As caçadas de Kaa - GE Tiradentes

- Kaa dorme por quatro semanas cada vez que se alimenta.
Pode estar a dormir agora e, ainda que 0 nao esteja, ela sabe cac;ar
por si mesma quantos cabritos queira.
A pantera nao conhecia muita coisa a respeito dos costumes
de Kaa e, portanto, estava incrooula.
- Nesse caso, tu e eu, velhos cac;adores que somos, forc;ala-emos
a agir, aventurou Baloo, seguindo com a pantera em direc;ao
a moradia de Kaa, a Serpente da Rocha.
Encontraram-na estirada ao sol, admirando 0 seu vestuario
novo, pois que vinha de terminar 0 retiro durante 0 qual muda
de pele. Mostrava-se esplendida de vigor. Por seis metros 0 seu
corpo desenhava no chao nos e curvas fantasticas, enquanto a
lingua, muito viva, lambia os labios do focinho chato, como se
estivesse pensando no jantar a vir.
- Nada comeu ainda, disse Baloo, num suspiro de alivio.
Cuidado, Bagheera! Kaa fica um tanto cega sempre que muda
de pele, e compensa isso com a rapidez dos botes.
Nao era Kaa uma serpente venenosa, chegando mesmo a
desprezar, como covardes, as que 0 eram. Sua forc;a residia nos
musculos. Quando enleava alguma presa, tomava inutil qualquer
resistencia.
Como todas as cobras, Kaa era dura de ouvidos. Por isso,
ao ouvir a saudac;ao de Baloo, enleou-se para 0 bote de defesa,
sinal de que nao ouvira claramente. Logo depois, compreendendo
o que era, respondeu:
- Boa cac;ada para todos nos. 6 Baloo, que novidade te
traz aqui? Boa cac;ada, Bagheera! Um de n6s, pelo menos, esta
com fame. Sabeis dalguma presa ao alcance? Algum veado au,
pelo menos, algum cabrito? Sinto-me vazia qual poc;o seco.
- Estamos cac;andodisse Baloo, com voz amavel e sem pressa,
pois sabia que nao se deve excitar os animais grandes.
"
- Permiti-me que va convoseo, disse Kaa. Um tapa a mais
de Bagheera ou Baloo nada custa, enquanto que eu tenho de esperar
as vezes dias num atalho do jangal para apanhar um veado
ou trepar em muitas arvores para colher um macaco. Desagra-