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leia entrevista - Ds WAY

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Directora: Ana Fragoso | Trimestral | P.V.P Portugal e Espanha : 2 €<br />

masJulho<br />

2008<br />

Actualidade | opinião | lazer | Social | Reportagem<br />

revista<br />

Nº 0<br />

exclusiVO<br />

Entrevista com<br />

PEdro PirEs<br />

Viagem<br />

LE CAsTELLET<br />

UMA ALdEiA QUE CHEirA A<br />

FLorEs E CANELA<br />

análise<br />

soLidÁrios NUMA<br />

MorTE ProGrAMAdA<br />

www.RevistaMas.tv<br />

ANiVErsÁrio CAsA FCP BrAGANÇA


Nesta edição:<br />

Centenário de Trindade Coelho<br />

Pagina 5....................<br />

Le Castellet, uma jóia a<br />

descobrir no sul de França<br />

....................Pagina 6<br />

Entrevista Pedro Pires<br />

Pagina 14................<br />

Mas também<br />

A DESERTIFICAÇÃO HUMANA EM<br />

TRÁS-OS-MONTES<br />

....................Pagina 22<br />

SBC............................................................................pag 12<br />

Wine house Alijó..................................................pag 13<br />

Festivais de Verão.................................................pag 20<br />

Parque Biológico de Vinhais.............................pag 21<br />

Eventos....................................................................pag 28<br />

U editorial<br />

Mas há mais!<br />

A<br />

“excelência”, uma palavra que começa<br />

a ser utilizada cada vez mais destacando<br />

uma condição que infelizmente<br />

começa a ser, aparentemente, mais rara.<br />

Temos, apesar de tudo, excelentes cidadãos e<br />

muitos transmontanos excelentes.<br />

Pedro Pires é um deles (apesar de não ter<br />

ganho o prémio para o qual foi nomeado),<br />

é um lutador, que se decidiu, pese embora<br />

as inúmeras dificuldades e obstáculos, pela<br />

prossecução de um sonho e de uma carreira<br />

artística. Garante que ainda não conseguiu<br />

alcançar o sucesso pleno, inalcançável para os<br />

verdadeiros artistas.<br />

A Revista Mas, surge com vários propósitos.<br />

um deles é o de dar a conhecer a “excelência”<br />

da nossa terra, da nossa gente, dos nossos<br />

lugares, etc. um outro é o de mostrar, através<br />

de colaborações preciosas como a que trazemos<br />

neste primeiro número, que nem tudo<br />

está bem, nem tudo é um mar de rosas. A desertificação<br />

humana afigura-se como o maior<br />

problema da região transmontana e todos<br />

juntos devemos tentar contrariar este flagelo.<br />

A Revista Mas, nasce para dar também um<br />

contributo, humilde, modesto, mas profissional,<br />

sério e honesto.<br />

Mostrando os excelentes, os muito bons, os<br />

bons, os medianos, e mostrando e denunciando<br />

também quando for necessário, a mediocridade,<br />

queremos afirmar que há sempre<br />

um MAS e que é preciso dar uma continuidade,<br />

se possível no caminho do sucesso e do<br />

desenvolvimento.<br />

Julho 2008<br />

Ana Fragoso<br />

3


U Opinião<br />

Ficha Técnica<br />

Co m o f a l a o n o s s o C o r p o ?<br />

A linguagem do corpo, muitas vezes silenciosa, pode contradizer<br />

ou reforçar as nossas palavras. Esta linguagem é uma expressão<br />

das nossas vontades inconscientes que transmitem mais<br />

informação sobre nós do que aquela que provavelmente<br />

desejaríamos… se disso tivéssemos consciência.<br />

A comunicação não verbal utiliza suportes como os<br />

movimentos corporais, o vestuário, o olhar, a respiração, a<br />

dispersão dos indivíduos no espaço, o toque, as expressões,<br />

os silêncios, enfim, sinais que nos envolvem no dia a dia e que<br />

nos transmitem mensagens recheadas de conteúdo.<br />

Sabemos que todo o comportamento numa situação de<br />

interacção tem valor de mensagem, ou seja, é impossível<br />

não comunicar. Nesse sentido, sendo tudo comunicação,<br />

poderemos entender como segundo Mehrabian, a<br />

comunicação não-verbal representa 55% do valor da<br />

mensagem.<br />

A importância da comunicação não verbal não será sempre<br />

a mesma porque depende do contexto em que se desenrola,<br />

e dos agentes envolvidos: emissor e receptor. Isto quer<br />

dizer que a formalidade, a tensão existente, a intimidade<br />

entre os intervenientes, condicionará a própria dinâmica da<br />

comunicação não-verbal e a sua importância no processo<br />

comunicativo em questão.<br />

A comunicação não-verbal transmite muitas vezes as<br />

intenções que as palavras não chegam a expressar. Assim,<br />

com um sorriso ou um momento de silêncio podemos<br />

comunicar mais facilmente o que sentimos do que através de<br />

palavras ou, podemos também, reforçar o que estas disseram.<br />

o canal não verbal quando utilizado mais conscientemente<br />

é também muito útil na negociação entre as pessoas e como<br />

complemento da mensagem verbal.<br />

A verdadeira comunicação assertiva é um mix de verbal e<br />

não-verbal em que cada uma destas afirma o sentido da<br />

outra. Isto quer dizer que assertividade não se vê só nas<br />

palavras mas também no olhar, no silêncio, na fisionomia, nos<br />

gestos, enfim, em tudo!<br />

“Mentimos com a boca, mas os nossos gestos denunciam a<br />

verdade.” Friedrich Nietzsche<br />

4 Julho 2008<br />

Raquel Veloso<br />

Consultora de Comunicação<br />

Directora<br />

Ana Fragoso<br />

Redacção<br />

Ana Fragoso<br />

Eugénia Pires<br />

Vitor Pereira<br />

Eduardo Pinto<br />

Colaboradores<br />

Raquel Veloso<br />

Ricardo Morais<br />

Maquetação<br />

A Voz do Nordeste<br />

Assinaturas<br />

assinaturas@revistamas.tv<br />

Tiragem<br />

1000<br />

Periodicidade<br />

Trimestral<br />

Impressão<br />

Coraze - oliveira de Azeméis<br />

REVISTA MAS<br />

Av. Sabor, urb S. lázaro, Bl 1, lj 2<br />

Apartado 111 - 5300 -367 Bragança<br />

Telefone: +351 273324620<br />

Fax: +351 273329649<br />

info@revistamas.tv<br />

www.revistamas.tv<br />

A Revista Mas, não se responsabiliza pelas<br />

opiniões vertidas nas reportagens e/ou nas<br />

informações assinadas e prestadas em textos<br />

de opinião. Todos os direitos reservados. Esta<br />

publicação não pode ser reproduzida nem total,<br />

nem parcialmente, sem autorização prévia e<br />

expressa da direcção.<br />

Propriedade<br />

A Voz do Nordeste<br />

Edições e Artes Gráficas, lda<br />

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jornal@vozdonordeste.com<br />

www.avoz.net


U cultura<br />

Centenário de Trindade<br />

Coelho<br />

Estão programadas mais de três dezenas de iniciativas<br />

de índole cultural, que pretendem evocar a vida e obra<br />

do escritor mogadourense, Trindade Coelho, de entre as<br />

quais se destaca a inauguração da Biblioteca Municipal que<br />

vai receber o nome do contista transmontano. Por se tratar<br />

de um espaço moderno, a autarquia local entende que é espaço<br />

perfeito para expor todo o acervo possível relacionado<br />

com o escritor para,<br />

assim, dignificar um<br />

dos maiores autores<br />

do conto rústico português.<br />

uma ideia que<br />

surgiu no âmbito<br />

das comemorações<br />

do centenário da<br />

morte do autor<br />

que começaram<br />

oficialmente a 1 de<br />

Junho. uma sessão<br />

extraordinária da Assemb<strong>leia</strong><br />

Municipal<br />

marcou, simbolicamente,<br />

a abertura<br />

das celebrações. De<br />

seguida foi depositada<br />

uma coroa de<br />

flores junto à estátua<br />

do homenageado, no<br />

Trindade Coelho,<br />

quem é?<br />

Trindade Coelho, autor do livro<br />

os Meus Amores, nasceu em<br />

Mogadouro dia 18 de Junho de<br />

1861 e, pelo seu estilo natural,<br />

a simplicidade e candura de<br />

alguns dos seus personagens,<br />

fazem do escritor um dos<br />

mestres do conto rústico português.<br />

Ao longo da sua vida, exerceu<br />

sempre o cargo de magistrado<br />

mas ficou conhecido como<br />

jornalista e escritor. Porém,<br />

desgostoso com a vida, viria a<br />

largo com o mesmo nome, localizado no centro da vila. outro<br />

dos momentos altos das actividades verificou-se também<br />

no dia 18 de Junho, data de nascimento do escritor, com a<br />

inauguração de uma exposição da vida e obra de Trindade<br />

Coelho, com documentos e fotografias pessoais, facultadas<br />

Mogadouro promove actividades para divulgar vida e obra do<br />

escritor. O município decidiu que a futura Biblioteca Municipal<br />

ostentará o nome do escritor Trindade Coelho. Trata-se de um<br />

espaço moderno, com excelentes condições para guardar e<br />

divulgar elementos da vida e obra de personalidades que fazem<br />

parte da história do concelho, à frente das quais figura Trindade<br />

Coelho.<br />

Texto e fotos: Eugénia Pires<br />

pelo Museu Abade de Baçal de Bragança, que pode ser vista<br />

na Casa da Cultura de Mogadouro. No mesmo dia foi ainda<br />

atribuído a Rute Mota o Prémio Nacional Trindade Coelho.<br />

um trabalho distinguido entre 89 peças literários que concorreram<br />

a este concurso.<br />

A autarquia pretende ainda editar as três obras de Trindade<br />

Coelho: os Meus Amores (1891), In Illo Tempore (livro de<br />

memórias de Coim-<br />

bra-1902) e o Senhor<br />

suicidar-se em lisboa, a 18 de<br />

Sete. outras das<br />

Agosto de 1908, tinha então 47<br />

actividades previstas<br />

anos.<br />

é dar continuidade ao<br />

Deixou uma obra variada e<br />

programa “Viajar com<br />

profunda, distribuída por quatro Trindade Coelho”,<br />

vertentes: jornalismo, carácter que consiste numa<br />

jurídico, intervenção cívica e viagem temática<br />

literária. Como jornalista co- com visita aos locais<br />

laborou, com os pseudónimos que marcaram a vida<br />

de Belisário e José Coelho em e obra do contista,<br />

alguns jornais nacionais e fun- como a casa onde<br />

dou a Gazeta de Portalegre e o<br />

nasceu.<br />

Com todas estas<br />

Comércio de Portalegre. Como<br />

iniciativas, passado<br />

obras literárias deixou: os Meus<br />

um século da morte<br />

Amores (1891), In Illo Tempore do ilustre mogadou-<br />

(livro de memórias de Coimbra- rense, a autarquia<br />

1902) e o Senhor Sete.<br />

quer que todos os<br />

filhos da terra saibam<br />

reconhecer o mérito<br />

do contista, daí que as iniciativas tenham sido programadas<br />

para abranger todas as camadas sociais e faixas etárias, de<br />

forma a imortalizar a sua obra e reintroduzir os seus livros no<br />

conteúdo curricular lectivo da disciplina de Português, nas<br />

escolas portuguesas do 3º Ciclo e Secundário.<br />

Julho 2008<br />

5<br />

r


U<br />

lá fora<br />

Le Castellet, uma jóia a d<br />

“Glamour”, é talvez o adjectivo<br />

que melhor define a pequena<br />

aldeia de “Le Castellet”, situada<br />

a menos de 50 quilómetros<br />

de Marselha, em França. Um<br />

pequeno povoado medieval,<br />

perfeitamente preservado e<br />

enfeitado com flores de todas<br />

as cores que transformam a<br />

aldeia num jardim.<br />

Texto: Ana Fragoso<br />

6 Julho 2008


escobrir no sul de França<br />

Julho 2008<br />

7


U<br />

lá fora<br />

Como um abraço apertado, as muralhas protegem<br />

a pequena aldeia de “le Castellet”, situada a<br />

menos de 50 quilómetros de Marselha, em<br />

plena Provença francesa. A norte e a sul da aldeia,<br />

dois grandes parques de estacionamento, avisam os<br />

visitantes que a circulação automóvel está interdita no<br />

perímetro intra-muralhas, convidando-os a descobrir,<br />

a pé, os encantos do local.<br />

Pela entrada fortificada a<br />

norte, bem ao lado da Igreja,<br />

construída no século XII,<br />

um vendedor de gelados,<br />

enquanto faz negócio, vai<br />

avisando os turistas que<br />

vale a pena visitar a aldeia<br />

toda: “C´est le plus beau<br />

village du département du<br />

Var”, afiança. o povoado<br />

é relativamente pequeno,<br />

tem menos de quatro mil<br />

habitantes, que souberam<br />

valorizar o legado dos seus<br />

antepassados e preservaram<br />

cada um dos imóveis,<br />

públicos e privados. No<br />

antigo Castelo, instalou-se a<br />

Câmara Municipal, nas casas<br />

particulares os residentes<br />

aproveitaram o rés-do-chão<br />

para ali criar os mais diversos<br />

negócios. Cafés-Concerto<br />

que com as suas esplanadas<br />

embelezadas organizam<br />

“soirées” musicais, restaurantes e residenciais, galerias<br />

de arte (são mais de uma dezena), lojas de artesanato,<br />

de decoração, bijutarias, acessórios de moda,<br />

8 Julho 2008<br />

“No antigo Castelo, instalou-se<br />

a Câmara Municipal,<br />

nas casas particulares os<br />

residentes aproveitaram o<br />

rés-do-chão para ali criar<br />

os mais diversos negócios.<br />

Cafés-Concerto que com as<br />

suas esplanadas embelezadas<br />

organizam “soirées”<br />

musicais...<br />

perfumarias, um pouco de tudo. Mesmo sem entrar<br />

nestes estabelecimentos comercias, o local torna-se<br />

irresistível para as máquinas fotográfica.<br />

Como se fosse uma única planta, um cordão de<br />

hera cobre parte das moradias ao longo de todo<br />

o povoado, pelo meio as flores, que permanecem<br />

coloridas quase todo o ano, pintam aqui e ali o cenário<br />

em tons de amarelo,<br />

vermelho, magenta,<br />

rosa e laranja. Cores<br />

fortes que contrastam<br />

com as paredes das<br />

habitações, na sua<br />

maioria construídas em<br />

pedra de cores claras<br />

ou pintadas de bege,<br />

amarelo ou salmão. As<br />

portas e janelas, como<br />

de resto em toda a zona<br />

da Provença francesa,<br />

são de várias cores mas,<br />

predominantemente,<br />

verdes e azuis. Sem o<br />

barulho dos automóveis,<br />

sem ouvir buzinas,<br />

vale a pena parar<br />

numa esplanada para<br />

beber um sumo ou<br />

então experimentar<br />

a cozinha provençal,<br />

bastante aromática e<br />

bem temperada com<br />

os famosos vinhos de<br />

Bandol. De alguns locais da aldeia é possível sentir uma<br />

brisa fresca que chega do mediterrâneo, a pouco mais<br />

de cinco quilómetros.


Entre “le Castellet” e o mar sucedem-se<br />

as vinhas e os olivais. os cheiros, que<br />

a máquina fotográfica não consegue<br />

captar e as palavras não conseguem<br />

reproduzir, são adocicados, mas leves.<br />

No início do Verão os campos de<br />

alfazema perfumam o ar, um odor doce<br />

que se mistura suavemente com o cheiro<br />

salgado do mar. No Inverno o ambiente<br />

é aquecido com o aroma do vinho doce<br />

misturado com canela, uma bebida<br />

agradável, que conforta o corpo e o<br />

espírito.<br />

Esta pequena aldeia, apesar de<br />

vocacionada para o turismo, tem<br />

escapado ao excursionismo de massas,<br />

que deixa apinhadas as praias da Cote<br />

D´Azur. Talvez pelo seu “Glamour” o local serviu de<br />

cenário para o filme "la femme du boulanger", do<br />

célebre escritor e cineasta francês Marcel Pagnol.<br />

le Castellet é ainda conhecido pelo seu aeroporto<br />

internacional (privado), pelo circuito de automóvel de<br />

Paul Ricard, (o primeiro circuito do terceiro milénio)<br />

com pista de Fórmula 1 e que acolhe Grandes Prémios<br />

de Motos.<br />

O que comprar<br />

o perfume que caracteriza o local materializa-se nas<br />

várias lojas de sabonetes, pout-pourri e ambientadores<br />

para o lar, comprando alguns deste produtos é possível<br />

trazer “um pedacinho” de le Castellet, na mala de<br />

viagem. Nas várias lojas de artesanato podem-se<br />

comprar diversos artigos em pele, carteiras e<br />

malas de senhora, casacos e coletes, cintos<br />

e outros acessórios de moda. Ainda no<br />

artesanato há inúmeras lojas com pequenas<br />

peças de cerâmica, desde adornos para<br />

o lar até serviços completos de cozinha<br />

cuidadosamente pintados à mão. os<br />

amantes da arte podem nas diversas<br />

galerias existentes no local adquirir quadros<br />

de pintores locais ou de artistas famosos e<br />

também esculturas.<br />

Outros locais a Visitar<br />

Entre Maselha e Cassis, num percurso de<br />

cerca de 20 quilómetros, podem-se admirar<br />

“les Calanques”, maciços de calcário<br />

que caem em falésia, de forma abrupta<br />

sobre as águas, de um azul profundo, do<br />

mediterrâneo. Ao longo deste percurso há<br />

pequenas vilas portuárias, com esplanadas<br />

ao longo de toda a costa, como é o caso de<br />

la Ciota. A cerca de 40 quilómetros de le<br />

Castellet, em Bandol, diversas explorações<br />

vinícolas estão abertas aos turistas,<br />

permitindo comprar os famosos vinhos<br />

de Bandol, com Denominação de origem<br />

Protegida ou, simplesmente, degustar<br />

aquele néctar dos deuses.<br />

le Castellet fica às portas da Cote D’Azur<br />

e bastante perto de locais sobejamente<br />

Julho 2008<br />

9


U<br />

lá fora<br />

conhecidos dos turistas, como Saint Tropez e St.<br />

Raphael.<br />

Onde Comer<br />

“Auberge Saint Eloi”<br />

um local requintado, com vista panorâmica sobre “la<br />

Ciotat” e sobre as vinhas de Bandol. Tem uma agradável<br />

sala climatizada onde pode saborear variados pratos<br />

tradicionais da cozinha provençal, confeccionados<br />

unicamente com produtos caseiros. Experimente o<br />

“Foie Gras” (uma espécie de paté de ganso ou pato),<br />

ou então “bouillabaisse”, um prato que inclui diferentes<br />

variedades de peixe, extraordinariamente combinadas.<br />

“la Farigoule”<br />

Na época alta este restaurante está sempre aberto.<br />

No menu destaca-se o “Bouillabaisse”, as carnes de<br />

churrasco e a especialidade da casa é o “Daube séche”,<br />

um prato de peixe combinado com bacon, cogumelos,<br />

diversas especiarias e cozinhado em vinho tinto.<br />

Onde Dormir<br />

hotel du Castellet<br />

Situado a uma curta distância da pista de automóveis<br />

de Paul Ricard o hotel du Castellet, com quatro estrelas,<br />

é um pequeno paraíso na Provença, implementado<br />

numa área de 20 hectares de terreno, com um parque<br />

natural e com vistas sobre o mediterrâneo. o hotel<br />

tem 34 quartos e 13 suites, piano bar, piscina exterior<br />

10 Julho 2008<br />

e interior, campo de ténis, ginásio, salão de beleza,<br />

restaurante e terraço.<br />

uma noite neste hotel pode custar entre 300 a 500<br />

euros.<br />

No restaurante o pequeno-almoço custa entre 25 a 30<br />

euros, o almoço ou jantar custa entre 40 a 90 euros por<br />

pessoa.<br />

les Quatre Saisons<br />

“les Quatre Saisons” tem uma oferta diversificada,<br />

possui cinco quartos, duas suites e ainda um<br />

apartamento, equipado com cozinha, sala, quarto e<br />

terraço privado. Tem ainda restaurante, piscina e está<br />

rodeado por uma área de pinheiros. Por se encontrar<br />

num ponto alto tem vistas privilegiadas sobre as praias<br />

de Saint Cyr Sur Mer.<br />

Nos quartos uma noite para duas pessoas, com<br />

pequeno-almoço incluído custa entre 90 e 110 euros;<br />

nas suites a noite para duas pessoas, também com<br />

pequeno-almoço, custa 110 euros; no apartamento<br />

uma semana para duas pessoas custa 650 euros.<br />

Castel lumiere hotel- Restaurante<br />

o hotel tem sete quartos, cada qual pintado e<br />

decorado com uma cor diferente que o identifica.<br />

As enormes portas e janelas de vidro garantem uma<br />

agradável visão sobre a aldeia ou sobre o mar. os<br />

preços por noite oscilam entre os 85 e os 100 euros. o<br />

restaurante do hotel tem um enorme terraço, os menus<br />

privilegiam os pratos tradicionais da zona. o preço dos<br />

menus varia entre os 29 e os 35 euros. r


não basta saber ler...<br />

...é preciso compreender<br />

INFORMAÇÃO INTELIGENTE<br />

às quintas-feiras


U<br />

economia<br />

SBC, um caso de sucesso no empreendedorismo<br />

Em apenas 12 anos de actividade a SBC lda., Sociedade<br />

Brigantina de Consultores, conseguiu multiplicar por cinco o<br />

número de postos de trabalho criados.<br />

A empresa nasceu no seio do IPB, com um grupo de cinco<br />

pessoas, professores e ex-alunos daquele instituto, que<br />

começaram por prestar serviços na área da Consultadoria em<br />

matérias de Gestão, Contabilidade e Sistemas de Informação.<br />

hoje são 25 os profissionais, todos qualificados, que prestam<br />

serviços em áreas bem diversificadas: Assessoria Contabilística<br />

e Financeira; Sistemas de Informação; e Projectos de Investimento.<br />

Neste último campo a SBC é responsável pela elaboração<br />

de projectos de investimento e candidaturas aos fundos<br />

comunitários que, no seu conjunto, “já representam mais de<br />

50 milhões de euros de investimentos realizados e a criação<br />

de mil postos de trabalho”, revela Maurício Vaz, um dos sócios<br />

fundadores.<br />

Cada solução apresentada é estudada à medida de cada promotor<br />

que pode contar com o acompanhamento da SBC na<br />

fase inicial de instalação.<br />

um serviço que tem dado resultados e isso reflecte-se “na<br />

12 Julho 2008<br />

mortalidade reduzida”, das empresas que apoiam. o empresário<br />

desafia os investidores locais a apostarem na região<br />

e os jovens qualificados a tomarem a iniciativa de criação do<br />

próprio posto de trabalho, argumentando que o paradigma<br />

do emprego está a mudar. “As oportunidades de trabalho não<br />

estão necessariamente na contratação por conta de outrem”,<br />

defende, “sejam inovadores”, desafia, dirigindo-se aos muitos<br />

licenciados que depois de concluírem o percurso académico<br />

não encontram uma porta aberta no mercado de trabalho. r


Wine House abre na Estação do Pinhão<br />

A família Amorim abriu o<br />

seu novo espaço de enoturismo<br />

na Estação do<br />

Pinhão, precisamente 128<br />

anos depois do primeiro<br />

comboio ali chegar.<br />

Foi no dia 1 de<br />

Junho de 1880<br />

que o primeiro<br />

comboio chegou à<br />

Estação do Pinhão,<br />

transformando este<br />

local num dos pontos<br />

de encontro por<br />

excelência da Região<br />

Demarcada do Douro. Ali chegavam e dali saíam grande parte<br />

das pessoas e mercadorias de toda uma região voltada para a<br />

produção do vinho do Porto, que durante quase 100 anos teve<br />

como principal via de entrada e saída a linha do Douro.<br />

Domingo, 128 anos depois, o emblemático edifício ferroviário<br />

renasceu com nova vocação turística e cultural que lhe dará<br />

dignidade para voltar a impor-se como uma das maiores<br />

atracções turísticas do Alto Douro vinhateiro. A Wine house<br />

resultou de uma parceria entre a Quinta Nova de Nossa<br />

Senhora do Carmo, da família Amorim, e a Refer.<br />

É um projecto integrado e inovador de enoturismo<br />

que dinamizará um forte desenvolvimento local. Para a<br />

concretização do projecto, o edifício da Estação e toda a área<br />

envolvente, incluindo as casas dos manobradores e operadores<br />

ferroviários, foram objecto de obras de reabilitação que<br />

respeitaram na íntegra o valor patrimonial do imóvel.<br />

o projecto de valorização do edifício é da responsabilidade do<br />

Arquitecto Arnaldo Barbosa, responsável por diversos projectos<br />

no Douro vinhateiro, desde logo pela reabilitação do hotel<br />

Rural Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo.<br />

Wine House, a cultura e o desenvolvimento local<br />

o projecto de valorização que está a ser desenvolvido pela<br />

família Amorim vai dar nova vida aos espaços desactivados<br />

da Estação, criando um conceito totalmente integrado. A<br />

Wine house ocupa cerca de 460 m2 e inclui uma loja para a<br />

degustação e venda de produtos Quinta Nova, um núcleo<br />

museológico e uma sala privada para a realização de eventos.<br />

No edifício principal está situada a loja para provar e adquirir os<br />

vinhos Quinta Nova, bem como toda a sua gama de produtos<br />

gourmet (chás de ervas locais, azeite extra virgem, compotas<br />

da quinta, mel e rebuçados), além de livros e outros objectos<br />

de merchandising, relacionados com o mundo do vinho. Este<br />

espaço está associado a uma esplanada onde o turista pode<br />

sentir e fruir o ambiente típico da Estação sobranceira ao rio<br />

Douro e enquadrada num cenário de grande beleza natural.<br />

No primeiro andar deste edifício foi instalada uma sala privada,<br />

aberta à realização de diversos eventos, nomeadamente<br />

pequenos recitais de música, tertúlias, almoços e jantares<br />

vínicos, cursos de culinária, etc.. A área gastronómica vai ser<br />

U Douro<br />

desenvolvida em parceria com Rui Paula, chefe e proprietário<br />

do restaurante D.o.C., no cais da Folgosa (Armamar).<br />

“Ponto de Encontro” no Pinhão<br />

A Estação do Pinhão é um dos ex-libris turísticos Alto Douro<br />

vinhateiro, desde logo pelos painéis de azulejos do edifício<br />

principal. São ao todo 25 painéis, que representam cenas,<br />

paisagens e costumes da região, onde a vinha predomina,<br />

proporcionando ao visitante a observação dos aspectos<br />

relevantes da vila duriense, a nível cultural e histórico. Em<br />

tons de azul, os azulejos são da autoria de J. oliveira e foram<br />

encomendados à fábrica Aleluia, de Aveiro, em 1937.<br />

A Estação foi outrora um local de encontro por excelência na<br />

região. Acompanhou a história da linha do Douro que, até<br />

à segunda metade do século passado, desempenhou um<br />

importante papel no transporte de pessoas e mercadorias,<br />

especialmente relacionadas com a produção do vinho do Porto.<br />

A família Amorim espera que a Wine house volte a dar este<br />

carácter de “ponto de encontro” à Estação do Pinhão.<br />

A Wine house funcionará também como extensão do hotel<br />

Rural da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo. Neste<br />

espaço, o turista poderá conhecer o projecto de enoturismo<br />

e enologia que já foi reconhecido com os importantes<br />

prémios Melhor Enoturismo 2006, “Best of wine tourism/<br />

Accommodation 2007” e “Best of wine tourism/Arquitecture,<br />

Parks and Gardens 2008”. Se o turista entrar aí num comboio,<br />

10 minutos depois estará a chegar à Estação do Ferrão, nas<br />

imediações da Quinta Nova e a um dos locais mais tranquilos e<br />

paradisíacos do Douro vinhateiro.<br />

r<br />

Julho 2008<br />

13


U<br />

<strong>entrevista</strong><br />

14 Julho 2008<br />

Pedro Pires<br />

Transmontano,<br />

dançarino,<br />

coreógrafo, “de<br />

excelência”<br />

Entrevista: Vitor Pereira<br />

Fotos: Codigo Dance Project


Saiu cedo da pequena aldeia de<br />

Talhas, no concelho de Bragança,<br />

como tantos, em direcção ao litoral<br />

para estudar. Com o diploma na mão,<br />

Pedro descobriu o que lhe apetecia<br />

realmente fazer da vida: dedicar-se à<br />

arte e à criação artística. Rumou para<br />

Londres, onde tem actualmente uma<br />

das mais promissoras academias de<br />

dança contemporânea e experimental,<br />

a «Código Dance Project».<br />

Recentemente foi nomeado para a<br />

iniciativa da RTP, “Portugueses de<br />

Excelência”.<br />

Quem é o Pedro Pires? Onde nasceu, cresceu,<br />

estudou.<br />

Nasci em 1975, na aldeia de Talhas, concelho<br />

de Macedo de Cavaleiros, distrito de Bragança.<br />

Actualmente vivo em londres onde exerço a<br />

profissão de coreógrafo e director artístico de Código<br />

Dance Project, companhia de dança contemporânea.<br />

Com que idade saiu de Trás-os-Montes?<br />

Após completar o 9º ano de escolaridade transferime<br />

para Fátima, onde ingressei o Seminário dos<br />

Marianos. Dois anos mais tarde volto a Trás-os-<br />

Montes para completar os estudos (12º ano), lugar<br />

que mais uma vez deixo aos 20 anos de idade.<br />

E foi para onde? Fazer o quê?<br />

Seguindo o percurso normal de um jovem, em<br />

1995 mudo-me para o Porto para estudar Física na<br />

Faculdade de Ciências.<br />

Quando descobriu a vocação que tinha para as<br />

artes?<br />

Bastou estar numa cidade (Porto) com programação<br />

artística para que a minha sensibilidade me levasse<br />

ao primeiro contacto com o teatro e mais tarde à<br />

dança<br />

Porque escolheu a dança?<br />

Estudei e representei teatro, também tive alguma<br />

envolvência com outras formas artísticas, mas ao<br />

expor o meu ser à dança, descobri o desafio que<br />

procurava.<br />

O que significou para si esse passo e essa<br />

aventura?<br />

A percepção do valor da dança foi imediata, assim<br />

como o caminho mais provável a seguir para uma<br />

realização própria.<br />

Foi uma aventura principiada por uma paixão que<br />

tem vindo a crescer em cada momento. Quanto mais<br />

me envolvo mais me surpreende pela sua dimensão<br />

e complexidade. Na verdade, trata-se de um altíssimo<br />

nível de envolvência física e mental.<br />

Como reagiram a sua família e os seus amigos a<br />

uma reviravolta tão grande na sua vida?<br />

uma reacção muito decepcionante! A família<br />

sempre quer o melhor para nós e, obviamente, uma<br />

formação académica seria<br />

o melhor caminho a seguir.<br />

Mas sempre respeitei essa<br />

reacção, perfeitamente<br />

compreensível mediante a<br />

sua educação.<br />

Quanto aos amigos...<br />

sempre muito cépticos,<br />

contudo, satisfeitos pela<br />

alegria que em mim se<br />

esboçava.<br />

Não teve uma vida<br />

propriamente facilitada<br />

após essa decisão de<br />

abraçar o mundo da arte<br />

da dança. Quais foram as<br />

dificuldades principais?<br />

Não tive, não tenho e<br />

duvido que tenha! Tratase<br />

de Arte! A principal<br />

dificuldade foi a Idade.<br />

Querer ser bailarino aos 25<br />

anos de idade é impensável!<br />

Sendo Independente,<br />

foi muito difícil conciliar<br />

e suportar os inúmeros<br />

trabalhos, em regime<br />

de part-time ou tempo<br />

inteiro, com a desgastante<br />

e caríssima formação de<br />

bailarino. Foram cinco anos muito duros!<br />

Portugal tornou-se pequeno para o Pedro? Como<br />

surge a decisão de abraçar outras experiências<br />

fora do nosso país?<br />

obviamente que sim. A dança é uma disciplina<br />

universal. Estaremos sempre influenciados por<br />

Julho 2008<br />

15


U<br />

<strong>entrevista</strong><br />

factores naturais e o planeta será sempre constituído<br />

por cantos com distintas identidades e, assim, como<br />

Portugal se tornou pequeno, também agora sinto<br />

que a Europa o começa a ser, não pela quantidade ou<br />

qualidade, mas pela curiosidade.<br />

Quando decide ir para Londres?<br />

Penso que todos os jovens sonham, um dia,<br />

16 Julho 2008<br />

poder viver numa cidade de referência mundial,<br />

principalmente quando se gosta de arte.<br />

Iniciei a minha formação em Portugal, dois anos mais<br />

tarde frequento um curso profissional de dois anos<br />

em Madrid, em 2004 sou admitido no Conservatório<br />

de londres. Sentindo-me preparado, aceitei então<br />

a possibilidade de vir a fazer parte do poderio de<br />

londres.


A partir de Londres, um percurso sempre em<br />

crescendo?<br />

Sim. um percurso estranho para muitos, mas sempre<br />

em crescendo. Estranho por ter direccionado a minha<br />

carreira para a vertente coreográfica tão cedo mas,<br />

simplesmente, segui os meus instintos<br />

Ganhou maturidade, experiência, contactos<br />

e abre a sua própria companhia? Mais uma<br />

aventura?<br />

Fundar Código Dance Project não foi mais do<br />

que uma resposta às circunstancias. A verdadeira<br />

aventura vai começar agora. Com sucesso ou não,<br />

experiência, contactos e maturidade sempre se<br />

ganha.<br />

Contudo, o mundo do espectáculo é muito<br />

complexo e cheio de altos e baixos<br />

A partir de que momento decide apostar na dança<br />

experimental e contemporânea?<br />

Criar não é uma decisão é uma necessidade que se<br />

apodera de nós. Não escolhemos o que queremos<br />

ou o que vamos fazer, seguimos sim, com alguma ou<br />

muita influência, os nossos instintos e sensibilidade.<br />

Com a aquisição da experiência, consegue<br />

demarcar-se na área da coreografia?<br />

Não trabalho para me demarcar, preocupa-me sim<br />

satisfazer-me e acreditar que o meu trabalho será<br />

abraçado pelo receptor.<br />

De que gosta mais de criar ou de dançar?<br />

Dançar e uma experiência muito intensa,<br />

momentânea, diria orgásmica. A experiência de criar<br />

é mais complexa, ganha-se muita maturidade, altera<br />

a nossa identidade, exige mais responsabilidade,<br />

é mais duradoura... e uma experiência para a vida.<br />

Gosto mais de Coreografar!<br />

Em que patamar se encontra agora em termos de<br />

carreira? Já chegou ao topo?<br />

Na base...Tudo não passa de um princípio! Se<br />

já estivesse no topo, caso exista, faria a maior<br />

propaganda para a exclusão da dança como arte.<br />

Porque? A arte não é um negócio. Dificilmente vive<br />

de si mesma, é apoiada por departamentos culturais<br />

e educativos e como ate à data essas identidades<br />

ainda não surgiram nunca poderei considerar-me no<br />

topo.<br />

O que lhe falta então para se aproximar de<br />

patamares superiores?<br />

Continuar a trabalhar, aprender e encontrar a força<br />

suficiente para me levantar quando cair... mas,<br />

sobretudo, apoio.<br />

Quais as principais dificuldades com que se<br />

depara no dia-a-dia?<br />

Julho 2008<br />

17


U<br />

<strong>entrevista</strong><br />

A economia correspondente à companhia que dirijo.<br />

Tem saudades de Portugal?<br />

Sempre! Trás-os-Montes é um lugar muito especial.<br />

Vem cá muitas vezes?<br />

Infelizmente não posso ir com tanta frequência.<br />

Pondera regressar? Estabelecer-se por cá?<br />

Gosto de criar e será sempre a minha prioridade.<br />

Procuro sempre estar num lugar que me ofereça<br />

condições. Seria óptimo se um dia fosse em Portugal.<br />

Porque não é tão atractivo Portugal nesta área?<br />

Portugal ainda não percebeu a importância da arte.<br />

E a Trás-os-Montes, Bragança, Talhas o que<br />

significam para si?<br />

Muito! São em parte a minha identidade! oferecerlhes-ei<br />

sempre os meus serviços.<br />

Nunca perdeu o sentido das suas raízes?<br />

Não! Deixei os montes há muito tempo, mas nunca<br />

fui deixado por eles.<br />

Mas apesar de ter vontade e de ter apresentado<br />

algumas propostas nesse sentido, nunca<br />

conseguiu actuar/dançar na sua região? Porque?<br />

18 Julho 2008<br />

Confesso que só há muito<br />

pouco tempo, optando<br />

por me dedicar a ofertas<br />

de entidades do exterior,<br />

me propus a apresentar<br />

um espectáculo na minha<br />

região. o resultado? uma<br />

excelente receptividade<br />

por parte da cidade de<br />

Macedo de Cavaleiros<br />

e Vila Real, e muito<br />

desiludido por outras<br />

que consideraram o<br />

meu trabalho como<br />

inadequado para a<br />

educação cultural da<br />

cidade…<br />

Como analisa a política<br />

cultural de regiões<br />

como a nossa, do<br />

interior, cada vez mais<br />

desertificadas, apesar<br />

de dotadas já de boas<br />

condições para a organização e realização de<br />

espectáculos de qualidade?<br />

Penso que dedicam demasiado espaço à cultura<br />

voltada para o passado, demasiado tradicionalista.<br />

Defendem um programa muito pouco educativo<br />

e evolutivo, desfasado com o crescimento da força<br />

juvenil.<br />

Há preconceitos em relação à dança, algum<br />

conservadorismo ou pura falta de visão<br />

estratégica e de bagagem cultural?<br />

Sem dúvida que é a vertente artística mais<br />

afastada da sociedade. A dança é uma disciplina<br />

artística muito complexa e abstracta, implica<br />

alguma sensibilidade, dedicação e esforço para ser<br />

descodificada.<br />

Espera que a situação se altere um dia?<br />

Em meu nome, quando criamos, temos sempre como<br />

grande objectivo alterar ou estimular o espectador e<br />

por respeito ao meu trabalho, acredito pois que essa<br />

alteração continue em crescendo.<br />

Vê-se a ganhar o reconhecimento dos<br />

seus concidadãos, um dia, através de uma<br />

homenagem, por exemplo?<br />

Com homenagem ou não, espero um dia obter um<br />

reconhecimento considerável.


Sente-se um Português “de excelência”?<br />

Sim, e continuarei a trabalhar para atingir a<br />

excelência além fronteiras.<br />

Como foi essa distinção, essa nomeação para os<br />

Prémios Talento 2007, da RTP?<br />

Para o povo Português, a minha nomeação para os<br />

Prémios Talento 2007, é o ponto alto até ao presente.<br />

Infelizmente não ganhei. Provavelmente tenho uma<br />

definição de talento contraria à do júri. Contudo,<br />

continuo muito orgulhoso pelo meu contributo para<br />

a divulgação de Portugal no estrangeiro.<br />

Voltando à arte, como analisa o sector em<br />

Portugal e de uma maneira geral a nível global?<br />

o departamento artístico é governado de uma forma<br />

imprópria. um engenheiro aprende para garantir<br />

segurança e funcionamento do seu trabalho. Todos<br />

os campos resultam e se entrelaçam, quando ao<br />

cuidado de intervenientes capazes...<br />

Acredita que a arte é e será sempre o alimento<br />

espiritual que diferencia a humanidade?<br />

A arte e uma alta missão! Criar, foi, é, e sempre será<br />

uma necessidade do homem. Cabe aos governadores<br />

decidi-la como alimento espiritual ou alimento<br />

mecânico. Terá de haver sempre um equilíbrio entre a<br />

criatividade artística e a criatividade revolucionaria.<br />

Com que idade o Pedro se vai reformar?<br />

Recordo as palavras de Jirí Kylián, um dos mais<br />

conceituados coreógrafos do mundo: “Entregarmonos<br />

à criação é entregar a nossa vida a uma<br />

actividade eterna”.<br />

Como vê Trás-os-Montes daqui por 20 anos?<br />

um lugar de prestígio e de admiração se<br />

acreditarmos e defendermos os valores, muito<br />

especiais, que possuímos.<br />

Julho 2008<br />

19<br />

r


U<br />

lazer<br />

Festivais de Verão: três propostas para<br />

o mês de Agosto<br />

o Intercéltico de Sendim<br />

No concelho de Miranda do Douro, na vila de Sendim, o 9º Festival<br />

Intercéltico arranca no dia 1 de Agosto, com uma programação<br />

“centrada nos diálogos interculturais indo, justamente,<br />

ao encontro do multiculturalismo que marca os tempos que<br />

correm”, refere o responsável pela organização, Mário Correia. A<br />

iniciativa é promovida pelo Centro de Música Tradicional Sons<br />

da Terra, que tem apostado na divulgação das músicas folk e<br />

tradicional. É um Festival já consolidado que há muito ultrapassou<br />

as fronteiras do Nordeste, atraindo gente dos quatro pontos<br />

do país e, particularmente, da vizinha Espanha. Alias, do cartaz<br />

de espectáculos fazem parte diversos grupos do país vizinho que<br />

arrastam consigo uma boa parte do público.<br />

Como sempre, os concertos principais realizam-se no Parque<br />

das Eiras e o primeiro grupo<br />

a subir ao palco é o Ginga,<br />

uma formação portuguesa,<br />

vencedora em 2004 do concurso<br />

Eurofolk. os asturianos<br />

Skanda, actuam de seguida<br />

com sonoridades que se<br />

enquadram no folk, no celta<br />

ou até folk mestiço. Ainda no<br />

primeiro dia do Festival, para encerrar a noite, sobem ao palco<br />

os galegos luar na lubre, “que trazem uma música que nos faz<br />

viajar pelos mais sedutores e encantatórios paraísos da grande<br />

terra celta”, acrescenta Mário Correia.<br />

No sábado, dia 2 de Agosto, são os húngaros Kereskes Band, que<br />

abrem a noite com uma viagem musical que liga o “punk, o funk<br />

e a dança com a musica tradicional da hungria”. A variedade musical<br />

é acrescentada com a actuação que se segue, a cargo dos<br />

ucranianos Voanerger, que os críticos dizem tocar uma mistura<br />

de vários géneros musicais: rock, funk, world, rap, etc. Da Escócia<br />

chegam os Shooglenifty, com uma oferta musical mais técno.<br />

E no domingo é dia de festa para a banda de rock agrícola, os<br />

Pica Tumilho, que já contam 10 anos de vida. São mirandeses,<br />

cantam em mirandês e falam dos mirandeses. Num concerto gratuito<br />

os Pica Tumilho vão editar um novo<br />

trabalho discográfico.<br />

Carviçais Rock 100% nacional e gratuito<br />

Carviçais Rock<br />

E de Sendim para Carviçais, Torre de<br />

Moncorvo. Depois de um paragem de um<br />

ano o Carviçais Rock regressa em força,<br />

20 Julho 2008<br />

Shooglenifty<br />

oferecendo um cartaz 100 por cento português e com todos os<br />

concertos gratuitos. No dia 2 de Agosto, há Rádio Macau, Blind<br />

Zero, Slimmy, Duff e, pela noite dentro, os DJ Fritus Potatoes Suicide.<br />

os Trabalhadores do Comércio chegam no dia 3 e partilham<br />

o palco com os Blasted Mechanism, os X-Wife, Myula e DJ Pasta.<br />

o festival vai decorrer este ano no campo de futebol da aldeia<br />

que lhe dá nome, com capacidade para 12 mil pessoas. As expectativas<br />

da organização são grandes, porque mesmo existindo<br />

várias iniciativas dentro do mesmo género a decorrer no país em<br />

simultâneo, o facto de ser “à borla”, pode marcar a diferença e<br />

trazer muita gente ao nordeste.<br />

Vinhais FEST<br />

E é mesmo para encerrar em grande o mês de Agosto. A música<br />

vai invadir durante duas noites a vila de Vinhais, com um festival<br />

que aposta na diversidade de géneros musicais. A abertura fica<br />

a cargo dos mirandeses Trasga, que apresentam uma proposta<br />

de revitalização das músicas tradicionais nordestinas. De seguida<br />

actua a galega Mercedes Peón capaz de integrar as musicas tradicionais<br />

da Galiza num conceito<br />

de worl music. A noite chega<br />

ao rubro com a subida ao palco<br />

de los niños de los ojos rojos,<br />

uma proposta vanguardista<br />

que mistura a musica tradicional<br />

irlandesa, grega, balcânica<br />

com o hip hop o funk e até o<br />

rock.<br />

No dia 30 é precisamente o<br />

Skanda<br />

rock que assume o papel principal, com a actuação dos uhF,<br />

que assinalam 30 anos de carreira com a digressão intitulada “30<br />

anos ligados à corrente”.Do rock para o violino de Judith que da<br />

Irlanda trás a música celta. São os Wolfstone, um grupo escocês,<br />

que encerram o primeiro Vinhais Fest, prometendo um show de<br />

“hard-folk-rock celta”.<br />

r<br />

Wolfstone


Parque Biológico de Vinhais<br />

um esquilo manhoso que sobe e desce<br />

vezes sem conta os altos pinheiros que<br />

resguardam o Centro Interpretativo do<br />

Parque Biológico de Vinhais, dá as boas<br />

vindas e arranca o primeiro sorriso aos<br />

visitantes. Estamos em pleno coração<br />

do Parque Natural de Montesinho,<br />

mergulhados na natureza onde há muito<br />

para descobrir.<br />

Mesmo quem vive no Nordeste Transmontano, onde<br />

tudo é rural, pode surpreender-se com as pequenas<br />

coisas que o Centro Interpretativo do Parque<br />

Biológico de Vinhais oferece aos sentidos. Desde logo o<br />

lugar onde se respira tranquilidade. um pinhal de árvores<br />

bem altas resguarda os quatro hectares vedados, onde foi<br />

instalado Centro Interpretativo, e sonoriza o espaço com o<br />

canto do vento acompanhado pelo chilrear da passarada.<br />

Por trilhos bem definidos vamos caminhando até chegar ao<br />

espaço das gaiolas com espécies de aves que, afinal, fazem<br />

parte da nossa fauna local mas sem sempre são fáceis de<br />

admirar com tranquilidade. Exemplo disso são as águias de<br />

asa redonda, corujas do mato, perdizes vermelhas, charrelas,<br />

rolas e pombos bravos. É o primeiro convite à máquina<br />

fotográfica. Seguimos caminho e a nossa atenção é atraída<br />

pelo pequeno vitelo que procura constantemente os mimos<br />

da progenitora. Estes bovinos são de raça mirandesa, uma<br />

raça autóctone como de resto todas as espécies de animais<br />

domésticos presentes neste centro. os porcos, os ovinos e,<br />

os mais simpáticos, os burros mirandeses. há ainda espaços<br />

reservados para algumas espécies de animais selvagens:<br />

javalis, corsos e gamos. outro haveria para mostrar mas pela<br />

sua natureza não é possível mantê-los em cativeiro, como é o<br />

caso dos veados.<br />

E depois do Centro Interpretativo um convite para a aventura.<br />

A direcção do Parque Biológico definiu três percursos, que<br />

já sinalizou em duplo sentido, que podem ser feitos com ou<br />

sem apoio de um guia, a pé, de carro todo o terreno ou de<br />

bicicleta.<br />

o primeiro vai dar ao Alto da Cidadelha. É um miradouro<br />

natural que oferece uma visão global do parque de<br />

Montesinho. o local é extremamente ventoso pelo que foi<br />

construído um miradouro de madeira, assente sobre rochas,<br />

que resguarda os visitantes dos humores do vento. Aqui há<br />

ainda vestígios de um antigo castro romano que a direcção<br />

do Parque Biológico pretende recuperar e, na medida do<br />

possível, reconstruir algumas construções originais para que<br />

U lazer<br />

Texto e Fotos: Ana Fragoso<br />

até os leigos possam ter a clara percepção do antigo povoado.<br />

Deixamos para trás todo o deslumbramento da paisagem<br />

para mergulhar novamente em enormes pinhais. Aos poucos<br />

a paisagem vai mudando até nos levar a uma zona de matas<br />

e onde encontramos a Charca da Vidoeira. um reservatório<br />

de água que foi criado para apoio da actividade agrícola mas<br />

que se tornou local de eleição para a fauna local bebericar.<br />

É sobretudo na tranquilidade da noite que os animais se<br />

deslocam a esta lagoa. Aí foi construído um observatório<br />

onde, silenciosamente, se podem observar esses animais.<br />

A Charca está iluminada o que garante boa visibilidade até<br />

em noites sem luar. Estas visitas têm de ser previamente<br />

marcadas.<br />

o próximo destino é a Barragem de Prada, igualmente<br />

construída para apoio à actividade agrícola local. o sitio<br />

tornou-se num santuário para as aves típicas de lagoas de<br />

altitude, onde se pode ver o mergulhão-de-crista e muitas<br />

outras aves que ali vão para colher o alimento e abeberarem.<br />

É possível também ver alguns animais como a lontra. De<br />

regresso ao núcleo central encontra-se um velho moinho,<br />

agora reabilitado, movido por um pequeno riacho que corre a<br />

partir da albufeira.<br />

Bungalows e parque de campismo<br />

Numa área contígua ao Centro Interpretativo foram criados<br />

quatro bungalows com capacidade para quatro pessoas cada.<br />

Cada uma das unidades<br />

tem dois quartos com duas camas cada, uma casa de banho,<br />

cozinha equipada com fogão, frigorifico, sala com um sofá,<br />

uma mesa e quatro cadeiras. Aquecimento, roupa de cama<br />

e banho, loiça de cozinha. o preço de ocupação de cada<br />

bungalow, por noite, é de 30 euros.<br />

Ao lado existe um espaço de cinco mil metros quadrados para<br />

tendas e caravanas, para os amantes do campismo.<br />

Ainda existe um espaço devoluto onde a direcção do parque<br />

pretende construir uma piscina biológica, uma estrutura de<br />

apoio e dinamização de todo este espaço.<br />

r<br />

Julho 2008<br />

21


U<br />

análise<br />

A DESERTIFICAÇÃO HUMANA EM<br />

Quem visita as aldeias transmontanas encontra<br />

construções de betão relativamente recentes, sobretudo<br />

nos arredores, e muitas casas, de xisto sem portas,<br />

janelas ou telhado. Poderá ainda encontrar o edifício da junta<br />

de freguesia e da escola, esta já sem vidros nas janelas nem<br />

carteiras. Chega-se por uma estrada estreita, em mau estado de<br />

conservação e sem bermas e ao longo da qual se estenderam<br />

vivendas de betão construídas pelos emigrantes, muitas vezes<br />

durante as férias. Só em poucas poderá assistir a jogos de<br />

jovens ou crianças ou ser incomodado pelo saudoso choro de<br />

um bebé. ouvirá o barulho dos tractores. Com estas máquinas<br />

os residentes, muitos já reformados, mantêm cultivados parte<br />

dos campos. Vêem-se estábulos de construção recente para o<br />

gado, sobretudo bovino. Ainda há quem trabalhe a terra com<br />

animais, que tocam para os pastos quando o tempo o permite.<br />

Poderá beber café e outras bebidas, mas raramente almoçar ou<br />

jantar. À noite, ou durante as horas de calor, vê-se um grupo<br />

de homens a comentar as mentirosas promessas do governo<br />

noticiadas na televisão, a defender as cores do clube de futebol<br />

com que simpatiza ou a jogar a sueca. Quem vê televisão tem<br />

de contentar-se com imagens tremidas. o sinal de alguns canais<br />

nacionais não chega. No café e nas casas dos que têm algum<br />

poder de compra poderá ver antenas parabólicas. Para aderir<br />

aos canais por satélite terá de pagar mais de 300 euros, em vez<br />

dos 25 das zonas que possuem a TV por cabo. Isto de acordo<br />

com as leis da televisão aprovadas no parlamento pelos partidos<br />

ditos democráticos em total contradição com o artigo 82 da<br />

22 Julho 2008<br />

TRÁS-OS-MONTES<br />

Governos e<br />

transmontanos<br />

solidários numa<br />

morte programada<br />

Texto:Ricardo Morais<br />

Fotos: Manuel Alves<br />

constituição. Caso algum residente ou visitante queira aderir à<br />

Internet mete-se em grandes problemas. Nenhuma operadora dá<br />

cobertura satisfatória em grande parte das aldeias, incluindo a PT,<br />

apesar das afirmações de cobertura universal propaladas pelos<br />

seus dirigentes e pelo governo. Se comprar telemóvel deverá<br />

antes informar-se que operados garantem sinal. Para comprar<br />

um jornal será bom aproveitar o dia em que tenha de deslocarse<br />

a alguma vila ou cidade, caso contrário sairá caro. Em dias<br />

fixos da semana apitam carros que vendem pão, legumes, frutas,<br />

carne ou peixe a preços acrescidos. Calçado e vestuário ainda são<br />

muito comprados nas feiras mais próximas, sem qualquer tipo de<br />

garantia de qualidade. há feiras próprias para tractores e alfaias.<br />

Para pagar impostos ou tratar de qualquer outro problema terá<br />

de deslocar-se à sede do concelho. há câmaras que garantem<br />

transporte uma vez por semana a preço reduzido, mas a pessoa<br />

terá de comer e pagar. As autarquias garantem o fornecimento<br />

de água, raramente o tratamento de esgotos. A EDP garante o<br />

fornecimento de energia. A PT atende os pedidos de telefone<br />

fixo. Se o visitante sair para o campo poderá casualmente<br />

observar javalis, aves de rapina e até lobos. Cito estes porque<br />

merecem dos governos e outras entidades mais protecção e<br />

atenção que os transmontanos. Respira-se ar puro, vêem-se as<br />

estrelas, por vezes neva.<br />

Como a população é idosa os óbitos são frequentes. há aldeias<br />

que perderam dez por cento dos habitantes num ano. Para o<br />

funeral juntam-se os habitantes de todas as aldeias em volta,<br />

num acto raro de solidariedade, que os faz pensar que pode


ser o próximo. Confortam-se os parentes do defunto, vêemse<br />

os amigos, fala-se de pequenos negócios. Às cerimónias<br />

preside um presbítero, classe também em vias de extinção. No<br />

cemitério alguns vêem por primeira vez a sepultura dos pais e<br />

de outros parentes e amigos, a cujos funerais não puderam vir do<br />

estrangeiro.<br />

As vilas e cidades apresentam os melhoramentos e a renovação<br />

trazidos pelo poder autárquico posterior ao 25 de Abril,<br />

apresentando praças e espaços recuperados, jardins, fontes,<br />

iluminação nocturna, parques de lazer e desporto, centros de<br />

cultura, etc. Vieram igualmente as grandes superfícies comerciais.<br />

Aqui tudo parece igual ao país litoral e os visitantes podem não<br />

aperceber-se da tragédia de desertificação da região.<br />

os dados do censo 1991/2001 indicam:<br />

Densidade populacional entre 0 e 50<br />

Perda de população generalizada (juntamente com todo o<br />

interior)<br />

2º Escalão (escala de 1-5) com menos jovens, maior número de<br />

idosos, mais viúvos, mais analfabetismo, menos habilitações<br />

académicas, menor acesso ao ensino superior, mais desemprego,<br />

menor reconstrução familiar.<br />

1º escalão em desemprego na idade activa, menor emprego por<br />

conta de outrem, maior diminuição de casais com filhos, mais<br />

trabalho na agricultura, menos horas de trabalho<br />

Tentamos seguidamente caracterizar<br />

alguns factores que terão contribuído<br />

para desertificação:<br />

FACTORES GEOGRÁFICOS:<br />

A região de Trás-os-Montes é limitada a<br />

sul e a leste pelo fundo vale do Douro e<br />

a oeste pela alta cadeia de montanhas<br />

que se estende desde a fronteira galega<br />

ao rio Douro no Marão (donde o nome<br />

de Trás-os-Montes). A norte limita com as<br />

províncias espanholas da Galiza e leão,<br />

servindo de fronteira uma cadeia de altas<br />

montanhas. Dentro destes limites observase<br />

um perfil de relevo muito acidentado,<br />

um clima de Invernos extremos e vários<br />

microclimas que permitem uma grande<br />

diversidade de culturas. o nível de<br />

pluviosidade anual é menor do que no<br />

litoral norte e semelhante ao da Beira<br />

interior, Ribatejo e Estremadura. Nos<br />

limites com Espanha existe a fronteira<br />

política. Mais ou menos fechada durante<br />

as ditaduras de um e outro lado e nos<br />

períodos das crises de independência<br />

nacional ao longo da história, ela<br />

desapareceu quase totalmente com a<br />

adesão dos dois países à união Europeia.<br />

Em relação ao resto do país verifica-se<br />

ser a região mais distante da macrocéfala<br />

lisboa, sede dos diferentes governos e<br />

onde se decidem os projectos e o futuro<br />

do país, onde o poder de compra é cerca<br />

de 3 vezes superior ao das gentes dos<br />

campos. o trabalho que permite este<br />

superior poder de compra é claramente prestado em serviços e<br />

não empresas produtivas. Aliás, algumas das maiores empresas<br />

nacionais não produzem um único prego ou parafuso, batata<br />

ou repolho. há mecanismos de transferência de mais valias em<br />

desfavor das províncias e das gentes do campo.<br />

FACTORES ECONÓMICOS:<br />

Na sua história a província de Trás-os-Montes pode nunca ter sido<br />

nem muito próspera nem muito organizada administrativamente.<br />

A quantidade de monumentos e a qualidade da habitação são<br />

inferiores às do resto do país. unida politicamente a povos e<br />

governos virados para o mar e para a exploração de outros povos<br />

e terras, viveu dissociada desses projectos. Conheceu alguma<br />

prosperidade durante a união com Espanha, de que restam<br />

pontes, caminhos e outros monumentos. Até ao início do século<br />

XX, sobretudo com a cultura da seda, a situação da província<br />

estava melhor do que posteriormente, em relação ao resto do<br />

país. os recursos naturais, por exemplo em energia hidroeléctrica,<br />

pouco beneficiaram as populações. Grande parte das possíveis<br />

barragens não foram nem serão construídas e isso aumentaria<br />

de forma significativa o PIB da região. Nas altas serranias, com<br />

excepção da cordilheira do Marão, não giram as hélices das<br />

torres eólicas. os minérios eram transportados para a região de<br />

lisboa, onde se encontrava a siderurgia e onde davam trabalho<br />

e prosperidade económica. Num país<br />

civilizado, minérios e siderurgia estariam<br />

na mesma zona. um ministro da ditadura,<br />

questionado por jornalistas, justificou-se<br />

com o aforismo de que sempre houve<br />

exploradores e explorados. As mais<br />

valias do vinho do Porto também fogem<br />

à região que produz as uvas, uma das<br />

mais pobres do país. Com os governos<br />

democráticos desapareceram a siderurgia<br />

e a extracção dos minérios. As vias-férreas,<br />

que permitiam o transporte, foram<br />

desactivadas. Tinham chegado com atraso<br />

em relação ao resto do país, juntamente<br />

com as estradas. Foram as primeiras a ser<br />

desactivadas e de forma total. o sinuoso<br />

IP4 representa a única estrada de traçado<br />

moderno. hoje o Distrito de Bragança é<br />

o único que não tem comboio nem autoestradas.<br />

Globalmente a província não<br />

acompanhou a industrialização do litoral,<br />

não há grandes empresas e as famílias<br />

que mantiveram alguma qualidade de<br />

vida, sem emigrar para o estrangeiro,<br />

trabalharam e trabalham no sector dos<br />

serviços ligados ao Estado: exército e<br />

diferentes polícias e guardas, incluindo<br />

muitos elementos da polícia política<br />

da ditadura. há sobretudo pequenas<br />

empresas de comércio, construção<br />

civil, oficinas, casas de produtos para<br />

a agricultura, restauração. Contudo, a<br />

grande maioria da população residente<br />

ocupava-se e ocupa-se em tarefas de<br />

agricultura minifundiária e de subsistência,<br />

gerando alguns excedentes em produtos<br />

Julho 2008<br />

23


U<br />

análise<br />

como o azeite, o vinho, a castanha, cujos preços no mercado<br />

podem variar em cem por cento num ano e sempre para baixo.<br />

outros produtos deixaram de ser produzidos por não serem<br />

procurados pelo comércio tradicional ou das grandes superfícies,<br />

tais como as peles, a noz, a lã, as leguminosas, a batata, os<br />

cereais e outros. Muitas ferramentas e produtos agrícolas são<br />

espanhóis, bem como produtos sazonais ou que a terra não<br />

produz. Em geral os agricultores contabilizam perdas de 300 a<br />

400 por cento no rendimento que tinham ainda na década de<br />

70 do século passado. Na casa destes lavradores pode não haver<br />

fome, mas não há carro nem outros produtos hoje considerados<br />

indispensáveis para alguma qualidade de vida. há escoamento<br />

para as carnes, que são de qualidade reconhecida. os governos<br />

posteriores à Revolução de Abril, todos da área do social e do<br />

socialismo, não só não<br />

reverteram a situação de<br />

abandono do país interior<br />

herdado da ditadura,<br />

como, por inacção (ou<br />

planeamento?), deixam<br />

a situação económica<br />

e social agravar-se. os<br />

subsídios aos agricultores<br />

portugueses estão longe<br />

de compensar a perda de<br />

rendimento provocada<br />

pela descida dos preços<br />

dos produtos agrícolas.<br />

há países da união que<br />

acautelaram os interesses<br />

nacionais, lucram com<br />

isso e inundam Portugal<br />

de produtos baratos.<br />

A percentagem de<br />

rendimento da região<br />

de Bragança em relação<br />

ao resto do país diminui<br />

todos os anos. Em 2004<br />

situava-se em 0,308 por<br />

cento em relação à média<br />

do país. Comparando com<br />

a zona de lisboa ou Porto o<br />

abismo é enorme, maior que o existente entre Portugal e a média<br />

dos países da união Europeia. os pequenos agricultores da<br />

região sentem agora mais dificuldades em construir casa e criar e<br />

educar os filhos do que tinham antes da revolução de Abril, com<br />

toda a desilusão e consequências políticas daí derivadas.<br />

FACTORES CULTURAIS:<br />

o transmontano tem mais amor à sua terra do que judeus e<br />

palestinianos à Palestina, e tradicionalmente como estes é<br />

capaz de morrer e matar para defender a posse das suas leiras.<br />

o direito à posse da terra mantém entupida por exemplo a<br />

correspondente secção das finanças de Bragança todos os dias<br />

úteis, cada um querendo saber o que é seu. A predominância<br />

do minifúndio, a distância dos grandes centros do país e as<br />

dificuldades de comunicação e uma linguagem própria forjaram<br />

24 Julho 2008<br />

o carácter individualista dos habitantes, que tentam por todos<br />

os meios bastar-se a si próprios e produzir tudo o que precisam<br />

para a sua alimentação. Noutras paragens a preocupação dos<br />

que lá mandam é criar animação nocturna. o desconhecimento<br />

das estatísticas e de melhores condições de vida faz com que se<br />

considerem ricos com o pouco que têm. A família transmontana<br />

dos campos vive em casa própria e a regra é cada uma ter o seu<br />

tractor, alfaias e ferramentas. Vêem-se muitos mais tractores<br />

que os necessários para o trabalho que o termo de cada aldeia<br />

necessita. Apesar da acelerada diminuição do número de<br />

habitantes, as terras continuam cultivadas com a ajuda desses<br />

tractores, mas já há hortas e vinhas abandonadas. A oliveira<br />

e o castanheiro estão a ser mais plantados. Nos meses das<br />

sementeiras e das colheitas o transmontano trabalha dia e<br />

noite e, por vezes, aos domingos. Não há paragem de trabalho<br />

com a reforma, cujo valor (com excepção dos emigrantes e dos<br />

poucos reformados dos serviços) não dariam para sobreviver<br />

sem os produtos da terra. o<br />

transmontano, mulher ou<br />

homem, apresenta com os<br />

anos uma tez queimada pelo<br />

sol e enrugada e os dedos<br />

das mãos tensos e tortos<br />

pelo uso das ferramentas.<br />

o horário de trabalho<br />

depende muito do tempo,<br />

mais no Inverno do que<br />

no Verão. Isso e a idade<br />

avançada de muitos levam<br />

a que a província tenha<br />

dos horários de trabalho<br />

mais baixos, embora muitos<br />

só deixem de trabalhar<br />

quando fisicamente já não<br />

podem, não demorando<br />

a sua vida em extinguirse.<br />

Nunca tiveram férias.<br />

Muitos só conhecem o<br />

mundo por uma cidade ou<br />

vila e aldeias próximas. As<br />

maiores deslocações fazemnas<br />

em ambulâncias para<br />

fazer consultas, exames e<br />

tratamentos para os que<br />

as unidades de saúde locais<br />

não têm resposta. Podem nunca ter ido ao cinema ou ao teatro<br />

(o tradicional teatro popular acabou por falta de actores). Nas<br />

aldeias raramente se lêem jornais ou revistas de informação.<br />

o uso das novas tecnologias é raro, razão pela que nenhuma<br />

operadora dá cobertura eficaz em grande parte das aldeias. A<br />

razão é economicista: não se justifica o investimento. Raramente<br />

chegam as promoções das grandes superfícies e de outras casas<br />

comerciais. Parte dos habitantes nunca frequentou a escola<br />

e a escolaridade obrigatória, no tempo em que a puderam<br />

frequentar, era a terceira classe. os que estudaram até graus mais<br />

elevados rumaram a outras paragens. os mais válidos emigraram.<br />

Todos produzem riqueza que não vai para a terra de origem, que<br />

visitam nas férias, mas onde raramente vêm morar. Sem os filhos<br />

mais válidos o progresso é difícil. os que ficam ocupam-se no<br />

que sabem fazer: trabalhar a terra. Alguns frequentaram cursos


sobre culturas e uso de alguns produtos, tractores e alfaias.<br />

o nível cultural e escolar baixo não ajudam quando é<br />

preciso inovar no sentido de tornar rentável a agricultura.<br />

o espírito empreendedor é também baixo e não irá muito<br />

para além do que se sabe pela experiência da escola da<br />

vida.<br />

houve sinais de descontentamento e manifestações,<br />

as maiores jamais ocorridas, contra o fecho de serviços,<br />

sobretudo unidades de saúde. Mas a população votou por<br />

grande maioria contra a regionalização, respondendo ao<br />

apelo dos partidos de direita, com o que até a identidade<br />

e o nome perderam. Com isso os serviços melhor<br />

remunerados ligados ao estado estão em lisboa, de que a<br />

província fica mesmo longe e fora da vista.<br />

A língua popular é muito semelhante à da Galiza, o que se<br />

nota no vocabulário, na conjugação dos verbos e no uso<br />

intenso dos sufixos eiro e eira. o mirandês assemelhavase<br />

ao leonês, posteriormente absorvido pelo castelhano.<br />

Muitas expressões e nomes são comuns aos do outro<br />

lado da fronteira e não ao português das outras regiões.<br />

o dialecto transmontano é másculo e irreverente, usa<br />

expressões para objectos e comportamentos consideradas<br />

arcaicas, mas que são muito mais precisas do que as suas<br />

substitutas. usa igualmente muitas palavras e expressões<br />

derivadas directamente do latim.<br />

A EMIGRAÇÃO:<br />

Até à década de 60 do século XX a saída para o excesso de<br />

população era o Brasil, país com forte influência dos costumes<br />

e linguagem de Trás-os-Montes. Desde então o destino da<br />

emigração, já em sintonia com todo o interior de Portugal, foi<br />

a França e outros países europeus, tendência que se mantém.<br />

Muitos transmontanos trabalham sazonalmente na vizinha<br />

Espanha, regressando alguns aos fins e semana. houve sempre<br />

migrações internas para os grandes centros do país e, no regime<br />

anterior ao 25 de Abril, foram dados incentivos à emigração para<br />

as colónias, sobretudo para Angola, na perspectiva colonialista<br />

de as manter portuguesas. As gentes do campo de Trás-os-<br />

Montes eram pouco politizadas durante a ditadura, culpando o<br />

25 de Abril pelo fim e regresso forçado desta aventura africana.<br />

Até à década de 60 do século XX a natalidade e a mortalidade<br />

infantil nas aldeias era alta e as famílias numerosas. Vivendo<br />

dependentes do que a terra dava, havia carências e fome<br />

nos maus anos, pouco se importando os governos de então<br />

com a sua sorte. A partir da década de 70 com a evolução das<br />

mentalidades, o contacto com países mais cultos e evoluídos e<br />

o uso de contraceptivos, a natalidade diminui e deixa de repor<br />

a população, contribuindo para o processo de desertificação<br />

que agora está prestes a acabar com a vida nos campos e<br />

já de forma irreversível. Nesses anos os abortos provocados<br />

clandestinamente eram a segunda causa da morte da mulher em<br />

Portugal e isso nunca mereceu a atenção de muitas instituições e<br />

partidos. os governos eleitos pelo povo a seguir à revolução nada<br />

fizeram para travar o processo de desertificação, ajudando a criar<br />

melhores condições de vida às populações dos campos.<br />

os governos da ditadura dificultaram sempre a emigração. Não<br />

era permitida a saída dos mancebos antes do serviço militar.<br />

As secretarias onde se podia tratar da emigração legal ficavam<br />

muito longe. Muitos emigrantes foram presos, torturados e<br />

julgados, em tribunais onde mandava a PIDE, nas reiteradas<br />

tentativas de fuga. A viagem (a salto) era uma tragédia de<br />

cansaço, sede, fome, frio, calor e solidão, muitos ainda vivem e<br />

narram traumas não superados. À chegada não conheciam a<br />

língua, por dificuldades nas deslocações dormiam no local de<br />

trabalho, aceitavam trabalho em condições humilhantes, muitos<br />

foram vítimas de burlas, alguns por parte dos seus compatriotas.<br />

Acabaram por adaptar-se ,aculturaram-se e alcançaram melhores<br />

condições de vida do que em Portugal. Este feito, atendendo<br />

ao número de pessoas implicadas, foi porventura o maior da<br />

história dos portugueses, provocando grandes mudanças em<br />

todo o interior do país. um opositor da ditadura comentou a<br />

propósito das melhorias do ensino que os emigrantes saíram<br />

analfabetos e entraram a falar francês. Ao fugirem deixaram para<br />

trás os pais, muitas vezes o companheiro ou companheira, os<br />

filhos, os amigos e uns governantes fossilizados que punham<br />

a defesa da família à frente de todos os valores. A grande<br />

preocupação dos governos, antes e depois do 25 de Abril, foi<br />

a de captar e gerir as remessas dos emigrantes, que, sem disso<br />

terem consciência, contribuíram para financiar a guerra colonial<br />

e facilitaram a vida àqueles que os maltrataram, ao possibilitarem<br />

algum desenvolvimento do país e ajudarem a saldar os défices<br />

orçamentais. Isso continua ainda com os dinheiros das reformas<br />

dos que regressaram.<br />

POLÍTICAS GOVERNAMENTAIS:<br />

Acreditamos que todos os factores acima analisados contribuem<br />

para a desertificação: os geográficos com as distâncias em<br />

relação aos grandes centros, o minifúndio e os aspectos culturais,<br />

com a existência de empresas de alguma importância apenas no<br />

sector agrícola (as excepções são poucas), e a emigração.<br />

Mas no topo de factores que levaram à situação actual está sem<br />

dúvida a filosofia política do neo-liberalismo, em que os governos<br />

se demitem das suas funções sociais, aliando-se a uma minoria<br />

que defende uma filosofia económica que só a essa minoria<br />

interessa e que, através dum controlo apertado dos meios de<br />

Julho 2008<br />

25


U<br />

análise<br />

comunicação social e de um jornalismo que é tudo menos<br />

independente, faz crer ao povo português que este é o único<br />

caminho e que outra qualquer solução (por exemplo de cunho<br />

socialista com algumas medidas de economia programada) seria<br />

a ruína total. Senão vejamos: as dificuldades de acesso podem<br />

no passado ter dificultado o desenvolvimento da região, mas<br />

no passado as diferenças nos aspectos económicos não eram<br />

tão acentuadas. Acresce ainda que há regiões bem debaixo do<br />

olho dos governantes e estão mais desertas que Trás-os-Montes,<br />

como o Alentejo. o mesmo acontece com a Beira Interior. Nas<br />

décadas anteriores as máquinas encurtaram as distâncias, mas ao<br />

distrito de Bragança só chega o IP4, cujo traçado apenas permite<br />

velocidades reduzidas. Por sua vez a emigração trouxe imensa<br />

riqueza em divisas ao país. Essa riqueza é gerida pela banca e<br />

pelos governos, que esquecem as zonas de origem da emigração.<br />

Tal como os diferentes governos, a dita iniciativa privada,<br />

26 Julho 2008<br />

eufemismo encontrada para substituir o termo clássico de<br />

capitalismo, nunca se preocupou com o desenvolvimento de<br />

cerca de dois terços do país, mas o objectivo desta é claramente<br />

o lucro e não o bem estar social das populações. É à ideologia e<br />

práticas capitalistas que os governos, democraticamente eleitos,<br />

se aliam deixando de lado a prossecução do bem comum e a<br />

igualdade de condições em todo o território nacional.<br />

os casos de um desenvolvimento planificado, muitas vezes<br />

com sucesso, não se verificaram só nos países que adoptaram o<br />

socialismo como doutrina política e económica, antes e depois<br />

da segunda guerra mundial. A industrialização da Alemanha<br />

na era de Bismarck, fez-se, como dizem os historiadores, de<br />

cima para baixo. Nos Estados unidos,<br />

na sequência da ruptura bolsista<br />

de 1929, o governo, e com ele o<br />

estado, implementou com sucesso<br />

projectos agrícolas e industriais<br />

que minoraram os efeitos de um<br />

capitalismo desenfreado em relação<br />

às populações, proporcionando bens<br />

a preços mais baratos. Estes casos e<br />

outros são hoje ignorados e todas as<br />

armas foram válidas para denegrir o<br />

socialismo, incluindo a aliança com<br />

ditadores e terroristas. Com excepção<br />

do pequeno período revolucionário,<br />

ao povo português nunca foi dada<br />

informação objectiva do que se<br />

passava e passa nos países socialistas,<br />

com as suas vantagens, defeitos,<br />

problemas, governos e formas de<br />

eleição. Nunca foram promovidos<br />

debates e informação sobre a<br />

situação económica e social anterior à<br />

revolução de outubro. Ao capitalismo<br />

nunca interessou aprofundar muito a<br />

história, ao contrário do que fizeram<br />

os clássicos marxistas, e que sempre<br />

se caracterizou pela exploração de<br />

uma minoria sobre os restantes, com<br />

formas que vão desde a escravatura<br />

até às formas actuais mais mitigadas<br />

pela pressão dos movimentos<br />

socialistas. os processos históricos são<br />

do conhecimento dos poucos a quem<br />

os estudos superiores o permitiram.<br />

Com o enfraquecimento da pressão<br />

socialista, os governos, como o<br />

português, estão a um passo de tirar<br />

aos trabalhadores tudo o que tinham<br />

conquistado em muitos anos de luta,<br />

num claro ajuste de contas com a<br />

classe dominada e regresso ao passado.<br />

Com a falta de população, não se justifica a existência ou criação<br />

de novos serviços, que vão fechando. Por acção ou inacção<br />

os governos estão claramente comprometidos na morte<br />

programada de cerca de dois terços do país. Em muitas aldeias já<br />

não há retorno. A seguir o mesmo poderá acontecer com vilas e<br />

cidades. os governos, tal como os transmontanos, talvez venham<br />

a ser solidários só no momento da morte. r


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Julho 2008<br />

27


U<br />

eventos<br />

Aniversário da Casa do Futebol<br />

Clube do Porto em Bragança<br />

uma noite animada com alegria a condizer com o contexto, onde não faltaram os discursos<br />

de circunstãncia, dos quais se destaca o da ilustre portista e ex-governante, Manuela<br />

Aguiar, que fez vibrar os portistas presentes. De salientar, ainda, nestas comemorações,<br />

a presênça de representantes de outras delegações transmontanas do clube Campeão<br />

Nacional, bem como do “bibota D`ouro”, Fernando Gomes, e de Mário Beça, reputado<br />

cirurgião ortopédico, padrinho da Casa/Delegação de Bragança.<br />

28 Julho 2008<br />

No passado dia<br />

vinte de Junho,<br />

sextafeira, decorreu<br />

a festa/<br />

convívio para assinalar<br />

a comemoração<br />

do décimo<br />

aniversário da<br />

fundação da<br />

Casa do FCP de<br />

Bragança, cuja<br />

data remonta ao<br />

dia<br />

30 de Maio de<br />

1998.


Joaquim Nicolau<br />

é na novela Zé<br />

Bento, um transmontano<br />

genuíno<br />

e puro<br />

U eventos<br />

A Outra<br />

Novela da TVI mostra a região<br />

transmontana ao grande público<br />

Foi em Mirandela, num jantar<br />

“de gala”, que a TVI e a NBP<br />

Produções apresentaram os<br />

actores e revelaram parte do<br />

enredo da novela “A outra”<br />

que está a ser gravada na Terra<br />

Quente transmontana. José<br />

Eduardo Moniz, director da TVI,<br />

Tozé Martinho, autor e actor<br />

da Novela, os autarcas da Terra<br />

Quente e vários artistas marcaram<br />

presença neste jantar de<br />

apresentação.<br />

Julho 2008<br />

29


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