Arthur - Alexandre Lobão

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tomou a palavra, falando com voz firme, como se
houvesse participado de centenas de rituais semelhantes.
— Mari, estamos aqui reunidos para pedir Tua
orientação, rogando que guie nossos corações e
pensamentos na direção correta. Devem os habirus
unir suas tribos, criando um império para louvar Teu
Nome, ou devem eles sentar e esperar pelo
esquecimento?
Qanah segurou a adaga pelo cabo,
aproximando-se da cabra.
— Aceita, Mari, este nosso habhab 5
!
A adaga desceu com tanta força sobre a jugular
da cabra que atravessou seu pescoço, fazendo um
ruído seco quando bateu na rocha sob o animal. O
sangue jorrou enquanto o animal estremecia e o altar
se banhava de vermelho.
Repentinamente, o vento parou. Um silêncio
incomum se abateu sobre todos, como se o mundo
inteiro tivesse contido a respiração.
Durante mais de um minuto, todos se
mantiveram imóveis, sem que nada acontecesse. A voz
de Qanah então quebrou dolorosamente o silêncio,
enquanto ele olhava de maneira perigosa na direção
de Hebel.
5 Habhab: oferenda, presente.