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A DONA DO FOGO E DA ÁGUA - Editora Ave-Maria

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Guia para o professor<br />

Projeto de leitura<br />

A <strong><strong>DO</strong>NA</strong> <strong>DO</strong> <strong>FOGO</strong> E <strong>DA</strong> <strong>ÁGUA</strong><br />

CELSO SISTO<br />

Ilustração: Rubem Filho<br />

POR QUE LER<br />

A OBRA<br />

Indicação de leitura: leitor fluente (a partir dos 10 anos)<br />

Resumo: Jeguedé, um bom contador de histórias, narra aos irmãos Chainan<br />

e Azinza a briga de dois orixás, filhos do Rei do Universo, a qual provoca caos<br />

e terror em uma região da África. Homens, animais e plantas começam a<br />

morrer por falta de água. Quem irá se responsabilizar pelas consequências?<br />

É possível um líder exercer sua autoridade de modo ético e justo? Nesta<br />

obra, baseada em uma alegoria africana, Celso Sisto acrescenta elementos<br />

contemporâneos à narrativa, provocando reflexões sobre responsabilidade,<br />

ética e sobre o que é essencial e supérfluo em nossas vidas.<br />

Eixos temáticos: partilha x ganância; solidariedade x egoísmo; liderança;<br />

responsabilidade; limites e ética; perdão; recursos naturais<br />

Interdisciplinaridade: língua portuguesa, história, geografia, artes, ciências,<br />

filosofia<br />

Os mitos sempre nos ajudaram a entender dimensões<br />

profundas da existência humana, tanto pessoal<br />

quanto coletiva. No Brasil, vários mitos nos foram legados<br />

por povos africanos, em especial pelos iorubás, da<br />

atual Nigéria, conformando vasto panteão de deuses<br />

nas variantes da religião brasileira chamada de candomblé.<br />

Considerando que o nosso povo é marcado<br />

pelo hibridismo cultural, é fundamental que o professor<br />

trabalhe com os alunos questões ligadas à África.<br />

Segundo diz a lenda, o guerreiro Xapanã, em<br />

suas andanças e combates, acabou por chegar ao<br />

Daomé (atual Benin), nas terras dos mahis, onde foi<br />

denominado “Sapatá”. Como seu nome original era<br />

perigoso demais para ser pronunciado – uma vez que<br />

ele era o senhor da peste e da varíola –, preferiram<br />

chamá-lo Obaluaiê (ou Obaluaê), “Rei da Terra”, ou<br />

ainda “Omulu, “Filho do Senhor”. De forma genérica,<br />

podemos considerar Sapatá um “orixá” (ou um “vodum”,<br />

na tradição do candomblé jeje) – uma espécie<br />

de divindade.<br />

Formato: 24 x 18 cm - 32 páginas<br />

ISBN 978-85-617-3084-0<br />

Além da riqueza advinda da literatura oral, este<br />

mito vai dar ao professor boas oportunidades de trabalhar<br />

temas e projetos com seus alunos, conforme<br />

exporemos adiante.<br />

Estrutura da obra<br />

A obra trabalha com uma estrutura de reconto,<br />

apresentando dois tempos: o primeiro, em que as duas<br />

crianças conversam e, posteriormente, se encontram<br />

com o contador de histórias; e um segundo tempo,<br />

que é o tempo da explicação da lenda propriamente<br />

dita, mesclada à narrativa de Jeguedé, com a participação<br />

das falas das duas crianças. Notas de rodapé também<br />

auxiliam no entendimento de diversas palavras.<br />

Os personagens são humanos e divinos. Esses últimos<br />

são: o Criador (o Pai supremo); Sapatá, príncipe filho<br />

do Criador; Sobô, uma das qualidades (variações) da<br />

orixá do candomblé ketu denominada Oiá (popularmente,<br />

Iansã); Ifá (que é tanto uma espécie de divindade<br />

quanto oráculo, jogo de adivinhação). Há ainda<br />

referências a Olorum (ou seja, o dono do Orun, o Céu,<br />

o Deus supremo).


Principais conceitos<br />

lReligiosidade e liberdade de expressão religiosa<br />

lRecursos naturais e meio ambiente<br />

lLiberdade de ação, livre-arbítrio e responsabilidade<br />

lUso e efemeridade do poder<br />

lConsequência das ações humanas<br />

lMeio ambiente e preservação<br />

lHibridismo cultural (influências das culturas africanas<br />

no Brasil)<br />

ANTES DE LER<br />

O belo texto poderá ser mais bem aproveitado se<br />

o professor estimular os alunos a uma breve discussão<br />

sobre as influências africanas na cultura brasileira<br />

– tanto na religião quanto em usos e costumes, culinária,<br />

vestimentas e vocabulário. Se perceber alguma<br />

resistência ou preconceito no bate-papo, o professor<br />

poderá trazer à discussão a liberdade de culto e de ex-<br />

Cinema<br />

Alguns filmes abordam a questão das religiosidades<br />

afro-brasileiras de forma central. Sugerimos, junto<br />

às indicações abaixo, a faixa etária para a qual deve ser<br />

apresentado cada filme.<br />

O pagador de promessas (Anselmo Duarte, 1962).<br />

Filme clássico do cinema nacional, inspirado em peça<br />

teatral de Dias Gomes. Trata de Zé do Burro, homem<br />

simples que se depara com a intransigência da Igreja ao<br />

tentar cumprir uma promessa feita em um terreiro de<br />

candomblé. A partir de 10 anos, mas, provavelmente,<br />

alunos mais velhos terão uma compreensão melhor.<br />

Pierre Verger, mensageiro entre dois mundos (Lula<br />

Buarque de Hollanda, 1998). Documentário sobre a vida<br />

e obra do fotógrafo e etnógrafo francês Pierre Verger,<br />

narrado e apresentado por Gilberto Gil. Verger estudou<br />

as relações e as influências culturais mútuas entre Brasil<br />

e o Golfo do Benin, na África. A partir de 12 anos.<br />

Jardim das folhas sagradas (Pola Ribeiro e Henrique<br />

Andrade, 2010). Bonfim, um negro casado com uma<br />

evangélica, recebe a incumbência de montar um terreiro<br />

de candomblé e enfrentará a especulação imobiliária<br />

numa cidade de crescimento vertiginoso, preconceito<br />

racial e intolerância religiosa. A partir de 14 anos.<br />

Há ainda um documentário, Candomblé – Paz e<br />

Fraternidade, com pouco mais de 20 minutos sobre o<br />

candomblé e que serve como introdução ao universo<br />

das religiões afro-brasileiras. Está disponível no site:<br />

www.youtube.com/watch?v=6c3qpho5Aw4. Indicado a<br />

partir de 10 anos.<br />

pressão religiosa, e também a tolerância para com as<br />

diferentes formas de se pensar e entender o mundo.<br />

Ainda se está por descobrir muito da riqueza que<br />

a África nos legou. Se temos por Portugal nosso pai<br />

ancestral, certamente o continente que nos confronta<br />

geograficamente é a nossa grande mãe. O professor<br />

pode incluir esta questão de referência paterna e materna<br />

– os pais fundantes – a Portugal e à África, e trazer<br />

para a classe a importância da diversidade cultural<br />

que existe entre nós a partir do somatório de vários<br />

elementos que vieram de outros lugares.<br />

No caso específico das culturas africanas, ele<br />

pode começar a aula oferecendo alguma comida típica<br />

aos alunos, projetando imagens ou mesmo um vídeo<br />

breve. Pode ainda listar palavras que usamos em nossa<br />

língua e que vieram de povos africanos.<br />

Se entrar especificamente na questão da religiosidade,<br />

valeria a pena o professor apresentar brevemente<br />

os principais orixás do panteão afro-brasileiro,<br />

CONECTE-SE<br />

Literatura<br />

Alguns livros podem servir ao professor para<br />

pesquisa e cruzamento de informações. Dentre eles,<br />

mencionamos:<br />

BASTIDE, Roger. O candomblé da Bahia. São<br />

Paulo: Companhia das Letras, 2001.<br />

BENISTE, José. Orun Aiye, o encontro de dois<br />

mundos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997.<br />

PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos orixás. São<br />

Paulo: Companhia das Letras. 2001.<br />

VERGER, Pierre Fatumbi. Lendas africanas dos<br />

orixás. Salvador: Corrupio, 1997.<br />

Além disso, sugerimos a coleção História Geral<br />

da África, disponível para download gratuito no site<br />

do Ministério da Educação. O link é: portal.mec.gov.<br />

br/index.php?Itemid=872&id=16146&option=com_<br />

content&view=article<br />

Conheça os outros livros da série “Filosofia em<br />

contos”:<br />

O coco que guardava a noite, de Eliane Potiguara<br />

e ilustrado por Suryara Bernardi – reconto de uma<br />

alegoria indígena que aborda dualidades como responsabilidade<br />

x livre-arbítrio; revolta x obediência; e<br />

dia x noite.<br />

Uma luz na escuridão, de Glaucia Lewicki e<br />

ilustrado por Edu Cardoso – reconto da “Alegoria<br />

da caverna”, de Platão, que estimula reflexões sobre<br />

a necessidade de se ir em busca da verdade e<br />

da sabedoria.


por exemplo, escolhendo uma ou outra tradição/nação<br />

(ketu, jeje, fon, angola). Isso dependerá do nível de<br />

maturidade da turma e dos objetivos da aula.<br />

DURANTE A LEITURA<br />

Apesar de o personagem principal do mito ser<br />

Sapatá, quem dá título ao livro e está presente na capa<br />

é sua irmã, Sobô, dona dos ventos e das tempestades.<br />

O professor fará a leitura do livro ou a deixará a<br />

cargo de alguns alunos que, entretanto, deverão fazer<br />

um “ensaio” prévio para a leitura correr fluida e clara.<br />

Um pode ser o narrador e outros assumirão as “vozes”<br />

dos personagens.<br />

Apesar de as notas de rodapé serem esclarecedoras,<br />

sugiro que elas sejam deixadas para depois de<br />

uma primeira leitura, evitando, assim, interrupções.<br />

Em nosso entendimento, a leitura coletiva de um<br />

livro é um ato simples, não precisa de muitos artifícios.<br />

Entretanto, seria poético se o professor escurecesse a<br />

sala e todos se assentassem em círculo, ao redor de<br />

algo que simulasse uma fogueira.<br />

Como ler as ilustrações<br />

As ilustrações de Rubem Filho remetem o leitor<br />

à esfera africana que o livro busca oferecer. Desde a<br />

capa, em que Sobô aparece com seus lindos e volumosos<br />

cabelos, sua aparência austera de guerreira,<br />

passando pelas molduras estilizadas das páginas com<br />

mais texto, tudo colabora para que o aluno penetre no<br />

universo desse mito.<br />

As ilustrações que retratam as crianças e o contador<br />

de histórias trazem a lembrança de cidadezinhas<br />

interioranas ou bairros mais afastados de grandes cidades.<br />

A presença da noite também provoca uma esfera<br />

de contação de história. O professor pode explorar<br />

com os alunos a possibilidade de aquelas casinhas<br />

fazerem parte de um antigo quilombo de uma comunidade<br />

negra. Em qual local do Brasil ela poderia se<br />

localizar? (Alguns dirão Bahia, por exemplo, mas o professor<br />

deve reforçar que temos comunidades quilombolas<br />

em muitos locais.)<br />

Na página 13, Sapatá conversa com seu pai, um<br />

Deus Todo-Poderoso, entronizado entre as nuvens.<br />

Talvez seja interessante o professor indagar aos<br />

alunos se aquela imagem lembra alguma representação<br />

de outra forma de expressão religiosa. (Por<br />

exemplo, o Deus supremo da tradição judaico-cristã.)<br />

Peça também para que eles descrevam aspectos<br />

que lhes tenham chamado atenção nas páginas 15,<br />

16, 17 e 19.<br />

Nas páginas 21 e 25, peça que descrevam a irmã<br />

de Sapatá. Existe a possibilidade de se discutir diferenças<br />

e preferências étnicas e estéticas com a ajuda<br />

desta imagem. Por exemplo: os cabelos de Sobô são<br />

essenciais em sua caracterização. Eles a tornam uma<br />

figura forte, poderosa, austera. Mas não se parecem<br />

aos cabelos que em geral são apresentados na mídia<br />

como “cabelos ideais”. O professor pode indagar aos<br />

alunos se Sobô, uma mulher de personalidade forte e<br />

decidida, se deixaria levar pelos modismos ou imposições<br />

socialmente instituídas pelos meios de comunicação,<br />

em que o cabelo liso, nos dias de hoje, é a<br />

norma corrente.<br />

DEPOIS DE LER<br />

É hora de ler e debater as questões apresentadas<br />

pelo livro. Devido ao universo de possibilidades, estas<br />

questões serão divididas em três pilares: cultural, ambiental<br />

e filosófica.<br />

Cultural<br />

O professor, após a leitura, pode dar continuidade<br />

a alguma atividade que tenha utilizado previamente<br />

como “mote” ou como estímulo ao interesse<br />

dos alunos.<br />

Religiosidade – alguém conhece alguma religião<br />

de influência africana? (Neste caso, as respostas mais<br />

esperadas seriam “umbanda” e “candomblé”. O professor<br />

deve se instrumentalizar para orientar uma discussão<br />

provavelmente delicada.) Saberiam dizer o que<br />

é importante nessas religiões? Quais são seus valores<br />

éticos? Como são feitos os cultos? Há festas?<br />

Alimentação – alguém conhece alimentos que fazem<br />

parte de nossa dieta e que vieram da África? (Por<br />

exemplo, acarajé, vatapá, azeite de dendê, inhame,<br />

coco, banana, pimenta malagueta, café, quiabo etc.)<br />

Qual a importância e a presença desses alimentos entre<br />

nós?<br />

Vocabulário – que palavras usamos no nosso dia<br />

a dia e que vieram de idiomas africanos? (Por exemplo,<br />

angu, batuque, cachimbo, marimbondo, moleque,<br />

quitute, senzala, pipoca, caçula, cafuné, orixá,<br />

bagunça, xingar, rapadura, moqueca, pamonha, samba<br />

etc.) Como essas palavras são usadas hoje? Com<br />

que frequência?<br />

Ambiental<br />

Diz a lenda que, como Sapatá e Sobô brigavam<br />

muito, o primeiro foi viver na Terra, onde muito prosperou,<br />

enquanto a segunda ficou no Céu, vivendo com


seu pai, o Criador. Porém, a chuva parou de cair e<br />

os homens reclamaram com Sapatá da imensa seca<br />

que se fez. Para aplacá-la, foi preciso enviar um pássaro<br />

ao Céu com presentes a Sobô. Essa, por sua vez,<br />

disse ao irmão que ele havia sido muito ganancioso<br />

tomando para si as riquezas do pai. E, por outro<br />

lado, ele havia sido ingênuo ao se esquecer de levar<br />

o fogo e a água para junto de si. A grande lição de<br />

Sobô para o irmão egoísta foi que, sem água e sem<br />

fogo, não se governa terra alguma, mesmo tendo<br />

muitos bens materiais. Sapatá, depois disso, esmoreceu<br />

e abriu mão de seus poderes que julgava tão<br />

plenos. Foi só por isso que a irmã, dona das tempestades,<br />

fez a chuva cair novamente. E Sapatá e Sobô<br />

se reconciliaram. O primeiro ainda é visitado pela<br />

irmã, que costuma aparecer na forma de relâmpago.<br />

Neste resumo da lenda, o professor pode apreender<br />

questões socioambientais de forma mais ampla.<br />

Primeiramente, ele pode conduzir uma discussão<br />

sobre a presença das intempéries e dos “caprichos”<br />

da natureza como condição comum na vida<br />

na Terra. Vários povos já passaram por secas, enchentes,<br />

desmoronamentos, avalanches, queimadas,<br />

tsunamis e terremotos, por exemplo, os quais<br />

se mostraram catástrofes que independeram de<br />

ações hostis contra a natureza. Por outro lado, existe<br />

a responsabilidade humana quanto à degradação<br />

e destruição dos ecossistemas: queimadas, desmatamentos,<br />

assoreamento de rios, construções de<br />

casas em áreas indevidas, poluição de formas variadas,<br />

animais e plantas levados à extinção são alguns<br />

exemplos de como o ser humano pode ser nocivo<br />

e destruidor. No caso específico da lenda, em qual<br />

das duas “leituras” se encaixa a seca que se abateu<br />

sobre a região da África governada por Sapatá?<br />

(Parece que, juntamente com uma seca vinculada ao<br />

clima local, o governador nada fazia para amenizar<br />

o sofrimento de seu povo. Provavelmente, ambos os<br />

aspectos estão presentes.)<br />

Outro item a ser pensado é a presença da “água”<br />

(alimentação, refrigério, agricultura, cura, vida...) e do<br />

“fogo” (a grande metáfora da “tecnologia”), em uma<br />

união indissociável, ainda que paradoxal, pois são culturalmente<br />

opostos. Aqui residem dois símbolos civilizacionais:<br />

os povos, desde os mais antigos, preferiram<br />

habitar a margem de cursos de água, de onde tiravam<br />

água para matar a sede, cozinhar, cultivar alimentos e<br />

criar animais. Por outro lado, o fogo também foi essencial<br />

para o surgimento das civilizações. Com ele, não<br />

somente se obtinha calor para se proteger, aquecer,<br />

cozinhar alimentos, mas também afugentar feras, fazer<br />

rituais mágicos e iluminar a escuridão da noite. E era<br />

extremamente difícil se obter e conservar o fogo quando<br />

ainda não se conhecia “técnicas” para isso (como o<br />

choque entre determinadas pedras ou a fricção de um<br />

pedaço de pau sobre a casca de determinadas árvores).<br />

Muitas vezes, em noites de tempestade (“água”),<br />

os homens ficavam de olho nos raios que caíam e incendiavam<br />

certas partes das florestas. Iam lá buscar o<br />

“fogo” e tentavam preservá-lo na forma de brasas.<br />

Filosófica<br />

Na alegoria A dona do fogo e da água, encontramos<br />

como uma das questões centrais a necessidade<br />

de voltarmos nossa atenção para o que é essencial<br />

na existência humana. Pode-se discutir com os alunos<br />

o que é essencial para o exercício de uma vida<br />

plena e quais virtudes precisam ser estimuladas, desenvolvidas<br />

e valorizadas para a construção de uma<br />

sociedade mais pacífica e mais justa. (O professor<br />

pode fixar no quadro algumas palavras: ganância,<br />

prosperidade, bens materiais, partilha, solidariedade,<br />

ética e compaixão, por exemplo.)<br />

O professor deve se certificar de que seus alunos<br />

entenderam que Sapatá levou consigo muitos<br />

tesouros (bens materiais) para seu governo na<br />

África, mas se esqueceu de coisas essenciais (simbolizadas<br />

pelo fogo e pela água). Seu egoísmo trouxe o<br />

sofrimento coletivo.<br />

Este reconto estimula nossa reflexão sobre algumas<br />

atitudes do ser humano quando ele é movido<br />

pela liderança gananciosa, por exemplo. De<br />

que forma podemos ter e ser líderes éticos? Como<br />

é que se coloca isso em prática? (O livro possibilita<br />

entender que um líder se faz, se forma, em vez<br />

de nascer pronto. A liderança, para cada situação,<br />

será construída a partir das experiências cotidianas,<br />

do aprendizado, da correção dos erros. Quem lidera<br />

precisa desenvolver virtudes importantes como capacidade<br />

de diálogo, escuta atenta, criticidade, humildade,<br />

tolerância e amorosidade.)<br />

ASSUNTO PUXA ASSUNTO<br />

O professor pode usar a imaginação para criar<br />

projetos interessantes com os alunos a partir deste<br />

livro. Dentre eles, sugerimos:<br />

Música: levar referências, citações e diversas<br />

canções da MPB inspiradas diretamente nas alegorias<br />

dos orixás, escritas e interpretadas por nomes<br />

como Chico Buarque, <strong>Maria</strong> Bethania, Caetano<br />

Veloso, Vinicius de Morais, Toquinho, Marisa Monte,<br />

Clara Nunes, <strong>Maria</strong> Rita etc.


Literatura: as alegorias dos orixás estão presentes<br />

em diversas obras da literatura mundial, com<br />

destaque para as brasileiras e africanas. O professor<br />

pode mesmo cruzar e comparar este mito com<br />

outros e pedir que os alunos, em dupla, pesquisem<br />

lendas sobre orixás diferentes: Exu, Xangô, Iemanjá,<br />

Oxum, Oyá, Oxossi, Nanã, Obaluaiê, Oxalá, Obá etc.<br />

Culinária: a “culinária de santo” ou as “comidas<br />

de santo” (ou seja, dos orixás do candomblé) são<br />

muito ricas e populares. O professor pode buscar<br />

em sua cidade pessoas que saibam preparar alguns<br />

pratos típicos ou tentar preparar algum deles com<br />

sua turma.<br />

Religião: há terreiros ou roças de candomblé,<br />

populares em vários estados do Brasil, que estão<br />

abertos à visitação. Com a crescente mobilização<br />

pró-valorização das culturas afro-brasileiras, encontram-se,<br />

com relativa facilidade, pessoas de comunidades<br />

de candomblé dispostas a mostrar um<br />

pouco sobre o dia a dia da religião e a vivência dos<br />

ensinamentos que são deixados pelos orixás e seus<br />

mitos.<br />

Gestão e liderança: uma atividade produtiva seria<br />

transformar a classe toda em uma “gestora” de<br />

uma pequena cidade, feudo, reino, país. Isso seria<br />

feito por meio de maquetes. Cada grupo cuidaria de<br />

uma parte ou departamento da “cidade”. Por exemplo:<br />

haveria uma cúpula geral para dirigir os demais<br />

departamentos, que seriam voltados para “alimentação<br />

e saúde”, “transportes”, “educação e cultura”,<br />

“moradia, emprego e bem-estar” etc. Uma das laterais<br />

da classe pode se transformar em um “balcão”<br />

no qual será erigida, aos poucos, a maquete.<br />

Deverão existir casas, vias, locais com água, instituições<br />

de saúde, educação e lazer, templos, atividades<br />

de agricultura, criação de animais, áreas preserva-<br />

das... Os diferentes departamentos devem se reunir<br />

semanalmente para discutir as melhorias e problemas<br />

da administração.<br />

SOBRE O ESCRITOR<br />

Celso Sisto nasceu no Rio de Janeiro (RJ), mas vive no Rio Grande do Sul, num eterno vai e vem entre Porto<br />

Alegre e a praia de Cidreira, no litoral norte do estado. Estudou literatura, teatro e especializou-se em Literatura<br />

Infantil e Juvenil. É contador de histórias, arte-educador, ilustrador e tem mais de 50 livros publicados para<br />

crianças e jovens. Mais informações em: www.celsosisto.com.<br />

SOBRE O ILUSTRA<strong>DO</strong>R<br />

Rubem Filho nasceu em Belo Horizonte. É ilustrador e artista gráfico, formado em Artes pela Escola Guignard,<br />

da Universidade do Estado de Minas Gerais. Especializou-se em gravura em metal e litografia e trabalha com<br />

literatura infantojuvenil desde 1996. Tem cerca de 80 livros publicados como ilustrador e projetista gráfico e<br />

dois como escritor.<br />

ELABORA<strong>DO</strong> POR ADRIANO MESSIAS – escritor de livros infantojuvenis, tradutor e adaptador, doutorando em<br />

Comunicação e Semiótica, mestre em Comunicação e Sociabilidade, graduado em Jornalismo e em Letras. Email:<br />

adrianoescritor@yahoo.com.br. Blog: www.adrianomessiasescritor.blogspot.com.br

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