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14 - Curso de Jornalismo da UniBrasil

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Capital <strong>da</strong> Notícia<br />

“Informação e ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia a serviço <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong>”<br />

Curitiba<br />

Jornal Laboratório do <strong>Curso</strong> <strong>de</strong> <strong>Jornalismo</strong> capital<strong>da</strong>noticia@unibrasil.com.br Junho/2005 Ano 3 - nº <strong>14</strong><br />

Vi<strong>da</strong> após a morte: religiões<br />

tentam explicar esse mistério<br />

É possivel que exista uma outra vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> nossa passagem pela terra? Esse é o foco <strong>de</strong> uma ciência conheci<strong>da</strong> como escatologia<br />

O que nos espera após a morte?<br />

O que enxergamos <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> fecharmos<br />

os olhos <strong>de</strong>finitivamente? A nossa consciência<br />

simplesmente evapora junto com<br />

o último suspiro?<br />

É na resposta <strong>de</strong>ssas e outras perguntas<br />

que se baseiam as mais diversas<br />

religiões. A morte, às vezes é vista por<br />

alguns como um alívio para os sofrimentos<br />

terrenos, outros a <strong>de</strong>sejam como oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> conhecer um lugar supostamente<br />

melhor, mas para a maioria ela é<br />

temi<strong>da</strong> pelo seu mistério. Uma coisa é<br />

aceita para todos: a morte faz parte <strong>de</strong><br />

Personagem<br />

A atriz e produtora Regina Vogue conta<br />

um pouco <strong>da</strong> sua trajetória atrás do sonho<br />

<strong>de</strong> ser artista. Suas fugas <strong>de</strong> casa para<br />

trabalhar no circo como toureira, assistente<br />

<strong>de</strong> mágico e até como <strong>de</strong>monstradora <strong>de</strong><br />

força capilar. E <strong>de</strong>pois o contato com o teatro<br />

<strong>de</strong> Pavilhão, on<strong>de</strong> começou sua carreira<br />

<strong>de</strong> atriz. Pág. 3<br />

um ciclo natural <strong>de</strong> qualquer ser vivo.<br />

Muitas pessoas acreditam ser<br />

possível o contato com os que já se foram.<br />

Para estes, esse contato permite<br />

uma melhor preparação para o momento<br />

do “grand finale”.<br />

São diversas as formas <strong>de</strong> se<br />

encarar o momento do fim e o que acontece<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong>le, mas será que conseguimos<br />

saber como é antes <strong>de</strong> chegar a<br />

nossa vez? A resposta po<strong>de</strong> ser<br />

alcança<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong> interpretação e<br />

pela fé nas forças sobrenaturais prega<strong>da</strong><br />

pelas diversas religiões. Pág. 6 e 7<br />

Cultura<br />

Critina Grudginski<br />

Foi-se o tempo em que só ban<strong>da</strong>s<br />

e música ao vivo animavam os<br />

freqüentadores <strong>de</strong> bares e casas noturnas.<br />

Em Curitiba, a nova tendência é a<br />

apresentação <strong>de</strong> espetáculos humorísticos<br />

como atração.<br />

O curitibano, que é conhecido<br />

como um povo fechado e mau humorado,<br />

aprovou a idéia. Pág. 11<br />

Comportamento<br />

Com a expectativa <strong>de</strong> viver mais e<br />

muita disposição, a terceira<br />

i<strong>da</strong><strong>de</strong> mostra que também<br />

quer se divertir. Quebrando<br />

tabus, eles falam<br />

sobre namoro, relacionamentos,<br />

filhos e<br />

sexo.<br />

To<strong>da</strong> essa nova<br />

maneira <strong>de</strong> ser e agir, <strong>de</strong>sperta<br />

um alerta para o go<br />

verno: o aumento <strong>de</strong><br />

doenças<br />

sexualmente<br />

transmissíveis nas pessoas<br />

<strong>de</strong>ssa faixa etária. Pág. 9<br />

Utili<strong>da</strong><strong>de</strong> Pública<br />

Economia<br />

Lavando o carro<br />

Gastar 30 minutos lavando o carro<br />

com uma mangueira não muito aberta<br />

po<strong>de</strong> significar um consumo <strong>de</strong> 216 litros<br />

<strong>de</strong> água. Com a torneira aberta em meia<br />

volta, chega-se a gastar 560 litros. Para<br />

economizar,<br />

portanto, é necessário<br />

lavar o carro<br />

apenas uma vez<br />

por mês, usando<br />

um bal<strong>de</strong> <strong>de</strong> 10<br />

litros para molhar e<br />

ensaboar, além <strong>de</strong><br />

um bal<strong>de</strong> para<br />

enxaguar. Com<br />

essa medi<strong>da</strong>, o consumo po<strong>de</strong> atingir<br />

apenas 40 litros.<br />

Documentos<br />

CPF Cancelado<br />

Confira pela internet se o seu CPF<br />

(Ca<strong>da</strong>stro <strong>de</strong> Pessoa Física) está entre<br />

os cancelados pela Receita Fe<strong>de</strong>ral por<br />

falta <strong>de</strong> reca<strong>da</strong>stramento, <strong>de</strong> entrega <strong>de</strong><br />

imposto ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> isento nos<br />

últimos dois anos. Sem o CPF, as pessoas<br />

ficam impedi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> participarem <strong>de</strong><br />

concursos públicos ou abrirem contas<br />

bancárias.<br />

A regularização <strong>de</strong>ve ser pedi<strong>da</strong><br />

nas agências próprias ou<br />

franquea<strong>da</strong>s dos Correios, nas agências<br />

do Banco do Brasil ou <strong>da</strong> Caixa<br />

Econômica Fe<strong>de</strong>ral.<br />

Site:www.receita.fazen<strong>da</strong>.gov.br<br />

Segurança<br />

O que levar na carteira<br />

Xerox autentica<strong>da</strong> do RG.<br />

Não leve CFP ou Título <strong>de</strong> Eleitor,<br />

pois são <strong>de</strong>snecessários.<br />

Cartão <strong>de</strong> Crédito: carregar apenas<br />

um e, <strong>de</strong> preferência, escondido e<br />

longe <strong>da</strong> carteira. Po<strong>de</strong> ser usado em seqüestros-relâmpago.<br />

Cartões <strong>de</strong> banco: evite carregálos.<br />

São os que oferecem maior risco,<br />

pois revelam a sua situação bancária, o<br />

que não acontece com cartões <strong>de</strong> crédito.<br />

Também po<strong>de</strong>m ser utilizados em seqüestros-relâmpago.<br />

Cheques não apresentam muito<br />

perigo, pois po<strong>de</strong>m ser sustados.


2 Junho/2005<br />

Junho/2005<br />

Junho/2005<br />

EDITORIAL<br />

Junho/2005 Capital <strong>da</strong> Notícia<br />

Opinião<br />

A vi<strong>da</strong> antes <strong>da</strong> morte...<br />

“A única certeza <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> é a morte”.<br />

Certo, mas e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>la, tudo acaba?<br />

To<strong>da</strong> a existência <strong>de</strong> um indivíduo<br />

some como num passe <strong>de</strong> mágica? Essa<br />

é a dúvi<strong>da</strong> que atormenta a humani<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os seus primórdios. O que acontece<br />

após a nossa morte?<br />

Buscando respon<strong>de</strong>r a essa pergunta<br />

é que surgiram as mais diversas<br />

religiões por todo o mundo. Uma necessi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

intrínseca do homem em saber<br />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong>, a que veio e para on<strong>de</strong> vai está<br />

nas raízes <strong>da</strong> formação <strong>da</strong>s mais diversas<br />

correntes religiosas. Foram elas as<br />

responsáveis pela criação <strong>de</strong> conceitos<br />

como o céu, o inferno, karma que passaram<br />

a ter influência direta no dia-dia<br />

<strong>de</strong> ca<strong>da</strong> ser humano.<br />

Hoje muitas pessoas, e <strong>da</strong>s mais<br />

diversas crenças, acreditam ser possível<br />

um contato com aqueles que já <strong>de</strong>ixaram<br />

essa vi<strong>da</strong>. Chico Xavier foi o expoente<br />

<strong>de</strong>sse movimento ca<strong>da</strong> vez mais<br />

crescente no Brasil, o dos que vêem na<br />

morte um sentido para a vi<strong>da</strong>. Durante a<br />

carreira ele escreveu 400 livros atribuídos<br />

a pessoas mortas que tentam aconselhar<br />

e confortar quem passa pelo sofrimento<br />

que é viver.<br />

A angústia terrena, as incertezas<br />

CRÔNICA<br />

João estava chegando em casa<br />

<strong>de</strong>pois do trabalho. Quando parou o carro<br />

avistou seu vizinho Marcos <strong>de</strong>itado em<br />

uma re<strong>de</strong> na varan<strong>da</strong> <strong>da</strong> casa. Resolveu<br />

ir até lá conversar um pouco antes <strong>de</strong><br />

entrar:<br />

- Oi Marcos! Como você está?<br />

- Eu estou bem, um pouco cansado<br />

<strong>de</strong>ssa correria do dia-a-dia. E você,<br />

trabalhando muito?<br />

- É,os tempos não estão fáceis. A<br />

Marta até está pensando em trabalhar<br />

fora, mas acho melhor não.<br />

Tem as crianças, a casa e tudo<br />

mais. Teríamos que contratar uma<br />

emprega<strong>da</strong> e acaba não valendo a<br />

pena.<br />

- Pois é. Aqui em casa não<br />

teve jeito, a Sônia encasquetou<br />

que queria trabalhar e foi.<br />

- E como vocês estão fazendo.<br />

Contrataram uma emprega<strong>da</strong>?<br />

- Não, emprega<strong>da</strong> não. Eu<br />

disse pra Sônia que ela podia trabalhar<br />

fora, mas sem esse negócio<br />

<strong>de</strong> querer virar dondoca e ter<br />

doméstica. Ela organizou os horários<br />

e está <strong>da</strong>ndo conta <strong>da</strong>s duas coisas.<br />

- E on<strong>de</strong> ela está agora?<br />

- Não chegou ain<strong>da</strong>, mas espero<br />

que não <strong>de</strong>more porque eu estou morrendo<br />

<strong>de</strong> fome e <strong>da</strong>qui a pouco as crianças<br />

chegam <strong>da</strong> escola, <strong>da</strong>í já viu, ninguém<br />

agüenta.<br />

sobre o futuro e o sofrimento pelo fracasso<br />

pessoal são alguns dos principais motivos<br />

que fazem com que mais <strong>de</strong> 40<br />

milhões <strong>de</strong> brasileiros, segundo <strong>da</strong>dos<br />

<strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração Espírita Brasileira, sigam<br />

a doutrina <strong>de</strong> Allan Kar<strong>de</strong>c no Brasil.<br />

“Os problemas que<br />

encontramos na vi<strong>da</strong><br />

na<strong>da</strong> mais são do que<br />

resultados dos<br />

contínuos<br />

conflitos entre as<br />

pessoas...”<br />

Os cristãos, <strong>de</strong> uma<br />

maneira geral, vêem na vi<strong>da</strong> o traçado<br />

<strong>de</strong> um caminho para a eterni<strong>da</strong><strong>de</strong>. Depen<strong>de</strong>ndo<br />

<strong>da</strong>s escolhas feitas na terra,<br />

o indivíduo passará o resto dos dias no<br />

céu ou no inferno. Para os católicos em<br />

especial existe um estágio conhecido<br />

como purgatório em que a alma <strong>da</strong>s pessoas<br />

é avalia<strong>da</strong> e redimi<strong>da</strong> antes do juízo<br />

final.<br />

O movimento Hare Krishna <strong>de</strong>fen-<br />

- Ela fica fora o dia todo?<br />

- Agora ela está trabalhando <strong>de</strong><br />

manhã e à tar<strong>de</strong>, normalmente ela chega<br />

em casa às oito, porque o ônibus nesse<br />

horário é uma loucura. Ela chegou a<br />

pedir para eu buscá-la, fui dois dias, mas<br />

não tenho saco <strong>de</strong> dirigir. Depois que<br />

chego em casa não saio mais.<br />

- E o caçula?<br />

- Fica na casa <strong>da</strong> minha sogra até<br />

a Sônia chegar. Como a mãe <strong>de</strong>la mora<br />

umas quatro quadras <strong>da</strong>qui, ela passa lá<br />

antes <strong>de</strong> vir pra casa. Daí eles tomam<br />

banho enquanto ela prepara o jantar.<br />

- Cansativa essa rotina. Você não<br />

acha?<br />

- Eu que o diga. Todo dia chego<br />

em casa e não tem ninguém, é um saco.<br />

- Mas a Sônia, o que acha? Ela<br />

Expediente<br />

<strong>de</strong> a idéia <strong>de</strong> reencarnação e karma. Nesse<br />

processo os seres humanos acumulam<br />

dívi<strong>da</strong>s, frutos <strong>de</strong> suas atitu<strong>de</strong>s<br />

terranas e que <strong>de</strong>vem ser quita<strong>da</strong>s aqui<br />

mesmo. Dessa forma, a reencarnação<br />

acontece tantas vezes quanto for necessário<br />

até que o sujeito pague todos<br />

os seus karmas.<br />

Acreditar que o sofrimento e as<br />

mazelas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> são inevitáveis e até<br />

justos na medi<strong>da</strong> em que são compensados<br />

em outras vi<strong>da</strong>s é muito mais<br />

do que abrir os horizontes por<br />

mares ain<strong>da</strong> nunca navegados.<br />

Antes <strong>de</strong> tudo é fugir <strong>da</strong>s dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

do dia-dia justificando<br />

a incapaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> buscar<br />

soluções <strong>de</strong> problemas que pertencem<br />

a ca<strong>da</strong> um <strong>de</strong> nós. Os<br />

problemas que encontramos na<br />

vi<strong>da</strong> na<strong>da</strong> mais são do que resultados<br />

dos contínuos conflitos entre as pessoas,<br />

seus <strong>de</strong>sejos e seus anseios. Portando,somos<br />

os maiores responsáveis<br />

por eles. Desta forma, em vez <strong>de</strong> nos<br />

eximirmos <strong>de</strong> culpas,cabe a nós individualmente<br />

assumirmos e apren<strong>de</strong>rmos<br />

a li<strong>da</strong>r com as nossas limitações. E assim<br />

realmente <strong>de</strong>scobrir quem somos e<br />

qual o nosso papel nesta vi<strong>da</strong>.<br />

está satisfeita com isso?<br />

- Acho que sim. Às vezes ela reclama.<br />

Mas eu já falei pra ela que se ela<br />

quiser po<strong>de</strong> parar <strong>de</strong> trabalhar, só que<br />

vamos ter que abrir mão <strong>de</strong> algumas coisinhas.<br />

Com o que eu ganho não dá pra<br />

bancar tudo.<br />

- É, as coisas estão difíceis pra<br />

todo mundo.<br />

- Falei pra ela que se ela quisesse<br />

a gente <strong>da</strong>va um jeito. Cortava alguns<br />

gastos como a Internet dos meninos,<br />

diminuir as compras do mês,<br />

escolher produtos mais baratos,<br />

mas ela não quer, vive dizendo que<br />

é importante pensar na educação<br />

dos filhos, na quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>,<br />

etc.<br />

- E o que vocês <strong>de</strong>cidiram?<br />

- No início ela até concordou,<br />

mas <strong>de</strong>pois veio com um<br />

papo <strong>de</strong> cortar a tv a cabo. Imagina<br />

só ficar sem ver o futebol no<br />

final <strong>de</strong> semana. Nem pensar!<br />

Depois <strong>de</strong>ssa achei melhor não<br />

tocar mais no assunto, porque mulher<br />

quando encasqueta com uma<br />

coisa não tem jeito.<br />

Por Cristina Grudginski<br />

Capa e página 2<br />

Texto, diagramação, fotos e produção: Cristina<br />

Luciana Grudginski e Thiago Bastchen.<br />

Imagens: Arquivo<br />

Desenho página 2: Fernando Cunha<br />

Diretor presi<strong>de</strong>nte: Clémerson Merlin Cléve Diretor Geral: Sérgio Ferraz <strong>de</strong> Lima Diretor Acadêmico: Lodércio Culpi Diretor<br />

acadêmico-adjunto: Emerson Cervi Coor<strong>de</strong>nador do <strong>Curso</strong> <strong>de</strong> <strong>Jornalismo</strong>: Roberto Nicolato Professora responsável: Elza<br />

Oliveira Fechamento: Jorge Luiz Kimieck Impressão: Editora Vitrine Tiragem: 2.000 exemplares O jornal Capital <strong>da</strong> Notícia/<br />

Curitiba é uma publicação do <strong>Curso</strong> <strong>de</strong> <strong>Jornalismo</strong> <strong>da</strong> Unibrasil, produzido pelos alunos do 5º período.<br />

Ombudsman<br />

A criativi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ve <strong>da</strong>r o tom (II)<br />

Curitiba<br />

Curitiba<br />

Analiso, <strong>de</strong>sta vez, a edição anterior do<br />

jornal Capital <strong>da</strong> Notícia (Maio <strong>de</strong> 2005, Ano 3,<br />

número 13). Algumas alterações foram feitas<br />

pelos alunos, a começar pela primeira página,<br />

em cuja logomarca <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> constar a<br />

ban<strong>de</strong>ira <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Além disso, o nome<br />

“Curitiba” também aparece em letras maiores.<br />

Eram medi<strong>da</strong>s necessárias, e inclusive <strong>de</strong>vem<br />

ser manti<strong>da</strong>s nos próximos números, como<br />

forma <strong>de</strong> garantir um padrão ao jornal.<br />

A página 2 apresenta duas resenhas<br />

escritas em primeira pessoa (do plural e do<br />

singular), o que <strong>de</strong>ve ser evitado. Na página 3,<br />

há uma boa matéria sobre casamento,<br />

ilustra<strong>da</strong> com gráficos e na 4 sobre mu<strong>da</strong>nças<br />

no ensino fun<strong>da</strong>mental. Nesta última, faço<br />

uma pequena ressalva ao começo <strong>da</strong><br />

reportagem totalmente <strong>de</strong>snecessário: “As<br />

<strong>de</strong>ficiências existentes na educação brasileira<br />

estão levando o governo fe<strong>de</strong>ral a criar<br />

maneiras <strong>de</strong> tentar minimizá-las”.<br />

Observando as duas edições <strong>de</strong>ste<br />

ano, nota-se uma utilização freqüente <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senhos — ao que tudo indica retirados <strong>da</strong><br />

Internet —, e sem qualquer crédito sobre a<br />

autoria. Isto acontece nas páginas 4, 5, 6, 7, 9<br />

e 11. Na página 5, a impressão que fica é a <strong>de</strong><br />

que as ilustrações têm como propósito<br />

compensar a ausência <strong>de</strong> fotos. Há apenas<br />

uma fotografia, ou seja, um símbolo do motoclube<br />

que não merece tanto <strong>de</strong>staque. Aliás, o<br />

trabalho fotográfico no jornal continua <strong>de</strong>ixando<br />

a <strong>de</strong>sejar.<br />

Outra questão a ser observa<strong>da</strong> é a<br />

pouca utilização <strong>de</strong> entrevistas em algumas<br />

matérias, como é o caso <strong>da</strong> página 5, on<strong>de</strong><br />

apenas um personagem “tenta” sustentar a<br />

matéria. Em outras páginas como na 9, 10 e<br />

11, a temática, ampla, não foi suficientemente<br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>da</strong>. Na matéria <strong>da</strong>s ban<strong>da</strong>s, não foi<br />

traçado um painel <strong>da</strong>s ban<strong>da</strong>s existentes, as<br />

que “quase chegaram lá”, etc. Discussão mais<br />

ampla também mereceria a questão <strong>da</strong>s<br />

produções cinematográficas em Curitiba, cuja<br />

matéria anuncia a volta do aparecimento <strong>da</strong>s<br />

ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s paranaenses à telona (será que<br />

estiveram algum dia?) e se pren<strong>de</strong><br />

basicamente à lei <strong>de</strong> incentivo, como se este<br />

fosse o único problema.<br />

Também é preciso ter cui<strong>da</strong>do com<br />

aquela “opinião conclusiva” no final <strong>da</strong> matéria,<br />

conforme reportagem sobre as ban<strong>da</strong>s e<br />

futebol amador. Um exemplo: “Esses<br />

<strong>de</strong>sportistas certamente merecem respeito,<br />

pois trabalham apenas pelo prazer <strong>de</strong><br />

transformar o esporte numa fonte <strong>de</strong> lazer para<br />

a comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>”. Nesta reportagem, que está<br />

bem estrutura<strong>da</strong>, também há problemas <strong>de</strong><br />

pontuação, principalmente na transcrição <strong>da</strong>s<br />

entrevistas que são coloca<strong>da</strong>s literalmente<br />

na página, sem o <strong>de</strong>vido cui<strong>da</strong>do.<br />

Já nas páginas centrais, a equipe<br />

<strong>de</strong>monstrou um gran<strong>de</strong> esforço <strong>de</strong> abor<strong>da</strong>r<br />

duas questões importantes sobre o lixo em<br />

Curitiba. O resultado é bom, mas não seria<br />

interessante ter <strong>da</strong>do uma ênfase maior à<br />

questão <strong>da</strong> marginalização e do lixo<br />

clan<strong>de</strong>stino? Somente sobre este universo<br />

<strong>da</strong>ria para fazer uma gran<strong>de</strong> reportagem. A<br />

diagramação também ficou pesa<strong>da</strong>, sem<br />

criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>, uma vez que não foi aproveitado o<br />

espaço <strong>da</strong>s duas páginas. Para finalizar, uma<br />

matéria criativa e com uma boa realização na<br />

parte gráfica sobre o personagem Inri Cristo.<br />

Até a próxima.<br />

Roberto Nicolato<br />

Professor e Coor<strong>de</strong>nador do curso <strong>de</strong><br />

<strong>Jornalismo</strong> <strong>da</strong> Unibrasil


Capital <strong>da</strong> Notícia<br />

Curitiba<br />

Curitiba<br />

Curitiba Personagem<br />

Dos bastidores <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> aos<br />

palcos teatrais brasileiros<br />

Des<strong>de</strong> pequena, a gaúcha Regina Vogue sonhava<br />

em ser artista. Ela ficava falando em frente ao espelho<br />

e com as pare<strong>de</strong>s, inventando cenas, personagens,<br />

imaginando estar em um palco. “Os vizinhos achavam<br />

que eu era louca”, diz <strong>da</strong>ndo uma<br />

gargalha<strong>da</strong>, e logo completa: “Eu ficava<br />

gritando pela casa, fazendo caras e<br />

bocas, me divertindo”. Ela também<br />

gostava <strong>de</strong> visitar a barraca <strong>da</strong>s ciganas<br />

na expectativa que elas a roubassem. “Eu<br />

admirava as ciganas porque elas usavam<br />

aquelas roupas e aqueles colares e<br />

nunca estavam no mesmo lugar”. Regina<br />

queria conhecer o mundo.<br />

Até que um dia cansou <strong>de</strong> se imaginar em cima<br />

<strong>de</strong> um palco e resolveu correr atrás <strong>de</strong> seu sonho. Por<br />

volta dos 16 anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong> fugiu <strong>de</strong> casa. “Eu pedi a<br />

eles para me levarem, eles toparam, eu fui”. Foi embora<br />

com um circo que se apresentava na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

No circo trabalhou como aju<strong>da</strong>nte <strong>de</strong> mágico e<br />

fez números <strong>de</strong> força capilar, mas foi <strong>de</strong>spedi<strong>da</strong> <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> receber uma mordi<strong>da</strong> <strong>de</strong> um macaco. Senta<strong>da</strong> em<br />

frente à porta <strong>de</strong> uma igreja em Santa Catarina,<br />

<strong>de</strong>siludi<strong>da</strong> e sem ter on<strong>de</strong> ir, teve a sorte <strong>de</strong> conhecer<br />

um japônes que lhe ofereceu aju<strong>da</strong>. Levou-a para tomar<br />

vacina contra tétano, pagou um jantar e uma passagem<br />

para Porto Alegre. Na sua terra natal ficou pouco tempo,<br />

pois logo fugiu com outro circo.<br />

Desta vez resolveu ser toureira. “Por que não<br />

posso apren<strong>de</strong>r?”, Regina fez essa pergunta ao dono<br />

do circo que, <strong>de</strong>sconfiado, logo se apressou em dizer<br />

que aquele espetáculo não era para ela. “Mas como eu<br />

sou teimosa, insisti”. Então lá estava ela, se<br />

apresentando ao seu adversário. “Eles me explicaram<br />

que quando o touro viesse em minha direção eu <strong>de</strong>veria<br />

segurá-lo pela parte <strong>de</strong>baixo do pescoço para po<strong>de</strong>r<br />

montá-lo”, conta ela gesticulando e rindo muito. “Eu só<br />

me lembro do touro vindo e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> tudo ro<strong>da</strong>ndo”.<br />

Todos esses episódios trazem boas lembranças,<br />

“Fiz tudo errado. Não<br />

articulei p...nenhuma<br />

e não tirei o olho <strong>da</strong><br />

platéia”<br />

mas a atriz passou por maus momentos fora <strong>de</strong> casa:<br />

“Nós eramos explorados, tínhamos que trabalhar no<br />

circo e na casa do dono. Eu não tinha na<strong>da</strong>, vivia pra<br />

comer”.<br />

Teatro <strong>de</strong> Pavilhão<br />

Depois <strong>de</strong> se passar por cartomante, Regina<br />

conheceu o teatro <strong>de</strong> Pavilhão, que eram gran<strong>de</strong>s<br />

barracões <strong>de</strong> zinco com uma estrutura interna<br />

pareci<strong>da</strong> com a dos teatros normais. Foi quando<br />

lembrou o que realmente queria fazer em sua vi<strong>da</strong>.<br />

“Quando conheci o teatro <strong>de</strong> Pavilhão eu pensei: é<br />

isso mesmo, eu quero ser atriz, eu quero falar, eu<br />

quero interpretar, eu quero viver papéis”.<br />

Lá foi a jovem com seus 18 anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

pedir para fazer parte do grupo <strong>de</strong> teatro. Logo<br />

perguntaram: “Mas o que você sabe fazer? Você já<br />

trabalhou como atriz?” A resposta veio enfática,<br />

peito estufado e a certeza <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> currículo<br />

artístico. “Eu sei fazer mágica,sei fazer força capilar,<br />

sei montar touro, sou assistente <strong>de</strong> mágico e sei<br />

<strong>da</strong>nçar”. O moço parado à sua frente balança a<br />

cabeça: “Mas aqui não é um circo”. Alguns minutos<br />

<strong>de</strong>pois ela era a mais nova “guar<strong>da</strong>-roupas”.<br />

Regina ficou encarrega<strong>da</strong> <strong>de</strong> cui<strong>da</strong>r <strong>da</strong> roupa dos<br />

artistas. Costurar, lavar e passar. Seu lar era uma<br />

pequena peça on<strong>de</strong> ficavam os figurinos, mas ela diz<br />

ter sido o melhor lugar que ficou na época, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua<br />

saí<strong>da</strong> <strong>de</strong> casa. “Eu dormia em cima <strong>de</strong> umas caixas.<br />

Ali era o meu palacete; à noite eu ficava me vestindo,<br />

me enfeitando, recitando”.<br />

O palco<br />

Depois <strong>de</strong> um certo tempo,<br />

procuraram a moça para ser figurante<br />

em Canção <strong>de</strong> Berna<strong>de</strong>te. “Eu fiz<br />

uma personagem que quase não<br />

aparecia”, lembra. Na próxima peça,<br />

Juventu<strong>de</strong> Transvia<strong>da</strong>, Regina conta<br />

com empolgação que “esse papel eu<br />

fiz muito bem porque eu <strong>da</strong>nçava rock lá em Porto Alegre<br />

na rádio Farroupilha, então já tinha o jeito”.<br />

Até que chegou o dia mais esperado por ela.<br />

Ganhou um papel com algumas falas. “Direito <strong>de</strong> Nascer<br />

era a peça. Eu fiz a emprega<strong>da</strong> do personagem principal.<br />

Foi interessante porque o diretor me auxiliou na<br />

articulação e me pediu para que não olhasse para a<br />

platéia”. Ela vai contando e, com gestos, já <strong>de</strong>ixa claro<br />

que algo não <strong>de</strong>u certo. “Fiz tudo errado. Não articulei<br />

p..... nenhuma e não tirei o olho <strong>da</strong> platéia”.<br />

Não <strong>de</strong>mora e ela começa a ganhar espaço nos<br />

palcos. “Fui fazendo um papel aqui outro ali, <strong>de</strong>pois<br />

me disseram que eu tinha um gran<strong>de</strong> talento para<br />

comédia e por isso fiz muitas peças <strong>de</strong> humor”.<br />

Mas não é dos espetáculos humorísticos que<br />

Regina fala com entusiasmo. “Eu gostei muito <strong>de</strong> fazer<br />

Paixão <strong>de</strong> Cristo. Fui Maria Ma<strong>da</strong>lena. É muito<br />

emocionante”. Outro personagem que a atriz gostou<br />

<strong>de</strong> fazer foi Nadia, uma cigana má. “Eu adorava fazer<br />

papel <strong>de</strong> má, ain<strong>da</strong> mais <strong>de</strong> cigana”.<br />

A atriz chegou em Curitiba em 1981 e, <strong>de</strong>z anos<br />

<strong>de</strong>pois, criou a Regina Vogue Produções. Em 2004, a<br />

convite <strong>de</strong> um empresário curitibano, começa a<br />

administrar um teatro que leva o seu nome. E <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

então vem colecionando prêmios.<br />

Junho/2005<br />

Junho/2005<br />

Junho/2005<br />

Regina Vogue é atriz, produtora, mãe <strong>de</strong> dois filhos, mo<strong>de</strong>rna, vaidosa<br />

e dona <strong>de</strong> uma simpatia imensurável. Sua história mostra que antes <strong>de</strong> subir<br />

aos palcos e manifestar seu talento como atriz, ela teve que enfrentar<br />

um cenário árduo: o <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> real. E, para tal performance, teve que ser confiante<br />

e perseverante.<br />

Quando Regina criou sua produtora, em<br />

1991, o próximo sonho passou a ser um “barracão”<br />

para montar seus espetáculos. Depois <strong>de</strong><br />

algumas conversas e algum tempo <strong>de</strong> espera, o<br />

empresário Miguel Krigsner lhe ofereceu um<br />

espaço para a efetivação <strong>de</strong>ste projeto.<br />

Inaugurado em abril <strong>de</strong> 2004, o Espaço<br />

Teatro Regina Vogue é um dos mais mo<strong>de</strong>rnos<br />

<strong>da</strong> capital. Possui três amplos camarins, um<br />

elevador <strong>de</strong> carga capaz <strong>de</strong> transportar até um<br />

piano <strong>de</strong> cau<strong>da</strong> e o mais alto urdimento dos teatros<br />

<strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, com 16 metros <strong>de</strong> altura, que facilita a<br />

troca <strong>de</strong> cenários.<br />

A Regina Vogue Produções <strong>de</strong>senvolve<br />

diversos espetáculos infantis. E foi por meio<br />

<strong>de</strong>sses trabalhos que a produtora se tornou<br />

conheci<strong>da</strong> no meio artístico. Mas as peças<br />

apresenta<strong>da</strong>s no teatro não são direciona<strong>da</strong>s<br />

apenas às crianças: os adolescentes e os adultos<br />

também po<strong>de</strong>m apreciar gran<strong>de</strong>s espetáculos.<br />

Espetáculos premiados<br />

2004 - “As Fábulosas Histórias do Menino<br />

Leonardo Da Vinci”. Vencedor do troféu Gralha<br />

Azul Melhor Texto Original.<br />

2004 - “O Gran<strong>de</strong> Rei Leão”. Vencedor do troféu<br />

Gralha Azul em cinco categorias: Melhor<br />

Espetáculo, Melhor Direção, Melhor Figurino,<br />

Melhor Coreografia e Melhor Ator.<br />

2002 - “O Menino Rei”. Com tempora<strong>da</strong> em<br />

São Paulo, recebeu o prêmio <strong>de</strong> Melhor<br />

Espetáculo Para Crianças.<br />

2001 - Foi homenagea<strong>da</strong> pela Câmara<br />

Municipal <strong>de</strong> Curitiba pelo trabalho que vem<br />

<strong>de</strong>senvolvendo na arte curitibana e recebeu o<br />

prêmio Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> Brasil como Produtora<br />

Revelação.<br />

Serviço<br />

O Espaço Teatro Regina Vogue fica no<br />

Shopping Estação. Av. Sete <strong>de</strong> Setembro, 2775 -<br />

Centro.<br />

Programação no site www.reginavogue.com.br<br />

3<br />

A atriz ganha<br />

sua mais nova<br />

casa: o teatro<br />

Reportagem: Luciano Czarnik<br />

Diagramação: Gisele Veríssimo, Luciano Czarnik<br />

Fotos: Divulgação Site Regina Vogue


4 Junho/2005<br />

Junho/2005<br />

Junho/2005<br />

Junho/2005 Capital <strong>da</strong> Notícia<br />

Geral<br />

Oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> para todos<br />

Jovens <strong>de</strong> baixa ren<strong>da</strong> têm curso pré-vestibular gratuito<br />

O sonho <strong>de</strong> ingressar na facul<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

para jovens <strong>de</strong> baixa ren<strong>da</strong> muitas vezes<br />

é algo que acaba ficando só mesmo na<br />

imaginação. O ensino público no país<br />

<strong>de</strong>ixa muito a <strong>de</strong>sejar em certos aspectos,<br />

tais como a falta <strong>de</strong> recursos e <strong>de</strong><br />

professores capacitados.<br />

Geralmente, os adolescentes que saem<br />

do ensino médio privado e ain<strong>da</strong> têm a<br />

oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> freqüentar um curso<br />

preparatório para o vestibular, estão em<br />

melhores condições para enfrentar a<br />

maratona <strong>de</strong> provas que antece<strong>de</strong>m a<br />

entra<strong>da</strong> em uma universi<strong>da</strong><strong>de</strong> pública.<br />

Quem não po<strong>de</strong> pagar as altas<br />

mensali<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> um “cursinho”, às vezes<br />

acaba até <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> prestar o vestibular.<br />

Foi pensando nesses jovens que<br />

João Leonel Ritter, diretor do Colégio<br />

Estadual Professora Luiza Ross, no<br />

Boqueirão, resolveu montar o projeto <strong>de</strong><br />

um pré-vestibular gratuito para alunos<br />

carentes. O curso, que teve sua primeira<br />

turma no ano passado, funciona nos finais<br />

<strong>de</strong> semana em período integral.<br />

Os 26 professores são voluntários e boa<br />

parte <strong>da</strong> estrutura foi doa<strong>da</strong>. A vice-diretora<br />

do colégio, Val<strong>de</strong>te Moraes, conta que as<br />

ca<strong>de</strong>iras foram doa<strong>da</strong>s por um dos<br />

gran<strong>de</strong>s pré-vestibulares <strong>de</strong> Curitiba.<br />

Professor <strong>de</strong> física Aaron P. Tel um dos voluntários no colégio Luiza Ross<br />

“Vieram um pouco estraga<strong>da</strong>s e a<br />

Associação <strong>de</strong> Pais e Mestres (APM)<br />

mandou consertar, mas já foi uma<br />

excelente aju<strong>da</strong>”.<br />

Para freqüentar as aulas, os alunos<br />

passam por uma entrevista no começo<br />

do ano e precisam aten<strong>de</strong>r a alguns<br />

quesitos como, por exemplo, ter estu<strong>da</strong>do<br />

somente em escola pública até o fim do<br />

ensino médio. Como as aulas acontecem<br />

durante o dia todo, os estu<strong>da</strong>ntes<br />

almoçam no local. A comi<strong>da</strong> também é<br />

fruto <strong>de</strong> doações <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> e dos<br />

próprios alunos, as cozinheiras são<br />

voluntárias do bairro e se revezam por fim<br />

<strong>de</strong> semana. O almoço é gratuito para<br />

quem mora longe do colégio.<br />

Verônica Schlusaz, professora <strong>de</strong><br />

história, diz que os estu<strong>da</strong>ntes são na<br />

maioria jovens, mas que existe até um<br />

caso <strong>de</strong> mãe e filha que assistem as aulas<br />

juntas. “Dá gosto ensinar a eles, pois são<br />

muito interessados, participativos e<br />

acompanham a aula”, contaVerônica.<br />

Neste ano a turma é <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong><br />

150 alunos. Mariuza Freire, professora <strong>de</strong><br />

re<strong>da</strong>ção, lembra que no ano passado o<br />

curso começou com 100 alunos e<br />

terminou o ano com praticamente a<br />

meta<strong>de</strong> <strong>da</strong> turma. “Como era uma<br />

experiência, as pessoas <strong>de</strong>sacreditavam,<br />

<strong>de</strong>sistiam pelo caminho. Quando<br />

souberam que bastante gente passou no<br />

vestibular, voltaram mais anima<strong>da</strong>s”, relata<br />

a professora.<br />

Dos 55 alunos que concluíram o<br />

curso, 20 passaram na primeira fase do<br />

vestibular <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do<br />

Paraná (UFPR) e outros cinco na segun<strong>da</strong><br />

fase. “No total, com as chama<strong>da</strong>s<br />

complementares, 12 alunos nossos são<br />

acadêmicos <strong>da</strong> UFPR” , diz Maria Thereza<br />

Cavalheiro, professora <strong>de</strong> química.<br />

Verônica lembra com carinho <strong>de</strong><br />

um aluno em especial. “Todos os filhos<br />

<strong>de</strong>le estu<strong>da</strong>ram aqui durante o ensino<br />

fun<strong>da</strong>mental e ele resolveu fazer o curso<br />

conosco. Quando saiu a lista dos<br />

aprovados <strong>da</strong> UFPR nem teve coragem<br />

<strong>de</strong> procurar seu nome. Mas nós<br />

procuramos e achamos, ele foi aprovado<br />

e está cursando pe<strong>da</strong>gogia”, conta a<br />

professora.<br />

Alguns dos estu<strong>da</strong>ntes que foram<br />

aprovados, hoje aju<strong>da</strong>m na organização<br />

e também <strong>da</strong>ndo aulas <strong>de</strong> reforço, durante<br />

a semana, para a turma <strong>de</strong>ste ano.<br />

Quando se trata <strong>de</strong> qualquer<br />

trabalho voluntário, dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s com<br />

estrutura existem. A Organização Não-<br />

Governamental (ONG) Ação <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia<br />

doou um <strong>da</strong>ta-show, mas o colégio não<br />

tem um computador portátil para po<strong>de</strong>r<br />

usar esse recurso. Um aparelho <strong>de</strong> som<br />

e os ventiladores foram doados por<br />

intermédio <strong>da</strong> igreja <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Segundo a professora Verônica,<br />

isso tudo aju<strong>da</strong> muito, mas ain<strong>da</strong><br />

existem coisas que po<strong>de</strong>m melhorar.<br />

“O espaço em que as aulas são <strong>da</strong><strong>da</strong>s<br />

não é uma sala <strong>de</strong> aula, é um salão,<br />

tem muito eco e no verão o calor<br />

Curitiba<br />

Curitiba<br />

também atrapalha bastante”.<br />

Em Ação<br />

Um outro exemplo <strong>de</strong> curso<br />

preparatório gratuito em Curitiba existe<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2000 como uma iniciativa <strong>da</strong> ONG<br />

Em Ação.<br />

Os professores são em sua maioria<br />

- cerca <strong>de</strong> 75% - formados, tendo ain<strong>da</strong><br />

alguns acadêmicos, todos voluntários.<br />

A taxa <strong>de</strong> aprovação no último<br />

vestibular foi <strong>de</strong> 25% na UFPR, além <strong>de</strong><br />

aprovações na Pontifícia Universi<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Católica do Paraná (PUC), no Centro<br />

Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Educação Tecnológica do<br />

Paraná (Cefet), na Escola Técnica <strong>da</strong><br />

UFPR e até mesmo na Fun<strong>da</strong>ção<br />

Universitária para o Vestibular (Fuvest), em<br />

São Paulo. Entretanto, a aprovação no<br />

vestibular não é o único objetivo <strong>da</strong> ONG.<br />

De acordo com Marcelo Guilherme,<br />

presi<strong>de</strong>nte do projeto, a idéia é fazer com<br />

que os alunos também dêem um retorno<br />

à socie<strong>da</strong><strong>de</strong> em que vivem. Um dos<br />

objetivos é formar lí<strong>de</strong>res comunitários, e<br />

conscientizar os estu<strong>da</strong>ntes para que<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> formados também façam<br />

trabalhos voluntários <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> sua<br />

profissão.<br />

Para ingressar no curso é<br />

necessário que o aluno faça um teste<br />

seletivo e, se aprovado, comprove que<br />

realmente não tem condições <strong>de</strong> pagar<br />

um curso particular. As aulas são<br />

realiza<strong>da</strong>s todos os finais <strong>de</strong> semana, <strong>da</strong>s<br />

8 às 19h00 no Centro Politécnico, pois a<br />

UFPR é uma <strong>da</strong>s parceiras <strong>da</strong> ONG<br />

nesse projeto.<br />

Renata Caroline, 17 anos, que<br />

atualmente é caloura do curso <strong>de</strong><br />

química <strong>da</strong> UFPR, diz que o fato <strong>de</strong><br />

ter estu<strong>da</strong>do no ‘Em ação’ foi<br />

fun<strong>da</strong>mental para ter passado no<br />

primeiro vestibular que fez. “Eu estu<strong>de</strong>i<br />

todo o ensino médio no Instituto <strong>de</strong><br />

Educação do Paraná e, como estava<br />

no último ano, queria fazer o vestibular,<br />

mas nem teria como pagar. Foi aí que<br />

soube do Em Ação, me inscrevi e é<br />

claro tive que me esforçar bastante,<br />

mas valeu a pena”.<br />

Sistema <strong>de</strong> cotas nas universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s causa polêmica<br />

Em 2004 discutiu-se muito sobre<br />

o ingresso <strong>de</strong> afro<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes,<br />

indígenas e alunos proce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />

escolas públicas nas universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

fe<strong>de</strong>rais.<br />

De acordo com o reitor <strong>da</strong> UFPR,<br />

Carlos Augusto Moreira Júnior, trata-se<br />

<strong>de</strong> uma medi<strong>da</strong> <strong>de</strong>mocrática que resgata<br />

o papel <strong>da</strong> universi<strong>da</strong><strong>de</strong> pública na<br />

correção <strong>da</strong>s distorções <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sigual<strong>da</strong><strong>de</strong>s sociais. Para o reitor,<br />

existem outros pontos que precisam ser<br />

discutidos também, especialmente nas<br />

vagas remanescentes em função <strong>da</strong><br />

evasão escolar.<br />

“O combate à evasão <strong>de</strong>ve ser<br />

uma <strong>da</strong>s mais importantes políticas<br />

educacionais a serem conduzi<strong>da</strong>s pelo<br />

novo Ministro <strong>da</strong> Educação e dirigentes<br />

universitários. Nós, <strong>da</strong> UFPR, temos feito<br />

Gesebel Nardon<br />

um gran<strong>de</strong> esforço para propiciar a<br />

nossos alunos um ensino <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

e um ambiente<br />

propício a<br />

realização dos<br />

seus sonhos.<br />

Porém, muitos<br />

continuam<br />

abandonando<br />

seus cursos”,<br />

afirma o reitor.<br />

Percebese<br />

que há uma<br />

preocupação também com as vagas<br />

ociosas nas universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s públicas. No<br />

entanto, o que tem causado muitos<br />

<strong>de</strong>bates, discussões e até processos<br />

reivindicados por alunos que passaram<br />

em vestibulares que não conseguiram<br />

ingressar nas universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, são as<br />

“Trata-se <strong>de</strong> uma medi<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong>mocrática”.<br />

Carlos Augusto Moreira<br />

Junior, reitor <strong>da</strong> UFPR<br />

“Dá gosto ensinar a eles,<br />

pois são muito<br />

interessados...”<br />

Veronica Schlusaz<br />

reservas <strong>de</strong> vagas.<br />

As instituições particulares,<br />

representa<strong>da</strong>s pelo<br />

presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração<br />

Interestadual<br />

dos Sindicatos <strong>de</strong><br />

Escolas Particulares,<br />

José Antônio Teixeira,<br />

diz não concor<strong>da</strong>r<br />

com esta reserva <strong>de</strong><br />

vagas.<br />

O presi<strong>de</strong>nte<br />

<strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração<br />

consi<strong>de</strong>ra que o sistema <strong>de</strong> cotas nas<br />

universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s fere o princípio<br />

constitucional <strong>de</strong> igual<strong>da</strong><strong>de</strong>.“O<br />

contribuinte que escolhe a escola<br />

particular para seu filho, paga seus<br />

impostos e sustenta, como qualquer<br />

outro, a escola pública que serve à<br />

socie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Sua opção tem que ser<br />

respeita<strong>da</strong>”, comenta.<br />

Mas a educadora Siumara Fialho<br />

Moscal, 40 anos, com o filho mais velho<br />

<strong>de</strong> 13 anos matriculado na oitava série<br />

<strong>de</strong> um colégio particular, diz não se<br />

preocupar com a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong><br />

proposta comprometer o acesso do<br />

adolescente ao ensino superior.<br />

Siumara Fialho está <strong>da</strong>ndo um<br />

voto <strong>de</strong> confiança à idéia do Ministério<br />

<strong>da</strong> Educação <strong>de</strong> reservar 50% <strong>da</strong>s vagas<br />

<strong>da</strong>s universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s fe<strong>de</strong>rais para alunos<br />

oriundos <strong>de</strong> escolas públicas.<br />

Pauta: Gesebel Nardon<br />

Reportagens: Alethea Correa, Gesebel<br />

Nardon e Ivana Dutra<br />

Diagramação: Gesebel Nardon


a<br />

Capital <strong>da</strong> Notícia<br />

Curitiba<br />

Curitiba<br />

Junho/2005<br />

Junho/2005<br />

Junho/2005<br />

Espaço aéreo nas mãos do Cin<strong>da</strong>ctaII<br />

A importância <strong>de</strong>ste órgão militar para a segurança no tráfego aéreo do Sul<br />

Muitas pessoas morrem <strong>de</strong> medo<br />

<strong>de</strong> viajar <strong>de</strong> avião. Isso acontece porque<br />

<strong>de</strong>sconhecem a estrutura <strong>de</strong> proteção<br />

que está por trás. Não é preciso temer,<br />

pois este meio <strong>de</strong> transporte é<br />

consi<strong>de</strong>rado o mais seguro do mundo.<br />

No Brasil quem cui<strong>da</strong> do trabalho <strong>de</strong><br />

monitorar os vôos é a aeronáutica. Em<br />

Curitiba quem <strong>de</strong>sempenha essa função<br />

é o Centro <strong>de</strong> Defesa Aérea e Controle<br />

<strong>de</strong> Tráfego Aéreo (Cin<strong>da</strong>cta II).<br />

Existem mais dois Cin<strong>da</strong>ctas no<br />

país: em Brasília (Cin<strong>da</strong>cta I) e Recife<br />

(Cin<strong>da</strong>cta III). Ca<strong>da</strong> um cui<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma<br />

área; o <strong>de</strong> Curitiba é responsável pelos<br />

estados do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, Santa<br />

Catarina, Paraná, Mato Grosso e parte<br />

do território <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Os serviços prestados por estes<br />

centros são vários, além do controle <strong>de</strong><br />

tráfego aéreo, também exercem o<br />

acompanhamento <strong>da</strong>s missões <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>fesa aérea e aeronáutica.<br />

Com ra<strong>da</strong>res que permitem<br />

controlar uma aérea <strong>de</strong> 600 mil<br />

quliômetros quadrados, o Cin<strong>da</strong>cta II<br />

possui uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> telecomunicações<br />

que, em conjunto com o Cin<strong>da</strong>cta I,<br />

permite acompanhar o tráfego aéreo ao<br />

longo <strong>da</strong> maior parte do território nacional,<br />

esten<strong>de</strong>ndo-se até o Atlântico Sul, a<br />

meio caminho <strong>da</strong> África. O Cin<strong>da</strong>cta II<br />

funciona 24 horas por dia, 365 dias por<br />

ano, com 350 pessoas trabalhando em<br />

três turnos.<br />

Segundo Maurício Alves Pinto,<br />

chefe <strong>de</strong> operações “ na área <strong>de</strong> proteção<br />

do centro nunca ocorreu aci<strong>de</strong>nte<br />

(colisão entre dois aviões) e o registro<br />

<strong>de</strong> inci<strong>de</strong>ntes (aproximação <strong>de</strong> menos <strong>de</strong><br />

20 quilômetros entre aviões) é rara. No<br />

ano <strong>de</strong> 2004 foram três”.<br />

Camila Beber<br />

O centro <strong>de</strong> operações localiza-se 18 metros abaixo <strong>de</strong>ssa facha<strong>da</strong> construí<strong>da</strong> estratégicamente<br />

A rota <strong>da</strong>s aeronaves é permanentemente<br />

acompanha<strong>da</strong> nos ra<strong>da</strong>res do<br />

Cin<strong>da</strong>cta por profissionais especializados,<br />

os controladores <strong>de</strong> vôo. Estes profissionais,<br />

por sua vez, são fiscalizados o tempo<br />

inteiro e têm to<strong>da</strong>s as conversas grava<strong>da</strong>s,<br />

para apuração <strong>da</strong>s responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

diante <strong>de</strong> qualquer ocorrência.<br />

Se necessário, em poucos<br />

minutos po<strong>de</strong>m ser acionados os caças<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa <strong>da</strong> Força Aérea Brasileira<br />

Controladores: nervos à flor <strong>da</strong> pele<br />

Consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

mais estressantes do mundo, a profissão<br />

<strong>de</strong> controlador <strong>de</strong> tráfego aéreo não é<br />

reconheci<strong>da</strong> como <strong>de</strong>veria. Num<br />

momento <strong>de</strong> trabalho eles chegam a<br />

controlar <strong>14</strong> aeronaves ao mesmo tempo,<br />

que significa dizer que po<strong>de</strong>m ter cerca<br />

<strong>de</strong> 3000 pessoas em suas mãos e<br />

qualquer distração po<strong>de</strong> causar milhares<br />

<strong>de</strong> mortes.<br />

O trabalho dos controladores<br />

começa ain<strong>da</strong> em terra, com autorização<br />

para <strong>de</strong>colagem e acompanhamento <strong>da</strong>s<br />

manobras <strong>de</strong> solo, pelo pessoal <strong>da</strong> torre.<br />

Quando os aviões <strong>de</strong>colam, num raio <strong>de</strong><br />

cem quilômetros, eles permanecem<br />

sendo supervisionados por outra equipe,<br />

do Centro <strong>de</strong> Controle <strong>de</strong> Aproximação<br />

e, saindo <strong>de</strong>sse perímetro, os pilotos<br />

mantêm contato com um novo grupo <strong>de</strong><br />

controladores, do Centro <strong>de</strong> Controle <strong>de</strong><br />

Área. O profissional <strong>de</strong>sta área tem a<br />

função <strong>de</strong> manter a regulari<strong>da</strong><strong>de</strong>, flui<strong>de</strong>z<br />

e segurança do tráfego aéreo.<br />

Para ser um bom controlador é<br />

necessário ter estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> emocional,<br />

habili<strong>da</strong><strong>de</strong> para resolver problemas em<br />

pouco tempo e gosto pela profissão.<br />

Marcos Beber<br />

Em momentos <strong>de</strong> tráfego intenso, chegam a monitorar cerca <strong>de</strong> <strong>14</strong> aeronaves ao mesmo tempo.<br />

Os salários, <strong>de</strong> acordo com eles,<br />

não correspon<strong>de</strong>m ao tamanho<br />

responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, giram em torno <strong>de</strong> R$<br />

2.000,00 e R$ 3.700,00. O profissional<br />

do ramo po<strong>de</strong> ser civil (Infraero) ou militar<br />

(Aeronáutica), mas precisa ser aprovado<br />

em concurso público, seguido <strong>de</strong> um<br />

curso <strong>de</strong> profissionalização e estágio.<br />

Eles têm cursos <strong>de</strong> reciclagem<br />

permanentes, aulas <strong>de</strong> inglês e<br />

acompanhamento <strong>de</strong> psicólogos <strong>de</strong>vido<br />

às gran<strong>de</strong>s pressões que sofrem. Mas<br />

ain<strong>da</strong> falta muito.<br />

Segundo Simeão Costa, 44 anos,<br />

suboficial <strong>da</strong> Aeronáutica e controlador<br />

há 20 anos, os equipamentos não<br />

acompanharam o aumento do tráfego.<br />

Ra<strong>da</strong>res que tinham vi<strong>da</strong> útil <strong>de</strong> 15 anos,<br />

estão com 20 e não foram trocados, com<br />

isso o número <strong>de</strong> panes é gran<strong>de</strong>. Com<br />

tantos anos <strong>de</strong> carreira, o profissional<br />

percebe que há uma <strong>de</strong>fasagem no<br />

planejamento <strong>da</strong> Aeronáutica. “O tráfego<br />

aéreo no Brasil está muito aquém do que<br />

<strong>de</strong>veria ser. Pois a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s<br />

aeronaves melhorou, mas a formação dos<br />

profissionais, não”, diz Costa.<br />

Um novo sistema global <strong>de</strong><br />

navegação aérea que utiliza satélites<br />

está sendo discutido e <strong>de</strong>ve ser<br />

implantado até o ano 2010 em 130<br />

países, incluindo o Brasil. Este sistema<br />

<strong>de</strong>ve reduzir o número <strong>de</strong> profissionais<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> alguns anos, pois como em<br />

outras profissões, os computadores<br />

ganharão mais espaço.<br />

5<br />

(FAB), a fim <strong>de</strong> interceptar qualquer<br />

aeronave não autoriza<strong>da</strong> que entre no<br />

espaço aéreo brasileiro<br />

O Cin<strong>da</strong>cta II é pioneiro em sua<br />

estrutura, localiza<strong>da</strong> a 18 metros no<br />

subsolo. Segundo o capitão Maurício<br />

o centro foi construído <strong>de</strong>ssa forma por<br />

ser uma estratégia <strong>de</strong> proteção. “Em<br />

1985, quando foi construído, havia uma<br />

ameaça no Cone Sul”, disse o capitão.<br />

Na época havia regimes militares na<br />

Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai.<br />

A partir <strong>de</strong> 1967, com o início<br />

<strong>da</strong> implantação do Sistema Integrado<br />

<strong>de</strong> Defesa Aérea e Controle <strong>de</strong> Tráfego<br />

Aéreo (SISDACTA), o comando <strong>da</strong><br />

Aeronáutica ampliou a infra-estrutura<br />

<strong>de</strong> proteção ao vôo. O sistema foi<br />

estabelecido <strong>de</strong> acordo com as<br />

exigências operacionais <strong>da</strong> aviação<br />

civil e militar com benefícios para a<br />

segurança, eficiência e economia <strong>da</strong>s<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> vigilância do espaço<br />

aéreo e <strong>de</strong> apoio à navegação aérea.<br />

Os investimentos colocaram o<br />

Brasil em posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque frente<br />

à comuni<strong>da</strong><strong>de</strong> internacional, o que<br />

contribuiu na <strong>de</strong>fesa <strong>da</strong> soberania e dos<br />

interesses nacionais.<br />

Mulheres entram<br />

na profissão<br />

Até pouco tempo o espaço do<br />

Controle <strong>de</strong> Tráfego Aéreo era dominado<br />

pelos homens. Em 2003 a primeira turma<br />

<strong>de</strong> mulheres controladoras se formou e<br />

a profissão <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser exclusivamente<br />

masculina. Há dois anos trabalhando na<br />

área, Emmanule Maria M. <strong>de</strong> Souza, 21<br />

anos, terceiro-sargento, fez parte <strong>da</strong><br />

terceira turma feminina forma<strong>da</strong> pela<br />

Força Aérea Brasileira em junho <strong>de</strong> 2003.<br />

O brio, a responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e a<br />

paixão pela profissão impulsionaram a<br />

escolha <strong>de</strong> Emanuelle em se tornar uma<br />

profissional do tráfego aéreo. Segundo<br />

ela, não há preconceito pela maioria dos<br />

controladores. “Eles nos tratam <strong>de</strong> igual<br />

pra igual”. Com pouco tempo <strong>de</strong> trabalho<br />

ela percebe alguns dos problemas, como<br />

a falta <strong>de</strong> pessoas qualifica<strong>da</strong>s, <strong>de</strong><br />

equipamentos e escala aperta<strong>da</strong>.<br />

Embora Emanuelle diga que não<br />

há um preconceito,ele se manfesta <strong>de</strong><br />

forma implícita. Segundo Simeão Costa,<br />

ter mulheres trabalhando na equipe não<br />

é como os homens. “Elas necessitam<br />

<strong>de</strong> mais licenças, como licença<br />

marterni<strong>da</strong><strong>de</strong>, causando um problema na<br />

escala. Em relação a formação <strong>de</strong>las, o<br />

tempo é menor e com privilégios”. Costa<br />

não questiona a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s<br />

mulheres, ressalta que em outras áreas,<br />

como administrativa e médica, elas se<br />

a<strong>da</strong>ptam melhor.<br />

Reportagem e diafgramação: Alyne dos<br />

Santos e Camila Beber


6 Junho/2005<br />

Junho/2005<br />

Junho/2005<br />

Junho/2005 Capital <strong>da</strong> Notícia<br />

É fato inevitável que um dia o ciclo vital do ser<br />

humano termine, mesmo assim muitos ain<strong>da</strong> temem<br />

este final. A morte traz incertezas e dúvi<strong>da</strong>s, <strong>de</strong>sperta<br />

temores e gera diversas interpretações, pois existe um<br />

abismo entre os estudos teológicos, acessíveis a poucos,<br />

e a religiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> popular que tira suas próprias<br />

conclusões, sendo algumas apocalípticas.<br />

Para um correto entendimento é preciso <strong>de</strong>ixar<br />

<strong>de</strong> lado os preconceitos, as idéias sem fun<strong>da</strong>mento e<br />

ter em mente que a morte faz parte <strong>da</strong> existência humana.<br />

Ao longo dos séculos fé e ciência tentam conviver<br />

em harmonia, na busca por respostas que vão além<br />

<strong>da</strong> compreensão humana.<br />

A Escatologia, do grego “eskhaton” que significa<br />

“as últimas <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as coisas”, é a reflexão teológica<br />

sobre o que nos espera no outro lado, após o término<br />

<strong>da</strong> vi<strong>da</strong> material.Várias perguntas são forma<strong>da</strong>s:<br />

In<strong>da</strong>gações<br />

Para on<strong>de</strong> vamos? O que faremos? Como é a<br />

eterni<strong>da</strong><strong>de</strong>? Existe céu, inferno e purgatório? Quem já<br />

morreu consegue voltar? São questões inquietantes<br />

que não recebem respostas objetivas, para obtê-las é<br />

preciso trabalhar intrinsicamente na esfera <strong>da</strong> fé, não<br />

<strong>de</strong>smerecendo a razão.<br />

Veja a seguir o pensamento <strong>de</strong> algumas religiões,<br />

correntes filosóficas e cultos afro brasileiros sobre<br />

o tema <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> após a morte.<br />

Reportagem<br />

Curitiba<br />

Curitiba<br />

Você acredita na existência d<br />

Como as religiões orientam os fiéis na interpret<br />

Católica<br />

A religião Católica Apostólica Romana acredita<br />

na vi<strong>da</strong> após a morte e, como diz a palavra <strong>de</strong> Deus na<br />

Bíblia Sagra<strong>da</strong>, “teremos uma alma gloriosa”.<br />

Para o Frei Carlos Gonzaga Vieira, a vi<strong>da</strong> é uma<br />

passagem e no momento <strong>da</strong> morte já está <strong>de</strong>cidido se<br />

a alma vai para o céu ou para o inferno.<br />

Sendo assim, quando se é escolhido para subir<br />

ao céu a alma precisa ser purifica<strong>da</strong>, então ela passa<br />

pelo purgatório para redimir-se dos pecados, para aí<br />

então ser eterna e gloriosa.<br />

No entanto, não se po<strong>de</strong> confundir a vi<strong>da</strong> após a<br />

morte com o espiritismo. A religião católica con<strong>de</strong>na o<br />

espiritismo. “Não aceitamos os espíritos <strong>de</strong> épocas passa<strong>da</strong>s<br />

reencarnados em outro corpo”, diz Gonzaga. Ele<br />

explica ain<strong>da</strong> que a teologia estu<strong>da</strong> e <strong>de</strong>bate os temas<br />

escatológicos, mas que reencarnar em outro corpo, para<br />

pagar os pecados <strong>de</strong> uma suposta vi<strong>da</strong> passa<strong>da</strong> ou até<br />

mesmo ressuscitar no mesmo, não é possível. O frei<br />

acrescenta que Jesus ressuscitou e subiu ao pai quando<br />

disse: “Vou para o pai preparar um lugar para vós”.<br />

Isso não quer dizer que a pessoa vai voltar no mesmo<br />

corpo físico, a ressurreição é a elevação <strong>da</strong> alma em um<br />

plano superior, e não <strong>da</strong> matéria em si.<br />

Para An<strong>de</strong>rson Luiz Polli, estu<strong>da</strong>nte <strong>de</strong> administração,<br />

a vi<strong>da</strong> é <strong>da</strong><strong>da</strong> como dádiva e assim <strong>de</strong>ve ser<br />

vivi<strong>da</strong>, <strong>de</strong> maneira intensa pois é única. “Não acredito<br />

em reencarnação, mas acho que quando morremos<br />

vamos ter um <strong>de</strong>stino, e com certeza o julgamento vai<br />

ser justo”.<br />

Polli é católico praticante, e acredita na salvação<br />

<strong>da</strong> alma. “Esse assunto é muito mal interpretado<br />

por pessoas que sabem pouco ou na<strong>da</strong> sobre a vi<strong>da</strong> e<br />

a morte”, completa ele ressaltando a importância <strong>da</strong><br />

fé na vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um. “A fé nos faz sentir seguros,<br />

mediante a tantas provações que temos em nossa vi<strong>da</strong>”.<br />

Todo esse processo explica a vi<strong>da</strong> eterna <strong>da</strong> alma<br />

para os católicos.O Deus “vivo”, que não tem cor ou<br />

raça, que não se po<strong>de</strong> ver mas se po<strong>de</strong> sentir, e que<br />

está <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um que acredita e tem fé.<br />

Entre o céu e a terra há uma dimensão que vai muito além dos olhos.<br />

Ilustração: Maurício <strong>de</strong> Souza<br />

A certeza do fim faz com que o ser humano teorize e<br />

tenha curiosi<strong>da</strong><strong>de</strong> por histórias relaciona<strong>da</strong>s à vi<strong>da</strong> após<br />

a morte e imagens fantasmagóricas que povoam o<br />

imaginário popular. Um exemplo disso é a personagem<br />

Dona Morte, cria<strong>da</strong> pelo <strong>de</strong>senhista Mauricio <strong>de</strong> Sousa.<br />

Evangélica<br />

As igrejas evangélicas apresentaram um significativo<br />

crescimento nas últimas déca<strong>da</strong>s no Brasil. De<br />

acordo com os <strong>da</strong>dos dos censos do Instituto Brasileiro<br />

<strong>de</strong> Geografia e Estatística (IBGE), na pesquisa do<br />

ano <strong>de</strong> 2000, cerca <strong>de</strong> 26 milhões <strong>de</strong> pessoas pertenciam<br />

as igrejas evangélicas, quando a população era<br />

estima<strong>da</strong> em aproxima<strong>da</strong>mente<br />

169 milhões <strong>de</strong> habitantes.<br />

Estas religiões têm tam-<br />

bém gran<strong>de</strong> influência nos meios<br />

<strong>de</strong> comunicação. Rádios,<br />

TVs, jornais, livros, revistas e filmes<br />

são utilizados para propagar<br />

suas crenças, basea<strong>da</strong>s na<br />

existência do céu e inferno. Segundo<br />

o pastor R.F., lí<strong>de</strong>r <strong>de</strong> uma<br />

<strong>da</strong>s se<strong>de</strong>s evangélicas em Curitiba<br />

e que preferiu não divulgar seu nome, a doutrina que<br />

seguem não abre possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s para acreditar em reencarnação.<br />

Eles <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m que há dois caminhos após a<br />

morte: o bem e o mal, ou seja, o céu e o inferno.<br />

O pastor também <strong>de</strong>clarou que o cristão tem a<br />

vi<strong>da</strong> terrena para redimir-se <strong>de</strong> seus pecados e escolher<br />

o que quer seguir. Porém se a escolha for erra<strong>da</strong>,<br />

<strong>de</strong>pois que ele vai para o inferno não há chances para a<br />

remissão <strong>de</strong> seus pecados. “O corpo, a matéria, é apodreci<strong>da</strong><br />

no chão, o espírito é que vai para o céu ou<br />

inferno”, disse. “Biblicamente falando, se Jesus voltar e<br />

“São coisas que os o<br />

não viram, nem os ouv<br />

ouviram, nem o cora<br />

humano imaginou”. ( I<br />

2,9 Cartas <strong>de</strong> São Paulo


Capital <strong>da</strong> Notícia<br />

Curitiba<br />

Curitiba<br />

Curitiba Reportagem<br />

cia <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> após a morte?<br />

erpretação <strong>da</strong> passagem para o outro lado<br />

isas que os olhos<br />

m, nem os ouvidos<br />

, nem o coração<br />

imaginou”. ( I Cor.<br />

as <strong>de</strong> São Paulo NT)<br />

ou se a pessoa vier a falecer, se ela não aceitou<br />

Jesus como o único salvador <strong>de</strong> sua vi<strong>da</strong>, vai pro<br />

inferno”, completou.<br />

Candomblé<br />

O Candomblé tem origem nos cultos trazidos<br />

pelos escravos africanos que, por tradição e necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

se misturaram à reali<strong>da</strong><strong>de</strong> brasileira. Algumas<br />

terminologias foram troca<strong>da</strong>s para evitar perseguições<br />

dos senhores brancos ligados à Igreja Católica.<br />

Tornou-se uma religião afro brasileira que se<br />

baseia nos Orixás, <strong>de</strong>finidos como divin<strong>da</strong><strong>de</strong>s liga<strong>da</strong>s<br />

à natureza e às artes, como exemplo: Iemanjá<br />

rainha <strong>da</strong>s águas, Oxossi <strong>de</strong>us <strong>da</strong> caça e <strong>da</strong>s<br />

florestas, Ogum senhor <strong>da</strong>s guerras.<br />

Os cultos ocorrem em terreiros, apresentam<br />

rituais nos quais são sacrificados animais em oferen<strong>da</strong><br />

aos orixás e são muito baseados em cantos e<br />

<strong>da</strong>nças.<br />

Uma <strong>da</strong>s correntes do Cambomblé é reencarnacionista,<br />

como explica o pai Silveira <strong>de</strong> Oxalá, presi<strong>de</strong>nte<br />

<strong>da</strong> Suprema Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Umban<strong>da</strong> e Candomblé<br />

do Brasil.<br />

Este segmento acredita que a morte não representa<br />

o final, mas sim o nascimento, um novo<br />

começo. Desta forma o ciclo vital: nascer, viver e<br />

morrer é constantemente renovado. “Os próprios<br />

Orixás já foram sacerdotes em outras vi<strong>da</strong>s, então é<br />

preciso continuar a missão terrena”, afirma Silveira.<br />

Espiritismo<br />

A doutrina dos espíritos foi codifica<strong>da</strong> por Allan<br />

Kar<strong>de</strong>c que, a partir <strong>de</strong> 1857, escreveu as cinco obras<br />

básicas do espiritismo. Também são levados em consi<strong>de</strong>ração,<br />

para o aprofun<strong>da</strong>mento do tema, três aspectos:<br />

ciêntifico, filosófico e consequências religiosas -<br />

neste caso <strong>de</strong>vido às experiências <strong>de</strong>vocionais <strong>de</strong> ca<strong>da</strong><br />

pessoa.<br />

Para Nancy Westphalen Corrêa, 75<br />

anos, diretora administrativa do Instituto<br />

Abibe Isfer e estudiosa <strong>da</strong><br />

doutrina espírita, os espíritas não só<br />

compreen<strong>de</strong>m a vi<strong>da</strong> após a morte,<br />

como a reencarnação. Segundo ela,<br />

é pela reencarnação que se encontra<br />

a razão <strong>da</strong> diversificação <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

ca<strong>da</strong> ser humano.<br />

Ela explica que geralmente<br />

os espíritos reencarnam na mesma<br />

família ou no meio em que vive-ram.<br />

“A pessoa quando volta, é para se<br />

redimir dos erros cometidos na vi<strong>da</strong> passa<strong>da</strong> e com isso<br />

evoluir para um processo contínuo em que conseguirá<br />

se aproximar mais <strong>de</strong> Deus”, afirma.<br />

No espiritismo não são ministrados sacramentos<br />

como batizados e casamentos. Também não e-xiste<br />

dogma e os responsáveis pelo ensinamento se preocupam<br />

com a pureza <strong>da</strong> mensagem envia<strong>da</strong> sobre a<br />

doutrina. A gran<strong>de</strong> preocupação em relação à divulgação<br />

é quanto aos equívocos.<br />

Algumas pessoas que não estão prepara<strong>da</strong>s o<br />

suficiente para transmitir o conhecimento sobre a doutrina<br />

precisam <strong>de</strong> orientações, e é isso que o Instituto<br />

Abibe Isfer faz. Fun<strong>da</strong>do em 2002, o Instituto oferece<br />

cursos para que as pessoas que procuram enten<strong>de</strong>r essa<br />

crença e possam aprimorar seus conhecimentos.“To<strong>da</strong><br />

pessoa que se dizer espírita, e pedir alguma coisa em<br />

troca, certamente não estará dizendo a ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, pois na<br />

doutrina espírita não se aten<strong>de</strong> interesses materiais e<br />

nem pagamento por qualquer graça consegui<strong>da</strong> para o<br />

próximo”, alerta a diretora. A força <strong>da</strong> doutrina espírita<br />

no Brasil po<strong>de</strong> ser dimensiona<strong>da</strong> pelos livros do médium<br />

Chico Xavier: foram 400 títulos psicografados por ele, com<br />

milhões <strong>de</strong> exemplares vendidos.<br />

Será esta a última mora<strong>da</strong>?<br />

Hare Krishna<br />

O Movimento Hare Krishna é visto <strong>de</strong> forma erra<strong>da</strong><br />

como sinônimo <strong>de</strong> hinduismo. O hinduismo surgiu há<br />

mais <strong>de</strong> 4 mil anos e é o resultado <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong><br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s culturais e religiosas feitas entre o Rio Sindu<br />

e o Rio Gandis, na Índia. O Hare Krishna (Hare: amor e<br />

Krishna: Deus) é uma pequena fração do hinduismo.<br />

A plataforma básica para as práticas dos Hare<br />

Krishna respeita quatro princípios e o canto do Maha<br />

Mantra que é o mais importante e po<strong>de</strong>roso. Os princípios<br />

são: não comer carne, ovos e peixes, não intoxicarse,<br />

não praticar jogos <strong>de</strong> azar e não fazer sexo ilícito,<br />

que não tenha o objetivo <strong>de</strong> procriação.<br />

Para o Movimento, os seres vivos não morrem,<br />

eles transmigram <strong>de</strong> um corpo a outro. Ou seja, o corpo<br />

<strong>da</strong>s pessoas mu<strong>da</strong>rá a ca<strong>da</strong> reencarnação, mas a<br />

alma permanecerá sempre a mesma. Dessa forma também<br />

as pessoas passam por vários corpos, até que a<br />

alma tenha merecimento para não reencarnar mais e<br />

viver apenas no mundo espiritual.<br />

De acordo com Ranchor Das, 46 anos, que foi<br />

monge Hare Krishna durante 10 anos, quando se fala<br />

em vi<strong>da</strong> após a morte, há duas palavras importantes:<br />

reencarnação e karma.<br />

O karma significa o conceito <strong>de</strong> ação e reação<br />

para os <strong>de</strong>votos. Isso significa que as atitu<strong>de</strong>s positivas<br />

ou negativas dos humanos nesta vi<strong>da</strong>, po<strong>de</strong>m refletir-se<br />

nas próximas. Quando se paga todos os karmas,<br />

ao mesmo tempo em que se ama a Krishna, tem-se o<br />

direito <strong>de</strong> não reencarnar mais nesse planeta. Porém,<br />

se alguém já “quitou” todos os karmas, ama Krishna,<br />

mas tem algum tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo ligado às coisas <strong>de</strong>sse<br />

mundo, o indivíduo volta a reencarnar. Ou seja, o ciclo<br />

Junho/2005<br />

Junho/2005<br />

Junho/2005<br />

7<br />

<strong>de</strong> vi<strong>da</strong>s na terra cessa quando a alma adquire o <strong>de</strong>spreendimento<br />

total <strong>da</strong>s coisas materiais.<br />

Diferentemente <strong>de</strong> outras filosofias religiosas,<br />

para os Hare Krishna as pessoas que fazem muitas<br />

coisas boas no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> suas vi<strong>da</strong>s terrenas, também<br />

precisam reencarnar enquanto ain<strong>da</strong> não <strong>de</strong>sfrutaram<br />

<strong>da</strong>s reações dos benefícios que fizeram durante<br />

sua permanência na Terra.<br />

Depen<strong>de</strong>ndo do estado <strong>de</strong> consciência na hora <strong>da</strong><br />

morte do corpo, há a visão <strong>da</strong> próxima vi<strong>da</strong> e, caso a<br />

morte seja provoca<strong>da</strong> antes<br />

<strong>da</strong> hora pre<strong>de</strong>stina<strong>da</strong>,<br />

a pessoa po<strong>de</strong>rá transforma-se<br />

em um fantasma.<br />

O ser humano escolhe,<br />

por meio <strong>de</strong> suas atitu<strong>de</strong>s<br />

o corpo que terá futuramente.<br />

Por exemplo:<br />

se um homem pensa<br />

muito em ter relações sexuais<br />

com várias mulheres,<br />

ele po<strong>de</strong> reencarnar<br />

à vi<strong>da</strong> terrena em um corpo<br />

<strong>de</strong> cachorro. E <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo<br />

<strong>de</strong> sua rotina, po<strong>de</strong><br />

renascer em corpos <strong>de</strong><br />

outros animais ou até<br />

mesmo <strong>de</strong> um inseto.<br />

Nessa filosofia, algumas<br />

coisas se assemelham<br />

às idéias <strong>de</strong> religiões<br />

oci<strong>de</strong>ntais, como o<br />

amor ao próximo e a<br />

Krishna acima <strong>de</strong> tudo.<br />

Ressureição, reencarnação<br />

ou transmigração <strong>da</strong>s almas?<br />

Para os credos <strong>de</strong> tradição oriental que acreditam<br />

na transmigração <strong>da</strong>s almas, o final <strong>de</strong> tudo ocorrerá<br />

quando voltarmos a ser Deus, pois no entendimento<br />

<strong>de</strong>les to<strong>da</strong>s as criaturas representam uma parte <strong>da</strong> divin<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

suprema.<br />

As religiões e cultos liga<strong>da</strong>s ao Espiritismo pregam<br />

a reencarnação. Diz a doutrina espírita que as<br />

almas reencarnam até atingirem a purificação e quando<br />

purifica<strong>da</strong>s passam a viver em outra dimensão.<br />

Já as religiões <strong>de</strong> <strong>de</strong>scendência cristã, acreditam<br />

na ressurreição <strong>da</strong>s almas. Após a morte as almas<br />

vão para junto <strong>de</strong> Deus on<strong>de</strong> aguar<strong>da</strong>m a<br />

concretização do final dos tempos, para então ressuscitarem<br />

com esplendor e glória.<br />

Há que reconhecer ain<strong>da</strong> a existência dos ateus,<br />

<strong>de</strong> formação materialista, para quem a vi<strong>da</strong> se resume<br />

ao corpo físico. É difícil afirmar e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r com certeza<br />

qual termo (ressureição, reencarnação ou<br />

transmigração) é o correto e qual será aplicado, ninguém<br />

sabe. Somente resta esperar a passagem para<br />

o outro lado.<br />

Diagramação:<br />

Saionara Santos e Raul Marcelo Andra<strong>de</strong><br />

Reportagem: Saionara Santos, Marcos Arru<strong>da</strong>, Rita <strong>de</strong><br />

Cassia Estevão, Cássia Valter<br />

Fotos: Marcos Arru<strong>da</strong>


8 Junho/2005<br />

Junho/2005<br />

Junho/2005<br />

Junho/2005 Capital <strong>da</strong> Notícia<br />

Esporte<br />

Esporte e divertimento nas pistas<br />

Bolicho e bolão são duas mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> longa tradição no mundo<br />

Curitiba<br />

Curitiba<br />

Nei H. Birk<br />

O boliche, esporte tradicional-mente pistas que são aluga<strong>da</strong>s para a diversão<br />

americano, veio ao Brasil com força total dos jovens nos finais <strong>de</strong> semana.<br />

nos últimos anos, mais para diversão dos O esporte consiste em jogar uma bola<br />

jovens do que para se transformar em um que po<strong>de</strong> chegar ao peso máximo <strong>de</strong> 16<br />

esporte popular, como o futebol para os libras, e o jogador que atingir o maior<br />

brasileiros.<br />

número <strong>de</strong> pinos, fará mais pontos. São<br />

Por mais que seja uma diversão 10 pinos no final <strong>de</strong> uma pista <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> <strong>de</strong> elite, a fila <strong>de</strong> espera nos e a bola é arremessa<strong>da</strong> <strong>de</strong> uma distância<br />

finais <strong>de</strong> semana para conseguir uma <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 7 metros.<br />

pista chega a duas horas, nos locais <strong>de</strong> Não há distinção <strong>de</strong> materiais usados<br />

jogo em Curitiba.<br />

por homens e mulheres. As bolas são<br />

O aluguel <strong>da</strong> pista custa em média compatíveis com o peso do jogador, e<br />

R$ 30 por hora, e a locação <strong>de</strong> sapatos, ele po<strong>de</strong> escolher a que melhor se<br />

especiais para a prática do boliche, custa a<strong>da</strong>ptar. Há apenas distinção <strong>de</strong><br />

R$ 1. Embora seja apontado como um categorias, como nos <strong>de</strong>mais esportes.<br />

esporte caro, o boliche tem seus Como diversão, ocorre um equilíbrio,<br />

a<strong>de</strong>ptos.<br />

porém, para os que jogam<br />

Alguns pequenos grupos <strong>de</strong> profissionalmente, há uma gran<strong>de</strong><br />

funcionários <strong>de</strong> empresas jogam diferença entre os dois sexos.<br />

praticamente to<strong>da</strong>s as sextas-feiras a João Paulo, 23 anos, trabalha há dois<br />

noite. As pessoas vão com suas famílias, anos no Bowling & Beer, pista <strong>de</strong> boliche<br />

tornando o esporte uma extensão <strong>de</strong> que fica no bairro Cristo Rei. Para ele, o<br />

Nei H. Birk<br />

número <strong>de</strong> mulheres que<br />

comparece para se divertir<br />

nas pistas chega a ser<br />

Aos sábados a espera por vaga é longa, nas pistas <strong>de</strong> boliche no Bairro Cristo Rei<br />

joga<strong>da</strong> com 10 pinos “bowling”, ou boliche o único esporte que praticam e mantém<br />

maior que o número <strong>de</strong> como é mais conhecido aqui no Brasil. a saú<strong>de</strong>”, diz Guets.<br />

homens. João trabalha O jogador po<strong>de</strong> optar pela categoria As quatro canchas são o orgulho para<br />

nos finais <strong>de</strong> semana até <strong>de</strong> bola 23 ou bola 16. A numeração na<strong>da</strong> a socie<strong>da</strong><strong>de</strong>, que tem uma <strong>da</strong>s melhores<br />

as 4 <strong>da</strong> manhã, horário mais é do que o diâmetro <strong>da</strong> bola. A bola pistas <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. As quadras não ficam<br />

em que a casa ain<strong>da</strong> 23 po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> 7,5 a 11,5 quilos que é sem uso nenhum dia, para aten<strong>de</strong>r os<br />

recebe os jogadores. Ele o tamanho mais jogado. O objetivo é mais <strong>de</strong> 200 bolonistas.<br />

cui<strong>da</strong> <strong>da</strong>s máquinas, aluga fazer 180 pontos em vinte joga<strong>da</strong>s ou Dinizaldo Mezzadri, 68, conhecido<br />

os sapatos e monitora o <strong>de</strong>rrubar os nove pinos em vinte como Nico, comenta que o clube tem a<br />

tempo <strong>de</strong> funcionamento arremessos.<br />

tradição <strong>de</strong> escolher o Rei e a Rainha do<br />

<strong>da</strong>s pistas, e diz que não Arno Guets, 80 anos, participa do Bolão, on<strong>de</strong> famílias inteiras prestigiam<br />

há final <strong>de</strong> semana em que grupo Unidos Pinga Fogo, que se reúne o evento que começa a tar<strong>de</strong> e se<br />

não tenha fila para entrar todos os sábados para se divertir e prolonga até a noite quando, geralmete<br />

no boliche. “Às vezes, confraternizar com os casais, que estão acaba com um baile. Ele pratica duas<br />

temos que fechar as juntos há mais <strong>de</strong> 30 anos no Clube Rio vezes por semana e já foi coroado, em<br />

A per<strong>da</strong> <strong>de</strong> pontos não aaltera a alegria <strong>da</strong> disputa<br />

portas <strong>da</strong> casa às 3 <strong>da</strong><br />

manhã”, conta.<br />

Branco, bairro Boa Vista. Ele comenta<br />

que começou a jogar quando se casou e<br />

duas oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, como Rei do Bolão.<br />

Nico começou a jogar a convite <strong>da</strong> mulher<br />

não <strong>de</strong>ixou mais o esporte. A paixão é e na época achava que era um jogo <strong>de</strong><br />

confraternizações familiares. É o caso <strong>de</strong> Jogo <strong>de</strong> Bolão<br />

tanta que ele é o representante <strong>de</strong> uma velho, por isso relutou em participar. Hoje,<br />

Lauro Hiroshi, 49, que vai se divertir com Outra alternativa <strong>de</strong> um jogo<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 25 anos, as três<br />

os filhos, bater papo e sair um pouco <strong>de</strong> semelhante, porém mais<br />

filhas, os três genros e dois<br />

casa. Hiroshi gosta <strong>de</strong> boliche como difundido entre comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

netos participam <strong>da</strong><br />

diversão, inclusive já jogou em vários <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> alemães é o<br />

Nei H. Birk brinca<strong>de</strong>ira.<br />

lugares, como Londrina, São Paulo, e até bolão. Ao contrário do que muita<br />

Na época em que os pinos<br />

mesmo no Japão.<br />

gente pensa, surgiu no Egito<br />

eram armados manualmente, o<br />

No Brasil, a maioria <strong>da</strong>s pessoas que com o arremesso <strong>de</strong> pedras ao<br />

clube utilizava um armador,<br />

freqüentam as pistas são jovens, com alvo. O esporte só chegou à<br />

tarefa que hoje em dia, graças<br />

i<strong>da</strong><strong>de</strong> entre 18 e 30 anos.<br />

Alemanha em 1157. Em 1768<br />

à automação, fica a cargo <strong>da</strong>s<br />

Os empresários do setor procuram foram conheci<strong>da</strong>s as primeiras<br />

máquinas. Para a gran<strong>de</strong><br />

garantir aos clientes opções <strong>de</strong> diversão regras <strong>de</strong> bolão e os primeiros<br />

maioria o bolão é um<br />

para a noite to<strong>da</strong>.Por isso os boliches <strong>de</strong> registros <strong>de</strong> clubes <strong>da</strong><br />

agregador, alegre e fraterno<br />

Curitiba oferecem atrações secundárias, mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>. Até hoje, o esporte<br />

esporte. Os grupos se<br />

como jogos <strong>de</strong> sinuca, karaokê e bar. é o mais popular naquele país.<br />

organizam para se encontrar<br />

Entretanto, o boliche não é somente Uma variante <strong>de</strong>ste jogo<br />

com outros clubes e conquistar<br />

um entretenimento. Trata-se <strong>de</strong> um surgiu quando os primeiros<br />

mais taças, para enfeitar as<br />

esporte, que mesmo sem ter ídolos imigrantes alemães vieram para<br />

estantes. A diversi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

conhecidos no Brasil, é praticado por a América trazendo consigo o Bolão exige muita técnica e atenção, alem <strong>de</strong> conhecer bem a pista mo<strong>de</strong>los é gran<strong>de</strong> e reluzem<br />

milhares <strong>de</strong> pessoas. Há fe<strong>de</strong>rações em jogo <strong>de</strong> nove pinos. Depois<br />

com as lembranças <strong>da</strong>s<br />

praticamente todos os estados e os disso, o jogo foi modificado, e em 1886 empresa que fabrica bolas para bolão em conquistas. Porém são as amiza<strong>de</strong>s,<br />

torneios são praticados nas mesmas foi inventa<strong>da</strong> a variação norte americana, Santa Cruz do Sul (RS). “Para muitos é feitas e outras relembra<strong>da</strong>s a ca<strong>da</strong><br />

encontro o motivo <strong>de</strong> to<strong>da</strong><br />

Como jogar boliche:<br />

O jogador <strong>de</strong>ve posicionar os<br />

facilitar a caminha<strong>da</strong>. Movimentar os<br />

braços e pernas em sicronia.<br />

São recomendáveis 4 passos para<br />

Vocabulário do boliche:<br />

1001: apelido <strong>da</strong> figura forma<strong>da</strong> pelos<br />

confraternização.<br />

http://www.boliche.com.br/<br />

<strong>de</strong>dos polegar, médio e anular que o jogador arremesse a bola a uma pinos 7-10.<br />

confortavelmente <strong>de</strong>ntros dos furos. veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> média.<br />

Canaleta: canal à esquer<strong>da</strong> e à direita<br />

Deixar o indicador e o <strong>de</strong>do mínimo Para aumentar a veloci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> <strong>da</strong> pista, <strong>de</strong>stina<strong>da</strong> a evitar que a bola<br />

como apoio para fora <strong>da</strong> bola.<br />

bola, <strong>de</strong>ve acelerar os passos.<br />

inva<strong>da</strong> as pistas vizinhas.<br />

Posicionar o pé esquerdo um<br />

pouco a frente do direito (para os<br />

canhotos, o inverso).<br />

Na lagar<strong>da</strong> <strong>da</strong> bola, a mão <strong>de</strong>ve<br />

estar estendi<strong>da</strong> em direção aos pinos,<br />

como se estivesse pronta para <strong>da</strong>r um<br />

Spare: <strong>de</strong>rrubar os pinos restantes na<br />

segun<strong>da</strong> joga<strong>da</strong> .<br />

Strike: <strong>de</strong>rruba<strong>da</strong> <strong>de</strong> todos o <strong>de</strong>z<br />

Pauta: Elisa Ogata<br />

Matéria: Elisa Ogata e Nei H. Birk<br />

Diagramação: Nei H. Birk<br />

Flexionar os joelhos e inclinar o aperto. E cui<strong>da</strong>do para não escorregar pinos na primeira joga<strong>da</strong>.<br />

corpo ligeiramente para frente para na pista.<br />

http://maisesportes.vilabol.uol.com.br/


Capital <strong>da</strong> Notícia<br />

Junho/2005<br />

Junho/2005<br />

Junho/2005<br />

Curitiba<br />

Curitiba<br />

Mais jovens do que nunca<br />

Monotonia é uma palavra que está sendo extinta do<br />

vocabulário <strong>da</strong>s pessoas com mais <strong>de</strong> 60 anos ou,<br />

apesar <strong>de</strong> não gostarem do título, <strong>da</strong> terceira i<strong>da</strong><strong>de</strong>. Já<br />

foi a época em que as avós ficavam em casa cui<strong>da</strong>ndo<br />

dos netos e os avôs vendo tevê. Agora esses "senhores"<br />

e “senhoras” procuram viver e mostrar que nunca é tar<strong>de</strong><br />

para recomeçar.<br />

Na maioria viúvos ou divorciados, eles procuram fazer<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s físicas, passeios, artesanatos, enfim,<br />

qualquer tipo <strong>de</strong> entretenimento para distrair quem não<br />

fica esperando o tempo passar.<br />

O comportamento <strong>de</strong>stas pessoas está mu<strong>da</strong>ndo,<br />

e muito, elas buscam a felici<strong>da</strong><strong>de</strong> diariamente e um<br />

dos principais divertimentos é sair para <strong>da</strong>nçar. É o que<br />

faz todos os domingos Mari Havrelhuk, 54 anos, três<br />

filhos e três netos. Com muita animação e vesti<strong>da</strong> a<br />

caráter, ela freqüenta um baile gaúcho em Curitiba. "Faz<br />

bem pra a saú<strong>de</strong>, é uma injeção <strong>de</strong> ânimo para to<strong>da</strong> a<br />

semana", afirma.<br />

O casal Ana Copinsque, 69, e Mauro Eke, 70,<br />

também <strong>de</strong>ixou a rotina <strong>de</strong> casa e busca novas<br />

diversões. Os dois se conheceram há 12 anos em um<br />

baile do bairro Bacacheri, que Ana freqüentava há 20<br />

anos. A jovem senhora arrasta para <strong>da</strong>nçar e conhecer<br />

gente seu "namorido", como gosta <strong>de</strong> chamá-lo,<br />

juntando as palavras namorado e marido. "No começo<br />

fiz ginástica, mas me judiava muito, então ficamos só<br />

Ana e seu marido, sempre saem para se divertir.<br />

com o baile, pois fazemos exercícios, escutamos<br />

músicas e recor<strong>da</strong>mos <strong>de</strong> nossa juventu<strong>de</strong>", diz Ana.<br />

Paquera<br />

Mas não é somente a <strong>da</strong>nça que atrai essas pessoas<br />

aos bailes, paqueras também fazem parte do<br />

divertimento. Ain<strong>da</strong> mais ousados, eles namoram, mas<br />

Comportamento<br />

Novos hábitos mu<strong>da</strong>m o comportamento na terceira i<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

sem o intuito <strong>de</strong> casar e viver<br />

junto novamente. Namoro é<br />

namoro e famílias à parte,<br />

eles buscam um novo tipo <strong>de</strong><br />

convivência a dois, sem os<br />

problemas <strong>de</strong> um<br />

casamento, mas sim com<br />

divertimento e cumplici<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Ana conta que <strong>de</strong>sses<br />

bailes <strong>da</strong> terceira i<strong>da</strong><strong>de</strong> já<br />

saíram muitos casais<br />

apaixonados. Apesar <strong>da</strong><br />

maioria afirmar que vai lá para<br />

se distrair e conhecer<br />

pessoas diferentes, o clima<br />

<strong>de</strong> paquera sempre está<br />

presente. "Dançar juntinho<br />

não é coisa só para jovem",<br />

afirma ela.<br />

O aposentado Orman-do<br />

<strong>da</strong> Silva, 68, divorciado há 20, diz que já arranjou muitas<br />

"paquerinhas", porque o clima é <strong>de</strong>scontraído e gostoso<br />

Grupo <strong>de</strong> amigos se reúne nos domingos no baile gaúcho<br />

para esquecer dos pro-blemas. "A gente conhece as<br />

pessoas, <strong>da</strong>nça um pouquinho, ficamos aqui mesmo.<br />

Mas <strong>de</strong>pois na hora <strong>de</strong> ir embora, ca<strong>da</strong> um para a sua<br />

casa", diz ele.<br />

Filhos<br />

A maioria dos filhos apóia o comportamento <strong>de</strong> seus<br />

pais. Todos preferem vê-los saindo <strong>de</strong> casa, se<br />

divertindo com outras pessoas, do que ficar<br />

na rotina <strong>de</strong> sempre. No entanto, quando a<br />

questão é achar um companheiro, a história<br />

mu<strong>da</strong> um pouco. Eles temem que os pais se<br />

ilu<strong>da</strong>m ou sofram <strong>de</strong> alguma forma e isso faz<br />

com que os "filhinhos" interfiram na vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>les.<br />

Para os pais to<strong>da</strong> a preocupação é váli<strong>da</strong>.<br />

"Nossos filhos pe<strong>de</strong>m que a gente se divirta,<br />

mas sempre com juízo", afirma o casal Rosa<br />

Alves e Antonio Bejinske, <strong>de</strong> 69 e 61 anos.<br />

Solidão<br />

Viúva há 19 anos, Aracy Macciosek, 79,<br />

trabalha no baile do Bacacheri todos os<br />

domingos. Ela ama <strong>de</strong> paixão a vi<strong>da</strong> que leva,<br />

e garante que <strong>da</strong>r a volta por cima nesta i<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

é muito difícil para algumas pessoas. "Sem<br />

apoio dos filhos, parentes e amigos fica<br />

complicado achar forças. Quando perdi meu<br />

marido fiquei dois anos em casa, mas com<br />

aju<strong>da</strong> ergui a cabeça e hoje tenho vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

tudo", conta. Aracy afirma que tem muitos amigos no<br />

baile, pessoas com quem compartilha problemas,<br />

alegrias e muitas paqueras. Ela garante que se renova<br />

a ca<strong>da</strong> encontro. "Eu cresço, fico feliz, com vonta<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> me arrumar e ficar bonita. As pessoas <strong>de</strong>vem se<br />

sentir bem para po<strong>de</strong>r viver melhor, <strong>da</strong>r um sentido para<br />

Reportagem, fotos e diagramação:<br />

Karine Carvalho e Thirson Gonçalves<br />

Alerta<br />

9<br />

a vi<strong>da</strong>", explica.<br />

Aracy acredita que a solidão é uma gran<strong>de</strong> barreira<br />

que <strong>de</strong>ve ser enfrenta<strong>da</strong> e supera<strong>da</strong>, e fala com<br />

convicção que já ultrapassou esta fase, embora muitas<br />

pessoas parem por ai e <strong>de</strong>ixem <strong>de</strong> viver.<br />

Sexo sim<br />

Quando o assunto é sexo, apesar <strong>de</strong> meio<br />

acanhados, eles falam que isso está presente no meio<br />

<strong>de</strong> todos esses relacionamentos maduros. As mulheres,<br />

ain<strong>da</strong> guar<strong>da</strong>m aquele velho romantismo e dizem que<br />

têm vonta<strong>de</strong>, mas estão preocupa<strong>da</strong>s também em<br />

encontrar a pessoa certa. Os homens admitem que<br />

procuram o sexo, mas um pouco menos preocupados<br />

com essa questão.<br />

Um caso interessante é a relação vivi<strong>da</strong> por Ruberval<br />

Moreira, 67 anos e Nádia <strong>de</strong> Souza, 71, namorados há<br />

seis anos. "Vivemos em casas separa<strong>da</strong>s somos muito<br />

felizes", diz Nádia com muita graça e brilho no olhar.<br />

Quando perguntados sobre o sexo, dizem que fazem<br />

sim e com muito amor. Até chegarem nesse tipo <strong>de</strong><br />

intimi<strong>da</strong><strong>de</strong> eles procuraram se conhecer.<br />

Um tabu a ser quebrado é o uso <strong>de</strong> estimulantes e<br />

remédios, como o viagra. Apesar do preconceito, a<br />

vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> viver intensamente fala mais alto e eles<br />

afirmam que tomariam sem nenhum tipo <strong>de</strong> problema.<br />

Roberval diz que ain<strong>da</strong> não está precisando, mas quando<br />

chegar a hora vai procurar aju<strong>da</strong> médica e continuar na<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

O viúvo Elias <strong>da</strong> Rosa, 65 ,diz que não toma esse<br />

tipo <strong>de</strong> remédio, mas sua justificativa é bastante<br />

esclarecedora e importante. Com alguns problemas <strong>de</strong><br />

saú<strong>de</strong> o medicamento não é indicado para ele, por isso<br />

vale lembrar a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> consultar um médico<br />

antes <strong>de</strong> adotar esse método.<br />

Recentes pesquisas mostraram um<br />

aumento do número <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> Aids em<br />

pessoas com mais <strong>de</strong> 50 anos. Isso é tão<br />

preocupante que o governo está incluindo<br />

essa faixa etária nos programas <strong>de</strong>stinados<br />

a portadores do HIV do Sistema Único <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong> (SUS). Mesmo o Brasil sendo um<br />

pioneiro nas publici<strong>da</strong><strong>de</strong>s contra a Aids,<br />

geralmente os anúncios são para os jovens.<br />

Com o novo comportamento <strong>da</strong> terceira<br />

i<strong>da</strong><strong>de</strong>, a atenção <strong>da</strong>s autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>ve ser<br />

dobra<strong>da</strong>. Pois <strong>de</strong>vido a cultura mais antiga,<br />

elas não têm o costume <strong>de</strong> se prevenir e<br />

acham muito estranho usar "camisa", como<br />

chamam os preservativos. Na maioria dos<br />

casos a confiança no parceiro faz com que<br />

eles <strong>de</strong>ixem <strong>de</strong> se preocupar com doenças<br />

sexualmente transmissíveis (DSTs).Assim como<br />

aconteceu com os mais jovens, somente a<br />

conscientização po<strong>de</strong>rá reverter essa situção.


10 Junho/2005<br />

Junho/2005<br />

Junho/2005<br />

Junho/2005 Capital <strong>da</strong> Notícia<br />

Cultura<br />

Curitiba<br />

Curitiba<br />

Um misto <strong>de</strong> diversão e amiza<strong>de</strong><br />

Casas <strong>de</strong> jogos atraem ca<strong>da</strong> vez mais os curitibanos<br />

Ao se observar a atual geração <strong>de</strong><br />

jovens em Curitiba, percebe-se que a<br />

informação é o elo que liga a todos em um<br />

mundo globalizado como o do novo<br />

milênio. Des<strong>de</strong> muito cedo é possível ter<br />

acesso a um variado e vasto universo <strong>de</strong><br />

conhecimentos, por meio dos toques do<br />

teclado dos computadores.<br />

O jovem apren<strong>de</strong> que, graças a internet,<br />

ele po<strong>de</strong> se conectar com o planeta todo.<br />

Isso traz o risco <strong>de</strong>, precocemente, tornarse<br />

íntimo <strong>da</strong>s máquinas, captando os<br />

<strong>da</strong>dos e formando uma re<strong>de</strong> que começa<br />

em seu quarto <strong>de</strong> dormir, seu refúgio<br />

secreto e <strong>de</strong> estimação e on<strong>de</strong> guar<strong>da</strong><br />

seus segredos e intimi<strong>da</strong><strong>de</strong>s.<br />

Mas o mundo dos jogos em re<strong>de</strong> fez<br />

com que o comportamento do jovem<br />

mu<strong>da</strong>sse radicalmente e a busca pelo<br />

entretenimento tornou-se um lugar<br />

pequeno <strong>de</strong>mais para sua vi<strong>da</strong>. Foi assim<br />

que as lojas chama<strong>da</strong>s “lan houses” (termo<br />

inglês que significa casa <strong>de</strong> jogos em re<strong>de</strong>)<br />

foram introduzi<strong>da</strong>s no vocabulário e dia-adia.<br />

Há aproxima<strong>da</strong>mente cem casas <strong>de</strong><br />

jogos <strong>de</strong> computadores na capital paranaense, e o<br />

mercado cresce pelo sistema <strong>de</strong> franquias, o que atrai<br />

inúmeros empresários, que vêem no investimento uma<br />

oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> retorno rápido para seus negócios.<br />

Em uma <strong>de</strong>stas casas, situa<strong>da</strong> na Aveni<strong>da</strong> Sete <strong>de</strong><br />

Setembro, no bairro do Batel, o adolescente, em<br />

questão <strong>de</strong> minutos e a um preço acessível (em média<br />

<strong>de</strong> R$3,50 a hora), tem a sua<br />

disposição uma varia<strong>da</strong> gama<br />

<strong>de</strong> jogos, em gran<strong>de</strong> parte com<br />

várias estratégias e avançados<br />

recursos tecnológicos.<br />

Segundo um dos três<br />

gerentes <strong>da</strong> Lan House Virtuon,<br />

Carlos Eduardo Machado <strong>de</strong><br />

Souza, 21, o investimento feito em novas tecnologias e<br />

máquinas mais mo<strong>de</strong>rnas é sempre atualizado. “A<br />

tecnologia a gente sempre tenta manter o top <strong>de</strong> linha,<br />

mas a preocupação é mais ter equipamentos para<br />

agüentar os softwares atuais, que são bem pesados, e<br />

não queremos relaxar e <strong>de</strong>ixar o computador <strong>de</strong>vagar<br />

<strong>de</strong>mais nessas aplicações”, relata. Já na Cyberskina,<br />

a preocupação nesse setor <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dos clientes, como<br />

conta a recepcionista Vivian Ferreira, 23. “A gente investe<br />

na medi<strong>da</strong> que os clientes vão precisando, na medi<strong>da</strong><br />

em que pe<strong>de</strong>m novos programas”.<br />

Os horários <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong>stas casas são bem<br />

variados e algumas ficam abertas até o dia raiar. É<br />

durante as madruga<strong>da</strong>s<br />

que existem competições<br />

entre os jogadores,<br />

com uma<br />

estrutura <strong>de</strong> alimentação<br />

e conveniência à<br />

disposição, o que torna<br />

o ambiente agradável e<br />

acolhedor. O estu<strong>da</strong>nte<br />

Rodrigo Meira Silva, 17,<br />

diz que já virou hábito<br />

jogar nesses horários.<br />

“Estudo durante a noite<br />

e <strong>de</strong>pois tiro o resto <strong>da</strong><br />

madruga<strong>da</strong> para jogar.<br />

Além disso, não preciso<br />

acor<strong>da</strong>r cedo <strong>de</strong> manhã<br />

porque não trabalho”,<br />

afirma Silva.<br />

Nas casas <strong>de</strong> jogos,<br />

o adolescente, indivi-<br />

Dezenas <strong>de</strong> participantes po<strong>de</strong>m jogar ao mesmo tempo nas lan houses<br />

“A exposição prolonga<strong>da</strong><br />

em frente aos monitores,<br />

<strong>de</strong>vido à foto-estimulação<br />

prejudica a visão.”<br />

É comum os jogos se prolongarem até a madruga<strong>da</strong><br />

dualmente ou em re<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> ser qualquer personagem<br />

que exista no universo imaginário. Dentro <strong>de</strong>sse mundo<br />

paralelo, o jovem po<strong>de</strong> matar dragões, enfrentar os<br />

terroristas mais perigosos, ser um combatente <strong>de</strong><br />

guerra, pilotar um caça <strong>da</strong> força aérea, explorar o<br />

espaço infinito, tornar-se um atleta <strong>de</strong> ponta, ou seja,<br />

ele tem finalmente a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>da</strong>r asas à<br />

imaginação e vi<strong>da</strong> aos<br />

sonhos.<br />

No entanto há pessoas<br />

que só vão nas lan houses<br />

para acessar a internet, como<br />

a jornalista Liliane Penkal, <strong>de</strong><br />

33 anos. “No trabalho eu fico<br />

umas seis horas no<br />

computador, então aqui encaro <strong>de</strong> forma separa<strong>da</strong>, é<br />

mais para lazer. Respondo meus e-mails, e converso<br />

com as pessoas. Costumo passar meia hora por aqui”,<br />

diz a jornalista.<br />

Vários usuários <strong>da</strong>s casas afirmam que as “lan”<br />

proporcionam algumas vantagens que não existem em<br />

suas residências. Liliane diz que prefere acessar em<br />

uma lan por não haver os empecilhos que existem em<br />

casa. “Aqui eu tenho um acesso mais rápido, lá em<br />

casa o telefone toca, aqui eu venho e faço o que preciso<br />

fazer rapidinho, e vou embora”, confi<strong>de</strong>ncia. Já o<br />

estu<strong>da</strong>nte Leonardo Moreira, 13, procura o ambiente<br />

para po<strong>de</strong>r jogar, e também on<strong>de</strong> possa ter emoção,<br />

como uma casa <strong>de</strong><br />

jogos. Mas o<br />

estu<strong>da</strong>nte também<br />

diz que não passa<br />

muito tempo<br />

jogando. “No final <strong>de</strong><br />

semana passo uma<br />

hora, uma hora e<br />

meia. Hoje já estou<br />

aqui faz 40 minutos”,<br />

confessa Moreira,<br />

quando faltavam<br />

menos <strong>de</strong> 10 minutos<br />

para fechar a casa <strong>de</strong><br />

jogos,evi<strong>de</strong>nciando<br />

sua vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

p e r m a n c e r<br />

competindo por mais<br />

tempo em seus<br />

games favoritos.<br />

Prós e contras<br />

A permanência acentua<strong>da</strong> dos<br />

freqüentadores nas salas <strong>de</strong> jogos por<br />

até 10 horas ou mais, <strong>de</strong>monstra uma<br />

gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência no que diz respeito<br />

a busca por algo que não conseguem<br />

no mundo real. A i<strong>da</strong> às lans po<strong>de</strong> ser<br />

entendi<strong>da</strong> como uma válvula <strong>de</strong> escape<br />

para as tensões gera<strong>da</strong>s no dia-a-dia.<br />

Segundo o psicoterapeuta Mário<br />

Márcio Negrão, 59 anos, os jovens vão<br />

até as lans em busca <strong>de</strong> algo que não<br />

alcaçam na reali<strong>da</strong><strong>de</strong> .“Um dos<br />

aspectos positivos é o fato <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rem<br />

estar em um local protegido, em que<br />

não estão envolvidos com drogas ou<br />

outros conflitos <strong>de</strong> natureza violenta”,<br />

analisa ele.<br />

Negrão acredita que os malefícios<br />

são maiores que os benefícios. "A<br />

exposição prolonga<strong>da</strong> em frente aos<br />

monitores <strong>de</strong>vido à foto-estimulação<br />

prejudica a visão. As imagens que se<br />

suce<strong>de</strong>m na gran<strong>de</strong> maioria dos jogos,<br />

por não terem uma maior porcentagem<br />

<strong>de</strong> um fundo branco, expõem o jogador a uma sequência<br />

muito pesa<strong>da</strong> <strong>de</strong> imagens superpostas e que têm um<br />

efeito rápido e impactante".<br />

De acordo com o médico, as imagens mostra<strong>da</strong>s<br />

na tela acabam por trazer mensagens subliminares que<br />

incitam à violência. "Estar ao computador por muito<br />

tempo também po<strong>de</strong> trazer um agravamento, se<br />

porventura a pessoa já as tiver, <strong>de</strong> crises compulsivas<br />

ou <strong>de</strong> transtorno obssesivo, pois na gran<strong>de</strong> maioria os<br />

jogos são <strong>de</strong> temática violenta e sem muito<br />

aprofun<strong>da</strong>mento racional", informa ele.<br />

Em seu consultório, Negrão ouve constantemente<br />

queixas <strong>de</strong> pais, que seus filhos não têm maior contato<br />

familiar, substituem suas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s escolares pela i<strong>da</strong><br />

às casas <strong>de</strong> jogos, prejudicando sensivelmente os<br />

estudos. "O i<strong>de</strong>al seria que a esta<strong>da</strong> pu<strong>de</strong>sse ser no<br />

máximo <strong>de</strong> uma a duas horas somente", orienta ele.<br />

A escala <strong>de</strong> valores que os jogos trazem falseiam e<br />

mascaram a reali<strong>da</strong><strong>de</strong> física e moral dos jogadores.<br />

"Estudos recentes com ressonância magnética mostram<br />

que imagens <strong>de</strong> forte conteúdo provocam intensas<br />

reações <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m emocional, que po<strong>de</strong>m ser vistas<br />

clínica e neurologicamente, indicando que existe<br />

repercursão anatômica", completa o psicoterapeuta.<br />

Hotzone<br />

Shopping Parque Barigui<br />

Fone: 33176301<br />

Virtuon<br />

R. Pe. Germano Mayer, 365<br />

Fone:3362-9668<br />

Cyberskina Lan Hause<br />

R. Marechal Humberto <strong>de</strong> Alencar Castelo<br />

Branco<br />

Fone: 264-8913<br />

Get On - Lan & Cyber<br />

R. Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nacar, 1388, Loja 2<br />

Fone: 41. 3232-6626<br />

Reportagem e edição: Juarez F.F.Santos e<br />

Thiago Techy<br />

Diagramação:Thiago Techy e Juarez F.F.Santos<br />

Fotos:Juarez F.F.Santos<br />

A


Capital <strong>da</strong> Notícia<br />

Junho/2005<br />

Junho/2005<br />

Junho/2005<br />

Curitiba<br />

Curitiba<br />

Rir é sempre o melhor remédio<br />

Curitiba Cultura<br />

Espetáculos <strong>de</strong> humor entram no circuito cultural curitibano<br />

As apresentações <strong>de</strong> humor em Curitiba, nesses<br />

últimos anos, parecem ter <strong>de</strong>scoberto novos caminhos<br />

para envolver o público. Os atores se apresentam em<br />

palcos <strong>de</strong> bares lotados, atraindo pessoas <strong>da</strong>s mais<br />

diversas i<strong>da</strong><strong>de</strong>s e estilos. Os locais on<strong>de</strong> são feitas<br />

as apresentações atraem também aqueles que não<br />

buscam apenas diversão, mas um bom lugar para<br />

conversar, tomar uma cerveja gela<strong>da</strong> e <strong>de</strong>sfrutar os<br />

mais <strong>de</strong>liciosos petiscos.<br />

A recente popularização <strong>de</strong> eventos similares no<br />

país contribuiu para divulgar os espetáculos <strong>de</strong> humor<br />

no circuito curitibano. No ano passado, durante o<br />

festival <strong>de</strong> humor na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> diversos atores se<br />

apresentaram no salão <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> Batel que foi<br />

transformado num bar cenográfico e recebeu vários<br />

humoristas <strong>de</strong> renome nacional, como a drag-queen<br />

Nany People, Bruno Mazéo (RJ), Marcelo Médice (SP),<br />

Renata Castro Barbosa (RJ) e o paranaense Diogo<br />

Portugal,organizador do evento.<br />

Este tipo <strong>de</strong> espetáculo tem atraído com freqüência<br />

as pessoas que se divertem com um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> humor<br />

baseado no cotidiano dos ci<strong>da</strong>dãos, um tanto<br />

sarcástico e muito parecido com a maneira que o<br />

escritor Paulo Leminski escrevia seus poemas, ou se<br />

referia à sua própria vi<strong>da</strong>.<br />

Shows humorísticos, que até então só eram<br />

comuns durante o Festival <strong>de</strong> Teatro <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, que<br />

acontece uma vez por ano, po<strong>de</strong>m ser assistidos agora<br />

ao menos uma vez por semana na capital.<br />

No Bar Er só o qu faltva, é um dos locais on<strong>de</strong> é<br />

possível acompanhar to<strong>da</strong>s as terças-feiras um bom<br />

show. Há dois anos, o ator Diogo Portugal, apresenta<br />

o seu espetáculo “Cabaret”, que oferece uma nova<br />

proposta <strong>de</strong> humor na ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Um projeto au<strong>da</strong>cioso,<br />

e que <strong>de</strong>u muito certo, tanto que terça-feira é dia <strong>de</strong><br />

casa cheia. Mais <strong>de</strong> trezentas pessoas lotam o bar e<br />

dão muitas risa<strong>da</strong>s. Para garantir um bom lugar, é<br />

11<br />

Serviço<br />

Er só o qu faltva<br />

Av: República Argentina, 1334, Água Ver<strong>de</strong> - Curitiba<br />

Informações: (41) 3342-0826<br />

A tendência humorística no Brasil atual<br />

As tendências humorísticas do século XXI nos<br />

palcos ou no teatro são bastante peculiares e visíveis,<br />

pois se mostram <strong>de</strong> forma imediata e técnica. Os<br />

textos são simples, porém rápidos e sem muita<br />

explicação, a linguagem é popular livre e, ao mesmo<br />

tempo, apresenta uma ligação direta com a tecnologia,<br />

quase como a <strong>da</strong> televisão. As pessoas na platéia<br />

reagem também como se tivessem acabado <strong>de</strong> assistir<br />

a pia<strong>da</strong> numa tela <strong>de</strong> televisão. Muitas vezes nem<br />

sequer aplau<strong>de</strong>m.<br />

O fato dos atores li<strong>da</strong>rem com a reali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

tecnifica<strong>da</strong> dos dias <strong>de</strong> hoje, parece ter envolvido os<br />

humoristas.<br />

Madureira surpreso com um agra<strong>de</strong>cimento no palco<br />

Diogo Portugal como um <strong>de</strong> seus personagens, o publicitário<br />

preciso chegar cedo. Foi o que fez a estu<strong>da</strong>nte Tatiana<br />

Dias Bruzon, que chegou às 18:20, para pegar uma<br />

mesa em frente ao palco: “Da outra vez que eu vim, só<br />

consegui assistir o show pelo telão”, contou ela.<br />

Protostas alternativas, que não entrem apenas no<br />

circuito teatro, música e cinema, vêm ganhando ca<strong>da</strong><br />

vez mais público, e público fiel. É o caso <strong>de</strong> Zil<strong>da</strong><br />

Siqueira que assiste a shows <strong>de</strong> humor com freqüência.<br />

“Asssiti duas ou três vezes, e nunca vi um espetáculo<br />

repetido”, informou.<br />

A irreverência e a criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> dos artistas, faz com<br />

Marcelo Madureira em sua apresentação no início<br />

<strong>de</strong> maio, no palco <strong>da</strong> Conferência do Centenário do<br />

Rotary no Distrito 4730, no município <strong>de</strong> Pinhais, contou<br />

pia<strong>da</strong>s, falou <strong>da</strong> forma que seu grupo trabalha e mostrou<br />

certas técnicas para ensinar como fazer humor. Tais<br />

métodos foram explicados em uma linguagem<br />

específica para aquela platéia, com sistema <strong>de</strong><br />

perguntas e respostas, promovendo a interação com o<br />

público. O humorista tenta tornar o ambiente um<br />

sistema único, através <strong>da</strong> participação, do riso e do<br />

envolvimento com todos.<br />

Durante a apresentação, em um <strong>de</strong>terminado<br />

momento, num repente o ator fica sério, como se fosse<br />

um comercial diz: “Não posso me queixar <strong>da</strong> falta <strong>de</strong><br />

trabalho, apesar <strong>de</strong> saber que qualquer um <strong>de</strong> vocês<br />

po<strong>de</strong> fazer humor. Porque o humor é eclético, para fazer<br />

basta saber como arremessar uma torta na cara <strong>de</strong><br />

alguém”. O público ouve sério e logo <strong>de</strong>pois continua<br />

a esperar pela pia<strong>da</strong>. Tudo acontece tão rápido que é<br />

preciso ficar atento a todos os <strong>de</strong>talhes durante a<br />

apresentação.<br />

Alguns minutos <strong>de</strong>pois o próprio Madureira,<br />

<strong>de</strong>sabafa sua <strong>de</strong>cepção sobre a atual situação do país.<br />

“A gente trabalha quatro dias <strong>da</strong> semana só para pagar<br />

imposto. Mas o imposto a gente nunca vê nas escolas,<br />

postos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e médicos”. Nesse instante faz uma<br />

comparação quando afirma que o filho <strong>da</strong> sua<br />

emprega<strong>da</strong> <strong>de</strong>veria ter o mesmo direito que o seu, nas<br />

condições <strong>de</strong> atendimento médico, educação. O<br />

público <strong>de</strong>ixa o espetáculo com a satisfação do<br />

dovertimento, mas também com a certeza <strong>de</strong> ter sido<br />

colocado frente a uma reali<strong>da</strong><strong>de</strong> que faz refletir.<br />

que o humor, que po<strong>de</strong> ser um coisa repetitiva, ou até<br />

mesmo <strong>de</strong>sgastante, se torne diferente e engraçado.<br />

Trabalho e diversão<br />

Quem trabalha nessas casas <strong>de</strong> espetáculos garante<br />

que é possível cumprir a sua função, e se divertir ao<br />

mesmo tempo. Para Wagner Elias <strong>da</strong> Costa, barman,<br />

trabalhar num ambiente <strong>de</strong>sses com certeza é muito<br />

mais divertido: “Os comentários <strong>da</strong> noite são as pia<strong>da</strong>s”,<br />

conta ele.<br />

Ain<strong>da</strong> segundo Costa, no começo, a peça era<br />

novi<strong>da</strong><strong>de</strong>, acontecendo algumas vezes <strong>de</strong> prestar mais<br />

atenção ao espetáculo do que em seu trabalho: “Agora,<br />

como já estamos há dois anos com a peça aqui no<br />

estabelecimento, já se tornou rotineiro, mas ain<strong>da</strong> sim<br />

me divirto muito, sempre tem uma coisa que é<br />

novi<strong>da</strong><strong>de</strong>”.<br />

Apoio<br />

Qualquer show ou espetáculo artístico precisa <strong>de</strong><br />

apoio, e durante uma apresentação do ator Diogo<br />

Portugal, dia 10 <strong>de</strong> maio às 22 horas, com casa cheia<br />

numa terça-feira, foi possível observar que os problemas<br />

com as várias mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>s no país continuam os<br />

mesmos: a falta <strong>de</strong> apoio do governo e dos empresários.<br />

O ator lamentou a inexistência <strong>de</strong> patrocínios e foi<br />

aplaudido pelo público quando mencionou a<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> apoio para que espetáculos como esses<br />

não caiam no esquecimento.<br />

Marcelo Madureira: humor para rir e refletir<br />

Pauta, diagramação e textos:<br />

Marcela C. Haluszczake e Maria G. Magalhães<br />

Fotografias: Maria G. Magalhães


12 Junho/2005<br />

Junho/2005<br />

Junho/2005<br />

Junho/2005 Capital <strong>da</strong> Notícia<br />

A mo<strong>da</strong> que marca<br />

Vivian Tabor<strong>da</strong><br />

Vivian Tabor<strong>da</strong><br />

Ensaio Fotográfico<br />

Tatiana Costa<br />

Modismo entre os jovens, a tatuagem ganha ca<strong>da</strong> vez mais<br />

a<strong>de</strong>ptos dispostos a marcar a pele para sempre. Há alguns anos<br />

era uma forma <strong>de</strong> rebeldia, mas a socie<strong>da</strong><strong>de</strong> atual está mais liberal<br />

e as práticas <strong>de</strong> modificar o corpo não são mais tão mal vistas. A<br />

arte estampa<strong>da</strong> na pele, apesar <strong>de</strong> dolorosa, reflete uma<br />

característica <strong>da</strong> socie<strong>da</strong><strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna, a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacarse<br />

no grupo.<br />

O radialista Johnny fez sua primeira tatuagem aos 18 anos,<br />

arrepen<strong>de</strong>u-se e, aos 35, resolveu cobri-la com um <strong>de</strong>senho <strong>de</strong><br />

dragão.<br />

Sua nova tatuagem foi feita por Thiago, tatuador há oito anos.<br />

Tatiana Costa<br />

Curitiba<br />

Curitiba<br />

Tatiana Costa<br />

Vivian Tabor<strong>da</strong>

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