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o caso do município de curitiba i - NuPE/UFPR

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A IMPLANTAÇÃO E OS IMPACTOS DO FUNDEF NO ESTADO DO PARANÁ:<br />

O CASO DO MUNICÍPIO DE CURITIBA<br />

I - PERFIL DEMOGRÁFICO, POLÍTICO E SÓCIO-ECONÔMICO DE<br />

CURITIBA.<br />

Curitiba, capital <strong>do</strong> Paraná, possui uma área <strong>de</strong> 432,17 km 2 . De acor<strong>do</strong> com o<br />

Censo <strong>de</strong> 2000, realiza<strong>do</strong> pelo IBGE, compõem-se <strong>de</strong> uma população <strong>de</strong> 1.586.898<br />

habitantes, distribuída segun<strong>do</strong> o gênero e o local <strong>de</strong> residência conforme a Tabela 1. A<br />

chamada “Gran<strong>de</strong> Curitiba” é formada por 25 <strong>município</strong>s, com 2,42 milhões <strong>de</strong> habitantes.<br />

Curitiba faz limites com os <strong>município</strong>s <strong>de</strong> Almirante Tamandaré, Araucária, Campo Largo,<br />

Campo Magro, Colombo, Fazenda Rio Gran<strong>de</strong>, Pinhais e São José <strong>do</strong>s Pinhais.<br />

Tabela 1.1: POPULAÇÃO CENSITÁRIA EM 2000, POR ZONA E SEXO – Município <strong>de</strong><br />

Curitiba.<br />

População resi<strong>de</strong>nte (sexo e situação <strong>de</strong> <strong>do</strong>micílio)<br />

MASCULINA 760.848<br />

FEMININA 826.467<br />

URBANA -TOTAL 1.587.315<br />

RURAL-TOTAL 0<br />

POPULAÇÃO - TOTAL 1.587.315<br />

FONTE: IBGE. Censo 2000.<br />

Em 29 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1693 foi fundada a Vila <strong>de</strong> Nossa Senhora da Luz <strong>do</strong>s Pinhais,<br />

que anos <strong>de</strong>pois se chamaria Curitiba. A partir <strong>de</strong> 1812, com o tropeirismo o povoa<strong>do</strong><br />

começa a se <strong>de</strong>senvolver. Ponto estratégico <strong>do</strong> caminho <strong>do</strong> Viamão a São Paulo e Minas<br />

Gerais, o comércio cresce com a passagem <strong>do</strong>s tropeiros. Surgem lojas, armazéns e<br />

escritórios <strong>de</strong> negócios liga<strong>do</strong>s ao transporte <strong>de</strong> ga<strong>do</strong>. Em 1853, Curitiba torna-se a capital<br />

da Província, resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> empenho <strong>de</strong> uma elite ligada ao tropeirismo e ao cultivo da erva-<br />

mate, na luta bem sucedida pela emancipação <strong>do</strong> Paraná. Apesar disto, até 1870 a cida<strong>de</strong><br />

não apresenta um <strong>de</strong>senvolvimento mais diversifica<strong>do</strong> e significativo. As primeiras<br />

mudanças significativas ocorrem a partir <strong>do</strong> incremento <strong>do</strong> comércio liga<strong>do</strong> ao cultivo <strong>do</strong><br />

mate e ao tropeirismo, alia<strong>do</strong> a outros <strong>do</strong>is fatores, a posição <strong>de</strong> capital que garantiu a<br />

criação <strong>de</strong> um corpo <strong>de</strong> funcionários e a imigração européia que teve início por volta <strong>de</strong><br />

1870. Franceses, alemães, italianos, poloneses e suíços, instalaram-se em colônias ao re<strong>do</strong>r<br />

<strong>de</strong> Curitiba para possibilitar o abastecimento da cida<strong>de</strong> com gêneros alimentícios. Parte


<strong>de</strong>stes imigrantes passa a ser recrutada como mão-<strong>de</strong>-obra para a instalação <strong>de</strong> serviços<br />

públicos. Segun<strong>do</strong> Souza (1999), iniciaram-se aí as “intervenções racionais mo<strong>de</strong>rnas no<br />

espaço urbano <strong>de</strong> Curitiba”, o autor <strong>de</strong>staca a construção da estrada <strong>de</strong> ferro que liga<br />

Curitiba ao litoral paranaense como marco <strong>de</strong>ste processo e afirma que a partir daí inicia-se<br />

uma série <strong>de</strong> intervenções urbanísticas na cida<strong>de</strong>, ligadas aos interesses da elite <strong>curitiba</strong>na,<br />

ten<strong>do</strong> sempre como respal<strong>do</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> planejamento, com técnicos capacita<strong>do</strong>s. Em<br />

1885 foi inaugurada a estação ferroviária que possibilitou um controle mais efetivo sobre o<br />

espaço urbano. “ A estação e a linha férrea formaram uma fronteira não entre a cida<strong>de</strong> e o<br />

nada, mas entre a cida<strong>de</strong>, or<strong>de</strong>nada com terrenos regulamenta<strong>do</strong>s, limpos <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> o que<br />

po<strong>de</strong>ria ser in<strong>de</strong>sejável e aptos à valorização e negociação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>, e um la<strong>do</strong> <strong>de</strong> fora<br />

reserva<strong>do</strong> aos que não faziam parte <strong>do</strong> sonho <strong>de</strong> progresso.”(Souza, 1999, pg. 13).<br />

Para termos uma melhor compreensão <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> espaço urbano<br />

<strong>de</strong> Curitiba, é importante <strong>de</strong>stacar o perío<strong>do</strong> da implantação <strong>do</strong> Plano Diretor <strong>de</strong> Curitiba<br />

i<strong>de</strong>aliza<strong>do</strong> em 1.965, que mantém a mesma lógica <strong>de</strong> beneficiar a elite <strong>curitiba</strong>na. Neste<br />

momento <strong>do</strong>is setores <strong>do</strong> empresaria<strong>do</strong> são beneficia<strong>do</strong>s: o da construção civil e o setor da<br />

especulação imobiliária. O plano é implanta<strong>do</strong> no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1.971 a 1.983, em gestões da<br />

ARENA ( Jaime Lerner nos perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 1.971 a 1.975 e 1.979 a 1.983 e Saul Raiz <strong>de</strong> 1.975<br />

a 1.979), incorporan<strong>do</strong> a especialização funcional <strong>do</strong>s espaços da cida<strong>de</strong> (zonas<br />

resi<strong>de</strong>nciais, comerciais e industriais) liga<strong>do</strong>s por velozes vias <strong>de</strong> circulação. A parte<br />

essencial <strong>do</strong> plano é implantada na primeira gestão <strong>de</strong> Lerner: Vias estruturais com sistema<br />

trinário, criação da Cida<strong>de</strong> Industrial <strong>de</strong> Curitiba, pe<strong>de</strong>strianização <strong>do</strong> centro, criação <strong>do</strong><br />

Centro Histórico, parques e áreas ver<strong>de</strong>s, ônibus expresso, consolidan<strong>do</strong>-se na gestão <strong>de</strong><br />

Saul Raiz e na segunda gestão <strong>de</strong> Lerner. Cabe ressaltar que a imagem construída por<br />

Lerner é a <strong>do</strong> técnico, <strong>do</strong> planeja<strong>do</strong>r urbano distancia<strong>do</strong> das discussões “políticas”. No<br />

Quadro 1 temos a relação <strong>do</strong>s prefeitos <strong>do</strong> <strong>município</strong>, bem como os respectivos perío<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> mandato a partir da década <strong>de</strong> setenta quan<strong>do</strong> as questões <strong>do</strong> Plano Diretor começam a<br />

se <strong>de</strong>finir:<br />

QUADRO 1.1 - Prefeitos <strong>do</strong> Município <strong>de</strong> Curitiba entre 1971 e 2001<br />

PREFEITO MANDATO OBSERVAÇÕES<br />

Jaime Lerner 1971 a 1974<br />

Donato Gulin Presi<strong>de</strong>nte da Câmara<br />

Saul Raiz 1975 a 1979<br />

2


Jaime Lerner 1979 a 1983<br />

Maurício Fruet 1983 a 1985<br />

Roberto Requião <strong>de</strong> Mello e<br />

Silva<br />

1986 a 1988 1º Prefeito Eleito<br />

Jaime Lerner 1989 a 1992<br />

Rafael Greca <strong>de</strong> Mace<strong>do</strong> 1993 a 1996<br />

Cassio Taniguchi 1997 a 2000<br />

Cassio Taniguchi 2001-... Reeleito<br />

Fonte: Página da Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Curitiba (www.pmc.pr.gov.br)<br />

Nas gestões que se seguem, Mauricio Fruet e Roberto Requião (1.983 a 1.988),<br />

ambas <strong>do</strong> PMDB, o Plano Diretor já estava implanta<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma irreversível e pouco havia<br />

a ser feito em relação ao espaço físico da cida<strong>de</strong>. Estas gestões diante <strong>de</strong> uma conjuntura<br />

i<strong>de</strong>ológica marcada pelo forte apelo social tiveram como priorida<strong>de</strong>s na administração <strong>do</strong><br />

<strong>município</strong>, pelo menos em tese, o “resgate da dívida social”, a “participação popular na<br />

administração” e a con<strong>de</strong>nação à “tecnoburocracia”.<br />

Em 1.988, Lerner é eleito prefeito, numa campanha <strong>de</strong> apenas <strong>do</strong>ze dias e obtém<br />

esta vitória surpreen<strong>de</strong>nte a partir <strong>do</strong> <strong>de</strong>sgaste <strong>do</strong> PMDB, diante <strong>de</strong> duas gestões<br />

consecutivas, e <strong>de</strong> uma conjuntura i<strong>de</strong>ológica <strong>de</strong> <strong>de</strong>cepção da população diante <strong>de</strong> toda a<br />

expectativa criada pelas eleições diretas e <strong>do</strong> jogo “<strong>de</strong>mocrático” leva<strong>do</strong> pela classe<br />

política. Esta gestão <strong>de</strong> Lerner <strong>de</strong>ixa o planejamento urbano em segun<strong>do</strong> plano e parte para<br />

realizações <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m estética aliadas a uma política setorial para o meio ambiente. Porém<br />

mantém-se o mito <strong>de</strong> vanguarda urbanística, a mística <strong>de</strong> cida<strong>de</strong> planejada, <strong>de</strong> planeja<strong>do</strong>res<br />

competentes com políticas públicas <strong>de</strong>finidas racional e objetivamente.<br />

Em 1.992 assume Rafael Greca, <strong>do</strong> mesmo grupo político <strong>de</strong> Lerner, dan<strong>do</strong><br />

continuida<strong>de</strong> a realizações <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m estética, como os Faróis <strong>do</strong> Saber (bibliotecas 1<br />

localizadas nos bairros, na maioria <strong>de</strong>ntro das escolas municipais, construídas em estrutura<br />

metálica imitan<strong>do</strong> faróis) e as Ruas da Cidadania (ruas cobertas próximas a terminais <strong>de</strong><br />

ônibus urbanos que reúnem serviços <strong>de</strong> atendimento ao público). Esta gestão, além das<br />

construções <strong>de</strong> caráter inova<strong>do</strong>r, procura <strong>de</strong>senvolver uma política voltada ao social com a<br />

construção <strong>de</strong> creches e postos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, entretanto com um viés volta<strong>do</strong> à promoção<br />

pessoal <strong>do</strong> prefeito, apesar <strong>de</strong> manter ligações aos mesmos grupos empresariais que Lerner.<br />

1 É interessante <strong>de</strong>stacar que as escolas que abrigaram Faróis <strong>do</strong> Saber, tiveram seu acervo <strong>de</strong> biblioteca<br />

escolar <strong>de</strong>sloca<strong>do</strong> para o Farol. De forma que os Faróis são ao mesmo tempo <strong>de</strong> uso da escola e da<br />

comunida<strong>de</strong>.<br />

3


Cássio Taniguchi assume em 1.996, dan<strong>do</strong> continuida<strong>de</strong> às gestões <strong>de</strong> Lerner e<br />

Greca e resgata a imagem <strong>do</strong> prefeito técnico, competente volta<strong>do</strong> a questão urbanística.<br />

Apresenta uma matriz i<strong>de</strong>ológica mais <strong>de</strong>terminada que a <strong>de</strong> Greca e a<strong>do</strong>ta uma política<br />

clara <strong>de</strong> <strong>de</strong>smanche <strong>do</strong> serviço público, não se preocupa com a opinião pública e aprova<br />

Câmara Municipal uma legislação autorizan<strong>do</strong> a Criação das Organizações Sociais (OS’s)<br />

que têm a função <strong>de</strong> substituir o papel <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> em diversos setores, inclusive na saú<strong>de</strong>. O<br />

projeto inicial das OS’s previa que o setor da educação pu<strong>de</strong>sse ser assumi<strong>do</strong> por elas,<br />

porém através da pressão <strong>de</strong> diversos movimentos este setor acabou sen<strong>do</strong> retira<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

projeto. Na primeira gestão <strong>de</strong> Taniguchi aprovaram-se a terceirização <strong>de</strong> diversos setores,<br />

como o serviço <strong>de</strong> limpeza das escolas e <strong>do</strong> fornecimento da merenda escolar. No <strong>caso</strong> <strong>do</strong><br />

fornecimento da merenda há um contrato com a empresa Risotolândia que tem si<strong>do</strong> acusada<br />

<strong>de</strong> financiar as campanhas para eleição municipal, tem si<strong>do</strong> amplamente divulga<strong>do</strong> na<br />

imprensa as acusações acerca <strong>de</strong> um provável caixa <strong>do</strong>is na campanha <strong>de</strong> reeleição <strong>de</strong><br />

Taniguchi. Quan<strong>do</strong> assume sua segunda gestão em 2.001, uma <strong>de</strong> suas primeiras iniciativas<br />

é a <strong>do</strong> repasse da administração das creches para empresas privadas, tal processo foi<br />

impedi<strong>do</strong> pela mobilização popular, especialmente das mães das crianças e <strong>do</strong>s Sindicatos<br />

<strong>do</strong>s servi<strong>do</strong>res municipais e <strong>do</strong>s professores.<br />

II - ANÁLISE DOS DADOS FINANCEIROS.<br />

Em primeiro lugar cabe um esclarecimento acerca <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong><br />

da<strong>do</strong>s, visto que algumas informações ao longo <strong>do</strong> relatório não terão o <strong>de</strong>talhamento<br />

espera<strong>do</strong> pelos pesquisa<strong>do</strong>res. Os da<strong>do</strong>s financeiros foram obti<strong>do</strong>s na sua maioria junto à<br />

Câmara Municipal <strong>de</strong> Curitiba e alguns junto a Secretaria Municipal <strong>de</strong> Finanças. Houve<br />

uma certa dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso às informações, principalmente, quan<strong>do</strong> comparamos a<br />

dinâmica da coleta <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s em Curitiba com outras cida<strong>de</strong>s também estudadas na<br />

pesquisa.<br />

Curitiba, capital <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, é uma cida<strong>de</strong> com um potencial econômico<br />

significativo, como em toda gran<strong>de</strong> cida<strong>de</strong>, há uma economia diversificada, entretanto, se<br />

consi<strong>de</strong>rarmos como critério o número <strong>de</strong> pessoas empregadas em cada uma das áreas<br />

teremos em primeiro lugar na geração <strong>de</strong> emprego a administração pública direta e indireta<br />

4


e em seguida o setor <strong>de</strong> comércio e serviços. As indústrias aparecem a partir <strong>do</strong> 13º lugar<br />

quanto ao número <strong>de</strong> pessoas empregadas, enquanto o número <strong>de</strong> emprega<strong>do</strong>s em<br />

ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> setor primário (agricultura, pecuária...) ocupam os últimos lugares, como<br />

<strong>de</strong>monstra o quadro 2.1.<br />

Quadro 2.1: Estabelecimentos e Emprega<strong>do</strong>s Por Ativida<strong>de</strong> Econômica em Curitiba – 1998<br />

VARIÁVEL ESTABELECIMENTOS EMPREGADOS<br />

Ativida<strong>de</strong> econômica - total 37.433 560.447<br />

Administração pública direta e indireta 152 166.066<br />

Comercio varejista 12.141 67.918<br />

Serviço aloj, alim, radio dif, tv 5.039 53.765<br />

Admin, tec prof, aux ativ econ 7.133 51.544<br />

Transporte e comunicações 1.314 40.180<br />

Construção civil 2.015 28.477<br />

Serviços med, o<strong>do</strong>nto e veterin 2.516 20.904<br />

Inst cred, seguro, capitaliz 705 19.489<br />

Ensino 749 18.899<br />

Comercio atacadista 1.675 12.410<br />

Serv industriais <strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> púbica 27 12.197<br />

Produtos alimentícios, beb e alc etílico 591 10.154<br />

Ind materiais transporte 114 9.867<br />

Ind papel, papelão, editoras, gráfica. 437 7.923<br />

Industria mecânica 185 7.769<br />

Ind da ma<strong>de</strong>ira e <strong>do</strong> mobiliário 443 5.952<br />

Quim,farm,veter,perf,sab,outro 309 5.471<br />

Ind material elétrico e comunicação 118 5.181<br />

Industria metalúrgica 475 4.713<br />

Ind textil, vest, artef teci<strong>do</strong> 479 3.651<br />

Ind borracha, fumo, couros, similares 216 3.639<br />

Industria produtos minerais não metal 233 2.453<br />

Agric, silv, criação animais 274 1.381<br />

Extração <strong>de</strong> minerais 28 206<br />

Industria <strong>de</strong> calca<strong>do</strong>s 22 158<br />

Ativida<strong>de</strong> não especif ou classif 43 80<br />

FONTE: IPARDES, MTB<br />

Esta distribuição da ocupação da população tem impactos nas condições <strong>de</strong><br />

formação <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> público municipal, uma vez que, na cida<strong>de</strong> a arrecadação <strong>de</strong> impostos<br />

próprios representa a maior parte <strong>do</strong> total da receita, com gran<strong>de</strong> peso <strong>do</strong> ISS neste total. A<br />

receita <strong>de</strong> impostos próprios varia em torno <strong>do</strong>s 50% da receita total <strong>de</strong> impostos, como<br />

<strong>de</strong>monstra o gráfico 2.1 abaixo. Antes disto cabe <strong>de</strong>stacar que os da<strong>do</strong>s financeiros serão<br />

5


apresenta<strong>do</strong>s em valores reais, a partir da utilização <strong>do</strong> fator <strong>de</strong> conversão apresenta<strong>do</strong> no<br />

quadro 2.2.<br />

Quadro 2.2: Índice <strong>de</strong> correção, IGPDI, maio <strong>de</strong> 2002.<br />

Ano 1996 1997 1998 1999 2000<br />

Índice 1,678344 1,555288 1,497093 1,344864 1,182075<br />

Fonte: DIEESE<br />

Gráfico 2.1: Distribuição da Receita por fonte em Curitiba, 1996 a 2000.<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

52,22<br />

10,35<br />

37,43<br />

47,48<br />

19,27<br />

33,25<br />

48,65<br />

21,02<br />

Fonte: Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Curitiba, Balanço Geral 1996 a 2000.<br />

Em valores reais, comparan<strong>do</strong>-se os anos <strong>de</strong> 1996 e 2000, há uma queda <strong>de</strong><br />

13,73% nos recursos provenientes das transferências <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>. Dentre estas o ICMS<br />

correspon<strong>de</strong> à cerca <strong>de</strong> 70% <strong>do</strong> total. Há uma queda discreta e constante na receita da<br />

capital que se <strong>de</strong>ve a diminuição <strong>do</strong> repasse da arrecadação <strong>do</strong> ICMS. Neste perío<strong>do</strong> há<br />

também um aumento <strong>de</strong> 20,56% na arrecadação <strong>do</strong> IPVA, que em 1996 correspondia a<br />

20% <strong>do</strong> total da receita <strong>de</strong> transferências, passan<strong>do</strong> a 28% em 2.000, entretanto, não<br />

30,33<br />

compensa a queda <strong>de</strong> 20,62% na arrecadação <strong>de</strong> ICMS.<br />

49,46<br />

21,29<br />

29,25<br />

51,9<br />

1996 1997 1998 1999 2000<br />

17,51<br />

Impostos próprios Transferencias da União Transferências <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

30,59<br />

6


Em relação às Transferências da União estas aumentaram em 20% no perío<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> 96 a 2.000. Constata-se que a participação <strong>do</strong> FPM no conjunto <strong>do</strong>s recursos<br />

provenientes da União variou <strong>de</strong> 62,55% em 96, para 49,86% em 2.000. Sen<strong>do</strong> que em 97<br />

observa-se a menor taxa <strong>de</strong> participação, chegan<strong>do</strong> a representar 45,40% <strong>do</strong> total das<br />

transferências da União. O Imposto <strong>de</strong> Renda e a Lei 87/96 correspon<strong>de</strong>m às transferências<br />

<strong>de</strong> maior porte <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> FPM, respon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> cada um por valores em torno <strong>de</strong> 20% em<br />

relação ao total <strong>de</strong> transferências.<br />

Analisan<strong>do</strong> a Tabela 2, que apresenta os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong>talha<strong>do</strong>s das receitas próprias<br />

<strong>do</strong> <strong>município</strong>, percebe-se um crescimento contínuo porém discreto da arrecadação.<br />

Destaca-se que o Imposto sobre vendas a varejo <strong>de</strong> combustíveis líqui<strong>do</strong>s e gasosos<br />

(IVVCLG) foi extinto em 1.998. A participação <strong>do</strong> Imposto sobre Serviços <strong>de</strong> Qualquer<br />

Natureza, como já se anunciou, é o responsável por meta<strong>de</strong> da receita própria municipal ao<br />

longo <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>.<br />

Tabela 2.1: Receita Líquida <strong>de</strong> Impostos Próprios – Curitiba 1996-2000.<br />

1996 1997 1998 1999 2000<br />

IPTU 135.172.719,45 137.089.854,60 148.567.373,78 141.848.447,74 137.711.797,71<br />

ITBI 34.105.497,29 38.578.017,89 47.621.672,88 45.809.477,16 39.660.461,10<br />

ISS 218.386.416,01 233.514.399,61 238.558.978,44 217.753.016,05 218.818.532,41<br />

IVVCLG 293.857,74 195,97<br />

Sub –Total 387.958.490,50 409.182.468,06 434.748.025,10 405.410.940,95 396.190.791,23<br />

Multas e<br />

juros <strong>de</strong><br />

mora<br />

15.839.933,63 12.137.029,04 15.824.254,10 22.197.326,23 13.043.665,95<br />

Rendimentos<br />

sobre<br />

aplicações<br />

8.488.119,42<br />

Receita da<br />

dívida ativa<br />

12.897.744,40 19.450.320,09 22.819.713,15 29.752.376,36 19.350.904,57<br />

Total 416.696.168,53 440.769.817,19 473.391.992,35 457.360.643,55 437.073.481,16<br />

Fonte: Prefeitura <strong>de</strong> Curitiba. Balanço Anual 1996-2000.<br />

A arrecadação <strong>de</strong> IPTU é também bastante elevada e respon<strong>de</strong> por<br />

aproximadamente 30% da receita própria. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o intervalo <strong>de</strong> 1996-2000 a<br />

arrecadação <strong>de</strong> IPTU cresceu 4.32% e a <strong>de</strong> ISS cresceu em 2.61%. A receita total <strong>de</strong><br />

impostos próprios cresce em 7.41% neste perío<strong>do</strong>.<br />

7


É interessante consi<strong>de</strong>rar o que significa tal montante <strong>de</strong> receitas em termos <strong>de</strong><br />

recursos disponíveis anualmente per capita. Destaca-se que os recursos por habitante<br />

diminuíram em 7,0% na capital, em <strong>de</strong>corrência da conjugação <strong>de</strong> um pequeno <strong>de</strong>scréscimo<br />

na receita alia<strong>do</strong> a um aumento <strong>de</strong> 7,5% na população resi<strong>de</strong>nte, tal indicativo aparece na<br />

Tabela 2.2:<br />

Tabela 2.2: Receita <strong>de</strong> Impostos Per capita em Curitiba, 1996 e 2000.<br />

1996 2000<br />

Receita 871.341.157,87 870.873.471,77<br />

Habitante 1.476.253 1.587.315<br />

Receita por habitante 590,24 548,65<br />

Fontes: Prefeitura <strong>de</strong> Curitiba. Balanços Anuais. IBGE, Contagem Populacional 1996 e Censo<br />

2000.<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista das receitas para educação, que são na sua maioria aquelas<br />

<strong>de</strong>correntes da vinculação constitucional <strong>de</strong> 25% da receita <strong>de</strong> impostos, o <strong>de</strong>scrécimo na<br />

arrecadação tem efeitos imediatos sobre a receita disponível para manutenção e<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> ensino. Em Curitiba, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 96 e 2000, há uma oscilação <strong>de</strong>stes<br />

recursos que crescem até 1998 e em seguida caem, chegan<strong>do</strong> em 2.000 a um valor bem<br />

próximo a 96. Tais da<strong>do</strong>s estão na tabela 2.3.<br />

Tabela 2.3: Recursos vincula<strong>do</strong>s a Manutenção e Desenvolvimento <strong>do</strong> Ensino, Curitiba,<br />

1996-2000.<br />

1996 1997 1998 1999 2000<br />

25% <strong>do</strong> total da 217.835.289,47 237.071.357,58 248.681.402,87 234.868.635,37 217.718.367,94<br />

receita<br />

Contribuição<br />

para FUNDEF<br />

45.944.435,70 43.846.622,27 36.523.117,77<br />

Total <strong>de</strong><br />

recursos para<br />

aplicação MDE<br />

217.835.289,47 237.071.357,58 202.736.967,17 191.022.013,10 181.195.250,18<br />

Recursos <strong>do</strong><br />

Ensino<br />

Fundamental<br />

(60% MDE)<br />

130.701.173,68 142.242.814,55 149.208.841,72 140.921.181,22 130.631.020,77<br />

Recursos <strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>mais níveis<br />

<strong>de</strong> ensino (40%<br />

MDE)<br />

87.134.115,79 94.828.543,03 99.472.561,15 93.947.454,15 87.087.347,18<br />

Fonte: Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Curitiba. Balanço Anual, 1996-2000.<br />

8


É necessário consi<strong>de</strong>rar que a capital vem receben<strong>do</strong> recursos crescentes <strong>do</strong><br />

FUNDEF, que <strong>de</strong>vem ser adiciona<strong>do</strong>s aos recursos obrigatoriamente vincula<strong>do</strong>s a MDE.<br />

Este plus <strong>de</strong> recursos <strong>do</strong> FUNDEF certamente tem relação com o tamanho da re<strong>de</strong><br />

municipal <strong>de</strong> ensino que mesmo não ten<strong>do</strong> municipaliza<strong>do</strong> integralmente o atendimento das<br />

séries iniciais <strong>do</strong> ensino fundamental, teve ao longo da década uma ampliação significativa<br />

da sua re<strong>de</strong> própria 2 . Entretanto, os da<strong>do</strong>s da tabela 2.3 <strong>de</strong>monstram que há também uma<br />

importante diminuição da contribuição <strong>do</strong> <strong>município</strong> para o FUNDEF ao longo <strong>do</strong> perío<strong>do</strong><br />

analisa<strong>do</strong>. Tal diminuição <strong>de</strong>ve-se ao <strong>de</strong>créscimo <strong>de</strong> 20,5% na arrecadação nos impostos<br />

que compõem o fun<strong>do</strong>, observe-se a tabela 2.4:<br />

Tabela 2.4: FUNDEF por fontes em Curitiba, 1998-2000.<br />

FUNDEF<br />

BASE DE INCIDÊNCIA<br />

Transferência <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong><br />

1998 1999 2000 Queda ou<br />

crescimento<br />

ICMS 210.527.522,16 197.037.629,21 177.944.060,91 - 15,5%<br />

ICMS - IPI-exportação 0,00 0,00 0,00<br />

Cota-parte FPM 68.966.799,91 69.111.679,07 49.470.748,00 - 28,3%<br />

Cota-parte <strong>do</strong> FPM - PASEP<br />

Transferência da União<br />

0,00 0,00 0,00<br />

Lei Kandir - L.C. 87/96 26.801.915,93 26.161.506,87 16.072.642,88 - 40%<br />

Total da base <strong>de</strong> incidência 306.296.238,00 292.310.815,15 243.487.451,79 - 20,5%<br />

Contribuição p/ o FUNDEF<br />

(15% da Base <strong>de</strong> Incidência)<br />

45.944.435,70 43.846.622,27 36.523.117,77 - 20.5%<br />

Fonte: Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Curitiba. Balanço Anual. 1998-2000.<br />

Observe-se no gráfico 2.3 a diferença entre a contribuição da cida<strong>de</strong> para o<br />

FUNDEF e o retorno <strong>do</strong>s recursos, que faz o movimento inverso ao da contribuição, ou<br />

seja, a medida em que Curitiba contribui com menos recursos ao FUNDEF passa a receber<br />

mais recursos <strong>do</strong> fun<strong>do</strong>:<br />

2 Curitiba assinou em 2002 um convênio para municipalização <strong>de</strong> 21 escolas <strong>de</strong> 1ª a 4ª séries.<br />

9


Gráfico 2.3: Diferença entre a contribuição e o retorno <strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong> FUNDEF em<br />

Curitiba, entre 1998 e 2000.<br />

em milhões<br />

50000000<br />

45000000<br />

40000000<br />

35000000<br />

30000000<br />

25000000<br />

20000000<br />

15000000<br />

10000000<br />

5000000<br />

Fonte: Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Curitiba. Balanço Anual. 1996-2000<br />

O gráfico 2.3 apresenta o crescimento <strong>do</strong>s recursos recebi<strong>do</strong>s <strong>do</strong> FUNDEF, que<br />

passam <strong>de</strong> R$ 3.060.160,32 em 1998 para R$ 18.608.156,98 em 2.000, representan<strong>do</strong> um<br />

aumento <strong>de</strong> 508% no perío<strong>do</strong>. Observa-se um crescimento <strong>de</strong> 2,2% no número <strong>de</strong><br />

matrículas em Curitiba, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se os anos <strong>de</strong> 97 e 99,que são utiliza<strong>do</strong>s para efeito<br />

<strong>de</strong> cálculo da distribuição <strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong> FUNDEF em 98 e 2.000. Tal variação é pouco<br />

significativa para explicar sozinha o incremento <strong>de</strong> recursos recebi<strong>do</strong>s <strong>do</strong> FUNDEF na<br />

capital. É preciso aliar a isto, como já se <strong>de</strong>stacou antes à queda na contribuição da cida<strong>de</strong><br />

ao Fun<strong>do</strong> aliada a variação a maior <strong>do</strong> per capita no FUNDEF realiza<strong>do</strong> no Paraná, que<br />

sobe em 10% entre 1998 e 2000.<br />

0<br />

1998 1999 2000<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> os 25% <strong>de</strong> receitas <strong>de</strong> impostos mais os recursos recebi<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

FUNDEF, observamos que os recursos disponíveis para MDE <strong>de</strong> fato crescem <strong>de</strong> 96 para<br />

98 <strong>de</strong> R$ 217.835.289,74 para R$ 246.300.876,69 e caem em 99 e 2.000 chegan<strong>do</strong> neste<br />

anos<br />

Contribuição para o FUNDEF Recursos Recebi<strong>do</strong>s <strong>do</strong> FUNDEF<br />

10


último ano a R$ 229.869.306,35, manten<strong>do</strong>-se, porém, acima <strong>do</strong> montante em 1996, como<br />

mostra o gráfico 2.4.<br />

Gráfico 2.4: Relação entre os 25% <strong>do</strong> total da receita, Recursos recebi<strong>do</strong>s <strong>do</strong> FUNDEF e o<br />

total <strong>de</strong> recursos para MDE em Curitiba, 1998-2000.<br />

FONTE: Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Curitiba, Balanço Geral <strong>de</strong> 1996 a 2000.<br />

Dada esta variação na receita vinculada a educação interessa analisar como se<br />

comportaram as <strong>de</strong>spesas, para avaliar em que medida estas flutuações significaram<br />

mudanças no padrão <strong>de</strong> financiamento da educação municipal.<br />

Primeiramente analisan<strong>do</strong> os gastos gerais <strong>do</strong> <strong>município</strong>, verificamos que a<br />

Função 8, educação e cultura, apesar <strong>de</strong> variar muito no perío<strong>do</strong> está sempre entre as duas<br />

maiores <strong>de</strong>spesas <strong>do</strong> <strong>município</strong> junto com aquelas <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong>stinadas a administração e<br />

planejamento, como <strong>de</strong>monstra o gráfico 2.5. Observe-se que os gastos com saú<strong>de</strong> e<br />

assistência têm uma queda significativa quan<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>ramos as pontas <strong>do</strong> perío<strong>do</strong><br />

analisa<strong>do</strong>, 1996 e 2000, enquanto a <strong>de</strong>spesa com urbanismo cai entre 1996 e 1999 e cresce<br />

em 2000.<br />

R$<br />

300000000,00<br />

250000000,00<br />

200000000,00<br />

150000000,00<br />

100000000,00<br />

50000000,00<br />

0,00<br />

25% <strong>do</strong> total da receita<br />

1996 1997 1998 1999 2000<br />

diferença entre valor envia<strong>do</strong> e recebi<strong>do</strong> <strong>do</strong> FUNDEF<br />

recursos totais<br />

11


Gráfico 2.5: Principais <strong>de</strong>spesas por função, em Curitiba, <strong>de</strong> 1.996 a 2.000.<br />

em valores reais<br />

350.000.000,00<br />

300.000.000,00<br />

250.000.000,00<br />

200.000.000,00<br />

150.000.000,00<br />

100.000.000,00<br />

50.000.000,00<br />

-<br />

1996 1997 1998 1999 2000<br />

Administração e Planej. Educação<br />

anos<br />

Urbanismo Saú<strong>de</strong> Assistência<br />

Fonte: Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Curitiba. Balanço Anual 1996 a 2000.<br />

As <strong>de</strong>spesas com a Função Educação e Cultura distribuem-se nos seguintes<br />

programas:<br />

Tabela 2.5: Gastos Por Programa em Curitiba, 1996 a 2000.<br />

1996 1997 1998 1999 2000<br />

Administração 1487167,23 1513540,59 1500260,12 1433367,29<br />

Educação<br />

Infantil<br />

14984793,11 33490145,53 30206530,83 25150893,77 26621415,39<br />

Ensino<br />

Fundamental<br />

191510934,47 170140885,08 221212713,80 229676986,01 182702295,14<br />

Educação<br />

Física e<br />

Desporto<br />

4269148,06 4893782,42 4556200,11 3484711,07<br />

Cultura 33099041,61 22469390,38 20625599,97 17516112,31<br />

Total 245351084,47 232507743,99 278101304,83 277262070,46 209323710,52<br />

FONTE: Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Curitiba, Balanço Geral <strong>de</strong> 1996 a 2.000.<br />

Observa-se, pela tabela 2.5, que os gastos com Administração, Educação Física e<br />

Desporto e Cultura <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> ser registra<strong>do</strong>s em 2.000. No <strong>caso</strong> da Cultura os recursos<br />

passam a ser orça<strong>do</strong>s para a Fundação Cultural <strong>de</strong> Curitiba e o Fun<strong>do</strong> Municipal <strong>de</strong> Cultura.<br />

Em relação aos outros programas não há informações e uma das possibilida<strong>de</strong>s é que eles<br />

12


tenham si<strong>do</strong> incluí<strong>do</strong>s em outros programas inclusive no próprio ensino fundamental, ten<strong>do</strong><br />

em vista que eram valores pouco significativos como mostra a tabela 2.6.<br />

Tabela 2.6: Distribuição percentual <strong>do</strong>s gastos por programa em Curitiba, 1996 a 2000.<br />

1996 1997 1998 1999 2000<br />

Administração 0,6 0,6 0,5 0,5 0,0<br />

Educação Infantil 6,1 14,4 10,9 9,1 12,7<br />

Ensino Fundamental 78 73,2 79,5 82,8 87,3<br />

Educação Física e Desporto 1,7 2,1 1,6 1,3 0,0<br />

Cultura 13,5 9,7 7,4 6,3 0,0<br />

Total 100 100 100 100 100<br />

FONTE: Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Curitiba, Balanço Geral <strong>de</strong> 1996 a 2.000.<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> 2.000 atente-se para o fato <strong>de</strong> que o percentual <strong>de</strong> gastos com<br />

Educação Infantil e Ensino Fundamental refere-se a um total <strong>de</strong> recursos menor <strong>do</strong> que os<br />

anos anteriores, pois já está excluí<strong>do</strong> o montante <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> à Cultura.<br />

Uma das formas <strong>de</strong> avaliar em que medida esta variação <strong>do</strong> investimento em<br />

diferentes programas resulta em alterações nas condições <strong>de</strong> manutenção <strong>do</strong> ensino é<br />

consi<strong>de</strong>rar o que a variação <strong>do</strong>s gastos por programa significa em termos <strong>de</strong> recursos<br />

disponíveis por aluno. Para isto tomaremos o total <strong>de</strong> recursos investi<strong>do</strong>s no ensino<br />

fundamental relaciona<strong>do</strong> ao número <strong>de</strong> matrículas. Aqui cabe uma observação, não há<br />

informação <strong>de</strong>talhada nos balanços sobre os gastos com educação especial e educação <strong>de</strong><br />

jovens e adultos, eles estão agrega<strong>do</strong>s com o Ensino Fundamental, por isso consi<strong>de</strong>raremos<br />

para calcular o per capita o total <strong>de</strong> matrículas em todas as modalida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> ensino<br />

fundamental existente na re<strong>de</strong>.<br />

Tabela 2.7: Despesa per capita no Ensino Fundamental, em Curitiba 1996 a 2.000.<br />

1996 1997 1998 1999 2000<br />

Despesa 223.567.287,98 170.140.885,00 172.425.357,38 184.555.087,29 186.381.708,42<br />

Matrículas 80.804 86.446 89.132 89.710 89.999<br />

Per capita 2.766,78 1968,17 1.934,49 2.057,24 2.070,93<br />

Fonte: Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Curitiba, Balanço Geral <strong>de</strong> 1996 a 1997.<br />

Observa-se que o pico da <strong>de</strong>spesa per capita está em 1.996. Há uma queda<br />

consi<strong>de</strong>rável em 97 e 98, sen<strong>do</strong> que esta queda chega a 29,8% em relação a 1.996. Nota-se<br />

13


uma pequena recuperação em 1.999 e 2.000, porém comparan<strong>do</strong>-se 2.000 com 1.996, a<br />

<strong>de</strong>spesa per capita é 25,2% menor.<br />

A diminuição <strong>do</strong>s recursos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s às <strong>de</strong>spesas com ensino fundamental<br />

aliada ao aumento <strong>de</strong> matrículas explica a queda no per capita e <strong>de</strong>ve gerar corte <strong>de</strong> gastos<br />

em algum lugar. Um <strong>do</strong>s gastos que tem visivelmente diminuição significativa <strong>de</strong> recursos<br />

neste perío<strong>do</strong>, em Curitiba, é o montante <strong>de</strong> gastos registra<strong>do</strong>s em pessoal civil e obrigações<br />

patronais registra<strong>do</strong>s no programa ensino fundamental. Em 1.996 o gasto com pessoal civil,<br />

em valores reais, era <strong>de</strong> R$ 140.354.911,90. Em 2.000 este gasto correspon<strong>de</strong> a R$<br />

115.650.685,81, percebe-se uma diminuição <strong>de</strong> 17,6% comparan<strong>do</strong>-se estes <strong>do</strong>is anos.<br />

Além disso, o número <strong>de</strong> matrículas total no ensino fundamental, toman<strong>do</strong>-se por base<br />

1.996 e 2.000, tem um crescimento <strong>de</strong> 11,4%, passan<strong>do</strong> <strong>de</strong> 80.804 para 89.999, lembran<strong>do</strong><br />

que aqui estão as matrículas em todas as modalida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> ensino fundamental ofertadas pela<br />

RME da<strong>do</strong> a forma <strong>de</strong> separação das <strong>de</strong>spesas por programa que não permite discriminar<br />

gastos com EJA e Educação Especial.<br />

Observan<strong>do</strong> o Gráfico 2.6 verificamos uma queda consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> 1.996 para 2.000,<br />

na relação <strong>de</strong> gastos com pessoal e número <strong>de</strong> matrículas, em 1.996 ela correspondia a R$<br />

1.787,59, cain<strong>do</strong> para R$ 1.437,77 em 2.000, o que significa que há po<strong>de</strong> haver mais gente<br />

com salários menores ou o mesmo número <strong>de</strong> pessoas trabalhan<strong>do</strong> mais por um salário<br />

igual, tal situação será melhor discutida no item IV <strong>de</strong>ste relatório que trata da situação <strong>do</strong>s<br />

professores.<br />

Gráfico 2.6: Relação entre gasto com pessoal e matrículas no Ensino Fundamental em Curitiba,<br />

1996-2000.<br />

14


R$<br />

2000,00<br />

1800,00<br />

1600,00<br />

1400,00<br />

1200,00<br />

1000,00<br />

800,00<br />

600,00<br />

400,00<br />

200,00<br />

0,00<br />

1996 1997 1998 1999 2000<br />

ANO<br />

Fonte: Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Curitiba, Balanço Geral <strong>de</strong> 1.996 a 2.000.<br />

No que diz respeito ao conjunto da <strong>de</strong>spesa com o Ensino Fundamental no<br />

<strong>município</strong> cabe algumas consi<strong>de</strong>rações: em 1.996 a relação entre <strong>de</strong>spesa e matrícula<br />

chegou a R$ 2.766,78 per capita, enquanto que o mínimo obrigatório chegaria a R$<br />

1.617,51, isto significa que o investimento <strong>do</strong> <strong>município</strong> foi 71,05% superior ao mínimo<br />

legal. Já em 2.000 este investimento chegou a 78,51% a mais, o <strong>município</strong> gastou R$<br />

2.070,93 por matrícula e o mínimo representaria um gasto <strong>de</strong> R$ 1.060,10. O Gráfico 2.6<br />

ilustra isto. Cabe lembrar mais uma vez que na <strong>de</strong>spesa total com o Ensino Fundamental<br />

estão agrega<strong>do</strong>s os gastos com a Educação Especial e <strong>de</strong> Jovens e Adultos.<br />

Gráfico 2.6: Relação entre Despesa total, Despesa Potencial no Ensino Fundamental e número <strong>de</strong><br />

matrículas.<br />

15


R$<br />

3000<br />

2500<br />

2000<br />

1500<br />

1000<br />

500<br />

Fonte: Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Curitiba, Balanço Geral <strong>de</strong> 1.996 a 2.000.<br />

Uma vez que este aumento <strong>de</strong> recursos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s ao ensino fundamental tem<br />

relação com os recursos recebi<strong>do</strong>s a maior <strong>do</strong> FUNDEF, observe-se o movimento <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>stinação <strong>de</strong>stes recursos no <strong>município</strong>, expressos na tabela 2.8. Como <strong>de</strong>monstram os<br />

da<strong>do</strong>s, a maior parte <strong>de</strong>stes recursos vem sen<strong>do</strong> utilizada em gastos com pessoal. Em 1998,<br />

estes gastos correspon<strong>de</strong>ram a 81,8% <strong>do</strong> total das <strong>de</strong>spesas, sen<strong>do</strong> que em 2.000 chegaram<br />

ao patamar <strong>de</strong> 96,7%. Logo, o <strong>município</strong> <strong>de</strong> Curitiba vem cumprin<strong>do</strong> o artigo da Lei que<br />

<strong>de</strong>termina que no mínimo 60% <strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong> FUNDEF sejam aplica<strong>do</strong>s no pagamento<br />

<strong>do</strong> salário <strong>do</strong>s professores <strong>do</strong> Ensino Fundamental.<br />

0<br />

1996 1997 1998 1999 2000<br />

Ano<br />

Gasto potencial<br />

ens.<br />

Fund./matrículas<br />

Gasto real ens.<br />

Fund./matrículas<br />

Tabela 2.8: Despesas com recursos <strong>do</strong> FUNDEF em valores reais e percentual, Curitiba,<br />

1998-2000.<br />

1998 % 1999 % 2000 %<br />

Despesas com pessoal civil 40.152.033,60 81,78 41.825.269,94 82,31 54.610.721,08 96,71<br />

Outras <strong>de</strong>spesas 8.947.234,63 18,22 8.986.357,28 17,69 1.856.043,16 3,29<br />

Total das <strong>de</strong>spesas 49.099.268,23 100,00 50.811.627,23 100,00 56.466.764,24 100,00<br />

Fonte: Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Curitiba, Balanço Geral <strong>de</strong> 1998 a 2000.<br />

Se constata-se até aqui uma queda na receita, acompanhada da compensação, na<br />

área da educação, da diminuição <strong>do</strong>s recursos vincula<strong>do</strong>s, pelo recebimento a maior <strong>de</strong><br />

recursos pelo FUNDEF, temos aparentemente uma condição <strong>de</strong> manutenção das condições<br />

<strong>de</strong> financiamento da educação na cida<strong>de</strong> após o FUNDEF, porém, com dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

melhorar tais condições ou melhorar as condições <strong>do</strong> magistério, visto que há mais alunos<br />

16


com aproximadamente a mesma receita. Cabe finalmente observar que, em que pese, este<br />

quadro há ainda problemas em Curitiba quanto ao cumprimento rigoroso da aplicação <strong>do</strong><br />

mínimo obrigatório <strong>de</strong> 25% <strong>do</strong> total da receita <strong>de</strong> imposto na manutenção <strong>do</strong> ensino. A<br />

tabela 2.9 mostra claramente que o <strong>município</strong> <strong>de</strong> Curitiba só cumpriu a <strong>de</strong>terminação legal<br />

no ano <strong>de</strong> 1.996:<br />

Tabela 2.9: Aplicação da receita <strong>de</strong> impostos na manutenção <strong>do</strong> ensino .<br />

1996 1997 1998 1999 2000<br />

Aplicação Final 238552081,09 203631030,53 153627291,46 158508287,10 157871849,05<br />

Aplicação Mínima<br />

Obrigatória<br />

217835289,47 232039761,00 197296280,67 187319213,26 174012318,44<br />

Aplicação Total A<br />

Maior/A Menor<br />

20.716.791,62 -28408730,48 -43668989,20 -28810926,16 -16140469,39<br />

Percentual aplica<strong>do</strong> 27,4 21,9 19,5 21,1 22,7<br />

Fonte: Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Curitiba, Balanço Geral <strong>de</strong> 1996 a 2000.<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o percentual <strong>de</strong> aplicação em MDE, no <strong>município</strong> <strong>de</strong> Curitiba,<br />

verifica-se que em 1998 a aplicação ficou abaixo <strong>do</strong>s 20%, há uma recuperação em 1999,<br />

porém, em 2000 esta aplicação ainda fica abaixo <strong>do</strong>s 25% obrigatórios chegan<strong>do</strong> a apenas<br />

22,7%. Cabe consi<strong>de</strong>rar que po<strong>de</strong> ser que exista algum gasto registra<strong>do</strong> fora da Secretaria<br />

<strong>de</strong> Educação e da Secretaria da Criança e que não tenha si<strong>do</strong> i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> nesta pesquisa<br />

entretanto, não encontramos nenhuma referencia a esta situação e há indicações <strong>do</strong> Tribunal<br />

<strong>de</strong> Contas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> que corroboram as preocupações aqui levantadas.<br />

Esta aplicação a menor, é uma das irregularida<strong>de</strong>s apontadas pelo Tribunal <strong>de</strong><br />

Contas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> quanto ao Balanço <strong>de</strong> Curitiba, segun<strong>do</strong> o Tribunal tal irregularida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ve-se a forma <strong>do</strong> cálculo <strong>do</strong> mínimo obrigatório em Curitiba. O <strong>município</strong> primeiro<br />

exclui a contribuição <strong>do</strong> FUNDEF para <strong>de</strong>pois calcular os outros 10% da vinculação sobre<br />

os impostos que compõem o Fun<strong>do</strong>, o que resulta em um valor menor que o obrigatório,<br />

nos termos <strong>do</strong> relatório:<br />

“No <strong>de</strong>monstrativo financeiro <strong>do</strong>s recursos aplica<strong>do</strong>s em educação, a contabilida<strong>de</strong><br />

registrou as receitas auferidas, pelo seu valor líqui<strong>do</strong> (após <strong>de</strong>duzi<strong>do</strong>s os 15%) para servirem<br />

<strong>de</strong> base <strong>de</strong> cálculo para apuração <strong>do</strong>s 10% inci<strong>de</strong>ntes sobre os recursos que baseia-se o<br />

cálculo <strong>do</strong> FUNDEF conforme <strong>de</strong>termina o artigo 8º, I, da Lei n. 9424/96.(...) Vale <strong>de</strong>stacar<br />

que estes 10% <strong>de</strong>vem incidir sobre o valor bruto das receitas, ou melhor dizen<strong>do</strong>, antes <strong>de</strong><br />

reti<strong>do</strong>s os 15% para o FUNDEF, <strong>de</strong> tal mo<strong>do</strong> que as contribuições ao Fun<strong>do</strong>, somadas ao<br />

referi<strong>do</strong> acima, <strong>de</strong>vem garantir a aplicação <strong>de</strong>, no mínimo 25% <strong>de</strong>stes impostos e<br />

17


transferências em favor da manutenção e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> ensino” (TCE, 2001, p.3220-<br />

21)<br />

Além disto, há uma compreensão <strong>do</strong>s técnicos da Secretaria <strong>de</strong> Finanças <strong>do</strong><br />

<strong>município</strong> que os recursos provenientes <strong>de</strong> multas e juros não compõem os recursos<br />

vincula<strong>do</strong>s uma vez que a Constituição Fe<strong>de</strong>ral não estabelece isto claramente. O Tribunal<br />

<strong>de</strong> Conta também aponta esta irregularida<strong>de</strong> para diferentes anos. Desta forma o problema<br />

<strong>do</strong> não cumprimento pelo <strong>município</strong> da vinculação constitucional a MDE po<strong>de</strong> estar<br />

pre<strong>do</strong>minantemente na aferição da receita vinculada. Cabe <strong>de</strong>stacar que as últimas contas<br />

aprovadas <strong>do</strong> <strong>município</strong> pela Câmara são as referentes a 1997, o restante aguarda discussão.<br />

III - ANÁLISE DOS DADOS EDUCACIONAIS DO MUNICÍPIO.<br />

Apesar <strong>do</strong> <strong>município</strong> <strong>de</strong> Curitiba já contar com 309 anos <strong>de</strong> existência a<br />

constituição da Re<strong>de</strong> Municipal <strong>de</strong> Ensino é bastante recente. A primeira escola sob a<br />

responsabilida<strong>de</strong> da Prefeitura surge somente em 1.963, ou seja, há 39 anos atrás. Antes<br />

<strong>de</strong>ste perío<strong>do</strong> a prefeitura <strong>do</strong>ava terrenos ou construía escolas com recursos <strong>do</strong> <strong>município</strong><br />

ou da FUNDEPAR – Fundação Educacional <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná e <strong>de</strong>pois estas escolas<br />

eram mantidas pelo esta<strong>do</strong>.<br />

Dentro <strong>de</strong>sta perspectiva o órgão municipal encarrega<strong>do</strong> <strong>de</strong> gerenciar a política<br />

educacional <strong>do</strong> <strong>município</strong> era o “Departamento <strong>de</strong> Edificações Escolares”, uma vez que a<br />

mesma se limitava a construir prédios escolares.<br />

Em 1965 é constituí<strong>do</strong> o DBES – Departamento <strong>de</strong> Bem Estar Social,<br />

responsável pela educação, saú<strong>de</strong> e assistência social. Cabe lembrar que a promulgação da<br />

LDB – 4024, ocorre em 1.961 e <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista legal este fato exerce alguma pressão<br />

para que a prefeitura tome iniciativas na área educacional, já que a lei reafirma a exigência<br />

<strong>de</strong> que os Municípios investissem no setor e <strong>de</strong> que <strong>de</strong>veria haver uma distribuição <strong>de</strong><br />

encargos mais equilibrada entre os três níveis <strong>de</strong> governo. Ainda, segun<strong>do</strong> RATTO, outros<br />

fatores levaram o <strong>município</strong> a iniciar sua re<strong>de</strong> escolar:<br />

“Das relações existentes entre o aparecimento <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>manda escolar efetiva e o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento na região, emergiram os fatores que estavam atuan<strong>do</strong> sobre o po<strong>de</strong>r<br />

público municipal no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> levá-lo a iniciar sua re<strong>de</strong> escolar. Dentre eles,<br />

<strong>de</strong>stacou-se a importância <strong>do</strong> constante crescimento populacional (<strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> o<br />

surgimento <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>manda escolar potencial), o intenso processo <strong>de</strong> urbanização em<br />

18


curso no país e regionalmente (trazen<strong>do</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um <strong>do</strong>mínio básico da<br />

cultura letrada), a diversificação econômica colocan<strong>do</strong> a industrialização paranaense<br />

como exigência prioritária (com os respectivos <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramentos em termos <strong>de</strong><br />

elevação das expectativas sociais quanto a importância da escola e as funções<br />

i<strong>de</strong>ológicas assumidas pelo aparelho escolar (on<strong>de</strong> a educação é apresentada como<br />

instrumento <strong>de</strong> ascensão e re<strong>de</strong>nção social).” (RATTO, 1994, p.93)<br />

Em termos <strong>de</strong> verbas efetivamente <strong>de</strong>stinadas ao setor escolar a influência da<br />

LDB foi bastante tímida, pois a expansão <strong>do</strong> atendimento foi irrisória, até 1967 a re<strong>de</strong><br />

municipal contava com apenas duas escolas. Em 1975 a Re<strong>de</strong> Municipal <strong>de</strong> Ensino contava<br />

já com 20 escolas. No perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1976 a 1979 houve uma expressiva expansão da re<strong>de</strong><br />

com a construção <strong>de</strong> 32 novas escolas, totalizan<strong>do</strong> 52 escolas na re<strong>de</strong> municipal. Um da<strong>do</strong><br />

importante a consi<strong>de</strong>rar é que a maior parte <strong>do</strong>s recursos utiliza<strong>do</strong>s para a construção das<br />

mesmas era oriunda <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> e <strong>do</strong> governo fe<strong>de</strong>ral. Apesar <strong>do</strong> discurso oficial colocar a<br />

educação como priorida<strong>de</strong>, durante este perío<strong>do</strong> a maior percentagem <strong>de</strong>stinada ao DBES<br />

foi <strong>de</strong> 12,8% em relação ao total <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas <strong>do</strong> <strong>município</strong>, em 1978, lembran<strong>do</strong> que aí<br />

estava inclusa a <strong>de</strong>spesa com saú<strong>de</strong> e assistência social e que a LDB <strong>de</strong>terminava o<br />

percentual <strong>de</strong> 20%.<br />

Em relação ao ensino o <strong>município</strong> assume uma concepção tecnicista<br />

sintonizada com as produções teóricas que <strong>do</strong>minavam o cenário nacional. Até 1983<br />

mantém-se uma concepção tecnicista. Neste momento surge a partir da discussão entre os<br />

pedagogos da re<strong>de</strong>, durante os assessoramentos 3 , a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> promover trocas <strong>de</strong><br />

experiência entre as escolas, e assim por iniciativa das mesmas são produzi<strong>do</strong>s textos que<br />

são socializa<strong>do</strong>s entre diversas escolas da re<strong>de</strong>. Isto leva a SME a produzir um jornal para<br />

discussão das questões pedagógicas <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> “Jornal Escola Aberta”, que passa a<br />

circular em toda a re<strong>de</strong> municipal <strong>de</strong> ensino.<br />

Em 1986, com o processo <strong>de</strong> abertura política, ocorre a eleição para prefeito e<br />

se inicia um amplo processo <strong>de</strong> discussão para a construção <strong>de</strong> uma nova concepção<br />

pedagógica para a Re<strong>de</strong> Municipal <strong>de</strong> Ensino <strong>de</strong> Curitiba, a concepção Histórico- Crítica,<br />

que é sistematizada no chama<strong>do</strong> Currículo Básico da Re<strong>de</strong> Municipal <strong>de</strong> Ensino <strong>de</strong><br />

Curitiba. Nesta gestão <strong>de</strong> 1986 a 1989 são construídas as Escolas <strong>de</strong> Tempo Integral, on<strong>de</strong><br />

o aluno permanecia o dia to<strong>do</strong> na escola tanto com ativida<strong>de</strong>s regulares nas áreas <strong>do</strong><br />

3 Assessoramentos eram encontros oferta<strong>do</strong>s pela SME para discussão entre as escolas.<br />

19


conhecimento quanto com ativida<strong>de</strong>s diferenciadas nas chamadas “oficinas”, on<strong>de</strong><br />

participava <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s complementares os conteú<strong>do</strong>s <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s na sala <strong>de</strong> aula.<br />

As gestões que se seguem <strong>de</strong> 1989 a 1996 investem nos chama<strong>do</strong>s Centros <strong>de</strong><br />

Educação Integral, com projetos arquitetônicos arroja<strong>do</strong>s, porém nada funcionais e sem<br />

levar em conta que os prédios estavam <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à função pedagógica, as realizações <strong>de</strong><br />

or<strong>de</strong>m estética <strong>de</strong>stas gestões se refletem também no setor da educação. Na gestão <strong>de</strong> 1992<br />

a 1995 são criadas as chamadas “Lições Curitibanas”, uma coleção <strong>de</strong> livros produzida pela<br />

Secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação com o objetivo <strong>de</strong> substituir os livros didáticos das séries<br />

iniciais <strong>do</strong> Ensino Fundamental, on<strong>de</strong> se privilegiou mais uma vez a estética <strong>do</strong>s livros, o<br />

conteú<strong>do</strong> era uma questão secundária. No que diz respeito à questão pedagógica, o<br />

referencial <strong>do</strong> Currículo Básico vai sen<strong>do</strong> <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> <strong>de</strong> la<strong>do</strong> e aos poucos vai sen<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>sconstruí<strong>do</strong> sen<strong>do</strong> a<strong>do</strong>tadas também as políticas propostas pelo MEC.<br />

A partir <strong>de</strong> 1997 a nova gestão que assume o <strong>município</strong> a<strong>do</strong>ta uma política mais<br />

efetiva <strong>de</strong> ruptura com o Currículo Básico, e apresenta as diretrizes curriculares municipais<br />

com uma concepção pedagógica eclética, porém trazen<strong>do</strong> com <strong>de</strong>staque em diversas partes<br />

<strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento uma visão neotecnicista. Além disto, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> investir nos Centros <strong>de</strong><br />

Educação Integral, certamente um <strong>do</strong>s fatores que levou a esta <strong>de</strong>finição foi a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> matrículas nas séries iniciais <strong>do</strong> ensino fundamental, ten<strong>do</strong> em<br />

vista que a manutenção <strong>do</strong>s centros apresenta um custo financeiro eleva<strong>do</strong>.<br />

O <strong>município</strong> <strong>de</strong> Curitiba não se constitui, como possibilita a Lei 9394/96, como um<br />

sistema próprio <strong>de</strong> ensino, <strong>de</strong>sta forma a re<strong>de</strong> municipal <strong>de</strong> ensino segue as regras <strong>do</strong><br />

Sistema Estadual <strong>de</strong> Educação, o que não tem impedi<strong>do</strong> que uma série <strong>de</strong> projetos tenha<br />

si<strong>do</strong> levada a termo na re<strong>de</strong> nos últimos anos, como revelou o rápi<strong>do</strong> histórico da re<strong>de</strong>.<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong> atendimento escolar mais recentemente temos na capital a<br />

oferta <strong>de</strong> educação básica na re<strong>de</strong> municipal para a educação infantil e o ensino<br />

fundamental, na re<strong>de</strong> estadual para o ensino fundamental e médio e na re<strong>de</strong> privada para<br />

toda a educação básica. Há ainda o atendimento <strong>do</strong> ensino médio profissional na re<strong>de</strong><br />

estadual, fe<strong>de</strong>ral e privada assim como no ensino superior um amplo atendimento priva<strong>do</strong> e<br />

um atendimento público realiza<strong>do</strong> em duas instituições fe<strong>de</strong>rais: <strong>UFPR</strong> e CEFET/PR e duas<br />

faculda<strong>de</strong>s estaduais, como po<strong>de</strong>mos constatar na tabela 3.1. Po<strong>de</strong>mos verificar ainda que<br />

20


em 2.000, <strong>do</strong> total <strong>de</strong> matrículas no Ensino Superior apenas 22.022 foram ofertadas pelas<br />

instituições públicas, correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> à cerca <strong>de</strong> 30% <strong>do</strong> total <strong>de</strong> matrículas.<br />

Tabela 3.1: Oferta <strong>de</strong> Ensino Superior em Curitiba, 1999-2000.<br />

Categoria Administrativa<br />

Estatísticas Ano Total Estadua Munici<br />

Fe<strong>de</strong>ral<br />

l pal<br />

Privada<br />

Instituições 2000 27 2 2 - 23<br />

Cursos 2000 243 58 12 - 173<br />

Matrículas 2000 73.576 20.650 1.372 - 51.554<br />

Concluintes 1999 9.002 2.462 210 - 6.330<br />

Funções Docentes em Exercício 2000 5.302 1.839 195 - 3.268<br />

Funcionários Técnico-<br />

Administrativos em Exercício<br />

2000 4.283 2.020 24 - 2.239<br />

Vagas Oferecidas 2000 35.535 5.076 575 - 29.884<br />

Vestibular Inscrições 2000 110.889 57.325 1.398 - 52.166<br />

Fonte: INEP.<br />

Ingressos 2000 25.850 4.934 375 - 20.541<br />

A tabela 3.2 apresenta a distribuição <strong>do</strong>s estabelecimentos <strong>de</strong> ensino da educação<br />

básica, observe-se que há um crescimento <strong>de</strong> 222% <strong>de</strong> estabelecimentos com oferta <strong>de</strong> pré-<br />

escola na re<strong>de</strong> municipal neste perío<strong>do</strong>, enquanto na re<strong>de</strong> estadual esta oferta diminui em<br />

33%. Na re<strong>de</strong> estadual há um crescimento significativo <strong>de</strong> estabelecimentos com oferta <strong>de</strong><br />

ensino médio, 34% <strong>de</strong> novos estabelecimentos oferecen<strong>do</strong> ensino médio neste<br />

perío<strong>do</strong>.Destaca-se que não há necessariamente construção <strong>de</strong> novas escolas, mas oferta <strong>de</strong><br />

ensino médio em escolas que antes eram apenas <strong>de</strong> ensino fundamental.<br />

A re<strong>de</strong> privada tem um crescimento irregular no perío<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> que expan<strong>de</strong> o<br />

número <strong>de</strong> estabelecimentos nos 2 primeiros anos <strong>do</strong> intervalo e <strong>de</strong>pois diminui em todas as<br />

etapas da educação básica.<br />

Tabela 3.2: Número <strong>de</strong> estabelecimentos <strong>de</strong> ensino por nível <strong>de</strong> ensino e mantene<strong>do</strong>r.<br />

Modalida<strong>de</strong>s 1996 1997 1998 1999 2000<br />

M E P F M E P F M E P F M E P F M E P F<br />

Educação Infantil 72 42 245 0 199 42 274 0 210 34 290 0 215 30 281 0 232 28 275 0<br />

Creche<br />

Pré escola<br />

Ens. Fundamental 122 174 106 1 123 175 113 1 127 175 108 1 127 175 103 1 131 173 97 1<br />

1ª a 4ª 112 39 36 0 112 38 38 0 116 31 27 0 116 31 21 0 120<br />

5ª a 8ª 1 58 1 1 1 63 2 1 1 66 2 1 1 68 2 1 1<br />

21


1ª a 8ª 9 77 69 0 10 74 73 0 10 78 79 0 10 76 80 0 10<br />

Ensino médio 0 63 51 3 0 66 57 3 0 77 59 3 0 84 62 3 0 85 58 3<br />

Total 194 279 402 4 322 283 444 4 337 286 457 4 342 289 446 4 363 286 430 4<br />

Fonte: INEP<br />

Nota: M = municipal, E =estadual, P= particular, F = fe<strong>de</strong>ral.<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista das matrículas o movimento é pareci<strong>do</strong>, a re<strong>de</strong> estadual é<br />

responsável pela maior parte das matrículas, principalmente <strong>de</strong> 5ª a 8ª séries <strong>do</strong> ensino<br />

fundamental, como <strong>de</strong>monstra os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 2000, único ano em que as matrículas<br />

estão discriminadas por etapas <strong>do</strong> ensino fundamental. Gradativamente o esta<strong>do</strong> foi<br />

diminuin<strong>do</strong> o atendimento <strong>de</strong> pré a 4ª séries e a re<strong>de</strong> municipal foi amplian<strong>do</strong> seu<br />

atendimento neste segmento <strong>do</strong> Ensino Fundamental. A tabela 3.3 apresenta o crescimento<br />

<strong>de</strong> matrículas na re<strong>de</strong> municipal <strong>de</strong> ensino da capital, po<strong>de</strong>-se observar um crescimento <strong>de</strong><br />

6,6% no ensino fundamental entre 1996 e 1997 especialmente no ensino fundamental <strong>de</strong> 5ª<br />

a 8ª séries, em que pese este atendimento representar menos <strong>de</strong> 10% da re<strong>de</strong> municipal em<br />

to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong>. No intervalo pós FUNDEF, o ensino municipal fundamental cresceu apenas<br />

0,2%.<br />

Tabela 3.3: Matrículas na Re<strong>de</strong> Pública <strong>de</strong> Educação Básica, Curitiba, 1996-2000.<br />

1996 1997 RM 1998 1999 20 00 RM<br />

Cresc<br />

Cresc<br />

RM RE RM RE % RM RE RM RE RM RE %<br />

MATRÍCULAS<br />

INICIAIS<br />

Ensino<br />

Fundamental -<br />

TOTAL<br />

Ens. Fund.<br />

74478 0 79469137343 6,7 80599 136665 81184 129201 80733 125924 0,17<br />

1a./4a. Séries<br />

Ens. Fund.<br />

68233 71470 4,7 72154 69809 12082 34972<br />

5a./8a. Séries<br />

Ciclos <strong>de</strong><br />

aprendizagem<br />

6245 7999 28,1 7920 8054 8206 90952<br />

(1ªe2ªetapas)<br />

Classes <strong>de</strong><br />

aceleração<br />

0 0 0 0 58641<br />

(1ª a 4ª)<br />

Classes <strong>de</strong><br />

aceleração<br />

0 0 525 3233 1744<br />

(5ª a 8ª)<br />

Educação<br />

0 0 0 88 60<br />

Infantil - 4005 294310908 2896 172,4 12463 2530 12788 2484 10668 2453 -14,4<br />

22


TOTAL<br />

Educação<br />

Infantil (0-3)<br />

Educação<br />

Infantil (4-6) 4005 294310908 2896 172,4 12463 2530 12788 2484 10668 2453<br />

Educação<br />

Especial – Total 1030 1322 28,3 1297 1362 834 1421 717 9,6<br />

Escola <strong>de</strong><br />

Educação<br />

Especial 69 321 365,2 329 319 351<br />

Sala <strong>de</strong> Recursos 162 200 23,5 239 362 445<br />

Classe Especial 799 801 0,3 729 681 625<br />

EJA TOTAL 5296 0 5655 0 6,8 7236 0 7164 34298 7845 44339 8,4<br />

Fase I 4095 3679 -10,2 5197 5146 34298 5935 44339 14,2<br />

Fase II 1201 1976 64,5 2039 2018 1910 -6,3<br />

TOTAL 84809 294397354 2896 14,8 101595 2530 102498 71080 100667217055 -0,9<br />

FONTE: MEC – INEP: Da<strong>do</strong>s da Re<strong>de</strong> Estadual e da Educação Infantil da Re<strong>de</strong> Municipal <strong>de</strong><br />

Curitiba. Secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação: Demais da<strong>do</strong>s da Re<strong>de</strong> Municipal.<br />

NOTAS: 1. Em 2000 é preciso somar os alunos matricula<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 1ª a 4ª séries com os alunos<br />

matricula<strong>do</strong>s nos ciclos <strong>de</strong> aprendizagem para saber o total <strong>de</strong> alunos atendi<strong>do</strong>s nas séries iniciais<br />

<strong>do</strong> ensino fundamental na re<strong>de</strong> municipal <strong>de</strong> Curitiba. 2. As matrículas da educação infantil<br />

referem-se na re<strong>de</strong> municipal exclusivamente aos alunos atendi<strong>do</strong>s em escolas posto que as creches<br />

são <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> da Secretaria da Criança que não forneceu os da<strong>do</strong>s.<br />

Na educação infantil a re<strong>de</strong> municipal amplia o atendimento entre 1996 e 1997<br />

em 172% e no perío<strong>do</strong> 1998-2000 mantém este atendimento, porém, há uma queda <strong>de</strong> 14%<br />

na matrícula na passagem 1999-2000. Conforme a tabela 14 po<strong>de</strong>mos perceber que há uma<br />

política <strong>de</strong> expansão no atendimento à pré-escola, através <strong>do</strong> aumento <strong>de</strong> turmas nas escolas<br />

da re<strong>de</strong> municipal. Comparan<strong>do</strong>-se 1996 a 2000 nota-se um incremento <strong>de</strong> 143 turmas,<br />

correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a um aumento <strong>de</strong> 83% neste perío<strong>do</strong>.<br />

O atendimento total na educação especial cresce neste perío<strong>do</strong> na re<strong>de</strong><br />

municipal em 37%, observe-se que principalmente na forma <strong>de</strong> atendimento em salas <strong>de</strong><br />

recursos que oferece 172% <strong>de</strong> vagas a mais entre 1996 e 2000. Há neste perío<strong>do</strong> um<br />

<strong>de</strong>clínio acentua<strong>do</strong> das matrículas em classes especiais, -21%, por uma política <strong>de</strong>finida<br />

pela SME <strong>de</strong> diminuição <strong>de</strong>ste atendimento em favor da inclusão <strong>do</strong>s alunos em salas<br />

regulares.<br />

Tabela 3.4- Turmas <strong>de</strong> pré-escola nas escolas da Re<strong>de</strong> Municipal, Curitiba, 1996-2000.<br />

Turmas 1996 1997 1998 1999 2000<br />

Seria<strong>do</strong> 172 169 224 230 10<br />

Ciclos 305<br />

23


Total 172 169 224 230 315<br />

FONTE: Secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> Curitiba.<br />

Nota: As matrículas na pré-escola no ano <strong>de</strong> 2000, em ciclos, refere-se a primeira etapa <strong>do</strong> primeiro<br />

ciclo.<br />

O atendimento na EJA manteve-se em ascensão neste perío<strong>do</strong>, acumulan<strong>do</strong> um<br />

crescimento total <strong>de</strong> 48%, observe-se que há um movimento inverso <strong>de</strong> matrículas entre a<br />

fase I e a fase II <strong>do</strong> EJA em Curitiba. Antes <strong>do</strong> FUNDEF crescem as matrículas da fase II,<br />

correspon<strong>de</strong>nte as séries finais <strong>do</strong> ensino fundamental, enquanto <strong>de</strong>cresce as matrículas da<br />

fase I, correspon<strong>de</strong>nte as séries inicias <strong>do</strong> ensino fundamental, e <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> FUNDEF, 1998-<br />

2000, ocorre o oposto. Tal situação po<strong>de</strong> <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> uma priorização da re<strong>de</strong> municipal <strong>do</strong><br />

atendimento <strong>de</strong>sta faixa da Educação <strong>de</strong> Jovens e Adultos tanto quanto <strong>do</strong> fato <strong>do</strong> número<br />

<strong>de</strong> exames na re<strong>de</strong> estadual ter aumenta<strong>do</strong> significativamente na re<strong>de</strong> estadual aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a<br />

faixa etária <strong>de</strong> 5ª a 8ª séries.<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o total <strong>de</strong> matrículas no ensino fundamental na cida<strong>de</strong>, tabela 3.5,<br />

temos na re<strong>de</strong> municipal <strong>de</strong> Curitiba um crescimento acumula<strong>do</strong> <strong>de</strong> 1996 a 2000 <strong>de</strong> 11,6%<br />

contra um <strong>de</strong>créscimo da re<strong>de</strong> estadual <strong>de</strong> ensino fundamental <strong>de</strong> 9,3%. Neste perío<strong>do</strong> a<br />

re<strong>de</strong> privada per<strong>de</strong>u 12,6% <strong>de</strong> suas matrículas.<br />

Tabela 3.5: Evolução das matrículas <strong>do</strong> Ensino Fundamental, Curitiba,1996-2000.<br />

1996 1997 1998 1999 2000<br />

MUNICIPAL 72196 78263 79239 79047 80578<br />

ESTADUAL 138956 137343 136665 129201 125971<br />

PARTICULAR 49855 50703 48830 46209 43569<br />

TOTAL 261007 266309 264734 254457 250118<br />

Fonte: INEP/MEC – Censo Escolar.<br />

Observe na tabela 3.6 o crescimento percentual da participação da re<strong>de</strong><br />

municipal <strong>de</strong> ensino na oferta <strong>de</strong> ensino fundamental em Curitiba que passa <strong>de</strong> 27,7% em<br />

1996 para 32,2% em 2000. No Paraná a participação das re<strong>de</strong>s municipais no conjunto das<br />

matrículas <strong>do</strong> ensino fundamental é <strong>de</strong> 49,6% em 2000, Curitiba, uma vez que não<br />

completou o processo <strong>de</strong> municipalização 4 até 2000 está bem abaixo <strong>de</strong>sta média:<br />

4 Com a municipalização <strong>de</strong> parte das escolas estaduais <strong>de</strong> 1ª a 4ª realizada em 2001-2002, hoje a re<strong>de</strong><br />

municipal conta com 155 escolas, <strong>de</strong>stas 36 correspon<strong>de</strong>m a Centros <strong>de</strong> Educação Integral (CEIS) e aten<strong>de</strong>m<br />

os alunos em perío<strong>do</strong> integral. Além disso, apenas 11 ofertam o Ensino Fundamental completo, <strong>de</strong> 1ª a 8ª<br />

séries, as <strong>de</strong>mais aten<strong>de</strong>m apenas <strong>de</strong> pré a 4ª séries.<br />

24


Tabela 3.6: Distribuição percentual <strong>de</strong> matrículas no Ensino Fundamental entre as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino,<br />

Curitiba, 1996-2000.<br />

1996 1997 1998 1999 2000<br />

MUNICIPAL 27,7 29,4 36,7 31 32,2<br />

ESTADUAL 53,2 51,6 63 50,8 50,4<br />

PARTICULAR 19,1 19 18,3 18,2 17,4<br />

Fonte: INEP/MEC.<br />

A Tabela 3.7 mostra que o crescimento da Re<strong>de</strong> Municipal <strong>de</strong> Ensino entre<br />

1.996 e 2.000 se <strong>de</strong>u muito mais em função da ampliação <strong>do</strong> número das salas <strong>de</strong> aula <strong>do</strong><br />

que em função da construção <strong>de</strong> escolas, durante este perío<strong>do</strong> foram construídas apenas<br />

nove novas escolas, enquanto que o número <strong>de</strong> salas <strong>de</strong> aula saltou <strong>de</strong> 1.410 para 1.625,<br />

correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a um aumento <strong>de</strong> 15,2% no referi<strong>do</strong> perío<strong>do</strong>.<br />

Tabela 3.7: Número <strong>de</strong> escolas, salas e turmas da Re<strong>de</strong> Municipal, Curitiba, 1996-2000.<br />

1996 1997 1998 1999 2000 Cresc. % 96/00<br />

Nº <strong>de</strong> Escolas 124 125 129 130 133 7,3<br />

Nº <strong>de</strong> Salas 1410 1457 1565 1574 1625 15,2<br />

Nº <strong>de</strong> Turmas 2922 3092 3225 3262 3389 16,0<br />

FONTE: Secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação.<br />

Outro elemento importante a ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> é a relação entre o total <strong>de</strong><br />

matrículas <strong>do</strong> Ensino Fundamental e o número <strong>de</strong> turmas para avaliar, em que medida, o<br />

aumento <strong>de</strong> alunos não resulta em piores condições <strong>de</strong> trabalho para professores e alunos.<br />

Na tabela 3.8 verificamos que há em 1999 a maior média <strong>de</strong> alunos por turma, 33 e em<br />

1998 a menor média, 31,6. Aparentemente a re<strong>de</strong> municipal conseguiu manter um<br />

atendimento razoavelmente estável quanto ao número <strong>de</strong> alunos por turma antes e <strong>de</strong>pois<br />

<strong>do</strong> FUNDEF.<br />

Tabela 3.8: Relação entre total <strong>de</strong> matrículas iniciais <strong>do</strong> Ensino Fundamental e número <strong>de</strong> turmas.<br />

1996 1997 1998 1999 2000 Cresc.%96/00<br />

Matrículas 74478 79469 80599 81184 80733 8,4%<br />

Número <strong>de</strong> Turmas 2324 2485 2552 2457 2545 9,5%<br />

Mat/nº <strong>de</strong> turmas 32 32 31,6 33 31,7 -1,0%<br />

25


Fonte: Secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação<br />

Cabe observar que apesar <strong>de</strong> se tratar aqui a média <strong>de</strong> matrículas por turma, como<br />

alunos por turma, isto po<strong>de</strong> variar a <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da região da cida<strong>de</strong>, há da<strong>do</strong>s que indicam<br />

que enquanto na região sul <strong>de</strong> Curitiba é comum encontrar turmas com 38 a 40 alunos, na<br />

região norte encontramos turmas com 20 alunos, <strong>de</strong>sta forma os da<strong>do</strong>s gerais da re<strong>de</strong> não<br />

são suficientes para i<strong>de</strong>ntificar as condições reais <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> alunos e professores.<br />

Comparan<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> número <strong>de</strong> escolas e número <strong>de</strong> matrículas, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

1996 a 2000, percebemos um aumento <strong>de</strong> 7,3% em relação ao primeiro, enquanto que no<br />

número <strong>de</strong> matrículas este aumento correspon<strong>de</strong>u a 8,4%, estes <strong>do</strong>is índices estão muito<br />

próximos revelan<strong>do</strong> uma linearida<strong>de</strong> entre o crescimento <strong>do</strong> número <strong>de</strong> matrículas e <strong>do</strong><br />

número <strong>de</strong> escolas, po<strong>de</strong>-se concluir que o FUNDEF também não interferiu neste<br />

movimento.<br />

IV - SITUAÇÃO DOS PROFESSORES:<br />

O Magistério Municipal <strong>de</strong> Curitiba, no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1.985 a junho <strong>de</strong><br />

1.991, teve sua carreira regida pelo Estatuto <strong>do</strong> Magistério, Lei nº 6761/85. A estruturação<br />

da carreira era composta por quatro classes, em função da habilitação <strong>do</strong>s professores,<br />

sen<strong>do</strong> elas:<br />

Classe A – Pelo integrante <strong>do</strong> Quadro Próprio <strong>do</strong> Magistério que possuía<br />

habilitação mínima específica <strong>de</strong> Segun<strong>do</strong> Grau;<br />

Classe B – Pelo integrante <strong>do</strong> QPM, que possuía habilitação mínima específica <strong>de</strong><br />

Segun<strong>do</strong> Grau com mais um ano <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s adicionais;<br />

Classe C – Pelo integrante <strong>do</strong> QPM, que possuía habilitação mínima específica <strong>de</strong><br />

Grau Superior, ao nível <strong>de</strong> graduação, obtida em cursos <strong>de</strong> curta duração, representada por<br />

licenciatura <strong>de</strong> 1º Grau;<br />

Classe D – Pelo integrante <strong>do</strong> QPM, que possui habilitação <strong>de</strong> Grau Superior, com<br />

duração plena, representada por licenciatura plena, inclusive as <strong>de</strong> Orienta<strong>do</strong>r<br />

Educacional e Supervisor Escolar.<br />

Além disso a estruturação <strong>do</strong> quadro compreendia duas áreas <strong>de</strong> atuação:<br />

Área <strong>de</strong> atuação 1, <strong>do</strong> Pré à 4ª série <strong>do</strong> 1º Grau;<br />

26


Área <strong>de</strong> atuação 2, <strong>do</strong> Pré à 8ª série <strong>do</strong> 1º Grau.<br />

O avanço na carreira se dava das seguintes formas:<br />

1. Avanço vertical por habilitação, cumpri<strong>do</strong> o interstício <strong>de</strong> 2 anos garanti<strong>do</strong> para <strong>de</strong>z por<br />

cento, no mínimo, <strong>do</strong>s integrantes da classe A.<br />

2. Avanço horizontal <strong>de</strong>ntro da mesma classe por tempo <strong>de</strong> serviço ou por merecimento:<br />

A. a promoção por tempo <strong>de</strong> serviço que ocorria a cada <strong>do</strong>is anos;<br />

B. a promoção por merecimento que ocorria a cada três anos, atingi<strong>do</strong> um número<br />

mínimo <strong>de</strong> pontos, ten<strong>do</strong> como critérios a qualificação <strong>do</strong> profissional em<br />

seminários, congressos, cursos <strong>de</strong> capacitação na área <strong>de</strong> educação, etc.<br />

C. É importante lembrar que para estas promoções não havia limite <strong>de</strong> vagas.<br />

3. Opção a ascensão da Área <strong>de</strong> atuação 1 para a Área <strong>de</strong> atuação 2, através <strong>de</strong> teste<br />

seletivo.<br />

Em junho <strong>de</strong> 1.991 é instituí<strong>do</strong> um novo Plano <strong>de</strong> Carreiras da Administração<br />

Municipal para to<strong>do</strong>s os servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> <strong>município</strong>, através da Lei 7.670/91, revogan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s<br />

os artigos que tratavam da carreira <strong>do</strong>s professores <strong>do</strong> Estatuto próprio <strong>do</strong> Magistério,<br />

O Magistério Municipal passou a compor uma <strong>de</strong>stas carreiras. Agora a carreira esta<br />

formada por seis padrões compostos por nove referências cada um. Sen<strong>do</strong> que os três<br />

primeiros padrões organiza<strong>do</strong>s da seguinte forma:<br />

a) Padrão 21 – Referências A,B,C,D, E,F,G,H, e I;<br />

b) Padrão 22 – Referências A,B,C,D, E,F,G,H e I;<br />

c) Padrão 23 – Referências A,B,C,D, E,F,G,H e I.<br />

Os professores enquadra<strong>do</strong>s nestes três padrões possuíam habilitação mínima<br />

específica <strong>de</strong> segun<strong>do</strong> grau e atuavam <strong>do</strong> pré a 4ª série <strong>do</strong> 1º Grau,<br />

Os <strong>de</strong>mais padrões estruturavam-se assim:<br />

d) Padrão 24 – Referências A,B,C,D, E,F,G, e I;<br />

e) Padrão 25 – Referências A,B,C,D, E,F,G, e I;<br />

f) Padrão 26 – Referências A,B,C,D, E,F,G, e I.<br />

Os professores enquadra<strong>do</strong>s nos referi<strong>do</strong>s padrões possuíam habilitação mínima <strong>de</strong><br />

grau superior, representada por licenciatura plena ou nas áreas <strong>de</strong> orientação e supervisão<br />

escolar. Os primeiros po<strong>de</strong>riam atuar <strong>de</strong> 5ª a 8ª série <strong>do</strong> 1º grau, enquanto os <strong>de</strong>mais como<br />

supervisor e orienta<strong>do</strong>r escolar.<br />

27


O avanço funcional se dava exclusivamente através da progressão horizontal <strong>de</strong>ntro<br />

da mesma área <strong>de</strong> atuação, anualmente, através <strong>do</strong> resulta<strong>do</strong> da avaliação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho.<br />

Cabe citar o artigo da Lei 7.670/91 que <strong>de</strong>finia esta avaliação:<br />

“Art. 10 – Avaliação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho é o processo que tem por propósito aferir<br />

objetivamente o resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho efetivo <strong>do</strong>s servi<strong>do</strong>res fornecen<strong>do</strong> subsídios para o<br />

planejamento <strong>de</strong> Recursos Humanos da Administração Direta, Autárquica e Fundacional <strong>do</strong><br />

Município <strong>de</strong> Curitiba.”<br />

Como se po<strong>de</strong> constatar pelo teor <strong>do</strong> artigo havia uma tentativa <strong>de</strong> homogeneizar a<br />

avaliação nas mais diversas áreas e funções. Os servi<strong>do</strong>res tinham seu <strong>de</strong>sempenho aferi<strong>do</strong><br />

semestralmente por sua chefia imediata e o resulta<strong>do</strong> das duas últimas avaliações semestrais<br />

é que era consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> para o avanço funcional. Além disto a avaliação era constituída por<br />

três etapas distintas a saber:<br />

a) Pré-<strong>de</strong>sempenho – fase on<strong>de</strong> eram estabeleci<strong>do</strong>s os critérios <strong>de</strong> aferição e<br />

acompanhamento, os prazos para cumprimento <strong>do</strong>s objetivos, as tarefas ou<br />

ativida<strong>de</strong>s, que visava <strong>de</strong>ixar claro ao servi<strong>do</strong>r qual a expectativa da chefia em<br />

relação ao seu trabalho;<br />

b) Desempenho – nesta fase a chefia fazia o acompanhamento registran<strong>do</strong> os fatos<br />

mais significativos que ocorriam;<br />

c) Pós-<strong>de</strong>sempenho – a chefia e o servi<strong>do</strong>r formalizavam o resulta<strong>do</strong> final da<br />

avaliação.<br />

Todas estas fases eram registradas por escrito. É factível que este processo era<br />

extremamente burocrático, além disso, havia uma perspectiva gerencial embutida em to<strong>do</strong> o<br />

processo e a padronização <strong>do</strong> mesmo não levava em conta as especificida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> trabalho<br />

educativo <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> pelos professores.<br />

Cabe ressaltar ainda que nesta avaliação a formação e a qualificação <strong>do</strong>s professores<br />

não era consi<strong>de</strong>rada o que levou a total burocratização <strong>do</strong> processo, não garantin<strong>do</strong> que o<br />

mesmo levasse a uma atuação mais qualificada <strong>do</strong>s profissionais da educação.<br />

Um fato importante a ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> é que a partir <strong>de</strong> 1.994, com o achatamento<br />

salarial trazi<strong>do</strong> pela própria estrutura <strong>do</strong> plano e por uma política salarial <strong>de</strong> arrocho,<br />

implantou-se uma gratificação salarial. Esta foi uma tentativa <strong>de</strong> atrair mais profissionais<br />

para a re<strong>de</strong> municipal através da elevação <strong>do</strong> piso salarial, pois havia na época um alto<br />

28


índice <strong>de</strong> exonerações solicitadas pelos professores em <strong>de</strong>corrência <strong>do</strong>s baixos salários nos<br />

níveis iniciais. Desta forma constituiu-se um piso para o padrão 21, abrangen<strong>do</strong> as<br />

referências <strong>de</strong> A até G, o que aconteceu também com o padrão 24, atingin<strong>do</strong> as referências<br />

<strong>de</strong> A até E, levan<strong>do</strong> a <strong>de</strong>sestruturação da carreira fazen<strong>do</strong> com que profissionais com até<br />

nove anos <strong>de</strong> re<strong>de</strong> passassem a ganhar o mesmo salário <strong>do</strong>s professores que haviam<br />

ingressa<strong>do</strong> recentemente.<br />

Além disso, no ano <strong>de</strong> 1.997, o prefeito através <strong>de</strong> <strong>de</strong>creto instituiu uma comissão<br />

para avaliar o processo da avaliação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho, a qual concluiu que o processo estava<br />

vicia<strong>do</strong> não cumprin<strong>do</strong> mais com seus objetivos. A partir <strong>de</strong>sta conclusão a avaliação <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> 1997 foi anulada e não houve mais a progressão horizontal por<br />

<strong>de</strong>terminação <strong>do</strong> executivo. To<strong>do</strong>s os servi<strong>do</strong>res municipais estacionaram em sua carreira.<br />

A partir da aprovação da Lei 9424/96, que instituiu o FUNDEF, o magistério <strong>de</strong><br />

Curitiba passa a reivindicar um plano <strong>de</strong> carreira específico para os professores, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

diversas mobilizações, finalmente em junho <strong>de</strong> 2.001 é instituí<strong>do</strong> o Plano <strong>de</strong> Carreira <strong>do</strong><br />

Magistério Público Municipal.<br />

A Lei nº 10.190/01 estabelece uma estrutura <strong>de</strong> carreira com um cargo único:<br />

Profissional <strong>do</strong> Magistério. A formação mínima exigida passa a ser a licenciatura plena ou<br />

o curso normal superior, <strong>de</strong>sta forma o plano é composto por uma parte permanente,<br />

composta pelo cargo <strong>de</strong> Profissional <strong>do</strong> Magistério, com formação superior, <strong>de</strong> caráter<br />

<strong>de</strong>finitivo e uma parte especial composta pelo cargo <strong>de</strong> Profissional <strong>do</strong> Magistério com<br />

formação <strong>de</strong> nível médio que será progressivamente extinta. A parte permanente é<br />

estruturada em três níveis <strong>de</strong> habilitação, a saber:<br />

a) Nível I, formação superior em curso Normal Superior, licenciatura plena ou em<br />

curso <strong>de</strong> graduação correspon<strong>de</strong>nte à área <strong>de</strong> conhecimento específico, complementada<br />

com formação pedagógica;<br />

b) Nível II, formação em nível <strong>de</strong> pós-graduação “lato sensu”, em cursos na área<br />

<strong>de</strong> educação básica, com duração mínima <strong>de</strong> 360 horas.<br />

c) Nível III, formação em nível <strong>de</strong> pós-graduação, “stricto sensu”, em programas<br />

<strong>de</strong> mestra<strong>do</strong> ou <strong>do</strong>utora<strong>do</strong> na área <strong>de</strong> educação.<br />

Cada um <strong>de</strong>stes níveis é dividi<strong>do</strong> em duas áreas <strong>de</strong> atuação:<br />

29


a. Docência I, o conjunto <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s pedagógicas e didáticas <strong>de</strong> atendimento<br />

direto aos alunos da educação básica, ciclos I e II, compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

pré à 4ª série <strong>do</strong> ensino fundamental;<br />

b. Docência II, o conjunto <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s pedagógicas e didáticas <strong>de</strong><br />

atendimento direto aos alunos da educação básica, ciclos III e IV,<br />

compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a 5ª a 8ª séries <strong>do</strong> Ensino Fundamental ou Suporte<br />

técnico- pedagógico, o conjunto <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>stinadas à coor<strong>de</strong>nação,<br />

supervisão, orientação, organização e gestão <strong>do</strong> processo pedagógico.<br />

O crescimento na carreira se dá <strong>de</strong> duas formas:<br />

1. O crescimento horizontal que consiste na passagem <strong>de</strong> uma referência para as<br />

seguintes, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o número <strong>de</strong> vagas ofertadas, <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> mesmo nível,<br />

consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> no mínimo 80% <strong>do</strong> total <strong>do</strong> quadro <strong>de</strong> servi<strong>do</strong>res ativos <strong>do</strong> magistério, numa<br />

periodicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>do</strong>is anos, sen<strong>do</strong> que o ocupante <strong>do</strong> cargo <strong>de</strong> Profissional <strong>do</strong> Magistério<br />

po<strong>de</strong> crescer até três referências. Cabe lembrar que para participar <strong>de</strong>ste processo, os<br />

professores <strong>de</strong>verão apresentar o formulário <strong>de</strong> gestão preenchi<strong>do</strong>, que é o instrumento no<br />

qual estão conti<strong>do</strong>s os registros que envolvem ativida<strong>de</strong>s inerentes ao cargo e<br />

<strong>de</strong>senvolvimento profissional, incluin<strong>do</strong>-se aí produção acadêmica e a titulação.<br />

2. O crescimento vertical que consiste na passagem <strong>de</strong> um nível para outro superior,<br />

condiciona<strong>do</strong> à disponibilida<strong>de</strong> orçamentária e abertura <strong>de</strong> Procedimento Seletivo<br />

Específico pela Administração. Deverão ser garantidas, no mínimo 100 vagas por<br />

procedimento realiza<strong>do</strong>.<br />

A jornada <strong>de</strong> trabalho é <strong>de</strong> vinte horas semanais para to<strong>do</strong>s os profissionais.<br />

É importante levar em consi<strong>de</strong>ração alguns aspectos:<br />

O primeiro <strong>de</strong>les diz respeito ao fato <strong>de</strong> que hoje a re<strong>de</strong> municipal <strong>de</strong> ensino conta<br />

com aproximadamente 8.000 Profissionais <strong>do</strong> Magistério, logo o número <strong>de</strong> vagas<br />

ofertadas para o crescimento vertical é muito limita<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> que a lei não <strong>de</strong>termina uma<br />

periodicida<strong>de</strong> mínima para este crescimento, fican<strong>do</strong> o mesmo condiciona<strong>do</strong> meramente à<br />

disponibilida<strong>de</strong> orçamentária.<br />

O segun<strong>do</strong> aspecto se refere aos profissionais que atuam na educação especial, que<br />

até a aprovação da presente lei, recebiam 50% <strong>de</strong> gratificação sobre os seus vencimentos, e<br />

se no momento <strong>de</strong> sua aposenta<strong>do</strong>ria atuam-se a pelo menos quatro anos nesta área<br />

30


incorporavam esta gratificação aos seus proventos. Com a instituição da Lei nº 10.190/01<br />

há uma diferenciação entre os profissionais que atuam nas escolas especializadas que<br />

percebem 50% <strong>de</strong> gratificação, e os profissionais que atuam em salas <strong>de</strong> recurso ou classes<br />

especiais que percebem uma gratificação <strong>de</strong> 30%, lembran<strong>do</strong> que esta percentagem é sobre<br />

o vencimento básico inicial da área <strong>de</strong> atuação. Além <strong>do</strong> que estas gratificações não são<br />

mais incorporadas aos proventos no momento da aposenta<strong>do</strong>ria.<br />

A avaliação que o sindicato <strong>do</strong> magistério faz é que a implantação <strong>de</strong>ste plano <strong>de</strong><br />

carreira se <strong>de</strong>u muito mais em função da mobilização que já se estendia por alguns anos,<br />

que pela instituição da Lei <strong>do</strong> FUNDEF. Entretanto, para o superinten<strong>de</strong>nte da educação <strong>de</strong><br />

Curitiba, os recursos <strong>do</strong> FUNDEF tem viabiliza<strong>do</strong> o incremento <strong>de</strong> gastos com folha <strong>de</strong><br />

pagamento a partir <strong>de</strong> 2002:<br />

Nós tivemos um acréscimo na nossa folha <strong>de</strong> 5 milhões e isso representa uma média<br />

em torno <strong>de</strong> 18% à 20% <strong>do</strong> custa da folha , mas isso só foi possível graças aos<br />

recursos <strong>do</strong> FUNDEF, também propicia. O FUNDEF também interfere diretamente<br />

porque se você for olhar a regulamentação <strong>do</strong> FUNDEF,na 9424, ela condiciona a<br />

existência <strong>do</strong> plano <strong>de</strong> cargos e salários. Complementan<strong>do</strong>, mesmo não sen<strong>do</strong><br />

utiliza<strong>do</strong>s os recursos específicos, a criação <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> implicou na exigência pela lei <strong>de</strong><br />

um plano <strong>de</strong> cargos e salários com uma concepção nova no senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> financiamento e<br />

essa adaptação <strong>do</strong> plano existente ao antigo, sempre estava sen<strong>do</strong> feita uma adaptação<br />

baseada nas Leis <strong>de</strong> Diretrizes <strong>do</strong> próprio Conselho Estadual <strong>de</strong> Educação e ele indica<br />

que o plano tem que ter uma carreira. O professor tem que ter um crescimento, uma<br />

movimentação na carreira, e essa movimentação, ela tem um crescimento horizontal e<br />

um vertical, que é quan<strong>do</strong> o professor passa <strong>do</strong> ensino médio para o Superior, para o<br />

mestra<strong>do</strong> e <strong>do</strong>utora<strong>do</strong>, então o plano tem que contemplar isso. No horizontal seria o<br />

<strong>de</strong>sempenho <strong>do</strong> professor. Então no crescimento horizontal que também dá um ganho<br />

ao professor. Esse procedimento acontece sob três aspectos: você tem que avaliar o<br />

conhecimento <strong>do</strong> professor, qualificação e <strong>de</strong>sempenho; para obter um crescimento no<br />

senti<strong>do</strong> horizontal. O plano é feito basicamente <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s parâmetros. Dá ao<br />

professor uma carreira mais clara, mais objetiva em termos até <strong>de</strong> ganhos financeiros.<br />

(entrevista com o superinten<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> educação <strong>de</strong> Curitiba)<br />

Há um certo impasse neste senti<strong>do</strong>, quanto a avaliação das possibilida<strong>de</strong>s efetivas <strong>de</strong><br />

valorização <strong>do</strong> magistério após o FUNDEF que, neste <strong>caso</strong> especifico só po<strong>de</strong>rão ser<br />

melhor dimensionadas com uma análise que se estenda pelo menos até 2002, posto que, se<br />

o PCCS foi discuti<strong>do</strong> durante o recorte <strong>de</strong> tempo feito nesta fase da pesquisa, os efeitos da<br />

sua implementação não po<strong>de</strong>m ser medi<strong>do</strong>s antes da execução financeira <strong>de</strong> 2000 quan<strong>do</strong><br />

efetivamente ele se torna realida<strong>de</strong>.<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista estritamente salarial, a situação <strong>do</strong> magistério <strong>de</strong> Curitiba até<br />

2000 não apresenta avanços, visto que, como já se apresentou na análise financeira, há uma<br />

31


diminuição <strong>de</strong> gastos com pessoal versus um aumento <strong>de</strong> alunos na re<strong>de</strong> e quan<strong>do</strong><br />

consi<strong>de</strong>ramos os salários recebi<strong>do</strong>s pelos professores teremos uma <strong>de</strong>fasagem significativa<br />

nos valores reais da tabela.<br />

Tabela 4.1: Salário <strong>do</strong>s Professores da Re<strong>de</strong> Pública Municipal <strong>de</strong> Curitiba, 1996-2000.<br />

Valores<br />

nominais<br />

1996 1997 1998 1999 2000<br />

Piso Teto Piso Teto Piso Teto Piso Teto Piso Teto Cresc.%96/00<br />

Ens.Fund.<br />

(1ª/4ª)<br />

341,58 514,76 372,72 561,69 387,33 583,73 387,33 583,73 418,29 630,37 22,5<br />

Ens.Fund.<br />

(5ª/8ª)<br />

512,41 815,46 559,12 889,87 581,04 924,65 581,04 924,65 627,47 998,55 22,5<br />

EJA 341,58 514,76 372,72 561,69 387,33 583,73 387,33 583,73 418,29 630,37 22,5<br />

Educação<br />

Especial<br />

512,37 772,14 559,08 842,53 581,00 875,60 581,00 875,60 627,44 945,56 22,5<br />

Valores<br />

reais<br />

1996 1997 1998 1999 2000<br />

Piso Teto Piso Teto Piso Teto Piso Teto Piso Teto Cresc.%96/00<br />

Ens.Fund.<br />

(1ª/4ª)<br />

573,28 863,94 579,68 873,58 579,86 873,89 520,90 785,03 494,45 745,15 -13,7<br />

Ens.Fund.<br />

(5ª/8ª)<br />

860,00 1368,62 869,59 1384,00 869,87 1384,28 781,41 1243,52 741,71 1180,36 -13,7<br />

EJA 573,28 863,94 579,68 873,58 579,86 873,89 520,90 785,03 494,45 745,14 -13,7<br />

Educação<br />

Especial<br />

859,93 1295,91 869,53 1310,37 869,81 1310,85 781,36 1177,56 741,68 1117,72 -13,7<br />

Fonte: Sindicato <strong>do</strong>s servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Magistério Municipal <strong>de</strong> Curitiba.<br />

Nota: Os valores reais foram calcula<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong> índice usa<strong>do</strong> no conjunto da pesquisa.<br />

Se <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista <strong>do</strong>s valores nominais a tabela salarial em Curitiba foi<br />

reajustada em 22,5%, quanto se observa os valores reais <strong>do</strong>s salários, efetivamente a tabela<br />

<strong>de</strong>monstra uma <strong>de</strong>fasagem <strong>de</strong> 13,7%. Desta forma, pelo menos até 2000 não há incremento<br />

salarial <strong>de</strong>corrente <strong>do</strong> FUNDEF.<br />

Outro fator a ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> é a relação entre o número <strong>de</strong> matrículas e o número<br />

<strong>de</strong> professores (incluin<strong>do</strong> <strong>do</strong>centes, pedagogos e diretores) na re<strong>de</strong> municipal <strong>de</strong> ensino.<br />

Analisan<strong>do</strong>-se a tabela 4.2 verifica-se que esta relação era <strong>de</strong> 12,4 em 1996, atingin<strong>do</strong> seu<br />

pico em 1999 com 15,9, ten<strong>do</strong> uma leve queda em 2000, correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a um índice <strong>de</strong><br />

15,3 . Cabe lembrar que utilizou-se para esta análise o total <strong>de</strong> matrículas e <strong>de</strong> professores<br />

da re<strong>de</strong> municipal <strong>de</strong> ensino, sen<strong>do</strong> que neste da<strong>do</strong> estão inclusos os professores <strong>do</strong> ensino<br />

fundamental, das turmas <strong>de</strong> pré-escola, da educação <strong>de</strong> jovens e adultos, além <strong>do</strong>s<br />

professores que atuam na educação especial, já que os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sagrega<strong>do</strong>s em relação ao<br />

número <strong>de</strong> profissionais não estavam disponíveis.<br />

32


Tabela 4.2: Relação entre total <strong>de</strong> matrículas e total <strong>de</strong> professores da Re<strong>de</strong> Municipal, Curitiba,<br />

1996-2000.<br />

1996 1997 1998 1999 2000<br />

Matrículas 84809 97354 101595 102498 100667<br />

Professores 6828 6827 6461 6448 6592<br />

Mat/Prof. 12,4 14,3 15,7 15,9 15,3<br />

Fonte: Secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação<br />

Alguns elementos po<strong>de</strong>m explicar a redução <strong>de</strong> profissionais na re<strong>de</strong> municipal <strong>de</strong><br />

ensino. Primeiramente as aposenta<strong>do</strong>rias que se efetivaram neste perío<strong>do</strong>, além disso,<br />

mesmo ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> um concurso público no ano <strong>de</strong> 1.999, houve um número<br />

consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> professores que se exoneraram da re<strong>de</strong> municipal, infelizmente como estes<br />

números não estão disponíveis, não po<strong>de</strong>mos mensurar qual <strong>de</strong>stes aspectos foi mais<br />

relevante para a diminuição <strong>de</strong> profissionais na re<strong>de</strong> durante o perío<strong>do</strong> em estu<strong>do</strong>. Cabe<br />

ressaltar ainda, que existe uma forma <strong>de</strong> contração diferenciada na re<strong>de</strong>, o Regime Integral<br />

<strong>de</strong> Trabalho, on<strong>de</strong> os professores que possuem um padrão na re<strong>de</strong> municipal po<strong>de</strong>m <strong>do</strong>brar<br />

a sua jornada <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> quatro para oito horas, e em 2000, segun<strong>do</strong> a SME havia em<br />

torno <strong>de</strong> 1000 profissionais nesta situação, seria interessante termos acesso aos da<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>mais anos para po<strong>de</strong>rmos chegar a uma conclusão mais precisa para a pesquisa em<br />

questão.<br />

Um último da<strong>do</strong> a ser lembra<strong>do</strong> é que no ano <strong>de</strong> 1999 a Secretaria Municipal <strong>de</strong><br />

Educação fez um redimensionamento <strong>de</strong> pessoal na re<strong>de</strong> municipal diminuin<strong>do</strong> o número<br />

<strong>de</strong> professores por escola. No ano 2001 é realiza<strong>do</strong> um novo redimensionamento, o que<br />

levou a uma sobrecarga <strong>de</strong> trabalho para os professores, principalmente com a implantação<br />

<strong>do</strong>s Ciclos <strong>de</strong> Aprendizagem a partir <strong>de</strong> 1999.<br />

V - POLÍTICA EDUCACIONAL LOCAL FRENTE AO FUNDEF (Análise da entrevista<br />

com o Secretário <strong>de</strong> Educação)<br />

A avaliação da política educacional <strong>do</strong> <strong>município</strong> <strong>de</strong> Curitiba após a implementação<br />

<strong>do</strong> FUNDEF estará pautada pre<strong>do</strong>minantemente na entrevista com o Superinten<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />

Educação <strong>do</strong> <strong>município</strong> na gestão que se iniciou em 2001, alia<strong>do</strong> a informações obtidas<br />

junto á representante <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Finanças da Secretaria <strong>de</strong> Educação no Conselho<br />

33


<strong>de</strong> Acompanhamento e Controle Social <strong>do</strong> FUNDEF. É interessante <strong>de</strong>stacar em Curitiba,<br />

dada a reeleição <strong>do</strong> prefeito municipal, o dirigente municipal <strong>de</strong> Educação também se<br />

mantém à frente da SME, <strong>de</strong> forma que as avaliações <strong>do</strong> secretário seriam importantes para<br />

o presente estu<strong>do</strong>, entretanto, apesar <strong>de</strong> muitas tentativas <strong>do</strong>s pesquisa<strong>do</strong>res o Secretario <strong>de</strong><br />

Educação não conce<strong>de</strong>u a entrevista.<br />

Mesmo com esta limitação <strong>de</strong> entrevista<strong>do</strong>s, a conversa com o superinten<strong>de</strong>nte<br />

permitiu uma visão abrangente sobre a organização da re<strong>de</strong> municipal <strong>de</strong> ensino, caben<strong>do</strong><br />

observar que duas medidas importantes <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista da avaliação <strong>do</strong> FUNDEF são<br />

implementadas neste <strong>município</strong> a partir <strong>de</strong> 2001, quais sejam, a aprovação <strong>do</strong> Plano <strong>de</strong><br />

Cargos Carreira e Salários <strong>do</strong> Magistério e a municipalização <strong>de</strong> parte das escolas estaduais<br />

<strong>de</strong> 1ª a 4ª séries. Mesmo estan<strong>do</strong> o ano <strong>de</strong> 2001, fora <strong>do</strong> recorte temporal da presente<br />

pesquisa, optamos por manter as informações que são significativas para compreen<strong>de</strong>r a<br />

política municipal <strong>de</strong> educação em curso.<br />

Assim apresentaremos a seguir as questões mais relevantes abordadas pelos<br />

entrevista<strong>do</strong>s, organizadas a partir <strong>de</strong> temática que revelem a dinâmica da política<br />

municipal <strong>de</strong> educação:<br />

1- O processo <strong>de</strong> municipalização <strong>de</strong> 1ª a 4ª séries e o salário educação no Paraná:<br />

Curitiba é uma das cida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> que apesar <strong>de</strong> ao longo da década <strong>de</strong> noventa<br />

ter expandi<strong>do</strong> sua re<strong>de</strong>, não havia assumi<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma mais efetiva a<br />

municipalização conforme proposta pela SEED no início da década <strong>de</strong> 90. Em 2001,<br />

a Assembléia Legislativa <strong>do</strong> Paraná aprovou a regulamentação <strong>do</strong> salário educação<br />

com uma indicação <strong>de</strong> que os <strong>município</strong>s que não houvesse municipaliza<strong>do</strong> toda a<br />

oferta das séries iniciais <strong>do</strong> ensino fundamental, <strong>de</strong>veriam fazê-lo. Por isso é<br />

interessante a afirmação <strong>do</strong> entrevista<strong>do</strong> <strong>de</strong> que apesar <strong>do</strong> <strong>município</strong> agora estar<br />

amplian<strong>do</strong> o processo <strong>de</strong> municipalização, isto não é <strong>de</strong>corrência da lei estadual. O<br />

entrevista<strong>do</strong> não aprofunda as causas <strong>de</strong>sta <strong>de</strong>cisão que po<strong>de</strong> estar relacionada ao<br />

fato <strong>de</strong> que a capital tem ganhos expressivos com o FUNDEF e o aumento das<br />

matrículas <strong>de</strong>ve manter e expandir este ganho, mas também po<strong>de</strong> <strong>de</strong>correr mais <strong>do</strong><br />

que <strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong> ganhos financeiros, <strong>de</strong> uma relação política com a SEED:<br />

Em Curitiba. nós estamos programan<strong>do</strong> a municipalização <strong>de</strong>sses 30 mil alunos[que estão<br />

em escolas estaduais <strong>de</strong> 1ª a 4ª série] e estamos trabalhan<strong>do</strong> com a hipótese que no ano que<br />

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vem, 2002, nós pegaríamos, <strong>de</strong>sses 30 mil, 10 mil alunos. Não teria como pegar esses 30<br />

mil por que iria <strong>de</strong>sestruturar completamente a nossa re<strong>de</strong>. (...) Nós estamos fazen<strong>do</strong> esse<br />

estu<strong>do</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>do</strong> salário educação. Nós enten<strong>de</strong>mos que são coisas<br />

completamente diferentes. Apesar <strong>de</strong> que o esta<strong>do</strong> colocou na lei estadual vinculan<strong>do</strong> a<br />

municipalização, só que a medida em que os <strong>município</strong>s vão questionar isso, você não vai<br />

conseguir aten<strong>de</strong>r essa situação (...) Por exemplo a parcela <strong>do</strong> salário educação que<br />

Curitiba tem por direito segun<strong>do</strong> essa lei não é um valor que você tenha que assumir 30 mil<br />

alunos. Curitiba vai receber <strong>do</strong> salário educação neste ano <strong>de</strong> 2001, em torno <strong>de</strong> 1,5 milhão<br />

(...) o orçamento da Secretaria Municipal <strong>de</strong> Curitiba em 2001 foi <strong>de</strong> 172<br />

milhões.(entrevista com o superinten<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> educação <strong>de</strong> Curitiba)<br />

2- Recursos <strong>do</strong> FUNDEF em Curitiba: Os entrevista<strong>do</strong>s <strong>de</strong>stacam que o recebimento <strong>de</strong><br />

recursos <strong>do</strong> FUNDEF pelo <strong>município</strong> numa proporção a maior <strong>do</strong> que a sua contribuição<br />

tem si<strong>do</strong> ano a ano mais significativa, entretanto, há ênfases diferentes sobre o quanto isto<br />

significa melhoria da situação <strong>do</strong> financiamento da educação no <strong>município</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a<br />

<strong>de</strong>stinação integral <strong>de</strong> tais recursos para folha <strong>de</strong> pagamento.<br />

(...)Paralelamente a esse aumento <strong>de</strong> alunos houve a ação direta <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> alunos<br />

<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> para o <strong>município</strong>. Este ano não houve praticamente nenhum fato novo em função<br />

financeira. Começaram, a surgir variações em termos <strong>de</strong> financiamento no ano <strong>de</strong> 2000, a<br />

Secretaria <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> Curitiba teve um ganho financeiro em torno <strong>de</strong> 10 mil com o<br />

FUNDEF e agora no ano <strong>de</strong> 2001, nós já tivemos até a meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> ano em torno <strong>de</strong> 8<br />

milhões <strong>de</strong> ganho, então está se projetan<strong>do</strong> em torno <strong>de</strong> 14/13 milhões <strong>de</strong> ganho com o<br />

FUNDEF para a re<strong>de</strong> municipal <strong>de</strong> Curitiba. Esse ganho está viabilizan<strong>do</strong> uma melhor<br />

condição <strong>de</strong> atendimento nas escolas na parte da re<strong>de</strong> física, na recuperação, na reforma,<br />

pintura, construção, melhoria na parte física das escolas e também houve um aumento<br />

significativo na folha <strong>de</strong> pagamento com o novo plano. (entrevista com o superinten<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />

educação <strong>de</strong> Curitiba)<br />

Em Curitiba, o Fun<strong>de</strong>f, é uma parte pequena <strong>do</strong> que é aplica<strong>do</strong>. Há uma quantida<strong>de</strong> muito<br />

gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos que é aplicada no Ensino Fundamental por conta <strong>do</strong> tamanho da re<strong>de</strong>.<br />

O FUNDEF é basicamente <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> ao pagamento <strong>de</strong> profissionais e mesmo assim se você<br />

utilizar to<strong>do</strong> o Fun<strong>de</strong>f você não chega ao valor final da folha. Mesmo consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a folha<br />

<strong>do</strong>s que são pagos com o FUNDEF. É um número muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolas. (entrevista com<br />

o superinten<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> educação <strong>de</strong> Curitiba)<br />

3- Funcionamento <strong>do</strong> FUNDEF: Os entrevista<strong>do</strong>s não apontam nenhum problema com o<br />

funcionamento <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> no <strong>município</strong> e nem no esta<strong>do</strong>.<br />

[o repasse <strong>de</strong> recursos] Ocorre <strong>de</strong> <strong>de</strong>z em <strong>de</strong>z dias. É uma coisa interessante, pois é<br />

uma coisa automática, uma coisa contábil. Então por exemplo quan<strong>do</strong> o governo<br />

gerencia o FMP para os <strong>município</strong>s, no mesmo instante em que ele <strong>de</strong>sconta os<br />

15%, ele credita da conta da educação. Então você tem uma movimentação que<br />

ocorre com quatro impostos e mais os quatro <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>. São oito então você tem<br />

oito movimentações que vão ocorrer em tempos diferentes <strong>do</strong> FUNDEF, na conta<br />

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<strong>do</strong>s <strong>município</strong>s. Alguns impostos são uma vez só por mês, mas alguns <strong>de</strong>sses, são<br />

três vezes por mês, por exemplo, o ICMS, que é semanal, o FPM que é <strong>de</strong> <strong>de</strong>z em<br />

<strong>de</strong>z dias, então são quotas variadas. (entrevista 1)<br />

Os repasses <strong>do</strong> FUNDEF são regulares e precisos, exatamente na época em que tem que vir<br />

sem atrasos. De <strong>de</strong>z em <strong>de</strong>z dias aparece na conta. Nós temos acesso aos extratos e tem as<br />

entradas <strong>de</strong> recursos, é perfeito. (...) Quanto a distribuição <strong>de</strong> recursos no conjunto <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> acompanhamos pela Internet, no site da STN, você tem acesso ao quantitativo total<br />

<strong>do</strong> esta<strong>do</strong> e existem os valores para cada <strong>município</strong>. (...) Des<strong>de</strong> o momento que eu peguei o<br />

CACS, já estava funcionan<strong>do</strong> os relatórios já estavam padroniza<strong>do</strong>s e estes seguem o<br />

mesmo padrão <strong>do</strong>s relatórios que são envia<strong>do</strong>s ao TC, então é um padrão único. Não havia<br />

problema algum já havia um processo bem organiza<strong>do</strong> e estava sen<strong>do</strong> bem <strong>de</strong>talha<strong>do</strong> para<br />

os conselheiros.(entrevista 2)<br />

- A organização e o funcionamento <strong>do</strong> Conselho <strong>do</strong> FUNDEF: Os entrevista<strong>do</strong>s<br />

diferentemente <strong>do</strong> que ocorre em outros <strong>município</strong>s não apresentam dificulda<strong>de</strong>s quanto ao<br />

funcionamento <strong>do</strong> Conselho.<br />

O nosso Conselho anterior tinha um mandato até <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2000. Agora nós temos um<br />

Conselho que assumiu em 2001. Ele está funcionan<strong>do</strong>. Ele é composto por: Secretaria <strong>de</strong><br />

Educação, a Secretaria <strong>de</strong> Recursos Humanos, a Secretaria <strong>de</strong> Finanças, nós temos um<br />

representante <strong>do</strong>s pais das escolas municipais, nós temos um representante <strong>do</strong>s professores<br />

e um representante <strong>do</strong>s funcionários, está faltan<strong>do</strong> um representante <strong>do</strong> Conselho<br />

Municipal <strong>de</strong> Educação; ainda da não temos um Conselho Municipal <strong>de</strong> Educação em<br />

Curitiba. (...) Inicialmente nós fizemos a capacitação <strong>do</strong>s conselheiros e aí mesmo com a<br />

capacitação, porque é um mecanismo que utiliza muitos termos técnicos, as pessoas têm<br />

que ter estas habilida<strong>de</strong>s e enten<strong>de</strong>r esses da<strong>do</strong>s. A reunião <strong>do</strong> Conselho é mensal e já<br />

temos agendadas todas as reuniões <strong>do</strong> primeiro, ao último mês <strong>do</strong> ano.(...) Ele tem que<br />

funcionar to<strong>do</strong> mês, pois, ele realiza os balancetes, e os balancetes são feitos mensalmente.<br />

Então quer dizer que as reuniões <strong>do</strong> Conselho também têm que ser mensais. Até o nosso<br />

Conselho se <strong>de</strong>ixa em aberto para eles apresentarem sugestões <strong>de</strong> que forma teria a melhor<br />

aplicação <strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong> fun<strong>do</strong>. (entrevista 1)<br />

- Financiamento da Educação Infantil: uma das gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>mandas para os<br />

<strong>município</strong> tem si<strong>do</strong> o atendimento da educação infantil em creches e pré-escolas, apesar<br />

<strong>de</strong>ste quadro se repetir em Curitiba, para o entrevista<strong>do</strong> o FUNDEF não <strong>de</strong>ve ser avalia<strong>do</strong><br />

consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a precarieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> financiamento para esta etapa <strong>do</strong> ensino básico, mas é<br />

necessário pensar alternativas para este financiamento.<br />

Eu enten<strong>do</strong> da seguinte forma: você tem um financiamento para o ensino<br />

fundamental então nós temos a garantia <strong>do</strong> número <strong>de</strong> atendimento para o ensino<br />

fundamental. Nós estamos <strong>de</strong>ficitários no atendimento na educação infantil. Só que<br />

não po<strong>de</strong>mos culpar o atendimento <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> para dizermos que não temos<br />

atendimento na educação infantil. Então são duas coisas <strong>de</strong> que eu tenho o<br />

entendimento <strong>de</strong> que seja analisa<strong>do</strong> em separa<strong>do</strong>. Está funcionan<strong>do</strong> o FUNDEF, o<br />

fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> ensino fundamental, para o ensino fundamental? Está.<br />

36


Então vamos <strong>de</strong>ixar assim, vamos buscar fora o financiamento para a educação<br />

infantil. (entrevista com o superinten<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> educação <strong>de</strong> Curitiba)<br />

- Financiamento da educação <strong>de</strong> Jovens e Adultos: Para o entrevista<strong>do</strong> não há<br />

impacto negativo na educação e Jovens e Adultos após FUNDEF, posto que ois<br />

recursos po<strong>de</strong>m continuar sen<strong>do</strong> gastos nesta modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensino, mesmo que estes<br />

alunos não sejam contabiliza<strong>do</strong>s na receita <strong>do</strong> FUNDEF. Neste senti<strong>do</strong> é importatne<br />

ressaltar que na forma como os gastos são apresenta<strong>do</strong>s no Balanço Anual <strong>do</strong> <strong>município</strong><br />

<strong>de</strong> fato não é possível avaliar impacto <strong>de</strong> custos da EJA posto que em nenhum momento<br />

ela aparece como um programa específico.<br />

Não há nenhuma porta fechada que impeça <strong>de</strong> trazer o aluno, ao contrário os<br />

alunos que ficam relutantes. O aluno adulto que não esta ainda no ensino regular. É<br />

um trabalho difícil <strong>de</strong> trazer ele para a escola, ele não vem assim livremente você<br />

tem que motivar, incentivar, fazer um trabalho <strong>de</strong> conscientização. Então a<br />

Secretaria <strong>de</strong> Educação faz. Nós não temos nada que diminua o atendimento, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

que haja <strong>de</strong>manda, são atendi<strong>do</strong>s. (entrevista com o superinten<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> educação <strong>de</strong><br />

Curitiba)<br />

VI - O CONTROLE DA APLICAÇÃO DOS RECURSOS (CONSELHO DO<br />

FUNDEF)<br />

No <strong>município</strong> <strong>de</strong> Curitiba há <strong>do</strong>is conselhos liga<strong>do</strong>s à Secretaria Municipal<br />

<strong>de</strong> Educação (SME): O Conselho Municipal <strong>de</strong> Acompanhamento e Controle Social <strong>do</strong><br />

FUNDEF (CMACS-FUNDEF)e o Conselho <strong>de</strong> Alimentação Escolar (CAE).<br />

Em relação ao conselho <strong>do</strong> FUNDEF a criação <strong>do</strong> mesmo se <strong>de</strong>u através da<br />

Lei 9095/97, que trata ainda <strong>de</strong> sua composição e <strong>de</strong> suas atribuições. O conselho é<br />

composto por seis membros:<br />

a) um representante da Secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação,<br />

b) um representante da Secretaria Municipal <strong>de</strong> Recursos Humanos,<br />

c) um representante da Secretaria Municipal <strong>de</strong> Finanças,<br />

d) um representante <strong>do</strong>s professores e diretores das escolas públicas <strong>do</strong> ensino<br />

fundamental,<br />

e) um representante <strong>de</strong> pais e alunos, e<br />

f) um representante <strong>do</strong>s servi<strong>do</strong>res das escolas públicas <strong>do</strong> ensino fundamental.<br />

37


A lei não <strong>de</strong>fine qual a forma <strong>de</strong> escolha <strong>do</strong>s membros e o Regimento Interno <strong>do</strong><br />

Conselho, artigo 3º parágrafo 1º, atribui ao Secretário Municipal <strong>de</strong> Educação a tarefa <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>finir os critérios para a escolha <strong>do</strong>s membros. Isto tem permiti<strong>do</strong> que, nos <strong>do</strong>is mandatos<br />

que até o momento efetivamente ocorreram, a escolha <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os membros tenha si<strong>do</strong> feita<br />

através <strong>de</strong> indicação da própria SME, seguida <strong>de</strong> <strong>de</strong>creto <strong>do</strong> executivo. Outro aspecto que<br />

merece <strong>de</strong>staque é o fato <strong>de</strong> que o primeiro conselho só foi constituí<strong>do</strong> em junho <strong>de</strong> 2.000,<br />

apesar <strong>do</strong> <strong>município</strong> estar receben<strong>do</strong> os repasses <strong>do</strong> FUNDEF <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1.998. Cabe lembrar<br />

ainda que nos <strong>do</strong>is mandatos <strong>do</strong> Conselho os presi<strong>de</strong>ntes eram os representantes da<br />

Secretaria Municipal da Educação, e em ambos os <strong>caso</strong>s ocupavam o cargo <strong>de</strong><br />

Superinten<strong>de</strong>nte da SME. As atas das reuniões <strong>do</strong> CMACS- FUNDEF explicitam um pouco<br />

a dinâmica <strong>de</strong>ste conselho revelan<strong>do</strong> a fragilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> controle social sobre os recursos<br />

públicos na capital <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>. O superinten<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> educação <strong>de</strong> Curitiba relata a forma <strong>de</strong><br />

escolha <strong>do</strong>s Conselheiros da seguinte forma:<br />

A indicação foi feita conversan<strong>do</strong>. Nós temos diretores, se alguém gostaria <strong>de</strong> fazer parte<br />

<strong>do</strong> Conselho ou tem alguém com uma noção, conhecimento da lei, como funciona. Nós<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> apurarmos o número <strong>de</strong> pessoas interessadas fazemos uma indicação para que o<br />

prefeito nomeie. Nós não temos um processo <strong>de</strong> eleição. [quanto aos pais] Também é feita<br />

uma consulta, conversa com os diretores, chefes <strong>de</strong> Conselho e as próprias pessoas<br />

sugerem nomes e são estes nomes que são encaminha<strong>do</strong>s. (entrevista com o superinten<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong> educação <strong>de</strong> Curitiba)<br />

A primeira Ata <strong>do</strong> CMACS-FUNDEF <strong>de</strong> Curitiba é <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2000, neste<br />

<strong>do</strong>cumento e nos que seguem mensalmente neste mesmo ano, revela-se a preocupação com<br />

a capacitação <strong>do</strong>s conselheiros para a efetiva atuação no conselho. Para isto o primeiro<br />

Conselho <strong>de</strong>libera por um curso <strong>de</strong> capacitação sobre o FUNDEF, que foi realiza<strong>do</strong> em<br />

duas sessões <strong>de</strong> 4 horas, pelo Sr Jacir Bombonato Macha<strong>do</strong>, consultor da UNDIME e<br />

membro <strong>do</strong> Conselho Estadual <strong>do</strong> FUNDEF naquele momento e que a partir <strong>de</strong> 2001<br />

assumiu a superintendência da SME <strong>de</strong> Curitiba. Nos anos subseqüentes, por ocasião da<br />

posse <strong>do</strong>s conselheiros em mandatos subseqüentes, esta preocupação com a capacitação<br />

per<strong>de</strong> força e os novos Conselheiros, segun<strong>do</strong> relato conti<strong>do</strong> nas atas, vão sen<strong>do</strong> informa<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong> funcionamento <strong>do</strong> FUNDEF no <strong>de</strong>correr das próprias reuniões.<br />

A partir da instalação o Conselho reuniu-se, conforme comprovam as atas, quase<br />

mensalmente. Há um intervalo <strong>de</strong> 4 meses sem reuniões, ou pelo menos sem atas, entre<br />

<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2000 e abril <strong>de</strong> 2001, ressalta-se que no retorno <strong>do</strong> Conselho em abril já se dá<br />

38


a posse <strong>de</strong> novos conselheiros. A troca <strong>de</strong> mandatos po<strong>de</strong> ser uma das causas para a <strong>de</strong>mora<br />

na retomada <strong>do</strong>s trabalhos.<br />

A primeira gestão <strong>do</strong> Conselho teve como uma das tarefas a aprovação <strong>do</strong><br />

Regimento Interno <strong>do</strong> Conselho, o que foi feito após a capacitação. O regimento prevê que<br />

um mandato <strong>de</strong> 4 anos para cada Conselheiro, sen<strong>do</strong> vedada a recondução <strong>do</strong>s membros.<br />

Apesar <strong>de</strong>ste mandato longo, prevê um rodízio para a função <strong>de</strong> presi<strong>de</strong>nte, nos seguintes<br />

termos: “Art. 4º- O Conselho elegerá um <strong>de</strong> seus membros para presidi-lo, com mandato <strong>de</strong><br />

um ano, permitida a recondução para idêntico perío<strong>do</strong>.” (Curitiba, 2000) O referi<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong>cumento apresenta ainda um <strong>de</strong>talhamento das tarefas <strong>do</strong>s CMACS - FUNDEF quanto<br />

ao acompanhamento das contas <strong>de</strong> recursos provenientes <strong>do</strong> Fun<strong>do</strong> e prevê reuniões<br />

mensais para o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> tais tarefas.<br />

Os relatos das reuniões revelam um processo <strong>de</strong> acompanhamento <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s<br />

bastante <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das manifestações <strong>do</strong>s representantes <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público e com poucas<br />

polêmicas. Há nas atas a indicação <strong>de</strong> diversas solicitações <strong>de</strong> esclarecimentos à Secretaria<br />

<strong>de</strong> Recursos Humanos e ao Núcleo Financeiro da SME, entretanto, não há registro <strong>de</strong><br />

discussões sobre o mérito da forma <strong>de</strong> aplicação <strong>do</strong>s recursos.<br />

Uma das poucas polêmicas registradas nas atas diz respeito à dificulda<strong>de</strong> na<br />

adaptação das rotinas <strong>do</strong> aparelho <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> ao controle social, há nas atas reitera<strong>do</strong>s<br />

pedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> informações sobre a folha <strong>de</strong> pagamento <strong>do</strong> pessoal <strong>de</strong> magistério pago com<br />

recursos <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> e há reitera<strong>do</strong>s retornos sobre a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> tal procedimento pela<br />

Secretaria <strong>de</strong> Recursos Humanos, observa-se isto na seguintes passagens registradas na<br />

atas:<br />

[representante da Secretaria Municipal <strong>de</strong> Recursos Humanos] fala da dificulda<strong>de</strong><br />

operacional <strong>de</strong> se elaborar uma folha específica para o FUNDEF, pois os recursos são<br />

variáveis mês a mês, mas ressalva que as planilhas evi<strong>de</strong>nciam que os recursos <strong>do</strong><br />

FUNDEF são aplica<strong>do</strong>s em folha como <strong>de</strong>termina a lei. [A representante da Secretaria <strong>de</strong><br />

Educação] reafirma ser imprescindível saber o número <strong>de</strong> profissionais que recebem com<br />

os recursos <strong>do</strong> FUNDEF(...) Ficou estabeleci<strong>do</strong> que o conselho <strong>de</strong>verá encaminhar um<br />

ofício a SMRH solicitan<strong>do</strong> qual é o montante estima<strong>do</strong> <strong>de</strong> profissionais que po<strong>de</strong>m ser<br />

pagos com recursos <strong>do</strong> FUNDEF e que a periodicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta informação <strong>de</strong>ve ser mensal.<br />

(Ata <strong>de</strong> 12/09/2000)<br />

Tal polêmica se esten<strong>de</strong> por algumas reuniões sen<strong>do</strong> que a SMRH respon<strong>de</strong><br />

pedin<strong>do</strong> mais informações sobre que profissionais <strong>de</strong>veriam constar na folha <strong>de</strong> pagamento<br />

<strong>do</strong> FUNDEF para fazer “a<strong>de</strong>quações necessárias no sistema junto com o Instituto Curitiba<br />

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<strong>de</strong> Informática - ICI” (Ata <strong>de</strong> 24/10/2000) Não há registros nas atas posteriores sobre o<br />

equacionamento <strong>de</strong>sta questão. Entretanto em outro momento reaparece a discussão sobre o<br />

controle <strong>de</strong> gastos com folha <strong>de</strong> pagamento, que vale ressaltar é on<strong>de</strong> são aplica<strong>do</strong>s quase<br />

que a totalida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong> FUNDEF em Curitiba.<br />

A questão <strong>do</strong>s profissionais pagos com recursos <strong>do</strong> FUNDEF volta a tona por<br />

sugestão <strong>do</strong> representante <strong>do</strong> executivo, na seguinte situação:<br />

Por sugestão <strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte formou-se uma comissão formada pelos seguintes conselheiros:<br />

Célio, Ignez e Marisa, para analisar por amostragem e in locus, se os profissionais estão<br />

realmente atuan<strong>do</strong> no ensino fundamental. Sugere-se que se faça a confrontação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s<br />

da folha com o relatório que as escolas estavam atualizan<strong>do</strong> e fican<strong>do</strong> a cargo da comissão<br />

trazer um relatório <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s, na próxima reunião. (ATA <strong>de</strong> 19/06/2001)<br />

É interessante confrontar este registro com os registros das reuniões seguintes:<br />

“Não foi possível a comissão realizar a verificação <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s da folha <strong>de</strong> pagamento, pelo<br />

fato <strong>de</strong> que algumas escolas ainda não haviam entrega<strong>do</strong> o formulário <strong>de</strong><br />

recadastramento.” (ATA <strong>de</strong>17/07/2001)<br />

Depois <strong>de</strong>sta data não há mais referência ao trabalho da Comissão e aparentemente<br />

o Conselho não realiza nenhum tipo <strong>de</strong> conferência quanto a regularida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s gastos com<br />

pessoal. O acompanhamento <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais gastos feitos com recursos <strong>do</strong> FUNDEF, em que<br />

pese serem a menor parte <strong>de</strong> recursos é feita, segun<strong>do</strong> relatos nas atas, por amostragem:<br />

[Uma das conselheiras] perguntou aos <strong>de</strong>mais como seria realizada a prestação <strong>de</strong> contas<br />

<strong>do</strong> item II: “outras <strong>de</strong>spesas realizadas com os recursos <strong>do</strong> FUNDEF”, pois a única fonte<br />

na qual essas <strong>de</strong>spesas constam discriminadas é a <strong>do</strong>s relatórios da Secretaria Municipal<br />

da Fazenda. Após consenso entre os conselheiros, ficou <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> que a verificação das<br />

<strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> cada perío<strong>do</strong> mensal será realizada por amostragem sen<strong>do</strong> escolhi<strong>do</strong> no<br />

mínimo um elemento da <strong>de</strong>spesa <strong>do</strong> item II <strong>do</strong> Anexo III, <strong>de</strong> cada mês a partir <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong><br />

2000. Para o mês <strong>de</strong> outubro foi escolhi<strong>do</strong> o item “outros serviços <strong>de</strong> terceiros – pessoa<br />

física / pago no mês”no valor <strong>de</strong> R$ 6.085,00 (...) para o mês <strong>de</strong> novembro foi escolhi<strong>do</strong> o<br />

item “equipamentos e material permanente / empenha<strong>do</strong> no mês” no valor era <strong>de</strong> R$<br />

1.620,00 (....) para o mês <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro foi escolhi<strong>do</strong> o item “material <strong>de</strong> consumo / valor<br />

empenha<strong>do</strong>”, ainda sem valor <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>(...) O Núcleo Financeiro da SME ficou encarrega<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> disponibilizar to<strong>do</strong>s os <strong>do</strong>cumentos comprobatórios das <strong>de</strong>spesas. (12/12/2000)<br />

Outro elemento interessante a ser <strong>de</strong>staca<strong>do</strong> quanto aos <strong>de</strong>bates no CMACS -<br />

FUNDEF <strong>de</strong> Curitiba é a aprovação <strong>do</strong> Plano <strong>de</strong> Cargos, Carreira e Salário <strong>do</strong>s<br />

profissionais <strong>do</strong> magistério. Tal plano foi aprova<strong>do</strong> em 2001 e nas atas <strong>do</strong> conselho tal<br />

questão está pautada, em uma das reuniões, como informe junto com a municipalização.<br />

Curitiba municipalizou um número gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolas <strong>de</strong> 1ª a 4ª série a partir <strong>de</strong> 2001. É no<br />

40


mínimo estranho <strong>do</strong>is temas que tem relação direta com os recursos <strong>do</strong> FUNDEF serem<br />

trata<strong>do</strong>s na reunião <strong>do</strong> Conselho apenas como informes.<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Uma avaliação geral <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> implementação <strong>do</strong> FUNDEF na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Curitiba carece, como já <strong>de</strong>stacamos anteriormente, da análise das condições <strong>de</strong> realização<br />

<strong>do</strong> financiamento público da educação nos anos <strong>de</strong> 2001 e 2002 da<strong>do</strong> que duas importantes<br />

modificações são introduzidas a partir daí: Um novo Plano <strong>de</strong> Cargos Carreira e Salários<br />

para o Magistério e para os Profissionais da Educação Infantil, assim como, um processo<br />

mais intenso <strong>de</strong> municipalização das séries iniciais <strong>do</strong> ensino fundamental. Visto o limite<br />

posto pelo recorte temporal <strong>de</strong>sta fase da pesquisa, po<strong>de</strong>mos fazer algumas reflexões<br />

preliminares:<br />

1. Há no <strong>município</strong> um quadro <strong>de</strong> queda na receita, tanto <strong>de</strong> recursos <strong>de</strong> impostos próprios<br />

quanto <strong>de</strong> transferências <strong>do</strong> esta<strong>do</strong>, <strong>de</strong>sta forma, há uma queda <strong>do</strong>s recursos<br />

constitucionalmente vincula<strong>do</strong>s à MDE. O recurso a maior recebi<strong>do</strong> pela cida<strong>de</strong><br />

proveniente <strong>do</strong> FUNDEF faz com que tal queda seja mais tênue na medida em que os<br />

recursos permitem a estabilização <strong>do</strong>s gastos em educação.<br />

2. O aumento significativo <strong>de</strong> recursos recebi<strong>do</strong>s por Curitiba a maior <strong>do</strong> que sua<br />

contribuição ao FUNDEF <strong>de</strong>corre principalmente da diminuição da contribuição ao Fun<strong>do</strong><br />

dada a diminuição na arrecadação <strong>de</strong> impostos que compõe a base <strong>de</strong> incidência <strong>de</strong>ste.<br />

3. Há uma centralização <strong>do</strong> registro contábil <strong>do</strong>s gastos no programa ensino fundamental<br />

que contem tanto gastos com educação <strong>de</strong> jovens e adultos quanto com educação especial.<br />

Os gastos com pré-escola também não estão discrimina<strong>do</strong>s e uma vez que o <strong>município</strong> tem<br />

turmas <strong>de</strong> pré-escola nas escolas <strong>de</strong> ensino fundamental, é possível que parte <strong>do</strong>s recursos<br />

registra<strong>do</strong>s em ensino fundamental possam estar inclusive pagamento professores que<br />

atuam na educação infantil. Tal processo po<strong>de</strong> até não significar <strong>de</strong>scumprimento da<br />

legislação, uma vez que o <strong>município</strong> <strong>de</strong>ve aplicar 60% <strong>do</strong>s recursos vincula<strong>do</strong>s a MDE no<br />

ensino fundamental e, Curitiba aplica mais <strong>de</strong> 70%, em to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong>. Mesmo sem revelar,<br />

necessariamente, irregularida<strong>de</strong>s no cumprimento da lei, a falta <strong>de</strong> transparência no registro<br />

<strong>do</strong>s gastos dificulta o acompanhamento efetivo <strong>do</strong>s gastos públicos. Cabe <strong>de</strong>stacar,<br />

41


entretanto, que o <strong>município</strong> não aplicou os 25% <strong>do</strong>s recursos <strong>de</strong> impostos em 4 <strong>do</strong>s 5 anos<br />

analisa<strong>do</strong>s muito possivelmente por problemas na aferição da receita vinculada.<br />

4. Do ponto <strong>de</strong> vista da valorização <strong>do</strong> magistério, a aprovação <strong>do</strong> PCCS é um avanço,<br />

entretanto, em termos salariais, no perío<strong>do</strong> estuda<strong>do</strong> os professores acumulam perdas reais<br />

<strong>de</strong> 13% no po<strong>de</strong>r aquisitivo <strong>do</strong>s salários.<br />

5. A questão <strong>do</strong> controle social sobre o uso <strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong> FUNDEF em Curitiba é<br />

aparentemente contraditória, posto que há um conselho, este se reúne mensalmente mas,<br />

não há efetivamente controle social, uma vez que, as indicações <strong>do</strong>s conselheiros segue um<br />

trâmite nada transparente <strong>de</strong> indicações <strong>de</strong> diretores, pais e professores que aparentemente<br />

tem uma boa relação com o po<strong>de</strong>r público e não tem nenhuma representativida<strong>de</strong> entre seus<br />

segmentos. Apesar disto a análise das atas das reuniões <strong>do</strong> CMACS FUNDEF revela um<br />

avanço no senti<strong>do</strong> da SME possuir um controle melhor sobre os recursos da educação, o<br />

que se expressa num certo grau <strong>de</strong> conflito entre a própria SME e os representantes <strong>do</strong> setor<br />

<strong>de</strong> finanças que são por diversas vezes impeli<strong>do</strong>s a melhorar a forma <strong>de</strong> discriminação <strong>do</strong>s<br />

gastos para possibilitar um certo controle.<br />

6. Do ponto <strong>de</strong> vista da <strong>de</strong>mocratização da oferta da educação básica é interessante<br />

<strong>de</strong>stacar a manutenção e ampliação <strong>do</strong> atendimento ao Ensino Fundamental <strong>de</strong> Jovens e<br />

Adultos. No <strong>caso</strong> da educação infantil, sem as informações <strong>do</strong> atendimento feito no âmbito<br />

da Secretaria da Criança responsável pelas creches municipais, é difícil estabelecer juízo<br />

muito preciso sobre as condições <strong>de</strong> oferta, entretanto cabe <strong>de</strong>stacar que há uma ampliação<br />

das vagas na pré-escola antes <strong>do</strong> FUNDEF e uma estabilização e queda <strong>de</strong>pois o que po<strong>de</strong><br />

revelar a precarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> condições <strong>de</strong> Financiamento nesta etapa <strong>do</strong> ensino básico. Quanto<br />

ao ensino fundamental cabe <strong>de</strong>stacar que há uma manutenção com tendência a ampliação<br />

<strong>do</strong> atendimento municipal das séries inicias <strong>de</strong>sta etapa da educação básica, porém com um<br />

custo aluno realiza<strong>do</strong> em <strong>de</strong>clínio, mesmo após FUNDEF e mesmo com ganho <strong>de</strong> recursos<br />

<strong>do</strong> Fun<strong>do</strong>.<br />

Referências Bibliográficas<br />

Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Curitiba. Balanço Anual, 1996.<br />

Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Curitiba. Balanço Anual, 1997. [anexos 1, 2, 6, 7 e 11]<br />

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Prefeitura Municipal <strong>de</strong> Curitiba. Balanço Anual, 1997. [anexos 1, 2, 6, 7, 8 e 11]<br />

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<strong>do</strong> Conselho Municipal <strong>de</strong> Acompanhamento e Controle Social <strong>do</strong> FUNDEF,<br />

2002.<br />

RATTO, Ana Lucia Silva Origem e <strong>de</strong>senvolvimento da Re<strong>de</strong> Escolar da Prefeitura<br />

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