Baixar - Brasiliana USP
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O FUTURO DAS MOÇAS<br />
Noiva infeliz<br />
Para o grande espirito de Helena<br />
D. Nogueira.<br />
Foi numa calma, suave e perfumada<br />
tarde do mez de outubro, que elles se<br />
se viram pela primeira vez... Conheceram-se<br />
e amaram-se.<br />
Aquelles dois jovens corações, arrastados<br />
pelo Destino á conquista de<br />
um mesmo ideal, compreheuderam-se<br />
logo e desde então estavam fundidos<br />
e)em um só peito collocados<br />
' Fizeram-se noivos, e queriam-se<br />
tanto, tanto, quanto se pode querer<br />
n ma só vez na vida.<br />
Elle havia escolhido a ingrata e laboriosa<br />
profissão da marinha.<br />
Como aspirantt- que era, próxima<br />
rstava a época de fazer sua primeira<br />
viagem de instrucção.<br />
Certo dia depois de uma pequena<br />
palestra com a eleita de seu coração,<br />
thesouro de sua felicidade, o joven official<br />
despediu-se, qual proscripto, levando<br />
a saudade n'alma, a gloria no<br />
pensamento e a imagem da noiva on<br />
coração.<br />
Ella, infeliz fazendo por não chorar,<br />
tinh? soluços na voz, e os olhos razos<br />
d'agua...<br />
Ironia da sorte!<br />
Oceano, inclemente, quiçá invejoso<br />
daquella felicidade, desde logo premeditara<br />
uma terrível traição, que dentro<br />
em pouco foi rralisada.<br />
Ouvira-se um grande estrondo, um<br />
fragor medonho !... Que se passara!...<br />
Era o navio, a cujo bordo viajava o<br />
apaixonado aspirantv, que 'sossobrava<br />
no largo oceano, preso de violento in<br />
cendio. Descendo para o abysmo profundo<br />
e insondavel do salso elemento,<br />
levara o oceano, toda a nobre tripulação<br />
do navio... E a noiva, que anciosa<br />
aguardava o dia venturoso do regresso<br />
de seu amano, para estreital-o em seus<br />
braços, de encontro ao coração, com<br />
a maior tristeza e desolação, recebeu<br />
a noticia daquella horrível catastrophe.<br />
que lhe havia eoubado cruelmente,<br />
as illusões das primeiras esperanças...<br />
Soube que seu noivo tivera, assim,<br />
por caixão sagrado a sua nau, e, por<br />
túmulo o vasto oceano...<br />
Ao receber a triste nova chorou, chorou<br />
muito, sem consolo, mal podendo<br />
acreditar na horroross realidade que a<br />
feriu...<br />
Aoje ainda chora sem tréguas, tendo<br />
o pensamento preso á immagem do<br />
noivo querido, sem em consolo siquer<br />
á enorme dôr que a tortura !<br />
Lembra-se a todo instante das palavras<br />
de amor que carinhosamente trocaram<br />
e guarda, indelével, no seu coração<br />
as impressões que taes palavras<br />
lhe trouxeram...<br />
Vive triste não tendo um sorriso que<br />
lhe enflpre os lábios, emplgada pela<br />
dôr que a domina, e que faz da sua vida,<br />
anres ditosa, um penoso Calvário.<br />
Bordo do "Floriano".<br />
LAUDELINO DE OLIVEIRA.<br />
chttsiitiiCIMsá ANDÀLÜZÀ<br />
Lagrimas de amor<br />
—:-o-:—<br />
Ao eterno habitante de minh'altna<br />
desilludida (Alarico Bormann).<br />
Rolae lagrimas sentida*., aljofarea de<br />
ouro, balsamo sublime para ama dor sem<br />
fim, rolae...<br />
Deslisae de manso e meigamente, cantae<br />
essa melodia sonora, meloj éa dolente, de<br />
um coração dorido, musa do meu soffrimenio<br />
e eadenciada ao rythmo do meu martyrio...<br />
Correi... num scherso conciso em doces<br />
volatas de luz e de alegria; trillae a canção<br />
de amores, prantos e sonhares que embalou<br />
minh'alma num prelúdio de amor.?.<br />
Tremei... irrompei céos a fora, um alie*<br />
gro qne ascende a alma na força e-tpiritualisante<br />
da Dor...<br />
Ide buscar echo nesse coração que dorme<br />
o eterno somno do abandouo ; suma<br />
lethargia perenne, plena de affectos e soffrimentos...<br />
Rolae... num turbilhão de dores, num es*<br />
tribilho de amor, soluçae a vaga canção<br />
dos desgraçados...<br />
Suspirae... plangei de manso a dolencia<br />
da amargura e cantae bem alto a dor do<br />
meu soffrer...<br />
Edir-voe-ei então, chorando lagrimas de<br />
um amor não comprehendidb, cantando<br />
hoaannas de um martyrio ínfindo, o triste<br />
prelúdio do meu primeiro e merto amor...<br />
Riachuelo.