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XXX Domingo do Tempo Comum – Ano B Evangelho: Mc 10,46-52 ...

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<strong>XXX</strong> <strong>Domingo</strong> <strong>do</strong> <strong>Tempo</strong> <strong>Comum</strong> <strong>–</strong> <strong>Ano</strong> B<br />

<strong>Evangelho</strong>: <strong>Mc</strong> <strong>10</strong>,<strong>46</strong>-<strong>52</strong><br />

“... e seguia Jesus pelo caminho”<br />

Ir. Sandra M Pascoalato, sjbp.<br />

Seguin<strong>do</strong> o traça<strong>do</strong> delinea<strong>do</strong> pelo evangelista Marcos, durante vários <strong>do</strong>mingos viemos<br />

acompanhan<strong>do</strong> Jesus no seu caminhar para Jerusalém. No evangelho de hoje o encontramos<br />

sain<strong>do</strong> de Jericó, ao pé da grande subida que o levará, finalmente, à Cidade Santa.<br />

A narração da cura <strong>do</strong> cego Bartimeu, bem no estilo <strong>do</strong> evangelista Marcos, é caracterizada<br />

por uma intensa vivacidade: movimento, vozes, grito, encontro, diálogo, luz, seguimento pronto e<br />

decidi<strong>do</strong>.<br />

Já de início impressiona o movimento que abre a cena: ‘Jesus está sain<strong>do</strong> de Jericó junto<br />

com seus discípulos e uma grande multidão’ (<strong>10</strong>,<strong>46</strong>). A imagem que salta aos nossos olhos é aquela<br />

de uma grande procissão que avança compacta, passo a passo, sem parar. Impressiona mais ainda<br />

o contraste desta multidão com a figura <strong>do</strong> cego mendicante: está ali senta<strong>do</strong>, à beira <strong>do</strong> caminho,<br />

imobiliza<strong>do</strong> pela sua cegueira, sem saber por onde andar. Ele está ali, para<strong>do</strong>, e a procissão que<br />

caminha impávida, passa por ele e segue em frente. Nem mesmo o seu grito (<strong>10</strong>,47) a faz parar.<br />

Ao contrário, ‘muitos o repreendiam para que se calasse’ (<strong>10</strong>,48): era um estorvo, um estorvo para<br />

a multidão que caminhava atrás <strong>do</strong> Mestre. Por favor, que não viesse a alguém a ideia de parar, de<br />

deter o movimento por causa de um cego!<br />

Eis um perigo sempre à espreita: aquele de entrar a fazer parte de um grupo e de pôr-se no<br />

seguimento de alguém, sem enxergar mais nada além <strong>do</strong> próprio grupo, <strong>do</strong> próprio movimento,<br />

da própria ‘igrejinha’... E, se se levantar uma ‘voz diferente’, a primeira coisa a fazer:<br />

urgentemente silenciá-la.<br />

Mas, justamente aqui brilha a pérola deste texto evangélico: enquanto os discípulos e a<br />

multidão continuam impassíveis, ‘Jesus parou’ (<strong>10</strong>,49), deteve o movimento. E revela o rosto de<br />

Deus. Deus não é um que não se dá conta de quem ‘está à beira da estrada’, não é um que lhe<br />

passa ao la<strong>do</strong> indiferente, im-passível. Os discípulos, talvez sim. Mas Deus não. Deus é compassivo.<br />

E é a sua compaixão que o faz parar. Deus é compaixão. No-lo recorda o profeta Jeremias:<br />

‘reconduz o seu povo, mas o seu olhar primeiro é para os cegos e aleija<strong>do</strong>s, mulheres grávidas e<br />

parturientes’ (cf. Jer 31,8). No -lo recorda o livro <strong>do</strong> Gênesis: ‘O Senhor Deus fez túnicas de pele<br />

para o homem e a mulher, e os vestiu’ (3,21); para o homem e a mulher, nus, porque investi<strong>do</strong>s<br />

pela sede de autosuficiência e de poder. Assim faz Deus, diversamente daqueles que o seguem,<br />

mas que não se detêm diante de ‘um cego que implora’.


Ao chama<strong>do</strong> de Jesus o cego responde sem hesitação: ‘Jogou o manto, deu um pulo e foi<br />

até Jesus’ (<strong>10</strong>,50). O manto era tu<strong>do</strong> para o cego: vesti<strong>do</strong>, coberta, colchão, casa... Para ir ao<br />

encontro de Jesus se despoja de tu<strong>do</strong> o que lhe poderia ser de embaraço, se despoja de toda<br />

segurança, <strong>do</strong> seu passa<strong>do</strong>, da sua própria vida. A este ponto Jesus lhe dirige a pergunta: ‘O que<br />

queres que eu te faça?’ (<strong>10</strong>,51). Já conhecemos esta pergunta, já a ouvimos dirigida aos filhos de<br />

Zebedeu, Tiago e João (cf. <strong>Mc</strong> <strong>10</strong>,36). Mas, que diferença de resposta! Bartimeu não exige para si<br />

lugares de destaque; fala a Jesus com toda franqueza: ‘Meu Mestre, que eu veja!’ (<strong>10</strong>,51). E Jesus:<br />

‘Vai, a tua fé te salvou’ (<strong>10</strong>,<strong>52</strong>). É o verdadeiro milagre, o milagre da fé. Uma fé capaz de ver o<br />

invisível (cf. Hb 11,27) e de esperar o que parece impossível.<br />

‘No mesmo instante, ele recuperou a vista e seguia Jesus pelo caminho’ (<strong>10</strong>,<strong>52</strong>): na relação<br />

quotidiana com o Mestre, no caminho perseverante atrás de Jesus pela estrada que leva a<br />

Jerusalém manter-se-á sempre viva a experiência da salvação. Nesta certeza de caminhar com<br />

Jesus está a fonte da coragem e a semente da vitória sobre a cruz.<br />

Texto consulta<strong>do</strong>: CASATI, A., Ricordare le sue parole. ECA, Milano, 2002.

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