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Proposta mais baixa ganha incubadora cultural para o ... - RA Digital

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26 24 agosto 2011<br />

um pouco de Portugal<br />

VI - ÁGUEDA em CACONDA<br />

Caminhávamos pela<br />

fl oresta, à saída da vila de<br />

Caconda, no então distrito<br />

da Huíla, no planalto<br />

central de Angola, eu e<br />

o fi lho herdeiro do soba<br />

Chico Maiengue, o Soba da<br />

região, de etnia umbundu.<br />

O meu acompanhante vestia<br />

à europeia, com casaco,<br />

camisa, calças e chapéu,<br />

como trajavam os homens<br />

da família do Soba, <strong>para</strong><br />

marcar a sua ascendência<br />

branca.<br />

Poucos quilómetros depois<br />

G<strong>RA</strong>NDE PROMOÇÃO<br />

EM CALÇADO DE CONFORTO<br />

(Colecção de Verão)<br />

De 24 de Agosto<br />

a 6 de Setembro<br />

Avenida Calouste Gulbenkien, 120<br />

3750-102 Águeda - 935 454 923<br />

Junto ao Centro de Saúde, na Avenida<br />

da Cruz Vermelha<br />

pharmavitae@pharmavitae.com<br />

de deixarmos as últimas<br />

casas da vila, deparou-se-me<br />

um inesperado afl oramento<br />

rochoso, com rochas altas e<br />

abertas entre si, com acesso<br />

a espaços restritos, como<br />

as pedras de um tabuleiro<br />

de xadrez. Algumas das<br />

aberturas, entre as rochas<br />

altas, estavam tapadas com<br />

troncos de árvores, ponteagudos,<br />

cravados no chão.<br />

Ali fora criada uma espécie<br />

de fortaleza, onde a tribo<br />

se refugiava dos ataques<br />

de tribos de outras etnias<br />

vizinhas.<br />

A “fortaleza” fora criada<br />

por infl uência do primeiro<br />

homem branco que chegara<br />

àquela região e que ajudara<br />

o grupo étnico local<br />

a defender-se dos ataques<br />

aguerridos, a que estava<br />

sujeito.<br />

O fi lho do Soba conduziu-<br />

-me até uma pequena gruta<br />

cavada na rocha, por detrás<br />

de um taipal de paus e palha,<br />

na qual entrei rastejando<br />

de gatas. Deparei então com<br />

um conjunto de ossadas<br />

T<strong>RA</strong>NSMISSÃO DE IMÓVEIS HIPOTECAS SOCIEDADES<br />

RECONHECIMENTO DE ASSINATU<strong>RA</strong>S HE<strong>RA</strong>NÇAS<br />

AUTENTICAÇÃO DE DOCUMENTOS REGISTO AUTOMÓVEL<br />

humanas, ali depositadas.<br />

Segundo a descrição que me<br />

foi transmitida, seriam as<br />

ossadas do primeiro homem<br />

branco que apareceu na<br />

região, e, como tal, eram<br />

veneradas, em cerimónias<br />

periódicas.<br />

Esse homem, um presumível<br />

“lançado”, teria<br />

percorrido, a pé, a imensidão<br />

do território, desde a costa<br />

marítima, o que teria acontecido<br />

no início do Século<br />

XVII. O nome por que fi cou<br />

conhecido foi “Branco”.<br />

Surpreendeu-me que<br />

as suas ossadas ainda ali<br />

permanecessem, à mercê<br />

dos ani<strong>mais</strong> selvagens. Mas<br />

esta foi a história que me foi<br />

transmitida.<br />

Aquele homem branco,<br />

bem acolhido pela tribo,<br />

casou-se com uma fi lha do<br />

Soba. Do casamento nasceu<br />

uma fi lha - a primeira<br />

mestiça da tribo e da região<br />

– a quem foi dado o nome<br />

de Caconda - que signifi -<br />

cava, na linguagem tribal,<br />

“a <strong>mais</strong> linda”. Segundo a<br />

linha matricial tradicional,<br />

dela descenderiam os Sobas<br />

sucessores.<br />

A bela jovem Caconda<br />

teria vindo a casar com um<br />

militar português _Diniz<br />

Branco – chegado <strong>mais</strong><br />

tarde à região, onde, a partir<br />

de 1682, foi construído um<br />

fortim e assegurada a presença<br />

militar portuguesa, que<br />

apoiava as relações comerciais<br />

na região.<br />

Conheci o fortim, já em<br />

ruínas, e visitei a missão<br />

católica, onde funcionava<br />

uma escola, a administração<br />

concelhia e os comerciantes<br />

locais, que faziam da vila<br />

um importante centro de<br />

comércio e de recolha das<br />

<strong>mais</strong> importantes produções<br />

agrícolas da região.<br />

Entre a clientela de um dos<br />

comerciantes, foi-me dada a<br />

conhecer uma fi lha do Soba<br />

Chico Maiengue, Joaquina<br />

Lourenço Amaro, em que os<br />

traços de mestiçagem eram<br />

notórios.<br />

Esta fi lha do Soba tinha<br />

tido, havia cerca de trinta<br />

Telemóvel: 939 322 077<br />

em tempo<br />

anos, um fi lho de um emigrante<br />

português, fazendeiro<br />

e comerciante noutro local<br />

da região. Esse emigrante era<br />

natural de Águeda, de nome<br />

Joaquim Marques Oliveira e<br />

perfi lhou o fi lho, dando-lhe<br />

o nome da família: Armando<br />

Marques Castilho, o qual<br />

mantinha uma relação fraterna<br />

com os três meio-irmãos,<br />

fi lhos do matrimónio posterior<br />

do pai com uma senhora<br />

portuguesa.<br />

Era funcionário bancário<br />

e, após a independência de<br />

Angola, veio a desempenhar<br />

um dos cargos <strong>mais</strong> destacados<br />

– o de Tesoureiro<br />

– tendo, entre outras funções<br />

importantes, negociado no<br />

estrangeiro e em Portugal a<br />

emissão da primeira moeda<br />

angolana. Mercê, das desavenças<br />

entre os partidos políticos,<br />

a que se assistiu no<br />

período pós independência,<br />

optou, porém, por vir <strong>para</strong><br />

Portugal, onde a família já<br />

se tinha acolhido por razões<br />

de saúde, e aceitar o ingresso<br />

no Banco de Portugal,<br />

que lhe foi proporcionado<br />

pela infl uência que teve na<br />

emissão da primeira moeda<br />

angolana no nosso país.<br />

Em Portugal, uma fi lha<br />

licenciou-se em direito,<br />

casou-se e teve um fi lho<br />

que estuda medicina e que,<br />

sendo um dos descendentes<br />

dos Sobas de Caconda, é<br />

um dos galãs das novelas<br />

da televisão: o José Carlos<br />

(Castilho) Pereira.<br />

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