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Fisiologia do Exercicio_2005.pdf - Jean Peres

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FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

FISIOLOGIA<br />

FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

GIA<br />

ÍCIO<br />

OGIA<br />

CÍCIO<br />

OLOGIA<br />

ERCÍCIO<br />

Revista Brasileira de<br />

FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

Brazilian Journal of Exercise Physiology<br />

Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício<br />

FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

• Volume de exercícios com pesos<br />

FISIOLOGIA<br />

para exaustão mediante variações<br />

DO EXERCÍCIO<br />

DO EXERCÍCIO de componentes sanguíneos DO EXER<br />

FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO HIPERTENSÃO FISIOLOGIA<br />

ARTERIAL<br />

• Efeitos DO <strong>do</strong> treinamento, EXERCÍCIO<br />

mecanismos<br />

FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

www.atlanticaeditora.com.br<br />

FLEXIBILIDADE<br />

FISIOLOG<br />

DO EXERCÍC<br />

FISIOLOGIA FISIOLOG<br />

DO EXERCÍCIO<br />

FISIOLOG<br />

DO EXERCÍ<br />

FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

ISSN 16778510<br />

FISIOL<br />

DO EXER<br />

DO EXERCÍ<br />

• Flexibilidade de mulheres submetidas<br />

FISIOLOGIA<br />

a alongamento em grupo FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

• DO Acúmulo EXERCÍCIO<br />

de lactato e flexibilidade<br />

em luta<strong>do</strong>res de Wushu<br />

ESPORTE<br />

FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

• Treinamento de força aplica<strong>do</strong><br />

em praticantes de hidroginástica<br />

hipotensivos e respostas a programas<br />

de exercícios<br />

FISIOL<br />

FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

volume 04 - número 01 • Jan/Dez 2005<br />

FISIOLO<br />

DO EXERC


Editorial<br />

Carta ao leitor, Prof. Dr. Paulo Tarso Veras Farinatti ..................................................................................................... 3<br />

Artigos Originais<br />

Análise <strong>do</strong> intervalo de recuperação e consistência no teste de 1RM,<br />

José Eduar<strong>do</strong> Lattari Rayol Prati, Sergio Eduar<strong>do</strong> de Carvalho Macha<strong>do</strong>, André Pinheiro,<br />

Mauro César Gurgel de Alencar Carvalho, Estélio Henrique Martin Dantas ................................................................. 4<br />

Desempenho funcional de i<strong>do</strong>sos asila<strong>do</strong>s, Rodrigo Barbosa de Albuquerque,<br />

Amandio A. Rihan Geraldes .......................................................................................................................................... 7<br />

Efeito agu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s alongamentos estático e FNP sobre o desempenho da força<br />

dinâmica máxima, Th iago Matassoli Gomes, Ercole da Cruz Rubini, Homero da SN Junior,<br />

Jeff erson da Silva Novaes, Alexandre Trindade ............................................................................................................. 13<br />

Predição <strong>do</strong> volume de exercícios com pesos para promoção da exaustão em três grupos<br />

musculares de atletas mediante variações de componentes sanguíneos,<br />

Carlos Alexandre Fett, Fábio Lera Orsatti, Roberto Carlos Burini................................................................................ 17<br />

Utilização <strong>do</strong> teste de 1RM na prescrição de exercícios resisti<strong>do</strong>s: vantagem ou desvantagem?<br />

Alex Souto Maior, Adriana Lemos, Nélson Carvalho, Jéferson Novaes, Roberto Simão ...............................................22<br />

Correlação entre o acúmulo de lactato e a fl exibilidade medida pelo teste de sentar<br />

e alcançar em luta<strong>do</strong>res de Wushu, Rafael Reimann Baptista, Alexsander <strong>do</strong>s Anjos Ramos,<br />

Bruno Fraga da Silva, Bruno Ogodai S. D. de Castro .................................................................................................. 27<br />

Efeitos de um treinamento de força aplica<strong>do</strong> em mulheres praticantes de hidroginástica,<br />

Luiz Fernan<strong>do</strong> Martins Kruel, Roberta Eilert Barella, Fabiane Graef,<br />

Michel Arias Brentano, Paulo Poli de Figueire<strong>do</strong>, Ananda Car<strong>do</strong>so, Carla Rosana Severo ............................................ 32<br />

Avaliação da fl exibilidade em mulheres submetidas a exercícios de alongamento em grupo,<br />

Daniela Cristina Bianchini Nogueira Moreno Perea, Th ais Renata Conejo,<br />

Silvia Maria de Men<strong>do</strong>nça, Renata Munari, Maria Cristina Strabelli Titto ................................................................... 39<br />

Revisões<br />

Questionário de Prontidão para Atividade Física (PAR-Q)<br />

Leonar<strong>do</strong> Gomes de Oliveira Luz, Paulo de Tarso Veras Farinatti ................................................................................ 43<br />

Hipertensão arterial: uma abordagem direcionada aos efeitos <strong>do</strong> treinamento,<br />

mecanismos hipotensivos e respostas a programas de exercícios,<br />

Kalline Russo, Walace Monteiro .................................................................................................................................. 49<br />

Resumos<br />

Revista Brasileira de<br />

FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

Brazilian Journal of Exercise Physiology<br />

Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício<br />

Sumário<br />

volume 4 número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

Anais <strong>do</strong> IV Workshop em <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício – UFSCar e I Congresso<br />

Paulista da Sociedade Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício ........................................................................................... 58<br />

Normas de Publicação .................................................................................................................................. 68


2<br />

Rio de Janeiro<br />

Rua da Lapa, 180/1103<br />

20021-180 – Rio de Janeiro – RJ<br />

Tel/Fax: (21) 2221-4164 / 2517-2749<br />

E-mail: atlantica@atlanticaeditora.com.br<br />

www.atlanticaeditora.com.br<br />

São Paulo<br />

Rua Teo<strong>do</strong>ro Sampaio, 2550/cj 15<br />

Pinheiros – 05406-200 – São Paulo – SP<br />

Tel: (11) )3816-6192<br />

Recife<br />

Monica Pedrosa Miranda<br />

Rua Dona Rita de Souza, 212<br />

52061-480 – Recife – PE<br />

Tel.: (81) 3444-2083 / 9204-0346<br />

E-mail: monica@atlanticaeditora.com.br<br />

Assinaturas<br />

1 ano – R$ 175,00<br />

Rio de Janeiro: (21) 2221-4164<br />

São Paulo: (11) 3361-5595<br />

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Recife: (81) 3444-2083<br />

Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

Revista Brasileira de<br />

FISIOLOGIA<br />

DO EXERCÍCIO<br />

Brazilian Journal of Exercise Physiology<br />

Órgão Oficial da Sociedade Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício<br />

Antonio Carlos Gomes (PR)<br />

Antonio Cláudio Lucas da Nóbrega (RJ)<br />

Dartagnan Pinto Guedes (PR)<br />

Emerson Silami Garcia (MG)<br />

Fernan<strong>do</strong> Pompeu (RJ)<br />

Francisco Martins (PB)<br />

Jacques Vanfraechem (BEL)<br />

Luiz Fernan<strong>do</strong> Kruel (RS)<br />

Martim Bottaro (DF)<br />

Editor Chefe<br />

Paulo de Tarso Veras Farinatti<br />

Conselho Editorial<br />

Sociedade Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício<br />

Corpo Diretivo: Paulo Sérgio C. Gomes (Presidente), Vilmar Baldissera, Patrícia Brum, Pedro Paulo da Silva Soares,<br />

Paulo Farinatti, Marta Pereira, Fernan<strong>do</strong> Augusto Pompeu<br />

Editor executivo<br />

Dr. <strong>Jean</strong>-Louis Peytavin<br />

jeanlouis@atlanticaeditora.com.br<br />

Publicidade e marketing<br />

Rio de Janeiro:<br />

René C. Delpy Jr<br />

rene@atlanticaeditora.com.br<br />

(21) 2221-4164<br />

Gerência de vendas e assinaturas<br />

Djalma Peçanha<br />

djalma@atlanticaeditora.com.br<br />

Patrícia Chakour Brum (SP)<br />

Paulo Sérgio Gomes (RJ)<br />

Rolan<strong>do</strong> Baccis Ceddia (CAN)<br />

Robert Robergs (USA)<br />

Rosane Rosen<strong>do</strong> (RJ)<br />

Sebastião Gobbi (SP)<br />

Steven Fleck (USA)<br />

Yagesh N. Bhambhani (CAN)<br />

Vilmar Baldissera (SP)<br />

Editora Assistente<br />

Guillermina Arias<br />

Editoração e arte<br />

Cristiana Ribas<br />

Atendimento ao assinante<br />

Vanessa Busson<br />

atlantica@atlanticaeditora.com.br<br />

Redação e administração<br />

To<strong>do</strong> o material a ser publica<strong>do</strong> deve<br />

ser envia<strong>do</strong> para o seguinte endereço por<br />

correio ou por email aos cuida<strong>do</strong>s de:<br />

Guillermina Arias<br />

Rua da Lapa, 180/1103<br />

20021-180 - Rio de Janeiro - RJ<br />

artigos@atlanticaeditora.com.br<br />

Atlântica Editora edita as revistas Fisioterapia Brasil, Enfermagem Brasil, Neurociências, Nutrição Brasil e MN-Metabólica.<br />

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ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita <strong>do</strong> proprietário <strong>do</strong> copyright,<br />

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estar em conformidade com os padrões de ética da saúde, sua inserção na revista não é uma garantia ou en<strong>do</strong>sso da qualidade ou<br />

<strong>do</strong> valor <strong>do</strong> produto ou das asserções de seu fabricante.


Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

Caros(as) Colegas,<br />

A Sociedade Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício (SBFEx)<br />

foi fundada em 2002 por pesquisa<strong>do</strong>res de diversas regiões <strong>do</strong><br />

país, que desejavam criar um fórum de discussão e fomento<br />

da área que não fosse vincula<strong>do</strong> a quaisquer categorias profi<br />

ssionais. Uma das iniciativas em que se investiu foi a criação<br />

da Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício (RBFEx),<br />

<strong>do</strong>ravante órgão ofi cial da SBFEx. A RBFEx foi publicada<br />

entre os anos 2002 e 2004 quan<strong>do</strong>, em virtude de falta de<br />

interesse da editora à qual estava vinculada, teve sua periodicidade<br />

interrompida.<br />

Após <strong>do</strong>is anos de negociações, encontramos na Editora<br />

Atlântica as condições estruturais e de profi ssionalismo compatíveis<br />

com os ideais que estavam na origem da criação da<br />

RBFEx. Estamos, portanto, diante <strong>do</strong> desafi o de recuperar<br />

o tempo perdi<strong>do</strong> e fazer da revista um veículo de divulgação<br />

da produção científi ca em fi siologia <strong>do</strong> exercício, respeita<strong>do</strong><br />

e procura<strong>do</strong> pelos pesquisa<strong>do</strong>res que militam nesse campo<br />

de conhecimento.<br />

Em um primeiro momento serão lança<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is volumes,<br />

contemplan<strong>do</strong> os anos de 2005 e 2006, perío<strong>do</strong> em que a<br />

Editorial<br />

Carta ao Leitor<br />

publicação da revista viu-se interrompida. Além de artigos<br />

originais e de revisão, são disponibiliza<strong>do</strong>s os Anais <strong>do</strong> II<br />

Encontro Regional de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício, realiza<strong>do</strong> em<br />

São Carlos. Em seguida, os números relaciona<strong>do</strong>s ao volume<br />

de 2007 serão lança<strong>do</strong>s com a periodicidade que a RBFEx<br />

tinha, qual seja, quadrimestral.<br />

Este volume, portanto, marca a retomada de um projeto<br />

caro a muitos profi ssionais, pesquisa<strong>do</strong>res e <strong>do</strong>centes, que nele<br />

investiram tempo e energia. Fica aqui o agradecimento a to<strong>do</strong>s<br />

que vêm colaboran<strong>do</strong> com a RBFEx, seja na sua concepção<br />

ou na revisão de artigos. Um obriga<strong>do</strong> especial aos colegas<br />

que, mesmo saben<strong>do</strong> de to<strong>do</strong>s os problemas pelos quais a<br />

revista passou, nela continuaram acreditan<strong>do</strong> e enviaram<br />

suas colaborações. Sem eles, certamente a RBFEx não mais<br />

existiria. Enfim, convidamos to<strong>do</strong>s a participar <strong>do</strong> sonho<br />

de termos no Brasil uma revista especificamente voltada<br />

para as questões da fisiologia <strong>do</strong> exercício, prestigian<strong>do</strong>nos<br />

com sua escolha para a divulgação de resulta<strong>do</strong>s de<br />

pesquisas e estu<strong>do</strong>s!<br />

3<br />

Prof. Dr. Paulo Tarso Veras Farinatti<br />

Editor-Chefe da RBFEx


4<br />

Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

Artigo original<br />

Análise <strong>do</strong> intervalo de recuperação<br />

e consistência no teste de 1RM<br />

Consistency and interval recovery analysis in 1RM test<br />

José Eduar<strong>do</strong> Lattari Rayol Prati*, Sergio Eduar<strong>do</strong> de Carvalho Macha<strong>do</strong>**, André Pinheiro***, Mauro César Gurgel de Alencar<br />

Carvalho****, Estélio Henrique Martin Dantas*****<br />

*Mestran<strong>do</strong> em Saúde Mental - Laboratório de Mapeamento Cerebral e Integração Sensório-Motora - IPUB/UFRJ, **Mestran<strong>do</strong><br />

em Saúde Mental - Laboratório de Mapeamento Cerebral e Integração Sensório-Motora - IPUB/UFRJ, Bolsista Capes, ***Professor<br />

- Academia West Fitness Club, ****Doutoran<strong>do</strong> em Engenharia Civil - Laboratório de Méto<strong>do</strong>s Computacionais em Engenharia<br />

- COPPE/UFRJ, *****Professor, Laboratório de Biociências da Motricidade Humana - LABIMH - UCB/RJ<br />

Resumo<br />

O presente estu<strong>do</strong> verifi cou se 10 minutos de intervalo no teste<br />

de 1RM foram sufi cientes para a recuperação total de força e fi dedignidade<br />

de seu re-teste 10 minutos após sua aplicação. A amostra foi<br />

composta de 20 homens saudáveis e treina<strong>do</strong>s, sem histórico de lesão,<br />

com média de idade (23,5 ± 3,69), peso (73,1 kg ± 9,93) e estatura<br />

(1,76 m ± 0,05). Para analisar o intervalo de recuperação entre os<br />

testes de 1RM utilizou-se um teste t parea<strong>do</strong>, já para a análise da<br />

fi dedignidade utilizou-se o coefi ciente de correlação intra-classe (CCI)<br />

para determinar a consistência interna. Somente foi verifi ca<strong>do</strong> um alto<br />

índice de CCI, atingin<strong>do</strong> a fi dedignidade (p = 0,000). Conclui-se<br />

que o teste de 1RM realiza<strong>do</strong> em um mesmo dia e 10 minutos após<br />

apresenta um alto índice de CCI para o exercício de supino em homens<br />

familiariza<strong>do</strong>s ao teste, mostran<strong>do</strong>-se sufi ciente para o intervalo de<br />

recuperação para restabelecimento total da força.<br />

Palavras-chave: intervalo de recuperação, consistência interna,<br />

força, 1RM.<br />

Introdução<br />

O teste de 1RM representa por si só um esforço máximo<br />

e, conseqüentemente, um desgaste é gera<strong>do</strong>. Apesar da necessidade<br />

de familiarização, até o presente momento, o teste<br />

de uma repetição máxima (1RM) tem sua confi abilidade<br />

bem consolidada como corroboram alguns estu<strong>do</strong>s [1-4],<br />

Abstract<br />

Th e present study verifi ed if 10 minutes of interval in the 1RM<br />

test had been enough for recovery the total of strength and reliability<br />

of its re-test 10 minutes after application. Sample was composed by<br />

20 health trained male without history of lesion, aging (23.5 ± 3.69),<br />

weight (73.1 kg ± 9.93) and stature (1.76 m ± 0.05). To analyze<br />

the recovery interval between 1RM tests a paired t test was used,<br />

and for the reliability analysis the intraclass correlation coeffi cient<br />

(ICC) was used to determine the internal consistence. Only a high<br />

ICC indices was verifi ed, reaching the reability (p = 0.000). We<br />

concluded that 1RM test carried out in a same day and 10 minutes<br />

after presenting a high ICC index for bench press exercise to male<br />

that are familiar to the test, showed adequate recovery interval to<br />

restore strength.<br />

Palavras-chave: recovery interval, internal consistency, strength,<br />

1RM.<br />

sen<strong>do</strong> esse teste (1RM) muito utiliza<strong>do</strong> para se verifi car o<br />

nível de força dinâmica máxima <strong>do</strong> indivíduo [5]. Outro<br />

grande questionamento sobre o uso <strong>do</strong> teste de 1RM é<br />

sobre as alterações da carga provocadas com diferentes populações<br />

[4], diferentes idades [6], grupamento muscular<br />

utiliza<strong>do</strong> [1] e a confi abilidade inter e intra-avalia<strong>do</strong>res [4].<br />

O intervalo de recuperação é outra importante variável<br />

Recebi<strong>do</strong> em 12 de outubro de 2005; aceito em 10 de dezembro de 2005.<br />

Endereço de correspondência: Sergio Eduar<strong>do</strong> de Carvalho Macha<strong>do</strong>, Rua Professor Sabóia Ribeiro, 69/104, Leblon, 22430-130 Rio<br />

de Janeiro RJ, E-mail: secm80@yahoo.com.br


Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

poden<strong>do</strong>-se comprometer o desenvolvimento da força [7].<br />

Em condições de intervalos mais longos permitiram-se volumes<br />

de repetições mais elevadas [8]. Corroboran<strong>do</strong> com tal<br />

afi rmação estão os estu<strong>do</strong>s de Willardson [9,10], mostran<strong>do</strong><br />

que intervalos de descanso mais longos tendem a acarretar<br />

em maiores aumentos da força, aumentan<strong>do</strong> dessa maneira<br />

a consistência das repetições executadas para cada série no<br />

exercício de supino.<br />

Dessa maneira, o objetivo <strong>do</strong> seguinte estu<strong>do</strong> foi verifi car<br />

se 10 minutos de intervalo é sufi ciente para recuperação da<br />

força total no teste de 1RM e a fi dedignidade <strong>do</strong> teste de 1RM<br />

através <strong>do</strong> seu re-teste 10 minutos após a primeira aplicação<br />

em homens treina<strong>do</strong>s.<br />

Méto<strong>do</strong>s<br />

Amostra<br />

A amostra foi composta por 20 homens saudáveis, com<br />

idade média de 23,5 anos (± 3,69), peso de 73,1 kg (± 9,93)<br />

e estatura de 1,76 m (± 0,05). Ambos praticantes de treinamento<br />

de força, com um mínimo de 6 meses, com atividade<br />

regular de pelo menos 3 vezes por semana, sem histórico de<br />

lesão. Os indivíduos, após serem previamente esclareci<strong>do</strong>s<br />

sobre os propósitos da investigação e procedimentos aos quais<br />

seriam submeti<strong>do</strong>s, assinaram um termo de consentimento<br />

livre e esclareci<strong>do</strong>. Este estu<strong>do</strong> está de acor<strong>do</strong> com as normas<br />

da Resolução 196/96 <strong>do</strong> Conselho Nacional de Saúde sobre<br />

pesquisa envolven<strong>do</strong> seres humanos.<br />

Procedimentos quanto ao teste de 1RM<br />

Foi realiza<strong>do</strong> um teste de 1RM no supino, sen<strong>do</strong> este<br />

precedi<strong>do</strong> por uma série de aquecimento (10 repetições). Tal<br />

procedimento foi repeti<strong>do</strong> no máximo de três tentativas, com<br />

5 minutos de intervalo entre cada tentativa, determinan<strong>do</strong> a<br />

carga referente a uma única repetição máxima [11]. Após um<br />

perío<strong>do</strong> de descanso de dez minutos foi realiza<strong>do</strong> um re-teste<br />

de 1RM (1RM 10 min).<br />

Para a redução de erros de execução foram realiza<strong>do</strong>s os<br />

seguintes procedimentos:<br />

a) to<strong>do</strong>s os participantes da pesquisa foram devidamente<br />

instruí<strong>do</strong>s quanto aos procedimentos <strong>do</strong>s testes e técnicas<br />

de execução no exercício de supino reto, já que diferentes<br />

técnicas de execução <strong>do</strong>s exercícios que envolvam angulações<br />

diversas, principalmente nas posições iniciais destes,<br />

devem ser rigorosamente controladas, pois podem afetar<br />

a carga levantada [12];<br />

b) só foram aceitos os testes de 1RM em que a angulação<br />

entre braço e antebraço ultrapassasse o de 90º, com a barra<br />

tocan<strong>do</strong> levemente ao peito;<br />

c) to<strong>do</strong>s os testes foram realiza<strong>do</strong>s no mesmo horário para o<br />

mesmo indivíduo.<br />

Análise estatística<br />

Para análise da diferença de cargas <strong>do</strong> teste entre teste (1RM)<br />

e re-teste (1RM 10 min) utilizou-se um teste t parea<strong>do</strong>. Para a<br />

análise da fi dedignidade <strong>do</strong> teste e re-teste, no mesmo dia, para<br />

um mesmo avalia<strong>do</strong>r, utilizou-se o coefi ciente de correlação intraclasse<br />

(CCI) para determinar a consistência interna [13,14].<br />

Resulta<strong>do</strong>s<br />

Através da análise <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s, verifi cou-se a média e o<br />

desvio padrão <strong>do</strong>s testes de 1 RM em seus <strong>do</strong>is momentos,<br />

conforme se pode observar na Tabela I.<br />

Tabela I - Média e desvio padrão <strong>do</strong> teste de 1RM em seus <strong>do</strong>is<br />

momentos.<br />

Testes Média (kg) Desvio Padrão (kg)<br />

1RM 87.80 18.95<br />

1RM 10 min 88.00 18.95<br />

RM = repetição máxima; min = minutos; kg = quilos.<br />

a) Quanto ao intervalo de recuperação no teste de 1RM<br />

Os resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s (média = 0,20 kg, desvio padrão<br />

= ± 0,89 kg) mostraram que através <strong>do</strong> teste t parea<strong>do</strong><br />

não houve diferença signifi cativa entre o teste e re-teste de<br />

1RM, obten<strong>do</strong>-se um p = 0.330.<br />

b) Quanto à fi dedignidade no teste de 1RM após 10 minutos<br />

de intervalo<br />

Os resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s através <strong>do</strong> coefi ciente de consistência<br />

interna (CCI = 0,99) mostram que a fi dedignidade<br />

<strong>do</strong> teste de 1RM foi atingida, obten<strong>do</strong>-se um p = 0,000.<br />

Discussão<br />

O objetivo <strong>do</strong> seguinte estu<strong>do</strong> foi verifi car se 10 minutos<br />

de intervalo é sufi ciente para recuperação da força total no<br />

teste de 1RM e a fi dedignidade <strong>do</strong> teste de 1RM através <strong>do</strong><br />

seu re-teste 10 minutos após a primeira aplicação em homens<br />

treina<strong>do</strong>s. De acor<strong>do</strong> com nossos resulta<strong>do</strong>s, verifi cou-se que<br />

10 minutos de intervalo foi sufi ciente para a recuperação total<br />

de força no teste de 1RM, mostran<strong>do</strong>-se fi dedigno após 10<br />

minutos de sua aplicação.<br />

a) Quanto ao intervalo de recuperação no teste de 1RM<br />

Dentre os diversos estu<strong>do</strong>s que investigaram a infl uência<br />

<strong>do</strong> intervalo sobre o desempenho de força no supino, talvez<br />

um <strong>do</strong>s pioneiros seja o estu<strong>do</strong> de Weir [15]. Este investigou<br />

o comportamento da força dinâmica máxima no teste de<br />

1RM, em 16 homens treina<strong>do</strong>s no exercício de supino em<br />

intervalos de 1, 3, 5 e 10 minutos. Os resulta<strong>do</strong>s mostraram<br />

que não houve diferença signifi cativa para os diferentes intervalos<br />

de recuperação. Porém, houve insucesso de apenas<br />

2 sujeitos quan<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong> um intervalo de 5 minutos e 1<br />

sujeito quan<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong> um intervalo de 10 minutos.<br />

5


6<br />

Sabe-se que um longo intervalo de descanso é necessário<br />

para a recuperação <strong>do</strong> sistema neural e energético. Sustentan<strong>do</strong><br />

essa hipótese, o estu<strong>do</strong> de Pincivero [16] mostrou que os músculos<br />

posteriores de coxa responderam de forma mais efi ciente<br />

à um programa de treinamento de força isocinético, quan<strong>do</strong><br />

foram aplica<strong>do</strong>s longos intervalos de descanso intra-sessão.<br />

Quanto ao tempo de recuperação <strong>do</strong> sistema nervoso<br />

central, a incompleta recuperação desse sistema pode reduzir<br />

o recrutamento de unidades motoras [17]. Tal fato pode estar<br />

atribuí<strong>do</strong> à fadiga de origem neurobiológica ou psicológica<br />

ligada a mudanças neuroquímicas que afetam o processo de<br />

contração muscular.<br />

Entretanto, to<strong>do</strong>s os estu<strong>do</strong>s cita<strong>do</strong>s anteriormente são de<br />

efeitos agu<strong>do</strong>s sobre a força. Dessa maneira, pode-se dizer que<br />

estu<strong>do</strong>s investigan<strong>do</strong> os efeitos <strong>do</strong> intervalo de recuperação<br />

sobre a força muscular em estu<strong>do</strong>s longitudinais ainda são<br />

escassos na literatura [18].<br />

b) Quanto à fi dedginidade no teste de 1RM<br />

Em relação à fi dedignidade <strong>do</strong> teste de 1RM, Pereira e<br />

Gomes [3] relatam que esta mostrou-se de moderada a alta,<br />

varian<strong>do</strong> entre 0,79 e 0,99 de correlação, de acor<strong>do</strong> com o<br />

gênero <strong>do</strong>s sujeitos e exercícios realiza<strong>do</strong>s.<br />

Porém, a maioria <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s verifi caram a estabilização<br />

de cargas com testes sen<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>s em dias diferentes [2],<br />

populações adversas [4,6,19,20] e diferentes grupamentos<br />

musculares [1]. Um outro importante ponto a ressaltar, é que<br />

to<strong>do</strong>s os estu<strong>do</strong>s cita<strong>do</strong>s realizaram análises estatísticas com<br />

coefi ciente de correlação de Pearson. Tal coefi ciente é utiliza<strong>do</strong><br />

para verifi car a variação entre as médias obtidas entre grupos,<br />

diferentemente de nosso trabalho que utilizou o coefi ciente<br />

de correlação intra-classe (CCI), responsável em verifi car essas<br />

possíveis alterações intra-grupo [13,14].<br />

A estabilização da carga máxima no exercício de supino necessita<br />

de três a quatro sessões, conforme estu<strong>do</strong> de Dias et al. [2]. Em<br />

nosso estu<strong>do</strong> foram realiza<strong>do</strong>s teste e re-teste dentro <strong>do</strong> mesmo<br />

dia, apresentan<strong>do</strong> um alto coefi ciente de correlação intra-classe,<br />

haven<strong>do</strong> somente realização de testes dentro <strong>do</strong> mesmo dia. O<br />

que sugere uma rápida estabilização devi<strong>do</strong> ao uso <strong>do</strong> exercício<br />

de supino cujo estu<strong>do</strong> de Cronin e Henderson [1] demonstrou<br />

ser mais rápi<strong>do</strong> para o grupamento muscular <strong>do</strong> peitoral.<br />

Conclusão<br />

Conclui-se que o teste de uma repetição máxima (1RM)<br />

realiza<strong>do</strong> dentro <strong>do</strong> mesmo dia apresentou um alto índice de<br />

correlação intra-classe em homens bem familiariza<strong>do</strong>s ao teste,<br />

demonstran<strong>do</strong> excelente reprodutibilidade. E demonstrou<br />

também que o intervalo de recuperação foi sufi ciente para o<br />

restabelecimento total da força.<br />

Sugere-se que sejam realizadas novas investigações, verifi<br />

can<strong>do</strong> a confi abilidade de testes com diferentes números<br />

de repetições máximas, levan<strong>do</strong> em consideração os fatores<br />

que podem interferir nessa análise como idade, grupamento<br />

muscular utiliza<strong>do</strong> e tempo de familiarização.<br />

Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

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Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

Artigo original<br />

Desempenho funcional de i<strong>do</strong>sos asila<strong>do</strong>s<br />

Functional performance in institutionalized old subjects<br />

Rodrigo Barbosa de Albuquerque*, Amandio A. Rihan Geraldes**<br />

*Gradua<strong>do</strong> em Educação Física, NUPAFIDES-EDF-UFAL , Maceió AL, **Professor Assistente da Universidade Federal de Alagoas,<br />

NUPAFIDES-EDF-UFAL, Departamento de Educação Física, Maceió AL<br />

Resumo<br />

O objetivo <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong> foi identifi car o nível de autonomia<br />

funcional de i<strong>do</strong>sos asila<strong>do</strong>s, através da avaliação <strong>do</strong> desempenho<br />

em tarefas funcionais selecionadas. Participaram da pesquisa dezenove<br />

i<strong>do</strong>sos, sen<strong>do</strong> 12 homens (média de idade = 70,45 ± 6,02) e<br />

7 mulheres (média de idade = 79,42 anos ± 10,65). As medidas <strong>do</strong><br />

desempenho funcional de cada uma das variáveis estudadas foram<br />

acessadas através <strong>do</strong> tempo mínimo gasto para realizar as seguintes<br />

tarefas: 1) caminhada de 10 metros (C10); 2) “Timed Up And Go<br />

Test” (TUGT); 3) tempo para tirar e recolocar uma chave em uma<br />

fechadura (CF); 4) tempo para tirar e recolocar uma lâmpada (RL).<br />

De acor<strong>do</strong> com os resulta<strong>do</strong>s, 84% <strong>do</strong>s indivíduos conseguiram<br />

realizar todas as tarefas propostas. No desempenho da tarefa C10,<br />

enquanto os homens gastaram 8,74 seg. (± 2,5) para a realização<br />

desta tarefa, as mulheres levaram um tempo médio de 24,41 seg. (±<br />

14,50). Este tempo não é sufi ciente para atravessar uma rua padrão<br />

em vários países desenvolvi<strong>do</strong>s, como por exemplo, nos EUA (1,22<br />

m/s) ou na Suécia (1,4 m/s). Para as outras tarefas o tempo médio,<br />

gasto por homens e mulheres, respectivamente foi de: 14,96 seg.<br />

(± 3,90) e 28,24 seg. (± 15) para TUGT; 10,16 seg. (± 18,90) e<br />

8,93 seg. (± 9,90) para a CF e 13,78 seg. (± 18,90) e 8,93 seg. (±<br />

9,90) para a RL. Esses acha<strong>do</strong>s sugerem a premente necessidade de<br />

intervenções, sejam públicas ou privadas, que objetivem a melhora<br />

<strong>do</strong> desempenho funcional desta população e, conseqüentemente,<br />

aumento da qualidade de vida.<br />

Palavras-chave: i<strong>do</strong>sos, autonomia funcional, asilos, sarcopenia.<br />

Abstract<br />

Th e purpose of this study was to identify the level of functional<br />

autonomy in elderly, through functional skills evaluation. Th e<br />

sample was composed by nineteen elderly, twelve men (aged 70.45<br />

± 6.02) and seven women (79.42 ± 10.65). Outcomes variable included<br />

the functional performance measured by minimal time that<br />

the individuals have to accomplish the following tasks: 1) the 10<br />

meter walk test; 2) “Timed Up And Go Test” (TUGT); 3) time to<br />

remove and to place a key in the lock (KL); 4) time to remove and<br />

to put a lamp (PL). Th e results suggest that 84% of the individuals<br />

have accomplished all tasks. In the 10 meter walk while men spent<br />

8.74 ± 2.5 seconds to accomplish this task, women spent 24.41 ±<br />

14.5 seconds. Th e duration is not enough for pedestrians to cross<br />

a street in developed countries such as USA (1.22 m/s) or Sweden<br />

(1.44 m/s). For the other tasks the average time for the TUGT was<br />

14.96 ± 3.90 and 28.24 ± 15.1 for man and woman, respectively;<br />

10.16 ± 18.90 and 8.93 ± 9.90 for the KL and 13.78 ± 18.90 and<br />

8.93 ± 9.90 for the PL. Th ese fi ndings suggest the need of public or<br />

private interventions aiming at improving functional performance<br />

of this population and consequently better life quality.<br />

Key-words: elderly, functional autonomy, asylums, sarcopenia.<br />

Recebi<strong>do</strong> 27 de fevereiro de 2005;aceito 12 de julho de 2005.<br />

Endereço para correspondência: Rodrigo Barbosa de Albuquerque, Rua Tupinambás, 78, Ponta Grossa, 57014820 Maceió AL, Email:<br />

albuquerque.1@superig.com.br<br />

7


8<br />

Introdução<br />

O crescimento populacional e, conseqüentemente, o aumento<br />

da expectativa de vida têm aconteci<strong>do</strong> em quase to<strong>do</strong>s<br />

os países <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, promoven<strong>do</strong> alterações relevantes no<br />

estilo de vida de todas as sociedades. No Brasil, o segmento<br />

populacional que mais cresce é o de i<strong>do</strong>sos [1]. Em 9 anos (de<br />

1991 a 2000) o número de i<strong>do</strong>sos (indivíduos com 60 anos<br />

ou mais) aumentou duas vezes e meia, enquanto o restante<br />

da população <strong>do</strong> país aumentou apenas 14% [2,3]. Ramos<br />

[4] reporta que nos EUA, em 2020, aproximadamente 20%<br />

da população será formada por sujeitos com mais de 65 anos.<br />

No mesmo país, em 2040, cerca de 1,3 milhão de sujeitos<br />

serão centenários. Levan<strong>do</strong> em consideração esse crescimento,<br />

estu<strong>do</strong>s recentes [1,5-9] têm se dedica<strong>do</strong> a, além de<br />

dar melhorares condições de saúde para a população i<strong>do</strong>sa,<br />

propor estratégias preventivas contra os efeitos deletérios <strong>do</strong><br />

envelhecimento.<br />

Roubenoff [10] observa que uma das principais características<br />

<strong>do</strong> processo de envelhecimento é a sarcopenia. O<br />

autor complementa a observação lembran<strong>do</strong> que este termo<br />

é o nome da<strong>do</strong> a esperada perda da massa e força muscular,<br />

principalmente, devi<strong>do</strong> à diminuição <strong>do</strong> número de fi bras<br />

musculares <strong>do</strong> Tipo II. Segun<strong>do</strong> Ehrlich & Livtak [11], a<br />

partir <strong>do</strong>s 60 anos, a perda de força muscular pode atingir<br />

cerca de 10% por década.<br />

Embora não possa ser classificada como <strong>do</strong>ença, a<br />

sarcopenia tem si<strong>do</strong> responsabilizada, juntamente com a<br />

inatividade física, por grande parte, <strong>do</strong> aumenta<strong>do</strong> risco<br />

para limitações no desempenho em tarefas motoras, das<br />

mais simples às complexas, como levantar de uma cadeira,<br />

por exemplo. Lima-Costa, Barreto & Giatti [12] observam<br />

que, em se tratan<strong>do</strong> da funcionalidade de i<strong>do</strong>sos, esta pode<br />

ser dimensionada em termos de desempenho funcional<br />

em determinadas atividades importantes para a autonomia<br />

funcional <strong>do</strong> dia-a-dia.<br />

Chaimowicz & Greco [5] lembra que, concomitantemente<br />

com o envelhecimento, aumentam a incidência e<br />

prevalência das <strong>do</strong>enças crônico-degenerativas. Estas <strong>do</strong>enças,<br />

associadas a sarcopenia e à inatividade física, além<br />

de poderem levar à fragilidade e dependência funcional,<br />

aumenta o risco de necessidade de internamento e institucionalização.<br />

Cança<strong>do</strong> [13] observa que quanto mais alta<br />

for a idade, menor será a probabilidade <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so se manter<br />

Tabela I - Características físicas <strong>do</strong>s sujeitos.<br />

Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

independente. Estas ocorrências aumentam o tamanho <strong>do</strong>s<br />

desafi os <strong>do</strong>s serviços públicos de saúde, em gerar um bom<br />

serviço e qualidade de vida para esse segmento da população.<br />

Nobrega et al. [14] estima que, com o envelhecimento da população,<br />

por volta de 2020, o número de i<strong>do</strong>sos brasileiros,<br />

porta<strong>do</strong>res de moderada ou grave incapacidade funcional,<br />

aumentará entre 84 a 167%. Felizmente, essas constatações<br />

não são de to<strong>do</strong> desanima<strong>do</strong>ras, desde que, os resulta<strong>do</strong>s de<br />

vários estu<strong>do</strong>s [9,15-21] têm demonstra<strong>do</strong> que o aumento<br />

<strong>do</strong>s níveis de atividade física pode desempenhar importante<br />

papel como coadjuvante na prevenção e manutenção da<br />

funcionalidade e autonomia <strong>do</strong> i<strong>do</strong>so.<br />

O exposto demonstra a relevância investida no desenvolvimento<br />

de estu<strong>do</strong>s que visem a verifi cação <strong>do</strong>s níveis de<br />

desempenho funcional de populações i<strong>do</strong>sas, especialmente,<br />

aquelas nas quais o risco de diminuição da funcionalidade<br />

é incontestavelmente eleva<strong>do</strong>, como a deste estu<strong>do</strong>. Sen<strong>do</strong><br />

assim, o presente estu<strong>do</strong> teve como objetivo principal a verifi<br />

cação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s de desempenho funcional de i<strong>do</strong>sos<br />

que vivem em asilos públicos da cidade de Maceió, em tarefas<br />

motoras selecionadas.<br />

Esta pesquisa se insere na linha de pesquisa: Aptidão física,<br />

Autonomia Funcional e Qualidade de Vida Para I<strong>do</strong>sos, fazen<strong>do</strong><br />

parte da produção <strong>do</strong> Núcleo de Pesquisa em Atividades<br />

Físicas, Desempenho e Saúde <strong>do</strong> Departamento de Educação<br />

Física da Universidade Federal de Alagoas (NUPAFIDES-<br />

EDF-UFAL).<br />

Méto<strong>do</strong>s<br />

Seleção e características <strong>do</strong>s sujeitos<br />

Neste estu<strong>do</strong>, de caráter descritivo, utilizou-se uma<br />

amostra composta por 19 sujeitos (12 homens e 7 mulheres)<br />

com idades compreendidas entre 61 e 99 anos (X = 70,45<br />

DP = ± 6,02), seleciona<strong>do</strong>s dentre os i<strong>do</strong>sos que residiam, há<br />

mais de três anos, em três das instituições asilares públicas da<br />

cidade de Maceió. Foi seleciona<strong>do</strong> como critério de exclusão,<br />

ter menos de 60 anos de idade, e apresentar evidências que<br />

incapacitasse os i<strong>do</strong>sos na realização das tarefas, como, por<br />

exemplo: estar sob tratamento com drogas que embotassem<br />

a atenção ou impedissem a realização das tarefas e, ou, apresentassem<br />

evidências de <strong>do</strong>enças neurológicas, cardíacas,<br />

ósteo-mio-articulares, dentre outras.<br />

HOMEM (n = 12) (Vm – VM) MULHER (n = 7)<br />

M DP M DP<br />

IDADE (anos) 70,45 6,02 61 99 79,42 10,65<br />

ESTATURA (cm) 159,56 7,78 138,2 172,2 145,94 5,24<br />

PESO (Kg) 64,57 8,92 41,1 78 49,01 10,92<br />

IMC (Kg/m2) 24,53 2,94 19,2 31,01 22,7 4,18<br />

IMC = Índice de Massa Corporal; M = Média; DP = Desvio Padrão; Vm= Valor mínimo; VM = Valor Máximo.


Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

Para a caracterização antropométrica da amostra, utilizaram-se<br />

as medidas da massa corporal, estatura e Índice de<br />

Massa Corporal (Tabela I).<br />

Após a explicação <strong>do</strong>s objetivos, procedimentos experimentais,<br />

importância e relevância <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> e possíveis riscos,<br />

deriva<strong>do</strong>s <strong>do</strong> experimento, leu-se para to<strong>do</strong>s os i<strong>do</strong>sos o conteú<strong>do</strong><br />

da carta de consentimento. Ao fi m da leitura os i<strong>do</strong>sos<br />

que se propuseram a participar <strong>do</strong> experimento, assinaram<br />

ou a puseram as digitais de seus polegares sobre o termo de<br />

consentimento. Além disso, a presente pesquisa respeitou os<br />

preceitos e normas ditadas pelo Conselho Nacional de Saúde<br />

(resolução n° 01/88) (CNS, 1995).<br />

Medidas da funcionalidade<br />

Na maioria <strong>do</strong>s asilos estuda<strong>do</strong>s, os testes foram realiza<strong>do</strong>s<br />

em um único dia. Entretanto, em alguns asilos, houve<br />

a necessidade de se utilizar <strong>do</strong>is dias consecutivos para as<br />

avaliações.<br />

Para acessar o desempenho funcional <strong>do</strong>s i<strong>do</strong>sos, mediu-se<br />

o tempo gasto para a realização de quatro das atividades ou<br />

tarefas motoras importantes para o cotidiano, utilizadas como<br />

testes em estu<strong>do</strong>s anteriores, descritos a seguir.<br />

Caminhar 10 metros<br />

Este teste, utiliza<strong>do</strong> em estu<strong>do</strong>s anteriores [6,22], destina-se<br />

a medir a velocidade de caminhada para uma distância<br />

equivalente a largura de uma rua padrão. O teste consiste em<br />

caminhar em linha reta, uma distância equivalente a 10 (dez)<br />

metros, o mais rápi<strong>do</strong> possível, sem correr.<br />

“Timed Up & Go Test”<br />

Este teste, dentre outras variáveis, destina-se a medir,<br />

principalmente a coordenação motora e o equilíbrio. Segun<strong>do</strong><br />

Podsiadlo & Richardson [23], pode ser utiliza<strong>do</strong> como<br />

preditor para a funcionalidade e morbi-mortalidade. O teste<br />

é inicia<strong>do</strong> com o sujeito senta<strong>do</strong> em uma cadeira. O avalia<strong>do</strong><br />

deve levantar-se da cadeira, sem auxílio <strong>do</strong>s braços, caminhar<br />

em linha reta, o mais rapidamente possível sem correr, uma<br />

distância de três metros, ao fi m <strong>do</strong>s quais, deve fazer meia<br />

volta, percorrer o mesmo percurso e mais uma vez sentar.<br />

Tabela II - Desempenho nas habilidades funcionais selecionadas.<br />

Tirar e colocar a chave em uma fechadura<br />

Esse teste foi proposto e utiliza<strong>do</strong> por Lundgren-Lindquist<br />

& Sperling [24] para avaliar a habilidade manual de indivíduos<br />

i<strong>do</strong>sos. O teste consiste em, se partin<strong>do</strong>-se da posição inicial<br />

em pé, em frente ao equipamento, coloca<strong>do</strong> a uma altura de<br />

95 a 100 cm <strong>do</strong> chão, onde está a fechadura foi marca<strong>do</strong> o<br />

tempo para tirar e recolocar a chave.<br />

Tirar e recolocar uma lâmpada em um bocal<br />

Esse teste, também proposto por Lundgren-Lindquist &<br />

Sperling [24], destina-se à avaliação da habilidade manual<br />

de i<strong>do</strong>sos.<br />

Tratamento estatístico<br />

Com o objetivo de organizar e apresentar à análise os<br />

da<strong>do</strong>s estuda<strong>do</strong>s, utilizaram-se os seguintes recursos da estatística<br />

descritiva: média, desvio padrão, freqüência absoluta<br />

e freqüência relativa e delta percentual (Δ%).<br />

Resulta<strong>do</strong>s<br />

Apresentação <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s no desempenho funcional<br />

Os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> desempenho funcional em cada uma das<br />

tarefas selecionadas podem ser observa<strong>do</strong>s na Tabela II.<br />

Resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> teste: caminhar 10 metros.<br />

Neste teste, os homens e mulheres que compuseram a<br />

amostra gastaram, respectivamente, um tempo médio de<br />

8,74s (± 2,2) e 24,41s (± 14,5) para a realização da tarefa, o<br />

que corresponde a uma velocidade média de 1.31 m/s (DP=<br />

± 0,31) para os homens e 0,54 m/s (DP = ± 0,3) para as<br />

mulheres.<br />

Resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> teste: “Timed Up & Go Test”<br />

Quan<strong>do</strong> analisamos o TUGT, é pertinente lembrar que as<br />

autoras <strong>do</strong> mesmo, Podsiadlo & Richardson [23], reportam<br />

que, em termos funcionais, enquanto os indivíduos que conseguem<br />

realizar essa tarefa em tempo inferior a 10 segun<strong>do</strong>s<br />

HOMENS (n = 12) (Vm – VM) MULHERES (n = 7)<br />

n M DP n M DP<br />

TTRL(seg) (11) 13,78 ± 7,73 6,3 – 50,16 (7) 21,57 ± 15,18<br />

TTEC(seg) (11) 10,16 ± 18,9 1,67 – 66,39 (7) 8,93 ± 9,9<br />

TUAGT(seg) (12) 14,96 ± 3,9 9,64 – 52,74 (6) 28,24 ± 15,1<br />

TC 10m(seg) (12) 8,74 ± 2,5 5,11 – 46,84 (7) 24,41 ± 14,5<br />

TTCL = Tempo para retirar e recolocar uma lâmpada; TTEC = Tempo para retirar e recolocar a chave; TUAGT = “Timed Up And Go Test” ; TC 10 m = Tempo<br />

para realizar a Caminhada de 10 metros, n = número de participantes, M = Média, DP = Desvio Padrão, Vm = Valor Mínimo, VM = Valor Máximo.<br />

9


10<br />

são classifi ca<strong>do</strong>s como funcionalmente independentes; os<br />

sujeitos que realizam o teste em um perío<strong>do</strong> de tempo superior<br />

a 10 segun<strong>do</strong>s e inferior a 20 segun<strong>do</strong>s são classifi ca<strong>do</strong>s como<br />

parcialmente independentes. Finalmente, os indivíduos que<br />

realizam o teste em tempo superior a 30, ou não o conseguem<br />

realizar, são classifi ca<strong>do</strong>s como funcionalmente dependentes,<br />

tenden<strong>do</strong> a necessitar de assistência de outras pessoas. Dessa<br />

forma, pôde-se observar que, to<strong>do</strong>s os sujeitos <strong>do</strong> sexo masculino<br />

foram classifi ca<strong>do</strong>s como parcialmente independentes.<br />

Entretanto, dentre as mulheres, observou-se a ocorrência das<br />

três classifi cações. Ou seja, uma delas foi considerada funcionalmente<br />

dependente, desde que não conseguiu realizar<br />

o mesmo; três foram consideradas parcialmente independentes,<br />

uma foi considerada funcionalmente independente<br />

e três como dependentes da assistência de outras pessoas para<br />

realizarem esta atividade motora.<br />

Resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> teste: retirar e recolocar uma lâmpada<br />

em um bocal<br />

Neste teste, embora 100% das mulheres fossem capazes<br />

de desempenhar a tarefa, três delas (43%), demonstraram<br />

signifi cativas difi culdades na realização da tarefa. Dentre os<br />

homens, neste mesmo teste, três sujeitos (25%) apresentaram<br />

difi culdade na realização <strong>do</strong> teste, enquanto um deles (8,3%)<br />

foi incapaz de realizar a tarefa.<br />

Resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> teste: retirar e recolocar a chave<br />

em uma fechadura<br />

Nessa tarefa, mais uma vez, 100% das mulheres foram<br />

capazes de terminar a tarefa, entretanto, duas delas (28,5%)<br />

apresentaram difi culdades na realização da mesma. Dentre<br />

os homens, <strong>do</strong>is sujeitos (16,6%) demonstraram difi culdades<br />

para realização da tarefa, enquanto um <strong>do</strong>s indivíduos (8,3%)<br />

não foi capaz de completar o teste.<br />

Discussão<br />

Os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong> corroboram com<br />

afi rmações de publicações anteriores [25] de que o grau <strong>do</strong><br />

declínio na capacidade funcional de i<strong>do</strong>sos asila<strong>do</strong>s é mais<br />

eleva<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> com i<strong>do</strong>sos não asila<strong>do</strong>s, apesar<br />

das limitações existentes no presente estu<strong>do</strong> como o limita<strong>do</strong><br />

tamanho da amostra e outras.<br />

Vários estu<strong>do</strong>s longitudinais [27,9] têm demonstra<strong>do</strong> que<br />

os efeitos deletérios <strong>do</strong> envelhecimento, sobre os diferentes<br />

sistemas corporais, podem levar o indivíduo à invalidez. Melo<br />

et al. [26] lembra que tais constatações demonstram que o<br />

envelhecimento populacional e seus efeitos geram maior<br />

responsabilidade e maiores gastos, com programas médicos<br />

e sociais, para os serviços de saúde, desde que, os i<strong>do</strong>sos<br />

apresentam como características: consumir mais serviços de<br />

saúde, apresentam maior e mais freqüente necessidade de<br />

Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

internações hospitalares e, quan<strong>do</strong> interna<strong>do</strong>s, apresentam<br />

um tempo de ocupação <strong>do</strong> leito maior que o de outras faixas<br />

etárias [12].<br />

Indivíduos i<strong>do</strong>sos que vivem em instituições asilares têm<br />

demonstra<strong>do</strong> menores níveis de atividade e aptidão física,<br />

quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s com os i<strong>do</strong>sos que vivem na comunidade.<br />

Sen<strong>do</strong> mais frágeis, esses i<strong>do</strong>sos apresentam maiores<br />

riscos para <strong>do</strong>enças crônico-degenerativas, limitações funcionais<br />

e quedas [25]. No Distrito Federal, Melo et al. [26]<br />

investigan<strong>do</strong> o nível de atividade física em instituições que<br />

cuidam de i<strong>do</strong>sos, observou que nenhuma das instituições<br />

estudadas oferecia qualquer programa de atividade física<br />

orientada. Mais uma vez no Brasil, em um estu<strong>do</strong> feito na<br />

região sul <strong>do</strong> país, Benedetti & Petroski [25] constataram que<br />

as instituições asilares, devi<strong>do</strong> ao declínio <strong>do</strong> organismo e a<br />

uma maior fragilidade <strong>do</strong>s indivíduos, têm da<strong>do</strong> preferência<br />

às atividades que requeiram menor esforço físico. A autora<br />

observou a ocorrência de um fenômeno interessante que, segun<strong>do</strong><br />

a mesma, termina converten<strong>do</strong>-se em um ciclo vicioso:<br />

à medida que há o incremento da idade, o indivíduo tende<br />

a tornar-se menos ativo, por conseguinte suas capacidades<br />

físicas diminuem, começa a aparecer o sentimento de velhice,<br />

que pode por sua vez causar estresse, depressão e levar a uma<br />

redução da atividade física e, conseqüentemente, à aparição<br />

de <strong>do</strong>enças crônico-degenerativas, que por si só, contribuem<br />

para o envelhecimento.<br />

Os resulta<strong>do</strong>s da presente pesquisa demonstram que,<br />

em todas as atividades motoras realizadas, as mulheres apresentaram<br />

desempenho médio inferior (tempo maior para a<br />

realização da tarefa) ao <strong>do</strong>s homens. No teste de caminhada<br />

de 10 metros, as mulheres apresentaram o resulta<strong>do</strong> inferior<br />

(p = 0,000). Esperava-se este resulta<strong>do</strong>, pois segun<strong>do</strong> [28],<br />

quan<strong>do</strong> se comparam i<strong>do</strong>sos de mesma idade e características,<br />

os <strong>do</strong> sexo feminino, tendem a apresentar menor desempenho<br />

funcional em tarefas que exijam esforços físicos modera<strong>do</strong>s<br />

ou vigorosos, quan<strong>do</strong> comparadas com homens.<br />

Quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s com os resulta<strong>do</strong>s de estu<strong>do</strong>s<br />

semelhantes [29,6,30], realiza<strong>do</strong>s com i<strong>do</strong>sos não institucionaliza<strong>do</strong>s,<br />

de mesmas características e faixa etária, as<br />

mulheres e homens que compuseram esta pesquisa apresentaram<br />

uma velocidade de caminhada menor. Entretanto,<br />

quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s com outros estu<strong>do</strong>s [31], as mulheres<br />

continuam apresentan<strong>do</strong> menores resulta<strong>do</strong>s, enquanto os<br />

homens apresentam resulta<strong>do</strong>s semelhantes. Estes resulta<strong>do</strong>s<br />

são compatíveis com os apresenta<strong>do</strong>s por outros estu<strong>do</strong>s,<br />

como, por exemplo, o de [28], no qual os autores, além de<br />

confi rmarem estes acha<strong>do</strong>s, complementam observan<strong>do</strong> que,<br />

dentre os i<strong>do</strong>sos, as mulheres tendem a apresentar maior<br />

fragilidade e necessidade de assistência na realização das atividades<br />

motoras <strong>do</strong> cotidiano. No Teste TUGT é interessante<br />

notar que, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s com os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> estu<strong>do</strong><br />

de Podsiadlo & Richardson [23], realiza<strong>do</strong>s com sujeitos de<br />

média de idade superior (79,5 anos), a presente amostra,<br />

embora apresentan<strong>do</strong> média de idade inferior, apresentou


Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

um tempo médio para a realização dessa tarefa muito maior.<br />

Segun<strong>do</strong> as autoras <strong>do</strong> teste, este fato pode evidenciar que,<br />

em termos funcionais, os sujeitos asila<strong>do</strong>s, mesmo quan<strong>do</strong><br />

compara<strong>do</strong>s, com i<strong>do</strong>sos mais velhos, apresentam maiores<br />

défi cits funcionais. Os resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s nas tarefas<br />

de avaliação da habilidade manual (teste da lâmpada e da<br />

chave) foram menores que os observa<strong>do</strong>s em outros estu<strong>do</strong>s<br />

(Barbosa, da<strong>do</strong>s não publica<strong>do</strong>s), realiza<strong>do</strong> com uma amostra<br />

composta por i<strong>do</strong>sas não institucionalizadas, com média<br />

de idade de 67,9 anos. Isso demonstra a maior fragilidade<br />

existente entre as i<strong>do</strong>sas asiladas, quan<strong>do</strong> comparadas a não<br />

institucionalizadas.<br />

É importante relatar que, de acor<strong>do</strong> com os questionários<br />

utiliza<strong>do</strong>s para acessar e avaliar a independência funcional<br />

nas AMBDD e AMIDD, nenhuma das mulheres poderia<br />

ter si<strong>do</strong> considerada plenamente independente, enquanto<br />

dentre os homens, quatro deles (21%) foram classifi ca<strong>do</strong>s<br />

como plenamente independentes e três (25%) demonstraram<br />

défi cit cognitivo.<br />

Conclusão<br />

Respeitan<strong>do</strong>-se as possíveis limitações meto<strong>do</strong>lógicas, os<br />

resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s no presente estu<strong>do</strong>, demonstraram que os<br />

i<strong>do</strong>sos que vivem em instituições asilares na cidade de Maceió<br />

apresentaram baixa autonomia nas tarefas selecionadas,<br />

principalmente quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s com indivíduos não<br />

institucionaliza<strong>do</strong>s. Esses resulta<strong>do</strong>s levam a crer que existe<br />

a necessidade de políticas específi cas e <strong>do</strong>s responsáveis por<br />

essas instituições aplicarem intervenções que venham a melhorar,<br />

ou em alguns casos manter, o nível de aptidão física<br />

fornecen<strong>do</strong> para essas pessoas uma vida mais independente<br />

e melhoran<strong>do</strong> assim a qualidade de vida desses sujeitos, visan<strong>do</strong><br />

desacelerar os efeitos <strong>do</strong> envelhecimento que, segun<strong>do</strong><br />

Matsu<strong>do</strong> [30], ocorre por imobilidade e má adaptação e não<br />

por <strong>do</strong>ença crônica.<br />

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Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

Artigo original<br />

Efeito agu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s alongamentos estático e FNP sobre<br />

o desempenho da força dinâmica máxima<br />

Acute effect of static and PNF stretching<br />

on maximal dynamic strength performance<br />

Th iago Matassoli Gomes*, Ercole da Cruz Rubini**, Homero da SN Junior**, Jeff erson da Silva Novaes***, Alexandre Trindade***<br />

*Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Ciência da Motricidade Humana - PROCIMH / UCB-RJ, Laboratório de Biociências<br />

da Motricidade Humana - LABIMH, Universidade Estácio de Sá - RJ, **Universidade Estácio de Sá - RJ, *** Programa de<br />

Pós-graduação Stricto Sensu em Ciência da Motricidade Humana - PROCIMH / UCB-RJ, Laboratório de Biociências da Motricidade<br />

Humana - LABIMH, UFRJ / EEFD<br />

Resumo<br />

O objetivo deste estu<strong>do</strong> foi verifi car o efeito agu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s alongamentos<br />

estático passivo e facilitação neuromuscular proprioceptiva<br />

sobre o desempenho da força dinâmica máxima. O estu<strong>do</strong> foi<br />

realiza<strong>do</strong> com 21 voluntários <strong>do</strong> sexo masculino (24,1 ± 1,7 anos)<br />

treina<strong>do</strong>s em força há pelo menos <strong>do</strong>is anos. Para auferição da<br />

força dinâmica máxima foi utiliza<strong>do</strong> o protocolo de teste e re-teste<br />

de uma repetição máxima (1RM) no supino horizontal. To<strong>do</strong>s os<br />

sujeitos participaram de todas as situações experimentais, sen<strong>do</strong>: a)<br />

alongamento estático + 1RM (EP); b) alongamento FNP + 1RM<br />

(FNP); c) teste de 1RM sem alongamento (GC). A ordem de participação<br />

nos protocolos experimentais foi determinada de forma<br />

aleatória. O resulta<strong>do</strong> da ANOVA com medidas repetidas mostrou<br />

diferenças signifi cativas com relação à situação controle, tanto na<br />

situação EP (p = 0,00) quanto na situação FNP (p = 0,00). Onde<br />

a média nas condições experimentais EP (95 ± 12,3 kg) e FNP (92<br />

± 11,2 kg) foi signifi cativamente menor <strong>do</strong> que GC (99,2 ± 11,4<br />

kg). Conclui-se que uma sessão de alongamento estático ou FNP<br />

executada imediatamente antes <strong>do</strong> treinamento de força provocou<br />

uma diminuição <strong>do</strong> desempenho.<br />

Palavras-chave: flexibilidade, teste de 1 RM, rendimento,<br />

treinamento concorrente.<br />

13<br />

Abstract<br />

Th e purpose of this study was to verify the acute eff ect of static<br />

and proprioceptive neuromuscular facilitation stretching on maximal<br />

dynamic strength performance. Th e study was comprised by<br />

twenty-one trained male (24.1 ± 1.7 years). To measure the maximal<br />

dynamic strength it was used the one maximal repetition test (1RM)<br />

and retest protocols in a horizontal chest press. All subjects were ran<strong>do</strong>mly<br />

assigned to static stretching (EP), PNF stretching (FNP) and<br />

nonstretching (GC) protocols before strength testing. Th e ANOVA<br />

with repeated measures revealed signifi cantly decreases (p < 0.05) in<br />

maximal dynamic strength. Static and proprioceptive neuromuscular<br />

stretching reduced the maximal strength (p = 0.00) when compared<br />

with nonstretching group. Th e mean in experimental conditions EP<br />

(95 ± 12.3 kg) and FNP (92 ± 11.2 kg) was signifi cantly smaller<br />

than GC (99.2 ± 11.4 kg). Th ese results indicated that both static<br />

and proprioceptive neuromuscular facilitation stretching impairs<br />

maximal dynamic force production.<br />

Key-words: flexibility, 1RM test, performance, concurrently training.<br />

Recebi<strong>do</strong> 15 de julho de 2005; aceito em 10 de outubro de 2005.<br />

Endereço para correspondência: Thiago Matassoli Gomes, Rua Delfina Enes, 365, Penha, 21011-400 Rio de Janeiro RJ, Tel: (21)<br />

8807-9459, E-mail: thiagogom@gmail.com


14<br />

Introdução<br />

O ACSM [1] coloca a força e a fl exibilidade, juntamente<br />

com a potência aeróbia e a composição corporal como os<br />

quatro componentes mais importantes da aptidão física,<br />

deven<strong>do</strong> estes estar embuti<strong>do</strong>s em qualquer programa de<br />

atividade física relaciona<strong>do</strong> à saúde.<br />

Exercícios de alongamento são tradicionalmente utiliza<strong>do</strong>s<br />

como parte integrante <strong>do</strong> aquecimento para a atividade principal,<br />

sob a alegação de promover melhoras no desempenho,<br />

diminuir o risco de lesões e diminuir o aparecimento de <strong>do</strong>res<br />

musculares tardias. Porém, parece não existir sustentação<br />

científi ca para tais afi rmações [2-8].<br />

Trabalhos recentes mostram uma diminuição no desempenho<br />

da força isométrica e isotônica [9-15], nos saltos<br />

verticais [16-19] e na força isocinética [20-22] quan<strong>do</strong> estas<br />

são precedidas por exercícios de alongamento. Na literatura,<br />

a maioria <strong>do</strong>s trabalhos se apresenta verifi can<strong>do</strong> os efeitos da<br />

fl exibilidade sobre a força em membros inferiores [9-14,16-<br />

19]. Entretanto, <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s relaciona<strong>do</strong>s acima apenas <strong>do</strong>is<br />

trabalhos [15,21] reportam o comportamento da força nos<br />

membros superiores. Demonstran<strong>do</strong> uma lacuna a ser preenchida,<br />

que é saber se os resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s em membros<br />

inferiores podem ser reproduzi<strong>do</strong>s nos membros superiores.<br />

Portanto, o objetivo deste estu<strong>do</strong> foi verifi car o efeito<br />

agu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de alongamento estático passivo (EP)<br />

e facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) sobre o<br />

desempenho da força dinâmica máxima de membros superiores.<br />

Materiais e méto<strong>do</strong>s<br />

Amostra<br />

Participaram <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> 21 voluntários <strong>do</strong> sexo masculino<br />

(24,1 ± 1,7 anos; 172 ± 2,8 cm; 76,4 ± 3,6 kg) com experiência<br />

de, no mínimo, <strong>do</strong>is anos em treinamento de força.<br />

Foi a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> como critério de exclusão a presença de qualquer<br />

lesão osteomioarticular ou cirurgia nas articulações envolvidas<br />

no estu<strong>do</strong> e o uso de suplementos e esteróides anabólicos ou<br />

quaisquer outras drogas que pudessem interferir nos resulta<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>s testes. To<strong>do</strong>s assinaram termo de consentimento livre e<br />

esclareci<strong>do</strong> conforme resolução 196/96 <strong>do</strong> Conselho Nacional<br />

de Saúde para experimentos com humanos.<br />

Desenho experimental<br />

To<strong>do</strong>s os sujeitos realizaram cinco visitas não consecutivas<br />

com intervalo de 48 horas entre as mesmas. To<strong>do</strong>s fi zeram os<br />

testes no mesmo perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> dia durante to<strong>do</strong> o procedimento<br />

experimental. Nas duas primeiras visitas foram realizadas as<br />

mensurações da composição corporal (estatura e massa corporal),<br />

aplica<strong>do</strong> o questionário PAR-Q e o teste e o re-teste<br />

de 1RM. Da terceira a quinta visitas os voluntários foram<br />

Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

dividi<strong>do</strong>s aleatoriamente nas seguintes situações experimentais:<br />

a) alongamento estático + 1RM (EP); b) alongamento<br />

FNP + 1RM (FNP); c) teste de 1RM sem alongamento prévio<br />

(GC). To<strong>do</strong>s foram instruí<strong>do</strong>s a não realizar qualquer tipo de<br />

treinamento de força e de fl exibilidade para o grupamento<br />

muscular envolvi<strong>do</strong> no teste 48 horas antes <strong>do</strong> início <strong>do</strong>s<br />

mesmos.<br />

Determinação de 1RM<br />

Para a avaliação da força dinâmica máxima foi realiza<strong>do</strong><br />

o exercício supino horizontal em um pórtico da Technogym ®<br />

(Itália), no qual o avalia<strong>do</strong> deitava-se no banco em posição<br />

supina, posicionan<strong>do</strong> a barra na linha <strong>do</strong> ponto meso-esternal.<br />

A distância das mãos deveria corresponder à posição em<br />

que o úmero fi casse horizontal em relação ao solo e o ângulo<br />

forma<strong>do</strong> entre o braço e o antebraço fosse de 90 0 no fi nal da<br />

fase excêntrica <strong>do</strong> movimento, angulação que foi auferida por<br />

um goniômetro. O exercício supino horizontal foi realiza<strong>do</strong><br />

da seguinte maneira: a) Posição inicial – fase excêntrica <strong>do</strong><br />

movimento, sua execução era iniciada com os cotovelos em<br />

extensão; b) Posição intermediária – fase concêntrica <strong>do</strong><br />

movimento, com os cotovelos forman<strong>do</strong> um ângulo de 90 0<br />

de fl exão com o úmero em paralelo ao solo (limita<strong>do</strong>r de<br />

amplitude), retornan<strong>do</strong> então a posição inicial.<br />

O protocolo <strong>do</strong> teste seguiu as instruções <strong>do</strong> ACSM [23],<br />

poden<strong>do</strong> ser realizadas até três tentativas, sen<strong>do</strong> o peso ajusta<strong>do</strong><br />

sempre antes de cada tentativa. O tempo de recuperação<br />

entre as tentativas foi padroniza<strong>do</strong> em cinco minutos. Quan<strong>do</strong><br />

o avalia<strong>do</strong> não conseguia mais realizar o movimento de forma<br />

correta, o teste era interrompi<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> registra<strong>do</strong> como peso<br />

máximo, aquele obti<strong>do</strong> na última execução completa.<br />

Protocolo de alongamento<br />

Para o tratamento com o méto<strong>do</strong> estático passivo, utilizouse<br />

três séries com 30 segun<strong>do</strong>s de manutenção na posição,<br />

no qual o movimento era leva<strong>do</strong> até uma posição de ligeiro<br />

desconforto. Para o méto<strong>do</strong> FNP foi realiza<strong>do</strong> seis segun<strong>do</strong>s de<br />

contração segui<strong>do</strong> de 30 segun<strong>do</strong>s de manutenção na posição,<br />

também com três séries. Entre as séries de alongamento foi<br />

realiza<strong>do</strong> um intervalo de 30 segun<strong>do</strong>s (Figura 1).<br />

Figura 1 - Posição de alongamento.


Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

Análise de da<strong>do</strong>s<br />

To<strong>do</strong>s os resulta<strong>do</strong>s estão apresenta<strong>do</strong>s em média ± desvio<br />

padrão. Para determinar os efeitos <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is tratamentos sobre<br />

a variável dependente (1RM), foi realizada uma ANOVA para<br />

medidas repetidas com três entradas (GC X EP X FNP). Para<br />

determinar as diferenças específi cas foi realiza<strong>do</strong> o teste post<br />

hoc de Bonferoni. As análises estatísticas foram realizadas a<br />

partir <strong>do</strong> pacote de programas estatísticos SPSS 14.0 (SPSS<br />

Inc., EUA). Para todas as análises foi a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> um nível crítico<br />

de signifi cância de p < 0,05.<br />

Resulta<strong>do</strong>s<br />

A ANOVA para medidas repetidas mostrou reduções<br />

signifi cativas (p = 0,00) na força tanto na situação EP quanto<br />

FNP em relação ao grupo controle, no qual a média nas<br />

condições experimentais EP (95 ± 12,3 kg) e FNP (92 ± 11,2<br />

kg) foi signifi cativamente menor que a média obtida no grupo<br />

controle (99,2 ± 11,4 kg) (Gráfi co 1).<br />

Gráfi co 1<br />

Discussão<br />

Os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong> estão em concordância<br />

com outros que também verifi caram diferença estatisticamente<br />

signifi cativa entre os valores <strong>do</strong> desempenho da força quan<strong>do</strong><br />

precedida por exercícios de alongamento [9-22]. Apesar de<br />

na maioria desses estu<strong>do</strong>s terem si<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong>s mais de um<br />

tipo de exercício de alongamento e o número de séries, bem<br />

como o tempo de manutenção na posição de alongamento,<br />

nem sempre obedecerem o recomenda<strong>do</strong> [1].<br />

Fowles et al. [10] e Behm et al. [11] utilizaram 135 e 45<br />

segun<strong>do</strong>s de manutenção na posição de alongamento respectivamente.<br />

A variação no número de séries também foi muito<br />

grande, enquanto Tricoli e Paulo [14] utilizaram três séries,<br />

Fowles et al. [10] utilizaram apenas uma e Behm et al. [11]<br />

utilizaram cinco séries.<br />

Alguns trabalhos [17-19] não demonstraram diminuição<br />

no desempenho <strong>do</strong>s saltos verticais quan<strong>do</strong> estes foram precedi<strong>do</strong>s<br />

por exercícios de alongamento. Porém, novamente os<br />

protocolos de alongamento não respeitavam o recomenda<strong>do</strong><br />

[1], sen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> apenas quinze segun<strong>do</strong>s de manutenção<br />

na posição de alongamento.<br />

15<br />

To<strong>do</strong>s os fatores supracita<strong>do</strong>s (número de exercícios, tempo<br />

e número de séries diferentes) por muitas vezes geram um<br />

tempo total de estímulo que excedem o que normalmente é<br />

feito na prática e acabam por diminuir a aplicabilidade <strong>do</strong>s<br />

estu<strong>do</strong>s. Porém, apesar de no presente trabalho o volume<br />

total de estímulo ter si<strong>do</strong> menor e estar sen<strong>do</strong> obedeci<strong>do</strong> o<br />

recomenda<strong>do</strong> [1], também foi verifi cada a diminuição no<br />

desempenho da força quan<strong>do</strong> a mesma foi precedida por<br />

exercício de alongamento.<br />

Marek et al. [22] verifi caram diminuições no pico de<br />

torque máximo (2,8%) e na potência muscular (3,2%) em<br />

velocidade lenta (60 0 .s -1 ) e rápida (300 0 .s -1 ) para o músculo<br />

vasto lateral. Assim como no presente estu<strong>do</strong>, a magnitude<br />

no défi cit da força em decorrência <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s de alongamento<br />

foi a mesma, tanto para o méto<strong>do</strong> estático quanto<br />

para o FNP.<br />

Possíveis explicações são utilizadas para justifi car a diminuição<br />

<strong>do</strong> desempenho da força quan<strong>do</strong> precedida por<br />

exercícios de alongamento. Fowles et al. [10] verifi caram uma<br />

diminuição de 28% na ativação das unidades motoras e na<br />

atividade eletromiográfi ca. Além disso, observaram que este<br />

efeito perdurou por até 60 minutos. Esta diminuição pode<br />

ser explicada pela inibição gerada pelos órgãos tendinosos de<br />

golgi, que contribui para uma diminuição da excitabilidade<br />

<strong>do</strong>s motoneurônios alfa.<br />

Avela et al. [24] mostraram uma redução de 23,2% na<br />

contração voluntária máxima da musculatura <strong>do</strong> tríceps sural.<br />

Tal diminuição possivelmente ocorreu por uma redução na<br />

sensitividade <strong>do</strong>s fusos musculares, reduzin<strong>do</strong> a atividade das<br />

fi bras aferentes de grande calibre. Uma inibição <strong>do</strong>s motoneurônios<br />

alfa gerada pelos receptores articulares tipo III e<br />

tipo IV, também pode justifi car a diminuição no desempenho<br />

da força [25].<br />

Alterações nas propriedades viscoelásticas da unidade músculo-tendinosa<br />

reduzem a tensão passiva e a rigidez [26,27].<br />

Como uma das funções <strong>do</strong> tendão é transferir a força produzida<br />

pela musculatura esquelética para os ossos e articulações, uma<br />

unidade músculo-tendinosa menos rígida transmitirá de forma<br />

menos efi ciente as alterações de tensão na musculatura. Tais<br />

alterações viscoelásticas podem colocar o componente contrátil<br />

em uma posição menos favorável em termos de produção de<br />

força nas curvas de força-comprimento e força-velocidade, que<br />

acarreta conseqüentemente em uma insufi ciente transmissão de<br />

força <strong>do</strong> músculo para o sistema esquelético[26,27].<br />

É importante enfatizar que a posição de alongamento<br />

utilizada, apesar de ser bastante comum nas academias e<br />

clubes de ginástica provavelmente interferiu na resposta da<br />

produção de força. Com os cotovelos estendi<strong>do</strong>s não se isola<br />

o alongamento para a musculatura <strong>do</strong> peitoral. No entanto,<br />

mesmo com essa limitação foi observada uma diminuição no<br />

desempenho da força. A hipótese é que com o exercício de<br />

alongamento sen<strong>do</strong> conduzi<strong>do</strong> com os cotovelos fl exiona<strong>do</strong>s<br />

(isolan<strong>do</strong> assim o grupamento muscular alonga<strong>do</strong>), a diminuição<br />

no desempenho da força poderá ser ainda maior.


16<br />

Conclusões<br />

Os resulta<strong>do</strong>s demonstraram uma diminuição da força<br />

dinâmica máxima quan<strong>do</strong> esta foi precedida por exercício de<br />

alongamento. Tanto para o méto<strong>do</strong> estático passivo quanto<br />

para o méto<strong>do</strong> de facilitação neuromuscular proprioceptiva.<br />

Esses resulta<strong>do</strong>s somam-se aos da<strong>do</strong>s já existentes na literatura,<br />

mostran<strong>do</strong> haver uma diminuição no desempenho da força<br />

independentemente <strong>do</strong> segmento corporal envolvi<strong>do</strong> e <strong>do</strong><br />

número de exercícios realiza<strong>do</strong>s.<br />

Atletas e técnicos devem considerar os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> presente<br />

estu<strong>do</strong> antes de acrescentar em suas rotinas de aquecimento<br />

exercícios de alongamento. Ainda mais, nas atividades físicodesportivas<br />

que dependerem diretamente <strong>do</strong> desempenho<br />

da força.<br />

Futuros estu<strong>do</strong>s devem procurar investigar os possíveis<br />

mecanismos relaciona<strong>do</strong>s à diminuição <strong>do</strong> desempenho da<br />

força. Faz-se necessária a elaboração de outros estu<strong>do</strong>s que<br />

envolvam diferentes variáveis, entre elas: o número de séries,<br />

o tempo de sustentação da posição de alongamento e populações<br />

com diferentes idades. Sugere-se, ainda, que se observe<br />

os efeitos crônicos sobre as variáveis apresentadas.<br />

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Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

Artigo original<br />

Predição <strong>do</strong> volume de exercícios com pesos para<br />

promoção da exaustão em três grupos musculares de<br />

atletas mediante variações de componentes sanguíneos<br />

Prediction of exercise volume with weight to promote exhaustion in three<br />

major muscular-groups of athletes through variation of blood markers<br />

Carlos Alexandre Fett*, Fábio Lera Orsatti**, Roberto Carlos Burini***<br />

*Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, **Professor de Educação Física, Centro de Metabolismo<br />

em Exercício e Nutrição (CeMeNutri) – Departamento de Saúde Pública da Faculdade de Medicina Botucatu/SP-UNESP,<br />

Mestran<strong>do</strong> em Ginecologia, Setor de Climatério e Menopausa – Faculdade de Medicina (UNESP), Botucatu (SP), ***Professor<br />

Titular, Centro de Metabolismo em Exercício e Nutrição – CeMENutri – Depto de Saúde Pública da Faculdade de Medicina da<br />

Unesp – Botucatu (SP)<br />

Resumo<br />

Com o objetivo de avaliar o impacto <strong>do</strong> teste de exaustão (TE),<br />

com exercícios resisti<strong>do</strong>s em três grupamentos musculares distintos,<br />

sobre a magnitude das alterações sangüíneas de atletas, foram estuda<strong>do</strong>s<br />

12 indivíduos (23 ± 4 anos) <strong>do</strong> sexo masculino (79 ± 10kg),<br />

atletas de musculação e voluntários ao estu<strong>do</strong>. Após 4 semanas de<br />

treinamento e dieta ajustada para 1,5g/kg/dia e 30 kcal/g prot., foi<br />

aplica<strong>do</strong> o TE que iniciava com 80% de 1 RM e redução de 20% até a<br />

fadiga (não execução da repetição). O TE foi realiza<strong>do</strong> para: 1) supino<br />

reto; 2) agachamento na máquina Hack ® ; 3) remada baixa no pulley,<br />

sem descanso entre os exercícios. Foram realizadas coletas de sangue,<br />

antes e após a realização <strong>do</strong>s três TE, para <strong>do</strong>sagens hemogasimétricas<br />

e bioquímicas. Após o TE, aumentaram as atividades das enzimas<br />

(U/L) creatino-quinase (CK), creatino-quinase isoenzima cardíaca<br />

(CK-MB), lactato desidrogenase (LDH), alanina aminotransferase<br />

(ALT), aspartato aminotransferase (AST) e os valores de glicose, Ca + ,<br />

Na + , PO , hematócrito, osmolalidade. Por outro la<strong>do</strong>, houve redução<br />

2<br />

signifi cativa <strong>do</strong> pH, HCO pCO e variação não signifi cativa <strong>do</strong><br />

3 e 2<br />

áci<strong>do</strong> úrico. Não houve correlação <strong>do</strong> teste de RM com o somatório<br />

das repetições no TE. Os indica<strong>do</strong>res isola<strong>do</strong>s mais sensíveis ao volume<br />

de exercícios foram a PCO e a AST que predizem até 50% e<br />

2<br />

40% das repetições, respectivamente. A associação da PCO , pressão<br />

2<br />

parcial de oxigênio (PO ), hematócrito (Ht), creatina quinase por-<br />

2<br />

ção cérebro-músculo (CK-MB) e bicarbonato (HCO ), têm o nível<br />

3<br />

preditivo máximo de aproximadamente 92%. O teste exaustivo <strong>do</strong>s<br />

3 grupamentos musculares leva a alterações sanguíneas indicativas de<br />

- estresse metabólico em que variações de pO , pCO , HCO , Ht, e<br />

2 2 3<br />

CKMB predizem 92% <strong>do</strong> esforço dispendi<strong>do</strong> no TE.<br />

Palavras-chave: marca<strong>do</strong>res bioquímicos, teste de exaustão,<br />

grupos musculares.<br />

17<br />

Abstract<br />

Th e responses of blood markers of fatigue -stress to exhaustive<br />

strength training were investigated in three diff erent groups of<br />

muscles of 12 males (23 + 4 yrs) volunteers, body builders. After 4<br />

weeks of training (5d/wk, 3x6-12 rep. 70-85% of RM, 30-60 seg<br />

rest among series) and dietary intake adjusted to 1.5g prot/kg/d<br />

and 30kcal/g prot they were submitted to the exhaustion test (ET)<br />

beginning with 80% of 1RM <strong>do</strong>wngrading 20% up to fatigue. Th e<br />

ET was conducted for muscular groups through 1) bench press, 2)<br />

squad and 3) seated row, without resting between exercises. Blood<br />

samples were drawn immediately before and after the ET and<br />

processed for hemogasimetric and biochemistry assays. Th e ET<br />

resulted in increased activities of enzymes (CK, CK-MB, LDH, AST<br />

and ALT), levels of osmolality (Osm), Na + , Ca ++ , Ht, glucose and<br />

pO 2 . Th e ET reduced the values of pH, HCO 3 and pCO 2 , without<br />

aff ecting the concentration of uric acid. Th ere was no relationship<br />

between the loading for 1RM (kg) and the number of repetitions<br />

to reach the ET. Blood pCO 2 and plasma AST showed (negative)<br />

signifi cant relationship with exercise volume for ET predicting<br />

50% and 40% of the achieved exercise repetitions, respectively. By<br />

associating both with pO 2 , CK-MB and HCO 3 the predictive value<br />

increased to 92%. Th us the responses of blood markers predict up<br />

to 92% of the volume of exhaustive strength exercise in the three<br />

major groups of user muscles during ET in athletes.<br />

Key-words: biochemistry markers, exhaustion test, musculargroups.<br />

Recebi<strong>do</strong> em 12 de abril de 2005, aceito em 15 de março de 2005.<br />

Endereço para correspondência: Roberto Carlos Burini, Rua Distrito de Rubião Júnior, s/n-UNESP/FM/BOTUCATU, 18618-970<br />

Botucatu SP, Tel: (014) 3811-6128, E-mail: burini@fmb.unesp.br


18<br />

Introdução<br />

Os grandes grupamentos musculares estão envolvi<strong>do</strong>s, em<br />

geral, nos esportes de alta intensidade, causan<strong>do</strong> exaustão e estresse,<br />

com repercussões sistêmicas. Entretanto, grande parte <strong>do</strong>s<br />

estu<strong>do</strong>s relativos à fadiga muscular utiliza contrações isométricas<br />

de pequenos grupamentos musculares, bem defi ni<strong>do</strong>s. Além<br />

disso, para defl agração da fadiga são usa<strong>do</strong>s estímulos elétricos,<br />

sem artefatos externos, ou envolvimento de movimento articular.<br />

Assim, as cinéticas inerentes ao trabalho muscular são relacionadas<br />

mais aos fatores limitantes periféricos que aos fatores centrais<br />

ou sistêmicos. Portanto, muito menor atenção tem si<strong>do</strong> dada ao<br />

estabelecimento da fadiga em grandes grupamentos musculares<br />

no exercício dinâmico e sua infl uência sistêmica [1].<br />

Atividades intensas, especialmente as excêntricas estão associadas<br />

à lesão muscular [2] e a lesão associa-se a exaustão <strong>do</strong> músculo,<br />

prejudican<strong>do</strong> a função contrátil pela resposta infl amatória.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, o treinamento físico leva a adaptações individualmente<br />

em cada sistema (cardiorespiratório, muscular<br />

e neural), promoven<strong>do</strong> coordenação entre os sistemas para<br />

minimizar a quebra da homeostase em resposta ao exercício.<br />

Assim, o treinamento tem relevância direta para o tipo de<br />

observação na resposta especifi ca ou não especifi ca ao estresse<br />

submeti<strong>do</strong> [3]. Para tanto, é necessário que o teste físico de<br />

sobrecarga seja adequa<strong>do</strong> quanto às alterações metabólicas<br />

envolvidas que se deseja observar.<br />

A capacidade de sustentar ações musculares repetidas é<br />

chamada de resistência (endurance) muscular. A endurance<br />

muscular aumenta com a força, modifi cações metabólicas locais<br />

e função circulatória. Estas alterações melhoram o desempenho<br />

muscular em atividades específi cas contra resistência,<br />

tanto no aumento da força quanto da resistência muscular.<br />

Uma força simples de estimar a endurance muscular é verifi car<br />

quantas repetições se consegue desempenhar em um da<strong>do</strong><br />

percentual <strong>do</strong> teste de uma repetição máxima (1RM) [4].<br />

Portanto, nosso objetivo foi desenvolver um teste de exercícios<br />

resisti<strong>do</strong>s exaustivos, que fosse representativo da maior<br />

parte <strong>do</strong> volume muscular total, a fi m de observar as alterações<br />

sistêmicas induzidas representadas por indica<strong>do</strong>res sanguíneos<br />

após indução pelo teste de exaustão muscular.<br />

Material e méto<strong>do</strong>s<br />

Foram estuda<strong>do</strong>s <strong>do</strong>ze indivíduos (23 ± 4 anos), praticantes<br />

de exercícios resisti<strong>do</strong>s. Os critérios de exclusão eram fumo, etilismo,<br />

usuários de esteróides anabólicos ou similares e histórico de<br />

<strong>do</strong>enças metabólicas. O estu<strong>do</strong> foi aprova<strong>do</strong> pelo Comitê de Ética<br />

em Pesquisa da Faculdade de Medicina da UNESP de Botucatu<br />

e to<strong>do</strong>s assinaram declaração de consentimento esclareci<strong>do</strong>.<br />

Protocolo dietético<br />

Após investigação <strong>do</strong>s hábitos alimentares, obti<strong>do</strong>s<br />

por meio <strong>do</strong> registro alimentar de 3 dias e calculan<strong>do</strong>-se a<br />

Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

composição centesimal <strong>do</strong>s nutrientes, a partir <strong>do</strong> softwere<br />

de nutrição (NutWin, UNIFESP, 2003, a dieta habitual foi<br />

ajustada para a oferta de 1,5g de proteína/kg de peso/dia com<br />

30 kcal não protéicas por grama de proteína.<br />

Protocolo de exercício<br />

O treinamento foi de 5 dias semanais, sen<strong>do</strong> 3 dias de treino<br />

contínuo, um de descanso e mais 2 dias, carga entre 70-85%<br />

<strong>do</strong> RM, tempo de recuperação entre 30s e 1min, basea<strong>do</strong> em<br />

combinações de meto<strong>do</strong>logia para hipertrofi a. As sessões envolviam<br />

os grupamentos musculares: 1) – peito, ombro, tríceps<br />

e ab<strong>do</strong>me; 2) – costa, bíceps, antebraço; 3) – coxas, glúteos,<br />

lombar e panturrilha; 4) – os mesmos grupamentos da sessão<br />

1 e 2; 5) – os mesmos grupamentos da sessão 3 [5].<br />

Após um mês de treinamento, foi aplica<strong>do</strong> o teste de exaustão<br />

(TE). O teste consistiu de aplicação de carga descendentes<br />

a iniciar-se com 80% de 1 repetição máxima (RM) executan<strong>do</strong>-se<br />

o maior número de repetições possível até a fadiga<br />

muscular (não execução da repetição); a carga sofria redução<br />

de 20% (80/60/40 e 20 <strong>do</strong> RM) através de auxílio externo<br />

sem interrupção <strong>do</strong> exercício e a continuidade deste processo<br />

repetia-se até permanecer apenas 20% de carga máxima,<br />

que era a força alvo (FA) e a exaustão instalar-se. Exercícios<br />

seleciona<strong>do</strong>s: 1) – supino reto (peito, ombro e tríceps); 2) -<br />

agachamento na máquina hack® (quadríceps, isquiopoplíteo e<br />

glúteo); 3) – remada baixa no pulley (costas, ombro e bíceps).<br />

Não foi permiti<strong>do</strong> descanso entre os exercícios.<br />

A coleta de sangue venoso foi realizada antes e logo após<br />

o TE, mediante punção da veia cubital com agulha e seringa<br />

descartáveis. Após a separação <strong>do</strong> soro ou plasma, esse material<br />

foi utiliza<strong>do</strong> para a realização das analises de hematócrito<br />

(técnica de microhematócrito) e eletrólitos: sódio, potássio e<br />

cálcio, osmolaridade, hemogasimetria para pH, bicarbonato<br />

(HCO 3<br />

- ), pressão parcial de oxigênio (PO2 ) e pressão para-<br />

cia de dióxi<strong>do</strong> de carbono (PCO 2 ), glicose (méto<strong>do</strong> glicose<br />

oxidase), áci<strong>do</strong> úrico (AU), enzimas: creatina- quinase (CK),<br />

isoenzima cardíaca creatina – quinase (CK_MB), lactato desidrogenase<br />

(LDH), alanina aminotransferase (ALT), aspartato<br />

aminotransferase (AST), Os kits foram comercializa<strong>do</strong>s pela<br />

Diagnostic Products Corporation (DPC), Los Angeles, CA.<br />

Analise estatística<br />

Os resulta<strong>do</strong>s foram expressos como média + desvio<br />

padrão, com intervalos de confi ança (95%) e 5 % de signifi<br />

cância para contraste entre as médias. Foi feito o teste de<br />

Kolmogorov e Smirnov para observar se as amostras tinham<br />

distribuição normal. Para a comparação entre os momentos<br />

antes e depois <strong>do</strong> TE, foi utiliza<strong>do</strong> teste de Wilcoxon para<br />

amostras pareadas quan<strong>do</strong> não havia distribuição normal, e<br />

o teste t parea<strong>do</strong> para quan<strong>do</strong> havia distribuição normal.<br />

Foram utiliza<strong>do</strong>s procedimentos de regressão múltipla<br />

“Stepwise”. O coefi ciente de explicação (R 2 ), indica quan-


Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

to as variáveis de forma associativa conseguem explicar<br />

os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> desempenho físico (repetições e carga).<br />

Foi utiliza<strong>do</strong> intervalo de confi ança em nível de 5% de<br />

signifi cância.<br />

Resulta<strong>do</strong>s<br />

Somente as concentrações séricas de AU, a PCO 2 , não apresentaram<br />

modifi cações signifi cantes após o TE (Tabela I).<br />

Tabela I - Resulta<strong>do</strong> das alterações sanguíneas induzidas pelos testes<br />

de exaustão.<br />

Teste de exaustão<br />

Variável/n/unidade Antes Depois<br />

CKψ (10) (U/L) 124.0 ± 32.5 164.5 ± 30.3***<br />

CK-MBψ (10) (U/L) 5.8 ± 3.5 7.1 ± 2.2*<br />

LDHψ (11) (U/L) 173.0 ± 25.5 214.4 ± 37.9**<br />

TGPψ (11) (U/L) 22.5 ± 6.8 25.8 ± 6.3*<br />

TGOψ (11) (U/L) 20.9 ± 7.4 25.8 ± 7.6***<br />

AU♠ (12) (mg/dL) 5.0 ± 0.8 5.2 ± 1.2<br />

Gli♠ (12) (mg/dL) 76.5 ± 25.4 99.6 ± 13.0**<br />

PO ♠ (12) (mmHg) 2 27.0 ± 5.7 57.6 ± 10.5***<br />

PCO ♠ (12) (mmHg) 2 47.7 ± 6.7 45.4 ± 15.0<br />

HCO ♠ (12) (mmol/L) 3 26.3 ± 1.9 11.7 ± 1.7***<br />

pH♠ (12) 7.3 ± 0.04 7.0 ± 0.1***<br />

Ht♠ (12) (%) 43.2 ± 6.3 51.3 ± 3.7***<br />

Ca + ♠ (12) (mg/dL) 3.8 ± 0.6 4.7 ± 0.4*<br />

Na + ♠ (12) (mmol/L) 142.3 ± 6.2 148.1 ± 4.8**<br />

O ♠ (12) (mOsm) 278.3 ± 11.7 2<br />

Os valores são média±desvio padrão.<br />

291.0 ± 8.3***<br />

CK, creatina quinase; CK-MB, creation quinase porção muscular e<br />

cerebral; TGP, transaminase glutamato piruvato; TGO, transaminase<br />

glutamato-oxalacetato; AU, áci<strong>do</strong> úrico; Gli, glicemia de jejum; PO , 2<br />

pressão parcial de oxigênio; PCO , pressão parcial de dióxi<strong>do</strong> de<br />

2<br />

carbono; HCO , bicarbonato; pH, concentração de H 3 + em -log ; Ht, 10<br />

hematócrito; Ca + , cálcio iônico; Na + , sódio; Os, osmolalidade.<br />

*P


20<br />

solicita<strong>do</strong>s diretamente no exercício foram os que mais alterações<br />

metabólicas causaram em avaliação <strong>do</strong> impacto sobre<br />

o estresse sistêmico [6].<br />

A fadiga e a exaustão em exercício prolonga<strong>do</strong> têm fundamentação<br />

fi siológica mais bem estabelecida <strong>do</strong> que o exercício<br />

de curta duração e alta intensidade. Naquele tipo de atividade,<br />

atribui-se a incapacidade local <strong>do</strong> músculo de contrair-se<br />

(fadiga periférica), principalmente à redução <strong>do</strong> volume<br />

plasmático e fl uxo sangüíneo [7] , depleção acelerada das<br />

taxas de glicogênio muscular e acúmulo de lactato muscular<br />

[8], diminuição <strong>do</strong> potencial de repouso da membrana, pela<br />

perda de potássio [9] falência da bomba de cálcio <strong>do</strong> retículo<br />

sarcoplasmático, aumento da concentração de ADP livre, e<br />

falência da transmissão neuromuscular [10].<br />

Várias destas alterações também foram observadas no TE.<br />

O Ht e O 2 aumentaram signifi cativamente, sen<strong>do</strong> relaciona<strong>do</strong>s<br />

à fadiga muscular pelo aumento da viscosidade sanguínea e<br />

conseqüente redução no transporte de O 2 , remoção <strong>do</strong> CO 2<br />

e outros metabólitos[11]. O Ca + e Na + plasmático também<br />

aumentaram signifi cativamente após o TE. O deslocamento<br />

destes eletrólitos <strong>do</strong> citoplasma celular para o sangue, pode<br />

reduzir a capacidade de contração muscular, devi<strong>do</strong> a falta de<br />

Ca + para ligar a cabeça da miosina a troponina e <strong>do</strong> Na + em<br />

relação a despolarização da membrana pela bomba de sódio e<br />

potássio [12]. A quantidade de Ca + libera<strong>do</strong> pelo retículo sarcoplasmático<br />

para ativar a contração muscular é reduzida nas<br />

fi bras musculares fatigadas [13]. Estas alterações também devem<br />

ter contribuí<strong>do</strong> para a exaustão se instalar nestes sujeitos.<br />

Estu<strong>do</strong>s têm indica<strong>do</strong> que é necessária a avaliação intracelular<br />

<strong>do</strong> Ca + , para demonstrar alterações relativas ao<br />

metabolismo, com talvez pequena alteração extracelular.<br />

Todavia, observamos aumento signifi cante <strong>do</strong> Ca + plasmático<br />

neste estu<strong>do</strong>, sugerin<strong>do</strong> que, neste tipo de teste, ele pode ser<br />

indica<strong>do</strong>r de exaustão [14].<br />

Era espera<strong>do</strong> o aumento da concentração plasmática <strong>do</strong><br />

áci<strong>do</strong> úrico após o TE, o que não se observou. Atividades intensas<br />

estimulam o ciclo da purina nucleotídio. Todavia, o IMP<br />

pode ser defosforila<strong>do</strong> em adenosina, sen<strong>do</strong> então degradada a<br />

inosina e hipoxantina e como o músculo não possui enzimas<br />

para converter a hipoxantina em insosina, conseqüentemente<br />

a hipoxantina é transportada para o fíga<strong>do</strong>, onde é convertida<br />

em áci<strong>do</strong> úrico e excretada pelos rins [13]. Foi sugeri<strong>do</strong> que há<br />

perda de adenina nucleotídio, durante a contração muscular<br />

intensa, numa tentativa de permitir que as reações de adenilato<br />

quinase continuem e, dessa forma, mantenham a carga de trabalho<br />

elevada. Foi demonstra<strong>do</strong> que essa perda está coordenada<br />

com os aumentos estequiométricos das concentrações de IMP e<br />

amônia [13]. O produto fi nal da via de desfosforilação <strong>do</strong> AMP<br />

é o áci<strong>do</strong> úrico, que se manteve com níveis inaltera<strong>do</strong>s. Estes<br />

resulta<strong>do</strong>s sugerem que esta via não foi importante no TE, ou,<br />

não houve tempo sufi ciente para o ciclo se completar.<br />

A glicemia aumentou significativamente após o TE,<br />

provavelmente pela descarga simpática, desencadean<strong>do</strong> a<br />

glicogenólise e neogligogênese hepática [15].<br />

Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

As atividades intensas, exaustivas, estão associadas à lesão<br />

muscular e com isso a liberação <strong>do</strong>s constituintes intracelulares<br />

como as enzimas. Várias enzimas estão aumentadas no<br />

sangue após atividade muscular exaustiva, poden<strong>do</strong> servir<br />

como marca<strong>do</strong>res da exaustão [16].<br />

As enzimas observadas neste estu<strong>do</strong> aumentaram signifi cativamente<br />

após o TE. Há signifi cante correlação entre a CK,<br />

CK-MB e TGO, mas não para TGP, à lesão muscular induzida<br />

pelo exercício [16]. Neste estu<strong>do</strong>, todavia, a TGP também respondeu<br />

a lesão muscular. Foi relata<strong>do</strong> pelos atletas <strong>do</strong>r tardia<br />

entre 24 e 48 horas após o TE, o que está associa<strong>do</strong> a microlesão<br />

<strong>do</strong> músculo [16]. A CK é catalisa<strong>do</strong>ra da reação reversível de<br />

creatina + ATP, para creatina fosfato + ADP. Ela é altamente<br />

concentrada no músculo esquelético e miocárdio, e em menor<br />

proporção no cérebro, intestino e pulmões. Os estresses físicos<br />

e psíquicos aumentam as concentrações plasmáticas da CK, e<br />

é um importante indica<strong>do</strong>r de lesão muscular [17].<br />

Não obstante a elevação da concentração de CK-MB<br />

indicar lesão no miocárdio [17], ela também está associada<br />

a lesão no músculo esquelético [18]. A CK-MB encontra-se<br />

mais elevada nas fi bras de contração lenta <strong>do</strong> que nas rápidas,<br />

não importan<strong>do</strong> o nível ou o tipo de treinamento envolvi<strong>do</strong><br />

[19]. Ela é uma isoenzima associada a contínua regeneração<br />

muscular em indivíduos submeti<strong>do</strong>s a injúria muscular<br />

crônica. Biópsia muscular, realizada em atletas de endurance<br />

altamente treina<strong>do</strong>s, tem demonstra<strong>do</strong> que eles contêm uma<br />

concentração mais elevada de CK-MB [20]. Já em nada<strong>do</strong>res<br />

desempenhan<strong>do</strong> atividade de longa duração, nem a CK ou a<br />

CK-MB, apresentaram modifi cações após a atividade (70%<br />

<strong>do</strong> VO 2 máx x 24 min) em relação ao repouso [21]. A CK<br />

parece responder mais ao tipo de estimulo de exercício de<br />

força/anaeróbio [22], sen<strong>do</strong> que a CK-MB, encontra-se mais<br />

relacionada as atividades de endurance [20]. O aumento observa<strong>do</strong><br />

da CK e CK-MB são sugestivos que o TE induziu a<br />

lesão das fi bras tipo I e tipo II a,b . A maior signifi cância para a<br />

CK indica a intensidade máxima <strong>do</strong> TE e grande participação<br />

<strong>do</strong> metabolismo anaeróbico. Corrobora com isso o aumento<br />

da LDH no TE, justifi ca<strong>do</strong> pela grande participação <strong>do</strong> metabolismo<br />

anaeróbio, onde na falta de O 2 converte o piruvato<br />

em lactato. A lesão muscular deixa extravasar esta enzima para<br />

o sangue aumentan<strong>do</strong> sua concentração. Além disso, a grande<br />

formação de áci<strong>do</strong> lático ativa o ciclo de Cori, onde o lactato<br />

ofereci<strong>do</strong> para o fíga<strong>do</strong> é converti<strong>do</strong> a áci<strong>do</strong> pirúvico e este a<br />

glicose que retorna ao sangue [15].<br />

Em geral, sujeitos mais bem condiciona<strong>do</strong>s têm menor aumento<br />

dessas enzimas compara<strong>do</strong> a indivíduos não acostuma<strong>do</strong>s<br />

a determinada atividade física [16]. Estas enzimas podem ser<br />

utilizadas como parâmetros para intensidade <strong>do</strong> TE e outros<br />

testes desta natureza. Todavia, Koutedakis et al. [17] observaram<br />

que rema<strong>do</strong>res de nível olímpico, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s com sujeitos<br />

destreina<strong>do</strong>s, tinham a CK e TGO, mas não a TGP, mais<br />

elevadas tanto no basal como 5 minutos após uma atividade<br />

exaustiva voluntária. Na tentativa de evitar diferenças no nível de<br />

condicionamento físico <strong>do</strong>s atletas de musculação, foi realiza<strong>do</strong>,


Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

pré-TE, um mês de treinamento equaliza<strong>do</strong>r.<br />

O TE pode ter causa<strong>do</strong> hipóxia tecidual, uma vez que<br />

as cargas iniciaram-se com o valor de 80% de 1 RM e foi<br />

demonstra<strong>do</strong> que valores próximos a 50% da capacidade máxima<br />

de contração muscular isométrica causam oclusão total<br />

<strong>do</strong>s vasos e que a microcirculação e a oferta de O 2 começam<br />

a ser comprometidas com valores em torno de 20% de 1RM,<br />

que era a carga fi nal <strong>do</strong> TE. Sabe-se, ainda, que o exercício<br />

resisti<strong>do</strong> é dependente em maior grau <strong>do</strong> metabolismo anaeróbico<br />

<strong>do</strong> que exercícios cíclicos. De fato, em cicloergômetro,<br />

aproximadamente 9%, 12% e 100% da força voluntária<br />

máxima são exercidas no pedal, relativo às intensidades de<br />

60%, 80% e 100% <strong>do</strong> VO 2 máx, respectivamente. Em contraste,<br />

para a extensão dinâmica <strong>do</strong> joelho, as porcentagens<br />

de 10%, 16% e 27% da força muscular máxima <strong>do</strong> músculo<br />

em repouso eram obtidas 66%, 78% e 100% <strong>do</strong> VO 2 máx.<br />

de pico relativo à uma perna, respectivamente [1]. Fica, pois,<br />

aparente que o exercício contra resistência, já com percentuais<br />

relativamente baixos <strong>do</strong> 1RM, depende em grande parte <strong>do</strong><br />

metabolismo anaeróbio. O TE oferece boa alternativa para<br />

teste de capacidade muscular em exercício resisti<strong>do</strong>, envolven<strong>do</strong><br />

metabolismo especifi co a atividade, que não pode ser<br />

mensura<strong>do</strong> (pelas alterações de marca<strong>do</strong>res bioquímicos) em<br />

testes convencionais em esteira ou bicicleta.<br />

O Ht foi o único indica<strong>do</strong>r positivamente correlaciona<strong>do</strong><br />

ao TE e ambas enzimas (CK e AST) tiveram importantes<br />

contribuições na predição <strong>do</strong> número de repetições desempenhadas<br />

e foram negativamente correlaciona<strong>do</strong>s ao TE.<br />

Uma possível explicação para correlação negativa ao TE é<br />

que indivíduos mais bem condiciona<strong>do</strong>s têm menor aumento<br />

dessas enzimas compara<strong>do</strong>s a indivíduos não acostuma<strong>do</strong>s a<br />

determinada atividade física [16].<br />

O indica<strong>do</strong>r isola<strong>do</strong> mais sensível à exaustão foi a PCO 2 .<br />

Esta, quan<strong>do</strong> associada à PO 2 , Ht, CK-MB e HCO 3 aumentou<br />

o nível preditivo máximo para 92%. Ou seja, da média<br />

de 151 repetições (somatória <strong>do</strong>s 3 exercícios) <strong>do</strong> teste, o erro<br />

padrão é de apenas 8 repetições. Isto sugere que estas variáveis<br />

podem ser utilizadas, individualmente, ou em conjunto, para<br />

avaliarem a intensidade e o volume de exercícios de levantamento<br />

de peso máximo, ou próximo ao máximo.<br />

Conclusão<br />

Assim, pela característica de múltiplas cargas decrescentes<br />

e grande massa muscular envolvida o TE mostra-se útil para<br />

avaliar o desempenho <strong>do</strong> atleta de força e, também, para<br />

sensibilizar indica<strong>do</strong>res sanguíneos <strong>do</strong> estresse sistêmico.<br />

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22<br />

Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

Artigo original<br />

Utilização <strong>do</strong> teste de 1RM na prescrição de exercícios<br />

resisti<strong>do</strong>s: vantagem ou desvantagem?<br />

Strength training prescription through 1RM test: the ins and outs<br />

Alex Souto Maior*, Adriana Lemos**, Nélson Carvalho**, Jéferson Novaes***, Roberto Simão****<br />

* Universidade Gama Filho – CEPAC, Programa de Pós-Graduação Stricto-Sensu em Bioengenharia da Universidade <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong><br />

Paraíba (UNIVAP – SP), **Programa de Pós-Graduação Stricto-Sensu em Educação Física da Universidade Castelo Branco (UCB<br />

– RJ),***Programa de Pós-Graduação Stricto-Sensu em Educação Física da Universidade Castelo Branco (UCB – RJ), Bolsista da<br />

FUNADESP, Professor da UFRJ, **** Universidade Gama Filho – CEPAC, Universidade Católica de Petrópolis, LABSAU (UERJ)<br />

Resumo<br />

Este estu<strong>do</strong> teve como objetivo verifi car o número de repetições<br />

máximas atingidas a partir de 80% de 1RM em homens treina<strong>do</strong>s<br />

nos exercícios resisti<strong>do</strong>s. A amostra foi constituída por 11 homens<br />

saudáveis com idade média de 22,3 (± 3 anos), peso corporal 79,4<br />

(± 7,8 kg) e estatura 179,7 (± 4,9 cm), submeti<strong>do</strong>s ao teste e re-teste<br />

de 1RM nos exercícios de supino horizontal, puxada pela frente, leg<br />

press inclina<strong>do</strong> e cadeira fl exora sentada. Os valores obti<strong>do</strong>s foram<br />

em média 10 (± 2), 11 (± 1), 20 (± 5) e 16 (± 4) repetições a 80%<br />

de 1RM nos exercícios supracita<strong>do</strong>s. Tais resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> indicam<br />

que não é apropria<strong>do</strong> prescrever um programa de treinamento<br />

de força com base em percentual de 1RM, ou seja, a predição não<br />

pode ser generalizada, sen<strong>do</strong> mais indica<strong>do</strong> predizer treinamentos<br />

por testes submáximos.<br />

Palavras-chave: re-teste de 1RM, treinamento de força, prescrição<br />

de exercícios.<br />

Introdução<br />

Muitos são os trabalhos que evidenciam a importância<br />

<strong>do</strong>s exercícios resisti<strong>do</strong>s (ER) na força muscular [1,2].<br />

O treinamento de força tem demonstra<strong>do</strong> ser efetivo na<br />

melhoria de várias capacidades neuromusculares [3], cardiovasculares<br />

e endócrinas [4]. O American College of Sports<br />

Medicine [2] (ACSM) preconiza que os ER desenvolvem<br />

respostas benéfi cas tanto para a estética, como para a saúde<br />

e a reabilitação.<br />

Abstract<br />

Th e objective of this study was to verify a strength training<br />

prescription trough 1RM test in active men, with familiarization in<br />

resistance training. 11 healthy men with 22,3 (± 3 years), 79,4 (+<br />

7,8 kg) and 179,7 (± 4,9 cm) did the bench press, leg press, leg curl<br />

and lat pull<strong>do</strong>wn in 1RM test. Th ey performed the same exercises<br />

with 80% of 1RM test until exhaustion. Th e values found were<br />

above the literature preconized, and we obtained in medium10 (±<br />

2), 20 (± 5), 11 (± 1) and 16 (± 4) maximum repetitions at 80% of<br />

1RM on bench press, leg press extension, lat pull <strong>do</strong>wn and leg curl<br />

respectively. Th ese results of the studies show us that to prescribe the<br />

strength training to get strength and hypertrophy utilizing the 1RM<br />

test is not safe, being better to use sub maximum test to prescribe<br />

the intensity in strength training.<br />

Key-words: 1RM re-test, strength training, exercise prescription.<br />

Os ER são utiliza<strong>do</strong>s como um meio efetivo de incremento<br />

da força muscular e melhoria <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> funcional em todas<br />

as faixas etárias. Isto justifi ca a necessidade da utilização de<br />

exercícios com sobrecargas na prescrição <strong>do</strong> treinamento,<br />

com objetivo de melhorar o desempenho físico associa<strong>do</strong> ao<br />

aumento da força e potência muscular [3,4]. No entanto,<br />

exercícios com pesos se referem a uma modalidade de atividade<br />

física sistematizada composta de variáveis (volume,<br />

intensidade, freqüência, duração, recuperação, ordem <strong>do</strong>s<br />

exercícios, equipamentos e tipo de treinamento) que preci-<br />

Recebi<strong>do</strong> em 12 de abril de 2005; aceito em 15 de outubro de 2005.<br />

Endereço para correspondência: Roberto Simão, Rua Tirol, 450/103, Jacarepaguá, 22750-000 Rio de Janeiro, E-mail:<br />

centraldecursosugf@bol.com.br.


Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

sam ser bem controladas para que possam produzir efeitos<br />

benéfi cos [2,4]. Estu<strong>do</strong>s demonstram [2] que o total de carga<br />

utilizada para um exercício específi co é, provavelmente, a variável<br />

mais importante. Contu<strong>do</strong>, os testes que são utiliza<strong>do</strong>s<br />

para a avaliação da força e para determinar a intensidade <strong>do</strong><br />

programa ainda são contraditórios [5].<br />

O teste de uma repetição máxima (1RM) vem sen<strong>do</strong><br />

amplamente utiliza<strong>do</strong>, seja como medida diagnóstica da força<br />

muscular ou como parâmetro para a prescrição e monitoração<br />

de um determina<strong>do</strong> exercício[6]. A intensidade de esforço<br />

relatada na literatura objetivan<strong>do</strong> ganhos de força e hipertrofi a<br />

é sempre superior a 60%, sen<strong>do</strong> geralmente, na maioria <strong>do</strong>s<br />

trabalhos a 80% de 1RM [2,7].<br />

À luz destas considerações, este estu<strong>do</strong> teve como objetivo<br />

verifi car o número de repetições máximas atingidas a partir<br />

de 80% de 1RM em homens treina<strong>do</strong>s nos ER.<br />

Materiais e méto<strong>do</strong>s<br />

Participaram <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> 11 homens voluntários saudáveis,<br />

com idade média de 22,3 (+3 anos), peso corporal 79,4 (+7,8<br />

kg) e estatura 179,7 (+4,9 cm). Os indivíduos avalia<strong>do</strong>s eram<br />

treina<strong>do</strong>s nos ER há pelo menos um ano e se exercitavam pelo<br />

menos quatro vezes por semana. Antes da coleta de da<strong>do</strong>s<br />

to<strong>do</strong>s responderam negativamente aos itens <strong>do</strong> questionário<br />

Par-Q [8] e assinaram um termo de consentimento, conforme<br />

Resolução n o 196/96 <strong>do</strong> Conselho Nacional de Saúde <strong>do</strong><br />

Brasil. A coleta constou das seguintes etapas realizadas em seis<br />

dias com intervalos de 48 a 72 horas: Dia 1 - Medida da massa<br />

corporal e estatura. Logo após, aplicou-se o teste de 1RM,<br />

objetivan<strong>do</strong> determinar a carga máxima nos exercícios supino<br />

horizontal e leg press. Dia 2 – teste de 1RM na puxada pela<br />

frente (“pegada aberta”) e fl exão de pernas. Dia 3 - realização<br />

<strong>do</strong> re-teste de 1RM nos exercícios testa<strong>do</strong>s no primeiro dia.<br />

Dia 4 - realização <strong>do</strong> re-teste de 1RM nos exercícios testa<strong>do</strong>s<br />

no segun<strong>do</strong> dia. Dia 5 – realização a 80% da carga de 1RM<br />

até a falha concêntrica nos exercícios supino horizontal e leg<br />

press. Dia 6 – o mesmo procedimento <strong>do</strong> quinto dia, só que<br />

nos exercícios puxada pela frente (“pegada aberta”) e fl exão<br />

de pernas.<br />

Com o objetivo de reduzir a margem de erro no teste e reteste<br />

de 1RM, e na prescrição <strong>do</strong>s exercícios a 80% de 1RM,<br />

a<strong>do</strong>taram-se as seguintes estratégias: instruções previas <strong>do</strong><br />

protocolo de teste foram oferecidas aos avalia<strong>do</strong>s, de mo<strong>do</strong> que<br />

o avalia<strong>do</strong> estivesse ciente de toda a rotina que envolvia a coleta<br />

de da<strong>do</strong>s; o avalia<strong>do</strong> foi instruí<strong>do</strong> sobre a técnica de execução<br />

<strong>do</strong> exercício, inclusive realizan<strong>do</strong>-o algumas vezes sem carga,<br />

para reduzir um possível efeito <strong>do</strong> aprendiza<strong>do</strong> nos escores<br />

obti<strong>do</strong>s; o avalia<strong>do</strong>r estava atento quanto à posição a<strong>do</strong>tada<br />

pela praticante no momento da medida. Pequenas variações<br />

no posicionamento das articulações envolvidas no movimento<br />

poderiam acionar outros músculos, levan<strong>do</strong> a interpretação<br />

errônea de escores obti<strong>do</strong>s; para a padronização <strong>do</strong>s testes e <strong>do</strong><br />

treinamento foram utiliza<strong>do</strong>s os mesmos equipamentos (Life<br />

23<br />

Fitness). Os implementos de carga obedeceram à sobrecarga<br />

<strong>do</strong>s equipamentos (placas de 5 e 10kg).<br />

Para melhor descriminação na realização <strong>do</strong>s ER, os<br />

mesmos serão descritos em sua posição inicial (PI) e fase<br />

concêntrica (FC). A descrição detalhada <strong>do</strong>s exercícios em<br />

cada fase é apresentada a seguir:<br />

Supino horizontal<br />

1. PI – Em decúbito <strong>do</strong>rsal, com os cotovelos estendi<strong>do</strong>s com<br />

as mãos sustentan<strong>do</strong> a barra, joelhos e quadris semifl exiona<strong>do</strong>s,<br />

com os pés sobre o apoio <strong>do</strong> próprio aparelho;<br />

2. FC - A partir da fase excêntrica (braço e antebraço forman<strong>do</strong><br />

um ângulo de 90 0 ), realizava-se a extensão completa <strong>do</strong>s<br />

cotovelos e fl exão horizontal <strong>do</strong>s ombros.<br />

Leg Press inclina<strong>do</strong><br />

1. PI - O indivíduo senta<strong>do</strong> no banco em um ângulo de 45 0 ,<br />

pernas paralelas com um pequeno afastamento lateral, com<br />

os joelhos estendi<strong>do</strong>s, braços ao longo <strong>do</strong> corpo seguran<strong>do</strong><br />

a barra de apoio;<br />

2. FC - A partir da fase excêntrica (80 o entre a perna e coxa),<br />

realizava-se a extensão completa <strong>do</strong>s joelhos e quadris.<br />

Puxada pela frente<br />

1. PI - Senta<strong>do</strong> no aparelho com os braços eleva<strong>do</strong>s e cotovelos<br />

estendi<strong>do</strong>s com as mãos pronadas seguran<strong>do</strong> na barra;<br />

2. FC - A partir da posição inicial realizava-se a adução <strong>do</strong>s<br />

ombros, com fl exão <strong>do</strong>s cotovelos até a região <strong>do</strong> manúbrio.<br />

Cadeira flexora sentada<br />

1. PI - Senta<strong>do</strong>, coluna totalmente apoiada, joelhos coincidin<strong>do</strong><br />

com o eixo de rotação da máquina, parte posterior<br />

da perna sobre o suporte com os joelhos levemente fl exiona<strong>do</strong>s.<br />

2. FC - Flexão <strong>do</strong>s joelhos até 90°.<br />

Os valores das cargas máximas no teste e re-teste de 1RM<br />

eram obti<strong>do</strong>s ao longo de até três tentativas, quan<strong>do</strong> o avalia<strong>do</strong><br />

não conseguia mais realizar o movimento completo de<br />

forma correta. Desse mo<strong>do</strong>, vali<strong>do</strong>u-se como carga máxima<br />

a que foi obtida na última execução. A cada nova tentativa<br />

realizava-se adição de incrementos progressivos de 5 Kg,<br />

sen<strong>do</strong> da<strong>do</strong> um intervalo de 2 minutos entre cada série [9].<br />

O re-teste foi realiza<strong>do</strong> 48 h após a realização <strong>do</strong> teste para<br />

melhor fi dedignidade das mensurações, assim evitan<strong>do</strong> uma<br />

possível mascaração <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s.<br />

Para a obtenção das repetições máximas considerou-se<br />

o número de vezes que o indivíduo realizava o movimento<br />

completo com carga a 80% de 1RM até a falha concêntrica. A


24<br />

condução <strong>do</strong>s testes foi realizada em seis etapas em intervalos<br />

de 48 a 72 horas com o intuito de minimizar efeitos da fadiga<br />

nas musculaturas solicitadas.<br />

A análise estatística utilizou o coefi ciente de relação e diferença<br />

percentual entre o teste e o re-teste de 1RM. A relação<br />

mínima, média e máxima <strong>do</strong> número de repetições atingidas<br />

foi relatada a partir da estatística descritiva.<br />

Resulta<strong>do</strong>s<br />

A Tabela I destaca o coefi ciente de relação e a diferença<br />

percentual entre o teste e o re-teste de 1RM. A tabela II destaca<br />

os valores mínimos, médios e máximos, em relação ao número<br />

de repetições realizadas até a falha concêntrica.<br />

Tabela I - Demonstrativo <strong>do</strong> coefi ciente de relação e a diferença<br />

percentual entre o teste e o re-teste para 1RM.<br />

Supino<br />

horizontal<br />

Puxada<br />

pela<br />

frente<br />

Leg<br />

press<br />

Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

Flexão de<br />

joelhos<br />

Coeficiente de 0,985* 0,992*<br />

relação<br />

0,988* 0,986*<br />

Diferença percentual<br />

(%)<br />

7,8 7,4 7,4 5,7<br />

* Correlação significativa (p < 0,05).<br />

Tabela II - Em média obteve-se 10 (+ 2), 11 (+ 1), 20 (+ 5) e 16 (+<br />

4) repetições nos exercícios de supino horizontal, puxada pela frente,<br />

leg press inclina<strong>do</strong> e cadeira fl exora sentada, respectivamente.<br />

N* Média / DP** Minimo<br />

repetições<br />

Supino horizontal 11 10,27 + 1,49 8 12<br />

Puxada pela frente 11 10,5 + 1,37 8 12<br />

Leg press 11 19,8 + 5,34 10 30<br />

Flexão de joelhos 11 15,5 + 4,2 11 25<br />

*Indivíduos (N); **desvio padrão (DP).<br />

Discussão<br />

Máximo<br />

repetições<br />

A utilização <strong>do</strong> teste de 1RM por profi ssionais engaja<strong>do</strong>s<br />

no treinamento bem como por pesquisa<strong>do</strong>res é amplamente<br />

difundida e a utilização de percentuais na prescrição <strong>do</strong>s ER<br />

em relação à hipertrofi a, ganhos de força e força de resistência<br />

já vem sen<strong>do</strong> há muito discuti<strong>do</strong> na literatura [1,2,7,9].<br />

Em contra partida, diversos estu<strong>do</strong>s demonstram que o teste<br />

de 1RM quan<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> para controle de intensidade na<br />

prescrição de exercícios, possui variações no número de repetições<br />

que podem comprometer as zonas de treinamento<br />

estipuladas [10-14].<br />

Na revisão de literatura [4,7,9,12], verifi ca-se que cargas<br />

entre 70 a 85%, 85 a 100% e 30 a 60% são importantes para o<br />

desenvolvimento da hipertrofi a muscular, força máxima e força<br />

de resistência, respectivamente. No entanto, o comportamento<br />

de diferentes grupos musculares, diferentes níveis de condicionamento,<br />

número de articulações envolvidas, podem alterar o<br />

número de repetições para cada objetivo traça<strong>do</strong> [10-14].<br />

Segun<strong>do</strong> Fleck, Kraemer [7] e Baechle, Earle[9], cargas<br />

entre 75 - 80% de 1RM eram anteriormente vistas como uma<br />

prescrição relacionada primariamente para ganhos de força<br />

para hipertrofi a. Conforme os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s em nosso estu<strong>do</strong>,<br />

foi observa<strong>do</strong> que a prescrição de cargas através <strong>do</strong> teste de<br />

1RM apresenta um número eleva<strong>do</strong> de repetições nos exercícios<br />

leg press e fl exão de joelhos, ocorren<strong>do</strong> o pre<strong>do</strong>mínio <strong>do</strong><br />

desenvolvimento de resistência sobre o de força para hipertrofi<br />

a. De acor<strong>do</strong> com os da<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s, o treinamento de<br />

força em indivíduos treina<strong>do</strong>s assume que um da<strong>do</strong> número<br />

de repetições não está sempre associa<strong>do</strong> com o percentual de<br />

1RM nos exercícios em membros inferiores. Entretanto, nos<br />

exercícios para membros superiores, os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s<br />

demonstraram semelhança com o relata<strong>do</strong> na literatura.<br />

Hoeger et al. [12] encontraram no exercício leg press<br />

inclina<strong>do</strong> 15,2 (+ 6,5) repetições em mulheres treinadas a<br />

80% de 1RM. Resulta<strong>do</strong>s similares foram encontra<strong>do</strong>s em<br />

um estu<strong>do</strong> proposto por Simão et al. [14], em que os resulta<strong>do</strong>s<br />

tendem a corroborar essas proposições. Este estu<strong>do</strong><br />

[14] foi conduzi<strong>do</strong> em mulheres treinadas em diferentes<br />

seqüências de exercícios e foi observa<strong>do</strong> que ao iniciar pelo<br />

exercício leg press, um número alto na média de repetições foi<br />

encontra<strong>do</strong> (21 ± 8). Mesmo inverten<strong>do</strong> a ordem <strong>do</strong>s exercícios,<br />

inician<strong>do</strong> pela cadeira fl exora e, em seguida, a cadeira<br />

extensora, e somente após o leg press, a média de repetições<br />

manteve-se alta (17 ± 7). Também Souto Maior, Simão [13]<br />

em seu experimento verifi caram que para o exercício leg press<br />

inclina<strong>do</strong> foram encontradas 21 (+ 7) repetições para homens<br />

treina<strong>do</strong>s, o que corrobora com nosso estu<strong>do</strong>, onde a média<br />

alcançada foi de 20 (+ 5), não apresentan<strong>do</strong> praticamente<br />

diferença entre ambos. A diferença encontrada entre nossos<br />

resulta<strong>do</strong>s compara<strong>do</strong>s aos de Hoeger et al. [12] e Simão et<br />

al. [14], talvez tenha origem em um fator primordial: o sexo<br />

<strong>do</strong>s participantes. Em nosso estu<strong>do</strong> foram utiliza<strong>do</strong>s homens<br />

treina<strong>do</strong>s, enquanto nos estu<strong>do</strong>s supracita<strong>do</strong>s foram utilizadas<br />

mulheres treinadas.<br />

Em relação ao supino horizontal, os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> nosso<br />

estu<strong>do</strong> foram em média 10 (+ 2). Em contrapartida, comparamos<br />

nossos resulta<strong>do</strong>s com os obti<strong>do</strong>s por Hoeger et al. [11]<br />

e Souto Maior, Simão [13] . Estes realizaram testes através <strong>do</strong><br />

exercício supino horizontal a 80% de 1RM, e encontraram<br />

uma média de 12 (± 3) e 10 (± 3) repetições, respectivamente.<br />

Estes acha<strong>do</strong>s corroboram com os nossos da<strong>do</strong>s.<br />

O exercício de puxada pela frente em nosso estu<strong>do</strong> apresentou<br />

uma média estatística de 11 (± 1) repetições. Hoeger<br />

et al. [11,12] testaram indivíduos (homens e mulheres) no<br />

exercício de puxada por trás, em que apresentaram em média<br />

10 (± 4) e 12 (± 4) repetições, respectivamente. Assim, os resulta<strong>do</strong>s<br />

encontra<strong>do</strong>s por Hoeger et al. [11,12] em relação ao<br />

exercício de puxada por trás assemelha-se ao nosso resulta<strong>do</strong>,


Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

mesmo apresentan<strong>do</strong> uma pequena diferença na execução <strong>do</strong><br />

movimento.<br />

Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s nos testes com o exercício de cadeira<br />

fl exora sentada apresentaram a média de 16 (± 4) repetições.<br />

Em contrapartida, Hoeger et al. [11] apresentam a média de 7<br />

(± 3) repetições. Tal diferença talvez se explique pela diferença<br />

na posição utilizada nos referi<strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s. Pois em nosso<br />

estu<strong>do</strong> utilizamos a posição sentada, enquanto no estu<strong>do</strong> de<br />

Hoeger et al. [11] a execução <strong>do</strong> exercício ocorreu em decúbito<br />

ventral. Em outras situações de treinamento, podemos<br />

observar o comportamento <strong>do</strong> número de repetições. Como<br />

exemplo podemos citar o estu<strong>do</strong> desenvolvi<strong>do</strong> por Simão et<br />

al. [14], no qual foi observada a manipulação na ordem <strong>do</strong>s<br />

exercícios em mulheres treinadas através da avaliação da carga<br />

máxima no teste de 1RM, em diversos exercícios, inclusive<br />

na cadeira fl exora sentada. Os resulta<strong>do</strong>s foram obti<strong>do</strong>s em<br />

duas situações distintas: na primeira, o exercício referi<strong>do</strong> era<br />

realiza<strong>do</strong> no fi nal <strong>do</strong> programa e em uma segunda situação<br />

o exercício era realiza<strong>do</strong> no início <strong>do</strong> programa. Em ambas<br />

as situações o número médio de repetições foi eleva<strong>do</strong> sen<strong>do</strong><br />

(14 ± 5) quan<strong>do</strong> era realiza<strong>do</strong> ao fi nal da sessão e 17 (± 6)<br />

quan<strong>do</strong> inicia<strong>do</strong> pela fl exora. É interessante observar que<br />

este estu<strong>do</strong> proposto por Simão et al. [14] corrobora com<br />

nossos resulta<strong>do</strong>s, mesmo haven<strong>do</strong> manipulação na ordem<br />

<strong>do</strong>s exercícios.<br />

Diversos fatores podem infl uenciar os resulta<strong>do</strong>s, dentre os<br />

quais podemos destacar: a velocidade de execução, amplitude<br />

de movimento, capacidade de ativação neural, estabilização<br />

postural, aprendizagem na coordenação, modulação aferente,<br />

redução da atividade <strong>do</strong> antagonista, motivação e tipo de fi bra<br />

muscular envolvida [15]. Em nossa pesquisa não houve controle<br />

da velocidade na execução <strong>do</strong>s movimentos, o que parece ter<br />

si<strong>do</strong> importante em certos momentos. Uma velocidade alta era<br />

impressa logo nas primeiras repetições e, com a instauração da<br />

fadiga, diminuía consideravelmente até a interrupção <strong>do</strong> exercício.<br />

Isso pode ser considera<strong>do</strong> como uma variável interveniente<br />

em função das diferenças encontradas para o número médio<br />

de repetições e os respectivos desvios padrões.<br />

A relação entre o percentual de 1RM e o número de repetições<br />

variam de acor<strong>do</strong> com a quantidade de massa muscular<br />

necessária para executar o exercício. Os exercícios de grupos<br />

musculares maiores parecem precisar percentuais muitos altos<br />

de 1RM para conservá-los na zona de força muscular de repetições<br />

máximas [7]. Todavia, quan<strong>do</strong> abordamos a questão <strong>do</strong><br />

volume de treinamento para um mesmo percentual de carga,<br />

foi encontra<strong>do</strong> na literatura que os grupamentos musculares<br />

maiores suportam um maior número de repetições quan<strong>do</strong><br />

compara<strong>do</strong>s a pequenos grupamentos [10-14], em que se<br />

iguala aos resulta<strong>do</strong>s de nosso estu<strong>do</strong>.<br />

Outro motivo que nos leva a questionar os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s<br />

por Simão et al. [14] e Hoeger et al. [11,12] é a confi abilidade<br />

<strong>do</strong>s instrumentos de medida. Isto é fundamental para que um<br />

pesquisa<strong>do</strong>r possa garantir a qualidade e o signifi ca<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

da<strong>do</strong>s de um estu<strong>do</strong>. Como exemplo, podemos ressaltar que<br />

25<br />

nestes estu<strong>do</strong>s ocorreu a falta <strong>do</strong> re-teste de 1RM. Outro fator<br />

importante é a determinação <strong>do</strong> impacto de um programa<br />

de treinamento. A existência de poucos estu<strong>do</strong>s controla<strong>do</strong>s<br />

sobre a confi abilidade <strong>do</strong>s testes de força/resistência muscular<br />

em equipamento isotônico sugere que essa qualidade seja<br />

verifi cada antes da realização de estu<strong>do</strong>s que utilizem esses<br />

méto<strong>do</strong>s, de forma a garantir a qualidade <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s para<br />

os exercícios e a amostra em questão [10]. Pereira, Gomes [5]<br />

recomendam um perío<strong>do</strong> de adaptação ao teste além da realização<br />

<strong>do</strong> re-teste. Assim sen<strong>do</strong>, com base na necessidade de<br />

redução <strong>do</strong> erro da medida e nos poucos estu<strong>do</strong>s disponíveis,<br />

seria recomenda<strong>do</strong> que os sujeitos participassem de algumas<br />

sessões de adaptação antes da realização <strong>do</strong>s testes. Entretanto,<br />

não parece haver indicação <strong>do</strong> número adequa<strong>do</strong> de sessões<br />

necessário para atingir uma adaptação apropriada [10].<br />

Conclusão<br />

A predição de 1RM a partir <strong>do</strong> teste propriamente dito<br />

tem baixo poder de confi abilidade, validade e fi dedignidade,<br />

principalmente em indivíduos destreina<strong>do</strong>s. A prescrição <strong>do</strong><br />

treinamento com base em número de repetições, supon<strong>do</strong><br />

que esse número represente um percentual de 1RM, não<br />

foi apoiada pelos resulta<strong>do</strong>s deste estu<strong>do</strong> corroboran<strong>do</strong> com<br />

Pereira [10]. De acor<strong>do</strong> com a afi rmação mencionada, Hoeger<br />

et al. [11,12] defi nem que o teste de 1RM possui falha na<br />

prescrição de cargas para o treinamento. As diferenças entre<br />

exercícios indicam que um mesmo número de repetições<br />

pode representar intensidades diferentes para grupamentos<br />

musculares diferentes [14].<br />

Sen<strong>do</strong> assim, podemos dizer que são muitas as variáveis<br />

que infl uenciam a aplicação <strong>do</strong> teste de 1RM, como praticidade<br />

e aplicabilidade das medidas, além da infl uência da<br />

individualidade biológica nas respostas aos estímulos de um<br />

mesmo programa de treinamento. Podemos então concluir,<br />

que a predição não pode ser generalizada baseada no percentual<br />

de carga executada, sen<strong>do</strong>, portanto, mais adequa<strong>do</strong><br />

predizer as cargas através <strong>do</strong>s testes submáximos.<br />

Referências<br />

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quantity and quality of exercise for developing and<br />

maintaining cardiorespiratory and muscular fi tness, and fl exibility<br />

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resistance training for healthy adults. Med Sci Sports Exerc<br />

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e predição de uma repetição máxima – Revisão e novas<br />

tendências. Rev Bras Med Esporte 2003;9:325-35.


26<br />

6. Simão R, Giacomin MB, Dornelles TS, Marramon MGF, Viveiros<br />

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no teste de 1RM. Rev Bras <strong>Fisiologia</strong> Exerc 2003;2:134-40.<br />

7. Fleck SJ, Kraemer WJ. Fundamentos de treinamento de força<br />

muscular. Porto Alegre: Artes Médicas; 1999.<br />

8. Shepard RJ. Par-Q. Canadian home fi tness test and exercise<br />

screening alternatives. Sports Med 1988;5:185-95.<br />

9. Baechle TR, Earle RW. Essentials of strength training and<br />

conditioning. Champaign: Human Kinetics; 2000.<br />

10. Pereira MIR. Efeitos de duas velocidades de execução <strong>do</strong> exercício<br />

isotônico (treinamento contra-resistência) no ganho de força e<br />

resistência muscular [dissertação]. Rio de Janeiro: UGF; 2001.<br />

11. Hoeger WWK, Hopkins DR, Barette SL, Hale DF. Relationship<br />

between repetitions and selected percentages of one repetition<br />

Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

maximum: a comparison between untrained and trained males<br />

and females. J Appl Sport Scie Res 1990;4:47-54.<br />

12. Hoeger WWK, Barette SL, Hale DF, Hopkins DR. Relationship<br />

between repetitions and selected percentages of one repetition<br />

maximum. J Appl Sport Scie Res 1987;1:11-3.<br />

13. Souto Maior A, Simão R. Prescrição de exercícios através <strong>do</strong> teste<br />

de 1RM em homens. Rev Baiana Ed Física 2003. No prelo.<br />

14. Simão R, Polito MD, Viveiros L, Farinatti PTV. Infl uência da<br />

manipulação na ordem <strong>do</strong>s exercícios de força em mulheres<br />

treinadas sobre o número de repetições e percepção de esforço.<br />

Rev Bras Ativ Física Saúde 2002;7:53-61.<br />

15. Zhou S. Chronic neural adaptations to unilateral exercise: mechanisms<br />

of cross education. Exer Sport Sci Rev 2000;28:177-84.


Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

Artigo original<br />

Correlação entre o acúmulo de lactato<br />

e a flexibilidade medida pelo teste de sentar e alcançar<br />

em luta<strong>do</strong>res de Wushu<br />

Relationship between blood lactate accumulation and flexibility<br />

measured by the sit-and-reach test in Wushu athletes<br />

Rafael Reimann Baptista*, Alexsander <strong>do</strong>s Anjos Ramos**, Bruno Fraga da Silva**, Bruno Ogodai S. D. de Castro***<br />

*Grupo de Pesquisa Educação Física Baseada em Evidências, Universidade Luterana <strong>do</strong> Brasil, Campus Gravataí, Curso de Educação<br />

Física, Gravataí - RS, Grupo de Pesquisa em Biomecânica e Cinesiologia, Universidade Federal <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul, Escola de<br />

Educação Física, Porto Alegre RS, **Grupo de Pesquisa Educação Física Baseada em Evidências, Universidade Luterana <strong>do</strong> Brasil,<br />

Campus Gravataí, Curso de Educação Física, Gravataí - RS, ***Personal Trainer e Professor de Wushu, Porto Alegre - RS<br />

Resumo<br />

Poucas evidências estão disponíveis na literatura sobre os aspectos<br />

biomecânicos e fi siológicos das artes marciais, em especial o<br />

Wushu, a arte marcial chinesa. A fl exibilidade é um <strong>do</strong>s componentes<br />

da aptidão física mais proeminentes em artes marciais como o<br />

Wushu. Existem controvérsias nos estu<strong>do</strong>s acerca das relações entre<br />

a fl exibilidade e a demanda metabólica em atletas. Desta forma, o<br />

objetivo deste estu<strong>do</strong> foi analisar a relação entre a fl exibilidade e o<br />

acúmulo de lactato após uma competição de Wushu. Oito atletas<br />

<strong>do</strong> sexo masculino com idade média de 26,05 ± 5,32 anos e tempo<br />

médio de treinamento em artes marciais de 8 ± 4 anos forneceram<br />

consentimento por escrito para participar deste estu<strong>do</strong>. A amostra<br />

foi composta por <strong>do</strong>is grupos de atletas, um grupo participante<br />

da modalidade de Boxe Chinês (n = 5) e outro participante da<br />

modalidade de Taolu (n = 3). Os atletas realizaram uma avaliação<br />

da fl exibilidade de tronco e membros inferiores através <strong>do</strong> teste de<br />

sentar e alcançar, bem como uma medição <strong>do</strong> lactato sangüíneo<br />

antes e depois de uma competição para avaliação <strong>do</strong> seu acúmulo. O<br />

coefi ciente de correlação produto momento de Pearson revelou uma<br />

correlação signifi cativa (r = -0,92; p = 0,02) entre a fl exibilidade e o<br />

acúmulo de lactato sangüíneo em luta<strong>do</strong>res de Boxe Chinês. Não<br />

foi encontrada uma correlação signifi cativa entre estas variáveis nos<br />

atletas que realizaram o Taolu. Os resulta<strong>do</strong>s sugerem que o acúmulo<br />

de lactato sangüíneo após uma luta de Boxe Chinês é inversamente<br />

proporcional ao nível de fl exibilidade medi<strong>do</strong> pelo teste de sentar<br />

e alcançar. Estu<strong>do</strong>s com maiores tamanhos amostrais e abordagens<br />

biomecânicas mais elegantes poderão trazer um melhor entendimento<br />

sobre este fenômeno.<br />

Palavras-chave: Wushu, flexibilidade, sentar e alcançar, lactato,<br />

demanda metabólica.<br />

27<br />

Abstract<br />

Few evidences are available in literature about the physiological<br />

and biomechanical aspects of martial arts, especially Wushu, the<br />

Chinese martial art. Flexibility is one of the most prominent physical<br />

fi tness components in martial arts like Wushu. Controversies <strong>do</strong><br />

exist in studies about fl exibility and metabolic demand interaction<br />

in athletes. Th erefore, the purpose of this study was to analyze the<br />

relationship between fl exibility and blood lactate accumulation<br />

after Wushu competition. Eight male athletes, mean age of 26.05<br />

± 5.32 years and mean training time of martial arts of 8 ± 4 years<br />

gave written consent to participate in this study. Participants were<br />

pooled into two groups, one participating of the Chinese Boxing<br />

modality (n = 5) and other Taolu modality (n = 3). Th ey performed<br />

an evaluation of the trunk and lower limb fl exibility by the sit-andreach<br />

test, as well as the blood lactate sampling before and after a<br />

competition to assess its accumulation. Pearson product moment<br />

correlation coeffi cients revealed a signifi cant relationship (r = -0.92;<br />

p = 0.02) between fl exibility and blood lactate accumulation in<br />

Chinese Boxers. No signifi cant correlation between these variables<br />

was found among the Taolu athletes. Th ese results suggest that the<br />

blood lactate accumulation after Chinese Boxing is the reverse of<br />

the fl exibility level measured by the sit-and-reach test. Studies with a<br />

large sample size and more elegant biomechanical approaches might<br />

bring a better understanding of this phenomenon.<br />

Key-words: Wushu, flexibility, sit-and-reach, lactate, metabolic<br />

demand.<br />

Recebi<strong>do</strong> em 10 de janeiro de 2005;aceito em 12 de maio de 2005.<br />

Endereço para correspondência: Rafael Reimann Baptista, Universidade Luterana <strong>do</strong> Brasil, – Campus Gravataí, Curso de Educação<br />

Física, Av. Itacolomi no. 3600, Bairro São Vicente, 94170-240 Gravataí RS, E-mail: baptistarafael@terra.com.br, Tel: 51-34317677


28<br />

Introdução<br />

Embora as artes marciais sejam praticadas há milhares<br />

de anos e tenham se torna<strong>do</strong> especialmente populares no<br />

ocidente nas últimas décadas, existe uma grande carência de<br />

evidências científi cas na literatura sobre os aspectos fi siológicos<br />

e biomecânicos destas modalidades.<br />

Um melhor entendimento sobre a fi siologia e biomecânica<br />

das artes marciais pode auxiliar na prevenção de lesões<br />

esportivas, as quais em se tratan<strong>do</strong> de um esporte de combate<br />

são muito prevalentes [1]. Adicionalmente, parâmetros fi siológicos<br />

podem ser utiliza<strong>do</strong>s na prescrição de um trabalho<br />

de condicionamento físico específi co para a modalidade,<br />

bem como a análise biomecânica <strong>do</strong> gesto esportivo pode ser<br />

utilizada na correção da técnica.<br />

A maioria <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s sobre artes marciais tem se concentra<strong>do</strong><br />

em analisar os aspectos relaciona<strong>do</strong>s ao risco de lesões<br />

ortopédicas [2] ou a prevalência de lesões em diferentes estilos<br />

de lutas [1]. Esta tendência é compreensível dada à natureza<br />

de alto contato apresentada pelos esportes de combate. Todavia,<br />

outra característica que se destaca nestas modalidades é a<br />

fl exibilidade necessária para a prática <strong>do</strong>s movimentos, tanto<br />

durante os treinos como em competições.<br />

Diversos estu<strong>do</strong>s têm demonstra<strong>do</strong> o benefício das artes<br />

marciais no desenvolvimento da fl exibilidade tanto em i<strong>do</strong>sos<br />

[3] quanto em jovens [4], sen<strong>do</strong> muitas vezes mais efetivos<br />

que as atividades físicas recreativas em crianças [5].<br />

Embora a fl exibilidade seja um <strong>do</strong>s componentes importantes<br />

reconheci<strong>do</strong>s pelo American College of Sports Medicine<br />

no que tange à aptidão física [6], e mesmo com algumas<br />

evidências apontan<strong>do</strong> para uma associação positiva entre a fl exibilidade<br />

e o desempenho [7,8], outras evidências contrárias<br />

têm aponta<strong>do</strong> para uma relação negativa entre a fl exibilidade<br />

e a economia de movimento [9-11]. Alguns autores sugerem<br />

ainda que estas variáveis não estariam necessariamente relacionadas<br />

[12,13].<br />

Uma melhor economia de movimento, ou seja, um menor<br />

gasto energético durante um determina<strong>do</strong> esforço, parece estar<br />

associa<strong>do</strong> com um melhor desempenho esportivo [14,15] e é<br />

infl uencia<strong>do</strong> por aspectos antropométricos, biomecânicos e<br />

fi siológicos [16,17]. Mesmo quan<strong>do</strong> <strong>do</strong>is atletas apresentam<br />

valores semelhantes de consumo de oxigênio (VO 2 ) máximo e<br />

limiar de lactato, as evidencias sugerem que aquele que usar uma<br />

menor porção <strong>do</strong> seu VO 2 máximo, apresentará uma vantagem<br />

quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s a atletas menos econômicos [18].<br />

Correlacionan<strong>do</strong> a fl exibilidade com a economia de movimento<br />

em corre<strong>do</strong>res, Jones [11] verifi cou que os atletas<br />

com maior rigidez nos músculos isquiotibiais e lombares,<br />

avalia<strong>do</strong>s através <strong>do</strong> teste de sentar e alcançar, eram os mais<br />

econômicos. Os resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s pelo autor parecem<br />

estar fundamenta<strong>do</strong>s em <strong>do</strong>is fenômenos biomecânicos: 1)<br />

a maior rigidez muscular contribuiria para uma maior estabilidade<br />

articular reduzin<strong>do</strong> a necessidade de recrutamento<br />

de músculos adicionais; e 2) os corre<strong>do</strong>res com menor fl e-<br />

Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

xibilidade teriam um maior retorno da energia elástica <strong>do</strong>s<br />

teci<strong>do</strong>s conjuntivos da unidade músculo-tendão durante o<br />

ciclo alongamento-encurtamento.<br />

Se de fato músculos menos fl exíveis conferem ao atleta tais<br />

características fi siológicas e biomecânicas, seria de se esperar<br />

que ao realizar um determina<strong>do</strong> exercício, devi<strong>do</strong> a um menor<br />

recrutamento de fi bras musculares e a uma maior força passiva<br />

produzida pelos elementos elásticos <strong>do</strong> músculo, um menor<br />

acúmulo de lactato sangüíneo fosse observa<strong>do</strong>.<br />

Desta forma, torna-se importante um maior entendimento<br />

da associação entre a fl exibilidade e o acúmulo de lactato sangüíneo,<br />

principalmente em uma modalidade de arte marcial<br />

na qual os atletas demonstram grandes índices de amplitude<br />

de movimento e a necessidade de movimentos altamente<br />

técnicos como é o caso <strong>do</strong> Wushu. O objetivo deste estu<strong>do</strong><br />

foi analisar a relação entre a fl exibilidade medida pelo teste<br />

de sentar e alcançar e o acúmulo de lactato sangüíneo após<br />

a prática <strong>do</strong> Wushu.<br />

O Wushu é a arte marcial de origem chinesa, que erroneamente<br />

tornou-se popular no ocidente como kung-fu, e que, a<br />

partir da década de 50, foi adapta<strong>do</strong> para fi nalidades esportivas<br />

receben<strong>do</strong> o nome mais tarde de Wushu Olímpico e poden<strong>do</strong><br />

ser pratica<strong>do</strong> em basicamente duas modalidades: o Taolu e o<br />

Sanchou (Boxe Chinês). O Taolu consiste em uma seqüência<br />

de movimentos individuais simulan<strong>do</strong> uma luta. Neste estu<strong>do</strong><br />

avaliamos os estilos ChangQuan e NanQuan os quais exigem<br />

extremo vigor físico, pois envolvem pulos, chutes e acrobacias,<br />

resultan<strong>do</strong> em uma ginástica extremamente plástica e graciosa.<br />

O Sanchou é o combate entre <strong>do</strong>is atletas, o qual foi adapta<strong>do</strong><br />

para fi nalidades esportivas através de regras e equipamentos<br />

de proteção semelhante ao Boxe ocidental. Esta adaptação<br />

tornou corrente na modalidade o uso de estratégias de luta que<br />

utilizam golpes bem objetivos, como técnicas de boxe e luta<br />

greco-romana, distancian<strong>do</strong>-se algumas vezes da arte marcial<br />

chinesa tradicional. Por esta razão, neste artigo, didaticamente<br />

chamaremos o Sanchou de Boxe Chinês.<br />

Materiais e méto<strong>do</strong>s<br />

População <strong>do</strong> estu<strong>do</strong><br />

Participaram deste estu<strong>do</strong> oito atletas, <strong>do</strong> sexo masculino,<br />

participantes da I Copa Latino Americana de Wushu, com<br />

idade média de 26,05 ± 5,32 anos, os quais apresentavam<br />

um tempo médio de treinamento em artes marciais de 8,25<br />

± 3,99 anos. Os indivíduos apresentaram uma massa corporal<br />

média de 70,94 ± 8,00 kg, uma estatura média de 173,36 ±<br />

6,90 cm e um percentual de gordura de em média 11,20 ±<br />

1,81%. A amostra foi composta por <strong>do</strong>is grupos de atletas,<br />

um grupo participante da modalidade Boxe Chinês (n = 5) e<br />

outro participante da modalidade de Taolu (n = 3).<br />

Este estu<strong>do</strong> foi aprova<strong>do</strong> pelo Comitê de Ética em Pesquisa<br />

da Universidade Luterana <strong>do</strong> Brasil, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> considera<strong>do</strong><br />

ética e meto<strong>do</strong>logicamente adequa<strong>do</strong> conforme a Resolução


Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

196/96 <strong>do</strong> Conselho Nacional de Saúde. Aos indivíduos<br />

que voluntariamente aceitaram participar deste estu<strong>do</strong> foi<br />

dada uma explicação verbal sobre os objetivos da pesquisa,<br />

bem como um esclarecimento sobre to<strong>do</strong>s os procedimentos<br />

realiza<strong>do</strong>s. Foi entregue também um termo de consentimento<br />

informa<strong>do</strong> em duas vias, o qual foi assina<strong>do</strong> tanto pelos<br />

pesquisa<strong>do</strong>res quanto pelos colabora<strong>do</strong>res, fi rman<strong>do</strong> assim o<br />

vínculo ético necessário para a realização desta pesquisa.<br />

Procedimentos experimentais<br />

A massa corporal foi medida por uma balança antropométrica<br />

(Indústrias Filizola S.A.) com resolução de 100 gramas,<br />

a estatura foi medida através de um estadiômetro (Cardiomed<br />

Medicina, Sports & Fitness) com resolução de um centímetro<br />

e as <strong>do</strong>bras cutâneas mensuradas através de um adipômetro<br />

com resolução de um milímetro (Cescorf Equipamentos<br />

Antropométricos Ltda). Em seguida os atletas realizaram uma<br />

medição da fl exibilidade através <strong>do</strong> teste de sentar e alcançar,<br />

o qual consiste em o avalia<strong>do</strong> senta<strong>do</strong> com os pés uni<strong>do</strong>s e<br />

joelhos estendi<strong>do</strong>s, pés apoia<strong>do</strong>s no aparato de medição (Banco<br />

de Wells - Cardiomed Medicina, Sports & Fitness), realizar uma<br />

fl exão <strong>do</strong> tronco empurran<strong>do</strong> o curso de marcação o máximo<br />

possível. Não foi permiti<strong>do</strong> nenhum tipo de aquecimento para<br />

evitar a infl uência deste no desempenho <strong>do</strong> avalia<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong><br />

considera<strong>do</strong> o melhor desempenho de duas tentativas.<br />

Por fi m, mas não menos importante, foi coletada uma<br />

gota de sangue <strong>do</strong> lóbulo da orelha antes e outra depois da<br />

realização de um Taolu ou de uma luta de Boxe Chinês. No<br />

caso <strong>do</strong>s luta<strong>do</strong>res de Boxe Chinês a coleta de sangue foi feita<br />

na ponta <strong>do</strong> de<strong>do</strong> indica<strong>do</strong>r, manten<strong>do</strong> o local de coleta protegi<strong>do</strong><br />

pelas luvas. O sangue coleta<strong>do</strong> foi usa<strong>do</strong> para análise da<br />

concentração de lactato através de um lactímetro (Accutrend<br />

Lactate Roche). O acúmulo de lactato sangüíneo foi calcula<strong>do</strong><br />

como sen<strong>do</strong> a subtração <strong>do</strong> valor de lactato pós-exercício pelo<br />

valor de lactato pré-exercício.<br />

Tratamento estatístico<br />

O tratamento estatístico foi realiza<strong>do</strong> pelo programa<br />

SPSS para Win<strong>do</strong>ws versão 12.0, através de uma correlação<br />

produto momento de Pearson assumin<strong>do</strong>-se um nível de<br />

signifi cância de p < 0,05. Quan<strong>do</strong> necessário, os da<strong>do</strong>s serão<br />

Tabela I - Caracterização <strong>do</strong>s atletas.<br />

29<br />

apresenta<strong>do</strong>s através de estatística descritiva composta por<br />

média ± desvio padrão.<br />

Resulta<strong>do</strong>s<br />

Não foi encontrada uma correlação signifi cativa entre a<br />

fl exibilidade e o acúmulo de lactato sangüíneo quan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s<br />

os atletas foram analisa<strong>do</strong>s conjuntamente. Porém, quan<strong>do</strong><br />

o tratamento estatístico foi repeti<strong>do</strong> analisan<strong>do</strong> os atletas<br />

separadamente por modalidade, verifi cou-se uma correlação<br />

negativa (r = -0,92 e p = 0,02) entre a fl exibilidade e o acúmulo<br />

de lactato sangüíneo em luta<strong>do</strong>res de Boxe Chinês, como pode<br />

ser visualiza<strong>do</strong> grafi camente na Figura 1. Não foi encontrada<br />

uma correlação signifi cativa entre estas variáveis nos atletas<br />

que realizaram o Taolu.<br />

Figura 1 - Correlação entre o acúmulo de lactato sangüíneo e a<br />

fl exibilidade em luta<strong>do</strong>res de Boxe Chinês (r = -0,92 e p = 0,02).<br />

Modalidade Tempo de treino (anos) Massa (kg) Estatura (cm) Percentual de gordura (%)<br />

Boxe Chinês 8,60 ± 4,04 71,08 ± 9,05 174,64 ± 5,11 11,29 ± 2,29<br />

Taolu 7,67 ± 4,73 70,70 ± 7,75 171,23 ± 10,17 11,04 ±0 ,97<br />

Tabela II - Resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s no teste de fl exibilidade e na medição de lactato sangüíneo.<br />

A Tabela I apresenta a caracterização <strong>do</strong>s atletas, separa<strong>do</strong>s<br />

por modalidade, no que tange a faixa etária, tempo de<br />

treinamento, massa corporal total, estatura e percentual de<br />

gordura. Não foram encontradas diferenças signifi cativas<br />

nestas variáveis entre os <strong>do</strong>is grupos.<br />

Modalidade Flexibilidade (cm) Lactato pré (mmol/L) Lactato pós (mmol/L) Acúmulo de lactato (mmol/L)<br />

Boxe Chinês 38,00 ± 5,06 2,60 ± 0,86 10,98 ± 2,55 8,38 ± 2,93<br />

Taolu 29,57 ± 14,60 2,27 ± 0,42 13,93 ± 0,86 11,67 ± 0,45


30<br />

A Tabela II apresenta os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s pelos atletas<br />

no teste de fl exibilidade e na medição de lactato sangüíneo,<br />

separa<strong>do</strong>s por modalidade, no que tange à fl exibilidade, o<br />

valor de lactato antes e depois da realização <strong>do</strong> exercício, bem<br />

como os valores de acúmulo de lactato sangüíneo.<br />

Discussão<br />

O Wushu apresenta como característica movimentos<br />

rápi<strong>do</strong>s e vigorosos. Mesmo quan<strong>do</strong> pratica<strong>do</strong> sob a forma<br />

de Taolu, altas demandas metabólicas podem ser alcançadas.<br />

Ribeiro et al. [19] verifi caram que a freqüência cardíaca de<br />

atletas de Wushu variou de 76 ± 7 bpm em repouso para<br />

176 ± 3 bpm imediatamente após a realização de um Taolu,<br />

e que o lactato sangüíneo destes atletas variou de 1,80 ±<br />

0,24 mmol/L em repouso para 4,38 ± 1,63 mmol/L cinco<br />

minutos após a realização <strong>do</strong> Taolu. Segun<strong>do</strong> os autores, a<br />

freqüência cardíaca <strong>do</strong>s atletas atingiu 89% da freqüência<br />

cardíaca máxima prevista para a idade e, embora o acúmulo<br />

de lactato observa<strong>do</strong> tenha si<strong>do</strong> bem inferior ao encontra<strong>do</strong><br />

em nosso estu<strong>do</strong>, os pesquisa<strong>do</strong>res concluíram que o seu<br />

aumento foi sufi ciente para que os atletas tenham alcança<strong>do</strong><br />

o limiar de lactato de 4 mmol/L [20]. Uma das razões para as<br />

diferenças encontradas no acúmulo de lactato entre o estu<strong>do</strong><br />

de Ribeiro et al. [19] e o presente estu<strong>do</strong> talvez tenha si<strong>do</strong> a<br />

meto<strong>do</strong>logia empregada em analisar o lactato cinco minutos<br />

após o exercício. Outro aspecto que deve ser leva<strong>do</strong> em conta<br />

é que estes pesquisa<strong>do</strong>res utilizaram como ambiente de coleta<br />

de da<strong>do</strong>s a prática <strong>do</strong> Wushu em um ginásio, simulan<strong>do</strong> uma<br />

competição, enquanto que o presente estu<strong>do</strong> efetivamente teve<br />

a sua coleta de da<strong>do</strong>s realizada durante um torneio real, no<br />

qual provavelmente os atletas encontravam-se naturalmente<br />

mais motiva<strong>do</strong>s.<br />

Uma das limitações <strong>do</strong> presente trabalho, que pode ser<br />

considera<strong>do</strong> um estu<strong>do</strong> piloto, é a pequena amostra utilizada.<br />

Embora tenhamos como meta o desenvolvimento de novos<br />

estu<strong>do</strong>s com amostras maiores, é preciso ressaltar que a realização<br />

de investigações que utilizam procedimentos invasivos em<br />

esportes de combate sofre difi culdades de aceitação por parte<br />

<strong>do</strong>s comitês de ética em pesquisa bem como <strong>do</strong>s próprios atletas,<br />

tornan<strong>do</strong> difícil a obtenção de grandes amostras. Ten<strong>do</strong><br />

em vista a escassez de estu<strong>do</strong>s na área da fi siologia <strong>do</strong> Wushu,<br />

esperamos que mesmo com o número reduzi<strong>do</strong> de atletas<br />

avalia<strong>do</strong>s uma importante contribuição na área das ciências<br />

<strong>do</strong> esporte possa ser feita. Uma das maneiras encontradas no<br />

presente estu<strong>do</strong> para tornar mais segura a coleta de sangue nos<br />

luta<strong>do</strong>res de Boxe Chinês foi a utilização da ponta <strong>do</strong> de<strong>do</strong><br />

como local de coleta, a qual fi cava protegida pelas luvas de<br />

combate. Nos luta<strong>do</strong>res que realizaram o Taolu este local de<br />

coleta não pode ser realiza<strong>do</strong>, pois em suas rotinas, com freqüência,<br />

os atletas batiam com as mãos no chão, o que poderia<br />

ser <strong>do</strong>loroso ten<strong>do</strong> em vista a perfuração feita para a coleta<br />

de sangue, poden<strong>do</strong> também interferir no desempenho <strong>do</strong><br />

atleta. Poderia ser questiona<strong>do</strong> se a diferença no local de coleta<br />

Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

de sangue infl uenciaria os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s, entretanto, ao<br />

comparar a concentração de lactato coleta<strong>do</strong> a partir de uma<br />

gota de sangue no de<strong>do</strong> <strong>do</strong> pé, de<strong>do</strong> da mão ou lóbulo da<br />

orelha em rema<strong>do</strong>res, Forsyth [21] não encontrou diferenças<br />

entre as concentrações observadas nos três pontos.<br />

Utilizan<strong>do</strong>-se as bases de da<strong>do</strong>s Scopus e PubMed através<br />

das palavras-chave relacionadas ao tema desta pesquisa, como<br />

fl exibility, blood lactate, sit and reach, anaerobic exercise entre<br />

outros termos, não foram encontra<strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s que tenham<br />

busca<strong>do</strong> analisar a relação entre o acúmulo de lactato e a fl exibilidade<br />

de atletas, o que de certa forma concede ao presente<br />

trabalho uma relativa originalidade.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> em vista que a economia de movimento<br />

é a relação entre o VO 2 e o trabalho realiza<strong>do</strong> [15],<br />

e que durante um exercício o VO 2 aumenta linearmente em<br />

relação a intensidade até alcançar o seu máximo [22] entre<br />

outros fatores pelo acúmulo de lactato sangüíneo [23], torna-se<br />

relevante para um maior entendimento <strong>do</strong>s fenômenos<br />

aborda<strong>do</strong>s neste artigo, a discussão <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s<br />

por alguns estu<strong>do</strong>s sobre a relação entre economia de corrida<br />

e fl exibilidade [9-13].<br />

Gleim et al. [10] utilizaram um índice de rigidez muscular<br />

a partir da avaliação de onze diferentes medições de fl exibilidade<br />

de tronco e membros inferiores, verifi can<strong>do</strong> que uma<br />

rigidez músculo esquelética não patológica estava associada a<br />

uma maior economia de corrida em esteira ergométrica. De<br />

forma semelhante, Craib et al.[9] verifi caram a relação entre<br />

o VO 2 em duas velocidades de corrida e nove medições de<br />

fl exibilidade de tronco e membro inferiores, concluin<strong>do</strong> que<br />

a amplitude de movimento de <strong>do</strong>rsifl exão e rotação de tronco<br />

era positivamente correlacionada com a demanda aeróbica,<br />

de forma que os atletas menos fl exíveis nestas medições eram<br />

mais econômicos devi<strong>do</strong> a uma maior estabilidade articular e<br />

menor necessidade de recrutamento de músculos estabiliza<strong>do</strong>res<br />

adicionais. Entretanto, os resulta<strong>do</strong>s sugeri<strong>do</strong>s por Jones [11]<br />

parecem ser os mais conclusivos sobre o tema. Avalian<strong>do</strong> a fl exibilidade<br />

de corre<strong>do</strong>res através <strong>do</strong> teste de sentar e alcançar, o<br />

autor verifi cou uma alta correlação entre esta variável e o VO 2 ,<br />

propon<strong>do</strong> que os atletas menos fl exíveis seriam mais econômicos<br />

devi<strong>do</strong> ao maior armazenamento e retorno da força passiva<br />

produzida pelos elementos elásticos <strong>do</strong> músculo durante a fase<br />

de encurtamento <strong>do</strong> ciclo alongamento encurtamento.<br />

Nossos resulta<strong>do</strong>s contrariam os da<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s por<br />

estes autores. Embora a especifi cidade de treinamento deva<br />

ser levada em conta, partin<strong>do</strong> de uma abordagem biológica<br />

se atletas menos fl exíveis devessem ser mais econômicos então<br />

eles também deveriam apresentar menores acúmulos de lactato<br />

após um determina<strong>do</strong> exercício, caso contrário metabolicamente<br />

esta associação estaria comprometida. No presente<br />

estu<strong>do</strong> verifi camos que os luta<strong>do</strong>res de Boxe Chinês mais<br />

fl exíveis possuíam menores acúmulos de lactato sangüíneo<br />

após a luta. Nossos da<strong>do</strong>s são parcialmente ampara<strong>do</strong>s pelo<br />

estu<strong>do</strong> de Beau<strong>do</strong>in e Blum [12] os quais não encontraram<br />

associação entre a fl exibilidade de corre<strong>do</strong>ras e a sua economia


Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

de movimento. Adicionalmente, Nelson et al.[13] submeteram<br />

32 indivíduos, 16 homens e 16 mulheres, a 10 semanas<br />

de treinamento composto por 15 alongamentos estáticos,<br />

incluin<strong>do</strong> os principais músculos <strong>do</strong>s membros inferiores<br />

avalia<strong>do</strong>s por Gleim et al. [10]. Os autores verifi caram que<br />

embora os indivíduos alonga<strong>do</strong>s tenham aumentan<strong>do</strong> o seu<br />

desempenho no teste de sentar e alcançar, não houve prejuízo<br />

na economia de corrida [13].<br />

Conclusão<br />

É possível que as relações entre os aspectos neuromusculares<br />

como a fl exibilidade e as respostas metabólicas como a<br />

economia de movimento e o acúmulo de lactato sangüíneo<br />

não sejam tão simples quanto poderia se pensar. Existem<br />

evidências de que o aumento na amplitude de movimento<br />

articular através <strong>do</strong>s exercícios de alongamento ocorrem por<br />

uma maior tolerância ao estiramento por parte <strong>do</strong> sujeito,<br />

e não por mudanças nas propriedades mecânicas ou viscoelásticas<br />

da unidade músculo-tendão [24,25]. Neste senti<strong>do</strong>,<br />

estu<strong>do</strong>s recentes utilizan<strong>do</strong> a ultra-sonografi a para avaliar as<br />

propriedades mecânicas <strong>do</strong> tendão humano in vivo demonstraram<br />

que o treinamento de fl exibilidade afeta a viscosidade<br />

<strong>do</strong> tendão, mas não a sua elasticidade [26].<br />

Com base no que foi exposto anteriormente, concluímos<br />

que o acúmulo de lactato sangüíneo, após uma luta de Boxe<br />

Chinês, é inversamente proporcional ao nível de fl exibilidade<br />

medi<strong>do</strong> pelo teste de sentar e alcançar. O entendimento desta<br />

curiosa relação parece requisitar novos estu<strong>do</strong>s com amostras<br />

maiores e preferencialmente envolven<strong>do</strong> a avaliação da arquitetura<br />

músculo-tendínea in vivo, a qual sabidamente afeta as<br />

propriedades mecânicas <strong>do</strong> músculo esquelético [27] e podem<br />

explicar, como no caso da relação força-velocidade, muitos<br />

aspectos relaciona<strong>do</strong>s com o custo energético e a efi ciência<br />

de um movimento [28].<br />

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32<br />

Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

Artigo original<br />

Efeitos de um treinamento de força aplica<strong>do</strong> em<br />

mulheres praticantes de hidroginástica<br />

Effects of resistance training in women engaged<br />

in hydrogymnastics programs<br />

Luiz Fernan<strong>do</strong> Martins Kruel, Roberta Eilert Barella, Fabiane Graef, Michel Arias Brentano, Paulo Poli de Figueire<strong>do</strong>, Ananda<br />

Car<strong>do</strong>so, Carla Rosana Severo<br />

Laboratório de Pesquisa <strong>do</strong> Exercício - LAPEX, Grupo de Pesquisa em Atividades Aquáticas - GPAA, Universidade Federal <strong>do</strong> Rio<br />

Grande <strong>do</strong> Sul - UFRGS<br />

Resumo<br />

O estu<strong>do</strong> verifi cou os efeitos de um treinamento de força<br />

aplica<strong>do</strong> em mulheres praticantes de hidroginástica. A amostra foi<br />

constituída por mulheres saudáveis na faixa etária de 38 a 67 anos,<br />

divididas em quatro grupos. Os grupos realizaram o treinamento<br />

duas vezes por semana, durante onze semanas. O tratamento experimental<br />

1 consistiu na prática de hidroginástica enfatizan<strong>do</strong> o<br />

treinamento específi co de força muscular com utilização de equipamento<br />

resistivo em membros inferiores (grupo1 / n = 11) ou em<br />

membros superiores (grupo 2 / n = 6). O tratamento experimental<br />

2 também constituiu-se na prática de hidroginástica com ênfase no<br />

treinamento específi co de força muscular, porém, sem a utilização<br />

de equipamento resistivo em membros inferiores (grupo 3 / n =<br />

6) ou em membros superiores (grupo 4 / n = 11). A variável força<br />

muscular foi mensurada, em to<strong>do</strong>s os grupos, antes e depois <strong>do</strong><br />

perío<strong>do</strong> experimental. Para analisar os da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s, utilizou-se<br />

estatística descritiva e o teste t de student para amostras dependentes<br />

e independentes (p < 0,05). Os aumentos médios percentuais<br />

e absolutos da força <strong>do</strong>s músculos adutores de quadril corresponderam<br />

a 10,73% (2,5 kg) para o grupo 1 e 12,37% (2,84 kg) para<br />

o grupo 2. Para os músculos fl exores de cotovelo, os aumentos<br />

foram 14,21% (1,29 kg) para o grupo 3 e 12,16% (1,18 kg) para<br />

o grupo 4. Para os músculos extensores de cotovelo, os aumentos<br />

corresponderam a 20,71% (2,96 kg) para o grupo 3 e 28,76% (4,34<br />

kg) para o grupo 4. Em to<strong>do</strong>s os grupos musculares avalia<strong>do</strong>s, os<br />

resulta<strong>do</strong>s mostraram diferenças signifi cativas nas situações de pré e<br />

pós-treinamento, independentemente da utilização <strong>do</strong> equipamento.<br />

Conclui-se que a hidroginástica com ênfase no treinamento de força<br />

pode constituir uma efi ciente modalidade para o desenvolvimento<br />

desta qualidade física.<br />

Palavras-chave: hidroginástica, força muscular, treinamento<br />

contra-resistência.<br />

Abstract<br />

Th e study observed the eff ects of strength training in women<br />

aged from 38 to 67 yrs engaged in hydrogymnastics (HG). Th e<br />

subjects were assigned in 4 groups that trained 4 times/wk during<br />

11 weeks. Th e fi rst group performed HG focusing resistance training<br />

with specifi c device for the lower (G1, n = 11) and upper limbs<br />

(G2, n = 6). Th e third group performed strength training without<br />

specifi c device for the lower (G3, n = 6) and upper limbs (G4, n<br />

= 11). Th e strength was assessed before and after the experimental<br />

period and data was analysed by the Student t-test (p < 0.05). Th e<br />

mean increase for the strength of hip adductor muscles was corresponded<br />

to 10.73% (2.5kg) for G1 and 12.37% (2.84kg) for G2.<br />

Th e strength of elbow fl exor muscles was of 14.21% (1.29kg) for<br />

G3 and 12.16% (1.18kg) for G4. In all cases the strength improved<br />

signifi cantly regardless of using specifi c device. In conclusion, the<br />

HG can be an alternative to improve women’s muscle strength.<br />

Key-words: hydrogymnastics, muscle strength, resistance training.<br />

Recebi<strong>do</strong> 25 de maio de 2005; aceito em 06 de setembro de 2005.<br />

Endereço para correspondência: Fabiane Graef, Grupo de Pesquisa em Atividades Aquáticas, Laboratório de Pesquisa <strong>do</strong> Exercício,<br />

Escola de Educação Física, UFRGS, Rua Felizar<strong>do</strong>, 750, 90610 Porto Alegre RS, Tel:(51) 3316-5820, E-mail: fgmuller@terra.com.br


Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

Introdução<br />

A força muscular constitui um <strong>do</strong>s componentes da aptidão<br />

física relacionada à saúde [1], constituin<strong>do</strong> também um<br />

fator essencial para a função fi siológica perfeita [2]. Níveis<br />

adequa<strong>do</strong>s de força tornam as pessoas capazes de desenvolver<br />

tarefas diárias com menor esgotamento fi siológico [3] como<br />

também melhoram o desempenho em atividades esportivas<br />

[4]. Logo, a manutenção de bons níveis de força ao longo da<br />

vida é importante para realizar atividades simples <strong>do</strong> cotidiano,<br />

como aquelas que requerem locomoção e sustentação.<br />

O desempenho da força mostra-se diferente entre os<br />

gêneros, visto que as mulheres tendem a exibir níveis inferiores<br />

de força quan<strong>do</strong> comparadas aos homens [3]. Em<br />

escores absolutos, tal diferença torna-se mais evidente <strong>do</strong><br />

que quan<strong>do</strong> se compara a força relativa, expressa em relação<br />

ao peso corporal ou à massa corporal magra. No entanto, as<br />

mulheres em certas circunstâncias podem desempenhar tarefas<br />

que exigem níveis de força semelhantes aos <strong>do</strong>s homens. No<br />

que diz respeito ao avançar da idade, a tendência é que os<br />

níveis de força diminuam, infl uencian<strong>do</strong> desde a velocidade<br />

de locomoção e a capacidade de subir escadas até alterações<br />

no equilíbrio e difi culdades em tarefas simples como levantar<br />

da posição sentada [5].<br />

O treinamento de força traz benefícios à saúde orgânica<br />

[6]. Cabe ressaltar que esses benefícios podem ser obti<strong>do</strong>s por<br />

praticamente qualquer pessoa, independentemente <strong>do</strong> sexo,<br />

idade ou envolvimento atlético [7]. No âmbito psicológico,<br />

os aumentos da massa muscular e da força podem exercer infl<br />

uências marcantes na auto-estima e autoconfi ança [3]. Dessa<br />

forma, intervenções que contribuam para a melhora da força<br />

são assim importantes no contexto da aptidão física global e,<br />

apesar de aparentemente dizerem respeito à função muscular,<br />

tem um espectro bem mais amplo de infl uência [5].<br />

Torna-se interessante, portanto, que os indivíduos desenvolvam<br />

atividades que contribuam para a manutenção<br />

<strong>do</strong>s níveis de força muscular nas diversas etapas da vida,<br />

preferencialmente em ambiente que proporcione segurança<br />

e efi ciência. Os exercícios realiza<strong>do</strong>s na água constituem uma<br />

alternativa, visto que devi<strong>do</strong> às propriedades físicas da água<br />

apresentam características como a redução <strong>do</strong> impacto - que<br />

proporciona menor sobrecarga articular, e o efeito relaxante<br />

- que permite a movimentação <strong>do</strong> corpo com maior facilidade<br />

[8]. Embora a forma de treinamento de força mais<br />

preconizada na literatura seja através da “musculação [9,10]”<br />

pode-se vislumbrar na hidroginástica uma boa opção para os<br />

programas de treinamento de força. A hidroginástica pode ser<br />

conceituada como uma forma alternativa de condicionamento<br />

físico, constituída de exercícios aquáticos específi cos, basea<strong>do</strong>s<br />

no aproveitamento da resistência da água como sobrecarga e<br />

<strong>do</strong> empuxo como redutor <strong>do</strong> impacto [11]. Isto permite aos<br />

indivíduos, principalmente durante a execução de exercícios<br />

em intensidades mais elevadas, a prática de uma atividade<br />

física regular com to<strong>do</strong>s os seus benefícios. Neste senti<strong>do</strong>,<br />

33<br />

a prática regular de hidroginástica incrementa o condicionamento<br />

aeróbio, a resistência muscular, a fl exibilidade e a<br />

composição corporal. Além disso, melhora aspectos secundários<br />

<strong>do</strong> condicionamento físico, como agilidade, potência,<br />

velocidade, refl exo, coordenação e equilíbrio [8].<br />

Em relação aos aumentos <strong>do</strong>s níveis de força muscular<br />

provoca<strong>do</strong>s pela prática de hidroginástica, não há muito<br />

conhecimento disponível na literatura. Em estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong><br />

por Müller et al. [12], constatou-se que i<strong>do</strong>sas praticantes<br />

de hidroginástica tendem a demonstrar maiores valores de<br />

força <strong>do</strong> que i<strong>do</strong>sas praticantes de ginástica localizada ou<br />

caminhada. Em outro estu<strong>do</strong>, Muller [13] também chama<br />

a atenção para a possibilidade de ocorrer aumento nos níveis<br />

de força muscular após treinamento de hidroginástica.<br />

Entretanto, esses estu<strong>do</strong>s são iniciais, necessitan<strong>do</strong> de novas<br />

investigações para melhor verifi car a magnitude <strong>do</strong>s efeitos<br />

de sessões de hidroginástica no desenvolvimento da força<br />

muscular.<br />

Desta forma, o objetivo deste estu<strong>do</strong> foi analisar os efeitos<br />

de um programa de treinamento de força realiza<strong>do</strong> através<br />

da hidroginástica, com ou sem a utilização de equipamento<br />

resistivo, sobre a força máxima dinâmica <strong>do</strong>s músculos fl exores<br />

de cotovelo, extensores de cotovelo e adutores de quadril, em<br />

mulheres adultas.<br />

Materiais e méto<strong>do</strong>s<br />

Amostra<br />

A amostra foi composta por 17 mulheres entre 38 e<br />

67 anos, participantes <strong>do</strong> programa de hidroginástica <strong>do</strong><br />

Grupo de Pesquisa em Atividades Aquáticas, da Escola de<br />

Educação Física, da Universidade Federal <strong>do</strong> Rio Grande<br />

<strong>do</strong> Sul. As voluntárias foram divididas em quatro grupos, a<br />

saber: grupo experimental 1 (GE 1 ) - 11 mulheres praticantes<br />

de treinamento específi co de força em membros inferiores<br />

com utilização <strong>do</strong> equipamento resistivo; grupo experimental<br />

2 (GE 2 ) - 6 mulheres praticantes de treinamento<br />

específi co de força em membros inferiores sem utilização<br />

<strong>do</strong> equipamento resistivo; grupo experimental 3 (GE 3 ) - 6<br />

mulheres praticantes de treinamento específi co de força em<br />

membros superiores com utilização <strong>do</strong> equipamento resistivo;<br />

grupo experimental 4 (GE 4 ) - 11 mulheres praticantes<br />

de treinamento específi co de força em membros superiores<br />

sem utilização <strong>do</strong> equipamento resistivo. Antes da coleta<br />

de da<strong>do</strong>s, todas as voluntárias assinaram um termo de consentimento,<br />

conforme resolução <strong>do</strong> Conselho Nacional de<br />

Saúde (196/96).<br />

Tratamentos experimentais<br />

O tratamento experimental 1 consistiu na prática de<br />

hidroginástica com ênfase no treinamento específi co de<br />

força muscular, com utilização de equipamento resistivo


34<br />

em membros inferiores (GE 1 ) ou em membros superiores<br />

(GE 3 ). O tratamento experimental 2 consistiu na prática<br />

de hidroginástica com ênfase no treinamento específi co de<br />

força muscular, sem utilização de equipamento resistivo em<br />

membros inferiores (GE 2 ) ou em membros superiores (GE 4 ).<br />

Nenhuma outra atividade física que pudesse promover o<br />

aumento <strong>do</strong>s níveis de força foi praticada pelas integrantes<br />

da amostra. O uso <strong>do</strong> equipamento resistivo (palmar de<br />

EVA Akuativo, da marca Aktiv) pelos grupos experimentais<br />

1 e 3 objetivou aumentar a resistência oferecida pela água,<br />

de forma que a sobrecarga fosse sufi ciente para limitar o<br />

número de repetições realizadas numa mesma velocidade.<br />

O treinamento foi realiza<strong>do</strong> durante 11 semanas, com duas<br />

sessões semanais de 45 minutos. As 22 sessões de treinamento<br />

foram divididas em três fases:<br />

Primeira fase (5 semanas/10 sessões) - realização de <strong>do</strong>is<br />

blocos de exercícios: o primeiro com 3 séries de 15 repetições<br />

de cada movimento da seqüência 1, composta por 2 exercícios<br />

(3 movimentos, já que um <strong>do</strong>s exercícios foi realiza<strong>do</strong> primeiro<br />

com um <strong>do</strong>s membros inferiores e após com o outro); o<br />

segun<strong>do</strong> com 3 séries de 15 repetições de cada movimento da<br />

seqüência 2, também composta por 2 exercícios (3 movimentos,<br />

já que um <strong>do</strong>s exercícios foi realiza<strong>do</strong> primeiro com um<br />

<strong>do</strong>s membros superiores e após com o outro). Os indivíduos<br />

dispunham de 30 segun<strong>do</strong>s para realizar as 15 repetições de<br />

cada um <strong>do</strong>s 3 movimentos, realiza<strong>do</strong>s consecutivamente<br />

em ambas as seqüências. O intervalo entre as seqüências foi<br />

de 30 segun<strong>do</strong>s, além de 1 minuto de repouso ativo entre<br />

os blocos.<br />

Segunda fase (3 semanas/6 sessões): realização de <strong>do</strong>is<br />

blocos de exercícios: o primeiro com 4 séries de 12 repetições<br />

da cada movimento da seqüência 1 e o segun<strong>do</strong> com de 4<br />

séries de 12 repetições de cada movimento da seqüência 2.<br />

Os indivíduos dispunham de 25 segun<strong>do</strong>s para a execução<br />

das 12 repetições de cada movimento, intervalos de 25<br />

segun<strong>do</strong>s entre as seqüências e 1 minuto de repouso ativo<br />

entre os blocos.<br />

Terceira fase (3 semanas/6 sessões): realização de <strong>do</strong>is blocos<br />

de exercícios: o primeiro com 5 séries de 10 repetições da<br />

cada movimento da seqüência 1 e o segun<strong>do</strong> com 5 séries de<br />

10 repetições de cada movimento seqüência 2. Os indivíduos<br />

dispunham de 20 segun<strong>do</strong>s para executar as 10 repetições de<br />

cada movimento, intervalos de 20 segun<strong>do</strong>s entre as seqüências<br />

e 1 minuto de repouso ativo entre os blocos.<br />

Em todas as fases <strong>do</strong> treinamento os movimentos foram<br />

realiza<strong>do</strong>s com máxima velocidade possível. As seqüências<br />

de exercícios a<strong>do</strong>tadas durante o treinamento são descritas<br />

a seguir:<br />

• Seqüência 1<br />

- Movimento 1: adução/abdução unilateral <strong>do</strong> quadril na<br />

posição em pé (ênfase na força utilizada para a adução).<br />

- Movimento 2: idem ao anterior, realizan<strong>do</strong> o movimento<br />

com o outro membro inferior.<br />

Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

- Movimento 3: fl exão/extensão de cotovelos com ombros<br />

abduzi<strong>do</strong>s a 90º (ênfase na força utilizada para fl exão e<br />

extensão).<br />

• Seqüência 2<br />

- Movimento 1: adução/abdução de quadril na posição<br />

sentada, com fl exão de 90º de joelhos e quadril e membros<br />

superiores apoia<strong>do</strong>s (ênfase na força utilizada para adução<br />

e abdução).<br />

- Movimento 2: fl exão/extensão unilateral <strong>do</strong> cotovelo com<br />

membro na posição anatômica (ênfase na força utilizada<br />

para fl exão e extensão).<br />

- Movimento 3: idem ao anterior, realizan<strong>do</strong> o movimento<br />

com o outro membro superior.<br />

As sessões de hidroginástica constaram das seguintes<br />

etapas: aquecimento, parte principal e volta à calma.<br />

No aquecimento foram realiza<strong>do</strong>s exercícios envolven<strong>do</strong><br />

mobilização articular, deslocamentos e alongamentos. Na<br />

parte principal foram realiza<strong>do</strong>s treinamentos aeróbio e de<br />

força, conforme descrito a seguir: a) treinamento aeróbio:<br />

composto por trabalho de baixa intensidade, com duração<br />

aproximada de 20 minutos (12 minutos sem utilização<br />

prioritária <strong>do</strong>s músculos alvo; 8 minutos enfatizan<strong>do</strong> a movimentação,<br />

o aumento da temperatura e <strong>do</strong> fl uxo sangüíneo<br />

<strong>do</strong>s grupos musculares alvo); b) treinamento específi co de<br />

força: com duração aproximada de 15 minutos, foi composto<br />

por <strong>do</strong>is tipos de seqüências de movimentos básicos<br />

(seqüências 1 e 2) enfatizan<strong>do</strong> os grupos musculares alvo.<br />

A volta à calma foi composta por alongamentos e exercícios<br />

de relaxamento.<br />

Para facilitar a compreensão e o controle da intensidade<br />

<strong>do</strong> treinamento específi co de força, utilizou-se a Escala de<br />

Sensação Subjetiva ao Esforço de Borg [14]. Foi solicita<strong>do</strong> aos<br />

indivíduos que realizassem o treinamento numa intensidade<br />

correspondente aos índices 15, 16, 17, 18 ou 19 da Escala de<br />

Borg, pois segun<strong>do</strong> Tiggemann [15], esta sensação de esforço<br />

percebi<strong>do</strong> corresponde a uma intensidade de 90% da força<br />

máxima, durante o treinamento de força muscular.<br />

Avaliação da força máxima dinâmica<br />

Para avaliar a força máxima dinâmica <strong>do</strong>s grupos musculares<br />

fl exores/extensores de cotovelo e adutores de quadril,<br />

utilizou-se o teste de uma repetição máxima (1RM) basea<strong>do</strong><br />

nos procedimentos descritos por Baechle e Groves [16].<br />

Os equipamentos de musculação utiliza<strong>do</strong>s para os testes<br />

de 1RM foram: roldana baixa com banco scott Taurus,<br />

modelo Super Pulley, com resolução de 0,25 kg (fl exão de<br />

cotovelo); roldana alta Taurus, modelo Super Pulley, com<br />

resolução de 0,25 kg (extensão de cotovelo); cadeira adutora<br />

INBAF, com resolução de 0,25 kg (adução de quadril). Foi<br />

utiliza<strong>do</strong> um metrônomo para controlar o tempo de execução<br />

de cada repetição <strong>do</strong> movimento nos testes de 1RM.


Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

Tratamento estatístico<br />

Para verifi car a normalidade e homogeneidade <strong>do</strong>s<br />

da<strong>do</strong>s, utilizaram-se os testes de Shapiro-Wilk e Levene,<br />

respectivamente. Para verifi car as diferenças nos níveis<br />

iniciais de força nos diferentes grupos, aplicou-se o teste<br />

t simples. Por fi m, para comparar valores de força intra e<br />

intergrupos ao fi nal <strong>do</strong> treinamento, utilizaram-se os testes<br />

t parea<strong>do</strong> e simples, respectivamente. O nível de signifi -<br />

cância a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> foi p ≤ 0,05.<br />

Resulta<strong>do</strong>s<br />

Com a fi nalidade de caracterizar a amostra, a Tabela I<br />

apresenta as médias e os desvios padrão das variáveis idade,<br />

massa corporal, estatura e IMC <strong>do</strong>s grupos experimentais<br />

1/4 e 2/3. A mesma tabela também apresenta os resulta<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong> teste t, indican<strong>do</strong> não haver diferenças signifi cativas entre<br />

os grupos para as variáveis citadas.<br />

Em relação à força máxima dinâmica (FMD), a normalidade<br />

<strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s foi confi rmada por meio <strong>do</strong> teste de Shapiro-<br />

Wilk, excetuan<strong>do</strong>-se os valores obti<strong>do</strong>s para a musculatura<br />

fl exora de cotovelos no pré-teste para os grupos 2/3, que<br />

mesmo assim fi caram muito próximos da distribuição normal.<br />

A homogeneidade das variâncias para a mesma variável foi<br />

confi rmada através <strong>do</strong> teste de Levene. Os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> préteste<br />

são apresenta<strong>do</strong>s nas Tabelas II e III, demonstran<strong>do</strong> não<br />

haver diferença estatisticamente signifi cativa na FMD entre<br />

35<br />

os grupos experimentais para to<strong>do</strong>s os grupos musculares<br />

avalia<strong>do</strong>s.<br />

As médias, desvios padrão e coefi cientes de variação da<br />

FMDpós <strong>do</strong>s adutores de quadril para o GE 1 e o GE 2 , além<br />

<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> teste t são apresenta<strong>do</strong>s na tabela IV. Os<br />

resulta<strong>do</strong>s médios, desvios padrão e coefi cientes de variação<br />

da FMDpós <strong>do</strong>s fl exores e extensores de cotovelo para o GE 3<br />

e o GE 4 , além <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> teste t são apresenta<strong>do</strong>s na<br />

Tabela V. De acor<strong>do</strong> com os da<strong>do</strong>s forneci<strong>do</strong>s pelas tabelas IV<br />

e V, no perío<strong>do</strong> pós-teste não houve diferença estatisticamente<br />

signifi cativa entre os grupos experimentais para os grupos<br />

musculares avalia<strong>do</strong>s.<br />

Também foi comparada a força máxima dinâmica obtida<br />

nos perío<strong>do</strong>s pré e pós-treinamento específi co de força para<br />

cada grupo experimental separadamente. Para os da<strong>do</strong>s<br />

mensura<strong>do</strong>s, to<strong>do</strong>s os grupos apresentaram diferenças estatisticamente<br />

signifi cativas quan<strong>do</strong> foram compara<strong>do</strong>s os<br />

resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> pré-teste com os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> pós-teste, através<br />

<strong>do</strong> teste t.<br />

A diferença entre a FMDpré e FMDpós foi estatisticamente<br />

signifi cativa tanto para GE 1 como para GE 2 , em relação<br />

aos adutores de quadril, haven<strong>do</strong> um aumento signifi cativo<br />

da força muscular em ambos os grupos experimentais (Tabela<br />

VI). A diferença entre a FMDpré e FMDpós também foi<br />

estatisticamente signifi cativa em relação aos fl exores e extensores<br />

de cotovelo, tanto para GE 3 como para GE 4 , haven<strong>do</strong><br />

um aumento signifi cativo da força muscular em ambos os<br />

grupos experimentais (Tabela VII).<br />

Tabela I - Médias e desvios padrão das variáveis idade, massa corporal, estatura e IMC <strong>do</strong>s grupos experimentais e resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> teste t no<br />

perío<strong>do</strong> pré-treinamento.<br />

Grupo GE 1 / GE 4 (n = 11) GE 2 / GE 3 (n = 6) Teste t<br />

Variável Média Desvio padrão Média Desvio padrão T Sig.<br />

Idade (anos) 57,90 ± 6,93 52,33 ± 8,40 1,387 0,199<br />

Massa corporal (kg) 71,24 ± 15,34 59,71 ± 12,97 1,639 0,127<br />

Estatura (m) 1,58 ± 0,72 1,57 ± 0,60 0,231 0,822<br />

IMC (kg/m 2 ) 28,39 ± 5,12 24,20 ± 4,62 1,718 0,113<br />

(p ≤ 0,05)<br />

Tabela II - Médias, desvios padrão, coefi cientes de variação e resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> teste t da FMDpré de adutores de quadril, para o GE 1 e o GE 2 .<br />

FMDpré adutores de<br />

quadril (kg)<br />

GE 1 (n = 11) GE 2 (n =6) Teste t<br />

Média Desvio padrão<br />

Coeficiente de<br />

variação<br />

Média Desvio Padrão<br />

Coeficiente de<br />

variação<br />

23,31 ± 5,37 23,04% 22,95 ± 4,63 20,17% 0,888<br />

Tabela III - Médias, desvios padrão, coefi cientes de variação e resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> teste t da FMDpré de fl exores e extensores de cotovelo, para o GE e o GE .<br />

3 4<br />

GE (n = 6) 3 GE (n = 11) 4 Teste t<br />

Média Desvio padrão<br />

Coeficiente de<br />

variação<br />

Média Desvio Padrão<br />

Coeficiente de<br />

variação<br />

Sig.<br />

FMDpré flexores de<br />

cotovelo (kg)<br />

9,08 ± 1,52 16,74% 9,70 ± 2,43 25,05% 0,529<br />

FMDpré extensores de<br />

cotovelo (kg)<br />

14,29 ± 1,67 11,69% 15,09 ± 3,23 21,40% 0,513<br />

Sig.


36<br />

Discussão<br />

A literatura exibe poucos estu<strong>do</strong>s a respeito de treinamento<br />

de força aplica<strong>do</strong> em sessões de hidroginástica, apontan<strong>do</strong> para<br />

a lacuna de conhecimento existente em relação à possibilidade<br />

de promover aumento nos níveis de força muscular <strong>do</strong>s praticantes<br />

desta modalidade de exercício aquático.<br />

Taunton et al. [17] aplicaram um programa geral de treinamento<br />

durante 12 semanas, envolven<strong>do</strong> 3 sessões semanais<br />

compostas por uma parte de treinamento aeróbio, uma parte<br />

de fl exibilidade e uma parte de resistência muscular e força. A<br />

força muscular, avaliada através de teste de preensão manual,<br />

não apresentou aumentos signifi cativos com o treinamento.<br />

A partir desses resulta<strong>do</strong>s, os autores concluíram que um<br />

programa geral de treinamento realiza<strong>do</strong> no meio aquático<br />

não produz estímulo sufi ciente para causar aumento na força<br />

muscular. Em outro estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> por Madureira e Lima<br />

[18] os autores também relataram não haver aumento signifi -<br />

cativo na força de preensão manual de indivíduos i<strong>do</strong>sos após<br />

serem submeti<strong>do</strong>s a sessões de hidroginástica sem treinamento<br />

específi co de força durante 4 meses.<br />

Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

Em relação aos estu<strong>do</strong>s cita<strong>do</strong>s acima, <strong>do</strong>is pontos devem<br />

ser ressalta<strong>do</strong>s. O primeiro é a falta de um treinamento adequa<strong>do</strong><br />

ao desenvolvimento da força muscular e o segun<strong>do</strong> é<br />

a falta de especifi cidade existente entre o teste utiliza<strong>do</strong> para<br />

avaliar a força e os movimentos utiliza<strong>do</strong>s durante as sessões<br />

de exercícios aquáticos. No que diz respeito à especifi cidade,<br />

consideran<strong>do</strong> que movimentos diferentes exigem coordenação<br />

intra e intermuscular diferentes, as variações no ângulo e na<br />

amplitude articular, bem como no tipo de ação muscular,<br />

infl uenciam os resulta<strong>do</strong>s da avaliação [6]. Dessa forma, os<br />

músculos e movimentos utiliza<strong>do</strong>s no teste de preensão manual<br />

devem ser prioritariamente treina<strong>do</strong>s durante as sessões de<br />

hidroginástica para que as diferenças na força desempenhada<br />

sejam verifi cadas.<br />

No estu<strong>do</strong> conduzi<strong>do</strong> por Di Mais [19], embora tenha<br />

si<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> treinamento específi co de força muscular,<br />

não foi encontra<strong>do</strong> aumento signifi cativo da força máxima<br />

dinâmica após tal treinamento em aulas de hidroginástica.<br />

Contu<strong>do</strong>, pode-se apontar algumas limitações meto<strong>do</strong>lógicas<br />

em relação ao referi<strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, como o tamanho reduzi<strong>do</strong><br />

da amostra e a periodização <strong>do</strong> treinamento. Além disso, o<br />

Tabela IV - Médias, desvios padrão, coefi cientes de variação e resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> teste t da FMDpós de adutores de quadril, para o GE 1 e o GE 2 .<br />

FMDpós adutores de<br />

quadril (kg)<br />

GE 1 (n = 11) GE 2 (n =6) Teste t<br />

Média<br />

Desvio padrão<br />

Coeficiente de<br />

variação<br />

Média Desvio Padrão<br />

Coeficiente de<br />

variação<br />

25,81 ± 5,33 20,65% 25,79 ± 6,08 23,58% 0,993<br />

Tabela V - Médias, desvios padrão, coefi cientes de variação e resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> teste t da FMDpós de fl exores e extensores de cotovelo, para o GE3 e o GE . 4<br />

GE (n = 6) GE (n = 11) Teste t<br />

3 4<br />

FMDpós flexores de<br />

cotovelo (kg)<br />

FMDpós extensores de<br />

cotovelo (kg)<br />

Média<br />

Desvio padrão<br />

Coeficiente de<br />

variação<br />

Média Desvio Padrão<br />

Coeficiente de<br />

variação<br />

10,37 ± 2,28 21,99% 10,88 ± 3,05 28,03% 0,702<br />

17,25 ± 2,51 14,55% 19,43 ± 3,21 16,52% 0,146<br />

Tabela VI - Médias da FMDpré e da FMDpós de adutores de quadril, diferença absoluta (Δ) e percentual (Δ %) entre FMDpré e FMDpós<br />

e valores <strong>do</strong> teste t para a FMD, para o GE1 e o GE2.<br />

Adutores de<br />

quadril<br />

GE 1<br />

FMDpré (kg) FMDpós (kg) ∆ (kg) ∆ % Teste t FMDpré (kg) FMDpós (kg) ∆ (kg) ∆% Teste t (sig)<br />

23,31 ±5,37 25,81 ±5,33 2,5 10,73 0,001 22,95 ±4,63 25,79 ±6,08 2,84 12,37 0,011<br />

Tabela VII - Médias da FMDpré e da FMDpós de fl exores e extensores de cotovelo, diferença absoluta (Δ) e percentual (Δ %) entre FMDpré<br />

e FMDpós e valores <strong>do</strong> teste t para a FMD, para o GE3 e o GE4.<br />

GE3 GE4 FMDpré (kg) FMDpós (kg) ∆ (kg) ∆ (%) Teste t FMDpré (kg) FMDpós (kg) ∆ (kg) ∆ (%) Teste t<br />

Flexores de<br />

cotovelo<br />

9,08 ± 1,52 10,37 ± 2,28 1,29 14,21 0,021 9,70 ± 2,43 10,88 ± 3,05 1,18 12,16 0,010<br />

Extensores de<br />

cotovelo<br />

14,29 ± 1,67 17,25 ± 2,51 2,96 20,71 0,022 15,09 ± 3,23 19,43 ± 3,21 4,34 28,76 0,000<br />

GE 2<br />

Sig.<br />

Sig.


Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

tipo de equipamento pode ter causa<strong>do</strong> redução acentuada na<br />

velocidade de execução <strong>do</strong> movimento, aspecto fundamental<br />

para que ocorra a sobrecarga apropriada ao treinamento de<br />

força na água.<br />

Da<strong>do</strong>s contrários aos apresenta<strong>do</strong>s acima foram constata<strong>do</strong>s<br />

por Müller et al. [12]. Esses autores constataram que<br />

i<strong>do</strong>sas praticantes de hidroginástica tendem a demonstrar<br />

maiores valores de força máxima dinâmica desenvolvida<br />

pela musculatura fl exora horizontal de ombros <strong>do</strong> que i<strong>do</strong>sas<br />

praticantes de caminhada ou ginástica. Neste senti<strong>do</strong>, outro<br />

estu<strong>do</strong> de Muller [13] comparou os valores da força máxima<br />

dinâmica <strong>do</strong>s fl exores horizontais <strong>do</strong> ombro para diferentes<br />

grupos, nos perío<strong>do</strong>s pré e pós-treinamento de força na hidroginástica,<br />

relatan<strong>do</strong> incrementos na força. Um grupo foi<br />

composto por i<strong>do</strong>sas participantes de programas tradicionais<br />

de hidroginástica e o outro foi composto por i<strong>do</strong>sas praticantes<br />

de hidroginástica com treinamento específi co de força.<br />

Quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s os valores da FMDpré com os valores<br />

da FMDpós <strong>do</strong> grupo praticante de hidroginástica tradicional,<br />

os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s demonstraram não haver diferença<br />

estatisticamente signifi cativa. No entanto, para o grupo que<br />

praticou hidroginástica com treinamento específi co de força,<br />

os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s demonstraram uma diferença estatisticamente<br />

signifi cativa entre a FMDpré e a FMDpós, com aumento<br />

médio de 10,89% ou 1,800 kg no teste de 1RM.<br />

Comparan<strong>do</strong> com os aumentos absolutos e percentuais<br />

obti<strong>do</strong>s no presente estu<strong>do</strong> para os grupos musculares adutores<br />

de quadril e fl exores de cotovelo, os resulta<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s<br />

pelo estu<strong>do</strong> de Muller [13] podem ser considera<strong>do</strong>s relativamente<br />

semelhantes. Os incrementos na força encontra<strong>do</strong>s<br />

por Muller [13] podem ter si<strong>do</strong> discretamente inferiores devi<strong>do</strong><br />

à faixa etária da amostra, que abrangeu exclusivamente<br />

indivíduos i<strong>do</strong>sos.<br />

No presente estu<strong>do</strong>, os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s para to<strong>do</strong>s os grupos<br />

que realizaram treinamento específi co de força, independentemente<br />

da utilização <strong>do</strong> equipamento resistivo, indicaram<br />

aumentos signifi cativos para to<strong>do</strong>s os grupos musculares<br />

testa<strong>do</strong>s. Em relação aos grupos experimentais 1 e 2, é possível<br />

perceber que o grupo que não utilizou equipamento<br />

resistivo na realização <strong>do</strong> treinamento de força em membros<br />

inferiores (GE 2 ) aumentou mais os níveis de força <strong>do</strong> que o<br />

grupo que utilizou o equipamento (GE 1 ), apesar de ambos os<br />

grupos terem aumenta<strong>do</strong> signifi cativamente os níveis de força.<br />

Uma explicação para o menor aumento da força no grupo<br />

que utilizou equipamento pode ser o fato de que o aumento<br />

da resistência ao movimento provoca<strong>do</strong> pelo equipamento,<br />

ao reduzir a velocidade de execução <strong>do</strong> exercício, diminui a<br />

sobrecarga muscular gerada e torna o estímulo menos apropria<strong>do</strong><br />

ao desenvolvimento da força.<br />

Em relação aos grupos experimentais 3 e 4, também<br />

pode-se perceber que o grupo que não utilizou equipamento<br />

resistivo em membros superiores (GE 4 ) aumentou mais os<br />

níveis de força para os extensores de cotovelo <strong>do</strong> que o grupo<br />

que utilizou o equipamento (GE 3 ), apesar de ambos os grupos<br />

37<br />

terem aumenta<strong>do</strong> signifi cativamente os níveis de força. Como<br />

o aumento da força foi signifi cativo para ambos os grupos,<br />

acredita-se que o diferencial que levou a este aumento tenha<br />

si<strong>do</strong> realmente o tipo de treinamento utiliza<strong>do</strong>, e não a utilização<br />

<strong>do</strong> equipamento resistivo. Logo, não se pode afi rmar<br />

que o equipamento resistivo foi o principal responsável pelo<br />

aumento da intensidade da atividade na água, já que os níveis<br />

de força aumentaram para ambos os grupos de forma signifi -<br />

cativa, independentemente da utilização <strong>do</strong> equipamento.<br />

Uma possibilidade a se considerar é de que a intensidade<br />

tenha si<strong>do</strong> aumentada de forma mais acentuada pelo aumento<br />

da velocidade de execução <strong>do</strong>s movimentos, quan<strong>do</strong><br />

compara<strong>do</strong> com o aumento da área de superfície oferecida<br />

pelo equipamento. Sen<strong>do</strong> assim, a realização <strong>do</strong>s movimentos<br />

com grande velocidade seria o fator responsável primário pelo<br />

aumento <strong>do</strong>s níveis de força. Contu<strong>do</strong>, não se pode garantir<br />

que esse tenha si<strong>do</strong> o fator preponderante no aumento mais<br />

expressivo encontra<strong>do</strong> nos grupos que não utilizaram equipamento.<br />

Conclusão<br />

Os resulta<strong>do</strong>s deste estu<strong>do</strong> demonstraram que mulheres<br />

adultas aumentaram signifi cativamente a força máxima dinâmica<br />

de fl exores de cotovelo, extensores de cotovelo e adutores<br />

de quadril, depois de submetidas a um treinamento específi co<br />

de força muscular em sessões de hidroginástica.<br />

Embora somente um pequeno grupo de pesquisa<strong>do</strong>res<br />

considere a prática de hidroginástica uma atividade apropriada<br />

para promover incrementos na força muscular, através <strong>do</strong><br />

presente estu<strong>do</strong> pode-se concluir que a hidroginástica, com<br />

ênfase no treinamento de força, é efi ciente para alcançar tal<br />

objetivo. Isto se deve ao treinamento adequa<strong>do</strong>, ou seja, a<br />

aplicação <strong>do</strong>s princípios <strong>do</strong> treinamento de força e a utilização<br />

da resistência da água como sobrecarga. Nesse senti<strong>do</strong>,<br />

exercícios com alta velocidade de execução, compreenden<strong>do</strong><br />

de 10 a 15 repetições, podem constituir um recurso váli<strong>do</strong><br />

para desenvolver a força muscular.<br />

Devi<strong>do</strong> à importância da força muscular na promoção da<br />

saúde, independentemente <strong>do</strong> sexo ou faixa etária, os programas<br />

de treinamento compostos por sessões de hidroginástica<br />

deveriam incluir uma parte específi ca para o aprimoramento<br />

desta qualidade física. Por extensão, a hidroginástica deveria<br />

ser considerada como um meio efetivo para desenvolver a<br />

força muscular e não somente para desenvolver aptidão cardiorrespiratória<br />

e aumentar o gasto calórico, como geralmente<br />

é preconiza<strong>do</strong>.<br />

Referências<br />

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Universidade Castelo Branco; 1999.


Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

Artigo original<br />

Avaliação da flexibilidade em mulheres submetidas<br />

a exercícios de alongamento em grupo<br />

Evaluation of the flexibility in women submitted<br />

to stretching exercises in group<br />

Daniela Cristina Bianchini Nogueira Moreno Perea*, Th ais Renata Conejo**, Silvia Maria de Men<strong>do</strong>nça**, Renata Munari**,<br />

Maria Cristina Strabelli Titto**<br />

*Professora e pesquisa<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> curso de Fisioterapia da UNICASTELO, Campus VIII, Descalva<strong>do</strong> SP, **Fisioterapeutas gradua<strong>do</strong>s<br />

pela UNICASTELO, Campus VIII, Descalva<strong>do</strong> SP<br />

Projeto de Pesquisa desenvolvi<strong>do</strong> pelo Departamento de Fisioterapia, com fi nanciamento da UNICASTELO.<br />

Resumo<br />

Este trabalho teve por objetivos avaliar a fl exibilidade antes e<br />

após a aplicação de sessões de alongamento em grupo. O grupo de<br />

alongamento era composto por 7 mulheres. As sessões de alongamento<br />

foram realizadas duas vezes por semana, com duração de 50<br />

minutos. A aplicação <strong>do</strong>s alongamentos foi para to<strong>do</strong>s os segmentos<br />

corporais. A fl exibilidade foi avaliada através <strong>do</strong> teste de sentar e<br />

alcançar (Banco de Wells). Foram realizadas 3 medidas: antes <strong>do</strong><br />

início <strong>do</strong> programa de alongamento (1ª avaliação), após 10 (2ª<br />

avaliação) e 20 (3ª avaliação) sessões. Os resulta<strong>do</strong>s foram analisa<strong>do</strong>s<br />

através de test T de Student. Os resulta<strong>do</strong>s mostraram diferença<br />

signifi cante em apenas 3 sujeitos da 1ª para a 3ª avaliação. Nas<br />

outras 4 mulheres avaliadas, houve um aumento médio de 5,35%<br />

de fl exibilidade quan<strong>do</strong> comparadas a 1ª e a 3ª avaliações. Embora<br />

os resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s não sejam estatisticamente signifi cantes,<br />

o alongamento em grupo foi efi caz em aumentar o percentual de<br />

fl exibilidade <strong>do</strong>s indivíduos.<br />

Palavras-chave: alongamento, flexibilidade, Banco de Wells,<br />

trabalho em grupo.<br />

39<br />

Abstract<br />

Th e aim of this work was to evaluate the fl exibility before and<br />

after stretching group sessions in women. Th e stretching group was<br />

delineated by 7 womens. Th e stretching sessions were carried out<br />

twice weekly, with duration 50 minutes. Th e fl exibility was evaluated<br />

by lineal approach (wells’ chair). It was carried out 3 measures:<br />

before of the beginning the stretching program (1 st evaluation),<br />

after 10 (2 nd evaluation) and 20 (3 rd evaluation) sessions. Th e results<br />

were analyzed by test T of Student. Seven women were evaluated<br />

and just 3 of them had signifi cant diff erence from the 1 st for the 3 rd<br />

evaluations. In the other 4 women evatuated, there were a fl exibility<br />

increase of 5,35% when compared the 1 st and 3 rd evaluations. Althoug<br />

the results found be not signifi cant statistically, the stretching<br />

in group was effi cient in increase the fl exibility.<br />

Key-words: stretching, flexibility, Wells’ Chair, work in group.<br />

Recebi<strong>do</strong> 15 de agosto de 2005; aceito em 20 de outubro de 2005.<br />

Endereço de correspondência: Daniela Cristina Bianchini Nogueira Moreno Perea, Departamento de Fisioterapia da Universidade<br />

Camilo Castelo Branco, Campus VIII, Avenida Hilário da Silva Pastos, 950, Parque Universitário, 13690-970 Descalva<strong>do</strong> SP, Tel: 19-<br />

35831002, E-mail: daniperea@ig.com.br.


40<br />

Introdução<br />

A fl exibilidade é um <strong>do</strong>s componentes da aptidão física,<br />

poden<strong>do</strong> ser defi nida como a amplitude máxima fi siológica<br />

passiva de um da<strong>do</strong> movimento articular [1]. Embora um<br />

certo nível de fl exibilidade pareça ser relevante para a saúde,<br />

desconhecem-se quais são os níveis ótimos para um da<strong>do</strong><br />

indivíduo [2].<br />

Tem si<strong>do</strong> identifi cada uma associação positiva entre<br />

ganhos de fl exibilidade e melhoria da qualidade de vida,<br />

relacionadas à saúde [3]. Atualmente, a fl exibilidade, uma<br />

variável cineantropométrica, é um componente da saúde<br />

relativo à forma física, e é altamente treinável. Por exemplo,<br />

para manter uma postura adequada é necessário um mínimo<br />

de fl exibilidade, que tem si<strong>do</strong> uma das qualidades físicas<br />

avaliadas [4].<br />

A fl exibilidade é conceituada como a extensibilidade <strong>do</strong>s<br />

teci<strong>do</strong>s periarticulares para permitir movimento normal ou<br />

fi siológico de uma articulação ou membro [2]. Pode ser entendida<br />

também como a habilidade para mover uma articulação<br />

ou articulações através de uma amplitude de movimento livre<br />

de <strong>do</strong>r e sem restrições. Além disso, é considerada como um<br />

<strong>do</strong>s componentes da aptidão física, poden<strong>do</strong> ser defi nida<br />

como a amplitude máxima fi siológica passiva de um da<strong>do</strong><br />

movimento articular [1,5].<br />

Com relação à classifi cação <strong>do</strong>s tipos de fl exibilidade, ela se<br />

divide em três. A fl exibilidade estática refere-se à amplitude de<br />

movimento em torno de uma articulação sem nenhuma ênfase<br />

na velocidade [2]. A fl exibilidade balística está geralmente<br />

associada com o balançar, pular, ricochetear e movimentar-se<br />

ritmicamente. Outro termo um tanto relaciona<strong>do</strong> ao último é<br />

fl exibilidade dinâmica. Esse termo refere-se à habilidade para<br />

usar a amplitude de movimento articular na realização de uma<br />

atividade física numa velocidade normal ou rápida [1,2].<br />

Foi apresenta<strong>do</strong> um sistema de classifi cação <strong>do</strong>s testes<br />

de fl exibilidade (testes de mobilidade articular estática), que<br />

podem ser classifi ca<strong>do</strong>s em função das unidades de mensuração<br />

<strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s, em três categorias principais: lineares,<br />

angulares e adimensionais [3]. No presente trabalho, o<br />

méto<strong>do</strong> de avaliação utiliza<strong>do</strong> foi o linear, caracteriza<strong>do</strong><br />

por utilizar a escala métrica para avaliar indiretamente a<br />

mobilidade articular, normalmente através de movimentos<br />

compostos, isto é, de movimentos que envolvem mais de<br />

uma articulação.<br />

O alongamento é uma das técnicas mais utilizadas para se<br />

obter um aumento da amplitude de movimento (ADM) por<br />

meio <strong>do</strong> aumento da fl exibilidade muscular. Também atua<br />

na diminuição <strong>do</strong> tônus, encurtamento e espasmo muscular,<br />

além de ser utiliza<strong>do</strong> para preparar a musculatura antes <strong>do</strong>s<br />

exercícios físicos, evitan<strong>do</strong> assim, lesões musculares [6].<br />

Consideran<strong>do</strong> a fl exibilidade como um fator importante<br />

para o aumento da qualidade de vida e a quantidade <strong>do</strong>s movimentos,<br />

diminuição <strong>do</strong> risco de lesões, melhora da postura<br />

corporal e o favorecimento de uma maior mobilidade nas<br />

Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

atividades diárias e esportivas, este trabalho teve por objetivos<br />

avaliar a fl exibilidade antes e após a aplicação de sessões de<br />

alongamento em grupo.<br />

Materiais e méto<strong>do</strong><br />

Foram utilizadas sete voluntárias <strong>do</strong> sexo feminino, inscritas<br />

no PSF (Programa de Saúde da Família) <strong>do</strong> bairro Morada<br />

<strong>do</strong> Sol na cidade de Descalva<strong>do</strong>/SP como sujeitos da pesquisa.<br />

Os indivíduos assinaram o termo de consentimento livre e<br />

esclareci<strong>do</strong>. Foram excluí<strong>do</strong>s os indivíduos que apresentaram<br />

quadro álgico que impossibilitava a execução <strong>do</strong> protocolo<br />

de exercícios.<br />

Procedimento<br />

Antes de iniciar as atividades em grupo, cada indivíduo<br />

passou por uma avaliação de fl exibilidade (1ª avaliação). Após<br />

10 (2ª avaliação) e 20 (3ª avaliação) sessões de alongamento<br />

foram feitas novas avaliações da fl exibilidade. Como méto<strong>do</strong><br />

de avaliação da fl exibilidade foi utiliza<strong>do</strong> o teste de sentar e<br />

alcançar, proposto originalmente por Wells & Dillon (1952),<br />

apud Araújo [1], classifi ca<strong>do</strong> como um méto<strong>do</strong> linear. Os<br />

materiais utiliza<strong>do</strong>s foram o banco de Wells e a fi ta métrica.<br />

Nesse méto<strong>do</strong>, o indivíduo é orienta<strong>do</strong> a sentar com as pernas<br />

completamente estendidas e os pés ligeiramente afasta<strong>do</strong>s e<br />

completamente apoia<strong>do</strong>s contra um anteparo de madeira de,<br />

aproximadamente, 25 cm de altura. Sobre o anteparo, em<br />

ângulo reto, coloca-se uma régua graduada em centímetros.<br />

Muito embora, não conste da descrição original <strong>do</strong> méto<strong>do</strong>,<br />

optamos por manter os pés descalços, para melhor padronização.<br />

Pede-se então ao indivíduo, para realizar quatro tentativas<br />

de fl exão <strong>do</strong> tronco, manten<strong>do</strong> os joelhos, cotovelos e punhos<br />

em extensão. Na quarta tentativa, o indivíduo deverá manter<br />

por alguns instantes, a posição máxima alcançada com a ponta<br />

<strong>do</strong>s seus quiridáctilos, para que possa ser feita a largura na<br />

régua. Para tal, considera-se como zero o ponto de contato<br />

<strong>do</strong>s pés com o anteparo, sen<strong>do</strong> então possível obter valores<br />

negativos e positivos, quan<strong>do</strong>, respectivamente, as pontas<br />

<strong>do</strong>s de<strong>do</strong>s não chegam a alcançar ou ultrapassam o anteparo<br />

(Figura 1).<br />

Figura 1 - Teste <strong>do</strong> Banco de Wells.


Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

As sessões de alongamento em grupo foram realizadas duas<br />

vezes por semana, com duração de cinqüenta minutos cada<br />

uma e a aplicação <strong>do</strong>s alongamentos estáticos foi para to<strong>do</strong>s<br />

os segmentos corporais; inician<strong>do</strong>-se pela cabeça, membros<br />

superiores, tronco e membros inferiores [7]. Cada exercício<br />

de alongamento era manti<strong>do</strong> por 60 segun<strong>do</strong>s.<br />

A cada avaliação, os indivíduos realizavam 3 tentativas,<br />

de onde foi retira<strong>do</strong> uma média. Os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s da<br />

1ª, 2ª e 3ª avaliações foram analisa<strong>do</strong>s estaticamente por test<br />

T (Student).<br />

Resulta<strong>do</strong>s<br />

Os resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s estão expostos na Tabela I:<br />

Tabela I - Resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> teste <strong>do</strong> Banco de Wells na 1ª, 2ª e 3ª<br />

avaliações.<br />

Indivíduos 1ª avaliação 2ª avaliação 3ª avaliação<br />

1 14,6 16,6 16,3<br />

2 15,3 16,6 16,8<br />

3 1,8 10,0* 9,3*<br />

4 20,6 19,3 19,0<br />

5 6,3 13,0* 16,0*<br />

6 13,6 15,0 13,0<br />

7 7,6 13,3* 16,6* #<br />

Média 11,4±6,4 14,8±3,0 15,3±3,2<br />

* - Diferença significante em relação à 1ª avaliação.<br />

# - Diferença significante em relação à 2ª avaliação.<br />

Somente os indivíduos 3, 5 e 7 apresentaram diferenças<br />

estatísticas entre a 1ª e 3ª avaliações quan<strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>s individualmente.<br />

A média <strong>do</strong> grupo também não foi estatisticamente<br />

signifi cante, porém houve um aumento da fl exibilidade em<br />

29,8% quan<strong>do</strong> comparadas a 1ª e 2ª avaliações, 34,2% entre<br />

a 1ª e 3ª avaliações e 3,3% entre a 2ª e 3ª avaliações.<br />

Discussão<br />

O alongamento estático é um <strong>do</strong>s mais efi cazes, além de<br />

constar na literatura como o mais seguro [2]. Caromano &<br />

Kerbany encontraram diferenças signifi cantes de aumento da<br />

fl exibilidade em um programa individual de treinamento físico<br />

para quatro i<strong>do</strong>sos [8]. No presente trabalho, os resulta<strong>do</strong>s<br />

demonstraram um aumento da fl exibilidade com a utilização<br />

<strong>do</strong> alongamento estático. Embora tenha existi<strong>do</strong> um aumento<br />

percentual da fl exibilidade, não houve diferença estatística<br />

signifi cante entre as médias <strong>do</strong> grupo. Acreditamos que este<br />

resulta<strong>do</strong> se deve ao fato de que o alongamento tenha si<strong>do</strong><br />

em grupo e não de forma individual.<br />

O treino de flexibilidade tem como efeito imediato<br />

aumento na amplitude de movimento pelo decréscimo na<br />

viscoelasticidade muscular [9]. Porém, após um perío<strong>do</strong><br />

de treinamento, o aumento na amplitude de movimento e,<br />

portanto, na fl exibilidade, se deve ao ganho de sarcômeros em<br />

41<br />

série [10]. O programa de alongamento utiliza<strong>do</strong> neste trabalho<br />

teve duração de 10 semanas, ou seja, houve um perío<strong>do</strong><br />

de treinamento relativamente longo. Desta forma, é possível<br />

que o aumento percentual da fl exibilidade seja explica<strong>do</strong> pelo<br />

acréscimo <strong>do</strong> número de sarcômeros em série.<br />

Alguns autores afi rmam que os ganhos obti<strong>do</strong>s com alongamentos<br />

de curta duração são transitórios e atribuí<strong>do</strong>s a uma<br />

folga temporária entre as actinas e miosinas nos sarcômeros.<br />

Já os alongamentos de 20 segun<strong>do</strong>s ou mais trariam ganhos<br />

mais dura<strong>do</strong>uros [5]. Segun<strong>do</strong> Bandy et al. [11], a duração<br />

<strong>do</strong> alongamento estático estabelecida entre 30 e 60 segun<strong>do</strong>s<br />

é efi ciente em aumentar a fl exibilidade. No programa<br />

de alongamento utiliza<strong>do</strong> neste trabalho, cada exercício de<br />

alongamento era sustenta<strong>do</strong> por 60 segun<strong>do</strong>s. Desta forma, o<br />

tempo utiliza<strong>do</strong> foi efi caz para alcançar o objetivo proposto,<br />

ou seja, ganho de fl exibilidade.<br />

Funções músculo-esqueléticas debilitadas, especialmente<br />

fraqueza, infl exibilidade e <strong>do</strong>r, podem causar incapacidade<br />

progressiva, provocan<strong>do</strong> limitação na mobilidade<br />

e conseqüente diminuição na qualidade de vida [4]. Neste<br />

trabalho, a qualidade de vida esteve intimamente relacionada<br />

com os ganhos de fl exibilidade, pois as integrantes <strong>do</strong> grupo<br />

relataram que com as sessões de alongamento houve um<br />

aumento <strong>do</strong> bem estar físico e uma maior motivação para<br />

execução das tarefas diárias (todas as componentes <strong>do</strong> grupo<br />

eram <strong>do</strong> lar). Todas relataram que suas atividades diárias se<br />

tornaram mais prazerosas e menos cansativas (da<strong>do</strong>s não<br />

demonstra<strong>do</strong>s neste trabalho).<br />

Levan<strong>do</strong> em conta que o homem contemporâneo utiliza-se<br />

cada vez menos de suas potencialidades corporais e de que o<br />

baixo nível de atividade física é fator decisivo no desenvolvimento<br />

de <strong>do</strong>enças degenerativas, existe a necessidade de se<br />

promover mudanças no seu estilo de vida, levan<strong>do</strong>-o a incorporar<br />

a prática de atividades físicas ao seu cotidiano, mesmo<br />

porque a atividade física é um fator preponderante para a manutenção<br />

<strong>do</strong> tônus muscular e, dessa forma, da manutenção<br />

de uma boa postura e uma boa fl exibilidade [1]. Sen<strong>do</strong> assim,<br />

a formação de grupos de tratamento deve ser incentivada por<br />

profi ssionais da saúde, assim como a prescrição <strong>do</strong>s exercícios<br />

de fl exibilidade, necessários para aquisição de hábitos de uma<br />

boa postura e melhora da consciência corporal.<br />

Conclusão<br />

Embora os resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s não tenham si<strong>do</strong> estatisticamente<br />

signifi cantes em to<strong>do</strong>s os indivíduos estuda<strong>do</strong>s,<br />

o programa de alongamento estático desenvolvi<strong>do</strong> em grupo<br />

foi efi caz em aumentar o percentual de fl exibilidade das<br />

mulheres em questão.<br />

Referências<br />

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42<br />

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2a ed. Porto Alegre: Artmed; 1999.p.166-70.<br />

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5. Kisner C, Colby LA. Alongamento. In: Exercícios terapêuticos,<br />

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6. Pinfi ld CE, Pra<strong>do</strong> RP, Liebano RE. Efeito <strong>do</strong> Alongamento<br />

Estático após diatermia de ondas curtas versus Alongamento<br />

Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

Estático nos músculos isquiotibiais em mulheres sedentárias.<br />

Fisioter Bras 2004;5(2):119-24.<br />

7. Treuherz RM. Educação Física – exercícios básicos e específi cos.<br />

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11. Bandy WD, Irion JM, Briggler M. Th e eff ect of time and<br />

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muscles. Phys Th er 1997;77:1090-96.


Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

Revisão<br />

Questionário de Prontidão para<br />

Atividade Física (PAR-Q)<br />

Physical Activity Readiness Questionnaire (PAR-Q)<br />

Leonar<strong>do</strong> Gomes de Oliveira Luz*, Paulo de Tarso Veras Farinatti**<br />

*Laboratório de Atividades Físicas e Promoção da Saúde (LABSAU) – Instituto de Educação Física e Desportos da Universidade <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro (UERJ), Escola de Educação Física <strong>do</strong> Centro Universitário da Cidade (UniverCidade), Programa de<br />

Pós-graduação em Educação Física da Universidade Gama Filho,** Laboratório Atividades Físicas e Promoção da Saúde (LABSAU)<br />

– Instituto de Educação Física e Desportos da Universidade <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro (UERJ)<br />

Resumo<br />

A avaliação <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de prontidão para realizar exercícios físicos<br />

é um passo importante para a sua prescrição. Na impossibilidade<br />

de realizar avaliações clínicas, a utilização de screenings rápi<strong>do</strong>s<br />

pode ser alternativa para a detecção daqueles que necessitam de<br />

maior atenção antes de se submeterem a um programa regular ou<br />

a um aumento da intensidade de trabalho. Para os devi<strong>do</strong>s fi ns, o<br />

Physical Activity Readiness Questionnaire (PAR-Q) é comumente<br />

indica<strong>do</strong> pela literatura. A presente revisão da literatura teve como<br />

objetivo identifi car o esta<strong>do</strong> da produção científi ca existente a<br />

respeito <strong>do</strong> PAR-Q, principalmente no que diz respeito à sua aplicação<br />

em populações com idade avançada. O estu<strong>do</strong> evidenciou<br />

uma fragilidade <strong>do</strong> instrumento quanto à sua acurácia, devi<strong>do</strong> à<br />

falta de estu<strong>do</strong>s que tenham verifi ca<strong>do</strong> sua sensibilidade (SE) e<br />

especifi cidade (ES). Desde o seu desenvolvimento na década de 70,<br />

poucos estu<strong>do</strong>s objetivaram identifi car a aplicabilidade <strong>do</strong> PAR-Q.<br />

Os poucos trabalhos encontra<strong>do</strong>s, que procuraram avaliar tais variáveis,<br />

obtiveram resulta<strong>do</strong>s de SE e de ES infl uencia<strong>do</strong>s pela forma<br />

como compreendiam e calcularam seus valores. No caso das pessoas<br />

i<strong>do</strong>sas, as informações disponíveis sobre a acurácia <strong>do</strong> instrumento<br />

são, francamente, insufi cientes.<br />

Palavras-chaves: questionário, screening e exercício físico.<br />

43<br />

Abstract<br />

Th e physical activity readiness assessment is an important step<br />

before the exercise prescription. Th e use of fast screenings, as the<br />

Physical Activity Readiness Questionnaire (PAR-Q), can be an<br />

alternative for this assessment, especially when it is not possible to<br />

carry out clinical examinations. However, its accuracy was not well<br />

established in elderly with diff erent educational status. Th is study<br />

aimed to search the available scientifi c data regarding PAR-Q, mainly<br />

related to its application in older adults. Th e literature review showed<br />

that the questionnaire’s accuracy - sensitivity (SE), specifi city (SP)<br />

- has not been enough tested. Since its development in the 70’s,<br />

few studies had aimed to identify the applicability of the PAR-Q<br />

in diff erent samples and its SE and SP.<br />

Key-words: questionnaire, screening, exercise.<br />

Recebi<strong>do</strong> 12 de abril de 2005; aceito 25 de julho de 2005.<br />

Endereço para correspondência: Leonar<strong>do</strong> Gomes de Oliveira Luz, Rua Padre Ildefonso Penalba 45/306, Méier, 20775-020, Rio de<br />

Janeiro RJ, E-mail: ltluz@ig.com.br


44<br />

Introdução<br />

É bem aceita a importância da prática de exercícios físicos<br />

regulares para a saúde da população em geral. Porém, ingressar<br />

em programas de atividades físicas sem uma avaliação prévia<br />

é uma conduta que pode trazer riscos ao praticante. De<br />

acor<strong>do</strong> com o American College of Sports Medicine (ACSM)<br />

[1], previamente ao início de um programa de exercícios<br />

físicos, recomenda-se a realização de um exame médico,<br />

principalmente na presença de <strong>do</strong>enças (cardíaca, pulmonar<br />

ou metabólica), quan<strong>do</strong> a intensidade <strong>do</strong> exercício for maior<br />

que 60% da capacidade aeróbia máxima e em casos da existência<br />

de <strong>do</strong>is ou mais fatores de risco para acometimentos<br />

cardiovasculares ou metabólicos (Quadro 1). Nos casos em<br />

que o esforço não for maior que 60% da capacidade aeróbia<br />

máxima, se o praticante não possui nenhum sintoma de <strong>do</strong>ença<br />

e também não tem mais <strong>do</strong> que um fator de risco para<br />

<strong>do</strong>ença coronariana, o exame médico pré-exercício poderia<br />

ser dispensa<strong>do</strong>.<br />

Quadro 1 - Indicações <strong>do</strong> ACSM (2000) para exame médico<br />

pré-exercício.<br />

Variável Indicação para exame médico<br />

Existência de Sim, se cardíaca, pulmonar ou metabó-<br />

<strong>do</strong>ença<br />

lica.<br />

Sintomas ou sinais Sim, se cardíaca, pulmonar ou sugerin<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong>ença metabólica.<br />

Fator de risco para Sim, se <strong>do</strong>is ou mais fatores.<br />

<strong>do</strong>ença cardíaca<br />

Exercício intenso Sim, se homens > 40 anos ou mulheres<br />

> 50 anos.<br />

Nestes casos, a utilização de screenings com base em<br />

questionários pode ser uma ferramenta útil. Um <strong>do</strong>s testes<br />

mais recomenda<strong>do</strong>s para isso é o Physical Activity Readiness<br />

Questionnaire (PAR-Q) e sua versão revisada (rPAR-Q) [2-<br />

4]. Mas, em que pesem essas indicações favoráveis, algumas<br />

lacunas persistem no que toca ao potencial de aplicação<br />

<strong>do</strong> PAR-Q e <strong>do</strong> rPAR-Q. Estu<strong>do</strong>s de validação são ainda<br />

mais raros, principalmente em populações de características<br />

diferentes daquelas <strong>do</strong>s países nos quais o questionário foi<br />

proposto, como as nações em desenvolvimento. No Brasil,<br />

por exemplo, os poucos estu<strong>do</strong>s existentes apresentam-se na<br />

forma de comunicações livres em congressos [5-9].<br />

Desse mo<strong>do</strong>, pode-se dizer que ainda há razoável espaço<br />

para investimento em pesquisas que levantem a adequação da<br />

aplicação <strong>do</strong> PAR-Q, bem como de sua versão revisada, em<br />

situações específi cas. Esta é a preocupação da presente revisão<br />

da literatura. O objetivo a que se propôs o texto foi descrever<br />

com detalhes o processo de desenvolvimento <strong>do</strong> questionário,<br />

a forma de aplicá-lo e as possibilidades de interpretação de suas<br />

informações, assim como discutir as evidências disponíveis<br />

sobre sua validade e limitações de sua utilização.<br />

Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

Desenvolvimento e características <strong>do</strong> PAR-Q<br />

O PAR-Q foi desenvolvi<strong>do</strong> na década de 1970 como<br />

um méto<strong>do</strong> econômico de identifi car pessoas para quem um<br />

aumento da atividade física poderia ser contra-indica<strong>do</strong> [10].<br />

Na verdade, o PAR-Q é uma versão mais breve <strong>do</strong> screening<br />

utiliza<strong>do</strong> na bateria de avaliação e prescrição de exercícios<br />

<strong>do</strong> Canadian Home Fitness. Originalmente, tratava-se de um<br />

questionário composto por 19 itens, elabora<strong>do</strong> pelo Ministério<br />

da Saúde da província canadense de British Columbia, que<br />

logo assumiu um formato mais simplifi ca<strong>do</strong> após comparação<br />

de suas respostas com um exame médico, que era composto<br />

por mensuração da pressão arterial em repouso, eletrocardiograma<br />

de repouso e em esforço físico [10]. Nesse novo<br />

formato, o questionário passou a englobar as sete perguntas<br />

consideradas mais efetivas na detecção de contra-indicações<br />

médicas ao exercício físico. A partir daí, o PAR-Q foi en<strong>do</strong>ssa<strong>do</strong><br />

pelo Fitness Canada e usa<strong>do</strong> em conjunto com o Canadian<br />

Home Fitness Test e o Canadian Standard Test of Fitness.<br />

Sua utilização não se limitou apenas ao Canadá, passan<strong>do</strong> a<br />

ser a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> em vários países, incluin<strong>do</strong> os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s,<br />

como um screening pré-exercício usa<strong>do</strong> não somente como<br />

um teste preliminar para a prática de exercícios, mas também<br />

como forma de identifi car riscos para ingressar em programas<br />

individuais e coletivos de atividades físicas [11].<br />

Cardinal e colabora<strong>do</strong>res [12] mencionavam que, desde sua<br />

introdução até aquele momento, o PAR-Q havia si<strong>do</strong> ministra<strong>do</strong><br />

a mais de um milhão de pessoas, que não apresentaram nenhuma<br />

complicação cardiovascular com a prática de atividades físicas.<br />

Por este motivo, desde 1991, o ACSM [13] recomenda o PAR-Q<br />

como uma avaliação prévia segura para adultos (homens < 40<br />

e mulheres < 50 anos) que desejariam começar um programa<br />

de exercícios físicos de intensidade baixa a moderada. A versão<br />

original <strong>do</strong> PAR-Q é apresentada no Quadro 2.<br />

Quadro 2- Questões usadas no PAR-Q original.<br />

1. O seu médico já lhe disse alguma vez que você apresenta<br />

um problema cardíaco? ( ) Sim ( ) Não<br />

2. Você apresenta <strong>do</strong>res no peito com freqüência?<br />

( ) Sim ( ) Não<br />

3. Você apresenta episódios freqüentes de tonteira ou sensação<br />

de desmaio? ( ) Sim ( ) Não<br />

4. Seu médico alguma vez já lhe disse que sua pressão sanguínea<br />

era muito alta? ( ) Sim ( ) Não<br />

5. Seu médico alguma vez já lhe disse que você apresenta<br />

um problema ósseo ou articular, como uma artrite, que tenha<br />

si<strong>do</strong> agrava<strong>do</strong> pela prática de exercícios, ou que possa ser<br />

por eles agrava<strong>do</strong>? ( ) Sim ( ) Não<br />

6. Existe alguma boa razão física, não mencionada aqui,<br />

para que você não siga um programa de atividade física, se<br />

desejar fazê-lo? ( )Sim ( ) Não<br />

7. Você tem mais de 65 anos e não está acostuma<strong>do</strong> a se<br />

exercitar vigorosamente? ( ) Sim ( ) Não


Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

Para autores como Pollock e Wilmore [4] ou agências<br />

como a Canadian Society for Exercise Physiology [14], o<br />

PAR-Q foi elabora<strong>do</strong> a fi m de oferecer uma alternativa para<br />

o indivíduo ajudar-se no processo de avaliação pré-exercício.<br />

Assim, as perguntas <strong>do</strong> questionário devem ser respondidas<br />

pelo próprio sujeito. O indivíduo deve ler as questões com<br />

atenção e marcar SIM ou NÃO nos parênteses correspondentes<br />

às respostas [14]. No caso de SIM a uma ou mais<br />

perguntas, o questionário é considera<strong>do</strong> positivo e aconselhase<br />

que o avalia<strong>do</strong> procure um médico antes de intensifi car<br />

suas atividades físicas e/ou de ingressar em um programa de<br />

condicionamento físico. No caso de as respostas serem todas<br />

negativas, o questionário é classifi ca<strong>do</strong> como negativo e o<br />

indivíduo pode acrescentar à sua vida uma atividade física<br />

cuja intensidade não deveria ultrapassar 60% da capacidade<br />

aeróbia máxima.<br />

Acurácia <strong>do</strong> PAR-Q - sensibilidade e especificidade<br />

Quan<strong>do</strong> as respostas <strong>do</strong> PAR-Q são comparadas com<br />

o lau<strong>do</strong> de exames clínicos, está-se avalian<strong>do</strong> se o questionário<br />

foi efi ciente ou não. Quan<strong>do</strong> há uma concordância<br />

entre os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> questionário e <strong>do</strong> exame médico,<br />

diz-se que o PAR-Q foi verdadeiro. Ao contrário, se não<br />

houver tal relação, diz-se que o PAR-Q foi falso. O PAR-Q<br />

é composto por sete perguntas que seriam, em princípio,<br />

100% sensíveis e aproximadamente 80% específi cas para<br />

detecção de contra-indicações médicas [12]. A sensibilidade<br />

(SE) <strong>do</strong> teste pode ser entendida como o número de sujeitos<br />

para os quais o questionário revela-se verdadeiro-positivo<br />

(concordância de contra-indicação médica e <strong>do</strong> PAR-Q),<br />

dividi<strong>do</strong> pelo número de sujeitos que mostraram uma característica<br />

adversa no teste clínico. Logo, a SE diz respeito<br />

ao potencial <strong>do</strong> questionário em apontar, com pertinência,<br />

casos em que haveria contra-indicação real à prática de<br />

atividades físicas. Já a especifi cidade (ES) diz respeito ao<br />

total de questionários verdadeiro-negativos, dividi<strong>do</strong> pelo<br />

número de casos nos quais o exame clínico não encontrou<br />

nenhuma restrição para praticar atividade física. Em outras<br />

palavras, a ES refl ete a capacidade <strong>do</strong> instrumento em<br />

identifi car corretamente os casos em que o questionário foi<br />

classifi ca<strong>do</strong> como negativo.<br />

Shephard e colabora<strong>do</strong>res [15] estudaram a SE e a ES <strong>do</strong><br />

PAR-Q em 1130 sujeitos, num estu<strong>do</strong> que primeiro avaliou<br />

clinicamente a amostra e depois a submeteu ao questionário.<br />

O teste clínico considerou oito sujeitos como inaptos à prática<br />

de exercícios. Após a realização <strong>do</strong> PAR-Q, constatou-se<br />

que to<strong>do</strong>s os indivíduos rejeita<strong>do</strong>s pelo exame médico foram<br />

identifi ca<strong>do</strong>s pelo questionário, obten<strong>do</strong>-se, neste caso, uma<br />

SE de 100%. No entanto, além <strong>do</strong>s sujeitos que tiveram o<br />

questionário verdadeiro-positivo, outros 209 tiveram o questionário<br />

classifi ca<strong>do</strong> como falso-positivo, o que contribuiu<br />

para diminuir a ES <strong>do</strong> PAR-Q.<br />

45<br />

Os estu<strong>do</strong>s nacionais envolven<strong>do</strong> a identifi cação da SE<br />

e ES <strong>do</strong> PAR-Q em suas diferentes versões a<strong>do</strong>taram outras<br />

defi nições para estes conceitos [5-9]. Nestas pesquisas, a SE foi<br />

encarada como o índice de concordância entre os resulta<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong> teste clínico e <strong>do</strong> questionário, envolven<strong>do</strong> tanto os questionários<br />

positivos quanto os questionários negativos. Na verdade,<br />

a SE era obtida dividin<strong>do</strong>-se o número de questionários<br />

verdadeiros pelo número total de questionários. Por exemplo,<br />

uma SE de 90% signifi ca que 90 em cada 100 questionários<br />

tiveram o resulta<strong>do</strong> similar ao <strong>do</strong> exame clínico. Para o cálculo<br />

da ES foram delinea<strong>do</strong>s três parâmetros, estipula<strong>do</strong>s em função<br />

das variáveis ‘diagnosticadas’ pelo questionário, aos quais<br />

se convencionou chamar de: a) especifi cidade cardiovascular;<br />

b) especifi cidade ósteo-mio-articular; c) especifi cidade para<br />

outros problemas, na qual estavam inseridas particularidades<br />

não associadas aos itens anteriores. Quan<strong>do</strong> houvesse uma<br />

relação entre o motivo da exclusão <strong>do</strong> exame clínico e a resposta<br />

positiva <strong>do</strong> questionário, o questionário era considera<strong>do</strong><br />

específi co (Quadro 3).<br />

Quadro 3 - Especifi cidade das questões <strong>do</strong> PAR-Q por Farinatti,<br />

Monteiro, 1996.<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

5<br />

6<br />

7<br />

O seu médico já lhe disse alguma<br />

vez que você apresenta um problema<br />

cardíaco?<br />

Você apresenta <strong>do</strong>res no peito com<br />

freqüência?<br />

Você apresenta episódios freqüentes<br />

de tonteira ou sensação de desmaio?<br />

Seu médico alguma vez já lhe disse<br />

que sua pressão sanguínea era<br />

muito alta?<br />

Seu médico alguma vez já lhe disse<br />

que você apresenta um problema<br />

ósseo ou articular, como uma artrite,<br />

que tenha si<strong>do</strong> agrava<strong>do</strong> pela prática<br />

de exercícios, ou que possa ser<br />

por eles agrava<strong>do</strong>?<br />

Existe alguma boa razão física, não<br />

mencionada aqui, para que você<br />

não siga um programa de atividade<br />

física, se desejar fazê-lo?<br />

Você tem mais de 65 anos e não<br />

está acostuma<strong>do</strong> a se exercitar<br />

vigorosamente?<br />

Especificidade<br />

cardiovascular<br />

Especificidade<br />

cardiovascular<br />

Especificidade<br />

cardiovascular<br />

Especificidade<br />

cardiovascular<br />

Especificidade osteo-mio-articular<br />

Especificidade<br />

para outros problemas<br />

Especificidade<br />

para outros problemas<br />

Farinatti e Monteiro [7] estudaram a SE e a ES <strong>do</strong> PAR-<br />

Q em ofi ciais da Força Aérea Brasileira (FAB). Para tanto,<br />

foram distribuí<strong>do</strong>s 109 questionários para indivíduos <strong>do</strong> sexo<br />

masculino, com média de idade de 33,8 anos, que realizavam<br />

cursos na Escola de Aperfeiçoamento de Ofi ciais da Aeronáutica.<br />

Posteriormente, os autores selecionaram 20 questionários<br />

por ran<strong>do</strong>mização simples, sen<strong>do</strong> 10 positivos e 10 negativos.


46<br />

Dos 20 questionários testa<strong>do</strong>s, apenas um não se mostrou<br />

sensível, o mesmo ocorren<strong>do</strong> para os parâmetros de ES. Em<br />

outro estu<strong>do</strong> publica<strong>do</strong> por Monteiro e colabora<strong>do</strong>res [6],<br />

também conduzi<strong>do</strong> com ofi ciais da FAB, após a comparação<br />

das respostas <strong>do</strong>s questionários com os lau<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s exames<br />

clínicos, a SE relatada foi de 83,3%. A ES também se mostrou<br />

elevada, apresentan<strong>do</strong> os seguintes valores: 83,3% (especifi cidade<br />

cardiovascular e especifi cidade para outros problemas)<br />

e 94,4% (especifi cidade osteo-mio-articular).<br />

Posteriormente, Monteiro e colabora<strong>do</strong>res [5] realizaram<br />

mais uma verifi cação da SE e da ES <strong>do</strong> PAR-Q com militares<br />

da FAB (37 ± 5 anos). Neste estu<strong>do</strong>, foram distribuí<strong>do</strong>s 255<br />

questionários e escolhi<strong>do</strong>s de forma randômica 55 classifi ca<strong>do</strong>s<br />

como negativos e 43 como positivos. Mais uma vez os<br />

resulta<strong>do</strong>s foram satisfatórios, sen<strong>do</strong> 92,9% para SE e um<br />

total de 89,8% para ES.<br />

Em suma, há evidências de que o PAR-Q se invista de<br />

SE e ES. No entanto, percebe-se, igualmente, uma certa carência<br />

de pesquisas que tivessem reproduzi<strong>do</strong> tais indicações<br />

em contextos populacionais diversifi ca<strong>do</strong>s, tanto nos países<br />

desenvolvi<strong>do</strong>s, quanto naqueles em desenvolvimento. Isso<br />

seria importante, quan<strong>do</strong> se sabe que as disparidades sócioeconômicas<br />

e educacionais nas populações desses países são<br />

sensivelmente maiores <strong>do</strong> que o encontra<strong>do</strong> nos países desenvolvi<strong>do</strong>s.<br />

Uma outra lacuna existente na literatura diz respeito<br />

ao que se entende por SE e ES, ten<strong>do</strong> em vista as divergências<br />

ocorridas no cálculo destes índices quan<strong>do</strong> se comparam os<br />

estu<strong>do</strong>s internacionais com os publica<strong>do</strong>s no Brasil, que são<br />

extremamente raros.<br />

Desenvolvimento <strong>do</strong> rPAR-Q<br />

Como visto, o PAR-Q vem sen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> na avaliação<br />

prévia a programas de exercícios físicos, sem que eventos<br />

adversos signifi cativos fossem constata<strong>do</strong>s. No entanto, um<br />

aspecto chamava a atenção: de forma geral, aproximadamente<br />

20% <strong>do</strong>s indivíduos adultos pareciam responder positivamente<br />

a uma ou mais questões <strong>do</strong> questionário, mesmo sem possuir<br />

nenhum comprometimento que os impedisse de começar<br />

a prática de exercícios físicos [15]. Ou seja, a versão original<br />

<strong>do</strong> PAR-Q estava associada a uma freqüência importante de<br />

resulta<strong>do</strong>s falso-positivos.<br />

Esses resulta<strong>do</strong>s mostravam que o questionário positivo<br />

estava excluin<strong>do</strong> desnecessariamente pessoas da prática de<br />

atividades físicas ou, quan<strong>do</strong> menos, induzin<strong>do</strong>-as a um exame<br />

médico que poderia ser dispensa<strong>do</strong>. Buscan<strong>do</strong> o aperfeiçoamento<br />

<strong>do</strong> instrumento, Shephard et al. [16] realizaram uma<br />

primeira revisão das questões <strong>do</strong> PAR-Q, elaboran<strong>do</strong>-as de<br />

maneira a elevar a ES <strong>do</strong> questionário, sem sacrifício de sua<br />

boa SE (Quadro 4). Tentava-se, com isso, diminuir a quantidade<br />

de falso-positivos, principalmente pela fl exibilização<br />

de alguns pontos, como o que dizia respeito à idade <strong>do</strong>s<br />

respondentes na Questão 7.<br />

Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

Quadro 4 - Versão revisada <strong>do</strong> PAR-Q (rPAR-Q).<br />

1. Algum médico já disse que você possui algum problema<br />

de coração e que só deveria realizar atividade<br />

física supervisionada por profissionais de saúde?<br />

2. Você sente <strong>do</strong>res no peito quan<strong>do</strong> pratica atividade<br />

física?<br />

3. No ultimo mês, você sentiu <strong>do</strong>res no peito quan<strong>do</strong><br />

praticava atividade física?<br />

4. Você apresenta desequilíbrio devi<strong>do</strong> à tontura e/ou<br />

perda de consciência?<br />

5. Você possui algum problema ósseo ou articular que<br />

poderia ser piora<strong>do</strong> pela atividade física?<br />

6. Você toma atualmente algum medicamento para<br />

pressão arterial e/ou problema de coração?<br />

7. Sabe de alguma outra razão pela qual você não<br />

deve realizar atividade física?<br />

(Shephard, et al., 1991)<br />

No ano seguinte, a versão revisada, assim como o paralelo<br />

com a versão original, foi publicada em artigo de Th omas et al.<br />

[17] para cruzamento <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is formatos (Quadro 5). Naquele<br />

estu<strong>do</strong>, foram analisadas as respostas de 399 indivíduos, de<br />

ambos os sexos, com uma média de idade de 33 ± 11 anos,<br />

aos questionários PAR-Q e rPAR-Q. A ordem de preenchimento<br />

<strong>do</strong>s questionários foi estabelecida de forma randômica.<br />

Primeiro, uma parte <strong>do</strong> grupo respondeu às perguntas <strong>do</strong><br />

PAR-Q e a outra <strong>do</strong> rPAR-Q. Depois, a ordem das respostas<br />

invertia-se. Os resulta<strong>do</strong>s mostraram que houve uma redução<br />

signifi cativa de 68 para 48 indivíduos excluí<strong>do</strong>s entre PAR-Q<br />

e rPAR-Q, respectivamente (p < 0,05).<br />

Shephard et al. [15] identifi caram que as maiores incidências<br />

de respostas positivas, no questionário original,<br />

eram nas Questões 4 e 5. Ou seja, uma questão que diz<br />

respeito ao sistema cardiovascular (4) e uma relacionada ao<br />

componente osteo-mio-articular (5). Já Th omas et al. [17],<br />

comparan<strong>do</strong> ambas as versões <strong>do</strong> PAR-Q, relataram que o<br />

maior erro relaciona<strong>do</strong> às exclusões <strong>do</strong> instrumento original<br />

estava associa<strong>do</strong> à questão que remetia à pressão arterial. Em<br />

se tratan<strong>do</strong> da população i<strong>do</strong>sa, Shephard et al.[16] mencionaram<br />

que os sujeitos que foram excluí<strong>do</strong>s pelas questões 2,<br />

4 e 5 no questionário original e não o foram no instrumento<br />

revisa<strong>do</strong>, apresentavam faixa etária acima da média da amostra<br />

<strong>do</strong> estu<strong>do</strong>. Tal resulta<strong>do</strong> confi rmou a importância de<br />

se reverem tais perguntas, ainda mais quan<strong>do</strong> se tratava de<br />

indivíduos i<strong>do</strong>sos.<br />

Neste senti<strong>do</strong>, Cardinal et al. [12] também compararam<br />

o número de exclusões resultantes <strong>do</strong> PAR-Q e <strong>do</strong> rPAR-Q.<br />

Porém, a amostra estudada foi de 193 i<strong>do</strong>sos, com idades<br />

entre 60 a 69 anos (65 ± 3 anos), voluntários <strong>do</strong> Community<br />

Nutrition Center. A ordem de resposta aos questionários<br />

também foi estipulada de forma randômica, com metade da<br />

amostra responden<strong>do</strong> a um <strong>do</strong>s questionários no primeiro dia<br />

e ao outro no segun<strong>do</strong>, o mesmo acontecen<strong>do</strong> com a outra


Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

metade. Os autores identifi caram uma redução signifi cativa<br />

de exclusão (p < 0,05) quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s os resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

PAR-Q e <strong>do</strong> rPAR-Q, respectivamente, de 146 para 128 casos<br />

(75,7% para 66,3%) e sugeriram que, embora haja resulta<strong>do</strong>s<br />

que indiquem uma diferença entre o número de questionários<br />

falso-positivos <strong>do</strong> PAR-Q e de sua versão revisada, mais<br />

estu<strong>do</strong>s seriam fundamentais para se ratifi car esta tendência,<br />

principalmente em se tratan<strong>do</strong> <strong>do</strong> público i<strong>do</strong>so.<br />

Quadro 5 - Paralelo da versão original com a revisada <strong>do</strong> PAR-Q.<br />

1. O seu médico já lhe disse<br />

alguma vez que você apresenta<br />

um problema cardíaco?<br />

2. Você apresenta <strong>do</strong>res no peito<br />

com freqüência?<br />

3. Você apresenta episódios<br />

freqüentes de tonteira ou sensação<br />

de desmaio?<br />

4. Seu médico alguma vez<br />

já lhe disse que sua pressão<br />

sanguínea era muito alta?<br />

5. Seu médico alguma vez já<br />

lhe disse que você apresenta<br />

um problema ósseo ou articular,<br />

como uma artrite, que tenha<br />

si<strong>do</strong> agrava<strong>do</strong> pela prática<br />

de exercícios, ou que possa ser<br />

por eles agrava<strong>do</strong>?<br />

6. Existe alguma boa razão<br />

física, não mencionada aqui,<br />

para que você não siga um<br />

programa de atividade física,<br />

se desejar fazê-lo?<br />

7. Você tem mais de 65 anos<br />

e não está acostuma<strong>do</strong> a se<br />

exercitar vigorosamente?<br />

Sem questão associada<br />

(Thomas et. al., 1992)<br />

Validade <strong>do</strong> instrumento<br />

1. Algum médico já disse<br />

que você possui algum<br />

problema de coração e que<br />

só deveria realizar atividade<br />

física supervisionada por<br />

profissionais de saúde?<br />

2. Você sente <strong>do</strong>res no peito<br />

quan<strong>do</strong> pratica atividade<br />

física?<br />

4. Você apresenta desequilíbrio<br />

devi<strong>do</strong> à tontura e/ou<br />

perda de consciência?<br />

6. Você toma atualmente<br />

algum medicamento para<br />

pressão arterial e/ou problema<br />

de coração?<br />

5. Você possui algum<br />

problema ósseo ou articular<br />

que poderia ser piora<strong>do</strong><br />

pela atividade física?<br />

7. Sabe de alguma outra razão<br />

pela qual você não deve<br />

realizar atividade física?<br />

Sem questão associada<br />

3. No ultimo mês, você sentiu<br />

<strong>do</strong>res no peito quan<strong>do</strong><br />

praticava atividade física?<br />

A quantidade de pesquisas envolven<strong>do</strong> a verifi cação da<br />

aplicabilidade das versões <strong>do</strong> PAR-Q, traduzida pela determinação<br />

da SE e ES, ainda é pequena, indican<strong>do</strong> um quadro<br />

de inconsistência quanto à possibilidade de aplicação universal<br />

<strong>do</strong> instrumento. De fato, a SE e a ES <strong>do</strong> PAR-Q foram<br />

medidas apenas no texto de Shephard et al.[15] e o que se<br />

47<br />

pode identifi car, a partir de então, é uma busca na literatura<br />

para reduzir o contingente de questionários falso-positivos<br />

[12,15,17]. Isso é ainda mais problemático quan<strong>do</strong> se trata<br />

de grupos oriun<strong>do</strong>s de países em desenvolvimento ou com<br />

características especiais, como é o caso das pessoas i<strong>do</strong>sas. No<br />

caso particular <strong>do</strong> Brasil, além de serem poucos, os estu<strong>do</strong>s<br />

disponíveis encontram-se principalmente sob a forma de<br />

resumos para congressos científi cos. Além disso, SE e ES<br />

são determinadas a partir de premissas diferentes daquelas<br />

a<strong>do</strong>tadas nos estu<strong>do</strong>s publica<strong>do</strong>s em outros países.<br />

Deduz-se que a disponibilidade de estu<strong>do</strong>s de validação<br />

<strong>do</strong> questionário (PAR-Q ou rPAR-Q) em diferentes contextos<br />

populacionais é pequena, senão inexistente. Por outro la<strong>do</strong>,<br />

sabe-se que vários fatores podem infl uenciar na precisão das<br />

respostas a instrumentos auto-referi<strong>do</strong>s. Quan<strong>do</strong> se trata de<br />

indivíduos com mais idade, essas limitações assumem proporções<br />

ainda maiores, em virtude de diversos aspectos, dentre<br />

os quais alguns podem ser destaca<strong>do</strong>s.<br />

Em primeiro lugar, as condições educacionais e sócioeconômicas<br />

têm si<strong>do</strong> apontadas como intervenientes nas<br />

respostas, infl uencian<strong>do</strong> a qualidade da informação [18,19].<br />

Assim, os questionários deveriam ter seu nível de complexidade<br />

adequa<strong>do</strong> à população que se deseja observar. Independentemente<br />

<strong>do</strong> nível de escolaridade ou poder aquisitivo, a<br />

elaboração <strong>do</strong>s questionários deveria considerar diferenças<br />

culturais importantes, ligadas ao fato que existe uma subcultura<br />

específi ca aos i<strong>do</strong>sos, independentemente da região<br />

em que vivem.<br />

Outra variável que deveria ser levada em conta é a possibilidade<br />

de os i<strong>do</strong>sos exibirem condições patológicas que<br />

difi cultam a compreensão e resposta ao questionário, por<br />

exemplo, senilidade e defi ciência visual. As entrevistas, portanto,<br />

precisariam ser adaptadas, não necessariamente valen<strong>do</strong>-se<br />

de questionários auto-referi<strong>do</strong>s. Em muitos casos, além disso,<br />

deve-se notar que questionários auto-respondi<strong>do</strong>s pelos i<strong>do</strong>sos<br />

podem ter suas respostas infl uenciadas por terceiros, como<br />

os membros da família [20]. Nenhum destes aspectos teve<br />

sua infl uência convenientemente apreciada em estu<strong>do</strong>s de<br />

validação <strong>do</strong> PAR-Q, em quaisquer de suas versões.<br />

Conclusão<br />

O PAR-Q e sua versão revisada são comumente indica<strong>do</strong>s<br />

como instrumentos para avaliar pessoas que ingressam em<br />

programas de exercícios físicos. Em que pesem essas indicações,<br />

parece existir uma lacuna na literatura quanto à sua<br />

acurácia, devi<strong>do</strong> à falta de estu<strong>do</strong>s que tenham verifi ca<strong>do</strong> sua<br />

SE e ES. Desde o seu desenvolvimento na década de 1970,<br />

até o presente momento, poucos estu<strong>do</strong>s objetivaram identifi<br />

car a aplicabilidade <strong>do</strong> PAR-Q e <strong>do</strong> rPAR-Q para diferentes<br />

tipos de população. Os poucos trabalhos encontra<strong>do</strong>s, que<br />

procuraram avaliar tais variáveis, obtiveram resulta<strong>do</strong>s de<br />

SE e de ES infl uencia<strong>do</strong>s pela forma como compreendiam<br />

e calcularam seus índices. No caso das pessoas i<strong>do</strong>sas, as in-


48<br />

formações disponíveis sobre a validade <strong>do</strong> instrumento são,<br />

francamente, insufi cientes.<br />

Torna-se evidente que o instrumento, apesar de ser freqüentemente<br />

indica<strong>do</strong> como screening antes da participação<br />

de atividades físicas moderadas, pode apresentar falhas que<br />

colocariam em risco seu uso com essa fi nalidade. Desse<br />

mo<strong>do</strong>, mais estu<strong>do</strong>s que objetivem a verifi cação da SE e ES<br />

<strong>do</strong> PAR-Q e <strong>do</strong> rPAR-Q deveriam ser realiza<strong>do</strong>s, envolven<strong>do</strong><br />

diferentes grupos populacionais e contextos sócio-econômicos-culturais.<br />

O investimento em pesquisas nessa direção é<br />

importante para que se obtenham resulta<strong>do</strong>s que permitam<br />

pensar na universalização da recomendação <strong>do</strong> questionário<br />

como parte da avaliação de indivíduos que desejam iniciar<br />

um programa de exercícios físicos.<br />

Referências<br />

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6a ed. Philadelphia: Lippencott, Williams & Wilkins; 2000.<br />

2. AHA/ACSM Scientific Statement. Recommendations for<br />

cardiovascular screening, staffi ng, and emergency policies at<br />

health/fi tness facilities. Circulation 1998;97: 2283-93.<br />

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Sociedade Brasileira de Medicina <strong>do</strong> Esporte: atividade física e<br />

saúde. Rev Bras Med Esporte 1996;2(4);79:81.<br />

4. Pollock ML, Wilmore JH. Exercícios na saúde e na <strong>do</strong>ença. 2a<br />

ed. Rio de Janeiro: Medsi; 1993.<br />

5. Monteiro WD, Soter P, Cavalcante S, Farinatti P. Validação <strong>do</strong><br />

questionário Par-Q: sensibilidade e especifi cidade <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> em<br />

militares da Força Aérea Brasileira. 8° Congresso de Educação<br />

Física e Ciências <strong>do</strong> Desporto <strong>do</strong>s países de língua portuguesa<br />

2000;13-7.<br />

6. Monteiro WD, Soter PCS, Martins RCA, Farinatti PTV. Terceiro<br />

estu<strong>do</strong> sobre a sensibilidade e especifi cidade <strong>do</strong> questionário<br />

Par-Q em militares da Força Aérea Brasileira. XXI Simpósio<br />

Internacional de Ciências <strong>do</strong> Esporte “Atividade Física: Passaporte<br />

para a Saúde” 1998;08-11.<br />

7. Farinatti PTV, Monteiro WD. Estu<strong>do</strong> da sensibilidade e especifi<br />

cidade <strong>do</strong> Par-Q em Ofi ciais da Força Aérea Brasileira.<br />

Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

XX Simpósio Internacional de Ciências <strong>do</strong> Esporte “ Saúde,<br />

Nutrição e Performance” 1996;03-06.<br />

8. Monteiro WD, Soter P, Martins R, Amorim PR, Fatinatti PTV.<br />

Segun<strong>do</strong> estu<strong>do</strong> sobre a sensibilidade e especifi cidade <strong>do</strong> PAR-<br />

Q na Força Aérea Brasileira. Anais <strong>do</strong> XVII Congresso Panamericano<br />

de Medicina <strong>do</strong> Esporte e XIII Congresso Brasileiro<br />

de Medicina <strong>do</strong> Esporte. Grama<strong>do</strong>, Rio Grande <strong>do</strong> Sul 1997;<br />

p.43.<br />

9. Lazzoli JK, Castro CLB, Miranda RF, Stipp CA, Nunes JOM,<br />

Araújo CGS. Sensibilidade e especifi cidade <strong>do</strong> Par-Q na identifi<br />

cação de indivíduos de maior risco cardiovascular ao exercício.<br />

Arq Bras Cardiol 1993;61(Supl II):2-95.<br />

10. Chisholm DM, Collis ML, Kulak LL, Davenport W, Gruber<br />

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11. Shephard RJ. PAR-Q, Canadian Home Fitness Test and screening<br />

alternatives. Sports Medicine 1988;5:185-95.<br />

12. Cardinal BJ, Esters J, Cardinal MK. Evaluation of the revised<br />

physical readiness questionnaire in older adults. Med Sci Sports<br />

Exerc 1996;28(4);468-72.<br />

13. American College of Sports Medicine. Guidelines for graded<br />

exercise testing and prescription. 4 th ed. Philadelphia: Lea &<br />

Febiger; 1991.<br />

14. Canadian Society for Exercise Physiology. PAR-Q and YOU.<br />

Ontario: Canadian Society for Exercise Physiology; 1994.<br />

p.1-2.<br />

15. Shephard RJ, Cox MH, Simper K. An analysis of “PAR-Q”<br />

responses in an offi ce population. Can J Public Health 1981;<br />

72:37-40.<br />

16. Shephard RJ, Th omas S, Weller I. Th e Canadian Home Fitness<br />

Test-1991 Update. Sports Medicine 1991;11(6):358-66.<br />

17. Th omas S, Reading J, Shephard RJ. Revision of the Physical<br />

Activity Readiness Questionnaire (PAR-Q). Can J Spt Sci<br />

1992;17(3);3338-345.<br />

18. Washburn RA, Goldfi eld SR, Smith KW, McKinlay JB. Th e<br />

validity of self-reported exercise-induced sweating as a measure<br />

of physical activity. Am J Epidemiol 1990;132: 107-13.<br />

19. Washburn RA, Montoye HJ. Th e assessment of physical activity<br />

by questionnaire. Am J Epidemiol 1986;123:563-76.<br />

20. Montoye HJ, Kemper HCG, Saris WHM, Washburn RA. Measuring<br />

physical activity and energy expenditure. Champaign:<br />

Human Kinetics; 1996.


Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

Revisão<br />

Hipertensão arterial: uma abordagem direcionada aos<br />

efeitos <strong>do</strong> treinamento, mecanismos hipotensivos e<br />

respostas a programas de exercícios<br />

Arterial hypertension: effects of physical training, hypotensive<br />

mechanisms and applicability of exercise programs<br />

Kalline Russo*, Walace Monteiro**<br />

*Laboratório de Atividade Física e Promoção da Saúde - Universidade <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro (LABSAU/UERJ), **Laboratório<br />

de Atividade Física e Promoção da Saúde - Universidade <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro (LABSAU/UERJ), Programa de Pós-graduação<br />

em Ciências da Atividade Física - Universidade Salga<strong>do</strong> de Oliveira (UNIVERSO)<br />

Resumo<br />

A Hipertensão Arterial (HA) é uma condição multifatorial,<br />

associada a uma pressão arterial (PA) maior ou igual a 140/90<br />

mmHg ou ao uso de medicamentos anti-hipertensivos. No Brasil,<br />

estu<strong>do</strong>s epidemiológicos estimam uma prevalência da HA em<br />

torno de 40% da população adulta com mais de 40 anos. Uma das<br />

principais formas de prevenção e tratamento da HA consiste nas<br />

modifi cações <strong>do</strong> estilo de vida. Dentre as modifi cações, destaca-se<br />

a prática regular de atividade física. Desta forma, os objetivos <strong>do</strong><br />

presente artigo são: a) revisar os efeitos <strong>do</strong> treinamento físico na<br />

PA; b) apresentar os potenciais mecanismos hipotensivos como<br />

resposta ao exercício; c) apresentar e discutir as diferentes estratégias<br />

de atividades físicas envolven<strong>do</strong> programas formais e não formais de<br />

prescrição de exercício. O primeiro objetivo aborda os efeitos agu<strong>do</strong>s<br />

e crônicos das diferentes formas de treinamento (aeróbio, de força<br />

e fl exibilidade), assim como a infl uência das diferentes variáveis de<br />

prescrição nas respostas da PA. O segun<strong>do</strong> objetivo apresenta os<br />

principais mecanismos neuro-humorais e estruturais que tentam<br />

explicar a hipotensão como resposta à prática <strong>do</strong> exercício. Quanto<br />

ao enfoque <strong>do</strong> terceiro objetivo, são discutidas a aplicabilidade,<br />

vantagens e desvantagens de programas formais e não-formais de<br />

prescrição de exercícios.<br />

Palavras-chave: hipertensão, exercício, hipotensão, fisiologia<br />

cardiovascular, atividade física.<br />

49<br />

Abstract<br />

Th e arterial hypertension (HA) is a multifactorial condition<br />

associated with blood pressure (BP) equal or higher than 140/90<br />

mmHg or with the anti-hypertensive drugs. Epidemiological data<br />

estimate that 40% of the Brazilian adult population are older than<br />

40 yrs. One of the alternative interventions to prevent and treat<br />

HA is the regular physical activity. Th us the purposes of the present<br />

paper are: a) to review the eff ects of physical training on the<br />

HA; b) to describe the main hypotensive mechanisms associated<br />

with the exercise; c) to present and discuss the diff erent strategies<br />

to prescribe physical activities for hypertensive subjects, especially<br />

supervised and non-supervised programs. Th e fi rst objective focuses<br />

the acute and chronic eff ects of diff erent training programs (aerobic,<br />

strength and fl exibility), as well the infl uence of the manipulation<br />

of diff erent prescription variables on BP responses. Th e second<br />

purpose presents the neuro-humoral mechanisms that explain the<br />

hypotension as consequence of regular exercise. Th e third purpose<br />

discusses the applicability, advantages and limitations of supervised<br />

and non-supervised exercise programs.<br />

Key-words: hypertension, exercise, hypotension, cardiovascular<br />

physiology, physical activity.<br />

Recebi<strong>do</strong> 20 de outubro de 2005; aceito 25 de novembro de 2005.<br />

Endereço para correspondência: Walace Monteiro, Laboratório de Atividade Física e Promoção da Saúde, Universidade <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

Rio de Janeiro (LABSAU/UERJ), Rua São Francisco Xavier, 524, 8º andar, sala 8133, Bloco F. Maracanã, 20599-900 Rio de Janeiro RJ,<br />

E-mail: wdm@uerj.br


50<br />

Introdução<br />

A Hipertensão Arterial (HA) é uma condição multifatorial,<br />

associada a uma pressão arterial (PA) maior ou igual a<br />

140/90 mmHg ou ao uso de medicamentos anti-hipertensivos<br />

[1,2], apresentan<strong>do</strong> <strong>do</strong>is estágios em virtude <strong>do</strong>s níveis de<br />

pressão sistólica e diastólica <strong>do</strong> indivíduo. Para adultos de<br />

dezoito anos ou mais, que não estão toman<strong>do</strong> medicamentos<br />

ou tenham <strong>do</strong>ença aguda, esses estágios são caracteriza<strong>do</strong>s da<br />

seguinte maneira: o estágio 1, (PA sistólica de 140 mmHg a<br />

159 mmHg e PA diastólica de 90 mmHg a 99 mmHg) e o<br />

estágio 2 (PA sistólica ≥ 160 mmHg e PA diastólica ≥ 100<br />

mmhg 3 . Soma<strong>do</strong> a isso, devi<strong>do</strong> à incidência duas vezes maior<br />

<strong>do</strong> risco de desenvolver HA em pessoas com PA sistólica de<br />

120 mmHg a 139 mmHg e PA diastólica de 80 mmHg a<br />

89 mmHg, uma nova categoria foi a<strong>do</strong>tada para pacientes<br />

que apresentam esses valores de PA: a pré-hipertensão. Esta<br />

categoria foi introduzida reconhecen<strong>do</strong> a relação entre a PA<br />

e o risco de <strong>do</strong>enças cardiovasculares, sinalizan<strong>do</strong> ainda, a<br />

necessidade de crescimento de educação para a saúde.<br />

No Brasil, estu<strong>do</strong>s epidemiológicos estimam prevalência<br />

em torno de 40% da população adulta com mais de 40 anos.<br />

Mas como o diagnóstico clínico requer avaliações sucessivas<br />

em diferentes ocasiões, a prevalência estimada da HA pode<br />

reduzir-se em 30% [4]. Além disso, a HA é um <strong>do</strong>s principais<br />

agravos à saúde no Brasil, pois eleva o custo médico-social,<br />

principalmente pelas suas complicações, como as <strong>do</strong>enças cérebro-vascular,<br />

arterial coronariana e vascular de extremidades,<br />

além das insufi ciências cardíaca e renal [5].<br />

Diante desse quadro, as estratégias de prevenção são direcionadas<br />

para prevenir o desenvolvimento da hipertensão,<br />

ou a mudança de estágio da <strong>do</strong>ença, como também o agravamento<br />

das condições de saúde <strong>do</strong> paciente por complicações<br />

facilitadas pela pressão arterial elevada. Autores como Appel<br />

et al. [6] e He, Whelton [7], destacam que as modifi cações<br />

comportamentais reduzem a morbi-mortalidade e o ônus<br />

causa<strong>do</strong> pela HA e <strong>do</strong>enças a ela relacionadas, pois, incidem<br />

na redução de outros fatores de riscos para <strong>do</strong>enças cardiovasculares.<br />

Neste contexto, a a<strong>do</strong>ção de um estilo de vida saudável<br />

é essencial na prevenção da HA. Dentre as modifi cações<br />

preconizadas no estilo de vida, destaca-se a prática sistemática<br />

de atividade física [8,9]. Algumas modifi cações no estilo de<br />

vida apresentam custo mínimo, o que viabiliza sua realização<br />

em grande escala. Por essas razões, algumas entidades como<br />

a Organização Mundial da Saúde, a Sociedade Européia de<br />

Hipertensão e o Programa Nacional de Educação para Pressão<br />

Arterial Elevada, recomendam a atividade física regular para<br />

prevenção e tratamento da HA [8].<br />

Desta forma, os objetivos <strong>do</strong> presente artigo são: a) revisar<br />

os efeitos <strong>do</strong> treinamento físico na PA; b) apresentar<br />

os potenciais mecanismos hipotensivos como resposta ao<br />

exercício; c) apresentar e discutir as diferentes estratégias de<br />

atividades físicas envolven<strong>do</strong> programas formais e não formais<br />

de prescrição de exercício.<br />

Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

Exercício físico como estratégia de prevenção e<br />

intervenção<br />

Para facilitar o encadeamento de idéias, optamos por<br />

descrever esta sessão nos seguintes tópicos: exercício físico e<br />

seus efeitos agu<strong>do</strong>s e crônicos na PA e aspectos meto<strong>do</strong>lógicos<br />

da prescrição de exercício.<br />

Efeitos agu<strong>do</strong>s e crônicos <strong>do</strong> exercício na PA<br />

Como resposta aguda ao exercício aeróbio (EA), uma<br />

hipotensão pós-exercício tem si<strong>do</strong> observada. Essa ocorre<br />

em normotensos, hipertensos, adultos jovens e i<strong>do</strong>sos, com<br />

a maior redução nos indivíduos com HÁ [8]. Além disso,<br />

estu<strong>do</strong>s analisan<strong>do</strong> os efeitos agu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> EA sobre a PA verifi<br />

caram que as atividades dinâmicas reduzem a PA em pessoas<br />

com hipertensão, por uma maior porção de horas durante o<br />

dia [10]. Quanto aos efeitos da duração <strong>do</strong> esforço na PA,<br />

alguns estu<strong>do</strong>s têm observa<strong>do</strong> que a duração <strong>do</strong> exercício<br />

determina a magnitude e a duração da hipotensão pós exercício<br />

[11]. Esta hipotensão tem reduzi<strong>do</strong>, em média, a PAS<br />

de 18 a 20 mmHg e a PAD de 7 a 9 mm Hg, em indivíduos<br />

com hipertensão. Nos normotensos, os efeitos reporta<strong>do</strong>s<br />

variam de 8 a 10 mmHg e 3 a 5 mm Hg, nas PAS e PAD,<br />

respectivamente, poden<strong>do</strong> persistir até 13 horas após a sessão<br />

de treinamento [12].<br />

Em relação às respostas crônicas ao EA, foi destaca<strong>do</strong> que<br />

sua prática regular pode reduzir a pressão sistólica/diastólica<br />

em 3/2 mmHg em adultos normotensos [13]. No que diz<br />

respeito à redução da PA em hipertensos, essa redução pode<br />

chegar a 6/7 mmHg, sen<strong>do</strong> a queda proporcional a PA inicial<br />

[14]. Como visto, os efeitos agu<strong>do</strong>s na PA tendem a apresentar<br />

uma maior magnitude de redução, quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s aos<br />

efeitos crônicos ao esforço.<br />

Paff enberger et al. [15] reportaram que exercícios classifica<strong>do</strong>s<br />

como vigorosos, independentemente <strong>do</strong> tipo,<br />

continua<strong>do</strong> por anos após a faculdade, protege contra futura<br />

hipertensão. Haapanen et al. [16] observaram que o total de<br />

atividade física, também independentemente <strong>do</strong> tipo somada<br />

com a intensidade <strong>do</strong> esforço, é inversamente associa<strong>do</strong> com<br />

o risco de futura HA em homens de meia idade. Hayashi et<br />

al. [17] em estu<strong>do</strong> com homens japoneses, reportaram que a<br />

duração da caminhada para o trabalho, adicionada à realização<br />

de atividade física no tempo livre, foi signifi cativamente associada<br />

com a redução <strong>do</strong> risco de hipertensão. Em contraste,<br />

nenhum <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s em mulheres observou signifi cativas e<br />

independentes relações entre o nível de atividade física e o<br />

risco para desenvolver a HÁ [16,18,19]. É importante observar,<br />

que características diferentes na PA em relação ao gênero<br />

podem ter infl uencia<strong>do</strong> nos resulta<strong>do</strong>s das pesquisas realizadas<br />

entre homens e mulheres. Segun<strong>do</strong> Hayes [20], diferenças em<br />

relação ao gênero vêm sen<strong>do</strong> notadas na fi siologia, genética e<br />

benefícios no tratamento de HA em estu<strong>do</strong>s que incluem mulheres.<br />

Legato [21] verifi cou que mulheres podem tolerar a HA


Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

melhor <strong>do</strong> que homens. Outro fator mais bem tolera<strong>do</strong> pelas<br />

mulheres é a microalbuminuria, interpretada diferentemente<br />

<strong>do</strong>s homens. A microalbuminuria representa um <strong>do</strong>s maiores<br />

fatores de risco para <strong>do</strong>enças cardiovasculares, associa<strong>do</strong> com<br />

maior risco de mortalidade para hipertensos e principalmente<br />

diabéticos [22]. Por fi m, algumas considerações importantes<br />

que diferenciam o tratamento da mulher hipertensa, como<br />

o uso de contraceptivo oral, podem precipitar ou acentuar<br />

o problema, além das alterações hormonais decorrentes da<br />

menopausa [21].<br />

Em relação aos estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s efeitos crônicos <strong>do</strong> EA em<br />

populações da raça negra, poucos são os experimentos que<br />

investigaram os efeitos <strong>do</strong> exercício na PA. Parece ser aceito<br />

que a atividade física não foi associada com a incidência de<br />

HA em estu<strong>do</strong>s envolven<strong>do</strong> negros [19]. As respostas da PA<br />

em população negra também diferem de homens de população<br />

branca, sen<strong>do</strong> encontra<strong>do</strong>s valores de PA superiores<br />

em negros. Além disso, uma maior prevalência de HA e de<br />

complicações cardiovasculares são encontra<strong>do</strong>s em homens<br />

negros, em comparação com os brancos [23].<br />

Quanto à infl uência <strong>do</strong> nível de condicionamento e a<br />

incidência de HA, Blair et al. [24], depois de controlar fatores<br />

como idade, gênero, índice de massa corporal e PA, reportaram<br />

que os indivíduos com baixos graus de condicionamento<br />

físico têm um maior risco relativo para desenvolver HA,<br />

quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> com pessoas bem condicionadas. Assim,<br />

os estu<strong>do</strong>s até agora reportaram que altos níveis de atividade<br />

física, associa<strong>do</strong>s ao bom condicionamento aeróbio, associamse<br />

com a redução da incidência de HA em homens brancos.<br />

Entretanto, são necessárias mais evidências em relação ao<br />

gênero e as características étnicas, para que se possam tecer<br />

conclusões mais defi nitivas sobre o assunto [8].<br />

Aspectos meto<strong>do</strong>lógicos da prescrição de exercícios<br />

e respostas na PA<br />

Nessa sessão serão discutidas as infl uências da freqüência<br />

semanal, duração, intensidade e tipo de treinamento (aeróbio,<br />

força e fl exibilidade) na PA. Forjaz et al. [11], analisaram indivíduos<br />

que realizaram duas sessões de exercício (25 e 45 min)<br />

no cicloergômetro em 50% VO 2 máx, onde a PAS diminuiu<br />

signifi cativamente no pós-exercício, sen<strong>do</strong> essa queda maior<br />

e mais prolongada após 45 min de exercício. Esses autores<br />

concluíram que o exercício com maior duração provoca hipotensão<br />

pós-exercício maior e mais prolongada. Posteriormente,<br />

através de uma meta-análise Fagard et al. [25], defenderam<br />

que uma freqüência de três a cinco dias por semana, com<br />

duração de 30 a 60 min por sessão e intensidade entre 40%<br />

a 50% <strong>do</strong> VO 2 máx, parece ser efetivo para a redução da PA.<br />

Contu<strong>do</strong>, limitadas evidências também sugerem que sete sessões<br />

por semana podem ser mais efetivas <strong>do</strong> que 3 sessões por<br />

semana [26]. Outros autores corroboram com a intensidade<br />

proposta por Fagard, e vão além, destacan<strong>do</strong> que os exercícios<br />

com baixa e moderada intensidade parecem provocar maiores<br />

51<br />

reduções da PA [27-29]. Halbert et al. [30] complementam<br />

essas informações observan<strong>do</strong> que, aumentan<strong>do</strong> a intensidade<br />

<strong>do</strong> exercício para 70% VO 2 máx e aumentan<strong>do</strong> a freqüência<br />

semanal acima de 3 vezes não tem nenhum impacto adicional<br />

na redução da PA.<br />

Um <strong>do</strong>s aspectos que podem ter infl uencia<strong>do</strong> nas diferenças<br />

entre os estu<strong>do</strong>s, pode estar relaciona<strong>do</strong> às diferentes<br />

populações que compuseram as amostras <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s, envolven<strong>do</strong><br />

indivíduos com distintos graus de condicionamento,<br />

composição corporal, além das diferenças meto<strong>do</strong>lógicas<br />

nos treinamentos propostos. Apesar da divergência quanto<br />

à freqüência semanal que provocaria um maior efeito hipotensivo,<br />

parece ser lógico assumir que uma margem mínima<br />

situaria em três dias e uma margem ótima de treinamento<br />

deve ser de cinco a sete sessões semanais. Obviamente, os<br />

aspectos clínicos <strong>do</strong> indivíduo bem como o risco de lesões<br />

impostas pela atividade aeróbia praticada devem ser leva<strong>do</strong>s<br />

em conta na escolha da freqüência semanal. Além disso, a<br />

interação duração-intensidade <strong>do</strong> esforço também deve ser<br />

considerada.<br />

No que concerne aos afeitos agu<strong>do</strong>s <strong>do</strong> TF na PA, os<br />

resulta<strong>do</strong>s das pesquisas parecem ser convergentes. Farinatti<br />

e Assis [31] verifi caram as respostas cardiovasculares durante<br />

exercícios de força e aeróbio em indivíduos saudáveis.<br />

Realizaram-se testes de força com 1RM, 6RM e 20RM na<br />

cadeira extensora e exercício aeróbio em cicloergômetro na<br />

intensidade de 75 a 80% da FC de reserva. Os da<strong>do</strong>s de PAS<br />

mostraram uma elevação conforme o número de repetições<br />

foi aumentan<strong>do</strong> nos testes de força, o mesmo ocorren<strong>do</strong> em<br />

relação à PAD. Quanto à comparação das respostas de PA<br />

obtidas na atividade aeróbia e nos testes de força, com exceção<br />

<strong>do</strong> trabalho envolven<strong>do</strong> 20RM, o trabalho aeróbio exibiu<br />

maiores respostas de PAD. Já a PAS foi superior na atividade<br />

aeróbia <strong>do</strong> que nos testes de força. Esses da<strong>do</strong>s chamam a<br />

atenção para o fato de que as respostas de PA tendem a ser<br />

menores no TF <strong>do</strong> que no treinamento aeróbio.<br />

Quanto à infl uência <strong>do</strong> número de séries sobre as respostas<br />

da PA, Gotshall et al. [32] analisaram os efeitos de 3 séries<br />

consecutivas de 10 repetições sobre a resposta da PA no exercício<br />

leg press. Em conclusão, quanto maior o número de séries<br />

maiores as respostas obtidas para PA. Mais recentemente,<br />

Polito et al.[33] verifi caram o comportamento das respostas<br />

cardiovasculares durante 4 séries de 8 repetições máximas<br />

(RM) na extensão unilateral <strong>do</strong> joelho, realizadas com 1 e<br />

2 minutos de recuperação. No que concerne às respostas de<br />

PA, verifi cou-se um efeito somativo <strong>do</strong> número de séries na<br />

PAS e PAD. Quanto à infl uência <strong>do</strong>s diferentes intervalos de<br />

recuperação, ao se a<strong>do</strong>tar o perío<strong>do</strong> de 2 minutos, a PAS e<br />

PAD atingiram menores valores ao fi nal de cada série de 8 RM,<br />

em relação aos valores obti<strong>do</strong>s com 1 minuto de intervalo. A<br />

infl uência <strong>do</strong> fracionamento das séries através da alternância<br />

de grupamentos musculares requisita<strong>do</strong>s na realização <strong>do</strong>s<br />

exercícios também vem sen<strong>do</strong> estudada. Veloso et al. [34]<br />

verifi caram as respostas cardiovasculares em diferentes situ-


52<br />

ações de TF para fl exão unilateral <strong>do</strong> quadril e abdução <strong>do</strong>s<br />

ombros até 90 o . Os exercícios foram conduzi<strong>do</strong>s de forma a<br />

manter o mesmo volume de treinamento, varian<strong>do</strong>-se o número<br />

de repetições contínuas. Os valores de PA revelaram-se<br />

signifi cativamente maiores na forma contínua de execução, em<br />

comparação com a fracionada. Os autores concluíram que a<br />

forma contínua associou-se a maior sobrecarga cardiovascular,<br />

principalmente devi<strong>do</strong> às respostas de pressão arterial.<br />

A hipotensão pós-exercício com a prática <strong>do</strong> treinamento<br />

de força também vem sen<strong>do</strong> estudada. Em estu<strong>do</strong>s realiza<strong>do</strong>s<br />

com jovens saudáveis e treina<strong>do</strong>s Polito et al. [35] estudaram<br />

o efeito de duas seqüências de TF realiza<strong>do</strong>s sobre intensidades<br />

diferentes, mas com o mesmo volume de treinamento, sobre as<br />

respostas agudas tardias de PAS e PAD. Os autores chegaram<br />

as seguintes conclusões: a) o TF exerceu o efeito hipotensivo<br />

sobre a PA, principalmente sobre a PAS; b) o declínio absoluto<br />

da PAS não foi infl uencia<strong>do</strong> pelas diferentes interações de carga<br />

e repetições; c) a magnitude das cargas tendeu a favorecer a<br />

duração da redução da PAS e d) o número de repetições teve<br />

maior repercussão sobre a PAD que sobre a PAS, mas por curto<br />

perío<strong>do</strong> de tempo. Posteriormente, Simão et al. [36] também<br />

verifi caram os efeitos hipotensivos de diferentes formas de<br />

treinamento. Inicialmente os autores compararam os efeitos <strong>do</strong><br />

trabalho conduzi<strong>do</strong> com séries consecutivas para cada exercício<br />

realiza<strong>do</strong> com 6RM e 12 repetições com cargas correspondentes<br />

a 50% de 6RM. Depois foram compara<strong>do</strong>s os efeitos <strong>do</strong>s trabalhos<br />

de 6RM realiza<strong>do</strong>s em séries consecutivas com aqueles<br />

obti<strong>do</strong>s em 12 repetições com cargas correspondentes a 50%<br />

de 6RM, desta vez realizada em forma de circuito. Em conclusão,<br />

não foram verifi cadas diferenças na magnitude <strong>do</strong> efeito<br />

hipotensor nas diferentes formas de treinamento. Contu<strong>do</strong>, o<br />

efeito tendeu a perdurar mais no trabalho de maior intensidade<br />

(6RM) e circuito, em comparação ao trabalho de 12 repetições.<br />

Outros estu<strong>do</strong>s também verifi caram hipotensão pós-exercício<br />

[37-39]. Em contrapartida, algumas investigações verifi caram<br />

apenas discreta hipotensão pós TF. Fisher et al. [40], estudaram<br />

mulheres normotensas e hipertensas. Após a realização<br />

de 15 repetições em cinco exercícios conduzi<strong>do</strong>s em circuito,<br />

com carga equivalente a 50% de 1RM, verifi cou-se redução<br />

signifi cativa somente na PAS. Outros estu<strong>do</strong>s não puderam<br />

demonstrar efeito hipotensivo signifi cativo após o exercício de<br />

força. Focht e Koltyn [41], por exemplo, observaram redução<br />

apenas na PAD 20 minutos após uma seqüência de exercícios<br />

realizada a 50% de 1RM. Os autores não verifi caram alterações<br />

no TF realiza<strong>do</strong> na intensidade de trabalho equivalente a 80%<br />

de 1RM.<br />

Em relação à resposta crônica <strong>do</strong> TF na PA de repouso,<br />

essa é uma questão que merece ser melhor investigada, pois<br />

os resulta<strong>do</strong>s das pesquisas são confl itantes. Apesar disso, algumas<br />

evidências iniciais sugerem que o TF, em certos casos,<br />

pode exercer um efeito hipotensivo na PA de repouso [42-44].<br />

É importante destacar que mesmo que o efeito não seja estatisticamente<br />

signifi cativo, reduções de 3mmHg na PAS pode<br />

ser interessante para reduzir o risco de possíveis complicações<br />

Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

cardiovasculares [8,45]. Em interessante meta-análise sobre<br />

os efeitos <strong>do</strong> TF na PA, Kelley e Kelley [45] concluíram que<br />

o TF pode ser efi caz na redução da PAS e PAD em adultos.<br />

Mesmo nos estu<strong>do</strong>s que não demonstraram redução da PA<br />

com o TF, verifi cou-se que essa forma de treinamento não traz<br />

como efeito crônico um aumento da PA. Tal fato se mostra<br />

interessante para o aprimoramento da aptidão física em hipertensos,<br />

o que justifi ca sua prática por indivíduos com HA.<br />

Contu<strong>do</strong>, os autores supracita<strong>do</strong>s alertaram que as pesquisas<br />

necessitam de maior controle envolven<strong>do</strong> as amostras, seus<br />

esta<strong>do</strong>s clínicos, bem como as características que envolvem o<br />

controle farmacológico <strong>do</strong>s indivíduos. Além disso, pode-se<br />

acrescentar que as variações das características meto<strong>do</strong>lógicas<br />

que regem a prescrição <strong>do</strong> exercício, também, merecem<br />

futuras investigações para que possam tecer conclusões mais<br />

consistentes. Em geral, as considerações meto<strong>do</strong>lógicas para a<br />

prescrição <strong>do</strong> TF em hipertensos envolvem 8 a 12 exercícios,<br />

realiza<strong>do</strong>s com 1 a 2 séries, executadas com 8 a 12 repetições<br />

2 a 3 vezes por semana [8,29,46].<br />

No que diz respeito ao exercício de fl exibilidade, não há<br />

evidências sobre possíveis infl uências desse treinamento na<br />

PA. Porém, como qualquer outro componente da aptidão<br />

física, a fl exibilidade deve ser treinada, ten<strong>do</strong> em vista que é<br />

um <strong>do</strong>s fatores que podem afetar a autonomia <strong>do</strong> indivíduo<br />

para realização de atividades <strong>do</strong> cotidiano [47]. Este aspecto<br />

se torna ainda mais importante quan<strong>do</strong> se trata de i<strong>do</strong>sos,<br />

sedentários e obesos. Muitos estu<strong>do</strong>s sugerem méto<strong>do</strong>s específi<br />

cos com essa fi nalidade. No entanto, podemos afi rmar que<br />

ainda há muitas limitações no conhecimento sobre o assunto.<br />

Ao contrário <strong>do</strong> treinamento aeróbio, a intensidade, duração<br />

e freqüência <strong>do</strong>s estímulos no treinamento da fl exibilidade<br />

ainda estão longe de serem defi ni<strong>do</strong>s [48].<br />

Mecanismos potenciais para redução da PA em<br />

resposta a atividade física<br />

Existem diferentes mecanismos que tentam explicar a<br />

hipotensão como resposta à prática <strong>do</strong> exercício. São eles os<br />

neuro-humorais e os estruturais.<br />

Recentes estu<strong>do</strong>s sugerem que a redução na PA depois de<br />

treinamento aeróbio é mediada pelo decréscimo <strong>do</strong> débito<br />

cardíaco e/ou da resistência periférica total. Porém, somente<br />

em alguns estu<strong>do</strong>s com i<strong>do</strong>sos, a hipotensão foi relacionada<br />

tanto por aumento da vasodilatação periférica quanto por<br />

diminuição no débito cardíaco [49]. Talvez, esse fato esteja<br />

relaciona<strong>do</strong> às características da mostra, que tende a possuir<br />

uma FC mais baixa, devi<strong>do</strong> ao envelhecimento. Todavia, uma<br />

redução no débito cardíaco não ocorre tipicamente depois de<br />

exercício crônico. Assim, o decréscimo na resistência periférica<br />

total aparece como mecanismo primário para reduzir a PA de<br />

repouso após treinamento [8].<br />

Forjaz et al. [11] concordam com essa afi rmação, e relatam<br />

que a redução na resistência vascular pode estar relacionada<br />

à vasodilatação provocada pelo exercício físico, tanto na


Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

musculatura ativa, como inativa. Essa redução da resistência<br />

vascular, após esforço, é mediada por adaptações neuro-humorais<br />

e estruturais. O ACSM [8] destaca que as adaptações<br />

neuro-humorais dizem respeito às adaptações no sistema<br />

nervoso simpático, sistema renina-angiotensina, bem como<br />

nas respostas vasculares. Já em relação às adaptações estruturais,<br />

estu<strong>do</strong>s como o de Laughlin et al. [50] sugerem que o<br />

treinamento modifi ca a estrutura vascular muscular, incluin<strong>do</strong><br />

o remodelamento vascular como o aumento da fl exibilidade,<br />

aumento da área de passagem <strong>do</strong> fl uxo sangüíneo e/ou diâmetro<br />

das artérias e veias, e ainda a angiogênesis.<br />

Elevada atividade <strong>do</strong> sistema nervoso simpático é um<br />

ponto importante observa<strong>do</strong> na hipertensão essencial [51].<br />

Alguns estu<strong>do</strong>s demonstram que em sujeitos hipertensos a<br />

atividade nervo simpática é mais elevada quan<strong>do</strong> comparada<br />

com sujeitos normotensos [18,52,53]. Soma<strong>do</strong> a este<br />

fato, é importante observar que a atividade nervo simpática<br />

e a subseqüente liberação de norepinefrina (NE) media a<br />

vasoconstricção e aumenta a resistência vascular, poden<strong>do</strong><br />

ser relacionada à maior resistência vascular observada em<br />

hipertensos. Apesar de limitadas evidências, estu<strong>do</strong>s como<br />

os de Jennings et al. [54], Meredith et al. [55], e Urata et al.<br />

[56] observaram redução da quantidade de NE no plasma<br />

sangüíneo após treinamento aeróbio. Esta constatação foi<br />

relacionada ao decréscimo de sua liberação no plasma e não na<br />

sua remoção, sugerin<strong>do</strong> menor atividade <strong>do</strong> sistema nervoso<br />

simpático [55]. Sen<strong>do</strong> assim, menor quantidade de NE para<br />

as sinapses pode ser um mecanismo facilita<strong>do</strong>r da redução da<br />

resistência vascular após treinamento, e ainda, outros efeitos<br />

associa<strong>do</strong>s com a inibição da produção simpática renal podem<br />

ser importantes no decréscimo da PA [8].<br />

As adaptações vasculares também são prováveis contribuintes<br />

para diminuição da PA após o treinamento. Alguns<br />

estu<strong>do</strong>s vêm observan<strong>do</strong> que o exercício altera as respostas<br />

vasculares para NE e para en<strong>do</strong>télio-1, que representam<br />

potentes vasoconstrictores. Um estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> com ratos<br />

hipertensos espontâneos observou que exercícios crônicos<br />

desencadeiam um decréscimo da vasoconstricção por receptores<br />

α-adrenérgicos [57]. Além disso, as respostas vasculares<br />

para estimulação <strong>do</strong>s receptores α-adrenérgicos, pela NE, são<br />

atenuadas depois <strong>do</strong> treinamento [58,59]. Soma<strong>do</strong> a isso,<br />

Maeda et al. [60] reportaram que o treinamento também<br />

reduz os níveis de en<strong>do</strong>télio-1 em indivíduos hipertensos<br />

espontâneos. Se para agentes vasoconstrictores o exercício<br />

parece diminuir suas ações, para agentes vasodilata<strong>do</strong>res como<br />

o óxi<strong>do</strong>-nítrico, o exercício tem demonstra<strong>do</strong> um aumento da<br />

produção, promoven<strong>do</strong> a função vasodilata<strong>do</strong>ra em sujeitos<br />

saudáveis [61].<br />

Outro fator importante, associa<strong>do</strong> com a HA, é a hiperinsulinimia<br />

e insulino resistência que vem sen<strong>do</strong> associa<strong>do</strong><br />

com a ativação <strong>do</strong> sistema nervoso simpático [62-64]. Devi<strong>do</strong><br />

ao exercício estimular a sensibilidade à insulina, o esforço<br />

também pode ser um importante mecanismo media<strong>do</strong>r da<br />

redução da atividade simpática e PA [65].<br />

53<br />

Adaptação neuro-humoral, também é encontrada no sistema<br />

renina-angiotensina. A angiotensina II é um poderoso<br />

vasoconstrictor e regula<strong>do</strong>r <strong>do</strong> volume sangüíneo. Reduções<br />

na renina e angiotensina II com treinamento podem ser contribuintes<br />

para a redução da PA em normotensos [8]. Níveis<br />

reduzi<strong>do</strong>s de renina e angiotensina II, após o treinamento,<br />

vem sen<strong>do</strong> reporta<strong>do</strong>s [54,66]. Contu<strong>do</strong>, em sujeitos hipertensos,<br />

os exercícios não reduzem consistentemente o plasma<br />

renal [67,68] e os níveis de angiotensina II [69,70]. Assim,<br />

os estu<strong>do</strong>s sugerem que o sistema renina-angiotensina II não<br />

contribui consideravelmente para a redução da PA após o<br />

treinamento [8].<br />

Devi<strong>do</strong> à multifatoriedade <strong>do</strong>s mecanismos e redundantes<br />

sistemas que contribuem para a redução da PA, conclusões<br />

defi nitivas sobre a hipotensão pós exercício se fazem difíceis.<br />

Contu<strong>do</strong>, mesmo sem conclusões defi nitivas, o fato é que, o<br />

exercício aeróbio desencadeia uma hipotensão pós-exercício,<br />

sen<strong>do</strong> esta de extrema importância no caso de pessoas com<br />

HA.<br />

Tipos de programas de exercício<br />

Pode-se dizer que a prescrição de atividades físicas para a<br />

prevenção e tratamento da hipertensão pode ser estruturada de<br />

acor<strong>do</strong> com duas vertentes meto<strong>do</strong>lógicas distintas: a) programas<br />

de atividades físicas formais ou intra-muros; b) programas<br />

de atividades físicas não formais ou extra-muros [71].<br />

Os programas formais são aqueles onde existe um rígi<strong>do</strong><br />

acompanhamento <strong>do</strong>s aspectos meto<strong>do</strong>lógicos que regem a<br />

prescrição <strong>do</strong> exercício, como intensidade e duração <strong>do</strong> esforço.<br />

Neste tipo de programa, as variáveis clínicas e fi siológicas<br />

são mais controladas. Para que tal controle seja alcança<strong>do</strong>,<br />

é necessária a participação de um profi ssional especializa<strong>do</strong><br />

para acompanhar as sessões de treinamento, sen<strong>do</strong> geralmente<br />

realiza<strong>do</strong>s em clínicas e hospitais. Os programas intramuros<br />

apresentam como vantagem a maior monitorização clínica<br />

e funcional durante as sessões. Em contrapartida, tendem a<br />

provocar uma dependência <strong>do</strong>s indivíduos que a realizam. Já<br />

os programas não formais são aqueles onde a prescrição <strong>do</strong><br />

exercício é organizada para levar o indivíduo a uma maior<br />

autonomia. Nesse tipo de programa, abre-se mão de um<br />

controle extremamente apura<strong>do</strong> em prol de uma maior possibilidade<br />

de realização das atividades por parte <strong>do</strong>s indivíduos.<br />

Os programas extramuros podem ser realiza<strong>do</strong>s em locais e<br />

horários que mais se ajustem as características <strong>do</strong> praticante.<br />

A meto<strong>do</strong>logia de prescrição de exercícios é simples, de mo<strong>do</strong><br />

que o praticante tenha autonomia para realizar o controle <strong>do</strong><br />

treinamento. Os programas não-formais envolvem recursos<br />

humanos e materiais reduzi<strong>do</strong>s, poden<strong>do</strong> constituir uma<br />

interessante estratégia de saúde pública.<br />

Sen<strong>do</strong> assim, é possível afi rmar que os programas formais<br />

de exercícios seriam aqueles que deram origem à quase totalidade<br />

das pesquisas relacionadas à hipertensão e exercício.<br />

Contu<strong>do</strong>, apesar da vantagem de possuir maior ênfase no


54<br />

controle das atividades, geralmente a prática regular <strong>do</strong><br />

exercício não é incorporada na vida <strong>do</strong>s indivíduos quan<strong>do</strong><br />

recebem alta. Em contrapartida, programas não formais,<br />

apesar <strong>do</strong> menor controle das atividades, podem favorecer a<br />

adesão <strong>do</strong>s indivíduos por perío<strong>do</strong>s prolonga<strong>do</strong>s de tempo,<br />

demonstran<strong>do</strong> também um grande potencial a ser explora<strong>do</strong><br />

para pesquisas.<br />

Como destaca<strong>do</strong> por Bar-Eli [72], atribuições como liberdade,<br />

escolha e responsabilidade sobre a atividade aumentam<br />

o engajamento <strong>do</strong>s pacientes em programas de atividade física.<br />

Há também, freqüentes relatos que evidenciam ser a falta<br />

de tempo para a realização de exercícios regulares, um <strong>do</strong>s<br />

principais motivos para a não realização <strong>do</strong>s exercícios [73].<br />

Programas que permitam certa fl exibilidade na escolha <strong>do</strong><br />

momento de suas realizações mostram-se efi cazes para uma<br />

maior adesão, ten<strong>do</strong> em vista, que em geral, os indivíduos<br />

têm uma precária organização <strong>do</strong> tempo [74].<br />

Smith et al. [75] afi rmam que a adesão tem se constituí<strong>do</strong><br />

em motivo de preocupação entre médicos, professores de educação<br />

física e outros profi ssionais da área de saúde. Cox et al.<br />

[76], por sua vez, observam que alguns estu<strong>do</strong>s mostram que<br />

pacientes têm adesão aumentada quan<strong>do</strong> realizam programas<br />

de atividades físicas de leve a moderada intensidade, ou seja,<br />

em uma faixa de conforto. Soma<strong>do</strong> a isto, Farinatti [71] relata<br />

que as evidências de que a intensidade <strong>do</strong> exercício é um fator<br />

secundário para os efeitos espera<strong>do</strong>s sobre a pressão arterial,<br />

em comparação com a duração e a regularidade de sua prática,<br />

abrem a possibilidade de que se abdique <strong>do</strong> controle fi siológico<br />

das atividades, em prol de outros objetivos como a adesão.<br />

Biddle e Mutrie [73] reforçam essa idéia, citan<strong>do</strong> que uma<br />

ótima estratégia para uma adesão aumentada <strong>do</strong>s pacientes<br />

aos programas de treinamento é o automonitoramento.<br />

Um interessante estu<strong>do</strong> sobre a infl uência de programas<br />

não formais na aptidão física, PA e variáveis bioquímicas em<br />

pacientes hipertensos foi realiza<strong>do</strong> por Pinto et al. [77] ao<br />

investigar <strong>do</strong>is programas não-formais de atividade física os<br />

autores observaram que esses exercem efeitos positivos sobre<br />

a condição geral <strong>do</strong>s pacientes hipertensos. Isso foi observa<strong>do</strong><br />

principalmente no que diz respeito à composição corporal,<br />

em termos quantitativos e de distribuição regional. No que<br />

diz respeito à aptidão cardiorespiratória e PA, foram pouco<br />

conclusivos, já que houve diferenças signifi cativas no senti<strong>do</strong><br />

de melhora, porém não houve um padrão de comportamento<br />

que desse suporte a esses possíveis efeitos.<br />

Posteriormente, Farinatti et al. [48] observaram a infl uência<br />

de quatro meses de um programa <strong>do</strong>miciliar não-supervisiona<strong>do</strong><br />

(não-formais) de exercícios sobre a PA e aptidão física<br />

em adultos com hipertensão estágios I e II. Foram observa<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>is grupos: experimental e controle, compostos por indivíduos<br />

de ambos os sexos. O grupo experimental submeteu-se<br />

a um programa <strong>do</strong>miciliar de exercícios, com atividades<br />

fundamentalmente aeróbias (60-80% da freqüência cardíaca<br />

máxima estimada para a idade, 30 minutos de caminhadas<br />

no mínimo três vezes por semana), além de exercícios de<br />

Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

fl exibilidade. Orientações sobre a fi cha de controle e variáveis<br />

intervenientes ao treinamento eram dadas a cada reavaliação.<br />

Os pacientes foram acompanha<strong>do</strong>s por quatro meses, com<br />

reavaliações que se dava a cada <strong>do</strong>is meses. Em conclusão,<br />

programas <strong>do</strong>miciliares não supervisiona<strong>do</strong>s de exercícios,<br />

mesmo em curto prazo, podem exercer efeito positivo sobre<br />

a pressão arterial e aptidão física de pacientes hipertensos.<br />

Apesar de alguns estu<strong>do</strong>s demonstrarem que é possível<br />

obter efeitos positivos com programas não-formais de exercícios,<br />

futuras pesquisas necessitam ser desenvolvidas para<br />

avaliar os efeitos dessas intervenções nas variáveis de aptidão<br />

física e PA de hipertensos. Um desafi o para a saúde pública<br />

é fazer com que o exercício seja pratica<strong>do</strong> em grande escala.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, programas não-formais por sua fácil aplicação<br />

e baixo custo, emergem como uma interessante estratégia de<br />

prevenção e tratamento da HA.<br />

Conclusão<br />

A prática de exercícios constitui uma importante estratégia<br />

na prevenção e tratamento da HA. Ela é uma das principais<br />

modifi cações de estilo de vida que contribui para reduzir diversos<br />

outros fatores de risco associa<strong>do</strong>s às <strong>do</strong>enças cardiovasculares.<br />

Além disso, níveis de condicionamento mais eleva<strong>do</strong>s<br />

estão associa<strong>do</strong>s a uma menor incidência de HA.<br />

Para que o exercício possa exercer seus efeitos positivos,<br />

sua prática deve ser regular. Entre as diferentes formas de<br />

exercícios, a atividade aeróbia é aquela que apresenta um<br />

maior efeito hipotensor. As evidências científi cas sobre o efeito<br />

hipotensor da atividade aeróbia são mais consistentes <strong>do</strong> que<br />

aquelas obtidas para o TF. Porém, os resulta<strong>do</strong>s das pesquisas<br />

indicam que o TF deve ser incorpora<strong>do</strong> como forma de<br />

aprimoramento da aptidão física relacionada à saúde, mesmo<br />

que seus efeitos hipotensivos na PA de repouso ainda sejam<br />

questiona<strong>do</strong>s. As características meto<strong>do</strong>lógicas que regem a<br />

prescrição <strong>do</strong> treinamento aeróbio para indivíduos hipertensos<br />

incluem: a) freqüência semanal: superior a 3 vezes, embora<br />

essa freqüência também se mostre sufi ciente para exercer<br />

efeitos hipotensivos; b) intensidade: 40 a 70% <strong>do</strong> VO 2 máx;<br />

c) duração: de 30 a 60 minutos. Quanto ao TF, as considerações<br />

meto<strong>do</strong>lógicas para a prescrição em hipertensos devem<br />

envolver: a) número de exercícios: 8 a 12; b) número de séries<br />

e repetições: 1 a 2 séries, executadas com 8 a 12 repetições; c)<br />

freqüência: 2 a 3 vezes por semana. Aspectos como número<br />

de repetições e cargas, intervalos entre séries, bem como a<br />

forma de execução <strong>do</strong>s exercícios (fracionada ou contínua),<br />

infl uenciam nas respostas agudas da PA.<br />

Os mecanismos hipotensivos ainda não estão bem estabeleci<strong>do</strong>s,<br />

merecen<strong>do</strong> estu<strong>do</strong>s adicionais para que se possam<br />

tecer inferências consistentes sobre o assunto. Os principais<br />

mecanismos de hipotensão como resposta à prática <strong>do</strong><br />

exercício podem ser caracteriza<strong>do</strong>s como neuro-humorais<br />

e estruturais. As adaptações neuro-humorais dizem respeito<br />

às adaptações no sistema nervoso simpático, sistema reni-


Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

na-angiotensina, bem como nas respostas vasculares. As<br />

estruturais envolvem a modifi cação da estrutura vascular<br />

muscular, incluin<strong>do</strong> o remodelamento vascular como o<br />

aumento da fl exibilidade, aumento da área de passagem <strong>do</strong><br />

fl uxo sangüíneo e/ou diâmetro das artérias e veias, e ainda<br />

a angiogênesis.<br />

Por fi m, cabe ressaltar que os programas de prescrição<br />

de exercícios podem ser caracteriza<strong>do</strong>s em formais ou intramuros<br />

e não-formais ou extramuros. Os programas formais<br />

apresentam como vantagem o maior controle das atividades<br />

prescritas e das respostas fi siológicas, o que pode ser interessante<br />

de acor<strong>do</strong> com o risco <strong>do</strong> indivíduo. Em contrapartida,<br />

programas com essas características, não tem se mostra<strong>do</strong>s<br />

efetivos para manter a adesão <strong>do</strong>s praticantes após a alta.<br />

Nos programas não-formais a prescrição é simples, existin<strong>do</strong><br />

menor controle das atividades. Não é necessária a presença<br />

de um profi ssional especializa<strong>do</strong> conduzin<strong>do</strong> todas as sessões<br />

de treinamento. Uma das maiores vantagens desse tipo de<br />

programa é a autonomia que ele tende a gerar nos praticantes.<br />

Cabe ressaltar que não existe a melhor forma de treinamento.<br />

Dependen<strong>do</strong> de aspectos como as características clínicas e<br />

funcionais, bem como as condições para a prática <strong>do</strong> exercício,<br />

a opção deve ser feita.<br />

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Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

Anais <strong>do</strong> IV Workshop em <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício –<br />

UFSCar<br />

I Congresso Paulista da Sociedade Brasileira<br />

de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício<br />

18-20 de Novembro de 2005<br />

Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, São Paulo<br />

Sociedade Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício<br />

Comissão Organiza<strong>do</strong>ra:<br />

Prof. Dr. Sérgio Perez<br />

Prof. Dr. Vilmar Baldissera<br />

Presidente da Associação Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício<br />

Prof. Dr. Paulo Sérgio Chagas Gomes<br />

A influência da idade e <strong>do</strong> sexo na força<br />

muscular respiratória em indivíduos de<br />

40 a 89 anos<br />

Simões RP, Auad MA, Dionísio J, Parizotto APD, Audrey<br />

Borghi-Silva A, Marisa Mazonetto<br />

Unicastelo, Descalva<strong>do</strong> - SP, Brasil<br />

rodpsimoes@hotmail.com<br />

Introdução: A análise da força <strong>do</strong>s músculos respiratórios por meio<br />

das pressões inspiratórias máximas (PImáx) e expiratórias máximas<br />

(PEmáx) têm si<strong>do</strong> muito utilizada devi<strong>do</strong> seu importante papel<br />

diagnóstico e prognóstico de <strong>do</strong>enças neuromusculares, pulmonares<br />

e cardiovasculares, além de ser um méto<strong>do</strong> simples, de baixo custo,<br />

prático, rápi<strong>do</strong> e não invasivo. Há relatos na literatura que uma das<br />

principais alterações fi siológicas que ocorrem no sistema respiratório<br />

com o avançar da idade é a diminuição <strong>do</strong> recolhimento elástico <strong>do</strong>s<br />

pulmões e da complacência da caixa torácica. Adicionalmente, a caixa<br />

torácica sofre progressivo enrijecimento devi<strong>do</strong> à calcifi cação das costelas<br />

e das articulações vertebrais. Alguns autores relatam que quan<strong>do</strong><br />

compara<strong>do</strong> as pressões respiratórias máximas entre os sexos, observa-se<br />

que os homens apresentam valores signifi cantemente maiores <strong>do</strong> que<br />

as mulheres da mesma faixa etária. Objetivos: Avaliar a força muscular<br />

respiratória (FMR) de homens e mulheres com idade entre 40 e 89<br />

anos, verifi can<strong>do</strong> se há infl uência da idade e <strong>do</strong> sexo nos valores.<br />

Materiais e méto<strong>do</strong>s: Foram estuda<strong>do</strong>s 100 indivíduos com idade entre<br />

40 e 89 anos (média de 65,1 ± 14,4 anos), os quais foram separa<strong>do</strong>s<br />

de acor<strong>do</strong> com o sexo: homens (n = 50) e mulheres (n = 50). Cada<br />

grupo foi subdividi<strong>do</strong> em cinco de acor<strong>do</strong> com a faixa etária, sen<strong>do</strong><br />

o grupo 1 (G1): sujeitos com idade entre 40 a 49 anos (n = 10), G2:<br />

Resumos<br />

50 a 59 anos (n = 10), G3: 60 a 69 anos (n = 10), G4: 70 a 79 anos<br />

(n = 10), e G5: 80 a 89 anos (n = 10). Foram excluí<strong>do</strong>s indivíduos<br />

que apresentassem diagnóstico clínico de pneumopatias, cardiopatias,<br />

praticantes de atividade física regular, fumantes e/ou ex-fumantes,<br />

obesos (IMC ≥ 30kg/m 2<br />

) e indivíduos com peso abaixo <strong>do</strong> normal<br />

(IMC ≤ 19kg/m2 ) segun<strong>do</strong> a Organização Mundial de Saúde (OMS).<br />

Para a obtenção da PImáx e da PEmáx utilizou-se um manovacuômetro<br />

(Critical Med, Indústria Brasileira) <strong>do</strong> tipo anaeróide, escalona<strong>do</strong><br />

de ±300cmH2O, os indivíduos permaneciam senta<strong>do</strong>s e com clipe<br />

nasal, e eram previamente ensina<strong>do</strong>s quanto a realização <strong>do</strong>s testes<br />

(PImáx a partir <strong>do</strong> volume residual e PEmáx a partir da capacidade<br />

pulmonar total), sustentan<strong>do</strong>-as em seu máximo por <strong>do</strong>is segun<strong>do</strong>s, e<br />

após três repetições (com intervalo de um minuto entre elas) o maior<br />

valor obti<strong>do</strong> foi o considera<strong>do</strong> para análise. A manovacuometria foi<br />

realizada em to<strong>do</strong>s indivíduos por um único avalia<strong>do</strong>r e sob coman<strong>do</strong><br />

verbal homogêneo. Foi utiliza<strong>do</strong> o teste Mann-Whitney (p < 0,01)<br />

para comparar G1, G2, G3, G4 e G5 entre o grupo <strong>do</strong>s homens com<br />

o das mulheres, e o teste de Kruskal-Wallis (p < 0,05) para comparar os<br />

subgrupos em cada grupo. Resulta<strong>do</strong>s: A partir <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s observa<strong>do</strong>s<br />

podemos verifi car que houve uma redução signifi cativa (p < 0,05) da<br />

PImáx e PEmáx com o aumento da idade a cada duas décadas em<br />

ambos os sexos. Quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> as duas variáveis em G1, G2, G3,<br />

G4 e G5 entre homens e mulheres da mesma faixa etária, verifi cou-se<br />

redução signifi cativa (p


Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

Hipóteses para reidratação antes,<br />

durante e após exercícios<br />

Martins LA, Silva GA<br />

Fundação Municipal de Educação e Cultura de Santa Fé <strong>do</strong><br />

Sul - SP<br />

fi siolubr@yahoo.com.br<br />

Introdução: Quan<strong>do</strong> se pratica exercícios, deve-se ter cuida<strong>do</strong>s,<br />

não só na escolha <strong>do</strong>s alimentos que se come, mas também nos<br />

conteú<strong>do</strong>s e na quantidade de líqui<strong>do</strong>s que se ingere. Durante<br />

uma atividade física, a taxa de transpiração é altamente variável, em<br />

média, perde-se um a <strong>do</strong>is litros de líqui<strong>do</strong> por hora de exercício.<br />

Consideran<strong>do</strong> que há perdas signifi cativas de líqui<strong>do</strong>s e minerais<br />

durante o exercício. É de se esperar que os efeitos nocivos da desidratação<br />

demorem mais para se manifestar, se o indivíduo esteve<br />

bem hidrata<strong>do</strong> antes de exercitar. De acor<strong>do</strong> com Morimoto et<br />

al. (1981): na desidratação progressiva perde-se água de to<strong>do</strong>s os<br />

compartimentos corpóreos, incluin<strong>do</strong> o sangue. Quan<strong>do</strong> se sente<br />

sede a pessoa está com hipohidratação. Para Nadel (1996), durante<br />

a atividade física uma quantidade signifi cativa de calo é gerada<br />

como um subproduto <strong>do</strong> metabolismo energético que mantém os<br />

processos de contração e relaxamento <strong>do</strong>s músculos em atividades.<br />

Com os músculos em atividades a taxa de calor aumenta em até<br />

100X em relação aos músculos, com isso é ativa<strong>do</strong> um sistema que<br />

indica refl exos associa<strong>do</strong>s à perda de calor. Se isso não acontecesse,<br />

e esse calor fosse armazena<strong>do</strong>, a temperatura aumentaria 1°C a<br />

cada 5 a 8 minutos, resultan<strong>do</strong> em hipertermia e colapso em 15<br />

a 20 minutos. Evitan<strong>do</strong>-se assim que o indivíduo entre em super<br />

aquecimento, ocasionan<strong>do</strong> a desidratação o que poderia causar uma<br />

série de complicações. Objetivo: Fazer um levantamento bibliográfi co<br />

de hipóteses de algumas alternativas para substituição das bebidas<br />

isotônicas, antes, durante e após a atividade física. Meto<strong>do</strong>logia:<br />

Utilizou-se como méto<strong>do</strong>, referências bibliográfi cas, livros e artigos.<br />

Resulta<strong>do</strong>s: Do levantamento bibliográfi co realiza<strong>do</strong>, encontrou-se<br />

vários autores que apontaram algumas hipóteses alternativas de soluções<br />

reidratantes. Maham e Stump (2003) citaram algumas bebidas<br />

energéticas já existentes no merca<strong>do</strong> como: coca -cola, refrigerante<br />

diet e suco de laranja. Porém, Bergeron (1998) apontou outras soluções<br />

ricas em nutrientes necessários para a reidratação como: suco<br />

de tomate, refrigerantes, suco de laranja, leite de vaca integral, água<br />

de coco e cerveja. No entanto, Oliveira (1996) também coloca que o<br />

suco de laranja repõe o potássio, cálcio e o magnésio perdi<strong>do</strong> no suor.<br />

Colemam (1997) enfatiza que: as características das bebidas, como<br />

sabor, aroma, acidez, sensação de <strong>do</strong>çura infl uenciam a palatabilidade<br />

e o consumo voluntário de líqui<strong>do</strong>s. As bebidas frias, <strong>do</strong>ces, e de<br />

sabor agradável são preferidas pelos sujeitos que praticam esportes.<br />

Conclusão: De acor<strong>do</strong> com as revisões bibliográfi cas, verifi cou-se que<br />

existem várias hipóteses de bebidas como alternativas de reidratação,<br />

antes durante e após o exercício físico.<br />

Atividade <strong>do</strong> eixo hipotálamo-hipófiseadrenal<br />

durante exercício agu<strong>do</strong> de<br />

natação em ratos wistar<br />

Contarteze RVL*, Mancha<strong>do</strong> FB**; Gobatto CA*, Mello MAR*<br />

*Universidade Estadual Paulista - UNESP, Rio Claro - SP,<br />

Brasil, ** UNESP e Faculdades Integradas Einstein de<br />

Limeira, Limeira - SP<br />

contarteze@yahoo.com.br<br />

59<br />

É de inteiro conhecimento que, em seres humanos, a atividade<br />

<strong>do</strong> eixo hipotálamo-hipófi se-adrenal (HHA) e suas respostas metabólicas<br />

são proporcionais à intensidade <strong>do</strong> exercício. Por razões<br />

óbvias, um grande número de pesquisas envolven<strong>do</strong> o exercício tem<br />

si<strong>do</strong> conduzi<strong>do</strong> em animais de laboratórios, especialmente o rato.<br />

Entre os ergômetros mais usa<strong>do</strong>s em pesquisas com animais está<br />

a natação. Entretanto, é pouco conheci<strong>do</strong> o efeito da intensidade<br />

<strong>do</strong> exercício de natação na atividade <strong>do</strong> eixo HHA de ratos. Para<br />

estudar os efeitos <strong>do</strong> exercício de natação realiza<strong>do</strong> em diferentes<br />

intensidades no eixo HHA de ratos sedentários, usamos concentrações<br />

séricas <strong>do</strong>s hormônios adrenocorticotrófi co (ACTH) e<br />

corticosterona. Dezoito ratos adapta<strong>do</strong>s ao meio líqui<strong>do</strong> foram<br />

submeti<strong>do</strong>s a 3 testes de 25 minutos (natação) suportan<strong>do</strong> cargas<br />

5,0; 5,5 e 6,0% <strong>do</strong> peso corporal (PC), para obtenção da máxima<br />

fase estável de lactato (MFEL). Após obtenção da MFEL, os animais<br />

foram dividi<strong>do</strong>s em <strong>do</strong>is grupos: M (n = 9), sacrifi ca<strong>do</strong> após 25<br />

minutos de exercício na intensidade MFEL e S (n = 9), sacrifi ca<strong>do</strong><br />

após exercício exaustivo, em intensidade 27% superior a MFEL.<br />

Para comparações, um grupo controle C (n = 10) foi sacrifi ca<strong>do</strong><br />

em repouso. Utilizou-se Anova One Way para identifi car possíveis<br />

diferenças nos parâmetros de estresse (p < 0,05). As concentrações<br />

séricas de ACTH e corticosterona foram signifi cativamente (p <<br />

0,05) superiores após exercício em ambas intensidades quan<strong>do</strong><br />

comparadas ao grupo controle. As concentrações <strong>do</strong> grupo (S) foram,<br />

ainda, maiores <strong>do</strong> que as <strong>do</strong> grupo (M) (tabela I). A atividade <strong>do</strong><br />

eixo hipotálamo-hipófi se-adrenal durante exercício agu<strong>do</strong> de natação<br />

em ratos parece depender da intensidade <strong>do</strong> mesmo, responden<strong>do</strong><br />

com maior atividade às intensidades mais elevadas.<br />

Tabela I - Corticosterona (ng/mL) e hormônio adrenocorticotrófi co<br />

séricos (pg/mL) <strong>do</strong>s animais ao fi nal <strong>do</strong> experimento em repouso (C) e<br />

após sessão aguda de exercício (natação) em intensidade de MFEL (M)<br />

e 27% superior a esta (S).<br />

Grupos ACTH Corticosterona<br />

S (n = 09) 1284,44 ± 361,36 a,* 3845,51 ± 788,83 a,*<br />

M (n = 09) 963,37 ± 420,47 * 2661,26 ± 627,89 *<br />

C (n = 10) 179,32 ± 46,31 467,11 ± 262,12<br />

Resulta<strong>do</strong>s expressos como média ± desvio padrão, com o<br />

número de animais entre parênteses. S = 27% superior a MFEL<br />

(natação), M = MFEL (natação) e C = controle (repouso). * Diferença<br />

signifi cativa em relação ao grupo controle e a ≠M (ANOVA<br />

One Way, p < 0,05).<br />

Apoio fi nanceiro: CAPES & FAPESP.<br />

Efeito <strong>do</strong> uso de analisa<strong>do</strong>r de gases<br />

sobre o desempenho em uma tarefa<br />

anaeróbia<br />

Franchini E, Takito MY, Bertuzzi RCM<br />

Grupo de Pesquisas em <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício da Faculdade<br />

de Educação Física da Universidade Presbiteriana Mackenzie<br />

- Barueri, SP<br />

emersonfranchini@hotmail.com<br />

O uso de analisa<strong>do</strong>res de gases em tarefas anaeróbias tem si<strong>do</strong><br />

realiza<strong>do</strong> com objetivo de estimar a contribuição <strong>do</strong>s sistemas de<br />

transferência de energia nessas tarefas, especialmente <strong>do</strong> metabolismo<br />

aeróbio (Di Prampero e Ferretti, 1999; Gastin, 2001). Contu<strong>do</strong>, al-


60<br />

guns atletas alegam que a execução da atividade é prejudicada quan<strong>do</strong><br />

esse tipo de equipamento é utiliza<strong>do</strong>. Se essa afi rmação for correta,<br />

a análise da situação perde a sua validade ecológica, uma vez que o<br />

desempenho que se pretende analisar não é máximo, poden<strong>do</strong> afetar<br />

a resposta fi siológica ao exercício. No entanto, não foram encontra<strong>do</strong>s<br />

estu<strong>do</strong>s que analisassem o efeito <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>r de gases sobre<br />

o desempenho em tarefas anaeróbias. Nesse senti<strong>do</strong>, o objetivo <strong>do</strong><br />

presente estu<strong>do</strong> foi analisar o efeito <strong>do</strong> uso de um analisa<strong>do</strong>r de gases<br />

portátil (K4b2 da Cosmed, Itália) sobre o desempenho em um teste<br />

de Wingate para membros superiores. Para isso, foram voluntários<br />

no estu<strong>do</strong>, oito homens adultos com treinamento em modalidades<br />

anaeróbias e familiaridade na execução <strong>do</strong> teste de Wingate para<br />

membros superiores. O teste foi conduzi<strong>do</strong> em uma bicicleta Monark<br />

(modelo 668, Suécia) adaptada para membros superiores. Os participantes<br />

foram submeti<strong>do</strong>s a <strong>do</strong>is testes de Wingate para membros<br />

superiores com carga equivalente a 6% da massa corporal em duas<br />

situações: com e sem o uso <strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>r de gases. A ordem das situações<br />

foi contrabalançada. A determinação da potência de pico (PP)<br />

e da potência média (PM) foi feita com o uso <strong>do</strong> programa Wingate<br />

test (Cefi se, Brasil). A comparação entre as situações foi feita através<br />

de um teste “t” de Student para da<strong>do</strong>s parea<strong>do</strong>s. A reprodutibilidade<br />

foi determinada através <strong>do</strong> coefi ciente de correlação intra-classe e por<br />

análise gráfi ca proposta por Bland e Altman (1986) para verifi car os<br />

limites de concordância (limits of agreement) entre as duas situações.<br />

Os valores apresenta<strong>do</strong>s são média ±desvio padrão e o nível de signifi -<br />

cância estabeleci<strong>do</strong> foi de 5%. Não foi observada diferença signifi cante<br />

para a PM (p = 0,4385) na situação sem o uso <strong>do</strong> equipamento (5,20<br />

± 0,56 W/kg) e com o uso <strong>do</strong> equipamento (5,11 ± 0,58 W/kg). Para<br />

a PP, também não houve diferença signifi cante (p = 0,0904) entre<br />

as situações sem o uso <strong>do</strong> equipamento (7,35 ± 1,09 W/kg) e com o<br />

uso <strong>do</strong> equipamento (6,79 ± 0,97 W/kg). A reprodutibilidade para<br />

a PM foi elevada (R = 0,9110) e moderada para a PP (R = 0,7343).<br />

A análise gráfi ca indicou distribuição aleatória para a distribuição<br />

das diferenças entre as situações para a PM e para a PP, embora para<br />

essa última nenhum valor de erro negativo tenha si<strong>do</strong> observa<strong>do</strong>.<br />

Esses resulta<strong>do</strong>s indicam que, para uma tarefa que não envolve o<br />

deslocamento da própria massa corporal, o uso <strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>r de<br />

gases portátil não interfere no desempenho. Adicionalmente, os valores<br />

de reprodutibilidade encontra<strong>do</strong>s para a PP e para a PM foram<br />

similares ao relata<strong>do</strong> na literatura (Inbar, Bar-Or e Skinner, 1996) e<br />

a distribuição <strong>do</strong> erro foi aleatório, o que confi rma a baixa infl uência<br />

<strong>do</strong> equipamento no desempenho. Contu<strong>do</strong>, análise similar deve ser<br />

conduzida para situações que envolvam o deslocamento da massa<br />

corporal, uma vez que nessa situação o uso <strong>do</strong> analisa<strong>do</strong>r de gases<br />

pode ter maior infl uência.<br />

Análise de força da extensão e flexão <strong>do</strong><br />

joelho<br />

Slompo VCF*, Santos RJ*, Verissimo RE*, Neves D*,<br />

Barbosa CAG**<br />

*Alunos <strong>do</strong> 3º ano <strong>do</strong> curso de bacharela<strong>do</strong> das Faculdades<br />

Integradas de Bauru, **Laboratório de Exercício Resisti<strong>do</strong><br />

(LABER) FIB, Centro de Estu<strong>do</strong> e Pesquisa em Atividade<br />

Física (CEPAF) FIB, Grupo de Estu<strong>do</strong> e Pesquisa em Exercício<br />

Resisti<strong>do</strong> (GEPER)<br />

A Força muscular é a habilidade que um músculo ou grupo<br />

muscular possui de exercer tensão através de um esforço voluntário<br />

Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

e de que esta tensão é constante ao longo <strong>do</strong> comprimento <strong>do</strong> músculo<br />

e nos sítios de inserção músculo tendinoso no osso. Esse estu<strong>do</strong><br />

verifi cou e comparou a força máxima obtida na fl exão e extensão<br />

unilateral de joelhos. A amostra foi composta por 5 indivíduos <strong>do</strong><br />

sexo feminino, com idade entre 20 e 31 anos, universitárias das<br />

Faculdades Integradas de Bauru todas saudáveis. Foi realiza<strong>do</strong> um<br />

teste isométrico máximo de extensão e fl exão <strong>do</strong> joelho esquer<strong>do</strong> e<br />

direito. A análise da força foi aferida através de dinamômetro digital<br />

modelo Force Gauge FG-100KG-RS232, da marca Digital Instruments.<br />

O teste de extensão <strong>do</strong> joelho foi realiza<strong>do</strong> em uma mesa,<br />

onde o avalia<strong>do</strong> estava senta<strong>do</strong> com as pernas sem apoio em um<br />

ângulo de 90º, ao sinal <strong>do</strong> avalia<strong>do</strong>r o avalia<strong>do</strong> executou sua força<br />

máxima em extensão por 6 segun<strong>do</strong>s. E na fl exão, o avalia<strong>do</strong>r na<br />

posição em decúbito ventral, forman<strong>do</strong> um ângulo de 90º executou<br />

sua força máxima na fl exão. A media de forca da perna direita foi de<br />

15,12 Kg e da perna esquerda foi de 16,84 Kg para a fl exão e para<br />

extensão a média da força foi de 51,05 Kg para a perna direita e<br />

para a perna esquerda 48,5 Kg. Os resulta<strong>do</strong>s encontra<strong>do</strong>s pelo atual<br />

estu<strong>do</strong> apresentam maiores níveis de força voluntária máxima <strong>do</strong>s<br />

músculos extensores <strong>do</strong> joelho quan<strong>do</strong> comparadas com os músculos<br />

fl exores. Este fato parece estar relaciona<strong>do</strong> tanto com maiores níveis<br />

de massa muscular quanto por maior atividade neural. Contu<strong>do</strong>,<br />

vale ressaltar que não foram avaliadas a perimetria.<br />

Comparação da força de membros<br />

superiores de cadetes da academia da<br />

força aérea em diferentes momentos de<br />

sua formação<br />

Lopes DCF*, Borin JP*; Pa<strong>do</strong>vani CRP**, Carlos Roberto<br />

Pa<strong>do</strong>vani***<br />

*<br />

Curso Mestra<strong>do</strong> em Educação Física - UNIMEP; Piracicaba,<br />

** Mestre em Energia na Agricultura - Unesp/Borucatu, ***<br />

Departamento Bioestatística - UNESP/Botucatu - Botucatu, SP<br />

dcfl @linkway.com.br<br />

Introdução: Destaca-se a força de membros superiores como<br />

essenciais para ações de combate, pois propicia ao militar autonomia<br />

e habilidade para suportar e erguer o peso <strong>do</strong> próprio corpo em<br />

situações proporcionadas por exercícios ou tarefas de campanha.<br />

Torna-se necessário que o cadete militar apresente uma condição<br />

física adequada durante o perío<strong>do</strong> em que estuda na Academia,<br />

para que tenha o suporte necessário para a execução das tarefas relacionadas<br />

com a rotina diária referentes às particularidades <strong>do</strong> seu<br />

curso, durante os quatro anos de sua Formação. Objetivo: Analisar<br />

a resistência força de membros superiores de cadetes da Academia<br />

da Força Aérea. Meto<strong>do</strong>logia: -Participaram desse estu<strong>do</strong> trezentos<br />

e vinte oito cadetes militares, <strong>do</strong> sexo masculino, pertencentes ao<br />

quadro de Formação de Ofi ciais da Aeronáutica (Avia<strong>do</strong>res, Intendentes<br />

e Infantes), com idades de 18 a 23 anos. Os cadetes foram<br />

analisa<strong>do</strong>s pelo teste de fl exão <strong>do</strong>s cotovelos com apoio no solo,<br />

seguin<strong>do</strong> o protocolo de Pollock & Wilmore (1993), em quatro<br />

momentos distintos (M1, M2, M3, M4), ou seja, no perío<strong>do</strong> em que<br />

estudaram na Academia e foram anualmente submeti<strong>do</strong>s ao Teste<br />

de Avaliação <strong>do</strong> Condicionamento Físico (TACF). Posteriormente,<br />

os valores foram transcritos em planilha específi ca e armazena<strong>do</strong>s<br />

em banco computacional, produzin<strong>do</strong>-se informações no plano<br />

descritivo (medidas de centralidade e dispersão) e, no inferencial,<br />

por meio da análise de dependência através da técnica de Análises<br />

de Medidas Repetidas (Norman & Streiner, 1994) e apresenta<strong>do</strong>s


Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

sob a forma tabular. Resulta<strong>do</strong>s: os principais resulta<strong>do</strong>s são apresenta<strong>do</strong>s<br />

na Tabela I:<br />

Tabela I - medidas descritivas e resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> teste estatístico <strong>do</strong> teste<br />

de fl exão <strong>do</strong>s cotovelos segun<strong>do</strong> momentos de avaliação.<br />

Medida Momentos De avaliação (p-valor)<br />

Descritiva M 1 M 2 M 3 M 4<br />

Valor mínimo 36 36 40 35<br />

1.o quartil 50 50 53 52<br />

Mediana 55 51 59 57<br />

3.o quartil 69 59 64 62<br />

Valor máximo 76 72 77 74<br />

Média 57.1 b 53.5 a 58.8 c 57.6 b p


62<br />

entre o aquecimento e o início da tarefa foi de cinco minutos. A<br />

ordem das situações com e sem aquecimento foi aleatória. A altura<br />

de salto foi determinada no Jump Test por meio de três saltos com<br />

intervalo de um minuto, sen<strong>do</strong> considera<strong>do</strong> apenas o maior valor.<br />

A potência de pico no cicloergômetro M4100 (Cefi se) era o valor<br />

mais eleva<strong>do</strong> atingi<strong>do</strong> durante um tiro de oito segun<strong>do</strong>s com<br />

carga de 5% da massa corporal. As situações foram comparadas<br />

através de um teste “t” de Student para amostras dependentes. Os<br />

valores apresenta<strong>do</strong>s são média ±desvio padrão e o nível de signifi<br />

cância a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> foi de 5%. O desempenho no salto foi maior (t<br />

= -7,01; gl = 23; p < 0,001) na situação após aquecimento (41,4<br />

± 9,3 cm) em relação à situação sem aquecimento prévio (38,5<br />

± 8,9 cm). Para a potência de pico não foi identifi cada diferença<br />

signifi cante (t = -1,55; gl = 11; p = 0,149) entre as duas situações<br />

(aquecimento = 4,45 ±1,62 W/kg; sem aquecimento = 4,23 ±1,62<br />

W/kg). O aumento da altura de salto em 7% é similar ao relata<strong>do</strong><br />

na literatura e parece ser resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> aumento da temperatura<br />

corporal e da atividade enzimática (Bishop, 2003). A ausência<br />

de diferença para o desempenho com membros superiores pode<br />

ser conseqüência de uma elevação insufi ciente da temperatura<br />

central em decorrência da pequena massa muscular envolvida no<br />

procedimento de “aquecimento”.<br />

Respostas alimentar e ponderal de<br />

ratas ovariectomizadas submetidas ao<br />

exercício físico e ao tratamento ultrasônico<br />

Haach LCA, Parada S, Camilo CC, Malaman TAB, Bannitz<br />

GO, Terukina GA, Oliveira GP, Rollo JMDA, Shiguemoto<br />

GE<br />

Universidade Federal de São Carlos, Laboratório de <strong>Fisiologia</strong><br />

<strong>do</strong> Exercício - São Carlos, SP<br />

lourdes_fi sioterapeuta@hotmail.com,<br />

Estu<strong>do</strong>s em modelos animais para perda óssea são importantes,<br />

pois a osteoporose é um <strong>do</strong>s maiores problemas de saúde pública<br />

atualmente. Além de acarretar em ônus ao porta<strong>do</strong>r da <strong>do</strong>ença, ela<br />

é responsável pelo gasto de milhões <strong>do</strong>s cofres públicos. Diversos<br />

tratamentos são propostos, entre eles os medicamentosos, o exercício<br />

físico e mais atualmente, o uso <strong>do</strong> ultra-som pulsa<strong>do</strong> de baixa<br />

intensidade. O objetivo deste estu<strong>do</strong> é comparar os efeitos de <strong>do</strong>is<br />

tratamentos, o exercício físico e o ultra-som, na taxa de ganho<br />

ponderal e na ingestão alimentar de ratas ovariectomizadas. Foram<br />

utilizadas 56 ratas Wistar com idade inicial de 2 meses, subdivididas<br />

em 8 grupos: 1) OVX – ratas ovariectomizadas (OVX), sedentárias<br />

e sem tratamento com ultra-som pulsa<strong>do</strong> de baixa intensidade(US),<br />

2) Pseu<strong>do</strong>-OVX – ratas submetidas à intervenção cirúrgica mimetizan<strong>do</strong><br />

a ovariectomia (sem a retirada <strong>do</strong>s ovários), sedentárias e<br />

sem tratamento com US; 3) US – ratas OVX submetidas ao US<br />

(Freqüência: 1,5 MHz e intensidade: 40 mW/cm 2<br />

) no joelho direito<br />

(6 sessões de 20 minutos semanais por 12 semanas); 4) SHAM – ratas<br />

OVX submetidas a mesma manipulação <strong>do</strong> grupo US, mas sem a<br />

emissão de ondas ultra sônicas; 5) Esteira 1 – ratas OVX submetidas<br />

a caminhada em esteira (15 m/min); 6) SALTO – ratas OVX submetidas<br />

a treino resisti<strong>do</strong> em água; 7) Esteira 2 – ratas OVX submetidas<br />

a caminhada (20 m/min) e; 8) Esteira 3 – ratas OVX submetidas a<br />

treino resisti<strong>do</strong> dinâmico na caminhada (treino intervala<strong>do</strong>, velocidade<br />

crescente, inclinação e sobrecarga). To<strong>do</strong>s os exercícios tiveram<br />

protocolo de 3 sessões semanais de 40 minutos por 12 semanas. A<br />

Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

taxa de ganho ponderal (%) foi calculada da seguinte forma: (peso<br />

fi nal x 100 / peso inicial) – 100. A ingestão alimentar representou<br />

a quantidade de ração ingerida por cada rata em cada dia de experiência<br />

e foi calculada a partir da fórmula: (ração disponibilizada<br />

– sobra da ração / n <strong>do</strong> grupo) / número de dias. A análise estatística<br />

(GraphPad InStat) com o ANOVA indicou diferença signifi cativa<br />

entre as médias <strong>do</strong>s grupos nas duas variáveis avaliadas (p = 0.0140<br />

para a taxa de ganho ponderal e p < 0.0001 para a ração ingerida).<br />

O grupo que teve maior aumento de peso foi o grupo Esteira 1<br />

(aumento em 70% ) e o que apresentou menor aumento ponderal<br />

foi o grupo US (47.76% <strong>do</strong> peso inicial). Os grupos controles (OVX<br />

e Pseu<strong>do</strong>-OVX) apresentaram taxas de ganho ponderais mais baixas<br />

que to<strong>do</strong>s os grupos de exercício físico, indican<strong>do</strong> que provavelmente<br />

o ganho muscular tem infl uência nesta variável e esta não representa<br />

fi dedignamente o aumento de peso por conseqüência da ausência de<br />

hormônios isoladamente. Esses mesmos grupos controles foram os<br />

que apresentaram maior consumo alimentar, 2 gramas a mais por<br />

rata por dia em comparação aos outros grupos. Para uma melhor<br />

elucidação <strong>do</strong> assunto propõe-se diferenciar em um próximo estu<strong>do</strong>,<br />

a massa magra da massa gorda.<br />

Os avanços <strong>do</strong> treinamento intervala<strong>do</strong>:<br />

perspectiva histórica<br />

Sasa Y, Calvo AP, Matthiesen SQ<br />

Universidade Estadual Paulista – UNESP - Rio Claro, SP<br />

yumisachs@yahoo.com.br<br />

Introdução: o méto<strong>do</strong> de treinamento intervala<strong>do</strong> (TI) originou-se<br />

na Alemanha em 1939 pelo fi siologista Woldemar Gerschler<br />

que aplicou uma forma de trabalho evoluída <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> fi nlandês<br />

de treinamento de corridas de fun<strong>do</strong> na qual a resistência obtida<br />

através <strong>do</strong>s percursos longos era potencializada pela introdução<br />

de corridas de velocidade intercaladas com perío<strong>do</strong>s de descansos<br />

ativos e modera<strong>do</strong>s. Em 1952, o TI teve sua concepção científi ca<br />

formulada pelo fi siologista alemão Herbert Reindell em parceria<br />

com Gerschler e, desde então, sofreu constantes modifi cações.<br />

Objetivo e justifi cativa: os avanços tecnológicos tornaram o TI<br />

diferente quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong> à sua primeira versão (versão de Gerschler),<br />

desta forma, surge o interesse de investigar o mo<strong>do</strong> como<br />

estas alterações ocorreram ao longo destes anos até a atualidade.<br />

Méto<strong>do</strong>: a partir de revisão bibliográfi ca de aspectos fi siológicos,<br />

este estu<strong>do</strong> visou vincular tais da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s com as datas e os<br />

perío<strong>do</strong>s que acentuaram as respectivas evoluções desse méto<strong>do</strong><br />

de treinamento desde sua criação. Resulta<strong>do</strong>s: o TI foi utiliza<strong>do</strong>,<br />

inicialmente, como méto<strong>do</strong> de treinamento para o desenvolvimento<br />

da resistência anaeróbia lática, os estímulos variavam de 200<br />

a 300m. No fi m da década de 40, foi utiliza<strong>do</strong> para desenvolver,<br />

principalmente, a resistência aeróbia. Os estímulos usa<strong>do</strong>s eram de<br />

200 e 400m, chegan<strong>do</strong> até 70 repetições por sessão de treinamento<br />

com pausa ativa (caminhas e trotes) de aproximadamente 60”.<br />

Já na década de 50, após validação científi ca, foi utiliza<strong>do</strong> tanto<br />

para o desenvolvimento da resistência aeróbia, como anaeróbia<br />

lática e alática. A freqüência cardíaca deveria variar entre 120 e<br />

180bpm para a capacidade cárdio-pulmonar obter máximo <strong>do</strong><br />

seu rendimento. Os estímulos eram de 100 a 200m com duração<br />

máxima de 1min cada, com repetições que podiam chegar a 100<br />

por sessão. A pausa ativa entre os estímulos variava entre 45” a<br />

60”. No fi m da década de 60, as cargas e intervalos eram <strong>do</strong>sa<strong>do</strong>s<br />

de acor<strong>do</strong> com o sistema energético que se desejava desenvolver,


Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

as pulsações deveriam obedecer apenas ao limite de 180 bpm, as<br />

pausas, geralmente ativas, variavam de 30” a 60”. Na década de<br />

70, o TI era visa<strong>do</strong>, principalmente, para o desenvolvimento da<br />

resistência anaeróbia juntamente com outros meios de preparação<br />

física. Nesta época, surge a diferenciação <strong>do</strong> TI realiza<strong>do</strong> com<br />

intervalos de longa ou curta duração, somente com pausas ativas.<br />

Na década de 80, o TI apresentava-se em mais de 6 variações. Os<br />

estímulos variavam de 100 a 1.500m e as repetições variavam de<br />

10 a 100 por sessão. O intervalo era divi<strong>do</strong> entre pausa passiva<br />

e ativa com total de 120” a 600”. Atualmente, o TI é altamente<br />

utiliza<strong>do</strong> e indica<strong>do</strong> para treinar a resistência aeróbia. No entanto,<br />

a intensidade e duração <strong>do</strong>s estímulos devem ser ajustadas aos<br />

objetivos energéticos específi cos e sua aplicação alcançou outros<br />

esportes como ciclismo, natação e ginástica. Discussão e conclusão:<br />

os da<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s mostram que o TI tornou-se um méto<strong>do</strong><br />

altamente avança<strong>do</strong> devi<strong>do</strong> à especifi cidade que cada um de seus<br />

componentes conquistou e ampliou sua função, visto que, abrange<br />

não somente o desenvolvimento anaeróbio lático. Hoje, não é mais<br />

aplica<strong>do</strong> isoladamente, mas em conjunto com outros méto<strong>do</strong>s de<br />

treinamento. Com exceção <strong>do</strong> intervalo misto (ativo e passivo,<br />

numa mesma sessão), to<strong>do</strong>s os componentes (distância, tempo<br />

e repetições <strong>do</strong>s estímulos) começaram a sofrer modifi cações no<br />

fi nal da década de 60.<br />

Ausência de hipocalemia em prova de<br />

triathlon meio-ironman<br />

Bürger-Men<strong>do</strong>nça M, Retondaro F<br />

Unesa - Petrópolis, RJ<br />

marcosburger@gmail.com<br />

O potássio é o cátion de maior concentração nos líqui<strong>do</strong>s intracelulares.<br />

A defi ciência de potássio (hipocalemia/hipopotassemia)<br />

prejudica a função neuromuscular, ten<strong>do</strong> como sinais clínicos<br />

fadiga, fraqueza muscular, especialmente nos membros inferiores.<br />

Este estu<strong>do</strong> teve o objetivo de verifi car os valores de potássio antes e<br />

após uma competição de triathlon. A amostra foi composta por seis<br />

voluntários <strong>do</strong> sexo masculino, sen<strong>do</strong> estes, atletas ama<strong>do</strong>res com<br />

idade média de 27 ± 6 anos, praticantes de triathlon pelo menos<br />

há um ano e com experiência prévia em provas de longa duração.<br />

Para análise estatística, foi utiliza<strong>do</strong> o software SPSS (Statistical<br />

Package for Social Sciences), versão 11.0 (Chicago, IL, USA, 2001),<br />

foi aplica<strong>do</strong> o teste T-student para a mesma amostra, ten<strong>do</strong> como<br />

valor para P ≤ 0.05 aceito como signifi cante. A análise bioquímica<br />

potássio foi realizada por um fotômetro de chama modelo 410<br />

(Sherwood, Cambridge, Reino Uni<strong>do</strong>). Os resulta<strong>do</strong>s individuais<br />

foram compara<strong>do</strong>s com o repouso, ou seja, os atletas foram os seus<br />

próprios controles para os parâmetros analisa<strong>do</strong>s. O tempo médio<br />

da prova realizada foi de 4:23:24 ± 0:28:04 horas. Os valores individuais<br />

<strong>do</strong> potássio variaram de 3,81 a 4,56 mmol/L em T = 0 e de<br />

3,78 a 5,38 mmol/L em T = 1 e os valores médios foram de 4,1783<br />

± 0,2632 mmol/L em T = 0 e de 4,4750 ± 0,5585 mmol/L em T<br />

= 1. Estes resulta<strong>do</strong>s, embora não estatisticamente signifi cantes (P<br />

= 0,285), revelaram um aumento de 7,40% em relação aos valores<br />

<strong>do</strong> potássio pré e pós-competição. Concluímos que houve um aumento<br />

estatisticamente insignifi cante na concentração de potássio.<br />

Nenhum voluntário apresentou quadro de hipocalemia, e to<strong>do</strong>s os<br />

valores permaneceram dentro da faixa de normalidade.<br />

Comparação <strong>do</strong>s valores de íons fe2+ em<br />

63<br />

atletas antes e após uma competição de<br />

triathlon<br />

Bürger-Men<strong>do</strong>nça M<br />

Unesa - Petrópolis, RJ<br />

marcosburger@gmail.com<br />

Nos últimos 20 anos tem se da<strong>do</strong> muita importância ao ferro, em<br />

relação a sua dinâmica e na performance de atletas tanto ama<strong>do</strong>res<br />

como profi ssionais. O ferro é o metal mais abundante de transição<br />

no organismo, e é também o mineral traço mais abundante no metabolismo<br />

celular. O ferro é um elemento essencial na utilização <strong>do</strong><br />

oxigênio pelo organismo, bem como componente na constituição<br />

da hemoglobina, da mioglobina, desidrogenases, citocromos e de<br />

algumas enzimas mitocôndriais. Durante a atividade física intensa<br />

ocorrem alterações nos eritrócitos que levam à sua ruptura (hemólise).<br />

A ocorrência de hemólise intravascular tem si<strong>do</strong> atribuída às modalidades<br />

esportivas de impacto como a corrida, porém, sabe- se que<br />

modalidades de baixo impacto como a natação e o ciclismo apresentam<br />

também hemólise geran<strong>do</strong> a liberação <strong>do</strong>s íons ferro para o sangue.<br />

Quan<strong>do</strong> livre no organismo o ferro reage com o oxigênio forman<strong>do</strong><br />

radicais livres capazes de danifi car as membranas celulares e alterar o<br />

DNA. O objetivo deste trabalho foi verifi car os valores de íons Fe 2 +<br />

em atletas antes e após uma competição de triathlon. A amostra foi<br />

composta por seis voluntários <strong>do</strong> sexo masculino, sen<strong>do</strong> esses atletas<br />

ama<strong>do</strong>res com idade média de 27 ± 6 anos, praticantes de triathlon<br />

a pelo menos um ano e com experiência previa em provas de longa<br />

duração. Os Integrantes <strong>do</strong> experimento foram submeti<strong>do</strong>s a duas<br />

coletas de aproximadamente 25 ml de sangue, após jejum de oito<br />

horas, no perío<strong>do</strong> entre 6 e 7 horas na residência <strong>do</strong>s voluntários (t=<br />

0) na posição sentada e imediatamente ao termino da prova de cada<br />

atleta, sen<strong>do</strong> esta coleta realizada na tenda médica <strong>do</strong> evento. Para<br />

análise estatística foi utiliza<strong>do</strong> o software SPSS (Statistical Package for<br />

Social Sciences) versão 11.0 (Chicago, IL, USA, 2001), foi aplica<strong>do</strong><br />

o teste T-student para a mesma amostra, ten<strong>do</strong> como valor para p ≤<br />

0.05 aceito como signifi cante. O tempo médio da prova realizada foi<br />

de 4:23:24 ± 0:28:04 horas. Os valores individuais <strong>do</strong> ferro variaram<br />

de 58,00 a 141,00 mg/dl em T = 0 e de 100 a 201 mg/dl em T = 1 e<br />

os valores médios foram de 80,36 ± 30,68 mg/dl em T = 0 e 124,50<br />

± 38,07 mg/dl em T = 1. Estes resulta<strong>do</strong>s apresentaram um aumento<br />

estatisticamente signifi cante (P = 0,000), revelan<strong>do</strong> um aumento<br />

de 58,25% em relação aos valores <strong>do</strong> ferro pré e pós-competição.<br />

Concluímos que ocorreu um aumento signifi cativo na concentração<br />

plasmática de ferro após a competição. Da<strong>do</strong>s da literatura nos permitem<br />

considerar que este aumento provavelmente ocorreu devi<strong>do</strong><br />

à hemólise <strong>do</strong>s eritrócitos.<br />

Determinação <strong>do</strong> limiar anaeróbio em<br />

ratos sedentários<br />

Vieira WHB, Stotzer US, Freitas SP, Costa FC, Santos GM,<br />

Góes R, Parizotto NA, Perez SAP, Baldissera V<br />

UFSCAR - São Carlos, SP<br />

parizoto@power.ufscar.br<br />

O limiar anaeróbio (LA) consiste no ponto de infl exão da curva<br />

de lactato sérico em relação à carga de exercício, quan<strong>do</strong> determina<strong>do</strong><br />

pela lactacidemia. Esse tem si<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> como indica<strong>do</strong>r de capacidade<br />

oxidativa, apresentan<strong>do</strong> uma grande aplicabilidade prática<br />

na avaliação e prescrição de um determina<strong>do</strong> treinamento físico. No


64<br />

entanto, estu<strong>do</strong>s em animais investigan<strong>do</strong> o LA são pouco freqüentes,<br />

bem como, a base fi siológica <strong>do</strong> LA não se encontra totalmente<br />

esclarecida. O propósito desse estu<strong>do</strong> foi determinar o LA de ratos<br />

sedentários (não treina<strong>do</strong>s) em esteira. Foram utiliza<strong>do</strong>s na pesquisa<br />

12 ratos machos da raça Wistar pesan<strong>do</strong> inicialmente 100g, os quais<br />

foram aloja<strong>do</strong>s em gaiolas coletivas a 22-27ºC com fotoperío<strong>do</strong><br />

de 12 horas de claro e 12 de escuro e receberam ração peletizada e<br />

água ad libitum. Os animais permaneceram em repouso durante<br />

um perío<strong>do</strong> de 5 semanas. No entanto, estes foram submeti<strong>do</strong>s a<br />

um teste de esforço crescente, em degraus descontínuos (Balke),<br />

pré e pós o perío<strong>do</strong> de 5 semanas, totalizan<strong>do</strong> duas avaliações, para<br />

a obtenção de amostras de sangue visan<strong>do</strong> a determinação <strong>do</strong> LA.<br />

Para a <strong>do</strong>sagem <strong>do</strong> lactato sanguíneo utilizou-se um lactímetro YSI<br />

model I500 Sport Lactate Analyzer. A análise estatística foi realizada<br />

através <strong>do</strong>s testes de Shapiro Wilks e Test t Student. O nível<br />

de signifi cância foi considera<strong>do</strong> (p ≤ 0,05). Após o perío<strong>do</strong> de 5<br />

semanas não houve modifi cação no LA (de 20,11 ± 2,67 m/min<br />

para 20,55 ± 4,67 m/min – p = 0,7287), na velocidade máxima da<br />

corrida (de 28,56 ± 3,12 m/min para 30,34 ± 2,82 m/min – p =<br />

0,103) e na lactacidemia durante o LA (p = 0,3078). Esses da<strong>do</strong>s<br />

sugerem que alterações na lactacidemia durante o teste de esforço, em<br />

ratos sedentários, permitem a determinação <strong>do</strong> LA, no entanto sem<br />

modifi cações das condições de linha de base, diferentemente <strong>do</strong> que<br />

normalmente ocorre em ratos treina<strong>do</strong>s conforme retrata a literatura<br />

científi ca. Estu<strong>do</strong>s envolven<strong>do</strong> o LA tornam-se importantes para o<br />

melhor entendimento de suas bases fi siológicas.<br />

Resposta das concentrações séricas<br />

de creatinina e uréia em futebolistas<br />

profissionais: relações com as excreções<br />

urinárias<br />

Silva ASR, Santhiago V, Santos FNC, Gobatto CA<br />

Departamento de Educação Física, Instituto de Biociências,<br />

UNESP - Rio Claro, SP<br />

adelinosanchez@hotmail.com<br />

O aumento das concentrações séricas de creatinina e uréia<br />

tem si<strong>do</strong> associa<strong>do</strong> com a adaptação negativa ao treinamento<br />

físico. Dessa maneira, o objetivo <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong> foi verifi car<br />

o comportamento das concentrações séricas de creatinina e uréia<br />

em resposta a uma periodização desenvolvida em futebolistas profi<br />

ssionais. Além disso, procuramos correlacionar as concentrações<br />

de creatinina e uréia no soro com as concentrações das mesmas<br />

substâncias na urina. Para tanto, participaram 12 futebolistas<br />

profi ssionais fi lia<strong>do</strong>s à Federação Paulista de Futebol (médias de<br />

22,5 anos; 181,31 cm; 73,51 kg e 8,22%G). Os futebolistas foram<br />

avalia<strong>do</strong>s no início (semana 0, T1), meio (semana 6, T2) e fi m<br />

(semana 12, T3) de uma periodização específi ca. Foram coleta<strong>do</strong>s<br />

5 mL de sangue através de venipuntura utilizan<strong>do</strong> sistema à vácuo<br />

e materiais descartáveis para determinação das concentrações de<br />

creatinina (méto<strong>do</strong> de Larsen) e uréia (méto<strong>do</strong> de Crocker Modifi -<br />

ca<strong>do</strong>) no soro. Para determinação das concentrações de creatinina<br />

(méto<strong>do</strong> de Lutgarten e Wenk Modifi ca<strong>do</strong>) e uréia (méto<strong>do</strong> de<br />

Crocker Modifi ca<strong>do</strong>) na urina, os atletas foram instruí<strong>do</strong>s a desprezarem<br />

a primeira urina <strong>do</strong> dia e a partir deste momento até<br />

24 horas depois, toda urina eliminada foi coletada e armazenada<br />

em garrafas plásticas de 2 litros com o auxílio de um funil. O<br />

volume de urina foi mensura<strong>do</strong> e as garrafas foram mantidas em<br />

geladeira até o momento da análise que ocorreu no mesmo dia.<br />

Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

Para comparação das concentrações de uréia e creatinina no soro<br />

e na urina nos diferentes perío<strong>do</strong>s de treinamento foi utiliza<strong>do</strong><br />

o teste Anova-one way. Além disso, utilizamos a correlação de<br />

Pearson para visualizar as correlações entre as substâncias no soro<br />

e na urina. Os da<strong>do</strong>s estão expressos em média ± desvio padrão<br />

e o nível de signifi cância a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> foi de 5%. A concentração<br />

sérica de creatinina aumentou signifi cativamente em T3 (1,59 ±<br />

0,57 mg/dL) quan<strong>do</strong> comparada a T1 (1,11 ± 0,40 mg/dL) e T2<br />

(1,22 ± 0,30 mg/dL). Já, a concentração de creatinina na urina<br />

foi signifi cativamente maior em T1 (269,89 ± 109,83 mg/dL)<br />

quan<strong>do</strong> comparada a T2 (163,03 ± 65,73 mg/dL) e T3 (108,33<br />

± 38,26). Houve correlação signifi cativa entre as concentrações<br />

de creatinina no soro e urina apenas em T3 (r=0,70). Quanto às<br />

concentrações de uréia, apenas a urinária apresentou diferença<br />

signifi cativa em T1 (2057,30 ± 729,42 mg/dL) comparadas a T2<br />

(930,13 ± 457,60 mg/dL) e em T2 comparadas a T3 (1859,19 ±<br />

480,12). Houve correlação signifi cativa entre as concentrações de<br />

uréia no soro e urina apenas em T2 (r=0,64). Podemos concluir<br />

que somente a utilização da creatinina e da uréia não é sufi ciente<br />

para estudar as possíveis adaptações ao treinamento. Além disso,<br />

devi<strong>do</strong> a complexidade <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> de coleta de urina de 24 horas é<br />

possível concluirmos que esse não é um procedimento aconselhável<br />

para ser desenvolvi<strong>do</strong> com atletas.<br />

Demanda metabólica e ventilatória,<br />

oxigenação e dispnéia durante teste <strong>do</strong><br />

degrau e teste de caminhada na <strong>do</strong>ença<br />

pulmonar obstrutiva crônica<br />

Marmorato D, Di Lorenzo VP, Marrara K, Regueiro E,<br />

Jamami M, Sampaio L, Negrini F<br />

Centro Universitário de Araraquara - UNIARA Laboratório de<br />

Espirometria e Fisioterapia Respiratória - UFSCAR<br />

diego.marmorato@itelefonica.com.br<br />

Introdução: O Teste <strong>do</strong> Degrau de 5 minutos (TD5) e o Teste<br />

de Caminhada de 6 Minutos (TC6) são utiliza<strong>do</strong>s para avaliar a<br />

tolerância aos esforços em pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva<br />

Crônica (DPOC) que apresentam limitação ao exercício<br />

físico (RIBEIRO et al., 1994). Objetivos: Analisar o comportamento<br />

da demanda metabólica e ventilatória, além de verifi car a presença<br />

de dessaturação (diminuição da Saturação periférica de oxigênio<br />

(SpO 2 ) ≥ 5%) e a sensação de dispnéia no pico <strong>do</strong> TD5 e TC6, e<br />

compará-las com a situação basal em porta<strong>do</strong>res da DPOC. Material<br />

e méto<strong>do</strong>s: Incluiu-se 20 indivíduos de ambos os sexos, acima de 50<br />

anos de idade, com DPOC (grau de obstrução modera<strong>do</strong> a grave),<br />

avalian<strong>do</strong> se consumo de oxigênio (VO 2 ), produção de dióxi<strong>do</strong> de<br />

carbono (VCO 2 ), ventilação pulmonar (VE), SpO 2 e sensação de<br />

dispnéia durante a realização <strong>do</strong> TD5 e TC6, com intervalo de 30<br />

minutos entre eles. Resulta<strong>do</strong>s: Quanto a VE, VO 2 , VCO 2 e sensação<br />

de dispnéia observou-se aumento signifi cativo (Wilcoxon, p < 0,05)<br />

<strong>do</strong> início para o término <strong>do</strong> TD5 e TC6, e ao comparar as situações<br />

basal, TD5 e TC6 verifi cou-se aumento signifi cativo (Friedman, p <<br />

0,05) durante TD5 e TC6 em relação a situação basal, entretanto,<br />

apenas VE e VCO 2 mostraram valores signifi cativamente maiores no<br />

TC6 em relação ao TD5 no pico <strong>do</strong> teste. A demanda ventilatória em<br />

relação à VVM obtida (%VVM) apresentou valores eleva<strong>do</strong>s durante<br />

TD5 e TC6. Em ambos os testes a SpO 2 mostrou diminuição signifi<br />

cativa <strong>do</strong> início para o término de cada teste. Conclusão: Conclui-se<br />

que tanto TD5 quanto TC6 proporcionou elevações <strong>do</strong>s níveis de


Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

VE, VO 2 , e VCO 2 acima de 50% da situação basal durante ambos<br />

os testes, além de mostrarem-se sensíveis na detecção da dessaturação<br />

e sensação de dispnéia em indivíduos porta<strong>do</strong>res de DPOC com<br />

grau de obstrução de moderada a grave, poden<strong>do</strong> ser aplica<strong>do</strong>s na<br />

prática clínica para avaliar a tolerância ao exercício.<br />

*Estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> com a anuência <strong>do</strong>s pacientes de acor<strong>do</strong> com<br />

a resolução 196/96 <strong>do</strong> CNS.<br />

Comportamento da ventilação pulmonar<br />

e consumo de oxigênio durante<br />

diferentes atividades de vida diária<br />

Marmorato D, Marrara K, Mendes M, Jamami M, Di<br />

Lorenzo VP<br />

Universidade Federal de São Carlos-UFSCAR - São Carlos, SP<br />

diego.marmorato@itelefonica.com.br<br />

Introdução: As atividades de vida diária (AVD) em indivíduos<br />

com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), envolven<strong>do</strong><br />

tanto os membros superiores (MMSS) quanto os inferiores (MMII),<br />

têm si<strong>do</strong> reproduzidas na prática clínica como forma de avaliar as<br />

respostas fi siológicas ao esforço físico, subsidian<strong>do</strong> programas de<br />

tratamento fi sioterapêutico. Objetivos: Avaliar o comportamento<br />

da ventilação pulmonar (E) e consumo de oxigênio ( O2) durante<br />

AVD envolven<strong>do</strong> os membros superiores e inferiores, comparadas a<br />

situação basal (B), em indivíduos com DPOC e saudáveis, bem como<br />

compará-las entre os mesmos. Material e méto<strong>do</strong>s: Foram avalia<strong>do</strong>s<br />

22 indivíduos <strong>do</strong> sexo masculino: 13 com DPOC (obstrução moderada<br />

a grave, Grupo 1 (G1); 72 ± 6,6 anos) (Pereira et al., 2002)<br />

e 9 saudáveis (Grupo 2 (G2), 65 ± 6 anos), através de um sistema<br />

metabólico modelo VO2000 opera<strong>do</strong> via computa<strong>do</strong>r pelo software<br />

Aerograph para análise da E e O2 durante as atividades de apagar<br />

lousa (L), elevar peso de 5 Kg acima da cabeça (O), subir degrau<br />

(D) e caminhar (C), com duração de 5 minutos cada. Resulta<strong>do</strong>s:<br />

Ao realizar a análise intragrupo quanto a E e O2 constatou-se que<br />

durante as atividades essas variáveis mostraram-se signifi cativamente<br />

maiores (Friedman ANOVA, p≤0,05) que os valores basais para G1<br />

e G2, haven<strong>do</strong> diferença signifi cativa entre as atividades para ambos<br />

os grupos. A E e O2 para G1 mostrou-se signifi cativamente maior<br />

(Newman-Keuls, p ≤ 0,05) nas atividades D e C vs L e O. Em relação<br />

a E para G2 evidenciou-se comportamento semelhante ao G1, mas<br />

o O2, mostrou-se signifi cativamente maior na atividade C vs L, O e<br />

D. Na análise intergrupos verifi cou-se diferença signifi cativa da E em<br />

B e L (Mann-Whitney, p ≤ 0,05), sen<strong>do</strong> maiores para G1. Quanto<br />

ao O2, houve diferença signifi cativa em B e durante a atividade C,<br />

sen<strong>do</strong> que G1 mostrou se signifi cativamente maior que G2 na situação<br />

B, e na C o G2 mostrou-se signifi cativamente maior que G1.<br />

Conclusão: De acor<strong>do</strong> com os resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s conclui-se que as<br />

atividades de MMSS com e sem sobrecarga, ou que envolveram os<br />

membros inferiores acarretaram maior requerimento metabólico e<br />

ventilatório compara<strong>do</strong>s à situação basal para ambos os grupos. A<br />

maior demanda metabólica para os indivíduos saudáveis na atividade<br />

C foi desencadeada pela maior velocidade tolerada na caminhada.<br />

No caso <strong>do</strong> G1 (DPOC) a maior demanda ventilatória e metabólica<br />

já na situação basal e L, sugere recrutamento da musculatura da<br />

cintura escapular e dessincronia <strong>do</strong> movimento tóraco-ab<strong>do</strong>minal<br />

para executar o trabalho respiratório.<br />

*Estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> com a anuência <strong>do</strong>s pacientes de acor<strong>do</strong> com<br />

a resolução 196/96 <strong>do</strong> CNS.<br />

65<br />

A influência da natação sobre a força<br />

muscular respiratória em i<strong>do</strong>sos<br />

Silva GA, Martins LA, Faria VAM<br />

Fundação Municipal de Educação e Cultura de Santa Fé <strong>do</strong><br />

Sul, SP<br />

glacr2003@yahoo.com.br<br />

Introdução: O envelhecimento é um fenômeno fi siológico<br />

observa<strong>do</strong> há vários anos em países desenvolvi<strong>do</strong>s ou em desenvolvimento.<br />

No processo de envelhecimento ocorrem alterações<br />

fi siológicas nos diversos sistemas, que variam de pessoa para pessoa.<br />

O sistema respiratório, entre to<strong>do</strong>s os sistemas orgânicos, é o que<br />

sofre as maiores perdas funcionais fi siológicas, condicionadas pela<br />

idade. Devi<strong>do</strong> ao processo degenerativo em nível osteoarticulares,<br />

a caixa torácica torna-se mais rígida (Geis 2003). A perda de força<br />

muscular com o envelhecimento resulta em um fenômeno denomina<strong>do</strong><br />

na literatura como sarcopenia, defi ni<strong>do</strong> por Evans (1993)<br />

como o decréscimo da capacidade neuromuscular decorrente <strong>do</strong><br />

avanço da idade. O trabalho mecânico da respiração é feito pelos<br />

músculos respiratórios, realizan<strong>do</strong> um processo cíclico de entrada<br />

e saída de ar <strong>do</strong>s pulmões (Aires 1999), objetivan<strong>do</strong> assim, uma<br />

constante renovação de gás alveolar, por isso, esses músculos devem<br />

estar em condições de força e endurance. Para Azere<strong>do</strong> (1993), em<br />

pessoas de ambos os sexos, a partir <strong>do</strong>s 20 anos de idade ocorre<br />

um decréscimo de 0,5 cmH 2 O ao ano. Ten<strong>do</strong> como resulta<strong>do</strong> a<br />

fraqueza, a fadiga e a falência muscular respiratória, que podem<br />

ser correlacionadas e diagnosticadas com a mensuração criteriosa<br />

e sistemática da Pi máx e Pe máx. Objetivo: Este estu<strong>do</strong> teve como<br />

objetivo, verifi car qual é a infl uência da natação sobre a força<br />

muscular respiratória, através <strong>do</strong>s valores médios das pressões<br />

respiratórias em indivíduos i<strong>do</strong>sos praticantes de natação i<strong>do</strong>sos.<br />

Materiais e méto<strong>do</strong>s: Participaram <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, três pessoas com<br />

idade entre 60 e 74 anos <strong>do</strong> sexo feminino, que apresentaram<br />

biótipos diferentes. Após o perío<strong>do</strong> introdutório as aulas foram<br />

desenvolvidas com um volume modera<strong>do</strong> e intensidade baixa, elas<br />

aconteceram 2 vezes por semana, com perío<strong>do</strong> de 1 hora, durante<br />

2 meses consecutivos. As aulas foram divididas em: aquecimento,<br />

desenvolvimento principal e volta à calma com alongamento. Neste<br />

estágio, foi da<strong>do</strong> ênfase em tiros intervala<strong>do</strong>s de 7,5 metros com<br />

intervalos varian<strong>do</strong> entre 20 a 60 segun<strong>do</strong>s. A piscina utilizada<br />

era aquecida e media 12 metros de comprimento, 7.5 metros de<br />

comprimento e com profundidade varian<strong>do</strong> de 1 a 1.80 metros.<br />

As pressões respiratórias máximas foram mensuradas através <strong>do</strong><br />

manuvacuômetro devidamente calibra<strong>do</strong>, onde, foi selecionada<br />

para o trabalho a melhor de 03 manobras reprodutíveis tanto da<br />

Pi máx como da Pe máx. Resulta<strong>do</strong>s: A Pimáx apresentou melhora<br />

signifi cativa, quan<strong>do</strong> comparamos os resulta<strong>do</strong>s da avaliação entre<br />

o pré-treino e pós-treino, em que obtivemos -113,33cmH 2 O na<br />

pré-treino e -146,66120cmH 2 O na pós-treino, com um aumento<br />

de 29,41% . Analisan<strong>do</strong> a Pemáx, observou-se que, o grupo apresentou<br />

melhora signifi cativa quan<strong>do</strong> comparamos os resulta<strong>do</strong>s da<br />

avaliação entre a pré-treino e a pós-treino 28.58% onde, obtivemos<br />

93,33cmh 2 Ona pré-treino e 120 cmH 2 O na pós-treino. Conclusão:<br />

Com o presente estu<strong>do</strong> conclui-se que o treinamento de natação<br />

proposto aumenta signifi cativamente a força da musculatura respiratória<br />

em indivíduos i<strong>do</strong>sos.


66<br />

Comportamento agu<strong>do</strong> da pressão<br />

arterial em exercícios resisti<strong>do</strong>s, com<br />

sobrecargas para o desenvolvimento da<br />

resistência muscular<br />

Silva MM**, Silva GKA**, Silva CL*, Biazon F*, Silva L*,<br />

Silva LP**, Souza DAP**, Gomes LS*, Barbosa CAG***<br />

*Alunos <strong>do</strong> Curso de bacharela<strong>do</strong> em Educação Física das<br />

Faculdades Integradas de Bauru, ** Alunos de bacharela<strong>do</strong><br />

em Educação Física das Faculdades Integradas de Bauru,<br />

Grupo de Estu<strong>do</strong>s e Pesquisas em Exercício Resisti<strong>do</strong><br />

(GEPER)-FIB, ***Centro de Estu<strong>do</strong>s e Pesquisa em Atividade<br />

Física (CPAF)-FIB, Laboratório de Exercício Resisti<strong>do</strong><br />

(LABER), Grupo de Estu<strong>do</strong>s e Pesquisas em Exercício<br />

Resisti<strong>do</strong> (GEPER)-FIB<br />

mari_cepaf@hotmail.com<br />

As modifi cações no estilo de vida são fundamentais para o tratamento<br />

e prevenção primária da hipertensão arterial. Estas mudanças<br />

comportamentais estão indicadas em to<strong>do</strong>s os hipertensos, inclusive<br />

os i<strong>do</strong>sos e indivíduos normotensos com alto risco cardiovascular.<br />

De acor<strong>do</strong> com pesquisas realizadas, pode-se afi rmar que os níveis<br />

tensionais sobem durante o exercício, porém, sabe-se que o mesmo<br />

realiza<strong>do</strong> de forma sistemática contribui para a redução da pressão<br />

arterial. Sabemos também que a realização de exercícios físicos<br />

desencadeia uma série de respostas fi siológicas nos vários sistemas<br />

corporais e em particular no sistema cardiovascular. Os níveis de<br />

pressão arterial sobem durante o exercício físico, porém sabe-se que<br />

o mesmo pratica<strong>do</strong> de forma regular e freqüente contribui para que<br />

haja uma redução da mesma, tanto de forma aguda como crônica.<br />

O objetivo <strong>do</strong> presente estu<strong>do</strong> foi verifi car o comportamento agu<strong>do</strong><br />

da pressão arterial no exercício resisti<strong>do</strong> com sobrecargas para o<br />

desenvolvimento da resistência muscular em pessoas com ler/<strong>do</strong>rt.<br />

A amostra foi composta de 5 pessoas de ambos os sexos, com idades<br />

entre 22 e 52 anos, normotensos, com ler/<strong>do</strong>rt, cadastra<strong>do</strong>s no projeto<br />

perseverar e participantes <strong>do</strong> programa de “ler/<strong>do</strong>rt”, realiza<strong>do</strong><br />

no laboratório de exercícios resisti<strong>do</strong>s das Faculdades Integradas de<br />

Bauru, localiza<strong>do</strong> na cidade de Bauru. Por se tratar de um grupo<br />

com patologia específi ca, os exercícios resisti<strong>do</strong>s foram dividi<strong>do</strong>s em<br />

tronco e membros inferiores (treino geral) e membros superiores e<br />

cintura escapular (treino específi co) com uma série de vinte repetições<br />

para to<strong>do</strong>s os exercícios. Os resulta<strong>do</strong>s revelaram que a PA<br />

Sistólica foi de 120 ± 12,24 e Diastólica 76 ± 15,16 mmHg antes<br />

da realização <strong>do</strong> programa de treinamento e ao término 110 ±2<br />

0 para Sistólica e 68 ±8,36 mmHg para Diastólica. Desta forma,<br />

pôde-se observar efeitos hipotensivos agu<strong>do</strong>s tanto na PA Sistólica<br />

quanto Diastólica para sujeitos normotensos. Contu<strong>do</strong>, mais pesquisas<br />

devem ser realizadas para verifi car situações hipotensivas em<br />

indivíduos hipertensos.<br />

Projeto LER/DORT: uma proposta de<br />

treinamento resisti<strong>do</strong><br />

Silva MM*, Silva GKA*, Silva LP*, Souza DAP*, Silva KR*,<br />

Barbosa CAG<br />

*Alunos <strong>do</strong> curso de Bacharela<strong>do</strong> em Educação Física das<br />

Faculdades Integradas de Bauru-FIB,Grupo de Estu<strong>do</strong>s e<br />

Pesquisas em Exercício Resisti<strong>do</strong> (GEPER)-FIB, **Centro<br />

de Estu<strong>do</strong>s e Pesquisa em Atividade Física (CEPAF)-FIB,<br />

Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

Laboratório de Exercício Resisti<strong>do</strong> (LABER) – FIB, Grupo de<br />

Estu<strong>do</strong>s e Pesquisas em Exercício Resisti<strong>do</strong> (GEPER) -FIB.<br />

mari_cepaf@hotmail.com<br />

A competitividade das empresas faz com que a busca pelo<br />

aumento da produtividade ocasione ritmos de trabalhos exaustivos<br />

e jornadas prolongadas; associadas a ambientes ergonomicamente<br />

inadequa<strong>do</strong>s, provocan<strong>do</strong> lesões em seus trabalha<strong>do</strong>res. A ler/<strong>do</strong>rt<br />

é conceituada como uma síndrome clínica caracterizada por <strong>do</strong>r<br />

crônica. Os sintomas surgem de movimentos intensos e repetitivos;<br />

da necessidade de fi car em determinada posição por longos perío<strong>do</strong>s<br />

e de móveis e equipamentos inadequa<strong>do</strong>s. Associa-se a estes fatores<br />

o tempo insufi ciente para a recuperação <strong>do</strong> teci<strong>do</strong> músculo-esquelético.<br />

A proposta de treinamento resisti<strong>do</strong> para ler/<strong>do</strong>rt faz parte <strong>do</strong><br />

“Projeto Perseverar” <strong>do</strong> Laboratório de Exercício Resisti<strong>do</strong> (LABER),<br />

das Faculdades Integradas de Bauru – FIB, e se destina a oferecer<br />

o tratamento aos voluntários que comprovadamente possuem a<br />

patologia mediante lau<strong>do</strong> médico ou diagnóstico por especialista da<br />

área. Atualmente conta com 10 participantes, sen<strong>do</strong> sete mulheres e<br />

três homens, com idade média de 42,3 ± 11,74 anos. Para a pesquisa<br />

foi feita anamnese de saúde, medidas de circunferência corporal,<br />

<strong>do</strong>bras cutâneas, aferição da pressão arterial, medidas de peso e<br />

altura, e avaliação da força máxima unilateral em punhos, cotovelos<br />

e ombros, com a utilização de dinamômetro digital, modelo Force<br />

Gauge FG-100KG-RS232, da marca Digital Instruments digital.<br />

As regiões mais afetadas nos participantes deste projeto são o cotovelo,<br />

ombros, punhos e de<strong>do</strong>s. Apenas <strong>do</strong>is voluntários apresentam<br />

lesões nos membros inferiores. Para a avaliação permanente <strong>do</strong>s<br />

resulta<strong>do</strong>s foi elaborada escala subjetiva de <strong>do</strong>r, para que seja feita<br />

auto avaliação de manhã, tarde, noite e madrugada. O programa é<br />

dividi<strong>do</strong> em exercícios gerais e especiais, com aquecimento prévio<br />

de 15minutos em ergômetro, e alongamento geral e específi co para<br />

membros superiores. As atividades acontecem três vezes por semana<br />

no perío<strong>do</strong> vespertino, e a cada 12 treinos são realiza<strong>do</strong>s pós-testes.<br />

Este projeto está em andamento há seis semanas, e os participantes<br />

já sentem diminuição da <strong>do</strong>r e alguns, após nova consulta médica,<br />

reduziram as <strong>do</strong>ses farmacológicas.<br />

Comparação da assimetria de coxas,<br />

força máxima e resistência de força na<br />

extensão unilateral de joelhos<br />

De Sá VO*, Alves GB*, Euzébio CJ*, Carlos AC*, Silva<br />

RM**, Barbosa CAG**<br />

*Alunos <strong>do</strong> Curso de Bacharela<strong>do</strong> de Educação Física das<br />

Faculdades Integradas de Bauru-FIB,**Centro de Estu<strong>do</strong>s<br />

e Pesquisa em Atividade Física (CEPAF)-FIB, Laboratório<br />

de Exercício Resisti<strong>do</strong> (LABER)-FIB, Grupo de Estu<strong>do</strong>s e<br />

Pesquisas em Exercício Resisti<strong>do</strong> (GEPER)-FIB<br />

virlausp@hotmail.com<br />

Os esportes necessitam de níveis apropria<strong>do</strong>s de Força Muscular<br />

(FM), devi<strong>do</strong> a sua variabilidade de aplicações. A FM é dependente<br />

da área de secção transversa <strong>do</strong> músculo; densidade, número e<br />

diâmetro das fi bras que contraem simultaneamente; velocidade de<br />

condução e excitação das fi bras; inibição das fi bras musculares que<br />

não contribuem para o movimento; comprimento inicial <strong>do</strong>s músculos<br />

antes da contração, e efi ciência da alavanca mecânica através da<br />

articulação. O objetivo deste estu<strong>do</strong> foi verifi car o comportamento


Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

da FM e Resistência de Força Muscular (RFM) unilateral em 1RM e<br />

15RM na extensão <strong>do</strong> Joelho Esquer<strong>do</strong> (JE) e Direito (JD), compara<strong>do</strong>s<br />

com as coxas de maior (CM) e menor (CMN) circunferências.<br />

Fizeram parte da pesquisa vinte a<strong>do</strong>lescentes entre 14 e 16 anos<br />

praticantes de futebol, da Associação Desportiva da Polícia Militar da<br />

Cidade de Bauru. Anteriormente aos testes de RM foram realizadas<br />

medidas de circunferências das coxas. Os testes de 1RM e 15RM<br />

<strong>do</strong> JE e JD foram executa<strong>do</strong>s na Cadeira Extensora. Para o teste de<br />

1RM e 15RM os joelhos iniciaram a 90º e considerada tentativa<br />

falha quan<strong>do</strong> não estendessem até 0º. Verifi cou-se que a assimetria<br />

media foi de 2,6% entre a CM e CMN. Para o coefi ciente de FM,<br />

o estu<strong>do</strong> revelou que a CM apresentou média 4,9% superior em<br />

relação a CMN. Para RFM a CM apresentou media 3,5% superior a<br />

CMN. Encontrou-se ainda, percentual médio de carga entre 15RM<br />

e 1RM de 69,8% para CM e de 67,5% para a CMN. Desta forma,<br />

os da<strong>do</strong>s acima se mostraram relevantes para a CM. Contu<strong>do</strong>, não<br />

obtiveram proporcionalidade de 1RM para 15RM. Será necessário<br />

número maior de avaliações e novos testes para afi rmar que a circunferência<br />

tem infl uência sobre a FM e RFM.<br />

Respostas agudas da sobrecarga<br />

máxima na potência muscular no salto<br />

vertical<br />

Sousa PAD*, Santos ZL*, Medra<strong>do</strong> RR*, Passerini KR*,<br />

Amaral AR*, Contesini SRR, Francisco ER*, Silva PL*<br />

Barbosa CAG**<br />

*Alunos <strong>do</strong> Curso de Bacharela<strong>do</strong> de Educação Física das<br />

Faculdades Integradas de Bauru-FIB, **Centro de Estu<strong>do</strong>s<br />

e Pesquisa em Atividade Física (CEPAF)-FIB, Laboratório<br />

de Exercício Resisti<strong>do</strong> (LABER)-FIB, Grupo de Estu<strong>do</strong>s e<br />

Pesquisas em Exercício Resisti<strong>do</strong> (GEPER)-FIB<br />

67<br />

Os saltos nos esportes são ações integrantes, com valores importantes<br />

em suas execuções. Encontram-se como resulta<strong>do</strong>s das<br />

aplicações de forças dinâmicas, contra a ação da gravidade. A força<br />

de impulsão é caracterizada pelo movimento explosivo e tem na resistência<br />

externa a determinação da aceleração. O ato motor <strong>do</strong> salto<br />

vertical é realiza<strong>do</strong> mediante as capacidades de força e velocidade,<br />

caracterizadas pela necessidade de superação rápida da resistência.<br />

Com avançadas tecnologias, os conhecimentos científi cos estão mais<br />

objetivos; possibilitan<strong>do</strong> identifi car e analisar variáveis específi cas<br />

que afetam ou favorecem o rendimento <strong>do</strong> salto. A força absoluta e<br />

relativa, tamanho <strong>do</strong> braço de alavanca, potência muscular, energia<br />

elástica acumulada, peso corporal, coordenação motora, quantidade<br />

de fi bras de contração rápida e recrutamento de fi bras musculares são<br />

fatores determinantes <strong>do</strong> salto vertical. O objetivo deste estu<strong>do</strong> foi<br />

verifi car a infl uência da força isométrica máxima no pórtico, sobre<br />

os aspectos da potência muscular no salto vertical. A amostra foi<br />

composta de sete pessoas, ambos os sexos, com idade entre 16-29<br />

anos, constituída por 3 atletas <strong>do</strong> caratê, 2 da natação, 1 <strong>do</strong> handebol<br />

e 1 <strong>do</strong> jiu-jitsu. As coletas foram realizadas no laboratório de<br />

exercício resisti<strong>do</strong> das Faculdades Integradas de Bauru, localiza<strong>do</strong>s<br />

em Bauru. Foi utilizada para aquecimento uma bicicleta ergométrica.<br />

Após o aquecimento foram realiza<strong>do</strong>s 3 saltos verticais com<br />

intervalo de 1,5 minuto. Dois minutos depois, foram realiza<strong>do</strong>s 6<br />

segun<strong>do</strong>s de força máxima isométrica na barra guiada, com ângulo<br />

de 30º no joelho e novamente realizaram três saltos verticais, com<br />

pausa de 1,5 minuto entre os saltos. Os resulta<strong>do</strong>s mostraram que<br />

a média <strong>do</strong>s 3 primeiros saltos foram inferiores (41,00 cm ± 16,83<br />

cm) aos <strong>do</strong>s 3 segun<strong>do</strong>s saltos verticais (42,28 cm ± 17,89 cm).<br />

Pode-se dizer que a Contração Isométrica máxima infl uenciou nos<br />

resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> salto vertical, mesmo em atividade física aguda. Porém,<br />

mais pesquisas precisam ser realizadas para que os reais efeitos <strong>do</strong>s<br />

exercícios isométricos agu<strong>do</strong>s sejam detecta<strong>do</strong>s.


68<br />

Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

Normas de publicação Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício<br />

A revista <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício é uma publicação com periodicidade<br />

quadrimestral e está aberta para a publicação e divulgação<br />

de artigos científicos das várias áreas relacionadas à <strong>Fisiologia</strong><br />

<strong>do</strong> Exercício.<br />

Os artigos publica<strong>do</strong>s em <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício poderão também<br />

ser publica<strong>do</strong>s na versão eletrônica da revista (Internet) assim<br />

como em outros meios eletrônicos (CD-ROM) ou outros<br />

que surjam no futuro. Ao autorizar a publicação de seus artigos<br />

na revista, os autores concordam com estas condições.<br />

A revista <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício emprega o estilo Vancouver<br />

(Uniform requirements for manuscripts submitted to biomedical<br />

journals, N Engl J Med 1997;336(4):309-15) preconiza<strong>do</strong><br />

pelo Comitê Internacional de Diretores de Revistas Médicas.<br />

As especificações podem ser encontradas no site <strong>do</strong> International<br />

Committee of Medical Journal Editors (ICMJE), www.<br />

icmje.org.<br />

Submissões devem ser enviadas por e-mail para (artigos@atlanticaeditora.com.br).<br />

A publicação <strong>do</strong>s artigos é uma decisão <strong>do</strong>s<br />

editores, baseada em avaliação por revisores anônimos (Artigos<br />

originais, Revisões, Estu<strong>do</strong>s de Caso) ou não.<br />

1. Editorial<br />

O Editorial que abre cada número da <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício<br />

comenta acontecimentos recentes, inovações tecnológicas, ou<br />

destaca artigos importantes publica<strong>do</strong>s na própria revista. Ao<br />

pedi<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Editores, a revista pode publicar uma ou várias Opiniões<br />

de especialistas sobre temas de atualidade.<br />

2. Artigos originais<br />

São trabalhos resultantes de pesquisa científica apresentan<strong>do</strong><br />

da<strong>do</strong>s originais de descobertas com relação a aspectos experimentais<br />

ou observacionais. Todas as contribuições a esta seção<br />

que suscitarem interesse editorial serão submetidas à revisão<br />

por pares anônimos.<br />

Formato: O texto <strong>do</strong>s Artigos originais é dividi<strong>do</strong> em Resumo,<br />

Introdução, Material e méto<strong>do</strong>s, Resulta<strong>do</strong>s, Discussão, Conclusão,<br />

Agradecimentos e Referências.<br />

Texto: A totalidade <strong>do</strong> texto, incluin<strong>do</strong> as referências e as legendas<br />

das figuras, não deve ultrapassar 30.000 caracteres (espaços<br />

incluí<strong>do</strong>s), e não deve ser superior a 12 páginas A4, em espaço<br />

simples, fonte Times New Roman tamanho 12, com todas as<br />

formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobre-escrito,<br />

etc. O Resumo deve ser envia<strong>do</strong> em português e em inglês, e<br />

cada versão não deve ultrapassar 200 palavras. A distribuição<br />

<strong>do</strong> texto nas demais seções é livre.<br />

Tabelas: Recomenda-se usar no máximo seis tabelas, no formato<br />

Excel ou Word.<br />

Figuras: Máximo de 8 figuras, em formato .tif ou .gif, com<br />

resolução de 300 dpi.<br />

Literatura citada: Máximo de 50 referências.<br />

3. Revisão<br />

São trabalhos que expõem criticamente o esta<strong>do</strong> atual <strong>do</strong> conhecimento<br />

em alguma das áreas relacionadas à <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong><br />

Exercício. Revisões consistem necessariamente em síntese, aná-<br />

lise, e avaliação de artigos originais já publica<strong>do</strong>s em revistas<br />

científicas. Todas as contribuições a esta seção que suscitarem<br />

interesse editorial serão submetidas à revisão por pares anônimos.<br />

Formato: Embora tenham cunho histórico, Revisões não expõem<br />

necessariamente toda a história <strong>do</strong> seu tema, exceto<br />

quan<strong>do</strong> a própria história da área for o objeto <strong>do</strong> artigo. O<br />

texto deve conter um resumo de até 200 palavras em português<br />

e outro em inglês. O restante <strong>do</strong> texto tem formato livre, mas<br />

deve ser subdividi<strong>do</strong> em tópicos, identifica<strong>do</strong>s por subtítulos,<br />

para facilitar a leitura.<br />

Texto: A totalidade <strong>do</strong> texto, incluin<strong>do</strong> a literatura citada e as<br />

legendas das figuras, não deve ultrapassar 30.000 caracteres, incluin<strong>do</strong><br />

espaços.<br />

Figuras e Tabelas: mesmas limitações <strong>do</strong>s Artigos originais.<br />

Literatura citada: Máximo de 50 referências.<br />

4. Estu<strong>do</strong> de caso<br />

São artigos que apresentam da<strong>do</strong>s descritivos de um ou mais<br />

casos clínicos ou terapêuticos com características semelhantes.<br />

Contribuições a esta seção que suscitarem interesse editorial serão<br />

submetidas à revisão por pares.<br />

Formato: O texto <strong>do</strong>s Estu<strong>do</strong>s de caso deve iniciar com um<br />

resumo de até 200 palavras em português e outro em inglês. O<br />

restante <strong>do</strong> texto deve ser subdividi<strong>do</strong> em Introdução, Apresentação<br />

<strong>do</strong> caso, Discussão, Conclusões e Referências.<br />

Texto: A totalidade <strong>do</strong> texto, incluin<strong>do</strong> a literatura citada e as<br />

legendas das figuras, não deve ultrapassar 10.000 caracteres, incluin<strong>do</strong><br />

espaços.<br />

Figuras e Tabelas: máximo de duas tabelas e duas figuras.<br />

Literatura citada: Máximo de 20 referências.<br />

5. Opinião<br />

Esta seção publicará artigos curtos, de no máximo uma página,<br />

que expressam a opinião pessoal <strong>do</strong>s autores: avanços recentes,<br />

política de saúde, novas idéias científicas e hipóteses, críticas à<br />

interpretação de estu<strong>do</strong>s originais e propostas de interpretações<br />

alternativas, por exemplo. Por ter cunho pessoal, não será sujeita<br />

a revisão por pares.<br />

Formato: O texto de artigos de Opinião tem formato livre, e<br />

não traz um resumo destaca<strong>do</strong>.<br />

Texto: Não deve ultrapassar 5.000 caracteres, incluin<strong>do</strong> espaços.<br />

Figuras e Tabelas: Máximo de uma tabela ou figura.<br />

Literatura citada: Máximo de 20 referências.<br />

6. Cartas<br />

Esta seção publicará correspondência recebida, necessariamente<br />

relacionada aos artigos publica<strong>do</strong>s na <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício<br />

ou à linha editorial da revista. Demais contribuições devem ser<br />

endereçadas à seção Opinião. Os autores de artigos eventualmente<br />

cita<strong>do</strong>s em Cartas serão informa<strong>do</strong>s e terão direito de<br />

resposta, que será publicada simultaneamente. Cartas devem<br />

ser breves e, se forem publicadas, poderão ser editadas para<br />

atender a limites de espaço.


Revista Brasileira de <strong>Fisiologia</strong> <strong>do</strong> Exercício - Volume 4 Número 1 - janeiro/dezembro 2005<br />

PREPARAÇÃO DO ORIGINAL<br />

1. Normas gerais<br />

1.1 Os artigos envia<strong>do</strong>s deverão estar digita<strong>do</strong>s em processa<strong>do</strong>r<br />

de texto (Word), em página A4, formata<strong>do</strong>s da seguinte maneira:<br />

fonte Times New Roman tamanho 12, com todas as formatações<br />

de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc.<br />

1.2 Tabelas devem ser numeradas com algarismos romanos, e<br />

Figuras com algarismos arábicos.<br />

1.3 Legendas para Tabelas e Figuras devem constar à parte, isoladas<br />

das ilustrações e <strong>do</strong> corpo <strong>do</strong> texto.<br />

1.4 As imagens devem estar em preto e branco ou tons de cinza,<br />

e com resolução de qualidade gráfica (300 dpi). Fotos e<br />

desenhos devem estar digitaliza<strong>do</strong>s e nos formatos .tif ou .gif.<br />

Imagens coloridas serão aceitas excepcionalmente, quan<strong>do</strong> forem<br />

indispensáveis à compreensão <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s (histologia,<br />

neuroimagem etc.)<br />

Todas as contribuições devem ser enviadas por e-mail para<br />

(artigos@atlanticaeditora.com.br). O corpo <strong>do</strong> e-mail deve ser<br />

uma carta <strong>do</strong> autor correspondente à editora, e deve conter:<br />

(1) resumo de não mais que duas frases <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> da contribuição<br />

(diferente <strong>do</strong> resumo de um Artigo original, por<br />

exemplo);<br />

(2) uma frase garantin<strong>do</strong> que o conteú<strong>do</strong> é original e não foi<br />

publica<strong>do</strong> em outros meios além de anais de congresso;<br />

(3) uma frase em que o autor correspondente assume a responsabilidade<br />

pelo conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong> artigo e garante que to<strong>do</strong>s<br />

os outros autores estão cientes e de acor<strong>do</strong> com o envio <strong>do</strong><br />

trabalho;<br />

(4) uma frase garantin<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> aplicável, que to<strong>do</strong>s os<br />

procedimentos e experimentos com humanos ou outros<br />

animais estão de acor<strong>do</strong> com as normas vigentes na Instituição<br />

e/ou Comitê de Ética responsável;<br />

(5) telefones de contato <strong>do</strong> autor correspondente.<br />

2. Página de apresentação<br />

A primeira página <strong>do</strong> artigo traz as seguintes informações:<br />

- Título <strong>do</strong> trabalho em português e inglês;<br />

- Nome completo <strong>do</strong>s autores e titulação principal;<br />

- Local de trabalho <strong>do</strong>s autores;<br />

- Autor correspondente, com o respectivo endereço, telefone<br />

e E-mail;<br />

- Título abrevia<strong>do</strong> <strong>do</strong> artigo, com não mais de 40 toques, para<br />

paginação;<br />

3. Resumo e palavras-chave<br />

A segunda página de todas as contribuições, exceto Opiniões,<br />

deverá conter resumos <strong>do</strong> trabalho em português e em inglês.<br />

O resumo deve identificar, em texto corri<strong>do</strong> (sem subtítulos),<br />

o tema <strong>do</strong> trabalho, as questões abordadas, a meto<strong>do</strong>logia empregada<br />

(quan<strong>do</strong> aplicável), as descobertas ou argumentações<br />

principais, e as conclusões <strong>do</strong> trabalho.<br />

69<br />

Abaixo <strong>do</strong> resumo, os autores deverão indicar quatro palavras-chave<br />

em português e em inglês para indexação <strong>do</strong> artigo.<br />

Recomenda-se empregar termos utiliza<strong>do</strong>s na lista <strong>do</strong>s DeCS<br />

(Descritores em Ciências da Saúde) da Biblioteca Virtual da<br />

Saúde, que se encontra em http://decs.bvs.br.<br />

4. Agradecimentos<br />

Agradecimentos a colabora<strong>do</strong>res, agências de fomento e técnicos<br />

devem ser inseri<strong>do</strong>s no final <strong>do</strong> artigo, antes das Referências,<br />

em uma seção à parte.<br />

5. Referências<br />

As referências bibliográficas devem seguir o estilo Vancouver.<br />

As referências bibliográficas devem ser numeradas com algarismos<br />

arábicos, mencionadas no texto pelo número entre parênteses,<br />

e relacionadas nas Referências na ordem em que aparecem<br />

no texto, seguin<strong>do</strong> as seguintes normas:<br />

Livros - Sobrenome <strong>do</strong> autor, letras iniciais de seu nome, ponto,<br />

título <strong>do</strong> capítulo, ponto, In: autor <strong>do</strong> livro (se diferente<br />

<strong>do</strong> capítulo), ponto, título <strong>do</strong> livro (em grifo - itálico), ponto,<br />

local da edição, <strong>do</strong>is pontos, editora, ponto e vírgula, ano da<br />

impressão, ponto, páginas inicial e final, ponto.<br />

Exemplo:<br />

1. Phillips SJ, Hypertension and stroke. In: Laragh JH, editor.<br />

Hypertension: pathophysiology, diagnosis and management.<br />

2nd ed. New-York: Raven Press; 1995. p.465-78.<br />

Artigos – Número de ordem, sobrenome <strong>do</strong>(s) autor(es), letras<br />

iniciais de seus nomes (sem pontos nem espaço), ponto. Título<br />

<strong>do</strong> trabalha, ponto. Título da revista ano de publicação segui<strong>do</strong><br />

de ponto e vírgula, número <strong>do</strong> volume segui<strong>do</strong> de <strong>do</strong>is pontos,<br />

páginas inicial e final, ponto. Não utilizar maiúsculas ou<br />

itálicos. Os títulos das revistas são abrevia<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong> com o<br />

Index Medicus, na publicação List of Journals Indexed in Index<br />

Medicus ou com a lista das revistas nacionais, disponível no<br />

site da Biblioteca Virtual de Saúde (www.bireme.br). Devem<br />

ser cita<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os autores até 6 autores. Quan<strong>do</strong> mais de 6,<br />

colocar a abreviação latina et al.<br />

Exemplo:<br />

Yamamoto M, Sawaya R, Mohanam S. Expression and localization<br />

of urokinase-type plasminogen activator receptor in<br />

human gliomas. Cancer Res 1994;54:5016-20.<br />

Todas as contribuições devem ser enviadas por e-mail para:<br />

Guillermina Arias<br />

E-mail: artigos@atlanticaeditora.com.br<br />

Atlantica Editora<br />

www.atlanticaeditora.com.br<br />

Rua da Lapa, 180/1103 - Lapa<br />

20021-180 Rio de Janeiro RJ<br />

Tel: (21) 2221 4164

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