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Para os tchecos, beber cerveja<br />
é um orgulho nacional!<br />
Paixão nacional<br />
Os tchecos em geral – e não apenas os <strong>boêmios</strong> – são completamente<br />
apaixonados por cerveja! E não é só da boca para<br />
fora, não. Eles bebem com fervor: anualmente, são consumidos<br />
cerca <strong>de</strong> 160 litros <strong>de</strong> bebida per capita, o que eleva o país<br />
ao primeiro lugar no consumo mundial <strong>de</strong> birras! “O <strong>de</strong>sperdício<br />
<strong>de</strong> cerveja é um pecado tão grave quanto queimar livros!”,<br />
enfatiza Milan Ballik, chef tcheco que coor<strong>de</strong>nou o Festival<br />
Gastronômico promovido pelo Consulado Geral da República<br />
Tcheca na capital paulista em outubro <strong>de</strong> 2008.<br />
As bebidas <strong>de</strong> mesmo estilo, mas feitas em outras cida<strong>de</strong>s,<br />
são Lagers. Eduardo Barbosa Curzel, estudante da capital paranaense,<br />
passou 11 meses estudando no país e enfatiza que bebeu<br />
muita cerveja por lá: “Dificilmente você caminha pela cida<strong>de</strong><br />
sem achar pelo menos um bar por quadra. Cada um tem uma<br />
placa luminosa com a marca da cerveja que ven<strong>de</strong>, o que torna<br />
ainda mais fácil encontrá-los. Tem muitas cervejas mesmo na<br />
RepúblicaTcheca. Devo ter experimentado mais <strong>de</strong> 25 marcas<br />
diferentes, já que praticamente toda cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> porte médio tem<br />
pelo menos uma cervejaria. O melhor <strong>de</strong> tudo é que todas, sem<br />
exceção, são muito boas”. Além disso, ele afirma que é muito<br />
raro encontrar um tcheco que não beba cerveja. “É orgulho<br />
nacional”, <strong>de</strong>staca.<br />
Tanta <strong>de</strong>voção à bebida,que é consumida,em especial,durante<br />
as refeições, ren<strong>de</strong>u até mesmo a criação do estilo mais famoso<br />
em todo o mundo: a Pilsen, que surgiu na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pilsner<br />
no século XIX. Uma curiosida<strong>de</strong>, inclusive, é que as cervejas só<br />
Evelyn Müller<br />
po<strong>de</strong>m ser chamadas <strong>de</strong> Pilsen se forem feitas na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pilsner.<br />
“É até engraçado, mas a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>‘Pilsen’ fica na Boêmia e, aqui<br />
no Brasil, temos uma marca chamada Bohemia, que é Pilsen”,<br />
brinca Curzel.<br />
Patrícia Akemi Kezuka, autônoma, e seu esposo, Carlos<br />
Kezuka, administrador <strong>de</strong> empresas, viajaram para o país em<br />
<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001 para conhecerem dois tios <strong>de</strong> Patrícia, que<br />
tem ascendência tcheca. Eles contam que provaram vários tipos<br />
<strong>de</strong> birras por lá: “não tinha como não experimentar! Além disso,<br />
a fama <strong>de</strong> melhor cerveja do mundo é justa!A Pilsner Urquell,<br />
a Budvar e a Gambrinus foram as que mais chamaram nossa<br />
atenção”, contam.<br />
Diferentemente do que ocorre no Brasil, on<strong>de</strong> o consumo<br />
aumenta vertiginosamente nas estações mais quentes, não há<br />
altos e baixos na República Tcheca. “Há variações no tipo da<br />
bebida. As Lagers <strong>de</strong> 10°C são substituídas pelas <strong>de</strong> 12°C no<br />
inverno, além <strong>de</strong> haver mais cervejas escuras e meio-escuras<br />
sendo bebericadas nesta época do ano. Mas posso afirmar que<br />
isso é irrelevante, pois o consumidor do meu país é fiel a uma<br />
marca e a prefere às <strong>de</strong>mais ao longo <strong>de</strong> todo o ano”, brinca o<br />
chef tcheco,que afirma já ter experimentado cervejas com sabor<br />
<strong>de</strong> mel, urtiga, café, banana, ópio e “<strong>de</strong>fumadas”.<br />
Cervejarias<br />
ARepúblicaTchecaéumpaíscomumahistóriamuitorica.Secular,<br />
ela foi parte do impérioAustro-Húngaro e resquícios <strong>de</strong>ste período<br />
se fazem presentes em sua culinária e cultura. Em 1918, o país se<br />
uniu à vizinha Eslováquia, surgindo assim aTchecoeslováquia, nação<br />
<strong>de</strong> regime comunista, que durou até 1993, quando ocorreu a separação.<br />
Em 1991, com o fim da União Soviética e do comunismo,<br />
diversas cervejarias começaram a aparecer pelo território tcheco.<br />
Atualmente a indústria cervejeira ocupa lugar <strong>de</strong> importância<br />
na economia da nação. Dados da Associação <strong>de</strong> Cervejarias e<br />
Produtores <strong>de</strong> Malte do país informam que em 2007 foram produzidos<br />
20 milhões <strong>de</strong> hectolitros <strong>de</strong> cerveja, o que coloca a pátria<br />
em 16º lugar no ranking <strong>de</strong> produtores mundiais.Isso correspon<strong>de</strong><br />
a 1,13% <strong>de</strong> toda a cerveja feita no mundo. Só para ter uma idéia,<br />
o Brasil ocupa o quarto lugar neste ranking, com 10,34 bilhões<br />
<strong>de</strong> hectolitros/ano. Há 48 cervejarias industriais no país e 60 mini<br />
e microcervejarias.“A mais antiga é a U Fleku, <strong>de</strong> 1499, que continua<br />
em funcionamento!”, <strong>de</strong>staca Kamil Pilatík, membro do<br />
Consulado Geral da RepúblicaTcheca e um dos responsáveis pela<br />
organização do festival <strong>de</strong> sua pátria.<br />
De toda a birra fabricada no país em 2007, 82% foi consumida<br />
internamente e 18% foi exportada. As nações que mais compramopreciosolíquidotchecosãoAlemanha,EslováquiaeInglaterra.<br />
Mas o Brasil não fica <strong>de</strong> fora, tanto que já contamos com marcas<br />
diferentes no nosso portifólio, como a 1795, Pilsner Urquell,<br />
Budvar e Primátor!<br />
guia da cerveja 2009 | 27