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BOA MORTE A festa da irmandade - Facom - Universidade Federal ...

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APRESENTAÇÃO<br />

O tráfico negreiro para a nova colônia portuguesa é intenso a partir <strong>da</strong><br />

instalação dos primeiros engenhos de açucar. Os povos africanos trazidos ao Brasil<br />

podem ser divididos em duas grandes categorias: os negros bantus e os negros<br />

su<strong>da</strong>neses 1 . Na Bahia, entraram os negros fulas e os negros mandês (mandingas),<br />

carregados de forte influência muçulmana. Mas a grande maioria dos africanos traficados<br />

para a lavoura baiana foi de su<strong>da</strong>neses, originários <strong>da</strong> África Ocidental. Su<strong>da</strong>neses eram<br />

os nagôs (yorubás), os gêges, os haüssás, os bornús, entre outros 2 .<br />

Aqui, os negros se viram forçados a negar suas divin<strong>da</strong>des, os orixás. Logo que<br />

chegavam ao Brasil, eram catequisados, isto é, instruídos na religião católica. Os<br />

escravos eram obrigados a aceitar o cristianismo, mas às escondi<strong>da</strong>s honravam suas<br />

divin<strong>da</strong>des. Oravam em suas línguas para os seus deuses, fingindo cultuar os santos <strong>da</strong><br />

Igreja Católica. Para disfarçar suas crenças tradicionais, os negros criavam uma facha<strong>da</strong><br />

que escondia seus rituais secretos.<br />

“Para poder subsistir durante todo o período<br />

escravista os deuses negros foram obrigados a se<br />

dissimular por trás <strong>da</strong> figura de um santo ou de uma<br />

virgem católica. Esse foi o ponto de parti<strong>da</strong> do<br />

casamento entre o cristianismo e a religião africana<br />

em que, como em to<strong>da</strong>s as uniões, as duas partes<br />

deviam igualmente mu<strong>da</strong>r, de forma profun<strong>da</strong>, para se<br />

a<strong>da</strong>ptar uma a outra” (Bastide, 1971: 359).<br />

No século XVIII, a Bahia conheceu um número grande de confrarias, que<br />

tinham finali<strong>da</strong>des religiosas, ou sociais, ou ain<strong>da</strong> mistas. Recebiam <strong>da</strong> Igreja a<br />

responsabili<strong>da</strong>de sobre obras sociais e filantrópicas. Esse sistema foi implantado com o<br />

objetivo de propagação <strong>da</strong> filosofia cristã. Através destas confrarias, criava­se uma<br />

organização que, além de assegurar os valores dogmáticos e morais <strong>da</strong> Igreja, se<br />

estendesse como centro de assistência social filantrópica 3 .<br />

As irman<strong>da</strong>des de cor tiveram, além disso, um papel disciplinador, canalizando<br />

as aspirações do negro para as ativi<strong>da</strong>des lúdicas, representa<strong>da</strong>s na participação em<br />

1 CARNEIRO, Edson: Religiões Negras. Rio de janeiro, Civilização Brasileira, 1936.<br />

2 CARNEIRO, E.: Op cit.<br />

3 NASCIMENTO, Luiz C. e ISIDORO, Cristiana: A Boa Morte em Cachoeira. Cachoeira, CEPASC,<br />

1988.

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