jornal dos corretores de seguros - Sincor SP
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34 JCS OUTUBRO 2012<br />
outra leitura<br />
Na medida em que a mobilida<strong>de</strong> urbana se<br />
torna caótica pelo trânsito emperrado e pela<br />
crescente insegurança das cida<strong>de</strong>s, a vida das<br />
pessoas fi ca mais limitada e com menor liberda<strong>de</strong>.<br />
A vida em condomínios fecha<strong>dos</strong> inspira<br />
uma segurança ilusória, mas serve para um<br />
confi namento que cerceia a sociabilida<strong>de</strong> das<br />
pessoas. Os limites são <strong>de</strong>correntes <strong>dos</strong> engarrafamentos,<br />
sobretudo nos horários <strong>de</strong> pico<br />
(pela manhã do bairro para o centro e no sentido<br />
inverso no fi nal do dia), mas o engarrafamento<br />
já não tem hora, nem ponto da cida<strong>de</strong>.<br />
Viver isolado das outras pessoas <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong><br />
não é saudável. Hoje as pessoas se comunicam<br />
cada vez mais à distância, seja pelo celular, por<br />
mensagens <strong>de</strong> texto, re<strong>de</strong>s sociais ou por emails.<br />
Como o recurso tempo tem se tornado escasso,<br />
a socieda<strong>de</strong> tem cada vez menos tempo livre. Vivendo<br />
isolado, em engarrafamentos ou em condomínios<br />
fecha<strong>dos</strong>, o ser humano está se tornando<br />
um cidadão <strong>de</strong> segunda classe. Usufruindo pouco<br />
ou quase nada do que a sua cida<strong>de</strong> oferece. As pessoas<br />
fazem do bar, restaurante ou aca<strong>de</strong>mia a sua<br />
pausa para o ilusório lazer.<br />
Dessa maneira, a sensação que se tem é <strong>de</strong> que<br />
vivemos em um enorme gueto, a cada dia com um<br />
espaçamento menor para se viver. A ausência <strong>de</strong><br />
mobilida<strong>de</strong> urbana em diversas cida<strong>de</strong>s do País está<br />
escancarando nossas <strong>de</strong>fi ciências agora com maior<br />
intensida<strong>de</strong> revelada na mídia em função da Copa<br />
Mundial <strong>de</strong> Futebol a se realizar em 2014.<br />
E por que isso acontece?<br />
Sobretudo porque falta uma gestão pública<br />
com uma visão integrada do negócio chamado<br />
“qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida”, mas isso não se <strong>de</strong>ve exclusivamente<br />
ao gestor público, faz parte também da<br />
cultura do medo e da fobia generalizada. A maior<br />
crise que vivemos é a falta <strong>de</strong> competência gerencial<br />
em diversos níveis, com uma doença psicológica<br />
estimulada pela excessiva divulgação <strong>de</strong> notícias<br />
ruins.<br />
Gestores públicos - e mesmo priva<strong>dos</strong> - têm<br />
uma visão simplista e imediatista. Nesse nosso País<br />
não se pensa em médio e longo prazo, e, portanto,<br />
os investimentos realiza<strong>dos</strong>, sobretudo habitacio-<br />
charge<br />
artigo<br />
O <strong>de</strong>clínio da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida nas gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s.<br />
Estaríamos vivendo em um enorme gueto?<br />
Marcos<br />
Cobra<br />
Escritor, professor da Universitad <strong>de</strong> La Empresa<br />
(Uruguai), conferencista, consultor <strong>de</strong> empresas<br />
e presi<strong>de</strong>nte da Associación Latino Americana <strong>de</strong><br />
Académicos <strong>de</strong> Marketing e do Instituto Latinoamericano<br />
<strong>de</strong> Marketing e Vendas<br />
nais visam exclusivamente o curto prazo, on<strong>de</strong> o<br />
lucro rápido é o principal objetivo do empresário e<br />
o gestor público adota quase sempre medidas paliativas<br />
para ter visibilida<strong>de</strong> junto ao eleitor.<br />
As megacida<strong>de</strong>s<br />
As “megacida<strong>de</strong>s” massacram a socieda<strong>de</strong> em<br />
nome do progresso, as pessoas escolhem o local<br />
on<strong>de</strong> morar sem qualquer conexão com o trabalho<br />
e isso exige um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento diário, favorecendo<br />
o surgimento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s problemas na<br />
área <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong>, moradia, inclusão e segurança.<br />
Os bairros da periferia das gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s<br />
fi cam isola<strong>dos</strong>, sobretudo nos fi nais <strong>de</strong> semana,<br />
quando as companhias <strong>de</strong> ônibus urbanos restringem<br />
a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> veículos em circulação, muitos<br />
lugares não possuem sequer um posto bancário, o<br />
que estimula a criação e circulação <strong>de</strong> uma moeda<br />
própria e exclusiva do bairro.<br />
Em um nível macro é preciso urgente se repensar<br />
o nosso mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> a<strong>de</strong>nsamento urbano, pois<br />
estamos no limite do caos. Em termos práticos,<br />
há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um esforço conjunto <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong><br />
e diversas associações: do comércio, da<br />
indústria e, sobretudo <strong>de</strong> serviços. A sustentabilida<strong>de</strong><br />
<strong>dos</strong> aglomera<strong>dos</strong> urbanos requer investimentos<br />
pesa<strong>dos</strong> em infraestrutura, segurança, habitação<br />
e saneamento, além <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e educação. São<br />
muitos problemas que emergem <strong>de</strong>sta loucura que<br />
são as megacida<strong>de</strong>s.