Boletim Junho - SICOOB Credivertentes
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<strong>Boletim</strong> Cultural e Memorialístico de São Tiago e Região | Ano V . N° LVII . <strong>Junho</strong> de 2012<br />
EDITORIAL<br />
APROVEITANDO (OU DESPERDIÇANDO) OPORTUNIDADES<br />
Dispomos, ao longo de nossa existência, de amplo espaço e perfeitas<br />
condições de edifi car, construir, conviver, amar; gerar, em torno de nós,<br />
admiração, respeito, círculos de consolidada amizade, de tornarmo-nos<br />
educadores, artistas, servidores espontâneos da sociedade, - humanos,<br />
em suma. Tornarmo-nos uma aula viva de cidadania, humanismo e<br />
espiritualidade.<br />
Todavia, muitos desperdiçamos as oportunidades, malversamos<br />
talentos com que a vida – Deus – nos brinda. Semeamos, à beira dos<br />
caminhos, palavras, gestos, atos, exemplos, pensamentos, grandezas<br />
e vilezas – sinais indeléveis de nosso itinerário. Marcas, para o bem ou<br />
para o mal, e que se aninham na memória pessoal, familiar e coletiva.<br />
Sementes para a presente plantação, colheitas amanhã. Sinal concreto,<br />
ético e estético que se manifesta e permanece além da existência física.<br />
Para o bom tarefeiro, uma safra de contentamento pelo dever cumprido,<br />
pelo encantamento deixado. Muitos de nós tornamo-nos história, fi xamo-nos<br />
na mente coletiva pela sabedoria externada, pelo bom senso e equilíbrio nos<br />
posicionamentos, pela moderação exemplar, pela fi rmeza, fi neza e correção de<br />
nossas palavras, tonalidade de voz, embevecimento e fragrância permanentes<br />
na lembrança dos que nos cercam. Quanto aos imprevidentes...<br />
Este silogismo – ou sofi sma, como queiram – aplica-se, igualmente,<br />
às autoridades, aos que nos administram. Observamos, consternados,<br />
gestores que se utilizam de uma lógica ignóbil, manipulando leis, lesando<br />
direitos sociais, sacrifi cando populações vulneráveis. São dilapidações<br />
AO PÉ DA FOGUEIRA<br />
Fatos pitorescos, históricos, lendários, folclóricos etc...de São Tiago e região<br />
UM CLIENTE DESENTENDIDO<br />
Jovem, aí pelos seus vinte e poucos anos, instalara uma<br />
lanchonete-restaurante na área central da cidade. Por<br />
sinal, bem equipada e com gosto. Conjuntos de mesa<br />
e cadeiras em fórmica branca, refrigerador, freezer,<br />
cozinha industrial, prateleiras sortidas. Salgados<br />
variados. Balcões térmicos para autoatendimento (self<br />
service). Pratos suculentos a atrair a volúpia dos comensais.<br />
Contava com a ajuda da operosa família para as atividades<br />
do dia a dia da empresa iniciante.<br />
Clientela concorrida, barulhenta, a maioria estudantes que ali enchiam<br />
as mesas e balcões, beliscavam alguma bebida, refrescavam-se com um<br />
refrigerante ou sorvete e, no mais, muita badalação, conversa farta, muita<br />
anca, pernas, bustos à mostra...<br />
Optara o jovem empreendedor por abrir uma conta corrente em uma das<br />
agências bancárias da cidade. Ficariam mais fáceis e cômodos os acertos<br />
com fornecedores. Mas de posse do talonário, passou a soltar cheques<br />
“frios”. Daqueles famosos “vai-e-volta”, “bumerangue”, “borrachudo”.<br />
Despreocupara-se o moço de realizar os depósitos correspondentes e de<br />
manter saldos sufi cientes em sua conta.<br />
É chamado pelo gerente. Admoestado quanto à necessidade de proceder<br />
à provisão e a cobertura, junto ao banco, dos valores emitidos para<br />
terceiros, em resumo, fazer depósitos; o rapaz parece surpreso, perplexo<br />
até. Jeito de que não estava gostando da conversa.<br />
O gerente continua: - Para você fazer frente aos compromissos com<br />
os seus fornecedores – açougue, distribuidores de bebidas, laticínios, etc<br />
– você, ao emitir um cheque, você tem que dispor de saldos no banco.<br />
Do contrário, os cheques estarão desprovidos de fundos e voltarão aos<br />
seus fornecedores. Compromete a você, o emitente que fi ca com o nome<br />
Acesse o <strong>Boletim</strong> online no site www.portalsaotiago.com.br<br />
do dinheiro público, ajustes fi scais perversos, cortes de verbas para<br />
programas sociais básicos, salários astronômicos e cumulativos (em<br />
especial, altas autoridades do judiciário e legislativo). Decisões judiciais<br />
simplesmente absurdas, como aconteceu recentemente em São José dos<br />
Campos (SP),em que milhares de pessoas, uma cidade formada ao longo<br />
de mais de vinte anos, são lançadas, sob violência policial, às ruas por<br />
“invasão” de propriedades abandonadas e devolutas; políticas ofi ciais que<br />
levam à miséria, milhares de aposentados; ações ofi ciais e empresariais<br />
de sacrifício do meio ambiente; grupos econômicos e estatais que exigem<br />
permanente adoração dos súditos, ao poder, ao capital. Um mercado<br />
patológico, verdadeira baal, que impõe sacrifícios sociais e humanos, que<br />
não abre mão de seu apetite voraz, ainda que a custo da fome, da miséria,<br />
da humilhação, guerras e vida indigna para milhões de irmãos e cidadãos.<br />
O egoísmo das elites, o despotismo das autoridades geram<br />
consequências funestas. Uns poucos afortunados usufruem do bolo<br />
econômico, chafurdam-se, vampirescos, no banquete e no cangote dos<br />
bens públicos. O reverso disto são os tormentos e afl ições que afetam,<br />
pessoalmente, almas e todo o corpo social. Depressões, ansiedades,<br />
violência, confl itos religiosos, racismo, drogas, depravações a todo<br />
instante, vivenciadas nos lares, ruas e expostas na mídia. Cortes e tribunas<br />
transformadas em covis de salteadores. Homens de longas túnicas,<br />
enfatuados, aureolados de títulos, diplomas, condecorações, “direitos”<br />
legais (e sumamente imorais!) a si mesmos concedidos, mas, na prática,<br />
ratazanas abjetas...<br />
“sujo”e também ao banco, pois nosso cheque passa a ser mal visto...<br />
O rapaz esfrega as mãos, rosto enrubescido, gestos enervados. Explicase.<br />
Não estava depositando porque seus clientes, em grande parte, jovens<br />
não estavam pagando as contas em dia. Comiam, bebiam, conversavam,<br />
“fi cavam”, mas dinheiro mesmo era algo raro, quase sempre neca....<br />
O gerente, didaticamente, percebendo a inexperiência ou ingenuidade<br />
do moço, orienta-o no sentido de adotar medidas comerciais práticas,<br />
promoções, publicidade, até mesmo atrair outro tipo de clientela com<br />
poder aquisitivo maior, que lhe permitisse sobreviver e ampliar o negócio.<br />
Afi nal, o ponto era ótimo e a cidade tinha espaço para iniciativas dessa<br />
natureza. Clientes, porém, que fi cavam horas no estabelecimento apenas<br />
papeando, bebericando, namorando, com baixo gasto, e ainda por cima<br />
impontuais nos pagamentos, quando não caloteiros, seriam fatais à<br />
sobrevivência da empresa...<br />
O jovem empreendedor demonstra realmente não estar afi m daquela<br />
conversa. Descontrola-se. Levanta-se e, em termos ácidos, informa ao<br />
gerente:<br />
- Banco de meia tigela. Então, eu abro uma conta, estou com talonário à<br />
mão e não posso utilizá-los ?!<br />
E com um ar de certa mofa, completa, enquanto se afasta da mesa do<br />
gerente, a esta altura, atônito:<br />
- “Propaganda enganosa. Quem abre conta tem direito a usufruir dos<br />
direitos de cliente. Ai de vocês se recusarem os meus cheques. Irei ao<br />
PROCON e até à justiça.<br />
Ora essa, onde já se viu um banco não honrar as emissões de cheques<br />
de seus clientes...”<br />
E saiu, gesticulando-se todo, dando braçadas no ar...<br />
Desnecessário dizer que faliu em pouco tempo!
1- O que mais cheira em um restaurante?<br />
2- Quem prega sem usar o martelo?<br />
3- Qual é o peixe mais salgado do mundo?<br />
4- O que não tem cabelo e fi ca careca. O que é?<br />
Respostas: 1- o nariz; 2- o padre; 3- o salmão; 4- o pneu<br />
Provérbios e Adágios<br />
Aves das mesmas penas voam juntas<br />
Ao cabo de um ano, tem o criado as manhas do amo<br />
Em casa de músico, até os gatos miam por solfa<br />
Ninguém se embriaga com o vinho de sua adega<br />
Quem tem mulher, tem amo<br />
O asno com ouro tudo alcança<br />
O pé do dono é o estrume e o esteio da propriedade<br />
Às bodas e batizado não vás sem ser convidado<br />
QUEM SOMOS:<br />
EXPEDIENTE<br />
EXPEDIENTE<br />
O boletim é uma iniciativa independente,<br />
necessitando de apoio de todos os São-<br />
Tiaguenses, amigos de São Tiago e<br />
pessoas comprometidas com o processo e<br />
desenvolvimento de nossa região. Contribua<br />
conosco, pois somos a soma de todos os<br />
esforços e estamos contando com o seu.<br />
Redação: João Pinto de Oliveira, Heloisa Helena<br />
V. Reis Oliveira e Marcus Antonio Santiago<br />
Apoio: Ana Clara de Paula e Angela Carolina<br />
Ribeiro Costa<br />
E-mail: EXPEDIENTE<br />
credivertentes@sicoobcredivertentes com.br<br />
COMO FALAR CONOSCO:<br />
BANCO DE DADOS CULTURAIS/INSTITUTO SÃO<br />
TIAGO APÓSTOLO<br />
Rua São José, nº 461/A - Centro - São Tiago/MG<br />
CEP: 36.350-000 – telefone: (32) 3376-1107<br />
Falar com Angela Carolina Ribeiro Costa<br />
Realização: Patrocínio:<br />
- Há material para isso?<br />
Essa pergunta nos é formulada até hoje.<br />
Ao surgir a ideia de se editar um boletim ou<br />
resenha de fatos históricos, folclóricos, pitorescos,<br />
etc. de São Tiago e região, lá se vão cinco anos, uma<br />
das primeiras observações do grupo foi a seguinte:<br />
Não se tinha e na verdade ainda não se tem uma ideia plena de nosso<br />
potencial memorialístico. Pensava-se em edições eventuais, esporádicas,<br />
sem compromissos de periodicidade, à medida que se dispunha de algum<br />
dinheiro disponível, a ser obtido por esforço pessoal da equipe junto a<br />
empresários locais e a pessoas sensíveis à cultura, à memória e à história<br />
de nossa terra e nossa gente.<br />
A sensibilidade cultural, contudo, ainda é para poucos. Esses poucos<br />
têm, no entanto, contribuído e nos estimulado para a manutenção deste<br />
projeto – sempre reafi rmamos – é de, tão somente registrar nossa<br />
memória. Entendemos o projeto como de real importância, pois passamos<br />
a nos conhecer melhor, a nos valorizar, a honrar nossos antepassados, a<br />
incutir nas novas gerações, o reconhecimento e a responsabilidade de dar<br />
sequência à jornada encetada, há cerca de 3 séculos, por nossos avoengos<br />
e de passa-la avante aos nossos descendentes Lembrando ademais, que<br />
hoje há uma consciência de sustentabilidade integrada – ambiental, cultural,<br />
econômica, social. Passamos a valorizar a defesa da cultura, da ecologia, do<br />
comércio justo, da economia limpa, da sustentabilidade, da inserção social<br />
– daí, o cidadão e a comunidade buscarem e lutarem cada vez mais por<br />
condições dignas e harmônicas de vida.<br />
Cidades que resgatam e exaltam suas tradições, sua cultura, seus valores<br />
estão adquirindo reconhecimento, fortalecimento turístico, econômico e<br />
social. E São Tiago tem buscado através de várias iniciativas, a começar<br />
do usufruto de suas raízes culinárias – terra do café com biscoito, o<br />
aprimoramento de sua memória e o refi namento de sua autoestima coletiva.<br />
E muita coisa há a ser redescoberta, a ser afl orada, a ser trabalhada e que<br />
gerará inestimáveis frutos à coletividade.<br />
Enquanto isso e se possível, dentro de nossas parcas possibilidades e<br />
capacidade e com o incentivo de pessoas e mentes amigas, continuemos<br />
com este modesto periódico, anotando nossa história, aquecendo nossas<br />
almas de sentimentos, grandezas, transportando, no tempo e no espaço,<br />
nossos corações emotivos, reativos...<br />
Apoio Cultural:<br />
02 <strong>Boletim</strong> Cultural e Memorialístico de São Tiago e Região
Figura marcante da história regional, o Dr. João<br />
Teixeira de Miranda era natural de São João del-<br />
Rei (comunidade do Caquende), onde nasceu a<br />
11 de Novembro de 1903. Filho de pais pobres e<br />
quase nula escolaridade, não tendo frequentado<br />
escola regular, alfabetizou-se por conta própria,<br />
muitas vezes manuseando jornais velhos que lhe<br />
caiam às mãos e, já aos 11 anos, sabia ler e escrever com desenvoltura, além<br />
de dominar as operações básicas de matemática. Arguto, vivaz, dotado de prodigiosa<br />
memória, a notícia de um menino “inteligente”, detentor de considerável<br />
conhecimento, se espalhou, chegando aos ouvidos do Cônego Heitor Trindade,<br />
virtuoso e célebre vigário de Nazareno que, após sabatiná-lo e comprovando,<br />
maravilhado, o que se dizia do menino “gênio”, apadrinhou-o, conseguindo-lhe<br />
uma vaga no Ginásio Santo Antonio, de São João del-Rei.<br />
Ali o jovem Miranda completou seus estudos básicos e de humanidades,<br />
conseguindo, a seguir, matricular-se na Faculdade de Ciências Médicas em<br />
Belo Horizonte, vindo a se doutorar com louvor. Atuou na Revolução de<br />
1930,como médico conscrito às forças militares mineiras, tendo como companheiro<br />
de equipe o Dr. Juscelino Kubitschek, a quem se ligaria por sólidos<br />
laços de amizade. Participou ainda, como médico, da Revolução Constitucionalista<br />
de 1932 junto às tropas mineiras que combateram os revoltosos paulistas,<br />
tendo como companheiro de equipe o famoso escritor e também médico,<br />
Guimarães Rosa.<br />
Como médico, clinicou em inúmeras comunidades de nossa região, dentre<br />
elas São João del-Rei, Bom Sucesso, São Tiago, Lavras, etc. Casado com a<br />
são-tiaguense, Dª Ilka da Mata Miranda, fi lha do sr. Cincinato Augusto da Matta<br />
e Dª Ester Viana da Mata, de cujo consórcio tiveram os fi lhos Dargo e Claudia.<br />
O Dr. Dargo da Mata Miranda é engenheiro agrônomo com especialização no<br />
exterior em irrigação e empresário no município de São Tiago,<br />
nas áreas de bovinocultura, cafeicultura e fruticultura.<br />
Como profi ssional médico e cidadão modelar, realizou o Dr.<br />
Miranda um notável trabalho humanitário junto à população<br />
regional. Caritativo, leniu a dor e o sofrimento de todos quantos<br />
lhe buscavam os serviços profi ssionais. Atuando profi ssionalmente<br />
em Lavras, lá juntamente com os médicos Dr.<br />
Lourenço Menicucci, Drª Dâmina Zakhia e Dr. Jesus Vilhena<br />
Reis, e outros consagrados médicos, criaram o Hospital Vaz<br />
Monteiro.<br />
Dr. Miranda teve uma existência épica, intensa, combativa,<br />
sempre buscando conhecimentos, experiências, expansão<br />
social, profi ssional e intelectual. Um homem sempre insatisfeito,<br />
sempre ávido por ideologias e pelas condições de vida<br />
e progresso da humanidade. Como tantos brasileiros de sua<br />
geração e época, peregrinou por inúmeras ideologias, ainda<br />
que não se processasse uma coerência ou alinhamento entre<br />
as mesmas. O século XX foi pródigo em sistemas políticos<br />
e de pensamento, desde os mais radicais e cruéis como o<br />
nazismo e o comunismo, até os movimentos pacifi stas (Gandhi), e os espiritualistas,<br />
de menor impacto coletivo, como a Logosofi a, a Antroposofi a, etc. Enfi<br />
m, uma era de pensadores e buscadores da verdade. Sua biblioteca particular<br />
chegou a ter um acervo de 8.000 volumes, incluindo enciclopédias médicas,<br />
obras literárias e cientifi cas em geral, revistas e jornais de natureza política,<br />
informativa, técnica, etc. em diversos idiomas. Sua discoteca, geralmente de<br />
obras de compositores clássicos continha cerca de 5.000 discos de vinil. O Dr.<br />
Miranda era um entusiasta de óperas, tendo todos os números do tenor Enrico<br />
Caruso e que, segundo informações, todo esse acervo foi vendido. Poliglota,<br />
dominava fl uentemente diversos idiomas, como espanhol, francês, italiano,<br />
inglês, alemão, além de bom conhecimento em línguas clássicas como latim,<br />
hebraico e grego. Estudioso, perspicaz, insaciável pesquisador, um eterno autodidata,<br />
passou por várias fases – algumas turbulentas – em sua curta existência,<br />
merecendo ênfase:<br />
1. Maçonaria – Assíduo leitor de obras ocultistas, espiritualistas e iniciáticas.<br />
Foi, durante anos, um obreiro ativo da Maçonaria. Consultando os arquivos da<br />
Loja Maçônica “Liberdade e Justiça” de Bom Sucesso, a quem muito agradecemos,<br />
fi camos sabendo que o Dr. Miranda, como era conhecido, iniciou-se<br />
<strong>Boletim</strong> Cultural e Memorialístico de São Tiago e Região<br />
JOÃO TEIXEIRA DE MIRANDA<br />
maçom da Loja “Deus e Caridade – 7”, de Lavras em 06/12/1934. Admitido na<br />
Loja “Liberdade e Justiça” de Bom Sucesso, na qualidade de Cavaleiro Kadosh<br />
(Grau 30) em 21/07/1946, oriundo, então, na condição de fi liando livre da Loja<br />
Charitas II, de São João del-Rei, . Eleito Venerável Mestre (presidente) da Loja<br />
“Liberdade e Justiça” de Bom Sucesso em 21/04/1947, cargo para o qual foi<br />
reeleito sucessiva e respectivamente em 24/06/1948 e 24/06/1949. Elevado ao<br />
Grau 31 em 18/06/1947 e ao Grau 32 pelo Supremo Conselho em 29/07/1949.<br />
Transferiu-se para Lavras em 22/09/1950, na condição de “fi liando livre”.<br />
2- Logosofi a – Foi um grande estudioso e notável adepto da Logosofi a,<br />
sistema humanista criado pelo pensador argentino Carlos Bernardo González<br />
Pecotche (Buenos Aires, 11/08/1901 – 04/04/1963), também conhecido pelo<br />
pseudônimo de Raumsol. Pecotche foi escritor, pensador e humanista, conhecido<br />
mundialmente como o criador da Logosofi a, um movimento que propõe a<br />
superação humana, em especial através da educação. Expôs seu pensamento<br />
em extensa bibliografi a (livros, revistas, jornais, conferências, etc.), mantendo<br />
ampla correspondência com estudiosos e simpatizantes da Logosofi a em todo<br />
o mundo. Um dos mais conceituados estabelecimentos de ensino mineiros<br />
que adota a linha pedagógica logosófi ca é o Colégio Logosófi co “Gonzalez<br />
Pecotche”, com sede na Rua Piauí em Belo Horizonte e com extensões em<br />
várias outras cidades mineiras e do País. Em Lavras, segundo fomos informados,<br />
há grupos logosófi cos, provavelmente com algum apoio e semente<br />
lançados por Dr. Miranda.<br />
O Dr. Miranda foi um destes missivistas, incansáveis e meticulosos, permutando<br />
longa correspondência com dezenas de intelectuais e pensadores<br />
em todo o mundo, inclusive com o Prof. González Pecothe. Segundo informações<br />
de familiares, após o falecimento do Dr. Miranda, discípulos de Gonzalez<br />
Pecotche estiveram na residência da família em Belo Horizonte recolhendo<br />
todo o acervo (correspondência ativa e passiva entre Pecotche e Dr. Miranda,<br />
além de livros, recortes de jornais, etc.), que segundo estes,<br />
passaria a compor um memorial cultural na Argentina contendo<br />
todo o acervo biobibliográfi co do extraordinário pensador<br />
argentino. (1)<br />
3 – O socialista – Empolgou-se e viu-se iludido, juntamente<br />
com outros intelectuais brasileiros, com os ideais socialistas<br />
e “sonhos” do “paraíso soviético”, passando a ler e a<br />
esposar princípios que assim julgava, poderiam melhorar<br />
as condições de vida e dignidade humana, promovendo um<br />
choque civilizatório. Neste período, o Dr. Miranda manteve<br />
intensa atividade intelectual, correspondendo-se e tornandose<br />
amigo pessoal de outros pensadores e mesmo políticos<br />
marxistas, como Luiz Carlos Prestes (a quem recebeu em<br />
sua residência), Jorge Amado, Raquel de Queiroz, Astrogildo<br />
Pereira, Caio Prado, Graciliano Ramos, etc. Tinha todos os<br />
livros de Jorge Amado com dedicatória especial. Assinava<br />
todos os jornais esquerdistas da época, alguns clandestinos<br />
(“Novos Rumos” “A classe operária”). Quando do golpe de<br />
Foto de casamento<br />
1964, a viúva do dr. Miranda, temendo represálias do DOPS<br />
e demais órgãos de repressão militarista, optou por incinerar todo este material.<br />
Uma perda memorialística e familiar irreparável. Segundo familiares, a<br />
propensão e o pendor do Dr. Miranda pelo comunismo era sua preocupação<br />
e aversão ao nazifascismo, acreditando este que o comunismo com o seu<br />
ideal de vanguarda, igualitarismo e libertação das massas traria progresso e<br />
evolução à sofrida humanidade. Ledo engano, hoje bem o sabemos, porquanto<br />
o bolchevismo tornou-se um dos mais cruéis sistemas políticos da história.<br />
Faleceu a 03 de Novembro de 1953, vitima de infarto, sendo sepultado em<br />
Lavras.<br />
NOTAS<br />
(1) A Logosofi a preconiza o autoconhecimento humano, de Deus, do Universo<br />
e de suas leis eternas. Ciência do conhecimento de si mesmo, da evolução<br />
consciente e da superação integral. Uma nova e ampla visão da existência<br />
humana, colocando-o no caminho das grandes realizações. “A vida do ser<br />
humano tem dois grandes objetivos: evoluir em direção à perfeição e tornarse<br />
um verdadeiro servidor da humanidade” escreveu Gonzalez Pecotche.<br />
03
História do Rádio em São Tiago<br />
As rádios no Brasil, desde a sua criação (1923) sempre demonstraram algo cheio de encantamento<br />
atingindo a diversos públicos e camadas sociais. Contudo, desde o surgimento, as rádios ganhavam<br />
o imaginário das pessoas através da cultura erudita e popular, por meio dos programas de auditório,<br />
rádio novelas, apresentação de cantores, bandas (festivais de músicas) e também da publicidade e<br />
marketing de diversos produtos.<br />
As emissoras de rádio brasileiras são mantidas por grupos, associações e sociedade de pessoas gradas e intelectuais que acreditam<br />
na força desse veículo de comunicação que, a cada dia, se expande.<br />
RÁDIO CRIATIVA FM<br />
A primeira estação de rádio da cidade de São Tiago foi fundada<br />
pela família Ribeiro no ano de 1996, precisamente no dia<br />
16 de junho, com um transmissor de 25 watts montado em uma<br />
sala das dependências do Magnatas Clube. A Rádio Criativa FM<br />
foi instalada à Rua Viegas, no centro da cidade e era administrada<br />
pelo empresário Sr. José Flávio Ribeiro. As transmissões<br />
iniciais foram ao ar em caráter experimental por quinze dias,<br />
até serem organizadas as grades de programação. Durante esse<br />
período, os jovens Dione Ribeiro e Marquinho responsabilizaram-se<br />
pela regulagem da rádio. Quase ninguém sabia que<br />
São Tiago ia ter uma rádio. A forma de divulgar a emissora foi<br />
“boca a boca”. Alguns que sabiam do novo empreendimento<br />
iam telefonando e falando para os outros ligarem para a nova<br />
emissora que surgia.<br />
Com o tempo, a rádio ganhava cada vez mais corpo. A experiência<br />
foi bem acolhida pela população que a considerou<br />
como um fato de grande relevância para a comunidade local. A<br />
Rádio Criativa começou a operar em 89,3 sendo sintonizada em<br />
todo o município de São Tiago e com um sinal médio nas cidades<br />
de Ritápolis, Resende Costa, Conceição da Barra e Bom Sucesso.<br />
Posteriormente, mudou-se a frequência para 101,1 reduzindo<br />
também o alcance nas cidades citadas. Não havia locutores/radialistas<br />
com formação na área e nem com aquelas vozes graves<br />
que, na época, era requisito. Foram convidados, para trabalhar<br />
na função, cantores da cidade e outros profi ssionais. Não havia<br />
muitos recursos: além do transmissor, uma mesa simples<br />
de som, um toca-discos de vinil, dois aparelhos de fi ta K7, um<br />
aparelho de CD e toca CDS de walkman. A rádio funcionava de<br />
seis da manhã às dez da noite, após esse período, era desligada.<br />
A cada dia, a Rádio Criativa ganhava credibilidade e inúmeros<br />
públicos durante a sua programação. Diante disso, foram<br />
surgindo os primeiros programas, Despertar Sertanejo (Toninho)<br />
6h às 9h, Peça e Ofereça – participação do ouvinte (Joana<br />
Silva) 9h às 12h, Tarde Total – vários ritmos (Celso Rocha) 13h<br />
às 18h; Hora do Ângelus com refl exão do evangelho (Padre Lú-<br />
cio Carlos) 18h às 18h30; até a Hora do Brasil, sertanejo; Light<br />
Night – românticas com oferecimentos (Adriano Marcelo) 20h<br />
às 22h; O passado de presente – músicas que marcaram época<br />
(Tiago Santiago) 22h às 23h. Aos sábados, Despertar Sertanejo,<br />
Peça e Ofereça; Tarde Total (Leonardo); Teletema – temas<br />
e músicas de novelas (Marquinho) 17h às 18h; Programação<br />
Sertaneja até as 19h; em seguida, Gás Total - os ritmos das pistas.<br />
Os comerciantes e empresários da localidade, observando<br />
a potência que a rádio estava se tornando, passaram a divulgar<br />
seus produtos e serviços.<br />
O processo fi nal para regulamentação da emissora, naquela época,<br />
além de muito caro, demorava muito tempo para ser tramitado.<br />
No entanto, a rádio, sem a licença defi nitiva da ANATEL, não<br />
podia continuar funcionando. A diretoria não teve outra solução,<br />
extinguiu as atividades de radiodifusão em setembro de 1997.<br />
RÁDIO COMUNITÁRIA UNIÃO FM<br />
Com o fechamento da Rádio Criativa FM, as expectativas da<br />
comunidade são-tiaguense era grande para se ter novamente<br />
uma rádio em São Tiago. Em 24 de abril de 1997, foi aprovado o<br />
estatuto e constituída a Associação Comunitária Cultural União<br />
de São Tiago (ACCUST). Um dos objetivos da associação seria<br />
organizar uma nova emissora de rádio de cunho comunitário,<br />
cultural e educativa.<br />
Para que a emissora fosse ao ar, necessitava dispor de toda<br />
a documentação dentro das formalidades da ANATEL e conseguir<br />
a Licença para funcionamento. Nisso, o diretor comercial<br />
da associação, Sr. Paulo Melo e com interveniência do cidadão<br />
agualimpense, Sr. Alfeu Caputo e do são-tiaguense Sr. Ivanir<br />
Mendes, conseguiram resolver alguns dos impasses da regulamentação,<br />
através do Sr. Sílvio Mitre, ex-deputado e assessor<br />
do Ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, do Governo<br />
Fernando Henrique Cardoso.<br />
Ao encaminhar a documentação, logo houve a aprovação do<br />
Projeto de Decreto Legislativo Nº. 1.534, em 25 de junho de<br />
2001 que tinha por redação: “Aprova o ato que autoriza a As-<br />
04 <strong>Boletim</strong> Cultural e Memorialístico de São Tiago e Região
sociação Cultural Comunitária União de São Tiago (ACCU) a<br />
executar serviço de radiodifusão comunitária na cidade de São<br />
Tiago, Estado de Minas Gerais”.<br />
Em 08 de agosto de 2001, a proposição seguiu para Brasília a<br />
fi m de se obter aprovação fi nal. O documento aprovado trouxe<br />
a seguinte redação: “O Congresso Nacional decreta: Art. 1º Fica<br />
aprovado o ato a quem se refere a Portaria Nº. 140, de 26 de<br />
março de 2001, que autoriza a Associação Cultural Comunitária<br />
União de São Tiago (ACCU) a executar, por três anos, sem direito<br />
de exclusividade, serviço de radiodifusão comunitária na<br />
cidade São Tiago, Estado de Minas Gerais. Art. 2º Este Decreto<br />
Legislativo entra em vigor na data de sua publicação. Câmara<br />
dos Deputados, 08 de agosto de 2002”.<br />
Desse modo, o diretor comercial, Paulo Melo conseguiu em<br />
15 de dezembro de 2001, através do Ministério das Comunicações,<br />
a licença para funcionamento, em caráter provisório de<br />
estação, para a Rádio Comunitária União. A notícia foi recebida<br />
com grande satisfação e contentamento pela comunidade. Assim<br />
a emissora passou a funcionar em caráter experimental no<br />
dia 02 de janeiro de 2002.<br />
A Rádio Comunitária União FM, a segunda emissora de rádio<br />
de São Tiago foi fundada com o apoio do <strong>SICOOB</strong> <strong>Credivertentes</strong>,<br />
Cooperativa Agropecuária de São Tiago (CASTIL).<br />
Inicialmente foram adquiridos os primeiros aparelhos para a<br />
rádio como: torre de transmissão, antena, transmissor de FM<br />
(25 Watts), gerador de estéreo, mesa de operação de som e<br />
microfones.<br />
A rádio funcionou, durante alguns dias em caráter experimental,<br />
sob a coordenação do Sr. Carlos Alberto da Mata e da<br />
radialista Carla Almeida. A Rádio Comunitária União foi estabelecida<br />
à Rua São José, 25, Centro, em uma sala vinculada<br />
à CASTIL onde foi organizado o seu primeiro estúdio. A rádio,<br />
inicialmente, possuía dois aparelhos de CD, um toca-discos,<br />
um mini-disc (onde eram gravados os apoios culturais), um<br />
toca-fi tas K7, uma mesa de som simples e dois microfones. A<br />
frequência da rádio já teve sua sintonia defi nida em 87,9, canal<br />
200, ZYL 249, transmitindo somente para São Tiago e algumas<br />
comunidades rurais mais próximas da sede do município.<br />
Após apresentação do Relatório das características Técnicas<br />
de Operação da Estação sob nº. 500.114.081-11/FISTEL e,<br />
conforme Ato 22676, publicado em 14 de fevereiro de 2002 no<br />
Diário Ofi cial da União (DOU), a rádio obteve a licença defi nitiva<br />
para funcionamento da estação que foi dada pela Agência<br />
Nacional de Telecomunicações (ANATEL) no dia 19 de fevereiro<br />
de 2002, sob o n°. 002379/2002-SCM.Timidamente, a Rádio<br />
Comunitária União começou a ganhar seu público. Muitos comerciantes<br />
e empresários começaram a participar dando seu<br />
apoio e divulgando seus produtos e serviços.<br />
A grade era organizada com uma programação diversifi cada:<br />
Manhã Sertaneja: Cristiane Alvim (6h às 9h); MPB/Uma hora<br />
<strong>Boletim</strong> Cultural e Memorialístico de São Tiago e Região<br />
bem Brasil: Carla Almeida e Adriano Marcelo (9h às 12h),<br />
Jornalismo União FM: Paulo Melo e Rogério Franco (12h às<br />
12h30min), Toca Tudo, Peça e Ofereça: Joana Silva (13h às<br />
18h), Sertanejo Classe A: Celso Rocha (18h às 19h), Saudade<br />
não tem idade: Tiago Santiago (20h às 22h). Após as 22 horas,<br />
a rádio era desligada, voltando sua programação normal às 6<br />
horas da manhã.<br />
Em reunião realizada no dia 25 de fevereiro de 2002, foi criado<br />
o Conselho Comunitário instituído para fazer o acompanhamento<br />
da programação da Rádio Comunitária União. Através de Ato de<br />
Nomeação, foram indicados e aprovados os membros que comporiam<br />
a Associação Comunitária Cultural de São Tiago (ACCU).<br />
Assim fi cou representado: Associação de Amigos e Moradores<br />
do Cerrado (AMAC), Geralda Campos Caputo; Cooperativa Agropecuária<br />
de São Tiago Ltda. (CASTIL), Luiz Carlos de Oliveira;<br />
Associação dos Amigos e Moradores do Cruzeiro, Onofre Ricardo<br />
Silveira; Instituto “Tiago Apóstolo”, João Pinto de Oliveira<br />
e Sindicato Rural de São Tiago, Sebastião Patrício da Silva.<br />
Com o passar do tempo, a Rádio Comunitária passou a ser<br />
denominada “União FM”. Foram reestruturados novos programas,<br />
adquiridos aparelhos digitais e com maiores recursos<br />
tecnológicos. Agregaram-se mais profi ssionais e pessoas que<br />
apoiam culturalmente. A grade de programação sofreu algumas<br />
alterações. No Manhã Sertaneja que ia ao ar de 6h às 9h, foram<br />
locutores: Joana Silva, Delmo Resende, Betinho, Elena Cardoso;<br />
Manhã Total: Celso Rocha, Bruno Caputo, Ana Paula, Rodrigo<br />
Júnior (9h às 12h), Toca Tudo: Elena Cardoso, Ana Paula Sousa<br />
(13h às 16h), Peça e Ofereça e As melhores da Programação:<br />
Joana Silva (16h às 19h) e O Passado de presente: Tiago Santiago<br />
(20h às 22h).<br />
No ano de 2007, a grade de programação foi toda repaginada<br />
e passaram pelos programas profi ssionais que deram e ainda<br />
dão sua contribuição: Alvorada 87: Marquinho (6h às 8h); Conexão<br />
87: Bruno Caputo, Jaqueline, Imaculada Silva, Joana Silva;<br />
Metabolismo: Rodrigo Júnior, Ana Paula Sousa; Voltando a fi ta<br />
(12h às 13h); Energia Máxima: Aleks Campos, Wilson Castro,<br />
Ana Paula Sousa; Alô Cidade: Elena Cardoso (15h às 17h); As<br />
melhores da programação e Sertanejo Classe A: Joana Silva (17<br />
às 19h); Ritmos da Noite, Claudinei (Tatinha) e de 22 às 6h da<br />
manhã programação especial via computador.<br />
Além da programação musical, apoio cultural, utilidade pública,<br />
comunicados sociais e religiosos, a Rádio União dispõe de<br />
alguns programas de informações para a comunidade. A rádio<br />
tem grande credibilidade na comunidade são-tiaguense, por ser<br />
um veículo de comunicação efi ciente que oferece programação<br />
cultural, educativa, entretenimento e diversos estilos musicais.<br />
Marcus Santiago<br />
Radialista da União FM – DRT/DF Nº. 7.311<br />
Aluno do Curso Comunicação Social/Jornalismo - UFSJ<br />
05
Sacerdotes e Religiosos São-Tiaguenses e Água-Limpenses<br />
Monsenhor João Alexandre de Mendonça<br />
Natural de São Tiago, nasceu aos 24 de novembro de<br />
1848, e foi ordenado padre em 1881, na cidade de Mariana/<br />
MG. No mesmo ano, foi para a Paróquia Nossa Senhora da<br />
Conceição Aparecida de Cláudio/MG. Ampliou e reconstruiu<br />
a Igreja Matriz em 1895, vendendo uma fazenda sua para ajudar<br />
na reconstrução. Em 1900, os sinos famosos por seus<br />
maravilhosos sons, foram colocados na torre. Faleceu no dia 9 de novembro<br />
de 1934, aos 86 anos, dos quais 53 anos de sacerdócio, dedicados à<br />
Paróquia de Cláudio. Seus restos mortais repousam na capela da Matriz de<br />
Cláudio. O povo de Cláudio, com muito carinho e respeito ao Monsenhor<br />
João Alexandre, deu o nome dele a um distrito da cidade juntamente com<br />
Lei Nº.336, de 27 de dezembro de 1948.<br />
Padre José Alexandre de Mendonça<br />
Natural de São Tiago nasceu aos 23 de março de 1866. Filho<br />
do Sr. Hipólito Furtado de Mendonça e de dona Francisca<br />
Lara de Mendonça. Fez seus estudos preparatórios no Seminário<br />
do Caraça no período de 1879 a 1885. No ano seguinte,<br />
foi para o Seminário de Mariana, ordenou-se padre a 25 de<br />
julho de 1889 em Diamantina, por Dom Antônio dos Santos.<br />
A primeira missão do Padre José Alexandre foi ser coadjutor do seu tio,<br />
o Monsenhor João Alexandre, que na época era pároco de Cláudio. No<br />
mesmo ano foi necessário que Padre José Alexandre assumisse como coadjutor<br />
em Carmo do Cajurú pelo fato de o vigário daquela paróquia se encontrar<br />
muito adoentado. E lá fi cou por 47 anos, passando toda a sua vida.<br />
Muito estimado pelo povo de Carmo do Cajurú, realizou inúmeras obras<br />
em prol do povo daquela cidade. Padre José Alexandre faleceu no dia 8 de<br />
março de 1936, permaneceu, na Paróquia do Carmo Cajurú, desde 23 anos<br />
de idade até os 70 anos. Naquelas terras de Nossa Senhora do Carmo, o<br />
sacerdote são-tiaguense, ajudou muito na vida civil e eclesiástica daquele<br />
povo. Pelo parecer de sua biografi a foi praticamente como Monsenhor Eloi<br />
aqui em São Tiago, fazendo diversas obras e ajudando a cidade crescer.<br />
Monsenhor Francisco Eloi de Oliveira<br />
Natural de São Tiago, nascido aos 19 de novembro de 1915.<br />
Filho do Sr. José Pedro de Oliveira e de dona Júlia Alves de<br />
Sena. Foi ordenado padre aos 20 de outubro de 1941, na Igreja<br />
de Nossa Sra. das Dores, Bairro Floresta, em Belo Horizonte,<br />
por Dom Antônio dos Santos Cabral. Atuou como pároco em<br />
Rio Acima, Passa Tempo, Morro do Ferro, Mercês de Água<br />
Limpa e na sua terra natal por mais de 50 anos. Construtor de muitas<br />
benfeitorias, através de obras sociais para os moradores de São Tiago,<br />
fundador do Curso Normal e do Ginásio Santiaguense (fi liado à Campanha<br />
Nacional de Educandários Gratuitos – CNEG), co-fundador da APAE, professor<br />
de várias disciplinas no colégio, provedor do Hospital São Vicente<br />
de Paulo, durante 16 anos, membro do Conselho de Consultores da Diocese<br />
de Oliveira, inspetor escolar, ex-combatente da FEB (durante a 2ª<br />
Guerra Mundial), entre outros. Falecido, aos 05 de agosto de 2003, em São<br />
João del-Rei/MG e sepultado em São Tiago.<br />
Padre Geraldo Pompeu de Campos<br />
Natural de Carandaí/MG, nascido aos 15 de dezembro<br />
de 1916. Filho do Sr. Francisco Pompeu de Campos e de<br />
dona Maria Januária Aquino de Campos. Em 1924, Geraldo<br />
mudou-se com a família para uma fazenda em Barroso e,<br />
aos treze anos (1929), veio morar no distrito de São Tiago<br />
com a irmã casada, Maria, por parte de pai e com o cunhado<br />
médico, Dr. Antônio Gaudêncio Neto, para estudar. Assim, concluiu o 4º<br />
ano Primário no Grupo Escolar “Afonso Pena Júnior” no ano de 1931.<br />
Já tinha o grande desejo de seguir a carreira sacerdotal só faltava-lhe a<br />
oportunidade. Em 1931, durante a visita pastoral, quando seu coração<br />
enchia-se de expectativas, o arcebispo de Belo Horizonte foi comunicado<br />
pela presidente da Associação das Obras Vocacionais que tinha uma<br />
bolsa de estudos completa para um seminarista, e ela indicava para tal o<br />
menino Geraldo. Quando o arcebispo indagou sobre a naturalidade, disse<br />
que não poderia recebê-lo porque Carandaí era pertencente à Arquidiocese<br />
de Mariana. Geraldo então resumiu a conversa e disse que poderia então<br />
encaminhar o amigo, Francisco (Monsenhor Eloi) que queria também ser<br />
padre. Mais tarde seu irmão, Antônio, passando por São Tiago e vendo<br />
a tristeza e decepção de Geraldo pelo desejo de ser padre prometeu-lhe<br />
conseguir um seminário. Tempos mais tarde, por meio do Sr. José do Nascimento<br />
Teixeira de São João del-Rei, seguiu para o Seminário Salesiano<br />
de Lavrinhas/SP, em 22 de janeiro de 1932. No ano de 1936 concluiu o<br />
Ginasial e Aspirantado. Iniciou Filosofi a em 1937, no Instituto Pio XII em<br />
São Paulo. No ano de 1938 foi encaminhado para o noviciado e, aos 22<br />
anos, recebeu a batina das mãos do arcebispo de São Paulo, Dom Duarte<br />
Leopoldo e Silva. Professou publicamente os votos perpétuos em 06 de<br />
dezembro de 1944. Em seguida, terminando o curso de Teologia, recebeu<br />
os ministérios até o diaconato. Foi ordenado padre, aos 31 anos, no dia 8<br />
de dezembro de 1947, pela imposição das mãos de Dom Antônio Maria de<br />
Siqueira no santuário do Sagrado Coração de Jesus, no Liceu Coração de<br />
Jesus de São Paulo. Atuou como ecônomo no Colégio São João, em São<br />
João del-Rei, responsável pelos Aspirantes de Cachoeira do Campo, diretor<br />
do Colégio Dom Helvécio de Ponte Nova, diretor do Colégio Salesiano<br />
de Vitória, diretor do Ateneu Dom Bosco de Goiânia,em colégios da rede<br />
estadual, ecônomo inspetorial, orientador, inspetor dos Salesianos em Recife,<br />
inspetor da Inspetoria São Luiz Gonzaga do Nordeste, inspetor em<br />
Campo Grande, inspetor da inspetoria Santo Afonso Maria de Ligório do<br />
Mato Grosso, diretor da Casa Inspetorial e membro do Conselho Inspetorial.<br />
Falecido aos 3 de junho de 1997, em Belo Horizonte/MG.<br />
Padre Tiago de Almeida<br />
Natural de São Tiago, nascido aos 4 de fevereiro de<br />
1929. Filho do Sr. Mateus José de Almeida e de dona<br />
Conceição Cândida de Melo. Fez o curso primário no antigo<br />
Grupo Escolar “Afonso Pena Júnior” de 1936 a 1941.<br />
O Ginásio e o colegial em Lorena/SP, de 1942 a 1946.<br />
Recebeu batina em 1947 em Pindamonhangaba/SP. Fez<br />
os estudos de Filosofi a em Lorena de 1947 a 1950. Foi<br />
professor em Araxá, de 1950 a 1953. Fez os estudos de<br />
Teologia em São Paulo, capital, de 1953 a 1956. Foi ordenado em São<br />
Paulo, no dia 15 de agosto de 1956.Licenciou-se em História da Igreja<br />
em Roma, na Pontifícia Universidade Gregoriana, de 1956 a 1958. Viajou<br />
pela Itália, França, Espanha e Portugal. Falava e escrevia Italiano, Francês,<br />
Espanhol, Inglês, Português e Latim. Conheceu um pouco de Grego, Hebraico<br />
e Alemão. Foi o autor do “Método Sistema Dom Bosco de Educação<br />
de Base para Alfabetização de Adultos”. Participou de cursos da Pastoral<br />
da Juventude em Lima, no Peru. Exerceu a profi ssão de professor de Sociologia<br />
e Didática especial de História. Foi Diretor do Colégio Salesiano<br />
de Paraguaçu, professor na Faculdade Dom Bosco de São João del-Rei<br />
(atual UFSJ). Tocava piano, acordeom e órgão. Publicou livros de formação:<br />
Jovens em Comunidade, De Olhos Fixos no Irmão, Amor de Suely e<br />
Adolescência de Sayonara. Como sacerdote, exerceu as funções de pároco<br />
da Paróquia São Francisco de Paula, na Diocese de Oliveira. Fundador e<br />
dirigente por oito anos do Movimento de Jovens Construindo. Finalmente,<br />
era vigário da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Bairro Camargos,<br />
em Belo Horizonte. Atendia ainda sete capelas na capital. Padre Tiago faleceu<br />
no dia 14 de maio de 1985, às 12 horas, no Hospital Felício Roxo,<br />
de Belo Horizonte, vítima de atropelamento na Avenida do Contorno, em<br />
Belo Horizonte. Foi sepultado em São Tiago, no dia 15 maio de 1985, às 19<br />
horas, acompanhado por uma multidão de amigos conterrâneos e também<br />
de várias cidades do Brasil.<br />
Padre Nilson dos Reis Mendes<br />
Nascido a 22 de outubro de 1935, natural de São Tiago.<br />
Filho do Sr. José Augusto Mendes e de dona Antônia Reis<br />
Mendes. Foi ordenado padre em sua terra natal aos 23 de<br />
dezembro de 1961, por Dom José Medeiros Leite, bispo<br />
diocesano de Oliveira. Atuou como pároco em Carmo da<br />
Mata, Santo Antônio do Amparo e Oliveira. Foi professor<br />
no antigo Seminário e Ginásio da Santíssima Trindade, em<br />
Oliveira e, por muitos anos, Vigário Geral da Diocese de Oliveira. Atualmente<br />
é pároco emérito da Paróquia São Sebastião, em Oliveira.<br />
06 <strong>Boletim</strong> Cultural e Memorialístico de São Tiago e Região
Padre Vicente Batista de Paiva, scj<br />
Natural de Mercês de Água Limpa, nascido aos 24 de<br />
março de 1964. Filho do Sr. Geraldo Ribeiro de Paiva e de<br />
dona Ambrozina Olímpia de Castro. Ordenado padre aos 26<br />
de janeiro de 1992, no Santuário São João Bosco, em São<br />
João del-Rei pela Sociedade Joselitos de Cristo (scj). Monsenhor<br />
Eloi foi o grande incentivador. Além de enviar Padre<br />
Vicente ao seminário, esteve presente na ordenação e onde foi o pregador<br />
ofi cial da 1º Missa, em Mercês de Água Limpa, no dia 2 de fevereiro de<br />
1992. Durante a vida sacerdotal, Padre Vicente foi Reitor da residência dos<br />
estudantes de fi losofi a da Sociedade Joseleitos de Cristo, em Lorena/SP<br />
(1992), Pároco da Paróquia Imaculada Conceição, em Quiririm, Taubaté/<br />
SP (1993-1994), simultaneamente, Vice Reitor do Seminário São José,<br />
residência dos estudantes de teologia da Sociedade Joseleitos de Cristo,<br />
em Quiririm. Pároco da Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, em<br />
Campos do Jordão/SP, (1995-2001). Atualmente é pároco da Paróquia<br />
São Benedito de Campos do Jordão/SP desde 2001.<br />
Padre José Geraldo Neto<br />
Natural de Mercês de Água Limpa, nascido aos 18 de novembro<br />
de 1964. Filho do Sr. José Antônio Neto e de dona<br />
Maria da Conceição Neta. Ordenado padre aos 12 de junho<br />
1993, em Mercês de Água Limpa pelo Exmo. e Revmo. Dom<br />
Antônio Carlos de Mesquita, bispo diocesano de São João<br />
del-Rei. Atualmente é pároco da Paróquia Nossa Senhora da<br />
Anunciação na Arquidiocese de Belo Horizonte.<br />
Padre José Arimatéia da Silva<br />
Natural de Mercês de Água Limpa, nascido aos 10 de<br />
janeiro de 1968. Filho do Sr. Serafi m Esteves da Silva e<br />
de dona Maria das Dores de Castro. Ordenado padre aos<br />
3 de dezembro de 1994, em Mercês de Água Limpa, por<br />
Dom Francisco Barroso Filho, bispo diocesano de Oliveira.<br />
Atuou como pároco em São Francisco de Paula, reitor<br />
do Seminário Maior de Nossa Senhora de Oliveira, vigário paroquial em<br />
Piracema e Carmópolis de Minas, pároco em Cana Verde. Atualmente é<br />
notário da Câmara Auxiliar do Tribunal Eclesiástico da Diocese de Oliveira,<br />
membro do Colégio dos Consultores e pároco da Paróquia Nossa Senhora<br />
das Mercês, em Campo Belo/MG.<br />
Padre Antônio Camilo de Paiva<br />
Natural de Mercês de Água Limpa, nascido aos 6 de<br />
novembro de 1969. Filho do Sr. Ivan de Paiva e de dona<br />
Terezinha Resende de Paiva. Ordenado padre aos 13 de<br />
janeiro de 1996, em Rio Novo/MG. Atuou como pároco<br />
do Santuário Bom Jesus do Livramento, em Liberdade/MG<br />
(1996-1997), representante do Clero (1998-2000), vicerepresentante<br />
do Clero (2000-2002), vice-representante do Clero (2002-<br />
2004), membro do Colégio dos Consultores, membro do Conselho Arquidiocesano<br />
de Pastoral, membro da Comissão Executiva da Assembleia<br />
Arquidiocesana de Pastoral, coordenador da Região Pastoral São Miguel,<br />
coordenador da Pastoral da Comunicação, professor de Comunicação no<br />
Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora. Foi fundador e diretor da Rádio<br />
São Miguel FM. Foi Pároco da Paróquia São Miguel e Almas, em Santos<br />
Dumont/MG, desde 1998 a 2006. Co-fundador e diretor da rádio Catedral<br />
Fm de Juiz de fora e atualmente pároco da Igreja de Santa Rita, em Juiz<br />
de Fora. No ano de 2000 fez um Master em rádio pelo SEPAC. Em outubro<br />
de 2006, entrou no curso de comunicação da Pontifícia Universidade<br />
Salesiana de Roma onde adquiriu o título de Bacharel em Ciência da comunicação<br />
e mestre na mesma área. De volta ao Brasil (2010) assumiu a<br />
direção da Rádio Catedral Fm em Juiz de Fora e a Paróquia de Santa Rita<br />
na mesma cidade.<br />
Padre Erelis Rezende Camilo de Paiva<br />
Natural de Mercês de Água Limpa, nascido aos 26 de<br />
fevereiro de 1971. Filho do Sr. Ivan de Paiva e de dona<br />
Terezinha Resende de Paiva. Ordenado padre aos 28 de<br />
abril de 2001, em Juiz de Fora/MG. Atuou como vigário<br />
paroquial na Paróquia São Miguel e Almas, em Santos Dumont<br />
e Vigário Forâneo da Forania São Miguel. Atualmente<br />
é pároco da Paróquia Santíssima Trindade (Poço Rico), em Juiz de Fora.<br />
<strong>Boletim</strong> Cultural e Memorialístico de São Tiago e Região<br />
Irmã Maria de Santa Adelaide<br />
Maria das Dores Gaudêncio nasceu em São Tiago, aos 26<br />
de outubro de 1913. Filha do Sr. José Gaudêncio Júnior e<br />
de dona Francisca Justina da Silva. Entrou para o convento<br />
das Irmãs Carmelitas da Divina Providência em 6 de maio<br />
de 1936, onde professou publicamente os votos perpétuos<br />
em 26 de julho de 1945 e recebeu o nome religioso de Irmã<br />
Maria de Santa Adelaide. Embora de procedência de uma família cujos<br />
membros têm bom nível cultural, não foi além da 3ª série primária, mas era<br />
muito habilidosa e inteligente. Atuou na congregação em vários setores:<br />
enfermagem, assistência de crianças nos orfanatos e serviços gerais. Sua<br />
caridade para com os pobres era notória. Em Mariana, onde passou 25<br />
anos de sua vida, era conhecida como verdadeira Irmã de Caridade. Ajudava<br />
a construir casas, conseguia medicamentos e dava orientação aos<br />
que a procuravam. Passou seus últimos anos de vida, no Albergue Santo<br />
Antônio, onde veio a falecer, em 24 de maio de 1990. Seus restos mortais<br />
repousam no Cemitério do Carmo ao lado da Igreja de Nossa Senhora do<br />
Carmo, em São João del-Rei.<br />
Irmã Amália de Oliveira<br />
Josefi na de Oliveira nasceu em São Tiago, aos 13 de março<br />
de 1925. Filha do Sr. João Amâncio e de dona Maria Alexandrina<br />
Reis de Freitas. Entrou para o Convento da Congregação<br />
das Pequenas Irmãs da Divina Providência, em 15 de dezembro<br />
de 1946. Professou os votos públicos perpétuos em 19<br />
de março de 1955 e recebeu o nome religioso de Irmã Amália.<br />
Na congregação, atuou na assistência a crianças e enfermos, internato,<br />
serviços gerais, noviciado, pastoral e no serviço social dando assistência<br />
aos pobres da região e em uma creche de Valença/RJ. Faleceu em 14 de<br />
agosto de 2009 e foi sepultada em São Tiago.<br />
Irmã Maria Euthildes dos Santos<br />
Maria Euthildes nasceu em São João del-Rei, aos 26 de<br />
abril de 1933. Filha do Sr. José Flaviano Silvério e de dona<br />
Angelina Maria de Jesus. Mas, desde os sete anos até sua<br />
ida para o convento, residiu sempre em São Tiago. Foi batizada<br />
na Capela Nossa Sra. Aparecida do povoado da Restinga<br />
(22/05/1933), município de Ritápolis, crismou em Resende<br />
Costa, deu sequência a sua vida religiosa em São Tiago. Recebeu<br />
a 1ª Comunhão aos 7 anos das mãos do Padre José Duque e ingressou<br />
aos 14 anos na Pia União das Filhas de Maria. Sentiu o chamado para a<br />
vida religiosa aos 15 anos quando recebeu a fi ta azul. Monsenhor Eloi deu<br />
grande apoio e enviou Maria Euthildes para a Congregação das Filhas de<br />
Nossa Senhora das Graças (02/02/1965), em São João del-Rei. Professou<br />
os votos públicos perpétuos, no dia 2 de março de 1977. Na congregação<br />
atuou na Casa da Criança “Lar do Menino Jesus”; com os idosos em Maria<br />
da Fé e exerceu outras funções. Atualmente reside em uma das casas da<br />
Congregação em Pindamonhagada/SP.<br />
Irmã Maria da Glória e Silva<br />
Maria da Glória nasceu em Ritápolis, aos 28 de setembro<br />
de 1937. Filha do Sr. Francisco Domingos da Silva e de dona<br />
Alzira Maria de Jesus. Mas, desde criança até sua entrada<br />
para o convento residiu sempre em São Tiago. Fez a 1ª Comunhão,<br />
participou da Cruzada Eucarística e da Pia União das<br />
Filhas de Maria. Pelo Monsenhor Eloi foi encaminhada para o<br />
Convento, das Irmãs Missionárias de Jesus Crucifi cado, em Campinas no<br />
dia 20 de abril de 1959. Professou os votos públicos perpétuos, em 26 de<br />
fevereiro de 1967. Atuou em vários serviços da congregação. Atualmente<br />
reside na sede da congregação em Campinas/SP.<br />
NOTA: Também foram ordenados padres naturais de São Tiago, mas que não<br />
exercem mais o ministério sacerdotal: Tiago Adão Lara e José Dirceu Mendes<br />
(falecido) ambos pela Congregação Salesianos de Dom Bosco. Não foi possível<br />
conseguir mais dados detalhados sobre outras religiosas que encontramos<br />
em registros feitos pelo Monsenhor Eloi em antigos programas de festas: Irmã<br />
Zoé, sobrinha do Monsenhor João Alexandre, Irmã Carmem de Paula, Irmã<br />
Iraci Mendes, Irmã Josefa Vieira Andrade, Irmã Lifonsina dos Reis Macena,<br />
Irmã Marina Campos, Irmã Maria Sávio, Irmã Isabel Resende e Irmã Teresa.<br />
Marcus Antônio Santiago - Secretário do IHGST<br />
07
Igreja Católica Apostólica Romana na parte mais elevada,<br />
ampla e modesta praça chamada de “Largo”,<br />
com casario antigo e algumas residências ameaçando o<br />
modernoso. Dali para os arrabaldes ruas encascalhadas,<br />
como o centro, empurrando as moradas a contragosto<br />
para mais longe do templo. Muito verde por trás dos<br />
muros, clima gostoso de sol bisonho, fornos de barro e<br />
cupins, pães-de-queijo, broas de milho e muito, muito<br />
biscoito de polvilho...<br />
Falamos da terra que já chamamos de Tranquinópolis,<br />
nossa cidadezinha São Tiago.<br />
Na Rua Doutor Mourão, que todo mundo chamava<br />
“do cerrado” porque ninguém sabia doutor de que, nem<br />
Mourão de onde (hoje Rua Doutor Henrique Pereira),<br />
uma casa ampla com janelões de tábuas, e vasto território<br />
por trás. Ao lado uma casa pequena, com quintal<br />
idem da mesma forma, amém!.<br />
Entre dois feudos um muro de tijolões de barro cru,<br />
e sobre o mesmo uma cerca de<br />
taquara.<br />
Na casa grande a avó Filomena de<br />
Marco, ou melhor, a Memena. Na<br />
outra nós outros. Lá muitas galinhas<br />
e uma bela horta e verduras, fruto<br />
de um trabalho profícuo. Cá alguns<br />
canteiros de alface, cebolinha e<br />
couve e também um porquinho.<br />
Interessante é que as galinhas<br />
não comiam as plantas que a Memena isolava com uma<br />
simples cerca de bambu. Elas galhardamente enfrentavam<br />
o muro e a cerca superposta para dividir a comida<br />
com nosso estimado porco, e aproveitando para bagunçar<br />
nossos canteiros.<br />
Sensibilizado com as reclamações da minha mãe,<br />
peguei uma pequena enxada e, com a força dos seis ou<br />
sete anos, acertei o cabo numa franguinha que sepultei<br />
próximo ao chiqueiro, com pedras por cima como no<br />
velho oeste.<br />
Como a Memena fi cou sabendo, só Deus explica. O<br />
fato é que ainda me está nítida na memória a imagem<br />
do meu pai segurando uma das minhas orelhas na mão<br />
Panos para mangas<br />
esquerda e o cinto na direita, enquanto chorando eu desenterrava<br />
a outra vítima, para ver no que iria dar.<br />
Juro que nunca vi um choro transformar-se tão rapidamente<br />
em estupefação e larga risada, como no momento<br />
em que a avezinha puxada inerte do buraco,<br />
tomou vida (juro), debateu-se e voou para a cerca da<br />
salvação, naturalmente à procura das barras da saia da<br />
sua legítima senhora.<br />
Não passou muito tempo e, ingenuamente, fui pedir<br />
permissão para colher algumas mangas nos domínios<br />
vizinhos. Só mesmo a idade não me permitiu desconfi ar<br />
da benevolência com que fui atendido.<br />
As mangueiras carregadas de frutas maduras ostentavam<br />
cores que só a infância distingue.<br />
Passei respeitosamente pela porta da frente e desci<br />
triunfante pela escadas da cozinha em direção à primeira<br />
árvore, que escalei afoito.<br />
Fui colhendo as frutas e largando-as para o chão. Procurava<br />
as mais altas pela satisfação<br />
do risco e a agradabilidade das<br />
grimpas verde-escuras.<br />
Passara o tempo e, julgando<br />
que já tinha o sufi ciente para dar<br />
e vender, desci. Largando o último<br />
galho pulei para o chão caindo frente<br />
a frente com a avó, cujo avental<br />
enorme tinha as extremidades<br />
seguras com uma mão, formando<br />
uma vasta concavidade cheia de frutas amarelinhas.<br />
Dali tirou exatamente duas, repito: duas, que estendeume<br />
dizendo: “Estas são suas. Vou contar as outras para<br />
você levar para a venda do Gato”.<br />
Não posso esquecer-me de como estava pesado o<br />
balaio e como parecia cada vez mais longe a casa de<br />
comércio do primo!<br />
Na verdade um balaio cheio de saudades costuma<br />
pesar mais e mais, à medida que a distância se perde<br />
no tempo. Ora se ...<br />
Efraim Antonio de Marcos<br />
Do livro “Viagens” págs. 105 a 107, Ed. Offset, São Paulo.<br />
08 <strong>Boletim</strong> Cultural e Memorialístico de São Tiago e Região