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Paisagem Cultural - SIARAM sentir e interpretar o ambiente dos ...

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Centro de Interpretação da <strong>Paisagem</strong><br />

Protegida da Cultura da Vinha do Pico<br />

siaram<br />

<strong>sentir</strong> e <strong>interpretar</strong><br />

o <strong>ambiente</strong> <strong>dos</strong> Açores<br />

http://siaram.azores.gov.pt<br />

O<br />

Centro de Interpretação da <strong>Paisagem</strong> Protegida da<br />

Cultura da Vinha do Pico, situado no edifício sede do<br />

Parque Natural, no coração do núcleo do Lajido de Santa<br />

Luzia, constitui-se como o ponto de partida para a compreensão<br />

do valiosíssimo património cultural classificado como Património<br />

da Humanidade pela UNESCO em 2004.<br />

Este Centro está instalado num antigo edifício de características<br />

solarengas, tendo sofrido obras de consolidação estrutural e<br />

remodelação, cujo projeto de arquitetura é da autoria <strong>dos</strong> SAMI-<br />

Arquitetos. Foi inaugurado a 29 de Junho de 2010, tendo já sido<br />

nomeado para um prémio nacional da especialidade.<br />

Para além das especificidades desta área classificada, o Centro<br />

disponibiliza ainda informações genéricas sobre todas as áreas do<br />

parque natural.<br />

A Visita ao Centro possibilita ainda a realização de uma visita<br />

guiada no exterior aos “currais” de vinha e de figueira, ao interior<br />

de um Armazém e de um Alambique tradicionais ainda em funcionamento,<br />

bem como percorrer todo o núcleo do Lajido, e assim<br />

compreender como este edificado está intimamente associado à<br />

cultura da vinha e da figueira. Durante este trajeto, destaca-se<br />

ainda a visita aos campos de lava localmente designa<strong>dos</strong> por “laji<strong>dos</strong>”,<br />

onde podemos percorrer os caminhos que a lava trilhou no<br />

passado, tendo deixado gravado nas rochas, micro relevos de rara<br />

beleza, onde se instalaram posteriormente diversas espécies de flora<br />

endémica.<br />

No final do circuito, os visitantes poderão ainda deliciar-se com<br />

uma prova de vinhos, produzi<strong>dos</strong> na <strong>Paisagem</strong> Protegida.<br />

Texto Manuel Paulino Costa<br />

Parque Natural do Pico<br />

Fotos Paulo Henrique Silva/SRAM<br />

PATRIMÓNIO CULTURAL


Vinhas do Pico<br />

http://siaram.azores.gov.pt<br />

1 – Área Património Mundial 2 – Núcleos Rurais na Área Património Mundial<br />

Actualizado em Setembro 2010<br />

PATRIMÓNIO CULTURAL<br />

siaram<br />

<strong>sentir</strong> e <strong>interpretar</strong><br />

o <strong>ambiente</strong> <strong>dos</strong> Açores<br />

ROLA-PIPAS<br />

Rampa escavada junto ao mar,<br />

através da qual se rolavam as<br />

barricas de vinho que eram,<br />

posteriormente transportadas<br />

em barcos para o Faial.<br />

Fotos Paulo Henrique Silva/SRAM


Lajido da Criação Velha<br />

Vinhas do Pico<br />

O<br />

Lajido da Criação Velha representa a centralidade da<br />

<strong>Paisagem</strong> da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, no que<br />

respeita à sua inscrição como Património Mundial da<br />

UNESCO.<br />

Ali, podemos encontrar as vinhas mais bem organizadas e<br />

concentradas do ponto de vista da produção, uma área onde a<br />

vitivinicultura ainda apresenta a relação de compromisso estabelecida<br />

entre o homem e o território e onde a paisagem criada pelo<br />

homem se tornou obra de arte e, ao mesmo tempo, sustento.<br />

As vinhas têm uma forma rectangular e estão orientadas no<br />

sentido nascente/poente, permitindo um eficaz aproveitamento da<br />

incidência <strong>dos</strong> raios solares nas videiras e na pedra basáltica. Este<br />

relacionamento entre os elementos referencia<strong>dos</strong> é o que faz do Lajido<br />

da Criação Velha uma área tão especial, do ponto de vista da<br />

qualidade das uvas. Durante o dia, o sol incide directamente sobre<br />

as uvas e à noite, a energia absorvida pela laje basáltica é libertada,<br />

o que significa que as uvas se encontram permanentemente sob a<br />

influência de calor.<br />

Como é que se organiza, internamente, uma vinha?<br />

Começando pela unidade mais pequena, temos o curral,<br />

também ele rectangular e com duas entradas nas extremidades que<br />

permitem a comunicação entre currais. Ao alinhamento de currais,<br />

geralmente de Leste para Oeste, chama-se a canada. A associação<br />

de várias canadas resulta no jeirão ou jarão. Por fim, é da associação<br />

de jeirões que resulta uma vinha de tamanho normal e cuja<br />

média de terreno por proprietário se aproxima <strong>dos</strong> 0,4 hectares.<br />

Actualizado em Setembro 2010<br />

http://siaram.azores.gov.pt<br />

PATRIMÓNIO CULTURAL<br />

siaram<br />

<strong>sentir</strong> e <strong>interpretar</strong><br />

o <strong>ambiente</strong> <strong>dos</strong> Açores<br />

Importa referir aqui o conceito de jeirão. O senso comum<br />

fala-nos da unidade de trabalho que pode ser feito num dia. Numa<br />

vinha, actualmente, o jeirão é aquele local onde se concentram as<br />

uvas que foram apanhadas nas canadas correspondentes e o ponto<br />

a partir do qual se procede ao seu transporte ao ombro ou à cabeça<br />

para o caminho mais próximo. Refira-se que nestes locais é possível<br />

a comunicação transversal entre todas as canadas. O jeirão é, regra<br />

geral, dividido do seguinte por um a parede mais alta com pequenas<br />

zonas de passagem.<br />

Os muros existentes dentro de uma vinha desempenham um<br />

papel determinante na protecção contra os ventos fortes e contra o<br />

rocio do mar.<br />

O arranjo da pedra demonstra uma habilidade própria do<br />

homem do Pico para, com a pedra e a partir da pedra, gerar uma<br />

forma de sustento e, em simultâneo, criar um registo de intemporalidade<br />

que importava preservar.<br />

No Lajido da Criação Velha, os visitantes podem encontrar,<br />

para além das vinhas propriamente ditas, outros elementos<br />

caracterizadores e identitários da actividade vitivinícola. São eles<br />

o rola-pipas, rampa escavada junto ao mar, através da qual se rolavam<br />

as barricas de vinho que eram, posteriormente transportadas<br />

em barcos para o Faial; os poços de Maré, escava<strong>dos</strong> na rocha, na<br />

proximidade do mar, de onde as pessoas extraíam a água para as<br />

lides diárias, inclusivamente para dar de beber ao gado; as rilheiras,<br />

marcas no manto de basalto <strong>dos</strong> roda<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> carros de bois, adegas<br />

tradicionais, alambiques, casas solarengas e uma ermida.<br />

Texto Fernando Oliveira<br />

Fotos Paulo Henrique Silva/SRAM


Lajido de Santa Luzia<br />

Vinhas do Pico<br />

O<br />

Lajido de Santa Luzia destaca-se como a parte urbana<br />

da <strong>Paisagem</strong> da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, pois<br />

é aquele onde, com mais pujança, podemos identificar<br />

vários <strong>dos</strong> elementos caracterizadores do bem Património Mundial.<br />

É também o local onde está instalado o Centro de Interpretação<br />

da <strong>Paisagem</strong> da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, parte<br />

integrante do Núcleo Museológico do Lajido de Santa Luzia, que<br />

é também composto por um armazém, um alambique e a casa do<br />

alambiqueiro. Actualmente os visitantes poderão visitar to<strong>dos</strong> os<br />

edifícios, à excepção da casa do alambiqueiro.<br />

O Núcleo Museológico do Lajido apresenta-se como um local<br />

de interacção entre a população local, que ainda usufrui das suas<br />

instalações, e os visitantes. Neste local, o armazém ainda se mantém<br />

como apoio à actividade do alambique que funciona em pleno<br />

a partir do mês de Setembro e até finais de Outubro. É naquele<br />

espaço que muitos viticultores destilam as cascas das suas uvas,<br />

vinho e borras e, inclusivamente figos.<br />

Podemos ser ainda mais arroja<strong>dos</strong> na descrição do Lajido de<br />

Santa Luzia e afirmar que todo o aglomerado rural é um núcleo<br />

Actualizado em Setembro 2010<br />

http://siaram.azores.gov.pt<br />

Texto Fernando Oliveira<br />

PATRIMÓNIO CULTURAL<br />

siaram<br />

<strong>sentir</strong> e <strong>interpretar</strong><br />

o <strong>ambiente</strong> <strong>dos</strong> Açores<br />

museológico vivo, onde as pessoas dão testemunho de vivências<br />

muito próprias, de uma cultura que perdura e cujas raízes remontam<br />

ao período áureo da vitivinicultura. Neste local, a ermida<br />

desempenha um papel central, a partir da qual se desenvolve o<br />

núcleo numa estreita relação entre o mar e as vinhas que, infelizmente,<br />

já perderam o fulgor de outrora.<br />

É neste local e em outros semelhantes da <strong>Paisagem</strong> da Cultura<br />

da Vinha da Ilha do Pico que os locais gostam de receber os seus<br />

convida<strong>dos</strong> ou de convidar os incautos transeuntes para tomarem<br />

um copo ou petiscarem do que, na altura, existem em cima da<br />

mesa, e que é sãmente partilhado com conheci<strong>dos</strong> e desconheci<strong>dos</strong>.<br />

Nas pedras que servem de banco, colocadas na beira do caminho<br />

que atravessa o aglomerado, contam-se histórias de tempos<br />

i<strong>dos</strong>, e passam-se as tardes de Verão, a altura do ano mais animada<br />

deste local, principalmente com o regresso <strong>dos</strong> emigrantes que cá<br />

passam as suas férias.<br />

Fotos Paulo Henrique Silva/SRAM


Poços de Maré<br />

Vinhas do Pico<br />

Os Poços de Maré são algumas das referências da <strong>Paisagem</strong> da<br />

Cultura da Vinha da Ilha do Pico – Património da Humanidade, e<br />

no âmbito desta paisagem cultural figuram como valores culturais.<br />

A sua presença na paisagem é mais um <strong>dos</strong> grandes marcos daquela que foi<br />

a gigantesca epopeia da labuta do Homem do Pico, na transformação da<br />

paisagem desta ilha em proveito da sua própria sobrevivência.<br />

Encontram-se em grandes números ao longo da faixa costeira, dado que<br />

nesta parte da ilha do Pico a sua existência era insubstituível para o acesso à<br />

água, dada a inexistência de fontes, nas cen tes, ou ribeiras (desde a freguesia<br />

de Santa Luzia seguindo para Oeste até à freguesia de São Mateus).<br />

É também na <strong>Paisagem</strong> da Cultura da Vinha da Ilha do Pico – Património<br />

Mundial - que se encontra o poço de maré mais distante da costa<br />

na Ilha do Pico – o Poço do Aço, que se encontra a mais de 700 metros da<br />

linha de costa, numa propriedade privada da freguesia da Criação Velha.<br />

Os poços de maré podem ser interpreta<strong>dos</strong> como um símbo lo de poder<br />

ou de um determinado estatuto social, ou então por antagonismo, podem<br />

estar associa<strong>dos</strong> aos meios de produção pri mária, como também podem ser<br />

um elemento aglutinador e um bem protegido por uma comunidade.<br />

Dentro das propriedades vitivinícolas onde se localizam os solares, ou<br />

casas solarengas, bem como junto a casas conventuais perto da orla costeira,<br />

existe sempre um poço de maré, que pelo seu valor ficava enquadrado na<br />

entrada principal da propriedade, enquadrando-se no espaço numa posição<br />

central privilegiada, imprimindo um grande protagonismo relativamente<br />

à fachada principal e mais imponente do edifício: como exemplos mais<br />

significativos temos o Solar <strong>dos</strong> Salgueiros (no Lajido de Santa Luzia), e o<br />

Solar <strong>dos</strong> Arriagas (no Guindaste). Desta forma, o próprio poço de maré era<br />

interpretado como um símbolo de poder na organização hierárquica social<br />

da época, pois só as famílias mais abastadas e com importância considerável<br />

na sociedade é que tinham o privilégio de se dar ao luxo de construir o seu<br />

poço de maré, para terem a sua própria água.<br />

Actualizado em Dezembro 2010<br />

http://siaram.azores.gov.pt<br />

PATRIMÓNIO CULTURAL<br />

siaram<br />

<strong>sentir</strong> e <strong>interpretar</strong><br />

o <strong>ambiente</strong> <strong>dos</strong> Açores<br />

Para além de fornecerem água para fins domésticos,<br />

os poços de maré eram imprescindíveis para o<br />

funcionamento <strong>dos</strong> alambiques, dada a necessidade de<br />

grandes quantidades de água, e de renovação de água<br />

para arrefecimento das serpentinas, e lavagem das<br />

caldeiras de destilação. Por isso é que, na <strong>Paisagem</strong> da<br />

Cultura da Vinha – regra geral –, junto de um alambique<br />

existe sempre um poço de maré.<br />

Por norma, os poços de maré de carácter comunitário,<br />

são encontra<strong>dos</strong> ao longo das antigas canadas,<br />

que culminavam junto à costa. Estas canadas – estradas<br />

da época – ainda hoje têm impressas as rilheiras<br />

que comprovam a passagem intensa de carros de bois<br />

que transportavam diariamente, entre outras coisas,<br />

pipas de água para as populações mais distantes.<br />

Texto Mónica Goulart – Arquiteta<br />

Gabinete Técnico da <strong>Paisagem</strong><br />

Protegida da Vinha do Pico<br />

Fotos Paulo Henrique Silva/SRAM

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