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Apostila de Artes Visuais - Colégio Pedro II - UE Centro

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A instalação nos traz algumas questões, como:<br />

Quando se trata <strong>de</strong> instalações no tempo/espaço <strong>de</strong>finido <strong>de</strong> um museu ou espaço público aberto,<br />

po<strong>de</strong>mos nos perguntar sobre o que resta <strong>de</strong> uma obra quando for <strong>de</strong>smontada? Ou ainda: é legítimo<br />

remontar uma instalação em lugar diverso do proposto inicialmente e que transformações isto traria para<br />

a obra?<br />

O <strong>de</strong>spertar da segunda meta<strong>de</strong> do século XX se caracterizou, no campo das artes, pela busca <strong>de</strong><br />

uma re-significação do papel da arte na socieda<strong>de</strong>. Neste momento, após os questionamentos trazidos<br />

pelo mo<strong>de</strong>rnismo, a obra <strong>de</strong> arte já não ocupa mais um lugar sacralizado, portador <strong>de</strong> uma aura <strong>de</strong><br />

eternida<strong>de</strong> que outrora ocupara. As inquietações que moviam os artistas e criadores os levavam a se<br />

preocupar mais com as relações entre a arte e a socieda<strong>de</strong>, do que com a integrida<strong>de</strong> e durabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

suas criações. Diferentes abordagens <strong>de</strong> exploração das antigas linguagens, assim como o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novas mídias, surgiram com o objetivo <strong>de</strong> trazer para o centro do <strong>de</strong>bate sobre a<br />

arte as relações entre a obra, o ambiente circundante e quem habita este ambiente, o espectador.<br />

Além das instalações, das performances, da arte eletrônica, outras linguagens e outros termos<br />

surgem para <strong>de</strong>finir novas poéticas, como internet art, holografia, xerografia, work in progress, sitespecific,<br />

vi<strong>de</strong>oarte e vi<strong>de</strong>oinstalação. Daremos especial atenção agora a essas duas últimas linguagens,<br />

que fazem uso das imagens em movimento, do ví<strong>de</strong>o, integrando arte contemporânea e cinema e criando<br />

novas formas <strong>de</strong> ver o mundo na contemporaneida<strong>de</strong>.<br />

As artes do ví<strong>de</strong>o: vi<strong>de</strong>oarte e vi<strong>de</strong>oinstalação<br />

Cildo Meirelles<br />

Exposição Arte/Cida<strong>de</strong>, 1997, SP<br />

As artes do ví<strong>de</strong>o nascem do casamento do cinema com as artes plásticas, aon<strong>de</strong>, como vimos, os<br />

artistas não param <strong>de</strong> se apropriar dos meios e tecnologias disponíveis para <strong>de</strong>senvolver seus trabalhos.<br />

A relação entre cinema e arte teve, ao longo do século XX – para muitos, o século do cinema-, três<br />

momentos privilegiados: 1- o período das vanguardas mo<strong>de</strong>rnistas (futurismo, dadaísmo, surrealismo,<br />

expressionismo, abstracionismo); 2- os movimentos do pós-guerra (Pop Art, arte conceitual,<br />

minimalismo, neoconcretismo, Fluxus, body art e land art); 3- o período recente, no qual assistimos à<br />

disseminação das novas tecnologias da imagem. O surgimento das novas mídias (tv, ví<strong>de</strong>o, computador,<br />

internet) coinci<strong>de</strong> com o surgimento <strong>de</strong> uma nova categoria <strong>de</strong> cinema: o cinema no campo das artes<br />

plásticas, conhecido como “cinema <strong>de</strong> museu”, “cinema <strong>de</strong> exposição” ou “cinema <strong>de</strong> artista”.<br />

Voltemos um pouco no tempo para vermos a história do cinema. Ao longo da história oficial do<br />

cinema houve à sua margem várias experiências <strong>de</strong> variação e <strong>de</strong>svio do mo<strong>de</strong>lo ilusionista que faz uso<br />

14<br />

“Os trilhos avançam através <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong>sativada e erma,<br />

cortando a cida<strong>de</strong> como uma chaga. Abandonados, <strong>de</strong>ixados à<br />

margem da circulação, estes lugares são palco <strong>de</strong> uma ocupação<br />

provisória, <strong>de</strong> pessoas <strong>de</strong> passagem, em busca <strong>de</strong> escon<strong>de</strong>rijo.<br />

Tornaram-se focos <strong>de</strong> tráfico e assaltos. Inscrições alertando<br />

forasteiros ou relatando cenas <strong>de</strong> agressão só acrescentam mais<br />

uma camada <strong>de</strong> violência às pare<strong>de</strong>s. Ao cobrir as pare<strong>de</strong>s do que<br />

restou <strong>de</strong> uma sala da Matarazzo com 7.000 seringas, Cildo<br />

Meirelles não está apenas aludindo às transações que se fazem por<br />

ali, mas amplificando o sofrimento que se afligiu aos lugares e às<br />

pessoas. As seringas, espetadas uma após a outra em pare<strong>de</strong>s e<br />

pisos, formam um tapete que recobre tudo. A beleza resultante do<br />

líquido vermelho, <strong>de</strong>stacado da pare<strong>de</strong>, sangue e sublimação<br />

estética, é convulsiva”.

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