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Teatro de Sombras na Contemporaneidade - CEART - Udesc

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<strong>Teatro</strong> <strong>de</strong> <strong>Sombras</strong> <strong>na</strong> Contemporaneida<strong>de</strong>: percursos e reflexões<br />

valores afetivos e sociais, o termo “sombra” vem geralmente associado ao <strong>de</strong>sconhecido<br />

em contraposição ao termo “luz”, que nos remete à racio<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> e ao<br />

conhecimento. A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> “sombra” é muitas das vezes relacio<strong>na</strong>da a algo que não<br />

conhecemos bem e que não po<strong>de</strong> ser claramente percebido pelos nossos sentidos,<br />

estando, por isso, carregado <strong>de</strong> uma conotação “negativa”. Para Fabia<strong>na</strong> Bigarella,<br />

a sombra<br />

é alguma coisa que não possui dimensão <strong>de</strong>finida, que temos dificulda<strong>de</strong><br />

em tocar, que não emite sons, nem elimi<strong>na</strong> odores e quanto menos<br />

nos <strong>de</strong>sperta a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter algum gosto. Ou seja, é algo que não<br />

é captado facilmente pelos nossos sentidos, portanto, temos dificulda<strong>de</strong><br />

em compreen<strong>de</strong>r e aceitar a sua presença e importância em nossas<br />

vidas. 1 .<br />

O teatro <strong>de</strong> sombras <strong>na</strong>da mais é que a manipulação <strong>de</strong>sta dimensão imaterial.<br />

Nele, domi<strong>na</strong>mo-la e tor<strong>na</strong>mo-la íntima o suficiente para jogar com suas reações<br />

aos estímulos luminosos propostos. Nesta linguagem teatral transformamos as<br />

sombras ao nosso redor em poesia.<br />

Sentindo a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saber a história da relação huma<strong>na</strong> com esta arte dramática<br />

para alicerçar o <strong>de</strong>senvolvimento da reflexão que aqui propomos, traçamos<br />

a seguir um breve percurso histórico no intuito <strong>de</strong> melhor compreen<strong>de</strong>r o caminho<br />

<strong>de</strong>ssa relação.<br />

Breve histórico do teatro <strong>de</strong> sombras<br />

O homem, <strong>na</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sa<strong>na</strong>r, ou ao menos amenizar, sua angústia frente ao<br />

<strong>de</strong>sconhecido, organiza o caos no qual se encontra, criando sons, gestos, mitos e<br />

ritos, símbolos que atribuem lógica e sentido à sua existência. Através da ativida<strong>de</strong><br />

simbólica, o homem primitivo organizou-se a partir da linguagem ao conseguir<br />

“i<strong>de</strong>ntificar o <strong>de</strong>sconhecido através <strong>de</strong> uma forma <strong>de</strong> representação” (BADIOU,<br />

2005, p. 17). Nessa necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recriar o mundo, percebemos o po<strong>de</strong>r da ficção<br />

<strong>na</strong> realida<strong>de</strong> huma<strong>na</strong>, por ser mais intensa que a própria realida<strong>de</strong>.<br />

A origem do teatro <strong>de</strong> sombras não tem data nem lugar certo. Segundo Margot<br />

Berthold (2004), no mundo islâmico, o teatro <strong>de</strong> sombras surgiu como uma maneira<br />

<strong>de</strong> ludibriar a lei <strong>de</strong> Maomé que proibia a personificação <strong>de</strong> Deus e, logo,<br />

a representação <strong>de</strong> imagens <strong>de</strong> seres humanos. As silhuetas, feitas com couro<br />

e <strong>de</strong>coradas com furos que permitem a passagem <strong>de</strong> luz, tinham formatos não<br />

realistas, além dos brilhos provocados pela luz vazada pelos buracos da silhueta<br />

que reforçavam a negação <strong>de</strong> que elas representassem figuras huma<strong>na</strong>s. Daí a<br />

1 http://www.clubedasombra.com.br/artigos_full.php?id=269, acessado em 02 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011.<br />

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