16.04.2013 Views

fazenda Visconde de Cananéia - Instituto Cidade Viva

fazenda Visconde de Cananéia - Instituto Cidade Viva

fazenda Visconde de Cananéia - Instituto Cidade Viva

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>de</strong>nominação<br />

Fazenda <strong>Viscon<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Cananéia</strong><br />

localização<br />

Rodovia Lucio Meira (BR-393) – Estrada <strong>de</strong> <strong>Cananéia</strong><br />

município<br />

Vassouras<br />

época <strong>de</strong> construção<br />

século XIX<br />

estado <strong>de</strong> conservação<br />

<strong>de</strong>talhamento no corpo da ficha<br />

uso atual / original<br />

institucional (clínica psiquiátrica) / <strong>fazenda</strong> <strong>de</strong> café<br />

proteção existente / proposta<br />

nenhuma / tombamento<br />

proprietário<br />

particular<br />

situação e ambiência<br />

códice<br />

AII-F01-Vass<br />

A <strong>fazenda</strong> <strong>Viscon<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Cananéia</strong> fica localizada a 12,5 Km da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vassouras, às margens da<br />

Rodovia Lúcio Meira (BR-393), po<strong>de</strong>ndo ser avistada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a estrada, <strong>de</strong>vido à sua implantação sobre o<br />

topo <strong>de</strong> um morro.<br />

coor<strong>de</strong>nador / data Noêmia Lucia Barradas Fernan<strong>de</strong>s e Cláudia Baima Mesquita - <strong>de</strong>z 2007<br />

equipe Daniel Soares Braz e Ícaro Cardoso Cerqueira<br />

histórico Adriano Novaes<br />

Parceria:<br />

fonte: IBGE - Vassourasí<br />

revisão / data<br />

Marcos Bittencourt - mai 2008<br />

273


274<br />

situação e ambiência<br />

O acesso é feito por uma estrada <strong>de</strong> terra, sinalizando a clínica psiquiátrica e a localida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Cananéia</strong>.<br />

Diferentemente da visão que se tem da estrada, não se consegue avaliar a dimensão da construção ao<br />

chegar.<br />

Um gran<strong>de</strong> platô utilizado como área <strong>de</strong> recreação para os pacientes masculinos, localizado em cota <strong>de</strong> nível<br />

mais baixa, é visto da varanda da casa. Somente <strong>de</strong>ste gran<strong>de</strong> campo ou da estrada, à distância, po<strong>de</strong>-se<br />

visualizar a extensa fachada lateral da casa-se<strong>de</strong> e o anexo da ala masculina.<br />

Há várias árvores frondosas na chegada à clínica, junto a um muro branco. Neste local há vestígios <strong>de</strong> uma<br />

construção em pedra. Não se po<strong>de</strong> precisar on<strong>de</strong> era o antigo terreiro <strong>de</strong> café, se no gran<strong>de</strong> platô ou se on<strong>de</strong><br />

hoje funciona o anexo e área <strong>de</strong> lazer dos pacientes femininos. Existe, para o sítio em questão, um projeto<br />

paisagístico que não chegou a ser implantado.


<strong>de</strong>scrição arquitetônica<br />

A casa-se<strong>de</strong> passou por várias modificações e usos. No início do século XX foi um hotel-<strong>fazenda</strong>. Depois<br />

abrigou um internato particular para crianças e, na década <strong>de</strong> 70, foi vendida e adaptada para uma clínica<br />

psiquiátrica conveniada ao SUS.<br />

O conjunto edificado é constituído pela casa-se<strong>de</strong> e dois anexos. A antiga casa, originalmente com planta baixa<br />

em forma <strong>de</strong> “U”, tem um pavimento sobre porão alto em sua ala esquerda, <strong>de</strong>vido à implantação em dois<br />

níveis diferentes; cobertura em telhas <strong>de</strong> barro capa e canal com beiral arrematado por cimalha em ma<strong>de</strong>ira.<br />

A fachada frontal recebe um alpendre também em telhas capa e canal; a porta principal mantém verga em<br />

arco pleno, folhas almofadadas e ban<strong>de</strong>ira em ma<strong>de</strong>ira trabalhada; janelas <strong>de</strong> guilhotina com vergas retas e<br />

folhas em caixilharia com vidro e postigos almofadados. Algumas esquadrias <strong>de</strong> guilhotina foram retiradas por<br />

segurança dos internos – e encontram-se guardadas.<br />

As portas internas possuem folhas almofadadas e ban<strong>de</strong>iras. Foi i<strong>de</strong>ntificado na cozinha o único vão interno em<br />

arco abatido. Alguns forros são em ma<strong>de</strong>ira tipo saia e camisa. Todo o piso da casa foi substituído por tabuado<br />

<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira na parte administrativa e lajota cerâmica nas <strong>de</strong>mais <strong>de</strong>pendências <strong>de</strong> serviço e varanda. Na porta<br />

da entrada principal há uma soleira em pedra.<br />

Ao lado direito do corpo da casa, está o anexo que abriga os internos do sexo feminino. O anexo localizado à<br />

sua esquerda, afastado do corpo da casa, funciona como espaço para ativida<strong>de</strong>s educacionais e sociais com os<br />

internos. Ao fundo, colado à casa-se<strong>de</strong>, existe um telheiro on<strong>de</strong> funciona a lavan<strong>de</strong>ria. Estas novas construções<br />

<strong>de</strong>stoam das características construtivas da casa-se<strong>de</strong>, sendo algumas cobertas por telhas <strong>de</strong> amianto.<br />

O porão da casa foi subdividido em vários compartimentos. O andar superior é ocupado pela parte administrativa<br />

da clínica, cozinha, refeitório, ambulatório e consultório e alguns quartos para internos masculinos.<br />

275


276<br />

<strong>de</strong>scrição arquitetônica


<strong>de</strong>talhamento do estado <strong>de</strong> conservação<br />

O embasamento em cantaria, em bom estado <strong>de</strong> conservação, não apresenta danos.<br />

As pare<strong>de</strong>s do andar superior, segundo relato da atual proprietária, são em pau-a-pique, aparentando bom<br />

estado <strong>de</strong> conservação. Internamente não há a presença <strong>de</strong> trincas ou manchas <strong>de</strong> umida<strong>de</strong>. As pare<strong>de</strong>s do<br />

pavimento inferior sofreram obras e mudanças, são <strong>de</strong> tijolo furado e estão em bom estado <strong>de</strong> conservação.<br />

Não há a presença <strong>de</strong> trincas ou manchas <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> e algumas argamassas externas apresentam perdas em<br />

certos trechos, além <strong>de</strong> manchas <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> ascen<strong>de</strong>nte e <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte.<br />

Algumas janelas externas precisam <strong>de</strong> restauração e nova pintura.<br />

A cobertura, segundo informações da proprietária, mantém gran<strong>de</strong> parte da estrutura original, encontrando-se<br />

em bom estado <strong>de</strong> conservação sem a presença <strong>de</strong> insetos xilófagos.<br />

A estrutura <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira da varanda foi toda substituída, apresentando-se a atual em bom estado <strong>de</strong><br />

conservação.<br />

Os beirais do prisma interno e da fachada lateral em ma<strong>de</strong>ira pintada apresentam-se em mau estado <strong>de</strong><br />

conservação, com manchas <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte;<br />

Os forros em saia e camisa estão em bom estado <strong>de</strong> conservação, necessitando <strong>de</strong> pequenos reparos e pintura<br />

em alguns ambientes.<br />

277


278<br />

<strong>de</strong>talhamento do estado <strong>de</strong> conservação


279


280<br />

histórico<br />

Esta <strong>fazenda</strong> foi fundada em meados do século XIX com a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> “Ribeirão Alegre”, por José <strong>de</strong><br />

Avelar e Almeida que era casado com Ana Barbosa <strong>de</strong> Sá, natural <strong>de</strong> Vassouras, filha <strong>de</strong> Francisco Rodrigues<br />

Barbosa e <strong>de</strong> Mariana Rosa <strong>de</strong> Jesus, e neta do fundador <strong>de</strong> Vassouras, Francisco Rodrigues Alves.<br />

Avelar e Almeida foi o primeiro e único Barão <strong>de</strong> Ribeirão e rico cafeicultor no município <strong>de</strong> Vassouras. Além<br />

da Fazenda Ribeirão Alegre, era senhor também da grandiosa Fazenda Cachoeira do Mato Dentro (com 350<br />

alqueires), on<strong>de</strong> viveu primeiro. Possuía na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vassouras um belíssimo palacete, construído em 1866,<br />

que atualmente funciona como se<strong>de</strong> da prefeitura da cida<strong>de</strong>.<br />

Chefe <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> família, quando faleceu em 1874, já viúvo, na Fazenda Ribeirão Alegre, após longa<br />

enfermida<strong>de</strong>, o Barão do Ribeirão tinha catorze filhos e quarenta netos. No necrológio, publicado na imprensa<br />

vassourense, foi lembrado como um dos “anciões da comunida<strong>de</strong>”, tendo sido exaltados seu caráter e sua<br />

probida<strong>de</strong>, bem como suas origens humil<strong>de</strong>s, pertencente a uma das famílias precursoras da cafeicultura na<br />

região.<br />

Após a morte do Barão <strong>de</strong> Ribeirão foi a Fazenda Ribeirão Alegre herdada a seu filho Bernardino Rodrigues<br />

Avelar, o então Barão <strong>de</strong> <strong>Cananéia</strong>, mais tar<strong>de</strong> elevado ao titulo <strong>de</strong> viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> mesmo nome. O <strong>Viscon<strong>de</strong></strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Cananéia</strong> foi um dos gran<strong>de</strong>s beneméritos <strong>de</strong> Vassouras, on<strong>de</strong> foi vereador (1857-1865) e presi<strong>de</strong>nte da<br />

Câmara Municipal (1865-1877). Ajudou na construção das estações <strong>de</strong> Oriente e da Serra, da Estrada <strong>de</strong> Ferro<br />

Pedro II, abertas ao tráfego em 1878. Unindo-se aos seus irmãos, os barões <strong>de</strong> Massambará e <strong>de</strong> Avelar e<br />

Almeida para a construção da Estação Concórdia, também da E.F. Pedro II, próxima à <strong>fazenda</strong> Cachoeira do<br />

Mato Dentro.<br />

Foi um dos fundadores e membro da primeira diretoria da Companhia Ferro Carril Vassourensse, que ligava<br />

a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vassouras a Estrada <strong>de</strong> Ferro D. Pedro II. Membro da Irmanda<strong>de</strong> da Santa Casa <strong>de</strong> Misericórdia<br />

<strong>de</strong> Vassouras, chegando a ser seu provedor em 1875. Em 1876, hospedaram-se em seu belíssimo palacete,<br />

herdado <strong>de</strong> seu pai, o Barão do Ribeirão, a Princesa Imperial D. Isabel e seu marido o Con<strong>de</strong> d’Eu, que vieram<br />

especialmente visitá-lo.<br />

Por ocasião da epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> cólera, que atingiu Vassouras em 1880, foi um dos mais <strong>de</strong>stacados combatentes<br />

da doença em todo o município. Tanto que <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>u verda<strong>de</strong>ira fortuna para socorrer as vítimas e os<br />

necessitados, utilizando 120 contos <strong>de</strong> réis para a aquisição <strong>de</strong> medicamentos, roupas e gêneros alimentícios;<br />

e mais 22 contos para diversos fins. Segundo consta, tal ação lhe abalou financeiramente, pois a produção do<br />

café na época estava em franca <strong>de</strong>cadência.<br />

Dois anos <strong>de</strong>pois, Vassouras era novamente atingida por outra epi<strong>de</strong>mia, <strong>de</strong>sta vez, a febre amarela. Mais uma<br />

vez o viscon<strong>de</strong> socorreu a cida<strong>de</strong> com ajuda financeira. Em 1882, Vassouras assistiu a uma festa feita pelos<br />

pobres em homenagem ao Barão <strong>de</strong> <strong>Cananéia</strong> que ficou conhecida como a “Festa da Pobreza”.<br />

O <strong>Viscon<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Cananéia</strong> casou-se com sua prima-irmã, Carlota Elisa <strong>de</strong> Avelar, com quem teve quatro filhos,<br />

Alfredo Carlos, Orminda, Virgílio e Carlos. Do segundo matrimônio teve uma filha, <strong>de</strong> nome Maria Virgília. Após<br />

a morte do <strong>Viscon<strong>de</strong></strong> <strong>de</strong> <strong>Cananéia</strong>, ocorrida em Vassouras, no dia 12 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 1896, a <strong>fazenda</strong> ficou com sua<br />

viúva.<br />

Em vida, <strong>Cananéia</strong> havia hipotecado sua <strong>fazenda</strong> ao irmão, o Barão <strong>de</strong> Massambará, que faleceu antes.<br />

Pouco tempo <strong>de</strong>pois da morte do Barão <strong>de</strong> <strong>Cananéia</strong>, a Baronesa <strong>de</strong> Massambará executa a referida hipoteca,<br />

passando a ser senhora da Fazenda Ribeirão Alegre.<br />

Depois <strong>de</strong> algum período <strong>de</strong> arrendamento, em 1912, a Baronesa <strong>de</strong> Massambará resolve ven<strong>de</strong>r a <strong>fazenda</strong> a<br />

Guilherme Leme <strong>de</strong> Castro. Nesta época a <strong>fazenda</strong> possuía uma área <strong>de</strong> 124 alqueires <strong>de</strong> terras.<br />

Em 1920, era proprietário <strong>de</strong>sta <strong>fazenda</strong> o Coronel Manoel Gonçalves <strong>de</strong> Almeida. A <strong>de</strong>nominação <strong>Cananéia</strong> é<br />

recente. O apelido “<strong>fazenda</strong> do <strong>Cananéia</strong>” virou nome oficial na década <strong>de</strong> 1920.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!