Dia da Indústria - Fiec
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Publicação do Sistema Federação <strong>da</strong>s <strong>Indústria</strong>s do Estado do Ceará<br />
Ano IV n N o 37 n JUNHO/2010<br />
Correspondência<br />
1000013828/2006<br />
DR/CE<br />
FIEC<br />
CORREIOS<br />
Presidente <strong>da</strong> CNI, Armando Monteiro, governador do estado, Cid Gomes,<br />
e presidente <strong>da</strong> FIEC, Roberto Macêdo, ladeiam os homenageados Jorge<br />
Parente, Airton Queiroz, Alexandre Grendene e filha de Vicente de Paiva<br />
(in memoriam), Cristiane de Paiva<br />
<strong>Dia</strong> <strong>da</strong> <strong>Indústria</strong><br />
Comemorações ocorrem num cenário de retoma<strong>da</strong> do crescimento,<br />
após o país ultrapassar a crise econômica mundial<br />
3
junho 2010 | No Publicação do Sistema Federação <strong>da</strong>s<br />
<strong>Indústria</strong>s do Estado do Ceará<br />
37<br />
................................................................................................<br />
Fim <strong>da</strong> pobreza no CE<br />
08<br />
REnDA FAMILIAR<br />
Segundo o Laboratório de Estudos<br />
<strong>da</strong> Pobreza (LEP), caso seja<br />
mantido o nível de crescimento <strong>da</strong><br />
ren<strong>da</strong> familiar, a pobreza no estado<br />
será extinta em 32 anos<br />
Robôs cearenses<br />
14<br />
Confecções<br />
19<br />
SoFTWARE<br />
Criado pelo SENAI/CE, o<br />
Vestio padroniza medi<strong>da</strong>s de<br />
peças do vestuário e amplia a<br />
competitivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s indústrias de<br />
confecção do Ceará<br />
Recicla Nordeste<br />
36<br />
RoBÓTICA<br />
Projeto de robótica <strong>da</strong> Armtec<br />
mostra que o Brasil é capaz<br />
de inovar com tecnologia de<br />
ponta e ganha reconhecimento<br />
internacional<br />
FEIRA<br />
Sindiverde e INDI/FIEC promovem<br />
feira para <strong>da</strong>r impulso às<br />
indústrias de reciclagem <strong>da</strong> região,<br />
no Centro de Convenções, de 10 a<br />
12 de novembro<br />
Civilização do boi<br />
39<br />
CoLonIZAÇÃo<br />
Responsável pelo primeiro ciclo<br />
econômico do estado do Ceará,<br />
o gado marcou o processo<br />
de colonização <strong>da</strong>s terras do<br />
estado do Ceará<br />
Capa<br />
60 anos <strong>da</strong> FIEC<br />
22<br />
Comemorações ocorrem num cenário de<br />
retoma<strong>da</strong> <strong>da</strong> economia, após fim <strong>da</strong> crise<br />
mundial e início de empreendimentos<br />
estruturantes no estado<br />
Vi<strong>da</strong>s transforma<strong>da</strong>s<br />
31<br />
VIRAVIDA<br />
Mais 103 jovens concluem<br />
o Projeto ViraVi<strong>da</strong> no<br />
Ceará e iniciam nova etapa<br />
em suas vi<strong>da</strong>s. Desde<br />
o projeto piloto, 158 já<br />
foram formados no estado<br />
Seções<br />
Mensagem<strong>da</strong>Presidência........5<br />
Notas&Fatos..............................6<br />
Inovações&Descobertas.........13<br />
Junho de 2010 | Revista<strong>da</strong>FIEC |<br />
Foto: JoSÉ SoBRINHo<br />
Foto: JoSÉ SoBRINHo
Federação <strong>da</strong>s <strong>Indústria</strong>s do Estado do Ceará — FIEC<br />
DIRETORIA Presidente Roberto Proença de Macêdo 1 o Vice-Presidente Ivan Rodrigues Bezerra Vice-presidentes Carlos Roberto de Carvalho<br />
Fujita, Pedro Alcântara Rego de Lima e Wânia Cysne Medeiros Dummar Diretor administrativo Affonso Taboza Pereira Diretor financeiro Álvaro<br />
de Castro Correia Neto Diretor administrativo adjunto José Moreira Sobrinho Diretor financeiro adjunto José Carlos Braide Nogueira <strong>da</strong> Gama.<br />
Diretores Verônica Maria Rocha Perdigão, Abraão Sampaio Sales, Antônio Lúcio Carneiro, Cândido Couto Filho, Flávio Barreto Parente,<br />
Francisco José Lima Matos, Geraldo Bastos Osterno Júnior, Hercílio Helton e Silva, Jaime Machado <strong>da</strong> Ponte Filho, José Sérgio França<br />
Azevedo, Júlio Sarmento de Meneses, Manuel Cesário Filho, Marco Aurélio Norões Tavares, Marcos Veríssimo de Oliveira, Pedro Jorge<br />
Joffily Bezerra e Raimundo Alves Cavalcanti Ferraz CONSELHO FISCAL Efetivos Frederico Hosanan Pinto de Castro, José Apolônio de Castro<br />
Figueira e Vanildo Lima Marcelo Suplentes Hélio Perdigão Vasconcelos,<br />
Fernando Antonio de Assis Esteves e José Fernando Castelo Branco Ponte Delegados na CNI Efetivos Roberto Proença de Macêdo<br />
e Jorge Parente Frota Júnior Suplentes Manuel Cesário Filho e Carlos Roberto de Carvalho Fujita<br />
Superintendente geral do Sistema FIEC Paulo Stu<strong>da</strong>rt Filho<br />
Serviço Social <strong>da</strong> <strong>Indústria</strong> — SESI<br />
CONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados <strong>da</strong>s Ativi<strong>da</strong>des Industriais Efetivos Carlos Roberto Carvalho Fujita,<br />
Marcos Silva Montenegro, Ricardo Pereira Sales e Luiz Francisco Juaçaba Esteves Suplentes José Moreira Sobrinho Representantes do Ministério do<br />
Trabalho e Emprego Efetivo Francisco Assis Papito de Oliveira Suplente André Peixoto Figueiredo Lima Representantes do Governo do Estado do<br />
Ceará Efetivo Denilson Albano Portácio Suplente Paulo Venício Braga de Paula Representantes <strong>da</strong> Categoria Econômica <strong>da</strong> Pesca no Estado do<br />
Ceará Efetivo Paulo de Tarso Teófilo Gonçalves Neto Suplente Eduardo Camarço Filho<br />
Representante dos Trabalhadores <strong>da</strong> <strong>Indústria</strong> no Estado do Ceará Efetivo Aristides Ricardo Abreu Suplente Raimundo Lopes Júnior<br />
Superintendente Regional Francisco <strong>da</strong>s Chagas Magalhães<br />
Serviço nacional de Aprendizagem Industrial — SEnAI<br />
CONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados <strong>da</strong>s Ativi<strong>da</strong>des Industriais Efetivos Alexandre Pereira Silva, Ricard<br />
Pereira Silveira, Francisco Túlio Filgueiras Colares e Pedro Jacson Gonçalves de Figueiredo Suplentes Álvaro de Castro Correia Neto, Paula Andréa<br />
Cavalcante <strong>da</strong> Frota, Pedro Jorge Joffily Bezerra e Geraldo Bastos Osterno Júnior Representante do Ministério <strong>da</strong> Educação Efetivo Cláudio Ricardo<br />
Gomes de Lima Suplente Samuel Brasileiro Filho Representantes <strong>da</strong> Categoria Econômica <strong>da</strong> Pesca no Estado do Ceará Efetivo Elisa Maria<br />
Gradvohl Bezerra Suplente Eduardo Camarço Filho Representante do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo André Peixoto Figueiredo Lima<br />
Suplente Francisco Assis Papito de Oliveira Representante dos Trabalhadores <strong>da</strong> <strong>Indústria</strong> no Estado do Ceará Efetivo Francisco Antônio Ferreira<br />
<strong>da</strong> Silva Suplente Antônio Fernando Chaves de Lima Diretor do Departamento Regional do SENAI/CE Francisco <strong>da</strong>s Chagas Magalhães<br />
Instituto Euvaldo Lodi — IEL<br />
Diretor-presidente Roberto Proença de Macêdo Superintendente Vera Ilka Meireles Sales<br />
Coordenação e edição Luiz Carlos Cabral de Morais (lcarlos@sfiec.org.br) Re<strong>da</strong>ção Ângela Cavalcante (adbastos@sfiec.org.br),<br />
David Negreiros Cavalcante (dncavalcante@sfiec.org.br), G evan Oliveira (gdoliveira@sfiec.org.br) e Luiz Henrique Campos (lhcampos@sfiec.org.br) Fotografia José Sobrinho e<br />
Giovanni Santos <strong>Dia</strong>gramação Taís Brasil Millsap Coordenação Gráfica Marcograf Endereço e Re<strong>da</strong>ção Aveni<strong>da</strong> Barão de Stu<strong>da</strong>rt, 1980 — térreo. CEP 60.120-901.<br />
Telefones (085) 3421.5435 e 3421.5436 Fax (085) 3421.5437 Revista <strong>da</strong> FIEC é uma publicação mensal edita<strong>da</strong> pela Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia<br />
(AIRM) do Sistema FIEC Coordenador <strong>da</strong> AIRM Luiz Carlos Cabral de Morais Tiragem 5.000 exemplares Impressão Marcograf<br />
Publici<strong>da</strong>de (85) 3421-5434 e 9187.5063 — publici<strong>da</strong>desfiec@sfiec.org.br e airm@sfiec.org.br<br />
Endereço eletrônico www.sfiec.org.br/publicacao/revista<strong>da</strong>fiec<br />
| Revista<strong>da</strong>FIEC | Junho de 2010<br />
Revista <strong>da</strong> FIEC. – Ano 4, n 37 (jun. 2010) -<br />
– Fortaleza : Federação <strong>da</strong>s <strong>Indústria</strong>s do Estado do Ceará, 2008 -<br />
v. ; 20,5 cm.<br />
Mensal.<br />
ISSN 1983-344X<br />
1. <strong>Indústria</strong>. 2. Periódico. I. Federação <strong>da</strong>s <strong>Indústria</strong>s do<br />
Estado do Ceará. Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia.<br />
CDU: 67(051)<br />
Mensagem<strong>da</strong>Presidência<br />
Roberto Proença de Macêdo<br />
A FIEC aos 60 anos<br />
A Diretoria <strong>da</strong> FIEC se sente muito feliz por estar<br />
coroando o man<strong>da</strong>to do período 2006-2010 no ano de comemoração<br />
<strong>da</strong>s seis déca<strong>da</strong>s <strong>da</strong> nossa Federação. A Federação<br />
<strong>da</strong>s <strong>Indústria</strong>s do Estado do Ceará nasceu há 60 anos a partir<br />
<strong>da</strong> associação de cinco sindicatos existentes em 1950: Fiação<br />
e Tecelagem, Construção Civil, Tipografia, <strong>Indústria</strong> de Calçados,<br />
Alfaiataria e Confecções de Roupas Masculinas, sob a<br />
liderança de Waldyr Diogo de Siqueira e Thomás Pompeu de<br />
Souza Brasil Netto.<br />
Com a diversificação do parque<br />
industrial, a FIEC passou a ter um<br />
papel preponderante no atendimento<br />
à crescente deman<strong>da</strong> por<br />
gestão e mão de obra especializa<strong>da</strong>.<br />
Esse papel vem sendo desempenhado<br />
hoje pela eficiente atuação<br />
do SENAI, do SESI e do IEL,<br />
que integram a nossa estrutura.<br />
A FIEC atingiu um elevado nível<br />
de experiência e de conhecimentos<br />
nessas seis déca<strong>da</strong>s. Hoje<br />
podemos confirmar a maturi<strong>da</strong>de<br />
do parque industrial cearense <strong>da</strong> Federação.<br />
e sua capaci<strong>da</strong>de de contribuir<br />
diretamente para a realização dos<br />
projetos estruturantes, anunciados e em implantação, fun<strong>da</strong>mentais<br />
para o desenvolvimento do estado. São muitos os desafios<br />
postos, entre os quais, uma refinaria de petróleo, uma<br />
siderúrgica, uma ZPE, a geração de energia eólica e térmica,<br />
a transposição e integração do Rio São Francisco – e a consequente<br />
agricultura irriga<strong>da</strong> –, a Transnordestina, a exploração<br />
de urânio e fosfato em Itataia e a expansão do Porto do Pecém.<br />
É importante lembrar ain<strong>da</strong> as ações de adequação <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de<br />
de Fortaleza para a Copa do Mundo de Futebol em 2014 e<br />
mais outras 3.800 obras em an<strong>da</strong>mento, pilota<strong>da</strong>s pessoalmente<br />
pelo governador Cid Gomes.<br />
“Nos últimos três anos,<br />
trabalhamos com<br />
persistência no fortalecimento<br />
sindical, por acreditarmos que as<br />
células do nosso organismo e a<br />
modernização do nosso Estatuto<br />
passam primordialmente pela<br />
“<br />
forma de escolha dos dirigentes<br />
O Ceará, como o resto do Brasil, ressente-se <strong>da</strong> escassez de<br />
mão de obra especializa<strong>da</strong>, e a FIEC, por meio do SENAI e do<br />
SESI, tem contribuído para suprir essa deman<strong>da</strong>, ampliando<br />
sua atuação, com novos cursos de especialização e novos laboratórios<br />
para atender às novas tecnologias.<br />
Por meio do IEL, dentre outros programas, desenvolvemos<br />
o de qualificação de fornecedores e o de apoio à competitivi<strong>da</strong>de<br />
<strong>da</strong>s micro e pequenas indústrias – Procompi.<br />
O CIN, Centro Internacional de Negócios, tem tido uma<br />
intensa ativi<strong>da</strong>de na expansão <strong>da</strong>s<br />
exportações <strong>da</strong>s empresas cearenses,<br />
mediante contatos com<br />
representações de diversos países,<br />
visando o fortalecimento <strong>da</strong>s<br />
relações comerciais.<br />
No Posto de Informações do<br />
BNDES/FIEC instalado no INDI<br />
firmamos em 2009 cerca de mil<br />
operações de crédito, com desembolso<br />
de R$ 112 milhões de<br />
reais para médias e pequenas<br />
empresas. O INDI vem desenvolvendo<br />
também com afinco o<br />
Programa de Mobilização Empresarial<br />
pela Inovação (MEI).<br />
Nos últimos três anos, trabalhamos com persistência no<br />
fortalecimento sindical, por acreditarmos que as células<br />
do nosso organismo e a modernização do nosso Estatuto,<br />
por intermédio <strong>da</strong> democratização <strong>da</strong> gestão, passam<br />
primordialmente pela forma de escolha dos dirigentes <strong>da</strong><br />
Federação. Para tanto, teremos a partir desta <strong>da</strong>ta em que<br />
a FIEC faz 60 anos o exercício do voto direto de todos os<br />
empresários associados aos seus sindicatos. Assim, contamos<br />
com a participação de todos para que, no exercício<br />
desse direito, contribuam efetivamente para a consoli<strong>da</strong>ção<br />
<strong>da</strong> Federação que queremos.<br />
Junho de 2010 | Revista<strong>da</strong>FIEC |
Notas&Fatos<br />
o q u E A C o n T E C E n o S I S T E M A F I E C , n A P o L í T I C A E n A E C o n o M I A<br />
CIDADAnIA<br />
esColas<br />
CeaRenses<br />
pRemia<strong>da</strong>s<br />
DOZE ESCOLAS cearenses<br />
foram premia<strong>da</strong>s com o<br />
Prêmio Construindo a Nação<br />
2009-2010. Nesta edição,<br />
57 instituições de ensino<br />
concorreram. A Escola SESI<br />
Dr. Thomaz Pompeu de<br />
Souza Brasil, de Fortaleza,<br />
foi contempla<strong>da</strong> na<br />
categoria Destaque Social.<br />
A comen<strong>da</strong> busca destacar,<br />
valorizar e mostrar como<br />
exemplo, criando referências,<br />
ações que escolas públicas<br />
e priva<strong>da</strong>s realizam com a<br />
presença ativa de seus alunos<br />
no diagnóstico e promoção<br />
de ações para a solução de<br />
problemas <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des<br />
onde estão situa<strong>da</strong>s. Visa<br />
ain<strong>da</strong> valorizar o papel<br />
do educador no processo<br />
de formação do aluno<br />
como ci<strong>da</strong>dão e preparar<br />
os estu<strong>da</strong>ntes para a vi<strong>da</strong>,<br />
a partir <strong>da</strong> convivência<br />
com as deman<strong>da</strong>s sociais.<br />
A premiação é realiza<strong>da</strong><br />
pelo Instituto <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia<br />
Brasil, CNI e SESI. A versão<br />
estadual é coordena<strong>da</strong><br />
pelo SESI/CE.<br />
REVISTA 60 AnoS<br />
O presidente <strong>da</strong> FIEC, Roberto<br />
Proença de Macêdo, é formado<br />
em Engenharia Mecânica e<br />
não em Engenharia Elétrica,<br />
conforme informado na edição<br />
de maio (pág. 35) <strong>da</strong> Revista<br />
<strong>da</strong> FIEC, comemorativa dos 60<br />
anos <strong>da</strong> enti<strong>da</strong>de.<br />
Foto: JoSÉ SoBRINHo<br />
| Revista<strong>da</strong>FIEC | Junho de 2010<br />
SESI<br />
ação Global beneficia<br />
mais de 18 000 no Ce<br />
MAIS de 18 000<br />
pessoas foram<br />
beneficia<strong>da</strong>s na<br />
edição 2010 <strong>da</strong> Ação<br />
Global no Ceará, realiza<strong>da</strong><br />
em 22 de maio no<br />
município de Eusébio, na<br />
região metropolitana de<br />
Fortaleza. Elas tiveram<br />
amplia<strong>da</strong> a sua ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia<br />
ao ter acesso a serviços<br />
gratuitos como emissão<br />
de documentos pessoais,<br />
atendimentos médicos e<br />
odontológicos, orientações<br />
sobre alimentação saudável<br />
e ativi<strong>da</strong>des de lazer e<br />
cultura. A iniciativa foi<br />
uma promoção conjunta<br />
do SESI/CE e <strong>da</strong> TV<br />
Verdes Mares, afilia<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />
Rede Globo, e envolveu<br />
1 050 voluntários e 52<br />
organizações parceiras.<br />
Foram totalizados 55 161<br />
atendimentos. Entre os<br />
serviços mais procurados<br />
pelo público ficaram os de<br />
saúde, que registraram 16<br />
828 atendimentos.<br />
RESPonSABILIDADE SoCIAL<br />
ConSTRuToRA CEAREnSE RECEBE PRêMIo nACIonAL<br />
O programa Descobrindo Saberes<br />
– Construindo Ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, <strong>da</strong> <strong>Dia</strong>s de<br />
Sousa Construções, é um dos vencedores<br />
do Prêmio de Responsabili<strong>da</strong>de Social<br />
<strong>da</strong> Câmara Brasileira <strong>da</strong> <strong>Indústria</strong><br />
<strong>da</strong> Construção (CBIC). A premiação<br />
reconhece o trabalho realizado pela<br />
empresa no desenvolvimento de ativi<strong>da</strong>des<br />
socioeducativas e culturais <strong>da</strong>s crianças<br />
ConSTRuÇÃo<br />
setoR ContRataRá<br />
380 000 até 2014<br />
no país<br />
A COnSTRUçãO civil<br />
precisará contratar<br />
380 000 trabalhadores<br />
por ano até 2014 no país.<br />
Entre os profissionais<br />
mais procurados<br />
estão aju<strong>da</strong>ntes de<br />
obras, trabalhadores<br />
de estruturas em<br />
alvenaria, montadores de<br />
estruturas em madeira,<br />
metal e compostos,<br />
supervisores de obras e<br />
instaladores elétricos.<br />
As informações são de<br />
pesquisas prospectivas<br />
e de tendências feitas<br />
pelo SENAI Nacional.<br />
Segundo os estudos, 54%<br />
<strong>da</strong> deman<strong>da</strong> por mão<br />
de obra <strong>da</strong> construção<br />
civil será concentra<strong>da</strong> na<br />
região Sudeste, 18% no<br />
Nordeste, 14% no Sul,<br />
8% no Centro-Oeste e<br />
6% no Norte. Parte dessa<br />
deman<strong>da</strong> deverá ocorrer<br />
no interior dos estados.<br />
e adolescentes com i<strong>da</strong>de entre sete e 16<br />
anos, filhos de colaboradores do setor <strong>da</strong><br />
construção civil. A <strong>Dia</strong>s de Sousa é uma<br />
<strong>da</strong>s organizações que integram a rede<br />
de Agentes de Responsabili<strong>da</strong>de Social,<br />
programa coordenado pelo SESI/CE que<br />
consiste na capacitação de representantes<br />
do setor empresarial para a atuação em<br />
projetos sociais.<br />
AngoLA<br />
missão<br />
paRtiCipa de<br />
FeiRa em julho<br />
A MISSãO empresarial brasileira<br />
a Angola, articula<strong>da</strong> pelo<br />
Centro Internacional de<br />
Negócios (CIN) <strong>da</strong> FIEC,<br />
participará de 20 a 25 de<br />
julho <strong>da</strong> Feira Internacional de<br />
Luan<strong>da</strong> (Fil<strong>da</strong>). Cerca de 30<br />
empresários de todo o Brasil,<br />
incluindo cearenses, integram a<br />
comitiva. Em sua 27ª edição, a<br />
Fil<strong>da</strong> é uma feira multissetorial<br />
que permite o contato não<br />
apenas com o mercado<br />
angolano, mas também com<br />
importadores dos demais países<br />
<strong>da</strong> África Austral. Informações:<br />
(85) 3421-5419.<br />
CARIRI<br />
senai/Ce Realiza<br />
CuRso de pedReiRo<br />
paRa mulheRes<br />
A ESCOLA do SENAI/CE<br />
em Juazeiro do Norte e<br />
a Construtora Raimundo<br />
Coelho (CRC) <strong>da</strong>rão formação<br />
técnica gratuita na área <strong>da</strong><br />
construção civil a 60 mulheres<br />
do município. O projeto,<br />
intitulado Mulher Pedreira,<br />
está treinando inicialmente<br />
dez mulheres. As participantes<br />
são seleciona<strong>da</strong>s pela<br />
Secretaria de Ação Social do<br />
município e pela CRC. Os prérequisitos<br />
são ter concluído<br />
ou estar cursando o ensino<br />
fun<strong>da</strong>mental, comprovar<br />
situação de pobreza e residir<br />
no entorno <strong>da</strong> obra. As aulas<br />
teóricas serão ministra<strong>da</strong>s na<br />
uni<strong>da</strong>de do SENAI e a parte<br />
prática ocorrerá no canteiro<br />
de obras <strong>da</strong> construtora.<br />
Notas&Fatos<br />
ALASCA<br />
FieC apoia expedição de<br />
montanhista cearense<br />
AFIEC está<br />
apoiando a<br />
expedição do<br />
cearense Rosier<br />
Alexandre na<br />
montanha mais fria<br />
<strong>da</strong> terra: o McKinley,<br />
com 6 194 metros de<br />
altitude, localizado<br />
perto do Polo Norte,<br />
no Alasca (EUA).<br />
Antes desse desafio,<br />
Rosier já escalou o<br />
Aconcágua, maior<br />
montanha <strong>da</strong> Terra<br />
fora <strong>da</strong> Ásia, e o Ojos del Salado, maior vulcão do<br />
planeta. A atual expedição ocorre durante o mês de<br />
junho, com duração aproxima<strong>da</strong> de 20 dias. Além<br />
<strong>da</strong> paixão por altas montanhas, o combustível que<br />
move Rosier em seus desafios são a garra, ousadia,<br />
planejamento, determinação e comprometimento com<br />
seus propósitos e metas, o mesmo que movimenta as<br />
grandes organizações em direção ao sucesso.<br />
FoToS<br />
AS DUAS FOTOS utiliza<strong>da</strong>s na página 11 <strong>da</strong><br />
edição de maio <strong>da</strong> Revista <strong>da</strong> FIEC,<br />
publicação especial em comemoração aos<br />
60 anos <strong>da</strong> enti<strong>da</strong>de, pertencem ao arquivo<br />
pessoal do industrial e escritor cearense Cândido<br />
Couto Filho. O empresário é autor do livro<br />
Ceará – A civilização do couro, entre outras<br />
obras alusivas ao setor coureiro cearense.<br />
FotoS: CÂNDIDo CoUto<br />
Foto: ARQUIVo PESSoAL DE RoSIER ALEXANDRE<br />
CURTAS<br />
---------------------<br />
n A ALIMEnTOS<br />
Funcionais do Brasil<br />
(AFBr), em parceira<br />
com o Parque de<br />
Desenvolvimento<br />
Tecnológico <strong>da</strong> UFC e<br />
empresas cearenses,<br />
está lançando franquia<br />
para instalação de<br />
rede de lojas que<br />
comercializarão apenas<br />
alimentos funcionais<br />
inéditos produzidos<br />
no Brasil. O projeto<br />
inovador pretende abrir<br />
80 lojas nos próximos<br />
cinco anos. A iniciativa<br />
conta com a parceria<br />
do Banco do Nordeste e<br />
já está com a estrutura<br />
operacional monta<strong>da</strong>. As<br />
lojas franquea<strong>da</strong>s serão<br />
abasteci<strong>da</strong>s com produtos<br />
inéditos fabricados pela<br />
AFBr com tecnologia<br />
patentea<strong>da</strong> que será<br />
licencia<strong>da</strong> pela Polymar.<br />
A primeira loja deve entrar<br />
em operação em agosto.<br />
n O BRASIL apresenta<br />
situação privilegia<strong>da</strong><br />
em termos de utilização<br />
de fontes renováveis<br />
de energia. De acordo<br />
com <strong>da</strong>dos de 2009, no<br />
país, 47,3% <strong>da</strong> Oferta<br />
Interna de Energia (OIE)<br />
é renovável, enquanto a<br />
média mundial é de 14%<br />
e nos países desenvolvidos<br />
apenas 6%. A OIE, também<br />
denomina<strong>da</strong> de matriz<br />
energética, representa<br />
to<strong>da</strong> a energia disponível<br />
para ser transforma<strong>da</strong>,<br />
distribuí<strong>da</strong> e consumi<strong>da</strong><br />
nos processos produtivos<br />
do país.<br />
Junho de 2010 | Revista<strong>da</strong>FIEC |
Ceará<br />
Pobreza extinta<br />
em 32 anos<br />
Cálculo é do levantamento do Laboratório de Estudos <strong>da</strong> Pobreza<br />
(LEP) levando em conta uma taxa média de crescimento <strong>da</strong> ren<strong>da</strong><br />
familiar per capita no patamar de 1,58% ao ano<br />
POR ÂNGELA CAvALCANTE<br />
Em quanto tempo será erradica<strong>da</strong> a pobreza no<br />
Ceará? Levantamento do Laboratório de Estudos<br />
<strong>da</strong> Pobreza (LEP), vinculado ao Curso de Pós-Graduação<br />
em Economia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Federal do<br />
Ceará (CAEN/UFC), calcula que se a taxa média de crescimento<br />
<strong>da</strong> ren<strong>da</strong> familiar per capita se mantiver no patamar<br />
de 1,58% ao ano, como ocorreu entre 1995 e 2007, a<br />
pobreza no estado será extinta em 32 anos.<br />
Para o coordenador do LEP, Flávio Ataliba Barreto, o<br />
prazo pode ser reduzido se, além do crescimento econômico,<br />
forem utiliza<strong>da</strong>s políticas públicas que possam alterar<br />
o perfil distributivo <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de cearense. Conforme o<br />
| Revista<strong>da</strong>FIEC | Junho de 2010<br />
economista, a utilização de estratégias volta<strong>da</strong>s para a geração<br />
de ren<strong>da</strong> entre os mais pobres é fun<strong>da</strong>mental, já que a ren<strong>da</strong><br />
do salário é considera<strong>da</strong> o principal responsável pela que<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong> desigual<strong>da</strong>de. Segundo Ataliba, a melhoria <strong>da</strong> educação e<br />
<strong>da</strong> saúde pública para os mais pobres é também decisiva para<br />
transformar o cenário de desigual<strong>da</strong>de no estado.<br />
Na análise do LEP, o tempo médio de extinção <strong>da</strong> pobreza<br />
reduz à medi<strong>da</strong> que a ren<strong>da</strong> real cresce. Conforme<br />
as simulações, caso a ren<strong>da</strong> real <strong>da</strong>s famílias cearenses<br />
crescesse a uma taxa anual consecutiva de apenas 0,5% ao<br />
ano, seriam necessários 97 anos e seis meses para abolir<br />
completamente a pobreza no Ceará. Considerando, então,<br />
que o rendimento aumentasse por ano na faixa de 5%, a<br />
perspectiva de extinção seria de apenas dez anos.<br />
Embora o estudo Sobre a Quali<strong>da</strong>de do Crescimento<br />
Econômico no Brasil de 1995 a 2008: uma Análise<br />
Comparativa entre Estados e Regiões Brasileiras, realizado<br />
recentemente também pelo LEP, ateste que o Ceará<br />
melhorou todos os seus indicadores socioeconômicos,<br />
o nível de desigual<strong>da</strong>de ain<strong>da</strong> é muito grande, como no<br />
restante do país.<br />
No período de 1995 a 2008, o estado apresentou crescimento<br />
em favor <strong>da</strong> pobreza, reduzindo ca<strong>da</strong> um dos<br />
indicadores e em todos os percentuais de ren<strong>da</strong> analisados.<br />
Segundo Flávio Ataliba, a redução <strong>da</strong> pobreza ocorre<br />
por meio <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça na distribuição <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> e do seu<br />
crescimento, que impacta na diminuição <strong>da</strong> desigual<strong>da</strong>de<br />
econômica. “Nos dois fatores o Ceará apresentou melhoria<br />
no período estu<strong>da</strong>do”, observa o economista.<br />
O Índice de Gini, criado em 1912 pelo estatístico italiano<br />
Corrado Gini para medir o grau de desigual<strong>da</strong>de<br />
existente na distribuição de indivíduos segundo a ren<strong>da</strong><br />
domiciliar per capita, revela uma melhoria na distribuição<br />
do rendimento cearense ao longo dos anos contemplados<br />
no estudo em questão. O índice considera que, quanto<br />
mais próximo de zero, menor é a diferença de ren<strong>da</strong> entre<br />
a população. As taxas verifica<strong>da</strong>s para o estado foram<br />
de 0,61% (período FHC), de 0,58% (período Lula) e 0,53%<br />
(1995 – 2008). Outro ponto positivo, em relação ao Ceará,<br />
é que a taxa de crescimento <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> domiciliar per capita<br />
continua crescente. Ela passou de 2,19% (1995 a 2002) para<br />
26,90% (2000 a 2008), fechando numa variação de 29,68%,<br />
no período de 1995 a 2008.<br />
Da mesma forma como ocorre com a desigual<strong>da</strong>de,<br />
O prazo para<br />
a pobreza ser<br />
erradica<strong>da</strong> pode ser<br />
reduzido se, além do<br />
crescimento econômico,<br />
forem utiliza<strong>da</strong>s políticas<br />
públicas que possam alterar o perfil<br />
distributivo <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de cearense.<br />
““<br />
Flávio Ataliba Barreto, coordenador do LEP<br />
a evolução nos indicadores socioeconômicos do estado<br />
também tem sido percebi<strong>da</strong> em todo o país. Por esse motivo,<br />
não é possível afirmar até que ponto a evolução no<br />
desenvolvimento cearense estaria liga<strong>da</strong> a políticas públicas<br />
estaduais, ou seria reflexo <strong>da</strong>s federais.<br />
De acordo com o pesquisador do LEP, Carlos Manso,<br />
as desproporções do desenvolvimento continuam no<br />
Ceará para com o interior, assim como no Brasil para com<br />
o Nordeste. “A zona rural cearense tem 22% <strong>da</strong> população<br />
e 40% dos pobres, assim como o Nordeste, que tem<br />
apenas 28% <strong>da</strong> população nacional e responde por 48%<br />
do número de pobres”, compara. Segundo ele, a evolução<br />
no desenvolvimento do estado poderia estar mais veloz<br />
se fossem amplia<strong>da</strong>s políticas públicas direciona<strong>da</strong>s, por<br />
exemplo, para a educação, especialmente na infância.<br />
Junho de 2010 | Revista<strong>da</strong>FIEC |<br />
Foto: ARQUIVo PESSoAL, FLÁVIo AtALIBA
Lentidão se deve à “pulverização” do Fecop Estudos mostram que a desigual<strong>da</strong>de tende a inibir o<br />
Outra pesquisa do LEP, que relaciona o Fundo Estadual<br />
de Combate à Pobreza (Fecop) com o Índice de<br />
Desenvolvimento Municipal (IDM) em dez ci<strong>da</strong>des do<br />
Ceará e em dez locali<strong>da</strong>des <strong>da</strong> capital do estado, Fortaleza,<br />
entre os anos de 2004 e 2006, aponta que as ações do<br />
fundo teriam maior eficácia no desenvolvimento econômico<br />
dos municípios cearenses se fossem adotados fatores<br />
condicionantes, como comprovações de matrícula escolar e<br />
de vacinação de crianças para a execução dos programas.<br />
O estudo, que também comparou o Fecop com o Bolsa<br />
Família, revela maior impacto do programa de transferência<br />
de ren<strong>da</strong> do governo federal do que do Fecop na melhoria dos<br />
indicadores do estado. “Constatamos estatisticamente que o<br />
Bolsa Família tem um maior peso na evolução dos indicadores.<br />
Entretanto, nem o Fecop sozinho, ou associado ao Bolsa<br />
Família, fez os IDMs dos municípios pesquisados crescerem<br />
acima <strong>da</strong> média dos outros. Isso merece uma reflexão sobre a<br />
metodologia a ser utiliza<strong>da</strong> na continui<strong>da</strong>de desse programa”,<br />
avalia a economista Lúcia de Fátima Muniz, responsável pelo<br />
desenvolvimento <strong>da</strong> pesquisa do LEP.<br />
Em seu sexto ano de atuação, o Fecop tem prazo de<br />
vigência previsto para 31 de dezembro próximo. Para a<br />
economista, ele deve ser mantido, mas com mu<strong>da</strong>nças.<br />
Inicialmente, em 2004, os recursos do fundo eram destinados<br />
aos dez municípios mais pobres do Ceará (na época, Salitre,<br />
Aiuaba, Catarina, Quiterianópolis, Granja, Moraújo, Tarrafas,<br />
Parambu, Cariús e Irauçuba). Porém, a metodologia sofreu<br />
alterações e hoje todos os 184 municípios são contemplados.<br />
A quanti<strong>da</strong>de de ações também se multiplicou e a gestão<br />
do Fecop passou de um comitê central para as secretarias<br />
estaduais. “Essa pulverização pode ser aponta<strong>da</strong> como a razão<br />
para a lentidão dos resultados obtidos”, argumenta Muniz.<br />
Desigual<strong>da</strong>de X ren<strong>da</strong><br />
Entre 2001 e 2008, o Ceará conseguiu superar<br />
as regiões brasileiras e o próprio país na<br />
redução <strong>da</strong> desigual<strong>da</strong>de. O estado acumulou<br />
uma redução de 7,69%, enquanto o Brasil apresentou<br />
retração de 5,09%. A região Norte também superou<br />
o nível nacional, com que<strong>da</strong> de 6,05%. O Nordeste<br />
teve o segundo pior desempenho, com 4,54% de<br />
redução, perdendo apenas para o Centro-Oeste, que<br />
teve variação negativa de 3,11%. Os índices têm por<br />
base os <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> Pesquisa Nacional por Amostra<br />
de Domicílio (PNAD), do Instituto Brasileiro de<br />
Geografia e Estatística (IBGE).<br />
Para os pesquisadores do LEP Flávio Ataliba Barreto,<br />
Carlos Alberto Manso e Raimundo Loiola Filho e os<br />
colaboradores do estudo A Ren<strong>da</strong> do Trabalho e a Redução<br />
<strong>da</strong> Desigual<strong>da</strong>de – Evidências para o Ceará, Regiões e Brasil,<br />
Janaína Rodrigues Feijó e Danielly Viana Santos, tais números<br />
jogam luz na esperança de que, ao ser atualiza<strong>da</strong> a estatística do<br />
Programa <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s para o Desenvolvimento (PNUD), o<br />
Estudo que comparou o<br />
Fecop com o Bolsa Família<br />
revela maior impacto do programa<br />
de transferência de ren<strong>da</strong> do governo<br />
federal do que do Fecop na melhoria<br />
dos indicadores do estado.<br />
Lúcia de Fátima Muniz, economista responsável<br />
pelo desenvolvimento <strong>da</strong> pesquisa do LEP<br />
““<br />
Na análise dos economistas do Caen, o Fecop, criado<br />
pelo governo estadual em 2003 e regulamentado em março<br />
do ano seguinte, tem como premissa básica a melhoria <strong>da</strong><br />
quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> dos municípios mais pobres do Ceará, com<br />
dois macro-objetivos: promover transformações estruturais<br />
para combater a pobreza e assistir as populações que se<br />
encontram abaixo <strong>da</strong> linha de pobreza, visando melhorar<br />
suas condições de vi<strong>da</strong> mediante políticas de transferência<br />
de ren<strong>da</strong>, com caráter assistencialista.<br />
Dados do IDM 2008, divulgados pelo Instituto de Pesquisa<br />
e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), mostram que dos<br />
184 municípios cearenses, apenas 20, ou cerca de 11%,<br />
apresentam condições satisfatórias de infraestrutura e índices<br />
sociais e econômicos relativamente favoráveis. Dez destes<br />
pertencem à região metropolitana de Fortaleza. Os outros 164,<br />
onde vive metade <strong>da</strong> população do estado, detêm indicadores<br />
econômicos e sociais classificados como baixos.<br />
Índice de GINI: Brasil, Regiões e Ceará. 2001 e 2008 (%)<br />
Locali<strong>da</strong>des 2001 2008 Variação<br />
Centro-Oeste 60,22 57,00 -3,22<br />
Norte 58,03 51,99 -6,05<br />
Nordeste 61,10 56,56 -4,54<br />
Ceará 62,24 54,55 -7,69<br />
Sul 55,16 49,61 -5,54<br />
Sudeste 57,14 51,84 -5,30<br />
Brasil 60,13 55,04 -5,09<br />
Fonte: Elaborado pelos autores do estudo a partir dos <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> PNAD/IBGE<br />
nosso país passe a ocupar melhor posição. Na última edição do<br />
PNUD, realiza<strong>da</strong> em 2003, dos 160 países pesquisados, o Brasil<br />
ficou em 8º lugar entre os mais desiguais, superando apenas<br />
Guatemala e os africanos Suazilândia, República Centro-Africana,<br />
Serra Leoa, Botsuana, Lesoto e Namíbia.<br />
crescimento econômico dos países, principalmente em<br />
economias de baixa ren<strong>da</strong>. O motivo é que a desigual<strong>da</strong>de<br />
contribui para potencializar os desvios e conflitos sociais,<br />
aumentando a necessi<strong>da</strong>de de os governos destinarem<br />
vultosos recursos de seus orçamentos para ativi<strong>da</strong>des não<br />
produtivas, como construção de novos presídios, aumento<br />
do aparelho policial, ampliação <strong>da</strong> justiça etc. Outro fator<br />
limitador é que a alta desigual<strong>da</strong>de restringe o tamanho<br />
do mercado consumidor interno, já que a propensão<br />
média a consumir tende a ser menor em economias de<br />
ren<strong>da</strong> mais concentra<strong>da</strong>.<br />
O sucesso de políticas públicas na redução <strong>da</strong><br />
pobreza passa necessariamente por ações que<br />
promovam, de forma simultânea, a expansão <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> e<br />
a redução <strong>da</strong> desigual<strong>da</strong>de. Quanto mais alto o nível de<br />
concentração de ren<strong>da</strong> inicial, maior a necessi<strong>da</strong>de de<br />
que os resultados benéficos do crescimento econômico<br />
sejam espalhados para to<strong>da</strong>s as classes <strong>da</strong> população,<br />
especialmente as mais carentes.<br />
No Ceará, o estudo do LEP revela que, do total <strong>da</strong> ren<strong>da</strong><br />
per capita, a ren<strong>da</strong> advin<strong>da</strong> do trabalho representa 72,1%. A<br />
média nacional é maior, chegando a quase 80%. Observase,<br />
porém, que essa variável perdeu participação em to<strong>da</strong>s<br />
as regiões em 2008, significando evidentemente que os<br />
outros componentes ganharam maior peso. Depois <strong>da</strong> ren<strong>da</strong><br />
do trabalho, os rendimentos de aposentadorias e pensões<br />
pagas pelo governo federal ou por institutos de previdência<br />
têm a segun<strong>da</strong> maior importância, representando no Brasil<br />
um pouco menos de 20% do total. Essa variável, junto a<br />
rendimentos relacionados aos pagamentos de juros ou<br />
dividendos e transferências de programas sociais como o<br />
Bolsa Família, teve aumento na participação em 2008, com<br />
especial atenção para esse último no Nordeste – mais do<br />
que duplicou sua importância relativa.<br />
Segundo o estudo, como a ren<strong>da</strong> do trabalho é<br />
o componente mais importante na ren<strong>da</strong> total, ela<br />
Evolução <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> salarial per capita 2002 a 2008<br />
Ceará Nordeste Brasil<br />
Fonte: Elaborado pelos autores do estudo a partir dos <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> PNAD/IBGE<br />
tem grande peso na determinação <strong>da</strong> magnitude <strong>da</strong><br />
desigual<strong>da</strong>de no Brasil. “Significa que a ren<strong>da</strong> advin<strong>da</strong> do<br />
trabalho praticamente coman<strong>da</strong> a medi<strong>da</strong> de desigual<strong>da</strong>de<br />
no país. Constata-se inicialmente, então, que o principal<br />
responsável pela que<strong>da</strong> <strong>da</strong> desigual<strong>da</strong>de nas diversas<br />
locali<strong>da</strong>des é o aumento <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> do trabalho”, avaliam os<br />
autores do estudo.<br />
Com exceção do Nordeste, em to<strong>da</strong>s as regiões e no<br />
Brasil, a participação <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> do trabalho na ren<strong>da</strong> total<br />
está acima de 60%, com destaque para o Sudeste, que<br />
é responsável por quase 78% <strong>da</strong> variação do Índice de<br />
Gini. O Ceará, com 62,56%, apresenta um comportamento<br />
semelhante ao <strong>da</strong> região Sul.<br />
Quanto aos outros componentes, verifica-se que<br />
a ren<strong>da</strong> proveniente de aluguéis e doações feitas por<br />
pessoas de outros domicílios teve pouca participação<br />
na redução <strong>da</strong> desigual<strong>da</strong>de, enquanto que recursos de<br />
aposentadorias e pensões pagas pelo governo federal<br />
ou por institutos de previdência tiveram expressiva<br />
influência na região Sul, contribuindo com quase 28%<br />
para sua redução. Isso significa que entre as pessoas<br />
que recebem esse tipo de rendimento, a desigual<strong>da</strong>de<br />
ficou menor nesse grupo de ren<strong>da</strong>, o que, por extensão,<br />
contribui para a que<strong>da</strong> <strong>da</strong> desigual<strong>da</strong>de geral. Ain<strong>da</strong> sobre<br />
esse componente, a contribuição de 16,76% no Ceará<br />
acompanha o padrão nacional (16,36%) e <strong>da</strong>s regiões<br />
Nordeste (16,46%) e Sudeste (15,90%).<br />
Os desembolsos com transferências oficiais (Bolsa<br />
Família, por exemplo) e o pagamento de juros <strong>da</strong>s<br />
aplicações financeiras têm pouca expressivi<strong>da</strong>de nas<br />
regiões mais desenvolvi<strong>da</strong>s do país, como Sul e Sudeste.<br />
Nas regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste, a contribuição<br />
dessas fontes de ren<strong>da</strong> é bem mais significativa, sendo<br />
responsável por quase 40% <strong>da</strong> que<strong>da</strong> de desigual<strong>da</strong>de<br />
de ren<strong>da</strong> entre os nordestinos. No Ceará, a contribuição<br />
de benefícios como o Bolsa Família representa cerca de<br />
22,31% <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> total.<br />
10 | Revista<strong>da</strong>FIEC | Junho de 2010<br />
Junho de 2010 11<br />
| Revista<strong>da</strong>FIEC |
Segun<strong>da</strong> pior média<br />
Apesar de a ren<strong>da</strong> do trabalho ser o principal<br />
responsável pela redução <strong>da</strong> desigual<strong>da</strong>de no<br />
Brasil e no Ceará, a média salarial do estado<br />
para o ano de 2008, considerando a faixa etária<br />
com i<strong>da</strong>de ativa de trabalho (15 anos ou mais), teve<br />
a segun<strong>da</strong> pior média do país (R$ 618,30), ficando<br />
à frente apenas do Piauí (R$ 585,87). Em relação<br />
à evolução <strong>da</strong> média salarial, o estado apresentou<br />
uma taxa de crescimento de 12,68% no período,<br />
sendo inferior à média nordestina (19,23%), mas<br />
superior à taxa nacional (7,60%). Quando se avalia<br />
essa evolução em relação a to<strong>da</strong> a população, o<br />
desempenho no Ceará, com uma taxa de 30,61%,<br />
supera novamente Brasil e Nordeste.<br />
Analisando o mercado de trabalho cearense<br />
a partir <strong>da</strong> distribuição <strong>da</strong> população ocupa<strong>da</strong> e sua ren<strong>da</strong><br />
por ativi<strong>da</strong>des de 2002 a 2008, o estudo do LEP verifica<br />
que grande parte do contingente em 2002 encontrava-se<br />
nas ativi<strong>da</strong>des agrícolas (31%), segui<strong>da</strong>s do comércio (16%)<br />
e indústria (14%). Em 2008, constata-se uma redução na<br />
participação <strong>da</strong> população no setor agrícola (27%), com<br />
aumento expressivo no pessoal ocupado no setor industrial<br />
(um crescimento de dois pontos percentuais) e no comércio,<br />
subindo sua participação para 17%.<br />
Ren<strong>da</strong> <strong>da</strong> população ocupa<strong>da</strong> por ativi<strong>da</strong>des no Ceará, 2008<br />
Educação e Saúde<br />
15%<br />
Outras<br />
24%<br />
Adm. Pública<br />
11%<br />
Agrícola<br />
8%<br />
<strong>Indústria</strong><br />
14%<br />
Comércio<br />
21%<br />
Fonte: Elaborado pelos autores do estudo a partir dos <strong>da</strong>dos <strong>da</strong> PNAD/IBGE<br />
Construção 7%<br />
O componente mais importante verificado no estudo, em<br />
relação à evolução anual <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> do trabalho entre 2002-<br />
2008, foi o aumento <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de. No Ceará, esse ganho<br />
representou uma taxa de crescimento média anual de 3,03%,<br />
enquanto que no Brasil essa taxa foi de 1,90%, e no Nordeste<br />
a expansão foi de 3,89%. No caso específico do Ceará, a<br />
taxa verifica<strong>da</strong> decorreu especialmente <strong>da</strong> expansão que se<br />
observou de 2006 a 2008. A expansão <strong>da</strong> escolari<strong>da</strong>de foi o<br />
principal responsável pelo ganho de produtivi<strong>da</strong>de no período,<br />
especialmente para o Nordeste.<br />
Inovaçoes<br />
TECLADO SOBRE A PELE<br />
Foto: CHRIS HARRISoN<br />
Em breve, os touchpads dos<br />
notebooks ou as telas sensíveis<br />
ao toque de computadores,<br />
celulares e outros equipamentos<br />
portáteis, tecnologias que<br />
mal chegaram às prateleiras,<br />
serão “coisa” do passado. Elas<br />
devem ficar “obsoletas” quando<br />
o skinput – uma mescla de<br />
skin (pele) e input (entra<strong>da</strong><br />
de <strong>da</strong>dos) – estiver à ven<strong>da</strong>.<br />
Desenvolvi<strong>da</strong> por Chris Harrison<br />
e Desney Tan Dan Morris, <strong>da</strong><br />
Universi<strong>da</strong>de Carnegie Mellon,<br />
nos Estados Unidos, o skinput<br />
é uma combinação de sensores<br />
bioacústicos e um programa de<br />
inteligência artificial que pode<br />
transformar os dedos, os braços<br />
– ou virtualmente qualquer<br />
parte do corpo – em um teclado<br />
virtual para controlar telefones<br />
celulares inteligentes e outros<br />
equipamentos eletrônicos.<br />
Em um teste envolvendo 20<br />
voluntários, o teclado virtual<br />
projetado sobre a pele foi capaz<br />
de identificar as entra<strong>da</strong>s com<br />
88% de exatidão. A precisão<br />
depende <strong>da</strong> proximi<strong>da</strong>de do<br />
toque com os sensores: toques<br />
no antebraço puderam ser<br />
identificados com 96% de<br />
exatidão quando os sensores<br />
estavam fixados abaixo do<br />
cotovelo. Os testes indicaram que<br />
a precisão do skinput é menor<br />
nas pessoas mais gordinhas, e a<br />
i<strong>da</strong>de e o sexo também podem<br />
afetar a precisão. Mas isso eles<br />
ain<strong>da</strong> não explicaram o porquê!<br />
Então, tá!<br />
&Descobertas<br />
PnEUS “VERDES” DEVEM RODAR EM CInCO AnOS<br />
Os primeiros pneus verdes, fabricados com<br />
matéria-prima renovável, deverão estar disponíveis<br />
no mercado dentro de cinco anos. Foi o que afirmou<br />
o cientista Joseph McAuliffe, durante a Conferência<br />
Anual <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de Química Americana. As pesquisas<br />
atuais tentam substituir o petróleo<br />
por compostos derivados de<br />
plantas. Ca<strong>da</strong> pneu fabricado<br />
hoje consome 26 litros e,<br />
anualmente, é produzido<br />
perto de um bilhão de<br />
uni<strong>da</strong>des. McAuliffe explica<br />
que o novo processo usa<br />
os açúcares derivados <strong>da</strong><br />
biomassa para produzir um<br />
composto químico chamado<br />
BITUCA DE CIGARRO EVITA<br />
CORROSãO DO AçO<br />
Quem diria!<br />
Encontraram um<br />
benefício trazido pelo<br />
cigarro o cigarro além<br />
do enriquecimento<br />
dos seus produtores e<br />
dos impostos para os<br />
governos. Cientistas<br />
chineses afirmam que<br />
os cigarros, ou melhor,<br />
as bitucas que sobram depois do uso podem ser<br />
usa<strong>da</strong>s como um poderoso anticorrosivo do aço.<br />
Segundo estudo publicado na revista científica<br />
Industrial & Engineering Chemistry Research, o<br />
filtro de cigarro usado produz nove substâncias<br />
químicas diferentes, entre elas a nicotina, que,<br />
quando imersa em água, impede a corrosão<br />
do aço. Explica o cientista Jun Zhao, um dos<br />
responsáveis pelo trabalho, <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Xian<br />
Jiaotong: “Quando os extratos foram aplicados em<br />
canos de aço comumente usados na indústria do<br />
petróleo, verificou-se que as substâncias tinham<br />
a proprie<strong>da</strong>de de impedir a corrosão do material,<br />
mesmo quando o metal foi submetido a condições<br />
extremas”. Zhao e sua equipe citaram estatísticas<br />
de acordo com as quais 4,5 trilhões de filtros de<br />
cigarro são descartados no meio ambiente a ca<strong>da</strong><br />
ano. Os chineses consomem cerca de um terço dos<br />
cigarros produzidos no planeta.<br />
isopreno, um derivado do petróleo usado na<br />
fabricação do pneu. “Um dos desafios técnicos tem<br />
sido o desenvolvimento de um processo eficiente para<br />
converter os açúcares em isopreno. Nós resolvemos<br />
isso utilizando um processo de fermentação baseado<br />
em uma cepa de bactérias geneticamente<br />
modifica<strong>da</strong>s para converter os carboidratos<br />
<strong>da</strong> biomassa em nosso bioisopreno”,<br />
diz McAuliffe. A empresa agora firmou<br />
um contrato com a Goodyear,<br />
uma <strong>da</strong>s maiores fabricantes de<br />
pneus do mundo, para levar o<br />
método para escala industrial,<br />
integrando o processo de<br />
fermentação, recuperação e<br />
purificação do bioisopreno.<br />
CAMPO ELéTRICO REVOLUCIOnA<br />
FABRICAçãO DE CERâMICA<br />
Pesquisadores<br />
<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />
Carolina do Norte<br />
descobriram como<br />
utilizar um campo<br />
elétrico para mol<strong>da</strong>r<br />
peças de cerâmica,<br />
tornando o processo<br />
muito mais eficiente<br />
energeticamente, resultando em economia de<br />
custo significativo para a indústria de cerâmica. O<br />
coordenador dos trabalhos, Hans Conrad, explica<br />
que a cerâmica é um material cristalino, e que uma<br />
de suas características está nos defeitos entre os<br />
minúsculos grânulos que os formam. Um desses<br />
defeitos é chamado de contorno do grânulo, que<br />
é onde os cristais com átomos alinhados em<br />
diferentes direções se encontram no material.<br />
“Nós descobrimos que, se aplicarmos um campo<br />
elétrico ao material, ele interage com as cargas<br />
nas fronteiras dos grânulos e torna mais fácil para<br />
os cristais deslizarem uns sobre os outros. Esse<br />
processo dinamiza a deformação do material”, diz<br />
Conrad. Em outras palavras, o material se torna<br />
superplástico, permitindo que a cerâmica seja<br />
mol<strong>da</strong><strong>da</strong> na forma deseja<strong>da</strong> usando uma força<br />
muito menos intensa, quase zero. Os resultados<br />
significam que os fabricantes de cerâmica poderão<br />
passar a fazer suas peças gastando menos energia.<br />
“Isso vai tornar os processos de produção mais<br />
rentáveis e diminuir a poluição”,finaliza Conrad.<br />
Junho de 2010 1<br />
| Revista<strong>da</strong>FIEC |
Tecnologia<br />
Robôs cearenses<br />
Empresa Armtec ganha reconhecimento internacional e mostra que o<br />
Brasil é capaz de inovar com tecnologia robótica de ponta<br />
POR GEvAN OLIvEIRA<br />
Na mitologia tupi, a figura do caipora está intimamente<br />
associa<strong>da</strong> à vi<strong>da</strong> <strong>da</strong> floresta. É o guardião<br />
<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> animal, aprontando to<strong>da</strong> sorte de cila<strong>da</strong>s<br />
para o caçador, sobretudo aquele que abate animais<br />
além de suas necessi<strong>da</strong>des; o saci, também um ser<br />
mitológico, é retratado como um negrinho travesso de<br />
uma perna só, de cachimbo e com barrete vermelho que<br />
persegue os viajantes ou lhes arma cila<strong>da</strong>s pelo caminho.<br />
No imaginário popular esses seres encantam há gerações.<br />
Atualmente, há um outro saci e um outro caipora an<strong>da</strong>ndo<br />
por aí, mas que, ao contrário dos seres descritos acima,<br />
não metem medo em ninguém. Numa coisa, no entanto,<br />
se assemelham: chamam a atenção por onde passam.<br />
Na era hightec, o saci responde pelo nome de sistema<br />
de apoio ao combate de incidentes. É feito de fibra, aço e<br />
alumínio, entre outros materiais na<strong>da</strong> irreais. Ele não desaparece,<br />
nem tira on<strong>da</strong> como o seu xará; na ver<strong>da</strong>de, sua<br />
missão é a mais nobre possível: salvar a vi<strong>da</strong> de vítimas<br />
de incêndio. Estamos falando do robô desenvolvido pela<br />
empresa cearense Armtec. Mais parecido com um minitanque<br />
de guerra, o saci cabeça chata foi o principal destaque<br />
<strong>da</strong> Semana de Ciência e Tecnologia, realiza<strong>da</strong> na Esplana<strong>da</strong><br />
dos Ministérios, em Brasília, no ano de 2009.<br />
Com menos de 2 metros de comprimento, 1,5 metro de<br />
altura e pesando 1 tonela<strong>da</strong>, saci é o menor robô do mundo<br />
utilizado no combate a incêndios. Construído com tecnologia<br />
nacional, é também o único modelo com um canhão<br />
d’água que gira 360 graus. O saci teve sua gênese em 2003,<br />
quando o professor universitário Roberto Menescal apresentou,<br />
em sala de aula, o primeiro robô especializado em<br />
combater incêndios no mundo, de origem japonesa. No<br />
ano seguinte, Roberto Lins de Macedo (filho do professor)<br />
concluía o curso de engenharia eletrônica na Universi<strong>da</strong>de<br />
de Fortaleza (Unifor) apresentando ao mundo o modelo<br />
brasileiro do robô nipônico.<br />
À época, o projeto chamou a atenção do governo cearense,<br />
que incentivou Roberto Lins a criar e incubar uma<br />
empresa para fabricar o robô. “Na ocasião, contávamos<br />
Foto: ABR / MARCELo CASAL<br />
com um depósito de patente e fomos a primeira<br />
empresa incuba<strong>da</strong> na Unifor”, afirma o<br />
engenheiro, hoje diretor-executivo <strong>da</strong> Armtec.<br />
Em 2005, o saci ganhou os três maiores prêmios<br />
de tecnologia do Brasil: <strong>da</strong> Confederação<br />
Nacional <strong>da</strong> <strong>Indústria</strong> (CNI), <strong>da</strong> Petrobras e <strong>da</strong><br />
Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).<br />
Esse último prêmio, a Armtec ganhou quatro<br />
vezes, com diferentes produtos.<br />
A empresa também é reconheci<strong>da</strong> como<br />
caso de sucesso <strong>da</strong> cadeia de petróleo e gás, Serviço<br />
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas<br />
Empresas (Sebrae), Associação Brasileira <strong>da</strong> <strong>Indústria</strong><br />
de Máquinas e Equipamentos (Abimaq)<br />
e Instituto Nacional de Proprie<strong>da</strong>de Industrial<br />
(Inpi), além de ter ganho o prêmio no Ceará e<br />
nacional do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), na categoria<br />
Melhores Práticas de Estágio, e Werner<br />
Von Siemens (2006), entre outras comen<strong>da</strong>s.<br />
A empresa foi a primeira companhia cearense,<br />
e uma <strong>da</strong>s pioneiras do país, a ser certifica<strong>da</strong><br />
com o ISO 9000:2008 em seu sistema de gestão<br />
<strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de. Considerando que a Armtec tem<br />
sede em uma universi<strong>da</strong>de, trata-se de um feito<br />
e tanto. Sobre o fato de ain<strong>da</strong> permanecer na<br />
Unifor, Roberto Lins diz: “Onde mais teríamos<br />
acesso a várias tecnologias, aos maiores cérebros<br />
e a linhas de financiamento e fomento, entre outras<br />
vantagens, se não fosse na universi<strong>da</strong>de?”<br />
O pulo do saci<br />
Com um jato que alcança até 60 metros<br />
de distância, em linha reta, e 15 metros<br />
de altura, equivalendo a um prédio de<br />
quatro an<strong>da</strong>res, hoje o robô saci, que utiliza<br />
água e espuma no combate ao fogo, está na<br />
terceira geração, atraindo olhares de admiração<br />
em feiras e congressos por onde passa, aqui e<br />
em outros países. Roberto Lins explica que as<br />
vantagens do robô cearense estão no tamanho,<br />
na agili<strong>da</strong>de e no preço. De fato, se comparado<br />
ao modelo chinês, que custa o equivalente a<br />
R$ 700 000, o invento brasileiro se mostra<br />
muito mais competitivo com os seus R$ 200<br />
000. “O saci pode an<strong>da</strong>r em qualquer terreno,<br />
garantindo mais eficiência no combate a<br />
incêndios”, afirma o engenheiro.<br />
De frente para o perigo, o maior trunfo<br />
do saci é garantir segurança aos bombeiros<br />
no combate ao fogo, uma vez que pode ser<br />
operado a uma distância de até 180 metros.<br />
“O controle <strong>da</strong> máquina pode ser feito pelo<br />
bombeiro a pelo menos 120 metros. O saci<br />
As vantagens do robô<br />
cearense estão no<br />
tamanho, na agili<strong>da</strong>de e no preço.<br />
O saci pode an<strong>da</strong>r em qualquer<br />
terreno, garantindo mais eficiência<br />
no combate aos incêndios.<br />
Roberto Lins de Macedo, engenheiro e diretor-executivo <strong>da</strong> Armtec<br />
““<br />
foi criado para suportar as chamas, por isso<br />
pode ir avançando até o fogo sem problemas”,<br />
ressalta Roberto Lins.<br />
O robô é a maior estrela <strong>da</strong> Armtec, sem o<br />
qual a empresa cearense não existiria. Mas ele<br />
é apenas o primeiro de uma série com siglas<br />
que formam nomes tipicamente brasileiros.<br />
Entre as invenções estão a mulata (máquina<br />
unifica<strong>da</strong> para lazer, atendimento, treinamento<br />
e apresentações), o samba (minissubmarino<br />
de avaliação de estruturas marítimas, fluviais<br />
e meio ambiente brasileiro automatizado), o<br />
caipora (carro automatizado instrumentado para<br />
perícia, observação, resgate e ataque a artefatos<br />
suspeitos e cargas perigosas).<br />
A mulata, por exemplo, apresenta<strong>da</strong> no<br />
evento o Melhor do Brasil em dezembro de<br />
2009, no Rio de Janeiro, a convite <strong>da</strong><br />
Agência Brasileira de Promoção de<br />
Exportações e Investimentos (Apex-Brasil),<br />
é uma máquina controla<strong>da</strong> a distância<br />
capaz de interagir com as pessoas e de<br />
realizar o papel de agente de marketing e<br />
propagan<strong>da</strong>, entre muitas outras funções.<br />
Durante o encontro, o invento impressionou<br />
até o presidente Lula porque o robô, além de<br />
ser uma espécie de recepcionista Avatar, está<br />
sendo aperfeiçoado para enfrentar locais de<br />
risco por meio de controle remoto.<br />
A máquina tem sistemas<br />
de transmissão e recepção<br />
de áudio (ouve e fala), de<br />
recepção e transmissão<br />
de vídeo (vê e transmite<br />
informações), de<br />
iluminação e<br />
de câmeras<br />
infravermelhas<br />
(vê no escuro).<br />
“Em eventos,<br />
a mulata<br />
A mulata é capaz de<br />
interagir com as pessoas<br />
e realizar o papel de<br />
agente de marketing,<br />
entre outras funções<br />
1 | Revista<strong>da</strong>FIEC | Junho de 2010<br />
Junho de 2010 1<br />
| Revista<strong>da</strong>FIEC |<br />
Foto: JoSÉ SoBRINHo<br />
Foto: FELIPE VELCHIo
pode convocar pessoas para os estandes<br />
e levá-las para passear. Ou mesmo realizar<br />
missões mais radicais, como auxiliar em<br />
missões de negociação com sequestradores,<br />
apoiar a segurança e fazer ron<strong>da</strong> em ambientes<br />
fechados, sendo programa<strong>da</strong> para cumprir<br />
rotas predetermina<strong>da</strong>s”, explica Roberto Lins.<br />
Além disso, pode ser utiliza<strong>da</strong> em ativi<strong>da</strong>des de<br />
ensino a distância, permitindo a interativi<strong>da</strong>de<br />
com os alunos. Também serve de base de<br />
apoio para a realização de cirurgias a distância,<br />
utilizando para tanto o sistema de câmeras e a<br />
tela de transmissão para apoiar o trabalho dos<br />
cirurgiões com informações.<br />
O samba do siri<br />
As invenções <strong>da</strong> Armtec não param<br />
por aí. O samba, projeto que tem<br />
como parceiros a Marinha brasileira,<br />
o Ministério <strong>da</strong> Defesa e a Unifor, é outra<br />
invenção fa<strong>da</strong><strong>da</strong> ao sucesso. Trata-se de um<br />
minirrobô submarino não-tripulado, também<br />
controlado a distância, capaz de realizar<br />
diferentes tarefas, em ambientes marítimos<br />
e fluviais, como verificar a extensão de um<br />
desastre ambiental e checar vazamentos ou<br />
<strong>da</strong>nos na estrutura de um navio, além de<br />
poder fazer reparos. Entre os diferenciais do<br />
samba estão um sistema de posicionamento<br />
para manter a estabili<strong>da</strong>de em meio às<br />
correntes marítimas e a capaci<strong>da</strong>de de<br />
movimentar-se em todos os sentidos.<br />
Produtos similares só existem no exterior a um<br />
custo que varia de R$ 400 000 a R$ 600 000.<br />
O valor <strong>da</strong> versão cearense deve ficar entre<br />
R$ 100 000 a R$ 200 000.<br />
O primeiro samba, que pode trabalhar a<br />
uma profundi<strong>da</strong>de de até 100 metros, deverá<br />
ser entregue à Marinha ain<strong>da</strong> este ano. A partir<br />
deste lançamento, a empresa está criando um<br />
outro robô marítimo ain<strong>da</strong> mais avançado, o siri<br />
(sistema integrado para resgate e investigação),<br />
com capaci<strong>da</strong>de de chegar a 300 metros<br />
de profundi<strong>da</strong>de. Além de telecoman<strong>da</strong>do,<br />
será autônomo, cumprindo sozinho tarefas<br />
previamente programa<strong>da</strong>s.<br />
Outro equipamento desenvolvido pela<br />
Armtec, que já interessa ao mercado nacional<br />
e ao exterior, é o caipora (carro automatizado<br />
instrumentado para perícia, observação,<br />
resgate e ataque a artefatos suspeitos e cargas<br />
perigosas). Países como Rússia, Emirados<br />
Árabes, Alemanha e Estados Unidos – que<br />
conheceram o protótipo pela internet – estão<br />
de olho na máquina. O caipora cumpre as<br />
tarefas de detecção, manuseio e desativação de<br />
artefatos suspeitos e cargas perigosas, sendo<br />
capaz de penetrar em diferentes ambientes<br />
hostis para realizar tarefas civis e militares, ou<br />
seja, é um robô antibombas com suporte para<br />
diversas ações civis e militares.<br />
Sucesso financeiro<br />
Oknow-how na construção de equipamentos<br />
robóticos fez <strong>da</strong> Armtec um caso único<br />
no país, uma vez que ela an<strong>da</strong> com os<br />
próprios pés e o melhor: dá lucro, inclusive para<br />
a Unifor, que recebe parte dos valores negociados<br />
com a ven<strong>da</strong> dos robôs. O faturamento atual<br />
gira em torno de R$ 850 000 reais por ano, e<br />
a capaci<strong>da</strong>de de captação de recursos é R$<br />
7 milhões (montante atual captado). E um<br />
dos responsáveis pelo sucesso financeiro é o<br />
segmento de asfalto <strong>da</strong> Petrobras: a Armetc<br />
hoje é a principal fornecedora para o Centro de<br />
Tecnologia em Asfalto.<br />
São quatro os equipamentos negociados<br />
com a estatal: o triaxial, que avalia a<br />
resistência mecânica do solo e do asfalto; o<br />
MTB, equipamento para produção de misturas<br />
asfálticas; o siembs, um módulo de misturas<br />
betuminosas e solos, e o sistran, vencedor do<br />
Prêmio Finep em 2007 (um dos quatro que a<br />
empresa coleciona). O equipamento consegue<br />
prever as condições em que uma estra<strong>da</strong> vai se<br />
encontrar após até dez anos de uso. Ele funciona<br />
como um laboratório porque testa antes do início<br />
<strong>da</strong>s obras o tipo de asfalto mais indicado para<br />
uma determina<strong>da</strong> rodovia.<br />
O samba é um minirrobô<br />
submarino capaz de<br />
realizar diferentes tarefas<br />
em ambientes marítimos<br />
e fluviais<br />
Foto: JoSÉ SoBRINHo<br />
O sistran, vencedor<br />
do Prêmio Finep em<br />
2007, consegue<br />
prever as condições<br />
em que uma estra<strong>da</strong><br />
vai estar após até dez<br />
anos de uso<br />
Foto: ARQUIVo ARMtEC<br />
O sistran é composto por dois equipamentos:<br />
o compactador e o simulador. No primeiro, são<br />
misturados os materiais com os quais a estra<strong>da</strong><br />
será construí<strong>da</strong> – brita, borracha, material<br />
reciclado e cerâmica. O processo dá origem ao<br />
protótipo do asfalto. No segundo equipamento,<br />
duas ro<strong>da</strong>s simulam sobre o protótipo o tráfego e<br />
a carga estimados para um período de dez anos.<br />
Essa simulação leva aproxima<strong>da</strong>mente 8 horas.<br />
Os dois equipamentos custam R$ 400 000,<br />
cerca de 33% a menos que o similar francês, o<br />
LCPC, que sai por cerca de R$ 600 000.<br />
Com as enormes perspectivas que surgirão<br />
a partir <strong>da</strong> exploração de petróleo <strong>da</strong> cama<strong>da</strong><br />
do pré-sal, Roberto Lins acredita que a Armtec<br />
também deverá se beneficiar. Por isso já trabalha<br />
no desenvolvimento de duas novas tecnologias<br />
destina<strong>da</strong>s às uni<strong>da</strong>des de bombeio para<br />
elevação artificial de petróleo (conhecidos<br />
como cavalo de pau), utiliza<strong>da</strong>s em poços que<br />
não estão em plena capaci<strong>da</strong>de de produção.<br />
O projeto foi contratado pela Petrobras e a<br />
assinatura <strong>da</strong> parceria ocorreu em maio passado.<br />
Também em 2010, a empresa deverá voltar<br />
sua atenção para a internacionalização de<br />
seus produtos, a começar com a ven<strong>da</strong>, para a<br />
Rússia, do robô saci. No momento, o mercado<br />
árabe é um de seus principais focos. Roberto<br />
Lins diz que países como Arábia Saudita, Egito,<br />
Jordânia, Emirados Árabes Unidos, Estado <strong>da</strong><br />
Palestina, Bahrein, Líbano, Catar, Kuwait, Líbia e<br />
Síria manifestaram interesse na compra do robô<br />
de combate a incêndio. “Focaremos os países<br />
árabes porque eles têm uma capaci<strong>da</strong>de de<br />
investimento em tecnologia bastante eleva<strong>da</strong> e<br />
estão se capacitando tecnologicamente para se<br />
expandir em outras áreas, quando não houver<br />
mais petróleo”, acrescenta o engenheiro.<br />
Terceirização<br />
Com cerca de cinco anos de ativi<strong>da</strong>de,<br />
a Armtec é um caso único de<br />
empresa que nasceu e se mantém<br />
em uma universi<strong>da</strong>de conquistando<br />
admiração até no exterior. Em 2009, a<br />
empresa foi a única escolhi<strong>da</strong> pelo governo<br />
brasileiro para representar o país na 1ª<br />
Semana Nacional de Inovação do Peru.<br />
Na ocasião, Roberto Lins apresentou a<br />
trajetória, os equipamentos, as tecnologias,<br />
o modelo de gestão e a política de<br />
parcerias <strong>da</strong> Armtec. “Somos uma empresa<br />
associativista. Ou seja, acreditamos em<br />
atuação conjunta no mercado, por isso nos<br />
envolvemos com federações de indústria,<br />
sindicatos etc.”, ressalta.<br />
Entre as singulari<strong>da</strong>des <strong>da</strong> empresa<br />
que merecem destaque, porque seguem<br />
os modelos mais eficientes de gestão no<br />
mundo, está a terceirização <strong>da</strong> produção.<br />
Na Unifor, funciona apenas o cérebro<br />
<strong>da</strong> corporação. Quando os pedidos são<br />
fechados, a empresa contrata galpões<br />
e/ou outras empresas para executar<br />
as ativi<strong>da</strong>des de produção. As etapas<br />
chegam a ser pulveriza<strong>da</strong>s entre vários<br />
fornecedores. “Seguimos o mesmo modelo<br />
<strong>da</strong> Nike, por exemplo, que distribui sua<br />
produção em vários países. Terceirizamos<br />
as ativi<strong>da</strong>des não intelectuais, mas os<br />
fornecedores se comprometem conosco<br />
por meio <strong>da</strong> assinatura do termo de<br />
confidenciali<strong>da</strong>de”, diz Roberto Lins. No<br />
caso de descumprimento do acordo, o<br />
fornecedor paga indenização à Armtec.<br />
No início, a empresa era composta<br />
apenas por Roberto Lins e o pai. Hoje,<br />
a equipe conta com 27 funcionários,<br />
entre eles dois doutores. Noventa por<br />
cento dos colaboradores são professores,<br />
pesquisadores e gente que desenvolve<br />
tecnologia. Os funcionários, incluindo os<br />
estagiários, têm um plano de carreira<br />
individual e participação nos lucros. Para<br />
desenvolver tanta tecnologia, a Armtec conta<br />
com mais de 40 parceiros em pesquisa e<br />
desenvolvimento (P&D). Entre eles mais de<br />
20 universi<strong>da</strong>des nacionais e internacionais.<br />
“Não somos grandes, mas para estar entre<br />
elas, temos de pensar e agir como as<br />
melhores do mundo”, arremata.<br />
1 | Revista<strong>da</strong>FIEC | Junho de 2010<br />
Junho de 2010 1<br />
| Revista<strong>da</strong>FIEC |
Foto: JoSÉ SoBRINHo<br />
Confecção<br />
SENAI/CE cria<br />
software para elevar<br />
competitivi<strong>da</strong>de<br />
Projeto, que também busca reduzir custos, foi testado e<br />
aprovado na empresa Slap <strong>Indústria</strong> e Comércio<br />
OServiço Nacional de Aprendizagem<br />
Industrial (SENAI/CE), órgão <strong>da</strong><br />
Federação <strong>da</strong>s <strong>Indústria</strong>s do Estado<br />
do Ceará (FIEC), lançou um novo<br />
software para promover a competitivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />
indústria de confecção cearense, melhorando<br />
a quali<strong>da</strong>de de seus produtos e processos e reduzindo<br />
custos. O projeto inovador, intitulado<br />
Vestio, foi um dos selecionados pelo Edital<br />
SENAI SESI de Inovação, recebendo financiamento<br />
do SENAI Nacional para sua execução.<br />
O software, implementado como piloto na<br />
empresa Slap <strong>Indústria</strong> e Comércio, aguar<strong>da</strong> o<br />
registro do Instituto Nacional de Proprie<strong>da</strong>de<br />
Industrial (Inpi) para ser colocado à disposição<br />
<strong>da</strong>s empresas por meio <strong>da</strong>s consultorias<br />
presta<strong>da</strong>s pela instituição.<br />
Desenvolvido por Cecília Alves, técnica<br />
do SENAI/CE e docente de modelagem do<br />
Esse software<br />
determinará o ponto<br />
exato de corte, algo feito até<br />
hoje via método tentativa-erro.<br />
Haverá menos desperdício.<br />
Cecília Alves, técnica do SENAI/CE<br />
““<br />
Centro de Formação Profissional Ana Amélia<br />
Bezerra de Menezes e Souza, localizado no<br />
bairro Parangaba, o software foi criado para<br />
atender a uma deman<strong>da</strong> premente do setor<br />
no mercado cearense: a padronização dos<br />
tamanhos <strong>da</strong>s peças de roupas. Trata-se de<br />
uma planilha eletrônica que adequa as medi<strong>da</strong>s<br />
<strong>da</strong>s tabelas <strong>da</strong> empresa, considerando os<br />
diversos tecidos e processos utilizados e calculando<br />
as diferenças para deixar os modelos<br />
dentro do mesmo padrão.<br />
“Os clientes produziam bons produtos,<br />
mas com variação de tamanho. Quando lançavam<br />
no mercado, encontravam resistência<br />
dos consumidores. Ninguém gosta de mu<strong>da</strong>r<br />
do manequim 40 para um 42 simplesmente ao<br />
optar por outro tipo de tecido de um mesmo<br />
modelo”, exemplifica Cecília. Segundo ela, a<br />
falta de tamanho padrão era um problema<br />
que afetava muito as indústrias porque, além<br />
<strong>da</strong> insatisfação do mercado, provocava o aumento<br />
dos custos com a fabricação de várias<br />
peças-piloto e com o retrabalho dos profissionais<br />
de criação <strong>da</strong>s fábricas.<br />
Para a técnica, o novo software contribui<br />
também para a melhor quali<strong>da</strong>de do produto<br />
final e redução do desperdício. “O encolhimento<br />
do tecido é comum no processo produtivo<br />
<strong>da</strong> indústria de confecção. Esse software<br />
determinará o ponto exato de corte, algo feito<br />
até hoje via método tentativa-erro. Haverá<br />
menos desperdício”, garante Cecília Alves.<br />
1 | Revista<strong>da</strong>FIEC | Junho de 2010<br />
Junho de 2010 1<br />
| Revista<strong>da</strong>FIEC |
Testado e aprovado<br />
Oempresário Raimundo Macário Pereira<br />
<strong>da</strong> Silva comprova a eficiência do<br />
software Vestio, testado e aprovado<br />
por sua empresa, Slap <strong>Indústria</strong> e Comércio.<br />
Há 12 anos no mercado, a Slap possui quatro<br />
uni<strong>da</strong>des fabris na região metropolitana de<br />
Fortaleza, que produzem 180 000 peças<br />
por mês, gerando 280 empregos diretos e<br />
cerca de 250 indiretos. “O tempo de trabalho<br />
dos modelistas reduziu em torno de 50%<br />
ou mais, significando menos gasto com<br />
horas extras e também com matéria-prima,<br />
pois os profissionais de criação utilizavam<br />
muito tecido para confeccionar várias<br />
peças-piloto. Por mais que se esforçassem,<br />
não conseguiam atingir uma modelagem<br />
padrão que servisse para malha com ou<br />
sem elastano ou mesmo para um jeans.<br />
Assim, perdíamos em quali<strong>da</strong>de”, recor<strong>da</strong> o<br />
presidente <strong>da</strong> Slap. Com o software, garante,<br />
nenhum modelista erra na medi<strong>da</strong>, pois o<br />
ajuste é calculado automaticamente.<br />
Macário Pereira acredita que o software<br />
padronizador de tabelas de medi<strong>da</strong>s do<br />
vestuário vai elevar o padrão <strong>da</strong> indústria<br />
cearense de confecção, colocando o Ceará<br />
num patamar mais alto perante outros<br />
estados brasileiros. “A mo<strong>da</strong> é a vocação<br />
Marca SENAI + Design ganha força<br />
Para o diretor regional do<br />
SENAI/CE, Francisco <strong>da</strong>s Chagas<br />
Magalhães, o lançamento de<br />
uma ferramenta que vai agregar mais<br />
valor às empresas de confecção<br />
reforça a marca SENAI + Design, à<br />
proporção que resolve o problema<br />
de padronização de medi<strong>da</strong>s com<br />
uma tecnologia cria<strong>da</strong> na própria<br />
instituição. Segundo ele, outra<br />
iniciativa que consoli<strong>da</strong> a atuação do<br />
SENAI na área do design é Caderno<br />
Perfil Mo<strong>da</strong> Inspirações e Tendências<br />
– Verão 2010. A publicação, volta<strong>da</strong><br />
às micro e pequenas empresas do<br />
segmento, busca identificar novos<br />
nichos de mercado consumidor e antecipar<br />
novi<strong>da</strong>des em design, tendências e estilos<br />
internacionais para que os profissionais do<br />
20<br />
| Revista<strong>da</strong>FIEC | Junho de 2010<br />
“O tempo de<br />
trabalho dos<br />
modelistas reduziu em<br />
torno de 50% ou mais,<br />
o que significa menos<br />
gasto com horas<br />
extras e também com<br />
matéria-prima.<br />
“<br />
Raimundo Macário Pereira <strong>da</strong> Silva,<br />
proprietário <strong>da</strong> Slap <strong>Indústria</strong> e Comércio<br />
natural do estado. Já temos a padronização. O<br />
que nos falta agora é unir as empresas do setor<br />
para superar barreiras que encontramos lá fora<br />
para vender nossas peças, como a escala de<br />
produção insuficiente para atender à deman<strong>da</strong>”,<br />
destaca o empresário, cuja empresa é associa<strong>da</strong><br />
ao Sindicato <strong>da</strong> <strong>Indústria</strong> de Confecções de<br />
Roupas de Homem e Vestuário do Estado do<br />
Ceará (Sindroupas).<br />
Caderno Perfil Mo<strong>da</strong> Inspirações e<br />
Tendências – Verão 2010<br />
Foto: JoSÉ SoBRINHo<br />
C<br />
M<br />
Y<br />
CM<br />
MY<br />
CY<br />
CMY<br />
K<br />
setor tenham subsídios para desenvolver novas<br />
matérias-primas e inovar coleções.<br />
O estudo foi elaborado em 19 estados do<br />
Brasil por designers altamente qualificados<br />
<strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des do SENAI, que realizaram<br />
pesquisas em publicações e viagens nacionais<br />
e internacionais. “Fácil de ser utilizado, o<br />
caderno também é uma importante ferramenta<br />
para o desenvolvimento, a competitivi<strong>da</strong>de e<br />
a inovação <strong>da</strong>s micro e pequenas empresas”,<br />
ressalta Magalhães.<br />
Para a designer e ex-aluna do SENAI, Cristina<br />
Rejane Feitosa Silva, um dos diferenciais do<br />
caderno é a pesquisa que aponta o perfil do<br />
consumidor brasileiro, dividido nos estilos<br />
contemporâneo, romântico, sensual, irreverente<br />
e esportivo. Para ca<strong>da</strong> um existem tendências<br />
<strong>da</strong> mo<strong>da</strong> atual volta<strong>da</strong>s ao verão/2010. “Mas<br />
to<strong>da</strong>s levam em conta a brasili<strong>da</strong>de. No caso<br />
do Ceará, o grande diferencial é a utilização<br />
do artesanato, que deve ser explorado dentro<br />
de uma linguagem contemporânea”, observa<br />
a designer. Ela recomen<strong>da</strong> o uso de outra<br />
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Email: ouvidoria@orgpaulorocha.com.br - Site: www.orgpaulorocha.com.br<br />
Cristina: “Caderno aponta<br />
o perfil do consumidor<br />
brasileiro”<br />
Foto: JoSÉ SoBRINHo
Foto: JoSÉ SoBRINHo<br />
<strong>Dia</strong> <strong>da</strong> <strong>Indústria</strong><br />
Crescimento econômico marca os 60 anos <strong>da</strong> FIEC<br />
Comemorações ocorrem num cenário de retoma<strong>da</strong> do crescimento, após o país transpor uma crise econômica mundial inicia<strong>da</strong> em 2008 e prolonga<strong>da</strong> por<br />
2009, e no início <strong>da</strong> concretização de empreendimentos estruturantes esperados há déca<strong>da</strong>s pelos cearenses<br />
Jorge Parente, Airton Queiroz, Alexandre Grendene e Cristiane de Paiva (filha de Vicente de Paiva) foram as personali<strong>da</strong>des agracia<strong>da</strong>s com as comen<strong>da</strong>s<br />
Um elenco expressivo de motivações dignas<br />
de comemoração para o setor industrial do<br />
Ceará marcou a edição 2010 <strong>da</strong> festa anual<br />
do <strong>Dia</strong> <strong>da</strong> <strong>Indústria</strong>, realiza<strong>da</strong> pela Federação<br />
<strong>da</strong>s <strong>Indústria</strong>s do Estado do Ceará (FIEC) em 13<br />
de maio passado, no bufê La Maison em Fortaleza.<br />
Associa<strong>da</strong> à tradicional outorga <strong>da</strong> Me<strong>da</strong>lha do Mérito<br />
Industrial (FIEC) e <strong>da</strong> Me<strong>da</strong>lha Ordem do Mérito<br />
Industrial pela Confederação Nacional <strong>da</strong> <strong>Indústria</strong><br />
(CNI) a quatro personali<strong>da</strong>des, a Federação festejou<br />
60 anos de atuação em prol do desenvolvimento socioeconômico<br />
do estado. O aniversário ocorre num cenário<br />
de retoma<strong>da</strong> do crescimento (a economia cearense<br />
aumentou 8,92% no primeiro trimestre deste ano),<br />
após o país transpor uma crise econômica mundial<br />
inicia<strong>da</strong> em 2008 e prolonga<strong>da</strong> por 2009. O ano marca<br />
ain<strong>da</strong> o início <strong>da</strong> concretização de empreendimentos<br />
estruturantes esperados há déca<strong>da</strong>s pelo estado.<br />
Roberto Proença de Macêdo, presidente <strong>da</strong> FIEC<br />
e anfitrião <strong>da</strong> noite, fez questão de destacar em seu<br />
discurso a conjuntura que envolve o ano no qual<br />
a enti<strong>da</strong>de se torna sexagenária. “Estamos com a<br />
economia crescendo a um nível de aproxima<strong>da</strong>mente<br />
6% e com ameaça de inflação de deman<strong>da</strong>”,<br />
observou, lembrando que tal reali<strong>da</strong>de é boa, mas<br />
ao mesmo tempo “preocupante”. Um <strong>da</strong>do positivo<br />
mencionado por Roberto Macêdo é o crescimento<br />
<strong>da</strong> produção do país, que registra expansão em 26<br />
dos 28 setores industriais pesquisados pela Confederação<br />
Nacional <strong>da</strong> <strong>Indústria</strong> (CNI).<br />
Sobre os fatores que preocupam, o presidente <strong>da</strong><br />
FIEC citou a falta de infraestrutura, o custo Brasil e o<br />
excesso de burocracia que, segundo ele, impedem uma<br />
contribuição mais rápi<strong>da</strong> e efetiva do setor produtivo<br />
ao desenvolvimento brasileiro. Roberto Macêdo enfatizou<br />
que “sem as reformas estruturantes – a exemplo<br />
<strong>da</strong> tributária, trabalhista e política – não seremos capazes<br />
de alavancar o desenvolvimento do Brasil nos<br />
níveis desejados e no tempo possível”.<br />
O representante dos industriais do Ceará alertou<br />
que o ano eleitoral é “uma excelente oportuni<strong>da</strong>de”<br />
para os empresários escolherem e apoiarem somente<br />
“candi<strong>da</strong>tos reconheci<strong>da</strong>mente éticos” e comprometidos<br />
em promover tais reformas. Ele lembrou<br />
ain<strong>da</strong> <strong>da</strong>s alterações políticas e econômicas do país<br />
enfrenta<strong>da</strong>s pelos empresários brasileiros ao longo<br />
22 | Revista<strong>da</strong>FIEC | Junho de 2010<br />
Junho de 2010 2<br />
| Revista<strong>da</strong>FIEC |
dos últimos 60 anos. “Nessas seis déca<strong>da</strong>s<br />
de existência <strong>da</strong> FIEC, tivemos<br />
17 presidentes <strong>da</strong> República, 53 ministros,<br />
13 planos econômicos e oito<br />
reformas no padrão monetário, que<br />
levaram a seis mu<strong>da</strong>nças de moe<strong>da</strong>”,<br />
pontuou. Dentre os desafios presentes<br />
e futuros que se apresentam ao Ceará<br />
Roberto Macêdo citou a refinaria, a<br />
siderúrgica, a Zona de Processamento<br />
de Exportação do Pecém, aprova<strong>da</strong> no<br />
dia 26 de maio pelo Conselho Nacional<br />
<strong>da</strong> Zona de Processamento de Exportação<br />
(CZPE); a geração de energia<br />
eólica e térmica, a transposição e<br />
integração do Rio São Francisco, a<br />
Transnordestina, a expansão do Porto<br />
do Pecém e a adequação de Fortaleza<br />
para a Copa do mundo de 2014, além<br />
de outras obras em an<strong>da</strong>mento.<br />
Ele fez ain<strong>da</strong> um resumo <strong>da</strong>s ações<br />
que a FIEC, por meio <strong>da</strong>s casas que integram<br />
o Sistema, está realizando para viabilizar<br />
mão de obra especializa<strong>da</strong> aos novos empreendimentos,<br />
bem como para incrementar negócios e<br />
fomentar a responsabili<strong>da</strong>de socioempresarial no<br />
Ceará. O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial<br />
(SENAI/CE), com 30 novas salas de aula,<br />
projeta gerar 5 000 matrículas adicionais. E mais:<br />
iniciou seis novos cursos de especialização e criou<br />
mais quatro laboratórios para garantir inovação<br />
tecnológica à indústria do estado.<br />
O Serviço Social <strong>da</strong> <strong>Indústria</strong> (SESI/CE),<br />
dentre inúmeras atribuições, capacitou 158<br />
jovens do programa ViraVi<strong>da</strong>, inserindo-os no<br />
mercado de trabalho por meio de empresas parceiras.<br />
O Instituto Euvaldo Lodi (IEL/CE) capacitou<br />
46 micro e pequenas empresas no Programa de<br />
Qualificação de Fornecedores, tornando-as aptas<br />
a atenderem deman<strong>da</strong>s de indústrias-âncora, com<br />
base nas exigências do mercado globalizado.<br />
O líder <strong>da</strong> FIEC destacou também a atuação<br />
do Centro Internacional de Negócios (CIN/CE),<br />
principalmente pela promoção do 5° Encontro<br />
Empresarial de Negócios na Língua Portuguesa.<br />
Ao Instituto de Desenvolvimento Industrial do<br />
Ceará (INDI) atribuiu o sucesso do Posto de Informações<br />
BNDES/FIEC, instalado na Casa <strong>da</strong><br />
<strong>Indústria</strong>, que firmou 967 operações de crédito<br />
em 2009, com desembolso de R$ 112 milhões<br />
para médias e pequenas empresas. De janeiro a<br />
abril deste ano, o posto atendeu 762 empresas,<br />
número que representa 48% <strong>da</strong>s 1.571 operações<br />
de crédito realiza<strong>da</strong>s pelo banco no estado. Para<br />
o setor industrial cearense, o BNDES financiou<br />
294 operações, com desembolso de mais de R$ 33<br />
milhões (crescimento de 401% ante o mesmo período<br />
do ano passado). Por fim, destacou, dentre<br />
as ações do Instituto FIEC de Responsabili<strong>da</strong>de<br />
Social (FIRESO), a parceria firma<strong>da</strong> com a Secretaria<br />
de Cultura do Estado do Ceará (Secult) e<br />
a Universi<strong>da</strong>de Federal do Ceará (UFC) para implantar<br />
o memorial dos povos indígenas do Ceará<br />
nas dependências <strong>da</strong> Casa de José Alencar.<br />
O presidente <strong>da</strong> CNI, Armando Monteiro Neto,<br />
ratificou as ponderações de Roberto Macêdo, destacando<br />
que o Brasil vive um momento de grande<br />
desenvolvimento econômico. Apesar do desempenho<br />
positivo, ele lembrou que há grandes desafios<br />
pela frente. Ele reforçou a necessi<strong>da</strong>de de<br />
o país cumprir uma agen<strong>da</strong> pós-crise para recuperar<br />
a competitivi<strong>da</strong>de no cenário internacional,<br />
onde a produção manufatureira brasileira vem<br />
perdendo espaço. “Precisamos retomar as reformas<br />
interrompi<strong>da</strong>s; elevar a poupança pública<br />
para investir em infraestrutura e promover a reforma,<br />
sobretudo a tributária, para retirar o peso<br />
dos impostos sobre o emprego formal. O Brasil<br />
precisa criar um sistema tributário de classe internacional<br />
e temos o compromisso de trabalhar<br />
fortemente para fazer essa agen<strong>da</strong> avançar. Essa é<br />
a agen<strong>da</strong> <strong>da</strong> indústria brasileira para os próximos<br />
anos”, completou Armando Monteiro.<br />
Encerrando a soleni<strong>da</strong>de, o governador Cid<br />
Ferreira Gomes destacou que a história <strong>da</strong> FIEC<br />
se confunde com um Ceará moderno, sendo<br />
contemporâneo <strong>da</strong> implantação <strong>da</strong> Hidrelétrica<br />
de Paulo Afonso e <strong>da</strong> criação <strong>da</strong> Sudene. “A<br />
FIEC nasceu na hora e no lugar certo e continua<br />
na direção certa”, sublinhou.<br />
Governador Cid<br />
Ferreira Gomes:<br />
“FIEC continua na<br />
direção certa”<br />
Foto: JoSÉ SoBRINHo<br />
Os homenageados<br />
Sobre as personali<strong>da</strong>des homenagea<strong>da</strong>s na noite, o<br />
presidente <strong>da</strong> FIEC destacou Alexandre Grendene,<br />
que recebeu <strong>da</strong> CNI a Me<strong>da</strong>lha Ordem do Mérito<br />
Industrial, como “ícone <strong>da</strong> indústria de calçados do Brasil,<br />
que viu no Ceará o lugar ideal para a expansão de seus<br />
negócios, tornando-se o maior empregador do estado”. Em<br />
relação aos três homenageados pela FIEC com a Me<strong>da</strong>lha do<br />
Mérito Industrial, sobre o industrial e chanceler Airton Queiroz<br />
Roberto Macêdo falou de sua “excepcional gestão” à frente<br />
dos negócios do Grupo Edson Queiroz, elevando o Ceará no<br />
contexto socioeconômico do país e colocando o empresário<br />
entre os mais importantes líderes <strong>da</strong> indústria brasileira.<br />
O vice-presidente <strong>da</strong> CNI e ex-presidente <strong>da</strong> FIEC, Jorge<br />
Parente Frota Júnior, foi destacado pela sua capaci<strong>da</strong>de<br />
de realização e de articulação, bem como pela liderança<br />
e dinamismo. Vicente Mendes de Paiva, homenageado in<br />
memoriam, foi lembrado por Roberto Macêdo como um<br />
idealista que dedicou grande parte <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> promovendo o<br />
desenvolvimento do setor de confecções do Ceará, projetando<br />
o estado nos cenários nacional e internacional.<br />
O governador Cid Gomes entregou a comen<strong>da</strong> a<br />
Airton Queiroz, e enalteceu o empresário por orgulhar<br />
os cearenses pela dinâmica, postura e discrição. “Airton<br />
Queiroz não traz apenas os genes de Edson Queiroz, mas<br />
também a sua geniali<strong>da</strong>de, ao perpetuar o legado pioneiro<br />
deixado por seu pai”, frisou.<br />
Enfim, sai a ZPE do Pecém<br />
Depois de anos de espera, finalmente foi aprova<strong>da</strong><br />
em Brasília, pelo Conselho Nacional <strong>da</strong>s Zonas de<br />
Processamento de Exportação (CZPE), a Zona de<br />
Processamento de Exportação (ZPE) do Pecém. A perspectiva<br />
é que o empreendimento transforme a feição do Complexo<br />
Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), em São Gonçalo do<br />
Amarante, com a instalação de novas empresas, a geração de<br />
centenas de empregos e a ampliação <strong>da</strong>s exportações do estado.<br />
A ZPE de Pecém será instala<strong>da</strong> em uma área de 4.271,41<br />
hectares, a 20 quilômetros do cais do porto e a cerca de<br />
60 quilômetros de Fortaleza. “Serão mais de 200 indústrias<br />
no complexo portuário”, antevê o superintendente do Centro<br />
Internacional de Negócios (CIN) <strong>da</strong> FIEC, Eduardo Bezerra Neto.<br />
Com a implementação de uma ZPE no Pecém, o superintendente<br />
do CIN estima que dobrem as exportações cearenses, que hoje<br />
estão no patamar de US$ 1 bilhão ao ano. Além do impulso<br />
na produção industrial, ele aponta impactos na geração de<br />
empregos e no consumo. “Os trabalhadores <strong>da</strong> região vão<br />
deman<strong>da</strong>r produtos, elevando a arreca<strong>da</strong>ção tributária do<br />
estado”, ressalta Eduardo Bezerra.<br />
Depois <strong>da</strong> sanção presidencial, o governo estadual terá 90<br />
dias para criar uma empresa autônoma para administrar a ZPE.<br />
Caberá em segui<strong>da</strong> ao estado viabilizar os lotes para receber<br />
as empresas. A previsão é que os primeiros 50 hectares fiquem<br />
Jorge Parente recebeu a me<strong>da</strong>lha do presidente <strong>da</strong><br />
CNI, Armando Monteiro, que elogiou a proativi<strong>da</strong>de, o<br />
senso de prontidão e a sua gestão compartilha<strong>da</strong> à frente<br />
<strong>da</strong> FIEC. O empresário agradeceu em nome de todos os<br />
homenageados, destacando ca<strong>da</strong> um e relembrando suas<br />
ações à época em que liderou a Federação. Visivelmente<br />
emociona<strong>da</strong>, a filha do empresário Vicente de Paiva,<br />
Cristiane de Paiva, recebeu do presidente Roberto Macêdo<br />
a comen<strong>da</strong> destina<strong>da</strong> ao seu pai.<br />
Em nome <strong>da</strong> CNI, Armando Monteiro fez a outorga<br />
<strong>da</strong> Ordem do Mérito ao industrial a Alexandre Grendene,<br />
que dividiu a homenagem com os colaboradores<br />
<strong>da</strong>s suas empresas, ressaltando que o trabalho e o<br />
comprometimento dessas pessoas o fizeram chegar<br />
aonde está.<br />
prontos ain<strong>da</strong> este ano. A primeira fase do projeto contempla<br />
325 hectares que contam com recursos <strong>da</strong> ordem de R$ 26<br />
milhões para aquisição do terreno e infraestrutura básica,<br />
devendo o local ser ocupado em até dois anos. A área total<br />
deverá estar contempla<strong>da</strong> em 20 anos. O local poderá receber<br />
empresas nacionais e internacionais. A siderúrgica partiu na<br />
frente e já sinalizou sua participação na ZPE. Mil hectares são<br />
<strong>da</strong> Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP).<br />
As ZPEs são áreas delimita<strong>da</strong>s, nas quais empresas que<br />
produzem bens exportáveis recebem incentivos tributários<br />
e administrativos. A suspensão de tributos é concedi<strong>da</strong> na<br />
compra de bens e serviços do mercado interno – Imposto<br />
sobre Produtos Industrializados (IPI), Cofins e PIS/Pasep – e na<br />
importação, quando a suspensão fiscal será aplica<strong>da</strong> sobre o<br />
Imposto de Importação, IPI, Cofins, PIS/Pasep e Adicional de<br />
Frete para Renovação <strong>da</strong> Marinha Mercante (AFRMM). Dentre<br />
os incentivos administrativos está a dispensa de licença ou de<br />
autorização de órgãos federais – com exceção dos controles<br />
de ordem sanitária, de interesse <strong>da</strong> segurança nacional e de<br />
proteção do meio ambiente –, além de mais agili<strong>da</strong>de nas<br />
operações aduaneiras. O prazo de vigência dos incentivos<br />
previstos para uma empresa em ZPE é de até 20 anos,<br />
prorrogável por igual período. Para fazer jus aos benefícios, as<br />
empresas precisam exportar no mínimo 80% do que produzem.<br />
2 | Revista<strong>da</strong>FIEC | Junho de 2010<br />
Junho de 2010 2<br />
| Revista<strong>da</strong>FIEC |
CNI estima crescimento de 6% em 2010<br />
ACNI reviu as projeções de crescimento <strong>da</strong> economia<br />
brasileira em 2010. No Informe Conjuntural divulgado<br />
em 17 de maio último, a enti<strong>da</strong>de aponta crescimento<br />
de 6% no Produto Interno Bruto (PIB) deste ano em relação<br />
a 2009. A estimativa de expansão do PIB em dezembro<br />
passado era de 5,5%. De acordo com o relatório <strong>da</strong><br />
CNI, a indústria será o setor que mais contribuirá para o<br />
desempenho <strong>da</strong> economia brasileira em 2010.<br />
A previsão de crescimento do PIB industrial subiu de 7%<br />
para 8%. A expectativa <strong>da</strong> CNI é que a produção industrial<br />
cresça 12% este ano. A expansão <strong>da</strong> economia deve estimular<br />
os investimentos. De acordo com a previsão <strong>da</strong> indústria, os<br />
investimentos que tiveram uma que<strong>da</strong> de 9,9% em 2009<br />
aumentarão 18% em 2010. A estimativa anterior, de dezembro<br />
de 2009, apontava para um crescimento de 14%.<br />
“Além <strong>da</strong> produção, o investimento também deverá<br />
crescer fortemente, o que significa que o setor industrial vem<br />
respondendo bem às necessi<strong>da</strong>des de oferta <strong>da</strong> economia”,<br />
observa o estudo <strong>da</strong> CNI. O consumo <strong>da</strong>s famílias deve<br />
crescer 6,2%, impulsionado pelo aumento <strong>da</strong> oferta de<br />
empregos. A estimativa é que a taxa média de desemprego<br />
neste ano fique em 7,2% <strong>da</strong> População Economicamente<br />
Otimismo permanece alto<br />
Outro levantamento <strong>da</strong> CNI – o Índice de Confiança do<br />
Empresário Industrial (ICEI), divulgado em 24 de maio,<br />
mostra que o otimismo dos industriais brasileiros<br />
permanece alto, mas sofreu leve que<strong>da</strong>. Em maio, o índice<br />
ficou em 66,3 pontos, correspondendo a 0,6 ponto abaixo do<br />
registrado no mês anterior. Mesmo com a retração, o índice<br />
está 7,2 pontos acima <strong>da</strong> média histórica, que é de 59,1<br />
pontos. De acordo com o estudo, a confiança eleva<strong>da</strong> do<br />
empresário continuará a crescer nos próximos meses. Dos 27<br />
setores pesquisados, apenas o de refino de petróleo apresenta<br />
um índice de confiança abaixo <strong>da</strong> média histórica.<br />
Para o economista <strong>da</strong> CNI Marcelo Azevedo, a que<strong>da</strong> do<br />
ICEI, que vem sendo registra<strong>da</strong> desde janeiro, não surpreende<br />
porque no final do ano passado o otimismo do empresariado<br />
estava muito elevado por causa <strong>da</strong> recuperação <strong>da</strong><br />
economia. “É natural haver essa acomo<strong>da</strong>ção. Também houve<br />
mu<strong>da</strong>nças que podem afetar a confiança, como a retira<strong>da</strong><br />
dos incentivos fiscais e a retoma<strong>da</strong> do aumento <strong>da</strong> taxa de<br />
juros”, destaca. Conforme o estudo, 12 setores apresentam<br />
confiança relativamente estável, com variação positiva ou<br />
negativa inferior a um ponto. Entre os que apresentam<br />
que<strong>da</strong> superior a dois pontos estão os de alimentos, couros,<br />
calçados, química, limpeza e perfumaria e material eletrônico<br />
e o de comunicação.<br />
O índice <strong>da</strong>s expectativas para os próximos seis meses<br />
também recuou de 69,7 pontos em abril para 69,1 pontos em<br />
maio. Os empresários estão menos otimistas tanto em relação<br />
“ Trecho do Informe Conjuntural <strong>da</strong> CNI<br />
contribuirá para o desempenho<br />
<strong>da</strong> economia brasileira em 2010.<br />
Ativa, ante os 7,6% previstos em dezembro de 2009.<br />
Os técnicos <strong>da</strong> CNI preveem que a inflação medi<strong>da</strong><br />
pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de<br />
2010 será de 5,4%, maior do que os 4,7% estimados em<br />
dezembro de 2009 e superior à taxa de 4,3% registra<strong>da</strong><br />
no ano passado. O aumento dos preços será provocado<br />
especialmente por reajustes em alimentos, bebi<strong>da</strong>s e<br />
serviços. Com isso, os juros devem chegar ao final de<br />
2010 em 11% ao ano, ante os 8,75% de dezembro de<br />
2009. A elevação pode reduzir o ritmo de investimento<br />
e de crescimento <strong>da</strong> economia brasileira em 2010,<br />
segundo a enti<strong>da</strong>de.<br />
Setor de calçados<br />
indústria será o setor que ma“A<br />
is<br />
à economia brasileira quanto à própria empresa. De acordo com<br />
Azevedo, mesmo com a que<strong>da</strong>, o resultado ain<strong>da</strong> mostra que<br />
as perspectivas são boas, uma vez que o índice está acima dos<br />
65 pontos, denotando grande otimismo. O ICEI varia de zero a<br />
cem. Valores acima de 50 indicam empresários confiantes. A<br />
pesquisa foi feita com 1.543 empresas (859 pequenas, 475<br />
médias e 209 grandes), em 24 estados e no Distrito Federal,<br />
entre os dias 30 de abril e 20 de maio.<br />
Inflação de deman<strong>da</strong> é ameaça?<br />
Embora o Brasil ain<strong>da</strong> comemore o fim <strong>da</strong> crise mundial,<br />
a recuperação <strong>da</strong> economia brasileira e a retoma<strong>da</strong> <strong>da</strong>s<br />
ativi<strong>da</strong>des do país, alguns economistas e empresários<br />
já se mostram preocupados com a ameaça de aumento <strong>da</strong><br />
inflação e com os riscos que ela pode representar ao futuro<br />
dos brasileiros. Outra corrente, encabeça<strong>da</strong> pelo ministro<br />
<strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong>, Guido Mantega, descarta essa possibili<strong>da</strong>de e<br />
aposta na capaci<strong>da</strong>de produtiva <strong>da</strong> indústria brasileira.<br />
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo<br />
Mendes, afirmou no início de maio que há sintomas de<br />
inflação de deman<strong>da</strong> no primeiro trimestre deste ano.<br />
Segundo ele, a inflação de bens comercializáveis e não<br />
comercializáveis está subindo. Durante apresentação num<br />
seminário sobre juros e câmbio, ele chegou a dizer que as<br />
avaliações do relatório Focus mais subavaliam a inflação por<br />
vir do que superavaliam, principalmente em momentos de<br />
retoma<strong>da</strong> <strong>da</strong> inflação. “Eles erram mais para menos do que<br />
para mais”, ratificou.<br />
O ex-ministro <strong>da</strong> Fazen<strong>da</strong> e economista Maílson <strong>da</strong><br />
Nóbrega acredita que a economia brasileira está se<br />
recuperando numa veloci<strong>da</strong>de de crescimento incompatível<br />
com a capaci<strong>da</strong>de produtiva do país. “Essa situação pode<br />
ser resolvi<strong>da</strong> de duas maneiras. A primeira é com o aumento<br />
<strong>da</strong> importação, entretanto, existe uma série de itens que<br />
impede esse processo. A outra forma de equilibrar o problema<br />
é via inflação, que corrói os salários e reduz a deman<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />
economia”. Para Nóbrega, a economia brasileira já vive uma<br />
inflação de deman<strong>da</strong>. “Por conta do desequilíbrio, o governo<br />
pode perder o controle e o Banco Central será obrigado a<br />
aumentar a taxa de juros”, avalia.<br />
De acordo com o empresário e diretor administrativo <strong>da</strong><br />
FIEC, Affonso Taboza, o problema pode ser superado com<br />
a “simplificação <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s empresas”. “A massa salarial<br />
cresceu, a classe média foi amplia<strong>da</strong> com o ingresso de<br />
indivíduos <strong>da</strong>s classes menos favoreci<strong>da</strong>s e isso deu um<br />
grande dinamismo ao comércio. A inflação de deman<strong>da</strong> ocorre<br />
A inflação de<br />
deman<strong>da</strong> ocorre<br />
devido à grande procura<br />
de bens e à facili<strong>da</strong>de<br />
de crédito, quando<br />
a indústria não tem<br />
condições de suprir<br />
essas necessi<strong>da</strong>des.<br />
““<br />
Affonso Taboza, diretor administrativo <strong>da</strong> FIEC<br />
Foto: JoSÉ SoBRINHo<br />
INFLAÇÃO DE DEMANDA<br />
OFERTA DEMANDA<br />
devido à grande procura de bens e à facili<strong>da</strong>de de crédito,<br />
quando a indústria não tem condições de suprir essas<br />
necessi<strong>da</strong>des”, afirma Taboza, para arrematar: “É preciso<br />
que o governo reduza as exigências legais e a burocracia que<br />
tomam tempo <strong>da</strong>s empresas para que elas possam manter o<br />
foco no planejamento <strong>da</strong> produção”.<br />
Guido Mantega descarta que haja uma inflação de<br />
deman<strong>da</strong>. “A inflação que tivemos até agora não é de<br />
deman<strong>da</strong>, na minha opinião, é de choque de oferta<br />
tecnicamente”, argumenta. Segundo Mantega, “a indústria<br />
vem de 2009 com capaci<strong>da</strong>de ociosa. (...) Além disso, está<br />
fazendo muitos investimentos. Portanto, não há nenhuma<br />
dificul<strong>da</strong>de para a indústria atender à deman<strong>da</strong>. (...) Ficam<br />
afasta<strong>da</strong>s, assim, as possibili<strong>da</strong>des de uma inflação de<br />
deman<strong>da</strong>”, enfatizou.<br />
O empresário Fernando Castelo Branco não visualiza no<br />
cenário atual ameaça de inflação de deman<strong>da</strong>. “Que houve<br />
aquecimento <strong>da</strong> economia é inegável. As classes D e E<br />
estão de fato entrando no mercado consumidor. Se isso está<br />
caracterizando deman<strong>da</strong> excessiva a ponto de gerar inflação<br />
é que tenho dúvi<strong>da</strong>. A indústria passou por um período de<br />
estagnação <strong>da</strong> economia no ano passado e tem reserva de<br />
capaci<strong>da</strong>de ociosa que pode expandir, mas não há escassez<br />
de deman<strong>da</strong>”, assegura.<br />
Sobre a afirmação de Aldo Mendes, diretor de Política<br />
Monetária do Banco Central, de que existem sintomas<br />
de inflação de deman<strong>da</strong> no primeiro trimestre deste ano,<br />
Castelo Branco diz que o Banco Central é ultraconservador.<br />
“A qualquer ruído sobe os juros para proteger a moe<strong>da</strong> de<br />
uma inflação em níveis elevados”, resume.<br />
2 | Revista<strong>da</strong>FIEC | Junho de 2010<br />
Junho de 2010 2<br />
| Revista<strong>da</strong>FIEC |
Foto: AGÊNCIA CNI / JoSÉ PAULo LACERDA<br />
Competitivi<strong>da</strong>de<br />
Ampliar a ren<strong>da</strong> per capita a ca<strong>da</strong> 15 anos e oferecer<br />
melhores condições para que o Brasil cresça com<br />
uma economia sóli<strong>da</strong> e competitiva. Esses são alguns<br />
dos desafios que o presidente <strong>da</strong> CNI, Armando Monteiro,<br />
colocou para os pré-candi<strong>da</strong>tos à Presidência <strong>da</strong> República,<br />
Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV),<br />
que se reuniram, em 25 de maio, num debate na sede<br />
<strong>da</strong> CNI em Brasília. “Corrigir os principais obstáculos à<br />
competitivi<strong>da</strong>de é um dos desafios para o novo governo”,<br />
afirmou ele, na abertura do evento. “Para isso é preciso que<br />
as ações sejam acompanha<strong>da</strong>s por uma visão estratégica<br />
<strong>da</strong>s oportuni<strong>da</strong>des que se apresentam para o país”,<br />
acrescentou Armando Monteiro.<br />
No documento A <strong>Indústria</strong> e o Brasil – Uma Agen<strong>da</strong> para<br />
Crescer Mais e Melhor, entregue a ca<strong>da</strong> pré-candi<strong>da</strong>to, a<br />
CNI elegeu cinco eixos estratégicos para aju<strong>da</strong>r o próximo<br />
Presidente <strong>da</strong> República a tornar o Brasil mais competitivo:<br />
a expansão do mercado doméstico, a internacionalização, a<br />
inovação, os projetos propulsores, como os de infraestrutura,<br />
os de habitação e o pré-sal, e a preparação do Brasil para<br />
uma economia de baixo carbono. “São fatores transformadores<br />
e importam desafios para empresas e governos. Mas todos<br />
convergem para a geração de uma estrutura industrial mais<br />
forte, diversifica<strong>da</strong>, com capaci<strong>da</strong>de de promover inovação e<br />
maior produtivi<strong>da</strong>de”, explicou Armando Monteiro.<br />
Segundo a CNI, o Brasil deve assumir a agen<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />
competitivi<strong>da</strong>de com urgência e afastar os obstáculos<br />
que deterioram o ambiente institucional e limitam o<br />
potencial de crescimento <strong>da</strong> economia. “A eleva<strong>da</strong> carga<br />
tributária, o custo do financiamento, a insuficiência<br />
dos marcos regulatórios, a valorização cambial, as<br />
deficiências de infraestrutura e logística resultam um<br />
Marina Silva (PV), Dilma Rousseff (PT), Armando Monteiro (presidente <strong>da</strong> CNI) e José Serra (PSDB)<br />
realizar um<br />
trabalho intenso no sentido<br />
de elevar a competitivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />
indústria nacional.<br />
Armando Monteiro Neto, presidente <strong>da</strong> CNI<br />
ambiente pouco favorável aos negócios e colocam<br />
o Brasil em posição desvantajosa em relação aos<br />
concorrentes”, alertou Armando Monteiro. Segundo ele,<br />
após a eleição, um dos pré-candi<strong>da</strong>tos “se defrontará<br />
com dois grandes desafios: remover esses obstáculos e o<br />
construir novas competências”.<br />
O presidente <strong>da</strong> CNI acrescentou que é preciso reforçar<br />
o investimento em educação e inovação tecnológica, que<br />
poderão garantir o futuro do país como nação industrial<br />
e moderna. “Sem elevado nível de escolari<strong>da</strong>de, não<br />
disporemos de uma força de trabalho tecnicamente<br />
capacita<strong>da</strong> para atingir os níveis de produtivi<strong>da</strong>de<br />
indispensáveis à competitivi<strong>da</strong>de do produto brasileiro,<br />
geração de novos empregos e melhor remuneração de<br />
trabalhadores e investidores”, afirmou Armando Monteiro.<br />
O presidente <strong>da</strong> CNI reforçou ain<strong>da</strong> a importância de<br />
uma aliança estratégica entre os setores público e privado<br />
para que o país avance. “Precisamos realizar um trabalho<br />
intenso no sentido de elevar a competitivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> indústria<br />
nacional”, sugeriu Armando Monteiro, lembrando que a<br />
indústria produz grande impacto sobre a produtivi<strong>da</strong>de<br />
global <strong>da</strong> economia, gera inovação “e é fun<strong>da</strong>mental para o<br />
desenvolvimento sustentável”.<br />
““ Precisamos<br />
Reformas estruturantes para<br />
alicerçar desenvolvimento<br />
Economistas, políticos e empresários<br />
acreditam na mesma premissa. O Brasil<br />
precisa realizar reformas estruturantes<br />
urgentemente para continuar crescendo de<br />
modo sustentável. Não foi por acaso que<br />
o presidente <strong>da</strong> FIEC, Roberto Proença de<br />
Macêdo, alertou os empresários presentes à<br />
soleni<strong>da</strong>de do <strong>Dia</strong> <strong>da</strong> <strong>Indústria</strong> a escolherem<br />
e apoiarem, neste ano eleitoral, somente<br />
“candi<strong>da</strong>tos reconheci<strong>da</strong>mente éticos” e<br />
comprometidos em promover as reformas<br />
tributária, trabalhista e política. “Sem<br />
as reformas estruturantes não seremos<br />
capazes de alcançar o desenvolvimento<br />
do Brasil nos níveis desejados e no tempo<br />
possível”, sentenciou.<br />
Três meses antes, em fevereiro de 2010,<br />
os cientistas políticos Amaury de Souza<br />
e Bolívar Lamounier lançavam o livro A<br />
Classe Média Brasileira, com o apoio <strong>da</strong><br />
CNI, defendendo o mesmo princípio. Basea<strong>da</strong><br />
em <strong>da</strong>dos coletados pelo Ibope em 2008, a<br />
publicação mostra que para manter o processo<br />
de crescimento <strong>da</strong> classe média e consoli<strong>da</strong>r a<br />
distribuição de ren<strong>da</strong> ocorri<strong>da</strong> nos últimos anos,<br />
o país depende de avanços que somente serão<br />
possíveis por meio de tais reformas.<br />
Segundo os pesquisadores, são necessárias<br />
principalmente reformas no modelo de<br />
tributação e na legislação trabalhista para<br />
que o processo de desenvolvimento continue.<br />
“Não é apenas uma questão de manter<br />
a política macroeconômica. Só isso não<br />
resolve. Chegamos no ponto em que é preciso<br />
fazer reformas. Fazer uma reforma tributária<br />
para valer e fazer uma reforma trabalhista”,<br />
argumenta Souza, para quem os avanços<br />
sociais foram possíveis nos últimos anos devido<br />
à estabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> economia e ao aumento do<br />
acesso ao crédito, especialmente de longo<br />
prazo –, “o que seria impensável em uma<br />
economia inflacionária”, observa.<br />
José Pastore, sociólogo especialista em<br />
relações do trabalho e desenvolvimento<br />
institucional e professor <strong>da</strong> Facul<strong>da</strong>de de<br />
Economia e Administração <strong>da</strong> USP, ratifica a<br />
opinião de Amaury de Souza. Segundo ele,<br />
uma reforma trabalhista que vise urgentemente<br />
“ “ Uma<br />
desoneração bem feita poderá<br />
proporcionar um saudável aumento dos<br />
salários, o que é bom para os trabalhadores e<br />
para a economia.<br />
José Pastore, sociólogo especialista em relações do trabalho e<br />
desenvolvimento institucional<br />
desonerar a folha de salários precisa ser feita<br />
no contexto de uma reforma tributária. “Uma<br />
desoneração bem feita poderá proporcionar um<br />
saudável aumento dos salários, o que é bom para os<br />
trabalhadores e para a economia”, frisa José Pastore.<br />
Para Ricardo Young, empresário e pré-candi<strong>da</strong>to<br />
a senador por São Paulo pelo Partido Verde (PV), a<br />
reforma política é outro ponto central <strong>da</strong> agen<strong>da</strong> de<br />
mu<strong>da</strong>nças estruturais do país. “A reforma política<br />
vai permitir o financiamento público de campanha,<br />
reduzindo a desigual<strong>da</strong>de entre os candi<strong>da</strong>tos e a<br />
força do poder econômico”, argumentou em artigo<br />
publicado, dia 24 de maio, no Jornal <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong>de de<br />
Bauru (SP). Para Young, a mu<strong>da</strong>nça vai substituir o<br />
“vale-tudo atual” por uma maior transparência no<br />
processo eleitoral do Brasil.<br />
2 | Revista<strong>da</strong>FIEC | Junho de 2010<br />
Junho de 2010 2<br />
| Revista<strong>da</strong>FIEC |
O pré-candi<strong>da</strong>to à Presidência <strong>da</strong> República José Serra<br />
(PSDB) garante que suas primeiras iniciativas, caso seja<br />
eleito, serão as reformas política e administrativa. “A reforma<br />
administrativa não precisa de lei. A política, vou começar<br />
por ela”, afirmou durante entrevista à Super Rádio Tupy,<br />
do Rio de Janeiro, em meados de maio. Entretanto, não<br />
forneceu detalhes <strong>da</strong>s duas reformas. Durante o encontro<br />
dos empresários com os presidenciáveis na CNI, Serra voltou<br />
a falar <strong>da</strong> reforma administrativa, ressaltando que o governo<br />
brasileiro precisa gastar menos com a máquina e mais com<br />
o povo. O candi<strong>da</strong>to tucano fez críticas à carga tributária<br />
e às taxas de juros e prometeu, se eleito, acabar com a<br />
cobrança do PIS/Cofins sobre o faturamento <strong>da</strong>s empresas<br />
de saneamento em 2 de janeiro de 2011, um dia depois<br />
<strong>da</strong> posse. O tributo, que segundo ele dobrou de 3,5% para<br />
7% no atual governo, representa uma arreca<strong>da</strong>ção de cerca<br />
de R$ 2 bilhões que, com a isenção, seriam destinados a<br />
investimentos no setor.<br />
A pré-candi<strong>da</strong>ta à Presidência <strong>da</strong> República pelo PV<br />
Marina Silva defende a convocação de uma Constituinte<br />
para que sejam feitas as reformas necessárias no país,<br />
como tributária, política e trabalhista. “Se fosse fácil,<br />
o sociólogo teria feito a reforma política, tributária e<br />
previdenciária. Se fosse fácil, o operário teria feito a reforma<br />
trabalhista. Isso não foi feito por nenhum deles. Por isso<br />
temos de formar uma Constituinte e fazer as reformas que<br />
o Brasil precisa”, disse a senadora durante a 13ª Marcha<br />
dos Prefeitos, dia 19 de maio, em Brasília. Na CNI, criticou<br />
o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), dizendo<br />
que ele não é um programa que pensa o crescimento do<br />
país para os próximos 20, 30 e 40 anos. Segundo ela, o<br />
PAC se limita à gestão de obras. Marina prometeu fazer<br />
uma reforma tributária, mas sem gerar “falsas expectativas”.<br />
Reconheceu que a tarefa é difícil, lembrando que a iniciativa<br />
está na agen<strong>da</strong> do país há 16 anos.<br />
Dilma Rousseff, pré-candi<strong>da</strong>ta do PT à Presidência <strong>da</strong><br />
República, assumiu o compromisso de realizar, se eleita, a<br />
reforma tributária. Ela declarou durante o encontro na CNI que a<br />
reforma tributária é “a reforma <strong>da</strong>s reformas” e explicou que vai<br />
alterar definitivamente a relação de distribuição entre as esferas<br />
federa<strong>da</strong>s e também a “imensa confusão e esse caos tributário<br />
que existe no nosso país”. Uma <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças previstas em<br />
sua proposta é a redução <strong>da</strong> alíquota patronal do INSS de<br />
20% para 15%. “Vamos aproveitar a mobilização <strong>da</strong> campanha<br />
eleitoral e os primeiros cem dias do governo para fazer a<br />
reforma tributária”, prometeu em entrevista coletiva logo após o<br />
encontro. Apesar de defender a reforma tributária e afirmar que<br />
é preciso “diminuir e não aumentar” os impostos, Dilma criticou<br />
seis dias antes, na Marcha dos Prefeitos, a decisão de acabar<br />
com a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira<br />
(CPMF), que para ela foi uma “armadilha” <strong>da</strong> oposição.<br />
Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário<br />
(IBPT), os ci<strong>da</strong>dãos do Brasil consomem 40,5% de seu<br />
rendimento bruto para pagar os impostos federais, estaduais<br />
e municipais. Tal percentual corresponde, em média, ao<br />
trabalho de quatro meses e 28 dias de ca<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>dão. No<br />
Temos um<br />
emaranhado de<br />
legislações tributárias<br />
entre os estados que não<br />
permite às empresas gerar<br />
eficiência e sinergia entre<br />
as diversas uni<strong>da</strong>des<br />
implanta<strong>da</strong>s no país.<br />
Robson Braga de Andrade, presidente eleito <strong>da</strong> CNI<br />
““<br />
calendário, essa estimativa significa que o rendimento<br />
percebido de 1º de janeiro até 28 de maio foi todo<br />
consumido na quitação dos impostos. Conforme o<br />
instituto, tal carga tributária só é menor do que a que<br />
pesa sobre os ci<strong>da</strong>dãos suecos (185 dias) e franceses<br />
(149 dias). Nos Estados Unidos, o imposto corresponde a<br />
102 dias de trabalho e, na Argentina, a 97.<br />
O presidente eleito <strong>da</strong> CNI, Robson Braga de Andrade,<br />
que também é presidente <strong>da</strong> Federação <strong>da</strong>s <strong>Indústria</strong>s<br />
do Estado de Minas Gerais (FIEMG), reforça que é preciso<br />
desonerar investimentos e exportações, simplificar o<br />
sistema tributário e tributar o consumo. “Temos um<br />
emaranhado de legislações tributárias entre os estados<br />
que não permite às empresas gerarem eficiência e sinergia<br />
entre as diversas uni<strong>da</strong>des implanta<strong>da</strong>s no país”, destacou.<br />
Para Andrade, “qualquer investimento custa ao empresário,<br />
pelo menos, 25% a mais em tributos e isso se agrava ao<br />
considerarmos um país que não tem poupança pública e<br />
com uma poupança priva<strong>da</strong> pequena”.<br />
Além <strong>da</strong> reforma tributária, o presidente eleito <strong>da</strong> CNI<br />
destaca a urgência <strong>da</strong>s reformas fiscal, <strong>da</strong> previdência,<br />
trabalhista e política. “São reformas estruturantes<br />
necessárias ao avanço e crescimento do Brasil”, afirmou.<br />
“Apesar de o país avançar, sem essas reformas haverá um<br />
esgotamento <strong>da</strong> economia brasileira de tal forma que não<br />
seremos capazes de competir no mercado globalizado”,<br />
alertou Robson Andrade.<br />
Carga trIbutárIa<br />
os ci<strong>da</strong>dãos<br />
brasileiros consomem<br />
40,5%<br />
de seu rendimento<br />
bruto para pagar os<br />
impostos federais,<br />
estaduais e municipais<br />
Foto: AGÊNCIA CNI / MIGUEL ANGELo<br />
Foto: JoSÉ SoBRINHo<br />
ViraVi<strong>da</strong><br />
Mais vi<strong>da</strong>s<br />
transforma<strong>da</strong>s<br />
Cento e três novos profissionais, habilitados em seis turmas do<br />
ViraVi<strong>da</strong>, estão aptos a buscar um futuro melhor<br />
Começa uma nova etapa no Ceará na<br />
vi<strong>da</strong> de 103 jovens, tendo como marco<br />
a conclusão de outras seis turmas<br />
do ViraVi<strong>da</strong> no estado, no dia 5 de<br />
maio, em soleni<strong>da</strong>de realiza<strong>da</strong> na sede do Serviço<br />
Nacional de Aprendizagem Comercial<br />
(Senac). Iniciativa do Conselho Nacional do<br />
Serviço Social <strong>da</strong> <strong>Indústria</strong> (SESI), o projeto<br />
foi aplicado pela primeira vez em Fortaleza<br />
há dois anos. De lá para cá, muitos sonhos de<br />
meninos e meninas, que viviam em situação<br />
de risco, foram concretizados. E mais: o programa<br />
lhes devolveu a digni<strong>da</strong>de e se expandiu<br />
pelo país, onde inaugurou uma nova era, com<br />
foco na justiça social. O pioneirismo cearense<br />
no ViraVi<strong>da</strong> se consoli<strong>da</strong> também na união do<br />
Sistema S, na ampla adesão <strong>da</strong>s empresas locais<br />
ao programa e no estímulo ao cooperativismo<br />
como ferramenta de inclusão <strong>da</strong> juventude no<br />
mercado de trabalho.<br />
Os novos profissionais foram habilitados<br />
nos cursos de Gastronomia (Senac), Auxiliar<br />
Os formandos foram<br />
habilitados em Gastronomia,<br />
Auxiliar Administrativo/<br />
Recepção, Costura Industrial<br />
em Mo<strong>da</strong> Praia e Mo<strong>da</strong><br />
Íntima, Comunicação Digital,<br />
Assistente Administrativo<br />
Industrial e Formação em<br />
Cooperativismo<br />
0 | Revista<strong>da</strong>FIEC | Junho de 2010<br />
Junho de 2010 1<br />
| Revista<strong>da</strong>FIEC |
Administrativo/Recepção (Senac), Costura<br />
Industrial em Mo<strong>da</strong> Praia e Mo<strong>da</strong> Íntima<br />
(Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial<br />
– SENAI no bairro Parangaba), Comunicação<br />
Digital e Assistente Administrativo<br />
Industrial (SENAI Antônio Urbano de Almei<strong>da</strong><br />
no bairro Jacarecanga) e Formação em<br />
Cooperativismo, realizado em parceria com<br />
SENAI, SESI, Serviço Brasileiro de Apoio às<br />
Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Serviço<br />
Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo<br />
do Ceará (Sescoop). Independente<br />
do curso escolhido, ca<strong>da</strong> um sai do ViraVi<strong>da</strong><br />
capacitado para exercer com competência a<br />
ativi<strong>da</strong>de abraça<strong>da</strong>.<br />
“Não estamos simplesmente comemorando<br />
a conclusão de seis turmas do Projeto<br />
ViraVi<strong>da</strong> e a entrega dos certificados, mas<br />
reconhecendo a determinação e a coragem<br />
de jovens sonhadores, que ousaram e vislumbraram<br />
uma mu<strong>da</strong>nça de vi<strong>da</strong>, um futuro<br />
diferente”, observa o presidente <strong>da</strong> FIEC,<br />
Roberto Proença de Macêdo, para quem essa<br />
etapa do programa marca também a realização<br />
do “sonho de ver o Sistema S aliado no<br />
Ceará, reconhecendo que juntas as enti<strong>da</strong>des<br />
poderão fazer muito mais”.<br />
Segundo Roberto Macêdo, num cenário<br />
de recursos escassos e deman<strong>da</strong>s crescentes,<br />
o Sistema FIEC vê a parceria como moe<strong>da</strong><br />
valiosa. “Por isso estamos abertos para outras<br />
iniciativas conjuntas”, antecipa. Para ele,<br />
a magnitude do desafio que representa o enfrentamento<br />
à exploração de crianças e adolescentes<br />
exige ações em parceria. “O Brasil<br />
não pode negar a suas crianças, adolescentes<br />
e jovens o direito a proteção e o acesso<br />
a educação, saúde, cultura e lazer. Daí porque<br />
o Sistema FIEC, por meio do SESI e do<br />
SENAI, abraçou essa causa e abraçará outras<br />
mais que promovam impactos e mu<strong>da</strong>nças<br />
substanciais na vi<strong>da</strong> dos nossos jovens”, sublinhou<br />
Roberto Macêdo.<br />
Jair Meneguelli, presidente do Conselho<br />
Nacional do SESI e precursor do ViraVi<strong>da</strong>,<br />
lembrou que Roberto Macêdo foi um dos<br />
primeiros empresários cearenses a abraçar<br />
o projeto. A Cemec, do grupo J. Macêdo, é<br />
uma <strong>da</strong>s empresas que abriram as portas para<br />
incluir os jovens egressos do projeto no mercado<br />
de trabalho. Meneguelli destaca o pioneirismo<br />
de Fortaleza. “Da mesma forma que<br />
sediou a turma-piloto do ViraVi<strong>da</strong>, a capital<br />
do Ceará continua <strong>da</strong>ndo um passo à frente<br />
com a implantação <strong>da</strong> primeira incubadora<br />
<strong>da</strong> cooperativa do projeto”, disse.<br />
João Nicédio Alves Nogueira, presidente<br />
do Sescoop, que ingressou no ViraVi<strong>da</strong> para<br />
contribuir com a inserção dos jovens no<br />
mercado de trabalho, por meio <strong>da</strong> formação<br />
de cooperativas, ratificou o apoio <strong>da</strong> enti<strong>da</strong>de<br />
à iniciativa. “Estamos à disposição para<br />
orientar alunos do projeto que decidirem se<br />
tornar donos de seus próprios negócios por<br />
intermédio do cooperativismo”, reforçou<br />
João Nicédio.<br />
Para Luiz Gastão Bittencourt, presidente <strong>da</strong><br />
Federação do Comércio do Estado do Ceará<br />
(Fecomercio), mais do que propiciar uma<br />
profissão e o acesso ao primeiro emprego, o<br />
ViraVi<strong>da</strong> dá aos jovens a oportuni<strong>da</strong>de de<br />
uma consciência maior <strong>da</strong> sua ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia,<br />
além <strong>da</strong> chance de receberem conhecimento<br />
e, assim, ampliarem os horizontes. Após a participação<br />
inédita no programa, a Fecomercio,<br />
segundo Luiz Gastão, irá ampliar a oferta de<br />
cursos do Senac.<br />
Roberto Proença de Macêdo, presidente <strong>da</strong> FIEC<br />
““<br />
Jair Meneguelli: capital<br />
do Ceará continua <strong>da</strong>ndo<br />
um passo à frente com a<br />
implantação <strong>da</strong> primeira<br />
incubadora <strong>da</strong> cooperativa<br />
do projeto ViraVi<strong>da</strong><br />
Não estamos simplesmente<br />
comemorando a conclusão de seis<br />
turmas do Projeto ViraVi<strong>da</strong>, mas reconhecendo<br />
a determinação e a coragem de jovens<br />
sonhadores, que ousaram e vislumbraram uma<br />
mu<strong>da</strong>nça de vi<strong>da</strong>, um futuro diferente.<br />
Foto: JoSÉ SoBRINHo<br />
Ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia<br />
Oempresário Carlúcio Pereira, proprietário <strong>da</strong><br />
Dilady Lingerie, uma <strong>da</strong>s empresas parceiras,<br />
diz que só tem elogios ao projeto. “É uma<br />
iniciativa excelente. Além de <strong>da</strong>r oportuni<strong>da</strong>de a<br />
quem nunca teve chance na vi<strong>da</strong>, fornece mão<br />
de obra eficiente para as empresas. Na Dilady,<br />
contratamos cinco pessoas forma<strong>da</strong>s pelo ViraVi<strong>da</strong>,<br />
como operadores de máquina de costura, e foi<br />
uma surpresa! Em pouco tempo eles desenvolvem<br />
o trabalho com muita eficiência. Estamos até<br />
pensando em ampliar nossa parceria”, antecipa.<br />
Cátia Maria Oliveira Pinheiro, responsável pelo<br />
setor de pessoal <strong>da</strong> empresa Colonial, afirma que<br />
o projeto tem sido de grande valia. “Os jovens<br />
aprendizes oriundos do ViraVi<strong>da</strong> conseguem<br />
melhor desempenho porque possuem um maior<br />
acompanhamento <strong>da</strong> equipe do projeto. Isso faz<br />
com que não tenhamos problemas com atrasos e<br />
faltas. A diferença é que o ViraVi<strong>da</strong>, além de treinar,<br />
orienta os alunos nos campos profissional, social e<br />
psicológico”, explica.<br />
Para o superintendente regional <strong>da</strong> Caixa<br />
Econômica Federal em Fortaleza, Gotardo Gomes<br />
Gurgel Júnior, o ViraVi<strong>da</strong> é um exercício de<br />
ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia para empresas e jovens beneficiados.<br />
“A Caixa é parceira do projeto, contratando e<br />
prestando orientação profissional a esses jovens.<br />
Nosso objetivo é que eles sintam orgulho em<br />
participar <strong>da</strong> nossa equipe e que os empregados<br />
de nossa empresa vejam a importância dessa<br />
missão social que o banco coloca para ca<strong>da</strong> um<br />
de nós. É um projeto de responsabili<strong>da</strong>de ci<strong>da</strong>dã<br />
e um ato cristão”, reforça.<br />
Em reconhecimento ao apoio <strong>da</strong>do ao projeto,<br />
o ViraVi<strong>da</strong> concedeu certificados às empresas<br />
parceiras, como Caixa, Dilady e Colonial, que têm<br />
garantido a empregabili<strong>da</strong>de dos jovens formados<br />
Vi<strong>da</strong> nova<br />
Estou começando uma vi<strong>da</strong> nova. Eu, que não sabia fazer<br />
na<strong>da</strong>, agora vou <strong>da</strong>r novo rumo à minha vi<strong>da</strong>. Antes de<br />
entrar no programa, eu não trabalhava nem estu<strong>da</strong>va. Ninguém<br />
acreditava em mim. Hoje, é meu irmão que está surpreso por eu<br />
ter mu<strong>da</strong>do tanto. Meu filho nasce no próximo mês. Depois que<br />
ele nascer, vou voltar no SESI e eles vão me encaminhar para um<br />
emprego. Quero <strong>da</strong>r um futuro bom para o meu menino, com lazer<br />
e educação como eu nunca tive.<br />
Aline de Lima Santos, 20 anos, grávi<strong>da</strong> de oito meses, concludente do curso de Costura<br />
Industrial em Mo<strong>da</strong> Praia e Mo<strong>da</strong> Íntima, realizado pelo SENAI Parangaba.<br />
““<br />
pelo projeto. Em vídeo apresentado durante a<br />
soleni<strong>da</strong>de, o vice-presidente <strong>da</strong> República, José<br />
Alencar, elogiou os parceiros e convidou outras<br />
empresas a aderirem ao projeto. “O Sistema S<br />
já está fazendo a sua parte. O ViraVi<strong>da</strong> oferece<br />
a chance de as empresas participarem dessa<br />
mu<strong>da</strong>nça na vi<strong>da</strong> de nossos jovens. O Brasil conta<br />
com vocês”, completou.<br />
Ao final do evento no Senac, as empresas Dilady<br />
Lingerie e Sanny Underwear apresentaram um<br />
desfile <strong>da</strong>s novas coleções de mo<strong>da</strong> íntima e mo<strong>da</strong><br />
praia, cuja produção contou com a mão de obra de<br />
concludentes do ViraVi<strong>da</strong> provenientes do curso de<br />
Costura Industrial em Mo<strong>da</strong> Praia e Mo<strong>da</strong> Íntima.<br />
O ViraVi<strong>da</strong> foi idealizado em 2008 pelo<br />
Conselho Nacional do SESI para capacitar<br />
Foto: JoSÉ SoBRINHo<br />
As empresas Dilady<br />
Lingerie e Sanny Underwear<br />
apresentaram desfile <strong>da</strong>s<br />
novas coleções de mo<strong>da</strong><br />
íntima e mo<strong>da</strong> praia<br />
2 | Revista<strong>da</strong>FIEC | Junho de 2010<br />
Junho de 2010 | Revista<strong>da</strong>FIEC |<br />
Foto: JoSÉ SoBRINHo
jovens em situação de risco e exploração<br />
sexual, e teve o projeto piloto coordenado<br />
pelo SESI/CE. Em segui<strong>da</strong>, outras instituições<br />
do Sistema S se engajaram. “A ca<strong>da</strong> edição<br />
aumenta a participação. Além do SESI/CE e<br />
Senac, contamos com a parceria do SENAI,<br />
Serviço Social do Comércio (Sesc), Serviço<br />
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas<br />
Empresas (Sebrae) e Sescoop, entre outras<br />
organizações”, afirma a coordenadora do<br />
projeto no Ceará, Catarina Sabino.<br />
A iniciativa contempla educação básica,<br />
empreendedorismo, atendimento psicossocial e<br />
apoio às famílias. O projeto já formou 158 jovens<br />
no Ceará, dos quais 104 estão trabalhando,<br />
resultando num índice de inserção de 66%.<br />
Empresas e instituições<br />
parceiras:<br />
> Pena Sportwear<br />
> Panifício Aguananbi S.A (Panevita)<br />
> EIT – Empresa Industrial Técnica S/A<br />
> Dilady Lingerie<br />
> Banco do Nordeste<br />
> Banco do Brasil<br />
> Cemec Construções Eletromec S/A<br />
> Unitêxtil <strong>Indústria</strong> Têxtil<br />
> Chaves S.A<br />
> Araucária Incorporações<br />
> Cocobambu<br />
> Sanny Underwear<br />
> Panificadora Montmartre<br />
> Caixa Econômica Federal<br />
> Cachaça Colonial<br />
> Construtora e Imobiliaria JMV Lt<strong>da</strong>.<br />
> Enguia Gen BA, CE e PI Lt<strong>da</strong>.<br />
> Manhattam/ABC<br />
> Inco Engenharia<br />
> Facul<strong>da</strong>des Cearenses - FAC<br />
> Curso Juscelino Kubitschek<br />
> Centro Integrado Empresa Escola - CIEE<br />
> Secretaria de Direitos Humanos – Coordenação <strong>da</strong><br />
Criança e do Adolescente<br />
> Conselho Nova Vi<strong>da</strong> – Convi<strong>da</strong><br />
> Associação <strong>da</strong>s Prostitutas do Ceará – Aproce<br />
> Associação Maria Mãe <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong><br />
> Barraca <strong>da</strong> Amizade<br />
> Socie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Redenção<br />
> Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (STDS)<br />
> Superintendência Regional do Trabalho (SRT)<br />
| Revista<strong>da</strong>FIEC | Junho de 2010<br />
Mu<strong>da</strong>nça completa<br />
“<br />
Depois do ViraVi<strong>da</strong>,<br />
mudou muita coisa<br />
em minha vi<strong>da</strong>. Penso<br />
em estu<strong>da</strong>r, em construir<br />
meu próprio negócio<br />
– uma confecção de mo<strong>da</strong><br />
masculina e feminina.<br />
Antes de entrar no<br />
programa, eu tinha até largado<br />
os estudos. A oportuni<strong>da</strong>de surgiu quando eu mais<br />
precisava. Hoje, trabalho no Núcleo de Referência em<br />
Saúde do SESI. O ViraVi<strong>da</strong> representa tudo de bom em<br />
minha vi<strong>da</strong>. Aprendi coisas que vou aplicar em todos<br />
os ramos de minha vi<strong>da</strong>, seja na minha confecção ou<br />
na administração industrial. Nunca vou esquecer.<br />
Ramon Vlad de Sousa Alves <strong>da</strong> Silva, 17 anos, aluno do curso Assistente<br />
Administrativo Industrial, ministrado no SENAI Urbano de Almei<strong>da</strong>.<br />
Olhar futuro<br />
“<br />
Foi uma senhora <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de que trouxe<br />
a novi<strong>da</strong>de para o bairro. Com o incentivo<br />
dela, me inscrevi pela primeira vez no ViraVi<strong>da</strong>,<br />
mas não compareci no dia marcado. Depois, quando<br />
apareceu outra chance de me inscrever, agarrei. Não<br />
é todo mundo que tem duas oportuni<strong>da</strong>des de mu<strong>da</strong>r<br />
de vi<strong>da</strong>. Graças ao ViraVi<strong>da</strong> já estou trabalhando<br />
há quatro meses como<br />
jovem aprendiz no Banco<br />
do Nordeste. Quero<br />
deixar para trás tudo de<br />
ruim que vivi. Agora,<br />
só vou olhar para a<br />
frente. Existem poucas<br />
iniciativas assim. E esse<br />
programa veio para<br />
salvar muitos jovens,<br />
como eu.<br />
“<br />
Renara Mendes <strong>da</strong> Silva,<br />
21 anos, concludente do curso Comunicação Digital e Produção de Eventos,<br />
ministrado no SENAI Urbano de Almei<strong>da</strong>.<br />
“<br />
Foto: JoSÉ SoBRINHo<br />
Foto: JoSÉ SoBRINHo<br />
Foto: GIoVANNI SANtoS<br />
Cooperativa no Ceará<br />
Aprimeira incubadora <strong>da</strong> cooperativa do<br />
projeto ViraVi<strong>da</strong> foi inaugura<strong>da</strong> em 5 de<br />
maio último pelo Conselho Nacional do<br />
SESI e o SESI/CE na uni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> instituição no<br />
bairro Parangaba, contando com 21 cooperados<br />
egressos dos cursos de Costura Industrial em<br />
Mo<strong>da</strong> Praia e Mo<strong>da</strong> Íntima, Criação & Mo<strong>da</strong>,<br />
Comunicação Digital e Produção de Eventos.<br />
Durante dois anos, os cooperados terão o<br />
acompanhamento integral do SESI/CE. A partir<br />
de agosto deste ano, começam os contratos com<br />
os primeiros clientes, e a inserção no mercado<br />
toma forma definitiva. Em 2012, a cooperativa<br />
já deverá estar prepara<strong>da</strong> para caminhar com<br />
o próprio Ca<strong>da</strong>stro Nacional de Pessoa Jurídica<br />
(CNPJ). O empreendimento é dedicado ao setor<br />
de confecção e a produção deverá ter início no<br />
segundo semestre deste ano.<br />
A presidente <strong>da</strong> incubadora, Joyce <strong>da</strong> Silva,<br />
21 anos, tem uma história de vi<strong>da</strong> forte e<br />
personali<strong>da</strong>de firme. “Fico feliz em ter sido<br />
escolhi<strong>da</strong> para a presidência, mas sei que, na<br />
ver<strong>da</strong>de, tenho 20 chefes”, afirma, fazendo<br />
referência aos outros cooperados. Segundo<br />
ela, a ideia <strong>da</strong> incubadora surgiu durante o<br />
desenvolvimento do Vi<strong>da</strong>Vi<strong>da</strong> e foi ganhando<br />
corpo a partir <strong>da</strong> iniciativa do próprio grupo.<br />
Este ano, de janeiro a abril, os membros<br />
<strong>da</strong> cooperativa tiveram acesso a consultorias,<br />
nas quais foram abor<strong>da</strong>dos os aspectos<br />
mercadológicos do empreendimento. O Sescoop,<br />
integrante do Sistema Cooperativista Nacional,<br />
repassou conhecimentos sobre o assunto.<br />
Durante os cursos, os alunos passaram por<br />
“ do Vi<strong>da</strong>Vi<strong>da</strong> e foi “<br />
A ideia <strong>da</strong><br />
incubadora<br />
surgiu durante o<br />
desenvolvimento<br />
ganhando corpo a<br />
partir <strong>da</strong> iniciativa do<br />
próprio grupo.<br />
Joyce <strong>da</strong> Silva,<br />
presidente <strong>da</strong> incubadora<br />
disciplinas técnicas de gestão e finanças e<br />
por aulas de formação técnica para preparar a<br />
cooperativa para atuar no mercado. Joyce ressalta<br />
que o planejamento foi feito a longo prazo e<br />
a produção será volta<strong>da</strong> para a confecção de<br />
far<strong>da</strong>mentos e, depois, enxovais para restaurantes<br />
e estabelecimentos de hospe<strong>da</strong>gem.<br />
“A mu<strong>da</strong>nça que ocorreu na vi<strong>da</strong> desses<br />
meninos, de perspectiva e de quali<strong>da</strong>de de<br />
vi<strong>da</strong>, foi imensa. Muitos não tinham vínculos<br />
familiares, e o projeto pôde aproximar essas<br />
famílias. Este é um momento ímpar, o término<br />
de um trabalho de muito sucesso”, resume a<br />
responsável pelo acompanhamento psicológico<br />
dos alunos, Isabel Cristina Teixeira.<br />
Primeira incubadora <strong>da</strong><br />
cooperativa do projeto<br />
ViraVi<strong>da</strong> funcionará no<br />
SESI Parangaba<br />
Junho de 2010 | Revista<strong>da</strong>FIEC |<br />
Foto: GIoVANNI SANtoS
Preservação ambiental<br />
Recicla Nordeste <strong>da</strong>rá<br />
impulso ao setor<br />
Evento trará o que há de mais moderno em máquinas e<br />
equipamentos para a indústria de reciclagem nordestina<br />
| Revista<strong>da</strong>FIEC | Junho de 2010<br />
Parquinho feito de plástico<br />
reciclável tem maior durabili<strong>da</strong>de<br />
porque não enferruja nem se<br />
deteriora com facili<strong>da</strong>de<br />
Para impulsionar o setor de reciclagem na região<br />
Nordeste, o Sindicato <strong>da</strong>s Empresas de Reciclagem<br />
de Resíduos Sólidos Domésticos e Industriais do<br />
Estado do Ceará (Sindiverde), em parceria com a<br />
Federação <strong>da</strong>s <strong>Indústria</strong>s do Estado do Ceará (FIEC), por<br />
meio do Instituto de Desenvolvimento Industrial (INDI),<br />
realizará no Centro de Convenções de Fortaleza, de 10 a 12<br />
de novembro de 2010, a feira Recicla Nordeste – evento pioneiro<br />
do segmento no Ceará e também na região. A feira trará<br />
o que há de mais moderno em máquinas e equipamentos<br />
para a indústria de reciclagem. Além de promover negócios<br />
e desenvolver o setor, a Recicla Nordeste deverá reunir todos<br />
os atores <strong>da</strong> cadeia produtiva.<br />
A ideia surgiu depois que o Sindiverde participou de feiras<br />
setoriais em São Paulo e noutros estados. “Identificamos<br />
que, além de serem locais para lançamentos de máquinas e<br />
equipamentos modernos, que buscam ca<strong>da</strong> vez mais a melhoria<br />
<strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de, as feiras oferecem ao expositor e visitante<br />
oportuni<strong>da</strong>des de negócios”, explica Marcos Augusto<br />
Nogueira de Albuquerque, presidente do Sindiverde. A meta<br />
para a primeira edição é movimentar R$ 50 milhões. O público<br />
estimado é de mais de 10 000 visitantes. No total, serão<br />
colocados à disposição 108 estandes. O público-alvo <strong>da</strong> feira<br />
são empresários do setor de reciclagem, transformadores, cooperativas,<br />
técnicos, professores e pesquisadores, entre outros.<br />
Simultaneamente à Recicla Nordeste, serão realizados durante<br />
dois dias seminários sobre meio ambiente, com a participação<br />
de universi<strong>da</strong>des, facul<strong>da</strong>des, escolas, associações,<br />
cooperativas, prefeituras, representantes do governo federal e<br />
estadual e a socie<strong>da</strong>de civil. Após as palestras, haverá ro<strong>da</strong><strong>da</strong>s<br />
de negócio. Será promovido ain<strong>da</strong> um concurso jornalístico<br />
sobre meio ambiente. A premiação será entregue na abertura<br />
<strong>da</strong> feira. Em paralelo, o Núcleo de Meio Ambiente (Numa) <strong>da</strong><br />
FIEC fará a entrega do Prêmio FIEC por Desempenho Ambiental<br />
para empresas com produção mais limpa, reuso de<br />
água, educação ambiental e integração com a socie<strong>da</strong>de.<br />
Estudos indicam que a reciclagem dos resíduos sólidos,<br />
além de contribuir com a preservação ambiental, evita que<br />
milhares de tonela<strong>da</strong>s de lixo sejam lança<strong>da</strong>s a céu aberto nos<br />
lixões ou em aterros sanitários, contaminando o solo e aumentando<br />
a temperatura com a emissão de gases poluentes.<br />
“Quando reciclamos, estamos reduzindo o consumo de<br />
energia e preservando nossas florestas e nossos recursos naturais.<br />
Com a ativi<strong>da</strong>de de reciclagem, podemos gerar milhares<br />
de empregos e ren<strong>da</strong> para a população que não tem nenhuma<br />
especialização”, ressalta o presidente do Sindiverde.<br />
Junho de 2010 | Revista<strong>da</strong>FIEC |
Tributação é alta<br />
Segundo Marcos Albuquerque, com<br />
aproxima<strong>da</strong>mente 300 empresas atuando<br />
no segmento de reciclados, o Ceará é um<br />
dos estados brasileiros que mais reaproveitam<br />
seus resíduos sólidos. Mesmo assim, de todo o<br />
resíduo destinado aos aterros sanitários e lixões<br />
somente são aproveitados 30%. Esse pequeno<br />
índice é consequência direta <strong>da</strong> ausência de<br />
coleta seletiva no estado. Estimativas indicam<br />
que a coleta elevaria para cerca de 70% o<br />
percentual de resíduos aproveitáveis no Ceará.<br />
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia<br />
e Estatística (IBGE) indicam que apenas 8,2%<br />
<strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des brasileiras fazem coleta seletiva<br />
do lixo. Para Marcos Albuquerque, o fato de no<br />
Brasil a reciclagem ain<strong>da</strong> estar com percentuais<br />
muito baixos se deve à ausência de uma<br />
Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).<br />
Aprovado em março último pela Câmara dos<br />
Deputados, o Projeto de Lei 203/91 ain<strong>da</strong><br />
passará por ajustes e nova votação no Senado,<br />
antes de seguir para sanção presidencial.<br />
No Ceará, a falta de incentivo do governo<br />
é um dos principais desafios do setor. A<br />
tributação que incide sobre as indústrias que<br />
trabalham com matéria-prima recicla<strong>da</strong> é<br />
igual à de qualquer indústria. Não existe uma<br />
política de crédito com juros menores para os<br />
recicladores e a tarifa <strong>da</strong> energia é tão alta<br />
como a de qualquer outro consumidor.<br />
De acordo com Marcos Albuquerque, o Ceará<br />
foi um dos primeiros estados brasileiros a se<br />
preocupar com a reciclagem de termoplásticos.<br />
| Revista<strong>da</strong>FIEC | Junho de 2010<br />
Estamos trabalhando<br />
com o SENAI/CE para<br />
capacitar todos os operadores<br />
de máquinas injetoras. Em<br />
breve, teremos conhecimento<br />
e tecnologia para vender para<br />
outros estados brasileiros.<br />
Marcos Albuquerque, presidente do Sindiverde<br />
““<br />
O sindicato, por sua vez, tem investido na<br />
capacitação de pessoal, na estruturação <strong>da</strong>s<br />
empresas, na busca de novas tecnologias<br />
e na aquisição de máquinas e periféricos<br />
modernos para melhorar a produtivi<strong>da</strong>de e,<br />
consequentemente, a competitivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s<br />
indústrias cearenses em relação ao restante<br />
do país. “Estamos trabalhando com o Serviço<br />
Nacional de Aprendizagem Industrial do<br />
Ceará (SENAI/CE) para capacitar todos<br />
os operadores de máquinas injetoras. Em<br />
breve, teremos conhecimento e tecnologia<br />
para vender para outros estados brasileiros”,<br />
projeta Marcos Albuquerque.<br />
SERVIÇO:<br />
Mais informações sobre a feira pelo<br />
telefone (85) 3261-1111.<br />
A reciclagem dos resíduos<br />
sólidos evita que milhares<br />
de tonela<strong>da</strong>s de lixo sejam<br />
lança<strong>da</strong>s nos lixões e<br />
aterros sanitários<br />
História<br />
Civilização do boi<br />
Responsável pelo primeiro ciclo econômico do estado do Ceará, o<br />
gado foi fun<strong>da</strong>mental no processo de colonização de nossas terras<br />
POR GEvAN OLIvEIRA<br />
Diferentemente de outros estados, onde a população<br />
se deslocava do litoral para o interior, foi a<br />
partir do sertão que começou o povoamento do<br />
Ceará. E um animal em particular – o boi – marcou<br />
os passos dessa caminha<strong>da</strong>, deixando mais do que rastros<br />
e estrumes pela terra seca e empoeira<strong>da</strong> do semiárido<br />
cearense. No início oficial <strong>da</strong> nossa história, está registrado<br />
que as terras <strong>da</strong>qui não despertaram a atenção dos colonizadores<br />
(ou melhor, exploradores) nos primeiros cem<br />
anos após a partilha <strong>da</strong>s capitanias hereditárias.<br />
Dizia-se que a terra era inútil, sem ouro nem pedras<br />
preciosas. Apenas sal e pouca madeira sem muito valor<br />
comercial. Está escrito também que o português Antônio<br />
Cardoso de Barros, incumbido, em 1535, de administrar<br />
as centenas de léguas do Rio Grande do Norte, Ceará e<br />
Maranhão (o Siará Grande), não pisou por estas ban<strong>da</strong>s<br />
uma única vez. Coube ao açoriano Pero Coelho de Sousa,<br />
em 1603, liderar a primeira expedição a este lado do<br />
Atlântico. Mas as secas brabas e índios cabras-machos,<br />
inconformados com a escravidão, expulsaram o europeu<br />
e sua turba de volta ao frio do velho continente. Contudo,<br />
os teimosos e ávidos exploradores não deram trégua e logo<br />
regressaram sob o comando do português Martin Soares<br />
Moreno, considerado o fun<strong>da</strong>dor do Ceará, em busca de<br />
fortuna, fartura e de nossas índias – por que não? –, como<br />
romanticamente retratou o escritor José de Alencar na trilogia<br />
indianista Iracema, O Guarani e Ubirajara.<br />
Sempre no encalço dos branquelos, índios e piratas inimigos<br />
dos portugueses dificultaram a exploração <strong>da</strong> terra<br />
até 1637, quando a região foi oficialmente invadi<strong>da</strong> pelos<br />
holandeses, que então passaram a ser o alvo dos bravos tupiniquins,<br />
que lhes impuseram fragorosas derrotas. No entanto,<br />
sob o poderio <strong>da</strong>s armas de fogo, os holandeses atacaram<br />
em maior número em 1649, numa expedição chefia<strong>da</strong> por<br />
Matias Beck, instalando-se, após vitórias, nas proximi<strong>da</strong>des<br />
do riacho Pajeú, onde construíram o Forte Schoonenborch,<br />
tomado pelos portugueses em 1694, e renomeado de Forte<br />
de Fortaleza de Nossa Senhora <strong>da</strong> Assunção. À sua volta,<br />
formou-se a segun<strong>da</strong> vila do Ceará, chama<strong>da</strong> de Vila do<br />
Forte ou Fortaleza. A primeira foi a de Aquiraz.<br />
Junho de 2010 | Revista<strong>da</strong>FIEC |<br />
Foto: ÉDIS MALAGUttI
“Bicho que mija pra trás”<br />
Mas, voltando às primeiras linhas deste texto,<br />
pode-se afirmar que foi com a aju<strong>da</strong> do<br />
boi que o Ceará (e, na ver<strong>da</strong>de, a região<br />
Nordeste) passou a ser povoado em todos os seus<br />
recantos. O fenômeno pode ser explicado a partir<br />
desta frase: “Bicho que mija pra trás é que bota<br />
homem pra frente”. Foi assim que o historiador<br />
Leonardo Mota eternizou o adágio popular her<strong>da</strong>do<br />
dos que fizeram do gado sua primeira fonte de<br />
riqueza em to<strong>da</strong> a região. No livro O Processo<br />
Histórico de Industrialização do Ceará (2001), o<br />
historiador Geraldo Nobre diz que o estabelecimento<br />
do primeiro curral nordestino (e brasileiro) se deve<br />
a Garcia d’Ávila, filho de Tomé de Sousa, o primeiro<br />
governador geral do Brasil, que chegou ao país<br />
em 1549, estabelecendo-se em Salvador, Bahia.<br />
A Garcia d’Ávila também é creditado o feito de ter<br />
trazido, para o país, o coco e o gado nelore.<br />
Foi então, a partir <strong>da</strong> Bahia, que a criação de<br />
gado teve início. A ativi<strong>da</strong>de logo chegou em Sergipe<br />
e Pernambuco, sempre seguindo o curso do rio São<br />
Francisco. Em poucos anos, esses estados (outrora<br />
capitanias) passaram a engor<strong>da</strong>r, matar e exportar<br />
milhares de cabeças de gado. Contudo, o historiador<br />
cearense Capistrano de Abreu relata que essa<br />
expansão (ou seria melhor dizer invasão) de terras<br />
não ocorreu de forma pacífica, principalmente às<br />
margens do São Francisco, onde estavam finca<strong>da</strong>s<br />
várias tribos pertencentes ao tronco cariri, que<br />
lutaram muito por suas terras.<br />
Geraldo Nobre amplia esse fato explicando<br />
que “a hostili<strong>da</strong>de dos índios ain<strong>da</strong> bravios e<br />
a invasão holandesa, até o início <strong>da</strong> segun<strong>da</strong><br />
metade do século seguinte ao <strong>da</strong> introdução do<br />
gado, e, em segui<strong>da</strong>, as lutas contra os quilombos,<br />
haviam desorganizado os rebanhos, criando sérios<br />
problemas para os fazendeiros, que procuraram<br />
novas regiões de criar, sendo atendidos nos sertões<br />
do Piauí, Rio Grande do Norte e, principalmente, do<br />
Ceará”. Eis o início <strong>da</strong>s boia<strong>da</strong>s sertão adentro.<br />
O empresário e escritor Cândido Couto Filho,<br />
no livro Ciclos Econômicos do Ceará, conta que<br />
as boia<strong>da</strong>s provenientes <strong>da</strong> Bahia e Pernambuco<br />
chegavam ao Ceará pelos rios Jaguaribe e Acaraú, e<br />
vinham essencialmente para a engor<strong>da</strong> (ou fugindo<br />
de ataques de inimigos), aproveitando-se <strong>da</strong>s<br />
abun<strong>da</strong>ntes pastagens e <strong>da</strong>s características salinas<br />
do solo, ou seja, tinham o objetivo de retornar aos<br />
estados de origem. Mas, em função <strong>da</strong>s longas<br />
viagens, muitos desistiam do regresso, seja porque<br />
encontravam abrigo e comércio para o seu rebanho<br />
por aqui mesmo, ou simplesmente pelo fato de não<br />
compensar a viagem de volta, haja vista que o gado<br />
mirraria novamente.<br />
O grande relevo histórico dessas travessias de<br />
centenas de quilômetros pela caatinga – que não<br />
se faziam em menos de 15 dias – é o de serem<br />
considera<strong>da</strong>s o mais significativo fato para a<br />
colonização do Ceará, pois, por onde passavam,<br />
muitos criadores iam se fixando, sobretudo, às<br />
margens dos rios, originando, assim, os primeiros<br />
povoados, vilas e, claro, os primeiros coronéis e<br />
jagunços, que defendiam as reses, terras e entes<br />
queridos com muita valentia e sangue frio, e não<br />
poucas vezes.<br />
Cândido Couto mostra em seu livro que<br />
as famílias partiam com o gado de Acarape,<br />
transpunham o Jaguaribe e atravessavam Russas<br />
e Icó, subindo o rio Salgado até suas nascentes.<br />
“Esta estra<strong>da</strong> serviu de escoamento para o gado<br />
do sertão do Ceará até o médio São Francisco.<br />
Foi a mais notável via de colonização do Ceará<br />
colonial. Por ela, chegaram para ficar os primeiros<br />
povoadores, dentre eles os Feitosas e os Montes”,<br />
afirma o escritor ao se reportar à gênese de duas<br />
<strong>da</strong>s mais tradicionais famílias do Ceará. A primeira,<br />
dos Montes, era coman<strong>da</strong><strong>da</strong> pelo coronel Francisco<br />
do Monte Silva, procedente de Sergipe, e que fez<br />
história por aqui nas locali<strong>da</strong>des de Icó e Sobral,<br />
principalmente. A segun<strong>da</strong>, dos irmãos Lourenço<br />
“ Cândido Couto Filho, empresário e escritor<br />
Ci<strong>da</strong>de de Aracati<br />
As famílias partiam com o gado de<br />
Acarape, transpunham o Jaguaribe<br />
e atravessavam Russas e Icó, subindo o rio<br />
Salgado até suas nascentes.<br />
“<br />
Alves Feitosa e Francisco Alves Feitosa, trouxe o<br />
gado de Alagoas até o Rio Jaguaribe e, também, Icó,<br />
“protagonizando inúmeros conflitos de terra com a<br />
família Monte”, conta Cândido Couto.<br />
Em função do declínio dos currais <strong>da</strong> Bahia<br />
e Pernambuco, o negócio do gado no Ceará<br />
prosperou de tal forma que, no início do século<br />
18, já se apresentava como o maior <strong>da</strong> colônia,<br />
gerando um importante comércio de carnes pelo<br />
Porto dos Barcos de Santa Cruz (atual município<br />
de Aracati). O local atraía, na época do abate,<br />
dezenas de intermediários no fornecimento do<br />
produto às capitanias de Pernambuco e Bahia.<br />
Portanto, é um fato histórico que o negócio do<br />
gado foi o principal responsável pelo povoamento<br />
do interior cearense, criando vilas prósperas que<br />
mais tarde deram início às ci<strong>da</strong>des de Icó, Aracati,<br />
Acaraú, Camocim, Sobral, Quixeramobim, Tauá,<br />
Crateús, Russas e Mora<strong>da</strong> Nova.<br />
Carne de sol do Ceará<br />
Em 1780, relata Cândido Couto, existiam na<br />
capitania do Ceará quase mil fazen<strong>da</strong>s de<br />
criação, com uma média de 750 cabeças<br />
de gado vacum ca<strong>da</strong> uma. Somente na região do<br />
baixo Jaguaribe eram mais de 300 000 animais.<br />
Quais os motivos de tanta prosperi<strong>da</strong>de? Por<br />
que o comércio do gado vingou de tal forma por<br />
aqui? Geraldo Nobre oferece uma explicação:<br />
“Apresentou esta capitania a vantagem de a área<br />
do criatório confundir-se praticamente com a<br />
do litoral, facilitando o comércio de carne, leite,<br />
couros, chifres etc., de maneira a intensificar-se<br />
rapi<strong>da</strong>mente a ativi<strong>da</strong>de”.<br />
De fato, era muito bicho para pouca gente.<br />
O que no início (por volta de 1650) foi uma<br />
grande vantagem, logo se transformou em um<br />
desafio porque a maioria <strong>da</strong> população local<br />
tinha baixo poder aquisitivo. O problema, de<br />
início, foi solucionado com a comercialização do<br />
gado (vivo) nas feiras pernambucanas e baianas.<br />
Contudo, a i<strong>da</strong> <strong>da</strong>s mana<strong>da</strong>s para esses centros<br />
passou a não compensar mais em função <strong>da</strong>s<br />
longas viagens que debilitavam os rebanhos,<br />
a ponto de não servirem para o abate (de tão<br />
magras após as viagens).<br />
Foi a partir <strong>da</strong>í que surgiu a ideia, em Aracati<br />
(então Porto dos Barcos de Santa Cruz), de se<br />
abater o gado e exportar a carne salga<strong>da</strong>. Em<br />
toscos sobrados, passou a ser fabricado um tipo de<br />
carne seca, prensa<strong>da</strong>, modera<strong>da</strong>mente salga<strong>da</strong> e<br />
desidrata<strong>da</strong> ao sol e ao vento. Surgiam, assim, no<br />
Ceará, as fábricas de beneficiar carne, as chama<strong>da</strong>s<br />
oficinas ou feitorias, instala<strong>da</strong>s nos estuários dos<br />
rios Jaguaribe, Acaraú e Coreaú, estendendo-se<br />
depois ao Parnaíba, no Piauí, e ao Açu, Rio Grande<br />
do Norte. Outra saí<strong>da</strong> foi beneficiar os subprodutos,<br />
como o couro. Nessa época, centenas de pequenos<br />
comércios surgiram, já a partir <strong>da</strong>s secas de 1710-<br />
1711, para transformar a pele do animal em roupas,<br />
chapéus, sapatos, bolsas e tudo mais que a criativa<br />
mente do cearense pudesse imaginar. Essa indústria<br />
ganhou tal vulto que por aqui passaram a nos<br />
denominar de a “civilização do couro”.<br />
Com tudo isso, em poucos anos, o estado passou a<br />
ser o principal produtor e exportar dessas mercadorias<br />
(carne e objetos em couro) para as demais províncias<br />
e até para Portugal. Nesse contexto, a ci<strong>da</strong>de que mais<br />
prosperou foi Aracati, tendo recebido, por volta de<br />
1744, o título de capital brasileira <strong>da</strong> carne de sol e do<br />
couro salgado. É também dessa mesma ci<strong>da</strong>de e ano<br />
que se tem o registro <strong>da</strong> primeira indústria cearense<br />
(um curtume artesanal que beneficiava peles de cabra,<br />
carneiro e boi em tanques de madeira, usando cinzas,<br />
pedra ume e casca de angico).<br />
Atualmente, apesar <strong>da</strong>s crises do setor pecuarista<br />
cearense, fato que teve início já partir do início dos<br />
anos 1800, em função, principalmente, <strong>da</strong>s grandes<br />
secas, a indústria de beneficiamento do couro ain<strong>da</strong><br />
se mostra pujante em nosso estado, sempre entre<br />
os cinco primeiros na pauta de exportação. Segundo<br />
números do Centro Internacional de Negócios (CIN)<br />
<strong>da</strong> Federação <strong>da</strong>s <strong>Indústria</strong>s do Estado do Ceará<br />
(FIEC), as ven<strong>da</strong>s de couro ficaram em terceiro<br />
lugar no mês de março deste ano, com quase US$<br />
41 milhões, cerca de 13% do total dos produtos<br />
vendidos ao exterior.<br />
0 | Revista<strong>da</strong>FIEC | Junho de 2010<br />
Junho de 2010 1<br />
| Revista<strong>da</strong>FIEC |<br />
Carne de sol
Frases&Ideias<br />
T I R A D A S I n S P I R A D A S , F R A S E S C o n C E I T u A I S E o u T R A S<br />
<strong>Indústria</strong> no Ceará é uma ativi<strong>da</strong>de responsável<br />
por grande quanti<strong>da</strong>de de empregos e que tem<br />
conseguido crescer em índices<br />
superiores à média nacional.<br />
CID GOMES, govErNaDor Do CEará<br />
PrESIDENtE Da FIEC<br />
CERâMICA<br />
gASTôMETRo<br />
o ideal seria conter o ‘gastômetro’ do governo para investir<br />
na reforma <strong>da</strong> saúde e educação.<br />
ALENCAR BURTI, PrESIDENtE Da aSSoCIação CoMErCIal DE São Paulo (aCSP),<br />
ao CoMENtar quE a arrECaDação rEgIStraDa NEStE aNo No IMPoStôMEtro<br />
SuPEra toDaS aS PrEvISõES: ChEgou EM 2 DE juNho à MarCa DE r$ 500 bIlhõES<br />
A sustentabili<strong>da</strong>de do setor cerâmico passa pela eficiência<br />
energética e evolução tecnológica, mas também pela busca de mu<strong>da</strong>nças<br />
de comportamento e atitudes ecologicamente corretas e adoção de<br />
tecnologias mais limpas.<br />
FERNANDO IBIAPINA, PrESIDENtE Do SINDCEraMICa<br />
MÃo DE oBRA quALIFICADA<br />
a escassez de mão de obra qualifica<strong>da</strong> já “inflaciona”<br />
os salários, principalmente nas empresas dos setores de<br />
mineração e petróleo.<br />
CoNCluSão DE PESquISa FEIta CoM 175 000 ProFISSIoNaIS quE trabalhaM EM<br />
árEaS oPEraCIoNaIS, gErENCIaIS E No alto ESCalão DE EMPrESaS DE 20 raMoS<br />
ECoNôMICoS, PublICaDa No JORNAL FOLHA DE S. PAULO, EDIção DE 2/6/2010<br />
EDITADo PoR LuIZ CARLoS CABRAL DE MoRAIS<br />
E-MAIL LCARLoS@SFIEC.oRg.BR<br />
O crescimento e o progresso <strong>da</strong> economia do<br />
Ceará, hoje um polo de alta relevância na região<br />
nordestina, se confundem com a<br />
atuação <strong>da</strong> FIEC.<br />
ARMANDO MONTEIRO NETO, PrESIDENtE Da CNI<br />
A FIEC atingiu um<br />
A FIEC é responsável por<br />
elevado nível de experiência<br />
importantes momentos não<br />
nestes 60 anos. Hoje podemos<br />
somente industriais, mas também<br />
confirmar a maturi<strong>da</strong>de do<br />
institucionais.<br />
parque industrial cearense. ERNANI BARREIRA, PrESIDENtE Do<br />
ROBERTO PROENÇA DE MACêDO,<br />
trIbuNal DE juStIça Do CEará<br />
A FIEC é uma instituição muito importante. Nós,<br />
empresários, precisamos ser representados e a FIEC<br />
cumpre bem essa função.<br />
ALExANDRE GRENDENE, PrESIDENtE Do CoNSElho DE aDMINIStração E<br />
DIrEtor-PrESIDENtE Da grENDENE S.a<br />
Foto: JoSÉ SoBRINHo<br />
2<br />
| Revista<strong>da</strong>FIEC | Junho de 2010<br />
A FIEC, nos seus 60 anos,<br />
contribuiu eficazmente com as políticas públicas<br />
implementa<strong>da</strong>s pelo governo estadual, mantendo-se<br />
ain<strong>da</strong> uma instituição moderna e contemporânea.<br />
JORGE PARENTE FROTA JúNIOR, Ex-PrESIDENtE Da FIEC E<br />
vICE-PrESIDENtE Da CNI<br />
ESTALEIRo<br />
o estaleiro é o empreendimento que está tendo mais<br />
polêmica, e outros estados estão doidos para pegá-lo.<br />
ZUZA OLIVEIRA, PrESIDENtE Da agêNCIa DE DESENvolvIMENto Do CEará<br />
(aDECE), alErtaNDo quE o EStaDo Não PoDE PErDEr o EMPrEENDIMENto<br />
InADIMPLênCIA<br />
percebe-se uma estabili<strong>da</strong>de. não há nenhum risco<br />
de a inadimplência crescer. o índice de emprego e ren<strong>da</strong><br />
continua aumentando.<br />
ANTôNIO CARLOS RODRIGUES, SuPErINtENDENtE Da CâMara DE DIrEtorES<br />
lojIStaS (CDl), DIzENDo quE a INaDIMPlêNCIa No CoMérCIo DE FortalEza CaIu<br />
10,07% No aCuMulaDo Do aNo DE jaNEIro a MaIo<br />
Onde tem pessoas para aprender tem o SENAI para ensinar.<br />
FIEC I AIRM<br />
Nos quatro cantos do estado do Ceará, o SENAI acompanha<br />
o crescimento e a expansão <strong>da</strong> indústria. São nove núcleos<br />
escolares em cinco municípios, além de diversas uni<strong>da</strong>des<br />
móveis para atender à deman<strong>da</strong> <strong>da</strong>s empresas cearenses<br />
por educação e aprimoramento profissional.<br />
(85) 3421.5900<br />
www.senai-ce.org.br