Os Espíritos em Minha Vida

conto. Em resumo, demonstrara ser de confiança, se­
gundo avaliávamos.
Depois que partiu, tratamos de comemorar. Nun­
ca tínhamos feito uma transação de tão alto valor. Per­
manecemos com aquela alegria contagiosa por exatos
dois dias, já traçando os planos para nova coleção. Até
que, de súbito, no meio do expediente, a polícia fede­
ral invade nosso escritório, revólver em punho. Eram
uns 7 homens numa importante operação que perse­
guia um dos maiores estelionatários do estado. Um ca­
sal roubara muitos cheques na região do Triângulo Mi­
neiro e fizera inúmeras transações no comércio de Belo
Horizonte, espalhando cheques roubados por todo lu­
gar. Havíamos sido tão-somente alvo de um dos muitos
golpes que a dupla aplicara na cidade. Vinham sendo
investigados pela polícia e estavam foragidos há meses.
Além de nossa enorme ingenuidade, na época
não eram tão popularizados os sistemas de consulta
ao Sistema de Proteção ao Crédito. De todo modo, de­
pois do calote, era fácil avaliar que agimos de forma
precipitada. Mas também era inócua essa conclusão.
Agora, nosso problema era descobrir o que fazer para
contornar problemas de tal magnitude. Não tínhamos
idéia de como fazer para saldar as dívidas que contraí­
mos em São Paulo, na aquisição de matéria-prima,
nem de como pagar toda a mão-de-obra recrutada para
fazer a coleção. Não tínhamos capital, patrimônio pes-