USO DO HÁBITAT PELA PREGUIÇA-DE-COLEIRA ... - CNCFlora
USO DO HÁBITAT PELA PREGUIÇA-DE-COLEIRA ... - CNCFlora
USO DO HÁBITAT PELA PREGUIÇA-DE-COLEIRA ... - CNCFlora
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
UNIVERSIDA<strong>DE</strong> ESTADUAL <strong>DE</strong> SANTA CRUZ - UESC<br />
<strong>DE</strong>PARTAMENTO <strong>DE</strong> CIÊNCIAS BIOLÓGICAS - DCB<br />
Programa de Pós-Graduação em Zoologia<br />
REBECA MASCARENHAS FONSECA BARRETO<br />
<strong>USO</strong> <strong>DO</strong> <strong>HÁBITAT</strong> <strong>PELA</strong> <strong>PREGUIÇA</strong>-<strong>DE</strong>-<strong>COLEIRA</strong><br />
Bradypus torquatus Illiger 1811, NO SUL DA BAHIA,<br />
BRASIL.<br />
ILHÉUS – BAHIA<br />
2007
REBECA MASCARENHAS FONSECA BARRETO<br />
<strong>USO</strong> <strong>DO</strong> <strong>HÁBITAT</strong> <strong>PELA</strong> <strong>PREGUIÇA</strong>-<strong>DE</strong>-<strong>COLEIRA</strong> Bradypus torquatus<br />
Illiger 1811, NO SUL DA BAHIA, BRASIL.<br />
Dissertação apresentada, para obtenção<br />
do título de mestre em Zoologia, à<br />
Universidade Estadual de Santa Cruz.<br />
ILHÉUS - BAHIA<br />
2007<br />
Área de Concentração: Zoologia Aplicada<br />
Orientador: Prof. Martín Roberto Alvarez<br />
Co-Orientador: Profª Talita Fontoura Alves
B273 Barreto, Rebeca Mascarenhas Fonseca.<br />
Uso do hábitat pela preguiça-de-coleira Bradypus<br />
torquatus Illiger 1811, no sul da Bahia, Brasil / Rebeca<br />
Mascarenhas Fonseca Barreto. – Ilhéus, BA : UESC, 2007.<br />
vi, 87f. : il. ; anexos.<br />
Orientador : Martin Roberto Alvarez.<br />
Co-Orientadora : Talita Fontoura Alves.<br />
Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de<br />
Santa Cruz. Programa de Pós-graduação em Zoologia.<br />
Bibliografia: f. 69 - 82.<br />
1. Preguiça (Zoologia). 2. Ecologia - Região sul, Bahia.<br />
I. Título.<br />
CDD 599.31
“...be transformed by the renewing of the mind…”<br />
Romans 12:2b<br />
“Eu escrevo sem esperança de que o que eu<br />
escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada...<br />
Porque no fundo a gente não está querendo alterar as<br />
coisas. A gente está querendo desabrochar de um<br />
modo ou de outro..."<br />
Clarice Lispector
Para meu Pailhaço,<br />
Meu Paitrocinador<br />
À Albertônio Fonseca
AGRA<strong>DE</strong>CIMENTOS<br />
À Sociedade brasileira que possibilitou a minha bolsa de estudos através do<br />
pagamento de impostos a cada feijão e arroz comprados.<br />
Ao Instituto de Estudos Sócio-ambientais do Sul da Bahia (IESB), pois sem o<br />
apoio desta instituição este trabalho não seria realizado.<br />
A Fundação O Boticário de Proteção a Natureza, pelo financiamento.<br />
A Fundação de Amparo a Pesquisa no Estado da Bahia (FAPESB) pela bolsa<br />
e pelo financiamento concedidos.<br />
Ao colegiado do PPG em Zoologia – UESC, por sempre estar disposto a<br />
solucionar as dificuldades e problemas relacionados com o andamento do trabalho.<br />
Ao meu Painho e Paitrocinador, Albertônio Fonseca Barreto, pela educação e<br />
exemplo de determinação que tem me dado ao longo desses anos. À Márcia,<br />
Jemima, Jônatas, vô Joaquim e vó Mirian, minha família, minha vida, meu tudo. À<br />
Joseneide Queiroz Fonseca, pelos conselhos e pelo exemplo de cientista e mulher<br />
que é. Amo vocês!<br />
Ao meu “Pai na Ciência”, Dr. Martín Alvarez, pela orientação, pela amizade,<br />
pelo carinho e, claro, por sempre ouvir minhas reclamações, chateações, minhas<br />
TPMs e meus problemas! Ufa! E deu tudo certo!<br />
A carioca da gema, Drª Talita Fontoura, que me orientou no andamento do<br />
trabalho e me ensinou o prazer de escalar e chegar ao topo. Pô bicho, você foi uma<br />
mãezona!<br />
A Camila Righetto Cassano, pelo apoio, confiança e me ajudar nas “grandes”<br />
escaladas.<br />
i
Ao auxiliar de campo, Rubens, pois sem ele eu não teria motorista, não teria<br />
balador para minhas árvores, não teria trabalho de campo e com certeza não teria<br />
dissertação.<br />
A Gabriel, demais colegas do IESB e às reuniões de segunda-feira, por me<br />
ensinarem na prática que a conservação é mult e interdisciplinar.<br />
Aos moradores da Fazenda Jaqueiral: Tilson, Dona Geni, Seu Landoaldo e 11<br />
filhos, pelas distrações, cafezinhos, cachaças e jogos de dominó depois de um longo<br />
dia de trabalho de campo.<br />
Ao Dr. Eduardo Mariano, Mauro Garcia e Dr. André Amorim por me darem um<br />
grande “help” nas identificações das amostras botânicas.<br />
Ao Dr. Yvonnick Le Pendu, pela planilha do Excel cheia de macros que me<br />
ajudaram a compilar meus dados de forma tão prática. E não posso esquecer das<br />
pilhas e dos cabos que peguei emprestado...<br />
Aos professores Ana Schilling e Maurício Cetra, pela ajuda e dicas de<br />
estatística. Obrigada por salvarem meus dados!<br />
Aos “nutrólogos de bicho” do Laboratório de Nutrição Animal da UESC, Dr.<br />
Gustavo Braga, Dr. Gustavo Pereira, Dr. Sérgio Nogueira Filho e em especial a<br />
Alexandre e a Vinícius, por me ensinarem e me auxiliarem nas análises nutricionais.<br />
Aos amigos Vily, Isa, Paulinha, Day, Fátima e tantos outros, por<br />
compreenderem minha ausência nesses dois anos e por propiciarem momentos de<br />
distração e de carinho. Aos amigos assessores: Rodolpho Mafei (Cabeludo) e<br />
Gleydson (Frodo).<br />
Ao Giuliano Marson Silva, pela... paciência... Pelo... amor... E pelas... Mi<br />
cariño!<br />
As preguiças-de-coleira por ainda não terem desaparecido do mapa e<br />
simplesmente por terem evoluído a animais tão interessantes.<br />
E por fim “A-quem-eu-esqueci”, mas que esteve presente durante esses anos<br />
de amadurecimento, trabalho e perseverança...<br />
ii
SUMÁRIO<br />
AGRA<strong>DE</strong>CIMENTOS................................................................................................... I<br />
SUMÁRIO.................................................................................................................. III<br />
LISTA <strong>DE</strong> FIGURAS................................................................................................... V<br />
LISTA <strong>DE</strong> TEBELAS................................................................................................. VII<br />
RESUMO.................................................................................................................... 1<br />
RESUMEN.................................................................................................................. 3<br />
ABSTRACT ................................................................................................................ 5<br />
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 7<br />
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................... 10<br />
Taxonomia, Sistemática e Filogenia.................................................................................................. 10<br />
Distribuição geográfica das preguiças do gênero Bradypus ......................................................... 12<br />
Anatomia Externa ................................................................................................................................ 15<br />
Dieta ...................................................................................................................................................... 15<br />
Adaptações à folivoria ........................................................................................................................ 17<br />
Ecologia e comportamento................................................................................................................. 19<br />
Uso do hábitat...................................................................................................................................... 21<br />
OBJETIVOS ............................................................................................................. 24<br />
Objetivo Geral ...................................................................................................................................... 24<br />
Objetivos Específicos ......................................................................................................................... 24<br />
MATERIAL E MÉTO<strong>DO</strong>S ......................................................................................... 25<br />
Área de Estudo .................................................................................................................................... 25<br />
Locais de amostragem....................................................................................................................... 27<br />
Captura de animais.............................................................................................................................. 30<br />
Marcação das árvores ......................................................................................................................... 33<br />
iii
Caracterização das árvores marcadas .............................................................................................. 33<br />
Coleta e identificação de material botânico...................................................................................... 34<br />
Caracterização do Micro-hábitat ........................................................................................................ 34<br />
Coleta de folhas e Análises Nutricionais .......................................................................................... 35<br />
Análise de dados ................................................................................................................................. 38<br />
Caracterização de micro-hábitat ........................................................................................................ 38<br />
Estrutura das árvores......................................................................................................................... 39<br />
Espécies utilizadas pelos animais ..................................................................................................... 40<br />
RESULTA<strong>DO</strong>S ......................................................................................................... 41<br />
Sucesso amostral ................................................................................................................................ 41<br />
Utilização do micro-hábitat................................................................................................................. 42<br />
Uso da copa através de variáveis nutricionais ................................................................................ 43<br />
Estrutura das Árvores ......................................................................................................................... 46<br />
Espécies vegetais................................................................................................................................ 49<br />
DISCUSSÃO ............................................................................................................ 51<br />
Sucesso amostral ................................................................................................................................ 51<br />
Caracterização e uso do micro-hábitat nos diversos hábitats ....................................................... 52<br />
Espécies vegetais utilizadas .............................................................................................................. 58<br />
Implicações para conservação .......................................................................................................... 62<br />
CONCLUSÕES ........................................................................................................ 67<br />
BIBLIOGRAFIA......................................................................................................... 69<br />
ANEXO I: I<strong>DE</strong>NTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES VEGETAIS UTILIZADAS POR<br />
INDIVÍDUO <strong>DE</strong> <strong>PREGUIÇA</strong>-<strong>DE</strong>-<strong>COLEIRA</strong> (BRADYPUS TORQUATUS)<br />
MONITORA<strong>DO</strong> DURANTE O ESTU<strong>DO</strong>................................................................... 83<br />
iv
LISTA <strong>DE</strong> FIGURAS<br />
Figura 1. Distribuição das preguiças do gênero Bradypus. Ponto preto: localização<br />
de B. pygmaeus; em cinza: B. variegatus; pontilhados brancos: B. tridactilus;<br />
linhas inclinadas: sobreposição de B. torquatus e B. variegatus; e preto:<br />
sobreposição de B. torquatus e B. tridactilus. Modificado de Emmons e Feer<br />
(1997). ................................................................................................................ 14<br />
Figura 2. Esquema da visualização espacial da área de estudo, pintada em cinza,<br />
com relação à América do Sul e ao Brasil. Em destaque os limites do município<br />
de Una. Modificado de IESB/CI/CRA (2001) e de IBGE (2006). ........................ 26<br />
Figura 3. Mapa da área de estudo, onde podem ser visualizados os limites da<br />
Reserva Biológica de Una e as sedes das Fazendas Jaqueiral, São João e<br />
Encom, e cobertura vegetal. Fonte: Base de dados IESB, anos 2002. .............. 29<br />
Figura 4. Localização dos oito animais capturados dentro da área de estudo no<br />
município de Una no sul da Bahia. Modificado de Cassano (2006). Fonte: Base<br />
de dados IESB, anos 2002. ................................................................................ 31<br />
Figura 5: Caracterização de copa em três sítios: 1 – copa externa; 2 – copa media; e<br />
3 – copa interna. Modificado de Johansson (1974). ........................................... 35<br />
Figura 6. Porcentagem de registros de visualização de preguiças adultas (BT464 e<br />
BT142_2; n = 75 avistamentos) e juvenis (BT042 e BT065; n = 39 avistamentos)<br />
na copa externa, média e interna. ...................................................................... 42<br />
Figura 7. Box-plot mostrando as medianas (linhas no centro das caixas) e quartis (1º<br />
quartil – caixa inferior e 3º quartil – caixa superior) da altura da posição de<br />
fêmeas adultas (17,08m ± 5,68) e seus respectivos filhotes (juvenis) (13,89m ±<br />
5,01) acompanhados durante estudo. As barras limpas indicam os limites<br />
inferiores e superiores encontrados para cada variável. Círculos indicam valores<br />
extremos............................................................................................................. 43<br />
Figura 8. Box-plot mostrando as medianas (linhas no centro das caixas) e quartis (1º<br />
quartil – caixa inferior e 3º quartil – caixa superior) da altura da posição de<br />
preguiças-de-coleira (Bradypus torquatus) adultas por tipo de ambiente: Primária<br />
= Floresta em Estágio Avançado; Secundária = Floresta secundária; e Cabruca =<br />
plantação de cacau sobre mata nativa. a b b = letras diferentes indicam<br />
diferenças significativas de acordo com ANOVA. As barras limpas indicam os<br />
limites inferiores e superiores. Círculos indicam valores extremos. ................... 44<br />
Figura 9. Presença de cipós nas árvores utilizadas por preguiça-de-coleira por<br />
hábitat................................................................................................................. 46<br />
Figura 10. Box-plot mostrando as medianas (linhas no centro das caixas) e quartis<br />
(1º quartil – caixa inferior e 3º quartil – caixa superior) das alturas das árvores<br />
utilizadas pelas preguiças-de-coleira entre cada tipo de ambiente. Primária =<br />
Floresta em Estágio Avançado; Secundária = Floresta secundária; e Cabruca =<br />
plantação de cacau sobre mata nativa. a b b = letras diferentes indicam<br />
v
diferenças significativas. Barras limpas indicam os limites inferiores e superiores.<br />
Círculos indicam valores extremos..................................................................... 47<br />
Figura 11. Box-plot mostrando as medianas (linhas no centro das caixas) e quartis<br />
(1º quartil – caixa inferior e 3º quartil – caixa superior) da altura das árvores<br />
utilizadas pelas preguiças-de-coleira entre adultos (21,95±7,70) e juvenis<br />
(16,56±7,78). As barras limpas indicam os limites inferiores e superiores<br />
encontrados para cada variável. Círculos indicam valores extremos. ................ 48<br />
Figura 12. Box-plot mostrando as medianas (linhas no centro das caixas) e quartis<br />
(1º quartil – caixa inferior e 3º quartil – caixa superior) do DAP das árvores<br />
utilizadas pelas preguiças-de-coleira entre adultos (30,15±16,00) e juvenis<br />
(20,81±10,50). As barras limpas indicam os limites inferiores e superiores<br />
encontrados para cada variável. Círculos indicam valores extremos. ................ 48<br />
Figura 13. Análise de Cluster utilizando o método de UPGMA (Unweighted Pair<br />
Group Method with Arithmetic mean) através do Índice de Similaridade de<br />
Morisita. Coeficiente Cofenético = 0,9728. ......................................................... 50<br />
vi
LISTA <strong>DE</strong> TEBELAS<br />
Tabela 1. Biometria das preguiças-de-coleira Bradypus torquatus, no sul da Bahia.<br />
CC=comprimento do corpo; CA=comprimento da cauda. .................................. 32<br />
Tabela 2. Locais de amostragem e tipos de ambiente onde os animais foram<br />
capturados.......................................................................................................... 32<br />
Tabela 3. Espécies vegetais analisadas nutricionalmente para comparação dos<br />
nutrientes por sítio da copa. Estas espécies foram ingeridas pelos indivíduos de<br />
preguiça-de-coleira em Una (Ba), durante estudos do projeto “Ecologia da<br />
Preguiça-de-coleira no Sul da Bahia”. ................................................................ 37<br />
Tabela 4. Detalhes do esforço amostral em todo estudo durante o período de 2003 a<br />
2006.................................................................................................................... 41<br />
Tabela 5. Resultados do teste de Kuskal-Wallis para verificar as variações dos<br />
aportes nutricionais entre os diferentes sítios de copa utilizados por preguiça-decoleira<br />
em Una (BA). .......................................................................................... 44<br />
Tabela 6. Análise descritiva das variáveis nutricionais de folhas consumidas por<br />
preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus), para cada sítio de copa. .................. 45<br />
Tabela 7. Índices de diversidade Shannon e de Simpson calculados com o número<br />
de árvores identificadas até gênero e espécie que foram utilizadas por cada<br />
indivíduo de preguiça-de-coleira acompanhado durante o estudo. .................... 50<br />
vii
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
<strong>USO</strong> <strong>DO</strong> <strong>HÁBITAT</strong> POR <strong>PREGUIÇA</strong>-<strong>DE</strong>-<strong>COLEIRA</strong> Bradypus torquatus Illiger 1811,<br />
NO SUL DA BAHIA, BRASIL.<br />
RESUMO<br />
Inserida no cenário de desmatamento da Mata Atlântica do sul da Bahia, está<br />
a preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus), espécie endêmica, pleiteada nas listas<br />
nacionais e internacionais de animais ameaçados de extinção. O conhecimento do<br />
uso do hábitat por herbívoros é de extrema importância na determinação das<br />
relações entre esses animais e seus recursos em micro-escala, a fim de refletir em<br />
grandes-escalas. Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo principal<br />
descrever, através da caracterização do microhábitat, os recursos florestais e<br />
nutricionais utilizados por preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus) no sul da Bahia.<br />
Esta dissertação traz informações relevantes para o planejamento de práticas de<br />
manejo para a conservação das preguiças-de-coleira (B. torquatus), no tocante ao<br />
uso dos recursos em micro-hábitat para a explanação em escala macro. Para atingir<br />
esses objetivos, a localização de indivíduos foi realizada através da metodologia de<br />
rádio telemetria, onde oito animais foram acompanhados. Sendo, três animais em<br />
Floresta em Estágio Avançado de Regeneração, três em Floresta Secundária e dois<br />
em Cabruca (plantação de cacau sombreado por árvores nativas). Nas localizações<br />
foram registradas, a posição do animal na copa (externa, média e interna) e a altura<br />
do animal na árvore. Todas as árvores, hemi-hepífitas, lianas lenhosas e palmeiras<br />
utilizadas pelos animais foram coletadas, identificadas e mensuradas (altura, DAP) e<br />
verificadas a presença de cipós e de látex. Para análises dos aspectos nutricionais<br />
por micro-hábitat, amostras das espécies vegetais que os animais se alimentaram<br />
foram coletadas em cada sítio da copa. Foi observado que os animais estavam na<br />
maioria dos casos posicionados na copa externa, sendo que juvenis se<br />
posicionaram na copa interna e em alturas menores do que os adultos. A altura das<br />
árvores e a altura dos animais diferiram entre ambientes, onde em ambientes<br />
perturbados preguiças utilizaram árvores menores e se posicionaram em alturas<br />
menores. Os dados mostraram que não existem diferenças significativas entre as<br />
1
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
médias das variáveis nutricionais por sítio da copa. Das 232 árvores analisadas 73%<br />
não apresentaram látex e 69% delas apresentaram os índices que indicam presença<br />
de cipó, sendo que na Floresta em Estágio Avançado, houve maior concentração de<br />
cipós. Foram identificados 243 espécimes botânicos, sendo 46 categorizados<br />
somente até gênero e 167 até espécie, utilizando um total de 64 espécies diferentes.<br />
As famílias mais utilizadas foram Fabaceae, Sapotaceae, Bombacaceae e<br />
Moraceae. Na amostra foram observadas como espécies mais usadas por<br />
preguiças: Eriotheca globosa (Aubl.) A.Robyns, Inga edulis Mart., Virola gardneri<br />
Warb., Tetragastris catuaba Cunha e Symphonia globulifera L. As análises<br />
mostraram que os animais estão utilizando diferentes espécies de plantas e que esta<br />
variação de espécies também ocorre entre ambientes, sendo que Florestas em<br />
Estágio Avançado de Regeneração apresentaram índices de diversidade de<br />
espécies arbóreas maiores do que as demais áreas. Contudo, esta diferença não é<br />
significativa a ponto de mostrar índices de similaridades representativos entre os<br />
ambientes. Assim, esses animais podem selecionar as árvores de uso (microhábitat)<br />
a partir do há de disponível no hábitat, mostrando ser uma espécie<br />
adaptável a perturbações antrópicas intermediárias. Apesar de se mostrar uma<br />
espécie que suporta certa modificação no hábitat, florestas em estágio avançado de<br />
regeneração mostraram ser mais propícias para conservação de preguiças, o que já<br />
era esperado considerando as demais espécies silvestres.<br />
2
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
<strong>USO</strong> <strong>DE</strong>L HABITAT POR LOS PEREZOSOS-<strong>DE</strong>-COLLAR Bradypus torquatus Illiger<br />
1811, EN SUR <strong>DE</strong> BAHIA, BRASIL.<br />
RESUMEN<br />
Los perezosos-de-collar (Bradypus torquatus), son parte importante del escenario<br />
del bosque Tropical Atlántico del sur de Bahia, y están incluidos en las listas<br />
internacionales y nacionales de animales amenazados. El conocimiento del uso de<br />
hábitat por parte de estos herbívoros es relevante para la determinación de las<br />
relaciones entre los individuos y sus recursos en una microescala de hábitat, de tal<br />
forma que puedan reflejar lo que pasa a una escala mayor. Los perezosos son<br />
mamíferos arborícolas absolutos; de esta forma, las características de la vegetación<br />
influyen directamente en las estrategias ecológicas de la especie. Ese estudio tiene<br />
cómo objetivo principal la descripción de los, a través de la caracterización del micro<br />
hábitat, los recursos forestales e nutricionales utilizados por los perezosos-de-collar<br />
(Bradypus torquatus) en sur de Bahia. La presente tesina compila informaciones<br />
significativas para la planificación y conservación de los perezosos-de-collar (B.<br />
torquatus), utilizando los recursos en una microescala, con la finalidad de extrapolar<br />
os resultados a una escala macro. El estudio fue realizado por medio de<br />
localizaciones por radio telemetría de ocho individuos. Fueron acompañados tres<br />
animales en bosques primarios, tres en bosques secundarios y dos en plantaciones<br />
de cacao “cabruca”. Al localizar al animal fueron registradas su posición en la copa<br />
del árbol (externa, media e interna) y la altura a la cual se encontraba. Todos los<br />
árboles, lianas y palmeras usados por los animales fueron inspeccionados,<br />
identificados y medidos (altura, DAP, presencia de lianas y de látex.). Para los<br />
análisis de los aportes nutricionales en el microhábitat, muestras de las especies<br />
vegetales que los animales comieron fueron colectadas en cada uno de los sitios de<br />
la copa de cada árbol. Fue observado que los animales estaban la mayoría de las<br />
veces posicionados en la copa externa, pero los juveniles se mantuvieron en la copa<br />
interna y a alturas menores que los adultos. La altura de los árboles y la altura de<br />
3
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
localización de los animales fueron diferentes entre los ambientes, siendo que en<br />
ambientes perturbados los perezosos utilizaron árboles menores y permanecieron en<br />
alturas menores. Los datos muestran que no hay diferencias significativas entre las<br />
medias de las variables nutricionales de acuerdo con los lugares de la copa<br />
muestreados. De los 232 árboles analizados 73% no presentaron látex y 69%<br />
presentaron índices que indican presencia de lianas, con una mayor concentración<br />
en los bosques primarios. Fueron identificados 243 especimenes botánicos, con 46<br />
muestras identificadas hasta género y 167 hasta especie, haciendo un total de 64<br />
espécies diferentes. Las familias más utilizadas fueron: Fabaceae, Sapotaceae,<br />
Bombacaceae y Moraceae. En la muestra fueron observadas como espécies más<br />
visitadas por perezosos: Eriotheca globosa (Aubl.) A.Robyns, Inga edulis Mart.,<br />
Virola gardneri Warb., Tetragastris catuaba Cunha e Symphonia globulifera L. Los<br />
análisis muestran que los animales están utilizando diferentes especies de plantas y<br />
que la variación de especies también ocurre entre los ambientes, donde individuos<br />
que viven en bosques primarios presentan índices de diversidad mayores que los<br />
restantes. Sin embargo, esta diferencia no es significativa a punto de mostrar índices<br />
de semejanza representativos entre los ambientes. En este estudio observase que<br />
perezosos-de-collar en el Ecoparque de Una (ambiente primario) están utilizando y<br />
aprovechando los recursos alimentares disponibles en su hábitat. Así, es importante<br />
concluir que los animales están seleccionando los árboles de uso (microhábitat) por<br />
lo que hay disponible en el hábitat mostrando ser una especie adaptable a las<br />
perturbaciones antrópicas intermediarias. Aunque posee características de una<br />
especie que soporta cierta modificación en su hábitat, los bosques primarios<br />
aparecen como los más propicios para la conservación de los perezosos, lo que ya<br />
era esperado considerando lo conocido para otras especies silvestres.<br />
4
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
HABITAT USE TO MANED SLOTHS Bradypus torquatus Illiger 1811, IN<br />
SOUTHERN BAHIA, BRAZIL.<br />
ABSTRACT<br />
Bradypus torquatus (maned sloth) is an important part of the Atlantic Forest<br />
deforestation scenario. This endemic species is included in international and national<br />
lists of animals threatened by extinction. Vegetation characteristics directly influence<br />
the ecological strategies of sloths, which are strictly tree residing mammals.<br />
Information about herbivore habitat use is extremely important to determine smallscale<br />
relationships with vegetative resources. These relationships can then be<br />
considered on larger scales. This study contains information about micro-habitat<br />
resource use for application on a macro scale, which is important for planning maned<br />
sloth (B. torquatus) conservation management practices. Eight individuals were<br />
located using radio telemetry and accompanied. Three of these animals were located<br />
in Primary Forest, three were in secondary forest and two were in Cabruca (cocoa<br />
plantation in initial secondary forest). The position of the animal in the tree top<br />
(external, middle and internal) and the height of the animal in the tree were<br />
registered. All of the trees, hemi-epiphytes, vines and palms used by the animals<br />
were collected, identified and measured (height, DAP and liana and latex presence).<br />
Samples of the vegetative species eaten by the animals were collected from each<br />
site to analyze the microhabitat nutritional aspects. Adult animals were encountered<br />
in the external part of the tree in the majority of cases. Juveniles positioned<br />
themselves in the internal part of the tree and at lower heights than the adults. The<br />
tree and animal height differed in the environments. Sloths in disturbed areas used<br />
smaller trees and were found at reduced heights. The data showed that there were<br />
not significant differences between the nutritional variables in the canopy sites. 73%<br />
of the 232 analyzed trees did not have latex and 69% contained lianas. There was a<br />
greater concentration of lianas in the Primary Forest. 243 botanical specimens were<br />
identified. 46 of theses were identified to the genus and 167 to the species level. 64<br />
different species were identified. The most used families were Fabaceae,<br />
5
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
Sapotaceae, Bombacaceae and Moraceae. Eriotheca globosa (Aubl.) A. Robyns,<br />
Inga edulis Mart., Virola gardneri Warb., Tetragastris catuaba Cunha and Symphonia<br />
globulifera L received the most visits. The animals use different plant species and this<br />
variation also occurs between environments. Individuals that reside in primary forest<br />
have the greatest diversity indexes. However, this difference is not significant enough<br />
to show representative similarity indexes between the environments. This study<br />
showed that Maned sloths in Una use the aliment resources available in their habitat.<br />
In conclusion, the animals are selecting trees for (microhabitat) use independent of<br />
the habitat. Therefore, this species can support a certain habitat modification and<br />
adapt to intermediate anthropic disturbances. However, primary forests were shown<br />
as more propitious for sloth conservation, which is to be expected considering the<br />
tendencies of other forest species.<br />
6
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
INTRODUÇÃO<br />
Como todo cenário da Mata Atlântica brasileira, o sul da Bahia vem sofrendo<br />
fortes pressões devido aos contínuos processos de fragmentação, o que pode ser<br />
verificado pelo histórico de desmatamentos locais. Em 1945 a cobertura vegetal da<br />
região estava em 85,36%, quando em 1990 a cobertura vegetal estava em apenas<br />
6,04%, (MEN<strong>DO</strong>NÇA et al., 1990). Entretanto, a região apresenta características<br />
econômicas e culturais que tornam os processos de destruição bastante peculiares<br />
(<strong>DE</strong>AN, 1995; MAY; ROCHA, 1996).<br />
Uma dessas características são as plantações de cacau (Theobroma cacao<br />
Linnaeus), designadas localmente de “cabrucas”. Estas plantações são<br />
consideradas Sistemas Agroflorestais, pois o sub-bosque é retirado e 10% das<br />
árvores de dossel são mantidas para o sombreamento do cacau (HUMMEL, 1995). A<br />
área total ocupada com o cultivo de cacau na região sul da Bahia abrange cerca de<br />
650.000 hectares, sendo 70% sob o sistema de cabruca (FONSECA et al., 2003).<br />
Os benefícios que as plantações de cacau podem produzir para a<br />
biodiversidade dependem da forma como essas áreas são manejadas (RICE;<br />
GREENBERG, 2000) e da conectividade das cabrucas com fragmentos de floresta<br />
nativa (FARIA et al., 2006; PARDINI, 2004). Nas plantações de cacau a mudança no<br />
subosque é evidente e o dossel é extremamente alterado (RICE; GREENBERG,<br />
2000), onde a diversidade de plantas é reduzida substancialmente, pois a<br />
abundância original de árvores e arbustos é reduzida a cerca de 90% e muitas lianas<br />
são removidas (ALVES, M. 1990). Por isso, quando comparadas com áreas de<br />
florestas, as cabrucas apresentam baixa densidade de indivíduos arbóreos<br />
(SAMBUICHI, 2001). Por preservar algumas espécies da flora original e manter o<br />
sombreamento, este sistema pode promover um corredor que possibilite o trânsito<br />
da fauna entre os remanescentes de florestais conectados às cabrucas (ALVES, M.<br />
7
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
1990; <strong>DE</strong>AN, 1995; PARDINI, 2004). Dessa forma, mesmo com as alterações do<br />
hábitat natural, as cabrucas podem ser ambientes propícios para a sobrevivência de<br />
algumas espécies como, por exemplo, a preguiça-de-coleira, Bradypus torquatus<br />
Illiger 1811 (CASSANO, 2006; OLIVER; SANTOS, 1991; WETZEL; ÁVILA-PIRES,<br />
1980).<br />
A preguiça-de-coleira (B. torquatus), espécie endêmica da Mata Atlântica,<br />
encontra-se distribuída em fragmentos isolados devido ao crescente processo de<br />
degradação do seu hábitat (WETZEL, 1985). Como conseqüência da redução de<br />
hábitat e exploração da espécie através da caça, suas populações encontram-se<br />
bastante reduzidas (CHIARELLO et al., 2006). Dessa forma, a espécie está<br />
categorizada como "vulnerável de extinção" na lista oficial de animais ameaçados do<br />
IBAMA (2003), e “em perigo de extinção” na lista internacional de animais<br />
ameaçados da IUCN (2006).<br />
Por serem mamíferos arborícolas estritos, as preguiças dependem do estrato<br />
superior da floresta para executar suas atividades necessárias para sobrevivência e<br />
reprodução, como forrageamento, locomoção e regulação da temperatura. Assim, é<br />
aceito que as características da vegetação influenciem diretamente nas estratégias<br />
ecológicas da espécie (MONTGOMERY, 1978). Dependendo do local da copa a ser<br />
ocupado, copa interna, mediana ou externa (JOHANSSON, 1974), é possível que<br />
estes animais possam suportar modificações, em escala de microhabitat, de<br />
diversas variáveis ambientais, como radiação solar, temperatura e grau de umidade,<br />
entre outras (EMMONS, 1995). As variações desses fatores nas copas das árvores<br />
são responsáveis pela modificação na comunidade de vários organismos, como<br />
epífitas (ALVES, T. 1997) e répteis (RAND, 1978). Dependendo ainda das<br />
adaptações para a vida arborícola, esses mamíferos podem utilizar, nos diferentes<br />
extratos florestais, diversos tipos de estrutura, como lianas, folhas de árvores, galhos<br />
e conexão entre estratos florestais (EMMONS, 1995).<br />
Através do consumo de folhas em sua dieta, os mamíferos folívoros<br />
freqüentemente ingerem compostos tóxicos, como fenóis (JANZEN, 1978) e<br />
compostos de difícil digestão, como lignina (CORK; FOLEY, 1991). Geralmente,<br />
toxinas são evitadas pelos herbívoros, os quais selecionam espécies e partes de<br />
plantas ricas em nutrientes, sais minerais e proteínas (BELOVSKY; SCHMITZ,<br />
8
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
1994), como frutos, sementes, flores, folhas jovens e brotos (CORK; FOLEY, 1991).<br />
Pesquisas mostram que frutos, flores e sementes, apresentam uma menor<br />
proporção de compostos fenólicos quando comparados com folhas (HLADIK, 1978).<br />
Dessa forma, por serem mamíferos folívoros arborícolas, as preguiças-de-coleira<br />
encontram lignina, taninos e outros compostos fenólicos com maior regularidade do<br />
que espécies herbívoras que não se alimentam de folhas (CORK; FOLEY, 1991).<br />
Apesar de estudos recentes sobre a ecologia de B. torquatus (e.g. PIN<strong>DE</strong>R,<br />
1993; 1997; CHIARELLO, 1998a, b; 2003; CHIARELLO et al., 2004; CASSANO,<br />
2006), o conhecimento sobre a descrição do local que a espécie utiliza para viver<br />
ainda é escasso (MEIRA, 2003). Dessa forma a investigação dos recursos vegetais<br />
utilizados, estudos sobre o arranjo vertical (estratificação) do hábitat e informações<br />
sobre as características nutricionais dos alimentos, podem esclarecer dúvidas sobre<br />
as relações entre a preguiça-de-coleira e o meio (CASSANO, 2006). Assim,<br />
pesquisas relacionadas à caracterização do hábitat mostram-se indispensáveis, pois<br />
somente dessa forma poderão ser elaboradas estratégias eficazes para a<br />
conservação da espécie.<br />
O presente estudo é parte de um projeto maior intitulado “Ecologia da<br />
preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus) no sul da Bahia, Brasil”, o qual vem sendo<br />
desenvolvido na região de entorno da Reserva Biológica de Una desde janeiro de<br />
2003, através do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais do sul da Bahia – IESB,<br />
Núcleo de Biodiversidade. Assim, com a finalidade de caracterizar alguns dos<br />
recursos considerados fundamentais para a sobrevivência de B. torquatus, o<br />
presente estudo caracterizará a vegetação utilizada pelos animais e analisará os<br />
parâmetros nutricionais das espécies vegetais que fazem parte da dieta dos animais<br />
acompanhados.<br />
9
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />
Taxonomia, Sistemática e Filogenia<br />
Preguiças fazem parte da Ordem Xenarthra, a qual é formada por quatro<br />
famílias, 13 gêneros e 29 espécies (WETZEL, 1985). Está subdividida em duas<br />
Ordens: i) Pilosa, sendo representada pelas preguiças (Megalonychidae e<br />
Bradypodidae) e tamanduás (Mymercophagidae); e ii) Cingulata, que inclui os tatus<br />
(Dasypodidae) (ENGELMANN, 1985; WETZEL, 1985).<br />
Os Xenarthra surgiram no Terciário há aproximadamente 60 milhões de anos<br />
quando a América do Sul estava isolada de outros continentes (VAUGHAN et al.,<br />
2000; <strong>DE</strong>LSUC et al., 2002). Esse grupo apresenta as mais variadas formas<br />
taxonômicas (GAUDIN, 1999) e uma distribuição restrita ao neotrópico<br />
(MONTGOMERY, 1985), o que pode explicar as características esqueléticas únicas<br />
da Ordem (GLASS, 1985).<br />
A maioria dos representantes da Ordem Xenarthra apresenta um ou mais<br />
pares de articulações intervertebrais suplementares, as zigapófises duplas<br />
(HIL<strong>DE</strong>BRAND; GOSLOW, 2006), as quais são denominadas de xenarthrales (do<br />
latim “articulações estranhas”), estando presentes entre todas as vértebras lombares<br />
e em um número variável de vértebras torácicas posteriores (CARTELLE, 1994;<br />
GAUDIN, 1999). No entanto, em representantes da família Bradypodidae, essas<br />
vértebras duplas estão ausentes e as zigapófises apresentam-se bastantes<br />
reduzidas (GAUDIN, 1999).<br />
Além das suplementações intervertebrais, os Xenarthra apresentam também<br />
como características da ordem: ossos longos compactos e sem canal medular<br />
(CARTELE, 1994), uma junção dos ossos pélvicos com as vértebras sacrais<br />
10
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
(GAUDIN, 1999), dentes rudimentares e homogêneos (homodontia) sem a presença<br />
de esmalte (GLASS, 1985; CARTELE, 1994; VAUGHAN et al., 2000). Este último<br />
caractere faz com que alguns taxonomistas aceitem que a designação Xenarthra<br />
seja sinônima de Edentata, a qual é uma Ordem próxima filogeneticamente, porém<br />
distinta (CARTELE, 1994). Ainda para a família Bradypodidae, há a presença das<br />
sinapófises craniodentais que coincidem com dos Edentatas (GAUDIN, 2004).<br />
As preguiças extintas à cerca de 10.000 anos possuíam hábito terrícola ou<br />
semi-arborícola, estando classificadas nas famílias Mylodontidae, Megatheriidae,<br />
Nothrotheridae e Megalonychidae. Todas as preguiças atuais possuem hábito<br />
arborícola e estão distribuídas em duas famílias: Megalonychidae, com seis gêneros<br />
extintos e o gênero atual Choloepus com duas espécies e Bradypodidae, com um<br />
gênero (Bradypus) e quatro espécies atuais (ENGELMANN, 1985).<br />
Com relação às relações filogenéticas entre preguiças, existem duas visões<br />
divergentes. De acordo com estudo de filogenia molecular (<strong>DE</strong>LSUC et al., 2004),<br />
todas as preguiças atuais pertencem a um grupo monofilético, apresentando ainda<br />
relações substanciais com tamanduás e relações distantes com as preguiças<br />
extintas. No entanto, em uma revisão sistemática utilizando evidências<br />
craniodentais, Gaudin (2004) afirma que as preguiças arborícolas são bifiléticas,<br />
estando Bradypus posicionado como um taxa-irmão de todas as outras preguiças<br />
viventes do gênero Choloepus e este por sua vez aliado a membros extintos da<br />
família Megalonychidae. Indicando assim que, frente às características comuns aos<br />
dois taxa, o grupo das preguiças (Megalonychidae e Bradypodidae) apresenta um<br />
dos casos mais intrigantes de convergência evolutiva conhecido entre mamíferos<br />
(GAUDIN, 2004).<br />
Preguiças que apresentam dois dedos nos membros anteriores são<br />
classificadas no gênero Choloepus (Megalonychidae) (IZOR, 1985). As que<br />
possuem três dedos em ambos os membros são enquadradas no gênero Bradypus<br />
(Bradypodidae), que inclui as espécies, B. variegatus “preguiça-comum”, B.<br />
tridactilus “preguiça-de-três-dedos”, B. pigmaeus “preguiça-anã” e B. torquatus<br />
“preguiça-de-coleira” (AN<strong>DE</strong>RSON; HANDLEY-JÚNIOR, 2001), as quais além das<br />
três garras apresentam membros anteriores maiores que os posteriores, oito a nove<br />
11
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
vértebras cervicais que possibilitam uma boa mobilidade do pescoço e homodontia<br />
(WETZEL, 1985).<br />
Distribuição geográfica das preguiças do gênero Bradypus<br />
Todas as preguiças do gênero Bradypus possuem distribuição Neotropical e<br />
estão presentes nas florestas que se estendem desde o sul da América Central ao<br />
norte da Argentina (EMMONS; FEER, 1997, Figura 1).<br />
A espécie que apresenta o menor limite de distribuição geográfica registrado<br />
é a B. pygmaeus, a qual é endêmica ao Panamá, restrita à Ilha Escudo de Veraguas<br />
e encontrada exclusivamente em mangues (AN<strong>DE</strong>RSON; HANDLEY-JÚNIOR,<br />
2001). Por sua vez, a espécie B. tridactylus, possui distribuição original na região<br />
Leste da Floresta Amazônica (WETZEL, 1985). A espécie que apresenta a maior<br />
distribuição é B. variegatus, a qual ocorre nas florestas tropicais de Honduras até<br />
Floresta Amazônica, voltando a ocorrer na Mata Atlântica brasileira até a Argentina<br />
em simpatria com B. torquatus (EMMONS; FEER, 1997, Figura 1).<br />
B. torquatus é uma espécie endêmica à região costeira da Mata Atlântica<br />
brasileira, com populações vivendo em florestas secundárias e primárias entre os<br />
paralelos 22°50` S e 12°27`S; 38°17`W e 43°20`W (PIN<strong>DE</strong>R, 1986). Segundo<br />
Wetzel e Ávila-Pires (1980) a espécie está presente nos remanescentes florestais<br />
dos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia. Contudo, um trabalho mais<br />
recente realizado por Oliver e Santos (1991), amplia a área de distribuição da<br />
espécie até o Estado de Sergipe. À despeito destas divergências, as populações de<br />
B. torquatus, encontram-se bastante isoladas devido aos contínuos processos de<br />
fragmentação da Mata Atlântica (OLIVER; SANTOS, 1991; PIN<strong>DE</strong>R, 1997), havendo<br />
em toda a distribuição da espécie áreas sem registro de ocorrência (CHIARELLO;<br />
LARA-RUIZ, 2004; CASSANO, 2006). Existem hoje registros de três populações<br />
isoladas de B. torquatus nos Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia<br />
(LARA-RUIZ, 2004). Com esse isolamento, as diferenças genéticas entre as<br />
populações são bastante evidentes e a diversidade genética dentro de cada<br />
12
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
população tornou-se muito pequena devido aos efeitos de endocruzamento<br />
(MORAES et al., 2002; CHIARELLO; LARA-RUIZ, 2004; LARA-RUIZ, 2004).<br />
De acordo com alguns autores, B. variegatus e B. torquatus são espécies<br />
simpátricas, porém podendo apresentar sintopia em algumas ocasiões (WETZEL;<br />
AVILA-PIRES, 1980; OLIVER; SANTOS, 1991; MEIRA, 2003). Oliver e Santos<br />
(1991) apresentam um único registro de entrevista onde afirmam sobre a presença<br />
das duas espécies em um único fragmento na Reserva Biológica de Una (Bahia).<br />
Entretanto, por serem baseados em observações indiretas esses dados podem ser<br />
revistos através de observações diretas (CULLEN JR.; VALLADARES-PÁDUA,<br />
1997). Segundo Pinder (1986), as características ecológicas de B. variegatus e B.<br />
torquatus, como o uso de árvores para alimentação e locomoção, sugerem que há<br />
competição entre as espécies, sendo que em áreas onde ocorre sintopia uma<br />
espécie tende a ser mais predominante que a outra (OLIVER; SANTOS, 1991;<br />
MEIRA, 2003), entretanto, estudos que investiguem as interações entre as duas<br />
espécies devem ser elaborados para suportar essas afirmações.<br />
Dentro dos limites do sul da Bahia, a distribuição geográfica de B. torquatus<br />
termina quando ocorre à substituição das florestas ombrófila densa, pela floresta<br />
estacional decídua (CASSANO, 2006). Segundo Chiarello e Lara-Ruiz (2004) a<br />
espécie parece ser abundante no sul da Bahia, entretanto, Cassano (2006) relata<br />
uma baixa taxa de encontro de B. torquatus com registros de nove encontros em 734<br />
km percorridos em floresta densa no Município de Una. É possível que a baixa<br />
densidade se deva à dificuldade de visualização causada pela grande altura das<br />
árvores da floresta ombrófila densa do sul da Bahia (CASSANO, 2006).<br />
A espécie ainda pode ser vista em áreas de plantio cacau no sul da Bahia<br />
(WETZEL; ÁVILA-PIRES, 1980), que é utilizada como área de vida para reprodução<br />
e para alimentação (CASSANO, 2006).<br />
13
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
Figura 1. Distribuição das preguiças do gênero Bradypus. Ponto preto: localização<br />
de B. pygmaeus; em cinza: B. variegatus; pontilhados brancos: B. tridactilus; linhas<br />
inclinadas: sobreposição de B. torquatus e B. variegatus; e preto: sobreposição de B.<br />
torquatus e B. tridactilus. Modificado de Emmons e Feer (1997).<br />
14
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
Anatomia Externa<br />
As preguiças do gênero Bradypus apresentam diferenças sutis entre si, sendo<br />
a B. torquatus a espécie mais distinta das quatro. Apresenta coloração geral marrom<br />
e, na região dorsal do pescoço, uma coleira de pêlos negros e compridos que vão<br />
até a parte mediana das costas, pelo qual é conhecida popularmente como<br />
preguiça-de-coleira (WETZEL, 1985). Filhotes não apresentam a coleira<br />
característica da espécie, que começa a surgir no sub-adulto estando bem definida<br />
somente no adulto. Ao nascer os filhotes da espécie pesam aproximadamente 400 g<br />
e apresentam cerca de 250 mm de comprimento. Ao atingir a idade adulta, podem<br />
pesar mais de 6,0 kg e medir entre 60 e 75 cm, sendo a maior espécie do gênero<br />
Bradypus (PIN<strong>DE</strong>R, 1993; LARA-RUIZ; CHIARELLO, 2005). Como conseqüência<br />
das adaptações a condições distintas de altitude, Lara-Ruiz e Chiarello (2005),<br />
apontam que os animais dessa espécie apresentam tamanho corpóreo menor<br />
quando presentes em regiões de baixa altitude em comparação com os indivíduos<br />
que habitam as serras.<br />
Segundo alguns autores, B. torquatus não apresenta dimorfismo sexual,<br />
sendo a identificação sexual possível através de sexagem com estudos moleculares<br />
(CHIARELLO, 1999b; PIN<strong>DE</strong>R, 1993). No entanto, pode-se distinguir machos e<br />
fêmeas através de alguns aspectos morfológicos somente visualizados em adultos<br />
(LARA-RUIZ; CHIARELLO, 2005). Geralmente as fêmeas são maiores que os<br />
machos e estes por sua vez apresentam uma juba maior em comprimento e em<br />
volume que as fêmeas. Características da genitália também são indicativos de<br />
diferenciação sexual, onde a abertura urogenital da fêmea em período reprodutivo é<br />
aumentada (LARA-RUIZ; CHIARELLO, 2005).<br />
Dieta<br />
As preguiças estão entre as poucas espécies de mamíferos arborícolas com<br />
hábito alimentar estritamente folívoro (CORK; FOLEY, 1991). No entanto, ao longo<br />
do processo evolutivo as plantas desenvolveram defesas químicas contra<br />
hervíboros, as quais envolvem compostos secundários que geram folhas tóxicas,<br />
15
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
não palatáveis e nutricionalmente pobres (OPLER, 1978). Assim, esses animais são<br />
mais susceptíveis a encontrar compostos tóxicos do que espécies que se alimentam<br />
de frutos, sementes e/ou flores (CORK; FOLEY, 1991).<br />
Folhas jovens e brotos possuem maior valor nutricional e menor toxidade do<br />
que folhas maduras (HLADIK, 1978). Plantas sempre verdes apresentam mais<br />
defesas químicas contra herbívoros do que plantas decíduas (OPLER, 1978).<br />
Folívoros tendem a consumir folhas jovens de plantas sempre verdes por serem<br />
itens com baixa toxidade e abundantes durante todo ano (OPLER, 1978). Desse<br />
modo, as preguiças tendem a se alimentar de itens abundantes (QUEIROZ, 1995), o<br />
que possibilita a utilização de florestas semidecíduas (PIN<strong>DE</strong>R, 1997).<br />
Diversos estudos apontam que Bradypus são animais generalistas, mas que<br />
apresentam seletividade alimentar individual, já que ocorre certa variação da<br />
quantidade de árvores e espécies utilizadas por cada indivíduo (MONTGOMERY;<br />
SUNQUIST, 1978; QUEIROZ, 1995; CHIARELLO, 1998b; CASSANO, 2006). As<br />
preguiças tendem a ser generalistas quanto as espécies consumidas, mas tendem a<br />
ser especialistas na escolha dos tipos de itens alimentares, como folhas jovens e<br />
brotos (OPLER, 1978).<br />
Através de revisão de literatura e compilação de dados, Meira (2003) verificou<br />
os registros de 17 famílias, 23 gêneros e 35 espécies que B. torquatus se alimenta<br />
em florestas em estágio avançado de regeneração e secundárias na Mata Atlântica.<br />
Dentro dos quais as famílias Cecropiaceae, Moraceae, Sterculiaceae, Mimosaceae,<br />
Bombacaceae, Nyctaginaceae e Lauraceae foram as mais registradas, sendo Ficus<br />
e Cecropia os gêneros mais freqüentes nos estudos levantados (MEIRA, 2003). Em<br />
estudos com animais translocados para áreas de Floresta em Estágio Avançado no<br />
Espírito Santo, Chiarello et al. (2004) descrevem principalmente o uso das famílias<br />
Apocynaceae e Sapotaceae. Em trabalho mais recente, acompanhando animais em<br />
florestas em estágio avançado de regeneração, secundárias e cabrucas, Cassano<br />
(2006) registra as famílias Moraceae e Fabaceae como as mais utilizadas pelos<br />
animais no sul da Bahia.<br />
16
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
Adaptações à folivoria<br />
As adaptações físicas e fisiológicas associadas com as estratégias digestivas<br />
são questões chave que devem ser levadas em consideração nas interações entre<br />
mamíferos folívoros arborícolas e as defesas químicas das plantas (MACNAB, 1978;<br />
BELOVSKY; SCHMITZ, 1994). Para compensar a dieta fibrosa pobre em proteínas,<br />
as preguiças desenvolveram características fisiológicas, morfológicas e<br />
comportamentais que regulam a manutenção de seu metabolismo, crescimento e<br />
reprodução (FOLEY et al., 1995). Essas características contribuem para o baixo<br />
requerimento de energia por Bradypus (NAGY; MONTYGOMERY, 1980), o que por<br />
sua vez apresenta forte influência nas estratégias ecológicas da espécie (MACNAB,<br />
1985; QUEIROZ 1995, CHIARELLO, 1998b; CLAUSS, 2004).<br />
As adaptações para a dieta folívora arborícola de preguiças são evidentes<br />
logo na mastigação do alimento. Devido às especializações para triturar alimentos<br />
ricos em fibras, as preguiças possuem músculos faciais reduzidos em número e<br />
complexidade em comparação com os músculos de carnívoros. Isso se reflete na<br />
relativa imobilidade da área facial, sendo os músculos peculiarmente diferenciados e<br />
especializados para permitir o controle sobre a mastigação (NAPLES, 1985). As<br />
glândulas salivares desses animais são muito desenvolvidas, o que acarreta na alta<br />
tolerância aos taninos. Os dentes molares de preguiças Bradypus são<br />
especializados na trituração, efetivando a maceração das fibras logo no aparelho<br />
bucal (CORK; FOLEY, 1991).<br />
Para aproveitar as fibras como fonte de energia é necessário reter o alimento<br />
no aparelho digestivo por longos períodos (CORK; FOLEY, 1991; CLAUSS, 2004).<br />
Assim, para maximizar a digestão e otimizar a obtenção de nutrientes, preguiças<br />
Bradypus possuem aparelho digestivo extremamente complexo com sistemas de<br />
alargamento das câmaras digestivas e presença de microbiota simbionte<br />
(BAUCHOP, 1978; CLAUSS, 2004). O estômago desses animais é<br />
compartimentado, possuindo um sítio de fermentação pré-gástrica, o que se<br />
assemelha superficialmente ao trato digestivo dos ruminantes (BAUCHOP, 1978;<br />
FOLEY et al., 1995). Esse estômago consiste de duas bolsas, a “bolsa central” e a<br />
“bolsa conectante”, que juntas fazem 60% do volume do estômago, e um “fundus<br />
17
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
anterior” ou pré-estômago, o que sugere uma rota dos solutos digestos após o préestômago<br />
(CORK; FOLEY, 1991). De acordo com Clauss (2004) preguiças Bradypus<br />
apresentam no “fundus anterior”, um gradiente de densidade funcional, onde<br />
partículas ingeridas (com mais ou menos fibras) tendem a ser separadas de acordo<br />
com a densidade por meio da gravidade, assim partículas mais densas (mais<br />
fibrosas) passariam um maior tempo no compartimento gastrintestinal do que<br />
partículas menos densas (menos fibrosas). Assim, a interação da anatomia do préestômago<br />
com o gradiente de densidade nos conteúdos estomacais, habilita esses<br />
animais a conseguir (com um pré-estômago), uma estratégia digestiva que outros<br />
folívoros arborícolas conseguiram somente com uma câmara de fermentação pósgástrica:<br />
a passagem seletiva de partículas pequenas (CLAUSS, 2004). Além disso,<br />
a estratégia de fermentação pré-gástrica em preguiças é evidenciada pela presença<br />
de um intestino grosso curto e pela ausência do ceco (FOLEY et al., 1995).<br />
Todas essas características digestórias acarretam na retenção de material<br />
metabolicamente inativo, pois cerca de 30% da massa das preguiças são urina e<br />
alimento acumulados (GOFFART, 1971 citado por NAGY; MONTYGOMERY 1980).<br />
Assim, devido a essas adaptações, as preguiças Bradypus são as únicas exceções<br />
possíveis de folívoros estritos que possuem fermentação pré-gástrica (CORK;<br />
FOLEY, 1991).<br />
Preguiças são notórias por apresentar baixas taxas metabólicas, de<br />
aproximadamente 147kJ(kg dia) -1 e temperatura corpórea excepcionalmente baixa<br />
(menos de 35°C) (MACNAB, 1975; NAGY; MONTGOMERY, 1980). Essas<br />
características acarretam no longo processo de digestão (CORK; FOLEY 1978),<br />
elevada condutibilidade termal, e no lento funcionamento das fibras musculares e<br />
nervosas (MONTGOMERY; SUNQUIST, 1975; NAGY; MONTGOMERY, 1980;<br />
MCNAB, 1985). Nagy e Montgomery (1980), encontraram que a taxa metabólica de<br />
campo (taxa metabólica em vida livre) de preguiças é cerca de 74% da taxa<br />
metabólica basal que se espera encontrar em um mamífero placentário de peso<br />
semelhante (MACNAB, 1985). Assim esses animais necessitam de uma constante<br />
regulação da temperatura corpórea frente às modificações ambientais<br />
(MONTGOMERY; SUNQUIST, 1975), apresentando por conta disso comportamento<br />
termorregulatório (NAGY; MONTYGOMERY, 1980). Logo esses animais tendem a<br />
18
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
escolher extratos na copa das árvores dependendo do controle sua temperatura<br />
corpórea (MONTGOMERY; SUNQUIST, 1978; QUEIROZ, 1995).<br />
De acordo com Nagy e Montygomery (1980), o baixo fluxo de água (38 ml<br />
H2O/ kg / dia) e a produção metabólica de água a partir do alimento indicam que as<br />
preguiças não bebem água, o que também acarreta na escolha de alimento pela<br />
espécie, fazendo com que esta priorize uma dieta que contenha maior quantidade<br />
de água, como folhas jovens (CORK; FOLEY 1978). Entretanto, as espécies<br />
Bradypus torquatus e B. variegatus foram observadas em cativeiro consumindo água<br />
ao lamber folhas molhadas (CAR<strong>DO</strong>SO et al., 2005).<br />
Ecologia e comportamento<br />
Preguiças Bradypus são considerados animais diurnos, no entanto em<br />
diversos estudos tem-se observado que cada população apresenta padrões de<br />
atividades próprios (SUNQUIST; MONTGOMERY, 1973; QUEIROZ, 1995;<br />
CHIARELLO, 1998a; CASSANO, 2006). O que pode ser explicado pela ligação entre<br />
padrões de atividades e características do ambiente (QUEIROZ, 1995; SOARES;<br />
CARNEIRO, 2002).<br />
Segundo Sunquist e Montgomery (1973) em um trabalho com B variegatus,<br />
os indivíduos da população residente nas florestas do Panamá apresentam atividade<br />
tanto durante o dia quanto à noite, com concentração no alvorecer. Também<br />
afirmam que a espécie não apresenta períodos cíclicos de atividade e não há<br />
sincronia de atividades entre indivíduos (SUNQUIST; MONTGOMERY; 1973).<br />
Queiroz (1995), em um trabalho com a mesma espécie na Floresta Amazônica<br />
brasileira, aponta o mesmo padrão relatado para o Panamá, sendo que a espécie<br />
dedica 85% de seu tempo em repouso.<br />
B. torquatus também pode ser observada a maior parte do dia (período de<br />
24h) descansando ou dormindo (CHIARELO, 1998a; CASSANO, 2006), e o tempo<br />
restante é distribuído em atividades de locomoção e alimentação, com uma redução<br />
expressiva das movimentações em torno do período de 10:00h às 11:00h da manhã<br />
(SOARES; CARNEIRO, 2002; CHIARELLO, 1998a). Aparentemente existe uma<br />
19
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
diferença entre as atividades de adultos e filhotes, sendo que as atividades dos<br />
filhotes se concentram de dia (SOARES; CARNEIRO, 2002). Entretanto, em trabalho<br />
realizado no sul da Bahia, Brasil, os resultados encontrados por Cassano (2006),<br />
mostram que nesta região a espécie apresenta atividade tanto diurna quanto<br />
noturna, sendo que as atividades diurnas se concentram no crepúsculo. Ainda de<br />
acordo com Chiarello (1998a), durante a estação de chuva a espécie reduz o<br />
período de descanso e utiliza uma parte do tempo para alimentação. Todas essas<br />
características de correlação entre os padrões de atividades e as condições do<br />
ambiente reforçam que os padrões de atividade seriam diretamente influenciados<br />
pela temperatura do ambiente (MONTGOMERY; SUNQUIST, 1978; SOARES;<br />
CARNEIRO, 2002; CHIARELLO, 1998a).<br />
O comportamento de repouso e o habitat tropical úmido possibilitam a<br />
proliferação de algas e fungos nos pelos das preguiças. Aiello (1985) sugere uma<br />
relação simbiótica entre algas e preguiças. Essa relação traria benefício para as<br />
preguiças por manter a temperatura corpórea das mesmas estável durante a<br />
estação úmida já que as algas atribuem uma coloração verde aos pêlos aumentando<br />
a absorção de água e a camuflagem. No entanto, estudos adicionais são<br />
necessários para testar esta teoria.<br />
Todas as preguiças do gênero Bradypus são animais solitários, havendo<br />
registros de interação entre indivíduos somente em duas situações: no período<br />
reprodutivo e entre mães e a prole (CARVALHO, 1960; MONTGOMERY;<br />
SUNQUIST, 1974; SOARES; CARNEIRO, 2002).<br />
B. torquatus possui um período de gestação de cerca de seis a sete meses,<br />
onde nasce apenas um filhote (AMORIN, et al. 2003; TAUBE et al, 2001), havendo a<br />
ocorrência de estro pós-parto com intervalos entre nascimentos de 10 até 12 meses<br />
(TAUBE et al, 2001). B. torquatus não apresenta comportamento reprodutivo restrito<br />
a uma estação particular, podendo ocorrer durante todo ano (PIN<strong>DE</strong>R, 1993). O<br />
cuidado parental é realizado pela fêmea, num período de aproximadamente nove<br />
meses para B. torquatus (PIN<strong>DE</strong>R, 1993; LARA-RUIZ; CHIARELLO, 2005) e de<br />
aproximadamente seis meses para B. variegatus (MONTGOMERY; SUNQUIST,<br />
1974; TAUBE et al., 2001). A ingestão de folhas começa ainda no período de<br />
amamentação quando o filhote atinge cerca de duas semanas de idade<br />
20
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
(MONTGOMERY; SUNQUIST, 1974). Durante este período a fêmea auxilia o filhote<br />
na escolha das árvores para alimentação e para locomoção (SOARES; CARNEIRO,<br />
2002). O aprendizado e o desenvolvimento físico-motor dependem, portanto, da<br />
transferência de comportamentos da mãe para o filhote. Dessa forma, animais<br />
órfãos são mais susceptíveis a óbito quando são translocados ou reintroduzidos de<br />
seu habitat natural, já que possuem uma maior possibilidade de comer plantas<br />
tóxicas e cair dos galhos (SOARES; CARNEIRO, 2002). Geralmente filhotes se<br />
mantêm na região ventral da mãe independente da posição e do movimento desta<br />
(PIN<strong>DE</strong>R, 1986). Essa posição pode fornecer segurança à prole tanto através do<br />
contato com o corpo materno quanto com o substrato (árvore), o que minimiza a<br />
possibilidade de quedas e facilita a alimentação tanto através da amamentação<br />
quanto fornecimento de folhas (SOARES; CARNEIRO, 2002).<br />
Uso do hábitat<br />
Por serem mamíferos arborícolas estritos, as preguiças utilizam o estrato<br />
superior da floresta para executar as atividades necessárias para sobrevivência e<br />
reprodução, como forrageamento, locomoção e regulação da temperatura<br />
(MONTGOMERY; SUNQUIST, 1978). Para tanto, esses mamíferos podem utilizar<br />
diversos tipos de estrutura, como lianas, folhas de árvores, galhos e conexão entre<br />
as copas das árvores (EMMONS, 1995). No dossel florestal, preguiças estão sujeitas<br />
as condições ambientais extremas, como vento, chuva, radiação solar, temperatura<br />
e grau de umidade (EMMOS, 1995). Dependendo do local da copa a ser ocupado,<br />
copa interna, mediana ou externa (JOHANSSON, 1974), estes animais podem<br />
suportar em escala de microhabitat as modificações dessas variáveis em menor ou<br />
maior grau (EMMONS, 1995).<br />
Montgomery e Sunquist (1978) afirmam que a escolha de árvores utilizadas<br />
por preguiças não está relacionada com os atributos taxonômicos, mas sim ligados à<br />
estrutura da vegetação oferecida no habitat. Os escassos estudos com uso de<br />
hábitat por preguiças do gênero Bradypus, mostram que esses animais utilizam<br />
preferencialmente árvores altas, com dossel denso e coberto por lianas,<br />
21
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
independente do tipo de floresta (MONTGOMERY; SUNQUIST, 1978; QUEIROZ,<br />
1995; PIN<strong>DE</strong>R, 1986; PIN<strong>DE</strong>R, 1997).<br />
Trabalhos com B. variegatus reportam que essa espécie tende a escolher os<br />
estratos superiores da floresta e regiões da copa em que possam se expor ao sol<br />
(MONTGOMERY; SUNQUIST, 1978; QUEIROZ, 1995). Há uma relação entre<br />
período do dia e altura utilizada pelos animais caracterizada pela descida desses ao<br />
estrato médio (na sombra) durante o meio-dia do dia (QUEIROZ, 1995). Esta relação<br />
já foi explicada por Montgomery e Sunquist (1978), como um comportamento dirigido<br />
ao controle da temperatura corpórea, pois sendo animais hemi-homeotérmicos, as<br />
preguiças evitam uma alta muito significativa na temperatura do corpo, protegendose<br />
do sol nos locais da copa onde não haja muita exposição solar.<br />
Com relação à área de vida de Bradypus torquatus, os poucos estudos<br />
demonstram diferenças marcantes entre indivíduos. Essas diferenças irão depender<br />
da idade de cada indivíduo, das características do habitat e até mesmo das técnicas<br />
de análise utilizados pelos autores (Mínimo Polígono Convexo ou Kernel) (PIN<strong>DE</strong>R,<br />
1997; CHIARELLO, 1998a; CHIARELLO et al., 2004; CASSANO, 2006). Indivíduos<br />
que estão se dispersando e animais translocados podem apresentar áreas de vida<br />
com mais de 15 hectares se estes estão procurando áreas de Floresta em Estágio<br />
Avançado (PIN<strong>DE</strong>R, 1997; CHIARELLO et al., 2004; CASSANO, 2006). Indivíduos<br />
que vivem em ambientes perturbados, como cabrucas e florestas em estágio<br />
secundário de regeneração podem apresentar áreas de vida menores do que<br />
aquelas registradas para os indivíduos que habitam florestas em estágio avançado<br />
de regeneração devido a estrutura da vegetação e diferenças na disponibilidade de<br />
recursos, (CASSANO, 2006).<br />
Segundo Pinder (1986), B. torquatus é uma espécie nômade, que pode<br />
utilizar pequenas áreas próximas entre si durante alguns meses, havendo<br />
alternância entre elas. Entretanto, Cassano (2006) descreve essas áreas como<br />
áreas núcleo de uma única área de vida, onde um indivíduo pode passar parte do<br />
tempo em uma porção dessa área e migrar para outra porção, sendo esses<br />
deslocamentos raros e relacionados a ocasiões específicas, como surgimento de<br />
filhote. As preguiças-de-coleira possuem uma grande capacidade de dispersar<br />
através de áreas de Floresta em Estágio Avançado, e até mesmo em ambientes<br />
22
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
alterados como áreas secundárias e algumas cabrucas (CASSANO, 2006). Embora<br />
a espécie possa manter um padrão de deslocamentos semanais pequenos (média<br />
de 62m/semana), seus indivíduos são capazes de realizar deslocamentos maiores<br />
(de 200-300m/semana), a depender da estrutura da vegetação da área habitada<br />
pelos indivíduos. Assim, animais que vivem em áreas perturbadas tendem a se<br />
deslocar menos do que aqueles que habitam áreas mais preservadas, o que reflete<br />
no tamanho da área de vida desses animais (CASSANO, 2006).<br />
Preguiças tendem a repetir o uso das árvores localizadas em sua área de<br />
vida, as quais coincidem com as espécies botânicas incluídas na dieta dos animais e<br />
são descritas por Montgomery e Sunquist (1975) como “modais”. Cassano (2006)<br />
observou este padrão do uso repetido de uma mesma árvore em dias não<br />
consecutivos no seu estudo, indicando que a intensidade de uso de porções internas<br />
à área de vida das preguiças está intimamente relacionada à distribuição das<br />
espécies que compõem sua dieta.<br />
23
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
Objetivo Geral<br />
OBJETIVOS<br />
O presente estudo visa descrever, através da caracterização do microhábitat,<br />
os recursos florestais e nutricionais utilizados por preguiça-de-coleira (Bradypus<br />
torquatus) no sul da Bahia.<br />
Objetivos Específicos<br />
• Identificar as espécies arbóreas utilizadas<br />
• Verificar a complexidade estrutural do microhábitat utilizado<br />
• Descrever o uso dos diferentes microhábitats<br />
• Comparar os microhábitats utilizados entre os diferentes hábitats florestais<br />
Por meio desses resultados serão identificadas as características do<br />
microhábitat, obtendo resultados sobre as possíveis relações entre preguiça-decoleira<br />
e seu hábitat.<br />
24
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
Área de Estudo<br />
MATERIAL E MÉTO<strong>DO</strong>S<br />
A área de estudo situa-se na mesorregião “sul da Bahia” (Figura 2), nos<br />
limites do Município de Una (15°18’45” S / 39°03’45” W). A Região sul da Bahia<br />
abriga um total de 70 municípios subdivididos em três sub-regiões, “litoral sul”,<br />
“extremo sul” e “sudoeste” (IBGE, 1994). Una está inserido a sub-região Litoral sul<br />
da Bahia, possuindo uma área total de 1.159,525Km² e cerca de 36.734 habitantes<br />
(IBGE, 2006).<br />
O clima ocorrente no Município de Una é do tipo Af conforme a classificação<br />
de Köppen (LANDAU; RESEN<strong>DE</strong>, 2003). Este tipo de clima é caracterizado pelas<br />
significativas médias de chuva, superiores à 1300 mm/ano (LANDAU, 2003a) sem<br />
estação seca regular, temperatura com médias elevadas e com pouca variação ao<br />
longo do ano. Para o Município de Una as médias máximas ficam em torno de 28ºC<br />
e mínimas em 19,9ºC, apresentando máximas absolutas no mês de março em torno<br />
de 32,2ºC e mínima no mês de junho com 14ºC (SU<strong>DE</strong>NE, 1963 citado por<br />
LANDAU, 2003b). Na região de Una as precipitações anuais podem atingir entre<br />
1.600 e 1.800 mm em anos chuvosos e as chuvas tendem a ser bem distribuídas<br />
durante o ano, embora secas ocasionais possam ocorrer nos meses entre outubro a<br />
abril.<br />
Os solos da região são os latossolos, de coloração vermelho-alaranjada. Os<br />
quais são encontrados facilmente entre o Rio de Contas e o Rio Jequitinhonha,<br />
principalmente na região que inclui o Município de Una. No geral, são solos pouco<br />
profundos (de 40 á 50 cm), argiloso-arenosos e com a fertilidade variando muito de<br />
região para região (LANDAU et al., 2003), o que influencia diretamente nos tipos de<br />
fisionomias vegetais presentes na região (THOMAS, 2003). As formações<br />
25
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
geomorfológicas presentes em Una são os tabuleiros e as planícies Flúvio-Marinhas<br />
(LANDAU; MIRANDA, 2003).<br />
Figura 2. Esquema da visualização espacial da área de estudo, pintada em cinza,<br />
com relação à América do Sul e ao Brasil. Em destaque os limites do município de<br />
Una. Modificado de IESB/CI/CRA (2001) e de IBGE (2006).<br />
A economia da região está alicerçada no meio rural, predominando os cultivos<br />
de cacau (Theobroma cacao Linnaeus), de seringa (Hevea brasiliensis M. Arg.) e de<br />
subsistência. Contudo, devido à baixa fertilidade do solo na região, sobretudo na<br />
porção leste do Município de Una, o cultivo do cacau não se expandiu tanto quando<br />
comparado com o restante da região (SANTOS, G. 1999). Com o declínio da<br />
economia cacaueira, o valor das fazendas decaiu drasticamente, desvalorizando a<br />
terra (CHOMITZ et al., 2005) e prejudicando diretamente as áreas de floresta nativa<br />
26
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
na região, já que os agricultores começaram a praticar constantemente o corte<br />
seletivo (ALGER, et al., 2003).<br />
No geral, a vegetação dominante na região é a Floresta Ombrófila Densa<br />
(VELOSO, et al., 1991). Essas florestas usualmente exibem a estrutura clássica de<br />
florestas pluviais, com árvores emergentes e com os extratos herbáceo, de dossel e<br />
de sub-bosque com mais de 25m de altura. As assembléias de plantas geralmente<br />
estão correlacionadas com os tipos de solo, elevação e unidades geomorfológicas<br />
presentes na região, ocorrendo dessa forma com uma ampla variedade de tipos de<br />
solos e diferentes elevações (THOMAS, 2003).<br />
Locais de amostragem<br />
O projeto foi desenvolvido em três fragmentos de floresta localizados no<br />
entorno de uma das maiores Unidades de Conservação do sul da Bahia, a Reserva<br />
Biológica de Una (REBIO-Una), que possui atualmente mais de 10.000 ha. Cerca de<br />
70% das terras que compreendem a REBIO-Una e seu entorno estão cobertas por<br />
áreas de floresta (IBAMA, 1997), e 60% da sua Zona Tampão são destinados às<br />
plantações de cacau e de seringa (ALGER et. al., 1996).<br />
A vegetação do local de amostragem é formada por uma floresta madura de<br />
dossel uniforme com poucas emergentes, composto por árvores com cerca de 20 m<br />
de altura, com dimensões semelhantes entre si e sustentando muitas epífitas e<br />
lianas lenhosas. O estrato arbóreo é composto por espécies endêmicas da Mata<br />
Atlântica, com distribuição restrita ao sul da Bahia. Nas áreas de floresta bem<br />
preservada, o sub-bosque é de fácil penetração e rico em espécies de Marantaceae,<br />
Piperaceae e Rubiaceae (JARDIM, 2003).<br />
Os fragmentos onde o estudo foi realizado estão localizados nas áreas<br />
correspondentes a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Ecoparque de<br />
Una (15º10'16"S; 39º3'31"W), na Fazenda Jaqueiral (15º10'27"S; 39º3'12"W),<br />
Fazenda São João (15º10'48"S; 39º2'12"W) e Fazenda Encom (15º11'20"S;<br />
39º2'33"W), sendo estes últimos localizados à leste da REBIO-Una. O Ecoparque de<br />
27
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
Una e a Fazenda Jaqueiral formam um dos mais preservados remanescentes<br />
florestais do entorno da REBIO-Una com cerca de 700ha (Figura 3). O Ecoparque de<br />
Una é uma RPPN que compreende uma área de 383ha de florestas em estágio<br />
primário e secundário de regeneração. A Fazenda Jaqueiral possui 152ha, com<br />
cerca de 50ha com áreas de vegetação nativa em estágio avançado de regeneração<br />
e 102ha ocupados por plantações da seringueira, roças de subsistência e para<br />
instalações da Fazenda. A Fazenda São João possui aproximadamente 38ha<br />
divididos em áreas de floresta e plantações de seringa e de cacau. E a Fazenda<br />
Encom com 1400ha com florestas e também com os sistemas agroflorestais de<br />
seringa e de cacau.<br />
28
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
Figura 3. Mapa da área de estudo, onde podem ser visualizados os limites da<br />
Reserva Biológica de Una e as sedes das Fazendas Jaqueiral, São João e Encom, e<br />
cobertura vegetal. Fonte: Base de dados IESB, anos 2002.<br />
29
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
Captura de animais<br />
O presente estudo foi realizado através da localização de indivíduos pela<br />
metodologia de rádio telemetria (JACOB; RUDRAN, 2004), durante o “Projeto<br />
ecologia da preguiça-de-coleira no sul da Bahia” iniciado em 2003. Para este projeto<br />
foram utilizados rádio-transmissores Biotrack TW-3 (80g e 30g), rádio-receptor<br />
Telonics TR-4 e antena Yagi 3 elementos Wildlife Material.<br />
Os animais foram capturados na floresta para colocação do rádio transmissor<br />
de duas formas: através de caminhadas nos fragmentos florestais em trilhas préexistentes<br />
ou por indicação de moradores locais e guardas do Ecoparque de Una.<br />
Ao final, obteve-se um total de oito animais capturados e acompanhados.<br />
A captura dos animais foi realizada por um escalador que teve acesso à copa<br />
das árvores através das metodologias de ascensão em dossel (LOWMAN;<br />
WITTMAN, 1996). Cada animal foi colocado em um saco de pano e encaminhado ao<br />
solo através de uma corda, onde foi contido fisicamente com o auxílio de fitas velcro<br />
enroladas nos membros anteriores e posteriores.<br />
Ao ser capturado, cada animal teve suas medidas biométricas mensuradas,<br />
peso e comprimentos do corpo, da cauda, da orelha, e da pata posterior (Tabela 1).<br />
Cada animal recebeu um rádio transmissor colocado no pescoço. Após esses<br />
procedimentos os animais eram soltos próximo à base das árvores onde foram<br />
capturados. Os animais marcados foram identificados com uma sigla BT, que<br />
significa Bradypus torquatus, e um número, que se refere à freqüência do rádio<br />
transmissor colocado no animal, por exemplo, o animal BT123 se refere á preguiçade-coleira<br />
portando o rádio de freqüência 123Mhz.<br />
Durante o estudo, os animais BT142_2 e BT464 tiveram um filhote cada, nos<br />
quais foram colocados rádios transmissores para o monitoramento após a separação<br />
das mães, recebendo a denominação BT042 e BT065 e foram considerados como<br />
juvenis. As áreas onde os animais foram capturados foram categorizadas de acordo<br />
com o tipo de ambiente a partir do estágio de sucessão e tipo de agricultura (Figura<br />
4; Tabela 2).<br />
30
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
Figura 4. Localização dos oito animais capturados dentro da área de estudo no<br />
município de Una no sul da Bahia. Modificado de Cassano (2006). Fonte: Base de<br />
dados IESB, anos 2002.<br />
31
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
Tabela 1. Biometria das preguiças-de-coleira Bradypus torquatus, no sul da Bahia.<br />
CC=comprimento do corpo; CA=comprimento da cauda.<br />
Animal Sexo Faixa Etária* CC (mm) CA (mm) Peso (g)<br />
BT033 Fêmea Adulto 625 55 6875<br />
BT042 _____ Juvenil 375 38 1650<br />
BT065 _____ Juvenil 285 27 830<br />
BT123 Macho Sub-adulto 525 43 3300<br />
BT142 _____ Sub-adulto 575 45 3500<br />
BT142_2 Fêmea Adulto 555 46 5000<br />
BT193 _____ Sub-adulto 431 39 3000<br />
BT464 Fêmea Adulto 532 40 5600<br />
*critérios para divisão em faixa etária baseados em Lara-Ruiz e Chiarello (2005) e Pinder<br />
(1993).<br />
Tabela 2. Locais de amostragem e tipos de ambiente onde os animais foram<br />
capturados.<br />
Animal Locais de amostragem Ambiente<br />
BT464 Fazenda Encon Cabruca<br />
BT065 Fazenda Encon Cabruca<br />
BT033 Ecoparque Una Floresta em Estágio Avançado<br />
BT123 Fazenda Jaqueiral e Ecoparque Floresta em Estágio Avançado<br />
BT142 Ecoparque Una Floresta em Estágio Avançado<br />
BT042 Fazenda São João Floresta secundária<br />
BT142_2 Fazenda São João Floresta secundária<br />
BT193 Fazenda Encon Floresta secundária<br />
32
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
Marcação das árvores<br />
As árvores, hemi-hepífitas, lianas lenhosas e palmeiras onde foi possível<br />
visualizar os animais foram marcadas durante três anos no período de janeiro de<br />
2003 até novembro de 2006, através do acompanhamento dos indivíduos com rádiotelemetria.<br />
As árvores foram marcadas para medir aspectos estruturais, coleta e<br />
identificação do material botânico, independente da atividade realizada pelos<br />
animais.<br />
As localizações ocorreram em intervalos semanais ou de quinze dias, a fim de<br />
obter independência entre registros sucessivos. A procura sempre se iniciava em um<br />
ponto próximo ao local onde o animal foi observado na localização anterior. Após a<br />
localização aproximada do animal, uma procura a olho nu e com auxílio de binóculos<br />
era feita por, no máximo, duas horas. A visualização dos animais é difícil devido a<br />
característica críptica da espécie que se esconde na copa das árvores a fim de evitar<br />
predadores. Caso o animal fosse avistado, a árvore era marcada. Se porventura o<br />
animal fosse detectado pelo sinal, mas não visualizado, a árvore não era<br />
considerada nas análises de dados por se tratar de um dado onde não houve<br />
certeza da presença do indivíduo.<br />
Caracterização das árvores marcadas<br />
Para cada árvore onde houve visualização dos animais, foram registrados os<br />
seguintes parâmetros:<br />
a) O Perímetro a Altura do Peito (PAP) da árvore utilizada, para posterior cálculo<br />
do Diâmetro a Altura do Peito (DAP);<br />
b) O registro da altura da árvore, medindo-se com clinômetro o ângulo da parte<br />
mais alta vista pelo observador e a distância do observador à parte mais alta<br />
da árvore;<br />
c) O registro da altura da copa, medindo-se com clinômetro o ângulo do fuste<br />
visualizado pelo observador e a distância do observador até o fuste;<br />
33
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
d) Presença ou ausência de látex na árvore utilizada;<br />
e) A estimativa da abundância dos cipós/lianas nos ramos das árvores: 0 -<br />
nenhuma liana; 1 – uma a 10 lianas; e 2 – mais de 10 lianas.<br />
Coleta e identificação de material botânico<br />
Os ramos das árvores, hemi-hepífitas e lianas lenhosas onde os indivíduos de<br />
preguiça-de-coleira eram avistados durante o projeto, foram coletados com auxílio<br />
de podão e utilização de técnicas de ascensão em dossel (LOWMAN; WITTMAN,<br />
1996). As amostras dos indivíduos arbóreos utilizados pelos juvenis BT042 e BT065<br />
não foram coletadas por estes utilizarem as mesmas espécies de árvores das mães<br />
BT142_2 e BT464 durante o período de coleta para identificação das espécies<br />
vegetais. Assim foram coletadas amostras botânicas das espécies utilizadas por seis<br />
indivíduos de preguiça-de-coleira: BT033, BT142_2, BT464, BT123, BT193 e BT142.<br />
O material foi identificado no Herbário da Universidade Estadual de Santa<br />
Cruz (HUESC) e no Herbário André Maurício de Carvalho (CEPEC). As unicatas<br />
foram depositadas no HUESC e duplicatas enviadas ao CEPEC.<br />
Caracterização do Micro-hábitat<br />
A caracterização do micro-hábitat iniciou em março de 2005 e seguiu até<br />
novembro de 2006. Dentre os oito animais capturados, somente sete (BT033,<br />
BT142_2, BT464, BT123, BT193, BT042 e BT065) foram acompanhados para esta<br />
parte do estudo, pois o indivíduo BT142 morreu em julho de 2004.<br />
Para cada animal visualizado, a altura acima do solo foi medida com<br />
clinômetro e trena. A posição de cada animal na copa foi registrada, seguindo a<br />
caracterização dos locais da copa das árvores em três sítios diferentes: interna,<br />
mediana e externa (JOHANSSON, 1974; Figura 5).<br />
34
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
Figura 5: Caracterização de copa em três sítios: 1 – copa externa; 2 – copa media; e<br />
3 – copa interna. Modificado de Johansson (1974).<br />
Coleta de folhas e Análises Nutricionais<br />
As análises foram baseadas em 21 plantas de 19 espécies consumidas pelos<br />
indivíduos BT464 (na cabruca), BT142 e BT033 (ambos em Floresta em Estágio<br />
Avançado) (Tabela 3). Os animais foram acompanhados pelo projeto “Ecologia da<br />
Preguiça-de-coleira no Sul da Bahia” de janeiro de 2003 à dezembro de 2005.<br />
De cada árvore, foram retiradas amostras em cada um dos três sítios de<br />
copa, as quais foram coletadas com auxílio de podão e utilização de técnicas de<br />
ascensão em dossel, onde um observador ficava no solo para verificar a posição<br />
correta do coletor-escalador para a coleta. As folhas foram separadas dos galhos,<br />
colocadas em sacos plásticos fechados, e encaminhados imediatamente para o<br />
Laboratório de Nutrição Animal da UESC (LNAU) a fim de evitar a desidratação.<br />
Espécies de árvores diferem muito na arquitetura da copa, havendo muitas vezes<br />
diferenças espécies específicas (HALLÉ, 1995). Dessa forma algumas árvores não<br />
apresentaram folhas na região interna da copa e com isso essa região não foi<br />
coletada. Por se apresentarem sempre na copa externa, as lianas foram coletadas<br />
somente nesta região.<br />
3<br />
2<br />
1<br />
35
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
No laboratório as análises bromatológicas seguiram as metodologias<br />
propostas pela Association of Official Analytical Chemists (AOAC, 1990). Dessa<br />
forma, para realizar análise de matéria seca e porcentagem de água livre, o material<br />
fresco foi pesado em balança analítica de 0,01mg, logo na chegada ao laboratório.<br />
Após obtenção do peso da amostra fresca (PF), as amostras foram pré-secas<br />
em Estufa de Circulação Forçada de Ar a 65°C, para evitar perda por volatilização<br />
dos nutrientes, principalmente dos compostos nitrogenados, por um período de 48 a<br />
72h horas, sendo este tempo suficiente para que o material chegasse a peso<br />
constante e apresentasse consistência quebradiça, permitindo uma moagem mais<br />
perfeita possível. As amostras foram moídas em Moinho de Facas Tipo Willye<br />
dotado de peneira 0,82 mm.<br />
Depois de moídas, foram retiradas alíquotas das amostras para análises de<br />
Matéria Seca (%MS), Energia Bruta (Kcal/g), Proteína Bruta (%PB); Minerais Totais<br />
(%Cinzas) e Fibras em Detergente Ácido (%FDA).<br />
A Matéria Seca foi obtida através da secagem de cada amostra em estufa de<br />
circulação forçada de ar por 8h à uma temperatura de 105°C.<br />
As cinzas foram obtidas a partir da queima de 1g de cada amostra em forno<br />
tipo mufla à 450°C por um período de 4h.<br />
A porcentagem de Proteína Bruta por matéria seca foi obtida pelo Métodopadrão<br />
Kjeldahl de determinação de nitrogênio (N) (AOAC, 1984).<br />
A Energia Bruta foi determinada utilizando calorímetro adiabático de Parr,<br />
medindo a elevação da temperatura da água em condições adiabáticas a partir da<br />
combustão em ambiente rico de oxigênio (25 a 30 atm de oxigênio) (SILVA;<br />
QUEIROZ, 2002).<br />
Fibra em Detergente Ácido (FDA) foi analisada utilizando-se as soluções<br />
citadas por Silva e Queiroz (2002), e a digestão submetida a controle de temperatura<br />
(111°C) e pressão em autoclave (0,5 atm) segundo métodos de Pell e Schofield<br />
(1993).<br />
36
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
Tabela 3. Espécies vegetais analisadas nutricionalmente para comparação dos<br />
nutrientes por sítio da copa. Estas espécies foram ingeridas pelos indivíduos de<br />
preguiça-de-coleira em Una (Ba), durante estudos do projeto “Ecologia da Preguiçade-coleira<br />
no Sul da Bahia”.<br />
Animal Identificação Tipo Nº Indivíduos<br />
BT 033<br />
BT 142<br />
BT464<br />
Dialium guianense (Aubl.) Sandwith Árvore 1<br />
Eriotheca globosa (Aubl.) A.Robyns Árvore 1<br />
Fabaceae sp Liana 1<br />
Macrolobium latifolium Vogel Árvore 1<br />
Tetragastris catuaba Cunha Árvore 1<br />
Virola gardneri Warb. Árvore 1<br />
Brosimum guianense (Aubl.) Huber Árvore 2<br />
Brosimum rubescens Taub. Árvore 2<br />
Dalbergia frutescens (Vell.) Britton Liana 1<br />
Ficus sp1 Hemi-epífita 1<br />
Ficus sp2 Hemi-epífita 1<br />
Myrcia fallax DC. Árvore 1<br />
Virola gardneri Warb. Árvore 1<br />
Cecropia hololeuca Miguel Árvore 1<br />
Ficus clusiaefolia Schott Árvore 1<br />
Inga edulis Mart. Árvore 1<br />
Lauraceae sp Árvore 1<br />
Senna multijuga (Rich.) Irwin & Barneby Árvore 1<br />
Tapirira guianensis Aubl. Árvore 1<br />
37
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
Análise de dados<br />
O sucesso de visualização foi calculado dividindo-se o número de<br />
localizações com avistamento pelo número de localizações totais realizadas para<br />
cada animal.<br />
Com o objetivo de aplicar testes de comparação de médias (t de Student e<br />
ANOVA), os dados foram analisados a priori para verificar a homogeneidade de<br />
variância utilizando-se o teste de Levene (TRIOLA, 2005).<br />
0,05).<br />
Para todas as análises, foi considerado o nível de significância de 5% (α =<br />
Caracterização de micro-hábitat<br />
Para verificar se a utilização do micro-hábitat está associada ao período do<br />
dia, uma Distribuição Chi-quadrado (TRIOLA, 2005) foi realizada utilizando-se como<br />
unidade amostral o número de observações em cada período do dia. Para tanto, os<br />
horários foram separados em três classes: 7:00h às 10:59h (n = 57); de 11:00h às<br />
13:59h (n = 63) e de 14:00h às 17:00h (n = 42).<br />
As variáveis Mães e Filhotes se mostraram independentes entre si (p <<br />
0,001). Assim, as médias da altura da posição de fêmeas adultas (n = 75<br />
avistamentos) e seus filhotes (n = 31 avistamentos) foram comparadas utilizando o<br />
teste t de Student para amostras independentes. Para avaliar se a escolha do microhábitat<br />
está relacionada com a faixa etária dos indivíduos, uma Distribuição Chiquadrado<br />
para freqüência simples (ZAR, 1996) foi realizada comparando-se mães<br />
(indivíduos BT464 e BT142_2) e seus respectivos filhotes (indivíduos BT065 e<br />
BT042).<br />
Para verificar diferenças na altura da posição dos animais adultos e subadultos<br />
nos diferentes hábitats (Florestas em Estágio Avançado – n = 164, Floresta<br />
Secundária – n = 32 e cabruca – n = 36) as médias de altura na copa das árvores<br />
foram comparadas através de uma Análise de Variância (ANOVA) (RICE, 1990). O<br />
38
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
fator de correlação de Bonferroni foi utilizado a posteriori para identificar as<br />
diferenças (RICE, 1990). Para estas análises foram utilizadas a altura da posição<br />
dos animais estudados por tipo de ambiente.<br />
Diferenças na escolha do micro-hábitat foram testadas para cada variável<br />
nutricional descrita anteriormente utilizando-se o teste de Kruskal-Walis (CAMPOS,<br />
1983).<br />
Estrutura das árvores<br />
Por não se aproximarem de uma distribuição normal entre os tipos de<br />
ambiente (p < 0,05), as variáveis Altura das Árvores e DAP foram transformados a<br />
Logaritmo na base 10. Dessa forma as variâncias de Altura (Log10) e DAP (Log10)<br />
se mostraram homogeneamente distribuídas através dos hábitats (L = 1,336; gl = 2;<br />
p=0,265). Dessa forma, as médias do DAP (Log10) e da altura das árvores (Log10)<br />
utilizadas pelos indivíduos adultos e sub-adultos em por hábitat, foram comparadas<br />
através de uma Análise de Variância (ANOVA). Comparações a posteriori foram<br />
feitas utilizando-se o teste de Bonferroni.<br />
Uma Distribuição Chi-quadrado para testar homogeneidade (ZAR, 1996) foi<br />
realizada com o objetivo de inferir se haviam diferenças quanto às presenças de cipó<br />
(0 – sem cipós e 1 com cipó) entre os ambientes. Da mesma forma a abundância de<br />
cipós entre ambientes foi comparada utilizando as categorias de presença de cipós<br />
(0 – nenhum cipó; 1 – de 1 a 10 cipós e 2 – mais de 10 cipós). Para tanto foi<br />
utilizado como unidade amostral o numero de observações de cada categoria de<br />
presença de cipó nos tipos de ambiente.<br />
As médias do DAP e da altura das árvores utilizadas por fêmeas adultas<br />
(BT464 e BT142_2, n = 61 árvores) e seus filhotes (BT065 e BT042, n = 31 árvores)<br />
foram comparadas utilizando-se o teste t de Student para amostras independentes.<br />
39
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
Espécies utilizadas pelos animais<br />
A diversidade de espécies utilizadas pelas preguiças foi estimada através do<br />
Índice de Diversidade de Shannon – H’, por ser o índice mais comumente utilizado, e<br />
do Índice de Diversidade de Simpson por ser uma das mais robustas e significativas<br />
medidas de concentração de abundância das espécies (MARTIN; SANTOS, 1999;<br />
MAGURRAN, 2004).<br />
Para verificar a similaridade na utilização das espécies botânicas utilizadas<br />
entre os hábitats, fez-se uma Análise de Agrupamento pelo método UPGMA<br />
(Unweighted Pair Group Method with Arithmetic mean) calculado através do índice<br />
de similaridade de Morisita (MCGARIGAL et al., 2000).<br />
40
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
Sucesso amostral<br />
RESULTA<strong>DO</strong>S<br />
Durante o monitoramento no período de 2003 a 2006, somente um indivíduo<br />
(BT 142) não retornou às árvores utilizadas, de maneira que os números de<br />
localizações com visualização não coincidem com o número de árvores marcadas<br />
para demais animais (Tabela 4). Dentre as árvores marcadas, algumas caíram,<br />
morreram ou perderam suas marcações, as quais não foram encontradas para<br />
realização do estudo. Um animal em especial teve alta porcentagem de repetições<br />
em comparação com os demais, o animal residente em cabruca (BT464).<br />
Tabela 4. Detalhes do esforço amostral em todo estudo durante o período de 2003 a<br />
2006.<br />
Animal<br />
Sucesso de<br />
visualização (%)*<br />
Árvores<br />
marcadas<br />
Árvores<br />
medidas<br />
Indivíduos<br />
coletados<br />
41<br />
Retorno para<br />
mesmas árvores (%)<br />
BT 033 62 78 70 72 26<br />
BT 065 84 17 17 0*** 24<br />
BT 042 92 14 14 0**** 29<br />
BT 123 44 94 46 30 4<br />
BT 142** 71 48 48 39 19<br />
BT142_2 73 40 25 33 30<br />
BT 193 86 11 7 2 0<br />
BT 464 97 39 36 11 67<br />
*sucesso de visualização calculados em todo período do monitoramento, de março de 2003<br />
a novembro de 2006. **animal morto no ano de 2004, não sendo acompanhado para<br />
estudos de uso da copa. ***árvores coletadas na mesma área de vida da fêmea BT464.<br />
****árvores coletadas na mesma área de vida da fêmea BT142_2.
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
Utilização do micro-hábitat<br />
Foram registradas 168 localizações onde os animais estavam em 72,6% dos<br />
casos na copa externa, 22% na copa média e apenas 5,4% na copa interna. Os<br />
animais foram encontrados a uma altura média de 17,9m (±6,99), com valores<br />
mínimos e máximos de 4,44m e de 44,01m, respectivamente.<br />
A escolha do sítio de copa independe do período do dia (χ² = 1,207; gl = 4; p<br />
= 0,877), todavia, adultos e juvenis escolhem diferentes sítios de copa (χ² = 12,472;<br />
gl = 2; p = 0,002). Os adultos se posicionaram na copa externa em 74,4% dos<br />
avistamentos e os juvenis se encontravam na copa interna em aproximadamente<br />
87% dos casos (Figura 6). A média das alturas entre adultos e juvenis apresentou<br />
diferenças significativas (t = 3,545; gl = 57; p = 0,001) (Figura 7). Sendo que os<br />
adultos preferiram as maiores alturas (máxima de 41m) e os juvenis as menores<br />
(máxima de 22m).<br />
Ocorrências (%)<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
adulto<br />
juvenil<br />
Faixa Etária dos animais<br />
Posição na copa<br />
externa<br />
média<br />
interna<br />
Figura 6. Porcentagem de registros de visualização de preguiças adultas (BT464 e<br />
BT142_2; n = 75 avistamentos) e juvenis (BT042 e BT065; n = 39 avistamentos) na<br />
copa externa, média e interna.<br />
42
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
Altura dos animais nas árvores (m)<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
N =<br />
45<br />
adulto<br />
Faixa Etária dos animais<br />
Figura 7. Box-plot mostrando as medianas (linhas no centro das caixas) e quartis (1º<br />
quartil – caixa inferior e 3º quartil – caixa superior) da altura da posição de fêmeas<br />
adultas (17,08m ± 5,68) e seus respectivos filhotes (juvenis) (13,89m ± 5,01)<br />
acompanhados durante estudo. As barras limpas indicam os limites inferiores e<br />
superiores encontrados para cada variável. Círculos indicam valores extremos.<br />
As alturas dos animais nas árvores apresentaram diferenças significativas<br />
entre os hábitats (F = 9,583; gl = 2; p = 0,000). Os animais se posicionaram em<br />
alturas mais elevadas na Floresta em Estágio Avançado do que nos dois ambientes<br />
perturbados (Cabruca – p = 0,000 e Floresta Secundária – p = 0,002). Nos hábitats<br />
perturbados, os animais se posicionam em alturas semelhantes (Figura 8).<br />
Uso da copa através de variáveis nutricionais<br />
Os parâmetros nutricionais analisados não diferem significativamente entre os<br />
micro-hábitats (copa externa, média e interna). Os resultados do teste de Kuskal-<br />
Wallis podem ser vistos na Tabela 5.<br />
As médias, desvios padrão e valores máximos e mínimos das análises de<br />
água (H2O%), Matéria Mineral (MM%), Energia Bruta (EBKcal/g), Proteína Bruta<br />
29<br />
juvenil<br />
43
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
(PB%) e Fibra em Detergente Ácido (FDA%), das folhas nas copas externa, média e<br />
interna, podem ser visualizadas na Tabela 6.<br />
Altura do animal nas árvores (m)<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
N =<br />
45<br />
39<br />
Primária<br />
Secundária<br />
Cabruca<br />
a b b<br />
Tipo de ambiente<br />
Figura 8. Box-plot mostrando as medianas (linhas no centro das caixas) e quartis (1º<br />
quartil – caixa inferior e 3º quartil – caixa superior) da altura da posição de<br />
preguiças-de-coleira (Bradypus torquatus) adultas por tipo de ambiente: Primária =<br />
Floresta em Estágio Avançado; Secundária = Floresta secundária; e Cabruca =<br />
plantação de cacau sobre mata nativa. a b b = letras diferentes indicam diferenças<br />
significativas de acordo com ANOVA. As barras limpas indicam os limites inferiores e<br />
superiores. Círculos indicam valores extremos.<br />
Tabela 5. Resultados do teste de Kuskal-Wallis para verificar as variações dos<br />
aportes nutricionais entre os diferentes sítios de copa utilizados por preguiça-decoleira<br />
em Una (BA).<br />
Variáveis Nutricionais* Kruskal-Wallis Graus de liberdade p-valor<br />
H2O% 1,128 2 0,569<br />
MM% 1,139 2 0,566<br />
EB Kcal/g 2,397 2 0,302<br />
PB% 0,008 2 0,996<br />
FDA% 0,631 2 0,729<br />
41<br />
44
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
Tabela 6. Análise descritiva das variáveis nutricionais de folhas consumidas por<br />
preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus), para cada sítio de copa.<br />
Variáveis Nutricionais* Sítio da copa N Média (Desvio Padrão) Mínimo Máximo<br />
H2O%<br />
MM%<br />
EB Kcal/g<br />
PB%<br />
FDA%<br />
Externa 20 60,54 (± 8,26) 48,80 80,89<br />
Média 16 60,24 (± 9,14) 42,73 81,72<br />
Interna 14 64,12 (± 11,56) 52,33 87,89<br />
Externa 20 5,05 (± 1,57) 1,41 8,77<br />
Média 16 5,30 (± 1,81) 1,81 7,74<br />
Interna 14 4,84 (± 1,39) 1,69 6,58<br />
Externa 18 5,07 (± 0,40) 4,34 5,88<br />
Média 16 5,08 (± 0,57) 4,17 6,31<br />
Interna 14 5,05 (± 0,39) 4,40 5,90<br />
Externa 20 8,47 (± 4,43) 1,55 19,18<br />
Média 16 9,01 (± 4,07) 4,08 19,50<br />
Interna 14 10,37 (± 4,41) 5,31 20,14<br />
Externa 19 50,68 (± 9,47) 26,83 64,70<br />
Média 15 51,19 (± 8,95) 37,48 65,59<br />
Interna 14 48,23 (± 10,19) 30,74 63,14<br />
*H2O% = água em porcentagem; MM% = Matéria Mineral em porcentagem; EBKcal/g =<br />
Energia Bruta em quilocaloria por grama; PB% = Proteína Bruta em porcentagem e FDA% =<br />
Fibra em Detergente Ácido em porcentagem.<br />
45
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
Estrutura das Árvores<br />
As árvores utilizadas por preguiças apresentaram DAP de 32,91cm (± 15,82)<br />
com máximo de 99,31cm e mínimo de 5,41cm; altura de 24,73m (± 11,40) com<br />
máximo de 73,81m e mínimo de 4,26m. As copas das árvores apresentaram altura<br />
de 12,52m (± 9,32).<br />
Das 232 árvores analisadas 73% não apresentaram látex e aproximadamente<br />
68% apresentaram cipós. Para abundância de cipós, 31,3% das árvores não<br />
apresentaram cipó; 36,6% apresentaram de 1 a 10 cipós e 32,1% apresentaram 11<br />
ou mais.<br />
As árvores utilizadas por preguiças apresentaram cipó independente do<br />
hábitat (χ² = 3,025; gl = 2; p = 0,220). Entretanto, as freqüências de cipós nas<br />
árvores utilizadas são diferentes entre os hábitats (χ² = 24,879; gl = 4; p < 0,001). A<br />
área de Floresta em Estágio Avançado apresenta a maior porcentagem de árvores<br />
com abundância de 1 a 10 cipós (Figura 9).<br />
Abundânicia de cipós (%)<br />
100<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
Primária<br />
Secundária<br />
Cabruca<br />
Índices de Cipós<br />
11 ou mais cipós<br />
de 1 a 10 cipós<br />
nenhum cipó<br />
Figura 9. Presença de cipós nas árvores utilizadas por preguiça-de-coleira por<br />
hábitat.<br />
46
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
A altura das árvores difere significativamente entre os hábitats (F = 4,150; gl =<br />
2; p = 0,017) (Figura 10). As áreas perturbadas (cabruca e floresta secundária)<br />
apresentam árvores mais baixas do que áreas de Floresta em Estágio Avançado (p<br />
< 0,05).<br />
O DAP das árvores utilizadas pelas preguiças entre os três hábitats não<br />
apresentam diferenças significativas (F = 2,962; gl = 2; p = 0,054).<br />
Juvenis utilizam árvores mais baixas e com diâmetro menor do que adultos<br />
(taltura = 3,162; gl = 90; p=0,002 – tDAP = 2,897; gl = 89; p= 0,005) (Figuras 11 e 12).<br />
Altura árvore<br />
80<br />
60<br />
40<br />
20<br />
0<br />
N =<br />
161<br />
primaria<br />
a b b<br />
AMBIENTE<br />
32<br />
secundária<br />
35<br />
cabruca<br />
Figura 10. Box-plot mostrando as medianas (linhas no centro das caixas) e quartis<br />
(1º quartil – caixa inferior e 3º quartil – caixa superior) das alturas das árvores<br />
utilizadas pelas preguiças-de-coleira entre cada tipo de ambiente. Primária =<br />
Floresta em Estágio Avançado; Secundária = Floresta secundária; e Cabruca =<br />
plantação de cacau sobre mata nativa. a b b = letras diferentes indicam diferenças<br />
significativas. Barras limpas indicam os limites inferiores e superiores. Círculos<br />
indicam valores extremos.<br />
47
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
Altura arvore (m)<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
N =<br />
45<br />
adulto<br />
Faixa Etária dos animais<br />
Figura 11. Box-plot mostrando as medianas (linhas no centro das caixas) e quartis<br />
(1º quartil – caixa inferior e 3º quartil – caixa superior) da altura das árvores<br />
utilizadas pelas preguiças-de-coleira entre adultos (21,95±7,70) e juvenis<br />
(16,56±7,78). As barras limpas indicam os limites inferiores e superiores encontrados<br />
para cada variável. Círculos indicam valores extremos.<br />
Diâmetro a Altura do Peito - DAP (cm)<br />
110<br />
100<br />
90<br />
80<br />
70<br />
60<br />
50<br />
40<br />
30<br />
20<br />
10<br />
0<br />
N =<br />
45<br />
adulto<br />
Faixa Etária dos animais<br />
Figura 12. Box-plot mostrando as medianas (linhas no centro das caixas) e quartis<br />
(1º quartil – caixa inferior e 3º quartil – caixa superior) do DAP das árvores utilizadas<br />
pelas preguiças-de-coleira entre adultos (30,15±16,00) e juvenis (20,81±10,50). As<br />
barras limpas indicam os limites inferiores e superiores encontrados para cada<br />
variável. Círculos indicam valores extremos.<br />
31<br />
juvenil<br />
30<br />
juvenil<br />
48
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
Espécies vegetais<br />
Foram identificados 243 indivíduos de plantas, sendo 46 categorizados<br />
somente até gênero e 167 até espécie (Anexo I). Das amostras identificadas até<br />
espécie, as preguiças utilizaram para diversas atividades um total de 64 espécies<br />
diferentes.<br />
Na amostra, as espécies mais visitadas pelas preguiças foram: Brosimum<br />
guianense (Aubl.) Huber (indivíduos - n = 6), Dialium guianense (Aubl.) Sandwith (n<br />
= 5), Eriotheca globosa (Aubl.) A.Robyns (n = 13), Eriotheca macrophylla (K.Schum.)<br />
A.Robyns (n = 5), Inga edulis Mart. (n = 12), Macrolobium latifolium Vogel (n = 6),<br />
Pera glabrata (Schott) Baill (n = 6), Symphonia globulifera L. (n = 6), Tapirira<br />
guianensis Aubl. (n = 6), Tetragastris catuaba Cunha (n = 7) e Virola gardneri Warb.<br />
(n = 8).<br />
Os índices de diversidade de espécies vegetais para cada animal, podem ser<br />
visualizados na Tabela 7.<br />
Três grupos foram formados a partir da verificação da similaridade na<br />
utilização das espécies vegetais entre os hábitats, sendo um grupo formado pelos<br />
hábitats perturbados, um segundo por floresta secundária e outro por Floresta em<br />
Estágio Avançado (Figura 13). O coeficiente de variação cofenética (97%) mostra<br />
que esta análise é consistente para indicar estes padrões.<br />
As famílias mais utilizadas foram Fabaceae (n = 48; número de espécie - s =<br />
17), Sapotaceae (n = 28; s = 16), Bombacaceae (n = 20; s = 3) e Moraceae (n = 19;<br />
s = 9). Os gêneros mais utilizados pelos animais foram Eriotheca (n = 20), Virola (n =<br />
13), Inga (n = 12), Brosimum (n = 11) e Micropholis (n = 9).<br />
49
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
Tabela 7. Índices de diversidade Shannon e de Simpson calculados com o número<br />
de árvores identificadas até gênero e espécie que foram utilizadas por cada<br />
indivíduo de preguiça-de-coleira acompanhado durante o estudo.<br />
Animal<br />
Índices de Diversidade<br />
Shannon – H’ Simpson<br />
Hábitat<br />
BT464 e BT065 1.738 0.7902 Cabruca<br />
BT193 1.286 0.7083 Flor. Secundária<br />
BT142_2 e BT 042 3.103 0.9473 Flor. Secundária<br />
BT142 3.347 0.9597 Flor. Primária<br />
BT123 2.809 0.9289 Flor. Primária<br />
BT033 3.558 0.9645 Flor. Primária<br />
Figura 13. Análise de Cluster utilizando o método de UPGMA (Unweighted Pair<br />
Group Method with Arithmetic mean) através do Índice de Similaridade de Morisita.<br />
Coeficiente Cofenético = 0,9728.<br />
50
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
Sucesso amostral<br />
DISCUSSÃO<br />
Em relação ao número de árvores utilizadas e a porcentagem de retorno,<br />
observa-se que animais residentes em cabruca (BT 464 e BT 065) utilizaram um<br />
menor número de árvores do que os animais de Florestas em Estágio Avançado de<br />
Regeneração (BT033 e BT123) (Tabela 3). Estes padrões podem ser reflexo da<br />
baixa densidade de árvores (DAP ≥ 10cm), pois as áreas de plantio de cacau no sul<br />
da Bahia, geralmente apresentam baixa densidade de árvores em relação ás áreas<br />
de floresta preservada (ALVES, 1990; HUMMEL, 1995). O uso repetido de uma<br />
mesma árvore foi registrado para a maioria dos animais, mas a maior porcentagem<br />
de repetições foi observada para a preguiça residente na cabruca (Tabela 3). Assim,<br />
a baixa densidade de árvores em plantio de cacau conhecida para o sul da Bahia<br />
(ALVES, 1990; HUMMEL, 1995; SAMBUICHI 2002 e 2006), pode ter influenciado na<br />
grande porcentagem de retorno as árvores utilizadas.<br />
Outro fator que pode ter influenciado o retorno às árvores é o uso destas para<br />
alimentação. Montgomery e Sunquist (1975) atribuem os retornos ao maior número<br />
de visitas às espécies botânicas incluídas na dieta dos animais estudados. Vaughan<br />
e colaboradores (2007) afirmam que muitos indivíduos arbóreos nas plantações de<br />
cacau na Costa Rica foram utilizados por preguiças mais vezes do que o esperado<br />
pela sua ocorrência naquele habitat, enquanto que árvores mais comuns no hábitat<br />
nunca foram visitadas, sendo que as árvores revisitadas estavam sendo utilizadas<br />
como alimento. Cassano (2006), em um estudo em Una com os mesmos indivíduos<br />
de preguiça do nosso estudo, também atribui o uso de árvores repetidas a<br />
alimentação.<br />
51
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
Um resultado que provavelmente tenha sido influenciado pela estrutura da<br />
vegetação é o elevado sucesso de visualização registrado para preguiças que<br />
utilizam hábitats alterados (BT065, BT042, BT464 e BT142_2). Vaughan e<br />
colaboradores (2006) relatam que em apenas uma semana capturaram 55<br />
indivíduos de preguiça (Bradypus variegatus) dentro de uma plantação de cacau na<br />
Costa Rica. Como discutido por Cassano (2006), mesmo que o sucesso de<br />
visualização seja um ponto positivo para a realização do estudo, esse pode ser<br />
considerado um fator de risco para os animais que ficam mais expostos à predação<br />
e à presença humana. Prova dessa exposição, é a morte de um indivíduo (BT193)<br />
durante o estudo, onde ao localizar este animal o rádio transmissor foi encontrado<br />
no solo repleto por marcas de presas de carnívoros. Na região de estudo a caça é<br />
freqüentemente registrada (Santos, 1999) e as preguiças são capturadas para serem<br />
utilizadas como animais de estimação e para alimentação humana (PIN<strong>DE</strong>R, 1986).<br />
Caracterização e uso do micro-hábitat nos diversos hábitats<br />
Preguiças-de-coleira de Una utilizaram em maior porcentagem a copa externa<br />
do que as regiões média e interna. No presente estudo, observamos que o uso da<br />
copa externa não está associado ao período do dia. Entretanto, para escolha de<br />
hábitat, é sabido que herbívoros também são influenciados pelo micro-clima dos<br />
diversos micro-hábitas (DUCAN; GOR<strong>DO</strong>N, 1999). Regiões medianas da copa<br />
apresentam menor temperatura e menor incidência de raios solares do que as<br />
regiões mais externas (JOHANSSON, 1974). Preguiças da região amazônica e da<br />
América Central tendem a escolher os estratos superiores da floresta, onde ficam<br />
expostas á luz solar, podendo descer para os estratos medianos durante os<br />
períodos mais quentes do dia (MONTGOMERY; SUNQUIST, 1975; QUEIROZ,<br />
1995). Esta variação pode ser explicada como um comportamento dirigido ao<br />
controle da temperatura corpórea. Segundo alguns trabalhos, ao utilizar estratos<br />
medianos, preguiças estariam evitando a elevação máxima de temperatura nos<br />
horários mais quentes e estariam aquecendo-se no restante do dia ao utilizar os<br />
estratos superiores (MONTGOMERY; SUNQUIST, 1975; QUEIROZ, 1995).<br />
52
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
Provavelmente, as preguiças em Una não precisariam usar a copa média e a interna<br />
em busca de evitar o superaquecimento.<br />
Outro fator de seleção da copa externa por preguiças seria a presença de<br />
recurso alimentar. Ainda que a concentração de folhas jovens na copa não tenha<br />
sido analisada por este estudo, sabe-se que regiões apicais apresentam a maior<br />
parte dos meristemas responsáveis pela produção de novos brotos foliares (FERRI,<br />
1983 e 1999). Preguiças se alimentam preferencialmente de folhas jovens e brotos<br />
de plantas sempre verdes (MONTGOMERY; SUNQUIST, 1978; OPLER, 1978;<br />
NAGY; MONTYGOMERY, 1980; PIN<strong>DE</strong>R, 1986; QUEIROZ, 1995; CHIARELLO,<br />
1998b), assim, provavelmente as preguiças podem selecionar o micro-hábitat pela<br />
presença de folhas jovens nos ramos apicais.<br />
Folhas jovens apresentam maior concentração de proteína bruta, açúcares e<br />
água do que folhas velhas, ocorrendo o inverso para o conteúdo de fibras<br />
(GLAN<strong>DE</strong>R, 1978; MUÑOZ et al, 2006). Em estudo da digestibilidade de folhas em<br />
fístulas gástricas de preguiças, Montgomery e Sunquist (1978) observaram que<br />
folhas novas são digeridas com maior facilidade do que folhas velhas. No presente<br />
estudo os constituintes nutricionais não foram analisados de acordo com a idade<br />
foliar, pois os ramos foram coletados em cada região da copa e cada uma delas foi<br />
analisada em conjunto com folhas jovens e com folhas maduras.<br />
As concentrações de proteína bruta nas folhas podem ocorrer diferentemente<br />
entre ambientes (WEINBAUN et al, 1994), como resultado da variação do nitrogênio<br />
no solo (LARCHER, 2000). A concentração de nutrientes foliares podem se modificar<br />
e sofrer impactos significantes localmente dependendo do local da floresta, luz do<br />
sol, composição do solo, fenologia das árvores e taxas de atividade microbiana,<br />
(TAIZ; ZEIGER, 2004; RAVEN, 2007). São relatadas ainda variações entre espécies,<br />
períodos de tempo e indivíduos de uma mesma espécie (CHAPMAN et al, 2003).<br />
Neste estudo, as análises ocorreram com diferentes espécies botânicas em<br />
ambientes distintos. Estatisticamente, quando dados coletados em locais diferentes<br />
são analisados em conjunto sobre uma mesma variável, esse resultado pode se<br />
apresentar não significativo (p > 0,05; ZAR, 1996). Assim, é provável que as<br />
variações internas ocasionadas pelos ambientes e pelas diferenças entre indivíduos<br />
53
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
arbóreos tenham influenciado o resultado não significativo na distribuição dos<br />
nutrientes na copa.<br />
As análises estatísticas encontraram que os nutrientes foliares não são os<br />
fatores de seleção da copa externa. Porém, é provável que esta seleção se deva à<br />
concentração de folhas jovens nas regiões apicais da copa externa. Entretanto, por<br />
saber que folhas novas são mais nutritivas que folhas maduras (GLAN<strong>DE</strong>R, 1978;<br />
MUÑOZ et al, 2006), pesquisas que analisem a concentração de folha jovens em<br />
cada região da copa e que verifiquem os aportes nutricionais dessas folhas poderão<br />
confirmar a preferência da copa externa por preguiças-de-coleira em Una.<br />
Um fator que influencia o uso do micro-hábitat por preguiças-de-coleira é a<br />
faixa etária dos animais. Como mostrado nos resultados, os juvenis preferem utilizar<br />
a copa interna se posicionando em alturas menores. Regiões medianas da copa<br />
podem possibilitar um melhor esconderijo entre as folhas, evitando dessa forma o<br />
encontro com predadores (EMMONS, 1995). Como, por exemplo, as harpias (Harpia<br />
harpyja) e outras aves de rapina, predadores potenciais de preguiça-de-coleira<br />
(IZOR, 1985; GREENE, 1989; GALETTI; CARVALHO, 2000) e que são relatadas<br />
ocorrerem na região de estudo (COR<strong>DE</strong>IRO, 2003). É provável que o impacto<br />
desses predadores não seja significativo para preguiças adultas na região de Una, já<br />
que estas utilizam a copa externa independente do período do dia e com mais<br />
freqüência que os juvenis.<br />
No presente estudo, verificamos que preguiças jovens utilizam árvores com<br />
diâmetro menor do que adultos. Preguiças estão adaptadas a se mover sob<br />
sustentações que lhes permitam uma boa mobilidade, sendo que a escalada e a<br />
movimentação nos galhos das árvores irá depender da angulação e arqueadura das<br />
garras anteriores e posteriores (MEN<strong>DE</strong>L, 1985). Quanto menor o tamanho e a<br />
arqueadura do tarso das preguiças, menor o diâmetro dos ramos e do tronco<br />
utilizados para escalar e se movimentar nas árvores (MEN<strong>DE</strong>L, 1981). Assim, como<br />
são menores do que os indivíduos adultos, juvenis podem utilizar árvores de menor<br />
diâmetro, por apresentarem arqueaduras pequenas.<br />
Animais que habitam Floresta em estágio avançado se posicionam em alturas<br />
maiores do que aqueles indivíduos que estão presentes na floresta secundária e em<br />
54
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
cabruca, provavelmente devido a diferença significativa na altura das árvores<br />
encontradas através dos hábitats. Como as preguiças utilizam preferencialmente a<br />
copa externa das árvores é esperado que nas áreas onde o dossel seja mais baixo<br />
(floresta secundária e cabruca), os animais se posicionem em alturas menores.<br />
Árvores utilizadas por preguiças que residem em florestas secundárias e<br />
cabrucas são mais baixas daquelas utilizadas por animais que habitam Florestas em<br />
Estágio Avançado de Regeneração. Fragmentos diferentes de florestas podem<br />
apresentar taxas diferentes de crescimento, sendo os fatores responsáveis por esta<br />
diferença, as perturbações (antrópicas ou não), a radiação luminosa, as condições<br />
climáticas, a disponibilidade de água, as propriedades do solo e a composição de<br />
espécies (VIEIRA et. al, 2004). Além disso, o corte seletivo de madeira, que ocorre<br />
com freqüência na região de estudo, remove as árvores emergentes ocasionando a<br />
redução do estrato de dossel em florestas secundárias (ASNER et al, 2005).<br />
Áreas de cabruca e de floresta secundária neste estudo apresentaram<br />
árvores com o mesmo diâmetro e com alturas menores daquelas observadas em<br />
áreas de floresta em estágio avançado. Mesmo observadas algumas características<br />
da cabruca, como idade e tipo de manejo, este sistema agroflorestal pode<br />
apresentar árvores ligeiramente pequenas com grandes diâmetros (ALVES, 1990;<br />
HUMMEL, 1995; SAMBUICHI, 2002). Nas cabrucas, o raleamento das árvores e a<br />
adubação diminuem a competição por uso de recursos, aumentando a<br />
disponibilidade de luz, nutriente e água para os indivíduos, possibilitando o<br />
desenvolvimento das árvores que atingem grande diâmetro e não necessitam<br />
crescer muito para buscar luminosidade (SAMBUICHI, 2006). Os diâmetros<br />
encontrados nas áreas de floresta secundária também podem se relacionar com a<br />
maior penetração da luz até o estrato do sub-bosque, o que acompanha as<br />
aberturas na cobertura ocasionadas pela queda de árvores e corte seletivo de<br />
madeira (MARIANO-NETO, 2004).<br />
Assim, é provável que as diferenças em altura arbórea utilizada sejam<br />
conseqüência da estrutura da vegetação e não de uma diferença entre estratos<br />
utilizados pelos animais. Estudos que mensurem o tamanho (Altura e DAP) das<br />
árvores de todo hábitat das preguiças em Una deveriam ser realizados a fim de<br />
55
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
verificar se os padrões observados se devem realmente à diferenças na estrutura<br />
dos hábitats utilizados.<br />
A presença de cipós em uma elevada porcentagem de árvores utilizadas<br />
pelas preguiças-de-coleira independentemente do hábitat, sugere uma preferência<br />
por árvores que possuem tais plantas associadas. Segundo Pinder (1997),<br />
preguiças-de-coleira utilizam árvores altas e densamente cobertas por lianas. Além<br />
de proporcionarem apoio para descanso (PIN<strong>DE</strong>R, 1986), essas estruturas podem<br />
auxiliar na camuflagem do animal (QUEIROZ, 1995), promover um número maior de<br />
caminhos no deslocamento entre árvores (MEN<strong>DE</strong>L, 1985) e fornecer alimento<br />
(PIN<strong>DE</strong>R, 1986; QUEIROZ, 1995; CHIARELLO, 1998b; CASSANO, 2006).<br />
Os hábitats utilizados por preguiças diferiram na abundância de cipós, onde<br />
florestas em estágio avançado de regeneração apresentaram maior abundância de<br />
cipós do que cabruca. Observa-se que florestas secundárias e avançadas<br />
apresentaram muitas árvores com cipó. Ao efetuar o manejo das plantações de<br />
cacau, os cipós são totalmente removidos das árvores (ALVES, 1990). Entretanto<br />
observa-se que a área de cacau utilizada pelos animais neste estudo é atípica pois<br />
apresenta uma quantidade de árvores com cipós semelhante ás florestas<br />
secundárias (Figura 9). Nas florestas em bom estado de conservação, a quantidade<br />
de cipós distribuídos pelas árvores é nitidamente superior daquelas florestas onde<br />
houve algum grau de perturbação (TABARELI et. al, 2004). Assim, mesmo sob efeito<br />
do tamanho amostral, a maior freqüência de árvores utilizadas com cipós nas áreas<br />
de floresta em estágio avançado observada nos dados, pode estar relacionada com<br />
o manejo das áreas de cacau. Mesmo sendo um tipo de recurso importante, a<br />
presença de cipós em árvores utilizadas por preguiças provavelmente não é um fator<br />
limitante para aproveitamento do hábitat.<br />
Mesmo considerando as restrições citadas e outras, como dossel descontínuo<br />
para deslocamento (HUMMEL, 1995) e baixa diversidade arbórea (SAMBUICHI,<br />
2002), as preguiças estão utilizando as plantações de cacau do sul da Bahia para<br />
alimentação e reprodução (CASSANO, 2006). Em estudo na matriz agroflorestal na<br />
Costa Rica, Vaughan e colaboradores (2007), citam que mesmo não utilizando<br />
folhas de Theobroma cacao como alimento, o mosaico de cacau sombreado<br />
56
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
apresenta um hábitat adequado para preguiças, onde se pode suportar uma<br />
população viável de preguiças.<br />
Ao mensurar um conjunto de árvores utilizadas pelos animais, observamos<br />
que poucos indivíduos apresentaram látex. Preguiças-de-coleira podem utilizar<br />
árvores que apresentem látex ou não. Algumas famílias que os animais utilizam em<br />
Una (ANEXO I), apresentam espécies que produzem látex tais como, Fabaceae,<br />
Sapotaceae, Myristicaceae, e Moraceae (MORI et al., 1981). Dentre estas,<br />
Myristicaceae e Moraceae são indicadas no trabalho de Cassano (2006) como as<br />
famílias de maior representatividade na dieta das preguiças em Una, sendo o látex<br />
indicado como um possível fator de seleção da dieta. As famílias Euphorbiaceae e<br />
Apocynaceae, também utilizadas pelos animais, são listadas como as duas famílias<br />
encontradas na dieta das preguiças-de-três-dedos nos estudos de Queiroz (1995) e<br />
Chiarello (1998b) são conhecidas por apresentarem grande número de espécies que<br />
produzem látex (MORI et al, 1981).<br />
Dentre as árvores de uso, os animais desse estudo provavelmente<br />
selecionam poucas espécies que possuem látex para alimentação. A especialização<br />
por um restrito grupo de espécies que apresentam composição química semelhante,<br />
permite o desenvolvimento de adaptações morfológicas e fisiológicas que minimizem<br />
os efeitos dos compostos secundários (FREELAND; JANSEN, 1974). O látex é uma<br />
substância rica em compostos secundários e de terpenos, que fazem parte dos<br />
mecanismos de defesa das plantas contra herbivoria e podem ser tóxicos mesmo<br />
em pequenas quantidades (CORK; FOLEY, 1991). Consumir plantas com<br />
compostos secundários é potencialmente perigoso e emprega um grande esforço<br />
metabólico (FREELAND; JANZEN, 1974). Todavia, o látex produzido pelas famílias<br />
citadas é considerado palatável e rico em açúcares e proteínas (AMBIENTE<br />
BRASIL, 2005). Apesar de toxinas serem evitadas por herbívoros, pode-se<br />
considerar que estes compensem a ingestão de uma baixa concentração de tóxicos<br />
por uma elevada aquisição de nutrientes e alcalóides medicinais (BELOVSKY;<br />
SCHMITZ, 1994).<br />
Entretanto, os dados indicam que cerca de dois terços das árvores utilizadas<br />
não apresentam látex. Dessa forma, as preguiças em Una estariam selecionando<br />
para alimentação poucas espécies com látex nutritivo e palatável, onde a presença<br />
57
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
deste composto não seria necessariamente um fator de seleção. Embora o presente<br />
estudo não explane os aspectos nutricionais das folhas de acordo com as espécies<br />
consumidas, futuros estudos com o objetivo relacionar a dieta, nutrição e<br />
forrageamento ótimo das preguiças-de-coleira possam responder as questões das<br />
preferências nutricionais das plantas consumidas.<br />
Espécies vegetais utilizadas<br />
As famílias de plantas mais utilizadas pelos animais, Fabaceae (n = 48);<br />
Sapotaceae (n = 28), Bombacaceae (n = 20) e Moraceae (n = 19), são freqüentes<br />
nas florestas em bom estado de conservação e são amplamente encontradas na<br />
Reserva Biológica de Una e em outros fragmentos da região (MARIANO-NETO,<br />
2004; AMORIM, A. et al, 2006). Em uma visão ampla, essas famílias são<br />
consideradas como dominantes nas Florestas Tropicais Úmidas, não por serem mais<br />
abundantes, mas por apresentarem espécies com características de grande porte<br />
(MORI et al., 1983a; MARIANO-NETO, 2004). Fabaceae (= Leguminosae<br />
considerando Mimosaceae e Caesalpiniaceae) foi encontrada como a família mais<br />
rica em levantamentos feitos em cabrucas no município de Ilhéus (SAMBUICHI,<br />
2002). Sapotaceae é incluída por Mori e colaboradoes (1983b) dentre as famílias<br />
mais ricas em um levantamento feito no sul da Bahia. Ainda, árvores da família<br />
Moraceae, apresentam certa ausência de sazonalidade na produção de folhas<br />
(MILTON, 1991), garantindo assim a disponibilidade de recursos alimentares durante<br />
todo ano (QUEIROZ, 1995; CHIARELLO, 1998b; CASSANO, 2006).<br />
Preguiças em Una estão utilizando espécies arbóreas endêmicas à Mata<br />
Atlântica sul baiana. Por exemplo, as espécies Arapatiela psillophylla e Simira<br />
gardneriana utilizadas pelas preguiças são exclusivas das florestas do sul da Bahia<br />
e da região nordeste (MARIANO-NETO, 2004).<br />
Apesar de ser indicada como uma das famílias mais abundantes nas florestas<br />
da costa leste do Brasil (MORI et al., 1983a; MARTINI, 2002; MARIANO-NETO,<br />
2004) as Myrtaceae, não foram representativas nas árvores utilizadas por preguiçasde-coleira<br />
em Una. Assim, provavelmente, o uso das espécies arbóreas pelas<br />
58
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
preguiças, não é necessariamente ligado a maior densidade das espécies na<br />
floresta, mas sim a abundância e valor de importância das espécies que são<br />
utilizadas como alimento. Por exemplo, as espécies mais utilizadas pelos animais<br />
como Eriotheca globosa, Macrolobium latifolium, Brosimum guianense, Tapirira<br />
guianensis, Tetragastris catuaba e Virola gardneri são citadas por Mariano-Neto<br />
(2004) como algumas das espécies com os Maiores Valores de Importância nas<br />
florestas da região e foram consumidas pelas preguiças deste estudo (ver Tabela 3).<br />
Entretanto, estudos que avaliem a densidade de árvores dentro das áreas de vida<br />
das preguiças em Una tornam-se necessárias para investigar as preferências desses<br />
animais na região de estudo.<br />
As espécies e gêneros utilizados pelos animais neste estudo são descritos em<br />
trabalhos com dieta de preguiças. Montgomery e Sunquist (1975), em estudo com<br />
preguiça-comum no Panamá listaram 28 espécies arbóreas consumidas sendo os<br />
gêneros mais freqüentes Ficus e Inga. Chiarello (1998b) constatou em Santa Tereza<br />
(ES), que as famílias Moraceae, Apocynaceae e Sapotaceae são as mais utilizadas,<br />
identificando 16 espécies de árvores e cinco de lianas que compõem a dieta de<br />
preguiças-de-coleira. Meira (2003) verificou através de revisão de literatura que 17<br />
famílias, 23 gêneros e 35 espécies são utilizados como alimento de B. torquatus,<br />
onde as famílias e gêneros mais freqüentes em dados de literatura foram:<br />
Cecropiaceae (Cecropia sp. e Pourouma sp.), Moraceae (Fícus sp.), Sterculiaceae<br />
(Sterculia sp.), Mimosaceae = Fabacaea (Inga sp.), Bombacaceae (Eriotheca sp.),<br />
Nyctaginaceae (Guapira sp.) e Lauraceae. Todas as famílias e gêneros citados<br />
acima são descritos neste estudo com as árvores utilizadas por preguiças (Anexo I).<br />
O fato de serem encontradas na maioria das vezes em árvores utilizadas para<br />
a dieta pode ser comprovado quando verificamos dados de Cassano (2006), onde<br />
as espécies Eriotheca globosa, Virola gardneri, Brosimum guianenses e Brosimum<br />
rubescens foram bastante utilizadas pelos animais. No trabalho de Vaughan e<br />
colaboradores (2007), as árvores visitadas com maior freqüência por preguiçascomum<br />
foram Cecropia obtusifolia, Cecropia insignis, Coussapoa villosa, Ficus<br />
werckleana e Inga oerstediana, as quais se observam que representantes destes<br />
mesmos gêneros são observados como mais utilizados pelas preguiças-de-coleira<br />
em Una (Anexo I).<br />
59
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
É interessante ainda, ressaltar o uso pelas preguiças de quatro espécies dos<br />
gêneros Micropholis e Manilkara. Onde Micropholis venulosa foi relatada por<br />
Chiarello (1998b) como a espécie mais consumida pelas preguiças em Santa Teresa<br />
(ES). As espécies do gênero Manilkara são árvores de dossel que podem chegar a<br />
30m de altura. Sendo que uma das espécies utilizadas, a Manilkara máxima é<br />
exclusiva do Estado da Bahia e bastante freqüente em trechos de floresta protegidos<br />
onde não houve corte seletivo (MARIANO-NETO, 2004).<br />
Das nove espécies utilizadas pelos animais na área de “cabruca”, somente os<br />
gêneros Ficus (gameleira) e Inga (ingá) e a espécie Sena multijuga (cobí) foram<br />
encontrados nos trabalhos de Sambuichi (2002 e 2006), onde mais de 40 espécies<br />
foram identificadas. Em estudos de Alves (1990) e de Hummel (1995), além dos<br />
gêneros citados acima outros são identificados, como, Cecropia (embaúba) e a<br />
espécie Tapirira guianensis Aubl. (pau-pombo). Essas variações entre cabrucas na<br />
mesma região de estudo, podem ser explicadas por diferenças no histórico de<br />
implantação e manejo das cabrucas. Diferenças na idade da cabruca, no critério de<br />
seleção das árvores para sombreamento, e nas características da floresta original<br />
podem determinar grandes variações na estrutura da vegetação desses sistemas<br />
agroflorestais (ALVES, 1990, SAMBUICHI, 2002).<br />
As espécies utilizadas por preguiças na cabruca estudada são todas nativas,<br />
pois cabrucas se caracterizaram como um sistema agroflorestal que mantém certa<br />
porcentagem de espécies da floresta original (HUMMEL, 1995). Ainda que bastante<br />
distintas das plantações de cacau do sul da Bahia, as áreas de cacau utilizadas por<br />
preguiças na Costa Rica apresentaram o maior número de visitações às árvores<br />
nativas da região, incluindo os gêneros Ficus e Cecropia onde as espécies mais<br />
comuns na paisagem foram introduzidas (VAUGHAN, et al, 2007). As constantes<br />
visitações à representantes destes gêneros e o consumo destes por preguiças,<br />
também foram encontrados no presente estudo. Os mesmos autores relatam ainda<br />
que a Erythrina poeppigiana (espécie também utilizada no sul da Bahia para<br />
sombrear cacau) provavelmente não são consumidas por preguiças (VAUGHAN et<br />
al, 2007).<br />
As variações observadas entre os animais deste estudo são reflexo das<br />
variações também observadas por hábitat. Mesmo não tendo realizado estudos de<br />
60
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
distribuição das espécies nos ambientes, é provável que a estrutura da vegetação<br />
esteja, mais uma vez, influenciando na escolha das árvores utilizadas por preguiças.<br />
As escolhas na dieta podem ser uniformes entre preguiças que compartilham do<br />
mesmo local de origem (MONTGOMERY; SUNQUIST, 1978; CHIARELLO, 1998b),<br />
o que conseqüentemente reflete nas árvores que são usadas de modo geral pela<br />
espécie.<br />
No presente estudo, verificamos que juvenis utilizaram as mesmas espécies<br />
(e na maioria das vezes os mesmos indivíduos arbóreos) que suas mães. Preguiças<br />
são ensinadas a consumir as mesmas espécies que suas mães, as quais deixam o<br />
infante em sua área de vida após o período de amamentação (MONTGOMERY;<br />
SUNQUIST, 1978; SOARES; CARNEIRO, 2002). Esta idéia é corroborada por<br />
Chiarello (1998b), que encontrou as mesmas preferências de alimentação entre<br />
preguiças que residem em diferentes áreas de um mesmo fragmento florestal, como<br />
se fossem gerações sucessivas.<br />
Em relação aos índices de diversidade encontrados, verificamos também que<br />
o número de espécies arbóreas presentes em cada hábitat pode influenciar na<br />
diversidade de espécies utilizadas por preguiças de coleira. Os menores índices<br />
encontrados em cabrucas são, provavelmente, conseqüências das baixas<br />
alternativas que este hábitat oferece. Ao encontrar diferenças entre os indivíduos e<br />
entre os habitats na escolha das árvores utilizadas, verifica-se que esta diferença é<br />
tão significativa a ponto de mostrar índices de similaridades pouco representativos<br />
entre os ambientes (menos de 50% - Figura 12).<br />
Ao observar a Figura 12, verifica-se o mesmo padrão encontrado em campo,<br />
ou seja, a análise de agrupamento conseguiu agrupar o que se distingue na prática.<br />
Por exemplo, o animal BT193 reside em uma área de floresta secundária vizinha a<br />
área de cacau do indivíduo BT464. Como em literatura sabe-se que áreas de floresta<br />
e áreas de cabruca vizinhas sofrem influencia uma da outra no recrutamento de<br />
novas plantas (ALVES, 1990), é esperado que estas espécies sejam<br />
significativamente similares na escolha das árvores. De certa forma, estes dados<br />
corroboram as idiossincrasias similares na dieta de indivíduos de mesmo hábitat,<br />
encontradas por outros estudos (MONTGOMERY; SUNQUIST, 1978; CHIARELLO,<br />
1998b). Assim, a abundância e a distribuição de espécies arbóreas mudariam o<br />
61
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
consumo e/ou utilização de cada planta por animal em ambientes compostos de<br />
plantas que diferem em abundância e distribuição (BELOVSKY; SCHMITZ, 1994).<br />
Preguiças-de-coleira podem ser consideradas espécies altamente adaptáveis<br />
a hábitats antropogênicos que apresentem um distúrbio intermediário. Dessa forma,<br />
hábitats como cabrucas e florestas secundárias são melhores do que pasto, já que<br />
este animal depende de uma estrutura vertical de dossel para deslocamento e<br />
sobrevivência. Assim, na realidade os animais estão selecionando as árvores de uso<br />
a partir do há de disponível no hábitat, mostrando ser uma espécie adaptável a<br />
perturbações antrópicas intermediárias.<br />
Apesar de preguiças mostrarem certa tolerância às modificações no hábitat,<br />
os dados indicam que as florestas em estágio avançado de regeneração são mais<br />
propícias para conservação de preguiças, o que já era esperado se considerarmos<br />
todas as demais espécies silvestres.<br />
Implicações para conservação<br />
O conhecimento do comportamento alimentar e do uso do hábitat por<br />
herbívoros é fundamental na determinação das relações entre esses e seus recursos<br />
vegetais, pois somente através do desenvolvimento desse entendimento, pode-se<br />
guiar objetivamente planos para a conservação dos recursos naturais (DUCAN,<br />
GOR<strong>DO</strong>N, 1999). Assim, o foco em pesquisas futuras poderá transitar, quando<br />
possível, entre o entendimento do processo de seleção das espécies em microescala<br />
para refletir em grandes-escalas (DUCAN, GOR<strong>DO</strong>N, 1999). Dessa forma, o<br />
presente estudo traz informações fundamentais para o planejamento de práticas de<br />
manejo para a conservação das preguiças-de-coleira (B. troquatus), no tocante ao<br />
uso dos recursos em micro-hábitat para a explanação em escala macro.<br />
Pesquisas mostram que, em florestas tropicais, quanto maior a complexidade<br />
do hábitat e da estratificação vertical os ecossistemas podem suportar muito mais<br />
espécies animais (MACARTHUR, WILSON, 2001). Assim é razoável pensar que as<br />
simplificações de hábitat que ocorrem na cabruca e nas florestas secundárias,<br />
possam afetar a população de preguiças-de-coleira na região de Una.<br />
62
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
Entretanto, mamíferos que vivem em cabrucas possuem condições de<br />
explorar uma ampla variedade de recursos alimentares (ALVES, 1990). A utilização<br />
de árvores em ambientes alterados (cabrucas e florestas secundárias), pelas<br />
preguiças-de-coleira monitoradas em Una propõe que, mesmo com a simplificação<br />
de hábitat, esses ambientes podem servir como corredores entre fragmentos<br />
florestais bem preservados, além de aumentar a quantidade de hábitat disponível<br />
para a espécie. Como discutido por Pardini (2004), a riqueza e a composição de<br />
espécies em fragmentos pequenos e em hábitats florestais perturbados do mosaico<br />
de Una, sugerem a possibilidade de manutenção, ou da conservação, da<br />
biodiversidade em paisagens florestais estruturalmente fragmentadas e<br />
economicamente produtivas através do estabelecimento de matrizes antropogênicas<br />
complexas (PARDINI, R. 2004).<br />
A habilidade das espécies de mamíferos incluírem a cabruca em sua área de<br />
vida, certamente está relacionada com a proximidade da cabruca com florestas<br />
(ALVES, 1990). Quanto mais próximo a cabruca estiver da floresta maior será a<br />
biodiversidade encontrada nesse sistema agroflorestal (ALVES, 1990; PARDINI,<br />
2004; FARIA et al, 2006; FARIA, BAUMGARTEN, 2007).<br />
Sabe-se que a localização dos fragmentos dentro de uma paisagem é<br />
fundamental para a manutenção da conectividade funcional utilizada pelas<br />
populações locais, o que irá determinar os padrões de extinções e recolonizações<br />
locais, aumentando ou diminuindo a perda de espécies em relação à área total de<br />
habitat (METZGER, 1999). Dessa forma, as espécies que são incapazes de utilizar<br />
bordas, capoeiras ou cabrucas da região de Una estarão sujeitas a maiores riscos<br />
de extinção local, dependendo da configuração dos fragmentos (MARIANO-NETO,<br />
2004). Assim torna-se necessário o planejamento da ocupação local pela agricultura,<br />
e recuperação ou criação de elementos chave que permitem conexão funcional<br />
entre fragmentos (MARIANO-NETO, 2004).<br />
A conservação de espécies em áreas isoladas depende do tamanho do<br />
fragmento, tamanho populacional de espécies em um habitat limitado, e na<br />
habilidade dessas se moverem de uma ilha para outra (MACARTHUR, WILSON,<br />
2001). Estudos com mamíferos terrestres e morcegos estudados na região de Una<br />
mostraram que a paisagem composta por um mosaico de áreas de capoeira e<br />
63
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
cabrucas ainda permite o transito de algumas espécies entre os remanescentes<br />
florestais (PARDINI, 2001; FARIA, 2002), reduzindo assim os efeitos negativos do<br />
isolamento físico dos fragmentos e do isolamento genético das populações<br />
(LAWRANCE; COCHRANE, 2001).<br />
As preguiças-de-coleira possuem uma capacidade grande de dispersão por<br />
áreas de Floresta em Estágio Avançado de Regeneração, bem como em ambientes<br />
alterados que mantenham uma estrutura florestal como áreas secundárias e<br />
algumas cabrucas (CASSANO, 2006). Além de possuir uma elevada concentração<br />
de árvores que são utilizadas como alimento (CASSANO, 2006) e como microhábitat<br />
(ver resultados deste estudo), a cabruca onde o estudo foi realizado possui<br />
uma localização bastante propicia para a colonização por espécies florestais<br />
arbóreas. Contudo, sabe-se que a maior perda das características florestais na<br />
cabruca não está na estrutura, mas na composição da comunidade de plantas<br />
(ALVES, 1990), pois neste local a regeneração do dossel é eliminada (RICE,<br />
GREENBERG, R. 2000) ou é minimamente possível a partir das conexões entre<br />
cabrucas e fragmentos florestais (HUMMEL, 1995). Por estes fatores, observa-se no<br />
presente estudo que preguiças residentes em cabruca e em floresta secundária<br />
utilizam espécies arbóreas diferentes das preguiças que residem em florestas<br />
avançadas.<br />
O fato de algumas espécies de animais serem capazes de manter populações<br />
em agroflorestas indica que a cabruca é menos prejudicial para a vida selvagem do<br />
que práticas agropecuárias mais intensas como pastos e monoculturas (ALVES,<br />
1990; HARVEY, et al, 2006; MCNEELY; SCHROTH, 2006; VAUGHAN et al, 2007).<br />
Dados de diversos grupos da fauna, como aves (FARIA et al, 2006), morcegos<br />
(FARIA, BAUMGARTEN, 2007), primatas (RABOY et al, 2004), pequenos mamíferos<br />
(PARDINI, 2001) e ainda preguiças (CASSANO, 2006), indicam que as áreas de<br />
cabruca e de florestas na região de Una, podem promover uma matriz que possibilite<br />
a manutenção e conservação das espécies de fauna na região. Para preguiças-decoleira,<br />
isto é um fato, pois como mamíferos folívoros arborícolas estritos, esses<br />
animais dependem de elementos arbóreos para exercer as atividades necessárias<br />
para sua sobrevivência. Segundo Cassano (2006), a presença de grandes blocos de<br />
floresta madura e de vegetação ciliar na margem do Rio Maruim (principal rio que<br />
64
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
atravessa essa região e onde os fragmentos ocorrem próximo) são características<br />
que possibilitam a manutenção de populações de preguiças, viabilizando dessa<br />
forma a dispersão de indivíduos através dos ambientes.<br />
Estudos em outras regiões da América latina, com mamíferos folívoros<br />
arborícolas mostram resultados semelhantes. Por exemplo, primatas folívoros como<br />
os bugios (Alouatta sp) se mostram adaptáveis às plantações de cacau, no México,<br />
onde usam com êxito as árvores para alimentação, descanso e reprodução (MUÑOZ<br />
et al, 2006). Preguiças-comum utilizam com sucesso plantações de cacau em matriz<br />
agroflorestal na Costa Rica, onde há um mosaico de hábitats contendo árvores que<br />
podem suportar um tamanho viável de populações, importante para a conservação<br />
da espécie nesse tipo de paisagem (VAUGHAN, 2006; VAUGHAN et al, 2007).<br />
Segundo Mcneely e Schroth (2006), as agroflorestas apresentam um grande<br />
papel na conservação da biodiversidade em uma escala da paisagem, como prover<br />
hábitat secundário suplementar para as espécies que toleram um determinado nível<br />
de distúrbio e possibilitar a criação de uma matriz mais benigna e mais permeável.<br />
Todavia, devido à brusca modificação estrutural causada pelo sistema de<br />
cabruca, ou seja, a completa retirada do sub-bosque e a redução drástica das<br />
árvores do dossel (ALVES, 1990, HUMMEL, 1995; RICE, GREENBERG, R. 2000),<br />
provavelmente estes habitas não consigam manter populações a longo prazo. Ainda,<br />
cabrucas envelhecem, as árvores nativas de dossel caem (ROLIM, CHIARELLO,<br />
2004) e por isso são periodicamente substituídas por espécies exóticas (RICE,<br />
GREENBERG, R. 2000). Entretanto, práticas de manejo podem promover uma<br />
melhora potencial das cabrucas, tornando a mudança floresta-cabruca menos<br />
dramática para as espécies arborícolas (ALVES, 1990). Sabe-se que, devido ao<br />
declínio da produção e principalmente á expansão das fronteiras de cacau no<br />
mundo, o desmatamento das regiões onde há plantio de cacau e a substituição<br />
desse sistema por monoculturas estão ocorrendo constantemente (RICE,<br />
GREENBERG, R. 2000). Ainda deve-se destacar que o presente estudo não relatou<br />
preguiças consumindo a eritrina (Erythrina poeppigiana), uma árvore exótica<br />
comumente plantada para sombrear cacau na região. Assim, a introdução e<br />
preservação de árvores que são encontradas em florestas e que apresentam<br />
importância primária como recurso alimentar na cabruca criam um gradiente que<br />
65
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
pode possibilitar a habilidade de espécies de animais utilizarem e transitarem por<br />
esse sistema (ALVES, 1990; HARVEY, et al, 2006).<br />
A região de Una é um caso único e complexo de paisagens da Mata Atlântica<br />
Brasileira que necessita de medidas urgentes de ações para conservação (SAATCHI<br />
et al, 2001). Dada a paisagem atual de uso na região de Una, a diversidade de tipos<br />
de habitat disponível e a história natural das preguiças, é provável que um pequeno<br />
número de ações facilmente executáveis possa realçar os planos para conservação<br />
da biodiversidade bem além da espécie estudada.<br />
Um número representativo de espécies arbóreas que podem ser utilizadas<br />
como árvores “modais”, como por exemplo, Brosimum guianense, Dialium<br />
guianense, Eriotheca globosa, Eriotheca macrophylla, Inga edulis e Macrolobium<br />
latifolium (ver Anexo I), deveriam estar disponível nas paisagens florestais e<br />
agroflorestais de Una, como recurso alimentar, local de descanso e deslocamento.<br />
Essa ação pode demandar desde atitudes simples a ações mais complexas como:<br />
incentivar trabalhadores de fazendas e proprietários a reter algumas mudas de<br />
árvores durante as limpezas periódicas das fazendas de cacau para posterior plantio<br />
em áreas secundárias e de cabruca; o manejo com reflorestamento de áreas<br />
secundárias e a manutenção da conexão entre áreas fragmentadas.<br />
Como em outras paisagens com intensa ação antrópica, a conservação da<br />
biodiversidade dentro da matriz de Una dependerá não somente da presença de<br />
zonas tampão e manejo de corredores, mas também do manejo cuidadoso do<br />
impacto humano na paisagem florestal da região.<br />
Essas e outras ações conservacionistas podem promover a diversidade<br />
horizontal e vertical do hábitat e do micro-hábitat, para a manutenção e conservação<br />
de populações de preguiças e das outras espécies do sul da Bahia.<br />
66
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
CONCLUSÕES<br />
As famílias mais utilizadas pelos animais de estudo foram Fabaceae,<br />
Sapotaceae, Bombacaceae e Moraceae. Os gêneros mais utilizados pelos animais<br />
foram Eriotheca, Virola, Inga, Brosimum e Micropholis. Representantes dessas<br />
famílias e desses gêneros são descritos em diversos trabalhos como constituintes da<br />
dieta de preguiças.<br />
Os animais utilizaram espécies arbóreas que são endêmicas da Bahia, como<br />
Arapatiela psilophylla, Simira gardneriana e Manilkara máxima.<br />
As preguiças deste estudo se posicionaram no estrato do dossel florestal e<br />
utilizaram árvores grandes (em diâmetro e altura), sem látex e com cipós. Entretanto,<br />
animais que vivem em áreas degradadas estiveram em alturas inferiores e em<br />
árvores menores em comparação com os indivíduos que residem em áreas com<br />
melhor estado de conservação.<br />
Preguiças adultas utilizaram as regiões externas da copa, enquanto que os<br />
juvenis utilizaram a copa interna. Assim preguiças adultas se posicionaram em<br />
alturas maiores que os juvenis. Adultos e juvenis também diferem na escolha do<br />
tamanho das árvores utilizadas, sendo que juvenis preferem árvores mais finas e<br />
menos altas.<br />
Animais residentes em áreas degradadas utilizaram menor número de árvores<br />
e de espécies arbóreas do que animais que habitam florestas em estágio avançado<br />
de regeneração.<br />
Os animais residentes em plantações de cacau sombreado (cabruca),<br />
ambientes comuns na paisagem de Una, utilizaram somente árvores nativas. O<br />
manejo das plantações de cacau sombreadas por espécies nativas podem favorecer<br />
67
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
a manutenção das populações de preguiças que residem nesses ambientes.<br />
Tornando dessa forma, as cabrucas uma ferramenta importante para o auxílio na<br />
conservação das preguiças-decoleira do sul da Bahia.<br />
Foto: CASSANO, C.R. Arquivos Projeto Ecologia da Preguiça-de-coleira.<br />
68
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
AIELLO, A. Sloth hair: unanswered questions. In: MONTGOMERY, G. G. (Org.). The<br />
evolution and ecology of armadillos, sloths, and vermilinguas. Washington: S<br />
Smithsonian Institution Press, 1985. p. 213-218.<br />
ALGER K. N.; CHOMITZ K. M., VILA NOVA P.; ORLAN<strong>DO</strong> H. Instrumentos<br />
econômicos e de políticas públicas para o estabelecimento do Corredor Central. In:<br />
PRA<strong>DO</strong> P. I.; LANDAU E.C.; MOURA R. T.; PINTO L.P.S.; FONSECA G. A. B.;<br />
ALGER K.N. (Orgs.) Corredor de Biodiversidade da Mata Atlântica do Sul da<br />
Bahia. Ilhéus: IESB / CI / CABS / UFMG / UNICAMP, 2003. 1 CD-ROM.<br />
ALGER, K. N.; ARAUJO, M.; TREVIZAN, S.; SANTOS, G. Dinâmica do uso da<br />
Terra no entorno da Reserva Biológica de Una. 2. ed. Ilhéus: IESB - Resumos de<br />
Pesquisas 1994-1995. 1996. p. 12-16.<br />
ALVES, M. C. The role of cacao plantations in the conservation of the Atlantic<br />
Forest of Southern Bahia, Brazil. 1990. Tese (Mestrado) – University of Florida.<br />
Gainesville, 1990.<br />
ALVES, T. F. Estrutura da Comunidade Epífita nas Matas Seca e Mata<br />
Periodicamente Inundada da Reserva Ecológica Estadual de Jacarepiá<br />
(Saquarema, Rio de Janeiro). 1997. 113 f. Dissertação (Mestrado) – Instituto de<br />
Biologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Rio de Janeiro, 1997.<br />
AMBIENTE BRASIL. Latex - Borracha vegetal. 2007. Disponível em:<br />
. Acesso em 10 de abril de 2007.<br />
AMORIM, A. M.; THOMAS, W. W.; CARVALHO, A. M.; JARDIM, J. G. Floristics of<br />
the Una Biological Reserve, Bahia, Brazil. In: THOMAS W. (Org.). The Atlantic<br />
Coastal Forests of Northeastern Brazil. New York: Memorial New York Botanical<br />
Garden. 2006 in press. 93 p.<br />
69
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
AMORIM, M. J. A. A. L.; MIGLINO, M. A.; AMORIM-JÚNIOR, A. A.; SANTOS, T. C.<br />
dos. Aspectos morfológicos da placenta da preguiça, Bradypus variegatus Shinz,<br />
1985. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, Brasil, n.40,<br />
2003, p. 217-226.<br />
AN<strong>DE</strong>RSON, R. P.; HANDLEY-JR, C. O. A new species of three-toed sloth<br />
(Mammalian: Xenarthra) from Panamá, with a review of the genus Bradypus.<br />
Proceedings of the Biological Society Washington, n. 114, v. 1, 2001, p. 1-33.<br />
ASNER, G. P.; KNAPP, D. E.; BROADBENT, E. N.; OLIVEIRA, P. J. C.; KELLER,<br />
M.; SILVA, J. N. Selective Logging in the Brazilian Amazon. Science, vol. 310, 2005,<br />
p. 480-482.<br />
ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS – AOAC. Oficial methods<br />
of analysis. 15.ed. Washington D. C: AOAC. 1990. 1141 p.<br />
BELOVSKY, G. E.; SCHMITZ O. J. Plant Defenses and Optimal Foraging by<br />
Mammalian Herbivores. Journal of Mammalogy, n. 75, v. 4, 1994, p. 816-832.<br />
BENIRSCHKE, K.; POWELL, H. C. On the placentation of sloths. In:<br />
MONTGOMERY, G. G. (Org.). The evolution and ecology of armadillos, sloths,<br />
and vermilinguas. Washington: Smithsonian Institution, 1985. p. 237-241.<br />
CAMPOS, H. Estatística Experimental Não-Paramétrica. 4ª Edição. Piracicaba:<br />
USP/ESALQ, 1983. 349 p.<br />
CAR<strong>DO</strong>SO, J. J.; OLIVEIRA, V. L.; NOGUEIRA, S. S. C. Comportamento de<br />
ingestão de água em preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus, Mammalia) no centro<br />
de Reabilitação Matinha, Ilhéus, Ba. In: Congresso Brasileiro de Mastozoologia, 3.,<br />
2005, Aracruz. Livro de Resumos, Aracruz: CBMz, 2005. p. 34.<br />
CARTELLE, C. Tempo Passado: Mamíferos do Pleistoceno em Minas Gerais.<br />
Belo Horizonte: Palco, 1994, 132 p.<br />
CARVALHO, C. T. Notes on the three-toed sloth, Bradypus tridactylus. Mammalia, n.<br />
24, 1960, p. 155–156.<br />
CASSANO, C. R. Ecologia e conservação da preguiça-de-coleira (Bradypus<br />
torquatus Illiger, 1811) no Sul da Bahia. 2006. 127 f. Dissertação (Mestrado) –<br />
Programa de Pós-graduação em Zoologia. Universidade Estadual de Santa Cruz<br />
(UESC), Ilhéus, Bahia, 2006.<br />
70
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
CHAPMAN, C.A.; CHAPMAN, L.J.; RO<strong>DE</strong>, K.D.; HAUCK, E.M.; MC<strong>DO</strong>WELL, L.R.<br />
Variation in the nutritional value of primate foods: among trees, time periods, and<br />
areas. International Journal of Primatology. vol.2, n.2, 2003, p.317-333.<br />
CHIARELLO, A. G. Activity budgets and ranging patterns of the Atlantic forest<br />
maned sloth Bradypus torquatus (Xenarthra: Bradipodidae). Journal of Zoology.<br />
London, n. 246, 1998a, p. 1-10.<br />
CHIARELLO, A. G. Diet of the Atlantic forest maned sloth Bradypus torquatus<br />
(Xenarthra: Bradipodidae). Journal of Zoology. London, n. 246, 1998b, p. 11-19.<br />
CHIARELLO, A. G. Influencia de caça ilegal sobre mamíferos e aves das matas de<br />
tabuleiro do norte do estado do Espírito Santo. Boletim do Museu de Biologia<br />
Mello Leitão (N. Ser.). v. 11/12, 2000, p. 229-247.<br />
CHIARELLO, A. G.; CHIVERS, D.J.; BASSI, C.; MACIEL, M.A.F.; MOREIRA, L.S.;<br />
BAZZALO, M. A translocation experiment for the conservation of maned sloths,<br />
Bradypus torquatus (Xenarthra, Bradypodidae). Biological Conservation.<br />
Cambridge, n. 118, 200, p. 412-430.<br />
CHIARELLO, A.; LARA-RUIZ, P. and members of the Edentate Specialist Group<br />
2006. Bradypus torquatus: IUCN Red List of Threatened Species, 2006.Disponível<br />
em: . Acesso em 17 out. 2006.<br />
CHIARELLO, A.G.; LARA-RUIZ, P. Species discussions: Bradypus torquatus.<br />
Edentata, Washington, n. 6, 2004, p. 7-8.<br />
CHRISTOPHER VAUGHAN, C.; RAMIREZ, O.; HERRERA, G.; GURIES, R. Spatial<br />
Ecology and Conservation of Two Sloth Species in a Cacao Landscape in Limón,<br />
Costa Rica. Biology and Conservation, in press.<br />
CLAUSS, M. The potential interplay of posture, digestive anatomy, density of ingesta<br />
and gravity in mammalian herbivores: why sloths do not rest upside down. Mammal<br />
Society, Mammal Review, Britain: Great. n. 34, v. 3, 2004, p. 241–245.<br />
COR<strong>DE</strong>IRO, P.H.C. Inventário de aves em remanescentes florestais de Mata<br />
Atlântica no sul da Bahia, lista das espécies observadas. Em: PRA<strong>DO</strong> P. I.; LANDAU<br />
E.C.; MOURA R. T.; PINTO L.P.S.; FONSECA G.A.B.; ALGER K.N. (Orgs.)<br />
Corredor de Biodiversidade da Mata Atlântica do Sul da Bahia. Ilhéus: IESB / CI<br />
/ CABS / UFMG / UNICAMP, 2003. 1 CD-ROM.<br />
71
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
CORK, S.J.; FOLEY, W.J. Digestive and metabolic strategies of arboreal mammalian<br />
folivores in relation to chemical defenses in temperate and tropical forests. Em:<br />
PALO, R.T.; ROBBINS, C.T. (Eds.) Plant defenses against mammalian herbivory.<br />
CRC Press, 1991, p.133-166.<br />
CULLEN JR, L.; VALLADARES-PADUA, C. Métodos para estudos de ecologia,<br />
manejo e conservação de primatas na natureza. In: VALLADARES-PÁDUA, R. E.<br />
BODMER; L. CULLEN Jr (Orgs.). Manejo e Conservação de Vida Silvestre no<br />
Brasil. Brasil, 1997. 285 p.<br />
<strong>DE</strong>AN, W. A Ferro e Fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica Brasileira.<br />
São Paulo: Companhia das letras, 1995. 484 p.<br />
<strong>DE</strong>LSUC, F.; SCALLY, M.; MADSEN, O.; STANHOPE, M. J.; JONG, W. W. de;<br />
CATZEFLIS, F. M.; SPRINGER, M. S.; <strong>DO</strong>UZERY, E. J. P. Molecular Phylogeny of<br />
living Xenarthrans and the impact of character and taxon sampling on the placental<br />
tree rooting. Molecular Biology and Evolution. n. 19, v. 10, 2002, p. 1656-1671.<br />
<strong>DE</strong>LSUC, F.; VIZCAÍNO, S. F.; <strong>DO</strong>UZERY E. J. P. Influence of tertiary<br />
palioenviromental changes on the diversification of South American mammals: a<br />
relaxed molecular clock study within xenarthrans. BMC Evolutionary Biology, n. 4,<br />
n. 11, 2004, p. 1471-2148.<br />
DUCAN, A.J.; GOR<strong>DO</strong>N, I.J. Habitat selection according to the ability of animals to<br />
est, digest and detoxify foods. Proceedins of the Nutrition Society. vol. 58, 1999,<br />
p.799-805.<br />
EMMONS, L. H. Mammals of rain forest canopies. Em: LOWAN, M.D.; NADKARNI,<br />
N.M. Forest Canopies. Usa: Academy Press, 1995, p.199-223.<br />
EMMONS, L. H.; FEER, F. Neotropical Rainforest Mammals: a field guide.<br />
Chicago: The University Of Chicago. 1997. 307 p.<br />
ENGELMANN, G. F. The Phylogeny of the Xenarthra. In: MONTGOMERY, G. G.<br />
(Org.). The evolution and ecology of armadillos, sloths, and vermilinguas.<br />
Washington: Smithsonian Institution, 1985. p. 51-64.<br />
FARIA, D. M. Comunidade de morcegos em uma paisagem fragmentada da<br />
Mata Atlântica do sul da Bahia. 2002. Tese de Doutorado. Universidade Estadual<br />
de Campinas,Campinas, Brasil. 2002.<br />
72
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
FARIA, D.; BAUMGARTEN, J. Shade cacao plantations (Theobroma cacao) and bat<br />
conservation in southern Bahia, Brazil. Biodiversity and Conservation. vol.16,<br />
2007, p.291-312.<br />
FARIA, D.; LAPS R. R.; BAUMGARTEN, J.; CETRA, M. Bat and bird assemblages<br />
from forests and shade cacao plantations in two contrasting landscapes in the<br />
Atlantic Forest of southern Bahia, Brazil. Biodiversity and Conservation, n. 15,<br />
2006, p. 587–612.<br />
FERRI, M. G. Botânica: Morfologia Externa das Plantas. 15ª edição, Rio de<br />
Janeiro: Nobel, 1983, 149p.<br />
FERRI, M. G. Botânica: Morfologia Interna das Plantas. 9ª edição, Rio de Janeiro:<br />
Nobel. 1999, 113p.<br />
FOLEY, W. J.; VON-ENGELHARDT, W.; CHARLES-<strong>DO</strong>MINIQUE, P. The passa of<br />
digesta, particle size, and in vitro fermentation rate in the three-toed sloth. Journal of<br />
Zoology London, United Kingdom: The Zoological Society of London, n. 236, 1995,<br />
p. 681-696.<br />
FONSECA G. A. B., ALGER K., PINTO L. P., ARAÚJO M.; CAVALCANTI R.<br />
Corredores de biodiversidade: o Corredor Central da Mata Atlântica. In: PRA<strong>DO</strong> P. I.;<br />
LANDAU E.C.; MOURA R. T.; PINTO L.P.S.; FONSECA G.A.B.; ALGER K.N. (Orgs.)<br />
Corredor de Biodiversidade da Mata Atlântica do Sul da Bahia. Ilhéus: IESB / CI<br />
/ CABS / UFMG / UNICAMP, 2003. 1 CD-ROM.<br />
FREELAND, W. J.; JANZEN, D. H. Strategies in herbivory by mammals: the role of<br />
plant secondary compous. The American Naturalist, vol.108, n.961, 1974, p.269-<br />
289,<br />
GALETTI, M.; CARVALHO-Jr, O. Sloths in the Diet of a Harpy Eagle Nestling in<br />
Eastern Amazon. Short Communications, Wilson Bull., vol.112, n.4, 2000, p.535–<br />
536<br />
GAUDIN, T. J. Phylogenetic relationships among sloths (Mammalia, Xenarthra,<br />
Tardigrada): the craniodental evidence. Zoological Journal of the Linnean Society.<br />
n. 140, 2004, p. 255-305.<br />
GAUDIN, T. J. The morphology of xenarthrous vertebrate (Mamalia: Xenarthra).<br />
Field Museum of Natural History, Fieldiana. n. 41, 1999, p. 1-37.<br />
73
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
GILMORE, D. P.; COSTA, C. P. da; DUARTE, D. P. F. An update on the physiology<br />
of two- and three-toed sloths. Brasilian Journal of Medical and Biological<br />
Research. vol. 33, n. 2, p.129-146.<br />
GLAN<strong>DE</strong>R, K. E. Howling monkey feeding behavior and plant secondary<br />
compounds: a study of strategies. In: MONTGOMERY, G. G. (Org.). The ecology of<br />
arboreal folivores. Washington: Smithsonian Institution Press. 1978. p. 561-574.<br />
GLASS, B. P. History of classification and nomenclature in Xenarthra (Edentata). In:<br />
MONTGOMERY, G. G. (Org.). The evolution and ecology of armadillos, sloths,<br />
and vermilinguas. Washington: Smithsonian Institution, 1985. p. 1-3.<br />
GOUVÊA, J.B.S., MATTOS SILVA, L. A.; HORI, M. Fitogeografia. In: COMISSÃO<br />
EXECUTIVA <strong>DO</strong> PLANO DA LAVOURA CACAUEIRA - CEPLAC; INSTITUTO<br />
INTERAMERICANO <strong>DE</strong> CIÊNCIAS AGRÍCOLAS - OEA. Diagnóstico<br />
socioeconômico da região cacaueira, v. 7, 1976, p. 1-7.<br />
GREENE, H. W. Agonistic Behavior by Three-toed Sloths, Bradypus variegatus<br />
Biotropica, vol. 21, n. 4, 1989, p.369-372.<br />
HALLÉ, F. Canopy architecture in tropical trees: a pictorial approach. In LOWMAN,<br />
M.D.; NADKARNI, M.N. (Org). Forest canopies. United States of America: Academi<br />
Press. 1995, p. 27-44.<br />
HARVEY, C.A., GONZALEZ, J.; SOMARRIBA, E. Dung beetle and terrestrial<br />
mammal diversity in forests, indigenous agroforestry systems and plantain<br />
monocultures in Talamanca, Costa Rica. Biodiversity and Conservation. vol.15,<br />
2006, p. 555–585.<br />
HIL<strong>DE</strong>BRAND, M.; GOSLOW, G. Análise da estrutura dos Vertebrados. 2. ed.<br />
Tradução: Souza, A. M. de; Schlenz, E. São Paulo: Atheneu. 2006. 639p.<br />
HUMMEL, M. Botanical analysis of the shade tree population in two cabruca<br />
cocoa plantations in souther southern n Bahia, Brazil. 1995. Thesis for the<br />
Diploma in Agricultural Biology, University of Stuttgart, Stuttgart, Germany, 1995.<br />
IBAMA, Lista das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Anexo à<br />
Instrução Normativa nº3, de 27 de maio de 2003, do Ministério do Meio Ambiente.<br />
Brasília: MMA. 2003.<br />
74
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
IBAMA, Plano de Manejo do Ecoparque de Una. 1997. Disponível em:<br />
. Acesso em: 25 de outubro de 2006.<br />
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Populacional. 2006.<br />
Disponível em: . Acesso em: 27 out. 2006.<br />
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Malha Municipal do Sudeste da<br />
Bahia, Brasil.(mapa em formato digital adaptado por E. C. Landau), escala<br />
1:1.000.000. In: PRA<strong>DO</strong> P. I.; LANDAU E.C.; MOURA R. T.; PINTO L.P.S.;<br />
FONSECA G.A.B.; ALGER K.N. (Orgs.) Corredor de Biodiversidade da Mata<br />
Atlântica do Sul da Bahia. Ilhéus: IESB / CI / CABS / UFMG / UNICAMP, 2003. 1<br />
CD-ROM.<br />
IUCN. Red List of Threatened Species. 2006. Disponível em:<br />
. Acesso em: 17 out. 2006.<br />
IZOR, R. J. 1985. Sloths and other mammalian prey of the harpy eagle. In: The<br />
evolution and ecology of armadillos, sloths, and vermilinguas: Montgomery, G.<br />
G. (Ed.). Washington: Smithsonian Institution Press, p. 343-349.<br />
JACOB, A. A.; RUDRAN, R. Rádio Telemetria em estudos populacionais. In:<br />
CULLEN JR., L., RUDRAN, R.; VALLADARES–PÁDUA, C. (Orgs.). Manual<br />
Brasileiro em Técnicas na Biologia da Conservação e no Manejo da Vida<br />
Silvestre, Curitiba: Editora UFPR, 2004. p.455-479.<br />
JANZEN, D. H. Complications in Interpreting the Chemical Defenses of tress Against<br />
Tropical Arboreal Plant-eating Vertebrates. In: MONTGOMERY, G. G. (Org.)<br />
Arboreal Folivores. 1978. p.73-84.<br />
JARDIM, J.G. Uma caracterização parcial da vegetação na região sul da Bahia,<br />
Brasil. In: PRA<strong>DO</strong> P. I.; LANDAU E.C.; MOURA R. T.; PINTO L.P.S.; FONSECA<br />
G.A.B.; ALGER K.N. (Orgs.) Corredor de Biodiversidade da Mata Atlântica do Sul<br />
da Bahia. Ilhéus: IESB / CI / CABS / UFMG / UNICAMP, 2003. 1 CD-ROM.<br />
JOHANSSON, D.R. Ecology of the Vascular Epiphytes in West African Rain<br />
Forest. Suecica: Acta Phitogeographica, n. 59, 1974, p. 1-129.<br />
LANDAU, E. C.; RESEN<strong>DE</strong>, N. A. T. Tipologias Climáticas conforme Köeppen no<br />
Sudeste da Bahia, Brasil.(mapa em formato digital, adaptado a partir de SEI, 1998),<br />
escala 1:2.000.000. In: PRA<strong>DO</strong> P. I.; LANDAU E.C.; MOURA R. T.; PINTO L.P.S.;<br />
FONSECA G.A.B.; ALGER K.N. (Orgs.) Corredor de Biodiversidade da Mata<br />
75
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
Atlântica do Sul da Bahia. Ilhéus: IESB / CI / CABS / UFMG / UNICAMP, 2003. 1<br />
CD-ROM.<br />
LANDAU, E. C.; RESEN<strong>DE</strong>, N. A. T.; NOVAES, L. A. D. Pedologia do Sudeste da<br />
Bahia, Brasil.(mapa em formato digital, adaptado a partir de CEPLAC & IICA, 1975),<br />
escala 1:750.000. In: PRA<strong>DO</strong> P. I.; LANDAU E.C.; MOURA R. T.; PINTO L.P.S.;<br />
FONSECA G.A.B.; ALGER K.N. (Orgs.) Corredor de Biodiversidade da Mata<br />
Atlântica do Sul da Bahia. Ilhéus: IESB / CI / CABS / UFMG / UNICAMP, 2003. 1<br />
CD-ROM.<br />
LARA-RUIZ, P. Tamanho corporal, dimorfismo sexual e diversidade genética da<br />
preguiça-de-coleira, Bradypus torquatus Illiger, 1811 (Xenarthra:<br />
Bradypodidae). 2004. 214 f. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-graduação<br />
em Zoologia de Vertebrados, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo<br />
Horizonte, Brasil, 2004.<br />
LARA-RUIZ, P.; CHIARELLO, A. G. Life-history traits and sexual dimorphism of the<br />
Atlantic forest maned sloth Bradypus torquatus (Xenarthra: Bradypodidae). Journal<br />
of Zoology London, United Kingdom: The Zoological Society of London, n. 267,<br />
2005, p. 63–73.<br />
LARCHER, W. Ecofisiologia Vegetal, 1ª edição, São Paulo: Rima, 2000, 531p.<br />
LAWRANCE, W. F.; COCHRANE, M. A. Synergistic effects in fragmented<br />
landscapes. Conservation Biology. n. 15, v. 6, 2001, p. 1488-1489.<br />
LOWMAN, M. D.; WITTMAN, P. K. Forest canopies: Methods, Hypoteses, and future<br />
directions. Annual Review of Ecology and Systematics, n. 27, 1996, p. 55-81.<br />
MACARTHUR, R. H.; WILSON, E. O.; The Theory of Island Biogeography. 2001.<br />
203p. Disponível em . Acesso em 26 de abril de 2007<br />
MACNAB, B. K. 1985. Energetics population biology, and distribution of Xenarthrans,<br />
living and extinct. In: MONTGOMERY, G. G. (Org.). The evolution and ecology of<br />
armadillos, sloths, and vermilinguas. Washington: Smithsonian Institution, 1985.<br />
p. 343-349.<br />
MAGURRAN, A. E. Measuring biological diversity. Malden: Blackwell Publishing,<br />
2004. 256p.<br />
76
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
MARIANO-NETO, E. Efeitos da fragmentação sobre comunidades arbustivoarbóreas<br />
em Mata Atlântica, Una BA. 2004. 211 f. Tese de Doutorado.<br />
Universidade de São Paulo, Instituto de Biociências, São Paulo, Brasil, 2004.<br />
MARTINI, A. M. Z. M., Estrutura e composição da vegetação e chuva de<br />
sementes em sub-bosque, clareiras naturais e área perturbada por fogo em<br />
floresta tropical no sul da Bahia. 2002. 150 f. Tese de Doutorado. Universidade<br />
Estadual de Campinas, Instituto de Biologia, Campinas, Brasil, 2002.<br />
MARTINS, F. R.; SANTOS, F. A. M. Técnicas usuais de estimativa da<br />
biodiversidade. Holos, edição especial, UNESP, 1999, p. 263-267. Disponível em<br />
.<br />
Acesso em 10 de maio de 2007.<br />
MAY, P.; ROCHA, R. B. O sistema agrossilvicultural do cacau-cabruca. In: LOPES, I.<br />
V; BASTOS FILHO, G. S.; BILLER, D.; BALE, M. (Orgs). Gestão Ambiental no<br />
Brasil: experiência e sucesso. Rio de Janeiro: FGV. 1996.<br />
MCGARIGAL, K., CUSHMAN, S.; STAFFORD S. Multivariate statistics for wildlife<br />
and ecology research. New York: Springer-Verlag. 2000.<br />
MCNEELY, J. A.; SCHROTH, G. Agroforestry and biodiversidade conservação –<br />
traditional practices, present dynamics, and lessons for the future. Biodiversity and<br />
Conservation, vol. 15, 2006, p. 549–554.<br />
MEDAUAR, O. Coletânea de Legislação de Direito Ambiental: Constituição<br />
Federal. 3ª edição. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2004.<br />
MEIRA, L. P. de C. Análise da possibilidade de sintopia entre as espécies<br />
Bradypus torquatus (Desmarest, 1816) e Bradypus variegatus (Schinz, 1825).<br />
2003. 54 f. Dissertação (Mestrado) – Programa Regional de Pós-graduação em<br />
Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRO<strong>DE</strong>MA), Universidade Estadual de Santa<br />
Cruz (UESC), Ilhéus, Bahia, 2003.<br />
MEN<strong>DE</strong>L, F. C. Foot of Two-Toed Sloths: Its Anatomy and Potential Uses Relative to<br />
Size of Support. Journal of Morphology. vol. 170, 1981. p. 357-372.<br />
MEN<strong>DE</strong>L, F. C. Use of Hands and Feet of Three-Toed Sloths (Bradypus variegatus)<br />
during Climbing and Terrestrial Locomotion. Journal of Mammalogy. vol. 66, n. 2.<br />
1985, p.359-366.<br />
77
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
MEN<strong>DO</strong>NÇA, J. R. et al. 45 anos de desmatamentos no Sul da Bahia – Mapas.<br />
Projeto Mata Atlântica Nordeste, Ilhéus: CEPLAC/NYBG. 1990.<br />
METZGER, J. P. Estrutura da paisagem e fragmentação: Análise bibliográfica. Anais<br />
da Academia Brasileira de Ciências. Vol. 71, n. 3-I, 1999. p. 445 – 463.<br />
MILTON, K. Leaf Change and Fruit Production in Six Neotropical Moraceae Species.<br />
The Journal of Ecology, vol.79, n.1, 1991, p. 1-26.<br />
MONTGOMERY, G. G. (Org.). The evolution and ecology of amadillos, sloths,<br />
and vermilinguas. Washington: Smithsonian Institution Press. 1985.<br />
MONTGOMERY, G. G.; SUNQUIST, M. E. Habitat selection and use by two-toed<br />
and three-toed sloths. In: MONTGOMERY, G. G. (Org.). The ecology of arboreal<br />
folivores. Washington: Smithsonian Institution Press. 1978. p. 329-359.<br />
MONTGOMERY, G. G.; SUNQUIST, M. E. Impact of sloths on Neotropical Forest<br />
energy flow and nutrient cycling. In: GOLLEY, F. B.; MEDINA, E. (Orgs.). Tropical<br />
Ecology Sistems: trends in terrestrial and aquatic research. New York: Verlog,<br />
Springer, n. 7, 1975, p. 69– 98.<br />
MONTGOMERY, G.G.; SUNQUIST, M. E. Contact-distress Calls of young sloths.<br />
Journal of Mammalogy. Washington: Smithsonian Institution Press, 1974.<br />
MORAES, N. MORGANTE, J. S.; MIYAKI, C. Y. Genetic diversity in different<br />
populations of sloths assessed by DNA fingerprinting. Bazilian Journal Biology, n.<br />
62, v. 3, 2002, p. 503-508.<br />
MORI, S. A., BOOM, B. M., CARVALHO, A. M.; SANTOS, T. S. Southern Bahian<br />
moist forests. The Botanical Review. n. 49, vol. 2, 1983b, p.155 – 232.<br />
MORI, S. A; BOOM, B. M; CARVALHO, A. M.; SANTOS, T. S. Ecological Importance<br />
of Myrtaceae in an Eastern Brazilian Wet Forest. Biotropica, n. 15, v. 1, 1983a, p.<br />
68-70.<br />
MORI, S. A; BOOM, B. M; PRANCE, G. T.. Distribution Patterns and Conservation of<br />
Eastern Brazilian Coastal Forest Tree Species. Brittonia, n. 33, v. 2, 1981, p. 233-<br />
245.<br />
78
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
MUÑOZ, D.; ESTRADA, A.; NARANJO, E.; OCHOA, S. Foraging Ecology of howler<br />
monkeys in a Cacao (Theobroma cacao) plantation in Comalcalca, México.<br />
American Journal of Primatology, vol. 68, 2006, p. 127-142.<br />
NAGY, K. A.; MONTGOMERY, G. G. Field metabolic rate, water flux, and food<br />
consumption in three-toed sloths (Bradypus torquatus). Journal of Mammalogy. n.<br />
61, 1980, p. 465-472.<br />
NAPLES, V. L. The superficial facial musculature in sloths and vermilinguas. In:<br />
MONTGOMERY, G. G. (Org.). The evolution and ecology of amadillos, sloths,<br />
and vermilinguas. Washington: Smithsonian Institution Press. 1985. p. 173-189.<br />
OLIVER, L. R.; SANTOS, I. B. Threatened endemic mammals of the Atlantic<br />
Forest region of South-east Brazil. Wildlife Preservation Trust, Specil Scientifi<br />
Report, 1991. p. 21-31.<br />
OPLER, P.A. Interaction of plant life history components as related to arboreal<br />
herbivory. In: MONTGOMERY, G. G. (Org.), Arboreal Folivores. 1978. p. 23–31.<br />
PARDINI, R. Effects of forest fragmentation on small mammals in an Atlantic Forest<br />
landscape. Biodiversity and Conservation, n. 13, 2004, p. 2567–2586.<br />
PARDINI, R. Pequenos mamíferos e a fragmentação da Mata Atlântica de Una,<br />
Sul da Bahia - Processos e Conservação. 2001. Tese de Doutorado. Universidade<br />
de São Paulo, São Paulo, Brasil, 2001.<br />
PELL, A.N., SCHOFIELD, P. Computerized monitoring of gas production to measure<br />
forage digestion in vitro. Journal Dairy Science. vol.76, n. 4, 1063-1073p.<br />
PIN<strong>DE</strong>R, L. Body measurements, karyotype, and birth frequencies of maned sloth<br />
(Bradypus torquatus). Mammalia. n. 57, v. 1, 1993, p. 43-48.<br />
PIN<strong>DE</strong>R, L. Conservation of the maned sloth (Bradypus torquatus). Final report to<br />
World Wildlife Fund-US, Project US-441, Washington, D.C. 1986.<br />
PIN<strong>DE</strong>R, L. Habitat use by resident and translocated maned sloths (Bradypus<br />
torquatus) in southeastern Brazil. Final Report to World Wildlife Found.<br />
Washington, D.C. 1997.<br />
QUEIROZ, H. L. de. Preguiças e Guaribas, os mamíferos folívoros arborícolas<br />
do Mamirauá. Brasília: CNPq e Sociedade Civil Mamirauá, 1995. 162p.<br />
79
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
RABOY, B.E.; CHRISTMAN, M.C.; DIETZ J.M. The use of degraded and shade<br />
cocoa forests by Endangered golden-headed lion tamarins Leontopithecus<br />
chrysomelas. Oryx, Printed in the United Kingdom, vol.38, n.1, 2004. 75–83p.<br />
RAND, A. S. Repilian Arboreal Folivores. In: MONTGOMERY, G. G. (Org.). Arboreal<br />
Folivores. 1978. p. 115-122.<br />
RAVEN, P.H. Biologia Vegetal. 7ª edição, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,<br />
2007.<br />
RICE, R. A.; GREENBERG, R. Cacao Cultivation and the conservation biological<br />
diversity. Ambio, Royal Swedish Academy of Sciences. n. 29, v. 3, 2000, p. 167-<br />
173.<br />
RICE, W. R. A consensus combined p-value test and the family-wide significance of<br />
component tests. Biometrics, n. 46, vol. 2, p. 303–308, 1990.<br />
SAATCHI, S; AGOSTI, D.; ALGER, K; <strong>DE</strong>LABIE, J.; MUSINSKY Y.J. Examining<br />
fragmentation and loss of primary forest in the Southern Bahian Forest of Brazil with<br />
radar imagery. Conservation Biology, v. 15, n. 4, 2001, p. 867-875.<br />
SAMBUICHI, R. H. R. Fitossociologia e diversidade de espécies arbóreas em<br />
cabruca (Mata Atlântica raleada sobre plantação de cacau) na região sul da Bahia,<br />
Brasil. Acta Botânica Brasileira, n. 16, v. 1, 2002, p. 89-101.<br />
SAMBUICHI, R. H. S. Estrutura e dinâmica do componente arbóreo em área de<br />
cabruca na região cacaueira do sul da Bahia, Brasil. Acta botânica brasileira.<br />
vol.20, n.4, 2006, 943-954p.<br />
SAMIR G. ROLIM, S. G.; CHIARELLO, A. G. Slow death of Atlantic forest trees in<br />
cocoa agroforestry in southeastern Brazil. Biodiversity and Conservation. vol.13,<br />
2004, 2679–2694p.<br />
SANTOS, A. P. Evolução do uso do solo no núcleo da região cacaueira da<br />
bahia e sua relação com a degradação da mata atlântica. Monografia de<br />
Conclusão do Curso de Licenciatura em Geografia, Ilhéus: UESC, 1999.<br />
SANTOS, G.J.R. dos. Caracterização da caça na região do entorno da Reserva<br />
Biológica de Una – BA. Relatório final apresentado ao Projeto Remanescentes de<br />
Florestas na Região de Una – BA, Restauna/Probio, 1999.<br />
80
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
SILVA, D. J.; QUEIROZ, A. C. Análise dos alimentos: métodos químicos e<br />
Biológicos, 3. ed. Viçosa: Editora UFV. 2002. 235p.<br />
SOARES, C. A.; CARNEIRO, R. S. Social behavior between mothers X young of<br />
sloths Bradypus variegatus Schinz, 1825 (Xenarthra: Bradypodidade). Brazilian<br />
Journal Biology, n. 62, v. 2, 2002, p. 249-252.<br />
SUNQUIST, M. E.; MONTGOMERY, G. G. Activity patters and rates of movment of<br />
two-toed and three-toed sloths (Choloepus hoffmanni and Bradypus infuscantus).<br />
Journal of Mammalogy, n. 54, v. 4, 1973, p. 946-954.<br />
TABARELLI, M.; SILVA, J. M. C. da; GASCON, C. Forest fragmentation, synergisms<br />
and the impoverishment of neotropical forests. Biodiversity and Conservation. vol.<br />
13, 2004, p. 1419–1425.<br />
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 3ª edição, Rio de Janeiro: ARTMED, 2004,<br />
719p.<br />
TAUBE, E.; KERAVEC, J.; VIÉ, J. C.; DUPLANTIER, J. M. Reprodutive biology and<br />
postnatal development in sloths, Bradypus and Choloepus: review with original data<br />
from the field (French Guiana) and from captivity. Mammal Review. n. 31, v. 3, 2001,<br />
p.173-188.<br />
THOMAS W. W. 2003. Natural vegetation types in southern Bahia. In: PRA<strong>DO</strong> P. I.;<br />
LANDAU E.C.; MOURA R. T.; PINTO L.P.S.; FONSECA G.A.B.; ALGER K.N. (Orgs.)<br />
Corredor de Biodiversidade da Mata Atlântica do Sul da Bahia. Ilhéus: IESB / CI<br />
/ CABS / UFMG / UNICAMP, 2003. 1 CD-ROM.<br />
TRIOLA, M. F. Introdução à estatística. 9ª edição, Rio de Janeiro: LTC, 2005.<br />
VAUGHAN, C.; RAMIREZ, O.; HERRERA, G.; GURIES, R. Spatial ecology and<br />
conservation of two sloth species in a cacao landscape in limón, Costa Rica.<br />
Biodiversity Conservation. n. 16, 2007, p.2293-2310<br />
VAUGHAN, C.; SIUDAK-CAMPFIELD, J.; HANDLEY, C.; PAUL-MURPHY, J.;<br />
RAMIREZ, O.; CRUZ, E. de la.; GROSS, J.; HERRERA, G.; JIMENEZ, M.;<br />
WEAVER, S.; SLADKY, K. Preliminary assessment of ecosystem health in a highly<br />
modified neotropical agroecosystem using select wildlife species as indicators. First<br />
International Ecohealth Symposium, Madison, WI. 2006.<br />
VIEIRA, S.; CAMARGO, P.B.; SELHORST, D.; SILVA, R.; HUTYRA, L.;<br />
CHAMBERS, J.Q.; BROWN, I.F.; HIGUCHI, N.; SANTOS, J.; WOFSY, S.C.;<br />
81
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
TRUMBORE, S.E. & MARTINELLI, L.A. Forest structure and carbon dynamics in<br />
Amazonian tropical rain forests. Oecologia. vol.140, 2004, p.468-479.<br />
WEINBAUN, S. A.; MURAOKA, T. T.; PLANT, R. E. Intracanopy variation in nitrogen<br />
cycling through leaves is influenced by irradiance and proximity to developing fruit in<br />
mature walnut trees. Trees. vol.9, 1994, p. 6 - 11.<br />
WETZEL, R. M. The identification and distribution of recent Xenarthra. In:<br />
MONTGOMERY, G. G. (Org.). The evolution and ecology of amadillos, sloths,<br />
and vermilinguas. Washington: Smithsonian Institution Press. 1985. p. 23-46.<br />
WETZEL, R. M.; ÁVILA-PIRES, F. D., Identification and Distribution of the recent<br />
Sloths of Brazil (Edentata). Brasilian Biology, Rio de Janeiro. n. 40, v. 4, 1980, p.<br />
831-836.<br />
ZAR, J. Biostatistical analisys. USA: Ed. Prentice Hall. 1996.<br />
82
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
ANEXO I: Identificação das espécies vegetais utilizadas por<br />
indivíduo de preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus) monitorado<br />
durante o estudo<br />
83
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
FAMÍLIA I<strong>DE</strong>NTIFICAÇÃO GÊNERO/ESPÉCIE<br />
BT033<br />
ANIMAL<br />
BT123 BT142 BT142_2<br />
BT042<br />
BT464<br />
BT193<br />
BT065 TOTAL<br />
ANACARDIACEAE Tapirira guianensis Aubl. 0 0 0 1 0 5 6<br />
ANNONACEAE Guatteria pogonopus Mart. 0 0 0 1 0 0 1<br />
APOCYNACEAE Himatanthus phagedaenicus (Mart.) Woodson 0 0 1 0 0 0 1<br />
APOCYNACEAE Macoubea guianensis Aubl. 2 0 0 0 0 0 2<br />
AQUIFOLIACEAE Ilex sp 0 1 0 0 0 0 1<br />
ARALIACEAE Schefflera morototoni (Aubl.) Mag., Steyerm. & Frod. 0 0 1 0 0 0 1<br />
ARECACEAE Elaeis guineensis Jacq. 0 0 0 0 4 0 4<br />
BIGNONIACEAE Tabebuia elliptica (Dc.) Sandawith 0 0 1 0 0 0 1<br />
BOMBACACEAE Eriotheca globosa (Aubl.) A.Robyns 4 5 3 1 0 0 13<br />
BOMBACACEAE Eriotheca macrophylla (K.Schum.) A.Robyns 0 1 0 4 0 0 5<br />
BOMBACACEAE Eriotheca sp 0 1 0 1 0 0 2<br />
BURSERACEAE Protium heptaphyllum March. 1 0 0 0 0 0 1<br />
BURSERACEAE Protiun warmingianum March. 0 0 1 0 0 0 1<br />
BURSERACEAE Tetragastris catuaba Cunha 4 2 1 0 0 0 7<br />
CECROPIACEAE Cecropia hololeuca Miguel 0 0 0 0 0 2 2<br />
CECROPIACEAE Coussapoa pachyphylla Arr. & Berg 0 1 0 4 0 0 5<br />
CECROPIACEAE Coussapoa sp 1 0 0 0 0 0 1<br />
CECROPIACEAE Pourouma velutina Miguel 0 0 0 2 0 0 2<br />
CHRYSOBALANACEAE Couepia belemii Prance 1 0 0 0 0 0 1<br />
CHRYSOBALANACEAE Couepia sp 1 0 0 0 0 0 1<br />
CHRYSOBALANACEAE Parinari leontopitheci Prance 2 0 0 0 0 0 2<br />
CHRYSOBALANACEAE Parinari sp 0 0 0 1 0 0 1<br />
CHRYSOBALANACEAE 1 2 0 0 0 0 3<br />
CLUSIACEAE Symphonia globulifera L. 3 0 0 0 3 0 6<br />
CLUSIACEAE Tovomita mangle G. Mariz 0 0 0 1 0 0 1<br />
CLUSIACEAE Tovomita sp1 0 0 1 0 0 0 1<br />
CLUSIACEAE Vismia sp1 1 0 0 0 0 0 1<br />
ELAEOCARPACEAE Sloanea guianensis (Aubl.) Benth. 1 0 0 0 0 0 1<br />
ELAEOCARPACEAE Sloanea sp 1 0 1 0 0 0 2<br />
84
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
FAMÍLIA I<strong>DE</strong>NTIFICAÇÃO GÊNERO/ESPÉCIE<br />
BT033<br />
ANIMAL<br />
BT123 BT142 BT142_2<br />
BT042<br />
BT464<br />
BT193<br />
BT065 TOTAL<br />
EUPHORBIACEAE<br />
Alchornea glandulosa Poepp. Subesp. Iricurana<br />
(Casar.) R. Secco<br />
0 0 0 0 0 2 2<br />
EUPHORBIACEAE Amanoa guianensis Aubl. 2 0 0 0 0 0 2<br />
EUPHORBIACEAE Croton macrobothrys Baillon 0 0 0 1 0 0 1<br />
EUPHORBIACEAE Croton sp 1 0 0 0 0 0 1<br />
EUPHORBIACEAE Pera glabrata (Schott) Baill. 6 0 0 0 0 0 6<br />
EUPHORBIACEAE Pogonophora schomburgkiana Miers 1 0 0 0 0 0 1<br />
EUPHORBIACEAE 0 1 0 0 0 0 1<br />
FABACEAE/LEGUMINOSAE Andira marauensis Mattos 0 0 0 1 0 0 1<br />
FABACEAE/LEGUMINOSAE Arapatiella emarginata Cowan 0 2 1 0 0 0 3<br />
FABACEAE/LEGUMINOSAE Arapatiella psilophyla (Harms) Cowan 0 0 2 0 0 0 2<br />
FABACEAE/LEGUMINOSAE Arapatiella sp 1 0 0 0 0 0 1<br />
FABACEAE/LEGUMINOSAE Balisia pedicellaris (Dc.) Barneby & Grimes 0 1 0 0 0 0 1<br />
FABACEAE/LEGUMINOSAE Chamaecrista ensiformis (Vell.) Irwin & Barneby 0 0 1 1 0 0 2<br />
FABACEAE/LEGUMINOSAE Copaifera langsdorfii Desf. 1 1 0 0 0 0 2<br />
FABACEAE/LEGUMINOSAE Dalbergia frutescens (Vell.) Britton 0 0 1 0 0 0 1<br />
FABACEAE/LEGUMINOSAE Dalbergia sp 1 0 0 0 0 0 1<br />
FABACEAE/LEGUMINOSAE Dialium guianense (Aubl.) Sandwith 5 0 0 0 0 0 5<br />
FABACEAE/LEGUMINOSAE Dialium sp 1 1 0 0 0 0 2<br />
FABACEAE/LEGUMINOSAE Inga edulis Mart. 0 0 0 0 4 8 12<br />
FABACEAE/LEGUMINOSAE Macrolobium latifolium Vogel 3 2 0 1 0 0 6<br />
FABACEAE/LEGUMINOSAE Pterocarpus sp 0 0 1 0 0 0 1<br />
FABACEAE/LEGUMINOSAE Sclerolobium densiflorum Benth. 0 0 0 1 0 0 1<br />
FABACEAE/LEGUMINOSAE Senna multijuga (Rich.) Irwin & Barneby 0 0 0 0 0 3 3<br />
FABACEAE/LEGUMINOSAE Zollernia sp1 0 0 1 0 0 0 1<br />
FABACEAE/LEGUMINOSAE 1 2 0 0 0 0 3<br />
FLACOURTIACEAE Casearia arborea (Rich.) Urban 0 0 0 1 0 0 1<br />
FLACOURTIACEAE Casearia commersoniana Cambess. 0 0 0 0 1 0 1<br />
FLACOURTIACEAE 1 0 0 0 0 0 1<br />
85
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
FAMÍLIA I<strong>DE</strong>NTIFICAÇÃO GÊNERO/ESPÉCIE<br />
BT033<br />
ANIMAL<br />
BT123 BT142 BT142_2<br />
BT042<br />
BT464<br />
BT193<br />
BT065 TOTAL<br />
LAURACEAE Ocotea costulata (Ness) Mez. 0 0 1 0 0 0 1<br />
LAURACEAE Ocotea sp 0 0 1 0 0 0 1<br />
LAURACEAE 2 1 0 0 0 4 7<br />
LECYTHIDACEAE Eschweilera ovata (Cambess.) Miers 1 0 0 0 0 1 2<br />
MELASTOMATACEAE Miconia sp 1 0 0 0 0 0 1<br />
MELIACEAE 0 1 0 0 0 0 1<br />
MORACEAE Brosimum guianense (Aubl.) Huber 0 0 3 3 0 0 6<br />
MORACEAE Brosimum rubescens Taub. 1 0 3 0 0 0 4<br />
MORACEAE Brosimum sp 1 0 0 0 0 0 1<br />
MORACEAE Clarisia sp 0 0 1 0 0 0 1<br />
MORACEAE Ficus clusiaefolia Schott 0 0 0 0 0 2 2<br />
MORACEAE Ficus sp2 1 0 0 0 0 0 1<br />
MORACEAE Helicostylis tomentosa (Poepp. & Endl.) Macbride 1 1 0 0 0 0 2<br />
MORACEAE Ficus sp1 0 0 1 0 0 0 1<br />
MORACEAE Ficus sp3 0 0 1 0 0 0 1<br />
MYRISTICACEAE Virola gardneri Warb. 4 2 1 1 0 0 8<br />
MYRISTICACEAE Virola sp1 0 0 3 0 0 0 3<br />
MYRISTICACEAE Virola sp2 0 0 0 2 0 0 2<br />
MYRTACEAE Eugenia sp1 1 0 0 1 0 0 2<br />
MYRTACEAE Marlierea racemosa (Vell.) Kiars 0 0 0 1 0 0 1<br />
MYRTACEAE Marlierea sp 1 0 0 0 0 0 1<br />
MYRTACEAE Myrcia fallax DC. 1 0 1 0 0 0 2<br />
MYRTACEAE Neomitranthes sp1 0 0 0 1 0 0 1<br />
MYRTACEAE 4 0 1 0 0 0 5<br />
não ID 1 0 0 0 0 0 1<br />
NYCTAGINACEAE Guapira hirsuta (Choisy) Lundell 0 0 0 1 0 0 1<br />
NYCTAGINACEAE Guapira obtusata (Jaq) Little 0 0 1 0 0 0 1<br />
NYCTAGINACEAE Guapira opposita (Vell.) Reitz 0 0 0 1 0 0 1<br />
OLACACEAE Heisteria brasiliensis Engl. 0 1 1 0 0 0 2<br />
OLACACEAE 0 0 2 2 0 1 5<br />
86
BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
FAMÍLIA I<strong>DE</strong>NTIFICAÇÃO GÊNERO/ESPÉCIE<br />
BT033<br />
ANIMAL<br />
BT123 BT142 BT142_2<br />
BT042<br />
BT464<br />
BT193<br />
BT065 TOTAL<br />
RUBIACEAE Simira sp1 0 0 1 0 0 0 1<br />
SAPINDACEAE Erythrophylum sp1 1 0 0 0 0 0 1<br />
SAPINDACEAE Erythrophylum sp2 1 0 0 0 0 0 1<br />
SAPOTACEAE Chrysophyllum sp 0 2 0 0 0 0 2<br />
SAPOTACEAE Manilkara longifolia (A.Dc.) Dubard. 0 2 0 0 0 0 2<br />
SAPOTACEAE Manilkara maxima T.D.Penn 0 0 1 0 0 0 1<br />
SAPOTACEAE Manilkara salzmannii (A.Dc.) H.J.Lam 2 0 0 0 0 0 2<br />
SAPOTACEAE Manilkara sp1 1 0 0 0 0 0 1<br />
SAPOTACEAE Manilkara sp2 2 0 0 0 0 0 2<br />
SAPOTACEAE Micropholis crassipedicelata Pierre 2 0 1 0 0 0 3<br />
SAPOTACEAE Micropholis gardneriana (A.Dc.) Pierre 1 0 0 0 0 0 1<br />
SAPOTACEAE Micropholis guyanensis (A. Dc.) Pierre 0 0 1 0 0 0 1<br />
SAPOTACEAE Micropholis venulosa (Mart. & Eichler) Pierre 1 2 0 0 0 0 3<br />
SAPOTACEAE Pouteria beaurepairei (Glaziou & Rankier) Baehni 0 0 0 1 0 0 1<br />
SAPOTACEAE Pouteria reticulata (Engler) Eyma 0 0 1 0 0 0 1<br />
SAPOTACEAE Pouteria sp1 0 0 1 0 0 0 1<br />
SAPOTACEAE Pouteria sp2 0 0 0 1 0 0 1<br />
SAPOTACEAE Pouteria sp3 0 0 0 1 0 0 1<br />
SAPOTACEAE Pradosia lactescens (Vell.) Radlk. 1 0 0 0 0 0 1<br />
SAPOTACEAE 1 2 0 0 0 0 3<br />
SIMAROUBACEAE Simarouba amara Aubl. 1 1 0 0 0 0 2<br />
SIMAROUBACEAE 0 0 1 0 0 0 1<br />
TILIACEAE Hydrogaster trinerve Kuhlm. 1 0 0 0 0 0 1<br />
TOTAL 82 38 45 38 12 28 243<br />
87