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04<br />
<strong>Destak</strong><br />
<strong>Destak</strong><br />
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII<br />
FIM-DE-SEMANA<br />
Veneno<br />
Não é politicamente correcto dizê-lo, mas a maior parte das pessoas<br />
chateia-se <strong>de</strong> morte aos fins-<strong>de</strong>-semana. É claro que este Especial <strong>Destak</strong>po<strong>de</strong><br />
ajudá-los um bocadinho, mas por aqui não fazemos fretes<br />
nemanósprópriosetemosumcompromissocomaverda<strong>de</strong>.Eaverda<strong>de</strong>,<br />
meus amigos, é que nunca tivemos tanto tempo livre (que o ministro<br />
do Trabalho não nos oiça), mas nunca o empregamos tão mal.<br />
O que os outros pe<strong>de</strong>m <strong>de</strong> nós, e sobretudo o que pedimos <strong>de</strong> nós<br />
mesmos, é absolutamente <strong>de</strong>sumano. Ao sábado e domingo queremos<br />
tudo: esquecer um emprego que não passa da cepa torta, <strong>de</strong>ixar<br />
<strong>de</strong> lado o stress que nos leva a correr como formigas, lavar da memória<br />
os engarrafamentos, as paragens do autocarro à torreira do<br />
sol. Pior do que esquecer, queremos sentirmo-nos compensados <strong>de</strong><br />
tanta irritação e cansaço. Sonhamos que uma cena <strong>de</strong> amor, uma ida<br />
ao cinema, um concerto <strong>de</strong> rock, ou um jogo <strong>de</strong> futebol nos<br />
resgatem da escravatura a que estamos entregues<br />
nosoutroscincodias.<br />
Só que não sabemos como fazer a transição. Como<br />
evitar encher os dias e as horas com activida<strong>de</strong>s diferentes,écerto,masquenos<strong>de</strong>ixamvazioseesgotados.<br />
Tão cansados e ansiosos que até a segunda-feira<br />
nos parece estupidamente resgatadora!<br />
Aqui no <strong>Destak</strong>não fazemos milagres, mas po<strong>de</strong>mosdar-lhealgumasi<strong>de</strong>ias<strong>de</strong>comogozarplenamente<br />
estes dois dias <strong>de</strong> folga. Claro que a solução<br />
i<strong>de</strong>al seria a da cabina telefónica, em que,<br />
qual Super-Homem, entrávamos <strong>de</strong> fato e gravatae<strong>de</strong>pois<strong>de</strong>duaspiruetas,saíamos<strong>de</strong>licraazul-bebéecomtodosospo<strong>de</strong>resdomundo,inclusiveo<strong>de</strong>voarparalonge<strong>de</strong>todasaschatices(e<strong>de</strong>todososchatos!).<br />
Mas à falta <strong>de</strong>ssa, sobram-<br />
-nos as i<strong>de</strong>ias que se seguem.<br />
Aproveite para pôr o<br />
sono em dia. Os portugueses<br />
andam cansados até dizer<br />
basta. A maioria dorme menos<strong>de</strong>seishoras/diaemmédia,<br />
e os especialistas garantemquenãochega.Aosába<br />
Dê o grito<br />
6ª Feira · <strong>22</strong> <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> <strong>2007</strong><br />
do Ipiranga<br />
doedomingoatentaçãoéficarnacamaatémaistar<strong>de</strong>,oquequalquer<br />
pessoa<strong>de</strong>bomsensoenten<strong>de</strong>eaprova,masinfelizmenteossenhoresque<br />
estudam o nosso biorritmo garantem que é uma armadilha, cuja factura<br />
se paga cara. Depois, a manhã <strong>de</strong> segunda é insuportavelmente penosa.<br />
Alternativa recomendada, a sesta! A sesta refresca os neurónios, quebra<br />
a monotonia, <strong>de</strong>ixa-nos mais concentrados, e ainda por cima dá-nos o infinito<br />
prazer <strong>de</strong> adormecer <strong>de</strong>vagarinho, saboreando o sono a levar-nos<br />
para cada vez mais longe.<br />
De “programa” na mão. É uma cretinice, convenhamos, mas<br />
quem tem uma vida semanal a cem à hora sabe que é quase impossível<br />
<strong>de</strong>sligar a cabeça daquilo que se <strong>de</strong>ixou sobre a mesa do escritório,<br />
ou das tarefas que o esperam na semana seguinte. O psicólogo<br />
norte-americano Joe Robinson <strong>de</strong>scobriu que o nosso organismo precisa<br />
<strong>de</strong> duas semanas inteirinhas para cortar com os seus hábitos.<br />
Daí que, quando se é o feliz proprietário <strong>de</strong> apenas dois dias, a única<br />
solução é envolver-se em activida<strong>de</strong>s tão intensas que ocupem o cérebro<br />
a tempo inteiro, distraindo-o compulsivamente. Se é <strong>de</strong>sses, não<br />
se dê tréguas, e aposte no cansaço físico, que é um óptimo remédio<br />
anti-stress: corra, faça escalada, vá ao ginásio, planeie um passeio, estu<strong>de</strong><br />
o mapa da viagem, dê um jantar, mu<strong>de</strong> a roupa <strong>de</strong> Inverno para<br />
a <strong>de</strong> Verão e alinhe as camisolas por cores, invente, a escolha é sua...<br />
Talvez assim canse o suficiente o corpo e a mente para po<strong>de</strong>r encontrar<br />
a paz <strong>de</strong> espírito.<br />
Recuse a culpabilida<strong>de</strong>. Os mundos das mulheres e dos homens<br />
aproximaram-se, mas apenas ligeiramente. Elas continuam a acreditar<br />
nas máximas <strong>de</strong> escuteiro que lhes impingiram: o egoísmo é um pecado, é<br />
obrigatório dar tudo. Daíque qualquer espaço livre <strong>de</strong>va ser <strong>de</strong>dicado a<br />
uma lista infinita <strong>de</strong> gente, que vai dos filhos, ao marido, passando pelos<br />
sogros e pelos pais, sem esquecer, é claro, o cão que há uma eternida<strong>de</strong><br />
não corre na praia! Se tal não acontecer <strong>de</strong>sce sobre elas um imenso e<br />
inexplicável sentimento <strong>de</strong> culpa. Que não adianta nada à vida <strong>de</strong> ninguém.<br />
Seria muito mais útil que em lugar <strong>de</strong> andarem por aí a arrastar-se<br />
no papel <strong>de</strong> vítimas, tivessem a coragem <strong>de</strong> recusar chantagens, esten<strong>de</strong>ndo-se<br />
por umas horas no sofá, com um “Proibido Incomodar” colado<br />
na porta, ro<strong>de</strong>adas <strong>de</strong> revistas e livros, ou apenas entretidas a <strong>de</strong>senhar<br />
uma história no tecto branco do quarto. Por isso, <strong>de</strong> tempos a tempos, dê<br />
o grito do Ipiranga, e <strong>de</strong>sapareça sozinha da vista <strong>de</strong> todos. Para voltar<br />
mais feliz. <br />
IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII<br />
Isabel Stilwell | directora