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USO DO HÁBITAT PELA PREGUIÇA-DE-COLEIRA ... - CNCFlora

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UNIVERSIDA<strong>DE</strong> ESTADUAL <strong>DE</strong> SANTA CRUZ - UESC<br />

<strong>DE</strong>PARTAMENTO <strong>DE</strong> CIÊNCIAS BIOLÓGICAS - DCB<br />

Programa de Pós-Graduação em Zoologia<br />

REBECA MASCARENHAS FONSECA BARRETO<br />

<strong>USO</strong> <strong>DO</strong> <strong>HÁBITAT</strong> <strong>PELA</strong> <strong>PREGUIÇA</strong>-<strong>DE</strong>-<strong>COLEIRA</strong><br />

Bradypus torquatus Illiger 1811, NO SUL DA BAHIA,<br />

BRASIL.<br />

ILHÉUS – BAHIA<br />

2007


REBECA MASCARENHAS FONSECA BARRETO<br />

<strong>USO</strong> <strong>DO</strong> <strong>HÁBITAT</strong> <strong>PELA</strong> <strong>PREGUIÇA</strong>-<strong>DE</strong>-<strong>COLEIRA</strong> Bradypus torquatus<br />

Illiger 1811, NO SUL DA BAHIA, BRASIL.<br />

Dissertação apresentada, para obtenção<br />

do título de mestre em Zoologia, à<br />

Universidade Estadual de Santa Cruz.<br />

ILHÉUS - BAHIA<br />

2007<br />

Área de Concentração: Zoologia Aplicada<br />

Orientador: Prof. Martín Roberto Alvarez<br />

Co-Orientador: Profª Talita Fontoura Alves


B273 Barreto, Rebeca Mascarenhas Fonseca.<br />

Uso do hábitat pela preguiça-de-coleira Bradypus<br />

torquatus Illiger 1811, no sul da Bahia, Brasil / Rebeca<br />

Mascarenhas Fonseca Barreto. – Ilhéus, BA : UESC, 2007.<br />

vi, 87f. : il. ; anexos.<br />

Orientador : Martin Roberto Alvarez.<br />

Co-Orientadora : Talita Fontoura Alves.<br />

Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de<br />

Santa Cruz. Programa de Pós-graduação em Zoologia.<br />

Bibliografia: f. 69 - 82.<br />

1. Preguiça (Zoologia). 2. Ecologia - Região sul, Bahia.<br />

I. Título.<br />

CDD 599.31


“...be transformed by the renewing of the mind…”<br />

Romans 12:2b<br />

“Eu escrevo sem esperança de que o que eu<br />

escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada...<br />

Porque no fundo a gente não está querendo alterar as<br />

coisas. A gente está querendo desabrochar de um<br />

modo ou de outro..."<br />

Clarice Lispector


Para meu Pailhaço,<br />

Meu Paitrocinador<br />

À Albertônio Fonseca


AGRA<strong>DE</strong>CIMENTOS<br />

À Sociedade brasileira que possibilitou a minha bolsa de estudos através do<br />

pagamento de impostos a cada feijão e arroz comprados.<br />

Ao Instituto de Estudos Sócio-ambientais do Sul da Bahia (IESB), pois sem o<br />

apoio desta instituição este trabalho não seria realizado.<br />

A Fundação O Boticário de Proteção a Natureza, pelo financiamento.<br />

A Fundação de Amparo a Pesquisa no Estado da Bahia (FAPESB) pela bolsa<br />

e pelo financiamento concedidos.<br />

Ao colegiado do PPG em Zoologia – UESC, por sempre estar disposto a<br />

solucionar as dificuldades e problemas relacionados com o andamento do trabalho.<br />

Ao meu Painho e Paitrocinador, Albertônio Fonseca Barreto, pela educação e<br />

exemplo de determinação que tem me dado ao longo desses anos. À Márcia,<br />

Jemima, Jônatas, vô Joaquim e vó Mirian, minha família, minha vida, meu tudo. À<br />

Joseneide Queiroz Fonseca, pelos conselhos e pelo exemplo de cientista e mulher<br />

que é. Amo vocês!<br />

Ao meu “Pai na Ciência”, Dr. Martín Alvarez, pela orientação, pela amizade,<br />

pelo carinho e, claro, por sempre ouvir minhas reclamações, chateações, minhas<br />

TPMs e meus problemas! Ufa! E deu tudo certo!<br />

A carioca da gema, Drª Talita Fontoura, que me orientou no andamento do<br />

trabalho e me ensinou o prazer de escalar e chegar ao topo. Pô bicho, você foi uma<br />

mãezona!<br />

A Camila Righetto Cassano, pelo apoio, confiança e me ajudar nas “grandes”<br />

escaladas.<br />

i


Ao auxiliar de campo, Rubens, pois sem ele eu não teria motorista, não teria<br />

balador para minhas árvores, não teria trabalho de campo e com certeza não teria<br />

dissertação.<br />

A Gabriel, demais colegas do IESB e às reuniões de segunda-feira, por me<br />

ensinarem na prática que a conservação é mult e interdisciplinar.<br />

Aos moradores da Fazenda Jaqueiral: Tilson, Dona Geni, Seu Landoaldo e 11<br />

filhos, pelas distrações, cafezinhos, cachaças e jogos de dominó depois de um longo<br />

dia de trabalho de campo.<br />

Ao Dr. Eduardo Mariano, Mauro Garcia e Dr. André Amorim por me darem um<br />

grande “help” nas identificações das amostras botânicas.<br />

Ao Dr. Yvonnick Le Pendu, pela planilha do Excel cheia de macros que me<br />

ajudaram a compilar meus dados de forma tão prática. E não posso esquecer das<br />

pilhas e dos cabos que peguei emprestado...<br />

Aos professores Ana Schilling e Maurício Cetra, pela ajuda e dicas de<br />

estatística. Obrigada por salvarem meus dados!<br />

Aos “nutrólogos de bicho” do Laboratório de Nutrição Animal da UESC, Dr.<br />

Gustavo Braga, Dr. Gustavo Pereira, Dr. Sérgio Nogueira Filho e em especial a<br />

Alexandre e a Vinícius, por me ensinarem e me auxiliarem nas análises nutricionais.<br />

Aos amigos Vily, Isa, Paulinha, Day, Fátima e tantos outros, por<br />

compreenderem minha ausência nesses dois anos e por propiciarem momentos de<br />

distração e de carinho. Aos amigos assessores: Rodolpho Mafei (Cabeludo) e<br />

Gleydson (Frodo).<br />

Ao Giuliano Marson Silva, pela... paciência... Pelo... amor... E pelas... Mi<br />

cariño!<br />

As preguiças-de-coleira por ainda não terem desaparecido do mapa e<br />

simplesmente por terem evoluído a animais tão interessantes.<br />

E por fim “A-quem-eu-esqueci”, mas que esteve presente durante esses anos<br />

de amadurecimento, trabalho e perseverança...<br />

ii


SUMÁRIO<br />

AGRA<strong>DE</strong>CIMENTOS................................................................................................... I<br />

SUMÁRIO.................................................................................................................. III<br />

LISTA <strong>DE</strong> FIGURAS................................................................................................... V<br />

LISTA <strong>DE</strong> TEBELAS................................................................................................. VII<br />

RESUMO.................................................................................................................... 1<br />

RESUMEN.................................................................................................................. 3<br />

ABSTRACT ................................................................................................................ 5<br />

INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 7<br />

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................... 10<br />

Taxonomia, Sistemática e Filogenia.................................................................................................. 10<br />

Distribuição geográfica das preguiças do gênero Bradypus ......................................................... 12<br />

Anatomia Externa ................................................................................................................................ 15<br />

Dieta ...................................................................................................................................................... 15<br />

Adaptações à folivoria ........................................................................................................................ 17<br />

Ecologia e comportamento................................................................................................................. 19<br />

Uso do hábitat...................................................................................................................................... 21<br />

OBJETIVOS ............................................................................................................. 24<br />

Objetivo Geral ...................................................................................................................................... 24<br />

Objetivos Específicos ......................................................................................................................... 24<br />

MATERIAL E MÉTO<strong>DO</strong>S ......................................................................................... 25<br />

Área de Estudo .................................................................................................................................... 25<br />

Locais de amostragem....................................................................................................................... 27<br />

Captura de animais.............................................................................................................................. 30<br />

Marcação das árvores ......................................................................................................................... 33<br />

iii


Caracterização das árvores marcadas .............................................................................................. 33<br />

Coleta e identificação de material botânico...................................................................................... 34<br />

Caracterização do Micro-hábitat ........................................................................................................ 34<br />

Coleta de folhas e Análises Nutricionais .......................................................................................... 35<br />

Análise de dados ................................................................................................................................. 38<br />

Caracterização de micro-hábitat ........................................................................................................ 38<br />

Estrutura das árvores......................................................................................................................... 39<br />

Espécies utilizadas pelos animais ..................................................................................................... 40<br />

RESULTA<strong>DO</strong>S ......................................................................................................... 41<br />

Sucesso amostral ................................................................................................................................ 41<br />

Utilização do micro-hábitat................................................................................................................. 42<br />

Uso da copa através de variáveis nutricionais ................................................................................ 43<br />

Estrutura das Árvores ......................................................................................................................... 46<br />

Espécies vegetais................................................................................................................................ 49<br />

DISCUSSÃO ............................................................................................................ 51<br />

Sucesso amostral ................................................................................................................................ 51<br />

Caracterização e uso do micro-hábitat nos diversos hábitats ....................................................... 52<br />

Espécies vegetais utilizadas .............................................................................................................. 58<br />

Implicações para conservação .......................................................................................................... 62<br />

CONCLUSÕES ........................................................................................................ 67<br />

BIBLIOGRAFIA......................................................................................................... 69<br />

ANEXO I: I<strong>DE</strong>NTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES VEGETAIS UTILIZADAS POR<br />

INDIVÍDUO <strong>DE</strong> <strong>PREGUIÇA</strong>-<strong>DE</strong>-<strong>COLEIRA</strong> (BRADYPUS TORQUATUS)<br />

MONITORA<strong>DO</strong> DURANTE O ESTU<strong>DO</strong>................................................................... 83<br />

iv


LISTA <strong>DE</strong> FIGURAS<br />

Figura 1. Distribuição das preguiças do gênero Bradypus. Ponto preto: localização<br />

de B. pygmaeus; em cinza: B. variegatus; pontilhados brancos: B. tridactilus;<br />

linhas inclinadas: sobreposição de B. torquatus e B. variegatus; e preto:<br />

sobreposição de B. torquatus e B. tridactilus. Modificado de Emmons e Feer<br />

(1997). ................................................................................................................ 14<br />

Figura 2. Esquema da visualização espacial da área de estudo, pintada em cinza,<br />

com relação à América do Sul e ao Brasil. Em destaque os limites do município<br />

de Una. Modificado de IESB/CI/CRA (2001) e de IBGE (2006). ........................ 26<br />

Figura 3. Mapa da área de estudo, onde podem ser visualizados os limites da<br />

Reserva Biológica de Una e as sedes das Fazendas Jaqueiral, São João e<br />

Encom, e cobertura vegetal. Fonte: Base de dados IESB, anos 2002. .............. 29<br />

Figura 4. Localização dos oito animais capturados dentro da área de estudo no<br />

município de Una no sul da Bahia. Modificado de Cassano (2006). Fonte: Base<br />

de dados IESB, anos 2002. ................................................................................ 31<br />

Figura 5: Caracterização de copa em três sítios: 1 – copa externa; 2 – copa media; e<br />

3 – copa interna. Modificado de Johansson (1974). ........................................... 35<br />

Figura 6. Porcentagem de registros de visualização de preguiças adultas (BT464 e<br />

BT142_2; n = 75 avistamentos) e juvenis (BT042 e BT065; n = 39 avistamentos)<br />

na copa externa, média e interna. ...................................................................... 42<br />

Figura 7. Box-plot mostrando as medianas (linhas no centro das caixas) e quartis (1º<br />

quartil – caixa inferior e 3º quartil – caixa superior) da altura da posição de<br />

fêmeas adultas (17,08m ± 5,68) e seus respectivos filhotes (juvenis) (13,89m ±<br />

5,01) acompanhados durante estudo. As barras limpas indicam os limites<br />

inferiores e superiores encontrados para cada variável. Círculos indicam valores<br />

extremos............................................................................................................. 43<br />

Figura 8. Box-plot mostrando as medianas (linhas no centro das caixas) e quartis (1º<br />

quartil – caixa inferior e 3º quartil – caixa superior) da altura da posição de<br />

preguiças-de-coleira (Bradypus torquatus) adultas por tipo de ambiente: Primária<br />

= Floresta em Estágio Avançado; Secundária = Floresta secundária; e Cabruca =<br />

plantação de cacau sobre mata nativa. a b b = letras diferentes indicam<br />

diferenças significativas de acordo com ANOVA. As barras limpas indicam os<br />

limites inferiores e superiores. Círculos indicam valores extremos. ................... 44<br />

Figura 9. Presença de cipós nas árvores utilizadas por preguiça-de-coleira por<br />

hábitat................................................................................................................. 46<br />

Figura 10. Box-plot mostrando as medianas (linhas no centro das caixas) e quartis<br />

(1º quartil – caixa inferior e 3º quartil – caixa superior) das alturas das árvores<br />

utilizadas pelas preguiças-de-coleira entre cada tipo de ambiente. Primária =<br />

Floresta em Estágio Avançado; Secundária = Floresta secundária; e Cabruca =<br />

plantação de cacau sobre mata nativa. a b b = letras diferentes indicam<br />

v


diferenças significativas. Barras limpas indicam os limites inferiores e superiores.<br />

Círculos indicam valores extremos..................................................................... 47<br />

Figura 11. Box-plot mostrando as medianas (linhas no centro das caixas) e quartis<br />

(1º quartil – caixa inferior e 3º quartil – caixa superior) da altura das árvores<br />

utilizadas pelas preguiças-de-coleira entre adultos (21,95±7,70) e juvenis<br />

(16,56±7,78). As barras limpas indicam os limites inferiores e superiores<br />

encontrados para cada variável. Círculos indicam valores extremos. ................ 48<br />

Figura 12. Box-plot mostrando as medianas (linhas no centro das caixas) e quartis<br />

(1º quartil – caixa inferior e 3º quartil – caixa superior) do DAP das árvores<br />

utilizadas pelas preguiças-de-coleira entre adultos (30,15±16,00) e juvenis<br />

(20,81±10,50). As barras limpas indicam os limites inferiores e superiores<br />

encontrados para cada variável. Círculos indicam valores extremos. ................ 48<br />

Figura 13. Análise de Cluster utilizando o método de UPGMA (Unweighted Pair<br />

Group Method with Arithmetic mean) através do Índice de Similaridade de<br />

Morisita. Coeficiente Cofenético = 0,9728. ......................................................... 50<br />

vi


LISTA <strong>DE</strong> TEBELAS<br />

Tabela 1. Biometria das preguiças-de-coleira Bradypus torquatus, no sul da Bahia.<br />

CC=comprimento do corpo; CA=comprimento da cauda. .................................. 32<br />

Tabela 2. Locais de amostragem e tipos de ambiente onde os animais foram<br />

capturados.......................................................................................................... 32<br />

Tabela 3. Espécies vegetais analisadas nutricionalmente para comparação dos<br />

nutrientes por sítio da copa. Estas espécies foram ingeridas pelos indivíduos de<br />

preguiça-de-coleira em Una (Ba), durante estudos do projeto “Ecologia da<br />

Preguiça-de-coleira no Sul da Bahia”. ................................................................ 37<br />

Tabela 4. Detalhes do esforço amostral em todo estudo durante o período de 2003 a<br />

2006.................................................................................................................... 41<br />

Tabela 5. Resultados do teste de Kuskal-Wallis para verificar as variações dos<br />

aportes nutricionais entre os diferentes sítios de copa utilizados por preguiça-decoleira<br />

em Una (BA). .......................................................................................... 44<br />

Tabela 6. Análise descritiva das variáveis nutricionais de folhas consumidas por<br />

preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus), para cada sítio de copa. .................. 45<br />

Tabela 7. Índices de diversidade Shannon e de Simpson calculados com o número<br />

de árvores identificadas até gênero e espécie que foram utilizadas por cada<br />

indivíduo de preguiça-de-coleira acompanhado durante o estudo. .................... 50<br />

vii


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

<strong>USO</strong> <strong>DO</strong> <strong>HÁBITAT</strong> POR <strong>PREGUIÇA</strong>-<strong>DE</strong>-<strong>COLEIRA</strong> Bradypus torquatus Illiger 1811,<br />

NO SUL DA BAHIA, BRASIL.<br />

RESUMO<br />

Inserida no cenário de desmatamento da Mata Atlântica do sul da Bahia, está<br />

a preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus), espécie endêmica, pleiteada nas listas<br />

nacionais e internacionais de animais ameaçados de extinção. O conhecimento do<br />

uso do hábitat por herbívoros é de extrema importância na determinação das<br />

relações entre esses animais e seus recursos em micro-escala, a fim de refletir em<br />

grandes-escalas. Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo principal<br />

descrever, através da caracterização do microhábitat, os recursos florestais e<br />

nutricionais utilizados por preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus) no sul da Bahia.<br />

Esta dissertação traz informações relevantes para o planejamento de práticas de<br />

manejo para a conservação das preguiças-de-coleira (B. torquatus), no tocante ao<br />

uso dos recursos em micro-hábitat para a explanação em escala macro. Para atingir<br />

esses objetivos, a localização de indivíduos foi realizada através da metodologia de<br />

rádio telemetria, onde oito animais foram acompanhados. Sendo, três animais em<br />

Floresta em Estágio Avançado de Regeneração, três em Floresta Secundária e dois<br />

em Cabruca (plantação de cacau sombreado por árvores nativas). Nas localizações<br />

foram registradas, a posição do animal na copa (externa, média e interna) e a altura<br />

do animal na árvore. Todas as árvores, hemi-hepífitas, lianas lenhosas e palmeiras<br />

utilizadas pelos animais foram coletadas, identificadas e mensuradas (altura, DAP) e<br />

verificadas a presença de cipós e de látex. Para análises dos aspectos nutricionais<br />

por micro-hábitat, amostras das espécies vegetais que os animais se alimentaram<br />

foram coletadas em cada sítio da copa. Foi observado que os animais estavam na<br />

maioria dos casos posicionados na copa externa, sendo que juvenis se<br />

posicionaram na copa interna e em alturas menores do que os adultos. A altura das<br />

árvores e a altura dos animais diferiram entre ambientes, onde em ambientes<br />

perturbados preguiças utilizaram árvores menores e se posicionaram em alturas<br />

menores. Os dados mostraram que não existem diferenças significativas entre as<br />

1


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

médias das variáveis nutricionais por sítio da copa. Das 232 árvores analisadas 73%<br />

não apresentaram látex e 69% delas apresentaram os índices que indicam presença<br />

de cipó, sendo que na Floresta em Estágio Avançado, houve maior concentração de<br />

cipós. Foram identificados 243 espécimes botânicos, sendo 46 categorizados<br />

somente até gênero e 167 até espécie, utilizando um total de 64 espécies diferentes.<br />

As famílias mais utilizadas foram Fabaceae, Sapotaceae, Bombacaceae e<br />

Moraceae. Na amostra foram observadas como espécies mais usadas por<br />

preguiças: Eriotheca globosa (Aubl.) A.Robyns, Inga edulis Mart., Virola gardneri<br />

Warb., Tetragastris catuaba Cunha e Symphonia globulifera L. As análises<br />

mostraram que os animais estão utilizando diferentes espécies de plantas e que esta<br />

variação de espécies também ocorre entre ambientes, sendo que Florestas em<br />

Estágio Avançado de Regeneração apresentaram índices de diversidade de<br />

espécies arbóreas maiores do que as demais áreas. Contudo, esta diferença não é<br />

significativa a ponto de mostrar índices de similaridades representativos entre os<br />

ambientes. Assim, esses animais podem selecionar as árvores de uso (microhábitat)<br />

a partir do há de disponível no hábitat, mostrando ser uma espécie<br />

adaptável a perturbações antrópicas intermediárias. Apesar de se mostrar uma<br />

espécie que suporta certa modificação no hábitat, florestas em estágio avançado de<br />

regeneração mostraram ser mais propícias para conservação de preguiças, o que já<br />

era esperado considerando as demais espécies silvestres.<br />

2


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

<strong>USO</strong> <strong>DE</strong>L HABITAT POR LOS PEREZOSOS-<strong>DE</strong>-COLLAR Bradypus torquatus Illiger<br />

1811, EN SUR <strong>DE</strong> BAHIA, BRASIL.<br />

RESUMEN<br />

Los perezosos-de-collar (Bradypus torquatus), son parte importante del escenario<br />

del bosque Tropical Atlántico del sur de Bahia, y están incluidos en las listas<br />

internacionales y nacionales de animales amenazados. El conocimiento del uso de<br />

hábitat por parte de estos herbívoros es relevante para la determinación de las<br />

relaciones entre los individuos y sus recursos en una microescala de hábitat, de tal<br />

forma que puedan reflejar lo que pasa a una escala mayor. Los perezosos son<br />

mamíferos arborícolas absolutos; de esta forma, las características de la vegetación<br />

influyen directamente en las estrategias ecológicas de la especie. Ese estudio tiene<br />

cómo objetivo principal la descripción de los, a través de la caracterización del micro<br />

hábitat, los recursos forestales e nutricionales utilizados por los perezosos-de-collar<br />

(Bradypus torquatus) en sur de Bahia. La presente tesina compila informaciones<br />

significativas para la planificación y conservación de los perezosos-de-collar (B.<br />

torquatus), utilizando los recursos en una microescala, con la finalidad de extrapolar<br />

os resultados a una escala macro. El estudio fue realizado por medio de<br />

localizaciones por radio telemetría de ocho individuos. Fueron acompañados tres<br />

animales en bosques primarios, tres en bosques secundarios y dos en plantaciones<br />

de cacao “cabruca”. Al localizar al animal fueron registradas su posición en la copa<br />

del árbol (externa, media e interna) y la altura a la cual se encontraba. Todos los<br />

árboles, lianas y palmeras usados por los animales fueron inspeccionados,<br />

identificados y medidos (altura, DAP, presencia de lianas y de látex.). Para los<br />

análisis de los aportes nutricionales en el microhábitat, muestras de las especies<br />

vegetales que los animales comieron fueron colectadas en cada uno de los sitios de<br />

la copa de cada árbol. Fue observado que los animales estaban la mayoría de las<br />

veces posicionados en la copa externa, pero los juveniles se mantuvieron en la copa<br />

interna y a alturas menores que los adultos. La altura de los árboles y la altura de<br />

3


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

localización de los animales fueron diferentes entre los ambientes, siendo que en<br />

ambientes perturbados los perezosos utilizaron árboles menores y permanecieron en<br />

alturas menores. Los datos muestran que no hay diferencias significativas entre las<br />

medias de las variables nutricionales de acuerdo con los lugares de la copa<br />

muestreados. De los 232 árboles analizados 73% no presentaron látex y 69%<br />

presentaron índices que indican presencia de lianas, con una mayor concentración<br />

en los bosques primarios. Fueron identificados 243 especimenes botánicos, con 46<br />

muestras identificadas hasta género y 167 hasta especie, haciendo un total de 64<br />

espécies diferentes. Las familias más utilizadas fueron: Fabaceae, Sapotaceae,<br />

Bombacaceae y Moraceae. En la muestra fueron observadas como espécies más<br />

visitadas por perezosos: Eriotheca globosa (Aubl.) A.Robyns, Inga edulis Mart.,<br />

Virola gardneri Warb., Tetragastris catuaba Cunha e Symphonia globulifera L. Los<br />

análisis muestran que los animales están utilizando diferentes especies de plantas y<br />

que la variación de especies también ocurre entre los ambientes, donde individuos<br />

que viven en bosques primarios presentan índices de diversidad mayores que los<br />

restantes. Sin embargo, esta diferencia no es significativa a punto de mostrar índices<br />

de semejanza representativos entre los ambientes. En este estudio observase que<br />

perezosos-de-collar en el Ecoparque de Una (ambiente primario) están utilizando y<br />

aprovechando los recursos alimentares disponibles en su hábitat. Así, es importante<br />

concluir que los animales están seleccionando los árboles de uso (microhábitat) por<br />

lo que hay disponible en el hábitat mostrando ser una especie adaptable a las<br />

perturbaciones antrópicas intermediarias. Aunque posee características de una<br />

especie que soporta cierta modificación en su hábitat, los bosques primarios<br />

aparecen como los más propicios para la conservación de los perezosos, lo que ya<br />

era esperado considerando lo conocido para otras especies silvestres.<br />

4


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

HABITAT USE TO MANED SLOTHS Bradypus torquatus Illiger 1811, IN<br />

SOUTHERN BAHIA, BRAZIL.<br />

ABSTRACT<br />

Bradypus torquatus (maned sloth) is an important part of the Atlantic Forest<br />

deforestation scenario. This endemic species is included in international and national<br />

lists of animals threatened by extinction. Vegetation characteristics directly influence<br />

the ecological strategies of sloths, which are strictly tree residing mammals.<br />

Information about herbivore habitat use is extremely important to determine smallscale<br />

relationships with vegetative resources. These relationships can then be<br />

considered on larger scales. This study contains information about micro-habitat<br />

resource use for application on a macro scale, which is important for planning maned<br />

sloth (B. torquatus) conservation management practices. Eight individuals were<br />

located using radio telemetry and accompanied. Three of these animals were located<br />

in Primary Forest, three were in secondary forest and two were in Cabruca (cocoa<br />

plantation in initial secondary forest). The position of the animal in the tree top<br />

(external, middle and internal) and the height of the animal in the tree were<br />

registered. All of the trees, hemi-epiphytes, vines and palms used by the animals<br />

were collected, identified and measured (height, DAP and liana and latex presence).<br />

Samples of the vegetative species eaten by the animals were collected from each<br />

site to analyze the microhabitat nutritional aspects. Adult animals were encountered<br />

in the external part of the tree in the majority of cases. Juveniles positioned<br />

themselves in the internal part of the tree and at lower heights than the adults. The<br />

tree and animal height differed in the environments. Sloths in disturbed areas used<br />

smaller trees and were found at reduced heights. The data showed that there were<br />

not significant differences between the nutritional variables in the canopy sites. 73%<br />

of the 232 analyzed trees did not have latex and 69% contained lianas. There was a<br />

greater concentration of lianas in the Primary Forest. 243 botanical specimens were<br />

identified. 46 of theses were identified to the genus and 167 to the species level. 64<br />

different species were identified. The most used families were Fabaceae,<br />

5


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

Sapotaceae, Bombacaceae and Moraceae. Eriotheca globosa (Aubl.) A. Robyns,<br />

Inga edulis Mart., Virola gardneri Warb., Tetragastris catuaba Cunha and Symphonia<br />

globulifera L received the most visits. The animals use different plant species and this<br />

variation also occurs between environments. Individuals that reside in primary forest<br />

have the greatest diversity indexes. However, this difference is not significant enough<br />

to show representative similarity indexes between the environments. This study<br />

showed that Maned sloths in Una use the aliment resources available in their habitat.<br />

In conclusion, the animals are selecting trees for (microhabitat) use independent of<br />

the habitat. Therefore, this species can support a certain habitat modification and<br />

adapt to intermediate anthropic disturbances. However, primary forests were shown<br />

as more propitious for sloth conservation, which is to be expected considering the<br />

tendencies of other forest species.<br />

6


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

INTRODUÇÃO<br />

Como todo cenário da Mata Atlântica brasileira, o sul da Bahia vem sofrendo<br />

fortes pressões devido aos contínuos processos de fragmentação, o que pode ser<br />

verificado pelo histórico de desmatamentos locais. Em 1945 a cobertura vegetal da<br />

região estava em 85,36%, quando em 1990 a cobertura vegetal estava em apenas<br />

6,04%, (MEN<strong>DO</strong>NÇA et al., 1990). Entretanto, a região apresenta características<br />

econômicas e culturais que tornam os processos de destruição bastante peculiares<br />

(<strong>DE</strong>AN, 1995; MAY; ROCHA, 1996).<br />

Uma dessas características são as plantações de cacau (Theobroma cacao<br />

Linnaeus), designadas localmente de “cabrucas”. Estas plantações são<br />

consideradas Sistemas Agroflorestais, pois o sub-bosque é retirado e 10% das<br />

árvores de dossel são mantidas para o sombreamento do cacau (HUMMEL, 1995). A<br />

área total ocupada com o cultivo de cacau na região sul da Bahia abrange cerca de<br />

650.000 hectares, sendo 70% sob o sistema de cabruca (FONSECA et al., 2003).<br />

Os benefícios que as plantações de cacau podem produzir para a<br />

biodiversidade dependem da forma como essas áreas são manejadas (RICE;<br />

GREENBERG, 2000) e da conectividade das cabrucas com fragmentos de floresta<br />

nativa (FARIA et al., 2006; PARDINI, 2004). Nas plantações de cacau a mudança no<br />

subosque é evidente e o dossel é extremamente alterado (RICE; GREENBERG,<br />

2000), onde a diversidade de plantas é reduzida substancialmente, pois a<br />

abundância original de árvores e arbustos é reduzida a cerca de 90% e muitas lianas<br />

são removidas (ALVES, M. 1990). Por isso, quando comparadas com áreas de<br />

florestas, as cabrucas apresentam baixa densidade de indivíduos arbóreos<br />

(SAMBUICHI, 2001). Por preservar algumas espécies da flora original e manter o<br />

sombreamento, este sistema pode promover um corredor que possibilite o trânsito<br />

da fauna entre os remanescentes de florestais conectados às cabrucas (ALVES, M.<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

1990; <strong>DE</strong>AN, 1995; PARDINI, 2004). Dessa forma, mesmo com as alterações do<br />

hábitat natural, as cabrucas podem ser ambientes propícios para a sobrevivência de<br />

algumas espécies como, por exemplo, a preguiça-de-coleira, Bradypus torquatus<br />

Illiger 1811 (CASSANO, 2006; OLIVER; SANTOS, 1991; WETZEL; ÁVILA-PIRES,<br />

1980).<br />

A preguiça-de-coleira (B. torquatus), espécie endêmica da Mata Atlântica,<br />

encontra-se distribuída em fragmentos isolados devido ao crescente processo de<br />

degradação do seu hábitat (WETZEL, 1985). Como conseqüência da redução de<br />

hábitat e exploração da espécie através da caça, suas populações encontram-se<br />

bastante reduzidas (CHIARELLO et al., 2006). Dessa forma, a espécie está<br />

categorizada como "vulnerável de extinção" na lista oficial de animais ameaçados do<br />

IBAMA (2003), e “em perigo de extinção” na lista internacional de animais<br />

ameaçados da IUCN (2006).<br />

Por serem mamíferos arborícolas estritos, as preguiças dependem do estrato<br />

superior da floresta para executar suas atividades necessárias para sobrevivência e<br />

reprodução, como forrageamento, locomoção e regulação da temperatura. Assim, é<br />

aceito que as características da vegetação influenciem diretamente nas estratégias<br />

ecológicas da espécie (MONTGOMERY, 1978). Dependendo do local da copa a ser<br />

ocupado, copa interna, mediana ou externa (JOHANSSON, 1974), é possível que<br />

estes animais possam suportar modificações, em escala de microhabitat, de<br />

diversas variáveis ambientais, como radiação solar, temperatura e grau de umidade,<br />

entre outras (EMMONS, 1995). As variações desses fatores nas copas das árvores<br />

são responsáveis pela modificação na comunidade de vários organismos, como<br />

epífitas (ALVES, T. 1997) e répteis (RAND, 1978). Dependendo ainda das<br />

adaptações para a vida arborícola, esses mamíferos podem utilizar, nos diferentes<br />

extratos florestais, diversos tipos de estrutura, como lianas, folhas de árvores, galhos<br />

e conexão entre estratos florestais (EMMONS, 1995).<br />

Através do consumo de folhas em sua dieta, os mamíferos folívoros<br />

freqüentemente ingerem compostos tóxicos, como fenóis (JANZEN, 1978) e<br />

compostos de difícil digestão, como lignina (CORK; FOLEY, 1991). Geralmente,<br />

toxinas são evitadas pelos herbívoros, os quais selecionam espécies e partes de<br />

plantas ricas em nutrientes, sais minerais e proteínas (BELOVSKY; SCHMITZ,<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

1994), como frutos, sementes, flores, folhas jovens e brotos (CORK; FOLEY, 1991).<br />

Pesquisas mostram que frutos, flores e sementes, apresentam uma menor<br />

proporção de compostos fenólicos quando comparados com folhas (HLADIK, 1978).<br />

Dessa forma, por serem mamíferos folívoros arborícolas, as preguiças-de-coleira<br />

encontram lignina, taninos e outros compostos fenólicos com maior regularidade do<br />

que espécies herbívoras que não se alimentam de folhas (CORK; FOLEY, 1991).<br />

Apesar de estudos recentes sobre a ecologia de B. torquatus (e.g. PIN<strong>DE</strong>R,<br />

1993; 1997; CHIARELLO, 1998a, b; 2003; CHIARELLO et al., 2004; CASSANO,<br />

2006), o conhecimento sobre a descrição do local que a espécie utiliza para viver<br />

ainda é escasso (MEIRA, 2003). Dessa forma a investigação dos recursos vegetais<br />

utilizados, estudos sobre o arranjo vertical (estratificação) do hábitat e informações<br />

sobre as características nutricionais dos alimentos, podem esclarecer dúvidas sobre<br />

as relações entre a preguiça-de-coleira e o meio (CASSANO, 2006). Assim,<br />

pesquisas relacionadas à caracterização do hábitat mostram-se indispensáveis, pois<br />

somente dessa forma poderão ser elaboradas estratégias eficazes para a<br />

conservação da espécie.<br />

O presente estudo é parte de um projeto maior intitulado “Ecologia da<br />

preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus) no sul da Bahia, Brasil”, o qual vem sendo<br />

desenvolvido na região de entorno da Reserva Biológica de Una desde janeiro de<br />

2003, através do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais do sul da Bahia – IESB,<br />

Núcleo de Biodiversidade. Assim, com a finalidade de caracterizar alguns dos<br />

recursos considerados fundamentais para a sobrevivência de B. torquatus, o<br />

presente estudo caracterizará a vegetação utilizada pelos animais e analisará os<br />

parâmetros nutricionais das espécies vegetais que fazem parte da dieta dos animais<br />

acompanhados.<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />

Taxonomia, Sistemática e Filogenia<br />

Preguiças fazem parte da Ordem Xenarthra, a qual é formada por quatro<br />

famílias, 13 gêneros e 29 espécies (WETZEL, 1985). Está subdividida em duas<br />

Ordens: i) Pilosa, sendo representada pelas preguiças (Megalonychidae e<br />

Bradypodidae) e tamanduás (Mymercophagidae); e ii) Cingulata, que inclui os tatus<br />

(Dasypodidae) (ENGELMANN, 1985; WETZEL, 1985).<br />

Os Xenarthra surgiram no Terciário há aproximadamente 60 milhões de anos<br />

quando a América do Sul estava isolada de outros continentes (VAUGHAN et al.,<br />

2000; <strong>DE</strong>LSUC et al., 2002). Esse grupo apresenta as mais variadas formas<br />

taxonômicas (GAUDIN, 1999) e uma distribuição restrita ao neotrópico<br />

(MONTGOMERY, 1985), o que pode explicar as características esqueléticas únicas<br />

da Ordem (GLASS, 1985).<br />

A maioria dos representantes da Ordem Xenarthra apresenta um ou mais<br />

pares de articulações intervertebrais suplementares, as zigapófises duplas<br />

(HIL<strong>DE</strong>BRAND; GOSLOW, 2006), as quais são denominadas de xenarthrales (do<br />

latim “articulações estranhas”), estando presentes entre todas as vértebras lombares<br />

e em um número variável de vértebras torácicas posteriores (CARTELLE, 1994;<br />

GAUDIN, 1999). No entanto, em representantes da família Bradypodidae, essas<br />

vértebras duplas estão ausentes e as zigapófises apresentam-se bastantes<br />

reduzidas (GAUDIN, 1999).<br />

Além das suplementações intervertebrais, os Xenarthra apresentam também<br />

como características da ordem: ossos longos compactos e sem canal medular<br />

(CARTELE, 1994), uma junção dos ossos pélvicos com as vértebras sacrais<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

(GAUDIN, 1999), dentes rudimentares e homogêneos (homodontia) sem a presença<br />

de esmalte (GLASS, 1985; CARTELE, 1994; VAUGHAN et al., 2000). Este último<br />

caractere faz com que alguns taxonomistas aceitem que a designação Xenarthra<br />

seja sinônima de Edentata, a qual é uma Ordem próxima filogeneticamente, porém<br />

distinta (CARTELE, 1994). Ainda para a família Bradypodidae, há a presença das<br />

sinapófises craniodentais que coincidem com dos Edentatas (GAUDIN, 2004).<br />

As preguiças extintas à cerca de 10.000 anos possuíam hábito terrícola ou<br />

semi-arborícola, estando classificadas nas famílias Mylodontidae, Megatheriidae,<br />

Nothrotheridae e Megalonychidae. Todas as preguiças atuais possuem hábito<br />

arborícola e estão distribuídas em duas famílias: Megalonychidae, com seis gêneros<br />

extintos e o gênero atual Choloepus com duas espécies e Bradypodidae, com um<br />

gênero (Bradypus) e quatro espécies atuais (ENGELMANN, 1985).<br />

Com relação às relações filogenéticas entre preguiças, existem duas visões<br />

divergentes. De acordo com estudo de filogenia molecular (<strong>DE</strong>LSUC et al., 2004),<br />

todas as preguiças atuais pertencem a um grupo monofilético, apresentando ainda<br />

relações substanciais com tamanduás e relações distantes com as preguiças<br />

extintas. No entanto, em uma revisão sistemática utilizando evidências<br />

craniodentais, Gaudin (2004) afirma que as preguiças arborícolas são bifiléticas,<br />

estando Bradypus posicionado como um taxa-irmão de todas as outras preguiças<br />

viventes do gênero Choloepus e este por sua vez aliado a membros extintos da<br />

família Megalonychidae. Indicando assim que, frente às características comuns aos<br />

dois taxa, o grupo das preguiças (Megalonychidae e Bradypodidae) apresenta um<br />

dos casos mais intrigantes de convergência evolutiva conhecido entre mamíferos<br />

(GAUDIN, 2004).<br />

Preguiças que apresentam dois dedos nos membros anteriores são<br />

classificadas no gênero Choloepus (Megalonychidae) (IZOR, 1985). As que<br />

possuem três dedos em ambos os membros são enquadradas no gênero Bradypus<br />

(Bradypodidae), que inclui as espécies, B. variegatus “preguiça-comum”, B.<br />

tridactilus “preguiça-de-três-dedos”, B. pigmaeus “preguiça-anã” e B. torquatus<br />

“preguiça-de-coleira” (AN<strong>DE</strong>RSON; HANDLEY-JÚNIOR, 2001), as quais além das<br />

três garras apresentam membros anteriores maiores que os posteriores, oito a nove<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

vértebras cervicais que possibilitam uma boa mobilidade do pescoço e homodontia<br />

(WETZEL, 1985).<br />

Distribuição geográfica das preguiças do gênero Bradypus<br />

Todas as preguiças do gênero Bradypus possuem distribuição Neotropical e<br />

estão presentes nas florestas que se estendem desde o sul da América Central ao<br />

norte da Argentina (EMMONS; FEER, 1997, Figura 1).<br />

A espécie que apresenta o menor limite de distribuição geográfica registrado<br />

é a B. pygmaeus, a qual é endêmica ao Panamá, restrita à Ilha Escudo de Veraguas<br />

e encontrada exclusivamente em mangues (AN<strong>DE</strong>RSON; HANDLEY-JÚNIOR,<br />

2001). Por sua vez, a espécie B. tridactylus, possui distribuição original na região<br />

Leste da Floresta Amazônica (WETZEL, 1985). A espécie que apresenta a maior<br />

distribuição é B. variegatus, a qual ocorre nas florestas tropicais de Honduras até<br />

Floresta Amazônica, voltando a ocorrer na Mata Atlântica brasileira até a Argentina<br />

em simpatria com B. torquatus (EMMONS; FEER, 1997, Figura 1).<br />

B. torquatus é uma espécie endêmica à região costeira da Mata Atlântica<br />

brasileira, com populações vivendo em florestas secundárias e primárias entre os<br />

paralelos 22°50` S e 12°27`S; 38°17`W e 43°20`W (PIN<strong>DE</strong>R, 1986). Segundo<br />

Wetzel e Ávila-Pires (1980) a espécie está presente nos remanescentes florestais<br />

dos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia. Contudo, um trabalho mais<br />

recente realizado por Oliver e Santos (1991), amplia a área de distribuição da<br />

espécie até o Estado de Sergipe. À despeito destas divergências, as populações de<br />

B. torquatus, encontram-se bastante isoladas devido aos contínuos processos de<br />

fragmentação da Mata Atlântica (OLIVER; SANTOS, 1991; PIN<strong>DE</strong>R, 1997), havendo<br />

em toda a distribuição da espécie áreas sem registro de ocorrência (CHIARELLO;<br />

LARA-RUIZ, 2004; CASSANO, 2006). Existem hoje registros de três populações<br />

isoladas de B. torquatus nos Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia<br />

(LARA-RUIZ, 2004). Com esse isolamento, as diferenças genéticas entre as<br />

populações são bastante evidentes e a diversidade genética dentro de cada<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

população tornou-se muito pequena devido aos efeitos de endocruzamento<br />

(MORAES et al., 2002; CHIARELLO; LARA-RUIZ, 2004; LARA-RUIZ, 2004).<br />

De acordo com alguns autores, B. variegatus e B. torquatus são espécies<br />

simpátricas, porém podendo apresentar sintopia em algumas ocasiões (WETZEL;<br />

AVILA-PIRES, 1980; OLIVER; SANTOS, 1991; MEIRA, 2003). Oliver e Santos<br />

(1991) apresentam um único registro de entrevista onde afirmam sobre a presença<br />

das duas espécies em um único fragmento na Reserva Biológica de Una (Bahia).<br />

Entretanto, por serem baseados em observações indiretas esses dados podem ser<br />

revistos através de observações diretas (CULLEN JR.; VALLADARES-PÁDUA,<br />

1997). Segundo Pinder (1986), as características ecológicas de B. variegatus e B.<br />

torquatus, como o uso de árvores para alimentação e locomoção, sugerem que há<br />

competição entre as espécies, sendo que em áreas onde ocorre sintopia uma<br />

espécie tende a ser mais predominante que a outra (OLIVER; SANTOS, 1991;<br />

MEIRA, 2003), entretanto, estudos que investiguem as interações entre as duas<br />

espécies devem ser elaborados para suportar essas afirmações.<br />

Dentro dos limites do sul da Bahia, a distribuição geográfica de B. torquatus<br />

termina quando ocorre à substituição das florestas ombrófila densa, pela floresta<br />

estacional decídua (CASSANO, 2006). Segundo Chiarello e Lara-Ruiz (2004) a<br />

espécie parece ser abundante no sul da Bahia, entretanto, Cassano (2006) relata<br />

uma baixa taxa de encontro de B. torquatus com registros de nove encontros em 734<br />

km percorridos em floresta densa no Município de Una. É possível que a baixa<br />

densidade se deva à dificuldade de visualização causada pela grande altura das<br />

árvores da floresta ombrófila densa do sul da Bahia (CASSANO, 2006).<br />

A espécie ainda pode ser vista em áreas de plantio cacau no sul da Bahia<br />

(WETZEL; ÁVILA-PIRES, 1980), que é utilizada como área de vida para reprodução<br />

e para alimentação (CASSANO, 2006).<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

Figura 1. Distribuição das preguiças do gênero Bradypus. Ponto preto: localização<br />

de B. pygmaeus; em cinza: B. variegatus; pontilhados brancos: B. tridactilus; linhas<br />

inclinadas: sobreposição de B. torquatus e B. variegatus; e preto: sobreposição de B.<br />

torquatus e B. tridactilus. Modificado de Emmons e Feer (1997).<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

Anatomia Externa<br />

As preguiças do gênero Bradypus apresentam diferenças sutis entre si, sendo<br />

a B. torquatus a espécie mais distinta das quatro. Apresenta coloração geral marrom<br />

e, na região dorsal do pescoço, uma coleira de pêlos negros e compridos que vão<br />

até a parte mediana das costas, pelo qual é conhecida popularmente como<br />

preguiça-de-coleira (WETZEL, 1985). Filhotes não apresentam a coleira<br />

característica da espécie, que começa a surgir no sub-adulto estando bem definida<br />

somente no adulto. Ao nascer os filhotes da espécie pesam aproximadamente 400 g<br />

e apresentam cerca de 250 mm de comprimento. Ao atingir a idade adulta, podem<br />

pesar mais de 6,0 kg e medir entre 60 e 75 cm, sendo a maior espécie do gênero<br />

Bradypus (PIN<strong>DE</strong>R, 1993; LARA-RUIZ; CHIARELLO, 2005). Como conseqüência<br />

das adaptações a condições distintas de altitude, Lara-Ruiz e Chiarello (2005),<br />

apontam que os animais dessa espécie apresentam tamanho corpóreo menor<br />

quando presentes em regiões de baixa altitude em comparação com os indivíduos<br />

que habitam as serras.<br />

Segundo alguns autores, B. torquatus não apresenta dimorfismo sexual,<br />

sendo a identificação sexual possível através de sexagem com estudos moleculares<br />

(CHIARELLO, 1999b; PIN<strong>DE</strong>R, 1993). No entanto, pode-se distinguir machos e<br />

fêmeas através de alguns aspectos morfológicos somente visualizados em adultos<br />

(LARA-RUIZ; CHIARELLO, 2005). Geralmente as fêmeas são maiores que os<br />

machos e estes por sua vez apresentam uma juba maior em comprimento e em<br />

volume que as fêmeas. Características da genitália também são indicativos de<br />

diferenciação sexual, onde a abertura urogenital da fêmea em período reprodutivo é<br />

aumentada (LARA-RUIZ; CHIARELLO, 2005).<br />

Dieta<br />

As preguiças estão entre as poucas espécies de mamíferos arborícolas com<br />

hábito alimentar estritamente folívoro (CORK; FOLEY, 1991). No entanto, ao longo<br />

do processo evolutivo as plantas desenvolveram defesas químicas contra<br />

hervíboros, as quais envolvem compostos secundários que geram folhas tóxicas,<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

não palatáveis e nutricionalmente pobres (OPLER, 1978). Assim, esses animais são<br />

mais susceptíveis a encontrar compostos tóxicos do que espécies que se alimentam<br />

de frutos, sementes e/ou flores (CORK; FOLEY, 1991).<br />

Folhas jovens e brotos possuem maior valor nutricional e menor toxidade do<br />

que folhas maduras (HLADIK, 1978). Plantas sempre verdes apresentam mais<br />

defesas químicas contra herbívoros do que plantas decíduas (OPLER, 1978).<br />

Folívoros tendem a consumir folhas jovens de plantas sempre verdes por serem<br />

itens com baixa toxidade e abundantes durante todo ano (OPLER, 1978). Desse<br />

modo, as preguiças tendem a se alimentar de itens abundantes (QUEIROZ, 1995), o<br />

que possibilita a utilização de florestas semidecíduas (PIN<strong>DE</strong>R, 1997).<br />

Diversos estudos apontam que Bradypus são animais generalistas, mas que<br />

apresentam seletividade alimentar individual, já que ocorre certa variação da<br />

quantidade de árvores e espécies utilizadas por cada indivíduo (MONTGOMERY;<br />

SUNQUIST, 1978; QUEIROZ, 1995; CHIARELLO, 1998b; CASSANO, 2006). As<br />

preguiças tendem a ser generalistas quanto as espécies consumidas, mas tendem a<br />

ser especialistas na escolha dos tipos de itens alimentares, como folhas jovens e<br />

brotos (OPLER, 1978).<br />

Através de revisão de literatura e compilação de dados, Meira (2003) verificou<br />

os registros de 17 famílias, 23 gêneros e 35 espécies que B. torquatus se alimenta<br />

em florestas em estágio avançado de regeneração e secundárias na Mata Atlântica.<br />

Dentro dos quais as famílias Cecropiaceae, Moraceae, Sterculiaceae, Mimosaceae,<br />

Bombacaceae, Nyctaginaceae e Lauraceae foram as mais registradas, sendo Ficus<br />

e Cecropia os gêneros mais freqüentes nos estudos levantados (MEIRA, 2003). Em<br />

estudos com animais translocados para áreas de Floresta em Estágio Avançado no<br />

Espírito Santo, Chiarello et al. (2004) descrevem principalmente o uso das famílias<br />

Apocynaceae e Sapotaceae. Em trabalho mais recente, acompanhando animais em<br />

florestas em estágio avançado de regeneração, secundárias e cabrucas, Cassano<br />

(2006) registra as famílias Moraceae e Fabaceae como as mais utilizadas pelos<br />

animais no sul da Bahia.<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

Adaptações à folivoria<br />

As adaptações físicas e fisiológicas associadas com as estratégias digestivas<br />

são questões chave que devem ser levadas em consideração nas interações entre<br />

mamíferos folívoros arborícolas e as defesas químicas das plantas (MACNAB, 1978;<br />

BELOVSKY; SCHMITZ, 1994). Para compensar a dieta fibrosa pobre em proteínas,<br />

as preguiças desenvolveram características fisiológicas, morfológicas e<br />

comportamentais que regulam a manutenção de seu metabolismo, crescimento e<br />

reprodução (FOLEY et al., 1995). Essas características contribuem para o baixo<br />

requerimento de energia por Bradypus (NAGY; MONTYGOMERY, 1980), o que por<br />

sua vez apresenta forte influência nas estratégias ecológicas da espécie (MACNAB,<br />

1985; QUEIROZ 1995, CHIARELLO, 1998b; CLAUSS, 2004).<br />

As adaptações para a dieta folívora arborícola de preguiças são evidentes<br />

logo na mastigação do alimento. Devido às especializações para triturar alimentos<br />

ricos em fibras, as preguiças possuem músculos faciais reduzidos em número e<br />

complexidade em comparação com os músculos de carnívoros. Isso se reflete na<br />

relativa imobilidade da área facial, sendo os músculos peculiarmente diferenciados e<br />

especializados para permitir o controle sobre a mastigação (NAPLES, 1985). As<br />

glândulas salivares desses animais são muito desenvolvidas, o que acarreta na alta<br />

tolerância aos taninos. Os dentes molares de preguiças Bradypus são<br />

especializados na trituração, efetivando a maceração das fibras logo no aparelho<br />

bucal (CORK; FOLEY, 1991).<br />

Para aproveitar as fibras como fonte de energia é necessário reter o alimento<br />

no aparelho digestivo por longos períodos (CORK; FOLEY, 1991; CLAUSS, 2004).<br />

Assim, para maximizar a digestão e otimizar a obtenção de nutrientes, preguiças<br />

Bradypus possuem aparelho digestivo extremamente complexo com sistemas de<br />

alargamento das câmaras digestivas e presença de microbiota simbionte<br />

(BAUCHOP, 1978; CLAUSS, 2004). O estômago desses animais é<br />

compartimentado, possuindo um sítio de fermentação pré-gástrica, o que se<br />

assemelha superficialmente ao trato digestivo dos ruminantes (BAUCHOP, 1978;<br />

FOLEY et al., 1995). Esse estômago consiste de duas bolsas, a “bolsa central” e a<br />

“bolsa conectante”, que juntas fazem 60% do volume do estômago, e um “fundus<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

anterior” ou pré-estômago, o que sugere uma rota dos solutos digestos após o préestômago<br />

(CORK; FOLEY, 1991). De acordo com Clauss (2004) preguiças Bradypus<br />

apresentam no “fundus anterior”, um gradiente de densidade funcional, onde<br />

partículas ingeridas (com mais ou menos fibras) tendem a ser separadas de acordo<br />

com a densidade por meio da gravidade, assim partículas mais densas (mais<br />

fibrosas) passariam um maior tempo no compartimento gastrintestinal do que<br />

partículas menos densas (menos fibrosas). Assim, a interação da anatomia do préestômago<br />

com o gradiente de densidade nos conteúdos estomacais, habilita esses<br />

animais a conseguir (com um pré-estômago), uma estratégia digestiva que outros<br />

folívoros arborícolas conseguiram somente com uma câmara de fermentação pósgástrica:<br />

a passagem seletiva de partículas pequenas (CLAUSS, 2004). Além disso,<br />

a estratégia de fermentação pré-gástrica em preguiças é evidenciada pela presença<br />

de um intestino grosso curto e pela ausência do ceco (FOLEY et al., 1995).<br />

Todas essas características digestórias acarretam na retenção de material<br />

metabolicamente inativo, pois cerca de 30% da massa das preguiças são urina e<br />

alimento acumulados (GOFFART, 1971 citado por NAGY; MONTYGOMERY 1980).<br />

Assim, devido a essas adaptações, as preguiças Bradypus são as únicas exceções<br />

possíveis de folívoros estritos que possuem fermentação pré-gástrica (CORK;<br />

FOLEY, 1991).<br />

Preguiças são notórias por apresentar baixas taxas metabólicas, de<br />

aproximadamente 147kJ(kg dia) -1 e temperatura corpórea excepcionalmente baixa<br />

(menos de 35°C) (MACNAB, 1975; NAGY; MONTGOMERY, 1980). Essas<br />

características acarretam no longo processo de digestão (CORK; FOLEY 1978),<br />

elevada condutibilidade termal, e no lento funcionamento das fibras musculares e<br />

nervosas (MONTGOMERY; SUNQUIST, 1975; NAGY; MONTGOMERY, 1980;<br />

MCNAB, 1985). Nagy e Montgomery (1980), encontraram que a taxa metabólica de<br />

campo (taxa metabólica em vida livre) de preguiças é cerca de 74% da taxa<br />

metabólica basal que se espera encontrar em um mamífero placentário de peso<br />

semelhante (MACNAB, 1985). Assim esses animais necessitam de uma constante<br />

regulação da temperatura corpórea frente às modificações ambientais<br />

(MONTGOMERY; SUNQUIST, 1975), apresentando por conta disso comportamento<br />

termorregulatório (NAGY; MONTYGOMERY, 1980). Logo esses animais tendem a<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

escolher extratos na copa das árvores dependendo do controle sua temperatura<br />

corpórea (MONTGOMERY; SUNQUIST, 1978; QUEIROZ, 1995).<br />

De acordo com Nagy e Montygomery (1980), o baixo fluxo de água (38 ml<br />

H2O/ kg / dia) e a produção metabólica de água a partir do alimento indicam que as<br />

preguiças não bebem água, o que também acarreta na escolha de alimento pela<br />

espécie, fazendo com que esta priorize uma dieta que contenha maior quantidade<br />

de água, como folhas jovens (CORK; FOLEY 1978). Entretanto, as espécies<br />

Bradypus torquatus e B. variegatus foram observadas em cativeiro consumindo água<br />

ao lamber folhas molhadas (CAR<strong>DO</strong>SO et al., 2005).<br />

Ecologia e comportamento<br />

Preguiças Bradypus são considerados animais diurnos, no entanto em<br />

diversos estudos tem-se observado que cada população apresenta padrões de<br />

atividades próprios (SUNQUIST; MONTGOMERY, 1973; QUEIROZ, 1995;<br />

CHIARELLO, 1998a; CASSANO, 2006). O que pode ser explicado pela ligação entre<br />

padrões de atividades e características do ambiente (QUEIROZ, 1995; SOARES;<br />

CARNEIRO, 2002).<br />

Segundo Sunquist e Montgomery (1973) em um trabalho com B variegatus,<br />

os indivíduos da população residente nas florestas do Panamá apresentam atividade<br />

tanto durante o dia quanto à noite, com concentração no alvorecer. Também<br />

afirmam que a espécie não apresenta períodos cíclicos de atividade e não há<br />

sincronia de atividades entre indivíduos (SUNQUIST; MONTGOMERY; 1973).<br />

Queiroz (1995), em um trabalho com a mesma espécie na Floresta Amazônica<br />

brasileira, aponta o mesmo padrão relatado para o Panamá, sendo que a espécie<br />

dedica 85% de seu tempo em repouso.<br />

B. torquatus também pode ser observada a maior parte do dia (período de<br />

24h) descansando ou dormindo (CHIARELO, 1998a; CASSANO, 2006), e o tempo<br />

restante é distribuído em atividades de locomoção e alimentação, com uma redução<br />

expressiva das movimentações em torno do período de 10:00h às 11:00h da manhã<br />

(SOARES; CARNEIRO, 2002; CHIARELLO, 1998a). Aparentemente existe uma<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

diferença entre as atividades de adultos e filhotes, sendo que as atividades dos<br />

filhotes se concentram de dia (SOARES; CARNEIRO, 2002). Entretanto, em trabalho<br />

realizado no sul da Bahia, Brasil, os resultados encontrados por Cassano (2006),<br />

mostram que nesta região a espécie apresenta atividade tanto diurna quanto<br />

noturna, sendo que as atividades diurnas se concentram no crepúsculo. Ainda de<br />

acordo com Chiarello (1998a), durante a estação de chuva a espécie reduz o<br />

período de descanso e utiliza uma parte do tempo para alimentação. Todas essas<br />

características de correlação entre os padrões de atividades e as condições do<br />

ambiente reforçam que os padrões de atividade seriam diretamente influenciados<br />

pela temperatura do ambiente (MONTGOMERY; SUNQUIST, 1978; SOARES;<br />

CARNEIRO, 2002; CHIARELLO, 1998a).<br />

O comportamento de repouso e o habitat tropical úmido possibilitam a<br />

proliferação de algas e fungos nos pelos das preguiças. Aiello (1985) sugere uma<br />

relação simbiótica entre algas e preguiças. Essa relação traria benefício para as<br />

preguiças por manter a temperatura corpórea das mesmas estável durante a<br />

estação úmida já que as algas atribuem uma coloração verde aos pêlos aumentando<br />

a absorção de água e a camuflagem. No entanto, estudos adicionais são<br />

necessários para testar esta teoria.<br />

Todas as preguiças do gênero Bradypus são animais solitários, havendo<br />

registros de interação entre indivíduos somente em duas situações: no período<br />

reprodutivo e entre mães e a prole (CARVALHO, 1960; MONTGOMERY;<br />

SUNQUIST, 1974; SOARES; CARNEIRO, 2002).<br />

B. torquatus possui um período de gestação de cerca de seis a sete meses,<br />

onde nasce apenas um filhote (AMORIN, et al. 2003; TAUBE et al, 2001), havendo a<br />

ocorrência de estro pós-parto com intervalos entre nascimentos de 10 até 12 meses<br />

(TAUBE et al, 2001). B. torquatus não apresenta comportamento reprodutivo restrito<br />

a uma estação particular, podendo ocorrer durante todo ano (PIN<strong>DE</strong>R, 1993). O<br />

cuidado parental é realizado pela fêmea, num período de aproximadamente nove<br />

meses para B. torquatus (PIN<strong>DE</strong>R, 1993; LARA-RUIZ; CHIARELLO, 2005) e de<br />

aproximadamente seis meses para B. variegatus (MONTGOMERY; SUNQUIST,<br />

1974; TAUBE et al., 2001). A ingestão de folhas começa ainda no período de<br />

amamentação quando o filhote atinge cerca de duas semanas de idade<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

(MONTGOMERY; SUNQUIST, 1974). Durante este período a fêmea auxilia o filhote<br />

na escolha das árvores para alimentação e para locomoção (SOARES; CARNEIRO,<br />

2002). O aprendizado e o desenvolvimento físico-motor dependem, portanto, da<br />

transferência de comportamentos da mãe para o filhote. Dessa forma, animais<br />

órfãos são mais susceptíveis a óbito quando são translocados ou reintroduzidos de<br />

seu habitat natural, já que possuem uma maior possibilidade de comer plantas<br />

tóxicas e cair dos galhos (SOARES; CARNEIRO, 2002). Geralmente filhotes se<br />

mantêm na região ventral da mãe independente da posição e do movimento desta<br />

(PIN<strong>DE</strong>R, 1986). Essa posição pode fornecer segurança à prole tanto através do<br />

contato com o corpo materno quanto com o substrato (árvore), o que minimiza a<br />

possibilidade de quedas e facilita a alimentação tanto através da amamentação<br />

quanto fornecimento de folhas (SOARES; CARNEIRO, 2002).<br />

Uso do hábitat<br />

Por serem mamíferos arborícolas estritos, as preguiças utilizam o estrato<br />

superior da floresta para executar as atividades necessárias para sobrevivência e<br />

reprodução, como forrageamento, locomoção e regulação da temperatura<br />

(MONTGOMERY; SUNQUIST, 1978). Para tanto, esses mamíferos podem utilizar<br />

diversos tipos de estrutura, como lianas, folhas de árvores, galhos e conexão entre<br />

as copas das árvores (EMMONS, 1995). No dossel florestal, preguiças estão sujeitas<br />

as condições ambientais extremas, como vento, chuva, radiação solar, temperatura<br />

e grau de umidade (EMMOS, 1995). Dependendo do local da copa a ser ocupado,<br />

copa interna, mediana ou externa (JOHANSSON, 1974), estes animais podem<br />

suportar em escala de microhabitat as modificações dessas variáveis em menor ou<br />

maior grau (EMMONS, 1995).<br />

Montgomery e Sunquist (1978) afirmam que a escolha de árvores utilizadas<br />

por preguiças não está relacionada com os atributos taxonômicos, mas sim ligados à<br />

estrutura da vegetação oferecida no habitat. Os escassos estudos com uso de<br />

hábitat por preguiças do gênero Bradypus, mostram que esses animais utilizam<br />

preferencialmente árvores altas, com dossel denso e coberto por lianas,<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

independente do tipo de floresta (MONTGOMERY; SUNQUIST, 1978; QUEIROZ,<br />

1995; PIN<strong>DE</strong>R, 1986; PIN<strong>DE</strong>R, 1997).<br />

Trabalhos com B. variegatus reportam que essa espécie tende a escolher os<br />

estratos superiores da floresta e regiões da copa em que possam se expor ao sol<br />

(MONTGOMERY; SUNQUIST, 1978; QUEIROZ, 1995). Há uma relação entre<br />

período do dia e altura utilizada pelos animais caracterizada pela descida desses ao<br />

estrato médio (na sombra) durante o meio-dia do dia (QUEIROZ, 1995). Esta relação<br />

já foi explicada por Montgomery e Sunquist (1978), como um comportamento dirigido<br />

ao controle da temperatura corpórea, pois sendo animais hemi-homeotérmicos, as<br />

preguiças evitam uma alta muito significativa na temperatura do corpo, protegendose<br />

do sol nos locais da copa onde não haja muita exposição solar.<br />

Com relação à área de vida de Bradypus torquatus, os poucos estudos<br />

demonstram diferenças marcantes entre indivíduos. Essas diferenças irão depender<br />

da idade de cada indivíduo, das características do habitat e até mesmo das técnicas<br />

de análise utilizados pelos autores (Mínimo Polígono Convexo ou Kernel) (PIN<strong>DE</strong>R,<br />

1997; CHIARELLO, 1998a; CHIARELLO et al., 2004; CASSANO, 2006). Indivíduos<br />

que estão se dispersando e animais translocados podem apresentar áreas de vida<br />

com mais de 15 hectares se estes estão procurando áreas de Floresta em Estágio<br />

Avançado (PIN<strong>DE</strong>R, 1997; CHIARELLO et al., 2004; CASSANO, 2006). Indivíduos<br />

que vivem em ambientes perturbados, como cabrucas e florestas em estágio<br />

secundário de regeneração podem apresentar áreas de vida menores do que<br />

aquelas registradas para os indivíduos que habitam florestas em estágio avançado<br />

de regeneração devido a estrutura da vegetação e diferenças na disponibilidade de<br />

recursos, (CASSANO, 2006).<br />

Segundo Pinder (1986), B. torquatus é uma espécie nômade, que pode<br />

utilizar pequenas áreas próximas entre si durante alguns meses, havendo<br />

alternância entre elas. Entretanto, Cassano (2006) descreve essas áreas como<br />

áreas núcleo de uma única área de vida, onde um indivíduo pode passar parte do<br />

tempo em uma porção dessa área e migrar para outra porção, sendo esses<br />

deslocamentos raros e relacionados a ocasiões específicas, como surgimento de<br />

filhote. As preguiças-de-coleira possuem uma grande capacidade de dispersar<br />

através de áreas de Floresta em Estágio Avançado, e até mesmo em ambientes<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

alterados como áreas secundárias e algumas cabrucas (CASSANO, 2006). Embora<br />

a espécie possa manter um padrão de deslocamentos semanais pequenos (média<br />

de 62m/semana), seus indivíduos são capazes de realizar deslocamentos maiores<br />

(de 200-300m/semana), a depender da estrutura da vegetação da área habitada<br />

pelos indivíduos. Assim, animais que vivem em áreas perturbadas tendem a se<br />

deslocar menos do que aqueles que habitam áreas mais preservadas, o que reflete<br />

no tamanho da área de vida desses animais (CASSANO, 2006).<br />

Preguiças tendem a repetir o uso das árvores localizadas em sua área de<br />

vida, as quais coincidem com as espécies botânicas incluídas na dieta dos animais e<br />

são descritas por Montgomery e Sunquist (1975) como “modais”. Cassano (2006)<br />

observou este padrão do uso repetido de uma mesma árvore em dias não<br />

consecutivos no seu estudo, indicando que a intensidade de uso de porções internas<br />

à área de vida das preguiças está intimamente relacionada à distribuição das<br />

espécies que compõem sua dieta.<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

Objetivo Geral<br />

OBJETIVOS<br />

O presente estudo visa descrever, através da caracterização do microhábitat,<br />

os recursos florestais e nutricionais utilizados por preguiça-de-coleira (Bradypus<br />

torquatus) no sul da Bahia.<br />

Objetivos Específicos<br />

• Identificar as espécies arbóreas utilizadas<br />

• Verificar a complexidade estrutural do microhábitat utilizado<br />

• Descrever o uso dos diferentes microhábitats<br />

• Comparar os microhábitats utilizados entre os diferentes hábitats florestais<br />

Por meio desses resultados serão identificadas as características do<br />

microhábitat, obtendo resultados sobre as possíveis relações entre preguiça-decoleira<br />

e seu hábitat.<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

Área de Estudo<br />

MATERIAL E MÉTO<strong>DO</strong>S<br />

A área de estudo situa-se na mesorregião “sul da Bahia” (Figura 2), nos<br />

limites do Município de Una (15°18’45” S / 39°03’45” W). A Região sul da Bahia<br />

abriga um total de 70 municípios subdivididos em três sub-regiões, “litoral sul”,<br />

“extremo sul” e “sudoeste” (IBGE, 1994). Una está inserido a sub-região Litoral sul<br />

da Bahia, possuindo uma área total de 1.159,525Km² e cerca de 36.734 habitantes<br />

(IBGE, 2006).<br />

O clima ocorrente no Município de Una é do tipo Af conforme a classificação<br />

de Köppen (LANDAU; RESEN<strong>DE</strong>, 2003). Este tipo de clima é caracterizado pelas<br />

significativas médias de chuva, superiores à 1300 mm/ano (LANDAU, 2003a) sem<br />

estação seca regular, temperatura com médias elevadas e com pouca variação ao<br />

longo do ano. Para o Município de Una as médias máximas ficam em torno de 28ºC<br />

e mínimas em 19,9ºC, apresentando máximas absolutas no mês de março em torno<br />

de 32,2ºC e mínima no mês de junho com 14ºC (SU<strong>DE</strong>NE, 1963 citado por<br />

LANDAU, 2003b). Na região de Una as precipitações anuais podem atingir entre<br />

1.600 e 1.800 mm em anos chuvosos e as chuvas tendem a ser bem distribuídas<br />

durante o ano, embora secas ocasionais possam ocorrer nos meses entre outubro a<br />

abril.<br />

Os solos da região são os latossolos, de coloração vermelho-alaranjada. Os<br />

quais são encontrados facilmente entre o Rio de Contas e o Rio Jequitinhonha,<br />

principalmente na região que inclui o Município de Una. No geral, são solos pouco<br />

profundos (de 40 á 50 cm), argiloso-arenosos e com a fertilidade variando muito de<br />

região para região (LANDAU et al., 2003), o que influencia diretamente nos tipos de<br />

fisionomias vegetais presentes na região (THOMAS, 2003). As formações<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

geomorfológicas presentes em Una são os tabuleiros e as planícies Flúvio-Marinhas<br />

(LANDAU; MIRANDA, 2003).<br />

Figura 2. Esquema da visualização espacial da área de estudo, pintada em cinza,<br />

com relação à América do Sul e ao Brasil. Em destaque os limites do município de<br />

Una. Modificado de IESB/CI/CRA (2001) e de IBGE (2006).<br />

A economia da região está alicerçada no meio rural, predominando os cultivos<br />

de cacau (Theobroma cacao Linnaeus), de seringa (Hevea brasiliensis M. Arg.) e de<br />

subsistência. Contudo, devido à baixa fertilidade do solo na região, sobretudo na<br />

porção leste do Município de Una, o cultivo do cacau não se expandiu tanto quando<br />

comparado com o restante da região (SANTOS, G. 1999). Com o declínio da<br />

economia cacaueira, o valor das fazendas decaiu drasticamente, desvalorizando a<br />

terra (CHOMITZ et al., 2005) e prejudicando diretamente as áreas de floresta nativa<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

na região, já que os agricultores começaram a praticar constantemente o corte<br />

seletivo (ALGER, et al., 2003).<br />

No geral, a vegetação dominante na região é a Floresta Ombrófila Densa<br />

(VELOSO, et al., 1991). Essas florestas usualmente exibem a estrutura clássica de<br />

florestas pluviais, com árvores emergentes e com os extratos herbáceo, de dossel e<br />

de sub-bosque com mais de 25m de altura. As assembléias de plantas geralmente<br />

estão correlacionadas com os tipos de solo, elevação e unidades geomorfológicas<br />

presentes na região, ocorrendo dessa forma com uma ampla variedade de tipos de<br />

solos e diferentes elevações (THOMAS, 2003).<br />

Locais de amostragem<br />

O projeto foi desenvolvido em três fragmentos de floresta localizados no<br />

entorno de uma das maiores Unidades de Conservação do sul da Bahia, a Reserva<br />

Biológica de Una (REBIO-Una), que possui atualmente mais de 10.000 ha. Cerca de<br />

70% das terras que compreendem a REBIO-Una e seu entorno estão cobertas por<br />

áreas de floresta (IBAMA, 1997), e 60% da sua Zona Tampão são destinados às<br />

plantações de cacau e de seringa (ALGER et. al., 1996).<br />

A vegetação do local de amostragem é formada por uma floresta madura de<br />

dossel uniforme com poucas emergentes, composto por árvores com cerca de 20 m<br />

de altura, com dimensões semelhantes entre si e sustentando muitas epífitas e<br />

lianas lenhosas. O estrato arbóreo é composto por espécies endêmicas da Mata<br />

Atlântica, com distribuição restrita ao sul da Bahia. Nas áreas de floresta bem<br />

preservada, o sub-bosque é de fácil penetração e rico em espécies de Marantaceae,<br />

Piperaceae e Rubiaceae (JARDIM, 2003).<br />

Os fragmentos onde o estudo foi realizado estão localizados nas áreas<br />

correspondentes a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Ecoparque de<br />

Una (15º10'16"S; 39º3'31"W), na Fazenda Jaqueiral (15º10'27"S; 39º3'12"W),<br />

Fazenda São João (15º10'48"S; 39º2'12"W) e Fazenda Encom (15º11'20"S;<br />

39º2'33"W), sendo estes últimos localizados à leste da REBIO-Una. O Ecoparque de<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

Una e a Fazenda Jaqueiral formam um dos mais preservados remanescentes<br />

florestais do entorno da REBIO-Una com cerca de 700ha (Figura 3). O Ecoparque de<br />

Una é uma RPPN que compreende uma área de 383ha de florestas em estágio<br />

primário e secundário de regeneração. A Fazenda Jaqueiral possui 152ha, com<br />

cerca de 50ha com áreas de vegetação nativa em estágio avançado de regeneração<br />

e 102ha ocupados por plantações da seringueira, roças de subsistência e para<br />

instalações da Fazenda. A Fazenda São João possui aproximadamente 38ha<br />

divididos em áreas de floresta e plantações de seringa e de cacau. E a Fazenda<br />

Encom com 1400ha com florestas e também com os sistemas agroflorestais de<br />

seringa e de cacau.<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

Figura 3. Mapa da área de estudo, onde podem ser visualizados os limites da<br />

Reserva Biológica de Una e as sedes das Fazendas Jaqueiral, São João e Encom, e<br />

cobertura vegetal. Fonte: Base de dados IESB, anos 2002.<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

Captura de animais<br />

O presente estudo foi realizado através da localização de indivíduos pela<br />

metodologia de rádio telemetria (JACOB; RUDRAN, 2004), durante o “Projeto<br />

ecologia da preguiça-de-coleira no sul da Bahia” iniciado em 2003. Para este projeto<br />

foram utilizados rádio-transmissores Biotrack TW-3 (80g e 30g), rádio-receptor<br />

Telonics TR-4 e antena Yagi 3 elementos Wildlife Material.<br />

Os animais foram capturados na floresta para colocação do rádio transmissor<br />

de duas formas: através de caminhadas nos fragmentos florestais em trilhas préexistentes<br />

ou por indicação de moradores locais e guardas do Ecoparque de Una.<br />

Ao final, obteve-se um total de oito animais capturados e acompanhados.<br />

A captura dos animais foi realizada por um escalador que teve acesso à copa<br />

das árvores através das metodologias de ascensão em dossel (LOWMAN;<br />

WITTMAN, 1996). Cada animal foi colocado em um saco de pano e encaminhado ao<br />

solo através de uma corda, onde foi contido fisicamente com o auxílio de fitas velcro<br />

enroladas nos membros anteriores e posteriores.<br />

Ao ser capturado, cada animal teve suas medidas biométricas mensuradas,<br />

peso e comprimentos do corpo, da cauda, da orelha, e da pata posterior (Tabela 1).<br />

Cada animal recebeu um rádio transmissor colocado no pescoço. Após esses<br />

procedimentos os animais eram soltos próximo à base das árvores onde foram<br />

capturados. Os animais marcados foram identificados com uma sigla BT, que<br />

significa Bradypus torquatus, e um número, que se refere à freqüência do rádio<br />

transmissor colocado no animal, por exemplo, o animal BT123 se refere á preguiçade-coleira<br />

portando o rádio de freqüência 123Mhz.<br />

Durante o estudo, os animais BT142_2 e BT464 tiveram um filhote cada, nos<br />

quais foram colocados rádios transmissores para o monitoramento após a separação<br />

das mães, recebendo a denominação BT042 e BT065 e foram considerados como<br />

juvenis. As áreas onde os animais foram capturados foram categorizadas de acordo<br />

com o tipo de ambiente a partir do estágio de sucessão e tipo de agricultura (Figura<br />

4; Tabela 2).<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

Figura 4. Localização dos oito animais capturados dentro da área de estudo no<br />

município de Una no sul da Bahia. Modificado de Cassano (2006). Fonte: Base de<br />

dados IESB, anos 2002.<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

Tabela 1. Biometria das preguiças-de-coleira Bradypus torquatus, no sul da Bahia.<br />

CC=comprimento do corpo; CA=comprimento da cauda.<br />

Animal Sexo Faixa Etária* CC (mm) CA (mm) Peso (g)<br />

BT033 Fêmea Adulto 625 55 6875<br />

BT042 _____ Juvenil 375 38 1650<br />

BT065 _____ Juvenil 285 27 830<br />

BT123 Macho Sub-adulto 525 43 3300<br />

BT142 _____ Sub-adulto 575 45 3500<br />

BT142_2 Fêmea Adulto 555 46 5000<br />

BT193 _____ Sub-adulto 431 39 3000<br />

BT464 Fêmea Adulto 532 40 5600<br />

*critérios para divisão em faixa etária baseados em Lara-Ruiz e Chiarello (2005) e Pinder<br />

(1993).<br />

Tabela 2. Locais de amostragem e tipos de ambiente onde os animais foram<br />

capturados.<br />

Animal Locais de amostragem Ambiente<br />

BT464 Fazenda Encon Cabruca<br />

BT065 Fazenda Encon Cabruca<br />

BT033 Ecoparque Una Floresta em Estágio Avançado<br />

BT123 Fazenda Jaqueiral e Ecoparque Floresta em Estágio Avançado<br />

BT142 Ecoparque Una Floresta em Estágio Avançado<br />

BT042 Fazenda São João Floresta secundária<br />

BT142_2 Fazenda São João Floresta secundária<br />

BT193 Fazenda Encon Floresta secundária<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

Marcação das árvores<br />

As árvores, hemi-hepífitas, lianas lenhosas e palmeiras onde foi possível<br />

visualizar os animais foram marcadas durante três anos no período de janeiro de<br />

2003 até novembro de 2006, através do acompanhamento dos indivíduos com rádiotelemetria.<br />

As árvores foram marcadas para medir aspectos estruturais, coleta e<br />

identificação do material botânico, independente da atividade realizada pelos<br />

animais.<br />

As localizações ocorreram em intervalos semanais ou de quinze dias, a fim de<br />

obter independência entre registros sucessivos. A procura sempre se iniciava em um<br />

ponto próximo ao local onde o animal foi observado na localização anterior. Após a<br />

localização aproximada do animal, uma procura a olho nu e com auxílio de binóculos<br />

era feita por, no máximo, duas horas. A visualização dos animais é difícil devido a<br />

característica críptica da espécie que se esconde na copa das árvores a fim de evitar<br />

predadores. Caso o animal fosse avistado, a árvore era marcada. Se porventura o<br />

animal fosse detectado pelo sinal, mas não visualizado, a árvore não era<br />

considerada nas análises de dados por se tratar de um dado onde não houve<br />

certeza da presença do indivíduo.<br />

Caracterização das árvores marcadas<br />

Para cada árvore onde houve visualização dos animais, foram registrados os<br />

seguintes parâmetros:<br />

a) O Perímetro a Altura do Peito (PAP) da árvore utilizada, para posterior cálculo<br />

do Diâmetro a Altura do Peito (DAP);<br />

b) O registro da altura da árvore, medindo-se com clinômetro o ângulo da parte<br />

mais alta vista pelo observador e a distância do observador à parte mais alta<br />

da árvore;<br />

c) O registro da altura da copa, medindo-se com clinômetro o ângulo do fuste<br />

visualizado pelo observador e a distância do observador até o fuste;<br />

33


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

d) Presença ou ausência de látex na árvore utilizada;<br />

e) A estimativa da abundância dos cipós/lianas nos ramos das árvores: 0 -<br />

nenhuma liana; 1 – uma a 10 lianas; e 2 – mais de 10 lianas.<br />

Coleta e identificação de material botânico<br />

Os ramos das árvores, hemi-hepífitas e lianas lenhosas onde os indivíduos de<br />

preguiça-de-coleira eram avistados durante o projeto, foram coletados com auxílio<br />

de podão e utilização de técnicas de ascensão em dossel (LOWMAN; WITTMAN,<br />

1996). As amostras dos indivíduos arbóreos utilizados pelos juvenis BT042 e BT065<br />

não foram coletadas por estes utilizarem as mesmas espécies de árvores das mães<br />

BT142_2 e BT464 durante o período de coleta para identificação das espécies<br />

vegetais. Assim foram coletadas amostras botânicas das espécies utilizadas por seis<br />

indivíduos de preguiça-de-coleira: BT033, BT142_2, BT464, BT123, BT193 e BT142.<br />

O material foi identificado no Herbário da Universidade Estadual de Santa<br />

Cruz (HUESC) e no Herbário André Maurício de Carvalho (CEPEC). As unicatas<br />

foram depositadas no HUESC e duplicatas enviadas ao CEPEC.<br />

Caracterização do Micro-hábitat<br />

A caracterização do micro-hábitat iniciou em março de 2005 e seguiu até<br />

novembro de 2006. Dentre os oito animais capturados, somente sete (BT033,<br />

BT142_2, BT464, BT123, BT193, BT042 e BT065) foram acompanhados para esta<br />

parte do estudo, pois o indivíduo BT142 morreu em julho de 2004.<br />

Para cada animal visualizado, a altura acima do solo foi medida com<br />

clinômetro e trena. A posição de cada animal na copa foi registrada, seguindo a<br />

caracterização dos locais da copa das árvores em três sítios diferentes: interna,<br />

mediana e externa (JOHANSSON, 1974; Figura 5).<br />

34


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

Figura 5: Caracterização de copa em três sítios: 1 – copa externa; 2 – copa media; e<br />

3 – copa interna. Modificado de Johansson (1974).<br />

Coleta de folhas e Análises Nutricionais<br />

As análises foram baseadas em 21 plantas de 19 espécies consumidas pelos<br />

indivíduos BT464 (na cabruca), BT142 e BT033 (ambos em Floresta em Estágio<br />

Avançado) (Tabela 3). Os animais foram acompanhados pelo projeto “Ecologia da<br />

Preguiça-de-coleira no Sul da Bahia” de janeiro de 2003 à dezembro de 2005.<br />

De cada árvore, foram retiradas amostras em cada um dos três sítios de<br />

copa, as quais foram coletadas com auxílio de podão e utilização de técnicas de<br />

ascensão em dossel, onde um observador ficava no solo para verificar a posição<br />

correta do coletor-escalador para a coleta. As folhas foram separadas dos galhos,<br />

colocadas em sacos plásticos fechados, e encaminhados imediatamente para o<br />

Laboratório de Nutrição Animal da UESC (LNAU) a fim de evitar a desidratação.<br />

Espécies de árvores diferem muito na arquitetura da copa, havendo muitas vezes<br />

diferenças espécies específicas (HALLÉ, 1995). Dessa forma algumas árvores não<br />

apresentaram folhas na região interna da copa e com isso essa região não foi<br />

coletada. Por se apresentarem sempre na copa externa, as lianas foram coletadas<br />

somente nesta região.<br />

3<br />

2<br />

1<br />

35


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

No laboratório as análises bromatológicas seguiram as metodologias<br />

propostas pela Association of Official Analytical Chemists (AOAC, 1990). Dessa<br />

forma, para realizar análise de matéria seca e porcentagem de água livre, o material<br />

fresco foi pesado em balança analítica de 0,01mg, logo na chegada ao laboratório.<br />

Após obtenção do peso da amostra fresca (PF), as amostras foram pré-secas<br />

em Estufa de Circulação Forçada de Ar a 65°C, para evitar perda por volatilização<br />

dos nutrientes, principalmente dos compostos nitrogenados, por um período de 48 a<br />

72h horas, sendo este tempo suficiente para que o material chegasse a peso<br />

constante e apresentasse consistência quebradiça, permitindo uma moagem mais<br />

perfeita possível. As amostras foram moídas em Moinho de Facas Tipo Willye<br />

dotado de peneira 0,82 mm.<br />

Depois de moídas, foram retiradas alíquotas das amostras para análises de<br />

Matéria Seca (%MS), Energia Bruta (Kcal/g), Proteína Bruta (%PB); Minerais Totais<br />

(%Cinzas) e Fibras em Detergente Ácido (%FDA).<br />

A Matéria Seca foi obtida através da secagem de cada amostra em estufa de<br />

circulação forçada de ar por 8h à uma temperatura de 105°C.<br />

As cinzas foram obtidas a partir da queima de 1g de cada amostra em forno<br />

tipo mufla à 450°C por um período de 4h.<br />

A porcentagem de Proteína Bruta por matéria seca foi obtida pelo Métodopadrão<br />

Kjeldahl de determinação de nitrogênio (N) (AOAC, 1984).<br />

A Energia Bruta foi determinada utilizando calorímetro adiabático de Parr,<br />

medindo a elevação da temperatura da água em condições adiabáticas a partir da<br />

combustão em ambiente rico de oxigênio (25 a 30 atm de oxigênio) (SILVA;<br />

QUEIROZ, 2002).<br />

Fibra em Detergente Ácido (FDA) foi analisada utilizando-se as soluções<br />

citadas por Silva e Queiroz (2002), e a digestão submetida a controle de temperatura<br />

(111°C) e pressão em autoclave (0,5 atm) segundo métodos de Pell e Schofield<br />

(1993).<br />

36


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

Tabela 3. Espécies vegetais analisadas nutricionalmente para comparação dos<br />

nutrientes por sítio da copa. Estas espécies foram ingeridas pelos indivíduos de<br />

preguiça-de-coleira em Una (Ba), durante estudos do projeto “Ecologia da Preguiçade-coleira<br />

no Sul da Bahia”.<br />

Animal Identificação Tipo Nº Indivíduos<br />

BT 033<br />

BT 142<br />

BT464<br />

Dialium guianense (Aubl.) Sandwith Árvore 1<br />

Eriotheca globosa (Aubl.) A.Robyns Árvore 1<br />

Fabaceae sp Liana 1<br />

Macrolobium latifolium Vogel Árvore 1<br />

Tetragastris catuaba Cunha Árvore 1<br />

Virola gardneri Warb. Árvore 1<br />

Brosimum guianense (Aubl.) Huber Árvore 2<br />

Brosimum rubescens Taub. Árvore 2<br />

Dalbergia frutescens (Vell.) Britton Liana 1<br />

Ficus sp1 Hemi-epífita 1<br />

Ficus sp2 Hemi-epífita 1<br />

Myrcia fallax DC. Árvore 1<br />

Virola gardneri Warb. Árvore 1<br />

Cecropia hololeuca Miguel Árvore 1<br />

Ficus clusiaefolia Schott Árvore 1<br />

Inga edulis Mart. Árvore 1<br />

Lauraceae sp Árvore 1<br />

Senna multijuga (Rich.) Irwin & Barneby Árvore 1<br />

Tapirira guianensis Aubl. Árvore 1<br />

37


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

Análise de dados<br />

O sucesso de visualização foi calculado dividindo-se o número de<br />

localizações com avistamento pelo número de localizações totais realizadas para<br />

cada animal.<br />

Com o objetivo de aplicar testes de comparação de médias (t de Student e<br />

ANOVA), os dados foram analisados a priori para verificar a homogeneidade de<br />

variância utilizando-se o teste de Levene (TRIOLA, 2005).<br />

0,05).<br />

Para todas as análises, foi considerado o nível de significância de 5% (α =<br />

Caracterização de micro-hábitat<br />

Para verificar se a utilização do micro-hábitat está associada ao período do<br />

dia, uma Distribuição Chi-quadrado (TRIOLA, 2005) foi realizada utilizando-se como<br />

unidade amostral o número de observações em cada período do dia. Para tanto, os<br />

horários foram separados em três classes: 7:00h às 10:59h (n = 57); de 11:00h às<br />

13:59h (n = 63) e de 14:00h às 17:00h (n = 42).<br />

As variáveis Mães e Filhotes se mostraram independentes entre si (p <<br />

0,001). Assim, as médias da altura da posição de fêmeas adultas (n = 75<br />

avistamentos) e seus filhotes (n = 31 avistamentos) foram comparadas utilizando o<br />

teste t de Student para amostras independentes. Para avaliar se a escolha do microhábitat<br />

está relacionada com a faixa etária dos indivíduos, uma Distribuição Chiquadrado<br />

para freqüência simples (ZAR, 1996) foi realizada comparando-se mães<br />

(indivíduos BT464 e BT142_2) e seus respectivos filhotes (indivíduos BT065 e<br />

BT042).<br />

Para verificar diferenças na altura da posição dos animais adultos e subadultos<br />

nos diferentes hábitats (Florestas em Estágio Avançado – n = 164, Floresta<br />

Secundária – n = 32 e cabruca – n = 36) as médias de altura na copa das árvores<br />

foram comparadas através de uma Análise de Variância (ANOVA) (RICE, 1990). O<br />

38


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

fator de correlação de Bonferroni foi utilizado a posteriori para identificar as<br />

diferenças (RICE, 1990). Para estas análises foram utilizadas a altura da posição<br />

dos animais estudados por tipo de ambiente.<br />

Diferenças na escolha do micro-hábitat foram testadas para cada variável<br />

nutricional descrita anteriormente utilizando-se o teste de Kruskal-Walis (CAMPOS,<br />

1983).<br />

Estrutura das árvores<br />

Por não se aproximarem de uma distribuição normal entre os tipos de<br />

ambiente (p < 0,05), as variáveis Altura das Árvores e DAP foram transformados a<br />

Logaritmo na base 10. Dessa forma as variâncias de Altura (Log10) e DAP (Log10)<br />

se mostraram homogeneamente distribuídas através dos hábitats (L = 1,336; gl = 2;<br />

p=0,265). Dessa forma, as médias do DAP (Log10) e da altura das árvores (Log10)<br />

utilizadas pelos indivíduos adultos e sub-adultos em por hábitat, foram comparadas<br />

através de uma Análise de Variância (ANOVA). Comparações a posteriori foram<br />

feitas utilizando-se o teste de Bonferroni.<br />

Uma Distribuição Chi-quadrado para testar homogeneidade (ZAR, 1996) foi<br />

realizada com o objetivo de inferir se haviam diferenças quanto às presenças de cipó<br />

(0 – sem cipós e 1 com cipó) entre os ambientes. Da mesma forma a abundância de<br />

cipós entre ambientes foi comparada utilizando as categorias de presença de cipós<br />

(0 – nenhum cipó; 1 – de 1 a 10 cipós e 2 – mais de 10 cipós). Para tanto foi<br />

utilizado como unidade amostral o numero de observações de cada categoria de<br />

presença de cipó nos tipos de ambiente.<br />

As médias do DAP e da altura das árvores utilizadas por fêmeas adultas<br />

(BT464 e BT142_2, n = 61 árvores) e seus filhotes (BT065 e BT042, n = 31 árvores)<br />

foram comparadas utilizando-se o teste t de Student para amostras independentes.<br />

39


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

Espécies utilizadas pelos animais<br />

A diversidade de espécies utilizadas pelas preguiças foi estimada através do<br />

Índice de Diversidade de Shannon – H’, por ser o índice mais comumente utilizado, e<br />

do Índice de Diversidade de Simpson por ser uma das mais robustas e significativas<br />

medidas de concentração de abundância das espécies (MARTIN; SANTOS, 1999;<br />

MAGURRAN, 2004).<br />

Para verificar a similaridade na utilização das espécies botânicas utilizadas<br />

entre os hábitats, fez-se uma Análise de Agrupamento pelo método UPGMA<br />

(Unweighted Pair Group Method with Arithmetic mean) calculado através do índice<br />

de similaridade de Morisita (MCGARIGAL et al., 2000).<br />

40


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

Sucesso amostral<br />

RESULTA<strong>DO</strong>S<br />

Durante o monitoramento no período de 2003 a 2006, somente um indivíduo<br />

(BT 142) não retornou às árvores utilizadas, de maneira que os números de<br />

localizações com visualização não coincidem com o número de árvores marcadas<br />

para demais animais (Tabela 4). Dentre as árvores marcadas, algumas caíram,<br />

morreram ou perderam suas marcações, as quais não foram encontradas para<br />

realização do estudo. Um animal em especial teve alta porcentagem de repetições<br />

em comparação com os demais, o animal residente em cabruca (BT464).<br />

Tabela 4. Detalhes do esforço amostral em todo estudo durante o período de 2003 a<br />

2006.<br />

Animal<br />

Sucesso de<br />

visualização (%)*<br />

Árvores<br />

marcadas<br />

Árvores<br />

medidas<br />

Indivíduos<br />

coletados<br />

41<br />

Retorno para<br />

mesmas árvores (%)<br />

BT 033 62 78 70 72 26<br />

BT 065 84 17 17 0*** 24<br />

BT 042 92 14 14 0**** 29<br />

BT 123 44 94 46 30 4<br />

BT 142** 71 48 48 39 19<br />

BT142_2 73 40 25 33 30<br />

BT 193 86 11 7 2 0<br />

BT 464 97 39 36 11 67<br />

*sucesso de visualização calculados em todo período do monitoramento, de março de 2003<br />

a novembro de 2006. **animal morto no ano de 2004, não sendo acompanhado para<br />

estudos de uso da copa. ***árvores coletadas na mesma área de vida da fêmea BT464.<br />

****árvores coletadas na mesma área de vida da fêmea BT142_2.


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

Utilização do micro-hábitat<br />

Foram registradas 168 localizações onde os animais estavam em 72,6% dos<br />

casos na copa externa, 22% na copa média e apenas 5,4% na copa interna. Os<br />

animais foram encontrados a uma altura média de 17,9m (±6,99), com valores<br />

mínimos e máximos de 4,44m e de 44,01m, respectivamente.<br />

A escolha do sítio de copa independe do período do dia (χ² = 1,207; gl = 4; p<br />

= 0,877), todavia, adultos e juvenis escolhem diferentes sítios de copa (χ² = 12,472;<br />

gl = 2; p = 0,002). Os adultos se posicionaram na copa externa em 74,4% dos<br />

avistamentos e os juvenis se encontravam na copa interna em aproximadamente<br />

87% dos casos (Figura 6). A média das alturas entre adultos e juvenis apresentou<br />

diferenças significativas (t = 3,545; gl = 57; p = 0,001) (Figura 7). Sendo que os<br />

adultos preferiram as maiores alturas (máxima de 41m) e os juvenis as menores<br />

(máxima de 22m).<br />

Ocorrências (%)<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

adulto<br />

juvenil<br />

Faixa Etária dos animais<br />

Posição na copa<br />

externa<br />

média<br />

interna<br />

Figura 6. Porcentagem de registros de visualização de preguiças adultas (BT464 e<br />

BT142_2; n = 75 avistamentos) e juvenis (BT042 e BT065; n = 39 avistamentos) na<br />

copa externa, média e interna.<br />

42


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

Altura dos animais nas árvores (m)<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

N =<br />

45<br />

adulto<br />

Faixa Etária dos animais<br />

Figura 7. Box-plot mostrando as medianas (linhas no centro das caixas) e quartis (1º<br />

quartil – caixa inferior e 3º quartil – caixa superior) da altura da posição de fêmeas<br />

adultas (17,08m ± 5,68) e seus respectivos filhotes (juvenis) (13,89m ± 5,01)<br />

acompanhados durante estudo. As barras limpas indicam os limites inferiores e<br />

superiores encontrados para cada variável. Círculos indicam valores extremos.<br />

As alturas dos animais nas árvores apresentaram diferenças significativas<br />

entre os hábitats (F = 9,583; gl = 2; p = 0,000). Os animais se posicionaram em<br />

alturas mais elevadas na Floresta em Estágio Avançado do que nos dois ambientes<br />

perturbados (Cabruca – p = 0,000 e Floresta Secundária – p = 0,002). Nos hábitats<br />

perturbados, os animais se posicionam em alturas semelhantes (Figura 8).<br />

Uso da copa através de variáveis nutricionais<br />

Os parâmetros nutricionais analisados não diferem significativamente entre os<br />

micro-hábitats (copa externa, média e interna). Os resultados do teste de Kuskal-<br />

Wallis podem ser vistos na Tabela 5.<br />

As médias, desvios padrão e valores máximos e mínimos das análises de<br />

água (H2O%), Matéria Mineral (MM%), Energia Bruta (EBKcal/g), Proteína Bruta<br />

29<br />

juvenil<br />

43


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

(PB%) e Fibra em Detergente Ácido (FDA%), das folhas nas copas externa, média e<br />

interna, podem ser visualizadas na Tabela 6.<br />

Altura do animal nas árvores (m)<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

N =<br />

45<br />

39<br />

Primária<br />

Secundária<br />

Cabruca<br />

a b b<br />

Tipo de ambiente<br />

Figura 8. Box-plot mostrando as medianas (linhas no centro das caixas) e quartis (1º<br />

quartil – caixa inferior e 3º quartil – caixa superior) da altura da posição de<br />

preguiças-de-coleira (Bradypus torquatus) adultas por tipo de ambiente: Primária =<br />

Floresta em Estágio Avançado; Secundária = Floresta secundária; e Cabruca =<br />

plantação de cacau sobre mata nativa. a b b = letras diferentes indicam diferenças<br />

significativas de acordo com ANOVA. As barras limpas indicam os limites inferiores e<br />

superiores. Círculos indicam valores extremos.<br />

Tabela 5. Resultados do teste de Kuskal-Wallis para verificar as variações dos<br />

aportes nutricionais entre os diferentes sítios de copa utilizados por preguiça-decoleira<br />

em Una (BA).<br />

Variáveis Nutricionais* Kruskal-Wallis Graus de liberdade p-valor<br />

H2O% 1,128 2 0,569<br />

MM% 1,139 2 0,566<br />

EB Kcal/g 2,397 2 0,302<br />

PB% 0,008 2 0,996<br />

FDA% 0,631 2 0,729<br />

41<br />

44


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

Tabela 6. Análise descritiva das variáveis nutricionais de folhas consumidas por<br />

preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus), para cada sítio de copa.<br />

Variáveis Nutricionais* Sítio da copa N Média (Desvio Padrão) Mínimo Máximo<br />

H2O%<br />

MM%<br />

EB Kcal/g<br />

PB%<br />

FDA%<br />

Externa 20 60,54 (± 8,26) 48,80 80,89<br />

Média 16 60,24 (± 9,14) 42,73 81,72<br />

Interna 14 64,12 (± 11,56) 52,33 87,89<br />

Externa 20 5,05 (± 1,57) 1,41 8,77<br />

Média 16 5,30 (± 1,81) 1,81 7,74<br />

Interna 14 4,84 (± 1,39) 1,69 6,58<br />

Externa 18 5,07 (± 0,40) 4,34 5,88<br />

Média 16 5,08 (± 0,57) 4,17 6,31<br />

Interna 14 5,05 (± 0,39) 4,40 5,90<br />

Externa 20 8,47 (± 4,43) 1,55 19,18<br />

Média 16 9,01 (± 4,07) 4,08 19,50<br />

Interna 14 10,37 (± 4,41) 5,31 20,14<br />

Externa 19 50,68 (± 9,47) 26,83 64,70<br />

Média 15 51,19 (± 8,95) 37,48 65,59<br />

Interna 14 48,23 (± 10,19) 30,74 63,14<br />

*H2O% = água em porcentagem; MM% = Matéria Mineral em porcentagem; EBKcal/g =<br />

Energia Bruta em quilocaloria por grama; PB% = Proteína Bruta em porcentagem e FDA% =<br />

Fibra em Detergente Ácido em porcentagem.<br />

45


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

Estrutura das Árvores<br />

As árvores utilizadas por preguiças apresentaram DAP de 32,91cm (± 15,82)<br />

com máximo de 99,31cm e mínimo de 5,41cm; altura de 24,73m (± 11,40) com<br />

máximo de 73,81m e mínimo de 4,26m. As copas das árvores apresentaram altura<br />

de 12,52m (± 9,32).<br />

Das 232 árvores analisadas 73% não apresentaram látex e aproximadamente<br />

68% apresentaram cipós. Para abundância de cipós, 31,3% das árvores não<br />

apresentaram cipó; 36,6% apresentaram de 1 a 10 cipós e 32,1% apresentaram 11<br />

ou mais.<br />

As árvores utilizadas por preguiças apresentaram cipó independente do<br />

hábitat (χ² = 3,025; gl = 2; p = 0,220). Entretanto, as freqüências de cipós nas<br />

árvores utilizadas são diferentes entre os hábitats (χ² = 24,879; gl = 4; p < 0,001). A<br />

área de Floresta em Estágio Avançado apresenta a maior porcentagem de árvores<br />

com abundância de 1 a 10 cipós (Figura 9).<br />

Abundânicia de cipós (%)<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

Primária<br />

Secundária<br />

Cabruca<br />

Índices de Cipós<br />

11 ou mais cipós<br />

de 1 a 10 cipós<br />

nenhum cipó<br />

Figura 9. Presença de cipós nas árvores utilizadas por preguiça-de-coleira por<br />

hábitat.<br />

46


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

A altura das árvores difere significativamente entre os hábitats (F = 4,150; gl =<br />

2; p = 0,017) (Figura 10). As áreas perturbadas (cabruca e floresta secundária)<br />

apresentam árvores mais baixas do que áreas de Floresta em Estágio Avançado (p<br />

< 0,05).<br />

O DAP das árvores utilizadas pelas preguiças entre os três hábitats não<br />

apresentam diferenças significativas (F = 2,962; gl = 2; p = 0,054).<br />

Juvenis utilizam árvores mais baixas e com diâmetro menor do que adultos<br />

(taltura = 3,162; gl = 90; p=0,002 – tDAP = 2,897; gl = 89; p= 0,005) (Figuras 11 e 12).<br />

Altura árvore<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

N =<br />

161<br />

primaria<br />

a b b<br />

AMBIENTE<br />

32<br />

secundária<br />

35<br />

cabruca<br />

Figura 10. Box-plot mostrando as medianas (linhas no centro das caixas) e quartis<br />

(1º quartil – caixa inferior e 3º quartil – caixa superior) das alturas das árvores<br />

utilizadas pelas preguiças-de-coleira entre cada tipo de ambiente. Primária =<br />

Floresta em Estágio Avançado; Secundária = Floresta secundária; e Cabruca =<br />

plantação de cacau sobre mata nativa. a b b = letras diferentes indicam diferenças<br />

significativas. Barras limpas indicam os limites inferiores e superiores. Círculos<br />

indicam valores extremos.<br />

47


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

Altura arvore (m)<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

N =<br />

45<br />

adulto<br />

Faixa Etária dos animais<br />

Figura 11. Box-plot mostrando as medianas (linhas no centro das caixas) e quartis<br />

(1º quartil – caixa inferior e 3º quartil – caixa superior) da altura das árvores<br />

utilizadas pelas preguiças-de-coleira entre adultos (21,95±7,70) e juvenis<br />

(16,56±7,78). As barras limpas indicam os limites inferiores e superiores encontrados<br />

para cada variável. Círculos indicam valores extremos.<br />

Diâmetro a Altura do Peito - DAP (cm)<br />

110<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

N =<br />

45<br />

adulto<br />

Faixa Etária dos animais<br />

Figura 12. Box-plot mostrando as medianas (linhas no centro das caixas) e quartis<br />

(1º quartil – caixa inferior e 3º quartil – caixa superior) do DAP das árvores utilizadas<br />

pelas preguiças-de-coleira entre adultos (30,15±16,00) e juvenis (20,81±10,50). As<br />

barras limpas indicam os limites inferiores e superiores encontrados para cada<br />

variável. Círculos indicam valores extremos.<br />

31<br />

juvenil<br />

30<br />

juvenil<br />

48


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

Espécies vegetais<br />

Foram identificados 243 indivíduos de plantas, sendo 46 categorizados<br />

somente até gênero e 167 até espécie (Anexo I). Das amostras identificadas até<br />

espécie, as preguiças utilizaram para diversas atividades um total de 64 espécies<br />

diferentes.<br />

Na amostra, as espécies mais visitadas pelas preguiças foram: Brosimum<br />

guianense (Aubl.) Huber (indivíduos - n = 6), Dialium guianense (Aubl.) Sandwith (n<br />

= 5), Eriotheca globosa (Aubl.) A.Robyns (n = 13), Eriotheca macrophylla (K.Schum.)<br />

A.Robyns (n = 5), Inga edulis Mart. (n = 12), Macrolobium latifolium Vogel (n = 6),<br />

Pera glabrata (Schott) Baill (n = 6), Symphonia globulifera L. (n = 6), Tapirira<br />

guianensis Aubl. (n = 6), Tetragastris catuaba Cunha (n = 7) e Virola gardneri Warb.<br />

(n = 8).<br />

Os índices de diversidade de espécies vegetais para cada animal, podem ser<br />

visualizados na Tabela 7.<br />

Três grupos foram formados a partir da verificação da similaridade na<br />

utilização das espécies vegetais entre os hábitats, sendo um grupo formado pelos<br />

hábitats perturbados, um segundo por floresta secundária e outro por Floresta em<br />

Estágio Avançado (Figura 13). O coeficiente de variação cofenética (97%) mostra<br />

que esta análise é consistente para indicar estes padrões.<br />

As famílias mais utilizadas foram Fabaceae (n = 48; número de espécie - s =<br />

17), Sapotaceae (n = 28; s = 16), Bombacaceae (n = 20; s = 3) e Moraceae (n = 19;<br />

s = 9). Os gêneros mais utilizados pelos animais foram Eriotheca (n = 20), Virola (n =<br />

13), Inga (n = 12), Brosimum (n = 11) e Micropholis (n = 9).<br />

49


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

Tabela 7. Índices de diversidade Shannon e de Simpson calculados com o número<br />

de árvores identificadas até gênero e espécie que foram utilizadas por cada<br />

indivíduo de preguiça-de-coleira acompanhado durante o estudo.<br />

Animal<br />

Índices de Diversidade<br />

Shannon – H’ Simpson<br />

Hábitat<br />

BT464 e BT065 1.738 0.7902 Cabruca<br />

BT193 1.286 0.7083 Flor. Secundária<br />

BT142_2 e BT 042 3.103 0.9473 Flor. Secundária<br />

BT142 3.347 0.9597 Flor. Primária<br />

BT123 2.809 0.9289 Flor. Primária<br />

BT033 3.558 0.9645 Flor. Primária<br />

Figura 13. Análise de Cluster utilizando o método de UPGMA (Unweighted Pair<br />

Group Method with Arithmetic mean) através do Índice de Similaridade de Morisita.<br />

Coeficiente Cofenético = 0,9728.<br />

50


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

Sucesso amostral<br />

DISCUSSÃO<br />

Em relação ao número de árvores utilizadas e a porcentagem de retorno,<br />

observa-se que animais residentes em cabruca (BT 464 e BT 065) utilizaram um<br />

menor número de árvores do que os animais de Florestas em Estágio Avançado de<br />

Regeneração (BT033 e BT123) (Tabela 3). Estes padrões podem ser reflexo da<br />

baixa densidade de árvores (DAP ≥ 10cm), pois as áreas de plantio de cacau no sul<br />

da Bahia, geralmente apresentam baixa densidade de árvores em relação ás áreas<br />

de floresta preservada (ALVES, 1990; HUMMEL, 1995). O uso repetido de uma<br />

mesma árvore foi registrado para a maioria dos animais, mas a maior porcentagem<br />

de repetições foi observada para a preguiça residente na cabruca (Tabela 3). Assim,<br />

a baixa densidade de árvores em plantio de cacau conhecida para o sul da Bahia<br />

(ALVES, 1990; HUMMEL, 1995; SAMBUICHI 2002 e 2006), pode ter influenciado na<br />

grande porcentagem de retorno as árvores utilizadas.<br />

Outro fator que pode ter influenciado o retorno às árvores é o uso destas para<br />

alimentação. Montgomery e Sunquist (1975) atribuem os retornos ao maior número<br />

de visitas às espécies botânicas incluídas na dieta dos animais estudados. Vaughan<br />

e colaboradores (2007) afirmam que muitos indivíduos arbóreos nas plantações de<br />

cacau na Costa Rica foram utilizados por preguiças mais vezes do que o esperado<br />

pela sua ocorrência naquele habitat, enquanto que árvores mais comuns no hábitat<br />

nunca foram visitadas, sendo que as árvores revisitadas estavam sendo utilizadas<br />

como alimento. Cassano (2006), em um estudo em Una com os mesmos indivíduos<br />

de preguiça do nosso estudo, também atribui o uso de árvores repetidas a<br />

alimentação.<br />

51


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

Um resultado que provavelmente tenha sido influenciado pela estrutura da<br />

vegetação é o elevado sucesso de visualização registrado para preguiças que<br />

utilizam hábitats alterados (BT065, BT042, BT464 e BT142_2). Vaughan e<br />

colaboradores (2006) relatam que em apenas uma semana capturaram 55<br />

indivíduos de preguiça (Bradypus variegatus) dentro de uma plantação de cacau na<br />

Costa Rica. Como discutido por Cassano (2006), mesmo que o sucesso de<br />

visualização seja um ponto positivo para a realização do estudo, esse pode ser<br />

considerado um fator de risco para os animais que ficam mais expostos à predação<br />

e à presença humana. Prova dessa exposição, é a morte de um indivíduo (BT193)<br />

durante o estudo, onde ao localizar este animal o rádio transmissor foi encontrado<br />

no solo repleto por marcas de presas de carnívoros. Na região de estudo a caça é<br />

freqüentemente registrada (Santos, 1999) e as preguiças são capturadas para serem<br />

utilizadas como animais de estimação e para alimentação humana (PIN<strong>DE</strong>R, 1986).<br />

Caracterização e uso do micro-hábitat nos diversos hábitats<br />

Preguiças-de-coleira de Una utilizaram em maior porcentagem a copa externa<br />

do que as regiões média e interna. No presente estudo, observamos que o uso da<br />

copa externa não está associado ao período do dia. Entretanto, para escolha de<br />

hábitat, é sabido que herbívoros também são influenciados pelo micro-clima dos<br />

diversos micro-hábitas (DUCAN; GOR<strong>DO</strong>N, 1999). Regiões medianas da copa<br />

apresentam menor temperatura e menor incidência de raios solares do que as<br />

regiões mais externas (JOHANSSON, 1974). Preguiças da região amazônica e da<br />

América Central tendem a escolher os estratos superiores da floresta, onde ficam<br />

expostas á luz solar, podendo descer para os estratos medianos durante os<br />

períodos mais quentes do dia (MONTGOMERY; SUNQUIST, 1975; QUEIROZ,<br />

1995). Esta variação pode ser explicada como um comportamento dirigido ao<br />

controle da temperatura corpórea. Segundo alguns trabalhos, ao utilizar estratos<br />

medianos, preguiças estariam evitando a elevação máxima de temperatura nos<br />

horários mais quentes e estariam aquecendo-se no restante do dia ao utilizar os<br />

estratos superiores (MONTGOMERY; SUNQUIST, 1975; QUEIROZ, 1995).<br />

52


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

Provavelmente, as preguiças em Una não precisariam usar a copa média e a interna<br />

em busca de evitar o superaquecimento.<br />

Outro fator de seleção da copa externa por preguiças seria a presença de<br />

recurso alimentar. Ainda que a concentração de folhas jovens na copa não tenha<br />

sido analisada por este estudo, sabe-se que regiões apicais apresentam a maior<br />

parte dos meristemas responsáveis pela produção de novos brotos foliares (FERRI,<br />

1983 e 1999). Preguiças se alimentam preferencialmente de folhas jovens e brotos<br />

de plantas sempre verdes (MONTGOMERY; SUNQUIST, 1978; OPLER, 1978;<br />

NAGY; MONTYGOMERY, 1980; PIN<strong>DE</strong>R, 1986; QUEIROZ, 1995; CHIARELLO,<br />

1998b), assim, provavelmente as preguiças podem selecionar o micro-hábitat pela<br />

presença de folhas jovens nos ramos apicais.<br />

Folhas jovens apresentam maior concentração de proteína bruta, açúcares e<br />

água do que folhas velhas, ocorrendo o inverso para o conteúdo de fibras<br />

(GLAN<strong>DE</strong>R, 1978; MUÑOZ et al, 2006). Em estudo da digestibilidade de folhas em<br />

fístulas gástricas de preguiças, Montgomery e Sunquist (1978) observaram que<br />

folhas novas são digeridas com maior facilidade do que folhas velhas. No presente<br />

estudo os constituintes nutricionais não foram analisados de acordo com a idade<br />

foliar, pois os ramos foram coletados em cada região da copa e cada uma delas foi<br />

analisada em conjunto com folhas jovens e com folhas maduras.<br />

As concentrações de proteína bruta nas folhas podem ocorrer diferentemente<br />

entre ambientes (WEINBAUN et al, 1994), como resultado da variação do nitrogênio<br />

no solo (LARCHER, 2000). A concentração de nutrientes foliares podem se modificar<br />

e sofrer impactos significantes localmente dependendo do local da floresta, luz do<br />

sol, composição do solo, fenologia das árvores e taxas de atividade microbiana,<br />

(TAIZ; ZEIGER, 2004; RAVEN, 2007). São relatadas ainda variações entre espécies,<br />

períodos de tempo e indivíduos de uma mesma espécie (CHAPMAN et al, 2003).<br />

Neste estudo, as análises ocorreram com diferentes espécies botânicas em<br />

ambientes distintos. Estatisticamente, quando dados coletados em locais diferentes<br />

são analisados em conjunto sobre uma mesma variável, esse resultado pode se<br />

apresentar não significativo (p > 0,05; ZAR, 1996). Assim, é provável que as<br />

variações internas ocasionadas pelos ambientes e pelas diferenças entre indivíduos<br />

53


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

arbóreos tenham influenciado o resultado não significativo na distribuição dos<br />

nutrientes na copa.<br />

As análises estatísticas encontraram que os nutrientes foliares não são os<br />

fatores de seleção da copa externa. Porém, é provável que esta seleção se deva à<br />

concentração de folhas jovens nas regiões apicais da copa externa. Entretanto, por<br />

saber que folhas novas são mais nutritivas que folhas maduras (GLAN<strong>DE</strong>R, 1978;<br />

MUÑOZ et al, 2006), pesquisas que analisem a concentração de folha jovens em<br />

cada região da copa e que verifiquem os aportes nutricionais dessas folhas poderão<br />

confirmar a preferência da copa externa por preguiças-de-coleira em Una.<br />

Um fator que influencia o uso do micro-hábitat por preguiças-de-coleira é a<br />

faixa etária dos animais. Como mostrado nos resultados, os juvenis preferem utilizar<br />

a copa interna se posicionando em alturas menores. Regiões medianas da copa<br />

podem possibilitar um melhor esconderijo entre as folhas, evitando dessa forma o<br />

encontro com predadores (EMMONS, 1995). Como, por exemplo, as harpias (Harpia<br />

harpyja) e outras aves de rapina, predadores potenciais de preguiça-de-coleira<br />

(IZOR, 1985; GREENE, 1989; GALETTI; CARVALHO, 2000) e que são relatadas<br />

ocorrerem na região de estudo (COR<strong>DE</strong>IRO, 2003). É provável que o impacto<br />

desses predadores não seja significativo para preguiças adultas na região de Una, já<br />

que estas utilizam a copa externa independente do período do dia e com mais<br />

freqüência que os juvenis.<br />

No presente estudo, verificamos que preguiças jovens utilizam árvores com<br />

diâmetro menor do que adultos. Preguiças estão adaptadas a se mover sob<br />

sustentações que lhes permitam uma boa mobilidade, sendo que a escalada e a<br />

movimentação nos galhos das árvores irá depender da angulação e arqueadura das<br />

garras anteriores e posteriores (MEN<strong>DE</strong>L, 1985). Quanto menor o tamanho e a<br />

arqueadura do tarso das preguiças, menor o diâmetro dos ramos e do tronco<br />

utilizados para escalar e se movimentar nas árvores (MEN<strong>DE</strong>L, 1981). Assim, como<br />

são menores do que os indivíduos adultos, juvenis podem utilizar árvores de menor<br />

diâmetro, por apresentarem arqueaduras pequenas.<br />

Animais que habitam Floresta em estágio avançado se posicionam em alturas<br />

maiores do que aqueles indivíduos que estão presentes na floresta secundária e em<br />

54


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

cabruca, provavelmente devido a diferença significativa na altura das árvores<br />

encontradas através dos hábitats. Como as preguiças utilizam preferencialmente a<br />

copa externa das árvores é esperado que nas áreas onde o dossel seja mais baixo<br />

(floresta secundária e cabruca), os animais se posicionem em alturas menores.<br />

Árvores utilizadas por preguiças que residem em florestas secundárias e<br />

cabrucas são mais baixas daquelas utilizadas por animais que habitam Florestas em<br />

Estágio Avançado de Regeneração. Fragmentos diferentes de florestas podem<br />

apresentar taxas diferentes de crescimento, sendo os fatores responsáveis por esta<br />

diferença, as perturbações (antrópicas ou não), a radiação luminosa, as condições<br />

climáticas, a disponibilidade de água, as propriedades do solo e a composição de<br />

espécies (VIEIRA et. al, 2004). Além disso, o corte seletivo de madeira, que ocorre<br />

com freqüência na região de estudo, remove as árvores emergentes ocasionando a<br />

redução do estrato de dossel em florestas secundárias (ASNER et al, 2005).<br />

Áreas de cabruca e de floresta secundária neste estudo apresentaram<br />

árvores com o mesmo diâmetro e com alturas menores daquelas observadas em<br />

áreas de floresta em estágio avançado. Mesmo observadas algumas características<br />

da cabruca, como idade e tipo de manejo, este sistema agroflorestal pode<br />

apresentar árvores ligeiramente pequenas com grandes diâmetros (ALVES, 1990;<br />

HUMMEL, 1995; SAMBUICHI, 2002). Nas cabrucas, o raleamento das árvores e a<br />

adubação diminuem a competição por uso de recursos, aumentando a<br />

disponibilidade de luz, nutriente e água para os indivíduos, possibilitando o<br />

desenvolvimento das árvores que atingem grande diâmetro e não necessitam<br />

crescer muito para buscar luminosidade (SAMBUICHI, 2006). Os diâmetros<br />

encontrados nas áreas de floresta secundária também podem se relacionar com a<br />

maior penetração da luz até o estrato do sub-bosque, o que acompanha as<br />

aberturas na cobertura ocasionadas pela queda de árvores e corte seletivo de<br />

madeira (MARIANO-NETO, 2004).<br />

Assim, é provável que as diferenças em altura arbórea utilizada sejam<br />

conseqüência da estrutura da vegetação e não de uma diferença entre estratos<br />

utilizados pelos animais. Estudos que mensurem o tamanho (Altura e DAP) das<br />

árvores de todo hábitat das preguiças em Una deveriam ser realizados a fim de<br />

55


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

verificar se os padrões observados se devem realmente à diferenças na estrutura<br />

dos hábitats utilizados.<br />

A presença de cipós em uma elevada porcentagem de árvores utilizadas<br />

pelas preguiças-de-coleira independentemente do hábitat, sugere uma preferência<br />

por árvores que possuem tais plantas associadas. Segundo Pinder (1997),<br />

preguiças-de-coleira utilizam árvores altas e densamente cobertas por lianas. Além<br />

de proporcionarem apoio para descanso (PIN<strong>DE</strong>R, 1986), essas estruturas podem<br />

auxiliar na camuflagem do animal (QUEIROZ, 1995), promover um número maior de<br />

caminhos no deslocamento entre árvores (MEN<strong>DE</strong>L, 1985) e fornecer alimento<br />

(PIN<strong>DE</strong>R, 1986; QUEIROZ, 1995; CHIARELLO, 1998b; CASSANO, 2006).<br />

Os hábitats utilizados por preguiças diferiram na abundância de cipós, onde<br />

florestas em estágio avançado de regeneração apresentaram maior abundância de<br />

cipós do que cabruca. Observa-se que florestas secundárias e avançadas<br />

apresentaram muitas árvores com cipó. Ao efetuar o manejo das plantações de<br />

cacau, os cipós são totalmente removidos das árvores (ALVES, 1990). Entretanto<br />

observa-se que a área de cacau utilizada pelos animais neste estudo é atípica pois<br />

apresenta uma quantidade de árvores com cipós semelhante ás florestas<br />

secundárias (Figura 9). Nas florestas em bom estado de conservação, a quantidade<br />

de cipós distribuídos pelas árvores é nitidamente superior daquelas florestas onde<br />

houve algum grau de perturbação (TABARELI et. al, 2004). Assim, mesmo sob efeito<br />

do tamanho amostral, a maior freqüência de árvores utilizadas com cipós nas áreas<br />

de floresta em estágio avançado observada nos dados, pode estar relacionada com<br />

o manejo das áreas de cacau. Mesmo sendo um tipo de recurso importante, a<br />

presença de cipós em árvores utilizadas por preguiças provavelmente não é um fator<br />

limitante para aproveitamento do hábitat.<br />

Mesmo considerando as restrições citadas e outras, como dossel descontínuo<br />

para deslocamento (HUMMEL, 1995) e baixa diversidade arbórea (SAMBUICHI,<br />

2002), as preguiças estão utilizando as plantações de cacau do sul da Bahia para<br />

alimentação e reprodução (CASSANO, 2006). Em estudo na matriz agroflorestal na<br />

Costa Rica, Vaughan e colaboradores (2007), citam que mesmo não utilizando<br />

folhas de Theobroma cacao como alimento, o mosaico de cacau sombreado<br />

56


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

apresenta um hábitat adequado para preguiças, onde se pode suportar uma<br />

população viável de preguiças.<br />

Ao mensurar um conjunto de árvores utilizadas pelos animais, observamos<br />

que poucos indivíduos apresentaram látex. Preguiças-de-coleira podem utilizar<br />

árvores que apresentem látex ou não. Algumas famílias que os animais utilizam em<br />

Una (ANEXO I), apresentam espécies que produzem látex tais como, Fabaceae,<br />

Sapotaceae, Myristicaceae, e Moraceae (MORI et al., 1981). Dentre estas,<br />

Myristicaceae e Moraceae são indicadas no trabalho de Cassano (2006) como as<br />

famílias de maior representatividade na dieta das preguiças em Una, sendo o látex<br />

indicado como um possível fator de seleção da dieta. As famílias Euphorbiaceae e<br />

Apocynaceae, também utilizadas pelos animais, são listadas como as duas famílias<br />

encontradas na dieta das preguiças-de-três-dedos nos estudos de Queiroz (1995) e<br />

Chiarello (1998b) são conhecidas por apresentarem grande número de espécies que<br />

produzem látex (MORI et al, 1981).<br />

Dentre as árvores de uso, os animais desse estudo provavelmente<br />

selecionam poucas espécies que possuem látex para alimentação. A especialização<br />

por um restrito grupo de espécies que apresentam composição química semelhante,<br />

permite o desenvolvimento de adaptações morfológicas e fisiológicas que minimizem<br />

os efeitos dos compostos secundários (FREELAND; JANSEN, 1974). O látex é uma<br />

substância rica em compostos secundários e de terpenos, que fazem parte dos<br />

mecanismos de defesa das plantas contra herbivoria e podem ser tóxicos mesmo<br />

em pequenas quantidades (CORK; FOLEY, 1991). Consumir plantas com<br />

compostos secundários é potencialmente perigoso e emprega um grande esforço<br />

metabólico (FREELAND; JANZEN, 1974). Todavia, o látex produzido pelas famílias<br />

citadas é considerado palatável e rico em açúcares e proteínas (AMBIENTE<br />

BRASIL, 2005). Apesar de toxinas serem evitadas por herbívoros, pode-se<br />

considerar que estes compensem a ingestão de uma baixa concentração de tóxicos<br />

por uma elevada aquisição de nutrientes e alcalóides medicinais (BELOVSKY;<br />

SCHMITZ, 1994).<br />

Entretanto, os dados indicam que cerca de dois terços das árvores utilizadas<br />

não apresentam látex. Dessa forma, as preguiças em Una estariam selecionando<br />

para alimentação poucas espécies com látex nutritivo e palatável, onde a presença<br />

57


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

deste composto não seria necessariamente um fator de seleção. Embora o presente<br />

estudo não explane os aspectos nutricionais das folhas de acordo com as espécies<br />

consumidas, futuros estudos com o objetivo relacionar a dieta, nutrição e<br />

forrageamento ótimo das preguiças-de-coleira possam responder as questões das<br />

preferências nutricionais das plantas consumidas.<br />

Espécies vegetais utilizadas<br />

As famílias de plantas mais utilizadas pelos animais, Fabaceae (n = 48);<br />

Sapotaceae (n = 28), Bombacaceae (n = 20) e Moraceae (n = 19), são freqüentes<br />

nas florestas em bom estado de conservação e são amplamente encontradas na<br />

Reserva Biológica de Una e em outros fragmentos da região (MARIANO-NETO,<br />

2004; AMORIM, A. et al, 2006). Em uma visão ampla, essas famílias são<br />

consideradas como dominantes nas Florestas Tropicais Úmidas, não por serem mais<br />

abundantes, mas por apresentarem espécies com características de grande porte<br />

(MORI et al., 1983a; MARIANO-NETO, 2004). Fabaceae (= Leguminosae<br />

considerando Mimosaceae e Caesalpiniaceae) foi encontrada como a família mais<br />

rica em levantamentos feitos em cabrucas no município de Ilhéus (SAMBUICHI,<br />

2002). Sapotaceae é incluída por Mori e colaboradoes (1983b) dentre as famílias<br />

mais ricas em um levantamento feito no sul da Bahia. Ainda, árvores da família<br />

Moraceae, apresentam certa ausência de sazonalidade na produção de folhas<br />

(MILTON, 1991), garantindo assim a disponibilidade de recursos alimentares durante<br />

todo ano (QUEIROZ, 1995; CHIARELLO, 1998b; CASSANO, 2006).<br />

Preguiças em Una estão utilizando espécies arbóreas endêmicas à Mata<br />

Atlântica sul baiana. Por exemplo, as espécies Arapatiela psillophylla e Simira<br />

gardneriana utilizadas pelas preguiças são exclusivas das florestas do sul da Bahia<br />

e da região nordeste (MARIANO-NETO, 2004).<br />

Apesar de ser indicada como uma das famílias mais abundantes nas florestas<br />

da costa leste do Brasil (MORI et al., 1983a; MARTINI, 2002; MARIANO-NETO,<br />

2004) as Myrtaceae, não foram representativas nas árvores utilizadas por preguiçasde-coleira<br />

em Una. Assim, provavelmente, o uso das espécies arbóreas pelas<br />

58


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

preguiças, não é necessariamente ligado a maior densidade das espécies na<br />

floresta, mas sim a abundância e valor de importância das espécies que são<br />

utilizadas como alimento. Por exemplo, as espécies mais utilizadas pelos animais<br />

como Eriotheca globosa, Macrolobium latifolium, Brosimum guianense, Tapirira<br />

guianensis, Tetragastris catuaba e Virola gardneri são citadas por Mariano-Neto<br />

(2004) como algumas das espécies com os Maiores Valores de Importância nas<br />

florestas da região e foram consumidas pelas preguiças deste estudo (ver Tabela 3).<br />

Entretanto, estudos que avaliem a densidade de árvores dentro das áreas de vida<br />

das preguiças em Una tornam-se necessárias para investigar as preferências desses<br />

animais na região de estudo.<br />

As espécies e gêneros utilizados pelos animais neste estudo são descritos em<br />

trabalhos com dieta de preguiças. Montgomery e Sunquist (1975), em estudo com<br />

preguiça-comum no Panamá listaram 28 espécies arbóreas consumidas sendo os<br />

gêneros mais freqüentes Ficus e Inga. Chiarello (1998b) constatou em Santa Tereza<br />

(ES), que as famílias Moraceae, Apocynaceae e Sapotaceae são as mais utilizadas,<br />

identificando 16 espécies de árvores e cinco de lianas que compõem a dieta de<br />

preguiças-de-coleira. Meira (2003) verificou através de revisão de literatura que 17<br />

famílias, 23 gêneros e 35 espécies são utilizados como alimento de B. torquatus,<br />

onde as famílias e gêneros mais freqüentes em dados de literatura foram:<br />

Cecropiaceae (Cecropia sp. e Pourouma sp.), Moraceae (Fícus sp.), Sterculiaceae<br />

(Sterculia sp.), Mimosaceae = Fabacaea (Inga sp.), Bombacaceae (Eriotheca sp.),<br />

Nyctaginaceae (Guapira sp.) e Lauraceae. Todas as famílias e gêneros citados<br />

acima são descritos neste estudo com as árvores utilizadas por preguiças (Anexo I).<br />

O fato de serem encontradas na maioria das vezes em árvores utilizadas para<br />

a dieta pode ser comprovado quando verificamos dados de Cassano (2006), onde<br />

as espécies Eriotheca globosa, Virola gardneri, Brosimum guianenses e Brosimum<br />

rubescens foram bastante utilizadas pelos animais. No trabalho de Vaughan e<br />

colaboradores (2007), as árvores visitadas com maior freqüência por preguiçascomum<br />

foram Cecropia obtusifolia, Cecropia insignis, Coussapoa villosa, Ficus<br />

werckleana e Inga oerstediana, as quais se observam que representantes destes<br />

mesmos gêneros são observados como mais utilizados pelas preguiças-de-coleira<br />

em Una (Anexo I).<br />

59


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

É interessante ainda, ressaltar o uso pelas preguiças de quatro espécies dos<br />

gêneros Micropholis e Manilkara. Onde Micropholis venulosa foi relatada por<br />

Chiarello (1998b) como a espécie mais consumida pelas preguiças em Santa Teresa<br />

(ES). As espécies do gênero Manilkara são árvores de dossel que podem chegar a<br />

30m de altura. Sendo que uma das espécies utilizadas, a Manilkara máxima é<br />

exclusiva do Estado da Bahia e bastante freqüente em trechos de floresta protegidos<br />

onde não houve corte seletivo (MARIANO-NETO, 2004).<br />

Das nove espécies utilizadas pelos animais na área de “cabruca”, somente os<br />

gêneros Ficus (gameleira) e Inga (ingá) e a espécie Sena multijuga (cobí) foram<br />

encontrados nos trabalhos de Sambuichi (2002 e 2006), onde mais de 40 espécies<br />

foram identificadas. Em estudos de Alves (1990) e de Hummel (1995), além dos<br />

gêneros citados acima outros são identificados, como, Cecropia (embaúba) e a<br />

espécie Tapirira guianensis Aubl. (pau-pombo). Essas variações entre cabrucas na<br />

mesma região de estudo, podem ser explicadas por diferenças no histórico de<br />

implantação e manejo das cabrucas. Diferenças na idade da cabruca, no critério de<br />

seleção das árvores para sombreamento, e nas características da floresta original<br />

podem determinar grandes variações na estrutura da vegetação desses sistemas<br />

agroflorestais (ALVES, 1990, SAMBUICHI, 2002).<br />

As espécies utilizadas por preguiças na cabruca estudada são todas nativas,<br />

pois cabrucas se caracterizaram como um sistema agroflorestal que mantém certa<br />

porcentagem de espécies da floresta original (HUMMEL, 1995). Ainda que bastante<br />

distintas das plantações de cacau do sul da Bahia, as áreas de cacau utilizadas por<br />

preguiças na Costa Rica apresentaram o maior número de visitações às árvores<br />

nativas da região, incluindo os gêneros Ficus e Cecropia onde as espécies mais<br />

comuns na paisagem foram introduzidas (VAUGHAN, et al, 2007). As constantes<br />

visitações à representantes destes gêneros e o consumo destes por preguiças,<br />

também foram encontrados no presente estudo. Os mesmos autores relatam ainda<br />

que a Erythrina poeppigiana (espécie também utilizada no sul da Bahia para<br />

sombrear cacau) provavelmente não são consumidas por preguiças (VAUGHAN et<br />

al, 2007).<br />

As variações observadas entre os animais deste estudo são reflexo das<br />

variações também observadas por hábitat. Mesmo não tendo realizado estudos de<br />

60


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

distribuição das espécies nos ambientes, é provável que a estrutura da vegetação<br />

esteja, mais uma vez, influenciando na escolha das árvores utilizadas por preguiças.<br />

As escolhas na dieta podem ser uniformes entre preguiças que compartilham do<br />

mesmo local de origem (MONTGOMERY; SUNQUIST, 1978; CHIARELLO, 1998b),<br />

o que conseqüentemente reflete nas árvores que são usadas de modo geral pela<br />

espécie.<br />

No presente estudo, verificamos que juvenis utilizaram as mesmas espécies<br />

(e na maioria das vezes os mesmos indivíduos arbóreos) que suas mães. Preguiças<br />

são ensinadas a consumir as mesmas espécies que suas mães, as quais deixam o<br />

infante em sua área de vida após o período de amamentação (MONTGOMERY;<br />

SUNQUIST, 1978; SOARES; CARNEIRO, 2002). Esta idéia é corroborada por<br />

Chiarello (1998b), que encontrou as mesmas preferências de alimentação entre<br />

preguiças que residem em diferentes áreas de um mesmo fragmento florestal, como<br />

se fossem gerações sucessivas.<br />

Em relação aos índices de diversidade encontrados, verificamos também que<br />

o número de espécies arbóreas presentes em cada hábitat pode influenciar na<br />

diversidade de espécies utilizadas por preguiças de coleira. Os menores índices<br />

encontrados em cabrucas são, provavelmente, conseqüências das baixas<br />

alternativas que este hábitat oferece. Ao encontrar diferenças entre os indivíduos e<br />

entre os habitats na escolha das árvores utilizadas, verifica-se que esta diferença é<br />

tão significativa a ponto de mostrar índices de similaridades pouco representativos<br />

entre os ambientes (menos de 50% - Figura 12).<br />

Ao observar a Figura 12, verifica-se o mesmo padrão encontrado em campo,<br />

ou seja, a análise de agrupamento conseguiu agrupar o que se distingue na prática.<br />

Por exemplo, o animal BT193 reside em uma área de floresta secundária vizinha a<br />

área de cacau do indivíduo BT464. Como em literatura sabe-se que áreas de floresta<br />

e áreas de cabruca vizinhas sofrem influencia uma da outra no recrutamento de<br />

novas plantas (ALVES, 1990), é esperado que estas espécies sejam<br />

significativamente similares na escolha das árvores. De certa forma, estes dados<br />

corroboram as idiossincrasias similares na dieta de indivíduos de mesmo hábitat,<br />

encontradas por outros estudos (MONTGOMERY; SUNQUIST, 1978; CHIARELLO,<br />

1998b). Assim, a abundância e a distribuição de espécies arbóreas mudariam o<br />

61


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

consumo e/ou utilização de cada planta por animal em ambientes compostos de<br />

plantas que diferem em abundância e distribuição (BELOVSKY; SCHMITZ, 1994).<br />

Preguiças-de-coleira podem ser consideradas espécies altamente adaptáveis<br />

a hábitats antropogênicos que apresentem um distúrbio intermediário. Dessa forma,<br />

hábitats como cabrucas e florestas secundárias são melhores do que pasto, já que<br />

este animal depende de uma estrutura vertical de dossel para deslocamento e<br />

sobrevivência. Assim, na realidade os animais estão selecionando as árvores de uso<br />

a partir do há de disponível no hábitat, mostrando ser uma espécie adaptável a<br />

perturbações antrópicas intermediárias.<br />

Apesar de preguiças mostrarem certa tolerância às modificações no hábitat,<br />

os dados indicam que as florestas em estágio avançado de regeneração são mais<br />

propícias para conservação de preguiças, o que já era esperado se considerarmos<br />

todas as demais espécies silvestres.<br />

Implicações para conservação<br />

O conhecimento do comportamento alimentar e do uso do hábitat por<br />

herbívoros é fundamental na determinação das relações entre esses e seus recursos<br />

vegetais, pois somente através do desenvolvimento desse entendimento, pode-se<br />

guiar objetivamente planos para a conservação dos recursos naturais (DUCAN,<br />

GOR<strong>DO</strong>N, 1999). Assim, o foco em pesquisas futuras poderá transitar, quando<br />

possível, entre o entendimento do processo de seleção das espécies em microescala<br />

para refletir em grandes-escalas (DUCAN, GOR<strong>DO</strong>N, 1999). Dessa forma, o<br />

presente estudo traz informações fundamentais para o planejamento de práticas de<br />

manejo para a conservação das preguiças-de-coleira (B. troquatus), no tocante ao<br />

uso dos recursos em micro-hábitat para a explanação em escala macro.<br />

Pesquisas mostram que, em florestas tropicais, quanto maior a complexidade<br />

do hábitat e da estratificação vertical os ecossistemas podem suportar muito mais<br />

espécies animais (MACARTHUR, WILSON, 2001). Assim é razoável pensar que as<br />

simplificações de hábitat que ocorrem na cabruca e nas florestas secundárias,<br />

possam afetar a população de preguiças-de-coleira na região de Una.<br />

62


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

Entretanto, mamíferos que vivem em cabrucas possuem condições de<br />

explorar uma ampla variedade de recursos alimentares (ALVES, 1990). A utilização<br />

de árvores em ambientes alterados (cabrucas e florestas secundárias), pelas<br />

preguiças-de-coleira monitoradas em Una propõe que, mesmo com a simplificação<br />

de hábitat, esses ambientes podem servir como corredores entre fragmentos<br />

florestais bem preservados, além de aumentar a quantidade de hábitat disponível<br />

para a espécie. Como discutido por Pardini (2004), a riqueza e a composição de<br />

espécies em fragmentos pequenos e em hábitats florestais perturbados do mosaico<br />

de Una, sugerem a possibilidade de manutenção, ou da conservação, da<br />

biodiversidade em paisagens florestais estruturalmente fragmentadas e<br />

economicamente produtivas através do estabelecimento de matrizes antropogênicas<br />

complexas (PARDINI, R. 2004).<br />

A habilidade das espécies de mamíferos incluírem a cabruca em sua área de<br />

vida, certamente está relacionada com a proximidade da cabruca com florestas<br />

(ALVES, 1990). Quanto mais próximo a cabruca estiver da floresta maior será a<br />

biodiversidade encontrada nesse sistema agroflorestal (ALVES, 1990; PARDINI,<br />

2004; FARIA et al, 2006; FARIA, BAUMGARTEN, 2007).<br />

Sabe-se que a localização dos fragmentos dentro de uma paisagem é<br />

fundamental para a manutenção da conectividade funcional utilizada pelas<br />

populações locais, o que irá determinar os padrões de extinções e recolonizações<br />

locais, aumentando ou diminuindo a perda de espécies em relação à área total de<br />

habitat (METZGER, 1999). Dessa forma, as espécies que são incapazes de utilizar<br />

bordas, capoeiras ou cabrucas da região de Una estarão sujeitas a maiores riscos<br />

de extinção local, dependendo da configuração dos fragmentos (MARIANO-NETO,<br />

2004). Assim torna-se necessário o planejamento da ocupação local pela agricultura,<br />

e recuperação ou criação de elementos chave que permitem conexão funcional<br />

entre fragmentos (MARIANO-NETO, 2004).<br />

A conservação de espécies em áreas isoladas depende do tamanho do<br />

fragmento, tamanho populacional de espécies em um habitat limitado, e na<br />

habilidade dessas se moverem de uma ilha para outra (MACARTHUR, WILSON,<br />

2001). Estudos com mamíferos terrestres e morcegos estudados na região de Una<br />

mostraram que a paisagem composta por um mosaico de áreas de capoeira e<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

cabrucas ainda permite o transito de algumas espécies entre os remanescentes<br />

florestais (PARDINI, 2001; FARIA, 2002), reduzindo assim os efeitos negativos do<br />

isolamento físico dos fragmentos e do isolamento genético das populações<br />

(LAWRANCE; COCHRANE, 2001).<br />

As preguiças-de-coleira possuem uma capacidade grande de dispersão por<br />

áreas de Floresta em Estágio Avançado de Regeneração, bem como em ambientes<br />

alterados que mantenham uma estrutura florestal como áreas secundárias e<br />

algumas cabrucas (CASSANO, 2006). Além de possuir uma elevada concentração<br />

de árvores que são utilizadas como alimento (CASSANO, 2006) e como microhábitat<br />

(ver resultados deste estudo), a cabruca onde o estudo foi realizado possui<br />

uma localização bastante propicia para a colonização por espécies florestais<br />

arbóreas. Contudo, sabe-se que a maior perda das características florestais na<br />

cabruca não está na estrutura, mas na composição da comunidade de plantas<br />

(ALVES, 1990), pois neste local a regeneração do dossel é eliminada (RICE,<br />

GREENBERG, R. 2000) ou é minimamente possível a partir das conexões entre<br />

cabrucas e fragmentos florestais (HUMMEL, 1995). Por estes fatores, observa-se no<br />

presente estudo que preguiças residentes em cabruca e em floresta secundária<br />

utilizam espécies arbóreas diferentes das preguiças que residem em florestas<br />

avançadas.<br />

O fato de algumas espécies de animais serem capazes de manter populações<br />

em agroflorestas indica que a cabruca é menos prejudicial para a vida selvagem do<br />

que práticas agropecuárias mais intensas como pastos e monoculturas (ALVES,<br />

1990; HARVEY, et al, 2006; MCNEELY; SCHROTH, 2006; VAUGHAN et al, 2007).<br />

Dados de diversos grupos da fauna, como aves (FARIA et al, 2006), morcegos<br />

(FARIA, BAUMGARTEN, 2007), primatas (RABOY et al, 2004), pequenos mamíferos<br />

(PARDINI, 2001) e ainda preguiças (CASSANO, 2006), indicam que as áreas de<br />

cabruca e de florestas na região de Una, podem promover uma matriz que possibilite<br />

a manutenção e conservação das espécies de fauna na região. Para preguiças-decoleira,<br />

isto é um fato, pois como mamíferos folívoros arborícolas estritos, esses<br />

animais dependem de elementos arbóreos para exercer as atividades necessárias<br />

para sua sobrevivência. Segundo Cassano (2006), a presença de grandes blocos de<br />

floresta madura e de vegetação ciliar na margem do Rio Maruim (principal rio que<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

atravessa essa região e onde os fragmentos ocorrem próximo) são características<br />

que possibilitam a manutenção de populações de preguiças, viabilizando dessa<br />

forma a dispersão de indivíduos através dos ambientes.<br />

Estudos em outras regiões da América latina, com mamíferos folívoros<br />

arborícolas mostram resultados semelhantes. Por exemplo, primatas folívoros como<br />

os bugios (Alouatta sp) se mostram adaptáveis às plantações de cacau, no México,<br />

onde usam com êxito as árvores para alimentação, descanso e reprodução (MUÑOZ<br />

et al, 2006). Preguiças-comum utilizam com sucesso plantações de cacau em matriz<br />

agroflorestal na Costa Rica, onde há um mosaico de hábitats contendo árvores que<br />

podem suportar um tamanho viável de populações, importante para a conservação<br />

da espécie nesse tipo de paisagem (VAUGHAN, 2006; VAUGHAN et al, 2007).<br />

Segundo Mcneely e Schroth (2006), as agroflorestas apresentam um grande<br />

papel na conservação da biodiversidade em uma escala da paisagem, como prover<br />

hábitat secundário suplementar para as espécies que toleram um determinado nível<br />

de distúrbio e possibilitar a criação de uma matriz mais benigna e mais permeável.<br />

Todavia, devido à brusca modificação estrutural causada pelo sistema de<br />

cabruca, ou seja, a completa retirada do sub-bosque e a redução drástica das<br />

árvores do dossel (ALVES, 1990, HUMMEL, 1995; RICE, GREENBERG, R. 2000),<br />

provavelmente estes habitas não consigam manter populações a longo prazo. Ainda,<br />

cabrucas envelhecem, as árvores nativas de dossel caem (ROLIM, CHIARELLO,<br />

2004) e por isso são periodicamente substituídas por espécies exóticas (RICE,<br />

GREENBERG, R. 2000). Entretanto, práticas de manejo podem promover uma<br />

melhora potencial das cabrucas, tornando a mudança floresta-cabruca menos<br />

dramática para as espécies arborícolas (ALVES, 1990). Sabe-se que, devido ao<br />

declínio da produção e principalmente á expansão das fronteiras de cacau no<br />

mundo, o desmatamento das regiões onde há plantio de cacau e a substituição<br />

desse sistema por monoculturas estão ocorrendo constantemente (RICE,<br />

GREENBERG, R. 2000). Ainda deve-se destacar que o presente estudo não relatou<br />

preguiças consumindo a eritrina (Erythrina poeppigiana), uma árvore exótica<br />

comumente plantada para sombrear cacau na região. Assim, a introdução e<br />

preservação de árvores que são encontradas em florestas e que apresentam<br />

importância primária como recurso alimentar na cabruca criam um gradiente que<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

pode possibilitar a habilidade de espécies de animais utilizarem e transitarem por<br />

esse sistema (ALVES, 1990; HARVEY, et al, 2006).<br />

A região de Una é um caso único e complexo de paisagens da Mata Atlântica<br />

Brasileira que necessita de medidas urgentes de ações para conservação (SAATCHI<br />

et al, 2001). Dada a paisagem atual de uso na região de Una, a diversidade de tipos<br />

de habitat disponível e a história natural das preguiças, é provável que um pequeno<br />

número de ações facilmente executáveis possa realçar os planos para conservação<br />

da biodiversidade bem além da espécie estudada.<br />

Um número representativo de espécies arbóreas que podem ser utilizadas<br />

como árvores “modais”, como por exemplo, Brosimum guianense, Dialium<br />

guianense, Eriotheca globosa, Eriotheca macrophylla, Inga edulis e Macrolobium<br />

latifolium (ver Anexo I), deveriam estar disponível nas paisagens florestais e<br />

agroflorestais de Una, como recurso alimentar, local de descanso e deslocamento.<br />

Essa ação pode demandar desde atitudes simples a ações mais complexas como:<br />

incentivar trabalhadores de fazendas e proprietários a reter algumas mudas de<br />

árvores durante as limpezas periódicas das fazendas de cacau para posterior plantio<br />

em áreas secundárias e de cabruca; o manejo com reflorestamento de áreas<br />

secundárias e a manutenção da conexão entre áreas fragmentadas.<br />

Como em outras paisagens com intensa ação antrópica, a conservação da<br />

biodiversidade dentro da matriz de Una dependerá não somente da presença de<br />

zonas tampão e manejo de corredores, mas também do manejo cuidadoso do<br />

impacto humano na paisagem florestal da região.<br />

Essas e outras ações conservacionistas podem promover a diversidade<br />

horizontal e vertical do hábitat e do micro-hábitat, para a manutenção e conservação<br />

de populações de preguiças e das outras espécies do sul da Bahia.<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

CONCLUSÕES<br />

As famílias mais utilizadas pelos animais de estudo foram Fabaceae,<br />

Sapotaceae, Bombacaceae e Moraceae. Os gêneros mais utilizados pelos animais<br />

foram Eriotheca, Virola, Inga, Brosimum e Micropholis. Representantes dessas<br />

famílias e desses gêneros são descritos em diversos trabalhos como constituintes da<br />

dieta de preguiças.<br />

Os animais utilizaram espécies arbóreas que são endêmicas da Bahia, como<br />

Arapatiela psilophylla, Simira gardneriana e Manilkara máxima.<br />

As preguiças deste estudo se posicionaram no estrato do dossel florestal e<br />

utilizaram árvores grandes (em diâmetro e altura), sem látex e com cipós. Entretanto,<br />

animais que vivem em áreas degradadas estiveram em alturas inferiores e em<br />

árvores menores em comparação com os indivíduos que residem em áreas com<br />

melhor estado de conservação.<br />

Preguiças adultas utilizaram as regiões externas da copa, enquanto que os<br />

juvenis utilizaram a copa interna. Assim preguiças adultas se posicionaram em<br />

alturas maiores que os juvenis. Adultos e juvenis também diferem na escolha do<br />

tamanho das árvores utilizadas, sendo que juvenis preferem árvores mais finas e<br />

menos altas.<br />

Animais residentes em áreas degradadas utilizaram menor número de árvores<br />

e de espécies arbóreas do que animais que habitam florestas em estágio avançado<br />

de regeneração.<br />

Os animais residentes em plantações de cacau sombreado (cabruca),<br />

ambientes comuns na paisagem de Una, utilizaram somente árvores nativas. O<br />

manejo das plantações de cacau sombreadas por espécies nativas podem favorecer<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

a manutenção das populações de preguiças que residem nesses ambientes.<br />

Tornando dessa forma, as cabrucas uma ferramenta importante para o auxílio na<br />

conservação das preguiças-decoleira do sul da Bahia.<br />

Foto: CASSANO, C.R. Arquivos Projeto Ecologia da Preguiça-de-coleira.<br />

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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

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82


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

ANEXO I: Identificação das espécies vegetais utilizadas por<br />

indivíduo de preguiça-de-coleira (Bradypus torquatus) monitorado<br />

durante o estudo<br />

83


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

FAMÍLIA I<strong>DE</strong>NTIFICAÇÃO GÊNERO/ESPÉCIE<br />

BT033<br />

ANIMAL<br />

BT123 BT142 BT142_2<br />

BT042<br />

BT464<br />

BT193<br />

BT065 TOTAL<br />

ANACARDIACEAE Tapirira guianensis Aubl. 0 0 0 1 0 5 6<br />

ANNONACEAE Guatteria pogonopus Mart. 0 0 0 1 0 0 1<br />

APOCYNACEAE Himatanthus phagedaenicus (Mart.) Woodson 0 0 1 0 0 0 1<br />

APOCYNACEAE Macoubea guianensis Aubl. 2 0 0 0 0 0 2<br />

AQUIFOLIACEAE Ilex sp 0 1 0 0 0 0 1<br />

ARALIACEAE Schefflera morototoni (Aubl.) Mag., Steyerm. & Frod. 0 0 1 0 0 0 1<br />

ARECACEAE Elaeis guineensis Jacq. 0 0 0 0 4 0 4<br />

BIGNONIACEAE Tabebuia elliptica (Dc.) Sandawith 0 0 1 0 0 0 1<br />

BOMBACACEAE Eriotheca globosa (Aubl.) A.Robyns 4 5 3 1 0 0 13<br />

BOMBACACEAE Eriotheca macrophylla (K.Schum.) A.Robyns 0 1 0 4 0 0 5<br />

BOMBACACEAE Eriotheca sp 0 1 0 1 0 0 2<br />

BURSERACEAE Protium heptaphyllum March. 1 0 0 0 0 0 1<br />

BURSERACEAE Protiun warmingianum March. 0 0 1 0 0 0 1<br />

BURSERACEAE Tetragastris catuaba Cunha 4 2 1 0 0 0 7<br />

CECROPIACEAE Cecropia hololeuca Miguel 0 0 0 0 0 2 2<br />

CECROPIACEAE Coussapoa pachyphylla Arr. & Berg 0 1 0 4 0 0 5<br />

CECROPIACEAE Coussapoa sp 1 0 0 0 0 0 1<br />

CECROPIACEAE Pourouma velutina Miguel 0 0 0 2 0 0 2<br />

CHRYSOBALANACEAE Couepia belemii Prance 1 0 0 0 0 0 1<br />

CHRYSOBALANACEAE Couepia sp 1 0 0 0 0 0 1<br />

CHRYSOBALANACEAE Parinari leontopitheci Prance 2 0 0 0 0 0 2<br />

CHRYSOBALANACEAE Parinari sp 0 0 0 1 0 0 1<br />

CHRYSOBALANACEAE 1 2 0 0 0 0 3<br />

CLUSIACEAE Symphonia globulifera L. 3 0 0 0 3 0 6<br />

CLUSIACEAE Tovomita mangle G. Mariz 0 0 0 1 0 0 1<br />

CLUSIACEAE Tovomita sp1 0 0 1 0 0 0 1<br />

CLUSIACEAE Vismia sp1 1 0 0 0 0 0 1<br />

ELAEOCARPACEAE Sloanea guianensis (Aubl.) Benth. 1 0 0 0 0 0 1<br />

ELAEOCARPACEAE Sloanea sp 1 0 1 0 0 0 2<br />

84


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

FAMÍLIA I<strong>DE</strong>NTIFICAÇÃO GÊNERO/ESPÉCIE<br />

BT033<br />

ANIMAL<br />

BT123 BT142 BT142_2<br />

BT042<br />

BT464<br />

BT193<br />

BT065 TOTAL<br />

EUPHORBIACEAE<br />

Alchornea glandulosa Poepp. Subesp. Iricurana<br />

(Casar.) R. Secco<br />

0 0 0 0 0 2 2<br />

EUPHORBIACEAE Amanoa guianensis Aubl. 2 0 0 0 0 0 2<br />

EUPHORBIACEAE Croton macrobothrys Baillon 0 0 0 1 0 0 1<br />

EUPHORBIACEAE Croton sp 1 0 0 0 0 0 1<br />

EUPHORBIACEAE Pera glabrata (Schott) Baill. 6 0 0 0 0 0 6<br />

EUPHORBIACEAE Pogonophora schomburgkiana Miers 1 0 0 0 0 0 1<br />

EUPHORBIACEAE 0 1 0 0 0 0 1<br />

FABACEAE/LEGUMINOSAE Andira marauensis Mattos 0 0 0 1 0 0 1<br />

FABACEAE/LEGUMINOSAE Arapatiella emarginata Cowan 0 2 1 0 0 0 3<br />

FABACEAE/LEGUMINOSAE Arapatiella psilophyla (Harms) Cowan 0 0 2 0 0 0 2<br />

FABACEAE/LEGUMINOSAE Arapatiella sp 1 0 0 0 0 0 1<br />

FABACEAE/LEGUMINOSAE Balisia pedicellaris (Dc.) Barneby & Grimes 0 1 0 0 0 0 1<br />

FABACEAE/LEGUMINOSAE Chamaecrista ensiformis (Vell.) Irwin & Barneby 0 0 1 1 0 0 2<br />

FABACEAE/LEGUMINOSAE Copaifera langsdorfii Desf. 1 1 0 0 0 0 2<br />

FABACEAE/LEGUMINOSAE Dalbergia frutescens (Vell.) Britton 0 0 1 0 0 0 1<br />

FABACEAE/LEGUMINOSAE Dalbergia sp 1 0 0 0 0 0 1<br />

FABACEAE/LEGUMINOSAE Dialium guianense (Aubl.) Sandwith 5 0 0 0 0 0 5<br />

FABACEAE/LEGUMINOSAE Dialium sp 1 1 0 0 0 0 2<br />

FABACEAE/LEGUMINOSAE Inga edulis Mart. 0 0 0 0 4 8 12<br />

FABACEAE/LEGUMINOSAE Macrolobium latifolium Vogel 3 2 0 1 0 0 6<br />

FABACEAE/LEGUMINOSAE Pterocarpus sp 0 0 1 0 0 0 1<br />

FABACEAE/LEGUMINOSAE Sclerolobium densiflorum Benth. 0 0 0 1 0 0 1<br />

FABACEAE/LEGUMINOSAE Senna multijuga (Rich.) Irwin & Barneby 0 0 0 0 0 3 3<br />

FABACEAE/LEGUMINOSAE Zollernia sp1 0 0 1 0 0 0 1<br />

FABACEAE/LEGUMINOSAE 1 2 0 0 0 0 3<br />

FLACOURTIACEAE Casearia arborea (Rich.) Urban 0 0 0 1 0 0 1<br />

FLACOURTIACEAE Casearia commersoniana Cambess. 0 0 0 0 1 0 1<br />

FLACOURTIACEAE 1 0 0 0 0 0 1<br />

85


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

FAMÍLIA I<strong>DE</strong>NTIFICAÇÃO GÊNERO/ESPÉCIE<br />

BT033<br />

ANIMAL<br />

BT123 BT142 BT142_2<br />

BT042<br />

BT464<br />

BT193<br />

BT065 TOTAL<br />

LAURACEAE Ocotea costulata (Ness) Mez. 0 0 1 0 0 0 1<br />

LAURACEAE Ocotea sp 0 0 1 0 0 0 1<br />

LAURACEAE 2 1 0 0 0 4 7<br />

LECYTHIDACEAE Eschweilera ovata (Cambess.) Miers 1 0 0 0 0 1 2<br />

MELASTOMATACEAE Miconia sp 1 0 0 0 0 0 1<br />

MELIACEAE 0 1 0 0 0 0 1<br />

MORACEAE Brosimum guianense (Aubl.) Huber 0 0 3 3 0 0 6<br />

MORACEAE Brosimum rubescens Taub. 1 0 3 0 0 0 4<br />

MORACEAE Brosimum sp 1 0 0 0 0 0 1<br />

MORACEAE Clarisia sp 0 0 1 0 0 0 1<br />

MORACEAE Ficus clusiaefolia Schott 0 0 0 0 0 2 2<br />

MORACEAE Ficus sp2 1 0 0 0 0 0 1<br />

MORACEAE Helicostylis tomentosa (Poepp. & Endl.) Macbride 1 1 0 0 0 0 2<br />

MORACEAE Ficus sp1 0 0 1 0 0 0 1<br />

MORACEAE Ficus sp3 0 0 1 0 0 0 1<br />

MYRISTICACEAE Virola gardneri Warb. 4 2 1 1 0 0 8<br />

MYRISTICACEAE Virola sp1 0 0 3 0 0 0 3<br />

MYRISTICACEAE Virola sp2 0 0 0 2 0 0 2<br />

MYRTACEAE Eugenia sp1 1 0 0 1 0 0 2<br />

MYRTACEAE Marlierea racemosa (Vell.) Kiars 0 0 0 1 0 0 1<br />

MYRTACEAE Marlierea sp 1 0 0 0 0 0 1<br />

MYRTACEAE Myrcia fallax DC. 1 0 1 0 0 0 2<br />

MYRTACEAE Neomitranthes sp1 0 0 0 1 0 0 1<br />

MYRTACEAE 4 0 1 0 0 0 5<br />

não ID 1 0 0 0 0 0 1<br />

NYCTAGINACEAE Guapira hirsuta (Choisy) Lundell 0 0 0 1 0 0 1<br />

NYCTAGINACEAE Guapira obtusata (Jaq) Little 0 0 1 0 0 0 1<br />

NYCTAGINACEAE Guapira opposita (Vell.) Reitz 0 0 0 1 0 0 1<br />

OLACACEAE Heisteria brasiliensis Engl. 0 1 1 0 0 0 2<br />

OLACACEAE 0 0 2 2 0 1 5<br />

86


BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />

FAMÍLIA I<strong>DE</strong>NTIFICAÇÃO GÊNERO/ESPÉCIE<br />

BT033<br />

ANIMAL<br />

BT123 BT142 BT142_2<br />

BT042<br />

BT464<br />

BT193<br />

BT065 TOTAL<br />

RUBIACEAE Simira sp1 0 0 1 0 0 0 1<br />

SAPINDACEAE Erythrophylum sp1 1 0 0 0 0 0 1<br />

SAPINDACEAE Erythrophylum sp2 1 0 0 0 0 0 1<br />

SAPOTACEAE Chrysophyllum sp 0 2 0 0 0 0 2<br />

SAPOTACEAE Manilkara longifolia (A.Dc.) Dubard. 0 2 0 0 0 0 2<br />

SAPOTACEAE Manilkara maxima T.D.Penn 0 0 1 0 0 0 1<br />

SAPOTACEAE Manilkara salzmannii (A.Dc.) H.J.Lam 2 0 0 0 0 0 2<br />

SAPOTACEAE Manilkara sp1 1 0 0 0 0 0 1<br />

SAPOTACEAE Manilkara sp2 2 0 0 0 0 0 2<br />

SAPOTACEAE Micropholis crassipedicelata Pierre 2 0 1 0 0 0 3<br />

SAPOTACEAE Micropholis gardneriana (A.Dc.) Pierre 1 0 0 0 0 0 1<br />

SAPOTACEAE Micropholis guyanensis (A. Dc.) Pierre 0 0 1 0 0 0 1<br />

SAPOTACEAE Micropholis venulosa (Mart. & Eichler) Pierre 1 2 0 0 0 0 3<br />

SAPOTACEAE Pouteria beaurepairei (Glaziou & Rankier) Baehni 0 0 0 1 0 0 1<br />

SAPOTACEAE Pouteria reticulata (Engler) Eyma 0 0 1 0 0 0 1<br />

SAPOTACEAE Pouteria sp1 0 0 1 0 0 0 1<br />

SAPOTACEAE Pouteria sp2 0 0 0 1 0 0 1<br />

SAPOTACEAE Pouteria sp3 0 0 0 1 0 0 1<br />

SAPOTACEAE Pradosia lactescens (Vell.) Radlk. 1 0 0 0 0 0 1<br />

SAPOTACEAE 1 2 0 0 0 0 3<br />

SIMAROUBACEAE Simarouba amara Aubl. 1 1 0 0 0 0 2<br />

SIMAROUBACEAE 0 0 1 0 0 0 1<br />

TILIACEAE Hydrogaster trinerve Kuhlm. 1 0 0 0 0 0 1<br />

TOTAL 82 38 45 38 12 28 243<br />

87

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