Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Ficha Técnica:<br />
A CHAMA DE ALMÍSCAR<br />
Coordenação e Tradução:<br />
Suzana Candeias<br />
Capa:<br />
Eugénia Frazão e Fotobrites<br />
Edição:<br />
Eugénia Frazão<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
2
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
DEDICATÓRIA<br />
Na minha vida o meu marido foi a minha melhor escolha, os meus filhos<br />
são a minha vida, as minhas netas são a minha continuação, a minha mãe é<br />
aquela que me deu o Ser, são este punhado de gente bonita, a grinalda que<br />
adorna e fazem para mim a melodia que compõe a mais bela sinfonia.<br />
Para eles o meu obrigado por viverem e me darem oportunidade pela<br />
minha escrita, muito especialmente a Deus, obrigado por colocar a meu dispor<br />
o meu Anjo da Guarda, que me dá a inspiração que faz com que eu movimente<br />
as palavras com beleza.<br />
A Chama de Almíscar é o livro com o aroma característico da minha bela<br />
grinalda.<br />
3
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
PARTE I – EMOÇÕES À LUZ DA VELA<br />
<br />
4
Nuvens negras<br />
Que pairam sobre o mundo,<br />
Que atingem a humanidade<br />
Em desalento profundo!<br />
Mas ... há rosas perfumadas<br />
Há Anjos e há Fadas,<br />
Para nós podermos sonhar<br />
E os aromas respirar!<br />
Há sorrisos à nossa volta<br />
Como verdura a crescer,<br />
Esperanças em Dó Maior<br />
Música do nosso amanhecer!<br />
Por tudo isto<br />
Vale a pena sonhar,<br />
A dormir ou acordada<br />
Sobre a Natureza ou no lar!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
Rio Maior, 18 de Julho 2001 – 09H40<br />
ANJOS E FADAS<br />
5
Tenho sonhos dentro de mim<br />
Que quero transformar,<br />
No real da minha vida<br />
Acordada quero sonhar!<br />
Que sou estrela brilhante<br />
Lá no céu tão distante,<br />
Com a lua estou a brincar<br />
Num cometa a escorregar!<br />
Acordada no meu sonho<br />
Sou um Anjo a voar,<br />
Espalhando a esperança<br />
Numa guerra a acabar!<br />
E lá bem no infinito<br />
Solto o meu grito de dor,<br />
Com estrelas que se cruzam<br />
Dando a luz e o amor!<br />
Uma voz em doce hino<br />
Hoje o vento está a entoar,<br />
E sou eu que faço a letra<br />
Para um Anjo a cantar!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
UMA VOZ EM DOCE HINO<br />
Rio Maior 19 de Março de 2001 – 15H20<br />
6
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
SERENATA NO MEU ESCULPIR, COR DE CARMIM<br />
Não gosto da rotina do dia-a-dia<br />
Daí eu subir ao infinito,<br />
Entre a candura das nuvens vou esculpindo<br />
A gravura do mistério, no meu grito!<br />
Serenata que misturo no esculpir<br />
Enigma que fica para a humanidade,<br />
Cartada que será como estigma<br />
Da minha tão simples humildade!<br />
Estranha beleza , mistério<br />
Encanto que me faz viver,<br />
Projéctil pronto a disparar<br />
Para que a vida não vá morrer!<br />
Pântano que transformo<br />
Em lençol de jasmim,<br />
Convergindo com o meu esculpir<br />
Cartada minha ... cor de carmim!<br />
Rio Maior, 05 de Janeiro de 2000 – 16H40<br />
7
Prendi-me nesse sorriso de cristal<br />
Oásis do meu querer,<br />
Nesses olhos de arco-íris<br />
Tu és o que eu gostaria de ser!<br />
Mas tens um pouco de mim<br />
Na moldura do teu rosto,<br />
Teus cabelos pincelados a ouro<br />
São a pintura do meu gosto!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
Recordo-te de cá, muito longe<br />
Quero que meus versos cheguem aí,<br />
Como diadema que te adorna<br />
Qual diamante para ti!<br />
Amanhã será o teu dia<br />
És a minha continuação,<br />
E será sempre o dia do amanhã<br />
Que me traz o sol ao coração!<br />
SOL ETERNAMENTE<br />
À minha neta Nikky - Rio Maior, 03 de Maio de 2001 – 14H30<br />
8
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
DOCE TRANSFORMAÇÃO EM CATADUPAS DE PRATA<br />
Olhando dentro de mim<br />
Vejo flores sempre em botão,<br />
Que me lembram a minha Glória<br />
Em doce transformação!<br />
Se abrem devagarinho<br />
Numa leveza de espuma,<br />
Na ânsia de agarrarem uma brisa<br />
Desabrochando uma a uma!<br />
Com aroma do meu encanto<br />
Numa noite de luar,<br />
Em catadupas de prata<br />
Dentro de si a entornar!<br />
És o meu refazer de sonhos<br />
És a minha continuação,<br />
Meu botão mais demorado<br />
Para a minha prolongação!<br />
À minha neta Glória Naíde – Rio Maior, 03 de Maio de 2001 – 15H00<br />
9
Quero uma capa mágica<br />
Que faça desaparecer a guerra,<br />
Que possa transformar o ódio<br />
Em flores nascidas da terra!<br />
Que esconda nela a escuridão<br />
Só estrelas possam aparecer,<br />
Iluminando todas as mentes<br />
E faça bons sentimentos florescer!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
Uma capa mágica<br />
Que eu possa pôr e tirar,<br />
Que envolva o Bem em toda a Terra<br />
Inunda de luz qualquer lugar!<br />
A CAPA MÁGICA<br />
Uma capa sem cor definida<br />
Que se possa confundir com qualquer cor,<br />
Que ao rodopiar pelo Mundo<br />
Transforme a maldade em Amor!<br />
Que possa vencer a podridão<br />
Que seja um caudal de esperança,<br />
Que brilhe na escuridão<br />
Que para todos possa ser ... Bonança!<br />
Rio Maior, 13 de Janeiro de 2000 – 19H00<br />
10
Um sorriso teu faz-me lembrar<br />
Um raio de sol em pleno Inverno,<br />
Ou em pleno Verão, raio de luar<br />
Podendo com ele acordada sonhar!<br />
Dançando uma valsa<br />
Com tão belo sonho,<br />
Sendo a realidade<br />
Meu mundo risonho!<br />
A tristeza se desvanece<br />
Com um pensar no teu sorriso,<br />
Com a valsa que danço<br />
É na Terra, o Paraíso!<br />
Nem preciso de ter par<br />
Para esta valsa dançar,<br />
Imagino os teus braços<br />
Meu corpo enlaçar!<br />
Vou querer guardar esse sorriso<br />
Vou querê-lo só para mim,<br />
Para dançar a minha valsa<br />
Na viagem que não tem fim!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
VALSANDO SEM PAR<br />
Rio Maior, 15 de Dezembro de 2000 – 10H30<br />
11
Quebrando o silêncio<br />
Com uma pétala de flor,<br />
Deixando no ar seu perfume<br />
Para curar grande dor!<br />
Quebrando o silêncio<br />
Com uma lágrima que caiu,<br />
Deixando o rosto salgado<br />
Pensando em alguém que partiu!<br />
Quebrando o silêncio<br />
Com o nascer de um sorriso,<br />
Aconteceu sol na noite<br />
No momento mais preciso!<br />
Quebrando o silêncio<br />
Com um fechar de olhos,<br />
Nascendo por encanto<br />
Nas roseiras, rosas aos molhos!<br />
Quebrando o silêncio<br />
Apenas com o pensamento,<br />
Para dizer à pétala caída<br />
O quanto a morte lhe lamento!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
QUEBRAR O SILÊNCIO COM SILÊNCIO<br />
Rio Maior, 26 de Dezembro de 2000 – 20H30<br />
12
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
A FORÇA DO VENTO E A MINHA MENSAGEM<br />
O vento sopra baixinho<br />
Em desalento procura carinho,<br />
Alguém que o queira escutar<br />
Ele vai cantando por todo o lugar!<br />
Deixa mensagens em código<br />
Ele é o filho pródigo,<br />
Que a casa regressou<br />
Proclamando o que mendigou!<br />
Passou por vales e montes<br />
Soprou água em muitas fontes,<br />
Em brancas nuvens descansou<br />
Se elevando no horizonte a Deus rezou!<br />
Não querendo formar tempestade<br />
Procurou o doce lume que arde,<br />
E no mar o barco encalhado<br />
O sacudiu fortemente, ficando molhado!<br />
Vento, traz por favor<br />
A união do Amor,<br />
Que ninguém sabe onde mora<br />
E a sua chegada demora!<br />
Rio Maior, 27 de Dezembro de 2000 – 14H30<br />
13
A juventude corre depressa<br />
Deixando marcas a descoberto,<br />
Ficando com medo do silêncio<br />
Tão longe está , estando perto!<br />
Na era passada o meu rosto liso<br />
Olhar transparente, cabelo friso,<br />
Andar ligeiro, meu corpo fagueiro<br />
E num de repente, ficou diferente!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
MEDO DO SILÊNCIO<br />
Foi a juventude que já passou<br />
Nem dei por ela; e ela me amou,<br />
Mas num correr tão apressado<br />
Não quis ficar para sempre, a meu lado!<br />
Também não te chamo de volta<br />
De volta para mim não te quero,<br />
Mas olho para a beleza da Natureza<br />
Assim, juventude eu te venero!<br />
Rio Maior, 19 de Junho de 2001 – 20H00<br />
14
É de luz que os homens precisam<br />
Na sua mente escurecida,<br />
É de luz que quero falar<br />
Para os jovens, da vida perdida!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
UM NÃO À DROGA, UM NÃO AO ÁLCOOL<br />
Quero mais luz na Terra espalhada<br />
Quero mais lua na noite escurecida,<br />
Quero mais brilho no teu olhar<br />
Porque nascemos com vida merecida!<br />
Quero mais estrelas no teu caminho<br />
Para que possas andar iluminado,<br />
Desejo toda a luz do sol<br />
Para desfazer as trevas, ao teu lado!<br />
Rio Maior, 18 de Fevereiro de 2001 – 11H00<br />
15
Disfarçando ideias com palavras<br />
Numa ânsia para o mundo mudar,<br />
Enquanto a vida se vai esvaindo<br />
As palavras não encontram lugar!<br />
Chega o cansaço da mudança<br />
Num esvair de fragmentos,<br />
E o meu eu em revolta<br />
Transforma meus pensamentos!<br />
Oiço um pássaro que canta<br />
Meu espírito encanta,<br />
Meus pensamentos baralhados<br />
Pela melodia são levados!<br />
E as ideias dão-me o tempo<br />
Que preciso para mudar,<br />
Todo o meu pensamento<br />
Em revolta a lamentar!<br />
Pensamentos revoltados<br />
Com ideias disfarçadas ...<br />
Neste mundo a mudar<br />
São inúteis e ... acabadas!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
PENSAMENTOS DISFARÇADOS<br />
Rio Maior, 09 de Julho de 2001 – 09H10<br />
16
Tento procurar nas palavras<br />
Os sons e os tons mais coloridos,<br />
Para que possam enfeitar a vida<br />
E os dias ficarem mais festivos!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
E, lavrando-as a cinzel<br />
Para que o tempo as não vá apagar,<br />
Numa clareira de luz<br />
Os pássaros as possam cantar!<br />
Numa Primavera anunciada<br />
Num Verão ou Inverno a chegar,<br />
Ou mesmo em pleno Outono<br />
As palavras se encontrem no lugar!<br />
Desbravando sentimentos<br />
Procurando emoções,<br />
Elas serão sempre coloridas<br />
Para alegrar gerações!<br />
E a cor negra que misturo<br />
Servirá para realçar,<br />
O brilho que hão-de ter<br />
Minhas palavras ao cantar!<br />
PROCURAR PALAVRAS<br />
Rio Maior, 06 de Abril de 2001 – 11H00<br />
17
Serenando para o Universo<br />
Poema saído do meu Ser,<br />
Centelha de vida em mim<br />
Que faz uma criança correr!<br />
Em seus pés energia da vida<br />
Doçura em seu olhar de esperança,<br />
Para decifrar a serenata<br />
Cantata que lhe dá confiança!<br />
Estranha sensação numa criança<br />
Corpo fragilizado pela pouca idade,<br />
No mistério de um som distante<br />
Que lhe transmite ... serenidade!<br />
Criança nascida de mim<br />
Ou de qualquer mãe Natureza,<br />
Que só ela pode ouvir a cantata<br />
Trazida do Universo com pureza!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
CANTATA QUE O UNIVERSO ESCUTA<br />
Rio Maior, 05 de janeiro de 2000 – 17H00<br />
18
Olhar para a dança das folhas<br />
Ficar imaginando a melancolia,<br />
Que elas possam estar a escutar<br />
No horizonte ... numa tarde fria!<br />
O pequeno pássaro acaba de pousar<br />
E tenta assim a música trautear,<br />
Balançando-se em plena harmonia<br />
Na tarde de Março a chegar!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
Espera então, que as folhas marquem<br />
O ritmo certo da melodia,<br />
A lua chegou brilhando serena<br />
Na tarde que acabava, fria!<br />
As folhas combinando os sons<br />
Agora espelhados pela lua,<br />
E o pequeno pássaro espalhando<br />
Toda aquela música pela rua!<br />
TARDE CINZENTA MELODIOSA<br />
Rio Maior, 27 de Março de 2001 – 18H00<br />
19
Como traduzir um sentimento<br />
Arrancando a amargura,<br />
Lavando-a de toda a lama<br />
Para ficar só água pura!<br />
Como traduzir uma dor<br />
Arrancando toda a mágoa,<br />
Para encontrar a beleza<br />
Cristalina como a água!<br />
Como traduzir uma ansiedade<br />
Arrancando todo o sentir,<br />
Para encontrar a calma<br />
Da verdade sem mentir!<br />
Como traduzir a angústia<br />
Arrancando toda a emoção,<br />
Para encontrar o pedacinho<br />
Que falta no meu coração!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
APRENDENDO A TRADUZIR<br />
Saberei traduzir os meus sentimentos<br />
Se tu deres à minha vida a razão,<br />
Se poderes sentir como eu sinto<br />
Se encontrares o bocadinho, do meu coração!<br />
Rio Maior, 28 de Abril de 1999 – 09H00<br />
20
Um Anjo passou por aqui<br />
Deixou um rasto de luz e de luar,<br />
Deitou flores pelo caminho<br />
Para ensinar alguém a caminhar!<br />
Alguém que não se saiba encontrar<br />
Basta procurar aquele caminho,<br />
É só seguir o rasto de luz e de luar<br />
E não vai mais ficar sozinho!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
UM ANJO PASSOU<br />
Um Anjo passou ...<br />
Até deixou uma estrela pendurada,<br />
Deixando bem visível o ter passado<br />
Para que todos soubessem a sua morada!<br />
Com tanta beleza e encanto<br />
Foi só um Anjo que passou,<br />
Muita gente assim o viu<br />
A mim, ele me encantou!<br />
Rio Maior, 15 de Novembro de 19996 – 22H00<br />
21
O segredo está nas pedras<br />
Também nas cinzas e no vento,<br />
O segredo está no sol<br />
E encerra no tempo!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
Numa esperança está o segredo<br />
Tal como nas lágrimas que se choram,<br />
Um segredo bem guardado<br />
Está no pensamento que ignoram!<br />
Na extensão do infinito<br />
Está também o segredo,<br />
Nas ilusões desfeitas<br />
Dele não se deve ter medo!<br />
É apenas um mistério<br />
Querer o segredo desvendar,<br />
O infinito envolve-o<br />
Numa amplidão de invejar!<br />
Como eu queria ser segredo<br />
Estar acima das leis sem fundo,<br />
Ter a voz da sabedoria<br />
Enfrentar a vida e, o mundo!<br />
Rio maior, 06 de Agosto de 1994<br />
SEGREDO<br />
22
Tenho azul nos meus olhos<br />
Que ao céu fui roubar,<br />
De tanto olhar para as estrelas<br />
E com ele tanto sonhar!<br />
Juntei-lhes um pouco de mar<br />
Mais um pouco de espuma,<br />
Salpiquei-os com areia<br />
Vendo as ondas uma a uma!<br />
Na serra roubei o cheiro<br />
Que trago sempre comigo<br />
Foi o jeito que encontrei<br />
Para estar sempre contigo!<br />
Andas sempre em viagem<br />
Vês maravilhas sem fim,<br />
Mas agrada-te a ideia<br />
De chegares ao pé de mim!<br />
Roubei para ti com amor<br />
Mas um dia vou devolver,<br />
Ao céu, ao mar e à serra<br />
Um dia assim, que eu morrer!<br />
Estarei em todo o lugar<br />
Passes tu por onde passares,<br />
Terás sempre de mim a lembrança<br />
Basta para tudo olhares!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
ESTAR SEMPRE CONTIGO<br />
Ao meu marido – Rio Maior, 13 Novembro de 1996 – 08H40<br />
23
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
O tempo esconde silêncios de pedra<br />
Flores a abrir, folhas que rebentam,<br />
O tempo tudo esconde<br />
O sol e a lua comentam!<br />
Eles nunca se encontram<br />
Comentam sozinhos,<br />
Ou com o vento e a chuva<br />
Que são seus vizinhos!<br />
E ao comentarem<br />
O tempo vai escondendo,<br />
Todos os silêncios de pedra<br />
Ele vai retendo!<br />
Silêncios que o tempo esconde<br />
Uma erva a nascer,<br />
Uma planta que morre<br />
Uma outra a crescer!<br />
O sufoco de um grito<br />
Uma lágrima a cair,<br />
O bater de um coração<br />
Num feto a evoluir!<br />
O feto evolui<br />
Enquanto está escondido,<br />
É silêncio de pedra<br />
Que no tempo fica retido!<br />
Rio Maior, 18 de Fevereiro – 17H00<br />
SILÊNCIOS QUE O TEMPO ESCONDE<br />
24
Num desejo de liberdade<br />
Rasgo o vento voando,<br />
Abro os braços no espaço<br />
E no tempo vou passando!<br />
Num desejo de liberdade<br />
Grito no eco da esperança,<br />
Agarro o sopro da vida<br />
E aos meus filhos deixo herança!<br />
Agarrando o sopro da vida<br />
Tenho a minha liberdade,<br />
Grito bem alto ao vento<br />
Toda a minha verdade!<br />
Deixo cair lágrimas em fio<br />
Num desejo de liberdade,<br />
Também corre o meu pensamento<br />
Como corre a minha idade!<br />
Rio Maior, 03 de Junho de 1995<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
DESEJO DE LIBERDADE<br />
25
Podes pensar no céu azul<br />
Quando negra está a tua vida,<br />
Podes pensar em flores se abrindo<br />
Quando achares que estás perdida!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
VIVER A CORES<br />
Podes pensar em ondas brancas de espuma<br />
Quando pensares em desistir de viver,<br />
Pensa num rosto de mãe sorrindo<br />
Mesmo quando está a sofrer!<br />
Podes pensar num roseiral em flor<br />
Quando tens o coração magoado,<br />
Podes guardar as tuas lágrimas<br />
Como se tivesses sempre sonhado!<br />
Podes voar no teu tempo<br />
E voares na direcção certa,<br />
Pois o teu sentimento é puro<br />
Quando o coração te aperta!<br />
Podes pensar nos teus sonhos<br />
Também quando estás acordada,<br />
Pois mesmo que vejas tudo negro<br />
A vida nunca está acabada!<br />
Rio maior, 22 de Abril de 1995<br />
26
Que cor tem a tua amizade?<br />
E que peso ela tem?<br />
Quero que tenha o azul do céu<br />
E o peso do mar me convém!<br />
Mas a tua amizade eu quero<br />
Seja branca, rosa ou amarela,<br />
Cada cor tem um sentimento<br />
E eu sinto-me bem com ela!<br />
A nossa amizade é sólida<br />
Como rochedo no mar,<br />
Como árvore enraizada<br />
Eu a continuo a regar!<br />
Amizade é espiga de trigo<br />
Dourada com o sol do Verão,<br />
Nós a vamos alimentando<br />
Como nos alimenta o pão!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
A COR DA AMIZADE<br />
Amizade tem suave cheiro<br />
É um perfume muito leve,<br />
Eu disse que a queria azul<br />
Mas quero-a branca e pura como a neve!<br />
Rio Maior, 27 de Abril de 1995<br />
27
Deixo um beijo nestas flores<br />
Que em breve irão murchar,<br />
Junto-lhe uma lágrima<br />
Para amor lhes poder dar!<br />
Lanço nelas um sorriso<br />
Trago delas seu perfume,<br />
Deixei-as em pedra gelada<br />
Dentro de mim trago lume!<br />
Caem nelas o orvalho<br />
Suave e devagarinho,<br />
Elas ficam com mais beleza<br />
Nelas estão o meu destino!<br />
Separo a minha dor<br />
Recordo a minha saudade,<br />
E lembrando aquelas flores<br />
Meu coração ainda arde!<br />
O meu destino lá está<br />
E as flores vão esperando,<br />
Continua um ramo lindo<br />
Pois o orvalho as vai regando!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
MEU DESTINO<br />
Rio Maior, 12 de Agosto de 1996 – 12H20<br />
28
Ainda não foi inventado<br />
O mais belo poema de amor,<br />
Ainda não foi encontrada<br />
A semente da mais bela flor!<br />
Mas já foi encontrado<br />
O mais belo sentimento,<br />
A brancura mais pura<br />
A pureza do entendimento!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
QUANDO NASCER O MAIS BELO POEMA<br />
As crianças se amam<br />
Sem limites e com pureza,<br />
Elas ensinam o homens<br />
Seu coração pequenino, é grandeza!<br />
As flores belas por natureza<br />
Esperam com ansiedade,<br />
O nascer de uma irmã<br />
Que as faça viver em liberdade!<br />
Pois a beleza não pode morrer<br />
Vão assim, o ar perfumando,<br />
E à espera do mais belo poema<br />
O Amor vão inventando!<br />
Nasce o mais belo poema<br />
Quando as guerras pararem,<br />
Quando os homens se amarem<br />
Quando as flores não murcharem!<br />
Rio Maior, 13 de Maio de 1996 – 13H00<br />
29
Agarrar um fio de esperança<br />
É como agarrar o vento,<br />
Apenas uma brisa ... leve<br />
É como tocar no sentimento!<br />
Quando já não há esperança<br />
Há grande luta em nós,<br />
Lutamos com todas as forças<br />
Obedecendo apenas à nossa voz!<br />
E a nossa voz nos diz<br />
O que devemos fazer,<br />
Agarramos só num fio<br />
Fio de esperança ... a desfazer!<br />
Fio de esperança é ouro<br />
Ouro fino de encantar,<br />
Olhando o fio que vale ouro<br />
Duas lágrimas fazemos brotar!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
FIO DE ESPERANÇA<br />
Lágrimas de esperança<br />
Pérolas que brilham,<br />
Tempo que está a passar<br />
E flores, que no nosso caminho trilham!<br />
Rio Maior, 1994<br />
30
A vida é muito curta<br />
Tão curta que até parece,<br />
Um jardim cheio de rosas<br />
Que em breve desaparece!<br />
E tão cheia de perfume<br />
Tal como a vida também,<br />
Assim que os botões se abrem<br />
A rosa não se mantém!<br />
É bonito de se olhar<br />
Para as roseiras em flor,<br />
Apenas um olhar breve<br />
Para respirar amor!<br />
E neste amor que é tão breve<br />
E tão cheio de perfume,<br />
A vida fica mais curta<br />
Neste roseiral de lume!<br />
E como o lume é leve<br />
Desaparece em queimada,<br />
Assim, é a nossa vida<br />
Muito breve e perfumada!<br />
Rio Maior, 1994<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
VIDA PERFUME<br />
31
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
O amor vulcão vai-se transformando<br />
Em doce suavidade,<br />
Em dois corações que estão amando<br />
E que deixaram de ter idade!<br />
Doce brisa no rosto a passar<br />
É um amor que já foi vulcão,<br />
Pelos caminhos da vida ficaram<br />
As amarguras da ilusão!<br />
Hoje só lembranças<br />
De um distante passado,<br />
Que fica na história<br />
Vivendo a nosso lado!<br />
É a suave brisa<br />
Passando docemente,<br />
De um amor vulcão<br />
Apagado lentamente!<br />
Nesta lentidão<br />
De lembranças passadas,<br />
Fica o trotar de um cavalo<br />
De grandes cavalgadas!<br />
E a suave brisa<br />
No rosto envelhecido,<br />
Em jeito de amor<br />
Lhes vai segredando ao ouvido!<br />
Já foste vulcão<br />
Agora és suavidade,<br />
No tempo ficam as lembranças<br />
Como fica a tua idade!<br />
AMOR VULCÃO<br />
Rio Maior, 08 de Julho de 1998 – 18H30<br />
32
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
Dizem que a chuva vem das nuvens<br />
Mas eu creio que são anjos a chorar,<br />
Choram por mim e por ti<br />
Para nosso mundo mudar!<br />
Vindo assim do universo<br />
Lágrimas em turbilhão,<br />
Choradas por tantos anjos<br />
O mundo ganha novo coração!<br />
Onde as crianças são a esperança<br />
De um mundo novo a surgir,<br />
A chuva caindo em pérolas<br />
São botões de rosas a abrir!<br />
Anjos debruçados sobre crianças<br />
Chorando, cantam hinos de esperança,<br />
As crianças sonhando, sorriem<br />
Com suas doces lembranças!<br />
Nem se apercebem<br />
Das lágrimas de dor<br />
Que os anjos choram<br />
Transformando em flor!<br />
LÁGRIMAS DE ANJOS<br />
Rio Maior, 07 de Novembro de 1998 – 19H10<br />
33
Só quem ama pode ouvir<br />
O que falam as estrelas,<br />
E o porquê da felicidade<br />
O poeta pode entendê-las!<br />
Só quem ama pode entender<br />
O sentir da emoção,<br />
No pulsar das nossas veias<br />
Que transvasam no coração!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
Ele se eleva ao ponto mais alto<br />
Ele mergulha no poço mais fundo,<br />
E no transvasar de emoções<br />
Vai buscá-las ao seu sentir profundo!<br />
Só quem ama pode ouvir<br />
O que falam os peixinhos,<br />
E o que sente a areia<br />
Quando beija os seixinhos!<br />
Num transvasar de emoções<br />
O poeta pode entender,<br />
E num poema de amor<br />
Pôr o sentir e o saber!<br />
SÓ PARA QUEM AMA<br />
Rio Maior, 29 de Novembro de 1998- 09H20<br />
34
Eu falo para o ar<br />
Que preciso para viver,<br />
Falo para a chuva<br />
Que está a cair!<br />
Falo para o sol que quer romper<br />
As nuvens escuras ... do anoitecer<br />
Só tu não ouves<br />
A mensagem que quero passar!<br />
Estás ocupado<br />
Da vida alheado<br />
Para mim .... nem pensas olhar<br />
Foges da vida<br />
De cada instante<br />
E o ar que respiras<br />
Nem te apercebes<br />
Que é tão importante!<br />
Quando eu passar por ti<br />
Não julgues que estou louca,<br />
Só porque falo à Natureza<br />
Pois acho que a vida é tão pouca!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
FALAR PARA A NATUREZA<br />
Rio Maior 30 de Outubro de 2000 – 21H50<br />
35
Uma colecção quero poder ter<br />
De lindos sorrisos, noites de luar,<br />
Corações partidos todos coladinhos<br />
E tantos beijinhos de imaginar!<br />
Focinhos e bigodes<br />
Olhinhos brilhantes,<br />
Rabinhos contentes<br />
Tudo diamantes!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
Uma colecção eu quero mostrar<br />
De muita humildade, de muito poder,<br />
De perfume suave<br />
Que a todos possa reter!<br />
Quero uma flor de sonho<br />
Na minha colecção para mostrar,<br />
Nascida de um sorriso<br />
Numa noite de luar!<br />
Esta minha colecção<br />
A todos quero oferecer,<br />
Um sonho na realidade<br />
Todos o podem querer!<br />
MINHA COLECÇÃO<br />
Rio Maior, 05 de Janeiro de 1998 – 10H00<br />
36
Há quanto tempo não cheiro<br />
O alecrim do monte,<br />
Há quanto tempo não vejo<br />
A água a correr da fonte!<br />
Outros tempos já lá vão<br />
Outros estão a passar,<br />
E a giesta em flor<br />
Deita perfume pelo ar!<br />
E que saudade eu sinto<br />
Do alecrim a estalar,<br />
Junto com o rosmaninho<br />
A fogueira a atear!<br />
E a água bem fresquinha<br />
Ser bebida da minha mão,<br />
Sentir o perfume da vida<br />
Ouvir o vento em oração!<br />
Ele diz que o tempo é eterno<br />
Como eterno é o perfume,<br />
Do alecrim e do rosmaninho<br />
A estalar em doce lume!<br />
E aquela água bem fresca<br />
Que bebia da minha mão,<br />
Vinha muitas vezes das nuvens<br />
Quando estava em oração!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
O VENTO EM ORAÇÃO<br />
Rio Maior, 06 de Fevereiro de 1998 – 16H30<br />
37
Um gesto de amor<br />
Um aperto de mão,<br />
O dar uma flor<br />
O chamar de irmão!<br />
Um gesto de amor<br />
Um olhar sobre o mundo,<br />
Um vôo de gaivota<br />
Em pensamento profundo!<br />
Uma luz que se acende<br />
Em cada pensar,<br />
Um gesto de amor<br />
Do verbo Amar!<br />
Sorriso que abriu<br />
Num gesto de amor,<br />
Lágrima que cai<br />
Ao ver murchar essa flor!<br />
Um gesto de amor<br />
Perfume que vai ficar,<br />
No vento soprando baixinho<br />
Pairando sempre no ar!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
PERFUME<br />
Rio Maior, 24 de Janeiro de 1998 – 16H00<br />
38
Solidão é estar com muita gente<br />
E não termos alguém,<br />
Solidão é estar longe de tudo<br />
E não nos sentirmos ninguém!<br />
Solidão é um rio bem seco,<br />
Um prado que não vegeta,<br />
Um sol que não desponta,<br />
Um sono que não desperta!<br />
Solidão é uma vida sem sentido,<br />
É um mar imenso sem vida,<br />
É uma casa sem barulho...<br />
Solidão, é uma vida perdida!<br />
Solidão é um preso na cadeia,<br />
É uma árvore sem ninho<br />
Pois não houve um passarinho<br />
Que encontrasse esse caminho!<br />
Solidão é a noite sem estrelas<br />
É vivermos no escuro,<br />
É sufocarmos no silêncio<br />
E, não termos coragem de saltar o muro!<br />
Solidão é uma luz sem brilho,<br />
É estar rodeado de beleza<br />
E não ver nada belo,<br />
E só encontrar tristeza!<br />
Solidão é um velho no jardim,<br />
É uma criança a chorar,<br />
É uma flor no deserto,<br />
É o correr de lágrimas, sem parar!<br />
Solidão é não encontrar magia<br />
E o nosso dia-a-dia é sempre igual,<br />
Solidão é não irmos para a frente<br />
E a vida não ter nenhum ideal!<br />
Solidão é viver a vida<br />
Sem que a vida faça sentido,<br />
É viver dentro de um fogo<br />
Sem que o fogo tenha ardido!<br />
Rio Maior – 1994<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
SOU SOLIDÃO<br />
39
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
MUDANÇA DE LUA<br />
Natal – dia de festa<br />
Os sinos ouvem-se, em todo o lugar,<br />
Há cânticos que nos maravilham<br />
E mesmo com muito frio apetece ver o luar!<br />
Olhar a lua redonda<br />
Com cor prateada a mudar,<br />
Para tentar ver mudança<br />
E a fome, poder parar!<br />
Noite de Natal, noite fria<br />
Onde o pobre é sempre lembrado,<br />
Mas em tantos meses do ano<br />
O Natal lhe é negado!<br />
Natal seria dia-a-dia<br />
Se os homens pensassem,<br />
Eles seriam bons e justos,<br />
Se com a guerra acabassem!<br />
Natal – palavra suave<br />
Há beleza em qualquer rua,<br />
Luzinhas por todo o lado<br />
Querendo imitar a lua!<br />
E eu olho enternecida<br />
Para tanta luz e cor,<br />
Assim faço poesia<br />
Dando para todos amor!<br />
Rio Maior, 12 de Dezembro de 1995 – 21H40<br />
40
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
Vejo poesia à minha volta<br />
Num gesto que alguém faz,<br />
Numa criança que corre<br />
Numa flor, que ao morrer se desfaz!<br />
Na luz que o sol nos dá<br />
No brilho da lua e das estrelas,<br />
Num bom dia de alguém<br />
Ou num jantar à luz de velas!<br />
Vejo poesia em teu olhar<br />
Num rosto entristecido,<br />
Num pássaro a esvoaçar<br />
Até num amor já vivido!<br />
Rio Maior, 19 de Dezembro de 1995<br />
MOMENTO DE POESIA<br />
41
Recebi um baú bem cheio<br />
De cheio que se encontrava,<br />
Até a chave se partiu<br />
De tanto carinho que encerrava!<br />
A chave partida não fazia falta<br />
Pois eu o queria aberto,<br />
Nada na fechadura<br />
E de mim sempre perto!<br />
Arranjei-lhe um bom lugar<br />
Quero sempre estar a vê-lo,<br />
Pois que de mistérios<br />
Quero poder enchê-lo!<br />
Enchê-lo de mistérios<br />
E também de ilusões,<br />
Por isso quero-o perto de mim<br />
Cá tenho as minhas razões!<br />
Um dia meus filhos<br />
Ao abrirem o tampo,<br />
Por certo vão encontrar<br />
Nele grande encanto!<br />
Remexem papéis<br />
Que passam de mão em mão<br />
Vão encontrar saber,<br />
Como o de Salomão!<br />
Ensinam meus netos<br />
Que serão os herdeiros,<br />
Sendo eles os últimos<br />
Serão os primeiros!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
O BAÚ<br />
Rio Maior, 05 de Maio de 1996 – 23H00<br />
42
Num momento de lucidez<br />
Eu faço poesia,<br />
São estes momentos<br />
Que vivo em fantasia!<br />
Ao viver em fantasia<br />
Alguém me chama de louca,<br />
Mas é quando estou bem lúcida<br />
Pois a vida que resta, é bem pouca!<br />
Penso nas guerras distantes<br />
Em crianças a morrer,<br />
No ar tão poluído<br />
E em não querer mais viver!<br />
Isto é o real da vida<br />
Que eu não quero pensar,<br />
Assim que me volta a lucidez<br />
Eu quero a vida agarrar!<br />
São momentos de lucidez<br />
Os que vivo na loucura,<br />
Quero só poder amar<br />
E ter sol na noite escura!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
MOMENTOS DE LOUCURA<br />
Rio Maior, 07 de Maio de 1996 – 09H00<br />
43
Nas minhas mãos, meu destino<br />
Que pago um dia para ver,<br />
No coração o anseio<br />
O querer, por força viver!<br />
Na cabeça o pensamento<br />
Que muda sem eu querer,<br />
De vez em quando um receio<br />
Que logo tento esquecer!<br />
Das minha mãos foge o destino<br />
Como vento revoltado,<br />
E quando a noite cai<br />
Meu sono fica agitado!<br />
Olho as minhas mãos<br />
Fecho-as, retendo o que tenho,<br />
Nelas vejo o meu destino<br />
Assim fechado, o detenho!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
EM MINHAS MÃOS<br />
Rio Maior, 10 de Outubro de 1996 – 09H20<br />
44
Amizade não se compra<br />
Mesmo sendo um tesouro,<br />
Não há preço para ela<br />
Pois vale mais que o ouro!<br />
Amizade é Primavera<br />
Sempre com flores a surgir,<br />
E amigos são sinceros<br />
Sempre com botões para abrir!<br />
Amizade é liberdade<br />
Sem amarras, sem algemas,<br />
Ela nunca se desfaz<br />
Por coisas, assim tão pequenas!<br />
Amizade se preserva<br />
Com coisas simples da vida,<br />
No oferecer de uma flor<br />
Num beijo sem despedida!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
AMIZADE<br />
Rio Maior, 14 de Outubro de 1996 – 08H30<br />
45
Elevo o meu pensamento<br />
No mais meu profundo ser,<br />
Procurando aquilo que sou<br />
Para não me deixar morrer!<br />
Remexendo a minha casa<br />
Recrio o meu passado,<br />
E vejo em minha mente<br />
O que passou a meu lado!<br />
Tento chegar até Deus<br />
Nas nuvens fico parada,<br />
Pois o céu está além<br />
Minha boca fica calada!<br />
Elevo o meu pensamento<br />
Tentando a Deus chegar,<br />
Mesmo com nuvens por fora<br />
Não posso minha vida parar!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
ELEVANDO O PENSAMENTO<br />
Rio Maior, 04 de Janeiro de 1997 – 14H30<br />
46
Concentro os meus pensamentos<br />
Na necessidade de viver,<br />
Quero o ar puro da montanha<br />
Nos meus pulmões a correr!<br />
Tento retardar o tempo<br />
Esquecendo as horas que são,<br />
Olho para o céu e respiro<br />
Por momentos, uma ilusão!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
PARCELA DE UM PRINCÍPIO<br />
Tenho a parcela de um princípio<br />
Um leve sopro de emergência,<br />
Respiro o ar puro da montanha<br />
E tudo transcende a minha inteligência!<br />
Estou imersa em nada<br />
Com tudo em volta de mim,<br />
Tendo eu parcela de um princípio<br />
Tento obter a soma do fim!<br />
Rio Maior, 11 de Janeiro de 1997 – 22H00<br />
47
Como o ribombar de um trovão<br />
Sinto extinguir-se o pensamento,<br />
Caio imersa no silêncio<br />
E não oiço nem um lamento!<br />
Fico envolvida em silêncio<br />
Tudo é vazio e sem cor,<br />
De repente deixei de existir<br />
Tudo ficou sem valor!<br />
Nem sonho, nem fantasia<br />
Nem da vida a realidade,<br />
Extinguiu-se meu pensamento<br />
Só fiquei com a verdade!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
EXTINGUIR-SE O PENSAMENTO<br />
Rio Maior, 13 de Janeiro de 1997 – 19H20<br />
48
Eu digo que o mar é vida<br />
Tu dizes que ele tem a vida,<br />
Eu digo que sofro muito<br />
Tu dizes que eu sou sofrida!<br />
Contradizes o que eu digo<br />
E tudo o que eu fizer,<br />
Também o que eu escrevo<br />
E até o que eu disser!<br />
Já não sei se é teimosia<br />
Ou se é o teu querer,<br />
Pois que até nas cores vivas<br />
Tu as vês esmorecer!<br />
E no brilhar da lua<br />
Tu vês sempre a lua tapada,<br />
Nem reparas nas estrelas<br />
E eu já estou tão cansada!<br />
Cansada da contradição<br />
De sempre me contradizeres,<br />
E não veres que tudo tem vida<br />
E tu sem nada fazeres!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
CONTRADIÇÃO<br />
A todos os jovens - Rio Maior, 16 de Janeiro de 1997 – 19H20<br />
49
Ser rosa no teu jardim<br />
Eu queria tanto ser,<br />
Para cuidares de mim<br />
E veres-me em breve morrer!<br />
Vida breve e perfumada<br />
Queria eu rosa ser,<br />
Ser beleza enquanto viva<br />
E ter encanto ao morrer!<br />
Os espinhos lhe pertencem<br />
Como filhos dela nascidos,<br />
Os botões são os rebentos<br />
Dos poucos dias vividos!<br />
São a sua continuação<br />
Na sua breve passagem,<br />
Pois eles depressa se abrem<br />
E vão-se com morna aragem!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
SER ROSA<br />
Rio Maior, 21 de Janeiro de 1997 – 13H20<br />
50
Acender a chama<br />
Desse teu olhar apagado,<br />
Ele já não tem brilho<br />
E o vejo sempre molhado!<br />
Quem me dera conseguir<br />
Acender uma chama em ti,<br />
Para ver o brilho em teus olhos<br />
O mesmo que há muito eu vi!<br />
Mas agora de molhados<br />
A chama não quer acender,<br />
E eu sinto a tristeza<br />
De tu te estares a perder!<br />
Seca bem esses teus olhos<br />
Alegra um pouco o teu rosto,<br />
Deixa que eu acenda a chama<br />
Como se fosse sol posto!<br />
É esplendor e beleza<br />
O pôr do sol ao morrer,<br />
Pois nos convida a dormir<br />
E acordar ao nascer!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
ACENDER UMA CHAMA<br />
Rio Maior, 22 de Janeiro de 1997- 16H00<br />
51
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
Vida breve que vivemos<br />
No meio de tanta guerra,<br />
Que andando de um lado para o outro<br />
Acabamos na nossa terra!<br />
A terra dos nossos pais<br />
Ela que nos viu nascer,<br />
Já cansados de tanto andar<br />
Nela queremos morrer!<br />
Aventuras e desventuras<br />
Mil tormentos já passados,<br />
E o corpo está cansado<br />
De passar tão maus bocados!<br />
Trabalhou-se todo o tempo<br />
E sem parar para pensar,<br />
Que nosso corpo envelhece<br />
E um dia tem que abrandar!<br />
O coração descompassa<br />
Num compasso incerto,<br />
E nos fala bem baixinho<br />
Da velhice, estamos perto!<br />
Agora tens que abrandar<br />
O meu ritmo é bem mais lento,<br />
E o teu corpo já cansado<br />
Já não corre atrás do vento!<br />
BOCADOS DE VIDA<br />
Rio Maior, 22 de Janeiro de 1997 – 23H40<br />
52
Não queiras perder o teu valor<br />
Ainda que ninguém to queira dar,<br />
Ama a vida como ela é<br />
Pois mesmo assim a podes amar!<br />
Confia na tua vida<br />
No valor que lhe dás,<br />
E mesmo que ninguém o veja<br />
Mostra-lhe do que és capaz!<br />
Reclama sempre o que é teu<br />
Não deixes que ninguém to tire,<br />
Não apagues da tua vida<br />
O teu precioso sentir!<br />
Mesmo que ninguém respeite<br />
O valor que tu mereces<br />
Sorri ao de leve,<br />
Só tu a ti te conheces!<br />
Ensina o mundo a amar-te<br />
Pois nascemos para sermos felizes,<br />
É neste nosso cantinho<br />
Que queremos ter nossas raízes!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
SÓ TU TE CONHECES<br />
Rio Maior, 26 de Janeiro de 1997 – 16H00<br />
53
Tenta agarrar uma estrela<br />
Junta-lhe um pouco de lua,<br />
Mistura-lhe um pouco de sol<br />
E a vida é toda tua!<br />
Depois rega com orvalho<br />
Descido devagarinho,<br />
Junta-lhe mais um lágrima<br />
E ficas com muito carinho!<br />
Atira-lhe um sorriso<br />
Dá-lhe também um beijo,<br />
Aperta-os no teu coração<br />
E ficas com o desejo!<br />
Tens assim em tuas mãos<br />
O desejo, a vida e o carinho,<br />
Tu que pensavas não ter nada<br />
Afinal não estás sozinho!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
EM TUAS MÃOS A VIDA<br />
Rio Maior, 28 de Janeiro de 1997 – 11H45<br />
54
São testemunhos de mim<br />
Os meus filhos, os meus escritos,<br />
Tudo aquilo que deixo<br />
Cabem em dois dos meus gritos!<br />
Um, é grito de sangue<br />
E de bons ensinamentos,<br />
Outro, grito nos escritos<br />
Todos os erros e lamentos!<br />
Lamentos da minha vida<br />
Do meu jeito de viver,<br />
Lamentos dos meus erros<br />
Lamentos do meu querer!<br />
São apenas dois gritos meus<br />
Que no Universo liberto,<br />
Ficando assim entre eles<br />
Um espaço sempre aberto!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
DOIS GRITOS<br />
Rio Maior, 13 de Fevereiro de 1997 – 19H30<br />
55
Com o barro amassado<br />
Vou moldando amizade,<br />
Ela fica do meu jeito<br />
Faz a minha felicidade!<br />
Moldando também a noite<br />
Faço do escuro a luz,<br />
Moldando com simpatia<br />
Ao amanhã me conduz!<br />
Amassando bem o barro<br />
Completo o meu prazer,<br />
O cheiro que tem da terra<br />
O amanhã me faz querer!<br />
Com a amizade moldada<br />
No cheiro que vem da terra,<br />
E a noite feita luz<br />
Acaba o horror da guerra!<br />
Acaba a tristeza e a dor<br />
Sangue da terra ensopada,<br />
Com o barro amassado<br />
Amizade é moldada!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
BARRO AMASSADO<br />
Rio Maior, 22 de Julho de 1998 - 22H30<br />
56
Outono é realidade<br />
E nos dá a fantasia,<br />
Folhas de árvore esvoaçando<br />
Nos quebra a nostalgia!<br />
Me recolho num cantinho<br />
Num momento de beleza,<br />
E perco-me naquela magia<br />
Que me oferece a natureza!<br />
Encontro as cores com vida<br />
Em folhas mortas no chão,<br />
Pego nelas, faço um ramo<br />
E levo-o em minha mão!<br />
Enfeito o canto da sala<br />
E olho com admiração,<br />
Folhas de Outono já mortas<br />
São bela decoração!<br />
Rio Maior, 11 de Março de 1997<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
BELA DECORAÇÃO<br />
57
Dou vida mesmo ao morrer<br />
Eu quero deixar saber,<br />
Se alguém me compreender<br />
A vida valeu a pena viver!<br />
Deixo escrito no papel<br />
O que me vai na alma,<br />
Minha vida meu diário<br />
A escrita me acalma!<br />
Sorrio em desalento<br />
Para ninguém perceber,<br />
Que a vida não me importa<br />
O que quero é morrer!<br />
Mesmo assim sou alegria<br />
Como folha de árvore caída,<br />
Esvoaçando em pleno Outono<br />
Da Primavera nascida!<br />
Meu coração, pedaços de cristal<br />
Salpicados de lágrimas de sal,<br />
Querendo ser de pérolas enfeitado<br />
A ouro poder ser bordado!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
DAR VIDA ENQUANTO MORRO<br />
Rio Maior, 18 de Março de 1997 – 09H30<br />
58
Vejo o teu rosto tão triste<br />
Sei que estiveste a chorar,<br />
Olho para ti, tu és linda<br />
Não te posso lamentar!<br />
Será por falta de amor<br />
Ou da vida estares cansada,<br />
Olha bem o horizonte<br />
Baixa os olhos para a calçada!<br />
Verás que até mesmo as pedras<br />
Estão gastas pelas passagens,<br />
Pois passam sempre pelo meio<br />
Deixando livres suas margens!<br />
Mesmo assim desgastadas<br />
Nascem ervinhas viçosas,<br />
Eu afasto os meus pés<br />
Como se elas fossem rosas!<br />
Nesse rosto lindo e meigo<br />
Até já o vejo sorrir,<br />
Só porque viste a ervinha<br />
O teu caminho colorir!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
NO TEU CAMINHO UMA ERVA<br />
Rio Maior, 26 de Junho de 1997 – 23H30<br />
59
Preciso de um porto seguro<br />
Para meu barco ancorar,<br />
Preciso de uns braços fortes<br />
Para meu amor aninhar!<br />
Meu barco já não tem âncora<br />
Perdeu-a no alto mar,<br />
Preciso de um rochedo grande<br />
Para meu barco parar!<br />
Meu barco já não tem velas<br />
O vento as levou consigo,<br />
Preciso das tuas mãos<br />
Para ficarem comigo!<br />
Meu barco anda à deriva<br />
Até os remos se perderam,<br />
E eu que não sei nadar<br />
Os peixinhos os comeram!<br />
Preciso de um porto seguro<br />
Para meu barco arranjar,<br />
São nesses teus braços fortes<br />
Que encontro o que precisar!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
UM PORTO SEGURO<br />
Rio Maior, 13 de Agosto de 1997 – 16H00<br />
60
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
EM SONHOS DESMORONADOS FICA A BELEZA<br />
Como castelos de areia<br />
Sonhos desmoronados,<br />
São mágoas bem profundas<br />
Em círculos bem fechados!<br />
Fecha-se um círculo e outro<br />
E muitos se vão seguindo,<br />
Fecham-se os olhos e sonhamos<br />
E o rosto fica sorrindo!<br />
Mágoas profundas desvanecem<br />
Numa paisagem de rosas,<br />
Seu perfume inebriante<br />
Mesmo com espinhos são formosas!<br />
Podemos vê-las em sonhos<br />
E sentir o seu perfume,<br />
E aquelas mágoas profundas<br />
Saem do gelo para doce lume!<br />
Assim vamos construindo<br />
Uma sólida fortaleza,<br />
Deixamos o castelo de areia<br />
Nele não vemos mais beleza!<br />
E nossas mágoas profundas<br />
Nos sonhos se desvanecem,<br />
Fica a beleza das rosas<br />
Que nossos sonhos enternecem!<br />
Rio Maior, 22 de Setembro de 1997 – 10H10<br />
61
Há sempre tempo para voltar atrás<br />
E sentir-me assim menina,<br />
Ficar a sonhar no meu castelo<br />
Sentir-me como Rainha!<br />
Fazer de conta que sou uma fada<br />
Imaginar-me cheia de estrelinhas,<br />
E com minha varinha mágica<br />
Transformo rosas em meninas!<br />
Viajo por imensas galáxias<br />
E a lua vou beijar,<br />
E descendo devagarinho<br />
Numa rosa eu vou pousar!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
DEI A VOLTA AO TEMPO<br />
E como fada ficarei para sempre<br />
Sempre terei minha varinha de condão,<br />
Até ao animal mais feroz<br />
Eu lhe darei um bom coração!<br />
Eu trocarei as palavras feias<br />
As transformo em pétalas de flores,<br />
E até mesmo o negro da vida<br />
O trocarei por mil e uma cores!<br />
Não mais terei de saber minha idade<br />
Pois no tempo eu dei a volta,<br />
Não mais me sentirei o nada<br />
Pois deixou de existir revolta!<br />
Rio Maior, 22 de Setembro de 1997 – 11H00<br />
62
Reflexos na água de um rio<br />
Docemente vão caindo,<br />
Como fogo de artifício<br />
Não sei de onde saindo!<br />
Mil cores em composição<br />
Quando o sol se está a pôr,<br />
É magia no meu mundo<br />
É o meu mundo cheio de cor!<br />
As pedrinhas a brilharem<br />
Olho a água transparente,<br />
Os reflexos de mil cores<br />
Numa suave corrente!<br />
Esqueço todo o passado<br />
Só conta este presente,<br />
Minha vida tem mil cores<br />
O negro está ausente!<br />
Mas o sol já passou<br />
Para outro lugar foi nascer,<br />
E eu vou ficar à espera<br />
De amanhã o ver morrer!<br />
Na água do meu rio<br />
Deixo uma lágrima cair,<br />
Estou com saudades do sol<br />
Que me prometeu sorrir!<br />
Deixando cair seus reflexos<br />
Para eu poder sonhar,<br />
Para minhas mágoas saírem<br />
E eu assim poder chorar!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
REFLEXOS NO RIO<br />
Rio Maior, 11 de Outubro de 1997 – 21H30<br />
63
Entreguei-me à alegria<br />
Fechei à chave o desgosto,<br />
Fiquei com o nascer do sol<br />
Aprecio o sol posto!<br />
Paisagem de grande beleza<br />
Que surge no horizonte,<br />
Semeio trigo na terra<br />
Apanho alecrim no monte!<br />
Beijo o orvalho que cai<br />
Oiço longe uma oração,<br />
Vejo estrelas a nascerem<br />
Tenho o mundo em minha mão!<br />
O desgosto está fechado<br />
A chave deitei fora,<br />
É a vida que sorri<br />
E o sono já demora!<br />
A vontade de viver<br />
O sono está a chegar,<br />
O trigo está maduro<br />
O alecrim a cheirar!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
SEMEAR TRIGO<br />
Rio Maior, 29 de Outubro de 1997 – 19H00<br />
64
Intensa luz<br />
Que perturba a minha mente,<br />
Que vem debaixo da terra<br />
Como se fosse uma semente!<br />
Ilumina a imensidão<br />
Do meu ser tão pequenino,<br />
Vinda debaixo da terra<br />
Parece ser meu destino!<br />
Intensa luz<br />
Horizonte a percorrer,<br />
Distribuindo esperança<br />
Ao mais pequenino ser!<br />
Ilumina uma estrela<br />
É magia de cristal,<br />
Se desfaz contra a lua<br />
Como pedrinhas de sal!<br />
Vinda debaixo da terra<br />
Ela nasceu para mim,<br />
É magia de cristal<br />
Que nunca irá ter fim!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
MAGIA DE CRISTAL<br />
Rio Maior, 03 de Dezembro de 1997 – 08H40<br />
65
Um sentimento fechado<br />
Grade que vejo em teu olhar,<br />
O gradeamento é tão apertado<br />
Que o sinto no teu andar!<br />
Mas há um fio de esperança<br />
Quando mostras um sorriso,<br />
Os teus olhos já não brilham<br />
Mas tu vês o paraíso!<br />
Num poema que ouviste<br />
Tu pudeste assim sonhar,<br />
Mas foi ele a realidade<br />
Que de ti fez acordar!<br />
Acordaste para a vida<br />
E pudeste então sonhar,<br />
Teu sentimento fechado<br />
Tu pudeste libertar!<br />
Partiu-se o gradeamento<br />
Mesmo estando apertado,<br />
O sonho e a realidade<br />
Ficaram os dois a teu lado!<br />
Teus olhos continuam sem brilho<br />
Mas agora no teu sorriso,<br />
Mostras a todos com alegria<br />
Que viver é um paraíso!<br />
Não importa estares fechado<br />
O pensamento se liberta,<br />
E mesmo fechado na cela<br />
Tens sempre a porta aberta!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
LIBERTA-TE DAS GRADES<br />
A todos os presos - Rio Maior, 14 de Dezembro de 1997 – 18H30<br />
66
Vou para a rua no Ano Novo<br />
Vejo rostos envelhecidos,<br />
Sinto mágoa dentro de mim<br />
De dias entristecidos!<br />
Ano Novo – alegria<br />
Tristeza paira no ar,<br />
Saudades de ser menina<br />
De olhar à noite o luar!<br />
O tempo passou num salto<br />
Ano Novo fez chegar,<br />
Vou pedindo ao Ano Velho<br />
Para o tempo fazer parar!<br />
Mas o Ano já passou<br />
E nem posso procurar,<br />
O meu tempo já demora<br />
Pois nem olho para o luar!<br />
Tanto rosto envelhecido<br />
Num Ano Novo a começar,<br />
Vejo neles algo de novo<br />
Em seus olhos a brilhar!<br />
Eu creio ser a esperança<br />
Que vejo em cada olhar,<br />
De um rosto envelhecido<br />
Num Ano Novo a começar!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
ANO NOVO<br />
Rio Maior, 01 de Janeiro de 1998 – 15H00<br />
67
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
Apanhei em minhas mãos a neblina<br />
Que pela madrugada orvalhava,<br />
Juntei-lhe uma pétala de rosa<br />
Que a suave brisa desfolhava!<br />
Reti em minhas mãos um doce orvalho<br />
Nascido da neblina em madrugada,<br />
Perfumado com pétalas de rosas<br />
Numa Primavera já chegada!<br />
Passei então as mãos pelo meu rosto<br />
Libertando o orvalho perfumado,<br />
E aquele leve frio da neblina<br />
Me transportou a longínquo passado!<br />
NEBLINA EM MINHAS MÃOS<br />
Rio Maior, 23 de Janeiro de 1998 – 10H00<br />
68
Vida que parou<br />
Para além do nada,<br />
Sem nada ficou<br />
Assim tão parada!<br />
Desprovida de sonhos<br />
Sem razões de viver,<br />
Um fumo cinzento<br />
Em cinza a manter!<br />
E bem de mansinho<br />
Chegou a ilusão,<br />
Com sorriso tímido<br />
Para lhe dar a mão!<br />
E a vida olhando<br />
Disse estar cansada,<br />
Mas queria viver<br />
Para além do nada!<br />
E sem entender<br />
O seu sofrimento,<br />
O sorriso tímido<br />
Esboçou um lamento!<br />
Mas ficou a seu lado<br />
Os dois de mão dada,<br />
Ele queria a vida<br />
Mesmo assim ... parada!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
A VIDA E UM SORRISO<br />
Rio Maior, 24 de Janeiro de 1998 – 11H45<br />
69
Tenho o céu como limite<br />
E sei que lá irei chegar,<br />
É a realidade de um sonho<br />
Com a qual posso contar!<br />
Passo de mágica na vida<br />
Com sapatos de cristal,<br />
Roubo as asas ao vento<br />
Da Primavera ao Natal!<br />
Voando no infinito<br />
Alcançarei o meu limite,<br />
Aproveito as minhas asas<br />
Baixo até uma estalactite!<br />
Aí, bem longe do infinito<br />
E na rocha protegida,<br />
Com sapatos de cristal<br />
Sonho entrar noutra vida!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
SAPATOS DE CRISTAL<br />
Rio Maior, 26 de Janeiro de 1998 – 11h00<br />
70
Vou voltar a olhar aquela flor<br />
Vou sentir de novo o seu perfume,<br />
Porque a Primavera chegou<br />
E o sol aquece como doce lume!<br />
Vou poder olhar de novo as árvores<br />
Suas folhas verdes resplandecem,<br />
Porque a Primavera chegou<br />
E o meu olhar elas aquecem!<br />
Vou voltar a olhar aqueles pássaros<br />
Cujos ninhos para trás deixaram,<br />
Porque a Primavera chegou<br />
E com sua graça me marcaram!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
Vou poder olhar de novo o céu<br />
Cheio de nuvens em transformação,<br />
Porque a Primavera chegou<br />
E de sol encheu meu coração!<br />
Vou poder abrir a minha janela<br />
Para de novo o sol entrar,<br />
Porque a Primavera já chegou<br />
E o seu perfume anda no ar!<br />
REGRESSO DA PRIMAVERA<br />
Rio Maior, 03 de Janeiro de 1998 – 18H35<br />
71
Passo nesta vida despercebida<br />
Como flor que nasce, ganha botão<br />
Mais tarde ela floresce<br />
Deitando sementes pelo chão!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
DEIXAR A TODOS UMA HERANÇA<br />
A natureza delas se encarrega<br />
E vai dando para elas seu carinho,<br />
O vento suave as vai beijando<br />
As nuvens, a vão regando devagarinho!<br />
O sol as cobre de mil cuidados<br />
Pois ele as faz quererem viver,<br />
As sementes se sentem assim amadas<br />
Por a natureza as tanto querer!<br />
Mas não há ninguém que se aperceba<br />
Daquela flor desabrochada,<br />
Que o tempo por ela passou<br />
E da vida já não espera nada!<br />
Assim despercebida vai morrer<br />
Mas deixa nesta vida muita esperança,<br />
Pois suas sementes ficarão<br />
E o vento espalha a sua herança!<br />
Eu sou aquela flor que floresceu<br />
Que a todos deixo a minha herança,<br />
Toda a natureza pode ler<br />
E o vento pode trazer doce lembrança!<br />
Rio Maior, 06 de Fevereiro de 1998 – 22H25<br />
72
O dia está escuro<br />
Cai uma chuva miudinha,<br />
E as crianças de rua<br />
Se juntam ao fim da tardinha!<br />
No beco de uma rua<br />
Comentam a sua má sorte,<br />
Pois um dia sem ter sol<br />
Representa uma morte!<br />
Nenhum conseguiu nada<br />
Nem um pouquinho de pão,<br />
E o frio que o vento lhes traz<br />
Lhes faz parar o coração!<br />
Aconchegados uns aos outros<br />
Acabam por adormecer,<br />
Talvez amanhã o sol nasça<br />
E haja pão para comer!<br />
Têm medo de sonhar<br />
Estas crianças da rua,<br />
Pois podem sonhar em serem Reis<br />
Tendo sua alma tão nua!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
CRIANÇAS DA RUA<br />
Rio Maior, 09 de Fevereiro de 1998 – 08H40<br />
73
Um raio de sol me traz a cor<br />
Que eu preciso para viver,<br />
A vida sem ele não tem sentido<br />
E dela eu quero o meu querer!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
Um raio de luar me traz a esperança<br />
Da vida que eu não quero perder,<br />
E entre o sol e o luar<br />
A minha vida passa a correr!<br />
A minha estrela me traz o brilho<br />
Com que faz passar minha ansiedade,<br />
E nesta correria da vida<br />
Ganho a minha liberdade!<br />
Continuo sempre a ser menina<br />
Com os raios de luz e de luar,<br />
Levo a vida num compasso divino<br />
E posso assim sempre sonhar!<br />
ENTRE RAIOS UNIVERSAIS<br />
Rio Maior, 22 de Março de 1998 – 11H40<br />
74
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
A SENTENÇA DOS HOMENS, A SENTENÇA DE DEUS<br />
Foi ferido o meu coração<br />
Nele um espinho cravaste,<br />
Por causa de uma mentira<br />
Que tu tão bem inventaste!<br />
Mentira inventada<br />
Tão fácil de acreditar,<br />
Que a minha simples verdade<br />
A todos fez desconfiar!<br />
Fui julgada<br />
Pela imperfeição,<br />
De um homem sábio<br />
Que não viu o meu coração!<br />
Tanto sangrava<br />
De espinho cravado,<br />
O sangue pelo chão<br />
Pela mágoa levado!<br />
Mesmo assim sorri<br />
Depois da sentença ser dada,<br />
E ainda agradeço a Deus<br />
Pelos homens, não ser perdoada!<br />
Os homens me julgaram<br />
Sem me darem o perdão,<br />
Vou esperar que seja Deus<br />
A tirar o espinho do meu coração!<br />
Rio Maior, 31 de Março de 1998 – 23H00<br />
75
Da minha vida nasce a poesia<br />
No meu andar, no meu olhar,<br />
Das minhas mãos, no dia a dia<br />
E quando paro com alguém a falar!<br />
Dou atenção por uns momentos<br />
É poesia que estou a fazer,<br />
E quando falo da vida poema<br />
É conversa que me dá tanto prazer!<br />
Falo da vida que está a passar<br />
No meio de nós naquele momento,<br />
O outro alguém acha que sou louca<br />
Na composição daquele lamento!<br />
É um gemido requebrando o vento<br />
Suavemente ele saiu,<br />
Apenas eu o senti<br />
O outro alguém nem o viu!<br />
Só acredita naquilo que vê<br />
Mesmo sentindo a brisa do mar,<br />
Até do vento ela duvida<br />
E a poesia deixa passar!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
VIDA POEMA<br />
Rio Maior, 09 de Abril de 1998 – 17H30<br />
76
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
DEIXO FICAR UM RASTO NA MINHA PASSAGEM<br />
Atrás de mim ficou um rasto<br />
De pedras e pó a assinalar,<br />
A passagem de mais uma vida<br />
Na minha vida curta a terminar!<br />
Plantei flores neste caminho<br />
De pedras e pó assentes no chão,<br />
Assim elas criaram raízes<br />
Deitaram seiva, que serviu de coração!<br />
Da seiva jorrou sangue em fio<br />
Que o pó do meu rasto regava,<br />
Das pedras batiam corações<br />
Meu fardo nesta vida carregava!<br />
Atrás de mim ficou um rasto<br />
Aquelas pedras e pó eu transformei,<br />
Hoje assinalado só com flores<br />
De muito que na minha vida amei!<br />
Esta passagem da vida<br />
Foi um querer alcançar,<br />
O Universo com todo o esplendor<br />
Deixando meu rasto em noite de luar!<br />
Rio Maior, 12 de Abril de 1998 – 16H50<br />
77
Uma mão divina<br />
Aponta o caminho<br />
Que ficou traçado<br />
No nosso destino!<br />
Caminho cruzado<br />
No tempo a passar,<br />
Uma mão divina<br />
Nos facilita o caminhar!<br />
Caminhamos no tempo<br />
No nosso destino,<br />
Uma mão divina<br />
Nos aponta o caminho!<br />
Nos vai tirando as pedras<br />
Nos enfeita as ruas,<br />
E as nossas vidas<br />
São feitas de luas!<br />
De luas e de sóis<br />
A cruzar os caminhos,<br />
Uma mão divina<br />
Aponta nossos destinos!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
SÓIS E LUAS NO NOSSO DESTINO<br />
Rio Maior, 12 de Abril de 1998 – 19H00<br />
78
Sementes de dor<br />
Espalhadas na terra,<br />
Que os homens vão semeando<br />
E formando a guerra!<br />
Sementes de amor<br />
Guardadas em caixinhas,<br />
Enterradas na terra<br />
Enfeitadas com fitinhas!<br />
A guerra passa por cima<br />
Alguém um dia as desenterra,<br />
Desata as fitas das caixinhas<br />
E solta o amor para a terra!<br />
Sementes de amor<br />
Espalhadas na terra,<br />
Que esqueceram o ódio<br />
E já nem lembram a guerra!<br />
Elas dão o perfume<br />
Que espalham no vento,<br />
Agitando, gritam<br />
Já não há tormento!<br />
Acabou a guerra<br />
Venceu o amor,<br />
As sementes guardadas<br />
Agora dão flor!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
SEMENTES GUARDADAS<br />
Rio Maior, 27 de Abril de 1998 – 19H00<br />
79
Quero mergulhar num mar imenso<br />
Cheio de peixinhos a brilharem,<br />
Correr entre as algas e corais<br />
Sem as sereias me apanharem!<br />
Quero um beijo de um golfinho<br />
No seu lombo quero escorregar,<br />
Quero ver todas as ostras<br />
Uma pérola carregar!<br />
Quero para mim uma pérola<br />
Vinda do fundo do mar,<br />
Oferecida por uma sereia<br />
Quando conseguir me agarrar!<br />
Agora eu só quero mergulhar<br />
Trazer à minha vida emoção,<br />
Descobrir entre algas e corais<br />
O bater forte de um outro coração!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
ENTRE ALGAS E CORAIS<br />
Rio Maior, 16 de Maio de 1998 – 21H35<br />
80
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
Entre nuvens vejo anjos<br />
A brincarem com grinaldas de flores,<br />
Gotas de chuva a caírem<br />
E sorrisos de mil cores!<br />
Vejo alguns em correria<br />
Outros oiço a cantar,<br />
E alguns escondidos<br />
Apenas estão a escutar!<br />
A doçura deste quadro<br />
É beleza em esplendor,<br />
Está ausente a maldade<br />
Apenas se vê o amor!<br />
As flores se mantém frescas<br />
As cores não ficam desbotadas,<br />
E as gotas de chuva a caírem<br />
Em orvalho são transformadas!<br />
Meu Deus me deixa dormir<br />
Deste sonho não quero acordar,<br />
Enquanto houver a maldade<br />
E forem os homens a mandar!<br />
Mas se tiver que enfrentar<br />
O dia a dia na terra,<br />
Por favor meu Deus te peço<br />
Afasta daqui a guerra!<br />
UM SONHO COM ANJOS<br />
Rio Maior, 11 de Maio de 1998 – 22H55<br />
81
Com tempero de magia<br />
Trazes sempre um sorriso,<br />
Que chega em manhã fria<br />
Na altura que preciso!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
TERRA LAVRADA COM TEMPERO DE MAGIA<br />
Com tempero de magia<br />
Trazes sempre uma palavra,<br />
Que chega com a maresia<br />
Como o homem que a terra lavra!<br />
Esta terra já lavrada<br />
Com tempero de magia,<br />
Pelo homem semeada<br />
Assim que rompe o dia!<br />
Com tempero de magia<br />
Mexes teu corpo ao andar,<br />
Todo ele é alegria<br />
E dança solta no ar!<br />
Rio Maior, 03 de Junho de 1998 – 20H55<br />
82
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
ESTAR SOB UM CÉU DE LUAR COBERTO<br />
Não quero me sentir só neste mundo<br />
Não quero viver só de ilusão,<br />
Eu quero sentir amor profundo<br />
Que tudo tenha lugar no meu coração!<br />
Quero um sorriso bem aberto<br />
Quero ser a água cristalina,<br />
Estar sob um céu de luar coberto<br />
Sem que veja nele a neblina!<br />
A neblina também tem beleza<br />
Mas esconde qualquer brilho,<br />
E mesmo pobre tenho a riqueza<br />
Quero ser eu a moldar meu trilho!<br />
E numa imensidão de luz<br />
Poder correr água e luar,<br />
Que neste mundo sempre me conduz<br />
Apenas a todos querer amar!<br />
Rio Maior, 09 de Junho de 1998 – 09H35<br />
83
Recua como eco o meu grito<br />
Que o meu pensamento enviou,<br />
Ele foi para além do infinito<br />
Na terra preso, ele ficou!<br />
Já na terra criou raízes<br />
E floresceu em esplendor,<br />
Este eco ficou em movimento<br />
Elaborando por si mesmo o amor!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
Indo para além do infinito<br />
Com raízes presas à terra,<br />
Com flores esplendorosamente belas<br />
Enfrenta assim o horror da guerra!<br />
E numa ansiedade proibida<br />
Por ir para além do infinito,<br />
Assim solto dentro do meu Eu<br />
Toda a guerra, num estrondoso grito!<br />
Grito com raízes presas à terra<br />
Soltando as flores ao infinito,<br />
Recuando assim o eco<br />
Eco, do meu estrondoso grito!<br />
GRITO FICANDO PRESO À TERRA<br />
Rio Maior, 25 de Julho de 1998 – 18H00<br />
84
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
Carrega em seus ombros grande fardo<br />
Carrega em suas costas grande cruz,<br />
Carrega em seu olhar grande tristeza<br />
Em seu sorriso, esperança em Jesus!<br />
Na vida de passagem<br />
Serena e lentamente,<br />
Tanta carga em seu corpo<br />
Em espírito sua mente!<br />
É o Homem Ser humano<br />
O escaparate da fraqueza,<br />
Encontrando tanta dor<br />
No meio de tanta beleza!<br />
Com tanta cor nesta vida<br />
Com o céu pintado de azul,<br />
Tem o Homem grande peso<br />
Num delicado véu de tule!<br />
O HOMEM<br />
Rio Maior, 25 de Julho de 1998 – 19H00<br />
85
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
PART II - MOMENTS<br />
86
Gentle as a web<br />
that the spider has weaved,<br />
little as a grain of sand<br />
a moment that died!<br />
Life is made of unique<br />
and decisive moments,<br />
it’s principles inside us<br />
by the life, constructive!<br />
Anxiety is a moment<br />
sometimes sweet, sometimes bitter<br />
gentle as a web<br />
having the strength until the end!<br />
It’s the pain; it’s the sadness<br />
the decisive moment,<br />
it’s joy that overflows<br />
it was a past already lived!<br />
It’s a smile; it’s tenderness<br />
feeling the dishearten,<br />
that dismays inside us<br />
all the anguish of the torment!<br />
The moment of our life<br />
gentle, always unique<br />
born when we born<br />
die when our Being ends!<br />
Rio Maior, Abril 2001<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
MOMENTS<br />
87
London ... city of enchantment<br />
breath of the Earth,<br />
canvas of a landscape<br />
watercolour to keep.<br />
Its smell to inhale,<br />
traditions waking up<br />
the interest of so many people<br />
in an ending afternoon!<br />
Stars that light up …<br />
Dreams that set off<br />
and transport us to the reality<br />
of flowing in the magic<br />
in a full city… Harmony<br />
of being ourselves the day itself.<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
Londres, 10 de Junho de 2001 – 11H30<br />
ONE LOOK AROUND LONDON<br />
88
The centre of London<br />
is the centre of attentions,<br />
artists that are ready<br />
giving full emotions!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
TO THE ARTISTS IN THE CENTER OF LONDON<br />
They give us enjoy and delight<br />
they are singers, juglers, comediants, …<br />
that, in front of our eyes<br />
are inventors of conquests!<br />
We can even see and listen<br />
violins in sweet melody,<br />
and so, we dream awake<br />
in sheets, by them embroided!<br />
Londres, 7 de Junho de 2001 – 14H10<br />
89
Clouds drawing the blue sky<br />
in delicate veil of silk,<br />
in a constant beauty<br />
transforming itself in an instant!<br />
Looking around myself<br />
in the never ending horizon,<br />
little moments of magic ...<br />
They are my satisfaction!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
HORIZON<br />
The sun covered by the clouds<br />
the grey appearing through,<br />
the colour of the night coming<br />
and the veil of silk like this ... fading away!<br />
Horizon of thousand mysteries<br />
stories of poets and castles,<br />
of hidden enchantments through the times<br />
shaped by my thoughts!<br />
Londres, 10 de Junho de 2001 – 14H30<br />
90
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
BIRDS<br />
In a short summer, passing by<br />
of a green to breath,<br />
leaving marks behind<br />
in a land of dreams!<br />
The sky is already grey<br />
due to the season that has finished,<br />
birds waiting the moment<br />
to feed themselves in the lawn!<br />
Sometimes noisy, sometimes in silence<br />
of assorted colours like the seasons themselves,<br />
eagerly, they stumble<br />
famished by little attentions!<br />
Londres, 9 de Junho de 2001 – 14H00<br />
91
With your Guardian Angel<br />
helping you in your way,<br />
melodies in your voice<br />
have made your fate!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
BARRY<br />
Bright eyes to understand the feelings<br />
and through them yours be transparent,<br />
and the music that has born inside yourself<br />
may give light to many flames!<br />
The tenderness you have towards children<br />
for they are the hope to you,<br />
to see your light spread<br />
in which your Angel SEHEIAH to a new road leads you!<br />
Piano notes flow through Barry’s hands<br />
like pearls for someone that’s listening,<br />
and delights with his music<br />
in a time-space … communicating!<br />
Your emotions are flowing inside yourself<br />
those to each and everyone you try to please,<br />
in the clarity of the understanding …<br />
it’s Barry performing!<br />
Londres, 06 de Junho de 2001 – 20H00<br />
92
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
While sleeping<br />
from the dream become the reality,<br />
children were born<br />
dressed themselves of simple truth!<br />
A SIMPLE TRUTH<br />
While sleeping<br />
barefooted feet stepped the stones of the pavement<br />
already old, tired<br />
of walking in the road!<br />
While sleeping<br />
stars have fall in love with the moon,<br />
flowers have opened themselves<br />
spreading their perfume by the streets!<br />
While sleeping<br />
bells have tolling,<br />
and the wind sang<br />
while Mankind have fallen in love among them!<br />
Rio Maior, 1996<br />
93
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
BRING LIGHT TO THE DARKNESS<br />
Thousands of writings<br />
reveal beauty and a lot of love,<br />
everything that is beautiful has already been written<br />
but I can manage to give it more colour!<br />
I can bring light to darkness<br />
also understanding to reason,<br />
give attention to wisdom<br />
and like this fill up my heart!<br />
I can get out of the swamp<br />
even if I’m abandoned<br />
for, I live the life<br />
in the ground … rooted!<br />
I can always get up<br />
even if I’m under a rock,<br />
because I face this life<br />
like this ... without fear!<br />
Rio Maior, Setembro de 1997<br />
94
I want the most beautiful poem<br />
that everybody can truly feel it,<br />
that everybody can understand it<br />
with great simplicity!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
MY POEM<br />
A poem that speaks of Love,<br />
of flowers and of happiness,<br />
that speaks of peace, of feelings<br />
and that he has the strength of magic!<br />
That speaks with a huge passion<br />
poem of light<br />
that, for many, it brings memories<br />
that, when being read, it brings friendship!<br />
Poem of rare beauty<br />
for you to fall in it,<br />
and also of great enchantment<br />
when reading it, in it you learn!<br />
Rio Maior, 1997<br />
95
Life is so short<br />
so short, that it looks like<br />
a garden full of roses<br />
that soon will be gone!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
GARDEN OF ROSES<br />
And so full of perfume<br />
also as life<br />
as soon as the buttons open themselves<br />
the rose doesn’t sustain itself!<br />
It’s pretty to look<br />
at the rose bushes in flower,<br />
just a brief look<br />
to breath love!<br />
And, in this love that blooms<br />
so full of perfume,<br />
life is shorter<br />
in this rose bush of fire!<br />
And because the fire is light<br />
it disappears in burn,<br />
like this, is our life<br />
very brief and perfumed!<br />
Rio Maior, 1996<br />
96
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
BEAUTY OF LIFE<br />
Beauty of life …<br />
It’s not to defeat the feeling,<br />
it’s to feel the pain, without being in us<br />
it’s giving to the others, a moment!<br />
Beauty of life …<br />
It’s to see a flower born,<br />
it’s to look to the sun<br />
and also shout LOVE!<br />
The beauty of life<br />
it’s in the giving and in the receiving,<br />
it’s in the perfume of the earth<br />
and in the look that I want to see!<br />
In this look that I want to see<br />
it’s an old man’s smile,<br />
also the one of a child,<br />
beauty of life … is destiny!<br />
Beauty of life …<br />
It’s music that hovers in the air,<br />
it’s the poetry that I do<br />
it’s also being able to love!<br />
Rio Maior, 27 de Agosto de 1999 – 14H00<br />
97
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
LOOKING<br />
I lose myself in the immensity<br />
of that pure look that seizes me,<br />
I lose myself in the immensity of the sea<br />
And, how the loneliness understands me!<br />
I lose myself looking at the infinite<br />
looking at the sky, the moon, the stars,<br />
I lose myself looking at the anguishes<br />
but can’t see them!<br />
I lose myself looking at the feelings<br />
looking at the deep wounds,<br />
I lose myself in the forest of life<br />
looking at the filthy wars!<br />
I look inside myself<br />
but can’t find anything of value,<br />
being I, so full ...<br />
full of strength, light and colour!<br />
With so much strength and not being able to stop the wars<br />
with so much light and no being able to glow in the darkness<br />
with so much colour and not being able to give green to life<br />
with so much anguish I stay alone with the loneliness!<br />
Rio Maior, 18 de Agosto de 1996 – 15H00<br />
98
Like a bird that flies …<br />
suspended in the air, my thought<br />
like cloud that come,<br />
as a leaf in the wind!<br />
Suspended in the air, this light<br />
that later will become darkness,<br />
just remaining stars<br />
that give light to my heart!<br />
Birds and leafs mingle together<br />
like this … suspended in the air,<br />
like beautiful clouds<br />
above the sea waters!<br />
Suspended, the air that I breathe<br />
like life that lives in me,<br />
like dreams and illusions<br />
suspended in the air … like this!<br />
Like a big and long echo<br />
in the air stays suspended,<br />
just for a second<br />
I look around and thought nothing!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
BEING SUSPENDED<br />
Rio Maior, 23 de Agosto de 1996 – 09H20<br />
99
Dark clouds<br />
that hover above the world,<br />
that strike humanity<br />
in deep dejection!<br />
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
ANGELS AND FAIRIES<br />
(ANJOS E FADAS)<br />
But … there are perfumed roses<br />
there are Angels and there are Fairies,<br />
for us to may dream<br />
and the scents breathe!<br />
There are smiles around us<br />
like grass sprouting,<br />
hopes in Do Maior<br />
music of our waking up!<br />
For all of this<br />
it’s worth to dream,<br />
sleeping or waken<br />
above the Nature or in the house!<br />
Rio Maior, 05 de Janeiro de 2000 – 16H40<br />
100
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
BIOGRAFIA<br />
Maria Eugénia Frazão Santos nasceu em Rio Maior a 16 de Setembro de 1951,<br />
filha de João Barra dos Santos e Elvira de Jesus Frazão. Casada com Jacinto<br />
Candeias Bota na Igreja Paroquial de Rio Maior a 15 de Novembro de 1970. Do<br />
casamento resultaram três filhos, Celina Alexandra, Suzana Margarida e Hugo<br />
Rafael.<br />
Começou a escrever eram os seus filhos bebés: escrevia canções de ninar e de<br />
roda. Ganhando gosto pela escrita poetizava sobre a vida do dia-a-dia acabando<br />
por acumular tudo na gaveta. Os anos passaram e uma das filhas, depois de ver<br />
os papéis amachucados, resolveu passá-los para um caderno. A mesma filha<br />
entretanto entra para a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e um dia<br />
resolve trazer um impresso para a sua mãe concorrer a uma Antologia de Poesia.<br />
No início Eugénia Frazão ficou apreensiva mas lá se decidiu a concorrer. Já tinha<br />
ganho alguns prémios a nível nacional contudo, foi com a primeira Antologia de<br />
Poesia lançada pela Editorial Minerva que deu o grande passo. A partir daí<br />
nunca mais parou: começou a participar em espectáculos de poesia espalhados<br />
pelo nosso concelho, da autoria do Sr. João de Brito, em jornais e na rádio.<br />
Ao chegar ao ano 2002 com 10 Antologias lançadas, com o seu primeiro livro<br />
Palavras de Água Transparente, a Antologia de Poetas Riomaiorenses (seis<br />
autores) Sinais de um Presente , com 40 poemas de cada autor, deram-lhe a<br />
coragem para ir em frente com Rochedos I e Rochedos II, que dão homenagem a<br />
pessoas da sua terra. Tendo sido bem aceite com o lançamento de ambos os livros,<br />
a escritora decidiu fazer uma nova aposta, desta vez com A chama de almíscar,<br />
que espera ser do agrado de quem o ler e, que a autora pretende que fique no ar<br />
com um aroma duradouro.<br />
101
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
ÍNDICE<br />
- Ficha Técnica ................................................................................................................................. 2<br />
- Prefácio............................................................................................................................................ 3<br />
- Dedicatória ..................................................................................................................................... 4<br />
PARTE I – EMOÇÕES À LUZ DA VELA<br />
Anjos e fadas ..................................................................................................................................... 6<br />
Uma voz em doce hino ...................................................................................................................... 7<br />
Serenata em meu esculpir cor de carmim ....................................................................................... 8<br />
Sol eternamente ................................................................................................................................. 9<br />
Doce transformação em catadupas de prata .................................................................................. 10<br />
A capa mágica ................................................................................................................................. 11<br />
Valsando sem par ............................................................................................................................ 12<br />
Quebrar o silêncio com silêncio ...................................................................................................... 13<br />
A força do vento e a minha mensagem .......................................................................................... 14<br />
Medo do silêncio .............................................................................................................................. 15<br />
Um não à droga, um não ao álcool ................................................................................................. 16<br />
Pensamentos disfarçados ............................................................................................................... 17<br />
Procurar palavras ........................................................................................................................... 18<br />
Cantata que o universo escuta ....................................................................................................... 19<br />
Tarde cinzenta melodiosa ............................................................................................................... 20<br />
Aprendendo a traduzir .................................................................................................................... 21<br />
Um anjo passou ................................................................................................................................ 22<br />
Segredo ............................................................................................................................................ 23<br />
Estar sempre contigo ...................................................................................................................... 24<br />
Silêncios que o tempo esconde ........................................................................................................ 25<br />
Desejo de liberdade ......................................................................................................................... 26<br />
Viver a cores .................................................................................................................................... 27<br />
A cor da amizade ............................................................................................................................. 28<br />
Meu destino ................................................................................................................................. ... 29<br />
Quando nascer o mais belo poema ................................................................................................. 30<br />
Fio de esperança .............................................................................................................................. 31<br />
Vida perfume .................................................................................................................................. 32<br />
Amor vulcão .................................................................................................................................... 33<br />
Lágrimas de anjos .......................................................................................................................... 34<br />
Só para quem ama .......................................................................................................................... 35<br />
Falar para a Natureza ..................................................................................................................... 36<br />
Minha colecção ................................................................................................................................. 37<br />
O vento em oração ........................................................................................................................... 38<br />
Perfume ............................................................................................................................................ 39<br />
Sou solidão ....................................................................................................................................... 40<br />
Mudança de lua ................................................................................................................................ 41<br />
Momentos de poesia ........................................................................................................................ 42<br />
O baú ................................................................................................................................................. 43<br />
Momentos de loucura ........................................................................................................................ 44<br />
Em minhas mãos .............................................................................................................................. 46<br />
Amizade ............................................................................................................................................. 47<br />
Elevando o pensamento .................................................................................................................... 48<br />
Parcela de um princípio .................................................................................................................... 49<br />
Extinguir-se o pensamento ............................................................................................................... 50<br />
Contradição ....................................................................................................................................... 51<br />
Ser rosa ............................................................................................................................................. 52<br />
Acender uma chama ......................................................................................................................... 53<br />
Bocados de vida ................................................................................................................................. 54<br />
Só tu te conheces ............................................................................................................................... 55<br />
Em tuas mãos a vida<br />
102
Eugénia Frazão A Chama de Almíscar<br />
Dois gritos .................................................................................................................................... 56<br />
Barro amassado ........................................................................................................................... 57<br />
Bela decoração ............................................................................................................................. 58<br />
Dar vida enquanto morro ............................................................................................................ 59<br />
No teu caminho uma erva ........................................................................................................... 60<br />
Um porto seguro ........................................................................................................................... 61<br />
Em sonhos desmoronados ficam a beleza ................................................................................... 62<br />
Dei a volta ao tempo .................................................................................................................... 63<br />
Reflexos no rio .............................................................................................................................. 64<br />
Semear trigo ................................................................................................................................. 65<br />
Magia de cristal ............................................................................................................................ 66<br />
Liberta-te das grades .................................................................................................................... 67<br />
Ano novo ........................................................................................................................................ 68<br />
Neblina em minhas mãos ............................................................................................................. 69<br />
A vida e um sorriso ....................................................................................................................... 70<br />
Sapatos de cristal .......................................................................................................................... 71<br />
Regresso da Primavera ................................................................................................................. 72<br />
Deixar a todos uma herança ......................................................................................................... 73<br />
Crianças da rua ............................................................................................................................. 74<br />
Entre raios universais ................................................................................................................... 75<br />
A sentença dos homens, a sentença de Deus ............................................................................... 76<br />
Vida poema .................................................................................................................................... 77<br />
Deixo ficar um rasto na minha passagem .................................................................................... 78<br />
Sóis e luas no nosso destino .......................................................................................................... 79<br />
Sementes guardadas ..................................................................................................................... 80<br />
Entre algas e corais ....................................................................................................................... 81<br />
Um sonho com anjos ...................................................................................................................... 82<br />
Terra lavrada com tempero de magia ........................................................................................... 83<br />
Estar sob um céu de luar coberto .................................................................................................. 84<br />
Grito ficando preso à terra ............................................................................................................. 85<br />
O Homem ........................................................................................................................................ 86<br />
PARTE II – MOMENTS<br />
Moments ......................................................................................................................................................... 88<br />
One look around London .......................................................................................................…...... 89<br />
To the artists in the centre of London ........................................................................................... 90<br />
Horizon ............................................................................................................................................ 91<br />
Birds ................................................................................................................................................ 92<br />
Barry .........................................................................................................................…………........ 93<br />
A simple truth ................................................................................................................................. 94<br />
Bring light to the darkness ............................................................................................................ 95<br />
My poem .......................................................................................................................................... 96<br />
Garden of roses ............................................................................................................................... 97<br />
Beauty of life ..................................................................…............................................................. 98<br />
Looking ........................................................................................................................................... 99<br />
Being suspended ........................................................................................................................... 100<br />
Angels and Fairies ....................................................................................................................... 101<br />
- Biografia ..................................................................................................................................... 102<br />
103