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Modelo de Eccles do Self Controlando o Cérebro

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Aquelas duas categorias <strong>de</strong> Popper, Mun<strong>do</strong> 1 e Mun<strong>do</strong> 2, para serem presumidamente paralelas e co-existentes<br />

é crucial enten<strong>de</strong>r os obstáculos que o interacionismo-dualista colocou no caminho <strong>do</strong> pensamento <strong>de</strong> <strong>Eccles</strong>.<br />

Quan<strong>do</strong> ele consi<strong>de</strong>rou mente e corpo como entida<strong>de</strong>s, seu pensamento foi constrangi<strong>do</strong> para a noção <strong>de</strong> que<br />

cada um <strong>de</strong>las exige a existência e operações da outra. É por isso que ele fixou seu conceito <strong>de</strong> “ Eu” pelas<br />

operações <strong>do</strong> cérebro, a saber a ultra-microfisiologia das sinapses. Esta perspectiva <strong>de</strong> dualismo-paralelo<br />

impediu seu <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> a uma teoria <strong>de</strong> sistemas não-materiais que são operacionalmente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong><br />

sistemas materiais. Como mostra<strong>do</strong> abaixo, sem tais mo<strong>de</strong>los, não po<strong>de</strong> haver nenhuma teoria científica <strong>de</strong><br />

sobrevivência <strong>do</strong> Eu [consciência] <strong>de</strong>pois da morte <strong>do</strong> corpo físico — um fenômeno em que <strong>Eccles</strong> firmemente<br />

acreditou.<br />

Apesar <strong>de</strong> seu <strong>de</strong>scontentamento com o interacionismo-dualista, <strong>Eccles</strong> contou com ele porque não teve<br />

nenhuma teoria científica <strong>do</strong> Espírito para o guiar. Se a Teoria <strong>do</strong>s Sistemas organiza<strong>do</strong>s (TES) (Watson, et al,<br />

1999) tivesse disponível para <strong>Eccles</strong>, ele teria acha<strong>do</strong> que a noção <strong>de</strong> "mente" é supérflua. Sob TES, que é<br />

empiricamente testável, o self apresenta todas as operações atribuídas à mente.<br />

Evi<strong>de</strong>ntemente Descartes concor<strong>do</strong>u com a idéia que é a personalida<strong>de</strong> que exibe operações mentais quan<strong>do</strong><br />

escreveu sua famosa <strong>de</strong>claração, "eu penso, logo existo" Ele não disse, "Minha mente pensa, logo minha mente<br />

é" Esta <strong>de</strong>claração evoca a pergunta, "O que é referência pra "mim"?<br />

O PROBLEMA DA CORRELAÇÃO<br />

Com Friedrich Beck, <strong>Eccles</strong> aplicou a teoria quântica para explicar a exocitose sináptica <strong>do</strong>s neurotransmissores.<br />

Entretanto isto favoreceu pelo menos uma sugestão à interação "espírito-matéria", o que não resolveu o problema<br />

da correlação (Damasio, 1989). Se TES estivesse disponível para <strong>Eccles</strong>, ele teria evita<strong>do</strong> este entrave em<br />

neurociência. Isto é, porque TES é uma teoria <strong>de</strong> conjuntos — ao invés <strong>de</strong> apenas coletar partes — ele po<strong>de</strong>ria ter<br />

i<strong>do</strong> muito mais perto <strong>de</strong> seu objetivo que tentar ajustar suas interpretações ao interacionismo-dualista.<br />

A abordagem <strong>de</strong> <strong>Eccles</strong> para o problema da correlação é encontrada em seu conceito <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s mentais:<br />

A hipótese proposta foi (<strong>Eccles</strong>, 1990) que to<strong>do</strong>s os eventos e experiências mentais, <strong>de</strong> fato o conjunto das experiências<br />

sensoriais externas e internas, são uma combinação <strong>de</strong> experiências mentas elementais ou unitárias em to<strong>do</strong>s os níveis <strong>de</strong><br />

intensida<strong>de</strong>. Cada uma <strong>de</strong>stas unida<strong>de</strong>s mentais está reciprocamente ligada <strong>de</strong> alguma maneira singular a um <strong>de</strong>ndron [um<br />

conjunto <strong>de</strong> <strong>de</strong>ndritos]. . . . Apropriadamente nós nomeamos esta proposta <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s mentais <strong>de</strong> "psicons". Psicons não são<br />

trajetórias perceptivas para experiências. Eles são as experiências em toda sua diversida<strong>de</strong> e singularida<strong>de</strong>. Po<strong>de</strong>m existir<br />

milhões <strong>de</strong> psicons liga<strong>do</strong>s exclusivamente a cada milhões <strong>de</strong> <strong>de</strong>ndrons. É conjecturável ser muito natural psicons<br />

conectarem-se e proverem uma experiência unificada. (1994)<br />

Entretanto <strong>de</strong> forma rudimentar, a Noção <strong>de</strong> <strong>Eccles</strong> sobre psicons ligou-se <strong>de</strong> maneira consistente com um <strong>do</strong>s<br />

comportamentos fundamentais <strong>de</strong> SELFs sob TES: a<strong>de</strong>rência ao espaço-tempo. A diferença está em sua<br />

consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> psicons como "experiências", e não entida<strong>de</strong>s. Sob TES, SELFs (acrônimo para Singular,<br />

Enformed, campos vitais) são as entida<strong>de</strong>s que contêm experiências; isto é, SELFs são recipientes, não<br />

conteú<strong>do</strong>s. Nós acreditamos que <strong>Eccles</strong> concordaria com esta visão, porque é difícil pensar que aquelas<br />

experiências formam as "intenções" necessárias para exocitoses <strong>de</strong> neurotransmissores como na sua teoria.<br />

O PROBLEMA MENTE-CORPO<br />

O dura<strong>do</strong>uro "problema <strong>de</strong> mente-corpo" é um artefato <strong>de</strong> razão filosófica. A premissa <strong>do</strong> dualismo paralelo, junto<br />

com a premissa que espírito e matéria não po<strong>de</strong>m interagir, cria argumentos intermináveis que só po<strong>de</strong>m refletir a<br />

volta para as premissas — conseqüentemente, para o problema. Isto é, se iniciarmos com estas premissas e<br />

permanecermos fieis as suas implicações, só po<strong>de</strong>remos encontrar resulta<strong>do</strong>s que espelham as próprias<br />

premissas. Isto não é ciência, porque é impossível aplicar tais premissas a fim <strong>de</strong> formular uma hipótese testável<br />

<strong>de</strong> interação mente-corpo. O único caminho em torno <strong>de</strong>ste problema será criar diferenciações, com novas<br />

propostas.<br />

A proposta <strong>de</strong> "i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> psicofisica" é hoje o mo<strong>de</strong>lo mais popular para trabalhar em torno <strong>do</strong> clássico problema<br />

mente-corpo. Substitui o dualismo com o monismo material. Sob a proposta i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> psicofisica, a mente é um<br />

conceito <strong>de</strong>snecessário porque esta<strong>do</strong>s mentais são na verda<strong>de</strong> esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> cérebro. Notan<strong>do</strong> que Popper<br />

(Popper e <strong>Eccles</strong>, 1977) caracteriza o mo<strong>de</strong>lo i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> psicofisica como "materialismo promissório", <strong>Eccles</strong><br />

atacou esta proposição assim:

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