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Divulgação científica em assessorias de ... - Labjor - Unicamp

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS<br />

INSTITUTO DE ESTUDOS DA LINGUAGEM<br />

LABORATÓRIO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM JORNALISMO<br />

MESTRADO EM DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA E CULTURAL<br />

Leila Cristina Bonfietti Lima<br />

DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA EM<br />

ASSESSORIAS DE COMUNICAÇÃO: O<br />

CASO DA FAPESP<br />

Campinas<br />

2011<br />

0


LEILA CRISTINA BONFIETTI LIMA<br />

DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA EM<br />

ASSESSORIAS DE COMUNICAÇÃO: O<br />

CASO DA FAPESP<br />

Dissertação apresentada para o Programa <strong>de</strong> Mestrado<br />

<strong>em</strong> <strong>Divulgação</strong> Científica e Cultural, do Instituto <strong>de</strong><br />

Estudos da Linguag<strong>em</strong> e do Laboratório <strong>de</strong> Estudos<br />

Avançados <strong>em</strong> Jornalismo da Universida<strong>de</strong> Estadual<br />

<strong>de</strong> Campinas, como requisito à obtenção do título <strong>de</strong><br />

Mestre <strong>em</strong> <strong>Divulgação</strong> Científica e Cultural.<br />

Orientadora: Prof. Dra. Graça Caldas.<br />

Campinas<br />

2011<br />

i


FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA POR<br />

TERESINHA DE JESUS JACINTHO – CRB8/6879 - BIBLIOTECA DO INSTITUTO DE<br />

ESTUDOS DA LINGUAGEM - UNICAMP<br />

L628d<br />

Lima, Leila Cristina Bonfietti, 1984-<br />

<strong>Divulgação</strong> Científica <strong>em</strong> Assessorias <strong>de</strong><br />

Comunicação: o caso da Fapesp / Leila Cristina Bonfietti<br />

Lima. -- Campinas, SP: [s.n.], 2011.<br />

Orientador: Maria das Graças Con<strong>de</strong> Caldas.<br />

Dissertação (mestrado) - Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong><br />

Campinas, Instituto <strong>de</strong> Estudos da Linguag<strong>em</strong>.<br />

1. Comunicação. 2. Assessoria <strong>de</strong> Comunicação. 3.<br />

<strong>Divulgação</strong> <strong>científica</strong>. 4. Imag<strong>em</strong> institucional. 5. Fundação<br />

<strong>de</strong> Amparo a Pesquisa do Estado <strong>de</strong> São Paulo. I. Caldas,<br />

Maria das Graças Con<strong>de</strong>. II. Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong><br />

Campinas. Instituto <strong>de</strong> Estudos da Linguag<strong>em</strong>. III. Título.<br />

Informações para Biblioteca Digital<br />

Título <strong>em</strong> inglês: Scientific Outreach in Communications Offices: the case of<br />

Fapesp.<br />

Palavras-chave <strong>em</strong> inglês:<br />

Communication<br />

Communications Offices<br />

Science Outreach<br />

Corporate Image<br />

Fapesp<br />

Área <strong>de</strong> concentração: <strong>Divulgação</strong> Científica e Cultural.<br />

Titulação: Mestre <strong>em</strong> <strong>Divulgação</strong> Científica e Cultural.<br />

Banca examinadora:<br />

Maria das Graças Con<strong>de</strong> Caldas [Orientador]<br />

Vera Regina Toledo Camargo<br />

Fabíola <strong>de</strong> Oliveira<br />

Data da <strong>de</strong>fesa: 04-08-2011.<br />

Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação: <strong>Divulgação</strong> Científica e Cultural.<br />

ii


iii


Ao meu pai, Paulo, pelas madrugadas <strong>de</strong> estudo.<br />

À minha mãe, Cida, pelas madrugadas <strong>de</strong> dúvidas e incertezas.<br />

iv


AGRADECIMENTOS<br />

Antes <strong>de</strong> ser Mestre <strong>em</strong> <strong>Divulgação</strong> Científica e Cultural, sou jornalista, sou curiosa,<br />

estudante, filha, sobrinha e namorada. Sou Lê e sou Leiloca. Para a conquista <strong>de</strong> tantos<br />

títulos nunca estive sozinha. E <strong>de</strong>ssa vez não é diferente.<br />

Agra<strong>de</strong>ço aos meus pais, Paulo Ferreira Lima e Maria Aparecida Bonfietti Lima, ou<br />

somente Cida, por todo o apoio <strong>em</strong> todas as minhas escolhas, nos momentos felizes e tristes<br />

por que passei. E principalmente <strong>em</strong> minhas crises <strong>de</strong> medo quando pensava que não era<br />

capaz <strong>de</strong> realizar alguma tarefa. Foram s<strong>em</strong>pre eles que estiveram ao meu lado, seguraram<br />

minha mão e me mostraram que minha força era maior do eu mesma imaginava.<br />

Agra<strong>de</strong>ço ao meu namorado, Marcelo Sartorio Loural, o Má, pelo incentivo quando<br />

pensei <strong>em</strong> prestar o processo seletivo para o Mestrado e por todo o auxílio com os gráficos,<br />

idéias e leituras durante os dias difíceis <strong>de</strong>ssa <strong>em</strong>preitada. Por escutar minhas lamentações<br />

e, mesmo com o meu mau humor habitual, s<strong>em</strong>pre ser tão paciente e carinhoso comigo. E<br />

principalmente por acreditar <strong>em</strong> meu potencial.<br />

Gostaria <strong>de</strong> registrar também meu “muito obrigada” à professora e amiga Graça<br />

Caldas, por também acreditar <strong>em</strong> meu potencial e se <strong>de</strong>dicar às orientações e revisões do<br />

trabalho s<strong>em</strong>pre com muita prestativida<strong>de</strong> e atenção a todos os <strong>de</strong>talhes. Ao Laboratório <strong>de</strong><br />

Estudos Avançados <strong>em</strong> Jornalismo (<strong>Labjor</strong>), pela confiança <strong>em</strong> me integrar no corpo<br />

discente, ao Instituto <strong>de</strong> Estudos da Linguag<strong>em</strong> (IEL) e à Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong><br />

Campinas (<strong>Unicamp</strong>) pelo apoio institucional.<br />

Agra<strong>de</strong>ço ao corpo docente do <strong>Labjor</strong>, IEL e IG (Instituto <strong>de</strong> Geociências) pelas<br />

disciplinas, principalmente às professoras Vera Regina Toledo Camargo e Susana Dias<br />

(Coor<strong>de</strong>nadora do Mestrado) pelas dicas e esclarecimentos <strong>de</strong> s<strong>em</strong>pre. Muito obrigada<br />

também a todos os funcionários do <strong>Labjor</strong>, <strong>em</strong> particular a Alessandra Carnauskas pela<br />

prestativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> s<strong>em</strong>pre.<br />

Agra<strong>de</strong>ço à Fundação <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa do Estado <strong>de</strong> São Paulo (Fapesp) pelo<br />

financiamento e pela confiança <strong>de</strong>positada <strong>em</strong> mim e <strong>em</strong> minha orientadora para<br />

realizarmos o estudo <strong>de</strong> caso sobre a comunicação realizada pela Fundação.<br />

Muito obrigada a todos os entrevistados que colaboraram e enriqueceram a<br />

pesquisa: Graça Mascarenhas, Heitor Shimizu, Mariluce Moura, Marina Ma<strong>de</strong>ira, Fernando<br />

v


Cunha, Prof. Celso Lafer, Prof. Carlos Henrique <strong>de</strong> Brito Cruz, Carlos Eduardo Lins da<br />

Silva, Sabine Righetti e Herton Escobar. Agra<strong>de</strong>ço também às secretárias dos dirigentes:<br />

Jussara Grecco e Fernanda Biondi; a Vera Sirin da Gerência <strong>de</strong> Comunicação; e a Ingrid<br />

Teodoro, Paula Iliadis, Andressa Matias e Rute Rollo Araújo da redação da Revista<br />

Pesquisa Fapesp, pelos agendamentos, paciência e respeito aos meus <strong>de</strong>adlines.<br />

Agra<strong>de</strong>ço às professoras Fabíola <strong>de</strong> Oliveira e Vera Regina Toledo Camargo pelas<br />

consi<strong>de</strong>rações apresentadas no exame <strong>de</strong> qualificação, que foram muito importantes para a<br />

continuida<strong>de</strong> do trabalho; e pelo aceite <strong>em</strong> participar do exame <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa, assim como os<br />

professores Amarildo Carnicel e Simone Pallone como suplentes.<br />

Enfim, agra<strong>de</strong>ço a toda minha família e meus amigos (FGs, MICs, PUC e MDCC)<br />

que são minha base e s<strong>em</strong>pre estiveram comigo. Muito obrigada!<br />

vi


TABELAS<br />

ÍNDICE DE TABELAS, GRÁFICOS E FIGURAS<br />

Página<br />

Tabela 1: Relação <strong>de</strong> entrevistados......................................................................................10<br />

Tabela 2: Importantes marcos institucionais do Sist<strong>em</strong>a Brasileiro <strong>de</strong> Inovação................29<br />

Tabela 3: Dispêndios com P&D por setor (<strong>em</strong> Milhões <strong>de</strong> Reais a valores correntes) –<br />

Brasil (2000 a 2008)..............................................................................................................33<br />

Tabela 4: Fundações Estaduais <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa e seus anos <strong>de</strong> criação...................40<br />

Tabela 5: Principais gran<strong>de</strong>s áreas do conhecimento mencionadas (Pesquisa ANDI &<br />

FUNDEP)..............................................................................................................................61<br />

Tabela 6: Dificulda<strong>de</strong>s <strong>em</strong> se divulgar ciência para o público leigo (Pesquisa<br />

Fap<strong>em</strong>ig)...............................................................................................................................98<br />

Tabela 7: Quadro evolutivo da Comunicação Científica da Fapesp..................................161<br />

Tabela 8: Citações à Fapesp e reproduções da Agência Fapesp por número <strong>de</strong> matérias <strong>em</strong><br />

2009.....................................................................................................................................164<br />

Tabela 9: Citações à Fapesp e reproduções da Agência Fapesp por número <strong>de</strong> veículos <strong>em</strong><br />

2009.....................................................................................................................................166<br />

Tabela 10: Veículos que mais citaram a Fapesp <strong>em</strong> 2009.................................................175<br />

Tabela 11: Citações e reproduções por país <strong>em</strong> 2009........................................................177<br />

Tabela 12: Veículos internacionais que citaram a Fapesp <strong>em</strong> 2009..................................178<br />

GRÁFICOS<br />

Gráfico 1: Volume <strong>de</strong> gastos com P&D (<strong>em</strong> porcentag<strong>em</strong> do PIB) – Países selecionados<br />

(2007)....................................................................................................................................32<br />

Gráfico 2: Relação <strong>de</strong> t<strong>em</strong>as e interesse da socieda<strong>de</strong> (Pesquisa MCT 2006).....................52<br />

Gráfico 3: Razão pela falta <strong>de</strong> interesse <strong>em</strong> C&T (Pesquisa MCT 2006)............................53<br />

Gráfico 4: Credibilida<strong>de</strong> das fontes <strong>de</strong> informação (Pesquisa MCT 2006).........................55<br />

Gráfico 5: Relação <strong>de</strong> t<strong>em</strong>as e interesse da socieda<strong>de</strong> (Pesquisa MCT 2010).....................58<br />

Gráfico 6: Percentual <strong>de</strong> área ocupada por matérias sobre C&T nos jornais selecionados<br />

(Indicadores <strong>de</strong> C,T&I. Fapesp, 2001)..................................................................................64<br />

Gráfico 7: Nível <strong>de</strong> credibilida<strong>de</strong> transmitida pela Fap<strong>em</strong>ig...............................................95<br />

vii


Gráfico 8: Importância da divulgação dos resultados alcançados com pesquisa <strong>científica</strong><br />

para o público leigo (Pesquisa Fap<strong>em</strong>ig)..............................................................................97<br />

Gráfico 9: Número <strong>de</strong> FAPs que possu<strong>em</strong> um setor <strong>de</strong> comunicação (GTCom)..............101<br />

Gráfico 10: Criação do setor <strong>de</strong> comunicação nas FAPs (GTCom)..................................102<br />

Gráfico 11: Número <strong>de</strong> profissionais nas equipes <strong>de</strong> comunicação das FAPs<br />

(GTCom).............................................................................................................................103<br />

Gráfico 12: Recursos próprios para o setor <strong>de</strong> comunicação (GTCom)............................104<br />

Gráfico 13: Plano <strong>de</strong> Comunicação nas FAPs (GTCom)...................................................104<br />

Gráfico 14: Tipos <strong>de</strong> eventos realizados pela Fapesp <strong>em</strong> 2009.........................................154<br />

Gráfico 15: T<strong>em</strong>as discutidos nos eventos realizados <strong>em</strong> 2009.........................................155<br />

Gráfico 16: Citações à Fapesp na mídia por número <strong>de</strong> matérias (2008-2009).................165<br />

Gráfico 17: Reproduções da Agência Fapesp na mídia por número <strong>de</strong> matérias (2008-<br />

2009)...................................................................................................................................165<br />

Gráfico 18: Citações à Fapesp na mídia por número <strong>de</strong> veículos (2008-2009).................167<br />

Gráfico 19: Reproduções da Agência Fapesp na mídia por número <strong>de</strong> veículos (2008-<br />

2009)...................................................................................................................................167<br />

Gráfico 20: Evolução <strong>de</strong> referências à Fapesp na mídia por matérias (2005-2009)..........170<br />

FIGURAS<br />

Figura 1: Espiral da Cultura Científica................................................................................47<br />

Figura 2: Mo<strong>de</strong>los conceituais <strong>de</strong> comunicação pública da ciência....................................71<br />

Figura 3: Capa da primeira edição do Notícias Fapesp <strong>em</strong> agosto <strong>de</strong> 1995......................119<br />

Figura 4: Estrutura da Comunicação Científica da Fapesp................................................126<br />

Figura 5: Capa da primeira edição da Revista Pesquisa Fapesp.......................................129<br />

Figura 6: Capa do lançamento da Agência Fapesp <strong>de</strong> Notícias <strong>em</strong> 2003..........................143<br />

Figura 7: Portal Fapesp......................................................................................................147<br />

Figura 8: Fol<strong>de</strong>r: Fapesp - uma agência brasileira <strong>de</strong> apoio à pesquisa.............................157<br />

Figura 9: Fol<strong>de</strong>r: Fapesp – Oportunida<strong>de</strong>s para futuros cientistas.....................................158<br />

viii


SUMÁRIO<br />

Página<br />

CAPÍTULO ZERO – INTRODUZINDO A PESQUISA................................................01<br />

1. Introdução........................................................................................................................01<br />

2. Justificativa.......................................................................................................................06<br />

3.Objetivo Geral...................................................................................................................07<br />

3.1 Objetivos Específicos..........................................................................................07<br />

4. Metodologia.....................................................................................................................08<br />

4.1 Estrutura da Dissertação......................................................................................09<br />

CAPITULO I – CIÊNCIA, MÍDIA E SOCIEDADE.......................................................11<br />

1.1 Conhecimento e <strong>de</strong>senvolvimento..................................................................................11<br />

1.2 Política Científica e Tecnológica: cenário mundial........................................................16<br />

1.2.1 Política Científica e Tecnológica no Brasil......................................................20<br />

1.2.2 O financiamento da pesquisa no Brasil............................................................31<br />

1.2.3 As Fundações <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa (FAPs)..................................................36<br />

1.3 Cultura Científica e Percepção Pública da Ciência.........................................................44<br />

1.3.1 Cultura Científica.............................................................................................44<br />

1.3.2 Percepção Pública da Ciência...........................................................................48<br />

1.3.3 Ciência e Mídia................................................................................................59<br />

CAPÍTULO II – COMUNICAÇÃO E ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO.............65<br />

2.1 Socieda<strong>de</strong> da Informação e do Conhecimento................................................................65<br />

2.2 Comunicação Pública e C,T&I.......................................................................................68<br />

2.2.1Mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> Comunicação Pública da Ciência e da Tecnologia........................69<br />

2.2.2 <strong>Divulgação</strong> Científica.......................................................................................72<br />

2.2.3 Jornalismo Científico.......................................................................................74<br />

2.3 Comunicação e Imag<strong>em</strong> Institucional.............................................................................78<br />

2.3.1 Assessoria <strong>de</strong> Comunicação Integrada.............................................................82<br />

2.3.1.1 Produtos e Serviços <strong>de</strong> uma Assessoria <strong>de</strong> Comunicação.................85<br />

ix


2.4 Assessoria <strong>de</strong> Comunicação <strong>em</strong> organizações <strong>de</strong> C&T..................................................89<br />

2.4.1 A Comunicação nas FAPs................................................................................93<br />

CAPÍTULO III – FAPESP NA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA..................................107<br />

3.1 Histórico da instituição.................................................................................................107<br />

3.2 Fapesp e a Opinião Pública...........................................................................................111<br />

3.2.1 O Caso da Xylella Fastidiosa.........................................................................112<br />

3.3 Histórico da Política <strong>de</strong> Comunicação..........................................................................114<br />

3.4 Comunicação e <strong>Divulgação</strong> Científica na Fapesp.........................................................125<br />

3.5 Veículos e produtos <strong>de</strong> Comunicação da Fapesp..........................................................127<br />

3.5.1 Revista Pesquisa Fapesp.................................................................................127<br />

3.5.1.1 Pesquisa Fapesp como um projeto especial.....................................130<br />

3.5.1.2 Revista Pesquisa Fapesp online.......................................................134<br />

3.5.1.3 Pesquisa Brasil.................................................................................135<br />

3.5.2 Gerência <strong>de</strong> Comunicação..............................................................................137<br />

3.5.2.1 Assessoria <strong>de</strong> Comunicação.............................................................137<br />

3.5.2.1.1 Fapesp na Mídia................................................................140<br />

3.5.2.2 Setor online......................................................................................141<br />

3.5.2.2.1 Agência Fapesp <strong>de</strong> Notícias..............................................141<br />

3.5.2.2.2 Portal Fapesp.....................................................................146<br />

3.5.2.3 Eventos............................................................................................151<br />

3.5.2.4 Publicações......................................................................................155<br />

3.5.2.5 Centro <strong>de</strong> Documentação e Informação (CDI)................................158<br />

3.5.3 Mídia Ciência.................................................................................................160<br />

CAPÍTULO IV – O PROCESSO DE PRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO DA<br />

INFORMAÇÃO DE C,T&I NA FAPESP......................................................................163<br />

4.1 O dia-a-dia da Comunicação e o relacionamento com a mídia.....................................163<br />

4.1.1 <strong>Divulgação</strong> Científica amplia espaço na instituição.......................................169<br />

4.1.2 A Fapesp vista pela mídia..............................................................................172<br />

4.1.3 Sugestões <strong>de</strong> pautas........................................................................................173<br />

x


4.1.4 T<strong>em</strong>as mais divulgados..................................................................................179<br />

4.1.5 Relacionamento com a mídia: relação jornalistas e cientistas.......................182<br />

4.1.5.1 Veículos <strong>de</strong> comunicação e abrangência.........................................187<br />

4. 2 Imag<strong>em</strong> institucional e o relacionamento com outros atores sociais...........................188<br />

4.2.1 Revista Pesquisa Fapesp <strong>em</strong> livro didático....................................................190<br />

4.2.2. Arte e Estética da divulgação <strong>científica</strong>........................................................192<br />

4.3 O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> divulgação da Fapesp..............................................................................193<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................199<br />

REFERÊNCIAS................................................................................................................207<br />

ANEXOS<br />

1. Entrevista com Graça Mascarenhas <strong>em</strong> 17.mai.2010................................................01<br />

2. Entrevista com Heitor Shimizu <strong>em</strong> 17.mai.2010......................................................11<br />

3. Entrevista com Mariluce Moura <strong>em</strong> 14.out.2010......................................................13<br />

4. Entrevista com Marina Ma<strong>de</strong>ira <strong>em</strong> 17.nov.2010.....................................................28<br />

5. Entrevista com Fernando Cunha <strong>em</strong> 17.nov.2010....................................................40<br />

6. Entrevista com Celso Lafer <strong>em</strong> 17.nov.2010............................................................45<br />

7. Entrevista com Carlos Henrique <strong>de</strong> Brito Cruz <strong>em</strong> 17.nov.2010..............................49<br />

8. Entrevista com Sabine Righetti <strong>em</strong> 20.<strong>de</strong>z.2010.......................................................52<br />

9. Entrevista com Mariluce Moura <strong>em</strong> 17.mar.2011.....................................................54<br />

10. Entrevista com Carlos Eduardo Lins da Silva <strong>em</strong> 29.mar.2011................................60<br />

11. Entrevista com Herton Escobar <strong>em</strong> 10.jun.2011.......................................................61<br />

xi


RESUMO<br />

DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA EM ASSESSORIAS<br />

DE COMUNICAÇÃO: O CASO DA FAPESP<br />

As instituições <strong>de</strong> pesquisa e agências <strong>de</strong> fomento estão cada vez mais conscientes<br />

sobre a importância da divulgação da produção <strong>científica</strong> brasileira para a formação <strong>de</strong> uma<br />

cultura <strong>científica</strong> no país. A formação <strong>de</strong> jornalistas especializados na cobertura <strong>de</strong> Ciência,<br />

Tecnologia e Inovação (C,T&I) e a profissionalização das <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação têm<br />

sido fundamentais para a ampliação e a melhoria da qualida<strong>de</strong> da divulgação <strong>científica</strong> nos<br />

meios <strong>de</strong> comunicação. Este é o caso do setor <strong>de</strong> comunicação <strong>científica</strong> da Fundação <strong>de</strong><br />

Amparo à Pesquisa do Estado <strong>de</strong> São Paulo (Fapesp), criado <strong>em</strong> 1995, e que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então<br />

v<strong>em</strong> aprimorando suas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> divulgação e influenciando outras agências <strong>de</strong> fomento<br />

do país, pautadas pela sua experiência. Examinar o trabalho <strong>de</strong> comunicação integrada da<br />

Fapesp, cuja atuação t<strong>em</strong> contribuído na consolidação da imag<strong>em</strong> da Fundação é o objetivo<br />

principal <strong>de</strong>ste trabalho. Trata-se <strong>de</strong> um Estudo <strong>de</strong> Caso, que utiliza a técnica da Análise <strong>de</strong><br />

Conteúdo, com apoio da pesquisa bibliográfica, documental e entrevistas s<strong>em</strong>i-estruturadas.<br />

A pesquisa é <strong>de</strong> natureza qualitativa, combinada com o método quantitativo para ilustrar<br />

algumas das informações. Os resultados da pesquisa indicam que a divulgação <strong>científica</strong><br />

realizada pelo setor <strong>de</strong> comunicação da Fapesp está <strong>em</strong> processo contínuo <strong>de</strong><br />

aperfeiçoamento e t<strong>em</strong> sido fundamental para a consolidação da imag<strong>em</strong> institucional. Os<br />

diferentes veículos e abordagens (revista Pesquisa Fapesp, Agencia Fapesp, Portal, entre<br />

outros) têm se tornado referência na área e contribuído para a divulgação das pesquisas<br />

financiadas pela instituição na mídia <strong>em</strong> geral e para a formação <strong>de</strong> uma cultura <strong>científica</strong>.<br />

Palavras-Chave: Comunicação, Assessorias <strong>de</strong> Comunicação, <strong>Divulgação</strong> Científica,<br />

Imag<strong>em</strong> institucional, Fapesp.<br />

xii


ABSTRACT<br />

SCIENTIFIC OUTREACH IN COMMUNICATIONS<br />

OFFICES: THE CASE OF FAPESP<br />

Research institutions and funding agencies have been increasingly concerned about how<br />

important is the diss<strong>em</strong>ination of Brazilian scientific production for the <strong>de</strong>velopment of a<br />

scientific culture in the country. Education for journalists specialized in the coverage of<br />

Science, Technology and Innovation and the increasing professionalism of<br />

Communications Offices have been essential to the expansion and improv<strong>em</strong>ent of<br />

scientific diss<strong>em</strong>ination in the media. This is the case of Fapesp (Fundação <strong>de</strong> Apoio à<br />

Pesquisa do Estado <strong>de</strong> São Paulo) Communications Office, established in 1995. Since its<br />

foundation, Fapesp Communications Office has been enhancing its activities and has<br />

become an example for other funding agencies in the country, gui<strong>de</strong>d by its experience. The<br />

main objective of this project is to examine the work done by Fapesp Communications<br />

Office which performance has helped consolidating the image of the referred agency. This<br />

research is a case study, which uses the techniques of content analysis, supported by<br />

literature, documentary analysis and s<strong>em</strong>i-structured interviews. The research is qualitative,<br />

combined with the quantitative method to illustrate some information. The survey results<br />

indicate that the scientific outreach done by Fapesp is in continuous process of<br />

improv<strong>em</strong>ent and has been essential in the consolidation of the institutional image. The<br />

different vehicles and approaches (Pesquisa Fapesp magazine, news agency, sites, etc.)<br />

have become a reference in the area and contributed to the diss<strong>em</strong>ination of the researches<br />

fun<strong>de</strong>d by the institution in the media, and to the formation of a scientific culture as well.<br />

Keywords: Communication, Communications Offices, Science Outreach, Corporate<br />

Image, Fapesp.<br />

xiii


1. Introdução<br />

CAPÍTULO ZERO – INTRODUZINDO A PESQUISA<br />

Por muitos anos a relação entre os pesquisadores, “produtores” <strong>de</strong> conhecimento, e<br />

os jornalistas, responsáveis pela sua divulgação, foi conflituosa. Entretanto, o<br />

reconhecimento da comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> sobre a importância da divulgação <strong>científica</strong> para<br />

a formação <strong>de</strong> uma cultura <strong>científica</strong> brasileira, associado à oferta crescente <strong>de</strong> disciplinas<br />

<strong>de</strong> Jornalismo Científico <strong>em</strong> cursos <strong>de</strong> graduação <strong>em</strong> Jornalismo e <strong>de</strong> extensão e pós-<br />

graduação Lato e Stricto Sensu na área <strong>de</strong> <strong>Divulgação</strong> Científica t<strong>em</strong> modificado este<br />

cenário. Nos últimos anos os meios <strong>de</strong> comunicação não só ampliaram os espaços<br />

<strong>de</strong>dicados à cobertura <strong>científica</strong>, como melhoram sua qualida<strong>de</strong>. Em paralelo, as<br />

organizações <strong>de</strong> C,T&I criaram ou profissionalizaram suas <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação,<br />

atuando <strong>em</strong> regime <strong>de</strong> parceria com os cientistas. No entanto, esse cenário está <strong>em</strong> pleno<br />

<strong>de</strong>senvolvimento e, apesar dos gran<strong>de</strong>s avanços já conquistados, muitas ações ainda <strong>de</strong>v<strong>em</strong><br />

ser realizadas para que esse conhecimento e essa cultura <strong>científica</strong> atinjam cada vez mais a<br />

socieda<strong>de</strong>.<br />

A divulgação do conhecimento científico faz-se cada vez mais necessária, dada a<br />

importância das instituições relacionadas às ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa <strong>em</strong> Ciência, Tecnologia<br />

e Inovação, e a crescente relevância da informação e do conhecimento nas socieda<strong>de</strong>s<br />

mo<strong>de</strong>rnas. “A informação é um requisito para nossa sobrevivência. Permite o necessário<br />

intercâmbio entre nós e o ambiente <strong>em</strong> que viv<strong>em</strong>os.” (KUMAR, 1997: 19).<br />

Segundo Daniel Bell, o conhecimento teórico é a fonte <strong>de</strong> valor e <strong>de</strong> crescimento da<br />

socieda<strong>de</strong> do futuro, on<strong>de</strong> a informação é um recurso estratégico e agente transformador da<br />

nova socieda<strong>de</strong>, da mesma forma que a combinação <strong>de</strong> energias, recursos e tecnologia<br />

mecânica foram os instrumentos transformadores da socieda<strong>de</strong> industrial (Bell, 1980: 531 a<br />

545; apud KUMAR, 1997: 21).<br />

Além disso, a circulação da informação é fundamental para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

novas tecnologias. Um bom resultado <strong>de</strong> pesquisa não é suficiente para iniciar o processo<br />

<strong>de</strong> sua comercialização. É preciso d<strong>em</strong>onstrar a viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transformá-lo <strong>em</strong> tecnologia<br />

e inovação. (SBRAGIA et al, 2006). Nesse contexto, aparece o que a literatura econômica<br />

1


neo-schumpeteriana 1 chama <strong>de</strong> Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Inovação, que consiste na atuação <strong>de</strong><br />

instituições distintas individualmente e, principalmente, na interação entre elas para a<br />

geração <strong>de</strong> produtos e processos inovadores. Desse modo, as universida<strong>de</strong>s e centros <strong>de</strong><br />

pesquisa atuariam no <strong>de</strong>senvolvimento científico e tecnológico por meio <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> pesquisa, sendo esse novo conhecimento aproveitado para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

inovações pelo setor <strong>em</strong>presarial (RODRIGUES & LOURAL, 2008).<br />

Dentro dos Sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> Inovação, também exerc<strong>em</strong> papel <strong>de</strong> fundamental<br />

importância as instituições <strong>de</strong> fomento à pesquisa, na medida <strong>em</strong> que estas provê<strong>em</strong> os<br />

recursos necessários para a realização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa, cujos resultados são<br />

essenciais para o <strong>de</strong>senvolvimento das inovações. Instituições relacionadas à pesquisa<br />

contribu<strong>em</strong> muito para a aplicação prática do conhecimento. Nesse sentido, a Comunicação<br />

colabora diretamente nesse processo.<br />

O campo da Política Científica e Tecnológica passou por tendências marcantes,<br />

como a da humanização, na qual o cientista passa a ser enxergado como um ator inserido<br />

<strong>em</strong> um contexto sócio-político. Na tendência à relativização, a ciência e a tecnologia<br />

passam a fazer parte do processo social e histórico; e na tendência normativa discute-se o<br />

aproveitamento social da C&T. (SPIEGEL RÖSING, 1977).<br />

Neste contexto, a divulgação do conhecimento científico para o público <strong>em</strong> geral e<br />

não apenas entre a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>, é vista cada vez mais como uma ferramenta <strong>de</strong><br />

inclusão na socieda<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> a comunicação preten<strong>de</strong>-se um instrumento <strong>de</strong> diss<strong>em</strong>inação da<br />

informação e da formação <strong>de</strong> uma cultura <strong>científica</strong>.<br />

Os objetivos dos jornalistas e dos cientistas, <strong>de</strong> acordo com Caldas (2003), são<br />

basicamente os mesmos: o avanço do conhecimento, da divulgação da produção <strong>científica</strong> e<br />

tecnológica e da melhoria da percepção pública da ciência. Neste sentido, a<br />

responsabilida<strong>de</strong> social no processo <strong>de</strong> d<strong>em</strong>ocratização da informação <strong>científica</strong> é papel <strong>de</strong><br />

ambos.<br />

Vogt (2006), autor que introduziu o termo “Cultura Científica” no Brasil e o<br />

aperfeiçou com o <strong>de</strong>senvolvimento da “Espiral da Cultura Científica”, consi<strong>de</strong>ra que,<br />

<strong>em</strong>bora haja distinções teóricas entre arte e ciência, existe entre elas algo <strong>em</strong> comum, ou<br />

1 Dentre os autores da corrente neo-schumpeteriana <strong>de</strong>stacam-se Nelson, Klevorick, Winter, entre outros. As<br />

informações acerca <strong>de</strong>ssa literatura foram retiradas <strong>de</strong> fontes secundárias (RODRIGUES & LOURAL, 2008;<br />

TIGRE, 2006; SBRAGIA, 2006).<br />

2


seja, a finalida<strong>de</strong>. Para ele arte e ciência têm como objetivo final a criação e a geração do<br />

conhecimento por meio da formulação <strong>de</strong> conceitos abstratos, tangíveis e concretos. Por<br />

isso, consi<strong>de</strong>ra a expressão cultura <strong>científica</strong> a<strong>de</strong>quada para a inserção da divulgação<br />

<strong>científica</strong> e dos t<strong>em</strong>as sobre ciência e tecnologia no dia-a-dia da socieda<strong>de</strong>, já que aponta o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento científico como um processo cultural.<br />

Nessa perspectiva, a diversida<strong>de</strong> e a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dados e resultados da produção<br />

<strong>científica</strong> e tecnológica exig<strong>em</strong> cada vez mais <strong>em</strong>penho e capacitação do divulgador. É<br />

crescente a busca pela formação especializada do jornalista científico por meio <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong><br />

aperfeiçoamento na área. Assim, o papel dos jornalistas especializados <strong>em</strong> C,T&I que<br />

atuam na mídia <strong>em</strong> geral e nas <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> agências <strong>de</strong> fomento e<br />

instituições relacionadas à pesquisa é fundamental.<br />

Para Caldas (2003), o jornalista que atua na interface entre a ciência e a socieda<strong>de</strong><br />

exerce uma responsabilida<strong>de</strong> ímpar uma vez que “quase tudo o que acontece na socieda<strong>de</strong> é<br />

influenciado pela ciência.” (Dubos, 1972: 72; apud CALDAS, 2003: 221). O trabalho <strong>de</strong><br />

divulgar ciência exige do profissional da mídia <strong>em</strong> geral e das <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação<br />

<strong>de</strong> instituições <strong>de</strong> pesquisa e agências <strong>de</strong> fomento, especificamente, não apenas um<br />

conhecimento geral, mas principalmente uma capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> percepção crítica e analítica da<br />

política <strong>científica</strong>, da importância da pesquisa e <strong>de</strong> seu impacto social.<br />

Wilson da Costa Bueno (2001) também aponta essa responsabilida<strong>de</strong> exigida dos<br />

profissionais <strong>de</strong> comunicação e afirma que a importância da C&T para o cidadão do novo<br />

milênio d<strong>em</strong>anda <strong>de</strong> todos, especialmente dos multiplicadores <strong>de</strong> opinião, uma tomada <strong>de</strong><br />

posição crítica.<br />

Monteiro (2003) consi<strong>de</strong>ra que os assessores <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> instituições <strong>de</strong><br />

pesquisa e agências <strong>de</strong> fomento funcionam como “pontes” ou “jornalistas da casa”, já que<br />

atuam exatamente para realizar a interface entre o pesquisador e a mídia, evitando<br />

distorções que possam comprometer a instituição e sua credibilida<strong>de</strong> junto ao público. Os<br />

jornalistas “ponte” buscam oportunida<strong>de</strong>s na mídia para divulgar e fortalecer a imag<strong>em</strong><br />

perante a opinião pública e a outras organizações vinculadas à área, respeitando um<br />

equilíbrio entre as necessida<strong>de</strong>s e as limitações impostas pelo campo da Ciência.<br />

(MONTEIRO, 2003).<br />

3


Apesar <strong>de</strong> todos os cuidados e competência dos interlocutores no processo <strong>de</strong><br />

divulgação, diversas dificulda<strong>de</strong>s ainda são encontradas. O imediatismo da publicação no<br />

jornalismo diário, por ex<strong>em</strong>plo, não se encaixa com o rigor exigido na apuração e<br />

veiculação da ciência. Neste contexto, portanto, pod<strong>em</strong> ocorrer distorções no processo e,<br />

conseqüent<strong>em</strong>ente, falta <strong>de</strong> compreensão do público leigo. Esse fato caracteriza o aumento<br />

das <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação especializadas <strong>em</strong> CT&I.<br />

Os jornalistas <strong>de</strong> <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> agências <strong>de</strong> fomento e instituições<br />

<strong>de</strong> pesquisa atuam, portanto, como mediadores e intérpretes entre a opinião pública e o<br />

cientista. A atuação conjunta dos jornalistas e dos cientistas, apesar das dificulda<strong>de</strong>s já<br />

expostas, é primordial para aproximar a ciência do cidadão comum. Para isso, se faz<br />

necessário que o jornalista possua certa base teórica e visão crítica sobre questões<br />

relacionadas à ciência.<br />

Reconhecida a importância da atuação do jornalista científico e <strong>de</strong> sua interação<br />

com os cientistas <strong>de</strong>ntro das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> divulgação do conhecimento <strong>em</strong> instituições <strong>de</strong><br />

pesquisa, é necessário compreen<strong>de</strong>r como ocorre esse processo <strong>de</strong> divulgação <strong>em</strong><br />

instituições <strong>de</strong> financiamento à pesquisa, como a Fundação <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa do<br />

Estado <strong>de</strong> São Paulo (Fapesp).<br />

Responsável por cerca <strong>de</strong> 60% do financiamento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Ciência,<br />

Tecnologia e Inovação no Estado <strong>de</strong> São Paulo (IPT, 2007), a Fapesp, criada <strong>em</strong> 1962,<br />

somente iniciou um trabalho mais sist<strong>em</strong>ático <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong> <strong>em</strong> 1995. Até o<br />

início da década <strong>de</strong> 1990, a atuação da instituição esteve voltada fundamentalmente para a<br />

comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>.<br />

Neste contexto, a difusão <strong>científica</strong> era realizada apenas entre os pares da própria<br />

comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> com o apoio da Fapesp. Essa contribuição ocorria por meio <strong>de</strong><br />

auxílios à publicação ou à participação <strong>de</strong> pesquisadores <strong>em</strong> eventos científicos para<br />

apresentação <strong>de</strong> seus trabalhos. Essa difusão era, portanto, restrita à comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong><br />

e com linguag<strong>em</strong> mais cifrada, própria ao discurso científico e não ao discurso jornalístico.<br />

Após a promulgação da Constituição Estadual <strong>de</strong> 1989, que ampliou <strong>de</strong> 0,5% para<br />

1% o repasse <strong>de</strong> recursos oriundos da arrecadação da receita tributária à Fapesp, a<br />

Fundação voltou-se também para a divulgação das pesquisas financiadas pela instituição.<br />

4


Assim como o trabalho <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong> da Fapesp influenciou a mídia que<br />

cobre C&T, outros institutos <strong>de</strong> pesquisas e universida<strong>de</strong>s também começaram a investir, a<br />

partir da década <strong>de</strong> 1990, <strong>em</strong> <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação com o intuito <strong>de</strong> aperfeiçoar o<br />

relacionamento com a imprensa e <strong>de</strong> alcançar o público leigo. Algumas exceções são<br />

universida<strong>de</strong>s como a USP e a <strong>Unicamp</strong> e alguns ministérios que já contavam com<br />

<strong>assessorias</strong> estruturadas a partir <strong>de</strong> meados da década <strong>de</strong> 1980.<br />

O primeiro passo do trabalho <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong> da Fapesp foi a criação da<br />

publicação mensal Notícias Fapesp <strong>em</strong> 1995, que trazia, com linguag<strong>em</strong> jornalística,<br />

notícias sobre <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> Política Científica e Tecnológica e reportagens com resultados <strong>de</strong><br />

pesquisas financiadas pela Fapesp.<br />

O segundo foi a criação da Agência Fapesp, que diferente da atual Agência Fapesp<br />

<strong>de</strong> Notícias, era um boletim mensal com notícias curtas <strong>de</strong> relevância <strong>científica</strong>, distribuído<br />

por fax para jornalistas da gran<strong>de</strong> imprensa do Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Com o passar dos anos a divulgação <strong>científica</strong> da Fapesp ampliou sua abrangência e<br />

o seu público-alvo. Ultrapassou a etapa inicial <strong>de</strong> divulgação exclusiva <strong>de</strong> resultados <strong>de</strong><br />

pesquisas financiadas apenas pela Fundação paulista, incluindo pesquisas <strong>de</strong> outras<br />

instituições brasileiras com relevância nacional.<br />

Atualmente, a divulgação <strong>científica</strong> da Fapesp é realizada por dois setores distintos.<br />

O primeiro <strong>de</strong>les é responsável pela revista Pesquisa Fapesp, que surgiu <strong>em</strong> outubro <strong>de</strong><br />

1999 e suce<strong>de</strong>u o Notícias Fapesp. O informativo <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> divulgar apenas resultados <strong>de</strong><br />

pesquisas financiadas pela instituição, conce<strong>de</strong>ndo espaço a outras informações relevantes<br />

do mundo científico. O segundo setor é o da Gerência <strong>de</strong> Comunicação, que atua <strong>de</strong> forma<br />

integrada, ou seja, realiza ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> diversos segmentos da área <strong>de</strong> Comunicação como:<br />

Assessoria <strong>de</strong> Comunicação e <strong>de</strong> Imprensa, Organização <strong>de</strong> Eventos e Relações Públicas,<br />

Publicações <strong>de</strong> livros que reún<strong>em</strong> entrevistas e artigos, e Produtos On-Line, como a<br />

Agência Fapesp <strong>de</strong> notícias sobre Ciência e Tecnologia e o portal institucional.<br />

Percebe-se, então, a pertinência do estudo proposto sobre o trabalho <strong>de</strong><br />

comunicação realizado pela Fapesp, que se tornou mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong> para<br />

outras agências <strong>de</strong> fomento, e a relação entre os produtores e difusores do conhecimento<br />

científico.<br />

5


2. Justificativa<br />

A contribuição <strong>de</strong>ste trabalho para a área <strong>de</strong> Comunicação t<strong>em</strong> como um <strong>de</strong> seus<br />

el<strong>em</strong>entos a centralida<strong>de</strong> da informação na socieda<strong>de</strong> atual, na qual se faz cada vez mais<br />

necessária a interação entre qu<strong>em</strong> produz e qu<strong>em</strong> divulga o conhecimento, b<strong>em</strong> como a<br />

socieda<strong>de</strong> que o apropria.<br />

A velocida<strong>de</strong> das transformações e das <strong>de</strong>scobertas tecnológicas torna essencial a<br />

interface entre ciência, tecnologia e socieda<strong>de</strong> face à exigência cada vez maior da<br />

população <strong>em</strong> geral sobre os riscos e benefícios da produção <strong>científica</strong> brasileira. Para isso<br />

é necessário ao jornalista conhecimento mais especializado sobre Política Científica e<br />

Filosofia da Ciência para o exercício crítico da divulgação, b<strong>em</strong> como motivar o interesse<br />

do pesquisador para <strong>de</strong>volver à socieda<strong>de</strong> os resultados da pesquisa financiada com<br />

dinheiro público.<br />

A pesquisa proposta enfatiza o papel primordial das <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação <strong>em</strong><br />

organizações ligadas à pesquisa <strong>científica</strong> (universida<strong>de</strong>s, institutos <strong>de</strong> pesquisa e suas<br />

agências financiadoras e <strong>de</strong> políticas públicas <strong>de</strong> C,T&I) na divulgação do conhecimento.<br />

Nesse sentido, o presente trabalho examina por meio do estudo <strong>de</strong> caso do setor <strong>de</strong><br />

comunicação <strong>científica</strong> da Fapesp a função da comunicação pública da ciência para a<br />

d<strong>em</strong>ocratização do conhecimento e a formação <strong>de</strong> uma cultura <strong>científica</strong> na socieda<strong>de</strong><br />

brasileira. O trabalho discute ainda, o papel da divulgação <strong>científica</strong> no cenário da geração<br />

<strong>de</strong> novas pesquisas, na cidadania e na educação.<br />

O estudo do caso da Fapesp se faz pertinente por se tratar da principal agência <strong>de</strong><br />

fomento do estado brasileiro. Dessa forma, a compreensão do processo <strong>de</strong> divulgação da<br />

instituição po<strong>de</strong>rá colaborar com o avanço do conhecimento da área <strong>de</strong> Comunicação e na<br />

melhoria da divulgação <strong>científica</strong> no país. Além disso, vários são os trabalhos acadêmicos<br />

que discorr<strong>em</strong> sobre o processo <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong> <strong>em</strong> <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong><br />

universida<strong>de</strong>s brasileiras e raros os relacionados às agências <strong>de</strong> fomento, objeto <strong>de</strong>sta<br />

pesquisa.<br />

A única referência localizada na área foi a dissertação “Pesquisa Fapesp Online: a<br />

tecnologia incorporada à <strong>Divulgação</strong> Científica” <strong>de</strong> Thais Martins Lopes <strong>de</strong>fendida <strong>em</strong><br />

abril <strong>de</strong> 2010, no Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação <strong>em</strong> Comunicação da Universida<strong>de</strong> Metodista<br />

<strong>de</strong> São Paulo (UMESP). No entanto, esse trabalho está voltado especificamente para uma<br />

6


análise comparativa da linguag<strong>em</strong> e da estrutura da revista Pesquisa Fapesp on line com a<br />

versão impressa.<br />

Por outro lado, o trabalho aqui apresentado analisa a comunicação da Fapesp como<br />

um todo, incluindo sua Gerência <strong>de</strong> Comunicação e suas publicações, entre elas a Revista<br />

Pesquisa Fapesp. Para isso são utilizados conceitos gerais <strong>de</strong> Comunicação Institucional e<br />

<strong>de</strong> <strong>Divulgação</strong> Científica.<br />

3. Objetivo Geral<br />

Examinar o papel do setor <strong>de</strong> comunicação <strong>científica</strong> da Fapesp na consolidação da imag<strong>em</strong><br />

institucional e no processo <strong>de</strong> comunicação pública da ciência; e analisar a importância<br />

<strong>de</strong>ssa divulgação para a melhoria da formação <strong>de</strong> uma cultura <strong>científica</strong> no país.<br />

3.1 Objetivos Específicos<br />

Com base no objetivo central do trabalho, os objetivos específicos são:<br />

Traçar um cenário sobre a Política Científica e Tecnológica brasileira e o papel dos<br />

atores sociais na construção <strong>de</strong> C&T no Brasil;<br />

I<strong>de</strong>ntificar o papel das Fundações e Entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa (FAPs) neste<br />

contexto.<br />

Historiar e analisar a atuação da Fapesp no cenário nacional da Política Científica e<br />

Tecnológica;<br />

Refletir sobre o papel das <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> instituições <strong>de</strong> pesquisa no<br />

processo <strong>de</strong> comunicação pública da ciência;<br />

Verificar se existe uma Política <strong>de</strong> Comunicação na Fapesp e a visão <strong>de</strong> seus<br />

dirigentes sobre a comunicação;<br />

Examinar o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong> do setor <strong>de</strong> comunicação da Fapesp;<br />

Descrever e analisar o processo <strong>de</strong> produção do setor <strong>de</strong> comunicação da Fundação;<br />

Verificar os t<strong>em</strong>as <strong>de</strong> pesquisa divulgados pela instituição que são pautados pela<br />

mídia.<br />

I<strong>de</strong>ntificar a contribuição da comunicação da instituição na consolidação da imag<strong>em</strong><br />

pública da Fapesp e no seu relacionamento com os diferentes públicos <strong>de</strong> interesse:<br />

comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>, jornalistas e socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> geral;<br />

7


4. Metodologia<br />

O presente trabalho é composto fundamentalmente por:<br />

Pesquisa bibliográfica com fontes primárias e secundárias das áreas <strong>de</strong><br />

Comunicação, Jornalismo, <strong>Divulgação</strong> Científica, Ciências Sociais,<br />

Economia e Política Científica e Tecnológica.<br />

Pesquisa documental com material cedido pela Fapesp.<br />

Entrevistas s<strong>em</strong>i-estruturadas (com roteiro prévio) (GIL, 1995) com<br />

assessores, jornalistas e diretores da Fapesp.<br />

Por trabalhar com documentos, artefatos, entrevistas e observações esse trabalho<br />

trata-se <strong>de</strong> um Estudo <strong>de</strong> Caso (YIN, 2001):<br />

O estudo <strong>de</strong> caso é uma inquirição <strong>em</strong>pírica que investiga um fenômeno<br />

cont<strong>em</strong>porâneo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um contexto da vida real, quando a fronteira entre<br />

o fenômeno e o contexto não é claramente evi<strong>de</strong>nte e on<strong>de</strong> múltiplas fontes<br />

<strong>de</strong> evidência são utilizadas. (YIN, 2001: 32)<br />

O estudo <strong>de</strong> caso <strong>de</strong>ve ter preferência quando se preten<strong>de</strong> examinar eventos<br />

cont<strong>em</strong>porâneos, <strong>em</strong> situações on<strong>de</strong> não se pod<strong>em</strong> manipular<br />

comportamentos relevantes e é possível <strong>em</strong>pregar duas fontes <strong>de</strong><br />

evidências, <strong>em</strong> geral não utilizadas pelo historiador, que são a observação<br />

direta e série sist<strong>em</strong>ática <strong>de</strong> entrevistas. Embora apresente pontos <strong>em</strong><br />

comum com o método histórico, o po<strong>de</strong>r diferenciador do estudo <strong>de</strong> caso<br />

resi<strong>de</strong> <strong>em</strong> “sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lidar com uma ampla varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> evidências<br />

– documentos, artefatos, entrevistas e observações” (YIN, 2001, p.27).<br />

(MATSUUCHI DUARTE, 2005:219).<br />

Neste contexto, a pesquisa po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada um Estudo <strong>de</strong> caso <strong>de</strong> natureza<br />

qualitativa, no entanto, o método quantitativo também é utilizado para ilustrar o trabalho<br />

do setor <strong>de</strong> comunicação <strong>científica</strong> da Fapesp <strong>em</strong> números. Po<strong>de</strong>-se dizer, também, que a<br />

presente pesquisa mescla o Estudo <strong>de</strong> caso com a Análise <strong>de</strong> Conteúdo (BARDIN, 1985),<br />

já que:<br />

Atualmente, <strong>em</strong>bora seja consi<strong>de</strong>rada uma técnica híbrida por fazer a ponte<br />

entre o formalismo estatístico e a análise qualitativa <strong>de</strong> materiais, a análise<br />

<strong>de</strong> conteúdo oscila entre esses dois pólos, ora valorizando o aspecto<br />

quantitativo, ora o qualitativo, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da i<strong>de</strong>ologia e dos interesses do<br />

pesquisador. (FONSECA JÚNIOR, 2005: 286).<br />

8


Os números apresentados principalmente no terceiro e no quarto capítulo são<br />

proce<strong>de</strong>ntes do Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s 2009 da Fapesp cedido pela Fundação e publicado<br />

<strong>em</strong> outubro <strong>de</strong> 2010. A utilização <strong>de</strong>sses dados se dá <strong>de</strong>vido às informações, disponíveis.<br />

Os números referentes ao ano <strong>de</strong> 2010 não foram incluídos, pois o Relatório ainda está<br />

sendo <strong>de</strong>senvolvido e sua publicação está prevista para o final <strong>de</strong> 2011.<br />

4.1 Estrutura da Dissertação<br />

O primeiro capítulo “Ciência, Mídia e Socieda<strong>de</strong>”, <strong>de</strong> cunho teórico aborda as<br />

questões centrais da Ciência, Tecnologia e Inovação, apontando o cenário da Política<br />

Científica e Tecnológica no Brasil e no mundo; o papel das agências <strong>de</strong> fomento à pesquisa<br />

e a importância do conhecimento para o <strong>de</strong>senvolvimento da socieda<strong>de</strong>. Para isso, foram<br />

utilizadas referências bibliográficas como: Spiegel Rösing (1977), Bastos & Cooper (1995),<br />

Morel (1979), Pacheco e Cor<strong>de</strong>r (2008), CarlosVogt (2006), Ministério da Ciência e<br />

Tecnologia, entre outras.<br />

O segundo “Comunicação e Assessoria <strong>de</strong> Comunicação” reflete sobre o papel da<br />

comunicação para a formação da cidadania, com textos <strong>de</strong> cunho sociológico <strong>de</strong> autores<br />

como Kumar (1997) e Castells (1996). Esse capítulo aborda também conceitos <strong>de</strong><br />

<strong>Divulgação</strong> Científica e Jornalismo Científico, além do papel das <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong><br />

comunicação <strong>em</strong> organizações <strong>de</strong> CT&I, b<strong>em</strong> como a necessária especialização do<br />

jornalista para a cobertura da área. Para isso são utilizados autores como Caldas (1997 e<br />

2003), Bueno (2001), Monteiro (2003), e Oliveira (2001 e 2002).<br />

No terceiro “Fapesp na <strong>Divulgação</strong> Científica”, além <strong>de</strong> fontes bibliográficas,<br />

documentos institucionais também foram analisados. O capítulo apresenta um histórico<br />

sobre a criação da Fapesp, sua política <strong>de</strong> comunicação e seus produtos e serviços. Os<br />

capítulos finais foram constituído a partir <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong> campo com entrevistas s<strong>em</strong>i-<br />

estruturadas com base <strong>em</strong> roteiro prévio (GIL, 1995). As entrevistas foram realizadas no<br />

<strong>de</strong>correr do ano <strong>de</strong> 2010 e 2011 com os profissionais do setor <strong>de</strong> comunicação <strong>científica</strong> da<br />

Fapesp, com os dirigentes da instituição e com jornalistas especialistas <strong>em</strong> C&T que atuam<br />

na mídia <strong>em</strong> geral, <strong>de</strong> acordo com a tabela abaixo:<br />

9


Tabela 1: Relação <strong>de</strong> entrevistados<br />

Entrevistado Cargo Data e local da entrevista<br />

Graça Mascarenhas<br />

Heitor Shimizu<br />

Mariluce Moura<br />

Marina Ma<strong>de</strong>ira<br />

Fernando Cunha<br />

Jornalista e Gerente <strong>de</strong><br />

Comunicação da Fapesp.<br />

Responsável pelo setor <strong>de</strong><br />

Publicações.<br />

Jornalista e responsável pelo<br />

Setor online.<br />

Jornalista e Diretora <strong>de</strong> Redação<br />

da Revista Pesquisa Fapesp.<br />

Profissional <strong>de</strong> Letras e<br />

responsável pelo setor <strong>de</strong><br />

Eventos.<br />

Jornalista e responsável pela<br />

Assessoria <strong>de</strong> Comunicação<br />

Celso Lafer Presi<strong>de</strong>nte da Fapesp<br />

Carlos Henrique <strong>de</strong> Brito<br />

Cruz<br />

Sabine Righetti<br />

Carlos Eduardo Lins da<br />

Silva<br />

Herton Escobar<br />

Fonte: LIMA, 2011. Elaboração própria.<br />

Diretor Científico da Fapesp<br />

Jornalista e repórter <strong>de</strong> Ciência e<br />

Política Científica da Folha <strong>de</strong> S.<br />

Paulo<br />

Jornalista e Coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong><br />

Comunicação da Fapesp<br />

Jornalista e repórter <strong>de</strong> Ciência e<br />

Meio Ambiente do Estado <strong>de</strong> S.<br />

Paulo<br />

17.mai.2010 na se<strong>de</strong> da Fapesp<br />

<strong>em</strong> São Paulo<br />

17.mai.2010 na se<strong>de</strong> da Fapesp<br />

<strong>em</strong> São Paulo<br />

14.out.2010 na redação da<br />

Revista Pesquisa Fapesp<br />

17.mar.2011 por telefone<br />

17.nov.2010 na se<strong>de</strong> da Fapesp<br />

<strong>em</strong> São Paulo<br />

17.nov.2010 na se<strong>de</strong> da Fapesp<br />

<strong>em</strong> São Paulo<br />

17.nov.2010 na se<strong>de</strong> da Fapesp<br />

<strong>em</strong> São Paulo<br />

17.nov.2010 na se<strong>de</strong> da Fapesp<br />

<strong>em</strong> São Paulo<br />

20.<strong>de</strong>z.2010 por <strong>em</strong>ail<br />

29.mar.2011 por telefone<br />

10.jun.2011 por <strong>em</strong>ail<br />

No quarto capítulo “O Processo <strong>de</strong> Produção e divulgação da informação <strong>de</strong> C,T&I<br />

na Fapesp” é apresentado o relacionamento do setor <strong>de</strong> comunicação com a imprensa,<br />

i<strong>de</strong>ntificando como a instituição pauta a mídia. Nesse capítulo é apresentado também o<br />

relacionamento da Fundação com outros atores sociais e uma análise crítica sobre o mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> comunicação pública da ciência realizado pela Fapesp e sua contribuição com o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da cultura <strong>científica</strong>.<br />

Nas consi<strong>de</strong>rações finais, que antecipam as referências utilizadas e as entrevistas<br />

transcritas disponibilizadas <strong>em</strong> anexo, é possível refletir sobre a importância da ativida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> comunicação <strong>em</strong> agências <strong>de</strong> fomento e sobre a cultura <strong>científica</strong> no Brasil.<br />

10


1.1 Conhecimento e <strong>de</strong>senvolvimento<br />

CAPÍTULO 1 – CIÊNCIA, MÍDIA E SOCIEDADE<br />

O principal objetivo da realização <strong>de</strong> pesquisas, <strong>em</strong> diferentes áreas, é a geração <strong>de</strong><br />

conhecimento, que por sua vez é fundamental para o <strong>de</strong>senvolvimento econômico e social<br />

<strong>de</strong> qualquer nação. As palavras <strong>de</strong> Fre<strong>em</strong>an e Soete expressam claramente essa relação: “O<br />

crescimento e o <strong>de</strong>senvolvimento econômico das nações s<strong>em</strong>pre estiveram vinculados <strong>de</strong><br />

perto ao acesso à ciência e tecnologia e à efetiva exploração <strong>de</strong> ambas”. (FREEMAN &<br />

SOETE, 2008: 497).<br />

Essa idéia da forte relação existente entre ciência e tecnologia (C&T) e<br />

<strong>de</strong>senvolvimento t<strong>em</strong> respaldo teórico nas correntes <strong>de</strong> pensamentos que se <strong>de</strong>rivam da<br />

contribuição <strong>de</strong> Joseph Schumpeter (1883 – 1950).<br />

Em seus estudos o economista reconhece a importância das inovações para o<br />

processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma economia capitalista. Na concepção<br />

schumpeteriana, a concorrência entre as <strong>em</strong>presas na busca por po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> mercado estimula<br />

as mesmas a <strong>de</strong>senvolver inovações a fim <strong>de</strong> conseguir, ao menos por um t<strong>em</strong>po,<br />

prevalência frente às suas concorrentes. Como as <strong>em</strong>presas também não quer<strong>em</strong> per<strong>de</strong>r<br />

espaço para as concorrentes, todas são estimuladas a <strong>de</strong>senvolver<strong>em</strong> inovações. Desse<br />

processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> inovações pelas <strong>em</strong>presas resulta o progresso técnico<br />

<strong>de</strong>ntro do sist<strong>em</strong>a capitalista na visão <strong>de</strong> Schumpeter.<br />

Já a abordag<strong>em</strong> dos neoschumpeterianos difere da <strong>de</strong> Schumpeter <strong>em</strong> alguns<br />

aspectos, <strong>de</strong>ntre eles o <strong>de</strong> que as inovações não são <strong>de</strong>senvolvidas individualmente pelas<br />

firmas e sim aparec<strong>em</strong> como resultado <strong>de</strong> um processo mais complexo (e não aleatório,<br />

como dizia Schumpeter), englobando diferentes atores, além do reconhecimento do caráter<br />

público da tecnologia e do conhecimento.<br />

Nelson (2006) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que as inovações são resultados da atuação <strong>de</strong> instituições<br />

distintas e da interação entre elas no que se refere ao binômio C&T. Entre essas instituições<br />

estão as próprias <strong>em</strong>presas, os laboratórios <strong>de</strong> pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento (P&D), as<br />

universida<strong>de</strong>s, as agências <strong>de</strong> fomento e o governo.<br />

Nesse contexto, a função dos laboratórios <strong>de</strong> P&D seria <strong>de</strong>senvolver inovações a<br />

partir do conhecimento científico e tecnológico disponível. As universida<strong>de</strong>s atuariam<br />

11


como <strong>de</strong>positório do conhecimento científico e tecnológico e na sua diss<strong>em</strong>inação por meio<br />

do ensino, assim como o aproveitamento <strong>de</strong>sse conhecimento para o progresso técnico, <strong>em</strong><br />

função s<strong>em</strong>elhante àquela exercida pelos laboratórios <strong>de</strong> P&D. Por fim, ao governo caberia<br />

o estímulo à P&D e ao <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico pelo financiamento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

P&D e pela política industrial. Essas estruturas são <strong>de</strong>nominadas Sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> Inovação<br />

(SI).<br />

Percebe-se, portanto, que o progresso técnico, essencial para o <strong>de</strong>senvolvimento, é<br />

resultado <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a no qual instituições distintas exerc<strong>em</strong> cada uma <strong>de</strong>las papel <strong>de</strong><br />

suma importância. Nesse sentido, as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa se mostram indispensáveis, seja<br />

na geração <strong>de</strong> conhecimento ou na sua aplicação prática para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong>s inovativas.<br />

Assim, faz-se necessária a explanação <strong>de</strong> alguns conceitos básicos que i<strong>de</strong>ntificam<br />

as fases do processo <strong>de</strong> geração e aplicação do conhecimento.<br />

Por Ciência, Kline e Rosenberg (1986) apontam a criação, <strong>de</strong>scoberta, colocação<br />

(validação), reorganização e diss<strong>em</strong>inação do conhecimento sobre a natureza física,<br />

biológica e social. Para esses autores a ciência não é neutra e é gerada a partir <strong>de</strong> contextos<br />

históricos.<br />

Por Tecnologia, Kenski (2008) aponta para o conjunto <strong>de</strong> princípios científicos que<br />

se aplicam ao planejamento, à construção e à utilização <strong>de</strong> um equipamento <strong>em</strong> um<br />

<strong>de</strong>terminado tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>.<br />

Nesse contexto a UNESCO (1984) <strong>de</strong>fine as ativida<strong>de</strong>s <strong>científica</strong>s e tecnológicas<br />

como as relacionadas à produção, promoção, difusão e aplicação <strong>de</strong> conhecimentos<br />

científicos e técnicos <strong>em</strong> todos os campos da Ciência e da Tecnologia. A C&T inclui<br />

ativida<strong>de</strong>s como P&D e ativida<strong>de</strong>s <strong>científica</strong>s correlatas como serviços <strong>de</strong> metodologia,<br />

certificação, normatização etc.<br />

No Manual Frascati (OCDE, 1994) o conceito <strong>de</strong> P&D reúne o conjunto <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong>s <strong>científica</strong>s e tecnológicas que produz<strong>em</strong> novo conhecimento ou se apóiam sobre<br />

os conhecimentos existentes para <strong>de</strong>senvolver novas técnicas.<br />

A pesquisa básica consiste <strong>em</strong> trabalhos experimentais ou teóricos que são<br />

<strong>em</strong>preendidos fundamentalmente para obter novos conhecimentos acerca dos fundamentos<br />

12


dos fenômenos e fatos observáveis, s<strong>em</strong> pensar <strong>em</strong> dar-lhes uma aplicação ou utilização<br />

<strong>de</strong>terminada. (OCDE, 1994).<br />

Já a pesquisa aplicada consiste, também, <strong>em</strong> trabalhos originais realizados para<br />

adquirir novos conhecimentos, mas agora dirigidos, fundamentalmente, a um objetivo<br />

prático específico. (OCDE, 1994). Atualmente muito se fala sobre pesquisa básica<br />

induzida, pois são cada vez mais tênues e menos claras as fronteiras entre os diferentes<br />

estágios da pesquisa.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento experimental, por sua vez, consiste <strong>em</strong> trabalhos sist<strong>em</strong>áticos<br />

baseados nos conhecimentos existentes, <strong>de</strong>rivados da pesquisa e ou experiência prática,<br />

dirigidos à produção <strong>de</strong> novos materiais, produtos ou dispositivos para o estabelecimento<br />

<strong>de</strong> novos processos, sist<strong>em</strong>as ou serviços, ou à melhora substancial dos já existentes.<br />

(OCDE, 1994).<br />

À Ciência e Tecnologia foi recent<strong>em</strong>ente introduzido o termo Inovação, face a sua<br />

importância no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos produtos e processo. O Manual <strong>de</strong> Oslo (OCDE,<br />

1998) <strong>de</strong>fine inovação como a introdução, com êxito, no mercado <strong>de</strong> produtos, serviços,<br />

processos, métodos e sist<strong>em</strong>as que não existiam anteriormente ou contendo alguma<br />

característica nova e diferente da até então <strong>em</strong> vigor.<br />

Para Walter Colli (2001) o <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico compreen<strong>de</strong> a execução <strong>de</strong><br />

uma tarefa encomendada e com etapas previstas. Já pesquisa básica possui um caráter<br />

exploratório, tendo a incerteza e o el<strong>em</strong>ento surpresa como características principais. O<br />

autor ainda acredita que o intervalo entre uma <strong>de</strong>scoberta na pesquisa básica e suas<br />

aplicações tecnológicas ten<strong>de</strong> a reduzir-se cada vez mais, já que atualmente as gran<strong>de</strong>s<br />

multinacionais já contratam cientistas básicos e tecnólogos para atuar<strong>em</strong> juntos.<br />

Dadas as <strong>de</strong>finições, é interessante conceituar o Mo<strong>de</strong>lo Linear <strong>de</strong> Inovação e o<br />

Mo<strong>de</strong>lo Interativo. O Mo<strong>de</strong>lo Linear, <strong>em</strong> um primeiro momento, ocorre nas universida<strong>de</strong>s e<br />

instituições <strong>de</strong> pesquisa com a fase da pesquisa básica, isto é, a realização <strong>de</strong> trabalhos para<br />

a obtenção <strong>de</strong> novos conhecimentos científicos s<strong>em</strong> uma utilização pre<strong>de</strong>terminada. No<br />

caso da pesquisa ter previamente um objetivo <strong>de</strong> mercado (pesquisa aplicada), a mesma<br />

passa a ser, nesse mo<strong>de</strong>lo, realizada diretamente pelas <strong>em</strong>presas. Do mesmo modo, a fase<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento experimental é também separada da fase <strong>de</strong> pesquisa e <strong>de</strong>senvolvida<br />

13


internamente nas <strong>em</strong>presas. Após as referidas fases, v<strong>em</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento da inovação<br />

propriamente dita seguida pela difusão do novo produto no mercado (marketing).<br />

O Mo<strong>de</strong>lo Linear alcançou gran<strong>de</strong> popularida<strong>de</strong> e é muito utilizado (com algumas<br />

adaptações) até os dias atuais. Contudo, Kline & Ros<strong>em</strong>berg (1986) tec<strong>em</strong> algumas críticas,<br />

ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que esboçam a construção <strong>de</strong> um novo mo<strong>de</strong>lo, o Chain-linked Mo<strong>de</strong>l<br />

(traduzido usualmente como Mo<strong>de</strong>lo Interativo).<br />

Kline & Ros<strong>em</strong>berg (1986) criticam o fato <strong>de</strong> o Mo<strong>de</strong>lo Linear fazer uma separação<br />

rigorosa entre as etapas do processo inovativo b<strong>em</strong> como do papel <strong>de</strong>stinado a cada<br />

instituição, <strong>em</strong> especial na questão das pesquisas (básica e aplicada) e do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

experimental. Além disso, critica-se o fato <strong>de</strong> o Mo<strong>de</strong>lo Linear pressupor que o<br />

conhecimento científico t<strong>em</strong> um caráter público e está amplamente disponível para a<br />

aplicação.<br />

Segundo esses autores, há cinco trajetórias que pod<strong>em</strong> ser seguidas durante um<br />

processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> inovações. O Mo<strong>de</strong>lo Linear seria uma <strong>de</strong>las, na qual o<br />

conhecimento científico é aproveitado para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> inovações.<br />

As outras trajetórias i<strong>de</strong>ntificadas pelos mesmos autores <strong>de</strong>ntro do Mo<strong>de</strong>lo<br />

Interativo são: 1) o caminho central (começando pela percepção <strong>de</strong> mercado, partindo para<br />

a invenção, para o <strong>de</strong>senvolvimento seguido da produção e por fim a distribuição no<br />

mercado); 2) o caminho com gran<strong>de</strong> presença <strong>de</strong> feedbacks (isto é, a conexão das<br />

percepções <strong>de</strong> mercado e as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> projeto, <strong>de</strong>senvolvimento, produto e mercado); 3)<br />

a ligação entre a pesquisa e a ativida<strong>de</strong> inovativa (que consiste no início do processo a<br />

partir do estoque <strong>de</strong> conhecimentos preexistente, com recorrência a novas pesquisas <strong>em</strong><br />

caso <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> por parte da <strong>em</strong>presa) e 4) a presença dos feedbacks dos produtos da<br />

tecnologia para a ciência (que consiste no aproveitamento do avanço tecnológico e <strong>de</strong><br />

instrumentos mais <strong>de</strong>senvolvidos para o avanço científico).<br />

Em todos os casos <strong>de</strong>scritos fica clara a importância das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa e do<br />

conhecimento científico para que ocorram inovações, que <strong>de</strong> acordo com a visão<br />

neoschumpeteriana são fundamentais para o <strong>de</strong>senvolvimento econômico <strong>de</strong> uma nação.<br />

Consi<strong>de</strong>rando a importância do conhecimento científico para a geração <strong>de</strong><br />

inovações e <strong>de</strong>stas para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma economia capitalista, Albuquerque<br />

(2007) aponta para outro aspecto <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>a relevância nesse contexto, que seria a<br />

14


existência <strong>de</strong> características distintas nos processos históricos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento entre os<br />

diferentes países. Por esse motivo, um <strong>de</strong>terminado país <strong>de</strong>ve ter a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senrolar suas pesquisas direcionadas <strong>de</strong> acordo com suas particularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> modo a se<br />

<strong>de</strong>senvolver da melhor maneira possível 2 . Dessa maneira, percebe-se a importância <strong>de</strong> se<br />

ter nacionalmente um arranjo b<strong>em</strong> estruturado para a realização <strong>de</strong> pesquisas para geração e<br />

aplicação do conhecimento científico.<br />

Quanto ao <strong>de</strong>senvolvimento social, Renato Dagnino (2010), <strong>em</strong> documento<br />

<strong>de</strong>senvolvido para IV Conferência Nacional <strong>de</strong> C,T&I, realizada <strong>em</strong> maio <strong>de</strong> 2010, aponta<br />

que para aproveitar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> C&T existente para o <strong>de</strong>senvolvimento social, é<br />

necessário a formulação e impl<strong>em</strong>entação <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> política específicas e distintas das<br />

que são atualmente praticadas.<br />

Para o autor, a proposta da inclusão social supõe a geração <strong>de</strong> um conhecimento que<br />

<strong>de</strong>ve ser produzido coletivamente por movimentos sociais e a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>,<br />

juntamente com as organizações não-governamentais e algumas agências <strong>de</strong> governo que já<br />

têm percebido a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa nova forma <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> conhecimento.<br />

A pesquisa acadêmica e talvez a própria universida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vam passar por<br />

uma significativa mudança para que uma situação s<strong>em</strong>elhante ocorra. O<br />

espectro <strong>de</strong> t<strong>em</strong>as <strong>de</strong> investigação precisaria ser ampliado; a forma <strong>de</strong><br />

conduzir as pesquisas <strong>de</strong>veria passar a incluir o diálogo e a interação com<br />

os atores sociais que se beneficiariam <strong>de</strong> seus resultados. (DAGNINO,<br />

2010). 3<br />

Nesse sentido, a produção do conhecimento científico é <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>a importância<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento econômico e social <strong>de</strong> um país. No entanto, para que o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento econômico ocorra é importante a interação entre as universida<strong>de</strong>s e as<br />

<strong>em</strong>presas, e para que o <strong>de</strong>senvolvimento social seja eficiente, a união entre as universida<strong>de</strong>s<br />

e os atores sociais é essencial.<br />

2 Albuquerque, ao discorrer sobre o conceito <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, utiliza-se da concepção dos estruturalistas<br />

(dos quais se <strong>de</strong>staca Celso Furtado) <strong>de</strong> que tal processo se daria ao longo do t<strong>em</strong>po e <strong>de</strong> maneiras distintas<br />

<strong>em</strong> diferentes países, formando estruturas específicas chamadas <strong>de</strong> sub<strong>de</strong>senvolvidas. O sub<strong>de</strong>senvolvimento,<br />

para Furtado, não é uma etapa que levaria necessariamente ao <strong>de</strong>senvolvimento, e sim um caso particular do<br />

mesmo.<br />

3 Disponível <strong>em</strong>:<br />

<br />

Acesso <strong>em</strong> 28.mai.2010.<br />

15


Esta pesquisa <strong>de</strong> Mestrado sobre o trabalho <strong>de</strong> Comunicação <strong>de</strong>senvolvido pela<br />

Fapesp t<strong>em</strong> seu foco <strong>em</strong> uma instituição que atua no financiamento da pesquisa. Para<br />

compreen<strong>de</strong>r a importância <strong>de</strong> tal ativida<strong>de</strong>, o presente capítulo busca, a partir da relação<br />

entre conhecimento e <strong>de</strong>senvolvimento abordada neste tópico, traçar um cenário sobre a<br />

política <strong>científica</strong> e tecnológica no mundo e no Brasil, para uma melhor compreensão do<br />

processo <strong>de</strong> financiamento das ativida<strong>de</strong>s relacionadas à C&T no país. Por fim, será<br />

introduzida a questão da divulgação <strong>científica</strong> ao discorrer sobre os conceitos <strong>de</strong> cultura<br />

<strong>científica</strong> e percepção pública da ciência.<br />

1.2 Política Científica e Tecnológica: cenário mundial<br />

Após o término da II Guerra Mundial os princípios do que seria uma política do<br />

Estado com relação à Ciência e Tecnologia começaram a ser estruturados nos países<br />

oci<strong>de</strong>ntais. O cenário mundial apresentado nesse tópico t<strong>em</strong> como base os Estados Unidos,<br />

pois foi o país on<strong>de</strong> o referido campo teve suas raízes. No entanto, as d<strong>em</strong>ais nações lí<strong>de</strong>res<br />

da Europa também tiveram sua evolução no campo da Política Científica e Tecnologica<br />

pari passu com a dos Estados Unidos. Por outro lado, os países menos <strong>de</strong>senvolvidos se<br />

inseriram nesse campo mais tardiamente.<br />

O relatório Science Endless Frontier dirigido por Vannevar Bush e entregue ao<br />

então presi<strong>de</strong>nte dos Estados Unidos, Harry Truman, mostra que a pesquisa <strong>científica</strong> no<br />

pós-guerra po<strong>de</strong>ria incentivar o <strong>de</strong>senvolvimento humano e que o Estado <strong>de</strong>veria apoiar e<br />

orientar essa ativida<strong>de</strong>.<br />

O documento visava d<strong>em</strong>onstrar a importância da pesquisa <strong>científica</strong> para o<br />

período <strong>de</strong> paz e recomendava uma intervenção muito mais direta do Estado<br />

na ativida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>, do <strong>em</strong> épocas anteriores, como mecanismo <strong>de</strong><br />

promoção do <strong>de</strong>senvolvimento econômico e do b<strong>em</strong> estar da socieda<strong>de</strong><br />

mo<strong>de</strong>rna. Essa intervenção <strong>de</strong>veria ocorrer por meio da criação <strong>de</strong> uma<br />

agência <strong>de</strong> fomento que apoiaria a pesquisa básica e aplicada. Além <strong>de</strong><br />

preconizar o apoio a fundo perdido à pesquisa básica, como mecanismo <strong>de</strong><br />

geração <strong>de</strong> novas oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento para o futuro, o Estado<br />

<strong>de</strong>veria orientar o esforço científico e tecnológico nacional <strong>de</strong> acordo com<br />

priorida<strong>de</strong>s nacionais <strong>de</strong> ord<strong>em</strong> estratégico-militar, social e econômica<br />

(BROOKS, 1986 apud FURTADO, 2005: 41).<br />

O Projeto Manhattan (1943-1945), que <strong>de</strong>senvolveu a primeira bomba atômica,<br />

po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado um marco <strong>de</strong>sse período, já que até então a pesquisa básica<br />

16


caminhava praticamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da tecnologia. Nesse sentido, o pós-guerra foi o auge<br />

dos gran<strong>de</strong>s programas tecnológicos. O termo spin-off foi criado para <strong>de</strong>signar o processo<br />

<strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> tecnologia <strong>de</strong>sses programas públicos militares ou civis para o setor<br />

produtivo. Essas transferências ocorr<strong>em</strong> tanto no âmbito intra-setorial, por ex<strong>em</strong>plo,<br />

nuclear militar para o civil ou aviação militar para civil, etc.; e inter-setorial, por ex<strong>em</strong>plo,<br />

espacial para telecomunicações, nuclear para medicina, etc. (FURTADO, 2005)<br />

A partir dos anos 60, após o programa Apollo que levou o hom<strong>em</strong> à Lua, críticas<br />

são tecidas ao gasto público <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s com o intuito <strong>de</strong> expandir a fronteira<br />

tecnológica. A partir disso, o congresso americano passa a exigir que esses programas<br />

comprov<strong>em</strong> a geração <strong>de</strong> retornos econômicos. Nesse sentido, no início da década <strong>de</strong> 70<br />

importantes programas são abandonados. Por outro lado, nessa mesma época a política<br />

<strong>científica</strong> e tecnológica seria utilizada para respon<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>safios que surgiam da socieda<strong>de</strong>,<br />

como nas áreas da saú<strong>de</strong> e energética.<br />

Durante o governo George Bush (1989-1992), a política tecnológica americana<br />

começa a transferir a ênfase dos gran<strong>de</strong>s programas que atendiam missões do governo<br />

fe<strong>de</strong>ral para outras iniciativas que estavam ligadas à indústria e ao setor privado, com o<br />

objetivo <strong>de</strong> apoiar tecnologias genéricas e pré-competitivas e incentivar as pequenas<br />

<strong>em</strong>presas inovadoras. “A partir da crise do mo<strong>de</strong>lo linear <strong>de</strong> política <strong>científica</strong> e tecnológica<br />

surge a proposição <strong>de</strong> um novo padrão mais <strong>de</strong>scentralizador. Ao invés <strong>de</strong> assumir o papel<br />

<strong>de</strong> li<strong>de</strong>rança do processo <strong>de</strong> inovação, o Estado <strong>de</strong>veria induzir a atuação dos d<strong>em</strong>ais<br />

agentes, principalmente <strong>em</strong>presas”. (FURTADO, 2005: 43).<br />

Nesse contexto, a partir da década <strong>de</strong> 80 o governo americano passa a formular<br />

novos tipos <strong>de</strong> programas tecnológicos que visam à difusão e à inovação <strong>de</strong>scentralizada,<br />

como o Advanced Technologies Program (ATP) e o Small Business Innovation Research<br />

Program (SBIR). Nesses novos programas o financiamento público ocorre <strong>de</strong> maneira<br />

compl<strong>em</strong>entar ao privado. Essas mudanças no plano nacional americano influenciaram o<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão dos órgãos públicos <strong>de</strong> pesquisa, que começaram a interagir e a valorizar<br />

mais seus vínculos com as <strong>em</strong>presas.<br />

A <strong>em</strong>ergência do campo <strong>de</strong> estudo sobre Ciência, Tecnologia e Socieda<strong>de</strong> (C,T&S)<br />

se dá após a consolidação da Política Científica e Tecnológica como uma importante esfera<br />

<strong>de</strong> ação pública nos países <strong>de</strong>senvolvidos no período pós II Guerra Mundial. No período<br />

17


pré-Guerra, o campo era restrito a intervenções limitadas e esparsas do Estado na pesquisa<br />

<strong>científica</strong> e tecnológica.<br />

Segundo Spiegel-Rosing (1977), a 2ª Guerra Mundial foi o ponto crucial da<br />

mudança <strong>de</strong> relacionamento entre Ciência e os po<strong>de</strong>res militares, econômicos e políticos.<br />

Nesse contexto, viu-se uma forte necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controle e direcionamento da ciência por<br />

parte da ação governamental. Há, contudo, outros aspectos que contribuíram para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da Ciência e conseqüent<strong>em</strong>ente para o <strong>de</strong>senvolvimento dos estudos <strong>em</strong><br />

C&T, como o enorme crescimento quantitativo da Ciência, a crescente intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

capital, novos probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> comunicação e mudanças qualitativas internas e<br />

organizacionais.<br />

Os estudos <strong>em</strong> Ciência, Tecnologia e Socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong>erg<strong>em</strong> da crise do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />

C&T nos anos 1960, contexto no qual a direção tomada pela C&T, quase exclusivamente<br />

voltada para questões políticas e militares, passa a ser socialmente questionada. A revolta<br />

estudantil e alguns movimentos sociais como o dos ecologistas, f<strong>em</strong>inistas e pacifistas,<br />

contribuíram para os cientistas sociais começar<strong>em</strong> as investigações sobre o que acontecia<br />

com a C&T, b<strong>em</strong> como seus impactos na socieda<strong>de</strong> civil.<br />

Nesse sentido, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> justificar e administrar o esforço público <strong>em</strong><br />

Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I) e <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r melhor a relação entre Ciência,<br />

Tecnologia e Socieda<strong>de</strong> conduziram esse campo <strong>de</strong> estudo para uma área multidisciplinar.<br />

Ou seja, o que antes era um assunto restrito a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> passou, então, a<br />

interessar outros profissionais como economistas e sociólogos (e mais tar<strong>de</strong> jornalistas),<br />

que começaram a discutir C&T para justificar e legitimar os investimentos. Assim, po<strong>de</strong>-se<br />

dizer que a cobrança da própria socieda<strong>de</strong> abre espaço para o estudo <strong>em</strong> C&T.<br />

Nos anos 60 <strong>em</strong>erg<strong>em</strong> também os primeiros Programas <strong>de</strong> Pós-Graduação <strong>em</strong> C&T<br />

nos países <strong>de</strong>senvolvidos e as agências públicas <strong>de</strong> fomento começam a apoiar esses<br />

programas e os estudos <strong>em</strong> C&T. Surg<strong>em</strong> então <strong>de</strong>safios e tendências no novo campo <strong>de</strong><br />

estudos. Segundo Spiegel Rosing (1977), o cientista passa a ser visto como um ator, ou<br />

seja, está inserido <strong>em</strong> um contexto sócio-político e a C&T passa a fazer parte <strong>de</strong> um<br />

processo social e histórico. A tendência é a <strong>de</strong>ssimplificação, ou seja, é necessário “escapar<br />

da caixa preta”, buscando a ruptura com idéias universais e abstratas. Há também um<br />

questionamento quanto aos aspectos éticos que evolv<strong>em</strong> o estudo <strong>de</strong> C,T&S, o<br />

18


aproveitamento social da C&T e a responsabilida<strong>de</strong> social do cientista. O <strong>de</strong>safio é verificar<br />

até que ponto essa internalização é positiva para o avanço da C&T.<br />

Expostas as tendências, Rosing (1977) aponta como <strong>de</strong>safio o questionamento <strong>de</strong><br />

para qu<strong>em</strong> e que tipo <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> serv<strong>em</strong> a C&T, argumentando que a responsabilida<strong>de</strong><br />

social do cientista se mantém muito mais no discurso do que na prática. A fragmentação é o<br />

outro <strong>de</strong>safio enfrentado, já que as diferentes áreas <strong>de</strong> pesquisa que formam os estudos <strong>de</strong><br />

C,T&S caminham separadamente. Nesse sentido, uma integração interdisciplinar seria<br />

importante para o progresso dos estudos <strong>em</strong> C&T. Historicamente, um dos <strong>de</strong>safios<br />

enfrentados por esse campo <strong>de</strong> estudo foi a sua constituição justamente <strong>em</strong> um período <strong>de</strong><br />

questionamento social da C&T e <strong>de</strong> crise do mo<strong>de</strong>lo tradicional da Big Science.<br />

Com relação aos países <strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, mais especificamente a América<br />

Latina, po<strong>de</strong>-se dizer que a formação da comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> C,T&S acompanha a dos países<br />

<strong>de</strong>senvolvidos, com o surgimento dos primeiros programas <strong>de</strong> pós-graduação na área nas<br />

décadas <strong>de</strong> 70 e 80 e a partir <strong>de</strong> trabalhos pioneiros <strong>de</strong> intelectuais como Amilcar Herrera e<br />

Jorge Sábato, entre outros.<br />

O <strong>de</strong>senvolvimento da C&T na América Latina foi afetado durante a crise da dívida<br />

externa dos anos 80, que atingiu gran<strong>de</strong> parte dos países da região, resultando na<br />

diminuição dos gastos <strong>em</strong> C&T. Na década <strong>de</strong> 90, com o <strong>de</strong>senvolvimento da globalização<br />

e a prevalência do neoliberalismo nos âmbitos político e econômico, a área <strong>de</strong> C,T&I<br />

voltou a ter importância fundamental para a ação governamental, uma vez que a<br />

competitivida<strong>de</strong> das indústrias nacionais passa a ser um fator <strong>de</strong> fundamental importância<br />

para a inserção <strong>de</strong>sses países no mundo globalizado.<br />

Com relação aos <strong>de</strong>safios para os países <strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, po<strong>de</strong>-se dizer que a<br />

probl<strong>em</strong>ática que envolve Ciência, Tecnologia e Socieda<strong>de</strong> é diferenciada na América<br />

Latina <strong>de</strong>vido à fragilida<strong>de</strong> dos recursos públicos e privados e à falta <strong>de</strong> reconhecimento da<br />

importância da C,T&I para o <strong>de</strong>senvolvimento. Além disso, o principal <strong>de</strong>safio no nível<br />

acadêmico é a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> propor soluções práticas e <strong>de</strong> enfrentar o dil<strong>em</strong>a entre<br />

excelência (lógica acadêmica) e aplicabilida<strong>de</strong>, o que dificulta a interação entre os distintos<br />

atores responsáveis pelo <strong>de</strong>senvolvimento científico e tecnológico.<br />

19


1.2.1 Política Científica e Tecnológica no Brasil<br />

A expressão política <strong>científica</strong> e tecnológica foi incorporada ao vocabulário<br />

brasileiro por volta da segunda meta<strong>de</strong> do século XX com o intuito <strong>de</strong> traduzir o conjunto<br />

<strong>de</strong> ações do Estado relativo à ampliação e ao uso do estoque <strong>de</strong> conhecimentos da<br />

socieda<strong>de</strong>. (GUIMARÃES et al, 1985 apud PACHECO & CORDER, 2008). No entanto,<br />

antes disso, instituições isoladas voltadas para a pesquisa <strong>científica</strong> foram criadas e, apesar<br />

<strong>de</strong> ser<strong>em</strong> baseadas <strong>em</strong> indivíduos, diferent<strong>em</strong>ente do esforço coletivo <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ado pela<br />

corrida tecnológica a partir da II Guerra Mundial e respaldada por políticas<br />

governamentais, foram importantes para o início <strong>de</strong>sse campo no país. “O sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> C&T<br />

brasileiro era muito mais incipiente quando se cristalizou a mudança <strong>de</strong> postura do Estado<br />

no pós-guerra.” (FURTADO, 2005:43).<br />

Nesse sentido, o início da institucionalização da pesquisa <strong>científica</strong> e da política<br />

<strong>científica</strong> e tecnológica no Brasil está relacionado com as características histórico-culturais<br />

pelas quais o país passou <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a época colonial. Os autores Morel (1979) e Pacheco &<br />

Cor<strong>de</strong>r (2008) apresentam um histórico <strong>de</strong>ssa política <strong>de</strong>s<strong>de</strong> seus primeiros indícios no<br />

Brasil. Morel divi<strong>de</strong> seu estudo <strong>em</strong> três períodos: da fase colonial até 1950; <strong>de</strong> 1950 a 1967<br />

e política <strong>científica</strong> recente. Pacheco e Cor<strong>de</strong>r divid<strong>em</strong> o processo <strong>de</strong> consolidação<br />

institucional <strong>em</strong> C,T&I no Brasil <strong>em</strong> quatro etapas: os anos 50; os anos 60 e 70; os anos 80<br />

e finalmente os anos 90 e 2000. “Para melhor compreensão das características da política<br />

<strong>científica</strong> brasileira, implantada a partir <strong>de</strong> 1950, t<strong>em</strong>os que recorrer à história, buscando<br />

enten<strong>de</strong>r como surge a ativida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> entre nós e quais os traços gerais <strong>de</strong>sse<br />

processo.” (MOREL, 1979: 25).<br />

Na fase do Brasil como colônia <strong>de</strong> Portugal as condições para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

científico não eram favoráveis, já que a imprensa era proibida, o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> ensino era<br />

irregular e o país estava isolado dos gran<strong>de</strong>s centros. Até o século XIX a ativida<strong>de</strong><br />

<strong>científica</strong> no Brasil se limita às missões européias, que d<strong>em</strong>onstraram gran<strong>de</strong> interesse pelo<br />

exotismo da fauna e da flora brasileira.<br />

Com a chegada da corte portuguesa <strong>em</strong> 1808, o país obteve alguns pontos<br />

favoráveis ao seu <strong>de</strong>senvolvimento, já que para promover o Brasil a centro administrativo<br />

do Império várias atitu<strong>de</strong>s foram tomadas, como a abertura dos portos brasileiros às nações<br />

20


amigas e a fundação da imprensa, com a publicação do primeiro jornal brasileiro, a Gazeta<br />

do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Tais medidas eram respostas a necessida<strong>de</strong>s imediatas e visavam sobretudo<br />

a aparelhar a colônia para suas novas funções como centro do Império<br />

português, provi<strong>de</strong>nciando a formação <strong>de</strong> pessoal indispensável: cirurgiões,<br />

engenheiros, indivíduos ligados a <strong>de</strong>fesa militar. No entanto,<br />

fundamentalmente a educação pouco mudou; voltada para cursos e escolas<br />

técnico-profissionais, as medidas <strong>de</strong> D. João VI se baseavam meramente <strong>em</strong><br />

necessida<strong>de</strong>s práticas e imediatas e estavam circunscritas à Bahia e ao Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro. Não houve nenhuma tentativa <strong>de</strong> instituir escolas voltadas para a<br />

pesquisa <strong>científica</strong>, n<strong>em</strong> <strong>de</strong> romper com a homogeneida<strong>de</strong> do ensino<br />

jesuítico. (MOREL, 1979:30).<br />

Com a proclamação da República <strong>em</strong> 1889 o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> ensino brasileiro não sofreu<br />

gran<strong>de</strong>s transformações. No entanto, nos últimos anos do século XIX e no início do século<br />

XX importantes instituições <strong>de</strong> pesquisa, principalmente direcionadas para as áreas <strong>de</strong><br />

Ciências Naturais, Saú<strong>de</strong> e Higiene, foram inauguradas fora das antigas escolas superiores<br />

<strong>de</strong> formação técnica, como o Jardim Botânico, o Museu Nacional, o Museu Paraense (atual<br />

Museu Emilio Goeldi), o Museu Paulista, o Instituto Soroterápico Fe<strong>de</strong>ral (atual Fundação<br />

Oswaldo Cruz – Fiocruz), o Instituto Agronômico <strong>de</strong> Campinas, o Instituto Bacteriológico<br />

<strong>de</strong> São Paulo (Adolfo Lutz) e a Acad<strong>em</strong>ia Brasileira <strong>de</strong> Ciências <strong>em</strong> 1916, com um caráter<br />

elitista no início do século. “Essa instituições não eram frutos <strong>de</strong> uma política <strong>de</strong>liberada<br />

para promover estudos científicos no país; surg<strong>em</strong> como resposta a necessida<strong>de</strong>s<br />

específicas <strong>de</strong>finidas pela conjuntura político-econômica do início da República”.<br />

(MOREL, 1979:35). Nesse sentido, durante a Primeira República o ensino brasileiro não<br />

acompanhou os movimentos <strong>de</strong> renovação <strong>científica</strong> pela qual os países industrializados<br />

vinham passando.<br />

Devido às transformações sociais, políticas e econômicas que o Brasil sofreu a partir<br />

dos anos 1930, como o fim da heg<strong>em</strong>onia agroexportadora e o início do processo <strong>de</strong><br />

urbanização, medidas para uma política educacional e <strong>científica</strong> começam a tomar forma.<br />

“A década <strong>de</strong> 30 assinala a expansão quantitativa do ensino superior, especialmente das<br />

faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Filosofia. Dois fatos marcantes nesse sentido foram a criação da<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo e a do Distrito Fe<strong>de</strong>ral”. (MOREL, 1979:38).<br />

21


Nesse contexto, a urbanização e a intensificada industrialização pela qual o país<br />

passou nessa época levaram a tona a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do sist<strong>em</strong>a científico-<br />

tecnológico nacional, já que a experiência da guerra e o ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> outros países<br />

mostraram a serventia prática da ciência.<br />

Por parte da comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> que estava se formando surg<strong>em</strong> duas ações<br />

importantes nessa época: a criação da Socieda<strong>de</strong> Brasileira para o Progresso da Ciência<br />

(SBPC) <strong>em</strong> 1948 e do Centro Brasileiro <strong>de</strong> Pesquisas Físicas (CBPF) <strong>em</strong> 1949 sob a<br />

direção <strong>de</strong> César Lattes.<br />

Criada <strong>em</strong> 8 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1948, a SBPC <strong>em</strong> 1949 já contava com 352 sócios e<br />

publicava o primeiro número <strong>de</strong> sua revista Ciência e Cultura, que trouxe os objetivos da<br />

Socieda<strong>de</strong> na contra-capa, ilustrados na citação abaixo, além <strong>de</strong> organizar reuniões anuais<br />

<strong>em</strong> diferentes cida<strong>de</strong>s do país e atuar como grupo <strong>de</strong> pressão junto ao Estado. “Já <strong>em</strong> 1949<br />

os pesquisadores da SBPC insistiam junto a <strong>de</strong>putados paulistas para que se processasse a<br />

regulamentação do artigo da Constituição do Estado <strong>de</strong> São Paulo, que instituía a Fundação<br />

<strong>de</strong> Amparo à Pesquisa do Estado <strong>de</strong> São Paulo, mais tar<strong>de</strong> [<strong>em</strong> 1962] concretizada.”<br />

(MOREL, 1979:42)<br />

A Socieda<strong>de</strong> Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) t<strong>em</strong> por<br />

objetivos: apoiar e estimular o trabalho científico; melhor articular a ciência<br />

com os probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> interesse geral, relativos à indústria, à agricultura, à<br />

medicina, à economia etc.; facilitar a cooperação entre os cientistas;<br />

aumentar a compreensão do público <strong>em</strong> relação à ciência; zelar pela<br />

manutenção <strong>de</strong> elevados padrões <strong>de</strong> ética entre os cientistas; mobilizar os<br />

cientistas para o trabalho sist<strong>em</strong>ático para <strong>de</strong> seleção e aproveitamento <strong>de</strong><br />

novas vocações <strong>científica</strong>s, inclusive por meio do ensino post-graduado,<br />

extra-universitário etc.; <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r os interesses dos cientistas tendo <strong>em</strong> vista<br />

a obtenção do reconhecimento <strong>de</strong> seu trabalho, do respeito pela sua pessoa,<br />

<strong>de</strong> sua liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> pesquisa, do direito pelo patrimônio moral e científico<br />

representado por seu acervo <strong>de</strong> realizações e seus projetos <strong>de</strong> pesquisa;<br />

bater-se pela r<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> <strong>em</strong>pecilhos e incompreensões que entrav<strong>em</strong> o<br />

progresso da ciência; articular-se ou filiar-se a associações ou agr<strong>em</strong>iações<br />

que vis<strong>em</strong> a objetivos paralelos, como a UNESCO, a Fe<strong>de</strong>ração Mundial <strong>de</strong><br />

Trabalhadores Científicos, a Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e outras;<br />

representar os po<strong>de</strong>res públicos ou entida<strong>de</strong>s particulares sobre medidas<br />

referentes aos objetivos da Socieda<strong>de</strong>; além <strong>de</strong> outras iniciativas que vis<strong>em</strong><br />

ao prestígio da Ciência e à <strong>de</strong>fesa dos cientistas. A SBPC não é associação<br />

aberta apenas a cientistas, mas a todos os que se interess<strong>em</strong> pela ciência e<br />

pelas aplicações e conseqüências <strong>de</strong>sta. (Ciência e Cultura, 1949, vol. 1, n.<br />

1).<br />

22


Os anos 50 foram o período <strong>em</strong> que a ciência passou a se construir no Brasil como<br />

objeto <strong>de</strong> política pública. A década marca a institucionalização da política <strong>científica</strong><br />

brasileira com a criação <strong>em</strong> 1951 do Conselho Nacional <strong>de</strong> Pesquisas (CNPq), com o<br />

objetivo <strong>de</strong> promover, coor<strong>de</strong>nar e estimular o <strong>de</strong>senvolvimento da pesquisa <strong>científica</strong> e<br />

tecnológica <strong>em</strong> qualquer domínio do conhecimento, e da Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Aperfeiçoamento<br />

<strong>de</strong> Pessoal <strong>de</strong> Ensino Superior (CAPES), com o intuito <strong>de</strong> assegurar a formação <strong>de</strong> pessoal<br />

especializado, <strong>em</strong> um contexto histórico marcado pela consolidação do capitalismo<br />

industrial no Brasil, pelo crescimento da população urbana e também pela intervenção do<br />

Estado na área econômica. “Ciência e recursos humanos vão ser valorizados como fatores<br />

<strong>de</strong> progresso, el<strong>em</strong>entos fundamentais para o aprimoramento das forças produtivas e à<br />

expansão capitalista.” (MOREL, 1979: 45).<br />

A criação <strong>de</strong>ssas instituições <strong>de</strong>ixa uma herança para a década seguinte no que diz<br />

respeito ao sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> fomento à pesquisa <strong>científica</strong>, como já acontecia nos países<br />

<strong>de</strong>senvolvidos. A criação da Fundação <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa do Estado <strong>de</strong> São Paulo<br />

(Fapesp) <strong>em</strong> 1962 marcou a política <strong>científica</strong> no Brasil na década <strong>de</strong> 60 e foi influenciada<br />

pelas instituições criadas anteriormente, já que também apresentava o propósito <strong>de</strong>sse<br />

mesmo movimento inicial <strong>de</strong> estimular o <strong>de</strong>senvolvimento científico do país.<br />

Por pressão <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> cientistas, na maioria da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São<br />

Paulo, a constituição do Estado <strong>de</strong> São Paulo <strong>de</strong> 1947 <strong>de</strong>terminava, <strong>em</strong> seu<br />

artigo 123, que se criasse a Fundação provendo-a com meio por cento da<br />

receita ordinária do orçamento. Apesar <strong>de</strong> vários projetos e da pressão<br />

exercida pela SBPC, só no governo Carvalho Pinto foi promulgada a Lei nº<br />

5.918, <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1960, sendo os estatutos aprovados dois anos<br />

<strong>de</strong>pois. (MOREL, 1979: 50).<br />

A transformação política pela qual o Brasil passa <strong>em</strong> 1964, com o Golpe Militar,<br />

afeta as condições institucionais <strong>de</strong> pesquisa. A partir <strong>de</strong>sse ano, duas tendências passam a<br />

ser observadas no campo da política <strong>científica</strong> do país. Uma por parte da segurança, ou seja,<br />

a censura <strong>de</strong> manifestações <strong>de</strong> crítica ao governo e outra por parte do <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

com ênfase na pesquisa <strong>científica</strong> e na formação <strong>de</strong> profissionais especializados como<br />

el<strong>em</strong>entos importantes ao crescimento econômico do país. No período que engloba o início<br />

da década <strong>de</strong> 50 e os anos 60, as medidas tomadas visavam à formação <strong>de</strong> pessoal treinado<br />

para as necessida<strong>de</strong>s do setor produtivo. “A política <strong>científica</strong> reflete o fortalecimento do<br />

23


agente estatal e é orientada pelo objetivo <strong>de</strong> possibilitar a expansão econômica.” (MOREL,<br />

1979: 53 e 54).<br />

Na gestão do segundo governo militar, ainda nos anos 60, foi instituído o Plano<br />

Estratégico <strong>de</strong> Desenvolvimento (PED), que estabeleceu uma política explícita <strong>de</strong> C&T<br />

para o Brasil e foi pioneiro <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> diretrizes adotadas:<br />

Além <strong>de</strong> uma expressiva parte do documento <strong>de</strong>dicar-se à avaliação do<br />

papel do progresso tecnológico no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e à<br />

programação <strong>de</strong> iniciativas nessa área, a questão tecnológica aparece<br />

também nas indicações das políticas setoriais, principalmente no caso da<br />

política industrial. (PACHECO & CORDER, 2008: 17 e 18).<br />

Nessa época data-se a criação da Financiadora <strong>de</strong> Estudos e Projetos (FINEP) <strong>em</strong><br />

1967 e do Fundo Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) <strong>em</strong><br />

1969.<br />

Nesse contexto iniciado pelo PED no final da década <strong>de</strong> 60 e também <strong>de</strong>vido à<br />

gran<strong>de</strong> expansão industrial e ao Plano Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento (PND – 1972-1974),<br />

que tinha o intuito <strong>de</strong> fortalecer a competitivida<strong>de</strong> da indústria através do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

tecnológico, foi criado o I Plano Básico <strong>de</strong> Desenvolvimento Científico e Tecnológico<br />

(PBDCT), no qual uma das propostas era a <strong>de</strong> impl<strong>em</strong>entar uma política tecnológica<br />

nacional baseada na transferência <strong>de</strong> tecnologias elaboradas internamente.<br />

Durante a década <strong>de</strong> 70, importantes instituições <strong>de</strong> pesquisa foram criadas, como o<br />

Instituto Nacional da Proprieda<strong>de</strong> Industrial (INPI) <strong>em</strong> 1970, o Instituto Nacional <strong>de</strong><br />

Pesquisas Espaciais (INPE) <strong>em</strong> 1961, o Serviço Brasileiro <strong>de</strong> Apoio às Micro e Pequenas<br />

Empresas (SEBRAE) <strong>em</strong> 1972, a Empresa Brasileira <strong>de</strong> Pesquisa Agropecuária (Embrapa)<br />

<strong>em</strong> 1973 e o Centro <strong>de</strong> Pesquisa da Telebrás (CPqD) <strong>em</strong> 1974. Nesse mesmo ano o CNPq<br />

passou a ser fundação e também a ser o coor<strong>de</strong>nador do Sist<strong>em</strong>a Nacional <strong>de</strong> C&T,<br />

vinculado ao Ministério <strong>de</strong> Planejamento. Apesar da não alteração da sigla, o nome passou<br />

a ser Conselho Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Científico e Tecnológico.<br />

O II PND (1974-1979) e o II PBDCT (1975-1979) seguiram as propostas dos planos<br />

anteriores e por isso não houve mudanças na política <strong>científica</strong> e tecnológica nesse período.<br />

Na década <strong>de</strong> 80, através do planejamento do III PBDCT, as atenções estiveram<br />

voltadas para a ampliação da pós-graduação e da Pesquisa e do Desenvolvimento (P&D). O<br />

24


novo Plano buscava aprimoramento das ações públicas setoriais. “Mas o agravamento da<br />

dívida do Estado resultou <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ráveis perdas <strong>em</strong> termos orçamentários e estratégicos<br />

para a área <strong>de</strong> C&T.” (COSTA, 1998 apud PACHECO & CORDER, 2008: 21).<br />

A pós-graduação foi a dimensão mais b<strong>em</strong>-sucedida da política <strong>científica</strong><br />

brasileira, apesar da crise econômica que afligiu o país, levando a uma<br />

estabilização dos recursos financeiros. O número <strong>de</strong> alunos titulados e <strong>de</strong><br />

trabalhos científicos produzidos aumentou substancialmente durante as<br />

décadas <strong>de</strong> 1980 e 1990. (FURTADO, 2005: 44).<br />

Em 1983, através <strong>de</strong> um acordo firmado entre o Banco Mundial e o governo<br />

brasileiro foram estabelecidas as bases do Programa <strong>de</strong> Desenvolvimento Científico e<br />

Tecnológico (PADCT), que reforça a importância dado pelo Estado para a tecnologia. “O<br />

PADCT, inclusive, po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado a primeira gran<strong>de</strong> iniciativa <strong>de</strong> interação entre<br />

governo e mercado, na área <strong>de</strong> C&T, tento sido o primeiro programa <strong>de</strong> vulto a lançar<br />

editais como forma <strong>de</strong> „induzir‟ a d<strong>em</strong>anda <strong>de</strong> trabalhos <strong>em</strong> C&T para campos prioritários”<br />

(PACHECO & CORDER, 2008: 22).<br />

O Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), principal órgão do sist<strong>em</strong>a fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

C&T e responsável pela criação e impl<strong>em</strong>entação da Política Nacional <strong>de</strong> C&T, foi<br />

instituído <strong>em</strong> 15 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1985 no início do Governo Sarney <strong>em</strong> resposta a uma<br />

d<strong>em</strong>anda da comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>. No entanto, <strong>de</strong> acordo com Pacheco e Cor<strong>de</strong>r (2008),<br />

apesar <strong>de</strong> gerar vários efeitos positivos para o campo, sua criação se apresentou também<br />

como uma resposta ao ambiente <strong>de</strong> red<strong>em</strong>ocratização pela qual o país vinha passando no<br />

período.<br />

As responsabilida<strong>de</strong>s do novo Ministério eram <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nar todo o sist<strong>em</strong>a<br />

nacional <strong>de</strong> ciência e tecnologia, ou seja: a política <strong>de</strong> cooperação<br />

internacional; a coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> políticas setoriais e a política nacional <strong>de</strong><br />

pesquisa. Paulatinamente, ao longo <strong>de</strong> suas duas décadas, o MCT assumiria<br />

a coor<strong>de</strong>nação das políticas <strong>de</strong> biossegurança, espacial, nuclear, informática<br />

e automação, b<strong>em</strong> como o controle da exportação <strong>de</strong> bens e serviços<br />

sensíveis. E também reforçaria o comando <strong>de</strong> suas entida<strong>de</strong>s vinculadas:<br />

CNPq e Finep, <strong>de</strong>ntre outros, e mais recent<strong>em</strong>ente a Agência Espacial<br />

Brasileira e a Comissão Nacional <strong>de</strong> Energia Nuclear, além <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong><br />

Institutos Nacionais <strong>de</strong> Pesquisa, como o Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisas da<br />

Amazônia (INPA), o Instituto Nacional <strong>de</strong> Pesquisa Espaciais (INPE), o<br />

Instituto Nacional <strong>de</strong> Tecnologia(INT), o Instituto Nacional do S<strong>em</strong>i-Árido<br />

(INSA), o Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Informação <strong>em</strong> Ciência e Tecnologia<br />

25


(IBCT), o Centro <strong>de</strong> Pesquisas Renato Archer (CenPRA), o Centro<br />

Brasileiro <strong>de</strong> Pesquisas Físicas (CBPF), o Centro <strong>de</strong> Tecnologia Mineral<br />

(CETEM), o Laboratório Nacional <strong>de</strong> Astrofísica (LNA), o Laboratório<br />

Nacional <strong>de</strong> Computação Científica (LNCC), o Museu <strong>de</strong> Astronomia e<br />

Ciências Afins (MAST), o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), o<br />

Observatório Nacional (ON). Com a criação do MCT, o CNPq, que era o<br />

órgão central do sist<strong>em</strong>a, tornou-se subordinado ao Ministério, que assumiu<br />

a coor<strong>de</strong>nação dos principais instrumentos e programas voltados à C&T.<br />

(PACHECO & CORDER, 2008: 22).<br />

Ainda <strong>em</strong> 1985 ocorreu a 1ª Conferencia Nacional <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia,<br />

convocada pelo primeiro Ministro <strong>de</strong> C&T, Renato Archer, com a missão <strong>de</strong> discutir as<br />

políticas para a área, analisar os caminhos da pesquisa <strong>científica</strong> numa socieda<strong>de</strong><br />

d<strong>em</strong>ocrática e subsidiar as ações do recém-criado MCT. A iniciativa foi <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

importância por promover e divulgar a C&T brasileira.<br />

Durante a década <strong>de</strong> 90, o MCT foi transformado, por uma das ações do governo<br />

Collor, <strong>em</strong> Secretaria <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia vinculada à presidência da República, o que<br />

gerou impactos como cortes orçamentários para os institutos vinculados ao Ministério. Em<br />

1992 o presi<strong>de</strong>nte Itamar Franco editou nova medida provisória e voltou a criar o MCT.<br />

Na segunda meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> 90 um processo <strong>de</strong> importantes reformas foi<br />

iniciado no âmbito da política nacional <strong>de</strong> C,T&I, com o intuito <strong>de</strong> superar sua<br />

<strong>de</strong>sarticulação com a política industrial e <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico no Brasil. Além<br />

disso, as reformas também tinham o objetivo <strong>de</strong> conquistar recursos adicionais, baseando-<br />

se <strong>em</strong> metas <strong>de</strong>scritas no Plano Plurianual do MCT (PPA 1999-2003). Como aponta<br />

Pacheco:<br />

Os principais <strong>de</strong>safios apontados no PPA foram:<br />

a insuficiência da base instalada <strong>de</strong> C&T, <strong>em</strong> termos quantitativos;<br />

a dissociação entre a capacida<strong>de</strong> instalada <strong>de</strong> C&T (marcadamente<br />

acadêmica) e as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> inovação do setor produtivo;<br />

o reduzido investimento privado <strong>em</strong> P&D e a carência <strong>de</strong> um marco legal e<br />

tributário favorável à inovação nas <strong>em</strong>presas;<br />

o esgotamento dos instrumentos convencionais <strong>de</strong> financiamento do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento tecnológico e da infra-estrutura tecnológica do País;<br />

a pequena inserção do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> C&T na solução dos gran<strong>de</strong>s probl<strong>em</strong>as<br />

nacionais como a pobreza, saú<strong>de</strong>, educação, violência, <strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego, meio<br />

ambiente e <strong>de</strong>sequilíbrio regional;<br />

a baixa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação e articulação das ações setoriais<br />

(progressivamente <strong>de</strong>scentralizadas) <strong>em</strong> C&T e P&D;<br />

26


a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alocar os recursos existentes principalmente nas áreas<br />

críticas e <strong>de</strong>ntro das diversas áreas <strong>em</strong> tecnologias e processos-chave<br />

capazes <strong>de</strong> apresentar resultados efetivos para o País. (PACHECO, 2003<br />

apud PACHECO & CORDER, 2008: 24).<br />

Fundamentada nesses <strong>de</strong>safios t<strong>em</strong> início a elaboração <strong>de</strong> uma Política Nacional<br />

<strong>de</strong> C&T, com perspectivas <strong>de</strong> longo prazo e visando a reorganização do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />

incentivos ao <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico <strong>em</strong>presarial. Além disso, um novo padrão <strong>de</strong><br />

financiamento foi estruturado tentando se a<strong>de</strong>quar às necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> investimento <strong>em</strong><br />

C,T&I e pautado no levantamento <strong>de</strong> novas fontes <strong>de</strong> recursos financeiros. A reativação da<br />

Política <strong>de</strong> C,T&I e a criação da Nova Política Industrial (PITCE), também focada no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento tecnológico, abr<strong>em</strong> o novo milênio com um perspectiva <strong>de</strong> superar as<br />

dificulda<strong>de</strong>s institucionais e <strong>de</strong> avançar nos critérios para a consolidação do Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />

Inovação brasileiro.<br />

No início da década <strong>de</strong> 2000 uma importante iniciativa da área foi a criação da Lei<br />

<strong>de</strong> Inovação, com o objetivo <strong>de</strong> flexibilizar a articulação público-privada. A primeira<br />

minuta da Lei foi elaborada <strong>em</strong> 2001. No entanto, a versão final foi aprovada apenas <strong>em</strong><br />

2004. Pacheco e Cor<strong>de</strong>r apontam os estabelecimentos da Lei <strong>de</strong> Inovação:<br />

i) Medidas <strong>de</strong> incentivo à pesquisa <strong>científica</strong> e tecnológica e à inovação<br />

(regulando a titularida<strong>de</strong> da proprieda<strong>de</strong> intelectual e a participação dos<br />

pesquisadores nos ganhos econômicos, regulamentação <strong>de</strong> overhead e <strong>de</strong><br />

r<strong>em</strong>uneração <strong>de</strong> pesquisadores por projetos, obrigação <strong>de</strong> políticas<br />

explícitas das instituições para proteção <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> intelectual, etc.); ii)<br />

maior cooperação entre instituições públicas e privadas (dispensa <strong>de</strong><br />

licitação para licenciamento <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> intelectual, estímulos para uso<br />

<strong>de</strong> infra-estrutura pública <strong>de</strong> pesquisa, maior mobilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pesquisadores e<br />

facilida<strong>de</strong>s para criar <strong>em</strong>presas; etc.); iii) novos mecanismos <strong>de</strong> suporte do<br />

Estado ao <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico da <strong>em</strong>presa (novos arranjos<br />

público-privados e modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> encomendas pelo setor público,<br />

autorização para constituição <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> propósito específica,<br />

objetivando o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> projetos científicos ou tecnológicos,<br />

etc.). (PACHECO & CORDER, 2008: 27).<br />

A 2ª Conferência Nacional <strong>de</strong> C&T aconteceu <strong>em</strong> 2001 no governo Fernando<br />

Henrique Cardoso (FHC) (16 anos após a primeira, realizada <strong>em</strong> 1985), já com o nome <strong>de</strong><br />

Conferência Nacional <strong>de</strong> Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI). Reconhece que pelo<br />

fator inovação, a ciência e a tecnologia brasileira po<strong>de</strong>riam contribuir para abastecer a<br />

27


socieda<strong>de</strong> com novos e melhores produtos, processos e serviços. Nessa reunião houve uma<br />

constatação geral <strong>de</strong> que o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> C&T tinha se expandido.<br />

Porém suas conseqüências para o <strong>de</strong>senvolvimento econômico e social<br />

eram muito tímidas. Isto foi resultado, <strong>em</strong> parte, da falta <strong>de</strong> cultura no setor<br />

<strong>em</strong>presarial para as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento, e também da<br />

ausência <strong>de</strong> medidas claras do governo para incentivar a inovação nas<br />

<strong>em</strong>presas. Uma das conclusões mais importantes daquela conferência foi<br />

exatamente a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudar a política <strong>de</strong> C&T para incorporar a<br />

inovação. (Site da 4ª CNCTI). 4<br />

A 3ª CNCTI ocorreu <strong>em</strong> 2005 com o objetivo <strong>de</strong> d<strong>em</strong>onstrar que C,T&I são<br />

ferramentais fundamentais para o <strong>de</strong>senvolvimento do país, possíveis <strong>de</strong> gerar riquezas e<br />

distribuí-las por mecanismos <strong>de</strong> inclusão social como a educação. Além disso, teve o<br />

intuito <strong>de</strong> formular estratégias para acelerar o processo <strong>de</strong> promoção do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sustentável do Brasil.<br />

Ainda nessa conferência foram apresentadas as propostas que serviram <strong>de</strong> base para<br />

a formulação do Plano <strong>de</strong> Ação <strong>em</strong> Ciência, Tecnologia e Inovação para o<br />

Desenvolvimento Nacional 2007-2010.<br />

Nesse sentido, <strong>em</strong> 2007 foi lançado pelo Governo Fe<strong>de</strong>ral o Plano <strong>de</strong> Ação 2007-<br />

2010: Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional, conhecido como<br />

PAC da Ciência. O intuito é a ampliação do papel da C,T&I no <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sustentável do país, a partir <strong>de</strong> quatro pontos estratégicos: 1. Expansão e consolidação do<br />

Sist<strong>em</strong>a Nacional <strong>de</strong> C,T&I; 2. Promoção da inovação tecnológica nas <strong>em</strong>presas; 3.<br />

Pesquisa, <strong>de</strong>senvolvimento e inovação <strong>em</strong> áreas estratégicas e 4. C,T&I para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento social. Esses pontos foram analisados na 4ª Conferência Nacional <strong>de</strong><br />

Ciência, Tecnologia e Inovação <strong>em</strong> maio <strong>de</strong> 2010.<br />

A 4ª. CNCTI foi convocada por Decreto Presi<strong>de</strong>ncial <strong>de</strong> três <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2009,<br />

com o título “Política <strong>de</strong> Estado para Ciência, Tecnologia e Inovação com vista ao<br />

Desenvolvimento Sustentável”. Foi realizada entre os dias 26 e 28 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2010 e<br />

precedida por encontros regionais e estaduais.<br />

4 Disponível <strong>em</strong>: . Acesso <strong>em</strong> 15.mar.2010.<br />

28


As discussões da reunião foram norteadas com base nas linhas do Plano <strong>de</strong> Ação <strong>em</strong><br />

Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional 2007-2010: i) Sist<strong>em</strong>a<br />

Nacional <strong>de</strong> Ciência, Tecnologia e Inovação; ii) Inovação na Socieda<strong>de</strong> e nas Empresas; iii)<br />

Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação <strong>em</strong> Áreas Estratégicas; iv) Ciência, Tecnologia e<br />

Inovação para o Desenvolvimento Social.<br />

Para Furtado (2005) a principal dificulda<strong>de</strong> enfrentada pela política <strong>científica</strong> e<br />

tecnológica brasileira atualmente consiste, por um lado, na ausência <strong>de</strong> foco e na dispersão<br />

<strong>de</strong> recursos entre um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> programas e iniciativas e, por outro lado, na falta <strong>de</strong><br />

força política <strong>de</strong>ntro do Governo Fe<strong>de</strong>ral para a impl<strong>em</strong>entação das verbas <strong>de</strong>stinadas à<br />

C&T. A tabela a seguir sintetiza a discussão realizada neste it<strong>em</strong>, <strong>de</strong>stacando a missão das<br />

instituições relacionadas à política <strong>de</strong> C&T brasileira:<br />

Tabela 2: Importantes marcos institucionais do Sist<strong>em</strong>a Brasileiro <strong>de</strong> Inovação<br />

Data <strong>de</strong><br />

criação<br />

Instituição Missão<br />

1951<br />

1951<br />

1952<br />

1960<br />

Conselho Nacional <strong>de</strong> Pesquisa (CNPq). Pós<br />

1974, Conselho Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />

Científico e Tecnológico<br />

Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> Aperfeiçoamento <strong>de</strong> Pessoal <strong>de</strong><br />

Nível Superior (CAPES). Antes <strong>de</strong>nominada<br />

Campanha Nacional <strong>de</strong> aperfeiçoamento <strong>de</strong><br />

pessoal <strong>de</strong> nível superior<br />

Banco Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Econômico<br />

(BNDE), posteriormente transformado <strong>em</strong><br />

BNDES (acréscimo do termo „Social‟)<br />

Fundação <strong>de</strong> Amparo a Pesquisa do Estado <strong>de</strong> São<br />

Paulo (FAPESP)<br />

Coor<strong>de</strong>nar e estimular o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento científico do<br />

Brasil<br />

Assegurar a existência <strong>de</strong> pessoal<br />

especializado <strong>em</strong> quantida<strong>de</strong> e<br />

qualida<strong>de</strong> suficientes para aten<strong>de</strong>r<br />

às necessida<strong>de</strong>s dos<br />

<strong>em</strong>preendimentos públicos e<br />

privados que visam ao<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do país.<br />

Apoiar <strong>em</strong>preendimentos que<br />

contribuam para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do país,<br />

notadamente nas áreas industriais e<br />

<strong>de</strong> infra-estrutura<br />

Estimular o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

científico <strong>de</strong> São Paulo,<br />

regulamentando artigo da<br />

Constituição Estadual <strong>de</strong> São Paulo<br />

<strong>de</strong> 1947. Outras FAPs estaduais<br />

seriam criadas após esta data,<br />

inspiradas no mo<strong>de</strong>lo da Fapesp.<br />

29


1967<br />

1969<br />

1985<br />

1999 –<br />

2002<br />

2001<br />

Financiadora <strong>de</strong> Estudos e Projetos (Finep),<br />

<strong>em</strong>presa pública<br />

Fundo Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Cientifico e<br />

Tecnológico (FNDCT)<br />

Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), órgão<br />

central do sist<strong>em</strong>a fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia<br />

Fundos Setoriais <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia<br />

Centro <strong>de</strong> Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE),<br />

Organização Social com contrato <strong>de</strong> gestão junto<br />

ao MCT<br />

Gerir o Fundo <strong>de</strong> Financiamento<br />

<strong>de</strong> Estudos <strong>de</strong> Projetos e<br />

Programas, criado <strong>em</strong> 1965.<br />

Posteriormente a Finep assumiu<br />

também as funções <strong>de</strong> gerir o<br />

Fundo <strong>de</strong> Desenvolvimento<br />

Técnico-Científico (FUNTEC) do<br />

Banco Nacional <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento Econômico e<br />

Social (BNDES), constituído <strong>em</strong><br />

1964 com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> financiar<br />

a implantação <strong>de</strong> programas <strong>de</strong><br />

pósgraduação nas universida<strong>de</strong>s<br />

brasileiras.<br />

Financiar a expansão do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />

C&T, tendo a Finep como sua<br />

Secretaria Executiva a partir <strong>de</strong><br />

1971.<br />

Responsável pela formulação e<br />

impl<strong>em</strong>entação da Política<br />

Nacional <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia.<br />

A consolidação <strong>de</strong>ste papel foi<br />

concluída com as reformas<br />

efetuadas no período 199-2002,<br />

quando os institutos <strong>de</strong> pesquisa<br />

até então <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> do<br />

CNPq foram transferidos<br />

<strong>de</strong>finitivamente ao MCT.<br />

Instrumentos <strong>de</strong> financiamento <strong>de</strong><br />

projetos <strong>de</strong> pesquisa,<br />

<strong>de</strong>senvolvimento e inovação no<br />

País. Há atualmente 16 Fundos<br />

Setoriais, sendo 14 relativos a<br />

setores específicos e dois<br />

transversais (um voltado à<br />

interação universida<strong>de</strong>-<strong>em</strong>presa -<br />

Fundo Ver<strong>de</strong>-Amarelo, e outro<br />

<strong>de</strong>stinado a apoiar a melhoria da<br />

infra-estrutura <strong>de</strong> pesquisa). Em<br />

sua maioria estes fundos são contas<br />

especificas <strong>de</strong> um único fundo – o<br />

FNDCT. O FUNTTEL, para<br />

telecomunicações, é o único fundo<br />

setorial que não está alocado junto<br />

ao FNDCT.<br />

Realizar estudos, pesquisas<br />

prospectivas e ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

avaliação <strong>de</strong> estratégias na área <strong>de</strong><br />

ciência e tecnologia.<br />

30


2004<br />

Agência Brasileira <strong>de</strong> Desenvolvimento Industrial<br />

(ABDI), instituída como Serviço Social<br />

Autônomo<br />

Fonte: PACHECO & CORDER, 2008<br />

Promover o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

industrial e tecnológico brasileiro<br />

por meio do aumento da<br />

competitivida<strong>de</strong> e da inovação.<br />

Feito esse breve histórico da política <strong>científica</strong> e tecnológica tanto no contexto<br />

internacional como brasileiro, b<strong>em</strong> como sua relação com a socieda<strong>de</strong>, faço na seqüência<br />

um maior <strong>de</strong>talhamento do financiamento <strong>de</strong> C&T no país, face ao papel das Fundações<br />

Estaduais <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa nesse processo e da Fapesp <strong>em</strong> particular.<br />

1.2.2 O Financiamento da pesquisa no Brasil<br />

Como já explicitado, as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa têm extr<strong>em</strong>a importância para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento científico e tecnológico <strong>de</strong> um país e, por conseqüência, são fundamentais<br />

também para o <strong>de</strong>senvolvimento econômico e social. Para viabilização <strong>de</strong> tais ativida<strong>de</strong>s se<br />

faz necessário o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> mecanismos que atu<strong>em</strong> no seu financiamento.<br />

O aporte <strong>de</strong> recursos para a pesquisa, assim como qualquer tipo <strong>de</strong> financiamento,<br />

po<strong>de</strong> ocorrer com a utilização <strong>de</strong> capital próprio, ou seja, a própria instituição/<strong>em</strong>presa<br />

arcando com seus custos, ou com a recorrência a capital <strong>de</strong> terceiros (governamental ou<br />

privado).<br />

Nesse sentido, consi<strong>de</strong>rando a importância pública das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa, é<br />

natural que instituições governamentais exerçam um papel importante na concessão <strong>de</strong><br />

financiamento.<br />

O gráfico abaixo expressa uma comparação entre países no que se refere à<br />

realização <strong>de</strong> gastos com P&D:<br />

31


Gráfico 1: Volume <strong>de</strong> gastos com P&D (<strong>em</strong> porcentag<strong>em</strong> do PIB) – Países<br />

selecionados (2007)<br />

Fonte: Brito Cruz, 2010. Importância da Inovação Tecnológica para o Desenvolvimento<br />

Analisando o Gráfico 1, acima (o Brasil e os países que representam a Organização<br />

para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, estão apresentados <strong>em</strong> cores<br />

distintas para melhor visualização do gráfico), pod<strong>em</strong>os perceber que os gastos com P&D<br />

realizados pelo Brasil, como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), situam-se<br />

significativamente abaixo dos volumes gastos pelos países <strong>de</strong>senvolvidos no ano <strong>de</strong> 2007<br />

(cerca <strong>de</strong> 1,07% <strong>em</strong> 2007 segundo o MCT, contra mais <strong>de</strong> 2% na média dos países da<br />

OCDE).<br />

Nesse quesito, o Japão aparece <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>staque, com os dispêndios <strong>em</strong> P&D<br />

representando quase 3,5% do PIB do país. Em segundo lugar aparece a Coréia do Sul, país<br />

que <strong>em</strong> muitos estudos é objeto <strong>de</strong> comparação com o Brasil por ser<strong>em</strong> duas economias<br />

periféricas, com 3%. A Coréia do Sul é um país que ganhou notorieda<strong>de</strong> por investir<br />

pesadamente na Educação (principalmente na formação <strong>de</strong> engenheiros) e <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong>s<br />

relacionadas à inovação, conseguindo superar um gap tecnológico para os países<br />

<strong>de</strong>senvolvidos <strong>em</strong> poucas décadas, enquanto, no mesmo período <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po, o Brasil pouco<br />

evoluiu nesse quesito.<br />

A tabela abaixo mostra mais <strong>de</strong>talhadamente a evolução recente dos gastos com<br />

C&T no Brasil:<br />

32


Tabela 3: Dispêndios com P&D por setor (<strong>em</strong> Milhões <strong>de</strong> Reais a valores<br />

Total<br />

Valores correntes<br />

correntes) – Brasil (2000 a 2008)<br />

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008<br />

12.01<br />

0<br />

13.58<br />

0<br />

14.55<br />

2<br />

16.28<br />

4<br />

17.46<br />

4<br />

20.85<br />

7<br />

23.64<br />

9<br />

28.60<br />

8<br />

32.76<br />

8<br />

% do total dos gastos <strong>em</strong><br />

P&D<br />

100 100 100 100 100 100 100 100 100<br />

% do PIB<br />

Dispêndios públicos<br />

1,02 1,04 0,98 0,96 0,9 0,97 1 1,07 1,09<br />

Valores correntes<br />

6.494 7.448 7.761 8.826 9.335<br />

10.37<br />

1<br />

11.91<br />

1<br />

15.18<br />

5<br />

17.68<br />

1<br />

% do total dos gastos <strong>em</strong><br />

P&D<br />

54,07 54,84 53,33 54,2 53,45 49,73 50,37 53,08 53,96<br />

% do PIB<br />

Dispêndios<br />

<strong>em</strong>presariais<br />

0,55 0,57 0,53 0,52 0,48 0,48 0,5 0,57 0,59<br />

Valores correntes<br />

5.516 6.132 6.792 7.458 8.129<br />

10.48<br />

5<br />

11.73<br />

8<br />

13.42<br />

3<br />

15.08<br />

7<br />

% do total dos gastos <strong>em</strong><br />

P&D<br />

45,93 45,16 46,67 45,8 46,55 50,27 49,63 46,92 46,04<br />

% do PIB 0,47 0,47 0,46 0,44 0,42 0,49 0,5 0,5 0,5<br />

Fonte: LIMA, 2011. Elaboração própria a partir <strong>de</strong> dados do site do MCT (2000 – 2008)<br />

A partir da Tabela 3 perceb<strong>em</strong>os que os gastos brasileiros <strong>em</strong> P&D, cresceram<br />

razoavelmente entre 2000 e 2008, sendo que os gastos do setor <strong>em</strong>presarial chegaram a<br />

aumentar quase três vezes nesse período. Contudo, a variação do montante direcionado a<br />

ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> P&D, <strong>em</strong> proporção do PIB, não apresenta um aumento substancial no<br />

período, situado ainda muito abaixo dos países <strong>de</strong>senvolvidos ou mesmo <strong>de</strong> alguns países<br />

classificados como “<strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvimento”.<br />

É possível perceber que o setor público representa um peso maior que o setor<br />

<strong>em</strong>presarial (do qual faz<strong>em</strong> parte, nesta contabilida<strong>de</strong>, também algumas <strong>em</strong>presas estatais)<br />

na realização <strong>de</strong> dispêndios com P&D. Se for<strong>em</strong> contabilizadas apenas as <strong>em</strong>presas<br />

privadas, a participação dos gastos <strong>em</strong>presariais no total seria <strong>de</strong> 38%. A participação do<br />

setor privado nesse quesito mostra-se ainda reduzida, <strong>em</strong>bora crescente nos últimos anos.<br />

De acordo com Britto Cruz 5 , durante a Conferência Paulista <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia,<br />

5 SIMÕES, J. Cresce parcela do dispêndio <strong>em</strong> P&D no Estado feito por <strong>em</strong>presas para 62%; parcela fe<strong>de</strong>ral<br />

fica <strong>em</strong> 13%, mostram dados da Fapesp. Boletim Inovação <strong>Unicamp</strong>. Campinas. Disponível <strong>em</strong>:<br />

Acesso <strong>em</strong> 27.mai.2010.<br />

33


ealizada na Fapesp <strong>em</strong> abril <strong>de</strong> 2010 antece<strong>de</strong>ndo a IV Conferência Nacional <strong>de</strong> C&T que<br />

ocorreu <strong>em</strong> maio do mesmo ano, o Estado <strong>de</strong> São Paulo é uma exceção, on<strong>de</strong> 62% dos<br />

gastos com P&D provêm do setor <strong>em</strong>presarial, completados por 24% do governo estadual e<br />

13% do governo fe<strong>de</strong>ral.<br />

Dentre os órgãos públicos que financiam C&T no Brasil <strong>de</strong>stacam-se o Banco<br />

Nacional para o Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o CNPq e a FINEP no<br />

âmbito fe<strong>de</strong>ral e as Fundações <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa (FAPs) pelos respectivos estados.<br />

Vale ressaltar que n<strong>em</strong> todas as FAPs possu<strong>em</strong> os recursos garantidos pela Constituição<br />

Estadual.<br />

No final da década <strong>de</strong> 90 foram estabelecidos no país vários instrumentos <strong>de</strong><br />

financiamento e <strong>de</strong> incentivo às ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> P&D e à inovação, com o intuito <strong>de</strong><br />

diversificar as modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> financiamento e distribuir os recursos públicos entre a esfera<br />

acadêmica e <strong>em</strong>presarial. De acordo com Pacheco e Cor<strong>de</strong>r (2008) esses instrumentos<br />

pod<strong>em</strong> ser divididos <strong>em</strong> dois grupos: 1) concessão direta <strong>de</strong> recursos financeiros, como<br />

crédito, aportes <strong>de</strong> risco, subvenção e os recursos não re<strong>em</strong>bolsáveis (auxílios e bolsas). 2)<br />

incentivos fiscais que não envolv<strong>em</strong> a concessão direta <strong>de</strong> recursos financeiros. Os<br />

instrumentos do primeiro grupo são os que nos interessam neste tópico.<br />

Segundo Pacheco e Cor<strong>de</strong>r (2008), a FINEP é o órgão que historicamente possui<br />

maior importância na concessão <strong>de</strong> crédito para ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa, com algumas<br />

intervenções pontuais do BNDES e do Banco do Brasil. A partir do primeiro plano <strong>de</strong><br />

política industrial do Governo Lula (a Política Industrial, Tecnológica e <strong>de</strong> Comércio<br />

Exterior - PITCE, <strong>de</strong> 2004), o BNDES passou a atuar mais diretamente no financiamento a<br />

ativida<strong>de</strong>s relacionadas à inovação, cujo <strong>de</strong>senvolvimento é um dos pilares <strong>de</strong> todos os<br />

planos <strong>de</strong> política industrial do governo.<br />

Do mesmo modo, a FINEP também aumentou suas linhas <strong>de</strong> concessão <strong>de</strong> crédito<br />

para ativida<strong>de</strong>s inovativas, nas quais inclui-se a pesquisa, a partir <strong>de</strong> 2004. Apesar disso, o<br />

volume <strong>de</strong> recursos concedidos na forma <strong>de</strong> crédito não sofreu um aumento substancial nos<br />

últimos anos. Um dos principais probl<strong>em</strong>as enfrentados pela FINEP diz respeito à captação<br />

<strong>de</strong> recursos, como expressam Pacheco e Cor<strong>de</strong>r (2008):<br />

Outro aspecto relevante a ser ressaltado diz respeito à dificulda<strong>de</strong> que a<br />

FINEP t<strong>em</strong> para constituir funding a<strong>de</strong>quado para as operações <strong>de</strong><br />

34


financiamento . Não há uma estrutura <strong>de</strong> suporte para captação <strong>de</strong> recursos<br />

por parte da Agência, tal como uma fonte <strong>de</strong> poupança compulsória como,<br />

por ex<strong>em</strong>plo, um fundo público que lhe garanta um fluxo regular <strong>de</strong><br />

recursos <strong>de</strong> longo prazo, para crédito e risco. (PACHECO & CORDER,<br />

2008: 33).<br />

Se por um lado a FINEP apresenta essa dificulda<strong>de</strong> com relação a constituição <strong>de</strong><br />

suas fontes <strong>de</strong> recursos, o BNDES t<strong>em</strong> uma vinculação clara, recebendo recursos do PIS-<br />

PASEP e do Fundo <strong>de</strong> Amparo ao Trabalhador (FAT).<br />

Dentre as principais linhas <strong>de</strong> financiamento <strong>de</strong>ssas instituições estão a subvenção<br />

direta a projetos <strong>de</strong> inovação e o “Programa Juro Zero”, o qual conce<strong>de</strong> financiamento a<br />

pequenas e médias <strong>em</strong>presas inovadoras, por parte da FINEP, e o Fundo Tecnológico<br />

(FUNTEC), por parte do BNDES. O Banco também utiliza outros programas <strong>de</strong><br />

financiamento, como os mais recent<strong>em</strong>ente criados “Inovação PDI” e “Inovação<br />

Produção”, além <strong>de</strong> programas específicos para setores prioritários da política industrial,<br />

como o PROSOFT, para a indústria <strong>de</strong> softwares, e o PROFARMA, para a indústria<br />

farmacêutica, setores altamente intensivos <strong>em</strong> tecnologia e nos quais as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

pesquisa são <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>a importância (PACHECO & CORDER, 2008).<br />

BNDES e FINEP, além do fornecimento <strong>de</strong> crédito, atuam também <strong>em</strong> programas<br />

<strong>de</strong> capital <strong>de</strong> risco ou capital <strong>em</strong>preen<strong>de</strong>dor, com o objetivo <strong>de</strong> difundir entre as <strong>em</strong>presas<br />

os conceitos <strong>de</strong> governança corporativa, fortalecer o mercado financeiro do país b<strong>em</strong> com a<br />

estrutura <strong>de</strong> capital das <strong>em</strong>presas e conferir apoio a pequenas e médias <strong>em</strong>presas<br />

inovadoras, que pod<strong>em</strong> ter na abertura <strong>de</strong> capital uma fonte <strong>de</strong> financiamento para suas<br />

ativida<strong>de</strong>s inovativas.<br />

Outra fonte <strong>de</strong> financiamento a ativida<strong>de</strong>s relacionadas à inovação são os fundos<br />

setoriais, que têm seus recursos concentrados no Fundo Nacional para o Desenvolvimento<br />

Científico e Tecnológico (FNDCT). Os recursos para a constituição dos diversos fundos<br />

setoriais são, <strong>em</strong> geral, provenientes <strong>de</strong> parte do faturamento obtido pelo setor.<br />

O governo possui, ainda, outra maneira <strong>de</strong> incentivar a realização <strong>de</strong> pesquisas para<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> inovações <strong>em</strong> certos setores consi<strong>de</strong>rados chaves por meio <strong>de</strong><br />

compras governamentais ou concessão <strong>de</strong> subsídios (PACHECO & CORDER, 2008).<br />

Todos os mecanismos até aqui <strong>de</strong>scritos atuam no financiamento da inovação <strong>de</strong> um<br />

modo geral. Quanto aos aportes <strong>de</strong> recursos para a pesquisa <strong>científica</strong>, <strong>de</strong>stacam-se, por<br />

35


parte do governo fe<strong>de</strong>ral, a Capes, com a concessão <strong>de</strong> bolsas <strong>de</strong> estudos para alunos <strong>de</strong><br />

pós-graduação, pesquisadores e professores, o CNPq, financiando alunos <strong>de</strong> pós-graduação<br />

e projetos <strong>de</strong> pesquisa, e a FINEP, conce<strong>de</strong>ndo recursos a projetos <strong>de</strong> pesquisa.<br />

Nas esferas estaduais, são as Fundações <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa, que receb<strong>em</strong><br />

recursos dos respectivos estados, as gran<strong>de</strong>s responsáveis por exercer esse importante papel<br />

<strong>de</strong> financiadoras da pesquisa, seja com a concessão <strong>de</strong> bolsas <strong>de</strong> pós-graduação (mais<br />

notadamente a Fapesp) ou financiamento <strong>de</strong> projetos.<br />

No subit<strong>em</strong> seguinte a atuação das FAPs será analisada com maior <strong>de</strong>talhamento.<br />

1.2.3 As Fundações <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa (FAPs)<br />

Atualmente no Brasil as agências mais importantes no âmbito <strong>de</strong> concessão <strong>de</strong><br />

bolsas <strong>de</strong> estudo e auxílios à pesquisa <strong>científica</strong> são as Fundações <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa<br />

(FAPs), o CNPq e a FINEP. Como <strong>de</strong>fin<strong>em</strong> Pacheco e Cor<strong>de</strong>r:<br />

Elas atend<strong>em</strong> à d<strong>em</strong>anda espontânea (conhecida como d<strong>em</strong>anda balcão) e<br />

também propõe programas <strong>em</strong> áreas prioritárias e outras formas <strong>de</strong> ação<br />

que, por meio <strong>de</strong> chamadas públicas, visam atrair projetos <strong>de</strong> interesse <strong>de</strong><br />

setores ou áreas consi<strong>de</strong>radas estratégicas ou outras priorida<strong>de</strong>s da política<br />

pública. (PACHECO & CORDER, 2008: 42).<br />

De acordo com a Lei Fe<strong>de</strong>ral nº 10.973, que<br />

dispõe sobre incentivos à inovação e à pesquisa <strong>científica</strong> e tecnológica no ambiente<br />

produtivo, agência <strong>de</strong> fomento consiste <strong>em</strong> um órgão ou instituição <strong>de</strong> natureza pública ou<br />

privada que tenha entre os seus objetivos o financiamento <strong>de</strong> ações que vis<strong>em</strong> a estimulação<br />

e a promoção do <strong>de</strong>senvolvimento da ciência, da tecnologia e da inovação.<br />

O mo<strong>de</strong>lo nacional das FAPs foi lançado <strong>em</strong> 1960 com a criação da Fundação <strong>de</strong><br />

Amparo à Pesquisa do Estado <strong>de</strong> São Paulo (Fapesp), que começou a funcionar <strong>em</strong> 1962<br />

com um orçamento referente a 0,5% da receita tributária do Estado <strong>de</strong> São Paulo, garantido<br />

pela Constituição Estadual. Em 1989, esse percentual subiu para 1%.<br />

Até a década <strong>de</strong> 80, as fundações <strong>de</strong> amparo à pesquisa estavam concentradas no<br />

Sul e Su<strong>de</strong>ste do país, nos estados <strong>de</strong> São Paulo (Fapesp, 1962), Rio Gran<strong>de</strong> do Sul<br />

(Fapergs, 1964), Rio <strong>de</strong> Janeiro (Faperj, 1980) e Minas Gerais (Fap<strong>em</strong>ig, 1985).<br />

36


As FAPs só <strong>de</strong>slancharam a partir da Constituição <strong>de</strong> 1988, que criou um<br />

artigo facultando aos estados a vinculação orçamentária do setor <strong>de</strong> C&T e<br />

do estímulo às ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fomento à pesquisa. Até então,<br />

<strong>de</strong>senvolvimento regional raramente era associado a inovação <strong>científica</strong> e<br />

tecnológica, e muito menos a meio ambiente e <strong>de</strong>senvolvimento sustentável<br />

– questões que só <strong>em</strong>erg<strong>em</strong> nos anos 1990. (AGUIAR, 2009: 04).<br />

As FAPs são órgãos ligados aos governos estaduais. Atualmente exist<strong>em</strong> 24<br />

Fundações e mais a do Distrito Fe<strong>de</strong>ral, ou seja, são 25 ao todo. Todas elas possu<strong>em</strong> a<br />

missão <strong>de</strong> fomentar a pesquisa <strong>científica</strong> e o <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico <strong>em</strong> seus estados.<br />

O trabalho das Fundações consi<strong>de</strong>ra a diversida<strong>de</strong> local e ao mesmo t<strong>em</strong>po compl<strong>em</strong>enta a<br />

ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvida <strong>em</strong> nível fe<strong>de</strong>ral.<br />

No dia 31 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2011 foi criada, oficialmente, a 25ª FAP, ou seja, a Fundação<br />

<strong>de</strong> Amparo à Pesquisa do Estado do Tocantins (Fapt), vinculada à Secretaria <strong>de</strong> Ciência e<br />

Tecnologia do estado.<br />

Com a criação da FAP do Tocantins, apenas dois estados não contam com uma<br />

instituição <strong>de</strong>sse gênero: Rondônia e Roraima.<br />

Nesse sentido, exist<strong>em</strong> FAPs na maioria dos estados brasileiros, incluindo todos os<br />

da região Nor<strong>de</strong>ste (criadas entre 1989 e 2005). A recente criação da FAP do Tocantins<br />

<strong>de</strong>ve inspirar os dois estados restantes a também criar suas Fundações. Por ex<strong>em</strong>plo, no<br />

Estado <strong>de</strong> Rondônia, a criação <strong>de</strong> uma FAP já está sendo discutida.<br />

Os orçamentos e a forma <strong>de</strong> atuação pod<strong>em</strong> mudar <strong>de</strong> uma FAP para outra, no<br />

entanto, todas elas atuam basicamente <strong>em</strong> quatro linhas. De acordo com Vanessa Fagun<strong>de</strong>s,<br />

assessora <strong>de</strong> Comunicação Social da Fundação <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa do Estado <strong>de</strong> Minas<br />

Gerais (Fap<strong>em</strong>ig) 6 , a primeira linha consiste no apoio a projetos <strong>de</strong> pesquisa <strong>em</strong> todas as<br />

áreas do conhecimento; a segunda está no âmbito da formação, ou seja, a capacitação <strong>de</strong><br />

pesquisadores com bolsas que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o segundo grau até o pós-doutorado; há também a<br />

linha <strong>de</strong> apoio a inovação e a transferência <strong>de</strong> tecnologias e a linha <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong>,<br />

on<strong>de</strong> cada FAP t<strong>em</strong> um projeto <strong>de</strong> divulgação com seus veículos e produtos <strong>de</strong><br />

comunicação.<br />

A base do orçamento das FAPs são os repasses <strong>de</strong> parcela das receitas fiscais das<br />

Secretarias <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia dos respectivos Estados, estabelecidos por Lei.<br />

6 Em palestra proferida durante o X Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Jornalismo Científico, realizado <strong>em</strong> Belo<br />

Horizonte <strong>em</strong> 2009<br />

37


De todas as FAPs, a Fundação <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa do Estado <strong>de</strong><br />

São Paulo (Fapesp) é a mais estruturada e a que conta com maior<br />

orçamento, tendo custeado importantes projetos acadêmicos e<br />

tecnológicos e contribuído para a renovação da infra-estrutura <strong>de</strong><br />

pesquisa das organizações <strong>de</strong> pesquisa, tendo como vantag<strong>em</strong>, o<br />

fato do orçamento <strong>de</strong> bolsas não po<strong>de</strong>r ser mais do que 30% do<br />

orçamento anual da instituição. A Fapesp, diferente das d<strong>em</strong>ais<br />

FAPs, conta também com autonomia financeira e operacional,<br />

<strong>de</strong>finida na Constituição estadual <strong>de</strong> São Paulo, que estabelece que<br />

1% da receita tributária do estado <strong>de</strong>va ser alocada na instituição.<br />

Nas d<strong>em</strong>ais FAPs a situação financeira é bastante distinta e são<br />

freqüentes os cortes nos repasses orçamentários previstos <strong>em</strong> Lei ou<br />

nas respectivas constituições estaduais. Além do aspecto financeiro,<br />

enfrentam também probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> natureza gerencial e outros<br />

<strong>de</strong>correntes da precária d<strong>em</strong>anda local. (PACHECO & CORDER,<br />

2008: 42).<br />

Essas 25 Fundações se reún<strong>em</strong> no Conselho Nacional das Fundações Estaduais <strong>de</strong><br />

Amparo à Pesquisa (CONFAP), que foi criado no dia 28 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2006 com o intuito <strong>de</strong><br />

funcionar como um órgão <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação e articulação dos interesses das FAPs; contribuir<br />

para o aperfeiçoamento da Política Nacional <strong>de</strong> C,T&I e, também, para a formulação e<br />

avaliação <strong>de</strong> objetivos e diretrizes, <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>s e alocação <strong>de</strong> recursos, visando<br />

o <strong>de</strong>senvolvimento científico e tecnológico <strong>em</strong> todo território nacional; buscar a<br />

consolidação do espaço político-institucional das FAPs como agentes operacionais que<br />

apóiam, formulam, impl<strong>em</strong>entam e <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> regionalmente C,T&I; apoiar, com base<br />

na integração entre os Sist<strong>em</strong>as Estaduais <strong>de</strong> C,T&I, a consolidação da articulação técnica-<br />

política, as diretrizes governamentais e interesses da comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> e tecnológica,<br />

fortalecendo e aperfeiçoando o Sist<strong>em</strong>a Nacional <strong>de</strong> C,T&I; funcionar como instância <strong>de</strong><br />

intercâmbio <strong>de</strong> experiências, informações, cooperação técnica e capacitação entre os seus<br />

m<strong>em</strong>bros; promover a articulação entre os organismos fe<strong>de</strong>rais e as FAPs; ampliar o<br />

espaço político-institucional das Fundações na formulação e impl<strong>em</strong>entação da Política<br />

Nacional <strong>de</strong> C,T&I e estimular os programas regionais. (Estatuto do CONFAP). 7<br />

Anteriormente à criação do CONFAP, as Fundações se reuniam no Fórum Nacional<br />

da FAPs, que foi criado <strong>em</strong> 1998, quando por solicitação da SBPC, a Fapesp apoiou a<br />

7 Disponível <strong>em</strong>: Acesso <strong>em</strong> 14.mar.2010<br />

38


organização <strong>de</strong> um fórum que reunisse as FAPs. A primeira reunião aconteceu ainda <strong>em</strong><br />

1998, na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Natal (Rio Gran<strong>de</strong> do Norte), durante a 50ª Reunião Anual da SBPC.<br />

Esse encontro foi organizado pela Fapesp, fundamentalmente pelo professor<br />

Francisco Romeu Landi, então diretor-presi<strong>de</strong>nte do Conselho Técnico-Administrativo da<br />

Fundação paulista e contou com a presença <strong>de</strong> 14 FAPs. A partir <strong>de</strong>ssa reunião foi<br />

elaborada a Carta <strong>de</strong> Natal, primeiro documento do Fórum Nacional das FAPs, que <strong>em</strong><br />

2006 se torna o CONFAP.<br />

Após o primeiro encontro das Fundações <strong>em</strong> 1998, Francisco Landi foi nomeado<br />

coor<strong>de</strong>nador e presi<strong>de</strong>nte do Fórum, com o objetivo <strong>de</strong> fortalecer as FAPs já existentes e<br />

promover a criação <strong>de</strong> outras. Landi faleceu <strong>em</strong> 2004 ainda como presi<strong>de</strong>nte do Fórum; na<br />

ocasião <strong>de</strong> sua morte, o Fórum Nacional das FAPs incorporou o seu nome <strong>em</strong><br />

reconhecimento ao seu trabalho <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> várias Fundações. De acordo com Maria da<br />

Graça Soares Mascarenhas, Gerente <strong>de</strong> Comunicação da Fapesp, o professor Francisco<br />

Landi comparecia às ass<strong>em</strong>bléias legislativas estaduais para esclarecimento sobre a Fapesp<br />

e a importância do financiamento estadual <strong>em</strong> C&T, como aconteceu, por ex<strong>em</strong>plo, durante<br />

a criação da FAP da Bahia e <strong>de</strong> Sergipe.<br />

O presi<strong>de</strong>nte do CONFAP na gestão 2009-2014 e então Diretor Científico da<br />

Fap<strong>em</strong>ig, Mário Neto Borges, <strong>em</strong> entrevista concedida à Associação Nacional dos<br />

Dirigentes das Instituições Fe<strong>de</strong>rais <strong>de</strong> Ensino Superior (Andifes) <strong>em</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2010 8 ,<br />

afirmou que <strong>em</strong> 2008 a soma dos orçamentos das FAPs apresentou um valor maior que o<br />

orçamento do CNPq no mesmo período, fato que mostra a importância das Fundações para<br />

o financiamento do setor científico brasileiro. De acordo com dados levantados pelo<br />

CONFAP, a soma dos orçamentos das FAPs no ano <strong>de</strong> 2008 correspon<strong>de</strong>u a mais <strong>de</strong><br />

R$1,13 bilhão; numero que superou o orçamento do CNPq para o mesmo período, com<br />

R$794,9 milhões, conforme dados fornecidos pela assessoria <strong>de</strong> imprensa da instituição<br />

para o CONFAP. Por outro lado vale ressaltar aqui que o Governo Fe<strong>de</strong>ral possui outras<br />

fontes <strong>de</strong> fomento, como, por ex<strong>em</strong>plo, a FINEP, como foi mencionado anteriormente.<br />

Para Borges, a atuação das FAPs contribui para a diminuição da <strong>de</strong>pendência<br />

tecnológica, para o fortalecimento da economia e, conseqüent<strong>em</strong>ente, para a melhoria da<br />

qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da população e para o <strong>de</strong>senvolvimento dos estados e do país.<br />

8 Disponível <strong>em</strong>: Acesso <strong>em</strong> 14.mar.2010<br />

39


Apesar <strong>de</strong> o Conselho ter apenas quatro anos <strong>de</strong> existência, alguns avanços já foram<br />

registrados, como a forte relação com o MCT, já que o CONFAP t<strong>em</strong> lugar nas instâncias<br />

<strong>de</strong>cisórias do Ministério e também a formação <strong>de</strong> parcerias como o lançamento <strong>de</strong> um<br />

edital <strong>em</strong> conjunto <strong>de</strong> todas as FAPs com o MCT para o apoio a museus <strong>de</strong> ciência no país.<br />

Em 2009 foram lançados também editais <strong>em</strong> parceria com o CNPq e o Ministério da Saú<strong>de</strong><br />

para a formação <strong>de</strong> duas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa, uma sobre malária com a a<strong>de</strong>são <strong>de</strong> sete<br />

Fundações e a outra sobre <strong>de</strong>ngue com a a<strong>de</strong>são <strong>de</strong> quinze. O CONFAP também fez uma<br />

recente aliança com a Capes para apoio às ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pós-graduação no país.<br />

Em 2010 o Conselho preten<strong>de</strong> se <strong>em</strong>penhar <strong>em</strong> três pontos importantes. O primeiro<br />

é na consolidação do Sist<strong>em</strong>a Nacional <strong>de</strong> C,T&I, ou seja, no fortalecimento das relações<br />

entre as FAPs e as agências fe<strong>de</strong>rais <strong>de</strong> C,T&I. O segundo aspecto é aproveitar o ano da 4ª<br />

Conferência Nacional <strong>de</strong> C,T&I e ano eleitoral para estabelecer uma proposta <strong>de</strong> política<br />

que a ciência, a tecnologia e a inovação como uma política <strong>de</strong> estado. O terceiro ponto é<br />

assegurar mais recursos e um arcabouço legal a essas ativida<strong>de</strong>s para garantir o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento e a competitivida<strong>de</strong> do país no cenário mundial. A tabela a seguir<br />

apresenta os anos <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> cada FAP e seus respectivos logotipos.<br />

Tabela 4: Fundações Estaduais <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa e seus anos <strong>de</strong> criação<br />

Década Ano Estado Sigla/nome Logo<br />

1960<br />

1962 São Paulo<br />

1964<br />

1980 1980<br />

Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Sul<br />

Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro<br />

Fapesp: Fundação<br />

<strong>de</strong> Amparo à<br />

Pesquisa do Estado<br />

<strong>de</strong> São Paulo<br />

Fapergs: Fundação<br />

<strong>de</strong> Amparo à<br />

Pesquisa do Estado<br />

do Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Sul<br />

Faperj: Fundação<br />

Carlos Chagas Filho<br />

<strong>de</strong> Amparo à<br />

Pesquisa do Estado<br />

do Rio <strong>de</strong> Janeiro<br />

40


1990<br />

1985 Minas Gerais<br />

1987 Acre<br />

1989 Pernambuco<br />

1989<br />

Santa<br />

Catarina<br />

1990 Alagoas<br />

1990 Ceará<br />

1992 Paraíba<br />

Fap<strong>em</strong>ig: Fundação <strong>de</strong><br />

Amparo à<br />

Pesquisa do Estado<br />

<strong>de</strong> Minas Gerais<br />

Funtac: Fundação <strong>de</strong><br />

Tecnologia do<br />

Estado do Acre<br />

Facepe: Fundação<br />

<strong>de</strong> Amparo à Ciência<br />

e Tecnologia do<br />

Estado <strong>de</strong><br />

Pernambuco<br />

Fapesc: Fundação<br />

<strong>de</strong> Apoio à Pesquisa<br />

Científica e<br />

Tecnológica do<br />

Estado <strong>de</strong> Santa<br />

Catarina<br />

Fapeal: Fundação<br />

<strong>de</strong> Amparo à<br />

Pesquisa do Estado<br />

<strong>de</strong> Alagoas<br />

Funcap: Fundação<br />

Cearense <strong>de</strong> Apoio ao<br />

Desenvolvimento<br />

Científico e<br />

Tecnológico<br />

FapesqPB:<br />

Fundação <strong>de</strong> Apoio à<br />

Pesquisa do Estado<br />

da Paraíba<br />

41


2000<br />

1993<br />

Distrito<br />

Fe<strong>de</strong>ral<br />

1993 Piauí<br />

1994 Mato Grosso<br />

1998<br />

Mato Grosso<br />

do Sul<br />

1999 Paraná<br />

2001 Bahia<br />

2002 Amazonas<br />

Fapdf: Fundação <strong>de</strong><br />

Amparo à Pesquisa<br />

do Distrito Fe<strong>de</strong>ral<br />

Fapepi: Fundação<br />

<strong>de</strong> Amparo à<br />

Pesquisa do Piauí<br />

Fap<strong>em</strong>at: Fundação<br />

<strong>de</strong> Amparo à Pesquisa<br />

do Estado <strong>de</strong> Mato<br />

Grosso<br />

Fun<strong>de</strong>ct: Fundação <strong>de</strong><br />

Apoio ao<br />

Desenvolvimento do<br />

Ensino, Ciência e<br />

Tecnologia do Estado <strong>de</strong><br />

Mato Grosso do Sul<br />

Fundação Araucária<br />

<strong>de</strong> Apoio ao<br />

Desenvolvimento<br />

Científico e<br />

Tecnológico do<br />

Paraná<br />

Fapesb: Fundação<br />

<strong>de</strong> Amparo à<br />

Pesquisa do Estado<br />

da Bahia<br />

Fapeam: Fundação<br />

<strong>de</strong> Amparo à<br />

Pesquisa do Estado<br />

do Amazonas<br />

42


2003 Maranhão<br />

2003<br />

2004<br />

Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Norte<br />

Espírito<br />

Santo<br />

2005 Goiás<br />

2005 Sergipe<br />

2007 Pará<br />

2010 Amapá<br />

Fap<strong>em</strong>a: Fundação<br />

<strong>de</strong> Amparo à<br />

Pesquisa e ao<br />

Desenvolvimento<br />

Científico e<br />

Tecnológico do<br />

Estado do Maranhão<br />

Fapern: Fundação<br />

<strong>de</strong> Apoio à Pesquisa<br />

do Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Norte<br />

Fapes: Fundação <strong>de</strong><br />

Apoio à Ciência e<br />

Tecnologia do<br />

Espírito Santo<br />

Fapeg: Fundação <strong>de</strong><br />

Amparo à Pesquisa do<br />

Estado <strong>de</strong> Goiás<br />

Fapitec/SE: Fundação<br />

<strong>de</strong> Apoio à Pesquisa e à<br />

Inovação Tecnológica<br />

no Estado <strong>de</strong> Sergipe<br />

Fapespa: Fundação<br />

<strong>de</strong> Amparo à<br />

Pesquisa do Estado<br />

do Pará<br />

Fundação<br />

Tumucumaque:<br />

Fundação <strong>de</strong> Amparo à<br />

Pesquisa do Estado do<br />

Amapá<br />

43


2011 Tocantins<br />

Fapt: Fundação <strong>de</strong><br />

Amparo à Pesquisa do<br />

Estado do Tocantins<br />

Fonte: LIMA, 2011. Elaboração a partir <strong>de</strong> informações do site do CONFAP.<br />

Informação não disponível<br />

A partir do que foi discutido até aqui, percebe-se a importância <strong>de</strong> instituições como<br />

as FAPs para o financiamento e <strong>de</strong>senvolvimento do binômio C&T <strong>em</strong> um país <strong>de</strong><br />

dimensões continentais como o Brasil e, conseqüent<strong>em</strong>ente, para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

econômico e social do país. Sendo o financiamento um ponto fundamental para as<br />

ativida<strong>de</strong>s relacionadas à C&T, tais instituições mostram-se ainda mais importantes <strong>em</strong><br />

seus respectivos estados.<br />

1.3 Cultura Científica e Percepção Pública da Ciência<br />

O ambiente científico possui características culturais próprias que o diferencia <strong>de</strong><br />

outros, como o das <strong>em</strong>presas, o comunitário ou o governamental, por ex<strong>em</strong>plo. Essas<br />

características culturais estão ligadas a valores e crenças das pessoas que viv<strong>em</strong> nesses<br />

ambientes e são reafirmadas <strong>em</strong> suas ativida<strong>de</strong>s e relações sociais.<br />

Especificamente, a cultura e o contexto da ciência e do conhecimento<br />

científico moldam as dinâmicas das interações <strong>de</strong>ntro das comunida<strong>de</strong>s,<br />

sejam elas <strong>científica</strong>s ou acadêmicas, e legitimam comportamentos, práticas<br />

e processos. Assim, tanto os processos relacionados à criação do<br />

conhecimento científico, quanto os processos voltados para a sua<br />

comunicação, por ex<strong>em</strong>plo, são moldados e a<strong>de</strong>quados à cultura<br />

proveniente do ambiente científico. (LEITE & COSTA, 2007:95).<br />

Nesse sentido, após a análise <strong>de</strong> importantes t<strong>em</strong>as relacionados à política <strong>de</strong> C&T,<br />

cabe, neste tópico, discorrer sobre a maneira como o conhecimento científico chega à<br />

socieda<strong>de</strong>. Para tanto, serão abordados o conceito <strong>de</strong> cultura <strong>científica</strong> e t<strong>em</strong>as relacionados<br />

à percepção pública da ciência.<br />

1.3.1 Cultura Científica<br />

Antigamente os cientistas acreditavam que <strong>de</strong>ixar o laboratório e os congressos<br />

científicos para dirigir-se aos leigos era equivalente a abandonar o seu <strong>de</strong>ver como<br />

44


pesquisador. Jean-Marc Lévy-Leblond (2006) critica essa pr<strong>em</strong>issa, justificando que uma<br />

das principais características da atualida<strong>de</strong> é que essa dicotomia entre cientistas e público<br />

leigo <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> existir.<br />

Dev<strong>em</strong>os abandonar essa representação equívoca da realida<strong>de</strong>, legado da<br />

divisão que se fazia, no século XIX entre os cientistas, <strong>de</strong>tentores <strong>de</strong> um<br />

conhecimento geral e universal, e o público ignorante e indiferenciado ao<br />

qual era preciso transmitir o conhecimento. [...] Atualmente, os cientistas –<br />

os atores da pesquisa – têm uma compreensão muito limitada não apenas do<br />

conhecimento que produz<strong>em</strong> mas, também, <strong>de</strong> seu contexto social. (LEVY-<br />

LEBLOND, 2006: 32 e 33).<br />

Ainda <strong>de</strong> acordo com Lévy-Leblond (2006), o termo “pesquisador” é relativamente<br />

novo, já que no passado só existiam “acadêmicos”, que além <strong>de</strong> se <strong>de</strong>dicar<strong>em</strong> a pesquisa,<br />

suas ativida<strong>de</strong>s também consistiam <strong>em</strong> ensinar, difundir e aplicar a ciência. Foi durante o<br />

século XX que os pesquisadores começaram a se <strong>de</strong>dicar mais à produção do<br />

conhecimento.<br />

Nesse sentido, existe uma necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reconciliar as tarefas que constitu<strong>em</strong> o<br />

trabalho do cientista, para que além <strong>de</strong> produzir<strong>em</strong> o conhecimento possam também<br />

compartilhá-lo com o público leigo, tomando cuidado para não confundir o ato <strong>de</strong><br />

compartilhar o conhecimento com fazer propaganda da imag<strong>em</strong> da ciência. Uma das<br />

formas <strong>de</strong> se alcançar esse patamar é a preparação dos cientistas com uma compreensão<br />

sobre história, filosofia, sociologia e economia da ciência para que tenham uma concepção<br />

mais ampla do campo. “Não pod<strong>em</strong>os continuar nos comportando como se a ciência fosse<br />

diferente da arte, da filosofia ou da literatura, ou seja, como se pu<strong>de</strong>sse ser ensinada<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente <strong>de</strong> sua história.” (LEVY-LEBLOD, 2006: 42).<br />

Bourdieu (2004) aponta que para compreen<strong>de</strong>r uma produção cultural (literatura,<br />

ciência etc.) não basta apenas se referir ao conteúdo textual <strong>de</strong>ssa obra e n<strong>em</strong> apenas ao<br />

contexto social, no sentido <strong>de</strong> manter uma relação entre o texto e o contexto. Para o autor,<br />

entre texto e contexto existe um campo social intermediário no qual estão inseridos todos os<br />

agentes e instituições que produz<strong>em</strong>, reproduz<strong>em</strong> ou difund<strong>em</strong> a ciência. Nas palavras do<br />

autor:<br />

45


Digo que para compreen<strong>de</strong>r uma produção cultural (literatura, ciência etc)<br />

não basta referir-se ao contexto textual <strong>de</strong>ssa produção, tampouco referir-se<br />

ao contexto social contentando-se <strong>em</strong> estabelecer uma relação direta entre o<br />

texto e o contexto. O que chamo <strong>de</strong> “erro <strong>de</strong> curto-circuito”, erro que<br />

consiste <strong>em</strong> relacionar uma obra musical ou um po<strong>em</strong>a simbolista com as<br />

greves <strong>de</strong> Fourmies ou as manifestações <strong>de</strong> Anzin, como faz<strong>em</strong> certos<br />

historiadores da arte ou da literatura. Minha hipótese consiste <strong>em</strong> supor que,<br />

entre esses dois pólos, muito distanciados, entre os quais se supõe, um<br />

pouco impru<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente, que a ligação possa se fazer, existe um universo<br />

intermediário que chamo <strong>de</strong> campo literário, artístico, jurídico ou científico,<br />

isto é, o universo no qual estão inseridos os agentes e as instituições que<br />

produz<strong>em</strong>, reproduz<strong>em</strong> ou difund<strong>em</strong> a arte, a literatura ou a ciência. Esse<br />

universo é um mundo social como os outros, mas que obe<strong>de</strong>ce a leis sociais<br />

mais ou menos específicas. (BOURDIEU, 2004: 20).<br />

Para Bourdieu (2004) é necessário escapar da “ciência pura”, ou seja, aquela<br />

totalmente livre <strong>de</strong> qualquer necessida<strong>de</strong> social, mas também da “ciência escrava”, aquela<br />

sujeita a todas as d<strong>em</strong>andas político-econômicas. Nesse sentido, o autor aponta a ciência<br />

mergulhada <strong>em</strong> um campo social e cultural, on<strong>de</strong> os agentes e instituições que a produz<strong>em</strong>,<br />

reproduz<strong>em</strong> e difund<strong>em</strong> se relacionam a todo momento. Nesse contexto, a expressão cultura<br />

<strong>científica</strong> é <strong>de</strong>finida por Carlos Vogt (2006):<br />

Melhor do que alfabetização <strong>científica</strong> (tradução para scientific literacy),<br />

popularização/vulgarização da ciência (tradução para<br />

popularization/vulgarization <strong>de</strong> la science), percepção/compreensão<br />

pública da ciência (tradução para public un<strong>de</strong>rstanding/awarness of<br />

science), a expressão cultura <strong>científica</strong> t<strong>em</strong> a vantag<strong>em</strong> <strong>de</strong> englobar tudo<br />

isso e conter ainda, <strong>em</strong> seu campo <strong>de</strong> significações, a idéia <strong>de</strong> que o<br />

processo que envolve o <strong>de</strong>senvolvimento científico é um processo cultural,<br />

quer seja ele consi<strong>de</strong>rado do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> sua produção, <strong>de</strong> sua difusão<br />

entre pares ou na dinâmica social do ensino e da educação, ou ainda do<br />

ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> sua divulgação na socieda<strong>de</strong>, como um todo, para o<br />

estabelecimento das relações críticas necessárias entre o cidadão e os<br />

valores culturais <strong>de</strong> seu t<strong>em</strong>po e <strong>de</strong> sua história. (VOGT, 2006: 24 e 25).<br />

Nesse sentido, por meio da divulgação <strong>científica</strong> é possível uma participação ativa<br />

do cidadão nesse amplo e dinâmico processo cultural <strong>em</strong> que C,T&I estão cada vez mais<br />

presentes. (VOGT, 2006). Para Oliveira (2001), “a cultura <strong>científica</strong> também é necessária<br />

para o envolvimento do público informado na vida política e pública <strong>de</strong> uma nação.”<br />

(OLIVEIRA, 2001: 203).<br />

46


Entend<strong>em</strong>os que a formação <strong>de</strong> uma cultura <strong>científica</strong>, principalmente <strong>em</strong><br />

socieda<strong>de</strong>s <strong>em</strong>ergentes como é o caso do Brasil, não é um processo simples<br />

ou que possa ser <strong>em</strong>preendido <strong>em</strong> pouco t<strong>em</strong>po. No entanto, po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve<br />

começar <strong>de</strong> alguma forma. O acesso às informações sobre C&T, como um<br />

dos mecanismos que po<strong>de</strong> contribuir <strong>de</strong> maneira efetiva com a formação <strong>de</strong><br />

uma cultura <strong>científica</strong>, <strong>de</strong>ve ser facilitado ao gran<strong>de</strong> público carente <strong>de</strong>stas<br />

informações. (OLIVEIRA, 2001: 204).<br />

Para a melhor compreensão da cultura <strong>científica</strong>, Vogt (2003) propôs um esqu<strong>em</strong>a<br />

que a representasse <strong>em</strong> todas as dimensões: a espiral da cultura <strong>científica</strong>, representada na<br />

figura a seguir:<br />

Figura 1: Espiral da Cultura Científica<br />

Fonte: VOGT, 2003. A espiral da Cultura Científica. Revista ComCiência. Acesso <strong>em</strong> 23.mar.2010.<br />

O quadrante inferior direito, chamado pelo autor <strong>de</strong> “primeiro quadrante” dá inicio a<br />

estrutura da espiral da cultura <strong>científica</strong> e se r<strong>em</strong>ete à fase da produção e circulação do<br />

conhecimento entre pares da comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>, ou seja, essa etapa diz respeito à<br />

difusão <strong>científica</strong>, que por <strong>de</strong>finição se refere a todo processo utilizado para a comunicação<br />

da informação <strong>científica</strong> e tecnológica. (BUENO, 1984). “Ou seja, a difusão <strong>científica</strong> po<strong>de</strong><br />

ser orientada tanto para especialistas (neste caso, é sinônimo <strong>de</strong> diss<strong>em</strong>inação <strong>científica</strong>),<br />

47


quanto para o público leigo <strong>em</strong> geral (aqui t<strong>em</strong> o mesmo significado <strong>de</strong> divulgação).”<br />

(ALBAGLI, 1996: 397). Nesse sentido, os <strong>de</strong>stinadores e <strong>de</strong>stinatários do primeiro<br />

quadrante da espiral são os cientistas. Nesse ponto também estão presentes as<br />

universida<strong>de</strong>s, os centros <strong>de</strong> pesquisa, os órgãos governamentais, as agências <strong>de</strong> fomento,<br />

os congressos, as revistas <strong>científica</strong>s etc.<br />

O “segundo quadrante” (inferior esquerdo) se r<strong>em</strong>ete ao ensino da ciência e da<br />

formação <strong>de</strong> cientistas, e t<strong>em</strong> como <strong>de</strong>stinadores os cientistas e os professores e como<br />

<strong>de</strong>stinatários os estudantes e a presença das universida<strong>de</strong>s, do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> ensino<br />

fundamental e médio e do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> pós-graduação. O “terceiro quadrante” (superior<br />

esquerdo) se r<strong>em</strong>ete ao conjunto <strong>de</strong> ações e predicados do ensino para a ciência e t<strong>em</strong> como<br />

<strong>de</strong>stinadores cientistas, professores, diretores <strong>de</strong> museus e animadores culturais da ciência,<br />

e como <strong>de</strong>stinatários os estudantes, além da presença <strong>de</strong> museus e feiras <strong>de</strong> ciência.<br />

Finalmente, o “quarto quadrante” (superior direito) se r<strong>em</strong>ete à divulgação <strong>científica</strong> e t<strong>em</strong><br />

como <strong>de</strong>stinadores jornalistas e cientistas e como <strong>de</strong>stinatários a socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> geral e <strong>de</strong><br />

maneira mais específica, a socieda<strong>de</strong> organizada <strong>em</strong> suas diferentes instituições, inclusive e<br />

principalmente a socieda<strong>de</strong> civil, que torna o cidadão o <strong>de</strong>stinatário principal <strong>de</strong>ssa<br />

interlocução da cultura <strong>científica</strong>. Nesse quadrante se encontram as revistas <strong>de</strong> divulgação<br />

<strong>científica</strong>, as páginas e editoriais dos jornais voltados para o t<strong>em</strong>a, os programas <strong>de</strong><br />

televisão, etc. (VOGT, 2003).<br />

1.3.2 Percepção Pública da Ciência<br />

Importa observar que nessa forma <strong>de</strong> representação, a espiral da cultura<br />

<strong>científica</strong>, ao cumprir o ciclo <strong>de</strong> sua evolução, retornando ao eixo <strong>de</strong><br />

partida, não regressa, contudo, ao mesmo ponto <strong>de</strong> início, mas a um ponto<br />

alargado <strong>de</strong> conhecimento e <strong>de</strong> participação da cidadania no processo<br />

dinâmico da ciência e <strong>de</strong> suas relações com a socieda<strong>de</strong>, abrindo-se com a<br />

sua chegada ao ponto <strong>de</strong> partida, <strong>em</strong> não havendo <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> no<br />

processo, um novo ciclo <strong>de</strong> enriquecimento e <strong>de</strong> participação ativa dos<br />

atores <strong>em</strong> cada um dos momentos <strong>de</strong> sua evolução. (VOGT, 2003). 9<br />

Como apresentado nos tópicos anteriores <strong>de</strong>sse capítulo, cada vez mais os estudos<br />

<strong>em</strong> C,T&I influenciam a socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> suas diferentes dimensões: economia, política,<br />

9 Disponível <strong>em</strong> Acesso <strong>em</strong> 23.mar.2010.<br />

48


cultura etc. Nesse sentido, a compreensão da maneira como a socieda<strong>de</strong> recebe esses<br />

impactos e o que pensa sobre a aplicação <strong>de</strong>sse conhecimento é cada vez mais necessária.<br />

Para se ter noção <strong>de</strong>ssa relação entre C,T&S vários indicadores foram estabelecidos<br />

por meio <strong>de</strong> pesquisas para avaliar a percepção pública da ciência, a cultura <strong>científica</strong> e a<br />

participação dos cidadãos e da imprensa <strong>em</strong> assuntos relacionados com a ciência. Esses<br />

indicadores se apresentam tão importantes quanto os já existentes, como os <strong>de</strong> produção<br />

<strong>científica</strong>, <strong>de</strong> inovação, <strong>de</strong> dispêndios com C&T e <strong>de</strong> recursos humanos para P&D.<br />

Assim, como pressupõe a cultura <strong>científica</strong>, os estudos sobre percepção pública da<br />

ciência estão envolvidos <strong>em</strong> processos sociais e culturais específicos <strong>de</strong> cada região on<strong>de</strong> a<br />

pesquisa é aplicada. Para Vogt (2008), enten<strong>de</strong>r a opinião dos cidadãos sobre assuntos <strong>de</strong><br />

C&T é <strong>de</strong> extr<strong>em</strong>a importância para uma socieda<strong>de</strong> que se pretenda d<strong>em</strong>ocrática.<br />

Por opinião pública enten<strong>de</strong>-se “a expressão <strong>de</strong> modos <strong>de</strong> pensar <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados<br />

grupos sociais ou da socieda<strong>de</strong> como um todo (que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>limitada <strong>em</strong> municípios,<br />

estados, regiões ou países) a respeito <strong>de</strong> assuntos <strong>de</strong> interesse comum <strong>em</strong> um dado<br />

momento. Ela t<strong>em</strong> múltiplas formas <strong>de</strong> expressão e seus objetivos são os mais variados.”<br />

(FIGUEIREDO & CERVELLINI, 1996: 23 e 24). Nesse sentido, é possível perceber que a<br />

opinião pública é momentânea e guiada por assuntos que estão <strong>em</strong> voga na mídia <strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>terminada época; já a percepção pública é mais duradoura e correspon<strong>de</strong> à percepção e à<br />

imag<strong>em</strong> que os indivíduos possu<strong>em</strong> sobre <strong>de</strong>terminado t<strong>em</strong>a.<br />

Os estudos sobre percepção pública, comunicação social, difusão da cultura<br />

<strong>científica</strong> na vida cotidiana e nas organizações da socieda<strong>de</strong>, assim como<br />

aqueles sobre a participação dos cidadãos na avaliação da tecnologia e da<br />

inovação tecnológica, vêm tendo maior presença, ao longo das últimas<br />

décadas, nos países industrializados. Todavia, ainda que se possa postular a<br />

universalização do conhecimento científico e tecnológico, é indubitável que<br />

sua recepção, apropriação e <strong>em</strong>prego são processos localizados socialmente<br />

e sujeitos tanto às especificida<strong>de</strong>s culturais <strong>de</strong> cada socieda<strong>de</strong> quanto à<br />

situação social histórica e concreta <strong>de</strong>stas. Essas especificida<strong>de</strong>s se<br />

observam nas diferentes or<strong>de</strong>ns institucionais da socieda<strong>de</strong>, tendo <strong>em</strong> cada<br />

uma <strong>de</strong>las suas singularida<strong>de</strong>s: vida cotidiana, instituições educacionais,<br />

meios <strong>de</strong> comunicação social da ciência e tecnologia, organizações<br />

econômico-produtivas, padrões <strong>de</strong> consumo, instituições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> etc.<br />

(VOGT & POLINO, 2003: 31 e 33).<br />

Impulsionado pelos movimentos sociais críticos iniciados logo após a Segunda<br />

Guerra Mundial e fortalecidos na década <strong>de</strong> 60, o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver indicadores para a<br />

49


avaliação da percepção pública da ciência e o interesse e a participação dos cidadãos <strong>em</strong><br />

assuntos correlatos ao t<strong>em</strong>a foi assumido aos poucos por governos e pesquisadores. Nesse<br />

sentindo, o governo britânico se <strong>de</strong>stacou ao coor<strong>de</strong>nar <strong>em</strong> 1985 o estudo Bodmer Report,<br />

que estabeleceu o início <strong>de</strong> uma área acadêmica interdisciplinar chamada Public<br />

Un<strong>de</strong>rstanding of Science (PUS), que po<strong>de</strong> ser traduzida como Compreensão ou Percepção<br />

Pública da Ciência. (VOGT, 2008).<br />

Já os países ibero-americanos iniciaram suas pesquisas na disciplina na década <strong>de</strong><br />

1990 e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então vêm se amadurecendo teórica e metodologicamente. No Brasil, o<br />

primeiro indicador <strong>de</strong> percepção pública da C&T se refere ao relatório <strong>de</strong> pesquisa “O que<br />

o brasileiro pensa da ciência e da tecnologia? A imag<strong>em</strong> da C&T junto à população urbana<br />

brasileira”, elaborado <strong>em</strong> 1987 pelo Instituto Gallup <strong>de</strong> Opinião Pública por solicitação do<br />

CNPq e do MCT, por meio do Museu <strong>de</strong> Astronomia e Ciências Afins (MAST). Essa<br />

iniciativa, consi<strong>de</strong>rada pioneira na área, teve a missão <strong>de</strong> analisar a imag<strong>em</strong> da C&T junto à<br />

população brasileira. “O objetivo foi provocar a reflexão sobre o papel social da C&T no<br />

país e subsidiar o direcionamento das ações do MCT e do CNPq na área da divulgação<br />

<strong>científica</strong>” (FUJIYOSHI & COSTA, 2005:02).<br />

A pesquisa do Instituto Gallup foi realizada entre os dias 23 <strong>de</strong> janeiro a 10 <strong>de</strong><br />

fevereiro <strong>de</strong> 1987. O relatório foi estruturado <strong>em</strong> quatro etapas: 1) níveis <strong>de</strong> interesse pela<br />

ciência; 2) imag<strong>em</strong> do cientista e da ciência; 3) o papel da ciência na vida nacional e 4)<br />

expectativas com relação ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma política <strong>científica</strong> e tecnológica.<br />

(FUJIYOSHI & COSTA, 2005).<br />

Já no final da década <strong>de</strong> 80 o interesse da população brasileira <strong>em</strong> assuntos<br />

científicos era alto. De acordo com o relatório Gallup, 71% dos brasileiros tinha algum ou<br />

muito interesse na área. A expectativa <strong>em</strong> obter mais notícias e informações sobre<br />

<strong>de</strong>scobertas <strong>científica</strong>s e tecnológicas também era gran<strong>de</strong>. “Os que mais consi<strong>de</strong>ram<br />

insatisfatórios estes noticiários são as pessoas <strong>de</strong> instrução superior (71%) e as que têm<br />

interesse pela ciência (76%). Mesmo entre os brasileiros <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> primária, a<br />

maioria gostaria que os órgãos <strong>de</strong> comunicação divulgass<strong>em</strong> mais as notícias sobre C&T<br />

(59%).” (GALLUP, 1987:08).<br />

Para Fujiyoshi e Costa (2005), os meios <strong>de</strong> comunicação contribu<strong>em</strong> para a<br />

construção do imaginário social sobre C&T, já que os indicadores <strong>de</strong> percepção pública da<br />

50


ciência se mostram cada vez mais fundamentais não só para subsidiar a elaboração e a<br />

impl<strong>em</strong>entação <strong>de</strong> políticas públicas relacionadas à área, mas também para se ter<br />

conhecimento <strong>de</strong> como a imprensa v<strong>em</strong> influenciando a opinião pública.<br />

No ano <strong>de</strong> 2006, quase vinte anos após a primeira pesquisa nacional <strong>de</strong> percepção<br />

pública da ciência e o país já com um Departamento <strong>de</strong> Popularização e Difusão da C&T,<br />

vinculado à Secretaria <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia para Inclusão Social, do MCT, foi realizada<br />

uma nova pesquisa nacional sobre a compreensão do brasileiro quanto à C&T. (VOGT,<br />

2008).<br />

A “Pesquisa Nacional sobre Percepção Pública <strong>em</strong> C&T” foi promovida pelo MCT<br />

com parceria da Acad<strong>em</strong>ia Brasileira <strong>de</strong> Ciências e participação do Laboratório <strong>de</strong> Estudos<br />

Avançados <strong>em</strong> Jornalismo (<strong>Labjor</strong>) da Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Campinas (<strong>Unicamp</strong>), e<br />

coor<strong>de</strong>nada por Il<strong>de</strong>u <strong>de</strong> Castro Moreira do MCT e Luiza Massarani do Museu da Vida e da<br />

Fiocruz. O estudo quantitativo foi realizado a partir <strong>de</strong> entrevistas realizadas entre os dias<br />

25 <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro e 9 <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2006, com o objetivo principal <strong>de</strong> levantar o interesse,<br />

grau <strong>de</strong> informação, atitu<strong>de</strong>s, visões e conhecimento dos brasileiros a respeito <strong>de</strong> C&T. A<br />

amostra total foi composta <strong>de</strong> 2.004 entrevistas com homens e mulheres com ida<strong>de</strong> superior<br />

a 16 anos <strong>em</strong> todas as regiões do país.<br />

A pesquisa foi dividida nas seguintes seções: Seção 1 – Avaliação do interesse e<br />

informação <strong>em</strong> Ciência e Tecnologia; Seção 2 – Atitu<strong>de</strong>s e visões sobre Ciência e<br />

Tecnologia e Seção 3 – Avaliação e conhecimento sobre Ciência e Tecnologia no Brasil. A<br />

seguir são apresentados alguns gráficos como resultados <strong>de</strong>sse estudo nacional realizado<br />

<strong>em</strong> 2006 pelo MCT.<br />

51


Gráfico 2: Relação <strong>de</strong> t<strong>em</strong>as e interesse da socieda<strong>de</strong> (Pesquisa MCT 2006)<br />

Fonte: BRASIL; MCT, 2006. Pesquisa Nacional sobre Percepção Pública <strong>em</strong> C&T.<br />

O Gráfico 2, acima, pertence à primeira seção da pesquisa, ou seja, Avaliação do<br />

interesse e informação <strong>em</strong> Ciência e Tecnologia, e se r<strong>em</strong>ete a t<strong>em</strong>as que <strong>de</strong>spertam<br />

interesse na população. Uma lista com os t<strong>em</strong>as: Política, Medicina e Saú<strong>de</strong>, Arte e Cultura,<br />

Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia, Esportes, Moda, Economia e Religião foi<br />

apresentada aos entrevistados, que <strong>de</strong>veriam expressar se tinham muito interesse, pouco<br />

interesse ou nenhum interesse no assunto proposto.<br />

Nesse sentido, <strong>de</strong> acordo com a análise do gráfico acima, é possível perceber que o<br />

t<strong>em</strong>a que mais <strong>de</strong>sperta interesse na população brasileira é “Medicina e Saú<strong>de</strong>”, já que 60%<br />

das pessoas respon<strong>de</strong>ram ter muito interesse nessa área. Assuntos relacionados à saú<strong>de</strong><br />

afetam diretamente a vida das pessoas, por isso esse t<strong>em</strong>a <strong>de</strong>sperta cada vez mais a<br />

curiosida<strong>de</strong> da população.<br />

52


O segundo t<strong>em</strong>a que <strong>de</strong>sperta muito interesse é “Meio Ambiente” (58%), seguido <strong>de</strong><br />

“Religião” (57%) e “Economia” (51%). “Ciência e Tecnologia” é o 6º t<strong>em</strong>a, dos nove<br />

propostos, que <strong>de</strong>sperta muito interesse na população, com 41%, atrás <strong>de</strong> “Esportes”, com<br />

47%.<br />

A elaboração <strong>de</strong>ssa lista <strong>de</strong> t<strong>em</strong>as exposto para a população nessa pesquisa po<strong>de</strong> ser<br />

consi<strong>de</strong>rada falha, já que t<strong>em</strong>as como “Saú<strong>de</strong>” e “Meio Ambiente” também pod<strong>em</strong> ser<br />

caracterizados como “Ciência e Tecnologia”. Separados esses t<strong>em</strong>as da área <strong>científica</strong> é<br />

natural que os cidadãos relat<strong>em</strong> que possu<strong>em</strong> mais interesse <strong>em</strong> “Saú<strong>de</strong>” e “Meio<br />

Ambiente”, pois consi<strong>de</strong>ram que esses assuntos faz<strong>em</strong> parte <strong>de</strong> seu cotidiano e<br />

compreend<strong>em</strong> “Ciência e Tecnologia” como uma área distante.<br />

Quanto a Ciência e Tecnologia, 35% dos entrevistados possu<strong>em</strong> pouco interesse na<br />

área e 23% não possu<strong>em</strong> nenhum interesse, totalizando 58%. Nesse sentido, o gráfico a<br />

seguir mostra os motivos <strong>de</strong>ssa falta <strong>de</strong> interesse.<br />

Gráfico 3: Razão pela falta <strong>de</strong> interesse <strong>em</strong> C&T (Pesquisa MCT 2006)<br />

Fonte: BRASIL; MCT, 2006. Pesquisa Nacional sobre Percepção Pública <strong>em</strong> C&T.<br />

53


O Gráfico 3, acima, é referente à amostra <strong>de</strong> 1.161 entrevistas, ou seja, àqueles que<br />

respon<strong>de</strong>ram que possu<strong>em</strong> pouco ou nenhum interesse <strong>em</strong> C&T (Gráfico 2). Nesse sentido,<br />

37% <strong>de</strong>ssa amostrag<strong>em</strong> não se interessa pelo t<strong>em</strong>a, pois não o compreen<strong>de</strong>.<br />

Esse dado mostra a importância da comunicação pública da ciência e da divulgação<br />

<strong>científica</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> voltada para o público leigo, já que a não compreensão do t<strong>em</strong>a<br />

C&T pela população muitas vezes se dá <strong>de</strong>vido à difícil linguag<strong>em</strong> dos cientistas <strong>em</strong> artigos<br />

acadêmicos ou <strong>em</strong> reportagens veiculadas pela mídia com linguag<strong>em</strong> <strong>de</strong> difícil<br />

entendimento. Nesse sentido é <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> do jornalista especializado <strong>em</strong> ciência<br />

ou do divulgador científico a aproximação do t<strong>em</strong>a com a socieda<strong>de</strong>. A comunicação<br />

pública da ciência e a divulgação <strong>científica</strong> serão melhor discutidas no segundo capítulo<br />

<strong>de</strong>ste trabalho.<br />

O gráfico a seguir pertence à segunda seção da pesquisa – Atitu<strong>de</strong>s e visões sobre<br />

Ciência e Tecnologia, e mostra a credibilida<strong>de</strong> das fontes <strong>de</strong> informação <strong>em</strong> assuntos<br />

relevantes para a socieda<strong>de</strong>.<br />

54


Gráfico 4: Credibilida<strong>de</strong> das fontes <strong>de</strong> informação (Pesquisa MCT 2006)<br />

Fonte: BRASIL; MCT, 2006. Pesquisa Nacional sobre Percepção Pública <strong>em</strong> C&T.<br />

O Gráfico 4, acima, mostra que os profissionais que mais <strong>de</strong>spertam confiança na<br />

população para assuntos importantes são os médicos (43%) e os jornalistas (42%). Nesse<br />

sentido, mais uma vez a responsabilida<strong>de</strong> social do jornalista foi <strong>de</strong>stacada na pesquisa<br />

nacional <strong>de</strong> percepção pública da C&T realizada pelo MCT <strong>em</strong> 2006. O jornalista<br />

especializado <strong>em</strong> assuntos científicos, especificamente, assim como os d<strong>em</strong>ais profissionais<br />

<strong>de</strong> comunicação, <strong>de</strong>v<strong>em</strong> aproveitar essa credibilida<strong>de</strong> para assumir o seu papel perante a<br />

socieda<strong>de</strong>, contribuindo para a d<strong>em</strong>ocratização do conhecimento científico para a opinião<br />

pública <strong>em</strong> geral.<br />

No período entre as duas pesquisas nacionais sobre percepção pública da ciência, o<br />

Estado <strong>de</strong> São Paulo realizou outras captações <strong>em</strong> nível estadual. A primeira, “Percepção<br />

pública, cultura <strong>científica</strong> e participação dos cidadãos” foi realizada por meio <strong>de</strong> uma<br />

parceria entre a Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) e a Re<strong>de</strong> Ibero-<br />

55


Americana <strong>de</strong> Indicadores <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia (RICYT) e o Laboratório <strong>de</strong> Estudos<br />

Avançados <strong>em</strong> Jornalismo (<strong>Labjor</strong>) da Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Campinas (<strong>Unicamp</strong>). Os<br />

levantamentos foram realizados <strong>em</strong> Buenos Aires (Argentina) <strong>em</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2002 e entre<br />

fevereiro e março <strong>de</strong> 2003 <strong>em</strong> Campinas (Brasil), Salamanca e Vallodolid (Espanha) e<br />

Montevidéu (Uruguai).<br />

Essa pesquisa englobou os campos t<strong>em</strong>áticos do imaginário social sobre C&T,<br />

processos <strong>de</strong> comunicação social da ciência e participação dos cidadãos <strong>em</strong> questões <strong>de</strong><br />

C&T. A partir da análise <strong>de</strong>ssa pesquisa po<strong>de</strong>-se perceber que apesar da tendência da<br />

imag<strong>em</strong> favorável da ciência, a percepção é <strong>de</strong> que ela não esta livre <strong>de</strong> conseqüências<br />

negativas. Os principais probl<strong>em</strong>as apontados foram os perigos na aplicação <strong>de</strong> alguns<br />

conhecimentos, como a utilização <strong>de</strong>sse para a guerra. “De uma forma geral, no Brasil, o<br />

imaginário social sobre C&T é <strong>de</strong> avanço tecnológico e nos quatro países a C&T é vista<br />

como algo útil para a melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da socieda<strong>de</strong>. No entanto, a gran<strong>de</strong><br />

maioria também nega que a C&T possa solucionar todos os probl<strong>em</strong>as.” (FUJIYOSHI &<br />

COSTA, 2005: 04).<br />

Com o apoio da Fapesp, uma segunda pesquisa <strong>em</strong> âmbito estadual foi realizada nas<br />

cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Campinas, Ribeirão Preto e São Paulo (capital) <strong>em</strong> 2004. Os dados coletados<br />

para essa pesquisa <strong>de</strong>ram base para um trabalho sobre percepção pública da ciência no<br />

Estado <strong>de</strong> São Paulo, publicado na edição da Fapesp dos “Indicadores <strong>de</strong> Ciência,<br />

Tecnologia e Inovação <strong>em</strong> São Paulo 2004”. A partir <strong>de</strong>ssa edição a publicação trienal da<br />

Fundação passou a apresentar um capítulo fixo sobre os indicadores <strong>de</strong> percepção pública<br />

da ciência. (VOGT, 2008).<br />

Essa pesquisa contou com 1.063 entrevistados das três cida<strong>de</strong>s paulistas, que<br />

respon<strong>de</strong>ram um questionário com perguntas referentes às atitu<strong>de</strong>s relacionadas ao t<strong>em</strong>a e<br />

ao imaginário social da C&T. “Por imaginário social enten<strong>de</strong>-se o conjunto <strong>de</strong> imagens,<br />

expectativas e valorações sobre a ciência e a tecnologia como instituição, como instrumento<br />

<strong>de</strong> ação, como fonte do saber e da verda<strong>de</strong>, e como grupo humano ou social com uma<br />

função específica.” (FAPESP, 2005: 12 e 13).<br />

A partir <strong>de</strong> um dos pontos do questionário efetuado pela pesquisa é possível<br />

perceber que a maioria da população t<strong>em</strong> uma visão positiva da ciência. Esse<br />

questionamento foi feito através da apresentação <strong>de</strong> frases com a pergunta: Quais das<br />

56


seguintes frases consi<strong>de</strong>ra que expressam melhor a idéia <strong>de</strong> ciência? As orações<br />

apresentadas retratavam a ciência <strong>de</strong> maneira positiva, negativa ou neutra. Nesse contexto,<br />

74% dos entrevistados escolheram expressões positivas como “gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>scobertas”,<br />

“avanço técnico”, “melhora da vida humana” e “compreensão do mundo natural” para<br />

expressar a concepção <strong>de</strong> ciência. As frases negativas como “perigo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontrole”,<br />

“concentração <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r” e “idéias que poucos entend<strong>em</strong>” representam 13% do total <strong>de</strong><br />

respostas obtidas e 10% dos entrevistados preferiram frases que pod<strong>em</strong> significar conceitos<br />

positivos ou negativos e <strong>de</strong>pend<strong>em</strong> <strong>de</strong> outras informações compl<strong>em</strong>entares como “domínio<br />

da natureza” e “transformação acelerada”. (FAPESP, 2005).<br />

Mais recent<strong>em</strong>ente, o Estado <strong>de</strong> São Paulo se inseriu <strong>em</strong> mais pesquisas <strong>de</strong><br />

percepção pública da ciência com apoio da Fapesp. Novamente <strong>em</strong> parceria com a RICYT,<br />

OEI e a Fundação Espanhola <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia (FECYT), foi realizada <strong>em</strong> 2007 nas<br />

cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> São Paulo (Brasil), Bogotá (Colombia), Buenos Aires (Argentina), Caracas<br />

(Venezuela), Madrid (Espanha), Panamá (Panamá) e Santiago (Chile), com o objetivo <strong>de</strong><br />

analisar o consumo e o interesse por informação <strong>científica</strong>, atitu<strong>de</strong>s gerais frente à C&T e a<br />

visão sobre o t<strong>em</strong>a no país. (VOGT, 2008).<br />

Ainda <strong>em</strong> 2007, a pesquisa do Estado <strong>de</strong> São Paulo, apoiada pela Fapesp, foi<br />

ampliada e consultou a população <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 32 municípios, que não apresentam<br />

necessariamente uma tradição <strong>científica</strong> e tecnológica, ou seja, algumas das cida<strong>de</strong>s<br />

envolvidas não possu<strong>em</strong> universida<strong>de</strong>s, institutos <strong>de</strong> pesquisa e museus <strong>de</strong> ciência, por<br />

ex<strong>em</strong>plo. Esses dados darão base para mais um capítulo da edição da Fapesp dos<br />

“Indicadores <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia e Inovação <strong>em</strong> São Paulo”. (VOGT, 2008).<br />

Em 2010, quatro anos após a divulgação da pesquisa realizada pelo MCT <strong>em</strong> 2006,<br />

novamente o Ministério da Ciência e Tecnologia, com a colaboração da UNESCO<br />

apresenta a pesquisa nacional: “Percepção Pública da Ciência e Tecnologia no Brasil –<br />

2010”, comparando os novos dados com os que foram d<strong>em</strong>onstrados <strong>em</strong> 2006.<br />

A pesquisa foi novamente coor<strong>de</strong>nada por Il<strong>de</strong>u <strong>de</strong> Castro Moreira do MCT e Luiza<br />

Massarani do Museu da Vida e da Fiocruz. O estudo quantitativo foi realizado a partir <strong>de</strong><br />

entrevistas realizadas entre os dias 23 <strong>de</strong> junho e seis <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2010, com o mesmo<br />

questionário utilizado <strong>em</strong> 2006, com pequenos ajustes. A amostra total foi composta <strong>de</strong><br />

57


2.016 entrevistas com homens e mulheres com ida<strong>de</strong> superior a 16 anos <strong>em</strong> todas as regiões<br />

do país. A seguir são apresentados alguns resultados:<br />

Gráfico 5: Relação <strong>de</strong> t<strong>em</strong>as e interesse da socieda<strong>de</strong> (Pesquisa MCT 2010)<br />

Fonte: BRASIL; MCT, 2010. Pesquisa Nacional Percepção Pública da Ciência e Tecnologia no Brasil.<br />

De acordo com o Gráfico 5, acima, o t<strong>em</strong>a que mais aguça a população brasileira é<br />

“Meio Ambiente”, já que 46% das pessoas respon<strong>de</strong>ram ter muito interesse nessa área. Na<br />

pesquisa realizada <strong>em</strong> 2006 (Gráfico 2, pág. 50) o t<strong>em</strong>a “Medicina e Saú<strong>de</strong>” ocupava a<br />

primeira posição na preferência da população com 60%, no entanto, na nova edição ficou<br />

<strong>em</strong> segundo lugar com 42% na categoria “muito interessado”, <strong>em</strong>patado com “Religião”<br />

também com 42%. O t<strong>em</strong>a “Ciência e Tecnologia” aparece na quinta posição da categoria<br />

“muito interessado” com 30%. Em 2006 o t<strong>em</strong>a apresentou a marca <strong>de</strong> 41%.<br />

Essa queda na categoria “muito interessado” se justifica pelo fato <strong>de</strong> que a pesquisa<br />

realizada <strong>em</strong> 2010 apresenta uma classificação <strong>de</strong> resposta a mais. Ou seja, <strong>em</strong> 2006 as<br />

58


espostas foram apresentadas nas categorias: “muito interesse”, “pouco interesse”, “nenhum<br />

interesse” e “não sabe/não respon<strong>de</strong>u”. Em 2010, a categoria “interessado” foi<br />

acrescentada, o que diluiu as respostas.<br />

Nesse sentido, se somadas as porcentagens das categorias “muito interessado”<br />

(30%) e “interessado” (35%) do t<strong>em</strong>a “Ciência e Tecnologia” é possível perceber que 65%<br />

dos entrevistados se interessam <strong>de</strong> alguma maneira por C&T, contra os 41% divulgados na<br />

pesquisa realizada <strong>em</strong> 2006. Ou seja, crescimento <strong>de</strong> 24% nos quatro anos.<br />

Ainda com relação ao t<strong>em</strong>a “Ciência e Tecnologia”, na pesquisa <strong>de</strong> 2010, 20% dos<br />

entrevistados apresentaram pouco interesse no assunto, contra 35% <strong>em</strong> 2006; e 15%<br />

apresentaram não possuir nenhum interesse, contra 23% <strong>em</strong> 2006. Nesse sentido, a falta <strong>de</strong><br />

interesse por C&T totalizou 58% <strong>em</strong> 2006 e 35% <strong>em</strong> 2010. Ou seja, queda <strong>de</strong> 23% nos<br />

quatro anos.<br />

Quanto às razões pela falta <strong>de</strong> interesse <strong>em</strong> C&T, <strong>em</strong> 2006, 37% dos entrevistados<br />

argumentaram falta <strong>de</strong> entendimento no assunto (Gráfico 3, pág. 51). Em 2010, 36,7%<br />

apresentaram a mesma justificativa.<br />

Nesse sentido, a partir das pesquisas <strong>de</strong> percepção pública da ciência realizadas pelo<br />

MCT <strong>em</strong> 2006 e 2010 é possível perceber que <strong>em</strong> quatro anos o interesse dos brasileiros<br />

por assuntos relacionados à C&T aumentou 24% e a falta <strong>de</strong> interesse sofreu queda <strong>de</strong> 23%,<br />

representando pontos positivos para a cultura <strong>científica</strong>. Por outro lado, a justificativa pela<br />

falta <strong>de</strong> interesse ser o pouco entendimento no assunto, representada nas duas pesquisas por<br />

porcentagens praticamente iguais, aponta a importância do ensino <strong>de</strong> ciências nas escolas.<br />

1.3.3 Ciência e Mídia<br />

A pesquisa “C&T na mídia impressa brasileira: tendências evi<strong>de</strong>nciadas na<br />

cobertura nacional dos jornais diários sobre ciência e tecnologia (Biênio 2000-2001)”,<br />

diferent<strong>em</strong>ente das pesquisas apontadas anteriormente, que estavam focadas na perspectiva<br />

da população sobre assuntos relacionados à C&T, está voltada para a cobertura da mídia <strong>em</strong><br />

t<strong>em</strong>as científicos. Esse projeto teve o objetivo <strong>de</strong> analisar a presença <strong>de</strong> C&T <strong>em</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

jornais nacionais e regionais, tomando como base o estudo “Quando a Ciência é Notícia”,<br />

realizado pelo jornalista Marques <strong>de</strong> Melo e equipe na década <strong>de</strong> 80.<br />

59


Nesse sentido, a pesquisa foi realizada <strong>em</strong> três etapas. “Pré teste”, <strong>em</strong> 1999, com<br />

i<strong>de</strong>ntificação das matérias com conteúdo <strong>de</strong> C&T nos jornais: Folha <strong>de</strong> S. Paulo e O Estado<br />

<strong>de</strong> S. Paulo (São Paulo); O Globo e Jornal do Brasil (Rio <strong>de</strong> Janeiro); O Liberal (Belém);<br />

Jornal do Commercio (Recife); Correio Brasiliense (Brasília); O Estado <strong>de</strong> Minas (Belo<br />

Horizonte) e Zero Hora (Porto Alegre). “Análise Conjuntural”, <strong>em</strong> 2000, com análise<br />

comparativa do comportamento editorial da imprensa <strong>em</strong> relação à C&T <strong>em</strong> s<strong>em</strong>anas <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong>s eventos como os Jogos Olímpicos e as Eleições Municipais; e a “Análise<br />

Convencional”, <strong>em</strong> 2001, com o exame comparativo <strong>em</strong> s<strong>em</strong>anas s<strong>em</strong> a presença <strong>de</strong><br />

eventos que alteram a agenda midiática. (VOGT; MELO; CAMARGO; BARBIERI;<br />

MACHADO; SOUZA, 2003).<br />

Esse trabalho apontou que a maior cobertura <strong>de</strong> C&T foi feita pela Folha <strong>de</strong> S.<br />

Paulo, com média <strong>de</strong> 11,28% da superfície impressa no biênio. Por outro lado, O Globo,<br />

que <strong>de</strong>dicava na década <strong>de</strong> 80, <strong>de</strong> acordo com o estudo <strong>de</strong> Marques <strong>de</strong> Melo, 8,8% do<br />

espaço para assuntos <strong>de</strong> cunho científico, caiu pela meta<strong>de</strong> no biênio 2000/2001, com<br />

4,13%. Já os jornais regionais, apontaram um panorama mais homogêneo, com cobertura<br />

média <strong>de</strong> 5,4%. (VOGT; MELO; CAMARGO; BARBIERI; MACHADO; SOUZA, 2003).<br />

A pesquisa “Ciência, Tecnologia & Inovação na Mídia brasileira” (2009) foi<br />

realizada pela Agência <strong>de</strong> Notícias dos Direitos da Infância (ANDI) e pela Fundação <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento da Pesquisa (FUNDEP) entre os anos <strong>de</strong> 2007 e 2008 com o objetivo <strong>de</strong><br />

apresentar um panorama recente da cobertura sobre C,T&I no Brasil, mirando futuras<br />

oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> qualificação da mesma.<br />

Foram analisados 2.599 textos <strong>de</strong> 62 jornais brasileiros, sendo 1.394 publicados <strong>em</strong><br />

2007 e 1.205 <strong>em</strong> 2008. O material selecionado compreen<strong>de</strong> reportagens, colunas, artigos,<br />

editoriais e entrevistas. Ao todo, foram quatro veículos <strong>de</strong> abrangência nacional, 44<br />

veículos <strong>de</strong> abrangência regional, 12 veículos <strong>de</strong> abrangência local do estado <strong>de</strong> Minas<br />

Gerais e dois veículos especializados <strong>em</strong> t<strong>em</strong>as econômicos. (ANDI & FUNDEP, 2009).<br />

A pesquisa verificou, entre outros pontos, t<strong>em</strong>as <strong>de</strong>ntro do campo da C,T&I mais<br />

abordados nos jornais, analisando também abrangência e nível <strong>de</strong> abordag<strong>em</strong> do assunto,<br />

ou seja, verificando o texto se factual, contextual simples, contextual explicativo, avaliativo<br />

ou propositivo.<br />

60


De acordo com a Tabela 5, abaixo, a maioria dos textos analisados tanto <strong>em</strong> 2007<br />

quanto <strong>em</strong> 2008 abordou t<strong>em</strong>as relacionados à área da Saú<strong>de</strong>; com 29,7% e 27,2%<br />

respectivamente. A Pesquisa aponta ainda que a maior parte dos textos estava relacionada à<br />

medicina tradicional, ficando apenas 1,7% do conteúdo analisado <strong>em</strong> ambos os anos para<br />

pesquisas sobre saú<strong>de</strong> pública.<br />

Tabela 5: Principais gran<strong>de</strong>s áreas do conhecimento mencionadas (Pesquisa<br />

ANDI & FUNDEP)<br />

2008 2007<br />

Ciências da Saú<strong>de</strong> 27, 2% 29,70%<br />

Ciências<br />

Biológicas<br />

Ciências Exatas e<br />

da Terra<br />

Ciências<br />

Humanas<br />

Ciências Sociais<br />

Aplicadas<br />

24,20% 17,20%<br />

18,40% 17,30%<br />

11,40% 12,50%<br />

6,90% 4,30%<br />

Ciências Agrárias 5,80% 6,80%<br />

Engenharias 2,90% 4,00%<br />

Lingüística,<br />

Letras e Artes<br />

1,30% 0,90%<br />

Interdisciplinar 2,00% 7,40%<br />

Total 100% 100%<br />

Fonte: ANDI & FUNDEP, 2009. Ciência, Tecnologia<br />

& Inovação na Mídia Brasileira.<br />

Para Bueno 10 , o jornalismo científico <strong>de</strong>dicado a área da Saú<strong>de</strong> muitas vezes é<br />

marcado por profusões <strong>de</strong> expressões carregadas <strong>de</strong> sentido que incorporam visões críticas<br />

e preconceitos. Para o autor, a divulgação da saú<strong>de</strong> exige uma comunicação capaz <strong>de</strong><br />

integrar olhares múltipos e plurais que envolva tanto os representantes da área médica<br />

quanto sociólogos, antropólogos, psicólogos, especialistas <strong>em</strong> meio ambiente,<br />

administradores e comunicadores.<br />

10 Disponível <strong>em</strong> < http:// www.metodista.br/poscom/cientifico/publicacoes/docentes/artigos/artigo-0051/>.<br />

Acesso <strong>em</strong> 28.mai.2010.<br />

61


A comunicação que se afina com a promoção da saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve incluir,<br />

obrigatoriamente, a cultura como pano <strong>de</strong> fundo ou <strong>de</strong>terminante <strong>de</strong> ações<br />

promotoras da saú<strong>de</strong>, <strong>em</strong>penhando-se para perceber as pessoas <strong>em</strong> seu<br />

entorno sócio-cultural, portanto umbilicalmente vinculadas à sua realida<strong>de</strong><br />

concreta. Neste sentido, <strong>de</strong>ve olhar com suspeita para soluções universais,<br />

geralmente proclamadas por laboratórios farmacêuticos e fabricantes da<br />

tecnologia médica, que insist<strong>em</strong> <strong>em</strong> colocar seus lucros e os <strong>de</strong> seus<br />

acionistas acima do interesse público. (BUENO). 11 .<br />

Essa pesquisa realizada pela ANDI e pela FUNDEP <strong>em</strong> 2009 inovou no sentido <strong>em</strong><br />

que abordou a contextualização dos textos analisados, já que faz parte da função do<br />

divulgador traçar um perfil que auxilie o leitor a conhecer o estado atual, o histórico e os<br />

encaminhamentos futuros das pesquisas que apresenta.<br />

13,2% dos textos analisados (<strong>em</strong> média entre 2007 e 2008) apontaram<br />

explicitamente a existência <strong>de</strong> algum grau <strong>de</strong> incerteza quanto às<br />

conclusões apresentadas pelas pesquisas;<br />

15,7% dos textos faz<strong>em</strong> alguma contextualização histórica da pesquisa, ou<br />

uma apresentação dos avanços anteriores que permitiram sua realização;<br />

16,7% das notícias indicam explicitamente os próximos passos a ser<strong>em</strong><br />

dados pelo pesquisador. (ANDI & FUNDEP, 2009).<br />

A partir <strong>de</strong>sses dados é possível perceber que as notícias ainda carec<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

contextualização, já que apenas 15,7% do material analisado <strong>em</strong> 2007 e 2008 situou o leitor<br />

no contexto da notícia apresentada. Nesse sentido, um bom trabalho <strong>de</strong> jornalismo<br />

científico (que será discutido melhor no segundo capítulo) é fundamental para a questão da<br />

contextualização do público, já que não basta apenas informar, o divulgador e o jornalista<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong> auxiliar o leitor a manter um visão crítica perante a C&T.<br />

A Pesquisa abordou também questões referentes ao público ao qual as matérias se<br />

<strong>de</strong>stinam, verificação <strong>de</strong> abordag<strong>em</strong> sobre políticas públicas, financiamento das pesquisas e<br />

fontes <strong>de</strong> informação.<br />

De acordo com análise, as t<strong>em</strong>áticas abordadas pela imprensa no âmbito da C,T&I<br />

concentram-se na divulgação <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobertas <strong>científica</strong>s, reservando cerca <strong>de</strong> 15,8% dos<br />

textos para a discussão mais geral sobre a ciência, como a repercussão <strong>de</strong> eventos e<br />

discussões sobre políticas públicas específicas. No entanto, <strong>de</strong>ste material, quase um terço<br />

11 Disponível <strong>em</strong> < http:// www.metodista.br/poscom/cientifico/publicacoes/docentes/artigos/artigo-0051/>.<br />

Acesso <strong>em</strong> 28.mai.2010.<br />

62


está voltado para divulgação <strong>de</strong> eventos, já que a pesquisa aponta maior incidência <strong>de</strong><br />

matérias sobre o t<strong>em</strong>a para datas próximas a encontros científicos.<br />

O período que contou com a maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> matérias foi o quarto<br />

trimestre <strong>de</strong> 2007. O crescimento, todavia, não esteve vinculado a uma<br />

t<strong>em</strong>ática particular, sendo pautado principalmente pela repercussão <strong>de</strong><br />

eventos. A maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> notícias foi veiculada no mês <strong>de</strong> outubro,<br />

quando ocorre a S<strong>em</strong>ana Nacional <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia – o que explica,<br />

<strong>em</strong> parte, essa tendência. (ANDI & FUNDEP, 2009: 14).<br />

Nesse sentido, é possível perceber que o espaço <strong>de</strong>stinado para a discussão <strong>de</strong><br />

políticas públicas no âmbito da C,T&I na mídia ainda é pequeno, já que a imprensa<br />

brasileira ainda se vê envolvida <strong>em</strong> uma tendência <strong>de</strong> agendamento dos t<strong>em</strong>as relativos à<br />

ciência com base no estímulo <strong>de</strong> congressos, s<strong>em</strong>inários e prêmios. De acordo com a<br />

pesquisa “as referências as políticas <strong>de</strong> educação <strong>científica</strong> voltadas para o ensino básico e<br />

as políticas <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> recursos humanos no ensino superior estiveram quase<br />

ausentes.” (ANDI & FUNDEP, 2009).<br />

Para a abordag<strong>em</strong> voltada para a cobertura local a pesquisa avaliou 12 jornais <strong>de</strong><br />

Minas Gerais. A escolha do estado foi interessante <strong>de</strong>vido à gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> regional<br />

<strong>de</strong>vido sua extensão geográfica. Foram selecionadas, ao todo, 221 notícias para a fase local<br />

da pesquisa, 88 <strong>de</strong>las <strong>em</strong> 2007 e 133 <strong>em</strong> 2008. (ANDI & FUNDEP, 2009).<br />

Nesse contexto, é importante ressaltar também que antes da pesquisa estadual <strong>de</strong><br />

percepção pública da ciência realizada pela Fapesp <strong>em</strong> 2004, a edição dos Indicadores <strong>de</strong><br />

Ciência, Tecnologia e Inovação <strong>em</strong> São Paulo <strong>de</strong> 2002 apresentou <strong>em</strong> um <strong>de</strong> seus capítulos<br />

uma pesquisa sobre a presença da C&T na mídia impressa paulista, assim como o estudo<br />

<strong>de</strong>senvolvido pela ANDI e pela FUNDEP no Brasil e no Estado <strong>de</strong> Minas Gerais. Essa<br />

pesquisa é relevante, pois também está focada no tratamento da imprensa <strong>em</strong> assuntos<br />

científicos. Nesse trabalho foram analisados textos sobre C&T publicados nos jornais Folha<br />

<strong>de</strong> S. Paulo, O Estado <strong>de</strong> S. Paulo, Gazeta Mercantil, Correio Popular (Campinas) e<br />

ValeParaibano (Vale do Paraíba) <strong>de</strong> 1989, 1995, 1999 e 2000.<br />

De acordo com análise <strong>de</strong> Fujiyoshi & Costa (2005) essa pesquisa apresenta que os<br />

jornais analisados possu<strong>em</strong> interesse <strong>em</strong> assuntos <strong>de</strong> C&T, que a ciência nacional ocupa<br />

mais espaço se comparada com a internacional e que os t<strong>em</strong>as <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque são <strong>de</strong> natureza<br />

mais prática, como as engenharias, ciências agrárias, questões ambientais e saú<strong>de</strong>. O<br />

63


gráfico a seguir mostra que a tendência <strong>de</strong> 1989 até 1999 foi <strong>de</strong> queda na cobertura<br />

jornalística sobre C&T e, na última década houve uma recuperação.<br />

Gráfico 6: Percentual <strong>de</strong> área ocupada por matérias sobre C&T nos jornais<br />

selecionados (Indicadores <strong>de</strong> C,T&I. Fapesp, 2001).<br />

Fonte: FAPESP, 2002. Indicadores <strong>de</strong> Ciência, Tecnologia e Inovação <strong>em</strong> São Paulo 2001.<br />

Essa valorização dos veículos da gran<strong>de</strong> imprensa por assuntos sobre C&T <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

ano 2000 po<strong>de</strong> ser creditada <strong>de</strong>vido à especialização crescente dos jornalistas e<br />

profissionais da comunicação <strong>em</strong> cursos <strong>de</strong> jornalismo científico e a profissionalização das<br />

<strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação das instituições <strong>de</strong> pesquisa, além do reconhecimento do<br />

governo e das agências <strong>de</strong> fomento quanto ao papel da divulgação <strong>científica</strong>. A saber, o<br />

curso <strong>de</strong> pós-graduação lato sensu <strong>em</strong> jornalismo científico do Laboratório <strong>de</strong> Estudos<br />

Avançados <strong>em</strong> Jornalismo (<strong>Labjor</strong>) da Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Campinas (<strong>Unicamp</strong>) é<br />

oferecido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1999 e o projeto <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong> da Fapesp teve início <strong>em</strong> 1995. O<br />

trabalho das <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação, e especificamente das que atuam <strong>em</strong> instituição<br />

<strong>de</strong> pesquisa, possu<strong>em</strong> um importante papel, já que pautam e influenciam muitos veículos da<br />

gran<strong>de</strong> imprensa. No capítulo a seguir as <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação serão melhor<br />

discutidas.<br />

64


CAPÍTULO 2 – COMUNICAÇÃO E ASSESSORIAS DE COMUNICAÇÃO<br />

2.1 Socieda<strong>de</strong> da Informação e do Conhecimento<br />

A divulgação do conhecimento científico faz-se cada vez mais necessária <strong>de</strong>vido à<br />

importância das instituições relacionadas às ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa <strong>em</strong> C,T&I, e à crescente<br />

relevância da informação nas socieda<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas. Nesse capítulo será abordada a questão<br />

da informação e do conhecimento na socieda<strong>de</strong> atual, seguindo o <strong>de</strong>bate sobre a<br />

comunicação pública da ciência e a comunicação organizacional, até chegar à discussão da<br />

comunicação nas FAPs, que introduzirá o estudo <strong>de</strong> caso da divulgação <strong>científica</strong> na<br />

Fapesp.<br />

As transformações tecnológicas pelas quais a socieda<strong>de</strong> passou nos últimos anos<br />

geraram mudanças significativas para o âmbito social, econômico, político e cultural.<br />

Muitos teóricos apontam diversos nomes para essa nova fase, no entanto, não há um<br />

consenso sobre essa <strong>de</strong>nominação. “Al<strong>de</strong>ia global, era tecnotrônica, socieda<strong>de</strong> pós-<br />

industrial, era – ou socieda<strong>de</strong> – da informação e socieda<strong>de</strong> do conhecimento são alguns dos<br />

termos cunhados com a intenção <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar e enten<strong>de</strong>r o alcance <strong>de</strong>stas mudanças.”<br />

(BURCH, 2005). 12<br />

O termo socieda<strong>de</strong> da informação foi introduzido pelo sociólogo americano Daniel<br />

Bell no livro “O advento da socieda<strong>de</strong> pós-industrial” <strong>em</strong> 1977, no qual afirma que o eixo<br />

principal <strong>de</strong>ssa socieda<strong>de</strong> será o conhecimento teórico. Segundo Bell (1977), esse<br />

conhecimento teórico seria a fonte <strong>de</strong> valor e <strong>de</strong> crescimento da socieda<strong>de</strong> do futuro, on<strong>de</strong> a<br />

informação é um recurso estratégico e agente transformador da nova socieda<strong>de</strong>, da mesma<br />

forma que a combinação <strong>de</strong> energias, recursos e tecnologia mecânica foram os instrumentos<br />

transformadores da socieda<strong>de</strong> industrial.<br />

O termo socieda<strong>de</strong> do conhecimento surgiu no final da década <strong>de</strong> 90 como um<br />

compl<strong>em</strong>ento à noção <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> da informação. A UNESCO adotou a <strong>de</strong>nominação<br />

socieda<strong>de</strong> do conhecimento, pois acredita que esse termo seja mais amplo do que o<br />

apontado anteriormente, já que, nesse sentido, a socieda<strong>de</strong> do conhecimento englobaria<br />

mais a noção <strong>de</strong> transformação social, cultural, econômica, política e institucional, estando<br />

12 Disponível <strong>em</strong>: Acesso <strong>em</strong> 21.abr.2010.<br />

65


assim apontada para uma perspectiva mais pluralista sobre o <strong>de</strong>senvolvimento 13 . (BURCH,<br />

2005).<br />

Nesse sentido, alguns teóricos assum<strong>em</strong> a socieda<strong>de</strong> da informação e do<br />

conhecimento como uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inclusão social. Masuda (1982) consi<strong>de</strong>ra que<br />

essa socieda<strong>de</strong> se aproxima <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong> voluntária, voltada para o benefício social.<br />

No entanto, por outro lado, há também estudiosos que apontam os riscos que essa nova<br />

economia po<strong>de</strong> causar. Drahos (1995), acredita que a socieda<strong>de</strong> da informação possa se<br />

transformar <strong>em</strong> um lugar <strong>de</strong>sigual, com a prevalência dos interesses dos mais ricos (que o<br />

autor chama <strong>de</strong> “barões da mídia”) sobre os mais pobres (ATAÍDE, 1997).<br />

Nessa perspectiva, as noções <strong>de</strong> cidadania e educação são fundamentais para as<br />

discussões a respeito da socieda<strong>de</strong> da informação e do conhecimento. Isto porque no<br />

contexto da economia globalizada e da socieda<strong>de</strong> organizada a partir do conhecimento, o<br />

fator educação assume papel fundamental, pois viabiliza o projeto da socieda<strong>de</strong> do<br />

conhecimento e contribui para a formação e o exercício da cidadania. (ROCHA, 2000). As<br />

análises, nessa perspectiva, quanto a comunicação <strong>científica</strong> realizada pela Fapesp serão<br />

apresentadas no quarto capítulo <strong>de</strong>sse trabalho.<br />

Burch (2005) também aponta a importância da cidadania na socieda<strong>de</strong> da<br />

informação e do conhecimento.<br />

Apostamos <strong>em</strong> um projeto <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> on<strong>de</strong> a informação seja um b<strong>em</strong><br />

público, não uma mercadoria, a comunicação um processo participativo e<br />

interativo, o conhecimento uma construção social compartilhada, não<br />

proprieda<strong>de</strong> privada, e as tecnologias um suporte para tudo isso, s<strong>em</strong> que se<br />

convertam <strong>em</strong> um fim <strong>em</strong> si. (BURCH, 2005). 14<br />

No atual estágio da <strong>de</strong>nominada socieda<strong>de</strong> da informação e do conhecimento, a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> divulgação e tratamento da informação <strong>científica</strong> como instrumento<br />

fundamental ao <strong>de</strong>senvolvimento científico, tecnológico, social e cultural visando à<br />

cidadania cresce cada vez mais. Para Alvim (2003), a socieda<strong>de</strong> do conhecimento é a<br />

realida<strong>de</strong> que se vive hoje.<br />

13 Vale ressaltar que tal conceito se ass<strong>em</strong>elha às primeiras idéia <strong>de</strong> Daniel Bell.<br />

14 Disponível <strong>em</strong>: Acesso <strong>em</strong> 21.abr.2010.<br />

66


Com o impacto na vida cotidiana das pessoas, a Socieda<strong>de</strong> do<br />

Conhecimento é <strong>de</strong>corrência principalmente dos avanços ocorridos nas<br />

últimas décadas na ciência e nas tecnologias <strong>de</strong> informação e comunicação.<br />

Com maiores volumes e fluxos <strong>de</strong> comunicação <strong>científica</strong>, a socieda<strong>de</strong><br />

como um todo clama por acesso e uso <strong>de</strong>sse conhecimento científico.<br />

(ALVIM, 2003: 48).<br />

Nesse contexto, a divulgação e o jornalismo científico são fundamentais para que<br />

essa informação se transforme <strong>em</strong> conhecimento e para que os riscos <strong>de</strong>ssa nova socieda<strong>de</strong><br />

não se configur<strong>em</strong>. Para Caldas (2003), “a percepção do papel educativo da mídia na<br />

formação da opinião pública e geração <strong>de</strong> uma consciência crítica sobre a influência da<br />

ciência e da tecnologia no mundo mo<strong>de</strong>rno é fundamental para o exercício pleno <strong>de</strong> uma<br />

cidadania ativa.” (CALDAS, 2003:73). E continua:<br />

A construção da cidadania é fruto do exercício d<strong>em</strong>ocrático e participativo<br />

da informação como agente <strong>de</strong> transformação social. Para a geração do<br />

saber coletivo é papel do jornalista científico revelar o mundo fora das<br />

“telas”, o mundo real cotidiano para re<strong>de</strong>finir o papel do cidadão como<br />

participante ativo do processo social. É po<strong>de</strong>r contribuir para a formação <strong>de</strong><br />

uma nova ética <strong>em</strong> que as pessoas <strong>de</strong>ix<strong>em</strong> <strong>de</strong> ser meros consumidores,<br />

clientes e retom<strong>em</strong> o seu papel <strong>de</strong> cidadãos. (CALDAS, 2003: 75 e 76).<br />

Perante a essa nova socieda<strong>de</strong> o MCT lançou <strong>em</strong> 2000 o “Livro Ver<strong>de</strong> Socieda<strong>de</strong> da<br />

Informação” com o intuito <strong>de</strong> orientar, divulgar e <strong>de</strong>bater sobre questões da socieda<strong>de</strong> da<br />

informação no Brasil. A publicação aponta a <strong>de</strong>finição, as vantagens e os riscos <strong>de</strong>ssa nova<br />

era para o país, além <strong>de</strong> também assinalar a educação e a cidadania como <strong>de</strong>safios.<br />

A socieda<strong>de</strong> da informação não é um modismo. Representa uma profunda<br />

mudança na organização da socieda<strong>de</strong> e da economia, havendo qu<strong>em</strong> a<br />

consi<strong>de</strong>re um novo paradigma técnico-econômico. É um fenômeno<br />

global, com elevado potencial transformador das ativida<strong>de</strong>s sociais e<br />

econômicas, uma vez que a estrutura e a dinâmica <strong>de</strong>ssas ativida<strong>de</strong>s<br />

inevitavelmente serão, <strong>em</strong> alguma medida, afetadas pela infra-estrutura <strong>de</strong><br />

informações disponível. É também acentuada sua dimensão políticoeconômica,<br />

<strong>de</strong>corrente da contribuição da infra-estrutura <strong>de</strong> informações<br />

para que as regiões sejam mais ou menos atraentes <strong>em</strong> relação aos negócios<br />

e <strong>em</strong>preendimentos. Sua importância ass<strong>em</strong>elha-se à <strong>de</strong> uma boa estrada <strong>de</strong><br />

rodag<strong>em</strong> para o sucesso econômico das localida<strong>de</strong>s. T<strong>em</strong> ainda marcante<br />

dimensão social, <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> do seu elevado potencial <strong>de</strong> promover a<br />

integração, ao reduzir as distâncias entre pessoas e aumentar o seu nível <strong>de</strong><br />

informação. Não é livre <strong>de</strong> riscos, entretanto. Noventa por cento da<br />

população do planeta jamais teve acesso ao telefone. Como evitar, então,<br />

67


que as novas tecnologias aument<strong>em</strong> ainda mais a disparida<strong>de</strong> social entre as<br />

pessoas, as nações e os blocos <strong>de</strong> países? Os países e blocos políticos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

meados da década <strong>de</strong> 90, <strong>de</strong>frontam-se com as oportunida<strong>de</strong>s e os riscos<br />

que cercam o futuro e, reconhecendo a importância estratégica da socieda<strong>de</strong><br />

da informação, vêm tomando iniciativas para assegurar que essa nova era<br />

venha <strong>em</strong> seu benefício. (BRASIL, 2000: 05) [grifos no original].<br />

Nesse sentido, o “Livro Ver<strong>de</strong> Socieda<strong>de</strong> da Informação”, lançado <strong>em</strong> 2000 durante<br />

o governo Fernando Henrique Cardoso (FHC) e a partir <strong>de</strong> estudos do Grupo <strong>de</strong><br />

Implantação do chamado Programa Socieda<strong>de</strong> da Informação no Brasil, aponta tópicos que<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser trabalhados para que as transformações tecnológicas não acentu<strong>em</strong> mais ainda o<br />

gap entre aqueles que <strong>de</strong>têm mais acesso à informação e ao conhecimento e aqueles que<br />

não possu<strong>em</strong> essa oportunida<strong>de</strong>. Nessa perspectiva, <strong>de</strong>ntre outros pontos, a publicação<br />

aponta para a necessida<strong>de</strong> da universalização do acesso a informações com o intuito <strong>de</strong><br />

combater <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s e promover a cidadania, buscando meios e medidas <strong>de</strong> garantir a<br />

todos os cidadãos o acesso equitativo à informação.<br />

Outro ponto <strong>de</strong>stacado pelo mesmo livro é a questão da educação como<br />

aprendizado, já que não basta mais apenas dispor <strong>de</strong> uma infraestrutura mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong><br />

comunicação; é preciso competência para transformar informação <strong>em</strong> conhecimento. “É a<br />

educação o el<strong>em</strong>ento-chave para a construção <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> da informação e condição<br />

essencial para que pessoas e organizações estejam aptas a lidar com o novo, a criar e,<br />

assim, a garantir seu espaço <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> e autonomia.” (BRASIL, 2000: 07).<br />

Nesse sentido, percebe-se o papel da divulgação <strong>científica</strong> como ferramenta <strong>de</strong><br />

difusão do conhecimento no contexto da socieda<strong>de</strong> da informação. Embora exista um<br />

<strong>de</strong>bate acerca da dimensão real das mudanças ocorridas na socieda<strong>de</strong>, a importância da<br />

d<strong>em</strong>ocratização do conhecimento para a inclusão social é notória.<br />

2.2 Comunicação Pública e C,T&I<br />

Após apresentadas as características da Socieda<strong>de</strong> da Informação é possível<br />

perceber que a parceria entre jornalistas e pesquisadores é extr<strong>em</strong>amente importante para<br />

que o conhecimento científico se torne acessível para a socieda<strong>de</strong>. Para Bueno (2001) “a<br />

importância da ciência e da tecnologia para o cidadão do novo milênio, extr<strong>em</strong>ada pelo<br />

advento da Socieda<strong>de</strong> da Informação e da Nova Economia, requer <strong>de</strong> todos, e<br />

68


especialmente dos multiplicadores <strong>de</strong> opinião, uma tomada <strong>de</strong> posição.” (BUENO, 2001:<br />

169 e 170).<br />

Neste contexto, a divulgação do conhecimento científico para o público <strong>em</strong> geral e<br />

não apenas entre a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>, é vista cada vez mais como uma ferramenta <strong>de</strong><br />

inclusão na socieda<strong>de</strong> do conhecimento, na qual a comunicação é abordada como um<br />

instrumento não apenas <strong>de</strong> diss<strong>em</strong>inação da informação, mas, sobretudo para a formação <strong>de</strong><br />

uma cultura <strong>científica</strong>.<br />

Nessa perspectiva, o Governo Fe<strong>de</strong>ral, a partir <strong>de</strong> ações traçadas no “Livro Branco<br />

Ciência, Tecnologia e Inovação”, lançado <strong>em</strong> 2002, durante o governo FHC, como<br />

resultado da Conferência Nacional <strong>de</strong> Ciência, Tecnologia e Inovação, realizada <strong>em</strong><br />

set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2001, passou também a reconhecer a divulgação <strong>científica</strong> como parte<br />

importante para o <strong>de</strong>senvolvimento do país.<br />

Ao lado da mo<strong>de</strong>rnização e do aperfeiçoamento do ensino <strong>de</strong> ciências nas<br />

escolas, tornam-se prioritários a elevação da qualida<strong>de</strong> e do interesse da<br />

cobertura dos meios <strong>de</strong> comunicação aos assuntos <strong>de</strong> Ciência, Tecnologia e<br />

Inovação, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> educação a distância e a<br />

ampliação e o aperfeiçoamento <strong>de</strong> bibliotecas virtuais; treinamento <strong>de</strong><br />

professores e produção <strong>de</strong> conteúdos para Internet relacionados à<br />

divulgação <strong>científica</strong>; o fortalecimento e a ampliação <strong>de</strong> museus e<br />

exposições <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia. São el<strong>em</strong>entos eficazes para a<br />

divulgação <strong>científica</strong> e para <strong>de</strong>spertar o interesse da socieda<strong>de</strong>, a<br />

intensificação da promoção <strong>de</strong> feiras <strong>de</strong> ciência, fóruns, prêmios,<br />

olimpíadas <strong>de</strong> ciência <strong>de</strong> âmbito nacional e concursos abertos para a<br />

população. (BRASIL, 2002: 69).<br />

Nessa perspectiva, sendo a divulgação <strong>científica</strong> fundamental para o acesso da<br />

socieda<strong>de</strong> ao conhecimento científico, é importante verificar os diferentes tipos <strong>de</strong><br />

comunicação pública da ciência.<br />

2.2.1 Mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> Comunicação Pública da Ciência e da Tecnologia<br />

De uma maneira geral, os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> comunicação pública da ciência pod<strong>em</strong> ser<br />

classificados <strong>em</strong> duas categorias. De acordo com Fares, Navas e Marandino, (2007)<br />

exist<strong>em</strong> os mo<strong>de</strong>los que se encaixam <strong>em</strong> processos <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> uma única via, ou<br />

seja, aqueles que se <strong>de</strong>dicam apenas à diss<strong>em</strong>inação <strong>de</strong> informação dos cientistas para a<br />

socieda<strong>de</strong>, como o Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Déficit e o Mo<strong>de</strong>lo Contextual; e os mo<strong>de</strong>los que promov<strong>em</strong><br />

69


diálogos com o público, ou seja, aqueles <strong>em</strong> que a participação ativa da socieda<strong>de</strong> é o ponto<br />

central, como o Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Experiência Leiga, o Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Participação Pública e o<br />

Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Perspectiva Cívica.<br />

O Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Déficit, incluído no âmbito dos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> única via, é<br />

“caracterizado por consi<strong>de</strong>rar os cientistas como os especialistas que possu<strong>em</strong> o<br />

conhecimento, e o público (ou o resto da socieda<strong>de</strong>), carente (ou com um déficit) <strong>de</strong><br />

conhecimentos <strong>de</strong> fatos relevantes <strong>de</strong> ciência e tecnologia” (FARES; NAVAS &<br />

MARANDINO, 2007: 01).<br />

Em palestra proferida durante o I Foro Ibero-Americano <strong>de</strong> Comunicação e<br />

<strong>Divulgação</strong> Científica, realizado na Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Campinas (<strong>Unicamp</strong>) <strong>em</strong><br />

nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2009, o diretor do Instituto <strong>de</strong> Estudos da Ciência e da Tecnologia (Ecyt – <strong>em</strong><br />

espanhol) da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salamanca – Espanha, Miguel Ángel Quintanilla, teceu uma<br />

crítica a esse Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Déficit Cognitivo <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong>, que pressupõe uma<br />

socieda<strong>de</strong> dividida entre especialistas que <strong>de</strong>têm o conhecimento científico e os leigos que<br />

necessitam <strong>de</strong>ssa informação. Para Quintanilla (2009) a divulgação <strong>científica</strong> <strong>de</strong>ve levar <strong>em</strong><br />

conta não só o conteúdo científico, mas também a conjuntura social e cultural, na qual o<br />

público e a ciência estão inseridos.<br />

Nesse sentido, o Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Déficit verifica-se ultrapassado atualmente, já que a<br />

participação dos receptores é <strong>de</strong> suma importância para uma posição crítica da socieda<strong>de</strong><br />

perante assuntos científicos.<br />

O Mo<strong>de</strong>lo Contextual, apesar <strong>de</strong> apresentar uma visão mais diferenciada <strong>de</strong><br />

público, ainda está centrado na categoria da comunicação <strong>de</strong> uma única via. Lewenstein e<br />

Brossard afirmam nesse mo<strong>de</strong>lo que os indivíduos não receb<strong>em</strong> a informação<br />

aleatoriamente, mas sim processam os conhecimentos <strong>de</strong> acordo com o contexto <strong>em</strong> que<br />

estão inseridos (FARES; NAVAS & MARANDINO, 2007).<br />

Para Quintanilla (2009), o Mo<strong>de</strong>lo Contextual <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong>, o qual trata<br />

a ciência <strong>em</strong> seu contexto social, econômico e político e t<strong>em</strong> por objetivo fazer com que o<br />

público <strong>de</strong>scubra e compreenda os mecanismos e repercussões sociais das ativida<strong>de</strong>s<br />

<strong>científica</strong>s, também po<strong>de</strong> gerar alguns riscos, como a criação <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interesses por trás<br />

das pesquisas e visões conspiratórias da ciência <strong>em</strong> socieda<strong>de</strong>.<br />

70


Na categoria dos mo<strong>de</strong>los dialógicos, o Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Experiência Leiga valoriza os<br />

conhecimentos locais (como experiências <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong>, práticas utilizadas no dia-a-<br />

dia e conhecimentos herdados <strong>de</strong> geração para geração) que pod<strong>em</strong> ser tão relevantes para a<br />

resolução <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as científicos e tecnológicos como os conhecimentos científicos.<br />

(FARES; NAVAS & MARANDINO, 2007).<br />

Nessa mesma perspectiva, o Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Participação Pública se baseia no<br />

compromisso <strong>de</strong> d<strong>em</strong>ocratização da ciência. “No referido mo<strong>de</strong>lo a participação do público<br />

<strong>em</strong> assuntos <strong>de</strong> C&T e na formulação <strong>de</strong> políticas <strong>científica</strong>s e tecnológicas se da nas<br />

mesmas condições que para os cientistas e <strong>em</strong> espaços propícios para isso como foros,<br />

<strong>de</strong>bates e conferencias <strong>de</strong> consenso.” (FARES; NAVAS & MARANDINO, 2007: 02-03).<br />

A figura a seguir esqu<strong>em</strong>atiza esses mo<strong>de</strong>los:<br />

Figura 2: Mo<strong>de</strong>los conceituais <strong>de</strong> comunicação pública da ciência<br />

Fonte: FARES; NAVAS & MARANDINO, 2007: 03. Adaptado <strong>de</strong> Lewenstein e Brossard, 2006<br />

71


Nesse sentido, é possível perceber que as questões no campo da comunicação<br />

pública da ciência apontam para uma mudança <strong>de</strong> paradigma, já que, se antes eram<br />

utilizados mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>ficitários <strong>de</strong> comunicação, atualmente exist<strong>em</strong> um número crescente<br />

<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los que consi<strong>de</strong>ram o diálogo com a socieda<strong>de</strong> fundamental. (FARES; NAVAS &<br />

MARANDINO, 2007).<br />

Nessa mesma perspectiva, Quintanilla (2009), acredita que o Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

Perspectiva Cívica, que aponta para uma cultura <strong>científica</strong>, seja o mais a<strong>de</strong>quado para a<br />

comunicação pública da ciência. Esse mo<strong>de</strong>lo assinala a ciência como uma importante parte<br />

da cultura da socieda<strong>de</strong> atual, on<strong>de</strong> o objetivo da divulgação <strong>científica</strong> é contribuir, difundir<br />

e melhorar a cultura <strong>científica</strong>, além <strong>de</strong> fortalecer a prática da cidadania ao estimular nas<br />

pessoas a responsabilida<strong>de</strong> pela ciência que é produzida <strong>em</strong> seu país. Nesse sentido é<br />

necessário que se conheçam as características da ativida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> e se saiba como esse<br />

conhecimento é produzido. No quarto capítulo <strong>de</strong>sse trabalho também será analisado a<br />

existência, ou não, <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> comunicação pública na Fundação <strong>de</strong> fomento<br />

paulista.<br />

2.2.2 <strong>Divulgação</strong> Científica<br />

Por muitos anos, a imag<strong>em</strong> do cientista foi vinculada no imaginário da socieda<strong>de</strong> a<br />

uma figura isolada <strong>em</strong> seu laboratório, já que os resultados <strong>de</strong> uma pesquisa eram quase que<br />

unicamente relatados apenas para a própria comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> <strong>em</strong> congressos ou artigos<br />

científicos.<br />

De acordo com Vogt (et. al., 2003) até o final da última meta<strong>de</strong> do século passado a<br />

reduzida presença <strong>de</strong> assuntos sobre C&T na mídia caracterizava a pouca importância que a<br />

comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> apontava para a divulgação da ciência para o público <strong>em</strong> geral.<br />

A comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> traduzia, inegavelmente, uma postura elitista,<br />

sintonizada com a cultura autoritária do regime militar, <strong>em</strong> processo <strong>de</strong><br />

esgotamento histórico. Sitiados <strong>em</strong> seus laboratórios acadêmicos, oficinas<br />

experimentais ou gabinetes <strong>de</strong> estudos, os cientistas preferiam expor as<br />

evidências <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>scobertas <strong>em</strong> congressos internacionais ou através <strong>de</strong><br />

periódicos especializados. (VOGT; MELO; CAMARGO; BARBIERI;<br />

MACHADO; SOUZA, 2003: 135 e 136).<br />

72


No entanto, com o passar do t<strong>em</strong>po, com o interesse e a d<strong>em</strong>anda crescente da<br />

socieda<strong>de</strong> por assuntos científicos e com a formação do campo <strong>de</strong> estudo <strong>em</strong> C,T&S, como<br />

foi apontado no capítulo anterior, o cientista passou a ser visto como um ator inserido <strong>em</strong><br />

um contexto sócio-político e a C&T passou a fazer parte <strong>de</strong> um processo social e histórico.<br />

Nesse sentido, surgiram também questionamentos quanto ao aproveitamento da C&T e a<br />

responsabilida<strong>de</strong> social do cientista.<br />

Nessa perspectiva, a divulgação <strong>científica</strong> surgiu <strong>em</strong> resposta a essa mudança <strong>de</strong><br />

paradigma, com o intuito <strong>de</strong> manter uma comunicação com a socieda<strong>de</strong> sobre assuntos<br />

referentes à C&T. De acordo com Fourez, “a pesquisa histórica ten<strong>de</strong> a mostrar que a<br />

ciência é realmente um <strong>em</strong>preendimento humano, contingente, feito por humanos e para<br />

humanos.” (FOUREZ, 1995: 177 apud CARNEIRO, 2004: 42). Nesse sentido, o saber<br />

elaborado pelos cientistas <strong>de</strong>ve ser difundido e circulado livr<strong>em</strong>ente pela socieda<strong>de</strong>, para<br />

que assim, o conhecimento não fique estagnado entre as minorias.<br />

De acordo com Bueno (1984), o termo divulgação <strong>científica</strong> r<strong>em</strong>ete ao “uso <strong>de</strong><br />

processos e recursos técnicos para a comunicação da informação <strong>científica</strong> e tecnológica ao<br />

público <strong>em</strong> geral.”<br />

A divulgação <strong>científica</strong>, nesse sentido, é mais restrita do que a difusão <strong>científica</strong>, já<br />

que a difusão po<strong>de</strong> ser orientada tanto para especialistas quanto para o público <strong>em</strong> geral. Já<br />

a diss<strong>em</strong>inação da ciência e tecnologia r<strong>em</strong>ete a comunicação entre pares, ou seja, para um<br />

público <strong>de</strong> especialistas, como as revistas <strong>científica</strong>s, os materiais apresentados <strong>em</strong> eventos<br />

científicos etc. (BUENO, 1984).<br />

Baseada <strong>em</strong> Anandakrishnan, Albagli (1996) aponta os diferentes objetivos da<br />

divulgação <strong>científica</strong> <strong>em</strong> educacional, cívico e <strong>de</strong> mobilização popular. Os objetivos<br />

educacionais consist<strong>em</strong> na ampliação do conhecimento e da compreensão do público a<br />

respeito do processo científico.<br />

Neste caso, trata-se <strong>de</strong> transmitir informação <strong>científica</strong> tanto com um<br />

caráter prático, com o objetivo <strong>de</strong> esclarecer os indivíduos sobre o<br />

<strong>de</strong>svendamento e a solução <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as relacionados a fenômenos já<br />

cientificamente estudados, quanto com um caráter cultural, visando a<br />

estimular-lhe a curiosida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> enquanto atributo humano.<br />

(ALBAGLI, 1996: 397).<br />

73


Os objetivos cívicos da divulgação <strong>científica</strong> correspond<strong>em</strong> ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

uma opinião pública referente a impactos do <strong>de</strong>senvolvimento científico sobre a socieda<strong>de</strong>.<br />

“Trata-se, portanto, <strong>de</strong> transmitir informação <strong>científica</strong> voltada para a ampliação da<br />

consciência do cidadão a respeito <strong>de</strong> questões sociais, econômicas e ambientais associadas<br />

ao <strong>de</strong>senvolvimento científico e tecnológico.” (ALBAGLI, 1996, 397).<br />

Os objetivos relacionados à mobilização popular consist<strong>em</strong> <strong>em</strong> fazer com que a<br />

informação <strong>científica</strong> transmitida para a socieda<strong>de</strong> sirva <strong>de</strong> base para que os indivíduos<br />

possam participar melhor do processo <strong>de</strong>cisório da socieda<strong>de</strong>, como na formulação <strong>de</strong><br />

políticas públicas e na escolha <strong>de</strong> opções tecnológicas, por ex<strong>em</strong>plo. Para isso é necessário<br />

conhecer os riscos e benefícios da C&T, para escolhas conscientes <strong>em</strong> casos <strong>de</strong> t<strong>em</strong>as<br />

polêmicos como energia nuclear, transgênicos, células sintéticas, entre tantos outros.<br />

Portanto, é possível perceber as diferentes possibilida<strong>de</strong>s das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

divulgação <strong>científica</strong>, se caracterizando assim, não apenas por uma ativida<strong>de</strong> mediada pela<br />

imprensa, mas também por livros didáticos, museus, aulas <strong>de</strong> ciência do ensino médio,<br />

cursos <strong>de</strong> extensão para não especialistas, história <strong>em</strong> quadrinhos, supl<strong>em</strong>entos infantis,<br />

folhetos etc.<br />

Nessa perspectiva, José Reis sintetiza que “o gran<strong>de</strong> sentido da divulgação <strong>científica</strong><br />

consiste <strong>em</strong> familiarizar o público com a ciência e suas implicações suprimindo falhas na<br />

formação educacional e ao mesmo t<strong>em</strong>po atualizando conhecimentos.” (REIS, 2002 apud<br />

CARNEIRO, 2004: 43).<br />

2.2.3 Jornalismo Científico<br />

A diversida<strong>de</strong> e a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dados e resultados da produção <strong>científica</strong> e<br />

tecnológica exig<strong>em</strong> cada vez mais <strong>em</strong>penho e capacitação do divulgador. Neste sentido é<br />

crescente a busca pela formação especializada do jornalista científico por meio <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong><br />

aperfeiçoamento na área.<br />

O jornalismo científico se constitui pela prática da divulgação da ciência pelos<br />

veículos <strong>de</strong> comunicação e segue os critérios da produção jornalística, como a<br />

periodicida<strong>de</strong>, a linguag<strong>em</strong>, a atualida<strong>de</strong> e a difusão coletiva.<br />

Como foi mencionado anteriormente a divulgação <strong>científica</strong> se constitui na<br />

divulgação da ciência para o público <strong>em</strong> geral por diversas formas, como por ex<strong>em</strong>plo,<br />

74


fascículos sobre história da ciência e da tecnologia que muitas vezes estão presentes <strong>em</strong><br />

jornais. Esses fascículos são caracterizados como divulgação <strong>científica</strong>, já que são<br />

<strong>de</strong>stinados para os indivíduos que não são especialistas no assunto e também não se<br />

caracterizam como um gênero jornalístico.<br />

Nesse sentido, o jornalismo científico é um caso particular <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong>,<br />

pois se constitui <strong>em</strong> uma forma <strong>de</strong> divulgação en<strong>de</strong>reçada ao público leigo, mas que<br />

obe<strong>de</strong>ce ao padrão <strong>de</strong> produção jornalística.<br />

Ao usar a linguag<strong>em</strong> nos diferentes veículos <strong>de</strong> comunicação, o jornalista<br />

inevitavelmente assume a dimensão simbólica da construção do<br />

conhecimento. Partindo da interpretação da fala do cientista e mediado pela<br />

sua compreensão do conteúdo apresentado e da realida<strong>de</strong> vivida, constrói<br />

um novo discurso, o discurso jornalístico. E é este discurso, o do jornalista,<br />

e não o outro, o do cientista, que é divulgado à socieda<strong>de</strong>, daí a<br />

responsabilida<strong>de</strong> inerente a seu trabalho. (CALDAS, 2003: 77)<br />

Até pouco t<strong>em</strong>po atrás, e ainda hoje freqüent<strong>em</strong>ente na imprensa local, o jornalista<br />

que cobria ciência não era especialista no assunto e também não produzia apenas matérias<br />

para essa editoria. Nesse sentido, a cultura do difusionismo era consi<strong>de</strong>rada satisfatória, ou<br />

seja, cabia a esses profissionais apenas o papel <strong>de</strong> divulgador da produção <strong>científica</strong> <strong>de</strong><br />

maneira acrítica. “Tratava-se na verda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> um jornalismo meramente <strong>de</strong>claratório, on<strong>de</strong> a<br />

principal preocupação era evitar distorções que comprometess<strong>em</strong> a informação original.”<br />

(CALDAS, 2003: 73).<br />

Para Caldas (2003), o jornalista que atua na interface entre a ciência e a socieda<strong>de</strong><br />

exerce uma responsabilida<strong>de</strong> ímpar uma vez que “quase tudo o que acontece na socieda<strong>de</strong> é<br />

influenciado pela ciência.” (DUBOS, 1972: 72; apud CALDAS, 2003: 221).<br />

científico:<br />

A responsabilida<strong>de</strong> social do jornalista especializado <strong>em</strong> coberturas <strong>de</strong><br />

assuntos da ciência é gran<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve ser partilhada com os cientistas.<br />

Contribuir para a d<strong>em</strong>ocratização do conhecimento científico para a opinião<br />

pública <strong>em</strong> geral, através da mídia, é parte do trabalho do jornalista<br />

científico, que precisa se colocar a serviço da socieda<strong>de</strong> e não do cientista.<br />

(CALDAS, 1997: 68)<br />

Bueno (2001) também aponta para a responsabilida<strong>de</strong> social do jornalismo<br />

75


O jornalismo científico <strong>de</strong>ve apresentar, antes <strong>de</strong> tudo, um compromisso<br />

com a qualida<strong>de</strong> da informação e não po<strong>de</strong> ficar à mercê do frenesi da<br />

socieda<strong>de</strong> do consumo. Deve, sim, convidar o leitor à reflexão, e até<br />

contrariá-lo se for o caso, buscando trazer antes conhecimento que<br />

informações fragmentadas, contaminadas por interesses mercadológicos ou<br />

comerciais. (BUENO 2001: 179).<br />

Para Marques <strong>de</strong> Melo (1982) o jornalismo científico:<br />

Para Moura (2006):<br />

Deve ser uma ativida<strong>de</strong> principalmente educativa. Deve ser dirigido à<br />

gran<strong>de</strong> massa da nossa população e não apenas à sua elite. Deve promover a<br />

popularização do conhecimento que está sendo produzido nas nossas<br />

universida<strong>de</strong>s e centros <strong>de</strong> pesquisa, <strong>de</strong> modo a contribuir para a superação<br />

<strong>de</strong> muitos probl<strong>em</strong>as que o povo enfrenta. [...] Deve gerar o <strong>de</strong>sejo do<br />

conhecimento permanente, <strong>de</strong>spertando interesse pelos processos científicos<br />

e não pelos fatos isolados e seus personagens. Deve discutir a política<br />

<strong>científica</strong>, conscientizando a população que paga impostos para participar<br />

das <strong>de</strong>cisões sobre a alocação <strong>de</strong> recursos que significam o estabelecimento<br />

<strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>s na produção do saber. Deve realizar um trabalho <strong>de</strong> iniciação<br />

dos jovens ao mundo do conhecimento e <strong>de</strong> educação continuada aos<br />

adultos. (MARQUES DE MELO, 1982: 21).<br />

O jornalismo científico é o resultado <strong>de</strong> um diálogo n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre ameno<br />

entre as práticas narrativas consagradas do jornalismo e a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

reportar os feitos da tecnociência numa linguag<strong>em</strong> do senso comum, que<br />

<strong>em</strong> princípio ou <strong>de</strong>ve integrar a própria práxis dos cientistas. (MOURA,<br />

2006:146).<br />

Para Oliveira (2002), o profissional <strong>de</strong> comunicação que trabalha com t<strong>em</strong>as<br />

científicos <strong>de</strong>ve possuir uma postura crítica e interpretativa da ciência:<br />

Deve romper com a cultura <strong>de</strong> “papagaios <strong>de</strong> cientistas”, que só aos poucos<br />

começa a se diluir nos jornais e meios eletrônicos brasileiros, <strong>de</strong>rrubar o<br />

estereótipo <strong>de</strong> cientista do tipo professor Pardal, e <strong>de</strong>smitificar a imag<strong>em</strong><br />

maniqueísta que o senso comum carrega da ciência. O jornalismo científico<br />

<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve d<strong>em</strong>onstrar que fazer C&T é acima <strong>de</strong> tudo, ativida<strong>de</strong><br />

estritamente humana, com implicações diretas nas ativida<strong>de</strong>s sócioeconômicas<br />

e políticas <strong>de</strong> um país. Portanto, do mais alto interesse para o<br />

jornalismo e para a socieda<strong>de</strong>. (OLIVEIRA, 2002: 14).<br />

76


Nesse sentido, o <strong>de</strong>safio do jornalismo científico segundo Caldas (2003) é capacitar-<br />

se cada vez mais para transformar o conhecimento científico <strong>em</strong> um processo <strong>de</strong><br />

<strong>em</strong>ancipação social, política, econômica e cultural, além <strong>de</strong> articular o diálogo entre os<br />

campos da Comunicação e da Educação, já que, o jornalista também assume um papel<br />

educativo, ao assegurar o direito ao conhecimento científico do cidadão. “Desenvolver uma<br />

cultura <strong>científica</strong> planetária por meio da construção <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> mundial <strong>de</strong> informações<br />

entre jornalistas científicos e cientistas comprometidos com a qualida<strong>de</strong> da divulgação<br />

<strong>científica</strong> e a formação <strong>de</strong> uma opinião pública crítica é tarefa inadiável.” (CALDAS, 2003:<br />

78).<br />

O jornalismo científico brasileiro t<strong>em</strong> se profissionalizado bastante nos últimos<br />

anos. A ex<strong>em</strong>plo disso, é possível citar que a Fapesp instituiu um projeto para incentivo à<br />

formação <strong>de</strong> jornalistas científicos (Mídia Ciência) 15 <strong>em</strong> 1999, que será abordado no<br />

próximo capítulo. A Universida<strong>de</strong> Metodista <strong>de</strong> São Paulo (UMESP) 16 t<strong>em</strong> uma área <strong>de</strong><br />

pesquisa <strong>em</strong> seu programa <strong>de</strong> pós-graduação <strong>em</strong> Comunicação Social, voltada para a<br />

comunicação <strong>científica</strong> (e o jornalismo científico, <strong>em</strong> particular), assim como a <strong>Unicamp</strong><br />

através do Laboratório <strong>de</strong> Estudos Avançados <strong>em</strong> Jornalismo (<strong>Labjor</strong>) 17 <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1999. A<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (USP) 18 , a Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro (UFRJ) 19 , a<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Pernambuco (UFPE) 20 e a Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Bahia<br />

(UFBA) 21 também se ocupam <strong>de</strong>ste t<strong>em</strong>a. O Brasil, a ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> outros países, também<br />

possui há 31 anos uma Associação Brasileira <strong>de</strong> Jornalismo Científico (ABJC), constituída<br />

por cerca <strong>de</strong> 400 sócios.<br />

A partir <strong>de</strong> discussões realizadas no I Encontro Norte-Nor<strong>de</strong>ste <strong>de</strong> Jornalismo<br />

Científico, realizado <strong>em</strong> junho <strong>de</strong> 2008 <strong>em</strong> Campina Gran<strong>de</strong>, a ABJC formulou um<br />

documento para a SBPC, que integrou os <strong>de</strong>bates <strong>de</strong> Comunicação Pública da Ciência da<br />

IV Conferência Nacional <strong>de</strong> C&T que ocorreu entre os dias 26 e 18 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2010 22 .<br />

15 http://www.fapesp.br/jornalismocientifico<br />

16 http://www.metodista.br/poscom/<br />

17 http://www.labjor.unicamp.br/<br />

18 http://stoa.usp.br/njr/profile/<br />

19 http://www.ufrj.br/<br />

20 http://www.ufpe.br/ufpenova/<br />

21 http://www.ufba.br/<br />

22 Jornal da Ciência. Associação Brasileira <strong>de</strong> Jornalismo Científico apresenta recomendações para a<br />

Conferência Nacional <strong>de</strong> CT&I. Disponível <strong>em</strong>: <br />

Acesso <strong>em</strong> 10.abr.2010.<br />

77


Nesse documento a Associação reivindica, <strong>de</strong>ntre outros pontos, a participação nos<br />

fóruns oficiais <strong>de</strong> formulação <strong>de</strong> políticas públicas <strong>de</strong> C,T&I; a manutenção e o<br />

fortalecimento do Comitê Assessor <strong>de</strong> <strong>Divulgação</strong> Científica do CNPq, com participação<br />

paritária <strong>de</strong> jornalistas e cientistas no processo <strong>de</strong> julgamento <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> pesquisa<br />

(editais) e bolsas; estímulo à ampliação <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> pesquisa <strong>em</strong> Comunicação Pública da<br />

Ciência nos cursos <strong>de</strong> pós-graduação <strong>em</strong> Comunicação stricto sensu; ampliação <strong>de</strong> linhas<br />

<strong>de</strong> financiamento fe<strong>de</strong>ral para cursos <strong>de</strong> especialização e extensão que vis<strong>em</strong> à capacitação<br />

<strong>de</strong> comunicadores da ciência <strong>em</strong> diferentes regiões do país e particularmente nas regiões<br />

Norte e Nor<strong>de</strong>ste, com apoio dos órgãos estaduais <strong>de</strong> fomento; estímulo à criação <strong>de</strong><br />

disciplinas e/ou oficinas e núcleos laboratoriais <strong>de</strong> Comunicação Pública da Ciência <strong>em</strong><br />

cursos <strong>de</strong> graduação <strong>em</strong> Comunicação; incentivo a políticas <strong>de</strong> comunicação nas<br />

universida<strong>de</strong>s, institutos <strong>de</strong> pesquisa e órgãos <strong>de</strong> C,T&I com a criação e a consolidação <strong>de</strong><br />

<strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação, com ênfase na divulgação <strong>científica</strong>; formulação <strong>de</strong> políticas<br />

<strong>científica</strong>s para impl<strong>em</strong>entação <strong>de</strong> bolsas <strong>de</strong> pesquisa para o campo da divulgação <strong>científica</strong><br />

que cont<strong>em</strong>pl<strong>em</strong> o jornalismo científico; incentivo às parcerias entre as universida<strong>de</strong>s e<br />

instituições <strong>de</strong> pesquisa com as TVs Educativas e Universitárias regionais para produção e<br />

veiculação <strong>de</strong> material audiovisual no campo da Comunicação Pública da Ciência e novas<br />

linhas <strong>de</strong> financiamento à pesquisa sobre divulgação <strong>científica</strong> e percepção pública <strong>de</strong><br />

CT&I <strong>de</strong> forma t<strong>em</strong>ática e qualitativa.<br />

Essas reivindicações da ABJC se mostram necessárias para que o campo <strong>de</strong> estudos<br />

da Comunicação Pública da Ciência continue crescendo e tomando forma no Brasil, para<br />

que assim o conhecimento gerado pelos cientistas não fique restrito à comunicação entre<br />

pares, mas sim chegue cada vez mais para a população.<br />

2.3 Comunicação e Imag<strong>em</strong> Institucional<br />

O trabalho <strong>de</strong> comunicação realizado <strong>em</strong> uma <strong>em</strong>presa ou instituição po<strong>de</strong> ser<br />

objeto <strong>de</strong> estudo tanto da Comunicação Institucional, Organizacional ou Empresarial.<br />

Diferentes autores utilizam diferentes termos. Bueno, por ex<strong>em</strong>plo, se refere a<br />

Comunicação Empresarial, já Kunsch trabalha com a Comunicação Organizacional. No<br />

entanto, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente do termo utilizado o objeto <strong>de</strong> estudo será a comunicação<br />

realizada <strong>em</strong> instituições públicas ou privadas. Nesse trabalho será utilizado o termo<br />

78


comunicação institucional <strong>de</strong>vido a Fapesp ser uma instituição <strong>de</strong> fomento à pesquisa<br />

<strong>científica</strong>.<br />

O processo <strong>de</strong> globalização que reforça as transformações pelas quais as instituições<br />

vêm sofrendo mostra que este ambiente agora é marcado, entre outros aspectos, por<br />

mudanças tecnológicas, pela reor<strong>de</strong>nação do trabalho, pela informalida<strong>de</strong>, pela diversida<strong>de</strong><br />

e pela competitivida<strong>de</strong>. Nesse sentido, <strong>de</strong> acordo com Curvello (2002), há um movimento<br />

que rompe com antigos paradigmas que d<strong>em</strong>onstravam a estabilida<strong>de</strong> do sist<strong>em</strong>a e surg<strong>em</strong><br />

novas relações baseadas na mobilida<strong>de</strong> e na flexibilida<strong>de</strong>.<br />

Tudo isso caracteriza uma percepção <strong>de</strong> que não há mais espaço para a<br />

mentalida<strong>de</strong> tradicional e que novos signos <strong>em</strong>erg<strong>em</strong> e novas formas <strong>de</strong><br />

relacionamento e comunicação se constro<strong>em</strong>. Li<strong>de</strong>rando ou sendo<br />

carregadas por essa nova onda, as organizações passam por profundas<br />

transformações. O antigo tripé do conceito <strong>de</strong> organizações – pessoas,<br />

estrutura e tecnologia – entra <strong>em</strong> xeque, uma vez que esses componentes<br />

não mais precisam abrigar-se sob um mesmo espaço n<strong>em</strong> operar<strong>em</strong> a um<br />

mesmo t<strong>em</strong>po para configurar<strong>em</strong> uma organização. (CURVELLO, 1997). 23<br />

Dado o cenário no qual se insere as instituições atualmente, faz-se necessário<br />

discutir a comunicação exercida nessas organizações. Devido a pesquisas <strong>de</strong>senvolvidas<br />

por pesquisadores do campo das relações públicas como Simões, Peruzzo, Kunsch e<br />

Freitas, e do jornalismo <strong>em</strong>presarial como Torquato, Bueno e Chaparro, o campo da<br />

comunicação institucional foi se <strong>de</strong>senvolvendo acad<strong>em</strong>icamente a partir da década <strong>de</strong> 80.<br />

Esses estudos davam gran<strong>de</strong> ênfase para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se legitimar a área <strong>de</strong><br />

comunicação como espaço <strong>de</strong> atuação e intervenção profissional junto a administradores e<br />

<strong>em</strong>presas. (CURVELLO, 2002:122).<br />

Nesse sentido, o conceito <strong>de</strong> comunicação integrada, <strong>de</strong>senvolvido e aperfeiçoado<br />

por Torquato e Kunsch, surge como uma resposta às <strong>de</strong>savenças profissionais <strong>de</strong> diferentes<br />

áreas da comunicação pela heg<strong>em</strong>onia da atuação nas organizações, já que esse conceito<br />

envolve a atuação entre essas subáreas (jornalismo, relações públicas, publicida<strong>de</strong> e<br />

marketing). Nesse contexto, a comunicação integrada:<br />

23 Disponível <strong>em</strong>: Acesso <strong>em</strong> 22.mar.2010.<br />

79


Pressupõe uma junção da comunicação institucional, da comunicação<br />

mercadológica e da comunicação interna, que formam o composto da<br />

comunicação organizacional. Este <strong>de</strong>ve formar um conjunto harmonioso,<br />

apesar das diferenças e das especificida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada setor e dos respectivos<br />

subsetores. A soma <strong>de</strong> todas as ativida<strong>de</strong>s redundará na eficácia da<br />

comunicação nas organizações. (KUNSCH, 1997b: 115 apud CURVELLO,<br />

2002: 122).<br />

O conceito <strong>de</strong> comunicação integrada é aceito pela Associação Brasileira <strong>de</strong><br />

Comunicação Empresarial (Aberje) e ilustrado pelo sucesso institucional <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas como<br />

a Rhodia e a Volkswagen no âmbito e a Empresa Brasileira <strong>de</strong> Pesquisa Agropecuária<br />

(Embrapa) no âmbito público. No entanto, a complexida<strong>de</strong> das relações entre os diferentes<br />

campos da comunicação (jornalismo, relações públicas, publicida<strong>de</strong>, propaganda e<br />

marketing), <strong>de</strong>vido às diferenças <strong>de</strong> enfoque <strong>de</strong> cada um, muitas vezes limita o trabalho dos<br />

profissionais da área nas instituições, estando a comunicação integrada presente apenas nos<br />

discursos e não nas ações. Nesse sentido, apesar <strong>de</strong>ssas dificulda<strong>de</strong>s, Curvello aponta para a<br />

importância <strong>de</strong>ssa integração: “A busca da integração, contudo, não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scartada e<br />

abandonada. Ao contrário, precisa ser perseguida e viabilizada.” (CURVELLO, 2002: 123).<br />

Para realizar um bom trabalho <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma instituição é<br />

necessário que a equipe responsável pelo setor analise com atenção o contexto <strong>em</strong> que a<br />

informação se <strong>de</strong>senvolverá, o momento pelo qual a organização está passando, como os<br />

públicos (internos e externos) iram reagir, pensar e <strong>de</strong>senvolver ações a partir das <strong>de</strong>ssas<br />

informações transmitidas. Nesse sentido, Marchiori (2008), aponta que apenas a partir da<br />

compreensão e do <strong>de</strong>talhamento <strong>de</strong>sse contexto é possível alcançar a eficácia na<br />

comunicação <strong>de</strong> uma instituição.<br />

A criação e manutenção <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> organizacional é um dos principais<br />

<strong>de</strong>safios que setor <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> uma instituição enfrenta. Para isso, é necessária a<br />

consolidação da imag<strong>em</strong> perante seus públicos internos e externos, a partir da credibilida<strong>de</strong>,<br />

veracida<strong>de</strong> e transparência das informações, do planejamento estratégico das ações, da<br />

reputação dos dirigentes e da responsabilida<strong>de</strong> social da instituição (marketing ambiental e<br />

educacional). Essas pr<strong>em</strong>issas resultam na conquista e na fi<strong>de</strong>lização <strong>de</strong> novos usuários,<br />

assim como, na satisfação dos funcionários e fornecedores.<br />

Para Gabriel Kaplún (2002) a imag<strong>em</strong> distingue uma instituição <strong>de</strong> outra e busca-se<br />

conservá-la ao longo do t<strong>em</strong>po. A i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> é <strong>em</strong>ergencial, natural, faz parte da orig<strong>em</strong> da<br />

80


instituição, no entanto, também po<strong>de</strong> ser construída ou <strong>de</strong>sconstruída. Para o autor, um dos<br />

principais probl<strong>em</strong>as na construção da imag<strong>em</strong> organizacional é pensar apenas na imag<strong>em</strong><br />

individual <strong>de</strong> um dirigente e não no coletivo. Nesse sentido, é <strong>de</strong> suma importância o<br />

respeito para com os diferentes cargos profissionais.<br />

Nesse contexto, a comunicação interna (<strong>de</strong>stinada a funcionários da instituição e<br />

seus familiares) <strong>de</strong>senvolve um importante papel na construção da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

organizacional, já que a partir <strong>de</strong>la e também da coerência entre os discursos institucionais<br />

e os fatos, os funcionários passam a acreditar na instituição que representam. No trecho a<br />

seguir Marchiori (2008) ilustra essa questão:<br />

Hoje, muitas organizações conceb<strong>em</strong> a idéia <strong>de</strong> que probl<strong>em</strong>as internos – a<br />

organização <strong>de</strong> sua produção, o uso dos recursos, o tratamento para com os<br />

funcionários – comunicam potencialmente uma forte mensag<strong>em</strong> para o<br />

mundo externo. Sab<strong>em</strong>os, portanto, que o conceito <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

organizacional v<strong>em</strong> sendo uma reflexão importante para todos; a reputação<br />

da <strong>em</strong>presa <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse conceito interno fortalecido para que sua<br />

imag<strong>em</strong> possa ter sentido. (MARCHIORI, 2008:159).<br />

Para Colnago (2007), a comunicação institucional se <strong>de</strong>staca como um el<strong>em</strong>ento<br />

chave para o projeto e a sustentação <strong>de</strong> uma imag<strong>em</strong> sólida e diferenciada capaz <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntificar e <strong>de</strong>stacar a organização diante da concorrência, já que se constitui <strong>em</strong> um<br />

mecanismo <strong>de</strong> instalação <strong>de</strong> imagens no imaginário coletivo <strong>em</strong> função <strong>de</strong> seu caráter<br />

influenciador e diss<strong>em</strong>inador. Nas palavras da autora:<br />

De fato, a comunicação é o el<strong>em</strong>ento-chave para esta questão, por<br />

constituir-se <strong>em</strong> mecanismo <strong>de</strong> instalação <strong>de</strong> imagens subjetivas no<br />

imaginário coletivo, e <strong>em</strong> função <strong>de</strong> seu po<strong>de</strong>r influenciador e<br />

diss<strong>em</strong>inador. Tal afirmação po<strong>de</strong> ser <strong>em</strong>basada e confirmada pela seguinte<br />

relação: se levado <strong>em</strong> conta que a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> corporativa é a reprodução do<br />

que a organização é (sua cultura, sua crenças, seus valores...) e a imag<strong>em</strong><br />

institucional é o reflexo <strong>de</strong>sse “eu <strong>em</strong>presarial”, então é lógico concluir que<br />

somente através da perfeita divulgação/ comunicação da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, formase<br />

uma imag<strong>em</strong> verda<strong>de</strong>ira. Em outras palavras, somente através do efetivo<br />

gerenciamento dos processos <strong>de</strong> comunicação organizacional é possível<br />

construir uma imag<strong>em</strong> positiva junto aos públicos. (COLNAGO, 2007: 02).<br />

A assessoria <strong>de</strong> comunicação e <strong>de</strong> imprensa consiste <strong>em</strong> um dos mecanismos da<br />

comunicação institucional e será melhor discutida no tópico a seguir.<br />

81


2.3.1 Assessoria <strong>de</strong> Comunicação Integrada<br />

Essa seção irá subsidiar a análise <strong>de</strong> conteúdo do objeto <strong>de</strong>ssa dissertação, a<br />

Gerência <strong>de</strong> Comunicação da Fapesp, que será discutida a partir do capítulo 3. Em um<br />

primeiro momento será apresentado um panorama da assessoria <strong>de</strong> imprensa no Brasil e<br />

posteriormente serão abordados <strong>de</strong> maneira mais específica os produtos e serviços <strong>de</strong>ssa<br />

área. No trecho a seguir, Moutinho (2002) conceitua o termo:<br />

A assessoria <strong>de</strong> imprensa t<strong>em</strong> como função principal estabelecer e manter<br />

contato com jornalistas informando-os sobre as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma<br />

organização, controlar e analisar a informação veiculada e recolher o que<br />

vai sendo publicado. Suas funções específicas inclu<strong>em</strong> a preparação <strong>de</strong><br />

sínteses sobre a instituição, sua história, objetivos, política <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento, estrutura organizacional, posição que ocupa <strong>em</strong> seu setor,<br />

etc. Deverá dispor <strong>de</strong> relatórios, publicações e outros dados relevantes para<br />

os jornalistas, b<strong>em</strong> como <strong>de</strong> fotografias <strong>em</strong> cores e <strong>em</strong> preto e branco<br />

legendadas, material audiovisual etc. Deve promover as ações da própria<br />

organização e adaptar a informação que o jornalista <strong>de</strong>seja ao que a<br />

<strong>em</strong>presa preten<strong>de</strong> transmitir, redigir os comunicados <strong>de</strong> imprensa e toda a<br />

informação a ser veiculada. Cabe ainda à assessoria <strong>de</strong> imprensa organizar<br />

os diversos arquivos <strong>de</strong> imprensa e participar na elaboração <strong>de</strong> estratégias<br />

<strong>de</strong> comunicação da organização <strong>em</strong> todos os níveis <strong>em</strong> que ela opera.<br />

(MOUTINHO, 2001: 91-92 apud MOUTINHO & SOUZA, 2002: 69).<br />

Nesse sentido, a assessoria <strong>de</strong> comunicação e <strong>de</strong> imprensa consiste <strong>em</strong> um grupo <strong>de</strong><br />

profissionais da área <strong>de</strong> comunicação que prestam serviços para uma instituição (<strong>de</strong><br />

maneira terceirizada ou não), estabelecendo contato com a mídia e organizando todos os<br />

processos <strong>de</strong> comunicação da instituição.<br />

De acordo com Duarte (2002), o primeiro indício envolvendo a sist<strong>em</strong>atização da<br />

divulgação jornalística na área pública do Brasil ocorreu <strong>em</strong> 1909, quando o Presi<strong>de</strong>nte<br />

Nilo Peçanha cria a Seção <strong>de</strong> Publicações e Bibliotecas com o intuito <strong>de</strong> integrar os<br />

serviços <strong>de</strong> atendimento, publicações, informação e propaganda.<br />

No setor privado, a divulgação institucional surgiu nos anos 50, por meio da<br />

experiência na área <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas estrangeiras do ramo automobilístico e <strong>de</strong><br />

higiene. “A assessoria <strong>de</strong> imprensa da Volkswagen já foi apontada como pioneira no Brasil.<br />

Ela teria sido a primeira estrutura formada <strong>em</strong> uma organização privada para atuar com<br />

relacionamento planejado, sist<strong>em</strong>atizado e permanente com a imprensa, numa perspectiva<br />

estratégica.” (DUARTE, 2002: 85). Nesse sentido, a tática da assessoria da Volkswagen era<br />

82


transformar o t<strong>em</strong>a transporte interessante para a imprensa, valendo-se assim <strong>de</strong> uma<br />

divulgação <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviços e criando credibilida<strong>de</strong> para que a <strong>em</strong>presa<br />

automobilística se tornasse fonte primária da mídia.<br />

Na década <strong>de</strong> 1960 a prática <strong>de</strong> tentar inserir informações relacionadas com as<br />

organizações <strong>em</strong> veículos da imprensa ainda era limitada a gran<strong>de</strong>s <strong>em</strong>presas. Nesse<br />

contexto, a produção <strong>de</strong> jornais e revistas <strong>em</strong>presariais, mesmo que administrada pelo<br />

<strong>de</strong>partamento pessoal, era vista como um mercado extra-redação promissor para jornalistas;<br />

fato <strong>de</strong>vido também ao profissionalismo <strong>em</strong> ascensão que <strong>de</strong>u orig<strong>em</strong>, <strong>em</strong> 1967, à Aberje.<br />

A atual Associação Brasileira <strong>de</strong> Comunicação Empresarial foi fundada como Associação<br />

Brasileira <strong>de</strong> Editores <strong>de</strong> Revista e Jornais <strong>de</strong> Empresa durante reunião que contou com a<br />

presença <strong>de</strong> 83 representantes <strong>de</strong> 52 publicações. Além da Aberje, a Programação e<br />

Assessoria Ltda (Proal) também colaborou no estabelecimento <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />

para publicações jornalísticas <strong>em</strong>presariais (DUARTE, 2002).<br />

Devido à censura imposta pelo Regime Militar, o interesse da imprensa por assuntos<br />

políticos diminuiu e as pautas relacionadas a t<strong>em</strong>as <strong>de</strong> economia, cultura e negócios<br />

começaram a se sobressair. Neste contexto foi criada a Unipress, assessoria <strong>de</strong> imprensa<br />

pioneira na área <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviços para instituições, <strong>em</strong> 1971 por Reginaldo Finotti e<br />

Alaor Gomes.<br />

No final da década <strong>de</strong> 70 e início dos anos 80, com o ressurgimento da d<strong>em</strong>ocracia,<br />

o movimento sindical e a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> imprensa apontaram para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

comunicação entre as instituições e a socieda<strong>de</strong>. Nessa época, “a comunicação <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser<br />

„perfumaria‟ ganhando as entranhas da administração pública e privada e extrapola os<br />

limites dos tradicionais „jornaizinhos‟ internos para assumir o status <strong>de</strong> um complexo<br />

po<strong>de</strong>roso, intrinsecamente vinculado à chamada estratégia negocial.” (BUENO, 1995: 09<br />

apud DUARTE, 2002: 88). A ex<strong>em</strong>plo disso, a Política <strong>de</strong> Comunicação da Rhodia e da<br />

Embrapa pod<strong>em</strong> ser citadas como estratégias <strong>de</strong> comunicação <strong>em</strong> instituições privadas e<br />

públicas.<br />

Com essa profissionalização das <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> imprensa na década <strong>de</strong> 80, o<br />

profissional <strong>de</strong> jornalismo obteve outra possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho além do exercido <strong>em</strong><br />

redações <strong>de</strong> veículos <strong>de</strong> comunicação, que estavam <strong>em</strong> processo <strong>de</strong> enxugamento <strong>de</strong><br />

pessoal. Além <strong>de</strong> uma possibilida<strong>de</strong> ao <strong>de</strong>s<strong>em</strong>prego, as condições <strong>de</strong> trabalho <strong>em</strong><br />

83


instituições se mostravam mais favoráveis, com horário fixo, menos estresse e maior<br />

salário.<br />

Os assessores tornaram-se efetivo ponto <strong>de</strong> apoio <strong>de</strong> repórteres e editores<br />

(como um tipo <strong>de</strong> extensão das redações) ao agir<strong>em</strong> como intermediários<br />

qualificados, estabelecendo aproximação eficiente entre fontes <strong>de</strong><br />

informação e imprensa. De um lado, auxiliaram os jornalistas, ao fornecer<br />

informações confiáveis e facilitar o acesso. De outro, orientaram fontes na<br />

compreensão sobre as características da imprensa, a necessida<strong>de</strong> e as<br />

vantagens <strong>de</strong> um relacionamento transparente. O salto <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> ocorre<br />

particularmente pela presença <strong>de</strong> profissionais com experiência <strong>em</strong><br />

redações e disposição <strong>de</strong> estimular o diálogo. (DUARTE, 2002: 89).<br />

Em 1986 o Manual <strong>de</strong> Assessoria <strong>de</strong> Imprensa da Fe<strong>de</strong>ração Nacional dos<br />

Jornalistas (Fenaj) tornou-se referência ao legitimar e criar normas <strong>de</strong> conduta e ética para a<br />

prática do jornalismo especializado <strong>em</strong> assessoramento <strong>de</strong> imprensa.<br />

Essa profissionalização das <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> imprensa nos anos 80 coloca o setor<br />

como um ramo da comunicação integrada e o transforma <strong>em</strong> assessoria <strong>de</strong> comunicação, já<br />

que o assessor <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser responsável apenas pelo relacionamento com a mídia e passou<br />

a se <strong>de</strong>dicar a toda ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação da instituição. “Entre as soluções para<br />

articular esse sist<strong>em</strong>a integrado, a mais típica costuma ser a criação <strong>de</strong> superestruturas<br />

chamadas <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação, muitas vezes resultantes da ampliação das próprias<br />

<strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> imprensa.” (DUARTE, 2002: 237).<br />

O fato <strong>de</strong> o assessor (jornalista) trabalhar <strong>em</strong> uma instituição não jornalística muitas<br />

vezes gera uma certa <strong>de</strong>sconfiança quanto a sua ética profissional e seu compromisso com a<br />

verda<strong>de</strong> <strong>em</strong> <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> questões confi<strong>de</strong>nciais da <strong>em</strong>presa <strong>em</strong> que representa. Nesse<br />

sentido, Cheida (1993) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> o profissionalismo dos assessores, já que antes <strong>de</strong> tudo o<br />

assessor é um jornalista e todo jornalista <strong>de</strong>ve ter o compromisso ético com a verda<strong>de</strong><br />

factual. O fato <strong>de</strong> atuar <strong>em</strong> uma <strong>em</strong>presa não jornalística não significa aceitar uma única<br />

visão dos fatos, mas sim a especialização dos assuntos relacionados à instituição<br />

assessorada.<br />

Quanto ao caráter estratégico dos jornalistas que trabalham <strong>em</strong> instituições, Bueno<br />

(1995), aponta para a importância da mescla <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>s das áreas <strong>em</strong> que atua. Para o<br />

autor, aquele que consegue unir competência técnica com visão gerencial mo<strong>de</strong>rna fará um<br />

bom trabalho <strong>de</strong> comunicação na instituição que representa. Nesse sentido, é possível<br />

84


perceber que o profissional <strong>de</strong> assessoria <strong>de</strong> comunicação passa a atuar também como um<br />

gestor da comunicação.<br />

2.3.1.1 Produtos e Serviços <strong>de</strong> uma Assessoria <strong>de</strong> Comunicação<br />

A rotina e o bom andamento <strong>de</strong> uma assessoria <strong>de</strong> comunicação variam, entre outras<br />

coisas, <strong>de</strong> acordo com as condições <strong>de</strong> trabalho oferecidas pelas <strong>em</strong>presas, com os recursos<br />

que essas dispõ<strong>em</strong> para área <strong>de</strong> comunicação e com a visão estratégica do assessorado.<br />

Duarte (2002) propõe uma lista <strong>de</strong> produtos e serviços, que adaptados às condições<br />

culturais e locais das instituições, ajudam as <strong>assessorias</strong> a atingir<strong>em</strong> seus públicos <strong>de</strong><br />

maneira eficaz. O autor propõe os seguintes procedimentos nessa relação: acompanhamento<br />

<strong>de</strong> entrevistas, administração da assessoria <strong>de</strong> imprensa, apoio a eventos, apoio a outras<br />

áreas, arquivo <strong>de</strong> material jornalístico, artigos, atendimento à imprensa, avaliação dos<br />

resultados, banco <strong>de</strong> dados, produção e distribuição <strong>de</strong> brin<strong>de</strong>s, capacitação <strong>de</strong> jornalistas,<br />

clipping e análise do noticiário, concursos <strong>de</strong> reportag<strong>em</strong>, contatos estratégicos, dossiê,<br />

encontros fonte e jornalista, entrevistas coletivas, fotos, jornal mural, levantamento <strong>de</strong><br />

pautas, mailling ou cadastro <strong>de</strong> jornalistas, manuais, nota oficial, pauta, planejamento<br />

(plano <strong>de</strong> comunicação, plano <strong>de</strong> divulgação jornalística, plano para crises), press-kits,<br />

publieditorial, relatórios, release, site, textos <strong>em</strong> geral, treinamento para fontes (media<br />

training), veículos jornalísticos institucionais e visitas dirigidas. Dentre esses<br />

procedimentos levantados por Duarte (2002) vale ressaltar:<br />

Acompanhamento <strong>de</strong> entrevistas: cabe ao assessor <strong>de</strong> imprensa acompanhar o<br />

assessorado <strong>em</strong> entrevistas para que assim possa avaliar o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho da fonte e os<br />

interesses dos jornalistas. O assessor <strong>de</strong>ve evitar interromper a conversa, mas estar s<strong>em</strong>pre<br />

atento, para <strong>de</strong>pois avaliar os pontos positivos e negativos da entrevista.<br />

Administração da Assessoria <strong>de</strong> Imprensa: para Duarte (2002) o assessor <strong>de</strong>ve ter<br />

postura e conhecimentos <strong>de</strong> gerente. De acordo com o autor, esse profissional <strong>de</strong>ve ter<br />

“bom trânsito <strong>em</strong> todos os níveis hierárquicos, noções <strong>de</strong> administração, estratégia<br />

<strong>em</strong>presarial, planejamento, conhecimento da cultura e da história da organização e dos<br />

papéis e po<strong>de</strong>r dos integrantes.” (DUARTE, 2002:238).<br />

85


Capacitação <strong>de</strong> jornalistas: consiste na elaboração <strong>de</strong> cursos, painéis, s<strong>em</strong>inários,<br />

etc., para os jornalistas que cobr<strong>em</strong> o t<strong>em</strong>a <strong>em</strong> que a <strong>em</strong>presa está envolvida. Essa prática<br />

ajuda a aumentar a intimida<strong>de</strong> com o assunto e ten<strong>de</strong> a estimular o interesse pela área.<br />

Clipping e análise do noticiário: o clipping consiste <strong>em</strong> i<strong>de</strong>ntificar e agrupar para<br />

posterior análise as matérias que são publicadas na imprensa sobre a organização ou sobre<br />

t<strong>em</strong>as correlatos ao ramo <strong>em</strong> que a <strong>em</strong>presa atua.<br />

Entrevista Coletiva: ocorr<strong>em</strong> <strong>em</strong> momentos <strong>em</strong>ergenciais <strong>em</strong> que há a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> reunir jornalistas <strong>de</strong> vários veículos ao mesmo t<strong>em</strong>po. A pauta da coletiva <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong><br />

interesse público e atual. Textos previamente confeccionados <strong>de</strong>v<strong>em</strong> estar <strong>de</strong> acordo com a<br />

linguag<strong>em</strong> dos veículos convidados. Cabe ao assessor <strong>de</strong> imprensa analisar se o assunto<br />

merece uma entrevista coletiva ou não, além <strong>de</strong> orientar os jornalistas e o assessorado<br />

durante a realização mesma.<br />

Jornal mural: serviço <strong>de</strong> comunicação interna que consiste <strong>em</strong> quadros montados<br />

pela assessoria <strong>de</strong> imprensa e expostos <strong>em</strong> lugares estratégicos da <strong>em</strong>presa, como no espaço<br />

<strong>de</strong>stinado ao café, com recortes <strong>de</strong> notícias que saíram na mídia sobre a instituição ou t<strong>em</strong>as<br />

correlatos ou com material específico produzido pela assessoria para a comunicação os<br />

funcionários.<br />

Levantamento <strong>de</strong> pauta: o assessor <strong>de</strong>ve estar s<strong>em</strong>pre atento ao dia a dia da<br />

organização para a elaboração <strong>de</strong> possíveis pautas relevantes para a imprensa. Duarte<br />

(2002) recomenda a criação <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> informantes que lhe permita manter-se<br />

atualizado sobre tudo o que ocorre na <strong>em</strong>presa.<br />

Mailling ou cadastro <strong>de</strong> jornalistas: consiste na lista <strong>de</strong> jornalistas ou veículos da<br />

imprensa <strong>de</strong> interesse da assessoria <strong>em</strong> manter contato. Deve ser avaliado e atualizado com<br />

freqüência para sua eficácia.<br />

Manuais: serv<strong>em</strong> para padronizar o estilo e os procedimentos <strong>de</strong>senvolvidos pela<br />

assessoria <strong>de</strong> imprensa. Ajuda a criar a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> da organização e orienta a equipe.<br />

Nota oficial: consiste <strong>em</strong> um documento distribuído a imprensa na forma <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>claração, posicionamento oficial da instituição ou esclarecimento sobre um assunto<br />

relevante, urgente e <strong>de</strong> interesse público.<br />

Planejamento: Ao iniciar um trabalho <strong>de</strong> comunicação <strong>em</strong> uma organização o<br />

assessor <strong>de</strong>ve i<strong>de</strong>ntificar as posições e interesses do assessorado, para assim estabelecer<br />

86


metas e planejar formas <strong>de</strong> atingi-las. “Dev<strong>em</strong> ser traçadas metas estratégicas para os<br />

ambientes interno e externo, prevendo ações <strong>de</strong> curto, médio e longo prazos e<br />

caracterizando-se os resultados a ser<strong>em</strong> atingidos.” (DUARTE, 2002: 250).<br />

As instituições que possu<strong>em</strong> diferentes áreas <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong>v<strong>em</strong> elaborar um<br />

Plano <strong>de</strong> Comunicação, integrado e prospectivo, com o intuito <strong>de</strong> viabilizar e articular as<br />

equipes, profissionais e unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho. Esse Plano se <strong>de</strong>senvolve a partir <strong>de</strong> uma<br />

Política <strong>de</strong> Comunicação, mais ampla e que trata <strong>de</strong> questões conceituais como<br />

modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comunicação, vínculos, autonomia e diretrizes. Para Duarte uma das<br />

vantagens da Política <strong>de</strong> Comunicação “é que ajuda a institucionalizar a Comunicação,<br />

inserindo efetivamente a área na estrutura e no sist<strong>em</strong>a organizacional, <strong>em</strong> particular <strong>em</strong><br />

razão do aval político da direção para as rotinas e os procedimentos.” (DUARTE, 2002:<br />

250).<br />

O Plano <strong>de</strong> divulgação jornalística consiste <strong>em</strong> um documento setorial voltado para<br />

as ações <strong>de</strong> relacionamento e divulgação <strong>de</strong> uma instituição na imprensa. Po<strong>de</strong> conter<br />

diagnósticos, especificar os veículos prioritários, os materiais necessários, as metas e os<br />

prazos estipulados. Já o Plano para crises consiste <strong>em</strong> uma estratégia preventiva que ajuda a<br />

reduzir a marg<strong>em</strong> <strong>de</strong> erros, a controlar a situação e o impacto negativo que uma possível<br />

crise po<strong>de</strong> gerar. “Po<strong>de</strong> incluir ações <strong>de</strong> administração <strong>de</strong> vários tipos: aci<strong>de</strong>nte, <strong>de</strong>núncia,<br />

manifestações, crimes, orientando a área <strong>de</strong> comunicação e d<strong>em</strong>ais <strong>em</strong>pregados como<br />

proce<strong>de</strong>r.” (DUARTE, 2002:250).<br />

Press-kit: conjunto <strong>de</strong> material elaborado pelo assessor com informações relevantes<br />

para a imprensa sobre o assessorado. Abriga releases, artigos, entrevistas, fotos, imagens,<br />

gráficos, cd-rom, cópia <strong>de</strong> documentos, tabelas, brin<strong>de</strong>s, amostras <strong>de</strong> produtos, blocos <strong>de</strong><br />

anotações, canetas, cartazes, entre outros produtos <strong>de</strong> divulgação. Geralmente esse material<br />

é reunido <strong>em</strong> uma pasta e distribuído para jornalistas <strong>em</strong> eventos e coletivas ou enviado<br />

diretamente à redação. O press-kit <strong>de</strong>ve ser confeccionado com símbolos que i<strong>de</strong>ntifiqu<strong>em</strong><br />

a organização e apresentar um formato que facilite seu manuseio.<br />

Publieditorial: <strong>de</strong> acordo com Duarte, consiste <strong>em</strong> “material pago veiculado sob a<br />

forma <strong>de</strong> matéria jornalística e muitas vezes produzido por assessores <strong>de</strong> imprensa sob<br />

encomenda <strong>de</strong> agências <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong>.” (DUARTE, 2002: 251). O publieditorial é<br />

87


apresentado com o aviso “Informe Publicitário” para evitar equívocos com matérias<br />

jornalísticas.<br />

Releases: material distribuído à imprensa para sugestão <strong>de</strong> pauta ou veiculação na<br />

íntegra gratuitamente. Utiliza técnicas jornalísticas <strong>em</strong> sua produção e apresenta um assunto<br />

<strong>de</strong> interesse público, mas com o ponto <strong>de</strong> vista da organização. A confecção dos releases<br />

<strong>de</strong>ve respeitar a linguag<strong>em</strong> dos veículos. Nesse sentido, além dos textos <strong>de</strong>stinados aos<br />

jornais impressos, o release <strong>de</strong>ve ser também produzido com linguag<strong>em</strong> específica para<br />

televisão, rádio e internet.<br />

Sites: Os sites da Internet e Intranet são cada vez mais produzidos por jornalistas<br />

que dominam as ferramentas <strong>de</strong> informática e atuam como editores <strong>de</strong> conteúdo. “Um dos<br />

serviços mais comuns é a criação <strong>de</strong> locais específicos do tipo „sala <strong>de</strong> imprensa‟ com a<br />

oferta <strong>de</strong> releases e informações específicas para jornalistas.” (DUARTE, 2002:252).<br />

Treinamento para fontes (media training): treinamento <strong>de</strong>stinado a capacitar os<br />

assessorados a se relacionar<strong>em</strong> com a imprensa e outros profissionais da mídia. T<strong>em</strong> o<br />

intuito <strong>de</strong> carregar o assessorado <strong>de</strong> um conhecimento estratégico sobre como lidar<br />

interpessoalmente com jornalistas e obter resultado positivo. O assessor <strong>de</strong> comunicação<br />

<strong>de</strong>ve estar apto a aplicar esse treinamento.<br />

Veículos jornalísticos institucionais: Essas publicações “são caracterizadas como<br />

instrumentos para informação e relacionamento com diversos públicos da organização e<br />

pod<strong>em</strong> servir <strong>de</strong> subsídio e pauta para repórteres e editores.” (DUARTE, 2002:254). Esses<br />

veículos envolv<strong>em</strong> os assessores <strong>de</strong> imprensa mesmo quando são terceirizados ou<br />

elaborados por uma equipe própria. Segundo Duarte (2002), os assessores pod<strong>em</strong> colaborar,<br />

por ex<strong>em</strong>plo, no <strong>de</strong>senvolvimento do projeto editorial e gráfico e no acompanhamento <strong>de</strong><br />

sua produção, com o intuito <strong>de</strong> verificar s<strong>em</strong>pre a coerência das mensagens transmitidas.<br />

Nesse sentido, é possível perceber que os serviços <strong>de</strong> uma assessoria <strong>de</strong><br />

comunicação integrada vão além do trabalho exercido pelo jornalista, já que nessa lista <strong>de</strong><br />

serviços e produtos citado por Duarte (2002) é possível perceber a integração das áreas <strong>de</strong><br />

comunicação, como relações públicas, quando o autor aborda, por ex<strong>em</strong>plo, a produção <strong>de</strong><br />

press-kits que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser entregues <strong>em</strong> eventos; publicida<strong>de</strong> e propaganda, com a produção<br />

<strong>de</strong> informes publicitários e fol<strong>de</strong>res; gestão da comunicação, com a administração e o<br />

88


planejamento da assessoria; e jornalismo, com a produção <strong>de</strong> entrevistas e veículos<br />

jornalísticos institucionais, por ex<strong>em</strong>plo.<br />

Tendo <strong>em</strong> visto o <strong>de</strong>bate exposto até o momento, a seção a seguir irá abordar o<br />

trabalho das <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação <strong>em</strong> instituições ligadas à ciência e à tecnologia.<br />

2.4. Assessoria <strong>de</strong> Comunicação <strong>em</strong> organizações <strong>de</strong> C&T<br />

Após ser<strong>em</strong> apresentadas questões que abrang<strong>em</strong> o campo da C&T, o da<br />

comunicação pública da ciência e o da comunicação organizacional, é necessário discutir<br />

como esses campos se interligam através das <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação das instituições<br />

ligadas a C&T, para que assim seja possível analisar o estudo <strong>de</strong> caso da Gerência <strong>de</strong><br />

Comunicação da Fapesp nos capítulos a seguir.<br />

Apesar dos cuidados tomados pelos jornalistas que atuam nas editorias <strong>de</strong> ciência na<br />

gran<strong>de</strong> imprensa, diversas dificulda<strong>de</strong>s ainda são encontradas no processo <strong>de</strong> divulgação<br />

<strong>científica</strong>. O imediatismo da publicação no jornalismo diário, por ex<strong>em</strong>plo, não se encaixa<br />

com o rigor exigido na apuração e veiculação da ciência. Neste contexto, portanto, pod<strong>em</strong><br />

ocorrer distorções no processo <strong>de</strong> produção da notícia <strong>científica</strong> e, conseqüent<strong>em</strong>ente, na<br />

falta <strong>de</strong> compreensão do público leigo. A crescente profissionalização das <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong><br />

comunicação especializadas <strong>em</strong> C&T se dá nesse contexto para auxiliar os jornalistas que<br />

cobr<strong>em</strong> ciência e para aproximá-los dos pesquisadores da instituição.<br />

Por muitos anos a relação entre os pesquisadores, consi<strong>de</strong>rados até então os<br />

“produtores” <strong>de</strong> conhecimento, e os jornalistas, responsáveis pela sua divulgação, foi<br />

conflituosa. Entretanto, o reconhecimento da comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> sobre a importância da<br />

divulgação <strong>científica</strong> para a formação <strong>de</strong> uma cultura <strong>científica</strong> brasileira t<strong>em</strong> modificado<br />

este cenário. A profissionalização das <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação das organizações <strong>de</strong><br />

C,T&I, atuando <strong>em</strong> regime <strong>de</strong> parceria com os cientistas também contribuiu para a<br />

aproximação dos jornalistas com os cientistas.<br />

Nesse cenário <strong>de</strong> discussões, verifica-se existir uma certa tendência a olhar<br />

a produção da notícia <strong>científica</strong> como uma relação polarizada entre cientista<br />

e jornalista. Essa visão pressupõe, <strong>de</strong> um lado, a existência <strong>de</strong> um cientista,<br />

que <strong>em</strong> geral financiado pela socieda<strong>de</strong>, produz conhecimento científico e<br />

t<strong>em</strong> por obrigação prestar contas a essa socieda<strong>de</strong>, tornando público o<br />

conhecimento produzido; e <strong>de</strong> outro, um jornalista que <strong>de</strong>ve transmitir com<br />

objetivida<strong>de</strong> e imparcialida<strong>de</strong>, os avanços científicos, com o propósito <strong>de</strong><br />

89


fazer com que esse público entenda a importância da ciência. Aos<br />

assessores <strong>de</strong> imprensa cabe a tarefa <strong>de</strong> conquistar espaços na mídia para<br />

divulgar, com qualida<strong>de</strong>, o trabalho científico <strong>de</strong>senvolvido pela instituição<br />

on<strong>de</strong> atua, aparando as possíveis arestas entre os dois pólos. (MONTEIRO,<br />

2003:163).<br />

Muitas vezes o espaço reduzido <strong>de</strong>dicado à C&T pela mídia, a <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> no<br />

tratamento das matérias <strong>científica</strong>s, a formação do jornalista muitas vezes pouco voltada<br />

para área <strong>científica</strong> e a exploração do sensacionalismo prejudicam a imag<strong>em</strong> dos jornalistas<br />

com os cientistas, dificultando o acesso a essas fontes. Nesse sentido, os pesquisadores<br />

acabam preferindo manter relação com os jornalistas e assessores com os quais estabelec<strong>em</strong><br />

uma relação <strong>de</strong> confiança, conquistada a partir do interesse do profissional <strong>de</strong> comunicação<br />

<strong>em</strong> enten<strong>de</strong>r melhor o assunto e da maior disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po para diálogo.<br />

Segundo Caldas (1997) o trabalho <strong>de</strong> divulgar ciência exige do profissional <strong>de</strong><br />

comunicação que atua na mídia <strong>em</strong> geral, e nas <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> instituições<br />

<strong>de</strong> pesquisa e agências <strong>de</strong> fomento, especificamente, não apenas um conhecimento geral,<br />

mas principalmente uma capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> percepção crítica e analítica da política <strong>científica</strong> e<br />

tecnológica, da importância da pesquisa a ser divulgada, e o seu impacto social. Nesse<br />

contexto, o trabalho <strong>de</strong>sse assessor <strong>de</strong> comunicação não é uma tarefa fácil, como explica<br />

Monteiro (2003):<br />

[...] tenho observado que produzir notícias <strong>científica</strong>s para divulgação na<br />

mídia, <strong>em</strong>bora tenda a parecer uma ativida<strong>de</strong> simples e automática à<br />

primeira vista, constitui-se, ao contrário, num complexo processo <strong>de</strong><br />

construção <strong>de</strong> sentidos negociado passo a passo e orientado segundo<br />

interesses e valores <strong>em</strong> jogo na luta simbólica que os atores envolvidos<br />

(cientistas e jornalistas) travam pela interpretação da realida<strong>de</strong>.<br />

(MONTEIRO, 2003: 163).<br />

Desse modo, para Monteiro (2003), os assessores <strong>de</strong> comunicação, juntamente com<br />

os pesquisadores, <strong>de</strong>v<strong>em</strong> estabelecer <strong>de</strong> comum acordo, <strong>de</strong> que forma o texto será<br />

<strong>de</strong>senvolvido e para qu<strong>em</strong> será divulgado. Passada essa etapa, inicia-se, então, a elaboração<br />

do discurso jornalístico a partir do discurso científico, <strong>de</strong> acordo com as especificida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

linguag<strong>em</strong> e estilo <strong>de</strong> cada veículo <strong>de</strong> comunicação.<br />

Monteiro (2003) consi<strong>de</strong>ra também que os assessores <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong><br />

instituições <strong>de</strong> pesquisa e agências <strong>de</strong> fomento funcionam como “pontes” ou “jornalistas da<br />

90


casa”, já que atuam para realizar a interface entre o pesquisador e a mídia, reduzindo<br />

distorções que possam comprometer a <strong>em</strong>presa e sua credibilida<strong>de</strong> junto ao público. Os<br />

jornalistas “ponte” buscam oportunida<strong>de</strong>s na mídia para divulgar a instituição e sua imag<strong>em</strong><br />

perante a opinião pública e a outras instituições, respeitando um equilíbrio entre as<br />

necessida<strong>de</strong>s da <strong>em</strong>presa e as limitações impostas pelo campo da ciência. Para isso, se<br />

apóiam na maior familiarida<strong>de</strong> e no conhecimento que têm sobre o t<strong>em</strong>a científico e no<br />

funcionamento da mídia, utilizando-o <strong>de</strong> maneira a preservar os interesses da organização.<br />

Conhecendo os mecanismos da produção da ciência, a política <strong>científica</strong> <strong>de</strong><br />

seu país, suas agências <strong>de</strong> fomento e com acesso natural aos meios <strong>de</strong><br />

comunicação, os jornalistas que atuam ao lado dos cientistas, no cotidiano<br />

das instituições <strong>de</strong> pesquisa, exerc<strong>em</strong> um papel ímpar na divulgação da<br />

produção <strong>científica</strong>. (CALDAS, 1997: 72 e 73).<br />

Nesse contexto, os pesquisadores muitas vezes prefer<strong>em</strong> conce<strong>de</strong>r entrevistas para<br />

jornalistas que atuam como assessores <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> instituições <strong>de</strong> pesquisa, já que<br />

<strong>de</strong>vido à proximida<strong>de</strong> com esses profissionais os cientistas pod<strong>em</strong> explicar melhor o<br />

assunto <strong>em</strong> questão, e após a elaboração do texto o assessor t<strong>em</strong> mais liberda<strong>de</strong> <strong>em</strong> mostrar<br />

o material produzido para o especialista dar uma última conferida. Os jornalistas da gran<strong>de</strong><br />

imprensa muitas vezes não se sent<strong>em</strong> a vonta<strong>de</strong> <strong>em</strong> mostrar seu texto para os cientistas após<br />

a entrevista.<br />

Os jornalistas <strong>de</strong> <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> agências <strong>de</strong> fomento e instituições<br />

<strong>de</strong> pesquisa atuam, portanto, como mediadores entre a opinião pública e o cientista. A<br />

atuação conjunta dos jornalistas e dos cientistas é primordial para levar o conhecimento<br />

científico ao cidadão. Para isso, se faz necessário que o jornalista possua certa base teórica<br />

sobre questões relacionadas à ciência.<br />

Para Oliveira (2001):<br />

Para um relacionamento autônomo e cooperativo no cotidiano do trabalho<br />

do jornalista com o cientista é indispensável que o profissional da mídia e<br />

<strong>de</strong> <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação que atuam <strong>em</strong> instituições <strong>de</strong> pesquisa,<br />

sejam elas públicas ou privadas, tenham conhecimento sobre história e<br />

filosofia da ciência e das questões éticas envolvidas no processo <strong>de</strong><br />

produção <strong>em</strong> C&T. Somente assim será possível ao jornalista contribuir<br />

positivamente na formação da opinião pública. (CALDAS, 2003: 221).<br />

91


A implantação <strong>de</strong> um trabalho intencional, harmonioso, contínuo e eficaz<br />

<strong>de</strong> comunicação com a mídia e com o público <strong>em</strong> geral, no âmbito das<br />

organizações públicas <strong>de</strong> C&T, incluindo as universida<strong>de</strong>s, institutos <strong>de</strong><br />

pesquisa, fundações <strong>de</strong> amparo, secretarias e ministérios, po<strong>de</strong>ria reverter<br />

esse quadro [<strong>de</strong> ausência <strong>de</strong> políticas efetivas <strong>de</strong> comunicação <strong>científica</strong>].<br />

Um trabalho que cumprisse com três funções essenciais para uma<br />

comunicação eficiente sobre as ações e investimentos governamentais na<br />

área <strong>de</strong> C&T: prestar contas à socieda<strong>de</strong>; oferecer informações que<br />

contribuíss<strong>em</strong> para uma maior participação pública nas <strong>de</strong>cisões políticas<br />

nesta área; e contribuir <strong>de</strong> forma efetiva com a formação <strong>de</strong> uma cultura<br />

<strong>científica</strong> no País. (OLIVEIRA, 2001: 207).<br />

De acordo com Leite (2001), a profissionalização das <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação<br />

<strong>de</strong> instituições <strong>de</strong> pesquisa se dá muitas vezes <strong>de</strong>vido a falta <strong>de</strong> repercussão pública da<br />

produção <strong>de</strong> seus pesquisadores. No entanto, muitas vezes essas equipes <strong>de</strong> comunicação<br />

sofr<strong>em</strong> com as mudanças políticas periódicas, características das instituições públicas.<br />

Segundo o autor, para diminuir a lacuna entre as instituições <strong>de</strong> pesquisa e a<br />

imprensa seria viável a criação <strong>de</strong> um serviço ágil e confiável <strong>de</strong> informações para<br />

jornalistas especializados <strong>em</strong> ciência. Trata-se <strong>de</strong> um serviço nacional e centralizado <strong>de</strong><br />

informações sobre pesquisas, assim como as experiências <strong>de</strong> sucesso do exterior com os<br />

serviços EurekAlert, Science Online e Press Nature. No Brasil, a Empresa Brasileira <strong>de</strong><br />

Comunicação (Radiobrás) já realizou um serviço s<strong>em</strong>elhante; e atualmente a Associação<br />

Brasileira das Instituições <strong>de</strong> Pesquisa Tecnológica e Inovação (ABIPT) realiza o serviço<br />

“Gestão C&T 24 – Informação e Comunicação para os Sist<strong>em</strong>as Estaduais e Municipais <strong>de</strong><br />

C&T”, com o objetivo <strong>de</strong> agilizar a troca <strong>de</strong> informações entre o Governo Fe<strong>de</strong>ral e os<br />

Sist<strong>em</strong>as Estaduais <strong>de</strong> C&T.<br />

Nesse contexto, para Leite (2001) as agências <strong>de</strong> fomento à pesquisa <strong>científica</strong> são<br />

as instituições que mais estão aptas a realizar serviços <strong>de</strong> assessoria <strong>de</strong> comunicação, já que<br />

possu<strong>em</strong> um bom material científico para ser divulgado. Nas palavras do autor: “as<br />

instituições <strong>de</strong> fomento a pesquisa têm provavelmente o melhor acervo centralizado <strong>de</strong><br />

informações sobre estudos <strong>em</strong> fase <strong>de</strong> conclusão e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. Por isso, <strong>de</strong>veriam assumir<br />

24 http://www.gestaoct.org.br/<br />

92


a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intermediar esse fluxo <strong>de</strong> informações entre institutos <strong>de</strong> pesquisa e a<br />

imprensa.” (LEITE, 2001). 25 .<br />

De acordo com essa análise é possível perceber que a prática da assessoria <strong>de</strong><br />

comunicação <strong>em</strong> agências <strong>de</strong> fomento é muito importante para o aperfeiçoamento do<br />

jornalismo científico, já que colabora para a qualida<strong>de</strong> da informação <strong>científica</strong> nos<br />

veículos <strong>de</strong> comunicação da gran<strong>de</strong> imprensa e também para o acesso da socieda<strong>de</strong> ao<br />

conhecimento científico. Entretanto, é importante l<strong>em</strong>brar que apesar do relevante papel<br />

das agências <strong>de</strong> fomento, é nos laboratórios das universida<strong>de</strong>s e institutos <strong>de</strong> pesquisa que<br />

os trabalhos são realizados, cabendo às agências o financiamento. Nesse sentido, as<br />

universida<strong>de</strong>s também possu<strong>em</strong> um bom acervo <strong>de</strong> informações sobre estudos <strong>em</strong> fase <strong>de</strong><br />

conclusão e <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, por isso, a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação nessas instituições também<br />

é <strong>de</strong> suma importância.<br />

Reconhecida a importância da atuação do jornalista científico/assessor e <strong>de</strong> sua<br />

interação com os cientistas <strong>de</strong>ntro das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> divulgação do conhecimento <strong>em</strong><br />

instituições <strong>de</strong> pesquisa, é necessário compreen<strong>de</strong>r como ocorre esse processo <strong>de</strong><br />

divulgação <strong>em</strong> instituições <strong>de</strong> financiamento à pesquisa. Na seção a seguir será apresentado<br />

um panorama da divulgação <strong>científica</strong> nas <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação das Fundações <strong>de</strong><br />

Amparo à Pesquisa do Brasil, e nos próximos capítulos a discussão será centrada no<br />

trabalho da Gerência <strong>de</strong> Comunicação da Fapesp, <strong>de</strong>vido a sua importância no âmbito da<br />

divulgação <strong>científica</strong>, já que é pioneira na área e influência para outras agências <strong>de</strong><br />

fomento, <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> universida<strong>de</strong>s e instituições <strong>de</strong> pesquisa.<br />

2.4.1. A Comunicação nas FAPs<br />

Como mencionado no primeiro capítulo, os orçamentos e a forma <strong>de</strong> atuação pod<strong>em</strong><br />

mudar <strong>de</strong> uma FAP para outra, no entanto, todas elas atuam basicamente <strong>em</strong> quatro linhas,<br />

ou seja, 1) o apoio a projetos <strong>de</strong> pesquisa <strong>em</strong> todas as áreas do conhecimento; 2) a<br />

capacitação <strong>de</strong> pesquisadores através <strong>de</strong> bolsas que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o segundo grau até o pós-<br />

doutorado; 3) o apoio à inovação e à transferência <strong>de</strong> tecnologias e 4) a divulgação<br />

<strong>científica</strong>.<br />

25 Disponível <strong>em</strong>:<br />

http://www.jornalismocientifico.com.br/jornalismocientifico/artigos/jornalismo_cientifico/artigo10.php<br />

Acesso <strong>em</strong> 22.abr.2010<br />

93


Da mesma maneira como a forma <strong>de</strong> atuação e o orçamento das FAPs se<br />

apresentam <strong>de</strong> maneiras diferentes <strong>de</strong> uma instituição para outra, o trabalho <strong>de</strong> divulgação<br />

<strong>científica</strong> também se difere, já que características como localização, verba, t<strong>em</strong>po <strong>de</strong><br />

existência da fundação e a importância pela qual o dirigente da instituição d<strong>em</strong>onstra pela<br />

comunicação são pontos fundamentais para a prática da divulgação <strong>científica</strong>. Nesse<br />

sentido, a adaptação a essas características é fundamental para a conquista <strong>de</strong> espaços para<br />

a divulgação da ciência, principalmente da produção <strong>científica</strong> <strong>de</strong>senvolvida <strong>em</strong> seus<br />

estados.<br />

O presi<strong>de</strong>nte do CONFAP na gestão 2009-2014, Mário Neto Borges, também<br />

presi<strong>de</strong>nte da Fap<strong>em</strong>ig, <strong>em</strong> entrevista concedida à Fundação <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa do<br />

Estado do Pará (Fapespa) <strong>em</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2009 26 , consi<strong>de</strong>ra a divulgação da C&T<br />

essencial para o Brasil, apoiando as iniciativas e os projetos <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvido por cada FAP, como o Programa Mídia Ciência <strong>de</strong>senvolvido pela Fapesp<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1999 e diversos editais <strong>de</strong> apoio a divulgação <strong>científica</strong> que são lançados pelas<br />

Fundações.<br />

Essa é uma questão fundamental para o país se quisermos atingir um<br />

patamar <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento que nos coloque entre os países plenamente<br />

<strong>de</strong>senvolvidos do planeta. Portanto, essa questão precisa ser abordada sob<br />

dois ângulos. O primeiro é fazer a socieda<strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r a importância da<br />

C,T,I como pilar fundamental para o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável. Só assim<br />

este pilar será permanent<strong>em</strong>ente valorizado e intocável pelos que tomam<br />

<strong>de</strong>cisões sobre recursos e investimentos. Segundo, é preciso que toda<br />

socieda<strong>de</strong> tenha acesso a esse patrimônio científico e tecnológico, <strong>de</strong> forma<br />

que as pessoas leigas <strong>em</strong> ciência possam compreen<strong>de</strong>r esses valores, <strong>de</strong>les<br />

usufruir e, <strong>de</strong>ssa forma, ajudar a preservá-los. (BORGES, 2010). 27<br />

Durante o X Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Jornalismo Científico, realizado <strong>em</strong> Belo<br />

Horizonte <strong>em</strong> 2009, a assessora <strong>de</strong> comunicação social da Fap<strong>em</strong>ig, Vanessa Fagun<strong>de</strong>s,<br />

mediou uma mesa redonda sobre as FAPs e a divulgação <strong>científica</strong>, on<strong>de</strong> foram expostos e<br />

<strong>de</strong>batidos projetos voltados para essa linha.<br />

26 Disponível <strong>em</strong>: Acesso <strong>em</strong> 29.abr.2010.<br />

27 Entrevista <strong>de</strong> Mário Neto Borges. Disponível <strong>em</strong>: <br />

Acesso <strong>em</strong> 29.abr.2010.<br />

94


Antes <strong>de</strong> abrir a mesa redonda Vanessa Fagun<strong>de</strong>s apresentou a “Pesquisa <strong>de</strong><br />

Avaliação do grau <strong>de</strong> satisfação dos clientes da Fap<strong>em</strong>ig quanto aos serviços prestados pela<br />

Fundação”, realizada <strong>em</strong> março <strong>de</strong> 2009 com 520 pesquisadores do Estado <strong>de</strong> Minas Gerais<br />

que utilizam os financiamentos e participam dos editais lançados pela Fap<strong>em</strong>ig. O<br />

questionário abordou diversos pontos como, por ex<strong>em</strong>plo, os serviços oferecidos pela<br />

fundação, o perfil <strong>de</strong>sses pesquisadores e as áreas mais procuradas.<br />

Um dos pontos apresentados nessa pesquisa diz respeito à questão da imag<strong>em</strong> que<br />

os pesquisadores possu<strong>em</strong> da Fap<strong>em</strong>ig. De acordo com o Gráfico 7, abaixo, 99% dos<br />

entrevistados acredita que a instituição transmite credibilida<strong>de</strong> para a socieda<strong>de</strong>. Nesse<br />

sentido, é possível perceber que a Fundação t<strong>em</strong> uma imag<strong>em</strong> positiva perante o público<br />

que utiliza seus serviços.<br />

Gráfico 7: Nível <strong>de</strong> credibilida<strong>de</strong> transmitida pela Fap<strong>em</strong>ig<br />

Fonte: FAPEMIG, 2009. Pesquisa <strong>de</strong> Avaliação do grau <strong>de</strong> satisfação dos clientes da Fap<strong>em</strong>ig<br />

quanto aos serviços prestados pela Fundação.<br />

95


Outras questões apontadas pela pesquisa da Fap<strong>em</strong>ig abordaram também a questão<br />

da comunicação da ciência, com o intuito <strong>de</strong> averiguar qual a visão dos pesquisadores sobre<br />

a divulgação dos resultados <strong>de</strong> suas pesquisas.<br />

Nesse sentido, foi apresentada a seguinte questão para esses cientistas: Qual a<br />

importância da divulgação do resultado alcançado com pesquisa <strong>científica</strong> para o público<br />

leigo? Essa pergunta foi colocada para verificar se os pesquisadores consi<strong>de</strong>ram importante<br />

essa divulgação e, como mostra o Gráfico 8, abaixo, 67% dos entrevistados consi<strong>de</strong>ram<br />

essa prática muito importante.<br />

Se somados os pesquisadores que consi<strong>de</strong>ram a divulgação dos resultados<br />

alcançados com pesquisa <strong>científica</strong> para o público leigo “muito importante” (67,%) com os<br />

que consi<strong>de</strong>ram “importante” (28,1%), serão 95,1% dos cientistas entrevistados<br />

consi<strong>de</strong>rando a divulgação <strong>científica</strong> relevante para a socieda<strong>de</strong> contra 4,6% consi<strong>de</strong>rando<br />

“mais ou menos importante”, “pouco importante” ou “nada importante”.<br />

Esse resultado se mostra positivo no sentido <strong>em</strong> que apresenta uma reação da<br />

comunida<strong>de</strong> cientifica diferente daquela que anteriormente o cientista d<strong>em</strong>onstrava com a<br />

divulgação <strong>de</strong> sua produção. Atualmente os pesquisadores estão cientes da importância da<br />

divulgação dos resultados <strong>de</strong> suas pesquisas e dos possíveis transbordamentos para a<br />

socieda<strong>de</strong>.<br />

96


Gráfico 8: Importância da divulgação dos resultados alcançados com pesquisa<br />

<strong>científica</strong> para o público leigo (Pesquisa Fap<strong>em</strong>ig)<br />

Fonte: FAPEMIG, 2009. Pesquisa <strong>de</strong> Avaliação do grau <strong>de</strong> satisfação dos clientes da Fap<strong>em</strong>ig quanto aos<br />

serviços prestados pela Fundação.<br />

Outra pergunta no âmbito da comunicação <strong>científica</strong> apresentada aos pesquisadores<br />

da Fap<strong>em</strong>ig foi quanto às barreiras <strong>de</strong>ssa divulgação. A questão levantada foi a seguinte:<br />

Qual a maior dificulda<strong>de</strong> <strong>em</strong> se divulgar ciência para o público leigo? De acordo com a<br />

Tabela 6, abaixo, 44% dos entrevistados assumiram que a falta <strong>de</strong> espaço na gran<strong>de</strong><br />

imprensa se configura como a maior barreira para a divulgação <strong>científica</strong>. Vale ressaltar<br />

que para 41% o <strong>de</strong>spreparo dos jornalistas também se apresenta como uma dificulda<strong>de</strong>.<br />

Para 38,7% a dificulda<strong>de</strong> da população <strong>em</strong> enten<strong>de</strong>r o assunto divulgado e para 37% dos<br />

pesquisadores entrevistados a falta <strong>de</strong> assistência das <strong>assessorias</strong> também consist<strong>em</strong> <strong>em</strong><br />

probl<strong>em</strong>as.<br />

97


Tabela 6: Dificulda<strong>de</strong>s <strong>em</strong> se divulgar ciência para o público leigo (Pesquisa Fap<strong>em</strong>ig)<br />

Fonte: FAPEMIG, 2009. Pesquisa <strong>de</strong> Avaliação do grau <strong>de</strong> satisfação dos clientes da Fap<strong>em</strong>ig quanto aos<br />

serviços prestados pela Fundação<br />

Nesse sentido, apesar do reconhecimento pela comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> da importância<br />

da divulgação dos resultados <strong>de</strong> suas pesquisas para o público leigo, muitos ainda creditam<br />

as dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssa prática a má formação e qualificação dos profissionais <strong>de</strong><br />

comunicação.<br />

Quanto à dificulda<strong>de</strong> da população <strong>em</strong> enten<strong>de</strong>r o assunto, representada por 38,7%<br />

dos pesquisadores entrevistados pela Fap<strong>em</strong>ig (como mostra a Tabela 6, acima) é possível<br />

comparar esse dado com o Gráfico 3 (pág. 51) “Razão pela falta <strong>de</strong> interesse <strong>em</strong> C&T<br />

(Pesquisa MCT 2006)”, no qual 37% das 1.161 pessoas entrevistadas que apontaram<br />

possuir pouco ou nenhum interesse <strong>em</strong> C&T afirma ser por não enten<strong>de</strong>r o assunto.<br />

Nessa perspectiva, é possível perceber que tanto os pesquisadores quanto o público<br />

apontam a falta <strong>de</strong> entendimento da população <strong>em</strong> assuntos relacionados à ciência como um<br />

98


<strong>em</strong>pecilho para a divulgação <strong>científica</strong>, portanto, assinalando uma dificulda<strong>de</strong> para a<br />

formação e ampliação da cultura <strong>científica</strong>. Nesse sentido, o papel do jornalista científico e<br />

do divulgador é <strong>de</strong> suma importância, já que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> apresentar esses t<strong>em</strong>as para a socieda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> uma forma clara e crítica. Nos próximos capítulos será apresentado a forma <strong>de</strong> trabalho<br />

do setor <strong>de</strong> comunicação <strong>científica</strong> da Fapesp e a relação da instituição com a socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong><br />

geral e com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ssa cultura <strong>científica</strong> que, segundo as pesquisas, ainda é<br />

frágil.<br />

Esses dados referentes à dificulda<strong>de</strong> da população <strong>em</strong> enten<strong>de</strong>r assuntos<br />

relacionados à C&T também pod<strong>em</strong> ser comparados com a pesquisa “Ciência, Tecnologia<br />

& Inovação na Mídia Brasileira”, realizada pela ANDI e pela FUNDEP <strong>em</strong> 2009. Como foi<br />

citado no Capítulo I, apenas 15,7% dos textos analisados <strong>em</strong> 2007 e 2008 situou o leitor no<br />

contexto da notícia sobre C&T. Nesse sentido, s<strong>em</strong> que haja uma contextualização histórica<br />

da pesquisa divulgada, ou uma apresentação dos avanços anteriores que permitiram sua<br />

realização é muito difícil que o público entenda o que está sendo noticiado. Portanto, um<br />

bom trabalho <strong>de</strong> jornalismo e divulgação <strong>científica</strong> <strong>de</strong>ve situar as pessoas no contexto do<br />

assunto e apontar pontos reflexivos para que o público possa pensar sobre o que está se<br />

informando. Nesse sentido, a contextualização do material jornalístico <strong>em</strong> C&T <strong>de</strong>ve<br />

diminuir a falta <strong>de</strong> entendimento do público.<br />

Na mesa redonda <strong>em</strong> que essa pesquisa foi apresentada durante o X Congresso<br />

Brasileiro <strong>de</strong> Jornalismo Científico, as quatro jornalistas e assessoras <strong>de</strong> Fundações <strong>de</strong><br />

Amparo a Pesquisa, Mônica Costa, assessora da Fapern, Mirna Feitosa, chefe do<br />

Departamento <strong>de</strong> Difusão do Conhecimento da Fapeam, Heloísa Dallanhol, coor<strong>de</strong>nadora<br />

do Programa <strong>de</strong> Jornalismo Cientifico da Fapesc e Vanessa Fagun<strong>de</strong>s, assessora <strong>de</strong><br />

comunicação social da Fap<strong>em</strong>ig concordaram <strong>em</strong> que para ser um bom jornalista científico<br />

e um bom assessor <strong>de</strong> uma FAP ou <strong>de</strong> outras instituições ligadas à pesquisa é necessário o<br />

envolvimento com a área <strong>científica</strong> e com a metodologia da ciência. Nesse sentido, as<br />

jornalistas concordam com Caldas (2003), quando a autora diz que é indispensável para os<br />

profissionais <strong>de</strong> comunicação da gran<strong>de</strong> mídia e das <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong><br />

instituições <strong>de</strong> pesquisa o conhecimento sobre história e filosofia da ciência e das questões<br />

éticas envolvidas no processo <strong>de</strong> produção <strong>em</strong> C&T.<br />

99


Para Vanessa Fagun<strong>de</strong>s o jornalista/assessor científico <strong>de</strong>ve ser preparar <strong>de</strong> várias<br />

formas para evitar esse estranhamento junto à comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>. Para ela essa<br />

preparação <strong>de</strong>ve se dar a partir <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> especialização, participação <strong>em</strong> congressos<br />

para discussão sobre o t<strong>em</strong>a e também <strong>de</strong> simples atos que envolv<strong>em</strong> as tarefas <strong>de</strong> todos os<br />

jornalistas como o estudo <strong>de</strong> pauta antes da cobertura, leituras sobre os t<strong>em</strong>as abordados e<br />

busca <strong>de</strong> outras fontes <strong>de</strong> informação.<br />

Para um bom trabalho das <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> imprensa é necessário que a direção das<br />

instituições compreenda a importância da divulgação <strong>científica</strong>. “As instituições ligadas à<br />

pesquisa têm muito mais a divulgar do que apenas agenda e editais. A assessoria <strong>de</strong>ve ter<br />

esse apoio da diretoria e os jornalistas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> se preparar e dialogar com a mídia. Os bons<br />

profissionais possu<strong>em</strong> credibilida<strong>de</strong> e competência.” (FAGUNDES, 2009) 28<br />

De acordo com o presi<strong>de</strong>nte do CONFAP (2009-1014), Mario Neto Borges, ainda<br />

<strong>em</strong> entrevista a Fapespa 29 , uma das parcerias realizada pelas FAPs diz respeito a projetos <strong>de</strong><br />

divulgação <strong>científica</strong>. Nesse sentido, o Grupo <strong>de</strong> Trabalho <strong>em</strong> Comunicação (GTCom),<br />

formado por assessores <strong>de</strong> comunicação das FAPs, t<strong>em</strong> como objetivo propor ações na área<br />

<strong>de</strong> difusão e popularização da ciência e <strong>de</strong> fornecer subsídios para as <strong>de</strong>cisões e ações do<br />

Confap nessa área.<br />

Uma das propostas <strong>de</strong>sse grupo é a elaboração <strong>de</strong> um diagnóstico da real situação<br />

das <strong>assessorias</strong> e <strong>de</strong>partamentos <strong>de</strong> comunicação das FAPs, que permitirá a avaliação da<br />

realida<strong>de</strong> dos estados, para que assim seja possível aprimorar a comunicação <strong>científica</strong><br />

realizada <strong>em</strong> suas FAPs e propor projetos maiores.<br />

As <strong>assessorias</strong> têm muito potencial para atuar como fontes <strong>de</strong> informação e<br />

como criadoras <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong>. Estamos trabalhando <strong>em</strong><br />

conjunto. As FAPs estão dialogando na área <strong>de</strong> comunicação com o<br />

objetivo <strong>de</strong> potencializar essas ações e trocar experiências sobre o que v<strong>em</strong><br />

sendo feito. Então, vocês jornalistas, us<strong>em</strong> as FAPs como fontes <strong>de</strong><br />

informação, nós t<strong>em</strong>os muito a oferecer. (FAGUNDES, 2009). 30<br />

28<br />

Palestra proferida durante o X Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Jornalismo Científico, realizado <strong>em</strong> Belo Horizonte<br />

<strong>em</strong> Outubro <strong>de</strong> 2009.<br />

29<br />

Disponível <strong>em</strong>: Acesso <strong>em</strong> 29.abr.2010.<br />

30<br />

Palestra proferida durante o X Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Jornalismo Científico, realizado <strong>em</strong> Belo Horizonte<br />

<strong>em</strong> Outubro <strong>de</strong> 2009.<br />

100


Para a elaboração <strong>de</strong>sse diagnóstico, um questionário com o intuito <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar<br />

características, produção e principais entraves relacionados à área <strong>de</strong> comunicação das<br />

Fundações Estaduais <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa foi organizado durante uma reunião do GTCom<br />

<strong>em</strong> agosto <strong>de</strong> 2009 <strong>em</strong> Campo Gran<strong>de</strong>. Esse material foi enviado por e-mail aos<br />

<strong>de</strong>partamentos <strong>de</strong> comunicação das FAPs <strong>de</strong> todo o Brasil e também distribuído na reunião<br />

do grupo realizada <strong>em</strong> Florianópolis <strong>em</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2009. As respostas foram discutidas<br />

neste mesmo encontro e os resultados foram apresentados <strong>em</strong> um documento produzido<br />

pelo GTCom e o CONFAP.<br />

Ao todo, 11 FAPs respon<strong>de</strong>ram os questionários. São elas: FAP DF (DF), Facepe<br />

(PE), Fapesc (SC), Fap<strong>em</strong>a (MA), Fap<strong>em</strong>ig (MG), Fapergs (RS), Fapern (RN), Fapesq<br />

(PB), Fapepi (PI), Fundação Araucária (PR), Funcap (CE). No entanto, <strong>de</strong> acordo com<br />

informações do GTCom 31 , das 24 FAPs existentes, 20 possu<strong>em</strong> profissional <strong>de</strong><br />

comunicação (sejam funcionários efetivos, bolsistas ou mesmo <strong>em</strong>presa terceirizada).<br />

Nesse sentido, é possível consi<strong>de</strong>rar que a amostra representa 50% do grupo.<br />

O primeiro ponto do questionário diz respeito a existência <strong>de</strong> um setor <strong>de</strong><br />

comunicação <strong>de</strong>ntro da Fundação. Nesse sentido, <strong>de</strong> acordo com o Gráfico 9, abaixo, a<br />

maioria das FAPs que respon<strong>de</strong>ram as questões propostas possu<strong>em</strong> essa estrutura.<br />

Gráfico 9: Número <strong>de</strong> FAPs que possu<strong>em</strong> um setor <strong>de</strong> comunicação (GTCom) 32<br />

Fonte: CONFAP; GTCom. 2009. Diagnóstico Assessorias <strong>de</strong> Comunicação. Material cedido pelo CONFAP.<br />

31 CONFAP; GTCOM. Diagnóstico Assessorias <strong>de</strong> Comunicação. 2009. Material cedido pelo CONFAP.<br />

32 Os gráficos <strong>de</strong>sse documento apresentam números absolutos.<br />

101


Um setor <strong>de</strong> comunicação estruturado <strong>de</strong>ntro da instituição colabora muito com o<br />

trabalho dos profissionais da área, já que permite um amplo contato com os dirigentes e<br />

d<strong>em</strong>ais funcionários. Para divulgar o que uma organização está fazendo é necessário<br />

conhecer todos os procedimentos envolvidos, nesse sentido, estabelecer um setor <strong>de</strong><br />

comunicação <strong>de</strong>ntro da instituição é fundamental para a divulgação <strong>científica</strong> realizada por<br />

ela.<br />

O segundo ponto proposto por esse questionário foi a respeito da criação <strong>de</strong>sse setor<br />

<strong>de</strong> comunicação. Nesse sentido, <strong>de</strong> acordo com o Gráfico 10, abaixo, é possível perceber<br />

que essa área ainda é nova <strong>de</strong>ntro das FAPs, sendo que a maioria possui um setor <strong>de</strong><br />

comunicação <strong>de</strong> um a três anos <strong>de</strong> existência e apenas duas Fundações apontaram que seus<br />

<strong>de</strong>partamentos <strong>de</strong> comunicação possu<strong>em</strong> oito anos ou mais.<br />

Gráfico 10: Criação do setor <strong>de</strong> comunicação nas FAPs (GTCom).<br />

Fonte: CONFAP; GTCom. 2009. Diagnóstico Assessorias <strong>de</strong> Comunicação. Material cedido pelo CONFAP<br />

Com relação às equipes que atuam nesses setores <strong>de</strong> comunicação o questionário<br />

<strong>de</strong>senvolvido pelo GTCom perguntou às FAPs quantas pessoas estão envolvidas com o<br />

trabalho <strong>de</strong> comunicação nas Fundações. De acordo com o Gráfico 11, abaixo, a maior<br />

parte das FAPs conta um ou dois profissionais para executar as ativida<strong>de</strong>s da área. Nessa<br />

questão não foram consi<strong>de</strong>rados os estagiários. Nesse sentido, é possível perceber que além<br />

<strong>de</strong> recentes, os setores <strong>de</strong> comunicação das Fundações Estaduais <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa<br />

contam com equipes enxutas, sendo que uma assessoria <strong>de</strong> comunicação integrada <strong>de</strong>ve<br />

102


apresentar profissionais <strong>de</strong> todas as subáreas da Comunicação, como jornalista, relações<br />

públicas e publicitário.<br />

Gráfico 11: Número <strong>de</strong> profissionais nas equipes <strong>de</strong> comunicação das FAPs (GTCom)<br />

Fonte: CONFAP; GTCom. 2009. Diagnóstico Assessorias <strong>de</strong> Comunicação. Material cedido pelo CONFAP<br />

A questão <strong>de</strong> recursos próprios para o setor <strong>de</strong> comunicação, previstos no orçamento<br />

<strong>de</strong> cada instituição foi apontada no quarto it<strong>em</strong> do documento sobre o diagnóstico das<br />

Assessorias <strong>de</strong> Comunicação das FAPs. De acordo com o Gráfico 12, abaixo, o setor <strong>de</strong><br />

comunicação <strong>de</strong> apenas uma das Fundações que respon<strong>de</strong>ram ao questionário gerencia<br />

recursos próprios. A falta <strong>de</strong> recursos financeiros também foi citada como uma dificulda<strong>de</strong><br />

enfrentada pelos <strong>de</strong>partamentos.<br />

103


Gráfico 12: Recursos próprios para o setor <strong>de</strong> comunicação (GTCom)<br />

Fonte: CONFAP; GTCom. 2009. Diagnóstico Assessorias <strong>de</strong> Comunicação. Material cedido pelo CONFAP<br />

O questionário elaborado pelo GTCom dá ênfase também ao Plano <strong>de</strong><br />

Comunicação, que, como mencionado anteriormente, t<strong>em</strong> o objetivo <strong>de</strong> viabilizar e<br />

articular as equipes, profissionais e unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho. De acordo com o Gráfico 13,<br />

abaixo, a maioria das FAPs não possu<strong>em</strong> um Plano <strong>de</strong> Comunicação, no entanto, é possível<br />

perceber que um número consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> instituições, <strong>de</strong> acordo com a amostra da<br />

pesquisa, possui essa estratégia <strong>de</strong> trabalho <strong>em</strong> comunicação.<br />

Gráfico 13: Plano <strong>de</strong> Comunicação nas FAPs (GTCom)<br />

Fonte: CONFAP; GTCom. 2009. Diagnóstico Assessorias <strong>de</strong> Comunicação. Material cedido pelo CONFAP<br />

104


Quanto aos produtos <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong>senvolvidos pelos referidos setores das<br />

FAPs, o documento do GTCom afirma que todas as Fundações que respon<strong>de</strong>ram o<br />

questionário possu<strong>em</strong> algum tipo <strong>de</strong> material. O mais citado foi o boletim eletrônico (8<br />

FAPs editam esse tipo <strong>de</strong> publicação), seguido por revista <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong> (5),<br />

material <strong>em</strong> ví<strong>de</strong>o (4) e programas <strong>de</strong> rádio (2). Nessa etapa da pesquisa não foram<br />

contabilizados os sites institucionais e os releases encaminhados à imprensa.<br />

Esse mesmo documento também expõe uma lista <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s encontradas pelos<br />

setores <strong>de</strong> comunicação das FAPs no dia-a-dia <strong>de</strong> trabalho. Os probl<strong>em</strong>as mais citados<br />

foram: falta <strong>de</strong> recursos humanos (equipe insuficiente); falta <strong>de</strong> recursos financeiros; falta<br />

<strong>de</strong> planejamento dos setores (d<strong>em</strong>andas chegam <strong>de</strong> última hora); falta <strong>de</strong> integração com os<br />

d<strong>em</strong>ais setores; falta <strong>de</strong> equipamentos; acesso bloqueado a ferramentas como blogs, twitter,<br />

orkut e comunida<strong>de</strong>s virtuais; baixa r<strong>em</strong>uneração dos profissionais; as informações não<br />

circulam e não chegam no setor <strong>de</strong> comunicação; burocracia; falta <strong>de</strong> visão estratégica dos<br />

dirigentes sobre a importância da comunicação, internet lenta e falta <strong>de</strong> suporte do setor <strong>de</strong><br />

informática e falta <strong>de</strong> autonomia.<br />

A falta <strong>de</strong> recursos humanos (ou equipe insuficiente) foi citada como dificulda<strong>de</strong><br />

por seis das 11 FAPs que respon<strong>de</strong>ram o questionário. Na reunião do GTCom realizada <strong>em</strong><br />

Florianópolis <strong>em</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2009 as Fundações apontaram que esse é o principal entrave<br />

ao crescimento da área e dos programas <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong> atualmente.<br />

Nesse sentido, é possível perceber que apesar do pouco t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> existência dos<br />

setores <strong>de</strong> comunicação da maioria das FAPs, das equipes enxutas e das dificulda<strong>de</strong>s<br />

relatadas há um gran<strong>de</strong> esforço para a melhoria da área <strong>de</strong> Comunicação Científica <strong>de</strong>ssas<br />

instituições. A elaboração <strong>de</strong>sse diagnóstico é positiva no sentido <strong>de</strong> verificar a atual<br />

situação dos <strong>de</strong>partamentos <strong>de</strong> comunicação das Fundações, para que assim providências<br />

sejam tomadas a partir do conhecimento das dificulda<strong>de</strong>s enfrentas.<br />

Nos próximos capítulos a experiência da divulgação <strong>científica</strong> realizada pela Fapesp<br />

será relatada e analisada <strong>de</strong> acordo com conceitos da comunicação institucional e com base<br />

nas experiências da comunicação realizada <strong>em</strong> instituições ligadas a pesquisa <strong>científica</strong>. O<br />

trabalho <strong>de</strong> pesquisa sobre a Gerência <strong>de</strong> Comunicação da Fapesp se faz necessário por ser<br />

a primeira Fundação <strong>de</strong> Amparo a Pesquisa fundada no Brasil a contar com um<br />

<strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> comunicação e servir <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo para a criação e/ou o aperfeiçoamento da<br />

105


área <strong>de</strong> Comunicação Científica <strong>em</strong> outras instituições ligadas a pesquisas e também <strong>em</strong><br />

outras FAPs. O estudo da experiência <strong>em</strong> divulgação <strong>científica</strong> na Fapesp po<strong>de</strong>rá também<br />

orientar as d<strong>em</strong>ais FAPs, universida<strong>de</strong>s e institutos <strong>de</strong> pesquisa para a elaboração <strong>de</strong> um<br />

trabalho <strong>de</strong> comunicação integrado e b<strong>em</strong> estruturado.<br />

106


CAPÍTULO 3 – A FAPESP NA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA<br />

3.1 Histórico da instituição<br />

Como foi apontado no primeiro capítulo, o mo<strong>de</strong>lo nacional das Fundações <strong>de</strong><br />

Amparo à Pesquisa (FAPs) foi lançado na década <strong>de</strong> 1960 com a criação da própria<br />

Fundação <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa do Estado <strong>de</strong> São Paulo (Fapesp), que começou a<br />

funcionar <strong>em</strong> 1962, seguida da Fundação <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Gran<strong>de</strong><br />

do Sul <strong>em</strong> 1964.<br />

De acordo com o Governo <strong>de</strong> São Paulo 33 , o estado concentra 52% <strong>de</strong> toda<br />

produção <strong>científica</strong> brasileira. Responsável por cerca <strong>de</strong> 60% do financiamento <strong>de</strong>ssas<br />

ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Ciência, Tecnologia e Inovação no estado (IPT, 2007), a Fapesp foi instituída<br />

pelo Decreto 40.132 <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1962. No entanto, muitos foram os <strong>de</strong>bates e<br />

negociações que antece<strong>de</strong>ram essa lei e a formalização da Fundação. Com quase meio<br />

século <strong>de</strong> existência (fará 50 anos <strong>em</strong> 2012), atua <strong>em</strong> todas as áreas do conhecimento,<br />

financiando a formação e o aperfeiçoamento <strong>de</strong> estudantes e pesquisadores por meio <strong>de</strong><br />

programas regulares e especiais; além <strong>de</strong> apoiar a incubação <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas e pesquisas com<br />

potencial <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novas tecnologias e <strong>de</strong> aplicação prática nas diversas áreas<br />

do conhecimento.<br />

Embora conte hoje com recursos assegurados pela Constituição Estadual <strong>de</strong> 1% da<br />

Receita Tributária, inicialmente esses recursos eram escassos e <strong>de</strong>pendiam até mesmo <strong>de</strong><br />

doações, como explica o co-fundador, ex-diretor científico e ex-diretor presi<strong>de</strong>nte da<br />

Fapesp, Alberto Carvalho da Silva <strong>em</strong> artigo para edição especial da Revista Pesquisa<br />

Fapesp <strong>em</strong> homenag<strong>em</strong> aos 40 anos da Fundação: “Os recursos para pesquisa <strong>científica</strong><br />

eram escassos e, <strong>em</strong> gran<strong>de</strong> parte, frutos da filantropia das Fundações Guggenheim e<br />

Rockefeller e <strong>de</strong> algumas famílias abastadas e generosas.” (SILVA, 2002:14).<br />

Em 1942, Jorge Americano, então reitor da USP, estabeleceu os “Fundos<br />

Universitários <strong>de</strong> Pesquisa para a Defesa Nacional” (FUP), que apoiava projetos e bolsas <strong>de</strong><br />

pesquisa. O FUP foi a primeira idéia do que futuramente viria a ser a Fapesp. No entanto,<br />

<strong>de</strong> acordo com Alberto Carvalho da Silva, os Fundos logo encerraram sua ativida<strong>de</strong><br />

33 Portal do Governo do Estado <strong>de</strong> São Paulo. Disponível <strong>em</strong>:<br />

Acesso <strong>em</strong> 02.jun.2011.<br />

107


pioneira. “A carreira universitária resumia-se no professor catedrático vitalício e seus<br />

assistentes, por ele nomeados e d<strong>em</strong>issíveis ad nutum, s<strong>em</strong> perspectivas <strong>de</strong> carreira, com<br />

salários mo<strong>de</strong>stos e com reduzida compensação pelo trabalho <strong>em</strong> t<strong>em</strong>po integral.” (SILVA,<br />

2002:14).<br />

Em 1947 um grupo <strong>de</strong> pesquisadores e professores, encabeçado por João Luiz<br />

Meiller e Adriano Marchini enviou à Ass<strong>em</strong>bléia Constituinte do Estado o documento<br />

“Ciência e Pesquisa”, que originou o Artigo 123 da Constituição paulista ainda no mesmo<br />

ano. Tal artigo propunha que o apoio à pesquisa <strong>científica</strong> <strong>de</strong>veria ser apropriado por uma<br />

fundação à qual se atribuiria por ano uma quantia <strong>de</strong> no mínimo meio por cento <strong>de</strong> sua<br />

receita. Ou seja, já naquela época o Artigo 123 propôs que o amparo à pesquisa seria<br />

realizado por uma fundação nos mol<strong>de</strong>s da atual Fapesp.<br />

O artigo era claro, mas foram necessários 13 anos <strong>de</strong> discussões e lutas para<br />

torná-lo realida<strong>de</strong>. Dessas lutas participaram, entre outras organizações, a<br />

Socieda<strong>de</strong> Brasileira para o Progresso da Ciência e a Associação <strong>de</strong><br />

Auxiliares <strong>de</strong> Ensino da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo. (SILVA, 2002:14).<br />

Em agosto <strong>de</strong> 1956, <strong>em</strong> ass<strong>em</strong>bléia presidida por Alberto Carvalho da Silva e<br />

secretariada pelo ex-presi<strong>de</strong>nte do Brasil Fernando Henrique Cardoso, foram aprovados os<br />

estatutos da Associação <strong>de</strong> Auxiliares <strong>de</strong> Ensino da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, que<br />

estabeleceu a criação <strong>de</strong> uma carreira universitária aberta, a elevação dos vencimentos dos<br />

docentes, com <strong>de</strong>staque para o t<strong>em</strong>po integral, e a instituição da Fapesp. Nessa campanha,<br />

além <strong>de</strong> vários contatos com a SBPC, com o reitor da USP e com m<strong>em</strong>bros do Conselho<br />

Universitário, a diretoria da Associação também tentou o auxílio do então governador do<br />

Estado <strong>de</strong> São Paulo, Jânio Quadros.<br />

Jânio Quadros era ríspido. Ao assumir o governo, tinha cortado verbas da<br />

universida<strong>de</strong> que, na época, ainda não tinha autonomia. Ameaçava <strong>de</strong><br />

punição os professores que reclamavam <strong>de</strong>ssas medidas, como Cruz Costa e<br />

Lívio Teixeira, da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Filosofia, Ciências e Letras. E nos recebia<br />

s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong> mau humor. Ameaçou-nos <strong>de</strong> punições se déss<strong>em</strong>os entrevistas e<br />

escolheu alguns <strong>de</strong> nós para formar uma comissão cujo trabalho<br />

praticamente ignorou. (SILVA, 2002:14).<br />

108


Com a mudança <strong>de</strong> governo a situação também se altera. O novo governador, Carlos<br />

Alberto <strong>de</strong> Carvalho Pinto, instituiu <strong>em</strong> 1959 uma comissão para a elaboração do projeto <strong>de</strong><br />

organização e estruturação da fundação <strong>de</strong> apoio à pesquisa <strong>científica</strong> prevista pelo Artigo<br />

123. Essa comissão era secretariada por Hélio Pereira Bicudo e tinha, entre seus assessores,<br />

Paulo Emílio Vanzolini, além <strong>de</strong> ser integrada pelos secretários do governo Antônio<br />

Queiroz Filho, José Bonifácio Coutinho Nogueira, Fauze Carlos e José Vicente Faria Lima.<br />

Em nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1959 essa comissão apresentou à Ass<strong>em</strong>bléia Legislativa o Projeto<br />

1.953, que reiterava a adoção da percepção mais ampla da pesquisa e o princípio <strong>de</strong> não<br />

interferência nos assuntos internos da instituição, além <strong>de</strong> restringir os gastos com a<br />

administração da fundação a 5% <strong>de</strong> seu orçamento, índice que se mantém até hoje.<br />

Em junho <strong>de</strong> 1960 mais <strong>de</strong> mil pesquisadores assinaram um m<strong>em</strong>orial solicitando<br />

agilida<strong>de</strong> no processo <strong>de</strong> tramitação do Projeto 1.953, que fora aprovado <strong>em</strong> set<strong>em</strong>bro do<br />

mesmo ano pelo Legislativo. Nesse sentido, no dia 18 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1960, o governador<br />

Carvalho Pinto sancionou a Lei 5.918, que instituiu a Fundação <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa do<br />

Estado <strong>de</strong> São Paulo. No entanto, os estatutos da Fapesp foram aprovados somente no dia<br />

23 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1962 pelo Decreto 40.132.<br />

Tínhamos uma preocupação <strong>de</strong> dotar São Paulo <strong>de</strong> instrumentos capazes <strong>de</strong><br />

dar um apoio mais direto ao financiamento <strong>de</strong> pesquisas e à concessão <strong>de</strong><br />

bolsas <strong>de</strong> estudos. A FAPESP nasceu, assim, com a preocupação estrita <strong>de</strong><br />

ser uma instituição voltada para o apoio à pesquisa <strong>científica</strong>. Não era um<br />

movimento político, tampouco partidário, como alguns setores chegaram a<br />

imaginar. A movimentação foi ampla: participaram professores das<br />

faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Medicina, Filosofia, parte da Economia. Vários nomes<br />

tiveram um papel especialmente importante: Elza Berquó, William Saad<br />

Hossne, Crodowaldo Pavan, Paulo Vanzolini, Abrahão Fajer, Alberto<br />

Carvalho da Silva, Luiz Hil<strong>de</strong>brando, entre outros. (CARDOSO, 2002: 11).<br />

Após esses procedimentos <strong>de</strong> institucionalização da Fundação veio o processo <strong>de</strong><br />

organização da estrutura prevista na Lei. Era <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> do Conselho Superior da<br />

Fapesp, presidido pelo reitor Antônio Barros <strong>de</strong> Ulhôa Cintra, indicar ao governador os<br />

m<strong>em</strong>bros do primeiro Conselho Técnico Administrativo. Os integrantes iniciais foram:<br />

Jayme Arcover<strong>de</strong> Cavalcanti, diretor presi<strong>de</strong>nte; Warwick E. Kerr, diretor científico; e<br />

Rafael Ribeiro da Silva, diretor administrativo, logo seguido por Celso Antonio Ban<strong>de</strong>ira<br />

109


<strong>de</strong> Mello. Esse grupo ficou incumbido <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir não apenas o estatuto da nova Fundação,<br />

mas também toda a sua estratégia <strong>de</strong> funcionamento.<br />

Como parte <strong>de</strong>sta tarefa, que foi crucial na vida futura da Fundação,<br />

mereceu <strong>de</strong>staque: a forma do entendimento com os pesquisadores; as<br />

normas para apresentação <strong>de</strong> pedidos; a sua avaliação e <strong>de</strong>cisão baseadas<br />

apenas na contribuição para o <strong>de</strong>senvolvimento da ciência, viabilida<strong>de</strong> e<br />

cre<strong>de</strong>nciais do pesquisador; a assessoria <strong>em</strong> caráter confi<strong>de</strong>ncial por<br />

assessores <strong>de</strong> reconhecida competência <strong>científica</strong>; e, com base na lei, a que<br />

instituiu a proibição <strong>de</strong> que a Fundação assumisse encargos permanentes ou<br />

tivesse centros <strong>de</strong> pesquisa próprios. E logo <strong>de</strong> início, tornou-se claro que a<br />

responsabilida<strong>de</strong> pelas <strong>de</strong>cisões era do diretor científico, evitando-se os<br />

atrasos e outros inconvenientes das <strong>de</strong>cisões a cargo <strong>de</strong> comissões ou<br />

conselhos. Para adoção <strong>de</strong>stas normas foram básicas a objetivida<strong>de</strong> do<br />

diretor científico e suas observações <strong>em</strong> viag<strong>em</strong> aos Estados Unidos,<br />

Canadá e alguns países da Europa, patrocinada pela Fundação Rockfeller; a<br />

luci<strong>de</strong>z e a experiência <strong>de</strong> Paulo Emílio Vanzolini, apoiadas <strong>em</strong> sua vida <strong>de</strong><br />

pesquisador e visitas a instituições do exterior; e o espírito liberal aliado à<br />

experiência <strong>científica</strong> e acadêmica <strong>de</strong> Ulhôa Cintra e Jayme Cavalcanti.<br />

(SILVA, 2002:15).<br />

A Fapesp passou então a funcionar, provisoriamente, <strong>em</strong> salas da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Medicina da USP. Em agosto <strong>de</strong> 1962 mudou <strong>de</strong> en<strong>de</strong>reço, indo para o Edifício Pasteur, na<br />

Avenida Paulista e no mesmo ano o governador Carvalho Pinto conce<strong>de</strong>u à Fundação U$<br />

2,7 milhões para a formação <strong>de</strong> um patrimônio rentável.<br />

Exatos sete anos <strong>de</strong>pois, <strong>em</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1969 o quarto Diretor Científico, Oscar<br />

Sala, aprovou o plano da Diretoria Científica no qual a Fapesp <strong>de</strong>veria <strong>de</strong>stinar cerca <strong>de</strong><br />

30% <strong>de</strong> sua verba para arcar com os custos <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> áreas específicas, ou seja, os<br />

Projetos Especiais, como o Bioq-FAPESP <strong>de</strong> 1971, que permitiu o aperfeiçoamento da<br />

formação <strong>de</strong> recursos humanos na área <strong>de</strong> bioquímica no Estado. Outro projeto, o Programa<br />

Radar Metereológico <strong>de</strong> São Paulo (RadaSP) <strong>de</strong> 1974, abriu caminhos para o uso atual do<br />

radar <strong>em</strong> meteorologia e mo<strong>de</strong>rnizou uma área <strong>de</strong> interesse fundamental para a agricultura<br />

paulista.<br />

Depois <strong>de</strong> 15 anos <strong>de</strong> sua fundação, <strong>em</strong> 1977, a se<strong>de</strong> da Fapesp passou a funcionar<br />

no bairro Alto da Lapa, <strong>em</strong> São Paulo, on<strong>de</strong> permanece até hoje. Em 1989 a nova<br />

Constituição Estadual aumentou o valor dos recursos repassados anualmente para a<br />

Fundação <strong>de</strong> 0,5% para 1% da receita tributária paulista.<br />

110


3.2 Fapesp e a Opinião Pública<br />

A Fapesp, como uma instituição que financia C&T com verba pública e assim<br />

colabora com a geração do conhecimento científico, <strong>de</strong>ve prestar contas à socieda<strong>de</strong> sobre o<br />

<strong>de</strong>stino <strong>de</strong>sse dinheiro. Com esse propósito, a instituição divulga anualmente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início<br />

<strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s o Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s, on<strong>de</strong> estão <strong>de</strong>scriminados os investimentos da<br />

Fundação.<br />

Nessa perspectiva, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as negociações que movimentaram o processo <strong>de</strong> criação<br />

da Fapesp, a prestação <strong>de</strong> contas com a socieda<strong>de</strong> e a divulgação da produção <strong>científica</strong> das<br />

pesquisas financiadas pela instituição estão presentes nos Relatórios da instituição. Não<br />

havia, porém, uma percepção, como ocorre hoje, da própria instituição criar uma assessoria<br />

<strong>de</strong> comunicação e uma revista <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong>. Não por acaso, raramente o nome<br />

da Fapesp era veiculado pela mídia, <strong>em</strong>bora a maior parte das pesquisas <strong>de</strong>senvolvidas nas<br />

instituições <strong>de</strong> pesquisa do estado (universida<strong>de</strong>s e institutos <strong>de</strong> pesquisa) foss<strong>em</strong><br />

financiados pela instituição.<br />

Durante o período <strong>de</strong> criação da Fapesp, o médico José Reis, consi<strong>de</strong>rado o pai da<br />

divulgação <strong>científica</strong> no Brasil, escreveu diversos textos sobre a institucionalização <strong>de</strong> uma<br />

agência <strong>de</strong> fomento no Estado <strong>de</strong> São Paulo. Em 13 <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1954 apresentou um<br />

relatório na VI Reunião Anual da SBPC, publicado no ano seguinte <strong>em</strong> forma <strong>de</strong> artigo na<br />

revista Anh<strong>em</strong>bi, (volume XVIII, número 50) com o título “Fundação <strong>de</strong> Amparo à<br />

Pesquisa”. No texto o autor discorre sobre o que, a seu ver, <strong>de</strong>veria ser a instituição,<br />

antecipando assim vários pontos do que viria ser a Fapesp, inclusive quanto à prestação <strong>de</strong><br />

contas com a socieda<strong>de</strong> e à divulgação <strong>científica</strong>.<br />

(...) Quero, porém salientar outro ponto, que é o da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a<br />

Fundação, ela mesma, estabelecer como norma rígida a prestação <strong>de</strong> contas<br />

daqueles a qu<strong>em</strong> beneficia, <strong>de</strong> modo que os programas por ela apoiados não<br />

fiqu<strong>em</strong> na fase <strong>de</strong> programação, mas realmente se efetu<strong>em</strong>. Mais ainda. É<br />

preciso que a Fundação faça ponto <strong>de</strong> honra da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apresentar<br />

relatórios sinceros ao público, pelos quais o crítico possa apreciar a<br />

realização <strong>de</strong> seus fins. (REIS, 1954 apud MOURA, 2002: 19).<br />

O atual presi<strong>de</strong>nte da Fapesp (2007 – 2010 e 2010 - 2013 dois mandatos) Celso<br />

Lafer ratifica a necessida<strong>de</strong> da instituição prestar contas à socieda<strong>de</strong> por meio dos relatórios<br />

<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s anuais.<br />

111


Em respeito ao princípio da publicida<strong>de</strong>, importa que a FAPESP preste<br />

contas à socieda<strong>de</strong>, cujos recursos a mantêm, quanto aos resultados <strong>de</strong> suas<br />

pesquisas. Essa prestação <strong>de</strong> contas <strong>de</strong>sdobra-se <strong>em</strong> dois importantes<br />

aspectos: <strong>de</strong> um lado, permitir o controle da ativida<strong>de</strong> dos órgãos públicos,<br />

<strong>de</strong> outro, num sentido verda<strong>de</strong>iramente didático e cultural, divulgar os<br />

importantes avanços do conhecimento científico e tecnológico que pod<strong>em</strong><br />

ser obtidos mediante uma sólida política <strong>de</strong> fomento à pesquisa. Aliás, a<br />

publicida<strong>de</strong>, não apenas <strong>em</strong> seu sentido <strong>de</strong> princípio constitucional, mas no<br />

sentido <strong>de</strong> se permitir o amplo conhecimento das idéias <strong>em</strong> âmbito mundial,<br />

é cada vez mais essencial ao próprio avanço da ciência. (FAPESP, 2010: III<br />

Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s 2009).<br />

Nesse sentido, é possível perceber que a instituição se preocupa com a prestação <strong>de</strong><br />

contas <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s para a socieda<strong>de</strong> e uma das maneiras <strong>de</strong> realizar essa pr<strong>em</strong>issa e<br />

expor o seu trabalho é a divulgação <strong>de</strong> seu relatório anual e mais recent<strong>em</strong>ente, também por<br />

veículos <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong>, <strong>em</strong> diferentes suportes, o que será discutido ao longo <strong>de</strong><br />

todo esse capítulo.<br />

Um momento importante da Fundação que repercutiu muito na opinião pública<br />

brasileira foi o projeto <strong>de</strong> seqüenciamento genético da bactéria Xylella Fastidiosa, que teve<br />

início no final <strong>de</strong> 1997 e foi concluído <strong>em</strong> janeiro <strong>de</strong> 2000. Esse projeto teve gran<strong>de</strong><br />

repercussão na mídia nacional e internacional e segundo Mariluce Moura, Diretora <strong>de</strong><br />

Redação da Revista Pesquisa Fapesp, “alterou <strong>de</strong> forma profunda, consistente e com<br />

efeitos duradouros a relação entre a mídia e a ciência neste país”. (MOURA, 2006: 151).<br />

3.2.1 O Caso da Xylella Fastidiosa<br />

O projeto da X. Fastidiosa envolveu uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> aproximadamente 200<br />

pesquisadores do Estado <strong>de</strong> São Paulo, que realizaram o seqüenciamento genético da<br />

bactéria causadora da “clorose variegada” dos citros, ou seja, doença <strong>de</strong> plantas conhecida<br />

popularmente como praga do amarelinho, já que era transmitida por algumas espécies <strong>de</strong><br />

cigarras conhecidas conjuntamente pelo nome <strong>de</strong> “amarelinho”. Essa praga afetou na época<br />

cerca <strong>de</strong> um terço dos laranjais paulistas e causou prejuízos <strong>de</strong> aproximadamente U$ 100<br />

milhões anuais à citricultura. (MOURA, 2006).<br />

O anúncio da conclusão do trabalho <strong>em</strong> 18 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2000 foi o estopim da<br />

popularização inédita da bactéria Xylella Fastidiosa. Por se tratar <strong>de</strong> um assunto <strong>de</strong><br />

112


interesse público e por ser um fato inédito alcançado na ciência nacional o projeto foi muito<br />

comentado pela mídia nacional, internacional e pela opinião pública.<br />

O jornal O Estado <strong>de</strong> S. Paulo e os veículos <strong>de</strong> todo país que recebiam notícias da<br />

Agência Estado publicaram textos sobre a pesquisa e com chamadas do tipo “Brasil faz o<br />

primeiro seqüenciamento genético <strong>de</strong> ser vivo”. A Folha <strong>de</strong> S. Paulo apontou que o país<br />

tinha entrado para a história da ciência mundial ao ser o primeiro país do mundo a <strong>de</strong>cifrar<br />

o genoma <strong>de</strong> uma praga agrícola. (MOURA, 2006).<br />

Alguns meses <strong>de</strong>pois da conclusão do projeto e <strong>de</strong> ter repercutido na mídia impressa<br />

brasileira, no dia 13 julho <strong>de</strong> 2000 a revista Nature, uma das principais revistas <strong>científica</strong>s<br />

do mundo, publicou o artigo que apontava <strong>de</strong> maneira inédita os achados da fisiologia da X.<br />

Fastidiosa. O artigo dos cientistas brasileiros foi capa da Nature, t<strong>em</strong>a do editorial e<br />

matéria da seção News and Views. Além da revista americana, outras publicações<br />

internacionais ce<strong>de</strong>ram espaço para os resultados do projeto financiado pela Fapesp.<br />

Após a repercussão internacional, a pesquisa foi noticiada na Re<strong>de</strong> Globo na edição<br />

do Jornal Nacional do dia 12 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2000. Ainda <strong>de</strong> acordo com Moura (2006), a<br />

apresentadora do JN, Fátima Bernar<strong>de</strong>s, abriu a matéria com o seguinte texto: “Pela<br />

primeira vez a revista <strong>científica</strong> mais importante do mundo exibe na capa uma pesquisa<br />

brasileira e ressalta que o nosso país chegou ao topo da pesquisa genética mundial graças<br />

ao mapeamento genético <strong>de</strong> uma bactéria. (JORNAL NACIONAL 12 jul. 2000 apud<br />

MOURA, 2006).<br />

Nessa perspectiva, é possível perceber que a reportag<strong>em</strong> transmitida pela Re<strong>de</strong><br />

Globo aproximou o assunto do seqüenciamento genético, muitas vezes consi<strong>de</strong>rado um<br />

t<strong>em</strong>a difícil, ao cidadão leigo, interessado <strong>em</strong> saber o que estava sendo feito para combater<br />

as pragas dos laranjais. A veiculação da notícia na televisão provovou ampla difusão na<br />

população <strong>em</strong> geral. No entanto, Moura (2006) apresenta uma crítica à mídia televisiva, por<br />

entrar tardiamente <strong>em</strong> t<strong>em</strong>as <strong>de</strong> interesse nacional e internacional, já que o assunto tinha<br />

sido publicado nos principais jornais brasileiros <strong>de</strong>s<strong>de</strong> fevereiro do ano 2000, quando o<br />

projeto tinha sido concluído.<br />

Mariluce Moura (2006) ressalta que uma divulgação <strong>de</strong>ste porte não acontecia com<br />

as pesquisa brasileiras até os anos 90. Nas palavras da autora:<br />

113


O projeto da Xylella propiciou esse encontro da mídia com um<br />

acontecimento efetivo no campo da tecnociência brasileira, insistimos. É<br />

vital, entretanto, perceber que o projeto não foi originalmente pensado e<br />

preparado para a mídia, ao modo dos eventos. Em vez disso, ele foi<br />

pensado, planejado, <strong>de</strong>senvolvido e concluído com êxito <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma<br />

mentalida<strong>de</strong> cont<strong>em</strong>porânea que – diferent<strong>em</strong>ente do que se dava na<br />

comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> brasileira até os anos 1990 – pressupõe, mais que<br />

isso, toma a existência da mídia como constitutiva do espaço público – do<br />

espaço social. Trata-se <strong>de</strong> um t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que cada um opera <strong>de</strong> forma<br />

conseqüente no espaço público e com verbas públicas <strong>de</strong>bate-se, goste disso<br />

ou não, com a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estar na mídia, <strong>de</strong> existir nessa esfera, nesses<br />

bios que é uma das instâncias da vida social cont<strong>em</strong>porânea. (MOURA,<br />

2006: 154).<br />

Apesar da ampla repercussão do projeto da bactéria X. Fastidiosa ter ocorrido<br />

concomitant<strong>em</strong>ente com os primeiros passos para uma política <strong>de</strong> comunicação da<br />

Fundação <strong>em</strong> meados dos anos 90, esses dois episódios aconteceram separadamente, no<br />

entanto, se fundiram <strong>em</strong> seus processos para uma melhor divulgação do conhecimento e<br />

visibilida<strong>de</strong> da instituição.<br />

Em respeito à verda<strong>de</strong> histórica é preciso reiterar que as duas iniciativas<br />

começaram completamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes uma da outra, partiram <strong>de</strong><br />

pessoas que estavam praticamente <strong>de</strong> costas umas para as outras e no<br />

caminho fez-se inevitável e frutífero o encontro entre esses dois<br />

movimentos, entre esse dois fluxos. (MOURA, 2006: 154 e 155).<br />

Em entrevista realizada na redação da Revista Pesquisa Fapesp no dia 14 <strong>de</strong><br />

outubro <strong>de</strong> 2010, Mariluce Moura comentou que foi exatamente a partir <strong>de</strong>sse projeto<br />

pioneiro da pesquisa genômica, lançado <strong>em</strong> 1997, que a Fundação e seus dirigentes<br />

começaram a enten<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> fato, a importância da comunicação para a instituição e a ampliar<br />

seu apoio à área.<br />

3.3 Histórico da Política <strong>de</strong> Comunicação<br />

Apesar <strong>de</strong> ter sido estruturada <strong>em</strong> 1962, a Fapesp somente iniciou um trabalho mais<br />

sist<strong>em</strong>ático <strong>de</strong> comunicação e divulgação <strong>científica</strong> 33 anos <strong>de</strong>pois, ou seja, <strong>em</strong> 1995. Até<br />

o início da década <strong>de</strong> 1990, a atuação da instituição esteve voltada fundamentalmente para<br />

a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> com linguag<strong>em</strong> cifrada, própria ao discurso científico e não ao<br />

discurso jornalístico.<br />

114


Embora a instituição já <strong>de</strong>sfrutasse <strong>de</strong> prestígio nacional e internacional na década<br />

<strong>de</strong> 90, seu nome era pouco veiculado na mídia. Embora as pesquisas das universida<strong>de</strong>s<br />

paulistas e <strong>de</strong> institutos <strong>de</strong> pesquisa foss<strong>em</strong> financiadas pela Fapesp, <strong>em</strong> entrevistas à<br />

imprensa n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre os cientistas l<strong>em</strong>bravam <strong>de</strong> citar o órgão responsável pelo<br />

financiamento das pesquisas. Mesmo quando o faziam os veículos não inseriam esta<br />

informação nas reportagens, citando apenas a instituição <strong>de</strong> ensino e pesquisa nas quais os<br />

responsáveis estavam vinculados. Foi necessário uma carta da direção da Fapesp<br />

solicitando a todos os pesquisadores que a agência financiadora fosse citada no contexto<br />

das entrevistas.<br />

Eu diria o seguinte, que <strong>em</strong> 1995 começou na verda<strong>de</strong> a primeira<br />

abordag<strong>em</strong>, a primeira iniciativa <strong>de</strong> comunicação da Fapesp, ela<br />

começou <strong>em</strong> abril <strong>de</strong> 95. Até então, a Fapesp não tinha<br />

absolutamente nada, não é que não tivesse uma política [<strong>de</strong><br />

comunicação], não tinha nada. Não tinha instrumentos, não tinha<br />

<strong>de</strong>ntro da instituição sequer a noção <strong>de</strong> comunicação como esse<br />

campo <strong>de</strong> contato com a socieda<strong>de</strong>. Isso não existia. (MOURA,<br />

2011). 34<br />

Com ampla experiência na área <strong>de</strong> jornalismo científico, Mariluce Moura 35 , levou<br />

sua visão estratégica da área para o reconhecimento da comunicação como uma importante<br />

ferramenta para a imag<strong>em</strong> institucional. Apesar disso, o setor foi conquistando espaço aos<br />

poucos.<br />

Em 1992, <strong>de</strong>vido ao aniversário <strong>de</strong> 30 anos da Fapesp, o ex-governador Franco<br />

Montoro enviou uma carta para o presi<strong>de</strong>nte da Gazeta Mercantil, explicando que a Fapesp<br />

era uma instituição pouco conhecida pela socieda<strong>de</strong> e pedindo uma matéria sobre a<br />

Fundação. É nesse momento que a jornalista Mariluce Moura entra <strong>em</strong> contato direto com a<br />

Fapesp, já que ficou incumbida <strong>de</strong> fazer uma pesquisa sobre a agência <strong>de</strong> fomento paulista<br />

para escrever uma matéria para a Gazeta Mercantil sobre as pesquisas que a Fundação tinha<br />

financiado nesses 30 anos. Nessa perspectiva, Mariluce conversou na época com os<br />

34 Em entrevista com Mariluce Moura realizada <strong>em</strong> 17. mar. 2011 por telefone.<br />

35 Antes <strong>de</strong> ingressar na Fapesp a jornalista atuou no setor <strong>de</strong> comunicação do CNPq, reformulando a Revista<br />

Brasileira <strong>de</strong> Tecnologia (RBT) no final da década <strong>de</strong> 80. Posteriormente a RBT serviu <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo para a<br />

criação da Pesquisa Fapesp. Após a extinção da revista do CNPq, <strong>em</strong> 1989, a jornalista foi para a Gazeta<br />

Mercantil para estruturar a editoria <strong>de</strong> tecnologia.<br />

115


diretores científico e administrativo da instituição, mas não encontrou nenhum setor <strong>de</strong><br />

comunicação que pu<strong>de</strong>sse auxiliá-la nesse processo <strong>de</strong> pesquisa e <strong>de</strong> busca <strong>de</strong> informações.<br />

Não existia nenhum sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong>ntro da Fapesp. [...]<br />

Eu diria que provavelmente a Fapesp se protegeu muito, se voltou<br />

para si mesma, era muito ligada à comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>, muito<br />

respeitada pela comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>, mas era muito fechada <strong>em</strong><br />

relação à socieda<strong>de</strong>, à visibilida<strong>de</strong>, o que faz um certo sentido,<br />

porque o país tinha passado por uma ditadura e os organismos para<br />

se proteger<strong>em</strong> evitaram exposição d<strong>em</strong>ais. (MOURA, 2010). 36<br />

Dois anos <strong>de</strong>pois, no final <strong>de</strong> 1994, Mariluce Moura recebeu a proposta <strong>de</strong><br />

estruturar uma assessoria <strong>de</strong> comunicação na Fapesp. S<strong>em</strong> conhecimento da área <strong>de</strong><br />

Comunicação, a idéia inicial da instituição era que a jornalista trabalhasse apenas <strong>de</strong>z horas<br />

por s<strong>em</strong>ana. Em 1995 a instituição começa a ter consciência <strong>de</strong> que a comunicação com a<br />

socieda<strong>de</strong> era uma necessida<strong>de</strong> para a Fundação, já que o momento <strong>de</strong> red<strong>em</strong>ocratização do<br />

país exigia cada vez mais uma aproximação da socieda<strong>de</strong> para prestar contas ao cidadão<br />

paulista.<br />

É nessa perspectiva que a Fapesp estabelece os primeiros passos para uma política<br />

<strong>de</strong> comunicação, ainda que não formalizada <strong>em</strong> documento. “De 95 até aqui foi sendo<br />

plantada uma série <strong>de</strong> iniciativas <strong>de</strong> comunicação. E se a gente pensar uma política <strong>em</strong><br />

termos amplos, evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente, essa série <strong>de</strong> iniciativas estavam articuladas entre si e<br />

compunham uma política.” (MOURA 2011). 37<br />

A Fapesp precisava mostrar-se à socieda<strong>de</strong>, mostrar os impactos na<br />

socieda<strong>de</strong> dos resultados das pesquisas por ela financiadas. T<strong>em</strong> início,<br />

então, <strong>em</strong> 1995, o trabalho <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong> que contribuiu <strong>de</strong><br />

maneira significativa para a abertura da mídia paulista à ciência brasileira.<br />

(MASCARENHAS; SHIMIZU, 2007:03).<br />

Nesse sentido, <strong>em</strong> 1995 já estava claro que a Fapesp reconhecia a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ampliar sua relação com a socieda<strong>de</strong> por meio da mídia, <strong>em</strong>bora s<strong>em</strong> clareza sobre como<br />

seria esta atuação. Esse esclarecimento precisava ser <strong>de</strong> maneira criativa e influente, ou<br />

seja, necessitava <strong>de</strong> um trabalho inteligente <strong>de</strong> comunicação. “Não se tratava só <strong>de</strong><br />

36 Em entrevista com Mariluce Moura realizada <strong>em</strong> 14. out. 2010 pessoalmente.<br />

37 As referências <strong>de</strong> (MOURA, 2010) e (MOURA, 2011) são fragmentos das entrevistas realizadas com a<br />

jornalista e são utilizadas para compor os Capítulos III e IV.<br />

116


apresentar números. Se tratava <strong>de</strong> trazer à luz, <strong>de</strong> uma maneira mais visível, e o jornalismo<br />

<strong>de</strong> fato t<strong>em</strong> essa possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trazer à luz algumas histórias, dar carne a números.”<br />

(MOURA, 2010).<br />

Nos primeiros meses <strong>de</strong> sua atuação na Fapesp, mais precisamente nos meses <strong>de</strong><br />

abril, maio e junho <strong>de</strong> 1995, a jornalista percebia que os dirigentes da Fundação não tinham<br />

total clareza sobre o papel <strong>de</strong> um setor <strong>de</strong> comunicação, e que os veículos da imprensa<br />

também não conheciam a instituição. Muitos confundiam Fapesp com Sabesp, <strong>em</strong>presa<br />

responsável pelo tratamento <strong>de</strong> água e esgoto <strong>em</strong> São Paulo.<br />

Nessa etapa inicial alguns pressupostos básicos orientaram o projeto <strong>de</strong> divulgação<br />

<strong>científica</strong> elaborado pelo setor <strong>de</strong> comunicação <strong>em</strong> 1995, que ainda era composto somente<br />

por Mariluce Moura (A jornalista Graça Mascarenhas foi a segunda profissional <strong>de</strong><br />

comunicação a ser contratada, no entanto, somente <strong>em</strong> 1997). Essas metas foram<br />

estruturadas como ponto <strong>de</strong> partida para a realização <strong>de</strong>sse trabalho:<br />

Priorizar a divulgação dos resultados <strong>de</strong> pesquisas realizadas <strong>em</strong> universida<strong>de</strong>s e<br />

institutos com apoio da Fundação e não apenas a Fapesp enquanto instituição;<br />

A informação institucional <strong>de</strong>veria ser divulgada enfatizando o seu caráter <strong>de</strong><br />

medida <strong>de</strong> política <strong>de</strong> C&T (novos programas, distribuição dos investimentos etc.) e<br />

a contribuição das ações da Fapesp para o <strong>de</strong>senvolvimento científico e, <strong>em</strong> termos<br />

mais amplos, socioeconômicos do Estado <strong>de</strong> São Paulo;<br />

Adotar a linguag<strong>em</strong> e o discurso jornalístico;<br />

Fugir, nesse discurso, da ênfase ao espetacular, procurando a sobrieda<strong>de</strong> e a<br />

objetivida<strong>de</strong> na narrativa, <strong>de</strong>ixando claras as etapas e o t<strong>em</strong>po da pesquisa;<br />

Ter como foco o público a ser atingido, <strong>em</strong> um primeiro momento, jornalistas,<br />

capazes <strong>de</strong> sensibilizar<strong>em</strong>-se e abrir<strong>em</strong> espaço <strong>em</strong> seus veículos para matérias<br />

produzidas por eles mesmos a partir do material divulgado, e a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

pesquisadores e bolsistas. (MASCARENHAS; SHIMIZU, 2007).<br />

Em julho <strong>de</strong> 1995, segundo a jornalista Mariluce Moura, a diretoria da instituição,<br />

que estava <strong>em</strong> uma fase <strong>de</strong> criar novos programas, já tinha o plano <strong>de</strong> formular um boletim<br />

informativo mensal para as li<strong>de</strong>ranças <strong>científica</strong>s e acadêmicas <strong>de</strong> São Paulo, com o intuito<br />

<strong>de</strong> informar sobre as novida<strong>de</strong>s da Fapesp.<br />

117


Ainda <strong>em</strong> julho, o então Presi<strong>de</strong>nte da Fapesp Prof. Nelson Parada, encomendou<br />

um jornal estilo house organ para dois profissionais da área publicitária, no entanto, a<br />

jornalista Mariluce Moura não aprovou o trabalho, que segundo ela, era um material muito<br />

primário, e que a instituição não po<strong>de</strong>ria apresentá-lo publicamente, já que mesmo não<br />

sendo conhecida do público <strong>em</strong> geral, a Fapesp já era respeitada como agência <strong>de</strong> fomento<br />

pela comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> e esse material po<strong>de</strong>ria ferir essa imag<strong>em</strong>.<br />

O informativo foi reformulado pela própria Mariluce e publicado <strong>em</strong> agosto <strong>de</strong> 1995<br />

como o primeiro número do boletim Notícias Fapesp, com periodicida<strong>de</strong> mensal e<br />

inicialmente com quatro páginas e mil ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> tirag<strong>em</strong>. Com linguag<strong>em</strong> jornalística,<br />

o boletim, <strong>em</strong>brião da Revista Pesquisa Fapesp, divulgava notícias sobre resultados <strong>de</strong><br />

pesquisas financiadas pela Fundação e informações institucionais<br />

A partir das chamadas <strong>de</strong> capa da primeira edição do boletim Notícias Fapesp<br />

(Figura 3) é possível perceber o uso da linguag<strong>em</strong> jornalística nos textos e a priorida<strong>de</strong> <strong>em</strong><br />

divulgar os programas e iniciativas da instituição para a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>.<br />

118


Figura 3: Capa da primeira edição do Notícias Fapesp <strong>em</strong> agosto <strong>de</strong> 1995.<br />

Fonte: Material cedido pela redação da Revista Pesquisa Fapesp<br />

119


Em <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1995, quando foi aprovada a criação <strong>de</strong> um setor <strong>de</strong> comunicação<br />

na instituição, Mariluce Moura é contratada pela Fapesp. A partir daquele momento a área<br />

passou a contar com uma única jornalista, além <strong>de</strong> uma pessoa que realizava o clipping das<br />

matérias sobre a Fundação paulista publicadas na mídia e uma secretária para assuntos<br />

administrativos.<br />

O início da mudança <strong>de</strong> cultura <strong>de</strong> comunicação na Fapesp acontece no momento<br />

<strong>em</strong> que a instituição estava se abrindo para novos parceiros, ou seja, <strong>de</strong>ixava <strong>de</strong> ser uma<br />

agência <strong>de</strong> fomento voltada apenas para a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> e ampliava suas formas <strong>de</strong><br />

atuação. Nesse período a instituição criou novos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> financiamento como, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, para professores do Ensino Fundamental e Médio, por meio do Programa Ensino<br />

Público <strong>de</strong> 1995, que financia projetos <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong>senvolvidos por pesquisadores<br />

paulistas com a participação <strong>de</strong> professores da re<strong>de</strong> pública estadual, e para <strong>em</strong>presários,<br />

com projetos que visam à inovação tecnológica, como o Programa Fapesp Pesquisa<br />

Inovativa <strong>em</strong> Pequenas Empresas (PIPE), criado <strong>em</strong> 1997; além do Projeto da Xylella<br />

Fastidiosa (1997 – 2000), que colocou a instituição nos foros <strong>de</strong> discussão da opinião<br />

pública e contribuiu com o avanço do setor <strong>de</strong> comunicação que estava se iniciando na<br />

instituição.<br />

Os programas da Fapesp davam suporte à ampliação <strong>de</strong> sua política <strong>de</strong><br />

comunicação. Essa política, que ainda talvez <strong>de</strong>vêss<strong>em</strong>os colocar entre<br />

aspas já que não estava ainda formulada com essa clareza ia sendo<br />

construída pari passu a esse <strong>de</strong>senvolvimento do escopo da Fundação.<br />

(MOURA, 2011).<br />

Nesse sentido, aos poucos, a instituição além <strong>de</strong> aumentar seus parceiros vai<br />

percebendo a importância da comunicação e da divulgação <strong>científica</strong> para ampliar e<br />

consolidar sua imag<strong>em</strong> institucional e para divulgar notícias sobre C&T para o público <strong>em</strong><br />

geral. “Eu diria que a comunicação foi crescendo muito <strong>em</strong> paralelo a essa re-arrumação<br />

<strong>de</strong>ssa dimensão <strong>de</strong> atuação da Fapesp.” (MOURA, 2010).<br />

Dois anos <strong>de</strong>pois, <strong>em</strong> 1997, a Fundação autorizou a contratação <strong>de</strong> outro jornalista,<br />

Graça Mascarenhas, que é a atual Gerente <strong>de</strong> Comunicação da instituição. Naquele<br />

momento, Mascarenhas montou um serviço <strong>de</strong> assessoria <strong>de</strong> imprensa chamado Agência<br />

Fapesp, que diferent<strong>em</strong>ente da atual Agência Fapesp <strong>de</strong> Notícias (que atua por meio<br />

120


digital), era um boletim mensal impresso com notícias curtas (<strong>de</strong> 15 a 20 linhas) <strong>de</strong><br />

relevância <strong>científica</strong> e interesse público <strong>em</strong> formato <strong>de</strong> pauta jornalística e releases com<br />

informações da instituição, distribuído por fax para jornalistas da gran<strong>de</strong> imprensa do<br />

Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Nós assinávamos [as notícias enviadas por fax] “Comunicação da Fapesp” e<br />

era bastante significativo como a imprensa não conhecia a Fapesp. No<br />

começo a gente recebia muitos telefon<strong>em</strong>as <strong>de</strong> pessoas interessadas <strong>em</strong><br />

reportagens, <strong>em</strong> fazer as matérias; e muitas vezes nos confundiam com<br />

<strong>em</strong>presa <strong>de</strong> assessoria <strong>de</strong> imprensa, ou então, achavam que era a Fapesp que<br />

fazia a pesquisa. Não havia nenhum conhecimento da Fapesp como<br />

instituição financiadora, <strong>de</strong> apoio à pesquisa. Mas, isso foi melhorando aos<br />

poucos porque dávamos um tratamento super rigoroso e cuidadoso na<br />

abordag<strong>em</strong>, s<strong>em</strong> espetáculo, sensacionalismo. (MASCARENHAS, 2010). 38<br />

Esse trabalho <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> notícias e releases para a imprensa paulista se<br />

<strong>de</strong>senvolveu e a instituição começou a aten<strong>de</strong>r a uma d<strong>em</strong>anda crescente <strong>de</strong> jornalistas.<br />

Assim, foi preciso contratar um jornalista que se <strong>de</strong>dicasse integralmente ao serviço <strong>de</strong><br />

assessoria <strong>de</strong> imprensa. Em 1998, a Fapesp contrata mais dois profissionais para trabalhar<br />

no setor <strong>de</strong> comunicação que estava se formando. O jornalista Fernando Cunha ingressou<br />

na instituição para realizar o papel <strong>de</strong> assessor <strong>de</strong> imprensa, e assim, s<strong>em</strong>pre se manter <strong>em</strong><br />

contato com a mídia, e Marina Ma<strong>de</strong>ira, formada <strong>em</strong> Letras, iniciou um trabalho <strong>de</strong><br />

divulgação e organização <strong>de</strong> eventos na instituição.<br />

Nesse contexto, é possível perceber que o setor <strong>de</strong> comunicação da Fapesp começa a<br />

se estruturar melhor e a diversificar suas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntro do campo da comunicação,<br />

iniciando assim, um trabalho <strong>de</strong> comunicação integrada e se transformando <strong>em</strong> uma<br />

Gerência <strong>de</strong> Comunicação <strong>em</strong> 1998. Essas vertentes da comunicação da instituição serão<br />

mais discutidas nas seções seguintes <strong>de</strong>sse capítulo.<br />

Eu acho que hoje não po<strong>de</strong> existir nenhuma instituição <strong>de</strong>ssas [ligadas à<br />

pesquisa <strong>científica</strong>] s<strong>em</strong> uma área <strong>de</strong> comunicação. Porque não há como<br />

você fazer transitar aquela informação para socieda<strong>de</strong> se você não t<strong>em</strong> uma<br />

área <strong>de</strong> comunicação, um setor <strong>de</strong> comunicação integrado com a própria<br />

ação <strong>de</strong> uma agência <strong>de</strong> fomento. Para mim é loucura. Não existe mais isso.<br />

(MOURA, 2010).<br />

38 Em entrevista com Graça Mascarenhas realizada <strong>em</strong> 17. mai. 2010 pessoalmente. As referências <strong>de</strong><br />

(MASCARENHAS, 2010) são fragmentos da entrevista realizada com a jornalista e são utilizadas para<br />

compor os Capítulos III e IV.<br />

121


Nesse sentido, é possível perceber que mesmo s<strong>em</strong> um documento oficial que<br />

explicitasse sua política <strong>de</strong> comunicação, a ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> outras <strong>em</strong>presas, a Fapesp foi<br />

expandindo sua área <strong>de</strong> comunicação, s<strong>em</strong>pre com o intuito <strong>de</strong> prestar contas ao cidadão<br />

contribuinte e <strong>de</strong> dar visibilida<strong>de</strong> à instituição perante a socieda<strong>de</strong>. No entanto, segundo<br />

Mariluce Moura, essa política <strong>de</strong> comunicação variou, ao longo <strong>de</strong>sses anos, da relação e da<br />

compreensão do papel da comunicação pelos dirigentes da Fapesp.<br />

Por outro lado, mesmo s<strong>em</strong> uma política explicita <strong>de</strong> comunicação na Fapesp, existe<br />

um planejamento das ações <strong>de</strong>senvolvidas. Segundo Mascarenhas (2010), essas ações<br />

s<strong>em</strong>pre foram pautadas por conversas com a direção da instituição e por observações<br />

diretas da política <strong>científica</strong> <strong>em</strong> curso.<br />

A partir <strong>de</strong> 2010, a Fapesp começou um processo <strong>de</strong> análise <strong>de</strong>ssa política informal<br />

<strong>de</strong> comunicação, para que a instituição tenha uma política b<strong>em</strong> articulada e com objetivos<br />

claros, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente das pessoas que estejam momentaneamente dirigindo a<br />

instituição. Essa análise iniciada <strong>em</strong> 2010 t<strong>em</strong> o objetivo <strong>de</strong> institucionalizar uma política<br />

<strong>de</strong> comunicação no momento <strong>em</strong> que a produção <strong>científica</strong> do Estado <strong>de</strong> São Paulo começa<br />

a se projetar com mais força internacionalmente.<br />

Há uma preocupação da Fapesp, uma justa preocupação <strong>em</strong> que a política<br />

<strong>de</strong> comunicação perceba esse movimento <strong>de</strong> internacionalização da<br />

produção <strong>científica</strong> aqui no Estado. Então, eu diria que a gente está b<strong>em</strong> na<br />

fase <strong>de</strong> traçado <strong>de</strong> objetivos e <strong>de</strong> metas para a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> uma política<br />

institucional <strong>de</strong> comunicação a<strong>de</strong>quada à nova década aí 2011, 2020,<br />

2030... A gente está mergulhado <strong>em</strong> uma fase <strong>de</strong> elaboração. (MOURA,<br />

2010).<br />

Umas das primeiras iniciativas realizadas nessa análise da política <strong>de</strong> comunicação<br />

foi o levantamento do status atual do setor. Para isso o Presi<strong>de</strong>nte Celso Lafer convidou o<br />

jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva, no início <strong>de</strong> 2010, para realizar uma avaliação da<br />

área <strong>de</strong> comunicação da Fapesp. O jornalista se <strong>de</strong>dicou a esse trabalho durante seis meses<br />

e apresentou um relatório com os resultados para o Conselho Superior. A partir disso, o<br />

Prof. Lafer pediu para que Lins da Silva começasse a atuar como Coor<strong>de</strong>nador Geral <strong>de</strong><br />

Comunicação e que tentasse colocar <strong>em</strong> prática as sugestões que tinha apontado no<br />

relatório. “E eu comecei a fazer isso, se não me engano, <strong>em</strong> nov<strong>em</strong>bro do ano passado<br />

122


[2010]. Então, nós estamos no meio do processo e a minha expectativa é que ao final <strong>de</strong> um<br />

ano, ou seja, <strong>em</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong>sse ano [2011], a gente já tenha alguma coisa <strong>de</strong> concreto<br />

para oferecer.” (LINS DA SILVA, 2011). 39<br />

Nesse relatório Lins da Silva confirma a visão <strong>de</strong> Moura <strong>de</strong> que as iniciativas <strong>de</strong><br />

comunicação da instituição <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1995 variaram <strong>de</strong> acordo com o interesse dos dirigentes<br />

da Fundação por assuntos relacionados à comunicação.<br />

Não havia uma política <strong>de</strong> comunicação. Ainda não há. Eu espero terminar<br />

o ano [2011] com essa política formulada. Então, havia muito pouco <strong>de</strong><br />

objetivos e metas a ser<strong>em</strong> atingidos <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminado período <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po,<br />

havia muita, e ainda há, muita sobreposição <strong>de</strong> esforços. Então, o que nós<br />

estamos tentando fazer, mais ou menos, é uma racionalização, uma<br />

formalização da política que existe na prática, mas não existe teoricamente<br />

e o estabelecimento <strong>de</strong> objetivos e metas para cada setor da comunicação da<br />

Fapesp. (LINS DA SILVA, 2011).<br />

Apesar <strong>de</strong> ainda não existir um documento formulado com esses objetivos e metas,<br />

Lins da Silva já adianta alguns pontos a ser<strong>em</strong> analisados, como a coor<strong>de</strong>nação das<br />

ativida<strong>de</strong>s realizadas pela Agência e pela Revista, que segundo o jornalista, muitas vezes se<br />

sobrepunham; a realização <strong>de</strong> uma pesquisa para i<strong>de</strong>ntificar o perfil do leitor da Revista e a<br />

formulação <strong>de</strong> um manual <strong>de</strong> redação para a publicação. Algumas <strong>de</strong>ssas propostas já<br />

foram impl<strong>em</strong>entadas como a instituição <strong>de</strong> um Conselho Editorial 40 misto na Pesquisa<br />

Fapesp, ou seja, com jornalistas e pesquisadores e uma nova reformulação do Portal da<br />

Fapesp.<br />

Depois <strong>de</strong> tudo isso, certamente, vai gerar mudanças, alterações, para<br />

melhorar ainda mais o que a gente consi<strong>de</strong>ra ser uma comunicação <strong>de</strong> muito<br />

boa qualida<strong>de</strong> que a Fapesp já faz atualmente. Então, eu não tenho muito a<br />

dizer porque nós ainda estamos no meio do processo, mas a idéia é<br />

melhorar o que já era bom e tornar os instrumentos à disposição da Fapesp<br />

para se comunicar com os públicos mais efetivos. Tudo isso tendo <strong>em</strong> vista<br />

o cumprimento do que <strong>de</strong>termina o próprio Estatuto da Fapesp, que diz que<br />

39 Em entrevista com Carlos Eduardo Lins da Silva <strong>em</strong> 29.mar.2011 por telefone. As referências <strong>de</strong> (LINS<br />

DA SILVA, 2011) são fragmentos da entrevista realizada com o jornalista e são utilizadas para compor os<br />

Capítulos III e IV.<br />

40 Conselho Editorial: Carlos Henrique <strong>de</strong> Brito Cruz (Presi<strong>de</strong>nte), Caio Túlio Costa, Eugênio Bucci,<br />

Fernando Reinach, José Arana Varela, José Eduardo Krieger, Luiz Davidovich, Marcelo Knobel, Marcelo<br />

Leite, Maria Hermínia Tavares <strong>de</strong> Almeida, Mariza Corrêa, Maurício Tuffani e Mônica Teixeira.<br />

123


ela t<strong>em</strong> que prestar contas ao público contribuinte paulista sobre o que é<br />

feito com o dinheiro que o contribuinte paulista dá para a entida<strong>de</strong>. (LINS<br />

DA SILVA, 2011).<br />

Nesse contexto, é importante verificar a posição do Diretor Científico da instituição<br />

e <strong>de</strong> seu Presi<strong>de</strong>nte quanto à questão da comunicação. Carlos Henrique <strong>de</strong> Brito Cruz,<br />

Diretor Científico da Fapesp (2005 – 2008 e 2008 – 2011 dois mandatos) acredita que a<br />

divulgação <strong>científica</strong> é um esforço que todos os profissionais ligados à pesquisa <strong>de</strong>v<strong>em</strong><br />

fazer, principalmente uma agência <strong>de</strong> fomento que <strong>de</strong>ve prestar contas à socieda<strong>de</strong>.<br />

A Fapesp faz isso por essa razão e é uma coisa que está prevista no<br />

Estatuto. E faz isso <strong>de</strong> várias maneiras diferentes, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> estimular os<br />

pesquisadores a dar visibilida<strong>de</strong> a seus projetos na Internet, até divulgar o<br />

programa especial que financia bolsa para jornalistas [científicos]. [...] É<br />

muito importante porque é preciso que as agências <strong>de</strong> fomento consigam<br />

comunicar para o maior número <strong>de</strong> pessoas que for possível sobre as suas<br />

ativida<strong>de</strong>s para essas ativida<strong>de</strong>s ser<strong>em</strong> valorizadas. (BRITO CRUZ,<br />

2010). 41<br />

O Presi<strong>de</strong>nte da Fundação paulista, Celso Lafer (2007 – 2010 e 2010 - 2013 dois<br />

mandatos) também aponta a divulgação <strong>científica</strong> como parte da missão institucional da<br />

Fapesp. Lafer acredita que o setor <strong>de</strong> comunicação na instituição foi criado quando a<br />

Fundação percebeu que era preciso se abrir à socieda<strong>de</strong>.<br />

A divulgação do conhecimento, a divulgação da ciência é parte da nossa<br />

missão institucional e nisso a Fapesp foi criando, foi crescendo, e na<br />

medida <strong>em</strong> que foi crescendo, foi verificando que era preciso ir além<br />

daquilo que era o contato mais tradicional com o público <strong>em</strong> geral e com a<br />

comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>. [...] Como presi<strong>de</strong>nte da Fapesp, uma das minhas<br />

responsabilida<strong>de</strong>s é a representação da instituição, e a representação da<br />

instituição passa naturalmente pela divulgação daquilo que nós faz<strong>em</strong>os e<br />

do papel que t<strong>em</strong>os. (LAFER, 2010). 42<br />

O Presi<strong>de</strong>nte Lafer também aponta a influência que os dirigentes anteriores tiveram<br />

no setor <strong>de</strong> comunicação e a importância <strong>de</strong> se continuar esse trabalho:<br />

41 Em entrevista com Carlos Henrique <strong>de</strong> Brito Cruz <strong>em</strong> 17. nov. 2010 pessoalmente. As referências <strong>de</strong><br />

(BRITO CRUZ, 2010) são fragmentos da entrevista realizada com o Diretor Científico e são utilizadas para<br />

compor os Capítulos III e IV.<br />

42 Em entrevista com Celso Lafer <strong>em</strong> 17. nov. 2010 pessoalmente. As referências <strong>de</strong> (LAFER, 2010) são<br />

fragmentos da entrevista realizada com o Presi<strong>de</strong>nte da Fapesp e são utilizadas para compor os Capítulos III e<br />

IV.<br />

124


Para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ssa área <strong>de</strong> divulgação da informação contribuiu<br />

s<strong>em</strong> dúvida o Prof. Vogt no período da presidência <strong>de</strong>le pela própria<br />

formação profissional <strong>de</strong>le e pelo interesse <strong>de</strong>le nessa matéria. Isso teve um<br />

<strong>de</strong>senvolvimento e ele <strong>de</strong>u importância a isso. E eu venho também<br />

aprimorando isso com base naquilo que já existe e tentando aprimorar essas<br />

possibilida<strong>de</strong>s. Inclusive <strong>em</strong> uma dimensão, que hoje nós aqui da Fapesp<br />

damos gran<strong>de</strong> ênfase, que é o processo <strong>de</strong> internacionalização, que é o <strong>de</strong><br />

também fazer presente no plano internacional o que é o conhecimento que<br />

se produz no Brasil. (LAFER, 2010).<br />

Uma política <strong>de</strong> comunicação b<strong>em</strong> estruturada e <strong>em</strong> sintonia com os dirigentes é<br />

essencial para que o trabalho <strong>de</strong>sse setor seja eficiente e caminhe junto com os objetivos e<br />

metas da instituição. No caso <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> agência <strong>de</strong> fomento, como a Fapesp, essa<br />

política é vital, pois além <strong>de</strong> dar visibilida<strong>de</strong> e credibilida<strong>de</strong> à Fundação, já que um <strong>de</strong> seus<br />

pressupostos é exatamente prestar contas à socieda<strong>de</strong>. Nesse sentido, observa-se uma<br />

crescente profissionalização do setor <strong>de</strong> comunicação com a elaboração <strong>de</strong> uma política <strong>de</strong><br />

comunicação clara com a inserção <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> avaliação e metas claras.<br />

3.4 Comunicação e <strong>Divulgação</strong> Científica na Fapesp<br />

Após ser apresentada a orig<strong>em</strong> e o histórico da área <strong>de</strong> comunicação da Fapesp, é<br />

importante verificar como esse setor se estrutura atualmente, para <strong>em</strong> seguida analisar sua<br />

estrutura, veículos, produtos e serviços.<br />

Com a criação <strong>de</strong> uma Gerência <strong>de</strong> Comunicação, coor<strong>de</strong>nada pela jornalista Graça<br />

Mascarenhas, Mariluce Moura passa a <strong>de</strong>dicar-se mais ao boletim e <strong>em</strong> seguida à Pesquisa<br />

Fapesp. No entanto, <strong>em</strong> 2002, quando a Revista passa a ser vendida <strong>em</strong> banca, os dois<br />

setores (publicação e Gerência) ganham autonomia e passam a funcionar como dois<br />

<strong>de</strong>partamentos distintos, <strong>em</strong>bora integrados à política <strong>de</strong> comunicação da Fapesp. A nova<br />

estratégia possibilitou maior <strong>de</strong>dicação e, conseqüent<strong>em</strong>ente, um aperfeiçoamento <strong>de</strong> cada<br />

setor.<br />

O primeiro setor é responsável pela produção editorial da Revista Pesquisa Fapesp,<br />

do site Pesquisa Fapesp online e do programa <strong>de</strong> rádio Pesquisa Brasil.<br />

A Gerência <strong>de</strong> Comunicação engloba <strong>de</strong> forma integrada ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> diversos<br />

segmentos da área <strong>de</strong> comunicação tais como: a) assessoria <strong>de</strong> comunicação e <strong>de</strong> imprensa,<br />

coor<strong>de</strong>nada pelo jornalista Fernando Cunha; b) organização <strong>de</strong> eventos e relações públicas,<br />

125


coor<strong>de</strong>nada por Marina Ma<strong>de</strong>ira; c) publicações <strong>de</strong> livros que reún<strong>em</strong> entrevistas e artigos,<br />

dirigida pela própria Graça Mascarenhas; d) setor on-line, coor<strong>de</strong>nado pelo jornalista Heitor<br />

Shimizu e e) o Centro <strong>de</strong> Documentação e Informação (CDI), coor<strong>de</strong>nado pela bibliotecária<br />

Rosaly Favero Krzyzanowski. O organograma abaixo ilustra a atual estrutura <strong>de</strong><br />

comunicação <strong>científica</strong> da Fapesp.<br />

Figura 4: Estrutura da Comunicação Científica da Fapesp<br />

Fonte: LIMA, 2011. Elaboração a partir <strong>de</strong> informações cedidas por Graça Mascarenhas.<br />

Atualmente o Relatório Anual <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s da Fapesp <strong>de</strong>dica uma seção para<br />

apresentar os resultados da área <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong>. A publicação relacionada às<br />

ativida<strong>de</strong>s realizadas <strong>em</strong> 2009 aponta que, além da questão da prestação <strong>de</strong> contas com o<br />

cidadão, a divulgação <strong>científica</strong> da Fapesp ganhou mais importância e assumiu uma nova<br />

dimensão <strong>de</strong> d<strong>em</strong>ocratização do acesso à informação <strong>científica</strong> com os recentes avanços da<br />

C&T e das tecnologias <strong>de</strong> informação e comunicação.<br />

126


Todo esse <strong>de</strong>senvolvimento impactou e continua a impactar as socieda<strong>de</strong>s e<br />

a vida dos cidadãos. Com isso, a divulgação <strong>científica</strong> tornou-se também<br />

um dos principais instrumentos <strong>de</strong> d<strong>em</strong>ocratização do conhecimento. A<br />

Fapesp t<strong>em</strong> tido um papel fundamental na divulgação <strong>científica</strong> no Brasil e<br />

particularmente no Estado <strong>de</strong> São Paulo. O trabalho <strong>de</strong> <strong>Divulgação</strong><br />

Científica engloba todos os setores da Gerência <strong>de</strong> Comunicação – Online,<br />

Assessoria <strong>de</strong> Comunicação, Eventos e Publicações – e a revista Pesquisa<br />

Fapesp. (FAPESP, 2010: 157. Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s 2009).<br />

A avaliação acima ainda não apontava o Centro <strong>de</strong> Documentação e Informação<br />

(CDI), como um setor da Gerência <strong>de</strong> Comunicação, pois além <strong>de</strong> ter sido vinculada<br />

recent<strong>em</strong>ente à Gerência, essa vertente atua <strong>de</strong> forma in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. “Era um setor a parte,<br />

que agora recent<strong>em</strong>ente foi incorporado à Gerência <strong>de</strong> Comunicação no organograma,<br />

porque continua <strong>de</strong>senvolvendo as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>le. (MADEIRA, 2010). 43<br />

3.5 Veículos e produtos <strong>de</strong> Comunicação da Fapesp<br />

3.5.1 Revista Pesquisa Fapesp<br />

Em 1999, o boletim Notícias Fapesp, que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua criação <strong>em</strong> 1995 vinha se<br />

a<strong>de</strong>nsando <strong>em</strong> números <strong>de</strong> páginas e tirag<strong>em</strong> se transformou, <strong>em</strong> sua edição <strong>de</strong> número 47,<br />

na Revista Pesquisa Fapesp.<br />

Evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente quando se transformou <strong>em</strong> revista ele não era mais um<br />

boletim <strong>de</strong> quatro páginas, que só teve no primeiro mês, logo <strong>de</strong>pois foi<br />

para seis, oito, <strong>de</strong>z, 16, e também a tirag<strong>em</strong> foi aumentando. [...] Quando se<br />

transformou <strong>em</strong> revista a gente já tinha a tirag<strong>em</strong> <strong>de</strong> 16 mil ex<strong>em</strong>plares.<br />

(MOURA, 2010).<br />

O informativo ganhou corpo editorial e <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> divulgar apenas resultados <strong>de</strong><br />

pesquisas financiadas pela instituição, conce<strong>de</strong>ndo espaço a outras informações relevantes<br />

do mundo científico <strong>em</strong> diferentes pontos do país. A evolução da publicação é relatada<br />

abaixo, por Fossey (2006). A Figura 5, a seguir, mostra a primeira capa da publicação, já<br />

<strong>em</strong> formato revista, <strong>em</strong> 1999.<br />

43 Em entrevista com Marina Ma<strong>de</strong>ira realizada <strong>em</strong> 17.nov.2010 pessoalmente. As referências <strong>de</strong><br />

(MADEIRA, 2010) são fragmentos da entrevista realizada com a responsável pelo setor <strong>de</strong> Eventos e são<br />

utilizadas para compor os Capítulos III e IV.<br />

127


A revista nasce, assim, não como uma publicação voltada para o gran<strong>de</strong><br />

público, mas sim como um boletim que informa assuntos internos à<br />

instituição e que, portanto, tinha como público-alvo potencial um grupo<br />

envolvido, direta ou indiretamente, com a Fapesp. A partir da Edição 6,<br />

começam a surgir outros t<strong>em</strong>as para as reportagens, além daqueles<br />

relativos ao funcionamento da instituição. Novas seções vão sendo<br />

“inauguradas”: Ciência (edição 6), Tecnologia (edição 7), Humanida<strong>de</strong>s<br />

(edição 14) e Opinião (edição 18). O Editorial surge apenas na edição 22,<br />

<strong>em</strong> julho/1997 e Cartas (dos leitores), na edição 43, <strong>em</strong> junho/1999. O<br />

formato “boletim” vai sendo aos poucos <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> lado, para dar espaço<br />

a reportagens que relatam resultados <strong>de</strong> pesquisas. Cada vez mais a revista<br />

vai se <strong>de</strong>lineando como uma publicação <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong>.<br />

(FOSSEY: 2006: 29 e 30).<br />

128


Figura 5: Capa da primeira edição da Revista Pesquisa Fapesp<br />

Fonte: Material cedido pela redação da Revista Pesquisa Fapesp. Edição <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1999<br />

129


As primeiras edições da revista foram inspiradas nas revistas New Scientist, inglesa,<br />

e na Revista Brasileira <strong>de</strong> Tecnologia do CNPq, na qual Mariluce Moura já tinha atuado.<br />

Os primeiros anos foram <strong>de</strong>dicados à busca <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> da Revista, seja tanto na<br />

proposta gráfica quanto editorial. E, <strong>em</strong>bora a publicação ainda não possua um manual <strong>de</strong><br />

redação próprio, Mariluce aponta que, durante todo esse período, a questão da apuração e<br />

correção das informações s<strong>em</strong>pre foi primordial para a equipe.<br />

Em termos <strong>de</strong> técnica a gente t<strong>em</strong> a nossa larga e gran<strong>de</strong> experiência. A<br />

gente t<strong>em</strong> tentado, todo t<strong>em</strong>po, levar ao leitor uma informação e uma<br />

narração <strong>de</strong> um percurso para chegar até aquela informação. Então, a gente<br />

precisa dar a informação logo <strong>de</strong> cara para o leitor, porque isso é<br />

jornalismo, mas a gente po<strong>de</strong> usar diferentes técnicas narrativas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />

elas tenham uma capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer <strong>em</strong>ergir o assunto da maneira mais<br />

atraente possível para o leitor. (MOURA, 2010).<br />

Em seus primeiros anos, a Revista pautou muito a mídia que cobre C&T no Brasil,<br />

servindo como reserva <strong>de</strong> informação. Em 2000, como já relatado anteriormente, quando o<br />

seqüenciamento genético da Xylella Fastidiosa foi encerrado, a Pesquisa Fapesp teve um<br />

papel muito importante para a imprensa. “Nesse momento tudo que foi produzido ao longo<br />

dos meses com muito rigor pela revista serviu <strong>de</strong> subsidio para orientar a cobertura daquele<br />

assunto. [...] Eu acho que ela ainda pauta, mas teve um momento que ela foi um<br />

instrumento muito importante. (MOURA, 2010).<br />

Em 2002 a revista passou a receber assinaturas pagas e a ser vendida <strong>em</strong> bancas das<br />

capitais e principais cida<strong>de</strong>s do interior paulista, além da distribuição para bibliotecas <strong>de</strong><br />

universida<strong>de</strong>s públicas, fundações estaduais <strong>de</strong> pesquisa e órgãos fe<strong>de</strong>rais da área <strong>de</strong><br />

Ciência e Tecnologia. Atualmente, a tirag<strong>em</strong> da revista é <strong>de</strong> 37 mil ex<strong>em</strong>plares.<br />

3.5.1.1 Pesquisa Fapesp como um projeto especial<br />

A Revista Pesquisa Fapesp funciona como um projeto especial da Fundação e t<strong>em</strong><br />

como Coor<strong>de</strong>nador Científico do projeto o pesquisador Luiz Henrique Lopes dos Santos.<br />

“No começo, o coor<strong>de</strong>nador era o próprio [então diretor científico, José Fernando] Perez,<br />

mas era uma época <strong>em</strong> que a Fapesp estava tentando evitar que diretores foss<strong>em</strong> também<br />

130


coor<strong>de</strong>nadores <strong>de</strong> projetos. Então, Perez [...] propôs que o Luiz Henrique fosse o<br />

Coor<strong>de</strong>nador Científico do projeto.” (MOURA, 2010).<br />

Por ser um projeto especial que recebe dinheiro por meio <strong>de</strong> vendas <strong>em</strong> banca,<br />

publicida<strong>de</strong> e assinaturas, a Fapesp t<strong>em</strong> um convênio com o Instituto Uni<strong>em</strong>p (Fórum<br />

Permanente das Relações Universida<strong>de</strong> – Empresa), que faz a gestão <strong>de</strong>sses recursos, já que<br />

a agência <strong>de</strong> fomento não atua com esse sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> recepção <strong>de</strong> outras verbas. No entanto,<br />

o Uni<strong>em</strong>p atua apenas como um gestor administrativo e todo o controle editorial é da<br />

Fundação. Nesse sentido, os funcionários da Revista não são contratados da Fapesp; eles<br />

receb<strong>em</strong> como pessoas jurídicas pelo Instituto Uni<strong>em</strong>p. No início <strong>de</strong> 2010 a revista <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong><br />

funcionar no prédio da Fapesp, no Alto da Lapa, SP, adquirindo se<strong>de</strong> própria, no bairro<br />

Pinheiros.<br />

O jornalista também não estava muito afim <strong>de</strong> virar funcionário da Fapesp,<br />

e n<strong>em</strong> a Fapesp, no começo, estava disposta, enfim, a dinâmica foi se<br />

criando <strong>de</strong> tal maneira que era complicado criar no quadro da Fapesp tantos<br />

cargos <strong>de</strong> jornalista. [...] Não dá para você ser prestador <strong>de</strong> serviço e ficar<br />

trabalhando como funcionário no prédio da Fapesp, porque isso po<strong>de</strong><br />

caracterizar uma burla à legislação. E a Fapesp não estava fazendo uma<br />

burla e nós não estávamos interessados <strong>em</strong> virar funcionários da Fapesp.<br />

Então, discutimos muito isso no Conselho Superior e a melhor maneira foi<br />

que a revista, como um projeto especial, ficasse sendo feita fora do espaço<br />

físico da Fapesp. (MOURA, 2010).<br />

A Revista Pesquisa Fapesp está estruturada <strong>em</strong> quatro editorias: a) Política<br />

Científica e Tecnológica, editada por Fabrício Marques; b)Humanida<strong>de</strong>s, por Carlos Haag;<br />

c) Tecnologia, por Marcos <strong>de</strong> Oliveira e Ciência, por Ricardo Zorzetto. A Diretora <strong>de</strong><br />

Redação é Mariluce Moura e o Editor-Chefe, Neldson Marcolin. Nesse sentido, todos esses<br />

profissionais e mais os editores especiais, Carlos Fioravanti e Marcos Pivetta, a editora<br />

assistente Dinorah Ereno e a editora da versão online, Maria Guimarães, participam,<br />

mensalmente, das reuniões <strong>de</strong> pauta da Revista.<br />

Nessa reunião cada editor, que também atua como repórter, apresenta propostas <strong>de</strong><br />

pautas para a edição seguinte da publicação. Essas idéias são elaboradas a partir do contato<br />

que esses profissionais mantém com pesquisadores por <strong>em</strong>ail, telefon<strong>em</strong>as, conversas<br />

informais, pelo acompanhamento das ativida<strong>de</strong>s das universida<strong>de</strong>s e das revistas <strong>científica</strong>s<br />

131


nacionais e internacionais. “Eles traz<strong>em</strong> os assuntos e a gente discute, <strong>de</strong>rruba, engorda o<br />

assunto tal, e vai <strong>de</strong>finindo o espelho e a pauta. (MOURA, 2010).<br />

Com as pautas <strong>de</strong>finidas, a equipe passa três s<strong>em</strong>ana produzindo os textos para cada<br />

edição mensal. Quando as matérias estão prontas, os editores/repórteres as enviam para os<br />

pesquisadores que foram fontes para revisão <strong>de</strong> conteúdo e garantia <strong>de</strong> precisão nas<br />

informações <strong>científica</strong>s. A recomendação da Revista é para correção <strong>de</strong> eventuais erros<br />

científicos e técnicos e não <strong>de</strong> estilo e linguag<strong>em</strong>.<br />

Não por acaso os textos da revista evi<strong>de</strong>nciam o cuidado no processo <strong>de</strong> edição que<br />

passa por várias etapas. Quando retorna da revisão dos entrevistados é lido pelo Editor-<br />

Chefe e pela Diretora <strong>de</strong> Redação e só então é enviado para os coor<strong>de</strong>nadores <strong>de</strong> área da<br />

diretoria <strong>científica</strong> para um olhar final. “O Prof. Walter Colli, por ex<strong>em</strong>plo, lê as matérias<br />

<strong>de</strong> química, o Prof. Francisco Coutinho lê as matérias <strong>de</strong> física.” (MOURA, 2010).<br />

O processo <strong>de</strong> produção e revisão dos textos não acaba aí. São ainda enviados para<br />

o Coor<strong>de</strong>nador Científico do projeto, Luiz Henrique Lopes dos Santos e para os três<br />

diretores da Fapesp, Ricardo Renzo Brentani (Diretor Presi<strong>de</strong>nte), Joaquim J. <strong>de</strong> Camargo<br />

Engler (Diretor Administrativo) e Carlos Henrique <strong>de</strong> Brito Cruz (Diretor Científico), além<br />

do próprio Presi<strong>de</strong>nte da instituição, Celso Lafer. “Essa é a última instância <strong>de</strong> leitura.<br />

Agora que nós t<strong>em</strong>os um Coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> Comunicação que acabou <strong>de</strong> começar, o Carlos<br />

Eduardo Lins da Silva, a gente também está mandando para ele.” (MOURA, 2010).<br />

Todo esse processo <strong>de</strong> produção e apuração das matérias não po<strong>de</strong> durar mais do<br />

que cinco dias, pois qualquer atraso prejudica a periodicida<strong>de</strong> da Revista. No entanto, todos<br />

os envolvidos nesse processo estão cientes dos prazos e os cumpr<strong>em</strong> satisfatoriamente.<br />

EQUIPE RESPONSÁVEL<br />

Conselho Editorial: Carlos Henrique <strong>de</strong> Brito Cruz (Físico - Presi<strong>de</strong>nte), Caio Túlio Costa<br />

(jornalista), Eugênio Bucci (jornalista), Fernando Reinach (biólogo), José Arana Varela<br />

(quimíco <strong>de</strong> matérias), José Eduardo Krieger (médico), Luiz Davidovich (físico), Marcelo<br />

Knobel (físico), Marcelo Leite (jornalista), Maria Hermínia Tavares <strong>de</strong> Almeida (cientista<br />

política), Mariza Corrêa (antropóloga), Maurício Tuffani (jornalista) e Mônica Teixeira<br />

(jornalista).<br />

Comitê Científico: Luiz Henrique Lopes dos Santos (Presi<strong>de</strong>nte), Cylon Gonçalves da<br />

Silva, Francisco Antônio Bezerra Coutinho, João Furtado, Joaquim J. <strong>de</strong> Camargo Engler,<br />

José Roberto Parra, Luís Augusto Barbosa Cortez, Luís Fernan<strong>de</strong>s Lopes, Marie Anne Van<br />

132


Sluys, Mário José Abdalla Saad, Paula Montero, Ricardo Renzo Brentani, Sérgio Queiroz,<br />

Wagner do Amaral e Walter Colli<br />

Coor<strong>de</strong>nador Científico: Luiz Henrique Lopes dos Santos<br />

Diretora <strong>de</strong> redação: Mariluce Moura<br />

Editor chefe: Neldson Marcolin<br />

Editores Executivos: Carlos Haag (Humanida<strong>de</strong>s), Fabrício Marques (Política Científica e<br />

Tecnológica), Marcos <strong>de</strong> Oliveira (Tecnologia), Ricardo Zorzetto (Ciência) e Maria<br />

Guimarães (Edição online)<br />

Editores especiais: Carlos Fioravanti e Marcos Pivetta<br />

Editoras assistentes: Dinorah Ereno<br />

Editora <strong>de</strong> Arte: Laura Daviña e Mayumi Okuyama (Coor<strong>de</strong>nação)<br />

Arte: Júlia Cher<strong>em</strong> e Maria Cecilia Felli<br />

Fotógrafo: Eduardo Cesar.<br />

Revisores: Margô Negro e Márcio Guimarães <strong>de</strong> Araújo<br />

Gerente <strong>de</strong> Circulação: Rute Rollo Araujo<br />

Gerente <strong>de</strong> Marketing/Comercial: Paula Iliadis<br />

Gerência <strong>de</strong> Operações: Andressa Matias<br />

Banco <strong>de</strong> Imag<strong>em</strong>: André Serradas<br />

Secretária da Redação: Ingrid Teodoro<br />

Os assuntos que mais repercut<strong>em</strong> na mídia são os ligados às áreas <strong>de</strong> Medicina,<br />

Biologia e Física. Os textos que abordam t<strong>em</strong>as atuais como tecnologia, novas formas <strong>de</strong><br />

energia, nanotecnologia, meio ambiente, energia limpa, bicombustíveis e etanol também<br />

provocam um gran<strong>de</strong> interesse no âmbito escolar, já que não raras foram as vezes <strong>em</strong> que<br />

reportagens da Revista foram utilizadas <strong>em</strong> provas <strong>de</strong> vestibular. Os interessados <strong>em</strong> t<strong>em</strong>as<br />

<strong>de</strong> Ciências Humanas, que raramente são abordados nos meios <strong>de</strong> comunicação <strong>em</strong> geral,<br />

encontram na Pesquisa Fapesp um repositório importante <strong>de</strong> t<strong>em</strong>as.<br />

Apesar da qualida<strong>de</strong> editorial da revista, a publicida<strong>de</strong> respon<strong>de</strong> por apenas 15% a<br />

20% do custo da revista. “Nossa pretensão é que com o passar do t<strong>em</strong>po, qu<strong>em</strong> sabe, as<br />

várias formas <strong>de</strong> comercialização, ou seja, venda <strong>em</strong> banca, venda <strong>de</strong> assinatura, venda <strong>de</strong><br />

texto para livro, anúncio classificado no site, etc., que isso um dia chegue perto <strong>de</strong> 50%.”<br />

(MOURA, 2010). Segundo a jornalista, as agências <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> ainda não perceberam<br />

que as revistas segmentadas são um meio para se chegar ao público e acrescenta que os<br />

<strong>de</strong>partamentos <strong>de</strong> marketing das <strong>em</strong>presas entend<strong>em</strong> isso melhor do que as agências <strong>de</strong><br />

publicida<strong>de</strong>. A Revista também aproveita o fato <strong>de</strong> seus textos ser<strong>em</strong> utilizados <strong>em</strong> provas<br />

<strong>de</strong> vestibulares para sua estratégia <strong>de</strong> marketing.<br />

133


A gente transformou isso <strong>em</strong> marketing mesmo, usou como anúncio,<br />

mandou como anúncio pela internet, porque s<strong>em</strong> dúvida, eu acho que é uma<br />

revista para ser lida pelos estudantes <strong>de</strong> terceiro grau e os que estão se<br />

preparando para o vestibular, já que ela tráz a coisa da ciência, das<br />

produções da ciência nas áreas, assim, que estão aí na ord<strong>em</strong> do dia e o<br />

vestibular usa muito os ex<strong>em</strong>plos do cotidiano. (MOURA, 2010).<br />

Até o final <strong>de</strong> 2010 a Pesquisa Fapesp estava com tirag<strong>em</strong> <strong>de</strong> 37 mil ex<strong>em</strong>plares,<br />

sendo mais <strong>de</strong> 25 mil <strong>de</strong>stinados a pesquisadores e bolsistas e os d<strong>em</strong>ais 12 mil divididos<br />

entre assinaturas pagas, vendas <strong>em</strong> banca e distribuição <strong>em</strong> bibliotecas e institutos <strong>de</strong><br />

pesquisa. Assim, estabelecendo aproximadamente dois mil ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> assinaturas e dois<br />

mil para as bancas. Sendo uma revista <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong> para o público <strong>em</strong> geral a<br />

vendag<strong>em</strong> <strong>em</strong> banca <strong>de</strong>ixa a <strong>de</strong>sejar. De acordo com Mariluce Moura, uma nova política<br />

para aumentar essa venda está sendo estudada.<br />

3.5.1.2 Revista Pesquisa Fapesp online<br />

A gente acha que po<strong>de</strong> sim aumentar a distribuição <strong>em</strong> banca <strong>de</strong> novo. (Ela<br />

já chegou a 43 mil) Eu acho também que po<strong>de</strong> aumentar as assinaturas<br />

pagas fora <strong>de</strong> São Paulo, que hoje está na faixa dos 2.500. Eu acho que<br />

po<strong>de</strong>ria ter pelo menos cinco mil. A gente está traçando novas metas.<br />

Aumentar a banca pelo menos para três mil. Acho que há espaço para isto.<br />

Se nós formos inteligentes nessa divulgação nos próximos meses, anos, isso<br />

<strong>de</strong>ve crescer, se esse país continuar crescendo, claro. (MOURA, 2010).<br />

A versão online da Revista Pesquisa Fapesp (www.revistapesquisa.fapesp.br),<br />

editada por Maria Guimarães, publica notícias sobre C&T com linguag<strong>em</strong> própria do<br />

jornalismo online, ou seja, textos curtos e <strong>de</strong> leitura fácil na tela do computador. Além<br />

disso, o site disponibiliza os textos completos da versão impressa <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o primeiro número<br />

da revista e traduções das matérias para o inglês e para o espanhol, que são apresentadas na<br />

medida <strong>em</strong> que os textos são traduzidos.<br />

“O site também não é simplesmente a transcrição da revista impressa, ele é uma<br />

coisa mais aberta para a produção <strong>de</strong> ciência e tecnologia no Brasil e inclui a revista<br />

impressa também.” (MOURA, 2010). Abaixo a equipe 44 da Pesquisa Fapesp online:<br />

EQUIPE:<br />

44 Site revista Pesquisa Fapesp online. Disponível <strong>em</strong>:<br />

http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=3185&bd=2&pg=1. Acesso <strong>em</strong> 30.mar.2011.<br />

134


Editor Especial: Maria Guimarães<br />

Webmaster: Danielle Gomes Fortunato<br />

Tradução da versão <strong>em</strong> espanhol: Damian Kraus<br />

Tradução da versão <strong>em</strong> inglês: Deborah Neale<br />

De acordo com Lopes (2010) 45 , a revista impressa é totalmente jornalística e a<br />

versão online utiliza mais o especialista como porta-voz. Essa diferenciação ocorre porque<br />

o site é mais flexível e não possui restrições <strong>de</strong> espaço. Quanto ao publico alvo, Lopes<br />

(2010) aponta que a equipe editorial da Revista Pesquisa Fapesp acredita que a versão<br />

online seja mais acessada por um público jov<strong>em</strong> e diversificado, no entanto, não existe uma<br />

pesquisa sobre os públicos <strong>de</strong> ambas versões.<br />

A versão online ainda disponibiliza coberturas <strong>de</strong> eventos e palestras, ví<strong>de</strong>os,<br />

reportagens e áudio <strong>de</strong> entrevistas sobre C&T e do programa <strong>de</strong> rádio Pesquisa Brasil,<br />

realizado por convênio com a rádio Eldorado. O interesse crescente pelo conteúdo da<br />

revista é atestado pelo número <strong>de</strong> acessos. Em 2009 o site teve 832.509 acessos, apontando<br />

um aumento <strong>de</strong> 10% <strong>em</strong> relação ao ano anterior, sendo 637.939 <strong>de</strong>sse total <strong>de</strong> acessos<br />

realizado por visitantes diferentes. (FAPESP, 2010. Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s 2009).<br />

No final <strong>de</strong> 2009 o site da Revista abriu espaço para a inserção <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>os <strong>de</strong> três a<br />

<strong>de</strong>z minutos sobre t<strong>em</strong>as relacionados à ciência. De acordo com Mariluce, esses ví<strong>de</strong>os<br />

pod<strong>em</strong> ser tanto produzidos por institutos ou universida<strong>de</strong>s quanto por pesquisadores<br />

individuais, além <strong>de</strong> gravações <strong>de</strong> palestras <strong>em</strong> eventos científicos.<br />

3.5.1.3 Pesquisa Brasil<br />

É aberto para comunida<strong>de</strong>, assim como a gente passa link <strong>de</strong> outros ví<strong>de</strong>os<br />

interessantes ligados a assuntos que a gente está tratando. Além disso, a<br />

gente <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>senvolver cada vez mais a inserção <strong>de</strong> animação para<br />

<strong>de</strong>terminadas matérias. A animação não cabe na revista impressa, mas no<br />

meio eletrônico é possível explorar mais este recursos. (MOURA, 2010).<br />

O Pesquisa Brasil é um programa <strong>de</strong> rádio s<strong>em</strong>anal da Revista Pesquisa Fapesp. As<br />

notícias da publicação são adaptadas para a linguag<strong>em</strong> simples e direta do rádio. São<br />

acrescentados alguns quadros e reportagens inéditas <strong>de</strong> acordo com os assuntos que estão<br />

repercutindo na s<strong>em</strong>ana, e há também espaço para perguntas dos leitores à especialistas.<br />

45 LOPES, T. M. Pesquisa Fapesp Online: A Tecnologia incorporada a <strong>Divulgação</strong> Científica. Dissertação<br />

(Mestrado). Universida<strong>de</strong> Metodista <strong>de</strong> São Paulo. São Bernardo do Campo, 2010.<br />

135


Além do locutor que apresenta a notícia há s<strong>em</strong>pre um <strong>de</strong>batedor, que normalmente é a<br />

jornalista Mariluce Moura.<br />

De <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2004 a <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2010 o programa foi transmitido todo sábado<br />

e domingo nas cida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> São Paulo, Curitiba e Florianópolis pela Rádio Eldorado (700<br />

kHz), que cedia um estúdio e um apresentador, mas o conteúdo s<strong>em</strong>pre foi <strong>de</strong><br />

responsabilida<strong>de</strong> da equipe da Revista.<br />

Ele é muito baseado naquilo que a gente já fez com a revista normalmente,<br />

por ex<strong>em</strong>plo, o programa que a gente gravou hoje, está baseado <strong>em</strong> duas<br />

notícias da revista. Mas como aconteceu o aci<strong>de</strong>nte que soterrou os<br />

minérios no Chile, a gente acrescenta uma nova entrevista, com um<br />

pesquisador que possa falar sobre isso. (MOURA, 2010).<br />

O fato <strong>de</strong> a Revista ser mensal e o Pesquisa Brasil s<strong>em</strong>anal não preocupa a Diretora<br />

<strong>de</strong> Redação na questão <strong>de</strong> o programa furar a revista, já que na publicação trata-se <strong>de</strong> uma<br />

reportag<strong>em</strong> mais estruturada, elaborada com diversas fontes, enquanto no rádio trata-se <strong>de</strong><br />

um resumo da notícia com a entrevista da principal fonte especialista. “É rádio não é<br />

revista, e cada meio t<strong>em</strong> que respeitar o que ele é, a natureza do meio.” (MOURA, 2010).<br />

Os arquivos <strong>de</strong> áudio com os programas também são disponibilizados pela internet no site<br />

da Revista Pesquisa Fapesp.<br />

Em <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2010 o Pesquisa Brasil foi suspenso, pois <strong>em</strong> janeiro <strong>de</strong> 2011 a<br />

Rádio Eldorado se transformou <strong>em</strong> um veículo voltado para o esporte (Rádio Estadão-<br />

ESPN) e a gra<strong>de</strong> <strong>de</strong> programação da nova <strong>em</strong>issora não comporta um programa <strong>de</strong> uma<br />

hora <strong>de</strong> duração sobre C&T. Outro ponto que colaborou com a suspensão do programa foi a<br />

saída, por motivos profissionais, da produtora <strong>de</strong> rádio que produzia o programa e adaptava<br />

os textos para a linguag<strong>em</strong> do veículo.<br />

Atualmente a equipe da Revista está buscando outra <strong>em</strong>issora <strong>de</strong> rádio para a<br />

transmissão do programa e também outro profissional para atuar como produtor. Mariluce<br />

Moura lamenta a suspensão do Pesquisa Brasil e afirma que há uma gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> das<br />

rádios brasileiras <strong>em</strong> veicular um programa inteiro voltado para assuntos <strong>de</strong> ciência.<br />

Segundo a Diretora <strong>de</strong> Redação o programa <strong>de</strong>ve voltar ao ar ainda <strong>em</strong> 2011 e uma solução<br />

quanto a essa dificulda<strong>de</strong> é diminuir a duração da transmissão nas <strong>em</strong>issoras e<br />

disponibilizar o programa <strong>de</strong> uma hora apenas na internet. Outra questão que está sendo<br />

136


analisada é a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> parcerias com <strong>em</strong>issoras <strong>de</strong> rádio <strong>de</strong> universida<strong>de</strong>s<br />

brasileiras.<br />

3.5.2 Gerência <strong>de</strong> Comunicação<br />

A Gerência <strong>de</strong> Comunicação da Fapesp, coor<strong>de</strong>nada pela jornalista Graça<br />

Mascarenhas trabalha <strong>de</strong> forma integrada com os diferentes setores: Assessoria <strong>de</strong><br />

Comunicação, Setor online, Publicações, Eventos e o CDI. A seguir são apresentadas as<br />

formas <strong>de</strong> trabalho <strong>em</strong> cada um <strong>de</strong>les.<br />

3.5.2.1 Assessoria <strong>de</strong> Comunicação<br />

Coor<strong>de</strong>nada pelo jornalista Fernando Cunha, que ingressou na instituição <strong>em</strong> 1998<br />

já para trabalhar no setor, a assessoria <strong>de</strong> comunicação da Fapesp atua <strong>de</strong> maneira reativa<br />

no sentido <strong>de</strong> atendimento às d<strong>em</strong>andas da imprensa e proativa no sentido <strong>de</strong> propor<br />

matérias, seja <strong>de</strong> ações específicas já <strong>de</strong>finidas, como lançamento <strong>de</strong> novos programas, ou<br />

na proposta <strong>de</strong> matérias referentes às pesquisas apoiadas pela Fundação.<br />

Nesse contexto, a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assessoria <strong>de</strong> comunicação compreen<strong>de</strong> os esforços<br />

<strong>de</strong> divulgação dos assuntos institucionais da Fundação e também <strong>de</strong> pesquisas <strong>científica</strong>s,<br />

realizando, assim, a comunicação institucional que colabora com a formação da imag<strong>em</strong> da<br />

agência <strong>de</strong> fomento perante a mídia, a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> e a socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> geral.<br />

De acordo com Fernando Cunha, o setor aten<strong>de</strong> cerca 30 jornalistas por mês com<br />

pautas próprias ou sugeridas por releases enviados pela própria assessoria por meio <strong>de</strong> um<br />

mailing específico. “E essas pautas muitas vezes são provocadas pela própria Agência<br />

Fapesp, que divulga o boletim eletrônico diário e por mim também [releases].<br />

Principalmente no meu caso, da assessoria <strong>de</strong> comunicação, t<strong>em</strong> situações que são mais<br />

institucionais.” (CUNHA, 2010). 46<br />

É possível perceber, então, a partir da informação acima que a Agência Fapesp e seu<br />

boletim eletrônico, que faz<strong>em</strong> parte do Setor online da Gerência <strong>de</strong> Comunicação atuam<br />

mais ativamente na divulgação <strong>científica</strong>, e a assessoria <strong>de</strong> comunicação realiza um<br />

trabalho mais voltado para a comunicação institucional.<br />

46 Em entrevista com Fernando Cunha <strong>em</strong> 17. nov. 2010 pessoalmente. As referências <strong>de</strong> (CUNHA, 2010) são<br />

fragmentos da entrevista realizadas com o jornalista e serão utilizadas para compor os Capítulos III e IV.<br />

137


Por outro lado, segundo Cunha, a assessoria <strong>de</strong> comunicação prioriza o envio <strong>de</strong><br />

releases para a gran<strong>de</strong> imprensa diária, já que acredita que a imprensa segmentada é mais<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte na procura das fontes.<br />

A gran<strong>de</strong> imprensa, uma coisa importante nesses 12 anos foi a abertura <strong>de</strong><br />

espaços editoriais para a ciência nos gran<strong>de</strong>s jornais. Hoje existe um espaço<br />

maior para ciência do que lá quando começamos a fazer divulgação<br />

<strong>científica</strong>. Há jornalistas com formação mais especializadas e as editorias.<br />

[...] Além das editorias <strong>de</strong> ciência, abriram um pouco mais para assuntos<br />

que estão relacionados com a pesquisa <strong>científica</strong> e tecnológica. (CUNHA,<br />

2010).<br />

Nesse sentido, para a o envio <strong>de</strong> sugestões <strong>de</strong> pautas, Cunha direciona cada texto a<br />

partir das características dos veículos, como periodicida<strong>de</strong>, linha editorial e data <strong>de</strong><br />

fechamento da edição.<br />

A gente procura dar um tratamento específico para cada pauta, claro, se<br />

você conversar com alguém <strong>de</strong> uma revista como a Superinteressante o<br />

diálogo é diferente do que se você conversar com um jornal da gran<strong>de</strong><br />

imprensa. Dentro dos limites que t<strong>em</strong>os para atuar nessa área procuramos<br />

<strong>de</strong>senvolver pautas que sejam a<strong>de</strong>quadas para cada um dos veículos. [...] A<br />

gente t<strong>em</strong> que trabalhar <strong>de</strong> forma bastante focada nos veículos. (CUNHA,<br />

2010).<br />

Quando os jornalistas entram <strong>em</strong> contato com a assessoria <strong>de</strong> comunicação s<strong>em</strong><br />

release prévio, os assuntos mais procurados são sobre meio ambiente e clima, normalmente<br />

buscando fontes <strong>de</strong> explicação para fenômenos naturais. A assessoria indica e fornece o<br />

contato do pesquisador a<strong>de</strong>quado para esclarecer os t<strong>em</strong>as procurados pela mídia, além <strong>de</strong><br />

contactar também o cientista para <strong>de</strong>ixá-lo ciente <strong>de</strong> que será procurado pela imprensa.<br />

Nesse sentido, a assessoria da Fapesp termina atuando <strong>em</strong> paralelo às <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong><br />

comunicação <strong>de</strong> universida<strong>de</strong>s e institutos, on<strong>de</strong> realmente as pesquisas são realizadas.<br />

Quando se trata <strong>de</strong> dirigentes da Fapesp, a assessoria <strong>de</strong> comunicação também agenda as<br />

entrevistas. “Quando acontece algum tipo <strong>de</strong> catástrofe as pessoas procuram a gente para<br />

saber qu<strong>em</strong> po<strong>de</strong> explicar porque aquele tipo <strong>de</strong> coisa acontece. Então, é interessante<br />

perceber que as pessoas estão mais preocupadas <strong>em</strong> discutir esses assuntos com uma base<br />

<strong>científica</strong>.” (CUNHA, 2010).<br />

138


A assessoria <strong>de</strong> comunicação da Fapesp convoca entrevistas coletivas nos<br />

momentos <strong>em</strong> que percebe que a Fundação t<strong>em</strong> uma informação <strong>de</strong> interesse público e<br />

exclusiva para ser transmitida simultaneamente para vários veículos. Então, são poucos<br />

esses momentos. “É b<strong>em</strong> <strong>de</strong> cada situação, cada t<strong>em</strong>a. Jornalista não gosta muito <strong>de</strong><br />

coletiva porque todo mundo recebe a mesma informação. A gente t<strong>em</strong> que avaliar até que<br />

ponto funciona ou não.” (MASCARENHAS, 2010). Fernando Cunha ex<strong>em</strong>plifica um<br />

momento <strong>de</strong>sses:<br />

A Fundação lança um programa a respeito da bioenergia. Esse é um assunto<br />

que é quente para a imprensa nacional e é quente também nos veículos<br />

especializados e nos periódicos científicos. [...] Então, você anunciar que a<br />

Fapesp vai investir 100 milhões ao longo <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos para financiar<br />

projetos multidisciplinares para fazer pesquisa sobre bioenergia, que t<strong>em</strong><br />

um apelo muito forte, justifica você chamar a coletiva. Nesse momento a<br />

coletiva conta s<strong>em</strong>pre com o pesquisador que coor<strong>de</strong>na o esboço, que<br />

participou da elaboração do programa, que criou a idéia e t<strong>em</strong> muito claro<br />

qual é o escopo do projeto. Essa pessoa vai explicar o que é, do ponto <strong>de</strong><br />

vista científico, a iniciativa e alguém da direção da Fundação explica<br />

porque o investimento na área (CUNHA, 2010).<br />

Como o assessor Fernando Cunha apontou acima, qu<strong>em</strong> representa a Fapesp durante<br />

as coletivas e outros tipos <strong>de</strong> entrevista são os diretores (principalmente o Diretor<br />

Científico, que está mais envolvido na seleção e análise dos projetos da agência <strong>de</strong><br />

fomento) e o presi<strong>de</strong>nte da instituição. Nesse sentido, saber falar com a imprensa é<br />

essencial para que a instituição seja b<strong>em</strong> representada perante a opinião pública. Segundo o<br />

jornalista, é seu papel como assessor <strong>de</strong> comunicação orientar seus dirigentes para melhor<br />

se comunicar<strong>em</strong> com os veículos <strong>de</strong> comunicação. No entanto, não existe na Fundação um<br />

treinamento específico <strong>de</strong> media-training. O assessor conversa e instrui os dirigentes,<br />

quando necessário, caso a caso, e individualmente.<br />

Antes <strong>de</strong> um dirigente da Fapesp ser entrevistado, o jornalista Fernando Cunha<br />

explica qu<strong>em</strong> é o repórter, qual o conteúdo da conversa, <strong>em</strong> qual veículo será publicado e<br />

como ele <strong>de</strong>ve tratar a questão. Muitas vezes também, Cunha acompanha as entrevistas,<br />

para <strong>de</strong>pois discutir os pontos fracos com o dirigente. No entanto, não é s<strong>em</strong>pre que isso<br />

acontece, já que sua presença po<strong>de</strong> retrair o trabalho do repórter. “Acompanhar as<br />

entrevistas ajuda muito. [...] Como eu tenho proximida<strong>de</strong> com muitos jornalistas [...] a<br />

139


situação acaba sendo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontração e é possível fazer isso s<strong>em</strong> maiores tensões. Mas, o<br />

repórter t<strong>em</strong> a liberda<strong>de</strong> para fazer o seu trabalho.” (CUNHA, 2010).<br />

Além disso, o jornalista seleciona algumas matérias que envolv<strong>em</strong> a direção da<br />

Fundação para discutir com eles como tratar <strong>de</strong>terminados assuntos com a imprensa. De<br />

acordo com Fernando, quando se trata <strong>de</strong> notícia negativa a transparência é a melhor<br />

solução. “Claro que essas questões são discutidas com a direção da Fundação e a gente lida<br />

com essas situações da forma mais transparente possível.” (CUNHA, 2010).<br />

3.5.2.1.1 Fapesp na Mídia<br />

O Fapesp na Mídia é um serviço <strong>de</strong> clipping eletrônico realizado pela assessoria <strong>de</strong><br />

comunicação da instituição. A coleta do material que foi publicado pela imprensa sobre a<br />

Fundação acontece <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1995. No entanto, apenas a partir <strong>de</strong> 2005 esse material foi<br />

digitalizado e está disponível no Portal da Fapesp.<br />

A leitura dos jornais diários e dos veículos online é feita por um serviço contratado,<br />

que envia diariamente boletins com as matérias relacionadas com a Fapesp que foram<br />

publicadas na mídia. Esse serviço não realiza a clipag<strong>em</strong> <strong>de</strong> notícias <strong>de</strong> rádio e TV, pois<br />

segundo Fernando Cunha, as matérias <strong>de</strong>sses meios são veiculadas esporadicamente, e<br />

normalmente a assessoria <strong>de</strong> comunicação sabe quando vão ao ar, realizando assim, a<br />

clipag<strong>em</strong> in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente do serviço que a realiza diariamente.<br />

As notícias da clipag<strong>em</strong> envolv<strong>em</strong> a instituição <strong>em</strong> todas as suas vertentes. Nesse<br />

contexto, estão incluídas matérias que citam a Fapesp como instituição, notícias sobre os<br />

projetos da Fundação e seus dirigentes e matérias sobre C&T que se aproximam dos<br />

assuntos dos programas da agência <strong>de</strong> fomento.<br />

A assessoria <strong>de</strong> comunicação recebe esse material diariamente e analisa o que será<br />

disponibilizado no Fapesp na Mídia, já que não convém colocar no ar matérias repetidas ou<br />

com informações erradas.<br />

São inseridas [no Fapesp na Mídia] <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> alguns critérios. [...] Se a<br />

matéria estiver errada, eu não vou colocá-la, porque eu estarei dando aval<br />

àquela matéria. Se eu <strong>de</strong>r uma reportag<strong>em</strong>, ou se eu fizer um release, sair na<br />

Agência Fapesp e essa matéria for retransmitida <strong>de</strong>z vezes, eu não vou<br />

colocar <strong>de</strong>z vezes no Fapesp na mídia. A gente coloca uma e as outras estão<br />

guardadas <strong>em</strong> uma outra área não visível do público. (MASCARENHAS,<br />

2010).<br />

140


De acordo com a Gerente <strong>de</strong> Comunicação Graça Mascarenhas, a partir <strong>de</strong>ssa<br />

clipag<strong>em</strong> são realizadas algumas análises para verificar as falhas do setor e avaliar o serviço<br />

para possíveis ajustes. Os números resultados <strong>de</strong>ssa clipag<strong>em</strong> serão apresentados e<br />

analisados no próximo capítulo e servirão <strong>de</strong> base para apontar como é o relacionamento da<br />

instituição com a mídia e outros atores sociais.<br />

3.5.2.2 Setor online<br />

A internet foi instalada na Fapesp <strong>em</strong> 1991, sendo uma das primeiras conexões do<br />

Brasil. No entanto, somente <strong>em</strong> 2002, quando o jornalista e atual coor<strong>de</strong>nador do Setor<br />

online, Heitor Shimizu, foi convidado pelo então Diretor Presi<strong>de</strong>nte Francisco Romeu<br />

Landi para reformular o material digital existente, a instituição ganhou um portal<br />

estruturado com diversos sites. Antes disso a Fundação possuía apenas o site institucional.<br />

Atualmente o Setor online da Gerência <strong>de</strong> Comunicação compreen<strong>de</strong> a Agência<br />

Fapesp <strong>de</strong> Notícias e o Portal da Fapesp, com os sites contidos nele.<br />

3.5.2.2.1 Agência Fapesp <strong>de</strong> Notícias<br />

A Agência Fapesp <strong>de</strong> Notícias foi lançada no dia 23 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2003 como um<br />

sist<strong>em</strong>a eletrônico e gratuito <strong>de</strong> divulgação <strong>de</strong> notícias sobre C&T e pesquisas realizadas<br />

com o financiamento da Fundação ou <strong>de</strong> outras agências <strong>de</strong> fomento, produzidas no Brasil<br />

ou no exterior.<br />

O serviço é composto por um site (www.agencia.fapesp.br) e por um boletim diário<br />

distribuído por e-mail a pesquisadores, representantes <strong>de</strong> órgãos <strong>de</strong> fomento, <strong>de</strong><br />

universida<strong>de</strong>s e institutos <strong>de</strong> pesquisa, políticos, jornalistas, que utilizam essas notícias<br />

como pautas ou até mesmo na íntegra <strong>em</strong> seus veículos e o público <strong>em</strong> geral que t<strong>em</strong><br />

interesse por C&T. “A Agência Fapesp se tornou referência entre pesquisadores e<br />

produtores <strong>de</strong> informação sobre ciência e tecnologia e suas reportagens costumam ser<br />

publicadas ou pautar diariamente jornais, revistas e sites <strong>de</strong> notícias por todo o país”.<br />

(MASCARENHAS; SHIMIZU, 2007:07).<br />

141


A Agência foi instalada pelo professor Carlos Vogt, quando era presi<strong>de</strong>nte da<br />

Fundação (2002-2007). Seu objetivo era dar maior visibilida<strong>de</strong> à instituição, além <strong>de</strong><br />

ampliar o processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> uma cultura <strong>científica</strong> no país.<br />

A proposta da Agência, encabeçada pelo Prof. Carlos Vogt, ultrapassava a idéia <strong>de</strong><br />

apenas reunir notícias sobre C&T <strong>em</strong> um site e <strong>de</strong>ixá-las a disposição das pessoas que<br />

d<strong>em</strong>onstravam interesse pelo assunto, como ocorre com outros veículos on line. O objetivo<br />

era o <strong>de</strong> também produzir notícias jornalísticas, b<strong>em</strong> como contar com uma equipe <strong>de</strong><br />

profissionais da área <strong>de</strong> Comunicação.<br />

Nas palavras do Prof. Vogt:<br />

A idéia <strong>de</strong>le [Carlos Vogt] era fazer uma Agência para divulgar a Cultura<br />

Científica e que divulgasse notícia nacional, que divulgasse não só notícias<br />

da Fapesp, mas também <strong>de</strong> outros estados, do Brasil inteiro. Que fosse<br />

eletrônico, que tivesse um custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento baixo, que pu<strong>de</strong>sse ter<br />

uma equipe pequena, uma coisa enxuta, mas que ao mesmo t<strong>em</strong>po<br />

alcançasse o país inteiro. Então, era uma idéia ambiciosa que a gente achou<br />

que daria certo e po<strong>de</strong>ria ser feito. (SHIMIZU, 2010). 47<br />

O papel maior da Agência FAPESP é o <strong>de</strong> difundir a cultura da ciência. [...]<br />

É importante tentar enten<strong>de</strong>r como a ciência se faz, mas é mais importante<br />

ainda compreen<strong>de</strong>r como a ciência se <strong>de</strong>senvolve e como ela evolui. A<br />

Agência FAPESP é uma agência <strong>de</strong> notícias da FAPESP, mas não para a<br />

FAPESP. Não fará uma cobertura relacionada apenas à Fundação, mas <strong>de</strong><br />

assuntos que são relevantes para a ciência não apenas <strong>em</strong> todo o Brasil<br />

como <strong>em</strong> outros países.[...] A divulgação <strong>científica</strong> s<strong>em</strong>pre foi um dos<br />

principais objetivos da Fundação. A FAPESP está no primeiro quadrante da<br />

espiral da cultura <strong>científica</strong>, financiando a pesquisa. Ela está no segundo<br />

quadrante, financiando bolsas, no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do ensino.<br />

Está também no terceiro, no processo <strong>de</strong> educação da ciência, e no quarto,<br />

da divulgação <strong>científica</strong>, com a revista Pesquisa FAPESP e, a partir <strong>de</strong><br />

agora, também com a Agência FAPESP. Acho que a FAPESP exerce<br />

plenamente as suas funções, do fomento da pesquisa até a divulgação. Ela<br />

fecha completamente o ciclo da espiral, e se realimenta disso. Por isso, acho<br />

natural que a agência se constitua <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse processo. Trata-se <strong>de</strong> uma<br />

evolução, <strong>de</strong> uma dinâmica <strong>de</strong>ntro da própria instituição. (VOGT, 2003.<br />

Espiral Ascen<strong>de</strong>nte). 48<br />

47 Em entrevista com Heitor Shimizu realizada <strong>em</strong> 17. mai. 2010 pessoalmente. As referências <strong>de</strong> (SHIMIZU,<br />

2010) são fragmentos da entrevista realizada com o jornalista e serão utilizadas para compor os Capítulos III e<br />

IV.<br />

48 Entrevista concedida à Agência Fapesp <strong>de</strong> Notícias. Disponível <strong>em</strong>:<br />

Acesso <strong>em</strong> 26. jul. 2010.<br />

142


Figura 6: Capa do lançamento da Agência Fapesp <strong>de</strong> Notícias <strong>em</strong> 2003<br />

Fonte: Material cedido pela Gerência <strong>de</strong> Comunicação da Fapesp<br />

143


Nesse sentido, a Agência Fapesp <strong>de</strong> Notícias adotou a linguag<strong>em</strong> jornalística e<br />

tentou fugir do estilo <strong>de</strong> espetacularização da ciência, mantendo o t<strong>em</strong>po todo uma<br />

sobrieda<strong>de</strong> que confere credibilida<strong>de</strong> à noticia ali divulgada.<br />

Segundo o coor<strong>de</strong>nador e jornalista Heitor Shimizu, <strong>em</strong> palestra proferida <strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2009 durante o I Foro Iberoamericano <strong>de</strong> Comunicação e <strong>Divulgação</strong><br />

Científica realizado na <strong>Unicamp</strong>, a Agência, diferent<strong>em</strong>ente da gran<strong>de</strong> imprensa, que<br />

<strong>de</strong>vido ao seu imediatismo está mais voltada para os resultados práticos e comerciais dos<br />

estudos realizados pelos pesquisadores, preten<strong>de</strong> mostrar todo o processo <strong>de</strong> produção<br />

<strong>científica</strong>: porque aquela pesquisa está sendo realizada, qu<strong>em</strong> ela atinge, qual a sua<br />

importância, como o pesquisador chegou àquele resultado, quanto t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> estudo, etc.<br />

Nesse contexto, as notícias realizadas pela Agência mostram o processo da pesquisa e o<br />

avanço gradual do cientista.<br />

Como a Agência também divulga eventos, oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> bolsas e concursos para<br />

pesquisadores, essa contextualização ocorre mais freqüent<strong>em</strong>ente <strong>em</strong> reportagens maiores,<br />

mais aprofundadas, com entrevistas e um <strong>de</strong>talhamento mais específico do assunto.<br />

O modo <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong> pela Web adotado pela Agência Fapesp <strong>de</strong><br />

Notícias t<strong>em</strong> se d<strong>em</strong>onstrado eficiente, já que o número <strong>de</strong> usuários da re<strong>de</strong> v<strong>em</strong> crescendo<br />

a cada ano. Além do gran<strong>de</strong> alcance das notícias, a Internet permite agilida<strong>de</strong> na produção e<br />

na veiculação a um baixo custo. Essa rapi<strong>de</strong>z da re<strong>de</strong> faz com que os veículos digitais, e<br />

conseqüent<strong>em</strong>ente a Agência, muitas vezes fure as notícias dos gran<strong>de</strong>s veículos <strong>de</strong><br />

comunicação.<br />

De acordo com dados do Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s da Fapesp referente ao ano <strong>de</strong><br />

2009 o site da Agência atingiu 1,5 milhão <strong>de</strong> acessos no ano, 15% a mais que <strong>em</strong> 2008. O<br />

número <strong>de</strong> assinantes do boletim eletrônico também aumentou 15%, saindo <strong>de</strong> 69.839 para<br />

80.369. (FAPESP, 2010. Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s 2009). Em abril <strong>de</strong> 2011 o número <strong>de</strong><br />

assinantes do boletim estava <strong>em</strong> aproximadamente 90 mil.<br />

Segundo Heitor Shimizu, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu início a Agência pautou a mídia. No entanto, a<br />

partir <strong>de</strong> dados do último Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s da Fundação, é possível perceber que<br />

2009 o número <strong>de</strong> veículos que reproduziu as notícias da Agência praticamente dobrou <strong>em</strong><br />

relação ao ano anterior.<br />

144


Logo no começo as matérias que a gente publicou começaram a repercutir e<br />

a ser<strong>em</strong> replicadas por jornais, revistas e principalmente veículos<br />

eletrônicos, já que é uma Agência online, então, os veículos publicam muito<br />

as nossas notícias. E t<strong>em</strong> ido b<strong>em</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2003 a gente v<strong>em</strong> crescendo<br />

bastante. É uma equipe muito pequena, mesmo assim teve um salto muito<br />

gran<strong>de</strong>, um crescimento constante. (SHIMIZU, 2010).<br />

A citação do coor<strong>de</strong>nador do Setor online é ilustrada pelos números a seguir:<br />

Em 2009, quase todos os t<strong>em</strong>as publicados no boletim diário da Agência<br />

Fapesp pautaram 455 veículos <strong>de</strong> comunicação, 98% a mais que <strong>em</strong> 2008.<br />

Esses pautaram 3.613 reportagens, 92% a mais que no ano anterior. A<br />

internet respon<strong>de</strong> por 95% <strong>de</strong>sse resultado. Nessa mídia, o volume <strong>de</strong><br />

reproduções foi <strong>de</strong> 3.445,121% a mais que <strong>em</strong> 2008. (FAPESP, 2010:163.<br />

Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s 2009).<br />

O público da Agência é constituído <strong>em</strong> sua maioria por pessoas com nível superior:<br />

14% com pós doutorado, 14% com doutorado, 19% com mestrado, 47% com graduação e<br />

6% com o segundo grau. (MASCARENHAS; SHIMIZU, 2007: 07). Apesar <strong>de</strong> a Fundação<br />

financiar pesquisas do Estado <strong>de</strong> São Paulo, a Agência Fapesp <strong>de</strong> Notícias atinge público<br />

<strong>de</strong> outros estados brasileiros, já que aborda <strong>em</strong> suas matérias estudos produzidos <strong>em</strong> todo<br />

Brasil e no mundo. Atualmente, os cientistas brasileiros estão cada vez mais publicando<br />

artigos <strong>em</strong> revistas internacionais e isso faz com as notícias veiculadas pela Agência sobre<br />

esses trabalhos tenham gran<strong>de</strong> repercussão.<br />

A equipe da Agência é formada por um coor<strong>de</strong>nador, Heitor Shimizu, dois<br />

repórteres, dois programadores e uma revisora. Cada repórter produz uma ou duas matérias<br />

por dia, pois antes <strong>de</strong> produzir o texto o jornalista <strong>de</strong>ve enten<strong>de</strong>r b<strong>em</strong> o assunto que será<br />

divulgado.<br />

As notícias da Agência estão separadas por editorias, entrevistas e reportagens<br />

especiais, que são mais elaboradas e extensas, <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> seis a sete mil caracteres. No<br />

entanto, o mais comum são textos curtos <strong>de</strong> 500 caracteres. Apesar <strong>de</strong> contar com uma<br />

equipe pequena, eventualmente repórteres são <strong>de</strong>slocados para a cobertura <strong>de</strong> eventos,<br />

como a reunião anual da SBPC que a Agência cobre todo ano. Além disso, o serviço ainda<br />

conta com alguns colaboradores fora do Estado <strong>de</strong> São Paulo, que prestam serviços <strong>em</strong><br />

eventos que ocorre <strong>em</strong> outros estados. No entanto, muitos contatos ainda são realizados por<br />

telefone ou Internet.<br />

145


3.5.2.2.2 Portal Fapesp<br />

O Portal da Fapesp é um canal <strong>de</strong> comunicação da instituição com seus diversos<br />

públicos, ou seja, pesquisadores, estudantes, jornalistas e pessoas interessadas <strong>em</strong> C&T, já<br />

que abriga tanto sites para informações institucionais, quanto <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong>,<br />

como os da Agência Fapesp <strong>de</strong> Notícias e o da Pesquisa Fapesp online.<br />

Como <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> portal eletrônico é possível compreen<strong>de</strong>r que “portais são um<br />

ponto único <strong>de</strong> interfaces baseadas na Web, usados para promover a busca, o<br />

compartilhamento e a diss<strong>em</strong>inação da informação, assim como a provisão <strong>de</strong> serviços para<br />

comunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interesse.” (DETLOR, 2002 apud VILLELA, 2003).<br />

O Portal da Fapesp, após sua primeira estruturação <strong>em</strong> 2002 passou por algumas<br />

reformulações <strong>em</strong> 2005, 2008 e mais recent<strong>em</strong>ente <strong>em</strong> abril <strong>de</strong> 2011 (como meta da política<br />

<strong>de</strong> comunicação que está se institucionalizando na Fundação). Essas reformulações s<strong>em</strong>pre<br />

ocorreram com o intuito <strong>de</strong> organizar e melhorar a informação disponível para o<br />

pesquisador, bolsista e o público <strong>em</strong> geral.<br />

Nesse sentido, atualmente o Portal da Fapesp abriga os seguintes sites:<br />

Site principal (www.fapesp.br) – com páginas que reún<strong>em</strong> informações<br />

institucionais e serviços relacionados às formas <strong>de</strong> apoio <strong>em</strong> todas as linhas<br />

oferecidas e acessos para os d<strong>em</strong>ais sites.<br />

Agência Fapesp (www.agencia.fapesp.br) -<br />

Fapesp Indica (www.fapesp.br/indicadores) - com bancos <strong>de</strong> dados sobre<br />

indicadores <strong>de</strong> ciência e tecnologia;<br />

Biblioteca Virtual (www.bv.fapesp.br) – reúne informações e resumos sobre a<br />

produção <strong>científica</strong> financiada pela Fapesp;<br />

Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Apoio a Gestão (SAGe) (www.fapesp.br/sage) – permite a<br />

submissão <strong>de</strong> propostas e a sua análise por via eletrônica;<br />

Revista Pesquisa Fapesp (www.revistapesquisa.fapesp.br).<br />

A Figura 7, abaixo, mostra a capa do Portal da Fapesp:<br />

146


Figura 7: Portal Fapesp<br />

Fonte: Portal Fapesp. Acesso <strong>em</strong> 03.jun .2011<br />

Examinando o Portal, é possível perceber a arquitetura que estrutura seu conteúdo.<br />

Após a última reformulação o material passou a ser dividido <strong>em</strong> três áreas principais:<br />

“Públicos”, “Ativida<strong>de</strong>s e Serviços” e “Qu<strong>em</strong> somos”.<br />

A primeira área “Públicos” apresenta sites específicos para os principais públicos<br />

atendidos pela Fapesp: “Assessores”, “Bolsistas”, “Candidatos a Auxílios”, “Candidatos a<br />

Bolsas”, “Dirigentes <strong>de</strong> instituições <strong>de</strong> pesquisa”, “Fornecedores”, “Jornalistas”,<br />

“Pesquisadores” e “Público geral”.<br />

Assessores: com informações e formulários para os pesquisadores que atuam como<br />

assessores ad hoc, que realizam os pareceres sobre as propostas <strong>de</strong> financiamento<br />

147


enviadas para a instituição. Caracteriza-se como divulgação institucional, já que se<br />

<strong>de</strong>stina ao público interno.<br />

Bolsistas: com informações sobre modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fomento, formulários e<br />

documentos. Essa seção se caracteriza, então, por divulgação institucional,<br />

direcionada apenas a bolsistas.<br />

Candidatos a Bolsas e Candidatos a Auxílios: oferec<strong>em</strong> acesso para os<br />

interessados <strong>em</strong> conhecer ou se candidatar a alguma das modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> apoio à<br />

pesquisa oferecidas: Bolsas se <strong>de</strong>stinam a estudantes <strong>de</strong> graduação e pós-graduação<br />

e a portadores <strong>de</strong> título <strong>de</strong> doutor obtido recent<strong>em</strong>ente. Auxílios se <strong>de</strong>stinam a<br />

pesquisadores com titulação mínima <strong>de</strong> doutor, vinculados a instituições <strong>de</strong> ensino<br />

superior e <strong>de</strong> pesquisa paulistas. Caracteriza-se como divulgação institucional<br />

Dirigentes <strong>de</strong> instituições <strong>de</strong> pesquisa: disponibiliza arquivos sobre<br />

contratações/liberações <strong>de</strong> recursos para análise das instituições que possu<strong>em</strong><br />

processos <strong>em</strong> sua base <strong>de</strong> dados. Caracteriza-se como divulgação institucional<br />

Fornecedores: divulga as licitações, nas formas <strong>de</strong> pregões, concorrências ou<br />

leilões publicados pela Fapesp. Caracteriza-se como divulgação institucional.<br />

Jornalistas: oferece sugestões <strong>de</strong> pauta a veículos da imprensa, com novida<strong>de</strong>s<br />

sobre a atuação da Fundação no apoio à pesquisa <strong>científica</strong>. Disponibiliza também o<br />

contato com a Gerência <strong>de</strong> Comunicação. Caracteriza-se como divulgação<br />

institucional e <strong>científica</strong>, já que aborda tanto informações institucionais sobre a<br />

Fapesp quanto pesquisas <strong>científica</strong>s <strong>em</strong> geral.<br />

Pesquisadores: disponibiliza links para todos os formulários e documentos<br />

necessários para a solicitação e andamento <strong>de</strong> propostas <strong>de</strong> pesquisa, chamadas <strong>de</strong><br />

propostas, programas e outros. Caracteriza-se como divulgação institucional.<br />

Público <strong>em</strong> geral: com notícias sobre C&T <strong>de</strong> interesse público divulgadas na<br />

Agência Fapesp e na Revista, e também sobre a instituição. Caracteriza-se como<br />

divulgação institucional e <strong>científica</strong>.<br />

A segunda área, “Ativida<strong>de</strong>s e serviços” apresenta os seguintes sites:<br />

Agência Fapesp: com todos os boletins diários <strong>de</strong> notícias <strong>de</strong> ciência e tecnologia,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu lançamento <strong>em</strong> 2003. Caracteriza-se como divulgação <strong>científica</strong>.<br />

Agilis: área <strong>de</strong> consultas das propostas <strong>de</strong> bolsas enviadas via Correios. Caracterizase<br />

como um serviço institucional.<br />

Auxílios: com informações sobre normas para pedidos <strong>de</strong> auxílios e reserva técnica<br />

<strong>de</strong> bolsas. Caracteriza-se como divulgação institucional.<br />

148


Biblioteca virtual: com acesso a projetos apoiados pela Fapesp e a bancos <strong>de</strong><br />

dissertações e teses disponíveis na internet. Essa seção po<strong>de</strong> ser caracterizada como<br />

divulgação <strong>científica</strong>, já que também está voltada para estudantes ou pessoas leigas<br />

que tenham interesse <strong>em</strong> pesquisar dissertações e teses.<br />

Bolsas: com informações sobre as modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> bolsas oferecidas pela<br />

instituição. Caracteriza-se como divulgação institucional.<br />

Chamadas <strong>de</strong> propostas: apresenta as seleções públicas <strong>de</strong> propostas <strong>de</strong> pesquisa<br />

vigentes e os resultados das encerradas. Caracteriza-se como divulgação<br />

institucional.<br />

Convênios e acordos <strong>de</strong> cooperação: apresenta uma listag<strong>em</strong> da cooperação entre<br />

a Fapesp e agências, instituições <strong>de</strong> ensino superior e <strong>de</strong> pesquisa, <strong>em</strong>presas e outras<br />

entida<strong>de</strong>s, no Brasil e no exterior. Caracteriza-se como divulgação institucional.<br />

Equipamentos multiusuários: com informações sobre equipamentos disponíveis<br />

para pesquisa adquiridos com apoio da Fapesp e a sua localização no Estado <strong>de</strong> São<br />

Paulo. Caracteriza-se como divulgação institucional.<br />

Eventos: com as relações dos workshops e reuniões organizadas pela Fundação.<br />

Além <strong>de</strong> fotos, ví<strong>de</strong>os e sli<strong>de</strong>s das palestras realizadas. Caracteriza-se como<br />

divulgação institucional e <strong>científica</strong>.<br />

Fapesp na Mídia: com o clipping <strong>de</strong> notícias sobre a Fundação. Caracterizando-se<br />

como uma seção <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong>, já que disponibiliza matérias tanto sobre a<br />

instituição, quanto assuntos relevantes sobre C&T publicados na mídia <strong>em</strong> geral.<br />

Importação: com informações sobre aquisição <strong>de</strong> materiais a ser<strong>em</strong> importados<br />

e/ou para pagamento <strong>de</strong> serviço <strong>de</strong> terceiros no exterior. Caracteriza-se como<br />

divulgação institucional.<br />

Oportunida<strong>de</strong>s: com informações sobre oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> bolsas <strong>de</strong> pós-doutorado<br />

no âmbito <strong>de</strong> Projetos T<strong>em</strong>áticos <strong>em</strong> andamento. Caracteriza-se como divulgação<br />

institucional.<br />

Projetos apoiados pela Fapesp, com serviço <strong>de</strong> busca, resumos e informações<br />

sobre as pesquisas apoiadas <strong>em</strong> todas as modalida<strong>de</strong>s. Caracteriza-se como<br />

divulgação institucional.<br />

Programas: reúne as iniciativas <strong>de</strong> Programas específicos criados pela Fundação<br />

<strong>em</strong> diversas áreas do conhecimento. Apresentações e ví<strong>de</strong>os realizados <strong>em</strong><br />

workshops e outros eventos também estão presentes, b<strong>em</strong> como notícias, chamadas<br />

<strong>de</strong> propostas, publicações, documentos e relações dos projetos apoiados <strong>em</strong> cada<br />

programa. Caracteriza-se como divulgação institucional.<br />

149


Publicações e exposições: divulga arquivos eletrônicos <strong>de</strong> livros sobre assuntos<br />

relacionados à C&T e também aos Programas da Fundação, relatórios científicos e<br />

exposições <strong>científica</strong>s e/ou culturais organizadas pela Fapesp. Caracteriza-se como<br />

divulgação institucional e <strong>científica</strong>.<br />

Revista Pesquisa Fapesp: com todas as edições da revista, além <strong>de</strong> notícias,<br />

ví<strong>de</strong>os e áudio <strong>de</strong> entrevistas sobre ciência e tecnologia. Caracteriza-se como um<br />

serviço <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong>.<br />

Sage: área para submissão e consultas das propostas <strong>de</strong> bolsas enviadas via internet.<br />

Caracteriza-se como um serviço institucional.<br />

A área “Qu<strong>em</strong> somos” organiza as informações institucionais da Fapesp, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

criação da Fundação, com informações sobre os principais momentos <strong>de</strong> sua história até<br />

dados sobre os dirigentes e m<strong>em</strong>bros das coor<strong>de</strong>nações através dos seguintes links: Sobre a<br />

Fapesp, Conselho e Diretores, Coor<strong>de</strong>nadores, Sist<strong>em</strong>ática <strong>de</strong> Análise, Estatísticas e<br />

Balanços, Portarias e Editais, Linha do T<strong>em</strong>po, Licitações e Pregões, Localização,<br />

Pontos <strong>de</strong> Apoio, Converse com a Fapesp e Ouvidoria. Nesse sentido, essa seção inteira<br />

caracteriza-se como divulgação institucional.<br />

O Portal da Fapesp traz também <strong>em</strong> sua página inicial notícias institucionais sobre<br />

a Fundação e <strong>de</strong> resultados <strong>de</strong> projetos apoiados. Essas notícias são <strong>de</strong>stacadas no canto<br />

esquerdo superior da capa do Portal, e uma <strong>em</strong> <strong>de</strong>staque maior como a manchete do site. A<br />

seção Eventos também é apresentada na página principal do Portal.<br />

O cabeçalho traz ferramenta <strong>de</strong> busca <strong>de</strong>ntro do site e acesso direto ao serviço<br />

Converse com a Fapesp <strong>de</strong> atendimento a dúvidas e solicitações dos diversos públicos.<br />

Nesse contexto, é possível perceber que o Portal da Fapesp é <strong>de</strong> natureza<br />

institucional, ou seja, t<strong>em</strong> o objetivo <strong>de</strong> atuar como um veículo <strong>de</strong> divulgação do papel <strong>de</strong><br />

uma agência <strong>de</strong> fomento na produção <strong>científica</strong> nacional. No entanto, por conter diversos<br />

sites, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhar a comunicação institucional, o Portal não <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> divulgar<br />

notícias sobre C&T, tanto para a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> quanto para o público <strong>em</strong> geral.<br />

“Foi consi<strong>de</strong>rado <strong>em</strong> 2005 o melhor serviço <strong>de</strong> e-science do Brasil pela Associação <strong>de</strong><br />

Mídia Interativa (AMI) e pela Câmara Brasileira <strong>de</strong> Comércio Eletrônico (Camara-e.net)”.<br />

(MASCARENHAS; SHIMIZU, 2007:06).<br />

O Portal se apresenta <strong>de</strong> forma eficiente para as pessoas que estão buscando<br />

informações institucionais ou <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong>. A gran<strong>de</strong> modificação realizada na<br />

150


eformulação do Portal <strong>em</strong> abril <strong>de</strong> 2011 foi a disponibilização das informações na primeira<br />

página, já que anteriormente a capa apresentava dois menus, um vertical e outro horizontal,<br />

que apontavam repetição <strong>de</strong> informações. A separação dos dados <strong>em</strong> três gran<strong>de</strong>s áreas:<br />

“Públicos”, “Ativida<strong>de</strong>s e Serviços” e “Qu<strong>em</strong> somos” auxilia a navegação no Portal, já que<br />

o conteúdo é apresentado <strong>de</strong> maneira mais clara e direta.<br />

De acordo com o Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s, o Portal da Fapesp teve 2,6 milhões <strong>de</strong><br />

acessos <strong>em</strong> 2009, um aumento <strong>de</strong> 13% <strong>em</strong> relação ao ano anterior. Depois do site principal,<br />

o mais acessado foi o da Agência Fapesp com 1,5 milhão, classificado na frente dos sites<br />

com conteúdo inteiramente institucional, como a área Pesquisadores e Bolsistas, que teve<br />

180.577 acessos <strong>em</strong> 2009. Esses dados apontam que a divulgação institucional e <strong>científica</strong><br />

da Fundação t<strong>em</strong> gran<strong>de</strong> relevância para o público <strong>em</strong> geral.<br />

3.5.2.3 Eventos<br />

A área <strong>de</strong> eventos da Fapesp teve início <strong>em</strong> 1998, quando Marina Ma<strong>de</strong>ira, foi<br />

convidada pelo Prof. Francisco Romeu Landi para atuar na Gerência <strong>de</strong> Comunicação<br />

como coor<strong>de</strong>nadora <strong>de</strong> eventos.<br />

Em 97 houve o lançamento <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas, com a presença<br />

do Covas na Fapesp. [...] Isso envolvia toda uma organização cerimonial. E<br />

n<strong>em</strong> eu e n<strong>em</strong> a Mariluce conhecíamos absolutamente nada disso; como<br />

organizar evento, cuidar <strong>de</strong> cerimonial, apresentar etc.[...] Então,<br />

d<strong>em</strong>andava a comunicação também se ocupar <strong>de</strong> uma outra forma <strong>de</strong><br />

comunicação, que é a organização para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> eventos.<br />

Então, <strong>em</strong> 98 veio uma pessoa para participar da organização <strong>de</strong> eventos.<br />

(MASCARENHAS, 2010).<br />

Segundo Marina Ma<strong>de</strong>ira, a área organiza cerca <strong>de</strong> 50 eventos por ano, todos com o<br />

objetivo <strong>de</strong> dar visibilida<strong>de</strong> às ações da Fapesp. Em 2009 a Fundação realizou ou participou<br />

(com estan<strong>de</strong>s e exposições) <strong>de</strong> 46 eventos, que contaram com a presença <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 10 mil<br />

pessoas. (FAPESP, 2010. Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s 2009).<br />

Os eventos pod<strong>em</strong> ser workshops que <strong>de</strong>bat<strong>em</strong> assuntos sobre os programas da<br />

Fapesp, (<strong>em</strong> 2009, o Programa Fapesp <strong>de</strong> Pesquisa <strong>em</strong> Bioenergia [BIOEN], reuniu 965<br />

pessoas <strong>em</strong> seis workshops sobre o t<strong>em</strong>a); feiras organizadas por socieda<strong>de</strong>s <strong>científica</strong>s <strong>em</strong><br />

151


diversos lugares do Brasil com estan<strong>de</strong>s da Fundação; lançamentos <strong>de</strong> livros e programas;<br />

exposições, entre outros eventos.<br />

A gente faz esses workshops <strong>em</strong> conjunto com o coor<strong>de</strong>nador da área <strong>de</strong><br />

cada programa da Fundação. A Fundação t<strong>em</strong> programas <strong>de</strong> bioenergia,<br />

biodiversida<strong>de</strong>, políticas públicas... Alguns não têm uma d<strong>em</strong>anda <strong>de</strong><br />

eventos tão gran<strong>de</strong> como esses t<strong>em</strong>as atuais. (MADEIRA, 2010).<br />

A atuação da área <strong>de</strong> eventos <strong>em</strong> feiras <strong>científica</strong>s se difere um pouco dos<br />

workshops relacionados a programas específicos da instituição, já que segundo Marina<br />

Ma<strong>de</strong>ira, os estan<strong>de</strong>s da Fapesp <strong>em</strong> feiras têm o objetivo <strong>de</strong> divulgar a instituição e seus<br />

meios <strong>de</strong> comunicação <strong>científica</strong>.<br />

Procuramos divulgar as ferramentas que a Fundação t<strong>em</strong> e que não<br />

são <strong>de</strong> conhecimentos <strong>de</strong> pesquisadores <strong>de</strong> outros estados. A gente<br />

mostra para eles o quanto é importante eles assinar<strong>em</strong> a Agência <strong>de</strong><br />

notícias, para que eles tenham conhecimento diário do que está<br />

sendo discutido <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> ciência e tecnologia no país.<br />

(MADEIRA, 2010).<br />

Para a atuação <strong>em</strong> estan<strong>de</strong>s fixados <strong>em</strong> feiras <strong>científica</strong>s, a área <strong>de</strong> eventos conta<br />

com uma equipe <strong>de</strong> prestadores <strong>de</strong> serviços, que realiza uma abordag<strong>em</strong> aos participantes<br />

da feira <strong>de</strong> acordo com a faixa etária e a formação do público. Nesses eventos também são<br />

entregues fol<strong>de</strong>rs e publicações da Fundação a partir <strong>de</strong> critérios específicos <strong>de</strong> acordo com<br />

o público.<br />

Eu tenho uma equipe que treino há 12 anos, que não são funcionários daqui,<br />

trabalham especificamente, <strong>de</strong> forma autônoma, mas são s<strong>em</strong>pre as mesmas<br />

pessoas. [...] É preciso treinar essa abordag<strong>em</strong> que a gente faz com cada<br />

visitante. Se a gente ver que ele é um professor, o atendimento vai ser outro<br />

para ele. [...] Quando você lida com jovens, com alunos do Ensino Médio,<br />

ou até graduandos, mas no início da graduação, é difícil você falar com<br />

esses jovens. Então, você precisa que uma pessoa pegue aquele grupo e<br />

comece a conversar e explicar o que é a Fapesp e isso não é fácil. [...] A<br />

gente t<strong>em</strong> que entrar <strong>em</strong> uma conversa parecida com a conversa que eles<br />

t<strong>em</strong> na escola <strong>de</strong>les, na faculda<strong>de</strong>, para po<strong>de</strong>r sensibilizar essa pessoa.<br />

(MADEIRA, 2010).<br />

A área <strong>de</strong> eventos também é responsável pela produção dos convites e programação<br />

<strong>de</strong>sses eventos, que se caracterizam <strong>de</strong> duas maneiras: o convite formal e impresso<br />

152


<strong>de</strong>stinado para políticos e autorida<strong>de</strong>s acadêmicas; e o convite digital, enviado para um<br />

mailing <strong>de</strong> pesquisadores envolvidos nos programas da instituição. “A gente manda, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, para o mailing do Biota 49 . T<strong>em</strong> aí uns cinco registros. Evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente que não<br />

v<strong>em</strong> esse volume <strong>de</strong> pessoas, mas a gente está informando o que está acontecendo e eles<br />

pod<strong>em</strong> acessar essas palestras <strong>em</strong> power point no site do Biota. (MADEIRA, 2010).<br />

Esses convites e programações são i<strong>de</strong>alizados pela área <strong>de</strong> eventos e produzidos<br />

por um diagramador da área <strong>de</strong> publicações da Gerência <strong>de</strong> Comunicação da Fapesp, que<br />

produz todo o seu material, terceirizando apenas o serviço gráfico <strong>de</strong> impressão. Já os<br />

fol<strong>de</strong>rs distribuídos <strong>em</strong> feiras <strong>científica</strong>s são i<strong>de</strong>alizados e produzidos pela área <strong>de</strong><br />

publicações, no entanto, muitas vezes, Marina Ma<strong>de</strong>ira dá dicas na produção <strong>de</strong>sses fol<strong>de</strong>rs,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do caráter do evento. Nesse contexto, é possível perceber, assim, a integração<br />

entre as vertentes da Gerencia <strong>de</strong> Comunicação.<br />

Os gráficos a seguir apresentam os tipos dos eventos realizados pela instituição <strong>em</strong><br />

2009 e os t<strong>em</strong>as discutidos. Como a coor<strong>de</strong>nadora da área apontou, a maioria dos eventos<br />

são workshops relacionados aos programas da instituição, 31%; e participação <strong>em</strong> feiras<br />

com 29%.<br />

49 Programa <strong>de</strong> Pesquisas <strong>em</strong> Caracterização, Conservação, Recuperação e Uso Sustentável da Biodiversida<strong>de</strong><br />

do Estado <strong>de</strong> São Paulo (Biota-FAPESP)<br />

153


Gráfico 14: Tipos <strong>de</strong> eventos realizados pela Fapesp <strong>em</strong> 2009<br />

Fonte: FAPESP, 2010:177. Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s 2009.<br />

Já os t<strong>em</strong>as mais abordados nos eventos realizados <strong>em</strong> 2009 foram classificados,<br />

genericamente, como “Ciência e Tecnologia”, com 29%, o que não aponta uma informação<br />

clara, uma vez que tudo que a instituição financia é pesquisa <strong>científica</strong> e tecnológica. O<br />

segundo t<strong>em</strong>a mais abordado foi “Bioenergia”, com 24%, por conta do projeto da<br />

instituição nesse âmbito e pela atualida<strong>de</strong> do assunto, como <strong>de</strong>stacou Marina Ma<strong>de</strong>ira. Os<br />

17% apontados na categoria “Outros” ficaram na terceira posição dos t<strong>em</strong>as mais<br />

abordados <strong>em</strong> eventos realizados <strong>em</strong> 2009. Esse conjunto reúne assuntos que apresentaram<br />

menos <strong>de</strong> 2% <strong>de</strong> freqüência nos eventos realizados pela instituição. Apesar da falta <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>talhes apontados no Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s quanto aos eventos classificados como<br />

“Ciência e Tecnologia” e “Outros”, é possível perceber que os t<strong>em</strong>as relacionados com os<br />

programas da Fundação e que provocam gran<strong>de</strong> interesse na imprensa atualmente como<br />

“Bioenergia” com 24%, “Biodiversida<strong>de</strong>” com 9% e “Mudanças Climáticas” com 4%<br />

representam a maioria dos t<strong>em</strong>as abordados <strong>em</strong> eventos da instituição, com 37% ao todo <strong>de</strong><br />

freqüência <strong>em</strong> 2009.<br />

154


Gráfico 15: T<strong>em</strong>as discutidos nos eventos realizados <strong>em</strong> 2009<br />

Fonte: FAPESP, 2010:175. Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s 2009.<br />

Po<strong>de</strong>-se dizer que apesar da área <strong>de</strong> eventos estar bastante voltada para a divulgação<br />

institucional, com os workshops específicos para a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> sobre os<br />

programas <strong>de</strong>senvolvidos pela Fapesp, a atuação realizada <strong>em</strong> feiras está mais próxima <strong>de</strong><br />

uma divulgação <strong>científica</strong> para públicos específicos, já que a equipe aten<strong>de</strong> também nesses<br />

estan<strong>de</strong>s estudantes e professores <strong>de</strong> Ensino Médio, divulgando os veículos <strong>de</strong> comunicação<br />

<strong>científica</strong> da instituição.<br />

3.5.2.4 Publicações<br />

O setor <strong>de</strong> Publicações da Gerência <strong>de</strong> Comunicação, coor<strong>de</strong>nado pela própria<br />

Gerente <strong>de</strong> Comunicação, Graça Mascarenhas, é responsável pela edição e distribuição <strong>de</strong><br />

fol<strong>de</strong>rs, livros e catálogos relacionados à instituição e seus programas.<br />

A maioria das publicações editadas pelo setor <strong>de</strong> comunicação da instituição são<br />

catálogos correspon<strong>de</strong>ntes aos resultados dos programas específicos da Fundação. Todo<br />

esse material é produzido <strong>em</strong> português e inglês, e muitas vezes <strong>em</strong> espanhol. Essas<br />

publicações são direcionadas à comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> e principalmente aos pesquisadores<br />

155


que estão envolvidos nos programas da Fapesp. Além disso, muitas vezes são distribuídas<br />

<strong>em</strong> feiras <strong>científica</strong>s para ser<strong>em</strong> colocadas <strong>em</strong> bibliotecas públicas.<br />

Nós t<strong>em</strong>os uma pasta que t<strong>em</strong> fichas <strong>de</strong> projetos, projetos t<strong>em</strong>áticos, por<br />

área e ali você t<strong>em</strong> resumos e resultados científicos. Então, digamos que<br />

nós fiz<strong>em</strong>os quatro pastas da área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, pastas que contém fichas, e isso<br />

é importante quando se vai para congressos internacionais, reuniões<br />

internacionais. [...] Para um jornalista, é uma linguag<strong>em</strong> extr<strong>em</strong>amente<br />

árdua, porque é a pesquisa, os <strong>de</strong>talhes da pesquisa para um igual, um par,<br />

que vai <strong>de</strong>cidir, vai olhar se a pesquisa t<strong>em</strong> a ver com o que ele está<br />

fazendo. (MASCARENHAS, 2010).<br />

Além dos catálogos relacionados aos programas da instituição, a área também é<br />

responsável pela produção editorial do livro “Indicadores <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia”,<br />

publicado a cada quatro anos e pelo Relatório Anual <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s da instituição, ambas<br />

publicações voltadas também para a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>.<br />

Por outro lado, segundo a jornalista Graça Mascarenhas, a área também <strong>de</strong>senvolve<br />

publicações voltadas para o público <strong>em</strong> geral, como livros com o agrupamento <strong>de</strong><br />

reportagens da Revista Pesquisa Fapesp sobre assuntos específicos, que interessam a<br />

professores <strong>de</strong> Ensino Médio e também <strong>de</strong> graduação <strong>em</strong> Jornalismo.<br />

Como mencionado anteriormente, a área <strong>de</strong> publicações também é responsável pela<br />

produção <strong>de</strong> fol<strong>de</strong>rs institucionais que são distribuídos <strong>em</strong> eventos. Esse material se<br />

apresenta <strong>em</strong> diversos formatos e linguagens para os diferentes públicos que freqüentam<br />

uma feira <strong>de</strong> ciências. “A gente vai para uma SBPC, por ex<strong>em</strong>plo, quando eu recebo <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

criança do Ensino Fundamental [...]. Eu posso dar esse fol<strong>de</strong>r que nós produzimos com uma<br />

linguag<strong>em</strong> mais acessível. (MADEIRA, 2010).<br />

Em 2009, o setor foi responsável pelas seguintes publicações: Relatório <strong>de</strong><br />

Ativida<strong>de</strong>s da Fapesp 2008; Contribuições da Pesquisa Paulista para o Conhecimento<br />

sobre Mudanças Climáticas: versão <strong>em</strong> inglês do livro publicado <strong>em</strong> português <strong>em</strong> 2008,<br />

sobre os projetos <strong>de</strong> pesquisa <strong>em</strong> andamento no âmbito do Programa <strong>de</strong> Mudanças<br />

Climáticas; Brazilian Research on Bioenergy: material <strong>de</strong> divulgação das linhas <strong>de</strong><br />

pesquisa do Programa BIOEN: pasta com fichas e fol<strong>de</strong>rs <strong>de</strong> bolso <strong>em</strong> inglês; World Class<br />

Research with Real Life Impact: pasta e fichas <strong>de</strong> divulgação do Instituto<br />

156


Virtual Fapesp-Microsoft Research e dos projetos <strong>de</strong> pesquisa apoiados; Estatutos e<br />

Regimento Interno da FAPESP e FAPESP – uma agência brasileira <strong>de</strong> apoio à Pesquisa:<br />

fol<strong>de</strong>r institucional sobre a Fundação e seus programas (versões <strong>em</strong> português, inglês,<br />

francês e espanhol). (FAPESP, 2010. Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s 2009).<br />

As figuras a seguir apresentam dois fol<strong>de</strong>rs institucionais da Fundação: o primeiro é<br />

<strong>de</strong>stinado à comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> e o segundo ao público <strong>em</strong> geral. As diferenças gráficas<br />

e <strong>de</strong> linguag<strong>em</strong> são visíveis, já que o segundo utiliza mais os recursos <strong>de</strong> fotos e ilustrações,<br />

enquanto o primeiro se apresenta <strong>de</strong> modo mais sóbrio e com gráficos referentes aos<br />

investimentos da Fapesp. O título “Oportunida<strong>de</strong>s para futuros cientistas” (Fig.9) <strong>em</strong> letras<br />

gran<strong>de</strong>s e <strong>em</strong> negrito também d<strong>em</strong>onstra que o fol<strong>de</strong>r é <strong>de</strong>stinado para pessoas que não<br />

conhec<strong>em</strong> a instituição. A frase “A Fapesp po<strong>de</strong> ajudar você a saber mais sobre assuntos<br />

que ca<strong>em</strong> no vestibular”, preten<strong>de</strong> captar o público jov<strong>em</strong> e divulgar os veículos <strong>de</strong><br />

comunicação e divulgação <strong>científica</strong> da Fundação.<br />

Figura 8: Fol<strong>de</strong>r: Fapesp - uma agência brasileira <strong>de</strong> apoio à pesquisa<br />

Fonte: Fol<strong>de</strong>r cedido pela área <strong>de</strong> Publicações da Fapesp<br />

157


Figura 9: Fol<strong>de</strong>r: Fapesp – Oportunida<strong>de</strong>s para futuros cientistas<br />

Fonte: Fol<strong>de</strong>r cedido pela área <strong>de</strong> Publicações da Fapesp<br />

Nesse sentido, a área <strong>de</strong> publicações da Fapesp se <strong>de</strong>dica à divulgação institucional,<br />

por meio da edição <strong>de</strong> livros sobre assuntos <strong>de</strong>stinados especificamente para pesquisadores<br />

e fol<strong>de</strong>rs produzidos diretamente para esse público. A divulgação <strong>científica</strong> fica por conta<br />

<strong>de</strong> publicações relacionadas a textos e entrevistas já publicados <strong>em</strong> outros veículos <strong>de</strong><br />

divulgação <strong>científica</strong> da instituição, como a Revista Pesquisa Fapesp e a Agência Fapesp<br />

<strong>de</strong> Notícias.<br />

3.5.2.5 Centro <strong>de</strong> Documentação e Informação (CDI)<br />

O Centro <strong>de</strong> Documentação e Informação (CDI), coor<strong>de</strong>nado pela bibliotecária<br />

Rosaly Favero Krzyzanowski, é responsável pela seleção e pelo armazenamento <strong>de</strong> todas as<br />

158


produções realizadas e financiadas pela Fundação e pela impl<strong>em</strong>entação e atualização da<br />

Biblioteca Virtual (BV), que está situada no Portal da Fapesp.<br />

De acordo com a Profa. Rosaly 50 , a BV foi i<strong>de</strong>alizada <strong>em</strong> 2003 a partir da proposta<br />

do CNPq <strong>de</strong> uma Política Nacional <strong>de</strong> Preservação da M<strong>em</strong>ória da Ciência e da Tecnologia<br />

elaborada por uma Comissão Especial e assinada <strong>em</strong> 2004 pelos Ministérios da Ciência e<br />

da Tecnologia e da Cultura.<br />

Nesse contexto, a BV foi inaugurada <strong>em</strong> 2005 com o objetivo <strong>de</strong> contribuir com a<br />

preservação e a divulgação da m<strong>em</strong>ória institucional da Fapesp; otimizar o acesso à<br />

informação <strong>em</strong> C,T&I para pesquisas; registrar e diss<strong>em</strong>inar a informação referencial<br />

produzida no Estado <strong>de</strong> São Paulo com apoio da Fundação paulista e contribuir com a<br />

ampliação <strong>de</strong> conteúdos nacionais <strong>em</strong> C,T&I existentes nas re<strong>de</strong>s eletrônicas e novas<br />

mídias.<br />

A BV, constituída <strong>de</strong> registros <strong>em</strong> formato referencial, apresenta links para<br />

acesso a textos completos <strong>em</strong> mais <strong>de</strong> 70% <strong>de</strong>ssas referências, apontando<br />

para o Portal Periódicos Capes e, ainda, para a Biblioteca SciELO<br />

(Scientific Electronic Library On-line), a revista Pesquisa FAPESP e os<br />

repositórios <strong>de</strong> publicações periódicas e teses, abertos ao público e<br />

disponíveis na internet. Há também links para a Plataforma Lattes (CNPq)<br />

<strong>em</strong> 44% dos registros in<strong>de</strong>xados, facilitando a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> outros<br />

trabalhos e ativida<strong>de</strong>s realizadas pelo pesquisador, diretamente da página <strong>de</strong><br />

pesquisa da BV. (FAPESP, 2010: 153. Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s 2009).<br />

Segundo a coor<strong>de</strong>nadora do CDI, o público alvo do setor é a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>,<br />

beneficiários dos programas da Fapesp, integrantes dos setores, gerências e diretorias da<br />

Fundação, para compartilhamento <strong>de</strong> informações e tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões e a socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong><br />

geral, para conhecimento da instituição no <strong>de</strong>senvolvimento do conhecimento científico.<br />

Na BV é possível acessar gran<strong>de</strong> parte das informações referenciais sobre projetos<br />

concluídos e <strong>em</strong> andamento, as patentes obtidas, as teses e dissertações, artigos científicos e<br />

<strong>de</strong> divulgação. A atualização das fontes <strong>de</strong> informação é realizada <strong>de</strong> forma gradual e<br />

interativa com outros segmentos da Fapesp. Em 2010, houve um acréscimo <strong>de</strong> 93.034<br />

registros (187,2%) inseridos na Biblioteca Virtual <strong>em</strong> relação a 2009. Em 22 <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro<br />

50 Em palestra procedida no Fórum Permanente <strong>de</strong> Conhecimento & Tecnologia da Inovação, realizado <strong>em</strong><br />

14. Set. 2006 na <strong>Unicamp</strong>.<br />

159


<strong>de</strong> 2010 o sist<strong>em</strong>a contava com 142.740 registros, contra 49.706 no ano anterior. (Portal da<br />

Fapesp). 51<br />

Em 2009 houve um gran<strong>de</strong> aumento no número <strong>de</strong> visitas à BV, ou seja, 3.827,6% a<br />

mais que <strong>em</strong> 2008, <strong>de</strong>vido aos motores – recursos <strong>de</strong> busca como Google e Yahoo. Em<br />

2010 os índices continuaram elevados, com um número <strong>de</strong> visitas <strong>de</strong> 706.298. Em 2009<br />

esse número foi <strong>de</strong> 765.057, contra 19.479 <strong>em</strong> 2008.<br />

Mesmo o CDI é uma forma <strong>de</strong> divulgação na medida <strong>em</strong> que você t<strong>em</strong> lá<br />

bancos <strong>de</strong> dados e os projetos que já foram apoiados pela instituição. Você<br />

po<strong>de</strong> colocar um nome, uma palavra chave e vir uma relação <strong>de</strong> projetos<br />

com os resumos, com os links, on<strong>de</strong> foi publicado, on<strong>de</strong> t<strong>em</strong> paper<br />

relacionado com aquele t<strong>em</strong>a. Então, é uma forma também <strong>de</strong> divulgação<br />

ampla. (MASCARENHAS, 2010).<br />

Nesse sentido, apesar <strong>de</strong> o CDI pertencer à Gerência <strong>de</strong> Comunicação, não exerce a<br />

ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação <strong>científica</strong>, mas sim <strong>de</strong> documentação e armazenamento. A<br />

Gerente <strong>de</strong> Comunicação, como apontado na citação assim, acredita que essa vertente<br />

também realiza uma espécie <strong>de</strong> divulgação, pois disponibiliza informações <strong>científica</strong>s para<br />

o público. No entanto, apesar <strong>de</strong> a BV também apontar os registros <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong><br />

da Fundação, como reportagens da Pesquisa Fapesp, seu objetivo principal é ser uma base<br />

<strong>de</strong> dados científicos, o que não se traduz como um veículo <strong>de</strong> divulgação científico para o<br />

público <strong>em</strong> geral que t<strong>em</strong> interesse <strong>em</strong> C&T.<br />

3.5.3 Mídia Ciência<br />

O Projeto Especial Mídia Ciência t<strong>em</strong> por objetivo a formação <strong>de</strong> profissionais <strong>de</strong><br />

divulgação <strong>científica</strong>. O Programa José Reis <strong>de</strong> Incentivo ao Jornalismo Científico (Mídia<br />

Ciência) foi lançado <strong>em</strong> outubro <strong>de</strong> 1999 e t<strong>em</strong> como missão o apoio à formação <strong>de</strong><br />

divulgadores científicos, por meio <strong>de</strong> bolsas <strong>de</strong> estudos para a graduação e pós-graduação.<br />

Esses recursos financiam pesquisas jornalísticas que resultam na produção <strong>de</strong> documentos<br />

<strong>de</strong> divulgação <strong>em</strong> veículos <strong>de</strong> comunicação, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que sejam <strong>de</strong>senvolvidos paralelamente<br />

ao cumprimento <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> estudos, orientado por pesquisadores e jornalistas<br />

51 Portal da Fapesp. Disponível <strong>em</strong><br />

http://media.fapesp.br/bv/uploads/Cadastramento_Uso_BV_<strong>de</strong>z_2010_graficos_B.pdf. Acesso <strong>em</strong>:<br />

03.04.2011.<br />

160


profissionais. Outro objetivo do programa é estimular a criação <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> jornalismo<br />

científico, <strong>de</strong>ntro e fora do no meio acadêmico, com o apoio <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas <strong>de</strong> comunicação.<br />

Foi criado quando o [José Fernando] Perez era diretor científico. [...] Fui<br />

junto com o Perez conversar com os diretores <strong>de</strong> redação dos principais<br />

jornais <strong>de</strong> São Paulo. [...] Então, nós fomos muitas vezes discutir para sentir<br />

como é que eles viam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter estagiários lá no jornal que<br />

foss<strong>em</strong> apoiados pela Fapesp nessa formação <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra especializada<br />

para a área <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong>. Eu acho que o projeto, <strong>de</strong> fato, <strong>de</strong>u um<br />

gran<strong>de</strong> suporte para a formação <strong>de</strong> jornalistas e <strong>de</strong> comunicadores <strong>de</strong><br />

ciência. [...] As bolsas do programa MídiaCiência foram fundamentais para<br />

que as pessoas pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> se <strong>de</strong>dicar seriamente à área, produzir, <strong>de</strong>scobrir o<br />

t<strong>em</strong> <strong>de</strong> especializado nesse campo. (MOURA, 2010).<br />

Nesse sentido, o Projeto MídiaCiência estimula os jornalistas a se especializar<strong>em</strong><br />

<strong>em</strong> C&T, para que a área seja b<strong>em</strong> representada na mídia e também nos setores <strong>de</strong><br />

comunicação das instituições ligadas à pesquisa, diminuindo assim a lacuna entre os<br />

pesquisadores e a imprensa e colaborando com o acesso da socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> geral ao<br />

conhecimento científico.<br />

Em 2009, a Fapesp contratou <strong>de</strong>z novos projetos (sete <strong>de</strong> pesquisadores da<br />

<strong>Unicamp</strong>, dois da USP e um <strong>de</strong> instituto estadual <strong>de</strong> pesquisa.) Portanto, apesar <strong>de</strong> se<br />

apresentar como uma iniciativa positiva, o MídiaCiência ainda atinge poucos pesquisadores<br />

na prática. Dada a importância da especialização <strong>em</strong> jornalismo científico, é fundamental<br />

que o apoio também represente um parcela maior <strong>de</strong> abrangência na prática. A tabela a<br />

seguir mostra um quadro evolutivo com um resumo <strong>de</strong> todas essas iniciativas <strong>de</strong><br />

comunicação da Fapesp.<br />

Tabela 7: Quadro evolutivo da Comunicação Científica da Fapesp<br />

Ano Principais acontecimentos<br />

1962<br />

A Fundação <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa do Estado <strong>de</strong> São Paulo (Fapesp) é<br />

instituída pelo Decreto 40.132 <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1962.<br />

1991 Fapesp instala internet e inaugura seu site.<br />

Em com<strong>em</strong>oração ao aniversário <strong>de</strong> 30 anos da Fapesp, o ex-governador<br />

1992<br />

Franco Montoro solicita à Gazeta Mercantil uma matéria especial sobre<br />

a Fundação. Nesse momento a jornalista Mariluce Moura entra <strong>em</strong><br />

contato direto com a Fapesp.<br />

Final <strong>de</strong> 1994<br />

Mariluce Moura recebe a proposta para estruturar uma assessoria <strong>de</strong><br />

comunicação na Fapesp.<br />

161


1995<br />

1997<br />

1998<br />

A jornalista dá início ao trabalho <strong>de</strong> assessoria na instituição.<br />

A Fundação começa a se abrir para novos parceiros. Criação do<br />

Programa Ensino Público, que financia projetos <strong>de</strong> pesquisa<br />

<strong>de</strong>senvolvidos com a participação <strong>de</strong> professores da re<strong>de</strong> pública<br />

estadual.<br />

Em agosto é publicado o primeiro número do boletim Notícias Fapesp,<br />

com periodicida<strong>de</strong> mensal e inicialmente com quatro páginas e mil<br />

ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> tirag<strong>em</strong>.<br />

Em <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro a criação <strong>de</strong> um setor <strong>de</strong> comunicação é aprovada na<br />

Fapesp e a jornalista Mariluce Moura é contratada.<br />

Fapesp lança projeto voltado para <strong>em</strong>presários. Criação do Programa<br />

Fapesp Pesquisa Inovativa <strong>em</strong> Pequenas Empresas (PIPE).<br />

A jornalista Graça Mascarenhas é contratada e monta a Agência Fapesp:<br />

boletim mensal impresso com notícias curtas <strong>de</strong> relevância <strong>científica</strong> e<br />

interesse público e releases com informações da instituição, distribuído<br />

por fax para jornalistas da gran<strong>de</strong> imprensa do Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Início do projeto da Xylella Fastidiosa.<br />

Fapesp contrata mais dois profissionais para trabalhar no setor <strong>de</strong><br />

comunicação que estava se formando. O jornalista Fernando Cunha<br />

ingressa para realizar o papel <strong>de</strong> assessor <strong>de</strong> imprensa, e Marina Ma<strong>de</strong>ira<br />

inicia um trabalho <strong>de</strong> divulgação e organização <strong>de</strong> eventos.<br />

Criação da Gerência <strong>de</strong> Comunicação.<br />

O boletim Notícias Fapesp se transforma na Revista Pesquisa Fapesp.<br />

1999<br />

O Programa José Reis <strong>de</strong> Incentivo ao Jornalismo Científico (Mídia<br />

Ciência) é lançado com a missão <strong>de</strong> apoiar a formação <strong>de</strong> divulgadores<br />

científicos.<br />

2000<br />

Término do seqüenciamento genético da bactéria Xylella Fastidiosa<br />

coloca a instituição nos foros <strong>de</strong> discussão da opinião pública.<br />

A Revista Pesquisa Fapesp passa a receber assinaturas pagas e a ser<br />

vendida <strong>em</strong> bancas.<br />

Os dois setores (Revista e Gerência) ganham autonomia e passam a<br />

2002<br />

funcionar como <strong>de</strong>partamentos distintos, <strong>em</strong>bora integrados à política <strong>de</strong><br />

comunicação da Fapesp.<br />

Fapesp contrata o jornalista Heitor Shimizu para reformular o site da<br />

instituição, que passa a atuar como um Portal eletrônico<br />

2003<br />

Agência Fapesp <strong>de</strong> Notícias é lançada como um sist<strong>em</strong>a eletrônico e<br />

gratuito <strong>de</strong> divulgação <strong>de</strong> notícias sobre C&T.<br />

2004 Programa Pesquisa Brasil é inaugurado na Rádio Eldorado.<br />

2005<br />

Biblioteca Virtual é inaugurada com o objetivo <strong>de</strong> contribuir com a<br />

preservação e a divulgação da m<strong>em</strong>ória institucional da Fapesp e <strong>de</strong><br />

otimizar o acesso à informação <strong>em</strong> C,T&I.<br />

Fapesp inicia um processo <strong>de</strong> análise da política informal <strong>de</strong><br />

comunicação para que a instituição tenha uma política b<strong>em</strong> articulada e<br />

com objetivos claros.<br />

2010 O jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva realiza uma avaliação da área<br />

<strong>de</strong> comunicação da Fapesp e começa a atuar como Coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong><br />

Comunicação da instituição.<br />

Programa <strong>de</strong> rádio Pesquisa Brasil é suspenso t<strong>em</strong>porariamente<br />

Fonte: LIMA, 2011. Elaboração própria.<br />

162


CAPÍTULO 4 – O PROCESSO DE PRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO DA INFORMAÇÃO<br />

DE C,T&I NA FAPESP<br />

4.1 O dia-a-dia da Comunicação e o relacionamento com a mídia<br />

No capítulo anterior foram apresentados os veículos e produtos da área <strong>de</strong><br />

comunicação <strong>científica</strong> da Fapesp. No presente capítulo é feito um levantamento<br />

quantitativo das noticias relacionadas à instituição, publicadas na mídia <strong>em</strong> geral, sejam<br />

resultados do trabalho da área <strong>de</strong> comunicação (Assessoria, Agência, Revista) ou da<br />

d<strong>em</strong>anda espontânea dos veículos. Os dados publicados no Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s da<br />

Fundação <strong>de</strong> 2009 evi<strong>de</strong>nciam, <strong>em</strong> números, o crescimento <strong>de</strong> referencias e a visibilida<strong>de</strong><br />

da Fapesp para a opinião pública, mostrando o papel da comunicação nesse processo, ao<br />

longo dos últimos anos.<br />

Em 2009, a FAPESP foi mencionada pela mídia <strong>em</strong> 6.342 reportagens,<br />

59,4% a mais que <strong>em</strong> 2008. Somadas, as citações <strong>de</strong>correntes da divulgação<br />

da Assessoria <strong>de</strong> Comunicação e daquelas publicadas por iniciativa da<br />

imprensa chegam a 2.729 reportagens e correspond<strong>em</strong> a 43% do total. Já as<br />

reproduções do conteúdo da Agência FAPESP equival<strong>em</strong> a 3.613<br />

reportagens e representam 57% do total. As citações cresceram 30%<br />

enquanto as reproduções da Agência aumentaram 92%. (FAPESP,<br />

2010:165. Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s 2009).<br />

As 6.342 reportagens que envolveram a instituição <strong>em</strong> 2009 foram publicadas <strong>em</strong><br />

1.182 veículos diferentes <strong>de</strong> comunicação nacionais e internacionais, sendo 5.596 matérias<br />

divulgadas <strong>em</strong> 982 veículos eletrônicos (online); 642 <strong>em</strong> 139 jornais impressos e 104<br />

reportagens <strong>em</strong> 61 revistas. A relação <strong>de</strong>sses veículos po<strong>de</strong> ser conferida nas Tabelas 10 e<br />

12 (págs. 166 e 169), nesse capítulo.<br />

A partir <strong>de</strong>sses números é importante <strong>de</strong>stacar que as 5.596 matérias veiculadas na<br />

internet <strong>em</strong> 2009 representam um aumento <strong>de</strong> 80% do material divulgado nessa mídia <strong>em</strong><br />

relação a 2008 (com 3.097). Nesse sentido, do total <strong>de</strong> 5.596 reportagens, 3.445 foram<br />

reproduções da Agência Fapesp ou matérias pautadas por ela (121% a mais que <strong>em</strong> 2008,<br />

que veiculou 1.556 reproduções) e 2.151 matérias foram originadas <strong>de</strong> releases e notícias<br />

produzidas pela imprensa, com ou s<strong>em</strong> auxílio da assessoria <strong>de</strong> comunicação (39,5% a mais<br />

que o ano anterior, que totalizou 1.541 citações).<br />

163


Do total <strong>de</strong> 642 menções à instituição <strong>em</strong> jornais impressos no ano <strong>de</strong> 2009, 482<br />

foram originadas <strong>de</strong> releases (enviados pela Assessoria <strong>de</strong> Comunicação da Fapesp) e<br />

matérias realizadas por contato espontâneo da imprensa, representando 4% a mais que <strong>em</strong><br />

2008, quando foram veiculadas 464 matérias na mesma mídia; e 160 foram reproduções da<br />

Agência, o que representa uma queda <strong>de</strong> 43% <strong>em</strong> relação ao ano anterior, que teve 283<br />

matérias publicadas nessa categoria.<br />

Das 104 matérias publicadas <strong>em</strong> revistas que mencionaram a instituição <strong>em</strong> 2009,<br />

96 tiveram orig<strong>em</strong> <strong>de</strong> releases e contatos espontâneos da imprensa (aumento <strong>de</strong> 3% <strong>em</strong><br />

relação a 2008, com um total <strong>de</strong> 93 citações nessa categoria); e as oito restantes são<br />

caracterizadas como reprodução da Agência (queda <strong>de</strong> 80% se comparado com o ano<br />

anterior que publicou 40 matérias reproduzidas da Agência Fapesp <strong>em</strong> revistas). Esses<br />

dados pod<strong>em</strong> ser melhor observados na tabela e nos gráficos a seguir:<br />

Tabela 8: Citações à Fapesp e reproduções da Agência Fapesp por número <strong>de</strong><br />

matérias <strong>em</strong> 2009<br />

Fonte: FAPESP, 2010: 166. Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s 2009.<br />

164


Gráfico 16: Citações à Fapesp na mídia por número <strong>de</strong> matérias (2008-2009)<br />

Fonte: LIMA, 2011. Elaboração a partir <strong>de</strong> informações dos Relatórios <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s da Fapesp referentes<br />

aos anos <strong>de</strong> 2008 e 2009.<br />

Gráfico 17: Reproduções da Agência Fapesp na mídia por número <strong>de</strong> matérias (2008-<br />

2009)<br />

Fonte: LIMA, 2011. Elaboração a partir <strong>de</strong> informações dos Relatórios <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s da Fapesp referentes<br />

aos anos <strong>de</strong> 2008 e 2009.<br />

Após ser<strong>em</strong> apontados os dados referentes às matérias da imprensa que foram <strong>de</strong><br />

alguma maneira elaboradas a paritr <strong>de</strong> sugestões ou produção do setor <strong>de</strong> comunicação<br />

165


<strong>científica</strong> da Fapesp, é importante também apresentar os dados quanto aos veículos que<br />

publicaram essas matérias; para que <strong>de</strong>pois seja realizada uma análise a partir <strong>de</strong>ssas<br />

informações.<br />

Nessa perspectiva, do total <strong>de</strong> 982 veículos eletrônicos que mencionaram a<br />

Fundação <strong>em</strong> 2009, 574 a citaram a partir <strong>de</strong> material da Assessoria ou contato espontâneo<br />

da imprensa, o que representa um aumento <strong>de</strong> 67% <strong>em</strong> relação a 2008 (que contou com 343<br />

veículos nessa categoria); e 408 reproduziram a Agência Fapesp, aumento <strong>de</strong> 126% se<br />

comparado com o ano anterior, que totalizou 180 veículos.<br />

Dos 139 jornais impressos que fizeram menção à instituição, 96 foram estimulados<br />

pela Assessoria <strong>de</strong> Comunicação ou realizaram contatos espontâneos; número que<br />

representa uma queda <strong>de</strong> 10% <strong>em</strong> relação a 2008, que totalizou 107 jornais. Os 43 veículos<br />

que reproduziram a Agência <strong>em</strong> 2009 representam um aumento <strong>de</strong> 7% se comparados com<br />

o ano anterior, que apontou 40 jornais impressos nessa categoria.<br />

As revistas que mencionaram a Fapesp <strong>em</strong> 2009 apresentam um total <strong>de</strong> 61<br />

veículos, sendo que 57 citaram a instituição a partir <strong>de</strong> contato espontâneo ou por meio <strong>de</strong><br />

material da Assessoria <strong>de</strong> Comunicação, apontando uma queda <strong>de</strong> 15% <strong>em</strong> relação a 2008,<br />

que totalizou 67 veículos nessa categoria. Apenas quatro revistas reproduziram a Agência<br />

Fapesp <strong>em</strong> 2009, 6% menos que o ano anterior, com o número <strong>de</strong> <strong>de</strong>z revistas. Esses dados<br />

também pod<strong>em</strong> ser observados na Tabela 9, abaixo, e nos Gráficos 18 e 19, a seguir.<br />

Tabela 9: Citações à Fapesp e reproduções da Agência Fapesp por número <strong>de</strong> veículos<br />

<strong>em</strong> 2009.<br />

Fonte: FAPESP, 2010: 166. Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s 2009.<br />

166


Gráfico 18: Citações à Fapesp na mídia por número <strong>de</strong> veículos (2008-2009)<br />

Fonte: LIMA, 2011. Elaboração a partir <strong>de</strong> informações dos Relatórios <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s da Fapesp referentes<br />

aos anos <strong>de</strong> 2008 e 2009.<br />

Gráfico 19: Reproduções da Agência Fapesp na mídia por número <strong>de</strong> veículos<br />

(2008-2009)<br />

Fonte: LIMA, 2011. Elaboração a partir <strong>de</strong> informações dos Relatórios <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s da Fapesp referentes<br />

aos anos <strong>de</strong> 2008 e 2009.<br />

É possível perceber, a partir da última coluna das Tabelas 8 e 9 (págs 156 e 158),<br />

“Variação total”, que, <strong>de</strong> uma maneira geral, as matérias veiculadas pela internet<br />

aumentaram significativamente <strong>de</strong> 2008 para 2009, com um avanço <strong>de</strong> 80%. Esse fato po<strong>de</strong><br />

167


ser creditado ao aumento proporcional também dos veículos <strong>de</strong> comunicação via internet<br />

que citaram a instituição, com o avanço <strong>de</strong> 87%.<br />

Por outro lado, nas categorias jornal e revista é possível perceber uma queda<br />

importante nas citações à Fapesp, tanto com relação ao número <strong>de</strong> matérias quanto ao <strong>de</strong><br />

veículos que mencionaram a instituição. Em 2009 houve uma redução <strong>de</strong> 14% das matérias<br />

veiculadas <strong>em</strong> jornais que referenciaram a instituição e queda <strong>de</strong> 5% do número <strong>de</strong><br />

diferentes títulos <strong>de</strong>sse veículo. Já as matérias <strong>de</strong> revistas que fizeram menção à instituição<br />

sofreram queda <strong>de</strong> 22%, seguida da redução <strong>de</strong> 20% do número <strong>de</strong> diferentes títulos <strong>de</strong>sse<br />

veículo.<br />

Uma explicação possível po<strong>de</strong> ser a gran<strong>de</strong> influência que a Agência Fapesp v<strong>em</strong><br />

d<strong>em</strong>onstrando sobre a mídia eletrônica, que v<strong>em</strong> crescendo muito nos últimos anos, e<br />

também pelo fato <strong>de</strong>ssas matérias ser<strong>em</strong> produzidas especificamente para o meio online,<br />

com linguag<strong>em</strong> característica <strong>de</strong>ssa mídia, o que facilita muito a reprodução <strong>de</strong> seus textos<br />

<strong>em</strong> outros veículos também eletrônicos. Já a produção <strong>de</strong> matérias para jornais impressos e<br />

principalmente para revistas d<strong>em</strong>anda uma série <strong>de</strong> esforços por parte dos jornalistas, como,<br />

por ex<strong>em</strong>plo, entrevistas com diferentes fontes. Por isso, a reprodução <strong>de</strong> matérias da<br />

Agência Fapesp apresenta números muito baixos nessas mídias, já que não são elaboradas<br />

diretamente para esses veículos, que prefer<strong>em</strong> produzir seus próprios textos, <strong>de</strong> acordo com<br />

suas características e linha editorial.<br />

Nesse sentido, a Agência Fapesp pauta (ou possibilita a reprodução e/ou re-edição<br />

<strong>de</strong> seus conteúdos) os veículos eletrônicos e a Assessoria <strong>de</strong> Comunicação influencia mais<br />

os jornais e revistas. De acordo com os dados apresentados anteriormente, as matérias que<br />

citaram a instituição a partir <strong>de</strong> material da Assessoria aumentou 4% <strong>em</strong> jornais e 3% <strong>em</strong><br />

revistas <strong>em</strong> relação a 2008. No entanto, os veículos que citaram a Fundação também por<br />

meio da Assessoria tiveram queda <strong>de</strong> 10% <strong>em</strong> jornais e 15% <strong>em</strong> revistas. Nesse sentido, é<br />

possível notar que apesar <strong>de</strong> o número <strong>de</strong> matérias ter aumentado, o crescimento foi baixo e<br />

os veículos diminuíram. Devido à crescente profissionalização das Assessorias <strong>de</strong><br />

Comunicação, as razões pod<strong>em</strong> ser atribuídas à oferta mais diversificada e <strong>de</strong> um maior<br />

número <strong>de</strong> notícias <strong>de</strong> outras instituições <strong>de</strong> pesquisa e <strong>de</strong> agências <strong>de</strong> notícias do país, que<br />

disputam espaço na mídia.<br />

168


A gran<strong>de</strong> influência da Agência Fapesp na mídia eletrônica é um ponto positivo<br />

para a comunicação <strong>científica</strong> da Fundação e brasileira, já que, pelo meio online, as notícias<br />

pod<strong>em</strong> se propagar rapidamente e s<strong>em</strong> custo adicional. No entanto, também é <strong>de</strong> suma<br />

importância que essas matérias sejam publicadas <strong>em</strong> jornais e revistas, para atingir cada vez<br />

mais o público formador <strong>de</strong> opinião. Nesse contexto, é importante que a Assessoria<br />

promova uma análise <strong>de</strong>sses dados, para que essas mídias também ampli<strong>em</strong> a publicação <strong>de</strong><br />

matérias sobre a Fundação. Por outro lado, não se po<strong>de</strong> abrir mão da televisão, com<br />

potencial amplo para atingir o público leigo <strong>em</strong> geral. No entanto, como foi apontado no<br />

capítulo anterior, <strong>de</strong> acordo com Fernando Cunha, a transmissão <strong>de</strong> notícias influenciadas<br />

pelo setor <strong>de</strong> comunicação da Fundação <strong>em</strong> <strong>em</strong>issoras <strong>de</strong> TV ou rádio ainda é esporádica.<br />

Como foi mencionado no capítulo anterior, a Revista Pesquisa Fapesp pautou muito<br />

a mídia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1995, ainda <strong>em</strong> seu formato inicial <strong>de</strong> boletim, até meados da década <strong>de</strong><br />

2000, apresentando um boom <strong>de</strong> influência entre os anos <strong>de</strong> 1999 e 2000 <strong>de</strong>vido à<br />

repercussão do caso do seqüenciamento genético da bactéria X. Fastidiosa. Porém, <strong>de</strong><br />

acordo com Mariluce Moura, atualmente a Revista não pauta tanto a mídia, pois a área <strong>de</strong><br />

comunicação da instituição dispõe <strong>de</strong> outros instrumentos para influenciar a imprensa<br />

diariamente como a Agência e a Assessoria <strong>de</strong> Comunicação. “A revista já pautou muito a<br />

mídia, eu acho que hoje ela pauta um pouco menos porque t<strong>em</strong>os outros veículos. E a<br />

Agência também entra, assim, como uma coisa enorme, <strong>de</strong> peso, [...] a partir <strong>de</strong> 2003.”<br />

(MOURA, 2011).<br />

Nesse contexto, apesar <strong>de</strong> o Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s da Fapesp e a Diretora <strong>de</strong><br />

Redação não dispor<strong>em</strong> <strong>de</strong> dados numéricos referentes a Revista pautar a mídia, é possível<br />

apontar que Pesquisa Fapesp atualmente funciona como um veículo que confere mais<br />

prestígio à instituição pelas características dos t<strong>em</strong>as abordados e pelo aprofundamento<br />

inerente ao veículo. E o ato <strong>de</strong> pautar a mídia fica a cargo da Agência Fapesp e da<br />

Assessoria <strong>de</strong> Comunicação.<br />

4.1.1 <strong>Divulgação</strong> Científica amplia espaço na instituição<br />

Embora os Relatórios <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s da Fapesp estejam disponibilizados no Portal<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2001, é visível a valorização do setor <strong>de</strong> Comunicação a partir <strong>de</strong> 2005.<br />

169


De 2001 a 2004 a publicação apenas citava a Revista Pesquisa Fapesp, seu Portal, o<br />

serviço <strong>de</strong> Assessoria <strong>de</strong> Comunicação e a produção <strong>de</strong> eventos como veículos <strong>de</strong><br />

divulgação <strong>científica</strong>. Os dados numéricos eram referentes a tirag<strong>em</strong> da Revista ou da<br />

Agência (a partir <strong>de</strong> 2003) no ano <strong>de</strong> vigência do Relatório e a maioria das páginas eram<br />

<strong>de</strong>stinadas a enumeração dos eventos realizados durante o ano, <strong>em</strong> sua maioria voltados à<br />

comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>, ou seja, para a diss<strong>em</strong>inação entre pares.<br />

Já a partir <strong>de</strong> 2005 os Relatórios <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s começaram a disponibilizar na seção<br />

“divulgação <strong>científica</strong>” o tópico “Fapesp na Mídia”, com informações sobre o número <strong>de</strong><br />

matérias relacionadas à instituição na imprensa. Esse fato promove uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

conteúdo na seção e ilustra a importância do setor <strong>de</strong> Comunicação da instituição, já que<br />

apresenta para a população os resultados <strong>de</strong>sse trabalho refletido na mídia.<br />

O Gráfico 20, a seguir, apresenta a evolução do número <strong>de</strong> matérias que citaram a<br />

Fapesp a partir da divulgação da Assessoria <strong>de</strong> Comunicação e/ou contatos espontâneos da<br />

imprensa, além do numero <strong>de</strong> reproduções da mídia a partir da Agência Fapesp.<br />

Gráfico 20: Evolução <strong>de</strong> referências à Fapesp na mídia por matérias (2005-2009)<br />

Fonte: LIMA, 2011. Elaboração a partir <strong>de</strong> informações dos Relatórios <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s da Fapesp dos<br />

anos <strong>de</strong> 2005, 2006, 2007, 2008 e 2009.<br />

Obs.: Citações refer<strong>em</strong>-se às matérias produzidas a partir do material oferecido pela Assessoria <strong>de</strong><br />

Comunicação e/ou a partir <strong>de</strong> contatos espontâneos da imprensa. Reproduções refer<strong>em</strong>-se ao material<br />

reproduzido da Agência Fapesp.<br />

170


O gráfico acima aponta que <strong>em</strong> 2005 foram publicadas 861 matérias a partir das<br />

pautas oferecidas pela Assessoria e 554 matérias pela Agência, totalizando 1.415 notícias<br />

<strong>em</strong> jornais, revistas e veículos eletrônicos do país com referência à Fundação.<br />

Em 2006, observa-se um pequeno <strong>de</strong>clínio <strong>em</strong> relação ao ano anterior, com 789<br />

citações (-8%) e 442 reproduções (-20%), apresentando um total <strong>de</strong> 1.231 reportagens com<br />

menção à Fundação paulista. Já <strong>em</strong> 2007 houve um crescimento acentuado nas duas formas<br />

<strong>de</strong> aproveitamento <strong>de</strong> matérias pela mídia. Foram publicadas um total <strong>de</strong> 3.499 matérias<br />

com referência à instituição, sendo 2.041 provenientes da Assessoria (159% a mais que o<br />

ano anterior) e 1.458 da Agência (230% a mais que 2006).<br />

Em 2008, os dados também d<strong>em</strong>onstram crescimento, mas <strong>em</strong> proporções menores.<br />

Foram 3.977 matérias ao todo, com 2.098 citações (3% a mais que o ano anterior) e 1.879<br />

reproduções da Agência (29% a mais que 2007); e <strong>em</strong> 2009, verifica-se um novo salto com<br />

um total <strong>de</strong> 6.342 referências, sendo 2.729 citações (30% a mais que o ano anterior) e 3.613<br />

reproduções (92% a mais que 2008).<br />

A partir <strong>de</strong>ssas informações é possível perceber que o ano <strong>de</strong> 2007 apresentou um<br />

gran<strong>de</strong> crescimento nos números das matérias que mencionaram a Fapesp na mídia. No<br />

entanto, como o gráfico anterior se refere apenas ao número <strong>de</strong> matérias, os dados não estão<br />

separados por veículos, o que justifica esse aumento no ano <strong>de</strong> 2007, já que as notícias dos<br />

veículos eletrônicos começaram a ser contabilizadas nesse ano.<br />

Em 2006, foram 789 matérias com citação à Fapesp publicadas, porém<br />

<strong>de</strong>stas apenas nove referiam-se à mídia “Internet”. Isso ocorreu <strong>de</strong>vido à<br />

contag<strong>em</strong> ser, até então, baseada apenas no noticiário impresso. A partir <strong>de</strong><br />

2007, o Fapesp na Mídia permitiu que o levantamento das matérias fosse<br />

feito via sist<strong>em</strong>a eletrônico e, assim, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> matérias com citação à<br />

Fapesp publicadas <strong>em</strong> veículos on-line foi também computada.<br />

Consi<strong>de</strong>rando apenas os veículos impressos (jornais e revistas), não houve<br />

gran<strong>de</strong> variação na média <strong>de</strong> matéria computadas <strong>em</strong> 2006 (789) e 2007<br />

(728). (FAPESP, 2008: 179. Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s 2007).<br />

É importante verificar que apenas <strong>em</strong> 2009, (último ano analisado) o número das<br />

reproduções da Agência Fapesp na mídia <strong>em</strong> geral ultrapassou o total das matérias com<br />

referencias à Fapesp a partir do trabalho <strong>de</strong> Assessoria <strong>de</strong> Comunicação da instituição. Esse<br />

fato reforça o que foi mencionado anteriormente sobre a gran<strong>de</strong> influência da Agência nos<br />

171


dias atuais, <strong>em</strong> que a mídia eletrônica está cada vez mais presente na vida das pessoas e dos<br />

jornalistas.<br />

Apesar do avanço das reproduções da Agência contribuir com a divulgação do<br />

conhecimento científico para o público por meio da gran<strong>de</strong> imprensa que a reproduz,<br />

também é <strong>de</strong> suma importância estimular o jornalista da mídia <strong>em</strong> geral a produzir matérias<br />

sobre C&T, buscando novas fontes e produzindo textos para os seus veículos; já que a<br />

comunicação institucional é parte importante do trabalho da Assessoria e contribui para a<br />

diss<strong>em</strong>inação e fortalecimento da imag<strong>em</strong> da Fundação entre a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> e<br />

diferentes públicos <strong>de</strong> interesse (os stakeholds), b<strong>em</strong> como o público <strong>em</strong> geral.<br />

4.1.2 A Fapesp vista pela mídia<br />

Para ilustrar o relacionamento do setor <strong>de</strong> Comunicação da Fapesp com a mídia <strong>em</strong><br />

geral é importante verificar como jornalistas da gran<strong>de</strong> imprensa analisam o trabalho da<br />

instituição. Especialista <strong>em</strong> jornalismo científico e atualmente repórter <strong>de</strong> Ciência e <strong>de</strong><br />

política <strong>científica</strong> da Folha <strong>de</strong> S. Paulo, Sabine Righetti 52 , d<strong>em</strong>onstra satisfação com a área<br />

<strong>de</strong> Comunicação da Fundação. “A Assessoria <strong>de</strong> Imprensa é b<strong>em</strong> ágil e já fiz várias pautas<br />

que a própria comunicação da Fapesp me propôs.” (RIGHETTI, 2010).<br />

O jornalista Herton Escobar, correspon<strong>de</strong>nte da editoria <strong>de</strong> Ciência e Meio<br />

Ambiente do jornal O Estado <strong>de</strong> S. Paulo também aponta contentamento com o setor <strong>de</strong><br />

Comunicação da Fapesp, mas acrescenta que n<strong>em</strong> todas as instituições possu<strong>em</strong> um<br />

<strong>de</strong>partamento estruturado.<br />

Como a ciência é, via <strong>de</strong> regra, algo benéfico, e a maioria das pautas são<br />

positivas, a relação costuma ser bastante positiva também. Tanto a<br />

assessoria <strong>de</strong> imprensa quanto o setor <strong>de</strong> publicações/divulgação <strong>científica</strong><br />

da Fapesp faz<strong>em</strong> um trabalho excelente. O probl<strong>em</strong>a é que muitas<br />

instituições não t<strong>em</strong> <strong>assessorias</strong> b<strong>em</strong> organizadas ou especializadas. Muitas<br />

universida<strong>de</strong>s, por ex<strong>em</strong>plo, t<strong>em</strong> apenas assessores <strong>de</strong> reitoria, mas não t<strong>em</strong><br />

assessores para a área <strong>científica</strong>, que conhec<strong>em</strong> os pesquisadores e sab<strong>em</strong> o<br />

que está acontecendo nos laboratórios. Nesses casos, o repórter t<strong>em</strong> <strong>de</strong> fazer<br />

quase todo o trabalho sozinho. (ESCOBAR, 2011) 53 .<br />

52 Em entrevista com Sabine Righetti realizada <strong>em</strong> 20.<strong>de</strong>z.2010 por <strong>em</strong>ail. As referências <strong>de</strong> (RIGHETTI,<br />

2010) são fragmentos da entrevista realizada com a jornalista e são utilizadas para compor esse capítulo.<br />

53 Em entrevista com Herton Escobar realizada <strong>em</strong> 10.jun.2011 por <strong>em</strong>ail. As referências <strong>de</strong> (ESCOBAR,<br />

2011) são fragmentos da entrevista realizada com o jornalista e são utilizadas para compor esse capítulo.<br />

172


Sabine Righetti também acredita que dificilmente os veículos <strong>de</strong> comunicação da<br />

instituição irão pautar jornais da gran<strong>de</strong> imprensa. “No caso dos jornais diários como a<br />

Folha, é difícil que os veículos da Fapesp paut<strong>em</strong> a mídia. Em geral, buscamos assuntos<br />

novos e exclusivos. Mas se a Fapesp me ligar sugerindo uma pauta exclusiva, como já<br />

aconteceu várias vezes, aí sim ela vai <strong>de</strong> fato me pautar.” (RIGHETTI, 2010). E o<br />

jornalista Herton Escobar completa: “Eu não necessariamente me pauto pelos boletins da<br />

Agência Fapesp ou pela revista Pesquisa Fapesp, mas são excelentes fontes <strong>de</strong> idéias,<br />

referências e conhecimento <strong>de</strong> uma forma geral” (ESCOBAR, 2011).<br />

As últimas citações dos jornalistas ilustram os dados apresentados anteriormente<br />

quanto à Agência Fapesp pautar mais os veículos eletrônicos e não jornais e revistas. Nesse<br />

contexto, é importante reforçar que o papel da Assessoria é <strong>de</strong> suma importância para a<br />

divulgação da ciência na gran<strong>de</strong> imprensa. E que um esforço maior <strong>de</strong>ve ser feito para que<br />

os números apresentados nessa categoria se apresent<strong>em</strong> mais representativos.<br />

De qualquer forma, é importante l<strong>em</strong>brar que faz parte da estratégia das <strong>assessorias</strong><br />

<strong>de</strong> comunicação sugerir pautas exclusivas periodicamente a diferentes veículos,<br />

principalmente da gran<strong>de</strong> imprensa. Mesmo assim, quando os t<strong>em</strong>as das pesquisas<br />

representam resultados importantes ou são anunciadas novas políticas públicas <strong>de</strong><br />

financiamento, é comum a realização <strong>de</strong> entrevistas coletivas, com a participação <strong>de</strong><br />

diferentes mídias. Por outro lado, o <strong>de</strong>staque a ser dado ao conteúdo informado é que varia<br />

<strong>de</strong> acordo com cada veículo.<br />

4.1.3 Sugestões <strong>de</strong> pautas<br />

Constatada a atuação do setor <strong>de</strong> Comunicação da Fapesp e <strong>de</strong> seus diversos<br />

veículos no processo <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong> na mídia, vale a pena verificar on<strong>de</strong> as<br />

notícias geradas a partir da Fapesp são publicadas. Em levantamento realizado no ano <strong>de</strong><br />

2009 pelo clippling da Fapesp foi possível verificar e nomear a repercussão <strong>de</strong>ste trabalho<br />

<strong>em</strong> diferentes mídias.<br />

Na Tabela 10, a seguir, é possível verificar os 34 veículos que mais fizeram menção<br />

à instituição <strong>em</strong> 2009. Dessa forma é possível constatar que a maioria pertence ao meio<br />

eletrônico, como foi apontado nas reflexões anteriores, tanto com sites específicos <strong>de</strong><br />

173


divulgação <strong>científica</strong> e <strong>de</strong> universida<strong>de</strong>s e institutos como: os sites da <strong>Unicamp</strong>, USP e<br />

Unesp, quanto com gran<strong>de</strong>s portais informativos, como o Portal BOL, o Portal UOL, o<br />

Portal IG e o Portal Terra, e <strong>de</strong> veículos <strong>de</strong> comunicação, como o Jornal do Brasil online e<br />

o Estadão online.<br />

É Importante l<strong>em</strong>brar, porém, que a referência à Fapesp pelos sites das<br />

universida<strong>de</strong>s não ocorre por acaso, mas porque as pesquisas realizadas nessas<br />

universida<strong>de</strong>s provavelmente tiveram o financiamento da Fundação. Situação s<strong>em</strong>elhante<br />

ocorre com as revistas especializadas que estão também disponibilizadas online, como a<br />

Revista Inovação Tecnológica da <strong>Unicamp</strong>.<br />

174


Tabela 10: Veículos que mais citaram a Fapesp <strong>em</strong> 2009<br />

Fonte: FAPESP, 2010: 168. Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s 2009.<br />

175


Ainda <strong>de</strong> acordo com a Tabela 10, acima, com relação aos jornais impressos <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> circulação, que também contam com edições eletrônicas, O Estado <strong>de</strong> S. Paulo,<br />

ocupa a 19ª posição, com um total <strong>de</strong> 50 reportagens citando a Fapesp <strong>em</strong> 2009, enquanto a<br />

Folha <strong>de</strong> S. Paulo, ocupa o 27º lugar, com 41 menções à instituição, no mesmo ano.<br />

Os d<strong>em</strong>ais jornais impressos que fizeram referência à Fundação <strong>em</strong> 2009 foram o<br />

Correio do Brasil na 23ª posição com 47 reportagens; o Jornal da Ciência com 46<br />

referências, e os jornais Valor Econômico e Brasil Econômico, ambos com 25 menções à<br />

Fapesp <strong>em</strong> 2009. Ou seja, dos 34 veículos que mais citaram a Fundação paulista no<br />

referido ano, apenas seis se apresentam como jornais impressos, os d<strong>em</strong>ais são veículos<br />

eletrônicos.<br />

Nesse sentido, é possível perceber que apesar das diferentes mídias dos veículos <strong>de</strong><br />

comunicação que mencionaram a Fapesp <strong>em</strong> 2009, há uma diversificação quanto ao<br />

público alvo <strong>de</strong>sses meios, ou seja, não tratam apenas <strong>de</strong> veículos especializados <strong>em</strong> C&T,<br />

mas também <strong>de</strong> portais informativos e jornais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> circulação, o que aproxima essas<br />

notícias do cidadão comum.<br />

Já na mídia internacional o número <strong>de</strong> veículos que fizeram referências à Fundação<br />

na mídia internacional triplicou: passou <strong>de</strong> <strong>de</strong>z, <strong>em</strong> 2008, para 35 <strong>em</strong> 2009, com a<br />

divulgação <strong>de</strong> um total <strong>de</strong> 46 matérias <strong>em</strong> nove países diferentes. A maior diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

veículos com citações à Fapesp foi o Reino Unido, com um total <strong>de</strong> 14 reportagens <strong>em</strong> 14<br />

(40%) veículos. Os Estados Unidos citaram a Fundação também <strong>em</strong> 14 matérias, no<br />

entanto, <strong>em</strong> menor número <strong>de</strong> veículos (cinco). É Interessante <strong>de</strong>stacar a reduzida<br />

referencia à Fapesp nos países da America Latina e do Sul, que ocorre uma única vez na<br />

Argentina.<br />

Os países estrangeiros divulgaram, por ex<strong>em</strong>plo, assuntos como o acordo assinado<br />

entre a Fundação e os Conselhos <strong>de</strong> Pesquisa do Reino Unido e com o King´s College<br />

London; o acordo <strong>de</strong> cooperação Fapesp e International Science and Tecnology<br />

Partnerships Canada Inc; e a entrevista com o professor Marcos Buckeridge, do Programa<br />

<strong>de</strong> Pesquisa <strong>em</strong> Bioenergia (BIOEN), na revista New Scientist, intitulada Biofuelling the<br />

future.<br />

A realização <strong>de</strong> diversos eventos <strong>de</strong> caráter internacional e as assinaturas <strong>de</strong><br />

convênios com instituições estrangeiras, cuja divulgação foi feita <strong>em</strong><br />

176


parceria com as <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação das instituições parceiras,<br />

contribuíram para o incr<strong>em</strong>ento da divulgação para veículos <strong>de</strong> outros<br />

países, tanto com perfil científico como <strong>de</strong> interesse geral. (FAPESP,<br />

2010:169. Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s 2009).<br />

A Tabela 11, a seguir, ilustra as informações acima e apresenta o número <strong>de</strong><br />

citações e reproduções à Fapesp realizadas <strong>em</strong> outros países:<br />

Tabela 11: Citações e reproduções por país <strong>em</strong> 2009<br />

Fonte: FAPESP, 2010: 169. Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s 2009.<br />

A Tabela 12, a seguir, traz os títulos dos veículos <strong>de</strong> comunicação que fizeram<br />

menção à Fundação paulista <strong>em</strong> 2009.<br />

177


Tabela 12: Veículos internacionais que citaram a Fapesp <strong>em</strong> 2009<br />

Fonte: FAPESP, 2010: 170. Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s 2009.<br />

178


4.1.4 T<strong>em</strong>as mais divulgados<br />

Como foi apontado no capítulo anterior as matérias da Pesquisa Fapesp que mais<br />

repercut<strong>em</strong> na imprensa abordam áreas e t<strong>em</strong>as atuais e que influenciam a vida das pessoas,<br />

como Medicina, Biologia e Física, com explicações para doenças, expectativas <strong>de</strong> curas e<br />

novas <strong>de</strong>scobertas <strong>científica</strong>s. Um dos assuntos mais procurados pelos jornalistas da mídia<br />

<strong>em</strong> geral são relacionados a t<strong>em</strong>as como Meio Ambiente, por ex<strong>em</strong>plo, para explicar<br />

alguma catástrofe natural que atingiu muitas pessoas.<br />

Na Agência Fapesp a situação não é diferente, já que pela relação <strong>de</strong> manchetes a<br />

seguir é possível verificar que, além dos assuntos institucionais específicos <strong>de</strong> interesse dos<br />

pesquisadores, os t<strong>em</strong>as que mais repercut<strong>em</strong> na mídia são sobre assuntos que influenciam<br />

a vida das pessoas, como por ex<strong>em</strong>plo, Medicina e Saú<strong>de</strong>, que juntas tiveram 14.963<br />

acessos (ver somatório dos tópicos 2, 6 e 7 na lista abaixo). Vale a pena <strong>de</strong>stacar, ainda, o<br />

gran<strong>de</strong> interesse da comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> pelas ofertas <strong>de</strong> bolsas <strong>de</strong> estudos com um total<br />

<strong>de</strong> 16.292 acessos (ver somatório dos tópicos 1, 4 e 8). A lista a seguir apresenta, <strong>em</strong> ord<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>crescente, as <strong>de</strong>z manchetes e leads (primeiro parágrafo da notícia) das matérias mais<br />

lidas da Agência <strong>em</strong> 2009:<br />

1- Conselho Europeu <strong>de</strong> Pesquisa lança chamada para bolsas: 6.444 acessos<br />

21/09/2009 – O Conselho Europeu <strong>de</strong> Pesquisa (ERC, na sigla <strong>em</strong> inglês) lançou<br />

chamada <strong>de</strong> propostas para seus dois programas <strong>de</strong> bolsas <strong>em</strong> todos os campos <strong>de</strong><br />

pesquisa: Jovens Pesquisadores In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes (ERC Starting Grants) e<br />

Pesquisadores Avançados (ERC Advanced Grants). 54<br />

2 - Doenças transmitidas por alimentos: 5.715 acessos<br />

19/03/2009 – A carência <strong>de</strong> informações sobre higiene e segurança alimentar,<br />

<strong>de</strong>stinadas aos segmentos populacionais mais vulneráveis às doenças transmitidas<br />

por alimentos (DTA), motivou o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um estudo coor<strong>de</strong>nado por<br />

William Waissmann, pesquisador da Escola Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Pública (Ensp), da<br />

Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). 55<br />

54 Disponível <strong>em</strong> Acesso <strong>em</strong> 07.jun.2011.<br />

55 Disponível <strong>em</strong> Acesso <strong>em</strong> 07.jun.2011.<br />

179


3 - Nota pública à comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>: 5.597 acessos<br />

09/06/2009 – A Fundação <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa do Estado <strong>de</strong> São Paulo (FAPESP)<br />

divulga nota pública que esclarece a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> a respeito da<br />

preocupação da Instituição referente à participação das instituições públicas e<br />

privadas, <strong>de</strong> todos os níveis da Fe<strong>de</strong>ração, <strong>em</strong> programas da Coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong><br />

Aperfeiçoamento <strong>de</strong> Pessoal <strong>de</strong> Nível Superior (CAPES). 56<br />

4 - 1.555 bolsas na Espanha: 5.325 acessos<br />

12/02/2009 – A Fundação Carolina anunciou a abertura <strong>de</strong> processo seletivo para<br />

1.555 bolsas para estudantes <strong>de</strong> países ibero-americanos interessados <strong>em</strong> cursar pós-<br />

graduação na Espanha. As inscrições, na maior parte dos casos, estarão abertas até o<br />

dia 1º <strong>de</strong> março. 57<br />

5 - USP é eleita a 38ª melhor universida<strong>de</strong> do mundo: 5.188 acessos<br />

02/09/2009 – A Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (USP) está entre as 100 melhores<br />

universida<strong>de</strong>s do mundo. A USP ocupa, atualmente, o 38º lugar entre as 100<br />

melhores universida<strong>de</strong>s do mundo, segundo o ranking Webometrics Ranking Web<br />

of World Universities, elaborado pelo Ministério da Educação da Espanha. 58<br />

6 - Café contra Alzheimer: 4.761 acessos<br />

06/07/2009 – Café para o tratamento <strong>de</strong> Alzheimer? É o que <strong>de</strong>screv<strong>em</strong> dois artigos<br />

publicados neste domingo no Journal of Alzheimer's Disease. Os trabalhos por<br />

enquanto foram feitos apenas <strong>em</strong> camundongos, mas os resultados <strong>de</strong>ixaram os<br />

autores otimistas. 59<br />

7 - Anabolizantes maquiados: 4.624 acessos<br />

56 Disponível <strong>em</strong> Acesso <strong>em</strong> 07.jun.2011.<br />

57 Disponível <strong>em</strong> Acesso <strong>em</strong> 07.jun.2011.<br />

58 Disponível <strong>em</strong> Acesso <strong>em</strong> 07.jun.2011.<br />

59 Disponível <strong>em</strong> Acesso <strong>em</strong> 07.jun.2011.<br />

180


22/01/2009 – Um estudo feito no Estado <strong>de</strong> São Paulo pelo Instituto Adolfo Lutz<br />

(IAL) concluiu que um <strong>em</strong> cada quatro produtos comercializados <strong>em</strong> acad<strong>em</strong>ias <strong>de</strong><br />

ginástica como supl<strong>em</strong>entos nutricionais para praticantes <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> física t<strong>em</strong><br />

substâncias <strong>de</strong> natureza esteroidal não <strong>de</strong>claradas nos rótulos. 60<br />

8 - Bolsas na Inglaterra: 4.523 acessos<br />

10/08/2009 – O governo britânico abriu inscrições para bolsas <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong> pós-<br />

graduação <strong>em</strong> universida<strong>de</strong>s britânicas durante o ano letivo <strong>de</strong> 2010 e 2011. As<br />

bolsas são concedidas, normalmente, para programa formal <strong>de</strong> estudos <strong>em</strong> t<strong>em</strong>po<br />

integral com duração que varia <strong>de</strong> três a 12 meses, excluídos estágio prático ou<br />

pesquisa. As inscrições vão até 30 <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro. 61<br />

9 - Vai hífen ou não? 4.456 acessos<br />

07/01/2009 – O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa é o <strong>de</strong>staque da quarta<br />

edição da revista Linguasag<strong>em</strong>, publicação eletrônica do Departamento <strong>de</strong> Letras e<br />

do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação <strong>em</strong> Linguística da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> São<br />

Carlos (UFSCar). 62<br />

10 - História da resistência: 4.434 acessos<br />

26/01/2009 – Entre 1924 e 1983, período que abrange duas ditaduras, o<br />

Departamento Estadual <strong>de</strong> Ord<strong>em</strong> Política e Social do Estado <strong>de</strong> São Paulo (Deops)<br />

vigiou e reprimiu movimentos políticos e sociais. As 184 mil fichas policiais<br />

produzidas por aquele órgão pod<strong>em</strong> agora ser acessadas no novo site do Projeto<br />

Integrado Arquivo Público do Estado e Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo (Proin), lançado<br />

no sábado (24/1). 63<br />

Nesse contexto, a partir da relação acima, é possível perceber que o público da<br />

Agência vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> aos cidadãos leigos <strong>em</strong> C&T. Os cientistas e<br />

60 Disponível <strong>em</strong> Acesso <strong>em</strong> 07.jun.2011.<br />

61 Disponível <strong>em</strong> Acesso <strong>em</strong> 07.jun.2011.<br />

62 Disponível <strong>em</strong> Acesso <strong>em</strong> 07.jun.2011.<br />

63 Disponível <strong>em</strong> Acesso <strong>em</strong> 07.jun.2011.<br />

181


pesquisadores, interessados, por ex<strong>em</strong>plo, <strong>em</strong> chamadas <strong>de</strong> bolsas <strong>de</strong> estudos e outras<br />

informações específicas procuram matérias como as seguintes: “Conselho Europeu <strong>de</strong><br />

Pesquisa lança chamada para bolsas”, “Nota pública à comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>”, “1.555<br />

bolsas na Espanha”, “USP é eleita a 38ª melhor universida<strong>de</strong> do mundo” e “Bolsas na<br />

Inglaterra”. Já o público <strong>em</strong> geral, interessado <strong>em</strong> adquirir conhecimento sobre assuntos<br />

científicos e <strong>em</strong> notícias que influenciam <strong>de</strong> alguma maneira o seu cotidiano buscam<br />

reportagens como as <strong>de</strong> manchete “Doenças transmitidas por alimentos”, “Café contra<br />

Alzheimer”, e “Vai hífen ou não”.<br />

4.1.5 Relacionamento com a mídia: relação jornalistas e cientistas<br />

Nessa reflexão sobre o relacionamento da instituição com a mídia, é importante<br />

ressaltar o que os profissionais <strong>de</strong> Comunicação que atuam na Fundação, assim como seus<br />

dirigentes, pensam sobre o relacionamento entre os jornalistas e cientistas para uma<br />

divulgação <strong>científica</strong> competente. Já que, como foi apontado nos capítulos anteriores,<br />

“<strong>em</strong>bora as óticas possam ser diversas quanto à forma, linguag<strong>em</strong> e abrangência do<br />

conteúdo, não resta dúvida alguma da responsabilida<strong>de</strong> social que tanto os jornalistas<br />

quanto os cientistas têm no processo <strong>de</strong> d<strong>em</strong>ocratização da informação <strong>científica</strong>.”<br />

(CALDAS, 2003:222).<br />

Na opinião da Diretora <strong>de</strong> Redação da Revista Pesquisa Fapesp, Mariluce Moura, a<br />

capacida<strong>de</strong> dos jornalistas <strong>de</strong> falar sobre ciência no Brasil cresceu muito nos últimos anos,<br />

e o principal ponto da relação entre jornalistas e cientistas é o discurso jornalístico, que<br />

<strong>de</strong>ve predominar na comunicação <strong>científica</strong> e na cobertura <strong>de</strong> qualquer assunto, dos mais<br />

simples aos mais complexos. “Eu não tenho dúvida <strong>de</strong> que a ciência está mesmo na mídia<br />

brasileira”, (MOURA, 2010). A preocupação do cientista com relação às diferenças entre<br />

os discursos científico e jornalístico <strong>de</strong>ve-se, na percepção <strong>de</strong> Moura, ao <strong>de</strong>sconhecimento<br />

das especificida<strong>de</strong>s das estruturas narrativas <strong>de</strong> cada discurso, como explica:<br />

Me parece que essa gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sconfiança subsiste pela dificulda<strong>de</strong> da<br />

comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> <strong>em</strong> geral reconhecer que o jornalismo é uma outra<br />

narrativa. É uma linguag<strong>em</strong> <strong>de</strong> outra natureza e que, portanto, ao falar <strong>de</strong><br />

ciência para a socieda<strong>de</strong> os jornalistas precisam falar <strong>em</strong> seus termos, <strong>em</strong><br />

suas estruturas narrativas, <strong>de</strong>ntro das suas formas narrativas. Eu acho que<br />

no momento <strong>em</strong> que a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> <strong>em</strong> São Paulo e no Brasil<br />

182


perceber isso, <strong>em</strong> São Paulo percebe até mais, essa <strong>de</strong>sconfiança ten<strong>de</strong> a<br />

<strong>de</strong>crescer. (MOURA, 2010).<br />

O jornalista e coor<strong>de</strong>nador do setor online da Gerência <strong>de</strong> Comunicação, Heitor<br />

Shimizu, acredita que a percepção atual do cientista para a divulgação é muito positiva e<br />

que a maioria das instituições ligadas à pesquisa <strong>científica</strong> possu<strong>em</strong> um setor ou um veículo<br />

<strong>de</strong> comunicação <strong>científica</strong>.<br />

<strong>Divulgação</strong> é fundamental. Hoje, <strong>em</strong> 2010, viv<strong>em</strong>os um momento legal. Os<br />

cientistas têm plena convicção <strong>de</strong> que se precisa divulgar [...] mas isso n<strong>em</strong><br />

s<strong>em</strong>pre foi assim. Há uns 20 anos atrás, menos até, não queriam n<strong>em</strong> saber.<br />

Se você falasse: “Eu queria fazer uma matéria sobre isso” ele ia dizer: “Ah,<br />

ninguém vai enten<strong>de</strong>r” “Ah, isso daqui é pesquisa básica, um negócio super<br />

hermético e ninguém vai enten<strong>de</strong>r”. Hoje não, o cientista, principalmente o<br />

cientista da geração mais jov<strong>em</strong>, e mesmo os mais antigos, já estão<br />

pensando diferente. [...] Hoje toda instituição já t<strong>em</strong> uma área <strong>de</strong><br />

divulgação, que inclui assessoria <strong>de</strong> imprensa ou comunicação, os veículos<br />

<strong>de</strong> divulgação, que po<strong>de</strong> ser uma revista, newsletter, jornal, um folheto que<br />

seja, e muitos uma Agência ou um veículo noticioso via internet [...]. Então,<br />

para uma instituição como uma universida<strong>de</strong>, uma secretaria <strong>de</strong> qualquer<br />

área <strong>científica</strong>, uma FAP, isso é fundamental. É uma maneira <strong>de</strong> você<br />

prestar contas para a socieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r divulgar as pesquisas que você<br />

está apoiando, quais os resultados <strong>de</strong>la. E uma maneira <strong>de</strong> você chegar ao<br />

público <strong>em</strong> geral e divulgar isso que o Prof. [Carlos] Vogt chama <strong>de</strong><br />

Cultura Científica, ou seja, você vai aumentando essa cultura, como se<br />

fosse uma espiral, ela sobe e <strong>de</strong>sce e forma esse gran<strong>de</strong> bolo. (SHIMIZU,<br />

2010).<br />

Por outro lado, o atual Diretor Científico da Fapesp, Carlos Henrique <strong>de</strong> Brito Cruz,<br />

pon<strong>de</strong>ra que apesar da relação entre cientista e jornalista ter mudado para melhor, essa<br />

relação s<strong>em</strong>pre irá <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da afinida<strong>de</strong> do cientista com a comunicação e do jornalista<br />

com a ciência.<br />

Está mudando, mas eu não sei se vai mudar muito mais. Eu acho que t<strong>em</strong><br />

certos cientistas que t<strong>em</strong> facilida<strong>de</strong> para se comunicar com jornalistas e t<strong>em</strong><br />

outros que t<strong>em</strong> menos facilida<strong>de</strong>, o que não faz <strong>de</strong>les cientistas menos<br />

importantes. [...] Eu vejo que o <strong>de</strong>safio mais alto, mais forte está na mídia<br />

<strong>de</strong> ter suficiente interesse pela ciência, para ter jornalistas capazes <strong>de</strong><br />

dialogar, seja com cientistas com palavras fáceis, seja com cientistas com<br />

palavras difíceis. (BRITO CRUZ, 2010).<br />

183


A partir das percepções acima é possível i<strong>de</strong>ntificar algumas diferenças entre os<br />

discursos da jornalista Mariluce Moura e do Diretor Científico da Fapesp, Carlos Henrique<br />

<strong>de</strong> Brito Cruz, cientista, face às diferentes formações e atuações. Enquanto a Diretora <strong>de</strong><br />

Redação da Pesquisa Fapesp aponta que muitas vezes a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> t<strong>em</strong><br />

dificulda<strong>de</strong> <strong>em</strong> reconhecer a narrativa jornalística como um outra forma <strong>de</strong> relato, mesmo<br />

utilizando para isso a precisão nos dados científicos; o Diretor Científico, por sua vez, acha<br />

que cabe ao jornalista que cobre C&T se especializar no t<strong>em</strong>a para melhor compreen<strong>de</strong>r a<br />

fala dos cientistas, seja ela simples ou complexa.<br />

É possível perceber que, apesar <strong>de</strong> na prática os discursos <strong>de</strong> jornalistas e cientistas<br />

ainda apresentar<strong>em</strong> algumas diferenças, o trabalho <strong>em</strong> conjunto é essencial. Com a<br />

percepção do pesquisador para a importância da divulgação e a especialização do<br />

profissional <strong>de</strong> comunicação <strong>em</strong> assuntos científicos para a divulgação <strong>de</strong>sse conhecimento<br />

para a socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> geral é possível estabelecer um diálogo profícuo. Portanto, é possível<br />

dizer que essa relação está <strong>em</strong> constante processo <strong>de</strong> aperfeiçoamento, mas que os atores<br />

reconhec<strong>em</strong> a importância da atuação <strong>em</strong> conjunto.<br />

O jornalista Fernando Cunha, responsável pela Assessoria <strong>de</strong> Comunicação da<br />

Fapesp, também comenta sobre a questão da especialização do jornalista científico e sobre<br />

a importância <strong>de</strong> uma cultura <strong>científica</strong> para esses profissionais. “Muitos estão fazendo<br />

mestrado, doutorado, estão interessados <strong>em</strong> lidar melhor com a ciência. [...] Eu acho que a<br />

ciência não precisa só <strong>de</strong> especialização, você precisa também <strong>de</strong> uma cultura um pouco<br />

maior para lidar com os meios científicos.” (CUNHA, 2010).<br />

A cultura geral a que se refere Cunha é imprescindível para a atuação <strong>de</strong> qualquer<br />

jornalista, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente da área <strong>em</strong> que atue. Antes <strong>de</strong> tudo é necessário fazer uma<br />

“leitura <strong>de</strong> mundo”, <strong>de</strong> cenário, como l<strong>em</strong>brava Paulo Freire. Não adianta, portanto,<br />

conhecer <strong>em</strong> <strong>de</strong>talhes algum assunto, alguma pesquisa, s<strong>em</strong> ao mesmo t<strong>em</strong>po enten<strong>de</strong>r o<br />

contexto no qual se insere, suas perspectivas, relações com outras áreas, assim como os<br />

interesses econômicos, políticos e sociais que perpassam a pesquisa para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um texto <strong>de</strong> divulgação <strong>de</strong> interesse público.<br />

Esta po<strong>de</strong> ser uma das explicações para o fato do aumento da presença da ciência na<br />

mídia, mas ainda <strong>de</strong> maneira <strong>de</strong>scontextualizada. Essa é a opinião <strong>de</strong> vários dos<br />

184


entrevistados para esta pesquisa como a jornalista Mariluce Moura e o Diretor Científico,<br />

Carlos Henrique <strong>de</strong> Brito Cruz.<br />

Ambos consi<strong>de</strong>ram positiva a ampliação do espaço da cobertura <strong>científica</strong> na mídia,<br />

mas também acham que falta visão crítica e analítica, principalmente na televisão, uma vez<br />

que o alcance dos veículos especializados ating<strong>em</strong> um público restrito. Moura, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, critica a visão <strong>de</strong> louvação da ciência que predomina na mídia. No entanto, apesar<br />

dos probl<strong>em</strong>as apontados, os entrevistados consi<strong>de</strong>ram que é gran<strong>de</strong> o avanço, <strong>em</strong>bora<br />

exista ainda um longo caminho a percorrer.<br />

Os jornais ainda cobr<strong>em</strong> muito mais ciência, assim, quase que na base da<br />

louvação dos feitos do que na base da análise crítica. [...] mas para mim isso<br />

é um começo. De fato a ciência é t<strong>em</strong>a da mídia <strong>em</strong> geral, incluindo a<br />

televisão, que ainda é a gran<strong>de</strong> mídia <strong>de</strong> massa. Se você pensar fora do<br />

período eleitoral, a ciência está no Jornal Nacional quase todo dia [...].<br />

Então, eu acho que as ações espetacularmente, a cobertura, a visibilida<strong>de</strong><br />

que a socieda<strong>de</strong> brasileira t<strong>em</strong> da ciência pelo trabalho da mídia, isso<br />

precisa ser reconhecido. (MOURA, 2010).<br />

O fato <strong>de</strong> haver página <strong>de</strong> ciência nos jornais é bom, divulga o assunto,<br />

mesmo que <strong>em</strong> uma camada restrita da população, porque a mesma<br />

pergunta que você fez para mim se a Fapesp atinge toda a população, você<br />

po<strong>de</strong> fazer para a Folha <strong>de</strong> S. Paulo. Quantas pessoas lê<strong>em</strong> a Folha <strong>de</strong> S.<br />

Paulo por dia? Não são os 200 milhões <strong>de</strong> brasileiros, mas é bom porque<br />

divulga mais entre essas pessoas. (BRITO CRUZ, 2010).<br />

A jornalista da editoria <strong>de</strong> Ciência da Folha <strong>de</strong> S. Paulo, Sabinne Righetti, também<br />

acredita que a mídia que cobre C&T t<strong>em</strong> um importante papel na socieda<strong>de</strong>, pois coloca<br />

esses assuntos <strong>em</strong> pauta nas conversas dos brasileiros e contribui com a divulgação do<br />

conhecimento para o público leigo.<br />

Especialmente num país com péssima educação <strong>científica</strong> como o Brasil<br />

(s<strong>em</strong>pre estamos lá <strong>em</strong>baixo <strong>em</strong> análises como da PISA [Programa<br />

Internacional <strong>de</strong> Avaliação <strong>de</strong> Alunos]), a mídia t<strong>em</strong> um papel importante<br />

no sentido <strong>de</strong> informar e até <strong>de</strong> educar a população sobre ciência. Trabalho<br />

com a tese <strong>de</strong> que as pessoas encontram na mídia as condições mínimas pra<br />

discutir sobre ciência. É só reparar: <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma matéria do Fantástico<br />

sobre células-tronco, as pessoas comentam se são contra ou a favor.<br />

Imagina se não tivéss<strong>em</strong>os ciência na mídia? (RIGHETTI, 2010).<br />

185


O jornalista Herton Escobar, do jornal O Estado <strong>de</strong> S. Paulo concorda com a colega<br />

<strong>de</strong> profissão e aponta o papel educativo do jornalismo científico.<br />

Claro que a educação <strong>científica</strong> nas escolas t<strong>em</strong> um papel fundamental <strong>de</strong><br />

construção da base do conhecimento. Mas qu<strong>em</strong> informa e educa as pessoas<br />

“<strong>de</strong>pois da escola” é a mídia, principalmente. Não só pelo papel<br />

informativo, mas como uma forma <strong>de</strong> gerar interesse pela ciência e<br />

d<strong>em</strong>onstrar a importância <strong>de</strong>la nas nossas vidas. (ESCOBAR, 2011).<br />

S<strong>em</strong> dúvida, a informação sobre ciência <strong>em</strong> um programa como o Fantástico, da TV<br />

Globo, amplia muito o <strong>de</strong>bate sobre o t<strong>em</strong>a para o público leigo. Por outro lado, é s<strong>em</strong>pre<br />

importante discutir a qualida<strong>de</strong> da informação divulgada na televisão, pelo alcance <strong>de</strong>sta<br />

mídia. Um ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> que o t<strong>em</strong>a merece cuidado para evitar diss<strong>em</strong>inação errada é o da<br />

divulgação da pílula contra a obesida<strong>de</strong>, divulgada no mesmo programa, há mais <strong>de</strong> uma<br />

década. A pílula havia, <strong>de</strong> fato, sido liberada para venda pela Food and Drug<br />

Administration americana e o Fantástico divulgou isto com <strong>de</strong>staque. Por outro lado, o<br />

programa da Globo esqueceu <strong>de</strong> informar ao público os efeitos colaterais para pessoas com<br />

diabetes, pressão alta e outras patologias, o que o jornal O Estado <strong>de</strong> S. Paulo informou<br />

corretamente, <strong>em</strong> matéria curta. (CALDAS, 2007). Não basta divulgar e fazer circular a<br />

informação <strong>científica</strong>, é necessário, sobretudo fazê-lo com responsabilida<strong>de</strong>, informando os<br />

riscos e benefícios <strong>de</strong> cada produto.<br />

Embora exista uma oferta cada vez maior <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> extensão ou <strong>de</strong><br />

especialização <strong>em</strong> <strong>Divulgação</strong> Científica, fica claro que não basta o conhecimento<br />

específico do t<strong>em</strong>a, é necessário também cultura geral, visão ética, conhecimento <strong>de</strong><br />

história e filosofia da ciência, entre outros conteúdos necessários para uma divulgação<br />

competente e responsável. A divulgação da ciência na gran<strong>de</strong> imprensa está <strong>em</strong> constante<br />

processo <strong>de</strong> aperfeiçoamento, com jornalistas especializados e editorias específicas, no<br />

entanto, dificulda<strong>de</strong>s como falta <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po e <strong>de</strong> espaço muitas vezes prejudicam o texto e a<br />

imag<strong>em</strong> do veículo perante a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>. A jornalista Sabine Righetti justifica<br />

essa questão e aponta que mesmo com essas restrições é possível fazer jornalismo científico<br />

<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.<br />

Muitas vezes, os cientistas acham o texto dos jornais concisos e superficiais<br />

d<strong>em</strong>ais. Só que hoje t<strong>em</strong>os pouco espaço nos jornais impresso, e t<strong>em</strong>os <strong>de</strong><br />

186


dividir esse espaço com arte e foto. Óbvio que o texto será pequeno. Há<br />

cientistas, por outro lado, que entend<strong>em</strong> muito b<strong>em</strong> o timing dos jornalistas,<br />

as suas necessida<strong>de</strong>s e entend<strong>em</strong> que o texto final será conciso. Esses<br />

cientistas consegu<strong>em</strong> passar ao jornalista claramente as informações que<br />

não pod<strong>em</strong> ficar <strong>de</strong> fora e meio que trabalham junto com o jornalista na<br />

construção da reportag<strong>em</strong>. O resultado <strong>de</strong>sse trabalho <strong>em</strong> conjunto é s<strong>em</strong>pre<br />

positivo. (RIGHETTI, 2010).<br />

A jornalista da Folha <strong>de</strong> S. Paulo também aponta que o bom relacionamento entre<br />

os jornalistas e cientistas é imprescindível para a cultura <strong>científica</strong>. “Ambos os atores, tanto<br />

as <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> imprensa quanto os jornais diários, contribu<strong>em</strong> para a cultura <strong>científica</strong>. E<br />

quanto mais próximos as <strong>assessorias</strong>, os jornalistas e os cientistas estiver<strong>em</strong>, mais sólida<br />

será a nossa cultura <strong>científica</strong>.” (RIGHETTI, 2010).<br />

Se por um lado os jornalistas estão procurando aperfeiçoar seus conhecimentos na<br />

área <strong>de</strong> Ciência, Tecnologia e Inovação para uma cobertura competente, o mesmo não<br />

acontece com os cientistas que consi<strong>de</strong>ram obrigação do jornalista enten<strong>de</strong>r sobre tudo.<br />

Uma possibilida<strong>de</strong> interessante para que os cientistas entendam o modus operandi do<br />

jornalista, a linguag<strong>em</strong> e o rápido <strong>de</strong>adline <strong>de</strong> fechamento das reportagens seria a inserção<br />

<strong>de</strong> uma disciplina optativa sobre Comunicação e Ciência nos diferentes cursos <strong>de</strong><br />

graduação <strong>em</strong> diferentes áreas <strong>de</strong> conhecimento, como v<strong>em</strong> sugerindo há t<strong>em</strong>pos a<br />

Associação Brasileira <strong>de</strong> Jornalismo Científico (ABJC). Esta disciplina po<strong>de</strong>ria ser dada<br />

tanto por um jornalista quanto por um cientista com experiência <strong>de</strong> divulgação.<br />

A seção abaixo aponta dados sobre a tirag<strong>em</strong> das diferentes mídias no Brasil.<br />

4.1.5.1 Veículos <strong>de</strong> comunicação e abrangência<br />

Para compl<strong>em</strong>entar a informação sobre a circulação <strong>de</strong> veículos <strong>de</strong> comunicação da<br />

gran<strong>de</strong> imprensa, é importante verificar alguns dados. De acordo com a Associação<br />

Nacional <strong>de</strong> Jornais (ANJ), no ano <strong>de</strong> 2010 o Jornal Super Notícia do Estado <strong>de</strong> Minas<br />

Gerais conquistou a primeira posição no ranking <strong>de</strong> circulação dos gran<strong>de</strong>s jornais<br />

impressos brasileiros, com tirag<strong>em</strong> média <strong>de</strong> 295.701 ex<strong>em</strong>plares por dia e um aumento <strong>de</strong><br />

2,2% <strong>em</strong> relação a 2009, ultrapassando a Folha <strong>de</strong> S. Paulo, com tirag<strong>em</strong> média <strong>de</strong> 294.498<br />

ex<strong>em</strong>plares por dia e uma queda <strong>de</strong> 0,3% <strong>em</strong> relação ao ano anterior. O jornal O Globo, do<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, ocupa a terceira posição, com tirag<strong>em</strong> <strong>de</strong> 262.453 ex<strong>em</strong>plares por dia,<br />

187


seguido do Extra, também do Estado do Rio, com 238.236 ex<strong>em</strong>plares diários e do Estado<br />

<strong>de</strong> S. Paulo, na quinta posição com tirag<strong>em</strong> média <strong>de</strong> 236.369 ex<strong>em</strong>plares por dia <strong>em</strong> 2010.<br />

Na categoria revistas <strong>de</strong> circulação mensal, <strong>de</strong> acordo com o Instituto Verificador <strong>de</strong><br />

Circulação (IVC), <strong>de</strong> janeiro a <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2010, a revista Nova Escola da Editora F.V.C<br />

li<strong>de</strong>rou o ranking das publicações, com tirag<strong>em</strong> média <strong>de</strong> 437.099 ex<strong>em</strong>plares por mês. A<br />

revista Cláudia da Editora Abril ocupa a segunda posição, com tirag<strong>em</strong> média <strong>de</strong> 419.876<br />

ex<strong>em</strong>plares mensais, seguida da Seleções do Rea<strong>de</strong>r´s Digest, da Editora Rea<strong>de</strong>r´s Digest,<br />

com circulação mensal <strong>de</strong> 389.031 ex<strong>em</strong>plares. A revista Superinteressante, da Editora<br />

Abril, voltada para assuntos sobre C&T, ocupa a quarta posição, com tirag<strong>em</strong> média <strong>de</strong><br />

262.494 ex<strong>em</strong>plares por mês, seguida da revista Nova, da mesma editora, com circulação<br />

mensal <strong>de</strong> 240.401 ex<strong>em</strong>plares no ano <strong>de</strong> 2010.<br />

Quanto aos veículos online, <strong>de</strong> acordo com dados do Ibope <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2010, os<br />

sites <strong>de</strong> notícias <strong>em</strong> geral atingiram dois terços dos internautas brasileiros. Consi<strong>de</strong>rando<br />

somente a navegação <strong>em</strong> casa, 19,2 milhões <strong>de</strong> pessoas utilizaram sites <strong>de</strong> notícias <strong>em</strong><br />

outubro <strong>de</strong> 2010, ou seja, 59% dos usuários domiciliares. O número total <strong>de</strong> pessoas com<br />

acesso à internet no trabalho e <strong>em</strong> residências é <strong>de</strong> 51,8 milhões. Dessas pessoas, 41,7<br />

milhões foram usuários ativos <strong>em</strong> outubro <strong>de</strong> 2010, o que representou crescimento <strong>de</strong> 2,8%<br />

sobre o mês anterior e <strong>de</strong> 13,2% <strong>em</strong> relação aos 36,8 milhões <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2009.<br />

Ainda segundo dados do Ibope, <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2010, o rádio alcança no Brasil 77%<br />

das pessoas, o que representa cerca <strong>de</strong> 50 milhões <strong>de</strong> ouvintes. As capitais Fortaleza, Porto<br />

Alegre e Belo Horizonte merec<strong>em</strong> <strong>de</strong>staque, com 85%, 84% e 82% respectivamente da<br />

audiência <strong>de</strong> rádio no Brasil.<br />

Sobre o alcance das <strong>em</strong>issoras <strong>de</strong> TV aberta no país, <strong>de</strong> acordo com o Ibope <strong>em</strong><br />

s<strong>em</strong>anas comuns <strong>de</strong> 2011, ou seja, s<strong>em</strong> eventos importantes que influenciam a mídia<br />

brasileira, a Re<strong>de</strong> Globo se apresenta <strong>em</strong> primeiro lugar com picos <strong>de</strong> 37 pontos <strong>de</strong><br />

audiência, seguida da Re<strong>de</strong> Record com picos <strong>de</strong> 13 pontos, do SBT, da Ban<strong>de</strong>irantes e da<br />

Re<strong>de</strong>TV com 11 pontos, da TV Gazeta com três e da TV Cultura com dois pontos.<br />

4. 2 Imag<strong>em</strong> institucional e o relacionamento com outros atores sociais<br />

De uma maneira geral, tantos os dirigentes da Fapesp como os jornalistas que atuam<br />

na área <strong>de</strong> Comunicação (Assessoria, Revista, Agência) são unânimes <strong>em</strong> reconhecer que a<br />

188


imag<strong>em</strong> institucional da Fundação perante a opinião pública mudou após meados da década<br />

<strong>de</strong> 90, com a impl<strong>em</strong>entação <strong>de</strong> um setor <strong>de</strong> comunicação na instituição, que contribuiu,<br />

com todas as ações já citadas, <strong>de</strong> maneira efetiva para agregar valor à marca da Fundação<br />

que já era amplamente respeitada pela comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>.<br />

Como foi apresentado no capítulo anterior, até a década <strong>de</strong> 1990 a instituição era<br />

conhecida apenas pela comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> e pouco conhecida pela imprensa e,<br />

consequent<strong>em</strong>ente, do público <strong>em</strong> geral. Com o passar dos anos a comunicação da Fapesp<br />

foi se estruturando e atualmente é possível dizer que a instituição é muito conhecida, já que<br />

as cerca <strong>de</strong> 6.300 matérias que mencionaram a instituição <strong>em</strong> 2009 apontam para<br />

aproximadamente 17 citações por dia.<br />

Nesse contexto é possível apontar que o papel da área <strong>de</strong> comunicação na<br />

construção da imag<strong>em</strong> institucional da Fapesp é, <strong>de</strong>ntro das estratégias formuladas pelo<br />

setor, continuar mantendo a Fundação na mídia e nos foros <strong>de</strong> discussão da opinião pública,<br />

para que, assim, sua atuação seja divulgada e o conhecimento científico gerado pelas<br />

pesquisas financiadas não fique restrito à comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>.<br />

Nesse sentido, <strong>de</strong> acordo com a Gerente <strong>de</strong> Comunicação, Graça Mascarenhas, essa<br />

imag<strong>em</strong> institucional conquistada ao longo <strong>de</strong>sses anos é <strong>de</strong>rivada da forma transparente<br />

como o setor trata a notícia <strong>científica</strong>, os pesquisadores e os jornalistas.<br />

Esse conhecimento t<strong>em</strong> muito a ver com a ação da comunicação e a<br />

maneira como a comunicação s<strong>em</strong>pre tratou a notícia, <strong>de</strong> uma maneira<br />

muito ética tanto para o pesquisador quanto <strong>em</strong> relação ao jornalista. De<br />

uma maneira bastante serena, eu diria. Porque essa coisa <strong>de</strong> tornar a ciência<br />

um espetáculo. [...]Nunca foi a nossa abordag<strong>em</strong>. Tentar mostrar que a<br />

ciência é como um processo com muitas etapas e não querer chegar:<br />

“cheguei e <strong>de</strong>scobri” [...] In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> notícia, também tratar o<br />

jornalista <strong>de</strong> uma forma muito transparente. Eu acho que contribuiu<br />

bastante. Eu acho que contribuiu bastante para a visão da Fapesp e também<br />

acho que contribuiu bastante para o noticiário <strong>de</strong> ciência.<br />

(MASCARENHAS, 2010).<br />

A jornalista Mariluce Moura acredita que essa imag<strong>em</strong> institucional, hoje<br />

consolidada não apenas perante a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> como para o público <strong>em</strong> geral foi<br />

criada a partir da atuação conjunta do setor <strong>de</strong> comunicação e os dirigentes da Fundação, já<br />

que todo esse trabalho é fundamentado nos objetivos da própria Fapesp.<br />

189


Acho que a comunicação, se somarmos todas as ações que foram feitas <strong>de</strong><br />

95 para cá, e aí com responsabilida<strong>de</strong> dos dirigentes nessas ações <strong>de</strong><br />

comunicação, ela <strong>de</strong> fato t<strong>em</strong> um papel. Porque esse trabalho <strong>de</strong><br />

comunicação s<strong>em</strong>pre foi pautado pela preocupação <strong>de</strong> uma alta qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> conteúdo e forma também. S<strong>em</strong>pre foi pautado também por uma<br />

afinação com os objetivos da Fundação [...] Uma capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensar <strong>de</strong><br />

forma aberta e <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r às d<strong>em</strong>andas. Eu diria que não resta a menor<br />

dúvida <strong>de</strong> que todos os instrumentos <strong>de</strong> comunicação, [...] toda essa coisa<br />

que foi pensada durante esses anos. São 15 anos <strong>de</strong> trabalho, com<br />

participação <strong>de</strong> muita gente que colaborou para isso. Eu não tenho dúvida<br />

<strong>de</strong> que t<strong>em</strong> um peso fundamental. (MOURA, 2010).<br />

Nesse contexto é possível perceber que a Fapesp, como instituição pública,<br />

conseguiu criar e manter uma imag<strong>em</strong> sólida perante a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> e a opinião<br />

pública com a expressiva colaboração da mídia. Nas seções a seguir são apresentados<br />

ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> como o setor <strong>de</strong> Comunicação da Fundação aproxima sua marca e seus<br />

produtos <strong>de</strong> outros atores sociais, como a escola.<br />

4.2.1 Revista Pesquisa Fapesp <strong>em</strong> livro didático<br />

Como mencionado no capítulo anterior, a Revista Pesquisa Fapesp é muito lida por<br />

alunos do Ensino Médio e já serviu muitas vezes como fonte para textos e questões <strong>de</strong><br />

vestibulares. No entanto, a publicação não possui uma versão específica para crianças ou<br />

adolescentes, por ex<strong>em</strong>plo, como é o caso da Fundação <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa do Estado do<br />

Amazonas (Fapeam), que <strong>de</strong>senvolveu uma revista <strong>de</strong> iniciação <strong>científica</strong> <strong>de</strong>stinada para<br />

crianças <strong>de</strong> escolas estaduais e municipais do Amazonas no final <strong>de</strong> 2009. “Desenvolver<br />

essa revista teve mais uma camada <strong>de</strong> mediação da linguag<strong>em</strong>. Além <strong>de</strong> passar o discurso<br />

do cientista para o público, tiv<strong>em</strong>os a questão <strong>de</strong> ser para o público infantil. [...] Foi um<br />

<strong>de</strong>safio enorme.” (FEITOSA, 2009). 64 .<br />

De acordo com a Diretora <strong>de</strong> Redação da Pesquisa Fapesp, existe na instituição a<br />

intenção da realização <strong>de</strong> projetos como esse da Fapeam, <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong> para<br />

jovens. Além disso, a equipe da Revista v<strong>em</strong> discutindo há anos junto com a Secretaria <strong>de</strong><br />

Educação do Estado <strong>de</strong> São Paulo, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produzir uma revista <strong>de</strong>stinada a<br />

professores, para a utilização <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula dos t<strong>em</strong>as divulgados. Como, por ex<strong>em</strong>plo, os<br />

projetos Veja na Escola, Carta Capital na Escola, entre tantos outros já existentes. No<br />

64 Em palestra proferida durante o X Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Jornalismo Científico, realizado <strong>em</strong> Belo<br />

Horizonte <strong>em</strong> Outubro <strong>de</strong> 2009.<br />

190


entanto, o da Fapesp seria com conteúdos exclusivamente científicos. Apesar do interesse,<br />

até o momento nada foi <strong>de</strong>finido.<br />

Nesse contexto, apesar <strong>de</strong> não haver um projeto estruturado entre a Pesquisa Fapesp<br />

e as escolas, Mariluce Moura aponta que muitos textos da revista são solicitados para a<br />

publicação <strong>em</strong> livros didáticos utilizados <strong>em</strong> sala <strong>de</strong> aula.<br />

Uma das frentes que espontaneamente foram acontecendo aqui <strong>em</strong> vendas,<br />

é o pedido <strong>de</strong> venda dos nossos textos para os livros didáticos e<br />

paradidáticos. É muito engraçado isso, porque a gente nunca tinha pensado<br />

e <strong>de</strong> repente começaram a surgir os pedidos, pedidos, pedidos. E a gente<br />

teve que fazer uma tabela <strong>de</strong> preço <strong>de</strong> venda <strong>de</strong> texto para livro. É claro que<br />

se é para uma editora [<strong>de</strong> cunho social] a gente não cobra nada. (MOURA,<br />

2010).<br />

Todos os textos publicados na Pesquisa Fapesp são disponibilizados na íntegra no<br />

site da revista. No entanto, esses textos não pod<strong>em</strong> ser reproduzidos <strong>em</strong> livros s<strong>em</strong> a<br />

autorização dos responsáveis, já que serão vendidos <strong>em</strong> larga escala e a editora terá lucro<br />

<strong>em</strong> cima disso, portanto, é necessária a comercialização dos textos da Revista para as<br />

editoras interessadas. Um ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong>stas solicitações é comentado por Moura:<br />

Vou pegar uma editora b<strong>em</strong> gran<strong>de</strong>. Scipione diz: “Vocês pod<strong>em</strong> me ven<strong>de</strong>r<br />

o texto <strong>em</strong> que Ricardo Zorzetto fala da veia do coração para ilustrar os<br />

livros?” [...] Sai pedaços <strong>de</strong> textos dos repórteres, às vezes textos inteiros e<br />

sai assinado: Revista Pesquisa Fapesp. (MOURA, 2010).<br />

Enquanto a Fapesp e a Secretaria <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> São Paulo não <strong>de</strong>cid<strong>em</strong> por um<br />

projeto comum da revista na escola, os textos da Pesquisa Fapesp chegam à sala <strong>de</strong> aula<br />

por meio <strong>de</strong> livros didáticos com coletâneas sobre <strong>de</strong>terminado assunto científico. “Se você<br />

pensar que esses livros didáticos vão para milhares <strong>de</strong> alunos no Brasil, talvez milhões, eu<br />

não tenho dúvida que a gente t<strong>em</strong> uma influência na formação <strong>de</strong>ssa moçada.” (MOURA,<br />

2010).<br />

Da mesma forma, como foi apontado no capítulo anterior, não são raras as vezes <strong>em</strong><br />

que trechos <strong>de</strong> reportagens da revista Pesquisa Fapesp são utilizados <strong>em</strong> múltiplos<br />

conteúdos das provas <strong>de</strong> vestibular <strong>de</strong> diferentes universida<strong>de</strong>s brasileiras, entre elas a<br />

<strong>Unicamp</strong>. S<strong>em</strong> dúvida é uma forma <strong>de</strong> ampliar o alcance do conteúdo dos textos para<br />

diferentes públicos, sedimentando ainda mais a imag<strong>em</strong> da instituição.<br />

191


4.2.2. Arte e Estética da divulgação <strong>científica</strong><br />

A influência dos profissionais <strong>de</strong> comunicação na Fapesp v<strong>em</strong> se ampliando,<br />

inclusive com a inserção <strong>de</strong> projetos gráficos mais atraentes <strong>em</strong> suas diferentes publicações.<br />

Este é o caso, por ex<strong>em</strong>plo, do Relatório Anual da Fundação, que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2005 conta também<br />

com a inserção <strong>de</strong> ilustrações <strong>de</strong> pintores paulistas ou que tenham residido no Estado <strong>de</strong><br />

São Paulo <strong>em</strong> suas páginas. Essa iniciativa surgiu para tornar a publicação mais atrativa e<br />

também para divulgar e homenagear artistas paulistas. A participação da área <strong>de</strong><br />

Comunicação neste processo po<strong>de</strong> ser atestada na fala abaixo.<br />

Para tornar o relatório uma coisa, assim, menos árida, para não ser um texto<br />

só com só tabelas, números e gráficos, <strong>de</strong> difícil leitura, a Gerencia <strong>de</strong><br />

Comunicação teve esta idéia <strong>de</strong> inserir ilustrações <strong>de</strong> artistas plásticos.<br />

Então, veio essa idéia <strong>de</strong>, a cada relatório, homenagear um artista plástico<br />

paulista ou que tenha se fixado <strong>em</strong> São Paulo, como já aconteceu com<br />

Bona<strong>de</strong>i, Tarsila do Amaral, Lasar Segal e esse ano [2010] t<strong>em</strong>os o<br />

Portinari. (MADEIRA, 2010).<br />

O trabalho <strong>de</strong> pesquisa sobre o artista e a seleção das obras que serão encartadas no<br />

Relatório é realizado pela Gerente <strong>de</strong> Comunicação Graça Mascarenhas juntamente com os<br />

responsáveis pela Fundação ou entida<strong>de</strong> do homenageado. Logo após a publicação do<br />

Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s, o setor <strong>de</strong> eventos da instituição aproveita o momento para lançar<br />

uma exposição <strong>de</strong> arte na se<strong>de</strong> da Fapesp com réplicas das obras que foram divulgadas no<br />

relatório. Essa mostra fica por volta <strong>de</strong> um mês na instituição e recebe pessoas envolvidas<br />

com arte, convidados pela área <strong>de</strong> eventos. O <strong>de</strong>sdobramento <strong>de</strong>sta iniciativa po<strong>de</strong> ser<br />

conferido pela informação abaixo.<br />

No final <strong>de</strong> 2010 uma professora da área <strong>de</strong> Artes da re<strong>de</strong> estadual <strong>de</strong> ensino ficou<br />

sabendo da exposição <strong>de</strong> Cândido Portinari e entrou <strong>em</strong> contato com a instituição para levar<br />

alunos para visitá-la. Nesse sentido, um grupo <strong>de</strong> estudantes conferiu a mostra exposta e<br />

posteriormente apresentou trabalhos sobre o artista e as obras que tiveram contato na<br />

instituição.<br />

No entanto, por questão <strong>de</strong> espaço físico, a Fapesp não po<strong>de</strong> receber muitos alunos ou<br />

classes inteiras. Para amenizar esse probl<strong>em</strong>a, <strong>de</strong> acordo com a responsável pela área <strong>de</strong><br />

eventos, Marina Ma<strong>de</strong>ira, a instituição está estudando um projeto junto com a USP, para<br />

que essas réplicas pass<strong>em</strong> por escolas públicas do Estado <strong>de</strong> São Paulo, já que as obras são<br />

192


eproduções e o material é resistente e não <strong>de</strong>sgasta com facilida<strong>de</strong>. “Isso é uma coisa<br />

muito legal. A divulgação da Fundação se <strong>de</strong>sdobrando daquilo que ela já faz para divulgar<br />

o relatório. [...] Está se <strong>de</strong>sdobrando para uma escola <strong>de</strong> Ensino Médio e aproveitando esse<br />

material [...] que futuramente vai para outras escolas.” (MADEIRA, 2010).<br />

Nesse contexto, essa iniciativa é muito positiva, já que eleva o conhecimento<br />

cultural <strong>de</strong> crianças da re<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> educação, que muitas vezes não t<strong>em</strong> oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

conhecer trabalhos artísticos como esses.<br />

4.3 O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> divulgação da Fapesp<br />

Após a apresentação e análise dos conceitos teóricos sobre C&T, Comunicação,<br />

Comunicação Pública da Ciência e do trabalho realizado pelo setor <strong>de</strong> comunicação<br />

<strong>científica</strong> da Fapesp, é importante verificar como esses pontos se interligam e <strong>de</strong> qual<br />

maneira reflet<strong>em</strong> pontos positivos e/ou negativos na socieda<strong>de</strong>.<br />

O Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s 2009 aponta que o <strong>de</strong>senvolvimento da C&T <strong>em</strong> diversas<br />

áreas do conhecimento, o avanço das tecnologias <strong>de</strong> informação e a globalização do<br />

conhecimento contribuiu com a divulgação <strong>científica</strong> e a tornou um dos principais<br />

instrumentos <strong>de</strong> d<strong>em</strong>ocratização do conhecimento. Como consta no documento:<br />

A divulgação <strong>científica</strong> ganhou ainda mais importância e assumiu uma nova<br />

dimensão com o rápido <strong>de</strong>senvolvimento da ciência e da tecnologia nas<br />

diversas áreas do conhecimento, a partir da segunda meta<strong>de</strong> do século XX e<br />

mais recent<strong>em</strong>ente com o avanço das tecnologias <strong>de</strong> informação e <strong>de</strong><br />

comunicação e a consequente globalização do conhecimento. Todo esse<br />

<strong>de</strong>senvolvimento impactou e continua a impactar as socieda<strong>de</strong>s e a vida dos<br />

cidadãos. Com isso, a divulgação <strong>científica</strong> tornou-se também um dos<br />

principais instrumentos <strong>de</strong> d<strong>em</strong>ocratização do conhecimento. (FAPESP,<br />

2010: 157. Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s 2009.).<br />

A Gerente <strong>de</strong> Comunicação, Graça Mascarenhas, concorda que a socieda<strong>de</strong> passou por<br />

revoluções do conhecimento e que o momento atual é propício para uma divulgação<br />

<strong>científica</strong> que estimule os cidadãos a participar e analisar essas questões que envolv<strong>em</strong> os<br />

t<strong>em</strong>as científicos. A jornalista também acredita que o trabalho realizado pelo setor <strong>de</strong><br />

comunicação da Fundação t<strong>em</strong> contribuído com essa formação da cultura <strong>científica</strong> que está<br />

<strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

193


Tiv<strong>em</strong>os revoluções industriais, [...] revoluções do conhecimento. É<br />

importante que saibam o que está se passando, se posicion<strong>em</strong> sobre o que<br />

está acontecendo, <strong>de</strong>cida. Informação <strong>em</strong> ciência e tecnologia é<br />

fundamental. Então, está aí a importância <strong>de</strong> uma instituição que fomenta<br />

pesquisa prestar esse serviço. [...] É o momento <strong>de</strong>la também divulgar o<br />

significado <strong>de</strong>ssa pesquisa, porque [...] os resultados também vão estar<br />

contribuindo para que a socieda<strong>de</strong> formule uma análise.<br />

(MASCARENHAS, 2010).<br />

Ao falar<strong>em</strong> sobre a influência da divulgação <strong>científica</strong> realizada pela Fapesp na<br />

socieda<strong>de</strong>, o Presi<strong>de</strong>nte da instituição Celso Lafer e o Diretor Científico Carlos Henrique <strong>de</strong><br />

Brito Cruz apresentam visões compl<strong>em</strong>entares. Lafer aponta o bom relacionamento com a<br />

imprensa a partir dos índices apresentados no Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s sobre como e quanto<br />

a Fundação v<strong>em</strong> pautando a mídia e a vida da socieda<strong>de</strong> brasileira:<br />

Acho que um dos indicadores que nos t<strong>em</strong>os, que o Fernando [Cunha]<br />

frequent<strong>em</strong>ente chama atenção e prepara é quantos itens e, <strong>de</strong> uma forma<br />

ou <strong>de</strong> outra, direta ou indiretamente, a Fapesp contribui para as notícias que<br />

sa<strong>em</strong> na gran<strong>de</strong> imprensa. [...] A divulgação hoje nos mol<strong>de</strong>s que é feita<br />

aten<strong>de</strong> uma necessida<strong>de</strong> importante. Além do que contribui para pautar a<br />

vida brasileira na importância crítica da pesquisa e do <strong>de</strong>senvolvimento<br />

para o futuro da sustentabilida<strong>de</strong> do país. (LAFER, 2010).<br />

Por outro lado, Brito acredita que apesar <strong>de</strong> o setor <strong>de</strong> comunicação da Fundação se<br />

<strong>em</strong>penhar e isso ser refletido <strong>em</strong> parcelas da população, dificilmente essa divulgação<br />

atingirá totalmente a socieda<strong>de</strong>; e justifica sua posição citando que a educação no Brasil<br />

ainda é muito falha para que se consiga inserir assuntos sobre C&T no cotidiano das<br />

pessoas. O Diretor Científico acredita que para se alcançar uma cultura <strong>científica</strong>, a<br />

educação e o ensino <strong>de</strong> ciências precisam ser melhorados:<br />

Eu não acho que alcança a população <strong>em</strong> geral e n<strong>em</strong> sei se isso seria<br />

possível, na medida <strong>em</strong> que 95% das pessoas que estão no curso colegial<br />

não consegu<strong>em</strong> tirar nota para ser consi<strong>de</strong>rada satisfatória no exame. É<br />

difícil fazer divulgação <strong>científica</strong> porque precisa ter um diálogo né? Mas a<br />

Fapesp se esforça para divulgar. T<strong>em</strong> muita gente <strong>de</strong> fora da comunida<strong>de</strong><br />

<strong>científica</strong> que acompanha as ativida<strong>de</strong>s da Fapesp por vários meios e a<br />

gente percebe isso freqüent<strong>em</strong>ente. Eu acho que o principal ponto nesse<br />

assunto é melhorar a educação das pessoas no Brasil. Melhorar o ensino <strong>de</strong><br />

ciência nas escolas. Esse assunto <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong> no Brasil e <strong>em</strong><br />

qualquer país progredirá quando as pessoas parar<strong>em</strong> <strong>de</strong> achar que é bonito<br />

dizer: “Ah eu não entendo nada <strong>de</strong> mat<strong>em</strong>ática.”; “Eu nunca entendi a aula<br />

194


<strong>de</strong> ciência.”, Então, hoje <strong>em</strong> dia o pessoal acha que é chique falar isso, na<br />

hora que mudar isso a gente vai ter mais divulgação <strong>científica</strong>. (BRITO<br />

CRUZ, 2010).<br />

Embora o Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s 2009 aponte que a divulgação <strong>científica</strong> tornou-se<br />

nos últimos anos um dos principais instrumentos <strong>de</strong> d<strong>em</strong>ocratização do conhecimento, é<br />

necessário investir muito <strong>em</strong> educação como explica Brito Cruz, que <strong>de</strong>staca o baixo<br />

rendimento dos alunos <strong>em</strong> disciplinas essenciais como mat<strong>em</strong>ática, ciência e português;<br />

fato atestado por diferentes pesquisas brasileiras e internacionais.<br />

Na percepção <strong>de</strong> Brito Cruz, a verda<strong>de</strong>ira d<strong>em</strong>ocratização do conhecimento <strong>em</strong><br />

geral e do científico <strong>em</strong> particular passa necessariamente pela melhoria da educação básica.<br />

Na opinião do Diretor Científico a formação <strong>de</strong> uma cultura <strong>científica</strong> no país ainda<br />

permanece frágil exatamente pelas dificulda<strong>de</strong>s educacionais que o país apresenta, apesar<br />

<strong>de</strong> reconhecer todos os esforços do setor <strong>de</strong> comunicação da Fundação para isso.<br />

Uma das possíveis soluções apontadas por Brito Cruz é melhorar o ensino <strong>de</strong><br />

Ciências nas escolas. A divulgação <strong>científica</strong> no ambiente escolar é uma prática muito<br />

importante, já que colabora com a formação da cultura <strong>científica</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da vida<br />

escolar dos alunos e auxilia o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> posições críticas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a infância.<br />

Para reduzir estas dificulda<strong>de</strong>s, a Fundação conta com o Programa <strong>de</strong> Melhoria do<br />

Ensino Público do Estado <strong>de</strong> São Paulo, que t<strong>em</strong> como objetivo financiar projetos <strong>de</strong><br />

pesquisa que contribuam com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novas experiências pedagógicas e com<br />

a melhoria do ensino. Apesar <strong>de</strong>ste esforço da instituição, os resultados, no entanto, ainda<br />

são lentos.<br />

Nesse contexto, é importante que o setor <strong>de</strong> comunicação <strong>científica</strong> da Fapesp<br />

<strong>de</strong>senvolva uma ampla pesquisa sobre linguag<strong>em</strong> <strong>científica</strong> para crianças e jovens <strong>de</strong><br />

diferentes faixas etárias. É sabido que a revista Ciência Hoje da SBPC para crianças, <strong>de</strong><br />

excelente qualida<strong>de</strong>, atinge uma diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> público. Entretanto, exatamente por esta<br />

diversida<strong>de</strong> é difícil encontrar a linguag<strong>em</strong> certa para cada matéria.<br />

Um trabalho <strong>de</strong> conclusão <strong>de</strong> curso <strong>de</strong> Jornalismo realizado na Universida<strong>de</strong><br />

Metodista <strong>de</strong> São Paulo (Umesp), sob a orientação da Profa. Graça Caldas <strong>em</strong> 2002 foi<br />

elaborada uma revista <strong>científica</strong> para crianças e <strong>de</strong>scobriu-se que a linguag<strong>em</strong> e o processo<br />

<strong>de</strong> cognição na aprendizag<strong>em</strong> precisa ser direcionado a uma faixa etária muito estreita e<br />

195


específica. No caso, a revista Eureka era direcionada a crianças <strong>de</strong> oito a 11 anos,<br />

matriculadas nas 3ª e 4ª séries <strong>de</strong> uma escola pública <strong>de</strong> São Bernardo do Campo, SP.<br />

Mesmo contando com as crianças que ajudaram a pautar a revista e a discutir o processo <strong>de</strong><br />

aprendizag<strong>em</strong>, as dificulda<strong>de</strong>s não foram pequenas.<br />

Escrever para crianças ou jovens no ritmo <strong>de</strong>las, s<strong>em</strong> subestimar ou superestimar<br />

suas capacida<strong>de</strong>s é um <strong>de</strong>safio constante, daí a importância <strong>de</strong> permanente pesquisa na área.<br />

Encontrar a linguag<strong>em</strong> certa no processo <strong>de</strong> divulgação da ciência para diferentes públicos<br />

é essencial para garantir a formação <strong>de</strong> uma cultura <strong>científica</strong> <strong>em</strong> crianças e jovens.<br />

Durante o processo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong>sta pesquisa <strong>de</strong> campo <strong>de</strong>sta dissertação <strong>em</strong> que<br />

foi possível observar <strong>de</strong> perto o trabalho <strong>de</strong> comunicação da Fapesp, fica evi<strong>de</strong>nte o esforço<br />

institucional <strong>em</strong> aprimorar permanent<strong>em</strong>ente a divulgação das políticas institucionais e os<br />

projetos <strong>de</strong> pesquisa <strong>em</strong> seus diferentes veículos. Em cada um <strong>de</strong> seus produtos, nos<br />

últimos anos, fica patente a constante preocupação com a linguag<strong>em</strong> e a estética a serviço<br />

<strong>de</strong> uma comunicação efetiva com seus diferentes públicos.<br />

Nesse contexto, é possível perceber que a Fapesp, a partir <strong>de</strong> seus veículos e<br />

produtos <strong>de</strong> comunicação <strong>científica</strong> realmente consegue realizar um trabalho crítico, já que<br />

contextualiza as notícias. No entanto, seu gran<strong>de</strong> público ainda é <strong>de</strong> pesquisadores,<br />

estudantes universitários e Ensino Médio, além <strong>de</strong> pessoas que se interessam por C&T, mas<br />

que possu<strong>em</strong> um alto nível <strong>de</strong> instrução, ou seja, já adquiriram um conhecimento científico<br />

prévio. Isso é visível na <strong>de</strong>claração da jornalista Sabine Righetti da Folha <strong>de</strong> S Paulo.<br />

“Acredito que o principal público são estudantes e cientistas [...]. Eu não escuto amigos que<br />

não estejam minimamente próximos do meio acadêmico comentando notícias da Agência<br />

Fapesp. Mas os cientistas comentam muito, e gostam bastante.” (RIGUETTI, 2010). O<br />

jornalista do Estado <strong>de</strong> S. Paulo, Herton Escobar, concorda:<br />

Minha impressão é <strong>de</strong> que o público principal da Revista e da Agência é a<br />

comunida<strong>de</strong> acadêmica, e pessoas que já são interessadas <strong>em</strong> ciência para<br />

começo <strong>de</strong> conversa. [...] Ambos os meios são importantes [divulgação<br />

<strong>científica</strong> institucional e jornalismo científico da imprensa], mas não há<br />

como negar que a gran<strong>de</strong> mídia t<strong>em</strong> um alcance muito maior e mais<br />

abrangente. (ESCOBAR, 2011).<br />

A prática <strong>de</strong> uma divulgação <strong>científica</strong>, para além da comunicação, com outros<br />

públicos, como o ex<strong>em</strong>plo da exposição cultural para crianças <strong>de</strong> escolas públicas e uma<br />

196


evista voltada para o público infantil, seria uma proposta para que o setor <strong>de</strong> comunicação<br />

da Fapesp se expandisse e conseguisse conquistar novos públicos, e assim, ampliar a<br />

cultura <strong>científica</strong> dos cidadãos leigos <strong>em</strong> C&T.<br />

Outro ponto que merece <strong>de</strong>staque é que todos os esforços realizados pelo setor <strong>de</strong><br />

comunicação <strong>científica</strong> da Fapesp apontam gran<strong>de</strong>s avanços para o jornalismo científico, já<br />

que seus produtos e veículos, <strong>de</strong> uma maneira geral, influenciam diariamente a mídia que<br />

cobre C&T e também outras instituições ligadas à pesquisa <strong>científica</strong>, que se inspiraram na<br />

Fundação paulista para criar ou aperfeiçoar um setor como o da Fapesp.<br />

Com a elaboração <strong>de</strong> uma Política <strong>de</strong> Comunicação, que está <strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvimento,<br />

o setor <strong>de</strong> comunicação da Fundação se caracteriza como comunicação integrada, já que<br />

possui diversos serviços da área <strong>de</strong> Comunicação.<br />

Nesse sentido, é possível afirmar que, apesar da especificida<strong>de</strong> da comunicação<br />

realizada pela Fapesp, com priorida<strong>de</strong> para a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>, seu trabalho v<strong>em</strong> se<br />

expandindo para o público <strong>em</strong> geral, por meio da mídia e <strong>de</strong> outras ações para a formação<br />

<strong>de</strong> uma cultura <strong>científica</strong>.<br />

Nesse contexto, a partir do Relatório <strong>de</strong> Ativida<strong>de</strong>s 2009, que apresenta a<br />

comunicação da Fapesp como um instrumento <strong>de</strong> d<strong>em</strong>ocratização do conhecimento, po<strong>de</strong>r-<br />

se-ia dizer que esse trabalho <strong>de</strong> comunicação aponta para o Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Participação<br />

Pública, que, como mencionado no segundo capítulo, se baseia no compromisso <strong>de</strong><br />

d<strong>em</strong>ocratização da ciência, on<strong>de</strong> o público e os cientistas dispõ<strong>em</strong> das mesmas condições<br />

para discutir assuntos sobre C&T. No entanto, esse mo<strong>de</strong>lo representa uma situação limite,<br />

<strong>em</strong> que o acesso à informação seria perfeitamente d<strong>em</strong>ocrático, o que, na prática, assinala<br />

uma utopia, já que esse acesso, apesar <strong>de</strong> se preten<strong>de</strong>r público, ainda não se apresenta <strong>de</strong><br />

maneira totalmente d<strong>em</strong>ocrática.<br />

Por outro lado, a partir da visão do Diretor Científico da Fapesp, Carlos Henrique <strong>de</strong><br />

Brito Cruz, que apesar <strong>de</strong> apontar para a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> diálogo com a socieda<strong>de</strong>, assinala a<br />

importância do ensino <strong>de</strong> ciências e da cultura <strong>científica</strong> no país e os esforços do setor <strong>de</strong><br />

comunicação da Fundação para isso, po<strong>de</strong>r-se-ia dizer que esse trabalho está <strong>em</strong> constante<br />

<strong>de</strong>senvolvimento para se aproximar do Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Perspectiva Cívica. Esse arquétipo<br />

aponta a ciência como parte da cultura da socieda<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> o objetivo da divulgação<br />

<strong>científica</strong> é contribuir para a formação da cultura <strong>científica</strong>, além <strong>de</strong> fortalecer a prática da<br />

197


cidadania ao estimular as pessoas a pensar<strong>em</strong> criticamente sobre a ciência que é produzida<br />

<strong>em</strong> seu país.<br />

Nessa perspectiva, é possível dizer que o trabalho <strong>de</strong> comunicação <strong>científica</strong> da<br />

Fapesp, na prática, apesar <strong>de</strong> apontar características <strong>de</strong> diferentes arquétipos, não se encaixa<br />

necessariamente <strong>em</strong> um mo<strong>de</strong>lo único <strong>de</strong> comunicação pública da ciência (algo que já era<br />

esperado, uma vez que os mo<strong>de</strong>los são teóricos e relativamente distantes das observações<br />

<strong>em</strong>píricas, já que a realida<strong>de</strong> é suficient<strong>em</strong>ente mais complexa que qualquer tipo <strong>de</strong><br />

mo<strong>de</strong>lag<strong>em</strong>).<br />

Também é importante reconhecer que esse trabalho valoriza a importância da<br />

cultura <strong>científica</strong> para a socieda<strong>de</strong> formular suas próprias conclusões sobre assuntos que<br />

repercut<strong>em</strong> na imprensa e posteriormente ter condições <strong>de</strong> cobrar seus direitos, com<br />

fundamentos críticos. Nesse sentido, a comunicação <strong>científica</strong> da Fundação <strong>de</strong> Amparo à<br />

Pesquisa do Estado <strong>de</strong> São Paulo está <strong>em</strong> constante <strong>de</strong>senvolvimento para alcançar seus<br />

objetivos, tanto a partir da comunicação institucional, da prestação <strong>de</strong> contas à socieda<strong>de</strong> e<br />

da divulgação <strong>científica</strong>.<br />

198


CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

A dissertação apresentada teve como objetivo avaliar o trabalho <strong>de</strong> comunicação<br />

<strong>científica</strong> realizado pela Fundação <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa do Estado <strong>de</strong> São Paulo (Fapesp)<br />

e foi estruturada <strong>em</strong> quatro capítulos que mesclam conceitos teóricos das áreas <strong>de</strong> Política<br />

Científica e Tecnológica, Comunicação e <strong>Divulgação</strong> Científica. Esses tópicos se<br />

interligam para analisar como esse trabalho realizado pela Fundação paulista colabora com<br />

a formação <strong>de</strong> uma cultura <strong>científica</strong>. Nesse sentido, vale ressaltar nesse momento os<br />

principais pontos abordados no <strong>de</strong>correr da pesquisa.<br />

A retomada histórica realizada no Capítulo I sobre a estruturação da Política<br />

Científica e Tecnológica foi necessária para a compreensão da posição da Fapesp nessa<br />

política e <strong>de</strong> seu papel na socieda<strong>de</strong>. No período pós-guerra os programas públicos militares<br />

começaram a ser aproveitados pelo setor produtivo. Essas transferências passaram a ocorrer<br />

tanto no âmbito intra-setorial, por ex<strong>em</strong>plo, nuclear militar para o civil, etc.; e inter-setorial,<br />

espacial para telecomunicações, nuclear para medicina, etc.<br />

Nos anos 60 <strong>em</strong>erg<strong>em</strong> os primeiros Programas <strong>de</strong> Pós-Graduação <strong>em</strong> C&T nos<br />

países <strong>de</strong>senvolvidos e as agências públicas <strong>de</strong> fomento começam a apoiar esses programas.<br />

Surg<strong>em</strong>, então, <strong>de</strong>safios e tendências no novo campo <strong>de</strong> estudos. O cientista passa a ser<br />

visto como um ator que está inserido <strong>em</strong> um contexto sócio-político e a C&T passa a fazer<br />

parte <strong>de</strong> um processo social e histórico. Há também um questionamento quanto aos<br />

aspectos éticos que evolv<strong>em</strong> o estudo <strong>de</strong> Ciência, Tecnologia e Socieda<strong>de</strong>, o<br />

aproveitamento social da C&T e a responsabilida<strong>de</strong> social do cientista.<br />

Por outro lado, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primórdios <strong>de</strong>sse campo <strong>de</strong> estudo surg<strong>em</strong> <strong>de</strong>safios a ser<strong>em</strong><br />

enfrentados quanto à aplicabilida<strong>de</strong> prática <strong>de</strong>sses conceitos, já que perguntas como: “para<br />

qu<strong>em</strong>?” e “para que tipo <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> serve a C&T?” estão presentes nessa atmosfera <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

o início <strong>de</strong>sse campo. Outra importante questão que surgiu nesse período é sobre a<br />

responsabilida<strong>de</strong> social do cientista e sua aplicabilida<strong>de</strong> prática.<br />

Nesse sentido, é possível perceber, tanto a partir da análise do campo <strong>de</strong> estudo <strong>em</strong><br />

Ciência, Tecnologia e Socieda<strong>de</strong>, quanto a partir dos Mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> Comunicação Pública da<br />

Ciência e das entrevistas realizadas com os dirigentes da Fapesp, que esse questionamento<br />

sobre a aplicabilida<strong>de</strong> social dos avanços <strong>em</strong> C&T está constant<strong>em</strong>ente <strong>em</strong><br />

199


<strong>de</strong>senvolvimento e discussão; e a divulgação <strong>científica</strong> se constitui <strong>em</strong> uma importante<br />

ferramenta nesse contexto.<br />

A divulgação <strong>científica</strong> surge <strong>em</strong> resposta à mudança <strong>de</strong> paradigma anteriormente<br />

citada com o intuito <strong>de</strong> manter uma comunicação com a socieda<strong>de</strong> sobre assuntos referentes<br />

à C&T, colaborando para a formação <strong>de</strong> uma cultura <strong>científica</strong> na socieda<strong>de</strong>.<br />

O conceito <strong>de</strong> cultura <strong>científica</strong> r<strong>em</strong>ete à inserção da divulgação <strong>científica</strong> e dos<br />

t<strong>em</strong>as sobre ciência e tecnologia no dia-a-dia da socieda<strong>de</strong>, já que nessa perspectiva o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento científico se apresenta como um processo cultural. Para Pierre Bourdieu<br />

(2004) é necessário escapar da “ciência pura”, ou seja, aquela totalmente livre <strong>de</strong> qualquer<br />

necessida<strong>de</strong> social, mas também da “ciência escrava”, aquela sujeita a todas as d<strong>em</strong>andas<br />

político-econômicas. Nesse sentido, o autor aponta a ciência mergulhada <strong>em</strong> um campo<br />

social e cultural, on<strong>de</strong> os agentes e instituições que a produz<strong>em</strong>, reproduz<strong>em</strong> e difund<strong>em</strong> se<br />

relacionam a todo momento.<br />

Quando Renato Dagnino (2010) aponta que para o <strong>de</strong>senvolvimento social,<br />

mostrando que a forma <strong>de</strong> conduzir as pesquisas <strong>de</strong>veria passar a incluir o diálogo e a<br />

interação com os atores sociais, que se beneficiariam <strong>de</strong> seus resultados, é possível perceber<br />

gran<strong>de</strong> aproximação com o conceito <strong>de</strong> cultura <strong>científica</strong>. Isto porque, é exatamente por<br />

meio da divulgação <strong>científica</strong> que se obtém uma participação ativa do cidadão nesse amplo<br />

e dinâmico processo cultural <strong>em</strong> que Ciência, Tecnologia e Inovação estão cada vez mais<br />

presentes.<br />

A divulgação <strong>científica</strong> se constitui, assim, na propagação da ciência para o público<br />

<strong>em</strong> geral por diversas formas. O jornalismo científico é um caso particular <strong>de</strong> divulgação,<br />

en<strong>de</strong>reçada ao público leigo, mas que obe<strong>de</strong>ce ao padrão da produção jornalística. Os<br />

jornalistas <strong>de</strong> <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> agências <strong>de</strong> fomento e instituições <strong>de</strong> pesquisa<br />

atuam, portanto, como mediadores e intérpretes entre a opinião pública e o cientista. A<br />

atuação conjunta dos jornalistas e dos cientistas é primordial para levar o conhecimento<br />

científico ao cidadão. Para isso, se faz necessário que o jornalista possua certa base teórica<br />

e histórica, além <strong>de</strong> uma visão crítica sobre questões relacionadas à ciência.<br />

Como abordado no Capítulo I, as instituições <strong>de</strong> financiamento à pesquisa, como a<br />

Fapesp, possu<strong>em</strong> um papel relevante para o <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico, econômico e<br />

200


social no sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> inovação. Desse modo, tais instituições também <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ter um papel<br />

no que diz respeito à divulgação do conhecimento científico.<br />

As Fundações <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa (FAPs) atuam basicamente <strong>em</strong> quatro linhas:<br />

1) apoio a projetos <strong>de</strong> pesquisa <strong>em</strong> todas as áreas do conhecimento; 2) capacitação <strong>de</strong><br />

pesquisadores através <strong>de</strong> bolsas que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o segundo grau até o pós-doutorado; 3)<br />

apoio à inovação e à transferência <strong>de</strong> tecnologias e 4) divulgação <strong>científica</strong>.<br />

A Fundação <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa do Estado <strong>de</strong> São Paulo, que t<strong>em</strong> como objeto<br />

<strong>de</strong>sta pesquisa sua área <strong>de</strong> Comunicação, é uma instituição que financia C&T com verba<br />

pública e, assim, colabora com a geração do conhecimento científico, <strong>de</strong>vendo prestar<br />

contas <strong>de</strong> suas ações à socieda<strong>de</strong>. Des<strong>de</strong> as negociações que movimentaram o processo <strong>de</strong><br />

criação da Fundação paulista, a prestação <strong>de</strong> contas com a socieda<strong>de</strong> está presente. Nesse<br />

sentido, há todo um processo <strong>de</strong> comunicação pública da ciência, com distintas abordagens<br />

e métodos.<br />

Em meados da década 1990 a Fundação começa a ter consciência <strong>de</strong> que a<br />

comunicação com a socieda<strong>de</strong> era uma necessida<strong>de</strong> vital, já que o momento <strong>de</strong><br />

red<strong>em</strong>ocratização do país exigia cada vez mais uma aproximação com socieda<strong>de</strong>. É nessa<br />

perspectiva que a instituição estabelece os primeiros passos para uma política <strong>de</strong><br />

comunicação.<br />

A Fapesp naquele momento estava se abrindo para novos parceiros, ou seja, <strong>de</strong>ixava<br />

<strong>de</strong> ser uma agência <strong>de</strong> fomento voltada apenas para a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> e ampliava<br />

suas formas <strong>de</strong> atuação, abrindo espaço, por ex<strong>em</strong>plo, para <strong>em</strong>presários, com projetos que<br />

visavam a inovação tecnológica.<br />

S<strong>em</strong> dúvida alguma, a divulgação do Projeto da Xylella Fastidiosa (1997 – 2000)<br />

colocou a instituição nos foros <strong>de</strong> discussão da opinião pública e contribuiu com o avanço<br />

do setor <strong>de</strong> comunicação que estava apenas engatinhando. Aos poucos, a Fundação além <strong>de</strong><br />

aumentar seus parceiros vai percebendo a importância da comunicação e da divulgação<br />

<strong>científica</strong> para ampliar e consolidar sua imag<strong>em</strong> por meio da diss<strong>em</strong>inação ampla, para o<br />

público <strong>em</strong> geral, <strong>de</strong> notícias sobre pesquisas <strong>em</strong> C&T financiadas pela instituição e<br />

<strong>de</strong>senvolvidas <strong>em</strong> diferentes universida<strong>de</strong>s e institutos <strong>de</strong> pesquisa do Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Atualmente, <strong>de</strong> acordo com os números apresentados no Capítulo IV, é possível<br />

perceber que o setor <strong>de</strong> comunicação <strong>científica</strong> da Fapesp influencia muito a mídia<br />

201


asileira e internacional que cobre C&T, tanto a partir do trabalho <strong>de</strong> Assessoria <strong>de</strong><br />

Comunicação, quanto a partir da Agência Fapesp <strong>de</strong> Notícias, que v<strong>em</strong> pautando a mídia<br />

eletrônica nos últimos anos.<br />

A partir <strong>de</strong> entrevistas com jornalistas da gran<strong>de</strong> imprensa do Estado <strong>de</strong> São Paulo e<br />

do Brasil é possível apontar, também, que a relação do setor <strong>de</strong> Comunicação da Fapesp<br />

com esses profissionais é positiva, já que os entrevistados não <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> notar o<br />

pioneirismo e a gran<strong>de</strong> estrutura <strong>de</strong> comunicação integrada que a Fundação paulista<br />

mantém.<br />

Por outro lado, é possível perceber que a política <strong>de</strong> comunicação da instituição<br />

variou, ao longo <strong>de</strong>sses anos, da relação dos dirigentes da Fapesp com a comunicação. Ou<br />

seja, o setor recebia mais ou menos atenção <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da valorização que a diretoria que<br />

estava <strong>em</strong> vigência dava para a Comunicação. Exatamente por isso é fundamental a criação<br />

e a consolidação <strong>de</strong> uma política oficial <strong>de</strong> comunicação na instituição, <strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento, neste momento.<br />

A partir <strong>de</strong> 2010, a Fundação <strong>de</strong>u início a um processo <strong>de</strong> análise das ações <strong>de</strong><br />

comunicação, para que a Fapesp tenha uma política institucionalizada e b<strong>em</strong> articulada,<br />

com objetivos claros, s<strong>em</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da personalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus diretores.<br />

Uma política <strong>de</strong> comunicação b<strong>em</strong> estruturada e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte é essencial para que o<br />

trabalho <strong>de</strong>sse setor seja eficiente e caminhe junto com os objetivos e metas da instituição.<br />

No caso <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> agência <strong>de</strong> fomento, como a Fapesp, essa política é vital, pois além<br />

<strong>de</strong> dar visibilida<strong>de</strong> e credibilida<strong>de</strong> à Fundação, um dos pressupostos da instituição é prestar<br />

contas à socieda<strong>de</strong>. Nesse sentido, apesar da percepção <strong>de</strong> que a comunicação não po<strong>de</strong> e<br />

não <strong>de</strong>ve ficar refém das características pessoais dos dirigentes ter surgido um pouco tar<strong>de</strong>,<br />

somente 15 anos <strong>de</strong>pois dos primeiros serviços na área, essa iniciativa é muito positiva no<br />

sentido <strong>de</strong> integrar o setor <strong>de</strong> Comunicação aos estatutos regimentais.<br />

Após a apresentação do trabalho <strong>de</strong> comunicação da Fundação paulista é possível<br />

verificar também que <strong>de</strong>ntro dos esforços <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong>, a instituição está mais<br />

voltada para a comunicação <strong>científica</strong> entre os pares e públicos <strong>de</strong> interesse (os stakeholds),<br />

já que a maioria <strong>de</strong> seus veículos e produtos <strong>de</strong> divulgação são partes integrantes da<br />

comunicação institucional da Fundação.<br />

202


A prática <strong>de</strong> uma divulgação <strong>científica</strong>, para além da comunicação, com outros<br />

públicos, como o ex<strong>em</strong>plo da exposição cultural para crianças <strong>de</strong> escolas públicas e uma<br />

revista voltada para o público infantil ou juvenil, é uma proposta para que o setor <strong>de</strong><br />

Comunicação da Fapesp se expanda e consiga conquistar mais públicos, e assim, ampliar a<br />

cultura <strong>científica</strong> dos cidadãos leigos <strong>em</strong> C&T.<br />

O Diretor Científico da Fapesp, Carlos Henrique <strong>de</strong> Brito Cruz, aponta para a<br />

dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma divulgação <strong>científica</strong> ampla <strong>em</strong> função da falta <strong>de</strong> educação e cultura<br />

<strong>científica</strong> no país. Esta é uma razão suficiente para a Fapesp investir mais na aproximação<br />

da divulgação <strong>científica</strong> com as escolas.<br />

Quando no Capítulo I foi apresentado o esqu<strong>em</strong>a da espiral da cultura <strong>científica</strong>, os<br />

quatros quadrantes que compõe o processo <strong>de</strong> formação da cultura <strong>científica</strong> também foram<br />

expostos com suas respectivas funções. Para l<strong>em</strong>brar, o “primeiro quadrante” engloba a<br />

produção e a difusão da ciência entre os cientistas. No “segundo quadrante” estão presentes<br />

o ensino <strong>de</strong> ciências e a formação <strong>de</strong> cientistas; o terceiro se r<strong>em</strong>ete ao conjunto <strong>de</strong> ações e<br />

predicados do ensino para a ciência, e o “quarto quadrante” envolve as estratégias <strong>de</strong><br />

divulgação <strong>científica</strong>. Nesse contexto, é possível perceber que a Educação e o ensino faz<strong>em</strong><br />

parte do processo <strong>de</strong> formação da cultura <strong>científica</strong>. Ou seja, para a divulgação <strong>científica</strong>, e<br />

conseqüent<strong>em</strong>ente para a cultura <strong>científica</strong>, é necessário a Educação, já que essa espiral<br />

<strong>de</strong>ve passar por todos os quadrantes, que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> estar conectados, para que o processo não<br />

tenha falhas no meio do caminho.<br />

Nesse contexto, é importante que o setor <strong>de</strong> comunicação <strong>científica</strong> da Fapesp<br />

promova uma análise quanto a <strong>de</strong>senvolver novas técnicas <strong>de</strong> comunicação e divulgação<br />

visando o público <strong>em</strong> ida<strong>de</strong> escolar, já que se trata <strong>de</strong> uma camada muito importante para a<br />

formação <strong>de</strong> uma cultura <strong>científica</strong> no Brasil.<br />

Apesar <strong>de</strong> o setor <strong>de</strong> comunicação da Fundação se <strong>em</strong>penhar no processo <strong>de</strong><br />

divulgação <strong>científica</strong>, seu público principal ainda é formado por pesquisadores. A Educação<br />

no Brasil, <strong>em</strong> geral, ainda é muito falha, e os baixos resultados <strong>de</strong> conhecimento <strong>em</strong><br />

Mat<strong>em</strong>ática, Português e Ciências, atestados por diferentes pesquisas apontam a<br />

importância <strong>de</strong> um investimento maior na área <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong> nas escolas para<br />

ampliar a cultura <strong>científica</strong><br />

203


Com relação aos <strong>de</strong>safios para os países <strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, po<strong>de</strong>-se dizer que a<br />

probl<strong>em</strong>ática que envolve Ciência, Tecnologia e Socieda<strong>de</strong> ainda é diferenciada na<br />

América Latina <strong>de</strong>vido à fragilida<strong>de</strong> dos recursos públicos e privados e à falta <strong>de</strong><br />

reconhecimento da importância da C,T&I para o <strong>de</strong>senvolvimento social. No Brasil,<br />

<strong>em</strong>bora seja visível o esforço governamental, ainda há muito a se fazer para o país atingir<br />

patamares razoáveis e comparáveis aos países <strong>de</strong>senvolvidos.<br />

O Relatório do Plano Nacional <strong>de</strong> Educação (PNE) do Ministério da Educação<br />

(MEC) referente ao <strong>de</strong>cênio 2001-2010 apresentou que os avanços na Educação brasileira<br />

foram mais lentos do que o esperado, já que o país não atingiu metas básicas para a<br />

excelência acadêmica. A meta para 2010 era alcançar 10% dos índices <strong>de</strong> repetência, no<br />

entanto o número estacionou <strong>em</strong> 13%. Quanto à evasão escolar, <strong>de</strong> 2006 a 2008, o<br />

percentual <strong>de</strong> alunos que abandonaram a escola aumentou <strong>de</strong> 10% para 11%, quando a<br />

meta era alcançar a taxa <strong>de</strong> 9%.<br />

O atraso da educação brasileira se reflete também nos índices <strong>de</strong> analfabetismo<br />

apresentados no Relatório do MEC. O percentual atual é <strong>de</strong> 10%, quando <strong>de</strong>veria ter caído<br />

para 4%. O Programa Brasil Alfabetizado, do Governo Fe<strong>de</strong>ral, aten<strong>de</strong>u aproximadamente<br />

10 milhões <strong>de</strong> pessoas nesta década (segundo o Plano Nacional <strong>de</strong> Educação, o total<br />

<strong>de</strong>veria ter sido atingido <strong>em</strong> 2006), mas, entre 2001 e 2008, a taxa <strong>de</strong> analfabetismo caiu<br />

apenas <strong>de</strong> 13% para 10%. Esse fator é justificado porque o programa atingiu mais<br />

analfabetos funcionais (com noções <strong>de</strong> leitura e escrita) do que absolutos.<br />

Esse cenário po<strong>de</strong> ser ilustrado pelas pesquisas sobre percepção pública da ciência<br />

apresentadas nos capítulos I e II. O fator “dificulda<strong>de</strong> da população <strong>em</strong> enten<strong>de</strong>r o assunto”,<br />

representado por 38,7% dos pesquisadores entrevistados pela Fap<strong>em</strong>ig quando<br />

questionados sobre qual a maior dificulda<strong>de</strong> <strong>em</strong> se divulgar ciência para o público leigo<br />

(Capítulo II) e os 37% das pessoas entrevistadas pela Pesquisa Nacional sobre Percepção<br />

Pública da Ciência, realizada pelo MCT, <strong>em</strong> 2006, (Capítulo I) que possu<strong>em</strong> pouco ou<br />

nenhum interesse <strong>em</strong> C&T por não enten<strong>de</strong>r sobre o assunto assinalam uma ausência <strong>de</strong><br />

cultura <strong>científica</strong>.<br />

Por outro lado, a partir da Pesquisa Nacional <strong>de</strong> Percepção Pública da Ciência e<br />

Tecnologia no Brasil, também realizada pelo MCT, <strong>em</strong> 2010, é possível perceber que aos<br />

poucos esse cenário também v<strong>em</strong> assinalando pontos positivos para a cultura <strong>científica</strong>, já<br />

204


que <strong>em</strong> quatro anos o interesse dos brasileiros por assuntos relacionados à C&T aumentou<br />

24% e a falta <strong>de</strong> interesse sofreu queda <strong>de</strong> 23%. No entanto, a justificativa pela falta <strong>de</strong><br />

interesse ser o pouco entendimento no assunto, representada nas duas pesquisas do MCT<br />

(2006 e 2010) e da Fap<strong>em</strong>ig por porcentagens praticamente iguais (37%, 36,7%, e 38,7%<br />

respectivamente) aponta a importância do ensino <strong>de</strong> ciências nas escolas.<br />

Nesse contexto é possível concluir que para os assuntos relacionados à pesquisa<br />

<strong>científica</strong> e tecnológica ganhar<strong>em</strong> peso no cotidiano da socieda<strong>de</strong>, e conseqüent<strong>em</strong>ente<br />

contribuir com o <strong>de</strong>senvolvimento social do país, a Educação básica <strong>de</strong>ve apresentar<br />

melhores resultados. Dificilmente a população irá d<strong>em</strong>onstrar interesse <strong>em</strong> C&T se os<br />

cidadãos não tiveram uma base educacional satisfatória <strong>em</strong> diferentes áreas do<br />

conhecimento, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as consi<strong>de</strong>radas hard, como Biologia, Física ou Química, mas não<br />

<strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> incluir as disciplinas das Humanida<strong>de</strong>s como Sociologia, Política,<br />

Antropologia, entre outras, para a necessária análise e uma leitura crítica da socieda<strong>de</strong>.<br />

S<strong>em</strong> esse alicerce e s<strong>em</strong> uma cultural geral que inclua a Educação, as Artes, a<br />

Filosofia, a divulgação e a comunicação <strong>científica</strong> ficam muito prejudicadas. Isto porque,<br />

apesar dos esforços que foram citados no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>sse trabalho quanto à linguag<strong>em</strong><br />

acessível, a contextualização da notícia e principalmente o caráter analítico e crítico do<br />

trabalho <strong>de</strong> divulgação, s<strong>em</strong> uma educação básica <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, a comunicação sozinha,<br />

por mais qualificada que seja, não po<strong>de</strong> trazer os efeitos necessários no receptor <strong>em</strong> geral.<br />

Para que o interesse da socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> assuntos sobre ciência e tecnologia aumente,<br />

além <strong>de</strong> um bom trabalho <strong>de</strong> divulgação e comunicação <strong>científica</strong> realizado pela mídia <strong>em</strong><br />

geral, pelas <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> instituições <strong>de</strong> pesquisa, escolas e museus, é<br />

importante que a Educação básica se torne priorida<strong>de</strong> nas questões governamentais. Isto<br />

porque é necessário consi<strong>de</strong>rar que a cultura <strong>científica</strong> anda paralelamente com a Educação,<br />

e s<strong>em</strong> a segunda, a primeira praticamente não existe.<br />

Nessa perspectiva, mesclando a Educação básica com iniciativas <strong>de</strong> divulgação<br />

<strong>científica</strong> e um bom jornalismo científico (o papel do jornalista científico e do divulgador é<br />

<strong>de</strong> suma importância, já que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> apresentar esses t<strong>em</strong>as para a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma forma<br />

clara, atrativa e crítica) uma cultura <strong>científica</strong> se estruturará perante a socieda<strong>de</strong>.<br />

A comunicação <strong>científica</strong> realizada pela Fundação <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa do Estado<br />

<strong>de</strong> São Paulo está <strong>em</strong> constante <strong>de</strong>senvolvimento para alcançar seus objetivos, tanto a partir<br />

205


da comunicação institucional, da prestação <strong>de</strong> contas à socieda<strong>de</strong> e da divulgação <strong>científica</strong>.<br />

Nesse contexto, o trabalho realizado pela instituição, <strong>de</strong>ntre as observações expostas nesse<br />

trabalho, principalmente no Capítulo IV, colabora, na medida do possível, com a cultura<br />

<strong>científica</strong> brasileira, já que realiza um trabalho referencial <strong>de</strong> comunicação institucional<br />

integrada no âmbito das instituições <strong>científica</strong>s, principalmente relacionadas com o fomento<br />

<strong>de</strong> pesquisas.<br />

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220


ANEXOS<br />

1. ENTREVISTA COM GRAÇA MASCARENHAS<br />

Entrevista realizada com a Gerente <strong>de</strong> Comunicação e coor<strong>de</strong>nadora da área <strong>de</strong> publicações da<br />

Gerência <strong>de</strong> Comunicação da Fapesp, pessoalmente na se<strong>de</strong> da Fundação no dia 17 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong><br />

2010.<br />

Leila Cristina Bonfietti Lima: Então Graça...<br />

Graça Mascarenhas: Então, quando eu ainda estudava... Depois eu passei pelo Estadão, passei<br />

pela Gazeta Mercantil, pela Revista Brasileira <strong>de</strong> Tecnologia que era do CNPq.<br />

Leila: E na Fapesp está <strong>de</strong>s<strong>de</strong> quando?<br />

Graça: Des<strong>de</strong> 1997.<br />

Leila: Um breve histórico da Fapesp, eu já pesquisei um pouco sobre isso, mas o número <strong>de</strong><br />

funcionários você t<strong>em</strong> e pesquisadores que são auxiliados pela Fapesp?<br />

Graça: Número <strong>de</strong> funcionários, eu acho que a Fapesp hoje <strong>de</strong>ve estar com uns 250 mais ou menos,<br />

t<strong>em</strong> que checar isso no RH.<br />

Leila: E os pesquisadores com financiamentos?<br />

Graça: Os auxílios... Esse número é uma média, porque as bolsas são diferentes, e acaba com essa<br />

e tal, então não dá para ter... Então, cada mês é um número diferente. Então po<strong>de</strong>-se dizer que <strong>em</strong><br />

média t<strong>em</strong> <strong>de</strong>z mil bolsistas sendo atendidos simultaneamente. Número <strong>de</strong> auxílio eu não tenho,<br />

preciso fazer uma solicitação para ver o número <strong>de</strong> auxílios vigentes.<br />

Leila: Eu gostaria <strong>de</strong> saber como começou a assessoria <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong>ntro da Fapesp?<br />

Graça: A gente t<strong>em</strong> que distinguir porque a partir <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado momento a assessoria <strong>de</strong><br />

comunicação é o setor <strong>de</strong> comunicação da Fapesp. Ela não é, não é o caso, como na maioria das<br />

Faps que existe uma assessoria <strong>de</strong> comunicação. Dentro da Fapesp, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2001 mais ou menos,<br />

2000 talvez, existe uma Gerência <strong>de</strong> Comunicação, da qual a assessoria <strong>de</strong> comunicação é um setor.<br />

Por ex<strong>em</strong>plo, Agência, não é assessoria <strong>de</strong> comunicação.<br />

Leila: E como começou a divulgação <strong>científica</strong>?<br />

Graça: Só para... A comunicação na Fapesp, ela começa muito sutilmente <strong>em</strong> 1995. O diretor<br />

presi<strong>de</strong>nte da ocasião chamou um jornalista para fazer uma assessoria com <strong>de</strong>z horas s<strong>em</strong>anais.<br />

Então, a comunicação na Fapesp é recente se olhar a história da instituição. Então esse jornalista<br />

logo se fixa, aumentou né, <strong>de</strong>z horas por s<strong>em</strong>ana...<br />

Leila: Você t<strong>em</strong> o nome <strong>de</strong>le?<br />

Graça: É a Mariluce. E iniciou... aumentou, porque <strong>de</strong>z horas s<strong>em</strong>anais são duas manhãs... e não<br />

t<strong>em</strong> como fazer assessoria <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> uma instituição <strong>de</strong>sse porte. E foi aumentando<br />

gradativamente o horário. Iniciou-se o boletim chamado Notícias Fapesp.<br />

1


Leila: Em 95 mesmo?<br />

Graça: Em 95. Para pesquisadores mesmo. Era uma forma <strong>de</strong> informar sobre a instituição.<br />

Leila: Pesquisa financiada pela Fapesp?<br />

Graça: Com informações da Fapesp mesmo.<br />

Leila: Para pesquisadores...<br />

Graça: Aham.<br />

Leila: A linguag<strong>em</strong> era toda voltada...<br />

Graça: Não, a linguag<strong>em</strong> nunca foi a linguag<strong>em</strong> <strong>em</strong>polada do pesquisador. Era uma linguag<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

informação jornalística. Então, porque informar o pesquisador? A gente t<strong>em</strong> que informar sobre a<br />

instituição. Por ex<strong>em</strong>plo, lançou uma chamada para infra-estrutura, para financiamento <strong>de</strong> infraestrutura...<br />

precisa dar informações para os pesquisadores. Mas mesmo sobre pesquisa, o<br />

pesquisador <strong>de</strong> uma área ela não t<strong>em</strong> conhecimento, ele não tinha conhecimento da Fapesp<br />

instituição, da abrangência <strong>de</strong> ação <strong>de</strong>la. A pessoa que é pesquisador da química, ele sabe os<br />

projetos <strong>de</strong> química que a Fapesp apóia <strong>de</strong>le, dos colegas, mas ele não t<strong>em</strong> como saber da<br />

abrangência da instituição. Então, isso fazia o papel também <strong>de</strong> revelar ao próprio pesquisador<br />

sobre a instituição. Mas isso a Mariluce po<strong>de</strong> falar b<strong>em</strong> melhor do que eu sobre tudo isso.<br />

Quando eu cheguei <strong>em</strong> 97 estava no número 18 do boletim.<br />

Leila: Nesses dois anos, <strong>de</strong> 95 para 97, a equipe cresceu bastante?<br />

Graça: Não. Não cresceu bastante. Quando eu vim para cá <strong>em</strong> 97 tinha a Mariluce, tinha uma<br />

secretária, que fazia a parte administrativa e tinha uma trainee.<br />

Leila: De jornalismo?<br />

Graça: É, mas era só. Então, quando eu cheguei <strong>em</strong> 97 havia a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diagnosticar a<br />

necessida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> observar, que a Fapesp era conhecida do pesquisador, mas não era conhecida <strong>de</strong><br />

mais ninguém da socieda<strong>de</strong>.<br />

Leila: O boletim era distribuído <strong>em</strong> universida<strong>de</strong>? Como era a distribuição?<br />

Graça: A partir <strong>de</strong>... porque ele foi crescendo também o número <strong>de</strong> páginas e tal, <strong>de</strong> quatro, passou<br />

para seis, <strong>em</strong> 97 eu acho que estava começando com oito páginas, <strong>de</strong> mil foi crescendo também a<br />

tirag<strong>em</strong>... eram pesquisadores cadastrados na Fapesp, então eles recebiam o boletim.<br />

Leila: Era s<strong>em</strong>anal?<br />

Graça: Mensal... Outra coisa chamava-se Agência Fapesp, que não t<strong>em</strong> nada a ver com a Agência<br />

Fapesp hoje. Ela era distribuída especificamente por fax, pouquíssimos jornalistas tinham <strong>em</strong>ail,<br />

tanto releases <strong>de</strong> notícias, pequenas notícias <strong>de</strong> 15 linhas mais ou menos da instituição, quando a<br />

instituição tivesse fazendo ou lançando programa ou tomando... que fosse <strong>de</strong> interesse público, né?<br />

Não <strong>de</strong> interesse específico <strong>de</strong> pesquisador. E ao mesmo t<strong>em</strong>po tinha pautas <strong>de</strong> matérias<br />

jornalísticas: “Projeto apoiado pela Fapesp”. Daí foi que era bastante assim... Nós assinávamos<br />

2


“Comunicação da Fapesp” e era bastante significativa como a imprensa não conhecia a Fapesp.<br />

Nós... no começo a gente recebia muitos telefon<strong>em</strong>as <strong>de</strong> pessoas interessadas <strong>em</strong> reportagens, <strong>em</strong><br />

fazer as matérias, e muitas vezes nos confundiam com <strong>em</strong>presa <strong>de</strong> assessoria <strong>de</strong> imprensa, ou então<br />

achavam que era a Fapesp que fazia a pesquisa. Não havia nenhum conhecimento da Fapesp como<br />

instituição <strong>de</strong> apoio. Lançamento <strong>de</strong> pesquisa feita era um trabalho <strong>de</strong> explicação. Mas isso foi<br />

extr<strong>em</strong>amente com resultados <strong>de</strong> benefícios, porque nós fazíamos uma seleção e pauta <strong>de</strong> um<br />

tratamento, assim, super rigoroso e cuidadoso na abordag<strong>em</strong>, s<strong>em</strong> espetáculo, sensacionalismo, e<br />

isso divulgou bastante a Fapesp e a pesquisa. Nós passamos a ter uma quantida<strong>de</strong> enorme <strong>de</strong><br />

jornalistas querendo matéria, querendo sugestão <strong>de</strong> fonte, querendo... Tanto que já <strong>em</strong> 98 se<br />

chamou outro jornalista (Fernando) para fazer assessoria <strong>de</strong> imprensa, só essa função, que era<br />

aten<strong>de</strong>r os pedidos e solicitações, assessoria <strong>de</strong> imprensa.<br />

Então, uma pessoa veio para cuidar da assessoria na área <strong>de</strong> eventos. Aí <strong>em</strong> 97 houve o lançamento<br />

<strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> <strong>em</strong>presas, com a presença do Covas na Fapesp, era o Governador, Mário Covas,<br />

e isso envolvia toda uma organização, cerimonial... e n<strong>em</strong> eu e n<strong>em</strong> a Mariluce conhecíamos<br />

absolutamente nada disso, como organizar evento, cuidar <strong>de</strong> cerimonial, apresentar... uma pessoa<br />

que apresenta a cerimônia e coor<strong>de</strong>na isso tudo.<br />

Os resultados do PIB que saiu <strong>em</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 97, que <strong>de</strong>finiu os projetos apoiados, o Governador<br />

quis que fosse anunciado no Palácio, então tinha todo aquele trabalho e <strong>de</strong>pois tinha o lançamento<br />

<strong>de</strong> outros programas, então, d<strong>em</strong>andava a comunicação também se ocupar <strong>de</strong> uma outra forma <strong>de</strong><br />

comunicação, que é a organização para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> eventos. Então, <strong>em</strong> 98 veio uma<br />

pessoa para participar <strong>de</strong> eventos. Em 98,por ex<strong>em</strong>plo, a direção da Fapesp quis que a Fapesp<br />

participasse pela primeira da SBPC que era <strong>em</strong> Natal. Então, como organizar? Se duas ou três<br />

pessoas tinha que ir e ainda fazer a organização <strong>de</strong>ssa parte que é para atingir o outro público.<br />

Então, é uma outra forma <strong>de</strong> atuação da comunicação, que <strong>em</strong> 98 teve início.<br />

Leila: E nessa parte <strong>de</strong> eventos, hoje, existe um relações públicas, como que é?<br />

Graça: Não, na área <strong>de</strong> eventos t<strong>em</strong> duas pessoas.<br />

Leila: E eles são formados <strong>em</strong> Relações Públicas?<br />

Graça: Não. A Gerente Adjunta que eu tenho é formada <strong>em</strong> Letras (Marina) e o assessor da gente é<br />

<strong>em</strong> comunicação ligado <strong>em</strong> propaganda e marketing.<br />

Leila: Exist<strong>em</strong> pesquisas internas sobre a Comunicação. Eu li o texto que você e o Heitor<br />

fizeram para a ABJC, então, como é essa parte da pesquisa?<br />

Graça: Não. A gente não t<strong>em</strong> pesquisa. A gente faz os relatórios <strong>de</strong> analises nossos. Internamente a<br />

comunicação faz algumas análises até para verificar as falhas, é uma forma <strong>de</strong> avaliar se está<br />

funcionando e ajustar o que tiver que ajustar, essas coisas assim.<br />

Leila: Bom, e atualmente quais são as áreas que exerc<strong>em</strong> a comunicação? Você comentou dos<br />

eventos, então eu queria saber se t<strong>em</strong> algum <strong>de</strong>partamento para propaganda, para marketing,<br />

e se t<strong>em</strong> alguma coisa terceirizada.<br />

Graça: A Fapesp não faz propaganda, como uma instituição pública, ela não faz publicida<strong>de</strong>.<br />

Então, as áreas que nos t<strong>em</strong>os: eventos, que eu já citei.<br />

Online, o online cuida do portal e dos sites abrigados no portal, o conteúdo, o <strong>de</strong>sign, a atualização<br />

e <strong>de</strong>ntro do online está a Agência Fapesp. O portal e os sites, <strong>de</strong> um modo geral, são veículos <strong>de</strong><br />

divulgação institucional, <strong>em</strong> geral, está divulgando ações e coisas da instituição, a Agência faz um<br />

trabalho <strong>de</strong> divulgação institucional e ao mesmo t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong> porque t<strong>em</strong><br />

3


notícias, t<strong>em</strong> reportagens sobre projetos <strong>de</strong> pesquisa apoiados pela Fapesp. Então, isso é o setor<br />

online como eu falei a atuação.<br />

Eu tenho uma área <strong>de</strong> assessoria <strong>de</strong> comunicação, qual é o trabalho da assessoria <strong>de</strong> comunicação?<br />

É o reativo no sentido <strong>de</strong> atendimento à imprensa, d<strong>em</strong>andas... e o proativo, <strong>de</strong> provocar, propor<br />

reportagens, matérias e tal, seja <strong>de</strong> ações específicas já <strong>de</strong>finidas, por ex<strong>em</strong>plo, lançar novos<br />

programas ou s<strong>em</strong>inários importantes que são realizados na Fapesp, seja também <strong>de</strong> propor coisas<br />

referentes as próprias pesquisas apoiadas.<br />

Leila: E como é essa parte, os veículos, a procura está crescendo cada vez mais? Por dia você<br />

t<strong>em</strong> mais ou menos uma média <strong>de</strong> quantos vocês atend<strong>em</strong>, os veículos?<br />

Graça: A gente t<strong>em</strong> uma média <strong>de</strong> 40 por mês.<br />

Leila: E vocês pautam os veículos que vocês mandam a informação...<br />

Graça: Na verda<strong>de</strong> esses 40 são solicitações. São veículos que entram <strong>em</strong> contato com a Fapesp, ou<br />

porque viram que a Fapesp... ou viram uma pessoa, ou estão fazendo uma matéria sobre<br />

<strong>de</strong>terminado assunto e precisam <strong>de</strong> orientação, <strong>de</strong> pauta. Então essa d<strong>em</strong>anda é a d<strong>em</strong>anda que v<strong>em</strong><br />

dos jornalistas, <strong>de</strong> fora, cerca <strong>de</strong> 40 por mês.<br />

Leila: E vocês pautam as outras Faps também? Elas utilizam matérias <strong>de</strong> vocês?<br />

Graça: É. A Agência Fapesp, ela é distribuída, ela está hoje com 83 mil assinantes, diariamente do<br />

boletim, então muito do material publicado sobre a Fapesp, sobre os t<strong>em</strong>as da Fapesp, são utilizados<br />

no site do Confap.<br />

Leila: Você t<strong>em</strong> informação <strong>de</strong>les (Agência), quais são jornalistas?<br />

Graça: Os repórteres e o editor da Agência são todos jornalistas, o coor<strong>de</strong>nador do Setor online é<br />

jornalista, eu sou jornalista. Aí você t<strong>em</strong> uma pessoa que faz o trabalho administrativo que é<br />

formada <strong>em</strong> comunicação, na área também <strong>de</strong> marketing, duas pessoas como prestadores <strong>de</strong> serviço<br />

na área <strong>de</strong> informática.<br />

Leila: Então, todo serviço <strong>de</strong> comunicação é feito aqui, vocês não terceirizam, assessoria <strong>de</strong><br />

fora...<br />

Graça: Não. Nós t<strong>em</strong>os prestadores <strong>de</strong> serviço para editoração <strong>de</strong> algumas coisas, gráfica, etc, mas<br />

o trabalho todo é feito aqui.<br />

Leila: Bom, eu an<strong>de</strong>i percebendo que a partir <strong>de</strong> um momento algumas matérias saiam assim:<br />

Fapesp pesquisa isso... Não sei se isso talvez ... agora eu acho que <strong>de</strong>u uma amenizada, mas na<br />

sua opinião você acha que isso t<strong>em</strong> a ver com o serviço da assessoria <strong>de</strong> comunicação?<br />

Às vezes saia no jornal, não a instituição que fez... como <strong>Unicamp</strong> ou USP mas sim o nome da<br />

Fapesp como se ela tivesse feito a pesquisa e não apenas financiado, colaborado. Você acha<br />

que isso t<strong>em</strong> a ver com a parte da assessoria? Como você vê isso?<br />

Graça: Se a informação diz que a Fapesp fez aquilo, na verda<strong>de</strong>, é um erro. É um erro do<br />

jornalismo. Nós jamais diss<strong>em</strong>os que a Fapesp faz... a imprensa sabe b<strong>em</strong>, o pessoal que conhece a<br />

Fapesp sabe b<strong>em</strong> qual é o papel da Fundação, que é o apoio, das Faps <strong>em</strong> geral. É possível até que a<br />

pessoa tenha feito uma “cozinha” erroneamente <strong>de</strong> algum outro sitio.<br />

4


Leila: As matérias <strong>de</strong> vocês sa<strong>em</strong> na íntegra? Eles mudam alguma coisa? Como que é isso?<br />

Graça: As matérias da Agência e, evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente, o release ou material da Agência po<strong>de</strong> ser<br />

reproduzido livr<strong>em</strong>ente, <strong>em</strong> geral saí na íntegra, mas também pod<strong>em</strong> tirar, não t<strong>em</strong> probl<strong>em</strong>a<br />

nenhum.<br />

Leila: Eles citam a fonte? Ou você já percebeu...<br />

Graça: A maioria cita a fonte. A maioria, até quando está assinada, coloca o nome do jornalista.<br />

Alguns tiram e assum<strong>em</strong>, às vezes a gente entra <strong>em</strong> contato e tal...<br />

Leila: Bom, então, pelo que eu li do seu artigo, a revista, ela é outro <strong>de</strong>partamento, porque<br />

vocês são divididos <strong>em</strong> duas partes, e eu vou marcar uma entrevista com a Mariluce Moura<br />

para falar sobre a revista, mas a parte do programa <strong>de</strong> rádio....<br />

Graça: Também é da revista.<br />

Leila: Da Gerência, então, são esses veículos que você me falou. E vocês produz<strong>em</strong> mais<br />

alguma coisa como ví<strong>de</strong>o institucional... alguma coisa mais para esse lado?<br />

Graça: É comunicação. A gente fez já t<strong>em</strong> algum t<strong>em</strong>po, mas houve um processo <strong>de</strong> mudança e a<br />

gente não produziu outro ví<strong>de</strong>o ou atualização.<br />

A gente t<strong>em</strong> a parte também o <strong>de</strong> publicações, que aí não inclui a revista, é <strong>de</strong>ntro da comunicação,<br />

um outro setor que faz todos os fol<strong>de</strong>rs e outras publicações voltadas para pesquisadores ou para o<br />

gran<strong>de</strong> público. A gente po<strong>de</strong> ver lá <strong>em</strong> cima alguma coisa para você ter idéia do que é publicação<br />

<strong>de</strong>ntro da Gerência <strong>de</strong> Comunicação. Então, quando você fala... eu não sei se a sua dissertação...<br />

quando você fala assessoria <strong>de</strong> comunicação, o que você chama <strong>de</strong> assessoria <strong>de</strong> comunicação<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa estrutura da Fapesp, que é compl<strong>em</strong>entar. Você t<strong>em</strong> uma Gerência e aqui você vai ter a<br />

assessoria <strong>de</strong> comunicação, o setor online, <strong>de</strong>ntro do online você t<strong>em</strong> duas áreas: uma é do portal e<br />

dos sites, e aqui é só a Agência.<br />

Quando eu digo portal, se você abrir o portal da Fapesp, lá t<strong>em</strong> uma notícia, t<strong>em</strong> vários títulos, t<strong>em</strong><br />

notícias da Fapesp. Então, hoje <strong>de</strong>ve estar um texto, que a gente <strong>de</strong>ve mudar hoje com uma nova<br />

chamada <strong>de</strong> proposta, um convênio internacional, mas estava lá a notícia, chamada proposta com o<br />

convenio Fapesp College. Então, são coisas da instituição, do lado t<strong>em</strong> notícias, estava lá o<br />

resultado da chamada do programa <strong>de</strong> bolsa <strong>de</strong> pesquisa nos Estados Unidos, o Programa Ruth<br />

Cardoso, então, são notícias da instituição. Você t<strong>em</strong> outros sites. Há um menu lá no alto que você<br />

vai ter, por ex<strong>em</strong>plo, pesquisadores e bolsistas, é um site para pesquisadores e para bolsista, para<br />

qu<strong>em</strong> já t<strong>em</strong> projeto, para qu<strong>em</strong> já está... Então, está lá os formulários, valor <strong>de</strong> bolsa, valor <strong>de</strong><br />

diária para não sei o que... como é que se informa, equipamentos, é específico. Então, a maioria dos<br />

sites são voltados para coisas da instituição. A Agência faz um trabalho tanto <strong>de</strong> divulgação<br />

institucional como divulgação <strong>científica</strong>.<br />

Você vai ter uma outra área, <strong>de</strong> publicações. E você vai ter uma outra área que chama CDI, Centro<br />

<strong>de</strong> Documentação e Informação.<br />

Leila: Que a Gerência é responsável?<br />

Graça: Isso. Fica não só a guardar, selecionar coisas relacionadas, documentos e tudo mais, como<br />

também <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse centro está a organização da biblioteca virtual, que é colocar todo o material,<br />

todas as pesquisas apoiadas, o acesso as fontes <strong>de</strong> referências e tal aqui <strong>de</strong>ntro distribuídas. Então,<br />

tudo isso é comunicação visto <strong>de</strong> um modo b<strong>em</strong> amplo.<br />

5


Leila: Do CDI também é jornalista responsável?<br />

Graça: Não, é o pessoal mais <strong>de</strong> biblioteca. Biblioteconomia, documentação, porque t<strong>em</strong> um<br />

trabalho enorme <strong>de</strong> fazer toda essa documentação, então é preciso <strong>de</strong>cidir critérios e normas <strong>de</strong><br />

catalogação.<br />

Leila: E na parte <strong>de</strong> publicações, o que vocês faz<strong>em</strong> é a edição <strong>de</strong>sses textos?<br />

Graça: Às vezes nós faz<strong>em</strong>os publicações <strong>de</strong>... eu vou te mostrar lá <strong>em</strong> cima, nós t<strong>em</strong>os uma pasta<br />

que t<strong>em</strong> fichas <strong>de</strong> projetos, projetos t<strong>em</strong>áticos, por área e tal e ali você t<strong>em</strong> resumos e resultados<br />

científicos. Então digamos que nós fiz<strong>em</strong>os quatro pastas da área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, pastas que contém<br />

fichas, e isso é importante quando se vai para congressos internacionais, reuniões internacionais,<br />

porque ali é o contato, isso aqui é para o contato <strong>de</strong> pesquisador com pesquisador, ou <strong>de</strong> instituição<br />

<strong>científica</strong> com instituição <strong>científica</strong>, é uma coisa muito <strong>de</strong> paper. É saber o que se está pesquisando,<br />

é uma linguag<strong>em</strong> extr<strong>em</strong>amente, para um jornalista, é uma linguag<strong>em</strong> extr<strong>em</strong>amente árdua, porque<br />

é a pesquisa, os <strong>de</strong>talhes da pesquisa para um igual, um par, que vai <strong>de</strong>cidir, vai olhar se a pesquisa<br />

t<strong>em</strong> a ver com o que ele está fazendo, se ele po<strong>de</strong> participar, se <strong>de</strong> alguma forma ele po<strong>de</strong>, ou se sua<br />

instituição po<strong>de</strong> ser afim. Então, existe muita coisa disso, que é voltado para o outro pesquisador<br />

científico para essa participação na pesquisa, essa troca entre os pesquisadores.<br />

Mas, a gente t<strong>em</strong> também publicações muito mais voltada para o público mais leigo, que é, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, reportagens publicadas na revista sobre alguns projetos a gente agrupa e faz livros que<br />

t<strong>em</strong> muito interesse para professor, professores <strong>de</strong> jornalismo. Então, t<strong>em</strong> outras publicações<br />

também reunindo também projetos, aí para um público mais amplo do que esse <strong>de</strong> cientistas, t<strong>em</strong> os<br />

fol<strong>de</strong>res... enfim.<br />

A cada três anos ou quatro anos t<strong>em</strong> os indicadores <strong>de</strong> ciência e tecnologia que nós faz<strong>em</strong>os que nós<br />

faz<strong>em</strong>os a produção editorial.<br />

Leila: Vocês têm um manual <strong>de</strong> redação para a Agência, para o site, para as publicações?<br />

Como é?<br />

Graça: Não.<br />

Leila: A linguag<strong>em</strong> é jornalística, mas não t<strong>em</strong> regras da Fapesp...<br />

Graça: Não...<br />

Leila: E coletiva? Vocês já fizeram coletivas? E <strong>em</strong> que situações vocês costumam chamar<br />

para as coletivas?<br />

Graça: Nós já fiz<strong>em</strong>os coletivas, mas é b<strong>em</strong> <strong>de</strong> cada situação, <strong>de</strong> cada t<strong>em</strong>a. Jornalista não gosta<br />

muito <strong>de</strong> coletiva porque todo mundo recebe a mesma informação. A gente t<strong>em</strong> que ver até que<br />

ponto funciona ou não. Então, você t<strong>em</strong> que adotar ou não, com bastante critério sobre isso. A gente<br />

faz coletivas no lançamento dos indicadores, faz<strong>em</strong>os coletivas com todos os responsáveis pelos<br />

capítulos e jornalistas. Faz<strong>em</strong>os coletivas <strong>em</strong> vários lançamentos <strong>de</strong> programas.<br />

Leila: Há uma aceitação gran<strong>de</strong>? V<strong>em</strong> bastante gente?<br />

Graça: Depen<strong>de</strong>, t<strong>em</strong> algumas que v<strong>em</strong> bastante, mas <strong>de</strong> um modo geral jornalista não gosta muito<br />

<strong>de</strong> coletiva.<br />

6


Leila: Quanto à política <strong>de</strong> comunicação. Você t<strong>em</strong> uma política <strong>de</strong> comunicação? Existe<br />

alguma coisa elaborada? Um documento sobre essa política?<br />

Graça: Não, não t<strong>em</strong> nenhum documento elaborado... Ela elabora o nosso planejamento a partir da<br />

ação, da conversa com a direção da instituição, da observação e da verificação das formas políticas<br />

da instituição, política <strong>científica</strong> da instituição, os caminhos que ela toma e nós vamos traçando a<br />

política <strong>de</strong> comunicação e levando isso <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração.<br />

Leila: Eu vi que vocês faz<strong>em</strong> o CDI né? E o clipping? Vocês faz<strong>em</strong> uma análise <strong>de</strong>ssas notícias<br />

coletadas sobre a instituição, sobre ciência e tecnologia? Há uma análise?<br />

Graça: Nós t<strong>em</strong>os... nós receb<strong>em</strong>os diariamente o clipping da instituição, matérias que citam a<br />

instituição, reportagens e tal...<br />

Leila: Esse clipping é feito pela Gerência?<br />

Graça: Não, esse é um serviço pago. Mesmo assim, diariamente, a gente compl<strong>em</strong>enta esse<br />

clipping lendo jornais, os principais jornais, até porque algumas coisas a gente sabe que é da<br />

Fapesp, que está nos editais da Fapesp, e a gente na hora t<strong>em</strong> que classificar isso. Existe<br />

eletronicamente no site o Fapesp na Mídia, on<strong>de</strong> são diariamente inseridas essas matérias. Agora,<br />

são inseridas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> alguns critérios, não são todas as informações, se a matéria estiver errada, eu<br />

não vou colocar a matéria, porque eu estarei dando aval àquela matéria. Se alguém disse que a faz<br />

Fapesp dá curso <strong>de</strong> mestrado no exterior, eu não posso colocar no meu site, estou validando que dá,<br />

e não dá.<br />

Então, t<strong>em</strong> matérias que a gente coloca. A gente t<strong>em</strong> os critérios lá. N<strong>em</strong> tudo que aparece lá é do<br />

site da Fapesp. Se eu <strong>de</strong>r uma reportag<strong>em</strong>, ou se eu fizer um release, sair na Agência Fapesp e essa<br />

matéria for retransmitida <strong>de</strong>z vezes, eu não vou colocar <strong>de</strong>z vezes no Fapesp na Mídia. A gente<br />

coloca uma e as outras estão guardadas <strong>em</strong> uma outra área não visível do público.<br />

Leila: Na sua opinião como é a imag<strong>em</strong> da Fapesp para socieda<strong>de</strong> e para a imprensa?<br />

Graça: A imag<strong>em</strong> da Fapesp eu acho que é excelente. A Fapesp <strong>em</strong> 2009, ela foi clipada cerca <strong>de</strong><br />

6300 vezes, isso dá quase 17 vezes por dia sendo tratada <strong>de</strong> uma maneira positiva.<br />

Leila: Para você qual é a função da Gerência <strong>de</strong> Comunicação <strong>de</strong>ntro da construção <strong>de</strong>ssa<br />

imag<strong>em</strong>?<br />

Graça: Como eu te falei, lá atrás a Fapesp era completamente <strong>de</strong>sconhecida. Ela era muito<br />

conhecida para a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>, como alguém que fizesse, que a apoiasse a pesquisa e tal,<br />

mas mesmo a comunida<strong>de</strong> não t<strong>em</strong> conhecimento da abrangência da ação <strong>de</strong>la. O jornalista não<br />

sabia qu<strong>em</strong> era Fapesp. Esse conhecimento t<strong>em</strong> muito a ver com a ação da comunicação e a maneira<br />

como a comunicação s<strong>em</strong>pre tratou a notícia, <strong>de</strong> uma maneira muito ética tanto para o pesquisador<br />

quanto <strong>em</strong> relação ao jornalista, <strong>de</strong> uma maneira bastante serena, eu diria, porque essa coisa <strong>de</strong><br />

tornar a ciência um espetáculo, essa coisa... isso s<strong>em</strong>pre fugiu, nunca foi a abordag<strong>em</strong>. Tentar<br />

mostrar que a ciência é como um processo com muitas etapas, não querer chegar... “cheguei e<br />

<strong>de</strong>scobri” e coisa assim...<br />

In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> notícia, também tratar o jornalista <strong>de</strong> uma forma muito transparente. Eu acho que<br />

contribuiu bastante. Eu acho que contribuiu bastante para a visão da Fapesp e também acho que<br />

contribuiu bastante para o noticiário <strong>de</strong> ciência.<br />

Leila: E hoje quais os maiores <strong>de</strong>safios que a Gerência enfrenta?<br />

7


Graça: O gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio é dar conta do volume <strong>de</strong> coisas que a Fapesp t<strong>em</strong> para ser anunciado. Eu<br />

falei que a Fapesp t<strong>em</strong> <strong>de</strong>z mil bolsas <strong>em</strong> andamento, tudo isso t<strong>em</strong> muita coisa, n<strong>em</strong> tudo, mas<br />

muitas são notícias, notícias <strong>de</strong> divulgação.<br />

Leila: Vocês têm planos <strong>de</strong> aumentar a equipe?<br />

Graça: Sim, a idéia é s<strong>em</strong>pre... Quer dizer, exist<strong>em</strong> outros <strong>de</strong>safios também. O <strong>de</strong>safio é trabalhar<br />

com muito mais informação do que a gente nesse momento t<strong>em</strong> condições <strong>de</strong> divulgar.<br />

Leila: Agora a gente vai entrar aqui nas relações da Fapesp com a comunida<strong>de</strong>. Como que a<br />

Gerência faz com que a Fapesp mantenha relações com o Governo, com a socieda<strong>de</strong>? Como<br />

que é?<br />

Graça: Olha, o trabalho da Gerência, o relacionamento da Gerência fora, com outras instituições, se<br />

dá fundamentalmente como relação <strong>de</strong> trabalho. Quando... nós não t<strong>em</strong>os diretamente nenhuma<br />

relação, assim, com Governo, com secretarias, direta todo t<strong>em</strong>po. Quando a gente vai <strong>de</strong>senvolver<br />

um trabalho com alguma Secretaria específica a gente faz esse contato, mas não t<strong>em</strong> um trabalho<br />

constante nisso.<br />

Leila: Para você, qual a importância da divulgação <strong>científica</strong> para a socieda<strong>de</strong>?<br />

Graça: Olha, é fundamental. Estamos cada vez mais e vamos continuar cada vez mais <strong>em</strong> uma<br />

socieda<strong>de</strong> on<strong>de</strong> ciência e tecnologia vão estar a frente. Tiv<strong>em</strong>os revoluções industriais, <strong>de</strong> uma outra<br />

natureza, revoluções do conhecimento, é importante que saibam o que está se passando, se<br />

posicion<strong>em</strong> sobre o que está acontecendo, <strong>de</strong>cida. Informação <strong>em</strong> ciência e tecnologia é<br />

fundamental.<br />

Leila: Eu tenho também pesquisado que a Gerência <strong>de</strong> Comunicação é ex<strong>em</strong>plo para outras<br />

instituições <strong>de</strong> pesquisa. Eu queria saber, na sua opinião, qual a importância <strong>de</strong> se ter uma<br />

área <strong>de</strong> comunicação estruturada <strong>em</strong> uma agência <strong>de</strong> fomento, <strong>em</strong> uma instituição <strong>de</strong><br />

pesquisa?<br />

Graça: A gente s<strong>em</strong>pre recebe Faps, ou outras instituições querendo conhecer, querendo ver como<br />

funciona, querendo adaptar a Agência, por ex<strong>em</strong>plo, que o pessoal t<strong>em</strong> bastante interesse <strong>em</strong> criar,<br />

abrir outras agências e é muito saudável que isso aconteça. Quanto mais a divulgação ocorrer<br />

melhor. É saudável essa troca, esse dinamismo. Para a Gerência <strong>de</strong> Comunicação da Fapesp ter essa<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ajudar, <strong>de</strong> colaborar... Porque uma agência <strong>de</strong> fomento, da mesma forma como eu<br />

te falei que divulgação <strong>científica</strong>... a socieda<strong>de</strong> ter conhecimento do se faz <strong>em</strong> ciência e tecnologia é<br />

fundamental.<br />

Então, está aí a importância <strong>de</strong> uma instituição que fomenta pesquisa prestar esse serviço. Ela ajuda<br />

uma pesquisa. É o momento <strong>de</strong>la também divulgar o significado <strong>de</strong>ssa pesquisa, porque ela está<br />

ajudando e nesse momento os resultados também vão estar contribuindo para que a socieda<strong>de</strong><br />

formule uma análise, tenha condições <strong>de</strong> fazer a sua análise.<br />

Leila: Eu coloquei aqui a gerenciamento <strong>em</strong> situações <strong>de</strong> crise. Bom, qu<strong>em</strong> fala nessas<br />

situações, qu<strong>em</strong> fala pela Fapesp? Vocês faz<strong>em</strong> media trainning para entrevista dos<br />

dirigentes?<br />

Graça: Normalmente qu<strong>em</strong> fala pela Fapesp são só os dirigentes. Em geral eles conhec<strong>em</strong> b<strong>em</strong>. A<br />

gente faz, às vezes, <strong>em</strong> algumas situações esse trabalho <strong>de</strong> media tranning, <strong>em</strong> situações específicas.<br />

8


Se a gente percebeu interesse da imprensa, e on<strong>de</strong>, como orientar para que isso seja feito, seja<br />

respondido da forma mais acontento. Em situações específicas.<br />

Leila: O assessor acompanha a entrevista ou não? Como é?<br />

Graça: Em alguns casos. Não <strong>em</strong> todos.<br />

Leila: Como é a relação da Gerência <strong>de</strong> Comunicação com as <strong>assessorias</strong> da outras Faps.<br />

Porque eu vi que existe o GTCom, que é um grupo das <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação e eu queria<br />

saber como é...<br />

Graça: Nós t<strong>em</strong>os pouco contato com eles, principalmente, por ex<strong>em</strong>plo, o GTCom vai fazer um<br />

evento dia 24 e 25 <strong>em</strong> Brasília recebendo a Conferência Nacional. Nós t<strong>em</strong>os dia 24 e 25 aqui <strong>em</strong><br />

São Paulo... a Fapesp organiza um evento enorme internacional sobre bicombustíveis. Eu não tenho<br />

gente para sair daqui e ir para a reunião do Confap. Então, nós t<strong>em</strong>os tido, assim, <strong>em</strong> vários<br />

momentos, coincidências, assim, muito gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sobreposição <strong>de</strong> eventos nossos com a reunião<br />

do GTCom. Teve um na Bahia também, acho que alguns anos atrás que chegamos a planejar tal,<br />

“vamos cumprir o contato tal...” e tinham coisas aqui enormes acontecendo<br />

Leila: E você acha importante essa parceria entre as <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação?<br />

Graça: Sim.<br />

Leila: Você acha que mais unidas... porque assim, tirando a Fapesp e talvez a Fap<strong>em</strong>ig, eu<br />

acho que as outras não têm uma área <strong>de</strong> comunicação muito influente. Com essa parceria<br />

você consi<strong>de</strong>ra que as outras Faps...<br />

Graça: Sim é... A Fapesp é maior e no que ela pu<strong>de</strong>r ajudar e colaborar para estímulo é<br />

fundamental. A Fapesp teve uma presença muito gran<strong>de</strong>, não a comunicação, a Fundação, fixando o<br />

Confap. Não se chamava n<strong>em</strong> Confap. A primeira vez, <strong>em</strong> 98, na reunião da SBPC <strong>em</strong> Natal... A<br />

reunião da SBPC <strong>em</strong> Natal teve <strong>em</strong> paralelo a primeira reunião <strong>de</strong> Faps, muitos não tinha Fap<br />

(ainda), eram <strong>de</strong>partamentos <strong>de</strong> alguma secretaria <strong>de</strong> ciência, alguma coisa assim, que foi<br />

organizada aqui pela Fapesp lá <strong>em</strong> Natal. Era o diretor-presi<strong>de</strong>nte (Francisco Romeu Landi) que na<br />

época... <strong>de</strong>pois ele organizou... nós organizamos aqui <strong>em</strong> São Paulo a segunda reunião e aí se criou<br />

o Fórum das Faps, que gerou um documento. Depois ele foi presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>sse Fórum das Faps.<br />

Quando ele faleceu <strong>em</strong> 2004 ele era presi<strong>de</strong>nte, tinha sido reconduzido e era o presi<strong>de</strong>nte e aí <strong>de</strong>ram<br />

o nome do Fórum das Faps Francisco Romeu Landi. Porque não era só na organização do Fórum,<br />

ele foi, por ex<strong>em</strong>plo, à Ass<strong>em</strong>bléia Legislativa <strong>de</strong> Sergipe apresentar o trabalho da Fapesp e falar<br />

aos <strong>de</strong>putados sobre a importância <strong>de</strong> se ter uma agência <strong>de</strong> fomento à pesquisa para o própria<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do Estado. Isso é uma forma <strong>de</strong> sensibilizar os <strong>de</strong>putados na hora <strong>de</strong> votar sobre a<br />

criação da Fap. E Ele fez isso <strong>em</strong> Sergipe, a convite, ele não chegou lá... Fez isso <strong>em</strong> Sergipe, fez<br />

isso na Bahia... Era uma forma <strong>de</strong> mostrar e foram criadas Faps <strong>em</strong> diversos estados com esse apoio<br />

direto <strong>de</strong>le. Esse apoio na forma <strong>de</strong> test<strong>em</strong>unho da importância <strong>de</strong> uma Fundação. Então da mesma<br />

forma a comunicação, a gente acha importante, quanto mais...<br />

Leila: Sim. Para você como que a Fapesp participa na formação da política <strong>científica</strong> do<br />

Brasil? A Fapesp e a Gerência <strong>de</strong> Comunicação.<br />

Graça: É, isso é mais... fundamental você conversar com outras pessoas a respeito e tal sobre o<br />

papel da Fapesp na política <strong>científica</strong> nacional... mas a Fundação t<strong>em</strong>... ela <strong>de</strong>fine muito claramente<br />

priorida<strong>de</strong>s, estabelece junto com a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> necessida<strong>de</strong>s a partir da própria<br />

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comunida<strong>de</strong> e a partir <strong>de</strong> fragilida<strong>de</strong>s do sist<strong>em</strong>a e tudo mais... dificulda<strong>de</strong>. Muita das coisas que a<br />

Fapesp propõe <strong>em</strong> algum momento mais adiante se transforma também <strong>em</strong> uma ação nacional. É o<br />

caso, por ex<strong>em</strong>plo, do próprio Programa PIPE que <strong>de</strong>pois se transformou, quer dizer, <strong>em</strong> nível<br />

nacional se transformou no Programa PAPE que é o Programa <strong>de</strong> Apoio à Pesquisa <strong>em</strong> Pequenas<br />

Empresas. Então, t<strong>em</strong> algumas coisas que estão próximas do trabalho <strong>de</strong>ssa percepção algumas<br />

vezes <strong>em</strong> São Paulo, porque <strong>em</strong> São Paulo essa percepção... aqui t<strong>em</strong> essa particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento científico, <strong>de</strong> d<strong>em</strong>anda e tal. Não é que surgiu aqui porque é melhor do que outros<br />

lugares.<br />

Leila: Bom, para terminar eu gostaria <strong>de</strong> saber se os recursos que são dirigidos para parte <strong>de</strong><br />

comunicação, se eles são suficientes... Como que a Fapesp trabalha?<br />

Graça: B<strong>em</strong>. Em geral a Fapesp aten<strong>de</strong> a d<strong>em</strong>anda da comunicação. Muitas vezes nós precisamos<br />

<strong>de</strong> pessoal, mas nós t<strong>em</strong>os um probl<strong>em</strong>a porque aí <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> toda a Fundação, que é espaço.<br />

Leila: Bom, do meu roteiro era mais ou menos isso, se tiver mais alguma coisa para<br />

acrescentar.<br />

Graça: Depois a gente vê alguns dados para justificar e verificar exatamente como se enquadra...<br />

Leila: Eu posso ficar com essa folha?<br />

Graça: Se você enten<strong>de</strong>r... Depois você pega um programa...<br />

Leila: É, eu tenho aquele texto seu e do Heitor que explica b<strong>em</strong> mesmo. Eu queria mesmo<br />

dados mais recentes. Você falou que vai sair os dados agora...<br />

Graça: Uma coisa é a comunicação, agora eu não sei se você está pegando trabalho <strong>de</strong><br />

comunicação ou trabalho <strong>de</strong> assessoria...<br />

Leila: Não, é <strong>de</strong> toda a comunicação mesmo, toda essa parte.<br />

Graça: Porque aqui t<strong>em</strong> comunicação. Eu acho que a maioria das Faps, até porque eles estão mais<br />

se formando, então, é mais assessoria.<br />

Leila: Eu entendi. É b<strong>em</strong> interessante essa estrutura.<br />

Graça: Na verda<strong>de</strong> a gente trabalha s<strong>em</strong>pre um trabalho <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong> e <strong>de</strong> divulgação<br />

institucional, mas s<strong>em</strong>pre... a gente pega várias vertentes, várias formas <strong>de</strong> divulgar. Mesmo o CDI<br />

é uma forma <strong>de</strong> divulgação na medida <strong>em</strong> que você t<strong>em</strong> lá bancos <strong>de</strong> dados, os projetos que já<br />

foram apoiados pela instituição. Você po<strong>de</strong> colocar um nome, uma palavra chave e vir uma relação<br />

<strong>de</strong> projetos com os resumos, com os links, on<strong>de</strong> foi publicado, on<strong>de</strong> t<strong>em</strong> paper relacionado com<br />

aquele t<strong>em</strong>a. Então, é uma forma também <strong>de</strong> divulgação ampla.<br />

Leila: Eu achei b<strong>em</strong> interessante. Pelo que eu estou pesquisando vocês são pioneiros nessa<br />

parte da comunicação tão ampla mesmo, e também na parte <strong>científica</strong>, tanto que dá para ser<br />

pesquisado <strong>em</strong> um trabalho <strong>de</strong> mestrado. A minha orientadora falou mesmo que a Fapesp é<br />

um bom objeto. Era isso.<br />

Graça: E aí a gente passa algumas publicações para você ter uma idéia disso.<br />

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2. ENTREVISTA COM HEITOR SHIMIZU<br />

Entrevista realizada com o jornalista e coor<strong>de</strong>nador da área do Setor online da Gerência <strong>de</strong><br />

Comunicação da Fapesp, pessoalmente na se<strong>de</strong> da Fundação no dia 17 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2010.<br />

Leila Cristina Bonfietti Lima: T<strong>em</strong> vários gráficos...<br />

Heitor Shimizu: Dados sobre a Agência você po<strong>de</strong> me pedir e eu posso te levantar...<br />

Leila: Ah ta, aí eu te mando um <strong>em</strong>ail... eu vi que você apresentou vários gráficos no Foro<br />

(Iberoamericano <strong>de</strong> <strong>Divulgação</strong> Científica – <strong>Unicamp</strong> 2009), talvez fosse interessante...<br />

Heitor: É só direcionar o que você precisa que eu te passo.<br />

Leila: Eu queria que você me falasse sobre a sua formação. Você é jornalista?<br />

Heitor: Eu sou jornalista. Trabalho com internet e reportagens. Já trabalhei no grupo UOL e na<br />

Fapesp estou há uns seis anos mais ou menos.<br />

Leila: S<strong>em</strong>pre trabalhou com jornalismo científico?<br />

Heitor: S<strong>em</strong>pre com jornalismo científico. Comecei na Superinteressante.<br />

Leila: Você é coor<strong>de</strong>nador da Agência?<br />

Heitor: Da Agência e também do portal, dos sites ligados a Fapesp.<br />

Leila: São todos jornalistas que trabalham com você?<br />

Heitor: Jornalistas e pessoas com funções técnicas. Pessoal equivalente ao Rony lá no <strong>Labjor</strong>.<br />

Leila: Você está <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da Agência?<br />

Heitor: Estou <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início. Des<strong>de</strong> 2003 quando foi lançada pelo Prof. Vogt.<br />

Leila: E como foi esse inicio?<br />

Heitor: Então, o Prof teve essa idéia no começo <strong>de</strong> 2003 e foi justamente <strong>em</strong> uma época que<br />

estávamos reformulando o portal e a idéia <strong>de</strong>le era fazer uma Agência para divulgar a Cultura<br />

Científica e que divulgasse notícia nacional, que divulgasse não só notícias da Fapesp, mas também<br />

<strong>de</strong> outros estados, do Brasil inteiro. Que fosse eletrônico, que tivesse um custo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

baixo, que pu<strong>de</strong>sse ter uma equipe pequena, uma coisa enxuta, mas que ao mesmo t<strong>em</strong>po alcançasse<br />

o país inteiro. Então, era uma idéia ambiciosa que a gente achou que daria certo e po<strong>de</strong>ria ser feito.<br />

Isso foi <strong>em</strong> 2003 e logo que a gente começou, não começamos diretamente do zero, a gente<br />

começou com 10 mil usuários que já eram os <strong>em</strong>ails que a gente tinha cadastrados como<br />

pesquisadores e bolsistas da Fapesp. Hoje a gente t<strong>em</strong> 83 mil (cadastros para receber o boletim da<br />

Agência) e começamos com 10 mil, então, já pegamos uma massa crítica <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

início já tiv<strong>em</strong>os certo impacto.<br />

Logo no começo as matérias que a gente publicou começaram a repercutir e a ser<strong>em</strong> replicadas por<br />

jornais, revistas e principalmente veículos eletrônicos, já que é uma Agência online, então, os<br />

11


veículos publicam muito as nossas notícias. E t<strong>em</strong> ido b<strong>em</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2003 a gente v<strong>em</strong> crescendo<br />

bastante. É uma equipe muito pequena e o alcance não teve um salto muito gran<strong>de</strong>, t<strong>em</strong> um<br />

crescimento constante.<br />

Leila: Como é o relacionamento da Gerência <strong>de</strong> Comunicação com as outras Faps?<br />

Heitor: Nesse período todo que a gente ta aqui, hoje n<strong>em</strong> tanto, principalmente no começo quando<br />

tinha o Prof Vogt e o Prof Landi, eles eram muito ligados às Faps. O professor Landi foi o primeiro<br />

presi<strong>de</strong>nte (do Confap), hoje o Fórum das Faps leva o nome <strong>de</strong>le (Landi), uma pessoa que gostava<br />

muito do conceito <strong>de</strong> união das Faps. A gente s<strong>em</strong>pre teve contato com o pessoal das Faps e a partir<br />

da Fapesp, as Fundações começaram a perceber a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> divulgar o que eles faz<strong>em</strong>, não só<br />

para a sua fundação mas também para os interessados <strong>em</strong> ciência e tecnologia no estado. Isso <strong>em</strong><br />

todos os estados. Há estados on<strong>de</strong> a Fap já é b<strong>em</strong> estruturada, como a Faperj e a Fap<strong>em</strong>ig e também<br />

há umas menores, que inclusive a gente até ajudou no lançamento <strong>de</strong> algumas <strong>de</strong>las. Eu fui para<br />

Manaus, conversei com o pessoal da Fapeam enquanto eles estavam no lançamento do serviço<br />

<strong>de</strong>les. Na verda<strong>de</strong>, a Agência Fapesp serviu <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo para vários veículos <strong>de</strong>ssas Faps, para a<br />

própria Fapeam; a Fapern que agora também está planejando uma revista. Então, é meio chato até<br />

falar isso, mas ao mesmo t<strong>em</strong>po é verda<strong>de</strong>iro, não é o nosso objetivo, mas acabamos servindo como<br />

mo<strong>de</strong>lo, não só o que a gente faz <strong>de</strong> divulgação, mas a Fapesp como um todo também serviu <strong>de</strong><br />

mo<strong>de</strong>lo para eles também.<br />

Leila: Você falou das dificulda<strong>de</strong>s do inicio e atualmente quais dificulda<strong>de</strong>s e expectativas?<br />

Heitor: A gente t<strong>em</strong> probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong> espaço, não cabe mais gente ali. A idéia era fazer um mo<strong>de</strong>lo<br />

(parceria), a gente teve contato com uns outros serviços, até lá no foro (<strong>Unicamp</strong>) eu conversei com<br />

um pessoal da Espanha, da América Latina para fazer isso, mas por enquanto ainda está no patamar<br />

das idéias, nada concreto.<br />

Leila: Em sua opinião, qual a importância <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong> b<strong>em</strong><br />

estruturada <strong>em</strong> uma Agência <strong>de</strong> fomento ou instituição <strong>de</strong> pesquisa para a socieda<strong>de</strong>?<br />

Heitor: <strong>Divulgação</strong> é fundamental. É interessante, não sei se a Graça (Mascarenhas) comentou isso,<br />

mas a gente que trabalha com divulgação há muito t<strong>em</strong>po, hoje, 2010, a gente pega um momento<br />

legal. Os cientistas hoje têm plena convicção <strong>de</strong> que se precisa divulgar porque afinal <strong>de</strong> contas<br />

muito do que ele recebe para fazer a sua pesquisa v<strong>em</strong> do dinheiro do Estado, ou seja, um dinheiro<br />

público, e a divulgação é uma forma <strong>de</strong> ele prestar contas do que ele está fazendo, mas isso n<strong>em</strong><br />

s<strong>em</strong>pre foi assim. Os cientistas há uns 20 anos atrás, menos até, não queriam n<strong>em</strong> saber. Se você<br />

falasse: “Eu queria fazer uma matéria sobre isso” ele ia dizer: “Ah ninguém vai enten<strong>de</strong>r” “Ah isso<br />

daqui é pesquisa básica, um negócio super hermético e ninguém vai enten<strong>de</strong>r”. Hoje não, hoje o<br />

cientista, principalmente o cientista da geração mais jov<strong>em</strong>, e mesmo os mais antigos, já estão<br />

pensando diferente.<br />

Hoje, eu não estou acrescentando nada dizendo isso, porque hoje toda instituição já t<strong>em</strong> uma área <strong>de</strong><br />

divulgação, que inclui assessoria <strong>de</strong> imprensa ou comunicação, os veículos <strong>de</strong> divulgação que po<strong>de</strong><br />

ser uma revista, newsletter, jornal, um folheto que seja, e muitos uma Agência ou um veículo<br />

noticioso via internet, porque t<strong>em</strong> um custo mais baixo <strong>de</strong> produção, é mais rápido, mas ágil, t<strong>em</strong><br />

todas essas vantagens, então para uma instituição como uma universida<strong>de</strong>, uma secretaria <strong>de</strong><br />

qualquer área <strong>científica</strong>, uma Fap, isso é fundamental, é uma maneira <strong>de</strong> você prestar contas para a<br />

socieda<strong>de</strong>, <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r divulgar as pesquisas que você está apoiando, quais os resultados <strong>de</strong>la e uma<br />

maneira <strong>de</strong> você chegar ao público <strong>em</strong> geral e divulgar isso que o Prof. Vogt chama <strong>de</strong> Cultura<br />

Científica, ou seja, você vai aumentando essa cultura, como se fosse uma espiral, ela sobe e <strong>de</strong>sce e<br />

forma esse gran<strong>de</strong> bolo.<br />

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Leila: Você t<strong>em</strong> alguma coisa para acrescentar?<br />

Heitor: Eu acho que não. E aí você está fazendo mestrado né? E está <strong>em</strong> andamento?<br />

Leila: Isso. Estou exatamente no meio do mestrado. Tenho bolsa da Fapesp e tenho que<br />

entregar o relatório agora no meio do ano. Eu já escrevi dois capítulos teóricos e agora eu vou<br />

entrar no objeto mesmo que é vocês, então <strong>de</strong> agora <strong>em</strong> diante eu vou entrando <strong>em</strong> contato.<br />

Heitor: Tudo o que você precisar você pe<strong>de</strong>, entra <strong>em</strong> contato com a gente que a gente levanta para<br />

você. Fica a vonta<strong>de</strong>.<br />

Leila: Vou marcar com a Mariluce também.<br />

Heitor: Eu acho importante e fundamental, porque o papel da revista também é muito importante,<br />

não só da revista, como a Mariluce também. Ela e a Graça (Mascarenhas) são pioneiras nessa<br />

divulgação institucional. Elas estão na Fapesp há mais <strong>de</strong> 10 anos. Quando elas chegaram o cenário<br />

era completamente diferente. Isso não é tão antigo assim não. Eu l<strong>em</strong>bro que <strong>em</strong> 98, se não me<br />

engano, quando a gente lançou a Época (eu estava na equipe <strong>de</strong> produção da revista Época) a gente<br />

recebia pauta da Fapesp por fax. Era um fax que chegava com duas ou três pautas: “Pesquisador<br />

<strong>de</strong>senvolve não sei o que...” e a gente ligava e fazia as matérias. Hoje já t<strong>em</strong> a Agência e diversas<br />

maneiras <strong>de</strong> chegar até o jornalista. Mas era o começo né? O começo on<strong>de</strong>... Teve um momento<br />

on<strong>de</strong> você fazia mais matérias sobre pesquisas feitas fora do Brasil, como nos Estados Unidos, do<br />

que no Brasil. É obvio, existia uma divulgação muito maior lá fora do que aqui <strong>de</strong>ntro. Hoje a coisa<br />

já estabilizou. Claro que o alcance <strong>de</strong>les é muito maior, eles t<strong>em</strong> muito mais publicações e muito<br />

mais instituições e invest<strong>em</strong> mais <strong>em</strong> pesquisa. Então se você liga um Jornal Nacional a noite, você<br />

vê: “Cientistas <strong>de</strong>scobr<strong>em</strong> não sei o que...”, invariavelmente são cientistas americanos, mas o<br />

número <strong>de</strong> pesquisas <strong>de</strong> institutos brasileiros já é muito gran<strong>de</strong>. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Globo Repórter<br />

feito com cientistas (brasileiros) hoje, era uma coisa impensável alguns anos atrás. Ont<strong>em</strong> mesmo<br />

eu vi o Paulo Saldiva e o Anthony Wong, dois especialistas <strong>em</strong> toxicologia e outro <strong>em</strong> poluição e<br />

são caras da USP e pesquisadores super capacitados que viraram figurinha carimbada na nossa<br />

mídia porque eles falam b<strong>em</strong>.<br />

Leila: É isso. Muito obrigada.<br />

3. ENTREVISTA COM MARILUCE MOURA<br />

Entrevista realizada com a jornalista e Diretora <strong>de</strong> Redação da Revista Pesquisa Fapesp,<br />

pessoalmente na redação da Revista no dia 14 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2010.<br />

Leila Cristina Bonfietti Lima: Eu fiz estágio <strong>em</strong> assessoria, mas não <strong>de</strong> instituição <strong>de</strong> pesquisa.<br />

Quando eu fui para a Embrapa eu gostei bastante, porque eu sou muito curiosa e conheci<br />

assuntos que nunca...<br />

Mariluce Moura: Você é b<strong>em</strong> nova né?<br />

Leila: Tenho 25.<br />

Mariluce: É!<br />

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Leila: Então, para começar eu queria que você contasse um pouco como foi o processo <strong>de</strong><br />

divulgação <strong>científica</strong> na Fapesp. A proposta inicial da instituição, como foi? Que visão que os<br />

dirigentes tinham? Que apoio que você tinha dos dirigentes? Como era a linguag<strong>em</strong>, recursos,<br />

espaço físico?<br />

Mariluce: Assim, eu comecei a trabalhar na Fapesp <strong>em</strong> abril <strong>de</strong> 95. Na verda<strong>de</strong> o que aconteceu: eu<br />

tinha saído da Gazeta Mercantil on<strong>de</strong> eu fui editar tecnologia e <strong>em</strong> 94 me chamaram para fazer a<br />

assessoria <strong>de</strong> comunicação geral na Secretaria <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia. Fui secretária do Roberto<br />

Villas Filho que era, tinha sido, era ainda, vice-presi<strong>de</strong>nte da Gazeta Mercantil. E aí eu estava<br />

querendo sair do jornal e ele disse: Então venha trabalhar comigo. E eu fui.<br />

Lá no trabalho na assessoria <strong>de</strong> comunicação da Secretaria <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia eu tinha muito<br />

contato com o pessoal... com os reitores das universida<strong>de</strong>s estaduais paulistas e com o pessoal da<br />

Fapesp também, além do pessoal da Faperj, enfim, outras pessoas ligadas à ciência e tecnologia.<br />

Na verda<strong>de</strong> eu vim para São Paulo para trabalhar com divulgação <strong>de</strong> ciência e tecnologia. Eu fiz<br />

jornalismo econômico muitos anos. Em 88 eu fui para o CNPq, <strong>de</strong>sisti <strong>de</strong> fazer jornalismo<br />

econômico e aí pintou uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ir para o CNPq, e no CNPq <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> estar lá há alguns<br />

meses fazendo assessoria <strong>de</strong> comunicação, eles propuseram que eu fizesse um projeto novo para a<br />

Revista Brasileira <strong>de</strong> Tecnologia, RBT, era uma revista b<strong>em</strong> interessante, naquele momento tinha<br />

cinco mil ex<strong>em</strong>plares, era mensal, e era editada por um grupo <strong>de</strong> jornalistas, um grupo pequeno <strong>de</strong><br />

jornalistas, mas o CNPq estava querendo fazer algumas mudanças e tal, estava querendo que a<br />

revista que a revista fosse feita <strong>em</strong> São Paulo ao invés <strong>de</strong>... Na época o Pavan, o Crodowaldo Pavan,<br />

era presi<strong>de</strong>nte do CNPq e a idéia <strong>de</strong>les... como São Paulo tinha uma produção <strong>científica</strong> muito mais<br />

significativa naquela ocasião do que Brasília, etc, a idéia <strong>de</strong>les era que a revista tivesse sua se<strong>de</strong> <strong>em</strong><br />

São Paulo e não <strong>em</strong> Brasília. Então, eu estava na assessoria <strong>de</strong> comunicação, tinha um coor<strong>de</strong>nador<br />

geral <strong>de</strong> comunicação, que tinha sido meu chefe no Jornal do Brasil, João Batista L<strong>em</strong>os, e ai houve<br />

a proposta para que eu mudasse, eu gostava muito <strong>de</strong> fazer jornal e revista, e aí a proposta era que<br />

eu mudasse o projeto da revista do CNPq, eu fiz isso e também topei mudar para cá para<br />

<strong>de</strong>senvolver a revista aqui a partir <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 89.<br />

Leila: Antes você morava <strong>em</strong> Brasilía?<br />

Mariluce: Isso. Fazia jornalismo econômico <strong>em</strong> Brasília, fui para o CNPq e veio essa proposta. Eu<br />

já estava afim mesmo <strong>de</strong> sair <strong>de</strong> Brasília, queria fazer doutorado na <strong>Unicamp</strong>. Então eu vim e aí<br />

fiz<strong>em</strong>os um acordo entre o CNPq e a Secretaria <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia, na época o secretário era<br />

Luiz Gonzaga Belluzo, professor da <strong>Unicamp</strong>, e nós fiz<strong>em</strong>os um acordo, e eu consegui montar uma<br />

redação da revista do CNPq aqui <strong>em</strong> São Paulo, r<strong>em</strong>o<strong>de</strong>lamos e tal. Inauguramos o projeto novo <strong>em</strong><br />

set<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 89, foi lançada a revista toda r<strong>em</strong>o<strong>de</strong>lada, b<strong>em</strong> legal, com uma equipe boa <strong>de</strong><br />

jornalistas. Essa RBT saiu somente <strong>em</strong> set<strong>em</strong>bro e outubro, pelo seguinte, <strong>em</strong> outubro o país estava<br />

naquele nível <strong>de</strong> inflação alucinante. Você com 25 anos não t<strong>em</strong> noção como é uma inflação que<br />

sobe todo dia. Sua conta bancária ter que ser corrigida toda dia, então era uma coisa alucinada e o<br />

CNPq ficou com dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> dinheiro para bancar a revista.<br />

Na época houve uma proposta <strong>de</strong> que fosse feita uma licitação para que a revista pu<strong>de</strong>sse ser<br />

elaborada por uma <strong>em</strong>presa brasileira <strong>de</strong> comunicação, <strong>em</strong>bora o título continuasse pertencendo ao<br />

CNPq, e várias <strong>em</strong>presas se inscreveram para essa licitação, eu acho que incluindo a Editora Globo,<br />

a Gazeta Mercantil com certeza, ela na época fazia algumas revistas, tipo a revista <strong>de</strong> informática e<br />

umas outras revistas técnicas. Então várias <strong>em</strong>presas, entre pequenas, médias gran<strong>de</strong>s, se<br />

inscreveram na licitação, só que aí Collor ganhou a eleição, e ele ganhou a eleição e teve aquele<br />

Plano Collor e simplesmente <strong>de</strong>scapitalizou todo mundo, todas as <strong>em</strong>presas <strong>de</strong>sse país, todas as<br />

poupanças, contas foram bloqueadas e imediatamente todas as <strong>em</strong>presas cancelaram sua<br />

participação na licitação. O CNPq não tinha recursos mais para bancar a revista e a revista foi<br />

fechada. Isso no começo <strong>de</strong> 1990.<br />

14


Aí essa história toda, eu voltei, fui para a Gazeta Mercantil, estruturei a editoria <strong>de</strong> tecnologia, nessa<br />

estruturação, nesse trabalho na Gazeta Mercantil eu conheci a Fapesp. O Franco Montoro, quando a<br />

Fapesp fez 30 anos, mandou uma carta para o presi<strong>de</strong>nte da Gazeta Mercantil, falando que a Fapesp<br />

era uma instituição muito valiosa e pouco conhecida e que era legal a gente fazer uma matéria sobre<br />

e etc. Aí o diretor <strong>de</strong> redação me propôs que ao invés <strong>de</strong> fazer uma matéria <strong>de</strong> ef<strong>em</strong>érito sobre os 30<br />

anos da Fapesp, eu tentasse levantar que gran<strong>de</strong>s pesquisas a Fapesp tinha feito ao longo dos seus<br />

30 anos e que teriam contribuído para o <strong>de</strong>senvolvimento do Estado <strong>de</strong> São Paulo como o exgovernador<br />

Franco Montoro dizia.<br />

E aí eu fui atrás né, fui falar com o Diretor Científico da Fapesp, eu acho, na época era o Flávio<br />

Fava <strong>de</strong> Moraes, foi reitor da USP também. Fui conversar com o diretor administrativo, fui procurar<br />

umas pessoas. Não existia nenhum sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong>ntro da Fapesp. Nada. Zero. Isso<br />

exatamente <strong>em</strong> 93 já. Não, <strong>em</strong> 92. Aniversário foi 92. Não existia nada, nada, nada, então eu fui<br />

procurar saber das coisas todas com a diretoria e nós vimos que a Fapesp realmente tinha dado<br />

gran<strong>de</strong>s contribuições para o <strong>de</strong>senvolvimento econômico inclusive, do Estado.<br />

As pesquisas do campo cítrico tinham sido muito importantes para o <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

citricultura do Estado, nós perceb<strong>em</strong>os também que a Fapesp tinha um papel efetivo <strong>em</strong> várias<br />

áreas: no <strong>de</strong>senvolvimento da agricultura do Estado, no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> áreas como a<br />

bioquímica, que possibilitou o <strong>de</strong>senvolvimento para engenharia química né, tudo isso, para a<br />

indústria química mesmo, etc.<br />

Então a Fapesp era na verda<strong>de</strong> um Fundação muito presente na vida da produção e da inovação<br />

tecnológica paulista. Isso para a gente ficou claro. Meia dúzia <strong>de</strong> pesquisas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte que a<br />

gente levou, a Fapesp tinha feito, e ninguém sabia.<br />

Aí <strong>em</strong> 95, quer dizer, então eu passei 94 lá na Secretária <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia e aí eu conheci um<br />

pouco melhor o que a Fapesp fazia, tinha que produzir alguns relatórios e aí tinha que ter dados da<br />

Fapesp, o que ela fazia, etc, etc. Conheci um livro que falava dos 30 anos da Fapesp, exatamente<br />

aquilo que o Franco Montoro tinha dito, tinha um volume especial com o que ela investiu, como ela<br />

tinha lançado os projetos t<strong>em</strong>áticos...<br />

Mas o fato era o seguinte, quando eu tinha finalmente, já no final <strong>de</strong> 94, quando me propuseram ir<br />

para lá, tiv<strong>em</strong>os várias discussões e aí quando... a proposta da Fapesp era assim: Dá para fazer uma<br />

assessoria <strong>de</strong> comunicação, bastam 10h por s<strong>em</strong>ana, não precisa mais. Eu sabia que isso não era<br />

verda<strong>de</strong>, porque ali, na verda<strong>de</strong>, estava uma Fundação que tinha muita informação para trazer à luz<br />

na mídia. Além do mais, como a Fapesp aplica 1% da Receita Tributária do Estado, era 0,5% até<br />

89, quando a Constituinte Estadual elevou isso <strong>de</strong> 0,5 para 1%... Evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente, uma Fundação que<br />

recebe 1% <strong>de</strong> todas as receitas tributárias do Estado <strong>de</strong> São Paulo e t<strong>em</strong> que aplicar pelo menos 95%<br />

<strong>de</strong>sse valor diretamente na pesquisa <strong>científica</strong> e tecnológica, é evi<strong>de</strong>nte que essa instituição precisa<br />

mostrar à socieda<strong>de</strong> o que faz com essa dinheiro que é do contribuinte, e era essa noção que estava<br />

ficando clara para o dirigentes da Fapesp.<br />

Eu diria que provavelmente a Fapesp se protegeu muito, se voltou para si mesmo, era muito ligada à<br />

comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>, muito respeitada pela comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>, mas eu diria muito fechada <strong>em</strong><br />

relação a socieda<strong>de</strong>, a visibilida<strong>de</strong>, o que faz um certo sentido porque o país tinha passado por uma<br />

ditadura, os organismos para se proteger<strong>em</strong> evitaram exposição d<strong>em</strong>ais, além do mais tinha mesmo<br />

um certo t<strong>em</strong>or do que a imprensa falava, aquelas coisas todas que a gente já sabe.<br />

Então, <strong>em</strong> 95 já estava claro que a Fapesp precisava se abrir para a socieda<strong>de</strong> para fazer uma<br />

espécie <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> contas <strong>de</strong> como usava o dinheiro do contribuinte, e evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente essa<br />

prestação <strong>de</strong> contas para ser uma coisa criativa e influente precisava ser bastante inteligente no<br />

sentido... <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> comunicação, não se tratava só <strong>de</strong> apresentar números: Investimos X% <strong>em</strong><br />

engenharia, não sei quanto por cento na pesquisa médica, não sei quanto por cento <strong>em</strong> pesquisa<br />

agrícola. Não. Se tratava <strong>de</strong> trazer à luz, <strong>de</strong> uma maneira mais visível, e o jornalismo <strong>de</strong> fato t<strong>em</strong><br />

essa possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trazer à luz algumas histórias, dar carne a números e tudo isso. Então, trataram<br />

<strong>de</strong> trazer isso aos olhos do contribuinte paulista.<br />

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Então, quando eu fui para lá a primeira idéia da Fapesp era essa: precisamos informar a socieda<strong>de</strong><br />

paulista <strong>de</strong> como se aplica o dinheiro <strong>de</strong>la. Aí no começo era uma fusão do trabalho <strong>de</strong> assessoria <strong>de</strong><br />

imprensa, que se aproximava do jornalista... Eu s<strong>em</strong>pre conto essa história, que na época, quando eu<br />

falava com o pessoal das redações, os editores e tal, as pessoas entendiam ao invés <strong>de</strong> Fapesp,<br />

Sabesp. Invariavelmente, porque a Sabesp era mais conhecida do que a Fapesp. Isso foi <strong>em</strong> abril,<br />

maio, junho. Em julho a diretoria da Fapesp já tinha, já queria fazer um boletim... mil ex<strong>em</strong>plares<br />

<strong>de</strong> um boletim para informar aos dirigentes das unida<strong>de</strong>s, das universida<strong>de</strong>s paulistas, diretores dos<br />

institutos <strong>de</strong> pesquisa, os chefes mais conhecidos <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> pesquisa, como estava a Fapesp,<br />

programas, etc e tal, novos programas, porque ela estava <strong>em</strong> uma fase <strong>de</strong> criar novos programas. E<br />

era um plano muito mo<strong>de</strong>sto. Ela queria fazer um boletim <strong>de</strong> mil ex<strong>em</strong>plares <strong>de</strong> quatro pagininhas<br />

off set.<br />

Leila: Só tinha você?<br />

Mariluce: Só tinha eu e eles não queriam que eu trabalhasse o dia todo. Bom, mas aí <strong>em</strong> julho...<br />

Não. A gente começou a fazer um clipping também e aí eu chamei uma estagiária também para<br />

fazer o clipping, material <strong>de</strong> imprensa, enfim, algumas coisinhas aqui e ali que iam surgindo. E aí<br />

<strong>em</strong> julho, quando o Prof. Nelson Parada, que era o diretor presi<strong>de</strong>nte tinha encomendado para um<br />

rapaz, uma dupla, fazer esse jornalzinho, house organ. Quando eu vi, eu fiquei, assim, muito<br />

preocupada porque era uma coisa, assim, muito primária, muito precária, assim no nível <strong>de</strong> jornal<br />

<strong>de</strong> escola e a Fundação, mesmo que não fosse conhecida do público <strong>em</strong> geral, ela já era muito<br />

respeitada como uma agência <strong>de</strong> fomento à pesquisa a tal ponto que havia um artigo que foi<br />

publicado por um dos dirigentes da National Science Foundation dizendo que o modo como a<br />

Fapesp lidava com o view e review que era analise dos pares etc, era o mais avançado <strong>em</strong> termos <strong>de</strong><br />

agência <strong>de</strong> fomento no mundo. Na verda<strong>de</strong>, a Fapesp era muito respeitada no âmbito da<br />

comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> <strong>de</strong> São Paulo e fora, no Brasil e fora também.<br />

Então, na verda<strong>de</strong> se tratava <strong>de</strong> fazer uma coisa que fosse mo<strong>de</strong>sta, mas que não ferisse essa<br />

respeitabilida<strong>de</strong>. Não po<strong>de</strong>ria ser uma coisa primária, horrível, etc., etc. Mas o fato é o seguinte,<br />

quando o Prof. Parada me mostrou como esse jornal foi feito eu disse: “Olha professor, esse jornal<br />

vai fazer mais mal para a imag<strong>em</strong> da Fapesp do que b<strong>em</strong>. Joga isso fora, esqueçamos o assunto.”<br />

Leila: Era jornalista?<br />

Mariluce: Não. Não era. Era uma pessoa mais ligada a área <strong>de</strong> divulgação, feiras, publicida<strong>de</strong>,<br />

enfim, não era jornalista. E aí ele me disse: “Mas eu me comprometi com os dirigentes e tal.” E eu<br />

disse: “Tudo b<strong>em</strong>, eu faço rapidinho, a gente faz, não t<strong>em</strong> probl<strong>em</strong>a, faz uma coisa jornalística,<br />

pequena, mas jornalística.” E aí foi isso. Aí <strong>em</strong> agosto <strong>de</strong> 1995 saiu o primeiro boletim Notícias<br />

Fapesp, que é o <strong>em</strong>brião da revista Pesquisa Fapesp. Esse boletim permaneceu como boletim até...<br />

Leila: Você já tinha entrado na Fapesp então?<br />

Mariluce: Tinha <strong>em</strong> abril, isso aconteceu entre julho e agosto, mas, assim, eu trabalhava <strong>em</strong> uma<br />

espécie <strong>de</strong> assessoria faz todos os serviços. Eu fui contratada mesmo pela Fapesp <strong>em</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong><br />

95 e aí já foi aprovada a criação <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong> comunicação <strong>em</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 95. Naquele<br />

momento era criada só para um jornalista, que por acaso era eu, uma pessoa para fazer o clipping e<br />

uma secretária. Só isso no começo. Em uma sala pertinho ali on<strong>de</strong> fica a diretoria da Fapesp lá no<br />

primeiro andar, <strong>em</strong>baixo. A gente ficava ali. Tinha uma outra pessoa, que tinha trabalhado comigo<br />

na Secretaria <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia, Marcos <strong>de</strong> Almeida, e ele fazia alguma coisa na área <strong>de</strong><br />

divulgação <strong>em</strong> simpósios com a Finep, com o CNPq etc. Mas ele era engenheiro, então, era uma<br />

coisa <strong>de</strong> divulgação, mas não da área <strong>de</strong> comunicação. Ele dava suporte a Fapesp sobre como<br />

trabalhar na divulgação do projeto PITE. A Fapesp estava começando a lançar o Programa Inovação<br />

16


Tecnológica <strong>em</strong> Parceria e, ele que tinha sido da Finep, tinha vindo para a Fapesp para a gente<br />

lançar... Tínhamos trabalhos <strong>em</strong> conjunto, ficávamos próximos e quando eu queria saber coisa sobre<br />

a programação da Parceria Inovação Tecnológica eu conversava muito com ele.<br />

Mas a comunicação mesmo era só isso, três pessoas. Aí eu diria, <strong>em</strong> noventa e... para não te cansar<br />

muito, <strong>em</strong> 97, a Fapesp começou um projeto b<strong>em</strong> ambicioso. Discutiu-se ao longo <strong>de</strong> 97 o projeto<br />

pioneiro da pesquisa genômica, que era o projeto da Xylella Fastidiosa e quando esse projeto foi<br />

lançado no final <strong>de</strong> 97, <strong>de</strong> fato, a Fapesp, aquela altura, já sabia o quanto era importante a questão<br />

da comunicação.<br />

Leila: Nessa época ainda era o boletim?<br />

Mariluce: Ainda era o boletim. Em 97, a Fapesp tinha autorizado que a gente contratasse um<br />

jornalista, então, a Graça Mascarenhas, que hoje é Gerente <strong>de</strong> Comunicação foi contratada. E a<br />

Graça montou um serviço interessante que a gente chamava <strong>de</strong> agência <strong>de</strong> notícia. Não é essa que a<br />

gente t<strong>em</strong> hoje, mas era uma agência que a gente mandava, acho que era uma vez por s<strong>em</strong>ana,<br />

várias notícias <strong>de</strong> pesquisas apoiadas pela Fapesp para toda a imprensa e tal.<br />

A essa altura a Fapesp já tinha criado também um Programa <strong>de</strong> Inovação Tecnológica <strong>em</strong> Pequenas<br />

Empresas, então, 97 foi um ano <strong>de</strong> muita criação <strong>de</strong> projetos.<br />

E aí a parte <strong>de</strong> comunicação... o boletim começou a se <strong>de</strong>senvolver paralelamente, quer dizer pari<br />

passu a esse momento <strong>em</strong> que a Fapesp se abria para outros parceiros. Em vez <strong>de</strong> ser uma agência<br />

só voltada para a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>, ela estava se abrindo para <strong>em</strong>presários, para fazer o<br />

Programa <strong>de</strong> Inovação Tecnológica <strong>em</strong> Parceria e <strong>de</strong>pois o Programa <strong>de</strong> Inovação <strong>em</strong> Pequenas<br />

Empresas. Estava se abrindo para os professores <strong>de</strong> ensino médio e <strong>de</strong> ensino fundamental, na<br />

medida <strong>em</strong> que fez o Programa <strong>de</strong> Apoio a Pesquisa no Ensino Público, enfim, ela estava<br />

aumentando os seus parceiros. Eu diria que a comunicação foi crescendo muito <strong>em</strong> paralelo a essa<br />

re-arrumação <strong>de</strong>ssa dimensão da Fapesp.<br />

O boletim se transformou <strong>em</strong> revista <strong>em</strong> outubro <strong>de</strong> 99. O número 47, a edição 47, que se<br />

transforma. Mas ele foi se a<strong>de</strong>nsando nesse período todo. Evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente quando se transformou <strong>em</strong><br />

revista ele não era mais um boletim <strong>de</strong> quatro páginas, que ele só teve no primeiro mês, logo <strong>de</strong>pois<br />

foi para seis, para oito, para <strong>de</strong>z, 16, e também a tirag<strong>em</strong> foi aumentando, dois mil, quatro e tal.<br />

Quando se transformou <strong>em</strong> revista a gente já tinha a tirag<strong>em</strong> <strong>de</strong> 16 mil ex<strong>em</strong>plares.<br />

Eu acho que um gran<strong>de</strong> salto da visibilida<strong>de</strong> da Fapesp na mídia foi possibilitado primeiro, <strong>em</strong><br />

2000, quando terminou o projeto da Xylella Xastidiosa. E aí, o final do projeto foi realmente um<br />

acontecimento <strong>em</strong> São Paulo, teve uma gran<strong>de</strong> festa, você po<strong>de</strong> ler na revista, t<strong>em</strong> lá a <strong>de</strong>scrição da<br />

festa, como que foi e tal no Estado <strong>de</strong> São Paulo, a cobertura enorme da mídia, TV, etc. Esse projeto<br />

pioneiro alavancou <strong>de</strong> fato uma atenção muito gran<strong>de</strong> para o que se produzia no Brasil na área <strong>de</strong><br />

pesquisa <strong>científica</strong> avançada.<br />

A essa altura a Fapesp já tinha também uma assessoria <strong>de</strong> comunicação... um assessor <strong>de</strong><br />

comunicação, então já dava para especializar mais os trabalhos. Qu<strong>em</strong> se <strong>de</strong>dicava mais a produção<br />

do boletim, qu<strong>em</strong> se <strong>de</strong>dicava mais... já tinha também uma assessora <strong>de</strong> eventos, que se <strong>de</strong>dicava<br />

mais à produção <strong>de</strong> eventos e tal, qu<strong>em</strong> se <strong>de</strong>dicava a falar mais com os jornalistas, enfim, a<br />

assessoria vai se diversificando e se transforma <strong>em</strong> uma Gerência <strong>de</strong> Comunicação.<br />

Leila: Isso <strong>em</strong> 99?<br />

Mariluce: Acho que um pouquinho antes. Não. Ela já virou Gerência <strong>de</strong> Comunicação <strong>em</strong> 97. É, no<br />

final <strong>de</strong> 97 eu acho que já era Gerência, eu precisava ver... E as coisas vão crescendo efetivamente.<br />

Há um momento <strong>de</strong> crescimento. E aí, a gente começou a <strong>de</strong>senvolver o projeto para trazer a<br />

revista... como ela era muito pedida por professores <strong>de</strong> universida<strong>de</strong>s etc. Então, fazer um projeto<br />

para transformar o boletim <strong>em</strong> uma revista mensal vendida <strong>em</strong> banca com assinatura paga, além das<br />

assinaturas que seriam mantidas pela Fapesp para pesquisadores, bolsistas etc.<br />

17


Nós começamos a diversificar também e a trabalhar muito na elaboração da linguag<strong>em</strong> da revista, a<br />

linguag<strong>em</strong> visual, a linguag<strong>em</strong> <strong>de</strong> texto mesmo, cada vez mais... a questão da apuração para gente<br />

s<strong>em</strong>pre foi fundamental, a correção das informações, porque afinal <strong>de</strong> contas a Fapesp não podia se<br />

comprometer com um tipo <strong>de</strong> informação que tivesse muito erro técnico e científico. E eu diria que<br />

por muito t<strong>em</strong>po a revista foi assim uma referência fundamental para pautar a mídia. Eu acho que<br />

ela ainda pauta, mas teve um momento que ela foi, assim, um instrumento muito importante, e,<br />

sobretudo, ela foi também uma reserva <strong>de</strong> informação muito consistente quando, por ex<strong>em</strong>plo, saiu<br />

o projeto da Xylella <strong>em</strong> âmbito nacional e <strong>de</strong>pois <strong>em</strong> julho <strong>de</strong> 2000 foi publicado o paper na capa da<br />

Nature sobre a Xylella. Eu diria que nesse momento tudo que foi produzido ao longo dos meses<br />

com muito rigor pela revista serviu <strong>de</strong> subsidio para orientar mesmo a cobertura daquele assunto.<br />

Esse é só um ex<strong>em</strong>plo, porque a revista orientou muito o que estava se fazendo <strong>de</strong> uma maneira<br />

mais geral <strong>em</strong> pesquisa no Estado <strong>de</strong> São Paulo, como se fosse a criação <strong>de</strong> um certo padrão<br />

mesmo.<br />

Em 2002 foi quando a gente foi para a banca, foi quando a gente fez uma proposta também para a<br />

Fapesp que dividisse a Gerência <strong>de</strong> Comunicação da produção da revista, mas adiante viria a<br />

produção do programa <strong>de</strong> rádio, o site da revista... <strong>em</strong> julho <strong>de</strong> 2002.<br />

A Agência Fapesp foi criada <strong>em</strong> 2003, vinculada à Gerência <strong>de</strong> Comunicação. Então, a própria<br />

Gerência <strong>de</strong> Comunicação começou a se diversificar também e as coisas foram crescendo <strong>em</strong><br />

paralelo e, <strong>de</strong> novo, hoje nós estamos <strong>em</strong> um processo <strong>de</strong> analisar a política <strong>de</strong> comunicação da<br />

Fapesp, o que envolve a Revista, site, programa <strong>de</strong> rádio, a Gerência <strong>de</strong> Comunicação com suas<br />

várias áreas, a Agência, os setores <strong>de</strong> documentação etc. etc. É uma coisa extr<strong>em</strong>amente complexa.<br />

Leila: O apoio que você t<strong>em</strong> hoje dos dirigentes, o presi<strong>de</strong>nte, o diretor científico, t<strong>em</strong> um<br />

também que é da área <strong>de</strong> humanas...<br />

Mariluce: O coor<strong>de</strong>nador científico do projeto. Na verda<strong>de</strong>, é assim, a revista funciona como um<br />

projeto especial. Todo projeto especial t<strong>em</strong> que ter um coor<strong>de</strong>nador científico. No começo o<br />

coor<strong>de</strong>nador era o próprio Perez, mas era uma época <strong>em</strong> que a Fapesp estava tentando evitar que<br />

diretores foss<strong>em</strong> também dirigentes <strong>de</strong> projetos, coor<strong>de</strong>nadores <strong>de</strong> projetos. Então, Perez propôs que<br />

alguém da coor<strong>de</strong>nação, ele propôs que o Luiz Henrique Lopes dos Santos fosse o coor<strong>de</strong>nador<br />

científico do projeto.<br />

Então, a Fapesp passa o dinheiro da revista para o coor<strong>de</strong>nador científico do projeto. Como é<br />

bastante dinheiro para gerir, a Fapesp t<strong>em</strong> um convênio com o instituto UNIEMPE, que faz a gestão<br />

<strong>de</strong>sses recursos. Agora o UNIEMPE t<strong>em</strong> a gestão dos recursos...<br />

Ah, aí tinha um probl<strong>em</strong>a, a partir do momento que a gente tinha que ven<strong>de</strong>r, fazer anuncio, etc. nós<br />

passávamos a receber dinheiro e para a Fapesp isso é uma coisa maluca, como que ela vai... ela não<br />

t<strong>em</strong> esse sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> recepção <strong>de</strong> dinheiro. Então, um organismo gestor entre a Fapesp e o público<br />

precisava existir tanto para pagar os custos quanto para receber o dinheiro da venda <strong>de</strong> anúncio, da<br />

venda <strong>de</strong> copyright, muitos textos hoje, são muitos, que são comprados para livros didáticos pelas<br />

editoras comerciais <strong>de</strong> livros. Então, o instituto UNIEMPE está nessa função <strong>de</strong> gestor<br />

administrativo, mas como a revista é proprieda<strong>de</strong> da Fapesp, o título é da Fapesp, enfim, ela é da<br />

Fapesp, todo o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> controle editorial <strong>de</strong>la é da Fundação, então <strong>de</strong>pois que as nossas...<br />

Quando a gente <strong>de</strong>fine as pautas, a gente envia isso para o coor<strong>de</strong>nador científico do projeto, que é<br />

o Luiz Henrique. Se mais a diante a gente tiver um conselho editorial que se reúna como a gente<br />

está pensando <strong>de</strong> três <strong>em</strong> três meses por aí, essas pautas serão discutidas com esse conselho<br />

editorial.<br />

Então, vão as pautas, a gente passa três s<strong>em</strong>anas produzindo a revista, quando as matérias estão<br />

prontas, elas são lidas primeiro pelo pesquisador com qu<strong>em</strong> foi feita a entrevista, com a<br />

recomendação que o que ele t<strong>em</strong> que corrigir são os erros científicos e técnicos, a linguag<strong>em</strong> é<br />

nossa. Se a gente abrir mão <strong>de</strong> escrever a gente ... A gente não <strong>de</strong>ixa eles mudar<strong>em</strong>, a gente avisa<br />

que não dá. Se eles mudam <strong>em</strong> geral é para uma terminologia mais técnica e isso não interessa para<br />

18


uma coisa <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong>. A gente explica antes para evitar esses probl<strong>em</strong>as. Depois que<br />

v<strong>em</strong> <strong>de</strong>ssas pessoas, os textos da revista vão para os coor<strong>de</strong>nadores <strong>de</strong> área da diretoria <strong>científica</strong>,<br />

então o Prof. Walter Colli, por ex<strong>em</strong>plo, lê as matérias <strong>de</strong> química, o Prof. Francisco Coutinho lê as<br />

matérias <strong>de</strong> física, enfim, a gente manda para eles e eles lê<strong>em</strong> rapidinho porque eles sab<strong>em</strong> que a<br />

gente t<strong>em</strong> ... e nós mesmos.. Não. Antes <strong>de</strong> ir<strong>em</strong> para eles, elas passam todas pelo editor, pelo editor<br />

chefe e por mim, <strong>de</strong>pois que vai para Luis Henrique. Por ex<strong>em</strong>plo, o Ricardo Zorzetto, que é editor<br />

<strong>de</strong> ciência está escrevendo a matéria <strong>de</strong>le, então, ele mandou para os pesquisadores que foram<br />

fontes, ele vê se t<strong>em</strong> alguma correção a fazer, aí ele entrega para o Neldson e entrega para mim e<br />

nós faz<strong>em</strong>os sugestões, não tantas, ele é muito bom, aí <strong>de</strong>pois disso é que vai para Luis Henrique,<br />

<strong>de</strong>pois que tudo foi lido por mim vai para Luis Henrique e <strong>de</strong>pois que volta do Luis Henrique vai<br />

para os três diretores da Fapesp e para o presi<strong>de</strong>nte da Fapesp, essa é a última instância <strong>de</strong> leitura.<br />

Agora que nós t<strong>em</strong>os um coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> comunicação que acabou <strong>de</strong> começar né, o Carlos<br />

Eduardo Lins da Silva, a gente também está mandando para ele.<br />

Leila: On<strong>de</strong> ele vai ficar?<br />

Mariluce: Ele não vai ficar <strong>em</strong> lugar nenhum, ele visita um lugar e outro, até on<strong>de</strong> eu sei ele não<br />

precisa ficar <strong>de</strong>ntro da Fapesp. Não t<strong>em</strong> necessida<strong>de</strong>. Ele v<strong>em</strong> muito aqui (redação) e vai muito lá<br />

(se<strong>de</strong> da Fapesp). É um excelente jornalista, foi ombusdman da Folha, foi correspon<strong>de</strong>nte, foi<br />

professor da ECA muitas anos, professor <strong>de</strong> jornalismo, excelente.<br />

Então, t<strong>em</strong> todo esse processo, e todo esse processo não po<strong>de</strong> durar mais do que quatro ou cinco<br />

dias, porque senão a<strong>de</strong>us, a gente per<strong>de</strong> os prazos e a gente é uma publicação periódica jornalística<br />

etc, etc.<br />

Em paralelo a isso, o programa <strong>de</strong> rádio é muito articulado com a revista. Ele t<strong>em</strong> um caráter <strong>de</strong> ser<br />

atualizado toda s<strong>em</strong>ana, ele vai ao ar na Rádio Eldorado todo sábado e domingo, mas ele é muito<br />

baseado naquilo que a gente já fez com a revista, normalmente, por ex<strong>em</strong>plo, o programa que a<br />

gente gravou hoje, está baseado <strong>em</strong> duas notícias da revista, mas como tinha a questão da mina, dos<br />

minérios do Chile, a gente acrescenta uma entrevista, com um pesquisador bom que possa falar<br />

sobre isso.<br />

Leila: A revista ela é mensal e o programa <strong>de</strong> rádio é s<strong>em</strong>anal e como fica essa inserção das<br />

matérias?<br />

Mariluce: Não t<strong>em</strong> probl<strong>em</strong>a, a gente tanto po<strong>de</strong> dar primeiro a notícia no rádio, como po<strong>de</strong> dar na<br />

revista, porque na revista é uma reportag<strong>em</strong> b<strong>em</strong> elaborada. Por ex<strong>em</strong>plo, essa capa, que na matéria<br />

foram ouvidos vários pesquisadores, no rádio a gente resolve isso ouvindo o Douglas Galante, que<br />

foi o pesquisador que eu estava ouvindo falar no Frontier of Science, e foi aquele cara que me<br />

inspirou: Isso dá uma capa! Então, foi nesse momento ali do s<strong>em</strong>inário que eu pensei que isso dava<br />

uma capa. É claro, para elaborar a matéria para a revista a gente ouviu gente daqui, gente da<br />

Escócia, gente do Rio, uma coisa muito mais sofisticada. Ao falar no rádio a gente dá um resumo do<br />

que é isso na nossa fala e <strong>em</strong> seguida a entrevista com o cara, é rádio não é revista, e cada meio t<strong>em</strong><br />

que respeitar o que ele é, a natureza do meio, o site também não é simplesmente a transcrição da<br />

revista impressa, ele é uma coisa mais aberta para a produção <strong>de</strong> ciência e tecnologia no Brasil e<br />

inclui a revista impressa também.<br />

Leila: Eu vi que t<strong>em</strong> uns ví<strong>de</strong>os também... como é a escolha?<br />

Mariluce: Por enquanto é assim, a coisa funciona assim, quando a gente avisou para a comunida<strong>de</strong><br />

<strong>científica</strong> que nos íamos começar a colocar ví<strong>de</strong>os também no site da revista, eles começaram a<br />

mandar e aí a gente olha, t<strong>em</strong> alguns b<strong>em</strong> bons e tal.<br />

19


Leila: De universida<strong>de</strong>s, institutos?<br />

Mariluce: De... Não. De estudantes. T<strong>em</strong> um ví<strong>de</strong>o, por ex<strong>em</strong>plo, sobre a formiga, que foi uma<br />

menina que produziu, ela parece muito boa, <strong>de</strong>pois disso ela já fez mais dois. São coisas<br />

individuais, às vezes são <strong>de</strong> institutos, por ex<strong>em</strong>plo, o Centro <strong>de</strong> Pesquisa <strong>de</strong> Inovação e Difusão,<br />

que trabalha muito com divulgação, esses centros, são 11 Cepids que a Fapesp mantém né, esse<br />

centros produz<strong>em</strong> coisas muito boas, t<strong>em</strong> algumas coisas excelentes sobre astronomia etc. Então<br />

t<strong>em</strong> lá um ví<strong>de</strong>o <strong>de</strong> <strong>de</strong>z minutos e a gente põe lá esse também. Além disso, toda vez que a gente<br />

participa junto com algum outro órgão da... por ex<strong>em</strong>plo, quando teve a exposição Revolução<br />

Genômica <strong>em</strong> 2008 no Ibirapuera, nós fomos parceiros do Instituto Sangari na promoção das<br />

palestras, então nós não apenas pegamos materiais das palestras e fiz<strong>em</strong>os especiais <strong>de</strong>ntro da<br />

revista, como nós fiz<strong>em</strong>os também gravações e colocamos os ví<strong>de</strong>os... eles estão <strong>de</strong>positados no<br />

site. No começo a gente fazia um negócio pequeno e guardávamos o ví<strong>de</strong>o <strong>em</strong> CD né, nós t<strong>em</strong>os<br />

todas as palestras, então, a gente pegava o melhor pedaço da palestra e também colocava ali como<br />

ví<strong>de</strong>o. Então, t<strong>em</strong> produção nossa mesmo e t<strong>em</strong>... é aberto para comunida<strong>de</strong>, assim como a gente<br />

passa link <strong>de</strong> outros ví<strong>de</strong>os interessantes ligados a assuntos que a gente está tratando.<br />

Além disso, a gente <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>senvolver cada vez mais a coisa <strong>de</strong> usar animação para <strong>de</strong>terminadas<br />

matérias. A animação não cabe na revista impressa, mas cabe no meio eletrônico, enten<strong>de</strong>u?<br />

Leila: O projeto MidíaCiência apóia projetos <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong>...<br />

Mariluce: Conheci b<strong>em</strong> ele.<br />

Leila: Não sei se você t<strong>em</strong> números para me passar, mas eu gostaria que você me falasse sobre<br />

a importância <strong>de</strong>sse projeto.<br />

Mariluce: Não. Eu não tenho números, esse números estão no relatório da Fapesp que você vai<br />

pegar <strong>de</strong>pois. Mas eu acho que esse foi um programa fundamental. Ele foi criado... engraçado que a<br />

gente estava... eu estava ouvindo uma exposição sobre o <strong>Labjor</strong> e aí as pessoas brincavam dizendo<br />

assim: todo mundo pensa que o Mídia-Ciência foi criado pelo Vogt para o <strong>Labjor</strong>. Aí o Vogt disse<br />

assim: “Taí a Mariluce que não me <strong>de</strong>ixa mentir”. E realmente o Mídia-Ciência foi criado antes do<br />

Vogt vir para a Fapesp. Foi criado pelo Perez, quando Perez era diretor científico, se eu não estou<br />

enganada, eu não vou me l<strong>em</strong>brar o ano, mas eu sei que quando estava sendo discutido, eu ainda<br />

funcionava como assessora <strong>de</strong> comunicação da Fapesp, tanto que eu fui junto com o Perez<br />

conversar com os diretores <strong>de</strong> redação dos principais jornais <strong>de</strong> São Paulo. Nós fomos na Gazeta<br />

Mercantil, fomos na Folha, fomos no Estado, fomos no Valor falar com Carlos Eduardo Lins da<br />

Silva, que é hoje nosso coor<strong>de</strong>nador, e era diretor do Valor na época. Então nós fomos muitas vezes<br />

discutir para sentir como é que eles viam a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ter estagiários lá no jornal que foss<strong>em</strong><br />

apoiados pela Fapesp nessa formação <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra especializada para a área <strong>de</strong> divulgação<br />

<strong>científica</strong>.<br />

Eu acho que o projeto, <strong>de</strong> fato, ele <strong>de</strong>u um gran<strong>de</strong> suporte para a formação <strong>de</strong> jornalistas e <strong>de</strong><br />

comunicadores <strong>de</strong> ciência. Aqui mesmo na revista nós t<strong>em</strong>os o Ricardo Zorzetto que é o editor <strong>de</strong><br />

ciência e foi do <strong>Labjor</strong> e <strong>de</strong>pois foi professor do <strong>Labjor</strong> também. E a Maria Guimarães que é<br />

bióloga, também foi fazer sua especialização <strong>em</strong> jornalismo científico no <strong>Labjor</strong>. Então, eu acho<br />

que o <strong>Labjor</strong> formou muita gente boa para enten<strong>de</strong>r e compreen<strong>de</strong>r a divulgação da ciência <strong>em</strong><br />

novas bases. O <strong>Labjor</strong> eu estou citando como um núcleo mais produtivo nesse sentido, po<strong>de</strong>ríamos<br />

citar outros. Dentro disso, as bolsas do programa Mídia-Ciência foram fundamentais para que as<br />

pessoas pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> se <strong>de</strong>dicar seriamente a área, produzir e <strong>de</strong>scobrir o que t<strong>em</strong> <strong>de</strong> especializado<br />

nesse campo.<br />

20


Leila: E agora começou o Mestrado. Eu sou da segunda turma. A primeira é <strong>de</strong> 2008 e eu sou<br />

da segunda que é <strong>de</strong> 2009, e muita gente t<strong>em</strong> conseguido bolsa <strong>de</strong> mestrado. Você acredita que<br />

isso t<strong>em</strong> a ver com o momento <strong>de</strong> que a divulgação <strong>científica</strong> está sendo b<strong>em</strong> consi<strong>de</strong>rada, a<br />

importância da divulgação?<br />

Mariluce: Olha, o que eu acho é o seguinte, me parece que está cada vez menor a dúvida que se<br />

t<strong>em</strong> tanto na mídia quanto nos centros <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> ciência, que a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicar à<br />

socieda<strong>de</strong> as questões da ciência é uma necessida<strong>de</strong> a essa altura praticamente indiscutível.<br />

Ninguém nega isso. É verda<strong>de</strong> que no Brasil, se você for olhar, por ex<strong>em</strong>plo, um trabalho feito pela<br />

Fap<strong>em</strong>ig publicado o ano passado, você po<strong>de</strong> pegar com a Vanessa, você conhece?<br />

Leila: Conheço. Eu a conheci no Congresso <strong>de</strong> Jornalismo científico e ela me passou.<br />

Mariluce: Exatamente, se você olhar aquela amostra que ela usou e se basear nela, você vai ver... e<br />

se é verda<strong>de</strong> que os jornalistas estão se preparando mais e mais para saber abordar as questões <strong>de</strong><br />

ciência <strong>de</strong> fato, entre 1988, quando eu comecei, e hoje, não t<strong>em</strong> comparação possível, entre a<br />

capacida<strong>de</strong>, a capacitação que t<strong>em</strong> os jornalistas que cobr<strong>em</strong> ciência e tal. Mas você po<strong>de</strong> ver pelo<br />

levantamento da Fap<strong>em</strong>ig que ainda há uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sconfiança do lado dos cientistas <strong>em</strong> relação<br />

aos jornalistas. Me parece que essa gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sconfiança subsiste pela dificulda<strong>de</strong> da comunida<strong>de</strong><br />

<strong>científica</strong> <strong>em</strong> geral reconhecer que o jornalismo é uma outra narrativa. É uma linguag<strong>em</strong> <strong>de</strong> outra<br />

natureza e que, portanto ao falar <strong>de</strong> ciência para a socieda<strong>de</strong> os jornalistas precisam falar <strong>em</strong> seus<br />

termos, <strong>em</strong> suas estruturas narrativas, <strong>de</strong>ntro das suas formas narrativas. Eu acho que no momento<br />

<strong>em</strong> que a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> <strong>em</strong> São Paulo e no Brasil perceber isso, <strong>em</strong> São Paulo percebe até<br />

mais, essa <strong>de</strong>sconfiança ten<strong>de</strong> a <strong>de</strong>crescer, porque me parece que são os cientistas que precisam<br />

perceber que aquilo que vai ser informado à socieda<strong>de</strong> precisa ser exato, mas não precisa ser exato<br />

nos termos que o cientista enten<strong>de</strong> como exato. T<strong>em</strong> um trabalho aí <strong>de</strong> trans-criação, tradução, sei lá<br />

como é o nome, é uma outra coisa que se cria a respeito <strong>de</strong>sse outro universo.<br />

Então, eu penso que no Brasil, no lado dos jornalistas a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> falar sobre ciência aumentou<br />

muito nos últimos anos, eu não tenho nenhuma dúvida <strong>de</strong> que a ciência está mesmo na mídia<br />

brasileira. Se a gente olhar um outro estudo, por ex<strong>em</strong>plo, o estudo que a... não vou me l<strong>em</strong>brar o<br />

nome, posso te passar <strong>de</strong>pois, mas é o estudo que participa a Luisa Massarani.<br />

Leila: Ah, <strong>de</strong> percepção pública.<br />

Mariluce: É. Um estudo on<strong>de</strong> ela tenta ver como os jornais brasileiros cobr<strong>em</strong> ciência. E aí nesse<br />

estudo eles mostram que os jornais ainda cobr<strong>em</strong> muito mais ciência, assim, quase que na base da<br />

louvação dos feitos do que na base da análise crítica. Então, é possível, mas para mim isso é um<br />

começo, <strong>de</strong> fato a ciência é t<strong>em</strong>a da mídia <strong>em</strong> geral, incluindo a televisão, que ainda é a gran<strong>de</strong><br />

mídia <strong>de</strong> massa. Se você pensar fora do período eleitoral, a ciência está no Jornal Nacional quase<br />

todo dia, <strong>em</strong> horário eleitoral a coisa não é b<strong>em</strong> assim. Então eu acho que as ações<br />

espetacurlamente, a cobertura, a visibilida<strong>de</strong> que a socieda<strong>de</strong> brasileira t<strong>em</strong> da ciência pelo trabalho<br />

da mídia e isso precisa ser reconhecido.<br />

Leila: Então, você comentou sobre política <strong>de</strong> comunicação. Existe uma política <strong>de</strong><br />

comunicação, como vocês estão querendo formular isso?<br />

Mariluce: Olha, é o seguinte, a política <strong>de</strong> comunicação variou um pouco na <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong><br />

dirigentes da Fapesp mais ligados ou menos ligados à área <strong>de</strong> comunicação. Então, se você pega<br />

uma pessoa como o José Fernando Perez, ele dava enorme espaço para a comunicação, ele próprio<br />

falava muito com os jornalistas e tal, e todo trabalho da Fapesp naqueles anos <strong>em</strong> que ele foi diretor<br />

científico apareciam muito, ele foi um comunicador nato. Quando o Vogt foi presi<strong>de</strong>nte da Fapesp<br />

21


ele também tinha uma visão <strong>de</strong> comunicação e ali ele estava olhando como <strong>de</strong>veria ser e tal, tinha<br />

uma presença. Mas o que a Fapesp está preocupada a essa altura é que a instituição tenha uma<br />

política b<strong>em</strong> articulada e com objetivos muito claros para além das personalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> direção da<br />

Fundação, é como se fosse a institucionalização <strong>de</strong> uma política e no momento <strong>em</strong> que a produção<br />

<strong>científica</strong> <strong>de</strong> São Paulo t<strong>em</strong> uma vocação para se projetar internacionalmente.<br />

Então, há uma preocupação da Fapesp, uma justa preocupação <strong>em</strong> que a política <strong>de</strong> comunicação<br />

perceba esse movimento da internacionalização da produção <strong>científica</strong> aqui no estado. Então, eu<br />

diria que a gente está b<strong>em</strong> na fase <strong>de</strong> traçado <strong>de</strong> objetivos, <strong>de</strong> metas, etc, para a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> uma<br />

política institucional <strong>de</strong> comunicação a<strong>de</strong>quada à nova década aí 2011, 2020, 2030... etc né. Então é<br />

uma fase... a gente está mergulhado <strong>em</strong> uma fase <strong>de</strong> elaboração. Todas as pessoas.<br />

Leila: A Fapesp ela é reconhecida nacionalmente e internacionalmente, e eu queria saber<br />

como você avalia o papel da comunicação na formação da imag<strong>em</strong> institucional que a Fapesp<br />

t<strong>em</strong>.<br />

Mariluce: Central! É central, mesmo que os dirigentes da Fapesp não tenham percebido isso, n<strong>em</strong><br />

todos tenham percebido. Eu não tenho dúvidas <strong>de</strong> que a Fapesp t<strong>em</strong> um mo<strong>de</strong>lo excelente criado<br />

láá... ela já estava na constituição <strong>de</strong> 47, foi criada a lei orgânica <strong>de</strong> 60... 62... o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>la <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>dicar... financiar todas as área do conhecimento, <strong>de</strong>dicar 95% dos recursos às ativida<strong>de</strong>s fins...<br />

todo esse mo<strong>de</strong>lo, a maneira como ela criou o Conselho Superior e mais o CTA, tudo isso já<br />

colocava ali <strong>em</strong> cena uma instituição com gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se projetar como mo<strong>de</strong>lo.<br />

(telefone toca – pausa na gravação).<br />

Mariluce: Então, estávamos na questão da comunicação.<br />

Leila: Da imag<strong>em</strong>.<br />

Mariluce: É. Então, para além da pesquisa pensada, <strong>de</strong>senhada... <strong>de</strong> uma maneira muito inteligente,<br />

como uma instituição que realmente teria chance <strong>de</strong> se projetar como referencial nessa área <strong>de</strong><br />

suporte à pesquisa <strong>em</strong> um país como o Brasil, eu acho que a comunicação, se somar todas as ações<br />

que foram feitas <strong>de</strong> 95 para cá, e aí com responsabilida<strong>de</strong> dos dirigentes nessas ações <strong>de</strong><br />

comunicação, ela <strong>de</strong> fato t<strong>em</strong> um papel, porque esse trabalho <strong>de</strong> comunicação s<strong>em</strong>pre foi pautado<br />

pela preocupação <strong>de</strong> uma alta qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conteúdo e formal também. S<strong>em</strong>pre foi pautado também<br />

por uma afinação com os objetivos da Fundação muito estreita... uma capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pensar <strong>de</strong><br />

forma aberta e <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r as d<strong>em</strong>andas. Eu diria que não resta a menor dúvida <strong>de</strong> que todos os<br />

instrumentos <strong>de</strong> comunicação, incluindo a revista, as edições especiais <strong>em</strong> inglês, espanhol, francês,<br />

todo o trabalho dos relatórios da Fapesp, todo o trabalho dos fol<strong>de</strong>res, dos documentos, as<br />

exposições internacionais do Biota, toda essa coisa que foi pensada durante esses anos... são 15<br />

anos <strong>de</strong> trabalho, com participação <strong>de</strong> muita gente que colaborou para isso... eu não tenho dúvida <strong>de</strong><br />

que t<strong>em</strong> um peso fundamental.<br />

O que eu acho é que a própria Fapesp, como instituição, não percebia que a comunicação faz parte<br />

orgânica <strong>de</strong>la. Deveria fazer parte, <strong>de</strong>veria ser algo do organismo Fapesp. E eu diria que agora ela<br />

está se abrindo para essa percepção, <strong>de</strong> que a comunicação perpassa hoje a própria natureza <strong>de</strong> uma<br />

agência <strong>de</strong> fomento a pesquisa. E o peso da Fapesp né? Segunda maior agência do país.<br />

Leila: Eu gostaria <strong>de</strong> saber como é o relacionamento do pessoal da revista com o público e<br />

com a mídia... você comentou que a revista pauta a mídia...<br />

Mariluce: Pautou mais do que hoje...<br />

22


Leila: Então eu gostaria <strong>de</strong> saber quais os assuntos mais procurados.<br />

Mariluce: Eu não sei. (risos)... É assim. Não. Depen<strong>de</strong>, né? Porque <strong>em</strong> relação à mídia eu acho que<br />

são assuntos <strong>de</strong> ciência assim, biológicos, <strong>de</strong> física, <strong>de</strong> medicina, esses são os assuntos que mais<br />

repercut<strong>em</strong>. Mas, por ex<strong>em</strong>plo, t<strong>em</strong> um jornal que gosta das matérias <strong>de</strong> humanas, porque poucas<br />

revistas dão matérias... poucas revistas, assim, gerais <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong>, dão cobertura à<br />

pesquisas <strong>em</strong> ciências humanas. Então, t<strong>em</strong> um jornal <strong>em</strong> particular que adora as matérias <strong>de</strong><br />

humanas, que pega coisas da sociologia, da história, etc. e reproduz<strong>em</strong> né, às vezes não citam não,<br />

mas reproduz<strong>em</strong>.<br />

Leila: É isso que eu ia perguntar. Se eles citam.<br />

Mariluce: N<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre. Alguns citam religiosamente, outros n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre. E eu percebo que, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, os textos, quando usam no vestibular, os textos usados são aqueles que a gente dá <strong>em</strong><br />

tecnologia, que t<strong>em</strong> muita coisa ligada a novas energias, novas formas <strong>de</strong> energia, muita coisa<br />

ligada a nano tecnologia. E os textos <strong>de</strong> ciência, eu diria que, sobretudo, os textos ligados a biologia<br />

e meio ambiente, muita coisa <strong>de</strong> meio ambiente, energia limpa, bicombustíveis, etanol, patati,<br />

patata... isso sai muito. Nesse âmbito da... O Brasil é muito forte <strong>em</strong> ciências biológicas, e t<strong>em</strong><br />

muita coisa que sai daí para a mídia. Eu não sei o que a Globo mais gosta, por ex<strong>em</strong>plo, você<br />

po<strong>de</strong>ria perguntar para o Fernando, porque ele t<strong>em</strong> uma noção melhor disso, quando vai uma<br />

matéria nossa para a Globo. Às vezes, quando a gente t<strong>em</strong> uma capa <strong>de</strong> um... aí eu teria que olhar as<br />

capas para te dizer: “essa capa, por ex<strong>em</strong>plo, a Globo pediu para a gente mandar os dados todos.”<br />

Leila: E quais revistas nacionais e internacionais serviram <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo para a revista?<br />

Mariluce: Olha, a revista que eu mais gostava internacional era a revista New Scientist, inglesa, e a<br />

revista nacional que para mim serviu <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo para a revista foi a Revista Brasileira <strong>de</strong><br />

Tecnologia, que eu citei do CNPq, que já tinha esse espírito <strong>de</strong> cobrir vários t<strong>em</strong>as e muitas das<br />

pessoas que trabalham comigo, trabalharam na revista. A Graça trabalhou na Revista Brasileira <strong>de</strong><br />

Tecnologia, porque quando eu montei aqui a equipe... o Fioravante também. Então, eu diria que foi<br />

internacionalmente a New Scientist que me influenciou muito mais do que a Scientific American, e<br />

nacionalmente a minha base, para mim foi quase uma vingança <strong>de</strong>z anos <strong>de</strong>pois, estar <strong>de</strong> novo<br />

fazendo uma revista <strong>em</strong> 99... Em 89 tinha lançado... Algo como qu<strong>em</strong> diz assim: “Ah, o Collor<br />

tentou ferrar com essa revista, que era uma revista <strong>de</strong> divulgação <strong>de</strong> ciência”, então, po<strong>de</strong>r fazer <strong>de</strong><br />

novo uma revista <strong>de</strong>ssa para mim foi muito gratificante.<br />

Leila: A circulação da revista, eu vi no site, aqueles números estão atualizados?<br />

Mariluce: Acho que estão. Quanto está lá? 37 mil?<br />

Leila: Eu anotei aqui. 36 e meio.<br />

Mariluce: 36.900. Agora já é 37 e alguma coisa. Ela já chegou a 43 mil, mas como a circulação <strong>em</strong><br />

banca diminuiu muito... hoje está <strong>em</strong> 37.500.<br />

Leila: Eu vi que t<strong>em</strong> distribuição <strong>em</strong> universida<strong>de</strong>s e <strong>em</strong> banca é menor... sendo uma revista<br />

<strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong> para o público <strong>em</strong> geral, existe uma política para aumentar essa<br />

vendag<strong>em</strong> <strong>em</strong> banca, alguma coisa assim?<br />

Mariluce: Existe. Ela está sendo analisada, porque a gente acha que po<strong>de</strong> sim aumentar a<br />

distribuição <strong>em</strong> banca <strong>de</strong> novo. E eu acho também que po<strong>de</strong> aumentar as assinaturas pagas, fora <strong>de</strong><br />

23


São Paulo, que hoje está na faixa dos 2.500. Eu acho que po<strong>de</strong>ria ter cinco mil. A gente está<br />

traçando metas. A gente está falando <strong>de</strong> chegar a cinco, aumentar a banca pelo menos para três mil<br />

e não sei quanto. Enfim, t<strong>em</strong> essas metas e eu acho que há espaço sim. Se nós formos inteligentes<br />

nessa divulgação nos próximos meses, anos, isso <strong>de</strong>ve crescer, se esse país continuar crescendo,<br />

claro.<br />

Leila: Existe um manual <strong>de</strong> redação?<br />

Mariluce: Não, mas vamos fazer. Essa é uma das nossas principais preocupações nesse momento<br />

<strong>de</strong> reflexão.<br />

Leila: Então como é o critério para escrever a matéria... vocês t<strong>em</strong> algum padrão?<br />

Mariluce: Em termos <strong>de</strong> português, <strong>em</strong> termos <strong>de</strong>...<br />

Leila: Em termos <strong>de</strong> técnica e <strong>de</strong> português.<br />

Mariluce: Em termos <strong>de</strong> técnica a gente t<strong>em</strong> a nossa larga e gran<strong>de</strong> experiência. É assim, a gente<br />

t<strong>em</strong> tentado todo t<strong>em</strong>po levar ao leitor uma informação e uma narração <strong>de</strong> um percurso para chegar<br />

até aquela informação. Então, a gente precisa dar a informação logo <strong>de</strong> cara para o leitor, porque<br />

isso é jornalismo, mas a gente po<strong>de</strong> usar diferentes técnicas narrativas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que elas tenham uma<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer <strong>em</strong>ergir o assunto da maneira mais atraente possível para o leitor. Eu diria que a<br />

gente é muito ligado <strong>em</strong> como contar uma boa história jornalística. E olha, nessa revista as pessoas<br />

t<strong>em</strong> que escrever b<strong>em</strong> sim. Não existe essa história <strong>de</strong> que <strong>em</strong> jornalismo não precisa escrever, não<br />

existe, como se dizia há um t<strong>em</strong>po atrás. Não. Jornalista precisa escrever legal. E eu tenho um<br />

enorme prazer quando eu leio um texto, assim, que me surpreen<strong>de</strong> pela sua... pelo seu lado estético<br />

mesmo, para além do lado informativo.<br />

Leila: Você acredita que a revista contribui com a formação da cultura <strong>científica</strong>?<br />

Mariluce: Acho. Acho sim. Acho que ela contribui para diss<strong>em</strong>inar um padrão <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> no<br />

jornalismo. Acho que ela influencia outros públicos fora <strong>de</strong> São Paulo, por ex<strong>em</strong>plo, eu penso que<br />

revistas como a Pesquisa Rio, a revista da Fap<strong>em</strong>ig um pouco menos, mas várias revistas foram<br />

inspiradas na Revista Pesquisa Fapesp, até nos nomes, né?.<br />

Recent<strong>em</strong>ente nós participamos <strong>de</strong> um s<strong>em</strong>inário na Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Mato Grosso, t<strong>em</strong>os um acordo com<br />

a Fe<strong>de</strong>ral do Mato Grosso, estamos <strong>em</strong> fase <strong>de</strong> assinatura, porque a Revista Pesquisa Fapesp é<br />

claramente a inspiração da revista UFMT Ciência que eles quer<strong>em</strong> fazer, estão fazendo já, mais<br />

ligada ao Mato Grosso, mas inspirada nesse mo<strong>de</strong>lo, na forma, pediram para a gente opinar etc., né?<br />

Então, nesse sentido, eu acho que a gente t<strong>em</strong> sim uma influência na diss<strong>em</strong>inação da cultura<br />

<strong>científica</strong>.<br />

Leila: Eu fui o ano passado no Congresso <strong>de</strong> Jornalismo Científico e eu vi que a Fap <strong>de</strong><br />

Manaus... eles fizeram uma revista voltada para o público infantil. Eu gostaria <strong>de</strong> saber se<br />

vocês t<strong>em</strong> algum projeto nesse sentido, para jovens...<br />

Mariluce: Olha, t<strong>em</strong>, mas por enquanto não está nada certo ainda não. Há muito t<strong>em</strong>po nós vimos...<br />

durante anos nós pensamos com a Secretaria <strong>de</strong> Educação <strong>em</strong> fazer a revista para os professores <strong>de</strong><br />

segundo grau... ter algum material que ajudasse os professores a utilizar os t<strong>em</strong>as da revista nas<br />

aulas. Isso tanto faz sentido que a gente... Uma das frentes que espontaneamente foram acontecendo<br />

aqui <strong>em</strong> vendas, é o pedido <strong>de</strong> venda dos nossos textos para os livros didáticos e paradidáticos. É<br />

muito engraçado isso, porque a gente nunca tinha pensado e <strong>de</strong> repente começaram a surgir os<br />

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pedidos, pedidos, pedidos que a gente teve que fazer uma tabela <strong>de</strong> preço <strong>de</strong> venda <strong>de</strong> texto para<br />

livro. É claro que se é para uma editora... a gente não cobra nada.<br />

Leila: São os textos que sa<strong>em</strong> na revista?<br />

Mariluce: Isso.<br />

Leila: Mas não t<strong>em</strong> no site?<br />

Mariluce: Mas eles não pod<strong>em</strong> reproduzir <strong>em</strong> livro s<strong>em</strong> nossa autorização. Nesse caso é nossa<br />

venda, porque eles vão ven<strong>de</strong>r centenas <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> livros. A Paula é qu<strong>em</strong> ven<strong>de</strong> esse material.<br />

É assim, a editora... vou pegar uma editora b<strong>em</strong> gran<strong>de</strong>, Scipione diz: “vocês pod<strong>em</strong> me ven<strong>de</strong>r o<br />

texto que Ricardo Zorzetto fala da veia do coração não sei das quantas para ilustrar os livros?”<br />

Deixa eu ver se t<strong>em</strong> alguma coisa, um livro para você ver...<br />

“Paula, alguma editora mandou um livro on<strong>de</strong> sa<strong>em</strong> os textos? Porque a gente não pe<strong>de</strong>? Não t<strong>em</strong><br />

nenhumzinho aqui? Mas a gente t<strong>em</strong> que pedir. T<strong>em</strong> como arranjar?”<br />

Então, eu até preciso ver como é que sai, mas eu sei que sai pedaços <strong>de</strong> textos dos repórteres, às<br />

vezes textos inteiros e sai assinado: Revista Pesquisa Fapesp e tal...<br />

Então, se você pensar que esses livros didáticos vão para milhares <strong>de</strong> alunos no Brasil, talvez<br />

milhões, eu não tenho dúvida que a gente t<strong>em</strong> uma influência na formação <strong>de</strong>ssa moçada.<br />

Leila: Você tinha comentado da publicida<strong>de</strong>. Em que medida a publicida<strong>de</strong> v<strong>em</strong> crescendo e<br />

se <strong>em</strong> algum momento o custo da revista chegou a colocar <strong>em</strong> questão a continuida<strong>de</strong> da<br />

revista?<br />

Mariluce: Não. Para a Fapesp jamais. Não. A publicida<strong>de</strong> já teve momentos melhores e piores. Nas<br />

melhores etapas ela respon<strong>de</strong> por... acho que agora ela respon<strong>de</strong> por 20% do custo da revista. Eu<br />

diria <strong>de</strong> 15 a 20%. Nossa pretensão é que com o passar do t<strong>em</strong>po, qu<strong>em</strong> sabe, as várias formas <strong>de</strong><br />

comercialização, ou seja, venda <strong>em</strong> banca, venda <strong>de</strong> assinatura, venda <strong>de</strong> texto para livro, anúncio,<br />

anúncio classificado, no site, etc., que isso um dia chegue perto <strong>de</strong> 50%, mas se a gente consi<strong>de</strong>rar<br />

que a Fapesp quer oferecer para os seus pesquisadores esse material e se a gente consi<strong>de</strong>rar que 25<br />

mil são feitos para esses pesquisadores bolsistas, necessariamente a Fapesp t<strong>em</strong> que subsidiar isso,<br />

porque isso faz parte do material, do recurso que a Fapesp oferece para os seus pesquisadores.<br />

Leila: Você acredita que as <strong>em</strong>presas <strong>de</strong> publicida<strong>de</strong> estão vendo a ciência e tecnologia como<br />

um campo para anunciar?<br />

Mariluce: Não, ainda está muito longe disso. A sensibilida<strong>de</strong> nas agências é muito baixa para as<br />

revistas segmentadas na área <strong>de</strong> divulgação <strong>de</strong> ciência, tirando a Superinteressante, mas aí é porque<br />

a Superinteressante ven<strong>de</strong> perto <strong>de</strong> 400 mil ex<strong>em</strong>plares, mais do que... eu diria que todas as revistas<br />

da área sofr<strong>em</strong>... da área <strong>de</strong> meio ambiente, da área <strong>de</strong> ciência, da área <strong>de</strong> tecnologia, sofr<strong>em</strong> com<br />

essa necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mostrar ao cara da agência que é um meio excelente para se chegar ao público<br />

altamente b<strong>em</strong> informado. O pessoal <strong>de</strong> <strong>em</strong>presa, por ex<strong>em</strong>plo, marketing da Biolab, o marketing da<br />

Novartis, o marketing da Coca-Cola, do Banco do Brasil enten<strong>de</strong> isso melhor do que as agências...<br />

as agências são muito...<br />

Leila: Para você qual a importância <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong> comunicação <strong>em</strong> uma instituição <strong>de</strong><br />

pesquisa, especificamente <strong>em</strong> uma agência <strong>de</strong> fomento?<br />

Mariluce: Eu acho que hoje não po<strong>de</strong> existir nenhuma instituição <strong>de</strong>ssa s<strong>em</strong> uma área <strong>de</strong><br />

comunicação. Porque não há como você fazer transitar aquela informação para socieda<strong>de</strong> se você<br />

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não t<strong>em</strong> uma área <strong>de</strong> comunicação, um setor <strong>de</strong> comunicação integrado com a própria ação <strong>de</strong> uma<br />

agência <strong>de</strong> fomento. Para mim é loucura. Não existe mais isso.<br />

Leila: Você tinha comentado também das d<strong>em</strong>ais Faps. A revista pauta as d<strong>em</strong>ais Faps? Ela é<br />

pautada por elas?<br />

Mariluce: Eu acho que ela inspirou as Faps no sentido <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo, mas eu acho que cada Fap vai<br />

atrás <strong>de</strong> seus assuntos, dos assuntos do seu estado. No nosso caso a gente cobre São Paulo e o<br />

Brasil, a gente é meio ambicioso.<br />

Leila: Eu não sei se você conhece o GTcom. Eu conheci pela Vanessa, que é o Grupo <strong>de</strong><br />

Comunicação das Faps. Eu queria saber para você qual é a importância <strong>de</strong>ssa integração do<br />

trabalho <strong>de</strong> comunicação das Faps e se a Fapesp faz parte <strong>de</strong>sse grupo.<br />

Mariluce: Se a Fapesp faz parte você t<strong>em</strong> que perguntar para a Graça, eu não tenho certeza. Mas eu<br />

acho importante. E as iniciativas <strong>de</strong> criar o Conselho das Faps foi uma iniciativa da Fapesp, na<br />

época <strong>em</strong> que o diretor presi<strong>de</strong>nte era o Francisco Romeu Landi. Ele é queridíssimo pelas Faps por<br />

essa iniciativa que ele teve <strong>de</strong> dar a maior força para se criar um conselho das Fundações.<br />

Leila: A dinâmica da revista, que você falou das pautas... que passa por você... Como que é?<br />

Vocês faz<strong>em</strong> uma reunião <strong>de</strong> pauta? E como surg<strong>em</strong> os assuntos?<br />

Mariluce: Nós faz<strong>em</strong>os uma reunião <strong>de</strong> pauta sim. A reunião <strong>de</strong> pauta é s<strong>em</strong>pre um momento<br />

fundamental <strong>de</strong> toda publicação e no caso <strong>de</strong>ssa revista é fundamental. É assim, cada editor vai<br />

estudar os assuntos para apresentar na reunião <strong>de</strong> pauta. A revista t<strong>em</strong> quatro editorias: política,<br />

ciência, tecnologia e humanas. Então, cada um dos quatro editores e mais uns editores assistentes, o<br />

editor do online, vão pesquisar assuntos. Vão pesquisar como? Olhando os projetos t<strong>em</strong>áticos da<br />

Fapesp, conversando com os pesquisadores que conhec<strong>em</strong>, ligando, mandando <strong>em</strong>ail,<br />

acompanhando o que se passa <strong>em</strong> outras universida<strong>de</strong>s, acompanhando o próprio noticiário e aquilo<br />

que sai <strong>em</strong> revistas <strong>científica</strong>s internacionais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> peso e muito na base do contato com os<br />

pesquisadores mesmo. Além disso, a gente pensa <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminados t<strong>em</strong>as que são importantes e aí a<br />

gente vai atrás do pesquisador que t<strong>em</strong> a ver com o t<strong>em</strong>a.<br />

Eu te <strong>de</strong>i o ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong>ssa matéria <strong>de</strong> capa <strong>de</strong>sse mês. Estava eu e o Fabrício Marques, que é o<br />

editor <strong>de</strong> política, no simpósio Frontiers of Science, que a Fapesp... que foi organizado pelo<br />

Marcelo Knobel e com apoio da Fapesp e da Royal Society <strong>de</strong> Londres. Então tinham 35<br />

pesquisadores britânicos, 35 brasileiros e oito chilenos. E eram todos pesquisadores com no<br />

máximo 20 anos <strong>de</strong> doutoramento para falar sobre coisas da fronteira da ciência mesmo, sobre<br />

estudos e tinha uns t<strong>em</strong>as <strong>de</strong>finidos. E <strong>em</strong> um lugar <strong>de</strong>sse você vê qu<strong>em</strong> fala o que e aí... para mim<br />

foi muito gratificante perceber que gran<strong>de</strong> parte das coisas apresentadas <strong>em</strong> neurologia, <strong>em</strong> etanol,<br />

<strong>em</strong> não sei o que... já tinham sido objetos <strong>de</strong> matérias da Pesquisa Fapesp. A gente está ali quase<br />

adiantado <strong>em</strong> relação... Mas, foi também um momento que eu vi quando... Depois <strong>de</strong> uma<br />

pesquisadora escocesa, quando o Douglas Galante começou a falar sobre a vida <strong>em</strong> condições<br />

extr<strong>em</strong>as <strong>de</strong> ambiente, o que autorizava pensar na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida original <strong>de</strong> outros planetas<br />

etc. etc... E falando aquela coisa estratosférica e eu olhando: isso dá uma pauta.<br />

Então, t<strong>em</strong> várias formas <strong>de</strong> captação, a forma escrita, a forma <strong>de</strong> quando você ouve, o que você lê.<br />

É aquilo que o jornalista faz s<strong>em</strong>pre, a não ser na política que ele é pautado s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong> forma<br />

eventiva. Mas na área <strong>de</strong> ciência eles traz<strong>em</strong> os assuntos e a gente discute, <strong>de</strong>rruba, engorda o<br />

assunto tal e vai <strong>de</strong>finindo o espelho e a pauta.<br />

Leila: E uma curiosida<strong>de</strong>. Porque você mudaram <strong>de</strong> lá (se<strong>de</strong> Fapesp) para cá (redação)?<br />

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Mariluce: É uma razão <strong>de</strong> legalida<strong>de</strong>, diríamos assim. É assim, nenhum dos jornalistas são<br />

funcionários da Fapesp... e nós t<strong>em</strong>os...<br />

Leila: Aqui t<strong>em</strong> repórter também ou só editores?<br />

Mariluce: Os editores são também repórteres. Na verda<strong>de</strong> é assim. São editores e editores<br />

assistentes e todos funcionam como repórteres também. Incluindo eu que também funciono como<br />

repórter <strong>de</strong> vez <strong>em</strong> quando, cada vez menos, isso é que é chato, eu adoro escrever.<br />

Bom, então, é o seguinte, nenhum <strong>de</strong>les, n<strong>em</strong> as pessoas aqui <strong>de</strong> suporte, a Paula que a é do<br />

marketing, a Ruth que é <strong>de</strong> circulação, a Andressa que é <strong>de</strong> operação, ninguém era funcionário da<br />

Fapesp, porque como a gente se transformou <strong>em</strong> um projeto especial, a maneira <strong>de</strong> ser pago, é que o<br />

instituto UNIEMPE paga os jornalistas como pessoas jurídicas. E o jornalista também não estava<br />

muito afim <strong>de</strong> virar funcionário da Fapesp, e n<strong>em</strong> a Fapesp, no começo, estava disposta... enfim, a<br />

dinâmica foi se criando <strong>de</strong> tal maneira que era complicado criar no quadro da Fapesp tantos cargos<br />

<strong>de</strong> jornalista. A gente virou um projeto especial porque a agilida<strong>de</strong> necessária para fazer uma revista<br />

não se enquadra muito b<strong>em</strong> nos tramites <strong>de</strong> uma burocracia centralizada <strong>de</strong> uma Fundação.<br />

Então, a gente, por ex<strong>em</strong>plo, imagine fazer uma revista mensal tendo que licitar, uma revista <strong>de</strong>ssa<br />

qualida<strong>de</strong>, todos os meses com o critério <strong>de</strong> menor preço. Quando a gente fazia o boletim, assim,<br />

vários finais <strong>de</strong> s<strong>em</strong>ana eu fui tirar o boletim Pesquisa Fapesp daquelas grafiquetas lá b<strong>em</strong><br />

periféricas, que erravam a cor, botavam ver<strong>de</strong> on<strong>de</strong> era para ser preto, porque ganhavam pelo<br />

critério <strong>de</strong> menor preço. Era muito complicado operar uma coisa <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>ntro da burocracia da<br />

Fundação... <strong>de</strong>ntro do tecido normal da Fundação.<br />

Então, virou um projeto especial. Quando ela virou um projeto especial, essa maneira <strong>de</strong> contratar<br />

os jornalistas como prestadores <strong>de</strong> serviços é muito mais lógica. E aí t<strong>em</strong> uma lógica: não dá para<br />

você ser prestador <strong>de</strong> serviço e ficar trabalhando como funcionário no prédio da Fapesp, porque isso<br />

po<strong>de</strong> caracterizar uma burla à legislação. E a Fapesp não estava fazendo uma burla e nós não<br />

estávamos interessados <strong>em</strong> virar funcionários da Fapesp. Então, discutimos muito isso no Conselho<br />

Superior e no CTA também e a melhor maneira foi que a revista, como um projeto especial, ficasse<br />

sendo feita fora do espaço físico da Fapesp.<br />

Leila: Os jornalistas da Gerência são funcionários da Fapesp?<br />

Mariluce: São. Eu acho que quase todos.<br />

Leila: Eu tenho mais uma pergunta para fazer. A Graça comentou comigo, a Graça minha<br />

orientadora, que a revista á muito citada <strong>em</strong> vestibulares. Você acredita que isso possa ser<br />

também um marketing para a revista?<br />

Mariluce: Eu não tenho nenhuma dúvida. A gente fez isso recent<strong>em</strong>ente. Deixa eu ver se eu<br />

consigo achar um negócio. A gente transformou isso <strong>em</strong> marketing mesmo, usou como anúncio,<br />

mandou como anúncio pela internet, porque s<strong>em</strong> dúvida, eu acho que é uma revista para ser lida<br />

pelos estudantes <strong>de</strong> terceiro grau e os que estão se preparando para o vestibular, já que ela trás a<br />

coisa da ciência, das produções da ciência nas áreas, assim, que estão aí na ord<strong>em</strong> do dia e o<br />

vestibular usa muito os ex<strong>em</strong>plos do cotidiano. Então, eu acho que <strong>de</strong> fato... Espera aí, <strong>de</strong>ixa eu ver<br />

se eu acho algo que me mandaram...<br />

Leila: Então para você o público alvo da Revista Pesquisa Fapesp envolve tanto o pesquisador<br />

quanto os estudantes?<br />

Mariluce: Olha aqui ó: Antes do vestibular, leia pesquisa Fapesp. Eu acho que todo mundo <strong>de</strong>veria<br />

ler essa revista (risos)<br />

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Leila: Você po<strong>de</strong> me mandar?<br />

Mariluce: Posso. Como é o seu <strong>em</strong>ail? Eu vou mandar <strong>de</strong>sse meu pessoa física<br />

Leila: é leilabonfietti@gmail.com<br />

Leila: Então, não t<strong>em</strong> um público <strong>de</strong>finido?<br />

Mariluce: T<strong>em</strong>. Eu acho que o público da Revista Pesquisa Fapesp seriam todas as pessoas b<strong>em</strong><br />

informadas que gostam <strong>de</strong> ciência ou que precisam saber da evolução da ciência no país e <strong>de</strong> seus<br />

impactos sobre a socieda<strong>de</strong>. E aí eu acho que é: pesquisadores, funcionários liberais, <strong>em</strong>presários,<br />

médicos, engenheiros, estudantes <strong>de</strong> graduação e <strong>de</strong> pós graduação e talvez estudantes <strong>de</strong> segundo<br />

grau.<br />

Leila: Esse público mudou com o t<strong>em</strong>po?<br />

Mariluce: Não, a gente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o começo é apreciado por médicos, pesquisadores... Eles faz<strong>em</strong><br />

rasgados elogios à linguag<strong>em</strong> da revista, eles gostam muito também do programa <strong>de</strong> rádio, eles<br />

comentam que adoram e tal...<br />

Leila: Bom, é isso. Você t<strong>em</strong> alguma coisa para acrescentar?<br />

Mariluce: Não. A única coisa que eu acrescentaria é que este é um trabalho que me dá o maior<br />

prazer. Eu gosto muito <strong>de</strong> fazer essa revista, tenho um carinho muito especial.<br />

Leila: Você é jornalista <strong>de</strong>s<strong>de</strong>...<br />

Mariluce: Des<strong>de</strong> s<strong>em</strong>pre. (risos) Eu comecei a trabalhar <strong>em</strong> jornal quando eu entrei na faculda<strong>de</strong>,<br />

eu tinha 18 anos, portanto, como eu vou fazer 60, eu tenho 59, eu trabalho <strong>em</strong> jornal há 41 anos,<br />

quase 42. Trabalho com jornalismo, primeiro <strong>em</strong> jornal diário, eu gosto <strong>de</strong> jornal diário até hoje,<br />

primeiro trabalhando <strong>em</strong> geral e cultura, <strong>de</strong>pois <strong>em</strong> economia muitos anos, coor<strong>de</strong>nadora <strong>de</strong><br />

economia e essas coisas na época do Plano Cruzado e <strong>de</strong>pois <strong>em</strong> ciência, Em ciência eu já estou<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 88, bastante t<strong>em</strong>po.<br />

Leila: É isso mesmo, muito obrigada.<br />

Mariluce: Qualquer dúvida que você tiver...<br />

4. ENTREVISTA COM MARINA MADEIRA<br />

Entrevista realizada com a coor<strong>de</strong>nadora da área <strong>de</strong> eventos da Gerência <strong>de</strong> Comunicação da<br />

Fapesp, pessoalmente na se<strong>de</strong> da Fundação no dia 17 <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2010.<br />

Leila Cristina Bonfietti Lima: Eu gostaria primeiro que você começasse se apresentando, um<br />

curriculum, sua formação, quanto t<strong>em</strong>po você trabalha aqui... Como que é?<br />

Marina Ma<strong>de</strong>ira: Eu trabalho na Fundação há 12 anos, estou indo para o 13º ano, organizando os<br />

eventos da Fundação especificamente.<br />

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Leila: Você s<strong>em</strong>pre... Já começou nos eventos mesmo?<br />

Marina: Entrei na Fapesp a convite do nosso antigo diretor presi<strong>de</strong>nte, Prof. Francisco Romeu<br />

Landi, que já é falecido, porque ele já me conhecia <strong>de</strong> um período que eu trabalhei na USP, na<br />

Politécnica e ele sabia que eu organizava eventos... Eu trabalhei lá um ano, inclusive com ele como<br />

diretor. E aí ele veio para a Fapesp, e a Fapesp estava <strong>em</strong> um período <strong>de</strong> novos programas especiais<br />

como o Genoma, por ex<strong>em</strong>plo, e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organizar eventos para chamar a comunida<strong>de</strong><br />

<strong>científica</strong> para participar dos programas tal, então ele me chamou e eu vim já com a missão <strong>de</strong><br />

organizar eventos, e isso já t<strong>em</strong> 13 anos.<br />

Leila: E qual a sua formação?<br />

Marina: Eu não sou formada <strong>em</strong> nada <strong>de</strong> Relações Públicas. Eu sou formada <strong>em</strong> Letras. Eu<br />

trabalhava <strong>em</strong> uma instituição e eles precisavam organizar um evento...<br />

Leila: Era instituição voltada para a pesquisa?<br />

Marina: Não, era uma associação <strong>de</strong> normas técnicas e eles queriam fazer um evento <strong>de</strong> t<strong>em</strong>a<br />

específico, dirigido a engenheiros e pediram que eu realizasse e eu fiz, achei legal, gostei, e quando<br />

eu terminei <strong>de</strong> fazer, uma pessoa que havia participado <strong>de</strong>sse evento me chamou para fazer um<br />

outro e aí já era dirigido a pesquisadores, foi no instituto biológico, foi uma pessoa do INMETRO<br />

que participou do outro evento e conhecia um pessoal do INMETRO que procurava alguém para<br />

fazer eventos... Ela l<strong>em</strong>brou do meu nome, me ligou e eu fiz esse do instituto biológico, já tinha<br />

saído da associação. Aí nesse evento do instituto biológico, um professor da Poli me chamou para<br />

trabalhar na Politécnica também, para fazer um evento, aí eu fiquei lá... acho que eu fiz uns 300 no<br />

período... por 15 anos eu fiquei lá e aí sai e vim aqui para a Fapesp.<br />

Então, não sou formada. Fiz alguns cursos que eu achei interessante, mas a minha formação se dá<br />

realmente pela percepção, pela observação <strong>de</strong> outros eventos, eu fui apren<strong>de</strong>ndo na prática mesmo e<br />

estou nisso há mais <strong>de</strong> 25 anos.<br />

Leila: Então como surgiu a área <strong>de</strong> eventos aqui na Gerência <strong>de</strong> Comunicação?<br />

Marina: Então, a área <strong>de</strong> eventos na Gerência <strong>de</strong> Comunicação, o objetivo <strong>de</strong>la é com base na<br />

verda<strong>de</strong>... A gente t<strong>em</strong> como missão na Gerência <strong>de</strong> Comunicação dar visibilida<strong>de</strong> às ações da<br />

Fundação, on<strong>de</strong> ela investe o dinheiro arrecadado da comunida<strong>de</strong>... tudo que é aplicado <strong>em</strong><br />

pesquisa... aplicado nesses programas, projeto e a gente, por meio <strong>de</strong> eventos, uma das ferramentas<br />

da Gerência <strong>de</strong> Comunicação para dar visibilida<strong>de</strong> é a organização <strong>de</strong> eventos. Então, isso eu acho<br />

que é um dos objetivos principais.<br />

E aí a gente, por meio do nosso trabalho, a gente dá condições para os pesquisadores vir<strong>em</strong> aqui na<br />

Fundação e chamar os pares e <strong>de</strong>bater os t<strong>em</strong>as das pesquisas, por ex<strong>em</strong>plo, <strong>em</strong> uma área como<br />

bioenergia hoje, que é relativamente nova aqui na Fundação... A gente faz uma média <strong>de</strong> oito a<br />

nove eventos <strong>em</strong> todos os segmentos da bioenergia e isso é possível porque aqui <strong>de</strong>ntro existe setor<br />

que se mobiliza para fazer e dá condições para os pesquisadores receber<strong>em</strong> pessoas <strong>de</strong> fora,<br />

receber<strong>em</strong> um público aí <strong>de</strong> 200, 300 pessoas para <strong>de</strong>bater os assuntos.<br />

A gente também dá visibilida<strong>de</strong> às ações da Fundação que estão ficando <strong>em</strong> feiras <strong>científica</strong>s<br />

organizadas por socieda<strong>de</strong> <strong>científica</strong>s. Então, a gente vai para lá, no local <strong>de</strong>ssa feira... a gente já<br />

compõe no início do ano quais são do nosso interesse <strong>em</strong> participar e a gente leva... monta o stand e<br />

ali trabalha alguns dias com a comunida<strong>de</strong> do local, do estado, divulgando não os programas da<br />

Fundação, não apenas isso, mas principalmente dando acesso as informações que a gente t<strong>em</strong> no<br />

nosso site, na revista, na agência <strong>de</strong> notícias... A gente procura divulgar as ferramentas que a<br />

Fundação t<strong>em</strong> que não são <strong>de</strong> conhecimento <strong>de</strong> pesquisadores <strong>de</strong> outros estados, as vezes estados<br />

29


mais carentes que o nosso, porque São Paulo não t<strong>em</strong> dificulda<strong>de</strong> nenhuma <strong>de</strong> obter informação.<br />

Mas quando você vai para um estado do Norte, do Nor<strong>de</strong>ste, lá existe uma carência <strong>de</strong> informação<br />

muito gran<strong>de</strong>, então a gente apresenta todas as possibilida<strong>de</strong>s que exist<strong>em</strong> no site da Fundação e<br />

mostra para eles o quanto é importante eles assinar<strong>em</strong> a agência <strong>de</strong> notícias, por ex<strong>em</strong>plo, para que<br />

eles tenham conhecimento diário do que está sendo discutido <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> ciência e tecnologia no<br />

país. E a gente mostra a revista, o site da revista, a agência, o site da Fapesp, a gente distribui<br />

publicação... Porque a Fundação, periodicamente, ela edita uma série <strong>de</strong> publicações <strong>de</strong> todos os<br />

programas, por ex<strong>em</strong>plo, mudanças climáticas, que é um t<strong>em</strong>a super atual, já existe o catálogo que é<br />

produzido aqui... <strong>de</strong> todos os projetos que são apresentados <strong>em</strong> um <strong>de</strong>terminado período sobre esse<br />

t<strong>em</strong>a. É uma publicação que reuni informações primordiais sobre os assuntos que estão sendo<br />

estudados ou alguns programas já finalizados <strong>em</strong> mudanças climáticas. Então, já t<strong>em</strong> isso <strong>em</strong><br />

biodiversida<strong>de</strong>, <strong>em</strong> bioenergia, <strong>em</strong> inovação tecnológica. Essa publicações que são editadas aqui, a<br />

gente leva para distribuição <strong>em</strong> bibliotecas...<br />

Por ex<strong>em</strong>plo, a gente participa anualmente da SBPC. Então você imagina uma SBPC <strong>em</strong> Manaus, o<br />

que a gente conseguiu atingir <strong>de</strong> colégios, além <strong>de</strong> universida<strong>de</strong>s, da UFAM, das faculda<strong>de</strong>s que<br />

exist<strong>em</strong> ali, dos colégios, porque a gente recebe estudantes do ensino médio... e a gente entrega<br />

essas publicações para os professores para que eles coloqu<strong>em</strong> nas bibliotecas <strong>de</strong> laboratórios e da<br />

própria instituição. Então, é uma coisa fantástica para essa população que está com dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ter informação, <strong>de</strong> ter informação seja ela impressa ou digital.<br />

(Pausa na gravação para mudar <strong>de</strong> local).<br />

Marina: Lá é um local <strong>de</strong> muita gente e muita ativida<strong>de</strong>, então as vezes fica impossível conversar<br />

lá.<br />

Leila: Você está falando então...<br />

Marina: Dos meios que a gente t<strong>em</strong> para fazer essa visibilida<strong>de</strong> da Fundação.<br />

A gente organiza também eventos cerimoniosos...<br />

Leila: Isso que eu ia perguntar. Vou comentou das feiras e eu gostaria <strong>de</strong> saber quais os tipos<br />

<strong>de</strong> eventos que vocês realizam.<br />

Marina: Então, como eu te falei <strong>de</strong>sses workshops, que são eventos para a divulgação dos<br />

programas, da discussão... são eventos... são workshops mesmo, promov<strong>em</strong> a discussão entre os<br />

pesquisadores. Isso <strong>em</strong> várias áreas do conhecimento. Hoje, a Fapesp está assim... muito voltada, eu<br />

diria, assim, para esses programas <strong>de</strong> bioernegia, mudanças climáticas... são t<strong>em</strong>as aí <strong>de</strong> carência,<br />

<strong>de</strong> coisas pr<strong>em</strong>entes... eu sei que existiu um estudo nessas áreas porque é o que está se <strong>de</strong>batendo aí<br />

fora, mas não se esquece evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente os programas regulares da Fundação, esse tipo <strong>de</strong> coisa que<br />

é também... a gente t<strong>em</strong> eventos também sobre isso, mas <strong>em</strong> uma quantida<strong>de</strong> menor, uma d<strong>em</strong>anda<br />

menor.<br />

Então, a gente promove esses workshops <strong>em</strong> conjunto com o coor<strong>de</strong>nador da área... <strong>de</strong> bionergia...<br />

<strong>de</strong> cada programa da Fundação. A Fundação t<strong>em</strong> programas <strong>de</strong> bioenergia, biodiversida<strong>de</strong>, políticas<br />

públicas... alguns não t<strong>em</strong> uma d<strong>em</strong>anda <strong>de</strong> eventos tão gran<strong>de</strong> como esses t<strong>em</strong>as atuais, os<br />

coor<strong>de</strong>nadores estão chamando a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> para discutir os rumos das mudanças<br />

climáticas, os rumos da bioenergia.<br />

Então, a gente faz workshops, também para dar visibilida<strong>de</strong> à pesquisa, a gente faz esses stands <strong>em</strong><br />

eventos científicos, a gente não vai para evento comercial, é muito raro, já fomos e a gente viu que<br />

não é o nosso meio. A gente busca ir <strong>em</strong> eventos que a gente sabe que vai ter uma reunião <strong>de</strong><br />

cientistas, professores tudo... a gente procura ir para esse meio.<br />

30


A gente também promove lançamentos <strong>de</strong> livros, a gente faz eventos cerimoniosos <strong>em</strong> homenag<strong>em</strong><br />

a ex diretores, também é raro acontecer, mas já aconteceu bastante, cerimônia <strong>de</strong> posse... essa parte<br />

cerimoniosa da Fundação a gente faz também. Nos 40 anos da Fundação nos fiz<strong>em</strong>os um evento<br />

gran<strong>de</strong>, 45 anos e 50 anos vamos fazer também. Daí não é para dar visibilida<strong>de</strong> à pesquisa, mas para<br />

homenagear a Fundação, tudo que ela representa para a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>.<br />

A gente promove esse tipo <strong>de</strong> coisa, essa exposição que você está vendo montada aqui ela ilustra o<br />

relatório <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s da Fapesp <strong>de</strong> 2009, então, <strong>de</strong> uns anos para cá, acho que foi <strong>de</strong> 2005 para cá,<br />

a Gerência <strong>de</strong> Comunicação, para tornar o relatório uma coisa assim menos árida, <strong>de</strong> ser uma coisa<br />

com só tabelas, números e gráficos, não é chato, mas é uma coisa muito difícil <strong>de</strong> se ver... então,<br />

veio essa idéia <strong>de</strong> a cada relatório colocar... homenagear um artista plástico paulista ou que tenha se<br />

fixado <strong>em</strong> São Paulo como já aconteceu com Bona<strong>de</strong>i, Tarsila do Amaral, Lasar Segal e esse ano a<br />

gente t<strong>em</strong> Portinari.<br />

Leila: O relatório é a Gerência <strong>de</strong> Comunicação que produz também?<br />

Marina: É. Todas as publicações da Fundação sa<strong>em</strong> daqui, produção daqui. Então, quando a<br />

Gerente <strong>de</strong> Comunicação faz esse trabalho <strong>de</strong> seleção do artigo, isso tudo <strong>em</strong> conjunto com o Dr.<br />

Celso Lafer, e é feita essa aplicação no relatório, é um trabalho extr<strong>em</strong>amente cuidadoso <strong>de</strong>la com<br />

uma pessoa responsável pela Fundação do artista, como a Fundação Lasar Segal e do Portinari. Eles<br />

selecionam as obras que serão encartadas no relatório e aí a gente aproveita isso e faz uma<br />

exposição... A gente convida as pessoas envolvidas com a parte <strong>de</strong> arte e fica aqui na Fapesp por<br />

um mês mais ou menos. Essas obras <strong>de</strong>pois, essas reproduções, elas vão sair daqui... estamos<br />

estudando um projeto junto com a USP, para que elas pass<strong>em</strong> por escolas públicas, porque são<br />

reproduções feitas assim, com material que não t<strong>em</strong> <strong>de</strong>sgaste, que não t<strong>em</strong> perigo assim <strong>de</strong>... não é<br />

uma obra <strong>de</strong> arte é uma reprodução e a idéia é que isso passe pelas escolas para que as crianças<br />

tenham acesso <strong>de</strong> conhecer um artista aí do talento do Portinari. Esse ano agora, essa s<strong>em</strong>ana, uma<br />

professora <strong>de</strong> Artes que soube que essa exposição está montada aqui, ela está trazendo uma<br />

escola...uma classe... não é uma classe não, ela vai fazer uma seleção <strong>de</strong> alunos para vir aqui na<br />

Fapesp conhecer essa exposição e vão fazer trabalhos <strong>de</strong>pois.<br />

Isso é uma coisa muito legal. A Fundação se <strong>de</strong>sdobrando naquilo que ela faz para divulgar o<br />

relatório <strong>de</strong>la e prestigia um artista plástico... está se <strong>de</strong>sdobrando para uma escola <strong>de</strong> ensino médio<br />

e aproveitando esse material que a gente produziu, que futuramente vai para outras escolas. É um<br />

<strong>de</strong>sdobramento do trabalho e é uma coisa muito legal.<br />

Leila: Falando agora da socieda<strong>de</strong> porque você comentou das escolas. Como você acredita que<br />

esses eventos para a criação <strong>de</strong> uma imag<strong>em</strong> da Fapesp para público e também para a<br />

divulgação para o público <strong>em</strong> geral?<br />

Marina: Eu acho que o trabalho que a gente faz... a Fundação, a missão <strong>de</strong>la é o financiamento da<br />

pesquisa, mas para ela financiar pesquisa ela t<strong>em</strong> que dizer para a socieda<strong>de</strong> que ela faz isso. E a<br />

nossa socieda<strong>de</strong>, isso é uma conclusão minha, ela t<strong>em</strong> uma classe <strong>de</strong> alunos que eu vou chamar <strong>de</strong><br />

privilegiados, porque eles freqüentam uma Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, uma <strong>Unicamp</strong>, uma Unesp,<br />

e são alunos que t<strong>em</strong> uma facilida<strong>de</strong> muito gran<strong>de</strong> com computador e t<strong>em</strong> acesso não só à Fapesp,<br />

como outras agência <strong>de</strong> fomento... ele t<strong>em</strong> a informação.<br />

Se você for para o interior, próximo aqui da capital, eu noto, eu já notei que eles também t<strong>em</strong> essa<br />

facilida<strong>de</strong> porque a gente t<strong>em</strong> as Unesp espalhadas por aí. Eu nunca estive e é uma das minhas<br />

metas... nos locais mais distantes da capital ainda. Porque o que está lá nos limites dos estados... eu<br />

não sei avaliar se esses alunos t<strong>em</strong> conhecimento da Fundação. Então, eu diria que esse é o meu<br />

objetivo... Quero dizer, eu acho que a Fundação <strong>de</strong>ve ser do conhecimento <strong>de</strong> todos, da comunida<strong>de</strong><br />

não só <strong>científica</strong>, aí a gente sabe que qu<strong>em</strong> é do estado <strong>de</strong> São Paulo conhece a Fapesp, por algum<br />

meio ficou sabendo... eu acho que o próprio aluno que t<strong>em</strong> interesse <strong>em</strong> se <strong>de</strong>dicar à pesquisa, ele<br />

31


vai atrás. Mas, eu acho que ela t<strong>em</strong> ferramentas para outros interesses também, não só para o aluno<br />

que está se <strong>de</strong>dicando à pesquisa. É importante hoje com a capacida<strong>de</strong> que ela t<strong>em</strong> <strong>de</strong> gerar<br />

informação, <strong>de</strong> fazer circular por meio <strong>de</strong>ssas ferramentas que eu te falei... Qualquer outro aluno<br />

que v<strong>em</strong> aqui, mesmo do ensino médio, é obrigação do paulistano... do paulista, saber que existe a<br />

Fapesp.<br />

Eu procuro, quando eu sei, por ex<strong>em</strong>plo, que o evento é na <strong>Unicamp</strong>, eu fico até meio frustrada,<br />

porque eu acho que a <strong>Unicamp</strong> não precisa <strong>de</strong>sses eventos, eu po<strong>de</strong>ria direcionar esse investimento<br />

que eu vou fazer pondo lá, levar para outros. Nós fomos pequenos também, a gente não consegue<br />

também ser abrangente. Então eu acho que o aluno <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente eu digo<br />

que já está <strong>em</strong> uma fase <strong>de</strong> ensino médio, porque antes disso ele não está com prontidão para pensar<br />

no futuro <strong>de</strong>le seja <strong>em</strong> que área for ou se ele vai ser um pesquisador ou não. Mas eu acho que esses<br />

alunos do Ensino Médio já precisam saber que existe uma instituição no Estado <strong>de</strong> São Paulo, que<br />

além <strong>de</strong> financiar pesquisa para qu<strong>em</strong> é do estado, ela também t<strong>em</strong> outros meios, impressos ou<br />

digitais, que vão ajudar na formação <strong>de</strong>le. Isso já seria muito legal. Ele saber que no site da<br />

Fundação ele consegue fazer pesquisa, uma consulta muita rica pelo que está contido no nosso site.<br />

Se eu conseguisse... meu objetivo s<strong>em</strong>pre é esse... eu quero que os alunos do ensino médio para<br />

cima, <strong>em</strong> todas as áreas que eu pu<strong>de</strong>r... possam participar, estar presente...conheçam a instituição,<br />

saber o que ela t<strong>em</strong>, oferece, basicamente isso. Ela não oferece só financiamento à pesquisa, ela<br />

oferece muito mais do que isso.<br />

Quando eu vou para um evento <strong>em</strong> Manaus, ou Belém do Pará, ou Goiás, como a gente vai agora na<br />

próxima SBPC, eles falam: “Mas o que a Fapesp está fazendo aqui se ela só financia pesquisa para<br />

qu<strong>em</strong> é do Estado <strong>de</strong> São Paulo?” Eu falo: “Não. No seu estado você t<strong>em</strong> uma agência <strong>de</strong> fomento,<br />

todos os estados, ou quase todos t<strong>em</strong>”...<br />

Leila: É apenas três que não t<strong>em</strong>.<br />

Marina: Existe a Fap<strong>em</strong>a, a Faperj do Rio <strong>de</strong> Janeiro, a Fapergs do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, Fap<strong>em</strong>at do<br />

Mato Grosso...<br />

Leila: Três estados que não.<br />

Marina: Ah, que não t<strong>em</strong>. Isso. Evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente eles t<strong>em</strong> uma <strong>de</strong>ficiência muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

investimento para po<strong>de</strong>r financiar. Esse aspecto eu não tenho como ajudar, mas eu levo a<br />

informação até eles... outras coisas que são importante para a formação <strong>de</strong>les como indivíduo, como<br />

estudante.<br />

Leila: O material institucional que é distribuído nesses eventos... como é? São fol<strong>de</strong>res? As<br />

publicações que você falou ... qu<strong>em</strong> produz?<br />

Marina: Olha, é produzido aqui mesmo na Gerência <strong>de</strong> Comunicação. A gente t<strong>em</strong> fol<strong>de</strong>res que<br />

falam da Fapesp como um todo, a gente t<strong>em</strong> fol<strong>de</strong>res que falam especificamente <strong>de</strong> programas <strong>de</strong>la,<br />

regulares ou especiais, <strong>de</strong> bioenergia, <strong>de</strong> inovação, etc. A gente t<strong>em</strong> catálogos que reún<strong>em</strong> projetos,<br />

a gente t<strong>em</strong> livros que foram produzidos, para os 40 anos da Fapesp... exist<strong>em</strong> algumas publicações<br />

que foram produzidas pontualmente. Evi<strong>de</strong>nte que eu não entrego essas publicações para qualquer<br />

pessoa, inclusive a gente t<strong>em</strong> o fol<strong>de</strong>r que foi recent<strong>em</strong>ente produzido para quando a gente vai para<br />

um SBPC, por ex<strong>em</strong>plo... eu recebo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> criança do ensino fundamental, e aí eu não vou entregar<br />

uma produção, um publicação da Fapesp que é uma coisa que gerou horas <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> alguém,<br />

que t<strong>em</strong> um conteúdo muito específico e que teve custo... então, eu não vou entregar para uma<br />

criança. Então, para eles eu dou uma revista da Fapesp <strong>de</strong> números antigos só para ele ter contato.<br />

Se é um aluno <strong>de</strong> nível fundamental eu posso dar esse fol<strong>de</strong>r que nós produzimos que t<strong>em</strong> uma<br />

linguag<strong>em</strong> mais acessível, não t<strong>em</strong> um conteúdo tão, assim, científico. Eu tenho as professoras que<br />

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visitam o stand e que para essas eu posso entregar uma publicação, por ex<strong>em</strong>plo, sobre os 40 anos<br />

da Fapesp, e dizer: esse aqui é um produto para a senhora ler e colocar na prateleira <strong>de</strong> uma<br />

biblioteca para que seus alunos tenham a possibilida<strong>de</strong>... que a senhora divulgue. Então, a gente faz<br />

um trabalho <strong>de</strong> sensibilização nesse stand muito gran<strong>de</strong>.<br />

Eu tenho uma equipe que eu treino há 12 anos, que não são funcionários daqui, trabalham<br />

especificamente, <strong>de</strong> forma autônoma, mas são s<strong>em</strong>pre as mesmas pessoas, porque a Fapesp, ela é<br />

complexa, ela é gran<strong>de</strong>, e é preciso treinar essa abordag<strong>em</strong> que a gente faz com cada visitante, cada<br />

faixa etária, <strong>de</strong> formações diferentes. Se a gente ver que ele é um professor, o atendimento vai ser<br />

outro para ele.<br />

Leila: Como você comentou, eu gostaria <strong>de</strong> saber quantas pessoas atuam na área <strong>de</strong> eventos.<br />

Aqui na Fapesp é só você?<br />

Marina: Sou eu, e eu tenho um assessor que é o Marcelo Meleti, e há um mês e meio, dois meses<br />

eu conto com uma profissional que está prestando... é uma prestadora <strong>de</strong> serviços, porque ela não é<br />

funcionária, ela está comigo até o final do ano porque a gente teve uma d<strong>em</strong>anda <strong>de</strong> eventos muito<br />

superior a nossa força motora. Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer a gente t<strong>em</strong>, mas imagine, a gente vai chegar no<br />

final do ano com cerca <strong>de</strong> 50 eventos realizados entre workshops e feiras. 50 eventos, se você tirar o<br />

mês <strong>de</strong> janeiro que a gente está <strong>em</strong> férias, sobram 11 meses, na verda<strong>de</strong> 10 meses, porque a gente<br />

t<strong>em</strong> o período do natal e tal. Então, <strong>em</strong> 10 meses, 50 eventos, dá uma média <strong>de</strong> cinco eventos por<br />

mês, é mais do que um por s<strong>em</strong>ana, para duas pessoas isso é muito puxado. Então, eu pedi, porque<br />

alguns eventos... não cai direitinho assim um por s<strong>em</strong>ana né, então, por ex<strong>em</strong>plo, s<strong>em</strong>ana que v<strong>em</strong><br />

eu tenho dois eventos e isso é <strong>de</strong>sgastante para uma instituição <strong>de</strong> pesquisa.<br />

Leila: E você s<strong>em</strong>pre viaja? Como é? A equipe que fica no stand como é?<br />

Marina: Se o evento é fora, ou eu ou uma pessoa da equipe... <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do evento, por ex<strong>em</strong>plo,<br />

uma SBPC, você precisa levar a equipe daqui, hoje três pessoas e ainda levar cerca <strong>de</strong> três<br />

prestadoras, três autônomas, porque é um fluxo muito violento <strong>de</strong> pessoas que frenquentam... que<br />

passam pelo stand. Hoje a gente já t<strong>em</strong> muito Knowhow <strong>de</strong> feira. Então, se eu vou para uma feira<br />

específica, como <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> <strong>científica</strong>, um congresso <strong>de</strong> química, por ex<strong>em</strong>plo, eu posso<br />

fazer um stand pequeno, mais ou menos <strong>de</strong> uns 20, 24m² e colocar três pessoas, que a gente<br />

consegue aten<strong>de</strong>r b<strong>em</strong>, porque você está lidando com uma massa <strong>de</strong> pessoas mais ou menos<br />

equilibrada <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecimento mesmo, porque todos são alunos, mas alunos<br />

graduandos, ou pós graduados, pesquisadores, então, eles estão mais ou menos nivelados, então, é<br />

fácil para eu me comunicar. Quando você lida com jovens, com alunos do ensino médio, ou até<br />

graduandos, mas no início da graduação, é difícil você falar com esses jovens. Então você precisa<br />

que uma pessoa pegue aquele grupo e comece a conversar e explicar o que é a Fapesp e isso não é<br />

fácil. Precisa assim: “Existe uma Fundação no Estado <strong>de</strong> São Paulo”... Imagina, isso é um papo<br />

muito chato. Então, t<strong>em</strong> que pegar ele assim: “Você sabia que há um meio <strong>de</strong> você ficar informado,<br />

você que está começando a sua formação agora... existe um caminho para você conseguir<br />

pesquisas... sabe quando você tiver pesquisa...” Então, a gente t<strong>em</strong> que entrar <strong>em</strong> uma conversa<br />

parecida com a conversa que eles t<strong>em</strong> na escola <strong>de</strong>les, na faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong>les para po<strong>de</strong>r sensibilizar<br />

essa pessoa. Fazer ela parar e fazer ela ouvir tudo o que você t<strong>em</strong> para dizer. Então, você precisa <strong>de</strong><br />

uma equipe treinada para isso. Saber chamar essa garotada, e a gente pega essa pessoa, quando a<br />

gente percebe que conseguiu sintonizar com ela, a gente já põe ela para assinar a agência <strong>de</strong> notícias<br />

na mesma hora, porque se eu consigo fazer isso, no dia seguinte, no computador <strong>de</strong>la, no meio <strong>de</strong><br />

um monte <strong>de</strong> orkuts e facebooks, vai estar lá a agência e se ela conseguir abrir e ver uma<br />

manchetezinha <strong>de</strong> matéria, eu já estou satisfeita, porque se ela não me <strong>de</strong>letar a gente vai estar lá.<br />

33


Leila: Você comentou da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> eventos. T<strong>em</strong> uma época do ano que é<br />

sobrecarregada?<br />

Marina: O segundo s<strong>em</strong>estre.<br />

Leila: E porque você acha isso?<br />

Marina: Eu acho que as pessoas começam o ano... se você pensar <strong>em</strong> uma universida<strong>de</strong>, ela<br />

começa o ano <strong>de</strong>pois do carnaval. T<strong>em</strong> eventos <strong>em</strong> fevereiro, mas eles já foram marcados no ano<br />

anterior. Mas no geral as pessoas começam o ano, começam o trabalho e falam: “Vamos fazer tal<br />

coisa? Vamos, e aí joga para quando?” Para <strong>de</strong>pois das férias <strong>de</strong> julho. O pesquisador <strong>em</strong> geral no<br />

mês <strong>de</strong> julho ele sai, ele faz viagens para participar... Então, existe um número muito gran<strong>de</strong> no mês<br />

<strong>de</strong> julho, justamente porque conta com as férias escolares , férias dos professores. Pesquisador <strong>de</strong><br />

universida<strong>de</strong> t<strong>em</strong> as férias também <strong>em</strong> julho, então julho é assim um divisor <strong>de</strong> águas vamos dizer<br />

assim. É um mês que ele sai e aí quando ele volta aí começa, é agosto, set<strong>em</strong>bro, outubro, é uma<br />

pauleira. Nos meses anteriores t<strong>em</strong> eventos mas eles foram marcados ou no ano anterior ou já<br />

estava na cabeça do pesquisador, ou estava agendado ou já tinha sido discutido logo no começo do<br />

ano, mas a gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> é no final, agosto, set<strong>em</strong>bro, outubro, nov<strong>em</strong>bro. Isso <strong>em</strong> qualquer<br />

área. Porque nós... mesmo quando eu trabalhei como profissional autônoma eu tinha mais eventos<br />

para o segundo s<strong>em</strong>estre.<br />

Leila: E qu<strong>em</strong> cuida da área <strong>de</strong> publicações?<br />

Marina: A Gerente <strong>de</strong> Comunicação aqui, a Graça, t<strong>em</strong> uma equipe que cuida <strong>de</strong>ssa parte. Fica<br />

aqui. T<strong>em</strong> uma diagramadora. Esse nosso setor é <strong>de</strong> uma mobilida<strong>de</strong>, uma flexibilida<strong>de</strong> que eu<br />

tenho muito orgulho <strong>de</strong> falar, porque eu trabalho <strong>em</strong> um lugar <strong>de</strong> produção frenética. Quando a<br />

gente t<strong>em</strong> aqui na Gerência <strong>de</strong> Comunicação...<br />

Leila: Eu queria até pedir para você, porque eu procurei no site e não achei isso, um<br />

organograma da Gerência <strong>de</strong> Comunicação.<br />

Marina: A Graça não te passou isso? O nosso organograma... <strong>de</strong>ixa eu contar.<br />

Leila: Ela me falou que ela gerencia eventos, publicações, online (que aí seria o portal e a<br />

agência) e ela até fez um <strong>de</strong>senhinho aqui pra mim que está até aqui, mas uma coisa com o<br />

nome <strong>de</strong> cada um eu não tenho. Ela fez aqui: Gerência <strong>de</strong> Comunicação: assessoria <strong>de</strong><br />

comunicação, online, publicações, eventos e o CDI que é a parte da biblioteca.<br />

Marina: Exatamente. Na assessoria <strong>de</strong> comunicação é o Fernando Cunha, no online é o Heitor que<br />

coor<strong>de</strong>na essa parte do site e da agência também, portal e site. Nas publicações é ela, a gerente e<br />

mais duas pessoas, que é um jornalista e uma diagramadora, a parte <strong>de</strong> eventos sou eu e o CDI é a<br />

Prof. Rosaly.<br />

Leila: E fica aqui também?<br />

Marina: Fica aqui no terceiro andar.<br />

Leila: Então, não fica junto com vocês?<br />

Marina: Não, porque assim, era um setor a parte que agora recent<strong>em</strong>ente juntou aqui com a<br />

Gerência <strong>de</strong> Comunicação no organograma, porque continua <strong>de</strong>senvolvendo as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>le, t<strong>em</strong><br />

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a biblioteca virtual, que enten<strong>de</strong>ram que t<strong>em</strong> a ver com a Gerência <strong>de</strong> Comunicação, mas qu<strong>em</strong><br />

cuida disso é a Prof. Rosaly.<br />

Leila: E essas publicações, eu <strong>de</strong>i uma olhada, porque a Graça me <strong>de</strong>u algumas. E a<br />

linguag<strong>em</strong> você acredita que seja para um público mais... pesquisadores, da área acadêmica<br />

ou t<strong>em</strong> uma linguag<strong>em</strong> mais voltada para estudantes e para a socieda<strong>de</strong>?<br />

Marina: Depen<strong>de</strong> da publicação. Evi<strong>de</strong>nte que uma publicação, como uma aqui traz projetos <strong>de</strong><br />

pesquisas na área <strong>de</strong> mudanças climáticas. Ela está realmente direcionada para esse público <strong>de</strong><br />

pesquisadores que <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> as suas pesquisas, os seus trabalhos nessa área. Então, não é... Foi o<br />

que eu te disse a principio, eu não vou dar uma publicação <strong>de</strong>ssa para um jov<strong>em</strong> n<strong>em</strong> graduando, ele<br />

já t<strong>em</strong> que estar fazendo uma pós graduação, ele já t<strong>em</strong> que estar direcionado para uma área para<br />

receber uma produção... senão ele não vai enten<strong>de</strong>r nada, ele vai jogar isso fora. Isso seria um custo<br />

gran<strong>de</strong> para o contribuinte, porque foi dinheiro investido do contribuinte aqui na Fundação e esse<br />

dinheiro ela distribui para fazer retornar para a comunida<strong>de</strong>, seja por meio <strong>de</strong> projeto <strong>de</strong> pesquisa ou<br />

<strong>de</strong> uma divulgação intensa, esse é o retorno que ela faz para comunida<strong>de</strong>. Mas t<strong>em</strong> que ser<br />

direcionado senão você está jogando dinheiro fora. Isso até como cidadã é uma coisa que eu não<br />

posso aceitar.<br />

Então, assim, as publicações, elas t<strong>em</strong> um público alvo, quando ela produz aqui uma publicação,<br />

isso é estudado. Esse fol<strong>de</strong>r que eu te falei, eu cheguei para ela... dos jovens... a gente precisa fazer<br />

um fol<strong>de</strong>r que tenha um custo relativamente barato porque é com esse fol<strong>de</strong>r que eu vou sensibilizar<br />

os jovens, estudantes, vou falar, ou seja, vou fazer meu trabalho oral e eu vou entregar na mão <strong>de</strong>le<br />

com a esperança <strong>de</strong> que ele chegue <strong>em</strong> casa e ali ele leia aquilo que foi dito, <strong>em</strong> um linguag<strong>em</strong> que<br />

ele sinta simpatia, ele não t<strong>em</strong> que ser <strong>de</strong>sestimulado para ler o folheto <strong>em</strong> função <strong>de</strong> uma<br />

construção difícil <strong>de</strong> palavras.É importante você fazer para esse público e você estar direcionando a<br />

publicação. Isso ela vai po<strong>de</strong>r te falar amplamente porque é a área <strong>de</strong>la.<br />

Da minha parte, o que a gente procura s<strong>em</strong>pre estar produzindo <strong>em</strong> termos diversos são os fol<strong>de</strong>res,<br />

que é usado <strong>em</strong> feiras, <strong>em</strong> eventos aqui. A gente está s<strong>em</strong>pre colocando a disposição on<strong>de</strong> quer que<br />

a gente vá, um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> informação escrita. Então, eu digo para ela: “Eu preciso <strong>de</strong> fol<strong>de</strong>r<br />

assim, assim, assado”. E ela como Gerente também t<strong>em</strong> essa percepção.<br />

Leila: Então os fol<strong>de</strong>res você que i<strong>de</strong>aliza e a área <strong>de</strong> publicação...<br />

Marina: Não. Eu não i<strong>de</strong>alizo, eu digo para ela as necessida<strong>de</strong>s que eu tenho e ela t<strong>em</strong> o pessoal,<br />

t<strong>em</strong> jornalista...<br />

Leila: É um trabalho <strong>em</strong> conjunto...<br />

Marina: Sim, todo trabalho aqui é <strong>de</strong>senvolvido <strong>em</strong> conjunto. Então, você imagina assim, <strong>em</strong> um<br />

evento você envolve toda a Gerência. Eu uso o setor online para colocar no site o evento, eu uso o<br />

setor online para colocar na Agência matérias sobre o evento, eu preciso <strong>de</strong> assessoria <strong>de</strong> imprensa.<br />

Convite... essas coisas sou eu que produzo. Fol<strong>de</strong>r para um evento, convite para um evento,<br />

programação, essas coisas sa<strong>em</strong> pela área <strong>de</strong> eventos, mas a gente usa praticamente todos os<br />

serviços da Gerência.<br />

Leila: Bom, era isso. Se você tiver alguma coisa para acrescentar.<br />

Marina: Olha...<br />

Leila: Os pesquisadores quando vão nos eventos, os pesquisadores que estão relacionados com<br />

os projetos, eles ficam no stand, tiram dúvidas, como é?<br />

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Marina: Olha, passam sim pelo stand para... se é um pesquisador que é visitante aqui da Fapesp, ele<br />

já t<strong>em</strong>, como eu te falei, muita informação, então ele para ali para ver se a gente t<strong>em</strong> uma novida<strong>de</strong>,<br />

se a gente está com alguma publicação nova. No geral, o pesquisador da Fapesp, aquele que é do<br />

Estado <strong>de</strong> São Paulo, ele recebe a Agência diariamente e ele sabe que ele t<strong>em</strong> que ler aquilo, ele<br />

recebe a revista, ele t<strong>em</strong> esse canal <strong>de</strong> informação e é muito forte e ele sabe disso. Ele é um... como<br />

foi o termo que eu falei para você... felizardo vai. Ele é felizardo porque t<strong>em</strong> tudo na mão. Um<br />

pesquisador que está fora do Estado <strong>de</strong> São Paulo, são pessoas carentes <strong>de</strong> informação, <strong>de</strong> material<br />

<strong>de</strong> trabalho, <strong>de</strong> publicações, do estilo que é feito aqui. São informativos muito atuais do que está<br />

acontecendo <strong>em</strong> ciência e tecnologia <strong>em</strong> uma <strong>de</strong>terminada... <strong>em</strong> várias áreas.<br />

Eu acho, assim, apaixonante. Eu acho que a Fapesp é uma instituição muito séria, muito voltada ao<br />

trabalho. As pessoas que estão aqui <strong>de</strong>ntro, seja o setor que for, são pessoas muito focadas e eu<br />

como cidadã tenho muito orgulho <strong>de</strong> saber que existe uma instituição com esse nível <strong>de</strong><br />

comprometimento com a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>. Como funcionária eu acho, assim, apaixonante<br />

trabalho que a gente realiza aqui <strong>de</strong>ntro, eu diria que é <strong>de</strong>sgastante, a gente chega no final do ano já<br />

com pressão alta, nível <strong>de</strong> stress muito alto porque o trabalho é puxado, é puxado, mas você não vê<br />

ninguém afinar, rodar a baiana, “não agüento mais”, ou criar probl<strong>em</strong>as. Não. Aqui a gente faz e é<br />

apaixonante, <strong>de</strong> tudo que eu faço, a minha realização maior é po<strong>de</strong>r levar a Fapesp e falar nos<br />

cantos do país, falar sobre ela e mostrar que as pessoas, mesmo se está <strong>em</strong> local carente, se ela tiver<br />

acesso a um computador, ela vai saber tudo que está sendo feito aqui <strong>em</strong> São Paulo, que é o pólo <strong>de</strong><br />

geração <strong>de</strong> informação e <strong>de</strong> conhecimento. Ela vai ter acesso a isso. Se ela tiver informação, essa<br />

informação, ela já está muito a caminho <strong>de</strong> ter opções. Vai saber o que se discuti aqui <strong>em</strong> São<br />

Paulo, no Brasil. Se a gente não fizer esse trabalho ela vai conseguir por meios próprios, mas eu<br />

acho que vai ser mais difícil.<br />

Leila: Você acha que antes da área <strong>de</strong> comunicação, que é <strong>de</strong> 95 que a Graça comentou<br />

comigo, você acha que antes e <strong>de</strong>pois da área <strong>de</strong> comunicação... que a imag<strong>em</strong> institucional<br />

perante ao público que ela mudou muito?<br />

Marina: Nossa! Nossa! Eu trabalhava na Politécnica... eu entrei na Poli ... t<strong>em</strong> muito t<strong>em</strong>po e a<br />

gente não ouvia falar da Fapesp. A Fapesp... eu l<strong>em</strong>bro disso perfeitamente porque eu já fazia<br />

eventos lá na Poli e a gente pedia um auxílio para organização <strong>de</strong> eventos e era uma coisa assim<br />

feita por correio. A gente mandava o pedido e aí vinha uma informação se tinha sido concedido<br />

aquele... era para organizar anais... era especificamente para isso, porque o professor da Poli pedia e<br />

a gente fazia aqueles livrões antigamente, então saia o financiamento. Mas para mim a Fapesp era<br />

para isso. A Fapesp era uma Fundação que financiava os anais <strong>de</strong> eventos. E aí a gente colocava a<br />

logamarca, que era aquele troço que a gente cortava e colava. Era para isso. A Fapesp não aparecia.<br />

Ela não tinha esses programas <strong>de</strong> hoje que são... que antecipam... ela não fica esperando o<br />

pesquisador vir aqui para dizer: “Eu quero financiar um projeto na área <strong>de</strong> bioenergia.” Ela<br />

promove um evento aqui e diz: “Olha está aqui, a gente t<strong>em</strong> o dinheiro, o valor para financiar,<br />

fiz<strong>em</strong>os convenio com tal <strong>em</strong>presa e estamos aguardando.” Então, ela se antecipa ao pesquisador,<br />

ela motiva ele a se <strong>de</strong>dicar àquela área e isso é muito muito legal.<br />

Leila: Bom, é mesmo, t<strong>em</strong> alguma coisa para acrescentar?<br />

Marina: Não, se você tiver ainda alguma...<br />

Leila: Eu queria, se você tiver algum material institucional...<br />

Marina: O que eu tenho são os fol<strong>de</strong>res que a Graça já...<br />

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Leila: Ela me <strong>de</strong>u livros na verda<strong>de</strong>. Da parte <strong>de</strong> eventos eu queria dar uma olhadinha.<br />

Marina: Tá. A gente po<strong>de</strong> te mostrar uma pasta, por ex<strong>em</strong>plo, <strong>de</strong> material que a gente produz para<br />

evento, posso te dar algumas peças <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo.<br />

(Pausa na gravação).<br />

Marina: Divulgar os nossos eventos para políticos, autorida<strong>de</strong>s acadêmicas e isso a gente v<strong>em</strong><br />

fazendo por meio formal, que é o convite técnico, a gente enten<strong>de</strong> que é o necessário para ele. A<br />

gente divulga para Secretaria do Estado, <strong>de</strong>putados estaduais e fe<strong>de</strong>rais , doutores, então sai esse<br />

convite impresso. Esse mesmo convite a gente t<strong>em</strong> no formato eletrônico, e a gente manda, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, mailling do Biota, t<strong>em</strong> aí uns cinco mil registro... aí não só você está convidando,<br />

evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente que não v<strong>em</strong> esse volume todo <strong>de</strong> pessoas, mas a gente está informando para eles o<br />

que está acontecendo e eles pod<strong>em</strong> acessar todas essas palestras <strong>em</strong> power point no site do Biota.<br />

Então, é uma forma, mesmo que ele não compareça, <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r estar informado.<br />

Para você ver como é importante, essa questão não só da divulgação, mas também da informação. O<br />

cara recebe, mas não t<strong>em</strong> condições <strong>de</strong> vir para São Paulo, mas ele consegue acompanhar isso.<br />

O convite é impresso e eletrônico. Esse é o convite para a exposição do Portinari, olha que<br />

bonitinho que ficou.<br />

Leila: Essa daqui?<br />

Marina: Isso, essa daqui. Esse aqui, olha, é o a<strong>de</strong>sivo que vai na pasta. Isso aqui é um evento que<br />

ainda vai acontecer.<br />

Esse aqui é <strong>de</strong> um evento que foi s<strong>em</strong>ana passada. É <strong>de</strong> um convenio que a Fapesp t<strong>em</strong> com a<br />

Microsoft na área <strong>de</strong> tecnologia da informação, nesse caso voltada para o meio ambiente. E olha, a<br />

gente colocou inclusive os pôsteres além das palestras, olha, todas as pessoas que fizeram palestra<br />

ou apresentaram pôster estão aqui. Então, a gente reúne todas as informações, faz um livro que a<br />

pessoa <strong>de</strong>pois leva né, enfim...<br />

Leila: E o que você estava falando <strong>de</strong> evento fora do Brasil...<br />

Marina: Ah, então, nós fomos convidados <strong>em</strong> 2008 pelo Jardim Botânico lá <strong>de</strong> Berlim para<br />

produzir uma exposição sobre biodiversida<strong>de</strong>, e nós fiz<strong>em</strong>os, eu vou te dar... pois é, no site da<br />

Fapesp você vai ver a parte <strong>de</strong> exposição. Quando a gente vai participar <strong>de</strong> alguns eventos que vale<br />

a pena a gente mostrar a pesquisa realizada <strong>em</strong> uma <strong>de</strong>terminada área, biodiversida<strong>de</strong>, por ex<strong>em</strong>plo,<br />

por meio <strong>de</strong> uma exposição. Então, você leva ela para um stand e as pessoas olham isso <strong>de</strong> uma<br />

forma mais agradável.<br />

Então, a primeira que a gente fez foi essa daqui, a Flora Brasiliense, nós fomos participar <strong>em</strong> um<br />

evento organizado pela ONU <strong>em</strong> Curitiba, um evento internacional com 72 representações <strong>de</strong><br />

países, então a gente organizou uma exposição que falava dos programas... do projeto da Fapesp<br />

que chama Flora Brasiliense online. Você já ouviu falar <strong>de</strong>le?<br />

Leila: Não. Desse não.<br />

Marina: Isso daqui é uma história <strong>de</strong> um botânico que criou... que veio para o Brasil 200 ano atrás<br />

e ele fez um trabalho que nenhum outro botânico fez... <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>le ninguém fez. Ele saiu pelo Brasil<br />

a pé e ele fez esse trajeto aqui a pé, coletando amostras <strong>de</strong> plantas e ficou três anos nessa viag<strong>em</strong>.<br />

Você imagina há 200 atrás você andar a pé por todo esse trajeto aqui. Ele veio para cá a pedido... o<br />

imperador da Áustria... a filha <strong>de</strong>le a Imperatriz Leopoldina estava vindo para o Brasil casar com<br />

Dom Pedro e ela era uma mulher inteligente e sabia que o Brasil tinha florestas tropicais<br />

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lindíssimas, na Áustria não t<strong>em</strong>, então, ela pediu para o pai <strong>de</strong>la mandar botânicos e copiadores para<br />

fazer o levantamento da nossa Flora. Então, ele mandou. Esse viajou três anos, coletando amostras e<br />

registrando as nossas floretas por meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos, <strong>de</strong> ilustrações. Foi ele que nomeou os nossos<br />

biomas, Mata Atlântica, Floresta Amazônica, Caatinga. E esse trabalho todo, quando ele voltou ele<br />

levou para a vida <strong>de</strong>le... e ele produziu esses livros que chama ... é uma coleção chamada Flora<br />

Brasiliense, da flora brasileira. Esses livros, até 2006, são <strong>de</strong>z volumes, era a única obra <strong>de</strong><br />

referências para os nossos botânicos. Eles olhavam as plantas, chamam-se pranchas, os botânicos<br />

usam isso para estudar as plantas. Está vendo as partes das plantas? Então, os livros que já tinham...<br />

estavam virando pergaminhos, tinha na USP, no Museu Goedi... tinha pouquíssimos, aí a Fapesp<br />

junto com a Natura e a Fundação Vit digitalizou toda essa obra <strong>de</strong>le que eu estou te mostrando.<br />

Então, nós fiz<strong>em</strong>os uma exposição sobre isso <strong>em</strong> 2006. Essa exposição, ela já viajou o Brasil<br />

inteiro, ela foi para Belém, ela foi para Campinas, ela foi para Gramado, ela esteve na Bahia, <strong>em</strong><br />

todo lugar. Todo evento que eu ia que tinha assim algum apelo na área <strong>de</strong> Botânica eu levava.<br />

Então, a gente viajou com ela, assim, nesses quatro anos, e agora essa exposição está no Museu Von<br />

Martius, que é <strong>de</strong>le na Serra dos Órgãos, <strong>em</strong> Teresópolis no Rio <strong>de</strong> Janeiro, é o Parque Nacional da<br />

Serra dos Órgãos. Lá no parque existe um museu, que é o Museu Von Martius, que era um museu<br />

muito pobre. Então, eles pediram a princípio assim <strong>em</strong>prestada para ficar lá um ano e nós<br />

<strong>em</strong>prestamos e aí nós tiv<strong>em</strong>os que ir até lá para compor o trabalho, eu e a Graça. Nós fomos visitar<br />

o museu e a gente viu que s<strong>em</strong> a exposição o museu não t<strong>em</strong> nada, então, a gente conversou com<br />

eles e a Fapesp doou essa exposição. Nós t<strong>em</strong>os uma outra cópia, mas a primeira está lá. Deixa eu<br />

mostrar... olha, esses aqui são os livros, já está no quinto volume. Aqui são as espécies <strong>de</strong> plantas<br />

<strong>em</strong> ord<strong>em</strong>, que t<strong>em</strong> no volume 1... eu vou te mostrar... olha, isso aqui foi registrado por ele. Isso<br />

aqui você amplia, amplia, amplia...<br />

Leila: É boa a qualida<strong>de</strong>.<br />

Marina: É perfeita. Olha você começa a achar coisa que no olho nu... olha...<br />

Leila: Ele <strong>de</strong>senhou?<br />

Marina: Ele <strong>de</strong>senhou todos esses. É fantástica a história <strong>de</strong>le. Você vai encontrar isso no site da<br />

Fapesp na parte <strong>de</strong> exposições. Ele <strong>de</strong>senhou todas as nossas florestas, olha essa daqui, no<br />

Amazonas, olha o tamanho das árvores, e aqui <strong>em</strong> baixo você lê: Árvores tripi... da selva<br />

amazônica. Esses aqui são eles <strong>de</strong>senhando, eles se retrataram. É muito lindo. Ele registrou... olha o<br />

pé <strong>de</strong> jaca.<br />

Leila: T<strong>em</strong> muito <strong>de</strong>talhe.<br />

Marina: Você não viu nada, eu vou te mostrar. Aqui <strong>em</strong>baixo você encontra que essa ilustração<br />

está no volume 1, na página... prancha da publicação tal... olha, publicado <strong>em</strong> 1906, e t<strong>em</strong> toda a<br />

família da planta. Eu vou abrir uma... ah, saiu uma ilustração também, vamos ver uma planta, quer<br />

ver, olha você falou dos <strong>de</strong>talhes, olha o pelo, e ela não per<strong>de</strong> a <strong>de</strong>finição.<br />

Leila: É verda<strong>de</strong>, é muito bom.<br />

Marina: Maravilhoso. Aqui olha <strong>em</strong> publicações, você acha exposições, ela está aqui. Flora<br />

Brasiliense Von Martius, aqui você vai po<strong>de</strong>r ler a história e eu te aconselho a ler porque é uma<br />

história fantástica, linda e ela t<strong>em</strong> a mesma... não, não t<strong>em</strong> a <strong>de</strong>finição que t<strong>em</strong> no programa.<br />

Então, para esse evento a gente criou toda uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, está vendo? Esse daqui é o catálogo <strong>em</strong><br />

inglês, esse daqui fala sobre o programa. O material a gente produziu para divulgar na época <strong>em</strong><br />

que foi lançada a digitalização. Eu vou <strong>de</strong>ixar com você.<br />

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E aí eu trouxe um fol<strong>de</strong>r institucional da Fundação b<strong>em</strong> recente, isso é produção da Graça.<br />

Leila: Esses aqui ficam nos stands?<br />

Marina: Ficam. A gente... t<strong>em</strong> material que a gente entrega já para o pós graduando, porque ele<br />

(fol<strong>de</strong>res) t<strong>em</strong> informações que não vao interessar a um jov<strong>em</strong>. Esse daqui foi o que eu te falei que a<br />

gente fez para os jovens, a gente procurou colocar umas imagens, apoio a produção <strong>científica</strong> a<br />

gente está mostrando aqui informações direcionadas para o jov<strong>em</strong> que está no momento <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir<br />

se vai <strong>de</strong>dicar a carreira ou não...<br />

Leila: É, dá para perceber a diferença mesmo entre esse e o outro.<br />

Marina: Você vê, layout, papel, porque? Porque a gente está dando uma informação e se ele jogar<br />

fora, e isso é muito comum, a própria professora fala para os alunos pegar todo papel que ele ver<br />

pela frente, e eles faz<strong>em</strong> isso. Se for jogar fora, não teve um custo que teve esse daqui.<br />

Esse daqui é um ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> um fol<strong>de</strong>r, do programa Biota, esse daqui a gente atualiza mais ou<br />

menos a cada ano, um ano e meio.<br />

Leila: Esse vocês dão <strong>em</strong> eventos também?<br />

Marina: Damos <strong>em</strong> eventos, <strong>em</strong> stands, a gente po<strong>de</strong> dar, por ex<strong>em</strong>plo, o ano passado eu fiz um<br />

evento...<br />

Leila: Eles são s<strong>em</strong>pre feitos <strong>em</strong> inglês?<br />

Marina: Não, t<strong>em</strong> <strong>em</strong> português e t<strong>em</strong> <strong>em</strong> inglês... mas a Fundação hoje gran<strong>de</strong> parte das coisas<br />

que ela faz está <strong>em</strong> português e <strong>em</strong> inglês. Nosso site existe <strong>em</strong> inglês porque a nossa idéia, e dos<br />

nossos dirigentes, é que ela tenha projeção internacional...<br />

Esse daqui foi o que eu te falei, está <strong>em</strong> inglês, mas o catálogo foi inicialmente feito <strong>em</strong> al<strong>em</strong>ão,<br />

porque foi uma exposição a convite da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Berlim, do Jardim Botânico, e a gente fala<br />

nessa exposição <strong>de</strong> três projetos que a Fapesp t<strong>em</strong> na área <strong>de</strong> biodiversida<strong>de</strong>. A Flora Brasiliensis, a<br />

Flora Fanerogâmica, também é uma coletânea <strong>de</strong> livros, uma pesquisa, sobre plantas com flores<br />

especificamente e o Biota. Três programas que ilustram a Brazilian Nature, natureza brasileira, que<br />

a gente levou...<br />

Leila: Nesse caso escrito <strong>em</strong> al<strong>em</strong>ão, como foi? Alguém daqui escreveu?<br />

Marina: Ele foi redigido aqui pela Graça e outros professores envolvidos nisso, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> pronto<br />

<strong>em</strong> português a gente mandou para a tradução do al<strong>em</strong>ão, <strong>de</strong>pois a gente traduziu também para o<br />

inglês. Porque essa (exposição) também já rodou... ela foi inaugurada <strong>em</strong> Berlim, <strong>de</strong> Berlim, um<br />

dos professores conseguiu uma outra instituição <strong>em</strong> Br<strong>em</strong>en. Então <strong>de</strong> Berlim ela foi para Br<strong>em</strong>en e<br />

<strong>de</strong> Br<strong>em</strong>en ela vai para Lifepit, tudo lá na Al<strong>em</strong>anha, porque a gente quer aproveitar a primeira<br />

versão <strong>de</strong>la <strong>em</strong> al<strong>em</strong>ão <strong>de</strong>la lá para rodar a Al<strong>em</strong>anha...<br />

Isso daqui é ilustração do Von Martius. Ele ilustrou uma floresta alagada...<br />

Leila: Tudo o que vocês t<strong>em</strong> <strong>em</strong> papel está digitalizado no site?<br />

Marina: Ah, acho que a gran<strong>de</strong> maioria. Olha, é uma ilustração do Von Martius, é uma floresta<br />

alagada no Amazonas. E essa é uma foto recente do mesmo local. É lindo né?<br />

Então a gente começou assim, mostrando o trabalho <strong>de</strong> Von Martius, que foi <strong>de</strong>senhado por Von<br />

Martius, e esse é o ex<strong>em</strong>plar que ainda existe. Então, a gente está dizendo com essa exposição que<br />

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apesar <strong>de</strong> infelizmente a área já está b<strong>em</strong> <strong>de</strong>vastada, ainda existe coisas que foram retratadas por<br />

Von Martius, que ainda hoje existe. Está vendo olha, Mata Atlântica, olha ele registrou essa e ela<br />

ainda existe. É lindo. É uma história linda. Então, aqui a gente fala das plantas que existe na<br />

Caatinga, na Amazônia, no Cerrado. É uma exposição que você também consegue ler aqui do site e<br />

é fantástica. É muito bonita. E ela fala assim... A gente mostra on<strong>de</strong> que o Brasil está na América do<br />

Sul, porque t<strong>em</strong> gente que sabe do Brasil, mas acha que o Brasil e Argentina é a mesma coisa. Não<br />

sab<strong>em</strong> on<strong>de</strong> está São Paulo, por ex<strong>em</strong>plo, então a gente mostrou isso tudo, olha está vendo? A gente<br />

foi mostrando tudo passo a passo até chegar na biodiversida<strong>de</strong> do Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />

5. ENTREVISTA COM FERNANDO CUNHA<br />

Entrevista realizada com o jornalista e coor<strong>de</strong>nador da assessoria <strong>de</strong> comunicação da Gerência <strong>de</strong><br />

Comunicação da Fapesp, pessoalmente na se<strong>de</strong> da Fundação no dia 17 <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2010.<br />

Leila Cristina Bonfietti Lima: Primeiro eu queria que você falasse um pouco sobre a sua<br />

formação. Você é jornalista?<br />

Fernando Cunha: Sou Jornalista. Eu terminei o curso <strong>de</strong> jornalismo, trabalhei como freelancer <strong>em</strong><br />

jornais, principalmente especializados, <strong>de</strong>pois eu acabei me especializando e vim trabalhar com<br />

comunicação na área pública. Eu trabalhei bastante t<strong>em</strong>po na Secretária <strong>de</strong> Educação, durante toda a<br />

gestão do governador Covas. Em 1998 eu fiz um concurso aqui na Fapesp e to aqui há 12 anos e<br />

meio<br />

Leila: Você já começou na assessoria ou passou por outros setores?<br />

Fernando: Sim. A assessoria <strong>de</strong> comunicação estava se estabilizando. Em 95 ela começou com o<br />

trabalho que a Mariluce começou a fazer <strong>de</strong> assessoria <strong>de</strong> imprensa inicialmente e <strong>em</strong> 98 ela<br />

começou a ser tornar uma assessoria <strong>de</strong> comunicação e a ter outras ativida<strong>de</strong>s. Nesse momento a<br />

Graça Mascarenhas passou a trabalhar aqui na Fapesp e a área <strong>de</strong> eventos começou a ser organizar<br />

também <strong>em</strong> seguida.<br />

Leila: Então, como é realizado esse atendimento à imprensa e como é a procura pela<br />

instituição? Como eles chegam até a instituição?<br />

Fernando: Olha, pelo o que eu consigo perceber, pelo contato que eu tenho com os jornalistas, a<br />

gente aten<strong>de</strong> <strong>de</strong> 25 a 30 jornalistas com pautas que eles mesmo levantam, ou por sugestões minhas a<br />

partir dos eventos que acontec<strong>em</strong>.<br />

Leila: Esses 25, 30 por dia?<br />

Fernando: São atendimentos espontâneos aos jornalistas. Por dia não, por mês. É uma média isso<br />

né? Às vezes um pouco mais, às vezes um pouco menos, mas a estatística é mais ou menos isso. E<br />

essas pautas muitas vezes são provocadas pela própria Agência Fapesp (<strong>de</strong> notícias) que divulga o<br />

boletim eletrônico diário e por mim também. Principalmente no meu caso, da assessoria <strong>de</strong><br />

comunicação, t<strong>em</strong> situações que são mais institucionais. Eu também proponho pautas sobre projetos<br />

<strong>de</strong> pesquisa específicos e eu consigo garimpar os projetos que a fundação apóia, mas essa é uma<br />

ativida<strong>de</strong> que eu não consigo ainda <strong>de</strong>senvolver como eu acho que é possível fazer.<br />

Leila: Você t<strong>em</strong> um mailling?<br />

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Fernando: Eu trabalho com uma base <strong>de</strong> dados que é um sist<strong>em</strong>a que a gente compra. Um sist<strong>em</strong>a<br />

chamado Maxpress e a partir <strong>de</strong>sse sist<strong>em</strong>a eu preparo o mailling e separo os contatos que se<br />

interessam por pautas específicas. É com base nessa formação <strong>de</strong>sse banco que eu elaboro o<br />

mailling, faço o trabalho <strong>de</strong> divulgação a partir daqui.<br />

Leila: E vocês procuram mais revistas especializadas ou a gran<strong>de</strong> imeprensa?<br />

Fernando: Principalmente a gran<strong>de</strong> imprensa que a gente t<strong>em</strong> priorizado até porque ... só um<br />

instantinho.<br />

(Telefone toca. Pausa na gravação).<br />

Fernando: Sobre o que eu estava te falando? A Imprensa... Então, a gran<strong>de</strong> imprensa. Uma coisa<br />

importante nesses 12 anos foi a abertura <strong>de</strong> espaços editoriais para a ciência nos gran<strong>de</strong>s jornais.<br />

Hoje existe um espaço maior para ciência do que lá quando começamos a fazer divulgação<br />

<strong>científica</strong>. Há jornalistas com formação mais especializada e as editorias, outras editorias, além das<br />

editorias <strong>de</strong> ciência, abriram um pouco, um pouco mais para assuntos que estão relacionados com a<br />

pesquisa <strong>científica</strong> e tecnológica. Isso nos ajuda e ajuda o trabalho <strong>de</strong> divulgação. Repórteres <strong>de</strong><br />

economia, por ex<strong>em</strong>plo, passaram a se interessar um pouco, com pouca freqüência, um pouco,<br />

poucas pessoas dos gran<strong>de</strong>s veículos que t<strong>em</strong> interesse <strong>em</strong> discutir pautas com t<strong>em</strong>as científicos. E a<br />

gente procura dar um tratamento específico para cada pauta, claro, se você conversar com alguém<br />

<strong>de</strong> uma revista como a Superinteressante, o diálogo é diferente do que se você conversar com um<br />

jornal da gran<strong>de</strong> imprensa. Dentro dos limites que a gente t<strong>em</strong> para atuar nessa área, a gente procura<br />

<strong>de</strong>senvolver pautas que sejam a<strong>de</strong>quadas para cada um dos veículos. Se o veículo é especializado, a<br />

gente procura sim e também sugere pautas.<br />

Leila: Há uma diferenciação no texto das pautas para os veículos especializados e da gran<strong>de</strong><br />

mídia?<br />

Fernando: A principal diferenciação é essa... e t<strong>em</strong> a questão da periodicida<strong>de</strong>. T<strong>em</strong> que estar<br />

muito atento com a data <strong>de</strong> fechamento e produção <strong>de</strong>ssas revistas e também a linha editorial <strong>de</strong><br />

cada um. Mas diferenças específicas não têm tantas assim, mas a gente t<strong>em</strong> que trabalhar com uma<br />

coisa bastante focada nos veículos.<br />

Leila: E quais são os assuntos mais procurados pela mídia?<br />

Fernando: Olha, a mídia <strong>em</strong> geral procura aqui a assessoria <strong>de</strong> comunicação com muita freqüência<br />

para pedir fontes <strong>em</strong> diversos assuntos. Assuntos muito variados que envolv<strong>em</strong> pesquisa <strong>científica</strong>,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> programas <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong>s que acontec<strong>em</strong> por edição, falam sobre clima, quando acontece<br />

algum tipo <strong>de</strong> catástrofe, as pessoas procuram a gente para saber qu<strong>em</strong> po<strong>de</strong> explicar porque aquele<br />

tipo <strong>de</strong> coisa acontece. Então, é interessante perceber que as pessoas estão mais preocupadas <strong>em</strong><br />

discutir esses assuntos com uma base <strong>científica</strong>. Isso é um movimento muito interessante. Essa base<br />

que a gente oferece é a principal matéria prima da gente.<br />

Leila: Existe uma política <strong>de</strong>finida para momentos <strong>de</strong> crise? Como é o comportamento da<br />

Gerência <strong>de</strong> Comunicação <strong>em</strong> alguma situação <strong>de</strong> conflito?<br />

Fernando: Não são freqüentes essas situações. Se eu to enten<strong>de</strong>ndo o que você está falando com<br />

relação à crise. É alguma coisa relacionada a uma ativida<strong>de</strong> que a instituição passou?<br />

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Leila: Isso, uma ativida<strong>de</strong> da Fapesp como instituição e a Gerência <strong>de</strong> Comunicação teve que<br />

interferir na questão da imag<strong>em</strong>.<br />

Fernando: Poucos casos. B<strong>em</strong> poucos casos. Acho que nesse t<strong>em</strong>po que estou aqui acho que dá<br />

para contar uns dois ou três. Claro que essas questões são discutidas com a direção da Fundação e a<br />

gente lida com essas situações da forma mais transparente possível. A Fundação trabalha <strong>de</strong> um<br />

jeito transparente, eu não gosto muito <strong>de</strong>ssa palavra, mas é a que mais se aplica, o que a gente faz é<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a forma <strong>de</strong> atuação da Fapesp e com relação a isso a gente não t<strong>em</strong> muito probl<strong>em</strong>a porque<br />

a forma <strong>de</strong> atuação da Fapesp é muito clara e muito fácil <strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r<br />

Leila: E já foram realizadas entrevistas coletivas?<br />

Fernando: Já. Eu tenho pessoalmente uma posição bastante atenta a esse recurso <strong>de</strong> você convocar<br />

uma coletiva. Eu entendo que você convocar uma coletiva é você ter uma informação exclusiva que<br />

precisa ser transmitida simultaneamente para todo mundo. O atendimento que a gente faz aqui não<br />

discrimina ninguém, eu acho que nessa linha o que a gente t<strong>em</strong> para anunciar <strong>em</strong> geral são <strong>em</strong><br />

pouquíssimas situações com informações como essas que você precisa comunicar rapidamente uma<br />

coisa simultaneamente para vários veículos e d<strong>em</strong>ocratizar rapidamente essa informação. A gente já<br />

tentou várias coletivas principalmente <strong>em</strong> momentos quando a Fundação lança um programa, vou te<br />

dar um ex<strong>em</strong>plo: a Fundação lança um programa a respeito da bioenergia. Esse é um assunto que é<br />

quente para a imprensa nacional e é quente também nos veículos especializados e nos periódicos<br />

científicos também. T<strong>em</strong> muito avanço científico e muita pesquisa sobre esse assunto. Então você<br />

anunciar que vai investir 100 milhões ao longo <strong>de</strong> 10 anos para financiar projetos multidisciplinares<br />

para fazer pesquisa sobre bioenergia, que t<strong>em</strong> um apelo muito forte, justifica você chamar a<br />

coletiva. Nesse momento a coletiva conta s<strong>em</strong>pre com o pesquisador que coor<strong>de</strong>na o esboço, que<br />

participou da elaboração do programa, que criou a idéia e t<strong>em</strong> muito claro qual é o escopo do<br />

projeto. Essa pessoa vai explicar o que é, do ponto <strong>de</strong> vista científico, a iniciativa e alguém da<br />

direção da Fundação explica porque o investimento.<br />

Uma observação que é um parêntese aqui. Todo trabalho <strong>de</strong> divulgação que a gente faz aqui,<br />

principalmente na comunicação que t<strong>em</strong> o contato muito diretamente com o público externo,<br />

formadores <strong>de</strong> opinião e jornalistas, ele é muito baseado na idéia <strong>de</strong> fazer divulgação <strong>científica</strong><br />

divulgando a instituição s<strong>em</strong>pre com essa perspectiva <strong>de</strong> prestar contas, mostrar como é investir o<br />

dinheiro público, que não é pouco. A Fundação investe .. esse ano ela vai investir quase 800<br />

milhões <strong>de</strong> reais <strong>em</strong> projetos. Então a gente procurar explicar como isso é feito.<br />

Leila: Você comentou sobre qu<strong>em</strong> fala nas coletivas, os pesquisadores da instituição. Vocês<br />

realizam media trainning com essas pessoas para eles se comunicar<strong>em</strong> com os jornais e<br />

jornalistas?<br />

Fernando: Individualmente nos revisamos caso a caso as situações. Em informações gerais a gente<br />

faz individualmente com cada porta-voz. São principalmente dois porta-vozes oficiais, o presi<strong>de</strong>nte<br />

e o Diretor Científico, são as pessoas envolvidas na gestão, que são principalmente o presi<strong>de</strong>nte da<br />

Fapesp, que é o presi<strong>de</strong>nte do Conselho Superior e o diretor científico que é completamente<br />

envolvido com a seleção e a análise dos projetos que são apresentados. Então, ele com uma visão<br />

muito clara do que acontece <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> aprovação <strong>de</strong> projetos e dos planos que a Fundação t<strong>em</strong><br />

para estimular pesquisas <strong>em</strong> muitas áreas diferentes. Então, ele dá pra gente um norte, uma forma<br />

<strong>de</strong> trabalhar que orienta o trabalho <strong>de</strong> divulgação não só aqui no Brasil como fora do Brasil<br />

também.<br />

Leila: Você acompanha as entrevistas e <strong>de</strong>pois...?<br />

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Fernando: N<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre eu acompanho as entrevistas. Claro que acompanhar as entrevistas ajuda<br />

muito, às vezes fica um vazio <strong>em</strong> alguns casos. Então, como eu tenho proximida<strong>de</strong> com muitos<br />

jornalistas, não são tantos assim que cobr<strong>em</strong> ciência e tecnologia, a situação acaba sendo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scontração e é possível fazer isso s<strong>em</strong> maiores tensões. Mas eu procuro... o repórter t<strong>em</strong> a<br />

liberda<strong>de</strong> para fazer o seu trabalho e a minha presença po<strong>de</strong>, não intimidar, mas po<strong>de</strong> invadir um<br />

pouco. Então, quando isso não é possível, as conversas que eu tenho particulares com os diretores<br />

são suficientes.<br />

Leila: E vocês faz<strong>em</strong> clipping das notícias? Como é realizado?<br />

Fernando: A gente t<strong>em</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2005 esse clipping <strong>em</strong> uma base <strong>de</strong> dados aqui, organizadamente,<br />

porque <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 95, todo o material que foi colhido... s<strong>em</strong>pre foi colhido <strong>de</strong> veículo impresso e foi<br />

digitalizado e já ta na nossa base que chama Fapesp na Mídia. T<strong>em</strong> um site <strong>de</strong>le no portal da<br />

Fapesp.<br />

Leila: Aí as pessoas consegu<strong>em</strong> acessar?<br />

Fernando: Isso é público. Isso po<strong>de</strong> ser acessado. É claro que o sist<strong>em</strong>a na mídia, agora que está<br />

sendo organizado pela Jussara, até esse ano eu que publicava as notícias diariamente, ele t<strong>em</strong><br />

critérios para publicação né, então t<strong>em</strong> coisas... t<strong>em</strong> notícias que citam a Fapesp, t<strong>em</strong> notícias que ...<br />

projetos da Fapesp, que falam da Fapesp, t<strong>em</strong> notícias que citam pessoas que trabalham aqui na<br />

Fundação, principalmente da direção, t<strong>em</strong> matéria só sobre assuntos <strong>de</strong> ciência e tecnologia, mas<br />

que são relacionados aos projetos da Fapesp. Então t<strong>em</strong> várias categorias <strong>de</strong> notícias, que a gente<br />

<strong>de</strong>ixa na base pública <strong>de</strong> livre acesso para qualquer pessoa. E t<strong>em</strong> os projetos que citam a<br />

Fundação...<br />

Leila: E qu<strong>em</strong> faz esse clipping você falou que é a Jussara, e ela é daqui da Gerência <strong>de</strong><br />

Comunicação?<br />

Fernando: Sim. Nós t<strong>em</strong>os um serviço contratado que faz a leitura <strong>de</strong> jornal diário e <strong>de</strong> internet<br />

também, <strong>de</strong> rádio e TV a gente não t<strong>em</strong>, porque sai mais esporadicamente, até porque as pautas eu<br />

sei quando sai, então essas eu peço <strong>em</strong> cada situação, sist<strong>em</strong>aticamente não são os serviços que<br />

sa<strong>em</strong> diariamente <strong>em</strong> todo boletim. Então, são primeiro com as notícias dos jornais impressos e<br />

revistas nas primeiras horas do dia, até 10 horas no máximo e logo <strong>de</strong>pois v<strong>em</strong> o clipping maior <strong>em</strong><br />

formato Word com a cópia <strong>de</strong> todas as notícias publicadas na internet.<br />

Leila: Então eles faz<strong>em</strong> esse serviço e a Jussara edita?<br />

Fernando: Ela editoriza também um documento HXML que entra automaticamente no sist<strong>em</strong>a e a<br />

gente só faz a aprovação das notícias que vão ser publicadas, corrige a forma, o corpo tal... Outra<br />

coisa que a gente faz, que eu continuo fazendo, é selecionar as notícias que envolv<strong>em</strong> a direção da<br />

Fundação para comentar e discutir como tratar <strong>de</strong>terminados assuntos com a imprensa.<br />

Leila: E a <strong>de</strong>stinação <strong>de</strong>ssa clipag<strong>em</strong>. Elas são discutidas, as notícias positivas e negativas?<br />

Fernando: As negativas são raras, muito raras, mas são discutidas aqui internamente e discutidas<br />

com a direção também, até porque isso po<strong>de</strong> ter uma continuida<strong>de</strong> na imprensa e a gente precisa<br />

cuidar, apresentar a nossa posição para a direção, discutir essa nossa posição e tirar uma forma <strong>de</strong><br />

tratar o assunto nunca negando a informação, s<strong>em</strong>pre discutindo a abordag<strong>em</strong>.<br />

43


Leila: E você sendo jornalista e atuando <strong>em</strong> uma instituição <strong>de</strong> pesquisa você acredita que a<br />

relação entre o jornalista e o cientista...<br />

Fernando: instituição <strong>de</strong> fomento.<br />

Leila: Isso. Você acredita que mudou essa relação jornalista-cientista? Você acha que o<br />

cientista já t<strong>em</strong> uma visão sobre a divulgação <strong>científica</strong>, sua importância?<br />

Fernando: Esse é um trabalho que não t<strong>em</strong> fim. Claro que os cientistas têm essa visão muito clara,<br />

é parte do trabalho <strong>de</strong>les fazer divulgação do que eles faz<strong>em</strong> e isso não é apenas publicar papers <strong>em</strong><br />

periódicos científicos. A relação que a gente t<strong>em</strong> com a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> é muito saudável, até<br />

porque ela que administra a Fapesp. Eu s<strong>em</strong>pre oriento todos os casos, s<strong>em</strong>pre acompanho, s<strong>em</strong>pre<br />

converso com as fontes antes que elas sejam chamadas pelos jornalistas que eu sugeri essas fontes.<br />

Ofereço qualquer apoio que eles possam quer<strong>em</strong> e <strong>em</strong> várias situações sou incumbido <strong>de</strong> fazer a<br />

produção. Um caso recente foi sobre produtos transgênicos, eu cobri um workshop, on<strong>de</strong> um<br />

cientista participa <strong>de</strong> um workshop <strong>em</strong> um lugar específico fora <strong>de</strong> São Paulo e vai gravar um<br />

entrevista <strong>de</strong> rádio, então eu tenho que explicar para o cientista o que vai acontecer, qu<strong>em</strong> é a<br />

pessoa, qual o conteúdo, qual é o programa, qual é o veículo, como é que <strong>de</strong>ve tratar a questão,<br />

promover esse encontro. Essa parte logística também está incumbida a mim.<br />

Leila: Você acredita que os jornalistas também agora já possu<strong>em</strong> um modo diferente quanto a<br />

conversar com os cientistas... a especialização <strong>em</strong> jornalismo científico, você acha que<br />

colaborou?<br />

Fernando: Essa especialização não aparece muito no jornalismo cotidiano. Em geral as pessoas... o<br />

perfil do jornalista, eu acredito que não tenha mudado muito para lidar com a ciência, mas a<br />

persistência <strong>de</strong> alguns jornalistas <strong>de</strong> posições que tratam ciência t<strong>em</strong> ajudado esses e t<strong>em</strong> vindo. É<br />

verda<strong>de</strong>, eu preciso l<strong>em</strong>brar disso, muitos estão fazendo mestrado, doutorado, estão interessados <strong>em</strong><br />

lidar melhor com a ciência. Porque como a economia que exige uma certa especialização para<br />

cobrir, eu acho que a ciência não precisa só <strong>de</strong> especialização, você precisa <strong>de</strong> uma cultura um<br />

pouco maior para lidar com os meios científicos. As formações que lidam com a divulgação<br />

<strong>científica</strong> têm que ser naturalmente uma formação... Isso exige uma formação cultural um pouco<br />

maior do que qu<strong>em</strong> cobre cotidiano ou outra área.<br />

Leila: E você acredita que o trabalho realizado por vocês <strong>de</strong> toda a Gerência está<br />

contribuindo para a questão da divulgação <strong>científica</strong> para a socieda<strong>de</strong>, ou ainda está muito<br />

voltado para a área acadêmica?<br />

Fernando: Olha, nós trabalhamos voltados para área acadêmica, mas certamente t<strong>em</strong> contribuído<br />

bastante para o trabalho <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong> que é feito no Brasil, porque a gente faz isso há<br />

muito t<strong>em</strong>po, nós estamos trabalhando <strong>de</strong> forma muito organizada, <strong>de</strong>ntro do limite da Fundação<br />

estamos trabalhando com muita intensida<strong>de</strong>. Eu vejo no atendimento à imprensa, por ex<strong>em</strong>plo,<br />

muitos jornalistas procuram só para ter uma orientação sobre como fazer, com qu<strong>em</strong> falar, se a<br />

gente t<strong>em</strong> alguma informação relacionada com aquilo que ele ta cobrindo, muitas vezes não é<br />

nenhuma pauta relacionada à Fapesp. A gente dá referência e informação para a imprensa <strong>em</strong> geral.<br />

Isso acontece... muitas consultas como <strong>de</strong>ve ser a conduta, ou as fontes, on<strong>de</strong> estão essas pessoas.<br />

Isso é uma coisa que acontece muito. É muita ligação <strong>de</strong> gente que eu conheço e que eu não<br />

conheço, daqui <strong>de</strong> São Paulo e <strong>de</strong> fora <strong>de</strong> São Paulo com pedidos <strong>de</strong>sse tipo.<br />

Leila: O ano passado eu fui no Congresso <strong>de</strong> Jornalismo Científico e conversei com a Vanessa<br />

da Fap<strong>em</strong>ig, da área <strong>de</strong> comunicação e ela comentou sobre o GT Com, que é o grupo <strong>de</strong><br />

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comunicação das Faps. Eu gostaria <strong>de</strong> saber, para você qual a importância da integração das<br />

áreas <strong>de</strong> comunicação das Faps e se a Fapesp participa <strong>de</strong>sse grupo?<br />

Fernando: Menos do que a gente gostaria. Eu participo <strong>de</strong>sse grupo, eu contribuo e vejo o que é<br />

possível <strong>de</strong>ntro da nossa capacida<strong>de</strong> aqui. Eu acho fundamental que isso aconteça, porque a<br />

Fundação é vista muito como um mo<strong>de</strong>lo, eu acho que não só porque está fazendo isso <strong>de</strong> uma<br />

forma competente e com apoio da Fundação, mas porque está fazendo há muito t<strong>em</strong>po. Não é o que<br />

acontece com a maioria das Faps. A maioria das Faps está começando isso há pouco t<strong>em</strong>po. Então,<br />

eu acho que é natural e é <strong>de</strong>sejável que a gente tenha uma relação direta para estimular isso <strong>em</strong><br />

outros estados. T<strong>em</strong> Fundações muita ativas e que trabalham muito b<strong>em</strong>. A Fundação do<br />

Amazonas, <strong>de</strong> Minas Gerais, no sul do Brasil, mesmo a do Rio <strong>de</strong> Janeiro, trabalham muito b<strong>em</strong><br />

nessa área, estão se <strong>de</strong>senvolvendo b<strong>em</strong> <strong>em</strong> cada Estado. Eu acho isso fundamental, t<strong>em</strong> que<br />

acontecer mais.<br />

Leila: Bom, era isso. Você t<strong>em</strong> alguma a acrescentar?<br />

Fernando: Eu acho que a gente está fazendo um esforço. A comunicação como um todo e a<br />

divulgação <strong>científica</strong> brasileira, principalmente porque a gente t<strong>em</strong> uma produção <strong>científica</strong> <strong>de</strong><br />

muito boa qualida<strong>de</strong>. Então, a gente percebendo isso, eu pessoalmente acredito que a gente<br />

consegue se aproximar do pesquisador que está fazendo essa produção, que é responsável por essa<br />

produção e andar junto com ele nessa divulgação, porque s<strong>em</strong> essa matéria prima a gente não<br />

consegue nada. Essa aproximação do pesquisador, dos ambientes <strong>de</strong> pesquisa fora do Brasil e no<br />

Brasil nos ajuda, ela é muito importante para que junto com ele a gente consiga abrir espaço na<br />

imprensa que a gente ainda não conquistou. Eu estou colocando aí a relação com a imprensa<br />

internacional.<br />

Leila: seria um <strong>de</strong>safio?<br />

Fernando: É. Um <strong>de</strong>safio importante que a gente t<strong>em</strong>. Como eu te falei, a nossa produção <strong>científica</strong><br />

é muito parecida com a dos outros países, eu já constatei isso. A Fundação t<strong>em</strong>, não só a produção<br />

<strong>científica</strong>, mas também oportunida<strong>de</strong>s para apoiar pesquisadores estrangeiros aqui no Estado <strong>de</strong> São<br />

Paulo. São dois assuntos que eu estou te dizendo que justificam uma divulgação <strong>científica</strong> mais<br />

longa, mais intensiva, que precisa ser e a gente quer avançar nessa área.<br />

Leila: Era isso. Muito obrigada.<br />

6. ENTREVISTA COM CELSO LAFER<br />

Entrevista realizada com o Presi<strong>de</strong>nte da Fapesp, pessoalmente na se<strong>de</strong> da Fundação no dia 17 <strong>de</strong><br />

nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2010.<br />

Leila Cristina Bonfietti Lima: Então para começar eu queria que o senhor avaliação a<br />

evolução da ciência brasileira no cenário mundial, e o que falta para essa ciência avançar<br />

ainda mais<br />

Celso Lafer: Bom, olha, um dado óbvio é a importância do conhecimento na vida cont<strong>em</strong>porânea.<br />

Então há uma revolução <strong>científica</strong>, essa mudou a maneira pela qual as socieda<strong>de</strong>s lidam com o seu<br />

dia a dia e os seus <strong>de</strong>safios. Então, a sustentabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> parte evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente da sua<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gerar conhecimento. Gerar conhecimento significa gerar quadros qualificados e<br />

significa igualmente apoiar pesquisa.<br />

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A Fapesp t<strong>em</strong> tido um papel importante nesse processo. Ela é uma das agências significativas do<br />

país neste campo. Ela foi criada praticamente <strong>em</strong> 1962, que ela entrou <strong>em</strong> funcionamento. Ela v<strong>em</strong><br />

da constituição paulista pós Estado Novo, que conce<strong>de</strong>u a idéia <strong>de</strong> uma fundação com as<br />

características da Fapesp baseada <strong>em</strong> recursos pré <strong>de</strong>terminados constitucionalmente da Receita do<br />

Estado <strong>de</strong> São Paulo. Era 0,5%. A Fapesp, ou a concepção da Fapesp, nesse sentido, antece<strong>de</strong> a<br />

criação das importantes agências do plano fe<strong>de</strong>ral, como a Capes e o CNPq, mas adiante a Finep e<br />

muito <strong>de</strong>pois com a Constituição <strong>de</strong> 88 a criação do Ministério <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia. Então, a<br />

Fapesp acredita que t<strong>em</strong> dado uma contribuição importante para a pesquisa do Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />

O Estado <strong>de</strong> São Paulo t<strong>em</strong> uma estrutura <strong>de</strong> conhecimento <strong>de</strong> laço universitário muito significativo<br />

na fe<strong>de</strong>ração brasileira. Aqui é que estão situadas não só a USP, que é a universida<strong>de</strong> que existia<br />

quando a Fapesp foi criada, mas subseqüent<strong>em</strong>ente a <strong>Unicamp</strong> e a Unesp. São Paulo produz cerca<br />

<strong>de</strong> 50% da produção do conhecimento <strong>científica</strong> do Brasil, tido pelos indicadores <strong>de</strong> artigos<br />

publicados <strong>em</strong> revistas internacionais, que obe<strong>de</strong>ce aos critérios internacionais. Se um indicador <strong>de</strong><br />

sustentabilida<strong>de</strong> é intensida<strong>de</strong> dos recursos investidos <strong>em</strong> pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento, o Estado <strong>de</strong><br />

São Paulo está no mesmo plano hoje do que muitos dos países latino-americanos, como você sabe,<br />

neles incluídos Argentina, o Chile, o México e <strong>em</strong> um certo sentido está próximo o Estado <strong>de</strong> São<br />

Paulo <strong>de</strong>sse <strong>em</strong>penho dos países europeus, como, por ex<strong>em</strong>plo, a Espanha. A importância disso se<br />

vê por conta daquilo que é o diferencial do Estado <strong>de</strong> São Paulo <strong>em</strong> relação ao resto da fe<strong>de</strong>ração<br />

brasileira que é o valor agregado do conhecimento. Como você sabe, nós só t<strong>em</strong>os competência<br />

para apoiar pesquisa do Estado <strong>de</strong> São Paulo, pesquisa e formação <strong>de</strong> recursos humanos, mas essa<br />

formação <strong>de</strong> pessoas ou <strong>de</strong> pesquisadores t<strong>em</strong> uma irradiação nacional porque uma parte dos<br />

antigos bolsistas e dos que receberam apoio a pesquisa <strong>de</strong>pois se importaram <strong>em</strong> outras instituições<br />

da fe<strong>de</strong>ração. Também t<strong>em</strong> havido uma capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retenção <strong>de</strong>sses quadros, posto que enfim, é<br />

mo<strong>de</strong>sto o brain train <strong>de</strong>sses quadros do Estado <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Leila: Em sua opinião qual a importância das Conferências Nacionais <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia<br />

nas formações <strong>de</strong> políticas públicas?<br />

Lafer: B<strong>em</strong>, é melhor você fazer essa pergunta sobre avaliação das Conferências para o Prof. Brito,<br />

que <strong>de</strong>las t<strong>em</strong> participado e po<strong>de</strong>rá dar uma informação mais precisa. Nós realizamos esse ano a<br />

Conferência Paulista <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia, que foi uma Conferência importante e também<br />

preparatória daquilo que foi a Conferência Nacional. E uma das características da atuação da<br />

Fapesp é a promoção <strong>de</strong> workshops <strong>de</strong> diversas áreas do conhecimento. Esses workshops t<strong>em</strong> a<br />

vantag<strong>em</strong> e a virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> propiciar re<strong>de</strong>s que são tão importantes para o conhecimento pessoal que<br />

propiciam para o enraizamento da ciência e da tecnologia <strong>em</strong> São Paulo e no Brasil.<br />

Leila: A Fapesp apóia também <strong>em</strong>presas através <strong>de</strong> diversos projetos, eu queria saber como o<br />

senhor avalia os resultados <strong>de</strong>sses investimentos também no setor <strong>em</strong>presarial?<br />

Lafer: Como você também sabe, a Constituição Estadual paulista aumentou, a última né? A pós<br />

red<strong>em</strong>ocratização, aumentou a porcentag<strong>em</strong> dos recursos da Fapesp <strong>de</strong> 0,5% da Receita Estadual<br />

para 1% da Receita Estadual e incluiu neste capítulo o apoio a tecnologia. Então esse apoio ao setor<br />

privado, mediante, sobretudo convênios é uma maneira <strong>de</strong> nós resolvermos, <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rmos dar conta<br />

<strong>de</strong>ssa que é uma missão constitucional nossa. Além <strong>de</strong>sses convênios que são importantes e que<br />

envolv<strong>em</strong>, digamos assim, recursos com os outros e que se traduz<strong>em</strong> <strong>em</strong> editais elaborados <strong>de</strong><br />

comum acordo para avançar a pesquisa <strong>em</strong> áreas específicas.<br />

Existe também apoio para a pequena ou micro <strong>em</strong>presa, basicamente, o que nós pod<strong>em</strong>os fazer<br />

nessa área e nós t<strong>em</strong>os feito, é apoiar o pesquisador que t<strong>em</strong> uma idéia que necessita testar essa<br />

idéia e com o pequeno laboratório ou equipamento e nós oferec<strong>em</strong>os então mediante os<br />

procedimentos nossos, recursos para que haja este tipo <strong>de</strong> apoio à inovação. Nós não somos, por<br />

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ex<strong>em</strong>plo, outras instituições, a Finep no âmbito fe<strong>de</strong>ral, que t<strong>em</strong> condições <strong>de</strong> propiciar <strong>de</strong>pois o<br />

lançamento <strong>de</strong> um projeto baseado nessa inovação testada.<br />

Leila: E entrando um pouco na questão da comunicação, como o senhor falou a Fapesp foi<br />

criada <strong>em</strong> 62, e conversando com a Graça e com a Mariluce, a comunicação foi estruturada<br />

<strong>em</strong> 95. Porque o senhor acredita que houve essa d<strong>em</strong>ora?<br />

Lafer: Bom, a divulgação do conhecimento, a divulgação da ciência é parte da nossa missão<br />

institucional e nisso a Fapesp foi criando, foi crescendo, e na medida <strong>em</strong> que foi crescendo, foi<br />

verificando que era preciso ir além daquilo que era o contato mais tradicional com o público <strong>em</strong><br />

geral e com a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>. Além do que a década <strong>de</strong> 90 já representa, vamos dizer assim,<br />

o início <strong>de</strong>ssas novas formas <strong>de</strong> divulgação, que nos permitiu pensar não só naquilo que foi a<br />

consolidação <strong>de</strong> uma revista, que t<strong>em</strong> um papel muito importante, mas também nos valímos dos<br />

meios eletrônicos, então aí o site, a Agência Fapesp, que dão conta online do nosso dia a dia e das<br />

nossas ativida<strong>de</strong>s.<br />

A revista da Fapesp, você conversou com a Mariluce e viu como funciona a revista, é no meu<br />

enten<strong>de</strong>r uma revista extr<strong>em</strong>amente interessante, porque é uma que propicia, você po<strong>de</strong> ver nesse<br />

último número, o que eu, <strong>em</strong> meu discurso <strong>de</strong> posse, chamei <strong>de</strong> o diálogo das culturas, o diálogo da<br />

cultura <strong>científica</strong> e o diálogo das humanida<strong>de</strong>s, então, a revista procura dar conta da importância<br />

<strong>de</strong>sse diálogo, e a importância <strong>de</strong>sse diálogo concebida na forma como a revista pauta os seus<br />

assuntos e as suas ativida<strong>de</strong>s para chegar a esse público, que é o nosso público <strong>em</strong> primeiro lugar,<br />

porque nós apoiamos a pesquisa e a formação <strong>de</strong> recursos humanos <strong>em</strong> todas as áreas do<br />

conhecimento. Então para chegar a eles essa idéia da importância do conhecimento e também a<br />

importância da multidisciplinarida<strong>de</strong>. Para dar um ex<strong>em</strong>plo, aí já da minha própria experiência: se<br />

você vai lidar com Direito do meio ambiente você precisa ter o domínio do que é o impacto<br />

ambiental, o que significa mudança climática, a biodiversida<strong>de</strong> e assim sucessivamente. Quando eu<br />

era aluno da faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito, você tinha um assunto como investigação <strong>de</strong> paternida<strong>de</strong>, que se<br />

fazia, digamos assim, pelo teste negativo: “Fulano <strong>de</strong> tal não po<strong>de</strong> ser pai <strong>de</strong> beltrano”. Hoje, claro<br />

que o DNA, a <strong>de</strong>scoberta do DNA, que é uma das gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>scobertas, mudou o paradigma do<br />

conhecimento e permitiu essa avaliação com a certeza que antes não existia.<br />

Então, mesmo <strong>em</strong> outros campos que não sejam da pesquisa <strong>científica</strong> propriamente dito, o impacto<br />

do conhecimento altera a maneira pela qual as outras áreas funcionam. Hoje <strong>em</strong> dia, por ex<strong>em</strong>plo,<br />

se você quiser fazer pesquisa <strong>de</strong> jurisprudência você não precisa ler todos os trabalhos, todos os<br />

repertórios <strong>de</strong> jurisprudência e você não precisa ter uma m<strong>em</strong>ória da maneira <strong>de</strong> Rui Barbosa, você<br />

t<strong>em</strong> isso no acesso online. Então, o mundo mudou por conta <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> transformação. Então,<br />

também nós procuramos acompanhar essas mudanças, dando conta disso pela divulgação do<br />

conhecimento e também tentando não só por aquilo que nós faz<strong>em</strong>os, mas pelo impacto daquilo que<br />

nós faz<strong>em</strong>os <strong>em</strong> matéria <strong>de</strong> divulgação. Pautar a gran<strong>de</strong> imprensa para esses t<strong>em</strong>as que direcionam<br />

para todos os horizontes, como células tronco para dar um ex<strong>em</strong>plo.<br />

Leila: Você comentou sobre público. Você acredita que a comunicação realizada aqui na<br />

Fapesp consegue atingir o público <strong>em</strong> geral ou ainda está mais voltada para a comunida<strong>de</strong><br />

<strong>científica</strong>?<br />

Lafer: Isso você que está fazendo a pesquisa precisa nos dizer (risos). Eu acho que, um dos<br />

indicadores que nos t<strong>em</strong>os, que o Fernando frequent<strong>em</strong>ente chama atenção e prepara, é quantos<br />

itens <strong>de</strong> uma forma ou <strong>de</strong> outra, direta ou indiretamente, a Fapesp contribui para as notícias que<br />

sa<strong>em</strong> na gran<strong>de</strong> imprensa, seja imprensa escrita, seja a televisão ou seja o rádio, seja também aquilo<br />

que hoje é tão importante, que é o online.<br />

E também para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ssa área <strong>de</strong> divulgação da informação contribuiu s<strong>em</strong> dúvida o<br />

Prof. Vogt no período da presidência <strong>de</strong>le pela própria formação profissional <strong>de</strong>le e pelo interesse<br />

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<strong>de</strong>le nessa matéria. Isso teve um <strong>de</strong>senvolvimento e ele <strong>de</strong>u importância a isso. E eu venho também<br />

aprimorando isso com base naquilo que já existe e tentando aprimorar essas possibilida<strong>de</strong>s.<br />

Inclusive <strong>em</strong> uma dimensão, que hoje nós aqui da Fapesp damos gran<strong>de</strong> ênfase, que é o processo <strong>de</strong><br />

internacionalização, que é o <strong>de</strong> também o <strong>de</strong> fazer presente no plano internacional o que é o<br />

conhecimento que se produz no Brasil.<br />

N<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre essas coisas são simples, t<strong>em</strong> Science, t<strong>em</strong> Nature, t<strong>em</strong> essas revistas todas, agora,<br />

n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre você consegue incluir aquilo que é publicado, ou divulgado, ou produzido aqui para as<br />

gran<strong>de</strong>s revistas internacionais, a medida <strong>em</strong> que nós não estamos, ou esses assuntos não estão na<br />

pauta <strong>de</strong>las. Dou dois ex<strong>em</strong>plos: Na área <strong>de</strong> humanida<strong>de</strong>s, qu<strong>em</strong> escreve sobre literatura brasileira<br />

consegue menos acesso nas revistas literárias do mundo. Depen<strong>de</strong> do interesse maior ou menor que<br />

a literatura brasileira t<strong>em</strong>. Outro dia eu estava conversando <strong>em</strong> uma reunião muito interessante<br />

promovida pelo Prof. Brito e os seus coor<strong>de</strong>nadores, on<strong>de</strong> nós discutimos isso: O Brasil t<strong>em</strong> muito<br />

conhecimento na área <strong>de</strong> mandioca. Você não t<strong>em</strong> mandioca nos Estados Unidos, você não t<strong>em</strong><br />

mandioca na Europa, você não t<strong>em</strong> mandioca na África. Então, divulgar coisas sobre o que se<br />

avança no conhecimento <strong>em</strong> matéria <strong>de</strong> mandioca é mais difícil. Você não t<strong>em</strong> foco prioritário<br />

nessa história. Da mesma maneira que hoje <strong>em</strong> dia com o t<strong>em</strong>a das energias renováveis, a cana <strong>de</strong><br />

açúcar, o etanol, on<strong>de</strong> o Brasil t<strong>em</strong> papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque <strong>em</strong> matéria <strong>de</strong> conhecimento no plano<br />

nacional e no plano internacional, cresceu <strong>de</strong> importância. Era algo menos discutido, com menos<br />

ênfase <strong>de</strong> divulgação quando o t<strong>em</strong>a das energias renováveis não tinha o <strong>de</strong>staque que t<strong>em</strong> hoje.<br />

Leila: Como é a relação dos dirigentes da Fapesp com as pessoas da comunicação? Já existe a<br />

questão dos pesquisadores dar<strong>em</strong> importância para a questão da divulgação <strong>científica</strong>?<br />

Lafer: B<strong>em</strong>, você sabe qual é a estrutura da Fapesp. A Fapesp t<strong>em</strong> uma presidência, que sou eu, e<br />

t<strong>em</strong> os CTA, que são o Prof. Brentani, o Prof. Engler e o Prof. Brito. Naturalmente, o Prof. Brito<br />

como diretor científico t<strong>em</strong> papel importante nesse processo. Também t<strong>em</strong> o Prof. Brentani, como o<br />

presi<strong>de</strong>nte do CTA, está atento a essas coisas e é ele mesmo um pesquisador importante na área <strong>de</strong><br />

oncologia. Há um certo equilíbrio porque o Prof. Brito v<strong>em</strong> da física, o Prof. Bretani v<strong>em</strong> das áreas<br />

médicas, então essa preocupação também traz, <strong>de</strong>ntro da própria Fapesp, o diálogo das culturas.<br />

Como presi<strong>de</strong>nte da Fapesp, uma das minha responsabilida<strong>de</strong>s é a representação da instituição, e a<br />

representação da instituição passa naturalmente pela divulgação daquilo que nós faz<strong>em</strong>os e do papel<br />

que t<strong>em</strong>os.<br />

Leila: O senhor acredita que a imag<strong>em</strong> pública da Fapesp para a opinião pública mudou após<br />

a área <strong>de</strong> comunicação?<br />

Lafer: Eu acho que a Fapesp é uma das gran<strong>de</strong>s agências republicanas <strong>de</strong>sse país. Para isso<br />

contribuiu a sua autonomia, a periodicida<strong>de</strong>, a regularida<strong>de</strong> da qual recebe os seus recursos e a<br />

autonomia que t<strong>em</strong> para administrá-los. Eu acho que a Fapesp s<strong>em</strong>pre <strong>de</strong>senvolveu uma relação<br />

muito próxima com a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> porque são os pesquisadores e os cientistas que dão os<br />

pareceres, que <strong>em</strong>basam o processo <strong>de</strong>cisório da Fapesp. Então, a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> conhece a<br />

Fapesp b<strong>em</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu início porque esteve envolvida não apenas <strong>em</strong> pedir recursos, <strong>em</strong> pedir<br />

bolsas, mas também ao participar do dia a dia da Fapesp, pelos pareceres que dão, pela participação<br />

nas diversas áreas que hoje t<strong>em</strong> coor<strong>de</strong>nadorias e que transmit<strong>em</strong> a importância da Fapesp.<br />

Agora, um dos princípios da administração pública previsto na constituição é o da honestida<strong>de</strong> da<br />

administração pública, então, penso eu, que nos cabe neste processo <strong>de</strong> divulgação, além da<br />

importância do que estamos divulgando, prestar contas ao contribuinte paulista que sustenta a<br />

Fapesp, daquilo que estamos fazendo. Então, para essa dimensão mais abrangente <strong>de</strong> prestar contas,<br />

a divulgação hoje nos mol<strong>de</strong>s que é feita aten<strong>de</strong> uma necessida<strong>de</strong> importante. Além do que<br />

contribui para pautar a vida brasileira na importância crítica da pesquisa e do <strong>de</strong>senvolvimento para<br />

o futuro da sustentabilida<strong>de</strong> do país.<br />

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Leila: Bom, uma última pergunta, sobre a questão da mídia que cobre ciência no Brasil. Você<br />

acredita que a mídia atual colabora com a divulgação <strong>científica</strong> e para a geração <strong>de</strong><br />

conhecimento no cidadão comum?<br />

Lafer: Eu vou <strong>de</strong>volver a pergunta para você que está estudando esse assunto (risos). Eu estou do<br />

lado <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> transmite, eu não estou do lado <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> recebe. Evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente nos aqui nos<br />

preocupamos <strong>em</strong> avaliar o resultado daquilo que faz<strong>em</strong>os. Acho que os indicadores que o Fernando<br />

coleta, t<strong>em</strong> sido crescente a nossa presença.<br />

Leila: É isso, o senhor t<strong>em</strong> alguma coisa para acrescentar?<br />

Lafer: Eu queria te dar um panorama geral porque evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente as coisas mais tópicas<br />

seguramente foram abordadas e <strong>de</strong> maneira altamente qualificada por essa equipe altamente<br />

qualificada da qual o Fernando é uma expressão, a Mariluce também e a Graça. Muito obrigada.<br />

7. ENTREVISTA COM CARLOS HENRIQUE DE BRITO CRUZ<br />

Entrevista realizada com o Diretor Científico da Fapesp, pessoalmente na se<strong>de</strong> da Fundação no dia<br />

17 <strong>de</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2010.<br />

Leila Cristina Bonfietti Lima: Bom, primeiro eu vou começar com uma coisa mais ampla<br />

sobre Ciência e Comunicação e <strong>de</strong>pois eu vou entrar no âmbito mais especifico que é a<br />

comunicação realizada aqui pela Fapesp.<br />

Gostaria <strong>de</strong> saber como você avalia a evolução da ciência brasileira no cenário mundial e<br />

como essa ciência po<strong>de</strong> avançar ainda mais?<br />

Carlos Henrique <strong>de</strong> Brito Cruz: A ciência no Brasil t<strong>em</strong> progredido mais no lado acadêmico do<br />

que no lado industrial. E o avanço que t<strong>em</strong> acontecido na ciência brasileira na parte acadêmica é<br />

reconhecido mundialmente e aparece nos números <strong>de</strong> artigos publicados, número <strong>de</strong> doutores<br />

formados etc. T<strong>em</strong> um, eu acho que nessa parte acadêmica, dois <strong>de</strong>safios muito importantes para o<br />

Brasil: um <strong>de</strong>les é o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> conseguir que algumas das instituições acadêmicas brasileiras sejam<br />

instituições acadêmicas competitivas mundialmente, estejam entre as 100 universida<strong>de</strong>s do mundo,<br />

porque <strong>em</strong>bora a gente tenha uma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ciência alta, ainda a qualida<strong>de</strong> t<strong>em</strong> muita<br />

heterogeneida<strong>de</strong>, certas coisas boas, outras coisas médias, então, precisa um esforço do país para<br />

estimular excelência <strong>em</strong> algumas instituições, não dá para ser <strong>em</strong> todas.<br />

Em segundo lugar t<strong>em</strong> o <strong>de</strong>safio do Brasil sobre elevar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> cientifica nas<br />

regiões do Brasil. Isso é uma tarefa difícil porque <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> políticas do Governo Fe<strong>de</strong>ral e<br />

também <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do interesse dos estados também <strong>em</strong> fazer iniciativas. Os casos no Brasil que<br />

tiveram um <strong>de</strong>senvolvimento científico regional relevante, <strong>em</strong> geral, mostram que o estado t<strong>em</strong> um<br />

papel tão importante quanto a união. Não dá para o estado ficar s<strong>em</strong> fazer nada e a união fazer tudo.<br />

Leila: Em que ponto você acredita que a Fapesp participar da formulação da política<br />

<strong>científica</strong> e tecnológica no Brasil?<br />

Brito: A Fapesp participa <strong>de</strong> uma maneira muito ativa. Primeiro porque a Fapesp é uma<br />

organização que t<strong>em</strong> muita habilida<strong>de</strong> e constante funcionamento e segundo porque a Fapesp<br />

mobiliza um orçamento importante justamente no estado que correspon<strong>de</strong> por meta<strong>de</strong> da ciência<br />

feita no Brasil. Quando há a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> existir uma articulação respeitosa entre o Governo<br />

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Fe<strong>de</strong>ral e o Governo Estadual, a Fapesp s<strong>em</strong>pre participa. Nos últimos anos isso t<strong>em</strong> sido mais<br />

difícil, então, a participação da Fapesp fica mais dificultada.<br />

Leila: A que você credita a participação do Brasil como o único país da América do Sul a<br />

integrar o grupo que elaborou aquele panorama da ciência brasileira no relatório da Unesco<br />

que saiu agora <strong>em</strong> 2010?<br />

Brito: Eu acho que não é b<strong>em</strong> isso. Não é que o Brasil foi o único que elaborou. A Unesco ao fazer<br />

o relatório <strong>de</strong> ciência no mundo, na região da América Latina escolheu acho que dois países, não foi<br />

o único o Brasil, dos quais encomendou a preparação <strong>de</strong> um seção especial sobre aquele país.<br />

Então, na parte da América Latina t<strong>em</strong> uma seção sobre o Brasil e uma sobre Cuba. Não foi o Brasil<br />

que encomendou, foi a Unesco.<br />

Leila: Essa participação você acredita que ... A ciência no Brasil se diferencia dos outros<br />

países da América do Sul?<br />

Brito: A ciência no Brasil se diferencia, mas eu não sei se foi por isso que a Unesco pediu. O Brasil<br />

é meta<strong>de</strong> da América do Sul. Qualquer coisa que eu vá falar sobre a América do Sul tenho que falar<br />

sobre o Brasil, mas ativida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> no Brasil apresenta várias diferenças importantes favoráveis<br />

ao Brasil com respeito a todos os países da América Latina.<br />

Leila: E sobre a importância das Conferências Nacionais <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia. Você<br />

acredita ... como que é essa importância para a formação <strong>de</strong> políticas públicas no setor?<br />

Brito: As Conferências têm uma importância que é <strong>de</strong>senvolver oportunida<strong>de</strong>s para que o Governo<br />

Fe<strong>de</strong>ral tenha ou não validação para certas idéias que quer fazer. Então t<strong>em</strong> essa finalida<strong>de</strong><br />

importante.<br />

Leila: Muito se t<strong>em</strong> falado <strong>em</strong> divulgação <strong>científica</strong> só que os museus e centros <strong>de</strong> ciência eles<br />

são falados <strong>em</strong> um primeiro plano e a mídia fica para segundo plano. Porque você acha que<br />

acontece isso?<br />

Brito: Eu não sei se a mídia fica para segundo plano, porque quando eu abro o jornal t<strong>em</strong> assuntos<br />

sobre ciência.<br />

Leila: É então, umas das perguntas também relacionadas é o que você acha, que na última<br />

Conferência <strong>de</strong> Ciência e Tecnologia houve pouca divulgação na mídia brasileira.<br />

Brito: Mas teve pouca divulgação? Eu vi tanta coisa, passou até no Jornal Nacional<br />

Leila: Sim, eu vi, mas a Nature <strong>de</strong>u matéria gran<strong>de</strong> e, comparando, a mídia brasileira <strong>de</strong>u<br />

menos.<br />

Brito: Eu não po<strong>de</strong>ria comentar isso. Eu não sei. Eu precisaria saber qual é o indicador <strong>de</strong> que a<br />

mídia (brasileira) <strong>de</strong>u mais ou <strong>de</strong>u menos. Eu sou meio chato com essas coisas. Eu não assumo a<br />

hipótese, eu preciso enten<strong>de</strong>r como que é.<br />

Leila: Certo. Bom, a questão dos jornalistas e cientistas. A divulgação <strong>científica</strong> está sendo<br />

muito falada, mas ainda há cientistas que t<strong>em</strong> receio <strong>em</strong> conversar com jornalistas e também<br />

jornalistas que acreditam que os cientistas têm uma linguag<strong>em</strong> mais cifrada do discurso<br />

científico. Você acredita que esse cenário está mudando na divulgação <strong>científica</strong>?<br />

50


Brito: Está mudando, mas eu não sei se vai mudar muito mais. Eu acho que t<strong>em</strong> certos cientistas<br />

que t<strong>em</strong> facilida<strong>de</strong> para se comunicar com jornalistas e t<strong>em</strong> outros que t<strong>em</strong> menos facilida<strong>de</strong>, o que<br />

não faz <strong>de</strong>les cientistas menos importantes. Eu acho que... ali eu vejo que o <strong>de</strong>safio mais alto, mais<br />

forte está na mídia <strong>de</strong> ter suficiente interesse pela ciência para ter jornalistas capazes <strong>de</strong> dialogar<br />

seja com cientistas com palavras fáceis, seja com cientistas com palavras difíceis. Eu já conversei<br />

com jornalistas da Nature e da Science e alguns do Brasil que entend<strong>em</strong> o assunto e <strong>de</strong>pois que você<br />

fala, eles faz<strong>em</strong> uma pergunta inteligente sobre aquilo, então eles estão, enten<strong>de</strong>ndo qual é o<br />

assunto.<br />

Leila: Quanto a divulgação <strong>científica</strong> da Fapesp. Qual você acha que é o papel <strong>de</strong>ssa<br />

divulgação <strong>científica</strong> e qual a sua importância?<br />

Brito: <strong>Divulgação</strong> <strong>científica</strong> é um esforço que eu acho que a gente, que está ligado à pesquisa,<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong>os fazer <strong>em</strong> certa medida para ajudar a mostrar a qu<strong>em</strong> paga imposto o que a ciência faz. E a<br />

Fapesp faz isso por essa razão e é uma coisa que está previsto no estatuto da Fapesp. E a Fapesp faz<br />

isso <strong>de</strong> várias maneiras diferentes, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> estimular os pesquisadores a fazer visibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus<br />

projetos na internet, na web, até programa que financia bolsa para jornalistas e a Revista da Fapesp<br />

e o site da Agência Fapesp, Programa <strong>de</strong> Ciência com o ensino público e outras ativida<strong>de</strong>s que a<br />

Fapesp faz nessa área.<br />

Leila: Você acha que a imag<strong>em</strong> institucional da Fapesp perante a opinião pública mudou<br />

<strong>de</strong>pois que foi inserido um setor <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong>ntro da Fapesp?<br />

Brito: Talvez. Provavelmente sim, mudou. A comunicação aqui na Fapesp começou quando<br />

Fernando, <strong>em</strong> 95?<br />

Fernando: Isso<br />

Brito: então sim.<br />

Leila: E você acredita que essa comunicação alcança a socieda<strong>de</strong> <strong>em</strong> geral ou ela ainda está<br />

muito voltada para a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>?<br />

Brito: Não, eu não acho que alcança a população <strong>em</strong> geral e n<strong>em</strong> sei se isso seria possível na<br />

medida <strong>em</strong> que 95% das pessoas que estão no curso colegial não consegu<strong>em</strong> tirar nota para ser<br />

consi<strong>de</strong>rada satisfatória no exame, é difícil fazer divulgação <strong>científica</strong> porque precisa ter um diálogo<br />

né? Mas a Fapesp se esforça para divulgar, t<strong>em</strong> muita gente, t<strong>em</strong> muita gente <strong>de</strong> fora da<br />

comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong> que acompanha as ativida<strong>de</strong>s da Fapesp por vários meios e a gente percebe<br />

isso freqüent<strong>em</strong>ente.<br />

Leila: Você acredita que t<strong>em</strong> algum ponto que <strong>de</strong>ve ser melhorado nessa comunicação para<br />

atingir cada vez mais a socieda<strong>de</strong>?<br />

Brito: Eu acho que o principal ponto nesse assunto é melhorar a educação das pessoas no Brasil.<br />

Melhor o ensino <strong>de</strong> ciência nas escolas. Esse assunto <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong> no Brasil e <strong>em</strong><br />

qualquer país progredirá quando as pessoas parar<strong>em</strong> <strong>de</strong> achar que é bonito dizer “Ah eu não entendo<br />

nada <strong>de</strong> mat<strong>em</strong>ática.”, “Eu nunca entendi a aula <strong>de</strong> ciência.”, Então, hoje <strong>em</strong> dia o pessoal acha que<br />

é chique falar isso, na hora que mudar isso a gente vai ter mais divulgação <strong>científica</strong>.<br />

51


Leila: Você acredita que a mídia que cobre ciência (aí não a divulgação <strong>científica</strong> da Fapesp)<br />

colabora com a produção do conhecimento nas pessoas <strong>em</strong> geral?<br />

Brito: Eu acho que ela colabora. O fato <strong>de</strong> haver página <strong>de</strong> ciência nos jornais é bom, divulga o<br />

assunto, mesmo que <strong>em</strong> uma camada restrita da população, porque a mesma pergunta que você fez<br />

para mim que se a Fapesp atinge toda a população, você po<strong>de</strong> fazer para a Folha <strong>de</strong> S. Paulo,<br />

quantas pessoas lê<strong>em</strong> a Folha <strong>de</strong> S. Paulo por dia, não são 200 milhões <strong>de</strong> brasileiros, <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser 30<br />

mil talvez, mas é bom porque divulga mais entre essas pessoas.<br />

Leila: Bom, era isso e você acredita que a divulgação <strong>científica</strong> <strong>em</strong> uma agência <strong>de</strong> fomento,<br />

você comentou sobre a questão <strong>de</strong> prestar contas para a comunida<strong>de</strong>, qual a importância... a<br />

Fapesp ela é ex<strong>em</strong>plo, digamos assim, a área <strong>de</strong> comunicação serviu <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo para outras<br />

Faps, qual a importância <strong>de</strong> ter um setor b<strong>em</strong> estruturado <strong>de</strong> comunicação <strong>em</strong> uma agência<br />

<strong>de</strong> fomento?<br />

Brito: É muito importante porque é preciso que as agências <strong>de</strong> fomento consigam comunicar para o<br />

maior numero <strong>de</strong> pessoas que for possível sobre as suas ativida<strong>de</strong>s para essas ativida<strong>de</strong>s ser<strong>em</strong><br />

valorizadas. É muito importante.<br />

Leila: Era mais ou menos isso, t<strong>em</strong> alguma coisa a acrescentar?<br />

Brito: Não. Muito obrigado.<br />

Leila: Obrigada você.<br />

Brito: Boa tar<strong>de</strong>.<br />

8. ENTREVISTA COM SABINE RIGHETTI<br />

Entrevista realizada com a jornalista especialista <strong>em</strong> jornalismo científico e atualmente repórter <strong>de</strong><br />

ciência e <strong>de</strong> política <strong>científica</strong> da Folha <strong>de</strong> S. Paulo, por <strong>em</strong>ail no dia 20 <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2010.<br />

Leila Cristina Bonfietti Lima: Você po<strong>de</strong>ria começar relatando um pouco o seu histórico<br />

profissional? (mini curriculum, formação, experiência <strong>em</strong> ciência e trabalho e projetos atuais)<br />

Sabine Righetti: Sou jornalista formada pela UNESP (2002), fiz especialização <strong>em</strong> jornalismo<br />

científico na <strong>Unicamp</strong> (2004), mestrado <strong>em</strong> política <strong>científica</strong> e tecnológica na <strong>Unicamp</strong> (2008) e<br />

atualmente faço doutorado na mesma área. Já passei pelo programa <strong>de</strong> direitos humanos da<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Direito da USP (fiz umas disciplinas lá), por isso tenho dois livros sobre direito à<br />

educação publicados pela Udusp. O primeiro “Direito à educação – aspectos constitucionais”, <strong>de</strong><br />

2009, concorreu ao Jabuti neste ano na categoria “educação, psicologia e psicanálise”. O segundo,<br />

“Direito à educação – discriminação no ensino”, saiu na última sexta-feira!<br />

Comecei trabalhando <strong>em</strong> um jornal <strong>de</strong> Bauru, <strong>de</strong>pois passei pela TodaTeen (cuja redação fica <strong>em</strong><br />

Bauru). Em Campinas, on<strong>de</strong> fui para fazer especialização no <strong>Labjor</strong>/<strong>Unicamp</strong>, comecei a escrever<br />

para as revistas do <strong>Labjor</strong> e <strong>em</strong> 2004 virei editora da ComCiência. Depois, no final <strong>de</strong> 2005, passei<br />

pela assessoria <strong>de</strong> imprensa da <strong>Unicamp</strong>, cuidando da divulgação da Comvest/<strong>Unicamp</strong> e <strong>de</strong><br />

projetos especiais (como a NanoAventura, a Oficina Desafio, o projeto Índice Brasil <strong>de</strong> Inovação) e,<br />

<strong>de</strong> lá, assumi a coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> comunicação da Secretaria <strong>de</strong> Ensino Superior do Estado <strong>de</strong> São<br />

Paulo, on<strong>de</strong> fiquei por 3 anos. Há meio ano, saí da Secretaria e vim trabalhar na editoria <strong>de</strong> ciência<br />

da Folha, como repórter <strong>de</strong> ciência e <strong>de</strong> política <strong>científica</strong>. Ah, também s<strong>em</strong>pre fui pesquisadora:<br />

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tive 2 anos <strong>de</strong> bolsa FAPESP <strong>de</strong> iniciação <strong>científica</strong>, bolsa MidiaCiencia da FAPESP na<br />

especialização e bolsa CNPq <strong>em</strong> parte do meu mestrado.<br />

Leila: Como avalia o papel da mídia que cobre ciência atualmente?<br />

Sabine: Especialmente num país com péssima educação <strong>científica</strong> como o Brasil (s<strong>em</strong>pre estamos<br />

lá <strong>em</strong>baixo <strong>em</strong> análises como da PISA), a mídia t<strong>em</strong> um papel importante no sentido <strong>de</strong> informar e<br />

até <strong>de</strong> educar a população sobre ciência. Trabalho com a tese <strong>de</strong> que as pessoas encontrar na mídia<br />

as condições mínimas pra discutir sobre ciência. É só reparar: <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma matéria do Fantástico<br />

sobre células-tronco, as pessoas comentam se são contra ou a favor. Imagina se não tivéss<strong>em</strong>os<br />

ciência na mídia?<br />

Leila: Acredita que essa mídia colabora com a produção do conhecimento científico para a<br />

socieda<strong>de</strong>?<br />

Sabine: Acredito que a mídia contribui para a diss<strong>em</strong>inação do conhecimento científico para a<br />

socieda<strong>de</strong> (mas não para a “produção” do conhecimento científico).<br />

Leila: Como é a relação dos jornalistas que cobr<strong>em</strong> ciência na mídia com as <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong><br />

comunicação <strong>de</strong> instituições <strong>de</strong> pesquisa?<br />

Sabine: Depen<strong>de</strong> do jornalista, do assessor, da instituição... Em geral, as instituições são pouco próativas<br />

na oferta <strong>de</strong> pauta. As pautas “vendidas” pelas <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> instituições têm um caráter mais<br />

institucional que não interessa a gran<strong>de</strong> mídia – que está atrás <strong>de</strong> notícias, resultados <strong>de</strong> pesquisa<br />

etc. Também acho que algumas <strong>assessorias</strong> não consegu<strong>em</strong> aten<strong>de</strong>r as necessida<strong>de</strong>s dos jornalistas<br />

no ritmo que se precisa, <strong>em</strong> especial os jornalista <strong>de</strong> jornais diários. Muitas vezes é mais fácil<br />

entrevistar um cientista americano do que um brasileiro porque nos EUA as <strong>assessorias</strong> costumam<br />

respon<strong>de</strong>r na hora e o cientista s<strong>em</strong>pre concorda <strong>em</strong> dar entrevista.<br />

Leila: Como é a sua relação e dos d<strong>em</strong>ais jornalistas que cobr<strong>em</strong> ciência com a Gerência <strong>de</strong><br />

Comunicação da Fapesp?<br />

Sabine: A Fapesp é uma das instituições que fog<strong>em</strong> à regra da resposta acima. A assessoria <strong>de</strong><br />

imprensa é b<strong>em</strong> ágil e já fiz várias pautas que a própria comunicação da Fapesp me propôs.<br />

Leila: Você acredita que esse setor <strong>de</strong> comunicação da Fapesp pauta a mídia que cobre<br />

ciência?<br />

Sabine: Sim e não. Depen<strong>de</strong> da mídia. No caso dos jornais diários como a Folha, que conheço b<strong>em</strong>,<br />

é difícil que os veículos da FAPESP paut<strong>em</strong> a mídia. Em geral buscamos assuntos novos e<br />

exclusivos. Mas se a FAPESP me ligar sugerindo uma pauta exclusiva, como já aconteceu várias<br />

vezes, aí sim ela vai <strong>de</strong> fato me pautar.<br />

Leila: Acredita que essa comunicação da Fapesp (Revista Pesquisa Fapesp, Agência e d<strong>em</strong>ais<br />

produtos) consegue atingir o público <strong>em</strong> geral ou apenas pessoas com interesses voltados para<br />

ativida<strong>de</strong>s <strong>científica</strong>s/acadêmicas?<br />

Sabine: Acredito que o principal público são estudantes e cientistas. Os textos são longos, as<br />

informações são <strong>de</strong>nsas e a diss<strong>em</strong>inação <strong>de</strong>sses veículos acontece no meio acadêmico. Eu não<br />

escuto amigos que não estejam minimamente próximos do meio acadêmico comentando notícias da<br />

agência FAPESP. Mas os cientistas comentam muito, e gostam bastante.<br />

53


Leila: Apesar dos inegáveis avanços na formação dos jornalistas científicos, muitos cientistas<br />

ainda se queixam da divulgação da ciência na mídia. Por outro lado, os jornalistas também se<br />

queixam <strong>de</strong> que os cientistas não compreend<strong>em</strong> o papel e o processo <strong>de</strong> produção da mídia.<br />

Como compatibilizar as diferenças <strong>de</strong> formações para uma divulgação <strong>científica</strong> competente e<br />

criativa?<br />

Sabine: Hoje <strong>em</strong> dia a maioria dos jornalistas que cobre ciência é especializada no assunto. Eu sou<br />

especializadíssima no assunto e já ouvi muita reclamação <strong>de</strong> cientista por causa do resultado final<br />

das matérias que faço. Muitas vezes, os cientistas acham o texto dos jornais concisos e superficiais<br />

d<strong>em</strong>ais. Só que hoje t<strong>em</strong>os pouco espaço nos jornais impresso, e t<strong>em</strong>os <strong>de</strong> dividir esse espaço com<br />

arte e foto. Óbvio que o texto será pequeno. Há cientistas, por outro lado, que entend<strong>em</strong> muito b<strong>em</strong><br />

o timing dos jornalistas, as suas necessida<strong>de</strong>s e entend<strong>em</strong> que o texto final será conciso. Esses<br />

cientistas consegu<strong>em</strong> passar ao jornalista claramente as informações que não pod<strong>em</strong> ficar <strong>de</strong> fora e<br />

meio que trabalham junto com o jornalista na construção da reportag<strong>em</strong>. O resultado <strong>de</strong>sse trabalho<br />

<strong>em</strong> conjunto é s<strong>em</strong>pre positivo.<br />

Leila: Acredita que os cientistas prefiram conversar (dar entrevistas) com jornalistas que<br />

atuam <strong>em</strong> instituições relacionadas à pesquisa <strong>científica</strong> (como a Fapesp) do que com<br />

jornalistas que cobr<strong>em</strong> ciência na mídia <strong>em</strong> geral?<br />

Sabine: Acredito que os cientistas têm uma imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> que jornalistas <strong>de</strong> revistas segmentadas<br />

como a PesquisaFapesp são mais “capacitados” do que os que trabalham <strong>em</strong> jornais diários como a<br />

Folha. Mas acredito que a Folha também t<strong>em</strong> um peso que conta bastante na hora <strong>de</strong> conseguir uma<br />

entrevista. O que os cientistas não sab<strong>em</strong> é que são poucos os jornalistas do Brasil que são<br />

especializados e trabalham na gran<strong>de</strong> mídia e nas revistas segmentadas. Eu já trabalhei com boa<br />

parte da redação da revista PesquisaFapesp, hoje estou na Folha, amanhã posso estar no Estadão ou<br />

na SuperInteressante, assim como alguém da PesquisaFapesp po<strong>de</strong> estar aqui no meu lugar.<br />

Leila: Em sua opinião quais são as diferenças entre a divulgação <strong>científica</strong> realizada por<br />

<strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> instituições <strong>de</strong> pesquisa, como a da Fapesp, e a divulgação<br />

<strong>científica</strong> realizada pela mídia <strong>em</strong> geral? Qual se aproxima mais <strong>de</strong> uma cultura <strong>científica</strong>?<br />

Sabine: Acho que a mídia não faz divulgação <strong>científica</strong>, mas faz jornalismo científico. A i<strong>de</strong>ia da<br />

mídia não é divulgar ciência, mas achar notícias <strong>em</strong> ciência. Ambos os atores, tanto as <strong>assessorias</strong><br />

<strong>de</strong> imprensa quanto os jornais diárias, contribu<strong>em</strong> para a cultura <strong>científica</strong>. E quanto mais próximos<br />

<strong>assessorias</strong>, jornalistas e cientistas estiver<strong>em</strong>, mais sólida será a nossa cultura <strong>científica</strong>.<br />

9. ENTREVISTA COM MARILUCE MOURA<br />

Entrevista realizada com a jornalista e Diretora <strong>de</strong> Redação da Revista Pesquisa Fapesp, por<br />

telefone, no dia 17 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2011.<br />

Leila Cristina Bonfietti Lima: Então, o que eu escrevi no <strong>em</strong>ail, é que eu estava lendo a<br />

gravação da transcrição da entrevista que eu fiz com você e eu vi que você falou que foi<br />

formulada uma política <strong>de</strong> comunicação <strong>em</strong> 95 e que agora vocês estão reformulando para<br />

tentar institucionalizar...<br />

Mariluce Moura: Eu diria o seguinte, que <strong>em</strong> 1995 começou na verda<strong>de</strong> a primeira abordag<strong>em</strong>, a<br />

primeira iniciativa <strong>de</strong> comunicação da Fapesp, ela começou <strong>em</strong> abril <strong>de</strong> 95. Até então a Fapesp não<br />

54


tinha absolutamente nada, não é que não tivesse uma política, não tinha nada. Não tinha<br />

instrumentos, não tinha <strong>de</strong>ntro da instituição sequer a noção <strong>de</strong> comunicação como esse campo <strong>de</strong><br />

contato com a socieda<strong>de</strong>. Isso não existia. Então, eu não diria que <strong>em</strong> 95 começou uma política <strong>de</strong><br />

comunicação institucionalizada. Eu diria que <strong>em</strong> 95 o que se fez foi tomar consciência <strong>de</strong> que a<br />

comunicação com a socieda<strong>de</strong> era uma necessida<strong>de</strong> vital para a Fapesp. Até porque era um<br />

momento <strong>de</strong> ampliação <strong>de</strong> d<strong>em</strong>ocracia no país e a noção <strong>de</strong> que era preciso prestar contas ao<br />

contribuinte do recurso que era <strong>de</strong>les <strong>em</strong> última instância.<br />

A Fapesp t<strong>em</strong> para aplicar <strong>em</strong> pesquisa 1% das receitas tributárias do Estado <strong>de</strong> São Paulo. A<br />

Fapesp foi prevista na Constituição <strong>de</strong> 1947 <strong>em</strong> São Paulo e naquele momento já estava dito que ela<br />

teria direto a 0,5% da receitas tributárias do Estado para investir <strong>em</strong> pesquisa e daí na Constituição<br />

Estadual <strong>de</strong> 1989 esse percentual foi elevado <strong>de</strong> 0,5 para 1% das receitas tributárias do Estado.<br />

Portanto, são recursos públicos.<br />

Então, o seguinte, eu diria que é o primeiro momento <strong>de</strong> consciência <strong>de</strong> que a Fapesp não podia ser<br />

voltada para si mesma e só para a comunida<strong>de</strong> <strong>científica</strong>. É essa compreensão <strong>de</strong> que nesse processo<br />

<strong>de</strong> red<strong>em</strong>ocratização do país que se avançava era preciso falar com a socieda<strong>de</strong>, prestar contas ao<br />

cidadão paulistano do que era feito com o dinheiro <strong>de</strong>le. E isso era estabelecer os primeiros passos<br />

para uma política <strong>de</strong> comunicação.<br />

Leila: E quando mais ou menos, então, essa política começou a se instituir?<br />

Mariluce: Ah, é uma longa história. Quando a gente diz assim que agora t<strong>em</strong> uma revisão da<br />

política, eu diria que é mais do que isso. É assim. De 95 até aqui foi sendo plantada sim uma série<br />

<strong>de</strong> iniciativas <strong>de</strong> comunicação. E se a gente pensar uma política <strong>em</strong> termos amplos, <strong>de</strong> termos não<br />

restritos, evi<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente essa série <strong>de</strong> iniciativas estavam articuladas entre si e compunham uma<br />

política, mas quando eu insisto que agora <strong>em</strong> 2010 a política ganha um caráter mais institucional é<br />

que há uma percepção da Fapesp que fazer mais ou menos comunicação, comunicar mais ou menos<br />

os seus resultados, os seus <strong>de</strong>safios, os seus projetos para a socieda<strong>de</strong>, não po<strong>de</strong> ficar na<br />

<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> diretores que sejam mais ou menos afinados com essa capacida<strong>de</strong> comunicativa. É<br />

uma compreensão <strong>de</strong> que isso <strong>de</strong>ve estar introjetado <strong>de</strong>ntro da instituição. Precisa ter assim uma<br />

coisa b<strong>em</strong> estabelecida <strong>de</strong>ntro da instituição in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> sejam seus diretores. Eu<br />

acho que é nesse sentido que a coisa ganha um peso institucional maior.<br />

Agora, falando, assim, <strong>em</strong> termos largos, tomando a política <strong>em</strong> termos largos, eu diria que <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

que começou <strong>em</strong> abril <strong>de</strong> 1995 uma proposta <strong>de</strong> um dos diretores para que existisse pelo menos<br />

uma pessoa durante 10h por s<strong>em</strong>ana <strong>de</strong>dicada a falar da Fapesp e dos resultados dos projetos etc<br />

para a mídia, portanto, para a socieda<strong>de</strong> através da mídia, e falar para os pesquisadores também que<br />

as vezes não tinham noção das outras áreas: O cara da antropologia não sabia o que estava se<br />

passando na química e o cara da física não tinha nenhuma noção do que se passava na comunicação,<br />

nas pesquisas <strong>de</strong> comunicação. Enfim, nesse momento que se estabelece que é preciso falar, você<br />

começa <strong>em</strong> termos amplos, <strong>em</strong> termos largos, uma política. Agora, o que eu digo é que <strong>em</strong> termos<br />

institucionais profundos e tomando a política no sentido mais estrito do termo, essa coisa ganha um<br />

peso novo no ano passado.<br />

Leila: E você comentou comigo que podia me enviar um texto que você escreveu <strong>em</strong> 2000.<br />

Mariluce: É um texto que está b<strong>em</strong> aqui na minha frente. É uma coisa que se chama assim: “A<br />

construção <strong>de</strong> uma revista <strong>de</strong> divulgação <strong>científica</strong> <strong>em</strong> uma agência pública <strong>de</strong> fomento à pesquisa”.<br />

Esse texto é <strong>de</strong> 2000, nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 2000. Aí eu começo falando do que é a revista pesquisa Fapesp<br />

rapidamente ali naquele momento, <strong>em</strong> 2000, não tinha ainda n<strong>em</strong> ido para a banca. Ela tinha<br />

começado <strong>em</strong> 99. Aí eu explico como que a Fapesp no contexto brasileiro <strong>de</strong> ciência e tecnologia<br />

era um campo <strong>de</strong> experiências avançadas. Aí falo sobre São Paulo, a participação do Estado no PIB<br />

nacional, as estatísticas... veja b<strong>em</strong>, as estatísticas todas disponíveis <strong>em</strong> 2000, então, você não po<strong>de</strong><br />

55


consi<strong>de</strong>rá-las para hoje. Então, fala bastante do Estado <strong>de</strong> São Paulo, afinal <strong>de</strong> contas eu estava<br />

falando para argentinos, aí fala sobre a Fapesp, a montag<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma instituição sólida. Aí eu<br />

começo dizendo que um dos diretores da National Science Foundation, Daniel Neil, tinha <strong>de</strong>clarado<br />

à revista Forbes Brasil, que nenhuma agência <strong>de</strong> fomento à pesquisa no mundo trabalha melhor do<br />

que a Fapesp e ele diz, assim, que ela é mais eficiente que nós, nós a National Science Foundation<br />

nos Estados Unidos, na resposta à propostas <strong>de</strong> projetos.<br />

E aí vou explicando como é que se montou essa instituição. A Fapesp tinha 38 anos <strong>de</strong> existência<br />

naquele momento, aí falo do Artigo 123 da Constituição do Estado <strong>de</strong> São Paulo <strong>em</strong> 1947... está<br />

b<strong>em</strong> resumida toda essa formação mesmo da Fapesp.<br />

Leila: Você po<strong>de</strong> me mandar?<br />

Mariluce: Claro.<br />

Leila: Você t<strong>em</strong> o meu <strong>em</strong>ail?<br />

Mariluce: Espera aí que eu te mando já, está aqui na minha frente.<br />

Leila: Outra coisa que eu queria falar, é que agora que vocês estão reformulando <strong>em</strong> 2010<br />

essa política t<strong>em</strong> já...<br />

Mariluce: Espera, <strong>de</strong>ixa eu te mandar esse <strong>em</strong>ail. Me diga como é o seu <strong>em</strong>ail?<br />

Leila: Leila...<br />

Mariluce: S<strong>em</strong> y né? (risos)<br />

Leila: Isso, normal. Leila<br />

Mariluce: bonfietti@gmail ... já achei. O meu computador é inteligente, ele acha as coisas<br />

rapidinho. Deixa eu mandar, porque eu não sei pensar enquanto mando o negócio para você.<br />

Palestra da Argentina eu vou botar. Veja b<strong>em</strong>, não consi<strong>de</strong>re esse dados para hoje, consi<strong>de</strong>re os<br />

dados históricos da Fapesp que estão OK, Leila aí vai... <strong>de</strong>ixa eu só escrever para você saber...<br />

Eu estava precisando falar sobre a Fapesp e a revista para um público e aí eu <strong>de</strong>scobri esse texto que<br />

eu tinha preparado recent<strong>em</strong>ente ...<br />

Leila: Então, o que eu estava falando, agora que vocês estão reformulando <strong>em</strong> 2010...<br />

Mariluce: Deixa eu lhe dar alguns marcos até chegar <strong>em</strong> 2010. É assim, <strong>em</strong> 1995 a Fapesp contrata<br />

uma pessoa para trabalhar 10h por s<strong>em</strong>ana só e por acaso essa pessoa era eu. Aí <strong>em</strong> agosto <strong>de</strong> 1995<br />

já está claro, <strong>em</strong> julho <strong>de</strong> 95, já está muito claro que essa história <strong>de</strong> 10h por s<strong>em</strong>ana, como eu tinha<br />

dito para eles, era uma bobag<strong>em</strong> porque a Fapesp era uma manancial <strong>de</strong> informação que a mídia<br />

ainda não tinha <strong>de</strong>scoberto quanto tinha ali <strong>de</strong> informação sobre pesquisa, e informação <strong>em</strong> primeira<br />

mão, então era uma coisa muita rica mesmo. Então, <strong>em</strong> agosto <strong>de</strong> 1995 foi lançado o primeiro<br />

boletim Notícias Fapesp n.1, quatro páginas, mil ex<strong>em</strong>plares, que é o <strong>em</strong>brião da Revista Pesquisa<br />

Fapesp. É assim, são números <strong>de</strong> (boletim) Pesquisa Fapesp, que vai crescendo <strong>em</strong> tirag<strong>em</strong>, <strong>em</strong><br />

mo<strong>de</strong>lo, se encorpando mesmo e é no número 47 que ele vira Pesquisa Fapesp. A gente não t<strong>em</strong><br />

uma Pesquisa Fapesp n.1, t<strong>em</strong> a 47. Mas voltando, então, <strong>em</strong> 95 a Fapesp faz isso, naquele<br />

momento o que é importante notar é como essa questão da comunicação ela avança par e passo com<br />

a própria complexificação da Fapesp no cenário da li<strong>de</strong>rança da produção <strong>de</strong> pesquisa <strong>científica</strong><br />

aqui <strong>em</strong> São Paulo e com todo seu peso no Brasil.<br />

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Assim, então, <strong>em</strong> 95 t<strong>em</strong> essa percepção <strong>de</strong> que é preciso falar com a socieda<strong>de</strong> e esse é também um<br />

momento <strong>em</strong> que a Fapesp tinha lançado um programa <strong>de</strong> recuperação da infra-estrutura <strong>de</strong><br />

pesquisa do Estado <strong>de</strong> São Paulo, foi um programa assim que levou alguns anos, teve bastante<br />

<strong>de</strong>sdobramentos, e foi aplicado bastante recursos, esses dados exist<strong>em</strong> no site da Fapesp, bastante<br />

recursos para recuperar os laboratórios <strong>de</strong> pesquisa USP, da Unesp, Instituto Butantã, enfim, todo<br />

mundo que apresentou projetos consistentes para a recuperação dos laboratórios conseguiu recursos,<br />

isso tinha começado <strong>em</strong> 94.<br />

Ao mesmo t<strong>em</strong>po tinha começado um programa da Fapesp que se chamava Inovação Tecnológica<br />

<strong>em</strong> Parceria. A Fapesp estava dando recursos, era a primeira vez que ela estava dando recursos para<br />

financiar pesquisas <strong>de</strong>senvolvidas <strong>em</strong> parcerias entre <strong>em</strong>presas e universida<strong>de</strong>, <strong>em</strong> laboratórios, <strong>em</strong><br />

instituições <strong>de</strong> pesquisa e <strong>em</strong> <strong>em</strong>presas.<br />

Então, veja que ela estava se abrindo <strong>em</strong> termo <strong>de</strong> seus alvos e as suas formas <strong>de</strong> atuar para<br />

assegurar a sua intenção <strong>de</strong> apoiar o <strong>de</strong>senvolvimento científico e tecnológico do Estado <strong>de</strong> São<br />

Paulo.<br />

Muito b<strong>em</strong>, logo <strong>de</strong>pois, <strong>em</strong> 97 começa o Programa <strong>de</strong> Inovação Tecnológica <strong>em</strong> Pequenas<br />

Empresas, que é mais uma frente <strong>de</strong>ssa visão <strong>de</strong> que é preciso se articular com outros agentes para<br />

promover o <strong>de</strong>senvolvimento.<br />

A Fapesp financia também um Programa <strong>de</strong> Apoio à Pesquisa no Ensino Público. Ela vai<br />

diversificando a sua capacida<strong>de</strong>, a sua possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> financiar s<strong>em</strong>pre pesquisa, mas encontrando<br />

diferentes parceiros. É <strong>de</strong> fato <strong>de</strong> 94 <strong>em</strong> diante que essa coisa vai se montando até chegar hoje a<br />

esse nível sofisticadíssimo <strong>de</strong> parcerias que envolve Microsof, envolve gran<strong>de</strong>s <strong>em</strong>presas. A Fapesp<br />

t<strong>em</strong> gran<strong>de</strong> programas <strong>em</strong> parceria com gran<strong>de</strong>s <strong>em</strong>presas.<br />

Bom, como a comunicação vai avançando? Se estrutura um esforço para que a imprensa brasileira<br />

perceba, a imprensa <strong>de</strong> São Paulo sobretudo, perceba qual o peso da pesquisa no próprio<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> São Paulo. Qual o peso da produção <strong>de</strong> ciência?<br />

Então, é muito engraçado, porque a gente ao mesmo t<strong>em</strong>po que estava começando a fazer o<br />

boletim, estava tentando fazer assessoria <strong>de</strong> imprensa. Eram t<strong>em</strong>pos que quando a gente falava<br />

Fapesp com a Folha... Folha um pouco menos porque eles já eram mais sensíveis à ciência<br />

brasileira, mas quando falávamos com o Estado, com O Globo, com a televisão etc, eles sequer<br />

sabiam o que era a Fapesp, eles confundiam Fapesp com Sabesp. Então, era um momento <strong>de</strong> muito<br />

<strong>de</strong>sconhecimento.<br />

Então, teve ali um gran<strong>de</strong> trabalho e uma coisa que ajudou muito nesse trabalho <strong>de</strong> divulgação foi<br />

s<strong>em</strong> nenhuma dúvida nenhuma o primeiro projeto Genoma do país, que é o projeto da Xylella<br />

Fastidiosa. Ele permitiu pela novida<strong>de</strong>, pelo interesse da coisa, ele permitiu que o trabalho <strong>de</strong><br />

comunicação da Fapesp se expandisse muito rapidamente. E é curioso porque isso se reflete no<br />

Notícias Fapesp, se reflete no trabalho <strong>de</strong> assessoria <strong>de</strong> imprensa e se reflete cada vez mais na<br />

percepção da mídia brasileira <strong>de</strong> que se faz ciência <strong>de</strong> alto nível no Brasil. E isso segue assim até o<br />

ano <strong>de</strong> 2000 quando o projeto da Xylella Fastidiosa é completado, o seqüenciamento do genoma da<br />

Xylella é completado. Primeiro há uma percepção gran<strong>de</strong> no começo <strong>de</strong> 2000 quando o projeto é<br />

anunciado, o final do seqüenciamento <strong>de</strong>le e há uma percepção gran<strong>de</strong> da mídia brasileira e uma<br />

percepção gran<strong>de</strong> da mídia internacional. Os gran<strong>de</strong>s jornais, revistas... todo mundo percebe que<br />

t<strong>em</strong> alguma coisa aí. Primeiro fitopatógeno seqüenciado. Hoje, genoma é uma coisa normal,<br />

simples, mas naquele momento o Brasil estava <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhando ali uma função pioneira no<br />

seqüenciamento <strong>de</strong> um patógeno, <strong>de</strong> uma bactéria causadora <strong>de</strong> doença <strong>em</strong> plantas, fitopatógeno.<br />

Então veja, os programas da Fapesp davam suporte à ampliação <strong>de</strong> sua política <strong>de</strong> comunicação e a<br />

política <strong>de</strong> comunicação, essa política que ainda talvez <strong>de</strong>vêss<strong>em</strong>os colocar entre aspas já que ela<br />

não estava formulada assim com essa clareza, mas enfim, essa política que se ia construindo pari e<br />

passu a esse <strong>de</strong>senvolvimento do escopo da Fundação, ela também lançava luz sobre a Fundação,<br />

sobre as pesquisas e sobre ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pesquisa <strong>em</strong> São Paulo.<br />

57


Então, quando <strong>em</strong> 99 o Notícias Fapesp se transforma na revista Pesquisa Fapesp, isso é resultado<br />

<strong>de</strong> um amadurecimento real tanto da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação quanto da expansão da importância<br />

da Fapesp, e isso com o mesmo 1%, não precisou <strong>de</strong> novos dinheiros para isso.<br />

Leila: Então, nessa reformulação que vocês estão fazendo agora <strong>em</strong> 2010 t<strong>em</strong> algum<br />

documento, alguma coisa já com objetivos, metas... alguma coisa traçada que você po<strong>de</strong>ria me<br />

passar?<br />

Mariluce: Eu acho que você <strong>de</strong>veria conversar com o Carlos Eduardo Lins da Silva porque ele é o<br />

coor<strong>de</strong>nador, nessa fase é assim ... Bom, mas <strong>de</strong>ixa eu te dar só mais alguns marcos antes <strong>de</strong> chegar<br />

agora.<br />

Depois do lançamento da revista, <strong>de</strong>pois <strong>em</strong> 2002 <strong>de</strong> a revista ter ido também para banca ... assim,<br />

só para terminar uma coisa... eu falei <strong>de</strong>ssa gran<strong>de</strong> cobertura que a Xylella motivou da ciência<br />

brasileira no início <strong>de</strong> 2000, mas isso voltou com mais força ainda <strong>em</strong> julho <strong>de</strong> 2000, porque <strong>em</strong><br />

julho <strong>de</strong> 2000 foi publicado na capa da Nature o paper sobre o seqüenciamento da Xylella<br />

Fastidiosa, foi a capa. E aí quando isso aconteceu a imprensa internacional inteira repercutiu isso e<br />

aí a mídia brasileira também fez isso incluindo a televisão. Eu acho que a partir daí, o Jornal<br />

Nacional, por ex<strong>em</strong>plo, teve a nítida percepção que <strong>de</strong>veria se manter atento para a produção do<br />

jornal aquilo que saía da produção <strong>científica</strong> brasileira, enten<strong>de</strong>u? Eu acho que nunca mais saiu da<br />

mídia ciência brasileira.<br />

Bom 2000. Aí <strong>em</strong> 2002 a revista vai para a banca e tal essa coisa e t<strong>em</strong> um outro fato da criação da<br />

Agência <strong>de</strong> Notícias Fapesp. Aí eu estou na dúvida se é 2003 ou 2004. É 2003, é isso mesmo.<br />

Então, a Agência também é uma... veja, a gente já tinha tido uma tentativa <strong>de</strong> Agência nos anos<br />

heróicos lá dos fins dos 90 e aí quando a Agência é realmente formulada <strong>de</strong> uma maneira madura,<br />

interessante, etc, ela agrega bastante a política <strong>de</strong> comunicação da Fapesp. Ela soma.<br />

A revista ganha enorme prestígio ao longo do t<strong>em</strong>po, ela é uma revista prestigiada, respeitada, ela<br />

teve s<strong>em</strong>pre bastante influência na mídia. A revista pautou muito a mídia, eu acho que hoje ela<br />

pauta um pouco menos do que pautava, porque hoje t<strong>em</strong> muito mais instrumentos. E a Agência<br />

também entra, assim, como uma coisa assim enorme, <strong>de</strong> peso, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa preocupação <strong>de</strong> divulgar<br />

a ciência paulista e a ciência brasileira ela entra muito fort<strong>em</strong>ente a partir <strong>de</strong> 2003.<br />

Essas coisas se a<strong>de</strong>nsam e aí o que eu acho que acontece <strong>em</strong> 2010 é essa noção da Fapesp como<br />

instituição, aí eu falo toda a diretoria, presi<strong>de</strong>nte, diretores, talvez o próprio Conselho Superior da<br />

Fapesp. Toda essa percepção <strong>de</strong> que se nós t<strong>em</strong>os vários instrumentos <strong>de</strong> comunicação e dado que<br />

há uma ambição do lugar que o Brasil ocupa no cenário internacional e que a ciência... do novo<br />

lugar que o Brasil ocupa, e que a ciência t<strong>em</strong> algo a dizer a esse respeito, que a construção do<br />

conhecimento t<strong>em</strong> algo a dizer a esse respeito, eu acho que a Fapesp t<strong>em</strong> uma percepção muito clara<br />

para que a produção <strong>científica</strong> brasileira cresça <strong>em</strong> relevância, como ela precisa se inserir também<br />

internacionalmente. Se você ler as últimas edições <strong>de</strong> Pesquisa Fapesp você vai ver que nas páginas<br />

<strong>de</strong> política <strong>científica</strong> e tecnológica t<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre uma matéria, t<strong>em</strong> sete matérias seguidas, sobre<br />

iniciativas <strong>de</strong> internacionalização <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> pesquisa <strong>em</strong> São Paulo com o apoio da Fapesp.<br />

Então, nesse momento, portanto, para além da importância da produção <strong>científica</strong> aqui <strong>em</strong> São<br />

Paulo, para além da importância que t<strong>em</strong> no Brasil, eles perceb<strong>em</strong> também essa necessida<strong>de</strong> da<br />

inserção internacional, simultaneamente a Fapesp percebe que a institucionalização mais forte <strong>de</strong><br />

uma política nítida <strong>de</strong> comunicação que articule os vários instrumentos <strong>de</strong> uma maneira produtiva,<br />

convergência, etc é algo vital.<br />

Então, eu acho que o aconteceu <strong>em</strong> 2010 foi primeiro uma analise do que acontecia com a<br />

comunicação, dos vários instrumentos, assessoria <strong>de</strong> imprensa, agência, revista, toda parte <strong>de</strong><br />

eventos, toda parte <strong>de</strong> material institucional produzido pela Gerência, é uma produção enorme. O<br />

que a Fapesp percebe é que há que perpassar tudo isso <strong>de</strong> uma visão comum, <strong>de</strong> um olhar comum<br />

para que isso tenha um alcance ainda maior. É nesse sentido que eu digo que se reinstitucionaliza<br />

<strong>em</strong> um novo patamar a questão da comunicação.<br />

58


E aí eu acho realmente legal se você conseguir conversar com Carlos Eduardo, talvez com o próprio<br />

Brito, se você conseguir e tal.<br />

Leila: É, com o Brito eu conversei, mas ele não tinha muito t<strong>em</strong>po para conversar...<br />

Mariluce: É então converse com Carlos Eduardo. Acho importante.<br />

Leila: Certo. Aí ele consegue me falar um pouco...<br />

Mariluce: Dado essa percepção global. A gente t<strong>em</strong> também <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2004 o programa <strong>de</strong> rádio,<br />

Pesquisa Brasil, que parou <strong>em</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro e agora a gente está refazendo ele. E o programa <strong>de</strong> rádio<br />

também mirava falar com um outro público, <strong>de</strong> uma outra forma. E teve assim uma repercussão<br />

muito interessante, porque são realmente outras pessoas.<br />

Então veja, a reinstitucionalização é pensar todos os instrumentos, mantendo a importância <strong>de</strong> cada<br />

instrumento, mas pensar <strong>de</strong> uma maneira orgânica, institucional, etc. enten<strong>de</strong>u? Eu acho que é isso.<br />

Se dá <strong>de</strong> uma maneira b<strong>em</strong> amadurecida.<br />

Leila: É ficou mais claro.<br />

Mariluce: A revista inclusive tinha muito t<strong>em</strong>po que eu <strong>de</strong>fendia que a revista precisava ter um<br />

Conselho Editorial com jornalistas. Espera aí só um pouquinho. Oi, falávamos <strong>de</strong>?<br />

Leila: Que a revista teria um Conselho Editorial com jornalistas...<br />

Mariluce: Ah, pois é, então, aí agora na terça feira teve a primeira reunião <strong>de</strong>sse Conselho Editorial<br />

e foi muito bom ouvir as visões <strong>de</strong>sse conselho misto, t<strong>em</strong> uma parte <strong>de</strong> jornalistas e uma parte <strong>de</strong><br />

pesquisadores, é um conselho não muito gran<strong>de</strong>, mas foi muito bom ouvir o que eles t<strong>em</strong> a dizer,<br />

comentar, acrescentar, indagar etc. É um momento que a gente quer aumentar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

impacto dos veículos da Fapesp para uma contribuição efetiva da Fapesp nessa missão <strong>de</strong>la que é<br />

divulgar também, ela t<strong>em</strong> essa missão institucionalmente <strong>de</strong> divulgar a produção <strong>de</strong> ciência.<br />

Leila: Antes não existia esse Conselho? Como que era?<br />

Mariluce: Não, nós tínhamos... é assim: o que nós chamávamos <strong>de</strong> Conselho Editorial é um<br />

Conselho formado... se você olhar a revista está lá “Conselho Editorial”, aí está lá os três diretores e<br />

pesquisadores que são... sabe os adjuntos da Fapesp, os assessores adjuntos, o adjunto <strong>de</strong> humanas,<br />

o adjunto <strong>de</strong> não sei o que... enfim, cada um dos adjuntos por área integra esse conselho. Porque?<br />

Porque nós mant<strong>em</strong>os um diálogo permanente da revista com essas pessoas. Assim, quando nós<br />

terminamos <strong>de</strong> fazer os textos e as matérias etc, a gente pe<strong>de</strong> uma leitura, por ex<strong>em</strong>plo, se é <strong>de</strong><br />

bioquímica, a gente pe<strong>de</strong> uma leitura do Coli, do Walter Coli, não uma leitura para falar <strong>de</strong> texto,<br />

mas uma leitura para ver eventuais escapa<strong>de</strong>las e correções técnicas, <strong>científica</strong>s, etc. Então, esse<br />

Conselho t<strong>em</strong> há muito t<strong>em</strong>po, só que agora esse Conselho virou um Conselho Consultivo, é assim<br />

que vai sair na próxima edição, enquanto que o Conselho Editorial é esse misto <strong>de</strong> jornalistas e<br />

pesquisadores, que analisam como é que a revista está sendo <strong>em</strong> relação ao que ela quer ser .<br />

Enten<strong>de</strong>u?<br />

Leila: Ah, legal. B<strong>em</strong> legal.<br />

Mariluce: Eu achei muito bom.<br />

59


Leila: Então agora eu consegui esclarecer assim. Estou melhor... estou mais segura para<br />

escrever mesmo, porque as vezes vão surgindo algumas dúvidas no meio do caminho, então,<br />

eu achei melhor esclarecer com você mesmo.<br />

Mariluce: Claro.<br />

Leila: Mas era isso mesmo Mariluce, muito obrigada.<br />

Mariluce: Legal. Se você tiver mais qualquer dúvida fique a vonta<strong>de</strong>. Tá bom?<br />

Leila: Tá bom então, muito obrigada.<br />

Um beijo, tchau tchau.<br />

Mariluce: Outro. Tchau tchau.<br />

10. ENTREVISTA COM CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA<br />

Entrevista realizada com o jornalista e Coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> Comunicação da Fapesp, por telefone, no<br />

dia 29 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2011.<br />

Leila Cristina Bonfietti Lima: Eu conversei com a Mariluce algumas vezes, tanto<br />

pessoalmente como por telefone e ela comentou comigo que a comunicação na Fapesp<br />

começou timidamente <strong>em</strong> 95. E agora <strong>em</strong> 2010, ela comentou comigo que vocês estão fazendo<br />

uma institucionalização <strong>de</strong>ssa política; uma análise da política <strong>de</strong> comunicação e que você<br />

entrou como Coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> Comunicação da Fapesp. Então, eu queria saber como é que se<br />

dá essa institucionalização; uma reinstitucionalização <strong>de</strong>ssa política e qual é o seu papel agora<br />

na política <strong>de</strong> comunicação da Fapesp.<br />

Carlos Eduardo: Olha, ela está se dando, então, é difícil agora eu te respon<strong>de</strong>r como ela se dá,<br />

porque está acontecendo. O que aconteceu foi o seguinte. Mais ou menos há um ano o Prof. Celso<br />

Lafer me convidou para fazer uma avaliação da área <strong>de</strong> comunicação da Fapesp. E eu trabalhei<br />

durante seis meses nisso e fiz essa avaliação e apresentei um relatório para o Conselho Superior e<br />

eles pediram para que eu tentasse colocar <strong>em</strong> prática algumas das sugestões que eu tinha dado<br />

naquele relatório. E eu comecei a fazer isso, se não me engano, <strong>em</strong> nov<strong>em</strong>bro do ano passado.<br />

Então, nós estamos no meio do processo e a minha expectativa é que ao final <strong>de</strong> um ano, ou seja,<br />

<strong>em</strong> nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong>sse ano, a gente já tenha alguma coisa <strong>de</strong> concreto para oferecer.<br />

Mas, nós estamos já fazendo várias mudanças. O website da Fapesp está sendo alterado e <strong>de</strong>ve<br />

entrar na s<strong>em</strong>ana que v<strong>em</strong> uma nova versão. Nós estamos tentando coor<strong>de</strong>nar melhor as ativida<strong>de</strong>s<br />

da Agência e da Revista, que muitas vezes se sobrepunham. Nós estamos fazendo uma pesquisa<br />

gran<strong>de</strong>, extensiva, sobre o perfil do leitor da revista. Depois <strong>de</strong> tudo isso, certamente, vai gerar<br />

mudanças, alterações, para melhorar ainda mais o que a gente consi<strong>de</strong>ra ser uma comunicação <strong>de</strong><br />

muito boa qualida<strong>de</strong> que a Fapesp já faz atualmente. Então, eu não tenho muito a dizer porque nós<br />

ainda estamos no meio do processo, mas a idéia é melhorar o que já era bom e tornar os<br />

instrumentos à disposição da Fapesp para se comunicar com os públicos mais efetivos. Tudo isso<br />

tendo <strong>em</strong> vista o cumprimento do que <strong>de</strong>termina o próprio estatuto da Fapesp, que diz que ela t<strong>em</strong><br />

que prestar contas ao público contribuinte paulista sobre o que é feito com o dinheiro que o<br />

contribuinte paulista dá para a entida<strong>de</strong>.<br />

Leila: Certo. Então, você começou como coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> comunicação da Fapesp <strong>em</strong><br />

nov<strong>em</strong>bro?<br />

60


Carlos Eduardo: Mais ou menos. Eu não tenho certeza se foi nov<strong>em</strong>bro ou não. Acho que foi<br />

outubro ou nov<strong>em</strong>bro. Final do ano passado.<br />

Leila: Certo. E esse relatório que você me falou que apresentou para a Fapesp... Você po<strong>de</strong> me<br />

falar alguns pontos que você colocou nesse relatório da comunicação?<br />

Carlos Eduardo: Eram mais ou menos esses que eu acabei <strong>de</strong> te dizer. O que eu diagnostiquei foi<br />

que a Fapesp nunca teve uma política <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong> comunicação. As coisas foram acontecendo<br />

na medida <strong>em</strong> que alguns diretores e alguns presi<strong>de</strong>ntes se interessavam por assuntos <strong>de</strong><br />

comunicação; e a Mariluce <strong>de</strong>ve ter te dado uma relato histórico bastante <strong>de</strong>talhado; mas aquilo não<br />

era feito a partir <strong>de</strong> uma política estruturada. Não havia uma política <strong>de</strong> comunicação. Ainda não há.<br />

Eu espero terminar o ano com essa política formulada. Então, havia muito pouco <strong>de</strong> objetivos e<br />

metas a ser<strong>em</strong> atingidos <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminado período <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po, havia muita, e ainda há, muita<br />

sobreposição <strong>de</strong> esforços. Então, o que nós estamos tentando fazer mais ou menos é uma<br />

racionalização, uma formalização da política que existe na prática, mas não existe teoricamente e o<br />

estabelecimento <strong>de</strong> objetivos e metas para cada setor da comunicação da Fapesp.<br />

Leila: Você já t<strong>em</strong> alguma coisa, algum documento, alguma coisa escrita sobre esses objetivos<br />

e metas?<br />

Carlos Eduardo: Não.<br />

Leila: Bom, era mais ou menos isso. Você t<strong>em</strong> alguma coisa à acrescentar?<br />

Carlos Eduardo: Não. Eu acho que não. Só enfatizar que a comunicação da Fapesp é muito boa. É<br />

reconhecidamente boa, e que o objetivo é só melhor, racionalizar e formalizar coisas que já v<strong>em</strong><br />

sendo feitas na prática.<br />

Leila: Aham. Está bom, então. Muito obrigada.<br />

Carlos Eduardo: Está Bom?<br />

Leila: Está. Está certo.<br />

Carlos Eduardo: Certo.<br />

Leila: Obrigada. Tchau, tchau.<br />

11. ENTREVISTA COM HERTON ESCOBAR<br />

Entrevista realizada com o jornalista especialista <strong>em</strong> jornalismo científico e atualmente repórter <strong>de</strong><br />

ciência e meio ambiente do Estado <strong>de</strong> S. Paulo, por <strong>em</strong>ail no dia 07 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2011.<br />

Leila Cristina Bonfietti Lima: Como avalia o papel da mídia que cobre ciência atualmente?<br />

Acredita que essa mídia colabora com a divulgação do conhecimento científico para a<br />

socieda<strong>de</strong> e com a cultura <strong>científica</strong>?<br />

Herton Escobar: S<strong>em</strong> dúvida. Claro que a educação <strong>científica</strong> nas escolas t<strong>em</strong> um papel<br />

fundamental <strong>de</strong> construção da base do conhecimento. Mas qu<strong>em</strong> informa e educa as pessoas<br />

61


“<strong>de</strong>pois da escola” é a mídia, principalmente. Não só pelo papel informativo, mas como uma forma<br />

<strong>de</strong> gerar interesse pela ciência e d<strong>em</strong>onstrar a importância <strong>de</strong>la nas nossas vidas e para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento econômico. S<strong>em</strong> o jornalismo científico, seria muito fácil para as pessoas <strong>em</strong> geral<br />

ignorar<strong>em</strong> completamente a ciência (apesar <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfrutar<strong>em</strong> diariamente dos benefícios <strong>de</strong>la).<br />

Leila: Como é a relação dos jornalistas que cobr<strong>em</strong> ciência na mídia com as <strong>assessorias</strong> <strong>de</strong><br />

comunicação <strong>de</strong> instituções <strong>de</strong> pesquisa?<br />

Herton: Em geral muito boa, pelo menos no meu caso (a não ser quando a pauta vai contra os<br />

interesses da instituição, claro ... o que po<strong>de</strong> causar certas dificulda<strong>de</strong>s). Como a ciência é, via <strong>de</strong><br />

regra, algo benéfico, e a maioria das pautas são positivas, a relação costuma ser bastante positiva<br />

também. O probl<strong>em</strong>a é que muitas instituições não t<strong>em</strong> <strong>assessorias</strong> b<strong>em</strong> organizadas ou<br />

especializadas. Muitas universida<strong>de</strong>s, por ex<strong>em</strong>plo, t<strong>em</strong> apenas assessores <strong>de</strong> reitoria, mas não t<strong>em</strong><br />

assessores para a área <strong>científica</strong>, que conhec<strong>em</strong> os pesquisadores e sab<strong>em</strong> o que está acontecendo<br />

nos laboratórios. Nesses casos, o repórter t<strong>em</strong> <strong>de</strong> fazer quase todo o trabalho sozinho.<br />

Leila: Você acredita que esse setor <strong>de</strong> comunicação da Fapesp pauta a mídia que cobre<br />

ciência?<br />

Herton: S<strong>em</strong> dúvida. Tanto a assessoria <strong>de</strong> imprensa quanto o setor <strong>de</strong> publicações/divulgação<br />

<strong>científica</strong> da Fapesp faz<strong>em</strong> um trabalho excelente. Eu não necessariamente me pauto pelos boletins<br />

da Agência Fapesp ou pela revista Pesquisa, mas são excelentes fontes <strong>de</strong> idéias, referências e<br />

conhecimento <strong>de</strong> uma forma geral. Os jornalistas da Fapesp são privilegiados, pois têm acesso<br />

direto e constante a centenas <strong>de</strong> pesquisadores e laboratórios que são financiados pela fundação.<br />

Leila: Acredita que essa comunicação da Fapesp (Revista Pesquisa Fapesp, Agência e d<strong>em</strong>ais<br />

produtos) consegue atingir o público <strong>em</strong> geral ou apenas pessoas com interesses voltados para<br />

ativida<strong>de</strong>s <strong>científica</strong>s/acadêmicas?<br />

Herton: Não tenho estatísticas para respon<strong>de</strong>r isso com certeza, obviamente, mas minha impressão<br />

é <strong>de</strong> que o público principal da revista e da agência é a comunida<strong>de</strong> acadêmica, e pessoas que já são<br />

interessadas <strong>em</strong> ciência para começo <strong>de</strong> conversa. (Por isso eu prefiro escrever para o jornal, porque<br />

eu gosto <strong>de</strong> escrever para o público <strong>em</strong> geral ... incluindo aqueles que não sab<strong>em</strong> nada <strong>de</strong> ciência, e<br />

não apenas para aqueles que já conhec<strong>em</strong> e já são interessados no assunto.)<br />

Leila: Em sua opinião quais são as diferenças entre a divulgação <strong>científica</strong> realizada por<br />

<strong>assessorias</strong> <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> instituições <strong>de</strong> pesquisa, como a da Fapesp, e a divulgação<br />

<strong>científica</strong> realizada pela mídia <strong>em</strong> geral? Qual se aproxima mais <strong>de</strong> uma cultura <strong>científica</strong>?<br />

Herton: Não sei o que você quer dizer com “cultura <strong>científica</strong>” exatamente, mas, como já<br />

mencionei acima, acho que o jornalismo científico institucional (tipo o da Fapesp) e da gran<strong>de</strong><br />

mídia têm propósitos diferentes e ating<strong>em</strong> públicos diferentes. Tanto que a linguag<strong>em</strong> nos dois<br />

meios são bastante diferentes. Eu, por ex<strong>em</strong>plo, escreveria a mesma reportag<strong>em</strong> <strong>de</strong> maneiras<br />

bastante diferentes se estivesse escrevendo para a revista Pesquisa versus o Estadão. Ambos os<br />

meios são importantes, mas não há como negar que a gran<strong>de</strong> mídia t<strong>em</strong> um alcance muito maior e<br />

mais abrangente.<br />

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