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Utilização de efluentes em processos industriais - Weg

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<strong>Utilização</strong> <strong>de</strong> <strong>efluentes</strong><br />

<strong>em</strong> <strong>processos</strong> <strong>industriais</strong><br />

A reutilização <strong>de</strong> <strong>efluentes</strong><br />

no <strong>de</strong>partamento<br />

Metalúrgico III traz<br />

economia e benefícios<br />

ambientais<br />

Fabiane F. Baukat<br />

Técnica Metalúrgica<br />

Elvis Andreatta<br />

Analista <strong>de</strong> Meio Ambiente<br />

Esse trabalho t<strong>em</strong> por finalida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>screver o procedimento adotado<br />

na reutilização <strong>de</strong> <strong>efluentes</strong><br />

do lavador <strong>de</strong> gases do sist<strong>em</strong>a<br />

<strong>de</strong> moldag<strong>em</strong> e do efluente das<br />

torres <strong>de</strong> refrigeração do processo <strong>de</strong><br />

fabricação <strong>de</strong> peças <strong>em</strong> ferro fundido<br />

cinzento no <strong>de</strong>partamento Metalúrgico<br />

III, localizado no Parque Fabril III, no<br />

município <strong>de</strong> Guaramirim, <strong>em</strong> Santa<br />

Catarina.<br />

WEG <strong>em</strong> Revista Julho - Agosto 2001<br />

Características<br />

particulares <strong>de</strong> cada<br />

efluente<br />

Efluente do Lavador <strong>de</strong> Gases do<br />

Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Moldag<strong>em</strong><br />

Na central <strong>de</strong> preparação <strong>de</strong> areias<br />

há a formação <strong>de</strong> finos, que são succionados<br />

pelo sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> exaustão (lavador<br />

<strong>de</strong> gases). Esse sist<strong>em</strong>a gera cerca<br />

<strong>de</strong> 48.000 litros/ mês <strong>de</strong> efluente e 45<br />

toneladas/ mês <strong>de</strong> lodo que, por sua vez,<br />

possu<strong>em</strong> elevados teores <strong>de</strong> metais e<br />

sólidos sedimentáveis. Para ex<strong>em</strong>plificar,<br />

testes realizados mostraram que 1<br />

litro <strong>de</strong> efluente contém 700 ml <strong>de</strong> sólidos.<br />

Efluente das<br />

Torres <strong>de</strong> Refrigeração<br />

O efluente gerado nas torres <strong>de</strong> refrigeração<br />

dos fornos é consi<strong>de</strong>ravelmente<br />

elevado, chegando a aproximadamente<br />

4.000 litros por dia, ou 130.000<br />

litros por mês. Quanto à caracterização<br />

<strong>de</strong>sse efluente, a presença <strong>de</strong> Zinco <strong>de</strong>monstrou-se<br />

preocupante <strong>em</strong> termos<br />

comparativos com a Portaria Nº 20, <strong>de</strong><br />

18 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1986, on<strong>de</strong> a referência<br />

limite <strong>de</strong> lançamento <strong>de</strong> Zinco <strong>em</strong> corpos<br />

receptores é <strong>de</strong> 5,0 mg/l. Em amostras<br />

realizadas, a concentração <strong>de</strong> Zinco<br />

no efluente chegou a atingir patamares<br />

na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 13,0 mg/l.<br />

Viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso<br />

Em uma avaliação prévia, s<strong>em</strong> consi<strong>de</strong>rar<br />

as particularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada efluente,<br />

tornou-se viável a sua utilização<br />

<strong>em</strong> substituição à água utilizada nas<br />

misturas do processo <strong>de</strong> moldag<strong>em</strong> <strong>em</strong><br />

Técnica<br />

areia ver<strong>de</strong>, composto <strong>de</strong> areia <strong>de</strong> sílica<br />

+ bentonita (sódica natural e ativada)<br />

+ pó <strong>de</strong> carvão + água, visto que a<br />

geração total dos <strong>efluentes</strong> correspon<strong>de</strong><br />

a 40 % do total <strong>de</strong> água consumida<br />

no misturador.<br />

Probl<strong>em</strong>ática<br />

<strong>Utilização</strong> do Efluente<br />

do Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Exaustão<br />

Embora, aparent<strong>em</strong>ente, a água sirva<br />

somente para molhar a areia, a qualida<strong>de</strong><br />

da água a ser utilizada <strong>de</strong>ve ser a<br />

melhor possível, visto que ela po<strong>de</strong><br />

comprometer a qualida<strong>de</strong> da areia preparada.<br />

O receio <strong>de</strong> reaproveitamento <strong>de</strong><br />

efluente/lama <strong>de</strong> sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> exaustão<br />

<strong>em</strong> misturas <strong>de</strong> areia consiste no fato<br />

<strong>de</strong> que esta contém, além <strong>de</strong> argila ativa<br />

e pó <strong>de</strong> carvão ativo, uma certa quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> argila inerte, pó <strong>de</strong> carvão coqueificado,<br />

finos <strong>de</strong> areia e partículas<br />

metálicas que po<strong>de</strong>m ocasionar efeitos<br />

colaterais na areia <strong>de</strong> moldag<strong>em</strong>, e conseqüent<strong>em</strong>ente<br />

nas peças <strong>de</strong> ferro fundido,<br />

ocasionando <strong>de</strong>feitos como quebra<br />

<strong>de</strong> bolo, penetração por explosão,<br />

expansão...<br />

<strong>Utilização</strong> do efluente<br />

das Torres <strong>de</strong> Refrigeração<br />

Este efluente normalmente contém<br />

sais solúveis <strong>em</strong> água, como Cloretos,<br />

Nitratos e Carbonatos, po<strong>de</strong>ndo ocasionar<br />

a redução da Resistência Tração a<br />

Úmido( RTU) da areia preparada, mediante<br />

a <strong>de</strong>sativação da mistura e redução<br />

do ponto <strong>de</strong> fusão da mistura, ocasionando<br />

o <strong>de</strong>feito <strong>de</strong> escamas e probl<strong>em</strong>as<br />

<strong>de</strong> sinterização <strong>de</strong> areia nas peças.<br />

11


Desenvolvimento<br />

do trabalho<br />

Para o <strong>de</strong>senvolvimento do trabalho<br />

foi adotada a seqüência <strong>de</strong>scrita no fluxograma<br />

abaixo:<br />

12<br />

Não<br />

Cessar adição<br />

<strong>de</strong> água do<br />

Lavador <strong>de</strong><br />

Gases<br />

Não<br />

Cessar adição<br />

<strong>de</strong> água das<br />

Torres <strong>de</strong><br />

Refrigeração<br />

Adicionar água<br />

do Lavador <strong>de</strong><br />

Gases no<br />

Misturador<br />

Acompanhar<br />

Resultados<br />

Resultado<br />

OK?<br />

Sim<br />

Adicionar água<br />

das Torres <strong>de</strong><br />

Refrigeração<br />

Acompanhar<br />

Resultados<br />

Resultado<br />

OK?<br />

Sim<br />

Acompanhar/<br />

Avaliar<br />

1ª Etapa: adicionar água do lavador <strong>de</strong> gases no<br />

Misturador<br />

Instalamos sist<strong>em</strong>a interligando o tanque do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> exaustão (lavador <strong>de</strong><br />

gases) com o misturador <strong>de</strong> areia e <strong>de</strong>sativamos o extrator <strong>de</strong> lamas. Portanto, todo<br />

pó captado pelo sist<strong>em</strong>a permanece nesta água e é injetado no misturador.<br />

São adicionados aproximadamente 3,5 kg <strong>de</strong> pó <strong>em</strong> cada mistura <strong>de</strong> areia ver<strong>de</strong>,<br />

ou seja, 0,15% do total <strong>de</strong> areia misturada <strong>em</strong> cada batelada.<br />

Tab.1 Análise Comparativa da Água Industrial e do Efluente do Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Exaustão Injetado no<br />

Misturador<br />

Amostra<br />

PH Fe<br />

Parâmetros ( mg/l)<br />

Cr Cu Zn Ni Mn Pb<br />

Água<br />

Industrial<br />

Efluente<br />

6,9 0,26 0,01 0,02 0,11 0,02 0,004 0,15<br />

Sist<strong>em</strong>a<br />

Exaustão<br />

7,2 17,79 0,038 0,045 0,34 0,027 0,13 0,038<br />

O parâmetro que apresentou variação foi o teor <strong>de</strong> ferro, porém, se comparado<br />

com os valores já presentes na areia ver<strong>de</strong>, este torna-se insignificativo.<br />

2ª Etapa: acompanhamento dos resultados<br />

Para o controle dos efeitos, uma série <strong>de</strong> cuidados foram tomados, incluindo o<br />

acompanhamento intensivo das seguintes proprieda<strong>de</strong>s da areia:<br />

Resistência tração a úmido ( RTU)<br />

Resistência tração a ver<strong>de</strong> (RCV)<br />

Permeabilida<strong>de</strong><br />

Argila ativa<br />

Argila AFS<br />

Tab.02 – Comparativo das Proprieda<strong>de</strong>s da Areia ver<strong>de</strong>- Média Mensal<br />

Mês RTU RCV<br />

Proprieda<strong>de</strong>s<br />

Permeabilida<strong>de</strong> Argila Argila<br />

(N/cm³) (N/cm³) (AFS) Ativa (%) AFS (%)<br />

Março (1) 0,19 22,2 105,7 6,3 9,56<br />

Abril 0,21 22,6 105 6,11 9,25<br />

Maio 0,19 22,4 110,9 6,33 9,42<br />

Parâmetro<br />

WEG<br />

Mín 0,15 18 a 24 Mín 80 6 a 8,5 8 a 13<br />

1) Março: Média s<strong>em</strong> adição <strong>de</strong> efluente nas misturas <strong>em</strong> areia ver<strong>de</strong><br />

3ª Etapa: análise dos resultados obtidos<br />

A adição do efluente do lavador <strong>de</strong> gases mostrou-se satisfatória, não ocasionando<br />

alterações significativas nas proprieda<strong>de</strong>s da areia.<br />

WEG <strong>em</strong> Revista Julho - Agosto 2001


4ª Etapa: adicionar<br />

água das Torres <strong>de</strong><br />

Refrigeração<br />

A reutilização <strong>de</strong>sta água ten<strong>de</strong> a ser<br />

mais crítica, pois apresenta teores <strong>de</strong><br />

sais que, conforme anteriormente <strong>de</strong>scrito,<br />

po<strong>de</strong>m interferir na ativação das<br />

bentonitas. Até o presente momento<br />

<strong>de</strong>sconhec<strong>em</strong>os trabalhos relacionados<br />

a sua reutilização e há pouco material<br />

<strong>de</strong> consulta sobre o assunto.<br />

Como forma <strong>de</strong> analisar sua influência<br />

nas bentonitas, realizamos inicialmente<br />

o ensaio <strong>de</strong> inchamento, pois<br />

geralmente bentonitas <strong>de</strong> maior inchamento<br />

resultam <strong>em</strong> maior eficiência <strong>de</strong><br />

mistura e na conseqüente economia <strong>de</strong>ssa<br />

matéria-prima e na obtenção <strong>de</strong> ótimas<br />

proprieda<strong>de</strong>s na areia ver<strong>de</strong>.<br />

Parâmetro WEG: mínimo 35 ml<br />

Parâmetro WEG: Mínimo 36 ml<br />

De acordo com os resultados obtidos<br />

nos gráficos acima, é visível que a<br />

bentonita sódica, porém no ensaio utilizando<br />

35% <strong>de</strong> água das torres, que é<br />

nossa realida<strong>de</strong>, apresenta pequena variação,<br />

se comparada com a melhor condição<br />

<strong>de</strong> ensaio que é com água <strong>de</strong>ionizada.<br />

Além disso, nas misturas <strong>de</strong> areia<br />

são utilizados apenas 35% <strong>de</strong> bentonita<br />

sódica natural e 65% <strong>de</strong> sódica ativada.<br />

WEG <strong>em</strong> Revista Julho - Agosto 2001<br />

5ª Etapa: acompanhamento dos resultados<br />

Como forma <strong>de</strong> monitoramento , realizamos acompanhamento das proprieda<strong>de</strong>s<br />

da areia ver<strong>de</strong>, sendo obtidos os seguintes valores:<br />

Mês RTU<br />

(N/cm³)<br />

RCV<br />

(N/cm³)<br />

Proprieda<strong>de</strong>s<br />

Permeabilida<strong>de</strong><br />

(AFS)<br />

Argila<br />

Ativa (%)<br />

Argila<br />

AFS (%)<br />

Março (1) 0,19 22,2 105,7 6,3 9,56<br />

Junho 0,17 22,3 111,2 6,74 9,86<br />

Julho 0,18 21,0 103 6,31 9,72<br />

Agosto 0,17 21,0 100 6,87 10,09<br />

Parâmetro<br />

<strong>Weg</strong><br />

Mín 0,15 18 a 24 Mín 80 6 a 8,5 8 a 13<br />

1)Março: Média s<strong>em</strong> adição <strong>de</strong> <strong>efluentes</strong> nas misturas <strong>em</strong> areia ver<strong>de</strong><br />

6ª Etapa: análise dos resultados obtidos<br />

Os resultados mostraram-se satisfatórios, cabendo salientar que os sais po<strong>de</strong>m<br />

ter seus efeito nocivo acentuado ao longo do t<strong>em</strong>po; entretanto, após 12 meses <strong>de</strong><br />

utilização conjunta dos <strong>efluentes</strong>, não foram <strong>de</strong>tectadas alterações que pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong><br />

comprometer a qualida<strong>de</strong> das misturas <strong>de</strong> areia.<br />

Vantagens<br />

Benefícios Ambientais<br />

Ausência <strong>de</strong> Emissão <strong>de</strong> Efluentes <strong>em</strong> Corpos Receptores<br />

Economia <strong>de</strong> água: Água: 2.136 m³/ano<br />

Eliminação da disposição do lodo gerado no Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Exaustão<br />

Benefícios financeiros<br />

ECONOMIA MENSAL<br />

Descrição Valor<br />

Redução no consumo <strong>de</strong> água:<br />

- 48.000 l (lavador <strong>de</strong> gases) 178 m³ x R$ 2,4/m³= R$ 428,00<br />

- 130.000 l (redução consumo<br />

misturador)<br />

Economia Tratamento <strong>de</strong> Efluentes<br />

- 48.000 l (lavador <strong>de</strong> gases) 178m³ x R$ 10,00/m³= R$ 1.780,00<br />

- 130.000 l (torres <strong>de</strong> refrigeração)<br />

Economia com disposição <strong>de</strong> Lodo<br />

<strong>em</strong> aterro industrial<br />

45 T x R$ 155,00/T= R$ 6.975,00<br />

Total R$ 9.183,00<br />

Retorno <strong>de</strong> investimento:<br />

R$ 10.690,00 / R$ 9.183,00 = 1,1 mês<br />

13

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