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Caderno de Pesquisas 3(1).pdf - Prefeitura de Anápolis

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MUSEU HISTÓRICO DE ANÁPOLIS<br />

“ALDERICO BORGES DE CARVALHO”<br />

CADERNO DE PESQUISAS<br />

ANO 2 / Nº 2<br />

DEZEMBRO DE 2010


ANTÔNIO ROBERTO OTONI GOMIDE<br />

Prefeito Municipal<br />

AUGUSTO CÉSAR DE ALMEIDA<br />

Secretário Municipal <strong>de</strong> Cultura<br />

TIZIANO MAMEDE CHIAROTTI<br />

Diretor do Museu Histórico <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong><br />

“Al<strong>de</strong>rico Borges <strong>de</strong> Carvalho”<br />

HERMOGÊNIA ELEUTÉRIO<br />

Revisão <strong>de</strong> Texto<br />

GEDSON CHRISÓSTOMO<br />

Arte & Capa<br />

DIAGRAMAÇÃO & IMPRESSÃO<br />

Editora Kelps<br />

TIRAGEM<br />

1.000 exemplares<br />

2


<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisas</strong> – Museu Histórico <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> “Al<strong>de</strong>rico Borges <strong>de</strong> Carvalho”,<br />

Ano 2, nº. 2. <strong>Anápolis</strong>, Go, 2010.<br />

Periodicida<strong>de</strong> Semestral<br />

1. História – Periódicos.<br />

ISSN 2178-6100<br />

Fotografia da capa: Estação Ferroviária “Prefeito José Fernan<strong>de</strong>s Valente” em 07 <strong>de</strong><br />

setembro <strong>de</strong> 1935<br />

Acervo iconográfico do Museu Histórico “Al<strong>de</strong>rico Borges <strong>de</strong> Carvalho”<br />

3


APRESENTAÇÃO<br />

Estamos chegando à terceira edição do <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisas</strong> do<br />

Museu Histórico “Al<strong>de</strong>rico Borges <strong>de</strong> Carvalho”. Desta feita, acontece o<br />

lançamento no período em que se comemora o aniversário <strong>de</strong> 104 anos <strong>de</strong><br />

<strong>Anápolis</strong>. Vários são os eventos que marcam a celebração do ensejo, porém,<br />

essa publicação é uma das mais significativas, <strong>de</strong>ntre outros. Completamos,<br />

também, um ano em que o <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> está em circulação, assim ele já é parte<br />

<strong>de</strong>ssa história que preserva e celebra.<br />

Nos números já publicados, aspectos sociais, políticos e econômicos da<br />

história <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> foram analisados e elucidados por meio da pesquisa, tendo<br />

neste um espaço para divulgação. Na medida em que o <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> cumpre o seu<br />

papel, chegamos aos 104 anos mais conscientes <strong>de</strong> nós mesmos e, quiçá,<br />

sujeitos <strong>de</strong> nossa história, comprometidos com o <strong>de</strong>senvolvimento da cida<strong>de</strong>.<br />

Nesse número os artigos versam sobre economia, costumes, religião,<br />

rádio e comunicação. Mais uma vez nossa história ganha novos contornos e<br />

abre novas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisas e análises. Agra<strong>de</strong>cemos a <strong>de</strong>dicação<br />

e <strong>de</strong>sprendimento <strong>de</strong> todos os colaboradores que generosamente<br />

disponibilizaram seus artigos para compor essa coletânea que enobrece a<br />

publicação.<br />

Comemoramos mais esse aniversário <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>, certos <strong>de</strong> que a<br />

regularida<strong>de</strong> na edição do <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisas</strong> do Museu Histórico “Al<strong>de</strong>rico<br />

Borges <strong>de</strong> Carvalho”, faz <strong>de</strong>sse um veículo <strong>de</strong> comunicação cada vez mais<br />

digno <strong>de</strong> credibilida<strong>de</strong> e o consolida como espaço <strong>de</strong> divulgação <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias e<br />

teorias. Temos muito que celebrar, mais ainda a avançar, mas sem dúvida<br />

esse é um passo importante no caminho <strong>de</strong>sse trabalho <strong>de</strong> promoção, resgate<br />

e preservação do patrimônio histórico... Portanto, VIVA ANÁPOLIS!<br />

Augusto César <strong>de</strong> Almeida<br />

Secretário Municipal <strong>de</strong> Cultura<br />

4


EDITORIAL<br />

SUMÁRIO<br />

Economia e posicionamento estratégico: fator <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

<strong>Anápolis</strong><br />

Miriam Vanessa <strong>de</strong> Moraes Chiarotti<br />

Sandro Dutra e Silva<br />

Estrada <strong>de</strong> ferro: uma linha entre Manchester e <strong>Anápolis</strong><br />

Jairo Alves Leite<br />

Tiziano Mame<strong>de</strong> Chiarotti<br />

Clube Recreativo Anapolino (CRA): uma história <strong>de</strong> amor e <strong>de</strong> magia<br />

Elizete Cristina França<br />

Abrigo dos velhos “Professor Nicephoro Pereira da Silva”: um avanço<br />

<strong>de</strong>stacado no campo social<br />

Irene Rodrigues <strong>de</strong> Oliveira<br />

Um minuto da história <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong><br />

Prof. Romeu <strong>de</strong> Oliveira Lopes<br />

A visibilida<strong>de</strong> evangélica no meio social anapolino<br />

Sandra Corrêa Matos<br />

No ar... A história do rádio anapolino<br />

José Cunha Gonçalves<br />

Fundação Frei João Batista Vogel: emissoras a serviço da “Paz e do Bem”<br />

Letícia Arantes Jury Cunha<br />

Informações gerais sobre as ativida<strong>de</strong>s do Museu Histórico <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong><br />

06<br />

08<br />

16<br />

25<br />

31<br />

37<br />

43<br />

54<br />

65<br />

75<br />

5


EDITORIAL<br />

O Museu Histórico <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> “Al<strong>de</strong>rico Borges <strong>de</strong> Carvalho” – MHABC<br />

tem a grata satisfação <strong>de</strong> apresentar à municipalida<strong>de</strong> mais este periódico, que<br />

aborda temas sobre a história <strong>de</strong> nossa cida<strong>de</strong> em seus variados aspectos. A<br />

administração municipal também <strong>de</strong>ve contemplar meios para a preservação<br />

do nosso patrimônio histórico, através <strong>de</strong> publicação séria que é o <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Pesquisas</strong>, elaborado pelo Museu e concretizado pela Secretaria Municipal <strong>de</strong><br />

Cultura.<br />

Com o intuito <strong>de</strong>scrito no parágrafo anterior, essa edição está<br />

organizada em 03 (três) gran<strong>de</strong>s grupos, que evi<strong>de</strong>nciam os mais diversos<br />

assuntos: como a ferrovia, o rádio, <strong>de</strong>ntre muitos outros.<br />

O primeiro grupo, composto por dois artigos, relata o impacto econômico<br />

ou progresso na economia que sobreveio a partir da ferrovia. No artigo dos<br />

historiadores, Miriam Vanessa <strong>de</strong> Moraes Chiarotti e Sandro Dutra e Silva, é<br />

abordado o fator <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>, principalmente por<br />

causa do seu privilegiado posicionamento estratégico que, inclusive, foi<br />

<strong>de</strong>terminante para que nossa cida<strong>de</strong> se tornasse o ponto terminal da ferrovia.<br />

Enquanto que no outro artigo, dos historiadores Jairo Alves Leite e Tiziano<br />

Mame<strong>de</strong> Chiarotti, é <strong>de</strong>monstrada a importância da Estrada <strong>de</strong> Ferro e todos<br />

os empreendimentos advindos com isto para o Município. Tais artigos prestam<br />

uma pequena homenagem – um <strong>de</strong> forma direta e o outro, indiretamente, aos<br />

75 (setenta e cinco) anos da Estação Ferroviária <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>, completados em<br />

setembro <strong>de</strong> 2010.<br />

Por seu turno, o segundo grupo <strong>de</strong> artigos mostra inúmeras facetas<br />

históricas <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Clube Recreativo Anapolino até às influências<br />

da religião protestante / evangélica no meio social. Assim, o texto da<br />

historiadora Elizete Cristina França faz um histórico daquele que foi<br />

consi<strong>de</strong>rado um dos edifícios mais belos da cida<strong>de</strong> – o CRA. Já nos escritos da<br />

auxiliar administrativa do Museu Histórico Irene Rodrigues <strong>de</strong> Oliveira, são<br />

levantados os acontecimentos mais relevantes sobre o Abrigo dos Velhos<br />

“Professor Nicephoro Pereira da Silva”. Em prosseguimento, em “minuto da<br />

história <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>”, do advogado e professor Romeu <strong>de</strong> Oliveira Lopes, é<br />

6


<strong>de</strong>scrito um acontecimento todo especial <strong>de</strong> nossa história recente<br />

protagonizado pelo autor – a tentativa <strong>de</strong> mudança do símbolo maior <strong>de</strong> nossa<br />

urbe, a nossa querida ban<strong>de</strong>ira. Finalmente, no ensaio da historiadora Sandra<br />

Corrêa Matos, é <strong>de</strong>scrito a influência dos evangélicos em <strong>Anápolis</strong>, seja na<br />

área <strong>de</strong> assistência social, religiosa ou educacional.<br />

O último conjunto <strong>de</strong> artigos, por fim, é composto por dois fundamentais<br />

textos sobre a história dos meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> – a das<br />

emissoras <strong>de</strong> rádio. O primeiro artigo <strong>de</strong>ssa parte, do advogado José<br />

Gonçalves da Cunha, é uma composição que <strong>de</strong>monstra a gran<strong>de</strong> erudição do<br />

seu autor, principalmente porque o mesmo teve um privilegiado<br />

posicionamento na história da rádio AM – ele viveu gran<strong>de</strong> parte dos<br />

acontecimentos relatados. O segundo artigo, da jornalista Letícia Arantes Jury<br />

Cunha, é uma espécie <strong>de</strong> complemento do texto anterior, ainda que mais<br />

<strong>de</strong>talhado, uma vez que relata a história <strong>de</strong> uma emissora da cida<strong>de</strong> – a da<br />

Rádio São Francisco, <strong>de</strong> modo que o outro é mais abrangente, pois fala <strong>de</strong><br />

todas as emissoras.<br />

Fecha o <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisas</strong> um relatório das ativida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong>senvolvidas pela Instituição Museu no segundo semestre <strong>de</strong> 2010, numa<br />

“prestação <strong>de</strong> contas” à população anapolina.<br />

Portanto, à guisa <strong>de</strong> finalização, queremos que todos e todas tenham<br />

uma leitura muito proveitosa nos caminhos traçados por “Clio”, a <strong>de</strong>usa da<br />

História!<br />

Tiziano Mame<strong>de</strong> Chiarotti<br />

Diretor do Museu Histórico <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong><br />

“Al<strong>de</strong>rico Borges <strong>de</strong> Carvalho”<br />

7


ECONOMIA E POSICIONAMENTO ESTRATÉGICO:<br />

FATOR DE DESENVOLVIMENTO DE ANÁPOLIS<br />

MIRIAM VANESSA DE MORAES CHIAROTTI <br />

SANDRO DUTRA E SILVA <br />

Resumo: O texto apresenta um breve histórico do <strong>de</strong>senvolvimento econômico <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>,<br />

Goiás, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tropeiros até dias mais recentes. A idéia é traçar um pequeno panorama do<br />

surto <strong>de</strong>senvolvimentista da região, efetivado com maior rapi<strong>de</strong>z a partir da ferrovia e<br />

<strong>de</strong>monstrar que este processo é fruto, principalmente, <strong>de</strong> seu privilegiado posicionamento<br />

estratégico.<br />

Palavras-chave: <strong>Anápolis</strong>, <strong>de</strong>senvolvimento econômico, posição estratégica.<br />

Introdução<br />

A<br />

evolução das cida<strong>de</strong>s no estado <strong>de</strong> Goiás veio a se firmar<br />

a partir do século XX, por volta da década <strong>de</strong> 1910 e<br />

seguintes, ainda sob os trilhos da ferrovia que cruzava<br />

alguns municípios do Estado, principalmente daqueles contemplados nas<br />

proximida<strong>de</strong>s das estações ferroviárias, percurso que ia <strong>de</strong> Catalão a <strong>Anápolis</strong>.<br />

<strong>Anápolis</strong> foi duplamente beneficiada com a chegada da ferrovia. Primeiro, pela<br />

própria implantação da estrada <strong>de</strong> ferro, contribuindo para dinamizar a<br />

economia da região; segundo porque a cida<strong>de</strong> passou a ser ponto terminal dos<br />

trilhos, servindo como entreposto comercial na troca <strong>de</strong> mercadorias <strong>de</strong> vasta<br />

região do Estado <strong>de</strong> Goiás (POLONIAL, 2000, p. 56).<br />

Assim, o município iniciou seu processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, pautado na<br />

chegada da estrada <strong>de</strong> ferro e no princípio do avanço comercial trazido para a<br />

região, em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> sua localização estratégica.<br />

Com base nisso, então, o artigo tem o objetivo <strong>de</strong> relacionar o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento econômico com o seu privilegiado posicionamento espacial, a<br />

partir <strong>de</strong> discussão em dois tópicos: Posicionamento estratégico privilegiado e<br />

Historiadora (UEG) e Pedagoga (UVA), Especialista em Formação Socioeconômica do Brasil<br />

(UNIVERSO), Mestranda em Socieda<strong>de</strong>, Tecnologia e Meio Ambiente (UniEvangélica) e<br />

Professora <strong>de</strong> História da Re<strong>de</strong> Municipal e Estadual <strong>de</strong> Ensino <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>.<br />

Historiador (UEG), Doutor em História (UNB) e Professor do Mestrado em Socieda<strong>de</strong>,<br />

Tecnologia e Meio Ambiente da UniEvangélica.<br />

8


Crescimento econômico do município, o que veremos mais <strong>de</strong>talhadamente a<br />

seguir.<br />

Posicionamento estratégico privilegiado<br />

De acordo com informações do recenseamento do IBGE (1940), tem-se<br />

que as cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>, Catalão, Ipameri e Pires do Rio, que eram<br />

algumas das oito mais populosas do Estado, foram as que mais obtiveram<br />

benefícios durante o ciclo ferroviário <strong>de</strong> transporte <strong>de</strong> passageiros, produtos e<br />

animais, pois mantinham uma maior concentração <strong>de</strong> pessoas que buscavam<br />

hospedagem nestas regiões.<br />

Figura 1: Localização geográfica <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>/GO<br />

Fonte: Disponível em: http://marcossouza.zip.net/. Acesso em: 01/11/2010.<br />

<strong>Anápolis</strong> é um município <strong>de</strong> potencial importância para o Estado <strong>de</strong><br />

Goiás, haja vista que se encontra em uma região estratégica e está cercada <strong>de</strong><br />

outros municípios <strong>de</strong> igual potencial, sendo caracterizada inicialmente como<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> passagem, nos idos do século XIX, já que ficava localizada em<br />

região central, em relação às cida<strong>de</strong>s que mais comercializavam no sudoeste<br />

brasileiro à época, ou seja, encontrava-se no centro do quadrilátero formado<br />

9


pelas Cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Goiás, <strong>de</strong> Pirenópolis, <strong>de</strong> Luziânia e <strong>de</strong> Silvânia, como<br />

observa Freitas (1995).<br />

Numa <strong>de</strong>scrição mais recente Castro (2004) informa aspectos<br />

geográficos que melhor evi<strong>de</strong>nciam este privilegiado posicionamento no<br />

contexto goiano:<br />

O município <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> está situado na parte sul do Estado <strong>de</strong> Goiás, na<br />

<strong>de</strong>nominada Zona fisiográfica do Mato Grosso Goiano, on<strong>de</strong> se inicia o Planalto<br />

Central. Tem como coor<strong>de</strong>nadas 16º 19‟39” <strong>de</strong> latitu<strong>de</strong> 48º 57‟10” <strong>de</strong> longitu<strong>de</strong><br />

oeste e altitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1.017 metros acima do nível do mar. Limita-se com municípios<br />

da seguinte forma: ao norte Abadiânia e Pirenópolis. Ao sul Teresópolis <strong>de</strong> Goiás,<br />

Leopoldo <strong>de</strong> Bulhões e Silvânia. A leste Silvânia e Abadiânia e a oeste Nerópolis,<br />

Ouro Ver<strong>de</strong> e Petrolina <strong>de</strong> Goiás. (CASTRO, 2004, p. 14)<br />

O Estado <strong>de</strong> Goiás é tido, atualmente, como um enorme pólo industrial e<br />

gerador <strong>de</strong> empregos, possuindo gran<strong>de</strong>s centros econômicos que viabilizam o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento social e estrutural <strong>de</strong> seus municípios. Não obstante esta<br />

situação, encontra-se a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>, que se tornou fruto <strong>de</strong>sta<br />

aglomeração. Segundo Ferreira (1982), o então Povoado <strong>de</strong> Santana das<br />

Antas foi fundado no ano <strong>de</strong> 1870, a partir da construção da Capela <strong>de</strong><br />

Sant‟Anna das Antas. Contudo, em meados do ano <strong>de</strong> 1907, tornou-se cida<strong>de</strong>,<br />

por meio da Lei nº 320.<br />

Segundo dados publicados pelo site oficial da <strong>Prefeitura</strong> <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong><br />

(2010), a região começou a ser povoada por volta do século XVIII, por tropeiros<br />

que por ali passavam rumo às lavras <strong>de</strong> ouro do atual município <strong>de</strong> Pirenópolis,<br />

ou a Corumbá <strong>de</strong> Goiás, Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiás, <strong>de</strong>ntre outros <strong>de</strong>stinos.<br />

Um dos primeiros moradores da região foi o Sr. Manoel Rodrigues dos<br />

Santos, em meados do ano <strong>de</strong> 1833. Porém, oficialmente, o lugar on<strong>de</strong> hoje é<br />

a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> passou a existir somente no ano <strong>de</strong> 1870, sendo que se<br />

transformou <strong>de</strong> Vila (Santana das Antas), em 1887, a Cida<strong>de</strong> num curto espaço<br />

<strong>de</strong> tempo.<br />

Foi mediante os esforços li<strong>de</strong>rados pelos dois chefes políticos - Gomes <strong>de</strong> Sousa<br />

Ramos e José da Silva Batista (Zeca Batista), ambos homens <strong>de</strong> espírito<br />

empreen<strong>de</strong>dor, que a antiga povoação <strong>de</strong> Santana das Antas é hoje a mais<br />

imponente cida<strong>de</strong> do interior do Estado <strong>de</strong> Goiás. Gomes <strong>de</strong> Sousa Ramos <strong>de</strong>u<br />

origem à primeira construção que foi o marco <strong>de</strong> todo o <strong>de</strong>senvolvimento: a<br />

Capela <strong>de</strong> Nossa Senhora Santana. O professor Zeca Batista soube ser exímio no<br />

trato e na ação política, chegando a ocupar a Presidência da Província <strong>de</strong> Goiás e<br />

<strong>de</strong>sfrutando <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> prestígio. (PREFEITURA DE ANÁPOLIS, 2010)<br />

10


Um dos fundadores da região on<strong>de</strong> hoje é o município <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>,<br />

Gomes <strong>de</strong> Sousa Ramos, estabeleceu moradia neste local <strong>de</strong>vido a seu<br />

interesse pela fertilida<strong>de</strong> da terra e <strong>de</strong> clima que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então já eram atrativos<br />

para viajantes que por ali passavam.<br />

De acordo com dados <strong>de</strong>mográficos recentes do Instituto Brasileiro <strong>de</strong><br />

Geografia e Estatística – IBGE, publicados no ano <strong>de</strong> 2009, a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Anápolis</strong> possuía, até a época, cerca <strong>de</strong> 335.960 habitantes, o que a tornava,<br />

consequentemente, a terceira maior região em nível <strong>de</strong> população <strong>de</strong> todo o<br />

Estado <strong>de</strong> Goiás (PREFEITURA MUNICIPAL DE ANÁPOLIS, 2010).<br />

O Produto Interno Bruto – PIB do município <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> está estimado<br />

em torno <strong>de</strong> 3,8 bilhões <strong>de</strong> reais (SEPLAN, 2009). Tal índice <strong>de</strong>monstra o<br />

acentuado fator competitivo da região, em relação aos <strong>de</strong>mais municípios<br />

goianos, bem como ao pólo industrial que se instalou pela redon<strong>de</strong>za com o<br />

passar dos tempos. Os referidos dados levam ao entendimento <strong>de</strong> que<br />

<strong>Anápolis</strong> é consi<strong>de</strong>rado, portanto, o município mais competitivo, rico e<br />

<strong>de</strong>senvolvido do interior do Centro-Oeste Brasileiro.<br />

Para enten<strong>de</strong>r um pouco mais o <strong>de</strong>senvolvimento alcançado por<br />

<strong>Anápolis</strong>, no que diz respeito ao que esta cida<strong>de</strong> representou em inovações<br />

tecnológicas, infra-estruturais e <strong>de</strong> serviços no contexto regional, a Câmara <strong>de</strong><br />

Dirigentes Lojistas <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> (2010) afirma que:<br />

Em 9 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1924, chegou energia elétrica na cida<strong>de</strong>, graças ao pioneirismo<br />

<strong>de</strong> Francisco Silvério Faria e Ralf Colemann. A instalação do telégrafo <strong>de</strong>u-se em<br />

1926 e a ferrovia chegou em 1935. Em 1927 foi fundado o Hospital Evangélico<br />

Goiano, pelo médico e missionário evangélico <strong>de</strong> origem inglesa, Dr.James<br />

Fanstone, sendo na sua época a mais mo<strong>de</strong>rna instituição <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do centrooeste<br />

brasileiro. Em 1939 foi fundado o Hospital Nossa Senhora Aparecida, em<br />

1943 surgiu o primeiro bairro, o Jundiaí, lançado por Jonas Duarte. (CDL, 2010)<br />

Em continuida<strong>de</strong> à caracterização <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>, <strong>de</strong>stacam-se os<br />

principais dados relativos à localização e <strong>de</strong>mais características em nível <strong>de</strong><br />

distância do município <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> em relação a outras regiões do país, com<br />

base em informações constantes do site da CDL local (2010): Goiânia - 48 km;<br />

Brasília - 139 km; e Caldas Novas - 218 km<br />

Sua localização é privilegiada, principalmente por encontrar-se a 48 km<br />

da Capital do Estado – Goiânia, e a 139 km da Capital Fe<strong>de</strong>ral – Brasília, <strong>de</strong><br />

11


modo que se torna um eixo <strong>de</strong> ligação importante para a região (Goiânia -<br />

<strong>Anápolis</strong> – Brasília), ou seja, sua representativida<strong>de</strong> local é tamanha, que<br />

<strong>Anápolis</strong> é tida como a região mais <strong>de</strong>senvolvida do Centro-Oeste.<br />

O acesso ao município é fácil, po<strong>de</strong>ndo-se optar pela pista duplicada da<br />

BR-153, que liga <strong>Anápolis</strong> às regiões sul e norte do Brasil, ou pelas BR-060 e<br />

BR-414, que ligam <strong>Anápolis</strong> a Brasília. Outra opção disponível para acesso à<br />

cida<strong>de</strong> é através da Rodovia Estadual GO-222 ou GO-330.<br />

Crescimento econômico do município<br />

De acordo com a Câmara dos Dirigentes Lojistas <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> – CDL<br />

(2010), o município é tido, atualmente, como o mais competitivo do Estado <strong>de</strong><br />

Goiás, como <strong>de</strong>monstrado pelo Ranking dos Municípios Goianos do ano <strong>de</strong><br />

2009, publicado pela Secretaria Estadual do Planejamento e Desenvolvimento<br />

– SEPLAN.<br />

Quadro 1: Riqueza econômica dos 15 municípios mais competitivos do Estado <strong>de</strong> Goiás<br />

Riqueza Econômica<br />

Ranking Município Pontuação<br />

1º <strong>Anápolis</strong> 97,56<br />

2º Aparecida <strong>de</strong> Goiânia 77,62<br />

3º Rio Ver<strong>de</strong> 70,24<br />

4º Catalão 44,83<br />

5º Itumbiara 38,86<br />

6º Luziânia 38,60<br />

7º Jataí 37,79<br />

8º Senador Canedo 28,69<br />

9º Minaçu 19,70<br />

10º Caldas Novas 18,29<br />

11º Trinda<strong>de</strong> 16,70<br />

12º Cristalina 16,35<br />

13º Niquelândia 16,22<br />

14º Mineiros 16,14<br />

15º Formosa 15,60<br />

Fonte: SEPLAN (2009, p. 10).<br />

12


A Tabela 1 apresentada logo acima, <strong>de</strong>monstra que em matéria <strong>de</strong><br />

riqueza econômica, o município anapolino encontra-se em primeiro lugar,<br />

<strong>de</strong>stacando-se à frente <strong>de</strong> outras regiões importantes do Estado, como no caso<br />

<strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong>, que é outro pólo industrial importante da região Centro-Oeste,<br />

mas que ficou em 3º lugar.<br />

Nesse contexto, frisam-se os dizeres do ex-prefeito municipal <strong>de</strong><br />

<strong>Anápolis</strong> – Pedro Sahium (2005-2008), do qual se obteve os seguintes<br />

comentários acerca do <strong>de</strong>senvolvimento da cida<strong>de</strong>: “O crescimento <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong><br />

está ligado a muitos fatores, <strong>de</strong>ntre eles a operosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seu povo, a<br />

localização estratégica e as parcerias inteligentes, como a que se faz com o<br />

Governo Estadual” (SEPLAN, 2009).<br />

Quadro 2: Infra-estrutura dos 15 municípios mais competitivos do Estado <strong>de</strong> Goiás.<br />

Infra-estrutura Econômica<br />

Ranking Município Pontuação<br />

1º Rio Ver<strong>de</strong> 87,18<br />

2º <strong>Anápolis</strong> 77,68<br />

3º Aparecida <strong>de</strong> Goiânia 73,17<br />

4º Itumbiara 63,80<br />

5º Luziânia 63,42<br />

6º Catalão 55,09<br />

7º Senador Canedo 54,61<br />

8º Jataí 51,41<br />

9º Caldas Novas 49,57<br />

10º Bom Jesus <strong>de</strong> Goiás 47,77<br />

11º Porangatu 45,38<br />

12º Mineiros 42,88<br />

13º Pontalina 42,56<br />

14º Morrinhos 42,31<br />

15º Uruaçu 40,96<br />

Fonte: SEPLAN (2009, p. 10).<br />

No quesito infra-estrutura econômica <strong>Anápolis</strong> está em 2º lugar, vindo<br />

logo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> Rio Ver<strong>de</strong>, o que confirma a competitivida<strong>de</strong> aflorada entre<br />

ambas às regiões apresentadas pelas duas tabelas acima.<br />

13


Nota-se que algumas medidas <strong>de</strong> apoio do governo, tais como os<br />

incentivos fiscais do Produzir, os recursos do Fundo Constitucional do Centro-<br />

Oeste (FCO) e <strong>de</strong> outras medidas, têm sido fundamentais para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do setor em Goiás, e conseqüentemente <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>. O<br />

município em <strong>de</strong>staque apresenta excepcional potencial <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong>,<br />

além <strong>de</strong> manter uma posição consi<strong>de</strong>ravelmente satisfatória em nível<br />

mercadológico.<br />

Ainda acerca do <strong>de</strong>senvolvimento econômico e estrutural <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> e<br />

dos <strong>de</strong>mais municípios goianos, frente às constantes pesquisas realizadas,<br />

ressalta-se que é:<br />

(...) possível observar a formação <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> municípios que se <strong>de</strong>staca<br />

nitidamente, formado por <strong>Anápolis</strong>, Rio Ver<strong>de</strong> e Catalão. <strong>Anápolis</strong> é o principal<br />

<strong>de</strong>staque do estado em função <strong>de</strong> sua riqueza econômica (PIB, massa salarial e<br />

receita municipal), infra-estrutura econômica (distrito industrial), infra-estrutura<br />

tecnológica (universida<strong>de</strong>s, pesquisadores e centros <strong>de</strong> capacitação), localização<br />

estratégica (acessos asfaltados e terminal ferroviário) e políticas <strong>de</strong> incentivos<br />

financeiros e tributários (principalmente do Programa Produzir). Rio Ver<strong>de</strong> foi o<br />

gran<strong>de</strong> beneficiado pela expansão do agronegócio no estado, <strong>de</strong>monstrado pela<br />

riqueza econômica (PIB), infra-estrutura econômica (distritos industriais),<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida (índice <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> infantil), mão-<strong>de</strong>-obra (melhor relação<br />

entre número <strong>de</strong> empregados e a população), infra-estrutura tecnológica<br />

(universida<strong>de</strong>s, pesquisadores e formação profissional), e políticas <strong>de</strong> incentivos<br />

financeiros e tributários (principalmente do FCO). Catalão <strong>de</strong>staca-se<br />

principalmente pelo seu dinamismo (crescimento das saídas do comércio e da<br />

arrecadação <strong>de</strong> ICMS) ocorrido em função da presença <strong>de</strong> indústrias do setor<br />

automobilístico e <strong>de</strong> mineração, qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida (mortalida<strong>de</strong> infantil), e<br />

localização estratégica (proximida<strong>de</strong> a gran<strong>de</strong>s centros e terminal ferroviário).<br />

(SEPLAN, 2009).<br />

Percebe-se que o crescimento industrial do Estado <strong>de</strong> Goiás encontra-se<br />

superior ao do País, principalmente no que se refere à indústria <strong>de</strong><br />

transformação, graças à política <strong>de</strong> incentivos fiscais praticada pelo governo do<br />

Estado, num estímulo permanente à instalação <strong>de</strong> novas plantas industriais<br />

bem como à expansão, qualificação <strong>de</strong> pessoal e competitivida<strong>de</strong> das<br />

indústrias instaladas em território goiano.<br />

Consi<strong>de</strong>rações finais<br />

Segundo informações do SEPLAN (2009), <strong>Anápolis</strong> tem um dos maiores<br />

PIB‟s do estado <strong>de</strong> Goiás. Tal posição se <strong>de</strong>u com base na instalação <strong>de</strong><br />

indústrias e em ativida<strong>de</strong>s econômicas no Distrito Agroindustrial que se inseriu<br />

14


na região. Mas, como percebemos nos parágrafos anteriores, o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento econômico <strong>de</strong>sse município se <strong>de</strong>ve em gran<strong>de</strong> parte, <strong>de</strong>ntre<br />

outros fatores, ao seu privilegiado posicionamento estratégico.<br />

Finalmente, ainda com base em dados da SEPLAN (2009), nota-se que<br />

o Pólo Farmacêutico é consi<strong>de</strong>rado um fator <strong>de</strong> potência no crescimento<br />

econômico por contar hoje com mais <strong>de</strong> 20 indústrias e distribuidoras <strong>de</strong> médio<br />

e gran<strong>de</strong> porte. Isso gera aproximadamente 7.600 empregos diretos e mais <strong>de</strong><br />

16.000 indiretos, uma renda para o município <strong>de</strong> aproximadamente R$ 2,5<br />

bilhões por ano e investimentos <strong>de</strong> mais R$ 300 milhões nos últimos 5 anos.<br />

Tais características <strong>de</strong>monstram a importância <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento econômico e social do Estado, fruto principalmente da sua<br />

privilegiada posição estratégica.<br />

Referências:<br />

CÂMARA DOS DIRIGENTES LOJISTAS DE ANÁPOLIS – CDL. Saiba Mais sobre a Cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>. Disponível em: http://home.cdlanapolis.com.br/cdl/sobre-a-cida<strong>de</strong>-<strong>de</strong>-anapolis/.<br />

Acesso em: 10/11/2010.<br />

CASTRO, J.D.B. <strong>Anápolis</strong>: <strong>de</strong>senvolvimento industrial e meio ambiente. <strong>Anápolis</strong>: Associação<br />

Educativa Evangélica, 2004.<br />

FREITAS, R. A. <strong>Anápolis</strong>: passado e presente. <strong>Anápolis</strong>: Voga, 1995.<br />

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Recenseamento Geral<br />

do Brasil <strong>de</strong> 1940. Série Nacional, vol. II, 1º <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1940. Disponível em:<br />

HTTP://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%29-. Acesso em: 02/11/2010.<br />

POLONIAL, J.M. Ensaios sobre a História <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>. <strong>Anápolis</strong>: AEE, 2000.<br />

PREFEITURA MUNICIPAL DE ANÁPOLIS. História <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>. Publicado em abril/2010, no<br />

site oficial da <strong>Prefeitura</strong> <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>. Disponível em:<br />

http://www.anapolis.go.gov.br/in<strong>de</strong>x.php?option=com_content&view=article&id=94&Itemid=59.<br />

Acesso em: 10/11/2010.<br />

SECRETARIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DO ESTADO DE GOIÁS –<br />

SEPLAN. Ranking dos Municípios Goianos: os 15 municípios mais competitivos do Estado.<br />

Goiânia: SEPLAN, 2009. Disponível em: http://www.seplan.go.gov.br/sepin/down/rank2009.<strong>pdf</strong>.<br />

Acesso em: 10/06/2010.<br />

15


ESTRADA DE FERRO: UMA LINHA ENTRE<br />

MANCHESTER E ANÁPOLIS<br />

JAIRO ALVES LEITE <br />

TIZIANO MAMEDE CHIAROTTI <br />

Resumo: O ensaio apresentado busca mostrar a importância da Estrada <strong>de</strong> Ferro para a<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> principalmente porque, por seu intermédio, <strong>Anápolis</strong> se <strong>de</strong>staca no contexto<br />

nacional e regional. A partir da discussão sobre as conjunturas que proporcionaram a<br />

implantação dos trilhos da ferrovia, estação ferroviária, <strong>de</strong>ntre outros empreendimentos<br />

correlatos, enten<strong>de</strong>remos o porquê do relevante papel econômico que <strong>Anápolis</strong> <strong>de</strong>sempenha<br />

no Brasil e no Estado <strong>de</strong> Goiás em dias atuais.<br />

Palavras-chave: Estrada <strong>de</strong> Ferro, estação ferroviária, locomotiva.<br />

Introdução<br />

A<br />

Estrada <strong>de</strong> Ferro foi um fator muito importante para a ascensão<br />

do sistema capitalista, no sentido <strong>de</strong> que tornou possível a<br />

expansão da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, entendida como propulsora da<br />

indústria, do transporte <strong>de</strong> cargas e pessoas, bem como, do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> diversas localida<strong>de</strong>s.<br />

No intuito <strong>de</strong> traçar um pouco <strong>de</strong>ssa trajetória, dividimos o texto em duas<br />

partes, a seguir discriminadas: A estrada <strong>de</strong> ferro num contexto geral e A<br />

estrada <strong>de</strong> ferro num contexto local.<br />

A idéia inicial é mostrar os primórdios da ferrovia, buscando enten<strong>de</strong>r o<br />

surgimento das primeiras locomotivas e estradas <strong>de</strong> ferro em nível geral para<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong>monstrar a chegada dos trilhos em <strong>Anápolis</strong> – especialmente a<br />

inauguração da Estação Ferroviária no dia 07 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1935, o que<br />

justifica o título do texto, pois no plano simbólico é exatamente isso o que<br />

aconteceu: a estrada <strong>de</strong> ferro criada na Inglaterra chega a <strong>Anápolis</strong> com toda a<br />

pompa e circunstância para <strong>de</strong>stacar este município no mapa do Brasil.<br />

Historiador (UniEvangélica), Gestor Público (UEG) e Assistente Técnico do Museu Histórico<br />

“Al<strong>de</strong>rico Borges <strong>de</strong> Carvalho” – MHABC da Secretaria Municipal <strong>de</strong> Cultura / <strong>Prefeitura</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Anápolis</strong>.<br />

Historiador (UFG), Mestre em Gestão do Patrimônio Cultural (PUCGoiás) e Diretor do Museu<br />

Histórico “Al<strong>de</strong>rico Borges <strong>de</strong> Carvalho” – MHABC da Secretaria Municipal <strong>de</strong> Cultura /<br />

<strong>Prefeitura</strong> <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>.<br />

16


A estrada <strong>de</strong> ferro num contexto geral<br />

A primeira locomotiva a vapor foi construída pelo engenheiro Richard<br />

Trevithick e fez seu primeiro percurso em 1804, puxando 05 (cinco) vagões<br />

com 10 (<strong>de</strong>z) toneladas <strong>de</strong> carga e 70 (setenta) passageiros. No entanto, esta<br />

locomotiva era muito pesada e, somada a outros problemas, não obteve o<br />

sucesso <strong>de</strong>sejado.<br />

Nos 10 anos que suce<strong>de</strong>ram a inauguração da máquina <strong>de</strong> Richard,<br />

houve diversas tentativas, mas, um mecânico na mina <strong>de</strong> Killingworth – o inglês<br />

George Stephenson <strong>de</strong>u um passo maior no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma<br />

locomotiva e, por conseqüência, o seu comboio sobre a estrada <strong>de</strong> ferro. Ele<br />

construiu no ano <strong>de</strong> 1814 a sua primeira locomotiva batizada com o nome <strong>de</strong><br />

“Blucher”. Tal máquina conseguia puxar uma carga <strong>de</strong> 30 (trinta) toneladas a 6<br />

(seis) quilômetros por hora. Este mecânico construiu a “Stocktop and<br />

Darlington Railway” – a primeira estrada <strong>de</strong> ferro, com 61 (sessenta e um) km<br />

<strong>de</strong> extensão, sendo inaugurada em 1825. Em 1829 foi chamado a construir a<br />

estrada <strong>de</strong> ferro entre Liverpool e Manchester, usando nesta linha uma nova<br />

locomotiva nomeada Rocket, esta inventada pelo engenheiro francês Marc<br />

Seguin, e sua velocida<strong>de</strong> chegava aos 30 (trinta) km / h.<br />

A partir da invenção da estrada <strong>de</strong> ferro e todo o seu corolário<br />

(locomotiva, vapor, trilhos e fumaça), as inovações da industrialização se<br />

esten<strong>de</strong>ria por quase todo o planeta, sendo consi<strong>de</strong>rado o fator prepon<strong>de</strong>rante,<br />

uma verda<strong>de</strong>ira panaceia que levaria ao <strong>de</strong>senvolvimento, em todos os<br />

setores, aon<strong>de</strong> quer que fosse inaugurada, conforme atesta Hobsbawm (1996):<br />

A verda<strong>de</strong>ira transformação <strong>de</strong>u-se em terra – através das estradas <strong>de</strong> ferro e,<br />

assim mesmo, não pelo aumento da velocida<strong>de</strong> tecnicamente possível das<br />

locomotivas, mas pela extraordinária extensão da construção <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong><br />

estradas <strong>de</strong> ferro. (HOBSBAWM,1996, p.86-87)<br />

A primeira locomotiva do Brasil, da marca “Willian Fairbairn”, foi<br />

fabricada na Inglaterra em 1852, chamada <strong>de</strong> “Baronesa” em homenagem a<br />

Maria Joaquina, esposa do Barão <strong>de</strong> Mauá, que inaugurou a Estrada <strong>de</strong> Ferro<br />

no Brasil em 1854.<br />

17


Segundo o site http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil, Irineu Evangelista <strong>de</strong><br />

Souza, ou mais conhecido como Barão <strong>de</strong> Mauá, nascido em Arroio Gran<strong>de</strong> no<br />

Município <strong>de</strong> Jaguarão – Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, foi órfão <strong>de</strong> pai e viajou para o Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro aos 11 (onze) anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, juntamente com o seu tio (um capitão<br />

da marinha mercante). Empregou-se como balconista numa loja <strong>de</strong> tecidos,<br />

passando a trabalhar na firma importadora <strong>de</strong> Ricardo Carruthes (1830), este<br />

lhe ensinou inglês, contabilida<strong>de</strong> e a arte <strong>de</strong> comerciar. Aos 23 (vinte e três)<br />

anos tornou-se gerente e logo <strong>de</strong>pois sócio da firma. Foi empresário, industrial,<br />

banqueiro, político e diplomata. Dentre outros empreendimentos <strong>de</strong> relevância<br />

nacional, implantou a primeira estrada <strong>de</strong> ferro, da raiz da serra à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Petrópolis – Rio <strong>de</strong> Janeiro. Vale ressaltar, portanto, que este personagem foi<br />

um dos gran<strong>de</strong>s empreen<strong>de</strong>dores da industrialização e logística do Brasil no<br />

século XIX.<br />

A partir disso, então, vamos enten<strong>de</strong>r numa realida<strong>de</strong> local a chegada<br />

dos trilhos <strong>de</strong> ferro, estação ferroviária e locomotiva na região conhecida como<br />

o “Coração do Brasil”.<br />

A estrada <strong>de</strong> ferro num contexto local<br />

De um modo geral, o feriado <strong>de</strong> 07 <strong>de</strong> setembro alu<strong>de</strong> a um marco sem<br />

prece<strong>de</strong>ntes na história brasileira, uma vez que é a partir daí que o Brasil nasce<br />

como Estado-nação. Todavia, esse feriado se reveste <strong>de</strong> um brilho especial<br />

para os anapolinos, pois, simbolicamente, esta data <strong>de</strong>staca <strong>Anápolis</strong> no mapa<br />

do Brasil, levando aos leitores fazerem o seguinte questionamento: o que<br />

ocorreu <strong>de</strong> relevante neste dia para a cida<strong>de</strong>?<br />

Provavelmente, respon<strong>de</strong>ndo ao questionamento apontado no parágrafo<br />

anterior, a marcha “Em Delírios” do maestro Antônio Branco foi executada na<br />

grandiosa festa inaugural da Estação Ferroviária <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>, em 07 <strong>de</strong><br />

setembro <strong>de</strong> 1935, no lugar on<strong>de</strong> hoje se encontra o Terminal Urbano. Assim,<br />

esta parte do texto faz uma pequena homenagem, compartilhando, nestas<br />

poucas linhas, a emoção que se revestiu tal fato para os anais da história<br />

anapolina.<br />

Pois bem, só para ilustrar, a chegada da estrada <strong>de</strong> ferro foi tão<br />

importante para a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> que temos 03 (três) ruas no centro que<br />

18


alu<strong>de</strong>m ao ocorrido, são elas: a Rua 07 <strong>de</strong> setembro, a Rua 14 <strong>de</strong> julho e a<br />

Rua Engº. Portella. No caso da primeira, a data faz alusão à inauguração da<br />

Estação Ferroviária <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> (embora muitos acreditem que esta<br />

homenagem refira-se ao Dia da In<strong>de</strong>pendência do Brasil, em 1822). Já no<br />

segundo caso, refere-se ao dia da chegada da 1ª composição <strong>de</strong> cargas da<br />

Estrada <strong>de</strong> Ferro Goyaz – E.F.G. no Município <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>, em 14 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong><br />

1935, com a locomotiva <strong>de</strong> nº. 202, puxando 07 (sete) vagões que<br />

transportavam cereais para Araguari, num total <strong>de</strong> 1.916 (um mil novecentos e<br />

<strong>de</strong>zesseis) sacas, dirigida pelo Sr. Alberto Puga, chefe <strong>de</strong> tração da E.F.G.<br />

(embora muitos historiadores acreditem que é em homenagem à Queda da<br />

Bastilha, evento que iniciou a Revolução Francesa, em 14 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1789).<br />

Por fim, no caso da última rua, a homenagem faz referência ao Engenheiro<br />

Wenefredo Barcellar Portella, o engenheiro responsável pela construção dos<br />

trilhos <strong>de</strong> ferro e estações entre os municípios <strong>de</strong> Leopoldo <strong>de</strong> Bulhões e <strong>de</strong><br />

<strong>Anápolis</strong>.<br />

Nas figuras abaixo, <strong>de</strong>stacamos o dia da inauguração da Estação e a<br />

Locomotiva nº. 202, primeiro especial <strong>de</strong> cargas que chegou em 14 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong><br />

1935:<br />

Figura 1 - Foto da Estação no dia <strong>de</strong> sua inauguração, em 07 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1935<br />

Fonte: Acervo Iconográfico do Museu Histórico “Al<strong>de</strong>rico Borges <strong>de</strong> Carvalho”, 2010.<br />

19


Figura 2 – Foto da locomotiva nº 202, primeiro especial <strong>de</strong> cargas em <strong>Anápolis</strong><br />

Fonte: Acervo Iconográfico do Museu Histórico “Al<strong>de</strong>rico Borges <strong>de</strong> Carvalho”, 2010.<br />

Em anos anteriores, no dia 28 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1933 a “Pedra Angular” da<br />

Estação Ferroviária <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> é lançada, ocasião em que o Dr. Luiz Caiado<br />

<strong>de</strong> Godoy proferiu um discurso relatado no Jornal “Annapolis”, <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong><br />

setembro <strong>de</strong> 1935:<br />

Esse marco é <strong>de</strong> uma in<strong>de</strong>scritível significação, po<strong>de</strong>ndo-se afirmar que é a<br />

mais tocante solenida<strong>de</strong> que já se registrou nos fastos da história <strong>de</strong>sta<br />

ubertosa terra, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua fundação por Gomes <strong>de</strong> Souza Ramos em 1870.<br />

(Jornal “ANNAPOLIS”, <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1935)<br />

. A partir da estrada <strong>de</strong> ferro, por assim dizer, <strong>Anápolis</strong> é conhecida como<br />

a “Ribeirão Preto” e a “Manchester” goiana, condição “sine qua non” para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do Município, porque se hoje temos o Porto Seco, a se<strong>de</strong> da<br />

Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Goiás, a Base Aérea, <strong>de</strong>ntre muitas outras<br />

instituições, isso é <strong>de</strong>vido, em gran<strong>de</strong> parte, àquele fato.<br />

Em documentos do Museu Histórico, no intuito <strong>de</strong> por em relevo o<br />

episódio, encontramos uma notícia estampada no Jornal ANNAPOLIS, na<br />

edição <strong>de</strong> número 24 do ano <strong>de</strong> 1935, em que é <strong>de</strong>scrito na sua primeira<br />

página com letras garrafais “AS FESTAS INAUGURAIS DA ESTRADA DE<br />

FERRO GOYAZ”, dizendo ainda que:<br />

20


Annapolis viveu no dia 07 do corrente o maior dia <strong>de</strong> toda a sua história com a<br />

inauguração da estrada <strong>de</strong> ferro, aspiração máxima do seu povo. (...) Des<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>z dias antes da comemorável data, já a cida<strong>de</strong> se apresentava com um<br />

aspecto festivo, os hotéis cheios e um movimento <strong>de</strong>susado em nossas ruas<br />

que recru<strong>de</strong>scia, à proporção que se aproxima o feliz advento. (Jornal<br />

“ANNAPOLIS”, edição nº. 24, 1935)<br />

Nesse mesmo jornal, é <strong>de</strong>scrito ainda os acontecimentos que<br />

embalaram os festejos da inauguração, como a ornamentação, a alvorada, a<br />

caravana anapolina que embarcou em Leopoldo <strong>de</strong> Bulhões a caminho <strong>de</strong><br />

<strong>Anápolis</strong>, a chegada em <strong>Anápolis</strong>, a passeata cívica, o <strong>de</strong>scerramento da placa<br />

dando nome à Rua Engº. Portella, o banquete no antigo Clube Lítero<br />

Recreativo Anapolino (on<strong>de</strong> hoje se encontra o Hotel Itamaraty) em cujo<br />

mesmo salão aconteceu o gran<strong>de</strong> baile, cujo prolongamento se esten<strong>de</strong>u até<br />

altas horas da madrugada, sendo as músicas interpretadas pelos conjuntos<br />

musicais “Jazz José Perfeito” e “Jazz Club”.<br />

Na Figura 3 vemos a Estação Ferroviária antes <strong>de</strong> sua inauguração:<br />

Figura 3 - Foto da Estação Ferroviária, em 1934<br />

Fonte: Acervo Iconográfico do Museu Histórico “Al<strong>de</strong>rico Borges <strong>de</strong> Carvalho”, 2010.<br />

Outro relato que encontramos, agora do Dr. José Xavier <strong>de</strong> Almeida<br />

Júnior, <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1937, na passagem dos festejos comemorativos<br />

21


da criação do Município da Vila <strong>de</strong> Sant‟Ana das Antas que diz: “<strong>Anápolis</strong><br />

completa o seu meio século tendo crescimento mais nos dois anos <strong>de</strong> estrada<br />

<strong>de</strong> ferro que nos 48 que a prece<strong>de</strong>ram” (Revista “A Cinqüentenária”, 1957).<br />

Durante a construção da nova capital, Brasília, para dimensionarmos a<br />

relevância do acontecido, a Estação Ferroviária <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> foi palco <strong>de</strong> outro<br />

gran<strong>de</strong> acontecimento, pois conforme DASP: 1958-1959 (s.d.), o Departamento<br />

<strong>de</strong> Administração do Serviço Público (DASP) organizou pelo menos 04 (quatro)<br />

trens experimentais <strong>de</strong> passageiros entre o Rio <strong>de</strong> Janeiro e a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Anápolis</strong> – que foi uma espécie <strong>de</strong> preparativo para a transferência <strong>de</strong> parcela<br />

do pessoal que <strong>de</strong>veria se instalar no planalto (um pouco antes do 21 <strong>de</strong> abril<br />

<strong>de</strong> 1960: a data fixada em lei para a mudança da capital).<br />

De acordo com DASP: 1958-1959 (s.d.), os trens experimentais po<strong>de</strong>m<br />

ser explicitados da seguinte forma:<br />

Quadro 1 – Trens experimentais Rio-<strong>Anápolis</strong><br />

Denominação Data partida e chegada Trajetória<br />

1º Trem Experimental<br />

2º Trem Experimental<br />

3º Trem Experimental<br />

4º Trem Experimental<br />

20 /07/1958 – 22 /07/1958<br />

28/08/1958 – 31/08/1958<br />

23/11/1958 – 26/11/1958<br />

14/04/1959 – 16/04/1959<br />

Fonte: DASP: 1958-1959 (s.d.) e dados trabalhados pelos autores.<br />

Com a previsão <strong>de</strong> percorrer 1.524km<br />

em 74 horas, à velocida<strong>de</strong> média <strong>de</strong><br />

20,5 km/h, chegou a <strong>Anápolis</strong> em 67h<br />

25 min, às 19h50 da terça-feira.<br />

O trajeto foi <strong>de</strong> 1.736 km, percorridos<br />

em 62h na ida (média <strong>de</strong> 28 km/h) e em<br />

56h na volta (31 km/h).<br />

Partiu do Rio <strong>de</strong> Janeiro às 22h40 <strong>de</strong><br />

um domingo, levando “autorida<strong>de</strong>s”<br />

não-especificadas, informando <strong>de</strong> que<br />

os participantes chegaram a Brasília às<br />

9h da quarta-feira, 26 <strong>de</strong> novembro,<br />

proce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>.<br />

Chegaram a <strong>Anápolis</strong>, numa quintafeira,<br />

16 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1959, transportando<br />

40 pessoas, que dali seguiram <strong>de</strong><br />

ônibus para Brasília.<br />

A Estação Ferroviária, portanto, é um marco para a história da cida<strong>de</strong>,<br />

pois mediante a sua inauguração <strong>Anápolis</strong> entra no progresso que estamos<br />

atualmente acostumados a verificar. Desse modo, por conta das felizes ironias<br />

22


da história, o 07 <strong>de</strong> setembro é a data que comemoramos, também, a<br />

in<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> na economia, no atraso na questão dos transportes<br />

ou no provincianismo que emperra o progresso salutar.<br />

Na Figura 4, para finalizar a <strong>de</strong>scrição do contexto local em que<br />

mostramos a importância dos trilhos da ferrovia, estação e locomotiva<br />

visualizamos parte da Estação Ferroviária nos dias <strong>de</strong> hoje:<br />

Figura 4 – Foto <strong>de</strong> parte da Estação Ferroviária, atualmente<br />

Fonte: Acervo do Museu Histórico “Al<strong>de</strong>rico Borges <strong>de</strong> Carvalho”.<br />

Essa fotografia mostra que, no presente, po<strong>de</strong>ríamos dar maior atenção<br />

ao patrimônio histórico municipal – a Estação Ferroviária “Prefeito José<br />

Fernan<strong>de</strong>s Valente”, um símbolo da mo<strong>de</strong>rnização no interior do Brasil e da<br />

nossa terra.<br />

Consi<strong>de</strong>rações Finais<br />

No momento a perspectiva <strong>de</strong> viabilização da Ferrovia Norte-Sul, da<br />

Plataforma Logística Multimodal e outras tantas conquistas, são <strong>de</strong>vidas aos<br />

preparativos que o Município realizou para o recebimento da estrada <strong>de</strong> ferro,<br />

23


cujo símbolo da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> ocorreu há 75 (setenta e cinco) anos com a<br />

inauguração da Estação Ferroviária <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>.<br />

Para finalizar, então, o texto mostrou que, no campo da simbologia, a<br />

Estrada <strong>de</strong> Ferro representou uma linha entre o progresso econômico advindo<br />

com a Revolução Industrial, cujo representante maior foi à cida<strong>de</strong> inglesa <strong>de</strong><br />

Manchester e a progressista cida<strong>de</strong> do interior goiano <strong>de</strong>nominada,<br />

carinhosamente, da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ana – a nossa querida <strong>Anápolis</strong>.<br />

Referências<br />

Acervo do Museu Histórico “Al<strong>de</strong>rico Borges <strong>de</strong> Carvalho”, 2010.<br />

DASP: 1958-1959. Os Trens Experimentais Rio-<strong>Anápolis</strong>. In: Centro-Oeste Brasil, Brasília,<br />

DF, (s.d.). Disponível em: <br />

Acesso em 10/09/2010.<br />

HOBSBAWM, E. J. A Era do Capital (1848-1875). Rio <strong>de</strong> Janeiro: Paz e Terra, 1996.<br />

http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil.<br />

Jornal “ANNAPOLIS”, Edições <strong>de</strong> 21 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1935 e 15 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1935 – Museu<br />

Histórico “Al<strong>de</strong>rico Borges <strong>de</strong> Carvalho”.<br />

OLIVEIRA, J. L. Subsídios à história <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>. In: Revista “A CINQUENTENÁRIA”, Edição<br />

única em comemoração do jubileu da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> (1907-1957). <strong>Anápolis</strong>, 31 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong><br />

1957.<br />

24


CLUBE RECREATIVO ANAPOLINO (CRA): UMA<br />

HISTÓRIA DE AMOR E DE MAGIA<br />

ELIZETE CRISTINA FRANÇA <br />

Resumo: O artigo aborda aspectos da comunida<strong>de</strong> Anapolina, no que diz respeito ao edifício<br />

do Clube Recreativo Anapolino – CRA, ou seja, sua se<strong>de</strong> social e os eventos cultuais e sociais<br />

realizados em suas <strong>de</strong>pendências. Porém, não se esten<strong>de</strong> na análise efetivada, a discussão<br />

sobre a sua se<strong>de</strong> campestre e suas práticas <strong>de</strong>sportivas.<br />

Palavras chave: Clube Recreativo Anapolino, aspectos sociais e culturais.<br />

Introdução<br />

U<br />

m dos edifícios mais belos já construídos na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Anápolis</strong>, <strong>de</strong> acordo com a Figura 1, lugar <strong>de</strong> encanto, lazer e<br />

luxo, freqüentado por toda socieda<strong>de</strong> Anapolina, uma história<br />

<strong>de</strong> glória e emoções, vivenciada por um povo, em um momento <strong>de</strong> sua vida.<br />

FIGURA 1 – Edifício do Clube Recreativo Anapolino na década <strong>de</strong> 1940<br />

Fonte: Acervo Iconográfico do Museu Histórico “Al<strong>de</strong>rico Borges <strong>de</strong> Carvalho”, 2010.<br />

Historiadora (UFUMG), Especialista em Metodologia do Ensino <strong>de</strong> História (IBPEX-PR) e<br />

Assistente Técnica do Museu Histórico <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> “Al<strong>de</strong>rico Borges <strong>de</strong> Carvalho” – MHABC da<br />

Secretaria Municipal <strong>de</strong> Cultura / <strong>Prefeitura</strong> <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>.<br />

25


No início dos anos 1930, uma i<strong>de</strong>ia na cabeça <strong>de</strong> um homem iria agitar a<br />

pacata cida<strong>de</strong> do interior. Um grupo <strong>de</strong> amigos, reuniões, planejamentos daria<br />

então início à primeira se<strong>de</strong> provisória do Clube Lítero Recreativo Anapolino, o<br />

que agora passaremos a analisar.<br />

Histórico do CRA<br />

De acordo com o texto da <strong>Prefeitura</strong> Municipal <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>, intitulado<br />

“<strong>Anápolis</strong> 1907-2007. Cem anos <strong>de</strong> História”:<br />

O clube recreativo anapolino é o berço dos gran<strong>de</strong>s acontecimentos sociais<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 30, época em que surgiram gran<strong>de</strong>s vultos da socieda<strong>de</strong><br />

Anapolina, como Genserico Gonzaga Jaime, Alarico Jayme e Luiz Caiado <strong>de</strong><br />

Godoy. Eles fundaram o primeiro clube social da cida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>nominado Grêmio<br />

Literário Anapolino, que teve a sua se<strong>de</strong> inicial instalada ao lado do hoje<br />

Itamaraty Hotel. (<strong>Anápolis</strong> 1907-2007. Cem anos <strong>de</strong> História, 2007)<br />

Assim, no dia 29 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1934 foi criado o Clube Lítero Recreativo<br />

Anapolino e empossada sua diretoria em uma solenida<strong>de</strong> no Cine Áurea, haja<br />

vista que o clube ainda não tinha sua se<strong>de</strong> própria.<br />

A partir <strong>de</strong> então, a socieda<strong>de</strong> começou a vivenciar suas noites<br />

glamourosas e culturais nos inúmeros eventos realizados no Clube Lítero<br />

Recreativo Anapolino.<br />

No dia 29 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1935 o clube completou seu primeiro ano <strong>de</strong><br />

existência e sua festa foi realizada no Cine Áurea, a comemoração teve a parte<br />

literária, teatral, representado por pessoas ilustres da cida<strong>de</strong>.<br />

Depois <strong>de</strong> ver o sonho realizado, e a comunida<strong>de</strong> participando dos<br />

eventos sociais, os i<strong>de</strong>alizadores do clube queriam mais, os freqüentadores<br />

mereciam uma estrutura mais imponente, confortável, uma se<strong>de</strong> própria para<br />

aten<strong>de</strong>r melhor a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos.<br />

seguinte:<br />

Foi assim que em 27 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1941, o jornal “O <strong>Anápolis</strong>” noticiou o<br />

A junta administrativa do CRA comunica aos senhores sócios e a socieda<strong>de</strong><br />

Anapolina, que comemorando o 7º aniversário da fundação daquele clube,<br />

iniciará no dia 29 do corrente, a construção do majestoso prédio <strong>de</strong>stinado a<br />

sua se<strong>de</strong> social, no terreno já adquirido para esse fim e situado à Praça da<br />

Ban<strong>de</strong>ira nesta cida<strong>de</strong>. (Jornal “O <strong>Anápolis</strong>”, <strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1941)<br />

26


Depois <strong>de</strong> vários anos <strong>de</strong> luta e espera, a população Anapolina contou<br />

com o maravilhoso e imponente prédio pronto e acabado, pois estava<br />

construída a se<strong>de</strong> do Clube Recreativo Anapolino, inaugurado no dia 06 <strong>de</strong><br />

outubro <strong>de</strong> 1945, com um baile a rigor que foi animado pela banda <strong>de</strong> jazz do<br />

próprio clube, conforme noticiou o jornal “A Noite Ilustrada” <strong>de</strong> 04 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<br />

<strong>de</strong> 1945, “a inauguração do Club Recreativo Anapolino. A suntuosida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

suas linhas arquitetônicas – a notável festa que assinalou a sua inauguração –<br />

vestidos vindos dos EE.UU – a juventu<strong>de</strong> se diverte”. De acordo com a Figura 2<br />

que se segue:<br />

Figura 2 – Baile <strong>de</strong> inauguração em 06 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1945<br />

Fonte: Jornal “A Noite Ilustrada”, <strong>de</strong> 04 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1945.<br />

Do momento da inauguração da se<strong>de</strong> própria, o clube, além dos bailes<br />

mensais e temáticos, ainda passou a oferecer uma nova diversão aos seus<br />

freqüentadores: as “domingueiras” do CRA, bailes que reuniam semanalmente<br />

interessados em música, dança e socialização.<br />

Ao longo <strong>de</strong> sua existência, o CRA foi palco <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s acontecimentos,<br />

como o Baile da Primavera, o Baile da Chita, Concurso <strong>de</strong> Beleza, Rainha dos<br />

Estudantes, Baile <strong>de</strong> Debutantes, entre tantos outros.<br />

27


Gran<strong>de</strong>s personagens da história Anapolina <strong>de</strong>ixaram seus nomes<br />

gravados no clube, através <strong>de</strong> sua participação em eventos, <strong>de</strong>monstrando o<br />

progresso social <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>.<br />

Des<strong>de</strong> o primeiro baile carnavalesco que ocorreu no CRA, em 1941,<br />

muitos outros gritos e bailes <strong>de</strong> carnavais aconteceram e eram esperados<br />

ansiosamente por todos, mas a festa <strong>de</strong> maior importância cultural e histórica<br />

foi o famoso “Baile do Cinqüentenário”, noticiado no jornal “O <strong>Anápolis</strong>” <strong>de</strong> 31<br />

<strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1957: “As festivida<strong>de</strong>s finalizará com um monumental Baile.<br />

Realizar-se-á nos salões do Clube Recreativo Anapolino, com início aprazado<br />

para as 22 horas”.<br />

E ainda, no jornal “O <strong>Anápolis</strong>”, <strong>de</strong> 04 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1957 relata-se que:<br />

Pouco antes das 24 horas, as autorida<strong>de</strong>s dirigiram-se ao Clube Recreativo<br />

Anapolino quando foram coroadas a Rainha e Princesas do Cinqüentenário as<br />

senhoritas Niclair B. Lemos, Tânia M. Diniz e Dalay Beze, respectivamente.<br />

Usou da palavra, durante poucos minutos, o Sr. José Abdalla, presi<strong>de</strong>nte<br />

daquele magnífico clube anapolino saudando as autorida<strong>de</strong>s presentes. (Jornal<br />

“O <strong>Anápolis</strong>”, <strong>de</strong> 04 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1957)<br />

O CRA continuou suas ativida<strong>de</strong>s sociais através dos anos, oferecendo<br />

aos associados momentos <strong>de</strong> cultura e lazer. Além <strong>de</strong> bailes tradicionais,<br />

carnavais, coquetéis para lançamento <strong>de</strong> livros, festas temáticas, tudo para o<br />

convívio social da cida<strong>de</strong>.<br />

Nos anos 1960 o clube inovou suas ativida<strong>de</strong>s, que eram restringidas<br />

aos finais <strong>de</strong> semana e passou a ter eventos diários, como noticiou o jornal “O<br />

<strong>Anápolis</strong>”, em 23 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1960:<br />

A partir <strong>de</strong> hoje o CRA funcionará diariamente. O Clube Recreativo Anapolino<br />

vem adotar uma medida digna <strong>de</strong> nota, qual seja, a <strong>de</strong> funcionar, a partir <strong>de</strong><br />

hoje, diariamente, propiciando a seus associados os bailes e festas que só têm<br />

tido lugar aos domingos. Apenas às segundas-feiras não se abrirá o Clube<br />

Recreativo Anapolino. (Jornal “O <strong>Anápolis</strong>”, <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1960)<br />

A trajetória do CRA foi cada vez mais ganhando força e o espaço<br />

geográfico no centro da cida<strong>de</strong> facilitou a realização <strong>de</strong> suas festas e eventos,<br />

e os associados e comunida<strong>de</strong> em geral aumentou e o clube ficou pequeno<br />

para tantos freqüentadores, foi assim que, <strong>de</strong> acordo com o Livro <strong>de</strong> Atas do<br />

CRA – 06/02/1955 a 24/01/1972:<br />

28


Ata da Assembléia Geral Extraordinária – aos 18 dias do mês <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong><br />

1971, às vinte horas, se reuniram para <strong>de</strong>liberarem sobre as reformas<br />

extraordinárias do Clube. (Livro <strong>de</strong> Atas do CRA – 06/02/1955 a 24/02/1972)<br />

Então, o clube passou por uma gran<strong>de</strong> mudança arquitetônica e o seu<br />

estilo “eclético” com traços “neoclássicos” foi <strong>de</strong>molido para dar lugar a uma<br />

nova construção, mais ampla e mo<strong>de</strong>rna, uma exigência da cida<strong>de</strong> em<br />

<strong>de</strong>senvolvimento, com essa transformação são criadas as salas: Salão<br />

Dourado e Salão Ver<strong>de</strong>, gran<strong>de</strong>s salões <strong>de</strong>stinados aos eventos e bailes. O<br />

que se po<strong>de</strong> observar na Figura 3, apesar <strong>de</strong> mostrar o edifício em meados <strong>de</strong><br />

1980:<br />

Figura 3 – Clube Recreativo Anapolino na década <strong>de</strong> 1980<br />

Fonte: Acervo Iconográfico “Al<strong>de</strong>rico Borges <strong>de</strong> Carvalho”, 2010.<br />

Já tomando conta da socieda<strong>de</strong>, que o jornal “O <strong>Anápolis</strong> relatou no dia<br />

07 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1972 a seguinte nota: “para o Carnaval dos clubes, o<br />

Recreativo Anapolino já partiu na frente. Há duas semanas promoveu o<br />

primeiro baile carnavalesco que obteve pleno sucesso”.<br />

A década <strong>de</strong> 1970 coroou o clube com maravilhosos momentos trazendo<br />

para <strong>Anápolis</strong> gran<strong>de</strong>s artistas populares, como foi noticiado no Jornal “O<br />

Aristocrático” – órgão informativo do CRA, <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1987, em Edição<br />

Especial:<br />

Wan<strong>de</strong>rley Cardoso apresentou-se no CRA por volta <strong>de</strong> 1975 quando estava<br />

no auge da fama; o cantor Gerry Adriani fez um show na década <strong>de</strong> 70, quando<br />

era um dos astros favoritos da televisão. (Jornal “O Aristocrático”, <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<br />

<strong>de</strong> 1987)<br />

29


Nos anos 1980 bailes temáticos, festas juninas, passagem <strong>de</strong> ano, gritos<br />

carnavalescos, concursos <strong>de</strong> beleza, entre outros eventos faziam as noites<br />

anapolinas mais brilhantes e interessantes.<br />

seguinte:<br />

O Correio do Planalto, <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1981, comentou o<br />

Baile <strong>de</strong> Formatura – na sexta-feira que passou foi realizado, no salão <strong>de</strong><br />

festas do Clube Recrativo Anapolino, o baile <strong>de</strong> formatura da turma <strong>de</strong><br />

formandos <strong>de</strong> Direito / 81. O clube esteve <strong>de</strong>corado com flores e a estatueta<br />

da <strong>de</strong>usa da justiça se encontrava em todas as mesas. (Jornal “Correio do<br />

Planalto”, <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1981)<br />

Nos anos <strong>de</strong> 1990 o CRA foi per<strong>de</strong>ndo espaço para novas opções <strong>de</strong><br />

lazer como clubes mais retirados do centro com a inauguração <strong>de</strong> vários<br />

espaços alternativos na cida<strong>de</strong>, e seus gran<strong>de</strong>s eventos vão diminuindo por ser<br />

muito onerosos e ter poucos participantes. Então, na segunda meta<strong>de</strong> da<br />

década <strong>de</strong> 1990, o CRA aluga suas belas instalações para a Igreja Universal<br />

do Reino <strong>de</strong> Deus, e os belos bailes e noites gloriosas ficam na memória e na<br />

história dos anapolinos.<br />

Consi<strong>de</strong>rações finais<br />

Atualmente, o Clube Recreativo Anapolino – CRA está alugando para a<br />

<strong>Prefeitura</strong> Municipal <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> seus salões para funcionamento da Escola <strong>de</strong><br />

Dança <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>.<br />

Desse modo, os salões outrora cheios <strong>de</strong> glamour e <strong>de</strong> brilho ainda<br />

po<strong>de</strong>m reunir, através dos bailarinos, um pouco <strong>de</strong> sua magia.<br />

Referências:<br />

Acervo Iconográfico do Museu Histórico “Al<strong>de</strong>rico Borges <strong>de</strong> Carvalho”, 2010.<br />

Jornal “A Noite Ilustrada”, <strong>de</strong> 04 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1945.<br />

Jornal “O <strong>Anápolis</strong>”, <strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1941, <strong>de</strong> 04 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1957 e <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong><br />

1960.<br />

Jornal “O Aristocrático”, órgão informativo do CRA, Edição Especial, <strong>Anápolis</strong>, <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong><br />

1987.<br />

Jornal “Correio do Planalto”, <strong>de</strong> 25 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1981.<br />

Livro <strong>de</strong> Atas do CRA – 06/02/1955 a 24/02/1972<br />

Revista da <strong>Prefeitura</strong> Municipal <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>. <strong>Anápolis</strong> 1907-2007. Cem anos <strong>de</strong> História, 2007.<br />

30


ABRIGO DOS VELHOS “PROFESSOR NICEPHORO<br />

PEREIRA DA SILVA”: UM AVANÇO DESTACADO NO<br />

CAMPO SOCIAL<br />

IRENE RODRIGUES DE OLIVEIRA <br />

Resumo: Esse artigo vem <strong>de</strong>stacar a preocupação dos anapolinos com os menos favorecidos<br />

em todas as áreas sociais, principalmente com os idosos e abandonados.<br />

Palavras chave: Estabelecimento assistencial, abrigo dos Velhos “Professor Nicephoro<br />

Pereira da Silva”.<br />

Introdução<br />

Com a chegada da Ferrovia em 1935 a cida<strong>de</strong> experimentou um<br />

processo <strong>de</strong> crescimento rápido, com a chegada <strong>de</strong> imigrantes vindos <strong>de</strong> vários<br />

países e, também, <strong>de</strong> vários outros estados brasileiros, atraídos por melhores<br />

oportunida<strong>de</strong>s, pois a cida<strong>de</strong> se encontrava em pleno <strong>de</strong>senvolvimento<br />

comercial.<br />

Nesse período <strong>de</strong> pleno <strong>de</strong>senvolvimento começaram também a surgir<br />

os problemas na área social, porque aqueles que não encontravam<br />

oportunida<strong>de</strong>s acabaram perambulando pela cida<strong>de</strong>, foi então que começaram<br />

a surgir os asilos, abrigos e outros estabelecimentos assistenciais.<br />

História do abrigo dos velhos “Professor Nicephoro Pereira da Silva”<br />

Segundo a Revista “A Cinqüentenária”, no campo da assistência social<br />

<strong>Anápolis</strong> experimentou avanço <strong>de</strong>stacado, quando o Sr. Aryowaldo Tahan e um<br />

grupo <strong>de</strong> benemérito da Loja Maçônica “Lealda<strong>de</strong> e Justiça II” se condoeram<br />

da situação miserável <strong>de</strong> muitos anciões:<br />

Lançados por uma sorte madrasta à mais profunda miséria tiveram os<br />

i<strong>de</strong>alizadores do Abrigo dos Velhos por certo observado que a legião <strong>de</strong><br />

mendigos acocorados nos passeios dos quatro cantos da cida<strong>de</strong> e em maior<br />

número nas ruas Manoel D‟Abadia e Barão do Rio Branco, projetavam uma<br />

quantida<strong>de</strong> reduzida <strong>de</strong> velhos e que esses alquebrados e sem forças para<br />

Auxiliar Administrativa do Museu Histórico <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> “Al<strong>de</strong>rico Borges <strong>de</strong> Carvalho” –<br />

MHABC da Secretaria Municipal <strong>de</strong> Cultura / <strong>Prefeitura</strong> <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>.<br />

31


uscar esmolas no Centro enchiam, os buracos elameados dos arredores.<br />

(Revista “A Cinqüentenária”, 1957)<br />

Ainda essa revista nos relata o seguinte:<br />

Que ao brado <strong>de</strong> alerta, e a voz <strong>de</strong> apoio dos maçons fêz côro o espírito<br />

filantrópico da gente Anapolina fêz surgir em tempo recor<strong>de</strong> o Abrigo dos<br />

Velhos „Professor Nicephoro Pereira da Silva‟, que tem esse nome em<br />

homenagem a uma das figuras mais beneméritas e prestativas do lugar.<br />

(Revista “A Cinqüentenária”, 1957)<br />

De acordo com esta nota, então, o abrigo foi construído segundo os<br />

mais exigentes requisitos da saú<strong>de</strong> pública. Os anapolinos, diante <strong>de</strong> tão<br />

magnífica obra, se uniram aos maçons e começaram a arrecadar donativos<br />

para adquirir móveis, utensílios e, também, para o término completo da obra,<br />

pois se tratava <strong>de</strong> um arrojado empreendimento. Sendo assim, a união dos<br />

esforços se fazia necessária, foi então que começaram a surgir as campanhas,<br />

rifas, bailes, entre outros e visualizamos, na Figura 1, a fotografia do<br />

homenageado, o Professor Nicephoro:<br />

Figura 1 – Professor Nicephoro Pereira da Silva<br />

Fonte: Acervo particular <strong>de</strong> Irene Rodrigues, 2010.<br />

Logo no início <strong>de</strong> uma das campanhas empreendidas, Graciano Antônio<br />

da Silva fez a doação da renda <strong>de</strong> uma noite <strong>de</strong> cinema no Cine Teatro<br />

32


Imperial, Sr. Augusto <strong>de</strong> Carvalho Franco doou todos os trilhos da cobertura do<br />

pavilhão inicial.<br />

Haydée Jayme (1981), em sua obra “<strong>Anápolis</strong>: Sua Vida, Seu Povo” nos<br />

mostra que “o terreno para a edificação daquela Casa Benemérita que<br />

abrigaria os velhos que perambulavam pela cida<strong>de</strong> foi doada por Jonas<br />

Duarte”.<br />

No jornal “O <strong>Anápolis</strong>”, também unidos com o povo anapolino em prol do<br />

abrigo dos velhos, é publicada a seguinte nota:<br />

Vem causando boa repercussão em todas as camadas da socieda<strong>de</strong> a feliz<br />

idéia que teve a Diretoria do abrigo em sortear uma gela<strong>de</strong>ira “Frigidaire” em<br />

benefício <strong>de</strong>sta obra <strong>de</strong> Assistência Social, pois esta obra é <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong><br />

social e o povo <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>, assim como <strong>de</strong> todo o Estado <strong>de</strong>ve aplaudir e<br />

apoiar tão nobre e filantrópica instituição <strong>de</strong> carida<strong>de</strong>, pois tão logo seja<br />

inaugurada virá testemunhar o valor do empreendimento, amparando aqueles<br />

que se encontram no fim da vida <strong>de</strong>samparados. Sendo assim, o povo<br />

anapolino que sempre tem apoiado as iniciativas filantrópicas, por certo<br />

<strong>de</strong>dicará ao abrigo a sua carinhosa atenção auxiliando esse empreendimento<br />

bem sério. É por esse motivo que lançamos apelo a população para que não<br />

<strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> cooperar. (Jornal “O <strong>Anápolis</strong>”, p.01, <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1947)<br />

Como po<strong>de</strong>mos notar, o povo anapolino aten<strong>de</strong>u ao chamado para<br />

contribuir com as obras em todos os sentidos, sendo gran<strong>de</strong>s as contribuições.<br />

Esse é um exemplo e uma prova admirável da solidarieda<strong>de</strong> humana<br />

<strong>de</strong>monstrada pelo povo anapolino. Nessa obra, o apoio municipal, estadual e<br />

fe<strong>de</strong>ral também se fez presente, pois segundo o Jornal “O <strong>Anápolis</strong>” <strong>de</strong> junho<br />

<strong>de</strong> 1949:<br />

Os representantes <strong>de</strong> Goiás na Câmara Fe<strong>de</strong>ral e no Senado aten<strong>de</strong>ndo aos<br />

justos apelos da Diretoria do Abrigo dos Velhos “Professor Nicephoro Pereira<br />

da Silva” conseguiram a inclusão no vigente orçamento da união uma verba <strong>de</strong><br />

CR$ 500.000,00 (quinhentos mil cruzeiros) <strong>de</strong> auxílio e esta obra, bem como<br />

também obtiveram a subvenção <strong>de</strong> CR$ 30.000,00 (trinta mil cruzeiros) anuais<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1948. O <strong>de</strong>putado Galeno Paranhos acaba <strong>de</strong> ter vitoriosa pela<br />

Comissão <strong>de</strong> Finanças da Câmara Fe<strong>de</strong>ral, a emenda que apresentara<br />

consignando um auxílio <strong>de</strong> quinhentos mil cruzeiros no Orçamento da<br />

República para 1949 <strong>de</strong>stinada ao término das obras <strong>de</strong>ssa importante obra <strong>de</strong><br />

carida<strong>de</strong> em construção em <strong>Anápolis</strong>. A medida como é inegável – traduz uma<br />

cooperação <strong>de</strong> caráter altamente estimulante para a boa iniciativa dos que se<br />

unirão para dotar nossa cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses recursos. As obras da construção do<br />

abrigo estão adiantadas e já indicam que em futuro próximo, a velhice<br />

<strong>de</strong>samparada terá em <strong>Anápolis</strong> conforto e uma mansão – capaz <strong>de</strong> conpensarlhe<br />

os dias trazidos pelo acaso <strong>de</strong> sua existência. (Jornal “O <strong>Anápolis</strong>”, pp.03-<br />

08, <strong>de</strong> 17 junho <strong>de</strong> 1949)<br />

33


O que constatamos é que o abrigo, logo após sua inauguração, teve sua<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento ampliada para 72 (setenta e duas) pessoas,<br />

po<strong>de</strong>ndo esse número ser elevado para 90 (noventa) pessoas sem causar<br />

dificulda<strong>de</strong>s. Em vez <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dormitórios, os abrigados contam com quartos<br />

com duas camas, as <strong>de</strong>pendências especiais para refeitório e cozinha,<br />

dispensa, assim como banheiros magnificamente dispostos.<br />

Na Figura 2 vemos a fotografia <strong>de</strong> um dos fundadores do Abrigo dos<br />

Velhos “Professor Nicephoro Pereira da Silva”, o Sr. Aryowaldo:<br />

Figura 2 – Aryowaldo Tahan<br />

Fonte: Acervo particular <strong>de</strong> Irene Rodrigues, 2010.<br />

A assistência médica também foi um marco importante, pois jamais<br />

faltou aos velhos do abrigo, segundo dados que coletamos nas fontes, os<br />

doutores Luiz Fernando, Ivan Roriz e Joaquim D‟Abadia que, por muito tempo,<br />

foram os beneméritos dos anciões. Essa assistência logo foi tomada pelos<br />

espíritos altamente caritativos <strong>de</strong> outros personagens, o Dr. Henrique Maurício<br />

Fanstone e Dr. Sírio Quinan, que dispensaram aos idosos também, sem<br />

qualquer recompensa material, além da assistência médica propriamente dita,<br />

o fornecimento <strong>de</strong> amostras <strong>de</strong> remédios para os vários casos que se<br />

<strong>de</strong>frontavam. Assim, a nota citada <strong>de</strong>monstra tal espírito caritativo e, também,<br />

na seqüência, po<strong>de</strong>mos observar o Abrigo dos Velhos na Figura 3:<br />

34


O Sr. Aryowaldo Tahan <strong>de</strong>sprezando seus próprios interesses particulares<br />

<strong>de</strong>dica-se <strong>de</strong> corpo e alma a essa obra beneficente que representa um marco<br />

in<strong>de</strong>lével da cultura e da civilização da gente <strong>de</strong> nossa terra. Apesar do apoio<br />

da ilustre direção do Abrigo dos Velhos e o que já tem recebido do povo<br />

anapolino, urge que todos continuem avaliando tão proveitosa instituição com<br />

donativos <strong>de</strong> todas espécies, principalmente em dinheiro a fim <strong>de</strong> que não seja<br />

retardada a inauguração <strong>de</strong>sta casa assistencial. (Jornal “O <strong>Anápolis</strong>”, p.08, <strong>de</strong><br />

17 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1949)<br />

Figura 3 – Abrigo dos Velhos “Professor Nicephoro Pereira da Silva” na época da<br />

inauguração.<br />

Fonte: Revista “A Cinqüentenária”, 1957.<br />

Apesar da Revista “A Cinqüentenária” (1957) publicar que o Abrigo dos<br />

Velhos “Professor Nicheporo Pereira da Silva” ter sido inaugurado em 1948,<br />

<strong>de</strong>stacamos que isto não aconteceu, porque neste ano foi criado o Decreto<br />

Municipal <strong>de</strong>clarando <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública o Abrigo dos Velhos. Como po<strong>de</strong>mos<br />

notar, então, o Abrigo dos Velhos “Professor Nicephoro Pereira da Silva” teve<br />

os Estatutos registrados no Cartório <strong>de</strong> Título e Documentos <strong>de</strong>sta Comarca<br />

em 27 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1948, sob o nº. 14 <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m e publicado no Diário Oficial<br />

do Estado <strong>de</strong> Goiás, Edição nº. 5.565, páginas 4 e 5, <strong>de</strong> acordo com o Livro <strong>de</strong><br />

Estatutos, pertencente ao Acervo “Onofre <strong>de</strong> Rezen<strong>de</strong>”<br />

A inauguração do Abrigo dos Velhos se <strong>de</strong>u no dia 23 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1950,<br />

conforme atesta uma programação <strong>de</strong> inauguração publicada no Jornal “O<br />

<strong>Anápolis</strong>”, naquela mesma data:<br />

35


Consi<strong>de</strong>rações finais<br />

Às 10 horas: recepção portão principal. Às 10 horas e trinta minutos: ao som do<br />

Hino Nacional corte da fita simbólica pelo Presi<strong>de</strong>nte da Loja Maçônica<br />

“Lealda<strong>de</strong> e Justiça II”, Sr. Wal<strong>de</strong>mar Borges <strong>de</strong> Almeida. 11 horas: abertura da<br />

Secção Cívica <strong>de</strong> inauguração pelo Presi<strong>de</strong>nte do Abrigo dos Velhos, Sr.<br />

Aryowaldo Tahan, que convidara o Sr. Galeno para presidir os trabalhos <strong>de</strong><br />

inauguração e formar a Mesa, logo após será dada posse à nova diretoria.<br />

(Jornal “O <strong>Anápolis</strong>”, p.01, <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1950)<br />

Hoje o Abrigo dos Velhos “Professor Nicephoro Pereira da Silva”<br />

continua fiel ao Estatuto criado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sua fundação, uma vez que os<br />

velhinhos ali são como verda<strong>de</strong>iros hóspe<strong>de</strong>s e não internos, tamanhos são o<br />

carinho e zelo com que são tratados.<br />

O trabalho ali realizado é <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong>za ímpar, tudo muito bem<br />

supervisionado pela Srtª. Terezinha, que não <strong>de</strong>ixa nada a <strong>de</strong>sejar. A hora das<br />

refeições é um momento mágico on<strong>de</strong> todos se reúnem, pois ali no refeitório,<br />

com várias mesas espalhadas pelo amplo salão, os velhinhos se reúnem num<br />

verda<strong>de</strong>iro bate-papo.<br />

Enfim, apesar <strong>de</strong> tantas leis e projetos governamentais e estatutos<br />

criado, o parecer 1.301 <strong>de</strong> 2003 expõe a redação final do Projeto <strong>de</strong> Lei da<br />

Câmara, <strong>de</strong> nº. 57 do mesmo ano, que dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá<br />

outras providências, sancionado e publicado pelo Presi<strong>de</strong>nte da República por<br />

meio da Lei nº. 10.741, <strong>de</strong> 1º <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2003.<br />

Referências:<br />

Acervo Particular Irene Rodrigues <strong>de</strong> Oliveira, 2010.<br />

FERREIRA, H.J. <strong>Anápolis</strong>: Sua Vida, Seu Povo. Brasília: Gráfica do Senado Fe<strong>de</strong>ral, 1981.<br />

Jornal “O <strong>Anápolis</strong>”, edições <strong>de</strong> 17 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1949 e <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1950.<br />

Revista “A CINQUENTENÁRIA”, Edição única em comemoração do jubileu da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Anápolis</strong> (1907-1957). <strong>Anápolis</strong>, 31 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1957.<br />

36


UM MINUTO NA HISTÓRIA DE ANÁPOLIS<br />

PROF. ROMEU DE OLIVEIRA LOPES <br />

Resumo: Esse pequeno “minuto” <strong>de</strong> texto traz à memória um acontecimento interno<br />

envolvendo o po<strong>de</strong>r executivo e legislativo municipal que, apesar disso, teve repercussões em<br />

toda a municipalida<strong>de</strong> – a tentativa <strong>de</strong> mudança da ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> nossa cida<strong>de</strong>.<br />

Palavras chave: Símbolo municipal, ban<strong>de</strong>ira, <strong>Anápolis</strong>.<br />

Introdução<br />

O<br />

s símbolos do estandarte <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> estão muito bem<br />

<strong>de</strong>scritos numa obra específica, digna <strong>de</strong> todos os encômios,<br />

“História <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>”, <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> Humberto Crispim Borges.<br />

Os emblemas nele inseridos foram concebidos pelas mentes <strong>de</strong><br />

cidadãos <strong>de</strong> escol, na época, compostos <strong>de</strong> professores, políticos, intelectuais,<br />

historiadores, enfim, pessoas que amavam este torrão e por ele lutaram<br />

tenazmente, em época pretérita chamada “Freguesia <strong>de</strong> Santana das Antas”.<br />

Este nome foi dado a esta incipiente comunida<strong>de</strong> no dia 06 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong><br />

1873, pela Resolução nº. 514.<br />

É <strong>de</strong> se ver que, já no início, nossa urbe <strong>de</strong>monstrava uma vocação<br />

muito forte para a religião e a oficial era a Católica Apostólica Romana, já que o<br />

Estado (o País) era unido com a Igreja. Esta exercia fortíssima influência nos<br />

governantes e este fato está diretamente ligado ao “Descobrimento do Brasil”,<br />

pelos portugueses, jungidos a essa religião.<br />

Mas esta é uma outra história... Com isso, passamos a enten<strong>de</strong>r os<br />

motivos que nos levaram a escrever este pequeno texto.<br />

Antece<strong>de</strong>ntes do “minuto na história <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>”<br />

O jornal “O <strong>Anápolis</strong>”, no dia 31 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1962 publicou um “script” <strong>de</strong><br />

nossa autoria, <strong>de</strong>nominado “Pequena História <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>”. Ali se encontram<br />

algumas informações <strong>de</strong> forma bastante sucinta, pois não somos historiadores,<br />

mas, tão-somente, estudiosos e pesquisadores por uma simples vocação<br />

àquilo que se refere à erudição.<br />

Advogado (OAB/GO 4329), ex-procurador do município na gestão do ex-prefeito Olímpio<br />

Ferreira Sobrinho (1982-1983) e professor.<br />

37


Cosmicamente consi<strong>de</strong>rando, a História tem como referências <strong>de</strong> tempo<br />

os milênios, os séculos, os <strong>de</strong>cênios, os lustros, os anos, os meses, os dias, as<br />

horas, os minutos, os segundos – apenas para citarmos alguns momentos que<br />

são referências insignificantes da Eternida<strong>de</strong> e que nossa mente concretista<br />

po<strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r.<br />

Todavia, o tema proposto aqui é “Um Minuto na História <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>”, na<br />

verda<strong>de</strong>, um minuto mesmo.<br />

Falamos, no início, <strong>de</strong> “símbolos”. E o que é um símbolo? “É uma figura,<br />

emblema, sinal, combinação <strong>de</strong> sinais, imagem, <strong>de</strong>senho que, segundo<br />

<strong>de</strong>terminada convenção, representam uma idéia, um conceito”, segundo o<br />

gran<strong>de</strong> filólogo-dicionarista Francisco da Silveira Bueno.<br />

Houve um momento na história <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> que os significativos<br />

símbolos <strong>de</strong> nossa ban<strong>de</strong>ira foram <strong>de</strong>rrogados 1 (este é o termo mesmo).<br />

Os símbolos encerram pensamentos, sensibilida<strong>de</strong>s. Esses ingredientes<br />

são energias con<strong>de</strong>nsadas, concebidas pelas almas <strong>de</strong> várias pessoas (até<br />

po<strong>de</strong> ser por uma alma só). No caso <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>, não foi uma só pessoa,<br />

sabemo-lo.<br />

Aquele que <strong>de</strong>nigre um símbolo po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado um iconoclasta<br />

(<strong>de</strong>struidor <strong>de</strong> imagens).<br />

Um minuto na história <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong><br />

No dia 09 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1983, através do Autógrafo <strong>de</strong> Lei nº. 70/83, a<br />

Câmara <strong>de</strong> Vereadores <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> (cujo Presi<strong>de</strong>nte era o Dr. Max Lânio<br />

Gonzaga Jaime) cometeu esse sacrilégio, movidos por um sentimento menos<br />

nobre: o revanchismo, a vindicta.<br />

Em 1982, Íris Resen<strong>de</strong> Machado foi vitorioso nas eleições para dirigir os<br />

<strong>de</strong>stinos do Estado. Era comum o Governador submeter três nomes ao Exmo.<br />

Senhor Presi<strong>de</strong>nte da República para que, um <strong>de</strong>les, fosse homologado para<br />

dirigir os <strong>de</strong>stinos <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>, naquela época “área <strong>de</strong> segurança nacional”,<br />

em função da presença da Base Aérea.<br />

1 De acordo com Sérgio Sérvulo da Cunha (2009), na obra “Dicionário compacto do Direito”, o<br />

termo “<strong>de</strong>rrogar” diz respeito ao ato ou efeito <strong>de</strong> abolir / anular uma lei ou diploma legal.<br />

38


Ocorria que Íris Resen<strong>de</strong> era <strong>de</strong> um partido <strong>de</strong> oposição ao do<br />

Presi<strong>de</strong>nte da República. Este não homologou nenhum dos nomes indicados<br />

pelo futuro Governador.<br />

Os partidos <strong>de</strong> oposição locais ajuizaram ação em represália à<br />

discriminação havida, figura perfeitamente anti-jurídica, segundo a Carta<br />

Magna do País.<br />

Além da ação judicial, mudaram a ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>. Trocaram-na<br />

por uma em que constava, como símbolo <strong>de</strong> revolta, uma águia com as asas<br />

abertas, tentando alçar vôo, não o fazendo porque tinha um dos pés amarrado<br />

a um cepo preso ao chão, segue abaixo a Figura 1, para apreciação do<br />

contexto, convocando a população para um ato público em favor <strong>de</strong>sta<br />

mudança:<br />

Figura 1 – Convocação para Ato Público<br />

Fonte: Jornal “Correio do Planalto”, <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1983.<br />

O significado estava diretamente ligado ao fato <strong>de</strong> que <strong>Anápolis</strong> não<br />

podia ter o seu prefeito escolhido em pleito popular ou por indicação (este era o<br />

39


caso) dos políticos locais. Era obrigada a aceitar o nome que alguém (o<br />

Presi<strong>de</strong>nte da República, na época João Batista Figueiredo) quisesse impor ao<br />

seu povo. Na Figura 2 a seguir, visualizamos a ban<strong>de</strong>ira que queriam impor ao<br />

município, juntamente com a sua i<strong>de</strong>alizadora, Haydée Jaime, cuja pintura ficou<br />

a cargo do artista plástico Isaac Alarcão:<br />

Figura 2 – A ban<strong>de</strong>ira da autonomia e sua i<strong>de</strong>alizadora<br />

Fonte: Jornal “Folha <strong>de</strong> Goiás”, <strong>de</strong> 1983.<br />

O VETO – O prefeito tinha 15 (quinze) dias para vetar aquele Autógrafo<br />

<strong>de</strong> Lei. Caso não o fizesse, ele seria aprovado por <strong>de</strong>curso <strong>de</strong> prazo. Também<br />

o Veto po<strong>de</strong>ria ser <strong>de</strong>rrubado pela Câmara, a quem pertencia a última palavra.<br />

Era certo que o Veto seria <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rado, pois o Prefeito tinha minoria<br />

na Câmara. Os mesmos vereadores que subscreveram o Autógrafo <strong>de</strong> Lei<br />

<strong>de</strong>rrogariam o Veto.<br />

Na última semana do prazo fatal, o Procurador Geral do Município, Dr.<br />

Antônio Antenor Rodovalho, abordou este articulista para redigir o Veto.<br />

De início, houve rejeição <strong>de</strong> nossa parte, por se tratar <strong>de</strong> matéria<br />

eminentemente política, área em que nós nunca atuamos e para a qual não<br />

temos a mínima vocação.<br />

Contudo, o Procurador Geral insistiu e acabamos por redigir o tal Veto, o<br />

que po<strong>de</strong>mos visualizar parte <strong>de</strong>ste na citação abaixo, <strong>de</strong> acordo com o Ofício<br />

nº. 388/83 do Gabinete do Prefeito:<br />

40


Criar uma ban<strong>de</strong>ira em caráter provisório não é medida inteligente, mas sim<br />

comportamento baseado no aspecto estritamente emocional. Os homens<br />

sábios não agem sob o impulso da Emoção, mas sim da Razão. A<strong>de</strong>mais, o<br />

Art. 2º do Autógrafo <strong>de</strong> Lei nº. 70/83 fere, por analogia, dispositivos da Lei nº.<br />

5.700, <strong>de</strong> 01/09/71, que regulamenta o uso da Ban<strong>de</strong>ira Nacional, no que tange<br />

ao uso a meio-pau. Como se sabe, o uso da Ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>ssa maneira é indício<br />

<strong>de</strong> luto. Mas as situações <strong>de</strong> luto são sempre em conseqüência do passamento<br />

<strong>de</strong> alguém muito ilustre e que muito fez em prol <strong>de</strong> uma coletivida<strong>de</strong>. Imagine<br />

V.Exa. se nossa querida <strong>Anápolis</strong> ostentasse, nos lugares mais <strong>de</strong>stacados e<br />

nobres, SEMPRE a Ban<strong>de</strong>ira em sinal <strong>de</strong> luto... Cada pessoa que aqui<br />

aportasse ou por aqui transitasse <strong>de</strong> tempo em tempo e visse a cida<strong>de</strong> sempre<br />

em sinal <strong>de</strong> luto e ficasse sabendo do motivo. O que diria? Certamente que não<br />

faria comentários elogiosos a essa idéia, pois estaria havendo um exagerado<br />

abuso <strong>de</strong> um sentimento que <strong>de</strong>ve ser guardado no âmago do coração <strong>de</strong> cada<br />

qual para vir à tona somente em épocas <strong>de</strong> profunda e autêntica dor – em<br />

épocas <strong>de</strong> LUTO MESMO. (PREFEITURA MUNICIPAL DE ANÁPOLIS, Ofício<br />

nº. 388/83, Fls. 07, PGM/ROL/RSB)<br />

Tínhamos a cabeça plena <strong>de</strong> informações acadêmicas, ainda, e nos<br />

valemos muito do “papa” do Direito Administrativo, autor <strong>de</strong> várias obras, Hely<br />

Lopes Meirelles e <strong>de</strong> dois gran<strong>de</strong>s civilistas, Sílvio Rodrigues e Washington <strong>de</strong><br />

Barros Monteiro. Todavia, o supedâneo do mérito era um Decreto Fe<strong>de</strong>ral (se<br />

não nos enganamos, <strong>de</strong> nº. 200).<br />

Contudo, a <strong>de</strong>scrição simbológica teve como base a conspícua obra já<br />

citada, <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> Humberto Crispim Borges – “História <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>” e que<br />

vemos, na Figura 3, a nossa belíssima Ban<strong>de</strong>ira Municipal que queriam<br />

modificar:<br />

Figura 3 – a Ban<strong>de</strong>ira Municipal<br />

Fonte: www.anapolis.go.gov.br, 2010.<br />

41


Fomos bastante incisivos na redação do Veto e chamamos à<br />

responsabilida<strong>de</strong> todos os Senhores Edis para a iconoclastia que estavam<br />

praticando, <strong>de</strong>sprezando todo um passado da história <strong>de</strong> nossa cida<strong>de</strong>,<br />

consubstanciado naqueles símbolos autênticos que estavam em nosso<br />

estandarte: a estrela <strong>de</strong> cinco pontas, <strong>de</strong> prata; o fuso matriarcal <strong>de</strong> sable<br />

preto; a faixa on<strong>de</strong>ada <strong>de</strong> prata; o arado manual; a roda <strong>de</strong>ntada; o capacete<br />

<strong>de</strong> Mercúrio; os ramos <strong>de</strong> cereais que facilmente vicejam nesta terra, além <strong>de</strong><br />

uma coroa encimando tudo, como sendo nossa cida<strong>de</strong> uma rainha nesta<br />

região...<br />

Consi<strong>de</strong>rações finais<br />

Não <strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong> dizer-lhes que “A Tradição, que é apanágio dos povos<br />

mais adiantados e cultos, foi fria e cruelmente violentada, porquanto se atacou<br />

o que a Vila <strong>de</strong> Santana das Antas, o chão <strong>de</strong> Gomes <strong>de</strong> Sousa Ramos, tem <strong>de</strong><br />

mais perpétuo: o seu estandarte-escudo, on<strong>de</strong> se reflete todo um passado<br />

in<strong>de</strong>lével”.<br />

Po<strong>de</strong>mos dizer que, felizmente, esse “minuto” em nossa História durou<br />

apenas vinte dias, somados os dias <strong>de</strong> tramitação dos processos com os<br />

quinze que a lei dá para a contestação, “in casu”, o vitorioso Veto, cujo<br />

conteúdo tocou profundamente a alma dos Senhores Vereadores que se<br />

opunham ao alcai<strong>de</strong> anapolino, o Prefeito Olímpio Ferreira Sobrinho.<br />

Referências:<br />

BORGES, H.C. História <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>. Goiânia, Editora Cerne, 1975.<br />

CUNHA, S.S. Dicionário compacto do direito. São Paulo: Saraiva, 2009.<br />

Jornal “Correio do Planalto”, <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1983.<br />

Jornal “Folha <strong>de</strong> Goiás”, <strong>de</strong> 1983 (recorte contido no acervo do Museu Histórico “Al<strong>de</strong>rico<br />

Borges <strong>de</strong> Carvalho”).<br />

LOPES, R.O. Pequena história <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>. In: Jornal “O <strong>Anápolis</strong>”, <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1962.<br />

PREFEITURA MUNICIPAL DE ANÁPOLIS, Oficio nº. 388 / 1983 – Gabinete do Prefeito,<br />

PGM/ROL/RSB.<br />

Site: www.anapolis.go.gov.br. Acesso em 07/12/ 2010.<br />

42


A VISIBILIDADE EVANGÉLICA NO MEIO SOCIAL<br />

ANAPOLINO<br />

SANDRA CORRÊA MATOS <br />

Resumo: O texto apresenta um breve histórico do <strong>de</strong>senvolvimento das principais instituições<br />

<strong>de</strong> cunho evangélico que se constituíram em <strong>Anápolis</strong> a partir da década <strong>de</strong> 1920. A forte<br />

presença <strong>de</strong>sse segmento religioso na socieda<strong>de</strong> anapolina se consolidou principalmente<br />

através <strong>de</strong> serviços relacionados à saú<strong>de</strong> e à educação, mas há <strong>de</strong> se notar a presença do<br />

mesmo em outros setores sociais, contribuindo, <strong>de</strong>sse modo, para proporcionar uma<br />

expressiva visibilida<strong>de</strong> social do protestantismo na cida<strong>de</strong>.<br />

Palavras chave: Protestantismo, influência social e educacional.<br />

Introdução<br />

D<br />

es<strong>de</strong> sua origem, <strong>Anápolis</strong> tem sido caracterizada pela forte<br />

influência religiosa em seu contexto social. A formação do<br />

povoado do qual resultou na constituição da cida<strong>de</strong> esteve<br />

ligada as práticas do catolicismo. De acordo com Polonial (2007), por volta <strong>de</strong><br />

1833, um dos fazen<strong>de</strong>iros, o Sr. Manoel Rodrigues dos Santos, passou a<br />

realizar anualmente novenas, orações e festas em homenagem a Santana em<br />

sua proprieda<strong>de</strong>, atraindo, <strong>de</strong>sta forma, parentes e amigos para a região. Dos<br />

primórdios até por volta da primeira década do século XX o catolicismo era a<br />

religião predominante nesta localida<strong>de</strong>.<br />

A cida<strong>de</strong> que surgiu da <strong>de</strong>voção a Santana ao poucos assistiu a<br />

inserção <strong>de</strong> outras doutrinas religiosas, como foi o caso do protestantismo 2 . A<br />

visibilida<strong>de</strong> social que este segmento religioso tem apresentado levou a muitos<br />

a <strong>de</strong>nominar <strong>Anápolis</strong>, como “cida<strong>de</strong> evangélica” 3 .<br />

A partir da década <strong>de</strong> 1920, a composição religiosa <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong><br />

começou a alterar. Evi<strong>de</strong>nciaram-se as primeiras famílias seguidoras do<br />

<br />

Historiadora (UEG), Mestre em Sociologia (UFG) e Professora <strong>de</strong> História da Re<strong>de</strong> Municipal<br />

e Estadual <strong>de</strong> Ensino <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>.<br />

2<br />

O protestantismo, como movimento religioso, possui características diversas e para estudá-lo<br />

as ciências propõem a subdivisão do mesmo em tradicionais, pentecostais e neopentecostais.<br />

No entanto, para o fim que se propõe este artigo, o mesmo será tratado como um grupo único<br />

em oposição as outras religiões existentes, e também utilizado o termo evangélico como<br />

sinônimo, uma vez que “é uma categoria corretamente utilizada que abrange crentes <strong>de</strong> todas<br />

as <strong>de</strong>nominações” Novaes (1985, p. 47) .<br />

3<br />

Este título foi utilizado por Pereira (1988) para caracterizar <strong>Anápolis</strong>.<br />

43


protestantismo nesta localida<strong>de</strong> 4 . No primeiro momento, os protestantes, por<br />

ser uma minoria numa socieda<strong>de</strong> hegemonicamente católica, eram muitas<br />

vezes tratados com certo preconceito por parte <strong>de</strong> alguns moradores, que os<br />

<strong>de</strong>nominavam <strong>de</strong> “quebra-santos” (MATOS, 2001).<br />

O pioneirismo<br />

Embora a história registre a presença protestante em <strong>Anápolis</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os<br />

primeiros anos da década <strong>de</strong> 1920, não existem dados sobre o trabalho <strong>de</strong><br />

propagação <strong>de</strong>sta doutrina religiosa na primeira parte daquele período. Os<br />

relatos que contam o início do trabalho missionário em <strong>Anápolis</strong> adotam como<br />

marco inicial o ano <strong>de</strong> 1925, após a chegada do casal Fanstone, James<br />

Fanstone e Ethel Marguerite Pastefil<strong>de</strong>m, conhecida como dona Dayse,<br />

missionários evangélicos ligados à União Evangélica Sul-Americana (UESA),<br />

que vieram com o objetivo exclusivo <strong>de</strong> propagar o protestantismo (Ibi<strong>de</strong>m).<br />

James Fanstone era brasileiro, mas havia sido educado na Inglaterra. Era filho<br />

<strong>de</strong> missionários ingleses (Reverendo James Fanstone e Elizabeth Baird) que<br />

haviam atuado na região norte do Brasil em fins do século XIX.<br />

Em <strong>Anápolis</strong>, o casal Fanstone passou a celebrar cultos em sua própria<br />

residência, <strong>de</strong>pois alugou alguns imóveis especialmente para esses fins, o que<br />

<strong>de</strong>u origem a primeira igreja evangélica da cida<strong>de</strong>. Concomitante a este<br />

trabalho <strong>de</strong> evangelização, James Fanstone fundou em 1927 o Hospital<br />

Evangélico Goiano (HEG), o primeiro hospital <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>.<br />

O HEG foi i<strong>de</strong>alizado pelo seu fundador para ser uma instituição médico-<br />

hospitalar <strong>de</strong> cunho religioso e preconizador da doutrina protestante. Mesmo<br />

sendo uma instituição privada, durante muito tempo o HEG “tratou ou operou<br />

todos os missionários, pastores e evangelistas e suas famílias, inteiramente<br />

grátis” (BORGES, 1975, p. 111). Por este motivo e pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

tratamento <strong>de</strong> diversas enfermida<strong>de</strong>s, o hospital atraiu protestantes <strong>de</strong> outras<br />

localida<strong>de</strong>s e também pessoas que não professavam a fé evangélica. No HEG,<br />

o ambiente era preparado para a evangelização. Cultos matinais eram<br />

realizados todos os dias, havia uma Bíblia em cada leito, os pacientes<br />

4 Segundo Ferreira (1979), essas famílias eram a <strong>de</strong> Getúlio <strong>de</strong> Melo, <strong>de</strong> Jeremias Esteves, <strong>de</strong><br />

Jarbas Jaime, <strong>de</strong> Arinesto <strong>de</strong> Oliveira Pinto, <strong>de</strong> Amazílio Lino <strong>de</strong> Souza.<br />

44


ecebiam visitas <strong>de</strong> “profissionais-religiosos” e, posteriormente, uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

televisão interna, passou a transmitir programas evangélicos (MATOS, 2001).<br />

O trabalho <strong>de</strong> propagação do protestantismo realizado por esta instituição foi<br />

anterior ao realizado por igrejas evangélicas oficiais. Por este motivo, o HEG é<br />

consi<strong>de</strong>rado pioneiro na divulgação da fé protestante em <strong>Anápolis</strong>. Após este,<br />

outras instituições vinculadas a este seguimento religioso foram se formando<br />

na cida<strong>de</strong>.<br />

Templos religiosos<br />

As primeiras famílias <strong>de</strong> evangélicos <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> só passaram a contar<br />

com templo religioso após 1925, organizado pelo casal Fanstone conforme foi<br />

mencionado anteriormente. Após a estruturação <strong>de</strong>ste templo evangélico em<br />

<strong>Anápolis</strong>, a Igreja Presbiteriana <strong>de</strong> Bonfim, atual Silvânia, assumiu a<br />

organização dos trabalhos evangelísticos. Em Bonfim, a igreja evangélica sofria<br />

muitas perseguições <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m religiosa. Por este motivo, os lí<strong>de</strong>res da Igreja<br />

Presbiteriana <strong>de</strong>cidiram transferir, em 1930, a se<strong>de</strong> da <strong>de</strong>nominação para<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>, marcando a organização eclesiástica e oficial da primeira<br />

igreja evangélica na cida<strong>de</strong>, a Igreja Presbiteriana In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>.<br />

Durante alguns anos esta era a única igreja evangélica da cida<strong>de</strong> e todos os<br />

moradores que pertenciam ao segmento evangélico a freqüentavam.<br />

A partir da década <strong>de</strong> 1940 outras <strong>de</strong>nominações evangélicas foram se<br />

estruturando em <strong>Anápolis</strong>. No ano <strong>de</strong> 1943, foi organizada pelo Reverendo<br />

Severino <strong>de</strong> Araújo a Primeira Igreja Batista <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>. Um ano <strong>de</strong>pois, em<br />

1944, sob a li<strong>de</strong>rança do Reverendo Arthur Wesley Archibald, missionário<br />

norte-americano, alguns membros ligados à Igreja Presbiteriana In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

resolveram <strong>de</strong>smembrar-se <strong>de</strong>sta e fundar a Igreja Cristã Evangélica <strong>de</strong><br />

<strong>Anápolis</strong>. Em 1947, a Igreja Presbiteriana In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte sofreu novo<br />

<strong>de</strong>smembramento. Sob a li<strong>de</strong>rança do Reverendo David Williansom foi criada a<br />

Igreja Presbiteriana do Brasil - Congregação <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>. No ano 1948, foi<br />

fundada a Igreja Metodista <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>, sob a organização do representante<br />

distrital <strong>de</strong>sta <strong>de</strong>nominação evangélica, o Reverendo Charles Alexandre Long<br />

que pastoreou esta igreja nos primeiros anos (SOBRINHO, 1997). A partir da<br />

45


formação <strong>de</strong>ssas igrejas, estavam instaladas em <strong>Anápolis</strong> as principais<br />

<strong>de</strong>nominações evangélicas da vertente tradicional.<br />

Neste mesmo período, estabeleceu-se em <strong>Anápolis</strong> a primeira igreja<br />

evangélica pertencente à vertente pentecostal, Assembléia <strong>de</strong> Deus,<br />

organizada pelo senhor Antônio Inácio <strong>de</strong> Freitas, ex-membro da Igreja<br />

Presbiteriana que a<strong>de</strong>riu ao pentecostalismo. Porém, na década <strong>de</strong> 1960, a<br />

Igreja Assembléia <strong>de</strong> Deus sofreu algumas alterações em seus estatutos, o que<br />

<strong>de</strong>sagradou parte <strong>de</strong> seus integrantes. O resultado foi a <strong>de</strong>svinculação e a<br />

organização, em 1968, <strong>de</strong> outro ministério <strong>de</strong>sta <strong>de</strong>nominação, a Assembléia<br />

<strong>de</strong> Deus Ministério Madureira (LIMA, s.d.). Portanto, as Igrejas Assembléia <strong>de</strong><br />

Deus ministério <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> e o ministério Madureira foram pioneiras da<br />

vertente pentecostal em <strong>Anápolis</strong>. É oportuno mencionar que o maior templo<br />

religioso da cida<strong>de</strong> e um dos maiores da América Latina é a Matriz da Igreja<br />

Assembléia <strong>de</strong> Deus Ministério <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>, construído para sediar a<br />

Convenção Nacional das Assembléias <strong>de</strong> Deus, em 1985 (PEREIRA, 1988).<br />

Com o passar do tempo, novos ministérios ligados à Assembléia <strong>de</strong><br />

Deus foram se estruturando em <strong>Anápolis</strong> e outras <strong>de</strong>nominações pertencentes<br />

à vertente pentecostal foram surgindo. Em 1960, o Reverendo Onésimo Barros,<br />

missionário vindo <strong>de</strong> São Paulo, organizou a Igreja do Evangelho Quadrangular<br />

(SIQUEIRA, 2000). Na década <strong>de</strong> 1970 surgiu a Igreja do Movimento<br />

Missionário, criada pelo Reverendo Benedito Sant‟Ana, membro dissi<strong>de</strong>nte da<br />

Igreja do Evangelho Quadrangular em <strong>Anápolis</strong>. Mais tar<strong>de</strong>, surgiram a Igreja<br />

Cristã Evangélica do Avivamento, Igreja Pentecostal Chama do Espírito Santo,<br />

Igreja Pentecostal O Brasil para Cristo, Igreja Pentecostal Escon<strong>de</strong>rijo do<br />

Altíssimo, Igreja Pentecostal Deus é Amor e outras pentecostais (Ibi<strong>de</strong>m).<br />

Já as igrejas ligadas ao neopentecostalismo estruturaram-se em<br />

<strong>Anápolis</strong> a partir da década <strong>de</strong> 1990, com a Igreja Universal do Reino <strong>de</strong> Deus.<br />

Depois foram surgindo outras <strong>de</strong>nominações como Luz para os Povos, Sara<br />

Nossa Terra, Fonte da Vida, Internacional da Graça e Internacional da<br />

Renovação. A implantação das diversas <strong>de</strong>nominações protestantes <strong>de</strong>u<br />

origem a vários templos religiosos <strong>de</strong>sses segmentos espalhados em<br />

diferentes pontos <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>. De acordo com o Guia dos Evangélicos<br />

Anapolinos, havia 372 templos evangélicos na cida<strong>de</strong> no ano 2004, quando foi<br />

feito o levantamento.<br />

46


Escolas e faculda<strong>de</strong>s<br />

Em 1932, o casal Fanstone, juntamente com Carlos Pereira Magalhães,<br />

fundou a primeira escola confessional evangélica na cida<strong>de</strong>, o Colégio Couto<br />

Magalhães (MATOS, 2001). Aqueles estavam preocupados com a qualida<strong>de</strong><br />

do ensino formal que era oferecido às crianças evangélicas da região e <strong>de</strong><br />

outras localida<strong>de</strong>s, pois até o início da década <strong>de</strong> 1930 só existia um grupo<br />

escolar que ministrava aulas <strong>de</strong> ensino religioso e cujo conteúdo centrava-se<br />

na doutrina católica, embora a Constituição brasileira do início do século XX<br />

tornava facultativo o ensino religioso e <strong>de</strong> acordo com a confissão dos alunos<br />

<strong>de</strong>clarada pelos pais. (SOBRINHO, 1997). O Colégio Couto Magalhães foi a<br />

solução para o problema da educação formal <strong>de</strong>stinada aos evangélicos em<br />

<strong>Anápolis</strong>. “O Colégio Couto Magalhães iniciou suas ativida<strong>de</strong>s como uma<br />

escola simples e humil<strong>de</strong>, e <strong>de</strong>pois cresceu, e em pouco tempo tornou-se uma<br />

das instituições educacionais mais respeitadas pela socieda<strong>de</strong> anapolina”<br />

(Ibi<strong>de</strong>m, p. 108).<br />

Além do Colégio Couto Magalhães, pioneiro na educação confessional<br />

em <strong>Anápolis</strong>, em 1933 foi criada a Escola <strong>de</strong> Enfermagem “Florence<br />

Naghtingale” para a formação <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra qualificada e para suprir a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> profissionais no HEG. Com o tempo, outras instituições<br />

educacionais ligadas ao segmento evangélico foram surgindo na cida<strong>de</strong>, como<br />

a Escola Evangélica Adonai, Escola Bom Samaritano, Escola Adventista Dr.<br />

Ama<strong>de</strong>us Machado, Escola Dayse Fanstone, Colégio Quadrangular e Escola El<br />

Shaday (Guia dos evangélicos <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>, 2005).<br />

Ainda nas primeiras décadas <strong>de</strong> inserção protestante no meio<br />

educacional anapolino foi organizada a Associação Educativa Evangélica, que<br />

tinha como objetivo manter a obra iniciada pelo Colégio Couto Magalhães e<br />

difundir o protestantismo em todos os níveis <strong>de</strong> ensino. Aquela foi criada para<br />

ser uma entida<strong>de</strong> inter<strong>de</strong>nominacional, composta por membros das Igrejas<br />

Presbiteriana do Brasil, Presbiteriana In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, Batista <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>, Cristã<br />

Evangélica <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> e Metodista, sem fins lucrativos e com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

fundar e manter unida<strong>de</strong>s em outras localida<strong>de</strong>s, rurais ou urbanas (ABREU,<br />

1997). De acordo com seu estatuto, a Associação Educativa Evangélica era<br />

47


uma socieda<strong>de</strong> civil com orientação “francamente Cristã Evangélica”<br />

(ESTATUTOS DA ASSOCIAÇÃO EDUCATIVA EVANGÉLICA, 1947). Isto<br />

<strong>de</strong>veria ocorrer por meio da realização <strong>de</strong> cultos nas unida<strong>de</strong>s, orações diárias,<br />

palestras, estudos, aulas <strong>de</strong> ensino religioso, seminários e orientação espiritual<br />

(ABREU, 1997).<br />

Inicialmente a Associação Educativa Evangélica era integrada pelo<br />

Colégio Couto Magalhães, o Colégio Álvaro <strong>de</strong> Melo, criado em Ceres no ano<br />

<strong>de</strong> 1947, e o Instituto Bíblico Goiano. Depois da década <strong>de</strong> 1960, a Associação<br />

Educativa Evangélica passou a investir em ensino superior e criou a primeira<br />

instituição <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> <strong>de</strong>stinada à formação <strong>de</strong> professores e a pioneira na<br />

região Centro-Oeste <strong>de</strong> cunho confessional evangélico, a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Filosofia “Bernardo Sayão” (Ibi<strong>de</strong>m). Em 1968, foi criada a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Direito, em 1971, a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Odontologia João Pru<strong>de</strong>nte, em 1998,<br />

criados os cursos <strong>de</strong> Enfermagem, Educação Física, Administração <strong>de</strong><br />

Empresas e Fisioterapia, alguns cursos <strong>de</strong> pós-graduação Lato Sensu e Stricto<br />

Sensu. No ano <strong>de</strong> 2002, a entida<strong>de</strong> fundou a Faculda<strong>de</strong> Raízes, com o curso<br />

<strong>de</strong> Direito.<br />

Seminários Teológicos<br />

A preparação formal <strong>de</strong> preletores evangélicos na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong><br />

iniciou-se com o Instituto Bíblico Goiano (IBG), criado em 1938 pelo reverendo<br />

norte-americano Arthur Wesley Archibald. No ano <strong>de</strong> 1948 o IBG passou a<br />

integrar à Associação Educativa Evangélica, permanecendo vinculada a esta<br />

entida<strong>de</strong> até o ano <strong>de</strong> 1960. Após esta data o Instituto Bíblico Goiano passou a<br />

ser mantido pela Igreja Cristã Evangélica do Brasil, <strong>de</strong>nominando-se Seminário<br />

Bíblico Goiano. A partir <strong>de</strong> 1990, passou a ser Seminário Teológico Cristão<br />

Evangélico do Brasil (SETECEB), com se<strong>de</strong> em <strong>Anápolis</strong> e extensões em<br />

Goiânia, São Luís <strong>de</strong> Montes Belos, Catalão, Distrito Fe<strong>de</strong>ral, São Paulo,<br />

Imperatriz, Mossoró, Fortaleza e São José dos Campos, oferecendo os cursos<br />

básicos para lí<strong>de</strong>res, em nível médio, bacharelado em Teologia, Educação<br />

Cristã, Missiologia, pós-graduação Lato Sensu e Stricto Sensu (SEMINÁRIO<br />

TEOLÓGICO CRISTÃO DO BRASIL, 2005/2006).<br />

48


Ao longo do tempo, outras instituições <strong>de</strong> ensino teológico pertencentes<br />

ao segmento religioso surgiram em <strong>Anápolis</strong>. No ano <strong>de</strong> 1992, foi criado o<br />

Instituto Bíblico <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>, mantido pela Igreja Assembléia <strong>de</strong> Deus Ministério<br />

In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. Em 1997, foi fundada a extensão do Seminário Teológico<br />

Batista Nacional (SETEBAN) e o Seminário Presbiteriano Renovado do Brasil<br />

Central; em 1993 foi criada a extensão do Instituto Teológico Quadrangular<br />

(ITQ) na cida<strong>de</strong> e, em 1995, foi criado o Instituto Bíblico Palavra e Vida,<br />

entida<strong>de</strong> mantida pela Igreja Evangélica Vida.<br />

Entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Filantropia e Assistência Social<br />

Em 1957, o Abrigo Cristão Evangélico, criado em Goiânia no ano <strong>de</strong><br />

1951, transferiu-se para <strong>Anápolis</strong>. Na década <strong>de</strong> 1970, o Abrigo Cristão<br />

Evangélico passou a <strong>de</strong>nominar-se Instituto Cristão Evangélico <strong>de</strong> Goiás<br />

(ICEG). A finalida<strong>de</strong> do ICEG tem sido <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r crianças e adolescentes <strong>de</strong> 0<br />

a 18 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, órfãos, abandonados, vítimas <strong>de</strong> maus tratos, violência,<br />

abusos e explorações, ou carentes que estejam em situação <strong>de</strong> risco no<br />

convívio com suas famílias (INSTITUTO CRISTÃO EVANGÉLICO DE GOIÁS,<br />

2001).<br />

Em 1993, foi criada outra instituição que abriga menores, o Instituto Luz<br />

<strong>de</strong> Jesus, mantido por diversas <strong>de</strong>nominações e pelas doações da comunida<strong>de</strong><br />

em geral. Além <strong>de</strong> ajuda a menores, há também uma preocupação em resgatar<br />

indivíduos adultos marginalizados socialmente.<br />

Com o objetivo <strong>de</strong> recuperar, reintegrar e evangelizar moradores <strong>de</strong> rua<br />

foi criada em <strong>Anápolis</strong>, no ano <strong>de</strong> 1983, pelo Reverendo Wildo Gomes dos<br />

Anjos a Missão Vida, uma instituição <strong>de</strong> cunho confessional evangélico, <strong>de</strong><br />

caráter filantrópico e inter<strong>de</strong>nominacional, mantida por várias igrejas<br />

evangélicas: Presbiterianas, Assembléias <strong>de</strong> Deus, Cristãs Evangélicas,<br />

Batistas, Metoditas, por doações individuais e empresariais. Esta é consi<strong>de</strong>rada<br />

o primeiro centro brasileiro especializado na recuperação <strong>de</strong> moradores <strong>de</strong> rua.<br />

A se<strong>de</strong> da Missão Vida localiza-se em sua cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> origem, conta atualmente<br />

com núcleos nas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Cocalzinho, Goiás e Sobradinho, Distrito Fe<strong>de</strong>ral.<br />

A referida entida<strong>de</strong> realiza também outros trabalhos <strong>de</strong> assistência social como<br />

o Programa Sopa, Sabão e Salvação (MISSÃO VIDA, s.d.).<br />

49


Em <strong>Anápolis</strong> também surgiram instituições <strong>de</strong> cunho evangélico<br />

preocupadas com a recuperação <strong>de</strong> usuários <strong>de</strong> drogas como a Casa <strong>de</strong><br />

Recuperação Príncipe da Paz, criada por Rosângela José <strong>de</strong> Souza, em 1991,<br />

o Centro <strong>de</strong> Paz Interior (CEPAI), criado em 1992 por Irany Jacomossi, e a<br />

Al<strong>de</strong>ia da Paz, criada pelo pastor Antônio Clécio Pereira, em 1998. Estas são<br />

<strong>de</strong> caráter inter<strong>de</strong>nominacional, filantrópicas e oferecem terapias espirituais,<br />

ocupacionais e a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ressocialização aos internos. Além do<br />

trabalho <strong>de</strong> recuperação <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes químicos, existe em <strong>Anápolis</strong> um<br />

albergue, o Bom Samaritano, criado em 1959 e mantido por membros ligados à<br />

Igreja Presbiteriana <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>, e um asilo para idosos, Monte Sinai, mantido<br />

pela Igreja Cristã Evangélica do Brasil.<br />

Outra instituição histórica <strong>de</strong> cunho evangélico localizada em <strong>Anápolis</strong> é<br />

a Missão Asas <strong>de</strong> Socorro, conhecida como a única organização no Brasil que<br />

opera uma estrutura <strong>de</strong> aviação com objetivos assistenciais e filantrópicos. A<br />

“Asas <strong>de</strong> Socorro” tem origem norte-americana. Os missionários norte-<br />

americanos vinculados a “Asas <strong>de</strong> Socorro” analisaram o território brasileiro e<br />

concluíram que o melhor local para estabelecer a se<strong>de</strong> da instituição seria a<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> <strong>de</strong>vido a “sua ótima localização em relação às tribos mais<br />

trabalhadas e principalmente pela presença em <strong>Anápolis</strong> do Dr. James<br />

Fanstone que tinha visão missionária e po<strong>de</strong>ria dar apoio através <strong>de</strong> seu<br />

hospital na cida<strong>de</strong> (Hospital Evangélico Goiano) e através <strong>de</strong> sua influência na<br />

socieda<strong>de</strong> anapolina e em sua comunida<strong>de</strong> evangélica” (OLIVEIRA, 1999, p.<br />

18).<br />

Em 1959, a missão “Asas <strong>de</strong> Socorro” organizou uma oficina <strong>de</strong> aviação<br />

em <strong>Anápolis</strong>, consi<strong>de</strong>rada a primeira oficina <strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong> aviões do<br />

Centro-Oeste, para realizar a manutenção aos aviões que a esta pertencia.<br />

Porém, o processo <strong>de</strong> legalização <strong>de</strong>sta entida<strong>de</strong> como socieda<strong>de</strong> civil,<br />

religiosa e filantrópica foi lento e só se concretizou em 1964. A missão “Asas <strong>de</strong><br />

Socorro” criou no ano <strong>de</strong> 1972 uma Escola <strong>de</strong> Aviação com o objetivo <strong>de</strong><br />

formar pilotos e mecânicos missionários.<br />

Ao longo <strong>de</strong> sua existência, a missão Asas <strong>de</strong> Socorro tem procurado<br />

aten<strong>de</strong>r os grupos indígenas, sertanejos e ribeirinhos que vivem nas<br />

comunida<strong>de</strong>s isoladas no interior do Brasil, realizando ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> assistência<br />

50


social, espiritual, médico-odontológica, educacional e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> preventiva.<br />

(ASAS DE SOCORRO, s.d.).<br />

A Missão Novas Tribos do Brasil também se <strong>de</strong>staca no trabalho<br />

assistencial <strong>de</strong> cunho protestante. Foi criada em Goiânia, no ano <strong>de</strong> 1953 e<br />

transferiu-se para <strong>Anápolis</strong> em 1990. O objetivo da Missão Novas Tribos do<br />

Brasil é semelhante ao da Asas <strong>de</strong> Socorro, prestar assistência nas áreas da<br />

saú<strong>de</strong>, educação, <strong>de</strong>senvolvimento comunitário e espiritual, porém difere por<br />

priorizar o atendimento aos grupos étnicos minoritários do Brasil.(MISSÃO<br />

NOVAS TRIBOS DO BRASIL, s.d.).<br />

Foi também em <strong>Anápolis</strong> que surgiu a única entida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cunho<br />

evangélico a realizar ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> assistência social às viúvas no país, a<br />

Associação Evangélica das Viúvas do Brasil, criada pelas senhoras Doralice<br />

Ferreira Ramos, Maria da Conceição Caldas, Maria Vicente dos Santos,<br />

Cleomar Luiza Menezes e Nadir <strong>de</strong> Souza Andra<strong>de</strong> no ano <strong>de</strong> 1994. A se<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sta entida<strong>de</strong> localiza-se na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> e possui extensões nas<br />

cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Goiânia e Caldas Novas. A Associação Evangélica das Viúvas do<br />

Brasil é uma instituição inter<strong>de</strong>nominacional, filantrópica, que tem por objetivo<br />

aten<strong>de</strong>r as viúvas <strong>de</strong> baixa renda em <strong>Anápolis</strong> e em Goiás. A associação<br />

oferece a estas mulheres alimentos, medicamentos, atendimentos médico,<br />

odontológico, psicológico, jurídico (ASSOCIAÇÃO EVANGÉLICA DAS VIÚVAS<br />

DO BRASIL, s.d.).<br />

Outras associações <strong>de</strong> cunho religioso evangélico sem fins assistenciais<br />

formaram-se em <strong>Anápolis</strong>. No meio militar foi criada a União <strong>de</strong> Militares<br />

Cristãos Evangélicos da Base Aérea <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> (UMCEBAAN), criada em<br />

1979 e associou-se à União <strong>de</strong> Militares Cristãos Evangélicos do Brasil<br />

(UMCEB) em 2001 5 . A UMCEBAAN tem caráter inter<strong>de</strong>nominacional e objetivo<br />

principal, congregar os militares, funcionários civis e seus familiares para o<br />

estudo e a prática da doutrina cristã e realizar orações para as autorida<strong>de</strong>s<br />

constituídas.<br />

5 A União <strong>de</strong> Militares Cristãos Evangélicos do Brasil (UMCEB) surgiu em 1985 com a intenção<br />

<strong>de</strong> organizar e coor<strong>de</strong>nar entida<strong>de</strong>s paraeclesiásticas com visão missionária e <strong>de</strong> integração<br />

para momentos <strong>de</strong> orações entre o grupo em quartéis e bases militares brasileiras. O precursor<br />

do trabalho realizado pela UMCEB foi a Associação <strong>de</strong> Oficiais Cristãos (AOC), criado em 1979<br />

(UNIÃO DE MILITARES CRISTÃOS EVANGÉLICOS DO BRASIL, s.d.).<br />

51


Consi<strong>de</strong>rações finais<br />

A investida <strong>de</strong> James Fanstone na organização <strong>de</strong> uma instituição <strong>de</strong><br />

cunho protestante em <strong>Anápolis</strong> na década <strong>de</strong> 1920 foi o ponto <strong>de</strong> partida para a<br />

nova visibilida<strong>de</strong> dos evangélicos na cida<strong>de</strong> a partir <strong>de</strong> então. Serviços<br />

essenciais a uma socieda<strong>de</strong>, como saú<strong>de</strong> e educação, passaram a ser<br />

oferecidos nesta localida<strong>de</strong> em instituições ligadas a esse segmento religioso.<br />

Aos poucos o segmento passou a <strong>de</strong>monstrar sua força <strong>de</strong> atuação também<br />

em outras áreas, como na assistência social, confirmando <strong>de</strong>sse modo a sua<br />

presença na configuração do espaço social anapolino.<br />

Além <strong>de</strong>ssas instituições e entida<strong>de</strong>s que se formaram e consolidaram,<br />

há também que se consi<strong>de</strong>rar a visibilida<strong>de</strong> do protestantismo nas fachadas<br />

comerciais anapolinas, como “Leia Moda Evangélica, Livraria Evangélica<br />

Getsemani, Sorveteria Evangélica, Farmácia Evangélica”, e outras. A<br />

percepção da influência <strong>de</strong>sse segmento religioso nos diversos campos <strong>de</strong><br />

atuação tem contribuído para que o senso comum leve a intitular <strong>Anápolis</strong><br />

como “cida<strong>de</strong> evangélica”. No entanto, a utilização <strong>de</strong> tal título requer cuidado,<br />

pois vários fatores <strong>de</strong>vem ser levados em consi<strong>de</strong>ração, como por exemplo o<br />

número <strong>de</strong> seguidores <strong>de</strong>ssa doutrina, não se restringindo apenas à ocupação<br />

do espaço geográfico e social da cida<strong>de</strong>.<br />

Referências:<br />

ABREU, S.E. A criação da faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> filosofia “Bernardo Sayão” e o protestantismo em<br />

<strong>Anápolis</strong>. Goiânia, dissertação (mestrado), FE/UFG, 1997.<br />

ASSOCIAÇÃO EVANGÉLICA DE VIÚVAS DO BRASIL. Nossa história. In: Portal AEVB,<br />

<strong>Anápolis</strong>, (s.d.). Disponível em: Acesso em 20/01/2008.<br />

ASAS DE SOCORRO. Nossa história. Estrutura. In: Portal Asas <strong>de</strong> Socorro, <strong>Anápolis</strong>, (s.d.).<br />

Disponível em: Acesso em 06 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong><br />

2008.<br />

BORGES, H.C. História <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>. Goiânia, Editora Cerne, 1975.<br />

ESTATUTOS DA ASSOCIAÇÃO EDUCATIVA EVANGÉLICA. 22 maio <strong>de</strong> 1947.<br />

FERREIRA, H.J. <strong>Anápolis</strong>: Sua Vida, Seu Povo. Brasília: edição do autor, 1979.<br />

GUIA DOS EVANGÉLICOS DE ANÁPOLIS 2004/2005 – Catálogo informativo produzido pela<br />

Missão Vida.<br />

52


INSTITUTO CRISTÃO EVANGÉLICO DE GOIÁS. Resumo do Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s do<br />

ICEG – Apresentado no Concílio 2001. Disponível em:<br />

Acesso em 08/12/2007.<br />

MATOS, S.C. Hospital Evangélico Goiano: Ação Missionária e Estrutura <strong>de</strong> Po<strong>de</strong>r. <strong>Anápolis</strong><br />

(monografia <strong>de</strong> graduação em História) Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Goiás,<br />

2001.<br />

MISSÃO NOVAS TRIBOS DO BRASIL. Quem somos. In: Portal Novas Tribos, Goiás, (s.d.).<br />

Disponível em: Acesso em 11/0/2008.<br />

MISSÃO VIDA. Ministérios. In: Portal Missão Vida, <strong>Anápolis</strong>, (s.d.). Disponível em: Acesso em 08/02/2008.<br />

NOVAES, R.R. Os Escolhidos <strong>de</strong> Deus – pentecostais, trabalhadores e cidadania. Marco<br />

Zero: <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong>s do ISER, nº 19, 1985.<br />

OLIVEIRA, Z.P. História e análise do movimento missionário em <strong>Anápolis</strong>. <strong>Anápolis</strong><br />

(monografia <strong>de</strong> graduação em História) Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Goiás, 1999.<br />

PEREIRA, N. <strong>Anápolis</strong>: Capital Evangélica do Brasil. Revista Imagem Atual. <strong>Anápolis</strong>, Ano V nº<br />

48, 1988, pp. 14-19.<br />

POLONIAL, J.M. Introdução à história política <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> (1819-2007). <strong>Anápolis</strong>: Edição do<br />

Autor, 2007.<br />

SEMINÁRIO TEOLÓGICO CRISTÃO EVANGÉLICO DO BRASIL. Manual <strong>de</strong> Cursos 2005-<br />

2006.<br />

SOBRINHO, O.F. Meio século formando gerações. Goiás, Editora AEE, 1997.<br />

UNIÃO DE MILITARES CRISTÃOS EVANGÉLICOS DO BRASIL. Histórico. In: Portal UMCEB,<br />

(s.d.). Disponível em: Acesso<br />

em 26/02/2008.<br />

53


NO AR... A HISTÓRIA DO RÁDIO ANAPOLINO<br />

JOSÉ CUNHA GONÇALVES <br />

Resumo: O rádio tem uma importância muito gran<strong>de</strong> na nossa cida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> modo que o texto<br />

apresentado busca historiar a trajetória <strong>de</strong>sse meio <strong>de</strong> comunicação em <strong>Anápolis</strong>. Tal trajetória<br />

será traçada a partir da <strong>de</strong>scrição pormenorizada das emissoras <strong>de</strong> rádio anapolinas.<br />

Palavras-chave: Emissoras <strong>de</strong> rádio, <strong>Anápolis</strong>, trajetória histórica.<br />

Introdução<br />

A<br />

primeira experiência radiofônica em nossa cida<strong>de</strong> aconteceu<br />

em 1° <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1942, com a instalação da “Amplificadora<br />

Cultural <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>”, criada por iniciativa do juiz <strong>de</strong> Direito<br />

aposentado, Abelardo Velasco. O estúdio foi instalado no 2° andar do Cine<br />

Imperial, na Praça João Pessoa, atual James Fanstone, com potentes alto-<br />

falantes voltados para aquele logradouro público.<br />

A Amplificadora, que era sintonizada por gran<strong>de</strong> parte dos<br />

radiorrecptores existentes na cida<strong>de</strong>, logo se tornou uma espécie <strong>de</strong> "correio<br />

sentimental" dos namorados. Era comum ouvir uma música oferecida à<br />

namorada com a seguinte mensagem: "alguém que oferece a alguém, como<br />

prova <strong>de</strong> muito amor e carinho...”.<br />

Sabemos que alguns profissionais que viriam a aparecer na radiofonia<br />

anapolina passaram pela Amplificadora Cultural, como também pelo serviço <strong>de</strong><br />

alto-falantes da Estação Rodoviária da cida<strong>de</strong>, e mesmo pelos carros <strong>de</strong> som<br />

que faziam propaganda volante <strong>de</strong> lojas comerciais. Assim, vamos realizar a<br />

trajetória do Rádio em <strong>Anápolis</strong> a partir do histórico <strong>de</strong> suas emissoras.<br />

Rádio Carajá<br />

A primeira emissora a entrar no ar em <strong>Anápolis</strong>, <strong>de</strong> forma legal, foi a<br />

Rádio Carajá, fundada por João Simonetti e seu filho Ermetti, que chegaram à<br />

cida<strong>de</strong> em 1945, proce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Bauru (SP). João Simonetti entrou em<br />

contato com o empresário Jonas Duarte, conseguindo um terreno na Avenida<br />

Advogado (OAB/GO 2206) e Radialista, trabalhou na Rádio Imprensa por 49 anos<br />

ininterruptos. Foi um dos fundadores da Rádio FM 100, em 1988.<br />

54


São Francisco, on<strong>de</strong> foram instalados os transmissores da futura rádio. Dois<br />

anos <strong>de</strong>pois, João <strong>de</strong>ixa o filho Ermetti Simonetti no comando da emissora, que<br />

entrou no ar, em caráter experimental, em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1946, tornando-se a<br />

segunda rádio fundada em Goiás 6 .<br />

A Rádio Carajá instalou-se inicialmente em <strong>de</strong>pendências da Casa<br />

O<strong>de</strong>on, mudando em seguida para o prédio ao lado, on<strong>de</strong> funcionava o Banco<br />

do Estado <strong>de</strong> Goiás.<br />

Depois teve seus estúdios na Avenida Goiás, e, por último, na Vila<br />

Jaiara, sob a direção <strong>de</strong> Nilson Silva Rosa, sobrinho-neto do fundador.<br />

Porém, foi em 18 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1947, às 14h, que o locutor paulista Carlos<br />

Fernan<strong>de</strong>s leu pela primeira vez o prefixo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificação da emissora: "Z Y J-<br />

3 - Onda Média - 1480 Kilorertz - RÁDIO CARAJÁ DE ANÁPOLIS - A Voz do<br />

Coração do Brasil”. A música “Acapulco”, com Emilinha Borba, abriu a<br />

programação musical.<br />

Os primeiros diretores da Rádio Carajá, além dos fundadores, foram<br />

Plínio A. Gonzaga Jayme, Eurípe<strong>de</strong>s Gomes <strong>de</strong> Melo, Fernando Cunha Júnior<br />

e Félix Jayme Neto.<br />

A Rádio Carajá ficou conhecida como “a emissora do índio”, slogan<br />

concebido em homenagem à tribo dos Carajás.<br />

Vários programas fizeram muito sucesso no início das ativida<strong>de</strong>s da<br />

Carajá, como o "Calourinhos”, voltado ao público infantil; "Cirquinho do Carijó",<br />

criado e comandado por Antônio Eleutério <strong>de</strong> Oliveira, o popular "Carijó";<br />

"Calouros em Desfile", apresentado por Isac Abrão, com a participação <strong>de</strong> José<br />

Cassemiro, responsável por bater o “tacho” quando os candidatos a cantores<br />

não se apresentavam bem; “A Rodinha do Café”, quadro humorístico produzido<br />

e apresentado por Clóvis Guerra e Geraldo Soares; “Festival RR” e<br />

“Caleidoscópio Musical”, com Rivaldo Rodrigues; “ZYJ-3 na Socieda<strong>de</strong>”, com<br />

as locutoras Anésia Cecílio, Célia Sabag e Valdira <strong>de</strong> Souza; “Um Dia Após<br />

Outro”, crônica redigida e lida por Petrônio Cruz“; “O Mundo no Ar” e o “Gran<strong>de</strong><br />

Informativo J-3”, programas jornalísticos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> audiência, que tiveram<br />

como apresentadores os locutores Juvenal <strong>de</strong> Barros, Eurico <strong>de</strong> Oliveira, Clóvis<br />

6 Em tempo: a primeira emissora instalada no nosso Estado, em julho <strong>de</strong> 1942, foi a Clube <strong>de</strong><br />

Goiânia. Hoje, ela é a 730, antiga Rádio K. A terceira foi a Rádio Xavante <strong>de</strong> Ipameri, fundada<br />

em 1947.<br />

55


Guerra, Geraldo Soares, Amaral Montez, Ge<strong>de</strong>on Camargo, Oliveira Gomes e<br />

Saul Galdino.<br />

Outros profissionais <strong>de</strong> igual valor também precisam ser <strong>de</strong>stacados na<br />

vida administrativa e artística da Carajá: Elídia Simonetti, Alfredo Rosa, Nelson<br />

Eleutério, Hermogênia Eleutério, Altamiro Santos, Juvenal Amaral, Orcalino<br />

Teixeira, Sizenando Carneiro, Castro Alves, José Eugênio, Elias Pereira,<br />

Edileno Gouveia, Fausto Cavalcante, Lineu Gonzaga Jayme e Romualdo<br />

Santillo, que apresentou com gran<strong>de</strong> sucesso, em meados da década <strong>de</strong> 60, o<br />

programa “É Domingo, Minha Gente”.<br />

A Rádio Carajá estruturou nos seus primórdios uma invejável equipe<br />

esportiva, por on<strong>de</strong> passaram profissionais que viriam a brilhar no cenário<br />

nacional, como Waldir Amaral e Antonio Porto, que posteriormente foram os<br />

principais narradores <strong>de</strong> futebol da Rádio Globo do Rio <strong>de</strong> Janeiro e Vilibaldo<br />

Alves, que se tornou locutor esportivo da Rádio Itatiaia <strong>de</strong> Belo Horizonte. A<br />

esses nomes fortes nos esportes da Carajá, somam-se, ainda, os <strong>de</strong> Manoel<br />

<strong>de</strong> Oliveira, José Carlos Rangel, Pedro Sequetto, e mais recentemente os <strong>de</strong><br />

Claudair Nery, Ge<strong>de</strong>on Epaminondas e Elias Abrão.<br />

Hoje, a Carajá não existe mais. Nos anos 1990, a freqüência foi mudada<br />

para 770 Khz, seu nome para Rádio Voz do Coração Imaculado, com o slogan<br />

“no ar para amar”, é dirigida pelos fra<strong>de</strong>s franciscanos da Imaculada, e<br />

<strong>de</strong>senvolve uma programação essencialmente religiosa.<br />

A notícia mais triste nos primeiros anos da Rádio Carajá foi a do<br />

falecimento precoce do seu fundador, Ermetti Simonetti. Ele morreu em<br />

<strong>Anápolis</strong>, em 1951, aos 43 anos, em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>.<br />

Rádio Cultura<br />

No início <strong>de</strong> 1958, a Rádio Cultura começava suas ativida<strong>de</strong>s<br />

radiofônicas, na freqüência <strong>de</strong> 1030 kilorertz, (ZYW-29), fundada por Afonso<br />

Fraga, Álvaro Fraga e Osvaldo Bernar<strong>de</strong>s.<br />

Instalou-se inicialmente na Rua Barão do Rio Branco, entre as Ruas<br />

Engenheiro Portela e 15 <strong>de</strong> Dezembro, no piso superior das Casas Amaralina e<br />

Seis Irmãos, com o slogan "uma voz amiga a serviço <strong>de</strong> um novo Brasil”.<br />

56


Além dos fundadores, a Cultura teve como primeiros diretores os irmãos<br />

Sebastião e Benedito Junqueira e o advogado Adhail Lourenço Dias.<br />

Nos anos 1960, o controle da emissora foi transferido para o grupo<br />

político li<strong>de</strong>rado pela família Caiado.<br />

Entre tantos e brilhantes profissionais e seus memoráveis programas,<br />

vale o registro para "Tangos à Cabeceira" e "Discoteca do Ouvinte", com<br />

Amaral Montez; para Iron Junqueira com suas crônicas e comentários. São<br />

inesquecíveis as vozes <strong>de</strong> Fraga Filho, Almir Reis, Amir Sabag, Osmany<br />

Júnior, Geraldo Soares, Petrônio Cruz, Antonio Afonso <strong>de</strong> Almeida, Deus<strong>de</strong>th<br />

Pereira Ramos, Adilson Galdino, Antonio Lessa, Vicente Marçal, Getúlio<br />

Targino, Juan Drumond, Orestina Bastos e Hilda Sabag.<br />

Éri<strong>de</strong>s Guimarães, que também ocupou o cargo <strong>de</strong> Diretor-Geral da<br />

Cultura, era audiência obrigatória com o seu ouvido e temido programa “A Hora<br />

da Verda<strong>de</strong>”.<br />

Vários sonoplastas (operadores <strong>de</strong> som) também marcaram suas<br />

presenças: Josafá Cândido <strong>de</strong> Souza, Raimundo Milhomen (Sinzimba),<br />

Adolvano Junqueira, Benevi<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Almeida e Valmir da Cunha Bastos (Mirim).<br />

A Rádio Cultura mudou posteriormente o seu estúdio para a Rua 15 <strong>de</strong><br />

Dezembro, <strong>de</strong>pois para a Engenheiro Portela, esteve na 14 <strong>de</strong> Julho e por<br />

último em uma casa na Rua Sócrates Diniz, quando em 1975, teve sua<br />

concessão suspensa em <strong>de</strong>finitivo pelo Ministério das Comunicações.<br />

Rádio Santana<br />

No dia 31 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1958, em caráter experimental, entrava no ar<br />

a Rádio Santana, em 1580 kilorertz, (ZYW-30), fundada pelos diretores da<br />

época da Rádio Carajá. Seu slogan inicial foi "a voz da família goiana".<br />

A Rádio Santana ao iniciar suas ativida<strong>de</strong>s ocupou <strong>de</strong>pendências da<br />

Carajá, transferindo-se <strong>de</strong>pois para a Rua Cel. Aquiles <strong>de</strong> Pina e<br />

posteriormente para um espaço <strong>de</strong>ntro do complexo do Colégio São Francisco,<br />

sob a direção dos padres franciscanos.<br />

Sua inauguração oficial ocorreu no dia 26 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1959. Seus<br />

primeiros diretores foram Frei José Sulivan, Altamiro Santos, Petrônio Cruz e<br />

José Mateus <strong>de</strong> Souza.<br />

57


Muitos precursores do rádio anapolino passaram pela Rádio Santana:<br />

Valdir Ferreira Morgado, Altair Garcia Pereira (Braguinha), Edson Andra<strong>de</strong>,<br />

Dimas Fernan<strong>de</strong>s, Odiney Edson, Jalmes Dolis e o comunicador Eládio<br />

Sandoval Batista, que posteriormente viria a fazer sucesso em rádios FMs do<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

A programação da Rádio Santana, no seu início, era diversificada:<br />

música, notícia, reportagens esportivas, comentários sobre cinema, catequese<br />

e programas educativos.<br />

Com a criação da Rádio São Francisco, os fra<strong>de</strong>s franciscanos ce<strong>de</strong>ram,<br />

em 1971, o comando da emissora para Radivair Miranda e Paulo Dias, que<br />

dois anos <strong>de</strong>pois transferiram o controle acionário para o grupo Santillo.<br />

Um programa digno <strong>de</strong> registro especial e, certamente, uma das maiores<br />

audiências já alcançadas pelo rádio AM <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>, foi “O Povo Falou, Tá<br />

Falado”, levado ao ar pela Rádio Santana, por volta da hora do almoço.<br />

Produzido e apresentado pelos irmãos Adhemar e Romualdo Santillo, com a<br />

participação especial <strong>de</strong> Henrique Santillo, o programa se tornou um verda<strong>de</strong>iro<br />

“porta-voz” da população em suas queixas e reclamações. De forma enérgica e<br />

incisiva, Adhemar e Romualdo buscavam junto às autorida<strong>de</strong>s constituídas as<br />

soluções para os problemas que afligiam a comunida<strong>de</strong>.<br />

Nos últimos anos <strong>de</strong> funcionamento, a Rádio Santana esteve instalada<br />

no 2° andar do antigo Cine Santana, <strong>de</strong>pois na Vila Jaiara e ainda na Rua Luiz<br />

Schinor.<br />

Em 1975, a Rádio Santana teve sua concessão suspensa em <strong>de</strong>finitivo<br />

pelo Governo Fe<strong>de</strong>ral, o que aconteceu também com a Rádio Cultura, em igual<br />

data.<br />

Rádio Imprensa<br />

31 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1959. No dia em que a <strong>Anápolis</strong> festejava os seus 52<br />

anos <strong>de</strong> elevação como cida<strong>de</strong>, entrava no ar, oficialmente, a Rádio Imprensa,<br />

na frequência <strong>de</strong> 1.550 Khz, (ZYW-31), tendo como slogan “o imã sonoro”.<br />

Fundada por empresários cariocas, a emissora teve o seu controle acionário<br />

adquirido no final <strong>de</strong> 1964 pelo médico anapolino, Henrique Fanstone.<br />

58


A Rádio Imprensa instalou o seu primeiro estúdio na Avenida Goiás,<br />

mudado pelos novos proprietários para o edifício D. Dayse, na Praça James<br />

Fanstone. Naquele local permaneceu até 1992, quando foi para o prédio on<strong>de</strong><br />

funcionava a Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral, na Rua Engenheiro Portela.<br />

Os diretores da Rádio Imprensa, após sua fundação, foram Simão<br />

Khoury, Moisés Haley, Antonio Marmo Canedo, Vasco Santana Ramos, Nilton<br />

Abrão, José Elpídio e Dr. Jamil Antonio.<br />

Sob o comando da família Fanstone, a Rádio Imprensa passou por uma<br />

crescente profissionalização imposta pelos novos diretores: Walter Lopes<br />

Cançado, Wil<strong>de</strong>mir Demartini, Jahuyr Lobo, William (Bill) Fanstone, Ernei <strong>de</strong><br />

Oliveira Pina, Edmo <strong>de</strong> Oliveira Pina e Billy Fanstone.<br />

A partir <strong>de</strong> 1972, a emissora foi admistrada por José da Cunha<br />

Gonçalves, que permaneceu no cargo <strong>de</strong> Diretor-Geral até 2008, quando o<br />

controle acionário da rádio foi transferido para um grupo evangélico da cida<strong>de</strong>.<br />

Coincidência ou não, em 1965, quando a Rádio Imprensa se impôs <strong>de</strong><br />

forma marcante no cenário radiofônico <strong>de</strong> Goiás, o time do <strong>Anápolis</strong> Futebol<br />

Clube foi o campeão goiano da temporada, título, aliás, que até agora não mais<br />

foi conquistado por outra equipe anapolina. Naquela oportunida<strong>de</strong>, Edson<br />

Rodrigues, oriundo <strong>de</strong> Uberlândia, veio para <strong>Anápolis</strong> e se tornou o principal<br />

narrador esportivo da equipe, sob o comando do jornalista Jayro Rodrigues, e<br />

as participações <strong>de</strong> Ernane Campos, Nunes Macedo, Vinicius Isac, Luciano<br />

Rangel e Edson Andra<strong>de</strong>. Já na década <strong>de</strong> 1970, com Miguel Squeff vieram<br />

Celso Campos, Antonio Leopoldo Valente, Gilson Men<strong>de</strong>s, Flávio Santos e<br />

outros “craques” da crônica esportiva.<br />

Em meados dos anos 70, a Rádio Imprensa mudou sua freqüência para<br />

1030 Khz, anteriormente ocupada pela Rádio Cultura, emissora que teve sua<br />

permissão cancelada por <strong>de</strong>terminação fe<strong>de</strong>ral.<br />

Muitos profissionais marcaram, com seus programas, momentos<br />

inesquecíveis produzidos pela Rádio Imprensa. No início dos anos 60, foram ao<br />

ar "Aten<strong>de</strong>ndo a Pedidos", com Oliveira Gomes; "Peça e Ouça", com José<br />

Cunha; "Bossa & Cia" e "Manchetes Musicais", na voz <strong>de</strong> Edísio Rocha;<br />

"Rancho do Compadre Pereira", com Elias Pereira; "As Maiorais da Semana",<br />

com Nilson Cunha. Outras presenças importantes nos primeiros anos da Rádio<br />

Imprensa precisam ser registradas: Ermelindo Mathias, Boulanger Santos,<br />

59


Eusébio Guimarães, Oliveira Gomes (Risadinha), Luiz Carlos Burger, Rui<br />

Araújo, Roberto Miranda, Celso Cândido <strong>de</strong> Souza, Manoel Wan<strong>de</strong>rick, Júlio<br />

Alves, Hil<strong>de</strong>brando Ferro, Luiz Goulão, Gentil Pereira, Bernardino, Mizael e<br />

Eromir. Mais recentemente, outros profissionais foram <strong>de</strong> igual importância:<br />

Arinilson Gonçalves Mariano, Aldo Rocha, Evandro Coutinho, Túlio Isac,<br />

William Ghanan, A<strong>de</strong>lson Maciel, Paulo Francisco, Keila Rezen<strong>de</strong>, Odilon<br />

Alves, Jesus Martins, Nilo Sérgio da Mota, Odair Borges, Ozair Póvoa,<br />

Claudimar Batista, Cacilda Vasques, Clau<strong>de</strong>te Marques, Cleozair Araújo, Leila<br />

Maria, Márcio Cândido, Carla Ribeiro e Renato Cunha.<br />

Nas décadas <strong>de</strong> 70 e 80, a Rádio Imprensa viveu momentos <strong>de</strong><br />

vitoriosas realizações. Assessorada por profissionais do ramo, <strong>de</strong> São Paulo, e<br />

contando no estúdio local da emissora com o comando artístico <strong>de</strong> Luiz Carlos<br />

Cecílio, um dos maiores ícones da radiofonia anapolina em todos os tempos,<br />

foram ao ar atrações <strong>de</strong> sucesso nacional, como o “Programa Sílvio Santos”;<br />

"Bom Dia”, com Omar Cardoso; "O Crime não Compensa", com Gil Gomes; "A<br />

Hora do Rei", com Lilian Loi e a participação <strong>de</strong> Roberto Carlos, além <strong>de</strong> cinco<br />

radionovelas diárias que eram campeãs <strong>de</strong> audiência em outras emissoras do<br />

País.<br />

Paralelamente a essa programação <strong>de</strong> repercussão nacional, a "prata da<br />

casa" era outra atração à parte: Rivaldo Rodrigues era o dono das noites<br />

anapolinas com o seu romântico programa "Você, a Noite e a Música"; Valdira<br />

<strong>de</strong> Souza e Getúlio Brito faziam a alegria das manhãs com "As Preferidas do<br />

Ouvinte"; "Tangos, Boleros e Canções", com Amaral Montez; "Fatonotícia",<br />

com Luiz Carlos Cecílio; "Rancho do Jeremias", com Nhô Jeremias; "Imprensa<br />

Esportiva", com Miguel Squeff; "Vale Tudo Musical", com Geraldo Divino;<br />

"Canta Brasil", com Carlos Cândido; “Tocando <strong>de</strong> Primeira”, com Romes<br />

Xavier, e o <strong>de</strong>staque especial para o mais ouvido e respeitado programa <strong>de</strong><br />

rádio da cida<strong>de</strong>: "Ronda Policial", com o mestre Almir Reis. Programas<br />

especiais, como os que falavam <strong>de</strong> Roberto Carlos, cuidadosamente<br />

produzidos e apresentados por Mauro Gonzaga Jayme (Pastinha), encantaram<br />

milhares <strong>de</strong> ouvintes.<br />

Na década <strong>de</strong> 1990, o radiojornalismo cresce em importância na Rádio<br />

Imprensa, tornando-se o seu carro-chefe, comandado pelo versátil Nilton<br />

Pereira. Uma competente equipe esportiva, li<strong>de</strong>rada por Carlos Antônio<br />

60


Nogueira, impõe um ritmo dinâmico no campo esportivo, contando com<br />

Fernando Faria, Orisvaldo Pires, Kleiber Júnior, Nilton César, Geraldo Afiune,<br />

Jânio Silva, Márcio Gomes, Wolney Moreira e o comentarista Washington Luiz,<br />

entre tantos outros valores.<br />

Em 31 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2008, ao completar 49 anos no ar, a Rádio Imprensa<br />

teve suas ações cedidas para a Igreja Assembléia <strong>de</strong> Deus Madureira, e seus<br />

estúdios foram mudados para a Avenida Tira<strong>de</strong>ntes.<br />

Rádio São Francisco<br />

O apostolado radiofônico dos fra<strong>de</strong>s franciscanos em <strong>Anápolis</strong> teve<br />

início em 1° <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1956, primeiramente locando espaços da Rádio Carajá,<br />

<strong>de</strong>pois se utilizando da Rádio Santana para a transmissão das ativida<strong>de</strong>s<br />

religiosas ligadas à Igreja Católica.<br />

Porém, a RÁDIO SÃO FRANCISCO só começou em 1966, dando<br />

continuida<strong>de</strong>, no primeiro momento, à programação que estava sendo levada<br />

ao ar pela Rádio Santana. Em 1971, a São Francisco é inaugurada oficialmente<br />

com programação própria, <strong>de</strong>senvolvida por profissionais especializados.<br />

Com o slogan <strong>de</strong> "a emissora sorriso", a Rádio São Francisco ocupou a<br />

freqüência <strong>de</strong> 670 Khz, (ZYF-234), com potência <strong>de</strong> 5 000 watts. Seus<br />

estúdios foram instalados na Praça Santana, on<strong>de</strong> permanecem até hoje.<br />

Frei João Batista Vogel foi um dos seus principais fundadores e primeiro<br />

diretor da emissora, on<strong>de</strong> apresentava diariamente edificantes mensagens <strong>de</strong><br />

conteúdo cristão. Outros diretores, todos pertencentes à Província do<br />

Santíssimo Nome do Senhor Jesus, foram: Frei José Sullivan, Frei Capistrano,<br />

Frei João Galdino, Frei Irineu Nenevê, Frei Sebastião Queiroz, Frei Deus<strong>de</strong>th,<br />

Frei Fernando, Frei Dorcílio <strong>de</strong> Oliveira Júnior, Frei Edgar Alves Pereira e Frei<br />

Wan<strong>de</strong>rley Carvalho do Couto, atual diretor. Estes, por sua vez, nomeiam<br />

prepostos para administrarem a rádio.<br />

Alguns nomes não po<strong>de</strong>riam <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> figurar na galeria <strong>de</strong> valorosos<br />

profissionais no início das ativida<strong>de</strong>s da São Francisco, como os <strong>de</strong> Miguel<br />

Squeff, Lenine Bueno, José Nery, Ferraz Júnior e do animador sertanejo Jaime<br />

Marques (Loirinho), compositor e revelador <strong>de</strong> vários talentos da música<br />

61


sertaneja <strong>de</strong> raiz, além dos comunicadores Eduardo Moneró e Eládio Sandoval<br />

Batista.<br />

A partir dos anos 1990, a Rádio São Francisco investiu numa<br />

programação pautada num jornalismo forte e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. Para tanto,<br />

contratou Luiz Carlos Cecílio, que ao lado <strong>de</strong> Jairo Men<strong>de</strong>s, Rubiano Cardoso e<br />

Lucivan Machado, fizeram do "Bate-Rebate” a força da informação, formato<br />

jornalístico que rapidamente ganhou o respeito dos ouvintes e das autorida<strong>de</strong>s<br />

constituídas.<br />

Miguel Squeff, que havia retornado à emissora, fez da equipe "Titulares<br />

da São Francisco", presença obrigatória na cobertura <strong>de</strong> todas as modalida<strong>de</strong>s<br />

esportivas, contando com Léo Men<strong>de</strong>s, Humberto Castro, Mauro Lopes, Iron<br />

França e Carlos Antonio.<br />

Carlos Cândido e Eurípe<strong>de</strong>s Brito, conhecidos comunicadores do nosso<br />

rádio, são os responsáveis por programas <strong>de</strong> entretenimento, sintonizados por<br />

uma legião <strong>de</strong> ouvintes.<br />

A Rádio São Francisco, pertencente à Fundação Frei João Batista<br />

Vogel, além da sua programação jornalística, esportiva e popular, tem <strong>de</strong>dicado<br />

gran<strong>de</strong> parte do seu tempo para <strong>de</strong>senvolver projetos sociais, coor<strong>de</strong>nados<br />

pela jornalista Letícia Jury, e também para divulgar as ativida<strong>de</strong>s religiosas<br />

relacionadas à Igreja Católica Apostólica Romana.<br />

Rádio Manchester<br />

A Rádio Manchester foi à última das emissoras em Ondas Médias a se<br />

instalar na cida<strong>de</strong>. Fundada pelos irmãos Santillo (Henrique, Adhemar e<br />

Romualdo), que foram também seus primeiros diretores, a emissora entrou no<br />

ar em 1988, na freqüência <strong>de</strong> 590 Khz, com seus estúdios instalados em prédio<br />

próprio na Rua Rui Barbosa.<br />

A vocação da Rádio Manchester foi sempre a <strong>de</strong> ser uma emissora<br />

pautada num jornalismo contun<strong>de</strong>nte, com muita informação e prestação <strong>de</strong><br />

serviço.<br />

Onai<strong>de</strong> Santillo, a mais consagrada comunicadora do rádio AM <strong>de</strong><br />

<strong>Anápolis</strong> em todos os tempos, manteve no ar, por anos seguidos, nas manhãs<br />

62


<strong>de</strong> segunda a sexta-feira, o programa <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong>s "Onai<strong>de</strong> com você",<br />

trazendo para o ouvinte uma gama muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> informação e utilida<strong>de</strong><br />

pública.<br />

Outros comunicadores, verda<strong>de</strong>iros expoentes da radiofonia local, como<br />

Geraldo Divino, Eurico Santos, Brás Neto, Brígida Mota, Cândido Filho e<br />

Evaristo Pereira, valorizam a programação da Manchester AM.<br />

Em 2009, a direção administrativa, comercial e artística da Manchester<br />

foi entregue ao empresário da comunicação Mário Alves, que continua a<br />

manter um radiojornalismo atuante, com a participação <strong>de</strong> profissionais<br />

qualificados.<br />

Consi<strong>de</strong>rações finais<br />

A partir dos anos 1970, começaram a ser instaladas as rádios FMs <strong>de</strong><br />

<strong>Anápolis</strong>, todas elas ligadas às emissoras em Ondas Médias já existentes na<br />

cida<strong>de</strong>. A primeira a entrar no ar foi a São Francisco (96 FM), em 1975.<br />

Depois, em 1988, veio a FM 100, ligada ao grupo acionário da Rádio Imprensa.<br />

Em 1991, foi inaugurada a Tabajara-FM, pertencente aos donos da Rádio<br />

Carajá. Por fim, em 1993, foi ao ar a Manchester FM.<br />

As Rádios FMs <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> revelaram excelentes comunicadores e<br />

bonitas vozes, com <strong>de</strong>staque para Baby Néia, PC Albuquerque, Luciene Silva,<br />

Wesley Costa, Leandro Luiz, Santana Jones, Lino Bugatti, Ferreira Júnior, Nina<br />

Santos, Guel Fegalli, Jojô Maravilha, Nilson Sérgio, Silvio <strong>de</strong> Lima e Aiton<br />

Santos 7 .<br />

Das quatro Rádios FMs, apenas duas continuam com programações<br />

populares, direcionadas ao gran<strong>de</strong> público: a 96 (São Francisco) e a 93<br />

(Manchester). Em 1998, a 100 FM teve o seu controle acionário cedido para<br />

um grupo evangélico. O mesmo aconteceu com a Tabajara FM.<br />

7 Quando se conta a história do rádio anapolino é preciso registrar a indispensável participação<br />

dos nossos técnicos <strong>de</strong> som, que com seus conhecimentos, mais práticos do que teóricos,<br />

nunca <strong>de</strong>ixavam nossas emissoras fora do ar, mesmo que para isso tivessem <strong>de</strong> "fabricar"<br />

alguma engenhoca capaz <strong>de</strong> manter a rádio funcionando. Destaque especial para os pioneiros<br />

Paulo Dias Ribeiro, José Vilarinho (Juquita), Osmar Ribeiro (pai), Luiz Silva, e mais<br />

recentemente, para os engenheiros em telecomunicações Otávio Emanuel Rocha Lima e José<br />

da Costa Freitas, além dos técnicos Gunart Karklin, Salustiano Miranda e Silvio Carvalho.<br />

63


Finalmente, existem discordâncias relacionadas às datas em que<br />

algumas das nossas emissoras entraram no ar, especialmente daquelas que<br />

operam em Ondas Médias. Achamos relatos escritos e ouvimos informações<br />

<strong>de</strong> radialistas mais antigos, com datas diferentes para o início <strong>de</strong><br />

funcionamento <strong>de</strong> certas emissoras. O certo é que esse <strong>de</strong>sencontro ocorre em<br />

função da tramitação dos atos legais nos órgãos competentes do Ministério das<br />

Comunicações, pois as rádios (como as tevês) são concessionárias ou<br />

permissionárias do serviço <strong>de</strong> radiodifusão, por meio <strong>de</strong> outorgas concedidas<br />

pelo Governo Fe<strong>de</strong>ral.<br />

Algumas emissoras têm a data do seu início como sendo a do dia da<br />

assinatura do Decreto <strong>de</strong> autorização. Outras a partir da entrada no ar em<br />

caráter experimental, um período concedido para o ajuste do som e<br />

equipamentos. Já, outras, registram como oficial a data em que entraram no ar<br />

com a sua programação pronta, aten<strong>de</strong>ndo aos interesses artísticos, fiscais e<br />

comerciais.<br />

Referências:<br />

Arquivo Particular José Cunha Gonçalves, 2010.<br />

64


FUNDAÇÃO FREI JOÃO BATISTA VOGEL: EMISSORAS<br />

A SERVIÇO DA “PAZ E DO BEM”<br />

LETÍCIA ARANTES JURY CUNHA <br />

Resumo: O artigo mostra a evolução histórica da Fundação “Frei João Batista Vogel”, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

seus antece<strong>de</strong>ntes até a <strong>de</strong>scrição das novas instalações das emissoras. O objetivo, portanto,<br />

é <strong>de</strong>monstrar o importante papel <strong>de</strong>sempenhado pela Fundação na comunicação Anapolina.<br />

Palavras-chave: Fundação “Frei João Batista Vogel”, emissoras <strong>de</strong> rádio.<br />

Introdução<br />

O<br />

estabelecimento das emissoras da Fundação “Frei João<br />

Batista Vogel” representa um marco para os meios <strong>de</strong><br />

comunicação da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>, pois através <strong>de</strong>las e em<br />

parceria com instituições e entida<strong>de</strong>s do município, a Fundação, além da<br />

radiodifusão, tem o objetivo <strong>de</strong> atuar diretamente na assistência social às<br />

famílias carentes, na veiculação diária <strong>de</strong> campanhas educativas para<br />

combater o uso <strong>de</strong> drogas, em <strong>de</strong>fesa da cidadania, valorização do ser<br />

humano, erradicação da pobreza, valorização da cultura local e seus artistas,<br />

<strong>de</strong>ntre muitos outros.<br />

Assim, passamos a enten<strong>de</strong>r a sua evolução histórica nos tópicos<br />

apresentados.<br />

Antece<strong>de</strong>ntes históricos<br />

Em 1961, Frei Pedro Schoffer propôs aumentar a potência da Rádio<br />

Santana. A idéia era <strong>de</strong> 5000 watts durante o dia e 1000 watts à noite. No<br />

entanto, a modificação não foi aprovada pelo governo. Foi então que o fra<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cidiu contratar outro engenheiro que lhe apresentou a freqüência 670<br />

kilohertz, que foi encaminhada à Comissão Técnica <strong>de</strong> Rádio, em 1962.<br />

Frei Pedro Schoffer foi passar as férias nos Estados Unidos, e Frei José<br />

F. Sullivan assumiu a direção da Rádio Santana. Neste período a Comissão<br />

Jornalista (UFG), Especialista em Assessoria <strong>de</strong> Comunicação (UFG) e em Gestão da<br />

Comunicação (FGV), Coor<strong>de</strong>nadora <strong>de</strong> Comunicação e Projetos Sociais da Fundação Frei<br />

João Batista Vogel.<br />

65


Técnica <strong>de</strong> Rádio foi fechada e se criou o CONTEL (Conselho Nacional <strong>de</strong><br />

Telecomunicações), com o que se fez necessário apresentar toda a<br />

documentação a este novo órgão. O período era <strong>de</strong> 1964, marcado pela<br />

Ditadura Militar, em que todos os processos ficaram parados.<br />

No ano seguinte, os fra<strong>de</strong>s receberam a notícia <strong>de</strong> que era possível<br />

instalar uma emissora <strong>de</strong> Rádio em <strong>Anápolis</strong>, com a freqüência 670 kilohertz.<br />

Mas, a orientação dada era <strong>de</strong> que fosse criada uma nova emissora, ao invés<br />

<strong>de</strong> apresentar a Rádio Santana. Organizou-se então, no dia 2 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong><br />

1965 a Rádio São Francisco Limitada, uma associação <strong>de</strong> três irmãs, sendo<br />

elas Jacira Aparecida da Cunha, Maria Auxiliadora da Silva e Maria Ferreira<br />

Barbosa.<br />

Segundo a Cláusula I e II do Contrato Social:<br />

Cláusula I – A socieda<strong>de</strong> girará sob a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> RÁDIO SÃO<br />

FRANCISCO LIMITADA, e terá como principal objetivo a instalação <strong>de</strong><br />

estações radiodifusoras com finalida<strong>de</strong>s educacionais, cívicas e patrióticas,<br />

como a exploração <strong>de</strong> propaganda comercial e ativida<strong>de</strong>s correlatas, mediante<br />

obtenção do Governo Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> concessões e permissões, estando <strong>de</strong> acordo<br />

com a legislação específica regedora da matéria.<br />

Cláusula II – A socieda<strong>de</strong> terá sua se<strong>de</strong> permanente nesta cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>,<br />

Estado <strong>de</strong> Goiás, à Praça Sant‟Ana, s/nº, on<strong>de</strong> instalará seus estúdios e<br />

escritórios centrais. (CONTRATO SOCIAL, Cláusula I e II)<br />

E então, segundo registros históricos, foram preparados dois processos,<br />

sendo um da Rádio Santana, e outro da São Francisco Limitada. O procurador<br />

da Rádio Santana, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, achou melhor encaminhar apenas o da<br />

São Francisco, pois ele estava completo. Meses <strong>de</strong>pois, o Diário Oficial<br />

publicou que a “Rádio São Francisco Limitada havia ganhado os direitos para<br />

explorar os serviços <strong>de</strong> radiodifusão, na freqüência <strong>de</strong> 670 kilohertz, com a<br />

potência <strong>de</strong> 5000 watts”.<br />

Em 1967, o governo militar abriu inquérito no CONTEL para averiguar<br />

todos os processos, e o da São Francisco ficou “parado”, como os <strong>de</strong>mais. E o<br />

sonho <strong>de</strong> inaugurar a Rádio foi adiado para 1º março <strong>de</strong> 1971, quando a<br />

emissora oficialmente entrou no ar.<br />

Des<strong>de</strong> a sua fundação, a Rádio São Francisco teve os seguintes<br />

slogans: “Emissora sorriso”, o primeiro; “A voz do povo em primeiro lugar”;<br />

“Juventu<strong>de</strong> com Força total”; “O som <strong>de</strong> um novo dia”; e mais recentemente “A<br />

emissora da paz e do bem”.<br />

66


O primeiro diretor foi Frei João Batista Vogel, que em novembro <strong>de</strong><br />

1975, retorna aos Estados Unidos, para fazer um tratamento, já que estava<br />

com Leucemia. Ele foi substituído por Frei Capistrano F. Haim, que até o ano<br />

<strong>de</strong> 2010 era bispo da Prelazia <strong>de</strong> Itaituba. Nesta gestão foi instituída pela<br />

Província do Santíssimo Nome <strong>de</strong> Jesus do Brasil, a Fundação “Frei João<br />

Batista Vogel”, no dia 12 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1976.<br />

Na Figura 1 temos a fotografia daquele Frei que empresta o seu nome<br />

para a <strong>de</strong>nominação da Fundação:<br />

Figura 1 – Foto <strong>de</strong> Frei João Batista Vogel<br />

Fonte: Acervo particular <strong>de</strong> Letícia Arantes Jury Cunha, 2010.<br />

São Francisco FM (Rádio 96 FM)<br />

A história da Rádio 96 FM, a então Rádio São Francisco FM, teve início<br />

com a publicação <strong>de</strong> um edital <strong>de</strong> concorrência <strong>de</strong> uma emissora no dia 13 <strong>de</strong><br />

janeiro <strong>de</strong> 1970. Frei José Sullivan não per<strong>de</strong>u tempo e <strong>de</strong>u entrada a um<br />

67


pedido no Dentel. No dia 6 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1974, frei João Batista Vogel, recebeu<br />

um telefonema do gabinete do Ministro das Comunicações em que buscava<br />

informações sobre o interesse <strong>de</strong> se ter a São Francisco em freqüência<br />

modulada. Dois dias <strong>de</strong>pois ele confirmou o interesse, e lhe foi informado que o<br />

mesmo teria o número 140, em 95,9 Mhz.<br />

No dia 31 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1974, o Diário Oficial da União trouxe a notícia<br />

dando direito à Rádio São Francisco <strong>de</strong> se estabelecer sua FM, classe A, em<br />

<strong>Anápolis</strong>, o que foi ratificado pela Portaria <strong>de</strong> número 318, do Ministério das<br />

Comunicações, no dia 25 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1975.<br />

Em 31 <strong>de</strong> maio do mesmo ano, o Dentel autorizou a instalação dos<br />

equipamentos, e em 25 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1976 (data em que se comemora o<br />

aniversário da Rádio) foi autorizado o funcionamento em caráter experimental e<br />

no dia 18 <strong>de</strong> maio do mesmo ano foi feito pedido <strong>de</strong> vistoria e concessão para<br />

operação em caráter <strong>de</strong>finitivo.<br />

No dia 5 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1976 é que a Rádio São Francisco FM recebeu<br />

comprovante <strong>de</strong> irradiação enviada pelo Dentel e finalmente no dia 31 <strong>de</strong> julho<br />

<strong>de</strong>ste ano, dia do aniversário <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>, aconteceu a inauguração oficial da<br />

emissora. Logo após sua inauguração a Rádio já era citada nos jornais da<br />

capital como lí<strong>de</strong>r <strong>de</strong> audiência. O Jornal “Folha <strong>de</strong> Goiás”, do dia 7 <strong>de</strong><br />

setembro <strong>de</strong> 1977, traz a seguinte notícia:<br />

O FM – estério da Rádio São Francisco <strong>de</strong>sta cida<strong>de</strong> - melhorou a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

programação e está li<strong>de</strong>rando em audiência em <strong>Anápolis</strong> e Goiânia.<br />

Atualmente a Rádio funciona 17 horas por dia e todo o seu sistema está<br />

instalado na rua 1º <strong>de</strong> maio. Atualmente a programação da Rádio São<br />

Francisco no setor <strong>de</strong> FM é consi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong> alto nível e sua instalação em<br />

<strong>Anápolis</strong> veio oferecer nova opção aos anapolinos. (Jornal “Folha <strong>de</strong> Goiás”, <strong>de</strong><br />

7 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1977)<br />

No dia 11 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1979, o Jornal “Correio do Planalto” trazia a<br />

seguinte notícia:<br />

Não é publicida<strong>de</strong>, mas a Rádio São Francisco FM está tendo IBOPE <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

Goiânia. No último fim <strong>de</strong> semana, com o Rádio sintonizado na FM da São<br />

Francisco, pu<strong>de</strong>mos notar a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rádios ligados em nossa emissora,<br />

nos principais lanches da capital. Um som puro com uma programação<br />

respeitável. A nossa emissora em FM só po<strong>de</strong> receber os nossos aplausos.<br />

(Jornal “Correio do Planalto”, <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1979)<br />

68


O Jornal “Folha <strong>de</strong> Goiás”, do dia, 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1978 ressalta as<br />

emissoras da Fundação “Frei João Batista Vogel”:<br />

Em FM e OM, e com uma programação dirigida à classe A, a Rádio São<br />

Francisco <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> está funcionando <strong>de</strong>zoito horas por dia. Em ondas<br />

médias, a Rádio Anapolina matem programas <strong>de</strong> linha sertaneja e popular, com<br />

seleção musical <strong>de</strong> nível atualizado. O sistema FM busca alcançar um público<br />

jovem, “como rádio dirigida para o futuro”. (...) Cumprindo a finalida<strong>de</strong><br />

essencialmente religiosa da emissora, há três programas religiosos: O sol<br />

nasce para todos; Conversando com o ouvinte; Alegria e esperança. (Jornal<br />

“Folha <strong>de</strong> Goiás”, <strong>de</strong> 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1978)<br />

FM lí<strong>de</strong>r, AM em busca da li<strong>de</strong>rança<br />

No final da década <strong>de</strong> 70, a Rádio São Francisco AM, embora em último<br />

lugar nas pesquisas <strong>de</strong> opinião, já que a „briga‟ pela li<strong>de</strong>rança era entre Carajá<br />

e Imprensa, ganhava <strong>de</strong>staque nos jornais por suas coberturas esportivas. No<br />

“Correio do Planalto” do dia 22 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1977, a notícia era referente à dupla<br />

Carlos Cândido e Nery Santana, com o programa “Chute em gol”, que naquela<br />

época comemorava três anos no ar.<br />

Ainda em 1977, o Jornal trazia notícias referentes ao Toniquinho:<br />

Uma das maiores revelações do Rádio Esportivo <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>, em 1977, foi a<br />

do comentarista Antônio Leopoldo Valento, o Toniquinho, que <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> atuar<br />

em várias equipes retorna as ativida<strong>de</strong>s esportivas, comentando jogos pela<br />

Equipe <strong>de</strong> Ouro, comandada por Miguel Squeff. (Jornal “Correio do Planalto”,<br />

<strong>de</strong> 22 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1977)<br />

Em março <strong>de</strong> 1987, sai o resultado da pesquisa <strong>de</strong> audiência realizada<br />

pela Re<strong>de</strong> In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Emissoras (São Paulo), e pela primeira vez em<br />

tantos anos, a Rádio São Francisco é citada como a <strong>de</strong>tentora do primeiro<br />

lugar. Enfim, ela se consagra com a emissora <strong>de</strong> Rádio mais ouvida na região.<br />

Em 19 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1982, a FM é novamente elogiada, <strong>de</strong>sta vez pelo<br />

Jornal “Diário da Manhã”:<br />

A FM São Francisco da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> está mostrando como se faz um<br />

bom rádio, usando música brasileira. Talvez seja por isso que sua audiência<br />

tem aumentado, e muito na preferência do público goianiense. (Jornal “Diário<br />

da Manhã”, <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1982)<br />

69


E no ano seguinte, as emissoras da FFJBV, são novamente elogiadas<br />

em todo o Estado <strong>de</strong> Goiás, por meio do “Correio do Planalto” do dia 31 <strong>de</strong><br />

outubro <strong>de</strong> 1983, pois conquistaram a renovação automática:<br />

Décadas <strong>de</strong> inovações<br />

A Rádio São Francisco <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> teve renovada automaticamente por 10<br />

anos, sua concessão para explorar os serviços <strong>de</strong> radiodifusão sonora em<br />

onda média nesta cida<strong>de</strong>, segundo informação do seu diretor administrativo,<br />

Frei João Galdino Pereira. A renovação automática se <strong>de</strong>u em virtu<strong>de</strong> da<br />

emissora estar em dia com todas as normas exigidas pelo DENTEL. (...) A<br />

Rádio São Francisco se sente orgulhosa com o fato, já que é a única emissora<br />

<strong>de</strong> radiodifusão do Estado <strong>de</strong> Goiás a ter a concessão para funcionamento<br />

renovada automaticamente, sendo este um fato raro. (Jornal “Correio do<br />

Planalto”, <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1983)<br />

Em 1983, a Rádio São Francisco foi marcada por inovações, <strong>de</strong>ntre elas<br />

a mudança <strong>de</strong> freqüência da FM, que passou a ser ZYC – 541 e 96,3 MHZ.<br />

Segundo matéria publicada no Jornal “Gazeta Popular”, do dia 15 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong><br />

1984, com a alteração a qualida<strong>de</strong> do som melhorou 80% com a nova sintonia.<br />

No ano <strong>de</strong> 1986, as atenções do Estado <strong>de</strong> Goiás se voltaram<br />

novamente à Rádio São Francisco, em ocasião da realização do <strong>de</strong>bate dos<br />

candidatos ao governo, que foi promovido pela emissora. O Jornal “Gazeta<br />

Popular”, do dia 3 <strong>de</strong> julho, informava:<br />

Consi<strong>de</strong>rado um <strong>de</strong>bate bastante oportuno por todo os participantes, o<br />

encontro dos candidatos ao governo <strong>de</strong> Goiás foi realizado sexta-feira última,<br />

pela Rádio São Francisco, e polarizou a atenção <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> ouvintes. Nos<br />

estúdios da emissora, Henrique Santillo, Darci Acorsi, Mauro Borges e Paulo<br />

Vilar, respon<strong>de</strong>ram perguntas <strong>de</strong> jornalistas, <strong>de</strong> ouvintes e da organização do<br />

<strong>de</strong>bate (...). (Jornal “Gazeta Popular”, <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1986)<br />

Na década <strong>de</strong> 90, a emissora se <strong>de</strong>spontou como lí<strong>de</strong>r <strong>de</strong> audiência. O<br />

Jornal “O Popular”, na editoria <strong>de</strong> Economia, no dia 25 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1991,<br />

trouxe a nota: “Pesquisa da Conceito, <strong>de</strong> São Paulo, para o Rádio anapolino,<br />

apontou até setembro, em AM, a Rádio São Francisco com 38,7% e a 96 FM<br />

com 55,97%”.<br />

Ainda no mês <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong>ste ano, a São Francisco foi novamente<br />

citada no Jornal “O Popular”, com o título “Virada”:<br />

70


Em <strong>Anápolis</strong>, uma bela virada no rádio esportivo. Depois <strong>de</strong> atuar por mais <strong>de</strong><br />

20 anos junto a Rádio Imprensa, Miguel Squef e equipe mudaram <strong>de</strong> prefixo.<br />

Estão, há 15 dias, na Rádio São Francisco, com programa que vai das 11<br />

horas ao meio dia, diariamente, e ainda pequenas inserções no cair do dia.<br />

Com o mesmo pique <strong>de</strong> sempre. (Jornal “O Popular”, <strong>de</strong> 9 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1991)<br />

No final da década <strong>de</strong> 90, as Rádios São Francisco e 96 FM continuam<br />

sendo <strong>de</strong>staques na mídia, e li<strong>de</strong>rando a audiência no município e cida<strong>de</strong>s<br />

vizinhas. Segundo nota do Jornal “O <strong>Anápolis</strong>”:<br />

Novas Instalações<br />

Procurando se profissionalizar o máximo possível a Rádio São Francisco, tanto<br />

AM como sua FM tem procurado cativar seus ouvintes oferecendo o melhor do<br />

entretenimento e da informação correta dos fatos. Para conquistar o título <strong>de</strong><br />

emissora do ano, a comissão organizadora <strong>de</strong>ste evento, levou em<br />

consi<strong>de</strong>ração a audiência, o trabalho jornalístico e a competência dos<br />

comunicadores da Emissora. (Jornal “O <strong>Anápolis</strong>”)<br />

No dia 6 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2000 aconteceu a inauguração das novas<br />

instalações das emissoras, ocasião em que a fita do novo estúdio da Rádio<br />

São Francisco AM, foi cortada pelo então diretor geral, Frei Valdair <strong>de</strong> Jesus, e<br />

a benção foi dada pelo presi<strong>de</strong>nte da FFJBV, na época Frei Fernando Inácio<br />

Peixoto. A revitalização marcou os festejos do aniversário <strong>de</strong> 29 anos da RSF<br />

AM e 25 anos da 96 FM.<br />

instalações:<br />

Matéria veiculada no Jornal “O <strong>Anápolis</strong>”, fala sobre as novas<br />

Nos últimos 24 meses, as emissoras passaram por uma profunda<br />

transformação. Todos os <strong>de</strong>partamentos foram informatizados e os<br />

funcionários receberam cursos <strong>de</strong> aperfeiçoamento profissional. (...) Na parte<br />

editorial a Rádio São Francisco adotou uma postura diretamente voltada aos<br />

interesses da população anapolina, com priorida<strong>de</strong>s para os mais carentes. Na<br />

direção do <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> jornalismo, Luiz Carlos Cecílio explicou que o<br />

propósito é fazer com que as emissoras não apenas noticiem os fatos <strong>de</strong><br />

interesse da comunida<strong>de</strong>, mas também participem diretamente <strong>de</strong>les,<br />

discutindo-os e encaminhando soluções para os principais problemas. (Jornal<br />

“O <strong>Anápolis</strong>”)<br />

No dia 19 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2000, mais uma inovação da emissora, é lançada<br />

a primeira edição do Jornal “Fatorama”, uma publicação semanal da Fundação<br />

“Frei João Batista Vogel”, que tinha como diretor geral, Frei Valdair <strong>de</strong> Jesus,<br />

reportagens <strong>de</strong> Aldo Rocha e Lucivan Machado; e colaboradores Jairo Men<strong>de</strong>s,<br />

71


Luiz Carlos Cecílio, Orisvaldo Pires, Anésia Cecílio, Rubiano Cardoso e Letícia<br />

Jury.<br />

O editorial do jornal trazia a sua proposta:<br />

O Jornal “Fatorama” é o início da realização <strong>de</strong> um sonho que começou há<br />

muito tempo. Os fra<strong>de</strong>s franciscanos apostaram na comunicação como meio<br />

especial <strong>de</strong> ajudar o próximo e acreditam que é preciso conquistar novos<br />

espaços. É <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> nós, gastarmos todos os nossos esforços na<br />

viabilização <strong>de</strong> meios capazes <strong>de</strong> colaborar, <strong>de</strong> maneira prática, da melhoria<br />

das condições <strong>de</strong> vida da população. O jornalismo consciente, sério, imparcial<br />

e verda<strong>de</strong>iro, é a nossa idéia <strong>de</strong> participação na busca do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

comum. (Jornal “Fatorama”, <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2000)<br />

Frei Dorcílio <strong>de</strong> Oliveira foi quem suce<strong>de</strong>u Frei Valdair <strong>de</strong> Jesus no<br />

comando das emissoras, em 2001. Ele atuou <strong>de</strong> forma dinâmica e contribuiu<br />

para a mo<strong>de</strong>rnização das ativida<strong>de</strong>s. Durante a sua gestão, as emissoras<br />

receberam prêmios, conforme o Quadro 1:<br />

Quadro 1 – Prêmios recebidos<br />

Premiação Conce<strong>de</strong>nte Ano<br />

Prêmio Profissionais da<br />

cida<strong>de</strong> – Os melhores do ano<br />

Prêmio Profissionais da<br />

cida<strong>de</strong> – Os melhores do ano<br />

Prêmio Profissionais da<br />

cida<strong>de</strong> – Os melhores do ano<br />

Prêmio Profissionais da<br />

cida<strong>de</strong> – Os melhores do ano<br />

Premio Profissionais da<br />

cida<strong>de</strong> – Os melhores do ano<br />

Top Marketing, Mérito Lojista<br />

– Câmara dos Dirigentes<br />

Lojistas <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong><br />

Top Marketing, Mérito Lojista<br />

– Câmara dos Dirigentes<br />

Lojistas <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong><br />

Top Marketing, Mérito Lojista<br />

– Câmara dos Dirigentes<br />

Lojistas <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong><br />

Top Marketing, Mérito Lojista<br />

– Câmara dos Dirigentes<br />

Lojistas <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong><br />

Top Marketing, Mérito Lojista<br />

– Câmara dos Dirigentes<br />

Lojistas <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong><br />

Fonte: Acervo particular <strong>de</strong> Letícia Arantes Jury Cunha, 2010.<br />

2001<br />

2002<br />

2004<br />

2005<br />

2006<br />

Na Figura 2 é mostrada a fachada da se<strong>de</strong> tanto da 96 FM quanto da<br />

670 AM atualmente:<br />

72


Figura 2 – Fachada da 96 FM e 670 AM<br />

Fonte: Acervo particular <strong>de</strong> Letícia Arantes Jury Cunha, 2010.<br />

Consi<strong>de</strong>rações finais:<br />

Em 2007, assume a direção das emissoras, Frei Edgar Alves Pereira.<br />

Em meio às comemorações do aniversário <strong>de</strong> 100 anos <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong>, ele foi o<br />

representante dos fra<strong>de</strong>s menores para receber homenagens, em <strong>de</strong>corrência<br />

das contribuições dos franciscanos na região, principalmente no que se refere<br />

à comunicação e a execução <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> assistência social. Neste ano, mais<br />

uma pesquisa <strong>de</strong> opinião revelou os altos índices <strong>de</strong> audiência da São<br />

Francisco AM e 96 FM. E, uma nova etapa <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rnização teve início, com a<br />

contratação <strong>de</strong> novos profissionais, criação do <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> Comunicação<br />

e Projetos Sociais, inserção das emissoras na internet, o que possibilitou que<br />

anapolinos em diferentes partes do mundo pu<strong>de</strong>ssem acompanhar a<br />

programação das rádios, e outros.<br />

No ano seguinte, 2008, Frei Wan<strong>de</strong>rley Carvalho do Couto, atual<br />

presi<strong>de</strong>nte da Fundação “Frei João Batista Vogel”, implementa uma nova forma<br />

<strong>de</strong> gestão e amplia a missão das Rádios <strong>de</strong> Evangelizar, bem informar e,<br />

sobretudo, usar os veículos <strong>de</strong> comunicação para minimizar os problemas<br />

sociais da região. A gestão <strong>de</strong> Frei Wan<strong>de</strong>rley, no que se refere ao Apostolado<br />

Radiofônico, tem se <strong>de</strong>stacado pela parceria com instituições e entida<strong>de</strong>s do<br />

município, com o objetivo <strong>de</strong> atuar diretamente na assistência social às famílias<br />

73


carentes; na veiculação diária <strong>de</strong> campanhas educativas para combater o uso<br />

<strong>de</strong> drogas, em <strong>de</strong>fesa da cidadania, valorização do ser humano, erradicação da<br />

pobreza, valorização da cultura local e seus artistas, em prol da preservação<br />

ambiental, e, sobretudo com o enfoque na criação <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> voluntariado<br />

com o objetivo <strong>de</strong> transformar as realida<strong>de</strong>s sociais que exigem a atuação do<br />

Terceiro Setor.<br />

Em 2011, a Rádio São Francisco AM completa 40 anos, a 96 FM faz 36<br />

anos e a Fundação “Frei João Batista Vogel”, 35 anos. É a comunicação a<br />

serviço da cidadania em geral, da paz e do bem, em particular.<br />

Referências:<br />

CONTRATO SOCIAL, Cláusula I e II, data<br />

Jornal “Correio do Planalto”, edições <strong>de</strong> 22 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1977, <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1979 e <strong>de</strong><br />

31 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1983.<br />

Jornal “Diário da Manhã”, edição <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1982.<br />

Jornal “Fatorama”, edição <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2000.<br />

Jornal “Folha <strong>de</strong> Goiás”, edições <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1977 e <strong>de</strong> 22 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1978.<br />

Jornal “Gazeta Popular”, edição <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1986.<br />

Jornal “O <strong>Anápolis</strong>.<br />

Jornal “O Popular”.<br />

74


INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE AS ATIVIDADES<br />

DO MUSEU HISTÓRICO DE ANÁPOLIS<br />

E<br />

ssa última parte mostra informações sobre as ações realizadas<br />

no segundo semestre <strong>de</strong> 2010, tudo com a intenção <strong>de</strong> cumprir<br />

sua missão – ser o gestor do patrimônio histórico e cultural do<br />

Município.<br />

Segue abaixo, <strong>de</strong> forma a evi<strong>de</strong>nciar nossas ativida<strong>de</strong>s, um relatório<br />

pormenorizado:<br />

I. Projetos:<br />

Julho / 2010:<br />

- Sarau em comemoração ao 103º Aniversário <strong>de</strong> <strong>Anápolis</strong> no dia 24/07 <strong>de</strong><br />

2010.<br />

Outubro / 2010:<br />

- Palestra no Colégio Estadual Zeca Batista sobre a importância política do<br />

Coronel Zeca Batista e abertura do projeto em memória a este personagem,<br />

no dia 13/10 <strong>de</strong> 2010.<br />

Dezembro / 2010:<br />

- Exposição em memória ao centenário da morte <strong>de</strong> José da Silva<br />

Batista (Cel. Batista) do dia 07 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2010 a janeiro <strong>de</strong> 2011.<br />

II. Visitas Guiadas (<strong>de</strong> estudantes da re<strong>de</strong> municipal, estadual e particular<br />

<strong>de</strong> ensino, bem como, <strong>de</strong> visitantes):<br />

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MÊS NÚMERO DE VISITANTES<br />

Julho 472<br />

Agosto 498<br />

Setembro 639<br />

Outubro 530<br />

Novembro 599<br />

Dezembro 479<br />

Total 3217<br />

Observação: o museu também contou com a visita <strong>de</strong> 12 pesquisadores <strong>de</strong> diversas<br />

Instituições <strong>de</strong> Ensino Superior – IES como a UniEvangélica, UEG e UFG.<br />

III. Publicações:<br />

Lançamento do 2° <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>de</strong> <strong>Pesquisas</strong> do Museu Histórico <strong>de</strong><br />

<strong>Anápolis</strong> “Al<strong>de</strong>rico Borges <strong>de</strong> Carvalho”, em 09 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2010.<br />

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