses casos e não procuramos<br />
mais incliná-Lo à condescendência com nossos desejos. Se a vida do doente pode<br />
glorificá-Lo, suplicamos-Lhe que conceda viver, porém não como nós queremos e sim<br />
como Ele quiser. Nossa fé pode ter a mesma firmeza e até provar-se mais confiante<br />
ainda, subordinando o desejo pessoal à onisciente vontade de Deus, e depositando tudo<br />
com confiança em Suas mãos, sem inútil ansiedade. Temos a promessa. Sabemos que<br />
Ele nos ouve, se pedirmos de acordo com Sua vontade. Nossas petições não devem<br />
tomar a forma de uma ordem e sim de uma intercessão para que se cumpra o que dEle<br />
suplicamos.<br />
Quando a igreja é unida, terá virtude e poder; porém, se parte dela se inclina para o<br />
mundo e muitos são da<strong>dos</strong> à concupiscência, que Deus aborrece, pouco Lhe será<br />
possível fazer por eles. A incredulidade e o pecado separam a muitos de Deus. Somos<br />
tão fracos que não podemos suportar grande<br />
Pág. 216<br />
prosperidade espiritual sem nos atribuir a sua glória e arrogar bondade e justiça como<br />
motivo das bênçãos recebidas, quando tudo tem sua razão de ser na grande<br />
misericórdia e bondade do compassivo Pai celestial e não nalgum bem que porventura<br />
em nós houvesse.<br />
__________<br />
Vi que o motivo por que Deus não ouvia mais plenamente as orações de Seus servos<br />
pelos doentes entre nós, era que Ele não podia ser glorificado nisto enquanto eles<br />
estivessem violando as leis da saúde. E vi também ser Seu desígnio que a reforma prósaúde<br />
e o Instituto de Saúde preparem o caminho para que a oração da fé possa ser<br />
plenamente atendida. A fé e as boas obras devem andar de mãos dadas no aliviar os<br />
aflitos que há entre nós, e em prepará-los para glorificar a Deus aqui e serem salvos<br />
na vinda de Cristo. Deus não permita que esses sofredores fiquem decepciona<strong>dos</strong> e<br />
ofendi<strong>dos</strong> por verificarem que os dirigentes do Instituto trabalham apenas segundo o<br />
ponto de vista mundano, em vez de aliarem à prática da reforma de saúde, ao tratálos,<br />
as virtudes e bênçãos de pais e mães em Israel.<br />
Ninguém tenha a idéia de que o Instituto é um lugar a que se deva ir para ser<br />
restabelecido pela oração da fé. Ali é um lugar em que se deve ser aliviado das doenças<br />
mediante tratamento e corretos hábitos de vida, e aprender a evitar as enfermidades.<br />
Mas se há debaixo do céu um lugar em que, mais que em outros, sejam feitas por<br />
homens e mulheres devotos e de fé, orações de molde a acalmar, orações cheias de<br />
espírito compassivo, esse lugar deve ser um instituto dessa natureza. Os que tratam os<br />
doentes devem agir em sua importante obra, com forte confiança em Deus de que Suas<br />
bênçãos acompanhem os meios por Ele graciosamente provi<strong>dos</strong>, e para os quais em<br />
misericórdia nos chamou a atenção como um povo, isto é, o ar puro, o asseio, o<br />
saudável regime alimentar, os devi<strong>dos</strong> perío<strong>dos</strong> de trabalho e de repouso, e o emprego<br />
da água. Testimonies, vol. 1, pág. 561, 1867.<br />
41<br />
Ardis de Satanás<br />
Pág. 217<br />
Satanás tem grandes vantagens. Ele possuía o admirável intelecto de um anjo, do qual<br />
poucos formam uma idéia exata. Satanás estava cônscio de seu poder, do contrário não<br />
93
se teria empenhado em uma luta com o poderoso Deus, o eterno Pai, e com o Príncipe<br />
da Paz. Satanás observa atentamente os acontecimentos, e quando encontra alguém<br />
que possua um espírito especialmente forte de oposição à verdade de Deus, ele lhe<br />
revelará mesmo acontecimentos ainda não cumpri<strong>dos</strong>, a fim de poder mais firmemente<br />
assegurar um lugar em seu coração. Aquele que não hesitou em enfrentar um conflito<br />
com quem mantém em Seu poder a criação, tem malignidade para perseguir e<br />
enganar. Ele segura os mortais em suas redes nos dias de hoje. Não perdeu, em sua<br />
experiência de quase seis mil anos, coisa alguma de sua habilidade e astúcia. Durante<br />
todo este tempo, tem sido atento observador de tudo quanto diz respeito a nossa raça.<br />
Os que se têm oposto severamente à verdade de Deus, Satanás emprega como<br />
médiuns. A esses aparece ele na falsa forma e personalidade de outro, talvez um ente<br />
querido do médium. Aumenta-lhe a fé empregando as palavras desse amigo, e<br />
mencionando circunstâncias prestes a ocorrer, ou que realmente já tiveram lugar, e de<br />
que o médium nada sabia. Por vezes, antes de uma morte ou de um acidente, ele dá<br />
um sonho ou, personificando outra pessoa, conversa com o médium, comunicando<br />
mesmo conhecimento por meio de suas sugestões. É, porém, sabedoria debaixo e não<br />
de cima. A sabedoria ensinada por Satanás está em oposição à verdade; a menos que,<br />
para servir a seus próprios fins, ele se revista aparentemente com a luz que envolve os<br />
<strong>anjos</strong>.<br />
Pág. 218<br />
Para certa classe de espíritos, eles vêm aprovando parte daquilo que os seguidores de<br />
Cristo crêem ser a verdade, ao passo que os adverte a rejeitarem outra parte como erro<br />
perigoso e fatal,<br />
Satanás é um mestre em seu ofício. Sua sabedoria infernal é por ele empregada com<br />
êxito. Está pronto para ensinar os que rejeitam o conselho de Deus contra sua própria<br />
alma, e é capaz de fazê-lo. A isca encontrada por ele será proveitosa em levar as almas<br />
a sua rede, e a fim de nelas firmar as garras diabólicas, ele a revestirá da maneira<br />
mais atrativa possível. To<strong>dos</strong> quantos são assim enreda<strong>dos</strong>, aprenderão a custa de<br />
terrível preço, a loucura que é vender o Céu e a imortalidade por um engano fatal em<br />
suas conseqüências.<br />
Nosso adversário, o diabo, não é destituído de sabedoria ou de força. Ele anda em redor<br />
bramando como leão, buscando a quem possa tragar. Trabalhará "com todo o poder, e<br />
sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem,<br />
porque não receberam o amor da verdade para se salvarem". Como rejeitaram a<br />
verdade, "Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira; para que<br />
sejam julga<strong>dos</strong> to<strong>dos</strong> os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na<br />
iniqüidade". II Tess. 2:9-12. Temos de lutar com um inimigo poderoso, enganador, e<br />
nossa única segurança está nAquele que há de vir, o qual consumirá este<br />
arquienganador com o espírito de Sua boca, e o destruirá com o resplendor de Sua<br />
vinda.<br />
42<br />
Os Sofrimentos de Cristo<br />
Pág. 219<br />
Para avaliar plenamente o valor da salvação, é preciso compreender o que ela custa.<br />
Em conseqüência das idéias limitadas acerca <strong>dos</strong> sofrimentos de Cristo, muitos<br />
estimam em pouco a grande obra de expiação. O glorioso plano da redenção humana<br />
foi produzido mediante o infinito amor de Deus o Pai. Neste plano divino vê-se a mais<br />
maravilhosa manifestação de amor de Deus para com a raça caída. Um amor tal como<br />
o que se revela no dom do amado Filho de Deus, causou pasmo aos santos <strong>anjos</strong>. "Deus<br />
amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que<br />
nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna." João 3:16. Este Salvador era o<br />
resplendor da glória de Seu Pai, e a expressa imagem de Sua pessoa. Possuía<br />
majestade divina, perfeição e excelência. Era igual a Deus. "Foi do agrado do Pai que<br />
94
toda a plenitude nEle habitasse." Col. 1:19. "Que, sendo em forma de Deus, não teve<br />
por usurpação ser igual a Deus, mas aniquilou-Se a Si mesmo, tomando a forma de<br />
servo, fazendo-Se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-Se<br />
a Si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz." Filip. 2:6-8.<br />
Cristo consentiu em morrer no lugar do pecador, para que este, por uma vida de<br />
obediência, pudesse escapar da pena da lei de Deus. Sua morte não anulou a lei; não<br />
aboliu a lei, nem lhe diminuiu as santas reivindicações, nem tirou qualquer coisa de<br />
sua sagrada dignidade. A morte de Cristo proclamou a justiça da lei de Seu Pai em<br />
castigar o transgressor, no fato de Ele próprio consentir em sofrer a pena da lei, a fim<br />
de salvar o homem caído de sua maldição. A morte do amado Filho de<br />
Pág. 220<br />
Deus na cruz, mostra a imutabilidade da lei de Deus. Sua morte engrandece a lei e a<br />
torna gloriosa, dando ao homem prova de seu imutável caráter. De Seus próprios<br />
lábios divinos, ouvem-se as palavras: "Não cuideis que vim destruir a lei ou os<br />
profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir." Mat. 5:17. A morte de Cristo justificou as<br />
reivindicações da lei.<br />
O Salvador Divino-Humano<br />
Em Cristo achavam-se uni<strong>dos</strong> o humano e o divino. Sua missão era reconciliar Deus e<br />
o homem; unir o finito com o infinito. Era este o único modo por que o homem caído<br />
podia ser exaltado mediante os méritos do sangue de Cristo, ser participante da<br />
natureza divina. Tomando a natureza humana, habilitou-Se Cristo a compreender as<br />
provas e dores do homem, e todas as tentações com que ele é assediado. Os <strong>anjos</strong> não<br />
familiariza<strong>dos</strong> com o pecado não se podiam compadecer do homem nas provações que<br />
lhes são peculiares. Cristo condescendeu em tomar a natureza do homem, e foi tentado<br />
em to<strong>dos</strong> os pontos como nós, a fim de poder saber como socorrer a to<strong>dos</strong> os que fossem<br />
tenta<strong>dos</strong>.<br />
Revestido do humano, sentia necessidade da força vinda do Pai. Tinha lugares<br />
especiais de oração. Comprazia-Se em entreter comunhão com Seu Pai na solitude da<br />
montanha. Neste exercício, Sua alma santa, humana, era fortalecida para os deveres e<br />
provas do dia. Nosso Salvador identifica-Se com nossas necessidades e fraquezas no<br />
fato de haver-Se tornado um suplicante, um pedinte de todas as noites, buscando do<br />
Pai novas provisões de força a fim de sair revigorado e refrigerado, fortalecido para o<br />
dever e a provação. Ele é nosso exemplo em tudo. É um irmão em nossas fraquezas,<br />
mas não em possuir idênticas paixões. Sendo sem pecado, Sua natureza recuava do<br />
mal. Jesus suportou lutas, e torturas de alma, em um mundo de pecado. Sua<br />
humanidade tornava a oração necessidade e privilégio. Ele reclamava todo o mais forte<br />
apoio divino e o conforto que o Pai estava pronto a conceder-Lhe - a Ele que,<br />
Pág. 221<br />
em benefício do homem, havia deixado as alegrias do Céu, preferindo morar em um<br />
mundo frio e ingrato. Cristo encontrou conforto e alegria na comunhão com o Pai. Ali<br />
podia desabafar o coração das dores que O oprimiam. Era um homem de dores, e<br />
experimentado nos trabalhos.<br />
Nosso Exemplo<br />
Durante o dia Ele trabalhava diligentemente para fazer bem aos outros, para salvar os<br />
homens da destruição. Curava os doentes, confortava os tristes, e levava animação e<br />
esperança aos que se achavam em desespero. Trazia os mortos à vida. Depois de<br />
concluída a obra do dia, saía, noite após noite, da confusão da cidade e, em algum<br />
solitário bosque Seu vulto dobrava-se em súplicas ao Pai. Às vezes, os claros raios da<br />
Lua incidiam-Lhe sobre o corpo inclinado. E depois, novamente as nuvens e as trevas<br />
excluíam toda a luz. O orvalho e a geada da noite caíam-Lhe na cabeça e na barba<br />
enquanto ali ficava, naquela atitude suplicante. Freqüentemente Ele prosseguia em<br />
Suas petições a noite inteira. Ele é nosso exemplo. Se pudermos lembrar isto, e imitá-<br />
Lo, seremos muito mais fortes em Deus.<br />
95
Se o Salvador <strong>dos</strong> homens, com Sua força divina, sentia a necessidade de oração,<br />
quanto mais deviam os fracos mortais, pecadores, sentir a necessidade de oração -<br />
oração fervorosa, constante! Quando Cristo Se via mais tenazmente assaltado pela<br />
tentação, não comia nada. Confiava-Se a Deus, e mediante fervorosa oração e perfeita<br />
submissão à vontade de Seu Pai, saía vencedor. Os que professam a verdade para<br />
estes últimos dias, acima de todas as outras classes de professos cristãos, devem<br />
imitar o grande Modelo na oração.<br />
"Basta ao discípulo ser como seu mestre, e ao servo como seu senhor." Mat. 10:25.<br />
Nossas mesas acham-se freqüentemente cobertas de iguarias que nem são saudáveis<br />
nem necessárias, porque amamos mais estas coisas do que a abnegação, o estar livres<br />
de doenças e ter mente sã. Jesus buscava<br />
Pág. 222<br />
diligentemente força de Seu Pai. Isto, o divino Filho de Deus considerava de maior<br />
valor, mesmo para Si, do que sentar-Se à mesa mais rica e variada. Ele nos deu provas<br />
de que a oração é essencial a fim de receber forças para lutar contra os poderes das<br />
trevas, e realizar a obra que nos foi designada. Nossa própria força é fraqueza, mas a<br />
que Deus dá é poder e fará a todo o que a receba, mais que vencedor.<br />
No Getsêmani<br />
Enquanto o Filho de Deus Se achava curvado no Getsêmani, em atitude de oração, a<br />
angústia de espírito que experimentava forçou-Lhe <strong>dos</strong> poros um suor como grandes<br />
gotas de sangue. Foi ali que O circundou o horror de uma grande treva. Achavam-se<br />
sobre Ele os peca<strong>dos</strong> do mundo. Ele estava sofrendo em lugar do homem, como<br />
transgressor da lei do Pai. Ali teve lugar a cena da tentação. A divina luz de Deus ia-<br />
Lhe fugindo ao olhar, e Ele passando às mãos <strong>dos</strong> poderes das trevas. Na angústia de<br />
Sua alma, jazia prostrado na terra fria. Experimentava o desagrado do Pai. Tomara<br />
<strong>dos</strong> lábios do homem culpado o cálice do sofrimento, e propusera-Se a sorvê-lo Ele<br />
próprio, dando em troca ao homem a taça da bênção. A ira que devia ter caído sobre o<br />
homem, caía agora sobre Cristo. Foi ali que o misterioso cálice Lhe tremeu na mão.<br />
Jesus havia muitas vezes saído para o Getsêmani com os discípulos a fim de meditar e<br />
orar. To<strong>dos</strong> eles estavam bem familiariza<strong>dos</strong> com esse sagrado retiro. Mesmo Judas<br />
sabia aonde devia conduzir a turba assassina a fim de entregar Jesus em suas mãos.<br />
Nunca dantes visitara o Salvador aquele lugar com o coração tão cheio de dor. Não era<br />
do sofrimento físico que o Filho de Deus recuava, e que Lhe arrancou <strong>dos</strong> lábios, na<br />
presença <strong>dos</strong> discípulos, essas tristes palavras: "A Minha alma está cheia de tristeza<br />
até à morte." "Ficai aqui", disse Ele, "e velai comigo." Mat. 26:38.<br />
Deixando os discípulos ao alcance da voz, Ele foi a pequena distância deles, e prostrou-<br />
Se sobre Seu rosto, e orou. Sua<br />
Pág. 223<br />
alma estava angustiada, e rogou: "Meu Pai, se é possível, passe de Mim este cálice;<br />
todavia, não seja como Eu quero, mas como Tu queres." Mat. 26:39. Os peca<strong>dos</strong> de um<br />
mundo perdido estavam sobre Ele, escravizando-O. Foi o senso do desagrado do Pai em<br />
conseqüência do pecado que Lhe rompeu o coração com tão penetrante agonia, e<br />
forçou-Lhe da fronte grandes gotas de sangue que, rolando pelas faces pálidas, caíram<br />
em terra, umedecendo o solo.<br />
"Vigiai e Orai"<br />
Erguendo-Se da posição prostrada em que Se achava, foi ter com os discípulos, e<br />
achou-os adormeci<strong>dos</strong>. Disse a Pedro: "Então nem uma hora pudeste velar comigo?<br />
Vigiai e orai, para que não entreis em tentação: na verdade, o espírito está pronto, mas<br />
a carne é fraca." Mat. 26:40 e 41. No momento mais importante - o momento em que<br />
Jesus lhes pedira especialmente que velassem com Ele, os discípulos foram<br />
encontra<strong>dos</strong> adormeci<strong>dos</strong>. Ele sabia que os esperavam os mais rudes conflitos e<br />
terríveis tentações. Levara-os consigo para que Lhe fossem um auxílio, e para que os<br />
acontecimentos que testemunhassem naquela noite, e as lições das instruções que<br />
96
haviam de receber lhes ficassem indelevelmente gravadas na memória. Isto era<br />
necessário para que sua fé não desfalecesse mas fosse fortalecida para a prova que se<br />
achava justamente diante deles.<br />
Em vez de velarem com Cristo, porém, ficaram carrega<strong>dos</strong> de tristeza e adormeceram.<br />
Mesmo o ardoroso Pedro que, havia poucas horas apenas, declarara que havia de<br />
sofrer e, se preciso, morrer por seu Senhor, estava adormecido. No momento mais<br />
crítico, quando o Filho de Deus necessitava de sua simpatia e fervorosas orações,<br />
foram acha<strong>dos</strong> dormindo. Muito perderam eles por dormirem assim. Nosso Salvador<br />
pretendia fortalecê-los para a rigorosa prova de sua fé a que seriam em breve sujeitos.<br />
Caso eles houvessem passado aquele triste período velando com o querido Salvador, e<br />
orando a Deus,<br />
Pág. 224<br />
Pedro não teria sido deixado às suas próprias e frágeis forças para negar a seu Senhor<br />
no momento da provação.<br />
O Filho de Deus foi pela segunda vez, e orou dizendo: "Pai Meu, se este cálice não pode<br />
passar de Mim sem Eu o beber, faça-se a Tua vontade." Mat. 26:42. E foi novamente<br />
ter com os discípulos, e encontrou-os adormeci<strong>dos</strong>. Tinham os olhos pesa<strong>dos</strong>. Esses<br />
discípulos adormeci<strong>dos</strong> representam a igreja a dormir, ao aproximar-se o dia do juízo<br />
de Deus. É um tempo de nuvens e espessa escuridão, quando achar-se dormindo é por<br />
demais perigoso.<br />
Jesus deixou-nos esta advertência: "Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o<br />
Senhor da casa; se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã, para<br />
que, vindo de improviso, não vos ache dormindo." Mar. 13:35 e 36. Requer-se da igreja<br />
de Deus que faça sua vigília noturna, seja embora perigosa, seja longa ou breve. A<br />
tristeza não é desculpa para que ela seja menos vigilante. A tribulação não deve levar<br />
à negligência, mas a dobrada vigilância. Cristo dirigiu a igreja pelo próprio exemplo à<br />
Fonte de sua força em tempos de necessidade, aflição e perigo. A atitude de vigilância<br />
deve caracterizar a igreja como o verdadeiro povo de Deus. Por este sinal os que se<br />
acham à espera distinguem-se do mundo, e mostram ser peregrinos e estrangeiros na<br />
Terra.<br />
Novamente o Salvador afastou-Se com tristeza <strong>dos</strong> discípulos adormeci<strong>dos</strong>, e orou pela<br />
terceira vez, dizendo as mesmas palavras. Volveu então a eles, e disse: "Dormi agora, e<br />
repousai; eis que é chegada a hora, e o Filho do homem será entregue nas mãos <strong>dos</strong><br />
pecadores." Mat. 26:45. Quão cruel da parte <strong>dos</strong> discípulos permitir que o sono lhes<br />
cerrasse os olhos e o cansaço lhes acorrentasse os senti<strong>dos</strong>, enquanto seu divino<br />
Senhor suportava tão indizível angústia mental! Caso eles tivessem vigiado, não<br />
haveriam perdido a fé ao verem o Filho de Deus moribundo na cruz.<br />
Essa importante vigília noturna haveria sido assinalada por nobres lutas mentais e<br />
orações, as quais lhes teriam levado<br />
Pág. 225<br />
resistência para testemunhar a inexprimível agonia do Filho de Deus. Isto os haveria<br />
preparado, ao contemplarem Seus sofrimentos na cruz, para compreender alguma<br />
coisa da natureza da opressiva angústia que Ele suportou no Getsêmani. E eles teriam<br />
podido relembrar as palavras que Ele lhes dirigira com referência a Seus sofrimentos,<br />
morte e ressurreição; e por entre as sombras daquela hora terrível, difícil, alguns raios<br />
de esperança lhes haveriam iluminado as trevas e sustentado sua fé.<br />
Cristo lhes dissera antes, que tais coisas haviam de acontecer; eles, porém, não O<br />
compreendiam. A cena de Seus sofrimentos devia ser para os discípulos uma provação<br />
ardente, e daí a necessidade de vigilância e oração. A fé deles precisava ser sustida por<br />
uma força invisível, ao assistirem a vitória <strong>dos</strong> poderes das trevas.<br />
Inexprimível Angústia<br />
Não podemos ter senão uma pálida concepção da inexprimível angústia do querido<br />
Filho de Deus no Getsêmani, ao experimentar Ele a separação de Seu Pai em<br />
97
conseqüência de levar sobre Si o pecado do homem. Ele Se fez pecado pela raça<br />
humana. O senso da retirada do amor de Seu Pai, arrancou-Lhe da alma angustiada<br />
as dolorosas palavras: "A Minha alma está cheia de tristeza até à morte." "Se é<br />
possível, passe de Mim este cálice." Em seguida, com inteira submissão à vontade de<br />
Seu Pai, acrescenta: "Todavia, não seja como Eu quero, mas como Tu queres." Mat.<br />
26:38 e 39.<br />
O divino Filho de Deus estava desfalecente, moribundo. O Pai mandou um mensageiro<br />
de Sua presença para fortalecer o divino sofredor, e fortificá-Lo para trilhar a<br />
sangrenta estrada. Pudessem os mortais ter contemplado o espanto e a dor da hoste<br />
angélica ao testemunharem eles em silencioso pesar o Pai afastando Seus raios de luz,<br />
amor e glória de Seu Filho dileto, e poderiam melhor compreender quão ofensivo é o<br />
pecado aos Seus olhos. A espada da justiça devia agora despertar<br />
Pág. 226<br />
contra Seu querido Filho. Por um beijo foi Ele entregue nas mãos <strong>dos</strong> inimigos, e<br />
levado às pressas para a sala de um tribunal terrestre para ali ser escarnecido e<br />
condenado à morte por pecadores mortais. Ali foi o glorioso Filho de Deus "ferido pelas<br />
nossas transgressões, e moído pelas nossas iniqüidades". Isa. 53:5. Sofreu insultos,<br />
zombarias e vergonhosos maus-tratos, de modo que "Seu parecer estava tão<br />
desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a Sua figura mais do que a <strong>dos</strong> outros<br />
filhos <strong>dos</strong> homens". Isa. 52:14.<br />
Incompreensível Amor<br />
Quem pode compreender o amor aqui manifestado! A hoste angélica contemplou com<br />
assombro e dor Aquele que fora a majestade do Céu, e que usara a coroa de glória,<br />
usando agora a coroa de espinhos, vítima ensangüentada da ira de uma turba<br />
enfurecida, incendida até à loucura pela ira de Satanás. Contemplai o paciente<br />
Sofredor! Tem na cabeça a coroa de espinhos. O sangue vital corre-Lhe de toda<br />
lacerada veia. Tudo isso em conseqüência do pecado! Coisa alguma poderia haver<br />
induzido Cristo a abandonar a honra e majestade que tinha no Céu, e vir a um mundo<br />
pecador, para ser desdenhado, desprezado e rejeitado por aqueles a quem vinha salvar,<br />
sofrendo afinal na cruz, senão o amor eterno, redentor, que permanecerá para sempre<br />
um mistério.<br />
Maravilha-te, ó Céu, e assombra-te, ó Terra! Eis o opressor e o oprimido! Vasta<br />
multidão circunda o Salvador do mundo. Chufas e zombarias misturam-se com as<br />
vulgares imprecações de blasfêmias. Seu humilde nascimento e vida são comenta<strong>dos</strong><br />
por insensíveis entes vis. Sua declaração de ser o Filho de Deus é ridicularizada pelos<br />
principais sacerdotes e anciãos, e os gracejos vulgares e insultuosa zombaria passam<br />
de boca em boca. Satanás estava exercendo inteiro controle na mente de seus servos.<br />
Para fazê-lo eficazmente, começa com o sumo sacerdote e os anciãos, inspirando-lhes o<br />
delírio religioso. São atua<strong>dos</strong> pelo mesmo espírito satânico que move os mais vis e<br />
Pág. 227<br />
endureci<strong>dos</strong> da escória. Há nos sentimentos de to<strong>dos</strong> uma corrupta harmonia, desde os<br />
sacerdotes e anciãos hipócritas até aos mais baixos. Cristo, o precioso Filho de Deus,<br />
foi levado para diante, e a cruz colocada nos Seus ombros. A cada passo gotejava-Lhe o<br />
sangue das feridas. Comprimido por imensa multidão de cruéis inimigos e insensíveis<br />
espectadores, é Ele conduzido à crucifixão. "Ele foi oprimido, mas não abriu a Sua<br />
boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e, como a ovelha muda perante os<br />
seus tosquiadores, Ele não abriu a Sua boca." Isa. 53:7.<br />
Na Cruz<br />
Seus contrista<strong>dos</strong> discípulos seguiram-nO à distância, atrás da turba homicida. Ele é<br />
pregado à cruz, e pende suspenso entre o Céu e a Terra. O coração estala-lhes de<br />
agonia ao verem seu amado Mestre sofrendo como um criminoso. Próximo à cruz<br />
acham-se os cegos, fanáticos e pérfi<strong>dos</strong> sacerdotes e anciãos, insultando, zombando e<br />
escarnecendo: "Tu, que destróis o templo, e em três dias o reedificas, salva-Te a Ti<br />
98
mesmo; se és Filho de Deus, desce da cruz. E da mesma maneira também os príncipes<br />
<strong>dos</strong> sacerdotes, com os escribas, e anciãos, e fariseus, escarnecendo, diziam: Salvou os<br />
outros, e a Si mesmo não pode salvar-Se. Se é o Rei de Israel, desça agora da cruz, e<br />
creremos nEle; confiou em Deus; livre-O agora, se O ama; porque disse: Sou Filho de<br />
Deus." Mat. 27:40-43.<br />
Nem uma palavra respondeu Jesus a tudo isto. Enquanto os pregos Lhe estavam<br />
sendo enterra<strong>dos</strong> nas mãos, e as gotas do suor da agonia Lhe porejavam, <strong>dos</strong> lábios<br />
páli<strong>dos</strong> e trementes do inocente Sofredor soltou-se uma oração de amor perdoador em<br />
benefício de Seus assassinos: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem." Luc.<br />
23:34. Todo o Céu atentava com profundo interesse para a cena. O glorioso Redentor<br />
de um mundo perdido, sofria a pena da transgressão do homem contra a lei do Pai. Ele<br />
estava prestes a redimir Seu povo com o próprio sangue. Estava pagando as justas<br />
reivindicações da<br />
Pág. 228<br />
santa lei de Deus. Era o meio pelo qual se poria, enfim, termo ao pecado e a Satanás, e<br />
sua hoste seria vencida.<br />
Oh! já houve acaso sofrimento e dor iguais àqueles que foram suporta<strong>dos</strong> pelo<br />
moribundo Salvador? Foi o senso do desagrado do Pai que Lhe tornou o cálice tão<br />
amargo. Não foi o sofrimento físico que pôs tão rápido fim à vida de Cristo na cruz. Foi<br />
o peso esmagador <strong>dos</strong> peca<strong>dos</strong> do mundo, e o senso da ira de Seu Pai. A glória de Seu<br />
Pai, Sua mantenedora presença, haviam-nO abandonado, e o desespero fazia sentir<br />
sobre Ele o peso esmagador da treva, arrancando-Lhe <strong>dos</strong> páli<strong>dos</strong> e trêmulos lábios o<br />
angustioso grito: "Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?" Mat. 27:46.<br />
Jesus unira-Se ao Pai na criação do mundo. Por entre os angustiosos sofrimentos do<br />
Filho de Deus, unicamente os homens cegos e iludi<strong>dos</strong> permaneciam insensíveis. Os<br />
príncipes <strong>dos</strong> sacerdotes e os anciãos ofendiam o querido Filho de Deus em Suas ânsias<br />
de morte. Todavia a natureza inanimada geme em simpatia com Seu ensangüentado e<br />
moribundo Autor. A Terra treme. O Sol recusa-se a contemplar a cena. O céu se<br />
enegrece. Os <strong>anjos</strong> assistiram à cena de sofrimento até que não mais puderam<br />
contemplá-la, e ocultaram o rosto da horrenda visão. Cristo está morrendo! Está como<br />
que sem esperança! É retirado o sorriso aprovador do Pai, e aos <strong>anjos</strong> não é permitido<br />
aclarar as sombras da hora terrível. Não podiam senão olhar em assombro a seu<br />
amado Comandante, a Majestade do Céu, a sofrer o castigo da transgressão do homem<br />
à lei do Pai.<br />
As Profundezas<br />
Até mesmo dúvidas assaltaram o agonizante Filho de Deus. Ele não podia enxergar<br />
para além <strong>dos</strong> portais do sepulcro. Não havia uma luminosa esperança a apresentar-<br />
Lhe Sua saída vitoriosa do túmulo, e a aceitação do sacrifício que fazia, por parte de<br />
Seu Pai. O pecado do mundo, com toda a sua terribilidade, foi sentido até ao máximo<br />
pelo Filho de Deus. A aversão do Pai pelo pecado, e a pena deste, que é a morte, era<br />
tudo quanto<br />
Pág. 229<br />
Ele podia divisar através desta espantosa treva. Foi tentado a temer que o pecado<br />
fosse tão ofensivo aos olhos de Seu Pai, que Ele não Se pudesse reconciliar com o Filho.<br />
A terrível tentação de que Seu Pai O houvesse abandonado para sempre, deu lugar<br />
àquele penetrante brado desprendido da cruz: "Deus Meu, Deus Meu, por que Me<br />
desamparaste?" Mat. 27:46.<br />
Cristo sentiu muito semelhantemente ao que os pecadores hão de sentir quando os<br />
cálices da ira de Deus forem derrama<strong>dos</strong> sobre eles. Negro desespero, como um manto,<br />
adensar-se-á em torno de suas almas culpadas, e então hão de avaliar na plenitude de<br />
sua extensão, a malignidade do pecado. A salvação lhes foi comprada pelo sofrimento e<br />
morte do Filho de Deus. Ela lhes pertenceria, caso a aceitassem voluntária e<br />
alegremente; ninguém, todavia, é obrigado a prestar obediência à lei de Deus. Se eles<br />
99
ecusam o benefício celeste e preferem os prazeres e engano do pecado, têm sua<br />
escolha e, ao fim, recebem o salário que lhes pertence, que é a ira de Deus e a morte<br />
eterna. Ficarão para sempre separa<strong>dos</strong> da presença de Jesus, cujo sacrifício<br />
desprezaram. Terão perdido uma existência de felicidade, e sacrificado a glória eterna<br />
por um pouco de tempo <strong>dos</strong> prazeres do pecado.<br />
A fé e a esperança vacilavam nas agonias de Cristo moribundo, pois Deus retirara a<br />
certeza que até então concedera a Seu amado Filho, de Sua aprovação e aceitação. O<br />
Redentor do mundo apoiou-Se então nas provas que até aí O haviam fortalecido, de<br />
que o Pai aceitava Seus labores, e estava satisfeito com Sua obra. Na agonia da morte,<br />
ao depor Ele a preciosa vida, tem de confiar unicamente pela fé nAquele a quem<br />
obedecer fora sempre Sua alegria. Não O animam claros, luminosos raios de esperança<br />
à direita ou à esquerda. Tudo se acha envolto em opressiva escuridão. Em meio da<br />
pavorosa treva experimentada pela compassiva natureza, sorve o Redentor o<br />
misterioso cálice até às fezes. Sendo-Lhe negada até a brilhante esperança e confiança<br />
no triunfo que obterá no futuro, clama Ele com grande voz: "Pai, nas Tuas mãos<br />
entrego o Meu espírito." Luc. 23:46.<br />
Pág. 230<br />
Ele conhece o caráter do Pai, Sua justiça, misericórdia e grande amor, e submisso,<br />
entrega-Se-Lhe nas mãos. Por entre as convulsões da Natureza, são ouvidas pelos<br />
assombra<strong>dos</strong> espectadores as derradeiras palavras do Homem do Calvário.<br />
A Natureza compadeceu-se <strong>dos</strong> sofrimentos de seu Autor. A terra arquejante, as<br />
rochas a fenderem-se, proclamaram que era o Filho de Deus que acabava de morrer.<br />
Houve um forte terremoto. O véu do templo rasgou-se em dois. O terror apoderou-se de<br />
executantes e espectadores, ao verem o Sol envolto em trevas e sentirem a terra<br />
tremer debaixo de seus pés, ao mesmo tempo que viam e ouviam as rochas se partindo.<br />
Silenciaram as zombarias e escárnios <strong>dos</strong> principais sacerdotes e anciãos ao<br />
encomendar Cristo o espírito às mãos de Seu Pai. Pasma, a turba começou a retirar-se<br />
tateando o caminho através das trevas, em direção à cidade. Batiam no peito enquanto<br />
caminhavam e, com terror, mal ousando falar senão num murmúrio, diziam entre si:<br />
"Foi um inocente que foi morto. E se Ele era em verdade, como afirmava, o Filho de<br />
Deus?"<br />
"Está Consumado"<br />
Jesus não depôs a vida enquanto não terminou a obra que viera fazer, e exclamou com<br />
Seu último suspiro: "Está consumado." João 19:30. Satanás estava tão derrotado!<br />
Sabia estar perdido o seu reino. Os <strong>anjos</strong> regozijaram-se ao serem proferidas as<br />
palavras: "Está consumado." O grande plano da redenção dependente da morte de<br />
Cristo, fora até ali executado. E houve alegria no Céu para que os filhos de Adão<br />
poderiam, mediante uma vida de obediência, ser afinal exalta<strong>dos</strong> ao trono de Deus.<br />
Oh! que amor! Que assombroso amor, que trouxe o Filho de Deus à Terra para ser feito<br />
pecado por nós, a fim de podermos ser reconcilia<strong>dos</strong> com Deus, e eleva<strong>dos</strong> a uma<br />
existência com Ele em Suas mansões de glória! Oh! que é o homem para que se<br />
pagasse um tão alto preço por sua redenção!<br />
Quando os homens e mulheres puderem compreender mais<br />
Pág. 231<br />
plenamente a magnitude do grande sacrifício feito pela Majestade do Céu em morrer<br />
em lugar do homem, então será magnificado o plano da salvação, e as reflexões sobre o<br />
Calvário despertarão ternas, sagradas e vivas emoções na alma cristã. Terão no<br />
coração e nos lábios louvores a Deus e ao Cordeiro. Orgulho e egoísmo não podem<br />
florescer no coração que guarda vivas na memória as cenas do Calvário. De pouco valor<br />
se afigurará este mundo aos que apreciam o grande preço da redenção humana, o<br />
precioso sangue do querido Filho de Deus. Nem toda a riqueza do mundo é suficiente<br />
em valor para redimir uma alma a perecer. Quem poderá medir o amor experimentado<br />
100
por Cristo para com um mundo perdido, ao pender Ele da cruz, sofrendo pelas culpas<br />
<strong>dos</strong> pecadores? Este amor foi imenso, infinito.<br />
O Amor Mais Forte do que a Morte<br />
Cristo mostrou que Seu amor era mais forte do que a morte. Ele estava realizando a<br />
salvação do homem; e se bem que sofresse o mais terrível conflito com os poderes das<br />
trevas, todavia, entre tudo isso, Seu amor se tornou mais e mais forte. Suportou o ser-<br />
Lhe oculto o semblante de Seu Pai, a ponto de Ele exclamar na amargura de Sua alma:<br />
"Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?" Mat. 27:46. Seu braço trouxe<br />
salvação. Foi pago o preço para comprar a redenção do homem, quando, no derradeiro<br />
conflito de alma, foram proferidas as benditas palavras que pareceram ressoar através<br />
da criação: "Está consumado."<br />
Muitos que professam ser cristãos inflamam-se com empreendimentos mundanos, e<br />
seu interesse é despertado por novos e excitantes divertimentos, ao passo que têm o<br />
coração frio, e parecem gela<strong>dos</strong> na causa de Deus. Eis um tema, pobres formalistas, de<br />
suficiente importância para inflamar-vos. Interesses eternos acham-se aí envolvi<strong>dos</strong>.<br />
Em se tratando desse assunto, é pecado ser calmo e desapaixonado. As cenas do<br />
Calvário requerem a mais profunda emoção. A esse<br />
Pág. 232<br />
respeito estareis desculpa<strong>dos</strong> se manifestardes entusiasmo. Que Cristo, tão excelente,<br />
tão inocente, devesse sofrer tão dolorosa morte, suportando o peso <strong>dos</strong> peca<strong>dos</strong> do<br />
mundo jamais poderão nossos pensamentos e imaginações compreender plenamente. O<br />
comprimento, a largura, a altura e a profundidade de tão assombroso amor, não<br />
podemos sondar. A contemplação das incomparáveis profundidades do amor do<br />
Salvador, deve encher a mente, tocar e enternecer a alma, refinar e enobrecer as<br />
afeições, transformando inteiramente todo o caráter. Eis a linguagem do apóstolo:<br />
"Nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e Este crucificado." I Cor. 2:2.<br />
Também nós devemos olhar para o Calvário, e exclamar: "Mas longe esteja de mim<br />
gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está<br />
crucificado para mim e eu para o mundo." Gál. 6:14.<br />
Considerando a que imenso custo foi comprada nossa salvação, qual será a sorte<br />
daqueles que negligenciam uma tão grande salvação? Qual será o castigo <strong>dos</strong> que<br />
professam ser seguidores de Cristo, e todavia deixam de curvar-se em humilde<br />
obediência às reivindicações de seu Redentor, e que não tomam a cruz como humildes<br />
discípulos de Cristo, seguindo-O da manjedoura ao Calvário? "Quem comigo não<br />
ajunta espalha", diz Cristo. Mat. 12:30.<br />
Visão Limitada da Expiação<br />
Alguns têm visão limitada quanto à expiação. Pensam que Cristo sofreu apenas<br />
pequena parte da pena da lei de Deus; julgam que, ao passo que a ira de Deus foi<br />
experimentada por Seu querido Filho, Este tinha, através de to<strong>dos</strong> os Seus dolorosos<br />
sofrimentos, a demonstração do amor de Seu Pai e de Sua aceitação; que as portas do<br />
sepulcro se achavam iluminadas diante dEle por vívida esperança, e que Ele tinha a<br />
constante demonstração de Sua futura glória. Eis um grande engano. A mais intensa<br />
angústia de Cristo era o senso do desagrado do Pai. Tão penosa foi Sua agonia mental<br />
por causa disto, que o homem não<br />
Pág. 233<br />
pode ter senão uma apagada concepção a esse respeito.<br />
A história da condescendência, humilhação e sacrifício de nosso divino Senhor, não<br />
despertam em muitos nenhum interesse mais profundo, nem comovem a alma e<br />
afetam a vida mais do que o faz a história da morte <strong>dos</strong> mártires de Jesus. Muitos<br />
sofreram a morte por torturas lentas; outros a sofreram mediante crucifixão. Em<br />
verdade difere destas, a morte do querido Filho de Deus? É verdade que Ele morreu na<br />
cruz morte por demais cruel; todavia outros, por amor dEle, sofreram igualmente, no<br />
tocante à tortura física. Por que então foi o sofrimento de Cristo mais terrível do que o<br />
101
de outras pessoas que deram a vida por amor dEle? Consistissem os sofrimentos de<br />
Cristo apenas em dores físicas, e Sua morte não seria mais dolorosa do que a de alguns<br />
<strong>dos</strong> mártires.<br />
O sofrimento físico, porém, não foi senão pequena parte da agonia do amado Filho de<br />
Deus. Os peca<strong>dos</strong> do mundo achavam-se sobre Ele, bem como o senso da ira de Seu Pai<br />
enquanto Ele padecia o castigo da lei transgredida. Estas coisas é que Lhe esmagavam<br />
a alma divina. Foi o ocultar-se o semblante do Pai - um senso de que Seu próprio e<br />
amado Pai O havia abandonado - que Lhe trouxe desespero. A separação causada pelo<br />
pecado entre Deus e o homem foi plenamente avaliada e vivamente sentida pelo<br />
inocente e sofredor Homem do Calvário. Ele foi oprimido pelos poderes das trevas. Não<br />
tinha um único raio de luz a aclarar-Lhe o futuro. E estava lutando com o poder de<br />
Satanás, que declarava ter Cristo em suas mãos, que era superior em força ao Filho de<br />
Deus, que o Pai estava rejeitando o Filho e que Este não estava, mais que ele próprio,<br />
no favor de Deus. Se estava ainda no favor de Deus, por que necessitava Ele morrer?<br />
Deus O podia salvar da morte.<br />
Cristo não cedeu no mínimo ao torturante inimigo, nem mesmo em Sua mais amarga<br />
agonia. Legiões de <strong>anjos</strong> maus estavam ao redor do Filho de Deus, todavia não foi<br />
ordenado aos santos <strong>anjos</strong> que rompessem as fileiras e se empenhassem em conflito<br />
com o insultante, injurioso inimigo. Os <strong>anjos</strong> celestes<br />
Pág. 234<br />
não tiveram permissão de ministrar ao angustiado espírito do Filho de Deus. Foi nessa<br />
terrível hora de trevas, oculta a face de Seu Pai, legiões de <strong>anjos</strong> maus a circundá-Lo,<br />
pesando sobre Ele os peca<strong>dos</strong> do mundo, que Lhe foram arrancadas <strong>dos</strong> lábios as<br />
palavras: "Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?" Mat. 27:46.<br />
Uma Medida do Valor da Alma<br />
A morte <strong>dos</strong> mártires não pode sofrer comparação com a agonia suportada pelo Filho<br />
de Deus. Devemos ter visões mais amplas e profundas da vida, sofrimentos e morte do<br />
querido Filho de Deus. Ao ser a expiação devidamente considerada, a salvação de<br />
almas será reconhecida de infinito valor. Em comparação com os empreendimentos da<br />
vida eterna, to<strong>dos</strong> os outros imergem na insignificância. Mas como têm sido<br />
despreza<strong>dos</strong> os conselhos desse amante Salvador! O coração se dedica às coisas do<br />
mundo, e interesses egoístas têm cerrado a porta ao Filho de Deus. Vã hipocrisia e<br />
orgulho, egoísmo e lucro, inveja, malícia e paixão têm enchido de tal forma o coração<br />
de muitos, que Cristo não pode ter lugar.<br />
Ele era eternamente rico, todavia, por amor de nós, fez-Se pobre, para que, mediante<br />
Sua pobreza, nos pudéssemos tornar ricos. Vestia-Se de luz e glória, e estava cercado<br />
de hostes de <strong>anjos</strong> celestes que esperavam por executar-Lhe as ordens. No entanto<br />
revestiu-Se de nossa natureza, e veio morar entre pecadores mortais. Há aí amor que<br />
linguagem alguma pode exprimir. Ultrapassa ao conhecimento. Grande é o mistério da<br />
piedade. Nossa alma deve avivar-se, elevar-se e ser arrebatada com o tema do amor do<br />
Pai e do Filho do homem. Os seguidores de Cristo devem aprender aqui a refletir em<br />
certa medida aquele misterioso amor preparatório para a união com to<strong>dos</strong> os remi<strong>dos</strong><br />
em tributar "ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro", "ações de graças, e<br />
honra, e glória, e poder para todo o sempre". Apoc. 5:13.<br />
__________<br />
Pág. 235<br />
Cristo Se deu a Si mesmo, como sacrifício expiatório, para a salvação de um mundo<br />
perdido. Ele foi tratado como nós merecemos, a fim de podermos ser trata<strong>dos</strong> como Ele<br />
merece. Foi condenado pelos nossos peca<strong>dos</strong>, em que não tinha participação, para que<br />
pudéssemos ser justifica<strong>dos</strong> por Sua justiça, em que não tínhamos parte. Sofreu a<br />
morte que nos cabia, a fim de podermos receber a vida que Lhe pertencia. "Pelas Suas<br />
pisaduras fomos sara<strong>dos</strong>." Isa. 53:5. Testimonies, vol. 8, págs. 208 e 209, 1904.<br />
__________<br />
102
O tema favorito de Cristo foi o caráter paternal e o abundante amor de Deus. Este<br />
conhecimento de Deus foi o dom de Cristo aos homens, dom que Ele confiou a Seu povo<br />
para que este o transmitisse ao mundo. Testimonies, vol. 7, pág. 55, 1900.<br />
43<br />
Zelo Cristão<br />
Pág. 236<br />
Há um zelo rui<strong>dos</strong>o, sem finalidade ou desígnio, o qual não é segundo o entendimento,<br />
é cego em suas manifestações e destrutivo nos resulta<strong>dos</strong>. Isto não é zelo cristão. Este<br />
é regido por princípio, e não é intermitente. É sincero, profundo e forte, empenhando<br />
toda a alma, e despertando as sensibilidades morais para o exercício. A salvação de<br />
almas e os interesses do reino de Deus são assuntos da mais alta importância. Que<br />
objeto existe que reclame maior ardor do que a salvação de almas e a glória de Deus?<br />
Há nisto considerações que não podem ser apreciadas levemente. São de tanta<br />
relevância como a eternidade. Acham-se em jogo destinos eternos. Homens e mulheres<br />
estão decidindo para a felicidade ou a desgraça. O zelo cristão não se esgota em<br />
palavras, mas sentirá e agirá com vigor e eficiência, não agirá para se mostrar. A<br />
humildade caracterizará todo esforço e manifestar-se-á em toda obra. O zelo cristão<br />
induzirá à fervorosa oração e humilhação, bem como à fidelidade nos deveres<br />
domésticos. No círculo familiar, ver-se-á a gentileza e o amor, benevolência e<br />
compaixão, os quais são sempre fruto do zelo cristão. ...<br />
Oh! quão poucos sentem o valor das almas! Quão poucos estão dispostos a se<br />
sacrificarem para levar almas ao conhecimento de Cristo! Há muita conversa, muita<br />
profissão de amor pelas almas que perecem; mas conversa é coisa barata. O que se<br />
precisa é fervoroso zelo cristão - algo que se manifeste através de atos. To<strong>dos</strong> devem<br />
agora trabalhar por si mesmos e, quando tiverem Jesus no coração, confessá-Lo-ão a<br />
outros. Tampouco poderia uma alma que possua a Cristo ser impedida de confessá-Lo,<br />
como as águas do Niágara poderiam ser impedidas de precipitar-se da catarata.<br />
44<br />
Responsabilidades <strong>dos</strong> Jovens<br />
Pág. 237<br />
Pudessem os jovens tão-somente ver quanto bem está em seu poder realizar, caso<br />
façam de Deus sua força e sabedoria, não mais prosseguiriam em uma direção de<br />
descui<strong>dos</strong>a indiferença para com Ele; não mais seriam deti<strong>dos</strong> pela influência <strong>dos</strong> que<br />
não são consagra<strong>dos</strong>. Em vez de sentir que pesa sobre eles uma responsabilidade<br />
individual de desenvolver esforços para fazer o bem aos outros, e conduzir outros à<br />
justiça, dedicam-se a buscar o próprio divertimento. São membros inúteis da<br />
sociedade, e vivem vida tão destituída de objetivo como as borboletas. Os jovens podem<br />
ter conhecimento da verdade, crer nela, mas não vivê-la. Estes possuem uma fé morta.<br />
O coração deles não se acha tocado a ponto de afetar a conduta e o caráter à vista de<br />
Deus, e não estão mais perto de fazer Sua vontade do que os incrédulos. Seu coração<br />
não se conforma com a vontade de Deus; estão em inimizade com Ele. Os que se<br />
entregam aos divertimentos, e gostam do convívio <strong>dos</strong> caçadores de prazer, sentem<br />
aversão pelos exercícios religiosos. Há de o Mestre dizer a esses jovens que Lhe<br />
professam o nome: Bem está, servos bons e fiéis - a menos que eles sejam bons e fiéis?<br />
Os jovens acham-se em grande perigo. Grande mal resulta da leitura leviana a que se<br />
entregam. Perde-se muito tempo que devia ser empregado em ocupações úteis. Alguns<br />
até se privam do sono para terminar alguma ridícula história de amor. O mundo achase<br />
inundado de novelas de toda sorte. Algumas não são de natureza tão perigosa como<br />
outras. Umas são imorais, baixas e vulgares; outras revestem-se de mais refinamento;<br />
todas, porém, são perniciosas em sua influência. Oh, se os jovens refletissem na<br />
influência que as histórias<br />
Pág. 238<br />
103
empolgantes exercem no espírito! Podeis vós, depois de uma leitura dessas, abrir a<br />
Palavra de Deus e ler com interesse as palavras da vida? Não achais desinteressante o<br />
Livro de Deus? A fascinação daquela história de amor prende o espírito, destruindo-lhe<br />
o tono saudável, e tornando-vos impossível fixar a mente nas verdades importantes,<br />
solenes, que dizem respeito a vosso interesse eterno. Pecais contra vossos pais<br />
devotando o tempo que lhes pertence a um tão mesquinho desígnio, e pecais contra<br />
Deus em assim empregar o tempo que devia ser passado em devoção a Ele.<br />
É o dever da juventude promover a sobriedade. A leviandade, os gracejos e chocarrices,<br />
darão em resultado a aridez da alma e a perda do favor de Deus. Muitos de vós<br />
pensam que não exercem má influência sobre outros, sentindo-se assim até certo ponto<br />
satisfeitos; mas caso exerceis influência para bem? Buscais em vossas conversas e atos<br />
conduzir outros ao Salvador? ou, se eles professam a Cristo, levá-los a andar mais<br />
achega<strong>dos</strong> a Ele?<br />
Os jovens devem cultivar um espírito de devoção e piedade. Não podem glorificar a<br />
Deus a menos que mirem continuamente atingir à plenitude da estatura de Cristo - a<br />
perfeição em Cristo Jesus. Que as graças cristãs se encontrem abundantemente em<br />
vós. Consagrai a vosso Salvador as melhores e mais santas afeições. Prestai inteira<br />
obediência a Sua vontade. Ele não aceitará nada menos do que isto. Não vos movais de<br />
vossa firmeza pelos escárnios e zombarias daqueles cuja mente se acha entregue à<br />
vaidade. Segui a vosso Salvador tanto na má como na boa fama; reputai como alegria e<br />
sagrada honra, suportar a cruz de Cristo. Jesus vos ama. Ele morreu por vós. A menos<br />
que O busqueis servir com afeição não dividida, deixareis de aperfeiçoar a santidade<br />
em Seu temor, e sereis afinal obriga<strong>dos</strong> a ouvir as terríveis palavras: Apartai-vos.<br />
45<br />
Uma Carta de Aniversário<br />
Pág. 239<br />
Querido filho: Escrevo esta pelo teu décimo nono aniversário. Foi um prazer ter-te<br />
conosco por algumas semanas. Estás para deixar-nos. Todavia nossas orações te<br />
seguirão.<br />
Finda hoje outro ano de tua existência. Como o reconsideras tu? Tens acaso feito<br />
progresso na vida religiosa? Tens crescido na espiritualidade? Tens crucificado o eu,<br />
com suas afeições e concupiscências? Tens crescido em interesse no estudo da Palavra<br />
de Deus? Obtiveste decisivas vitórias sobre teus próprios sentimentos e caprichos? Oh!<br />
qual tem sido o registro de tua vida durante o ano que acaba de passar para a<br />
eternidade, para nunca mais voltar?<br />
Ao entrares em um novo ano, faze-o com nova resolução de seguir direção progressiva<br />
e ascendente. Seja tua vida mais elevada do que tem sido até aqui. Faze que o teu<br />
objetivo não seja buscar o próprio interesse e prazer, mas promover o avançamento da<br />
causa de teu Redentor. Não permaneças numa atitude em que sempre necessites tu<br />
mesmo de auxílio, e outros tenham de guardar-te para te conservar no caminho<br />
estreito. Podes ser forte para exercer influência santificadora sobre outros. Podes estar<br />
em atitude em que o interesse de tua alma se desperte para fazer bem a outros, para<br />
consolar os aflitos, fortalecer os fracos, e dar teu testemunho em favor de Cristo<br />
sempre que se ofereça oportunidade. Visa honrar a Deus em tudo, sempre e em toda<br />
parte. Põe em tudo tua religião. Sê cabal em tudo quanto empreenderes.<br />
Não experimentaste o poder salvador de Deus como é teu privilégio fazer, porque não<br />
tornaste o grande objetivo de tua vida<br />
Pág. 240<br />
glorificar a Cristo. Seja todo propósito que formares, toda obra em que te empenhares<br />
e todo prazer que desfrutares, para glória de Deus. Seja esta a linguagem de teu<br />
coração: Sou teu, ó Deus, para viver para Ti, trabalhar para Ti e sofrer por Ti.<br />
Muitos professam estar ao lado do Senhor, mas não estão; o peso de todas as suas<br />
ações acha-se do lado de Satanás. Por que meio havemos de determinar de que lado<br />
104
nos encontramos? Quem possui o coração? Em quem estão nossos pensamentos? Sobre<br />
quem gostamos de conversar? Quem possui nossas mais calorosas afeições e melhores<br />
energias? Se nos achamos do lado do Senhor, nossos pensamentos estão com Ele, e<br />
nossos mais suaves pensamentos são a Seu respeito. Não temos amizade com o mundo;<br />
tudo quanto temos e somos, consagramos a Ele. Almejamos trazer Sua imagem,<br />
respirar Seu Espírito, fazer-Lhe a vontade e agradar-Lhe em tudo.<br />
Uma Influência Positiva<br />
Deves seguir uma direção tão decidida, que ninguém precisa enganar-se contigo. Não<br />
te é possível exercer influência sobre o mundo a menos que tenhas decisão. Tuas<br />
resoluções podem ser boas e sinceras, mas demonstrar-se-ão um fracasso a não ser que<br />
faças de Deus a tua força, e avances com firme determinação de propósito. Deves pôr o<br />
inteiro coração na causa e obra de Deus. Deves ser fervoroso em obter uma experiência<br />
na vida cristã. Deves exemplificar a Cristo em tua vida.<br />
Não podes servir a Deus e a Mamom. Ou estás totalmente do lado do Senhor, ou do<br />
lado do inimigo. "Quem não é comigo é contra Mim; e quem comigo não ajunta<br />
espalha." Mat. 12:30. Algumas pessoas tornam sua vida religiosa um fracasso, porque<br />
estão sempre vacilando, e não têm determinação. Sentem-se freqüentemente convictos,<br />
e chegam quase ao ponto de fazer a entrega de tudo a Deus; mas, deixando de chegar<br />
ao ponto, voltam novamente atrás. Enquanto nesse estado, a consciência vai-se<br />
endurecendo, e ficando cada vez menos susceptível às impressões do Espírito de Deus.<br />
Seu Espírito<br />
Pág. 241<br />
adverte, convence, e é desatendido até que quase Se afasta, ofendido. Com Deus não se<br />
brinca. Ele mostra claramente o dever, e se há negligência em seguir a luz, esta se<br />
torna em trevas.<br />
Deus pede que te tornes coobreiro Seu em Sua vinha. Começa exatamente onde estás.<br />
Chega-te à cruz e aí renuncia ao próprio eu, ao mundo, a todo ídolo. Recebe<br />
inteiramente a Jesus em Teu coração. Encontras-te em um lugar difícil para manter a<br />
consagração e exercer uma influência que desvie outros do pecado e do prazer e<br />
loucura para o caminho estreito traçado para os remi<strong>dos</strong> do Senhor.<br />
Faze inteira entrega a Deus; submete tudo sem reservas, e busca assim aquela paz<br />
que excede o entendimento. Não te é possível receber nutrição de Cristo, a menos que<br />
nele estejas. Se não estiveres nEle, és um ramo seco. Não sentes tua necessidade de<br />
pureza e verdadeira santidade. Deves experimentar sincero desejo de ter o Espírito<br />
Santo, e orar fervorosamente para obtê-Lo. Não podes esperar a bênção de Deus sem a<br />
buscares. Caso empregasses os meios ao teu alcance, experimentarias crescimento na<br />
graça, e te erguerias a uma vida mais elevada.<br />
Não te é natural amar as coisas espirituais, mas podes adquirir esse amor pelo<br />
exercício da mente, da energia de teu ser, nessa direção. O poder de fazer, eis o que<br />
necessitas. A verdadeira educação é o poder de usar as nossas faculdades de maneira a<br />
conseguir resulta<strong>dos</strong> benéficos. Por que é que a religião ocupa tão pouco nossa atenção,<br />
ao passo que o mundo tem a energia do cérebro, <strong>dos</strong> ossos e músculos? É porque toda a<br />
força de nosso ser inclina-se para aquela direção. Temo-nos exercitado em empenharnos<br />
com diligência e vigor nos negócios mundanos, até que se torna fácil ao espírito<br />
tomar essa direção. É por isto que os cristãos acham a vida religiosa tão difícil, e tão<br />
fácil a vida mundana. As faculdades foram exercitadas a empregar sua força naquele<br />
sentido. Na vida religiosa, tem havido assentimento às verdades da Palavra de Deus,<br />
mas não uma ilustração prática das mesmas na vida.<br />
Pág. 242<br />
Não se torna parte da educação cultivar pensamentos religiosos e sentimentos<br />
devocionais. Estes devem influenciar e reger todo o ser. Falta o hábito de fazer o que é<br />
direito. Há intermitente ação sob influências favoráveis; mas pensar natural e<br />
prontamente nas coisas divinas, não é o princípio regedor do espírito.<br />
105
Anões Espirituais<br />
Não há necessidade de sermos anões espirituais, caso exercitemos continuamente o<br />
espírito nas coisas espirituais. Mas orar meramente por isto e em torno disto, não<br />
satisfará às necessidades do caso. Precisas habituar a mente a concentrar-se nos<br />
assuntos espirituais. O exercício trará vigor. Muitos cristãos professos acham-se bem a<br />
caminho de perder ambos os mun<strong>dos</strong>. Ser um homem meio cristão e meio mundano,<br />
faz de ti cerca de uma centésima parte cristão e todo o resto mundano.<br />
O viver espiritual, eis o que Deus requer; todavia milhares exclamam: "Não sei o que é,<br />
não tenho força espiritual, não gozo o Espírito de Deus." Não obstante as mesmas<br />
pessoas tornam-se ativas e expansivas e mesmo eloqüentes quando falam sobre<br />
assuntos mundanos. Escuta essas pessoas na reunião. Cerca de uma dúzia de palavras<br />
são proferidas em voz que mal se ouve. São homens e mulheres do mundo. Cultivaram<br />
propensões mundanas, até que suas faculdades se tornaram fortes naquele sentido.<br />
São, no entanto, fracos como criancinhas com relação às coisas espirituais, quando<br />
deviam ser fortes e vivazes. Não lhes apraz demorar sobre o mistério da piedade. Não<br />
conhecem a linguagem do Céu, e não estão educando seu espírito de modo a estar<br />
prepara<strong>dos</strong> para entoar os cânticos do Céu, ou deleitarem-se nos cultos espirituais que<br />
ali ocuparão a atenção de to<strong>dos</strong>.<br />
Cristãos professos, cristãos mundanos, não se acham familiariza<strong>dos</strong> com as coisas<br />
celestiais. Eles nunca serão leva<strong>dos</strong> às<br />
Pág. 243<br />
portas da Nova Jerusalém para se empenharem em cultos que até então não os<br />
interessaram de maneira especial. Eles não exercitaram a mente em deleitar-se na<br />
devoção, e na meditação sobre as coisas de Deus e do Céu. Como, então, se poderão<br />
ocupar nos serviços do Céu? Como deleitarem-se nas coisas espirituais, puras e santas,<br />
lá do Céu, quando isto não lhes era especial deleite aqui na Terra? A própria atmosfera<br />
ali será pureza. Eles, porém, não se acham relaciona<strong>dos</strong> com tudo isso. Quando no<br />
mundo, seguindo suas vocações mundanas, sabiam a que se apegar, e exatamente o<br />
que fazer. A ordem inferior das faculdades, estando tão constantemente exercida,<br />
desenvolveu-se, ao passo que as mais elevadas e nobres potências do espírito, não<br />
sendo fortalecidas pelo uso, são incapazes de despertar imediatamente para os serviços<br />
espirituais. As coisas espirituais não se discernem, pois são olhadas com olhos<br />
amantes do mundo, os quais não podem apreciar o valor e a glória do divino acima do<br />
temporal.<br />
A mente precisa ser educada e disciplinada para amar a pureza. Cumpre estimular o<br />
amor pelas coisas espirituais; sim, cumpre estimulá-lo, caso queiras crescer na graça e<br />
no conhecimento da verdade. Os desejos de bondade e verdadeira santidade, são bons,<br />
até certo ponto, mas se te deténs aí, de nada aproveitarão. Os bons propósitos são<br />
justos, mas não se demonstrarão de nenhum préstimo, a menos que sejam<br />
resolutamente executa<strong>dos</strong>. Muitos se perderão enquanto esperam e desejam ser<br />
cristãos; não fizeram, porém, nenhum esforço sincero; portanto, serão pesa<strong>dos</strong> nas<br />
balanças e acha<strong>dos</strong> em falta. A vontade precisa ser exercida na devida direção: Serei<br />
um cristão de todo o coração. Conhecerei o comprimento e a largura, a altura e a<br />
profundidade do amor perfeito. Escutai às palavras de Jesus: "Bem-aventura<strong>dos</strong> os<br />
que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos." Mat. 5:6. São tomadas por<br />
Cristo amplas providências para satisfazer a alma que tem fome e sede de justiça.<br />
Pág. 244<br />
Mais Altas Realizações Espirituais<br />
O puro elemento do amor expandirá a alma para mais altas realizações, para mais<br />
amplos conhecimentos das coisas divinas, de modo que ela não se satisfaça senão com<br />
a plenitude. A maioria <strong>dos</strong> professos cristãos não possuem o senso do vigor espiritual<br />
que poderiam obter, fossem eles tão ambiciosos, zelosos e perseverantes para<br />
adquirirem conhecimento das coisas divinas como são para alcançar as mesquinhas e<br />
106
perecíveis coisas desta vida. As massas que professam ser cristãs, têm-se contentado<br />
com ser anões espirituais. Não têm nenhuma disposição de tornarem seu primeiro<br />
objetivo buscar primeiro o reino de Deus e Sua justiça; assim, a piedade é para eles um<br />
oculto mistério, não a podem entender. Não conhecem a Cristo por um conhecimento<br />
experimental.<br />
Sejam os homens e mulheres que se satisfazem com seu estado raquítico, definhado<br />
nas coisas divinas, repentinamente transporta<strong>dos</strong> ao Céu, testemunhando por um<br />
instante o elevado e santo estado de perfeição ali permanente - toda alma cheia de<br />
amor; todo semblante irradiando alegria; encantadora música a subir em melodiosos<br />
acentos em honra de Deus e do Cordeiro e incessantes torrentes de luz a fluírem sobre<br />
os santos procedendo do rosto dAquele que está assentado no trono, e do Cordeiro; e<br />
compreendam eles que há ainda mais elevada e maior alegria a experimentar, pois<br />
quanto mais recebem de Deus tanto maior é sua capacidade de crescer na exaltação<br />
eterna, e assim continuar a receber novas e maiores provisões das incessantes fontes<br />
da glória e bem-aventurança inexprimíveis - e poderão essas pessoas, pergunto,<br />
misturar-se à multidão do Céu, participar de seus cânticos celestes, e suportar a glória<br />
pura, exaltada, arrebatadora que emana de Deus e do Cordeiro? Oh, não! seu tempo de<br />
graça foi dilatado por anos para que pudessem aprender a linguagem do Céu, para que<br />
se tornassem "participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que<br />
pela concupiscência há no mundo". II Ped. 1:4. Eles, porém, tinham um negócio<br />
egoísta, seu<br />
Pág. 245<br />
próprio, em que ocupar as faculdades da mente e as energias do ser. Não se podiam<br />
permitir servir a Deus incondicionalmente, e fazer disto um objetivo. Os<br />
empreendimentos mundanos precisam vir primeiro, e apoderar-se do melhor de suas<br />
faculdades, e a Deus dedicam um pensamento passageiro. Hão de esses ser<br />
transforma<strong>dos</strong> depois da final decisão: "Quem é santo, seja santificado ainda"?, "quem<br />
é sujo, suje-se ainda"? Este tempo virá.<br />
Aqueles que educaram a mente em deleitar-se nos exercícios espirituais, são os que<br />
podem ser traslada<strong>dos</strong> e não serem oprimi<strong>dos</strong> com a pureza e a transcendente glória<br />
do Céu. Podes ter bom conhecimento das artes, estar relacionado com as ciências, ser<br />
excelente na música e na literatura, tuas maneiras podem agradar àqueles com quem<br />
convives, mas que têm estas coisas que ver com o preparo para o Céu? Que fazem elas<br />
para preparar-te a fim de comparecer diante do tribunal de Deus?<br />
Não te enganes. De Deus não se zomba. Coisa alguma senão a santidade te preparará<br />
para o Céu. Unicamente a piedade sincera, experimental, pode dar-te um caráter puro,<br />
elevado, e habilitar-te a entrar à presença de Deus, que habita na luz inacessível. O<br />
caráter celeste deve ser adquirido na Terra, ou jamais se poderá obter. Começa,<br />
portanto, imediatamente. Não te iludas de que virá tempo em que poderás fazer mais<br />
facilmente um diligente esforço do que agora. Cada dia aumenta tua distância de<br />
Deus. Prepara-te para a eternidade com um zelo tal como ainda não manifestaste.<br />
Educa tua mente em amar a Bíblia, amar a reunião de oração, a hora de meditação e,<br />
acima de tudo, a hora em que a alma comunga com Deus. Torna-te celeste na mente,<br />
se queres unir-te com o coro celestial nas mansões de cima.<br />
Começa agora outro ano de tua existência. No livro do anjo relator, volve-se uma nova<br />
página. Qual será o registro de suas páginas? Será ele manchado com negligência para<br />
com Deus,<br />
Pág. 246<br />
com deveres não cumpri<strong>dos</strong>? Deus não o permita. Que aí se grave um registro que não<br />
te envergonhes de que seja revelado aos olhos <strong>dos</strong> homens e <strong>dos</strong> <strong>anjos</strong>.<br />
Greenville, Michigan, 27 de julho de 1868.<br />
46<br />
107
O Engano das Riquezas<br />
Pág. 247<br />
Prezada irmã M: Ao mostrar-me o Senhor o seu caso, fui transportada a muitos anos<br />
atrás, quando a irmã se tornou crente na próxima vinda de Cristo. A irmã aguardava e<br />
amava Seu aparecimento. ...<br />
Vi a irmã lutando com a pobreza, buscando sustentar seus filhos. Muitas vezes, não<br />
sabia o que fazer; sombrio parecia o futuro, e incerto. Em sua aflição, a irmã clamava<br />
ao Senhor, e Ele a confortava e ajudava, e esperançosos raios de luz lhe brilhavam em<br />
torno. Quão precioso lhe era Deus naqueles tempos! quão doce Seu confortante amor!<br />
A irmã sentia possuir no Céu precioso tesouro. Ao considerar a recompensa <strong>dos</strong> aflitos<br />
filhos de Deus, que consolo sentir que O podia invocar como Pai! ...<br />
Minha atenção foi chamada para seu desejo de possuir recursos. Em seu coração<br />
estava este sentimento: "Oh! se tão-somente eu tivesse meios, não os havia de<br />
empregar mal! Daria um exemplo aos que são mesquinhos e avaros. Havia de mostrarlhes<br />
a grande bênção que se recebe em fazer bem." Sua alma aborrecia a cobiça.<br />
Quando a irmã via os que possuíam abundância <strong>dos</strong> bens deste mundo cerrarem o<br />
coração ao clamor <strong>dos</strong> necessita<strong>dos</strong>, dizia: "Deus os visitará; Ele os recompensará<br />
segundo as suas obras." Ao ver os ricos andarem orgulhosamente, o coração coberto de<br />
egoísmo como de cinta de ferro, sentia que eles eram mais pobres que a irmã mesma,<br />
se bem que se encontrasse em carência e sofrimento. Quando via esses homens<br />
orgulhosos de sua bolsa, de maneiras altivas porque o dinheiro tem poder, sentia<br />
compaixão<br />
Pág. 248<br />
deles, e de modo algum teria sido induzida a permutar o lugar com eles. Todavia<br />
desejava recursos, para que de tal modo os empregasse, que fosse uma repreensão à<br />
avareza.<br />
Provada Pela Prosperidade<br />
Disse o Senhor a Seu anjo que havia até então ministrado à irmã: "Tenho-a provado na<br />
pobreza e aflição, e ela não se separou de Mim, nem se rebelou contra Mim. Prová-la-ei<br />
agora com a prosperidade. Revelar-lhe-ei uma página do coração humano com a qual<br />
ela não está familiarizada. Mostrar-lhe-ei que o dinheiro é o mais perigoso inimigo que<br />
ela já tenha encontrado. Revelar-lhe-ei o engano das riquezas; que elas são um laço,<br />
mesmo para os que se julgam seguros contra o egoísmo e imunes contra a exaltação, a<br />
extravagância, o orgulho e o amor do louvor <strong>dos</strong> homens."<br />
Foi-me mostrado então que se abrira diante da irmã um caminho para melhorar suas<br />
condições de vida e, com o tempo, obter os recursos que a irmã julgava que havia de<br />
usar com sabedoria, e para glória de Deus. Quão ansiosamente observava seu anjo<br />
ministrador a nova prova, a ver como lhe havia de resistir! Ao lhe chegarem os meios<br />
às mãos, vi-a gradual e quase imperceptivelmente se separando de Deus. Os meios que<br />
lhe eram confia<strong>dos</strong> eram gastos para seu próprio benefício, para rodeá-la das boas<br />
coisas desta vida. Vi os <strong>anjos</strong> contemplando-a com pie<strong>dos</strong>a tristeza, o rosto meio<br />
desviado, indispostos a deixá-la. Todavia sua presença não era percebida pela irmã, e<br />
sua orientação era seguida sem referência para com seu anjo da guarda. ...<br />
Em sua prosperidade, a irmã não cumpriu as resoluções tomadas na adversidade. O<br />
engano das riquezas, desviou-a de seus propósitos. Aumentaram-se-lhe os cuida<strong>dos</strong>.<br />
Sua influência ampliou-se. Ao apreciarem os aflitos o alívio a seus sofrimentos,<br />
glorificavam-na, e a irmã aprendeu a amar o louvor vindo <strong>dos</strong> lábios de pobres<br />
mortais. Encontrava-se em uma cidade popular, e julgou necessário, para o êxito de<br />
seus<br />
Pág. 249<br />
negócios, bem como para manter sua influência, que seu ambiente estivesse de algum<br />
modo em harmonia com suas ocupações. Mas a irmã levou as coisas demasiado longe.<br />
Foi muito movida pelas opiniões e juízos <strong>dos</strong> outros. E gastou dinheiro<br />
108
desnecessariamente, só para satisfazer a concupiscência <strong>dos</strong> olhos e a soberba da vida.<br />
Esqueceu que estava manejando o dinheiro de seu Senhor. Gastando a irmã recursos,<br />
de modo só a fomentar a vaidade, não considerou que o anjo relator estava fazendo um<br />
registro de que havia de se envergonhar quando o encontrasse novamente. Disse o<br />
anjo, apontando-a: "Glorificaste a ti mesma, mas não engrandeceste a Deus." A irmã<br />
chegou mesmo a gloriar-se em poder comprar essas coisas. ...<br />
Um Tempo de Perigo<br />
Sua fé e simples confiança em Deus começou a desvanecer-se assim que os meios<br />
começaram a correr para a irmã. Não se apartou de Deus repentinamente. Sua<br />
apostasia foi gradual. Deixou a devoção matinal e vespertina, por não ser sempre<br />
conveniente. A esposa de seu filho causou-lhe provações de caráter peculiar e ofensivo,<br />
as quais tiveram sobre a irmã considerável influência em desanimá-la de continuar<br />
com as devoções de família. Sua casa ficou destituída de orações. Seus negócios<br />
ficaram em primeiro lugar; e o Senhor e Sua verdade tornaram-se secundários. Volva o<br />
olhar aos dias de sua primeira experiência cristã; teriam essas provações então levado<br />
a irmã a afastar-se do culto de família?<br />
Nisto, na negligência da oração em família, a irmã perdeu em sua casa uma influência<br />
que poderia haver conservado. Era seu dever reconhecer a Deus na família, a despeito<br />
das conseqüências. Suas petições deveriam ter sido feitas a Deus pela manhã e à<br />
tardinha. A irmã devia ter sido como sacerdotisa de sua família, confessando seus<br />
peca<strong>dos</strong> e os de seus filhos. Houvesse a irmã sido fiel, e Deus, que fora seu guia, não a<br />
teria abandonado a seu próprio entendimento.<br />
Gastaram-se desnecessariamente meios para ostentação. A irmã se entristecera<br />
profundamente por causa deste pecado<br />
Pág. 250<br />
em outros. E enquanto assim empregava os recursos, estava roubando a Deus. Então o<br />
Senhor disse: "Eu espalharei. Permitirei que por algum tempo ela ande em seus<br />
próprios caminhos. Cegarei o discernimento, e removerei a sabedoria. Mostrar-lhe-ei<br />
que sua força é fraqueza, e sua sabedoria loucura. Humilhá-la-ei, e abrir-lhe-ei os<br />
olhos para ver quão longe se afastou ela de Mim. Se então ela não volver para Mim de<br />
todo o coração, e Me reconhecer em to<strong>dos</strong> os seus caminhos, Minha mão espalhará, e o<br />
orgulho da mãe e <strong>dos</strong> filhos será abatido, e terão novamente por sorte a pobreza. Meu<br />
nome será exaltado. A altivez do homem será abatida, e o orgulho do homem será<br />
derribado. ...<br />
Em sua primeira experiência, o Senhor lhe comunicou talentos de influência, mas não<br />
lhe deu o talento <strong>dos</strong> meios, e portanto, não esperava que a irmã, em sua pobreza,<br />
doasse aquilo que não tinha para dar. Como a viúva, a irmã deu aquilo que podia, se<br />
bem que, houvesse considerado as próprias circunstâncias, ter-se-ia sentido<br />
desculpada de fazer mesmo o que fazia. Em sua doença, Deus não exigiu da irmã<br />
aquela ativa energia de que a enfermidade a tinha privado. Embora a irmã ficasse<br />
limitada em sua influência e em seus meios, todavia Deus aceitou seus esforços para<br />
fazer o bem e promover Sua causa segundo o que possuía, e não segundo o que não<br />
tinha. O Senhor não despreza a mais humilde oferta dada com prontidão e<br />
sinceridade.<br />
A irmã possui um temperamento ardente. O zelo em uma boa causa é digno de louvor.<br />
Em suas primeiras provas e perplexidades, estava obtendo uma experiência que seria<br />
proveitosa a outros. Era zelosa no serviço de Deus. Aprazia-lhe apresentar as<br />
evidências de nossa fé aos que não acreditavam na verdade presente. Podia falar com<br />
firmeza; pois essas coisas lhe eram uma realidade. A verdade era uma parte de seu<br />
ser; e os que lhe ouviam os fervorosos apelos não tinham dúvida de sua sinceridade,<br />
mas ficavam convenci<strong>dos</strong> de que essas coisas eram assim.<br />
Pág. 251<br />
109
Na providência de Deus, sua influência tem-se ampliado; em acréscimo a isto, Deus<br />
achou por bem prová-la dando-lhe os talentos <strong>dos</strong> recursos. A irmã encontra-se assim<br />
sob dupla responsabilidade. Quando sua condição na vida começou a melhorar, a irmã<br />
disse: "Assim que eu possa ter um lar, farei então donativo à causa de Deus." Mas<br />
quando teve um lar, viu tanta coisa a melhorar para ter ao seu redor tudo conveniente<br />
e aprazível, que se esqueceu do Senhor e de Seus direitos sobre a irmã, e tornou-se<br />
menos inclinada a ajudar na causa de Deus do que nos dias de sua pobreza e aflição.<br />
A irmã buscava então amizade com o mundo, e se separava mais e mais de Deus.<br />
Esqueceu a exortação de Cristo: "Olhai por vós, não aconteça que os vossos corações se<br />
carreguem de glutonaria, de embriaguez, e <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> da vida, e venha sobre vós de<br />
improviso aquele dia." Luc. 21:34. "Aquele pois que cuida estar em pé, olhe não caia." I<br />
Cor. 10:12.<br />
Há três palavras-senhas na vida cristã, as quais precisam ser atendidas, se não<br />
queremos que Satanás venha furtivamente sobre nós; ei-las: Vigiar, Orar e Trabalhar.<br />
Orar e vigiar quanto a isto é necessário ao progresso na vida religiosa. Nunca houve<br />
em sua história tempo mais importante que o atual. Sua única segurança é viver como<br />
um vigia. Vigie e ore sempre. Oh! que preventivo contra a tentação, contra o cair nas<br />
armadilhas do mundo! Quão zelosamente deveria a irmã haver operado nos últimos<br />
anos, quando sua influência era ampla!<br />
Prezada irmã, o louvor <strong>dos</strong> homens e a lisonja corrente no mundo, têm tido em seu<br />
ânimo maior influência do que a irmã tem percebido. Não tem estado a desenvolver<br />
seus talentos - dando-os aos banqueiros. A irmã é naturalmente afetiva e generosa.<br />
Estes traços de caráter têm sido cultiva<strong>dos</strong> até certo ponto, mas não tanto quanto Deus<br />
requer. Possuir meramente estes excelentes dons não basta; Deus exige que eles se<br />
mantenham em constante exercício; pois por meio deles Ele beneficia os que<br />
necessitam de auxílio, e leva avante Sua obra para salvação do homem. ...<br />
Pág. 252<br />
Oportunidade de Volver<br />
A você, minha irmã, são confia<strong>dos</strong> talentos de influência e talentos de dinheiro; e<br />
grande é sua responsabilidade. Deve agir com cautela, e no temor de Deus. Sua<br />
sabedoria é fraqueza, mas a sabedoria do alto é força. O Senhor pretende iluminar-lhe<br />
as trevas, e dar-lhe novamente um vislumbre do tesouro celeste, para que possa ter<br />
certa compreensão do valor comparativo de ambos os mun<strong>dos</strong> e então deixá-la escolher<br />
entre este mundo e a herança eterna. Vi que ainda há oportunidade de voltar ao<br />
rebanho. Jesus a remiu por Seu próprio sangue, e requer que empregue seus talentos<br />
em Seu serviço. A irmã não ficou endurecida à influência do Espírito Santo. Ao ser<br />
apresentada a verdade de Deus, encontra eco em seu coração. ...<br />
Prezada irmã, o Senhor tem sido muito misericordioso para com a irmã e sua família.<br />
Estão para com seu Pai celestial na obrigação de louvar e glorificar Seu santo nome na<br />
Terra. A fim de prosseguir nesse amor, a irmã deve trabalhar sempre por obter<br />
humildade de mente, e aquele espírito manso e quieto que é precioso diante de Deus.<br />
Sua força em Deus crescerá à medida que tudo Lhe consagrar, de maneira que possa<br />
dizer com confiança: "Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a<br />
angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?" "Porque<br />
estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os <strong>anjos</strong>, nem os principa<strong>dos</strong>, nem as<br />
potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem<br />
alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus<br />
nosso Senhor." Rom. 8:35, 38 e 39.<br />
47<br />
Conversão Genuína<br />
Pág. 253<br />
A conversão é uma obra que a maioria das pessoas não aprecia. Não é coisa pequena<br />
transformar um espírito terreno, amante do pecado, e levá-lo a compreender o<br />
110
inexprimível amor de Cristo, os encantos de Sua graça, e a excelência de Deus, de<br />
maneira que a alma seja possuída de amor divino, e fique cativa <strong>dos</strong> mistérios celestes.<br />
Quando a pessoa compreende estas coisas, sua vida anterior parece desagradável e<br />
odiosa. Aborrece o pecado; e, quebrantando o coração diante de Deus, abraça a Cristo<br />
como a vida e alegria da alma. Renuncia a seus antigos prazeres. Tem mente nova,<br />
novas afeições, interesses novos e nova vontade; suas dores e desejos e amor, são to<strong>dos</strong><br />
novos. A concupiscência da carne, a concupiscência <strong>dos</strong> olhos e a soberba da vida até<br />
então preferidas a Cristo, são agora desviadas, e Cristo é o encanto de sua vida, a<br />
coroa de seu regozijo. O Céu, que dantes não possuía nenhum atrativo, é agora<br />
considerado em sua riqueza e glória; e ele o contempla como sua futura pátria, onde<br />
ele verá, amará e louvará Aquele que o redimiu por Seu precioso sangue.<br />
As obras da santidade, que se lhe afiguravam enfadonhas, são agora seu deleite. A<br />
Palavra de Deus, anteriormente pesada e desinteressante, é agora escolhida como<br />
estudo, como o homem do seu conselho. É como uma carta a ele escrita por Deus,<br />
trazendo a assinatura do Eterno. Seus pensamentos, palavras e atos, são compara<strong>dos</strong><br />
com esta regra e prova<strong>dos</strong>. Treme aos mandamentos e ameaças que ela contém, ao<br />
passo que se apega firmemente às suas promessas, e fortalece a alma aplicando-as a si<br />
mesmo. Prefere agora o convívio <strong>dos</strong> mais pie<strong>dos</strong>os, e os ímpios, cuja companhia antes<br />
apreciava, já não<br />
Pág. 254<br />
lhe causam mais deleite. Lamenta-lhes os peca<strong>dos</strong> que dantes o faziam rir. O amorpróprio<br />
e a vaidade, ele renuncia, e vive para Deus, e é rico em boas obras. Eis a<br />
santificação exigida por Deus. Nada menos que isto aceitará Ele.<br />
Um Apelo Pessoal<br />
Rogo-lhe, irmão, que examine o coração diligentemente, indagando: "Em que estrada<br />
estou eu viajando, e onde findará ela?" Tem razão de regozijar-se por sua existência<br />
não ter sido ceifada enquanto não tem uma firme esperança da vida eterna. Não<br />
permita Deus que o irmão negligencie por mais tempo esta obra, vindo assim a perecer<br />
em seus peca<strong>dos</strong>. Não iluda a alma com falsas esperanças. O irmão não vê nenhum<br />
modo de firmar-se novamente, a não ser um tão humilde, que não pode consentir em<br />
aceitá-lo. Cristo lhe apresenta, a você mesmo, meu errante irmão, uma mensagem de<br />
misericórdia: "Vinde, que já tudo está preparado." Luc. 14:17. Deus está pronto a<br />
aceitá-lo, e a perdoar todas as suas transgressões, uma vez que volte. Conquanto tenha<br />
sido um pródigo, e se tenha separado de Deus, e permanecido por tanto tempo longe<br />
dele, virá agora mesmo ao seu encontro. Sim; a Majestade do Céu o convida a ir com<br />
Ele, para que tenha vida. Cristo está pronto a purificá-lo do pecado, uma vez que se<br />
apegue a Ele. Que proveito tem achado em servir ao pecado? Que proveito tem servir à<br />
carne e ao diabo? Não é bem pobre a paga que recebe? Oh! volte, volte, pois por que<br />
razão morrerá?<br />
O irmão tem tido muitas convicções, muitas angústias de consciência. Tem feito tantos<br />
propósitos e tantas promessas; e todavia se demora, e não quer ir a Cristo para que<br />
tenha vida. Oh! que o seu coração seja impressionado com o senso deste tempo, para<br />
que volte e viva! Não pode ouvir a voz do verdadeiro Pastor nesta mensagem? Como<br />
pode desobedecer? Não brinque com Deus, para que não abandone ao irmão a seus<br />
caminhos torci<strong>dos</strong>. É uma questão de vida e morte para o irmão. Qual escolherá? Coisa<br />
terrível é contender com Deus, e resistir<br />
Pág. 255<br />
aos Seus apelos. O irmão pode ter o amor de Deus a arder no altar de seu coração,<br />
como o sentiu outrora. Pode comungar com Deus como o fez no passado. Se reparar as<br />
suas culpas passadas, pode novamente experimentar as riquezas de Sua graça,<br />
exprimindo-Lhe o amor em seu semblante.<br />
Não se exige do irmão que faça confissão aos que não sabem de seu pecado e seus<br />
erros. Não é seu dever publicar uma confissão que levará os incrédulos a triunfarem;<br />
111
mas àqueles a quem é devido, que não se aproveitarão de seu erro, confesse em<br />
harmonia com a Palavra de Deus, e permita que eles orem com o irmão, e Deus<br />
aceitará a sua obra, e o sarará. Por amor de sua alma, deixe-se vencer pelos rogos para<br />
fazer obra cabal para a eternidade. Ponha de lado seu orgulho, sua vaidade, e faça<br />
obra direta. Volte ao redil. O Pastor o aguarda. Arrependa-se, e faça as primeiras<br />
obras, e volte ao favor de Deus.<br />
48<br />
Poluição Moral<br />
Pág. 256<br />
Foi-me mostrado que vivemos em meio <strong>dos</strong> perigos <strong>dos</strong> últimos dias. Por se generalizar<br />
a iniqüidade, o amor de muitos esfriará. A palavra "muitos" refere-se aos professos<br />
seguidores de Cristo. Eles são afeta<strong>dos</strong> pela iniqüidade dominante, e se afastam de<br />
Deus; não é, porém, necessário que eles assim sejam afeta<strong>dos</strong>. A causa desse declínio é<br />
eles não se manterem limpos da iniqüidade. O fato de seu amor para com Deus estar<br />
esfriando por se generalizar a iniqüidade, mostra que eles são em certo sentido<br />
participantes dessa iniqüidade, do contrário ela não lhes afetaria o amor para com<br />
Deus, e seu zelo e fervor em Sua causa.<br />
Foi-me apresentado terrível quadro da condição do mundo. A iniqüidade alastra-se por<br />
toda parte. A licenciosidade é o pecado especial deste século. Jamais ergueu o vício a<br />
cabeça disforme com tal ousadia como o faz agora. O povo parece estar entorpecido, e<br />
os amantes da virtude e da verdadeira piedade acham-se quase desanima<strong>dos</strong> por sua<br />
ousadia, força e predominância. A abundante iniqüidade não se limita apenas aos<br />
incrédulos e zombadores. Quem dera que assim fosse! mas não é. Muitos homens e<br />
mulheres que professam a religião de Cristo, são culpa<strong>dos</strong>. Mesmo alguns que<br />
professam estar esperando Seu aparecimento não estão mais prepara<strong>dos</strong> para esse<br />
acontecimento do que o próprio Satanás. Não se estão purificando de toda poluição.<br />
Têm por tanto tempo servido a sua concupiscência, que lhes é natural pensar<br />
impuramente e ter corruptas imaginações. É tão impossível fazer com que sua mente<br />
demore nas coisas puras e santas, como seria desviar o curso do Niágara, e fazer com<br />
que suas águas jorrassem para cima.<br />
Jovens e crianças de ambos os sexos se entregam à<br />
Pág. 257<br />
poluição moral, e praticam este repulsivo vício, destruidor da alma e do corpo. Muitos<br />
professos cristãos acham-se tão embota<strong>dos</strong> pela mesma prática, que suas<br />
sensibilidades morais não podem ser despertadas para compreender que isto é pecado,<br />
e que se nisto continuam, os seguros resulta<strong>dos</strong> serão completa ruína do corpo e da<br />
mente. O homem, o ser mais nobre da Terra, formado à imagem de Deus, transformase<br />
em animal! Faz-se grosseiro e corrupto. Todo cristão terá de aprender a refrear as<br />
paixões, e a ser regido por princípios. A menos que assim faça, é indigno do nome de<br />
cristão.<br />
Alguns que fazem alta profissão de fé, não compreendem o pecado da masturbação e<br />
seus resulta<strong>dos</strong>. O hábito longamente arraigado lhes tem cegado o entendimento. Eles<br />
não avaliam a excessiva malignidade deste degradante pecado que lhes enerva o<br />
organismo e destrói a energia nervosa do cérebro. Os princípios morais são demasiado<br />
fracos quando em luta com um hábito arraigado. Solenes mensagens vindas do Céu<br />
não podem impressionar fortemente o coração não fortalecido contra a<br />
condescendência com esse degradante vício. Os sensitivos nervos do cérebro perderam<br />
o saudável tono devido à estimulação doentia para satisfazer um desejo não natural de<br />
satisfação sensual. Os nervos cerebrais que se comunicam com todo o organismo, são<br />
os únicos meios pelos quais o Céu se pode comunicar com o homem, e influenciar sua<br />
vida mais íntima. Seja o que for que perturbe a circulação das correntes elétricas no<br />
sistema nervoso, diminui a resistência das forças vitais, e o resultado é um<br />
amortecimento das sensibilidades da mente. Em atenção a isso, como é importante que<br />
112
ministros e povo que professam piedade se apresentem limpos e imacula<strong>dos</strong> quanto a<br />
tal vício degradante da alma!<br />
Minha alma se tem curvado em angústia, ao ser mostrada a débil condição do professo<br />
povo de Deus. A iniqüidade é abundante e o amor de muitos esfria. Não há senão<br />
poucos professos cristãos que consideram este assunto em seu devido aspecto, e que<br />
mantêm sobre si mesmos o justo governo quando a opinião pública e o costume os não<br />
condena. Quão poucos<br />
Pág. 258<br />
refreiam suas paixões por se sentirem sob obrigação moral de fazê-lo, e porque o temor<br />
de Deus está diante de seus olhos! As faculdades mais elevadas do homem são<br />
escravizadas pelo apetite e por paixões corruptas.<br />
Aparte-se da Iniqüidade<br />
Alguns reconhecerão o mal das condescendências pecaminosas, todavia se desculparão<br />
dizendo que não lhes é possível vencer as paixões. Isto é coisa terrível de ser admitida<br />
por qualquer pessoa que profere o nome de Cristo. "Qualquer que profere o nome de<br />
Cristo aparte-se da iniqüidade." II Tim. 2:19. Por que esta fraqueza? É porque as<br />
propensões animais têm sido fortalecidas pelo exercício, até que tomaram ascendência<br />
sobre as faculdades superiores. Homens e mulheres carecem de princípios. Estão<br />
morrendo espiritualmente, por haverem tão longamente nutrido seus apetites<br />
naturais, que sua capacidade de governar-se a si mesmos parece haver desaparecido.<br />
As paixões inferiores de sua natureza têm tomado as rédeas, e o que devia ser o poder<br />
dirigente tem-se tornado o servo da paixão corrupta. A alma é mantida na mais baixa<br />
servidão. A sensualidade tem extinguido o desejo de santidade, e ressecado o viço<br />
espiritual.<br />
Minha alma lamenta pelos jovens que estão formando o caráter neste século<br />
degenerado. Tremo também por seus pais; pois foi-me mostrado que, em geral, eles<br />
não compreendem suas obrigações de educar os filhos no caminho que devem trilhar.<br />
Consultam-se os costumes e a moda, e os filhos em breve aprendem a ser controla<strong>dos</strong><br />
por estes, e são corrompi<strong>dos</strong>; enquanto os indulgentes pais se acham por sua vez<br />
entorpeci<strong>dos</strong>, e dormindo quanto ao seu perigo. Mas bem poucos <strong>dos</strong> jovens se acham<br />
livres de hábitos corruptos. São em grande parte desculpa<strong>dos</strong> de exercícios físicos por<br />
temor de que tenham excesso de trabalho. Os próprios pais tomam responsabilidades<br />
que deviam estar sobre os filhos. O excesso de trabalho é mau; mas os resulta<strong>dos</strong> da<br />
indolência são mais de temer. A<br />
Pág. 259<br />
ociosidade leva à condescendência com os hábitos corruptos. A laboriosidade não fatiga<br />
e esgota a quinta parte do que o faz o pernicioso hábito da masturbação. Se o trabalho<br />
simples, bem regulado aborrece vossos filhos, estai certos, pais, há qualquer coisa,<br />
além de seu trabalho, que lhes está enervando o organismo, e produzindo sensação de<br />
constante fadiga. Dai trabalho físico a vossos filhos, o qual chamará à atividade os<br />
nervos e os músculos. A fadiga que acompanha esse labor lhes diminuirá a inclinação<br />
para condescender com os hábitos viciosos. A ociosidade é uma maldição. Produz<br />
hábitos licenciosos.<br />
Muitos casos me têm sido apresenta<strong>dos</strong> e, ao ter eu uma visão de sua vida interior,<br />
minha alma ficou acabrunhada e desgostada, e com repugnância do apodrecimento do<br />
coração <strong>dos</strong> seres humanos que professam piedade e falam de trasladação para o Céu.<br />
Tenho-me perguntado freqüentemente: Em quem posso confiar? Quem está isento de<br />
iniqüidade?<br />
Pedido de Oração<br />
Meu marido e eu assistimos uma vez a uma reunião em que nossas simpatias foram<br />
solicitadas para um irmão que sofria grandemente com a tuberculose. Achava-se<br />
pálido e emaciado. Ele pedia as orações do povo de Deus. Disse que a família estava<br />
doente, e que perdera um filho. Falava com sentimento acerca dessa perda. Disse que<br />
113
havia tempos esperava poder ver o irmão e a irmã White. Acreditava que, se orassem<br />
com ele, seria curado. Terminada a reunião, os irmãos chamaram-nos a atenção para o<br />
caso. Disseram que a igreja os estava ajudando, que a esposa estava doente, e lhe<br />
morrera o filho. Os irmãos se haviam reunido em sua casa, e orado pela família<br />
enferma. Nós estávamos muito fatiga<strong>dos</strong>, e tínhamos sobre nós a preocupação do<br />
trabalho durante a reunião, e desejávamos ser dispensa<strong>dos</strong>.<br />
Eu havia resolvido não me empenhar em oração por ninguém, a menos que o Espírito<br />
do Senhor assim indicasse. Havia-me sido mostrado que havia tanta iniqüidade,<br />
mesmo<br />
Pág. 260<br />
entre os professos observadores do sábado, que não desejava tomar parte em oração<br />
por pessoas cuja história me era desconhecida. Declarei minha razão. Foi-me<br />
assegurado pelos irmãos que, tanto quanto eles sabiam, ele era um digno irmão.<br />
Conversei alguns momentos com a pessoa que solicitara nossas orações a fim de obter<br />
a cura, mas não me pude sentir livre. Ele chorou e disse que esperara que<br />
chegássemos, e estava certo de que, se orássemos por ele, seria restaurado à saúde.<br />
Dissemos-lhe que não estávamos familiariza<strong>dos</strong> com sua vida; que preferíamos que<br />
aqueles que o conheciam orassem com ele. Ele nos importunou tão encarecidamente,<br />
que decidimos considerar seu caso, e apresentá-lo perante o Senhor aquela noite; e se o<br />
caminho nos parecesse aberto, havíamos de satisfazer-lhe o pedido.<br />
Curvamo-nos naquela noite em oração, e apresentamos seu caso perante o Senhor.<br />
Rogamos que pudéssemos conhecer a vontade de Deus a seu respeito. Todo o nosso<br />
desejo era que Deus fosse glorificado. Queria o Senhor que orássemos por este<br />
enfermo? Deixamos o caso com o Senhor, e recolhemo-nos para descansar. Num sonho<br />
o caso daquele homem me foi claramente apresentado. Foi mostrado o seu<br />
procedimento desde a infância, e que, se orássemos, o Senhor não nos ouviria; pois ele<br />
atendia à iniqüidade em seu coração. Na manhã seguinte o homem veio para que<br />
orássemos por ele. Nós o tomamos à parte, e dissemos-lhe que sentíamos ser força<strong>dos</strong> a<br />
recusar o seu pedido. Contei-lhe meu sonho, que ele reconheceu ser a verdade. Ele<br />
praticava a masturbação desde a infância, e continuara nessa prática através de sua<br />
vida de casado, mas disse que procuraria romper com ela.<br />
Esse homem tinha um hábito longamente arraigado a vencer. Estava na metade da<br />
existência. Seus princípios morais estavam tão fracos que, quando postos em conflito<br />
com a condescendência há tanto arraigada, eram venci<strong>dos</strong>. As paixões inferiores<br />
haviam adquirido ascendência sobre a natureza superior. Interroguei-o quanto à<br />
reforma da saúde. Disse que não<br />
Pág. 261<br />
podia vivê-la. Sua esposa jogaria fora a farinha integral, caso ela fosse introduzida em<br />
casa. Essa família havia sido ajudada pela igreja. Haviam-se feito orações em seu<br />
favor também. Seu filho morrera, a esposa estava doente, e o marido e pai deixava seu<br />
caso sobre nós, para o levarmos perante o puro e santo Deus, para que Ele operasse<br />
um milagre, e o restabelecesse. As sensibilidades morais desse homem estavam<br />
embotadas.<br />
Quando os jovens adotam práticas vis enquanto o espírito é tenro, eles nunca obterão<br />
força para desenvolver plena e corretamente personalidade física, intelectual e moral.<br />
Ali estava um homem que se degradava diariamente, e todavia ousava arriscar-se a<br />
entrar na presença de Deus, e pedir um acréscimo da força que ele vilmente dissipara,<br />
e que se concedida, consumiria em sua concupiscência. Que paciência a de Deus! Se<br />
Ele lidasse com o homem segundo seus caminhos corruptos, quem poderia viver à Sua<br />
vista? Que seria se houvéssemos sido menos cautelosos e levado diante de Deus o caso<br />
desse homem, enquanto ele praticava iniqüidade, teria o Senhor ouvido? haveria<br />
atendido? "Porque Tu não és um Deus que tenha prazer na iniqüidade, nem contigo<br />
habitará o mal. Os loucos não pararão à Tua vista; aborreces a to<strong>dos</strong> os que praticam a<br />
114
maldade." Sal. 5:4 e 5. "Se eu atender à iniqüidade no meu coração, o Senhor não me<br />
ouvirá." Sal. 66:18.<br />
Esse não é um caso isolado. Mesmo as relações matrimoniais não foram suficientes<br />
para preservar esse homem <strong>dos</strong> hábitos corruptos de sua adolescência. Quisera poder<br />
convencer-me de que casos como o que apresento são raros; sei, porém, que são<br />
freqüentes. Os filhos nasci<strong>dos</strong> de pais domina<strong>dos</strong> por paixões corruptas, são sem valor.<br />
Que pode ser esperado de filhos tais, senão que desçam mais baixo na balança, que<br />
seus pais? Que se pode esperar desta geração? Milhares são vazios de princípios. Esses<br />
mesmos transmitem a sua descendência as próprias paixões miseráveis, corruptas.<br />
Que herança! Milhares arrastam a existência destituída de princípios, manchando<br />
seus associa<strong>dos</strong> e perpetuando suas<br />
Pág. 262<br />
baixas paixões com o transmiti-las aos filhos. Tomam a responsabilidade de neles<br />
gravar seus próprios caracteres.<br />
Relação Entre o Regime Alimentar e a Moral<br />
Volto mais uma vez aos cristãos. Se to<strong>dos</strong> quantos professam obedecer à lei de Deus<br />
estivessem isentos de iniqüidade, minha alma sentir-se-ia aliviada; não o estão,<br />
porém. Mesmo alguns que professam guardar to<strong>dos</strong> os mandamentos de Deus são<br />
culpa<strong>dos</strong> do pecado de adultério. Que posso eu dizer que lhes desperte as adormecidas<br />
sensibilidades? Os princípios morais, estritamente observa<strong>dos</strong>, tornam-se a única<br />
salvaguarda da alma. Se jamais houve tempo em que o regime alimentar devesse ser<br />
da mais simples qualidade, esse tempo é agora. Não devemos pôr carne diante de<br />
nossos filhos. Sua influência é reavivar e fortalecer as mais baixas paixões, tendo a<br />
tendência de amortecer as faculdades morais. Cereais e frutas prepara<strong>dos</strong> sem<br />
gordura, e no estado mais natural possível, devem ser o alimento para as mesas de<br />
to<strong>dos</strong> os que professam estar-se preparando para a trasladação ao Céu. Quanto menos<br />
estimulante o regime, tanto mais facilmente podem as paixões ser dominadas. A<br />
satisfação do paladar não deve ser considerada sem levar em conta a saúde física,<br />
intelectual ou moral.<br />
A condescendência com as paixões inferiores levará muitíssimos a fechar os olhos à<br />
luz; pois temem ver peca<strong>dos</strong> que não estão dispostos a abandonar. To<strong>dos</strong> podem ver, se<br />
quiserem. Caso prefiram as trevas em vez da luz, nem por isso será menor a sua culpa.<br />
Por que não lêem os homens e mulheres, tornando-se mais versa<strong>dos</strong> nessas coisas que<br />
tão decididamente afetam sua resistência física, intelectual e moral? Deu-vos Deus<br />
uma habitação para que dela cuideis, e a conserveis nas melhores condições para Seu<br />
serviço e Sua glória. Vosso corpo não vos pertence. "Ou não sabeis que o vosso corpo é o<br />
templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de<br />
vós mesmos? Porque fostes compra<strong>dos</strong> por bom preço; glorificai pois a Deus no vosso<br />
corpo, e no vosso<br />
Pág. 263<br />
espírito, os quais pertencem a Deus." I Cor. 6:19 e 20. "Não sabeis vós que sois o<br />
templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo<br />
de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo." I Cor. 3:16<br />
e 17.<br />
49<br />
Por que Deus Reprova Seu Povo<br />
Pág. 264<br />
Acima de to<strong>dos</strong> os outros povos no mundo, os adventistas do sétimo dia devem ser<br />
modelos de piedade, santos no coração e em suas conversações. Declarei diante de<br />
______ que ao povo que Deus escolheu como Seu peculiar tesouro cumpria ser elevado,<br />
purificado, santificado; participante da natureza divina, havendo escapado da<br />
corrupção que pela concupiscência há no mundo. Houvessem aqueles que fazem tão<br />
elevada profissão de fé de condescender com o pecado e a iniqüidade, e sua culpa seria<br />
115
muito grande. O Senhor reprova os peca<strong>dos</strong> de um, para que outros sejam adverti<strong>dos</strong> e<br />
temam.<br />
Não são feitas aos errantes entre os adventistas do sétimo dia advertências e<br />
reprovações porque sua vida seja mais repreensível do que a de professos cristãos das<br />
igrejas nominais, ou porque seu exemplo e atos sejam piores do que os <strong>dos</strong> adventistas<br />
que não prestam obediência aos reclamos da lei de Deus; mas porque eles têm grande<br />
luz, e porque, pela sua profissão de fé, se colocaram como povo especial, escolhido de<br />
Deus, tendo Sua lei escrita no coração. Eles mostram sua lealdade ao Deus do Céu<br />
prestando obediência às leis de Seu governo. São representantes de Deus na Terra.<br />
Qualquer pecado que neles houver separa-os de Deus e, de modo especial, desonra-Lhe<br />
o nome, pois dá aos inimigos de Sua santa lei ocasião de reprovar Sua causa e Seu<br />
povo, o qual Ele chamou "a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo<br />
adquirido" (I Ped. 2:9), a fim de que eles anunciem as virtudes dAquele que os chamou<br />
das trevas para Sua maravilhosa luz.<br />
Pág. 265<br />
O povo que se acha em guerra com a lei do grande Jeová, que considera virtude<br />
especial falar, escrever e fazer as coisas mais amargas e odiosas a fim de manifestar<br />
seu desprezo à lei, pode fazer elevada profissão de amor a Deus, e aparentemente, ter<br />
muito zelo religioso, como faziam os principais <strong>dos</strong> sacerdotes e os anciãos judaicos;<br />
todavia no dia de Deus, a seu respeito será proferido pela Majestade do Céu o "Achado<br />
em Falta". Dan. 5:27. "Pela lei vem o conhecimento do pecado." Rom. 3:20. O espelho<br />
que lhe revelaria os defeitos do próprio caráter, suscita-lhe fúria, pelo fato de apontarlhe<br />
seus peca<strong>dos</strong>. Adventistas preeminentes que rejeitaram a luz têm alvejado<br />
furiosamente a santa lei de Deus, assim como a nação judaica estava contra o Filho de<br />
Deus. Acham-se terrivelmente iludi<strong>dos</strong>, enganando outros e sendo engana<strong>dos</strong>. Não<br />
vêm para a luz, para que seus atos não sejam reprova<strong>dos</strong>. Essas pessoas não recebem<br />
ensino. Mas o Senhor reprova e corrige o povo que professa guardar Sua lei. Apontalhes<br />
os peca<strong>dos</strong> e manifesta-lhes a iniqüidade, porque deles deseja separar todo pecado<br />
e impiedade, a fim de que aperfeiçoem a santidade em Seu temor, e estejam<br />
prepara<strong>dos</strong> a morrer no Senhor, ou serem traslada<strong>dos</strong> para o Céu. Deus os repreende,<br />
reprova e castiga, de modo a serem purifica<strong>dos</strong>, santifica<strong>dos</strong>, eleva<strong>dos</strong>, sendo afinal<br />
exalta<strong>dos</strong> a Seu próprio trono.<br />
50<br />
Apelo ao Domínio Próprio<br />
Pág. 266<br />
De mais alto valor para to<strong>dos</strong> os que se estão esforçando pela imortalidade, é a<br />
exortação de Pedro. Dirige-se ele aos da mesma fé:<br />
"Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco alcançaram fé<br />
igualmente preciosa pela justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo: Graça e paz<br />
vos sejam multiplicadas, pelo conhecimento de Deus, e de Jesus nosso Senhor; visto<br />
como o Seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo<br />
conhecimento dAquele que nos chamou por Sua glória e virtude; pelas quais Ele nos<br />
tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes<br />
da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no<br />
mundo. E vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa fé a<br />
virtude, e à virtude a ciência. E à ciência temperança, e à temperança paciência, e à<br />
paciência piedade, e à piedade amor fraternal; e ao amor fraternal caridade. Porque, se<br />
em vós houver e abundarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no<br />
conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. Pois aquele em quem não há estas coisas<br />
é cego, nada vendo ao longe, havendo-se esquecido da purificação <strong>dos</strong> seus antigos<br />
peca<strong>dos</strong>. Portanto, irmãos, procurai fazer cada vez mais firme a vossa vocação e<br />
eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis. Porque assim vos será<br />
116
amplamente concedida a entrada no Reino Eterno de nosso Senhor e Salvador Jesus<br />
Cristo." II Ped. 1:1-11.<br />
Achamo-nos em um mundo que está cheio de luz e conhecimento; todavia muitos que<br />
pretendem pertencer à<br />
Pág. 267<br />
mesma fé preciosa são voluntariamente ignorantes. Acham-se circunda<strong>dos</strong> de luz;<br />
todavia não a aproveitam para seu próprio bem. Os pais não vêem a necessidade de<br />
informar-se, obtendo conhecimento, e pondo-o em uso prático em sua vida conjugal.<br />
Caso seguissem a exortação do apóstolo, e vivessem sob o plano de adição, não seriam<br />
infrutíferos no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo. Muitos, porém, não<br />
compreendem a obra da santificação. Parecem pensar que a atingiram, quando<br />
aprenderam apenas as primeiras lições de adição. A santificação é uma obra<br />
progressiva; não é atingida em uma hora ou em um dia, sendo então conservada sem<br />
qualquer esforço especial de nossa parte.<br />
Muitos pais não obtêm o conhecimento que deviam em sua vida matrimonial. Não se<br />
guardam para que Satanás não se aproveite deles, controlando-lhes a mente e a vida.<br />
Não vêem que Deus requer que eles controlem sua vida matrimonial, evitando<br />
qualquer excesso. Bem poucos, porém, sentem ser um dever religioso reger as próprias<br />
paixões. Uniram-se em matrimônio ao objeto de sua escolha, e daí raciocinam que o<br />
casamento santifica a condescendência com as paixões inferiores. Mesmo homens e<br />
mulheres que professam piedade dão rédea solta a suas paixões de concupiscência, e<br />
nem pensam que Deus os considera responsáveis pelo dispêndio da energia vital que<br />
lhes enfraquece o poder na vida e enerva-lhes todo o organismo.<br />
O concerto matrimonial encobre peca<strong>dos</strong> das mais negras cores. Homens e mulheres<br />
que professam piedade aviltam o próprio corpo mediante a condescendência com as<br />
paixões corruptas, rebaixando-se mais que as criaturas irracionais. Abusam das<br />
faculdades que Deus lhes deu a fim de serem preservadas em santificação e honra. A<br />
saúde e a vida são sacrificadas sobre o altar da paixão inferior. As mais elevadas e<br />
nobres faculdades são postas em sujeição às propensões animais. Os que assim pecam<br />
não conhecem os resulta<strong>dos</strong> dessa maneira de proceder. Pudessem to<strong>dos</strong> ver a soma de<br />
sofrimentos que trazem sobre si mesmos por sua pecaminosa<br />
Pág. 268<br />
condescendência, e ficariam alarma<strong>dos</strong>, e alguns pelo menos, recuariam da senda de<br />
pecado que traz tão tremen<strong>dos</strong> resulta<strong>dos</strong>. Tão miserável é a existência arrastada por<br />
uma grande classe, que a morte lhes seria preferível à vida; e muitos morrem<br />
prematuramente, sacrificada a existência nessa obra inglória da excessiva satisfação<br />
das paixões animais. Todavia, por serem casa<strong>dos</strong>, julgam não cometer pecado nenhum.<br />
Uma Falsa Concepção de Amor<br />
Homens e mulheres, um dia aprendereis o que seja a concupiscência e os frutos de a<br />
satisfazer. Pode-se encontrar no casamento paixão de tão baixa qualidade, como fora<br />
dele. O apóstolo Paulo exorta os mari<strong>dos</strong> a amarem sua esposa "como também Cristo<br />
amou a igreja, e a Si mesmo Se entregou por ela". "Assim devem os mari<strong>dos</strong> amar a<br />
suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se<br />
a si mesmo. Porque nunca ninguém aborreceu a sua própria carne; antes a alimenta e<br />
sustenta, como também o Senhor à igreja." Efés. 5:25, 28 e 29. Não é um amor puro o<br />
que leva um homem a tornar sua esposa instrumento para servir a sua carnalidade. É<br />
a paixão animal que clama por satisfação.<br />
Quão poucos os homens que manifestam seu amor na maneira indicada pelo apóstolo:<br />
"Como também Cristo amou a igreja, e a Si mesmo Se entregou por ela" "para a<br />
santificar, purificando-a" "para a apresentar... santa e irrepreensível." Efés. 5:25-27.<br />
Tal é, nas relações conjugais, o amor que Deus reconhece como santo. O amor é um<br />
princípio puro e santo; a paixão luxuriosa, porém, não admitirá restrição, e não será<br />
ditada pela razão ou por ela controlada. É cega às conseqüências; não raciocina de<br />
117
causa para efeito. Muitas mulheres sofrem de grande debilidade e doenças crônicas,<br />
porque as leis de seu ser têm sido desrespeitadas; as leis da natureza foram calcadas a<br />
pés. A energia nervosa do cérebro é esbanjada por homens e mulheres, sendo invocada<br />
para uso antinatural a fim de satisfazer baixas paixões; e este odioso monstro - a<br />
Pág. 269<br />
paixão baixa e vil - toma o delicado nome de amor.<br />
Muitos professos cristãos que passaram diante de mim, pareciam destituí<strong>dos</strong> de<br />
domínio moral. Tinham mais de animal que de divino. Eram, na verdade, quase<br />
simplesmente animais. Homens dessa espécie degradam a esposa a quem prometeram<br />
proteger e amar ternamente. Ela é tornada um instrumento para serviço das<br />
propensões vis e concupiscentes. E muitas mulheres se submetem a tornar-se escravas<br />
de paixão concupiscente; não possuem seu corpo em santificação e honra. A esposa não<br />
conserva a dignidade e o respeito de si mesma que possuía anteriormente ao<br />
matrimônio. Esta santa instituição devia ter preservado e desenvolvido seu respeito<br />
feminil e sua santa dignidade; mas sua feminilidade pura, digna, divina, tem sido<br />
consumida no altar da vil paixão; é sacrificada a fim de agradar ao marido. Em breve<br />
ela perde o respeito por ele, que não considera as leis a que a criação irracional presta<br />
obediência. A vida conjugal torna-se jugo mortificante; pois o amor extingue-se,<br />
substituindo-o freqüentemente a desconfiança, o ciúme e o ódio.<br />
O Fruto <strong>dos</strong> Excessos<br />
Homem algum amará verdadeiramente a sua esposa quando ela se submete<br />
pacientemente a tornar-se sua escrava, e servir a suas depravadas paixões. Em sua<br />
passiva submissão, ela perde o valor que outrora possuía aos olhos dele. Ele a vê<br />
degradada de tudo quanto era elevado, para um baixo nível; e não demora a que<br />
suspeite que ela se submeta com a mesma passividade a ser degradada por outro<br />
assim como por ele. Duvida-lhe da constância e pureza, cansa-se dela, e busca novos<br />
objetos para despertar e intensificar suas paixões infernais. A lei de Deus não é<br />
considerada. Tais homens são piores que os animais: são demônios em forma humana.<br />
Não conhecem os eleva<strong>dos</strong>, enobrecedores princípios do amor verdadeiro e santificado.<br />
Também a esposa fica ciumenta do marido, e suspeita que, em havendo oportunidade,<br />
ele com a mesma prontidão dirigiria<br />
Pág. 270<br />
a outra, da mesma maneira que a ela, suas atenções amorosas. Vê que ele não é regido<br />
pela consciência ou o temor de Deus; todas essas santas barreiras são derribadas pelas<br />
paixões concupiscentes; tudo quanto é no marido semelhante a Deus, torna-se servo da<br />
concupiscência embrutecedora e vil.<br />
O mundo está cheio de homens e mulheres desta ordem; e casas bem arranjadas, de<br />
bom gosto, dispendiosas, encerram um inferno no interior. Imaginai, se vos for<br />
possível, o que pode ser a prole de pais assim. Não hão de os filhos imergir ainda mais<br />
baixo na escala? Os pais dão cunho ao caráter <strong>dos</strong> filhos. Portanto, os filhos nasci<strong>dos</strong> a<br />
esses pais herdam deles qualidades de espírito de baixa, vil espécie. E Satanás<br />
incentiva tudo quanto tende à corrupção. A questão a ser assentada agora, é: Há de a<br />
esposa sentir-se obrigada a ceder implicitamente às exigências do marido, quando ela<br />
vê que coisa alguma senão a paixão vil o domina, e quando sua razão e discernimento<br />
se acham convenci<strong>dos</strong> de que ela o faz com dano do próprio corpo que Deus lhe ordenou<br />
possuir em santificação e honra, conservar como um sacrifício vivo para Deus?<br />
Não é amor puro e santo o que leva a esposa a satisfazer às propensões animais do<br />
esposo, com prejuízo da saúde e da vida. Caso ela tenha verdadeiro amor e sabedoria,<br />
procurará desviar-lhe a mente da satisfação das paixões impuras para assuntos<br />
eleva<strong>dos</strong> e espirituais, falando sobre assuntos espirituais interessantes. Talvez seja<br />
necessário insistir humilde e afetuosamente, mesmo com risco de o desagradar, em<br />
que ela não pode aviltar seu corpo, cedendo a excessos sexuais. Deve, bon<strong>dos</strong>a e<br />
ternamente, lembrar-lhe que Deus tem direitos mais altos, acima de to<strong>dos</strong> os outros<br />
118
direitos, sobre todo o seu ser, e que ela não pode desrespeitar esses direitos, pois será<br />
por isto responsável no grande dia de Deus. "Ou não sabeis que o vosso corpo é o<br />
templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de<br />
vós mesmos? Porque fostes compra<strong>dos</strong> por bom preço; glorificai pois a Deus no vosso<br />
corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus."<br />
Pág. 271<br />
I Cor. 6:19 e 20. "Fostes compra<strong>dos</strong> por bom preço; não vos façais servos <strong>dos</strong> homens." I<br />
Cor. 7:23.<br />
Caso ela eleve suas afeições, e em santificação e honra conserve sua pura dignidade de<br />
mulher, poderá por sua judiciosa influência, fazer muito para santificar o marido,<br />
cumprindo assim sua alta missão. Por esta maneira de agir, ela pode salvar, tanto o<br />
marido como a si mesma, realizando uma dupla obra. Nesta questão, tão delicada e tão<br />
difícil de manejar, são necessárias muita sabedoria e paciência, bem como ânimo e<br />
fortaleza morais. Graça e resistência podem ser obtidas na oração. O amor sincero<br />
deve ser o princípio dominante do coração. O amor para com Deus e para o esposo<br />
unicamente, pode ser a justa norma de procedimento.<br />
Julgue a mulher que é prerrogativa do marido ter inteiro domínio sobre seu corpo, e<br />
moldar-lhe o espírito de modo a ajustar-se ao dele em to<strong>dos</strong> os senti<strong>dos</strong>, para seguir a<br />
mesma direção que o seu, e renuncia a sua individualidade; ela perde a identidade,<br />
imergindo na do marido. É uma simples máquina para ele dirigir a sua vontade, uma<br />
criatura do seu prazer. Ele pensa por ela, decide por ela, por ela age. Ela desonra a<br />
Deus em ocupar essa posição passiva. Cabe-lhe diante de Deus uma responsabilidade<br />
que é seu dever conservar.<br />
Quando a mulher sujeita o corpo e o espírito ao domínio do marido, sendo passiva<br />
diante da vontade dele em tudo, sacrificando sua consciência, dignidade e mesmo<br />
personalidade, perde a oportunidade de exercer aquela poderosa influência que<br />
deveria possuir para o bem, a fim de elevar o marido. Ela podia abrandar-lhe a<br />
natureza áspera, e sua santificadora influência poderia ser usada de modo a purificar<br />
e polir, levando-a a esforçar-se zelosamente por governar as próprias paixões, e ser<br />
mais espiritual, para que sejam juntamente participantes da divina natureza, havendo<br />
escapado à corrupção que pela concupiscência há no mundo.<br />
Abnegação e Temperança<br />
Grande pode ser o poder da influência no conduzir a mente a<br />
Pág. 272<br />
assuntos eleva<strong>dos</strong> e nobres, acima das baixas condescendências sensuais<br />
naturalmente buscadas pelo coração não renovado pela graça. Caso a esposa ache que,<br />
a fim de agradar ao marido, deve descer à norma por ele mantida, quando a paixão<br />
animal é a principal base de seu amor e lhe rege as ações, ela desagrada a Deus; pois<br />
deixa de exercer uma santificadora influência sobre o marido. Se ela acha dever<br />
submeter-se a suas paixões animais sem uma palavra de admoestação, não<br />
compreende seu dever para com ele e para com o seu Deus. O excesso sexual destruirá<br />
com efeito o amor para com os cultos devocionais, tirará do cérebro a substância<br />
necessária para nutrir o organismo, vindo positivamente a destruir a vitalidade.<br />
Mulher alguma deve ajudar o marido nesta obra de autodestruição. Ela não o fará caso<br />
esteja esclarecida, e tenha por ele verdadeiro amor.<br />
Quanto mais condescendência houver com as paixões animais, tanto mais fortes se<br />
tornarão elas, e mais violentos serão seus reclamos quanto à satisfação. Que os<br />
homens e mulheres tementes a Deus despertem para o seu dever. Muitos professos<br />
cristãos sofrem de paralisia de nervos e cérebro, devido a sua intemperança neste<br />
sentido. Podridão, eis o que se encontra nos ossos e medula de muitos que são<br />
considera<strong>dos</strong> bons homens, que oram e choram, e ocupam altas posições, mas cuja<br />
carcaça poluída jamais transporá os portais da cidade celestial.<br />
119
Oh! se eu pudesse fazer to<strong>dos</strong> compreenderem sua obrigação para com Deus quanto a<br />
conservar a estrutura mental e física nas melhores condições a fim de prestarem<br />
serviço perfeito a seu Criador! Refrei-se a esposa cristã, tanto por palavras como por<br />
atos, de provocar as paixões animais do marido. Muitos não têm absolutamente forças<br />
para desperdiçarem nessa direção. Desde sua juventude têm enfraquecido o cérebro e<br />
minado sua constituição em virtude da satisfação <strong>dos</strong> apetites animais. Abnegação e<br />
temperança, eis o que devia constituir sua divisa na vida conjugal.<br />
51<br />
Reuniões de<br />
Experiências e de Oração<br />
Pág. 273<br />
Recebi há pouco de um irmão, a quem tenho em alta estima, uma carta em que me<br />
perguntava como deviam ser celebradas tais reuniões. Desejava saber se convinha<br />
orarem diversas pessoas sucessivamente e, após pequena pausa, tornar a fazerem-se<br />
várias orações sucessivas.<br />
Pelo que tem sido revelado a esse respeito, sou de opinião que não é a vontade de Deus<br />
que nas reuniões de oração nos exponhamos a enfa<strong>dos</strong> e canseiras com ficarmos muito<br />
tempo ajoelha<strong>dos</strong>, prestando ouvi<strong>dos</strong> a uma série de compridas orações. Pessoas fracas<br />
não podem permanecer muito tempo em tal atitude, sem ficarem fatigadas e exaustas.<br />
O corpo, obrigado a ficar durante muito tempo em posição inclinada, sucumbe à fadiga,<br />
e o que é pior é que, em virtude dessas prolongadas orações, o espírito se extenua,<br />
deixando de receber o refrigério espiritual de que precisa, o que faz com que essas<br />
reuniões resultem em real prejuízo. Os crentes fatigaram o espírito e o corpo, e não<br />
receberam recreação espiritual.<br />
As reuniões econômicas e de oração não devem ser de molde a causar tédio. Sendo<br />
possível, to<strong>dos</strong> devem comparecer à hora marcada e, se houver retardatários que se<br />
atrasem um quarto de hora ou mais, cumpre não esperar por eles. Basta estarem<br />
presentes duas ou três pessoas para se abrir a reunião e poder-se contar com a<br />
promessa divina. As reuniões devem, sendo possível, ser abertas na hora marcada,<br />
quer estejam presentes poucos ou muitos. O formalismo e o constrangimento cumpre<br />
pôr de parte, devendo cada qual ser pontual em seu dever. Em geral não se deve orar<br />
mais de dez minutos segui<strong>dos</strong>. Mudada a posição e depois de se haver cantado um<br />
Pág. 274<br />
hino ou feito uma exortação, poderão orar ainda outros que a isso se sentirem<br />
impeli<strong>dos</strong>.<br />
Orações Concisas<br />
To<strong>dos</strong> devem reputar um dever cristão ser breves na oração. Dizei ao Senhor<br />
exatamente o que quereis, sem divagar por todo o mundo. Na oração particular, cada<br />
qual tem o direito de orar o tempo que lhe aprouver e de ser minucioso tanto quanto<br />
deseja. Poderá então orar pelos amigos e parentes. É a câmara o lugar onde podemos<br />
estender-nos sobre as nossas dificuldades, provações e tentações pessoais. Nas<br />
reuniões para culto divino, devemos abster-nos de desabafar o nosso coração a respeito<br />
de negócios íntimos e particulares.<br />
Qual o objetivo propriamente dito da reunião de oração? Porventura informar a Deus,<br />
em oração, acerca de tudo que sabemos? - Não, reunimo-nos para mutuamente nos<br />
edificarmos com a permuta de idéias e sentimentos; para adquirirmos virtude, luz e<br />
ânimo pela consideração de nossas esperanças e aspirações comuns; para recebermos<br />
novas forças e vigor da Fonte de poder mediante orações feitas com fé e sinceridade.<br />
Essas reuniões devem, pois, ser ocasiões sumamente preciosas e tornar-se atraentes a<br />
to<strong>dos</strong> os que tomem prazer nas coisas da religião.<br />
Temo que haja aí alguns que não levam suas dificuldades a Deus em orações<br />
particulares, reservando-as para as reuniões de oração comum, onde se propõem<br />
desempenhar-se esse seu dever e privilégio por alguns dias. Tais crentes podem<br />
120
considerar-se como matadores das reuniões de experiência de oração. São crentes que<br />
não emitem luz, e a ninguém edificam. Suas orações frias e formais e longos<br />
testemunhos sobre suas reincidências no pecado, só projetam sombras. To<strong>dos</strong> se<br />
sentem alivia<strong>dos</strong> quando finalmente se calam e é quase impossível dissipar a<br />
impressão de frieza e mal-estar que suas orações e testemunhos exercem sobre a<br />
congregação. Segundo a luz que me foi dada, nossas reuniões devem ser espirituais e<br />
comunicativas, e não muito demoradas. O retraimento, o orgulho, a vaidade, o temor<br />
de homens devem ficar de fora. Pequenas<br />
Pág. 275<br />
diferenças e preconceitos não devem ser ali introduzi<strong>dos</strong>. Como numa família unida,<br />
no coração <strong>dos</strong> irmãos que ali se reúnem para se edificar e conseguir novo estímulo<br />
pela conjugação de suas luzes, devem reinar a simplicidade, a mansidão, a confiança e<br />
o amor.<br />
"Vós sois a luz do mundo", disse nosso divino Mestre. Nem to<strong>dos</strong> têm em sua vida<br />
religiosa as mesmas experiências, por isso se reúnem a fim de num espírito de<br />
simplicidade e humildade permutarem essas suas experiências. To<strong>dos</strong> os que trilham o<br />
caminho do progresso cristão, devem e hão de ter experiências vivificantes, que<br />
ofereçam novidade e interesse. Uma experiência vivificante compreende tentações,<br />
provações e lutas cotidianas, como também esforços decisivos, vitórias, paz e alegria<br />
por Jesus. A simples narração dessas experiências proporcionará luz, força e<br />
conhecimento que ajudarão outros a progredir na vida espiritual. O culto de Deus deve<br />
ser interessante e instrutivo para os que têm algum amor às coisas divinas e sagradas.<br />
As Reuniões que Jesus Dirigia<br />
Jesus, o divino Mestre, não viveu afastado <strong>dos</strong> homens; para poder beneficiá-los,<br />
baixou à Terra onde estavam, para que a pureza e santidade de Sua vida se<br />
refletissem sobre a vereda de to<strong>dos</strong>, iluminando-lhes o caminho do Céu. O Salvador Se<br />
esforçava por tornar Suas lições claras e simples, para que to<strong>dos</strong> as compreendessem.<br />
Geralmente preferia o ar livre para Suas pregações. Não havia casa que comportasse a<br />
multidão que O seguia; mas tinha especiais motivos para retirar-Se para os bosques e<br />
praias do mar, a fim de ali ministrar-lhes Suas lições e ensinos. Tinha ali sob as vistas<br />
paisagens, cenas e objetos familiares a Seus humildes ouvintes, <strong>dos</strong> quais Se podia<br />
servir para representar-lhes e ilustrar-lhes as verdades importantes que lhes tinha a<br />
ensinar. Aos Seus ensinos costumava associar as obras de Deus na Natureza. Os<br />
pássaros, que descui<strong>dos</strong>os entoavam seus hinos; as flores <strong>dos</strong> vales, ostentando suas<br />
belas<br />
Pág. 276<br />
cores; os lírios repousa<strong>dos</strong> em sua pureza sobre o espelho <strong>dos</strong> lagos; as árvores<br />
majestosas, as terras cultivadas, as ondeantes searas, o solo estéril, as árvores<br />
improdutivas, as eternas montanhas, os impetuosos rios, o Sol poente afogueando o<br />
horizonte; de tudo Ele Se servia para gravar no espírito de Seus ouvintes as eternas<br />
verdades. Harmonizava com as obras de Deus no Céu e na Terra as palavras da vida<br />
que Se lhes propunha imprimir na alma, para que, pela contemplação da Natureza,<br />
Suas doutrinas lhes fossem continuamente lembradas.<br />
Em to<strong>dos</strong> os Seus esforços Cristo procurou tornar interessantes os Seus ensinos. Sabia<br />
que a multidão cansada e faminta não podia receber benefício espiritual, sem que lhes<br />
provesse também às suas necessidades materiais. Assim operou uma ocasião um<br />
milagre, alimentando no deserto mais de 5.000 pessoas que se haviam reunido para<br />
ouvir-Lhe as palavras da vida. Quando anunciava a preciosa verdade aos Seus<br />
ouvintes, Jesus atentava para as coisas que O rodeavam. A paisagem geralmente<br />
atraía a vista de to<strong>dos</strong> e despertava a admiração nos que eram amantes do belo. Com<br />
verdadeira competência Jesus exaltava a sabedoria de Deus, manifestada nas Suas<br />
obras, e tornava duradouros os Seus ensinos, chamando a atenção <strong>dos</strong> ouvintes, por<br />
meio da Natureza, para o Autor dela.<br />
121
Deste modo as paisagens, árvores, pássaros, flores, colinas, lagos e o céu radiante<br />
eram, na mente <strong>dos</strong> ouvintes, associa<strong>dos</strong> com verdades solenes, que se tornariam<br />
sagradas à sua memória quando, depois de Sua ressurreição, tornassem a evocar essas<br />
coisas.<br />
Quando Cristo ensinava o povo, não empregava o tempo em orar. Não sujeitava, como<br />
os fariseus, o povo a presenciar tediosas cerimônias e ouvir cansativas orações. Aos<br />
Seus discípulos ensinou como deviam orar: "E, quando orares, não sejas como os<br />
hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas,<br />
para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.<br />
Mas tu, quando orares, entra no teu aposento, e, fechando a<br />
Pág. 277<br />
tua porta, ora a teu Pai que está em oculto; e teu Pai, que vê secretamente, te<br />
recompensará. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam<br />
que por muito falarem serão ouvi<strong>dos</strong>. Não vos assemelheis pois a eles; porque vosso<br />
Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós Lho pedirdes. Portanto, vós orareis<br />
assim." Mat. 6:5-9.<br />
Orações Públicas<br />
Cristo deu a entender a Seus discípulos que nossas orações devem ser breves, exprimir<br />
exatamente o que é preciso, e nada mais, dando-lhes em relação à extensão e à<br />
substância das mesmas uma norma, que resumia seus desejos de bênçãos temporais e<br />
espirituais, bem como a gratidão manifestada por elas. Contudo, quão compreensiva é<br />
essa oração modelo! Abrange as necessidades reais de to<strong>dos</strong> os homens. Para dizer<br />
uma oração bastam ordinariamente um ou dois minutos. Casos haverá em que a<br />
oração é ditada de modo especial pelo Espírito de Deus, sendo apresentadas súplicas<br />
ardentes sob Seu particular influxo. A alma anelante anseia e suspira por Deus; o<br />
espírito luta como Jacó, e não se satisfaz enquanto não vir uma manifestação especial<br />
do poder de Deus. É assim que Deus quer que oremos.<br />
Muitos, entretanto, oferecem orações de modo seco. Tais oram aos homens e não a<br />
Deus. Se orassem com consciência do que estão fazendo, assustar-se-iam de sua<br />
temeridade, pois estão dirigindo ao Senhor, em forma de oração, um sermão como se o<br />
Senhor do Universo necessitasse de instruções especiais a respeito do que se passa no<br />
mundo. Orações tais são como o metal que tine e como o sino que soa. Não são tidas em<br />
conta alguma no Céu. Os <strong>anjos</strong> de Deus e também os homens que são obriga<strong>dos</strong> a<br />
escutá-las, aborrecem-se delas.<br />
Jesus foi encontrado muitas vezes orando. Retirava-Se para os bosques solitários ou<br />
para o topo das montanhas, a fim de ali elevar Suas súplicas ao Pai. Termina<strong>dos</strong> os<br />
trabalhos e<br />
Pág. 278<br />
cuida<strong>dos</strong> do dia, enquanto os cansa<strong>dos</strong> buscavam o repouso, Jesus Se entregava à<br />
oração. Não queremos desestimular a oração, pois entre nós se ora e vigia muito pouco.<br />
E poucas orações são feitas com espírito e inteligência. Orações fervorosas e eficazes<br />
poderão ser feitas a todo tempo, e jamais fatigarão alguém. Essas orações atraem e<br />
reanimam a to<strong>dos</strong> os que tomam interesse na devoção.<br />
A oração particular é manifestamente negligenciada, sendo essa a razão por que, nas<br />
reuniões públicas, muitos apresentam orações longas, insípidas e destituídas de vida.<br />
Querem, com suas orações, satisfazer os deveres negligencia<strong>dos</strong> da semana inteira e<br />
continuam orando, esperando reparar assim a sua falta e acalmar a consciência que os<br />
acusa. Contam pela oração reintegrar-se no favor de Deus. Freqüentemente, porém,<br />
essas orações têm por conseqüência reduzir outros a esse mesmo baixo nível de<br />
espiritualidade e mergulhá-los em trevas. Se os cristãos atendessem mais aos ensinos<br />
de Cristo quanto ao dever de orar e vigiar, o seu culto a Deus havia de provar-se mais<br />
racional.<br />
__________<br />
122
Temos de reunir-nos em torno da cruz. Cristo, e Ele crucificado, tem de ser o tema de<br />
contemplação, de conversa, e de nossas mais jubilosas emoções. Devemos ter essas<br />
entrevistas especiais para o fim de conservar vivo em nossos pensamentos tudo que<br />
recebemos de Deus, e de exprimir nossa gratidão por Seu grande amor, e nossa boa<br />
vontade de confiar tudo nas mãos que por nós foram pregadas à cruz. Devemos aqui<br />
aprender a falar a língua de Canaã, a cantar os hinos de Sião. Pelo mistério e glória da<br />
cruz podemos estimar o valor do homem, e então veremos e sentiremos a importância<br />
de trabalhar pelos nossos semelhantes, a fim de que sejamos exalta<strong>dos</strong> ao trono de<br />
Deus. Testimonies, vol. 4, pág. 462, 1880.<br />
52<br />
Como Observaremos o Sábado?<br />
Pág. 279<br />
Deus é misericordioso. Razoáveis são os Seus reclamos, em harmonia com a bondade e<br />
benevolência de Seu caráter. O objetivo do sábado foi que toda a humanidade fosse<br />
beneficiada. O homem não foi feito para ajustar-se ao sábado; pois o sábado foi feito<br />
depois da criação do homem, a fim de lhe satisfazer às necessidades. Depois de haver<br />
Deus feito o mundo em seis dias, descansou, e santificou e abençoou o dia em que Ele<br />
descansou de toda a Sua obra que criara e fizera. Ele separou aquele dia especial para<br />
o homem nele repousar de seu labor, para que, ao olhar para a Terra embaixo e para<br />
os céus em cima, refletisse em que Deus fez tudo isto em seis dias e descansou ao<br />
sétimo; e para que ao contemplar as provas palpáveis da infinita sabedoria de Deus,<br />
seu coração se enchesse de amor e reverência por seu Criador.<br />
Para santificar o sábado, não é necessário encerrar-nos entre paredes, afasta<strong>dos</strong> das<br />
belas cenas da Natureza e do ar livre e revigorador do céu. Não devemos em caso<br />
algum permitir que encargos e transações comerciais nos desviem o espírito do sábado<br />
do Senhor, que Ele santificou. Nem devemos permitir que nossa mente sequer pouse<br />
em coisas de caráter mundano. Mas a mente não pode ser refrigerada, vivificada e<br />
enobrecida sendo confinada quase todas as horas do sábado entre paredes, ouvindo<br />
longos sermões e orações tediosas, formais. O sábado do Senhor é mal empregado se<br />
for assim celebrado. Assim não é atingido o objetivo para que foi criado. O sábado foi<br />
feito para o homem, para lhe ser uma bênção mediante o desviar-lhe a mente do<br />
trabalho secular para a contemplação da bondade e glória de Deus. É necessário que o<br />
povo de Deus<br />
Pág. 280<br />
se reúna para falar acerca dEle, para trocar pensamentos e idéias a respeito das<br />
verdades contidas em Sua Palavra, e dedicar uma parte do tempo à devida oração.<br />
Estes perío<strong>dos</strong>, porém, mesmo no sábado, não deviam ser torna<strong>dos</strong> tediosos por sua<br />
extensão e falta de interesse.<br />
O Livro da Natureza<br />
Numa parte do dia, to<strong>dos</strong> devem ter oportunidade de ficar ao ar livre. Como podem as<br />
crianças obter um mais correto conhecimento de Deus, e seu espírito ser mais<br />
impressionado, do que passando parte do tempo ao ar livre, não em brincadeiras, mas<br />
na companhia de seus pais? Que sua mente juvenil se ligue a Deus no belo cenário da<br />
Natureza, seja sua atenção chamada às provas de Seu amor ao homem nas obras<br />
criadas, e elas serão atraídas e interessadas. Não estarão em risco de associarem o<br />
caráter de Deus com tudo quanto é rude e severo; mas ao verem as belas coisas que Ele<br />
criou para a felicidade do homem, serão levadas a considerá-Lo um terno e amorável<br />
Pai. Verão que Suas proibições e injunções não são feitas meramente para mostrar Seu<br />
poder, e autoridade, mas têm em vista a felicidade de Seus filhos. Ao revestir-se o<br />
caráter de Deus do aspecto de amor, benevolência, beleza e atração, elas são induzidas<br />
a amá-Lo. Podeis encaminhar-lhes a mente aos lin<strong>dos</strong> pássaros, que enchem o espaço<br />
de música ao gorjearem seus cânticos, às hastes de relva e às flores de maravilhoso<br />
123
colorido, em sua perfeição, a perfumarem o ar. To<strong>dos</strong> esses proclamam o amor e<br />
habilidade do Artista celeste, e manifestam a glória de Deus.<br />
Pais, por que não empregar as preciosas lições que Deus nos deu no Livro da<br />
Natureza, de modo a dar a nossos filhos uma idéia justa do Seu caráter? Os que<br />
sacrificam a simplicidade à moda, e se excluem das belezas naturais, não podem ter<br />
mente espiritual. Não podem entender a habilidade e o poder de Deus tais como se<br />
revelam em suas obras criadas; portanto, seu coração não é vivificado e não pulsa com<br />
novo amor e<br />
Pág. 281<br />
interesse, e não se enchem de respeito e reverência ao verem Deus na Natureza.<br />
To<strong>dos</strong> quantos amam a Deus devem fazer o que lhes seja possível para tornar o sábado<br />
deleitoso, santo e digno de honra. Não podem fazer isto buscando o próprio prazer em<br />
distrações pecaminosas, proibidas. Podem, todavia, fazer muito para exaltar o sábado<br />
em sua família, e torná-lo o dia mais interessante da semana. Cumpre-nos consagrar<br />
tempo a interessar nossos filhos. Uma mudança terá sobre eles benéfica influência.<br />
Podemos andar com eles ao ar livre; sentar-nos com eles nos arvore<strong>dos</strong> e à luz do Sol, e<br />
oferecer a sua mente irrequieta algo em que se apascentar, mediante o conversar com<br />
eles sobre obras de Deus, e podemos inspirar-lhes amor e reverência chamando-lhes a<br />
atenção aos belos objetos da Natureza.<br />
Devemos tornar o sábado tão interessante para nossa família, que sua volta semanal<br />
seja saudada com alegria. Os pais não podem melhor exaltar o sábado e honrá-lo, do<br />
que idealizando meios de comunicar a devida instrução a sua família, interessando-a<br />
nas coisas espirituais, dando-lhes uma visão correta do caráter de Deus, e do que Ele<br />
requer de nós a fim de aperfeiçoarmos caráter cristão, e alcançarmos a vida eterna.<br />
Pais, tornai o sábado um deleite, para que vossos filhos o aguardem, acolhendo-o de<br />
coração.<br />
53<br />
A Recreação Cristã<br />
Pág. 282<br />
Tenho estado a pensar no contraste que se observaria entre nossa reunião aqui, hoje, e<br />
as que são em geral promovidas por descrentes. Em vez de oração, e da menção de<br />
Cristo e das coisas religiosas, ouvir-se-ia o riso tolo e a frívola conversação. O objetivo<br />
deles seria divertirem-se to<strong>dos</strong> a valer. Essa reunião começaria com tolice e terminaria<br />
em vaidade. Queremos dirigir estas reuniões, e conduzir-nos a nós mesmos, de tal<br />
maneira que possamos voltar para casa com a consciência livre de ofensa para com<br />
Deus e o homem; a consciência de não havermos ferido ou prejudicado de qualquer<br />
maneira aqueles com quem estivemos em contato, nem termos exercido sobre eles<br />
influência nociva.<br />
Eis aí onde muitos falham. Não consideram que são responsáveis pela influência que<br />
exercem diariamente: que terão de dar contas a Deus pelas impressões que causam, e<br />
pela influência que exercem em to<strong>dos</strong> os seus contatos com outros na vida. Se essa<br />
influência é de molde a tender a desviar a mente <strong>dos</strong> outros de Deus, atraindo-a na<br />
direção da vaidade e da tolice, levando-a a buscar o próprio prazer em divertimentos e<br />
extravagantes condescendências, hão de dar contas por isto. E se essas pessoas são<br />
homens e mulheres de influência, e sua posição é daquelas que faz com que seu<br />
exemplo afete a outros, maior então será seu pecado por negligenciarem regular sua<br />
conduta pela norma bíblica.<br />
Os momentos que estamos hoje fruindo acham-se exatamente em harmonia com<br />
minhas idéias de recreação. Procurei<br />
Pág. 283<br />
apresentar meus pontos de vista, mas eles podem ser mais bem ilustra<strong>dos</strong> que<br />
expressos. Achava-me neste campo cerca de um ano atrás, quando houve uma reunião<br />
semelhante à que temos agora. Quase tudo transcorreu de forma muito agradável,<br />
124
mas ainda ocorreram algumas coisas não apropriadas. Alguns condescenderam<br />
consideravelmente com gracejos e zombarias. Nem to<strong>dos</strong> eram observadores do sábado,<br />
e manifestou-se uma influência menos agradável do que poderíamos desejar.<br />
Creio, porém, que ao passo que estamos buscando refrigerar nosso espírito e revigorar<br />
o corpo, é-nos exigido por Deus que empreguemos todas as nossas faculdades em todo o<br />
tempo, para os melhores fins. Podemos associar-nos como estamos fazendo hoje aqui, e<br />
fazer tudo para a glória de Deus. Podemos e devemos dirigir nossas recreações de tal<br />
maneira que sejamos habilita<strong>dos</strong> a cumprir melhor nossos deveres, e que nossa<br />
influência seja mais benéfica sobre aqueles com quem nos associamos. Isto se aplicaria<br />
especialmente a uma ocasião como esta, que deve ser de animação para to<strong>dos</strong> nós.<br />
Podemos voltar a nossos lares com a mente revigorada e refrigerado o corpo,<br />
prepara<strong>dos</strong> para reiniciar o trabalho com mais esperança e ânimo.<br />
Cremos em que é nosso privilégio glorificar a Deus to<strong>dos</strong> os dias de nossa vida na<br />
Terra; que não devemos viver neste mundo simplesmente para nosso próprio<br />
divertimento, para nos agradar a nós mesmos. Estamos aqui para beneficiar a<br />
humanidade, para sermos uma bênção à sociedade. E se deixarmos nossa mente<br />
soltar-se naquela baixa direção em que muitos, que estão buscando apenas vaidade e<br />
tolice, deixam correr a sua, como poderíamos ser uma bênção à sociedade, um benefício<br />
para nossa espécie e geração? Não podemos, sem culpa, condescender com qualquer<br />
divertimento que nos incapacite para o mais fiel desempenho <strong>dos</strong> deveres comuns da<br />
vida.<br />
Devemos buscar o elevado e belo. Devemos encaminhar o espírito em sentido diverso<br />
daquilo que é superficial e sem importância, que não tem solidez. Nosso desejo é tirar<br />
novas forças de<br />
Pág. 284<br />
tudo em que nos empenhemos. De todas essas reuniões para fins de recreação, de<br />
todas essas aprazíveis associações, precisamos colher novas energias para tornar-nos<br />
homens e mulheres melhores. De toda fonte possível, devemos obter novo ânimo, nova<br />
resistência, novo poder a fim de ser-nos possível elevar nossa vida à pureza e<br />
santidade, e não descermos ao baixo nível deste mundo. ...<br />
54<br />
Não Há Tempo de Graça<br />
Após a Vinda de Cristo<br />
Pág. 285<br />
Quando Jesus Se levantar no santíssimo, e tirar Suas vestes de Mediador, revestindo-<br />
Se <strong>dos</strong> vesti<strong>dos</strong> da vingança em lugar <strong>dos</strong> trajes sacerdotais, estará concluída a obra<br />
em prol <strong>dos</strong> pecadores. Chegará então o período de tempo em que sairá o decreto:<br />
"Quem é injusto, faça injustiça ainda; ... e quem é justo, faça justiça ainda; e quem é<br />
santo, seja santificado ainda. E, eis que cedo venho, e o Meu galardão está comigo,<br />
para dar a cada um segundo a sua obra." Apoc. 22:11 e 12.<br />
Deus deu Sua palavra a fim de que to<strong>dos</strong> a estudem, para que aprendam o caminho da<br />
vida. Ninguém precisa errar, caso se submeta às condições da salvação por Deus<br />
estabelecidas em Sua Palavra. O tempo de graça é concedido a to<strong>dos</strong>, para que to<strong>dos</strong><br />
formem caráter para a vida eterna. Dar-se-á a to<strong>dos</strong> oportunidade de decidir pela vida<br />
ou pela morte. Os homens serão julga<strong>dos</strong> segundo a medida de luz a eles concedida.<br />
Ninguém será responsável pelas trevas e erros em que anda, se não lhes foi levada a<br />
luz. Eles não pecaram em não aceitar aquilo que não lhes foi apresentado. To<strong>dos</strong> serão<br />
prova<strong>dos</strong> antes que Jesus deixe Seu lugar no santíssimo. Findar-se-á o tempo de graça<br />
de to<strong>dos</strong> quando terminar a intercessão pelos pecadores, e forem vesti<strong>dos</strong> os trajes de<br />
vingança.<br />
Muitos há que nutrem a idéia de ser concedida a graça depois de Jesus deixar Sua<br />
obra como mediador no lugar santíssimo. Isso é engano de Satanás. Deus experimenta<br />
125
e prova o mundo pela luz que Se compraz em dar-lhes anteriormente à vinda de<br />
Cristo. Forma-se então caráter para a vida ou para<br />
Pág. 286<br />
a morte. Mas o tempo de graça daqueles que preferem viver uma vida de pecado, e<br />
negligenciam a grande salvação oferecida, termina quando cessar o ministério de<br />
Cristo, antes de Seu aparecimento nas nuvens do céu.<br />
Aqueles que amam o mundo, e cuja mente é carnal e se acha em inimizade para com<br />
Deus, lisonjear-se-ão com a idéia de que será concedido um período de prova depois de<br />
Cristo aparecer nas nuvens do céu. O coração carnal, tão avesso a submeter-se e a<br />
obedecer, iludir-se-á com essa agradável idéia. Muitos permanecerão em segurança<br />
carnal, continuando em rebelião contra Deus, lisonjeando-se de que haverá então um<br />
tempo de arrependimento do pecado, e uma oportunidade de aceitarem a verdade<br />
agora tão impopular e contrária a seus desejos e inclinações naturais. Quando não<br />
tiverem nada que arriscar, nada a perder por obedecer a Cristo e à verdade, então,<br />
pensam, aproveitarão a oportunidade da salvação.<br />
Há nas Escrituras algumas coisas difíceis de entender e que segundo diz Pedro, "os<br />
indoutos e inconstantes torcem" (II Ped. 3:16) para sua própria perdição. Não podemos<br />
explicar nesta vida o sentido de toda passagem das Escrituras; não há, porém, pontos<br />
vitais de verdade prática, que fiquem envoltos em mistério. Ao chegar, na providência<br />
de Deus, o tempo de o mundo ser provado quanto à verdade para aquele tempo,<br />
mentes serão despertadas pelo Seu Espírito para pesquisarem as Escrituras, mesmo<br />
com jejum e oração, até que se descubra elo após elo, e estes sejam liga<strong>dos</strong> em perfeita<br />
cadeia. Todo fato que tem que ver de perto com a salvação de almas, será tornado tão<br />
claro, que ninguém precisa errar, ou andar em trevas.<br />
Responsável Pela Luz<br />
Ao acompanharmos a cadeia de profecias, a verdade revelada para o nosso tempo tem<br />
sido claramente vista e explicada. Somos responsáveis pelos privilégios que<br />
desfrutamos, e pela luz que incide em nosso caminho. Os que viveram nas gerações<br />
passadas foram responsáveis pela luz que lhes foi concedida. Sua<br />
Pág. 287<br />
mente foi despertada acerca de vários pontos da Escritura que lhes serviram de prova.<br />
Não compreenderam, porém, as verdades que hoje entendemos. Não foram<br />
responsáveis pela luz que não tiveram. Tinham a Bíblia, como nós; mas o tempo para<br />
ser desdobrada a verdade especial quanto às cenas finais da história terrestre, é o da<br />
última geração que vive na Terra.<br />
Verdades especiais foram adaptadas às condições das gerações à medida que<br />
existiram. A verdade presente, que é uma prova para o povo desta geração, não era<br />
prova aos das gerações que longe ficaram. Caso a luz que hoje brilha sobre nós<br />
relativamente ao sábado do quarto mandamento houvesse sido dada às gerações do<br />
passado, Deus os teria considerado responsáveis por essa luz.<br />
Quando o templo de Deus foi aberto no Céu, João viu em santa visão uma classe de<br />
pessoas cuja atenção foi presa, e que olhavam com reverente temor a arca, que<br />
continha os mandamentos de Deus. A prova especial sobre o quarto mandamento não<br />
sobreveio senão depois que o templo de Deus foi aberto no Céu.<br />
Aqueles que morreram antes de ser enviada luz sobre a lei de Deus e os reclamos do<br />
quarto mandamento, não eram culpa<strong>dos</strong> do pecado de violar o repouso do sétimo dia. A<br />
sabedoria e misericórdia de Deus em dispensar luz e conhecimento ao tempo devido,<br />
como o povo a necessita, são insondáveis. Antes de Ele vir a julgar o mundo em justiça,<br />
envia uma advertência para despertar o povo e chamar-lhes a atenção para sua<br />
negligência quanto ao quarto mandamento, a fim de que sejam esclareci<strong>dos</strong>, e se<br />
arrependam de sua transgressão da lei de Deus, demonstrando lealdade para com o<br />
grande Legislador. Ele tomou providências para que to<strong>dos</strong> possam ser santos e felizes,<br />
se assim o quiserem. A esta geração tem sido comunicada suficiente luz, para que<br />
126
conheçamos quais são nossos deveres e privilégios, e desfrutemos as preciosas e<br />
solenes verdades em sua simplicidade e poder.<br />
Pág. 288<br />
Só somos responsáveis pela luz que incide sobre nós. Os mandamentos de Deus e os<br />
testemunhos de Jesus estão-nos servindo de prova. Se formos fiéis e obedientes, Deus<br />
Se deleitará em nós, e abençoar-nos-á como Seu próprio povo escolhido e peculiar.<br />
Quando abundarem a fé, amor e obediência perfeitos, operando no coração <strong>dos</strong> que são<br />
seguidores de Cristo, eles possuirão influência poderosa. Deles emanará luz,<br />
dissipando as trevas que os rodeiam, purificando e elevando to<strong>dos</strong> quantos chegarem<br />
sob a esfera de sua influência, e levando ao conhecimento da verdade to<strong>dos</strong> os que<br />
estiverem dispostos a ser esclareci<strong>dos</strong> e seguir na trilha humilde da obediência.<br />
Negligenciar a Verdade por Fantasias<br />
Os que possuem mente carnal, não podem compreender a sagrada força da verdade<br />
vital de que depende sua salvação, devido a nutrirem no coração orgulho, amor do<br />
mundo, da comodidade, egoísmo, cobiça, inveja, ciúmes, concupiscência, ódio e todo<br />
mal. Caso vencessem essas coisas, poderiam ser participantes da natureza divina.<br />
Muitos deixam as positivas verdades da Palavra de Deus, e negligenciam seguir a luz<br />
que lhes ilumina claramente o caminho; tentam descobrir segre<strong>dos</strong> não plenamente<br />
revela<strong>dos</strong>, conjeturar, falar e discutir acerca de questões que não são chama<strong>dos</strong> a<br />
compreender, as quais não têm que ver especialmente com sua salvação. Milhares de<br />
pessoas têm sido assim iludidas por Satanás. Negligenciaram a fé e o dever presentes,<br />
os quais são claros e compreensíveis para to<strong>dos</strong> quantos se acham na posse de suas<br />
faculdades de raciocínio; fixaram-se sobre teorias duvi<strong>dos</strong>as, e textos que não podiam<br />
compreender, e erraram com relação à fé; têm uma fé misturada.<br />
Deus quer que to<strong>dos</strong> façam uso prático <strong>dos</strong> positivos ensinos de Sua Palavra<br />
relativamente à salvação <strong>dos</strong> homens. Caso eles sejam praticantes da Palavra, que é<br />
clara e poderosa em sua simplicidade, não deixarão de aperfeiçoar o caráter cristão.<br />
Santificar-se-ão mediante a verdade e pela humilde<br />
Pág. 289<br />
obediência à mesma, assegurarão a vida eterna. Deus quer servos que sejam<br />
verdadeiros, não só em palavras, mas em atos. Seus frutos manifestarão a genuinidade<br />
de sua fé.<br />
Irmão O., o irmão ficará sujeito às tentações de Satanás, caso continue a nutrir suas<br />
idéias errôneas. Terá uma fé mista, e estará em risco de confundir a fé de outros. Deus<br />
requer que Seu povo seja uno. Seus pontos de vista peculiares demonstrar-se-ão<br />
nocivos a sua influência; e caso o irmão continue a nutri-los e a falar neles, servirão<br />
afinal para separá-lo de seus irmãos. Se Deus tem luz necessária à salvação de Seu<br />
povo, Ele lha comunicará, da mesma maneira que o fez com outras grandes e<br />
importantes verdades. O irmão deve deixar isto em paz. Permita que Deus opere a Sua<br />
própria maneira, para realizar a Seu próprio tempo e modo os Seus desígnios. Que<br />
Deus o habilite a andar na luz, assim como Ele na luz está.<br />
55<br />
A Santidade do Sábado<br />
Pág. 290<br />
Ao começar o sábado, devemos pôr-nos guarda a nós mesmos, a nossos atos e palavras,<br />
para que não roubemos a Deus, aproveitando-nos para nosso próprio uso daquele<br />
tempo que pertence estritamente ao Senhor. Não devemos fazer nós mesmos, nem<br />
permitir que nossos filhos façam qualquer espécie de trabalho pessoal que constitua<br />
nosso meio de vida, ou qualquer coisa que poderia ter sido feita durante os seis dias de<br />
trabalho.<br />
A sexta-feira é o dia de preparação. O tempo pode ser então dedicado a fazer os<br />
necessários preparativos para o sábado, a pensar e falar sobre isso. Coisa alguma que<br />
possa, aos olhos do Céu, ser considerada transgressão do santo sábado, deve ser<br />
127
deixada por dizer ou fazer no sábado. Deus requer, não somente que nos abstenhamos<br />
do trabalho físico no sábado, mas que a mente seja disciplinada de modo a pensar em<br />
temas santos. O quarto mandamento é transgredido mediante o conversar-se sobre<br />
coisas mundanas, ou leves e frívolas. Falar sobre qualquer coisa ou sobre tudo que nos<br />
vem à mente, é falar nossas próprias palavras. Todo desvio do direito nos põe em<br />
servidão e condenação.<br />
Irmão P., o irmão deve disciplinar-se para discernir a santidade do repouso do quarto<br />
mandamento, e trabalhar por elevar a norma em sua família, ou onde quer que tenha,<br />
por seu exemplo, abaixado a mesma entre o povo de Deus. Deve neutralizar a<br />
influência que tem exercido a esse respeito, mudando suas palavras e ações. O irmão<br />
tem com freqüência deixado de lembrar "o dia do sábado, para o santificar"; tem-no<br />
esquecido<br />
Pág. 291<br />
muitas vezes, e falado suas próprias palavras no dia santificado por Deus. Não se tem<br />
acautelado, unindo-se, no sábado, à conversa profana sobre os assuntos comuns do dia,<br />
como ganhos e perdas, depósitos, colheitas e provisões. Nisto seu exemplo prejudica<br />
sua influência. O irmão precisa reformar-se.<br />
Os que não se acham inteiramente converti<strong>dos</strong> à verdade, deixam com freqüência que<br />
a mente lhes corra às soltas sobre negócios mundanos e se bem que repousem <strong>dos</strong><br />
labores físicos no sábado, a língua fala do que está no espírito; daí, essas conversas<br />
sobre gado, colheitas, prejuízos e lucros. Tudo isto é violação do sábado. Se a mente<br />
gira em assuntos mundanos, a língua o revelará; pois da abundância do coração fala a<br />
boca.<br />
A Responsabilidade <strong>dos</strong> Pastores<br />
O exemplo <strong>dos</strong> pastores, especialmente, deve ser circunspecto a esse respeito. Devem,<br />
aos sába<strong>dos</strong>, restringir-se conscienciosamente às conversas sobre assuntos religiosos -<br />
a verdade presente, o presente dever, as esperanças e temores <strong>dos</strong> cristãos, suas<br />
provações, conflitos e aflições; a vitória final, e a recompensa a receber.<br />
Os pastores devem colocar-se como reprovadores daqueles que deixam de lembrar-se<br />
do sábado para o santificar. Bon<strong>dos</strong>a e solenemente, cumpre-lhes reprovar os que se<br />
empenham em conversação mundana no dia de sábado, professando ao mesmo tempo<br />
serem seus observadores. Devem estimular a consagração a Deus no Seu santo dia.<br />
Recuperar o Sono<br />
Ninguém se deve sentir na liberdade de gastar tempo santo inutilmente. Desagrada a<br />
Deus que os observadores do sábado durmam muito tempo no sábado. Eles desonram a<br />
seu Criador em assim fazer e por seu exemplo, dizem que os seis dias são demasiado<br />
preciosos para que os empreguem para descansar. Precisam ganhar dinheiro, mesmo<br />
que seja roubando-se do<br />
Pág. 292<br />
necessário sono, que recuperam dormindo durante as horas santas. Depois,<br />
desculpam-se, dizendo: "O sábado foi dado para dia de descanso. Não me privarei do<br />
repouso para ir à reunião; pois preciso descansar." Essas pessoas fazem errado<br />
emprego do dia santificado. Naquele dia especialmente, devem elas interessar sua<br />
família na observância do mesmo, e congregar-se na casa de oração com os poucos ou<br />
os muitos que ali houver. Devem dedicar o tempo e as energias a cultos religiosos, para<br />
que a divina influência os possa assistir durante a semana. De to<strong>dos</strong> os dias semanais,<br />
nenhum é tão favorável aos pensamentos e sentimentos devocionais como o sábado.<br />
Foi-me apresentado todo o Céu como a contemplar e observar no decorrer do sábado<br />
aqueles que reconhecem as reivindicações do quarto mandamento, e estão guardando o<br />
sábado. Os <strong>anjos</strong> estavam anotando o interesse deles nessa divina instituição, o<br />
elevado respeito que por ela nutrem. Aqueles que santificavam no próprio coração o<br />
Senhor Deus mediante uma estrutura estritamente devocional do espírito, e que<br />
buscavam aproveitar as horas santas em observar o sábado da melhor maneira que<br />
128
lhes era possível, e honravam a Deus em considerar o sábado deleitoso - a esses,<br />
beneficiavam especialmente os <strong>anjos</strong> com luz e saúde, e era-lhes comunicada especial<br />
resistência. Por outro lado, porém, os <strong>anjos</strong> se desviavam <strong>dos</strong> que deixavam de<br />
apreciar a santidade do dia santificado por Deus, e deles removiam sua luz e força. Vios<br />
ensombra<strong>dos</strong> por uma nuvem, abati<strong>dos</strong>, e freqüentemente tristes. Sentiam a falta<br />
do Espírito de Deus.<br />
56<br />
Mentes Não Equilibradas<br />
Pág. 293<br />
Deus confiou a cada um de nós sagra<strong>dos</strong> depósitos, pelos quais nos considera<br />
responsáveis. É desígnio Seu que eduquemos de tal modo a mente que sejamos aptos a<br />
exercitar os talentos que Ele nos deu de maneira a efetuar o máximo bem, e refletir a<br />
glória do Doador. A Deus somos devedores de todas as faculdades do espírito. Essas<br />
faculdades podem ser cultivadas, dirigidas e controladas de modo tão sábio, que<br />
realizem o desígnio para que nos foram concedidas. É dever educar a mente de modo a<br />
manifestar as energias da alma, e desenvolver cada faculdade. Quando todas as<br />
faculdades se acham em exercício, o intelecto será fortalecido, e o desígnio para que<br />
elas foram dadas terá seu cumprimento.<br />
Muitos não fazem a maior soma de bem, porque aplicam o intelecto em uma direção,<br />
negligenciando dar atenção às coisas para que julgam não ser aptos. Algumas<br />
faculdades fracas são assim deixadas adormecidas, porque não é agradável o trabalho<br />
que as chamaria à atividade e assim lhes daria vigor. Todas as energias da mente<br />
devem ser exercitadas, todas as faculdades cultivadas. A percepção, o discernimento, a<br />
memória, e todas as qualidades de raciocínio, devem ter igual vigor, a fim de que a<br />
mente seja bem equilibrada.<br />
Caso certas faculdades sejam usadas em detrimento de outras, não se cumpre<br />
plenamente o objetivo de Deus em nós; pois todas essas faculdades têm que ver umas<br />
com as outras, e são em alto grau interdependentes. Uma não pode ser eficientemente<br />
usada sem o funcionamento de todas, para que se possa manter cuida<strong>dos</strong>amente o<br />
equilíbrio. Se se der toda a atenção e força a uma delas, enquanto as outras jazem<br />
adormecidas, aquela se desenvolverá vigorosamente, e levará a extremos, visto nem<br />
todas haverem sido cultivadas. Algumas mentes são atrofiadas, e não devidamente<br />
equilibradas. Naturalmente<br />
Pág. 294<br />
todas as mentes não são constituídas da mesma maneira. Temos mentes de várias<br />
espécies; algumas são fortes em certos pontos, e muito fracas em outros. Estas<br />
deficiências, tão evidentes, não precisam, nem devem existir. Se os que as possuem<br />
fortalecessem os pontos fracos de seu caráter mediante cultivo e exercício, eles se<br />
tornariam fortes.<br />
É agradável, mas não muito proveitoso exercitar as faculdades naturalmente mais<br />
vigorosas, ao passo que negligenciamos as fracas, mas que necessitam ser cultivadas.<br />
As mais débeis devem receber a devida atenção, para que todas as faculdades do<br />
intelecto sejam bem equilibradas, fazendo todas sua parte como um maquinismo bem<br />
regulado. Dependemos de Deus para a conservação de todas as nossas faculdades. Os<br />
cristãos estão para com Ele na obrigação de exercitar a mente de maneira que todas as<br />
faculdades sejam fortalecidas, e desenvolvidas em maior plenitude. Se isto<br />
negligenciamos, elas nunca realizarão o desígnio para que foram destinadas.<br />
Não temos o direito de negligenciar nenhuma dessas faculdades a nós dadas por Deus.<br />
Vemos por toda parte pessoas obsessivas. São freqüentemente sadias, em to<strong>dos</strong> os<br />
senti<strong>dos</strong> menos um. A razão disso é que um órgão da mente foi mais exercitado ao<br />
passo que os outros foram deixa<strong>dos</strong> adormeci<strong>dos</strong>. Aquele que esteve em uso constante<br />
tornou-se gasto, enfermo, e o homem tornou-se uma ruína. Deus não é glorificado com<br />
essa atitude. Houvesse tal pessoa cultivado to<strong>dos</strong> os órgãos igualmente, e to<strong>dos</strong> teriam<br />
129
saudável desenvolvimento; não haveria sido lançada sobre um todo o trabalho, e<br />
portanto nenhum se haveria esgotado.<br />
Uma Advertência aos Pastores<br />
Os pastores devem guardar-se, não venham a impedir os desígnios de Deus por causa<br />
de seus próprios planos. Eles se acham em risco de oposição à obra de Deus, de<br />
limitarem seus labores a certas localidades, e não cultivarem especial interesse por<br />
essa divina obra em to<strong>dos</strong> os seus vários departamentos. Alguns há que concentram a<br />
mente sobre um assunto, com exclusão de outros, que podem ser de igual importância.<br />
São homens de uma única idéia.<br />
Pág. 295<br />
Todas as energias de seu ser são concentradas no assunto sobre que sua mente é<br />
exercitada na ocasião. Todas as outras considerações são perdidas de vista. Esse tema<br />
favorito é a preocupação de seus pensamentos e o assunto de sua conversa. Toda prova<br />
que tiver relação com esse assunto, é ansiosamente agarrada e aplicada, e tanto<br />
demoram nisso, que as mentes se fatigam em acompanhá-los.<br />
Perde-se freqüentemente tempo em explicar pontos da verdade sem importância, e que<br />
poderiam ser considera<strong>dos</strong> certos, sem apresentação de tantas provas; pois<br />
demonstram-se por si mesmos. Mas aqueles que são reais, vitais, devem-se tornar tão<br />
claros e convincentes quanto os puderem fazer a linguagem e as provas. O poder de<br />
concentrar a mente em um assunto com exclusão de outros, é bom até certo ponto; o<br />
constante exercício dela, porém, gasta os órgãos chama<strong>dos</strong> a esse trabalho; isto lança<br />
grande sobrecarga sobre eles, e o resultado é o fracasso em realizar a máxima<br />
quantidade de bem. O desgaste principal fica sobre determinada série de órgãos,<br />
enquanto os demais permanecem inativos. A mente não pode assim ser saudavelmente<br />
exercitada, e em conseqüência, é abreviada a vida. Todas as faculdades devem<br />
executar parte do trabalho colaborando harmoniosamente, equilibrando-se uma à<br />
outra. Os que põem toda a energia de seu cérebro em um só assunto, são grandemente<br />
deficientes em outros pontos, pela razão de que as faculdades não são cultivadas<br />
eqüitativamente. O assunto que está perante eles prende-lhes a atenção, e são leva<strong>dos</strong><br />
sempre avante, e penetram cada vez mais profundamente na questão. Vêem<br />
conhecimento e clareza ao se interessarem e absorverem. Poucas, porém, são as<br />
cabeças que os podem acompanhar, a menos que tenham dado ao assunto a mesma<br />
profundeza de pensamento. Há perigo de que esses homens arem, e plantem a semente<br />
da verdade tão fundo, que a tenra e preciosa haste jamais venha à superfície.<br />
Faz-se muitas vezes muito trabalho árduo que não é requerido, e que não será<br />
apreciado. Caso os que têm grande poder de concentração cultivem essa faculdade com<br />
negligência de outras, não poderão possuir mentes bem proporcionadas. Assemelhamse<br />
Pág. 296<br />
às máquinas em que apenas um jogo de rodas funciona ao mesmo tempo. Enquanto<br />
algumas rodas se enferrujam por inatividade, outras se gastam por uso contínuo. Os<br />
homens que cultivam uma ou duas faculdades, e não exercitam todas igualmente, não<br />
podem realizar metade do bem que Deus designava que fizessem no mundo. São<br />
homens unilaterais; apenas metade da capacidade que Deus lhes deu é posta em uso,<br />
ao passo que a outra fica enferrujando na inatividade.<br />
Caso essa classe de mentalidades tenha uma obra especial a exigir consideração, não<br />
deve exercitar todas as suas energias naquele único ponto, com exclusão de to<strong>dos</strong> os<br />
outros interesses. Ao passo que tornem o assunto em consideração o objeto principal,<br />
outros ramos da obra devem merecer-lhes parte do tempo. Isto seria muito melhor<br />
para eles próprios, e para a causa em geral. Um <strong>dos</strong> ramos da obra não deve receber<br />
atenção absoluta, com exclusão de to<strong>dos</strong> os outros.<br />
Em seus escritos, alguns precisam guardar-se constantemente quanto a não<br />
obscurecerem pontos que são evidentes, com o amontoarem sobre eles muitos<br />
130
argumentos que não têm vivo interesse para o leitor. Se eles se detêm tediosamente<br />
sobre certos pontos, dando todo pormenor que lhes ocorre à mente, seu trabalho fica<br />
por assim dizer perdido. O interesse do leitor não será suficientemente profundo para<br />
seguir o assunto até ao fim. Os pontos mais essenciais da verdade podem ser torna<strong>dos</strong><br />
indistintos com o dar-se atenção a todo pequenino pormenor. Abrange-se muito<br />
terreno; mas a obra em que se emprega tanto labor, não é calculada a realizar a maior<br />
soma de benefício, despertando o interesse geral.<br />
Neste século em que as fábulas agradáveis andam flutuando no ambiente e atraindo o<br />
espírito, a verdade apresentada em estilo fácil, corroborada com algumas vigorosas<br />
provas, é melhor que buscar e fazer uma série avassaladora de demonstrações; pois<br />
então o ponto não fica tão claro em muitas mentes como antes de as objeções e provas<br />
lhes serem apresentadas. Para muitos, as afirmações têm mais eficácia que as longas<br />
argumentações. Tomam muita coisa por certa. As provas não ajudam o caso no espírito<br />
de pessoas assim.<br />
57<br />
Fidelidade nos Deveres Domésticos<br />
Pág. 297<br />
Prezada irmã O.: Penso que a irmã não é feliz. Buscando alguma grande obra a fazer,<br />
passa por alto deveres do momento, que lhe estão bem no caminho. A irmã não é feliz,<br />
porque olha acima <strong>dos</strong> pequeninos deveres diários da vida, a qualquer obra mais<br />
elevada e maior a realizar. Acha-se inquieta, incomodada e descontente. A irmã gosta<br />
mais de mandar do que de executar. Mais de dizer a outros o que fazer, do que de, com<br />
pronta satisfação, tomar e fazer a irmã mesma.<br />
A irmã poderia haver tornado a casa de seu pai mais feliz se houvesse consultado<br />
menos suas inclinações, e mais à felicidade <strong>dos</strong> outros. Quando empenhada nos<br />
deveres comuns da vida, a irmã deixa de pôr nesse trabalho o coração. Sua mente<br />
busca adiante e além uma obra mais aprazível, elevada e honrosa. Alguém precisa<br />
fazer justamente essas coisas em que a irmã não encontra prazer, e de que até se<br />
desgosta. Esses simples deveres, caso sejam cumpri<strong>dos</strong> com boa vontade e fidelidade,<br />
proporcionar-lhe-ão a educação necessária a vir a amar os deveres domésticos. Eis<br />
uma experiência que lhe é altamente essencial obter, mas que a irmã não aprecia.<br />
Queixa-se de sua sorte, tornando assim infelizes os que a rodeiam, e sofrendo por sua<br />
vez grande prejuízo. Talvez a irmã nunca venha a ser chamada a fazer um trabalho<br />
que a ponha diante do público. Mas todo serviço que fazemos, e que é necessário ser<br />
feito, seja lavar louça, pôr a mesa, cuidar de um doente, cozinhar ou lavar, é de<br />
importância moral; e enquanto a irmã não puder lançar mão desses deveres satisfeita<br />
e feliz, não está apta para deveres maiores e mais eleva<strong>dos</strong>. As humildes tarefas que<br />
estão diante de nós, devem ser executadas por alguém; os<br />
Pág. 298<br />
que as fazem devem sentir estarem realizando uma obra necessária e honrosa, e que<br />
em sua missão, por humilde que seja, estão fazendo a obra de Deus, tão certo como o<br />
estava Gabriel quando enviado aos profetas. To<strong>dos</strong>, em suas respectivas esferas, estão<br />
trabalhando por sua ordem. As mulheres em seu lar, cumprindo os simples deveres da<br />
vida que precisam ser atendi<strong>dos</strong>, podem e devem manifestar fidelidade, obediência e<br />
amor tão sinceros como os <strong>anjos</strong> em sua esfera. A conformidade com a vontade de Deus<br />
torna qualquer obra que precise ser feita uma tarefa honrosa.<br />
O que a irmã precisa, é manifestar amor e afeto. Seu caráter necessita ser moldado.<br />
Cumpre pôr de lado sua ansiedade e, em lugar dela, cultivar gentileza e amor. Neguese<br />
a si mesma. Não fomos cria<strong>dos</strong> <strong>anjos</strong>, mas inferiores aos <strong>anjos</strong>; todavia nossa obra é<br />
importante. Não nos achamos no Céu, mas na Terra. Quando lá estivermos, seremos<br />
então habilita<strong>dos</strong> a fazer a elevada e enobrecedora obra do Céu. É aqui neste mundo<br />
que nos cumpre ser experimenta<strong>dos</strong> e prova<strong>dos</strong>. Precisamos estar arma<strong>dos</strong> para o<br />
conflito e o dever.<br />
131
O mais alto dever que pesa sobre a juventude é o que lhe fica no próprio lar, sendo<br />
uma bênção ao pai e à mãe, aos irmãos e irmãs, mediante afeição e verdadeiro<br />
interesse. Aí podem eles manifestar abnegação e desprendimento de si mesmos no<br />
cuidado e serviço por outros. jamais será a mulher rebaixada por esta obra. É o mais<br />
sagrado e elevado cargo que ela pode preencher. Que influência pode uma irmã exercer<br />
sobre os irmãos! Se ela for reta, poderá determinar o caráter deles! Suas orações, sua<br />
gentileza e afeição muito podem efetuar no ambiente da família. Minha irmã, essas<br />
nobres qualidades nunca poderão ser comunicadas a outras pessoas a menos que<br />
existam primeiro em você. Aquele contentamento de espírito, aquela disposição de<br />
ânimo, gentileza e temperamento radiante que cativarão to<strong>dos</strong> os corações, refletirão<br />
sobre seu coração aquilo que dispensa aos outros. Se Cristo não reina no coração,<br />
haverá descontentamento e deformidade moral. O egoísmo reclamará <strong>dos</strong> outros aquilo<br />
que não estamos dispostos a dar-lhes. Se<br />
Pág. 299<br />
Cristo não estiver no coração, o caráter será desagradável.<br />
Não é apenas uma grande obra e grandes batalhas que provam a alma e requerem<br />
coragem. A vida diária traz suas perplexidades, provações e desânimos. É o trabalho<br />
humilde que com freqüência pesa sobre a paciência e a fortaleza. São necessárias<br />
confiança em si mesmo e resolução para enfrentar e vencer as dificuldades. Apodere-se<br />
do Senhor, para ficar com a irmã, para em toda situação ser seu consolo e conforto. Um<br />
espírito manso e quieto, eis de que muito necessita, e sem isto não poderá ser feliz.<br />
Que Deus a ajude, minha irmã, a buscar a mansidão e a justiça. Necessita<br />
simplesmente do Espírito de Deus. Caso esteja disposta a ser qualquer coisa ou a não<br />
ser nada, Deus a ajudará, e fortalecerá e abençoará. Mas, se negligenciar os pequenos<br />
deveres, nunca lhe serão confia<strong>dos</strong> os maiores.<br />
58<br />
Pensamentos Vãos<br />
Pág. 300<br />
To<strong>dos</strong> os vossos atos, por mais secretos que julgueis haverem eles sido, acham-se<br />
abertos perante vosso Pai celestial. Coisa alguma é oculta, coisa alguma se acha<br />
encoberta. To<strong>dos</strong> os vossos atos e os motivos que os impulsionaram, estão a descoberto<br />
aos Seus olhos. Ele tem pleno conhecimento de todas as vossas palavras e<br />
pensamentos. Cumpre-vos reger os pensamentos e as ações. Tendes de combater a vã<br />
imaginação. Talvez penseis que não pode haver pecado em permitir que os<br />
pensamentos sigam seu curso natural, sem restrição. Não é assim, porém. Sois<br />
responsáveis diante de Deus pela condescendência com os pensamentos vãos; pois das<br />
vãs imaginações surge a prática do pecado, o praticar realmente essas coisas em que a<br />
mente se tem demorado. Governai vossos pensamentos, e ser-vos-á muito fácil reger as<br />
ações.<br />
Vossos pensamentos precisam ser santifica<strong>dos</strong>. Paulo escreve aos coríntios:<br />
"Destruindo os conselhos, e toda a altivez que se levanta contra o conhecimento de<br />
Deus e levando cativo todo entendimento à obediência de Cristo." II Cor. 10:5. Ao<br />
chegardes a estas condições, a obra de consagração vos será a ambos mais<br />
compreensível. Vossos pensamentos serão puros, castos e eleva<strong>dos</strong>; puras e santas as<br />
ações. Conservareis o corpo em santificação e honra, a fim de que o apresenteis em<br />
"sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional". Rom. 12:1.<br />
Requer-se de vós que vos negueis a vós mesmos nas coisas pequenas, assim como nas<br />
maiores. Deveis fazer a Deus uma completa entrega; não tendes Sua aprovação no<br />
estado em que vos encontrais. ...<br />
Pág. 301<br />
A fim de corresponder às grandes finalidades da vida, cumpre-vos evitar o exemplo<br />
daqueles que buscam seu próprio prazer e satisfação, e não têm diante de si o temor de<br />
Deus. Deus tem tomado amplas providências em vosso favor. Tem providenciado para<br />
132
que, se cumprirdes as condições estabelecidas em Sua Palavra, e vos separardes do<br />
mundo, possais receber dEle força para reprimir toda influência degradante, e<br />
desenvolver o que é nobre, bom e elevado. Cristo será em vós "uma fonte de água que<br />
salte para a vida eterna". João 4:14. A vontade, o intelecto e toda emoção, quando<br />
controla<strong>dos</strong> pelo sentimento religioso, têm um poder transformador.<br />
59<br />
Consideração Para com<br />
os que Erram<br />
Pág. 302<br />
Se depois de haver alguém, em seu próprio entender, feito o máximo ao seu alcance,<br />
outro pensa que ele deveria ter feito melhor, deve bon<strong>dos</strong>a e pacientemente comunicar<br />
ao irmão o benefício de seu discernimento, mas não censurá-lo nem pôr em dúvida sua<br />
integridade de propósito, como não quereria que dele suspeitassem ou injustamente o<br />
censurassem. Se o irmão que tem a peito a causa de Deus vê que cometeu um erro,<br />
apesar de seus mais zelosos esforços no executá-la, sentirá profundamente o caso; pois<br />
tenderá a desconfiar de si próprio, perder a confiança no próprio discernimento. Coisa<br />
alguma lhe enfraquecerá tanto o ânimo e a varonilidade a ele conferida por Deus, como<br />
compreender seus erros na obra que o Senhor lhe designou, obra que ele ama acima da<br />
própria vida. Quão injusto é, pois, que seus irmãos, descobrindo-lhe os erros, fiquem a<br />
comprimir o espinho cada vez mais fundo em seu coração, para fazê-lo sentir mais<br />
intensamente, quando, a cada nova aguilhoada o estão fazendo perder a fé e o ânimo, e<br />
a confiança em si mesmo para trabalhar com êxito na edificação da causa de Deus!<br />
Freqüentemente tem-se de dizer claramente a verdade e os fatos aos que erram, a fim<br />
de os levar a verem e sentirem o erro, para que se reformem. Mas isto deve ser feito<br />
sempre com pie<strong>dos</strong>a delicadeza, não com aspereza ou severidade, mas considerando a<br />
própria fraqueza, não seja ele próprio tentado também. Quando a pessoa em falta vê e<br />
reconhece seu erro, então, em vez de entristecê-la e fazer com que a pessoa o sinta<br />
mais profundamente, deve-se dar conforto. No sermão de Cristo no monte, Ele disse:<br />
"Não julgueis, para que não sejais julga<strong>dos</strong>.<br />
Pág. 303<br />
Porque com o juízo com que julgardes sereis julga<strong>dos</strong>, e com a medida com que tiverdes<br />
medido vos hão de medir a vós." Mat. 7:1 e 2. Nosso Salvador reprovou o juízo<br />
precipitado. "Por que reparas tu no argueiro que está no olho de teu irmão, e não vês a<br />
trave que está no teu olho?" Mat. 7:3 e 4. Dá-se freqüentemente que, ao passo que uma<br />
pessoa é pronta a discernir os erros de seus irmãos, talvez esteja em maior falta ela<br />
mesma, mas se ache cega a isso.<br />
To<strong>dos</strong> os que somos seguidores de Cristo devemos tratar com os outros da mesma<br />
maneira que desejamos que o Senhor trate conosco em nossos erros e fraquezas, pois<br />
to<strong>dos</strong> erramos, e precisamos de Sua piedade e perdão. Jesus consentiu em tomar a<br />
natureza humana, a fim de saber como compadecer-Se e interceder junto de Seu Pai<br />
em favor <strong>dos</strong> pecadores e errantes mortais. Ele Se prontificou a tornar-Se o advogado<br />
do homem, e humilhou-Se a familiarizar-Se com as tentações por que o homem era<br />
assaltado, para que pudesse socorrer os que fossem tenta<strong>dos</strong>, e ser um sumo sacerdote<br />
compassivo e fiel.<br />
Há muitas vezes necessidades de repreender positivamente o pecado e reprovar o erro.<br />
Mas os pastores que trabalham pela salvação de seus semelhantes, não devem ser<br />
inclementes para com os erros uns <strong>dos</strong> outros, nem salientar os defeitos existentes em<br />
suas organizações. Não devem expor ou reprovar suas fraquezas. Devem verificar se<br />
tal procedimento da parte de outro para com eles produziria o desejado efeito;<br />
aumentaria isto seu amor para com aquele que lhes patenteasse as faltas, e<br />
promoveria sua confiança nele? Especialmente os erros <strong>dos</strong> pastores empenha<strong>dos</strong> na<br />
obra de Deus devem ser conserva<strong>dos</strong> dentro do menor círculo possível, pois há muitas<br />
pessoas fracas que disso se prevalecerão, caso saibam que aqueles que ministram na<br />
133
palavra e na doutrina têm fraquezas como os outros homens. Coisa mui cruel é serem<br />
as faltas de um pastor expostas a descrentes, caso seja ele considerado digno de<br />
trabalhar futuramente pela salvação de almas. Bem algum pode vir de assim o expor,<br />
mas unicamente mal. O Senhor Se desagrada com essa atitude, pois ela destrói a<br />
Pág. 304<br />
confiança do povo naqueles que Ele aceita para levarem avante Sua obra.<br />
O caráter de todo coobreiro deve ser zelosamente guardado pelos irmãos do ministério.<br />
Disse Deus: "Não toqueis nos Meus ungi<strong>dos</strong>, e não maltrateis os Meus profetas." I<br />
Crôn. 16:22; Sal. 105:15. Cumpre nutrir amor e confiança. A falta desse amor e<br />
confiança em um pastor para com outro, não aumenta a felicidade daquele que é nisso<br />
deficiente mas, ao tornar seu irmão infeliz, fica-o ele próprio também. Há maior poder<br />
no amor, do que jamais se encontrou na censura. O amor abrirá caminho por entre<br />
barreiras, ao passo que a censura fechará toda entrada da alma.<br />
60<br />
Parábolas <strong>dos</strong> Perdi<strong>dos</strong><br />
Pág. 305<br />
A Ovelha Perdida<br />
Minha atenção foi chamada para a parábola da ovelha perdida. As noventa e nove<br />
ovelhas são deixadas no deserto, e começa a busca daquela que se extraviou. Ao<br />
encontrar a ovelha perdida, o pastor suspende-a aos ombros, e volta cheio de regozijo.<br />
Não volta murmurando e censurando a pobre ovelha perdida por haver-lhe causado<br />
tanta dificuldade; pelo contrário, com júbilo ela é carregada.<br />
E uma demonstração ainda maior de alegria é exigida. Os amigos e vizinhos são<br />
convoca<strong>dos</strong> para se alegrarem com o que a encontrou, "porque já achei a minha ovelha<br />
perdida". Luc. 15:6. O encontro era o motivo de regozijo; não se demorava no fato do<br />
extravio; pois a alegria de encontrar a ovelha superava a dor da perda e do cuidado, a<br />
perplexidade e o perigo enfrenta<strong>dos</strong> na busca da ovelha perdida, e no restituí-la à<br />
segurança. "Digo-vos que assim haverá alegria no Céu por um pecador que se<br />
arrepende, mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de<br />
arrependimento." Luc. 15:6 e 7.<br />
A Dracma Perdida<br />
A dracma perdida destina-se a representar o pecador errante, extraviado. O cuidado<br />
da mulher para achar a moeda perdida, destina-se a ensinar aos seguidores de Cristo<br />
uma lição quanto a seu dever para com os errantes que andam extravia<strong>dos</strong> do caminho<br />
reto. A mulher acendeu a vela a fim de aumentar a luz, e depois varreu a casa, e<br />
procurou diligentemente até encontrá-la.<br />
Aqui se define claramente o dever <strong>dos</strong> cristãos para com os que necessitam auxílio<br />
devido a se desviarem de Deus. Os<br />
Pág. 306<br />
errantes não devem ser deixa<strong>dos</strong> em trevas e no erro, mas cumpre empregar to<strong>dos</strong> os<br />
meios possíveis para os trazer novamente para a luz. Acende-se a vela; e, com<br />
fervorosa oração para que a luz celeste vá ao encontro daqueles que se acham<br />
circunda<strong>dos</strong> de trevas e incredulidade, examina-se a Palavra de Deus em busca <strong>dos</strong><br />
claros pontos da verdade, para que os cristãos fiquem por tal modo fortaleci<strong>dos</strong> com<br />
argumentos da Sagrada Escritura, com suas reprovações, ameaças e animações, que os<br />
desvia<strong>dos</strong> sejam alcança<strong>dos</strong>. A indiferença ou a negligência atrairá o desagrado de<br />
Deus.<br />
Quando a mulher encontrou a moeda, convocou suas amigas e vizinhas, dizendo:<br />
"Alegrai-vos comigo, porque já achei a dracma perdida. Assim vos digo que há alegria<br />
diante <strong>dos</strong> <strong>anjos</strong> de Deus por um pecador que se arrepende." Luc. 15:9 e 10. Se os <strong>anjos</strong><br />
de Deus se regozijam pelo errante que vê e confessa suas culpas, e volve à comunhão<br />
<strong>dos</strong> irmãos, quanto mais se devem os seguidores de Cristo, eles próprios faltosos e dia<br />
a dia necessita<strong>dos</strong> do perdão de Deus e <strong>dos</strong> irmãos, alegrar com a volta de um irmão ou<br />
134
irmã que foi iludido pelos enganos de Satanás, e seguiu uma direção errada, e sofreu<br />
por causa disto!<br />
Em vez de manter os culpa<strong>dos</strong> longe, seus irmãos devem ir ao encontro deles onde<br />
estão. Em vez de criticá-los por se acharem em trevas, devem acender a própria<br />
lâmpada mediante a obtenção de mais graça divina e melhor conhecimento das<br />
Escrituras, a fim de dissiparem a escuridão <strong>dos</strong> que estão em erro pela luz que lhes<br />
levem. E quando são bem-sucedi<strong>dos</strong>, e os errantes sentem as próprias culpas e se<br />
submetem para seguir a luz, devem ser recebi<strong>dos</strong> com alegria, e não com espírito de<br />
murmuração, ou com empenho de impressioná-los com o sentimento de sua grande<br />
pecaminosidade, que demandará extraordinário esforço, ansiedade e penoso labor. Se<br />
os puros <strong>anjos</strong> de Deus saúdam o acontecimento com alegria, quanto mais o deveriam<br />
fazer seus irmãos, que necessitam, eles próprios, de compaixão, amor e auxílio quando<br />
erram e, em trevas, não sabem como se valer a si mesmos!<br />
Pág. 307<br />
O Filho Pródigo<br />
Minha atenção foi chamada para a parábola do filho pródigo. Ele solicitou do pai que<br />
lhe desse sua parte da herança. Desejava separar os próprios interesses <strong>dos</strong> de seu pai,<br />
dirigindo o que lhe cabia segundo as suas inclinações. O pai satisfez o pedido, e o filho<br />
afastou-se egoistamente, de modo a não ser perturbado com seus conselhos ou<br />
reprovações.<br />
O filho achou que seria feliz quando lhe fosse dado empregar sua parte como lhe<br />
aprouvesse, sem ser incomodado com advertências ou restrições. Não queria ser<br />
perturbado com obrigações mútuas. Caso partilhasse <strong>dos</strong> bens de seu pai, este teria<br />
direitos sobre ele como filho. Ele, porém, não se sentia sob qualquer obrigação para<br />
com aquele generoso pai, e fortaleceu seu espírito egoísta e rebelde com o pensamento<br />
de que uma parte da propriedade paterna lhe pertencia. Reclamou seu quinhão<br />
quando, de direito, não podia reclamar nada, nem devia receber coisa alguma.<br />
Depois de seu coração egoísta haver recebido o tesouro, que tão pouco merecia, retirouse<br />
para longe, de seu pai, a fim de esquecer até que possuía um pai. Menosprezava a<br />
restrição, e estava inteiramente determinado a desfrutar por to<strong>dos</strong> os meios e mo<strong>dos</strong><br />
que quisesse. Havendo, com seus prazeres pecaminosos, gasto tudo quanto o pai lhe<br />
havia dado, a terra foi flagelada por uma fome, e ele veio a sofrer extrema miséria.<br />
Começou então a lamentar os pecaminosos caminhos de extravagantes prazeres em<br />
que andara; pois achava-se desamparado, carecido <strong>dos</strong> meios que esbanjara. Viu-se<br />
obrigado a descer da vida de pecaminosa satisfação em que vivia, ao baixo mister de<br />
guardador de porcos.<br />
Havendo descido o mais baixo que era possível, pensou na bondade e no amor de seu<br />
pai. Sentiu então a necessidade que tinha dele. Trouxera sobre si a situação em que se<br />
encontrava, destituído de amigos e de todo recurso. Sua própria desobediência e<br />
pecado dera em resultado o separar-se de seu pai. Pensou nos privilégios e na<br />
abundância de que fruíam<br />
Pág. 308<br />
livremente os servos assalaria<strong>dos</strong> da casa paterna, ao passo que ele, que se alienara da<br />
mesma, perecia de fome. Humilhado pela adversidade, decidiu volver ao pai com<br />
humilde confissão. Era um mendigo, destituído de roupas confortáveis, ou decentes<br />
sequer. A falta de meios o reduzira a um estado miserável, e achava-se macilento por<br />
causa da fome.<br />
O Amor do Pai<br />
Ainda a certa distância de casa, o pai avistou o caminhante, e seu primeiro<br />
pensamento foi aquele filho rebelde que o abandonara anos antes a fim de seguir uma<br />
desenfreada carreira de pecado. O sentimento paternal agitou-se dentro dele. Não<br />
obstante to<strong>dos</strong> os sinais de sua degradação, o pai nele divisou a própria imagem. Não<br />
esperou que o filho percorresse toda a distância até onde ele estava, mas apressou-se a<br />
135
ir-lhe ao encontro. Não o censurou por, em conseqüência de sua própria direção de<br />
pecado, haver trazido sobre si tanto sofrimento, antes com a mais terna piedade e<br />
compaixão apressou-se a dar-lhe provas de seu amor, e testemunho do perdão que lhe<br />
concedia.<br />
Se bem que o filho estivesse pálido e a fisionomia indicasse plenamente a vida<br />
dissoluta que levara, embora vestisse os trapos do mendigo, e tivesse os pés nus<br />
cobertos pela poeira <strong>dos</strong> caminhos, despertou-se no pai a mais terna piedade ao vê-lo<br />
prostrar-se diante dele em humildade. Não recuou, em sua dignidade; não se mostrou<br />
exigente. Não expôs diante do filho seus passa<strong>dos</strong> caminhos de erro e de peca<strong>dos</strong>, a fim<br />
de fazê-lo ver quão baixo imergira. Ergueu-o, e beijou-o. Apertou ao peito o filho<br />
rebelde, envolvendo-lhe o corpo quase nu com seu próprio e rico manto. Tomou-o ao<br />
coração com tal calor, e demonstrou tal piedade que, se o filho já duvidara da bondade<br />
e do amor de seu pai, não mais poderia fazê-lo. Se, ao decidir volver à casa paterna,<br />
experimentava um senso de pecado, muito mais profundo foi o sentimento de sua<br />
ingratidão ao ser recebido assim. Seu coração, antes rendido, estava agora<br />
quebrantado por haver ofendido o amor daquele pai.<br />
Pág. 309<br />
O arrependido e tremente filho, que temera grandemente ser renegado, não se achava<br />
preparado para tal recepção. Sabia que a não merecia, e assim reconheceu seu pecado<br />
em deixar o pai: "Pequei contra o Céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado<br />
teu filho." Luc. 15:21. Rogou apenas que fosse considerado como um servo assalariado.<br />
O pai, porém, solicitou <strong>dos</strong> servos que lhe dessem provas especiais de respeito, e o<br />
vestissem como se houvesse sido sempre um filho obediente.<br />
O Irmão Enciumado<br />
O pai tornou a volta de seu filho uma ocasião de regozijo especial. O filho mais velho,<br />
que se achava no campo, nada sabia acerca do regresso do irmão, mas ouviu as gerais<br />
demonstrações de alegria, e indagou <strong>dos</strong> servos o que significava tudo aquilo. Foi-lhe<br />
explicado que seu irmão, julgado morto, voltara, e que o pai matara o bezerro cevado<br />
por causa dele, pois o recebera como um morto que revive.<br />
Então o irmão se zangou, e não queria entrar para ver e receber ao que chegara.<br />
Indignou-se porque esse indigno irmão, que abandonara o pai e lançara sobre ele o<br />
pesado fardo de cumprir os deveres que deveriam haver sido partilha<strong>dos</strong> por ambos,<br />
fosse agora recebido com tantas honras. Esse irmão seguira um procedimento ímpio e<br />
dissoluto, desperdiçando os meios que seu pai lhe dera até ficar reduzido à penúria,<br />
enquanto ele cumprira fielmente em casa os deveres de um filho; esse libertino vem<br />
para a casa de seu pai, e é recebido com respeito e honras acima de tudo quanto ele<br />
próprio já recebera.<br />
O pai rogou ao filho mais velho que fosse e recebesse seu irmão com alegria, pois ele<br />
estava perdido e fora achado; estava morto em pecado e iniqüidade, mas achava-se<br />
novamente vivo; volvera ao senso moral, e aborrecia agora o caminho de pecado que<br />
seguira. O filho mais velho, porém, alega: "Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca<br />
transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os<br />
meus<br />
Pág. 310<br />
amigos; vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou a tua fazenda com as meretrizes,<br />
mataste-lhe o bezerro cevado." Luc. 15:29 e 30.<br />
O pai afirmou ao filho que ele estava sempre em sua companhia, e tudo quanto lhe<br />
pertencia era seu, do filho, mas que era justo que mostrassem agora essa alegria, pois<br />
"este teu irmão estava morto, e reviveu; e tinha-se perdido, e achou-se". Luc. 15:32. O<br />
fato de o perdido ser achado, o morto estar vivo, supera todas as outras considerações<br />
por parte do pai.<br />
Esta parábola foi dada por Cristo a fim de representar a maneira em que nosso Pai<br />
recebe o errante e arrependido. É contra o pai que se comete o pecado; todavia, ele, na<br />
136
compaixão de sua alma, cheio de piedade e perdão, vai ao encontro do pródigo e<br />
manifesta sua grande alegria por seu filho, que ele acreditava morto para todas as<br />
afeições filiais, se haver tornado sensível a seu grande pecado e negligência, e voltar<br />
para o pai apreciando-lhe o amor, e reconhecendo-lhe os direitos. Sabe que o filho que<br />
seguiu a senda do pecado e agora se arrepende, necessita de sua piedade e seu amor.<br />
Este filho sofreu; sentiu sua necessidade, e veio ter com o pai como aquele que,<br />
unicamente, lhe pode suprir essa grande necessidade.<br />
A volta do filho pródigo era causa de maior alegria. Eram naturais as queixas do irmão<br />
mais velho, mas não eram justas. Todavia é esta freqüentemente a atitude que irmão<br />
segue para com irmão. Há demasiado esforço para fazer os culpa<strong>dos</strong> reconhecerem<br />
onde erraram, e ficar lembrando-lhes os erros que cometeram. Os que caíram em falta<br />
precisam de piedade, precisam de auxílio, de simpatia. Eles sofrem em seus<br />
sentimentos, e acham-se com freqüência abati<strong>dos</strong> e acabrunha<strong>dos</strong>. O que eles<br />
necessitam acima de tudo o mais, é de inteiro perdão.<br />
61<br />
O Trigo e o Joio<br />
Pág. 311<br />
Em outra parábola apresentada por Jesus aos discípulos, Ele comparou o reino do Céu<br />
a um campo em que um homem semeara boa semente, mas no qual, enquanto ele<br />
dormia, o inimigo semeou joio. Foi dirigida ao pai de família a pergunta: "Não<br />
semeaste tu no teu campo boa semente? Por que tem então joio? E ele lhes disse: Um<br />
inimigo é quem fez isso. E os servos lhe disseram: Queres pois que vamos arrancá-lo?<br />
Porém ele lhes disse: Não; para que ao colher o joio não arranqueis também o trigo<br />
com ele. Deixai crescer ambos juntos até à ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos<br />
ceifeiros: Colhei primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; mas o trigo<br />
ajuntai-o no meu celeiro." Mat. 13:27-30. Caso houvesse sido mantida fidelidade e<br />
vigilância, se não tivesse havido sono ou negligência por parte de alguém, o inimigo<br />
não teria tido tão favorável ensejo de semear joio entre o trigo. Satanás nunca dorme.<br />
Está vigilante, e aproveita toda a oportunidade para fazer seus agentes disseminarem<br />
erros que encontram solo propício em muitos corações não santifica<strong>dos</strong>.<br />
Os sinceros crentes na verdade são entristeci<strong>dos</strong>, e suas provas e aflições grandemente<br />
aumentadas, pelos elementos que entre eles os aborrecem, desalentam e desanimam<br />
em seus esforços. Mas o Senhor queria ensinar a Seus servos uma lição de grande<br />
cuidado em to<strong>dos</strong> os seus passos. "Deixai crescer ambos juntos." Mat. 13:30. Não<br />
arranqueis à força o joio para que, ao arrancá-lo, não aconteça que as preciosas hastes<br />
venham a soltar-se. Tanto os pastores como os membros da igreja devem ser muito<br />
cautelosos; que não nutram um zelo não segundo o entendimento. Há perigo de fazerse<br />
na igreja<br />
Pág. 312<br />
demasiado para curar dificuldades que, deixadas em paz, curar-se-ão muitas vezes por<br />
si mesmas. É mau o método de tratar em qualquer igreja os assuntos<br />
prematuramente. Cumpre-nos exercer o maior cuidado, paciência e domínio sobre nós<br />
mesmos, para suportar essas coisas, e não agir por impulso, para as pôr em ordem.<br />
A obra realizada em ______ foi prematura, e ocasionou inoportuna separação naquela<br />
igrejinha. Se os servos de Deus pudessem ter apreendido a força da lição de nosso<br />
Salvador na parábola do trigo e do joio, não haveriam empreendido a obra que fizeram.<br />
Antes de se darem passos que forneçam, mesmo aos que são de todo indignos, a<br />
mínima ocasião de se queixarem de haver sido separa<strong>dos</strong> da igreja, o assunto dever ser<br />
sempre tornado objeto do mais cuida<strong>dos</strong>o estudo e fervorosa oração.<br />
Foram em ______ da<strong>dos</strong> passos que criaram um partido de oposição. Alguns eram<br />
ouvintes da beira do caminho; outros ouvintes do terreno pedregoso; e ainda outros<br />
eram daquela classe que recebia a verdade enquanto o coração tinha uma vegetação de<br />
espinhos de molde a sufocar a boa semente; estes nunca teriam caráter cristão<br />
137
aperfeiçoado. Havia, porém, alguns que poderiam haver sido nutri<strong>dos</strong> e fortaleci<strong>dos</strong>, e<br />
se poderiam ter firmado e estabilizado na verdade. As atitudes tomadas pelos irmãos<br />
R. e S., porém, trouxeram uma crise prematura, e depois houve falta de sabedoria e<br />
discernimento no lidar com a facção.<br />
Se as pessoas forem tão merecedoras de ser separadas da igreja como Satanás o foi de<br />
ser expulso do Céu, terão quem lhes tome as dores. Há sempre uma classe que é mais<br />
influenciada por indivíduos, do que pelo Espírito de Deus e pelos sãos princípios; e, em<br />
seu estado não consagrado, essas pessoas estão sempre prontas a tomar o partido do<br />
erro, e pôr a compaixão e simpatia juntamente com os que menos a merecem. Esses<br />
simpatizantes exercem poderosa influência sobre outros; vêem-se as coisas sob um<br />
aspecto errado, ocasiona-se grande mal, e muitas são as almas arruinadas. Satanás<br />
em sua rebelião,<br />
Pág. 313<br />
levou consigo a terça parte <strong>dos</strong> <strong>anjos</strong>. Desviaram-se do Pai e de Seu Filho, e uniram-se<br />
ao instigador da rebelião. Tendo esses fatos diante de nós, cumpre-nos agir com a<br />
maior cautela. Que podemos esperar senão provação e perplexidade em nossas<br />
relações com homens e mulheres de espíritos peculiares? Precisamos suportá-lo, e<br />
evitar a necessidade de arrancar o joio, não aconteça que o trigo seja extirpado<br />
também.<br />
A Bênção das Provações e Adversidades<br />
"No mundo tereis aflições", disse Cristo; mas em Mim tereis paz. As provas a que os<br />
cristãos são submeti<strong>dos</strong> em aflição, adversidade e ignomínia, são os meios indica<strong>dos</strong><br />
por Deus para separar a palha do trigo. Nosso orgulho, egoísmo, ruins paixões e amor<br />
<strong>dos</strong> prazeres mundanos, precisam to<strong>dos</strong> ser venci<strong>dos</strong>; portanto, Deus nos envia aflições<br />
para nos experimentar e provar, e mostrar-nos que esses males existem em nosso<br />
caráter. Cumpre-nos vencê-los mediante a força e graça que nos dá, a fim de sermos<br />
participantes da natureza divina, havendo escapado à corrupção que, pela<br />
concupiscência, há no mundo. "Porque a nossa leve e momentânea tribulação", diz<br />
Paulo, "produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; não atentando nós<br />
nas coisas que se vêem; mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são<br />
temporais, e as que se não vêem são eternas." II Cor. 4:17 e 18. Aflições, cruzes,<br />
tentações, adversidades e nossas várias provações, são os agentes divinos para nos<br />
purificar, santificar e preparar-nos para o celeiro celeste.<br />
Os danos causa<strong>dos</strong> à verdade por medidas prematuras jamais podem ser plenamente<br />
repara<strong>dos</strong>. A causa de Deus em ______ não tem avançado como poderia, e não será<br />
vista pelo povo em tão favorável aspecto como antes de se fazer essa obra. Há<br />
freqüentemente entre nós pessoas cuja influência parece ser simplesmente um zero.<br />
Sua vida parece inútil; tornam-se, porém, rebeldes e combativas, e se fazem zelosos<br />
obreiros de Satanás. Essa obra está mais em harmonia com os sentimentos do coração<br />
natural. Grande é a necessidade de exame do próprio coração, e de oração particular.<br />
Deus<br />
Pág. 314<br />
prometeu sabedoria àqueles que Lha pedirem. O trabalho missionário é muitas vezes<br />
realizado por pessoas não preparadas para a obra. Cultiva-se o zelo exterior, ao passo<br />
que a oração íntima é negligenciada. Assim sendo, causa-se muito mal, pois esses<br />
obreiros buscam regular a consciência <strong>dos</strong> outros por sua própria regra. Há<br />
necessidade de muito domínio próprio. As palavras precipitadas suscitam contenda. O<br />
irmão S. acha-se em risco de condescender com um espírito de crítica incisiva. Isto não<br />
convém aos pregadores da justiça.<br />
Irmão S., o irmão tem muito a aprender. Tem havido de sua parte a inclinação de<br />
responsabilizar o irmão W., por seus fracassos e desânimos; inquirindo-se, porém,<br />
intimamente os seus motivos e sua maneira de proceder, verificar-se-ia haver, no<br />
próprio irmão, outras causas para esses desânimos. Seguir a inclinação de seu coração<br />
138
natural, leva-o à servidão. O espírito severo, torturante, com que o irmão condescende<br />
por vezes, destrói-lhe a influência. O irmão tem uma obra a fazer em seu próprio<br />
benefício, obra que nenhuma outra pessoa pode realizar em seu favor. Cada um tem de<br />
dar contas de si mesmo a Deus. Ele nos deu Sua lei como um espelho a que podemos<br />
olhar e descobrir os defeitos existentes em nosso caráter. Não devemos olhar a esse<br />
espelho com o fito de vermos os defeitos de nosso semelhante ali refleti<strong>dos</strong>, de ver se<br />
ele atinge a norma, mas ver os defeitos que há em nós mesmos, a fim de que os<br />
possamos remover. Não é o conhecimento tudo de que necessitamos; cumpre-nos<br />
seguir a luz. Não somos deixa<strong>dos</strong> a escolher por nós mesmos, e obedecer ao que nos<br />
agrada, e desobedecer quando isto nos for mais conveniente. Obedecer é melhor do que<br />
sacrificar.<br />
62<br />
A Educação Ideal<br />
Pág. 315<br />
A mais bela obra já empreendida por homens e mulheres, é lidar com espíritos jovens.<br />
O máximo cuidado deve ser tomado, na educação da juventude, para variar de tal<br />
maneira a instrução, que desperte as nobres e elevadas faculdades da mente. Pais e<br />
mestres acham-se igualmente inaptos para educar devidamente as crianças, se não<br />
aprenderam primeiro a lição do domínio de si mesmos, a paciência, a tolerância, a<br />
brandura e o amor. Que importante posição para os pais, tutores e professores! Bem<br />
poucos há que compreendem as mais essenciais necessidades do espírito, e a maneira<br />
por que devem dirigir o intelecto em desenvolvimento, o pensar e sentir crescentes <strong>dos</strong><br />
jovens.<br />
Há tempo para instruir as crianças, e tempo para educar a juventude, e é essencial<br />
que essas duas coisas sejam combinadas em alto grau na escola. As crianças podem ser<br />
preparadas para o serviço do pecado ou para o serviço da justiça. A educação em tenra<br />
idade molda-lhes o caráter tanto na vida secular, como na religiosa. Diz Salomão:<br />
"Instrui ao menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se<br />
desviará dele." Prov. 22:6. Esta linguagem é positiva. Esta instrução recomendada por<br />
Salomão é dirigir, educar e desenvolver. Para que os pais e mestres façam essa obra,<br />
devem eles próprios compreender "o caminho" em que a criança deve andar. Isto<br />
abrange mais que mero conhecimento de livros. Envolve tudo quanto é bom, virtuoso,<br />
justo e santo. Compreende a prática da temperança, da piedade, bondade fraternal, e<br />
amor para com Deus e de uns para com os outros. A fim de atingir a esse objetivo, é<br />
preciso dar atenção à educação física, mental, moral e religiosa da criança.<br />
Pág. 316<br />
A educação da criança, em casa e na escola, não deve ser como o ensino <strong>dos</strong> mu<strong>dos</strong><br />
animais; pois as crianças têm vontade inteligente, a qual deve ser dirigida de maneira<br />
a reger todas as suas faculdades. Os mu<strong>dos</strong> animais devem ser exercita<strong>dos</strong>, pois não<br />
possuem razão nem intelecto. À mente humana, porém, deve ser ensinado o domínio<br />
próprio. Ela deve ser educada a fim de governar o ser humano, ao passo que os<br />
animais são governa<strong>dos</strong> por um dono, e exercita<strong>dos</strong> a ser-lhe submissos. O dono serve<br />
de mente, juízo e vontade para o animal. Uma criança pode ser ensinada de maneira a,<br />
como o animal, não ter vontade própria. Sua individualidade pode imergir na da<br />
pessoa que lhe dirige o ensino; sua vontade, para to<strong>dos</strong> os intentos e desígnios, estar<br />
sujeita à de seu mestre.<br />
As crianças assim educadas serão sempre deficientes em energia moral e<br />
responsabilidade como indivíduos. Não foram ensinadas a agir movidas pela razão e<br />
por princípios; sua vontade foi controlada por outros, e a mente não foi chamada a<br />
expandir-se e fortalecer-se pelo exercício. Não foram dirigidas e disciplinadas com<br />
respeito a sua constituição peculiar, e a sua capacidade mental, de modo a<br />
desenvolverem as mais vigorosas faculdades da mente, quando necessário. Os<br />
professores não devem parar aí, mas dar atenção especial ao cultivo das faculdades<br />
139
mais débeis, para que todas sejam exercitadas, e levadas de um a outro grau de vigor,<br />
de modo que a mente atinja as devidas proporções.<br />
O Ensino da Confiança em Si Mesmo<br />
Muitas são as famílias com crianças que parecem bem educadas enquanto se<br />
encontram sob a disciplina; quando, porém, o sistema que as ligou a certas regras se<br />
rompe, parecem incapazes de pensar, agir ou decidir por si mesmas. Essas crianças<br />
estiveram por tanto tempo sob uma regra de ferro, sem permissão de pensar ou agir<br />
por si mesmas naquilo em que era perfeitamente próprio que o fizessem, que não têm<br />
confiança em si mesmas, para procederem segundo seu próprio discernimento, tendo<br />
opinião própria. E quando saem de sob a tutela<br />
Pág. 317<br />
<strong>dos</strong> pais para agirem por si mesmas, são facilmente levadas pelo juízo de outros a<br />
errôneas direções. Não têm estabilidade de caráter. Não foram deixadas em situação<br />
de usarem o próprio juízo na proporção em que isto fosse praticável, e portanto a<br />
mente não foi devidamente desenvolvida e fortalecida. Foram por tanto tempo<br />
inteiramente controladas pelos pais, que dependem inteiramente deles; estes são<br />
mente e discernimento para elas.<br />
Por outro lado os jovens não devem ser deixa<strong>dos</strong> a pensar e proceder<br />
independentemente do juízo de seus pais e mestres. As crianças devem ser ensinadas a<br />
respeitar o juízo da experiência, e serem guiadas pelos pais e professores. Sejam<br />
educadas de maneira que sua mente se ache unida com a <strong>dos</strong> pais e professores, e<br />
instruídas de modo a poderem ver a conveniência de atender a seus conselhos. Então,<br />
ao saírem de sob a mão guiadora deles, seu caráter não será como a cana agitada pelo<br />
vento.<br />
A rigorosa educação das crianças, sem lhes dirigir convenientemente o modo de pensar<br />
e proceder por si mesmas na medida que o permitam sua capacidade e as tendências<br />
da mente, para que assim elas se desenvolvam no pensar, nos sentimentos de respeito<br />
por si mesmas e na confiança na própria capacidade de executar, produzirá uma classe<br />
débil em força mental e moral. E quando se acham no mundo, para agir por si<br />
mesmas, revelarão o fato de que foram ensinadas, como os animais, e não educadas.<br />
Em vez de sua vontade ser dirigida, foi forçada à obediência mediante rude disciplina<br />
por parte <strong>dos</strong> pais e mestres.<br />
Os pais e professores que se gabam de ter completo domínio sobre a mente e a vontade<br />
das crianças sob seu cuidado, deixariam de gabar-se, caso pudessem acompanhar a<br />
vida futura das crianças que são assim postas em sujeição pela força ou o temor. Essas<br />
crianças acham-se quase de todo mal preparadas para partilhar das sérias<br />
responsabilidades da vida. Quando esses jovens não mais se encontram sob a<br />
influência de pais e mestres e se vêem força<strong>dos</strong> a pensar e agir por si<br />
Pág. 318<br />
mesmos, é quase certo tomarem uma direção errônea, e cederem ao poder da tentação.<br />
Não tornam esta vida um êxito, e as mesmas deficiências se manifestam em sua vida<br />
religiosa. Pudessem os instrutores de crianças e jovens ter traçado diante de si o<br />
futuro resultado de sua errada disciplina, e mudariam seu plano de educação. Aquela<br />
espécie de professores que se satisfaz com o manter quase inteiro domínio sobre a<br />
vontade <strong>dos</strong> alunos, não é a mais bem-sucedida, embora a aparência no momento seja<br />
lisonjeira.<br />
Nunca foi desígnio de Deus que a mente de uma pessoa esteja sob o completo domínio<br />
de outra. E os que se esforçam para fazer com que a individualidade de seus alunos<br />
venha a imergir na deles, e para lhes servirem de mente, vontade e consciência,<br />
assumem tremendas responsabilidades. Esses jovens podem, em certas ocasiões,<br />
parecer solda<strong>dos</strong> bem disciplina<strong>dos</strong>. Uma vez, porém, removida a restrição, ver-se-á a<br />
falta de ação independente oriunda de firmes princípios neles existentes. Os que<br />
tornam seu objetivo educar os alunos de maneira que estes vejam e sintam estar neles<br />
140
próprios o poder de formar homens e mulheres de sóli<strong>dos</strong> princípios, habilita<strong>dos</strong> para<br />
qualquer posição na vida, são os mestres mais úteis e de êxito permanente. Talvez sua<br />
obra não se mostre ao descui<strong>dos</strong>o observador sob o aspecto mais vantajoso, nem seja<br />
tão altamente apreciada como a <strong>dos</strong> mestres que dominam a mente e a vontade <strong>dos</strong><br />
discípulos pela autoridade absoluta; a vida futura <strong>dos</strong> alunos, porém, manifestará os<br />
frutos do melhor sistema de educação.<br />
Há perigo de tanto os pais como os professores comandarem e ditarem<br />
demasiadamente, ao passo que deixam de se pôr suficientemente em relações sociais<br />
com os filhos e alunos. Mantêm-se com freqüência muito reserva<strong>dos</strong>, e exercem sua<br />
autoridade de maneira fria, destituída de simpatia, que não pode atrair o coração <strong>dos</strong><br />
educan<strong>dos</strong>. Caso reunissem as crianças junto de si, e lhes mostrassem que as amam, e<br />
manifestassem interesse em to<strong>dos</strong> os seus esforços, e mesmo em suas brincadeiras,<br />
tornando-se por vezes mesmo uma criança entre<br />
Pág. 319<br />
elas, dar-lhes-iam muita satisfação e lhes granjeariam o amor e a confiança. E mais<br />
depressa as crianças respeitariam e amariam a autoridade <strong>dos</strong> pais e mestres.<br />
Os hábitos e princípios de um professor devem ser considera<strong>dos</strong> ainda de maior<br />
importância que suas habilitações do ponto de vista da instrução. Se ele é um cristão<br />
sincero, sentirá a necessidade de manter interesse igual na educação física, mental,<br />
moral e espiritual de seus discípulos. A fim de exercer a devida influência, cumpre-lhe<br />
ter perfeito domínio sobre si mesmo, e o próprio coração possuído de abundância de<br />
amor para com os alunos - amor que se manifestará em sua expressão, nas palavras e<br />
nos atos. Ele precisa ter firmeza de caráter, e então poderá moldar a mente <strong>dos</strong> alunos,<br />
da mesma maneira que os instruir nas ciências. A primeira educação <strong>dos</strong> pequenos<br />
molda-lhes, em geral, o caráter para a vida. Os que lidam com a infância devem ser<br />
muito cuida<strong>dos</strong>os em despertar as qualidades do espírito, a fim de melhor saberem<br />
como lhes dirigir as faculdades para serem exercitadas da maneira mais proveitosa.<br />
63<br />
A Reforma de Saúde<br />
Pág. 320<br />
Em 10 de dezembro de 1871, foi-me mostrado novamente que a reforma da saúde é um<br />
ramo da grande obra que deve preparar um povo para a vinda do Senhor. Ela se acha<br />
tão ligada à terceira mensagem angélica, como as mãos o estão com o corpo. A lei <strong>dos</strong><br />
Dez Mandamentos tem sido levemente considerada pelo homem; o Senhor, porém, não<br />
viria castigar os transgressores daquela lei sem lhes enviar primeiro uma mensagem<br />
de advertência. O terceiro anjo proclama essa mensagem. Houvesse o homem sido<br />
sempre obediente à lei <strong>dos</strong> Dez Mandamentos, cumprindo em sua vida os princípios<br />
desses preceitos, e não haveria o flagelo de doenças que hoje inundam o mundo.<br />
Os homens e as mulheres não podem violar a lei natural mediante a satisfação de<br />
apetites perverti<strong>dos</strong> e de concupiscentes paixões, sem que transgridam a lei de Deus.<br />
Portanto, Ele permitiu que brilhasse sobre nós a luz da reforma de saúde, para que<br />
vejamos nosso pecado em violar as leis por Ele estabelecidas em nosso ser. Todo o<br />
nosso bem-estar ou sofrimento pode ser atribuído, em sua origem, à obediência ou<br />
transgressão no que respeita à lei natural. Nosso benigno Pai celestial vê a deplorável<br />
condição <strong>dos</strong> homens que, alguns com conhecimento mas muitos ignorantemente, estão<br />
vivendo em violação das leis por Ele estabelecidas. E movido de amor e piedade para<br />
com a raça humana, faz com que incida a luz sobre a reforma de saúde. Ele publica<br />
Sua lei e a pena que acompanhará a transgressão da mesma, a fim de que to<strong>dos</strong><br />
saibam, e cuidem em viver em harmonia com a lei natural. O Senhor proclama tão<br />
distintamente Sua lei, e torna-a tão preeminente, que é como uma cidade edificada<br />
sobre um monte. To<strong>dos</strong> os seres responsáveis a podem compreender, se o quiserem. Os<br />
idiotas não são responsáveis. Tornar patente a lei natural e insistir em que se lhe<br />
141
obedeça, eis a obra que acompanha a terceira mensagem angélica, a fim de preparar<br />
um povo para a vinda do Senhor.<br />
64<br />
O Perigo <strong>dos</strong> Elogios<br />
Pág. 321<br />
Foi-me mostrado que é preciso haver muita cautela, mesmo tratando-se de<br />
desembaraçar pessoas de um fardo oprimente, para que não ponham sua confiança na<br />
própria sabedoria, e se esqueçam de que dependem inteiramente de Deus. Não é bom<br />
elogiar a pessoa ou exaltar os talentos de um servo de Cristo. No dia de Deus muitos<br />
hão de ser pesa<strong>dos</strong> na balança e acha<strong>dos</strong> em falta por causa de sua exaltação pessoal.<br />
O próprio Eu facilmente se alteia, fazendo perder o equilíbrio ao indivíduo. Repito,<br />
meus preza<strong>dos</strong> irmãos, se desejais livrar vossa alma do sangue <strong>dos</strong> homens, nunca<br />
lisonjeeis nem nunca exalteis os esforços de pobres mortais; porque isto pode tornar-selhes<br />
em ruína. Há perigo em exaltar por palavras ou por atos a um irmão ou irmã, por<br />
mais humilde que aparentemente seja sua conduta. Se eles são realmente dota<strong>dos</strong><br />
desse espírito manso e humilde que Deus tanto aprecia, ajudai-os a conservá-lo. Isto<br />
não se fará por meio de censuras ou deixando de apreciar devidamente as suas<br />
qualidades; mas há poucos que suportam sem prejuízo os efeitos de um elogio.<br />
Alguns pastores de talento, que estão presentemente pregando a verdade, gostam de<br />
ser elogia<strong>dos</strong>. O louvor os estimula como o vinho estimula ao bebedor. Colocai esses<br />
pastores onde haja uma congregação pequena, que se não entusiasma facilmente nem<br />
provoca oposições decisivas, e se desvanecerá logo seu interesse e seu zelo, tornando-se<br />
eles modorrentos e indolentes como o bêbado a quem se tenha privado do álcool. Estes<br />
homens não se tornarão obreiros verdadeiramente práticos antes que tenham<br />
aprendido a trabalhar sem a exaltação <strong>dos</strong> elogios.<br />
65<br />
O Trabalho em<br />
Favor <strong>dos</strong> que Erram<br />
Pág. 322<br />
Cristo identificou-Se com as necessidades de Seu povo. As necessidades e sofrimentos<br />
desse povo, eram Seus também. Diz Ele: "Tive fome, e destes-Me de comer; tive sede, e<br />
destes-Me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-Me; estava nu, e vestistes-Me;<br />
adoeci, e visitastes-Me; estive na prisão, e fostes ver-Me." Mat. 25:35 e 36. Os servos de<br />
Deus devem ter coração ternamente afeiçoado, de sincero amor para com os seguidores<br />
de Cristo. Devem manifestar aquele profundo interesse que Jesus nos apresenta no<br />
cuidado do pastor para com a ovelha perdida; seguir o exemplo dado por Cristo, e<br />
exercer a mesma compaixão e benignidade, e o mesmo terno e compassivo amor<br />
manifestado por Ele para conosco.<br />
As grandes forças morais da alma são fé, esperança e amor. Se estes não forem<br />
exerci<strong>dos</strong>, por mais diligente e zeloso que seja o pastor, seus labores não serão aceitos<br />
por Deus, e não pode produzir bem para a igreja. Um servo de Cristo que apresenta a<br />
solene mensagem de Deus ao povo, deve sempre tratar com justiça, amar a<br />
misericórdia e andar humildemente diante de Deus. O espírito de Cristo no coração<br />
inclinará toda faculdade da alma a nutrir e proteger as ovelhas de Seu pasto, como um<br />
verdadeiro e fiel pastor. O amor é a áurea cadeia que liga os corações crentes uns aos<br />
outros em voluntários elos de amizade, ternura, e fiel constância; cadeia que une a<br />
alma a Deus.<br />
Há decidida falta de amor, compaixão, e compassiva ternura entre os irmãos. Os<br />
ministros de Cristo são demasiado frios e sem coração. O coração deles não se acha<br />
inflamado de terna compaixão e fervoroso amor. A mais pura e elevada devoção a Deus<br />
é aquela que se manifesta nos mais fervorosos desejos e<br />
Pág. 323<br />
142
esforços para ganhar almas para Cristo. A razão por que os pastores que anunciam a<br />
verdade presente não são mais bem-sucedi<strong>dos</strong> é que eles são grandemente deficientes<br />
em fé, esperança e amor. Há labutas e conflitos, abnegações e íntimas provas do<br />
coração a enfrentar e suportar para to<strong>dos</strong> nós. Haverá aflição e lágrimas por nossos<br />
peca<strong>dos</strong>; haverá lutas constantes e vigilâncias, de mistura com remorsos e vergonhas<br />
por causa de nossas deficiências.<br />
Que os ministros, da cruz de nosso querido Salvador não esqueçam sua experiência<br />
nessas coisas; mas lembrem-se sempre de que são apenas homens, sujeitos a errar, e<br />
possuindo as mesmas paixões que seus irmãos; e que, se ajudam a seus irmãos,<br />
precisam ser perseverantes nos esforços que fazem para os beneficiar, tendo o coração<br />
cheio de piedade e amor. Precisam chegar ao coração de seus irmãos, e ajudá-los onde<br />
eles são fracos e mais necessitam de auxílio. Os que trabalham na palavra e na<br />
doutrina, devem quebrantar o próprio coração duro, orgulhoso, incrédulo, se querem<br />
testemunhar isso nos irmãos.<br />
Cristo fez tudo por nós, porque nos viu desampara<strong>dos</strong>; estávamos liga<strong>dos</strong> com cadeias<br />
de trevas, pecado e desespero, não podendo portanto fazer coisa alguma por nós<br />
mesmos. É mediante o exercício da fé, esperança e amor que chegamos mais e mais<br />
perto da norma de perfeita santidade. Nossos irmãos sentem a mesma comovente<br />
necessidade de auxílio que temos experimentado. Não os devemos oprimir com<br />
desnecessárias censuras, mas deixar que o amor de Cristo nos constranja a ser muito<br />
compassivos e bran<strong>dos</strong>, de modo a chorarmos sobre o errante e os que se desviaram de<br />
Deus. A alma é de infinito valor. Esse valor só pode ser estimado pelo preço pago a fim<br />
de redimi-la. O Calvário! O Calvário! O Calvário! exprimirá o real valor de uma alma.<br />
__________<br />
As censuras brandas, as respostas suaves e palavras agradáveis são muito mais<br />
apropriadas para reformar e salvar, do<br />
Pág. 324<br />
que a severidade e aspereza. Um pouco mais de falta de bondade poderá colocar as<br />
pessoas além de vosso alcance, ao passo que um espírito conciliatório seria o meio de<br />
as prender a vós, sendo-vos então possível confirmá-las no bom caminho. Deveis<br />
também ser movi<strong>dos</strong> por um espírito perdoador, e dar o devido valor a todo bom<br />
desígnio e ação <strong>dos</strong> que vos rodeiam. Testimonies, vol. 4, pág. 65, 1876.<br />
66<br />
Amor e Dever<br />
Pág. 325<br />
O amor tem um irmão gêmeo, que é o dever. Estes dois andam lado a lado. A prática<br />
do amor enquanto o dever é negligenciado, fará as crianças obstinadas, voluntariosas,<br />
perversas, egoístas e desobedientes. Se o severo dever for deixado só, sem o amor que<br />
abranda e atrai, idêntico será o resultado. O dever e o amor devem ser mistura<strong>dos</strong> a<br />
fim de que as crianças sejam devidamente disciplinadas.<br />
Antigamente, foram dadas aos sacerdotes essas instruções: "E a Meu povo ensinarão a<br />
distinguir entre o santo e o profano, e o farão discernir entre o impuro e o puro. E,<br />
quando houver pleito, eles assistirão a ele para o julgarem; pelos Meus juízos o<br />
julgarão." Ezeq. 44:23 e 24. "Se Eu disser ao ímpio: ó ímpio, certamente morrerás; e tu<br />
não falares, para desviar o ímpio de seu caminho, morrerá esse ímpio na sua<br />
iniqüidade, mas o seu sangue Eu o demandarei da tua mão. Mas, quando tu tiveres<br />
falado para desviar o ímpio do seu caminho, para que se converta dele, e ele se não<br />
converter do seu caminho, ele morrerá na sua iniqüidade, mas tu livraste a tua alma."<br />
Ezeq. 33:8 e 9.<br />
Aqui se faz patente o dever <strong>dos</strong> servos de Deus. Eles não podem ser eximi<strong>dos</strong> do fiel<br />
desempenho de seu dever de reprovar peca<strong>dos</strong> e erros do povo de Deus, se bem que isto<br />
seja uma tarefa desagradável, e talvez não seja aceita pela pessoa em falta. Na<br />
maioria <strong>dos</strong> casos, porém, a pessoa reprovada aceitaria a advertência e daria ouvi<strong>dos</strong> à<br />
143
eprovação, não fosse que outros se interpusessem em seu caminho. Eles se interpõem<br />
como quem toma as dores do que foi repreendido, e acham dever tomar-lhe a defesa.<br />
Não vêem que o Senhor não Se agrada do faltoso, pois<br />
Pág. 326<br />
Sua causa sofreu agravo e Seu nome foi vituperado.<br />
Almas se desviaram da verdade, e naufragaram na fé, em conseqüência do<br />
procedimento errado da pessoa em falta; mas o servo de Deus cujo discernimento se<br />
acha obscurecido, e cujo juízo é movido por errôneas influências, tão depressa se põe do<br />
lado do ofensor cuja influência causou tanto mal, como ao lado do que reprovou a<br />
injustiça e o pecado; e, assim fazendo, diz tacitamente ao pecador: "Não te aflijas; não<br />
fiques abatido; afinal estás mais ou menos com a razão." Essas pessoas dizem ao<br />
pecador: "Irá bem contigo."<br />
Deus exige que Seus servos andem na luz, e não fechem os olhos para não ver a<br />
operação de Satanás. Devem estar prepara<strong>dos</strong> para advertir e reprovar os que estão<br />
em perigo em virtude de suas sutilezas. Satanás trabalha à direita e à esquerda a fim<br />
de obter terreno vantajoso. Não descansa. É perseverante. Vigia e é astuto para se<br />
aproveitar de toda circunstância, e para fazer isto reverter em vantagem para si na<br />
luta que sustenta contra a verdade e os interesses do reino de Deus. É lamentável que<br />
os servos do Senhor não estejam despertos sequer metade do que deviam estar para os<br />
ardis do inimigo. E em vez de resistir ao diabo para que fuja deles, muitos se inclinam<br />
a condescender com os poderes das trevas.<br />
67<br />
A Igreja de Laodicéia<br />
Pág. 327<br />
A mensagem à igreja de Laodicéia é uma impressionante acusação, e é aplicável ao<br />
povo de Deus no tempo presente.<br />
"E ao anjo da igreja que está em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel<br />
e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Eu sei as tuas obras, que nem és frio nem<br />
quente: oxalá foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente,<br />
vomitar-te-ei da Minha boca. Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada<br />
tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu."<br />
Apoc. 3:14-17.<br />
O Senhor nos mostra aqui que a mensagem a ser apresentada a Seu povo pelos<br />
pastores a quem Ele chamou para adverti-lo, não é uma mensagem de paz e<br />
segurança. Não é meramente teórica, mas prática em todo particular. O povo de Deus<br />
é representado na mensagem aos laodiceanos como em uma posição de segurança<br />
carnal. Estão a gosto, acreditando-se em exaltada condição de realizações espirituais.<br />
"Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és<br />
um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu."<br />
Que maior ilusão pode sobrevir ao espírito humano que a confiança de se acharem<br />
justos, quando estão totalmente erra<strong>dos</strong>! A mensagem da Testemunha Verdadeira<br />
encontra o povo de Deus em triste engano, todavia sinceros em seu engano. Não sabem<br />
que sua condição é deplorável aos olhos de Deus. Ao passo que aqueles a quem se<br />
dirige se lisonjeiam de achar-se em exaltada condição espiritual, a mensagem da<br />
Testemunha Verdadeira derriba-lhes a segurança, com a assustadora<br />
Pág. 328<br />
acusação de seu verdadeiro estado de cegueira, pobreza e miséria espiritual. O<br />
testemunho, tão incisivo e severo, não pode ser um engano, pois é a Testemunha<br />
Verdadeira que fala, e Seu Testemunho tem de ser correto.<br />
Difícil é aos que se acham seguros em suas realizações, e que se acreditam ricos em<br />
conhecimento espiritual, receber a mensagem que declara acharem-se engana<strong>dos</strong> e<br />
necessita<strong>dos</strong> de todas as graças espirituais. O coração não santificado é "enganoso...<br />
mais do que todas as coisas, e perverso". Jer. 17:9. Vi que muitos se estão lisonjeando<br />
144
de ser bons cristãos, os quais não têm um raio de luz de Cristo. Não têm por si mesmos<br />
uma viva experiência na vida religiosa. Necessitam de profunda e completa obra de<br />
humilhação de si mesmos diante de Deus, antes de experimentarem sua verdadeira<br />
necessidade de diligente, perseverante esforço para obter as preciosas graças do<br />
Espírito.<br />
Deus guia Seu povo passo a passo avante. A vida cristã é uma contínua batalha,<br />
marcha contínua. Não há descanso dessa luta. É por meio de constante, incessante<br />
esforço, que mantemos a vitória sobre as tentações de Satanás. Estamos, como um<br />
povo, triunfando na clareza e força da verdade. Somos plenamente susti<strong>dos</strong> em nossos<br />
pontos de fé por avassaladora quantidade de claros testemunhos escriturísticos.<br />
Carecemos muito, porém, da humildade, paciência, fé, amor e abnegação, vigilância e<br />
espírito de sacrifício bíblicos. Precisamos cultivar a santidade da Bíblia. O pecado<br />
domina entre o povo de Deus. A positiva mensagem de repreensão aos laodiceanos não<br />
é acatada. Muitos se apegam a suas dúvidas e a seus peca<strong>dos</strong> acaricia<strong>dos</strong>, enquanto se<br />
encontram em tão grande engano que dizem e sentem que não necessitam de nada.<br />
Pensam que não é necessário o testemunho do Espírito de Deus em reprovação, ou que<br />
não se refere a eles. Esses estão na maior necessidade da graça de Deus e de<br />
discernimento espiritual, para que descubram sua deficiência no conhecimento das<br />
coisas do espírito. Faltam-lhes quase to<strong>dos</strong> os requisitos necessários ao<br />
aperfeiçoamento do caráter cristão. Não têm um conhecimento<br />
Pág. 329<br />
prático da verdade bíblica, que leva à humildade de vida, e à conformidade de seu<br />
querer com a vontade de Cristo. Não estão vivendo em obediência a to<strong>dos</strong> os reclamos<br />
divinos.<br />
Não basta meramente professar a verdade. To<strong>dos</strong> os solda<strong>dos</strong> da cruz de Cristo<br />
obrigam-se virtualmente a entrar na cruzada contra o adversário das almas, para<br />
condenar o erro e sustentar a justiça. A mensagem da Testemunha Verdadeira, porém,<br />
revela que terrível engano pesa sobre nosso povo, o que torna necessário dirigir-lhe<br />
advertências, para o despertar da modorra espiritual, e o estimular para uma ação<br />
decidida.<br />
Em minha última visão, vi que mesmo esta decidida mensagem da Testemunha<br />
Verdadeira não cumpriu o desígnio de Deus. O povo continua a modorrar em seus<br />
peca<strong>dos</strong>. Continuam a se dizer ricos, e que não necessitam de nada. Muitos indagam:<br />
Por que são feitas tantas reprovações? Por que nos acusam continuamente os<br />
Testemunhos de desvios da fé e de ofensivos peca<strong>dos</strong>? Nós amamos a verdade; estamos<br />
prosperando; não temos necessidade desses testemunhos de advertência e reprovação.<br />
Examinem, porém, esses queixosos o próprio coração, e comparem sua vida com os<br />
ensinos práticos da Bíblia, humilhem a alma diante de Deus, deixem que a graça<br />
divina lhes ilumine as trevas, e as escamas lhes cairão <strong>dos</strong> olhos, e compreenderão sua<br />
verdadeira pobreza e miséria espiritual. Sentirão a necessidade de comprar ouro, que é<br />
a fé e o amor puros; vesti<strong>dos</strong> brancos, que é um caráter imaculado, purificado pelo<br />
sangue de seu querido Redentor; e colírio, a graça de Deus, a qual lhes dará claro<br />
discernimento das coisas espirituais, e indicará o pecado. Essas realizações são mais<br />
preciosas que o ouro de Ofir.<br />
A Causa da Cegueira Espiritual<br />
Foi-me mostrado que a maior causa de o povo de Deus se achar agora nesse estado de<br />
cegueira espiritual, é o não receberem a correção. Muitos têm desprezado as<br />
reprovações e advertências que lhes foram feitas. A Testemunha Verdadeira condena o<br />
estado morno do povo de Deus, o qual dá a Satanás<br />
Pág. 330<br />
grande poder sobre eles, neste tempo de espera e vigilância. Os egoístas, os orgulhosos,<br />
e os amantes do pecado são sempre assalta<strong>dos</strong> por dúvidas. Satanás tem a habilidade<br />
de sugerir dúvidas e suscitar objeções aos incisivos testemunhos envia<strong>dos</strong> por Deus, e<br />
145
muitos julgam ser uma virtude, um sinal de inteligência de sua parte, ser incrédulos,<br />
questionar e sofismar. Os que desejam duvidar terão suficiente margem para isto.<br />
Deus não Se propõe a remover toda ocasião para incredulidade. Ele dá provas que<br />
devem ser cuida<strong>dos</strong>amente estudadas com espírito humilde e dócil, e to<strong>dos</strong> devem<br />
decidir em face do peso da evidência.<br />
A vida eterna é de infinito valor, e custar-nos-á tudo quanto possuímos. Foi-me<br />
mostrado que não damos o devido valor às coisas eternas. Tudo quanto vale a pena<br />
possuir-se, mesmo neste mundo, tem de ser conseguido com esforço, com os mais<br />
penosos sacrifícios às vezes. E tudo isto simplesmente para obter um tesouro perecível.<br />
Seremos menos voluntários para resistir às lutas e fadigas, para fazer diligentes<br />
esforços e grandes sacrifícios a fim de alcançar um tesouro de imenso valor, uma vida<br />
que se prolongará como a do Infinito? Custar-nos-á o Céu demasiado?<br />
A fé e o amor são áureos tesouros, elementos de que há grande carência entre o povo<br />
de Deus. Foi-me mostrado que a incredulidade nos testemunhos de advertência,<br />
animação e reprovação, está afugentando a luz do povo de Deus. A incredulidade<br />
fecha-lhes os olhos, de modo que se acham ignorantes de sua verdadeira condição. A<br />
Testemunha Verdadeira assim descreve a cegueira deles: "E não sabes que és um<br />
desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu." Apoc. 3:17.<br />
Está-se desvanecendo a fé na próxima vinda de Cristo. "Meu Senhor tarde virá", não<br />
se diz apenas no coração, mas exprime-se também em palavras e ainda mais<br />
decididamente nas obras. A insensatez, neste tempo de espera, está embotando os<br />
senti<strong>dos</strong> do povo de Deus quanto aos sinais <strong>dos</strong> tempos. A terrível iniqüidade que<br />
predomina requer a máxima diligência e o testemunho vivo, a fim de manter o pecado<br />
excluído da<br />
Pág. 331<br />
igreja. A fé tem estado a decrescer assustadoramente, e só mediante o exercício pode<br />
ela aumentar.<br />
No surgimento da terceira mensagem angélica, os que se empenhavam na obra de<br />
Deus tinham alguma coisa a arriscar; tinham sacrifícios a fazer. Começaram esta obra<br />
em pobreza, e sofreram as maiores privações e dificuldades. Enfrentaram decidida<br />
oposição, o que os impelia para Deus em sua necessidade, e mantinham viva sua fé.<br />
Nosso plano atual de doação sistemática, mantém amplamente nossos pastores e não<br />
há falta, nem necessidade do exercício da fé quanto à manutenção. Os que hoje iniciam<br />
a pregação da verdade nada têm a pôr em perigo. Não correm riscos, não têm<br />
sacrifícios especiais a fazer. O sistema da verdade acha-se pronto ao seu dispor, e as<br />
publicações lhes são fornecidas para vindicação das verdades que promovem.<br />
Alguns rapazes começam sem ter um senso real do exaltado caráter da obra. Não têm<br />
de enfrentar privações, vicissitudes ou renhi<strong>dos</strong> conflitos, que exigiriam o exercício da<br />
fé. Não cultivam a abnegação, nem nutrem o espírito de sacrifício. Alguns se estão<br />
tornando orgulhosos e envaideci<strong>dos</strong> e não sentem real preocupação pela obra que pesa<br />
sobre eles. A Testemunha Verdadeira fala a esses ministros: "Sê pois zeloso e<br />
arrepende-te." Apoc. 3:19. Alguns deles acham-se tão exalta<strong>dos</strong> pelo orgulho, que são<br />
positivo estorvo e maldição à preciosa causa de Deus. Não exercem sobre os outros<br />
uma influência salvadora. Esses homens precisam converter-se cabalmente a Deus,<br />
eles próprios, e ser santifica<strong>dos</strong> pelas verdades que apresentam aos outros.<br />
Incisivos Testemunhos na Igreja<br />
Muitos se sentem impacientes e suspeitosos por serem freqüentemente perturba<strong>dos</strong><br />
com advertências e reprovações que<br />
Pág. 332<br />
lhes mantêm sempre diante <strong>dos</strong> olhos os próprios peca<strong>dos</strong>. Diz a Testemunha<br />
Verdadeira: "Eu sei as tuas obras." Apoc. 3:15. Os motivos, os desígnios, a<br />
incredulidade, as suspeitas e ciúmes podem ser ocultos <strong>dos</strong> homens, mas não de Cristo.<br />
A Testemunha Verdadeira vem como conselheiro: "Aconselho-te que de Mim compres<br />
146
ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e vesti<strong>dos</strong> brancos, para que te vistas, e<br />
não apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos com colírio, para que<br />
vejas. Eu repreendo e castigo a to<strong>dos</strong> quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te. Eis<br />
que estou à porta, e bato: se alguém ouvir a Minha voz, e abrir a porta, entrarei em<br />
sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. Ao que vencer lhe concederei que se assente<br />
comigo no Meu trono; assim como Eu venci, e Me assentei com Meu Pai no Seu trono."<br />
Apoc. 3:18-21.<br />
Os que são repreendi<strong>dos</strong> pelo Espírito de Deus não devem insurgir-se contra o humilde<br />
instrumento. É Deus, e não um falível mortal, que falou para salvá-los da ruína. Os<br />
que desprezam a advertência serão deixa<strong>dos</strong> na cegueira, para se iludirem a si<br />
mesmos. Mas os que lhe dão ouvi<strong>dos</strong>, empenhando-se zelosamente na obra de afastar<br />
de si os seus peca<strong>dos</strong>, a fim de terem as graças necessárias, abrirão a porta do coração<br />
para que o querido Salvador entre e com eles habite. Essa classe de pessoas, sempre a<br />
encontrareis em harmonia perfeita com o testemunho do Espírito de Deus.<br />
Os pastores que pregam a verdade presente não devem negligenciar a solene<br />
mensagem dirigida aos laodiceanos. O testemunho da Testemunha Verdadeira não é<br />
uma suave mensagem. O Senhor não lhes diz: Estás mais ou menos bem; tens sofrido<br />
castigos e reprovações que nunca mereceste; tens ficado desnecessariamente<br />
desanimado pela severidade; não és culpado das injustiças e peca<strong>dos</strong> por que tens sido<br />
reprovado.<br />
A Testemunha Verdadeira declara que, quando vos julgais numa situação realmente<br />
boa de prosperidade, necessitais de tudo. Não basta aos pastores apresentarem<br />
assuntos teóricos; cumpre-lhes apresentar também os que são práticos. Precisam<br />
estudar as lições práticas dadas por Cristo aos discípulos, e<br />
Pág. 333<br />
fazer íntima aplicação das mesmas a sua própria alma e ao povo. Por Cristo dar este<br />
testemunho de reprovação, havemos de supor que Ele seja destituído de terno amor<br />
para com Seu povo? Oh, não! Aquele que morreu para redimir o homem da morte, ama<br />
com um amor divino, e àqueles a quem ama, repreende. "Eu repreendo e castigo a<br />
to<strong>dos</strong> quantos amo." Apoc. 3:19. Muitos, porém, não receberão a mensagem que, em<br />
misericórdia, o Céu lhes envia. Não podem suportar que lhes seja apresentada sua<br />
negligência do dever, seus erros, seu egoísmo, orgulho e amor do mundo.<br />
__________<br />
Perigos <strong>dos</strong> Últimos Dias<br />
Vivemos num importante, soleníssimo tempo da história terrestre. Achamo-nos entre<br />
os perigos <strong>dos</strong> últimos dias. Importantes e tremen<strong>dos</strong> acontecimentos se acham diante<br />
de nós. Quão necessário é que to<strong>dos</strong> os que temem a Deus e amam Sua lei, se<br />
humilhem diante dEle, e se aflijam e pranteiem, e confessem os peca<strong>dos</strong> que têm<br />
separado Deus de Seu povo! O que deve suscitar o maior alarme, é que não sentimos<br />
nem compreendemos nossa condição, nosso baixo estado, e satisfazemo-nos de<br />
permanecer como estamos. Devemos refugiar-nos na Palavra de Deus e na oração,<br />
buscando individual e fervorosamente ao Senhor, para que O possamos achar.<br />
Cumpre-nos fazer disto nossa primeira ocupação. Testimonies, vol. 3, pág. 53, 1872.<br />
68<br />
O Dever de Reprovar o Pecado<br />
Pág. 334<br />
Foi-me mostrado que Deus aqui ilustra como Ele considera o pecado entre os que<br />
professam ser Seu povo observador <strong>dos</strong> mandamentos. Aqueles a quem Ele tem<br />
honrado especialmente com o testemunhar as assinaladas manifestações de Seu poder,<br />
como aconteceu com o antigo Israel, e que ousam mesmo então menosprezar Suas<br />
expressas direções, serão sujeitos a Sua ira. Ele quer ensinar a Seu povo que a<br />
desobediência e o pecado são excessivamente ofensivos a Seus olhos, e não devem ser<br />
levemente considera<strong>dos</strong>. Ele nos mostra que, quando Seu povo se encontra em pecado,<br />
147
devem-se tomar imediatamente medidas positivas para tirar esse pecado do meio<br />
deles, a fim de que Seu desagrado não fique sobre to<strong>dos</strong>.<br />
Se, porém, os peca<strong>dos</strong> do povo são passa<strong>dos</strong> por alto por aqueles que se acham em<br />
posições de responsabilidade, o desagrado de Deus estará sobre eles, e Seu povo, como<br />
um corpo, será responsável por esses peca<strong>dos</strong>. No trato do Senhor com Seu povo no<br />
passado, Ele mostra a necessidade de purificar a igreja de erros. Um pecador pode<br />
difundir trevas que excluam a luz de Deus de toda a congregação. Ao compreender o<br />
povo que se estão adensando trevas sobre eles, sem que saibam a causa, devem buscar<br />
diligentemente a Deus, em grande humildade e abatimento do próprio eu até que os<br />
erros que Lhe ofendem ao Espírito sejam descobertos e afasta<strong>dos</strong>.<br />
O preconceito que se levantou contra nós por havermos reprovado as faltas que Deus<br />
me mostrara existirem, e o clamor que se ergueu de aspereza e severidade, são<br />
injustos. Deus nos manda falar, e não ficaremos silenciosos. Caso haja erros claros<br />
entre Seu povo, e os servos de Deus passem adiante,<br />
Pág. 335<br />
indiferentes a isso, estão por assim dizer apoiando e justificando o pecador, e são<br />
igualmente culpa<strong>dos</strong>, incorrendo tão certo como ele no desagrado de Deus; pois serão<br />
ti<strong>dos</strong> como responsáveis pelos peca<strong>dos</strong> do culpado. Foram-me mostra<strong>dos</strong> em visão<br />
muitos casos em que o desagrado de Deus foi atraído por negligência da parte de Seus<br />
servos quanto a tratar <strong>dos</strong> erros e peca<strong>dos</strong> existentes entre eles. Os que passaram por<br />
alto esses erros têm sido considera<strong>dos</strong> pelo povo muito amáveis e de disposição<br />
benigna, simplesmente por haverem eles recuado do desempenho de um claro dever<br />
escriturístico. Essa tarefa não agradava a seus sentimentos; evitaram-na, portanto.<br />
O espírito de ódio que tem havido por parte de alguns por haverem sido reprova<strong>dos</strong> os<br />
erros existentes entre o povo de Deus, tem trazido cegueira e um terrível engano a<br />
suas almas, tornando-lhes impossível discernir entre o direito e o erro. Apagaram sua<br />
própria visão espiritual. Podem testemunhar erros, mas não sentem como Josué, não<br />
se humilham por sentir o perigo das almas.<br />
O verdadeiro povo de Deus, os que possuem o espírito da obra do Senhor, tomam a<br />
peito a salvação de almas, verão sempre o pecado em seu caráter real, maligno.<br />
Estarão sempre a favor de lidar de maneira fiel e positiva com os peca<strong>dos</strong> que<br />
facilmente assaltam o povo de Deus. Em especial na obra final da igreja, no tempo do<br />
assinalamento <strong>dos</strong> cento e quarenta e quatro mil que hão de permanecer<br />
irrepreensíveis diante do trono de Deus, sentirão muito profundamente os erros do<br />
povo professo de Deus. Isto é fortemente salientado pela ilustração do profeta, da<br />
última obra na figura <strong>dos</strong> homens cada um com armas destruidoras na mão. Um<br />
homem entre eles estava vestido de linho, com um tinteiro de escrivão a sua cinta. "E<br />
disse-lhe o Senhor: Passa pelo meio da cidade, pelo meio de Jerusalém, e marca com<br />
um sinal as testas <strong>dos</strong> homens que suspiram e gemem por causa de todas as<br />
abominações que se cometem no meio dela." Ezeq. 9:4.<br />
Quem subsiste no conselho de Deus a esse tempo? São aqueles que por assim dizer<br />
desculpam os erros entre o<br />
Pág. 336<br />
professo povo de Deus, e que murmuram no coração, se não abertamente, contra os<br />
que reprovam o pecado? São os que tomam atitude contra eles, e se compadecem <strong>dos</strong><br />
que cometem o erro? Não, absolutamente! A menos que eles se arrependam e deixem a<br />
obra de Satanás em oprimir os que têm a responsabilidade da obra, e em suster as<br />
mãos <strong>dos</strong> pecadores de Sião, jamais receberão o aprovador assinalamento de Deus.<br />
Cairão na destruição final <strong>dos</strong> ímpios, representada na obra <strong>dos</strong> seis homens que<br />
tinham as armas destruidoras na mão. Notai cuida<strong>dos</strong>amente este ponto: Os que<br />
receberem o puro sinal da verdade, neles gravado pelo poder do Espírito Santo,<br />
representado pelo sinal feito pelo homem vestido de linho, são os que, "suspiram e<br />
gemem por todas as abominações que se cometem" (Ezeq. 9:4) na igreja. Seu amor pela<br />
148
pureza e pela honra e glória de Deus é tal, e têm tão clara visão da excessiva<br />
malignidade do pecado, que são representa<strong>dos</strong> como em agonia, suspirando e gemendo.<br />
Lede o nono capítulo de Ezequiel.<br />
A matança geral de to<strong>dos</strong> os que não vêem assim a vasta diferença entre o pecado e a<br />
justiça, porém, e não sentem como os que se acham no conselho de Deus e recebem o<br />
sinal, é descrita na ordem dada aos cinco homens que tinham as armas destruidoras:<br />
"Passai pela cidade após ele, e feri; não poupe o vosso olho, nem vos compadeçais.<br />
Matai velhos, mancebos, e virgens, e meninos, e mulheres, até exterminá-los; mas a<br />
todo homem que tiver o sinal não vos chegueis: e começai pelo Meu santuário." Ezeq.<br />
9:5 e 6.<br />
Acã é uma Lição Prática<br />
No caso do pecado de Acã, Deus disse a Josué: "Não serei mais convosco, se não<br />
desarraigardes o anátema do meio de vós." Jos. 7:12. Que comparação há entre este<br />
caso e a direção seguida pelos que não levantam a voz contra o pecado e o erro, mas<br />
cujas simpatias se encontram sempre do lado <strong>dos</strong> que perturbam o acampamento de<br />
Israel com seus peca<strong>dos</strong>? Disse Deus a Josué: "Diante <strong>dos</strong> teus inimigos não poderás<br />
suster-te, até que tires o anátema do meio de vós." Jos. 7:13. Ele<br />
Pág. 337<br />
pronunciou o castigo que se devia seguir à transgressão de Seu concerto.<br />
Josué começou então diligente averiguação a fim de descobrir o culpado. Tomou Israel<br />
por suas tribos, depois pelas famílias, e afinal individualmente; e foi designado Acã<br />
como culpado. Para que tudo ficasse claro a todo o Israel, porém, para que não<br />
tivessem ocasião de murmurar e dizer que o castigo recaíra sobre um inocente, Josué<br />
usou de tática. Sabia que era Acã o transgressor, e que escondera o pecado, provocando<br />
assim a Deus contra Seu povo. Com prudência Josué induziu Acã a confessar o seu<br />
pecado, de modo que a honra e justiça de Deus fossem vindicadas diante de Israel.<br />
"Então disse Josué a Acã: Filho meu, dá, peço-te, glória ao Senhor Deus de Israel, e<br />
faze confissão perante Ele; e declara-me agora o que fizeste, não mo ocultes.<br />
"E respondeu Acã a Josué, e disse: Verdadeiramente pequei contra o Senhor Deus de<br />
Israel, e fiz assim e assim. Quando vi entre os despojos uma boa capa babilônica, e<br />
duzentos siclos de prata, e uma cunha de ouro do peso de cinqüenta siclos, cobicei-os e<br />
tomei-os; e eis que estão escondi<strong>dos</strong> na terra, no meio da minha tenda, e a prata<br />
debaixo dela. Então Josué enviou mensageiros, que foram correndo à tenda; e eis que<br />
tudo estava escondido na sua tenda, e a prata debaixo dela. Tomaram, pois, aquelas<br />
coisas do meio da tenda, e as trouxeram a Josué e a to<strong>dos</strong> os filhos de Israel; e as<br />
deitaram perante o Senhor. Então Josué e todo o Israel com ele tomaram a Acã, filho<br />
de Zerá, e a prata, e a capa, e a cunha de ouro, e a seus filhos, e a suas filhas, e a seus<br />
bois, e a seus jumentos, e a suas ovelhas, e a sua tenda, e a tudo quanto tinha, e<br />
levaram-nos ao vale de Acor. E disse Josué: Por que nos turbaste? o Senhor te turbará<br />
a ti este dia. E todo o Israel o apedrejou com pedras; e os queimaram a fogo, e os<br />
apedrejaram com pedras." Jos. 7:19-25.<br />
O Senhor disse a Josué que Acã, não somente tirara as coisas que Ele lhes dissera<br />
positivamente que não tomassem, para que não fossem amaldiçoa<strong>dos</strong>, mas roubara, e<br />
também mentira. O Senhor dissera que Jericó e todo o seu despojo deviam<br />
Pág. 338<br />
ser consumi<strong>dos</strong>, com exceção do ouro e da prata, que deviam ser reserva<strong>dos</strong> para o<br />
tesouro do Senhor. A vitória obtida na tomada de Jericó não se alcançara por meio de<br />
combate, ou de se haver o povo exposto ao perigo. O Capitão das hostes do Senhor<br />
conduzira os exércitos celestes. Do Senhor fora a batalha; Ele é que havia combatido.<br />
Os filhos de Israel não haviam desferido um só golpe. O triunfo e a glória pertenciam<br />
ao Senhor, e Seus eram os despojos. Ele ordenara que tudo fosse consumido, exceto o<br />
ouro e a prata, que reservara para Seu tesouro. Acã compreendeu bem a reserva feita,<br />
149
e que os tesouros de ouro e de prata que ele cobiçou eram do Senhor. Furtou para seu<br />
próprio proveito <strong>dos</strong> tesouros de Deus.<br />
69<br />
Confessar ou Negar a Cristo<br />
Pág. 339<br />
Em nosso convívio na sociedade, em famílias, ou em quaisquer relações da vida em que<br />
sejamos coloca<strong>dos</strong>, limitadas ou vastas que sejam, há muitas maneiras por que<br />
podemos confessar a nosso Senhor, e muitos mo<strong>dos</strong> pelos quais O podemos negar.<br />
Podemos negá-Lo por nossas palavras, falando mal de outros, por conversas levianas,<br />
gracejos e chocarrices, por palavras ociosas ou cruéis, ou por prevaricar, falando<br />
contrariamente à verdade. Por nossas palavras podemos confessar que Cristo não está<br />
em nós. Quanto ao nosso caráter, podemos negá-Lo pelo amor da comodidade,<br />
esquivando-nos aos deveres e responsabilidades da vida que devem recair sobre outros,<br />
se nós não os assumirmos, e amando os prazeres pecaminosos. Podemos também negar<br />
a Cristo pelo orgulho no vestuário e conformidade com o mundo, por uma conduta<br />
descortês. Podemos negá-Lo pelo amor às nossas próprias opiniões, buscando<br />
sustentar e justificar o próprio eu. Também O podemos negar permitindo a mente<br />
girar em torno do sentimentalismo amoroso, e demorando os pensamentos sobre nossa<br />
suposta dura sorte, nossas provações.<br />
Pessoa alguma pode na verdade confessar a Cristo perante o mundo, a menos que nele<br />
habitem a mente e o espírito de Cristo. Impossível é comunicarmos aquilo que não<br />
possuímos. A conversação e a conduta devem ser real e visível expressão da graça e<br />
verdade interiores. Caso o coração seja santificado, submisso e humilde, ver-se-ão<br />
exteriormente os frutos, e Cristo será eficazmente confessado. Palavras e profissão de<br />
fé, não são suficientes. Vós, minha irmã, deveis ter mais que isto. Estais a enganar-vos<br />
a vós mesma. Vosso espírito, caráter e ações não mostram um espírito manso,<br />
abnegado e cari<strong>dos</strong>o. As palavras e a profissão poderão exprimir muita humildade e<br />
amor, mas se a conduta não for diariamente regulada pela<br />
Pág. 340<br />
graça de Deus, não sois participante do dom celestial, não abandonastes tudo por<br />
Cristo, não entregastes vossa vontade e prazer a fim de tornar-vos discípula Sua.<br />
Cometeis pecado e negais vosso Salvador deixando-vos a pensar em coisas sombrias,<br />
arranjando para vós mesma provações, tomando aflições emprestadas. Atraís para<br />
hoje as aflições do dia de amanhã, e vos amargurais e trazeis preocupações e nuvens<br />
sobre os que vos rodeiam, com o fabricar provações. O precioso tempo de graça que vos<br />
é concedido por Deus, em que deveis fazer bem e enriquecer-vos em boas obras, sois<br />
bastante imprudente para empregá-lo em pensar em coisas desagradáveis, e em<br />
construir castelos no ar. Permitis que a imaginação vos gire em assuntos que nenhum<br />
alívio ou felicidade vos trarão. Vosso sonhar acordada serve simplesmente de barreira<br />
a obterdes experiência sadia e inteligente nas coisas de Deus e aptidão moral para a<br />
vida melhor.<br />
A verdade de Deus, recebida no coração, é capaz de fazer-vos sábia para a salvação.<br />
Crendo nela, e obedecendo-lhe, recebereis graça suficiente para os deveres e provas de<br />
cada dia. Não necessitais de graça para o dia de amanhã. Cumpre-vos considerar que<br />
só tendes que ver com o dia de hoje. Vencei por hoje; negai-vos por hoje; vigiai e orai<br />
por hoje; em Deus obtende vitória por hoje. Nossas circunstâncias e ambiente, as<br />
mudanças que diariamente surgem ao nosso redor, e a palavra escrita de Deus que<br />
discerne e prova tudo - estas coisas são suficientes para nos ensinar o dever, e o que<br />
nos cumpre fazer dia a dia. Em vez de deixar que a mente se vos solte numa direção de<br />
pensamentos de que não tirareis nenhum benefício, devíeis examinar diariamente as<br />
Escrituras, e cumprir aqueles deveres da vida diária que presentemente vos são<br />
enfadonhos, mas que devem ser cumpri<strong>dos</strong> por alguém.<br />
Lições da Natureza<br />
150
As belezas naturais possuem uma língua que nos fala incessantemente aos senti<strong>dos</strong>. O<br />
coração aberto pode ser impressionado com o amor e a glória de Deus, segundo se<br />
revelam nas<br />
Pág. 341<br />
obras de Suas mãos. O ouvido atento pode ouvir e compreender as comunicações de<br />
Deus através das obras da Natureza. Há uma lição na luz solar, e nos vários objetos da<br />
Natureza apresenta<strong>dos</strong> por Deus ao nosso olhar. Os campos verdejantes, as árvores<br />
altaneiras, os botões e as flores, a nuvem que passa, a chuva que cai, as fontes<br />
rumorejantes, o Sol, a Lua, e as estrelas no céu, tudo nos convida a atenção e incentiva<br />
a meditar, pedindo-nos que nos familiarizemos com Deus, que tudo isso criou. As lições<br />
a serem aprendidas <strong>dos</strong> vários objetos do mundo natural, são essas: Elas são<br />
obedientes à vontade de seu Criador; não negam nunca a Deus, nunca recusam<br />
obediência a qualquer manifestação de Sua vontade. Unicamente os seres caí<strong>dos</strong> se<br />
negam a prestar inteira obediência Àquele que os fez. Suas palavras e obras se acham<br />
em desarmonia com Deus, e em oposição aos princípios de Seu governo. ...<br />
Os professos cristãos que estão sempre a murmurar e se queixarem, e que parecem<br />
pensar que a felicidade e um semblante contente são pecado, não têm a genuína<br />
espécie de religião. Os que olham para o belo cenário da Natureza como o fariam a um<br />
quadro inanimado, que preferem olhar às folhas mortas a juntarem as flores vivas e<br />
belas, que encontram um prazer doentio em tudo quanto é melancólico na linguagem<br />
que lhes fala o mundo natural, que não vêem beleza alguma nos vales revesti<strong>dos</strong> de<br />
verdejante relva, e nas altaneiras montanhas cobertas de vegetação, que cerram os<br />
senti<strong>dos</strong> à jubilosa voz que lhes fala da Natureza, a qual é doce e musical ao ouvido<br />
atento - esses tais não estão em Cristo. Não estão andando na luz, mas adensam para<br />
si mesmos sombras e trevas, quando poderiam igualmente possuir claridade e a<br />
bênção do Sol da Justiça a raiar em seu coração, trazendo salvação em Seus raios.<br />
70<br />
Os que Desprezam a Repreensão<br />
Pág. 342<br />
O apóstolo Paulo declara positivamente que a experiência <strong>dos</strong> israelitas em suas<br />
viagens foi registrada para benefício <strong>dos</strong> que vivem nesta época da história do mundo,<br />
aqueles para quem são chega<strong>dos</strong> os fins <strong>dos</strong> tempos. Não consideramos que nossos<br />
perigos não são nada inferiores aos <strong>dos</strong> hebreus, antes maiores. Haverá tentações para<br />
ciúmes e murmurações, e haverá franca rebelião, tais como se acham registra<strong>dos</strong><br />
acerca do antigo Israel. Sempre haverá o espírito de insurgir-se contra a reprovação de<br />
peca<strong>dos</strong> e ofensas. Silenciará, porém, a voz da repreensão por causa disto? Se assim<br />
for, não nos encontramos em melhores condições do que as várias denominações de<br />
nossa terra, as quais temem tocar nos erros e nos peca<strong>dos</strong> dominantes entre o povo.<br />
Aqueles que Deus separou como pregadores da justiça têm sobre si solenes<br />
responsabilidades quanto a reprovar os peca<strong>dos</strong> do povo. Paulo ordenou a Tito: "Fala<br />
disto, e exorta e repreende com toda a autoridade. Ninguém te despreze." Tito 2:15.<br />
Sempre há pessoas que desprezam aquele que ousa reprovar o pecado; ocasiões há,<br />
porém, em que é preciso repreender. Paulo instrui Tito a repreender incisivamente<br />
certa classe, para que sejam sãos na fé.<br />
Homens e mulheres que, com suas várias organizações, são reuni<strong>dos</strong> na qualidade de<br />
uma igreja, têm suas peculiaridades e seus defeitos. Quando estes se desenvolvem,<br />
exigem reprovação. Se os que ocupam posições importantes nunca reprovassem, nunca<br />
repreendessem, manifestar-se-ia em breve uma condição desmoralizada, o que<br />
desonraria grandemente a Deus. Como, porém, se fará a reprovação? Responda o<br />
apóstolo: "Com toda a longanimidade e doutrina." II Tim. 4:2. Os princípios devem ser,<br />
de maneira impressiva, apresenta<strong>dos</strong><br />
Pág. 343<br />
151
àquele que necessita a repreensão; mas nunca se devem passar por alto,<br />
indiferentemente, os erros do povo de Deus.<br />
Haverá homens e mulheres que desprezam a repreensão, e cujos sentimentos sempre<br />
se insurgirão contra ela. Não é agradável que alguém nos mostre nossos erros. Em<br />
quase todo caso em que se faz necessária a reprovação, haverá alguns que deixarão de<br />
considerar que o Espírito do Senhor foi ofendido, Sua causa vituperada. Esses se<br />
condoerão <strong>dos</strong> que mereceram a censura, por haverem sido magoa<strong>dos</strong> sentimentos<br />
pessoais. Toda essa não santificada compaixão torna os que a manifestam<br />
participantes da culpa da pessoa reprovada. Em nove casos de dez, fosse o que sofreu a<br />
repreensão deixado sob o senso de suas culpas, haveria sido ajudado a vê-las, sendo<br />
assim reformado. Mas os que de forma intrometida e profana se condoem, dão aos<br />
motivos do reprovador uma significação totalmente errônea, bem como a natureza da<br />
repreensão, e assim se doendo pelo que foi repreendido o levam a achar que foi<br />
realmente maltratado; e seus sentimentos se insurgem em rebelião contra uma pessoa<br />
que simplesmente cumpriu seu dever. Os que com fidelidade se desempenham de seus<br />
penosos deveres, sob o senso da responsabilidade para com Deus, hão de receber-Lhe a<br />
bênção. Deus requer que Seus servos sejam sempre zelosos em fazer Sua vontade. Na<br />
recomendação do apóstolo a Timóteo, exorta-o: "Pregues a palavra, instes a tempo e<br />
fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina."<br />
II Tim. 4:2.<br />
Os hebreus não estavam dispostos a submeterem-se às direções e restrições do Senhor.<br />
Queriam simplesmente os próprios caminhos, seguir a direção do próprio<br />
entendimento, e ser controla<strong>dos</strong> por seu próprio juízo. Pudessem eles ter sido deixa<strong>dos</strong><br />
na liberdade de assim fazer, não teria havido queixas contra Moisés; mas ficavam<br />
desassossega<strong>dos</strong> sob restrição.<br />
Unidade na Ação e no Modo de Julgar<br />
Deus queria que Seu povo fosse disciplinado e levado à harmonia de ação, de maneira<br />
a terem o mesmo ponto de vista, e<br />
Pág. 344<br />
serem de um mesmo espírito, julgando da mesma forma. A fim de produzir este estado<br />
de coisas, muito há a fazer. O coração natural deve ser submetido e transformado. É<br />
desígnio de Deus que haja sempre um vivo testemunho na igreja. Será necessário<br />
reprovar e exortar, e alguns precisarão de ser incisivamente repreendi<strong>dos</strong>, segundo o<br />
caso o exigir. Ouvimos a alegação: "Oh! eu sou tão sensível! Não posso suportar a<br />
mínima repreensão." Exprimissem essas pessoas devidamente o caso, e diriam: "Sou<br />
tão voluntarioso, tão presunçoso, de espírito tão orgulhoso, que ninguém me ditará o<br />
que devo fazer; ninguém me censurará. Reclamo o direito do juízo individual; tenho o<br />
direito de crer e falar como me aprouver." Não é vontade do Senhor que abdiquemos de<br />
nossa individualidade. Mas que homem é juiz competente do limite até aonde deva ser<br />
levada essa independência individual?<br />
Pedro exorta seus irmãos: "Semelhantemente vós, mancebos, sede sujeitos aos anciãos;<br />
e sede to<strong>dos</strong> sujeitos uns aos outros, e revesti-vos de humildade, porque Deus resiste<br />
aos soberbos, mas dá graça aos humildes." I Ped. 5:5. Também o apóstolo Paulo exorta<br />
os irmãos filipenses à unidade e humildade: "Portanto, se há algum conforto em Cristo,<br />
se alguma consolação de amor, se alguma comunhão no Espírito, se alguns<br />
entranháveis afetos e compaixões, completai o meu gozo, para que sintais o mesmo,<br />
tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa. Nada façais por<br />
contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores<br />
a si mesmo. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual<br />
também para o que é <strong>dos</strong> outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que<br />
houve também em Cristo Jesus." Filip. 2:1-5. E outra vez Paulo exorta os irmãos: "O<br />
amor seja não fingido. Aborrecei o mal e apegai-vos ao bem. Amai-vos cordialmente<br />
uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros." Rom.<br />
152
12:9 e 10. Escrevendo aos Efésios, diz ele: "Sujeitando-vos uns aos outros no temor de<br />
Deus." Efés. 5:21.<br />
A história <strong>dos</strong> israelitas apresenta-nos o grande perigo do<br />
Pág. 345<br />
engano. Muitos não têm o senso da pecaminosidade da própria natureza, nem da graça<br />
do perdão. Acham-se nas trevas da natureza, sujeitos às tentações e a grande engano.<br />
Estão longe de Deus; têm no entanto grande satisfação em sua vida, quando a conduta<br />
que seguem é aborrecível ao Senhor. Esta classe estará sempre em guerra com a<br />
direção do Espírito do Senhor, especialmente com a repreensão. Não querem ser<br />
perturba<strong>dos</strong>. Sentem, acidentalmente, temores egoístas e bons propósitos, e por vezes<br />
pensamentos e convicções ansiosos; não têm, no entanto, profundidade de experiência,<br />
porque não se acham firma<strong>dos</strong> na Rocha Eterna. Esta classe nunca vê a necessidade<br />
do testemunho positivo. O pecado não lhes parece tão excessivamente pecaminoso,<br />
pela própria razão de não estarem andando na luz como Cristo na luz está.<br />
Existe ainda outra classe que tem tido grande luz e convicções especiais, e uma<br />
genuína experiência na operação do Espírito de Deus; mas as múltiplas tentações de<br />
Satanás os têm vencido. Não apreciam a luz que Deus lhes tem dado. Não dão ouvi<strong>dos</strong><br />
às advertências e reprovações do Espírito de Deus. Acham-se sob condenação. Esses<br />
estarão sempre em desarmonia com o testemunho direto, porque o mesmo os condena.<br />
É desígnio de Deus que Seu povo seja um; que tenham a mesma visão, e tenham o<br />
mesmo espírito e o mesmo parecer. Isto não se pode realizar sem que haja na igreja<br />
um testemunho claro, definido e vivo. A oração de Cristo foi para que Seus discípulos<br />
fossem um assim como Ele era um com o Pai. "E não rogo somente por estes, mas<br />
também por aqueles que pela Sua palavra hão de crer em Mim; para que to<strong>dos</strong> sejam<br />
um, como Tu, ó Pai, o és em Mim, e Eu em Ti; que também eles sejam um em Nós,<br />
para que o mundo creia que Tu Me enviaste. E Eu dei-lhes a glória que a Mim Me<br />
deste, para que sejam um, como Nós somos um. Eu neles, e Tu em Mim, para que eles<br />
sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que Tu Me enviaste a Mim, e<br />
que os tens amado a eles como Me tens amado a Mim." João 17:20-23.<br />
71<br />
Apelo aos Jovens<br />
Pág. 346<br />
Queri<strong>dos</strong> Jovens: De tempos a tempos o Senhor me tem dado testemunhos de<br />
advertência para vós. Ele vos tem dado animação, caso Lhe entregásseis o melhor e<br />
mais santo de vossas afeições. Ao me serem distintamente avivadas essas<br />
advertências, experimento pelo perigo em que vos achais um senso que bem sei vós<br />
mesmos não sentis. A escola situada em Battle Creek reúne muitos jovens de<br />
constituições mentais várias. Se esses jovens não forem consagra<strong>dos</strong> a Deus e<br />
obedientes a Sua vontade, e não andarem humildemente no caminho de Seus<br />
mandamentos, a localização de uma escola em Battle Creek demonstrar-se-á motivo de<br />
grande desânimo para a igreja. Esta escola poderá ser uma bênção ou uma maldição.<br />
Rogo-vos, a vós que mencionais o nome de Cristo, que vos aparteis da iniqüidade, e<br />
desenvolvais caráter que mereça a aprovação de Deus.<br />
Pergunto-vos: Credes vós que os testemunhos de reprovação que vos têm sido dirigi<strong>dos</strong><br />
são de Deus? Se realmente acreditais que a voz de Deus vos tem falado, indicando os<br />
perigos que vos ameaçam, dais vós ouvi<strong>dos</strong> aos conselhos da<strong>dos</strong>? Conservais frescas na<br />
memória essas advertências lendo-as freqüentemente e num espírito de oração? O<br />
Senhor vos tem falado, crianças e jovens, falado repetidamente; tendes, porém, sido<br />
tardios em atender às advertências dadas. Se não endurecestes rebeldemente o<br />
coração contra as descrições que Deus vos tem dado de vosso caráter e perigos, e contra<br />
a rota traçada para seguirdes, alguns de vós todavia têm sido desatentos<br />
Pág. 347<br />
153
quanto às coisas de vós exigidas a fim de obterdes força espiritual e serdes uma bênção<br />
na escola, na igreja e para to<strong>dos</strong> com quem vos associais.<br />
Rapazes e moças, sois responsáveis para com Deus pela luz que Ele vos tem dado. Esta<br />
luz e essas advertências, caso desatendidas, erguer-se-ão contra vós no juízo. Vossos<br />
perigos têm sido claramente expostos; tendes sido adverti<strong>dos</strong> e guarda<strong>dos</strong> de to<strong>dos</strong> os<br />
la<strong>dos</strong>, cerca<strong>dos</strong> de advertências. Na casa de Deus, tendes ouvido as mais solenes,<br />
esquadrinhadoras verdades apresentadas pelos servos de Deus em demonstração do<br />
Espírito. Que peso têm esses solenes apelos sobre vosso coração? Que influência<br />
exercem sobre vosso caráter? Sereis responsáveis por to<strong>dos</strong> esses apelos e<br />
advertências. Eles se erguerão no juízo para condenar os que prosseguem em uma vida<br />
de vaidade, leviandade e orgulho.<br />
Queri<strong>dos</strong> jovens amigos, aquilo que semeardes, isso haveis de colher. Agora é o tempo<br />
de semeadura para vós. Qual será a colheita? Que estais semeando? Cada palavra que<br />
proferis, cada ato que praticais, é uma semente que produzirá bom ou mau fruto, e que<br />
redundará em alegria ou tristeza para o semeador. Qual a semente lançada, tal a<br />
colheita. Deus vos tem dado grande luz e muitos privilégios. Depois de comunicada a<br />
luz, depois de vos haverem sido claramente expostos os riscos que correis, fica sobre<br />
vós a responsabilidade. A maneira por que tratais a luz que Deus vos envia, fará<br />
pender a balança para a felicidade ou o infortúnio. Estais vós mesmos moldando o<br />
próprio destino.<br />
Tendes to<strong>dos</strong> uma influência para bem ou para mal sobre a mente e caráter <strong>dos</strong> outros.<br />
E justamente a influência que exercerdes será escrita nos livros do Céu. Tendes um<br />
anjo assistente, o qual está registrando vossas palavras e ações. Ao vos erguerdes pela<br />
manhã, acaso experimentais o senso de vossa impotência, vossa necessidade de forças<br />
vindas de Deus? e humilde e sinceramente expondes vossas necessidades ao celeste<br />
Pai? Se assim for, os <strong>anjos</strong> anotam-vos as<br />
Pág. 348<br />
orações, e se as mesmas não partiram de lábios fingi<strong>dos</strong>, quando estiverdes em risco de<br />
errar inconscientemente, de exercer uma influência que leve outros a errar, vosso anjo<br />
de guarda estará ao vosso lado, impulsionando-vos a seguir melhor direção, escolhendo<br />
as palavras para proferirdes e influenciando-vos as ações.<br />
Se não vos sentis em perigo, e se não fazeis nenhuma prece em busca de auxílio e força<br />
para resistir às tentações, é certo vos extraviardes; vossa negligência do dever será<br />
registrada nos livros de Deus no Céu, e sereis acha<strong>dos</strong> em falta no dia da provação.<br />
Há ao vosso redor alguns que foram cuida<strong>dos</strong>amente instruí<strong>dos</strong>, e outros que foram<br />
trata<strong>dos</strong> com condescendência, amima<strong>dos</strong>, lisonjea<strong>dos</strong>, louva<strong>dos</strong>, até que ficaram<br />
positivamente estraga<strong>dos</strong> para a vida prática. Falo a respeito de pessoas que conheço.<br />
Seu caráter acha-se tão torcido pela indulgência, lisonja e indolência, que são inúteis<br />
para esta vida. E se são inúteis no que respeita a esta existência, que esperaremos<br />
quanto àquela outra em que tudo é pureza e santidade, e onde to<strong>dos</strong> têm caráter<br />
harmônico? Tenho orado por essas pessoas; tenho-me dirigido pessoalmente a elas.<br />
Podia ver a influência que elas exerciam sobre outros espíritos, levando-os à vaidade,<br />
ao amor do vestuário e ao descuido para com seus interesses eternos. A única<br />
esperança para essas pessoas, é que atentem para seus caminhos, humilhem o coração<br />
orgulhoso e vão perante Deus, façam confissão de seus peca<strong>dos</strong> e se convertam.<br />
O Amor à Ostentação e ao Divertimento<br />
A vaidade no vestuário bem como o amor do divertimento, são grandes tentações para<br />
a mocidade. Deus tem sagra<strong>dos</strong> direitos sobre to<strong>dos</strong> nós. Ele reclama todo o coração,<br />
toda a alma, toda a afeição. A resposta dada por vezes a esta declaração é: "Oh! eu não<br />
professo ser cristão!" Que será se o não fizerdes? Não tem Deus sobre vós os mesmos<br />
direitos que tem sobre aquele que professa ser Seu filho? Por serdes ousado em vossa<br />
descui<strong>dos</strong>a desconsideração para com as coisas sagradas,<br />
Pág. 349<br />
154
será, vosso pecado de negligência e rebelião passado por alto pelo Senhor? Cada dia<br />
que desprezais os direitos de Deus, cada oportunidade de oferecida misericórdia que<br />
menosprezais, é posta à vossa conta, engrossando a lista de peca<strong>dos</strong> contra vós no dia<br />
em que os registros de toda alma serão investiga<strong>dos</strong>. Dirijo-me a vós, rapazes e moças,<br />
professos ou não. Deus pede vossas afeições, vossa prazerosa obediência e devoção<br />
para com Ele. Tendes agora um breve tempo de graça, e podeis aproveitar esta<br />
oportunidade de fazer incondicional entrega a Deus.<br />
A obediência e a submissão às reivindicações de Deus, eis as condições apresentadas<br />
pelo inspirado apóstolo para nos tornarmos filhos de Deus, membros da família real.<br />
Toda criança e jovem, todo homem e mulher, foi por Jesus, mediante Seu próprio<br />
sangue, salvo do abismo da ruína a que Satanás os impelia. Pelo fato de os pecadores<br />
não aceitarem a salvação que lhes é oferecida, ficam eles livres de sua obrigação? O<br />
preferirem permanecer no pecado e ousada transgressão, não lhes diminui a culpa.<br />
Jesus pagou o preço por eles, e pertencem-Lhe. São propriedade dEle; e se não<br />
prestarem obediência Àquele que por eles deu a vida, mas consagrarem seu tempo e<br />
suas forças e talentos ao serviço de Satanás, estão ganhando o salário que ele paga, o<br />
qual é a morte.<br />
Glória imortal e vida eterna são a recompensa oferecida por nosso Redentor aos que<br />
Lhe forem obedientes. Ele lhes tornou possível aperfeiçoarem caráter cristão mediante<br />
o Seu nome, e vencer por si mesmos como Ele venceu em benefício deles. Ele lhes deu o<br />
exemplo em Sua própria vida, mostrando-lhes como eles podem vencer. "O salário do<br />
pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso<br />
Senhor." Rom. 6:23.<br />
As reivindicações de Deus são igualmente obrigatórias sobre to<strong>dos</strong>. Os que preferem<br />
negligenciar a grande salvação que lhes é oferecida gratuitamente, que preferem<br />
servir-se a si mesmos e permanecer inimigos de Deus, inimigos do abnegado Redentor,<br />
estão ganhando o seu salário. Semeiam na carne, e da carne hão de ceifar a corrupção.<br />
Pág. 350<br />
Aqueles que se revestiram de Cristo pelo batismo, mostrando por esse passo sua<br />
separação do mundo, e que prometeram andar em novidade de vida, não devem erguer<br />
ídolos no coração. Os que uma vez se regozijaram na evidência <strong>dos</strong> peca<strong>dos</strong> perdoa<strong>dos</strong>,<br />
que experimentaram o amor do Salvador, e que depois perseveram em unir-se aos<br />
inimigos de Cristo, rejeitando a perfeita justiça que Jesus lhes oferece, escolhendo os<br />
caminhos condena<strong>dos</strong> por Ele, serão mais severamente julga<strong>dos</strong> do que os pagãos que<br />
nunca tiveram a luz, e não conheceram nunca a Deus e a Sua lei. Os que recusam<br />
seguir a luz que Deus lhes deu, preferindo os divertimentos, vaidades e loucuras do<br />
mundo, recusando-se a conformar sua vida com as justas e santas reivindicações da lei<br />
de Deus, são à vista de Deus culpa<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> mais ofensivos peca<strong>dos</strong>. Sua culpa e o<br />
salário a receberem, serão proporcionais à luz e privilégios que tiveram.<br />
Vemos o mundo absorvido em seus divertimentos. O primeiro e supremo pensamento<br />
da maior parte, especialmente das mulheres, é a exibição. O amor do vestuário e do<br />
prazer está arruinando a felicidade de milhares. E alguns <strong>dos</strong> que professam amar e<br />
observar os mandamentos de Deus imitam essa classe até o ponto em que ainda<br />
possam conservar o nome de cristãos. Alguns <strong>dos</strong> jovens são tão ansiosos de exibição,<br />
que estão mesmo dispostos a desistir desse nome de cristãos, se tão-somente puderem<br />
seguir sua inclinação pela vaidade no vestuário e o amor <strong>dos</strong> prazeres.<br />
A abnegação no vestir faz parte de nosso dever cristão. Trajar-se com simplicidade, e<br />
abster-se de ostentação de jóias e ornamentos de toda espécie, está em harmonia com<br />
nossa fé. Somos nós do número <strong>dos</strong> que vêem a loucura <strong>dos</strong> mundanos em<br />
condescender com a extravagância do vestuário, bem como com o amor das diversões?<br />
Se assim é, cumpre-nos ser daquela classe que foge a tudo quanto sanciona esse<br />
espírito que se apodera da mente e coração <strong>dos</strong> que vivem apenas para este mundo, e<br />
que não pensam nem cuidam no que respeita ao mundo vindouro.<br />
155
Jovens cristãos, tenho visto em alguns de vós um amor pelo<br />
Pág. 351<br />
vestuário e a exibição que me tem entristecido. Tenho visto tanta vaidade no trajar em<br />
alguns que têm sido bem instruí<strong>dos</strong>, que têm desfrutado os privilégios religiosos desde<br />
o berço, e que se têm revestido de Cristo mediante o batismo, professando assim estar<br />
mortos para o mundo; tenho visto uma vaidade no vestuário e leveza de conduta, que<br />
tem ofendido ao querido Salvador, sendo ao mesmo tempo uma vergonha para a causa<br />
de Deus. Tenho observado com dor vosso declínio religioso, e vossa inclinação a<br />
enfeitar e adornar vosso vestuário. Alguns têm sido bastante infelizes para chegar a<br />
possuir correntes ou alfinetes de ouro, ou ambas as coisas, e têm mostrado o mau gosto<br />
de exibi-los, fazendo-os notórios a fim de chamarem a atenção. Não posso deixar de<br />
relacionar essas pessoas ao vai<strong>dos</strong>o pavão, que exibe suas suntuosas penas à<br />
admiração <strong>dos</strong> outros. É tudo quanto essa pobre ave possui para atrair a atenção; pois<br />
sua forma e a voz nada têm de atrativas.<br />
O Ornamento de um Espírito Manso e Quieto<br />
Os jovens podem esforçar-se por sobressair na procura do ornamento de um espírito<br />
manso e quieto, jóia de inestimável valor que pode ser usada com graça celeste. Este<br />
adorno atrairá a muitos neste mundo, e será altamente apreciado pelos <strong>anjos</strong> celestiais<br />
e, acima de to<strong>dos</strong>, por nosso Pai do Céu; também habilitará os que o usam a serem<br />
hóspedes bem-vin<strong>dos</strong> às cortes celestes.<br />
Os jovens possuem faculdades que, com o devido cultivo, qualificá-los-iam quase para<br />
qualquer posição de confiança. Caso eles houvessem, no buscarem educar-se, tornado<br />
seu objetivo o exercitar e desenvolver as faculdades a eles concedidas por Deus para<br />
que fossem úteis e se demonstrassem uma bênção aos demais, seu espírito não haveria<br />
sido atrofiado a ponto de conformar-se com uma norma inferior. Manifestariam<br />
profundidade de pensamento e firmeza de princípios, impondo o respeito e exercendo<br />
influência. Teriam elevadora influência sobre outros, o que levaria almas a verem e<br />
reconhecerem o poder de uma vida cristã esclarecida. Os que põem<br />
Pág. 352<br />
maior cuidado em ornamentar a própria pessoa para exibição do que em educar o<br />
espírito e exercitar suas faculdades para a máxima utilidade, a fim de glorificarem a<br />
Deus, não reconhecem sua responsabilidade para com Ele. Inclinar-se-ão a ser<br />
superficiais em tudo quanto empreendem, e limitarão a própria utilidade e atrofiarão o<br />
intelecto.<br />
Sinto profunda mágoa pelos pais e mães desses jovens, bem como pelos filhos. Houve<br />
uma falha na educação desses filhos, o que deixa em algum ponto uma pesada<br />
responsabilidade. Os pais que amimaram os filhos e com eles foram indulgentes em<br />
vez de os restringir judiciosamente inspira<strong>dos</strong> por princípios, podem ver o caráter que<br />
formaram. Segundo a direção que lhe foi dada ao educá-los, assim se inclina o caráter.<br />
O Fiel Abraão<br />
Meu espírito volve-se ao fiel Abraão que, em obediência ao mando divino a ele dado em<br />
uma visão de noite, em Berseba, segue seu caminho com Isaque ao lado. Vê diante de<br />
si o monte que, Deus lhe dissera, havia de indicar como aquele sobre que ele devia<br />
oferecer o sacrifício. Tira a lenha das costas do servo, e coloca-a sobre Isaque, aquele<br />
que devia ser oferecido. Cinge sua alma de firmeza e angustiosa severidade, pronto<br />
para a obra que Deus lhe exige. Coração quebrantado e mão desfalecida, toma o fogo,<br />
enquanto Isaque indaga: Pai, aqui está o fogo e a lenha; mas onde está a oferta? Mas<br />
oh! Abraão não lho pode dizer agora!<br />
O pai e o filho erguem o altar, e chega para Abraão o terrível momento de dar a<br />
conhecer a Isaque o que lhe tem causado angústia de alma através de toda aquela<br />
longa jornada - que o próprio Isaque é a vítima. O filho não é mais um rapazinho; está<br />
um jovem plenamente desenvolvido. Poder-se-ia haver recusado submeter-se ao<br />
desígnio paterno, se assim quisesse. Ele não acusa o pai de loucura, nem sequer lhe<br />
156
procura mudar o propósito. Submete-se. Crê no amor de seu pai, e em que ele não faria<br />
esse terrível sacrifício de seu filho único, não houvesse Deus assim solicitado. Isaque é<br />
amarrado pelas mãos<br />
Pág. 353<br />
trementes e amorosas do compassivo pai, porque assim o dissera Deus. O filho<br />
submete-se ao sacrifício, porque acredita na integridade de seu pai. Quando tudo está<br />
pronto, porém, quando a fé do pai e a submissão do filho são plenamente provadas, o<br />
anjo de Deus detém a mão suspensa de Abraão, prestes a matar seu filho, e diz-lhe que<br />
basta. "Agora sei que temes a Deus e não Me negaste o teu filho, o teu único." Gên.<br />
22:12.<br />
Este ato de fé da parte de Abraão é registrado para nosso benefício. Ensina-nos a<br />
grande lição de confiança nas reivindicações de Deus, por mais rigorosas e pungentes<br />
que sejam; e isto ensina aos filhos perfeita submissão a seus pais e a Deus. Pela<br />
obediência de Abraão é-nos ensinado que coisa alguma é demasiado preciosa para<br />
darmos ao Senhor.<br />
Uma Lição em Figura<br />
Isaque era um símbolo do Filho de Deus, oferecido em sacrifício pelos peca<strong>dos</strong> do<br />
mundo. Deus queria gravar em Abraão o evangelho da salvação para o homem. A fim<br />
de isto fazer, e tomar essa verdade real para ele, bem como provar-lhe a fé, exigiu dele<br />
que matasse seu querido Isaque. Toda a dor e angústia sofridas por Abraão através<br />
daquela sombria e tremenda viagem, foi com o desígnio de gravar-lhe no entendimento<br />
o plano da redenção para o homem caído. Foi-lhe feito compreender, pela própria<br />
experiência, quão inexprimível era a abnegação do infinito Deus em dar Seu próprio<br />
Filho para morrer a fim de redimir o homem da inteira perdição. Nenhuma tortura<br />
mental poderia ser para Abraão igual àquela que sofrera ao obedecer à ordem divina<br />
de sacrificar seu filho.<br />
Deus entregou Seu Filho a uma vida de humilhação, renúncia, pobreza, labor, injúria,<br />
e à angustiosa morte de cruz. Ali não houve, porém, nenhum anjo a levar a feliz<br />
mensagem: "Basta; não é preciso que morras, Meu bem-amado Filho." Havia legiões de<br />
<strong>anjos</strong> em dolorosa expectativa, na esperança de que, como no caso de Isaque, no<br />
derradeiro momento, Deus impediria essa vergonhosa morte. Não lhes seria, no<br />
entanto, permitido levar uma mensagem assim ao querido Filho de<br />
Pág. 354<br />
Deus. Prosseguiu a humilhação no tribunal e no caminho do Calvário. Foi escarnecido,<br />
ridicularizado, cuspiram nEle. Suportou as zombarias, os insultos, opróbrios <strong>dos</strong> que O<br />
aborreciam, até pender-Lhe a cabeça sobre a cruz e expirar.<br />
Poderia Deus dar-nos prova maior de Seu amor do que em assim entregar Seu Filho<br />
para passar por tal cena de sofrimento? E como o dom de Deus ao homem foi um dom<br />
gratuito, Seu amor infinito, assim também Seus reclamos sobre nossa confiança, nossa<br />
obediência, todo o nosso coração e as riquezas de nossas afeições são<br />
correspondentemente infinitos. Ele requer tudo quanto é ao homem possível dar. A<br />
submissão de nossa parte deve ser proporcional ao dom de Deus; importa que seja<br />
completa, sem faltar em coisa alguma. Somos to<strong>dos</strong> devedores a Deus. Ele tem sobre<br />
nós direitos que não podemos satisfazer, a não ser entregando-nos em sacrifício inteiro<br />
e voluntário. Ele reclama pronta e voluntária obediência, e nada menos do que isto<br />
será aceito. Temos agora oportunidade de assegurar-nos a afeição e o favor de Deus.<br />
Esse ano talvez seja o último na vida de alguns que lêem isto. Haverá entre os jovens<br />
que lêem este apelo algum que prefira os prazeres do mundo à paz dada por Cristo ao<br />
sincero indagador e satisfeito cumpridor de Sua vontade?<br />
É Pesado o Caráter<br />
Deus está pesando nosso caráter, nossa conduta e nossos motivos, na balança do<br />
santuário. Terrível coisa será ser declarado em falta em amor e obediência por nosso<br />
Redentor, que morreu na cruz a fim de atrair a Si nosso coração. Grandes e preciosos<br />
157
dons nos tem Deus concedido. Tem-nos dado luz e conhecimento de Sua vontade, de<br />
modo que não necessitamos de errar ou andar em trevas. Ser pesado na balança e<br />
achado em falta no dia do final ajuste e das recompensas, será coisa tremenda, erro<br />
terrível que jamais se poderá corrigir. Queri<strong>dos</strong> jovens, será o livro de Deus pesquisado<br />
em vão quanto aos vossos nomes?<br />
Pág. 355<br />
Deus vos designou uma obra a fazer para Ele, a qual vos tornará colaboradores Seus.<br />
Por toda parte ao vosso redor há almas por salvar. Há pessoas a quem podeis animar e<br />
beneficiar mediante vossos sinceros esforços. Podeis desviar almas do pecado para a<br />
justiça. Quando experimentardes o senso de vossa responsabilidade para com Deus,<br />
sentireis a necessidade de ser mais fiéis em oração, mais fiéis em vigiar contra as<br />
tentações de Satanás. Se sois realmente cristãos, haveis de sentir-vos mais inclina<strong>dos</strong><br />
a entristecer-vos por causa das trevas morais que há no mundo do que a condescender<br />
com a leviandade e o orgulho no vestuário. Achar-vos-eis entre os que choram e gemem<br />
por causa das abominações que se fazem na Terra. Resistireis às tentações de Satanás<br />
para condescender com a vaidade e os enfeites e adornos para ostentação. Torna-se<br />
estreito o espírito e atrofiada a inteligência que pode achar satisfação nessas coisas<br />
frívolas com detrimento de altas responsabilidades.<br />
A mocidade de nossos dias pode ser colaboradora de Cristo, se assim o quiser; e no<br />
trabalho sua fé se fortalecerá e aumentará seu conhecimento da vontade divina. Todo<br />
verdadeiro propósito e todo proceder justo será registrado no livro da vida. Eu<br />
desejaria poder despertar os jovens para verem e sentirem a pecaminosidade de<br />
viverem para se agradarem a si mesmos, atrofiando o intelecto à medida das coisas<br />
mesquinhas e vãs desta vida. Caso eles elevassem o pensamento e as palavras acima<br />
das frívolas atrações do mundo, tomando como objetivo glorificar a Deus, Sua paz, que<br />
excede todo o entendimento, seria por eles desfrutada.<br />
72<br />
O Poder da Oração nas Tentações<br />
Pág. 356<br />
Quão benigna e ternamente trata o Pai celeste a Seus filhos! Guarda-os de mil perigos<br />
que lhes são ocultos, preserva-os das artes sutis de Satanás, para que não sejam<br />
destruí<strong>dos</strong>. Como o protetor cuidado de Seus <strong>anjos</strong> não é manifesto a nossa imperfeita<br />
visão, não procuramos considerar e apreciar o sempre vigilante interesse nutrido por<br />
nosso bon<strong>dos</strong>o e benévolo Criador para com a obra de Suas mãos; e não somos gratos<br />
pela multidão de Suas misericórdias, a nós dia a dia concedidas.<br />
Os jovens ignoram os muitos perigos a que se acham diariamente expostos. Jamais os<br />
poderão conhecer a to<strong>dos</strong>; se são vigilantes, porém, se oram sempre, Deus lhes<br />
conservará sensível a consciência e a percepção clara para poderem discernir a<br />
operação do inimigo, e serem fortaleci<strong>dos</strong> contra seus ataques. Muitos <strong>dos</strong> jovens,<br />
todavia, têm por tanto tempo seguido as próprias inclinações, que dever é para eles<br />
palavra sem significação. Não compreendem os eleva<strong>dos</strong> e santos deveres que têm a<br />
cumprir para benefício de outros e para glória de Deus; e negligenciam por completo<br />
esses deveres.<br />
Caso os jovens tão-somente despertassem para sentir profundamente sua necessidade<br />
de forças vindas de Deus para resistirem às tentações de Satanás, obteriam preciosas<br />
vitórias, bem como valiosa experiência na luta cristã. Quão poucos jovens pensam na<br />
exortação do inspirado apóstolo Pedro: "Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso<br />
adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar. Ao<br />
qual resisti firmes na fé." I Ped. 5:8 e 9. Na visão dada a João ele viu o poder de<br />
Satanás sobre os homens, e exclamou:<br />
Pág. 357<br />
"Ai <strong>dos</strong> que habitam na Terra e no mar; porque o diabo desceu a vós, e tem grande ira,<br />
sabendo que já tem pouco tempo." Apoc. 12:12.<br />
158
A única segurança para os jovens é incessante vigilância e humilde oração. Não se<br />
devem lisonjear de que podem ser cristãos sem isso. Satanás oculta suas tentações e<br />
seus ardis sob uma cobertura de luz, como quando se aproximou de Cristo no deserto.<br />
Então, era aparentemente como um anjo celeste. O adversário de nossas almas<br />
aproximar-se-á de nós como um hóspede celeste; e o apóstolo recomenda sobriedade e<br />
vigilância como nossa única salvaguarda. Os jovens que condescendem com uma<br />
atitude descui<strong>dos</strong>a e leviana, e negligenciam os deveres cristãos, estão continuamente<br />
caindo sob as tentações do inimigo, em vez de vencerem como Cristo venceu.<br />
O serviço de Cristo não é penosa labuta para a alma completamente consagrada. A<br />
obediência a nosso Salvador não prejudica nossa felicidade e o verdadeiro prazer nesta<br />
vida, mas possui uma força refinadora sobre o caráter, elevando-o. O estudo diário das<br />
preciosas palavras de vida encontradas nas Escrituras, revigora o intelecto,<br />
promovendo o conhecimento das grandes e gloriosas obras de Deus na Natureza.<br />
Mediante o estudo da Bíblia aprendemos a viver de maneira a fruir a maior soma de<br />
pura felicidade. O estudioso da Bíblia acha-se também provido de argumentos<br />
escriturísticos de modo a poder enfrentar as dúvidas <strong>dos</strong> incrédulos, removendo-as<br />
pela brilhante luz da verdade. Os que pesquisam as Escrituras podem estar sempre<br />
fortaleci<strong>dos</strong> contra as tentações de Satanás; é-lhes possível estar cabalmente<br />
prepara<strong>dos</strong> para toda boa obra, e apercebi<strong>dos</strong> para dar a quem quer que os interrogue,<br />
a razão da esperança que os possui. ...<br />
Ao orardes, queri<strong>dos</strong> jovens, para que não sejais induzi<strong>dos</strong> à tentação, lembrai-vos de<br />
que vossa parte não se limita a orar. Cumpre-vos então responder o mais possível a<br />
vossa oração, com o resistir às tentações, e deixai ao cuidado de Jesus o que não vos é<br />
possível fazer em vosso benefício. Não podeis guardar-vos demasiado em palavras e<br />
comportamento, de<br />
Pág. 358<br />
modo a não convidardes o inimigo a tentar-vos. Muitos de nossos jovens, devido a sua<br />
descui<strong>dos</strong>a desconsideração para com as advertências e reprovações que lhes são<br />
feitas, abrem de par em par a porta a Satanás. Tendo a Palavra de Deus como nosso<br />
guia, e Jesus como nosso Mestre divino, não precisamos ignorar-Lhe as reivindicações<br />
nem os ardis do inimigo, sendo venci<strong>dos</strong> por suas tentações. Não será desagradável a<br />
tarefa de obedecer à vontade de Deus, quando nos entregamos inteiramente à direção<br />
de Seu Espírito.<br />
73<br />
Dízimos e Ofertas<br />
Pág. 359<br />
A missão da igreja de Cristo é salvar os pecadores que estão a perecer. É divulgar o<br />
amor de Deus aos homens, conquistando-os para Cristo pela eficácia daquele amor. A<br />
verdade para este tempo deve ser levada aos tenebrosos recantos da Terra, e esta obra<br />
pode começar em casa. Os seguidores de Cristo não devem viver egoistamente; antes,<br />
imbuí<strong>dos</strong> do Espírito de Cristo, trabalhar em harmonia com Ele.<br />
Há motivos para a frieza e incredulidade atuais. O amor do mundo e os cuida<strong>dos</strong> da<br />
vida separam a alma de Deus. A água da vida precisa estar em nós, de nós emanando,<br />
saltando para a vida eterna. Cumpre-nos operar exteriormente aquilo que Deus opera<br />
no interior. Caso o cristão queira fruir a luz da vida, precisa aumentar seus esforços<br />
para levar outros ao conhecimento da verdade. Sua vida deve caracterizar-se pelo<br />
esforço e sacrifício para beneficiar a outros; então não haverá queixa de falta de<br />
satisfação.<br />
Os <strong>anjos</strong> acham-se sempre empenha<strong>dos</strong> em trabalhar pela felicidade <strong>dos</strong> outros. É este<br />
o seu prazer. Aquilo que seria considerado serviço humilhante por parte de corações<br />
egoístas - servir aos que são indignos e considera<strong>dos</strong> inferiores em caráter e posição - é<br />
a obra <strong>dos</strong> puros e inocentes <strong>anjos</strong> das reais cortes celestes. O espírito de abnegado<br />
159
amor de Cristo é o que domina no Céu, constituindo a própria essência de sua bemaventurança.<br />
Os que não experimentam nenhum prazer especial em buscar ser uma bênção aos<br />
outros, em trabalhar, mesmo com sacrifício, para lhes fazer bem, não podem ter o<br />
espírito de Cristo ou do Céu; pois não têm união com a obra <strong>dos</strong> santos <strong>anjos</strong>, nem<br />
podem participar da bem-aventurança que lhes comunica elevada alegria. Disse<br />
Cristo: "Digo-vos que assim haverá<br />
Pág. 360<br />
alegria no Céu por um pecador que se arrepende, mais do que por noventa e nove<br />
justos que não necessitam de arrependimento." Luc. 15:7. Se a alegria <strong>dos</strong> <strong>anjos</strong> é ver<br />
os pecadores se arrependerem, não será o regozijo <strong>dos</strong> pecadores, salvos pelo sangue de<br />
Jesus, ver outros se arrependerem e voltarem para Cristo por intermédio deles?<br />
Experimentaremos, em trabalhar em harmonia com Cristo e os santos <strong>anjos</strong>, uma<br />
alegria que não pode ser sentida senão nessa obra.<br />
Os princípios da cruz de Cristo levam to<strong>dos</strong> quantos crêem à rigorosa obrigação de<br />
negarem-se a si mesmos, comunicarem luz aos outros, e darem de seus meios para<br />
difundir a luz. Se eles se acharem em comunhão com o Céu, empenhar-se-ão na obra<br />
em harmonia com os <strong>anjos</strong>.<br />
O princípio <strong>dos</strong> mundanos é tirar o máximo que lhes for possível das perecíveis coisas<br />
desta vida. O amor do lucro egoísta, eis o princípio dirigente de sua vida. A mais pura<br />
alegria, porém, não se encontra em riquezas, nem na cobiça que sempre deseja<br />
ansiosamente mais, mas onde reina contentamento, e onde o abnegado amor é o<br />
princípio dominante. Há milhares de criaturas que passam a vida na satisfação de<br />
suas inclinações, mas cujo coração vive cheio de pesar. São vítimas do egoísmo e do<br />
descontentamento, no vão esforço de satisfazer o espírito pela condescendência com o<br />
próprio eu. Em sua fisionomia, no entanto, acha-se estampada a infelicidade, e na sua<br />
influência encontra-se um deserto, pela ausência de boas obras que há em sua vida.<br />
À medida que o amor de Cristo nos enche o coração e rege a existência, a cobiça, o<br />
egoísmo e o amor da comodidade serão venci<strong>dos</strong>, e nosso prazer consistirá em fazer a<br />
vontade de Cristo, de quem professamos ser servos. Nossa felicidade será então<br />
proporcional a nossas obras abnegadas, inspiradas pelo amor de Jesus.<br />
No plano da salvação, a sabedoria divina designou a lei da ação e reação, tornando a<br />
obra de beneficência em to<strong>dos</strong> os seus ramos, duplamente bendita. O que dá aos<br />
necessita<strong>dos</strong>, beneficia a outros, e é ele próprio beneficiado em grau ainda<br />
Pág. 361<br />
maior. Deus poderia haver conseguido Seu objetivo na salvação <strong>dos</strong> pecadores, sem o<br />
auxílio do homem; sabia, porém, que o homem não podia ser feliz sem desempenhar<br />
uma parte na grande obra em que cultivaria a abnegação e a beneficência.<br />
Para que o homem não perdesse os benditos resulta<strong>dos</strong> da beneficência, nosso<br />
Redentor elaborou o plano de alistá-lo como Seu cooperador. Mediante uma cadeia de<br />
circunstâncias que lhe despertaria a caridade, concede ao homem os melhores meios de<br />
cultivar a beneficência, e conserva-o dando habitualmente para ajudar os pobres e Lhe<br />
promover a causa. Manda os pobres como representantes Seus. Através das<br />
necessidades deles, o mundo arruinado está a extrair de nós talentos de meios e de<br />
influência a fim de apresentar-lhes a verdade, por falta da qual estão a perecer. E ao<br />
atendermos a esses pedi<strong>dos</strong> por meio de trabalho e de atos de beneficência, somos<br />
transforma<strong>dos</strong> à imagem dAquele que por amor de nós Se tornou pobre. Dando,<br />
beneficiamos a outros, acumulando assim verdadeiras riquezas.<br />
Interesses Mundanos e Tesouros Celestes<br />
Tem havido grande falta de beneficência cristã na igreja. Aqueles que mais habilita<strong>dos</strong><br />
se achavam a promover o avançamento da causa de Deus, não fizeram senão um<br />
pouco. Misericordiosamente, tem o Senhor trazido ao conhecimento da verdade uma<br />
classe de pessoas, a fim de que lhe apreciassem o incalculável valor, em comparação<br />
160
com os tesouros terrestres. Jesus disse a essas pessoas: "Segue-me." Luc. 5:27. Ele as<br />
está provando com um convite para a ceia que tem preparado. Está observando a ver<br />
que caráter elas desenvolverão, se seus próprios interesses egoístas serão considera<strong>dos</strong><br />
de maior valor que as riquezas eternas. Muitos desses queri<strong>dos</strong> irmãos estão agora,<br />
mediante suas ações, formulando as desculpas mencionadas na seguinte parábola:<br />
"Porém Ele lhe disse: Um certo homem fez uma grande ceia, e convidou a muitos. E à<br />
hora da ceia mandou o seu servo dizer aos convida<strong>dos</strong>: Vinde, que já tudo está<br />
preparado. E<br />
Pág. 362<br />
to<strong>dos</strong> à uma começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um campo, e<br />
importa ir vê-lo; rogo-te que me hajas por escusado. E outro disse: Comprei cinco<br />
juntas de bois, e vou experimentá-los; rogo-te que me hajas por escusado. E outro<br />
disse: Casei, e portanto não posso ir. E, voltando aquele servo, anunciou estas coisas<br />
ao seu senhor. Então o pai de família, indignado, disse ao seu servo: Sai depressa pelas<br />
ruas e bairros da cidade, e traze aqui os pobres, e aleija<strong>dos</strong>, e mancos e cegos." Luc.<br />
14:16-21.<br />
Essa parábola representa apropriadamente a condição de muitos que professam crer<br />
na verdade presente. O Senhor lhes mandou um convite para a ceia que lhes preparou<br />
com grande custo; os interesses mundanos, porém, afiguram-se-lhes de maior<br />
importância que o tesouro celeste. São convida<strong>dos</strong> a tomar parte em coisas de valor<br />
eterno; mas sua fazenda, o gado e os interesses domésticos lhes parecem de tão maior<br />
importância que o atender ao convite celestial, que sobrepujam a toda atração divina, e<br />
essas coisas terrestres são apresentadas como desculpas por sua desobediência à<br />
ordem celeste: "Vinde que já tudo está preparado." Luc. 14:17. Esses irmãos estão<br />
cegamente seguindo o exemplo das pessoas apresentadas na parábola. Olham suas<br />
possessões terrenas, e dizem: "Não, Senhor, não Te posso seguir; rogo-Te que me hajas<br />
por escusado."<br />
As próprias bênçãos dadas por Deus a esses homens para prová-los, para ver se eles<br />
dão "a Deus o que é de Deus", empregam eles como desculpa para não obedecerem às<br />
reivindicações da verdade. Cingiram nos braços seu tesouro terrestre, e dizem:<br />
"Preciso cuidar destas coisas; não posso negligenciar as coisas desta vida; estas coisas<br />
são minhas." Assim se tem o coração desses homens tornado tão insensível à<br />
impressão como a terra batida das estradas. Eles fecham a porta do coração ao<br />
mensageiro celeste, que diz: "Vinde, que já tudo está preparado", e abrem-na bem,<br />
convidando à entrada as preocupações e cuida<strong>dos</strong> de negócios deste mundo; em vão<br />
bate Jesus para ser admitido.<br />
Pág. 363<br />
O Jugo do Egoísmo<br />
O coração dessas pessoas está tão semeado de espinhos e cheio <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> desta<br />
vida, que as coisas celestes não podem aí encontrar lugar. Jesus convida os cansa<strong>dos</strong> e<br />
oprimi<strong>dos</strong>, prometendo-lhes descanso se a Ele forem ter. Convida-os a permutar o<br />
mortificante jugo do egoísmo e da cobiça, que os torna escravos de Mamom, por Seu<br />
jugo, que diz ser suave, e por Seu fardo, que é leve. Diz Ele: "Aprendei de Mim, que sou<br />
manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas." Mat.<br />
11:29. Ele quer que ponham de lado os pesa<strong>dos</strong> far<strong>dos</strong> do cuidado e perplexidade<br />
mundanos, e tomem Seu jugo que é abnegação e sacrifício pelos outros. Este fardo<br />
demonstrar-se-á leve. Os que se recusam a aceitar o alívio que Cristo lhes oferece, e<br />
continuam a levar o mortificante jugo do egoísmo, sobrecarregando sua alma em<br />
extremo com projetos a fim de acumular dinheiro para satisfações egoístas, não<br />
experimentaram a paz e o descanso que se encontram em levar o jugo de Cristo, e em<br />
carregar os far<strong>dos</strong> da abnegação e da desinteressada beneficência carrega<strong>dos</strong> por<br />
Cristo em seu favor.<br />
161
Quando o amor do mundo toma posse do coração, e se torna paixão dominante, não fica<br />
margem para a adoração a Deus; pois as mais elevadas faculdades do espírito<br />
subordinam-se à servidão de Mamom, e não podem reter os pensamentos acerca de<br />
Deus e do Céu. A mente perde a lembrança do Senhor, estreitando-se e atrofiando-se<br />
na acumulação de dinheiro.<br />
Em virtude do egoísmo e amor do mundo, esses homens têm vivido cada vez com<br />
menos senso da magnitude da obra para estes últimos dias. Não educaram o espírito<br />
de modo a fazer do serviço de Deus sua ocupação. Não têm experiência nesse sentido.<br />
Suas posses lhes absorvem as afeições e eclipsam a magnitude do plano da salvação.<br />
Enquanto prosperam e ampliam seus empreendimentos mundanos, não vêem<br />
nenhuma necessidade de estender-se e aumentar-se a obra de Deus.<br />
Pág. 364<br />
Empregam os meios de que dispõem em coisas temporais e não nas eternas. O coração<br />
ambiciona mais recursos. Deus os tornou depositários de Sua lei, de modo que<br />
deixassem brilhar para os outros a luz que tão generosamente lhes foi concedida. Mas<br />
têm por tal forma acrescentado os próprios cuida<strong>dos</strong> e ansiedades, que não têm tempo<br />
de beneficiar a outros com sua influência, de conversar com os vizinhos, de orar com<br />
eles e por eles, e procurar trazê-los ao conhecimento da verdade.<br />
Esses homens são responsáveis pelo bem que poderiam fazer, mas se desculpam por<br />
causa de cuida<strong>dos</strong> e encargos mundanos que lhes obscurecem a mente e absorvem as<br />
afeições. Almas por quem Cristo morreu poderiam ser salvas por seus esforços pessoais<br />
e um pie<strong>dos</strong>o exemplo. Almas preciosas se acham a perecer por falta da luz que Deus<br />
deu aos homens para que se refletisse na vereda <strong>dos</strong> outros. A preciosa luz, no entanto,<br />
é oculta sob o alqueire, e não ilumina os que estão na casa.<br />
A Parábola <strong>dos</strong> Talentos<br />
Todo homem é um mordomo de Deus. A cada um confiou o Mestre Seus meios; mas os<br />
homens pretendem que esses meios são propriedade sua. Diz Cristo: "Negociai até que<br />
Eu venha." Luc. 19:13. Vem o tempo em que Cristo exigirá o Seu com os juros. Dirá a<br />
cada um de Seus mordomos: "Dá contas da tua mordomia." Luc. 16:2. Os que<br />
esconderam o dinheiro de seu Senhor em um lenço na terra, em vez de dá-lo aos<br />
banqueiros, e os que esbanjaram o dinheiro de seu Senhor gastando-o em coisas<br />
desnecessárias, em vez de pô-lo a render empregando-o em Sua causa, não receberão a<br />
aprovação do Mestre, mas decisiva condenação. O servo inútil da parábola levou de<br />
volta o único talento a Deus, e disse: "Senhor, eu conhecia-Te, que és um homem duro,<br />
que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; e, atemorizado, escondi<br />
na terra o Teu talento; aqui tens o que é Teu." O Senhor pega-lhe nas palavras: "Mau e<br />
negligente servo; sabes que ceifo<br />
Pág. 365<br />
onde não semeei e ajunto onde não espalhei; devias então ter dado o Meu dinheiro aos<br />
banqueiros, e, quando Eu viesse, receberia o Meu com os juros." Mat. 25:24-27.<br />
Este servo inútil não ignorava os planos de Deus, mas resolveu-se firmemente a<br />
impedir-Lhe o desígnio, acusando-o de injustiça em exigir lucro <strong>dos</strong> talentos a ele<br />
confia<strong>dos</strong>. Esta mesma queixa e murmuração é feita por vasta classe de ricos que<br />
professam crer na verdade. Como o servo infiel, temem que o aumento do talento a eles<br />
emprestado por Deus seja requerido para promover o avançamento da verdade; atamno,<br />
portanto, empregando-o em tesouros terrenos, e enterrando-o no mundo, pondo-o<br />
assim tão seguro que não tenham nada, ou quase nada para depositar na causa de<br />
Deus. Enterraram-no, temendo que o Senhor peça algum do principal ou <strong>dos</strong> juros.<br />
Quando, a pedido de seu Senhor, trazem a quantia que lhes foi entregue, vêm com<br />
ingratas desculpas por não haverem posto os meios a eles empresta<strong>dos</strong> por Deus nas<br />
mãos <strong>dos</strong> banqueiros, empregando-os em Sua causa para levar-Lhe a obra avante.<br />
Aquele que sonega os bens do Senhor, não somente perde o talento que lhe foi<br />
emprestado por Deus, mas perde a própria vida eterna. Diz-se a seu respeito: "Lançai<br />
162
pois o servo inútil nas trevas exteriores." Mat. 25:30. O servo fiel que emprega seu<br />
dinheiro na causa de Deus para salvar almas, emprega os meios de que dispõe para<br />
glória do Senhor, e receberá o louvor do Mestre: "Bem está, servo bom e fiel. Entra no<br />
gozo do teu Senhor." Mat. 25:21. Qual será esse gozo de nosso Senhor? É a alegria de<br />
ver almas salvas no reino da glória. "O qual pelo gozo que Lhe estava proposto<br />
suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-Se à destra do trono de Deus." Heb.<br />
12:2.<br />
A idéia de mordomia devia ter influência prática sobre todo o povo de Deus. A parábola<br />
<strong>dos</strong> talentos devidamente compreendida, excluirá a cobiça, que Deus chama de<br />
idolatria. A beneficência prática dará vida espiritual a milhares de professos nominais<br />
da verdade que ora lamentam as próprias trevas.<br />
Pág. 366<br />
Ela os transformará de egoístas e cobiçosos adoradores de Mamom, em zelosos, fiéis<br />
colaboradores de Cristo na salvação <strong>dos</strong> pecadores.<br />
Abnegação e Sacrifício<br />
O plano da salvação fundamentou-se no sacrifício. Jesus deixou as cortes reais, e fez-<br />
Se pobre, para que por Sua pobreza nos pudéssemos enriquecer. To<strong>dos</strong> quantos<br />
participam desta salvação, comprada para eles com tão infinito sacrifício pelo Filho de<br />
Deus, seguirão o exemplo do Modelo Verdadeiro. Cristo foi a principal pedra de<br />
esquina, e cumpre-nos edificar sobre esse fundamento. To<strong>dos</strong> devem ter espírito de<br />
abnegação e sacrifício. A vida de Cristo na Terra foi de renúncia; assinalou-se pela<br />
humilhação e o sacrifício. E hão de os homens, participantes da grande salvação que<br />
Jesus veio do Céu trazer-lhes, recusarem-se a seguir a seu Senhor, partilhando de Sua<br />
abnegação e sacrifício? Diz Cristo: "Eu sou a videira, vós as varas." João 15:5. "Toda<br />
vara em Mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê<br />
mais fruto." João 15:2. O próprio princípio vital, a seiva que corre através da videira,<br />
nutre os ramos, a fim de florescerem e darem fruto. É o servo maior que seu Senhor?<br />
Há de o Redentor do mundo exercer a renúncia e o sacrifício em nosso favor, e os<br />
membros do corpo de Cristo entregarem-se à complacência consigo mesmos? A<br />
abnegação é condição essencial do discipulado.<br />
"Então disse Jesus aos Seus discípulos: Se alguém quiser vir após Mim, renuncie-se a<br />
si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-Me." Mat. 16:24. Eu tomo a dianteira na<br />
vereda da renúncia. Não exijo de vós, Meus seguidores, coisa alguma senão aquilo de<br />
que Eu, vosso Senhor, vos dou o exemplo em Minha vida.<br />
O Salvador do mundo venceu Satanás no deserto da tentação. Venceu para mostrar ao<br />
homem como ele pode vencer. Ele anunciou na sinagoga de Nazaré: "O Espírito do<br />
Senhor é<br />
Pág. 367<br />
sobre Mim, pois que Me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-Me a curar os<br />
quebranta<strong>dos</strong> do coração, a apregoar liberdade aos cativos, e dar vista aos cegos; a pôr<br />
em liberdade os oprimi<strong>dos</strong>; a anunciar o ano aceitável do Senhor." Luc. 4:18 e 19.<br />
A grande obra que Jesus anunciou que viera fazer, foi confiada a Seus seguidores na<br />
Terra. Cristo, como nossa cabeça, serve de guia na grande obra de salvação, e pede-nos<br />
que Lhe sigamos o exemplo. Deu-nos uma mensagem mundial. Esta verdade deve<br />
estender-se a todas as nações, línguas e povos. O poder de Satanás devia ser<br />
contestado, e ele vencido por Cristo e também por Seus seguidores. Ampla guerra<br />
devia ser mantida contra os poderes das trevas. E a fim de fazer essa obra com êxito,<br />
eram necessários meios. Deus não Se propõe a mandar recursos diretamente do Céu,<br />
mas põe nas mãos de Seus seguidores talentos de meios para serem usa<strong>dos</strong> para o fim<br />
definido de manter esta luta.<br />
O Sistema do Dízimo<br />
Ele deu a Seu povo um plano para levantamento de fun<strong>dos</strong> suficientes para esse<br />
empreendimento se manter por si mesmo. O plano divino do sistema do dízimo é belo<br />
163
em sua simplicidade e eqüidade. To<strong>dos</strong> podem dele lançar mão com fé e ânimo, pois é<br />
divino em sua origem. Nele se aliam a simplicidade e a utilidade, e não exige<br />
profundidade de saber o compreendê-lo e executá-lo. To<strong>dos</strong> podem sentir que lhes é<br />
possível ter parte em promover a preciosa obra de salvação. Todo homem, mulher e<br />
jovem se pode tornar tesoureiro do Senhor, e agente em atender às exigências sobre o<br />
tesouro. Diz o apóstolo: "Cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme<br />
a sua prosperidade." I Cor. 16:2.<br />
Grandes objetivos se conseguem com este sistema. Se to<strong>dos</strong> o aceitassem, cada um se<br />
tornaria vigilante e fiel tesoureiro de Deus; e não haveria falta de meios com que levar<br />
Pág. 368<br />
avante a grande obra de anunciar a derradeira mensagem de advertência ao mundo. O<br />
tesouro estará provido se to<strong>dos</strong> adotarem esse sistema, e os contribuintes não ficarão<br />
mais pobres. A cada depósito feito, tornar-se-ão mais liga<strong>dos</strong> à causa da verdade<br />
presente. Eles estarão entesourando "para si mesmos um bom fundamento para o<br />
futuro, para que possam alcançar a vida eterna". I Tim. 6:19.<br />
À medida que os obreiros perseverantes, sistemáticos, virem que a tendência de seus<br />
beneficentes esforços é nutrir o amor para com Deus e seus semelhantes, e que seus<br />
esforços pessoais estão a estender-lhes a esfera de utilidade, compreenderão que é<br />
grande bênção ser cooperadores de Cristo. A igreja cristã, em geral, está-se negando<br />
aos reclamos de Deus quanto a darem ofertas do que possuem para sustentar a luta<br />
contra a treva moral que vai inundando o mundo. A obra de Deus nunca poderá<br />
progredir como deve enquanto os seguidores de Cristo não se tornarem obreiros ativos<br />
e zelosos.<br />
Todo indivíduo na igreja deve sentir que a verdade que ele professa é uma realidade, e<br />
to<strong>dos</strong> devem ser obreiros desinteressa<strong>dos</strong>. Alguns ricos acham-se inclina<strong>dos</strong> a<br />
murmurar por estar a obra de Deus se ampliando e haver pedi<strong>dos</strong> de dinheiro. Dizem<br />
que não há fim a esses pedi<strong>dos</strong>. Surge continuamente um objetivo após outro,<br />
demandando auxílio. A esses, gostaríamos de dizer que esperamos que a causa de<br />
Deus se estenda por tal forma, que haja maior ocasião, e mais freqüentes e urgentes<br />
apelos quanto às provisões do tesouro para prosseguir com a obra.<br />
Se o plano da doação sistemática fosse adotado por todo indivíduo, sendo plenamente<br />
levado avante, haveria constante suprimento no tesouro. A renda fluiria para ele qual<br />
constante corrente, sem cessar, provida pelas fontes transbordantes da beneficência. O<br />
dar ofertas faz parte da religião evangélica. Não nos impõe a consideração do infinito<br />
preço pago por nossa<br />
Pág. 369<br />
redenção obrigações solenes, do ponto de vista pecuniário, da mesma maneira que<br />
reclama de nós o devotamente de todas as nossas energias à obra do Mestre?<br />
Teremos contas a ajustar afinal com o Mestre, quando Ele disser: "Dá contas da tua<br />
mordomia." Luc. 16:2. Se os homens preferirem pôr de lado os reclamos de Deus, e<br />
apegarem-se a tudo quanto Ele lhes dá, retendo-o egoistamente, Ele Se calará por<br />
agora, e continuará a prová-los freqüentemente mediante o acréscimo de Suas<br />
liberalidades, deixando fluírem Suas bênçãos, e esses homens poderão continuar a<br />
receber honras de seus semelhantes, e não ser censura<strong>dos</strong> na igreja; mas finalmente<br />
Ele dirá: "Dá contas da tua mordomia." Luc. 16:2. Diz Cristo: "Quando a um destes<br />
pequeninos o não fizestes, não o fizestes a Mim." Mat. 25:45. "Não sois de vós<br />
mesmos"; "porque fostes compra<strong>dos</strong> por bom preço", e estais na obrigação de glorificar<br />
a Deus com os vossos meios bem como com o vosso corpo e espírito, que são Seus.<br />
"Fostes compra<strong>dos</strong> por bom preço", não "foi com coisas corruptíveis, como prata ou<br />
ouro", "mas com o precioso sangue de Cristo." I Ped. 1:18 e 19. Ele pede uma<br />
retribuição <strong>dos</strong> dons que nos confiou, para ajudar na salvação de almas. Deu Seu<br />
sangue; pede nossa prata. É mediante Sua pobreza que nos tornamos ricos; e recusarnos-emos<br />
a devolver-Lhe as próprias dádivas que nos fez?<br />
164
Coobreiros de Deus<br />
Deus não depende <strong>dos</strong> homens para a manutenção de Sua causa. Poderia haver<br />
mandado meios diretamente do Céu para suprir Seu tesouro, caso assim houvesse Sua<br />
providência achado melhor para o homem. Poderia ter idealizado meios pelos quais<br />
houvessem sido envia<strong>dos</strong> <strong>anjos</strong> para anunciar a verdade ao mundo sem a<br />
instrumentalidade humana. Poderia haver escrito a verdade nos Céus, e deixar que<br />
isso declarasse ao mundo os mandamentos em caracteres vivos. Deus não depende da<br />
prata ou ouro de homem algum. Diz Ele: "Meu é todo o animal<br />
Pág. 370<br />
da selva, e as alimárias sobre milhares de montanhas." "Se Eu tivesse fome, não to<br />
diria, pois Meu é o mundo e a sua plenitude." Sal. 50:10 e 12. Seja qual for a<br />
necessidade de nossa participação no progresso da causa de Deus, isso foi<br />
propositadamente arranjado por Ele para nosso bem. Honrou-nos tornando-nos<br />
coobreiros Seus. Determinou que houvesse necessidade da cooperação <strong>dos</strong> homens,<br />
para que sua liberalidade seja mantida em exercício.<br />
Em Sua sábia providência, Deus pôs os pobres sempre ao nosso lado, para que, ao<br />
vermos todas as formas de sofrimento e miséria no mundo, fôssemos prova<strong>dos</strong>, e<br />
coloca<strong>dos</strong> em situações de desenvolver caráter cristão. Pôs os pobres entre nós para<br />
despertar-nos simpatia e amor cristãos.<br />
Ficam em ignorância e em trevas pecadores a perecer, a menos que haja homens que<br />
lhes levem a luz da verdade. Deus não mandará <strong>anjos</strong> do Céu para fazer a obra que<br />
deixou para ser feita pelo homem. A to<strong>dos</strong> Ele deu um trabalho, pela própria razão de<br />
poder prová-los, e de revelarem seu verdadeiro caráter. Cristo coloca em nosso meio os<br />
pobres como Seus representantes. "Tive fome", diz Ele, "e não Me destes de comer, tive<br />
sede, e não Me destes de beber." Mat. 25:42. Cristo Se identifica com a sofredora<br />
humanidade, na pessoa <strong>dos</strong> aflitos filhos <strong>dos</strong> homens. Torna Suas próprias, as<br />
necessidades deles, tomando-lhes a peito as desventuras.<br />
A treva moral de um mundo arruinado pleiteia com os cristãos, homens e mulheres,<br />
para exercerem esforços pessoais, darem de seus meios e de sua influência, de modo a<br />
serem assemelha<strong>dos</strong> à imagem dAquele que, embora possuísse infinitas riquezas,<br />
tornou-Se todavia pobre por amor de nós. O Espírito de Deus não pode permanecer<br />
com aqueles a quem Ele mandou a mensagem de Sua verdade, mas que precisam ser<br />
insistentemente solicita<strong>dos</strong> para poderem ter qualquer senso do dever que lhes cabe de<br />
tornarem-se coobreiros de Cristo. O apóstolo acentua o dever de dar impulsiona<strong>dos</strong> por<br />
motivos mais eleva<strong>dos</strong>, que a simples simpatia humana, devida à<br />
Pág. 371<br />
comoção. Insiste no princípio de que devemos trabalhar desinteressadamente, visando<br />
unicamente a glória de Deus.<br />
As Escrituras exigem que os cristãos adotem um plano de beneficência ativa, que<br />
mantenha em constante exercício o interesse pela salvação de seus semelhantes. A lei<br />
moral ordenava a observância do sábado, que não era um fardo, senão quando aquela<br />
lei era transgredida, e eles incorriam nas penas trazidas pela transgressão. O sistema<br />
dizimal não era nenhuma carga para os que não se apartavam desse plano. O sistema<br />
ordenado aos hebreus não foi rejeitado ou afrouxado por Aquele que lhe deu origem.<br />
Em vez de haver perdido agora seu vigor, deve ser mais plenamente cumprido e<br />
dilatado, pois a salvação em Cristo unicamente deve ser apresentada em maior<br />
plenitude na era cristã.<br />
Jesus declarou ao doutor da lei que as condições de ele ter a vida eterna, eram cumprir<br />
em sua vida as reivindicações especiais da lei, que consistiam em amar a Deus de todo<br />
o coração, e alma, e entendimento, e forças, e ao próximo como a si mesmo. Quando os<br />
sacrifícios simbólicos cessaram, por ocasião da morte de Cristo, a lei original, escrita<br />
em tábuas de pedra, permaneceu imutável, conservando sua vigência sobre os homens<br />
165
de to<strong>dos</strong> os séculos. O dever do homem não foi limitado na era cristã, antes mais<br />
especialmente definido, e expresso com mais simplicidade.<br />
O evangelho, estendendo-se e ampliando-se, exigia maiores providências para manter<br />
a luta depois da morte de Cristo, o que tornou a lei de dar ofertas necessidade mais<br />
urgente que sob o governo hebraico. Agora Deus requer, não menores mas maiores<br />
dádivas que em qualquer outro período da história do mundo. O princípio estabelecido<br />
por Cristo é que as dádivas e ofertas sejam proporcionais à luz e às bênçãos fruídas.<br />
Ele disse: "A qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá." Luc. 12:48. Os<br />
primeiros discípulos corresponderam às bênçãos da era cristã em obras de caridade e<br />
beneficência. O derramamento<br />
Pág. 372<br />
do Espírito de Deus, depois que Cristo deixou os discípulos e ascendeu ao Céu, levou a<br />
abnegação e sacrifício pela salvação <strong>dos</strong> outros. Quando os santos pobres de Jerusalém<br />
se viram em miséria, Paulo escreveu aos gentios cristãos relativamente às obras de<br />
beneficência, e disse: "Como, porém, em tudo, manifestais superabundância, tanto na<br />
fé e na palavra como no saber, e em todo cuidado e em nosso amor para convosco,<br />
assim também abundeis nesta graça." II Cor. 8:7. A beneficência aqui é colocada ao<br />
lado da fé, do amor e da diligência cristã. Os que pensam poderem ser bons cristãos, e<br />
cerrarem os ouvi<strong>dos</strong> e o coração aos pedi<strong>dos</strong> de Deus para que sejam liberais, acham-se<br />
terrivelmente engana<strong>dos</strong>. Pessoas há que são pródigas em profissão de grande amor à<br />
verdade e, no que respeita às palavras, interessam-se muito em ver o progresso da<br />
verdade, mas nada fazem por esse progresso. A fé dessas pessoas é morta, não sendo<br />
aperfeiçoada pelas obras. O Senhor jamais cometeu tal erro de converter uma pessoa e<br />
mantê-la sob o domínio da cobiça.<br />
Desde os Dias de Adão<br />
O sistema do dízimo remonta para além <strong>dos</strong> dias de Moisés. Requeria-se <strong>dos</strong> homens<br />
que oferecessem dons a Deus com intuitos religiosos, antes mesmo que o sistema<br />
definido fosse dado a Moisés - já desde os dias de Adão. Cumprindo o que Deus deles<br />
requer, deviam manifestar em ofertas a apreciação das misericórdias e bênçãos a eles<br />
concedidas. Isto continuou através de sucessivas gerações, e foi observado por Abraão,<br />
que deu dízimos a Melquisedeque, sacerdote do Deus Altíssimo. O mesmo princípio<br />
havia nos dias de Jó. Jacó, quando errante e exilado, destituído de bens, deitou-se à<br />
noite em Betel, solitário e tendo por travesseiro uma rocha, prometeu ao Senhor: "De<br />
tudo quanto me deres, certamente Te darei o dízimo." Gên. 28:22. Deus não obriga os<br />
homens a dar. Tudo quanto derem, deve ser voluntário. Não quer ter o Seu tesouro<br />
cheio de ofertas dadas de má vontade.<br />
O Senhor visava pôr o homem em íntima relação com Ele e<br />
Pág. 373<br />
em simpatia e amor com seus semelhantes, quando sobre ele colocou responsabilidades<br />
em atos que haviam de neutralizar o egoísmo e fortalecer-lhe o amor para com Deus e<br />
o homem. O plano de haver sistema na beneficência, foi destinado por Deus para o<br />
bem do homem, inclinado a ser egoísta, a cerrar o coração a atos generosos. O Senhor<br />
requer que se dêem dádivas em tempos determina<strong>dos</strong>, sendo arranjado isto de<br />
maneira que o dar se torne um hábito, e sinta-se que a caridade é um dever cristão. O<br />
coração aberto por uma dádiva, não deve ter tempo de tornar-se egoísta, frio e fecharse<br />
antes que a seguinte seja feita. A corrente deve estar continuamente fluindo,<br />
mantendo assim aberto o canal por atos de beneficência.<br />
Um Décimo da Renda<br />
Quanto à importância exigida, Deus especificou um décimo da renda. Isto fica com a<br />
consciência e beneficência <strong>dos</strong> homens, cujo juízo nesse sistema dizimal deve ser livre.<br />
E ao passo que isto fica com a consciência, foi estabelecido um plano bastante definido<br />
para to<strong>dos</strong>. Não se exige compulsão.<br />
166
Na dispensação mosaica, Deus chamou homens que dessem a décima parte de toda a<br />
sua renda. Ele lhes confiou em depósito as coisas desta vida, talentos a serem<br />
desenvolvi<strong>dos</strong> e da<strong>dos</strong> de volta a Ele. Exigia um décimo, e isto Ele requer como o<br />
mínimo que o homem Lhe deve devolver. Diz: Dou-vos nove décimos, ao passo que exijo<br />
um décimo; este é Meu. Quando os homens o retêm, estão roubando a Deus. As ofertas<br />
pelo pecado, as ofertas pacíficas e as de gratidão, também eram requeridas além do<br />
dízimo das rendas.<br />
Tudo quanto é retido daquilo que Deus requer, a décima parte do rendimento, é<br />
registrado nos livros do Céu como roubo a Ele feito. Essas pessoas defraudam a seu<br />
Criador; e ao ser-lhes apontado esse pecado de negligência, não basta que mudem de<br />
direção e comecem a seguir daí em diante o reto princípio. Isto não alterará os<br />
algarismos registra<strong>dos</strong> no Céu pela sonegação da propriedade que lhes foi confiada<br />
para ser<br />
Pág. 374<br />
devolvida Àquele que a emprestou. Exige-se arrependimento pelo trato infiel e a<br />
ingratidão para com Deus.<br />
"Roubará o homem a Deus? todavia vós Me roubais, e dizeis: Em que Te roubamos?<br />
nos dízimos e nas ofertas alçadas. Com maldição sois amaldiçoa<strong>dos</strong>, porque Me roubais<br />
a Mim, vós, toda a nação. Trazei to<strong>dos</strong> os dízimos à casa do tesouro, para que haja<br />
mantimento na Minha casa, e depois fazei prova de Mim, diz o Senhor <strong>dos</strong> Exércitos,<br />
se Eu não vos abrir as janelas do Céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal, que<br />
dela vos advenha a maior abastança." Mal. 3:8-10. Dá-se aí uma promessa - que se<br />
to<strong>dos</strong> os dízimos forem leva<strong>dos</strong> à casa do tesouro, derramar-se-á sobre o obediente uma<br />
bênção de Deus.<br />
"E por causa de vós repreenderei o devorador, para que não vos consuma o fruto da<br />
terra; e a vide no campo vos não será estéril, diz o Senhor <strong>dos</strong> Exércitos. E todas as<br />
nações vos chamarão bem-aventura<strong>dos</strong>; porque vós sereis uma terra deleitosa, diz o<br />
Senhor <strong>dos</strong> Exércitos." Mal. 3:11 e 12. Se to<strong>dos</strong> quantos professam crer na verdade<br />
satisfizerem às reivindicações de Deus no dar o dízimo, que o Senhor declara ser Seu, o<br />
tesouro estará abundantemente provido de recursos para levar avante a grande obra<br />
da salvação <strong>dos</strong> homens.<br />
Deus dá ao homem nove décimos, ao passo que reclama apenas um décimo para fins<br />
sagra<strong>dos</strong>, da mesma maneira que deu ao homem seis dias para seu trabalho, e<br />
reservou e pôs à parte o sétimo dia para Si. Pois, como o sábado, um décimo da renda é<br />
sagrado; Deus o reservou para Si. Ele levará avante Sua obra na Terra com a renda<br />
<strong>dos</strong> meios que confiou ao homem.<br />
Deus exigia de Seu antigo povo três reuniões anuais. "Três vezes no ano todo o varão<br />
entre ti aparecerá perante o Senhor teu Deus, no lugar que escolher: na festa <strong>dos</strong> pães<br />
asmos, e na festa das semanas, e na festa <strong>dos</strong> tabernáculos. Porém não aparecerá<br />
vazio perante o Senhor; cada qual, conforme ao dom da<br />
Pág. 375<br />
sua mão, conforme à bênção que o Senhor teu Deus te tiver dado." Deut. 16:16 e 17.<br />
Nada menos que um terço de suas rendas eram consagradas a fins sagra<strong>dos</strong> e<br />
religiosos.<br />
Sempre que o povo de Deus, em qualquer período do mundo, seguiu voluntária e<br />
alegremente o plano dEle quanto à doação sistemática e às dádivas e ofertas,<br />
verificaram Sua permanente promessa de que to<strong>dos</strong> os seus labores seriam segui<strong>dos</strong> de<br />
prosperidade proporcional à obediência que dispensavam ao que deles requeria.<br />
Quando reconheciam os direitos de Deus, e Lhe satisfaziam às reivindicações,<br />
honrando-O com seus recursos, seus celeiros enchiam-se de abundância. Mas, quando<br />
roubavam a Deus em dízimos e ofertas, era-lhes feito compreender que não O estavam<br />
roubando a Ele simplesmente, mas a si mesmos; pois Ele lhes limitava as bênçãos<br />
exatamente em proporção ao que eles limitavam as ofertas que Lhe faziam.<br />
167
Não é um Fardo Penoso<br />
Alguns classificarão isto como uma das rigorosas leis a que os hebreus estavam<br />
obriga<strong>dos</strong>. Não era um fardo, porém, para o coração voluntário que amava a Deus.<br />
Unicamente quando sua natureza egoísta era fortalecida pelo reter, é que os homens<br />
perdiam de vista as considerações eternas, estimando seus bens terrenos acima das<br />
almas. Há nestes últimos dias necessidades ainda mais urgentes sobre o Israel de<br />
Deus do que sobre o antigo Israel. Há uma grande e importante obra a ser realizada<br />
em muito pouco tempo. Nunca foi desígnio do Senhor que a lei do sistema dizimal<br />
deixasse de ser considerada entre Seu povo; em lugar disto, porém, pretendia que o<br />
espírito de sacrifício se ampliasse e se tornasse mais profundo para a finalização da<br />
obra.<br />
A doação sistemática não se deveria tornar compulsão sistemática. É a oferta<br />
voluntária que é aceitável a Deus. A verdadeira beneficência cristã brota do princípio<br />
do amor agradecido. Não pode existir amor a Cristo, sem amor correspondente para<br />
com aqueles por cuja redenção Ele veio ao mundo. O<br />
Pág. 376<br />
amor a Cristo deve ser o princípio dominante do ser, regendo todas as emoções e<br />
dirigindo todas as energias. O amor redentor deve despertar todas as ternas afeições e<br />
abnegado devotamento que possa existir no coração do homem. Assim sendo, não se<br />
precisam fazer apelos comovedores para lhes vencer o egoísmo e despertar os<br />
adormeci<strong>dos</strong> sentimentos de compassividade a fim de atrair ofertas de beneficência<br />
para a preciosa causa da verdade.<br />
Com sacrifício infinito nos comprou Jesus. Todas as nossas aptidões e influência,<br />
pertencem, de fato a nosso Salvador, devendo ser consagradas a Seu serviço.<br />
Manifestamos, assim fazendo, nossa gratidão por termos sido liberta<strong>dos</strong> da servidão do<br />
pecado pelo precioso sangue de Cristo. Nosso Salvador está continuamente<br />
trabalhando por nós. Subiu ao alto, e intercede pelos que foram adquiri<strong>dos</strong> por Seu<br />
sangue. Ele alega diante de Seu Pai as agonias da crucifixão. Ergue as mãos feridas e<br />
intercede por Sua igreja, para que sejam livra<strong>dos</strong> de cair em tentação.<br />
Se nossa percepção fosse avivada para compreender esta maravilhosa obra de nosso<br />
Salvador por nossa redenção, nosso coração seria abrasado de profundo e ardente<br />
amor. Sentir-nos-íamos alarma<strong>dos</strong> por nossa apatia e fria indiferença. Inteira devoção<br />
e espírito de beneficência, inspira<strong>dos</strong> por um amor agradecido, comunicarão à mínima<br />
oferta, ao sacrifício voluntário, fragrância divina, emprestando à dádiva inapreciável<br />
valor. Depois, porém, de ofertar voluntariamente tudo quanto nos seja possível a nosso<br />
Redentor, por mais valioso que seja para nós, se considerarmos nossa dívida de<br />
gratidão para com Deus tal como em verdade é, tudo quanto possamos ter oferecido se<br />
nos afigurará demasiado insuficiente e pequenino. Os <strong>anjos</strong> tomam no entanto essas<br />
ofertas, que nos parecem pobres, apresentam-nas como fragrantes dádivas diante do<br />
trono, e são aceitas.<br />
Não compreendemos, como seguidores de Cristo, nossa verdadeira posição. Não temos<br />
correta visão de nossas responsabilidades como servos assalaria<strong>dos</strong> de Cristo. Ele nos<br />
Pág. 377<br />
adiantou a recompensa, em Sua vida de sofrimento e no sangue derramado, a fim de a<br />
Ele nos ligar em voluntária servidão. Tudo quanto de bom possuímos, é um<br />
empréstimo a nós feito por nosso Salvador. Ele nos fez mordomos. Nossas menores<br />
ofertas, os mais humildes serviços que prestamos, apresenta<strong>dos</strong> com fé e amor, podem<br />
ser dádivas consagradas para granjear almas para o serviço do Mestre, e promover-<br />
Lhe a glória. O interesse e a prosperidade do reino de Cristo deve ser superior a todas<br />
as outras considerações. Os que tornam seu prazer e interesse egoísta os principais<br />
objetivos de sua vida, não são mordomos fiéis.<br />
Os que se negam a si mesmos a fim de beneficiar a outros, e se consagram com tudo<br />
quanto têm ao serviço de Cristo, experimentarão a felicidade que em vão procura o<br />
168
egoísta. Disse nosso Salvador: "Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a tudo<br />
quanto tem, não pode ser Meu discípulo." Luc. 14:33. A caridade "não busca os seus<br />
interesses". I Cor. 13:5. Isto é o fruto daquele amor e beneficência desinteressa<strong>dos</strong> que<br />
caracterizavam a vida de Cristo. A lei de Deus em nosso coração, subordinará os<br />
próprios interesses às considerações elevadas e eternas.<br />
Tesouros na Terra<br />
Cristo nos ordena buscar primeiro o reino de Deus e sua justiça. É este nosso primeiro<br />
e mais alto dever. Nosso Mestre advertiu expressamente Seus servos a não<br />
acumularem tesouros na Terra; pois assim fazendo, o coração lhes ficaria nas coisas<br />
terrenas em vez de nas celestes. Eis onde muita pobre alma tem naufragado na fé.<br />
Têm ido diretamente em contrário à expressa ordem de nosso Senhor, e permitido que<br />
o amor do dinheiro se torne em sua vida a paixão dominante. São intemperantes em<br />
seus esforços para adquirir meios. Acham-se tão intoxica<strong>dos</strong> pelo desejo de riquezas,<br />
como o ébrio com as bebidas.<br />
Esquecem-se os cristãos de que são servos do Mestre; de que eles próprios, o tempo e<br />
tudo quanto lhes pertence, dEle são. Muitos são tenta<strong>dos</strong>, e a maioria vencida, pelas<br />
ilusórias<br />
Pág. 378<br />
seduções que Satanás apresenta para empregarem seu dinheiro naquilo que maior<br />
lucro lhes trouxer. Poucos são os que consideram os sagra<strong>dos</strong> direitos que Deus tem<br />
sobre eles quanto a darem o primeiro lugar às necessidades de Sua causa, atendendo<br />
por último aos próprios desejos. Poucos apenas põem na causa de Deus<br />
proporcionalmente a seus meios. Muitos empregaram o dinheiro em propriedades que<br />
precisariam vender antes de poder empregá-lo na causa do Senhor, pondo-o assim em<br />
uso prático. Fazem disso uma desculpa para não fazer senão pouca coisa na causa de<br />
seu Redentor. Enterram tão verdadeiramente o dinheiro na terra, como o fez o homem<br />
da parábola. Roubam a Deus do dízimo que Ele reclama como Seu, e roubando-O<br />
assim, roubam-se a si mesmos do tesouro celeste.<br />
Para Benefício do Homem<br />
O plano da doação sistemática não pesa muito em ninguém. "Ora, quanto à coleta que<br />
se faz para os santos, fazei vós também o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia. No<br />
primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme<br />
a sua prosperidade, para que se não façam as coletas quando eu chegar." I Cor. 16:1 e<br />
2. Os pobres não são excluí<strong>dos</strong> do privilégio de dar. Da mesma maneira que os ricos,<br />
eles podem ter uma parte nessa obra. A lição dada por Cristo quanto às duas<br />
moedinhas da viúva, mostra-nos que as menores ofertas voluntárias do pobre, se<br />
dadas de coração, com amor, são tão aceitáveis como os maiores donativos feitos pelos<br />
ricos.<br />
Nas balanças do santuário, as dádivas <strong>dos</strong> pobres, impulsionadas pelo amor a Cristo,<br />
não são avaliadas segundo a importância doada, mas de acordo com o amor que<br />
inspira o sacrifício. As promessas de Jesus serão verificadas pelo pobre liberal, que<br />
pouco tem para dar mas oferece esse pouco de boa vontade, tão certamente como o<br />
serão pelo rico que dá de sua abundância. O pobre faz de seu pouco um sacrifício que<br />
lhe custa realmente. Renuncia a algumas coisas de que na verdade<br />
Pág. 379<br />
necessita para o próprio conforto, ao passo que o abastado oferece de sua abundância, e<br />
não sente falta, não renuncia a nada de que realmente necessite. Há, portanto, na<br />
oferta do pobre, uma santidade que não se encontra na do rico; pois este dá de sua<br />
fartura. A providência de Deus delineou todo o plano da doação sistemática para bem<br />
do homem. Sua providência não cessa nunca. Caso os servos de Deus a sigam nos<br />
caminhos que abre, serão to<strong>dos</strong> obreiros ativos.<br />
Os que retêm do tesouro de Deus, e acumulam os meios de que dispõem para seus<br />
filhos, põem em risco o interesse espiritual <strong>dos</strong> mesmos. Colocam suas propriedades,<br />
169
que são pedra de tropeço para eles, no caminho <strong>dos</strong> filhos, de modo a que nela<br />
tropecem para perdição. Muitos estão cometendo grande erro com relação às coisas<br />
desta vida. Economizam, privando-se a si e aos outros do bem que poderiam desfrutar<br />
do devido emprego <strong>dos</strong> meios que Deus lhes emprestou, e tornam-se egoístas e<br />
avarentos. Negligenciam os interesses espirituais, e tornam-se anões no<br />
desenvolvimento religioso, tudo por amor de acumular riqueza que não podem usar.<br />
Deixam aos filhos esses bens, e nove vezes em dez, eles são aos herdeiros ainda maior<br />
maldição do que lhes foram a eles próprios. Os filhos, confia<strong>dos</strong> na propriedade <strong>dos</strong><br />
pais, deixam freqüentemente de ser bem-sucedi<strong>dos</strong> na vida presente, fracassando por<br />
completo no que respeita à vindoura.<br />
O melhor legado que os pais podem deixar aos filhos, é o conhecimento do trabalho<br />
útil, e o exemplo de uma vida caracterizada pela desinteressada beneficência. Por uma<br />
vida assim mostram eles o verdadeiro valor do dinheiro, que só deve ser apreciado pelo<br />
bem que pode realizar no suprir as próprias necessidades e as <strong>dos</strong> outros, e no<br />
promover o avançamento da causa de Deus.<br />
A Responsabilidade do Pobre<br />
Alguns estão prontos a dar segundo o que têm, e acham que Deus não tem mais a<br />
exigir deles, porquanto não possuem muitos recursos. Não têm rendas que possam<br />
poupar das<br />
Pág. 380<br />
necessidades da família. Muitos desses, porém, poder-se-iam perguntar: Estou eu<br />
dando segundo poderia ter possuído? O desígnio de Deus era que suas faculdades<br />
físicas e mentais fossem empregadas. Alguns não têm aproveitado da melhor maneira<br />
as aptidões que Deus lhes concedeu. O homem foi premiado com o labor. Este foi ligado<br />
à maldição, pois que o pecado o tornou necessário. O bem-estar físico, mental e moral<br />
do homem torna necessária uma vida de útil labor. "Não sejais vagarosos no cuidado",<br />
é a recomendação do inspirado apóstolo Paulo.<br />
Pessoa alguma, seja rica seja pobre, pode glorificar a Deus por uma vida de indolência.<br />
Todo o capital possuído pelos pobres, é o tempo e as forças físicas; e muitas vezes isto é<br />
gasto no amor da comodidade e em descui<strong>dos</strong>a indolência, de modo que nada têm para<br />
levar a seu Senhor em dízimos e ofertas. Se a homens cristãos falta sabedoria para<br />
trabalhar da maneira mais proveitosa, e fazer judicioso emprego de suas faculdades<br />
físicas e mentais, deveriam ter humildade e mansidão de espírito para receber<br />
conselhos de seus irmãos, de modo que o melhor discernimento deles lhes possa suprir<br />
as deficiências. Muitos pobres agora satisfeitos com não fazer coisa alguma em<br />
benefício de seus semelhantes e para o progresso da causa de Deus, muito poderiam<br />
fazer, caso o quisessem. São tão responsáveis diante de Deus por seu capital de forças<br />
físicas, como é o rico pelo capital em dinheiro.<br />
Alguns, que deviam pôr dinheiro nos tesouros de Deus, serão recipientes do mesmo.<br />
Pessoas há que agora são pobres, as quais poderiam melhorar suas condições mediante<br />
judicioso emprego do tempo, evitando os direitos de patentes, e restringindo a própria<br />
inclinação para se empenharem em especulações a fim de obterem recursos por meios<br />
mais fáceis do que por meio de paciente e perseverante labor. Se aqueles que não têm<br />
tido êxito na vida estivessem dispostos a receber instruções, exercitar-se-iam em<br />
hábitos de abnegação, e estrita economia, tendo assim a satisfação de serem<br />
distribuidores e não recebedores da caridade. Há muito servo negligente. Caso<br />
Pág. 381<br />
fizessem o que está em seu poder, experimentariam tão grande bênção em ajudar os<br />
outros, que compreenderiam na verdade que "mais bem-aventurada coisa é dar do que<br />
receber". Atos 20:35.<br />
Devidamente orientada, a beneficência exercita as energias mentais e morais do<br />
homem, estimulando-as a uma ação muito sadia no beneficiar os necessita<strong>dos</strong> e<br />
promover a causa de Deus. Caso os que têm meios compreendessem que são<br />
170
esponsáveis diante de Deus por todo dinheiro que gastam, seriam muito menos suas<br />
supostas necessidades. Se a consciência estivesse viva, testificaria de desnecessárias<br />
apropriações para satisfação do apetite, do orgulho, da vaidade e do amor <strong>dos</strong><br />
entretenimentos, e mostraria o desperdício do dinheiro do Senhor, que devia ter sido<br />
dedicado a Sua causa. Os que desperdiçam os bens do Senhor, hão de afinal dar contas<br />
de seu procedimento ao Mestre.<br />
Advertência aos Ricos<br />
Se os professos cristãos empregassem menos de seus bens em adornar o corpo e em<br />
embelezar a própria morada, e gastassem menos em luxos extravagantes e<br />
destruidores da saúde em sua mesa, muito maiores seriam as somas que poderiam<br />
colocar no tesouro de Deus. Imitariam assim a seu Redentor, que deixou o Céu, Suas<br />
riquezas, Sua glória, e por amor de nós tornou-Se pobre, a fim de podermos possuir as<br />
riquezas eternas. Se somos demasiado pobres para devolver fielmente a Deus os<br />
dízimos e ofertas requeri<strong>dos</strong> por Ele, somos por certo pobres demais para trajar-nos<br />
custosamente e comermos com luxo; pois desperdiçamos assim o dinheiro de nosso<br />
Senhor em satisfações nocivas, para agradar-nos e glorificar-nos a nós mesmos.<br />
Cumpre examinar-nos diligentemente: Que tesouro asseguramos nós no reino de<br />
Deus? Somos ricos para com Deus?<br />
Jesus deu a Seus discípulos uma lição sobre a cobiça. "E propôs-lhes uma parábola,<br />
dizendo: A propriedade de um homem rico tinha produzido com abundância; e<br />
arrazoava ele entre si, dizendo: Que farei? Não tenho onde recolher os meus frutos.<br />
Pág. 382<br />
E disse: Farei isto: derribarei os meus celeiros, e edificarei outros maiores, e ali<br />
recolherei todas as minhas novidades e os meus bens; e direi à minha alma: Alma,<br />
tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe, e folga. Mas<br />
Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado para<br />
quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus."<br />
Luc. 12:16-21.<br />
A extensão e a felicidade da vida não consiste na quantidade de bens terrestres. Esse<br />
rico insensato, em seu supremo egoísmo, depositara para si tesouros que não podia<br />
usar. Vivera só para si. Aproveitara-se de outros nos negócios, fizera contratos astutos,<br />
e não exercera misericórdia ou o amor de Deus. Roubara o órfão e a viúva, e<br />
defraudara seus semelhantes a fim de ajuntar a seu crescente depósito de bens<br />
terrenos. Ele poderia ter depositado seu tesouro no Céu, em sacos que não envelhecem;<br />
mas devido a sua cobiça perdeu ambos os mun<strong>dos</strong>. Aqueles que, humildemente, usam<br />
para glória de Deus os meios que lhes são confia<strong>dos</strong>, receberão afinal seu tesouro da<br />
mão do Mestre, com a bênção: "Bem está bom e fiel servo; ... entra no gozo do teu<br />
Senhor." Mat. 25:23.<br />
Quando consideramos o infinito sacrifício feito pela salvação <strong>dos</strong> homens, ficamos<br />
abisma<strong>dos</strong>. Quando o egoísmo clama pela vitória no coração <strong>dos</strong> homens, e eles são<br />
tenta<strong>dos</strong> a reter do que poderiam fazer em qualquer boa obra, cumpre-lhes robustecer<br />
os princípios do direito ao pensamento de que Aquele que era rico <strong>dos</strong> tesouros<br />
inapreciáveis do Céu, deixou tudo isso, fazendo-Se pobre. Não tinha onde reclinar a<br />
cabeça. E todo esse sacrifício foi feito em nosso favor, para que tivéssemos riquezas<br />
eternas.<br />
Cristo palmilhou a estrada da abnegação e do sacrifício que to<strong>dos</strong> os Seus discípulos<br />
têm de trilhar, se quiserem afinal ser exalta<strong>dos</strong> com Ele. Abriu o coração às dores que<br />
o homem tem de sofrer. A mente <strong>dos</strong> mundanos fica muitas vezes embotada. Só podem<br />
ver as coisas terrenas, as quais eclipsam a glória e o valor das celestiais. Os homens<br />
atravessarão terra e mar pelo<br />
Pág. 383<br />
ganho deste mundo, e suportarão privações e sofrimentos no intuito de conseguirem<br />
seu objetivo; todavia afastar-se-ão das atrações celestes, e não apreciarão as riquezas<br />
171
eternas. Os relativamente pobres, são os que normalmente fazem o máximo para<br />
sustentar a causa de Deus. São generosos com o pouco que têm. Fortaleceram os<br />
impulsos generosos com as contínuas liberalidades. Quando seus gastos pesavam<br />
fortemente nas rendas, não lhes deixavam margem ao arraigamento da paixão das<br />
riquezas terrestres, nem davam lugar às mesmas.<br />
Muitos, porém, ao começarem a ajuntar riquezas terrenas, põem-se a calcular quando<br />
estarão de posse de determinada quantia. Na ansiedade de acumular fortunas para si,<br />
deixam de enriquecer-se para com Deus. A Sua beneficência não se mantém a par com<br />
o que acumulam. À medida que lhes cresce a paixão pelas riquezas, as afeições se vão<br />
após o seu tesouro. O aumento <strong>dos</strong> bens lhes robustece o ansioso desejo de mais, até<br />
que alguns consideram exigente e injusta a contribuição de um décimo para o Senhor.<br />
Diz a Inspiração: "Se as vossas riquezas aumentam, não ponhais nelas o coração." Sal.<br />
62:10. Muitos têm dito: "Se eu fosse tão rico como Fulano, multiplicaria minhas ofertas<br />
ao tesouro de Deus. Não faria com minha riqueza senão promover a causa do Senhor."<br />
Ele tem provado alguns destes dando-lhes riquezas; com elas, porém, a tentação se<br />
tornou mais forte, e a beneficência tornou-se-lhes incomparavelmente menor que nos<br />
dias de sua pobreza. A mente e o coração foram toma<strong>dos</strong> do empolgante desejo de<br />
possuir maiores fortunas, e fizeram-se idólatras.<br />
Aliança Perfeita<br />
Aquele que apresenta aos homens riquezas infinitas, e uma vida eterna de bemaventurança<br />
em Seu reino como recompensa da obediência fiel, não aceitará um<br />
coração dividido. Vivemos entre os perigos <strong>dos</strong> últimos dias, quando tudo é de molde a<br />
desviar a mente e engodar as afeições, afastando-as de Deus.<br />
Pág. 384<br />
Nosso dever só será discernido e apreciado quando visto à luz que irradia da vida de<br />
Cristo. Como o Sol se ergue no oriente e se move para o ocidente, enchendo de luz o<br />
mundo, assim o verdadeiro seguidor de Cristo será uma luz para o mundo. Sairá como<br />
brilhante luz na Terra, para que os que se encontram em trevas sejam ilumina<strong>dos</strong> e<br />
aqueci<strong>dos</strong> pelos raios que dele emanam. Diz Cristo acerca de Seus seguidores: "Vós<br />
sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte."<br />
Nosso grande Exemplo era abnegado, e hão de Seus professos seguidores ter uma<br />
orientação tão marcadamente contrária à Sua? O Salvador deu tudo pelo mundo<br />
agonizante, não Se poupando sequer a Si mesmo. A igreja de Deus está adormecida.<br />
Acham-se enfraqueci<strong>dos</strong> pela inatividade. De todas as partes do mundo chegam-nos<br />
vozes: "Passa... e ajuda-nos"; não há, porém, movimento responsivo. Faz-se aqui e ali<br />
débil esforço; uns poucos há que se mostram dispostos a cooperar com seu Mestre;<br />
esses são no entanto deixa<strong>dos</strong> a labutar quase sozinhos. Não há senão um missionário<br />
nosso em todo o vasto campo <strong>dos</strong> países estrangeiros.<br />
A verdade é poderosa, mas não é posta em prática. Não basta pôr simplesmente o<br />
dinheiro sobre o altar. Deus requer homens, voluntários, que levem a verdade a outras<br />
nações, e línguas e povo. Não é nosso número nem riquezas que nos darão assinalada<br />
vitória; é antes o devotamento à obra, coragem moral, amor ardente pelas almas e<br />
infatigável e incessante zelo.<br />
A Bênção da Beneficência<br />
Muitos têm considerado a nação judaica como um povo digno de dó por terem sido<br />
sempre solicita<strong>dos</strong> a contribuir para sustento de sua religião; mas Deus, que criou o<br />
homem e lhe proporcionou to<strong>dos</strong> os benefícios de que desfruta, sabia o que<br />
Pág. 385<br />
lhes seria melhor. E mediante Sua bênção, tornava os nove décimos mais proveitosos<br />
para eles do que os dez sem essa bênção. Se alguém, por cobiça, roubava a Deus ou<br />
Lhe levava uma oferta imperfeita, seguia-se com certeza prejuízo ou ruína. Deus<br />
conhece os motivos do coração. Está familiarizado com os desígnios <strong>dos</strong> homens, e<br />
retribuir-lhes-á a seu tempo segundo aquilo a que fizeram jus.<br />
172
O sistema especial de dízimos baseia-se em um princípio tão duradouro como a lei de<br />
Deus. Esse sistema foi uma bênção ao povo judeu, do contrário o Senhor não lho<br />
haveria dado. Assim será igualmente uma bênção aos que o observarem até ao fim do<br />
tempo. Nosso Pai celeste não instituiu o plano da doação sistemática com o intuito de<br />
enriquecer-se, mas para que o mesmo fosse uma grande bênção ao homem. Viu que o<br />
referido sistema era exatamente o que o homem necessitava.<br />
As igrejas que mais sistemáticas e liberais são em sustentar a causa de Deus, são<br />
espiritualmente as mais prósperas. A verdadeira liberalidade no seguidor de Cristo,<br />
identifica-lhe os interesses com os de seu Mestre. No trato de Deus com os judeus e<br />
com Seu povo até ao fim <strong>dos</strong> tempos, Ele requer doação sistemática proporcional aos<br />
rendimentos. O plano da salvação foi estabelecido pelo infinito sacrifício do Filho de<br />
Deus. A luz do evangelho que irradia da cruz de Cristo, repreende o egoísmo, e anima<br />
a liberalidade e a beneficência. Não é para lamentar o haver crescentes pedi<strong>dos</strong>. Em<br />
Sua providência, Deus está chamando Seu povo a sair da limitada esfera de ação em<br />
que vivem, a fim de entrarem em maiores empreendimentos. Ilimitado é o esforço<br />
requerido nesta época em que a treva moral está cobrindo o mundo. O mundanismo e a<br />
cobiça estão minando a vitalidade do povo de Deus. Cumpre-lhes compreender que é a<br />
misericórdia dEle que faz com que se multipliquem as solicitações de meios. O anjo de<br />
Deus coloca os atos de beneficência ao lado da oração. Disse ele a Cornélio: "As tuas<br />
orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de Deus." Atos 10:4.<br />
Pág. 386<br />
Em Seus ensinos, disse Cristo: "Pois, se nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem<br />
vos confiará as verdadeiras?" Luc. 16:11. A saúde espiritual e a prosperidade da igreja<br />
dependem, em alto grau, de sua doação sistemática. É como o sangue vital que deve<br />
fluir por todo o ser, dando vida a cada membro do corpo. Ela acrescenta o amor às<br />
almas de nossos semelhantes; pois por meio da abnegação e do sacrifício, somos postos<br />
em mais íntima relação com Cristo, que Se fez pobre por amor de nós. Quanto mais<br />
empregamos na causa de Deus para ajudar na salvação de almas, tanto mais<br />
achegadas nos serão elas ao coração. Fosse nosso número metade do que é, e fôssemos<br />
to<strong>dos</strong> obreiros consagra<strong>dos</strong>, e teríamos um poder que faria tremer o mundo. Aos ativos<br />
obreiros dirige Cristo essas palavras: "Eis que Eu estou convosco to<strong>dos</strong> os dias, até à<br />
consumação <strong>dos</strong> séculos." Mat. 28:20.<br />
A Todo o Mundo<br />
Havemos de encontrar oposição que se levanta por motivos egoístas e por causa de<br />
fanatismo e preconceitos; todavia, com intrépida coragem e viva fé, devemos semear<br />
sobre todas as águas. Poderosos são os agentes de Satanás; havemos de enfrentá-los e<br />
precisamos combatê-los. Nossos trabalhos não se devem limitar ao próprio país. O<br />
campo é o mundo; a seara está madura. A ordem dada por Cristo aos discípulos<br />
justamente antes de ascender ao Céu, foi: "lde por todo o mundo, pregai o evangelho a<br />
toda criatura." Mar. 16:15.<br />
Sentimo-nos imensamente penaliza<strong>dos</strong> ao ver alguns de nossos pastores agitando-se<br />
em torno das igrejas, fazendo ao que parece algum esforço, mas não tendo afinal senão<br />
quase nada para apresentar como fruto de seu labor. O campo é o mundo. Saiam eles<br />
para o mundo incrédulo, e trabalhem para converter almas à verdade. Chamamos a<br />
atenção de nossos irmãos e irmãs para o exemplo de Abraão subindo o Monte Moriá a<br />
fim de oferecer, segundo o mando de Deus, seu único filho em sacrifício. Ali havia<br />
obediência e sacrifício. Moisés encontrava-se em uma corte real, com a perspectiva de<br />
uma<br />
Pág. 387<br />
coroa. Desviou-se, porém, do engodo tentador, e "recusou ser chamado filho da filha de<br />
Faraó, escolhendo antes ser maltratado com o povo de Deus do que por um pouco de<br />
tempo ter o gozo do pecado; tendo por maiores riquezas o vitupério de Cristo do que os<br />
tesouros do Egito". Heb. 11:24-26.<br />
173
Os apóstolos não reputaram preciosa a própria vida, regozijando-se em ser<br />
considera<strong>dos</strong> dignos de sofrer pelo nome de Cristo. Paulo e Silas perderam tudo.<br />
Suportaram açoites, e foram atira<strong>dos</strong>, não com brandura, sobre o chão frio de uma<br />
prisão, em posição por demais penosa, com os pés ergui<strong>dos</strong> e presos a um tronco.<br />
Chegaram então aos ouvi<strong>dos</strong> do carcereiro queixas e murmurações? Oh, não! Da prisão<br />
interior irromperam vozes quebrando o silêncio da meia-noite com hinos de alegria e<br />
louvor a Deus. Esses discípulos eram anima<strong>dos</strong> por profundo e fervoroso amor pela<br />
causa de seu Redentor, pela qual sofriam.<br />
À medida que a verdade de Deus nos enche o coração, absorve-nos as afeições e nos<br />
rege a vida, também nós consideraremos alegria sofrer por amor da verdade.<br />
Nenhuma parede de prisão, nenhuma estaca de martírio, nos pode intimidar ou<br />
impedir na realização da grande obra.<br />
"Vem, ó Minha Alma, ao Calvário!"<br />
Observai a vida humilde do Filho de Deus. Foi um "homem de dores, e experimentado<br />
nos trabalhos". Isa. 53:3. Contemplai-lhe a ignomínia, a agonia do Getsêmani, e<br />
aprendei o que seja abnegação. Sofremos nós privações? Sofreu-as Cristo, a majestade<br />
do Céu. Essa pobreza, porém, foi por amor de nós que Ele suportou. Achamo-nos<br />
classifica<strong>dos</strong> entre os ricos? O mesmo se deu com Ele. Consentiu, no entanto, por amor<br />
de nós, em fazer-Se pobre, para que por meio dessa pobreza nos tornássemos ricos.<br />
Temos exemplificada em Cristo a abnegação. Seu sacrifício não consistiu apenas em<br />
deixar as reais cortes celestes, em ser julgado por homens ímpios como criminoso e<br />
declarado culpado, e ser entregue à morte do malfeitor, mas em<br />
Pág. 388<br />
suportar o peso <strong>dos</strong> peca<strong>dos</strong> do mundo. Sua vida nos reprova a indiferença e frieza.<br />
Achamo-nos próximo ao fim do tempo, tempo em que Satanás desceu, tendo grande<br />
ira, sabendo que lhe resta pouco tempo. Está operando com todo o engano da injustiça<br />
naqueles que perecem. Por nosso grande Líder foi deixado em nossas mãos o conflito,<br />
para que o levemos avante com vigor. Não estamos fazendo a vigésima parte do que<br />
poderíamos fazer se estivéssemos alerta. A obra é retardada pelo amor da comodidade<br />
e falta do espírito de abnegação de que nosso Salvador nos deu exemplo em Sua vida.<br />
Carecemos de cooperadores de Cristo, de homens que sintam a necessidade de mais<br />
extensos esforços. A obra de nossos prelos não deve diminuir, mas duplicar. Devem-se<br />
estabelecer escolas em vários lugares a fim de educar nossos jovens em preparo para<br />
seu trabalho na divulgação da verdade.<br />
Desperdiçamos já grande parte do tempo, e os <strong>anjos</strong> levam ao Céu o relatório de nossas<br />
negligências. Nosso estado de letargia e falta de consagração nos tem feito perder<br />
preciosas oportunidades enviadas por Deus na pessoa <strong>dos</strong> que se achavam habilita<strong>dos</strong><br />
a ajudar-nos na necessidade que enfrentamos. Oh! quanto necessitamos de nossa<br />
Hannah More para ajudar-nos agora a chegar a outras nações! Seu vasto<br />
conhecimento de campos missionários, dar-nos-ia acesso a outras línguas das quais<br />
não nos é possível aproximar. Deus trouxe essa dádiva para o meio de nós a fim de<br />
satisfazer a emergência em que nos achamos; mas não a apreciamos, e Ele no-la tirou.<br />
Ela descansa de seus labores, mas suas obras de abnegação a seguem. É de deplorar<br />
que nossa obra missionária fosse retardada por falta do conhecimento da maneira de<br />
encontrar acesso às diferentes nações e localidades no grande campo da seara.<br />
Angustiamo-nos em espírito por se haverem perdido para nós alguns dons que agora<br />
poderíamos possuir, se tão-somente<br />
Pág. 389<br />
houvéssemos estado alerta. Tem-se deixado de enviar obreiros aos brancos campos da<br />
seara. Cumpre ao povo de Deus humilhar o coração diante dEle, e na mais profunda<br />
humilhação rogar que o Senhor nos perdoe a apatia e a condescendência egoísta, e<br />
apague o vergonhoso registro de deveres negligencia<strong>dos</strong> e privilégios não aproveita<strong>dos</strong>.<br />
174
Ao contemplar a cruz do Calvário, o verdadeiro cristão abandonará a idéia de<br />
restringir suas ofertas àquilo que nada lhe custe, e ouvirá um sonido de trombeta:<br />
"Vai trabalhar em Minha vinha;<br />
descanso por fim haverá."<br />
Quando Jesus estava prestes a ascender ao alto, apontou aos campos da colheita, e<br />
disse a Seus seguidores: "Ide a todo o mundo, e pregai o evangelho." Mar. 16:15. "De<br />
graça recebestes, de graça dai." Mat. 10:8. Negaremos o próprio eu de modo que a<br />
seara a desperdiçar-se possa ser ceifada?<br />
Deus pede talentos de influência e de meios. Recusar-nos-emos a obedecer? Nosso Pai<br />
celestial concede dons e solicita parte de volta, a fim de provar se somos dignos de<br />
possuir o dom da vida eterna.<br />
__________<br />
As ofertas das crianças podem ser aceitáveis e aprazíveis a Deus. Segundo o espírito<br />
que anima as dádivas, será o valor das mesmas. Os pobres, seguindo a direção do<br />
apóstolo e pondo de parte semanalmente uma pequena soma, ajudam a encher o<br />
tesouro, e suas ofertas são inteiramente aceitáveis a Deus; pois eles fazem tão grandes<br />
sacrifícios e até maiores que seus irmãos mais afortuna<strong>dos</strong>. O plano da doação<br />
sistemática demonstrar-se-á uma salvaguarda para toda família contra a tentação de<br />
gastar dinheiro em coisas desnecessárias; e demonstrar-se-á uma bênção<br />
especialmente aos ricos, preservando-os de condescender com extravagâncias.<br />
Testimonies, vol. 3, pág. 412, 1875.<br />
74<br />
A Autoridade da Igreja<br />
Pág. 390<br />
O Redentor do mundo conferiu grande poder a Sua igreja. Ele declara as regras a<br />
serem aplicadas em casos de demanda entre seus membros. Depois de dar direções<br />
explícitas quanto à orientação a seguir, diz: "Em verdade vos digo que tudo o que<br />
ligardes na Terra será ligado no Céu, e tudo [em matéria de disciplina da igreja] o que<br />
desligardes na Terra será desligado no Céu." Mat. 18:18. Assim até a autoridade<br />
celeste ratifica a disciplina da igreja com relação a seus membros, uma vez que tenha<br />
sido seguida a regra bíblica.<br />
A Palavra de Deus não dá licença a que um homem ponha seu juízo em oposição ao da<br />
igreja, nem lhe é permitido insistir em suas opiniões contrariamente às dela. Caso não<br />
houvesse disciplina e governo eclesiásticos, a igreja se esfacelaria; não poderia manterse<br />
unida como um corpo. Sempre tem havido indivíduos de espírito independente,<br />
pretendendo estar certos, e que Deus os havia ensinado, impressionado e guiado<br />
especialmente. Cada um tem uma teoria sua particular, idéias peculiarmente suas, e<br />
cada um pretende que essas idéias se acham em harmonia com a Palavra de Deus.<br />
Cada um tem diferente teoria e fé, e não obstante pretende cada um possuir luz<br />
especial de Deus. Essas pessoas separam-se do corpo, e constituem por si mesmas uma<br />
igreja à parte. Não podem estar to<strong>dos</strong> certos, todavia pretendem to<strong>dos</strong> ser guia<strong>dos</strong> pelo<br />
Senhor. A palavra da Inspiração não pode ser sim e não, mas sim e amém em Cristo<br />
Jesus.<br />
Nosso Salvador acompanha Suas lições com a promessa de que se dois ou três se<br />
unirem em pedir alguma coisa a Deus, isso lhe será feito. Cristo mostra aqui que deve<br />
haver união com<br />
Pág. 391<br />
outros, mesmo em nossos desejos por determinado objeto. Grande importância é<br />
atribuída à oração feita em comum, à união de desígnios. Deus atende às orações <strong>dos</strong><br />
indivíduos; nessa ocasião, porém, Jesus estava dando lições especiais e importantes,<br />
que deviam ser de particular influência na igreja que acabava de organizar na Terra.<br />
175
Cumpre haver acordo nas coisas que desejam, e pelas quais oram. Não simplesmente<br />
os pensamentos e esforços de um espírito, sujeito a enganos; mas as petições devem<br />
constituir o veemente desejo de várias mentes concentradas em um ponto.<br />
Na maravilhosa conversão de Paulo, vemos o miraculoso poder de Deus. Um clarão<br />
mais forte que o resplendor do Sol ao meio-dia o envolveu. Jesus, cujo nome ele<br />
aborrecia e desprezava acima de to<strong>dos</strong> os outros, revelou-Se a Paulo a fim de deter-lhe<br />
a louca, se bem que sincera direção, de modo que pudesse tornar esse instrumento<br />
nada promissor em um vaso escolhido para levar o evangelho aos gentios. Ele fizera<br />
conscienciosamente muitas coisas contrárias ao nome de Jesus de Nazaré. Em seu<br />
zelo, fora perseverante e ardoroso perseguidor da igreja de Cristo. Profundas e<br />
vigorosas eram suas convicções do dever que tinha de exterminar essa alarmante<br />
doutrina a predominar por toda parte, de que Jesus era o Príncipe da Vida.<br />
Paulo cria que a fé em Jesus tornava de nenhum efeito a lei de Deus, as ofertas<br />
sacrificais e o rito da circuncisão, que em todas as eras passadas recebera inteira<br />
sanção de Deus. A miraculosa revelação de Cristo, porém, faz-lhe penetrar a luz nos<br />
entenebreci<strong>dos</strong> recessos do espírito. O Jesus de Nazaré contra quem ele está armado, é<br />
verdadeiramente o Redentor do mundo.<br />
Encaminhado à Igreja para Ser Instruído<br />
Paulo vê seu errado zelo, e exclama: "Senhor, que queres que faça?" Atos 9:6. Jesus<br />
não lhe disse então e ali, como poderia ter feito, a obra que lhe destinara. Paulo devia<br />
receber<br />
Pág. 392<br />
instruções na fé cristã, e agir com entendimento. Jesus o envia aos próprios discípulos<br />
a quem ele estivera perseguindo tão severamente, para que deles aprenda. A luz da<br />
iluminação celeste privara Paulo da vista, mas Jesus, o grande médico <strong>dos</strong> cegos não<br />
lha restaurou. À pergunta de Paulo, responde da seguinte maneira: "Levanta-te, e<br />
entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer." Atos 9:6. Jesus podia, não<br />
somente haver curado Paulo da cegueira, mas haver-lhe perdoado os peca<strong>dos</strong> e dito<br />
qual o seu dever, traçando-lhe a futura direção. De Cristo deviam fluir todas as<br />
misericórdias e todo o poder; no entanto, Ele não deu a Paulo, em sua conversão à<br />
verdade, uma experiência independente da igreja por Ele recentemente organizada na<br />
Terra.<br />
A maravilhosa luz dada a Paulo naquela ocasião, deixou-o pasmo e confundido.<br />
Rendeu-se inteiramente. Esta parte da obra, não podia o homem fazer por Paulo;<br />
havia, no entanto, outra obra ainda a ser executada, a qual os servos de Cristo podiam<br />
efetuar. Jesus o encaminha a Seus instrumentos na igreja, em busca de mais<br />
esclarecimentos acerca de seu dever. Assim dá Ele autoridade e sanção à igreja<br />
organizada. Cristo fizera a obra de revelação e convicção, e agora Paulo se achava em<br />
condições de aprender daqueles a quem Deus ordenara que ensinassem a verdade.<br />
Cristo dirige Paulo aos servos que escolhera, pondo-o assim em contato com Sua igreja.<br />
Os próprios homens a quem Paulo se estava propondo destruir, deviam ser seus<br />
instrutores na própria religião que ele desprezara e perseguira. Três dias passou Paulo<br />
sem alimentar-se e sem ver, preparando-se para se aproximar <strong>dos</strong> homens a quem, em<br />
seu zelo cego, propusera-se a matar. Aí põe Cristo a Paulo em contato com Seus<br />
representantes na Terra. O Senhor dá a Ananias uma visão em que lhe manda ir a<br />
determinada casa em Damasco e perguntar por Saulo de Tarso; "pois eis que ele está<br />
orando". Atos 9:11.<br />
Sendo Saulo mandado a Damasco, para lá foi conduzido pelos homens que o<br />
acompanhavam no intuito de ajudá-lo a levar<br />
Pág. 393<br />
prisioneiros os discípulos para Jerusalém, a fim de ali serem julga<strong>dos</strong> e mortos. Saulo<br />
hospedou-se em casa de Judas em Damasco, dedicando o tempo a jejum e oração. Ali<br />
foi provada a fé de Saulo. Por três dias se encontrou em trevas quanto ao que dele era<br />
176
equerido, e por três dias se viu privado da visão. Recebera ordem de ir para Damasco,<br />
pois ali lhe seria dito o que lhe cumpria fazer. Encontra-se em incerteza, e clama<br />
fervorosamente a Deus.<br />
Foi enviado um anjo a Ananias, instruindo-o a ir a determinada casa onde se achava<br />
Saulo em oração para que lhe fosse mostrado o que devia fazer. Desaparecera o<br />
orgulho de Saulo. Pouco antes, ele confiava em si mesmo, julgando achar-se<br />
empenhado em boa obra, pela qual deveria ser recompensado; agora, porém, tudo<br />
mudou. Está curvado e humilhado até ao pó, envergonhado e penitente, rogando<br />
fervoroso o perdão. O Senhor disse a Ananias: "Eis que ele está orando." Atos 9:11. O<br />
anjo informou ao servo de Deus que havia revelado a Saulo em visão que um homem<br />
chamado Ananias entraria e poria sobre ele a mão, a fim de que tornasse a ver. Mal<br />
pode Ananias crer nas palavras do anjo; e repete o que ouvira acerca da cruel<br />
perseguição que Saulo fazia aos santos em Jerusalém. Imperativa, porém, é a ordem<br />
dada a Ananias: "Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o Meu<br />
nome diante <strong>dos</strong> gentios, e <strong>dos</strong> reis e <strong>dos</strong> filhos de Israel." Atos 9:15.<br />
Ananias foi obediente às indicações do anjo. Pôs a mão sobre o homem que havia ainda<br />
tão pouco estava possuído do mais profundo ódio, respirando ameaças contra to<strong>dos</strong> os<br />
que acreditavam no nome de Cristo. Ananias disse a Saulo: "Irmão Saulo, o Senhor<br />
Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou para que tornes a ver e<br />
sejas cheio do Espírito Santo. E logo lhe caíram <strong>dos</strong> olhos como que umas escamas, e<br />
recuperou a vista; e, levantando-se, foi batizado." Atos 9:17 e 18.<br />
Jesus poderia haver feito diretamente tudo isso por Paulo, mas não quis assim. Paulo<br />
tinha alguma coisa a fazer no sentido da confissão aos homens cuja destruição<br />
premeditara, e Deus tinha uma obra de responsabilidade para ser feita pelos<br />
Pág. 394<br />
homens a quem ordenara para agirem em Seu lugar. Paulo devia dar os passos<br />
necessários na conversão. Era-lhe exigido que se unisse ao próprio povo que perseguira<br />
por causa da religião que professavam. Cristo dá aqui a todo o Seu povo um exemplo<br />
de Sua maneira de agir para salvação <strong>dos</strong> homens. O Filho de Deus identificou-Se com<br />
a função e autoridade de Sua igreja organizada. Suas bênçãos deviam vir por meio <strong>dos</strong><br />
instrumentos que ordenara, ligando assim os homens com os condutos que as deviam<br />
transmitir. O fato de Paulo ser estritamente consciencioso em sua obra de perseguir os<br />
santos, não o inocenta quando o Espírito de Deus o impressiona com o conhecimento<br />
da cruel obra que fizera. Tem de tornar-se aluno <strong>dos</strong> discípulos.<br />
Reconhece que Jesus, a quem em sua cegueira considerara impostor, é na verdade o<br />
autor e o fundamento de toda a religião do povo escolhido de Deus desde os dias de<br />
Adão, e o consumador da fé, agora tão clara a sua iluminada visão. Viu a Cristo como<br />
reivindicador da verdade, cumpridor de todas as profecias. Cristo fora considerado<br />
como anulando a lei de Deus; mas, quando sua visão espiritual foi tocada pelo dedo<br />
divino, aprendeu <strong>dos</strong> discípulos que Cristo era o originador e o fundamento de todo o<br />
sistema judaico de sacrifícios, que na morte de Cristo o tipo encontrara o antítipo, e<br />
que Cristo viera ao mundo com o expresso desígnio de reivindicar a lei de Seu Pai.<br />
Não se Sanciona a Independência<br />
Em face da lei, Paulo se reconhece pecador. Aquela própria lei que ele julgara estar<br />
guardando tão zelosamente, verifica ter estado a transgredir. Arrepende-se, e morre<br />
para o pecado, torna-se obediente aos reclamos da lei de Deus, e tem fé em Cristo como<br />
seu Salvador; é batizado e prega a Jesus tão sincera e zelosamente como outrora O<br />
condenara. São apresenta<strong>dos</strong>, na conversão de Paulo, importantes princípios que<br />
devemos conservar sempre em mente. O Redentor do mundo não aprova, em assuntos<br />
religiosos, idéias e práticas independentes por parte de Sua igreja organizada e<br />
reconhecida, onde a tem.<br />
Pág. 395<br />
177
Muitos nutrem a idéia de que só a Cristo são responsáveis no que respeita à luz e a<br />
sua própria experiência, independentemente de Seus reconheci<strong>dos</strong> seguidores no<br />
mundo. Isto, porém, é condenado por Ele nos ensinos que nos dá, bem como nos<br />
exemplos, nos fatos, que nos tem dado para nossa instrução. Aí estava Paulo, pessoa a<br />
quem Cristo devia preparar para importantíssima obra, que Lhe devia ser vaso<br />
escolhido, levado diretamente à presença de Cristo; todavia Ele lhe não ensina as<br />
lições da verdade. Detém-lhe a carreira e infunde-lhe convicção; e quando ele<br />
pergunta: "Que queres que eu faça?" (Atos 9:6) o Salvador não lho diz diretamente,<br />
mas põe-no em contato com Sua igreja. Eles te dirão o que te cumpre fazer. Jesus é o<br />
amigo <strong>dos</strong> pecadores, tem o coração sempre aberto, sempre sensível aos sofrimentos da<br />
humanidade; tem todo o poder, tanto no Céu como na Terra; respeita, no entanto, o<br />
meio que ordenou para esclarecimento e salvação <strong>dos</strong> homens. Encaminha Saulo à<br />
igreja, reconhecendo assim o poder de que a investiu como veículo de luz para o<br />
mundo. É o corpo organizado de Cristo na Terra, e importa que se Lhe respeitem as<br />
ordenanças. No caso de Saulo, Ananias representa Cristo, ao mesmo tempo que<br />
representa os pastores de Cristo na Terra, os quais são designa<strong>dos</strong> para agir em Seu<br />
lugar.<br />
__________<br />
Cristo dá poder à voz da igreja. "Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na Terra<br />
será ligado no Céu, e tudo o que desligardes na Terra será desligado no Céu." Mat.<br />
18:18. Não se apóia coisa alguma como seja um homem, por sua própria<br />
responsabilidade, desviar-se e advogar as idéias que bem lhe parecerem, a despeito do<br />
juízo da igreja. O mais alto poder abaixo do Céu, concedeu o Senhor a Sua igreja. É a<br />
voz de Deus em Seu povo reunido na qualidade de uma igreja, que deve ser respeitada.<br />
Deus tem dado a Sua igreja homens de experiência, pessoas que têm jejuado, chorado e<br />
orado até a noite inteira, para<br />
Pág. 396<br />
que Deus lhes abra as Escrituras ao entendimento. Com humildade têm esses homens<br />
dado ao mundo o benefício de sua amadurecida experiência. É essa luz do Céu, ou <strong>dos</strong><br />
homens? É ela de algum valor, ou nada vale? Testimonies, vol. 3, págs. 450 e 451,<br />
1875.<br />
75<br />
O Estado do Mundo<br />
Pág. 397<br />
Foi-me mostrado o estado do mundo, que ele estava enchendo rapidamente a taça de<br />
sua iniqüidade. Enchem o mundo violência e crime de toda sorte; e Satanás está<br />
empregando todo meio para tornar populares o crime e o vício aviltante. Os jovens que<br />
andam pelas ruas acham-se rodea<strong>dos</strong> de cartazes e noticiários de crimes e pecado,<br />
apresenta<strong>dos</strong> em novela, ou a serem representa<strong>dos</strong> em algum teatro. Sua mente é<br />
educada assim na familiaridade com o pecado. O caminho seguido pelos baixos e vis<br />
são-lhes constantemente apresenta<strong>dos</strong> nos jornais diários, e tudo quanto possa<br />
despertar curiosidade e paixões animais lhes é apresentado em histórias emocionantes<br />
e próprias para excitar.<br />
A literatura que procede de cérebros corrompi<strong>dos</strong>, envenena a mente de milhares em<br />
nosso mundo. O pecado não parece excessivamente maligno. Ouvem e lêem tanto<br />
acerca de degradantes crimes e violências que a consciência outrora sensível, que disso<br />
recuaria horrorizada, torna-se tão cauterizada que, com enorme interesse, se pode<br />
demorar no que é baixo e vil em palavras e atos humanos.<br />
"Como aconteceu nos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do homem."<br />
Luc. 17:26. Deus terá um povo zeloso de boas obras, que permanecerá firme entre as<br />
corrupções deste século degenerado. Haverá um povo que se apegará tão firmemente à<br />
força divina, que estará à prova de toda tentação. As más sugestões <strong>dos</strong> provocantes<br />
cartazes talvez lhes procurem falar aos senti<strong>dos</strong> e corromper a mente; todavia achar-<br />
178
se-ão tão uni<strong>dos</strong> a Deus e aos <strong>anjos</strong>, que serão como os que não vêem e não ouvem.<br />
Têm a fazer uma obra que ninguém poderá fazer<br />
Pág. 398<br />
por eles, a qual é combater o bom combate da fé e lançar mão da vida eterna. Não<br />
confiarão em si mesmos nem serão presunçosos. Conhecendo a própria fraqueza,<br />
unirão sua ignorância à sabedoria de Cristo, sua fraqueza ao Seu poder.<br />
Um Exemplo de Pureza<br />
A mocidade possuirá tão firmes princípios, que as mais fortes tentações de Satanás<br />
não os afastarão de sua aliança. Samuel era uma criança rodeada das influências mais<br />
corruptoras. Via e ouvia coisas que lhe ofendiam a alma. Os filhos de Eli, que<br />
ministravam nas cerimônias sagradas, eram regi<strong>dos</strong> por Satanás. Esses homens<br />
contaminavam toda a atmosfera que os cercava. Dia a dia homens e mulheres eram<br />
fascina<strong>dos</strong> pelo pecado e a injustiça; no entanto Samuel vivia incontaminado.<br />
Imaculadas eram suas vestes de caráter. Não tomava parte nem sentia o menor prazer<br />
nos peca<strong>dos</strong> que enchiam todo o Israel com terríveis rumores. Samuel amava a Deus;<br />
mantinha a alma em tão íntima comunhão com o Céu, que um anjo foi enviado para<br />
falar com ele relativamente aos peca<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> filhos de Eli, os quais estavam<br />
corrompendo a Israel.<br />
O apetite e as paixões estão vencendo milhares de professos seguidores de Cristo.<br />
Ficam-lhes os senti<strong>dos</strong> tão embota<strong>dos</strong> em razão da familiaridade com o pecado, que o<br />
não aborrecem, mas consideram-no atrativo. Acha-se às portas o fim de todas as<br />
coisas. Deus não suportará mais por muito tempo os crimes e a aviltante iniqüidade<br />
<strong>dos</strong> filhos <strong>dos</strong> homens. Seus crimes chegaram na verdade até aos Céus, e serão em<br />
breve retribuí<strong>dos</strong> por terríveis pragas de Deus sobre a Terra. Eles beberão o cálice da<br />
ira de Deus, não misturado com a misericórdia.<br />
Tenho visto haver perigo de que os próprios que professam ser filhos de Deus se<br />
corrompam. A licenciosidade está acorrentando homens e mulheres em cativeiro.<br />
Parecem transtorna<strong>dos</strong> e impotentes para resistir e vencer no sentido do apetite e da<br />
paixão. Em Deus há poder; nEle há resistência. Caso dele lancem mão, o poder<br />
vivificante de Jesus estimulará todo aquele que profere o nome de Cristo. Achamo-nos<br />
circunda<strong>dos</strong><br />
Pág. 399<br />
de perigos; e só estamos seguros quando sentimos a própria fraqueza e nos apegamos<br />
com a firmeza da fé a nosso poderoso Libertador. Vivemos em um tempo tremendo.<br />
Não podemos deixar de vigiar e orar nem por um momento. Nossa desamparada alma<br />
precisa apoiar-se em Jesus, nosso compassivo Redentor.<br />
Tempo de Vigilância<br />
Foi-me mostrada a grandeza e importância da obra que está diante de nós. Poucos, no<br />
entanto, compreendem o verdadeiro estado das coisas. To<strong>dos</strong> quantos se acham<br />
adormeci<strong>dos</strong>, e não podem ver qualquer necessidade de estar vigilantes e alerta, serão<br />
venci<strong>dos</strong>. Estão surgindo jovens para entrar na obra de Deus, alguns <strong>dos</strong> quais mal<br />
têm qualquer senso da santidade e responsabilidade dessa obra. Pouca experiência<br />
têm no exercício da fé, na sincera fome de alma pelo Espírito de Deus, a qual sempre<br />
traz frutos. Alguns homens de boas aptidões, os quais poderiam ocupar posições<br />
importantes, não sabem de que espírito são. Vão vivendo numa maneira jovial, tão<br />
naturalmente como as águas correm morro abaixo. Falam tolices, brincam com as<br />
jovens, ao mesmo tempo que estão ouvindo quase diariamente as verdades mais<br />
solenes e mais de molde a comover a alma. Esses homens têm uma religião mental,<br />
mas o coração não está santificado pelas verdades que ouvem. Esses nunca podem<br />
conduzir outros à Fonte das águas vivas, enquanto delas não beberem eles próprios.<br />
Não é tempo agora para a leviandade, vaidade e frivolidade. Logo encerrar-se-ão as<br />
cenas da história terrestre. Precisam mudar-se as mentes abandonadas ao sabor <strong>dos</strong><br />
pensamentos. Diz o apóstolo Pedro: "Cingindo os lombos do vosso entendimento, sede<br />
179
sóbrios, e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus<br />
Cristo; como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes<br />
havia em vossa ignorância; mas, como é santo Aquele que vos chamou, sede vós<br />
também santos em toda a vossa maneira<br />
Pág. 400<br />
de viver; porquanto escrito está: Sede santos, porque Eu sou santo." I Ped. 1:13-16.<br />
Os pensamentos irrefrea<strong>dos</strong> precisam ser colhi<strong>dos</strong> e concentra<strong>dos</strong> em Deus. Os<br />
próprios pensamentos devem estar em sujeição à vontade de Deus. Não se devem fazer<br />
nem esperar elogios; pois isto tem a tendência de fomentar a confiança própria em vez<br />
de promover a humildade; de corromper em lugar de purificar. Os homens realmente<br />
habilita<strong>dos</strong>, e que sentem ter uma parte a desempenhar em relação com a obra de<br />
Deus, sentirão o peso da santidade da obra, tal como um veículo sob a maior carga.<br />
Agora, eis o tempo de fazer os mais fervorosos esforços para vencer os sentimentos<br />
naturais do coração carnal.<br />
76<br />
O Estado da Igreja<br />
Pág. 401<br />
Há entre o povo de Deus grande necessidade de reforma. O atual estado da igreja nos<br />
leva à pergunta: E isto uma fiel representação dAquele que deu a vida por nós? São<br />
estes os seguidores de Cristo, e os irmãos <strong>dos</strong> que não reputaram sua vida por<br />
preciosa? Os que atingem à norma bíblica, à descrição feita pela Escritura <strong>dos</strong><br />
seguidores de Cristo, serão na verdade raros. Havendo abandonado a Deus, a Fonte de<br />
águas vivas, cavaram para si mesmos cisternas, "cisternas rotas, que não retém as<br />
águas". Jer. 2:13. Disse o anjo: "Falta de amor e de fé, eis os grandes peca<strong>dos</strong> de que o<br />
povo de Deus se acha agora culpado." A falta de fé conduz à negligência, ao amorpróprio<br />
e do mundo. Os que se apartam de Deus e caem em tentação, condescendem<br />
com vícios grosseiros; pois o coração carnal leva a grande impiedade. E este estado de<br />
coisas se encontra entre muitos dentre o professo povo de Deus. Enquanto pela<br />
profissão O servem, estão em to<strong>dos</strong> os intentos e desígnios corrompendo seus caminhos<br />
diante dEle. Muitos satisfazem o apetite e a paixão, não obstante a clara luz da<br />
verdade apontar o perigo, e erguer a voz de advertência: "Acautelai-vos, refreai-vos,<br />
renunciai." "O salário do pecado é a morte." Rom. 6:23. Se bem que o exemplo <strong>dos</strong> que<br />
naufragaram na fé se erga como farol advertindo os outros para não prosseguirem na<br />
mesma direção, muitos ainda se precipitam loucamente para diante. Satanás dominalhe<br />
o espírito, e parece controlar-lhes o corpo.<br />
Oh! quantos se lisonjeiam de bondade e justiça, quando a verdadeira luz de Deus<br />
revela que toda a sua vida eles têm vivido unicamente para se agradarem a si mesmos!<br />
Toda a sua conduta é aborrecível a Deus. Quantos estão vivos sem a lei!<br />
Pág. 402<br />
Na espessa treva em que se encontram, olham-se complacentemente: revele-se-lhes,<br />
porém, a lei de Deus à consciência, como aconteceu com Paulo, e verão estar vendi<strong>dos</strong><br />
sob o pecado, e ter de morrer para a mente carnal. O próprio eu precisa ser morto.<br />
Quão tristes e terríveis os erros que muitos estão cometendo! Estão edificando sobre a<br />
areia, mas lisonjeiam-se de que se acham bem firma<strong>dos</strong> na Rocha eterna. Muitos que<br />
professam piedade vão se precipitando para a frente tão descui<strong>dos</strong>amente, e tão<br />
imprudentes para com o perigo, como se não houvesse juízo futuro. Aguarda-os terrível<br />
retribuição, e todavia são domina<strong>dos</strong> pelo impulso e a paixão grosseira; estão enchendo<br />
um negro registro de vida para o juízo. Ergo a voz em advertência a todo aquele que<br />
profere o nome de Cristo, para que se aparte de toda iniqüidade. Purificai a alma pela<br />
obediência da verdade. Purificai-vos de toda a imundícia da carne e do espírito,<br />
aperfeiçoando a santidade no temor de Deus. Vós, a quem isto se aplica, sabeis o que<br />
quero dizer. Mesmo vós, que corrompestes vossos caminhos diante do Senhor,<br />
partilhando da iniqüidade que abundantemente existe, e enegrecestes a alma no<br />
180
pecado, Jesus vos convida ainda a vos desviardes de vossa direção, a lançar mão de<br />
Sua força, e nEle encontrar aquela paz, aquele poder e graça que vos farão mais que<br />
vencedores em Seu nome.<br />
As corrupções deste século degenerado têm manchado muitas almas que,<br />
professamente, estão servindo a Deus. Mesmo agora, no entanto, ainda não é<br />
demasiado tarde para se endireitarem os erros, para o sangue de um Salvador<br />
crucificado e ressurgido fazer expiação por vós, caso vos arrependais e sintais a<br />
necessidade que tendes de perdão. Precisamos agora vigiar e orar como nunca dantes,<br />
para que não caiamos sob o poder da tentação e deixemos o exemplo de uma vida que<br />
seja uma lamentável ruína. Como um povo, precisamos não nos tornar descui<strong>dos</strong>os e<br />
olhar o pecado em indiferença. Importa que o acampamento seja purificado. To<strong>dos</strong><br />
quantos proferem o nome de Cristo, necessitam vigiar e orar, e guardar as<br />
Pág. 403<br />
entradas da alma; pois Satanás está em atividade para corromper e destruir, uma vez<br />
que lhe seja dada a mínima vantagem.<br />
Andar na Luz<br />
Meus irmãos, Deus vos convida, como seguidores Seus, a que andeis na luz. Importa<br />
que vos alarmeis. Há pecado entre vós, e não é considerado excessivamente<br />
pecaminoso. Os senti<strong>dos</strong> de muitos acham-se adormeci<strong>dos</strong> pela condescendência com o<br />
apetite e pela familiaridade com o pecado. Precisamos avançar para mais perto do<br />
Céu. Podemos crescer na graça e no conhecimento da verdade. Andar na luz, seguir no<br />
caminho <strong>dos</strong> mandamentos de Deus, não dá a idéia de podermos ficar para<strong>dos</strong> e não<br />
fazer coisa alguma. Precisamos ir avançando.<br />
Há grande fraqueza no amor-próprio, na própria exaltação e no orgulho; na<br />
humildade, porém, há grande força. Não mantemos nossa verdadeira dignidade<br />
quando pensamos mais em nós mesmos, mas quando Deus Se encontra em to<strong>dos</strong> os<br />
nossos pensamentos, e temos o coração ardendo em amor por nosso Redentor e nosso<br />
semelhante. A simplicidade de caráter e a humildade de coração produzirão felicidade,<br />
ao passo que a presunção ocasionará descontentamento, murmuração e contínuas<br />
decepções. É aprender a pensar menos em nós e mais em tornar outros felizes, que nos<br />
trará força divina.<br />
Em nossa separação de Deus, nosso orgulho, nossas trevas, procuramos<br />
constantemente elevar-nos, e esquecemos de que a humildade de espírito é poder. O<br />
poder de nosso Salvador não residia num vigoroso aparelhamento de palavras<br />
incisivas, que penetrassem na própria alma; era Sua brandura e as maneiras simples<br />
e despretensiosas que O tornavam um conquistador de corações. O orgulho e a<br />
pretensão, quando compara<strong>dos</strong> com a mansidão e humildade, não passam na verdade<br />
de fraqueza. Somos convida<strong>dos</strong> a aprender dAquele que é manso e humilde de coração;<br />
assim, experimentaremos aquele descanso e paz tão deseja<strong>dos</strong>.<br />
77<br />
O Amor do Mundo<br />
Pág. 404<br />
A tentação apresentada por Satanás a nosso Salvador no cimo da elevada montanha, é<br />
uma das mais poderosas que a humanidade tem de enfrentar. A Cristo foram<br />
ofereci<strong>dos</strong> por Satanás os reinos deste mundo com sua glória, sob a condição de que lhe<br />
desse a honra devida a um superior. Nosso Salvador sentiu a força dessa tentação;<br />
enfrentou-a, porém, em nosso favor, e saiu vitorioso. Ele não teria sido tentado nesse<br />
ponto, não houvesse o homem de ser provado pela mesma tentação. Em Sua<br />
resistência, deu-nos o exemplo da direção que devemos seguir quando o inimigo nos<br />
ataca individualmente, a fim de desviar-nos da integridade.<br />
Homem algum pode ser seguidor de Cristo, e pôr ainda nas coisas deste mundo as<br />
afeições. Em sua primeira epístola, João escreve: "Não ameis o mundo, nem o que no<br />
mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele." I João 2:15. Nosso<br />
181
Redentor, que enfrentou esta tentação de Satanás, em toda a sua força, conhece o<br />
perigo em que está o homem de ceder à tentação de amar o mundo.<br />
Cristo identificou-Se com a humanidade suportando a prova nesse ponto, e vencendo<br />
em favor do homem. Com advertências protegeu Ele os próprios pontos em que o<br />
inimigo seria mais bem-sucedido ao tentar a criatura. Sabia que Satanás obteria a<br />
vitória sobre o homem, a menos que este se guardasse especialmente no sentido do<br />
apetite e do amor das riquezas e honras mundanas. Diz Ele: "Não ajunteis tesouros na<br />
Terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam;<br />
mas ajuntai tesouros no Céu, onde<br />
Pág. 405<br />
nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam.<br />
Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração." Ninguém pode<br />
servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e<br />
desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom." Mat. 6:19-21 e 24.<br />
Cristo nos apresenta aí dois senhores, Deus e o mundo, e mostra claramente que nos é<br />
simplesmente impossível servir a ambos. Se nosso interesse e amor pelo mundo<br />
predominam, não apreciamos as coisas que, acima de todas as outras, são dignas de<br />
nossa atenção. O amor do mundo exclui o amor de Deus, fazendo com que nossos mais<br />
altos interesses sejam subordina<strong>dos</strong> às considerações mundanas. Assim o Senhor não<br />
ocupa em nossa afeição e devotamente o exaltado lugar tomado pelas coisas do mundo.<br />
Nossas obras manifestarão o justo grau ocupado pelos tesouros celestes em nossas<br />
afeições. Devota-se o máximo cuidado, ansiedade e labor aos interesses mundanos, ao<br />
passo que as considerações eternas têm lugar secundário. Nisto recebe Satanás <strong>dos</strong><br />
homens aquela homenagem que reclamou de Cristo, sem o conseguir. É o amor egoísta<br />
do mundo que corrompe a fé <strong>dos</strong> professos seguidores de Cristo, tornando-os débeis em<br />
força moral. Quanto mais amam suas riquezas terrenas, tanto mais longe se afastam<br />
de Deus, e tanto menos participam de Sua natureza divina, a qual lhes comunicaria o<br />
senso das corruptoras influências do mundo, e <strong>dos</strong> perigos a que se acham expostos.<br />
Com suas tentações, Satanás tem o intuito de tornar o mundo muito atrativo. Por meio<br />
do amor das riquezas e das honras mundanas, exerce um fascinante poder para atrair<br />
as afeições mesmo do professo mundo cristão. Grande parte <strong>dos</strong> cristãos professos<br />
farão todo sacrifício para adquirir riquezas; e quanto mais bem-sucedi<strong>dos</strong> forem nesse<br />
objetivo, menos será o amor que consagram à preciosa verdade, e menor o interesse<br />
por seu progresso. Perdem o amor de Deus, e procedem como<br />
Pág. 406<br />
loucos. Quanto mais prosperarem na aquisição das riquezas, tanto mais pobres se<br />
sentirão por não terem mais, e menos empregarão na causa de Deus.<br />
As obras desses homens possuí<strong>dos</strong> de insano amor às riquezas, mostra que não lhes é<br />
possível servir a dois senhores, Deus e Mamom. O dinheiro, eis seu deus. Ao poder do<br />
mesmo rendem eles homenagem. Para to<strong>dos</strong> os efeitos, servem o mundo. Sua honra,<br />
que lhes é o direito de primogenitura, é sacrificada pelo ganho deste mundo. Esse<br />
poder dominante lhes rege o espírito, e transgredirão a lei de Deus a fim de servir aos<br />
interesses pessoais e aumentar o tesouro terrestre.<br />
Servos de Mamom<br />
Muitos podem professar a religião de Cristo, sem amar nem dar ouvi<strong>dos</strong> à letra ou aos<br />
princípios de Seus ensinos. Dão o melhor de suas energias aos empreendimentos<br />
mundanos, curvando-se diante de Mamom. É alarmante ver tantos iludi<strong>dos</strong> por<br />
Satanás, tendo a imaginação estimulada por suas brilhantes perspectivas de lucro<br />
mundano. São absorvi<strong>dos</strong> pela perspectiva de felicidade perfeita se conseguirem seu<br />
objetivo de adquirirem honras e fortuna neste mundo. Satanás os tenta com o<br />
fascinante engodo: "Tudo isto te darei" (Mat. 4:9) - todo esse poder, toda essa riqueza,<br />
com a qual podes fazer grande soma de bem. Uma vez alcançado seu objetivo, no<br />
entanto, não têm comunhão com o abnegado Redentor que os tornaria participantes da<br />
182
natureza divina. Apegam-se a seus tesouros terrestres, e desprezam a abnegação e o<br />
sacrifício exigi<strong>dos</strong> por Cristo. Não têm nenhum desejo de separar-se <strong>dos</strong> queri<strong>dos</strong><br />
tesouros terrenos em que puseram o coração. Mudaram de senhor; aceitaram Mamom<br />
em lugar de Cristo. Mamom, eis seu deus, e a Mamom servem.<br />
Satanás conseguiu para si o culto dessas almas iludidas por meio do amor das<br />
riquezas. Tão imperceptível foi a mudança, e tão enganoso é o poder satânico, tão<br />
astuto, que se acham conforma<strong>dos</strong> com o mundo e não percebem haverem-se separado<br />
de Cristo, não sendo mais servos Seus senão em nome.<br />
Pág. 407<br />
Satanás trata com os homens mais cautelosamente do que o fez com Cristo no deserto<br />
da tentação, pois está apercebido por haver ali perdido a causa. É um inimigo vencido.<br />
Não vem ao homem diretamente, exigindo homenagem mediante um culto exterior.<br />
Pede-lhes simplesmente que se afeiçoem às boas coisas do mundo. Uma vez conseguido<br />
empregar-lhes assim mente e afeições, as atrações celestes ficam eclipsadas. Tudo<br />
quanto ele quer <strong>dos</strong> homens é que lhe caiam sob o enganoso poder das tentações, para<br />
amarem o mundo, amarem a posição, amarem o dinheiro e afeiçoarem-se aos tesouros<br />
deste mundo. Isto feito, consegue tudo quanto pretendera de Cristo.<br />
Livramento Mediante Cristo<br />
O exemplo de Cristo nos mostra que nossa única esperança de vitória se acha na<br />
contínua resistência aos ataques de Satanás. Aquele que triunfou sobre o adversário<br />
das almas no conflito da tentação, compreende o poder de Satanás sobre a raça<br />
humana, e derrotou-o em nosso favor. Como vencedor, deu-nos o benefício de Sua<br />
vitória, para que em nossos esforços para resistir às tentações de Satanás, unamos<br />
nossa fraqueza a Sua força, nossa indignidade a Seus méritos. E, susti<strong>dos</strong> em meio da<br />
forte tentação por Sua infalível força, é-nos dado resistir em Seu todo-poderoso nome, e<br />
vencer como venceu.<br />
Foi mediante inexprimível sofrimento que nosso Redentor nos pôs ao alcance a<br />
redenção. Esteve neste mundo ignorado e sem honras, para que, por meio de Sua<br />
maravilhosa condescendência e humilhação, pudesse exaltar o homem a receber as<br />
honras celestiais e as alegrias eternas em Seu reino. Murmurará o homem caído<br />
porque o Céu só pode ser alcançado por meio de conflito, humilhação e labuta?<br />
A indagação de muito coração orgulhoso, é: Por que preciso andar em humilhação e<br />
penitência antes de poder ter a certeza de minha aceitação por Deus, e alcançar a<br />
recompensa eterna? Por que não é mais fácil o caminho para o Céu, mais agradável e<br />
atrativo? Remetemos to<strong>dos</strong> esses duvi<strong>dos</strong>os e<br />
Pág. 408<br />
murmuradores a nosso grande Exemplo, a sofrer sob o fardo da culpa do homem, e<br />
padecendo as mais vivas angústias da fome. Era inocente e, mais que isto, era o<br />
Príncipe do Céu; mas, em favor do homem fez-Se pecado por ele. "Foi ferido pelas<br />
nossas transgressões, e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz<br />
estava sobre Ele, e pela Suas pisaduras fomos sara<strong>dos</strong>." Isa. 53:5.<br />
Cristo sacrificou tudo pelo homem, a fim de tornar-lhe possível conseguir o Céu. Cabe<br />
agora ao homem caído mostrar o que sacrificará de sua parte por amor de Cristo, de<br />
modo a ganhar a glória imortal. Os que têm um justo senso da magnitude da salvação,<br />
e de seu custo, jamais murmurarão por terem de semear em lágrimas, e que a parte do<br />
cristão nesta vida sejam lutas e abnegações. As condições da salvação para o homem<br />
são ordenadas por Deus. A humilhação do próprio eu e levar a cruz, eis as providências<br />
tomadas para que o pecador arrependido venha a encontrar conforto e paz. O<br />
pensamento de que Jesus Se submeteu a humilhação e sacrifício que o homem jamais<br />
será chamado a sofrer, deve silenciar toda murmuração. A mais doce alegria sobrevém<br />
ao homem mediante o sincero arrependimento que ele experimenta para com Deus<br />
pela transgressão de Sua lei, e a fé em Cristo como Redentor e Advogado do pecador.<br />
183
Com grande custo trabalham os homens a fim de assegurar-se os tesouros desta vida.<br />
Sofrem labuta e suportam asperezas e privações para obterem alguma vantagem<br />
mundana. Por que seria o pecador menos voluntário para sofrer, resistir e sacrificar no<br />
intuito de adquirir um tesouro imperecível, uma vida que se prolonga ao lado da<br />
existência de Deus, uma coroa de glória perene, incorruptível? Os infinitos tesouros do<br />
Céu, a herança que ultrapassa em valor a toda estimação, e é um eterno peso de glória,<br />
isto cumpre ser alcançado por nós, custe o que custar. Não nos devemos queixar por<br />
ser preciso abnegação; pois o Senhor da vida e da glória a exerceu primeiro. Não<br />
evitemos os sofrimentos, pois a Majestade do Céu os aceitou em benefício <strong>dos</strong><br />
pecadores. O sacrifício da comodidade e da<br />
Pág. 409<br />
conveniência não deve suscitar um pensamento de murmuração, uma vez que o<br />
Redentor do mundo tudo isso aceitou em nosso favor. Calculando o mais elevadamente<br />
possível todas as nossas abnegações, privações e sacrifícios, isso nos custa, em to<strong>dos</strong> os<br />
senti<strong>dos</strong>, incomparavelmente menos do que custou ao Príncipe da vida. Qualquer<br />
sacrifício que possamos fazer como que se esvaece quando comparado com o que Cristo<br />
fez por nós.<br />
78<br />
Presunção<br />
Pág. 410<br />
Alguns há que têm espírito irrequieto, que eles classificam de coragem e bravura.<br />
Colocam-se desnecessariamente em cenas de perigo, expondo-se assim a tentações que<br />
seria preciso um milagre de Deus para delas saírem a salvo e incontamina<strong>dos</strong>. A<br />
tentação de Satanás ao Salvador do mundo, para que Se lançasse do pináculo do<br />
templo, foi firmemente enfrentada e resistida. Satanás citou uma promessa de Deus<br />
como garantia de que Cristo poderia fazer isso a salvo, no poder daquela promessa.<br />
Cristo enfrentou essa tentação com a própria Escritura: "Está escrito: Não tentarás o<br />
Senhor teu Deus." Mat. 4:7. O único meio seguro para os cristãos, é repelir o inimigo<br />
com a Palavra de Deus. Satanás instiga os homens a irem a lugares aonde Deus não<br />
requer que vão, e apresenta as Escrituras para justificar suas próprias sugestões.<br />
As preciosas promessas de Deus não são dadas para apoiar os homens em uma direção<br />
presunçosa, ou para que eles nelas se afirmem quando desnecessariamente se<br />
arremessam no perigo. O Senhor exige que procedamos com humilde confiança em Sua<br />
providência. "Não é... do homem que caminha o dirigir os seus passos." Jer. 10:23. Em<br />
Deus está nossa prosperidade e nossa vida. Coisa alguma se pode fazer prosperamente<br />
sem a permissão e a bênção de Deus. Ele pode pôr a mão para prosperar e abençoar,<br />
ou voltá-la contra nós. "Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nEle, e Ele tudo fará."<br />
Sal. 37:5. Exige-se de nós, como filhos de Deus, que mantenhamos coerente caráter<br />
cristão. Cumpre-nos exercer prudência, cautela e humildade, e andar prudentemente<br />
para com os que estão de fora. Todavia não devemos, em caso algum, transigir com<br />
princípios.<br />
Pág. 411<br />
Nossa única segurança é não dar lugar ao diabo; pois suas sugestões e intuitos são<br />
sempre para nos prejudicar e impedir-nos de nos firmar em Deus. Transforma-se em<br />
anjo de pureza, a fim de poder, por meio de enganadoras tentações, introduzir por tal<br />
maneira seus artifícios, que os não percebemos. Quanto mais cedermos, tanto mais<br />
fortes serão seus enganos em nós. Não é seguro entrar em discussão ou parlamentar<br />
com ele. Pois se lhe dermos qualquer vantagem exigirá mais. Nossa única segurança é<br />
repelir firmemente sua primeira tentativa para nos levar à presunção. Mediante os<br />
méritos de Cristo, o Senhor nos deu suficiente graça para resistir a Satanás, e ser mais<br />
que vencedores. Resistência é êxito. "Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós." Tia. 4:7. A<br />
resistência deve ser firme e resoluta. Perdemos tudo quanto ganhamos, se resistimos<br />
hoje e cedemos amanhã.<br />
184
A Importância do Trabalho da Mulher<br />
O pecado deste século é a desconsideração para com os expressos mandamentos de<br />
Deus. Muito grande é o poder de influência numa direção errada. Eva tinha tudo<br />
quanto lhe era necessário. Coisa alguma faltava para torná-la feliz; o apetite<br />
intemperante, porém, desejou o fruto da única árvore proibida por Deus. Ela não tinha<br />
necessidade alguma do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, mas permitiu que o<br />
apetite e a curiosidade lhe dominassem a razão. Estava perfeitamente feliz no Éden,<br />
ao lado do esposo; como as desassossegadas Evas modernas, no entanto, lisonjeou-se<br />
de haver uma esfera mais elevada do que a que o Senhor lhe designara. Tentando<br />
alçar-se acima de sua posição original, caiu muito abaixo dela. Isto será bem<br />
seguramente o resultado quanto às Evas de nossos dias, caso deixem de empreender<br />
satisfeitas os deveres de sua vida diária segundo o plano de Deus.<br />
Há para a mulher uma obra mais importante ainda e mais enobrecedora que os<br />
deveres do rei em seu trono. Cabe-lhes moldar o espírito de seus filhos e afeiçoar-lhes o<br />
caráter, de modo que venham a ser úteis neste mundo, e a tornarem-se<br />
Pág. 412<br />
filhos e filhas de Deus. Seu tempo deve ser considerado demasiado precioso para ser<br />
gasto na sala de baile ou em desnecessária ocupação. Há suficiente labor necessário e<br />
importante neste mundo cheio de carência e sofrimentos, sem que se gastem preciosos<br />
momentos para ornamentação ou ostentações. As filhas do celeste Rei, os membros da<br />
família real, sentirão o peso da responsabilidade quanto a atingirem vida mais<br />
elevada, para que sejam postas em mais íntima comunhão com o Céu, e trabalhem em<br />
uníssono com o Redentor do mundo. Os que se acham empenha<strong>dos</strong> nessa obra não se<br />
satisfarão com as modas e tolices que absorvem a mente e as afeições das mulheres<br />
nestes últimos dias. Caso sejam realmente filhas de Deus, serão participantes da<br />
natureza divina. Serão movidas pela mais profunda piedade, como o foi seu divino<br />
Redentor, ao contemplarem as corruptoras influências existentes na sociedade.<br />
Compartilharão <strong>dos</strong> sentimentos de Cristo e, em sua esfera, segundo as aptidões e<br />
oportunidades de que dispuserem, trabalharão para salvar as almas que perecem, da<br />
mesma maneira que Cristo, em Sua elevada esfera, trabalhou em benefício do homem.<br />
O Homem e a Mulher Cria<strong>dos</strong> Iguais<br />
A negligência, por parte da mulher, em seguir o plano de Deus ao criá-la, o esforço de<br />
alcançar importantes posições para as quais não se habilitou, deixa vago o lugar que<br />
ela podia preencher de maneira aceitável. Saindo de sua esfera, perde a verdadeira<br />
dignidade e nobreza feminis. Ao criar Eva, Deus pretendia que ela não fosse nem<br />
inferior nem superior ao homem, mas em todas as coisas lhe fosse igual. O santo par<br />
não devia ter nenhum interesse independente um do outro; e não obstante cada um<br />
possuía individualidade de pensamento e de ação.<br />
Depois da queda de Eva, porém, como ela houvesse sido a primeira na transgressão, o<br />
Senhor lhe disse que Adão teria domínio sobre ela. Devia ser sujeita a seu marido, o<br />
que constituía parte da maldição. Em muitos casos essa maldição tem tornado a sorte<br />
da mulher demasiado dolorosa, fazendo de sua vida um fardo. O homem tem abusado,<br />
em muitos aspectos, da<br />
Pág. 413<br />
superioridade que Deus lhe deu, exercendo poder arbitrário. A sabedoria infinita<br />
idealizou o plano da redenção, pelo qual a raça humana tem segundo tempo de graça<br />
mediante outra prova.<br />
Advertência aos Pastores<br />
Satanás se serve <strong>dos</strong> homens como instrumentos para levar à presunção aqueles que<br />
amam a Deus; isto se verifica especialmente quanto aos que são iludi<strong>dos</strong> pelo<br />
espiritismo. Os espiritualistas, em geral, não aceitam Cristo como o Filho de Deus, e<br />
por sua infidelidade induzem muitas almas a peca<strong>dos</strong> de presunção. Pretendem<br />
mesmo superioridade sobre Cristo, como fez Satanás ao contender com o Príncipe da<br />
185
vida. Espíritas cuja alma se acha enegrecida por peca<strong>dos</strong> de caráter revoltante, e cuja<br />
consciência está cauterizada, ousam tomar nos lábios poluí<strong>dos</strong> o imaculado nome do<br />
Filho de Deus, e unem de maneira blasfema Seu tão excelso nome com a vileza que<br />
lhes assinala a própria natureza corrompida.<br />
Com homens que introduzem essas detestáveis heresias, ousarão entrar em polêmica<br />
aqueles que ensinam a Palavra de Deus, e alguns <strong>dos</strong> que ensinam a verdade não têm<br />
tido a coragem de resistir a um repto dessa classe, constituída por caracteres<br />
aponta<strong>dos</strong> pela Palavra de Deus. Alguns de nossos pastores não têm tido a coragem<br />
moral de dizer a esses homens: Deus nos advertiu em Sua Palavra a vosso respeito.<br />
Deu-nos fiel descrição de vosso caráter e das heresias que defendeis. Alguns de nossos<br />
pastores, para não dar a essa classe ocasião de triunfar ou de acusá-los de covardia,<br />
enfrentaram-nos em franca discussão. Ao discutir com espíritas, porém, não se<br />
defrontam com homens, mas Satanás e seus <strong>anjos</strong>. Põem-se em comunicação com os<br />
poderes das trevas, e animam os <strong>anjos</strong> maus que os rodeiam.<br />
Os espiritualistas desejam dar publicidade a suas heresias; e os pastores que advogam<br />
as verdades bíblicas ajudam-nos a fazer isso quando consentem em empenhar-se em<br />
discussão com eles. Estes aproveitam as oportunidades para expor suas heresias<br />
diante do povo e, em cada discussão que haja com eles,<br />
Pág. 414<br />
alguns serão engana<strong>dos</strong>. O melhor caminho a seguirmos a seu respeito, é evitá-los.<br />
__________<br />
A presunção é uma tentação comum, e ao assaltar Satanás os homens com isto, é bemsucedido<br />
nove vezes em dez. Os que professam ser seguidores de Cristo, e pretendem,<br />
por sua fé, estar empenha<strong>dos</strong> na luta contra todo mal que há em sua própria natureza,<br />
entram freqüentemente de maneira irrefletida em tentações das quais exigiria um<br />
milagre o fazê-los escapar imacula<strong>dos</strong>. A meditação e a oração os haveriam guardado,<br />
levando-os a evitar a posição crítica e perigosa em que se colocaram quando<br />
concederam a Satanás vantagem sobre eles. As promessas de Deus não são para serem<br />
temerariamente reclamadas quando, de maneira descui<strong>dos</strong>a, nos precipitamos para o<br />
perigo, violando as leis da natureza, e desatendendo à prudência e ao juízo com que<br />
Deus nos dotou. Isto é a mais flagrante presunção. Testimonies, vol. 4, págs. 44 e 45,<br />
1876.<br />
79<br />
O Poder do Apetite<br />
Pág. 415<br />
Uma das mais vigorosas tentações que o homem tem de enfrentar, é quanto ao apetite.<br />
Existe entre a mente e o corpo misteriosa e admirável relação. Um reage sobre o outro.<br />
Conservar o físico em condição saudável a fim de desenvolver-lhe a resistência, para<br />
que cada parte do maquinismo vivo funcione harmonicamente, eis o que deve<br />
constituir o primeiro estudo em nossa vida. Negligenciar o corpo, é negligenciar a<br />
mente. Não pode ser para glória de Deus terem Seus filhos corpos enfermos ou mentes<br />
atrofiadas. Condescender com o paladar a custa da saúde, é ímpio abuso <strong>dos</strong> senti<strong>dos</strong>.<br />
Os que cometem qualquer espécie de intemperança, seja no comer ou no beber,<br />
desperdiçam as energias físicas e enfraquecem a força moral. Esses experimentarão a<br />
recompensa que acompanha a transgressão da lei física.<br />
O Redentor do mundo sabia que a condescendência com o apetite traria debilidade<br />
física, adormecendo órgãos perceptivos de maneira que se não discerniriam as coisas<br />
sagradas e eternas. Cristo sabia que o mundo estava entregue à glutonaria, e que isto<br />
perverteria as faculdades morais. Se a condescendência com o apetite era tão forte<br />
sobre a raça humana que, para derribar-lhe o poder, foi exigido do divino Filho de<br />
Deus que jejuasse por cerca de seis semanas, em favor do homem, que obra se acha<br />
diante do cristão a fim de ele poder vencer da maneira por que Cristo venceu! A força<br />
186
da tentação para satisfazer o apetite pervertido só pode ser avaliada em face da<br />
inexprimível agonia de Cristo naquele prolongado jejum no deserto.<br />
Cristo sabia que, para com êxito levar avante o plano da salvação, precisava começar a<br />
obra redentora do homem exatamente onde começara a ruína. Adão caiu pela<br />
condescendência<br />
Pág. 416<br />
com o apetite. Para que no homem ficassem gravadas suas obrigações quanto a<br />
obedecer à lei de Deus, Cristo começou Sua obra de redenção reformando os hábitos<br />
físicos do próprio homem. O declínio da virtude e a degeneração da raça são<br />
principalmente atribuíveis à satisfação do apetite pervertido.<br />
Pesa sobre to<strong>dos</strong> e em especial sobre os pastores que ensinam a verdade, solene<br />
responsabilidade de vencerem o apetite. Muito maior seria sua utilidade, caso<br />
controlassem os apetites e paixões; e mais vigorosas seriam suas faculdades mentais e<br />
energias morais, se aliassem o trabalho físico ao exercício mental. Tendo hábitos<br />
estritamente temperantes, e com a combinação do trabalho muscular e da mente,<br />
poderiam realizar soma incomparavelmente maior de labor, conservando a clareza<br />
mental. Seguissem eles essa direção, e seus pensamentos e palavras fluiriam mais<br />
livremente, haveria mais energia em seus exercícios religiosos, e mais assinaladas<br />
seriam as impressões causadas por eles em seus ouvintes.<br />
A Intemperança no Comer<br />
A intemperança no comer, mesmo da comida saudável, exercerá debilitante influência<br />
sobre o organismo, embotando as mais vivas e santas emoções. É essencial a estrita<br />
temperança em comer e beber, tanto para a conservação da saúde, como para o<br />
vigoroso funcionamento de todo o organismo. Hábitos de estrita temperança alia<strong>dos</strong><br />
com o exercício muscular e mental, manterão vigor à mente e ao corpo, e comunicarão<br />
poder de resistência aos que se empenham no ministério, aos redatores, e a to<strong>dos</strong> cujos<br />
hábitos são sedentários. Com toda a nossa profissão de reforma de saúde, nós, como<br />
povo comemos demasiado. A satisfação do apetite é a maior causa de debilidade física<br />
e mental, e está na base da fraqueza que se nota por toda parte.<br />
A intemperança começa à nossa mesa, no uso de alimentos inadequa<strong>dos</strong>. Depois de<br />
algum tempo, devido à continuada complacência com o apetite, os órgãos digestivos se<br />
enfraquecem, e o alimento ingerido não satisfaz. Estabelece-se um estado<br />
Pág. 417<br />
doentio, experimentando-se intenso desejo de tomar comida mais estimulante. O chá, o<br />
café e os alimentos cárneos, produzem efeito imediato. Sob a influência desses<br />
venenos, o sistema nervoso fica excitado e, em certos casos, momentaneamente, o<br />
intelecto parece revigorado e a imaginação mais viva. Como esses estimulantes<br />
produzem no momento resulta<strong>dos</strong> tão agradáveis, muitos chegam à conclusão de que<br />
realmente deles necessitam, e continuam a usá-los.<br />
Há sempre, porém, uma reação. O sistema nervoso, havendo sido indevidamente<br />
estimulado, tomou emprestado para o uso presente, energias reservadas para o futuro.<br />
Todo esse temporário fortalecimento do organismo é seguido de depressão.<br />
Proporcional a esse passageiro aumento de forças do organismo, será a depressão <strong>dos</strong><br />
órgãos assim estimula<strong>dos</strong>, após haver cessado seu efeito. O apetite educa-se a desejar<br />
intensamente algo mais forte, que tenda a manter e acrescentar a aprazível sensação,<br />
até que a condescendência se torne um hábito, havendo contínuo e intenso desejo de<br />
mais forte estímulo, como seja o fumo, vinhos e outras bebidas alcoólicas. Quanto mais<br />
se satisfizer ao apetite, tanto mais freqüente será sua exigência, e mais difícil de o<br />
controlar. Quanto mais enfraquecido se tornar o organismo, e menos capaz se tornar<br />
de passar sem tais estimulantes, tanto mais aumenta a paixão por eles, até que a<br />
vontade é levada de vencida, e parece impossível a resistência ao forte e falso desejo<br />
desses estimulantes.<br />
O Único Caminho Seguro<br />
187
O único caminho seguro é não tocar, não provar, não manusear o chá, o café, vinhos, o<br />
fumo e o ópio e as bebidas alcoólicas. A necessidade de os homens desta geração<br />
chamarem em seu auxílio a força de vontade fortalecida pela graça de Deus, a fim de<br />
resistir às tentações de Satanás, e vencer a mínima condescendência com o apetite<br />
pervertido, é duas vezes maior que a de algumas gerações passadas. Mas a geração<br />
atual tem menos poder de domínio próprio do que os que viviam então. Os<br />
Pág. 418<br />
que têm condescendido com o apetite quanto a esses estimulantes, transmitiram aos<br />
filhos os deprava<strong>dos</strong> apetites e paixões, tornando-se a esses filhos necessário maior<br />
força moral para resistir a toda a sorte de intemperança. O único procedimento<br />
perfeitamente seguro é ficar firme ao lado da temperança, e não se arriscar no perigoso<br />
caminho.<br />
O grande objetivo por que Cristo suportou aquele longo jejum no deserto, foi ensinarnos<br />
a necessidade da abnegação e da temperança. Essa obra deve começar à nossa<br />
mesa, cumprindo que seja estritamente efetuada em to<strong>dos</strong> os aspectos da vida. O<br />
Redentor do mundo veio do Céu para ajudar o homem em sua fraqueza para que, no<br />
poder que Jesus lhe veio trazer, ele se torne forte para vencer o apetite e a paixão,<br />
fazendo-se vitorioso em to<strong>dos</strong> os pontos.<br />
Muitos pais educam os gostos de seus filhos, e lhes formam os apetites. Servem-lhes<br />
carnes, chá e café. Os alimentos cárneos muito condimenta<strong>dos</strong> e o chá e o café que<br />
algumas mães animam os filhos a ingerirem, preparam o caminho para eles ansiarem<br />
os estimulantes mais fortes como o fumo. O uso do fumo incita o desejo das bebidas<br />
alcoólicas; e seu uso diminui invariavelmente a força nervosa.<br />
Caso as sensibilidades morais <strong>dos</strong> cristãos se despertassem no sentido da temperança<br />
em todas as coisas, eles poderiam por seu exemplo começar à mesa a ajudar os que são<br />
fracos no domínio de si mesmos, quase impotentes para resistirem aos anseios do<br />
apetite. Se pudéssemos compreender que os hábitos que formamos nesta vida afetarão<br />
nossos interesses eternos, que nosso destino perpétuo depende de hábitos de estrita<br />
temperança, esforçar-nos-íamos no sentido de formá-los no comer e no beber. Por nosso<br />
exemplo e esforço pessoal, podemos servir de instrumentos para salvar muitas almas<br />
da degradação da intemperança, do crime e da morte. Nossas irmãs podem fazer muito<br />
na grande obra da salvação de outros com o apresentar mesas providas apenas de<br />
alimentos saudáveis e nutritivos. Podem empregar o precioso tempo de que dispõem<br />
em educar o gosto e o apetite de seus filhos, formando neles hábitos<br />
Pág. 419<br />
de temperança em todas as coisas, incentivando ao mesmo tempo a abnegação e a<br />
beneficência em proveito <strong>dos</strong> outros.<br />
Não obstante o exemplo que Cristo nos deu no deserto da tentação, refreando o apetite<br />
e vencendo-lhe o poder, muitas mães cristãs existem que, por seu exemplo e pela<br />
educação que dão aos filhos, estão-nos preparando para serem comilões e bebedores de<br />
vinho. Deixa-se freqüentemente às crianças que comam o que lhes apetece e quando<br />
lhes apetece, sem atenção para com a saúde. Muitos filhos são educa<strong>dos</strong> como glutões<br />
desde a primeira infância. Em resultado disso tornam-se dispépticos bem cedo na vida.<br />
A condescendência e a intemperança no comer cresce com eles, e fortalece-se à medida<br />
que eles se fortalecem. Sacrifica-se, devido à indulgência <strong>dos</strong> pais, o vigor físico e o<br />
mental. Formam-se gostos para com certos alimentos que não lhes são benéficos, antes<br />
prejudiciais; e ficando o organismo sobrecarregado, a constituição se debilita.<br />
O Benefício do Exercício Físico<br />
Os pastores, professores e alunos não reconhecem como deviam a necessidade de<br />
exercício físico, ao ar livre. Negligenciam esse dever por demais essencial para a<br />
conservação da saúde. Aplicam-se acuradamente aos livros, e comem a quantidade<br />
própria para um trabalhador. Com tais hábitos, alguns se tornam corpulentos, porque<br />
o organismo está abarrotado. Outros, ao contrário, emagrecem, ficam fracos, pois suas<br />
188
energias vitais se esgotam no esforço de eliminar o excesso do que é ingerido; o fígado<br />
fica sobrecarregado e incapaz de eliminar as impurezas do sangue, vindo em resultado<br />
a doença. Caso o exercício físico fosse combinado com o esforço mental, o sangue seria<br />
estimulado na circulação, mais perfeito seria o trabalho do coração e eliminadas as<br />
toxinas, experimentando-se nova vida e vigor em cada parte do corpo.<br />
Quando a mente <strong>dos</strong> pastores, professores e alunos é continuamente estimulada pelo<br />
estudo, deixando-se o corpo inativo,<br />
Pág. 420<br />
sobrecarregam-se os nervos emotivos, ao passo que os <strong>dos</strong> movimentos ficam em<br />
inatividade. Ficando todo o uso nos órgãos mentais, estes são exercita<strong>dos</strong> em excesso e<br />
debilitam-se, ao passo que os músculos perdem o vigor por falta de uso. Não há<br />
inclinação para exercitar os músculos mediante o trabalho físico, pois este parece<br />
enfadonho.<br />
Os Pastores Devem Ser Exemplo<br />
Pastores de Cristo, que professam ser representantes Seus, devem seguir-Lhe o<br />
exemplo e, acima de to<strong>dos</strong> os outros, formar hábitos de estrita temperança. Cumprelhes<br />
manter diante do povo, por sua própria vida de abnegação, sacrifício e ativa<br />
beneficência, a vida e exemplo de Cristo. Ele venceu o apetite em favor do homem; e<br />
em lugar dEle, devem os pastores por sua vez apresentar aos outros um exemplo digno<br />
de imitação. Os que não sentem a necessidade de empenhar-se na obra de vencer o<br />
apetite, deixarão de alcançar preciosas vitórias que poderiam obter, tornando-se<br />
escravos do apetite e da concupiscência, os quais estão enchendo o cálice de iniqüidade<br />
<strong>dos</strong> que habitam na Terra.<br />
Os homens empenha<strong>dos</strong> em anunciar a última mensagem de advertência ao mundo,<br />
mensagem que deve decidir o destino das almas, devem aplicar na própria vida as<br />
verdades que pregam aos outros. Devem constituir, no comer e beber, em sua pura<br />
conversação e conduta, um exemplo para o povo. A glutonaria, a condescendência com<br />
as paixões inferiores e ofensivos peca<strong>dos</strong>, são ocultos por muitos professos<br />
representantes de Cristo no mundo, sob as vestes da santidade. Homens há, de<br />
excelentes aptidões naturais, os quais não realizam em seu trabalho metade do que<br />
poderiam, caso fossem temperantes em todas as coisas. A condescendência com o<br />
apetite e a paixão obscurece a mente, diminui a resistência física, e enfraquece a força<br />
moral. Não são claros os pensamentos <strong>dos</strong> que assim procedem. Suas palavras não são<br />
proferidas com poder, falta-lhes a vitalidade do Espírito de Deus para alcançarem o<br />
coração <strong>dos</strong> ouvintes.<br />
Pág. 421<br />
Como nossos primeiros pais perderam o Éden em conseqüência do apetite, nossa única<br />
esperança de o reconquistar é por meio da firme negação do apetite e da paixão. A<br />
abstinência no regime alimentar e o controle de todas as paixões, preservarão o<br />
intelecto e darão vigor mental e moral, habilitando o homem a sujeitar todas as suas<br />
inclinações ao domínio das faculdades mais elevadas, e a discernir entre o direito e o<br />
torto, o sagrado e o comum. To<strong>dos</strong> quantos têm o verdadeiro senso do sacrifício feito<br />
por Cristo em deixar Seu lar no Céu para vir a este mundo a fim de, pela Sua vida,<br />
mostrar ao homem como poderia resistir à tentação, renunciarão ao próprio eu,<br />
preferindo ser participantes <strong>dos</strong> sofrimentos de Cristo.<br />
Regi<strong>dos</strong> por uma Consciência Esclarecida<br />
O temor do Senhor é o princípio da sabedoria. Prov. 9:10. Os que vencem como Cristo<br />
venceu, precisam guardar-se continuamente contra as tentações de Satanás. O apetite<br />
e as paixões devem ser restringi<strong>dos</strong> e postos em sujeição ao domínio de uma<br />
consciência esclarecida, para que o intelecto seja equilibrado, claras as faculdades de<br />
percepção, de maneira que as manobras do inimigo e seus ardis não sejam<br />
considera<strong>dos</strong> como a providência de Deus. Muitos desejam a recompensa final e a<br />
vitória concedidas aos vencedores, mas não estão dispostos a suportar fadiga, privação<br />
189
e renúncia ao próprio eu, como fez o Redentor. É unicamente por meio da obediência e<br />
de contínuo esforço que havemos de vencer como Cristo venceu.<br />
A força dominante do apetite demonstrar-se-á a ruína de milhares quando, se<br />
houvessem triunfado nesse ponto, teriam tido força moral para ganhar a vitória sobre<br />
qualquer outra tentação de Satanás. Os que são escravos do apetite, no entanto,<br />
deixarão de aperfeiçoar o caráter cristão. A incessante transgressão do homem através<br />
de seis mil anos, tem trazido em resultado doença, dor e morte. E, à medida que nos<br />
aproximamos do fim do tempo, a tentação do inimigo para ceder ao apetite será mais<br />
poderosa e difícil de vencer.<br />
Pág. 422<br />
Começar em Casa<br />
A obra de temperança deve começar em nossa família, à nossa mesa. As mães têm<br />
importante obra a fazer a fim de darem ao mundo, mediante a verdadeira disciplina e<br />
educação, filhos capazes de ocupar qualquer posição, por assim dizer, e que também<br />
possam honrar e fruir os deveres da vida doméstica.<br />
Muito importante e sagrada é a obra da mãe. Cumpre-lhe ensinar aos filhos, desde o<br />
berço, a praticar atos de domínio próprio e de abnegação. Caso o tempo da mãe seja<br />
ocupado principalmente com as extravagâncias deste século degenerado, se os vesti<strong>dos</strong><br />
e as reuniões sociais lhe tomam o precioso tempo, as crianças deixam de receber<br />
aquela educação que lhes é essencial possuir a fim de formarem caráter digno. A<br />
ansiedade da mãe cristã não deve ser meramente no sentido das coisas exteriores, mas<br />
de que seus filhos possuam constituições saudáveis e boa moral.<br />
Muitas mães que deploram a intemperança que existe por toda parte, não aprofundam<br />
a visão o bastante para ver a causa. Preparam diariamente uma variedade de pratos e<br />
alimentos muito condimenta<strong>dos</strong>, que tentam o apetite e incitam a comer em excesso. A<br />
mesa de nosso povo americano é geralmente provida de modo a formar bêba<strong>dos</strong>. Para<br />
vasta classe, o apetite é a regra dominante. Quem quer que condescenda com o apetite<br />
comendo demasiado freqüentemente, e comida que não seja saudável, está<br />
enfraquecendo sua força para resistir aos reclamos desse apetite e da paixão em outros<br />
senti<strong>dos</strong>, e isso proporcionalmente ao vigor que permitiu tornarem os hábitos<br />
incorretos no comer.<br />
As mães precisam ser devidamente impressionadas quanto à obrigação que têm para<br />
com Deus e o mundo, de prover à sociedade filhos de caráter bem formado. Homens e<br />
mulheres que venham ao campo de ação com princípios firmes, estarão aptos a<br />
permanecer incontamina<strong>dos</strong> entre a poluição<br />
Pág. 423<br />
moral deste século corrupto. Testimonies, vol. 3, págs. 562 e 563, 1875.<br />
__________<br />
Visto que o estado saudável da mente depende da condição normal das forças vitais,<br />
que cuidado precisa ser exercido para não se usarem narcóticos nem estimulantes!<br />
O fumo é um veneno lento, perigoso, e seus efeitos são mais difíceis de desaparecer do<br />
organismo do que os do álcool. Que resistência tem o adepto do fumo para deter o<br />
progresso da intemperança? Deve haver em nosso mundo uma revolução acerca do<br />
fumo, antes que o machado seja posto à raiz da árvore. Tornamos o assunto mais<br />
íntimo: O chá e o café estão fomentando a sede que se desenvolve quanto a<br />
estimulantes mais fortes, como o fumo e as bebidas alcoólicas. E chegamos ainda mais<br />
perto de nosso lar, às refeições diárias, às mesas postas em lares cristãos: É<br />
porventura a temperança praticada em tudo? São as reformas essenciais à saúde e à<br />
felicidade aí postas em prática?<br />
Todo verdadeiro cristão regerá o apetite e as paixões. A menos que ele esteja livre da<br />
servidão do apetite, não pode ser um genuíno e obediente servo de Cristo. É a<br />
condescendência com o apetite e as paixões que tornam a verdade sem efeito para o<br />
coração. Impossível é ao espírito e ao poder da verdade santificarem o homem - alma,<br />
190
corpo e espírito - quando ele é dominado pelo apetite e a paixão. Testimonies, vol. 3,<br />
págs. 569 e 570, 1875.<br />
__________<br />
To<strong>dos</strong> devem guardar os senti<strong>dos</strong>, para que Satanás sobre eles não obtenha a vitória;<br />
pois estes são as entradas da alma. Testimonies, vol. 3, pág. 507, 1875.<br />
__________<br />
Professamos, como um povo, ser reformadores, portadores de luz no mundo, fiéis<br />
sentinelas de Deus, guardando cada entrada pela qual Satanás poderia entrar com<br />
suas tentações<br />
Pág. 424<br />
para perverter o apetite. Nosso exemplo e influência precisam ser uma força no sentido<br />
da reforma. Cumpre abster-nos de toda prática que nos adormeça a consciência ou<br />
estimule a tentação. Não devemos abrir porta alguma que dê a Satanás acesso à<br />
mente de uma criatura humana formada à imagem de Deus. Se to<strong>dos</strong> estivessem<br />
vigilantes e fiéis, guardando as pequeninas aberturas feitas pelo uso moderado do<br />
chamado vinho inofensivo e da sidra, fechar-se-ia a estrada que leva à bebedice. O que<br />
é preciso em toda localidade, é um firme propósito e a vontade de não tocar, não<br />
provar, não manusear; então a reforma da temperança será vigorosa, permanente e<br />
completa. Testimonies, vol. 5, pág. 360, 1885.<br />
80<br />
A Disciplina da Provação<br />
Pág. 425<br />
"E assentar-se-á, afinando e purificando a prata; e purificará os filhos de Levi, e os<br />
afinará como ouro e como prata. Então ao Senhor trarão ofertas em justiça. E a oferta<br />
de Judá e de Jerusalém será suave ao Senhor, como nos dias antigos, e como nos<br />
primeiros anos." Mal. 3:3 e 4. Eis o processo, o processo de afinar e purificar, a ser feito<br />
pelo Senhor <strong>dos</strong> exércitos. Esse processo é demasiado difícil para a alma, mas é<br />
unicamente por meio dele que se podem remover as escórias e contaminadoras<br />
impurezas. Nossas provações são todas necessárias para levar-nos mais perto de nosso<br />
Pai celeste, em obediência a Sua vontade, de modo a Lhe oferecermos uma oferta em<br />
justiça.<br />
A cada uma das pessoas aqui mencionadas, deu o Senhor aptidões, talentos a<br />
desenvolver. Cada um de vós necessita de nova e viva experiência na vida divina, a fim<br />
de fazer a vontade de Deus. Qualquer que seja a experiência passada, isto não basta<br />
para o presente, nem nos fortalece para vencer as dificuldades que encontramos no<br />
caminho. Precisamos diariamente nova graça e renovada resistência se queremos ser<br />
vitoriosos.<br />
Raramente somos, em to<strong>dos</strong> os aspectos, coloca<strong>dos</strong> duas vezes nas mesmas<br />
circunstâncias. Abraão, Moisés, Elias, Daniel e muitos outros, foram to<strong>dos</strong><br />
severamente prova<strong>dos</strong>, mas não da mesma maneira. Cada um tem suas provas<br />
individuais no drama da vida, mas justamente a mesma provação raro sobrevém duas<br />
vezes. Cada um tem sua própria experiência,<br />
Pág. 426<br />
peculiar no caráter e nas circunstâncias, a fim de realizar determinada obra. Deus tem<br />
uma obra, um desígnio na vida de cada um de nós. Todo ato, por pequeno que seja tem<br />
seu lugar na experiência de nossa vida. Cumpre-nos possuir contínua luz e experiência<br />
que provém de Deus. To<strong>dos</strong> necessitamos delas, e o Senhor está mais que disposto a<br />
dar, se as quisermos receber. Não cerrou as janelas do Céu a vossas orações, mas<br />
tende-vos contentado com passar sem o auxílio divino de que tanto necessitais.<br />
Quão pouco sabeis da importância <strong>dos</strong> atos que diariamente praticais sobre a vida de<br />
outros. Talvez suponhais que o que dizeis ou fazeis não tem muita conseqüência,<br />
quando importantíssimos são os resulta<strong>dos</strong> de nossas palavras e ações para o bem ou<br />
para o mal. Atos e expressões considera<strong>dos</strong> diminutos e insignificantes, são elos na<br />
191
longa cadeia <strong>dos</strong> acontecimentos humanos. Não tendes experimentado a necessidade<br />
de Deus manifestar-nos Sua vontade em to<strong>dos</strong> os atos da vida diária. Quanto a nossos<br />
primeiros pais, o desejo de uma única satisfação do apetite abriu as comportas da<br />
miséria e do pecado sobre o mundo. Oxalá, prezadas irmãs, sentísseis que todo passo<br />
que dais talvez tenha duradoura e dominante influência sobre vossa própria vida e o<br />
caráter de outros. Oh! quão necessário é então termos comunhão com Deus! Que<br />
necessidade da graça divina para dirigir cada passo, e mostrar-nos como aperfeiçoar<br />
caráter cristão!<br />
Uma Experiência Progressiva<br />
Os cristãos terão novas cenas e provações novas a enfrentar, nas quais a experiência<br />
passada não pode ser guia suficiente. Agora, mais que em qualquer outro período de<br />
nossa vida, precisamos aprender do divino Mestre. E quanto mais experiência<br />
alcançarmos, quanto mais nos aproximarmos da pura luz celeste, tanto mais<br />
discerniremos em nós a necessidade de reforma. Podemos to<strong>dos</strong> realizar boa obra em<br />
benefício <strong>dos</strong> outros, uma vez que busquemos conselho de Deus, e o sigamos com a<br />
obediência da fé. A vereda do justo é progressiva, de<br />
Pág. 427<br />
força em força, de graça em graça, e de glória em glória. A iluminação divina aumenta<br />
mais e mais, correspondendo a nosso movimento de avanço, habilitando-os a fazer face<br />
as responsabilidades e emergências que se nos deparam.<br />
Quando sois premi<strong>dos</strong> pelas provas, quando os pensamentos vos são domina<strong>dos</strong> pelo<br />
desânimo e a sombria incredulidade, quando o egoísmo vos molda as ações, não vedes<br />
a necessidade que tendes do Senhor, e de conhecimento profundo e completo de Sua<br />
vontade. Não sabeis a vontade de Deus, tampouco a podeis saber enquanto viveis para<br />
o próprio eu. Descansais em vossas boas intenções e resoluções, e a maior parte da<br />
vida compõe-se de resoluções tomadas e não cumpridas. O que to<strong>dos</strong> necessitais é<br />
morrer para o eu, deixar de a ele vos apegardes, e entregar-vos a Deus.<br />
De boa vontade vos confortaria, caso pudesse. De bom grado vos louvaria os bons<br />
traços, os propósitos bons e as boas ações; mas Deus não quis mostrá-los a mim.<br />
Apresentou-me os impedimentos à formação do caráter nobre, elevado, de santidade,<br />
que precisais ter a fim de não perder o descanso celeste e a glória imortal que Ele quer<br />
que alcanceis. Desviai os olhos de vós para Jesus. Ele é tudo em to<strong>dos</strong>. Os<br />
merecimentos do sangue de um Salvador crucificado e ressurgido serão suficientes<br />
para purificar do menor como do maior <strong>dos</strong> peca<strong>dos</strong>. Com fé confiante, entregai a<br />
guarda de vossas almas a Deus como a um fiel Criador. Não estejais em constante<br />
temor e apreensão de que Deus vos abandone. Jamais o fará, a menos que dEle vos<br />
aparteis. Cristo virá e habitará em vós, caso Lhe abrais a porta do coração. Pode haver<br />
perfeita harmonia entre vós e o Pai e o Filho, uma vez que morrais para o próprio eu e<br />
vivais para Deus.<br />
Quão poucos se apercebem de ter queri<strong>dos</strong> ídolos, de haverem nutrido peca<strong>dos</strong>! Deus<br />
vê esses peca<strong>dos</strong> a que talvez estejais cegos, e emprega Sua faca de podar, cortando<br />
fundo a fim de separar de vós esses peca<strong>dos</strong> nutri<strong>dos</strong>. To<strong>dos</strong> vós deveis escolher por vós<br />
mesmos o processo de purificação. Como vos é difícil submeter-vos à crucifixão do<br />
próprio eu! Mas quando<br />
Pág. 428<br />
toda a obra é entregue nas mãos de Deus, Ele que sabe nossas fraquezas e nossa<br />
pecaminosidade, segue o melhor caminho para produzir o desejado fim.<br />
Foi por entre constante conflito e com singeleza de fé que Enoque andou com Deus.<br />
Podeis to<strong>dos</strong> fazer o mesmo. Podeis converter-vos e transformar-vos inteiramente,<br />
tornando-vos em verdade filhos de Deus, que fruem, não somente o conhecimento de<br />
Sua vontade mas que, por seu exemplo, encaminham outros à mesmo caminho de<br />
humilde obediência e consagração. A verdadeira piedade difunde-se e é comunicativa.<br />
Diz o salmista: "Não escondi a Tua justiça dentro do meu coração; apregoei a Tua<br />
192
fidelidade e a Tua salvação; não escondi da grande congregação a Tua benignidade e a<br />
Tua verdade." Sal. 40:10. Onde quer que se encontre o amor de Deus, há sempre um<br />
desejo de exprimi-lo.<br />
Que Deus vos ajude a to<strong>dos</strong> a fazer diligentes esforços para ganhar a vida eterna, e<br />
para conduzir outros ao caminho da santidade.<br />
81<br />
"Não Poderei Descer"<br />
Pág. 429<br />
"Estou fazendo uma grande obra", diz Neemias, "de modo que não poderei descer. Por<br />
que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco?" Nee. 6:3.<br />
Foi-me mostrado, em 3 de janeiro de 1875, que o povo de Deus não devia afrouxar por<br />
um momento sua vigilância. Satanás acha-se em nosso encalço. Está decidido a vencer<br />
com suas tentações o povo que observa os mandamentos de Deus. Se não lhe dermos<br />
lugar, antes resistirmos a seus ardis firmes na fé, teremos força para apartar-nos de<br />
toda iniqüidade. Os que observam os mandamentos de Deus serão uma força na Terra,<br />
caso vivam segundo seus privilégios e a luz que têm. Serão modelos de piedade, de<br />
coração e conversação santos. Não teremos folga, para que possamos deixar de vigiar e<br />
orar. À medida que se aproxima o tempo de Cristo manifestar-Se nas nuvens do céu,<br />
as tentações de Satanás far-se-ão sentir com mais poder sobre os que guardam os<br />
mandamentos de Deus; pois ele sabe que seu tempo é curto.<br />
A obra de Satanás será levada avante por meio de instrumentos. Pastores que<br />
aborrecem a lei de Deus empregarão qualquer meio para desviar almas de sua<br />
lealdade para com o Senhor. Nossos mais acérrimos inimigos achar-se-ão entre os<br />
adventistas do primeiro dia. Têm o coração inteiramente decidido a fazer guerra<br />
Pág. 430<br />
contra os que guardam os mandamentos de Deus e têm a fé de Jesus. Essa classe julga<br />
ser virtude falar, escrever e agir movi<strong>dos</strong> pelo mais intenso ódio contra nós. Não<br />
precisamos esperar um trato eqüitativo nem justiça de suas mãos. A muitos deles é<br />
inspirado por Satanás um furor insano contra os observadores <strong>dos</strong> mandamentos<br />
divinos. Usarão conosco de malignidade e nos desfigurarão; to<strong>dos</strong> os nossos motivos e<br />
ações serão mal julga<strong>dos</strong> e nosso caráter será alvo de seus ataques. Assim se<br />
manifestará a ira do dragão. Vi, porém, que não devemos ficar nem um pouco<br />
desanima<strong>dos</strong>. Nossa força está em Jesus, que nos advoga a causa. Se confiamos<br />
humildemente em Deus, apegando-nos firmemente às Suas promessas, Ele nos dará<br />
graça e sabedoria do alto para resistir a to<strong>dos</strong> os ardis de Satanás, e sair vitoriosos.<br />
Em minha recente visão foi-me mostrado que não nos aumentará a influência nem nos<br />
trará o favor de Deus o desforrar-nos ou descer de nossa grande obra ao nível deles,<br />
enfrentando-lhes as calúnias. Pessoas há que recorrerão a toda espécie de engano e<br />
falsidade a fim de atingirem a seu objetivo de iludir e lançar infâmia sobre a lei de<br />
Deus e sobre os que a amam e lhe obedecem. Repetirão as mentiras mais incoerentes e<br />
baixas, várias vezes, até que eles próprios chegam a crer que isso é a verdade. Essas<br />
falsidades são os mais fortes argumentos que têm a empregar contra o sábado do<br />
quarto mandamento. Não devemos deixar que os sentimentos nos dominem, e desviem<br />
da obra de advertir o mundo.<br />
O Exemplo de Neemias<br />
Foi-me apresentado o caso de Neemias. Ele se achava empenhado na construção <strong>dos</strong><br />
muros de Jerusalém, e os inimigos de Deus estavam decidi<strong>dos</strong> a não permitir que os<br />
mesmos fossem construí<strong>dos</strong>. "Sucedeu que, ouvindo Sambalá e Tobias, e os arábios, e<br />
os amonitas, e os asdoditas, que tanto ia crescendo a reparação <strong>dos</strong> muros de<br />
Jerusalém que já as roturas se começavam a tapar, iraram-se sobremodo, e ligaram-se<br />
entre si to<strong>dos</strong>, para<br />
Pág. 431<br />
virem guerrear Jerusalém, e para os desviarem do seu intento." Nee. 4:7 e 8.<br />
193
Nesse caso o espírito de ódio e oposição contra os hebreus formou o traço de união,<br />
criando mútua simpatia entre diversas corporações de homens que, de outro modo,<br />
poder-se-iam guerrear uns aos outros. Isto ilustra bem o que freqüentemente<br />
testemunhamos em nossos dias na união existente entre homens de diferentes<br />
denominações para se oporem à verdade presente - homens cuja ligação única parece<br />
ser aquilo que é de natureza satânica, manifestando amargura e ódio contra os<br />
remanescentes que guardam os mandamentos de Deus. Isto se verifica especialmente<br />
nos adventistas do primeiro dia, de nenhum dia e de to<strong>dos</strong> os-dias-iguais, os quais<br />
parecem famosos por se aborrecerem e caluniarem uns aos outros, quando lhes sobra<br />
algum tempo <strong>dos</strong> esforços que empregam para apresentarem falsamente, caluniarem e<br />
maltratarem por to<strong>dos</strong> os mo<strong>dos</strong> os adventistas do sétimo dia.<br />
"Porém nós oramos ao nosso Deus, e pusemos uma guarda contra eles, de dia e de<br />
noite, por causa deles." Nee. 4:9. Corremos contínuo risco de tornar-nos presunçosos,<br />
confiando em nossa própria sabedoria, deixando de fazer de Deus a nossa força. Coisa<br />
alguma perturba tanto a Satanás como o lhe conhecermos os ardis. Se sentimos o<br />
próprio perigo, sentiremos também a necessidade que temos de oração, como aconteceu<br />
com Neemias e, à sua semelhança, obteremos aquela firme defesa que nos dará<br />
segurança no perigo. Caso sejamos descui<strong>dos</strong>os e indiferentes, certamente seremos<br />
venci<strong>dos</strong> pelos enganos de Satanás. Cumpre-nos ser vigilantes. Ao passo que, como<br />
Neemias, recorremos à oração, levando todas as nossas perplexidades e cargas ao<br />
Senhor, não devemos sentir que nada mais temos a fazer. Precisamos vigiar da mesma<br />
maneira que orar. Devemos vigiar a obra de nossos adversários, não obtenham eles<br />
vantagem, iludindo as almas. Cumpre-nos, na sabedoria de Cristo, esforçar-nos para<br />
derrotar-lhes os desígnios ao passo que, ao mesmo tempo, não permitimos que nos<br />
desviem da grande obra em que nos encontramos empenha<strong>dos</strong>. A<br />
Pág. 432<br />
verdade é mais forte que o erro. A justiça prevalecerá sobre a iniqüidade.<br />
Contar com a Oposição<br />
O povo do Senhor está buscando restaurar a brecha feita na lei de Deus. "E os que de<br />
ti procederem edificarão os lugares antigamente assola<strong>dos</strong>; e levantarás os<br />
fundamentos de geração em geração; e chamar-te-ão reparador das roturas, e<br />
restaurador de veredas para morar. Se desviares o teu pé do sábado, e de fazer a tua<br />
vontade no Meu santo dia, e se chamares ao sábado deleitoso, e santo dia do Senhor<br />
digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a<br />
tua própria vontade, nem falar as tuas próprias palavras, então te deleitarás no<br />
Senhor, e te farei cavalgar sobre as alturas da Terra, e te sustentarei com a herança de<br />
teu pai Jacó; porque a boca do Senhor o disse." Isa. 58:12-14.<br />
Isso perturba os inimigos de nossa fé, e são emprega<strong>dos</strong> to<strong>dos</strong> os meios a fim de<br />
impedir-nos em nossa obra. Todavia as paredes derribadas vão sendo firmemente<br />
reconstruídas. O mundo está sendo advertido, e muitos se estão desviando de pisar o<br />
sábado de Jeová. O Senhor está nesta obra, e o homem não a pode deter. Anjos de<br />
Deus estão colaborando com os esforços de Seus fiéis servos, e a obra vai em decidido<br />
progresso. Encontraremos oposição de toda espécie, como aconteceu com os<br />
construtores <strong>dos</strong> muros de Jerusalém; se, porém, vigiamos e oramos e trabalhamos<br />
como eles fizeram, o Senhor combaterá nossos combates por nós, e nos dará vitórias<br />
preciosas.<br />
Neemias "se chegou ao Senhor, não se apartou de após Ele, e guardou os<br />
mandamentos que o Senhor tinha dado a Moisés. Assim foi o Senhor com ele". II Reis<br />
18:6 e 7. Repetidamente foram envia<strong>dos</strong> mensageiros solicitando uma conferência com<br />
Neemias, mas ele se recusou a ir encontrar-se com eles. Fizeram-se ousadas ameaças<br />
do que eles pretendiam fazer, e enviaram emissários para desviar a atenção do povo<br />
que estava empenhado na obra de construção. Estes apresentaram lisonjeiros<br />
incentivos, e prometeram aos construtores isenção<br />
194
Pág. 433<br />
de restrições, e admiráveis privilégios, caso unissem os próprios interesses aos seus, e<br />
parassem a obra de construção.<br />
Mas o povo tinha ordem de não meter-se em contenda com seus inimigos, e não<br />
responder-lhes nem uma palavra, para que não lhes fosse dada nenhuma vantagem de<br />
palavras. Recorreram a ameaças e ridículo. Diziam: "Ainda que edifiquem, vindo uma<br />
raposa derrubará facilmente o seu muro de pedra." Sambalá "ardeu em ira, e se<br />
indignou muito, e escarneceu <strong>dos</strong> judeus". Neemias orou: "Ouve, ó nosso Deus, que<br />
somos tão despreza<strong>dos</strong>, e caia o seu opróbrio sobre a sua cabeça." Nee. 4:3, 1 e 4.<br />
"E enviei-lhes mensageiros a dizer: Estou fazendo uma grande obra, de modo que não<br />
poderei descer: por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco?<br />
E da mesma maneira enviaram a mim quatro vezes; e da mesma maneira lhes<br />
respondi. Então Sambalá da mesma maneira pela quinta vez me enviou o seu moço<br />
com uma carta aberta na sua mão." Nee. 6:3-5.<br />
Sofreremos a mais renhida oposição da parte <strong>dos</strong> adventistas que se opõem à lei de<br />
Deus. Mas, como os edificadores <strong>dos</strong> muros de Jerusalém, não nos devemos distrair<br />
nem deter em nossa obra por causa do que os outros dizem, por mensageiros que<br />
desejem discussão ou polêmica, ou por ameaças intimidantes, divulgação de falsidades,<br />
ou qualquer ardil sugerido por Satanás. Nossa resposta deve ser: Estamos<br />
empenha<strong>dos</strong> em uma grande obra, e não podemos descer. Ficaremos por vezes<br />
perplexos ante qual direção tomar a fim de manter a honra da causa de Deus, e<br />
vindicar-Lhe a verdade.<br />
Confiança em Deus<br />
A atitude de Neemias deve ter poderosa influência em nosso espírito quanto à maneira<br />
de enfrentar essa espécie de oponentes. Cumpre-nos levar tudo isso ao Senhor em<br />
oração, como Neemias fez suas súplicas a Deus com humilhação de espírito. Chegou-se<br />
a Deus com inabalável fé. Esse é o procedimento que devemos seguir. O tempo é<br />
demasiado precioso para que<br />
Pág. 434<br />
os servos de Deus o devotem a reivindicar o próprio caráter, atingido pelos que<br />
aborrecem o sábado do Senhor. Cumpre-nos ir avante com firme confiança, crendo que<br />
Deus dará a Sua verdade grandes e preciosas vitórias. Descansando em Jesus humilde<br />
e mansamente, e com pureza de vida, devemos ter conosco um convincente poder de<br />
que possuímos a verdade.<br />
Não compreendemos, como é nosso privilégio, a fé e confiança que podemos ter em<br />
Deus, e as grandes bênçãos que a fé nos dará. Acha-se diante de nós importante obra.<br />
Temos de adquirir aptidão moral para o Céu. Nossas palavras e exemplo devem falar<br />
ao mundo. Anjos de Deus se acham ativamente empenha<strong>dos</strong> em servir a Seus filhos.<br />
Estão escritas preciosas promessas, sob condição de obedecermos aos mandamentos de<br />
Deus. O Céu está pleno das mais ricas bênçãos à espera de nos serem comunicadas.<br />
Caso sintamos nossa necessidade e sinceramente nos acheguemos a Deus, com<br />
fervente fé, seremos postos em íntimo contato com o Céu, e nos tornaremos veículos de<br />
luz para o mundo.<br />
Importa que se faça soar muitas vezes a advertência: "Sede sóbrios; vigiai; porque o<br />
diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem<br />
possa tragar." I Ped. 5:8.<br />
82<br />
Biografias Bíblicas<br />
Pág. 435<br />
As vidas relatadas na Bíblia são histórias autênticas de pessoas reais. Desde Adão,<br />
passando pelas sucessivas gerações, até ao tempo <strong>dos</strong> apóstolos, temos uma narração<br />
clara, ao natural, do que realmente ocorreu, e a genuína experiência de personagens<br />
verídicos. É caso de admiração para muitos que a história inspirada relatasse na vida<br />
195
de homens bons, fatos que lhes maculam o caráter moral. Os infiéis utilizam-se desses<br />
peca<strong>dos</strong> com grande prazer, e expõem ao ridículo os que os cometeram. Os escritores<br />
inspira<strong>dos</strong> não testificam de falsidades, para impedir que as páginas da história<br />
sagrada sejam obscurecidas pelo registro das fragilidades e faltas humanas. Os<br />
escribas de Deus escreveram segundo lhes foi ditado pelo Espírito Santo, não tendo<br />
eles, próprios, controle sobre o trabalho. Registraram a verdade literal, e fatos severos,<br />
repugnantes, são revela<strong>dos</strong> por motivos que nossa mente finita não pode compreender<br />
plenamente.<br />
É uma das melhores provas da autenticidade das Escrituras, o não ser a verdade<br />
apresentada com paliativos, nem os peca<strong>dos</strong> de seus principais personagens<br />
suprimi<strong>dos</strong>. Muitos alegarão ser fácil relatar o que ocorre em uma existência comum.<br />
É, porém, fato provado, ser uma impossibilidade humana o narrar imparcialmente a<br />
história de um contemporâneo; e o é quase igualmente narrar sem desvios da exata<br />
verdade a vida de qualquer pessoa ou povo com cuja vida nos achamos relaciona<strong>dos</strong>. O<br />
espírito humano é tão sujeito ao preconceito, que lhe é quase impossível tratar o<br />
assunto imparcialmente. Ou os defeitos da pessoa em questão são salienta<strong>dos</strong> em<br />
evidente relevo, ou suas virtudes brilham com não desmerecido<br />
Pág. 436<br />
resplendor, segundo o preconceito do escritor lhe seja favorável ou contrário. Por<br />
imparcial que o historiador se proponha a ser, to<strong>dos</strong> os críticos concordarão em que é<br />
muito difícil realizar verdadeiramente esse objetivo.<br />
A unção divina, porém, erguida acima das fraquezas humanas, conta a verdade<br />
simples, nua. Quantas biografias se têm escrito de corretos cristãos, que, em sua vida<br />
comum no lar, em suas relações com a igreja brilharam como exemplos de imaculada<br />
piedade! Defeito algum manchou a beleza da santidade deles, falta alguma é<br />
registrada de modo a lembrar-nos de que eram argila comum, e sujeitos às naturais<br />
tentações da humanidade. Todavia, houvesse-lhes a pena da Inspiração escrito a<br />
história, e quão diversos pareceriam eles! Ter-se-iam revelado fraquezas humanas,<br />
lutas com o egoísmo, hipocrisia e orgulho, talvez peca<strong>dos</strong> ocultos, e a luta contínua<br />
entre o espírito e a carne.<br />
Os próprios diários íntimos não revelam em suas páginas os pecaminosos atos do<br />
autor. Por vezes registram-se os conflitos com o mal, mas normalmente apenas quando<br />
o bem triunfou. Mas podem conter fiel registro de atos dignos de louvor e de nobres<br />
esforços; isto, também, quando o escritor pretende sinceramente manter um diário fiel<br />
de sua vida. É quase uma impossibilidade humana expor nossas faltas à possível<br />
inspeção de nossos amigos.<br />
Houvesse nossa boa Bíblia sido escrita por pessoas não inspiradas, e apresentaria bem<br />
diverso aspecto, e seria um estudo desalentador para os errantes mortais, os quais<br />
estão a contender com as fragilidades naturais e as tentações de um inimigo astuto.<br />
Tal como é, no entanto, temos relatório fiel das experiências religiosas de notáveis<br />
personagens da história bíblica. Os homens favoreci<strong>dos</strong> por Deus, e a quem confiou<br />
grandes responsabilidades, foram por vezes venci<strong>dos</strong> pela tentação e cometeram<br />
peca<strong>dos</strong>, mesmo como nós da época presente lutamos, vacilamos e caímos<br />
freqüentemente em erro. É, porém, animador para nosso coração desfalecido saber<br />
que, mediante a graça de Deus, eles puderam obter novo vigor para se erguer<br />
Pág. 437<br />
outra vez acima de sua má natureza; e, lembrando-nos disso estamos prontos a<br />
renovar o conflito por nossa vez.<br />
A Experiência de Israel é uma Advertência<br />
As murmurações do antigo Israel, e seu rebelde descontentamento, bem como os<br />
poderosos milagres opera<strong>dos</strong> em seu favor, e os castigos de sua idolatria e ingratidão,<br />
acham-se escritos para nosso benefício. O exemplo do antigo Israel é apresentado como<br />
advertência ao povo de Deus, a fim de evitarem a incredulidade e escaparem a Sua ira.<br />
196
Houvessem as iniqüidades <strong>dos</strong> hebreus sido omitidas do registro sagrado, sendo<br />
contadas apenas suas virtudes, sua história deixaria de ensinar-nos a lição que ensina.<br />
Os infiéis e amantes do pecado desculpam seus crimes citando a maldade de homens a<br />
quem Deus deu autoridade, nos tempos antigos. Alegam que, se esses santos homens<br />
cederam à tentação e cometeram peca<strong>dos</strong>, não é de admirar que eles também sejam<br />
culpa<strong>dos</strong> de proceder mal; e dão a entender que não são tão maus afinal de contas,<br />
uma vez que têm tão ilustres exemplos de iniqüidade diante deles.<br />
Os princípios de justiça exigiam uma fiel narração <strong>dos</strong> fatos para benefício de to<strong>dos</strong><br />
quantos houvessem de ler os sagra<strong>dos</strong> registros. Aí divisamos as provas da sabedoria<br />
divina. É-nos exigido obedecer à lei de Deus, e não somente somos instruí<strong>dos</strong> quanto à<br />
pena da desobediência, como nos é contada, para benefício nosso e advertência, a<br />
história de Adão e Eva no Paraíso, e os tristes resulta<strong>dos</strong> de sua desobediência aos<br />
mandamentos de Deus. O relatório é pleno e explícito.<br />
A lei dada ao homem no Éden está registrada, juntamente com o castigo resultante no<br />
caso de sua desobediência. Segue-se a história da tentação e queda, e o castigo infligido<br />
a nossos pais em seu erro. Seu exemplo nos é dado como advertência contra o<br />
desobedecer, de modo a estarmos certos de que o salário do pecado é a morte, que a<br />
justiça retributiva de Deus não falha, e que Ele exige de Suas criaturas estrita<br />
Pág. 438<br />
consideração para com Seus mandamentos. Quando a lei foi proclamada no Sinai,<br />
como foi definida a penalidade anexa, e quão certo o castigo que seguiria à<br />
transgressão da lei, e quão positivos são os casos registra<strong>dos</strong> em testemunho disso!<br />
A pena da inspiração, fiel a sua tarefa, conta-nos os peca<strong>dos</strong> em que caíram Noé, Ló,<br />
Moisés, Abraão, Davi e Salomão, e que mesmo o forte espírito de Elias sucumbiu ante<br />
a tentação durante sua terrível prova. A desobediência de Jonas e a idolatria de Israel<br />
são fielmente relatadas. A negação de Cristo por parte de Pedro, a viva contenda entre<br />
Paulo e Barnabé, as falhas e fraquezas <strong>dos</strong> profetas e <strong>dos</strong> apóstolos, todas são expostas<br />
pelo Espírito Santo, que descerra o véu do coração humano. Ali se acha diante de nós a<br />
vida <strong>dos</strong> crentes, com todas as suas faltas e loucuras, o que visa uma lição a todas as<br />
gerações que os seguissem. Houvessem eles sido isentos de fraquezas, teriam sido mais<br />
que humanos, e nossa natureza pecaminosa desesperaria de atingir nunca a tal grau<br />
de excelência. Vendo, porém, onde eles lutaram e caíram, onde se animaram outra vez<br />
e venceram mediante a graça de Deus, somos anima<strong>dos</strong> e induzi<strong>dos</strong> a avançar e passar<br />
por cima <strong>dos</strong> obstáculos que a natureza degenerada nos coloca no caminho.<br />
Deus tem sido sempre fiel em castigar o crime. Envia Seus profetas para advertir os<br />
culpa<strong>dos</strong>, denuncia-lhes os peca<strong>dos</strong>, e declara o juízo a vir sobre eles. Os que<br />
perguntam porque a Palavra de Deus revela os peca<strong>dos</strong> de Seu povo de maneira tão<br />
clara para os zombadores escarnecerem e os santos deplorarem, devem considerar que<br />
tudo isso foi escrito para ensino deles, para que evitem os males assim registra<strong>dos</strong>, e<br />
imitem apenas a justiça <strong>dos</strong> que serviram ao Senhor.<br />
Precisamos exatamente dessas lições que a Bíblia nos dá, pois com a revelação do<br />
pecado, está registrada a retribuição que se lhe segue. A dor e o arrependimento do<br />
culpado, as lamentações da alma enferma de pecado, chegam até nós, vindas <strong>dos</strong><br />
tempos i<strong>dos</strong>, mostrando-nos que então, como agora, o homem necessitava da<br />
perdoadora misericórdia de Deus. Isto nos ensina que, ao passo que Ele é o punidor do<br />
crime,<br />
Pág. 439<br />
compadece-Se e perdoa o pecador arrependido.<br />
Em Sua providência, tem o Senhor achado por bem ensinar e advertir Seu povo de<br />
várias maneiras. Por ordens diretas, pelos sagra<strong>dos</strong> escritos e pelo Espírito de<br />
Profecia, tem-lhes Ele dado a conhecer Sua vontade. Minha obra tem sido falar<br />
claramente das faltas e erros do povo de Deus. O fato de os peca<strong>dos</strong> de certos<br />
indivíduos terem sido trazi<strong>dos</strong> à luz, não quer dizer que eles sejam piores aos olhos de<br />
197
Deus do que muitos cujas faltas não são relatadas. Foi-me no entanto mostrado que<br />
não me pertence escolher meu trabalho, mas obedecer humildemente à vontade de<br />
Deus. Os erros e maus procedimentos existentes na vida de professos cristãos são<br />
registra<strong>dos</strong> para instrução <strong>dos</strong> que estão sujeitos a cair nas mesmas tentações. A<br />
experiência de um serve como farol para advertir outros a se desviarem <strong>dos</strong> perigosos<br />
recifes.<br />
Assim se revelam os laços e ardis de Satanás, a importância de aperfeiçoar um caráter<br />
cristão, e os meios por que se pode obter esse resultado. Dessa maneira Deus indica o<br />
que é necessário fazer para conseguir-Lhe a bênção. Há, por parte de muitos, a<br />
tendência de deixar que se levantem sentimentos rebeldes, caso lhes sejam reprova<strong>dos</strong><br />
os erros. O espírito desta geração, é: "Dizei-nos coisas aprazíveis." Isa. 30:10. Mas o<br />
Espírito de Profecia só diz a verdade. Espalha-se a iniqüidade, e esfria o amor de<br />
muitos que professam seguir a Cristo. Estão cegos à iniqüidade do próprio coração, e<br />
não sentem a condição fraca e desamparada em que se encontram. Em misericórdia,<br />
Deus ergue o véu, e mostra-lhes que, por trás do cenário, há uns olhos que lhes<br />
distinguem a invisível culpa e os motivos de suas ações.<br />
Os peca<strong>dos</strong> das igrejas populares acham-se caia<strong>dos</strong>. Muitos <strong>dos</strong> membros andam em<br />
grosseiros vícios, e acham-se embebi<strong>dos</strong> em iniqüidades. Caída é Babilônia e tornou-se<br />
habitação de toda ave imunda e aborrecível! Os mais revoltantes peca<strong>dos</strong> da época se<br />
abrigam sob a capa do cristianismo. Muitos proclamam a abolição da lei de Deus, e<br />
certamente sua vida se acha<br />
Pág. 440<br />
em harmonia com essa fé. Se não há lei, então não há transgressão, e portanto não há<br />
pecado; pois o pecado é a transgressão da lei.<br />
A mente carnal é inimizade contra Deus, e rebela-se contra a vontade dEle. Arremesse<br />
ela uma vez o jugo da obediência, e desliza inconscientemente para a ilegalidade do<br />
crime. Abundante é a iniqüidade entre os que falam majestosamente da pura e<br />
perfeita liberdade religiosa. Sua conduta é aborrecível ao Senhor; eles são coobreiros<br />
do adversário das almas. A luz da verdade revelada desvia-se de seus olhos, e as<br />
belezas da santidade não passam de sombras para eles.<br />
É surpreendente ver sobre que frágeis fundamentos muitos constroem suas esperanças<br />
do Céu! Injuriam a lei do Infinito, como se O quisessem desafiar, e anular-Lhe a<br />
palavra. O próprio Satanás, com o conhecimento que tem da lei divina, não ousaria<br />
fazer os discursos que alguns pastores aborrecedores da lei fazem do púlpito; todavia,<br />
exulta com a blasfêmia deles. Foi-me mostrado que o homem está sem conhecimento<br />
da vontade de Deus. Crimes e iniqüidades enchem-lhe a medida da existência.<br />
Quando, porém, o Espírito de Deus lhe revela toda a significação da lei, que mudança<br />
se lhe opera no coração! Qual Belsazar, lê com entendimento a escritura do Altíssimo,<br />
e apodera-se-lhe da alma a convicção. Os trovões da Palavra de Deus despertam-nos<br />
da letargia e clama por misericórdia em nome de Jesus. E Deus sempre atende a essa<br />
humilde petição com ouvi<strong>dos</strong> cheios de boa vontade. Jamais manda embora sem<br />
conforto um penitente.<br />
O Senhor achou por bem dar-me uma visão das necessidades e erros de Seu povo. Por<br />
penoso que me haja sido, tenho exposto fielmente aos ofensores suas faltas e o meio de<br />
remediá-las, segundo os ditames do Espírito de Deus. Isto, em muitos casos, tem<br />
despertado a língua da calúnia, envenenando contra mim aqueles por quem tenho<br />
trabalhado e sofrido. Não me tenho, todavia, desviado de minha direção por causa<br />
disto. Deus me deu o trabalho e, apoiada por Sua força mantenedora, tenho cumprido<br />
os penosos deveres que tem posto diante de<br />
Pág. 441<br />
mim. Assim tem o Espírito de Deus pronunciado advertências e juízos, sem recusar,<br />
contudo, a doce promessa da misericórdia.<br />
198
Caso o povo de Deus reconhecesse Sua maneira de lidar com eles, e Lhe aceitassem os<br />
ensinos, encontrariam caminho reto para seus pés, e uma luz para guiá-los por entre<br />
as trevas e o desânimo. Davi aprendeu sabedoria do trato de Deus para com ele, e<br />
curvou-se humildemente sob o castigo do Altíssimo. O fiel retrato de sua verdadeira<br />
condição feito pelo profeta Natã, deu a Davi o conhecimento <strong>dos</strong> próprios peca<strong>dos</strong>, e<br />
ajudou-o a afastá-los de si. Aceitou humildemente o conselho, e humilhou-se diante de<br />
Deus. "A lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma", exclama ele. Sal. 19:7.<br />
Não Há Motivo de Desespero<br />
Os pecadores arrependi<strong>dos</strong> não têm motivo de desesperar-se por lhes serem lembradas<br />
suas transgressões e serem adverti<strong>dos</strong> do perigo em que se encontram. Esses próprios<br />
esforços em seu favor, indicam quanto Deus os ama e deseja salvá-los. Só têm de<br />
seguir-Lhe os conselhos e fazer Sua vontade, para herdarem a vida eterna. Deus põe os<br />
peca<strong>dos</strong> diante de Seu povo errante, a fim de que os vejam em toda a sua enormidade à<br />
luz da verdade divina. É seu dever então a eles renunciar para sempre.<br />
Deus é tão poderoso hoje para salvar do pecado, como o era nos tempos patriarcais, de<br />
Davi e <strong>dos</strong> profetas e apóstolos. A multidão de casos registra<strong>dos</strong> na história sagrada<br />
em que o Senhor livrou Seu povo das iniqüidades deles, deve tornar os cristãos de hoje<br />
ansiosos de receberem as instruções divinas, e zelosos de aperfeiçoarem um caráter<br />
que suporte a íntima inspeção do juízo.<br />
A história bíblica sustém o coração desfalecido com a esperança da misericórdia de<br />
Deus. Não precisamos desesperar quando vemos que outros têm lutado através de<br />
desânimos semelhantes aos nossos, e caíram em tentações da mesma maneira que nós,<br />
e não obstante reconquistaram o terreno e<br />
Pág. 442<br />
foram abençoa<strong>dos</strong> por Deus. As palavras da Inspiração confortam e animam a alma<br />
errante. Se bem que os patriarcas e os apóstolos fossem sujeitos às fragilidades<br />
humanas, obtiveram, pela fé, boa reputação, combateram seus combates na força do<br />
Senhor, e venceram gloriosamente. Assim, podemos confiar na virtude do sacrifício<br />
expiatório, e ser vencedores no nome de Jesus. A humanidade é a humanidade em todo<br />
o mundo, desde os tempos de Adão, até à geração atual; e o amor de Deus é, através de<br />
to<strong>dos</strong> os séculos um amor incomparável.<br />
83<br />
A Responsabilidade do<br />
Membro da Igreja<br />
Pág. 443<br />
Caros Irmãos: Como to<strong>dos</strong> os membros do organismo humano - diversos entre si - se<br />
unem para formar o corpo, e cada um desempenha suas funções em obediência ao<br />
poder que governa o todo, assim os membros da igreja de Cristo devem estar uni<strong>dos</strong><br />
em um corpo simétrico, sujeito ao santificado entendimento do todo.<br />
O progresso da igreja é retardado pela errônea direção de seus membros. O unir-se à<br />
igreja, conquanto seja um ato importante e necessário, não faz de uma pessoa um<br />
cristão, nem lhe assegura a salvação. Não nos é possível garantir-nos um título ao Céu<br />
pelo fato de termos o nome inscrito no livro da igreja, quando o coração se acha<br />
alienado de Cristo. Cumpre-nos ser fiéis representantes Seus na Terra, trabalhando<br />
em concerto com Ele. "Ama<strong>dos</strong>, agora somos filhos de Deus." I João 3:2. Devemos<br />
conservar em mente esta santa relação, não fazendo nada que traga desonra à causa<br />
de nosso Pai.<br />
Exaltada é nossa profissão de fé. Como adventistas observadores do sábado,<br />
professamos obedecer a to<strong>dos</strong> os mandamentos de Deus, e aguardar a vinda de nosso<br />
Redentor. Soleníssima mensagem de advertência foi confiada aos poucos fiéis de Deus.<br />
Por nossas palavras e atos devemos mostrar que reconhecemos a grande<br />
responsabilidade que foi posta sobre nós. Tão brilhante deve resplandecer nossa luz,<br />
que outros possam ver que glorificamos ao Pai em nossa vida diária; que estamos<br />
199
liga<strong>dos</strong> com o Céu, e somos co-herdeiros de Jesus Cristo, para que ao aparecer Ele em<br />
poder e grande glória, sejamos semelhantes a Ele.<br />
Devemos to<strong>dos</strong> sentir nossa responsabilidade individual como membros da igreja<br />
visível e obreiros na vinha do Senhor.<br />
Pág. 444<br />
Não devemos esperar que nossos irmãos, tão frágeis como nós mesmos, nos ajudem<br />
pelo caminho; pois nosso precioso Salvador convidou-nos a juntar-nos a Ele, e unir<br />
nossa fraqueza a Sua força, nossa ignorância a Sua sabedoria, nossa indignidade a<br />
Seus méritos. Nenhum de nós pode ocupar uma posição neutra; nossa influência se<br />
exercerá pró ou contra. Somos agentes ativos de Cristo, ou do inimigo. Ou ajuntamos<br />
com Cristo, ou espalhamos. A verdadeira conversão é uma mudança radical. A própria<br />
inclinação da mente ou a tendência do coração deve ser desviada, tornando-se a vida<br />
nova outra vez em Cristo.<br />
Deus Conduz um Povo<br />
Deus está conduzindo um povo para ficar em perfeita unidade sobre a plataforma da<br />
verdade eterna. Cristo Se deu ao mundo a fim de poder "purificar para Si um povo Seu<br />
especial, zeloso de boas obras". Tito 2:14. Esse processo de purificação destina-se a<br />
purgar a igreja de toda injustiça e do espírito de discórdia e contenda, de modo que<br />
eles possam edificar em vez de derribar, e concentrarem as energias na grande obra<br />
que está diante deles. É o desígnio de Deus que Seu povo chegue todo à unidade da fé.<br />
A oração de Cristo imediatamente antes de Sua crucifixão, foi que Seus discípulos<br />
fossem um, assim como Ele era um com o Pai, para que o mundo cresse que o Pai O<br />
enviara. Esta tocante e maravilhosa oração vem através <strong>dos</strong> séculos, até nossos dias;<br />
pois Suas palavras foram: "E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que<br />
pela sua palavra hão de crer em Mim." João 17:20.<br />
Com que diligência devem os professos seguidores de Cristo buscar responder em sua<br />
vida esta oração! Muitos há que não avaliam a santidade da relação da igreja, e são<br />
contrários a submeter-se à disciplina e restrição. A direção que seguem mostra que<br />
exaltam o próprio juízo acima do da igreja unida; e não cuidam de guardar-se para que<br />
não estimulem um espírito de oposição à voz da mesma. Os que ocupam posição de<br />
responsabilidade na igreja podem ter faltas semelhantes às de<br />
Pág. 445<br />
outras pessoas, e podem errar em suas decisões; não obstante, a igreja de Cristo na<br />
Terra investiu-os de uma autoridade que não pode ser levemente estimada. Após Sua<br />
ressurreição, Cristo delegou poder a Sua igreja, dizendo: "Àqueles a quem perdoardes<br />
os peca<strong>dos</strong> lhes são perdoa<strong>dos</strong>; e àqueles a quem os retiverdes lhes são reti<strong>dos</strong>." João<br />
20:23.<br />
A relação para com a igreja não é para ser levianamente cancelada; todavia quando o<br />
caminho de alguns professos seguidores de Cristo é barrado, ou quando sua voz não<br />
tem a influência dominante que eles julgam merecer, ameaçam deixar a igreja. Na<br />
verdade, separando-se da igreja seriam eles próprios os principais prejudica<strong>dos</strong>; pois<br />
afastando-se para além do âmbito de sua influência, sujeitam-se a todas as tentações<br />
do mundo.<br />
Sinceros Apoiadores<br />
Todo crente deve ter todo o coração em sua ligação com a igreja. A prosperidade desta<br />
deve constituir-lhe o primeiro interesse e a menos que se sinta sob sagradas obrigações<br />
de tornar sua ligação com a igreja mais um benefício para ela do que para si mesmo,<br />
ela passará muito melhor sem ele. Está ao alcance de to<strong>dos</strong> fazer alguma coisa pela<br />
causa de Deus. Pessoas há que despendem grandes quantias para luxos<br />
desnecessários; satisfazem os próprios apetites, mas consideram grande carga<br />
contribuir com meios para a manutenção da igreja. Estão dispostos a receber todo o<br />
benefício de seus privilégios, mas preferem deixar aos outros que lhe paguem as<br />
contas.<br />
200
Os que na verdade sentem profundo interesse no avanço da causa, não hesitarão em<br />
empregar fun<strong>dos</strong> no empreendimento sempre e onde quer que se faça mister. Devem<br />
considerar também solene dever ilustrar em seu caráter os ensinos de Cristo, estando<br />
em paz uns com os outros, e agindo em perfeita harmonia como um todo indivisível.<br />
Cumpre-lhes sujeitar seu juízo individual ao do corpo da igreja. Muitos vivem só para<br />
si. Consideram a própria vida com grande complacência,<br />
Pág. 446<br />
lisonjeando-se de serem irrepreensíveis, quando de fato não estão fazendo nada para<br />
Deus, e vivem em positiva oposição a Sua palavra expressa. A observância de formas<br />
externas jamais satisfará a grande carência da alma. O professar seguir a Cristo não<br />
basta para habilitar uma pessoa a suportar a prova do dia do juízo. Importa que haja<br />
perfeita confiança em Deus, infantil confiança em Suas promessas, e inteira<br />
consagração a Sua vontade.<br />
Deus sempre tem provado Seu povo na fornalha da aflição, a fim de verificar se são<br />
firmes e leais, e purificá-los de toda injustiça. Depois de Abraão e seu filho haverem<br />
sofrido a mais rigorosa prova que era possível impor-lhes, Deus disse por meio do anjo<br />
a Abraão: "Agora sei que temes a Deus e não Me negaste o teu filho, o teu único." Gên.<br />
22:12. Esse grande ato de fé faz com que o caráter de Abraão resplandeça com notável<br />
brilho. Exemplifica eloqüentemente sua perfeita confiança no Senhor, do qual nada<br />
reteve, nem mesmo o filho da promessa.<br />
Coisa alguma há, demasiado preciosa para darmos a Jesus. Se Lhe devolvermos os<br />
talentos de meios que nos confiou à guarda, mais porá Ele em nossas mãos. Todo<br />
esforço que fizermos por Cristo será por Ele recompensado; e todo dever que<br />
cumprimos em Seu nome contribuirá para nossa própria felicidade. Deus entregou Seu<br />
bem-amado Filho às agonias da crucifixão, para que todo aquele que nEle crê se<br />
tornasse um por meio do nome de Jesus. Se Cristo fez tão grande sacrifício a fim de<br />
salvar os homens e levá-los à unidade uns com os outros, da mesma maneira que Ele<br />
Se achava unido a Seu Pai, que sacrifício é demasiado grande para Seus seguidores<br />
fazerem de modo a conservarem essa unidade?<br />
O Testemunho de uma Igreja Unida<br />
Se o mundo vê harmonia perfeita na igreja de Deus, isto será poderosa demonstração<br />
aos seus olhos em favor da religião cristã. Dissensões, lamentáveis desinteligências,<br />
pequenas<br />
Pág. 447<br />
causas sujeitas à comissão da igreja, desonram a nosso Redentor. Tudo isso se pode<br />
evitar mediante a entrega do próprio eu ao Senhor, e se os seguidores de Cristo<br />
obedecerem à voz da igreja. A incredulidade sugere que a independência individual<br />
nos aumenta a importância, que é fraqueza subordinar nossas idéias do que é direito e<br />
conveniente ao veredicto da igreja; ceder a esses sentimentos e pontos de vista, porém,<br />
não é seguro, levando-nos à anarquia e confusão. Cristo viu que a unidade e a<br />
comunhão cristã eram necessárias à causa de Deus, e portanto a recomendou aos<br />
discípulos. E a história do cristianismo de então para cá demonstra de modo conclusivo<br />
que unicamente na união está a força. Subordine-se o juízo individual à autoridade da<br />
igreja.<br />
Os apóstolos sentiram a necessidade de unidade estrita, e para esse fim trabalharam<br />
zelosamente. Paulo exortou nas seguintes palavras a seus irmãos: "Rogo-vos, porém,<br />
irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais to<strong>dos</strong> uma mesma coisa, e<br />
que não haja entre vós dissensões; antes sejais uni<strong>dos</strong> em um mesmo sentido e em um<br />
mesmo parecer." I Cor. 1:10.<br />
Ele escreveu também aos irmãos filipenses: "Portanto, se há algum conforto em Cristo,<br />
se alguma consolação de amor, se alguma comunhão no espírito, se alguns profun<strong>dos</strong><br />
afetos e compaixões, completai o meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo<br />
amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa. Nada façais por contenda ou por<br />
201
vangloria, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo.<br />
Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que<br />
é <strong>dos</strong> outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em<br />
Cristo Jesus." Filip. 2:1-5.<br />
Aos romanos, escreveu ele: "Ora o Deus de paciência e consolação vos conceda o mesmo<br />
sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus. Para que concordes, a uma<br />
boca, glorifiqueis ao Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto recebei-vos uns<br />
aos outros, como também Cristo nos<br />
Pág. 448<br />
recebeu para a glória de Deus." Rom. 15:5-7. "Sede unânimes entre vós; não<br />
ambicioneis coisas altas, mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós<br />
mesmos." Rom. 12:16.<br />
Pedro escreveu às igrejas dispersas: "E, finalmente, sede to<strong>dos</strong> de um mesmo<br />
sentimento, compassivos, amando os irmãos, entranhavelmente misericordiosos e<br />
afáveis. Não tornando mal por mal, ou injúria por injúria; antes, pelo contrário,<br />
bendizendo; sabendo que para isto fostes chama<strong>dos</strong>, para que por herança alcanceis a<br />
bênção." I Ped. 3:8 e 9.<br />
E em sua epístola aos Coríntios, Paulo diz: "Quanto ao mais, irmãos, regozijai-vos;<br />
sede perfeitos, sede consola<strong>dos</strong>, sede de um mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de<br />
amor e de paz será convosco." II Cor. 13:11.<br />
__________<br />
Deveis, tanto quanto possível, pôr-vos em harmonia com vossos irmãos e irmãs.<br />
Cumpre-vos render-vos a Deus, e deixar de manifestar severidade e a disposição de<br />
criticar. Deveis sujeitar vosso próprio espírito, revestindo-vos do que animava o<br />
querido Salvador. Esforçai-vos por agarrar-Lhe a mão, a fim de que esse contato vos<br />
eletrize, carregando-vos das suaves propriedades de Seu próprio caráter incomparável.<br />
Podeis abrir o coração ao Seu amor, e deixar que Seu poder vos transforme e Sua graça<br />
seja vossa força. Então, exercereis poderosa influência para o bem. Vossa força moral<br />
subsistirá à mais severa prova de caráter. Pura e santificada será a vossa integridade.<br />
Então vossa luz romperá como a manhã. Testimonies, vol. 4, pág. 63, 1876.<br />
__________<br />
A religião de Cristo não exige que renunciemos a nossa identidade de caráter, mas<br />
simplesmente que nos adaptemos, até certo ponto, aos sentimentos e maneiras <strong>dos</strong><br />
outros. Podem-se juntar em uma unidade de fé religiosa muitas pessoas cujas opiniões,<br />
hábitos e gostos em coisas temporais, não<br />
Pág. 449<br />
se acham em harmonia; se, porém, o amor de Cristo lhes arde no peito, e esperam o<br />
mesmo Céu como lar eterno, podem fruir a mais aprazível e inteligente comunhão, e a<br />
mais admirável das uniões. Dificilmente há duas pessoas cuja vida seja semelhante em<br />
to<strong>dos</strong> os particulares. As provas de uma talvez não sejam as da outra, e nosso coração<br />
se deve sempre abrir em bon<strong>dos</strong>a simpatia e inflamar-se com o amor que Jesus teve<br />
por to<strong>dos</strong> os Seus irmãos. Testimonies, vol. 4, págs. 65 e 66, 1876.<br />
84<br />
Avançar<br />
Pág. 450<br />
A história <strong>dos</strong> filhos de Israel foi escrita para ensino e admoestações de to<strong>dos</strong> os<br />
cristãos. Quando os israelitas eram surpreendi<strong>dos</strong> por perigos e dificuldades, e seu<br />
caminho parecia impedido, abandonava-os a fé, e murmuravam contra o chefe que<br />
Deus lhes designara. Censuravam-no por levá-los ao perigo, quando ele apenas<br />
obedecera à voz de Deus.<br />
A ordem divina, foi: "Avançai!" Não deviam esperar até que o caminho se aplainasse, e<br />
pudessem compreender inteiramente o plano para seu livramento. A causa de Deus é<br />
progressiva, e Ele abrirá um caminho diante de Seu povo. Hesitar e queixar-se é<br />
202
manifestar desconfiança no Santo de Israel. Em Sua providência, Deus conduziu o<br />
povo à fortaleza das montanhas tendo o Mar Vermelho em frente, a fim de operar seu<br />
livramento e libertá-los para sempre de seus inimigos. Poderia havê-los salvo por<br />
qualquer outra maneira, mas escolheu esse meio a fim de provar-lhes a fé, e fortalecerlhes<br />
a confiança nEle.<br />
Não podemos acusar Moisés de falta pelo fato de o povo murmurar contra sua direção.<br />
Era o próprio coração rebelde, insubmisso que havia neles, que os levava a censurar o<br />
homem a quem Deus escolhera para conduzir Seu povo. Enquanto Moisés agia no<br />
temor de Deus, e segundo Suas instruções, com inteira fé em Suas promessas, aqueles<br />
que o deviam apoiar ficavam desanima<strong>dos</strong>, nada podendo ver diante deles senão<br />
derrota, ruína e morte.<br />
O Senhor está agora a lidar com o Seu povo, o povo que crê na verdade presente. É<br />
desígnio Seu operar importantes resulta<strong>dos</strong>, e enquanto em Sua providência, age<br />
nesse sentido, diz<br />
Pág. 451<br />
ao povo: "Avançai!" Certamente o caminho ainda não está aberto; ao marcharem,<br />
porém, na força da fé e da coragem, o Senhor mostrará o caminho claro aos seus olhos.<br />
Sempre haverá pessoas que murmurem, como fez o antigo Israel, e ponham a culpa<br />
das dificuldades em que se acham sobre os que Deus suscitou com o fim especial de<br />
promover o avançamento de Sua causa. Deixam de ver que Ele os está provando com o<br />
levá-los a situações críticas, das quais não há livramento possível senão pelo Seu<br />
braço.<br />
Tempos há em que a vida cristã parece cercada de perigos, e difícil se afigura o<br />
cumprimento do dever. A imaginação pinta ruína pela frente, escravidão e morte por<br />
trás. Todavia a voz de Deus fala claramente acima de to<strong>dos</strong> os desânimos: "Avançai!"<br />
Cumpre-nos obedecer a esta ordem, seja qual for o resultado, mesmo que nossos olhos<br />
não logrem penetrar as trevas, e sintamos frias ondas envolverem-nos os pés.<br />
Avançar Pela Fé<br />
Os hebreus estavam cansa<strong>dos</strong> e possuí<strong>dos</strong> de terror; não obstante, houvessem eles<br />
ficado para trás quando Moisés lhes ordenou que marchassem, houvessem-se recusado<br />
a aproximar-se mais do Mar Vermelho, nunca haveria o Senhor aberto um caminho<br />
para eles. Marchando até à própria água, mostraram ter fé na palavra divina proferida<br />
por Moisés. Fizeram tudo o que lhes estava ao alcance, e então o Poderoso de Israel fez<br />
Sua parte, e dividiu as águas para lhes oferecer aos pés uma vereda.<br />
As nuvens que se adensam em torno de nosso caminho nunca hão de desaparecer<br />
diante de um espírito vacilante, duvi<strong>dos</strong>o. Diz a incredulidade: "Nunca poderemos<br />
transpor esses obstáculos; esperemos até que sejam removi<strong>dos</strong>, e vejamos claramente o<br />
caminho." A fé, no entanto, insiste corajosamente num avanço, esperando tudo, em<br />
tudo crendo. A obediência a Deus traz certamente a vitória. É unicamente pela fé que<br />
podemos alcançar o Céu.<br />
Grande é a semelhança entre nossa história e a <strong>dos</strong> filhos<br />
Pág. 452<br />
de Israel. Deus conduziu Seu povo do Egito ao deserto, onde podiam guardar-Lhe a lei<br />
e obedecer-Lhe à voz. Os egípcios que não tinham nenhuma consideração pelo Senhor,<br />
achavam-se acampa<strong>dos</strong> perto deles; todavia, o que para os israelitas era uma<br />
abundância de luz, iluminando todo o acampamento e lançando claridade sobre o<br />
caminho que lhes estava em frente, para as hostes de Faraó constituía um muro de<br />
nuvens, tornando mais negra a escuridão da noite.<br />
Há presentemente, da mesma maneira, um povo a quem Deus fez depositários de Sua<br />
lei. Para os que Lhe obedecem, os mandamentos do Senhor são qual coluna de fogo,<br />
aclarando e indicando o caminho para a salvação eterna. Para os que os desprezam,<br />
porém, são como sombras da noite. "O temor do Senhor é o princípio da sabedoria."<br />
Sal. 111:10. Melhor que qualquer outro conhecimento é a compreensão da Palavra de<br />
203
Deus. Grande galardão há em guardar-Lhe os mandamentos, e engodo algum da Terra<br />
deve levar o cristão a vacilar por um momento em sua aliança. Riquezas, honras e<br />
pompas mundanas, não passam de escória que perecerá diante do fogo da ira de Deus.<br />
A voz do Senhor ordenando a Seus fiéis: "Avançai", prova-lhes freqüentemente a fé ao<br />
máximo. Caso, porém, eles adiassem a obediência até que se desvanecesse de sua<br />
compreensão toda sombra de incerteza, e não restasse risco de fracasso ou derrota,<br />
jamais eles avançariam. Os que julgam ser-lhes impossível submeter-se à vontade de<br />
Deus e confiar-Lhe nas promessas até que tudo se aclare e aplaine diante deles, nunca<br />
se submeterão, absolutamente. Fé não é certeza de conhecimento; é "o firme<br />
fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem". Heb.<br />
11:1. Obedecer aos mandamentos de Deus, eis a única maneira de obter-Lhe o favor.<br />
"Avançai", deve ser a divisa do cristão.<br />
85<br />
Coobreiros de Cristo<br />
Pág. 453<br />
O tempo decorrido durante e depois da reunião de tenda de 1874, foi de importância<br />
para ______. Caso houvesse cômoda e espaçosa casa de culto ali, mais do dobro das<br />
pessoas que foram reunidas haveriam tomado decisão em favor da verdade. Deus<br />
opera com os nossos esforços. Por nossa negligência e egoísmo podemos fechar o<br />
caminho aos pecadores. Devia ter havido grande diligência em buscar salvar os que<br />
ainda estavam em erro, mas que se interessaram na verdade.<br />
Necessita-se no serviço de Cristo tão sábia liderança, como nos campos de batalha de<br />
um exército que protege a vida e a liberdade do povo. Não é qualquer um que pode<br />
trabalhar judiciosamente pela salvação de almas. Tem-se de pensar muito<br />
aplicadamente. Importa que não entremos na obra do Senhor a esmo, e esperemos<br />
sucesso. O Senhor necessita de homens de entendimento, homens que pensem. Jesus<br />
chama coobreiros, não desatina<strong>dos</strong>. Deus quer homens de reto pensar e inteligentes<br />
para fazer a grande obra necessária para a salvação de almas.<br />
Os mecânicos, advoga<strong>dos</strong>, comerciantes, homens de toda espécie de profissões e<br />
negócios preparam-se a fim de se assenhorearem de seu trabalho. Deveriam os<br />
seguidores de Cristo ser menos inteligentes e, enquanto professem empenhar-se em<br />
Seu serviço ser ignorantes <strong>dos</strong> meios e mo<strong>dos</strong> a serem emprega<strong>dos</strong>? O empreendimento<br />
de alcançar a vida eterna está acima de qualquer consideração terrena. Para conduzir<br />
almas a Jesus é preciso ter-se certo conhecimento da natureza humana e estudar a<br />
mente <strong>dos</strong> homens. Importa dedicarmos muita reflexão e oração fervente a fim de<br />
saber a melhor maneira de aproximar-nos de homens e mulheres no que respeita ao<br />
grande tema da verdade.<br />
Pág. 454<br />
Algumas almas precipitadas, impulsivas, se bem que sinceras, depois de ouvirem<br />
incisivas pregações, abordarão os que não pertencem à nossa fé de maneira demasiado<br />
abrupta, tornando assim a verdade que desejamos vê-los aceitar, repulsiva aos olhos<br />
deles. "Os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da<br />
luz." Luc. 16:8. Os homens de negócios e os políticos estudam cortesia. Faz parte de<br />
seu método tornarem-se atraentes. Estudam a fim de tornarem seus discursos e<br />
maneiras tais que lhes proporcionem a máxima influência sobre o espírito <strong>dos</strong> que os<br />
rodeiam. Para alcançar esse objetivo, empregam o mais habilmente possível seus<br />
conhecimentos e aptidões.<br />
Grande é a soma de cascalho trazida por professos crentes em Cristo, o qual embarga o<br />
caminho para a cruz. Apesar de tudo isto, alguns há que ficam tão profundamente<br />
convictos, que virão através de tudo o que desanime, transporão todo obstáculo a fim<br />
de chegar à verdade. Houvessem, porém, os crentes nessa verdade purificado a mente<br />
pela obediência à mesma, houvessem compreendido a importância do conhecimento e<br />
204
do aperfeiçoamento das maneiras na obra de Cristo, poder-se-iam haver salvo vinte<br />
almas onde se salvou apenas uma.<br />
Animem-se os Novos Conversos<br />
Além disto, depois de as pessoas se haverem convertido à verdade, cumpre sejam<br />
cuidadas. Parece que o zelo de muitos pastores esmorece assim que alcançam certa<br />
medida de êxito em seus esforços. Não compreendem que os novos conversos<br />
necessitam ser atendi<strong>dos</strong> - vigilante atenção, auxílio, animação. Não devem ser<br />
deixa<strong>dos</strong> a si mesmos, presa das mais poderosas tentações de Satanás; eles precisam<br />
ser instruí<strong>dos</strong> com relação a seus deveres, ser bon<strong>dos</strong>amente trata<strong>dos</strong>, conduzi<strong>dos</strong> e<br />
visita<strong>dos</strong>, orando-se com eles. Essas almas necessitam do alimento dado a seu tempo a<br />
cada homem.<br />
Não admira que alguns desanimem, retardem-se pelo caminho, e sejam deixa<strong>dos</strong> por<br />
presa aos lobos. Satanás se acha no<br />
Pág. 455<br />
encalço de to<strong>dos</strong>. Envia seus agentes para levarem de volta a suas fileiras as almas<br />
que perdeu. Deve haver mais pais e mães para tomarem ao colo esses infantes na<br />
verdade, e animá-los e orar com eles, para que sua fé não se confunda.<br />
Pregar é uma pequena parte da obra a ser feita pela salvação de almas. O Espírito de<br />
Deus convence os pecadores da verdade, e depõe-nos nos braços da igreja. Os pastores<br />
podem fazer sua parte, mas nunca poderão efetuar a obra que deve ser feita pela<br />
igreja. Deus requer que a igreja cuide <strong>dos</strong> que são jovens na fé e na experiência, que<br />
vão ter com eles, não no intuito de tagarelar com eles, mas de orar, de dirigir-lhes<br />
palavras que sejam "como maçãs de ouro em salvas de prata". Prov. 25:11.<br />
Necessitamos to<strong>dos</strong> estudar o caráter e as maneiras, a fim de sabermos lidar<br />
adequadamente com as diferentes pessoas, e usar os melhores esforços para ajudá-las<br />
a ter correta compreensão da Palavra de Deus, e chegar a uma genuína vida cristã.<br />
Cumpre-nos ler a Bíblia com elas, desviando-lhes a mente das coisas temporais para<br />
seus interesses eternos. É dever <strong>dos</strong> filhos de Deus serem-Lhe missionários,<br />
relacionarem-se com os que carecem de auxílio. Se alguém está coxeando sob a<br />
tentação, seu caso deve ser considerado cuida<strong>dos</strong>amente, e tratado com sabedoria; pois<br />
acha-se em jogo seu interesse eterno, e as palavras e atos <strong>dos</strong> que estão trabalhando<br />
por ele podem ser um cheiro de vida para vida, ou de morte para morte.<br />
Apresenta-se por vezes um caso que deve ser tornado objeto de estudo apoiado por<br />
oração. É preciso mostrar-se à pessoa seu verdadeiro caráter, que ela compreenda as<br />
peculiaridades de disposição e temperamento que tem, e veja suas fraquezas. É mister<br />
lidar com ela judiciosamente. Caso seja acessível, se o coração se lhe comove por esse<br />
trabalho sábio e paciente, poderá ser ligada a Cristo por fortes laços, e levada a confiar<br />
em Deus. Oh! quando se faz uma obra assim, toda a corte celeste a contempla e se<br />
regozija; pois uma alma preciosa foi livrada <strong>dos</strong> laços do inimigo e salva da morte! Não<br />
valerá a pena trabalhar inteligentemente pela salvação de almas? Por<br />
Pág. 456<br />
elas, pagou Cristo o preço da própria vida, e hão de Seus seguidores perguntar: "Sou<br />
eu guardador de meu irmão?" Gên. 4:9. Não trabalharemos em concerto com o Mestre?<br />
Não apreciaremos o valor de almas por quem nosso Salvador morreu?<br />
A Obra Pelas Crianças<br />
Têm-se feito alguns esforços para interessar as crianças na causa, mas não<br />
suficientemente. Nossas Escolas Sabatinas devem ser mais atrativas. As escolas<br />
públicas, nos últimos anos, aperfeiçoaram grandemente seus méto<strong>dos</strong> de ensino.<br />
Lições ilustradas, gravuras e quadros-negros estão sendo usa<strong>dos</strong> a fim de esclarecer à<br />
mente das crianças as lições difíceis. Da mesma maneira pode ser simplificada a<br />
verdade presente, apresentando-se de maneira intensamente interessante às mentes<br />
ativas <strong>dos</strong> pequenos.<br />
205
Pais que de outro modo não seriam alcança<strong>dos</strong>, são-no com freqüência por meio de<br />
seus filhos. Os professores da Escola Sabatina podem instruir as crianças na verdade e<br />
estas, por sua vez, a levarão para o círculo doméstico. Poucos mestres, no entanto,<br />
parecem compreender a importância desse ramo da obra. Os méto<strong>dos</strong> de ensino com<br />
tanto êxito adota<strong>dos</strong> nas escolas públicas, podem ser emprega<strong>dos</strong> com idênticos<br />
resulta<strong>dos</strong> nas Escolas Sabatinas, sendo o meio de levar crianças a Jesus, e educá-las<br />
na verdade bíblica. Isto fará benefício incomparavelmente maior do que a promoção<br />
religiosa de caráter emocional, que passa tão prontamente como vem.<br />
Importa nutrir o amor de Cristo. É preciso mais fé na obra que acreditamos deva ser<br />
feita antes da vinda de Jesus. Cumpre haver mais abnegação, mais labor feito com<br />
sacrifício na devida direção. Importa também que haja atento estudo apoiado por<br />
oração quanto à maneira de trabalhar com os melhores resulta<strong>dos</strong>. Devem-se elaborar<br />
cuida<strong>dos</strong>os planos. Há entre nós mentalidades capazes de inventar e executar, uma<br />
vez que se aplicam a isto. Grandes seriam os resulta<strong>dos</strong> de esforços bem dirigi<strong>dos</strong> e<br />
inteligentes.<br />
Pág. 457<br />
Interessantes Reuniões de Oração<br />
As reuniões de oração devem ser as mais interessantes que se realizem; são, no<br />
entanto, freqüentemente fracamente dirigidas. Muitos assistem ao culto de pregação,<br />
mas negligenciam as reuniões de oração. Também nisso exige-se reflexão. Precisamos<br />
buscar sabedoria de Deus, e fazer planos para dirigir essas reuniões de maneira a<br />
torná-las interessantes e atrativas. O povo tem fome do pão da vida. Se o encontrarem<br />
na reunião de oração, ali irão a buscá-lo.<br />
Longas e fastidiosas palestras e orações são inadequadas em qualquer parte, e<br />
especialmente na reunião de oração. Os que são desinibi<strong>dos</strong> e sempre prontos a falar,<br />
tomam a liberdade de sacrificar o testemunho <strong>dos</strong> tími<strong>dos</strong> e retraí<strong>dos</strong>. Os mais<br />
superficiais têm, geralmente, mais a dizer. Longas e mecânicas são suas orações.<br />
Fatigam os <strong>anjos</strong> e os que os escutam. Nossas orações devem ser breves e diretas. Que<br />
as longas e enfadonhas petições fiquem para nosso aposento particular, caso alguém<br />
queira fazer alguma dessa espécie. Deixai que o Espírito de Deus vos entre no coração,<br />
e Ele daí expelirá toda a seca formalidade.<br />
O Poder da Boa Música<br />
A música pode ser uma grande força para o bem; não fazemos, entretanto, o máximo<br />
com esse ramo de culto. O canto é feito em geral por impulso ou para atender a casos<br />
especiais, e outras vezes deixam-se os cantores ir errando, e a música perde o devido<br />
efeito no espírito <strong>dos</strong> presentes. A música deve ter beleza, emoção e poder. Ergam-se as<br />
vozes em hinos de louvor e devoção. Chamai em vosso auxílio, se possível, a música<br />
instrumental, e deixai ascender a Deus a gloriosa harmonia, em oferta aceitável.<br />
Mas por vezes é mais difícil disciplinar os cantores, mantendo-os em concerto, do que<br />
aperfeiçoar os hábitos de oração e exortação. Muitos querem fazer as coisas segundo<br />
sua maneira particular; fazem objeções aos conselhos, e impacientam-se sob liderança.<br />
Necessitam-se, no serviço de<br />
Pág. 458<br />
Deus, de planos bem amadureci<strong>dos</strong>. O bom senso, eis uma coisa excelente no culto do<br />
Senhor. Devem-se consagrar a Cristo as faculdades pensantes, idealizando-se meios e<br />
mo<strong>dos</strong> de O servir melhor. A igreja de Deus, que está procurando fazer o bem com o<br />
viver a verdade, e buscando salvar almas, pode ser uma força no mundo, caso seus<br />
membros sejam disciplina<strong>dos</strong> pelo Espírito do Senhor. Não devem achar que podem<br />
trabalhar negligentemente para a eternidade.<br />
Simpatia e Sociabilidade<br />
Perdemos muito, como povo, por falta de simpatia e sociabilidade uns com os outros. O<br />
que fala de independência e se fecha em si mesmo, não está preenchendo o lugar que<br />
lhe foi designado por Deus. Somos filhos de Deus, dependendo mutuamente uns <strong>dos</strong><br />
206
outros quanto à felicidade. Impendem sobre nós os reclamos de Deus e da<br />
humanidade. Cumpre-nos a to<strong>dos</strong> desempenhar nossa parte nesta vida. É o devido<br />
cultivo <strong>dos</strong> elementos sociais de nossa natureza, que nos põe em simpatia com nossos<br />
irmãos, e nos proporciona felicidade em nossos esforços por beneficiar os outros. A<br />
felicidade do Céu consistirá na pura comunhão de seres santos - a harmoniosa vida<br />
social com os benditos <strong>anjos</strong> e com os remi<strong>dos</strong> que lavaram seus vesti<strong>dos</strong> e os<br />
branquearam no sangue do Cordeiro. Não nos podemos sentir felizes enquanto nos<br />
encerramos em nossos próprios interesses. Devemos viver neste mundo para ganhar<br />
almas para o Salvador. Se ofendemos os outros, prejudicamo-nos a nós mesmos. Se os<br />
beneficiamos, somos nós mesmos beneficia<strong>dos</strong>; pois a influência de toda ação boa se<br />
reflete em nosso próprio coração.<br />
Estamos no dever de ajudar-nos uns aos outros. Nem sempre nos pomos em contato<br />
com cristãos sociáveis, que sejam amáveis e bran<strong>dos</strong>. Muitos não receberam a devida<br />
educação; têm caráter rústico, são ásperos e cheios de acidentes, e parecem torci<strong>dos</strong> em<br />
toda maneira. Ao passo que ajudamos essas pessoas a reconhecerem seus defeitos, é<br />
preciso termos cautela para não nos impacientar e irritar com as faltas de nossos<br />
Pág. 459<br />
semelhantes. Há pessoas desagradáveis que professam a Cristo; a beleza da graça<br />
cristã, no entanto, transformá-las-á, caso se empenhem diligentemente na obra de<br />
obter a mansidão e a gentileza dAquele a quem seguem, lembrando-se de que<br />
"nenhum de nós vive para si". Rom. 14:7. Coobreiros de Cristo! Que exaltada posição!<br />
Onde se encontrarão os missionários abnega<strong>dos</strong> nessas grandes cidades? O Senhor<br />
necessita de obreiros em Sua vinha. Devemos temer privá-Lo do tempo que Ele de nós<br />
reclama; temer gastá-lo ociosamente ou em adorno do corpo, aplicando a extravagantes<br />
desígnios as horas preciosas que nos são dadas por Deus a fim de as consagrarmos à<br />
oração, a nos familiarizarmos com a Bíblia, e a trabalhar pelo bem de nossos<br />
semelhantes, assim habilitando-nos a nós, e a eles, para a grande obra que sobre nós<br />
está.<br />
As mães dão-se a trabalho desnecessário com roupas para embelezarem a si próprias e<br />
a seus filhos. É nosso dever trajar-nos simplesmente, e vestir os filhos com asseio, sem<br />
ornamentos desnecessários, borda<strong>dos</strong>, ou exibições, cuidando em não fomentar neles o<br />
amor do vestuário que se lhes demonstrará uma ruína, antes buscando cultivar as<br />
graças cristãs. Nenhum de nós pode ser desculpado de suas responsabilidades, e de<br />
maneira alguma podemos estar sem culpa diante do trono de Deus, a menos que<br />
realizemos a obra que o Senhor nos deixou para fazer.<br />
Precisam-se missionários para Deus, homens e mulheres fiéis que não se eximam às<br />
responsabilidades. O trabalho feito judiciosamente, dará bons resulta<strong>dos</strong>. Há trabalho<br />
real a fazer. A verdade deve ser levada perante o povo cuida<strong>dos</strong>amente por aqueles<br />
que aliam a mansidão à sabedoria. Não nos devemos manter afasta<strong>dos</strong> de nossos<br />
semelhantes, antes aproximar-nos bem deles; pois sua alma é tão preciosa como a<br />
nossa. É-nos possível levar-lhes a luz aos lares, pleitear com eles num espírito brando<br />
e submisso a Deus para que se elevem ao exaltado privilégio que lhes é oferecido, orar<br />
com eles quando parecer oportuno, e mostrar-lhes que podem atingir as mais altas<br />
realizações, falando-lhes então prudentemente das sagradas<br />
Pág. 460<br />
verdades para estes últimos dias.<br />
Há entre nosso povo mais reuniões para cantar do que para orar; mas mesmo essas<br />
reuniões podem ser dirigidas de maneira tão reverente e todavia tão animada, que<br />
possam exercer benéfica influência. Há, porém, demasiado gracejar, conversas ociosas<br />
e tagarelice para se tornarem esses perío<strong>dos</strong> salutares, elevando os pensamentos e<br />
aperfeiçoando as maneiras.<br />
86<br />
Reavivamentos Sensacionalistas<br />
207
Pág. 461<br />
Os interesses em ______ têm estado muito dividi<strong>dos</strong>. Ao surgir uma novidade, alguns<br />
exercem sua influência em sentido errôneo. Todo homem e mulher deve estar alerta<br />
quando se espalham enganos destina<strong>dos</strong> a desviar da verdade. Há pessoas sempre<br />
prontas a ver e ouvir qualquer coisa nova e estranha; e o inimigo das almas tem<br />
nessas grandes cidades muita coisa com que inflamar a curiosidade e manter a mente<br />
distraída das grandes e santificadoras verdades para estes últimos dias.<br />
Se todo fervor religioso que paira no ar leva alguns a negligenciar prestarem inteiro<br />
apoio, seja pela sua presença, seja pela influência exercida, à minoria que crê na<br />
verdade impopular, haverá na igreja muita fraqueza, quando poderia existir força.<br />
Satanás emprega vários meios para conseguir seus fins; e, se sob o disfarce de religião<br />
popular, ele puder desviar pessoas vacilantes e incautas da senda da verdade, muito<br />
haverá conseguido quanto a dividir a força do povo de Deus. Esse instável entusiasmo<br />
de reavivamento, que vem e vai como a maré, apresenta um exterior ilusório que<br />
engana muitas pessoas sinceras, levando-as a crer que seja o verdadeiro Espírito do<br />
Senhor. Isso multiplica os conversos. Os de natureza agitada, os fracos e fáceis de ser<br />
leva<strong>dos</strong>, ajuntam-se em torno de sua bandeira; ao retroceder a onda, no entanto,<br />
encontram-se como náufragos na praia. Não sejais iludi<strong>dos</strong> por falsos mestres, nem<br />
leva<strong>dos</strong> por palavras vãs. O inimigo das almas por certo terá iguarias suficientes de<br />
fábulas aprazíveis adequadas ao paladar de to<strong>dos</strong>.<br />
Sempre surgirão meteoros; a esteira luminosa que deixam, porém, dissipa-se<br />
imediatamente ficando após uma treva que<br />
Pág. 462<br />
parece mais densa que a anterior. Essas manifestações criadas pela narração de<br />
anedotas e exibições de excentricidades e singularidades são todas obras superficiais; e<br />
os de nossa fé que se encantam com essas centelhas nunca edificarão a causa de Deus.<br />
Estão prontos a retirar sua influência ao mais leve motivo, e a induzir outros a<br />
assistirem àquelas reuniões onde ouvem o que enfraquece a alma e traz confusão ao<br />
espírito. É o retirar assim o interesse da obra que faz com que a causa de Deus seja<br />
enfraquecida. Precisamos estar firmes na fé; ser inabaláveis. Temos diante de nós a<br />
obra que nos cabe realizar, e é fazer com que a luz da verdade, tal como se revela na lei<br />
de Deus, brilhe sobre outros, para desviá-los das trevas. Essa obra requer decidida e<br />
perseverante energia, e um firme propósito de vencer.<br />
É Necessário Firmeza<br />
Alguns há na igreja, que precisam firmar-se às colunas de nossa fé, aprofundar-se e<br />
encontrar um fundamento sólido, em vez de vacilar na superficialidade, agindo por<br />
impulsos. Há na igreja dispépticos espirituais. Fazem-se a si mesmos inváli<strong>dos</strong>; sua<br />
debilidade espiritual é resultado de sua própria direção instável. São atira<strong>dos</strong> daqui<br />
para lá, pelos mutáveis ventos de doutrina, ficando freqüentemente confusos e<br />
lança<strong>dos</strong> na incerteza pelo fato de procederem inteiramente movi<strong>dos</strong> pelos senti<strong>dos</strong>.<br />
São cristãos de sensações, sempre sedentos de alguma coisa nova e diversa; a fé é-lhes<br />
confundida por doutrinas estranhas, e são inúteis para a causa da verdade.<br />
Deus pede homens e mulheres estáveis, de propósitos firmes, nos quais se possa<br />
confiar em tempos de perigo e provação, tão firmemente arraiga<strong>dos</strong> e funda<strong>dos</strong> na<br />
verdade como as colinas eternas, a quem se não possa mover para a direita nem para a<br />
esquerda, mas que marchem sempre avante, e sempre se encontrem no devido lugar.<br />
Alguns há que, em tempos de perigo religioso, quase se podem procurar sempre nas<br />
fileiras do inimigo; se alguma influência exercem, é a favor do erro. Não se sentem sob<br />
a obrigação moral de dar toda a força<br />
Pág. 463<br />
à verdade que professam. Esses serão recompensa<strong>dos</strong> segundo suas obras.<br />
Os que pouco fazem pelo Salvador no sentido da salvação de almas, e em se manterem<br />
retos diante de Deus, não vêm a adquirir muita fibra espiritual. Precisamos de<br />
208
empregar continuamente a força que possuímos a fim de que esta se desenvolva e<br />
aumente. Como a doença é o resultado da violação das leis naturais, assim é o declínio<br />
espiritual resultante de contínua transgressão da lei de Deus. E todavia os próprios<br />
transgressores podem professar guardar to<strong>dos</strong> os mandamentos divinos.<br />
Precisamos, para conservar-nos espiritualmente sãos, aproximar-nos mais de Deus,<br />
pôr-nos em mais íntima ligação com o Céu, e seguir os princípios da lei nas mínimas<br />
ações de nossa vida diária. Deus deu a Seus servos aptidões, talentos a serem usa<strong>dos</strong><br />
para Sua glória, e não para jazerem ociosos ou serem desperdiça<strong>dos</strong>. Ele lhes deu luz e<br />
conhecimento de Sua vontade, para que sejam comunica<strong>dos</strong> a outros; e assim fazendo,<br />
tornamo-nos vivos condutos de luz. Uma vez que não exercitemos nossa força<br />
espiritual, tornamo-nos fracos, da mesma maneira que os membros do corpo se<br />
debilitam quando o inválido é forçado a permanecer por longo tempo inativo. É a<br />
atividade que vitaliza.<br />
Servir aos Outros<br />
Coisa alguma dará maior resistência espiritual e mais acréscimo de fervor e<br />
profundidade de sentir, do que visitar e servir os doentes e desanima<strong>dos</strong>, ajudá-los a<br />
ver a luz e a firmarem em Jesus a sua fé. Há deveres desagradáveis a serem<br />
cumpri<strong>dos</strong> por alguém, do contrário almas serão deixadas a perecer. Os cristãos<br />
encontrarão bênçãos em cumprir esses deveres, por desagradáveis que sejam. Cristo<br />
empreendeu a penosa tarefa de vir da morada da pureza e glória para viver, como<br />
homem entre os homens, em um mundo cauterizado e enegrecido pelo crime, a<br />
violência e a iniqüidade. E fez isto para salvar almas; hão de os objetos de tão<br />
surpreendente amor e incomparável condescendência justificar sua vida de<br />
Pág. 464<br />
comodidade egoísta? buscarão o próprio prazer, seguirão suas inclinações, e deixarão<br />
as almas perecerem nas trevas pelo fato de terem de enfrentar decepções e repulsas se<br />
trabalharem para salvá-las? Cristo pagou preço infinito pela redenção do homem, e há<br />
de este dizer: "Meu Senhor, não quero trabalhar em Tua vinha; rogo-Te que me hajas<br />
por escusado"?<br />
Deus chama os que estão ociosos em Sião a que se levantem e operem. Não darão eles<br />
ouvi<strong>dos</strong> à voz do Mestre? Ele quer obreiros de oração, fiéis, que semeiem sobre todas as<br />
águas. Os que assim trabalham ficarão surpreendi<strong>dos</strong> ao verificar que as provas,<br />
suportadas resolutamente em nome e na força de Jesus, darão firmeza à fé e renovarão<br />
o ânimo. No caminho da obediência humilde, encontram-se segurança e poder, conforto<br />
e esperança; a recompensa, porém, será finalmente perdida pelos que nada fazem por<br />
Jesus. As mãos fracas serão incapazes de agarrar-se ao Poderoso, os joelhos débeis<br />
deixarão de servir de sustentáculos no dia da adversidade. Os obreiros bíblicos e<br />
obreiros cristãos receberão a gloriosa recompensa e ouvirão o: "Bem está, servo bom e<br />
fiel; entra no gozo do teu Senhor." Mat. 25:21.<br />
87<br />
Retenção de Meios<br />
Pág. 465<br />
A bênção de Deus repousará sobre os que, em ______ têm a causa de Cristo no coração.<br />
As ofertas voluntárias de nossos irmãos e irmãs, feitas com fé e amor para com o<br />
Redentor crucificado, lhes trarão bênçãos em troca; pois Deus observa e lembra todo<br />
ato de liberalidade por parte de Seus santos. Ao preparar uma casa de culto, importa<br />
haver grande exercício de fé e confiança em Deus. Nas transações comerciais, os que<br />
não arriscam nada, pouco progresso fazem; por que não ter fé também num<br />
empreendimento para Deus, e investir em Sua causa?<br />
Quando pobres, alguns são generosos com o pouco que possuem; ao adquirirem<br />
propriedades, porém, tornam-se mesquinhos. O motivo de terem tão pouca fé é não se<br />
manterem avançando à medida que prosperam, e darem à causa de Deus ainda que<br />
seja com sacrifício.<br />
209
No sistema judaico exigia-se mostrar beneficência para com o Senhor em primeiro<br />
lugar. Na colheita e na vindima, os primeiros frutos do campo - o grão, o vinho e o<br />
azeite - deviam ser consagra<strong>dos</strong> em oferta ao Senhor. Os rabiscos e os cantos <strong>dos</strong><br />
campos eram reserva<strong>dos</strong> para os pobres. Nosso benévolo Pai celeste não negligenciou<br />
as necessidades do pobre. Os primeiros frutos da lã ao serem tosquiadas as ovelhas,<br />
<strong>dos</strong> cereais quando o trigo era trilhado, deviam ser ofereci<strong>dos</strong> ao Senhor; e fora<br />
ordenado que os pobres, as viúvas, os órfãos e os estrangeiros fossem convida<strong>dos</strong> para<br />
seus banquetes. Ao fim de cada ano, exigia-se de to<strong>dos</strong> que fizessem solene juramento<br />
quanto a haverem ou não agido segundo o mandamento de Deus.<br />
Pág. 466<br />
Esta medida foi tomada pelo Senhor a fim de gravar no povo a idéia de que, em tudo,<br />
Ele devia ser o primeiro. Mediante esse sistema de beneficência deviam ter em mente<br />
que seu benévolo Senhor era o verdadeiro proprietário <strong>dos</strong> campos, rebanhos e ga<strong>dos</strong><br />
que tinham em seu poder; que o Deus do Céu lhes enviava o Sol e a chuva para a<br />
sementeira e a sega, e que tudo quanto possuíam era de Sua criação. Tudo era do<br />
Senhor, e Ele os fizera mordomos de Seus bens.<br />
A liberalidade <strong>dos</strong> judeus na construção do tabernáculo e na construção do templo,<br />
mostra um espírito de beneficência não igualado pelos cristãos de qualquer época<br />
posterior. Eles acabavam de ser liberta<strong>dos</strong> de sua longa servidão no Egito, e andavam<br />
errantes no deserto; todavia, mal foram livra<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> exércitos egípcios que os<br />
perseguiam em sua precipitada viagem, veio a Moisés a palavra do Senhor, dizendo:<br />
"Fala aos filhos de Israel, que Me tragam uma oferta alçada; de todo o homem cujo<br />
coração se mover voluntariamente, dele tomareis a Minha oferta alçada." Êxo. 25:2.<br />
Seu povo possuía poucos bens, e não eram lisonjeiras as perspectivas de aumentá-los;<br />
tinham, porém, um objetivo diante de si - construir um tabernáculo para Deus. O<br />
Senhor falara, e deviam obedecer-Lhe à voz. Não retiveram nada. To<strong>dos</strong> deram com<br />
espírito voluntário, não determinada porção de suas posses, mas grande quantidade do<br />
que tinham. Devotaram-no voluntária e alegremente ao Senhor, e foram-Lhe<br />
agradáveis assim fazendo. Não Lhe pertencia tudo? Não lhes havia Ele dado tudo<br />
quanto tinham? Se Ele o pedia, não era seu dever devolver-Lhe o que era Seu?<br />
Não foi preciso insistência. O povo levou ainda mais do que foi solicitado, sendo-lhes<br />
dito que parassem, pois já havia mais do que podiam empregar. Outra vez, ao<br />
construírem o templo, o pedido de meios encontrou corações voluntários em<br />
corresponder. Não deram com relutância. Regozijavam-se na perspectiva da<br />
construção de um edifício para o culto de Deus, e deram mais do que o necessário para<br />
esse desígnio. Davi bendisse o<br />
Pág. 467<br />
Senhor diante de toda a congregação, e disse: "Porque, quem sou eu, e quem é o meu<br />
povo, que tivéssemos poder para tão voluntariamente dar semelhantes coisas? Porque<br />
tudo vem de Ti, e da Tua mão To damos." I Crôn. 29:14. Noutra parte de sua oração,<br />
Davi deu graças nessas palavras: "Senhor, Deus nosso, toda esta abundância, que<br />
preparamos, para Te edificar uma casa ao Teu santo nome, vem da Tua mão, e toda é<br />
Tua." I Crôn. 29:16.<br />
Davi compreendia bem de onde lhe vinha toda a abundância. Quem dera que o povo de<br />
hoje, que se regozija no amor do Salvador, compreendesse que a prata e o ouro que<br />
possuem são do Senhor, e devem ser usa<strong>dos</strong> de modo a glorificá-Lo, e não retendo-os de<br />
má vontade, para enriquecerem e satisfazerem-se a si mesmos! Ele tem inquestionável<br />
direito a tudo quanto emprestou a Suas criaturas. Tudo quanto possuem, dEle é.<br />
Há eleva<strong>dos</strong> e santos objetivos que exigem meios; e o dinheiro assim empregado,<br />
proporcionará ao doador mais elevada e permanente alegria do que se fosse usado em<br />
satisfação pessoal, ou amontoado egoistamente por ganância de lucro. Quando Deus<br />
pede nosso tesouro, seja qual for a importância, a resposta voluntária torna a dádiva<br />
210
uma oferta consagrada a Ele feita, e deposita no Céu, para o doador, um tesouro que<br />
nem a traça nem o fogo consomem, nem os ladrões minam e roubam. É um depósito<br />
seguro. O dinheiro é colocado em sacos que não se rompem; está em segurança.<br />
Podem os cristãos, que se gabam de ter mais luz que os hebreus, dar menos do que<br />
eles? Podem os cristãos que vivem próximo ao fim do tempo ficar satisfeitos com suas<br />
ofertas, quando não são a metade do que eram as <strong>dos</strong> judeus? A liberalidade deles<br />
devia beneficiar a própria nação; a obra nestes últimos dias abrange o mundo inteiro.<br />
A mensagem da verdade deve ir a todas as nações, línguas e povos; suas publicações,<br />
impressas em muitas línguas, devem ser espalhadas por toda parte, como as folhas do<br />
outono.<br />
Pág. 468<br />
A Cruz Revela o Princípio do Sacrifício<br />
Está escrito: "Ora, pois, já que Cristo padeceu por nós na carne, armai-vos também vós<br />
com este pensamento." I Ped. 4:1. E noutro lugar: "Aquele que diz que está nEle,<br />
também deve andar como Ele andou." I João 2:6. Indaguemos: Que faria nosso<br />
Salvador em nossas circunstâncias? quais seriam Seus esforços pela salvação das<br />
almas? Esta pergunta é respondida pelo exemplo de Cristo. Ele deixou Sua realeza,<br />
pôs de lado a glória que O circundava, sacrificou as riquezas que possuía e revestiu<br />
Sua divindade da humanidade a fim de aproximar-Se do homem no lugar em que este<br />
se achava. Seu exemplo nos mostra que Ele deu a vida pelos pecadores.<br />
Satanás disse a Eva que se poderia atingir um elevado estado de felicidade mediante a<br />
satisfação do apetite desenfreado; a promessa de Deus ao homem, entretanto, é<br />
mediante a negação do próprio eu. Quando sobre a vergonhosa cruz, Cristo, em agonia,<br />
sofria pela redenção do homem, foi exaltada a natureza humana. Unicamente pela<br />
cruz pode a família humana ser elevada à ligação com o Céu. A abnegação e cruzes se<br />
nos deparam a cada passo em nossa jornada rumo ao Céu.<br />
O espírito de liberalidade é o espírito do Céu; o de egoísmo, o de Satanás. O amor<br />
abnegado de Cristo revela-se na cruz. Ele deu tudo quanto tinha, e depois deu-Se a Si<br />
mesmo, para que o homem se salvasse. A cruz de Cristo constitui a todo discípulo do<br />
bendito Salvador um apelo à beneficência. O princípio aí exemplificado é dar, dar. Isto,<br />
realizado em verdadeira beneficência e boas obras, é o verdadeiro fruto da vida cristã.<br />
O princípio <strong>dos</strong> mundanos, é adquirir, adquirir, e assim esperam assegurar a<br />
felicidade; levado a efeito em to<strong>dos</strong> os senti<strong>dos</strong>, porém, o fruto desse princípio é miséria<br />
e morte.<br />
Levar a verdade a to<strong>dos</strong> os habitantes da Terra, salvá-los da culpa e da indiferença, eis<br />
a missão <strong>dos</strong> seguidores de Cristo. Os homens precisam possuir a verdade, a fim de por<br />
ela serem santifica<strong>dos</strong>, e nós somos os veículos da luz de Deus. Nossos talentos, meios,<br />
conhecimentos, não se destinam apenas a<br />
Pág. 469<br />
nosso benefício; devem ser emprega<strong>dos</strong> para a salvação de almas, a fim de erguer o<br />
homem de sua vida de pecado e, mediante Cristo, levá-lo ao infinito Deus.<br />
Cumpre-nos ser obreiros zelosos nesta causa, buscando levar os pecadores contritos e<br />
crentes, ao divino Redentor, impressionando-os com um exaltado senso do amor de<br />
Deus para com o homem. "Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho<br />
unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna."<br />
João 3:16. Que incomparável amor! Assunto para a mais profunda meditação! O<br />
surpreendente amor de Deus por um mundo que O não amou! Este pensamento exerce<br />
poder subjugante sobre a alma, e leva a mente cativa à vontade de Deus. Homens<br />
loucos por ganho, decepciona<strong>dos</strong> e infelizes em sua perseguição do mundo, necessitam<br />
dessa verdade a fim de acalmarem a inquietante fome e sede de sua alma.<br />
A Maldição do Egoísmo<br />
Precisam-se, em vossa grande cidade, missionários para Deus, a fim de levarem a luz<br />
aos que se acham assenta<strong>dos</strong> nas sombras da morte. Necessita-se de mãos experientes<br />
211
que, na mansidão da sabedoria e na força da fé, ergam as almas cansadas ao peito do<br />
compassivo Redentor. Oh! o egoísmo! Que maldição! Ele nos impede de empenhar-nos<br />
no serviço de Deus. Impede-nos de perceber os reclamos do dever, os quais nos devem<br />
inflamar o coração de fervoroso zelo. Todas as nossas energias devem ser voltadas para<br />
a obediência de Cristo. Dividir nosso interesse com os dirigentes do erro, é ajudar o<br />
lado errado e dar vantagem a nossos inimigos. A verdade divina desconhece a<br />
transigência com o pecado, a ligação com o artifício, a aliança com a transgressão.<br />
Querem-se solda<strong>dos</strong> que sempre respondam à chamada e estejam prontos para ação<br />
imediata; não os que, quando deles se há mister, encontram-se auxiliando o<br />
adversário.<br />
Pág. 470<br />
Grande é nossa obra. Há, todavia, muitos que professam crer nessas verdades<br />
sagradas, que se acham paralisa<strong>dos</strong> pelos enganos de Satanás, e não estão fazendo<br />
nada em favor, mas antes em prejuízo da causa de Deus. Quando procederão eles como<br />
os que esperam pelo Senhor? Quando mostrarão zelo em harmonia com sua fé? Muitas<br />
pessoas retêm egoistamente os meios de que dispõem, e acalmam a consciência com a<br />
idéia de fazerem alguma coisa pela causa do Senhor depois de sua morte. Fazem<br />
testamento doando grande importância à igreja e aos vários ramos de atividade da<br />
mesma, e depois sossegam com o pensamento de que fizeram tudo quanto deles é<br />
exigido. Onde negaram o próprio eu por esse ato? Ao contrário, manifestaram a<br />
verdadeira essência do egoísmo. Quando não mais podem usar o dinheiro, propõem-se<br />
a dá-lo a Deus. Retê-lo-ão, porém, enquanto puderem, até que sejam compeli<strong>dos</strong> a<br />
abandoná-lo por meio de um mensageiro a quem não podem deter.<br />
Tal testamento é prova de verdadeira cobiça. Deus nos fez a to<strong>dos</strong> mordomos Seus, e<br />
em caso algum nos autorizou a negligenciar o dever, ou deixar a outros seu<br />
cumprimento. O pedido de meios para levar avante a causa da verdade jamais será<br />
mais urgente que agora. Nosso dinheiro nunca há de fazer maior soma de bem do que<br />
no tempo atual. Cada dia de demora em aplicá-lo devidamente, limita o período em<br />
que ele será útil em salvar almas. Se deixamos a outros fazer aquilo que Deus<br />
pretendia que fizéssemos, prejudicamos a nós e Àquele que nos deu tudo quanto<br />
possuímos. Como podem outros fazer nossa obra de beneficência melhor do que a<br />
podemos fazer nós mesmos? Deus quereria que todo homem fosse, durante a<br />
existência, o executor de seu próprio testamento a esse respeito. A adversidade, um<br />
acidente, intrigas, poderão impedir para sempre premedita<strong>dos</strong> atos de beneficência,<br />
quando o que acumulou a fortuna já não ali está para a guardar. É de lamentar que<br />
tantas pessoas negligenciem a áurea oportunidade presente para fazerem o bem, e<br />
esperem ser destituídas de sua mordomia antes de devolver ao Senhor os meios que<br />
lhes emprestou para Sua glória.<br />
Pág. 471<br />
"Guardai-vos da Avareza"<br />
Um <strong>dos</strong> destaca<strong>dos</strong> aspectos <strong>dos</strong> ensinos de Cristo, é a freqüência e veemência com que<br />
Ele repreendia o pecado da avareza, e indicava o perigo das aquisições deste mundo e<br />
do desordenado amor do ganho. Nas mansões <strong>dos</strong> ricos, no templo e nas ruas, Ele<br />
advertia aqueles que indagavam acerca da salvação: "Acautelai-vos e guardai-vos da<br />
avareza." Luc. 12:15. "Não podeis servir a Deus e a Mamom." Mat. 6:24; Luc. 16:13.<br />
É essa crescente consagração a ganhar dinheiro, o egoísmo que o desejo de ganho<br />
produz, que remove da igreja o favor de Deus, e lhe amortece a espiritualidade.<br />
Quando a cabeça e as mãos se ocupam continuamente em planejar e labutar para<br />
acumulação de riquezas, esquecem-se os reclamos de Deus e da humanidade. Caso<br />
Deus nos haja abençoado com prosperidade, não é justo que nosso tempo e atenção<br />
sejam desvia<strong>dos</strong> dEle e emprega<strong>dos</strong> naquilo que Ele nos emprestou. O doador é maior<br />
que a dádiva. Não somos de nós mesmos; fomos compra<strong>dos</strong> por preço. Acaso<br />
esquecemos esse preço infinito pago por nossa redenção? Morreu acaso no coração o<br />
212
econhecimento? Não torna a cruz de Cristo vergonhosa uma vida de comodidade e<br />
satisfação egoístas?<br />
Que seria se Jesus, cansado da ingratidão e <strong>dos</strong> maus-tratos que se Lhe deparavam de<br />
todo lado, houvesse renunciado a Sua obra! Que seria, se Ele nunca houvesse chegado<br />
ao ponto em que pudesse dizer: "Está consumado!" João 19:30. E se houvesse voltado<br />
ao Céu, desanimado pela recepção que Lhe fizeram! Que seria, se Ele nunca houvesse<br />
passado por aquela angústia de alma no jardim do Getsêmani, angústia que Lhe<br />
forçou através <strong>dos</strong> poros aquelas grandes gotas de sangue!<br />
Em Seu serviço pela redenção da humanidade, Cristo foi influenciado por um amor<br />
sem igual, e pela consagração à vontade de Seu Pai. Labutou pelo bem do homem até à<br />
própria hora de Sua humilhação. Passou a vida na pobreza e abnegação pelo<br />
degradado pecador. Não teve, no mundo que era Seu, um lugar em que repousar a<br />
cansada cabeça. Estamos a colher os<br />
Pág. 472<br />
frutos desse infinito sacrifício; todavia, ao haver trabalho para fazer, ao ser necessário<br />
nosso dinheiro para ajudar a obra do Redentor na salvação de almas, recuamos do<br />
dever e pedimos que se nos escuse. Vil negligência, indiferença descui<strong>dos</strong>a e ímpio<br />
egoísmo nos cerram os senti<strong>dos</strong> aos reclamos de Deus.<br />
Oh! importa que Cristo, a Majestade do Céu, o Rei da glória, carregue a pesada cruz,<br />
use a coroa de espinhos e beba o cálice de amargura, enquanto nós nos reclinamos a<br />
gosto, glorificando-nos a nós mesmos e esquecendo as almas por cuja redenção Ele<br />
morreu, vertendo o precioso sangue? Não; demos enquanto podemos fazê-lo. Façamos<br />
enquanto temos forças. Trabalhemos enquanto é dia. Consagremos tempo e dinheiro<br />
ao serviço de Deus, para que Lhe tenhamos a aprovação e recebamos a recompensa.<br />
88<br />
O Processo de Prova<br />
Pág. 473<br />
Nosso caso acha-se pendente no tribunal celeste. Aí estamos prestando nossas contas<br />
dia a dia. Cada um será recompensado segundo suas obras. As ofertas queimadas e os<br />
sacrifícios não eram aceitáveis a Deus, na antiguidade, a menos que fosse reto o<br />
espírito com que eram ofereci<strong>dos</strong>. Disse Samuel: "Tem porventura o Senhor, tanto<br />
prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça a palavra do Senhor? Eis<br />
que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender melhor é do que a gordura de<br />
carneiros." I Sam. 15:22. Todo o dinheiro da Terra não pode comprar a bênção de Deus,<br />
nem assegurar-vos uma única vitória.<br />
Muitos fariam todo e qualquer sacrifício, menos exatamente aquele que devem fazer,<br />
que é entregarem-se, submeterem sua vontade à vontade de Deus. Disse Cristo a Seus<br />
discípulos: "Se não vos converterdes e não vos fizerdes como meninos, de modo algum<br />
entrareis no reino <strong>dos</strong> Céus." Mat. 18:3. Aí está uma lição de humildade. Devemos<br />
to<strong>dos</strong> tornar-nos humildes como crianças a fim de herdar o reino.<br />
Nosso Pai celeste vê o coração <strong>dos</strong> homens, e conhece melhor seu caráter do que eles<br />
próprios. Vê que alguns possuem aptidões e faculdades que, devidamente dirigidas,<br />
poderiam ser empregadas para Sua glória, para ajudar a promover Sua obra. Ele<br />
submete a prova essas pessoas, e em Sua sábia providência as leva a posições diversas<br />
e variadas circunstâncias, provando-as de maneira a revelarem o que lhes está no<br />
coração e os pontos fracos em seu caráter, pontos até então ocultos a elas próprias. Dálhes<br />
oportunidade para corrigirem essas fraquezas, polirem todas as arestas de sua<br />
natureza, e habilitarem-se para Seu serviço, para que, quando as chamar à ação,<br />
Pág. 474<br />
estejam preparadas, e para que os <strong>anjos</strong> celestes possam unir seu labor ao esforço<br />
humano na obra que precisa fazer-se na Terra.<br />
Aos homens a quem Deus pretende que ocupem posições de responsabilidade, Ele<br />
revela, misericordiosamente, os ocultos defeitos que têm, a fim de se olharem<br />
213
interiormente e examinarem com olhos críticos as complicadas emoções e atitudes do<br />
próprio coração, verificando o que está errado. Poderão assim modificar sua disposição<br />
e aperfeiçoar suas maneiras. Em Sua providência o Senhor leva os homens a situações<br />
em que lhes possa provar a força moral e revelar os motivos de suas ações, de maneira<br />
que desenvolvam o que é bom em si mesmos, e afastem de si o que não presta. É<br />
vontade de Deus que Seus servos se familiarizem com o mecanismo moral do próprio<br />
coração. Para isso fazer, permite freqüentemente que o fogo da aflição os assalte, a fim<br />
de que sejam purifica<strong>dos</strong>. "Mas quem suportará o dia da Sua vinda? e quem subsistirá,<br />
quando Ele aparecer? porque Ele será como o fogo do ourives e como o sabão <strong>dos</strong><br />
lavandeiros. E assentar-Se-á, afinando e purificando a prata; e purificará os filhos de<br />
Levi, e os afinará como ouro e como prata. Então ao Senhor trarão ofertas em justiça."<br />
Mal. 3:2 e 3.<br />
A purificação do povo de Deus não se pode realizar sem que eles sofram. Deus permite<br />
ao fogo da aflição que lhes consuma a escória, para separar o imprestável do que é<br />
valioso, a fim de que o metal puro possa brilhar. Passa-nos de uma a outra fornalha,<br />
provando nosso verdadeiro valor. Se não podemos suportar essas provas, que faremos<br />
no tempo de angústia? Se a prosperidade ou a adversidade descobre falsidade, orgulho<br />
ou egoísmo em nosso coração, que faremos nós quando Deus provar a obra de todo<br />
homem como pelo fogo, e puser a descoberto os segre<strong>dos</strong> de to<strong>dos</strong> os corações?<br />
A graça genuína está disposta a ser provada; se relutamos em ser esquadrinha<strong>dos</strong> pelo<br />
Senhor, nossa condição é na verdade séria. Deus é o refinador e purificador de almas;<br />
no calor da fornalha separa-se para sempre a escória da prata e do ouro<br />
Pág. 475<br />
verdadeiros do caráter cristão. Jesus observa a prova. Sabe o que é preciso para<br />
purificar o precioso metal a fim de que Lhe reflita a glória do divino amor.<br />
Jesus Ia Adiante<br />
Deus leva Seu povo para perto de Si mediante dolorosas experiências, mostrando-lhes<br />
suas próprias fraquezas e incapacidade, e ensinando-lhes a confiar nEle como seu<br />
único auxílio e salvaguarda. Então se cumpre Seu desígnio. São prepara<strong>dos</strong> para ser<br />
usa<strong>dos</strong> em qualquer emergência, para ocupar importantes posições de confiança, e<br />
realizar os grandes desígnios para que lhes foram dadas as suas faculdades. Deus<br />
aceita os homens depois de prová-los; prova-os à direita e à esquerda, e assim são<br />
educa<strong>dos</strong>, exercita<strong>dos</strong>, disciplina<strong>dos</strong>. Jesus, nosso Redentor, representante e cabeça do<br />
homem, suportou esse difícil processo. Sofreu mais do que podemos ser chama<strong>dos</strong> a<br />
suportar. Levou sobre Si nossas enfermidades, e foi em tudo tentado como nós o somos.<br />
Não sofreu isto por Sua própria causa, mas por nossos peca<strong>dos</strong>; e agora, confiantes nos<br />
méritos de nosso Vencedor, podemos tornar-nos vitoriosos em Seu nome.<br />
A divina obra de refinar e purificar precisa ir avante até que Seus servos estejam tão<br />
humilha<strong>dos</strong>, tão mortos para o próprio eu que, ao serem chama<strong>dos</strong> para serviço ativo,<br />
tenham em vista unicamente a glória de Deus. Então Ele lhes aceitará os esforços; eles<br />
não agirão imprudentemente, por impulso; não se precipitarão, pondo em risco a causa<br />
do Senhor, sendo escravos de tentações e paixões, seguindo a própria mente carnal<br />
incendiada por Satanás. Oh! quão terrível é ser a causa de Deus manchada pela<br />
vontade perversa do homem e seu temperamento não subjugado! Quanto sofrimento<br />
traz ele sobre si por seguir as obstinadas paixões que o dominam! Deus traz<br />
repetidamente o homem ao campo de batalha, aumentando a pressão até que a<br />
perfeita humildade e a transformação do caráter o ponham em harmonia com Cristo e<br />
o espírito do Céu, e tenha a vitória sobre si mesmo.<br />
Deus tem chamado homens de situações diversas e os tem<br />
Pág. 476<br />
experimentado e provado para ver que caráter desenvolveriam, se lhes poderia confiar<br />
a administração em ______, se poderiam ou não suprir as deficiências <strong>dos</strong> homens que<br />
ali estavam e vendo os erros já por eles cometi<strong>dos</strong>, deixariam de seguir o exemplo <strong>dos</strong><br />
214
que não se acham aptos para a santíssima obra de Deus. Ele tem acompanhado os<br />
homens de ______ com advertências, reprovações e conselhos contínuos. Tem<br />
derramado grande luz sobre os que oficiam em Sua causa ali, de maneira que o<br />
caminho lhes seja claro. Caso, porém, prefiram seguir sua própria sabedoria,<br />
desdenhando a luz, como fez Saul, extraviar-se-ão por certo, e envolverão a causa em<br />
perplexidade. Diante deles foram postas a luz e as trevas, mas demasiadas vezes têm<br />
preferido as trevas.<br />
A Mensagem Laodiceana<br />
A mensagem laodiceana aplica-se ao povo de Deus que professa crer na verdade<br />
presente. A maior parte, são professos mornos, tendo o nome mas faltando-lhes o zelo.<br />
Deus deu a conhecer que queria que os homens localiza<strong>dos</strong> no grande coração da obra<br />
corrigissem o estado de coisas ali existente, e se mantivessem como fiéis sentinelas em<br />
seu posto de dever. Deu-lhes luz acerca de to<strong>dos</strong> os pontos, para instruir, animar e<br />
confirmar esses homens segundo o caso o exigisse. Apesar de tudo isso, porém, os que<br />
deviam ser fiéis e verdadeiros, fervorosos no zelo cristão, de temperamento benévolo,<br />
conhecendo e amando sinceramente a Jesus, encontram-se a ajudar o inimigo em<br />
enfraquecer e desanimar aqueles a quem Deus está usando para edificar a obra.<br />
Aplica-se a esta classe o termo "morno". Professam amar a verdade, todavia são<br />
deficientes no fervor e no devotamento cristãos. Não ousam desistir inteiramente e<br />
correr o risco <strong>dos</strong> incrédulos; não se acham, no entanto, dispostos a morrer para o<br />
próprio eu e seguir exatamente os princípios de sua fé.<br />
A única esperança para os laodiceanos é uma clara visão de sua condição diante de<br />
Deus, o conhecimento da natureza de sua enfermidade. Nem são frios nem quentes;<br />
ocupam uma<br />
Pág. 477<br />
posição neutra e, ao mesmo tempo, lisonjeiam-se de não necessitar de coisa alguma. A<br />
Testemunha Verdadeira aborrece essa mornidão. Causa-Lhe desgosto a indiferença<br />
dessa classe de pessoas. Diz Ele: "Oxalá foras frio ou quente!" Apoc. 3:15. Como água<br />
morna, são nauseantes a Seu paladar. Nem são desinteressa<strong>dos</strong> nem egoistamente<br />
obstina<strong>dos</strong>. Não se empenham inteiramente e de coração na obra de Deus,<br />
identificando-se com seus interesses; mas se mantêm afasta<strong>dos</strong>, e estão prontos a<br />
deixar seus postos quando os interesses mundanos, pessoais o exijam. Carecem da<br />
obra interior da graça no coração; acerca desses se diz: "Como dizes: Rico sou, e estou<br />
enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e<br />
pobre, e cego, e nu." Apoc. 3:17.<br />
O Remédio Divino<br />
A fé e o amor são as verdadeiras riquezas, o ouro puro que a Testemunha Verdadeira<br />
aconselha os mornos a comprar. Por mais ricos que sejamos em tesouros terrestres,<br />
toda a nossa riqueza não nos habilitará a comprar os preciosos remédios que curam a<br />
doença da alma chamada mornidão. A inteligência e as riquezas da Terra eram<br />
impotentes para remover os defeitos da igreja de Laodicéia, ou remediar-lhes a<br />
deplorável condição. Eram cegos, não obstante achavam que estavam bem. O Espírito<br />
de Deus não lhes iluminava a mente, e não percebiam sua pecaminosidade; não<br />
sentiam, portanto, necessidade de auxílio.<br />
Estar sem as graças do Espírito de Deus é realmente triste; mais terrível condição,<br />
porém, é estar assim destituído de espiritualidade e de Cristo, e ainda buscar<br />
justificar-nos dizendo aos que se sobressaltam por nós que não necessitamos de seus<br />
temores nem piedade. Temível é o poder da ilusão própria no espírito humano! Que<br />
cegueira! tomar a luz por trevas e as trevas por luz! A Testemunha Verdadeira<br />
aconselha-nos a comprar dEle ouro provado no fogo, vesti<strong>dos</strong> brancos e colírio.<br />
O ouro aqui recomendado como tendo sido provado no fogo, é fé e amor. Ele enriquece o<br />
coração; pois foi limpo até<br />
Pág. 478<br />
215
tornar-se puro, e quanto mais é provado tanto mais intenso é seu brilho. Os vesti<strong>dos</strong><br />
brancos são a pureza de caráter, a justiça de Cristo comunicada ao pecador. É na<br />
verdade uma vestimenta de textura celeste, que só se pode comprar de Cristo por uma<br />
vida de voluntária obediência. O colírio é aquela sabedoria e graça que nos habilitam a<br />
distinguir entre o mal e o bem, e perceber o pecado sob qualquer disfarce. Deus deu a<br />
Sua igreja olhos aos quais requer <strong>dos</strong> crentes que unjam com sabedoria, para que<br />
vejam claramente; muitos, porém, se pudessem, tirariam os olhos da igreja; pois não<br />
quereriam que suas ações viessem à luz, para não serem reprova<strong>dos</strong>. O colírio divino<br />
comunicará clareza ao entendimento. Cristo é o depositário de todas as graças. Ele diz:<br />
"Aconselho-te que de Mim compres."<br />
Alguns São Sacudi<strong>dos</strong> Fora<br />
Talvez digam alguns que esperar favor de Deus por meio de nossas obras, é exaltar os<br />
próprios méritos. Certamente não podemos comprar uma vitória sequer com nossas<br />
boas obras; todavia nos é impossível ser vitoriosos sem elas. A compra que Cristo nos<br />
recomenda é simplesmente cumprir as condições que Ele nos propõe. A verdadeira<br />
graça, que é de inestimável valor e que resistirá à experiência da provação e da<br />
adversidade, só se obtém pela fé, e pela humilde obediência apoiada pela oração. As<br />
graças que resistem às provas da aflição e da perseguição, e demonstram sua pureza e<br />
sinceridade, são o ouro que é provado no fogo e achado genuíno. Cristo oferece vender<br />
este precioso tesouro ao homem: "Aconselho-te que de Mim compres ouro provado no<br />
fogo." Apoc. 3:18. O morto, frio cumprimento do dever não nos faz cristãos. Cumprenos<br />
sair do estado de mornidão e experimentar conversão real, ou perderemos o Céu.<br />
Minha atenção foi encaminhada para a providência de Deus entre Seu povo, e foi-me<br />
mostrado que toda prova feita pelo processo de refinamento e purificação sobre os<br />
professos cristãos demonstra que alguns são escória. Nem sempre<br />
Pág. 479<br />
aparece o fino ouro. Em toda crise religiosa alguns caem sob a tentação. O<br />
peneiramento de Deus sacode fora multidões, como folhas secas. A prosperidade<br />
multiplica a massa <strong>dos</strong> que professam. A adversidade os leva para fora da Igreja.<br />
Como uma classe, não tem o espírito firme em Deus. Saem de nós, porque não são de<br />
nós; pois quando surge tribulação ou perseguição por causa da palavra, muitos se<br />
escandalizam.<br />
Olhem essas pessoas alguns meses atrás, quando elas consideravam o caso de outros<br />
que se achavam em condições idênticas àquela que eles hoje ocupam. Recordem<br />
cuida<strong>dos</strong>amente o que pensavam quanto aos tenta<strong>dos</strong>. Houvesse alguém lhes dito<br />
então que, apesar de seu zelo e trabalho para endireitar a outros, seriam afinal<br />
acha<strong>dos</strong> em semelhantes condições de trevas, e haveriam dito como disse Hazael ao<br />
profeta: "Pois quê? é teu servo um cão, para fazer esta tão grande coisa?" II Reis 8:13,<br />
Versão Trinitariana.<br />
Estão iludi<strong>dos</strong> consigo mesmos. Na calma, que firmeza manifestam! Que corajosos<br />
navegantes são! Mas quando as furiosas tempestades da prova e tentação sobrevêm,<br />
ai! sua alma naufraga. Os homens podem ter excelentes dons, boas aptidões,<br />
qualidades esplêndidas; um defeito, porém, um pecado secreto nutrido, demonstrar-seá<br />
para o caráter o que a prancha carcomida pelo verme é para o navio - completo<br />
desastre e ruína! ...<br />
Necessidade de Constante Progresso<br />
Os homens que ocupam posições de responsabilidade devem melhorar continuamente.<br />
Cumpre não se ancorarem numa antiga experiência, e achar que não precisam tornarse<br />
obreiros capazes. O homem, embora a mais importante criatura de Deus ao vir ao<br />
mundo, e de natureza mais perversa, é não obstante capaz de constante progresso.<br />
Pode ser esclarecido pela ciência, enobrecido pela virtude, e progredir em dignidade<br />
mental e moral até que chegue à perfeição da inteligência e a uma pureza de caráter<br />
apenas um pouco inferiores às <strong>dos</strong> <strong>anjos</strong>. Com a luz da verdade a brilhar na mente<br />
216
humana, e o amor de Deus derramado em seu coração, é inconcebível o que se podem<br />
tornar, e que grande obra podem fazer.<br />
Pág. 480<br />
Sei que o coração humano é cego a sua verdadeira condição; não posso deixar-vos,<br />
porém, sem fazer um esforço em vosso auxílio. Nós vos amamos, e queremos ver-vos<br />
apressando-vos para a vitória. Jesus vos ama. Morreu por vós; e quer que vos salveis.<br />
Não temos nenhuma disposição para segurar-vos em ______; queremos, no entanto que<br />
façais obra completa quanto a vossa própria alma, que endireiteis ali todo erro, e<br />
façais todo esforço para dominar o próprio eu, para que não percais o Céu. Isto não vos<br />
podeis permitir. Por amor de Cristo, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.<br />
__________<br />
A obra de podar e limpar a fim de preparar-nos para o Céu, é uma grande obra, e<br />
custar-nos-á muito sofrimento e provação, pois nossas vontades não se acham sujeitas<br />
à vontade de Cristo. Precisamos passar pela fornalha até que o fogo haja consumido a<br />
escória, e estejamos purifica<strong>dos</strong>, e reflitamos a imagem divina. Os que seguem as<br />
próprias inclinações e são regi<strong>dos</strong> pelas aparências, não são bons juízes do que Deus<br />
está fazendo. Acham-se cheios de descontentamento. Vêem fracasso onde em verdade<br />
há triunfo, grande perda onde existe ganho; e, como Jacó, estão prontos a exclamar:<br />
"Todas estas coisas vieram sobre mim" (Gên. 42:36), quando as próprias coisas de que<br />
se queixam estão todas operando juntamente para o seu bem.<br />
Não havendo cruz, não há coroa. Como pode alguém ser forte no Senhor, sem<br />
provações? Para termos forças, precisamos de exercício. Para possuir fé robusta,<br />
importa que sejamos coloca<strong>dos</strong> em circunstâncias em que nossa fé seja exercitada.<br />
Pouco antes de sua morte, o apóstolo Paulo exortou a Timóteo: "Participa das aflições<br />
do evangelho segundo o poder de Deus." II Tim. 1:8. Através de muita tribulação é que<br />
havemos de entrar no reino de Deus. Nosso Salvador foi provado por to<strong>dos</strong> os mo<strong>dos</strong><br />
possíveis, e todavia triunfou continuamente em Deus. É nosso privilégio, na força do<br />
Senhor, ser fortes em todas as circunstâncias, e gloriar-nos na cruz de Cristo.<br />
Testimonies, vol. 3, pág. 67, 1872.<br />
89<br />
A Eficácia do Sangue de Cristo<br />
Pág. 481<br />
Ordenou-se outrora aos filhos de Israel que trouxessem uma oferta por toda a<br />
congregação, a fim de purificá-la da contaminação cerimonial. Esse sacrifício era uma<br />
bezerra ruiva, e representava o perfeito sacrifício que deveria remir da poluição do<br />
pecado. Era esse um sacrifício ocasional, para purificação de to<strong>dos</strong> os que, por<br />
necessidade ou acidentalmente, haviam tocado em cadáver. To<strong>dos</strong> os que entravam em<br />
contato com a morte de qualquer maneira, eram considera<strong>dos</strong> cerimonialmente<br />
impuros. Destinava-se isso a impressionar profundamente o espírito <strong>dos</strong> hebreus com<br />
o fato de que a morte veio em conseqüência do pecado, sendo, portanto, representação<br />
do pecado. Um novilho, uma arca, uma serpente ardente, apontam com insistência<br />
para uma grande oferta - o sacrifício de Cristo.<br />
Essa bezerra devia ser ruiva, o que era símbolo de sangue. Tinha de ser sem mancha<br />
nem defeito, e nunca ter estado sob o jugo. Aqui, de novo, é representado Cristo. O<br />
Filho de Deus veio voluntariamente, para realizar a obra da expiação. Não havia sobre<br />
Ele jugo obrigatório; pois era independente e acima de toda a lei. Os <strong>anjos</strong>, como<br />
inteligentes mensageiros divinos, achavam-se sob o jugo da obrigação, nenhum<br />
sacrifício pessoal deles poderia expiar a culpa do homem caído. Cristo, unicamente,<br />
estava livre <strong>dos</strong> reclamos da lei, para empreender a redenção da raça pecadora. Tinha<br />
Ele poder para depor a vida e para retomá-la. "Que, sendo em forma de Deus, não teve<br />
por usurpação ser igual a Deus." Filip. 2:6.<br />
No entanto, esse Ser glorioso amou o pobre pecador, e tomou sobre Si a forma de servo,<br />
para que pudesse sofrer e morrer<br />
217
Pág. 482<br />
em lugar do homem. Jesus poderia ter ficado à destra do Pai, usando a coroa e as<br />
vestes reais. Mas preferiu trocar as riquezas, honra e glória do Céu pela pobreza da<br />
humanidade, e Sua posição de alto comando pelos horrores do Getsêmani e a<br />
humilhação e agonia do Calvário. Tornou-Se um Varão de dores e experimentado nos<br />
trabalhos, a fim de que por Seu batismo no sofrimento e sangue pudesse purificar e<br />
redimir um mundo culpado. "Eis aqui venho", foi o prazenteiro assentimento, para<br />
"fazer a Tua vontade, ó Deus meu." Sal. 40:7 e 8.<br />
A bezerra sacrifical era conduzida para fora do arraial, e morta da maneira mais<br />
impressionante. Assim Cristo sofreu fora das portas de Jerusalém, pois o Calvário<br />
achava-se fora <strong>dos</strong> muros da cidade. Isto se destinava a mostrar que Cristo não morreu<br />
pelos hebreus somente, mas por toda a humanidade. Ele proclama ao mundo caído que<br />
veio a fim de ser seu Redentor, e insta com os homens a que aceitem a salvação que<br />
lhes oferece. Morta a bezerra do modo mais solene, o sacerdote, trajando vestes<br />
puramente brancas, tomava nas mãos o sangue quando jorrava do corpo da vítima, e<br />
lançava-o em direção do templo sete vezes. "E tendo um grande sacerdote sobre a casa<br />
de Deus, cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo os<br />
corações purifica<strong>dos</strong> da má consciência, e o corpo lavado com água limpa." Heb. 10:21 e<br />
22.<br />
O corpo da bezerra era queimado e reduzido a cinzas, o que significava um sacrifício<br />
amplo e completo. As cinzas eram então reunidas por pessoa não contaminada pelo<br />
contato com morto, e colocadas num vaso que continha água provinda de uma<br />
corrente. Essa pessoa limpa e pura tomava então uma vara de cedro com pano de<br />
escarlate e um ramo de hissopo, e aspergia o conteúdo do vaso sobre a tenda e o povo<br />
reunido. Esta cerimônia era repetida várias vezes, a fim de ser completa, e fazia-se<br />
como purificação do pecado.<br />
Assim Cristo, em Sua própria justiça imaculada, depois de derramar Seu sangue<br />
precioso, penetra no lugar santo para purificar o santuário. E ali a corrente escarlate é<br />
empregada no<br />
Pág. 483<br />
serviço de reconciliar Deus com o homem. Poderá haver quem considere esse sacrificar<br />
da bezerra como cerimônia destituída de significado; mas era celebrada por ordem de<br />
Deus, e tem profundo significado, que não perdeu sua aplicação ao tempo presente.<br />
O sacerdote usava cedro e hissopo, mergulhando-os na água purificadora e aspergindo<br />
o imundo. Isto simbolizava o sangue de Cristo derramado para nos purificar das<br />
impurezas morais. A aspersão repetida ilustra o caráter completo da obra que tinha de<br />
ser realizada em favor do pecador arrependido. Tudo que ele possui tem de ser<br />
consagrado. Não só deve sua própria alma ser lavada de modo a ficar limpa e pura,<br />
mas deve ele empenhar-se em que a família, os seus arr<strong>anjos</strong> domésticos, sua<br />
propriedade e to<strong>dos</strong> os seus pertences - tudo seja consagrado a Deus.<br />
Depois que a tenda fora aspergida com hissopo, acima da porta <strong>dos</strong> purifica<strong>dos</strong> era<br />
escrito: Não sou meu; Senhor, sou Teu. Assim deve ser com os que professam ser<br />
purifica<strong>dos</strong> pelo sangue de Cristo. Deus não é menos estrito hoje do que era nos<br />
tempos antigos. O salmista, em sua oração, refere-se a essa cerimônia simbólica<br />
quando diz: "Purifica-me com hissopo, e ficarei puro; lava-me, e ficarei mais alvo do<br />
que a neve." "Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito<br />
reto." "Torna a dar-me a alegria da Tua salvação, e sustém-me com um espírito<br />
voluntário." Sal. 51:7, 10 e 12.<br />
O sangue de Cristo é eficaz, mas precisa ser aplicado continuamente. Deus não só quer<br />
que Seus servos usem os meios que lhes confiou para Sua glória, mas deseja que se<br />
consagrem a si mesmos à Sua causa. Se vós, meus irmãos, vos tornastes egoístas e<br />
estais retendo do Senhor aquilo que deveríeis alegremente dar ao Seu serviço,<br />
218
necessitais então de que se vos aplique completamente o sangue da aspersão,<br />
consagrando-vos a Deus com todas as vossas posses.<br />
90<br />
Obediência Voluntária<br />
Pág. 484<br />
Era Abraão homem i<strong>dos</strong>o quando recebeu de Deus a impressionante ordem de oferecer<br />
seu filho Isaque como oferta queimada. Abraão, mesmo em sua geração era<br />
considerado velho. Desvanecera-se-lhe o ardor da juventude. Já não lhe era fácil<br />
suportar dificuldades e enfrentar perigos. No vigor da mocidade o homem enfrenta a<br />
tempestade com altiva consciência de força, e ergue-se acima de desencorajamentos<br />
que em sua vida posterior lhe fariam o coração desfalecer, quando os seus passos<br />
vacilam rumo da sepultura.<br />
Mas em Sua providência Deus reservou para Abraão sua última e mais aflitiva prova<br />
até o peso <strong>dos</strong> anos o oprimir e ele almejar por descanso da ansiedade e labuta. O<br />
Senhor lhe falou, dizendo: "Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem<br />
amas", "e oferece-o ali em holocausto." Gên. 22:2. O coração do ancião paralisou-se de<br />
terror. A perda desse filho por doença teria sido um golpe duro àquele pai amoroso;<br />
ter-lhe-ia curvado a fronte embranquecida de tristeza. Mas agora eis que se lhe ordena<br />
derramar com as próprias mãos o precioso sangue daquele filho. Parecia-lhe terrível<br />
impossibilidade.<br />
Entretanto, Deus falara, e Sua palavra tinha de ser obedecida. Abraão era avançado<br />
em anos, mas isto não o escusou de cumprir o dever. Agarrou o bordão da fé, e em<br />
muda agonia tomou pela mão o filho, belo na rosada saúde da juventude, e saiu a<br />
obedecer à palavra de Deus. O grande e velho patriarca era humano; suas paixões e<br />
laços afetivos eram como os nossos, e ele amava o rapaz, que era o consolo de sua<br />
velhice, e a quem fora dada a promessa do Senhor.<br />
Pág. 485<br />
Mas Abraão não se deteve a duvidar de como as promessas de Deus poderiam cumprirse,<br />
uma vez morto Isaque. Não parou a arrazoar com o sofrido coração, mas executou a<br />
ordem divina ao pé da letra, até que, exatamente quando o cutelo estava para ser<br />
mergulhado nas trêmulas carnes do filho, veio a ordem: "Não estendas a tua mão sobre<br />
o moço", "porquanto agora sei que temes a Deus e não Me negaste o teu filho, o teu<br />
único ." Gên. 22:12.<br />
Esse grande ato de fé acha-se traçado nas páginas da história sagrada para brilhar no<br />
mundo como exemplo nobre, até ao fim do tempo. Abraão não argumentou que sua<br />
idade avançada o eximisse de obedecer a Deus. Não disse: "Tenho os cabelos brancos,<br />
foi-se-me o vigor da varonilidade; quem me consolará no final da minha vida, quando<br />
Isaque não mais existir? Como pode um pai i<strong>dos</strong>o derramar o sangue de um filho<br />
único?" Não; Deus falara, e o homem devia obedecer sem questionar, nem murmurar,<br />
ou desfalecer pelo caminho.<br />
Carecemos da fé de Abraão em nossas igrejas hoje, a fim de iluminar as trevas que ao<br />
redor delas se acumulam, excluindo a suave luz do amor divino e atrofiando o<br />
crescimento espiritual. A idade jamais nos escusará de obedecermos a Deus. Deve<br />
nossa fé ser prolífera de boas obras; pois a fé sem obras é morta. Todo dever cumprido,<br />
todo sacrifício feito em nome de Jesus, traz uma recompensa excelente. No próprio ato<br />
de cumprir o dever, Deus fala e dá Sua bênção. Mas Ele requer de nós uma inteira<br />
consagração de nossas faculdades. O espírito e o coração, o ser todo, tem de ser dado a<br />
Ele, ou do contrário não atingiremos a norma de cristãos verdadeiros.<br />
Deus não reteve do homem coisa alguma que lhe pudesse assegurar as riquezas<br />
eternas. Revestiu de beleza a Terra, e adornou-a para uso e conforto do homem<br />
durante sua vida temporal. Deu Seu filho a fim de que morresse para redenção de um<br />
mundo que caíra pelo pecado e loucura. Tão incomensurável amor, sacrifício tão<br />
219
infinito, reclama nossa mais estrita obediência, nosso amor, mais santificado, nossa<br />
ilimitada fé.<br />
Pág. 486<br />
Entretanto todas estas virtudes, exercidas até o limite máximo, jamais se poderão<br />
comparar com o grande sacrifício feito por nós.<br />
Obediência Implícita<br />
Deus requer pronta e implícita obediência à Sua lei. Mas os homens estão<br />
adormeci<strong>dos</strong>, ou paralisa<strong>dos</strong> pelos enganos de Satanás, que sugere desculpas e<br />
subterfúgios, e lhes vence os escrúpulos, dizendo, como dissera a Eva no Jardim:<br />
"Certamente não morrereis." Gên. 3:4. A desobediência não só endurece o coração e a<br />
consciência do culpado, mas tende também a corromper a fé <strong>dos</strong> outros. Aquilo que a<br />
princípio se lhes afigurava muito errado, gradualmente perde este aspecto por isso que<br />
está constantemente perante a pessoa, até que finalmente esta duvida de que seja de<br />
fato pecado, e cai inconscientemente no mesmo erro.<br />
Por meio de Samuel, Deus ordenou a Saul que ferisse os amalequitas, destruindo-lhes<br />
totalmente as posses. Mas Saul obedeceu apenas parcialmente à ordem; destruiu o<br />
gado inferior, mas reservou o melhor, poupando o ímpio rei. No dia seguinte encontrase<br />
com o profeta Samuel, e todo se gabando a si mesmo, disse: "Bendito tu do Senhor;<br />
executei a palavra do Senhor." Mas o profeta respondeu imediatamente: "Que balido,<br />
pois, de ovelhas é este nos meus ouvi<strong>dos</strong>, e o mugido de vacas que ouço?" I Sam. 15:13<br />
e 14.<br />
Saul ficou confuso, e procurou fugir à responsabilidade, respondendo: "De Amaleque<br />
[eles] as trouxeram, porque o povo perdoou ao melhor das ovelhas e das vacas, para as<br />
oferecer ao Senhor teu Deus; o resto, porém, temos destruído totalmente." I Sam.<br />
15:15. Samuel reprovou então o rei, lembrando-lhe a explícita ordem de Deus,<br />
mandando-lhe destruir tudo que pertencesse a Amaleque. Mostrou-lhe a transgressão<br />
e declarou que ele desobedecera ao Senhor. Mas Saul recusou-se a reconhecer que<br />
procedera mal; de novo escusou seu pecado alegando que reservara o melhor do gado<br />
para sacrificar ao Senhor.<br />
Pág. 487<br />
Samuel ficou com o coração oprimido ante a persistência com que o rei se recusara a<br />
ver e confessar seu pecado. Disse tristemente: "Tem porventura o Senhor, tanto prazer<br />
em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do Senhor? eis que o<br />
obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender melhor é do que a gordura de<br />
carneiros. Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como<br />
iniqüidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do Senhor, Ele também te<br />
rejeitou a ti, para que não sejas rei." I Sam. 15:22 e 23.<br />
O Perigo da Procrastinação<br />
Não devemos olhar ao dever e logo adiar o seu cumprimento. Esse adiamento dá tempo<br />
para as dúvidas; insinua-se a incredulidade, é pervertido o juízo e obscurecido o<br />
entendimento. Por fim as repreensões do Espírito de Deus não alcançam mais o<br />
coração da pessoa iludida, que se tornou tão cega que pensa não se entenderem elas<br />
com ele nem se aplicarem ao seu caso.<br />
Vai passando o precioso tempo da graça, e poucos reconhecem que lhes é dado com o<br />
fim de que se preparem para a eternidade. As áureas horas são esbanjadas em<br />
atividades profanas, em prazeres, em absoluto pecado. É menosprezada e esquecida a<br />
lei de Deus; entretanto, não é menos obrigatório cada um de seus estatutos. Toda<br />
transgressão trará seu castigo. O amor do ganho mundano leva à profanação do<br />
sábado; entretanto, as reivindicações daquele santo dia não se acham atenuadas nem<br />
anuladas. O mandamento de Deus é claro e indiscutível nesse ponto; Ele nos proíbe<br />
absolutamente trabalhar no sétimo dia. Pô-lo à parte como dia consagrado a Ele.<br />
Muitos são os empecilhos que atravessam o caminho <strong>dos</strong> que querem andar na<br />
obediência aos mandamentos de Deus. Há influências fortes e sutis que os ligam aos<br />
220
caminhos do mundo; mas o poder do Senhor pode romper essas cadeias. Ele removerá<br />
de diante <strong>dos</strong> pés <strong>dos</strong> fiéis to<strong>dos</strong> os obstáculos, ou lhes dará força e ânimo para vencer<br />
todas as dificuldades, se Lhe buscarem<br />
Pág. 488<br />
fervorosamente o auxílio. To<strong>dos</strong> os obstáculos desaparecerão ante o sincero desejo e<br />
persistente esforço para fazer a vontade de Deus, sejam quais forem as custas para o<br />
próprio eu, seja embora sacrificada a mesma vida. A luz do Céu iluminará as trevas<br />
<strong>dos</strong> que, em aflição e perplexidade, forem para a frente, olhando para Jesus como<br />
autor e consumador de sua fé.<br />
Em tempos antigos Deus falava aos homens por boca <strong>dos</strong> profetas e apóstolos. Hoje em<br />
dia lhes fala pelos Testemunhos de Seu Espírito. Jamais houve tempo em que Deus<br />
instruísse Seu povo mais fervorosamente do que os instrui hoje, acerca de Sua vontade<br />
e do procedimento que Ele deseja que sigam. Mas aproveitarão eles os Seus ensinos?<br />
Receberão as Suas repreensões e acatarão as Suas advertências? Deus não aceitará<br />
obediência parcial; não abonará nenhuma contemporização com o próprio eu.<br />
91<br />
Crítica aos Líderes<br />
Pág. 489<br />
A igreja sofre por falta de obreiros cristãos altruístas. Se to<strong>dos</strong> os que são, em regra,<br />
incapazes de resistir à tentação, e são demasiado débeis para ficar sozinhos, se<br />
conservassem afasta<strong>dos</strong> de ______, haveria naquele lugar uma atmosfera espiritual<br />
muito mais pura. Os que vivem alimentando-se das cascas <strong>dos</strong> fracassos e deficiências<br />
alheios, e que juntam para si mesmos os vírus das negligências e faltas do próximo,<br />
tornando-se por assim dizer os varredores das sujeiras da igreja, não representam<br />
vantagem para a sociedade a que pertencem, mas sim verdadeiro peso morto às<br />
comunidades das quais escolhem participar.<br />
A igreja carece, não de pesos, mas de fervorosos obreiros; não de críticos, mas de<br />
construtores em Sião. São realmente necessita<strong>dos</strong> missionários no grande centro da<br />
obra - homens que defendam a fortaleza, que sejam fiéis como o aço para preservar a<br />
honra <strong>dos</strong> que Deus colocou à frente de Sua obra, e que farão o máximo possível para<br />
suster a causa em to<strong>dos</strong> os seus departamentos, mesmo com sacrifício de seus próprios<br />
interesses e da vida, se necessário for. Mas foi-me mostrado que há poucos que têm a<br />
verdade entretecida em sua própria alma e podem subsistir ante a severa prova de<br />
Deus. Muitos há que se apegaram à verdade, mas a verdade não se apoderou deles,<br />
para lhes transformar o coração e purificá-los de todo o egoísmo. Há os que vêm a<br />
______ para ajudar na obra, assim como há muitos membros antigos que têm terrível<br />
conta a prestar a Deus, por terem sido um empecilho ao trabalho, pelo seu amorpróprio<br />
e sua vida sem consagração.<br />
A religião não tem virtude salvadora se o caráter <strong>dos</strong> que a<br />
Pág. 490<br />
professam não corresponde com a profissão. Deus deu graciosamente grande luz ao<br />
Seu povo em ______; mas Satanás tem uma obra a realizar, e faz sentir seu poder em<br />
maior medida no grande centro da obra. Ele toma homens e mulheres egoístas e não<br />
consagra<strong>dos</strong> e os torna sentinelas que vigiem os fiéis servos de Deus, pondo em dúvida<br />
as suas palavras, suas ações e motivos, e criticando e murmurando em vista de suas<br />
repreensões e advertências. Por meio deles cria ele suspeita e ciúmes, e procura<br />
enfraquecer o ânimo <strong>dos</strong> fiéis, agradar aos não santifica<strong>dos</strong> e neutralizar os labores<br />
<strong>dos</strong> servos de Deus.<br />
Frutos da Crítica<br />
Satanás tem tido grande poder sobre o espírito <strong>dos</strong> pais, por meio de seus filhos<br />
indisciplina<strong>dos</strong>. O pecado da negligência <strong>dos</strong> pais clama contra muitos pais<br />
observadores do sábado. O espírito da tagarelice e maledicência é um <strong>dos</strong> instrumentos<br />
especiais de Satanás, para semear a discórdia e a luta, para separar amigos e solapar<br />
221
a fé de muitos na veracidade de nossas crenças. Os irmãos e as irmãs estão demasiado<br />
prontos para falar das faltas e erros que julgam existir em outros, e especialmente nos<br />
que têm apresentado sem recuo as mensagens de repreensão e advertência que o<br />
Senhor lhes confiou.<br />
Os filhos desses queixosos escutam de ouvi<strong>dos</strong> abertos e recebem o veneno da<br />
desafeição. Os pais fecham assim, cegamente, os meios pelos quais poderia ser<br />
alcançado o coração <strong>dos</strong> filhos. Quantas famílias não temperam suas refeições diárias<br />
com dúvidas e críticas! Dissecam o caráter de seus amigos, e o servem como delicada<br />
sobremesa. Um precioso bocado de maledicência é passado ao redor da mesa, para ser<br />
comentado, não só por adultos, mas também por crianças. Nisso Deus é desonrado.<br />
Disse Jesus: "Quando o fizestes a um destes Meus pequeninos irmãos, a Mim o<br />
fizestes." Mat. 25:40. Portanto, Cristo é menosprezado e profanado pelos que difamam<br />
Seus servos.<br />
Os nomes <strong>dos</strong> escolhi<strong>dos</strong> servos de Deus têm sido usa<strong>dos</strong><br />
Pág. 491<br />
com desrespeito, e em alguns casos com absoluto desdém, por certas pessoas cujo dever<br />
é apoiá-los. As crianças não têm deixado de ouvir as observações desrespeitosas <strong>dos</strong><br />
pais com referência às solenes repreensões e advertências <strong>dos</strong> servos de Deus. Têm<br />
compreendido os escarnecedores gracejos e palavras depreciativas que de tempos a<br />
tempos lhes tem chegado aos ouvi<strong>dos</strong>, e a tendência tem sido nivelar, em seu espírito,<br />
os interesses sagra<strong>dos</strong> e eternos, com os negócios comuns do mundo. Que obra<br />
realizam esses pais, fazendo de seus filhos uns incrédulos, já na infância! Desta<br />
maneira é que as crianças são ensinadas a serem irreverentes e a se rebelarem contra<br />
as repreensões do pecado, enviadas pelo Céu.<br />
Onde existem semelhantes males, só pode prevalecer o declínio espiritual. Esses<br />
mesmos pais e mães, cega<strong>dos</strong> pelo inimigo, admiram-se de que os filhos sejam tão<br />
inclina<strong>dos</strong> à incredulidade, e a duvidarem da verdade da Bíblia. Admiram-se de que<br />
seja tão difícil alcançá-los por influências morais e religiosas. Tivessem eles visão<br />
espiritual, e descobririam desde logo que esse deplorável estado de coisas é resultado<br />
de sua própria influência doméstica, produto de seus ciúmes e desconfiança. Assim,<br />
muitos incrédulos são feitos nos círculos familiares de professos cristãos.<br />
Muitos há que encontram prazer especial em falar demoradamente nos defeitos, reais<br />
ou imaginários, <strong>dos</strong> que arcam sob pesadas responsabilidades em relação com as<br />
instituições da causa de Deus. Passam por alto o bem que tem sido realizado, os<br />
benéficos resulta<strong>dos</strong> do árduo labor e persistente dedicação à causa, e prendem a<br />
atenção em alguns aparentes erros, coisas que, depois de cometidas e ao seguirem-se<br />
as conseqüências, imaginam eles que poderiam ter sido executadas de modo melhor,<br />
com resulta<strong>dos</strong> mais lisonjeiros. No entanto a verdade é que, tivessem eles sido<br />
encarrega<strong>dos</strong> do trabalho, ou se haveriam recusado a agir em vista das circunstâncias<br />
desencorajadoras do caso, ou teriam agido mais indiscretamente do que os que<br />
efetuaram a obra, seguindo o caminho aberto pela providência de Deus.<br />
Pág. 492<br />
Mas esses irrequietos faladores apegam-se ferrenhamente aos aspectos mais<br />
desagradáveis da obra, tal como os líquens se agarram às asperezas da rocha. Essas<br />
pessoas atrofiam-se espiritualmente, por isso que se demoram continuamente sobre os<br />
fracassos e faltas <strong>dos</strong> outros. São moralmente incapazes de discernir as ações boas e<br />
nobres, os esforços altruístas, o verdadeiro heroísmo e sacrifício. Não se vão tornando<br />
mais nobres e exalta<strong>dos</strong> em sua vida e esperanças, nem mais generosos e largos em<br />
suas idéias e planos. Não cultivam aquela caridade que deve caracterizar a vida do<br />
cristão. Degeneram dia a dia, tornando-se mais estreitos em seus preconceitos e<br />
opiniões. A pequenez é seu elemento, e a atmosfera que os rodeia é peçonhenta para a<br />
paz e a felicidade.<br />
__________<br />
222
Devem os cristãos ser cuida<strong>dos</strong>os em relação a suas palavras. Não devem nunca<br />
passar adiante informações desfavoráveis, de um de seus amigos a outro,<br />
especialmente se se aperceberem de haver falta de união entre eles. É cruel dar a<br />
entender e insinuar, como se soubéssemos em relação a esse amigo ou aquele<br />
conhecido, muita coisa ignorada pelos demais. Essas insinuações prosseguem e criam<br />
impressões mais desfavoráveis do que se os fatos fossem francamente relata<strong>dos</strong>, de<br />
maneira livre de exagero. Que danos não tem sofrido a igreja de Cristo por causa<br />
dessas coisas! O procedimento incoerente, desavisado de seus membros tem-na<br />
tornado débil como a água. Tem sido traída a confiança por membros da mesma igreja,<br />
e no entanto o culpado não pretendia fazer mal. A falta de prudência na escolha de<br />
assuntos de conversa tem feito muito dano.<br />
Deve a conversa ser sobre coisas espirituais e divinas; mas tem sido diferente. Se a<br />
associação com amigos cristãos é dedicada especialmente de modo a aproveitar ao<br />
espírito e ao coração, não haverá remorsos, depois, e poderão recordar a conversa com<br />
prazer e satisfação. Mas se as horas são despendidas<br />
Pág. 493<br />
em leviandades e em falar ocioso, empregando-se o precioso tempo em dissecar a vida e<br />
o caráter de outros, a associação amistosa se demonstrará fonte de males, e vossa<br />
influência será cheiro de morte para morte. Testimonies, vol. 2, págs. 186 e 187, 1868.<br />
__________<br />
Não devemos permitir que nossas perplexidades e desapontamentos nos corroam a<br />
alma, tornando-nos impertinentes e impacientes. Não haja discórdia, nem suspeitas ou<br />
maledicência, para não ofendermos a Deus. Meu irmão, se abrires teu coração à inveja<br />
e a vis suspeitas, o Espírito Santo não poderá habitar contigo. Busca a plenitude que<br />
há em Cristo. Trabalha de modo por Ele indicado. Que cada pensamento, palavra e ato<br />
O revele. Precisas de um diário batismo do amor que nos dias <strong>dos</strong> apóstolos os tornava<br />
to<strong>dos</strong> de um mesmo comum acordo. Esse amor trará saúde ao corpo, espírito e alma.<br />
Circunda tua alma com uma atmosfera que fortaleça a vida espiritual. Cultiva a fé, a<br />
esperança, o ânimo e o amor. Reine a paz de Deus no teu coração. Testimonies, vol. 8,<br />
pág. 191, 1904.<br />
__________<br />
O Senhor vive e reina. Logo Ele Se erguerá em majestade, para abalar terrivelmente a<br />
Terra. Uma mensagem especial deve agora ser proclamada - mensagem que penetrará<br />
as trevas espirituais e convencerá e converterá almas. "Escapa-te por tua vida", é o<br />
apelo a ser feito aos que se demoram no pecado. Devemos agora tomar muitíssimo a<br />
sério o caso. Não temos um momento a passar em críticas e acusações. Que os que isso<br />
têm feito no passado, se prostrem de joelhos em oração, e que reparem como estão<br />
pondo suas palavras e planos em lugar das palavras e planos de Deus. Testimonies,<br />
vol. 8, pág. 36, 1904.<br />
92<br />
Santidade <strong>dos</strong><br />
Mandamentos de Deus<br />
Pág. 494<br />
Muito respeitado irmão K.: Em janeiro de 1875 foi-me mostrado haver um empecilho<br />
no caminho da prosperidade espiritual da igreja. O Espírito de Deus está agravado<br />
porque muitos não têm a vida e o coração retos; sua professa fé não se harmoniza com<br />
suas obras. O sagrado dia de repouso de Jeová não é observado como deveria ser. Cada<br />
semana Deus é roubado por alguma transgressão das fronteiras de Seu santo tempo; e<br />
as horas que deveriam ser dedicadas à oração e meditação, dedicam-se a atividades<br />
mundanas.<br />
Deus nos deu Seus mandamentos, não só para neles crermos, mas também para lhes<br />
obedecermos. O grande Jeová, depois de haver posto os fundamentos da Terra, de<br />
223
evestir todo o mundo com trajes de beleza, enchê-lo de coisas úteis ao homem -<br />
havendo criado todas as maravilhas de Terra e mar instituiu então o dia do sábado e<br />
santificou-o. Deus abençoou e santificou o sétimo dia, porque nele repousou de toda a<br />
Sua maravilhosa obra da criação. O sábado foi feito para o homem, e Deus deseja que<br />
ele nesse dia deixe o trabalho, como Ele próprio descansou, após os seis dias de<br />
trabalho da criação.<br />
Os que reverenciam os mandamentos de Jeová hão de, depois que tenham recebido luz<br />
com referência ao quarto preceito do Decálogo, obedecer-lhes sem questionar a<br />
viabilidade ou conveniência de semelhante obediência. Deus fez o homem à Sua<br />
própria imagem, e deu-lhe a seguir um exemplo da observância do sétimo dia, que Ele<br />
santificou e tornou santo. Era Seu desígnio que nesse dia o homem O adorasse, não se<br />
empenhando em ocupações seculares. Ninguém que desrespeite o quarto mandamento,<br />
depois de haver compreendido as<br />
Pág. 495<br />
reivindicações do sábado, pode ser tido como inocente à vista de Deus.<br />
Irmão K., o irmão reconhece as reivindicações de Deus quanto à observância do<br />
sábado, mas suas obras não se harmonizam com sua profissão de fé. O irmão põe sua<br />
influência do lado <strong>dos</strong> descrentes, visto como transgride a lei de Deus. Quando julga<br />
que suas circunstâncias temporais requerem atenção, o irmão transgride sem<br />
preocupação o quarto mandamento. O irmão torna a guarda da lei de Deus uma<br />
questão de conveniência, obedecendo ou desobedecendo, segundo o indicam suas<br />
ocupações ou inclinações. Isto não é honrar o sábado como uma instituição sagrada. O<br />
irmão ofende o Espírito de Deus e desonra seu Redentor, seguindo esse procedimento<br />
descuidado.<br />
Não é Aceitável a Obediência Parcial<br />
Não é aceitável ao Senhor uma parcial observância da lei do sábado, e isso tem sobre o<br />
espírito <strong>dos</strong> pecadores pior efeito do que se o irmão não fizesse profissão de ser<br />
observador do sábado. Eles percebem que sua vida contradiz sua crença, e perdem a fé<br />
no cristianismo. O Senhor toma a sério o que diz, e não é impunemente que o homem<br />
põe de parte Seus mandamentos. O exemplo de Adão e Eva no jardim deveria servirnos<br />
de advertência bastante contra qualquer desobediência da lei divina. O pecado de<br />
nossos primeiros pais, dando ouvido às enganosas tentações do inimigo, trouxe sobre o<br />
mundo culpa e tristeza, levando o Filho de Deus a deixar as cortes celestiais e tomar<br />
um lugar humilde na Terra. Foi sujeito a insultos, à rejeição e crucifixão por aqueles<br />
mesmos a quem viera abençoar. Que custo infinito foi resultado da desobediência no<br />
jardim do Éden! A Majestade do Céu foi sacrificada para salvar o homem da<br />
penalidade de seu crime.<br />
Deus não passará por alto qualquer transgressão de Sua lei, tanto hoje como no dia em<br />
que pronunciou juízo contra Adão. O Salvador do mundo ergue a voz em protesto<br />
contra os que consideram os mandamentos divinos leviana e descuidadamente.<br />
Pág. 496<br />
Disse Ele: "Qualquer pois que violar um destes mais pequenos mandamentos, e assim<br />
ensinar aos homens, será chamado o menor no reino <strong>dos</strong> Céus; aquele, porém, que os<br />
cumprir e ensinar será chamado grande no reino <strong>dos</strong> Céus." Mat. 5:19. O ensinamento<br />
que nossa vida revela é inteiramente em favor da verdade ou contra ela. Se vossas<br />
obras parecem justificar o transgressor em seu pecado, se vossa influência dá a<br />
impressão de considerardes levianamente a transgressão <strong>dos</strong> mandamentos de Deus,<br />
então não só sois culpa<strong>dos</strong> vós mesmos, mais sois também, em certa extensão,<br />
responsáveis pelos conseqüentes erros de outros.<br />
Mesmo no princípio do quarto preceito, disse Deus: "Lembra-te" sabendo que o homem,<br />
na multidão de seus cuida<strong>dos</strong> e perplexidades, seria tentado a escusar-se de satisfazer<br />
a todas as reivindicações da lei, ou, na pressão <strong>dos</strong> negócios seculares, se esqueceria de<br />
sua sagrada importância. "Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra" (Êxo. 20:9),<br />
224
as comuns ocupações da vida, para o ganho secular ou o prazer. Estas palavras são<br />
muito explícitas; não pode haver erro.<br />
Irmão K., como ousa transgredir mandamento tão solene e importante? Porventura o<br />
Senhor fez uma exceção pela qual o irmão seja absolvido da lei que Ele deu ao mundo?<br />
Serão suas transgressões omitidas do livro de registro? Concordou Ele em escusar sua<br />
desobediência quando as nações se apresentarem ante Ele para serem julgadas? Não<br />
se engane por um momento que seja, com o pensamento de que seu pecado não lhe<br />
trará o castigo merecido. Suas transgressões serão castigadas com vara, porque o<br />
irmão tinha a luz, e no entanto tem andado em sentido exatamente contrário. "O servo<br />
que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua<br />
vontade, será castigado com muitos açoites." Luc. 12:47.<br />
Deus deu ao homem seis dias para fazer a sua obra, e levar avante os negócios comuns<br />
da vida; mas Ele reclama um dia, que Ele pôs de parte e santificou. Ele o dá ao homem<br />
como um dia em que possa repousar do trabalho e dedicar-se à adoração<br />
Pág. 497<br />
e ao desenvolvimento de sua condição espiritual. Que flagrante afronta é roubar o<br />
homem o único dia santificado de Jeová, e dele se apropriar para seus próprios fins<br />
egoístas!<br />
É a mais grosseira presunção aventurar-se o homem mortal a comprometer-se com o<br />
Todo-poderoso, a fim de assegurar seus próprios, desprezíveis interesses. É tão cruel<br />
violação da lei, servir-se ocasionalmente do sábado para negócios seculares, como seria<br />
rejeitá-lo completamente; pois isso é fazer <strong>dos</strong> mandamentos do Senhor uma questão<br />
de conveniência. "Eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso", vem-nos, forte, a voz do<br />
Sinai! Nenhuma obediência parcial, nem interesse dividido, é aceito por Aquele que<br />
declara que as iniqüidades <strong>dos</strong> pais serão visitadas nos filhos até à terceira e quarta<br />
geração <strong>dos</strong> que O aborrecem, e que Ele mostrará misericórdia em milhares, aos que O<br />
amam e guardam os Seus mandamentos. Não é coisa de pouca importância roubar um<br />
vizinho, e grande é o estigma sofrido por aquele que é encontrado culpado de<br />
semelhante ato; entretanto, o que não se rebaixaria a defraudar seu semelhante, não<br />
tem vergonha de roubar a seu Pai celestial o tempo que Ele abençoou e pôs de parte<br />
para um fim especial.<br />
Meu caro irmão, suas obras estão em desacordo com a fé que professa, e sua única<br />
desculpa é a pobre alegação de isso lhe ser conveniente. Os servos de Deus,<br />
antigamente, foram convida<strong>dos</strong> a depor a vida em defesa de sua fé. O seu<br />
procedimento bem pouco se harmoniza com o <strong>dos</strong> mártires cristãos, que sofriam fome e<br />
sede, tortura, e morte, de preferência a renunciar a sua religião, ou ceder os princípios<br />
da verdade.<br />
Fé e Obediência<br />
Está escrito: "Que aproveita se alguém disser que tem fé, e não tiver as obras?<br />
Porventura a fé pode salvá-lo?" Tia. 2:14. Toda vez que o irmão se põe a trabalhar no<br />
dia de sábado, nega virtualmente sua fé. Ensinam-nos as Sagradas Escrituras que a fé<br />
sem obras é morta, e que o testemunho de nossa vida proclama ao mundo se somos ou<br />
não fiéis à fé que professamos. A conduta do irmão diminui a lei de Deus no conceito<br />
Pág. 498<br />
de seus amigos seculares. Ela lhes diz: "Os senhores podem obedecer ou deixar de<br />
obedecer aos mandamentos. Eu creio que a lei de Deus é, de algum modo, obrigatória<br />
para o homem; mas, afinal, o Senhor não é muito estrito quanto à estrita observância<br />
<strong>dos</strong> preceitos da mesma, e uma transgressão ocasional não é castigada com severidade<br />
de Sua parte."<br />
Muitos se desculpam de violarem o sábado, referindo-se ao seu exemplo. Argúem que,<br />
se um homem tão bom, que crê ser o sétimo dia o sábado, pode nesse dia empenhar-se<br />
em empreendimentos seculares quando as circunstâncias assim o parecem exigir,<br />
certamente eles poderão fazer o mesmo, sem condenação. O irmão se defrontará com<br />
225
muitas almas no juízo, as quais farão sua influência uma desculpa para sua<br />
desobediência à lei de Deus. Embora isto não sirva de desculpa para o pecado deles,<br />
será um terrível depoimento contra o irmão.<br />
Deus falou, e Ele espera que o homem obedeça. Não indaga Ele se lhe é conveniente<br />
proceder assim. O Senhor da vida e da glória não consultou Sua conveniência ou<br />
prazer quando deixou Sua altíssima posição para Se tornar um Varão de dores e<br />
experimentado em trabalhos, aceitando a ignomínia e morte para livrar o homem do<br />
resultado da desobediência. Jesus morreu, não para salvar o homem em seus peca<strong>dos</strong>,<br />
mas de seus peca<strong>dos</strong>. Deve o homem abandonar o erro de seus caminhos, para seguir o<br />
exemplo de Cristo, tomando a Sua cruz e seguindo-O, negando-se a si mesmo e<br />
obedecendo a Deus custe o que custar.<br />
Disse Jesus: "Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o<br />
outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a<br />
Mamom." Mat. 6:24. Se somos verdadeiros servos de Deus, não deve haver em nosso<br />
espírito nenhuma dúvida quanto a devermos obedecer aos Seus mandamentos, ou<br />
consultar nossos próprios interesses temporais. Se os crentes na verdade não forem<br />
susti<strong>dos</strong> por sua fé nestes dias relativamente pacíficos, que os deterá quando vier a<br />
grande prova, e sair o decreto contra to<strong>dos</strong> os que não adorarem a imagem da besta<br />
nem receberem na<br />
Pág. 499<br />
testa ou nas mãos o sinal? Não está longe esse tempo solene. Em vez de se tornar fraco<br />
e irresoluto, o povo de Deus deve estar reunindo forças e ânimo para o tempo de<br />
angústia.<br />
Jesus, nosso grande Exemplo, em Sua vida e morte ensinou a mais estrita obediência.<br />
Ele morreu, o justo pelos injustos, o inocente pelos culpa<strong>dos</strong>, para que se preservasse a<br />
honra da lei de Deus, e ao mesmo tempo não tivesse o homem de perecer<br />
completamente. O pecado é a transgressão da lei. Se o pecado de Adão trouxe tão<br />
inexprimível miséria, exigindo o sacrifício do amado Filho de Deus, qual não será a<br />
punição <strong>dos</strong> que vendo a luz da verdade, anulam o quarto mandamento do Senhor?<br />
As Circunstâncias Não São Desculpa<br />
As circunstâncias não justificam a quem quer que seja, para trabalhar no sábado por<br />
amor de ganho secular. Se Deus escusasse um homem, poderia escusar a to<strong>dos</strong>. Por<br />
que não deveria o irmão L., que é pobre, trabalhar no sábado para ganhar o pão de<br />
cada dia, quando ele poderia, assim fazendo, estar em melhores condições de manter a<br />
família? Por que não deveriam outros irmãos, ou to<strong>dos</strong> nós, guardar o sábado só<br />
quando fosse conveniente fazê-lo? Responde a voz do Sinai: "Seis dias trabalharás, e<br />
farás toda a tua obra; mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus." Êxo. 20:9 e 10.<br />
Os erros cometi<strong>dos</strong> por crentes na verdade, trazem sobre a igreja grande fraqueza. São<br />
pedras de tropeço no caminho <strong>dos</strong> pecadores, e impedem-nos de virem para a luz.<br />
Irmão, Deus o chama para se colocar inteiramente ao Seu lado, e deixar suas obras<br />
revelarem que o irmão respeita Seus preceitos e mantém inviolado o sábado. Ele lhe<br />
ordena que desperte e reconheça o seu dever e seja leal às responsabilidades que lhe<br />
cabem. Estas solenes palavras lhe são dirigidas: "Se desviares o teu pé do sábado, e de<br />
fazer a tua vontade no Meu santo dia, e se chamares ao sábado deleitoso, e santo dia<br />
do Senhor digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, nem<br />
pretendendo fazer a tua vontade, nem falar as tuas próprias palavras, então<br />
Pág. 500<br />
te deleitarás no Senhor, e te farei cavalgar sobre as alturas da Terra, e te sustentarei<br />
com a herança de teu pai Jacó; porque a boca do Senhor o disse." Isa. 58:13 e 14.<br />
Como muitos de nossos irmãos, o irmão se está emaranhando com os transgressores da<br />
lei de Deus, adotando seus pontos de vista e caindo nos seus erros. Deus visitará com<br />
os Seus juízos os que professam servi-Lo, e no entanto na realidade servem a Mamom.<br />
Os que por amor de suas vantagens pessoais desrespeitam a expressa ordem do<br />
226
Senhor, acumulam sobre si a desgraça futura. A igreja de ______ deve verificar<br />
cuida<strong>dos</strong>amente se, como os judeus, não fizeram do templo de Deus lugar de venda.<br />
Disse Cristo: "Está escrito: A Minha casa será chamada casa de oração - mas vós a<br />
tendes convertido em covil de ladrões." Mat. 21:13.<br />
Não estão muitos de nosso povo caindo no pecado de sacrificar sua religião por amor do<br />
ganho mundano; mantendo uma forma de piedade, enquanto se dedicam inteiramente<br />
a ocupações temporais? À lei de Deus tem de ser conferido o primeiro lugar de to<strong>dos</strong>,<br />
devendo ser obedecida no espírito e na letra. Se a Palavra de Deus, pronunciada com<br />
majestosa solenidade do monte santo, é considerada levianamente, como serão<br />
acolhi<strong>dos</strong> os Testemunhos de Seu Espírito? Mentes tão entenebrecidas que não<br />
reconheçam a autoridade <strong>dos</strong> mandamentos do Senhor, da<strong>dos</strong> diretamente ao homem,<br />
pouco benefício poderão receber de um instrumento débil, por Ele escolhido para<br />
instruir Seu povo.<br />
A Idade Não é Desculpa<br />
Sua idade não o escusa de obedecer aos mandamentos divinos. Abraão foi duramente<br />
provado em sua velhice. As palavras do Senhor se afiguravam terríveis e indesejadas<br />
àquele ancião combalido; todavia ele nunca pôs em dúvida sua justiça nem hesitou na<br />
obediência. Poderia ter alegado que era velho e débil, não podendo sacrificar o filho<br />
que era a alegria de sua vida. Poderia ter lembrado ao Senhor que aquela ordem<br />
estava em<br />
Pág. 501<br />
desarmonia com as promessas que lhe haviam sido dadas a respeito de seu filho. Mas<br />
a obediência de Abraão, prestava-a ele sem murmurar nem acusar. Era implícita sua<br />
confiança em Deus.<br />
A fé manifesta por Abraão deve ser nosso exemplo; entretanto, quão poucos suportam<br />
pacientemente uma simples prova de repreensão pelos peca<strong>dos</strong> que lhes ameaçam o<br />
bem-estar eterno! Quão poucos acolhem com humildade a repreensão, e a aproveitam.<br />
A reivindicação de Deus em relação a nossa fé, nossos serviços, nossas afeições, deve<br />
encontrar resposta animosa de nossa parte. Somos infinitos devedores ao Senhor, e<br />
devemos sem hesitar satisfazer mesmo ao menor <strong>dos</strong> Seus reclamos. Para ser um<br />
violador <strong>dos</strong> mandamentos, não é necessário que pisemos a pés todo o código moral. Se<br />
desrespeitamos um só preceito, somos transgressores da lei sagrada. Mas se queremos<br />
ser verdadeiros observadores <strong>dos</strong> mandamentos, devemos observar estritamente cada<br />
preceito que Deus nos ordenou guardar.<br />
O Constante Cuidado de Deus<br />
Deus permitiu que Seu próprio Filho fosse morto para cumprir a penalidade da<br />
transgressão da lei; como tratará Ele então com os que, em face de todas as evidências,<br />
ousam aventurar-se na vereda da desobediência, depois de terem recebido a luz da<br />
verdade? O homem não tem o direito de alegar sua conveniência ou necessidade nesta<br />
questão. Deus proverá; Ele, que alimentou Elias junto ao ribeiro, tornando um corvo<br />
Seu mensageiro, não deixará que a Seus fiéis falte o alimento.<br />
O Salvador perguntou aos discípulos, premi<strong>dos</strong> pela pobreza, por que andavam<br />
ansiosos e perturba<strong>dos</strong> com respeito ao que deviam comer e com que se deviam vestir.<br />
Disse Ele: "Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam<br />
em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que<br />
elas?" Mat. 6:26. Apontou Ele para as lindas flores, formadas e coloridas por mão<br />
divina, dizendo: "E, quanto ao vestido, por que andais<br />
Pág. 502<br />
solícitos? Olhai para os lírios do campo, como eles crescem: não trabalham nem fiam; e<br />
Eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer<br />
deles. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada<br />
no forno, não vos vestirá muito mais a vós, homens de pouca fé?" Mat. 6:28-30.<br />
227
Onde está a fé do povo de Deus? Por que são tão descrentes e desconfiantes dAquele<br />
que lhes provê as necessidades, e os sustém por Sua força? O Senhor provará a fé do<br />
Seu povo; enviará repreensões, que serão seguidas de aflições se essas advertências<br />
não forem acatadas. Interromperá a fatal letargia do pecado, a qualquer custa para os<br />
que se desviarem de sua fidelidade a Ele, e despertá-los-á de modo a reaverem o senso<br />
do dever.<br />
Meu irmão, sua alma tem de ser despertada e sua fé ampliada. Por tanto tempo o<br />
irmão se desculpou em sua desobediência alegando isto ou aquilo, que sua consciência,<br />
assim minada, adormeceu, deixando de lembrar-lhe os seus erros. Por tanto tempo<br />
seguiu suas próprias conveniências a respeito da observância do sábado, que sua<br />
mente se tornou inapta para receber impressões quanto ao seu procedimento de<br />
desobediência; entretanto, nem por isso é menos responsável, pois o irmão mesmo se<br />
pôs nessas condições. Comece desde já a obedecer aos mandamentos divinos e confie<br />
em Deus. Não Lhe provoque a ira, para que não o visite com terrível castigo. Volte a<br />
Ele antes que seja tarde, e busque o perdão de suas transgressões. Ele é rico e<br />
abundante em misericórdias; Ele lhe dará Sua paz e aprovação, se chegar a Ele em<br />
humilde fé.<br />
93<br />
Preparo Para a Vinda de Cristo<br />
Pág. 503<br />
Na última visão que me foi dada em Battle Creek, por ocasião de nossa reunião campal<br />
geral, foi-me mostrado nosso perigo como um povo, de nos assemelharmos ao mundo, e<br />
não à imagem de Cristo. Achamo-nos agora nas próprias fronteiras do mundo eterno;<br />
mas é desígnio do adversário de nossas almas levar-nos a adiar para longe o fim do<br />
tempo. Satanás assaltará de todas as maneiras possíveis os que professam ser<br />
observadores <strong>dos</strong> mandamentos de Deus, e estar aguardando a segunda vinda de nosso<br />
Salvador nas nuvens do céu, com poder e grande glória. Ele levará o maior número<br />
possível a adiarem o dia mau e tornarem-se, no procedimento, semelhantes ao mundo,<br />
imitando-lhe os costumes. Senti-me alarmada quando vi que o espírito do mundo<br />
controlava o coração e a mente de muitos que fazem alta profissão da verdade.<br />
Abrigam o egoísmo e a condescendência consigo mesmos; mas não cultivam a<br />
verdadeira piedade e a genuína integridade.<br />
O anjo do Senhor apontou aos que professam a verdade e repetiu com voz solene estas<br />
palavras: "E olhai por vós, não aconteça que os vossos corações se carreguem de<br />
glutonaria, de embriaguez, e <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> da vida, e venha sobre vós de improviso<br />
aquele dia. Porque virá como um laço sobre to<strong>dos</strong> os que habitam na face de toda a<br />
Terra. Vigiai pois em todo o tempo, orando, para que sejais havi<strong>dos</strong> por dignos de<br />
evitar todas estas coisas que hão de acontecer, e de estar em pé diante do Filho do<br />
homem." Luc. 21:34-36.<br />
Considerando a brevidade do tempo, nós como povo devemos vigiar e orar, e em caso<br />
algum permitir que sejamos desvia<strong>dos</strong> da solene obra de preparo para o grande<br />
acontecimento<br />
Pág. 504<br />
à nossa frente. Como o tempo aparentemente se estende, muitos se tornam<br />
descuida<strong>dos</strong> e indiferentes em relação a suas palavras e ações. Não reconhecem o<br />
perigo em que se acham, e não vêem nem compreendem a misericórdia de nosso Deus<br />
em lhes ampliar o tempo de graça, a fim de que tenham oportunidade para formar o<br />
caráter para a vida futura, imortal. Cada momento é do mais alto valor. O tempo lhes<br />
é concedido, não para ser empregado em seguir sua própria comodidade e tornarem-se<br />
habitantes da Terra, mas para ser empregado na obra de vencer cada defeito de seu<br />
caráter e em ajudar os outros, pelo exemplo e pelo esforço pessoal, a verem a beleza da<br />
santidade. Deus tem sobre a Terra um povo que, com fé e santa esperança, está<br />
acompanhando o rolo da profecia a cumprir-se rapidamente, e buscando purificar a<br />
228
alma na obediência à verdade, a fim de que não sejam encontra<strong>dos</strong> sem as vestes<br />
nupciais quando Cristo aparecer.<br />
A Influência do Marcar Tempo<br />
Muitos que se têm chamado adventistas, têm marcado tempo. Repetidamente<br />
marcaram uma data para a vinda de Cristo; e repeti<strong>dos</strong> fracassos têm sido o resultado.<br />
O tempo exato da vinda de nosso Senhor, diz a Bíblia, acha-se além do conhecimento<br />
<strong>dos</strong> mortais. Mesmo os <strong>anjos</strong> que ministram aos que hão de ser herdeiros da salvação,<br />
não sabem o dia nem a hora. "Porém daquele dia e hora ninguém sabe, nem os <strong>anjos</strong><br />
do Céu, nem o Filho, mas unicamente Meu Pai." Mat. 24:36. Como passou<br />
repetidamente a data marcada, o mundo está hoje em mais profundo estado de<br />
incredulidade do que antes, com respeito ao próximo advento de Cristo. Consideram<br />
com aborrecimento os fracassos <strong>dos</strong> que marcaram tempo; e por isso que os homens<br />
têm sido assim engana<strong>dos</strong>, dão costas à verdade comprovada pela Palavra de Deus, de<br />
estar às portas o fim de todas as coisas.<br />
Os que tão presunçosamente pregam um tempo definido, assim fazendo agradam ao<br />
adversário das almas; pois promovem a incredulidade, e não o cristianismo. Citam<br />
passagens da<br />
Pág. 505<br />
Escritura, e mediante falsa interpretação mostram uma cadeia de argumentos que<br />
aparentemente lhes apóiam a posição. Mas seus fracassos mostram que são falsos<br />
profetas, que não interpretam devidamente a linguagem da inspiração. A Palavra de<br />
Deus é verdade e certeza; mas os homens lhe têm pervertido seu significado. Esses<br />
erros têm trazido má fama à verdade de Deus para estes últimos dias. Os adventistas<br />
são expostos a ridículo por pastores de todas as denominações; no entanto, os servos de<br />
Deus não se devem calar. Os sinais preditos na profecia estão-se cumprindo<br />
rapidamente em volta de nós. Isto deve despertar todo verdadeiro seguidor de Cristo,<br />
levando-o a zelosa ação.<br />
Os que julgam que devem pregar um tempo definido a fim de fazer impressão sobre o<br />
povo, não agem segundo o devido ponto de vista. Podem os sentimentos do povo ser<br />
agita<strong>dos</strong>, e desperta<strong>dos</strong> os seus temores; mas não agem segundo princípios. Cria-se<br />
uma agitação; mas passado o tempo, como tantas vezes tem acontecido, os que se<br />
deixaram levar pela teoria do tempo voltam a cair na frieza, nas trevas e no pecado, e<br />
é quase impossível despertar-lhes a consciência sem alguma grande agitação. Nos dias<br />
de Noé os habitantes do velho mundo riam-se, escarnecendo daquilo a que chamavam<br />
os supersticiosos temores e pressentimentos do pregador da justiça. Foi ele denunciado<br />
como visionário, fanático, alarmista. "Como aconteceu nos dias de Noé, assim será<br />
também nos dias do Filho do homem." Luc. 17:26. Os homens rejeitarão a solene<br />
mensagem de advertência para os nossos dias, como fizeram no tempo de Noé. Referirse-ão<br />
aos falsos mestres que predisseram o acontecimento e estabeleceram um tempo<br />
definido, e dirão que não têm mais fé em nossa advertência do que na daqueles. Esta é<br />
a atitude do mundo hoje. A incredulidade acha-se muito propagada, e a pregação da<br />
vinda de Cristo é escarnecida e exposta a<br />
Pág. 506<br />
ridículo. Isto torna tanto mais necessário que os que crêem na verdade presente<br />
mostrem, pelas obras, a sua fé. Devem ser santifica<strong>dos</strong> pela verdade que professam<br />
crer; pois são um cheiro de vida para vida ou de morte para morte.<br />
Noé pregou ao povo de seu tempo que Deus lhes daria cento e vinte anos para se<br />
arrependerem de seus peca<strong>dos</strong> e se refugiarem na arca; mas não atenderam ao<br />
gracioso convite. Foi-lhes dado abundante tempo para se volverem de seus peca<strong>dos</strong>,<br />
vencerem seus maus hábitos e desenvolverem caráter justo. Mas a inclinação para o<br />
pecado, embora a princípio fraca em muitos, fortaleceu-se pela condescendência<br />
repetida, precipitando-os na ruína inevitável. A misericordiosa advertência de Deus foi<br />
rejeitada com desdém, escárnio e zombaria; e foram deixa<strong>dos</strong> em trevas, para<br />
229
seguirem o rumo que seu pecaminoso coração escolhera. Mas sua incredulidade não<br />
impediu o acontecimento predito. Ele veio, e grande foi a ira de Deus revelada na<br />
ruína geral.<br />
Essas palavras de Cristo deveriam calar no coração de to<strong>dos</strong> os que crêem na verdade<br />
presente: "E olhai por vós, não aconteça que o vosso coração se carregue de glutonaria,<br />
embriaguez, e <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> desta vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia."<br />
Luc. 21:34. Nosso perigo é-nos apresentado pelo próprio Cristo. Ele sabia os perigos<br />
que haveríamos de deparar nestes últimos dias, e queria que nos preparássemos para<br />
eles. "Como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem." Mat.<br />
24:38 e 39. Comiam e bebiam, plantavam e construíam, casavam-se e davam-se em<br />
casamento, e não o conheceram, até que veio o dilúvio e levou-os a to<strong>dos</strong>.<br />
O dia do Senhor encontrará os homens, da mesma forma, absorvi<strong>dos</strong> nos negócios e<br />
prazeres do mundo, em banquetes e glutonaria, condescendendo com o apetite<br />
pervertido no degradante uso de bebidas alcoólicas e no narcótico fumo. Esta é já a<br />
condição do nosso mundo, e essa condescendência encontra-se mesmo entre o professo<br />
povo de Deus, alguns <strong>dos</strong> quais seguem os costumes do mundo e participam de seus<br />
Pág. 507<br />
peca<strong>dos</strong>. Advoga<strong>dos</strong>, artífices, lavradores, comerciantes e mesmo pastores, do púlpito<br />
clamam: "Paz e segurança!", quando a destruição está na iminência de desabar sobre<br />
eles.<br />
Crença e Diligência<br />
A crença na próxima vinda do Filho do homem nas nuvens do céu não levará o<br />
verdadeiro cristão a tornar-se negligente e descuidado nas atividades comuns da vida.<br />
Os expectantes, que aguardam o breve aparecimento de Cristo, não ficarão ociosos,<br />
mas serão diligentes nas atividades. Seu trabalho, não o farão descuidada e<br />
desonestamente, mas com fidelidade, prontidão e perfeição. Os que se lisonjeiam com o<br />
pensamento de que a descuidada desatenção às coisas desta vida seja evidência de sua<br />
espiritualidade e sua separação do mundo, acham-se sob grande engano. Sua<br />
veracidade, fidelidade e integridade são provadas nas coisas temporais. Se forem fiéis<br />
no mínimo, sê-lo-ão no muito.<br />
Foi-me mostrado que aqui é onde muitos deixarão de suportar a prova. Desenvolvem<br />
seu verdadeiro caráter na administração das coisas temporais. Manifestam<br />
infidelidade, projetos dolosos e desonestidade no trato com os semelhantes. Não<br />
consideram que o alcançar a imortal vida futura depende de como procedem nos<br />
negócios desta vida e que para a formação de um caráter justo é indispensável a mais<br />
estrita integridade. Por toda parte, em nossas fileiras, é praticada a desonestidade, e<br />
essa é a causa da mornidão por parte de muitos que professam crer na verdade. Não se<br />
acham liga<strong>dos</strong> a Cristo, e iludem sua própria alma. Entristece-me o coração, fazer a<br />
declaração de que existe uma alarmante falta de honestidade mesmo entre<br />
observadores do sábado.<br />
Conheci<strong>dos</strong> por Seus Frutos<br />
Foi-me chamada a atenção para o sermão da montanha. Aí temos a ordem do Grande<br />
Mestre: "Tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós,<br />
porque esta é a lei e os profetas." Mat. 7:12.<br />
Pág. 508<br />
Essa ordem de Cristo é da mais alta importância, e deve ser obedecida estritamente. É<br />
como maçãs de ouro em salvas de prata. Quantos praticam na vida o princípio aí<br />
ordenado por Cristo, e tratam os outros exatamente como desejariam ser trata<strong>dos</strong>, sob<br />
circunstâncias semelhantes?Homem honesto, à maneira de Cristo julgar, é o que<br />
manifesta inflexível integridade. Pesos enganosos e balanças falsas, com os quais<br />
muitos buscam aumentar seus ganhos no mundo, são abominação à vista de Deus. Não<br />
obstante, muitos <strong>dos</strong> que professam guardar os mandamentos de Deus fazem uso de<br />
balanças e pesos falsos. Quando um homem se acha realmente ligado a Deus, e<br />
230
observando Sua lei em verdade, sua vida revelará este fato; pois todas as suas ações se<br />
encontrarão em harmonia com os ensinos de Cristo. Não venderá sua honra por lucro.<br />
Seus princípios são edifica<strong>dos</strong> sobre o firme fundamento, e sua conduta em assuntos<br />
temporais é um transcrito de seus princípios. A firme integridade brilha como o ouro<br />
entre o cascalho do mundo. Engano, falsidade e infidelidade podem ser dissimula<strong>dos</strong> e<br />
ocultos <strong>dos</strong> olhos humanos, mas não <strong>dos</strong> olhos de Deus. Os <strong>anjos</strong> de Deus, que<br />
observam o desenvolvimento do caráter e pesam o valor moral, registram nos livros do<br />
Céu essas pequeninas transações reveladoras do caráter. Se um trabalhador for infiel<br />
nas ocupações diárias da vida, e negligenciar sua obra, o mundo não julgará<br />
incorretamente se avaliar a norma religiosa desse trabalhador segundo a que mantém<br />
nos negócios.<br />
"Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também é<br />
injusto no muito." Luc. 16:10. Não é a magnitude da coisa que a torna justa ou injusta.<br />
Como o homem se conduz para com o semelhante, assim se conduzirá com Deus.<br />
Aquele que é infiel na riqueza da injustiça, nunca merecerá confiança com a<br />
verdadeira riqueza. Os filhos de Deus nunca devem deixar de se lembrar que, em<br />
todas as suas transações comerciais, estão sendo prova<strong>dos</strong> e pesa<strong>dos</strong> nas balanças do<br />
santuário.<br />
Pág. 509<br />
Disse Cristo: "Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos<br />
bons." "Portanto, pelos seus frutos os conhecereis." Mat. 7:18 e 20. Os atos da vida do<br />
homem são os frutos que produz. Se for infiel e desonesto em questões temporais, está<br />
produzindo car<strong>dos</strong> e espinhos; será infiel na vida religiosa e roubará a Deus em<br />
dízimos e ofertas.<br />
A Bíblia condena nos mais fortes termos toda falsidade, fraude e desonestidade. O<br />
justo e o errado são discrimina<strong>dos</strong> claramente. Mas foi-me mostrado que o povo de<br />
Deus se colocou em terreno do inimigo; cederam a suas tentações e seguiram-lhe os<br />
artifícios, até se tornarem perigosamente embotadas as suas sensibilidades. Um leve<br />
desvio da verdade, uma pequenina variação das reivindicações de Deus, não é, afinal,<br />
considerado muito pecaminoso, quando se acham envolvi<strong>dos</strong> ganho ou perda de<br />
dinheiro. Mas pecado é pecado, seja cometido pelo milionário ou pelo que pede esmolas<br />
nas ruas. Os que adquirem bens mediante engano, trazem sobre si a condenação. Tudo<br />
quanto for adquirido por meio de engano e fraude só trará a maldição a quem o<br />
receber.<br />
Adão e Eva sofreram as terríveis conseqüências de desobedecerem ao expresso<br />
mandamento de Deus. Poderiam ter arrazoado: Este é um pecado muito pequenino, e<br />
jamais será tomado em conta. Mas Deus tratou o caso como um terrível mal; e a<br />
desgraça trazida por sua transgressão será sentida através de to<strong>dos</strong> os tempos. Nos<br />
dias em que vivemos, peca<strong>dos</strong> de muito maior importância são muitas vezes cometi<strong>dos</strong><br />
pelos que professam ser filhos de Deus. Nas transações comerciais, são pelo professo<br />
povo de Deus pronunciadas e praticadas falsidades que trazem sobre eles a<br />
desaprovação de Deus, e opróbrio sobre Sua causa. O menor desvio da veracidade e<br />
retidão, constitui transgressão da lei de Deus.<br />
A contínua condescendência com o pecado acostuma a pessoa ao hábito de proceder<br />
mal, mas não diminui o grave caráter do pecado. Deus estabeleceu princípios<br />
imutáveis, que ele não pode mudar sem uma revisão de toda a Sua natureza. Se a<br />
Pág. 510<br />
Palavra de Deus fosse estudada fielmente por to<strong>dos</strong> os que professam crer na verdade,<br />
não seriam pigmeus nas coisas espirituais. Os que desrespeitam nesta vida as<br />
reivindicações de Deus, não Lhe respeitariam a autoridade se estivessem no Céu.<br />
A Bíblia, Guia Infalível<br />
Todas as espécies de imoralidade são claramente delineadas na Palavra de Deus, e<br />
seus resulta<strong>dos</strong> nos são apresenta<strong>dos</strong>. A condescendência com as paixões baixas é-nos<br />
231
apresentada em seu caráter mais revoltante. Ninguém, por obscuro que seja o seu<br />
entendimento, precisa errar. Mas foi-me mostrado que este pecado é acariciado por<br />
muitos que professam andar em to<strong>dos</strong> os mandamentos de Deus. Deus por Sua<br />
Palavra julgará to<strong>dos</strong> os homens.<br />
Disse Cristo: "Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e<br />
são elas que de Mim testificam." João 5:39. A Bíblia é guia infalível. Requer perfeita<br />
pureza, na palavra, no pensamento e na ação. Unicamente os de caráter virtuoso e<br />
imaculado terão permissão para entrar na presença de um Deus puro e santo. A<br />
Palavra de Deus, estudada e obedecida, guiaria os filhos <strong>dos</strong> homens, como os<br />
israelitas foram guia<strong>dos</strong> por uma coluna de fogo à noite e uma coluna de nuvem de dia.<br />
A Bíblia é a vontade de Deus expressa ao homem. É o único perfeito padrão de caráter,<br />
e assinala o dever do homem em todas as circunstâncias da vida. Muitas são as<br />
responsabilidades que sobre nós repousam nesta vida, e sua negligência não só<br />
causará sofrimento a nós mesmos, mas outros também sofrerão perda em<br />
conseqüência.<br />
Homens e mulheres que professam reverenciar a Bíblia e seguir-lhe os ensinos,<br />
deixam em muitos aspectos de praticar o que ela requer. Na educação <strong>dos</strong> filhos,<br />
seguem sua própria natureza perversa, em vez da revelada vontade de Deus. Esta<br />
negligência do dever implica na perda de milhares de vidas. A Bíblia expõe regras para<br />
a correta disciplina <strong>dos</strong> filhos. Fossem esses preceitos de Deus acata<strong>dos</strong> pelos pais, e<br />
veríamos<br />
Pág. 511<br />
hoje diferente classe de jovens apresentar-se na arena de ação. Mas pais que<br />
professam ser leitores e seguidores da Bíblia, procedem diretamente em contrário aos<br />
seus ensinamentos. Ouvimos o grito de tristeza e angústia de pais e mães que choram<br />
a conduta de seus filhos, mal reconhecendo que estão trazendo sobre si essa tristeza e<br />
angústia, e arruinando os filhos, por sua errada afeição. Não reconhecem as<br />
responsabilidades que Deus lhes deu, de educarem os filhos de modo a adquirirem<br />
hábitos corretos desde a infância.<br />
Pais, sois em grande parte responsáveis pela alma de vossos filhos. Muitos<br />
negligenciam seu dever nos primeiros anos da vida de seus filhos, julgando que quando<br />
estes tiverem mais idade, terão então muito cuidado em reprimir neles o mal e educálos<br />
no bem. Mas o tempo oportuno para isso é quando os filhos são nenês, em seus<br />
braços. Não é direito que os pais amimem os filhos e lhes façam as vontades; tampouco<br />
é direito que os maltratem. O procedimento firme, decidido, reto, produzirá os<br />
melhores resulta<strong>dos</strong>.<br />
94<br />
Enxertado em Cristo<br />
Pág. 512<br />
Ensinando a Seus discípulos Cristo disse: "Eu sou a videira verdadeira, e Meu Pai é o<br />
lavrador. Toda vara em Mim, que não dá fruto, a tira; e limpa [poda] toda aquela que<br />
dá fruto, para que dê mais fruto." João 15:1 e 2. Aquele que está unido a Cristo,<br />
participando da seiva e nutrição da videira, fará as obras de Cristo. O amor de Cristo<br />
precisa estar nele, do contrário não pode estar na Videira. Amor supremo para Com<br />
Deus, e amor ao semelhante como tendes a vós mesmos, eis a base da religião genuína.<br />
Cristo indaga de todo aquele que professa o Seu nome: "Amas-Me?" João 21:15. Se<br />
amais a Jesus, amareis as pessoas pelas quais Ele morreu. Pode um homem não<br />
apresentar um exterior muito agradável, pode ser deficiente em muitos aspectos; se,<br />
porém, sua reputação é a de uma pessoa reta e honesta, ganhará a confiança <strong>dos</strong><br />
outros. O amor da verdade, a dependência e confiança que os homens podem nele<br />
depositar, removerão ou subjugarão os traços indesejáveis de seu caráter. A<br />
232
fidedignidade em vossa posição e vocação, a boa vontade de negar-vos com a finalidade<br />
de levar benefício a outros, trará paz de espírito e o favor de Deus.<br />
Os que andarem estritamente nas pegadas de seu abnegado Redentor, refletirão em<br />
seu espírito o espírito de Cristo. A pureza e o amor de Jesus irradiar-lhes-ão da vida<br />
diária e do caráter, ao mesmo tempo que seus caminhos serão guia<strong>dos</strong> pela mansidão e<br />
a verdade. Toda a vara frutífera é podada, para que produza mais fruto. Mesmo varas<br />
frutíferas podem exibir demasiada folhagem, e parecer o que realmente não são.<br />
Talvez os discípulos de Cristo estejam efetuando alguma obra<br />
Pág. 513<br />
para o Mestre, não fazendo todavia metade do que poderiam produzir. Ele os poda,<br />
então, porque o mundanismo, a condescendência consigo mesmos e o orgulho estão<br />
brotando em sua vida. O lavrador corta o excesso de gavinhas das videiras, pois estão<br />
a pegar o lixo da terra, e as torna assim mais frutíferas. Essas causas de embaraço<br />
precisam ser removidas, e os brotos defeituosos corta<strong>dos</strong>, a fim de dar espaço aos<br />
saudáveis raios do Sol da justiça.<br />
Por meio de Cristo, designou Deus que o homem caído passasse por outra prova.<br />
Muitos compreendem mal o objetivo para que foram cria<strong>dos</strong>. Foi para beneficiarem a<br />
humanidade e glorificarem a Deus, de preferência a exaltarem e glorificarem-se a si<br />
mesmos. O Senhor está continuamente podando a Seu povo, cortando os ramos<br />
profusos e espalha<strong>dos</strong>, para que eles dêem fruto para Sua glória, em vez de<br />
produzirem unicamente folhas. Ele nos poda por meio de tristezas, desapontamentos e<br />
aflições, para que os rebentos <strong>dos</strong> fortes e perversos traços de caráter enfraqueçam, e<br />
os traços bons tenham ocasião de se desenvolver. Os ídolos precisam ser abandona<strong>dos</strong>,<br />
a consciência tornada mais sensível, mais espirituais as meditações do coração, e todo<br />
o caráter tornado simétrico. Os que desejam realmente glorificar a Deus, serão gratos<br />
pela revelação de todo ídolo e todo pecado, de modo que vejam esses males e os afastem<br />
de si; o coração dividido, porém, pleiteará indulgência em vez de renúncia.<br />
O ramo aparentemente seco, ligando-se à videira viva, torna-se parte dela. Fibra por<br />
fibra e veia por veia adere ele à videira até que tire sua vida e nutrição do tronco. O<br />
enxerto brota, floresce e dá fruto. A alma, morta em ofensas e peca<strong>dos</strong>, precisa<br />
experimentar idêntico processo a fim de reconciliar-se com Deus, e tornar-se<br />
participante da vida e alegria de Cristo. Como o enxerto recebe vida quando ligado à<br />
videira, assim o pecador participa da natureza divina quando em união com Cristo. O<br />
homem finito é ligado com o infinito Deus. Quando uni<strong>dos</strong> assim, as palavras de Cristo<br />
permanecem em nós, e não somos atua<strong>dos</strong> por sentimentos intermitentes, mas<br />
Pág. 514<br />
por um princípio vivo e permanente. As palavras de Cristo precisam ser meditadas, e<br />
nutridas e entesouradas no coração. Não devem ser repetidas como papagaio, sem que<br />
encontrem lugar na memória, nem exerçam influência sobre o coração e a vida.<br />
Como a vara precisa permanecer na videira para receber a seiva vital que a faz<br />
florescer, assim os que amam a Deus e guardam Suas palavras precisam permanecer<br />
em Seu amor. Sem Cristo, não nos é possível vencer um só pecado, ou resistir à menor<br />
tentação. Muitos necessitam do Espírito de Cristo e de Seu poder para iluminar-lhes o<br />
entendimento, da mesma maneira que o cego Bartimeu precisava de sua vista<br />
material. "Como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira,<br />
assim também vós, se não estiverdes em Mim." João 15:4. To<strong>dos</strong> quantos estiverem<br />
realmente em Cristo experimentarão os benefícios dessa união. O Pai os aceita no<br />
Amado, e eles se tomam objeto de Sua solicitude e terno e amoroso cuidado. Essa<br />
ligação com Cristo dará em resultado a purificação do coração, e uma vida prudente e<br />
um caráter irrepreensível. O fruto dado pela árvore cristã é "amor, alegria, paz,<br />
longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio". Gál.<br />
5:22 e 23.<br />
95<br />
233
Lição de Humildade<br />
Pág. 515<br />
Jesus, o querido Salvador, a to<strong>dos</strong> deu notáveis lições de humildade, mas em especial<br />
ao ministro do evangelho. Em Sua humilhação, ao achar-se quase concluída Sua obra<br />
na Terra e Ele prestes a voltar para o trono do Pai, de onde viera, tendo nas mãos todo<br />
o poder e na fronte toda a glória, entre Suas últimas lições aos discípulos houve uma<br />
sobre a importância da humildade. Enquanto eles contendiam quanto a qual seria o<br />
primeiro no reino prometido, cingiu-Se Ele como um servo, e lavou os pés daqueles que<br />
O chamavam Senhor e Mestre.<br />
Seu ministério estava quase terminado; poucas lições mais tinha a ensinar. E para que<br />
jamais esquecessem a humildade do puro e impecável Cordeiro de Deus, o grande, o<br />
eficaz Sacrifício pelo homem humilhou-Se a lavar os pés <strong>dos</strong> discípulos. Ser-vos-á<br />
benéfico, bem como aos pastores em geral, o recapitular freqüentemente as cenas<br />
finais da vida de nosso Redentor. Ali, rodeado como estava de tentações, podemos<br />
to<strong>dos</strong> aprender lições da mais alta importância para nós.<br />
Bom seria passar cada dia uma hora de reflexão, recapitulando a vida de Jesus da<br />
manjedoura ao Calvário. Devemos tomá-la, ponto por ponto, deixando que a<br />
imaginação se apodere vividamente de cada cena, em particular das cenas finais de<br />
Sua vida terrestre. Contemplando assim Seus ensinos e sofrimentos, e o infinito<br />
sacrifício por Ele feito para redenção da raça humana, podemos revigorar nossa fé,<br />
vivificar nosso amor e imbuir-nos mais profundamente do espírito que sustinha nosso<br />
Salvador.<br />
Caso queiramos afinal ser salvos, cumpre-nos aprender to<strong>dos</strong>, ao pé da cruz, a lição de<br />
penitência e de fé. Cristo sofreu<br />
Pág. 516<br />
humilhação a fim de salvar-nos da vergonha eterna. Consentiu em receber escárnios e<br />
zombarias e maus tratos, para que nos pudesse proteger. Foi nossa transgressão que<br />
Lhe adensou em torno da divina alma o véu da escuridão, e arrancou-Lhe um brado<br />
como de pessoa ferida e abandonada por Deus. Ele tomou sobre Si as nossas<br />
enfermidades; e as nossas dores levou sobre Si, por causa de nossos peca<strong>dos</strong>. Fez-Se<br />
oferta pelo pecado a fim de que, por meio dEle, pudéssemos ser justifica<strong>dos</strong> perante<br />
Deus. Tudo quanto é nobre e generoso no homem despertará em correspondência à<br />
contemplação de Cristo crucificado.<br />
Anseio ver nossos pastores se demorarem mais na cruz de Cristo, o coração<br />
enternecido e subjugado pelo incomparável amor do Salvador, amor que inspirou o<br />
sacrifício imenso. Se a par da teoria da verdade, nossos obreiros se demorassem mais<br />
sobre a piedade prática, falando inspira<strong>dos</strong> por um coração possuído do espírito da<br />
verdade, veríamos muito mais almas se arrebanharem em torno do estandarte da<br />
verdade; o coração ser-lhes-ia tocado ante os apelos da cruz de Cristo, da infinita<br />
generosidade e piedade de Jesus em sofrer pelo homem. Esses assuntos vitais, alia<strong>dos</strong><br />
aos pontos doutrinários de nossa fé, efetuariam muito bem entre o povo. O coração do<br />
mestre, porém, precisa achar-se possuído do conhecimento experimental do amor de<br />
Cristo.<br />
O poderoso argumento da cruz convencerá do pecado. O divino amor de Deus pelos<br />
pecadores, expresso no dom de Seu Filho para sofrer vergonha e morte de modo a que<br />
eles fossem enobreci<strong>dos</strong> e dota<strong>dos</strong> de vida eterna, constitui estudo para toda a<br />
existência. Peço-vos que estudeis de novo a cruz de Cristo. Se to<strong>dos</strong> os orgulhosos e<br />
vangloriosos cujo coração anseia aplauso <strong>dos</strong> homens e distinção acima de seus<br />
companheiros pudessem estimar devidamente o valor da mais exaltada glória terrena<br />
em comparação com o valor do Filho de Deus - rejeitado, desprezado, cuspido por<br />
aqueles mesmos a quem viera salvar - quão insignificantes pareceriam todas as honras<br />
que o homem mortal pudesse conferir!<br />
Pág. 517<br />
234
Acham-se assenta<strong>dos</strong> na Palavra de Deus deveres cujo cumprimento manterá Seu<br />
povo humilde e separado do mundo, e guardá-lo-á de apostatar, como as igrejas<br />
nominais. O lavar os pés e tomar parte na ceia do Senhor, devem ser observa<strong>dos</strong> com<br />
mais freqüência. Jesus nos deu o exemplo, e disse que fizéssemos como Ele fez. Vi que<br />
Seu exemplo deve ser seguido o mais exatamente possível; todavia irmãos e irmãs nem<br />
sempre têm agido tão judiciosamente como deviam ao lavar os pés, causando-se<br />
confusão. Isto deve ser introduzido com cuidado e sabedoria nos lugares novos,<br />
especialmente onde o povo desconhece o exemplo e ensinos do Senhor a esse respeito, e<br />
onde têm preconceito contra isto. Muitas almas sinceras, devido à influência de<br />
antigos instrutores em quem confiavam, têm muito preconceito contra esse claro<br />
dever, e o assunto deve ser-lhes apresentado ao tempo e pela maneira conveniente.<br />
Primeiros Escritos, págs. 116 e 117, 1854.<br />
96<br />
O Juízo<br />
Pág. 518<br />
Na manhã de 23 de outubro de 1879, por volta das duas horas, o Espírito do Senhor<br />
repousou sobre mim, e vi cenas do juízo vindouro. Faltam-me palavras para descrever<br />
devidamente as coisas que passaram diante de mim, e o efeito que tiveram sobre meu<br />
espírito.<br />
Parecia haver chegado o grande dia da execução do juízo de Deus. Milhões achavam-se<br />
reuni<strong>dos</strong> diante de um grande trono, sobre o qual estava sentada uma pessoa de<br />
aparência majestosa. Vários livros achavam-se diante dEle, e na capa de cada um<br />
estava escrito em letras de ouro, que pareciam como chama ardente: "Contas-correntes<br />
do Céu." Foi então aberto um desses livros, contendo os nomes <strong>dos</strong> que professam crer<br />
na verdade. Perdi imediatamente de vista os inúmeros milhões que se achavam em<br />
redor do trono, e unicamente os que eram professos filhos da luz e da verdade me<br />
prenderam a atenção. Ao serem nomeadas essas pessoas, uma a uma, e mencionadas<br />
suas boas ações, sua fisionomia iluminava-se de santa alegria que se refletia em todas<br />
as direções. Isto, porém, não pareceu fixar-se em meu espírito com a maior<br />
intensidade.<br />
Abriu-se outro livro, no qual se achavam registra<strong>dos</strong> os peca<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> que professam a<br />
verdade. Sob o cabeçalho geral de egoísmo, vinha uma legião de peca<strong>dos</strong>. Havia<br />
também cabeçalhos sobre cada coluna e, embaixo destes, ao lado de cada nome,<br />
achavam-se registra<strong>dos</strong>, em suas respectivas colunas, os peca<strong>dos</strong> menores.<br />
Sob a cobiça vinha a falsidade, o furto, o roubo, a fraude e a avareza; sob a ambição<br />
vinha o orgulho e a prodigalidade; o ciúme encabeçava a maldade, a inveja e o ódio; e a<br />
Pág. 519<br />
intemperança servia de cabeçalho a uma longa lista de terríveis crimes, como a<br />
lascívia, o adultério, a condescendência com as paixões animais, etc. Ao contemplar<br />
isto, enchi-me de inexprimível angústia, e exclamei: "Quem poderá salvar-se? quem<br />
subsistirá justificado diante de Deus? quem terá os vesti<strong>dos</strong> sem mancha? quem é<br />
impecável aos olhos de um Deus puro e santo?"<br />
À medida que o Santo que estava sobre o trono ia virando lentamente as folhas do<br />
Contas-correntes e Seus olhos pousavam momentaneamente sobre os indivíduos, esse<br />
olhar parecia queimar-lhes até ao íntimo da alma, e no mesmo instante cada palavra e<br />
ação de sua vida passava-lhe diante da mente, clara como se fosse traçada ante seus<br />
olhos com letras de fogo. Apoderava-se deles o temor, e os rostos empalideciam. Seu<br />
primeiro aspecto quando se achavam diante do trono, era de descui<strong>dos</strong>a indiferença.<br />
Mas como se lhes mudara agora esse aspecto! Desaparecera o sentimento de<br />
segurança, substituindo-o insuportável terror. Toda alma está aterrada, não seja ela<br />
achada entre os que estão em falta. To<strong>dos</strong> os olhos se acham volta<strong>dos</strong> para a face<br />
dAquele que está sobre o trono: e enquanto Seu olhar solene e esquadrinhador passa<br />
por aquele grupo, há tremor de coração; pois sentem-se em si mesmos condena<strong>dos</strong>, sem<br />
235
que fosse pronunciada uma palavra. Em angústia de alma, cada um declara a própria<br />
culpa e de maneira terrivelmente vívida vê que, pecando, atirou fora a preciosa dádiva<br />
da vida eterna.<br />
Empecilhos do Terreno<br />
Uma classe estava registrada como empecilhos do terreno. Ao cair sobre esses o<br />
penetrante olhar do Juiz, foram distintamente revela<strong>dos</strong> seus peca<strong>dos</strong> de negligência.<br />
Com lábios páli<strong>dos</strong> e trêmulos reconheceram haver sido traidores do santo depósito<br />
que lhes fora confiado. Haviam tido advertências e privilégios, mas não os haviam<br />
atendido e aproveitado. Podiam ver agora que haviam presumido demasiado da<br />
misericórdia de Deus. Em verdade, não tinham a fazer confissões como as <strong>dos</strong> vis e<br />
Pág. 520<br />
baixamente corrompi<strong>dos</strong>; mas, como a figueira, eram amaldiçoa<strong>dos</strong> por não<br />
produzirem frutos, por não haverem usado os talentos a eles confia<strong>dos</strong>.<br />
Essa classe dera ao próprio eu o supremo lugar, trabalhando apenas pelo interesse<br />
egoísta. Não eram ricos para com Deus, não havendo correspondido a Suas<br />
reivindicações sobre eles. Conquanto professassem ser servos de Cristo, não Lhe<br />
trouxeram almas. Houvesse a causa de Deus dependido de seus esforços, e haveria<br />
definhado; pois eles, não somente retiveram os meios que lhes foram empresta<strong>dos</strong> por<br />
Deus, mas a si mesmos se retiveram. Estes, porém, podiam ver agora e sentir que,<br />
assumindo para com a obra e a causa de Deus uma posição de irresponsabilidade,<br />
haviam-se colocado do lado esquerdo. Haviam tido oportunidade, mas não fizeram a<br />
obra que podiam e deviam ter feito.<br />
Foram menciona<strong>dos</strong> os nomes de to<strong>dos</strong> quantos professam a verdade. Alguns foram<br />
reprova<strong>dos</strong> por sua incredulidade, outros por terem sido servos negligentes. Deixaram<br />
que outros fizessem a obra na vinha do Mestre, e levassem as mais pesadas<br />
responsabilidades, enquanto eles estavam servindo egoistamente seus próprios<br />
interesses temporais. Houvessem eles cultivado as aptidões que o Senhor lhes dera,<br />
teriam sido dignos de confiança como portadores de responsabilidades, trabalhando<br />
pelos interesses do Mestre. Disse o Juiz: "To<strong>dos</strong> serão justifica<strong>dos</strong> por sua fé, e<br />
julga<strong>dos</strong> por suas obras." Quão vividamente aparecia então sua negligência, e quão<br />
sábia a medida de Deus de dar a cada homem uma obra a fazer a fim de promover a<br />
causa e salvar seus semelhantes! Cada um devia demonstrar na família e na<br />
vizinhança uma fé viva, mediante a bondade manifestada ao pobre, a compaixão para<br />
com o aflito, o empenhar-se em obra missionária, e o ajudar a causa de Deus com Seus<br />
meios. Mas, como aconteceu em Meroz, a maldição de Deus repousou sobre eles pelo<br />
que não fizeram. Amaram a obra que traria mais proveito nesta vida; e ao lado de seus<br />
nomes no Livro consagrado às boas obras, havia um lamentável vazio.<br />
Pág. 521<br />
Achado em Falta<br />
As palavras dirigidas a esses foram soleníssimas: "Fostes pesa<strong>dos</strong> na balança, e<br />
acha<strong>dos</strong> em falta. Negligenciastes as responsabilidades espirituais devido à atarefada<br />
atividade nos assuntos temporais, ao passo que vossa própria posição de confiança<br />
tornava necessário possuirdes sabedoria mais que humana e discernimento acima do<br />
finito. Precisáveis disto a fim de realizardes mesmo a parte mecânica de vosso<br />
trabalho; e quando desligastes Deus e Sua glória de vossa ocupação, desviastes-vos de<br />
Sua bênção."<br />
Foi então feita a pergunta: "Por que não lavastes vossos vesti<strong>dos</strong> de caráter, e os<br />
branqueastes no sangue do Cordeiro? Deus enviou Seu Filho ao mundo, não para que<br />
condenasse o mundo, mas para que esse fosse salvo por Ele. Meu amor por vós foi mais<br />
abnegado do que o de uma mãe. Foi para poder apagar vosso sombrio registro de<br />
iniqüidade, e pôr-vos nos lábios o cálice da salvação, que sofri a morte de cruz,<br />
suportando o peso e a maldição de vossa culpa. As agonias da morte, e os horrores das<br />
trevas do sepulcro, Eu suportei, a fim de vencer aquele que tinha o império da morte,<br />
236
descerrar a prisão, e abrir-vos os portais da vida. Submeti-Me à vergonha e à angústia<br />
porque vos amava com infinito amor, e queria trazer de volta Minhas ovelhas<br />
desgarradas e errantes ao paraíso de Deus, à árvore da vida. Essa vida de bênção que<br />
para vós comprei a tal preço, vós a desprezastes. Vergonha, injúria e ignomínia como<br />
os que por vós sofreu vosso Mestre, vós os evitastes. Não apreciastes os privilégios<br />
pelos quais Ele deu a Sua vida para pô-los ao vosso alcance. Não quisestes ser<br />
participantes de Seus sofrimentos, e agora não podeis partilhar com Ele de Sua<br />
glória."<br />
Foram então proferidas estas solenes palavras: "Quem é injusto, faça injustiça ainda; e<br />
quem está sujo, suje-se ainda; e quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, seja<br />
santificado ainda." Apoc. 22:11. Fechou-se então o livro, e caiu o manto da pessoa que<br />
estava no trono, revelando a terrível glória do Filho de Deus.<br />
Pág. 522<br />
A cena dissipou-se, e encontrei-me ainda na Terra, inexprimivelmente grata por que o<br />
dia de Deus ainda não tivesse vindo, e o precioso tempo da graça ainda nos fosse<br />
concedido, de modo a nos prepararmos para a eternidade.<br />
__________<br />
O trabalho de cada hora passa em revista diante de Deus, e é registrado para<br />
fidelidade ou infidelidade. O registro <strong>dos</strong> momentos desperdiça<strong>dos</strong> e não aproveitadas<br />
oportunidades, terá de ser enfrentado quando se assentar o juízo, e os livros forem<br />
abertos e cada um for julgado segundo as coisas escritas nos livros. Egoísmo, inveja,<br />
orgulho, ciúmes, preguiça, ou qualquer outro pecado nutrido no coração, excluirá uma<br />
pessoa da bem-aventurança do Céu. "A quem vos apresentardes por servos para lhe<br />
obedecer, sois servos daquele a quem obedeceis." Rom. 6:16. Testimonies, vol. 4, pág.<br />
453, 1880.<br />
97<br />
Embaixadores de Cristo<br />
Pág. 523<br />
Os embaixadores de Cristo têm importante e solene obra a realizar, a qual alguns<br />
assumem demasiado levemente. Ao mesmo tempo que Cristo é oficiante no santuário<br />
celeste, é também, por intermédio <strong>dos</strong> Seus delega<strong>dos</strong>, o Líder de Sua igreja na Terra.<br />
Fala ao povo mediante homens, e, por meio deles, leva avante a obra da mesma<br />
maneira que o fazia nos dias de Sua humilhação, quando andava em pessoa aqui no<br />
mundo. Apesar de decorri<strong>dos</strong> séculos, o lapso de tempo não mudou a promessa por Ele<br />
deixada aos discípulos: "Eis que Eu estou convosco to<strong>dos</strong> os dias, até à consumação do<br />
mundo." Mat. 28:20. Desde a ascensão de Cristo até hoje, homens ordena<strong>dos</strong> por Deus,<br />
homens que dEle derivam sua autoridade, têm-se tornado mestres da fé. Cristo, o<br />
Pastor verdadeiro, superintende Sua obra por intermédio desses subpastores. Assim a<br />
função <strong>dos</strong> que trabalham na palavra e na doutrina se torna muito importante. Rogam<br />
ao povo, da parte de Cristo, que se reconciliem com Deus.<br />
O povo não deve considerar seus pastores como simples oradores públicos, mas como<br />
embaixadores de Cristo, os quais recebem sabedoria e poder do grande Chefe da igreja.<br />
Menosprezar e desatender a palavra falada pelo representante do Senhor é, não<br />
somente um desrespeito para com o homem, mas também para com o Mestre que o<br />
enviou. Ele está em lugar de Cristo; e deve-se ouvir a voz dEste em Seu representante.<br />
Pregar a Cristo<br />
Muitos de nossos pastores têm cometido grande erro com o proferir discursos que eram<br />
inteiramente argumentativos.<br />
Pág. 524<br />
Almas há que escutam a teoria da verdade e ficam impressionadas com as provas<br />
apresentadas; então, se uma parte do sermão põe em foco a Cristo como Salvador do<br />
mundo, a semente lançada poderá brotar e dar fruto para a glória de Deus. Em muitas<br />
pregações, porém, não é apresentada ao povo a cruz de Cristo. Talvez alguns estejam<br />
237
escutando o último sermão que lhes é dado ouvir, e outros não terão nunca mais a<br />
oportunidade de ouvir uma exposição da cadeia da verdade, com uma aplicação prática<br />
da mesma a seu próprio coração. Perdida essa áurea oportunidade, fica perdida para<br />
sempre. Houvesse Cristo, com Seu amor redentor, sido exaltado em ligação com a<br />
teoria da verdade, e isso os poderia haver feito pender para o lado dEle.<br />
Existem mais almas anelando compreender como poderão chegar a Cristo, do que nós<br />
imaginamos. Muitas pessoas ouvem sermões proferi<strong>dos</strong> do púlpito e depois não ficam<br />
sabendo mais do que sabiam antes acerca de encontrarem a Jesus e a paz e descanso<br />
ansia<strong>dos</strong> por sua alma. Os pastores que pregam a derradeira mensagem de<br />
misericórdia ao mundo devem ter em mente que Cristo deve ser exaltado como o<br />
refúgio do pecador. Muitos deles acham que não é necessário pregar arrependimento e<br />
fé, com o coração de todo subjugado pelo amor de Deus; tomam por certo que seus<br />
ouvintes se acham perfeitamente relaciona<strong>dos</strong> com o evangelho, e que, para lhes<br />
prender a atenção, é preciso apresentar-lhes assuntos de natureza diversa. Caso seus<br />
ouvintes mostrem interesse, tomam-no como prova de êxito. O povo é mais ignorante<br />
acerca do plano da salvação, e necessita mais instruções sobre esse importante<br />
assunto, do que a respeito de qualquer outro tema.<br />
Os que se reúnem para ouvir a verdade devem esperar tirar proveito, como fez<br />
Cornélio com seus amigos: "Agora, pois, estamos to<strong>dos</strong> presentes diante de Deus, para<br />
ouvir tudo quanto por Deus te é mandado." Atos 10:33.<br />
São essenciais os discursos teóricos, para que to<strong>dos</strong> conheçam a forma de doutrina, e<br />
vejam a cadeia da verdade, elo por elo, uni<strong>dos</strong> em um todo perfeito. Sermão algum<br />
deve ser feito, no entanto, sem apresentar a Cristo, e Cristo crucificado,<br />
Pág. 525<br />
como o fundamento do evangelho, fazendo aplicação prática das verdades<br />
apresentadas, e gravando no povo a idéia de que a doutrina de Cristo não é sim e não,<br />
mas sim e amém em Cristo Jesus.<br />
Depois de a teoria da verdade haver sido apresentada, vem a parte laboriosa da obra.<br />
O povo não deve ser deixado sem instrução no que respeita às verdades práticas<br />
relacionadas com sua vida diária. Cumpre-lhes ver e sentir que são pecadores, e<br />
precisam converter-se a Deus. O que Cristo disse, o que fez e ensinou, tem de ser posto<br />
diante deles da maneira mais impressiva possível.<br />
A obra do pastor está simplesmente começada quando se expõe a verdade ao<br />
entendimento do povo. Cristo é nosso mediador e oficiante sumo sacerdote diante do<br />
Pai. A João foi Ele mostrado como um Cordeiro que fora morto, mesmo no ato de<br />
derramar Seu sangue em benefício do pecador. Quando a lei de Deus é posta diante do<br />
pecador, mostrando-lhe a profundidade de seus peca<strong>dos</strong>, ele deve ser encaminhado ao<br />
Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Tem-se de ensinar-lhe arrependimento<br />
para com Deus, e fé para com nosso Senhor Jesus Cristo. Assim estará o trabalho do<br />
representante de Cristo em harmonia com Sua obra no santuário celeste.<br />
Ensinar a Piedade Prática<br />
Os pastores conquistariam muito mais corações, caso insistissem mais na piedade<br />
prática. Freqüentemente, quando se fazem esforços para introduzir a verdade em<br />
novos campos, o trabalho é quase inteiramente teórico. O povo está em condição<br />
instável. Vêem a força da verdade, e ficam ansiosos por obter um firme fundamento.<br />
Ao serem seus sentimentos abranda<strong>dos</strong>, é o tempo por excelência para insistir na<br />
religião de Cristo, fazendo-a penetrar na consciência; demasiadas vezes, porém, tem-se<br />
permitido que termine o período das conferências, sem haver sido feito em favor do<br />
povo aquela obra de que eles necessitam. Esse esforço assemelha-se muito à oferta<br />
Pág. 526<br />
de Caim; não contém o sangue sacrifical que o torna aceitável a Deus. Caim tinha<br />
razão em fazer uma oferta, mas deixou fora tudo quanto lhe dava valor - o sangue da<br />
expiação.<br />
238
É triste que o motivo por que muitos acentuam tanto a teoria e tão pouco a piedade<br />
prática, é não terem Cristo no coração. Não possuem viva ligação com Deus. Muitas<br />
almas decidem em favor da verdade levadas pela força das provas, sem estarem<br />
convertidas. Não foram feitas pregações práticas juntamente com as doutrinas, de<br />
modo que, ao verem os ouvintes a bela cadeia de verdades, fossem possuí<strong>dos</strong> de amor<br />
para com o Autor das mesmas, e santifica<strong>dos</strong> por meio da obediência. O trabalho do<br />
pastor não se acha consumado enquanto ele não impressionar os ouvintes com a<br />
necessidade de uma mudança de caráter em harmonia com os puros princípios da<br />
verdade que receberam.<br />
É de temer uma religião formal; pois nela não há Salvador. Jesus fazia sermões<br />
simples, concisos, esquadrinhadores e práticos. Seus embaixadores devem seguir-Lhe o<br />
exemplo em todo discurso. Cristo e o Pai eram um; Cristo concordava de boa vontade<br />
com todas as reivindicações do Pai. Ele tinha a mente de Deus. O Redentor era o<br />
Modelo perfeito. NEle Se manifestava Jeová. O Céu estava envolto na humanidade, e<br />
a humanidade abrigava-se no seio do Infinito Amor.<br />
Caso os pastores se assentem humildemente aos pés de Jesus, alcançarão em breve<br />
visões do caráter de Deus, sendo também habilita<strong>dos</strong> a ensinar a outros. Alguns<br />
entram para o ministério sem profundo amor para com Deus ou os semelhantes. Na<br />
vida desses manifestar-se-á egoísmo e condescendência consigo mesmos; e ao passo<br />
que esses vigias não consagra<strong>dos</strong> e infiéis se servem a si mesmos em vez de alimentar<br />
o rebanho e atender a seus deveres pastorais, o povo perece por falta da devida<br />
instrução.<br />
Apresentar um Apelo Fervoroso<br />
Em todo discurso, deve-se fazer um fervoroso apelo ao povo,<br />
Pág. 527<br />
para que deixem seus peca<strong>dos</strong> e se voltem para Cristo. Devem-se condenar os peca<strong>dos</strong><br />
comuns e as condescendências de nossos dias, salientando-se a piedade prática. O<br />
próprio pastor deve falar com profunda sinceridade, sentindo de coração as palavras<br />
proferidas, e estando como incapaz de conter o próprio interesse pela alma <strong>dos</strong> homens<br />
e mulheres por quem Cristo morreu. Foi dito a respeito do Mestre: "O zelo da Tua casa<br />
Me devorou." Sal. 69:9. O mesmo deve ser experimentado por Seus representantes.<br />
Infinito foi o sacrifício feito em prol do homem, e feito em vão para toda alma que não<br />
aceitar a salvação. Quão importante, pois, que aquele que apresenta a verdade o faça<br />
plenamente sob o senso da responsabilidade que sobre ele pesa! Quão benigno, pie<strong>dos</strong>o<br />
e cortês deve ser todo o seu proceder no trato com a alma <strong>dos</strong> homens, quando o<br />
Redentor do mundo mostrou que Ele os tem em tão alto apreço! Cristo indaga: "Quem<br />
é pois o servo fiel e prudente, que o Senhor constituiu sobre a Sua casa?" Mat. 24:45.<br />
Jesus pergunta: "Quem", e cada ministro do evangelho deve repetir a mesma pergunta<br />
no próprio coração. Ao considerar as solenes verdades, e contemplar em mente o<br />
quadro do fiel e prudente mordomo, sua alma deve comover-se até às profundezas.<br />
Praticantes da Palavra<br />
A todo homem é dada sua obra; ninguém é dispensado. Cada um tem uma parte a<br />
desempenhar, segundo sua capacidade; e cabe àquele que apresenta a verdade, com<br />
cuidado e oração, descobrir as aptidões de to<strong>dos</strong> quantos aceitam essa verdade, e<br />
depois instruí-los e guiá-los, passo a passo, deixando que eles avaliem o peso da<br />
responsabilidade que sobre eles repousa de realizar a obra que Deus lhes designa.<br />
Cumpre insistir em mostrar-lhes que ninguém poderá resistir à tentação, corresponder<br />
ao desígnio de Deus e viver a vida cristã, a menos que lance mão de sua obra, seja ela<br />
grande ou pequena, executando-a com conscienciosa fidelidade. Há para to<strong>dos</strong><br />
Pág. 528<br />
uma tarefa além de ir à igreja e escutar a Palavra de Deus. É preciso que pratiquem a<br />
verdade ouvida, introduzindo-lhe os princípios na vida diária. Importa que façam<br />
239
constantemente obra para Cristo, não por motivos egoístas, mas visando unicamente a<br />
glória dAquele que fez todo sacrifício a fim de salvá-los da ruína.<br />
Os pastores devem fazer com que os que aceitam a verdade sejam impressiona<strong>dos</strong> com<br />
o fato de que lhes cumpre ter Jesus no lar; de que necessitam de Sua graça e sabedoria<br />
para guiar e governar seus filhos. É uma parte do trabalho que Deus lhes deixou a<br />
fazer - educar e disciplinar esses filhos, levando-os à sujeição. Que a bondade e cortesia<br />
do pastor se manifeste no trato para com as crianças. Convém que tenha sempre em<br />
mente que os mesmos são homens e mulheres em miniatura, membros mais novos da<br />
família do Senhor, os quais podem estar bem achega<strong>dos</strong> e ser mui caros ao Mestre e,<br />
caso sejam devidamente instruí<strong>dos</strong> e disciplina<strong>dos</strong>, ser-Lhe-ão de utilidade, mesmo em<br />
seus tenros anos. Cristo Se ofende com toda palavra áspera, severa e precipitada<br />
dirigida às crianças. Seus direitos nem sempre são respeita<strong>dos</strong>, e são muitas vezes<br />
tratadas como se não possuíssem um caráter individual que necessita ser devidamente<br />
desenvolvido a fim de não ficar prejudicado e o desígnio de Deus em sua vida vir a<br />
falhar.<br />
Desde a infância, Timóteo conhecia as Escrituras; e esse conhecimento lhe foi uma<br />
salvaguarda contra as más influências que o rodeavam e a tentação de preferir o<br />
prazer e a satisfação própria ao dever. To<strong>dos</strong> os nossos filhos necessitam dessa<br />
salvaguarda; e deve constituir parte da obra <strong>dos</strong> pais e <strong>dos</strong> embaixadores de Cristo, o<br />
ver que as crianças sejam convenientemente instruídas na Palavra de Deus.<br />
A Perfeição em Cristo<br />
Caso o pastor queira receber a aprovação do Senhor, tem de trabalhar com fidelidade<br />
para apresentar todo homem perfeito em Cristo. Em sua maneira de trabalhar ele não<br />
deve dar a<br />
Pág. 529<br />
impressão de ser de pouca importância se os homens aceitam ou não aceitam a<br />
verdade e exercitam a verdadeira piedade; a fidelidade e a abnegação manifestadas em<br />
sua vida, porém, devem ser de molde a convencer o pecador de que se acham em jogo<br />
interesses eternos, e que sua alma se acha em perigo a menos que ele corresponda aos<br />
diligentes esforços feitos em seu favor. Os que têm sido trazi<strong>dos</strong> do erro e das trevas<br />
para a verdade e a luz, têm grandes mudanças a fazer, e a menos que a necessidade de<br />
completa reforma lhes seja insistentemente mostrada à consciência, serão como o<br />
homem que contemplou o rosto ao espelho - a lei de Deus - e descobriu os defeitos de<br />
seu caráter moral, mas foi-se embora e esqueceu que tal era. O espírito deve ser<br />
conservado alerta quanto ao senso de responsabilidade, do contrário volve a um estado<br />
de ainda mais descui<strong>dos</strong>a atenção do que antes de ser despertado.<br />
A obra <strong>dos</strong> embaixadores de Cristo é muito maior e de mais responsabilidade do que<br />
muitos sonham. Eles não devem absolutamente ficar satisfeitos com o próprio êxito<br />
enquanto não puderem, por seus zelosos labores e a bênção de Deus, apresentar-Lhe<br />
cristãos prestimosos, possuí<strong>dos</strong> de um verdadeiro senso de sua responsabilidade, e que<br />
realizem a obra que lhes foi designada. O devido trabalho e instrução levarão às<br />
fileiras do trabalho os homens e mulheres de caráter vigoroso e de tão firmes<br />
convicções, que coisa alguma de caráter egoísta tenha permissão de estorvá-los em sua<br />
obra, diminuir-lhes a fé ou detê-los no cumprimento do dever.<br />
Caso o pastor haja instruído devidamente os que se lhe acham sob o cuidado, a obra<br />
deixada quando ele parte para outro campo não se desmorona; pois está firmemente<br />
construída. A menos que os que recebem a verdade se achem inteiramente converti<strong>dos</strong>,<br />
e haja mudança radical em sua vida e caráter, a alma não está firmada à Rocha<br />
eterna; e depois de cessar o trabalho do pastor e de desaparecer a novidade, presto se<br />
dissipa a impressão, a verdade perde seu poder e encanto, e não exercem nenhuma<br />
influência santificadora nem são melhores por professarem a verdade.<br />
Pág. 530<br />
240
Fico surpresa de que, com os exemplos que temos diante de nós do que o homem pode<br />
ser, e do que lhe é possível realizar, não sejamos estimula<strong>dos</strong> a maiores esforços para<br />
imitar as boas obras <strong>dos</strong> justos. Nem to<strong>dos</strong> poderão ocupar posição de destaque;<br />
todavia to<strong>dos</strong> são capazes de preencher cargos de utilidade e confiança e, por sua<br />
perseverante fidelidade, fazer muito maior bem do que supõem poder realizar. Os que<br />
abraçam a verdade devem buscar uma clara compreensão das Escrituras, e um<br />
conhecimento experimental do Salvador vivo. O intelecto precisa ser cultivado, a<br />
memória exercitada. Toda preguiça intelectual é pecado, e a letargia espiritual é<br />
morte.<br />
Dirigir a Mente do Povo Para Jesus<br />
Quem me dera manejar a língua com suficiente vigor para produzir em meus<br />
coobreiros no evangelho a impressão que desejaria! Meus irmãos, estais lidando com<br />
as palavras da vida; estais tratando com mentes susceptíveis do máximo<br />
desenvolvimento, uma vez que sejam orientadas na devida direção. Há, porém,<br />
demasiada exibição do próprio eu nas pregações. Cristo crucificado, Cristo assunto ao<br />
Céu, Cristo prestes a voltar, deve por tal forma abrandar, alegrar e encher a mente do<br />
ministro do evangelho, que ele apresente essas verdades ao povo com amor e ardor<br />
profundo. Perder-se-á então de vista o pastor, e Jesus será magnificado. O povo ficará<br />
tão impressionado com esses assuntos todo-absorventes, que falarão neles e os<br />
louvarão em lugar de elogiar ao pastor, mero instrumento. Mas se, enquanto o povo<br />
gaba o pastor, tem pouco interesse na palavra pregada, ele pode saber que a verdade<br />
não lhe está santificando a própria alma. Ele não fala a seus ouvintes de tal maneira<br />
que Jesus seja honrado e exaltado o Seu amor.<br />
Cristo disse: "Assim resplandeça a vossa luz diante <strong>dos</strong> homens, para que vejam as<br />
vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos Céus." Mat. 5:16. Fazei<br />
brilhar de tal maneira a vossa luz, que a glória redunde em favor de Deus em vez de<br />
recair sobre vós mesmos. Caso sejais vós os<br />
Pág. 531<br />
glorifica<strong>dos</strong>, bem podeis tremer e envergonhar-vos, pois perdeu-se o grande objetivo;<br />
não é Deus, mas o servo que é louvado. Assim resplandeça a vossa luz; cuidai,<br />
ministros de Cristo, com a maneira por que vossa luz resplandece. Caso irradie para o<br />
alto, revelando a excelência de Cristo, brilha como convém. Se se volta para vós, se<br />
exibis o próprio eu, e atraís o povo a vos admirar, melhor seria que vos calásseis de<br />
todo; pois vossa luz irradia de maneira errônea.<br />
Representantes Vivos de Cristo<br />
Ministros de Cristo, podeis estar liga<strong>dos</strong> com Deus, caso vigieis e oreis. Sejam vossas<br />
palavras adubadas com sal, e fazei com que vossas maneiras sejam impregnadas de<br />
cortesia cristã e verdadeira elevação. Se a paz de Deus reinar no interior, seu poder<br />
não somente fortalecerá, mas abrandará vosso coração, e sereis representantes vivos<br />
de Cristo. O povo que professa a verdade está-se desviando de Deus. Jesus está prestes<br />
a vir, e eles não se acham prepara<strong>dos</strong>. O pastor deve, ele próprio, atingir elevada<br />
norma, ter uma fé cheia de firmeza, uma viva e vívida experiência, não aquela<br />
embotada e comum <strong>dos</strong> professos nominais.<br />
A Palavra de Deus apresenta-vos elevado padrão. Haveis de, mediante um esforço<br />
apoiado por jejum e oração, atingir à integridade e coerência do caráter cristão? Deveis<br />
fazer retas veredas para vossos pés, para que até quem anda com dificuldade não se<br />
desvie do caminho. Uma íntima ligação com Deus trar-vos-á, em vosso labor, aquele<br />
poder vital que desperta a consciência, e convence o pecador do pecado, levando-o a<br />
clamar: "Que farei para me salvar?"<br />
A comissão dada por Cristo aos discípulos exatamente antes de ascender ao Céu, foi:<br />
"Portanto ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e do<br />
Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que Eu vos tenho mandado; e<br />
241
eis que Eu estou convosco to<strong>dos</strong> os dias, até à consumação <strong>dos</strong> séculos." Mat. 28:19 e<br />
20. "E não rogo somente<br />
Pág. 532<br />
por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em Mim." João<br />
17:20. A comissão atinge aos que por intermédio <strong>dos</strong> discípulos, hão de crer em Sua<br />
Palavra. E to<strong>dos</strong> quantos por Deus são chama<strong>dos</strong> para servirem como embaixadores<br />
Seus, devem tomar as lições de piedade prática a eles dadas por Cristo em Sua<br />
Palavra, e ensiná-las ao povo.<br />
Cristo abriu as Escrituras diante de Seus discípulos, começando com Moisés e os<br />
profetas, e instruiu-os em todas as coisas que Lhe diziam respeito, e explicou-lhes<br />
também as profecias. Em suas pregações, os apóstolos volviam ao tempo de Adão, e<br />
traziam os ouvintes através da história profética, terminando com Cristo e Cristo<br />
crucificado, chamando os pecadores ao arrependimento, e a que se volvessem de seus<br />
peca<strong>dos</strong> para Deus. Os representantes de Cristo em nossos dias devem-lhes seguir o<br />
exemplo, exaltando a Cristo em to<strong>dos</strong> os seus sermões, como o Excelso, como tudo em<br />
to<strong>dos</strong>.<br />
Um Ministério Convertido<br />
A formalidade não está tomando posse apenas das igrejas nominais, mas aumenta em<br />
proporções alarmantes entre os que professam ser observadores <strong>dos</strong> mandamentos de<br />
Deus e aguardarem a próxima vinda de Cristo nas nuvens do céu. Não devemos ser<br />
estreitos em nossos pontos de vista e limitar nossas oportunidades de fazer o bem;<br />
todavia, ao mesmo tempo que estendemos nossa influência e ampliamos os planos à<br />
medida que a Providência abre o caminho, cumpre-nos ser mais zelosos em evitar a<br />
idolatria do mundo. Enquanto fazemos maiores esforços para aumentar nossa<br />
utilidade, precisamos fazer esforços correspondentes para alcançar a sabedoria de<br />
Deus de modo a levar avante to<strong>dos</strong> os ramos da obra segundo Sua determinação, e não<br />
conforme ao ponto de vista mundano. Não devemos seguir o modelo do mundo nos<br />
costumes, mas tirar o máximo das oportunidades colocadas por Deus ao nosso alcance<br />
para pôr a verdade diante do povo.<br />
Quando, como um povo, nossas obras corresponderem à nossa profissão de fé, veremos<br />
realizado muito mais do que<br />
Pág. 533<br />
testemunhamos agora. Quando tivermos homens consagra<strong>dos</strong> como Elias, e possuí<strong>dos</strong><br />
da fé que o animou, veremos que Deus Se nos revelará como o fez aos homens santos<br />
de outrora. Quando tivermos homens que, ao passo que reconhecem as próprias<br />
deficiências, como Jacó, pleiteiam com Deus em fervente fé, havemos de ver idênticos<br />
resulta<strong>dos</strong>. Em resposta à oração da fé, virá poder ao homem da parte de Deus.<br />
Bem pouca é a fé que existe no mundo. Poucos são os que vivem perto de Deus. E como<br />
poderemos esperar mais poder, e que Deus Se revele aos homens, quando Sua Palavra<br />
é negligentemente manuseada, e os corações não são santifica<strong>dos</strong> pela verdade?<br />
Homens que não são nem metade converti<strong>dos</strong>, cheios de confiança em si mesmos e de<br />
caráter presunçoso, pregam a verdade a outros. Deus, porém, não opera com eles, visto<br />
faltar-lhes santidade de coração e vida. Não andam humildemente com Deus.<br />
Precisamos de um ministério convertido, e então veremos a luz de Deus, e Seu poder a<br />
cooperar com to<strong>dos</strong> os nossos esforços.<br />
Os vigias que eram antigamente coloca<strong>dos</strong> nos muros de Jerusalém e outras cidades,<br />
ocupavam uma posição de grande responsabilidade. De sua fidelidade dependia a<br />
segurança de to<strong>dos</strong> os que se encontravam nessas cidades. Ao perceberem qualquer<br />
perigo, não se deviam calar, quer de dia quer de noite. De momento a momento<br />
cumpria-lhes chamarem-se uns aos outros, a ver se to<strong>dos</strong> estavam alerta e não lhes<br />
acontecera mal algum. Punham-se sentinelas em elevações que dominavam postos<br />
importantes a serem guarda<strong>dos</strong>, e dali ressoavam os gritos de advertência ou de<br />
242
animação. Estes eram leva<strong>dos</strong> de uns para outros, repetindo cada um as palavras, até<br />
passarem por toda a cidade.<br />
Esses vigias representam o ministério, de cuja fidelidade depende a salvação de almas.<br />
Os despenseiros <strong>dos</strong> mistérios de Deus devem postar-se como vigias sobre os muros de<br />
Sião; e se eles vêem vir a espada, cumpre-lhes fazer soar o toque de advertência. Caso<br />
sejam sentinelas adormecidas, se<br />
Pág. 534<br />
suas percepções espirituais se encontram tão entorpecidas que não vêem nem<br />
compreendem o perigo, e o povo perece, Deus lhes requer o sangue das mãos do vigia.<br />
A Sagrada Responsabilidade <strong>dos</strong> Vigias<br />
"A ti, pois, ó filho do homem, te constituí por atalaia sobre a casa de Israel; tu, pois,<br />
ouvirás a palavra da Minha boca, e lha anunciarás da Minha parte." Ezeq. 33:7. Os<br />
atalaias necessitam viver bem achega<strong>dos</strong> a Deus, para ouvir-Lhe a palavra e serem<br />
impressiona<strong>dos</strong> por Seu Espírito, de modo a que o povo não espere neles em vão. "Se<br />
Eu disser ao ímpio: Ó ímpio, certamente morrerás; e tu não falares, para desviar o<br />
ímpio do seu caminho, morrerá esse ímpio na sua iniqüidade, mas o seu sangue Eu o<br />
demandarei da tua mão. Mas, quando tu tiveres falado para desviar o ímpio do seu<br />
caminho, para que se converta dele, e ele se não converter do seu caminho, ele morrerá<br />
na sua iniqüidade, mas tu livraste a tua alma." Ezeq. 33:8 e 9. Os embaixadores de<br />
Cristo devem cuidar que não venham, pela sua infidelidade, a perder a própria alma e<br />
a <strong>dos</strong> que os ouvem.<br />
Foram-me mostradas as igrejas de vários Esta<strong>dos</strong> que professam guardar os<br />
mandamentos de Deus e aguardar a segunda vinda de Cristo. Alarmante é a<br />
quantidade de indiferença, orgulho, amor do mundo e fria formalidade existente entre<br />
elas. E essas são as pessoas que se vão rapidamente assemelhando ao antigo Israel, no<br />
que respeita à falta de piedade. Muitos fazem uma elevada profissão de piedade, e<br />
todavia são destituí<strong>dos</strong> de domínio próprio. O apetite e a paixão têm as rédeas; o eu, a<br />
preeminência. Muitos são arbitrários, ditatoriais, despóticos, jactanciosos, orgulhosos e<br />
destituí<strong>dos</strong> de consagração. Todavia alguns desses são pastores, a lidar com sagradas<br />
verdades. A menos que se arrependam, seu castiçal será removido do lugar que ocupa.<br />
A maldição do Salvador sobre a figueira estéril é um sermão a to<strong>dos</strong> os que têm uma<br />
religião formal, aos jactanciosos hipócritas que se apresentam ao mundo com<br />
pretensiosa folhagem, mas se acham destituí<strong>dos</strong> de frutos. Que repreensão aos que<br />
têm uma forma de piedade ao<br />
Pág. 535<br />
passo que na falta de cristianismo de sua vida negam a eficácia dela! Aquele que<br />
tratou brandamente ao próprio cabeça <strong>dos</strong> pecadores. Aquele que jamais menosprezou<br />
a verdadeira mansidão e arrependimento, por maior que fosse a culpa, caiu com<br />
esmagadoras denúncias sobre os que faziam elevada profissão de piedade, mas nas<br />
obras negavam a própria fé.<br />
98<br />
O Dever <strong>dos</strong> Pais<br />
Para com a Escola<br />
Pág. 536<br />
Nossos irmãos e irmãs de outras partes devem sentir o dever que lhes cumpre de<br />
manter esta instituição planejada por Deus. Alguns <strong>dos</strong> alunos voltam para casa<br />
murmurando e queixando-se, e os pais e os membros da igreja dão ouvi<strong>dos</strong> às<br />
declarações exageradas, unilaterais. Bem fariam em considerar que a história tem dois<br />
la<strong>dos</strong>; no entanto, permitem que essas informações truncadas criem uma barreira<br />
entre eles e o colégio. Começam então a exprimir temores, dúvidas e suspeitas quanto<br />
à maneira por que o colégio está sendo dirigido. Tal influência produz grande dano. As<br />
palavras de descontentamento propagam-se como uma moléstia contagiosa, e a<br />
impressão causada sobre o espírito de outros dificilmente se apagará. A história<br />
243
avoluma-se a cada repetição, chegando a gigantescas proporções, até verificar-se que<br />
não houve falta da parte <strong>dos</strong> professores ou mestres. Estes cumpriram apenas seu<br />
dever em fazer vigorar os regulamentos da escola, o que se deve fazer, do contrário a<br />
escola ficará desmoralizada.<br />
Nem sempre os pais procedem com prudência. Muitos são demasiado exigentes no<br />
desejar levar outros a participarem de suas idéias, e tornam-se impacientes e ofensivos<br />
se o não conseguem; quando, porém, é exigido de seus filhos que observem as regras e<br />
regulamentos da escola, e eles se zangam diante da necessária restrição, com<br />
freqüência os pais, que professam amar e temer a Deus, unem-se aos filhos em vez de<br />
reprová-los e corrigir-lhes as faltas. Isto se demonstra muitas vezes o ponto decisivo no<br />
caráter desses filhos. Ordens e regras são derribadas, a disciplina é pisada a pés. Os<br />
filhos<br />
Pág. 537<br />
desprezam a restrição, sendo-lhes permitido falar desprezivamente das instituições de<br />
Battle Creek. Se tão-somente os pais refletissem, veriam os maus resulta<strong>dos</strong> da<br />
orientação que estão seguindo. Seria na verdade coisa maravilhosa se, numa escola de<br />
quatrocentos alunos, dirigida por homens e mulheres sujeitos às fraquezas da<br />
humanidade, tudo fosse tão perfeito, tão exato, que desafiasse a crítica.<br />
Caso os pais se colocassem na posição <strong>dos</strong> professores, e vissem quão difícil é dirigir e<br />
disciplinar uma escola de centenas de alunos de todas as séries e com os mais<br />
diferentes tipos de comportamento, talvez com reflexão, vissem diversamente os fatos.<br />
Cumpre-lhes considerar que alguns filhos nunca receberam disciplina em casa. Tendo<br />
sido sempre trata<strong>dos</strong> complacentemente, sem nunca serem exercita<strong>dos</strong> na obediência,<br />
ser-lhes-ia grandemente proveitoso serem afasta<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> pais excessivamente liberais e<br />
coloca<strong>dos</strong> sob regulamentos e exercícios tão rigorosos como os que regem os solda<strong>dos</strong><br />
num exército. A menos que se faça algo por esses filhos tão negligencia<strong>dos</strong> por pais<br />
infiéis, eles jamais poderão ser aceitos por Jesus; a menos que sejam controla<strong>dos</strong> por<br />
algum poder, virão a ser de nenhum préstimo nesta vida, e não terão parte na futura.<br />
É perfeita a ordem no Céu, a obediência perfeita, perfeitas a paz e a harmonia. Os que<br />
não têm tido nenhum respeito pela ordem e a disciplina nesta vida, não respeitarão a<br />
ordem observada no Céu. Não poderão ser ali admiti<strong>dos</strong>; pois to<strong>dos</strong> quantos houverem<br />
de ter entrada no Céu amarão a ordem e respeitarão a disciplina. O caráter formado<br />
nesta vida determinará o destino futuro. Quando Cristo vier, não mudará o caráter de<br />
ninguém. O precioso tempo da graça é concedido a fim de ser aproveitado em lavar<br />
nossas vestes de caráter e branqueá-las no sangue do Cordeiro. O remover as manchas<br />
do pecado requer a obra de toda uma existência. Necessitam-se dia a dia novos<br />
esforços no refrear e negar o próprio eu. A cada dia há novas batalhas a combater, e<br />
vitórias novas a serem obtidas. Diariamente deve a alma dilatar-se, pleiteando<br />
Pág. 538<br />
fervorosamente com Deus pelas poderosas vitórias da cruz. Os pais não devem<br />
negligenciar de sua parte nenhum dever para beneficiar seus filhos. Devem educá-los<br />
de tal maneira, que venham a ser uma bênção para a sociedade aqui, e possam colher<br />
a recompensa da vida eterna no porvir.<br />
99<br />
Alunos da Escola<br />
Pág. 539<br />
Os alunos que professam amar a Deus e obedecer à verdade, devem possuir tal grau de<br />
domínio próprio e resistência de princípios religiosos que sejam habilita<strong>dos</strong> a<br />
permanecer inabaláveis em meio das tentações, e a defenderem a Cristo no colégio,<br />
nas casas que se acham hospeda<strong>dos</strong>, ou onde quer que estejam. A religião não é para<br />
ser usada meramente como uma capa, na casa de Deus; antes, os princípios religiosos<br />
devem caracterizar toda a vida. Os que bebem da fonte da vida, não manifestarão, à<br />
semelhança <strong>dos</strong> mundanos, ansioso desejo de variações e de prazer. Em sua conduta e<br />
244
caráter ver-se-ão o sossego, a paz e a felicidade que encontraram em Jesus mediante o<br />
depositar-Lhe aos pés, dia a dia, suas perplexidades e preocupações. Mostrarão que há<br />
contentamento e mesmo alegria na vereda da obediência e do dever. Esses exercerão<br />
sobre os condiscípulos uma influência que se fará sentir na escola inteira. Os que<br />
compõem esse fiel exército serão um refrigério e fortalecimento para os professores e<br />
dirigentes em seus esforços, contrariando toda espécie de infidelidade, de discórdia e<br />
negligência no que concerne a cooperar com os regulamentos. Sua influência será<br />
salvadora, e no grande dia de Deus suas obras não perecerão, mas segui-los-ão no<br />
mundo por vir; e a influência de sua vida aqui falará através <strong>dos</strong> séculos sem fim da<br />
eternidade. Um jovem sincero, consciencioso, fiel na escola, é inestimável tesouro. Os<br />
<strong>anjos</strong> do Céu contemplam-no com amor. O precioso Salvador o ama, e no livro do Céu<br />
registrará toda obra de justiça, cada tentação resistida, todo mal subjugado. Ele estará<br />
assim depositando um bom fundamento contra o tempo que há de vir, de modo a<br />
lançar mão da vida eterna. ...<br />
Pág. 540<br />
Depende em grande medida <strong>dos</strong> jovens cristãos a conservação e perpetuidade das<br />
instituições designadas por Deus para progresso de Sua obra. Esta séria<br />
responsabilidade repousa sobre a mocidade de hoje, a qual se revela no campo de ação.<br />
Jamais houve um período em que, de uma geração, dependessem tão relevantes<br />
resulta<strong>dos</strong>; quão importante, pois, que os moços se achem habilita<strong>dos</strong> a realizar a<br />
grande obra, para que Deus os possa usar como instrumentos! Os direitos de seu<br />
Criador sobre eles excedem a to<strong>dos</strong> os outros.<br />
Foi Deus que lhes deu a vida, e todas as faculdades físicas e mentais de que se acham<br />
dota<strong>dos</strong>. Ele lhes concedeu aptidões para sábio aproveitamento, para que se lhes possa<br />
confiar uma obra perdurável como a eternidade. Em troca de Seus grandes dons, Ele<br />
pede o devido cultivo e exercício de suas faculdades intelectuais e morais. Não lhas deu<br />
para mero entretenimento deles, ou para serem mal empregadas naquilo que é<br />
contrário à Sua vontade e providência, mas para que sejam usadas para promover o<br />
desenvolvimento da verdade e da santidade no mundo. Ele lhes reclama o<br />
reconhecimento, a veneração e o amor pela contínua bondade e as infinitas<br />
misericórdias que lhes dispensa. Com justiça requer obediência a Suas leis e a to<strong>dos</strong> os<br />
sábios regulamentos que restringirão a mocidade e a salvaguardarão <strong>dos</strong> ardis de<br />
Satanás, conduzindo-os aos caminhos da paz. Se os jovens pudessem ver que,<br />
submetendo-se às leis e aos regulamentos de nossas instituições estão apenas fazendo<br />
aquilo que melhorará sua posição na sociedade, aperfeiçoar-lhes-á o caráter,<br />
enobrecerá o espírito e acrescentará sua felicidade, não se rebelariam contra regras<br />
justas e exigências sãs, nem se empenhariam em suscitar suspeitas e preconceitos<br />
contra essas instituições. Nossa mocidade deve possuir um espírito de energia e<br />
fidelidade para satisfazer às exigências que lhes são feitas, o que será garantia de<br />
êxito para eles. O caráter desenfreado e descui<strong>dos</strong>o de muitos <strong>dos</strong> jovens deste século, é<br />
coisa pungente. A culpa recai em grande parte sobre os pais, em casa. Sem o temor de<br />
Deus, ninguém será verdadeiramente feliz.<br />
100<br />
A Santidade <strong>dos</strong> Votos<br />
Pág. 541<br />
A breve mas terrível história de Ananias e Safira foi traçada pela pena da inspiração<br />
para benefício de to<strong>dos</strong> quantos professam ser seguidores de Cristo. Essa importante<br />
lição não tem penetrado suficientemente no espírito de nosso povo. Seria proveitoso<br />
para to<strong>dos</strong> considerarem refletidamente a natureza da séria ofensa pela qual esses<br />
culpa<strong>dos</strong> foram postos como exemplo. Essa assinalada demonstração da justiça<br />
retribuidora de Deus, é terrível, e deve levar to<strong>dos</strong> a temerem e tremerem de repetir<br />
peca<strong>dos</strong> que trouxeram tal punição. O egoísmo, eis o grande pecado que deformara o<br />
caráter desse culpado casal.<br />
245
Juntamente com outros, Ananias e sua esposa Safira haviam tido o privilégio de ouvir<br />
o evangelho pregado pelos apóstolos. O poder de Deus apoiava a palavra falada,<br />
apoderando-se de to<strong>dos</strong> os presentes profunda convicção. A enternecedora influência<br />
da graça de Deus tivera sobre o coração deles o efeito de libertá-los do seu apego<br />
egoísta às posses terrenas. Enquanto se achavam sob a direta influência do Espírito de<br />
Deus, fizeram o voto de dar ao Senhor certas terras; ao dissipar-se, porém, essa<br />
influência celeste, a impressão era menos forte, e eles começaram a duvidar e a recuar<br />
do cumprimento do voto que haviam feito. Pensaram que haviam sido muito<br />
precipita<strong>dos</strong>, e queriam reconsiderar o assunto. Abriu-se assim uma porta pela qual<br />
Satanás entrou imediatamente, tomando-lhes posse da mente.<br />
Esse caso deve ser uma advertência a to<strong>dos</strong> para que se guardem da primeira<br />
aproximação de Satanás. Primeiro, foi nutrida a cobiça; depois, envergonha<strong>dos</strong> de que<br />
os irmãos soubessem que sua alma egoísta tinha má vontade de dar aquilo<br />
Pág. 542<br />
que haviam solenemente consagrado e prometido a Deus, foi praticado o engano.<br />
Consideraram o assunto juntos, e decidiram deliberadamente reter parte do preço da<br />
herdade. Quando convictos de sua falsidade, o castigo deles foi morte instantânea.<br />
Sabiam que o Senhor, a quem haviam defraudado, havia-os achado; pois Pedro disse:<br />
"Por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e<br />
retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não<br />
estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos<br />
homens, mas a Deus." Atos 5:3 e 4.<br />
Era necessário um exemplo especial a fim de guardar a jovem igreja de ficar<br />
desmoralizada; pois seu número crescia rapidamente. Era assim dada a to<strong>dos</strong> os que<br />
professavam a Cristo naquele tempo, e a to<strong>dos</strong> os que houvessem de professar-Lhe o<br />
nome posteriormente, a advertência de que Deus exige fidelidade no cumprimento <strong>dos</strong><br />
votos. Não obstante esse assinalado castigo do engano e da mentira, no entanto, os<br />
mesmos peca<strong>dos</strong> têm sido muitas vezes repeti<strong>dos</strong> na igreja cristã, e se acham<br />
largamente dissemina<strong>dos</strong> em nossos dias. Foi-me mostrado que Deus deu esse exemplo<br />
como advertência a to<strong>dos</strong> os que fossem tenta<strong>dos</strong> a proceder semelhantemente. O<br />
egoísmo e a fraude são diariamente pratica<strong>dos</strong> na igreja no reter de Deus aquilo que<br />
Ele reclama, roubando-O assim, e entravando Suas disposições para difundir a luz e o<br />
conhecimento da verdade pela extensão e largura da Terra.<br />
Manter a Obra de Deus<br />
Em Seus sábios planos, Deus fez com que o progresso de Sua obra fosse dependente<br />
<strong>dos</strong> esforços pessoais de Seu povo, e de suas ofertas voluntárias. Aceitando a<br />
cooperação do homem no grande plano da salvação, conferiu-lhe insigne honra. O<br />
pastor não pode pregar a menos que seja enviado. A obra de comunicar a luz não<br />
depende unicamente do pastor. Toda pessoa, ao tornar-se membro da igreja,<br />
compromete-se a ser representante de Cristo mediante o viver a verdade que<br />
Pág. 543<br />
professa. Os seguidores de Cristo devem levar avante a obra que Ele lhes deixou a<br />
fazer quando ascendeu ao Céu.<br />
Importa que se apóiem as instituições que são instrumentos de Deus no promover Sua<br />
obra na Terra. Devem-se construir igrejas, estabelecer escolas, e aparelhar as casas<br />
editoras com os meios necessários à realização de uma grande obra na publicação da<br />
verdade a ser propagada por todas as partes do mundo. Essas instituições são<br />
ordenadas por Deus, e devem ser mantidas com dízimos e ofertas liberais. À medida<br />
que a obra se dilata, necessitar-se-ão de meios para que ela avance em to<strong>dos</strong> os seus<br />
ramos. Os que se converteram à verdade e se fizeram participantes de Sua graça,<br />
podem tornar-se coobreiros de Cristo mediante sacrifícios e ofertas a Ele feitos<br />
voluntariamente. E quando os membros da igreja desejam, em seu coração, que não<br />
246
haja mais pedi<strong>dos</strong> de meios, estão na realidade dizendo que ficam satisfeitos com a<br />
falta de progresso da causa de Deus.<br />
O Caso de Jacó<br />
"E Jacó votou um voto, dizendo: Se Deus for comigo, e me guardar nesta viagem que<br />
faço, e me der pão para comer, e vesti<strong>dos</strong> para vestir, e eu em paz tornar à casa de meu<br />
pai, o Senhor será o meu Deus; e esta pedra que tenho posto por coluna será casa de<br />
Deus; e de tudo quanto me deres, certamente Te darei o dízimo." Gên. 28:20-22. As<br />
circunstâncias que moveram Jacó a fazer este voto ao Senhor eram idênticas às que<br />
levam homens e mulheres a fazerem votos a Deus em nossos dias. Por meio de uma<br />
ação pecaminosa, obtivera a bênção que, ele sabia, lhe fora prometida pela firme<br />
palavra de Deus. Assim fazendo, manifestara grande falta de fé no poder de Deus para<br />
realizar Seus desígnios, por mais desanimadoras que fossem as aparências no<br />
momento. Em vez de colocar-se na posição que ambicionara, viu-se obrigado a fugir<br />
para salvar a vida da ira de Esaú. Levando consigo apenas um cajado, devia<br />
atravessar centenas de quilômetros por uma região deserta. Desfaleceu-lhe o ânimo, e<br />
sentiu-se tomado de remorsos<br />
Pág. 544<br />
e timidez, buscando evitar os homens, a fim de que o irmão irado não lhe viesse a<br />
descobrir a pista. Não possuía a paz de Deus a confortá-lo; pois atormentava-o a idéia<br />
de haver perdido a proteção divina.<br />
Vai declinando o segundo dia de sua jornada. Jacó sente-se fatigado, com fome, sem<br />
lar, e julga-se desamparado por Deus. Sabia haver trazido isto sobre si mesmo em<br />
conseqüência de seu errado procedimento. Envolvem-no as sombras do desespero, e<br />
sente-se como um rejeitado. O coração é-lhe invadido de indizível terror, e mal ousa<br />
fazer sua oração. Está, porém, tão solitário, que sente, como nunca dantes, a<br />
necessidade da proteção divina. Chora, e confessa diante de Deus o seu pecado, e roga<br />
uma prova de que Ele o não tenha desamparado por completo. O coração opresso, no<br />
entanto, não encontra alívio. Perdera toda a confiança em si mesmo, e teme que o<br />
Deus de seus pais o haja rejeitado. Mas Deus, o misericordioso Deus, Se compadece<br />
daquele homem desolado, tomado de dor, que faz das pedras seu travesseiro, e não tem<br />
por cobertura senão a abóbada celeste.<br />
Numa visão da noite, viu ele uma escada mística, cuja base descansava na Terra, e<br />
cujo topo tocava o Céu, para além das estrelas. Anjos mensageiros subiam e desciam<br />
por essa escada de brilho refulgente, indicando-lhe o meio de comunicação entre a<br />
Terra e o Céu. E aos seus ouvi<strong>dos</strong> chega uma voz que lhe renova a promessa de<br />
misericórdia e proteção e de bênçãos futuras. Quando Jacó despertou desse sonho,<br />
disse: "Na verdade o Senhor está neste lugar; e eu não o sabia." Gên. 28:16. Olhou em<br />
volta de si como se esperasse ver os mensageiros celestes; mas seu olhar ansioso,<br />
errante, não divisou senão o indeciso contorno <strong>dos</strong> objetos terrestres, e em cima o céu<br />
repleto de estrelas cintilantes. A escada e os luminosos mensageiros haviam<br />
desaparecido, e só com a imaginação podia ele ver a gloriosa Majestade do alto.<br />
Jacó ficou tomado de respeito diante do profundo silêncio da noite, e sentiu a vívida<br />
impressão de que se achava na imediata presença de Deus. O coração encheu-se-lhe de<br />
gratidão<br />
Pág. 545<br />
por não haver sido destruído. Não pôde mais conciliar o sono aquela noite; um<br />
profundo e fervoroso reconhecimento, impregnado de santa alegria, invadiu-lhe a<br />
alma. "Então levantou-se Jacó pela manhã de madrugada, e tomou a pedra que tinha<br />
posto por sua cabeceira, e a pôs por coluna, e derramou azeite em cima dela." Gên.<br />
28:18. E ali fez ele seu voto solene a Deus.<br />
A Manutenção do Voto<br />
Jacó fez seu voto enquanto se achava refrigerado pelos orvalhos da graça, e revigorado<br />
pela presença e afirmação da promessa de Deus. Após haver-se dissipado a glória<br />
247
divina, teve tentações, como os homens de nossos tempos; foi no entanto fiel ao voto<br />
que fizera, e não abrigou pensamentos quanto à possibilidade de ser libertado do que<br />
prometera. Poderia haver raciocinado em grande parte como o fazem hoje os homens,<br />
que aquela revelação fora apenas um sonho, que ele estava indevidamente emocionado<br />
quando fizera o voto, e que portanto não era necessário guardá-lo; mas assim não fez.<br />
Longos foram os anos transcorri<strong>dos</strong> até que Jacó ousasse volver a seu país; ao fazê-lo,<br />
porém, desempenhou-se fielmente de sua dívida para com o Senhor. Tornara-se rico, e<br />
grande soma de seus bens passou ao tesouro de Deus.<br />
Muitos falham hoje no ponto em que Jacó teve êxito. Aqueles a quem Deus tem dado<br />
mais, têm mais forte inclinação de reter o que possuem, visto deverem dar importância<br />
proporcional a seus bens. Jacó deu o dízimo de tudo quanto possuía, e depois calculou o<br />
dízimo que usara, e deu ao Senhor o benefício daquilo que estivera usando para o<br />
próprio proveito durante o tempo em que estivera em terra pagã, e não pudera pagar<br />
seu voto. Isto representava uma grande soma; no entanto ele não hesitou; o que votara<br />
ao Senhor, não considerava como seu, mas do Senhor.<br />
Segundo Deus Havia Prosperado<br />
Segundo a importância concedida, será a soma requerida.<br />
Pág. 546<br />
Quanto maior o capital confiado, tanto maior a dádiva que Deus requer Lhe seja<br />
devolvida. Caso um cristão possua dez ou vinte mil dólares, os direitos de Deus sobre<br />
ele são imperativos no sentido de dar, não somente a proporção relativa ao sistema<br />
dizimal, mas de apresentar-Lhe as ofertas pelo pecado e as ofertas de gratidão. A<br />
dispensação levítica se caracterizava notadamente pela santificação da propriedade.<br />
Quando falamos do dízimo como a norma de contribuição <strong>dos</strong> judeus para fins<br />
religiosos, não falamos com compreensão. O Senhor colocava Seus direitos como o<br />
primeiro dever, e em quase to<strong>dos</strong> os artigos era-lhes lembrado o Doador mediante o<br />
preceito de fazer-Lhe devoluções. Exigia-se-lhes que pagassem o resgate <strong>dos</strong><br />
primogênitos, das primícias <strong>dos</strong> rebanhos e das colheitas. Cumpria-lhes deixar os<br />
cantos de suas searas para os destituí<strong>dos</strong> de bens. Qualquer coisa que lhes caísse das<br />
mãos ao fazerem a sega, era deixado para os pobres, e a cada sete anos, as terras<br />
deviam ser deixadas livres, ficando para os necessita<strong>dos</strong> o que elas produzissem<br />
espontaneamente. Além disso havia as ofertas sacrificais, ofertas por ofensas, ofertas<br />
pelo pecado, e a remissão, a cada sete anos, de todas as dívidas. Havia também<br />
numerosas despesas com hospitalidades e dádivas aos pobres, e havia impostos sobre<br />
suas propriedades.<br />
A determina<strong>dos</strong> perío<strong>dos</strong>, a fim de conservar a integridade da lei, o povo era<br />
entrevistado quanto a sua fidelidade no cumprimento <strong>dos</strong> votos que haviam feito. Uma<br />
conscienciosa minoria devolvia a Deus cerca de um terço de toda a sua renda para<br />
benefício <strong>dos</strong> interesses religiosos e <strong>dos</strong> pobres. Essas exigências não se limitavam a<br />
uma classe particular do povo, tocavam a to<strong>dos</strong>, sendo proporcionais às posses da<br />
pessoa. Além de to<strong>dos</strong> esses donativos sistemáticos e regulares, havia objetivos<br />
especiais que pediam ofertas voluntárias, como para o tabernáculo construído no<br />
deserto, e o templo erigido em Jerusalém. Esses pedi<strong>dos</strong> vinham de Deus até o povo, e<br />
tanto serviam para a manutenção de Seu serviço quanto para o próprio bem deles.<br />
Pág. 547<br />
Despertamento Para o Dever<br />
Importa que haja entre nós, como um povo, um despertamento nessa questão. Poucos<br />
são os homens que sentem doer a consciência se negligenciarem o dever quanto à<br />
beneficência. Poucos, apenas, são possuí<strong>dos</strong> de remorso por roubarem diariamente a<br />
Deus. Caso um cristão deliberada ou acidentalmente pague menos do que é devido a<br />
seu próximo, ou se recuse a liqüidar uma dívida honesta, sua consciência, a menos que<br />
se ache cauterizada, há de perturbá-lo; ele não pode sossegar, ainda que ninguém seja<br />
sabedor do fato senão ele próprio. Há muitos votos negligencia<strong>dos</strong> e promessas por<br />
248
pagar, e no entanto quão poucos sentem a consciência turbada por causa disso! Quão<br />
poucos experimentam o sentimento de culpa por essa violação do dever! Precisamos<br />
sentir novas e mais profundas convicções a esse respeito. A consciência precisa ser<br />
despertada, e examinar-se o assunto com diligente atenção; pois no último dia ter-se-á<br />
de prestar contas a Deus, e Seus direitos serão apura<strong>dos</strong>.<br />
As responsabilidades do comerciante cristão, seja grande ou pequeno seu capital,<br />
estarão em exata proporção aos dons por ele recebi<strong>dos</strong> de Deus. O engano das riquezas<br />
tem arruinado a milhares e dezenas de milhares. Esses ricos se esquecem de que são<br />
mordomos, e que se aproxima rapidamente o dia em que lhe será dito: "Dá contas da<br />
tua mordomia." Luc. 16:2. Como nos é mostrado pela parábola <strong>dos</strong> talentos, todo<br />
homem é responsável pelo sábio emprego <strong>dos</strong> dons que lhe foram concedi<strong>dos</strong>. O pobre<br />
homem da parábola, por ter o dom menor, sentiu ser menor a responsabilidade e não<br />
pôs em uso o talento que lhe fora confiado; portanto foi lançado nas trevas exteriores.<br />
Disse Cristo: "Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!" Mar.<br />
10:23. E os discípulos pasmaram de Sua doutrina. Quando um pastor que tem<br />
trabalhado com êxito no ganhar almas para Jesus Cristo abandona sua sagrada obra a<br />
fim de adquirir lucro temporal, é chamado apóstata, e será responsável diante de Deus<br />
pelos talentos que<br />
Pág. 548<br />
aplicou mal. Quando homens de negócios, fazendeiros, mecânicos, comerciantes,<br />
advoga<strong>dos</strong>, etc., tornam-se membros da igreja, passam a ser servos de Cristo; e embora<br />
seus talentos sejam inteiramente diversos, a responsabilidade que lhes cabe de<br />
promover a obra de Deus mediante o esforço pessoal e com seus meios, não é inferior à<br />
do pastor. O ai que cairá sobre o pastor caso ele não pregue o evangelho, cairá sobre o<br />
comerciante tão seguramente como sobre o pastor, se ele, com seus diversos talentos,<br />
não for um cooperador de Cristo em produzir os mesmos resulta<strong>dos</strong>. Ao ser isto<br />
acentuado individualmente, alguns dirão: "Duro é esse discurso"; no entanto é<br />
verdadeiro, se bem que de contínuo contrariado pela prática de pessoas que professam<br />
ser seguidoras de Cristo.<br />
A Igualdade da Doação Sistemática<br />
Deus proveu pão para Seu povo no deserto mediante um milagre de misericórdia, e<br />
poderia haver provido tudo quanto era necessário para a cerimônia religiosa; não o fez,<br />
porém, porque em Sua infinita sabedoria, viu que a disciplina moral de Seu povo<br />
dependia de eles cooperarem com Ele, cada um fazendo alguma coisa. Enquanto a<br />
verdade for progressiva, vigoram sobre os homens as reivindicações de Deus, no que<br />
respeita a dar daquilo que Ele lhes concedeu para esse fim. Deus, o Criador do homem,<br />
instituindo o plano da doação sistemática, fez com que a obra pesasse igualmente<br />
sobre to<strong>dos</strong>, segundo as diversas aptidões que possuem.<br />
Cada um tem de decidir suas próprias contribuições, sendo deixado na liberdade de<br />
dar segundo se propôs em seu coração. Existem, porém, pessoas culpadas do mesmo<br />
pecado de Ananias e Safira, pensando que, se eles retêm uma parte daquilo que Deus<br />
lhes requer no sistema do dízimo, os irmãos nunca o virão a saber. Isto pensou o<br />
culpado casal cujo exemplo nos é dado como advertência. Nesse caso, Deus prova que<br />
Ele sonda o coração. Os motivos e desígnios do homem não se Lhe podem encobrir. Ele<br />
deixou perpétua advertência aos<br />
Pág. 549<br />
cristãos de todas as épocas a fim de estarem alerta contra o pecado a que o coração<br />
humano está sempre inclinado.<br />
Embora não sejam notadas hoje as demonstrações do desagrado de Deus às repetições<br />
do pecado de Ananias e Safira, o mesmo pecado é tão odioso aos olhos de Deus como<br />
então, e será com a mesma certeza cobrado do transgressor no dia do juízo; e muitos<br />
sentirão a maldição de Deus mesmo nesta vida. Quando se faz uma promessa à causa,<br />
isso é um voto feito a Deus, e deve ser mantido como sagrado. À vista de Deus não é<br />
249
nada menos que sacrilégio aproveitar-nos para o próprio uso, daquilo que foi uma vez<br />
votado para promover Sua sagrada obra.<br />
A Santidade <strong>dos</strong> Compromissos<br />
Quando um compromisso verbal ou escrito foi tomado em presença de nossos irmãos,<br />
de dar determinada importância, eles são as testemunhas visíveis de um contrato feito<br />
entre nós e Deus. A promessa não foi feita ao homem, mas a Deus, e é como uma nota<br />
escrita dada a um próximo. Nenhuma letra legal é mais obrigatória para um cristão<br />
quanto ao pagamento do dinheiro, do que uma promessa feita ao Senhor.<br />
As pessoas que assim se comprometem com seus semelhantes, não pensam em geral<br />
em pedir libertação <strong>dos</strong> compromissos. Um voto feito a Deus, doador de todas as<br />
dádivas, é ainda de maior importância; então, por que havemos nós de buscar ser<br />
dispensa<strong>dos</strong> de nossos votos a Deus? Considerará o homem seu voto menos obrigatório<br />
pelo fato de ser feito ao Senhor? Por que esse voto não será levado a juízo nos tribunais<br />
de justiça, é ele menos válido? Há de um homem que professa estar salvo pelo sangue<br />
do infinito sacrifício de Jesus Cristo "roubar a Deus"? Não são seus votos e suas ações<br />
pesa<strong>dos</strong> nas balanças da justiça nas cortes celestes?<br />
Cada um de nós tem um caso pendente no tribunal do Céu. Há de a direção de nossa<br />
vida contrabalançar as provas que nos são contrárias? O caso de Ananias e Safira foi<br />
do mais<br />
Pág. 550<br />
agravante caráter. Guardando parte do preço, mentiram ao Espírito Santo. Da mesma<br />
maneira, pesam culpas sobre todo indivíduo, proporcionalmente às ofensas dessa<br />
natureza.<br />
Quando o coração <strong>dos</strong> homens é abrandado pela presença do Espírito de Deus, eles são<br />
mais susceptíveis às impressões do Espírito Santo, e tomam resoluções no sentido de<br />
negar ao próprio eu e sacrificar-se pela causa de Deus. É quando a luz divina ilumina o<br />
mais íntimo do espírito com clareza e poder incomuns, que os sentimentos do homem<br />
natural são venci<strong>dos</strong>, que o egoísmo perde sua força sobre o coração, e despertam-se<br />
desejos de imitar o Modelo, Jesus Cristo, no exercer beneficência e abnegação. A<br />
disposição do homem naturalmente egoísta, torna-se assim bon<strong>dos</strong>a e compassiva para<br />
com os pecadores perdi<strong>dos</strong>, e ele faz um voto solene a Deus, como fizeram Abraão e<br />
Jacó. Nessas ocasiões acham-se presentes <strong>anjos</strong> celestes. O amor para com Deus e as<br />
almas triunfa sobre o egoísmo e sobre o amor do mundo. Isso, especialmente, quando o<br />
pregador, no Espírito e poder de Deus, apresenta o plano da redenção, estabelecido<br />
pela Majestade do Céu no sacrifício da cruz. Podemos ver, pelos textos seguintes, como<br />
o Senhor considera a questão <strong>dos</strong> votos:<br />
"E falou Moisés aos cabeças das tribos <strong>dos</strong> filhos de Israel, dizendo: Esta é a palavra<br />
que o Senhor tem ordenado: Quando um homem fizer voto ao Senhor, ou fizer<br />
juramento, ligando a sua alma com obrigação, não violará a sua palavra; segundo tudo<br />
o que saiu da sua boca, fará." Núm. 30:1 e 2. "Não consintas que a tua boca faça pecar<br />
a tua carne, nem digas diante do anjo que foi erro; por que razão Se iraria Deus contra<br />
a tua voz, de sorte que destruísse a obra das tuas mãos?" Ecl. 5:6. "Entrarei em Tua<br />
casa com holocaustos; pagar-Te-ei os meus votos, que haviam pronunciado os meus<br />
lábios, e dissera a minha boca, quando eu estava na angústia." Sal. 66:13 e 14. "Laço é<br />
para o homem dizer precipitadamente: É santo; e, feitos os votos, então inquirir." Prov.<br />
20:25. "Quando votares algum voto ao Senhor teu Deus, não tardarás em pagá-lo;<br />
porque o<br />
Pág. 551<br />
Senhor teu Deus certamente o requererá de ti, e em ti haverá pecado. Porém,<br />
abstendo-te de votar, não haverá pecado em ti. O que saiu da tua boca guardarás, e o<br />
farás; mesmo a oferta voluntária, assim como votaste ao Senhor teu Deus, e o<br />
declaraste pela tua boca." Deut. 23:21-23.<br />
250
"Fazei votos, e pagai ao Senhor, vosso Deus; tragam presentes, os que estão em redor<br />
dele, Àquele que é tremendo." Sal. 76:11. "Mas vós o profanais, quando dizeis: A mesa<br />
do Senhor é impura, e o seu produto, a sua comida, é desprezível. E dizeis: Eis aqui,<br />
que canseira! e o lançastes ao desprezo, diz o Senhor <strong>dos</strong> Exércitos; vós ofereceis o<br />
roubado, e o coxo e o enfermo; assim fazeis a oferta. Ser-Me-á aceito isto de vossa mão?<br />
diz o Senhor. Pois maldito seja o enganador que, tendo animal no seu rebanho,<br />
promete e oferece ao Senhor uma coisa vil; porque Eu sou grande Rei, diz o Senhor <strong>dos</strong><br />
Exércitos, o Meu nome será tremendo entre as nações." Mal. 1:12-14.<br />
"Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não Se agrada de<br />
tolos. O que votares, paga-o. Melhor é que não votes do que votes e não pagues." Ecl.<br />
5:4 e 5.<br />
Deus deu ao homem uma parte em efetuar a salvação de seus semelhantes. Ele pode<br />
operar em ligação com Cristo, mediante o praticar atos de misericórdia e beneficência.<br />
Não os pode redimir, porém, pois não é apto a satisfazer os reclamos da justiça<br />
ofendida. Isto, unicamente o Filho de Deus pode fazer, pondo de parte Sua honra e<br />
glória, revestindo Sua divindade com a humanidade, e vindo à Terra para Se humilhar<br />
a Si mesmo, e derramar o próprio sangue em favor da raça humana.<br />
Ao comissionar os discípulos a irem "por todo o mundo" e pregarem "o evangelho a toda<br />
a criatura" Mar. 16:15), Cristo designou aos homens a obra de propagarem o<br />
evangelho. Enquanto, porém, alguns vão a pregar, Ele pede a outros que Lhe atendam<br />
às reivindicações quanto aos dízimos e ofertas com que se possa sustentar o ministério<br />
e disseminar a verdade impressa pela Terra inteira. Isto é o meio pelo qual Deus quer<br />
exaltar o<br />
Pág. 552<br />
homem. É justamente a obra de que Ele necessita; pois moverá as mais profundas<br />
simpatias de seu coração, chamando à ação as mais elevadas faculdades do espírito.<br />
O Homem, Instrumento de Deus<br />
Tudo quanto na Terra existe de bom, foi aqui colocado pela generosa mão de Deus,<br />
como expressão do amor que vota ao homem. Os pobres são Seus, e Sua é a causa da<br />
religião. Ele pôs meios nas mãos <strong>dos</strong> homens, para que Seus divinos dons manem por<br />
intermédio de condutos humanos no realizar a obra a nós designada em salvar nossos<br />
semelhantes. Cada um tem uma tarefa assinalada no grande campo; e todavia<br />
ninguém devia conceber a idéia de que o Senhor depende do homem. Ele poderia<br />
proferir a palavra, e todo filho da pobreza ser enriquecido. Num momento poderia Ele<br />
curar a raça humana de todas as suas doenças. Poderia dispensar to<strong>dos</strong> os pastores, e<br />
tornar os <strong>anjos</strong> embaixadores de Sua verdade. Poderia haver escrito a verdade no<br />
firmamento, ou impresso nas folhas das árvores e nas flores do campo; ou poderia, com<br />
voz audível, havê-la proclamado do Céu. O onisciente Deus, no entanto, não escolheu<br />
nenhum desses meios. Sabia que o homem precisava de ter algo a fazer de modo a que<br />
a vida lhe fosse uma bênção. O ouro e a prata pertencem ao Senhor, e ser-Lhe-ia<br />
possível fazer chover os mesmos do Céu, se assim quisesse; em lugar disto, no entanto,<br />
Ele fez o homem Seu mordomo, confiando-lhe meios, não para serem amontoa<strong>dos</strong>, mas<br />
emprega<strong>dos</strong> em beneficio <strong>dos</strong> outros. Assim torna Ele o homem o instrumento pelo<br />
qual distribui Suas bênçãos na Terra. Deus planejou o sistema de beneficência a fim<br />
de que o homem se tornasse como seu Criador, benfazejo e de caráter altruísta, vindo a<br />
ser afinal participante com Ele da recompensa eterna e gloriosa.<br />
Deus opera por meio de instrumentos humanos; e quem quer que desperte a<br />
consciência <strong>dos</strong> homens, induzindo-os às boas obras e ao real interesse no<br />
avançamento da causa da verdade, não o faz por si mesmo, mas pelo Espírito de Deus<br />
a<br />
Pág. 553<br />
operar nele. As promessas feitas em tais circunstâncias são de um caráter sagrado,<br />
sendo o fruto da operação do Espírito do Senhor. Ao serem esses compromissos<br />
251
satisfeitos, o Céu aceita a oferta, e esses obreiros liberais são credita<strong>dos</strong> pela<br />
importância investida no banco celeste. Os que assim procedem estão pondo um bom<br />
fundamento contra o tempo por vir, de modo a lançarem mão da vida eterna.<br />
Quando, porém, a imediata presença do Espírito de Deus não é tão vividamente<br />
sentida, e a mente fica exercitada nos interesses temporais da vida, eles são tenta<strong>dos</strong> a<br />
duvidar da validade da obrigação que voluntariamente assumiram; e, cedendo às<br />
sugestões de Satanás, raciocinam que houve sobre eles indevida pressão, e que agiram<br />
sob a agitação do momento; que as necessidades de meios para uso da causa de Deus<br />
foram exageradas; e que foram induzi<strong>dos</strong> a comprometer-se movi<strong>dos</strong> por falsos<br />
motivos, sem compreenderem bem o assunto, e portanto desejam ser dispensa<strong>dos</strong>. Têm<br />
os pastores poder para aceitar suas desculpas, e dizer: "O irmão não ficará preso a sua<br />
promessa; está livre de seu voto"? Caso ousem fazer isso, tornam-se participantes do<br />
pecado daquele que retém o que prometeu. ...<br />
A igreja é responsável pelos compromissos de seus membros individuais. Uma vez que<br />
vejam que um irmão está negligenciando cumprir seus votos, devem trabalhar<br />
bon<strong>dos</strong>a e claramente com ele. Caso o irmão não esteja em condições de pagar seu voto,<br />
e seja um membro digno e de coração voluntário, ajude-o então a igreja<br />
compassivamente. Assim poderão transpor a dificuldade, e receber eles próprios uma<br />
bênção.<br />
Deus quer que os membros de Sua igreja considerem seus compromissos para com Ele<br />
tão obrigatórios como as dívidas que tenham no comércio. Que to<strong>dos</strong> passem em<br />
revista sua vida passada, e vejam se não há quaisquer compromissos por pagar e<br />
redimir, os quais foram negligencia<strong>dos</strong>, fazendo então especiais esforços para pagar<br />
até "ao último ceitil" (Mat. 5:26); pois havemos to<strong>dos</strong> de enfrentar e suportar a decisão<br />
final de um tribunal a cuja prova só poderão resistir a integridade e a veracidade.<br />
101<br />
Testamentos e Lega<strong>dos</strong><br />
Pág. 554<br />
"Não ajunteis tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os<br />
ladrões minam e roubam. Mas ajuntai tesouros no Céu, onde nem a traça nem a<br />
ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam." Mat. 6:19 e 20. O<br />
egoísmo é um pecado que destrói a alma. A esta classe pertence a cobiça, que é<br />
idolatria. Todas as coisas pertencem a Deus. Toda a prosperidade de que desfrutamos<br />
é o resultado da beneficência divina. Deus é o grande Dispensador de todo o bem. Se<br />
Ele, pois, requer uma parte qualquer do que nos tem dado em abundância, não é para<br />
com isso Se enriquecer com as nossas dádivas. Seu fim é dar-nos oportunidade de<br />
exercer a renúncia-própria, o amor e a simpatia para com os nossos semelhantes, e<br />
sermos desse modo grandemente exalta<strong>dos</strong>.<br />
Em cada dispensação, desde os dias de Adão até hoje, Deus tem reivindicado o homem<br />
como propriedade Sua, dizendo-Se o legítimo dono do Universo; por isso pede que Lhe<br />
consagremos nossas primícias, paguemos um tributo de lealdade para com Ele,<br />
submetendo-Lhe a Sua propriedade e reconhecendo assim a Sua soberania, e em<br />
recompensa nos permite conservar Seus bens, desfrutar os mesmos, dando-nos para<br />
isso a Sua bênção. "Honra ao Senhor com a tua fazenda, e com as primícias de toda a<br />
tua renda." Prov. 3:9.<br />
As reivindicações de Deus têm a primazia. Não fazemos Sua vontade quando Lhe<br />
consagramos aquilo que resta de nossas reais ou supostas necessidades. Antes de<br />
gastarmos uma só parcela de nossos rendimentos devemos separar e oferecer a Deus a<br />
parte que de nós requer. Na velha dispensação uma oferta em ações de graças era<br />
conservada sempre queimando sobre o altar, evidenciando assim a eterna obrigação<br />
em que<br />
Pág. 555<br />
252
estamos para com Deus. Se somos prósperos em nossos negócios materiais, é porque<br />
Deus nos abençoa. Uma parte de nossa renda deve ser consagrada aos pobres e uma<br />
grande parte à causa de Deus. Se dermos a Deus o que Ele pede, o restante será<br />
santificado e abençoado em proveito nosso. Porém, se um homem rouba a Deus retendo<br />
a parte que Ele requer, a maldição recai sobre tudo que possui.<br />
Deus constitui aos homens condutos através <strong>dos</strong> quais devem fluir os meios para<br />
custear a obra que pretende realizar no mundo. Conferiu-lhes bens que deverão saber<br />
usar sabiamente, não os acumulando egoistamente ou empregando-os no luxo e na<br />
satisfação de si próprios, quer no vestuário quer no adorno de sua casa. Confiou-lhes<br />
meios para com eles suprir as necessidades de Seus servos que trabalham como<br />
missionários e pregadores, e custearem os estabelecimentos funda<strong>dos</strong> entre nós.<br />
Os que se regozijam na preciosa luz da verdade devem experimentar um desejo<br />
ardente de enviá-la a toda parte. Temos alguns fiéis porta-bandeiras que nunca se<br />
esquivam a seus deveres nem evitam responsabilidades. Seu coração e bolsa estão<br />
sempre abertos a todo pedido de meios para promover a causa de Deus. Com efeito,<br />
alguns parece até excederem a justa medida de sua obrigação, como que receando<br />
perder a oportunidade de depositar sua parte no banco do Céu.<br />
Há outros que fazem o menos que podem. Esses, se não acumulam seus bens, os<br />
dissipam, só contribuindo relutantemente com uma pequena parte para a obra de<br />
Deus. Quando fazem uma promessa ou voto a Deus, arrependem-se mais tarde, e<br />
esquivam tanto quanto podem do pagamento, se não totalmente. Calculam o dízimo o<br />
mais escassamente possível, como se considerassem perdido o que restituem a Deus.<br />
Podem as nossas várias instituições sentir-se embaraçadas à míngua de meios, mas<br />
continuam portando-se como se não lhes importasse a sua subsistência. E, contudo,<br />
são instrumentos pelos quais Deus Se propõe iluminar o mundo!<br />
Pág. 556<br />
Mordomia <strong>dos</strong> I<strong>dos</strong>os<br />
Esses estabelecimentos não desfrutam, como outros, da faculdade de subsídios ou<br />
doações. E contudo Deus os tem prosperado e abençoado grandemente, servindo-Se<br />
deles para a realização de grande bem. Há pessoas de idade entre nós que estão<br />
tocando já o termo de sua carreira, mas por falta de homens inteligentes que saibam<br />
assegurar as propriedades destas pessoas para a obra de Deus, estas passam para as<br />
mãos <strong>dos</strong> que servem a Satanás. Esses meios lhes foram empresta<strong>dos</strong> por Deus e<br />
devem ser-Lhe restituí<strong>dos</strong>, mas em nove casos de dez esses irmãos dispõem <strong>dos</strong> seus<br />
bens de maneira que Deus não é glorificado, porque, ao falecer, coisa alguma da<br />
propriedade de Deus a eles confiada reverte para os Seus tesouros. Nalguns casos<br />
esses irmãos foram assisti<strong>dos</strong> por conselheiros não consagra<strong>dos</strong>, que raciocinavam do<br />
seu ponto de vista humano e não de acordo com o parecer de Deus. Muitas vezes uma<br />
fortuna legada a filhos ou netos redunda somente em mal para seus herdeiros. Não<br />
tendo amor a Deus nem a Sua verdade, esses meios, que de direito pertencem a Deus,<br />
passam ao poder de Satanás. Satanás é muito mais vigilante, perspicaz e hábil para<br />
conseguir meios para si do que são os nossos irmãos para assegurar a propriedade de<br />
Deus para Sua obra. Muitos testamentos foram feitos de modo tão superficial que não<br />
tiveram validade perante a lei, e deste modo grandes somas se perderam para a causa.<br />
Nossos irmãos devem reconhecer que sobre eles, como fiéis servos do Senhor, pesa a<br />
responsabilidade de agir prudentemente nesses casos, a fim de assegurar-Lhe o que<br />
Lhe pertence.<br />
Muitos se revelam a este respeito de uma delicadeza descabida. Procedem como se<br />
estivessem trilhando veredas proibidas quando falam, a pessoas de idade avançada ou<br />
inváli<strong>dos</strong> a propósito de seus bens, a fim de saber como pretendem dispor deles.<br />
Entretanto é este um dever tão sagrado como pregar o Evangelho para a salvação de<br />
almas. Aqui está um homem que de Deus possui dinheiro e propriedades, e está a<br />
ponto de transferir sua mordomia. Deve colocar os meios,<br />
253
Pág. 557<br />
que de Deus recebeu empresta<strong>dos</strong> para serem usa<strong>dos</strong> em Sua obra, nas mãos de<br />
ímpios, simplesmente por serem estes seus parentes? Não devem antes homens<br />
cristãos tomar o devido interesse e experimentar ansiedade, tanto pelo bem-estar<br />
futuro dessa pessoa como pelos interesses da causa de Deus, a fim de que disponha<br />
retamente <strong>dos</strong> bens de seu Senhor - os talentos que lhe foram confia<strong>dos</strong> para sábio<br />
uso? Quererão seus irmãos que o assistem, vê-lo deixar esta vida, ao mesmo tempo<br />
privando de meios a tesouraria de Deus? Isto significaria uma perda tremenda para<br />
ele e para a causa; porque, abandonando seus talentos nas mãos de indivíduos que não<br />
têm nenhuma consideração pela verdade divina, de caso pensado coloca os talentos em<br />
um lenço e os esconde na terra.<br />
Deus deseja que Seus seguidores disponham pessoalmente de seus bens, enquanto isto<br />
lhes seja possível. Dirá alguém: "Temos porventura de renunciar a tudo que<br />
consideramos nossa propriedade?" Pode isto não nos ser exigido ainda, mas devemos<br />
estar prontos a fazê-lo por amor de Cristo. Devemos reconhecer que nossas<br />
propriedades são totalmente Suas, e usá-las liberalmente quando o progresso da obra<br />
o exigir.<br />
Muitos fecham os ouvi<strong>dos</strong> aos pedi<strong>dos</strong> de dinheiro para enviar missionários ao<br />
estrangeiro, e para a difusão da verdade por meio de impressos que devem ser<br />
espalha<strong>dos</strong> por todo o mundo como folhas de outono. Essas pessoas justificam sua<br />
avareza, alegando que tomaram disposições que deverão revelar sua caridade na<br />
ocasião da morte. Na disposição de sua última vontade, contemplaram a obra de Deus.<br />
Por isso conduzem uma vida de avareza, roubam-no nos dízimos e ofertas, e pelo seu<br />
testamento Lhe restituem apenas pequena parte do que lhes confiou, enquanto a parte<br />
maior reverte para os parentes, que não tomam nenhum interesse pela verdade.<br />
Constitui esta uma das piores formas de roubo. Roubam a Deus aquilo que Lhe devem,<br />
e isto não só durante a vida mas também na morte.<br />
É Loucura Adiar<br />
É completa loucura deixar até quase à hora da morte a<br />
Pág. 558<br />
preparação para a vida futura. É também um erro grave protelar a resposta aos apelos<br />
de liberalidade para a obra de Deus, até o tempo de transferir a outros a mordomia.<br />
Aqueles a quem confiardes os talentos que de Deus recebestes podem ou não<br />
administrá-los assim como vós o tendes feito. Como poderão pessoas abastadas<br />
arriscar-se a tanto? Os que esperam até à hora da morte para dispor sobre seus bens,<br />
parece que o fazem mais por causa da morte do que por amor a Deus. Assim<br />
procedendo, muitos estão agindo em oposição direta ao plano que Deus estabeleceu em<br />
Sua Palavra. Se quiserem fazer bem, devem aproveitar os preciosos momentos do<br />
presente, e empenhar to<strong>dos</strong> os esforços, como que temendo perder a oportunidade<br />
favorável para o fazer.<br />
Os que negligenciam deveres de que estão perfeitamente inteira<strong>dos</strong>, deixando de<br />
corresponder às reivindicações que Deus lhes faz nesta vida, e procurando acalmar a<br />
consciência com o propósito de na sua morte estabelecer um legado, não terão da parte<br />
do Mestre nem louvor nem recompensa. Estes não praticam nenhuma renúncia, mas<br />
retêm seus meios enquanto podem, renunciando-os só porque o exige a morte. Se<br />
fossem cristãos verdadeiros, praticariam em vida, estando ainda sãos e fortes, o que<br />
transferem até à morte. Devotariam a Deus a si mesmos e o que lhes pertence, ao<br />
passo que, agindo como mordomos conscienciosos, cumpririam seu dever. Como<br />
executores de seus próprios testamentos poderiam por si mesmos satisfazer às<br />
reivindicações divinas, em vez de deixar a responsabilidade disto a outros.<br />
Devemos considerar-nos despenseiros da propriedade do Senhor, e a Deus como<br />
Proprietário absoluto, a quem devemos entregar o que é Seu, quando Ele o requer.<br />
Quando vier para receber com juros o que lhes confiou, os cobiçosos se persuadirão de<br />
254
que, em vez de ter multiplicado seus talentos, acarretaram sobre si mesmos a<br />
condenação pronunciada contra o servo mau e infiel.<br />
O Senhor deseja que a morte de Seus servos seja sentida como uma perda por causa da<br />
boa influência que exerceram e das muitas ofertas voluntárias com que concorreram<br />
para<br />
Pág. 559<br />
abastecer o tesouro de Deus. Lega<strong>dos</strong> deixa<strong>dos</strong> na morte são uma miserável<br />
compensação da beneficência que se deveria praticar em vida. Os servos de Deus<br />
devem dispor de seus bens to<strong>dos</strong> os dias em boas obras e ofertas liberais ao Senhor.<br />
Não devem contentar-se com dar a Deus uma porção desproporcionadamente pequena,<br />
em comparação ao que gastam para si mesmos. Dispondo de seus bens cada dia,<br />
contemplarão nele os objetos e amigos que maior direito têm à sua afeição. Seu melhor<br />
amigo é Cristo. Ele não lhes negou a própria vida, e por amor deles Se fez pobre para<br />
que por Ele enriquecessem. Merece, portanto, todo o nosso coração, tudo quanto temos<br />
e somos.<br />
Mas muitos supostos cristãos declinam em vida as reivindicações de Jesus e O<br />
insultam na morte, legando-Lhe uma parte mesquinha de seus bens. Lembrem-se<br />
to<strong>dos</strong> que estiverem neste caso de que esta maneira de roubar a Deus não representa<br />
um ato impensado, mas um plano premeditado, pois que todo legado é instituído com a<br />
declaração expressa de estar o testador "em pleno uso de suas faculdades". Depois de<br />
haverem defraudado a obra de Deus em vida, perpetuam essa fraude na morte e com<br />
pleno apoio de suas faculdades mentais. Tal testamento muitos consideram um suave<br />
travesseiro em que reclinar a cabeça na hora extrema. Representa uma espécie de<br />
preparação para a morte, e é arranjado de modo a não perturbar a tranqüilidade de<br />
seu espírito, ao exalarem o último alento. Poderão essas pessoas descansar<br />
tranqüilamente a respeito das contas que lhes hão de ser pedidas de sua mordomia?<br />
Devemos ser to<strong>dos</strong> ricos em boas obras, se queremos garantir-nos a vida futura e<br />
eterna. Quando o juízo se instituir e os livros forem abertos, cada qual será julgado e<br />
recompensado segundo as suas obras. Muitos nomes estão registra<strong>dos</strong> nos livros da<br />
igreja, que no livro principal do Céu estão arrola<strong>dos</strong> com a nota de "defraudadores". E<br />
a menos que essas pessoas se arrependam, e trabalhem para o Mestre com<br />
desinteressada benevolência, hão de compartilhar a sorte do mordomo infiel.<br />
Sucede muitas vezes um ativo homem de negócios ser arrebatado pela morte sem<br />
prévia advertência, e acharem-se seus negócios<br />
Pág. 560<br />
em condição embaraçosa justamente quando têm de ser liqüida<strong>dos</strong>. No empenho de pôlos<br />
em ordem, uma grande parte <strong>dos</strong> bens do falecido, senão tudo, é consumida em<br />
honorários aos advoga<strong>dos</strong>, ficando a família e a causa de Cristo defraudadas daquilo<br />
que lhes seria devido. Os que são mordomos fiéis do Senhor saberão a todo tempo estar<br />
prepara<strong>dos</strong> para qualquer emergência. Se porventura seu tempo de graça terminar<br />
inesperadamente, não acarretarão tão grandes perplexidades aos que forem<br />
incumbi<strong>dos</strong> de liqüidar seus compromissos.<br />
Muitos não estão informa<strong>dos</strong> acerca da questão de fazer o testamento quando se<br />
acham ainda, aparentemente, com saúde. Essa precaução deveria, entretanto, ser<br />
tomada por nossos irmãos. Devem saber qual sua situação financeira, e não permitir<br />
que seus negócios se embaracem. Devem arranjar sua propriedade de tal maneira que<br />
a possam deixar a qualquer tempo.<br />
Os testamentos devem ser feitos de acordo com as prescrições legais. Depois de feitos,<br />
podem ser conserva<strong>dos</strong> durante anos sem prejuízo, ao passo que se continua a<br />
contribuir para a obra à medida de suas necessidades. A morte, meus irmãos, não se<br />
antecipará um dia sequer por terdes feito o vosso testamento. Ao dispor de vossos bens<br />
por testamento a favor de vossos parentes não vos esqueçais da obra de Deus. Sois<br />
Seus instrumentos, incumbi<strong>dos</strong> de zelar por Sua propriedade; e suas reivindicações<br />
255
devem merecer-vos a preferência, e ser tomadas em consideração antes de quaisquer<br />
outras. A mulher e os filhos não devem naturalmente ficar ao abandono, cumprindo<br />
prover também a suas necessidades. Não deveis, porém, simplesmente por ser assim<br />
costume, contemplar em vossas disposições uma longa lista de parentes, que não estão<br />
em necessidade.<br />
Deveis lembrar-vos sempre de que o atual sistema egoísta de dispor <strong>dos</strong> bens não é<br />
conforme o plano de Deus, mas simplesmente invenção humana. Os cristãos devem ser<br />
reformadores e romper com esse sistema, dando uma feição inteiramente nova à<br />
maneira de fazer testamentos. Tende sempre presente que é da propriedade de Deus<br />
que ides dispor. A vontade divina deve ser lei neste particular. Suponde<br />
Pág. 561<br />
que alguém vos houvesse instituído executor de seu testamento, acaso não faríeis<br />
diligência em inteirar-vos da vontade do testador, a fim de que a menor quantia<br />
tivesse sua aplicação justa? Vosso Amigo celestial vos confiou propriedades,<br />
manifestando-vos Sua vontade quanto ao modo por que devem ser usadas. Se essa Sua<br />
vontade for devidamente acatada, aquilo que pertence a Deus terá a aplicação que lhe<br />
compete dar. A causa do Senhor tem sido vergonhosamente negligenciada, ao passo<br />
que Ele deu aos homens meios suficientes com que fazer face a todas as emergências,<br />
se apenas fossem dota<strong>dos</strong> de coração grato e obediente.<br />
Continuar a Distribuir Sabiamente<br />
Os que fazem seu testamento, não devem imaginar que acabam aqui suas obrigações,<br />
mas sim desenvolver constante atividade, usando seus talentos para o<br />
engrandecimento da causa de Deus. Deus delineou planos segundo os quais to<strong>dos</strong><br />
podem cooperar diligentemente na distribuição de seus meios. Deus não Se propõe<br />
sustentar Sua obra por meio de milagres. Ele tem alguns poucos mordomos fiéis, que<br />
estão economizando e usando seus meios para promover Sua obra. A renúncia própria<br />
e a beneficência, longe de constituírem a exceção, deviam ser a regra. As crescentes<br />
necessidades da obra de Deus reclamam meios. Chegam-nos constantemente pedi<strong>dos</strong><br />
do país e do estrangeiro, solicitando missionários que lhes ensinem a luz da verdade.<br />
Isto significa aumento de obreiros e acréscimo de despesas para sua manutenção.<br />
Apenas uma pequena soma entra para os tesouros do Senhor, a fim de ser aplicada no<br />
trabalho de salvar almas, e é a muito custo que até mesmo essa soma é obtida. Se<br />
pudessem ser abertos os olhos de to<strong>dos</strong>, de modo a poderem verificar como a cobiça tem<br />
impedido o progresso da obra de Deus, e quanto mais poderia ser realizado se to<strong>dos</strong><br />
agissem de conformidade com o plano divino na contribuição <strong>dos</strong> dízimos e ofertas,<br />
uma reforma decisiva se notaria da parte de muitos; pois não ousariam impedir o<br />
avanço da causa de Deus como até aqui o têm feito. A igreja tem os olhos fecha<strong>dos</strong> ao<br />
trabalho que poderia<br />
Pág. 562<br />
fazer, se renunciasse a tudo por amor de Cristo. O verdadeiro espírito de sacrifício<br />
seria uma prova da realidade e do poder do evangelho, que o mundo não poderia<br />
interpretar mal nem negar, e abundantes bênçãos adviriam daí para a igreja.<br />
Eu exorto meus irmãos a não mais defraudarem a Deus. A situação de alguns é tal que<br />
precisam fazer testamento. Ao fazê-lo, cumpre cuidar que não seja legado aos filhos o<br />
que deve entrar para o tesouro de Deus. Esses testamentos não raro se tornam um<br />
ponto de discórdia e dissensões. Em honra do antigo povo de Deus foi relatado que Ele<br />
não Se envergonhou de ser chamado seu Deus; e a razão alegada era que, em vez de<br />
buscarem seus próprios interesses e cobiçarem bens terrestres, devotavam a si<br />
mesmos e tudo quanto possuíam, ao Senhor. Viviam tão-somente para Sua glória,<br />
declarando expressamente que buscavam outra pátria melhor, isto é, a celestial. De tal<br />
povo Deus não Se envergonhou. Não O desonravam aos olhos do mundo. A Majestade<br />
suprema não desdenhou chamá-los irmãos.<br />
A Prática da Liberalidade<br />
256
Há muitos que alegam não poder fazer mais a favor da causa do que estão<br />
presentemente fazendo; entretanto, não contribuem proporcionalmente às suas forças.<br />
O Senhor muitas vezes lhes abre os olhos, cega<strong>dos</strong> pelo egoísmo, reduzindo-lhes as<br />
rendas àquilo que estão dispostos a dar. O gado lhes morre no campo ou no estábulo, a<br />
casa ou celeiro é destruído pelo fogo, ou lhes falha a colheita. Em muitos casos Deus<br />
prova o homem com bênçãos e, em se manifestando a infidelidade quanto aos dízimos e<br />
ofertas, essas bênçãos são retiradas. "O que semeia pouco, pouco também ceifará." II<br />
Cor. 9:6. Pela graça de Cristo e pela abundância de Suas misericórdias, e honra da<br />
verdade e da religião, exortamo-vos a dedicar de novo a Deus a vossa pessoa e<br />
propriedade. Que cada qual, em vista do amor e da compaixão manifesta<strong>dos</strong> por Cristo<br />
em deixar a corte celeste a fim de sofrer renúncias, humilhação e morte, se proponha<br />
Pág. 563<br />
esta pergunta: "Quanto devo ao meu Senhor?," permitindo que suas ofertas de gratidão<br />
correspondam ao apreço em que têm o dom do Céu, na dádiva do Filho unigênito de<br />
Deus.<br />
Ao determinar a proporção da oferta a dar para a causa de Deus, deveis de preferência<br />
exceder às exigências do dever a não cumpri-las. Considerai a quem a oferta é<br />
destinada. Essa reflexão banirá a cobiça. Pensai somente no grande amor com que<br />
Cristo nos amou, e a mais preciosa oferta parecerá indigna de Sua aceitação. Se Cristo<br />
for o objeto de nossas afeições, os que recebemos a graça do Seu perdão não nos<br />
demoraremos a avaliar o preço do vaso de alabastro que contém o precioso ungüento. O<br />
cobiçoso Judas foi capaz de tanto, mas o que partilhou a graça da salvação somente<br />
lamentará que sua oferta não tenha perfume mais fino e de maior valor. Os cristãos<br />
devem considerar-se como simples condutos através <strong>dos</strong> quais as misericórdias e<br />
bênçãos divinas devem transmitir-se da Fonte de toda bondade aos semelhantes, por<br />
cuja conversão ondas de glória deveriam reverter ao Céu em louvor e ações de graças<br />
pelos que com eles se tornaram participantes do dom celestial.<br />
102<br />
Relações Entre<br />
os Membros da Igreja<br />
Pág. 564<br />
Cada indivíduo que se propõe vencer terá de lutar primeiramente contra as próprias<br />
fraquezas; e como é muito mais fácil descobrir erros em outros do que em si mesmo,<br />
importa haver muito mais cuidado e mais rigor no julgamento <strong>dos</strong> atos próprios do que<br />
nos alheios.<br />
To<strong>dos</strong> os membros da igreja, se são filhos e filhas de Deus, terão de se submeter a um<br />
processo de disciplina, antes que possam constituir-se luzes neste mundo. Deus não<br />
fará condutos de luzes a pessoas que, estando em trevas, se contentam de nelas<br />
permanecer, sem fazer nenhum esforço especial para pôr-se em comunicação com a<br />
fonte da luz. Os que sentem as suas necessidades, nelas meditam seriamente, oram<br />
diligentemente, com fervor, e desenvolvem atividade, obterão auxílio de Deus. Há<br />
muito a desaprender no que respeita à própria pessoa, como também há muito a<br />
aprender. Velhos hábitos e costumes precisam ser renuncia<strong>dos</strong> e é somente mediante<br />
um esforço sério e persistente para corrigir esses erros, e a prática <strong>dos</strong> princípios da<br />
verdade, que, pela graça divina, a vitória pode ser obtida.<br />
Desejava encontrar expressões adequadas para incutir em vosso espírito o fato de que<br />
a nossa única esperança como indivíduos está em manter ligação com Deus. Importa<br />
conseguirmos pureza de alma; e há ainda muito a fazer no sentido de um escrupuloso<br />
exame individual, da renúncia do amor-próprio e da obstinação, para o que<br />
necessitamos sem dúvida orar muito e com persistência.<br />
Calma e Domínio Próprio<br />
Pessoas severas e propensas a censurar, desculpam-se às vezes ou procuram justificar<br />
a sua falta de cortesia cristã, alegando que muitos reformadores manifestaram esse<br />
257
mesmo espírito e afirmam que a obra do presente tempo exige espírito idêntico, mas<br />
tal não é o caso. Um espírito manso e com perfeito<br />
Pág. 565<br />
domínio de si mesmo melhor se ajusta a qualquer meio, e mesmo à gente mais rude.<br />
Um zelo imprudente não beneficia a ninguém. Deus não escolheu os reformadores<br />
porque fossem homens apaixona<strong>dos</strong> e ávi<strong>dos</strong> de domínio. Aceitou-os tal qual eram, a<br />
despeito de seus defeitos de caráter; ter-lhes-ia, porém, imposto responsabilidades<br />
muito maiores, se tivessem sido humildes e subordinado sempre o espírito ao controle<br />
da razão. Ao passo que cabe aos ministros de Cristo denunciar o pecado e a impiedade,<br />
a impureza e hipocrisia, sendo algumas vezes chama<strong>dos</strong> a condenar o pecado tanto<br />
entre as classes altas como entre os humildes, expondo-lhes a indignação que de Deus<br />
há de cair sobre os transgressores de Sua lei, por outro lado não lhes compete ser<br />
imperiosos ou tirânicos, devendo antes manifestar um espírito de bondade e mansidão,<br />
uma disposição para salvar e não para destruir.<br />
A longanimidade de Deus conosco deve ensinar aos pastores e membros da igreja que<br />
aspiram a ser cooperadores de Cristo, lições positivas de paciência e amor. Cristo<br />
associou a Si a Judas e o impulsivo Pedro, não porque Judas fosse cobiçoso e Pedro<br />
apaixonado, mas para que dEle, seu grande Mestre, aprendessem a fazer-se<br />
semelhantes a Ele: desinteressa<strong>dos</strong>, mansos e humildes de coração. Jesus descobriu<br />
traços bons em ambos esses homens. Judas possuía talento financeiro e podia ter sido<br />
de grande utilidade à igreja, se tivesse aceito a lição que lhes dava Cristo,<br />
repreendendo o egoísmo, a fraude e a avareza, mesmo nos negócios de pouca<br />
importância. Esta lição foi muitas vezes repetida: "Quem é fiel no mínimo, também é<br />
fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também é injusto no muito." Luc. 16:10.<br />
Estrita Integridade<br />
Nosso Salvador procurou deste modo convencer os ouvintes de que, se alguém tirasse<br />
proveito em defraudar o próximo nas coisas mínimas, também faria o mesmo em<br />
negócios mais importantes, se tivesse oportunidade. O menor deslize da estrita retidão<br />
destrói os obstáculos de ordem moral e predispõe o<br />
Pág. 566<br />
coração para injustiças maiores. Cristo nos ensinou, pela palavra e pelo exemplo, que<br />
nosso procedimento com nossos semelhantes se deve caracterizar pela mais perfeita<br />
integridade. "Tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós."<br />
Mat. 7:12. Cristo constantemente destacava e reprovava a conduta errônea <strong>dos</strong><br />
fariseus. Professavam guardar a lei de Deus, contudo os seus atos de cada dia<br />
denunciavam a sua iniqüidade. Muitas viúvas e órfãos foram despoja<strong>dos</strong> do pouco que<br />
possuíam, a fim de satisfazer-lhes a avareza. Judas poderia ter aprendido essas lições,<br />
se no seu coração houvesse o desejo de ser reto; mas a avareza venceu e o amor ao<br />
dinheiro tornou-se poder dominante. Carregava a bolsa que continha os meios para<br />
serem usa<strong>dos</strong> em levar avante a obra de Cristo e da qual, de vez em quando, retirava<br />
pequenas quantias para as empregar em proveito próprio. Seu coração egoísta se<br />
enfadou com a oferta de Maria, ao trazer esta um vaso de alabastro cheio de nardo<br />
puro para com ele ungir a Jesus, a ponto de repreendê-la por sua imprudência. Em vez<br />
de observar a atitude de discípulo, considerou-se como mestre, propondo-se persuadir a<br />
Jesus da inconveniência daquele ato.<br />
Esses dois homens desfrutaram igualmente das oportunidades e do privilégio que<br />
ofereciam as lições e o exemplo de Jesus, para se corrigirem <strong>dos</strong> seus defeitos de<br />
caráter. Ouvindo a Jesus acusar e denunciar severamente a hipocrisia e a corrupção,<br />
podiam ao mesmo tempo presenciar como os indivíduos visa<strong>dos</strong> por essas censuras<br />
constituíam o objeto da mais incansável solicitude desenvolvida por Jesus pela sua<br />
regeneração. O Salvador chorou por causa de sua ignorância e <strong>dos</strong> seus erros. Movido<br />
de infinita compaixão e amor para com eles, exclamou para Jerusalém: "Quantas vezes<br />
258
quis Eu ajuntar os teus filhos, como a galinha os seus pintos debaixo das asas, e não<br />
quiseste!" Luc. 13:34.<br />
A Paciência de Jesus<br />
Pedro era ativo e zeloso, firme e intransigente, e Cristo viu nele um elemento útil para<br />
a Sua igreja. Por isso tomou a Si a<br />
Pág. 567<br />
Pedro buscando cultivar nele o que tivesse de prestável e valioso, e atenuar pelo Seu<br />
ensino e exemplo o que tinha de ríspido, amenizando-lhe as asperezas do trato.<br />
Quando o coração está verdadeiramente transformado pela graça divina, isto se<br />
manifestará também por uma transformação do exterior, traduzindo-se este por atos<br />
de bondade, simpatia e delicadeza. Jesus nunca Se mostrou frio e inacessível. Os<br />
aflitos muitas vezes O iam buscar no Seu retiro, tomando-Lhe o precioso tempo, de que<br />
precisava para descansar e restaurar-Se; contudo, eram sempre recebi<strong>dos</strong> com um<br />
olhar bon<strong>dos</strong>o e com palavras de conforto. Jesus foi o modelo da verdadeira cortesia.<br />
Pedro negou seu Senhor; arrependeu-se, porém, depois, e sentiu-se profundamente<br />
humilhado pelo seu grande pecado. Cristo, entretanto, mostrou que perdoara ao<br />
discípulo a falta cometida, fazendo menção especial de seu nome depois da<br />
ressurreição.<br />
Judas cedeu às tentações de Satanás e traiu seu melhor Amigo. Pedro aprendia e<br />
aproveitava as lições de Cristo, e assim levou adiante a obra de reforma que foi<br />
deixada aos discípulos depois de o Senhor ir para o Céu. Esses dois homens<br />
representam as duas classes de indivíduos que Cristo associa a Si pelo Seu evangelho,<br />
dando-lhes as oportunidades de suas lições e o exemplo de Sua vida desinteressada e<br />
compassiva, para que dEle possam aprender.<br />
Quanto mais o homem atentar em seu Salvador e estreitar o seu conhecimento com<br />
Ele, tanto mais Lhe imitará o exemplo e operará as Suas obras. A época em que<br />
vivemos está reclamando uma ação reformadora. A luz da verdade que nos dirige<br />
requer homens de decisão e verdadeiro valor moral, a fim de diligente e<br />
perseverantemente operarem em prol da salvação de to<strong>dos</strong> os que atendem ao convite<br />
do Espírito de Deus.<br />
O amor que devia reinar entre os membros da igreja freqüentemente cede lugar à<br />
crítica e censura, aparecendo isto até nas reuniões por meio de observações<br />
desamáveis e ataques pessoais. Essas coisas não devem ser admitidas pelos pastores,<br />
anciãos ou pelo povo. As reuniões da igreja devem ser<br />
Pág. 568<br />
celebradas em honra exclusiva de Deus. Quando, numa igreja se ajuntam pessoas de<br />
caráter diferente, acontece, toda vez que a verdade não conseguir amenizar as<br />
asperezas de caráter e subordiná-las, ficar a igreja prejudicada e ser a paz e a<br />
harmonia sacrificadas a esses traços egoístas e não santifica<strong>dos</strong> do crente. Muitos,<br />
movi<strong>dos</strong> pelo zelo de descobrir as faltas <strong>dos</strong> irmãos, negligenciam o exame do próprio<br />
coração e a purificação da própria vida. Isto lhes acarreta o desagrado de Deus. Os<br />
membros devem zelar, individualmente, pela própria alma, vigiar com cuidado as<br />
próprias ações, a fim de não agirem com motivos egoístas e se tornarem pedra de<br />
tropeço para os fracos.<br />
Deus aceita os homens tais quais são, com seus naturais traços de caráter, e os<br />
prepara para o Seu serviço, contanto que estejam dispostos a deixar-se educar e a<br />
aprender dEle. Os sentimentos de amargura, inveja, desconfiança e ódio, que têm<br />
raízes no coração de muitos membros da igreja, são a obra de Satanás. Esses<br />
elementos têm influência deletéria sobre a igreja. "Um pouco de fermento faz levedar<br />
toda a massa." I Cor. 5:6. O zelo religioso que se manifesta em ataques aos irmãos é<br />
sem entendimento. Cristo nada tem que ver com esses testemunhos.<br />
103<br />
Mentes Enfraquecidas<br />
259
Pág. 569<br />
É movida de amor para com vossa alma que me acho compelida a escrever-vos no<br />
momento. Sinto-me opressa sob o peso da responsabilidade que tomo agora sobre mim,<br />
de escrever-vos estas coisas. Estais, pela vossa conduta, fechando as portas do Céu<br />
diante de vós mesmos e de vossos filhos; pois nem vós nem eles ali entrareis com o<br />
caráter defeituoso que tendes atualmente. Estais, minha irmã, jogando uma partida<br />
triste na vida, sem perspectivas de ganhá-la. Com tristeza vos contemplam os santos<br />
<strong>anjos</strong>, ao passo que os <strong>anjos</strong> maus olham triunfantes, ao verem como estais perdendo<br />
rapidamente as graças que adornam o caráter cristão, enquanto em lugar delas vai<br />
Satanás gravando seus próprios traços maus.<br />
Tendes-vos entregue à leitura de romances e novelas a ponto de viver em um mundo<br />
imaginário. A influência dessa leitura é prejudicial tanto à mente como ao corpo;<br />
enfraquece o intelecto e ocasiona terrível sobrecarga às forças físicas. Ocasiões há em<br />
que vossa mente possui sanidade precária, devido à imaginação ter sido superagitada<br />
e levada a um estado doentio pela leitura de ficções. A mente deve ser disciplinada por<br />
tal forma, que todas as suas faculdades sejam harmonicamente desenvolvidas.<br />
Determinado exercício poderá revigorar algumas dessas faculdades, deixando ao<br />
mesmo tempo outras sem desenvolvimento, de modo que sua utilidade ficará<br />
prejudicada. A memória sofre grande detrimento com as leituras mal escolhidas, as<br />
quais tendem a desequilibrar as faculdades de raciocínio, criam um estado de<br />
nervosismo, fadiga mental e prostração de todo o organismo. Caso a imaginação seja<br />
constantemente superalimentada e estimulada com literatura de ficção, torna-se em<br />
breve um tirano, controlando todas as outras faculdades da mente, fazendo com que o<br />
gosto se torne caprichoso e pervertendo as tendências.<br />
Sois uma dispéptica mental. Vossa mente tem-se abarrotado de conhecimentos de toda<br />
espécie - política, história,<br />
Pág. 570<br />
teologia, anedotas - <strong>dos</strong> quais apenas uma parte pode ser retida pela maltratada<br />
memória. Muito menos conhecimentos, em uma mente bem disciplinada, seria de<br />
proveito incomparavelmente maior. Tendes negligenciado exercitar a mente com uma<br />
ação revigorante; assim, a vontade e a inclinação vos têm dominado e se assenhoreado<br />
de vós, em vez de serem servos. E o resultado é perda de energia física e mental.<br />
Por anos vossa mente tem sido como uma fonte rumorejante, quase cheia de seixos e<br />
ervas daninhas, por onde a água corre em desperdício. Fossem vossas faculdades<br />
regidas por desígnios eleva<strong>dos</strong>, e não seríeis a inválida que agora sois. Imaginais que<br />
deveis ser satisfeita em vosso caprichoso apetite e na leitura excessiva. Vi a lâmpada<br />
ardendo à meia-noite em vosso quarto, enquanto tínheis os olhos prega<strong>dos</strong> em alguma<br />
história fascinante, estimulando dessa maneira o já sobrecarregado cérebro. Essa<br />
orientação vos tem diminuído a resistência física, enfraquecendo-vos ao mesmo tempo<br />
mental e moralmente. A irregularidade tem criado desordem no lar e, caso assim<br />
continue, levará vossa mente a imergir na imbecilidade. O tempo de graça que vos é<br />
dado por Deus, tem sido mal empregado, desperdiçado o tempo por Ele a vós<br />
concedido.<br />
O Fruto da Leitura Imprópria<br />
Deus nos concede talentos a fim de serem usa<strong>dos</strong> sabiamente, e não para serem mal<br />
emprega<strong>dos</strong>. A educação não é senão um preparo das faculdades físicas, intelectuais e<br />
morais, para o melhor desempenho de to<strong>dos</strong> os deveres da vida. A leitura imprópria<br />
proporciona uma educação falsa. O poder de resistência e a atividade cerebral, poderão<br />
ser diminuí<strong>dos</strong> ou aumenta<strong>dos</strong>, segundo a maneira por que são emprega<strong>dos</strong>. Tendes<br />
diante de vós uma obra a fazer para abandonar vossa leitura leve. Afastai-a de vossa<br />
casa. Não tenhais a tentação diante de vós para perverter-vos a imaginação,<br />
desequilibrar-vos o sistema nervoso, e arruinar vossos filhos. Com o muito ler, estaivos<br />
incapacitando para fazer o bem em qualquer parte.<br />
260
Pág. 571<br />
A Bíblia não é estudada como devia; portanto, não vos tornais sábia nas Escrituras,<br />
nem estais perfeitamente preparada para toda boa obra. A leitura leve fascina a<br />
mente, e torna desinteressante a leitura da Palavra de Deus. Buscais fazer com que os<br />
outros creiam que sois versada nas Escrituras; isto, porém, não pode ser, porquanto<br />
tendes a mente entulhada de lixo. A Bíblia requer pesquisa atenta, apoiada por oração.<br />
Não basta deslizar sobre a superfície. Ao passo que algumas passagens são tão claras<br />
que não podem ser mal compreendidas, outras há que são mais complicadas, exigindo<br />
cuida<strong>dos</strong>o e paciente estudo. Qual o precioso metal oculto nos montes e montanhas,<br />
suas gemas de verdade precisam ser procuradas, e entesouradas na mente para uso<br />
por vir. Quem dera que to<strong>dos</strong> exercitassem tão constantemente o espírito em buscar o<br />
ouro celeste como na procura do ouro que perece!<br />
Quando pesquisardes as Escrituras com fervoroso desejo de aprender a verdade, Deus<br />
vos comunicará Seu Espírito ao coração, e vos impressionará a mente com a luz de Sua<br />
Palavra. A Bíblia é seu próprio intérprete, uma passagem explicando a outra.<br />
Mediante a comparação de textos referentes aos mesmos assuntos, vereis beleza e<br />
harmonia com que nem sonháveis. Não há nenhum outro livro cujo manuseio fortaleça<br />
e amplie, eleve e enobreça tanto o espírito, como o Livro <strong>dos</strong> livros. Seu estudo<br />
comunica novo vigor à mente, que é assim posta em contato com assuntos que exigem<br />
séria reflexão, sendo levada a Deus em oração em busca de poder para compreender as<br />
verdades reveladas. Uma vez que a mente seja deixada a lidar com matérias comuns,<br />
em vez de se aplicar a problemas profun<strong>dos</strong> e difíceis, estreitar-se-á e baixará ao nível<br />
<strong>dos</strong> assuntos que contempla, perdendo finalmente seu poder de expansão.<br />
__________<br />
Deus Se desagrada com os que são demasiado indolentes e descuida<strong>dos</strong> para se<br />
tornarem obreiros eficientes, bem informa<strong>dos</strong>. O cristão deve possuir mais inteligência<br />
e fina<br />
Pág. 572<br />
percepção que os mundanos. O estudo da Palavra de Deus dilata continuamente o<br />
espírito e fortalece o intelecto. Coisa alguma refinará e elevará tanto o caráter, e dará<br />
tanto vigor a toda faculdade, como o constante exercício da mente para compreender e<br />
aprender sérias e importantes verdades.<br />
A mente humana fica raquítica e debilitada, quando se ocupa apenas de assuntos<br />
triviais, não se elevando nunca acima do nível das coisas temporais e sensíveis, para<br />
apreender os mistérios do invisível. O entendimento é gradualmente levado à altura<br />
<strong>dos</strong> assuntos com que constantemente se familiariza. A mente restringirá suas<br />
faculdades e perderá as aptidões de que é dotada, uma vez que não se exercite para<br />
adquirir mais conhecimentos, e se dilate para compreender as revelações do poder<br />
divino na Natureza e na Palavra Sagrada. Testimonies, vol. 4, págs. 545 e 546, 1881.<br />
104<br />
Casamentos Erra<strong>dos</strong><br />
Pág. 573<br />
Vivemos nos derradeiros dias, quando a mania do assunto matrimonial constitui um<br />
<strong>dos</strong> sinais da próxima vinda de Cristo. Deus não é consultado nessas questões. A<br />
religião, o dever e os princípios são sacrifica<strong>dos</strong> a fim de satisfazer aos impulsos do<br />
coração não consagrado. Não deve haver grande ostentação e regozijo sobre a união<br />
<strong>dos</strong> nubentes. Nem um casamento em cem se demonstra feliz, e tem a sanção de Deus<br />
e coloca os cônjuges em condições de melhor O glorificarem. Inúmeras são as más<br />
conseqüências de maus casamentos. São realiza<strong>dos</strong> por impulso. Uma visão sincera do<br />
assunto, mal se pensa em obter, e a consulta com as pessoas de experiência é<br />
considerada coisa antiquada.<br />
Impulso e paixão profana, eis o que ocupa o lugar do amor puro. Muitos põem em risco<br />
a própria alma, e trazem sobre si a maldição de Deus por entrarem nas relações<br />
261
conjugais unicamente para satisfazer à fantasia. Foram-me mostra<strong>dos</strong> casos de<br />
pessoas que professam a verdade, e cometeram grande erro casando-se com incrédulos.<br />
Foi por eles nutrida a esperança de que a parte não crente havia de abraçar a verdade;<br />
uma vez que essa parte conseguiu seu objetivo, porém, fica mais afastada da verdade<br />
que dantes. Começam então as sutis operações, os contínuos esforços do inimigo para<br />
desviar o crente da fé.<br />
A Influência das Alianças Mundanas<br />
Muitos há que estão perdendo o interesse e a confiança na verdade, por se haverem<br />
entrado em íntimo contato com incrédulos. Respiram uma atmosfera de dúvida, de<br />
desconfiança, de<br />
Pág. 574<br />
infidelidade. Têm a incredulidade diante <strong>dos</strong> olhos, <strong>dos</strong> ouvi<strong>dos</strong>, e afinal a acalentam.<br />
Alguns talvez tenham valor de resistir a essas influências; em muitos casos, porém,<br />
sua fé fica imperceptivelmente minada, destruída afinal. Satanás foi então bemsucedido<br />
em seus planos. Operou tão sorrateiramente por meio de seus instrumentos,<br />
que as barreiras da fé e da verdade foram derribadas antes de os crentes terem<br />
qualquer idéia da situação em que se encontravam.<br />
Coisa perigosa é formar uma aliança mundana. Bem sabe Satanás que o momento que<br />
testemunha o enlace de muitos rapazes e moças, põe um ponto final em sua história<br />
religiosa, em sua utilidade nesse sentido. Acham-se perdi<strong>dos</strong> para Cristo. Poderão, por<br />
algum tempo, fazer um esforço para viver a vida cristã; to<strong>dos</strong> esses esforços, no<br />
entanto, são feitos contra decidida corrente em sentido contrário. Outrora era para<br />
eles um privilégio e prazer falar acerca de sua fé e esperança; chegam, porém, a<br />
relutar para mencionar tal assunto, sabendo que aquele com quem uniram o destino<br />
não tem nenhum interesse no mesmo. Em conseqüência, perece no coração a fé na<br />
preciosa verdade, e Satanás tece traiçoeiramente em torno deles uma rede de<br />
ceticismo.<br />
É o levar ao excesso o que é lícito, o que o torna grave pecado. Os que professam a<br />
verdade espezinham a vontade de Deus desposando incrédulos; perdem-Lhe o favor, e<br />
fazem dura a obra do arrependimento. O incrédulo poderá ser dotado de excelente<br />
caráter moral; o fato, porém, de que ele ou ela não atendeu às reivindicações de Deus,<br />
e negligenciou tão grande salvação, é razão suficiente para que se não consume tal<br />
união. O caráter do incrédulo talvez seja semelhante ao do jovem a quem Jesus dirigiu<br />
as palavras: "Uma coisa te falta" (Luc. 18:22); aquilo era a coisa necessária.<br />
Alega-se por vezes que o incrédulo é favorável à religião, e é tudo quanto se poderia<br />
desejar para um companheiro, a não ser uma coisa: não ser cristão. Se bem que o<br />
melhor discernimento do crente lhe sugira ser inconveniente unir-se para toda a vida<br />
com uma pessoa que não partilha da fé, todavia, em<br />
Pág. 575<br />
nove casos em cada dez triunfa a inclinação. O declínio espiritual começa no momento<br />
em que se proferem os votos no altar; o fervor religioso é arrefecido, e vão sendo<br />
derribadas uma após outra as fortalezas, até que se encontram ambos uni<strong>dos</strong> sob a<br />
negra bandeira de Satanás. Mesmo nos festejos das bodas, o espírito mundano triunfa<br />
da consciência, da fé e da verdade. No novo lar não é respeitada a hora da oração. A<br />
noiva e o noivo preferiram-se um ao outro e despediram a Jesus.<br />
A princípio talvez o incrédulo não manifeste oposição; quando, porém, é apresentado à<br />
sua atenção o assunto da verdade bíblica, para que o considere, ergue-se<br />
imediatamente o sentimento: "Você casou comigo sabendo que eu era o que sou; não<br />
quero ser incomodado. Daqui em diante fique entendido que são proibidas as<br />
conversas sobre seus peculiares pontos de vista." Caso o crente manifestasse qualquer<br />
zelo especial com relação a sua fé, pareceria descortês para com aquele que não toma<br />
nenhum interesse na vida cristã.<br />
262
O crente raciocina que, nas novas relações, tem de conceder alguma coisa ao<br />
companheiro de sua escolha. São patrocina<strong>dos</strong> entretenimentos sociais, mundanos. A<br />
princípio com grande relutância de sentimentos por parte do crente ao fazer isto, mas<br />
depois o interesse na verdade vai-se tornando cada vez menor, e a fé se transforma em<br />
dúvida e incredulidade. Ninguém haveria suspeitado que aquele outrora firme e<br />
consciencioso crente e consagrado seguidor de Cristo se pudesse tornar um dia<br />
duvi<strong>dos</strong>o e cheio de astúcias. Oh! a mudança operada por aquele matrimônio<br />
imprudente!<br />
Considerar Sinceramente a Questão<br />
Que deve fazer todo crente quando levado a essa posição difícil para a solidez <strong>dos</strong><br />
princípios religiosos? Com firmeza digna de imitação, deve ele dizer francamente: "Sou<br />
um cristão consciencioso. Creio que o sétimo dia da semana é o sábado bíblico. Nossa fé<br />
e princípios são tão diversos, que levam a direções opostas. Não nos é possível ser<br />
felizes juntos, pois se<br />
Pág. 576<br />
prossigo em adquirir mais perfeito conhecimento da vontade de Deus, tornar-me-ei<br />
mais e mais diferente do mundo, e mais me assemelharei a Cristo. Se você continua a<br />
não ver nenhuma beleza em Jesus, nenhuma atração na verdade, amará o mundo, que<br />
eu não posso amar, ao passo que eu me deleitarei nas coisas de Deus que você não<br />
pode apreciar. As coisas espirituais discernem-se espiritualmente. Sem discernimento<br />
espiritual você será incapaz de ver os direitos que Deus tem sobre mim, ou de avaliar<br />
minhas obrigações para com o Mestre a quem sirvo; então você achará que o<br />
negligencio por causa de meus deveres religiosos. Não se sentirá feliz; terá ciúmes da<br />
afeição que consagro a Deus; e sentir-me-ei só em minha crença religiosa. Quando se<br />
mudarem seus pontos de vista, quando seu coração atender aos reclamos de Deus, e<br />
aprender a amar a meu Salvador, então poderemos reatar nossas relações."<br />
O crente faz então por Cristo um sacrifício que sua consciência aprovará, e que mostra<br />
que ele estima a vida eterna demasiado alto para correr o risco de perdê-la. Sente que<br />
melhor lhe é permanecer solteiro do que ligar seus interesses por toda a vida com uma<br />
pessoa que prefere o mundo a Jesus, e que o buscaria levar para longe da cruz de<br />
Cristo. O perigo de dedicar o afeto aos incrédulos, porém, não é avaliado. Na mente<br />
juvenil, o casamento se acha revestido de um romance, e difícil é despojá-lo desse<br />
aspecto com que a imaginação o envolve, e impressionar o espírito com o senso das<br />
pesadas responsabilidades compreendidas nos votos matrimoniais. Esses votos ligam<br />
os destinos de duas pessoas com laços que coisa alguma senão a mão da morte deve<br />
desatar.<br />
Eles não Podem Andar Juntos<br />
Há de uma pessoa que está em busca da glória, honra, imortalidade, vida eterna,<br />
formar união com outra que se recusa a entrar na fileira com os solda<strong>dos</strong> da cruz de<br />
Cristo? Haveis vós, que professais escolher a Cristo como vosso chefe e ser-Lhe<br />
obediente, em tudo, de unir vossos interesses com uma pessoa<br />
Pág. 577<br />
que é governada pelo príncipe <strong>dos</strong> poderes das trevas? "Andarão dois juntos, se não<br />
estiverem de acordo?" Amós 3:3. "Também vos digo que, se dois de vós concordarem na<br />
Terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por Meu Pai, que está<br />
nos Céus." Mat. 18:19. Quão estranho, porém, o que se nos depara! Enquanto um<br />
daqueles que se acham tão estreitamente uni<strong>dos</strong> está empenhado em devoção, o outro<br />
vive indiferente e descui<strong>dos</strong>o; ao passo que um busca o caminho da vida eterna, o outro<br />
segue a estrada larga que conduz à morte.<br />
Centenas de pessoas têm sacrificado a Cristo e ao Céu em conseqüência de haverem<br />
desposado um inconverso. Acaso pode ser que o amor e o companheirismo com Cristo<br />
seja de tão pouco valor para eles, que prefiram a companhia de pobres mortais? É o<br />
263
Céu tão pouco estimado que estejam dispostos a arriscar esse prêmio por alguém que<br />
não sente amor algum para com o precioso Salvador?<br />
A felicidade e o êxito da vida de casa<strong>dos</strong> depende da união <strong>dos</strong> cônjuges. Como pode a<br />
mente carnal se harmonizar com o espírito semelhante ao de Cristo? Um semeia na<br />
carne, pensando e agindo em harmonia com os impulsos do próprio coração; o outro<br />
semeia no Espírito, reprimindo o egoísmo, vencendo as inclinações, e vivendo em<br />
obediência ao Mestre, a quem professa servir. Existe, portanto, eterna diferença de<br />
gostos, inclinações e desígnios. A menos que o crente, mediante sua firme adesão aos<br />
princípios, conquiste o impenitente, há de, como é o mais comum, ficar desanimado, e<br />
vender seus princípios religiosos pela desvaliosa companhia de um ente que não tem<br />
ligação com o Céu.<br />
Deus proibiu rigorosamente o entrelaçamento, por alianças matrimoniais, de Seu povo<br />
com as outras nações. Alega-se agora que essa proibição foi feita a fim de impedir os<br />
hebreus de casarem com idólatras, e formarem ligações com famílias pagãs. Os pagãos,<br />
no entanto, achavam-se em condições mais favoráveis do que os impenitentes desta<br />
geração, os quais,<br />
Pág. 578<br />
tendo a luz da verdade, ainda se recusam persistentemente a aceitá-la. O pecador de<br />
hoje é incomparavelmente mais culpado que os gentios, pois a luz do evangelho brilha<br />
clara ao seu redor. Ele viola a consciência, e é um inimigo deliberado do Senhor. O<br />
motivo indicado por Deus para proibir esses casamentos, foi: "Pois fariam desviar teus<br />
filhos de Mim." Deut. 7:4. Aqueles, dentre o antigo Israel, que se arriscaram a<br />
desprezar a proibição divina, fizeram-no com sacrifício <strong>dos</strong> princípios religiosos. Tomai<br />
o caso de Salomão como exemplo. Suas mulheres lhe desviaram o coração de Deus.<br />
105<br />
Obreiros Fiéis<br />
Pág. 579<br />
A paz de Cristo, a paz de Cristo - o dinheiro não a pode comprar; o talento brilhante<br />
não se pode dela assenhorear; o intelecto não pode consegui-la; ela é um dom de Deus.<br />
A religião de Cristo - como hei de fazer to<strong>dos</strong> compreenderem a grande perda que<br />
sofrerão se deixarem de pôr seus santos princípios na vida diária? A mansidão e<br />
humildade de Cristo, eis a força do cristão. Isto é na verdade mais precioso que todas<br />
as coisas que o gênio possa criar, ou possam ser adquiridas com a riqueza. De todas as<br />
coisas que se buscam, acariciam e cultivam, coisa alguma há, tão valiosa aos olhos de<br />
Deus, como um coração puro, a disposição impregnada de reconhecimento e paz.<br />
Caso exista no coração a divina harmonia da verdade e do amor, resplandecerá em<br />
palavras e ações. O mais cuida<strong>dos</strong>o cultivo das boas maneiras e cortesias da vida, não<br />
possui suficiente poder para excluir toda a impaciência, juízo precipitado e linguagem<br />
imprópria. O espírito de genuína bondade deve habitar no coração. O amor dá graça,<br />
propriedade e modéstia na conduta àquele que o possui. O amor ilumina o semblante e<br />
suaviza a voz, e enobrece e eleva a inteira personalidade. Põe-na em harmonia com<br />
Deus; pois é um atributo celeste.<br />
Muitos se acham em risco de pensar que, nos cuida<strong>dos</strong> do serviço, escrevendo e<br />
trabalhando como médicos, ou cumprindo seus deveres nos vários departamentos, são<br />
escusáveis se deixam de orar, se negligenciam o sábado e os cultos. As coisas sagradas<br />
são assim rebaixadas a fim de favorecer-lhes as conveniências, ao passo que os<br />
deveres, as abnegações e as cruzes são deixa<strong>dos</strong> de lado. Nem os médicos nem os<br />
auxiliares devem tentar fazer seu trabalho sem consagrar tempo à oração. Deus seria o<br />
ajudador de to<strong>dos</strong> quantos O<br />
Pág. 580<br />
professam amar, caso com Ele fossem ter com fé e sentindo a própria fraqueza,<br />
ansiassem Seu poder. Quando eles se separam de Deus, sua sabedoria demonstrar-seá<br />
insensatez. Quando se acham pequenos aos próprios olhos, e se apóiam com todo o<br />
264
peso em seu Deus, então Ele lhes é o braço de seu poder, e os esforços que fizerem<br />
serão segui<strong>dos</strong> de êxito; ao permitirem, porém, que a mente se desvie do Senhor,<br />
Satanás nela penetra, controla os pensamentos e perverte o juízo.<br />
Pessoa alguma se acha em maior perigo do que aquela que crê segura a sua montanha.<br />
É então que o pé lhe começa a deslizar. Sobrevirão tentações, uma após outra, e será<br />
tão imperceptível a influência das mesmas sobre a vida e o caráter que, a menos que<br />
seja guardado pelo poder divino, ele será corrompido pelo espírito do mundo, e deixará<br />
de realizar o desígnio de Deus. Tudo quanto o homem possui, foi-lhe dado pelo Senhor,<br />
e aquele que desenvolve suas aptidões para glória de Deus, será um instrumento para<br />
o bem; mas, da mesma maneira que não nos é possível ser fisicamente fortes sem<br />
tomar o alimento temporal, não podemos viver a vida religiosa sem constante oração e<br />
o cumprimento <strong>dos</strong> deveres espirituais. Precisamos sentar-nos diariamente à mesa de<br />
Deus. Importa que recebamos forças da Videira Viva, caso nos devamos nutrir.<br />
A direção seguida por alguns, de empregarem méto<strong>dos</strong> mundanos a fim de<br />
conseguirem seus desígnios, não se encontra em harmonia com a vontade divina. Vêem<br />
erros que necessitam ser corrigi<strong>dos</strong>, mas não querem trazer a reprovação sobre si<br />
mesmos, e em vez de, animosamente, enfrentarem essas coisas, lançam a<br />
responsabilidade sobre outros, e deixam-nos fazer face às dificuldades a que se<br />
eximiram; e em muitos casos, o que fala claramente é considerado o grande culpado.<br />
Irmãos, rogo-vos que procedais tendo unicamente em vista a glória de Deus. Seja Seu<br />
poder a vossa confiança, vossa força a Sua graça. Por meio de estudo das Escrituras e<br />
de fervorosa oração, buscai obter percepções claras de vosso dever, e depois cumpri-o<br />
fielmente. É essencial cultivardes fidelidade nas pequeninas coisas e, assim fazendo,<br />
formareis hábitos de<br />
Pág. 581<br />
integridade nas responsabilidades maiores. Os pequenos incidentes da vida diária<br />
passam muitas vezes sem os notarmos; são no entanto essas coisas que moldam o<br />
caráter. Todo acontecimento da vida é de grande importância para bem ou para mal. A<br />
mente precisa ser exercitada pelas provas diárias, a fim de adquirir vigor para resistir<br />
em qualquer situação difícil. Nos dias de prova e de perigo, necessitareis estar<br />
fortaleci<strong>dos</strong> para ficar firmes ao lado do direito, a despeito de toda influência contrária.<br />
Deus está disposto a fazer muito por vós, uma vez que tão-somente sintais vossa<br />
dependência dEle. Jesus vos ama. Procurai andar sempre à luz da sabedoria divina; e<br />
em meio de todas as mutáveis circunstâncias da vida, não descanseis a menos que<br />
saibais que vossa vontade se acha em harmonia com a vontade de vosso Criador.<br />
Mediante fé nEle, podeis conseguir força para resistir a toda tentação de Satanás,<br />
crescendo assim em energia moral a cada prova enviada por Deus.<br />
Podereis tornar-vos homens de responsabilidade e influência se, pelo poder de vossa<br />
vontade, unido à força divina, vos empenhardes fervorosamente no trabalho. Exercitai<br />
as faculdades mentais, e em caso algum negligencieis as físicas. Não deixeis que a<br />
preguiça intelectual feche vossa vereda para maior conhecimento. Aprendei a refletir,<br />
assim como a estudar, a fim de que vossa mente se expanda, fortaleça e desenvolva.<br />
Nunca penseis que tendes aprendido bastante e que podeis agora afrouxar vossos<br />
esforços. A mente cultivada é a medida do homem. Vossa educação deve continuar por<br />
toda a vossa vida; cada dia deveis estar aprendendo e pondo em uso prático o<br />
conhecimento adquirido.<br />
106<br />
No Labirinto da Dúvida<br />
Pág. 582<br />
Não há desculpa para a dúvida ou ceticismo. Deus tomou amplas medidas para<br />
estabelecer a fé de to<strong>dos</strong> os homens, caso eles estejam dispostos a tomar sua decisão<br />
em face da força das evidências. Se, porém, esperam que sejam removidas todas as<br />
aparentes objeções, para então crerem, nunca virão a ficar estabeleci<strong>dos</strong>, arraiga<strong>dos</strong> e<br />
265
firma<strong>dos</strong> na verdade. Deus nunca afastará todas as aparentes dificuldades de nosso<br />
caminho. Os que desejam duvidar, encontrarão oportunidade para isso; os que desejam<br />
crer, acharão abundância de provas em que basearem a fé.<br />
É inexplicável a atitude de alguns - inexplicável mesmo para eles. Esses andam<br />
flutuando sem uma âncora, joga<strong>dos</strong> daqui para ali na cerração da incerteza. Bem logo<br />
Satanás se apodera do leme, e dirige-lhes o frágil barquinho de acordo com sua<br />
vontade. Ficam sujeitos a sua vontade. Não houvessem essas mentes dado ouvi<strong>dos</strong> a<br />
Satanás, e não teriam sido iludidas pelos seus enganos; houvessem permanecido<br />
firmes do lado de Deus, e não teriam ficado confundidas e perplexas.<br />
Deus e os <strong>anjos</strong> observam com intenso interesse o desenvolvimento do caráter, e estão<br />
pesando o valor moral. Os que resistirem aos ardis do inimigo, sairão como ouro<br />
provado no fogo. Os que são derriba<strong>dos</strong> de sua posição pelas ondas das tentações,<br />
imaginam, como Eva, que estão ficando admiravelmente sábios, saindo da ignorância e<br />
estrita conscienciosidade; à semelhança dela, porém, achar-se-ão lamentavelmente<br />
iludi<strong>dos</strong>. Andaram em perseguição de sombras, trocando a sabedoria celeste pelo frágil<br />
juízo humano. Um pouquinho de conhecimento os tornou presumi<strong>dos</strong>. Um<br />
conhecimento mais profundo e completo acerca de Deus e deles próprios, tê-los-ia<br />
Pág. 583<br />
tornado novamente homens sãos e sensatos, firmando-os do lado da verdade, <strong>dos</strong> <strong>anjos</strong><br />
e de Deus.<br />
A palavra divina julgar-nos-á, a cada um de nós, no grande dia final. Os rapazes falam<br />
acerca de ciência, e sua sabedoria está acima do que está escrito; buscam explicar os<br />
caminhos e obras de Deus de modo a satisfazer a própria compreensão finita; tudo<br />
isso, porém, é deplorável fracasso. A verdadeira ciência e a inspiração se acham em<br />
perfeita harmonia. A falsa ciência é um tanto independente da divindade. Não passa<br />
de pretensiosa ignorância. Esse enganoso poder tem cativado e escravizado a mente de<br />
muitos, os quais preferiram as trevas à luz. Colocaram-se ao lado da incredulidade,<br />
como se duvidar fora virtude, indício de elevação de espírito - quando, ao contrário, é<br />
sinal de espírito demasiado fraco e estreito para perceber a Deus em Suas obras<br />
criadas. Não poderiam sondar o mistério de Sua providência, ainda que, com todas as<br />
suas forças, o estudassem por toda vida. E porque as obras divinas não podem ser<br />
explicadas por mentes finitas, Satanás traz sobre eles seus enganos, e enreda-os nas<br />
malhas da incredulidade. Caso esses duvi<strong>dos</strong>os se ponham em íntimo contato com<br />
Deus, Ele tornará claros Seus desígnios à compreensão deles.<br />
As coisas espirituais discernem-se espiritualmente. A mente carnal não é capaz de<br />
compreender esses mistérios. Continuem os questionadores e duvi<strong>dos</strong>os a seguir o<br />
grande enganador, e as impressões e convicções do Espírito de Deus hão de tornar-se<br />
mais e mais fracas, mais freqüentes as sugestões do inimigo, até que a mente se<br />
submeterá de todo ao seu domínio. Então o que a essas mentes confundidas se afigura<br />
como sendo loucura, será o poder de Deus, e o que Ele considera como loucura ser-lhesá<br />
sabedoria e força.<br />
Um <strong>dos</strong> grandes males que tem acompanhado a pesquisa do conhecimento, as<br />
descobertas da ciência, é que os que se têm empenhado nesses estu<strong>dos</strong>, perdem<br />
demasiadas vezes de vista o caráter divino da religião pura e incontaminada. Os<br />
sábios segundo o mundo têm procurado explicar, basea<strong>dos</strong> em princípios científicos, a<br />
influência do Espírito de Deus sobre o<br />
Pág. 584<br />
coração. O mínimo passo nessa direção introduzirá a alma no labirinto do ceticismo. A<br />
religião da Bíblia é simplesmente o mistério da piedade; nenhuma mente humana o<br />
pode plenamente entender, e é de todo incompreensível ao coração não regenerado.<br />
O Filho de Deus comparou as operações do Espírito Santo com o vento, que "assopra<br />
onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde vai". João 3:8.<br />
Lemos ainda, no Sagrado Registro, que o Redentor do mundo regozijou-Se em espírito,<br />
266
e disse: "Graças Te dou, ó Pai, Senhor do Céu e da Terra, que ocultaste estas coisas aos<br />
sábios e entendi<strong>dos</strong>, e as revelaste aos pequeninos." Mat. 11:25. O Salvador regozijou-<br />
Se por que o plano da salvação é de tal natureza que aqueles que são sábios aos<br />
próprios olhos, que se acham incha<strong>dos</strong> pelos ensinos da vã filosofia, não podem ver a<br />
beleza, o poder e o oculto mistério do evangelho. A to<strong>dos</strong> quantos são humildes de<br />
coração, porém, que possuem um desejo dócil, sincero, infantil, de conhecer e fazer a<br />
vontade de seu Pai celeste, Sua Palavra é revelada como o poder de Deus para<br />
salvação.<br />
107<br />
A Influência <strong>dos</strong> Companheiros<br />
Pág. 585<br />
Em nossas instituições, onde muitos trabalham juntos, bem grande é a influência <strong>dos</strong><br />
companheiros. É natural buscar companheirismo. To<strong>dos</strong> encontrarão companheiros ou<br />
os farão. E exatamente na medida da força da amizade, será o grau de influência<br />
exercida pelos amigos uns nos outros, para bem ou para mal. To<strong>dos</strong> terão amigos, e<br />
influenciarão e serão influencia<strong>dos</strong>.<br />
Misterioso é o laço que liga entre si os corações humanos, de modo que os gostos, os<br />
sentimentos e os princípios das duas pessoas ficam intimamente associa<strong>dos</strong>. Um<br />
apanha o espírito e copia as maneiras e as ações do outro. Como a cera toma a forma<br />
do sinete, assim a mente recebe a impressão produzida pelo intercâmbio e o convívio.<br />
Talvez a influência seja inconsciente, todavia não será menos poderosa.<br />
Fosse a juventude persuadida a associar-se com os puros, os refleti<strong>dos</strong> e amáveis,<br />
muito salutar seria o efeito. Caso se escolham companheiros que temam ao Senhor, a<br />
influência induzirá à verdade, ao dever, à santidade. Uma vida verdadeiramente cristã<br />
é uma força para o bem. Por outro lado, porém, os que se acompanham com homens e<br />
mulheres de moral duvi<strong>dos</strong>a, ou de maus costumes e princípios, dentro em breve<br />
estarão andando nos mesmos caminhos. As tendências do coração natural são<br />
descendentes. Os que convivem com os céticos tornar-se-ão em breve céticos também;<br />
os que preferem a companhia <strong>dos</strong> vis, com certeza tornar-se-ão vis por sua vez. Andar<br />
no conselho <strong>dos</strong> ímpios é o primeiro passo para deter-se no caminho <strong>dos</strong> pecadores e<br />
sentar-se na roda <strong>dos</strong> escarnecedores.<br />
Ora, to<strong>dos</strong> os que quiserem formar um caráter reto, escolham companheiros de uma<br />
séria e refletida disposição de espírito,<br />
Pág. 586<br />
e que tenham inclinação religiosa. Os que fizeram as contas, e desejam construir para<br />
a eternidade, devem pôr bom material nessa construção. Se aceitam vigas apodrecidas,<br />
se se contentam com as deficiências do caráter, o edifício está condenado à ruína.<br />
Cuidem to<strong>dos</strong> na maneira por que edificam. A tempestade da tentação se abaterá<br />
sobre a casa, e a menos que ela esteja firme e fielmente construída, não resistirá à<br />
prova.<br />
O bom nome é mais precioso do que o ouro. Há da parte <strong>dos</strong> jovens a tendência de se<br />
associarem com outros de espírito e moral inferiores. Que satisfação real pode uma<br />
pessoa jovem esperar da voluntária ligação com outras de baixa norma nas idéias, nos<br />
sentimentos e na conduta? Alguns têm gostos corrompi<strong>dos</strong> e hábitos deprava<strong>dos</strong>, e<br />
to<strong>dos</strong> quantos buscam tais companheiros seguir-lhes-ão o exemplo. Vivemos em<br />
tempos de perigos de molde a fazer temer o coração de to<strong>dos</strong>. Vemos o espírito de<br />
muitos errando pelo labirinto do ceticismo. As causas são ignorância, orgulho, um<br />
caráter defeituoso. Dura é, para o coração do homem caído, a lição da humildade. Há<br />
qualquer coisa no coração humano que se insurge contra a verdade revelada quanto<br />
aos assuntos relaciona<strong>dos</strong> com Deus e os pecadores, a transgressão da lei divina e o<br />
perdão mediante Cristo.<br />
Guardar a Mente<br />
267
Irmãos e irmãs, velhos e jovens, quando tiverdes uma hora de lazer, abri a Bíblia e<br />
entesourai na mente suas preciosas verdades. Quando empenha<strong>dos</strong> no trabalho,<br />
guardai a mente, conservai-a firme em Deus, falai menos e meditai mais. Lembrai-vos<br />
de que: "De toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do<br />
juízo." Mat. 12:36. Escolhei as palavras; isto fechará uma porta ao adversário de<br />
vossas almas. Que o dia comece com oração; trabalhai como diante de Deus. Seus <strong>anjos</strong><br />
se acham sempre ao vosso lado, anotando vossas palavras, vosso comportamento, e a<br />
maneira em que fazeis o serviço. Caso vos desvieis do bom conselho, e prefirais<br />
associar-vos com os que tendes razão de suspeitar que não se inclinam para a religião,<br />
embora professem<br />
Pág. 587<br />
cristianismo, tornar-vos-eis em breve semelhantes a eles. Colocai-vos no caminho da<br />
tentação, no campo de batalha de Satanás e, a menos que estejais continuamente em<br />
guarda, sereis venci<strong>dos</strong> por seus ardis. Pessoas há que por algum tempo professaram<br />
ser religiosas, e que estão, para to<strong>dos</strong> os intentos e propósitos, sem Deus e sem uma<br />
consciência sensível. São vãs e frívolas; sua conversa é de baixo teor. O namoro e o<br />
casamento lhes ocupam o espírito, com exclusão <strong>dos</strong> pensamentos mais eleva<strong>dos</strong> e<br />
nobres.<br />
As Companhias Decidem Nosso Destino<br />
As companhias escolhidas pelos obreiros estão-lhes decidindo o destino para este<br />
mundo e o outro. Alguns que dantes eram conscienciosos e fiéis, têm mudado<br />
lamentavelmente; desligaram-se de Deus, e Satanás os tem seduzido para o seu lado.<br />
São agora irreligiosos e irreverentes, e exercem influência sobre outros facilmente<br />
moldáveis. As más companhias estão deteriorando o caráter; os princípios estão sendo<br />
mina<strong>dos</strong>. "Quem anda com os sábios será sábio; mas o companheiro <strong>dos</strong> loucos acharse-á<br />
mal." Prov. 13:20, Versão Brasileira.<br />
Os jovens se acham em perigo; são, porém, cegos para discernir as tendências e<br />
resultado da direção que seguem. Muitos deles empenham-se em flertes. Parecem<br />
absorvi<strong>dos</strong>. Nada há de nobre, digno ou sagrado nessas amizades; como são suscitadas<br />
por Satanás, a influência delas é de molde a agradar-lhe, a ele. As advertências dadas<br />
a essas pessoas, caem em ouvi<strong>dos</strong> moucos. São obstinadas, voluntariosas, desafiantes.<br />
Acham que a advertência, o conselho, ou a reprovação, não se aplicam a eles. Não se<br />
preocupam absolutamente com o rumo que estão seguindo. Estão-se continuamente<br />
separando da luz e do amor de Deus. Perdem todo o discernimento das coisas sagradas<br />
e eternas; e conquanto observem uma seca forma de deveres cristãos, não põem o<br />
coração nesses exercícios religiosos. Inteiramente tarde hão de essas almas iludidas<br />
compreender que "estreita é<br />
Pág. 588<br />
a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem". Mat.<br />
7:14.<br />
Acham-se registradas as palavras, as ações, os motivos; quão pouco, porém,<br />
compreendem essas cabeças leves, superficiais, e esses corações duros, que um anjo de<br />
Deus está escrevendo a maneira em que são emprega<strong>dos</strong> seus preciosos momentos!<br />
Deus trará à luz toda a palavra e toda ação. Ele está em toda parte. Embora invisíveis,<br />
Seus mensageiros visitam-nos na sala de trabalho, no quarto de dormir. As obras<br />
ocultas das trevas, serão trazidas à luz. Revela<strong>dos</strong> serão os pensamentos, os intentos e<br />
desígnios do coração. Todas as coisas se acham claras e patentes aos olhos daquele com<br />
quem temos de tratar.<br />
Tornar Nossa Obra Enobrecedora<br />
Os obreiros devem levar Jesus consigo para todo departamento de trabalho. Seja o que<br />
for que seja feito, deve ser executado com uma exatidão e esmero que resista à<br />
inspeção. O coração deve estar na obra. A fidelidade é tão essencial nos deveres<br />
comuns da vida, como nesses que envolvem maior responsabilidade. Talvez alguns<br />
268
concebam a idéia de que seu trabalho não é enobrecedor; ele, porém, será justamente<br />
aquilo que o quiserem tornar. Unicamente eles podem rebaixar ou elevar sua<br />
ocupação. Quiséramos que todo zangão fosse compelido a labutar para ganhar o pão de<br />
cada dia; pois o trabalho é uma bênção, não uma maldição. O labor diligente guardarnos-á<br />
de muito laço de Satanás, que "ainda encontra alguma maldade para as mãos<br />
ociosas".<br />
Nenhum de nós deve envergonhar-se do trabalho, por mais servil e menor que pareça.<br />
O trabalho é enobrecedor. To<strong>dos</strong> quantos labutam com a cabeça ou com as mãos, são<br />
homens e mulheres de trabalho. E to<strong>dos</strong> honram tanto sua religião lidando no tanque<br />
de lavar roupa ou na pia <strong>dos</strong> pratos, como o fazem quando vão às reuniões. Enquanto<br />
as mãos se encontram ocupadas nos serviços mais comuns, a mente pode ser elevada e<br />
enobrecida por pensamentos santos e puros. Quando qualquer <strong>dos</strong> obreiros<br />
Pág. 589<br />
manifesta falta de respeito pelas coisas religiosas, deve ser desligado da obra.<br />
Ninguém pense que a instituição depende deles.<br />
Os que têm estado por muito tempo trabalhando em nossas instituições deviam ser<br />
agora obreiros de responsabilidade, de confiança em todo lugar, tão fiéis ao dever como<br />
a bússola ao pólo. Houvessem eles empregado devidamente suas oportunidades, e<br />
teriam agora caráter harmônico e uma profunda e viva experiência nas coisas<br />
religiosas. Mas alguns deles se separaram de Deus. A religião é posta de lado. Não é<br />
um princípio arraigado, cuida<strong>dos</strong>amente nutrido onde quer que vão, seja qual for a<br />
sociedade a que sejam lança<strong>dos</strong>, e que se demonstra uma âncora para a alma. Quero<br />
que to<strong>dos</strong> os obreiros considerem atentamente, que o êxito nesta vida, bem como em<br />
alcançar a vida futura, depende em alto grau da fidelidade nas coisas pequeninas. Os<br />
que anseiam maiores responsabilidades, devem-se mostrar fiéis no cumprimento <strong>dos</strong><br />
deveres que têm justamente onde Deus os colocou.<br />
A perfeição da obra de Deus é tão claramente vista nos mais pequenos insetos, como<br />
no rei <strong>dos</strong> pássaros. A alma da criancinha que crê em Cristo é tão preciosa à Sua vista,<br />
como o são os <strong>anjos</strong> que Lhe rodeiam o trono. "Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o<br />
vosso Pai que está nos Céus." Mat. 5:48. Como Deus é perfeito em Sua esfera, assim<br />
pode o homem o ser na sua. Tudo quanto as mãos acharem para fazer, deve ser<br />
executado com exatidão e rapidez. A fidelidade e a integridade nas coisas pequenas, o<br />
cumprimento <strong>dos</strong> pequenos deveres e a prática de diminutos atos de bondade,<br />
animarão e darão alegria no caminho da vida; e quando findar nossa obra na Terra,<br />
to<strong>dos</strong> os deveres cumpri<strong>dos</strong> com fidelidade serão aprecia<strong>dos</strong> diante de Deus quais jóias<br />
preciosas.<br />
108<br />
A Igreja Triunfará<br />
Pág. 590<br />
Até que Cristo apareça nas nuvens do céu, com poder e grande glória, os homens se<br />
perverterão no espírito, e se desviarão da verdade para as fábulas. A igreja verá ainda<br />
dias trabalhosos. Profetizará vestida de saco. Mas se bem que tenha de enfrentar<br />
heresias e perseguições, embora tenha de combater contra infiéis e apóstatas, pelo<br />
auxílio de Deus, ainda ela está esmagando a cabeça de Satanás. O Senhor terá um<br />
povo tão verdadeiro como o aço, de fé tão firme como o granito. Eles devem ser-Lhe<br />
testemunhas no mundo, instrumentos Seus para realizar uma obra especial, gloriosa,<br />
nos dias de Sua preparação.<br />
A mensagem evangélica não ganha uma alma para Cristo, nem abre caminho para um<br />
só coração, sem ferir a cabeça de Satanás. Sempre que um cativo lhe é arrancado das<br />
garras, libertado de sua opressão, o tirano é derrotado. As casas publicadoras, os<br />
prelos, são instrumentos nas mãos de Deus para enviar a toda língua e nação a<br />
preciosa luz da verdade. Essa luz está atingindo mesmo as terras pagãs, e faz<br />
constantes incursões contra a superstição e todo erro concebível.<br />
269
Pastores que pregam a verdade com todo zelo e fervor, podem apostatar, e unir-se às<br />
fileiras <strong>dos</strong> inimigos; tornará isso, porém, a verdade divina em mentira? "Todavia", diz<br />
o apóstolo, "o fundamento de Deus fica firme." II Tim. 2:19. A fé e os sentimentos <strong>dos</strong><br />
homens podem mudar; mas a verdade de Deus, nunca. A terceira mensagem angélica<br />
está soando; é infalível.<br />
Homem algum pode servir a Deus sem atrair contra si mesmo os homens e <strong>anjos</strong><br />
maus. Espíritos maus serão lança<strong>dos</strong> no encalço de toda alma que busca unir-se às<br />
fileiras de Cristo;<br />
Pág. 591<br />
pois Satanás deseja reaver a presa que lhe foi arrebatada. Homens maus entregar-seão<br />
à crença em fortes enganos, para sua perdição. Esses homens revestir-se-ão das<br />
roupagens da sinceridade, e enganarão, se possível, os próprios eleitos.<br />
A Certeza da Verdade<br />
É tão certo possuirmos a verdade, como o é que Deus vive; e Satanás com todas as suas<br />
artimanhas e poder infernal, não pode mudar a verdade de Deus em mentira.<br />
Enquanto o grande adversário faz tudo quanto lhe é possível para tornar sem efeito a<br />
Palavra de Deus, a verdade tem de avançar como uma lâmpada resplandecente.<br />
O Senhor nos destacou, e tornou-nos objetos de Sua admirável misericórdia. Havemos<br />
nós de encantar-nos com os palavrea<strong>dos</strong> do apóstata? Preferiremos tomar posição ao<br />
lado de Satanás e suas hostes? Unir-nos-emos aos transgressores da lei de Deus?<br />
Antes seja nossa oração: "Senhor, põe inimizade entre mim e a serpente." Se não<br />
estivermos em inimizade com suas obras tenebrosas, seremos rodea<strong>dos</strong> por seus<br />
poderosos laços, e seu aguilhão pronto está a arremessar-se contra nosso coração.<br />
Devemos considerá-lo um inimigo mortal. Cumpre que nos oponhamos a ele em nome<br />
de Cristo. Nossa obra ainda prossegue avante. Temos de lutar por toda polegada de<br />
terreno. Que to<strong>dos</strong> quantos tomam nos lábios o nome de Cristo se revistam da<br />
armadura da justiça.<br />
109<br />
Simplicidade no Vestuário<br />
Pág. 592<br />
No sermão que fez no monte, Cristo exorta Seus seguidores a não permitirem que sua<br />
mente se absorva com as coisas terrenas. Diz Ele claramente: "Não podeis servir a<br />
Deus e a Mamom. Por isso vos digo: Não andeis cuida<strong>dos</strong>os quanto à vossa vida, pelo<br />
que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem, quanto ao vosso corpo, pelo que<br />
haveis de vestir: Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o<br />
vestido?" "E, quanto ao vestido, por que andais solícitos? Olhai para os lírios do campo,<br />
como eles crescem: não trabalham nem fiam; e Eu vos digo que nem mesmo Salomão,<br />
em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles." Mat. 6:24, 25, 28 e 29.<br />
Palavras cheias de significado são essas. Eram aplicáveis aos dias de Jesus, assim<br />
como são da mesma maneira em nossos dias. Jesus põe aqui em contraste a natural<br />
simplicidade das flores do campo com o adorno artificial do vestuário. Declara que a<br />
glória de Salomão não era para se comparar com uma flor em sua beleza natural. Aqui<br />
se encerra uma lição para to<strong>dos</strong> quantos desejam conhecer e cumprir a vontade de<br />
Deus. Jesus observou o cuidado e atenção da<strong>dos</strong> aos vesti<strong>dos</strong>, e advertiu, ou melhor,<br />
ordenou-nos a não lhes dar demasiada atenção. É importante que consideremos<br />
cuida<strong>dos</strong>amente Suas palavras. Salomão absorveu-se tanto com a ostentação exterior,<br />
que se esqueceu de elevar o espírito pela constante ligação com o Deus da sabedoria. A<br />
perfeição e a beleza de caráter foram passadas por alto em sua tentativa de alcançar a<br />
beleza exterior. Vendeu a honra e a integridade do caráter na busca da glorificação<br />
própria em face do mundo, e tornou-se afinal um déspota, mantendo sua<br />
extravagância por meio de opressivos impostos sobre o povo. Primeiro, corrompeu-se<br />
no coração, depois apostatou de Deus, e tornou-se por fim adorador de ídolos.<br />
Quando vemos nossas irmãs se desviando da simplicidade<br />
270
Pág. 593<br />
no vestuário, e cultivando o amor pelas modas do mundo, sentimo-nos perturba<strong>dos</strong>.<br />
Adiantando-se passo a passo nessa direção, vão-se separando de Deus, e<br />
negligenciando o adorno interior. Elas não se devem sentir na liberdade de gastar o<br />
tempo que lhes é dado por Deus com a desnecessária ornamentação de seu vestuário.<br />
Quão melhor seria ele empregado em examinar as Escrituras, obtendo, assim um<br />
conhecimento cabal das profecias e das lições práticas de Cristo! ...<br />
Deus Se agradaria de ver nossas irmãs trajadas com roupas corretas e simples, e<br />
diligentemente empenhadas na obra do Senhor. Não lhes falta habilidade, e caso<br />
empregassem na devida maneira os talentos que já possuem, ser-lhes-ia grandemente<br />
aumentada a eficiência. Se o tempo que agora empregam em trabalho desnecessário<br />
fosse dedicado à Palavra de Deus, em explicá-la aos outros, sua própria mente seria<br />
enriquecida com as gemas da verdade, e seriam fortalecidas e enobrecidas pelo esforço<br />
feito para compreenderem as razões de nossa fé. Fossem nossas irmãs conscienciosas<br />
cristãs bíblicas, buscando aproveitar toda oportunidade de esclarecer a outros, e<br />
veríamos dezenas e dezenas de almas abraçando a verdade, unicamente mediante seus<br />
abnega<strong>dos</strong> esforços. Irmãs, no dia em que forem ajustadas as contas de to<strong>dos</strong>,<br />
experimentareis alegria ao passar em revista vossa vida, ou sentireis que a beleza do<br />
homem exterior é que foi buscada, enquanto ficou quase de todo negligenciada a beleza<br />
interior, da alma?<br />
Não terão nossas irmãs suficiente zelo e força moral para se colocarem, sem desculpas,<br />
sobre a plataforma bíblica? O apóstolo deu mui explícitas direções sobre esse ponto:<br />
"Quero pois que ... as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia,<br />
não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vesti<strong>dos</strong> preciosos, mas (como convém a<br />
mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras." I Tim. 2:8-10. Aqui o<br />
Senhor, por meio de Seu apóstolo, fala expressamente contra o uso de ouro. Que os que<br />
têm tido experiência cuidem em não fazer com que outros se desviem nesse ponto por<br />
causa de seu exemplo. Aquele anel que vos cerca o dedo, talvez seja muito<br />
Pág. 594<br />
simples, mas é inútil, e seu uso exerce errônea influência sobre outros.<br />
Especialmente as esposas de nossos pastores devem ser cuida<strong>dos</strong>as em não se<br />
afastarem <strong>dos</strong> claros ensinos da Bíblia em questão do vestuário. Muitos consideram<br />
essas recomendações como demasiado antiquadas para merecerem atenção; Aquele,<br />
porém, que as deu a Seus discípulos, compreendia os perigos do amor do vestuário em<br />
nossos tempos, e mandou-nos essa advertência. Dar-lhe-emos ouvi<strong>dos</strong> e seremos<br />
sábios? O excesso no vestuário vai em constante progresso. Ainda não é o fim. A moda<br />
muda sempre, e nossas irmãs seguem-lhe os rastos, a despeito do tempo ou das<br />
despesas. Grande é a quantia despendida com o vestuário, quando devia volver a<br />
Deus, o doador. ... Aqueles, entre os observadores do sábado, que têm cedido à<br />
influência do mundo, têm de ser prova<strong>dos</strong>. Acham-se sobre nós os perigos <strong>dos</strong> últimos<br />
dias, e diante do professo povo de Deus está uma prova não antecipada por muitos.<br />
Será provada a genuinidade de sua fé. Muitos se têm unido aos mundanos no orgulho,<br />
na vaidade, na busca <strong>dos</strong> prazeres, lisonjeando-se de que podiam fazer tais coisas e<br />
ainda serem cristãos. São tais condescendências, no entanto, que os separam de Deus,<br />
e os tornam filhos do mundo. Cristo não nos deu tal exemplo. Unicamente os que<br />
negam o próprio eu, e vivem uma vida de sobriedade, humildade e santidade, são<br />
verdadeiros seguidores de Jesus; e esses não podem fruir a sociedade <strong>dos</strong> amantes do<br />
mundo.<br />
Muitos se vestem como o mundo, a fim de exercerem influência sobre os incrédulos;<br />
nisto, porém, cometem lamentável erro. Caso eles queiram ter influência real e<br />
salvadora, vivam segundo sua profissão de fé, mostrem essa fé pelas obras de justiça, e<br />
tornem distinta a diferença entre o cristão e o mundano. As palavras, o vestuário, as<br />
ações, devem falar em favor de Deus. Então se espalhará em to<strong>dos</strong> quantos os rodeiam<br />
271
uma santa influência, e mesmo os incrédulos, vendo-os terão conhecimento de que eles<br />
estiveram com Jesus. Se<br />
Pág. 595<br />
alguém desejar que sua influência testifique da verdade, viva sua religião, e assim<br />
imite o humilde Modelo.<br />
O orgulho, a ignorância e a loucura, são companheiros constantes. O Senhor Se<br />
desagrada com o orgulho manifestado entre o povo que professa pertencer-Lhe. É<br />
desonrado por sua conformidade com as modas nocivas à saúde, imodestas e<br />
dispendiosas deste século degenerado.<br />
A moda governa o mundo; e é uma senhora tirânica, compelindo muitas vezes seus<br />
devotos a submeterem-se à maior inconveniência e desconforto. A moda impõe<br />
irrazoáveis tributos e cobra-os sem piedade. Exerce fascinante poder e está pronta a<br />
criticar e a ridicularizar os pobres se eles não lhe seguem os passos custe o que custar,<br />
mesmo com sacrifício da própria vida. Satanás triunfa ao ver seus ardis assim tão<br />
bem-sucedi<strong>dos</strong>, e a Morte ri ante a loucura destruidora da saúde e o zelo cego <strong>dos</strong><br />
adoradores do altar da Moda. ...<br />
É uma vergonha para nossas irmãs, esquecerem tanto seu santo caráter e o dever que<br />
têm para com Deus, que imitem as modas do mundo. Não há desculpas para nós,<br />
senão na perversidade de nosso coração. Não ampliamos nossa influência com tal<br />
maneira de proceder. É tão incoerente com a fé que professamos, que nos torna<br />
ridículos aos olhos <strong>dos</strong> mundanos.<br />
Muitas almas convencidas da verdade têm sido levadas a decidir-se contra ela por<br />
causa do orgulho e do amor do mundo manifestado por nossas irmãs. A doutrina<br />
pregada parecia clara e harmônica e os ouvintes sentiam deverem levantar uma<br />
pesada cruz, com a aceitação da verdade. Quando essas pessoas viram nossas irmãs<br />
fazendo tanta ostentação no vestuário, disseram: "Esse povo veste-se mesmo como nós.<br />
Não podem realmente crer o que professam; afinal, devem estar engana<strong>dos</strong>. Se na<br />
verdade pensassem que Cristo havia de vir em breve, e o caso de cada alma devia ser<br />
decidido para a vida eterna ou morte eterna, não podiam dedicar tempo e dinheiro<br />
para se vestirem de acordo com as modas existentes." Mal sabiam aquelas professas<br />
irmãs crentes o sermão que seu vestuário estava pregando!<br />
Pág. 596<br />
Nossas palavras, ações, vesti<strong>dos</strong>, são pregadores vivos e diários, juntando com Cristo,<br />
ou espalhando. Isto não é coisa insignificante, para ser passada por alto com um<br />
gracejo. A questão do vestuário exige séria reflexão e muito orar. Muitos incrédulos<br />
sentiram que não estavam procedendo bem em se permitirem ser escravos da moda;<br />
mas quando vêem alguns que fazem elevada profissão de piedade vestindo-se da<br />
mesma maneira que os mundanos, fruindo a sociedade <strong>dos</strong> frívolos, entendem que não<br />
pode haver mal em tais coisas.<br />
"Somos", disse o inspirado apóstolo, "feitos espetáculo ao mundo, aos <strong>anjos</strong>, e aos<br />
homens." I Cor. 4:9. Todo o Céu está notando a influência diária que os professos<br />
seguidores de Cristo exercem sobre o mundo. Minhas irmãs, vosso vestuário está<br />
falando ou em favor de Cristo e da sagrada verdade, ou em favor do mundo. De qual?<br />
Lembrai-vos de que havemos to<strong>dos</strong> de responder a Deus pela influência que<br />
exercemos.<br />
Não quereríamos, de maneira alguma, incentivar a negligência no vestuário. Que as<br />
roupas sejam adequadas e decentes. Ainda que seja apenas um tecido de pouco preço,<br />
deve estar limpo e bem assentado. Caso não haja baba<strong>dos</strong>, a dona de casa não somente<br />
poderá economizar alguma coisa fazendo-o ela própria, como também economizará<br />
lavando-o e passando-o ela mesma. Famílias há que tomam sobre si pesa<strong>dos</strong> far<strong>dos</strong><br />
vestindo os filhos de acordo com a moda. Que perda de tempo! As pequenas haviam de<br />
parecer muito atrativas com um vestido livre de baba<strong>dos</strong> e adornos, mas limpinho e<br />
272
em arranjado. É tão fácil lavar e passar um vestido assim, que esse trabalho não<br />
parecerá uma carga.<br />
Por que hão de nossas irmãs roubar a Deus do serviço que Lhe é devido, e a Seu<br />
tesouro do dinheiro que cumpria dar-Lhe à causa, para servir às modas deste século?<br />
Os primeiros e os melhores pensamentos são da<strong>dos</strong> ao vestuário; desperdiça-se tempo<br />
e gasta-se dinheiro. Negligencia-se a cultura do espírito e do coração. O caráter é<br />
considerado de menos importância que o vestido. É de infinito valor o ornamento de<br />
um espírito manso e quieto: e a pior das loucuras é gastar em frívolos<br />
Pág. 597<br />
empenhos nossas oportunidades de adquirir esse precioso ornamento da alma.<br />
Irmãs, podemos realizar uma nobre obra para Deus, se o quisermos. As mulheres não<br />
conhecem o poder que possuem. Deus não pretende que suas aptidões sejam todas<br />
absorvidas em indagar: Que comerei? que beberei? e com que me vestirei? Há para a<br />
mulher um mais elevado desígnio, mais grandioso destino. Ela deve cultivar e<br />
desenvolver as próprias faculdades; pois Deus as pode empregar na grande obra de<br />
salvar almas da ruína eterna. ...<br />
Mas o mal maior é a influência que se exerce sobre as crianças e os jovens. Ao virem ao<br />
mundo, por assim dizer, já se acham sujeitas às exigências da moda. As criancinhas<br />
ouvem mais de vesti<strong>dos</strong> do que da salvação. Vêem as mães mais diligentes em<br />
consultar os figurinos do que a Bíblia. Fazem-se mais visitas à loja e à modista do que<br />
à igreja. A exibição do vestuário se torna de mais importância do que o adorno do<br />
caráter. Há rigorosas repreensões por sujar os finos trajes, e o espírito se torna<br />
impertinente, irritável sob as contínuas restrições.<br />
Um caráter deformado não preocupa tanto a mãe como um vestido sujo. A criança ouve<br />
mais acerca de roupas do que da virtude; pois a mãe se acha mais familiarizada com a<br />
moda do que com seu Salvador. O exemplo dela rodeia muitas vezes os jovens com uma<br />
atmosfera envenenada. O vício, disfarçado sob as roupagens da moda, introduz-se<br />
entre os filhos.<br />
O vestuário simples fará com que uma mulher sensata se apresente sob o melhor<br />
aspecto. Julgamos o caráter de uma pessoa pelo estilo do seu traje. O vestuário<br />
pomposo indica um espírito fraco e vai<strong>dos</strong>o. A mulher modesta e pie<strong>dos</strong>a trajar-se-á<br />
modestamente, o fino gosto, o espírito culto, revelar-se-á na escolha do traje simples e<br />
apropriado.<br />
Existe um ornamento imperecível, o qual promoverá a felicidade das pessoas que<br />
convivem conosco, e manterá seu brilho no futuro. É o adorno de um espírito manso e<br />
humilde. Deus nos manda usar na alma o mais<br />
Pág. 598<br />
precioso vestido. A cada olhar ao espelho, deviam os adoradores da moda lembrar-se<br />
da negligência da alma. Toda hora desperdiçada, devia reprová-los por deixarem ao<br />
abandono o intelecto. Então poderia haver uma reforma que elevasse e enobrecesse<br />
to<strong>dos</strong> os objetivos e desígnios da vida. Em lugar de buscar ornamentos de ouro para o<br />
exterior, cumpria fazer-se diligente esforço para obter aquela sabedoria que é mais<br />
valiosa que o fino ouro, sim, mais preciosa que os rubis.<br />
Os adoradores do altar da moda são dota<strong>dos</strong> de pequena resistência de caráter e pouca<br />
energia física. Não vivem para qualquer objetivo elevado, e sua existência não<br />
preenche nenhum digno fim. Encontramos em toda parte mulheres cuja mente e<br />
coração se acham inteiramente absorvi<strong>dos</strong> com o amor do vestuário e da ostentação. A<br />
alma feminina torna-se raquítica e amesquinhada, e seus pensamentos se centralizam<br />
no pobre e desprezível eu. Ao passar na rua uma jovem trajada na moda, observada<br />
por vários cavalheiros, um deles fez algumas perguntas a seu respeito. E a resposta<br />
foi: "Ela é um bonito adorno em casa de seu pai, mas não tem nenhuma utilidade." É<br />
deplorável que pessoas que professam ser discípulas de Cristo julguem coisa desejável<br />
imitar o vestuário e as maneiras desses ornamentos inúteis.<br />
273
Pedro dá valiosas instruções quanto ao vestuário das mulheres cristãs: "O enfeite<br />
delas não seja o exterior, no frisado <strong>dos</strong> cabelos, no uso de jóias de ouro, na compostura<br />
de vesti<strong>dos</strong>; mas o homem encoberto no coração; no incorruptível trajo de um espírito<br />
manso e quieto, que é precioso diante de Deus. Porque assim se adornavam também<br />
antigamente as santas mulheres que esperavam em Deus." I Ped. 3:3-5. Tudo quanto<br />
insistentemente vos recomendamos, é o cumprimento das recomendações da Palavra<br />
de Deus. Somos nós leitores da Bíblia, e seguidores de seus ensinos? Obedeceremos a<br />
Deus, ou nos conformaremos com os costumes do mundo? Serviremos a Deus ou a<br />
Mamom? Podemos nós esperar fruir paz de espírito e a aprovação de Deus, ao passo<br />
que andamos diretamente em contrário aos ensinos de Sua Palavra?<br />
Pág. 599<br />
O apóstolo Paulo exorta os cristãos a não se conformarem com o mundo, mas se<br />
transformarem pela renovação do entendimento: "para que experimenteis qual seja a<br />
boa, agradável, e perfeita vontade de Deus". Rom. 12:2. Alguns que professam ser<br />
filhos de Deus, no entanto, não sentem escrúpulos de se adaptarem aos costumes do<br />
mundo no uso de ouro e pérolas e vesti<strong>dos</strong> preciosos. Os que são demasiado<br />
conscienciosos e não usam essas coisas são considera<strong>dos</strong> como espíritos estreitos,<br />
supersticiosos, e mesmo fanáticos. É Deus, porém, que tem a condescendência de darnos<br />
essas instruções; elas são declarações da infinita Sabedoria; e os que as<br />
desconsideram fazem-no com perigo e perda para si mesmos. Os que se apegam aos<br />
adornos proibi<strong>dos</strong> na Palavra de Deus, nutrem orgulho e vaidade no coração. Desejam<br />
atrair a atenção. Seu vestuário diz: Olhem para mim; admirem-me. Assim cresce<br />
decididamente a vaidade inerente ao coração humano, devido à condescendência.<br />
Quando a mente está firme na idéia de apenas agradar a Deus, desaparecem to<strong>dos</strong> os<br />
desnecessários embelezamentos pessoais.<br />
O apóstolo coloca o adorno exterior em positivo contraste com um espírito manso e<br />
quieto, e dá então testemunho em favor do valor relativo deste - "que é precioso diante<br />
de Deus". I Ped. 3:4. Há um claro contraste entre o amor aos adornos exteriores e a<br />
graça da mansidão, do espírito quieto. Unicamente quando buscamos em tudo<br />
conformar-nos à vontade de Deus, é que reinarão na alma essa paz e alegria.<br />
O amor do vestuário põe em perigo a moral, e torna a mulher um oposto da dama<br />
cristã, caracterizada pela modéstia e a sobriedade. ...<br />
Cristo Se envergonha de Seus professos seguidores. Em que apresentamos qualquer<br />
semelhança com Ele? Em que nossa maneira de vestir se harmoniza com as exigências<br />
bíblicas? Não quero que recaiam sobre mim os peca<strong>dos</strong> do povo, e darei à trombeta um<br />
sonido certo. Tenho por anos dado um testemunho claro e decidido acerca desse<br />
assunto, seja pela imprensa, seja da tribuna. Não me tenho esquivado a declarar todo<br />
o<br />
Pág. 600<br />
conselho de Deus. Preciso estar limpa do sangue de to<strong>dos</strong>. O mundanismo e o orgulho<br />
que dominam por toda parte não servem de desculpa para um cristão fazer o que os<br />
outros fazem. Disse Deus: "Não seguirás a multidão para fazeres o mal." Êxo. 23:2.<br />
Não brinqueis, minhas irmãs, por mais tempo com vossa própria alma e com Deus.<br />
Foi-me mostrado que a principal causa de vossa apostasia é o amor que tendes ao<br />
vestuário. Isto leva à negligência de sérias responsabilidades, e mal vos achais<br />
possuidoras de uma centelha do amor de Deus no coração. Renunciai, sem demora, à<br />
causa de vosso desvio, pois é pecado contra vossa própria alma e contra Deus. Não vos<br />
endureçais pelo engano do pecado. A moda está deteriorando o intelecto e carcomendo<br />
a espiritualidade de nosso povo. A obediência à moda está penetrando nossas igrejas<br />
adventistas do sétimo dia, e fazendo mais que qualquer outro poder para separar<br />
nosso povo de Deus. Foi-me mostrado que as regras de nossa igreja são muito<br />
deficientes. Todas as manifestações de orgulho no vestuário, proibidas na Palavra de<br />
Deus, devem ser motivo suficiente para disciplina na igreja. Caso haja continuação em<br />
274
face de advertências e apelos e ameaças, perseverando a pessoa em seguir sua vontade<br />
perversa, isto poderá ser considerado como prova de que o coração não foi<br />
absolutamente levado à semelhança com Cristo. O eu, e unicamente o eu, é objeto de<br />
adoração, e um professo cristão assim induzirá muitos a se afastarem de Deus.<br />
Há sobre nós, como um povo, um terrível pecado - termos permitido que os membros de<br />
nossa igreja se vistam de maneira incoerente com sua fé. Cumpre erguer-nos<br />
imediatamente, e fechar a porta contra as seduções da moda. A menos que isso<br />
façamos, nossas igrejas se tornarão desmoralizadas.<br />
110<br />
A Aliança<br />
Pág. 601<br />
Alguns se têm preocupado com o uso da aliança, achando que as esposas de nossos<br />
pastores se devem conformar com este costume. Tudo isto é desnecessário. Possuam as<br />
esposas de pastores o áureo elo que as ligue a Jesus Cristo - um caráter puro e santo, o<br />
verdadeiro amor e mansidão e piedade que são os frutos produzi<strong>dos</strong> pela árvore cristã,<br />
e certa será em toda parte sua influência. O fato de o descaso desse costume ocasionar<br />
reparos, não é boa razão para adotá-lo. Os americanos podem fazer compreender sua<br />
atitude com o declarar positivamente que esse uso não é obrigatório em nosso país.<br />
Nós não precisamos usar este anel, pois não somos infiéis a nosso voto matrimonial, e<br />
o trazer a aliança não seria prova de sermos fiéis. Sinto profundamente esse processo<br />
de fermentação que parece estar em andamento entre nós, na conformidade com o<br />
costume e a moda. Nenhuma despesa deve ser feita com esse aro de ouro para<br />
testificar que somos casa<strong>dos</strong>. Nos países em que o costume for imperioso, não temos o<br />
encargo de condenar os que usarem sua aliança; que o façam, caso possam fazê-lo em<br />
boa consciência; não achem, porém, nossos missionários, que o uso da aliança lhes<br />
aumentará um jota ou um til a influência. Se eles são cristãos, isto se manifestará no<br />
cristianismo de seu caráter, suas palavras, suas obras, no lar e no convívio com os<br />
outros; isto se demonstrará por sua paciência e longanimidade e bondade. Eles<br />
manifestarão o espírito do Mestre, possuirão Sua beleza de caráter, a amabilidade de<br />
Sua disposição, Seu coração compassivo.<br />
111<br />
A Formação do Caráter<br />
Pág. 602<br />
A fortaleza de caráter consiste em duas coisas - força de vontade, e domínio de si<br />
mesmo. Muito jovem confunde paixão forte, desenfreada, com fortaleza de caráter; o<br />
fato, porém, é que aquele que é dominado pelas paixões é um homem fraco. A genuína<br />
grandeza e nobreza do homem, mede-se pela força <strong>dos</strong> sentimentos que ele subjuga,<br />
não pela <strong>dos</strong> que o dominam. O homem mais forte é aquele que, embora sensível aos<br />
maus tratos, ainda refreia a paixão e perdoa aos inimigos. Tais homens são<br />
verdadeiros heróis.<br />
Muitos têm tão imperfeita idéia quanto ao que se podem tornar, que permanecerão<br />
sempre raquíticos e estreitos quando, se aproveitassem as faculdades que Deus lhes<br />
concedeu, poderiam desenvolver caráter nobre, e exercer uma influência de molde a<br />
ganhar almas para Cristo. Conhecimento é poder; a capacidade intelectual, porém,<br />
sem bondade de coração, é uma força para o mal.<br />
Deus nos deu as faculdades intelectuais e morais que possuímos; mas toda pessoa é,<br />
em grande medida, o arquiteto do próprio caráter. Dia a dia a estrutura aumenta. A<br />
Palavra de Deus adverte-nos a cuidar em como construímos, para ver que nosso<br />
edifício se ache fundado sobre a Rocha Eterna. Aproxima-se o tempo em que a obra<br />
que fazemos se revelará tal qual é. Agora é o tempo de to<strong>dos</strong> cultivarem as faculdades<br />
que Deus lhes deu, a fim de formarem caráter que seja útil aqui, e tenham uma vida<br />
mais elevada no porvir.<br />
275
Todo ato da vida, por mais insignificante, tem sua influência na formação do caráter.<br />
Um caráter bem formado é mais precioso que as posses mundanas; e moldá-lo é a obra<br />
mais nobre em que os homens se possam empenhar.<br />
Pág. 603<br />
O caráter formado segundo as circunstâncias, mutável e falto de harmonia - uma<br />
massa de contradições. Seus possuidores não têm nenhum objetivo elevado ou<br />
propósito na vida. Não exercem nenhuma influência enobrecedora no caráter <strong>dos</strong><br />
outros. São destituí<strong>dos</strong> de finalidade e de poder.<br />
O pequeno prazo de vida que nos é aquinhoado aqui, deve ser aproveitado sabiamente.<br />
Deus quer que Sua igreja seja viva, consagrada, ativa. Nosso povo, porém, como um<br />
corpo, acha-se longe disto agora. Deus pede almas fortes, valorosas, cristãos vivos e<br />
laboriosos, que sigam o verdadeiro Modelo, e exerçam decidida influência em favor de<br />
Deus e do direito. Qual sagrado depósito, concedeu-nos o Senhor as mais importantes e<br />
solenes verdades, e devemos mostrar-lhes a influência sobre nossa vida e caráter.<br />
__________<br />
Nos jogos olímpicos para que o apóstolo Paulo nos chama a atenção, exigia-se <strong>dos</strong> que<br />
neles tomavam parte que se preparassem cabalmente. Eram durante meses<br />
exercita<strong>dos</strong> por diferentes instrutores, nos exercícios físicos calcula<strong>dos</strong> a dar<br />
resistência e vigor ao corpo. Tinham de cingir-se a alimentos próprios para mantê-los<br />
nas condições mais saudáveis, e seu vestuário era de molde a deixar inteira liberdade<br />
a todo órgão e músculo.<br />
Ora, se os que se deviam empenhar em correr uma carreira que visava honras<br />
terrestres eram obriga<strong>dos</strong> a submeterem-se a tão severa disciplina a fim de ser bemsucedi<strong>dos</strong>,<br />
quão mais necessário não é aos que se hão de empenhar na obra do Senhor,<br />
serem inteiramente disciplina<strong>dos</strong> e prepara<strong>dos</strong>, se é que queiram ser vitoriosos! Sua<br />
preparação devia ser tão mais completa, seu zelo e abnegação nos esforços tanto<br />
maiores do que os <strong>dos</strong> aspirantes a honras mundanas, quanto as coisas celestes são de<br />
maior valor que as terrena. A mente, bem como os músculos, devem ser exercita<strong>dos</strong><br />
para os mais diligentes e perseverantes esforços. A estrada do êxito não é um caminho<br />
Pág. 604<br />
suave, por onde somos conduzi<strong>dos</strong> em carros palacianos; é antes uma trilha<br />
acidentada, cheia de obstáculos que só podem ser transpostos com paciente labor.<br />
Testimonies, vol. 5, págs. 551 e 552, 1889.<br />
__________<br />
Quão pouco sabemos acerca do efeito que nossos atos terão sobre nossa futura história<br />
e a <strong>dos</strong> outros! Muitos pensam ser de pouca conseqüência o que eles façam. Não lhes<br />
faz mal nenhum o assistirem a este concerto, ou se unirem com o mundo naquele<br />
divertimento, caso o desejem fazer. Assim Satanás lhes dirige e controla os desejos, e<br />
eles não consideram que os resulta<strong>dos</strong> podem ser os mais momentosos. Isso poderá ser<br />
o elo na cadeia <strong>dos</strong> acontecimentos que ligam uma alma aos laços de Satanás, e lhe<br />
determina a ruína eterna.<br />
Todo ato, embora pequeno, tem seu lugar no grande drama da vida. Considerai que o<br />
desejo de uma única satisfação do apetite, introduziu o pecado no mundo, com seus<br />
terríveis resulta<strong>dos</strong>. Os casamentos profanos <strong>dos</strong> filhos de Deus com as filhas <strong>dos</strong><br />
homens, deram em resultado a apostasia que terminou com a destruição do mundo<br />
pelo dilúvio. O mais insignificante ato de condescendência com o próprio eu tem<br />
resultado em grandes revoluções. É o que acontece agora. Poucos há que sejam<br />
prudentes. Como os filhos de Israel, não dão ouvi<strong>dos</strong> aos conselhos, mas seguem as<br />
próprias inclinações. Unem-se a um elemento mundano no assistir a reuniões em que<br />
se porão em evidência, e assim abrem o caminho que será seguido por outros. O que foi<br />
feito uma vez, será repetido por eles e por muitos outros. Todo passo dado por essas<br />
pessoas produz impressão perdurável, não só em sua própria consciência e hábitos,<br />
276
como nos <strong>dos</strong> outros. Esta consideração imprime solene dignidade à vida humana.<br />
Testimonies, vol. 5, págs. 92 e 93, 1882.<br />
__________<br />
Seremos, individualmente, para o tempo e a eternidade, o<br />
Pág. 605<br />
que nossos hábitos fizerem de nós. A vida <strong>dos</strong> que formam bons hábitos, e são fiéis no<br />
cumprimento de todo dever, será como luz brilhante, lançando raios vivos na senda <strong>dos</strong><br />
outros; caso, porém, haja condescendência com hábitos de infidelidade, se se permitem<br />
fortalecer os hábitos frouxos, indolentes e descuida<strong>dos</strong>, assentará sobre as perspectivas<br />
dessa vida uma nuvem mais sombria que a meia-noite, a qual excluirá para sempre a<br />
vida futura. Testimonies, vol. 4, pág. 452, 1880.<br />
__________<br />
A Bíblia inteira é uma revelação da glória de Deus em Cristo. Recebida, crida e<br />
obedecida, é o grande instrumento na transformação do caráter. E é o único meio<br />
seguro de cultura intelectual. Testimonies, vol. 8, pág. 319, 1904.<br />
__________<br />
A religião de Cristo jamais degrada o que a recebe; não o faz nunca vulgar ou rude,<br />
descortês ou presunçoso, apaixonado ou duro de coração. Ao contrário, apura-lhe o<br />
gosto, santifica o critério, purifica e enobrece os pensamentos, levando-os cativos a<br />
Cristo. O ideal de Deus para Seus filhos é mais alto do que o possa conceber o mais<br />
elevado pensamento humano. Em Sua santa lei, Ele deu um traslado do próprio<br />
caráter. Testimonies, vol. 8, pág. 63, 1904.<br />
__________<br />
O ideal do caráter cristão é semelhança com Cristo. Acha-se aberta diante de nós uma<br />
senda de progresso contínuo. Temos um objetivo a atingir, uma norma a alcançar, a<br />
qual inclui tudo quanto é bom, puro, nobre e elevado. Deve haver contínuo esforço e<br />
constante progresso para diante e para cima, rumo à perfeição do caráter. Testimonies,<br />
vol. 8, pág. 64, 1904.<br />
277