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A década de 1970 e o movimento lacaniano - Instituto Marcio Peter

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1979<br />

Hystoria<br />

A <strong>década</strong> <strong>de</strong> <strong>1970</strong> e o<br />

<strong>movimento</strong> <strong>lacaniano</strong> no<br />

Brasil<br />

Eliana Araújo Nogueira do Vale, in "Os rumos da psicanálise no<br />

Brasil - Um estudo sobre a transmissão psicanalítica", ed.<br />

Escuta, 2003


A <strong>década</strong> <strong>de</strong> <strong>1970</strong> e o <strong>movimento</strong> <strong>lacaniano</strong> no Brasil<br />

Índice<br />

Introdução............................................................................................................. 2<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro ........................................................................................................ 2<br />

São Paulo............................................................................................................... 4<br />

Os <strong>lacaniano</strong>s <strong>de</strong> origem argentina ........................................................................ 7<br />

Conclusão .............................................................................................................. 9<br />

Introdução<br />

No início da <strong>década</strong> <strong>de</strong> <strong>1970</strong>, começam a pulsar por aqui os primeiros focos<br />

do <strong>movimento</strong> psicanalítico <strong>de</strong> inspiração lacaniana, inicialmente no Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro e em São Paulo.<br />

Conta a pioneira lacaniana Betty Milan que ouviu em Lacan "pela primeira<br />

vez em 1968, numa reunião <strong>de</strong> intelectuais paulistas <strong>de</strong> esquerda" (Milan, p.<br />

1). Ainda segundo ela, logo após, um grupo <strong>de</strong> psicanalistas, juntamente<br />

com a filósofa Marilena Chauí, passou a se reunir na casa <strong>de</strong> Regina<br />

Chnai<strong>de</strong>rman para ler textos <strong>de</strong> Lacan, ou ligados à sua linha teórica.<br />

Segundo Milan, dois aspectos em Lacan favoreciam uma aproximação com<br />

o Brasil: a valorização do pensamento francês em nossa cultura, do qual a<br />

fundação da USP em 1930 é emblemática, e seu libelo contra o autoritarismo<br />

da IPA - em especial com relação à seleção e formação <strong>de</strong> candidatos - que<br />

na <strong>década</strong> <strong>de</strong> 1960 ficava associado aqui ao autoritarismo do governo<br />

militar. De nossa parte, acrescentemos que fervilhava nessa época um<br />

<strong>movimento</strong> contracultural mundial, que pregava acima <strong>de</strong> tudo a liberda<strong>de</strong>, e<br />

questionava todos es valores estabelecidos. O Brasil, embora amordaçado<br />

pela ditadura, não foi exceção.<br />

Em 1973, Betty Milan foi para Paris, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se analisar com<br />

Lacan. Lá, conheceu o carioca Magno Machado Dias, que também se<br />

analisava no divã <strong>lacaniano</strong>.<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

A partir <strong>de</strong> 1971, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, Magno Machado Dias começou a<br />

difundir as teorias lacanianas, inicialmente na Pontifícia Universida<strong>de</strong><br />

Católica do Rio <strong>de</strong> Janeiro, e logo em seguida nas Faculda<strong>de</strong>s Integradas<br />

Estácio <strong>de</strong> Sá. Formaram-se, assim, alguns grupos <strong>de</strong> estudo.<br />

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A <strong>década</strong> <strong>de</strong> <strong>1970</strong> e o <strong>movimento</strong> <strong>lacaniano</strong> no Brasil<br />

Além disso, a visão lacaniana sobre linguagem e pensamento começava a<br />

ser divulgada por meio <strong>de</strong> publicações: o periódico Lugar, após o sétimo<br />

número, tornou-se uma publicação freudo-lacaniana e, a partir <strong>de</strong> 1973,<br />

Magno começou a dirigir a coleção Semeion, na mesma linha teórica.<br />

Em 1975, Magno e Betty Milan fundaram o Colégio Freudiano do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, que foi registrado como Associação Cultural. Nessa época, Betty<br />

Milan também traduziu o Seminário I, <strong>de</strong> Lacan, publicado pela Editora Zahar<br />

em 1979.<br />

Após uma tentativa fracassada da implantação <strong>de</strong> um curso superior livre <strong>de</strong><br />

psicanálise nas Faculda<strong>de</strong>s Integradas Estácio <strong>de</strong> Sá, cuja proposta era<br />

oferecer uma formação no campo <strong>de</strong> conhecimento freudiano (e não uma<br />

formação <strong>de</strong> analista), Magno rompeu com a direção das Faculda<strong>de</strong>s e foi<br />

para Paris. Naquele momento, diante dos obstáculos constituídos pela<br />

oposição às socieda<strong>de</strong>s oficiais e pela ruptura com a Universida<strong>de</strong>, os<br />

<strong>lacaniano</strong>s procuravam a imprensa como meio alternativo <strong>de</strong> divulgação da<br />

palavra <strong>de</strong> Lacan.<br />

De volta ao Brasil, Magno organizaria, em 1979, no Colégio Freudiano do Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro, um centro <strong>de</strong> estudos com o objetivo <strong>de</strong> oferecer uma formação<br />

em psicanálise. Essa formação, esclareciam os organizadores do centro,<br />

não seria equivalente à formação <strong>de</strong> psicanalista, embora fosse uma parte<br />

da mesma, e nem <strong>de</strong> uso exclusivo <strong>de</strong> psicanalistas. Ela se daria por meio<br />

<strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> estudo, seminários, sessões clínicas, jornadas, simpósios e<br />

congressos.<br />

Em 1983, preocupados com o "afrouxamento generalizado com o<br />

compromisso" reinante nas instituições tradicionais, inclusive na<br />

Universida<strong>de</strong>, o Colégio cria o <strong>Instituto</strong> Jacques Lacan, cuja missão era<br />

"trabalhar o saber constituído com a teoria psicanalítica". (Silveira Jr., 1985,<br />

p. 217)<br />

Esse momento parece ter sido um divisor <strong>de</strong> águas na orientação teórica do<br />

Colégio Freudiano do Rio <strong>de</strong> Janeiro, em que seus organizadores acabaram<br />

assumindo como necessária uma "hierarquização <strong>de</strong> lugares". Reorganizouse,<br />

então, o curso <strong>de</strong> formação em quatro níveis, a saber: curso básico,<br />

suplementar, mestrado e doutorado. Era <strong>de</strong> novo a psicanálise buscando<br />

legitimação por meio <strong>de</strong> um esquema universitário - observe-se o nome dos<br />

"níveis"!<br />

Ainda em 1983, juntamente com os Colégios Freudianos <strong>de</strong> Vitória e <strong>de</strong><br />

Brasília (esse último então recém-criado), o Colégio Freudiano do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro fundou a Causa Freudiana do Brasil, que <strong>de</strong>veria ter um caráter<br />

"congressual", e pretendia ser a "primeira associação psicanalítica do Brasil”<br />

· a reunir associações brasileiras <strong>de</strong> inspiração lacaniana; representava, além<br />

disso, a expressão <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> não se submeter a "colonialismos"<br />

estrangeiros e manter uma psicanálise com autonomia nacional (cf.<br />

Manifesto <strong>de</strong> 20/7/85).<br />

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A <strong>década</strong> <strong>de</strong> <strong>1970</strong> e o <strong>movimento</strong> <strong>lacaniano</strong> no Brasil<br />

São Paulo<br />

Paralelamente aos passos <strong>de</strong> Magno no Rio <strong>de</strong> Janeiro, surgia em São Paulo<br />

um outro foco <strong>lacaniano</strong>.<br />

Em 16 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1975, Jacques Laberge, do Recife, Durval Checchinato,<br />

<strong>de</strong> Campinas, e Luiz Carlos Nogueira, <strong>de</strong> São Paulo, reuniram-se na casa do<br />

último, e <strong>de</strong>cidiram pela realização <strong>de</strong> um primeiro Encontro Nacional, com a<br />

intenção <strong>de</strong> fundar um <strong>movimento</strong> a partir das concepções psicanalíticas <strong>de</strong><br />

Jacques Lacan.<br />

Em <strong>de</strong>corrência, realizou-se, em 4 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1975, o I Encontro Nacional<br />

do Centro <strong>de</strong> Estudos Freudianos (CEF), como haviam se nomeado. Na<br />

manhã daquele dia, reuniu-se um grupo li<strong>de</strong>rado por Jacques Laberge<br />

(Recife), Durval Checchinato (Campinas), Nogueira (São Paulo), Ivan Correa<br />

(Recife) e Nina Diesenbruck (São Paulo), que <strong>de</strong>cidiu divulgar sua intenção<br />

<strong>de</strong> dar continuida<strong>de</strong> à proposta <strong>de</strong> trabalho lacaniana. Na mesma data, os<br />

organizadores promoveram uma outra reunião, à qual estiveram presentes<br />

cerca <strong>de</strong> 20 pessoas, em que foram <strong>de</strong>batidos alguns trabalhos inspirados<br />

na obra <strong>de</strong> Lacan.<br />

A partir <strong>de</strong>sse encontro, formaram-se alguns grupos locais em São Paulo,<br />

em Recife, em Campinas e em Curitiba. Logo, pessoas <strong>de</strong> outros Estados<br />

começaram a participar dos Encontros Nacionais que se realizaram, a<br />

princípio, anualmente e, <strong>de</strong>pois, bianualmente.<br />

Ao III Encontro compareceu Magno, do Colégio Freudiano do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, e chegou-se a falar na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma fusão dos dois<br />

<strong>movimento</strong>s, que afinal não se <strong>de</strong>u.<br />

Dada a formalização crescente dos grupos regionais, a partir do IV Encontro,<br />

os membros dos Centros <strong>de</strong> Estudos Freudianos começaram a se<br />

manifestar com relação à institucionalização e, no VII Encontro, em 1978,<br />

foram estabelecidos seus estatutos nacionais, propondo-se que os centros<br />

regionais tivessem estatutos próprios. (Des<strong>de</strong> sua formação, o CEF contou<br />

com centros regionais em São Paulo, Recife, Salvador, Porto Alegre, Brasília,<br />

Campinas, Curitiba e Natal).<br />

No mesmo ano <strong>de</strong> 1978, foi lançado o livro Escritos, <strong>de</strong> Lacan, pela Editora<br />

Perspectiva, em São Paulo. Consistia na tradução <strong>de</strong> parte do livro<br />

homônimo editado pela Seuil em 1966, em Paris. A tradutora foi Inês Oseki-<br />

Dupré, com revisão técnica <strong>de</strong> Regina Chnai<strong>de</strong>rman e Miriam Chnai<strong>de</strong>rman.<br />

No XI Encontro Nacional do Centro <strong>de</strong> Estudos Freudianos, em julho <strong>de</strong><br />

1980, foi proposto pela assembléia geral o objetivo <strong>de</strong> "estudar o<br />

inconsciente freudiano relido por Lacan e a constituir-se como lugar <strong>de</strong><br />

efetivação e <strong>de</strong> reconhecimento da prática psicanalítica" (cf. Dantas, 1980, p.<br />

1). Essa proposta <strong>de</strong>veria ser interpretada por cada grupo regional com total<br />

autonomia, <strong>de</strong> acordo com sua realida<strong>de</strong> e possibilida<strong>de</strong>s locais.<br />

Em 1976, Alduísio Moreira <strong>de</strong> Souza voltava da França para o Brasil. Ele<br />

chegara a Paris por uma rota <strong>de</strong> fuga pela América Latina, perseguido pela<br />

ditadura militar brasileira em função <strong>de</strong> sua militância <strong>de</strong> esquerda. Fizera<br />

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A <strong>década</strong> <strong>de</strong> <strong>1970</strong> e o <strong>movimento</strong> <strong>lacaniano</strong> no Brasil<br />

sua formação psicanalítica lacaniana na Escola Freudiana <strong>de</strong> Paris entre os<br />

anos <strong>de</strong> 1973-5, tendo estudado com Erik Laurent, Erik Porge, Solange<br />

Faladé e Charles Melman, estabelecendo com este último uma relação mais<br />

próxima. Analisou-se com Anne-Lise Stern e, a convite do psicanalista e<br />

neurologista Jean Bergès, trabalhou no Hospital Henri-Rousselle,<br />

participando ainda <strong>de</strong> inúmeras ativida<strong>de</strong>s no meio psicanalítico e na vida<br />

cultural <strong>de</strong> Paris.<br />

Ao chegar ao Brasil, Alduísio constatou que os estudiosos <strong>lacaniano</strong>s<br />

dispunham <strong>de</strong> muito poucos textos <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> Lacan, e sobre o mesmo -<br />

ele menciona a existência <strong>de</strong> dois únicos exemplares do livro Introdução a<br />

Lacan, <strong>de</strong> Anika Lemaire, num primeiro momento (em 1978, como já<br />

mencionamos, seria publicado pela Perspectiva os Escritos; em 1979, o<br />

Seminário I, <strong>de</strong> Lacan, com tradução <strong>de</strong> Betty Milan, pela Zahar; no mesmo<br />

ano sairia o livro <strong>de</strong> Lemaire, publicado pela Campus, Rio <strong>de</strong> Janeiro, com<br />

tradução <strong>de</strong> Durval Checchinato).<br />

Uma das dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acesso aos textos <strong>de</strong> Lacan, bem como sua<br />

divulgação, <strong>de</strong>corria do fato <strong>de</strong> a maior parte <strong>de</strong> sua obra ser constituída por<br />

seminários, e uma parte bem menor por escritos. Os seminários eram<br />

gravados e transcritos por seus discípulos, e sua divulgação se fazia <strong>de</strong><br />

modo informal, num círculo mais ou menos restrito. Alduísio tivera acesso,<br />

em Paris, à biblioteca <strong>de</strong> Ariane Trebillon, amiga <strong>de</strong> Lacan, e possuía assim<br />

as cópias dos seminários, às quais se dispôs a dar livre acesso aos<br />

interessados aqui no Brasil. Sua atitu<strong>de</strong> era inusitada, uma vez que os raros<br />

textos existentes eram <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> muito poucos, e guardados ciumentamente<br />

pelos "proprietários". (Ainda hoje, o número dos seminários traduzidos e<br />

publicados no Brasil é inexpressivo em relação à totalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua obra, em<br />

função da política <strong>de</strong> publicação estabelecida pelos her<strong>de</strong>iros <strong>de</strong> Lacan.).<br />

Radicando-se em São Paulo, Alduísio aproximou-se inicialmente <strong>de</strong> Luís<br />

Carlos Nogueira, um dos fundadores do CEF, que foi também diretor do<br />

<strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> psicologia clínica do <strong>Instituto</strong> <strong>de</strong> Psicologia da USP. Além<br />

disso, <strong>de</strong>senvolveu uma intensa ativida<strong>de</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, proferindo<br />

conferências e seminários e realizando ativida<strong>de</strong>s clínicas. Aproximou-se,<br />

ainda, <strong>de</strong> outros psicanalistas paulistas, entre os quais Regina Chnai<strong>de</strong>rman,<br />

Amazonas Alves <strong>de</strong> Lima, Fábio Herrmann e - ele mesmo! - Durval<br />

Marcon<strong>de</strong>s, promovendo o contato <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong>les com os <strong>lacaniano</strong>s em<br />

Paris. Estabeleceu contato também com os argentinos radicados em São<br />

Paulo, entre eles Norberto Ferreira, Raúl Sciarretta (filósofo) e Hermàn<br />

Garcia, que tinham uma formação intelectual <strong>de</strong> peso.<br />

Num momento em que o <strong>movimento</strong> <strong>lacaniano</strong> começava a ganhar<br />

importância mundial, Alain Grosrichard, jovem e brilhante psicanalista<br />

francês ligado a Lacan, foi encarregado <strong>de</strong> organizar a Reunião <strong>de</strong> Caracas.<br />

Sua intenção, conforme manifestou a Alduísio, era "iniciar a organização do<br />

<strong>movimento</strong> <strong>lacaniano</strong> na América Latina", e para isso pedia a colaboração<br />

<strong>de</strong>sse último. Alduísio manifestou seu estranhamento, uma vez que no Brasil<br />

e na Argentina tal <strong>movimento</strong> existia há vários anos, sendo que no Brasil sua<br />

organização já era bastante estruturada. Curiosamente, Grosrichard colocou-<br />

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A <strong>década</strong> <strong>de</strong> <strong>1970</strong> e o <strong>movimento</strong> <strong>lacaniano</strong> no Brasil<br />

se em posição <strong>de</strong> negar essa realida<strong>de</strong>, numa postura que enten<strong>de</strong>mos ser<br />

a <strong>de</strong> um colonizador estrangeiro e, nesses termos, sua proposta foi recusada<br />

por Alduísio.<br />

Em 1983, Alduísio organizou a primeira vinda <strong>de</strong> Charles Melman ao Brasil e,<br />

juntamente com Luís Carlos Nogueira, promoveu uma série <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s<br />

para psicanalistas e outras para o público em geral. Embora Melman fosse<br />

então <strong>de</strong>sconhecido do público brasileiro, sua vinda <strong>de</strong>spertou um vivo<br />

interesse, havendo concorrido às suas conferências mais <strong>de</strong> 2.000 pessoas.<br />

Indispondo-se com Luís Carlos Nogueira, Alduísio afastou-se também do<br />

CEF e, juntamente com Oscar Cesarotto, Graciela Rozenthal, Márcio <strong>Peter</strong><br />

<strong>de</strong> Souza, Geraldino Ferreira e outros, fundou a Escola Freudiana <strong>de</strong> São<br />

Paulo, que teve duração aproximada <strong>de</strong> seis anos.<br />

Em 1984, Alduísio mudou-se para Porto Alegre, mas manteve ativida<strong>de</strong>s em<br />

São Paulo por mais alguns anos. Em 1985, promoveu a segunda vinda <strong>de</strong><br />

Melman ao Brasil, com eventos em São Paulo, Porto Alegre e Salvador. Com<br />

Melman vieram, ainda, Jean Bergès, Contardo Calligaris, Christiane Rabant-<br />

Lacôte e Marcel Czermack.<br />

Em 1986, Alduísio, juntamente com Alfredo Jerusalinsky, Aurélio <strong>de</strong> Souza e<br />

outros, fundou a Cooperativa Cultural Jacques Lacan em Porto Alegre, com<br />

apoio em São Paulo, Salvador e, posteriormente, em Paris. Embora tenha<br />

durado apenas um ano e dois meses, a Cooperativa teve uma produção<br />

significativa. Em 1987, promoveu a Segunda Semana <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s<br />

Psicanalíticas, que incluiu a terceira vinda dos franceses ligados a Melman<br />

ao Brasil. Realizou seminários e grupos <strong>de</strong> estudo, promoveu ativida<strong>de</strong>s<br />

culturais com convidados do porte <strong>de</strong> Contardo Calligaris, Ernildo Stein e<br />

Raúl Sciarretta, e criou a revistaChe Vuoi? Psicanálise e Cultura, da qual<br />

foram publicados três números, com artigos <strong>de</strong> autores brasileiros e<br />

traduções <strong>de</strong> autores franceses.<br />

Após a dissolução da Cooperativa Cultural, Alduísio criou o grupo Che Vuoi?<br />

Psicanálise e Cultura, com bases em Porto Alegre e São Paulo, que lançou<br />

um último número da revista. Em seguida, o Che Vuoi? criou o jornal <strong>de</strong><br />

mesmo nome, distribuído gratuitamente <strong>de</strong> 1987 a 1989, mantendo a mesma<br />

linha editorial da revista. Promoveu, ainda, seminários, grupos <strong>de</strong> estudo e<br />

saraus culturais.<br />

No final <strong>de</strong> 1989, foi criada a Appoa - Associação Psicanalítica <strong>de</strong> Porto<br />

Alegre, que fundia os grupos <strong>de</strong> Alduísio Moreira <strong>de</strong> Souza, Alfredo<br />

Jerusalinsky, Contardo Calligaris, do CEF, da Maiêutica e <strong>de</strong> outros grupos<br />

menores, <strong>de</strong>sta vez com uma proposta mais <strong>de</strong>finida <strong>de</strong> formação <strong>de</strong><br />

analistas.<br />

A Appoa permanece até hoje, mas Alduísio <strong>de</strong>sligou-se <strong>de</strong>la em 1991, para<br />

continuar sua clínica e seu ensino <strong>de</strong> forma privada. Em 1997, fundou a<br />

Casa <strong>de</strong> Cultura Guimarães Rosa e, a partir <strong>de</strong> 2001, fez suas primeiras<br />

incursões oficiais na literatura, publicando dois livros, um dos quais<br />

premiado em 2002 pela crítica literária <strong>de</strong> Porto Alegre (entrevista com<br />

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A <strong>década</strong> <strong>de</strong> <strong>1970</strong> e o <strong>movimento</strong> <strong>lacaniano</strong> no Brasil<br />

Alduísio Moreira <strong>de</strong> Souza, 18/12/2002).<br />

Os <strong>lacaniano</strong>s <strong>de</strong> origem argentina<br />

Além dos grupos <strong>lacaniano</strong>s pioneiros mencionados, um outro importante<br />

vetor no <strong>movimento</strong> <strong>lacaniano</strong> foi constituído por psicanalistas argentinos<br />

que chegaram ao Brasil no final da <strong>década</strong> <strong>de</strong> <strong>1970</strong>, fugidos da perseguição<br />

política em seu país.<br />

Conforme narra o psicanalista argentino radicado no Brasil Alejandro Luís<br />

Viviani, em 1966 a Argentina vivia os terrores da ditadura militar, e uma<br />

gran<strong>de</strong> parte dos intelectuais, bem como dos candidatos e jovens analistas,<br />

manifestava uma <strong>de</strong>scrença com relação às instituições tradicionalistas. Na<br />

Associação Psicanalítica Argentina (IPA), começou a surgir uma divergência<br />

político-i<strong>de</strong>ológica e teórica entre os psicanalistas ortodoxos e aqueles que<br />

<strong>de</strong>sejavam que a formação ocorresse <strong>de</strong> forma alternativa. Em 1968, em<br />

<strong>de</strong>corrência, surgiram <strong>de</strong>ntro da IPA duas dissidências que <strong>de</strong>ram origem<br />

aos grupos Plataforma e Documento.<br />

Um pouco antes disso, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1964, por incentivo do psicanalista Pichón-<br />

Rivière, o filósofo Oscar Masotta começara a estudar a fundo a obra <strong>de</strong><br />

Lacan. Organizou, a seguir, vários grupos <strong>de</strong> estudo, constituídos em parte<br />

por psicanalistas <strong>de</strong> várias formações, entre eles membros e ex-membros da<br />

IPA. Além <strong>de</strong> Alejandro e sua mulher Maria Luisa, uma gran<strong>de</strong> parte dos<br />

<strong>de</strong>mais psicanalistas argentinos que viriam mais tar<strong>de</strong> para o Brasil, no final<br />

da <strong>década</strong> <strong>de</strong> <strong>1970</strong>, estudaram os textos <strong>de</strong> Lacan com Oscar Masotta.<br />

Por conta do ensino <strong>de</strong> Masotta, alguns dos seus alunos psicanalistas<br />

começaram a clinicar numa abordagem que seguia a orientação teórica <strong>de</strong><br />

Lacan, sem que, no entanto, houvessem se submetido a uma análise<br />

lacaniana. O que havia era uma transferência imaginária com Lacan. Nas<br />

palavras <strong>de</strong> Viviani, "criou-se um fenômeno singular, a orientação da prática<br />

clínica por meio do trabalho dos textos e <strong>de</strong> sua implementação, fundada<br />

pela transferência com Lacan a partir <strong>de</strong> seu texto".<br />

Como se passou com o pioneirismo em psicanálise, na Argentina também<br />

ocorria a barreira da "análise originária lacaniana" como obstáculo à<br />

formação (o que, aliás, se repetiria aqui no Brasil). No caso <strong>de</strong> Lacan, havia a<br />

peculiarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que ele era uma pessoa carismática, uma espécie <strong>de</strong><br />

"mago da palavra", cujos seminários haviam se tornado uma coqueluche em<br />

Paris. Talvez por um certo equívoco útil, tomou-se ao pé da letra a questão<br />

da palavra em Lacan: para muitos,era como se lê-lo equivalesse a ser<br />

analisado por ele.<br />

Por volta <strong>de</strong> 1974, Masotta fundou, com outros analistas a Escola Freudiana<br />

<strong>de</strong> Buenos Aires (EFBA). Com o endurecimento do clima político, e<br />

antecipando-se ao período mais negro da ditadura militar, Masotta mudou-se<br />

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A <strong>década</strong> <strong>de</strong> <strong>1970</strong> e o <strong>movimento</strong> <strong>lacaniano</strong> no Brasil<br />

para Barcelona na Espanha. Lá, <strong>de</strong>u continuida<strong>de</strong> a suas ativida<strong>de</strong>s teóricoinstitucionais,<br />

com a aprovação <strong>de</strong> Lacan. Pouco <strong>de</strong>pois, a EFBA passou por<br />

uma cisão, na qual Masotta teve participação, e criou-se um novo grupo, a<br />

Escola Freudiana da Argentina. Posteriormente, surgiriam muitos outros<br />

grupos.<br />

No final da <strong>década</strong> <strong>de</strong> <strong>1970</strong>, a situação política na Argentina se agravava<br />

cada vez mais, com perseguições, seqüestros e "<strong>de</strong>saparecimentos" <strong>de</strong><br />

pessoas consi<strong>de</strong>radas subversivas. Do "grupo <strong>de</strong> risco" faziam parte,<br />

principalmente, os intelectuais <strong>de</strong> esquerda, os professores universitários e<br />

os psicanalistas. Conforme conta Viviani, chegaram a ser publicados nos<br />

jornais em Buenos Aires comentários dos militares segundo os quais "os<br />

psicanalistas eram os i<strong>de</strong>ólogos da subversão".<br />

Em 1977, impossibilitados <strong>de</strong> trabalhar, e correndo até mesmo risco <strong>de</strong> vida,<br />

vários psicanalistas argentinos <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m vir para o Brasil. Entre 1977 e 1978<br />

chegaram a São Paulo, entre outros, Guilherme e Léa Bigliani, Carmen<br />

Molloy, Graciela Barbero, Mabel Zaccagnini, Beatriz Aguirre, Izabel Marazina,<br />

Cristina Ocariz, Alejandro e Maria Luisa Viviani e, mais tar<strong>de</strong>, Sara Hassan.<br />

Aqui chegando, em função <strong>de</strong> serem reconhecidos por sua sólida formação<br />

profissional e teórica, os argentinos logo receberam convites para trabalhar.<br />

Alejandro Viviani, por exemplo, começou a clinicar, a coor<strong>de</strong>nar grupos <strong>de</strong><br />

estudo e a dar aulas. Após uma tentativa fracassada <strong>de</strong> aproximar-se do<br />

Centro <strong>de</strong> Estudos Freudiano, ele acabou estabelecendo laços informais<br />

com alguns <strong>de</strong> seus membros, como Alduísio Moreira <strong>de</strong> Souza, Márcio<br />

<strong>Peter</strong> <strong>de</strong> Souza Leite, Oscar Cesarotto e Geraldino Ferreira. Conheceu<br />

também Betty Milan e, a convite <strong>de</strong> Regina Chnai<strong>de</strong>rman, começou a dar<br />

aulas e supervisões no curso <strong>de</strong> psicanálise do <strong>Instituto</strong> "Se<strong>de</strong>s Sapientiae".<br />

A propósito, Viviani, conjuntamente com outros psicanalistas argentinos,<br />

tiveram um papel fundamental na formação do quadro <strong>de</strong> profissionais que<br />

iniciou os cursos <strong>de</strong> psicanálise no <strong>Instituto</strong> Se<strong>de</strong>s Sapientiae em 1977.<br />

Curiosamente, embora tivessem uma formação psicanalítica teórica bastante<br />

ampla que também incluía Lacan, não po<strong>de</strong>riam ser consi<strong>de</strong>rados<br />

<strong>lacaniano</strong>s no sentido estrito da palavra. Mas talvez graças à <strong>de</strong>manda<br />

daquele momento histórico pela palavra <strong>de</strong> Lacan, essa geração <strong>de</strong><br />

psicanalistas argentinos acabou, em gran<strong>de</strong> parte, sendo conhecida como<br />

"lacaniana", sendo que muitos <strong>de</strong>les continuaram aqui seus estudos sobre<br />

Lacan com um outro filósofo argentino, Raúl Sciarretta.<br />

Os psicanalistas e filósofos argentinos que, impossibilitados <strong>de</strong> permanecer<br />

na Argentina, optaram por vir para o Brasil, acabaram constituindo uma<br />

influência importante em nosso meio intelectual e, especificamente, no meio<br />

psicanalítico, e isso lhes <strong>de</strong>u um diferencial em termos <strong>de</strong> respeito<br />

profissional e <strong>de</strong> mercado <strong>de</strong> trabalho. Só para citar um exemplo, Beatriz<br />

Aguirre participou da fundação da instituição "A Casa", bastante conhecida<br />

por seu peculiar trabalho <strong>de</strong> acompanhamento terapêutico e <strong>de</strong> tratamento<br />

<strong>de</strong> psicóticos, entre outros serviços.<br />

Em 1981, com a morte <strong>de</strong> Lacan, houve uma gran<strong>de</strong> comoção entre os<br />

<strong>lacaniano</strong>s no Brasil. Além da orfanda<strong>de</strong> transferencial, surgiu um outro fator<br />

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A <strong>década</strong> <strong>de</strong> <strong>1970</strong> e o <strong>movimento</strong> <strong>lacaniano</strong> no Brasil<br />

<strong>de</strong> perturbação: Jacques Alain-Miller, casado com a filha <strong>de</strong> Lacan, arvoravase<br />

em her<strong>de</strong>iro intelectual do legado <strong>lacaniano</strong> e, nessa condição, associouse,<br />

em São Paulo, a Jorge Forbes e à Biblioteca Freudiana Brasileira. Isso foi<br />

repudiado por muitos <strong>lacaniano</strong>s que não reconheciam em Miller um<br />

legítimo representante <strong>de</strong> Lacan. A esse grupo, no entanto, a<strong>de</strong>riram outros<br />

<strong>lacaniano</strong>s paulistas, entre os quais Márcio <strong>Peter</strong> <strong>de</strong> Souza Leite, Luís Carlos<br />

Nogueira e Oscar Cesarotto. Os dois últimos <strong>de</strong>sligaram-se do grupo no final<br />

da <strong>década</strong> <strong>de</strong> 1990.<br />

Conclusão<br />

Dificultando as tentativas <strong>de</strong> organização e instituição <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> linha<br />

lacaniana, impôs-se no Brasil a velha questão da análise originária:<br />

dispúnhamos <strong>de</strong> pouquíssimos psicanalistas <strong>lacaniano</strong>s com formação <strong>de</strong><br />

divã - inicialmente, só Magno Machado Dias, Betty Milan e a seguir Alduísio<br />

Moreira <strong>de</strong> Souza - o que também acarretava a falta <strong>de</strong> lastro que ancorasse<br />

as tentativas institucionais.<br />

O próprio Viviani, a <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> tantos anos <strong>de</strong> estudos teóricos sobre<br />

Lacan, ao chegar ao Brasil trazia uma experiência <strong>de</strong> análise ortodoxa, e<br />

duas outras que eram lacanianas apenas no enfoque teórico. Só por volta <strong>de</strong><br />

1985, pô<strong>de</strong> finalmente realizar, com Contardo Calligaris (que se formara pela<br />

Escola Freudiana <strong>de</strong> Paris), uma formação lacaniana no divã, no estrito<br />

sentido do termo. Nessa época, Ricardo Gol<strong>de</strong>nberg também realizava sua<br />

análise com Contardo, em Paris. (Algum tempo <strong>de</strong>pois, Contardo Calligaris<br />

mudou-se para o Brasil e se estabeleceu em Porto Alegre.).<br />

A <strong>de</strong>speito <strong>de</strong> toda a mobilização no sentido institucional, uma característica<br />

marcante do <strong>movimento</strong> <strong>lacaniano</strong> no Brasil (e talvez também fora daqui)<br />

tem sido a instabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus agrupamentos, que se fazem, se <strong>de</strong>sfazem<br />

e se recombinam.<br />

Em São Paulo, por exemplo, sempre foi muito difícil aglutinar um núcleo<br />

<strong>lacaniano</strong> que se mantivesse. Por volta <strong>de</strong> 1981, Betty Milan propôs a<br />

instituição <strong>de</strong> O Ponto, no MASP, que, entre outras coisas, pretendia<br />

organizar cartéis. Essa tentativa, entretanto, foi efêmera. A Cooperativa<br />

Cultural Jacques Lacan, como mencionamos, também pouco tempo durou.<br />

Alejandro Viviani, Ricardo Gol<strong>de</strong>nberg e outros tentaram constituir o grupo<br />

Fundamentos da Psicanálise, que igualmente não prosperou.<br />

Na opinião <strong>de</strong> Viviani, até o momento não foi possível a criação <strong>de</strong> uma<br />

instituição duradoura em São Paulo, inicialmente, pela falta <strong>de</strong> massa crítica<br />

<strong>de</strong> psicanalistas com formação lacaniana; posteriormente, quando essa<br />

dificulda<strong>de</strong> foi superada, razões políticas ou narcísicas impediram, e<br />

continuam impedindo, "uma articulação entre os diferentes grupos<br />

<strong>lacaniano</strong>s que se sustente pela consistência e convivência produtiva a partir<br />

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A <strong>década</strong> <strong>de</strong> <strong>1970</strong> e o <strong>movimento</strong> <strong>lacaniano</strong> no Brasil<br />

das diferenças". O que ele consi<strong>de</strong>ra viável em São Paulo são, no máximo,<br />

confluências teórico-clínicas, mas não possibilida<strong>de</strong>s institucionais.<br />

A juventu<strong>de</strong> do <strong>movimento</strong> <strong>lacaniano</strong> no Brasil, a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso a<br />

informações abalizadas e uma documentação histórica pouco preservada e<br />

dispersa, bem como o alcance a que se propôs este trabalho, trazem o risco<br />

<strong>de</strong> uma apresentação pouco homogênea do panorama atual dos grupos<br />

<strong>lacaniano</strong>s brasileiros e, até, <strong>de</strong> injustiças ou omissões involuntárias.<br />

Tentaremos, no entanto, citar alguns <strong>de</strong>ntre os principais grupos criados: o<br />

Centro <strong>de</strong> Estudos Freudianos, fundado em 1975, em São Paulo, por Luís<br />

Carlos Nogueira, Durval Checchinato, Jacques Laberge e Ivan Correia, com<br />

ramificações em Recife, Campinas, Curitiba, Salvador, Porto Alegre, Brasília<br />

e Natal; o Colégio Freudiano do Rio <strong>de</strong> Janeiro, fundado em 1975, na cida<strong>de</strong><br />

do mesmo nome, por Magno M. Dias e Betty Milan, com <strong>de</strong>sdobramentos<br />

em Vitória e Brasília; a Escola Freudiana <strong>de</strong> São Paulo, fundada por Márcio<br />

<strong>Peter</strong> <strong>de</strong> Souza Leite, Oscar Cesarotto, Geraldino Ferreira, Alduísio Moreira<br />

<strong>de</strong> Souza e outros; a Biblioteca Freudiana Brasileira, fundada em 1980 e<br />

dirigida por Jorge V. Forbes, em São Paulo; a Letra Freudiana, dirigida por<br />

Eduardo Vidal, no Rio <strong>de</strong> Janeiro; o Simpósio do Campo Freudiano, dirigido<br />

por Antonio Benati em Belo Horizonte; a Coisa Freudiana, dirigida por<br />

Antonio Godino Cabas, em Curitiba; a Clínica Freudiana, em Salvador; o<br />

grupo Fundamentos da Psicanálise, fundado por Alejandro Viviani e Ricardo<br />

Gol<strong>de</strong>nberg, em São Paulo; a Cooperativa Cultural Jacques Lacan, fundada<br />

por Alduísio Moreira <strong>de</strong> Souza e Alfredo Jerusalinsky em 1986 em Porto<br />

Alegre, com ramificações em Salvador e São Paulo; o grupo Che Vuoi? -<br />

Psicanálise e Cultura, fundado em 1987 em Porto Alegre e São Paulo, por<br />

Alduísio Moreira <strong>de</strong> Souza, e a Associação Psicanalítica <strong>de</strong> Porto Alegre,<br />

fundada por Alduísio Moreira <strong>de</strong> Souza, Alfredo Jerusalinsky e Contardo<br />

Calligaris em Porto Alegre em 1989, que congregava vários grupos já<br />

existentes.<br />

Além dos grupos supracitados, faríamos menção, ainda, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São<br />

Paulo, a uma re<strong>de</strong> informal <strong>de</strong> psicanalistas <strong>lacaniano</strong>s, numericamente<br />

significativa e em expansão.<br />

Finalmente, cumpre lembrar que o <strong>movimento</strong> <strong>lacaniano</strong> no Brasil tem sido<br />

responsável por uma produção editorial expressiva (livros, periódicos,<br />

revistas) voltada a textos <strong>de</strong> inspiração freudo-lacaniana <strong>de</strong> autores<br />

nacionais e estrangeiros, bem como por um intercâmbio cultural<br />

significativo, tanto em termos <strong>de</strong> encontros entre psicanalistas brasileiros<br />

quanto <strong>de</strong> contatos com psicanalistas franceses discípulos <strong>de</strong> Lacan. Dentre<br />

as revistas publicadas na atualida<strong>de</strong> em São Paulo, po<strong>de</strong>mos mencionar<br />

a Textura, editada por Alejandro Viviani, Ana Lucília Quiñonero, Eliana Midlej,<br />

Luís Eduardo Salvucci Rodrigues, Maria Luisa <strong>de</strong> Viviani, Rosely Pennacchi,<br />

Sidney Goldberg e Taeco Toma Carignato, e aPulsional Revista <strong>de</strong><br />

Psicanálise, dirigida por Manoel Tosta Berlinck; em Curitiba, a Biblioteca<br />

Freudiana publica há vários anos a Revista <strong>de</strong> Psicanálise Palavração. Além<br />

disso, várias editoras brasileiras também publicam coleções voltadas aos<br />

textos <strong>de</strong> linha lacaniana.<br />

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