Os leões que protegem um novo edifício chinês, na baixa de ... - LAM
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tor <strong>de</strong>sprotegido<br />
Um dos textos <strong>que</strong> circula, invariavelmente reproduzido, é Monhés,<br />
Baneanes, Chi<strong>na</strong>s e Afro-maometanos - Colonialismo e racismo em Lourenço<br />
Mar<strong>que</strong>s, Moçambi<strong>que</strong>, 1890-1940 (Lusotopie, 2000) <strong>de</strong> Val<strong>de</strong>mir<br />
Zamparoni. O historiador brasileiro escreve: “<strong>Os</strong> chineses, embora poucos,<br />
reuniam-se no Club Fiel Observante do Direito (Chee Kung Tong), no Club<br />
Chinês <strong>de</strong> Lourenço Mar<strong>que</strong>s e, até mesmo, mantinham <strong>um</strong>a representação<br />
do Partido Nacio<strong>na</strong>lista Chinês, o Kuo Min Tang. O Pago<strong>de</strong> Chinês (Associação<br />
Chinesa), foi fundado em 1903, mas reconhecido ofi cialmente pelo<br />
governo colonial somente em 1924, em terreno doado por Ja Assam, <strong>um</strong><br />
imigrante pioneiro. O Pago<strong>de</strong> foi <strong>um</strong>a das mais activas associações e tinha<br />
como objectivos promover o bem-estar da comunida<strong>de</strong> através da educação,<br />
da organização <strong>de</strong> festas, bailes e jogos e da assistência social aos membros<br />
necessitados em caso <strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego, doença, invali<strong>de</strong>z e morte. Para os<br />
seus cultos, a comunida<strong>de</strong> fez construir, em 1903, junto com o Pago<strong>de</strong>, <strong>um</strong><br />
templo <strong>de</strong>dicado a Buda (sic). Era <strong>um</strong> <strong>edifício</strong> quadrangular <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e<br />
zinco e sem características arquitectónicas chinesas...” Não se tratava <strong>de</strong><br />
Buda, mas sim <strong>de</strong> <strong>um</strong>a outra <strong>de</strong>ida<strong>de</strong>. Era Kuan Ti.<br />
Kuan Ti é <strong>um</strong>a das divinda<strong>de</strong>s chinesas mais po<strong>de</strong>rosas e veneradas ainda<br />
Antigo Pago<strong>de</strong> Chinês<br />
Old Chinese Pagoda<br />
hoje. Foi <strong>um</strong> gran<strong>de</strong> guerreiro, com existência real, tendo <strong>na</strong>scido <strong>na</strong> Chi<strong>na</strong><br />
em 162 d.C., no fi <strong>na</strong>l da di<strong>na</strong>stia Han, e foi <strong>de</strong>golado aos 58 anos. A sua vida<br />
é <strong>um</strong> dos clássicos da literatura chinesa, O Romance dos Três Reinos.<br />
A aura mítica <strong>que</strong> envolve Kuan Ti é a mesma <strong>de</strong> Tchaka Zulu ou dos<br />
cavaleiros europeus da Ida<strong>de</strong> Média ou do herói inglês Robin Hood (Robin<br />
dos Bos<strong>que</strong>s). E assim se entrelaçou a história <strong>de</strong> Kuan Ti com a História<br />
<strong>de</strong> Moçambi<strong>que</strong>. E não é nenh<strong>um</strong>a heresia.<br />
A gran<strong>de</strong> estátua do guerreiro, <strong>de</strong>us da guerra e protector das artes<br />
marciais, permanece <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lizações (1975) <strong>na</strong> cave do Museu <strong>de</strong><br />
Arte, em Maputo. Estava no altar da Escola Chinesa, actual se<strong>de</strong> do Instituto<br />
Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Artes Visuais. Escapou à apropriação <strong>de</strong>scontrolada das mobílias,<br />
por exemplo, <strong>que</strong> <strong>de</strong>coravam as salas.<br />
O altar foi “ofi cialmente” entregue à Associação da Comunida<strong>de</strong> Chinesa<br />
em Moçambi<strong>que</strong>, mas <strong>na</strong> realida<strong>de</strong> isso ainda não se concretizou,<br />
pois a Associação ainda não tomou posse da sua se<strong>de</strong> antiga como lhe<br />
fora prometido em 2005 n<strong>um</strong>a cerimónia ofi cial.<br />
Kuan Ti foi criado pela mãe. Quando era jovem, e para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r os seus<br />
concidadãos mais fracos, matou <strong>um</strong> homem maldoso e muito po<strong>de</strong>roso.<br />
Índico 45