15.04.2013 Views

O Mito de Degas Carol Armstrong - Masp

O Mito de Degas Carol Armstrong - Masp

O Mito de Degas Carol Armstrong - Masp

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Serviço Educativo<br />

2006 Ano Nacional <strong>de</strong> Museus<br />

<strong>Degas</strong>: o universo <strong>de</strong> um artista<br />

<strong>de</strong> 16 <strong>de</strong> maio a 20 <strong>de</strong> agosto<br />

do ethos literário e crítico <strong>de</strong> Valéry, e ambos intimamente conectados a seus<br />

escritos sobre <strong>Degas</strong>. Valéry foi um dos mais importantes pre<strong>de</strong>cessores da<br />

crítica estruturalista e pós-estruturalista.<br />

<strong>Degas</strong> foi uma fi gura da mais extrema importância para Valéry, na mesma<br />

medida em que o foi para Duranty e Huysmans. É tema principal do ensaio mais<br />

importante <strong>de</strong> Valéry sobre a crítica <strong>de</strong> arte, intitulado <strong>Degas</strong> danse <strong>de</strong>ssin9. Logo<br />

no início o conceito <strong>de</strong> biografi a é refutado, bem como a disciplina da história<br />

e a prática da observação positivista. (“Não se trata <strong>de</strong> biografi a” – <strong>Degas</strong> danse<br />

<strong>de</strong>ssin, p. 11) ele afi rma e, mais adiante, <strong>de</strong>clara:<br />

Tinha, em relação a sua pessoa, um conceito que formei a partir <strong>de</strong> algumas<br />

<strong>de</strong> suas obras, que vi, e <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong> seus ditos, que espalhavam por aí. Sempre<br />

tenho gran<strong>de</strong> interesse em comparar uma coisa ou um homem com a idéia que<br />

formava <strong>de</strong>le antes <strong>de</strong> o ver (...)<br />

Tais comparações nos proporcionam certa medida <strong>de</strong> nossa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

imaginar, a partir <strong>de</strong> dados incompletos. Mostram-nos também toda a vaida<strong>de</strong><br />

das biografi as, em particular, e da história, em geral (...) Observar é, em gran<strong>de</strong><br />

parte, imaginar aquilo que esperamos ver.<br />

(...) De <strong>Degas</strong> eu tinha formado a idéia <strong>de</strong> um personagem reduzido ao rigor<br />

<strong>de</strong> um <strong>de</strong>senho rígido, um espartano, um estóico, um artista jansenista (...)<br />

Pouco antes eu escrevera Soirée avec M. Teste e esse pequeno ensaio <strong>de</strong> um<br />

retrato imaginário, embora constituído por observações e relações verifi cáveis,<br />

tão precisas quanto possível, não <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser mais ou menos infl uenciado<br />

(conforme se diz) por um certo <strong>Degas</strong> que criei para mim. Naquela época<br />

preocupava-me <strong>de</strong>mais e com freqüência a idéia da existência <strong>de</strong> diversos<br />

monstros <strong>de</strong> inteligência e <strong>de</strong> consciência <strong>de</strong> si próprios. (<strong>Degas</strong> danse <strong>de</strong>ssin,<br />

pp. 18-19).<br />

Ao refutar o conceito <strong>de</strong> biografi a, Valéry <strong>de</strong>ixa claro que emana <strong>de</strong>le a imagem<br />

semiconstruída e recuperada <strong>de</strong> um velho, que conheceu apenas em 1893, quando<br />

CONTINUA

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!