16.04.2013 Views

2010 – UMA NOVA FACE PARA A SBH

2010 – UMA NOVA FACE PARA A SBH

2010 – UMA NOVA FACE PARA A SBH

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

oletimsbh<br />

Sociedade Brasileira de Hepatologia<br />

<strong>2010</strong> <strong>–</strong> <strong>UMA</strong> <strong>NOVA</strong><br />

<strong>FACE</strong> <strong>PARA</strong> A <strong>SBH</strong><br />

<strong>SBH</strong> reúne expertos em HCV<br />

EASL <strong>2010</strong> - Um ônibus atravessa a Europa<br />

Tratamento do HCV genótipos 2 e 3 no Brasil<br />

Leia mais em www.sbhepatologia.org<br />

Editor Responsável: Mário Reis Álvares-da-Silva<br />

1


Seção Transporte Biliar<br />

UM ôNIBUS NA EUROPA<br />

Mário Reis Álvares-da-Silva<br />

Hepatologista. Professor-Adjunto Doutor de Gastroenterologia e Hepatologia da Faculdade de Medicina<br />

da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.<br />

Sotaque português, sorriso “Europa parada pelo vulcão islandês” <strong>–</strong> o subtítulo passa<br />

um lado a outro do corredor <strong>–</strong> “o circuito saúde do ônibus”. “Gabi, em que país estamos, pra eu saber que língua falar?”<br />

no rosto, a professora doutora, rápido na televisão. Dias antes, ninguém acreditaria - essa<br />

Aos poucos, corredor evacuado e a porta do banheiro, Já chegou, já chegou?<br />

pesquisadora, desliza pelo manchete não tem fundamento. Não deve ser verdade. No<br />

ao lado da “Coffee Shop”, finalmente aberta. Minúsculo, Espanha. Começamos a ver aviões. Maravilha! - nada<br />

corredor, ligeirinha, agitada, lobby, horas antes, ouvimos atentos: “Viena a Lisboa, sem<br />

instruções de como sentar! Impossível. Mesmo de pé, como ver riscos no céu azul. As notícias, não muito boas.<br />

“em atenção aos passageiros parar, sem banho, sem dormir, concordam?” O que se faz<br />

talvez por isto, houve estragos.<br />

“O vulcão continua ativo <strong>–</strong> mais aeroportos estão sendo<br />

que embarcarão em Lisboa e, quando não há opção? 24 horas depois, ninguém seria<br />

Tranqueira nos intervalos - gordura trans farta. “Terminou o fechados. Querem continuar até Lisboa ou tentar a sorte<br />

para diminuir nosso tempo em mais o mesmo.<br />

papel higiênico!” <strong>–</strong> o alerta correu o ônibus, a comunidade em Madrid?” A massa, exausta (certo, faminta, mesmo,<br />

solo, neste momento estaremos O 45º congresso da EASL será inesquecível. Não, não<br />

ansiosa. Dos confins da econômica o professor, titular, não estava), em dúvida. “Madrid abriu, Madrid fechou.”<br />

recolhendo copos, papéis, há um novo casal na sociedade, os brasileiros não estão<br />

mineiro e precavido, sacou da sacolinha um rolo. Paz no “Ninguém garante”. “Vamos ter voo?” O vírus C não nos<br />

guardanapos, jornais já lidos...”, e dando aulas em todos os simpósios, o mundo não está se<br />

ônibus. Tudo na vida é relativo. A primeira classe, impávida traz tanto impasse assim, ao menos ao mesmo tempo.<br />

da primeira classe à econômica, curvando à força da hepatologia brasileira (“que grupo,<br />

e alheia, nada notou. Sua vista panorâmica, sua atmosfera Decidimos seguir para Lisboa. Democracia é isto. Traz<br />

com uma breve escala na que seriedade, que produção espetacular <strong>–</strong> uma escola!”).<br />

única e densa, seu mundinho exclusivo. Fotógrafos não consequências: “Não vamos mais parar”, veio a ordem<br />

Economy Plus, recolheu o que pôde. Sacolas. Cheias. Inesquecível <strong>–</strong> 5 países em 40 horas. Far faraway...<br />

foram permitidos.<br />

muito superior.<br />

Agitação psicomotora, fruto do que sobrara de todos após “Em Genova, logo na Cote D’Azur. Have a nice night as well”.<br />

Já chegou, já chegou?<br />

Começou o sprint final, a corrida contra o tempo, a hora<br />

40 horas.<br />

Mensagens voam nos iPhones <strong>–</strong> Leila, Paraná, Victorino,<br />

Manhã em Viena, almoço na Itália. Noite na Riviera de tirar forças de onde não mais havia, sem parada para o<br />

Rosangela, Eloíza, Hugo, Parise e Mendonça. Tiago e Fábio, Fafá e Paulo - batedores do Nordeste desbravam o<br />

Francesa. Logo após Nice, a baldeação (nenhuma viagem banheiro, para tomar água, para esticar as pernas, a noite<br />

Plínio. Claudias e Mários. Brandão, Cássia, Betinho, Souto caminho no meio da noite europeia. Entre queijos, pães<br />

é completa sem uma baldeação). Pouco mais tarde, chegando, os motoristas com tempo máximo para dirigir,<br />

e Paulo. Gabi, Helio, Dani e Adriano. Simão e Monica. e vinhos, longe da carne de sol e no calor da van, enviam<br />

sacudindo nas mãos as petites-baguettes quase amanhecidas, “talvez tenham que parar, temos que estar em Lisboa até as<br />

Wanda e Varaldo. Vi, Evaldo e muitos outros. Brasis notícias em boletins eventuais. Mexem-se pouco. A<br />

loura e brava a viajante: “Nem de jegue no Nordeste!”. 22 horas”.<br />

variados. A história começara muito antes.<br />

motorista é grande.<br />

Para beber, água. Refeição frugal, noite de sono tranquilo. Batedores, embarcando para o Recife, avisam: “aeroporto<br />

- Doutor, em cinco minutos no lobby? Temos importantes Emergência médica! A viagem começara tensa. Despertar<br />

Ou quase. Nossa noite não foi sem sobressaltos. Eventos de Lisboa está um caos”.<br />

informações sobre os próximos passos. Acordei abrupto, queda, sangrando, Andréa, couro cabeludo.<br />

adversos foram relatados na manhã seguinte <strong>–</strong> exercício E Lisboa, que não chega?<br />

sobressaltado, semiperdido - noite de meio-sono, Madrugada, o ônibus com o motor ligado, pacotinhos<br />

ilegal da medicina, distribuição de psicotrópicos direto da De repente, o Tejo. As luzes da cidade. Visões do paraíso.<br />

pesadelos. Não sou disto.<br />

de papel pardo com o lanche para a excursão. Curativo<br />

Economy Plus. Ninguém denunciou.<br />

Marriott Lisboa, o ônibus, como maratonista em fim de<br />

Panorâmica aérea. O Ártico, huskies correm entre o verde improvisado, condições precárias, andando, não podemos<br />

Boa noite, John Boy. Boa noite, Mary Ann. O rato roeu prova, sobe com dificuldades a pequena rampa - no relógio,<br />

escasso. Nada está calmo nos confins da Terra. A câmera parar - os hospitais ficando distantes à medida que saíamos<br />

a ribavirina da Rosangela. O rato morreu. O rato foi 21h59. Chegamos! Nossos nomes já eram gritados no<br />

se afasta, os cães diminuem, as montanhas de gelo enchem de Viena. Clínicos no atendimento, emplastro Sabiá<br />

removido do leite da Mariliza. A paciente bebeu. Já chegou, lobby do hotel, as chaves atiradas de longe para seus donos.<br />

a tela. Branco. Silêncio. Longo. Longo demais. Um ronco! recortado em Z na cabeça. Cirurgiões, onde estavam?<br />

já chegou?<br />

Os banheiros logo ali, abertos!<br />

O tremor. Forte, outro, uma sequência. A câmera balança, Neurologistas não havia, mas o Glasgow foi monitorado<br />

Ônibus vicia <strong>–</strong> seriam os pinheirinhos? <strong>–</strong> já se vendia Bacalhau, lascas e postas, lagostas, doces conventuais, o<br />

corta, zoom, edição rápida, os cães, os ursos, a sensação <strong>–</strong> manteve-se vigil a vítima. Sem complicações.<br />

excursão para o carnaval em Salvador - camarote vip, sotaque gostoso, um banho, vinho, champagne <strong>–</strong> a vida é<br />

de calor. Fumaça, no 3D a lava quase alcança os nossos Infectologistas não foram acionados. Talvez devessem:<br />

cerveja, passeio de barco. Winners ‘Bus’ Meeting 2011, na bela! “Onde estamos?”, pergunto ao motorista. “No táxi,<br />

rostos. O rugido potente de um motor que arranca a gripe se alastrou a bordo como um trem bala. Em duas<br />

Europa e itinerante, primeira aula em Viena, a segunda em ora pois”. Lisboa, delícia, dia seguinte, alto nível sérico de<br />

continuamente. O cheiro é forte.<br />

frentes <strong>–</strong> varáldica e vulcânica. Altos e baixos, de acordo<br />

Madrid. A lista circulou, “confirmem seus nomes”. Nossa bacalhau, saindo em breve pro Brasil. O avião da TAP foi<br />

Corta. Foco nas rodas. O ônibus desliza na autoestrada. com a classe. A Economy Plus, esta híbrida, passou<br />

empresa austríaca vai nos levar. Peguilada! Na econômica, uma grande primeira classe, um colo de mãe, apertado,<br />

Mais de 24 horas. Motoristas austríacos se revezam na incólume - Lorde Brandão e sua fleuma, defesas naturais,<br />

40 horas de piadas. De gaúcho. Sentidos de sempre. lotado e feliz. E o cheiro era bom.<br />

direção - o cheiro é forte. Alguém comprou pinheirinhos barreiras contra o populacho.<br />

“Resposta virológica rápida!” <strong>–</strong> o boletim do Nordeste Wedemeyer, em Porto Alegre, meses depois foi quem<br />

perfumados. Pendurados, vibrando em cada curva ou Já chegou, já chegou?<br />

dava conta de que, por razões desconhecidas, estavam os contou: o aeroporto de Viena abriu. No dia em que saímos!<br />

solavanco. Os alpes enfeitando a janela, dispensável o Escapada às pressas, lava e cinzas, malas bloqueando o<br />

batedores em Barcelona e de lá iriam de avião para Lisboa.<br />

detalhe sensorial.<br />

banheiro, gente afoita pulando obstáculos para andar de<br />

Outro grupo dormia em Milão. A sorte sorri <strong>–</strong> para alguns.<br />

8 9

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!