16.04.2013 Views

Hans Christian Andersen - Sapo

Hans Christian Andersen - Sapo

Hans Christian Andersen - Sapo

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>Hans</strong> <strong>Christian</strong><br />

<strong>Andersen</strong><br />

­ As escritoras Ana Maria Magalhães<br />

e Isabel Alçada contam alguns episódios da<br />

vida do escritor dinamarquês <strong>Hans</strong> <strong>Christian</strong><br />

<strong>Andersen</strong>.<br />

­ A partir das informações que elas<br />

nos dão e de outras que recolhas, escreve<br />

uma biografia deste autor: De seguida,<br />

poderás expor o resultado da tua<br />

investigação, enriquecendo­a com a<br />

reprodução de um dos seus contos, com<br />

fotografias ou ilustrações e um mapa onde<br />

localizes o seu país natal.<br />

<strong>Hans</strong> entrou em casa<br />

com uma braçada de lenha e foi<br />

empilhá­la ao canto da lareira.<br />

Estava cheio de frio, mas as<br />

chamas não o podiam aquecer<br />

porque o gelo se acumulara no seu coração.<br />

O pai tinha partido para a guerra nessa<br />

mesma tarde. Decidira seguir Napoleão,<br />

alistar­se no exército francês.<br />

Ele bem queria não pensar nisso,<br />

mas tudo naquela sala lhe lembrava o pai.<br />

Ninguém se dera ao trabalho de esconder a<br />

caneca de cerveja, as botas de neve, as tiras<br />

de couro e as agulhas muito grossas com<br />

que remendava solas e fazia sapatos.<br />

Cabisbaixo, foi buscar o banco de<br />

madeira onde costumava sentar­se à espera<br />

da ceia, quando a avó o interpelou num tom<br />

bastante ríspido:<br />

­ Preciso que vás buscar água ao<br />

poço. Traz­me o balde maior.<br />

Ele olhou­a surpreendido. O balde<br />

maior era enorme, não tinha forças para o<br />

transportar.<br />

Como se lhe tivesse lido os<br />

pensamentos, a mãe interveio:<br />

­ Agora és tu o homem da casa...<br />

A frase cravara­se­lhe no peito como<br />

uma punhalada. «O homem da casa? Mas<br />

só tenho oito anos!»<br />

No entanto, era assim mesmo. Na<br />

família só havia mulheres: a avó, a mãe, a<br />

irmã. E todas olhavam para ele, na<br />

esperança que as ajudasse a vencer a<br />

miséria.<br />

Para ganhar a vida, começou por<br />

trabalhar numa fábrica, de onde foi<br />

despedido pouco depois, porque não tinha<br />

jeito nenhum para as tarefas.<br />

O emprego seguinte também não lhe<br />

agradou nada: aprendiz numa loja de<br />

alfaiate. Não dispondo de habilidade manual,<br />

devia ser um tormento!<br />

A responsabilidade excessiva que<br />

pesava nos seus ombros frágeis encheu­lhe<br />

a alma de melancolia. Assim, nas horas<br />

vagas, em vez de brincar com os rapazes da<br />

mesma idade, refugiava­se num canto a ler e<br />

a escrever poemas.<br />

Certo dia, porém, teve um encontro<br />

muito animador. Na vizinhança, havia uma<br />

mulher que todos consultavam para saber o<br />

futuro, porque tinha fama de adivinha.<br />

<strong>Hans</strong> cruzou­se com ela à saída da<br />

igreja e, para seu grande espanto, a feiticeira<br />

segurou­o por um braço com um ar<br />

entusiasmadíssimo:<br />

­ <strong>Hans</strong> <strong>Christian</strong> <strong>Andersen</strong>! Quando<br />

fores muito famoso não te esqueças de mim!<br />

­ Famoso, eu?<br />

­ Sim. Vejo nos teus olhos a glória, a<br />

riqueza e a fama.<br />

E pegando­lhe avidamente nas mãos,<br />

pôs­se a estudar as linhas que riscam a pele,<br />

como se lesse num livro.<br />

­ Eh! O que para aqui vai de sucesso!<br />

Tanta coisa boa, meu filho.<br />

Ele nunca mais sossegou, ansioso<br />

por ir em busca do tal destino magnífico que<br />

a velha anunciara. E insistia com a mãe:<br />

­ Deixe­me ir para a capital. Deixe­me<br />

ir para Copenhaga. Paira vencer na vida<br />

tenho de sair daqui.<br />

A mãe hesitava. A avó achava um<br />

disparate. A irmã ria­se.<br />

Mas a velha acabou por convencê­las<br />

e o rapaz partiu mesmo. Nessa altura, tinha<br />

catorze anos e o coração cheio de ilusões.<br />

Talvez julgasse que, ao desembarcar,<br />

tudo seria fácil e grandioso. Os primeiros<br />

tempos em Copenhaga, no entanto, foram<br />

difíceis.<br />

Só arranjava trabalhos mal pagos,<br />

ninguém ligava à sua poesia, chegou mesmo<br />

a passar fome.<br />

Como fazia pequenos serviços num<br />

teatro, convenceu­se que a sua grande<br />

oportunidade era no palco. Tanto se esforçou<br />

que conseguiu obter um papel secundário. E<br />

até tinha jeito, porque apareceu alguém que<br />

se dispôs a ajudá­lo a fazer carreira no teatro<br />

real.Mas não era esse o seu caminho. Nas


vésperas da primeira audição, ficou doente e<br />

perdeu a voz.<br />

Triste e acabrunhado, mergulhou de<br />

novo nos poemas. Lindos poemas! Assim<br />

que foram publicados num jornal, “a estrela<br />

da sorte refulgiu no firmamento"...<br />

Dois poetas famosos e um homem<br />

importante, chamado Jonas Coilin,<br />

interessaram­se por ele; decidiram<br />

recomendálo ao rei e pagar­lhe os estudos.<br />

Mandaram­no para um dos melhores<br />

colégios da Dinamarca, pois valia a pena<br />

apostar em quem tinha tanto talento.<br />

<strong>Hans</strong> não desiludiu os seus<br />

protectores. Pouco depois, escreveu uma<br />

história cómica, com tanto êxito que nunca<br />

mais lhe faltaram editores. Seguiram­se<br />

livros de poemas, peças de teatro,<br />

romances.<br />

Mas o que o tornou conhecido em<br />

todo o mundo foram as histórias para<br />

crianças. "O soldadinho de chumbo", "A<br />

menina dos fósforos", "A sereiazinha" e<br />

tantas outras chegaram até aos nossos dias<br />

traduzidas em muitas línguas, adaptadas<br />

para o teatro, cinema e até para desenhos<br />

animados. A figura da sereiazinha, sentada<br />

numa pedra a olhar para o mar, tomou­se o<br />

símbolo de Copenhaga.<br />

A feiticeira tinha razão. <strong>Hans</strong><br />

<strong>Christian</strong> <strong>Andersen</strong> foi um homem famoso,<br />

rico, respeitado e admirado por todos os que<br />

o conheceram e por todos os queleram a sua<br />

obra.<br />

Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada,<br />

in "Público júnior", n." 34<br />

<strong>Andersen</strong> lendo um dos<br />

seus contos para um<br />

grupo de meninas<br />

A casa que a tradição diz ser o<br />

lugar de nascimento de <strong>Hans</strong><br />

<strong>Christian</strong> <strong>Andersen</strong>; litografia de<br />

1868.<br />

Equipamento de<br />

viagem de <strong>Andersen</strong>.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!