Poesia
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Traduzidos por Ivan Junqueira<br />
Sobre a colina de Sir John<br />
Sobre a colina de sir John<br />
Pára imóvel o falcão em chamas;<br />
Ao cair da tarde, numa nuvem hasteada, ele arrasta com suas garras<br />
E guilhotinas, até os raios de seus olhos, os passarinhos da baía<br />
E o gorjeante folguedo das crianças<br />
As guerras<br />
Dos pardais e os que cantam como cisnes, ao crepúsculo, nas sebes quizelentas.<br />
E alegremente eles grasnam<br />
Ao faiscante patíbulo erguido sobre os olmos em luta<br />
Até que estale num relâmpago o falcão preso no laço,<br />
E lentamente a sagrada garça à espreita do peixe<br />
Reverencie sua lápide inclinada nas águas do rio Towy.<br />
Um relâmpago, e as plumas tagarelam,<br />
E a equânime colina de sir John atira aos ombros<br />
Um negro manto de gralhas, e outra vez os pássaros iludidos<br />
Disparam como lebres, numa rajada de vento,<br />
Para o falcão em chamas, alto como uma forca, sobre as barbatanas do Towy.<br />
Lá<br />
Onde o elegíaco Martim-pescador apunhala e espadana<br />
Nos baixios pedregosos<br />
Cheios de juncos e borrifos, e “bobo, bobo”, diz o falcão alcandorado,<br />
“Vem e deixa-te matar”,<br />
Abro nas folhas da água uma passagem<br />
De salmos e sombras entre as balouçantes pinças dos caranguejos<br />
E leio, numa concha,<br />
A morte clara como uma bóia sibilante:<br />
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