1º escalão | Benedita Sá e Cunha, 5º C uma verda<strong>de</strong>ira carta <strong>de</strong> amor o Homem tinha uma verda<strong>de</strong>ira paixão pela linda Lua. Todas as noites, à mesma hora, sempre na janela do quarto, os dois se encontravam, para se verem um ao outro. Os olhos do Homem, ver<strong>de</strong>s e curiosos, brilhavam à luz do lindo luar, que iluminava sempre a sua bela casa. Ambos trocavam olhares, e nesses olhares, palavras. Palavras que só eles entendiam. Palavras que só um amor como aqueles entendia. Para além da distância entre ambos, nada mais os separava. O Homem escrevia e <strong>de</strong>dicava-lhe lindos e belos poemas <strong>de</strong> amor. A Lua procurava sempre brilhar o mais possível, sempre por cima da casa do Homem e oferecia-lhe um luar especial. O luar mais bonito <strong>de</strong> todos. Um dia, o Homem conseguiu fazer aquilo que ele e a Lua mais queriam. O Homem conseguiu ir ter com a sua amada. Estar ao pé <strong>de</strong>la. Senti-la. Vê-la <strong>de</strong> perto e não a anos-luz <strong>de</strong> distância. Aquele fora o melhor momento das suas vidas. Chegou o momento da <strong>de</strong>spedida. Era tar<strong>de</strong>, e o Homem tinha <strong>de</strong> regressar à Terra. Foi muito difícil para ambos. Mas, ambos sabiam que mais valia sorrir porque aconteceu, do que lamentar porque acabou. Mas, apesar <strong>de</strong>sta iniciativa, era completamente óbvia a sauda<strong>de</strong> e a tristeza. A Lua estava mesmo muito triste. A única coisa que lhe restava fazer era esperar. Esperar por um sinal, um gesto, uma simples carta... Ela esperou, esperou e ainda esperou mais. Mas nada. Nem um pequeno sinal, um simples gesto, uma simples carta… Mas <strong>de</strong> uma coisa a Lua não se apercebera: O Homem preparara-lhe uma surpresa. Procurava <strong>de</strong>dicar-lhe os mais lindos e belos poemas que jamais fizera. Ele escreveu, escreveu e escreveu até lhe doerem as mãos. Mas o que <strong>de</strong>las saíam eram apenas frases sem sentido, textos sem imaginação, basicamente nada! Mas ele teve uma i<strong>de</strong>ia muito melhor do que qualquer outra coisa: melhor do que poemas <strong>de</strong> amor, melhor do que palavras mansas…melhor que tudo! Uma carta <strong>de</strong> amor. Uma verda<strong>de</strong>ira carta <strong>de</strong> amor! Passados alguns dias, finalmente, a Lua recebeu um pequeno sinal do seu amado. Uma carta. O que é que ela trazia? Nada. Bom, tecnicamente, nada. Mas no fundo, até trazia uma coisa. Uma coisa que eles os dois entendiam. Um sentimento tão gran<strong>de</strong>, tão gran<strong>de</strong>, mas invisível. O amor. O verda<strong>de</strong>iro amor. os nossos o ConCuRSo eSCReVeR CSCM teve este ano a sua 1ª edição. Apresentamos na nossa revista os quatro textos vencedores, concorrentes em diferentes escalões 2º escalão | <strong>Maria</strong>na Pereira, 8º B lançar Pontes O mundo sempre a girar e o tempo sempre a andar a infância já passou e a adolescência começou Apren<strong>de</strong>r a ajudar a sorrir e a estudar pontes que atravessei e as dificulda<strong>de</strong>s superei Dei-me conta do tempo a passar e com passos largos tentei alcançar novas realida<strong>de</strong>s confrontei na outra margem quando cheguei Ah, raças, credos e religiões! As diferenças são naturais brancos ou pretos todos iguais diversas amiza<strong>de</strong>s criei durante o percurso que atravessei Vacilo,eu? Não! Ao outro lado quero chegar com bagagem para po<strong>de</strong>r partilhar. eSCRiToS 3º escalão | Simão Correia, 9ºD Todos os anos, o colégio promove um novo tema do ano. Todos os anos, aos alunos, é-lhes pedido que reflictam sobre estes temas. Que comentemos e expliquemos o que o tema significa para nós. Quanto mais pequenos somos, menos capacida<strong>de</strong> temos <strong>de</strong> ver para além da base geral dos temas, o significado mais simples e superficial. Mas à medida que crescemos, ganhamos esta capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> interpretar a mensagem por <strong>de</strong>trás dos temas, não apenas através <strong>de</strong> uma perspectiva católica ou religiosa, mas através da perspectiva do que são os valores e a maneira <strong>de</strong> pensar, pela qual nos regemos durante a nossa vida. Isto é <strong>de</strong> extrema importância, pois trata-se do nosso julgamento e da nossa visão <strong>de</strong>ste mundo. E um reflexo <strong>de</strong> quem somos na realida<strong>de</strong>. Mas, afinal, o que é mesmo lançar pontes? Qual é o significado <strong>de</strong>ste tema? A resposta certamente varia <strong>de</strong> pessoa para pessoa, consoante a sua maneira <strong>de</strong> ser. O romano Cícero uma vez disse: “ Tirar a amiza<strong>de</strong> da vida é tirar o Sol <strong>de</strong>ste mundo ”. Isto é, para mim, aquilo que po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar como uma boa razão para lançar pontes. Lançar pontes é criar ligações, facilida<strong>de</strong>s, ajudas para viver. A mente do ser humano, esta espécie em tudo aquilo que é e faz, existe e foi criada para viver em conjunto, na companhia <strong>de</strong> iguais companheiros. (…) Lançar pontes é ser humano. 5º escalão | Rita Chaves, EE Carta aos meus filhos Há pontes <strong>de</strong> pedra, <strong>de</strong> betão, <strong>de</strong> ferro, <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, <strong>de</strong> corda, <strong>de</strong> legos e <strong>de</strong> tudo o mais que possam imaginar. Quantas vezes não foram pontes as minhas próprias pernas, em <strong>de</strong>stemidas travessias entre sofás? Passar uma ponte po<strong>de</strong> ser uma brinca<strong>de</strong>ira, uma necessida<strong>de</strong>, um passeio, um gosto. E po<strong>de</strong> ser muito mais do que isso. Passar uma ponte é querer ir mais além. É tocar, cheirar, ver, sentir e compreen<strong>de</strong>r o que parecia não estar tão próximo. É dar oportunida<strong>de</strong> para nos envolvermos em algo novo. É ver por outra perspectiva. É ousar conhecer mais. É <strong>de</strong>ixarmo-nos surpreen<strong>de</strong>r. É recusar o limite confortável do conhecido. É transformar obstáculos em <strong>de</strong>safios. É crescer. É simplesmente a mais pura forma <strong>de</strong> Ser. Por isso, meus tesouros, aprendam a gostar <strong>de</strong> pontes. Sim, mais ainda do que vocês já gostam! Prometo ajudar-vos na medida do possível. Haverá umas em que já não po<strong>de</strong>rão contar comigo, não só por estarem mais pesados e os meus ossos irem ficando cada vez mais fracos, mas porque vos cabe <strong>de</strong>cidir e atravessar por vós próprios; haverá muitas mais em que não só terão <strong>de</strong> atravessar, como também <strong>de</strong> construir. (Como as que tantas vezes fizemos com legos. Aquelas gran<strong>de</strong>s davam algum trabalho e caíam muitas vezes, mas não ficávamos tão contentes quando as terminávamos? E já repararam bem a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pontes que fizemos com as mesmas peças?) Construam e lancem pontes pela vida fora. Atravessem algumas, mas lembrem-se que as pontes também servem para <strong>de</strong>ixar que venham ter connosco. Muitas vezes tereis vós próprios <strong>de</strong> ser as pontes. E vos garanto que isso é tão ou mais gratificante. O diálogo, a amiza<strong>de</strong>, a compreensão e o amor. Aqui têm os vossos legos. São legos invisíveis que po<strong>de</strong>m ser reutilizados vezes sem conta para construir as pontes que quiserem. Para e por on<strong>de</strong> quiserem. Para e por quem quiserem. E nunca se esqueçam meus filhos, que por maiores e mais grandiosas que sejam todas as pontes que se lançam, as mais valiosas e realmente eficazes são aquelas cujo orçamento pouco mais passa <strong>de</strong> um olhar e um sorriso. Um olhar e um sorriso. Com todo o meu amor, 6 | OLHARES | REVISTA DO CSCM | ABR-JUN 2011 OLHARES | REVISTA DO CSCM | ABR-JUN 2011 | 7