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Ciganos secXVI.qxd 26-04-2008 10:48 P·gina 3
Introdução
Aborda-se aqui o tema da fixação e permanência dos ciganos
em Portugal, considerado do ponto de vista da marginalidade
social. Controvérsia antiga mas sempre latente, que de vez
em quando emerge e entra na ordem do dia dos problemas sociais.
Caracterizam-se estes nossos tempos pela consciencialização e
pelo debate dos problemas que afectam as minorias, que o mesmo
é dizer pela reflexão sobre todo o tipo de marginalidade social.
É sem dúvida um dos traços distintivos da modernidade; uma
aquisição do primado da Razão e uma conquista da Declaração dos
Direitos do Homem e do Cidadão.
Mas como era, porém, anteriormente à chamada «época das
luzes»? Como se passariam as coisas antes do importante documento
conhecido por vir dignificar socialmente a pessoa humana,
e antes de proclamado o famoso trinómio égalité, liberté, fraternité?
Seria interessante procurar-se uma resposta para estas questões
dos ciganos, relativamente ao caso português e em tempos recuados,
grosso modo desde que deles há notícia documental e até à alegada
mudança das mentalidades atribuída à conjuntura da Revolução
Francesa. É óbvio que daqui não sairá a resposta, embora se
apresente um modesto conjunto de informações documentais que,
de alguma forma, poderão contribuir para uma melhor compreensão
deste fenómeno, de novo notícia e actualidade.
O desenvolvimento deste trabalho faz-se em três partes: na primeira,
procura-se dar um panorama sucinto das componentes
social e marginal do tempo; na segunda, esboça-se alguma infor-