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reformador maio 2008 - a.qxp - Portal do Espírito

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ISSN 1413 - 1749<br />

R$ 5,00<br />

DEUS, C RISTO E CARIDADE<br />

FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA<br />

Ano 126 • Nº 2.150 • Maio <strong>2008</strong>


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:46 Page 3<br />

Fundada em 21 de janeiro de 1883<br />

Funda<strong>do</strong>r: Augusto Elias da Silva<br />

Revista de Espiritismo Cristão<br />

Ano 126 / Maio, <strong>2008</strong> / N o 2.150<br />

ISSN 1413-1749<br />

Propriedade e orientação da<br />

FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA<br />

Diretor: NESTOR JOÃO MASOTTI<br />

Editor: ALTIVO FERREIRA<br />

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES,ANTONIO<br />

CESAR PERRI DE CARVALHO,EVANDRO<br />

NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO<br />

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA<br />

Gerente: ILCIO BIANCHI<br />

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE<br />

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES,AGADYR<br />

TORRES E CLAUDIO CARVALHO<br />

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA<br />

CARVALHO<br />

REFORMADOR: Registro de publicação<br />

n o<br />

121.P.209/73 (DCDP <strong>do</strong> Departamento de Polícia<br />

Federal <strong>do</strong> Ministério da Justiça),<br />

CNPJ 33.644.857/0002-84 I. E. 81.600.503<br />

Direção e Redação:<br />

Av. L-2 Norte Q. 603 Conj. F (SGAN)<br />

70830-030 Brasília (DF)<br />

Tel.: (61) 2101-6150<br />

FAX: (61) 3322-0523<br />

Departamento Editorial e Gráfico:<br />

Rua Souza Valente, 17 20941-040<br />

Rio de Janeiro (RJ) Brasil<br />

Tel.: (21) 2187-8282 FAX: (21) 2187-8298<br />

E-mail: redacao.<strong>reforma<strong>do</strong>r</strong>@febrasil.org.br<br />

Home page: http://www.febnet.org.br<br />

E-mail: feb@febrasil.org.br<br />

PARA O BRASIL<br />

Assinatura anual R$ 39,00<br />

Número avulso R$ 5,00<br />

PARA O EXTERIOR<br />

Assinatura anual US$ 35,00<br />

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA<br />

Capa: AGADYR TORRES PEREIRA<br />

Expediente<br />

Assinatura de Reforma<strong>do</strong>r:<br />

Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274<br />

E-mail:<br />

assinaturas.<strong>reforma<strong>do</strong>r</strong>@febrasil.org.br<br />

Sumário<br />

4<br />

11<br />

14<br />

21<br />

32<br />

33<br />

42<br />

5<br />

8<br />

10<br />

13<br />

16<br />

17<br />

18<br />

22<br />

24<br />

25<br />

26<br />

28<br />

29<br />

34<br />

37<br />

41<br />

Editorial<br />

Transformação Moral, Lar e Evangelho<br />

Entrevista: Marlene Rossi Severino Nobre<br />

Visão espírita sobre o emprego de células-tronco<br />

Presença de Chico Xavier<br />

Carta à minha Mãe – Humberto de Campos<br />

Esfloran<strong>do</strong> o Evangelho<br />

Ministérios – Emmanuel<br />

A FEB e o Esperanto<br />

Esperanto: idioma universalista – Luiz Antônio Millecco<br />

Trova / Trobo – Chiquito de Morais<br />

Seara Espírita<br />

Evolução e vida – Juvanir Borges de Souza<br />

A crença em Deus – Joanna de Ângelis<br />

Trabalhemos – Hernani T. Sant’Anna<br />

Minha Mãe – Maria Dolores<br />

Trabalha<strong>do</strong>res da última hora – Umberto Ferreira<br />

Os últimos serão os primeiros – Constantino,<br />

<strong>Espírito</strong> protetor<br />

O lar espírita perante os novos tempos (Capa) –<br />

Clara Lila Gonzalez de Araújo<br />

Atendimento fraterno e assistência espiritual –<br />

Waldehir Bezerra de Almeida<br />

FEB presente em ato público “Em Defesa da Vida –<br />

Brasil Sem Aborto”<br />

Onde está o vosso coração? – A. Merci Spada Borges<br />

Em dia com o Espiritismo – Pródromos da<br />

reencarnação – Marta Antunes Moura<br />

Ao leitor<br />

Últimas palavras – Kleber Halfeld<br />

Cristianismo Redivivo – Esperança – Harol<strong>do</strong> Dutra Dias<br />

Assistência e Promoção Social à luz <strong>do</strong> Evangelho –<br />

Washington Luiz Fernandes<br />

Composição <strong>do</strong>s Órgãos da FEB após a Reunião <strong>do</strong><br />

seu Conselho Superior de março de <strong>2008</strong>


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:46 Page 4<br />

4 162 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />

Editorial<br />

Transformação Moral,<br />

Lar e Evangelho<br />

“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral [...].”<br />

– Allan Kardec<br />

A<br />

conclusão <strong>do</strong> Codifica<strong>do</strong>r acima transcrita, que consta <strong>do</strong> capítulo<br />

XVII, item 4, de O Evangelho segun<strong>do</strong> o Espiritismo, é absolutamente<br />

coerente.<br />

O verdadeiro espírita está convicto de que é um <strong>Espírito</strong> imortal, já com inúmeras<br />

reencarnações vivenciadas; sabe que está sujeito à Lei <strong>do</strong> Progresso que emana<br />

de Deus, pela qual to<strong>do</strong>s nós evoluímos espiritual, moral e intelectualmente; e reconhece<br />

em Jesus o <strong>Espírito</strong> mais perfeito que a Providência Divina oferece à<br />

Humanidade para lhe servir de guia e modelo.<br />

O lar, por sua vez, é o núcleo social onde devemos desenvolver as nossas atividades<br />

básicas de relacionamento, conviven<strong>do</strong> com <strong>Espírito</strong>s que nos são afins e com os quais,<br />

também, necessitamos ter afinidade, reparan<strong>do</strong> erros ocorri<strong>do</strong>s nesta e em outras<br />

existências e construin<strong>do</strong> laços mais dura<strong>do</strong>uros de sentimento fraterno e solidário.<br />

O Evangelho é o repositório da mais pura expressão da Lei de Amor que rege a<br />

vida; é o roteiro que Jesus nos ensinou e exemplificou, que nos serve de diretriz e<br />

referência para o esforço de aprimoramento espiritual e moral.<br />

Ciente desta realidade, é natural e conveniente que nos reunamos em família,<br />

diária ou semanalmente, para conhecer e estudar os ensinos <strong>do</strong> Evangelho de Jesus<br />

que, enriqueci<strong>do</strong> com os esclarecimentos da Doutrina Espírita, oferece-nos uma<br />

visão clara de nossa condição de <strong>Espírito</strong>s imortais e um senti<strong>do</strong> lúci<strong>do</strong>, coerente e<br />

bom para a nossa atual existência.<br />

A reunião <strong>do</strong> Evangelho no Lar, em si mesma, já nos proporciona paz e compreensão.<br />

Oferece-nos mais, uma vez que nos orienta e fortalece para a execução da<br />

nossa transformação moral, no próprio ambiente <strong>do</strong>méstico.<br />

Quan<strong>do</strong> o lar abre suas portas para o estu<strong>do</strong> e a prática <strong>do</strong> Evangelho, à luz da<br />

Doutrina Espírita, transforma-se em um posto espiritual de amparo, de luz e de paz<br />

que irradia além <strong>do</strong>s seus próprios limites.


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:46 Page 5<br />

Evolução e vida<br />

Acompreensão de nós mesmos,<br />

como seres humanos<br />

habitantes deste mun<strong>do</strong>, a<br />

observação de tu<strong>do</strong> o que existe,<br />

nos vários reinos da rica Natureza<br />

deste Orbe, a vida, a morte e as<br />

leis que regem to<strong>do</strong> esse conjunto<br />

de fenômenos que ocorrem na<br />

Terra, desde sua formação até os<br />

dias atuais, é um permanente desafio<br />

ao pensamento <strong>do</strong> homem<br />

de to<strong>do</strong>s os tempos.<br />

Estamos focalizan<strong>do</strong> somente o<br />

que acontece em um mun<strong>do</strong> material,<br />

como é o que habitamos.<br />

Entretanto, se o número de planetas<br />

e galáxias que compõem o<br />

Universo é infinito, pelo menos<br />

para a nossa compreensão limitada,<br />

o problema se multiplica indefinidamente,<br />

ainda que focaliza<strong>do</strong><br />

somente o la<strong>do</strong> material da vida.<br />

Mas, como sabemos que ao la<strong>do</strong><br />

da matéria está presente o outro<br />

elemento universal, o espírito,<br />

o entendimento da realidade,<br />

da verdade e da vida torna-se extremamente<br />

complexo para to<strong>do</strong>s<br />

nós, habitantes deste planeta.<br />

J UVANIR B ORGES DE S OUZA<br />

Assim, não é de se estranhar as<br />

múltiplas formas de compreensão<br />

<strong>do</strong> que ocorre nesse Universo<br />

infinito e a diversidade da vida<br />

nos varia<strong>do</strong>s mun<strong>do</strong>s que o<br />

compõem.<br />

Que existem leis superiores<br />

regen<strong>do</strong> to<strong>do</strong> esse complexo, já<br />

não constitui dúvida para boa<br />

porção <strong>do</strong>s habitantes deste mun<strong>do</strong>,<br />

daí surgin<strong>do</strong> a idéia, que se<br />

tornou certeza, de que existe um<br />

Cria<strong>do</strong>r Supremo – DEUS – regen<strong>do</strong><br />

to<strong>do</strong> o Universo.<br />

No entanto, desde o aparecimento<br />

<strong>do</strong> homem na Terra, com<br />

sua ignorância natural, até milhares<br />

de anos posteriores, quan<strong>do</strong><br />

sua inteligência, mais desenvolvida,<br />

permitiu-lhe novas compreensões,<br />

muitas formas e hipóteses<br />

foram admitidas para a<br />

compreensão da vida.<br />

Dois fatores naturais permitiram<br />

a evolução <strong>do</strong> pensamento e<br />

das idéias. O primeiro foi o próprio<br />

conhecimento resultante<br />

das observações <strong>do</strong>s fatos. O segun<strong>do</strong>,<br />

que acompanha a Hu-<br />

manidade desde os seus primórdios,<br />

é o auxílio superior daqueles<br />

que sempre ofereceram sugestões<br />

e revelações em consonância<br />

com a compreensão de<br />

cada grupo, povo ou raça, sem a<br />

preocupação de oferecer conhecimentos<br />

que estivessem além<br />

da possibilidade de ser entendi<strong>do</strong>s<br />

e absorvi<strong>do</strong>s.<br />

Tanto os novos conhecimentos,<br />

<strong>do</strong>s quais se ocupam as ciências,<br />

quanto as revelações superiores,<br />

reajustam-se com o decorrer<br />

<strong>do</strong> tempo, seja através de<br />

melhores observações <strong>do</strong>s próprios<br />

homens, seja mediante interpretações<br />

e entendimentos<br />

mais ajusta<strong>do</strong>s à realidade e que<br />

antes passaram despercebi<strong>do</strong>s.<br />

As ciências renovam-se continuamente,<br />

diante de observações<br />

mais profundas <strong>do</strong>s fatos, dan<strong>do</strong><br />

lugar a novas teorias. Exemplo<br />

dessas mutações, ocorri<strong>do</strong> em todas<br />

elas, é o conceito de matéria,<br />

que vigorou por muitos séculos,<br />

até que, nos primórdios <strong>do</strong> século<br />

XX, chegou-se à conclusão de<br />

Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 163<br />

5


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:46 Page 6<br />

que as teorias anteriores estavam<br />

erradas, já que toda matéria é<br />

energia condensada que toma as<br />

mais diferentes formas.<br />

Outra teoria que pre<strong>do</strong>minou<br />

por cerca de <strong>do</strong>is milênios, a da<br />

indivisibilidade <strong>do</strong> átomo, base<br />

da Física e da Química, está hoje<br />

aban<strong>do</strong>nada e superada pelas<br />

observações e pelos fatos.<br />

No campo das crenças e das<br />

religiões, os equívocos são comuns,<br />

atingin<strong>do</strong> os bilhões de<br />

<strong>Espírito</strong>s que encarnam e reencarnam<br />

neste planeta, enganos<br />

que os indivíduos aceitam como<br />

se fossem verdades, levan<strong>do</strong>-os<br />

consigo para as esferas espirituais,<br />

após a morte <strong>do</strong> corpo material,<br />

como ocorre comumente.<br />

Assim é que, antes da revelação<br />

da existência de um Deus<br />

Único, Cria<strong>do</strong>r de to<strong>do</strong> o Universo,<br />

trazida pelo povo judeu e<br />

ratificada pelo Cristo, há <strong>do</strong>is<br />

mil anos, a crença generalizada<br />

<strong>do</strong>s povos antigos era o politeísmo,<br />

sob múltiplas formas.<br />

Foi necessária a vinda <strong>do</strong> Cristo<br />

com os esclarecimentos essenciais,<br />

inclusive sobre interpretações<br />

equivocadas <strong>do</strong>s próprios judeus,<br />

a respeito <strong>do</strong>s atributos da Divindade,<br />

com o que se firmou o reconhecimento,<br />

entre os que seguiram<br />

os ensinamentos e os exemplos<br />

<strong>do</strong> Mestre Incomparável, da<br />

existência <strong>do</strong> Deus Único, nas<br />

múltiplas formas sob as quais se<br />

apresenta.<br />

No conceito <strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s superiores,<br />

os Revela<strong>do</strong>res da Doutrina<br />

Espírita, o Consola<strong>do</strong>r prometi<strong>do</strong><br />

por Jesus – “Deus é a in-<br />

6 164 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />

teligência suprema, causa primeira<br />

de todas as coisas”.<br />

A sabe<strong>do</strong>ria <strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s deixou<br />

evidente o propósito de evitar<br />

uma definição <strong>do</strong> Ser Supremo.<br />

Realmente, qualquer definição<br />

sobre Deus, o Cria<strong>do</strong>r incria<strong>do</strong>,<br />

partin<strong>do</strong> de suas criaturas, seria incompleta,<br />

máxime, se atentarmos<br />

As provas da<br />

existência de<br />

Deus e os seus<br />

atributos estão<br />

explica<strong>do</strong>s<br />

com<br />

objetividade e<br />

clareza no<br />

capítulo I de<br />

O Livro <strong>do</strong>s<br />

<strong>Espírito</strong>s<br />

na circunstância de que a Nova<br />

Revelação estava destinada aos habitantes<br />

de um mun<strong>do</strong> ainda retardatário,<br />

como é a Terra.<br />

O méto<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Revela<strong>do</strong>res foi<br />

de sabe<strong>do</strong>ria superior, evitan<strong>do</strong><br />

definir o que é indefinível para as<br />

inteligências limitadas deste orbe.<br />

Entretanto, o essencial, as provas<br />

da existência de Deus e os<br />

seus atributos estão explica<strong>do</strong>s<br />

com objetividade e clareza no<br />

capítulo I de O Livro <strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s,<br />

a obra básica da Doutrina<br />

Espírita, em linguagem inteligível<br />

por to<strong>do</strong>s aqueles que já alcançaram<br />

a condição de compreensão<br />

da verdade e da vida.<br />

Até a vinda de Jesus, a visão de<br />

Deus, entre os hebreus, estava<br />

mais ligada à justiça, simbolizada<br />

na espada.<br />

Com o Mestre, foi exaltada a<br />

misericórdia <strong>do</strong> Pai, como Jesus<br />

a Ele se referia, em to<strong>do</strong> o Evangelho,<br />

através das parábolas <strong>do</strong><br />

“Filho pródigo”, <strong>do</strong>s “Trabalha<strong>do</strong>res<br />

da última hora”, da “Ovelha<br />

perdida”, além de outras.<br />

As idéias religiosas, tão antigas<br />

na Terra quanto o aparecimento<br />

<strong>do</strong> homem como ser pensante,<br />

têm percorri<strong>do</strong> muitos ciclos de<br />

concepções inferiores.<br />

Pode-se dizer que a multiplicidade<br />

das religiões, muitas delas já<br />

desaparecidas, representa o esforço<br />

<strong>do</strong>s homens para o conhecimento<br />

de si mesmos, buscan<strong>do</strong> esclarecer<br />

o significa<strong>do</strong> da vida e da<br />

morte e a existência de um Cria<strong>do</strong>r<br />

ou de muitos deuses, como no<br />

politeísmo, que <strong>do</strong>minou as crenças<br />

de to<strong>do</strong>s os povos antigos, com<br />

a única exceção <strong>do</strong> povo hebreu.<br />

As religiões representam, assim,<br />

o constante esforço das humanidades<br />

de to<strong>do</strong>s os tempos<br />

para se comunicarem com uma<br />

força superior, eterna e divina.<br />

Na medida em que a percepção<br />

e os pensamentos humanos vão se


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:48 Page 7<br />

aperfeiçoan<strong>do</strong>, missionários <strong>do</strong><br />

Governa<strong>do</strong>r Espiritual deste orbe<br />

são destaca<strong>do</strong>s para ajudar na renovação<br />

<strong>do</strong>s entendimentos religiosos<br />

no seio das humanidades.<br />

Entretanto, nem sempre prevalece<br />

a ajuda superior para a evolução<br />

das idéias e a melhor compreensão<br />

da verdade e da vida.<br />

<strong>Espírito</strong>s interessa<strong>do</strong>s na prevalência<br />

de interesses próprios<br />

de um mun<strong>do</strong> atrasa<strong>do</strong>, como o<br />

nosso, opõem-se às renovações<br />

superiores, dificultan<strong>do</strong>, por<br />

tempo indetermina<strong>do</strong>, o que seria<br />

considera<strong>do</strong> progresso para<br />

grande parcela da população<br />

deste planeta.<br />

Foi o que ocorreu com os ensinamentos<br />

e exemplificações<br />

<strong>do</strong> Cristo, em sua missão excepcional.<br />

Em pouco tempo, após o<br />

seu sacrifício, os próprios<br />

cristãos deram um outro<br />

senti<strong>do</strong> aos seus ensinos<br />

basea<strong>do</strong>s no Amor<br />

a Deus e ao próximo,<br />

com os des<strong>do</strong>bramentos<br />

<strong>do</strong>s sentimentos<br />

deriva<strong>do</strong>s dessa magna<br />

lição.<br />

Do Cristianismo<br />

primitivo, autêntico,<br />

sobraram os Evangelhos,<br />

onde estão registra<strong>do</strong>s<br />

os ensinamentos<br />

<strong>do</strong> Mestre, interpreta<strong>do</strong>s,<br />

infelizmente, de conformidade<br />

com os interesses<br />

das organizações religiosas<br />

que foram criadas como cristãs,<br />

mas que cuidam mais <strong>do</strong>s<br />

interesses liga<strong>do</strong>s ao mun<strong>do</strong> material,<br />

como é a Terra.<br />

Graças, porém, às previsões <strong>do</strong><br />

próprio Cristo, esse desvirtuamento<br />

<strong>do</strong>s seus ensinos não prevalecerá<br />

indefinidamente, já que Ele,<br />

preven<strong>do</strong> o que ocorreria no futuro,<br />

tornou claro que pediria ao Pai<br />

o envio de outro Consola<strong>do</strong>r, para<br />

relembrar suas lições de vida abundante,<br />

além de trazer coisas novas<br />

ao conhecimento <strong>do</strong>s homens.<br />

Essa promessa <strong>do</strong> Mestre foi<br />

cumprida nos mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século<br />

XIX, quan<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> já havia<br />

progredi<strong>do</strong> muito em conhecimentos<br />

científicos, em organização<br />

social, mas não no campo <strong>do</strong>s sentimentos,<br />

que foi a área da lei <strong>do</strong><br />

progresso com a qual mais<br />

se preocupou o Cristo.<br />

Para o envio <strong>do</strong> Consola<strong>do</strong>r,<br />

a Espiritualidade<br />

Superior, sob a diretriz<br />

<strong>do</strong> Cristo, projetou<br />

um vasto<br />

trabalho preparatório,<br />

a fim de<br />

chamar a atenção<br />

<strong>do</strong>s homens<br />

para o relacionamento<br />

intensivo<br />

entre os <strong>Espírito</strong>s desencarna<strong>do</strong>s<br />

e os encarna<strong>do</strong>s.<br />

Escolheu um missionário especial<br />

para supervisionar o intercâmbio<br />

entre os <strong>do</strong>is planos, o qual, ao<br />

mesmo tempo, fosse capaz de reconhecer<br />

a verdade, com segurança<br />

e sensatez, dentre opiniões variadas.<br />

O professor Hippolyte Léon Denizard<br />

Rivail, que a<strong>do</strong>tou o pseudônimo<br />

Allan Kardec, foi a individualidade<br />

escolhida para o desempenho<br />

da difícil missão, cumprin<strong>do</strong>-a<br />

com total sucesso.<br />

Desencadea<strong>do</strong>s os fenômenos<br />

de Hydesville e das “mesas girantes”,<br />

a partir de 1848, em poucos<br />

anos o mun<strong>do</strong> tomava conhecimento<br />

<strong>do</strong> Consola<strong>do</strong>r prometi<strong>do</strong><br />

por Jesus, sob a denominação de<br />

Espiritismo, ou Doutrina <strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s,<br />

dada por seu Codifica<strong>do</strong>r.<br />

Agora, compete a nós, espíritas,<br />

estudar essa Doutrina Consola<strong>do</strong>ra,<br />

procurar vivenciá-la e propagá-la<br />

por toda parte, para<br />

que a Humanidade reencontre,<br />

com segurança,<br />

o caminho da verdade<br />

e da vida.<br />

Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 165<br />

7


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:48 Page 8<br />

A crença em Deus<br />

Deus encontra-se tão profundamente<br />

entranha<strong>do</strong><br />

no ser humano que, dificilmente,<br />

o mesmo pode afastar-<br />

-se da Sua presença.<br />

Cria<strong>do</strong> simples e ignorante, o<br />

<strong>Espírito</strong> carrega no íntimo o psiquismo<br />

divino que o originou, a<br />

fim de fazê-lo desenvolver-se até<br />

atingir a glória celeste que lhe<br />

está destinada.<br />

A crença em Deus, é, portanto,<br />

um fenômeno natural, genético,<br />

de que ninguém se pode considerar<br />

destituí<strong>do</strong>.<br />

Manifesto em toda a Sua obra,<br />

o Pai Cria<strong>do</strong>r antecede-a e sucedê-la-á,<br />

quan<strong>do</strong> venham a ocorrer<br />

as alterações e término <strong>do</strong>s<br />

ciclos que constituem a relatividade<br />

<strong>do</strong>s tempos...<br />

Atribuir-se tu<strong>do</strong> quanto existe,<br />

na sua harmonia e ordem, como<br />

resultante <strong>do</strong> acaso, é conceder-<br />

-lhe uma superinteligência que<br />

soube organizar e manter o Universo<br />

conforme o conhecemos.<br />

8 166 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />

Ademais, considerar-se que o<br />

Evolucionismo consegue explicar<br />

em toda a sua complexidade o milagre<br />

da vida, sem a necessidade<br />

<strong>do</strong> Criacionismo ou da presença<br />

de um Autor, é oferecer-lhe uma<br />

transcendência que se assemelha à<br />

própria Divindade.<br />

Duas alternativas, pois, se confrontam<br />

em antagonismo, que é<br />

mais resultante de interpretação<br />

de conteú<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que de legitimidade<br />

factual, poden<strong>do</strong> ser soluciona<strong>do</strong><br />

o impasse através da associação<br />

de ambas as teorias.<br />

O Psiquismo Divino concebeu<br />

e elaborou a vida, graças a uma<br />

programação que se concretizou<br />

no processo evolucionista, etapa a<br />

etapa, com os intervalos correspondentes<br />

ao perío<strong>do</strong> da morte,<br />

em que o psiquismo prosseguiu<br />

experimentan<strong>do</strong> continuidade evolutiva,<br />

retornan<strong>do</strong> em formas primitivas<br />

que se fizeram cada vez<br />

mais complexas, até atingir as expressões<br />

superiores nos animais<br />

evoluí<strong>do</strong>s, culminan<strong>do</strong> no ser<br />

humano.<br />

Essa possibilidade não deve ser<br />

descartada, quan<strong>do</strong> se pode constatar<br />

o autógrafo de Deus no genoma<br />

após decodifica<strong>do</strong>, no qual<br />

se encontra toda a história <strong>do</strong>s<br />

diversos seres nos seus estranhos<br />

códigos responsáveis pelas informações<br />

contidas especialmente em<br />

cada célula <strong>do</strong> corpo humano,<br />

num conjunto de três bilhões de<br />

letras...<br />

A fundamentação criacionista<br />

de que Deus tu<strong>do</strong> fez, conforme o<br />

relato bíblico <strong>do</strong> Gênesis, 1 e 2, negan<strong>do</strong><br />

a evolução e conceden<strong>do</strong><br />

ao Universo a jovem idade de apenas<br />

10.000 anos, é bastante ingênua<br />

e improcedente, quan<strong>do</strong> as<br />

pesquisas mais seguras demonstram<br />

que a sua idade é superior a<br />

14 bilhões de anos.<br />

Os exageros de alguns religiosos<br />

criacionistas chegam ao ponto<br />

de atribuir ao Universo a idade<br />

de apenas 4.004 a.C., quan<strong>do</strong>


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:48 Page 9<br />

Deus, o teria cria<strong>do</strong>, conforme<br />

concluiu o bispo Ussher, cálculo<br />

que resultou das suas pesquisas<br />

sobre as notícias genealógicas<br />

por ele encontradas em o Velho<br />

Testamento.<br />

Sob outro aspecto, atribuir às<br />

manifestações inorgânicas a possibilidade<br />

de se transformarem<br />

em orgânicas, adquirin<strong>do</strong> sensibilidade,<br />

instinto, emoção, raciocínio,<br />

inteligência, igualmente é<br />

uma proposta audaciosa, que se<br />

apresenta mergulhada em lacunas<br />

e em mutações inexplicáveis<br />

dentro da visão exclusivamente<br />

darwinista, que<br />

passou a ser considerada<br />

materialista.<br />

A harmonização<br />

das duas correntes de<br />

pensamento faculta<br />

a possibilidade real<br />

da manifestação <strong>do</strong><br />

psiquismo que também<br />

evolve com a<br />

complexidade das moléculas<br />

através das quais<br />

se manifesta.<br />

Nessa identificação, a<br />

crença em Deus, sem o desprezo<br />

pelo fenômeno <strong>do</strong> evolucionismo,<br />

torna-se perfeitamente<br />

natural, conceben<strong>do</strong>-se que Ele<br />

próprio estabeleceu esse processo<br />

como sen<strong>do</strong> o mais adequa<strong>do</strong> para<br />

a ocorrência da vida na Terra,<br />

conforme a conhecemos.<br />

<br />

Sir Isaac Newton, o admira<strong>do</strong><br />

cientista inglês, que descobriu a Lei<br />

da gravitação universal, era porta<strong>do</strong>r<br />

de fé religiosa expressiva, que<br />

o levou a escrever mais sobre interpretações<br />

de textos bíblicos e<br />

religiosos <strong>do</strong> que científicos.<br />

Galileu, descobrin<strong>do</strong> três das luas<br />

de Júpiter e optan<strong>do</strong> pelo heliocentrismo,<br />

que constatou com observações<br />

demoradas através <strong>do</strong><br />

telescópio que construiu, manteve<br />

por to<strong>do</strong> o tempo a sua fé em Deus<br />

e na Sua intervenção na Criação,<br />

mesmo quan<strong>do</strong> persegui<strong>do</strong> pela<br />

Inquisição e outros adversários...<br />

Nicolau Copérnico, que igualmente<br />

descobriu o sistema heliocêntrico,<br />

manteve inabalável a sua<br />

fé em Deus, sem cuja ação o Universo<br />

não poderia ter surgi<strong>do</strong>.<br />

Mais recentemente, Sir James<br />

Jeans, o respeita<strong>do</strong> astrofísico inglês,<br />

confessou o seu teísmo e a sua<br />

concepção em torno <strong>do</strong> <strong>Espírito</strong><br />

com valor e convicção científica.<br />

Inúmeros estudiosos da Genética<br />

e da Física Quântica, assim como<br />

de algumas neurociências e da<br />

biologia molecular, cientistas-médicos<br />

e cosmonautas, declaram-se<br />

teístas, manten<strong>do</strong> comportamento<br />

religioso e vinculan<strong>do</strong>-se a algumas<br />

das existentes <strong>do</strong>utrinas<br />

espiritualistas...<br />

Na sua aceitação de Deus não<br />

descartam a Sua interferência no<br />

Evolucionismo, como sen<strong>do</strong> parte<br />

da Sua programação desde o início.<br />

Ao conceber e realizar os primeiros<br />

pródromos da vida, igualmente<br />

organizou o processo<br />

evolucionista, a fim de que,<br />

procedentes da mesma<br />

matriz, as expressões<br />

variadas crescessem,<br />

logran<strong>do</strong> o objetivo<br />

por Ele estabeleci<strong>do</strong>,<br />

todas derivadas<br />

<strong>do</strong> mesmo germe.<br />

Trata-se de uma<br />

conceituação perfeitamente<br />

lógica e real,<br />

porquanto somente Ele<br />

tem o poder de propiciar<br />

o hálito vital, retiran<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

nada as primeiras vibrações<br />

que constituíram as complexas<br />

organizações moleculares, de onde<br />

se originaram os microorganismos,<br />

bases estruturais de todas as<br />

formas conhecidas.<br />

Essa paternidade original propicia<br />

a fraternidade que deve existir<br />

entre todas as espécies e formas<br />

de vida, ensejan<strong>do</strong> a solidariedade<br />

necessária para a sobrevivência<br />

geral sob os impositivos <strong>do</strong>s fatores<br />

mesológicos, filogenéticos,<br />

as mutações, as adaptações e o<br />

Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 167<br />

9


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:48 Page 10<br />

desenvolvimento das potencialidades<br />

que lhes jazem a<strong>do</strong>rmecidas...<br />

A própria Divindade, <strong>do</strong>tan<strong>do</strong><br />

o ser humano de inteligência, faculta-lhe<br />

penetrar nas Leis que governam<br />

a vida, para melhor harmonizar-se<br />

com as mesmas, respeitan<strong>do</strong>-as<br />

e amplian<strong>do</strong> os horizontes<br />

<strong>do</strong> seu entendimento.<br />

Graças a essa compreensão,<br />

percebe a necessidade de superar<br />

os impulsos agressivos e destrutivos<br />

que lhe remanescem <strong>do</strong> largo<br />

processo da evolução, subliman<strong>do</strong><br />

as aspirações que se orientarão no<br />

senti<strong>do</strong> da plenitude.<br />

A crença em Deus é, portanto,<br />

uma bússola de segurança para a<br />

autoconquista, sain<strong>do</strong>, a pouco<br />

e pouco, <strong>do</strong>s instintos grosseiros<br />

para alcançar os sentimentos de<br />

elevação, que trabalham em favor<br />

da paz e <strong>do</strong> progresso.<br />

Houvesse podi<strong>do</strong> compreender<br />

o mecanismo evolucionista, se já o<br />

houvesse em seu tempo, Santo<br />

Agostinho teria interpreta<strong>do</strong> melhor<br />

os conteú<strong>do</strong>s da narrativa bíblica<br />

da Criação, encontran<strong>do</strong> respostas<br />

sábias para as suas interrogações,<br />

ten<strong>do</strong> em vista a dificuldade<br />

que enfrentava para entendê-la,<br />

conforme narrada no Gênesis,<br />

1 e 2...<br />

Cada vez que o ser humano<br />

decifra as incógnitas existentes na<br />

Terra e no Universo, mais descobre<br />

perfeitamente desenha<strong>do</strong> o autógrafo<br />

de Deus na Sua obra gloriosa,<br />

de maneira que não ficam dúvidas<br />

a esse respeito.<br />

Assim sen<strong>do</strong>, a crença em Deus<br />

não significa necessariamente uma<br />

vinculação com qualquer religião<br />

10 168 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />

convencional ou encontrar-se submetida<br />

aos <strong>do</strong>gmas e liturgias tradicionais,<br />

mas aceitá-lO na mente<br />

e no coração, de forma que a filiação<br />

natural seja coroada de fé e<br />

gratidão no Seu inefável amor.<br />

<br />

Jesus O designava como Pai, ensinan<strong>do</strong>-nos<br />

a to<strong>do</strong>s a respeitá-lO,<br />

amá-lO e seguirmos na Sua direção.<br />

João evangelista propunha-Lhe<br />

a denominação Amor, por melhor<br />

significar-Lhe a realidade.<br />

...E os <strong>Espírito</strong>s da Codificação<br />

espírita com muita sabe<strong>do</strong>ria sintetizaram<br />

a sua definição, informan<strong>do</strong><br />

que Deus é: A inteligência<br />

suprema, causa primeira de todas<br />

as coisas...<br />

Joanna de Ângelis<br />

(Página psicografada pelo médium Dival<strong>do</strong><br />

Pereira Franco, no dia 1o de junho de<br />

2007, na residência de Josef Jackulak, em<br />

Viena, Áustria.)<br />

Trabalhemos<br />

Hernani T. Sant’Anna<br />

É preciso estender a luz por toda a parte.<br />

Valhamo-nos <strong>do</strong> verbo, da cultura, da arte,<br />

Dos livros e <strong>do</strong> malho!<br />

É mister semear o bem puro e fecun<strong>do</strong>,<br />

Por to<strong>do</strong>s os desvãos e recantos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>,<br />

À força de trabalho!<br />

Só podemos gozar de paz e de alegria<br />

Quan<strong>do</strong> o orbe viver no clima da harmonia,<br />

Da virtude e <strong>do</strong> amor!<br />

Preparemos, portanto, a aurora da bonança,<br />

Nos esforços da crença e da perseverança,<br />

Incólumes à <strong>do</strong>r!<br />

Inflama<strong>do</strong>s de fé, de vida e de verdade,<br />

Enfrentemos as sombras densas da maldade,<br />

Na glória de servir;<br />

E veremos erguer-se, augusta e sublimada,<br />

A manhã deslumbrante, excelsa e aureolada,<br />

Dum divino porvir!<br />

Fonte: Canções <strong>do</strong> alvorecer. 4. ed. Rio de Janeiro: 2005. p. 19.


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:49 Page 11<br />

Entrevista<br />

Reforma<strong>do</strong>r: Como avalia as pesquisas<br />

com células-tronco?<br />

Marlene: Depende de que tipo<br />

de células-tronco estamos falan<strong>do</strong>.<br />

Primeiramente é preciso lembrar<br />

que as células-tronco são indiferenciadas,<br />

quer dizer, em princípio,<br />

são capazes de gerar qualquer<br />

outra célula. Há <strong>do</strong>is tipos: a célula-tronco<br />

embrionária (CTE),<br />

retirada de embriões no início<br />

<strong>do</strong> seu desenvolvimento; e a célula-tronco<br />

adulta (CTA), obtida<br />

<strong>do</strong> cordão umbilical, da medula<br />

óssea ou de outros teci<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

corpo. As CTEs estão presentes<br />

no embrião <strong>do</strong> 5 o ao 15 o dia de<br />

vida. Para serem empregadas em<br />

pesquisa, há necessidade, portanto,<br />

de se destruir o embrião. A<br />

proposta que está sen<strong>do</strong> discutida,<br />

aqui no Brasil, é a da<br />

utilização em<br />

pesquisa <strong>do</strong>s<br />

embriões excedentes<br />

nas<br />

M ARLENE ROSSI S. NOBRE<br />

Visão espírita sobre<br />

o emprego de<br />

células-tronco<br />

Marlene Rossi Severino Nobre, presidente da Associação Médico-Espírita <strong>do</strong> Brasil, analisa<br />

a polêmica sobre o emprego de células-tronco e oferece um posicionamento espírita<br />

clínicas de reprodução assistida.<br />

A Associação Médico-Espírita é<br />

contra a liberação dessas pesquisas<br />

com CTE, uma vez que, até o<br />

momento, não se pode ter certeza,<br />

se existe ou não <strong>Espírito</strong> liga<strong>do</strong><br />

ao embrião. E isto porque a<br />

questão 344 de O Livro <strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s<br />

afirma, com clareza, que a<br />

ligação <strong>do</strong> <strong>Espírito</strong> com a matéria<br />

se dá na concepção, isto é, no<br />

momento em que o gameta masculino<br />

se une ao feminino. Kardec<br />

afirma em A Gênese (cap. XI)<br />

que a ligação <strong>do</strong> <strong>Espírito</strong> com o<br />

embrião se dá de forma irresistível.<br />

Somos a favor das pesquisas,<br />

mas com células-tronco adultas,<br />

as que já existem nos teci<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />

corpo, porque a aplicação delas<br />

evita a destruição de embriões,<br />

não causa rejeição, e são as únicas<br />

que têm demonstra<strong>do</strong> eficácia<br />

terapêutica, até o momento.<br />

O Brasil é um <strong>do</strong>s pioneiros no<br />

emprego das CTAs. Destacam-se<br />

os trabalhos já publica<strong>do</strong>s pelo<br />

Dr. Hans Dohmman e o biólogo<br />

Ra<strong>do</strong>van Borojevic, <strong>do</strong> Hospital<br />

Pró-Cardíaco, no Rio<br />

de Janeiro, e o Dr.<br />

Ricar<strong>do</strong> Ribeiro<br />

<strong>do</strong>s Santos, na<br />

Bahia, tratan<strong>do</strong><br />

de casos<br />

Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 169<br />

11


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:49 Page 12<br />

graves de insuficiência cardíaca<br />

com bons resulta<strong>do</strong>s.<br />

Reforma<strong>do</strong>r: Mas, afinal, e a polêmica<br />

sobre a utilização <strong>do</strong>s embriões<br />

congela<strong>do</strong>s em pesquisa se,<br />

conforme se tem propala<strong>do</strong>, o destino<br />

final deles seria o lixo?<br />

Marlene: Não, o destino final<br />

deles não pode e não deve ser o<br />

lixo. O descarte é crime. Admitir<br />

isso seria “coisificar” o embrião.<br />

Desprezar a vida que existe nele.<br />

Para evitar que isto aconteça, a<br />

Anvisa exige o cadastro <strong>do</strong>s embriões<br />

não implanta<strong>do</strong>s. O que se<br />

deve fazer é uma melhor regulamentação<br />

na produção e no uso<br />

<strong>do</strong>s embriões, a fim de evitarem-<br />

-se os excedentes. Além disso,<br />

hoje já há a possibilidade de se<br />

congelar óvulos, o que vai diminuir<br />

em muito a produção de<br />

excedentes. As clínicas de reprodução<br />

assistidas deverão ser fiscalizadas<br />

para se coibir a venda<br />

12 170 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />

de óvulos ou a produção de embriões<br />

para a venda.<br />

Reforma<strong>do</strong>r: Alguns pesquisa<strong>do</strong>res<br />

afirmam que, após três anos de<br />

congelamento, os embriões ficam<br />

inviáveis. Isso é verdade?<br />

Marlene: Não, isso, em alguns casos,<br />

não é verdade. Basta ver casos<br />

concretos, como o que ocorreu<br />

com o menino <strong>do</strong> interior paulista,<br />

Vinícius Dorte, de 6 meses. Antes<br />

que ele fosse parar no útero da<br />

mãe, passou oito anos congela<strong>do</strong><br />

num tanque de nitrogênio líqui<strong>do</strong><br />

(Folha de São Paulo, 9/3/<strong>2008</strong>). O<br />

mesmo aconteceu com a menina<br />

Laina Beasley, norte-americana,<br />

nascida em 2005, e congelada por<br />

13 anos. E há outros casos mais.<br />

É claro que o <strong>Espírito</strong> não está<br />

congela<strong>do</strong>, sua ligação com o embrião<br />

é tão-somente magnética.<br />

E se esses embriões tivessem si<strong>do</strong><br />

envia<strong>do</strong>s à pesquisa? Não se teria<br />

configura<strong>do</strong> o aborto? Como responderia,<br />

por exemplo, o pesquisa<strong>do</strong>r<br />

espírita, perante o plano<br />

espiritual, se impedisse a reencarnação<br />

desses <strong>Espírito</strong>s? Como<br />

dissemos, o embrião congela<strong>do</strong><br />

pode ter e pode não ter <strong>Espírito</strong><br />

liga<strong>do</strong>. Cabe a nós desenvolver e<br />

efetuar mais pesquisas.<br />

Reforma<strong>do</strong>r: As células-tronco<br />

embrionárias são as únicas que<br />

têm possibilidade de dar origem a<br />

to<strong>do</strong> e qualquer tipo de célula <strong>do</strong><br />

nosso corpo?<br />

Marlene: Teoricamente, sim. Hoje,<br />

no entanto, já se sabe que a versatilidade<br />

da célula-tronco adulta<br />

é enorme. Na verdade, a Medicina<br />

só tem obti<strong>do</strong> bons resulta<strong>do</strong>s<br />

com o emprego delas. Inclusive,<br />

conseguiu-se ir além, produzir as<br />

próprias CTEs a partir de células<br />

adultas. Duas equipes conseguiram<br />

esse feito a partir de fibroblastos<br />

(células <strong>do</strong>s músculos).<br />

Uma delas, da Universidade de<br />

Wiscosin-Madison, <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s<br />

Uni<strong>do</strong>s, conduzida por James<br />

Thomson; a outra, da Universidade<br />

de Kyoto, no Japão, chefiada<br />

por Shynia Yamanaka. Além disso,<br />

é preciso não esquecer que as<br />

CTEs são muito instáveis, difíceis<br />

de ser cultivadas em laboratório.<br />

Quan<strong>do</strong> implantadas em animais<br />

de experimentação, têm da<strong>do</strong> um<br />

alto índice de rejeição e de câncer.<br />

Uma pessoa que viesse a ser tratada<br />

com células-tronco embrionárias<br />

teria de tomar imunodepressores<br />

pelo resto da vida para evitar<br />

rejeição. Com o uso da CTA,<br />

isso não ocorre por ser retirada <strong>do</strong><br />

próprio paciente.<br />

Reforma<strong>do</strong>r: E a esperança que<br />

tem si<strong>do</strong> dada a tantos <strong>do</strong>entes?<br />

Afinal, não foram eles que influíram<br />

na votação <strong>do</strong>s deputa<strong>do</strong>s,<br />

pensan<strong>do</strong> numa cura futura?<br />

Marlene: Tão ce<strong>do</strong> não se obterá<br />

resulta<strong>do</strong> algum. Segun<strong>do</strong> Robert<br />

Winston, um <strong>do</strong>s principais especialistas<br />

em Bioética, <strong>do</strong> Reino<br />

Uni<strong>do</strong>, em recente entrevista ao<br />

jornal inglês The Guardian,a população<br />

desconhece as dificuldades<br />

que estão por trás das pesquisas<br />

com a CTE. Ele também<br />

lamentou o fato de os defensores<br />

dessas pesquisas gerarem falsas<br />

esperanças e exagerarem na


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:49 Page 13<br />

campanha utilizada para a sua<br />

aprovação.<br />

Reforma<strong>do</strong>r: Qual a questão bioética<br />

que mais choca no caso das<br />

pesquisas com CTEs?<br />

Marlene: A destruição de embriões<br />

humanos para pesquisas.<br />

Em uma terapia com CTE é preciso<br />

sacrificar cerca de 300 a 400<br />

mil embriões. Além disso, o cultivo<br />

in vitro das CTEs necessita da<br />

presença de finíssimas camadas<br />

de teci<strong>do</strong>s retiradas <strong>do</strong>s fetos vivos<br />

de qualquer estágio, chamadas<br />

Feeder layers e que são “produzidas”<br />

no Exterior e vendidas<br />

no merca<strong>do</strong>. Tu<strong>do</strong> isto implica dilemas<br />

éticos graves.<br />

Reforma<strong>do</strong>r: Se houver a liberação<br />

<strong>do</strong> emprego de células-tronco<br />

embrionárias para pesquisa e tratamento,<br />

qual será o papel <strong>do</strong>s espíritas<br />

e <strong>do</strong> Movimento Espírita?<br />

Marlene: Só nos resta acatar a decisão<br />

<strong>do</strong> Supremo Tribunal Federal.<br />

O fato, porém, de ser legal, não<br />

torna o procedimento moralmente<br />

aceito. Cada pesquisa<strong>do</strong>r deverá<br />

agir de acor<strong>do</strong> com a sua própria<br />

consciência. Cremos, no entanto,<br />

que a liberação dessas pesquisas vai<br />

expor os pontos frágeis das células<br />

que não estão sob o coman<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

modelo organiza<strong>do</strong>r biológico. Tu<strong>do</strong><br />

indica que a célula-tronco embrionária<br />

é selvagem, indócil, porque<br />

não tem perispírito acopla<strong>do</strong>.<br />

Assim, embora antiético, quem sabe,<br />

esse procedimento, ao se tornar<br />

legal, permita chegar à conclusão<br />

de que existe algo extrafísico no material<br />

genético? Tu<strong>do</strong> é possível.<br />

Minha Mãe<br />

Lembro-te, Mãe, reven<strong>do</strong> a nossa casa...<br />

O pequeno jardim, o poço, a horta...<br />

O vento bran<strong>do</strong> que transpunha a porta,<br />

Afagan<strong>do</strong> o fogão de lenha em brasa...<br />

Esfregavas a roupa na bacia...<br />

Eu ficava na rede, aos teus desvelos...<br />

Depois, vinhas beijan<strong>do</strong>-me os cabelos,<br />

A embalar-me, cantan<strong>do</strong> de alegria.<br />

Dorme, <strong>do</strong>rme prenda minha,<br />

Dorme agora, meu amor,<br />

És a jóia que eu não tinha,<br />

Prenda minha, minha flor!...<br />

Lá no céu tem três estrelas, prenda minha,<br />

Todas são de prata e luz...<br />

Lá <strong>do</strong> céu você me veio, prenda minha,<br />

Por presente de Jesus!...<br />

E lá se foi o tempo, ante as mudanças...<br />

Cresci, fiquei rebelde... Estradas novas...<br />

Entrei no mun<strong>do</strong> grande, em grandes provas,<br />

Carregan<strong>do</strong> saudades e esperanças...<br />

Hoje, volto a rever-te, mãe querida!...<br />

Quero dizer-te, em minha gratidão,<br />

Que és o amor sempre amor, em minha vida,<br />

E a própria vida de meu coração.<br />

Maria Dolores<br />

Psicografa<strong>do</strong> pelo médium Francisco C. Xavier, em reunião pública <strong>do</strong><br />

Grupo Espírita da Prece, em Uberaba (MG), na noite de 17/3/1984.<br />

Poema envia<strong>do</strong> a Reforma<strong>do</strong>r pelo confrade Weimar Muniz de Oliveira.<br />

Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 171<br />

13


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:49 Page 14<br />

Carta à<br />

minha Mãe<br />

Hoje, mamãe, eu não te escrevo daquele gabinete<br />

cheio de livros sábios, onde o teu filho,<br />

pobre e enfermo, via passar os espectros <strong>do</strong>s<br />

enigmas humanos, junto da lâmpada que, aos poucos,<br />

lhe devorava os olhos, no silêncio da noite.<br />

A mão que me serve de porta-caneta é a mão cansada<br />

de um homem paupérrimo, que trabalhou o dia<br />

inteiro buscan<strong>do</strong> o pão amargo e cotidiano <strong>do</strong>s que<br />

lutam e sofrem. A minha secretária é uma tripeça tosca<br />

à guisa de mesa e as paredes que me rodeiam são<br />

nuas e tristes, como aquelas da nossa casa desconfortável<br />

em Pedra <strong>do</strong> Sal. O telha<strong>do</strong> sem forro deixa<br />

passar a ventania lamentosa da noite e desse remanso<br />

humilde, onde a pobreza se esconde exausta e desalentada,<br />

eu te escrevo sem insônias e sem fadigas,<br />

para contar-te que ainda estou viven<strong>do</strong> para amar e<br />

querer a mais nobre das mães.<br />

Quereria voltar ao mun<strong>do</strong> que deixei, para ser<br />

novamente teu filho, desejan<strong>do</strong> fazer-me um menino,<br />

aprenden<strong>do</strong> a rezar com o teu espírito santifica<strong>do</strong><br />

nos sofrimentos.<br />

A saudade <strong>do</strong> teu afeto leva-me constantemente a<br />

essa Parnaíba das nossas recordações, cujas ruas arenosas,<br />

saturadas <strong>do</strong> vento salitroso <strong>do</strong> mar, sensibilizam<br />

a minha personalidade e, dentro <strong>do</strong> crepúsculo<br />

estrela<strong>do</strong> da tua velhice cheia de crença e de esperança,<br />

vou contigo, em espírito, nos retrospectos prodigiosos<br />

da imaginação, aos nossos tempos distantes.<br />

Vejo-te com os teus vesti<strong>do</strong>s modestos, em nossa<br />

casa de Miritiba, suportan<strong>do</strong> com serenidade e devotamento<br />

os caprichos alegres de meu pai. Depois,<br />

faço a recapitulação <strong>do</strong>s teus dias de viuvez <strong>do</strong>lorosa,<br />

14 172 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />

Presença de Chico Xavier<br />

junto da máquina de costura e <strong>do</strong> teu “terço” de orações,<br />

sacrifican<strong>do</strong> a mocidade e a saúde pelos filhos,<br />

choran<strong>do</strong> com eles a orfandade que o destino lhes<br />

reservara, e, junto da figura gorda e risonha da Mi<strong>do</strong>ca,<br />

ajoelho-me aos teus pés e repito:<br />

– “Meu Senhor Jesus Cristo, se eu não tiver de ter<br />

uma boa sorte, levai-me deste mun<strong>do</strong>, dan<strong>do</strong>-me<br />

uma boa morte”.<br />

Muitas vezes o destino te fez crer que partirias antes<br />

daqueles que havias nutri<strong>do</strong> com o beijo das tuas carícias,<br />

demandan<strong>do</strong> os mun<strong>do</strong>s ermos e frios da Morte.<br />

Mas, partimos e tu ficaste. Ficaste no cadinho <strong>do</strong>loroso<br />

da saudade, prolongan<strong>do</strong> a esperança numa vida<br />

melhor no seio imenso da Eternidade. E o culto <strong>do</strong>s filhos<br />

é o consolo suave <strong>do</strong> teu coração. Acarician<strong>do</strong> os<br />

teus netos, guardas com o mesmo desvelo o meu<br />

cajueiro, que aí ficou como um símbolo planta<strong>do</strong> no<br />

coração da terra parnaibana, e, carinhosamente, colhes<br />

das suas castanhas e das suas folhas fartas e verdes,<br />

para que as almas boas conservem uma lembrança <strong>do</strong><br />

teu filho, arrebata<strong>do</strong> no turbilhão da Dor e da Morte.<br />

Ao Mirocles, mamãe, que providenciou quanto ao<br />

destino desse irmão que aí deixei, enfeita<strong>do</strong> de flores<br />

e passarinhos, estuante de seiva, na carne moça da terra,<br />

pedi velasse pelos teus dias de insulamento e velhice,<br />

substituin<strong>do</strong>-me junto <strong>do</strong> teu coração. To<strong>do</strong>s os<br />

nossos te estendem as suas mãos bon<strong>do</strong>sas e amigas e<br />

é assombrada que, hoje, ouves a minha voz, através<br />

das mensagens que tenho escrito para quantos me<br />

possam compreender. Sensibilizam-me as tuas lágrimas,<br />

quan<strong>do</strong> passas os olhos cansa<strong>do</strong>s sobre as minhas<br />

páginas póstumas e procuro dissipar as dúvidas


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:49 Page 15<br />

que torturam o teu coração, combali<strong>do</strong> nas lutas. Assalta-te<br />

o desejo de me encontrares, tocan<strong>do</strong>-me com<br />

a generosa ternura de tuas mãos, lamentan<strong>do</strong> as tuas<br />

vacilações e os teus escrúpulos, temen<strong>do</strong> aceitar as<br />

verdades espíritas, em detrimento da fé católica, que te<br />

vem sustentan<strong>do</strong> nas provações. Mas, não é preciso,<br />

mãe, que me procures nas organizações espiritistas e,<br />

para creres na sobrevivência <strong>do</strong> teu filho, não é preciso<br />

que aban<strong>do</strong>nes os princípios da tua fé. Já não há<br />

mais tempo para que teu <strong>Espírito</strong> excursione em experiências<br />

no caminho vasto das filosofias religiosas.<br />

Numa de suas páginas, dizia Coelho Neto que as<br />

religiões são como as linguagens. Cada <strong>do</strong>utrina envia<br />

a Deus, a seu mo<strong>do</strong>, o voto de súplica ou de a<strong>do</strong>ração.<br />

Muitas mentalidades entregam-se, aí no mun<strong>do</strong>,<br />

aos trabalhos elucidativos da polêmica ou da discussão.<br />

Chega, porém, um dia em que o homem acha<br />

melhor repousar na fé a que se habituou, nas suas<br />

meditações e nas suas lutas. Esse dia, mamãe, é o que<br />

estás viven<strong>do</strong>, refugiada no conforto triste das lágrimas<br />

e das recordações. Ascenden<strong>do</strong> às culminâncias<br />

<strong>do</strong> teu Calvário de saudade e de angústia, fixas os<br />

olhos na celeste expressão <strong>do</strong> Crucifica<strong>do</strong> e Jesus,<br />

que é a providência misericordiosa de to<strong>do</strong>s os desampara<strong>do</strong>s<br />

e de to<strong>do</strong>s os tristes, te fala ao coração<br />

<strong>do</strong>s vinhos suaves e <strong>do</strong>ces de Caná, que se metamorfosearam<br />

no vinagre amargoso <strong>do</strong>s martírios, e das<br />

palmas verdes de Jerusalém, que se transformaram<br />

na pesada coroa de espinhos. A cruz, então, se te afigura<br />

mais leve e caminhas. Amigos devota<strong>do</strong>s e carinhosos<br />

te enviam de longe o terno consolo <strong>do</strong>s seus<br />

afetos e, prosseguin<strong>do</strong> no teu culto de amor aos filhos<br />

distantes, esperas que o Senhor, com as suas<br />

mãos prestigiosas, venha decifrar para os teus olhos<br />

os grandes mistérios da Vida.<br />

Esperar e sofrer têm si<strong>do</strong> os <strong>do</strong>is grandes motivos,<br />

em torno <strong>do</strong>s quais ro<strong>do</strong>piaram os teus quase setenta<br />

e cinco anos de provações, de viuvez e de orfandade.<br />

E eu, minha mãe, não estou mais aí para afagar-te<br />

as mãos trêmulas e os cabelos brancos que as <strong>do</strong>res<br />

santificaram. Não posso prover-te de pão e nem<br />

guardar-te da fúria da tempestade, mas, abraçan<strong>do</strong> o<br />

teu <strong>Espírito</strong>, sou a força que adquires na oração,<br />

como se absorvesses um vinho misterioso e divino.<br />

Inquiri<strong>do</strong>, certa vez, pelo grande Luiz Gama sobre<br />

as necessidades da sua alforria, um jovem escravo lhe<br />

observou:<br />

– “Não, meu senhor!... a liberdade que me oferece<br />

me <strong>do</strong>eria mais que o ferrete da escravidão, porque<br />

minha mãe, cansada e decrépita, ficaria sozinha nos<br />

misteres <strong>do</strong> cativeiro”.<br />

Se Deus me perguntasse, mamãe, sobre os imperativos<br />

da minha emancipação espiritual, eu teria preferi<strong>do</strong><br />

ficar, não obstante a claridade apagada e triste<br />

<strong>do</strong>s meus olhos e a hipertrofia que me transformava<br />

num monstro, para levar-te o meu carinho e a minha<br />

afeição, até que pudéssemos partir juntos, desse mun<strong>do</strong><br />

onde tu<strong>do</strong> sonhamos para nada alcançar.<br />

Mas, se a Morte parte os grilhões frágeis <strong>do</strong> corpo,<br />

é impotente para dissolver as algemas inquebrantáveis<br />

<strong>do</strong> espírito.<br />

Deixa que o teu coração prossiga, ofician<strong>do</strong> no<br />

altar da saudade e da oração; cântaro divino e santifica<strong>do</strong>,<br />

Deus colocará dentro dele o mel abençoa<strong>do</strong><br />

da esperança e da crença, e, um dia, no portal ignora<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> das Sombras, eu virei, de mãos<br />

entrelaçadas com a Mi<strong>do</strong>ca, retroceden<strong>do</strong> no tempo,<br />

para nos transformarmos em tuas crianças bem-<br />

-amadas. Seremos agasalha<strong>do</strong>s, então, nos teus braços<br />

cariciosos, como <strong>do</strong>is passarinhos minúsculos, ansiosos<br />

da <strong>do</strong>çura quente e suave das asas maternas, e<br />

guardaremos as nossas lágrimas nos cofres de Deus,<br />

onde elas se cristalizam como as moedas fulgurantes<br />

e eternas <strong>do</strong> erário de to<strong>do</strong>s os infelizes e desafortuna<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />

Tuas mãos segurarão ainda o “terço” das preces<br />

inesquecidas e nos ensinarás, de joelhos, a implorar,<br />

de mãos postas, as bênçãos prestigiosas <strong>do</strong> Céu. E,<br />

enquanto os teus lábios sussurrarem de mansinho –<br />

“Salve Rainha... mãe de misericórdia...” – começaremos<br />

juntos a viagem ditosa <strong>do</strong> Infinito, sob o <strong>do</strong>ssel<br />

luminoso das nuvens claras, tênues e alegres, <strong>do</strong><br />

Amor.<br />

Pelo <strong>Espírito</strong> Humberto de Campos<br />

Fonte: XAVIER, Francisco C. Crônicas de além-túmulo.<br />

15. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 34.<br />

Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 173<br />

15


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:49 Page 16<br />

Trabalha<strong>do</strong>res da<br />

última hora<br />

Os bons <strong>Espírito</strong>s não deixam<br />

dúvidas de que os<br />

adeptos da Doutrina, que<br />

se dispõem a trabalhar na seara<br />

espírita, são trabalha<strong>do</strong>res da última<br />

hora. Não têm tempo, pois, a<br />

perder; o melhor a fazer é aproveitar<br />

todas as oportunidades, os<br />

dias, as horas...<br />

O Espiritismo nos proporciona<br />

eleva<strong>do</strong> entendimento das verdades<br />

espirituais; através <strong>do</strong> seu<br />

estu<strong>do</strong> e <strong>do</strong> trabalho podemos impulsionar<br />

a nossa evolução. Por isso<br />

muito nos será pedi<strong>do</strong>, tanto<br />

em melhoria espiritual como em<br />

trabalho.<br />

U MBERTO F ERREIRA<br />

Alertam-nos os <strong>Espírito</strong>s que não<br />

devemos rejeitar a tarefa renova<strong>do</strong>ra.<br />

Para aproveitarmos bem a oportunidade<br />

que nos foi dada, como<br />

trabalha<strong>do</strong>res da última hora, necessário<br />

se faz empreendermos<br />

to<strong>do</strong> o esforço no senti<strong>do</strong> de cultivar<br />

boa vontade, disciplina, paciência,<br />

espírito de equipe, mente<br />

aberta, simplicidade, humildade,<br />

fé, amor ao próximo, caridade,<br />

abnegação, desinteresse pessoal,<br />

fraternidade pura.<br />

Disciplina – para que haja resulta<strong>do</strong>s<br />

satisfatórios no estu<strong>do</strong> e no<br />

desempenho das diversas atividades.<br />

Boa vontade – para estudar,<br />

trabalhar, vencer as imperfeições e<br />

desenvolver as virtudes.<br />

<strong>Espírito</strong> de equipe – para trabalhar<br />

em conjunto com outros servi<strong>do</strong>res<br />

de Jesus; para aceitar a integração<br />

<strong>do</strong>s jovens, os futuros continua<strong>do</strong>res<br />

da obra, nas atividades.<br />

Paciência – para suportar as próprias<br />

provações e expiações, as imperfeições<br />

<strong>do</strong>s outros, as diferenças<br />

de pensamento das pessoas.<br />

Mente aberta – para examinar e<br />

acolher novas idéias, novos programas<br />

de atividades.<br />

Simplicidade – na maneira de<br />

ser e no mo<strong>do</strong> de agir no trabalho<br />

de Jesus.<br />

Humildade – para aceitar<br />

as tarefas que nos são oferecidas,<br />

mesmo que aparentemente<br />

simples.<br />

Fé – fundamentada<br />

no estu<strong>do</strong>, na lógica, na<br />

razão.<br />

Amor – na prática da<br />

caridade, no relacionamento<br />

com as pessoas,


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:50 Page 17<br />

no trato com os <strong>Espírito</strong>s imperfeitos,<br />

nas diversas atividades.<br />

Caridade – praticada com desinteresse<br />

e amor.<br />

Abnegação – no trato com os<br />

necessita<strong>do</strong>s de assistência espiritual<br />

e caridade material, bem como<br />

com os <strong>Espírito</strong>s sofre<strong>do</strong>res.<br />

Desinteresse pessoal – para que<br />

a caridade seja praticada com ausência<br />

total de interesse, mesmo de<br />

ordem moral, fican<strong>do</strong> qualquer recompensa<br />

para o mun<strong>do</strong> espiritual.<br />

Fraternidade pura – com os<br />

freqüenta<strong>do</strong>res e os necessita<strong>do</strong>s<br />

de auxílio material ou espiritual,<br />

com os <strong>Espírito</strong>s imperfeitos e entre<br />

dirigentes e trabalha<strong>do</strong>res.<br />

Com raras exceções, encontramos<br />

sempre um motivo para adiar<br />

o início <strong>do</strong> trabalho. Alegamos falta<br />

de tempo ou de condições; julgamo-nos<br />

sem competência; deparamo-nos<br />

com a incompreensão<br />

<strong>do</strong>s dirigentes ou <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res<br />

das instituições; melindramo-nos<br />

com as críticas. A solução que nos<br />

parece justa é deixar para quan<strong>do</strong><br />

houver condições mais favoráveis.<br />

Raramente são esses os motivos;<br />

quase sempre, as reais razões<br />

estão dentro de nós mesmos. Se<br />

fizermos sincera análise íntima, detectaremos<br />

tendência para a acomodação;<br />

identificaremos propensão<br />

para recusar as atividades<br />

que nos parecem de pouca importância;<br />

conheceremos a nossa personalidade,<br />

que se caracteriza por<br />

ser muito exigente, difícil de contentar-se,<br />

melindrosa...<br />

Jesus espera pacientemente. O<br />

tempo, todavia, não pára, não tem<br />

como esperar, e passa célere. Melhor<br />

será se compreendermos logo<br />

a necessidade de aproveitar bem a<br />

oportunidade, superar os obstáculos,<br />

e não adiar as tarefas. Inegavelmente<br />

novas chances surgirão<br />

mais tarde, todavia, nem sempre<br />

em condições tão favoráveis.<br />

Os últimos serão os primeiros<br />

B<br />

ons espíritas, meus bem-ama<strong>do</strong>s, sois to<strong>do</strong>s obreiros da última<br />

hora. Bem orgulhoso seria aquele que dissesse: Comecei<br />

o trabalho ao alvorecer <strong>do</strong> dia e só o terminarei ao anoitecer. To<strong>do</strong>s<br />

viestes quan<strong>do</strong> fostes chama<strong>do</strong>s, um pouco mais ce<strong>do</strong>, um<br />

pouco mais tarde, para a encarnação cujos grilhões arrastais; mas<br />

há quantos séculos e séculos o Senhor vos chamava para a sua<br />

vinha, sem que quisésseis penetrar nela! Eis-vos no momento de<br />

embolsar o salário; empregai bem a hora que vos resta e não esqueçais<br />

nunca que a vossa existência, por longa que vos pareça,<br />

mais não é <strong>do</strong> que um instante fugitivo na imensidade <strong>do</strong>s<br />

tempos que formam para vós a eternidade. (Constantino, <strong>Espírito</strong><br />

protetor, Bordeaux, 1863.)<br />

Fonte: KARDEC, Allan. O evangelho segun<strong>do</strong> o espiritismo. 127. ed. Rio<br />

de Janeiro: FEB, 2007. Cap. XX, item 2, p. 351. (Transcrição parcial.)<br />

Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 175<br />

17


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:50 Page 18<br />

O lar espírita perante<br />

os novos tempos<br />

Narra o evangelista Lucas,<br />

no capítulo 10:38-43, uma<br />

das belas e significativas<br />

passagens de Jesus, por ocasião<br />

de sua divina peregrinação pela<br />

Terra. Trata-se da visita <strong>do</strong> Mestre<br />

à casa de Lázaro e de suas irmãs<br />

Marta e Maria, na pequena cidade<br />

de Betânia, perto de Jerusalém. A<br />

humilde habitação, situada no sopé<br />

<strong>do</strong> monte das Oliveiras, na estrada<br />

de Jericó, era visitada por Jesus,<br />

que consagrava a esses irmãos<br />

uma afeição sincera, distinguin<strong>do</strong>-os<br />

com a sua preciosa amizade.<br />

Em uma das idas ao lar <strong>do</strong>s diletos<br />

amigos, observa Jesus que<br />

Marta, preocupada com os afazeres<br />

<strong>do</strong>mésticos, esforça-se por oferecer<br />

a Ele uma hospedagem mais<br />

confortável, enquanto Maria, sentada<br />

aos seus pés, escuta-lhe as palavras<br />

de vida eterna. Marta reclama:<br />

“– Senhor, não te importas de que<br />

minha irmã tivesse deixa<strong>do</strong> que eu<br />

fique a servir sozinha?”. Ao que Jesus<br />

lhe respondeu: “– Marta! Marta!<br />

andas inquieta e te preocupas<br />

com muitas coisas. [...] Maria escolheu<br />

a melhor parte, a qual não<br />

lhe será tirada”. (Lucas, 10:40-42.)<br />

Ao associar esses versículos ao<br />

18 176 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />

Capa<br />

C LARA L ILA G ONZALEZ DE A RAÚJO<br />

tema em estu<strong>do</strong>, objeto <strong>do</strong> presente<br />

artigo, é nosso intuito refletir sobre a<br />

imperiosa necessidade de cultivarmos<br />

nos lares espíritas o alimento espiritual<br />

que jamais se perde, e que nos<br />

é ofereci<strong>do</strong> pelo Cristo para mantermos<br />

uma ambiência <strong>do</strong>méstica<br />

que zele pela harmonia e serenidade<br />

de cada dia, em defesa da prática<br />

<strong>do</strong> amor recíproco entre as criaturas.<br />

No entanto, as atribulações que<br />

resultam <strong>do</strong> cotidiano agita<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />

tempos atuais modificam-nos os<br />

hábitos e não nos permitem agir<br />

com o indispensável equilíbrio<br />

moral diante <strong>do</strong>s conflitos da sociedade.<br />

São problemas graves, e<br />

deixamos que perturbem a tranqüilidade<br />

de nossas vidas privadas.<br />

A <strong>maio</strong>ria <strong>do</strong>s lares, em decorrência<br />

dessas influências, negligencia<br />

sobre assuntos <strong>do</strong>mésticos de<br />

quaisquer naturezas, geran<strong>do</strong> discussões,<br />

perplexidades, hostilidades,<br />

desrespeitos e separações de<br />

cônjuges, sob os mais fúteis pretextos,<br />

sem nenhum cuida<strong>do</strong> em manter<br />

a união daqueles que se comprometeram<br />

a estar juntos, solidarizan<strong>do</strong>-se<br />

no seio <strong>do</strong> mesmo núcleo<br />

familiar. Esquecem-se de que<br />

sublime é a tarefa de trabalhar pelo<br />

próprio aperfeiçoamento, no ajuste<br />

de compromissos mais eleva<strong>do</strong>s.<br />

O amorável <strong>Espírito</strong> Bezerra de<br />

Menezes, por meio de mensagem<br />

recebida pela médium Yvonne A.<br />

Pereira, reconhece o “[...] momento<br />

difícil que a Humanidade atravessa,<br />

quan<strong>do</strong> a fé e a moral, a solidez <strong>do</strong>s<br />

costumes, o cumprimento <strong>do</strong> dever<br />

e a responsabilidade de cada um<br />

se diriam em colapso, desorientan<strong>do</strong><br />

a muitos, vencen<strong>do</strong> outros tantos,<br />

desaniman<strong>do</strong> ou enrijecen<strong>do</strong> o<br />

coração de quase to<strong>do</strong>s para lançar<br />

o caos na sociedade humana, assinalan<strong>do</strong><br />

as últimas etapas <strong>do</strong> fim de<br />

uma civilização”. Ao mesmo tempo,<br />

alerta-nos para a importância <strong>do</strong> lar<br />

como “[...]a grande escola da família,<br />

em cujo seio o indivíduo se habilita<br />

para a realização <strong>do</strong>s próprios<br />

compromissos perante as leis de<br />

Deus e para consigo mesmo [...]”. 1<br />

O lar é o sagra<strong>do</strong> instituto da<br />

família onde o <strong>Espírito</strong> que reencarna<br />

há de encontrar a base sólida<br />

para sua real educação. Todavia,<br />

não basta admitir isso enquanto<br />

não compreendermos, concretamente,<br />

a exigência de ser mais<br />

vigilantes em relação ao cumprimento<br />

<strong>do</strong>s nossos deveres junto à


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:50 Page 19<br />

família e ao amor que devemos ter<br />

pelos nossos entes queri<strong>do</strong>s.<br />

O egoísmo, dizem os <strong>Espírito</strong>s<br />

superiores, é uma das chagas da<br />

Humanidade, e Pascal (<strong>Espírito</strong>),<br />

em O Evangelho segun<strong>do</strong> o Espiritismo,<br />

capítulo XI, item 12, reportan<strong>do</strong>-se<br />

ao tema, orienta-nos, de<br />

forma elucidativa:<br />

[...] sem a caridade não haverá<br />

descanso para a sociedade humana.<br />

Digo mais: não haverá segurança.<br />

Com o egoísmo e o orgulho,<br />

que andam de mãos dadas,<br />

a vida será sempre uma carreira<br />

em que vencerá o mais esperto,<br />

uma luta de interesses, em que<br />

se calcarão aos pés as mais santas<br />

afeições, em que nem sequer<br />

os sagra<strong>do</strong>s laços de família merecerão<br />

respeito. 2 (Grifo nosso.)<br />

Em consonância com essa assertiva,<br />

verificamos, por exemplo,<br />

a falta de constância <strong>maio</strong>r, <strong>do</strong> pai<br />

e da mãe, de sua presença na intimidade<br />

<strong>do</strong> lar, condição indispensável<br />

para que sintam, de perto,<br />

como anda o barco que lhes compete<br />

governar, na calmaria ou na<br />

tempestade. Alguns genitores, afasta<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong> ambiente <strong>do</strong>méstico,<br />

denotam desinteresse no trato que<br />

devem ter com seus rebentos, à<br />

medida que crescem e se acentuam<br />

os estágios ou fases <strong>do</strong> seu<br />

desenvolvimento, especialmente<br />

os identifica<strong>do</strong>s na a<strong>do</strong>lescência. A<br />

propósito, observa Vinícius que<br />

“[...] os pen<strong>do</strong>res pelo utilitarismo<br />

feroz e pelo mundanismo frívolo[...]”fazem<br />

com que os pais se tornem,<br />

pouco a pouco, indóceis, im-<br />

pacientes e ríspi<strong>do</strong>s, prejudican<strong>do</strong>,<br />

seriamente, a harmonia <strong>do</strong> lar. 3<br />

O <strong>Espírito</strong> Emmanuel, sobre o<br />

assunto, chama a atenção <strong>do</strong> leitor<br />

para o fato de que:<br />

Em to<strong>do</strong>s os agrupamentos humanos,<br />

palpita a preocupação<br />

de ganhar. [...] A atualidade<br />

conta com mães numerosas que<br />

aban<strong>do</strong>nam seu lar a desconheci<strong>do</strong>s,<br />

durante muitas horas <strong>do</strong> dia,<br />

a fim de experimentarem a mina<br />

lucrativa. Nesse senti<strong>do</strong>, a <strong>maio</strong>ria<br />

das criaturas converte a marcha<br />

evolutiva em corrida inquietante.<br />

....................................................<br />

Examinada, porém, a bagagem,<br />

verifica-se, quase sempre, que<br />

as vitórias são derrotas fragorosas.<br />

Não constituem valores da<br />

alma, nem trazem o selo <strong>do</strong>s<br />

bens eternos. 4<br />

Manter uma habitação onde haja<br />

entendimento indispensável entre<br />

to<strong>do</strong>s é primordial, sem esquecer<br />

que não existem uniões casuais<br />

no lar terreno, o qual tem como<br />

objetivo unir os corações e buscar<br />

Capa<br />

o reajuste individual e coletivo para<br />

superar dramas vivi<strong>do</strong>s em existências<br />

pretéritas. O estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> Evangelho,<br />

interpreta<strong>do</strong> pela consola<strong>do</strong>ra<br />

Doutrina Espírita, propicia a reunião<br />

semanal com a família, para reflexão<br />

sobre os problemas mais cruciais<br />

e difíceis, e permite, aos pais,<br />

filhos e demais parentes, expressarem<br />

com liberdade as dúvidas, a respeito<br />

daquilo que é vivencia<strong>do</strong> em<br />

casa e na sociedade. O grupo familiar<br />

é um vetor essencial para qualquer<br />

abordagem educativa, promoven<strong>do</strong><br />

um incessante aprendiza<strong>do</strong><br />

de como saber conviver. Neste caso,<br />

a autoridade legalmente definida,<br />

entre pais e filhos, é menos importante<br />

que a afetividade. É imprescindível<br />

a exemplificação <strong>do</strong> que<br />

aprendemos: <strong>do</strong>ar de nós mesmos,<br />

agir com caridade, partilhar ideais,<br />

confiar naqueles a quem amamos.<br />

Para um lar estabiliza<strong>do</strong>, os pais,<br />

na medida <strong>do</strong> possível, devem esmerar-se<br />

em permanecer ao la<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong>s filhos; acompanhá-los, cotidianamente,<br />

conhecen<strong>do</strong> e avalian<strong>do</strong><br />

as suas dificuldades morais e espirituais,<br />

sem a pretensão de achar que<br />

Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 177<br />

19


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:50 Page 20<br />

Capa<br />

sejam modelos de excelentes qualidades,<br />

já prepara<strong>do</strong>s para a execução<br />

de nobilíssimas tarefas futuras.<br />

To<strong>do</strong>s os que reencarnam em<br />

nosso mun<strong>do</strong>, de mo<strong>do</strong> geral, são<br />

<strong>Espírito</strong>s imperfeitos e a sua passagem<br />

pela vida corporal exige que os<br />

pais atendam aos desígnios cuja<br />

execução Deus lhes confia, sem retardar<br />

a marcha da evolução desses<br />

seres e prolongar, indefinidamente,<br />

as provas que assumiram em detrimento<br />

<strong>do</strong>s erros e equívocos pratica<strong>do</strong>s,<br />

ao longo de suas reencarnações.<br />

É essencial, para a educação<br />

moral <strong>do</strong>s filhos, estimulá-los à<br />

freqüência assídua, desde ce<strong>do</strong>,<br />

à Escola de Evangelização Espírita-Cristã,<br />

promovida pelo Centro<br />

Espírita, a qual se preocupa em oferecer<br />

estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong>utrinários e atividades<br />

motiva<strong>do</strong>ras, utilizan<strong>do</strong> meto<strong>do</strong>logias<br />

específicas, de acor<strong>do</strong><br />

com as respectivas faixas etárias,<br />

da criança e <strong>do</strong> jovem.<br />

20 178 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />

Se falharmos, ao desencarnar,<br />

haveremos de freqüentar, talvez, na<br />

Espiritualidade, “os enormes pavilhões<br />

das escolas maternais”, <strong>do</strong><br />

Ministério <strong>do</strong> Esclarecimento, na<br />

Colônia Nosso Lar, em companhia<br />

de “[...] milhares de irmãs que comentam,<br />

por lá, as desventuras da<br />

maternidade fracassada, buscan<strong>do</strong><br />

reconstituir energias e caminhos.<br />

[...]”. Ali existem também os<br />

“Centros de Preparação à Paternidade”,<br />

onde “grandes massas de irmãos<br />

examinam o quadro de tarefas<br />

perdidas e recordam, com lágrimas,<br />

o passa<strong>do</strong> de indiferença<br />

ao dever. [...]”. 5<br />

Cabe aos pais preparar os filhos<br />

para o futuro, regeneran<strong>do</strong>-os. Regenerar<br />

significa emendar ou corrigir<br />

moralmente, permitin<strong>do</strong>-lhes<br />

construir, amanhã, seus próprios<br />

lares, que representarão para eles<br />

o refúgio mais nobre, mais digno,<br />

mais cristão.<br />

Por outro la<strong>do</strong>, a constituição<br />

<strong>do</strong> grupo familiar não se resume,<br />

apenas, em pais e filhos menores.<br />

Em diversos lares, haverá outros<br />

membros de nossa parentela consangüínea,<br />

rogan<strong>do</strong> por nossa<br />

compreensão e apoio. Recomenda<br />

o Apóstolo Paulo, em epístola<br />

a Timóteo (I, 5:4): “[...] aprendam<br />

primeiro a exercer piedade<br />

para com a sua própria<br />

família e a recom-<br />

pensar seus pais; porque isto é<br />

bom e agradável diante de Deus”.<br />

(I, 5:4.) E, ao analisar a recomendação<br />

paulina, pergunta Emmanuel,<br />

em uma de suas lúcidas<br />

páginas: “[...] Como seremos benfeitores<br />

de cem ou mil pessoas, se<br />

ainda não aprendemos a servir cinco<br />

ou dez criaturas? [...] o exercício<br />

da piedade no centro das atividades<br />

<strong>do</strong>mésticas” deve ser inexaurível,<br />

priorizan<strong>do</strong> nossas ações<br />

em favor <strong>do</strong>s familiares, convictos<br />

“de que semelhante esforço [pessoal]<br />

representa realização essencial”,<br />

para cada um de nós. 6<br />

Sem isso, não conseguiremos<br />

escolher a melhor parte que nos é<br />

oferecida pelo Mestre Jesus, como<br />

roteiro seguro de nossas vidas.<br />

Referências:<br />

1<br />

SOUZA, Juvanir Borges de. (Coordena<strong>do</strong>r<br />

da Equipe da FEB). “Aos Pais de Família”.<br />

Mensagem psicografada pela médium<br />

Yvonne A. Pereira. In: Bezerra de Menezes<br />

– ontem e hoje. 3. ed. Rio de Janeiro:<br />

FEB, 2001. p. 87-91.<br />

2<br />

KARDEC, Allan. O evangelho segun<strong>do</strong> o<br />

espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro.<br />

4. ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2006.<br />

Capítulo XI, item 12, p. 256-257.<br />

3<br />

VINÍCIUS. Em torno <strong>do</strong> mestre. 8. ed. Rio de<br />

Janeiro: FEB, 2002. “Larfobia”, p. 263-264.<br />

4<br />

XAVIER, Francisco C. Caminho, verdade e<br />

vida. Pelo <strong>Espírito</strong> Emmanuel. Ed. especial.<br />

Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo<br />

56, p. 127-128.<br />

5<br />

_____. Os mensageiros. Pelo <strong>Espírito</strong> André<br />

Luiz. 2. ed. especial. Rio de Janeiro:<br />

FEB, 2006. Capítulo 13, p. 85-86.<br />

6<br />

_____. Pão nosso. Pelo <strong>Espírito</strong> Emmanuel.<br />

Ed. especial. Rio de Janeiro: FEB,<br />

2005. Capítulo 117, p. 247-248.


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:51 Page 21<br />

Esfloran<strong>do</strong> o Evangelho<br />

Pelo <strong>Espírito</strong> Emmanuel<br />

Ministérios<br />

“Cada um administre aos outros o <strong>do</strong>m como o recebeu,<br />

como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.”<br />

(I PEDRO, 4:10.)<br />

Toda criatura recebe <strong>do</strong> Supremo Senhor o <strong>do</strong>m de servir como um<br />

ministério essencialmente divino.<br />

Se o homem levanta tantos problemas de solução difícil, em suas lutas<br />

sociais, é que não se capacitou, ainda, de tão eleva<strong>do</strong> ensinamento.<br />

O quadro da evolução terrestre apresenta divisão entre os que denominais<br />

“magnatas” e “proletários”, porquanto, de mo<strong>do</strong> geral, não se entendeu até agora no<br />

mun<strong>do</strong> a dignidade <strong>do</strong> trabalho honesto, por mais humilde que seja.<br />

É imprescindível haja sempre profissionais de limpeza pública, desbrava<strong>do</strong>res de<br />

terras insalubres, chefes de fábricas, trabalha<strong>do</strong>res de imprensa.<br />

Os homens não compreenderam, ainda, que a oportunidade de cooperar nos<br />

trabalhos da Terra transforma-os em despenseiros da graça de Deus. Chegará,<br />

contu<strong>do</strong>, a época em que to<strong>do</strong>s se sentirão ricos. A noção de “capitalista” e<br />

“operário” estará renovada. Entender-se-ão ambos como eficientes servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong><br />

Altíssimo.<br />

O jardineiro sentirá que o seu ministério é irmão da tarefa confiada ao gerente<br />

da usina.<br />

Cada qual ministrará os bens recebi<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Pai, na sua própria esfera de ação, sem<br />

a idéia egoística de ganhar para enriquecer na Terra, mas de servir com proveito<br />

para enriquecer em Deus.<br />

Fonte: XAVIER, Francisco C. Caminho, verdade e vida. Ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005.<br />

Cap. 61, p. 137-138.<br />

Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 179<br />

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eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:51 Page 22<br />

FEB presente em ato público<br />

“Brasil sem aborto”<br />

O“Movimento Nacional<br />

Brasil Sem Aborto” realizou<br />

um ato público no<br />

dia 29 de março, das 10 às 13 horas,<br />

na Praça da Sé, em São Paulo.<br />

O evento foi coordena<strong>do</strong> por Marília<br />

de Castro, contan<strong>do</strong> com representantes<br />

da sociedade civil e<br />

de entidades religiosas. Usaram<br />

da palavra os deputa<strong>do</strong>s federais<br />

Luiz Carlos Bassuma e Jorge Tadeu<br />

Mudalen, sen<strong>do</strong>, este, relator<br />

<strong>do</strong> Projeto de Lei sobre a descriminalização<br />

<strong>do</strong> aborto –, a ex-sena<strong>do</strong>ra<br />

Heloísa Helena, Dom José<br />

Benedito, representante da CNBB<br />

e <strong>do</strong> Cardeal de São Paulo, Antonio<br />

Cesar Perri de Carvalho, diretor<br />

e representante da FEB, Marlene<br />

Rossi Severino Nobre, presidente<br />

da Associação Médico-Espírita<br />

<strong>do</strong> Brasil, houve manifestações<br />

de várias entidades e, também,<br />

ocorreram apresentações<br />

musicais, entre as quais, <strong>do</strong> padre<br />

Marcelo Rossi. A Praça da Sé estava<br />

lotada com um público que vibrava<br />

a cada apresentação, fazen<strong>do</strong><br />

saudações de “viva a vida!”. A<br />

Polícia Militar de São Paulo estimou<br />

em seis mil as pessoas presentes<br />

ao Ato. O “Movimento Na-<br />

22 260 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />

cional Brasil Sem Aborto” planeja<br />

a realização, no dia 20 de agosto,<br />

de uma grande passeata em Brasília.<br />

Informações: www.brasilsemaborto.com.br


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:56 Page 22<br />

Atendimento fraterno<br />

e assistência espiritual<br />

Areunião mediúnica, na qual<br />

os desencarna<strong>do</strong>s “incorpora<strong>do</strong>s”<br />

são atendi<strong>do</strong>s por<br />

um <strong>do</strong>utrina<strong>do</strong>r – que preferimos<br />

chamar de esclarece<strong>do</strong>r – ficou<br />

consagrada no Movimento Espírita<br />

como reunião de desobsessão,<br />

mas, na verdade, esse título não revela<br />

a extensão e a diversidade <strong>do</strong><br />

serviço que se realiza nesse encontro<br />

semanal entre encarna<strong>do</strong>s e desencarna<strong>do</strong>s.<br />

Nele não são atendi<strong>do</strong>s<br />

somente <strong>Espírito</strong>s obsessores,<br />

conscientes ou não de sua atuação<br />

deletéria, mas, também, <strong>Espírito</strong>s<br />

sofre<strong>do</strong>res em situações diversas,<br />

tais como os suicidas, os traumatiza<strong>do</strong>s<br />

pela desencarnação violenta,<br />

os acometi<strong>do</strong>s de alienação<br />

mental, os que não se reconhecem<br />

“mortos”, os descrentes em Deus,<br />

os frustra<strong>do</strong>s com os ensinamentos<br />

da religião que a<strong>do</strong>taram na<br />

vida material, toxicômanos, desequilibra<strong>do</strong>s<br />

sexuais e tantos outros.<br />

O propósito aqui não é examinar<br />

a propriedade <strong>do</strong> nome dessa<br />

reunião, mas analisar o que se passa<br />

com o <strong>Espírito</strong> após ser atendi<strong>do</strong><br />

pelo esclarece<strong>do</strong>r. Convém recordar,<br />

com o <strong>Espírito</strong> André Luiz,<br />

que o espaço destina<strong>do</strong> à reunião<br />

de desobsessão entre quatro paredes<br />

“[...] guarda a importância de uma<br />

22 180 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />

WALDEHIR B EZERRA DE A LMEIDA<br />

Foto retirada <strong>do</strong> livro Desobsessão, Ed. FEB<br />

Os médiuns esclarece<strong>do</strong>res são constituí<strong>do</strong>s pelo dirigente e seus assessores<br />

enfermaria, com recursos adjacentes<br />

da Espiritualidade Maior para<br />

tratamento e socorro das mentes<br />

desencarnadas, ainda conturbadas<br />

ou infelizes”. 1 Nesse ambiente, o<br />

desencarna<strong>do</strong>, após o diálogo fraterno<br />

com o esclarece<strong>do</strong>r, é, muitas<br />

vezes, convida<strong>do</strong> a receber auxílio<br />

<strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s que atendem na Instituição,<br />

com a finalidade de fortalecer-lhe<br />

o moral para o recomeço<br />

de nova jornada em direção à Luz.<br />

O <strong>Espírito</strong> Efigênio S. Vítor<br />

contribui com o nosso estu<strong>do</strong> informan<strong>do</strong><br />

que o Centro Espírita é<br />

um expressivo porto de auxílio,<br />

erigi<strong>do</strong> à feição de pronto-socorro,<br />

e possui um vasto corpo de colabora<strong>do</strong>res<br />

composto de médicos, religiosos<br />

de várias crenças, médiuns<br />

espíritas desencarna<strong>do</strong>s, magneti-<br />

za<strong>do</strong>res, enfermeiros, guardas, padioleiros<br />

e outros, prontos a servir,<br />

em nome <strong>do</strong> Cristo, aos desencarna<strong>do</strong>s<br />

atendi<strong>do</strong>s na Instituição. 2<br />

Somam-se com essa informação<br />

os inúmeros testemunhos <strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s<br />

que são ouvi<strong>do</strong>s em nossas<br />

reuniões, revelan<strong>do</strong> a forma como<br />

encontraram o equilíbrio de que<br />

necessitavam, participan<strong>do</strong> de estu<strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>utrinários, assistin<strong>do</strong> a<br />

palestras, toman<strong>do</strong> passes e sen<strong>do</strong><br />

ampara<strong>do</strong>s fraternalmente por<br />

um companheiro que lhes serviu<br />

de cireneu, pois os primeiros passos<br />

na reforma íntima são difíceis<br />

de ser da<strong>do</strong>s.<br />

A oportunidade de soerguimento<br />

oferecida pela equipe espiritual,<br />

dentro de um programa<br />

disciplina<strong>do</strong> e com objetivos defi-


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:56 Page 23<br />

ni<strong>do</strong>s, é consonante com a função<br />

<strong>do</strong> Centro Espírita que, “[...] reviven<strong>do</strong><br />

o Cristianismo, é um lar de<br />

solidariedade humana, em que os<br />

irmãos mais fortes são apoio aos<br />

mais fracos e em que os mais felizes<br />

são trazi<strong>do</strong>s ao amparo <strong>do</strong>s<br />

que gemem sob o infortúnio”. 3<br />

A dinâmica <strong>do</strong> auxílio ofereci<strong>do</strong><br />

pelos nossos mentores, no plano invisível,<br />

a partir <strong>do</strong> atendimento da<strong>do</strong><br />

na reunião de desobsessão, pode<br />

servir de modelo, mutatis mutandis,<br />

para um tratamento espiritual a ser<br />

a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> nas casas espíritas, no plano<br />

visível, para quem busca socorro<br />

no Atendimento ou Diálogo Fraterno,<br />

conforme se queira chamar.<br />

Após ouvir o irmão necessita<strong>do</strong>, o<br />

atendente dar-lhe-á esclarecimentos<br />

à luz da Doutrina Espírita, para<br />

que encontre a consolação de que<br />

tanto necessita naquele momento<br />

e, em seguida, sem vender-lhe ilusão<br />

da solução instantânea <strong>do</strong>s seus<br />

males, mas sim, o alívio – conforme<br />

prometeu Jesus (Mateus, 11:28) –,<br />

propor-lhe-á um tratamento espiritual<br />

a fim de fortalecê-lo na fé e<br />

na esperança para a conquista de<br />

melhores dias em sua vida.<br />

Durante o recebimento <strong>do</strong> benefício<br />

espiritual serão solicita<strong>do</strong>s<br />

procedimentos que irão se conjugar<br />

para que encontre o equilíbrio<br />

psíquico-espiritual, deven<strong>do</strong>,<br />

para isso:<br />

a) adquirir o hábito de orar e<br />

de fazer a caridade;<br />

b) identificar suas más tendências<br />

e combatê-las com perseverança;<br />

c) limpar o seu coração, extirpan<strong>do</strong><br />

dele os ressentimen-<br />

tos, e aprender a<br />

per<strong>do</strong>ar.<br />

Para tanto, ser-lhe-á<br />

ofereci<strong>do</strong> um roteiro<br />

escrito, ministran<strong>do</strong>-<br />

-lhe estu<strong>do</strong> que favoreça<br />

o entendimento<br />

da dinâmica da<br />

vida, <strong>do</strong> porquê da<br />

<strong>do</strong>r; orientan<strong>do</strong>-o<br />

na tomada de passes<br />

e de água fluidificada de maneira<br />

metódica; a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> a “biblioterapia”,<br />

fazen<strong>do</strong> leituras apropriadas;<br />

buscan<strong>do</strong> formas práticas<br />

na vida diária para a manutenção<br />

<strong>do</strong> pensamento positivo e<br />

participação em palestras <strong>do</strong>utrinárias.<br />

Conforme o caso, propor-<br />

-lhe-á a “laborterapia”, com a execução<br />

de tarefas na Casa, sempre<br />

condizentes com seu conhecimento<br />

e esta<strong>do</strong> psíquico-espiritual.<br />

Tu<strong>do</strong> isso sem violentar-lhe<br />

o livre-arbítrio e sem interferir<br />

nas suas crenças e hábitos. O Sol<br />

oferece luz a to<strong>do</strong>s. Fica na sombra<br />

quem dele quiser se esconder.<br />

Dessa forma, aquele irmão,<br />

que antes se sentia desampara<strong>do</strong><br />

e sem rumo para sua vida, vê-se<br />

ao la<strong>do</strong> de companheiros que o<br />

abraçam fraternalmente, fazen<strong>do</strong><br />

com que vislumbre caminhos<br />

antes não percebi<strong>do</strong>s.<br />

Como bem adverte a Mentora<br />

Joanna de Ângelis, o atendimento<br />

fraterno “não se propõe a resolver<br />

os desafios nem as dificuldades,<br />

eliminar as <strong>do</strong>enças nem os sofrimentos,<br />

mas propor ao cliente os<br />

meios hábeis para a própria recuperação”.<br />

E enfatiza: “O atendimento<br />

fraterno na Casa Espírita é de vital<br />

Diálogo fraterno entre o esclarece<strong>do</strong>r<br />

e o espírito desencarna<strong>do</strong><br />

importância, para to<strong>do</strong> aquele que<br />

lhe busque ajuda, seja orientan<strong>do</strong><br />

com equilíbrio, seja guian<strong>do</strong>-o para<br />

o labor de auto-iluminação”. 4 (Grifamos.)<br />

E ressalta: Entendemos, aí,<br />

que a Casa Espírita deve oferecer os<br />

meios de forma prática a quem dela<br />

busca o socorro e guiá-lo na sua<br />

empreitada de reforma interior.<br />

Assim como a assistência aos<br />

desencarna<strong>do</strong>s na reunião de desobsessão<br />

não cessa após o diálogo<br />

com o esclarece<strong>do</strong>r, entendemos<br />

que o atendimento fraterno também<br />

não. Corrigir as mazelas da<br />

alma implica a nossa reeducação,<br />

exige-nos reforma interior, que<br />

demanda esforço, disciplina, dedicação<br />

e, acima de tu<strong>do</strong>, apoio<br />

de alguém que, além de nos dizer<br />

“levanta-te”, estende-nos também<br />

a mão. Domar paixões inferiores,<br />

não alimentar ódio, inveja, ciúme<br />

e orgulho; não se deixar <strong>do</strong>minar<br />

pelo egoísmo, passar a nutrir bons<br />

sentimentos e começar a praticar<br />

a caridade não são tarefas fáceis<br />

de serem implementadas por alma<br />

Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 181<br />

Foto retirada <strong>do</strong> livro Desobsessão, Ed. FEB<br />

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eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:57 Page 24<br />

ainda incipiente na prática das leis<br />

morais. Ela sempre vai necessitar<br />

das diretrizes de um programa de<br />

reforma, acompanhada por alguém<br />

que lhe inspire confiança e<br />

possa levantá-la nos momentos<br />

das quedas. Propor ao cliente os<br />

meios hábeis para a própria recuperação<br />

[...] guian<strong>do</strong>-o para o labor<br />

de auto-iluminação significa,<br />

para nós, outorgar ao atendi<strong>do</strong><br />

um programa em que, durante<br />

O “Movimento Nacional Brasil<br />

Sem Aborto” realizou um ato<br />

público no dia 29 de março, das<br />

10 às 13 horas, na Praça da Sé, em<br />

São Paulo. O evento foi coordena<strong>do</strong><br />

por Marília de Castro, contan<strong>do</strong><br />

com representantes da sociedade<br />

civil e de entidades religiosas.<br />

Usaram da palavra os deputa<strong>do</strong>s<br />

federais Luiz Carlos Bassuma<br />

e Jorge Tadeu Mudalen –<br />

sen<strong>do</strong>, este, relator <strong>do</strong> Projeto de<br />

Lei sobre a descriminalização <strong>do</strong><br />

aborto –, a ex-sena<strong>do</strong>ra Heloísa<br />

24 182 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />

um certo perío<strong>do</strong>, tenha ele o disciplinamento,<br />

o apoio moral e a<br />

solidariedade fraterna de alguém<br />

na Instituição, qual ocorre no plano<br />

invisível, para ajudá-lo nos<br />

primeiros passos <strong>do</strong> recomeço.<br />

Referências:<br />

1<br />

XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Wal<strong>do</strong>. Desobsessão.<br />

Pelo <strong>Espírito</strong> André Luiz. Rio<br />

de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 18, p. 77.<br />

2<br />

VÍTOR, Efigênio S. “Visão espiritual de<br />

Helena, Dom Joaquim Justino<br />

Carrera, representante da CNBB<br />

e <strong>do</strong> Cardeal de São Paulo, Antonio<br />

Cesar Perri de Carvalho, diretor<br />

e representante da FEB, Marlene<br />

Rossi Severino Nobre, presidente<br />

da Associação Médico-Espírita<br />

Internacional. Houve manifestações<br />

de várias entidades e, também,<br />

ocorreram apresentações musicais,<br />

entre as quais, a <strong>do</strong> padre<br />

Marcelo Rossi. Além <strong>do</strong>s representantes<br />

que falaram, estavam presentes<br />

muitas instituições, como a<br />

um centro espírita”. In: Educandário de<br />

luz. Autores diversos. 2. ed. São Paulo:<br />

Ideal. Cap. 34, p. 80.<br />

3<br />

XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Wal<strong>do</strong>. Estude<br />

e viva. Pelos <strong>Espírito</strong>s Emmanuel e André<br />

Luiz. 12. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006.<br />

Cap. 39, mensagem de Emmanuel, p. 223.<br />

4<br />

FRANCO, Dival<strong>do</strong> Pereira. Terapia <strong>do</strong><br />

amor. Pelo <strong>Espírito</strong> Joanna de Ângelis. In:<br />

AZEVEDO, Geral<strong>do</strong> de, e outros. Atendimento<br />

fraterno. 4. ed. Salva<strong>do</strong>r: LEAL.<br />

p. 16-18.<br />

FEB presente em ato público<br />

“Em Defesa da Vida –<br />

Brasil Sem Aborto”<br />

União das Sociedades Espíritas <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> de São Paulo, na pessoa <strong>do</strong><br />

diretor Paulo Ribeiro. A Praça da<br />

Sé estava lotada com um público<br />

que vibrava a cada apresentação,<br />

fazen<strong>do</strong> saudações de “viva a vida!”.<br />

A Polícia Militar de São Paulo<br />

estimou em seis mil as pessoas<br />

presentes ao Ato. O “Movimento<br />

Nacional Brasil Sem Aborto” planeja<br />

a realização, no dia 20 de<br />

agosto, de uma grande manifestação<br />

em Brasília. Informações:<br />

www.brasilsemaborto.com.br


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Onde está o<br />

vosso coração?<br />

“Porque onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração.”<br />

(Mateus, 6:21.)<br />

Éimportante refletir sobre o<br />

papel que os tesouros conquista<strong>do</strong>s<br />

representam na vida<br />

de cada um. Se os tesouros são<br />

perenes, iluminam os caminhos<br />

árduos da redenção; quan<strong>do</strong> transitórios,<br />

aprisionam as almas nas<br />

malhas <strong>do</strong> tempo. De posse de alguns<br />

tesouros o homem chega a<br />

ultrapassar os limites <strong>do</strong> bom senso<br />

e da razão. Além <strong>do</strong> apego aos<br />

bens e à riqueza é possível identificar<br />

o de muitos coleciona<strong>do</strong>res<br />

de moedas, jóias, selos, quadros,<br />

carros antigos, chaveiros, e até quinquilharias,<br />

que chegam a alcançar<br />

valores inestimáveis, facilmente<br />

transforma<strong>do</strong>s em objetos de ambição<br />

e cobiça. O apego afetivo,<br />

ainda mais perigoso, é muito comum<br />

entre os entes queri<strong>do</strong>s; ao<br />

invés de unir, agrilhoa as almas por<br />

séculos de incompreensão e desdita.<br />

Com os melhores sentimentos<br />

focaliza<strong>do</strong>s nesses interesses<br />

prioritários, o <strong>Espírito</strong> alheia-se <strong>do</strong><br />

verdadeiro tesouro que lhe proporcionaria<br />

segurança na vida terrena<br />

e alicerce nos planos Maiores.<br />

A. MERCI S PADA B ORGES<br />

Essa paixão <strong>do</strong>entia,<br />

além de lhe acarretar<br />

um despertar <strong>do</strong>loroso<br />

no plano espiritual,<br />

acende o estopim da posse desmedida<br />

e, enlouqueci<strong>do</strong>, busca, em<br />

vão, o objeto de sua desdita.<br />

Jesus, conhece<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s labirintos<br />

da alma, não deixou de alertar:<br />

“Onde estiver o vosso tesouro<br />

ali estará também o vosso coração”.<br />

Se os tesouros intelectuais podem<br />

descortinar ao <strong>Espírito</strong> os pináculos<br />

da evolução filosófica, artística,<br />

científica e tecnológica, cabe<br />

aos tesouros morais desbravar a<br />

senda evolutiva <strong>do</strong> ser imortal. Não<br />

haverá iluminação da alma sem o<br />

combate contínuo às más inclinações<br />

e a vivência sincera das lições<br />

<strong>do</strong> Cristo. O <strong>Espírito</strong> Emmanuel<br />

reitera os filósofos da Antigüidade:<br />

“[...] a <strong>maio</strong>r necessidade da criatura<br />

humana ainda é a <strong>do</strong> conhecimento<br />

de si mesma”. (O Consola<strong>do</strong>r,<br />

Francisco C. Xavier, questão<br />

232, Ed. FEB.) Porém, reafirma o<br />

mesmo autor espiritual, “[...] para<br />

a iluminação <strong>do</strong> íntimo,<br />

só tendes no mun<strong>do</strong><br />

o Evangelho <strong>do</strong> Senhor,<br />

que nenhum roteiro<br />

<strong>do</strong>utrinário poderá<br />

ultrapassar”.(Op.cit.,questão 219.)<br />

A evangelização é o roteiro que<br />

dará à criatura os subsídios para<br />

o seu engrandecimento espiritual:<br />

fortalece os bons propósitos e propicia-lhe<br />

condições para uma vida<br />

moralmente saudável e equilibrada.<br />

Neste contexto de aquisições<br />

iluminativas, os tesouros conquista<strong>do</strong>s<br />

na Terra serão baldea<strong>do</strong>s<br />

com o <strong>Espírito</strong> para o mun<strong>do</strong> espiritual<br />

“[...] onde nem a traça<br />

nem a ferrugem consomem, e onde<br />

os ladrões não minam, nem<br />

roubam”. (Mateus, 6:20.)<br />

Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 183<br />

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eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:57 Page 26<br />

Em dia com o Espiritismo<br />

Pródromos da<br />

reencarnação<br />

existência humana não é<br />

ato acidental, mas manifestação<br />

da misericórdia e da<br />

justiça divinas. O <strong>Espírito</strong> é um ser<br />

imortal cria<strong>do</strong> simples e ignorante<br />

por Deus, porém submeti<strong>do</strong> à lei<br />

<strong>do</strong> progresso. O trabalho desenvolvi<strong>do</strong><br />

nas inúmeras reencarnações<br />

lhe permite reparar<br />

erros cometi<strong>do</strong>s pelo uso<br />

incorreto <strong>do</strong> livre-arbítrio<br />

e, ao mesmo tempo, evoluir<br />

pela aquisição de conhecimentos<br />

e virtudes.<br />

Antes da concepção<br />

biológica – momento<br />

em que o óvulo (célula<br />

reprodutora feminina) é<br />

fecunda<strong>do</strong> pelo espermatozóide<br />

(célula reprodutora<br />

masculina) –, o <strong>Espírito</strong> reencarnante<br />

estabelece ligações fluídicas<br />

com os futuros genitores, em<br />

especial com a sua mãe, por meio<br />

de “[...] um laço fluídico, que mais<br />

não é <strong>do</strong> que uma expansão <strong>do</strong> seu<br />

perispírito [...]”. 1 A<br />

À medida que essa<br />

ligação se intensifica, diminuem<br />

26 184 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />

M ARTA A NTUNES M OURA<br />

os pontos de contato <strong>do</strong> <strong>Espírito</strong><br />

com o plano espiritual, condição<br />

necessária às modificações plásti-<br />

cas que ocorrerão no perispírito,<br />

principalmente as de redução. 2<br />

A resposta transmitida pelos <strong>Espírito</strong>s<br />

superiores à questão 344 de<br />

O Livro <strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s: – “Em que momento<br />

a alma se une ao corpo?” –<br />

especifica o exato momento em que<br />

começa a união <strong>do</strong> <strong>Espírito</strong> à matéria,<br />

no processo reencarnatório:<br />

A união começa na concepção,<br />

mas só é completa pela ocasião<br />

<strong>do</strong> nascimento. Desde<br />

o instante da concepção,<br />

o <strong>Espírito</strong> designa<strong>do</strong> para<br />

habitar certo corpo a<br />

este se liga por um laço<br />

fluídico, que cada vez<br />

mais se vai apertan<strong>do</strong><br />

até ao instante em que<br />

a criança vê a luz. [...] 3<br />

André Luiz informa<br />

que a partir daí, da concepção,<br />

acelera-se o processo<br />

de redução perispiritual e de liberação<br />

de elementos absorvi<strong>do</strong>s<br />

2, 4<br />

pelo <strong>Espírito</strong> no plano espiritual.<br />

Nessa situação, o perispírito <strong>do</strong><br />

reencarnante é amplamente magnetiza<strong>do</strong><br />

por <strong>Espírito</strong>s especialistas,<br />

denomina<strong>do</strong>s “construtores”, e


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:57 Page 27<br />

por outros benfeitores, os quais,<br />

simultaneamente, induzem o futuro<br />

reencarna<strong>do</strong> a criar imagens<br />

mentais relativas à organização fetal<br />

e à vida no ventre materno. Esse<br />

tipo de visualização ideoplástica<br />

favorece o trabalho de redução<br />

perispiritual, organização e desenvolvimento<br />

embrionário-fetal. 4<br />

Durante a concepção – caracterizada<br />

pela fusão <strong>do</strong>s núcleos das<br />

duas células reprodutoras –, forma-se<br />

uma célula diferenciada denominada<br />

zigoto ou ovo fertiliza<strong>do</strong>,<br />

que irá se desenvolver até o estágio<br />

de embrião e feto, respectivamente,<br />

no espaço de tempo conheci<strong>do</strong><br />

como perío<strong>do</strong> de gestação. A despeito<br />

<strong>do</strong> afluxo de inúmeros espermatozóides<br />

posiciona<strong>do</strong>s ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />

óvulo, apenas um irá fecundá-lo.<br />

O sexo <strong>do</strong> ser em vias de formação<br />

é defini<strong>do</strong> nesse momento. No perío<strong>do</strong><br />

de 24 a 48 horas surge, então,<br />

o embrião, propriamente chama<strong>do</strong><br />

blastocisto, em razão da sucessiva<br />

divisão e diferenciação celular ocorrida<br />

no zigoto. Imediatamente após<br />

a fecundação, antes <strong>do</strong> início da<br />

divisão celular, o zigoto é envolvi<strong>do</strong><br />

por uma coroa protetora de células,<br />

que fornece os elementos nutritivos<br />

necessários ao seu desenvolvimento:<br />

íons minerálicos, proteínas<br />

e aporte de oxigênio, entre outros.<br />

O processo de fecundação, estruturação<br />

<strong>do</strong> zigoto e <strong>do</strong> blastócito<br />

acontece em uma das trompas de<br />

Falópio, estrutura biológica situada<br />

entre o ovário e o útero. O blastocisto<br />

presente na trompa possui<br />

células-tronco totipotentes, capazes<br />

de originar os 216 teci<strong>do</strong>s existentes<br />

no corpo humano, a placenta e<br />

os anexos embrionários. A implantação<br />

<strong>do</strong> blastocisto no útero, pelo<br />

conheci<strong>do</strong> mecanismo de nidação,<br />

transforma-o em embrião, propriamente<br />

dito, possui<strong>do</strong>r de células-<br />

-tronco embrionárias pluripotentes,<br />

as quais, por efeito das diferenciações<br />

ocorridas, podem ainda<br />

produzir os 216 teci<strong>do</strong>s humanos,<br />

exceto a placenta e os anexos<br />

embrionários. A utilização de tais<br />

células para fins de pesquisa científica,<br />

tanto as totipotentes quanto<br />

as pluripotentes, provoca morte <strong>do</strong><br />

embrião, daí ser considerada prática<br />

abortiva pelo Espiritismo.<br />

As leis da hereditariedade biológica<br />

são definidas durante a fecundação.<br />

Funcionam com admirável<br />

precisão, uma vez que estão<br />

submetidas aos critérios <strong>do</strong> automatismo<br />

biológico, firmemente estabeleci<strong>do</strong><br />

nas sucessivas passagens<br />

<strong>do</strong> princípio inteligente pelos reinos<br />

inferiores da Natureza. A reação<br />

em cadeia, iniciada na fecundação<br />

<strong>do</strong> óvulo e concretizada na<br />

formação de um novo corpo físico,<br />

é desencadeada pela ação mental<br />

<strong>do</strong> <strong>Espírito</strong> reencarnante, com<br />

auxílio específico da genitora e<br />

<strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s construtores.<br />

Esclarece André Luiz:<br />

[...] A modelagem fetal e o<br />

desenvolvimento <strong>do</strong> embrião<br />

obedecem a leis<br />

físicas naturais, qual<br />

ocorre na organização<br />

de formas em outros<br />

reinos da Natureza,<br />

mas, em to<strong>do</strong>s esses<br />

fenômenos, os ascendentes<br />

de coope-<br />

ração espiritual coexistem com<br />

as leis, de acor<strong>do</strong> com os planos<br />

de evolução ou resgate. 5<br />

As ligações espirituais <strong>do</strong>s filhos<br />

com os pais, entretanto, são<br />

de outra ordem, têm como base<br />

os princípios que envolvem a organização<br />

da parentela espiritual.<br />

Devemos considerar que todas<br />

essas informações refletem mecanismos<br />

biológicos e espirituais<br />

Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 185<br />

27


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:57 Page 28<br />

simples, ainda que revelem a beleza<br />

e a sabe<strong>do</strong>ria da criação divina.<br />

Trata-se de processos reencarnatórios<br />

comuns, corriqueiros, destina<strong>do</strong>s<br />

a <strong>Espírito</strong>s de mediana evolução,<br />

cujos detalhamentos estão<br />

exemplarmente ilustra<strong>do</strong>s na reencarnação<br />

de Segismun<strong>do</strong>, relatada<br />

na obra Missionários da Luz, de<br />

André Luiz, psicografia de Francisco<br />

Cândi<strong>do</strong> Xavier.<br />

Importa destacar, também, que<br />

o <strong>Espírito</strong> que já atingiu certo patamar<br />

evolutivo torna-se merece<strong>do</strong>r<br />

de benefícios espirituais avança<strong>do</strong>s,<br />

quan<strong>do</strong> <strong>do</strong> seu retorno ao<br />

plano físico. Não se trata de regalias,<br />

aleatoriamente concedidas,<br />

mas de méritos conquista<strong>do</strong>s pelo<br />

<strong>Espírito</strong> no seu esforço de ascensão.<br />

Dessa forma, as leis biológicas,<br />

em geral, e a herança genética,<br />

em especial, são maleáveis à ação<br />

de Entidades esclarecidas, que<br />

analisam cuida<strong>do</strong>samente os fins<br />

e os objetivos da reencarnação<br />

desses <strong>Espírito</strong>s. Eis o que André<br />

Luiz transmite a respeito da lei de<br />

hereditariedade fisiológica:<br />

– Funciona com inalienável <strong>do</strong>mínio<br />

sobre to<strong>do</strong>s os seres em<br />

evolução, mas sofre, naturalmente,<br />

a influência de to<strong>do</strong>s<br />

aqueles que alcançam qualidades<br />

superiores ao ambiente geral.<br />

Além <strong>do</strong> mais, quan<strong>do</strong> o interessa<strong>do</strong><br />

em experiências novas<br />

no plano da Crosta é merece<strong>do</strong>r<br />

de serviços “intercessórios”,<br />

as forças mais elevadas<br />

podem imprimir certas modificações<br />

à matéria, desde as atividades<br />

embriológicas, determi-<br />

28 186 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />

nan<strong>do</strong> alterações favoráveis ao<br />

trabalho de redenção. 6<br />

Nessas condições, “os <strong>Espírito</strong>s<br />

categoricamente superiores, quase<br />

sempre, em ligação sutil com a<br />

mente materna que lhes oferta<br />

guarida, podem plasmar por si<br />

mesmos e, não raro, com a colaboração<br />

de instrutores da Vida<br />

Maior, o corpo em que continuarão<br />

as futuras experiências, interferin<strong>do</strong><br />

nas essências cromossômicas,<br />

com vistas às tarefas que<br />

lhes cabem desempenhar”. 7<br />

Durante a gravidez, mãe e filho<br />

devem ser envolvi<strong>do</strong>s em clima de<br />

afeto e de segurança, pois os laços<br />

que prendem o reencarnante ao<br />

corpo “[...] são ainda muito fracos,<br />

facilmente se rompem e podem<br />

romper-se por vontade <strong>do</strong><br />

<strong>Espírito</strong>, se este recua diante da<br />

prova que escolheu.[...]”. 8 Neste<br />

senti<strong>do</strong>, a Casa Espírita pode, e deve,<br />

colaborar com os Orienta<strong>do</strong>res<br />

da Vida Maior, disponibilizan<strong>do</strong> à<br />

gestante e ao reencarnante assistência<br />

espiritual, como as benéficas<br />

vibrações da prece e <strong>do</strong> passe.<br />

Referências:<br />

1<br />

KARDEC, Allan. A gênese. Tradução de<br />

Guillon Ribeiro. 52. ed. Rio de Janeiro:<br />

FEB, 2007. Cap. XI, item 18, p. 245.<br />

2<br />

XAVIER, Francisco Cândi<strong>do</strong>. Missionários<br />

da luz. Pelo <strong>Espírito</strong> André Luiz. 43. ed.<br />

Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 13, p. 265.<br />

3<br />

KARDEC, Allan. O livro <strong>do</strong>s espíritos. Tradução<br />

de Guillon Ribeiro. 91. ed. Rio de<br />

Janeiro: FEB, 2007. Questão 344.<br />

4<br />

XAVIER, Francisco Cândi<strong>do</strong>. Op. cit. Cap.<br />

13, p. 270.<br />

5 Idem, Ibidem, p. 261.<br />

6 Idem, Ibidem, p. 204.<br />

7<br />

XAVIER, Francisco Cândi<strong>do</strong>; VIEIRA, Wal<strong>do</strong>.<br />

Evolução em <strong>do</strong>is mun<strong>do</strong>s. Pelo <strong>Espírito</strong><br />

André Luiz. 24. ed. Rio de Janeiro:<br />

FEB, 2006. Primeira parte, cap. 19, item<br />

Particularidades da reencarnação, p. 194.<br />

8<br />

KARDEC, Allan. Op. cit. Questão 345,<br />

p. 226.<br />

Se o preza<strong>do</strong> leitor possui livros publica<strong>do</strong>s pela FEB, de 1a a 5a edição, saiba que são valiosos para a organização de nossos registros<br />

bibliográficos.<br />

Doe seus exemplares à Federação e, em troca, lhe enviaremos<br />

edições atuais.<br />

Não deixe de informar seu CPF, se pessoa física, ou CNPJ, se pessoa<br />

jurídica, telefone ou e-mail, envian<strong>do</strong> o material para o seguinte<br />

endereço:<br />

Federação Espírita Brasileira<br />

Departamento Editorial<br />

Setor de Documentos Patrimoniais <strong>do</strong> Livro<br />

Rua Souza Valente no Ao leitor<br />

17 – São Cristóvão<br />

20941-040 – Rio de Janeiro (RJ) – Tel.: (21) 2187-8256<br />

E-mail: patrimonio<strong>do</strong>livro@febrasil.org.br


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:58 Page 29<br />

Últimas palavras<br />

direção da Academia Mineira<br />

de Letras, sediada<br />

em Belo Horizonte, teve a<br />

gentileza de enviar-me seu Informativo<br />

no A<br />

14, de março de 2007 e,<br />

entre outros registros, publicou a<br />

carta que a rainha Maria Antonieta<br />

endereçou a seus filhos, à<br />

época da Revolução Francesa.<br />

Esta carta, que está arquivada<br />

na Biblioteca François<br />

Mitterrand, em Paris, foi<br />

escrita pela própria esposa<br />

<strong>do</strong> rei Luís XVI<br />

e seus dizeres são os<br />

seguintes:<br />

Que meus filhos<br />

nunca se esqueçam<br />

das últimas<br />

palavras de seu pai,<br />

que eu repito expressamente:<br />

Nunca procurem<br />

vingar a nossa<br />

morte. Eu perdôo a to<strong>do</strong>s os<br />

meus inimigos o mal que me<br />

fizeram.<br />

Desde o início da Revolução<br />

Francesa – 1789 –, a qual irrompeu<br />

em 14 de julho, Maria Antonieta<br />

impelia seu mari<strong>do</strong> a uma<br />

resistência ao Movimento que se<br />

instalara, contra a monarquia, e<br />

Imagem retirada <strong>do</strong> site http://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Antonieta<br />

K LEBER H ALFELD<br />

que ficaria conheci<strong>do</strong> no mun<strong>do</strong><br />

inteiro. Por outro la<strong>do</strong>, Luís XVI<br />

seria acusa<strong>do</strong> pela Convenção<br />

Girondina de conspira<strong>do</strong>r contra<br />

a liberdade pública no país. Em<br />

conseqüência, foram ambos condena<strong>do</strong>s<br />

à morte na guilhotina.<br />

Rainha Maria Antonieta,<br />

esposa <strong>do</strong> rei Luís XVI<br />

Respeitável a exortação de<br />

Luís XVI a seus filhos, en<strong>do</strong>ssada<br />

por sua esposa.<br />

Condenam a vingança!<br />

Que recebe esta, de Ro<strong>do</strong>lfo<br />

Calligaris, em Páginas de Espiritismo<br />

Cristão, 1 uma apreciação:<br />

A vingança, qualquer que seja<br />

a forma de que se revista, revela<br />

baixeza e vilania, constituin<strong>do</strong>,<br />

sempre, prova de inferioridade<br />

moral de quem a exerce.<br />

Externam os monarcas perdão<br />

a quantos os condenaram!<br />

Que hoje o meigo <strong>Espírito</strong><br />

Meimei, na obra<br />

Pai Nosso, 2 define em<br />

singela quadra:<br />

“O perdão, em<br />

[qualquer tempo<br />

É sempre um traço<br />

[de luz,<br />

Conduzin<strong>do</strong> a nossa<br />

[vida<br />

À comunhão com Jesus”.<br />

<br />

Por muito tempo, a expressão<br />

de um paciente de hospital repercutiu<br />

no íntimo de um médico,<br />

sobretu<strong>do</strong> em decorrência das<br />

características em que foi pronunciada:<br />

Não desista!<br />

Foram estas as últimas palavras<br />

balbuciadas na cidade de Salt<br />

Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 187<br />

29


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:58 Page 30<br />

Lake City, Utah, Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s,<br />

pelo dentista Barney Clark, de 61<br />

anos – o primeiro homem a receber<br />

um coração de plástico –, ao<br />

médico Willem Kilff, chefe <strong>do</strong> Departamento<br />

de Órgãos Artificiais<br />

da Universidade de Utah.<br />

Qual a verdadeira razão da frase<br />

proferida em um quarto de hospital<br />

americano?<br />

Estimular o facultativo nas pesquisas<br />

que vinham sen<strong>do</strong> realizadas<br />

no difícil campo <strong>do</strong>s transplantes<br />

de órgãos artificiais?<br />

Reivindicar para si a atenção<br />

da Ciência a fim de sobrepor-se a<br />

um esta<strong>do</strong> crítico de <strong>do</strong>ença?<br />

Acredito que ambas as respostas<br />

possam ter sua justificativa, ou<br />

seja, se era para estimular o médico<br />

no trabalho em que estava empenha<strong>do</strong>,<br />

deixa transparecer o es-<br />

30 188 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />

tímulo sincero de um paciente ao<br />

pesquisa<strong>do</strong>r que lutava para a melhoria<br />

futura de outros enfermos.<br />

Se era para se ver livre de um mal<br />

que a Ciência ainda não havia resolvi<strong>do</strong>,<br />

na verdade é a demonstração<br />

de um enfermo que luta<br />

pela própria sobrevivência, que vê<br />

no corpo físico o “vaso” que deve<br />

receber a atenção justa, conforme<br />

alertam os instrutores espirituais.<br />

Qualquer que fosse o motivo,<br />

o fato é que a frase ficaria catalogada<br />

no Livro das Expressões Célebres<br />

da nação americana.<br />

<br />

Curiosas passagens foram recordadas<br />

pelo escritor e tribuno<br />

espírita – o queri<strong>do</strong> e sau<strong>do</strong>so<br />

companheiro de lutas <strong>do</strong>utrinárias,<br />

Newton Boechat, em sua<br />

obra O Espinho da Insatisfação,<br />

3 editada pela Federação<br />

Espírita Brasileira.<br />

No capítulo “<strong>Espírito</strong>s-rosas...<br />

<strong>Espírito</strong>s-<br />

-espinhos...”, evidencia<br />

o autor as marcantes<br />

figuras da rainha Elizabeth<br />

I, da Inglaterra,<br />

filha de Henrique VIII<br />

e Ana Bolena, e a de<br />

Pedro Richard, valoroso<br />

trabalha<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />

Espiritismo, no Rio de<br />

Janeiro.<br />

A leitura deste capítulo<br />

é suficiente para descortinar<br />

à nossa retina espiri-<br />

Pedro Richard: valoroso<br />

trabalha<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Espiritismo<br />

tual duas criaturas diametralmente<br />

opostas à concepção de<br />

vida e morte.<br />

Elizabeth I, sentin<strong>do</strong> as energias<br />

esvaírem-se, diante de um<br />

“além” desconheci<strong>do</strong>, e atormentada<br />

pela aparição da prima Maria<br />

Stuart – que mandara decapitar<br />

–, grita:<br />

“Meu reino por mais um minuto!...”<br />

Pedro Richard, com o peito<br />

arfan<strong>do</strong> <strong>do</strong>lorosamente e as pernas<br />

denuncian<strong>do</strong> grave inchação,<br />

ouvin<strong>do</strong> as conforta<strong>do</strong>ras<br />

palavras de Manuel Quintão – à<br />

época presidente da Federação<br />

Espírita Brasileira –, deixa escapar<br />

a expressão que a comunidade<br />

espírita anotaria com respeitosa<br />

emoção:<br />

“[...] Eu me vou... Sinto deixar-te<br />

e os nossos amigos bracejan<strong>do</strong><br />

nas trevas deste mun<strong>do</strong>...”<br />

Acreditan<strong>do</strong> supérfluo um comentário<br />

sobre estas duas exteriorizações,<br />

sigamos à frente focan<strong>do</strong><br />

o último relato deste trabalho.<br />

<br />

Humberto de Campos, um <strong>do</strong>s<br />

mais aprecia<strong>do</strong>s cronistas <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong> espiritual, em sua inconfundível<br />

obra Boa Nova, 4 no capítulo<br />

“Joana de Cusa”, recorda-nos<br />

esta comovente figura <strong>do</strong> Cristianismo<br />

nascente, detalhan<strong>do</strong>-nos<br />

sua vida em Cafarnaum e, de forma<br />

sumamente emocional, seus<br />

últimos momentos de vida terrena,<br />

emoldura<strong>do</strong>s por expressões<br />

de profunda espiritualidade.<br />

Na parte terceira <strong>do</strong> capítulo<br />

menciona<strong>do</strong>, coloca-nos o autor


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:58 Page 31<br />

Imagem retirada <strong>do</strong> site http://pt.wikipedia.org/wiki/Elizabeth_I_de_Inglaterra<br />

Rainha Elizabeth I. Quadro de 1588 comemorativo da vitória<br />

sobre a Armada Espanhola (vista ao fun<strong>do</strong>)<br />

no ano 68 da Era Cristã, quan<strong>do</strong><br />

se faziam mais intensas as perseguições<br />

aos adeptos de Jesus.<br />

Em um circo de cruéis espetáculos<br />

vamos identificar Joana de<br />

Cusa – que se entregara corajosamente<br />

ao trabalho nas fileiras<br />

cristãs, malgra<strong>do</strong> as investidas <strong>do</strong>s<br />

romanos obedientes às ordens de<br />

César – amarrada ao poste <strong>do</strong> martírio<br />

exatamente ao la<strong>do</strong> de seu<br />

filho, também aprisiona<strong>do</strong> pelo<br />

poder constituí<strong>do</strong> da época.<br />

Após falar sobre o angustiante<br />

apelo <strong>do</strong> filho, no senti<strong>do</strong> de que<br />

ela abjurasse a <strong>do</strong>utrina de Jesus,<br />

a fim de se livrarem <strong>do</strong> sacrifício<br />

que lhes era imposto, Joana de<br />

Cusa considera:<br />

[...] Jesus era puro e não desdenhou<br />

o sacrifício. Saibamos<br />

sofrer na hora <strong>do</strong>lorosa, por-<br />

que, acima de todas as felicidades<br />

transitórias <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>,<br />

é preciso ser fiel a Deus!<br />

E Humberto de Campos, enfeixan<strong>do</strong><br />

este comovente capítulo,<br />

continua:<br />

A esse tempo, com os aplausos<br />

delirantes <strong>do</strong> povo, os verdugos<br />

lhe incendiavam, em derre<strong>do</strong>r,<br />

achas de lenha embebidas<br />

em resina inflamável. Em<br />

poucos instantes, as labaredas<br />

lamberam-lhe o corpo envelheci<strong>do</strong>.<br />

Joana de Cusa contemplou<br />

com serenidade a<br />

massa de povo que lhe não entendia<br />

o sacrifício. Os gemi<strong>do</strong>s<br />

de <strong>do</strong>r lhe morriam abafa<strong>do</strong>s<br />

no peito opresso. Os algozes<br />

da mártir cercaram-lhe de impropérios<br />

a fogueira:<br />

– O teu Cristo soube apenas<br />

ensinar-te a morrer? – perguntou<br />

um <strong>do</strong>s verdugos.<br />

A velha discípula, concentran<strong>do</strong><br />

a sua capacidade de resistência,<br />

teve ainda forças para<br />

murmurar:<br />

– Não apenas a morrer, mas<br />

também a vos amar!...<br />

E termina Humberto de Campos:<br />

Nesse instante, sentiu que a mão<br />

consola<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Mestre lhe<br />

tocava suavemente os ombros,<br />

e lhe escutou a voz carinhosa e<br />

inesquecível:<br />

– Joana, tem bom ânimo!... Eu<br />

aqui estou!...<br />

<br />

Frases proferidas em momentos<br />

críticos da vida bem dimensionam<br />

o patamar de nossa evolução.<br />

Quão diferentes as reações das<br />

criaturas!<br />

Referências:<br />

1<br />

CALLIGARIS, Ro<strong>do</strong>lfo. Páginas de espiritismo<br />

cristão. 5. ed. Rio de Janeiro:<br />

FEB, 2001. Cap. 60.<br />

2<br />

XAVIER, Francisco Cândi<strong>do</strong>. Pai nosso.<br />

Pelo <strong>Espírito</strong> Meimei. 27. ed. Rio de Janeiro:<br />

FEB, 2006. “O Perdão” (verso), p. 79.<br />

3<br />

BOECHAT, Newton. O espinho da insatisfação.<br />

4. ed. Rio de Janeiro: FEB,<br />

2002. “<strong>Espírito</strong>s-rosas... <strong>Espírito</strong>s-espinhos...”,<br />

p. 103-104.<br />

4<br />

XAVIER, Francisco Cândi<strong>do</strong>. Boa nova.<br />

Pelo <strong>Espírito</strong> Humberto de Campos. 3.<br />

ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2007.<br />

“Joana de Cusa”, p. 127-128.<br />

Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 189<br />

31


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:58 Page 32<br />

Esperanto:<br />

idioma universalista<br />

Reproduzimos abaixo a<br />

profunda e sugestiva visão<br />

de Luiz Antônio Millecco<br />

(1932-2005) a respeito <strong>do</strong><br />

esperanto, em texto publica<strong>do</strong><br />

inicialmente no boletim<br />

SEI, n o 1009, de 1/8/87, e<br />

reimpresso, há 20 anos, em<br />

Reforma<strong>do</strong>r de março de<br />

1988.<br />

Millecco, que era cego de<br />

nascença, foi um <strong>do</strong>s funda<strong>do</strong>res<br />

da Sociedade Pró-Livro<br />

Espírita em Braille<br />

(SPLEB). Seus ideais eram<br />

universalistas por excelência:<br />

Música, Braille, Evangelho,<br />

Espiritismo, sen<strong>do</strong> também<br />

um entusiasta da Língua<br />

Internacional Neutra.<br />

Eis o texto <strong>do</strong> queri<strong>do</strong> e sau<strong>do</strong>so amigo, irmão<br />

e samideano, de quem guardamos as mais caras e<br />

gratas lembranças:<br />

“P<br />

oderá parecer estranho o título deste<br />

artigo, por não se referir ao Esperanto<br />

como um idioma internacional, ou<br />

universal, mas sim universalista.<br />

Convém que nos entendamos, antes de mais na-<br />

32 190 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />

A FEB e o Esperanto<br />

LUIZ A NTÔNIO M ILLECCO<br />

Luiz Antônio Millecco foi um <strong>do</strong>s funda<strong>do</strong>res<br />

da Sociedade Pró-Livro Espírita em Braille (SPLEB)<br />

da, sobre as palavras universo<br />

e universalismo, a fim<br />

de verificarmos qual a sua<br />

relação com o Esperanto.<br />

Universo = um em diversos.<br />

Depreende-se daí que<br />

universalismo seria uma concepção<br />

na qual se coordenariam<br />

todas as diversas correntes<br />

de pensamento numa<br />

única síntese. Esta é, aliás,<br />

a aspiração filosófica de to<strong>do</strong>s<br />

os inquietos pela Verdade,<br />

desde fins <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong><br />

[século XIX].<br />

Ora, que é o Esperanto?<br />

Assim como o universalismo<br />

não substitui, antes<br />

coordena e fecunda todas as<br />

idéias verdadeiras existentes<br />

no mun<strong>do</strong>, também o Esperanto não pretende<br />

substituir nenhum <strong>do</strong>s idiomas nacionais, mas se<br />

coloca como um idioma auxiliar, a fim de que todas<br />

as pessoas se entendam.<br />

Assim como o universalismo conteria elementos<br />

<strong>do</strong> que haja de belo, verdadeiro e legítimo nas<br />

mais variadas concepções, também no Esperanto<br />

existe a presença, se não de todas, pelo menos das<br />

principais línguas.


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:59 Page 33<br />

Por que o Esperanto?<br />

Há, atualmente, quem afirme<br />

ser o inglês o verdadeiro idioma<br />

universal. Na realidade<br />

não se pode fugir ao fato de<br />

que este idioma se impõe<br />

por uma série de razões.<br />

No entanto, não possui<br />

ele a característica de<br />

uma língua realmente<br />

universal. Sem discutirmos<br />

seu mérito, não podemos<br />

deixar de ver o<br />

idioma inglês ou qualquer<br />

outro como presença de uma<br />

determinada cultura. Querermos<br />

impor como universal o inglês,<br />

o francês ou o espanhol seria sobrepormos<br />

a cultura anglo-saxônica ou a latina às demais.<br />

É exatamente o que ocorre com o Esperanto. O gênio<br />

de Zamenhof, ou sua mediunidade, ou ambos,<br />

fizeram-no perceber que tu<strong>do</strong> que é universal deve<br />

coordenar, harmonizar e não separar.<br />

O Esperanto assemelha-se a uma espécie de sinfonia,<br />

à moda Beethoven. Conforme se sabe, este<br />

genial compositor sabia aproveitar as dissonâncias<br />

compon<strong>do</strong> com elas vastos e profun<strong>do</strong>s acordes em<br />

que a harmonia se impunha impecável.<br />

Quem se aproxima <strong>do</strong> Esperanto<br />

percebe nele exatamente<br />

as mesmas características.<br />

Ele toma a to<strong>do</strong>s os idiomas<br />

o que há neles de váli<strong>do</strong><br />

e os reúne para<br />

compor o campo neutro<br />

em que se encontram<br />

as mais variadas e<br />

aparentemente distantes<br />

civilizações.<br />

Se observarmos o que se<br />

passa no mun<strong>do</strong>, em nossos<br />

dias, perceberemos que mais e<br />

mais se extinguem os “departamentos<br />

estanques”. Ciência, filosofia,<br />

religião e tecnologia cada vez mais se<br />

aproximam. Tu<strong>do</strong> está a indicar uma síntese final, pelo<br />

menos quanto a este ciclo, <strong>do</strong>s conhecimentos humanos<br />

e das tendências da Humanidade. Justo neste<br />

contexto é que surge o Esperanto. Seu título, cuja significação<br />

é esperança, diz bem da sua missão. Que<br />

possamos parar e refletir sobre isto. E entendermos,<br />

afinal, a mensagem de Zamenhof e, completemos,<br />

com ela, o maravilhoso painel que se desenha na<br />

história <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> Terceiro Milênio”.<br />

Trova Trobo<br />

Não sofras se tua fé<br />

Trabalha quase sozinha.<br />

Nasce a floresta gigante<br />

Da semente miudinha.<br />

Ne suferu, laborante<br />

En soleco por la bono.<br />

De semeto tre malgranda<br />

Venas l’arbara impono.<br />

Chiquito de Morais (<strong>Espírito</strong>)<br />

Fonte: XAVIER, Francisco C. Trovas <strong>do</strong> outro mun<strong>do</strong>. Trova<strong>do</strong>res Diversos. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.<br />

Cap. 45, “Retalhos da verdade”, p. 104.<br />

Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 191<br />

33


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:59 Page 34<br />

OApóstolo <strong>do</strong>s gentios<br />

nunca perdeu o ensejo<br />

de exaltar as virtudes<br />

cristãs nas inúmeras cartas que<br />

dirigiu às comunidades <strong>do</strong> Cristianismo<br />

nascente.<br />

Recordan<strong>do</strong>-se, talvez, das lições<br />

recebidas de sua noiva espiritual,<br />

Abigail, sempre manteve o<br />

firme propósito de debelar o pessimismo<br />

e o desânimo, conservan<strong>do</strong><br />

e semean<strong>do</strong> a esperança, mesmo<br />

no curso de <strong>do</strong>lorosas provações.<br />

Em meio a açoites, calúnias,<br />

perseguições, naufrágios, prisões e<br />

padecimentos físicos, o Apóstolo<br />

sempre encontrava a palavra de<br />

bom ânimo.<br />

As inspiradas exortações de<br />

Paulo se tornaram célebres:<br />

34 192 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />

Cristianismo Redivivo<br />

Esperança<br />

“[...] Que providências a<strong>do</strong>tar contra o desânimo destrui<strong>do</strong>r?<br />

– Espera! – disse ela [Abigail] ainda, num gesto de terna solicitude, como quem<br />

desejava esclarecer que a alma deve estar pronta a atender ao programa<br />

divino, em qualquer circunstância, extreme de caprichos pessoais.<br />

Ouvin<strong>do</strong>-a, Saulo considerou que a esperança fora sempre a companheira<br />

<strong>do</strong>s seus dias mais ásperos. Saberia aguardar o porvir com as bênçãos<br />

<strong>do</strong> Altíssimo. [...]” 1<br />

1 XAVIER, Francisco Cândi<strong>do</strong>. Paulo e<br />

Estêvão. Pelo <strong>Espírito</strong> Emmanuel. 44. ed.<br />

Rio de Janeiro: FEB, 2007. Segunda Parte,<br />

cap. III, p. 381-382.<br />

H AROLDO D UTRA D IAS<br />

[...] permaneçamos sóbrios,<br />

revesti<strong>do</strong>s com a couraça da fé<br />

e <strong>do</strong> amor, e com o capacete da<br />

esperança. 2<br />

O que se escreveu então foi para<br />

a nossa instrução, para que<br />

pela paciência e consolação da<br />

Escritura tenhamos esperança. 3<br />

Agora, pois, permanecem a fé,<br />

a esperança, e a caridade. [...] 4<br />

A palavra portuguesa “esperança”,<br />

encontrada nessas passagens,<br />

é uma tradução <strong>do</strong> vocá-<br />

2<br />

Bíblia <strong>do</strong> peregrino. São Paulo: PAULUS,<br />

2002. I Tessalonicenses, 5:8, p. 2841.<br />

3<br />

Bíblia <strong>do</strong> peregrino. São Paulo: PAULUS,<br />

2002. Romanos, 15:4, p. 2732.<br />

4<br />

Bíblia sagrada. Revista e Atualizada. Traduzida<br />

por João Ferreira de Almeida. 2.<br />

ed. São Paulo: Sociedade Bíblica <strong>do</strong> Brasil,<br />

1993. I Coríntios, 13:13, p. 1232.<br />

bulo grego elpis (esperança, expectativa),<br />

substantivo deriva<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> verbo elpidzo (esperar, ter esperança,<br />

prever). Não é difícil<br />

perceber que a esperança é luz<br />

espiritual que “[...] vem de cima,<br />

à maneira <strong>do</strong> Sol que ilumina<br />

<strong>do</strong> alto e alimenta as sementeiras<br />

novas, desperta propósitos<br />

diferentes, cria modificações<br />

redentoras e descerra visões<br />

mais altas”. 5<br />

É, no mínimo, curiosa a metáfora<br />

utilizada por Paulo de Tarso,<br />

quan<strong>do</strong> compara a esperança<br />

a um capacete, ao la<strong>do</strong> da fé e <strong>do</strong><br />

amor no papel de couraça, já que<br />

esta indumentária é típica de um<br />

guerreiro.<br />

Consoante o ensino de Emmanuel:<br />

5 XAVIER, Francisco Cândi<strong>do</strong>. Vinha de<br />

luz. Pelo <strong>Espírito</strong> Emmanuel. 17. ed. Rio<br />

de Janeiro: FEB, <strong>2008</strong>. Cap. 75, p. 173-174.


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:59 Page 35<br />

O capacete é a defesa da cabeça<br />

em que a vida situa a sede<br />

de manifestação <strong>do</strong> pensamento<br />

e Paulo não podia<br />

lembrar outro símbolo<br />

mais adequa<strong>do</strong> à<br />

vestidura <strong>do</strong> cérebro<br />

cristão, além <strong>do</strong> capacete<br />

da esperança na<br />

salvação.<br />

Se o sentimento, muitas<br />

vezes, está sujeito<br />

aos ataques da cólera<br />

violenta, o raciocínio,<br />

em muitas ocasiões, sofre<br />

o assédio <strong>do</strong> desânimo, à<br />

frente da luta pela vitória <strong>do</strong><br />

bem, que não pode esmorecer<br />

em tempo algum.<br />

Raios anestesiantes são desfecha<strong>do</strong>s<br />

sobre o ânimo <strong>do</strong>s aprendizes<br />

por todas as forças contrárias<br />

ao Evangelho salva<strong>do</strong>r.<br />

....................................................<br />

Por isso mesmo, talvez, o apóstolo<br />

não se refere à touca protetora.<br />

Chapéu, quase sempre, indica<br />

passeio, descanso, lazer, quan<strong>do</strong><br />

não defina convenção no traje<br />

exterior, de acor<strong>do</strong> com a moda<br />

estabelecida.<br />

Capacete, porém, é indumentária<br />

de luta, esforço, defensiva.<br />

E o discípulo de Jesus é um<br />

combatente efetivo contra o<br />

mal, que não dispõe de muito<br />

tempo para cogitar de si mesmo,<br />

nem pode exigir demasia<strong>do</strong><br />

repouso, quan<strong>do</strong> sabe que o<br />

próprio Mestre permanece em<br />

trabalho ativo e edificante. 6<br />

Imagem retirada <strong>do</strong> site http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_de_Tarso<br />

6 XAVIER, Francisco Cândi<strong>do</strong>. Fonte viva.<br />

Paulo de Tarso,<br />

o Apóstolo <strong>do</strong>s gentios<br />

Allan Kardec, com extrema<br />

sensibilidade, ao organizar os capítulos<br />

<strong>do</strong> livro O Evangelho segun<strong>do</strong><br />

o Espiritismo, selecionou<br />

belíssima comunicação de “Um<br />

<strong>Espírito</strong> amigo”, que assevera:<br />

A vida é difícil, bem o sei.<br />

Compõe-se de mil nadas, que<br />

são outras tantas picadas de<br />

alfinetes, mas que acabam por<br />

ferir. Se, porém, atentarmos<br />

nos deveres que nos são impostos,<br />

nas consolações e compensações<br />

que, por outro la<strong>do</strong>,<br />

recebemos, havemos de reconhecer<br />

que são as bênçãos<br />

muito mais numerosas <strong>do</strong> que<br />

Pelo <strong>Espírito</strong> Emmanuel. 36. ed. Rio de<br />

Janeiro: FEB, 2007. Cap. 94, p. 243-245.<br />

as <strong>do</strong>res. O far<strong>do</strong> parece bem<br />

menos pesa<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> se olha<br />

para o alto, <strong>do</strong> que quan<strong>do</strong> se<br />

curva para a terra a fronte.<br />

Coragem, amigos! Tendes<br />

no Cristo o vosso modelo.<br />

[...] 7<br />

Para bem compreendermos<br />

as virtudes <strong>do</strong><br />

Cristo, necessitamos estudá-lo<br />

nos momentos<br />

de adversidade. Já foi dito<br />

alhures que ninguém passa<br />

pela última prova <strong>do</strong> seu<br />

caráter enquanto não sofre.<br />

A vinda <strong>do</strong> Mestre ao Orbe<br />

se deu em época de recenseamento,<br />

obrigan<strong>do</strong> seus pais a<br />

longo deslocamento, não obstante<br />

a gravidez adiantada de Maria.<br />

Não havia lugar para Ele. Sua<br />

única estalagem foi a manje<strong>do</strong>ura<br />

humilde. Tão logo é anuncia<strong>do</strong><br />

seu nascimento, o rei Herodes<br />

determina sua morte. Conserva-<br />

-se na casa simples de Nazaré, por<br />

longo tempo, em trabalho ativo<br />

na carpintaria <strong>do</strong> pai.<br />

Inicia seu ministério na Galiléia,<br />

região rural, repleta de homens<br />

simples e rústicos, pesca<strong>do</strong>res<br />

e lavra<strong>do</strong>res, gente humilde<br />

e sofrida, calejada pelo tempo<br />

e pelo trabalho árduo.<br />

Não há <strong>maio</strong>r teste à paciência<br />

de um artista <strong>do</strong> que ser obriga<strong>do</strong><br />

a utilizar instrumentos demasiadamente<br />

grosseiros à expressão<br />

<strong>do</strong> seu ideal, incompatíveis com o<br />

7 KARDEC, Allan. O evangelho segun<strong>do</strong> o<br />

espiritismo. 127. ed. Rio de Janeiro: FEB,<br />

2007. Cap. IX, item 7, p. 180-181.<br />

Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 193<br />

35


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:59 Page 36<br />

seu talento e apuro. No entanto,<br />

na edificação <strong>do</strong> Reino Divino, os<br />

ignorantes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, os fracos,<br />

os sofre<strong>do</strong>res, os desalenta<strong>do</strong>s, os<br />

<strong>do</strong>entes e os peca<strong>do</strong>res seriam, nas<br />

mãos <strong>do</strong> Embaixa<strong>do</strong>r Celeste, material<br />

de base, semelhante a formoso<br />

mármore, destina<strong>do</strong> à eterna<br />

e sublime construção.<br />

Seus companheiros de ideal,<br />

apóstolos e discípulos, mal conseguem<br />

entender a grandeza da<br />

sua missão, perden<strong>do</strong>-se em querelas<br />

sobre qual deles seria o <strong>maio</strong>r,<br />

entregan<strong>do</strong>-se ao fermento da<br />

discórdia e da traição, como no<br />

caso de Judas, aban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong> o<br />

Mestre no momento mais áspero<br />

<strong>do</strong> testemunho.<br />

Nos derradeiros instantes da<br />

sua missão divina, despede-se <strong>do</strong><br />

36 194 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />

mun<strong>do</strong> em meio a zombarias,<br />

acusações, ingratidão <strong>do</strong>s beneficiários,<br />

aban<strong>do</strong>no <strong>do</strong>s amigos e<br />

segui<strong>do</strong>res, açoites e martírios.<br />

Suas últimas palavras, no entanto,<br />

são filhas <strong>do</strong> perdão incondicional<br />

e da inabalável esperança<br />

na vitória final <strong>do</strong> bem.<br />

Toda a vida <strong>do</strong> Mestre é um<br />

cântico de esperança, a despeito<br />

das dificuldades enfrentadas.<br />

Nesse ponto, confirman<strong>do</strong> o<br />

otimismo e a esperança <strong>do</strong> Cristo,<br />

Humberto de Campos nos<br />

brinda, reproduzin<strong>do</strong> a exortação<br />

de Jesus ao discípulo Bartolomeu,<br />

conheci<strong>do</strong> pelo seu temperamento<br />

grave e sensível, porém,<br />

profundamente triste:<br />

– A nossa <strong>do</strong>utrina, entretanto,<br />

é a <strong>do</strong> Evangelho ou da<br />

Boa Nova e já viste, Bartolomeu,<br />

uma boa notícia não<br />

produzir alegria? Fazes bem,<br />

conservan<strong>do</strong> a tua esperança<br />

em face <strong>do</strong>s novos ensinamentos;<br />

mas, não quero senão<br />

acender o bom ânimo<br />

no espírito <strong>do</strong>s meus discípulos.<br />

Se já tive ocasião<br />

de ensinar que o meu Reino<br />

ainda não é deste mun-<br />

Alegria, coragem e<br />

esperança devem<br />

ser constantes a<br />

cada dia<br />

<strong>do</strong>, isso não quer dizer que eu<br />

desdenhe o trabalho de estendê-lo,<br />

um dia, aos corações<br />

que mourejam na Terra. Achas,<br />

então, que eu teria vin<strong>do</strong> a este<br />

mun<strong>do</strong>, sem essa certeza<br />

conforta<strong>do</strong>ra? [...]<br />

....................................................<br />

– A vida terrestre é uma estrada<br />

pedregosa, que conduz aos<br />

braços amorosos de Deus. O<br />

trabalho é a marcha. A luta comum<br />

é a caminhada de cada<br />

dia. Os instantes deliciosos da<br />

manhã e as horas noturnas de serenidade<br />

são os pontos de repouso;<br />

mas, ouve-me bem: na<br />

atividade ou no descanso físico,<br />

a oportunidade de uma hora,<br />

de uma leve ação, de uma<br />

palavra humilde, é o convite<br />

de nosso Pai para que semeemos<br />

as suas bênçãos sacrossantas.<br />

[...]<br />

....................................................<br />

[...] O Evangelho não poderia<br />

reclamar esta<strong>do</strong>s especiais de<br />

seus discípulos; porém, é preciso<br />

considerar que a alegria, a<br />

coragem e a esperança devem<br />

ser traços constantes de suas<br />

atividades em cada dia. Por que<br />

nos firmarmos no pesadelo de<br />

uma hora, se conhecemos a realidade<br />

gloriosa da eternidade<br />

com o nosso Pai? 8<br />

Agora, portanto, permaneça a<br />

esperança em nossos corações.<br />

8 XAVIER, Francisco Cândi<strong>do</strong>. Boa nova.<br />

Pelo <strong>Espírito</strong> Humberto de Campos. 3.<br />

ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2007.<br />

Cap. 8, p. 66-68.


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:59 Page 37<br />

Assistência e<br />

Promoção Social<br />

à luz <strong>do</strong> Evangelho<br />

“São chega<strong>do</strong>s os tempos em que todas as coisas hão de ser restabelecidas<br />

no seu verdadeiro senti<strong>do</strong>.” – O <strong>Espírito</strong> de Verdade 1<br />

Pobres e <strong>do</strong>entes sempre foram<br />

ignora<strong>do</strong>s e até toma<strong>do</strong>s<br />

como endemoninha<strong>do</strong>s.<br />

Com o Espiritismo, eles tiveram<br />

cidadania, e ajudá-los passou<br />

a ser um trabalho sociológico e<br />

ético basea<strong>do</strong> no Evangelho. As<br />

WASHINGTON LUIZ F ERNANDES<br />

A mensagem de Jesus envolveu-se ao longo <strong>do</strong>s milênios em circunstâncias<br />

temporais que tiraram a pureza inicial <strong>do</strong> seu significa<strong>do</strong>. Jesus não<br />

criou nenhuma religião, apenas ensinou a Lei de Amor – humildade, perdão,<br />

indulgência e benevolência. Mas hierarquia, ritualística, cerimonial e<br />

<strong>do</strong>gmas foram introduzi<strong>do</strong>s pelas religiões que se fundaram em seu nome.<br />

Veio uma Doutrina que restabeleceu a verdade.<br />

Os espíritas começaram a<br />

auxiliar os necessita<strong>do</strong>s<br />

1 KARDEC, Allan. O evangelho segun<strong>do</strong> o<br />

espiritismo. 127. ed. Rio de Janeiro: 2007.<br />

“Prefácio”.<br />

desigualdades sociais são uma<br />

realidade, pois poucos detêm<br />

muito e muitos detêm pouco ou<br />

nada possuem. Inspira<strong>do</strong>s e motiva<strong>do</strong>s<br />

no Evangelho, os espíritas<br />

começaram a assistir aos necessita<strong>do</strong>s.<br />

Isso se constata na denominação<br />

<strong>do</strong>s primeiros centros espíritas<br />

no Brasil. Pesquisan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s<br />

os jornais espíritas brasileiros <strong>do</strong><br />

século XIX, anotamos mais de<br />

trezentos nomes de centros espíritas<br />

funda<strong>do</strong>s. Poucos deles usaram<br />

nomes de pessoas conhecidas<br />

(Jesus, Allan Kardec, São Francisco<br />

de Assis, entre outros) ou de<br />

suas próprias cidades. Praticamente<br />

os demais retrataram no<br />

nome um sentimento ou aspiração<br />

cristã, utilizan<strong>do</strong> palavras como<br />

Caridade, Fraternidade, Luz,<br />

União, Beneficente, Esperança,<br />

Amor etc. É um indicativo e prova<br />

da motivação cristã <strong>do</strong>s primeiros<br />

trabalha<strong>do</strong>res espíritas.<br />

Foi no Brasil que o trabalho mais<br />

cresceu. 2<br />

2 Um nome que não pode ser omiti<strong>do</strong> é o<br />

de Manoel José da Costa e Cunha (1852-<br />

-?), um senhor português que foi pioneiro<br />

<strong>do</strong> Espiritismo no Paraná e criou a<br />

Assistência aos Necessita<strong>do</strong>s, no Centro<br />

Espírita de Curitiba, que aju<strong>do</strong>u a fundar,<br />

ainda no século XIX.<br />

Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 195<br />

37


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:59 Page 38<br />

Importantes instituições<br />

fundadas no primeiro século<br />

<strong>do</strong> Espiritismo (1857-1957)<br />

Consultan<strong>do</strong> os volumes da<br />

Revista Espírita, ao tempo<br />

de Allan Kardec, e a história<br />

<strong>do</strong> Movimento Espírita até<br />

1957, encontramos as primeiras<br />

iniciativas espíritas de assistência<br />

social, como filosofia de trabalho.<br />

1. Inicialmente houve as chamadas<br />

subscrições (em Paris), que traduzem<br />

um compromisso de contribuição<br />

com certa quantia para<br />

uma obra meritória, pessoas em<br />

necessidade, um evento, ou mesmo<br />

uma homenagem. Citações que<br />

merecem registro: em 1860, subscrição<br />

aos cristãos vítimas na Síria,<br />

por princípio de caridade, proposta<br />

de subscrição pelo Sr. Dacol; em<br />

fevereiro de 1862, subscrição em favor<br />

<strong>do</strong>s operários lioneses;<br />

em fevereiro de<br />

1863, subscrição ruanesa<br />

em favor <strong>do</strong>s<br />

residentes na cidade<br />

38 196 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />

Joseph Gabriel<br />

Prevost<br />

de Ruan, França; em dezembro de<br />

1864, subscrição em favor <strong>do</strong>s incendia<strong>do</strong>s<br />

de Limoges; em dezembro<br />

de 1865, subscrição em favor<br />

<strong>do</strong>s pobres de Lyon 3 e das vítimas<br />

<strong>do</strong> cólera; em novembro de 1866,<br />

subscrição em favor <strong>do</strong>s inunda<strong>do</strong>s.<br />

São os primeiros anseios espíritas<br />

de servir ao necessita<strong>do</strong>, com<br />

base no Evangelho. Merecem registro<br />

outras iniciativas.<br />

2. Em 19/7/1863 foi fundada a<br />

Casa de Retiro de Cempuis (ou<br />

Orfanato Prevost), voltada aos órfãos,<br />

perto de Grandvilliers, Departamento<br />

<strong>do</strong> Oise, pelo Sr. Prevost,<br />

cujo nome era Joseph Gabriel<br />

Prevost (1793-1875), rico comerciante<br />

e velho fourierista. Prevost<br />

foi membro da Sociedade Parisiense<br />

de Estu<strong>do</strong>s Espíritas (SPEE) e<br />

cita<strong>do</strong> elogiosamente por Allan<br />

Kardec na Revista Espírita de outubro<br />

de 1863; foi condecora<strong>do</strong><br />

pela prefeitura de Cempuis, e pode<br />

ser considera<strong>do</strong> um precursor<br />

<strong>do</strong> trabalho assistencial espírita,<br />

pelo seu mérito de nobreza à causa<br />

da Humanidade sofre<strong>do</strong>ra; deixou<br />

grande área rural em testamento,<br />

sob compromisso de ser<br />

utilizada no prosseguimento <strong>do</strong><br />

3<br />

Lyon chegou a possuir uma creche espírita<br />

fundada em 1903.<br />

trabalho social e educacional. Foi<br />

sucedi<strong>do</strong> pelo anarquista francês<br />

Paul Robin (1837-1912).<br />

3. No 2 o Congresso Espírita Internacional,<br />

realiza<strong>do</strong> em Paris,<br />

em 1889, um <strong>do</strong>s temas foi a assistência<br />

social.<br />

4. No Brasil, no século XIX, o<br />

fato de destaque foi a criação da<br />

Assistência aos Necessita<strong>do</strong>s iniciada<br />

pelo engenheiro Poli<strong>do</strong>ro Olavo<br />

de São Thiago (1852-1916) e inspira<strong>do</strong><br />

posteriormente pela Federação<br />

Espírita Brasileira. Este trabalho<br />

inspirou outras instituições<br />

espíritas que começavam a se criar<br />

no Brasil.<br />

Poli<strong>do</strong>ro Olavo de São Thiago<br />

5. Em Santos, o médium Benedito<br />

José de Souza Jr. (1854-1934),<br />

em 1895, criou também uma Associação<br />

de Auxílio aos Necessita<strong>do</strong>s,<br />

da Sociedade Espírita Anjo<br />

da Guarda, fundada em 1883.<br />

6. Muito interessante registrar<br />

as iniciativas educacionais <strong>do</strong>s es-


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 15:00 Page 39<br />

Benedito José de Souza Jr.<br />

píritas: o médium americano Andrew<br />

Jackson Davies (1826-1910),<br />

que fun<strong>do</strong>u em Nova York o Spiritual<br />

Lyceum (Liceu Espiritual) ou<br />

Sunday School in Spiritual Churches<br />

(Escola Dominical das Igrejas<br />

Espiritualistas), em 25/1/1865, revelan<strong>do</strong><br />

a aspiração de instruir as<br />

almas acerca da Espiritualidade;<br />

na mesma linha educacional estiveram<br />

Antônio Ugarte (1852-<br />

-1918) e a esposa Rosa Ugarte, em<br />

Buenos Aires, Argentina, que fundaram<br />

a Escola Espiritista de Argentina,<br />

na década de 1880; o educa<strong>do</strong>r<br />

espírita Eurípedes Barsanulfo<br />

(1880-1918), em Sacramento<br />

(MG), que fun<strong>do</strong>u o Colégio<br />

Allan Kardec, em 1907, a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong><br />

uma pedagogia avançada para a<br />

época, acompanhan<strong>do</strong> os alunos<br />

em observações pessoais na Natureza<br />

e despertan<strong>do</strong> neles a busca<br />

<strong>do</strong> conhecimento a partir deles<br />

mesmos; destaque-se, também, a<br />

educa<strong>do</strong>ra espírita Anália Franco<br />

(1856-1919), que criou cerca de<br />

setenta instituições (escolas, asilos,<br />

abrigos, creches e escolas maternais),<br />

em várias cidades de São<br />

Paulo e Minas Gerais, destinadas<br />

a órfãos e meninas.<br />

7. Importante destacar o Hospital<br />

Espírita de Porto Alegre, hoje<br />

com mais de 16.000m 2 .Concebi<strong>do</strong><br />

em 1912, sob coordenação<br />

de Oscar Pithan (1879-1942),<br />

aclama<strong>do</strong> seu Presidente de Honra,<br />

e <strong>do</strong> Instituto Dias da Cruz. As<br />

principais sociedades espíritas<br />

gaúchas contaram com a sua<br />

colaboração. Em 1949, ele fun<strong>do</strong>u<br />

o Abrigo Oscar Pithan, o qual<br />

ainda presta excelente trabalho<br />

na cidade de Santa Maria (RS).<br />

Por to<strong>do</strong>s os lugares onde an<strong>do</strong>u,<br />

Oscar Pithan deixou um rastro<br />

luminoso, como verdadeiro<br />

discípulo <strong>do</strong> Cristo.<br />

8. Merece referência<br />

a Sinagoga Espírita<br />

Nova Jerusalém,<br />

em São<br />

Paulo, fundada<br />

em 1916 pelo português<br />

Antônio<br />

Trindade (1882-<br />

-1962). Em 1921,<br />

na Rua Casemiro<br />

de Abreu<br />

80/82, ele inaugurou<br />

a Cozinha <strong>do</strong>s<br />

Pobres, a qual passou<br />

a fornecer cerca<br />

de quinhentas refeições diárias,<br />

sen<strong>do</strong> também pioneira na distribuição<br />

de alimentos (hoje chamadas<br />

cestas básicas) às famílias necessitadas,<br />

bem como roupas e<br />

brinque<strong>do</strong>s para as crianças.<br />

Oscar Pithan<br />

9. Com a fundação da Federação<br />

Espírita <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo,<br />

em 1936, no ano seguinte foi<br />

cria<strong>do</strong> o Departamento Damas da<br />

Caridade, nomeada a Sra. Elisa<br />

Andreucci (1901-1981) para prestar<br />

assistência à infância desfavorecida;<br />

depois veio a Sra. Nair Ambra<br />

Ferreira (1906-1997), médium, ao<br />

la<strong>do</strong> da Sra. Maria Augusta Puhlmann<br />

(1900-1982). Em 1948, estas<br />

duas senhoras criaram a admirável<br />

Instituição Beneficente Nosso Lar,<br />

na Aclimação, que trabalha com<br />

crianças especiais, 4 hoje dirigida<br />

pelas duas filhas destas grandes<br />

trabalha<strong>do</strong>ras, as Sras. Nancy Puhlmann<br />

Di Girolamo e Maria Rita<br />

Ambra Ferreira. Este Departamento<br />

Social tornou-se a Casa Transitória<br />

Fabiano de Cristo, a <strong>maio</strong>r<br />

instituição social-espírita<br />

da Capital de<br />

São Paulo, que<br />

atende a milhares<br />

de necessita<strong>do</strong>s,<br />

através de escolas,<br />

oficinas, departamentomédico<br />

e o<strong>do</strong>ntológico,<br />

orientação jurídica,<br />

distribuição<br />

de alimentos, roupas<br />

etc. Desde 1953<br />

ela aparece mencionada<br />

nos livros de<br />

Atas da Diretoria da<br />

FEESP. Seu <strong>maio</strong>r<br />

entusiasta foi José Gonçalves Pereira<br />

(1906-1989), um paulista com<br />

4 Especiais – termo preferi<strong>do</strong> para designar<br />

pessoas porta<strong>do</strong>ras de algum tipo de deficiência.<br />

Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 197<br />

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eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 15:00 Page 40<br />

experiência industrial, nomea<strong>do</strong>,<br />

em 1952, Diretor <strong>do</strong> Departamento<br />

de Assistência Social da FEESP.<br />

Ele quis um espaço próprio, uma<br />

Casa Transitória. Recebeu mensagens<br />

espirituais de orientação<br />

através <strong>do</strong> médium Chico Xavier<br />

(1910-2002). Em 1957 foram apresentadas<br />

as primeiras plantas e o<br />

Departamento Social autorizou a<br />

obtenção de fun<strong>do</strong>s para edificá-<br />

-la. Em 10/7/1957 o Presidente da<br />

FEESP trabalhava junto à Prefeitura<br />

e ao Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> para<br />

conseguir um terreno em comodato.<br />

O trabalho social cresceu e, em<br />

1957/1958, quase cem mil pessoas<br />

foram assistidas, com alimentos,<br />

roupas, enxovais, agasalhos e berços.<br />

Em 1958 foi encontra<strong>do</strong> o<br />

terreno e o Esta<strong>do</strong> cedeu-o em comodato,<br />

inician<strong>do</strong>-se a construção<br />

<strong>do</strong>s primeiros pavilhões, inaugura<strong>do</strong>s<br />

oficialmente em 1960.<br />

10. A Mansão <strong>do</strong> Caminho,<br />

em Salva<strong>do</strong>r (BA), fundada, em<br />

1952, pelo médium Dival<strong>do</strong> Pereira<br />

Franco (1927-), começou<br />

ainda em 1947, amparan<strong>do</strong> crianças<br />

carentes e órfãs, sob o regime<br />

pioneiro <strong>do</strong>s Lares Substitutos,<br />

de mo<strong>do</strong> gratuito e voluntário.<br />

Dival<strong>do</strong> tem cerca de 600<br />

filhos a<strong>do</strong>tivos e mais de 200 netos.<br />

Com o tempo começaram dezenas<br />

de cursos e oficinas profissionalizantes<br />

e hoje possui regime<br />

de semi-internato, em 83.000m 2 ,<br />

atenden<strong>do</strong>, em 2007, a 3.500<br />

crianças e jovens, gratuitamente,<br />

to<strong>do</strong>s os dias; ganhou muitos<br />

prêmios nacionais e internacionais.<br />

40 198 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />

11. O Lar Fabiano de Cristo é<br />

uma obra social de grande porte,<br />

criada e dirigida por espíritas. Assinaram<br />

a ata de sua fundação, em 8<br />

de janeiro de 1958, entre outros, os<br />

escritores Carlos Torres Pastorino,<br />

Jorge Andréa e José Hermógenes, o<br />

cel. Jaime Rolemberg de Lima e os<br />

médiuns Dival<strong>do</strong> Franco e Chico<br />

Xavier, através <strong>do</strong>s quais, mais tarde,<br />

a Espiritualidade, especialmente<br />

o Dr. Bezerra de Menezes, enviaria<br />

numerosas orientações voltadas<br />

ao trabalho, para cuja sustentabilidade<br />

foi criada, em 1960, a Capemi<br />

(Caixa de Pecúlios <strong>do</strong>s Militares<br />

– Beneficente). Desde o início<br />

o atendimento foi centra<strong>do</strong> na família<br />

e realiza<strong>do</strong> em Unidades de<br />

Promoção e projetos sociais. Em<br />

2007 o Lar atendeu a cerca de<br />

80.000 pessoas espalhadas por to<strong>do</strong><br />

o Brasil. Seu modelo de promoção<br />

já foi leva<strong>do</strong> a outras partes<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> pela Unesco, ten<strong>do</strong><br />

o Lar recebi<strong>do</strong> vários prêmios de<br />

reconhecimento ao longo de sua<br />

existência.<br />

12. O Centro Espírita Nosso<br />

Lar Casas André Luiz, situa<strong>do</strong> em<br />

Guarulhos (SP), oferece um extraordinário<br />

exemplo de atividade<br />

cristã de ajuda ao próximo.<br />

Funda<strong>do</strong> em 1949, com orientação<br />

espiritual para abrigar crianças<br />

carentes, o trabalho iniciou-<br />

-se em 26/1/1958, quan<strong>do</strong> foi ergui<strong>do</strong><br />

o primeiro prédio (1.850m 2<br />

de área construída), num terreno<br />

de 2.000m 2 . Destacou-se um<br />

valoroso grupo: a família Castardelli<br />

e filhos; os Srs. Valério Giuli<br />

(1911-1989), Francisco Juliano<br />

(1926-1995), os ainda atuantes<br />

Cel. Jaime Rolemberg de Lima<br />

Pedro Baqui, Ana Gaspar, Gastão<br />

de Lima Neto, Osmar Marsilli e<br />

Jandira Delga<strong>do</strong> Ti<strong>do</strong>n. Os <strong>Espírito</strong>s<br />

orientaram o grupo para o<br />

atendimento às crianças especiais,<br />

as mais marginalizadas.<br />

Hoje são atendidas gratuitamente<br />

mais de setecentas crianças e<br />

jovens especiais, e outros em regime<br />

ambulatorial.<br />

Enfim, dificilmente se encontra<br />

um Centro Espírita, no Brasil, onde<br />

não se pratique o trabalho de<br />

assistência social, à luz <strong>do</strong> Evangelho<br />

(nem que seja uma sopa semanal),<br />

e certamente as onze instituições<br />

espíritas citadas servem de<br />

modelo e muito dignificam o Espiritismo.<br />

Consideran<strong>do</strong> estarmos<br />

viven<strong>do</strong> um novo contexto político-social,<br />

neste Terceiro Milênio,<br />

é necessário pensar em ampliar as<br />

formas de atendimento aos necessita<strong>do</strong>s,<br />

não esquecen<strong>do</strong> principalmente<br />

das <strong>do</strong>enças da alma,gera<strong>do</strong>ras<br />

de muitas enfermidades<br />

sociais e <strong>do</strong> corpo...


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 15:00 Page 41<br />

Federação Espírita Brasileira<br />

COMPOSIÇÃO DOS ÓRGÃOS DA FEB<br />

APÓS A REUNIÃO DO SEU CONSELHO SUPERIOR DE MARÇO DE <strong>2008</strong><br />

CONSELHO DIRETOR<br />

Presidente: Nestor João Masotti. Vice-presidentes: Altivo Ferreira, Cecília Rocha, Ilcio Bianchi e José Carlos da Silva Silveira.<br />

DIRETORIA EXECUTIVA<br />

Diretores: Affonso Borges Gallego Soares, Amaury Alves da Silva, Antonio Cesar Perri de Carvalho, Arthur <strong>do</strong> Nascimento, Edna Maria<br />

Fabro, Geral<strong>do</strong> Campetti Sobrinho, João Pinto Rabelo, José Salomão Mizrahy, José Val<strong>do</strong> de Oliveira, Maria de Lourdes Pereira de<br />

Oliveira, Marta Antunes de Oliveira Moura, Norberto Pásqua, Rute Vieira Ribeiro, Sady Guilherme Schmidt e Tânia de Souza Lopes.<br />

CONSELHO FISCAL<br />

Efetivos: César Augusto Lourenço Filho, Danilo de Castro Silva e Sérgio Thiesen. Suplentes: Alamir Gomes de Abreu, Eliphas Levi<br />

Garcez Maia e Ennio de Oliveira Tavares.<br />

ASSESSORES DA PRESIDÊNCIA<br />

Evandro Noleto Bezerra e Jorge Godinho Barreto Nery.<br />

REFORMADOR<br />

Diretor: Nestor João Masotti. Editor: Altivo Ferreira. Redatores: Affonso Borges Gallego Soares, Antonio Cesar Perri de Carvalho, Evandro<br />

Noleto Bezerra e Lauro de Oliveira São Thiago. Secretário: Paulo de Tarso <strong>do</strong>s Reis Lyra. Gerência: Ilcio Bianchi.<br />

CONSELHO SUPERIOR<br />

Efetivos: Adésio Alves Macha<strong>do</strong>, Allan Eurípedes Rezende Nápoli, Allan Kardec Rezende Nápoli, Alzira Matoso de Abreu,<br />

Christo<strong>do</strong>lino da Silva, Clara Lila Gonzalez de Araújo, Délio Pereira de Souza, Francisco Bispo <strong>do</strong>s Anjos, Ismael de Miranda e<br />

Silva, Jamile Mizrahy, João de Jesus Moutinho, Jorge Godinho Barreto Nery, José Francisco <strong>do</strong>s Santos, Lauro de Oliveira São<br />

Thiago, Lucia Maria Alba da Silva, Luiz Antonio de Moura, Lydia Alba da Silva, Márcia Regina Pini de Souza, Marco Aurélio Luzio<br />

de Assis, Maria da Conceição de Carvalho, Maria Euny Herrera Masotti, Maria Luiza Priolli <strong>do</strong>s Santos Fonseca, Nilton da Costa<br />

Pereira de São Thiago, Paulo Affonso de Farias, Raimunda Maria Prata, Regina Lúcia de Souza B. Rodrigues, Salim Tannus Feres<br />

Neto, Suely Caldas Schubert, Tossie Yamashita e Yola Carvalho Borges de Souza. Efetivos indica<strong>do</strong>s pelo CFN: Ana Luiza Nazareno<br />

Ferreira, César Soares <strong>do</strong>s Reis, Darcy Neves Moreira, Dival<strong>do</strong> Pereira Franco, Hélio Ribeiro Loureiro, José Raimun<strong>do</strong> de Lima,<br />

Lacordaire Abrahão Faiad, Sandra Maria Borba Pereira, Sônia Maria Arruda Fonseca e Weimar Muniz de Oliveira. Ex-presidente:<br />

Juvanir Borges de Souza.<br />

Suplentes: Orlan<strong>do</strong> Ayrton de Tole<strong>do</strong>, Rubens André Gonçalves Dusi, Bittencourt Rezende de Nápoli, Lauro de Freitas Carvalho, Zaira<br />

Amarilis da Cruz Silveira, Marlene Silva Duarte, Roosevelt Pinto Sampaio, Aldenice Cousseiro de Carvalho Filha, Marley de Souza<br />

Lopes, Venita Abranches Simões, Eliphas Levi Garcez Maia e Maria Alves da Silva. Suplentes indica<strong>do</strong>s pelo CFN: Gerson Simões<br />

Monteiro, Pedro Valente da Cunha, Miriam Lucia Herrera Masotti Dusi, Eloy Carvalho Villela e Israel Quirino <strong>do</strong> Nascimento.<br />

CONSELHO FEDERATIVO NACIONAL<br />

Entidades Federativas Estaduais: Acre – Federação Espírita <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Acre; Alagoas – Federação Espírita <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Alagoas;<br />

Amapá – Federação Espírita <strong>do</strong> Amapá; Amazonas – Federação Espírita Amazonense; Bahia – Federação Espírita <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da Bahia;<br />

Ceará – Federação Espírita <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Ceará; Distrito Federal – Federação Espírita <strong>do</strong> Distrito Federal; <strong>Espírito</strong> Santo – Federação<br />

Espírita <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Espírito</strong> Santo; Goiás – Federação Espírita <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Goiás; Maranhão – Federação Espírita <strong>do</strong> Maranhão;<br />

Mato Grosso – Federação Espírita <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Mato Grosso; Mato Grosso <strong>do</strong> Sul – Federação Espírita de Mato Grosso <strong>do</strong> Sul;<br />

Minas Gerais – União Espírita Mineira; Pará – União Espírita Paraense; Paraíba – Federação Espírita Paraibana; Paraná – Federação<br />

Espírita <strong>do</strong> Paraná; Pernambuco – Federação Espírita Pernambucana; Piauí – Federação Espírita Piauiense; Rio de Janeiro – Conselho<br />

Espírita <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro; Rio Grande <strong>do</strong> Norte – Federação Espírita <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Norte; Rio Grande <strong>do</strong> Sul –<br />

Federação Espírita <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul; Rondônia – Federação Espírita de Rondônia; Roraima – Federação Espírita Roraimense;<br />

Santa Catarina – Federação Espírita Catarinense; São Paulo – União das Sociedades Espíritas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo; Sergipe –<br />

Federação Espírita <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Sergipe; e Tocantins – Federação Espírita <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Tocantins.<br />

ENTIDADES ESPECIALIZADAS DE ÂMBITO NACIONAL<br />

Associação Brasileira de Divulga<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Espiritismo; Associação Brasileira <strong>do</strong>s Magistra<strong>do</strong>s Espíritas; Associação Médico-Espírita <strong>do</strong><br />

Brasil; Cruzada <strong>do</strong>s Militares Espíritas; e Instituto de Cultura Espírita <strong>do</strong> Brasil.<br />

Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 199<br />

41


eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 15:00 Page 42<br />

R. G. <strong>do</strong> Sul: Sociedade comemora 95 anos<br />

A Sociedade Espírita Dom Thomé, Porto Alegre, Rio<br />

Grande <strong>do</strong> Sul, completa 95 anos. Para comemorar a<br />

data, uma série de palestras foi programada para os<br />

meses de março e abril. No dia 12 de março ocorreu<br />

exposição <strong>do</strong> tema “Lições para a felicidade”; no dia<br />

15 foi apresenta<strong>do</strong> o tema “Harmonização e Prece”;<br />

nos dias 17 e 19 foram desenvolvi<strong>do</strong>s, respectivamente,<br />

os temas “Evolução” e “Educação, a chave<br />

moral <strong>do</strong> progresso”; no dia 26, Jason de Camargo<br />

abor<strong>do</strong>u o tema “O Sermão da Montanha”. Encerran<strong>do</strong><br />

a programação, no dia 2 de abril, foi aborda<strong>do</strong><br />

o tema “Desencarnações Coletivas”.<br />

São Paulo: Seminário para Trabalha<strong>do</strong>res<br />

Espíritas<br />

“Dependência Química para Casas Espíritas”, foi o<br />

tema aborda<strong>do</strong> no seminário ocorri<strong>do</strong> dia 27 de<br />

abril na Fraternidade Espírita Auta de Souza, realiza<strong>do</strong><br />

pela USE-Distrital Jabaquara (Órgão da União<br />

das Sociedades Espíritas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo), na<br />

Capital paulista. O objetivo <strong>do</strong> evento foi ampliar o<br />

conhecimento sobre o assunto: como orientar, como<br />

tratar atividades preventivas e recursos existentes, e<br />

teve como público-alvo os dirigentes e trabalha<strong>do</strong>res<br />

de centros espíritas. Informações: (11) 3721-0098<br />

ou pelo e-mail: julianezu@globo.com<br />

Minas Gerais: Amigos de Chico Xavier<br />

Nos dias 19 e 20 de abril, a cidade de Uberaba (MG)<br />

sediou o I Encontro Nacional <strong>do</strong>s Amigos de Chico<br />

Xavier e sua Obra. Com entrada franca, a programação<br />

contou com diversos palestrantes, em uma promoção<br />

da Aliança Municipal Espírita de Uberaba e<br />

da Aliança Municipal Espírita de Pedro Leopol<strong>do</strong>.<br />

Informações: (34) 3325-4727 ou (34) 8857-2080.<br />

Rio de Janeiro: Evangeliza<strong>do</strong>res da Pessoa<br />

com Necessidades Especiais<br />

No dia 16 de março, aconteceu o Encontro de Evangeliza<strong>do</strong>res<br />

da Pessoa com Necessidades Especiais à<br />

42 200 Reforma<strong>do</strong>r • Maio 2007<br />

Seara Espírita<br />

luz <strong>do</strong> Espiritismo. Foi a quinta edição <strong>do</strong> evento,<br />

nas dependências da Ação Cristã Vicente Moretti,<br />

que contou com debates, caminhada musical, exibição<br />

de filmes e apresentação de relatos. Informações:<br />

Conselho Espírita <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro<br />

(CEERJ), pelo telefone: (21) 2224-1244.<br />

Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s: Revista Espírita em inglês<br />

No dia 19 de abril, durante o Second U. S. Spiritist<br />

Symposium (2 o Simpósio Espírita <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s),<br />

realiza<strong>do</strong> nas dependências da Historical Society,<br />

de Nova York, foi lançada a edição em inglês da Revista<br />

Espírita, fundada por Allan Kardec, com o título<br />

The Spiritist Magazine e editada pelo Conselho Espírita<br />

Internacional (CEI). Representan<strong>do</strong> o CEI, Antonio<br />

Cesar Perri de Carvalho fez a saudação inicial<br />

<strong>do</strong> evento e o lançamento da nova versão da Revista.<br />

Fundada a Associação Jurídico-Espírita<br />

(AJE-SP)<br />

No dia 8 de março, na sede da União das Sociedades<br />

Espíritas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo, foi fundada a Associação<br />

Jurídico-Espírita <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo<br />

(AJE-SP) com o objetivo de contribuir para o aprimoramento<br />

espiritual <strong>do</strong>s opera<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Direito espíritas<br />

e interessa<strong>do</strong>s em questões jurídico-sociais,<br />

unificação destes, melhoria da legislação vigente, defesa<br />

legal de assuntos que esbarrem em princípios essenciais<br />

da filosofia espírita, divulgação <strong>do</strong> pensamento<br />

espírita sobre questões jurídico-sociais para<br />

os meios jurídicos e sociedade em geral. Informações:<br />

ajesp.sp@gmail.com<br />

Japão: O Evangelho segun<strong>do</strong> o<br />

Espiritismo em japonês<br />

A Comunhão Espírita Cristã Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier,<br />

instituição integrante <strong>do</strong> Conselho Espírita Internacional<br />

(CEI), lançou a tradução em japonês,<br />

por Tomoh Sumi, de O Evangelho segun<strong>do</strong> o Espiritismo,<br />

publicada pela Editora Gentosha Renaissance<br />

Books. Informações: info@spiritism.jp

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