JORNAL PAPEL DO GUIA 46 julho2007 - Guias de Turismo
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Especial<br />
Engenheiro HEITOR<br />
DA SILVA COSTA,<br />
o Construtor<br />
Filho do juiz José<br />
da Silva Costa,<br />
que foi membro<br />
do Conselho do<br />
Estado do Império<br />
e representante<br />
e procurador<br />
<strong>de</strong> D. Pedro II<br />
após a proclamação<br />
da República,<br />
Heitor da Silva<br />
Costa nasce na cida<strong>de</strong> do Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro em 25 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1873,<br />
on<strong>de</strong> se forma engenheiro civil em<br />
1896 pela antiga Escola Politécnica.<br />
Depois <strong>de</strong> formado, <strong>de</strong>dicouse<br />
à arquitetura, sendo livredocente<br />
da Escola <strong>de</strong> Engenharia<br />
da Universida<strong>de</strong> do Brasil e professor<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> arquitetura na<br />
Escola Politécnica.<br />
Além <strong>de</strong> projetista e engenheiroconstrutor<br />
do Cristo Re<strong>de</strong>ntor do<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro, é também o autor<br />
<strong>de</strong> diversas outras obras, como o<br />
Cristo Re<strong>de</strong>ntor <strong>de</strong> São João Del<br />
Rei, a Nossa Senhora <strong>de</strong> Fátima,<br />
<strong>de</strong> Petrópolis, o projeto do monumento<br />
a D. Pedro II, no Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro, e a conclusão da Catedral<br />
<strong>de</strong> São Pedro <strong>de</strong> Alcântara,<br />
em Petrópolis.<br />
“Fazer uma imagem do Cristo<br />
é [...] uma alta aspiração e uma<br />
gran<strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>. Fazêla<br />
em proporções <strong>de</strong>scomunais<br />
seria, sem dúvida, a aspiração e<br />
responsabilida<strong>de</strong> máximas <strong>de</strong> uma<br />
vida”.<br />
Ano 9 • Nº <strong>46</strong> • Edição julho 2007<br />
Os Protagonistas <strong>de</strong> uma Obra-Prima<br />
HEITOR LEVY,<br />
o Arquiteto-Executor<br />
Arquiteto<br />
encarregado<br />
da construção.<br />
Nas palavras <strong>de</strong><br />
sua neta, Ruth<br />
D’Eccanio, a<br />
missão representava<br />
para<br />
ele “a própria<br />
vida”. Ao voltar<br />
<strong>de</strong> uma viagem<br />
com Heitor da<br />
Silva Costa, a<br />
Paris, tendo falecido a esposa,<br />
“meu avô, ju<strong>de</strong>u <strong>de</strong> nascimento,<br />
homem refinadíssimo, fez uma<br />
renúncia total, em função <strong>de</strong>sta<br />
obra. Ele, que só usava copos <strong>de</strong><br />
cristal europeu, foi morar num<br />
barracão <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira junto com<br />
os operários. E nele morou durante<br />
sete anos, <strong>de</strong>dicando-se integralmente<br />
à obra”.<br />
CARLOS OSWALD,<br />
o Desenhista<br />
Filho <strong>de</strong> brasileiros nascido no<br />
exterior, é o pioneiro da gravura<br />
artística no Brasil e <strong>de</strong>senhista do<br />
Cristo. No livro, “Como me tornei<br />
pintor”, Carlos Oswald conta<br />
como surgiu a forma final: “Foi<br />
então que resolvemos dar à figura<br />
<strong>de</strong> Cristo o aspecto da própria<br />
cruz, esten<strong>de</strong>ndo o mais possível<br />
os braços, aprumando verticalmente<br />
o corpo, para obter-se, à<br />
gran<strong>de</strong> distância, como que uma<br />
cruz plantada no granito”.<br />
MAXIMILIEN PAUL<br />
LAN<strong>DO</strong>WSKI, o Escultor<br />
Arquiteto e estatuário francês,<br />
diretor da Escola <strong>de</strong> Belas Artes<br />
em Paris e con<strong>de</strong>corado com a<br />
Legião <strong>de</strong> Honra. Escultor do<br />
Monumento ao Cristo Re<strong>de</strong>ntor do<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro. Entre suas obras,<br />
<strong>de</strong>stacamos as estátuas representando<br />
a Agricultura e a Indústria<br />
na entrada principal do Palácio<br />
Piratini, em Porto Alegre (1916), e,<br />
na França, Guerreiro Davi (1903),<br />
pelo qual recebe o Gran<strong>de</strong> Prêmio<br />
<strong>de</strong> Roma, Túmulo do Marechal<br />
Foch, Miguel Angelo no Trabalho,<br />
O Templo e o Homem (1908) e A<br />
Vitória <strong>de</strong> Chemin <strong>de</strong>s Dames<br />
7<br />
(1928). Creditava seu talento a<br />
um aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> infância, que afetou<br />
temporariamente sua visão. Ali<br />
nascia a sensibilida<strong>de</strong> maior nos<br />
<strong>de</strong>dos e mãos, patrimônio dos<br />
gran<strong>de</strong>s escultores.<br />
Nascido em Montmartre, Paris,<br />
on<strong>de</strong> sempre viveu, nunca pô<strong>de</strong><br />
vir ao Rio <strong>de</strong> Janeiro para ver sua<br />
criação <strong>de</strong> perto.<br />
Paulo da Silva Costa <strong>de</strong>talhou,<br />
em entrevista ao Jornal do Brasil<br />
em 1981, o encontro entre seu pai,<br />
Heitor da Silva Costa e o escultor<br />
francês, em Paris (1924): “Landowski<br />
foi maravilhoso. Sabe estas coisas<br />
que, <strong>de</strong> repente, se encaixam cem<br />
por cento? Foi isto. Fomos ao seu<br />
ateliê, meu pai expôs a idéia,<br />
mostrou os <strong>de</strong>senhos e ele enten<strong>de</strong>u<br />
na mesma hora. Foi <strong>de</strong> muita<br />
felicida<strong>de</strong>. E esta compreensão era<br />
muito necessária, pois como meu<br />
pai acentuou, o Cristo Re<strong>de</strong>ntor é,<br />
simultaneamente, uma obra <strong>de</strong><br />
engenharia, arquitetura e escultura.<br />
Devia, portanto, haver perfeita<br />
harmonia”.