o futuro no presente - Floriano Pesaro
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Meni<strong>no</strong>s e meninas de rua<br />
Vamos ao grupo dos meni<strong>no</strong>s e meninas que vivem nas ruas, do<br />
qual fazia parte Luciana – o foco deste capítulo. Eles perambulam<br />
pela cidade geralmente em grupo e maltrapilhos, “se virando” para<br />
sobreviver, entrando e saindo de instituições, sem a proteção de nenhum<br />
órgão público ou de um adulto responsável. De <strong>no</strong>ite, costumam<br />
dormir nas calçadas, praças, parques, sob viadutos ou marquises,<br />
acompanhados ou não de outras crianças e adolescentes.<br />
E isso há décadas! O fenôme<strong>no</strong> acompanha a infância, a adolescência<br />
e a fase adulta de milhões de paulista<strong>no</strong>s. Convivemos diariamente<br />
quase que compassivamente com ele.<br />
Se formos remontar a origem dos “meni<strong>no</strong>s e meninas de rua”<br />
chegaremos ao passado escravocrata, de como os peque<strong>no</strong>s filhos dos<br />
recém-libertos escravos trabalhavam por sua sobrevivência. Eles ganharam<br />
as páginas dos jornais – se não me enga<strong>no</strong> – a partir da década<br />
de 1970. Em julho de 1993, <strong>no</strong> entanto, sensibilizaram o mundo,<br />
após o fatídico massacre da Candelária, quando cerca de 70 crianças<br />
e adolescentes que dormiam sob uma marquise nas proximidades da<br />
igreja da Candelária, do centro do Rio de Janeiro, foram surpreendidos<br />
com uma “mineira” – uma ação de extermínio da política carioca.<br />
Pelo me<strong>no</strong>s cinco homens desceram de um Chevrolet e abriram fogo<br />
contra eles. O episódio resultou na morte de oito.<br />
Reproduzo aqui um trecho de uma reportagem de 10 de agosto de<br />
1973, da Folha de S. Paulo, retirada do livro de Isabel C. R. da Cunha<br />
Frontana, Crianças e Adolescentes nas Ruas de São Paulo:<br />
Não tenho mãe e meu pai está por aí. Durmo com minha turma num<br />
terre<strong>no</strong> baldio na cidade. Limpo carro de dia. Tenho 12 a<strong>no</strong>s, mais<br />
ou me<strong>no</strong>s. Passei três meses <strong>no</strong> Recolhimento de Me<strong>no</strong>res. Fugi, uma<br />
<strong>no</strong>ite, com cinco moleques. Um guarda ajeitou isso para a gente. É<br />
que a gente trabalhava para a polícia. Roubava carteira e dividia com<br />
a polícia, <strong>no</strong> Morumbi, <strong>no</strong> Pacaembu, até <strong>no</strong> Maracanã. Agora estou<br />
parado, a turma está por aí. Tiro um dinheiro com este negócio de<br />
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São Paulo Protege Suas Crianças