reformador maio 2008 - a.qxp - Portal do Espírito
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ISSN 1413 - 1749<br />
R$ 5,00<br />
DEUS, C RISTO E CARIDADE<br />
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA<br />
Ano 126 • Nº 2.150 • Maio <strong>2008</strong>
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:46 Page 3<br />
Fundada em 21 de janeiro de 1883<br />
Funda<strong>do</strong>r: Augusto Elias da Silva<br />
Revista de Espiritismo Cristão<br />
Ano 126 / Maio, <strong>2008</strong> / N o 2.150<br />
ISSN 1413-1749<br />
Propriedade e orientação da<br />
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA<br />
Diretor: NESTOR JOÃO MASOTTI<br />
Editor: ALTIVO FERREIRA<br />
Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES,ANTONIO<br />
CESAR PERRI DE CARVALHO,EVANDRO<br />
NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO<br />
Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA<br />
Gerente: ILCIO BIANCHI<br />
Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE<br />
Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES,AGADYR<br />
TORRES E CLAUDIO CARVALHO<br />
Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA<br />
CARVALHO<br />
REFORMADOR: Registro de publicação<br />
n o<br />
121.P.209/73 (DCDP <strong>do</strong> Departamento de Polícia<br />
Federal <strong>do</strong> Ministério da Justiça),<br />
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Direção e Redação:<br />
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70830-030 Brasília (DF)<br />
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Rio de Janeiro (RJ) Brasil<br />
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PARA O BRASIL<br />
Assinatura anual R$ 39,00<br />
Número avulso R$ 5,00<br />
PARA O EXTERIOR<br />
Assinatura anual US$ 35,00<br />
Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA<br />
Capa: AGADYR TORRES PEREIRA<br />
Expediente<br />
Assinatura de Reforma<strong>do</strong>r:<br />
Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274<br />
E-mail:<br />
assinaturas.<strong>reforma<strong>do</strong>r</strong>@febrasil.org.br<br />
Sumário<br />
4<br />
11<br />
14<br />
21<br />
32<br />
33<br />
42<br />
5<br />
8<br />
10<br />
13<br />
16<br />
17<br />
18<br />
22<br />
24<br />
25<br />
26<br />
28<br />
29<br />
34<br />
37<br />
41<br />
Editorial<br />
Transformação Moral, Lar e Evangelho<br />
Entrevista: Marlene Rossi Severino Nobre<br />
Visão espírita sobre o emprego de células-tronco<br />
Presença de Chico Xavier<br />
Carta à minha Mãe – Humberto de Campos<br />
Esfloran<strong>do</strong> o Evangelho<br />
Ministérios – Emmanuel<br />
A FEB e o Esperanto<br />
Esperanto: idioma universalista – Luiz Antônio Millecco<br />
Trova / Trobo – Chiquito de Morais<br />
Seara Espírita<br />
Evolução e vida – Juvanir Borges de Souza<br />
A crença em Deus – Joanna de Ângelis<br />
Trabalhemos – Hernani T. Sant’Anna<br />
Minha Mãe – Maria Dolores<br />
Trabalha<strong>do</strong>res da última hora – Umberto Ferreira<br />
Os últimos serão os primeiros – Constantino,<br />
<strong>Espírito</strong> protetor<br />
O lar espírita perante os novos tempos (Capa) –<br />
Clara Lila Gonzalez de Araújo<br />
Atendimento fraterno e assistência espiritual –<br />
Waldehir Bezerra de Almeida<br />
FEB presente em ato público “Em Defesa da Vida –<br />
Brasil Sem Aborto”<br />
Onde está o vosso coração? – A. Merci Spada Borges<br />
Em dia com o Espiritismo – Pródromos da<br />
reencarnação – Marta Antunes Moura<br />
Ao leitor<br />
Últimas palavras – Kleber Halfeld<br />
Cristianismo Redivivo – Esperança – Harol<strong>do</strong> Dutra Dias<br />
Assistência e Promoção Social à luz <strong>do</strong> Evangelho –<br />
Washington Luiz Fernandes<br />
Composição <strong>do</strong>s Órgãos da FEB após a Reunião <strong>do</strong><br />
seu Conselho Superior de março de <strong>2008</strong>
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4 162 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />
Editorial<br />
Transformação Moral,<br />
Lar e Evangelho<br />
“Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral [...].”<br />
– Allan Kardec<br />
A<br />
conclusão <strong>do</strong> Codifica<strong>do</strong>r acima transcrita, que consta <strong>do</strong> capítulo<br />
XVII, item 4, de O Evangelho segun<strong>do</strong> o Espiritismo, é absolutamente<br />
coerente.<br />
O verdadeiro espírita está convicto de que é um <strong>Espírito</strong> imortal, já com inúmeras<br />
reencarnações vivenciadas; sabe que está sujeito à Lei <strong>do</strong> Progresso que emana<br />
de Deus, pela qual to<strong>do</strong>s nós evoluímos espiritual, moral e intelectualmente; e reconhece<br />
em Jesus o <strong>Espírito</strong> mais perfeito que a Providência Divina oferece à<br />
Humanidade para lhe servir de guia e modelo.<br />
O lar, por sua vez, é o núcleo social onde devemos desenvolver as nossas atividades<br />
básicas de relacionamento, conviven<strong>do</strong> com <strong>Espírito</strong>s que nos são afins e com os quais,<br />
também, necessitamos ter afinidade, reparan<strong>do</strong> erros ocorri<strong>do</strong>s nesta e em outras<br />
existências e construin<strong>do</strong> laços mais dura<strong>do</strong>uros de sentimento fraterno e solidário.<br />
O Evangelho é o repositório da mais pura expressão da Lei de Amor que rege a<br />
vida; é o roteiro que Jesus nos ensinou e exemplificou, que nos serve de diretriz e<br />
referência para o esforço de aprimoramento espiritual e moral.<br />
Ciente desta realidade, é natural e conveniente que nos reunamos em família,<br />
diária ou semanalmente, para conhecer e estudar os ensinos <strong>do</strong> Evangelho de Jesus<br />
que, enriqueci<strong>do</strong> com os esclarecimentos da Doutrina Espírita, oferece-nos uma<br />
visão clara de nossa condição de <strong>Espírito</strong>s imortais e um senti<strong>do</strong> lúci<strong>do</strong>, coerente e<br />
bom para a nossa atual existência.<br />
A reunião <strong>do</strong> Evangelho no Lar, em si mesma, já nos proporciona paz e compreensão.<br />
Oferece-nos mais, uma vez que nos orienta e fortalece para a execução da<br />
nossa transformação moral, no próprio ambiente <strong>do</strong>méstico.<br />
Quan<strong>do</strong> o lar abre suas portas para o estu<strong>do</strong> e a prática <strong>do</strong> Evangelho, à luz da<br />
Doutrina Espírita, transforma-se em um posto espiritual de amparo, de luz e de paz<br />
que irradia além <strong>do</strong>s seus próprios limites.
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Evolução e vida<br />
Acompreensão de nós mesmos,<br />
como seres humanos<br />
habitantes deste mun<strong>do</strong>, a<br />
observação de tu<strong>do</strong> o que existe,<br />
nos vários reinos da rica Natureza<br />
deste Orbe, a vida, a morte e as<br />
leis que regem to<strong>do</strong> esse conjunto<br />
de fenômenos que ocorrem na<br />
Terra, desde sua formação até os<br />
dias atuais, é um permanente desafio<br />
ao pensamento <strong>do</strong> homem<br />
de to<strong>do</strong>s os tempos.<br />
Estamos focalizan<strong>do</strong> somente o<br />
que acontece em um mun<strong>do</strong> material,<br />
como é o que habitamos.<br />
Entretanto, se o número de planetas<br />
e galáxias que compõem o<br />
Universo é infinito, pelo menos<br />
para a nossa compreensão limitada,<br />
o problema se multiplica indefinidamente,<br />
ainda que focaliza<strong>do</strong><br />
somente o la<strong>do</strong> material da vida.<br />
Mas, como sabemos que ao la<strong>do</strong><br />
da matéria está presente o outro<br />
elemento universal, o espírito,<br />
o entendimento da realidade,<br />
da verdade e da vida torna-se extremamente<br />
complexo para to<strong>do</strong>s<br />
nós, habitantes deste planeta.<br />
J UVANIR B ORGES DE S OUZA<br />
Assim, não é de se estranhar as<br />
múltiplas formas de compreensão<br />
<strong>do</strong> que ocorre nesse Universo<br />
infinito e a diversidade da vida<br />
nos varia<strong>do</strong>s mun<strong>do</strong>s que o<br />
compõem.<br />
Que existem leis superiores<br />
regen<strong>do</strong> to<strong>do</strong> esse complexo, já<br />
não constitui dúvida para boa<br />
porção <strong>do</strong>s habitantes deste mun<strong>do</strong>,<br />
daí surgin<strong>do</strong> a idéia, que se<br />
tornou certeza, de que existe um<br />
Cria<strong>do</strong>r Supremo – DEUS – regen<strong>do</strong><br />
to<strong>do</strong> o Universo.<br />
No entanto, desde o aparecimento<br />
<strong>do</strong> homem na Terra, com<br />
sua ignorância natural, até milhares<br />
de anos posteriores, quan<strong>do</strong><br />
sua inteligência, mais desenvolvida,<br />
permitiu-lhe novas compreensões,<br />
muitas formas e hipóteses<br />
foram admitidas para a<br />
compreensão da vida.<br />
Dois fatores naturais permitiram<br />
a evolução <strong>do</strong> pensamento e<br />
das idéias. O primeiro foi o próprio<br />
conhecimento resultante<br />
das observações <strong>do</strong>s fatos. O segun<strong>do</strong>,<br />
que acompanha a Hu-<br />
manidade desde os seus primórdios,<br />
é o auxílio superior daqueles<br />
que sempre ofereceram sugestões<br />
e revelações em consonância<br />
com a compreensão de<br />
cada grupo, povo ou raça, sem a<br />
preocupação de oferecer conhecimentos<br />
que estivessem além<br />
da possibilidade de ser entendi<strong>do</strong>s<br />
e absorvi<strong>do</strong>s.<br />
Tanto os novos conhecimentos,<br />
<strong>do</strong>s quais se ocupam as ciências,<br />
quanto as revelações superiores,<br />
reajustam-se com o decorrer<br />
<strong>do</strong> tempo, seja através de<br />
melhores observações <strong>do</strong>s próprios<br />
homens, seja mediante interpretações<br />
e entendimentos<br />
mais ajusta<strong>do</strong>s à realidade e que<br />
antes passaram despercebi<strong>do</strong>s.<br />
As ciências renovam-se continuamente,<br />
diante de observações<br />
mais profundas <strong>do</strong>s fatos, dan<strong>do</strong><br />
lugar a novas teorias. Exemplo<br />
dessas mutações, ocorri<strong>do</strong> em todas<br />
elas, é o conceito de matéria,<br />
que vigorou por muitos séculos,<br />
até que, nos primórdios <strong>do</strong> século<br />
XX, chegou-se à conclusão de<br />
Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 163<br />
5
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que as teorias anteriores estavam<br />
erradas, já que toda matéria é<br />
energia condensada que toma as<br />
mais diferentes formas.<br />
Outra teoria que pre<strong>do</strong>minou<br />
por cerca de <strong>do</strong>is milênios, a da<br />
indivisibilidade <strong>do</strong> átomo, base<br />
da Física e da Química, está hoje<br />
aban<strong>do</strong>nada e superada pelas<br />
observações e pelos fatos.<br />
No campo das crenças e das<br />
religiões, os equívocos são comuns,<br />
atingin<strong>do</strong> os bilhões de<br />
<strong>Espírito</strong>s que encarnam e reencarnam<br />
neste planeta, enganos<br />
que os indivíduos aceitam como<br />
se fossem verdades, levan<strong>do</strong>-os<br />
consigo para as esferas espirituais,<br />
após a morte <strong>do</strong> corpo material,<br />
como ocorre comumente.<br />
Assim é que, antes da revelação<br />
da existência de um Deus<br />
Único, Cria<strong>do</strong>r de to<strong>do</strong> o Universo,<br />
trazida pelo povo judeu e<br />
ratificada pelo Cristo, há <strong>do</strong>is<br />
mil anos, a crença generalizada<br />
<strong>do</strong>s povos antigos era o politeísmo,<br />
sob múltiplas formas.<br />
Foi necessária a vinda <strong>do</strong> Cristo<br />
com os esclarecimentos essenciais,<br />
inclusive sobre interpretações<br />
equivocadas <strong>do</strong>s próprios judeus,<br />
a respeito <strong>do</strong>s atributos da Divindade,<br />
com o que se firmou o reconhecimento,<br />
entre os que seguiram<br />
os ensinamentos e os exemplos<br />
<strong>do</strong> Mestre Incomparável, da<br />
existência <strong>do</strong> Deus Único, nas<br />
múltiplas formas sob as quais se<br />
apresenta.<br />
No conceito <strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s superiores,<br />
os Revela<strong>do</strong>res da Doutrina<br />
Espírita, o Consola<strong>do</strong>r prometi<strong>do</strong><br />
por Jesus – “Deus é a in-<br />
6 164 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />
teligência suprema, causa primeira<br />
de todas as coisas”.<br />
A sabe<strong>do</strong>ria <strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s deixou<br />
evidente o propósito de evitar<br />
uma definição <strong>do</strong> Ser Supremo.<br />
Realmente, qualquer definição<br />
sobre Deus, o Cria<strong>do</strong>r incria<strong>do</strong>,<br />
partin<strong>do</strong> de suas criaturas, seria incompleta,<br />
máxime, se atentarmos<br />
As provas da<br />
existência de<br />
Deus e os seus<br />
atributos estão<br />
explica<strong>do</strong>s<br />
com<br />
objetividade e<br />
clareza no<br />
capítulo I de<br />
O Livro <strong>do</strong>s<br />
<strong>Espírito</strong>s<br />
na circunstância de que a Nova<br />
Revelação estava destinada aos habitantes<br />
de um mun<strong>do</strong> ainda retardatário,<br />
como é a Terra.<br />
O méto<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Revela<strong>do</strong>res foi<br />
de sabe<strong>do</strong>ria superior, evitan<strong>do</strong><br />
definir o que é indefinível para as<br />
inteligências limitadas deste orbe.<br />
Entretanto, o essencial, as provas<br />
da existência de Deus e os<br />
seus atributos estão explica<strong>do</strong>s<br />
com objetividade e clareza no<br />
capítulo I de O Livro <strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s,<br />
a obra básica da Doutrina<br />
Espírita, em linguagem inteligível<br />
por to<strong>do</strong>s aqueles que já alcançaram<br />
a condição de compreensão<br />
da verdade e da vida.<br />
Até a vinda de Jesus, a visão de<br />
Deus, entre os hebreus, estava<br />
mais ligada à justiça, simbolizada<br />
na espada.<br />
Com o Mestre, foi exaltada a<br />
misericórdia <strong>do</strong> Pai, como Jesus<br />
a Ele se referia, em to<strong>do</strong> o Evangelho,<br />
através das parábolas <strong>do</strong><br />
“Filho pródigo”, <strong>do</strong>s “Trabalha<strong>do</strong>res<br />
da última hora”, da “Ovelha<br />
perdida”, além de outras.<br />
As idéias religiosas, tão antigas<br />
na Terra quanto o aparecimento<br />
<strong>do</strong> homem como ser pensante,<br />
têm percorri<strong>do</strong> muitos ciclos de<br />
concepções inferiores.<br />
Pode-se dizer que a multiplicidade<br />
das religiões, muitas delas já<br />
desaparecidas, representa o esforço<br />
<strong>do</strong>s homens para o conhecimento<br />
de si mesmos, buscan<strong>do</strong> esclarecer<br />
o significa<strong>do</strong> da vida e da<br />
morte e a existência de um Cria<strong>do</strong>r<br />
ou de muitos deuses, como no<br />
politeísmo, que <strong>do</strong>minou as crenças<br />
de to<strong>do</strong>s os povos antigos, com<br />
a única exceção <strong>do</strong> povo hebreu.<br />
As religiões representam, assim,<br />
o constante esforço das humanidades<br />
de to<strong>do</strong>s os tempos<br />
para se comunicarem com uma<br />
força superior, eterna e divina.<br />
Na medida em que a percepção<br />
e os pensamentos humanos vão se
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aperfeiçoan<strong>do</strong>, missionários <strong>do</strong><br />
Governa<strong>do</strong>r Espiritual deste orbe<br />
são destaca<strong>do</strong>s para ajudar na renovação<br />
<strong>do</strong>s entendimentos religiosos<br />
no seio das humanidades.<br />
Entretanto, nem sempre prevalece<br />
a ajuda superior para a evolução<br />
das idéias e a melhor compreensão<br />
da verdade e da vida.<br />
<strong>Espírito</strong>s interessa<strong>do</strong>s na prevalência<br />
de interesses próprios<br />
de um mun<strong>do</strong> atrasa<strong>do</strong>, como o<br />
nosso, opõem-se às renovações<br />
superiores, dificultan<strong>do</strong>, por<br />
tempo indetermina<strong>do</strong>, o que seria<br />
considera<strong>do</strong> progresso para<br />
grande parcela da população<br />
deste planeta.<br />
Foi o que ocorreu com os ensinamentos<br />
e exemplificações<br />
<strong>do</strong> Cristo, em sua missão excepcional.<br />
Em pouco tempo, após o<br />
seu sacrifício, os próprios<br />
cristãos deram um outro<br />
senti<strong>do</strong> aos seus ensinos<br />
basea<strong>do</strong>s no Amor<br />
a Deus e ao próximo,<br />
com os des<strong>do</strong>bramentos<br />
<strong>do</strong>s sentimentos<br />
deriva<strong>do</strong>s dessa magna<br />
lição.<br />
Do Cristianismo<br />
primitivo, autêntico,<br />
sobraram os Evangelhos,<br />
onde estão registra<strong>do</strong>s<br />
os ensinamentos<br />
<strong>do</strong> Mestre, interpreta<strong>do</strong>s,<br />
infelizmente, de conformidade<br />
com os interesses<br />
das organizações religiosas<br />
que foram criadas como cristãs,<br />
mas que cuidam mais <strong>do</strong>s<br />
interesses liga<strong>do</strong>s ao mun<strong>do</strong> material,<br />
como é a Terra.<br />
Graças, porém, às previsões <strong>do</strong><br />
próprio Cristo, esse desvirtuamento<br />
<strong>do</strong>s seus ensinos não prevalecerá<br />
indefinidamente, já que Ele,<br />
preven<strong>do</strong> o que ocorreria no futuro,<br />
tornou claro que pediria ao Pai<br />
o envio de outro Consola<strong>do</strong>r, para<br />
relembrar suas lições de vida abundante,<br />
além de trazer coisas novas<br />
ao conhecimento <strong>do</strong>s homens.<br />
Essa promessa <strong>do</strong> Mestre foi<br />
cumprida nos mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> século<br />
XIX, quan<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong> já havia<br />
progredi<strong>do</strong> muito em conhecimentos<br />
científicos, em organização<br />
social, mas não no campo <strong>do</strong>s sentimentos,<br />
que foi a área da lei <strong>do</strong><br />
progresso com a qual mais<br />
se preocupou o Cristo.<br />
Para o envio <strong>do</strong> Consola<strong>do</strong>r,<br />
a Espiritualidade<br />
Superior, sob a diretriz<br />
<strong>do</strong> Cristo, projetou<br />
um vasto<br />
trabalho preparatório,<br />
a fim de<br />
chamar a atenção<br />
<strong>do</strong>s homens<br />
para o relacionamento<br />
intensivo<br />
entre os <strong>Espírito</strong>s desencarna<strong>do</strong>s<br />
e os encarna<strong>do</strong>s.<br />
Escolheu um missionário especial<br />
para supervisionar o intercâmbio<br />
entre os <strong>do</strong>is planos, o qual, ao<br />
mesmo tempo, fosse capaz de reconhecer<br />
a verdade, com segurança<br />
e sensatez, dentre opiniões variadas.<br />
O professor Hippolyte Léon Denizard<br />
Rivail, que a<strong>do</strong>tou o pseudônimo<br />
Allan Kardec, foi a individualidade<br />
escolhida para o desempenho<br />
da difícil missão, cumprin<strong>do</strong>-a<br />
com total sucesso.<br />
Desencadea<strong>do</strong>s os fenômenos<br />
de Hydesville e das “mesas girantes”,<br />
a partir de 1848, em poucos<br />
anos o mun<strong>do</strong> tomava conhecimento<br />
<strong>do</strong> Consola<strong>do</strong>r prometi<strong>do</strong><br />
por Jesus, sob a denominação de<br />
Espiritismo, ou Doutrina <strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s,<br />
dada por seu Codifica<strong>do</strong>r.<br />
Agora, compete a nós, espíritas,<br />
estudar essa Doutrina Consola<strong>do</strong>ra,<br />
procurar vivenciá-la e propagá-la<br />
por toda parte, para<br />
que a Humanidade reencontre,<br />
com segurança,<br />
o caminho da verdade<br />
e da vida.<br />
Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 165<br />
7
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:48 Page 8<br />
A crença em Deus<br />
Deus encontra-se tão profundamente<br />
entranha<strong>do</strong><br />
no ser humano que, dificilmente,<br />
o mesmo pode afastar-<br />
-se da Sua presença.<br />
Cria<strong>do</strong> simples e ignorante, o<br />
<strong>Espírito</strong> carrega no íntimo o psiquismo<br />
divino que o originou, a<br />
fim de fazê-lo desenvolver-se até<br />
atingir a glória celeste que lhe<br />
está destinada.<br />
A crença em Deus, é, portanto,<br />
um fenômeno natural, genético,<br />
de que ninguém se pode considerar<br />
destituí<strong>do</strong>.<br />
Manifesto em toda a Sua obra,<br />
o Pai Cria<strong>do</strong>r antecede-a e sucedê-la-á,<br />
quan<strong>do</strong> venham a ocorrer<br />
as alterações e término <strong>do</strong>s<br />
ciclos que constituem a relatividade<br />
<strong>do</strong>s tempos...<br />
Atribuir-se tu<strong>do</strong> quanto existe,<br />
na sua harmonia e ordem, como<br />
resultante <strong>do</strong> acaso, é conceder-<br />
-lhe uma superinteligência que<br />
soube organizar e manter o Universo<br />
conforme o conhecemos.<br />
8 166 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />
Ademais, considerar-se que o<br />
Evolucionismo consegue explicar<br />
em toda a sua complexidade o milagre<br />
da vida, sem a necessidade<br />
<strong>do</strong> Criacionismo ou da presença<br />
de um Autor, é oferecer-lhe uma<br />
transcendência que se assemelha à<br />
própria Divindade.<br />
Duas alternativas, pois, se confrontam<br />
em antagonismo, que é<br />
mais resultante de interpretação<br />
de conteú<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que de legitimidade<br />
factual, poden<strong>do</strong> ser soluciona<strong>do</strong><br />
o impasse através da associação<br />
de ambas as teorias.<br />
O Psiquismo Divino concebeu<br />
e elaborou a vida, graças a uma<br />
programação que se concretizou<br />
no processo evolucionista, etapa a<br />
etapa, com os intervalos correspondentes<br />
ao perío<strong>do</strong> da morte,<br />
em que o psiquismo prosseguiu<br />
experimentan<strong>do</strong> continuidade evolutiva,<br />
retornan<strong>do</strong> em formas primitivas<br />
que se fizeram cada vez<br />
mais complexas, até atingir as expressões<br />
superiores nos animais<br />
evoluí<strong>do</strong>s, culminan<strong>do</strong> no ser<br />
humano.<br />
Essa possibilidade não deve ser<br />
descartada, quan<strong>do</strong> se pode constatar<br />
o autógrafo de Deus no genoma<br />
após decodifica<strong>do</strong>, no qual<br />
se encontra toda a história <strong>do</strong>s<br />
diversos seres nos seus estranhos<br />
códigos responsáveis pelas informações<br />
contidas especialmente em<br />
cada célula <strong>do</strong> corpo humano,<br />
num conjunto de três bilhões de<br />
letras...<br />
A fundamentação criacionista<br />
de que Deus tu<strong>do</strong> fez, conforme o<br />
relato bíblico <strong>do</strong> Gênesis, 1 e 2, negan<strong>do</strong><br />
a evolução e conceden<strong>do</strong><br />
ao Universo a jovem idade de apenas<br />
10.000 anos, é bastante ingênua<br />
e improcedente, quan<strong>do</strong> as<br />
pesquisas mais seguras demonstram<br />
que a sua idade é superior a<br />
14 bilhões de anos.<br />
Os exageros de alguns religiosos<br />
criacionistas chegam ao ponto<br />
de atribuir ao Universo a idade<br />
de apenas 4.004 a.C., quan<strong>do</strong>
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:48 Page 9<br />
Deus, o teria cria<strong>do</strong>, conforme<br />
concluiu o bispo Ussher, cálculo<br />
que resultou das suas pesquisas<br />
sobre as notícias genealógicas<br />
por ele encontradas em o Velho<br />
Testamento.<br />
Sob outro aspecto, atribuir às<br />
manifestações inorgânicas a possibilidade<br />
de se transformarem<br />
em orgânicas, adquirin<strong>do</strong> sensibilidade,<br />
instinto, emoção, raciocínio,<br />
inteligência, igualmente é<br />
uma proposta audaciosa, que se<br />
apresenta mergulhada em lacunas<br />
e em mutações inexplicáveis<br />
dentro da visão exclusivamente<br />
darwinista, que<br />
passou a ser considerada<br />
materialista.<br />
A harmonização<br />
das duas correntes de<br />
pensamento faculta<br />
a possibilidade real<br />
da manifestação <strong>do</strong><br />
psiquismo que também<br />
evolve com a<br />
complexidade das moléculas<br />
através das quais<br />
se manifesta.<br />
Nessa identificação, a<br />
crença em Deus, sem o desprezo<br />
pelo fenômeno <strong>do</strong> evolucionismo,<br />
torna-se perfeitamente<br />
natural, conceben<strong>do</strong>-se que Ele<br />
próprio estabeleceu esse processo<br />
como sen<strong>do</strong> o mais adequa<strong>do</strong> para<br />
a ocorrência da vida na Terra,<br />
conforme a conhecemos.<br />
<br />
Sir Isaac Newton, o admira<strong>do</strong><br />
cientista inglês, que descobriu a Lei<br />
da gravitação universal, era porta<strong>do</strong>r<br />
de fé religiosa expressiva, que<br />
o levou a escrever mais sobre interpretações<br />
de textos bíblicos e<br />
religiosos <strong>do</strong> que científicos.<br />
Galileu, descobrin<strong>do</strong> três das luas<br />
de Júpiter e optan<strong>do</strong> pelo heliocentrismo,<br />
que constatou com observações<br />
demoradas através <strong>do</strong><br />
telescópio que construiu, manteve<br />
por to<strong>do</strong> o tempo a sua fé em Deus<br />
e na Sua intervenção na Criação,<br />
mesmo quan<strong>do</strong> persegui<strong>do</strong> pela<br />
Inquisição e outros adversários...<br />
Nicolau Copérnico, que igualmente<br />
descobriu o sistema heliocêntrico,<br />
manteve inabalável a sua<br />
fé em Deus, sem cuja ação o Universo<br />
não poderia ter surgi<strong>do</strong>.<br />
Mais recentemente, Sir James<br />
Jeans, o respeita<strong>do</strong> astrofísico inglês,<br />
confessou o seu teísmo e a sua<br />
concepção em torno <strong>do</strong> <strong>Espírito</strong><br />
com valor e convicção científica.<br />
Inúmeros estudiosos da Genética<br />
e da Física Quântica, assim como<br />
de algumas neurociências e da<br />
biologia molecular, cientistas-médicos<br />
e cosmonautas, declaram-se<br />
teístas, manten<strong>do</strong> comportamento<br />
religioso e vinculan<strong>do</strong>-se a algumas<br />
das existentes <strong>do</strong>utrinas<br />
espiritualistas...<br />
Na sua aceitação de Deus não<br />
descartam a Sua interferência no<br />
Evolucionismo, como sen<strong>do</strong> parte<br />
da Sua programação desde o início.<br />
Ao conceber e realizar os primeiros<br />
pródromos da vida, igualmente<br />
organizou o processo<br />
evolucionista, a fim de que,<br />
procedentes da mesma<br />
matriz, as expressões<br />
variadas crescessem,<br />
logran<strong>do</strong> o objetivo<br />
por Ele estabeleci<strong>do</strong>,<br />
todas derivadas<br />
<strong>do</strong> mesmo germe.<br />
Trata-se de uma<br />
conceituação perfeitamente<br />
lógica e real,<br />
porquanto somente Ele<br />
tem o poder de propiciar<br />
o hálito vital, retiran<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
nada as primeiras vibrações<br />
que constituíram as complexas<br />
organizações moleculares, de onde<br />
se originaram os microorganismos,<br />
bases estruturais de todas as<br />
formas conhecidas.<br />
Essa paternidade original propicia<br />
a fraternidade que deve existir<br />
entre todas as espécies e formas<br />
de vida, ensejan<strong>do</strong> a solidariedade<br />
necessária para a sobrevivência<br />
geral sob os impositivos <strong>do</strong>s fatores<br />
mesológicos, filogenéticos,<br />
as mutações, as adaptações e o<br />
Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 167<br />
9
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:48 Page 10<br />
desenvolvimento das potencialidades<br />
que lhes jazem a<strong>do</strong>rmecidas...<br />
A própria Divindade, <strong>do</strong>tan<strong>do</strong><br />
o ser humano de inteligência, faculta-lhe<br />
penetrar nas Leis que governam<br />
a vida, para melhor harmonizar-se<br />
com as mesmas, respeitan<strong>do</strong>-as<br />
e amplian<strong>do</strong> os horizontes<br />
<strong>do</strong> seu entendimento.<br />
Graças a essa compreensão,<br />
percebe a necessidade de superar<br />
os impulsos agressivos e destrutivos<br />
que lhe remanescem <strong>do</strong> largo<br />
processo da evolução, subliman<strong>do</strong><br />
as aspirações que se orientarão no<br />
senti<strong>do</strong> da plenitude.<br />
A crença em Deus é, portanto,<br />
uma bússola de segurança para a<br />
autoconquista, sain<strong>do</strong>, a pouco<br />
e pouco, <strong>do</strong>s instintos grosseiros<br />
para alcançar os sentimentos de<br />
elevação, que trabalham em favor<br />
da paz e <strong>do</strong> progresso.<br />
Houvesse podi<strong>do</strong> compreender<br />
o mecanismo evolucionista, se já o<br />
houvesse em seu tempo, Santo<br />
Agostinho teria interpreta<strong>do</strong> melhor<br />
os conteú<strong>do</strong>s da narrativa bíblica<br />
da Criação, encontran<strong>do</strong> respostas<br />
sábias para as suas interrogações,<br />
ten<strong>do</strong> em vista a dificuldade<br />
que enfrentava para entendê-la,<br />
conforme narrada no Gênesis,<br />
1 e 2...<br />
Cada vez que o ser humano<br />
decifra as incógnitas existentes na<br />
Terra e no Universo, mais descobre<br />
perfeitamente desenha<strong>do</strong> o autógrafo<br />
de Deus na Sua obra gloriosa,<br />
de maneira que não ficam dúvidas<br />
a esse respeito.<br />
Assim sen<strong>do</strong>, a crença em Deus<br />
não significa necessariamente uma<br />
vinculação com qualquer religião<br />
10 168 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />
convencional ou encontrar-se submetida<br />
aos <strong>do</strong>gmas e liturgias tradicionais,<br />
mas aceitá-lO na mente<br />
e no coração, de forma que a filiação<br />
natural seja coroada de fé e<br />
gratidão no Seu inefável amor.<br />
<br />
Jesus O designava como Pai, ensinan<strong>do</strong>-nos<br />
a to<strong>do</strong>s a respeitá-lO,<br />
amá-lO e seguirmos na Sua direção.<br />
João evangelista propunha-Lhe<br />
a denominação Amor, por melhor<br />
significar-Lhe a realidade.<br />
...E os <strong>Espírito</strong>s da Codificação<br />
espírita com muita sabe<strong>do</strong>ria sintetizaram<br />
a sua definição, informan<strong>do</strong><br />
que Deus é: A inteligência<br />
suprema, causa primeira de todas<br />
as coisas...<br />
Joanna de Ângelis<br />
(Página psicografada pelo médium Dival<strong>do</strong><br />
Pereira Franco, no dia 1o de junho de<br />
2007, na residência de Josef Jackulak, em<br />
Viena, Áustria.)<br />
Trabalhemos<br />
Hernani T. Sant’Anna<br />
É preciso estender a luz por toda a parte.<br />
Valhamo-nos <strong>do</strong> verbo, da cultura, da arte,<br />
Dos livros e <strong>do</strong> malho!<br />
É mister semear o bem puro e fecun<strong>do</strong>,<br />
Por to<strong>do</strong>s os desvãos e recantos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>,<br />
À força de trabalho!<br />
Só podemos gozar de paz e de alegria<br />
Quan<strong>do</strong> o orbe viver no clima da harmonia,<br />
Da virtude e <strong>do</strong> amor!<br />
Preparemos, portanto, a aurora da bonança,<br />
Nos esforços da crença e da perseverança,<br />
Incólumes à <strong>do</strong>r!<br />
Inflama<strong>do</strong>s de fé, de vida e de verdade,<br />
Enfrentemos as sombras densas da maldade,<br />
Na glória de servir;<br />
E veremos erguer-se, augusta e sublimada,<br />
A manhã deslumbrante, excelsa e aureolada,<br />
Dum divino porvir!<br />
Fonte: Canções <strong>do</strong> alvorecer. 4. ed. Rio de Janeiro: 2005. p. 19.
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:49 Page 11<br />
Entrevista<br />
Reforma<strong>do</strong>r: Como avalia as pesquisas<br />
com células-tronco?<br />
Marlene: Depende de que tipo<br />
de células-tronco estamos falan<strong>do</strong>.<br />
Primeiramente é preciso lembrar<br />
que as células-tronco são indiferenciadas,<br />
quer dizer, em princípio,<br />
são capazes de gerar qualquer<br />
outra célula. Há <strong>do</strong>is tipos: a célula-tronco<br />
embrionária (CTE),<br />
retirada de embriões no início<br />
<strong>do</strong> seu desenvolvimento; e a célula-tronco<br />
adulta (CTA), obtida<br />
<strong>do</strong> cordão umbilical, da medula<br />
óssea ou de outros teci<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />
corpo. As CTEs estão presentes<br />
no embrião <strong>do</strong> 5 o ao 15 o dia de<br />
vida. Para serem empregadas em<br />
pesquisa, há necessidade, portanto,<br />
de se destruir o embrião. A<br />
proposta que está sen<strong>do</strong> discutida,<br />
aqui no Brasil, é a da<br />
utilização em<br />
pesquisa <strong>do</strong>s<br />
embriões excedentes<br />
nas<br />
M ARLENE ROSSI S. NOBRE<br />
Visão espírita sobre<br />
o emprego de<br />
células-tronco<br />
Marlene Rossi Severino Nobre, presidente da Associação Médico-Espírita <strong>do</strong> Brasil, analisa<br />
a polêmica sobre o emprego de células-tronco e oferece um posicionamento espírita<br />
clínicas de reprodução assistida.<br />
A Associação Médico-Espírita é<br />
contra a liberação dessas pesquisas<br />
com CTE, uma vez que, até o<br />
momento, não se pode ter certeza,<br />
se existe ou não <strong>Espírito</strong> liga<strong>do</strong><br />
ao embrião. E isto porque a<br />
questão 344 de O Livro <strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s<br />
afirma, com clareza, que a<br />
ligação <strong>do</strong> <strong>Espírito</strong> com a matéria<br />
se dá na concepção, isto é, no<br />
momento em que o gameta masculino<br />
se une ao feminino. Kardec<br />
afirma em A Gênese (cap. XI)<br />
que a ligação <strong>do</strong> <strong>Espírito</strong> com o<br />
embrião se dá de forma irresistível.<br />
Somos a favor das pesquisas,<br />
mas com células-tronco adultas,<br />
as que já existem nos teci<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />
corpo, porque a aplicação delas<br />
evita a destruição de embriões,<br />
não causa rejeição, e são as únicas<br />
que têm demonstra<strong>do</strong> eficácia<br />
terapêutica, até o momento.<br />
O Brasil é um <strong>do</strong>s pioneiros no<br />
emprego das CTAs. Destacam-se<br />
os trabalhos já publica<strong>do</strong>s pelo<br />
Dr. Hans Dohmman e o biólogo<br />
Ra<strong>do</strong>van Borojevic, <strong>do</strong> Hospital<br />
Pró-Cardíaco, no Rio<br />
de Janeiro, e o Dr.<br />
Ricar<strong>do</strong> Ribeiro<br />
<strong>do</strong>s Santos, na<br />
Bahia, tratan<strong>do</strong><br />
de casos<br />
Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 169<br />
11
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:49 Page 12<br />
graves de insuficiência cardíaca<br />
com bons resulta<strong>do</strong>s.<br />
Reforma<strong>do</strong>r: Mas, afinal, e a polêmica<br />
sobre a utilização <strong>do</strong>s embriões<br />
congela<strong>do</strong>s em pesquisa se,<br />
conforme se tem propala<strong>do</strong>, o destino<br />
final deles seria o lixo?<br />
Marlene: Não, o destino final<br />
deles não pode e não deve ser o<br />
lixo. O descarte é crime. Admitir<br />
isso seria “coisificar” o embrião.<br />
Desprezar a vida que existe nele.<br />
Para evitar que isto aconteça, a<br />
Anvisa exige o cadastro <strong>do</strong>s embriões<br />
não implanta<strong>do</strong>s. O que se<br />
deve fazer é uma melhor regulamentação<br />
na produção e no uso<br />
<strong>do</strong>s embriões, a fim de evitarem-<br />
-se os excedentes. Além disso,<br />
hoje já há a possibilidade de se<br />
congelar óvulos, o que vai diminuir<br />
em muito a produção de<br />
excedentes. As clínicas de reprodução<br />
assistidas deverão ser fiscalizadas<br />
para se coibir a venda<br />
12 170 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />
de óvulos ou a produção de embriões<br />
para a venda.<br />
Reforma<strong>do</strong>r: Alguns pesquisa<strong>do</strong>res<br />
afirmam que, após três anos de<br />
congelamento, os embriões ficam<br />
inviáveis. Isso é verdade?<br />
Marlene: Não, isso, em alguns casos,<br />
não é verdade. Basta ver casos<br />
concretos, como o que ocorreu<br />
com o menino <strong>do</strong> interior paulista,<br />
Vinícius Dorte, de 6 meses. Antes<br />
que ele fosse parar no útero da<br />
mãe, passou oito anos congela<strong>do</strong><br />
num tanque de nitrogênio líqui<strong>do</strong><br />
(Folha de São Paulo, 9/3/<strong>2008</strong>). O<br />
mesmo aconteceu com a menina<br />
Laina Beasley, norte-americana,<br />
nascida em 2005, e congelada por<br />
13 anos. E há outros casos mais.<br />
É claro que o <strong>Espírito</strong> não está<br />
congela<strong>do</strong>, sua ligação com o embrião<br />
é tão-somente magnética.<br />
E se esses embriões tivessem si<strong>do</strong><br />
envia<strong>do</strong>s à pesquisa? Não se teria<br />
configura<strong>do</strong> o aborto? Como responderia,<br />
por exemplo, o pesquisa<strong>do</strong>r<br />
espírita, perante o plano<br />
espiritual, se impedisse a reencarnação<br />
desses <strong>Espírito</strong>s? Como<br />
dissemos, o embrião congela<strong>do</strong><br />
pode ter e pode não ter <strong>Espírito</strong><br />
liga<strong>do</strong>. Cabe a nós desenvolver e<br />
efetuar mais pesquisas.<br />
Reforma<strong>do</strong>r: As células-tronco<br />
embrionárias são as únicas que<br />
têm possibilidade de dar origem a<br />
to<strong>do</strong> e qualquer tipo de célula <strong>do</strong><br />
nosso corpo?<br />
Marlene: Teoricamente, sim. Hoje,<br />
no entanto, já se sabe que a versatilidade<br />
da célula-tronco adulta<br />
é enorme. Na verdade, a Medicina<br />
só tem obti<strong>do</strong> bons resulta<strong>do</strong>s<br />
com o emprego delas. Inclusive,<br />
conseguiu-se ir além, produzir as<br />
próprias CTEs a partir de células<br />
adultas. Duas equipes conseguiram<br />
esse feito a partir de fibroblastos<br />
(células <strong>do</strong>s músculos).<br />
Uma delas, da Universidade de<br />
Wiscosin-Madison, <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s<br />
Uni<strong>do</strong>s, conduzida por James<br />
Thomson; a outra, da Universidade<br />
de Kyoto, no Japão, chefiada<br />
por Shynia Yamanaka. Além disso,<br />
é preciso não esquecer que as<br />
CTEs são muito instáveis, difíceis<br />
de ser cultivadas em laboratório.<br />
Quan<strong>do</strong> implantadas em animais<br />
de experimentação, têm da<strong>do</strong> um<br />
alto índice de rejeição e de câncer.<br />
Uma pessoa que viesse a ser tratada<br />
com células-tronco embrionárias<br />
teria de tomar imunodepressores<br />
pelo resto da vida para evitar<br />
rejeição. Com o uso da CTA,<br />
isso não ocorre por ser retirada <strong>do</strong><br />
próprio paciente.<br />
Reforma<strong>do</strong>r: E a esperança que<br />
tem si<strong>do</strong> dada a tantos <strong>do</strong>entes?<br />
Afinal, não foram eles que influíram<br />
na votação <strong>do</strong>s deputa<strong>do</strong>s,<br />
pensan<strong>do</strong> numa cura futura?<br />
Marlene: Tão ce<strong>do</strong> não se obterá<br />
resulta<strong>do</strong> algum. Segun<strong>do</strong> Robert<br />
Winston, um <strong>do</strong>s principais especialistas<br />
em Bioética, <strong>do</strong> Reino<br />
Uni<strong>do</strong>, em recente entrevista ao<br />
jornal inglês The Guardian,a população<br />
desconhece as dificuldades<br />
que estão por trás das pesquisas<br />
com a CTE. Ele também<br />
lamentou o fato de os defensores<br />
dessas pesquisas gerarem falsas<br />
esperanças e exagerarem na
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:49 Page 13<br />
campanha utilizada para a sua<br />
aprovação.<br />
Reforma<strong>do</strong>r: Qual a questão bioética<br />
que mais choca no caso das<br />
pesquisas com CTEs?<br />
Marlene: A destruição de embriões<br />
humanos para pesquisas.<br />
Em uma terapia com CTE é preciso<br />
sacrificar cerca de 300 a 400<br />
mil embriões. Além disso, o cultivo<br />
in vitro das CTEs necessita da<br />
presença de finíssimas camadas<br />
de teci<strong>do</strong>s retiradas <strong>do</strong>s fetos vivos<br />
de qualquer estágio, chamadas<br />
Feeder layers e que são “produzidas”<br />
no Exterior e vendidas<br />
no merca<strong>do</strong>. Tu<strong>do</strong> isto implica dilemas<br />
éticos graves.<br />
Reforma<strong>do</strong>r: Se houver a liberação<br />
<strong>do</strong> emprego de células-tronco<br />
embrionárias para pesquisa e tratamento,<br />
qual será o papel <strong>do</strong>s espíritas<br />
e <strong>do</strong> Movimento Espírita?<br />
Marlene: Só nos resta acatar a decisão<br />
<strong>do</strong> Supremo Tribunal Federal.<br />
O fato, porém, de ser legal, não<br />
torna o procedimento moralmente<br />
aceito. Cada pesquisa<strong>do</strong>r deverá<br />
agir de acor<strong>do</strong> com a sua própria<br />
consciência. Cremos, no entanto,<br />
que a liberação dessas pesquisas vai<br />
expor os pontos frágeis das células<br />
que não estão sob o coman<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
modelo organiza<strong>do</strong>r biológico. Tu<strong>do</strong><br />
indica que a célula-tronco embrionária<br />
é selvagem, indócil, porque<br />
não tem perispírito acopla<strong>do</strong>.<br />
Assim, embora antiético, quem sabe,<br />
esse procedimento, ao se tornar<br />
legal, permita chegar à conclusão<br />
de que existe algo extrafísico no material<br />
genético? Tu<strong>do</strong> é possível.<br />
Minha Mãe<br />
Lembro-te, Mãe, reven<strong>do</strong> a nossa casa...<br />
O pequeno jardim, o poço, a horta...<br />
O vento bran<strong>do</strong> que transpunha a porta,<br />
Afagan<strong>do</strong> o fogão de lenha em brasa...<br />
Esfregavas a roupa na bacia...<br />
Eu ficava na rede, aos teus desvelos...<br />
Depois, vinhas beijan<strong>do</strong>-me os cabelos,<br />
A embalar-me, cantan<strong>do</strong> de alegria.<br />
Dorme, <strong>do</strong>rme prenda minha,<br />
Dorme agora, meu amor,<br />
És a jóia que eu não tinha,<br />
Prenda minha, minha flor!...<br />
Lá no céu tem três estrelas, prenda minha,<br />
Todas são de prata e luz...<br />
Lá <strong>do</strong> céu você me veio, prenda minha,<br />
Por presente de Jesus!...<br />
E lá se foi o tempo, ante as mudanças...<br />
Cresci, fiquei rebelde... Estradas novas...<br />
Entrei no mun<strong>do</strong> grande, em grandes provas,<br />
Carregan<strong>do</strong> saudades e esperanças...<br />
Hoje, volto a rever-te, mãe querida!...<br />
Quero dizer-te, em minha gratidão,<br />
Que és o amor sempre amor, em minha vida,<br />
E a própria vida de meu coração.<br />
Maria Dolores<br />
Psicografa<strong>do</strong> pelo médium Francisco C. Xavier, em reunião pública <strong>do</strong><br />
Grupo Espírita da Prece, em Uberaba (MG), na noite de 17/3/1984.<br />
Poema envia<strong>do</strong> a Reforma<strong>do</strong>r pelo confrade Weimar Muniz de Oliveira.<br />
Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 171<br />
13
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:49 Page 14<br />
Carta à<br />
minha Mãe<br />
Hoje, mamãe, eu não te escrevo daquele gabinete<br />
cheio de livros sábios, onde o teu filho,<br />
pobre e enfermo, via passar os espectros <strong>do</strong>s<br />
enigmas humanos, junto da lâmpada que, aos poucos,<br />
lhe devorava os olhos, no silêncio da noite.<br />
A mão que me serve de porta-caneta é a mão cansada<br />
de um homem paupérrimo, que trabalhou o dia<br />
inteiro buscan<strong>do</strong> o pão amargo e cotidiano <strong>do</strong>s que<br />
lutam e sofrem. A minha secretária é uma tripeça tosca<br />
à guisa de mesa e as paredes que me rodeiam são<br />
nuas e tristes, como aquelas da nossa casa desconfortável<br />
em Pedra <strong>do</strong> Sal. O telha<strong>do</strong> sem forro deixa<br />
passar a ventania lamentosa da noite e desse remanso<br />
humilde, onde a pobreza se esconde exausta e desalentada,<br />
eu te escrevo sem insônias e sem fadigas,<br />
para contar-te que ainda estou viven<strong>do</strong> para amar e<br />
querer a mais nobre das mães.<br />
Quereria voltar ao mun<strong>do</strong> que deixei, para ser<br />
novamente teu filho, desejan<strong>do</strong> fazer-me um menino,<br />
aprenden<strong>do</strong> a rezar com o teu espírito santifica<strong>do</strong><br />
nos sofrimentos.<br />
A saudade <strong>do</strong> teu afeto leva-me constantemente a<br />
essa Parnaíba das nossas recordações, cujas ruas arenosas,<br />
saturadas <strong>do</strong> vento salitroso <strong>do</strong> mar, sensibilizam<br />
a minha personalidade e, dentro <strong>do</strong> crepúsculo<br />
estrela<strong>do</strong> da tua velhice cheia de crença e de esperança,<br />
vou contigo, em espírito, nos retrospectos prodigiosos<br />
da imaginação, aos nossos tempos distantes.<br />
Vejo-te com os teus vesti<strong>do</strong>s modestos, em nossa<br />
casa de Miritiba, suportan<strong>do</strong> com serenidade e devotamento<br />
os caprichos alegres de meu pai. Depois,<br />
faço a recapitulação <strong>do</strong>s teus dias de viuvez <strong>do</strong>lorosa,<br />
14 172 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />
Presença de Chico Xavier<br />
junto da máquina de costura e <strong>do</strong> teu “terço” de orações,<br />
sacrifican<strong>do</strong> a mocidade e a saúde pelos filhos,<br />
choran<strong>do</strong> com eles a orfandade que o destino lhes<br />
reservara, e, junto da figura gorda e risonha da Mi<strong>do</strong>ca,<br />
ajoelho-me aos teus pés e repito:<br />
– “Meu Senhor Jesus Cristo, se eu não tiver de ter<br />
uma boa sorte, levai-me deste mun<strong>do</strong>, dan<strong>do</strong>-me<br />
uma boa morte”.<br />
Muitas vezes o destino te fez crer que partirias antes<br />
daqueles que havias nutri<strong>do</strong> com o beijo das tuas carícias,<br />
demandan<strong>do</strong> os mun<strong>do</strong>s ermos e frios da Morte.<br />
Mas, partimos e tu ficaste. Ficaste no cadinho <strong>do</strong>loroso<br />
da saudade, prolongan<strong>do</strong> a esperança numa vida<br />
melhor no seio imenso da Eternidade. E o culto <strong>do</strong>s filhos<br />
é o consolo suave <strong>do</strong> teu coração. Acarician<strong>do</strong> os<br />
teus netos, guardas com o mesmo desvelo o meu<br />
cajueiro, que aí ficou como um símbolo planta<strong>do</strong> no<br />
coração da terra parnaibana, e, carinhosamente, colhes<br />
das suas castanhas e das suas folhas fartas e verdes,<br />
para que as almas boas conservem uma lembrança <strong>do</strong><br />
teu filho, arrebata<strong>do</strong> no turbilhão da Dor e da Morte.<br />
Ao Mirocles, mamãe, que providenciou quanto ao<br />
destino desse irmão que aí deixei, enfeita<strong>do</strong> de flores<br />
e passarinhos, estuante de seiva, na carne moça da terra,<br />
pedi velasse pelos teus dias de insulamento e velhice,<br />
substituin<strong>do</strong>-me junto <strong>do</strong> teu coração. To<strong>do</strong>s os<br />
nossos te estendem as suas mãos bon<strong>do</strong>sas e amigas e<br />
é assombrada que, hoje, ouves a minha voz, através<br />
das mensagens que tenho escrito para quantos me<br />
possam compreender. Sensibilizam-me as tuas lágrimas,<br />
quan<strong>do</strong> passas os olhos cansa<strong>do</strong>s sobre as minhas<br />
páginas póstumas e procuro dissipar as dúvidas
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:49 Page 15<br />
que torturam o teu coração, combali<strong>do</strong> nas lutas. Assalta-te<br />
o desejo de me encontrares, tocan<strong>do</strong>-me com<br />
a generosa ternura de tuas mãos, lamentan<strong>do</strong> as tuas<br />
vacilações e os teus escrúpulos, temen<strong>do</strong> aceitar as<br />
verdades espíritas, em detrimento da fé católica, que te<br />
vem sustentan<strong>do</strong> nas provações. Mas, não é preciso,<br />
mãe, que me procures nas organizações espiritistas e,<br />
para creres na sobrevivência <strong>do</strong> teu filho, não é preciso<br />
que aban<strong>do</strong>nes os princípios da tua fé. Já não há<br />
mais tempo para que teu <strong>Espírito</strong> excursione em experiências<br />
no caminho vasto das filosofias religiosas.<br />
Numa de suas páginas, dizia Coelho Neto que as<br />
religiões são como as linguagens. Cada <strong>do</strong>utrina envia<br />
a Deus, a seu mo<strong>do</strong>, o voto de súplica ou de a<strong>do</strong>ração.<br />
Muitas mentalidades entregam-se, aí no mun<strong>do</strong>,<br />
aos trabalhos elucidativos da polêmica ou da discussão.<br />
Chega, porém, um dia em que o homem acha<br />
melhor repousar na fé a que se habituou, nas suas<br />
meditações e nas suas lutas. Esse dia, mamãe, é o que<br />
estás viven<strong>do</strong>, refugiada no conforto triste das lágrimas<br />
e das recordações. Ascenden<strong>do</strong> às culminâncias<br />
<strong>do</strong> teu Calvário de saudade e de angústia, fixas os<br />
olhos na celeste expressão <strong>do</strong> Crucifica<strong>do</strong> e Jesus,<br />
que é a providência misericordiosa de to<strong>do</strong>s os desampara<strong>do</strong>s<br />
e de to<strong>do</strong>s os tristes, te fala ao coração<br />
<strong>do</strong>s vinhos suaves e <strong>do</strong>ces de Caná, que se metamorfosearam<br />
no vinagre amargoso <strong>do</strong>s martírios, e das<br />
palmas verdes de Jerusalém, que se transformaram<br />
na pesada coroa de espinhos. A cruz, então, se te afigura<br />
mais leve e caminhas. Amigos devota<strong>do</strong>s e carinhosos<br />
te enviam de longe o terno consolo <strong>do</strong>s seus<br />
afetos e, prosseguin<strong>do</strong> no teu culto de amor aos filhos<br />
distantes, esperas que o Senhor, com as suas<br />
mãos prestigiosas, venha decifrar para os teus olhos<br />
os grandes mistérios da Vida.<br />
Esperar e sofrer têm si<strong>do</strong> os <strong>do</strong>is grandes motivos,<br />
em torno <strong>do</strong>s quais ro<strong>do</strong>piaram os teus quase setenta<br />
e cinco anos de provações, de viuvez e de orfandade.<br />
E eu, minha mãe, não estou mais aí para afagar-te<br />
as mãos trêmulas e os cabelos brancos que as <strong>do</strong>res<br />
santificaram. Não posso prover-te de pão e nem<br />
guardar-te da fúria da tempestade, mas, abraçan<strong>do</strong> o<br />
teu <strong>Espírito</strong>, sou a força que adquires na oração,<br />
como se absorvesses um vinho misterioso e divino.<br />
Inquiri<strong>do</strong>, certa vez, pelo grande Luiz Gama sobre<br />
as necessidades da sua alforria, um jovem escravo lhe<br />
observou:<br />
– “Não, meu senhor!... a liberdade que me oferece<br />
me <strong>do</strong>eria mais que o ferrete da escravidão, porque<br />
minha mãe, cansada e decrépita, ficaria sozinha nos<br />
misteres <strong>do</strong> cativeiro”.<br />
Se Deus me perguntasse, mamãe, sobre os imperativos<br />
da minha emancipação espiritual, eu teria preferi<strong>do</strong><br />
ficar, não obstante a claridade apagada e triste<br />
<strong>do</strong>s meus olhos e a hipertrofia que me transformava<br />
num monstro, para levar-te o meu carinho e a minha<br />
afeição, até que pudéssemos partir juntos, desse mun<strong>do</strong><br />
onde tu<strong>do</strong> sonhamos para nada alcançar.<br />
Mas, se a Morte parte os grilhões frágeis <strong>do</strong> corpo,<br />
é impotente para dissolver as algemas inquebrantáveis<br />
<strong>do</strong> espírito.<br />
Deixa que o teu coração prossiga, ofician<strong>do</strong> no<br />
altar da saudade e da oração; cântaro divino e santifica<strong>do</strong>,<br />
Deus colocará dentro dele o mel abençoa<strong>do</strong><br />
da esperança e da crença, e, um dia, no portal ignora<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> das Sombras, eu virei, de mãos<br />
entrelaçadas com a Mi<strong>do</strong>ca, retroceden<strong>do</strong> no tempo,<br />
para nos transformarmos em tuas crianças bem-<br />
-amadas. Seremos agasalha<strong>do</strong>s, então, nos teus braços<br />
cariciosos, como <strong>do</strong>is passarinhos minúsculos, ansiosos<br />
da <strong>do</strong>çura quente e suave das asas maternas, e<br />
guardaremos as nossas lágrimas nos cofres de Deus,<br />
onde elas se cristalizam como as moedas fulgurantes<br />
e eternas <strong>do</strong> erário de to<strong>do</strong>s os infelizes e desafortuna<strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />
Tuas mãos segurarão ainda o “terço” das preces<br />
inesquecidas e nos ensinarás, de joelhos, a implorar,<br />
de mãos postas, as bênçãos prestigiosas <strong>do</strong> Céu. E,<br />
enquanto os teus lábios sussurrarem de mansinho –<br />
“Salve Rainha... mãe de misericórdia...” – começaremos<br />
juntos a viagem ditosa <strong>do</strong> Infinito, sob o <strong>do</strong>ssel<br />
luminoso das nuvens claras, tênues e alegres, <strong>do</strong><br />
Amor.<br />
Pelo <strong>Espírito</strong> Humberto de Campos<br />
Fonte: XAVIER, Francisco C. Crônicas de além-túmulo.<br />
15. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 34.<br />
Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 173<br />
15
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:49 Page 16<br />
Trabalha<strong>do</strong>res da<br />
última hora<br />
Os bons <strong>Espírito</strong>s não deixam<br />
dúvidas de que os<br />
adeptos da Doutrina, que<br />
se dispõem a trabalhar na seara<br />
espírita, são trabalha<strong>do</strong>res da última<br />
hora. Não têm tempo, pois, a<br />
perder; o melhor a fazer é aproveitar<br />
todas as oportunidades, os<br />
dias, as horas...<br />
O Espiritismo nos proporciona<br />
eleva<strong>do</strong> entendimento das verdades<br />
espirituais; através <strong>do</strong> seu<br />
estu<strong>do</strong> e <strong>do</strong> trabalho podemos impulsionar<br />
a nossa evolução. Por isso<br />
muito nos será pedi<strong>do</strong>, tanto<br />
em melhoria espiritual como em<br />
trabalho.<br />
U MBERTO F ERREIRA<br />
Alertam-nos os <strong>Espírito</strong>s que não<br />
devemos rejeitar a tarefa renova<strong>do</strong>ra.<br />
Para aproveitarmos bem a oportunidade<br />
que nos foi dada, como<br />
trabalha<strong>do</strong>res da última hora, necessário<br />
se faz empreendermos<br />
to<strong>do</strong> o esforço no senti<strong>do</strong> de cultivar<br />
boa vontade, disciplina, paciência,<br />
espírito de equipe, mente<br />
aberta, simplicidade, humildade,<br />
fé, amor ao próximo, caridade,<br />
abnegação, desinteresse pessoal,<br />
fraternidade pura.<br />
Disciplina – para que haja resulta<strong>do</strong>s<br />
satisfatórios no estu<strong>do</strong> e no<br />
desempenho das diversas atividades.<br />
Boa vontade – para estudar,<br />
trabalhar, vencer as imperfeições e<br />
desenvolver as virtudes.<br />
<strong>Espírito</strong> de equipe – para trabalhar<br />
em conjunto com outros servi<strong>do</strong>res<br />
de Jesus; para aceitar a integração<br />
<strong>do</strong>s jovens, os futuros continua<strong>do</strong>res<br />
da obra, nas atividades.<br />
Paciência – para suportar as próprias<br />
provações e expiações, as imperfeições<br />
<strong>do</strong>s outros, as diferenças<br />
de pensamento das pessoas.<br />
Mente aberta – para examinar e<br />
acolher novas idéias, novos programas<br />
de atividades.<br />
Simplicidade – na maneira de<br />
ser e no mo<strong>do</strong> de agir no trabalho<br />
de Jesus.<br />
Humildade – para aceitar<br />
as tarefas que nos são oferecidas,<br />
mesmo que aparentemente<br />
simples.<br />
Fé – fundamentada<br />
no estu<strong>do</strong>, na lógica, na<br />
razão.<br />
Amor – na prática da<br />
caridade, no relacionamento<br />
com as pessoas,
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:50 Page 17<br />
no trato com os <strong>Espírito</strong>s imperfeitos,<br />
nas diversas atividades.<br />
Caridade – praticada com desinteresse<br />
e amor.<br />
Abnegação – no trato com os<br />
necessita<strong>do</strong>s de assistência espiritual<br />
e caridade material, bem como<br />
com os <strong>Espírito</strong>s sofre<strong>do</strong>res.<br />
Desinteresse pessoal – para que<br />
a caridade seja praticada com ausência<br />
total de interesse, mesmo de<br />
ordem moral, fican<strong>do</strong> qualquer recompensa<br />
para o mun<strong>do</strong> espiritual.<br />
Fraternidade pura – com os<br />
freqüenta<strong>do</strong>res e os necessita<strong>do</strong>s<br />
de auxílio material ou espiritual,<br />
com os <strong>Espírito</strong>s imperfeitos e entre<br />
dirigentes e trabalha<strong>do</strong>res.<br />
Com raras exceções, encontramos<br />
sempre um motivo para adiar<br />
o início <strong>do</strong> trabalho. Alegamos falta<br />
de tempo ou de condições; julgamo-nos<br />
sem competência; deparamo-nos<br />
com a incompreensão<br />
<strong>do</strong>s dirigentes ou <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res<br />
das instituições; melindramo-nos<br />
com as críticas. A solução que nos<br />
parece justa é deixar para quan<strong>do</strong><br />
houver condições mais favoráveis.<br />
Raramente são esses os motivos;<br />
quase sempre, as reais razões<br />
estão dentro de nós mesmos. Se<br />
fizermos sincera análise íntima, detectaremos<br />
tendência para a acomodação;<br />
identificaremos propensão<br />
para recusar as atividades<br />
que nos parecem de pouca importância;<br />
conheceremos a nossa personalidade,<br />
que se caracteriza por<br />
ser muito exigente, difícil de contentar-se,<br />
melindrosa...<br />
Jesus espera pacientemente. O<br />
tempo, todavia, não pára, não tem<br />
como esperar, e passa célere. Melhor<br />
será se compreendermos logo<br />
a necessidade de aproveitar bem a<br />
oportunidade, superar os obstáculos,<br />
e não adiar as tarefas. Inegavelmente<br />
novas chances surgirão<br />
mais tarde, todavia, nem sempre<br />
em condições tão favoráveis.<br />
Os últimos serão os primeiros<br />
B<br />
ons espíritas, meus bem-ama<strong>do</strong>s, sois to<strong>do</strong>s obreiros da última<br />
hora. Bem orgulhoso seria aquele que dissesse: Comecei<br />
o trabalho ao alvorecer <strong>do</strong> dia e só o terminarei ao anoitecer. To<strong>do</strong>s<br />
viestes quan<strong>do</strong> fostes chama<strong>do</strong>s, um pouco mais ce<strong>do</strong>, um<br />
pouco mais tarde, para a encarnação cujos grilhões arrastais; mas<br />
há quantos séculos e séculos o Senhor vos chamava para a sua<br />
vinha, sem que quisésseis penetrar nela! Eis-vos no momento de<br />
embolsar o salário; empregai bem a hora que vos resta e não esqueçais<br />
nunca que a vossa existência, por longa que vos pareça,<br />
mais não é <strong>do</strong> que um instante fugitivo na imensidade <strong>do</strong>s<br />
tempos que formam para vós a eternidade. (Constantino, <strong>Espírito</strong><br />
protetor, Bordeaux, 1863.)<br />
Fonte: KARDEC, Allan. O evangelho segun<strong>do</strong> o espiritismo. 127. ed. Rio<br />
de Janeiro: FEB, 2007. Cap. XX, item 2, p. 351. (Transcrição parcial.)<br />
Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 175<br />
17
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:50 Page 18<br />
O lar espírita perante<br />
os novos tempos<br />
Narra o evangelista Lucas,<br />
no capítulo 10:38-43, uma<br />
das belas e significativas<br />
passagens de Jesus, por ocasião<br />
de sua divina peregrinação pela<br />
Terra. Trata-se da visita <strong>do</strong> Mestre<br />
à casa de Lázaro e de suas irmãs<br />
Marta e Maria, na pequena cidade<br />
de Betânia, perto de Jerusalém. A<br />
humilde habitação, situada no sopé<br />
<strong>do</strong> monte das Oliveiras, na estrada<br />
de Jericó, era visitada por Jesus,<br />
que consagrava a esses irmãos<br />
uma afeição sincera, distinguin<strong>do</strong>-os<br />
com a sua preciosa amizade.<br />
Em uma das idas ao lar <strong>do</strong>s diletos<br />
amigos, observa Jesus que<br />
Marta, preocupada com os afazeres<br />
<strong>do</strong>mésticos, esforça-se por oferecer<br />
a Ele uma hospedagem mais<br />
confortável, enquanto Maria, sentada<br />
aos seus pés, escuta-lhe as palavras<br />
de vida eterna. Marta reclama:<br />
“– Senhor, não te importas de que<br />
minha irmã tivesse deixa<strong>do</strong> que eu<br />
fique a servir sozinha?”. Ao que Jesus<br />
lhe respondeu: “– Marta! Marta!<br />
andas inquieta e te preocupas<br />
com muitas coisas. [...] Maria escolheu<br />
a melhor parte, a qual não<br />
lhe será tirada”. (Lucas, 10:40-42.)<br />
Ao associar esses versículos ao<br />
18 176 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />
Capa<br />
C LARA L ILA G ONZALEZ DE A RAÚJO<br />
tema em estu<strong>do</strong>, objeto <strong>do</strong> presente<br />
artigo, é nosso intuito refletir sobre a<br />
imperiosa necessidade de cultivarmos<br />
nos lares espíritas o alimento espiritual<br />
que jamais se perde, e que nos<br />
é ofereci<strong>do</strong> pelo Cristo para mantermos<br />
uma ambiência <strong>do</strong>méstica<br />
que zele pela harmonia e serenidade<br />
de cada dia, em defesa da prática<br />
<strong>do</strong> amor recíproco entre as criaturas.<br />
No entanto, as atribulações que<br />
resultam <strong>do</strong> cotidiano agita<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />
tempos atuais modificam-nos os<br />
hábitos e não nos permitem agir<br />
com o indispensável equilíbrio<br />
moral diante <strong>do</strong>s conflitos da sociedade.<br />
São problemas graves, e<br />
deixamos que perturbem a tranqüilidade<br />
de nossas vidas privadas.<br />
A <strong>maio</strong>ria <strong>do</strong>s lares, em decorrência<br />
dessas influências, negligencia<br />
sobre assuntos <strong>do</strong>mésticos de<br />
quaisquer naturezas, geran<strong>do</strong> discussões,<br />
perplexidades, hostilidades,<br />
desrespeitos e separações de<br />
cônjuges, sob os mais fúteis pretextos,<br />
sem nenhum cuida<strong>do</strong> em manter<br />
a união daqueles que se comprometeram<br />
a estar juntos, solidarizan<strong>do</strong>-se<br />
no seio <strong>do</strong> mesmo núcleo<br />
familiar. Esquecem-se de que<br />
sublime é a tarefa de trabalhar pelo<br />
próprio aperfeiçoamento, no ajuste<br />
de compromissos mais eleva<strong>do</strong>s.<br />
O amorável <strong>Espírito</strong> Bezerra de<br />
Menezes, por meio de mensagem<br />
recebida pela médium Yvonne A.<br />
Pereira, reconhece o “[...] momento<br />
difícil que a Humanidade atravessa,<br />
quan<strong>do</strong> a fé e a moral, a solidez <strong>do</strong>s<br />
costumes, o cumprimento <strong>do</strong> dever<br />
e a responsabilidade de cada um<br />
se diriam em colapso, desorientan<strong>do</strong><br />
a muitos, vencen<strong>do</strong> outros tantos,<br />
desaniman<strong>do</strong> ou enrijecen<strong>do</strong> o<br />
coração de quase to<strong>do</strong>s para lançar<br />
o caos na sociedade humana, assinalan<strong>do</strong><br />
as últimas etapas <strong>do</strong> fim de<br />
uma civilização”. Ao mesmo tempo,<br />
alerta-nos para a importância <strong>do</strong> lar<br />
como “[...]a grande escola da família,<br />
em cujo seio o indivíduo se habilita<br />
para a realização <strong>do</strong>s próprios<br />
compromissos perante as leis de<br />
Deus e para consigo mesmo [...]”. 1<br />
O lar é o sagra<strong>do</strong> instituto da<br />
família onde o <strong>Espírito</strong> que reencarna<br />
há de encontrar a base sólida<br />
para sua real educação. Todavia,<br />
não basta admitir isso enquanto<br />
não compreendermos, concretamente,<br />
a exigência de ser mais<br />
vigilantes em relação ao cumprimento<br />
<strong>do</strong>s nossos deveres junto à
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:50 Page 19<br />
família e ao amor que devemos ter<br />
pelos nossos entes queri<strong>do</strong>s.<br />
O egoísmo, dizem os <strong>Espírito</strong>s<br />
superiores, é uma das chagas da<br />
Humanidade, e Pascal (<strong>Espírito</strong>),<br />
em O Evangelho segun<strong>do</strong> o Espiritismo,<br />
capítulo XI, item 12, reportan<strong>do</strong>-se<br />
ao tema, orienta-nos, de<br />
forma elucidativa:<br />
[...] sem a caridade não haverá<br />
descanso para a sociedade humana.<br />
Digo mais: não haverá segurança.<br />
Com o egoísmo e o orgulho,<br />
que andam de mãos dadas,<br />
a vida será sempre uma carreira<br />
em que vencerá o mais esperto,<br />
uma luta de interesses, em que<br />
se calcarão aos pés as mais santas<br />
afeições, em que nem sequer<br />
os sagra<strong>do</strong>s laços de família merecerão<br />
respeito. 2 (Grifo nosso.)<br />
Em consonância com essa assertiva,<br />
verificamos, por exemplo,<br />
a falta de constância <strong>maio</strong>r, <strong>do</strong> pai<br />
e da mãe, de sua presença na intimidade<br />
<strong>do</strong> lar, condição indispensável<br />
para que sintam, de perto,<br />
como anda o barco que lhes compete<br />
governar, na calmaria ou na<br />
tempestade. Alguns genitores, afasta<strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong> ambiente <strong>do</strong>méstico,<br />
denotam desinteresse no trato que<br />
devem ter com seus rebentos, à<br />
medida que crescem e se acentuam<br />
os estágios ou fases <strong>do</strong> seu<br />
desenvolvimento, especialmente<br />
os identifica<strong>do</strong>s na a<strong>do</strong>lescência. A<br />
propósito, observa Vinícius que<br />
“[...] os pen<strong>do</strong>res pelo utilitarismo<br />
feroz e pelo mundanismo frívolo[...]”fazem<br />
com que os pais se tornem,<br />
pouco a pouco, indóceis, im-<br />
pacientes e ríspi<strong>do</strong>s, prejudican<strong>do</strong>,<br />
seriamente, a harmonia <strong>do</strong> lar. 3<br />
O <strong>Espírito</strong> Emmanuel, sobre o<br />
assunto, chama a atenção <strong>do</strong> leitor<br />
para o fato de que:<br />
Em to<strong>do</strong>s os agrupamentos humanos,<br />
palpita a preocupação<br />
de ganhar. [...] A atualidade<br />
conta com mães numerosas que<br />
aban<strong>do</strong>nam seu lar a desconheci<strong>do</strong>s,<br />
durante muitas horas <strong>do</strong> dia,<br />
a fim de experimentarem a mina<br />
lucrativa. Nesse senti<strong>do</strong>, a <strong>maio</strong>ria<br />
das criaturas converte a marcha<br />
evolutiva em corrida inquietante.<br />
....................................................<br />
Examinada, porém, a bagagem,<br />
verifica-se, quase sempre, que<br />
as vitórias são derrotas fragorosas.<br />
Não constituem valores da<br />
alma, nem trazem o selo <strong>do</strong>s<br />
bens eternos. 4<br />
Manter uma habitação onde haja<br />
entendimento indispensável entre<br />
to<strong>do</strong>s é primordial, sem esquecer<br />
que não existem uniões casuais<br />
no lar terreno, o qual tem como<br />
objetivo unir os corações e buscar<br />
Capa<br />
o reajuste individual e coletivo para<br />
superar dramas vivi<strong>do</strong>s em existências<br />
pretéritas. O estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> Evangelho,<br />
interpreta<strong>do</strong> pela consola<strong>do</strong>ra<br />
Doutrina Espírita, propicia a reunião<br />
semanal com a família, para reflexão<br />
sobre os problemas mais cruciais<br />
e difíceis, e permite, aos pais,<br />
filhos e demais parentes, expressarem<br />
com liberdade as dúvidas, a respeito<br />
daquilo que é vivencia<strong>do</strong> em<br />
casa e na sociedade. O grupo familiar<br />
é um vetor essencial para qualquer<br />
abordagem educativa, promoven<strong>do</strong><br />
um incessante aprendiza<strong>do</strong><br />
de como saber conviver. Neste caso,<br />
a autoridade legalmente definida,<br />
entre pais e filhos, é menos importante<br />
que a afetividade. É imprescindível<br />
a exemplificação <strong>do</strong> que<br />
aprendemos: <strong>do</strong>ar de nós mesmos,<br />
agir com caridade, partilhar ideais,<br />
confiar naqueles a quem amamos.<br />
Para um lar estabiliza<strong>do</strong>, os pais,<br />
na medida <strong>do</strong> possível, devem esmerar-se<br />
em permanecer ao la<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>s filhos; acompanhá-los, cotidianamente,<br />
conhecen<strong>do</strong> e avalian<strong>do</strong><br />
as suas dificuldades morais e espirituais,<br />
sem a pretensão de achar que<br />
Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 177<br />
19
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:50 Page 20<br />
Capa<br />
sejam modelos de excelentes qualidades,<br />
já prepara<strong>do</strong>s para a execução<br />
de nobilíssimas tarefas futuras.<br />
To<strong>do</strong>s os que reencarnam em<br />
nosso mun<strong>do</strong>, de mo<strong>do</strong> geral, são<br />
<strong>Espírito</strong>s imperfeitos e a sua passagem<br />
pela vida corporal exige que os<br />
pais atendam aos desígnios cuja<br />
execução Deus lhes confia, sem retardar<br />
a marcha da evolução desses<br />
seres e prolongar, indefinidamente,<br />
as provas que assumiram em detrimento<br />
<strong>do</strong>s erros e equívocos pratica<strong>do</strong>s,<br />
ao longo de suas reencarnações.<br />
É essencial, para a educação<br />
moral <strong>do</strong>s filhos, estimulá-los à<br />
freqüência assídua, desde ce<strong>do</strong>,<br />
à Escola de Evangelização Espírita-Cristã,<br />
promovida pelo Centro<br />
Espírita, a qual se preocupa em oferecer<br />
estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong>utrinários e atividades<br />
motiva<strong>do</strong>ras, utilizan<strong>do</strong> meto<strong>do</strong>logias<br />
específicas, de acor<strong>do</strong><br />
com as respectivas faixas etárias,<br />
da criança e <strong>do</strong> jovem.<br />
20 178 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />
Se falharmos, ao desencarnar,<br />
haveremos de freqüentar, talvez, na<br />
Espiritualidade, “os enormes pavilhões<br />
das escolas maternais”, <strong>do</strong><br />
Ministério <strong>do</strong> Esclarecimento, na<br />
Colônia Nosso Lar, em companhia<br />
de “[...] milhares de irmãs que comentam,<br />
por lá, as desventuras da<br />
maternidade fracassada, buscan<strong>do</strong><br />
reconstituir energias e caminhos.<br />
[...]”. Ali existem também os<br />
“Centros de Preparação à Paternidade”,<br />
onde “grandes massas de irmãos<br />
examinam o quadro de tarefas<br />
perdidas e recordam, com lágrimas,<br />
o passa<strong>do</strong> de indiferença<br />
ao dever. [...]”. 5<br />
Cabe aos pais preparar os filhos<br />
para o futuro, regeneran<strong>do</strong>-os. Regenerar<br />
significa emendar ou corrigir<br />
moralmente, permitin<strong>do</strong>-lhes<br />
construir, amanhã, seus próprios<br />
lares, que representarão para eles<br />
o refúgio mais nobre, mais digno,<br />
mais cristão.<br />
Por outro la<strong>do</strong>, a constituição<br />
<strong>do</strong> grupo familiar não se resume,<br />
apenas, em pais e filhos menores.<br />
Em diversos lares, haverá outros<br />
membros de nossa parentela consangüínea,<br />
rogan<strong>do</strong> por nossa<br />
compreensão e apoio. Recomenda<br />
o Apóstolo Paulo, em epístola<br />
a Timóteo (I, 5:4): “[...] aprendam<br />
primeiro a exercer piedade<br />
para com a sua própria<br />
família e a recom-<br />
pensar seus pais; porque isto é<br />
bom e agradável diante de Deus”.<br />
(I, 5:4.) E, ao analisar a recomendação<br />
paulina, pergunta Emmanuel,<br />
em uma de suas lúcidas<br />
páginas: “[...] Como seremos benfeitores<br />
de cem ou mil pessoas, se<br />
ainda não aprendemos a servir cinco<br />
ou dez criaturas? [...] o exercício<br />
da piedade no centro das atividades<br />
<strong>do</strong>mésticas” deve ser inexaurível,<br />
priorizan<strong>do</strong> nossas ações<br />
em favor <strong>do</strong>s familiares, convictos<br />
“de que semelhante esforço [pessoal]<br />
representa realização essencial”,<br />
para cada um de nós. 6<br />
Sem isso, não conseguiremos<br />
escolher a melhor parte que nos é<br />
oferecida pelo Mestre Jesus, como<br />
roteiro seguro de nossas vidas.<br />
Referências:<br />
1<br />
SOUZA, Juvanir Borges de. (Coordena<strong>do</strong>r<br />
da Equipe da FEB). “Aos Pais de Família”.<br />
Mensagem psicografada pela médium<br />
Yvonne A. Pereira. In: Bezerra de Menezes<br />
– ontem e hoje. 3. ed. Rio de Janeiro:<br />
FEB, 2001. p. 87-91.<br />
2<br />
KARDEC, Allan. O evangelho segun<strong>do</strong> o<br />
espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro.<br />
4. ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2006.<br />
Capítulo XI, item 12, p. 256-257.<br />
3<br />
VINÍCIUS. Em torno <strong>do</strong> mestre. 8. ed. Rio de<br />
Janeiro: FEB, 2002. “Larfobia”, p. 263-264.<br />
4<br />
XAVIER, Francisco C. Caminho, verdade e<br />
vida. Pelo <strong>Espírito</strong> Emmanuel. Ed. especial.<br />
Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo<br />
56, p. 127-128.<br />
5<br />
_____. Os mensageiros. Pelo <strong>Espírito</strong> André<br />
Luiz. 2. ed. especial. Rio de Janeiro:<br />
FEB, 2006. Capítulo 13, p. 85-86.<br />
6<br />
_____. Pão nosso. Pelo <strong>Espírito</strong> Emmanuel.<br />
Ed. especial. Rio de Janeiro: FEB,<br />
2005. Capítulo 117, p. 247-248.
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:51 Page 21<br />
Esfloran<strong>do</strong> o Evangelho<br />
Pelo <strong>Espírito</strong> Emmanuel<br />
Ministérios<br />
“Cada um administre aos outros o <strong>do</strong>m como o recebeu,<br />
como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.”<br />
(I PEDRO, 4:10.)<br />
Toda criatura recebe <strong>do</strong> Supremo Senhor o <strong>do</strong>m de servir como um<br />
ministério essencialmente divino.<br />
Se o homem levanta tantos problemas de solução difícil, em suas lutas<br />
sociais, é que não se capacitou, ainda, de tão eleva<strong>do</strong> ensinamento.<br />
O quadro da evolução terrestre apresenta divisão entre os que denominais<br />
“magnatas” e “proletários”, porquanto, de mo<strong>do</strong> geral, não se entendeu até agora no<br />
mun<strong>do</strong> a dignidade <strong>do</strong> trabalho honesto, por mais humilde que seja.<br />
É imprescindível haja sempre profissionais de limpeza pública, desbrava<strong>do</strong>res de<br />
terras insalubres, chefes de fábricas, trabalha<strong>do</strong>res de imprensa.<br />
Os homens não compreenderam, ainda, que a oportunidade de cooperar nos<br />
trabalhos da Terra transforma-os em despenseiros da graça de Deus. Chegará,<br />
contu<strong>do</strong>, a época em que to<strong>do</strong>s se sentirão ricos. A noção de “capitalista” e<br />
“operário” estará renovada. Entender-se-ão ambos como eficientes servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong><br />
Altíssimo.<br />
O jardineiro sentirá que o seu ministério é irmão da tarefa confiada ao gerente<br />
da usina.<br />
Cada qual ministrará os bens recebi<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Pai, na sua própria esfera de ação, sem<br />
a idéia egoística de ganhar para enriquecer na Terra, mas de servir com proveito<br />
para enriquecer em Deus.<br />
Fonte: XAVIER, Francisco C. Caminho, verdade e vida. Ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005.<br />
Cap. 61, p. 137-138.<br />
Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 179<br />
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eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - a.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:51 Page 22<br />
FEB presente em ato público<br />
“Brasil sem aborto”<br />
O“Movimento Nacional<br />
Brasil Sem Aborto” realizou<br />
um ato público no<br />
dia 29 de março, das 10 às 13 horas,<br />
na Praça da Sé, em São Paulo.<br />
O evento foi coordena<strong>do</strong> por Marília<br />
de Castro, contan<strong>do</strong> com representantes<br />
da sociedade civil e<br />
de entidades religiosas. Usaram<br />
da palavra os deputa<strong>do</strong>s federais<br />
Luiz Carlos Bassuma e Jorge Tadeu<br />
Mudalen, sen<strong>do</strong>, este, relator<br />
<strong>do</strong> Projeto de Lei sobre a descriminalização<br />
<strong>do</strong> aborto –, a ex-sena<strong>do</strong>ra<br />
Heloísa Helena, Dom José<br />
Benedito, representante da CNBB<br />
e <strong>do</strong> Cardeal de São Paulo, Antonio<br />
Cesar Perri de Carvalho, diretor<br />
e representante da FEB, Marlene<br />
Rossi Severino Nobre, presidente<br />
da Associação Médico-Espírita<br />
<strong>do</strong> Brasil, houve manifestações<br />
de várias entidades e, também,<br />
ocorreram apresentações<br />
musicais, entre as quais, <strong>do</strong> padre<br />
Marcelo Rossi. A Praça da Sé estava<br />
lotada com um público que vibrava<br />
a cada apresentação, fazen<strong>do</strong><br />
saudações de “viva a vida!”. A<br />
Polícia Militar de São Paulo estimou<br />
em seis mil as pessoas presentes<br />
ao Ato. O “Movimento Na-<br />
22 260 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />
cional Brasil Sem Aborto” planeja<br />
a realização, no dia 20 de agosto,<br />
de uma grande passeata em Brasília.<br />
Informações: www.brasilsemaborto.com.br
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:56 Page 22<br />
Atendimento fraterno<br />
e assistência espiritual<br />
Areunião mediúnica, na qual<br />
os desencarna<strong>do</strong>s “incorpora<strong>do</strong>s”<br />
são atendi<strong>do</strong>s por<br />
um <strong>do</strong>utrina<strong>do</strong>r – que preferimos<br />
chamar de esclarece<strong>do</strong>r – ficou<br />
consagrada no Movimento Espírita<br />
como reunião de desobsessão,<br />
mas, na verdade, esse título não revela<br />
a extensão e a diversidade <strong>do</strong><br />
serviço que se realiza nesse encontro<br />
semanal entre encarna<strong>do</strong>s e desencarna<strong>do</strong>s.<br />
Nele não são atendi<strong>do</strong>s<br />
somente <strong>Espírito</strong>s obsessores,<br />
conscientes ou não de sua atuação<br />
deletéria, mas, também, <strong>Espírito</strong>s<br />
sofre<strong>do</strong>res em situações diversas,<br />
tais como os suicidas, os traumatiza<strong>do</strong>s<br />
pela desencarnação violenta,<br />
os acometi<strong>do</strong>s de alienação<br />
mental, os que não se reconhecem<br />
“mortos”, os descrentes em Deus,<br />
os frustra<strong>do</strong>s com os ensinamentos<br />
da religião que a<strong>do</strong>taram na<br />
vida material, toxicômanos, desequilibra<strong>do</strong>s<br />
sexuais e tantos outros.<br />
O propósito aqui não é examinar<br />
a propriedade <strong>do</strong> nome dessa<br />
reunião, mas analisar o que se passa<br />
com o <strong>Espírito</strong> após ser atendi<strong>do</strong><br />
pelo esclarece<strong>do</strong>r. Convém recordar,<br />
com o <strong>Espírito</strong> André Luiz,<br />
que o espaço destina<strong>do</strong> à reunião<br />
de desobsessão entre quatro paredes<br />
“[...] guarda a importância de uma<br />
22 180 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />
WALDEHIR B EZERRA DE A LMEIDA<br />
Foto retirada <strong>do</strong> livro Desobsessão, Ed. FEB<br />
Os médiuns esclarece<strong>do</strong>res são constituí<strong>do</strong>s pelo dirigente e seus assessores<br />
enfermaria, com recursos adjacentes<br />
da Espiritualidade Maior para<br />
tratamento e socorro das mentes<br />
desencarnadas, ainda conturbadas<br />
ou infelizes”. 1 Nesse ambiente, o<br />
desencarna<strong>do</strong>, após o diálogo fraterno<br />
com o esclarece<strong>do</strong>r, é, muitas<br />
vezes, convida<strong>do</strong> a receber auxílio<br />
<strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s que atendem na Instituição,<br />
com a finalidade de fortalecer-lhe<br />
o moral para o recomeço<br />
de nova jornada em direção à Luz.<br />
O <strong>Espírito</strong> Efigênio S. Vítor<br />
contribui com o nosso estu<strong>do</strong> informan<strong>do</strong><br />
que o Centro Espírita é<br />
um expressivo porto de auxílio,<br />
erigi<strong>do</strong> à feição de pronto-socorro,<br />
e possui um vasto corpo de colabora<strong>do</strong>res<br />
composto de médicos, religiosos<br />
de várias crenças, médiuns<br />
espíritas desencarna<strong>do</strong>s, magneti-<br />
za<strong>do</strong>res, enfermeiros, guardas, padioleiros<br />
e outros, prontos a servir,<br />
em nome <strong>do</strong> Cristo, aos desencarna<strong>do</strong>s<br />
atendi<strong>do</strong>s na Instituição. 2<br />
Somam-se com essa informação<br />
os inúmeros testemunhos <strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s<br />
que são ouvi<strong>do</strong>s em nossas<br />
reuniões, revelan<strong>do</strong> a forma como<br />
encontraram o equilíbrio de que<br />
necessitavam, participan<strong>do</strong> de estu<strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong>utrinários, assistin<strong>do</strong> a<br />
palestras, toman<strong>do</strong> passes e sen<strong>do</strong><br />
ampara<strong>do</strong>s fraternalmente por<br />
um companheiro que lhes serviu<br />
de cireneu, pois os primeiros passos<br />
na reforma íntima são difíceis<br />
de ser da<strong>do</strong>s.<br />
A oportunidade de soerguimento<br />
oferecida pela equipe espiritual,<br />
dentro de um programa<br />
disciplina<strong>do</strong> e com objetivos defi-
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:56 Page 23<br />
ni<strong>do</strong>s, é consonante com a função<br />
<strong>do</strong> Centro Espírita que, “[...] reviven<strong>do</strong><br />
o Cristianismo, é um lar de<br />
solidariedade humana, em que os<br />
irmãos mais fortes são apoio aos<br />
mais fracos e em que os mais felizes<br />
são trazi<strong>do</strong>s ao amparo <strong>do</strong>s<br />
que gemem sob o infortúnio”. 3<br />
A dinâmica <strong>do</strong> auxílio ofereci<strong>do</strong><br />
pelos nossos mentores, no plano invisível,<br />
a partir <strong>do</strong> atendimento da<strong>do</strong><br />
na reunião de desobsessão, pode<br />
servir de modelo, mutatis mutandis,<br />
para um tratamento espiritual a ser<br />
a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> nas casas espíritas, no plano<br />
visível, para quem busca socorro<br />
no Atendimento ou Diálogo Fraterno,<br />
conforme se queira chamar.<br />
Após ouvir o irmão necessita<strong>do</strong>, o<br />
atendente dar-lhe-á esclarecimentos<br />
à luz da Doutrina Espírita, para<br />
que encontre a consolação de que<br />
tanto necessita naquele momento<br />
e, em seguida, sem vender-lhe ilusão<br />
da solução instantânea <strong>do</strong>s seus<br />
males, mas sim, o alívio – conforme<br />
prometeu Jesus (Mateus, 11:28) –,<br />
propor-lhe-á um tratamento espiritual<br />
a fim de fortalecê-lo na fé e<br />
na esperança para a conquista de<br />
melhores dias em sua vida.<br />
Durante o recebimento <strong>do</strong> benefício<br />
espiritual serão solicita<strong>do</strong>s<br />
procedimentos que irão se conjugar<br />
para que encontre o equilíbrio<br />
psíquico-espiritual, deven<strong>do</strong>,<br />
para isso:<br />
a) adquirir o hábito de orar e<br />
de fazer a caridade;<br />
b) identificar suas más tendências<br />
e combatê-las com perseverança;<br />
c) limpar o seu coração, extirpan<strong>do</strong><br />
dele os ressentimen-<br />
tos, e aprender a<br />
per<strong>do</strong>ar.<br />
Para tanto, ser-lhe-á<br />
ofereci<strong>do</strong> um roteiro<br />
escrito, ministran<strong>do</strong>-<br />
-lhe estu<strong>do</strong> que favoreça<br />
o entendimento<br />
da dinâmica da<br />
vida, <strong>do</strong> porquê da<br />
<strong>do</strong>r; orientan<strong>do</strong>-o<br />
na tomada de passes<br />
e de água fluidificada de maneira<br />
metódica; a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> a “biblioterapia”,<br />
fazen<strong>do</strong> leituras apropriadas;<br />
buscan<strong>do</strong> formas práticas<br />
na vida diária para a manutenção<br />
<strong>do</strong> pensamento positivo e<br />
participação em palestras <strong>do</strong>utrinárias.<br />
Conforme o caso, propor-<br />
-lhe-á a “laborterapia”, com a execução<br />
de tarefas na Casa, sempre<br />
condizentes com seu conhecimento<br />
e esta<strong>do</strong> psíquico-espiritual.<br />
Tu<strong>do</strong> isso sem violentar-lhe<br />
o livre-arbítrio e sem interferir<br />
nas suas crenças e hábitos. O Sol<br />
oferece luz a to<strong>do</strong>s. Fica na sombra<br />
quem dele quiser se esconder.<br />
Dessa forma, aquele irmão,<br />
que antes se sentia desampara<strong>do</strong><br />
e sem rumo para sua vida, vê-se<br />
ao la<strong>do</strong> de companheiros que o<br />
abraçam fraternalmente, fazen<strong>do</strong><br />
com que vislumbre caminhos<br />
antes não percebi<strong>do</strong>s.<br />
Como bem adverte a Mentora<br />
Joanna de Ângelis, o atendimento<br />
fraterno “não se propõe a resolver<br />
os desafios nem as dificuldades,<br />
eliminar as <strong>do</strong>enças nem os sofrimentos,<br />
mas propor ao cliente os<br />
meios hábeis para a própria recuperação”.<br />
E enfatiza: “O atendimento<br />
fraterno na Casa Espírita é de vital<br />
Diálogo fraterno entre o esclarece<strong>do</strong>r<br />
e o espírito desencarna<strong>do</strong><br />
importância, para to<strong>do</strong> aquele que<br />
lhe busque ajuda, seja orientan<strong>do</strong><br />
com equilíbrio, seja guian<strong>do</strong>-o para<br />
o labor de auto-iluminação”. 4 (Grifamos.)<br />
E ressalta: Entendemos, aí,<br />
que a Casa Espírita deve oferecer os<br />
meios de forma prática a quem dela<br />
busca o socorro e guiá-lo na sua<br />
empreitada de reforma interior.<br />
Assim como a assistência aos<br />
desencarna<strong>do</strong>s na reunião de desobsessão<br />
não cessa após o diálogo<br />
com o esclarece<strong>do</strong>r, entendemos<br />
que o atendimento fraterno também<br />
não. Corrigir as mazelas da<br />
alma implica a nossa reeducação,<br />
exige-nos reforma interior, que<br />
demanda esforço, disciplina, dedicação<br />
e, acima de tu<strong>do</strong>, apoio<br />
de alguém que, além de nos dizer<br />
“levanta-te”, estende-nos também<br />
a mão. Domar paixões inferiores,<br />
não alimentar ódio, inveja, ciúme<br />
e orgulho; não se deixar <strong>do</strong>minar<br />
pelo egoísmo, passar a nutrir bons<br />
sentimentos e começar a praticar<br />
a caridade não são tarefas fáceis<br />
de serem implementadas por alma<br />
Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 181<br />
Foto retirada <strong>do</strong> livro Desobsessão, Ed. FEB<br />
23
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:57 Page 24<br />
ainda incipiente na prática das leis<br />
morais. Ela sempre vai necessitar<br />
das diretrizes de um programa de<br />
reforma, acompanhada por alguém<br />
que lhe inspire confiança e<br />
possa levantá-la nos momentos<br />
das quedas. Propor ao cliente os<br />
meios hábeis para a própria recuperação<br />
[...] guian<strong>do</strong>-o para o labor<br />
de auto-iluminação significa,<br />
para nós, outorgar ao atendi<strong>do</strong><br />
um programa em que, durante<br />
O “Movimento Nacional Brasil<br />
Sem Aborto” realizou um ato<br />
público no dia 29 de março, das<br />
10 às 13 horas, na Praça da Sé, em<br />
São Paulo. O evento foi coordena<strong>do</strong><br />
por Marília de Castro, contan<strong>do</strong><br />
com representantes da sociedade<br />
civil e de entidades religiosas.<br />
Usaram da palavra os deputa<strong>do</strong>s<br />
federais Luiz Carlos Bassuma<br />
e Jorge Tadeu Mudalen –<br />
sen<strong>do</strong>, este, relator <strong>do</strong> Projeto de<br />
Lei sobre a descriminalização <strong>do</strong><br />
aborto –, a ex-sena<strong>do</strong>ra Heloísa<br />
24 182 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />
um certo perío<strong>do</strong>, tenha ele o disciplinamento,<br />
o apoio moral e a<br />
solidariedade fraterna de alguém<br />
na Instituição, qual ocorre no plano<br />
invisível, para ajudá-lo nos<br />
primeiros passos <strong>do</strong> recomeço.<br />
Referências:<br />
1<br />
XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Wal<strong>do</strong>. Desobsessão.<br />
Pelo <strong>Espírito</strong> André Luiz. Rio<br />
de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 18, p. 77.<br />
2<br />
VÍTOR, Efigênio S. “Visão espiritual de<br />
Helena, Dom Joaquim Justino<br />
Carrera, representante da CNBB<br />
e <strong>do</strong> Cardeal de São Paulo, Antonio<br />
Cesar Perri de Carvalho, diretor<br />
e representante da FEB, Marlene<br />
Rossi Severino Nobre, presidente<br />
da Associação Médico-Espírita<br />
Internacional. Houve manifestações<br />
de várias entidades e, também,<br />
ocorreram apresentações musicais,<br />
entre as quais, a <strong>do</strong> padre<br />
Marcelo Rossi. Além <strong>do</strong>s representantes<br />
que falaram, estavam presentes<br />
muitas instituições, como a<br />
um centro espírita”. In: Educandário de<br />
luz. Autores diversos. 2. ed. São Paulo:<br />
Ideal. Cap. 34, p. 80.<br />
3<br />
XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Wal<strong>do</strong>. Estude<br />
e viva. Pelos <strong>Espírito</strong>s Emmanuel e André<br />
Luiz. 12. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006.<br />
Cap. 39, mensagem de Emmanuel, p. 223.<br />
4<br />
FRANCO, Dival<strong>do</strong> Pereira. Terapia <strong>do</strong><br />
amor. Pelo <strong>Espírito</strong> Joanna de Ângelis. In:<br />
AZEVEDO, Geral<strong>do</strong> de, e outros. Atendimento<br />
fraterno. 4. ed. Salva<strong>do</strong>r: LEAL.<br />
p. 16-18.<br />
FEB presente em ato público<br />
“Em Defesa da Vida –<br />
Brasil Sem Aborto”<br />
União das Sociedades Espíritas <strong>do</strong><br />
Esta<strong>do</strong> de São Paulo, na pessoa <strong>do</strong><br />
diretor Paulo Ribeiro. A Praça da<br />
Sé estava lotada com um público<br />
que vibrava a cada apresentação,<br />
fazen<strong>do</strong> saudações de “viva a vida!”.<br />
A Polícia Militar de São Paulo<br />
estimou em seis mil as pessoas<br />
presentes ao Ato. O “Movimento<br />
Nacional Brasil Sem Aborto” planeja<br />
a realização, no dia 20 de<br />
agosto, de uma grande manifestação<br />
em Brasília. Informações:<br />
www.brasilsemaborto.com.br
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:57 Page 25<br />
Onde está o<br />
vosso coração?<br />
“Porque onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração.”<br />
(Mateus, 6:21.)<br />
Éimportante refletir sobre o<br />
papel que os tesouros conquista<strong>do</strong>s<br />
representam na vida<br />
de cada um. Se os tesouros são<br />
perenes, iluminam os caminhos<br />
árduos da redenção; quan<strong>do</strong> transitórios,<br />
aprisionam as almas nas<br />
malhas <strong>do</strong> tempo. De posse de alguns<br />
tesouros o homem chega a<br />
ultrapassar os limites <strong>do</strong> bom senso<br />
e da razão. Além <strong>do</strong> apego aos<br />
bens e à riqueza é possível identificar<br />
o de muitos coleciona<strong>do</strong>res<br />
de moedas, jóias, selos, quadros,<br />
carros antigos, chaveiros, e até quinquilharias,<br />
que chegam a alcançar<br />
valores inestimáveis, facilmente<br />
transforma<strong>do</strong>s em objetos de ambição<br />
e cobiça. O apego afetivo,<br />
ainda mais perigoso, é muito comum<br />
entre os entes queri<strong>do</strong>s; ao<br />
invés de unir, agrilhoa as almas por<br />
séculos de incompreensão e desdita.<br />
Com os melhores sentimentos<br />
focaliza<strong>do</strong>s nesses interesses<br />
prioritários, o <strong>Espírito</strong> alheia-se <strong>do</strong><br />
verdadeiro tesouro que lhe proporcionaria<br />
segurança na vida terrena<br />
e alicerce nos planos Maiores.<br />
A. MERCI S PADA B ORGES<br />
Essa paixão <strong>do</strong>entia,<br />
além de lhe acarretar<br />
um despertar <strong>do</strong>loroso<br />
no plano espiritual,<br />
acende o estopim da posse desmedida<br />
e, enlouqueci<strong>do</strong>, busca, em<br />
vão, o objeto de sua desdita.<br />
Jesus, conhece<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s labirintos<br />
da alma, não deixou de alertar:<br />
“Onde estiver o vosso tesouro<br />
ali estará também o vosso coração”.<br />
Se os tesouros intelectuais podem<br />
descortinar ao <strong>Espírito</strong> os pináculos<br />
da evolução filosófica, artística,<br />
científica e tecnológica, cabe<br />
aos tesouros morais desbravar a<br />
senda evolutiva <strong>do</strong> ser imortal. Não<br />
haverá iluminação da alma sem o<br />
combate contínuo às más inclinações<br />
e a vivência sincera das lições<br />
<strong>do</strong> Cristo. O <strong>Espírito</strong> Emmanuel<br />
reitera os filósofos da Antigüidade:<br />
“[...] a <strong>maio</strong>r necessidade da criatura<br />
humana ainda é a <strong>do</strong> conhecimento<br />
de si mesma”. (O Consola<strong>do</strong>r,<br />
Francisco C. Xavier, questão<br />
232, Ed. FEB.) Porém, reafirma o<br />
mesmo autor espiritual, “[...] para<br />
a iluminação <strong>do</strong> íntimo,<br />
só tendes no mun<strong>do</strong><br />
o Evangelho <strong>do</strong> Senhor,<br />
que nenhum roteiro<br />
<strong>do</strong>utrinário poderá<br />
ultrapassar”.(Op.cit.,questão 219.)<br />
A evangelização é o roteiro que<br />
dará à criatura os subsídios para<br />
o seu engrandecimento espiritual:<br />
fortalece os bons propósitos e propicia-lhe<br />
condições para uma vida<br />
moralmente saudável e equilibrada.<br />
Neste contexto de aquisições<br />
iluminativas, os tesouros conquista<strong>do</strong>s<br />
na Terra serão baldea<strong>do</strong>s<br />
com o <strong>Espírito</strong> para o mun<strong>do</strong> espiritual<br />
“[...] onde nem a traça<br />
nem a ferrugem consomem, e onde<br />
os ladrões não minam, nem<br />
roubam”. (Mateus, 6:20.)<br />
Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 183<br />
25
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:57 Page 26<br />
Em dia com o Espiritismo<br />
Pródromos da<br />
reencarnação<br />
existência humana não é<br />
ato acidental, mas manifestação<br />
da misericórdia e da<br />
justiça divinas. O <strong>Espírito</strong> é um ser<br />
imortal cria<strong>do</strong> simples e ignorante<br />
por Deus, porém submeti<strong>do</strong> à lei<br />
<strong>do</strong> progresso. O trabalho desenvolvi<strong>do</strong><br />
nas inúmeras reencarnações<br />
lhe permite reparar<br />
erros cometi<strong>do</strong>s pelo uso<br />
incorreto <strong>do</strong> livre-arbítrio<br />
e, ao mesmo tempo, evoluir<br />
pela aquisição de conhecimentos<br />
e virtudes.<br />
Antes da concepção<br />
biológica – momento<br />
em que o óvulo (célula<br />
reprodutora feminina) é<br />
fecunda<strong>do</strong> pelo espermatozóide<br />
(célula reprodutora<br />
masculina) –, o <strong>Espírito</strong> reencarnante<br />
estabelece ligações fluídicas<br />
com os futuros genitores, em<br />
especial com a sua mãe, por meio<br />
de “[...] um laço fluídico, que mais<br />
não é <strong>do</strong> que uma expansão <strong>do</strong> seu<br />
perispírito [...]”. 1 A<br />
À medida que essa<br />
ligação se intensifica, diminuem<br />
26 184 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />
M ARTA A NTUNES M OURA<br />
os pontos de contato <strong>do</strong> <strong>Espírito</strong><br />
com o plano espiritual, condição<br />
necessária às modificações plásti-<br />
cas que ocorrerão no perispírito,<br />
principalmente as de redução. 2<br />
A resposta transmitida pelos <strong>Espírito</strong>s<br />
superiores à questão 344 de<br />
O Livro <strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s: – “Em que momento<br />
a alma se une ao corpo?” –<br />
especifica o exato momento em que<br />
começa a união <strong>do</strong> <strong>Espírito</strong> à matéria,<br />
no processo reencarnatório:<br />
A união começa na concepção,<br />
mas só é completa pela ocasião<br />
<strong>do</strong> nascimento. Desde<br />
o instante da concepção,<br />
o <strong>Espírito</strong> designa<strong>do</strong> para<br />
habitar certo corpo a<br />
este se liga por um laço<br />
fluídico, que cada vez<br />
mais se vai apertan<strong>do</strong><br />
até ao instante em que<br />
a criança vê a luz. [...] 3<br />
André Luiz informa<br />
que a partir daí, da concepção,<br />
acelera-se o processo<br />
de redução perispiritual e de liberação<br />
de elementos absorvi<strong>do</strong>s<br />
2, 4<br />
pelo <strong>Espírito</strong> no plano espiritual.<br />
Nessa situação, o perispírito <strong>do</strong><br />
reencarnante é amplamente magnetiza<strong>do</strong><br />
por <strong>Espírito</strong>s especialistas,<br />
denomina<strong>do</strong>s “construtores”, e
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:57 Page 27<br />
por outros benfeitores, os quais,<br />
simultaneamente, induzem o futuro<br />
reencarna<strong>do</strong> a criar imagens<br />
mentais relativas à organização fetal<br />
e à vida no ventre materno. Esse<br />
tipo de visualização ideoplástica<br />
favorece o trabalho de redução<br />
perispiritual, organização e desenvolvimento<br />
embrionário-fetal. 4<br />
Durante a concepção – caracterizada<br />
pela fusão <strong>do</strong>s núcleos das<br />
duas células reprodutoras –, forma-se<br />
uma célula diferenciada denominada<br />
zigoto ou ovo fertiliza<strong>do</strong>,<br />
que irá se desenvolver até o estágio<br />
de embrião e feto, respectivamente,<br />
no espaço de tempo conheci<strong>do</strong><br />
como perío<strong>do</strong> de gestação. A despeito<br />
<strong>do</strong> afluxo de inúmeros espermatozóides<br />
posiciona<strong>do</strong>s ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />
óvulo, apenas um irá fecundá-lo.<br />
O sexo <strong>do</strong> ser em vias de formação<br />
é defini<strong>do</strong> nesse momento. No perío<strong>do</strong><br />
de 24 a 48 horas surge, então,<br />
o embrião, propriamente chama<strong>do</strong><br />
blastocisto, em razão da sucessiva<br />
divisão e diferenciação celular ocorrida<br />
no zigoto. Imediatamente após<br />
a fecundação, antes <strong>do</strong> início da<br />
divisão celular, o zigoto é envolvi<strong>do</strong><br />
por uma coroa protetora de células,<br />
que fornece os elementos nutritivos<br />
necessários ao seu desenvolvimento:<br />
íons minerálicos, proteínas<br />
e aporte de oxigênio, entre outros.<br />
O processo de fecundação, estruturação<br />
<strong>do</strong> zigoto e <strong>do</strong> blastócito<br />
acontece em uma das trompas de<br />
Falópio, estrutura biológica situada<br />
entre o ovário e o útero. O blastocisto<br />
presente na trompa possui<br />
células-tronco totipotentes, capazes<br />
de originar os 216 teci<strong>do</strong>s existentes<br />
no corpo humano, a placenta e<br />
os anexos embrionários. A implantação<br />
<strong>do</strong> blastocisto no útero, pelo<br />
conheci<strong>do</strong> mecanismo de nidação,<br />
transforma-o em embrião, propriamente<br />
dito, possui<strong>do</strong>r de células-<br />
-tronco embrionárias pluripotentes,<br />
as quais, por efeito das diferenciações<br />
ocorridas, podem ainda<br />
produzir os 216 teci<strong>do</strong>s humanos,<br />
exceto a placenta e os anexos<br />
embrionários. A utilização de tais<br />
células para fins de pesquisa científica,<br />
tanto as totipotentes quanto<br />
as pluripotentes, provoca morte <strong>do</strong><br />
embrião, daí ser considerada prática<br />
abortiva pelo Espiritismo.<br />
As leis da hereditariedade biológica<br />
são definidas durante a fecundação.<br />
Funcionam com admirável<br />
precisão, uma vez que estão<br />
submetidas aos critérios <strong>do</strong> automatismo<br />
biológico, firmemente estabeleci<strong>do</strong><br />
nas sucessivas passagens<br />
<strong>do</strong> princípio inteligente pelos reinos<br />
inferiores da Natureza. A reação<br />
em cadeia, iniciada na fecundação<br />
<strong>do</strong> óvulo e concretizada na<br />
formação de um novo corpo físico,<br />
é desencadeada pela ação mental<br />
<strong>do</strong> <strong>Espírito</strong> reencarnante, com<br />
auxílio específico da genitora e<br />
<strong>do</strong>s <strong>Espírito</strong>s construtores.<br />
Esclarece André Luiz:<br />
[...] A modelagem fetal e o<br />
desenvolvimento <strong>do</strong> embrião<br />
obedecem a leis<br />
físicas naturais, qual<br />
ocorre na organização<br />
de formas em outros<br />
reinos da Natureza,<br />
mas, em to<strong>do</strong>s esses<br />
fenômenos, os ascendentes<br />
de coope-<br />
ração espiritual coexistem com<br />
as leis, de acor<strong>do</strong> com os planos<br />
de evolução ou resgate. 5<br />
As ligações espirituais <strong>do</strong>s filhos<br />
com os pais, entretanto, são<br />
de outra ordem, têm como base<br />
os princípios que envolvem a organização<br />
da parentela espiritual.<br />
Devemos considerar que todas<br />
essas informações refletem mecanismos<br />
biológicos e espirituais<br />
Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 185<br />
27
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:57 Page 28<br />
simples, ainda que revelem a beleza<br />
e a sabe<strong>do</strong>ria da criação divina.<br />
Trata-se de processos reencarnatórios<br />
comuns, corriqueiros, destina<strong>do</strong>s<br />
a <strong>Espírito</strong>s de mediana evolução,<br />
cujos detalhamentos estão<br />
exemplarmente ilustra<strong>do</strong>s na reencarnação<br />
de Segismun<strong>do</strong>, relatada<br />
na obra Missionários da Luz, de<br />
André Luiz, psicografia de Francisco<br />
Cândi<strong>do</strong> Xavier.<br />
Importa destacar, também, que<br />
o <strong>Espírito</strong> que já atingiu certo patamar<br />
evolutivo torna-se merece<strong>do</strong>r<br />
de benefícios espirituais avança<strong>do</strong>s,<br />
quan<strong>do</strong> <strong>do</strong> seu retorno ao<br />
plano físico. Não se trata de regalias,<br />
aleatoriamente concedidas,<br />
mas de méritos conquista<strong>do</strong>s pelo<br />
<strong>Espírito</strong> no seu esforço de ascensão.<br />
Dessa forma, as leis biológicas,<br />
em geral, e a herança genética,<br />
em especial, são maleáveis à ação<br />
de Entidades esclarecidas, que<br />
analisam cuida<strong>do</strong>samente os fins<br />
e os objetivos da reencarnação<br />
desses <strong>Espírito</strong>s. Eis o que André<br />
Luiz transmite a respeito da lei de<br />
hereditariedade fisiológica:<br />
– Funciona com inalienável <strong>do</strong>mínio<br />
sobre to<strong>do</strong>s os seres em<br />
evolução, mas sofre, naturalmente,<br />
a influência de to<strong>do</strong>s<br />
aqueles que alcançam qualidades<br />
superiores ao ambiente geral.<br />
Além <strong>do</strong> mais, quan<strong>do</strong> o interessa<strong>do</strong><br />
em experiências novas<br />
no plano da Crosta é merece<strong>do</strong>r<br />
de serviços “intercessórios”,<br />
as forças mais elevadas<br />
podem imprimir certas modificações<br />
à matéria, desde as atividades<br />
embriológicas, determi-<br />
28 186 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />
nan<strong>do</strong> alterações favoráveis ao<br />
trabalho de redenção. 6<br />
Nessas condições, “os <strong>Espírito</strong>s<br />
categoricamente superiores, quase<br />
sempre, em ligação sutil com a<br />
mente materna que lhes oferta<br />
guarida, podem plasmar por si<br />
mesmos e, não raro, com a colaboração<br />
de instrutores da Vida<br />
Maior, o corpo em que continuarão<br />
as futuras experiências, interferin<strong>do</strong><br />
nas essências cromossômicas,<br />
com vistas às tarefas que<br />
lhes cabem desempenhar”. 7<br />
Durante a gravidez, mãe e filho<br />
devem ser envolvi<strong>do</strong>s em clima de<br />
afeto e de segurança, pois os laços<br />
que prendem o reencarnante ao<br />
corpo “[...] são ainda muito fracos,<br />
facilmente se rompem e podem<br />
romper-se por vontade <strong>do</strong><br />
<strong>Espírito</strong>, se este recua diante da<br />
prova que escolheu.[...]”. 8 Neste<br />
senti<strong>do</strong>, a Casa Espírita pode, e deve,<br />
colaborar com os Orienta<strong>do</strong>res<br />
da Vida Maior, disponibilizan<strong>do</strong> à<br />
gestante e ao reencarnante assistência<br />
espiritual, como as benéficas<br />
vibrações da prece e <strong>do</strong> passe.<br />
Referências:<br />
1<br />
KARDEC, Allan. A gênese. Tradução de<br />
Guillon Ribeiro. 52. ed. Rio de Janeiro:<br />
FEB, 2007. Cap. XI, item 18, p. 245.<br />
2<br />
XAVIER, Francisco Cândi<strong>do</strong>. Missionários<br />
da luz. Pelo <strong>Espírito</strong> André Luiz. 43. ed.<br />
Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 13, p. 265.<br />
3<br />
KARDEC, Allan. O livro <strong>do</strong>s espíritos. Tradução<br />
de Guillon Ribeiro. 91. ed. Rio de<br />
Janeiro: FEB, 2007. Questão 344.<br />
4<br />
XAVIER, Francisco Cândi<strong>do</strong>. Op. cit. Cap.<br />
13, p. 270.<br />
5 Idem, Ibidem, p. 261.<br />
6 Idem, Ibidem, p. 204.<br />
7<br />
XAVIER, Francisco Cândi<strong>do</strong>; VIEIRA, Wal<strong>do</strong>.<br />
Evolução em <strong>do</strong>is mun<strong>do</strong>s. Pelo <strong>Espírito</strong><br />
André Luiz. 24. ed. Rio de Janeiro:<br />
FEB, 2006. Primeira parte, cap. 19, item<br />
Particularidades da reencarnação, p. 194.<br />
8<br />
KARDEC, Allan. Op. cit. Questão 345,<br />
p. 226.<br />
Se o preza<strong>do</strong> leitor possui livros publica<strong>do</strong>s pela FEB, de 1a a 5a edição, saiba que são valiosos para a organização de nossos registros<br />
bibliográficos.<br />
Doe seus exemplares à Federação e, em troca, lhe enviaremos<br />
edições atuais.<br />
Não deixe de informar seu CPF, se pessoa física, ou CNPJ, se pessoa<br />
jurídica, telefone ou e-mail, envian<strong>do</strong> o material para o seguinte<br />
endereço:<br />
Federação Espírita Brasileira<br />
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Setor de Documentos Patrimoniais <strong>do</strong> Livro<br />
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17 – São Cristóvão<br />
20941-040 – Rio de Janeiro (RJ) – Tel.: (21) 2187-8256<br />
E-mail: patrimonio<strong>do</strong>livro@febrasil.org.br
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:58 Page 29<br />
Últimas palavras<br />
direção da Academia Mineira<br />
de Letras, sediada<br />
em Belo Horizonte, teve a<br />
gentileza de enviar-me seu Informativo<br />
no A<br />
14, de março de 2007 e,<br />
entre outros registros, publicou a<br />
carta que a rainha Maria Antonieta<br />
endereçou a seus filhos, à<br />
época da Revolução Francesa.<br />
Esta carta, que está arquivada<br />
na Biblioteca François<br />
Mitterrand, em Paris, foi<br />
escrita pela própria esposa<br />
<strong>do</strong> rei Luís XVI<br />
e seus dizeres são os<br />
seguintes:<br />
Que meus filhos<br />
nunca se esqueçam<br />
das últimas<br />
palavras de seu pai,<br />
que eu repito expressamente:<br />
Nunca procurem<br />
vingar a nossa<br />
morte. Eu perdôo a to<strong>do</strong>s os<br />
meus inimigos o mal que me<br />
fizeram.<br />
Desde o início da Revolução<br />
Francesa – 1789 –, a qual irrompeu<br />
em 14 de julho, Maria Antonieta<br />
impelia seu mari<strong>do</strong> a uma<br />
resistência ao Movimento que se<br />
instalara, contra a monarquia, e<br />
Imagem retirada <strong>do</strong> site http://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Antonieta<br />
K LEBER H ALFELD<br />
que ficaria conheci<strong>do</strong> no mun<strong>do</strong><br />
inteiro. Por outro la<strong>do</strong>, Luís XVI<br />
seria acusa<strong>do</strong> pela Convenção<br />
Girondina de conspira<strong>do</strong>r contra<br />
a liberdade pública no país. Em<br />
conseqüência, foram ambos condena<strong>do</strong>s<br />
à morte na guilhotina.<br />
Rainha Maria Antonieta,<br />
esposa <strong>do</strong> rei Luís XVI<br />
Respeitável a exortação de<br />
Luís XVI a seus filhos, en<strong>do</strong>ssada<br />
por sua esposa.<br />
Condenam a vingança!<br />
Que recebe esta, de Ro<strong>do</strong>lfo<br />
Calligaris, em Páginas de Espiritismo<br />
Cristão, 1 uma apreciação:<br />
A vingança, qualquer que seja<br />
a forma de que se revista, revela<br />
baixeza e vilania, constituin<strong>do</strong>,<br />
sempre, prova de inferioridade<br />
moral de quem a exerce.<br />
Externam os monarcas perdão<br />
a quantos os condenaram!<br />
Que hoje o meigo <strong>Espírito</strong><br />
Meimei, na obra<br />
Pai Nosso, 2 define em<br />
singela quadra:<br />
“O perdão, em<br />
[qualquer tempo<br />
É sempre um traço<br />
[de luz,<br />
Conduzin<strong>do</strong> a nossa<br />
[vida<br />
À comunhão com Jesus”.<br />
<br />
Por muito tempo, a expressão<br />
de um paciente de hospital repercutiu<br />
no íntimo de um médico,<br />
sobretu<strong>do</strong> em decorrência das<br />
características em que foi pronunciada:<br />
Não desista!<br />
Foram estas as últimas palavras<br />
balbuciadas na cidade de Salt<br />
Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 187<br />
29
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:58 Page 30<br />
Lake City, Utah, Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s,<br />
pelo dentista Barney Clark, de 61<br />
anos – o primeiro homem a receber<br />
um coração de plástico –, ao<br />
médico Willem Kilff, chefe <strong>do</strong> Departamento<br />
de Órgãos Artificiais<br />
da Universidade de Utah.<br />
Qual a verdadeira razão da frase<br />
proferida em um quarto de hospital<br />
americano?<br />
Estimular o facultativo nas pesquisas<br />
que vinham sen<strong>do</strong> realizadas<br />
no difícil campo <strong>do</strong>s transplantes<br />
de órgãos artificiais?<br />
Reivindicar para si a atenção<br />
da Ciência a fim de sobrepor-se a<br />
um esta<strong>do</strong> crítico de <strong>do</strong>ença?<br />
Acredito que ambas as respostas<br />
possam ter sua justificativa, ou<br />
seja, se era para estimular o médico<br />
no trabalho em que estava empenha<strong>do</strong>,<br />
deixa transparecer o es-<br />
30 188 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />
tímulo sincero de um paciente ao<br />
pesquisa<strong>do</strong>r que lutava para a melhoria<br />
futura de outros enfermos.<br />
Se era para se ver livre de um mal<br />
que a Ciência ainda não havia resolvi<strong>do</strong>,<br />
na verdade é a demonstração<br />
de um enfermo que luta<br />
pela própria sobrevivência, que vê<br />
no corpo físico o “vaso” que deve<br />
receber a atenção justa, conforme<br />
alertam os instrutores espirituais.<br />
Qualquer que fosse o motivo,<br />
o fato é que a frase ficaria catalogada<br />
no Livro das Expressões Célebres<br />
da nação americana.<br />
<br />
Curiosas passagens foram recordadas<br />
pelo escritor e tribuno<br />
espírita – o queri<strong>do</strong> e sau<strong>do</strong>so<br />
companheiro de lutas <strong>do</strong>utrinárias,<br />
Newton Boechat, em sua<br />
obra O Espinho da Insatisfação,<br />
3 editada pela Federação<br />
Espírita Brasileira.<br />
No capítulo “<strong>Espírito</strong>s-rosas...<br />
<strong>Espírito</strong>s-<br />
-espinhos...”, evidencia<br />
o autor as marcantes<br />
figuras da rainha Elizabeth<br />
I, da Inglaterra,<br />
filha de Henrique VIII<br />
e Ana Bolena, e a de<br />
Pedro Richard, valoroso<br />
trabalha<strong>do</strong>r <strong>do</strong><br />
Espiritismo, no Rio de<br />
Janeiro.<br />
A leitura deste capítulo<br />
é suficiente para descortinar<br />
à nossa retina espiri-<br />
Pedro Richard: valoroso<br />
trabalha<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Espiritismo<br />
tual duas criaturas diametralmente<br />
opostas à concepção de<br />
vida e morte.<br />
Elizabeth I, sentin<strong>do</strong> as energias<br />
esvaírem-se, diante de um<br />
“além” desconheci<strong>do</strong>, e atormentada<br />
pela aparição da prima Maria<br />
Stuart – que mandara decapitar<br />
–, grita:<br />
“Meu reino por mais um minuto!...”<br />
Pedro Richard, com o peito<br />
arfan<strong>do</strong> <strong>do</strong>lorosamente e as pernas<br />
denuncian<strong>do</strong> grave inchação,<br />
ouvin<strong>do</strong> as conforta<strong>do</strong>ras<br />
palavras de Manuel Quintão – à<br />
época presidente da Federação<br />
Espírita Brasileira –, deixa escapar<br />
a expressão que a comunidade<br />
espírita anotaria com respeitosa<br />
emoção:<br />
“[...] Eu me vou... Sinto deixar-te<br />
e os nossos amigos bracejan<strong>do</strong><br />
nas trevas deste mun<strong>do</strong>...”<br />
Acreditan<strong>do</strong> supérfluo um comentário<br />
sobre estas duas exteriorizações,<br />
sigamos à frente focan<strong>do</strong><br />
o último relato deste trabalho.<br />
<br />
Humberto de Campos, um <strong>do</strong>s<br />
mais aprecia<strong>do</strong>s cronistas <strong>do</strong><br />
mun<strong>do</strong> espiritual, em sua inconfundível<br />
obra Boa Nova, 4 no capítulo<br />
“Joana de Cusa”, recorda-nos<br />
esta comovente figura <strong>do</strong> Cristianismo<br />
nascente, detalhan<strong>do</strong>-nos<br />
sua vida em Cafarnaum e, de forma<br />
sumamente emocional, seus<br />
últimos momentos de vida terrena,<br />
emoldura<strong>do</strong>s por expressões<br />
de profunda espiritualidade.<br />
Na parte terceira <strong>do</strong> capítulo<br />
menciona<strong>do</strong>, coloca-nos o autor
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:58 Page 31<br />
Imagem retirada <strong>do</strong> site http://pt.wikipedia.org/wiki/Elizabeth_I_de_Inglaterra<br />
Rainha Elizabeth I. Quadro de 1588 comemorativo da vitória<br />
sobre a Armada Espanhola (vista ao fun<strong>do</strong>)<br />
no ano 68 da Era Cristã, quan<strong>do</strong><br />
se faziam mais intensas as perseguições<br />
aos adeptos de Jesus.<br />
Em um circo de cruéis espetáculos<br />
vamos identificar Joana de<br />
Cusa – que se entregara corajosamente<br />
ao trabalho nas fileiras<br />
cristãs, malgra<strong>do</strong> as investidas <strong>do</strong>s<br />
romanos obedientes às ordens de<br />
César – amarrada ao poste <strong>do</strong> martírio<br />
exatamente ao la<strong>do</strong> de seu<br />
filho, também aprisiona<strong>do</strong> pelo<br />
poder constituí<strong>do</strong> da época.<br />
Após falar sobre o angustiante<br />
apelo <strong>do</strong> filho, no senti<strong>do</strong> de que<br />
ela abjurasse a <strong>do</strong>utrina de Jesus,<br />
a fim de se livrarem <strong>do</strong> sacrifício<br />
que lhes era imposto, Joana de<br />
Cusa considera:<br />
[...] Jesus era puro e não desdenhou<br />
o sacrifício. Saibamos<br />
sofrer na hora <strong>do</strong>lorosa, por-<br />
que, acima de todas as felicidades<br />
transitórias <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>,<br />
é preciso ser fiel a Deus!<br />
E Humberto de Campos, enfeixan<strong>do</strong><br />
este comovente capítulo,<br />
continua:<br />
A esse tempo, com os aplausos<br />
delirantes <strong>do</strong> povo, os verdugos<br />
lhe incendiavam, em derre<strong>do</strong>r,<br />
achas de lenha embebidas<br />
em resina inflamável. Em<br />
poucos instantes, as labaredas<br />
lamberam-lhe o corpo envelheci<strong>do</strong>.<br />
Joana de Cusa contemplou<br />
com serenidade a<br />
massa de povo que lhe não entendia<br />
o sacrifício. Os gemi<strong>do</strong>s<br />
de <strong>do</strong>r lhe morriam abafa<strong>do</strong>s<br />
no peito opresso. Os algozes<br />
da mártir cercaram-lhe de impropérios<br />
a fogueira:<br />
– O teu Cristo soube apenas<br />
ensinar-te a morrer? – perguntou<br />
um <strong>do</strong>s verdugos.<br />
A velha discípula, concentran<strong>do</strong><br />
a sua capacidade de resistência,<br />
teve ainda forças para<br />
murmurar:<br />
– Não apenas a morrer, mas<br />
também a vos amar!...<br />
E termina Humberto de Campos:<br />
Nesse instante, sentiu que a mão<br />
consola<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Mestre lhe<br />
tocava suavemente os ombros,<br />
e lhe escutou a voz carinhosa e<br />
inesquecível:<br />
– Joana, tem bom ânimo!... Eu<br />
aqui estou!...<br />
<br />
Frases proferidas em momentos<br />
críticos da vida bem dimensionam<br />
o patamar de nossa evolução.<br />
Quão diferentes as reações das<br />
criaturas!<br />
Referências:<br />
1<br />
CALLIGARIS, Ro<strong>do</strong>lfo. Páginas de espiritismo<br />
cristão. 5. ed. Rio de Janeiro:<br />
FEB, 2001. Cap. 60.<br />
2<br />
XAVIER, Francisco Cândi<strong>do</strong>. Pai nosso.<br />
Pelo <strong>Espírito</strong> Meimei. 27. ed. Rio de Janeiro:<br />
FEB, 2006. “O Perdão” (verso), p. 79.<br />
3<br />
BOECHAT, Newton. O espinho da insatisfação.<br />
4. ed. Rio de Janeiro: FEB,<br />
2002. “<strong>Espírito</strong>s-rosas... <strong>Espírito</strong>s-espinhos...”,<br />
p. 103-104.<br />
4<br />
XAVIER, Francisco Cândi<strong>do</strong>. Boa nova.<br />
Pelo <strong>Espírito</strong> Humberto de Campos. 3.<br />
ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2007.<br />
“Joana de Cusa”, p. 127-128.<br />
Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 189<br />
31
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:58 Page 32<br />
Esperanto:<br />
idioma universalista<br />
Reproduzimos abaixo a<br />
profunda e sugestiva visão<br />
de Luiz Antônio Millecco<br />
(1932-2005) a respeito <strong>do</strong><br />
esperanto, em texto publica<strong>do</strong><br />
inicialmente no boletim<br />
SEI, n o 1009, de 1/8/87, e<br />
reimpresso, há 20 anos, em<br />
Reforma<strong>do</strong>r de março de<br />
1988.<br />
Millecco, que era cego de<br />
nascença, foi um <strong>do</strong>s funda<strong>do</strong>res<br />
da Sociedade Pró-Livro<br />
Espírita em Braille<br />
(SPLEB). Seus ideais eram<br />
universalistas por excelência:<br />
Música, Braille, Evangelho,<br />
Espiritismo, sen<strong>do</strong> também<br />
um entusiasta da Língua<br />
Internacional Neutra.<br />
Eis o texto <strong>do</strong> queri<strong>do</strong> e sau<strong>do</strong>so amigo, irmão<br />
e samideano, de quem guardamos as mais caras e<br />
gratas lembranças:<br />
“P<br />
oderá parecer estranho o título deste<br />
artigo, por não se referir ao Esperanto<br />
como um idioma internacional, ou<br />
universal, mas sim universalista.<br />
Convém que nos entendamos, antes de mais na-<br />
32 190 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />
A FEB e o Esperanto<br />
LUIZ A NTÔNIO M ILLECCO<br />
Luiz Antônio Millecco foi um <strong>do</strong>s funda<strong>do</strong>res<br />
da Sociedade Pró-Livro Espírita em Braille (SPLEB)<br />
da, sobre as palavras universo<br />
e universalismo, a fim<br />
de verificarmos qual a sua<br />
relação com o Esperanto.<br />
Universo = um em diversos.<br />
Depreende-se daí que<br />
universalismo seria uma concepção<br />
na qual se coordenariam<br />
todas as diversas correntes<br />
de pensamento numa<br />
única síntese. Esta é, aliás,<br />
a aspiração filosófica de to<strong>do</strong>s<br />
os inquietos pela Verdade,<br />
desde fins <strong>do</strong> século passa<strong>do</strong><br />
[século XIX].<br />
Ora, que é o Esperanto?<br />
Assim como o universalismo<br />
não substitui, antes<br />
coordena e fecunda todas as<br />
idéias verdadeiras existentes<br />
no mun<strong>do</strong>, também o Esperanto não pretende<br />
substituir nenhum <strong>do</strong>s idiomas nacionais, mas se<br />
coloca como um idioma auxiliar, a fim de que todas<br />
as pessoas se entendam.<br />
Assim como o universalismo conteria elementos<br />
<strong>do</strong> que haja de belo, verdadeiro e legítimo nas<br />
mais variadas concepções, também no Esperanto<br />
existe a presença, se não de todas, pelo menos das<br />
principais línguas.
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:59 Page 33<br />
Por que o Esperanto?<br />
Há, atualmente, quem afirme<br />
ser o inglês o verdadeiro idioma<br />
universal. Na realidade<br />
não se pode fugir ao fato de<br />
que este idioma se impõe<br />
por uma série de razões.<br />
No entanto, não possui<br />
ele a característica de<br />
uma língua realmente<br />
universal. Sem discutirmos<br />
seu mérito, não podemos<br />
deixar de ver o<br />
idioma inglês ou qualquer<br />
outro como presença de uma<br />
determinada cultura. Querermos<br />
impor como universal o inglês,<br />
o francês ou o espanhol seria sobrepormos<br />
a cultura anglo-saxônica ou a latina às demais.<br />
É exatamente o que ocorre com o Esperanto. O gênio<br />
de Zamenhof, ou sua mediunidade, ou ambos,<br />
fizeram-no perceber que tu<strong>do</strong> que é universal deve<br />
coordenar, harmonizar e não separar.<br />
O Esperanto assemelha-se a uma espécie de sinfonia,<br />
à moda Beethoven. Conforme se sabe, este<br />
genial compositor sabia aproveitar as dissonâncias<br />
compon<strong>do</strong> com elas vastos e profun<strong>do</strong>s acordes em<br />
que a harmonia se impunha impecável.<br />
Quem se aproxima <strong>do</strong> Esperanto<br />
percebe nele exatamente<br />
as mesmas características.<br />
Ele toma a to<strong>do</strong>s os idiomas<br />
o que há neles de váli<strong>do</strong><br />
e os reúne para<br />
compor o campo neutro<br />
em que se encontram<br />
as mais variadas e<br />
aparentemente distantes<br />
civilizações.<br />
Se observarmos o que se<br />
passa no mun<strong>do</strong>, em nossos<br />
dias, perceberemos que mais e<br />
mais se extinguem os “departamentos<br />
estanques”. Ciência, filosofia,<br />
religião e tecnologia cada vez mais se<br />
aproximam. Tu<strong>do</strong> está a indicar uma síntese final, pelo<br />
menos quanto a este ciclo, <strong>do</strong>s conhecimentos humanos<br />
e das tendências da Humanidade. Justo neste<br />
contexto é que surge o Esperanto. Seu título, cuja significação<br />
é esperança, diz bem da sua missão. Que<br />
possamos parar e refletir sobre isto. E entendermos,<br />
afinal, a mensagem de Zamenhof e, completemos,<br />
com ela, o maravilhoso painel que se desenha na<br />
história <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong> Terceiro Milênio”.<br />
Trova Trobo<br />
Não sofras se tua fé<br />
Trabalha quase sozinha.<br />
Nasce a floresta gigante<br />
Da semente miudinha.<br />
Ne suferu, laborante<br />
En soleco por la bono.<br />
De semeto tre malgranda<br />
Venas l’arbara impono.<br />
Chiquito de Morais (<strong>Espírito</strong>)<br />
Fonte: XAVIER, Francisco C. Trovas <strong>do</strong> outro mun<strong>do</strong>. Trova<strong>do</strong>res Diversos. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.<br />
Cap. 45, “Retalhos da verdade”, p. 104.<br />
Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 191<br />
33
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:59 Page 34<br />
OApóstolo <strong>do</strong>s gentios<br />
nunca perdeu o ensejo<br />
de exaltar as virtudes<br />
cristãs nas inúmeras cartas que<br />
dirigiu às comunidades <strong>do</strong> Cristianismo<br />
nascente.<br />
Recordan<strong>do</strong>-se, talvez, das lições<br />
recebidas de sua noiva espiritual,<br />
Abigail, sempre manteve o<br />
firme propósito de debelar o pessimismo<br />
e o desânimo, conservan<strong>do</strong><br />
e semean<strong>do</strong> a esperança, mesmo<br />
no curso de <strong>do</strong>lorosas provações.<br />
Em meio a açoites, calúnias,<br />
perseguições, naufrágios, prisões e<br />
padecimentos físicos, o Apóstolo<br />
sempre encontrava a palavra de<br />
bom ânimo.<br />
As inspiradas exortações de<br />
Paulo se tornaram célebres:<br />
34 192 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />
Cristianismo Redivivo<br />
Esperança<br />
“[...] Que providências a<strong>do</strong>tar contra o desânimo destrui<strong>do</strong>r?<br />
– Espera! – disse ela [Abigail] ainda, num gesto de terna solicitude, como quem<br />
desejava esclarecer que a alma deve estar pronta a atender ao programa<br />
divino, em qualquer circunstância, extreme de caprichos pessoais.<br />
Ouvin<strong>do</strong>-a, Saulo considerou que a esperança fora sempre a companheira<br />
<strong>do</strong>s seus dias mais ásperos. Saberia aguardar o porvir com as bênçãos<br />
<strong>do</strong> Altíssimo. [...]” 1<br />
1 XAVIER, Francisco Cândi<strong>do</strong>. Paulo e<br />
Estêvão. Pelo <strong>Espírito</strong> Emmanuel. 44. ed.<br />
Rio de Janeiro: FEB, 2007. Segunda Parte,<br />
cap. III, p. 381-382.<br />
H AROLDO D UTRA D IAS<br />
[...] permaneçamos sóbrios,<br />
revesti<strong>do</strong>s com a couraça da fé<br />
e <strong>do</strong> amor, e com o capacete da<br />
esperança. 2<br />
O que se escreveu então foi para<br />
a nossa instrução, para que<br />
pela paciência e consolação da<br />
Escritura tenhamos esperança. 3<br />
Agora, pois, permanecem a fé,<br />
a esperança, e a caridade. [...] 4<br />
A palavra portuguesa “esperança”,<br />
encontrada nessas passagens,<br />
é uma tradução <strong>do</strong> vocá-<br />
2<br />
Bíblia <strong>do</strong> peregrino. São Paulo: PAULUS,<br />
2002. I Tessalonicenses, 5:8, p. 2841.<br />
3<br />
Bíblia <strong>do</strong> peregrino. São Paulo: PAULUS,<br />
2002. Romanos, 15:4, p. 2732.<br />
4<br />
Bíblia sagrada. Revista e Atualizada. Traduzida<br />
por João Ferreira de Almeida. 2.<br />
ed. São Paulo: Sociedade Bíblica <strong>do</strong> Brasil,<br />
1993. I Coríntios, 13:13, p. 1232.<br />
bulo grego elpis (esperança, expectativa),<br />
substantivo deriva<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> verbo elpidzo (esperar, ter esperança,<br />
prever). Não é difícil<br />
perceber que a esperança é luz<br />
espiritual que “[...] vem de cima,<br />
à maneira <strong>do</strong> Sol que ilumina<br />
<strong>do</strong> alto e alimenta as sementeiras<br />
novas, desperta propósitos<br />
diferentes, cria modificações<br />
redentoras e descerra visões<br />
mais altas”. 5<br />
É, no mínimo, curiosa a metáfora<br />
utilizada por Paulo de Tarso,<br />
quan<strong>do</strong> compara a esperança<br />
a um capacete, ao la<strong>do</strong> da fé e <strong>do</strong><br />
amor no papel de couraça, já que<br />
esta indumentária é típica de um<br />
guerreiro.<br />
Consoante o ensino de Emmanuel:<br />
5 XAVIER, Francisco Cândi<strong>do</strong>. Vinha de<br />
luz. Pelo <strong>Espírito</strong> Emmanuel. 17. ed. Rio<br />
de Janeiro: FEB, <strong>2008</strong>. Cap. 75, p. 173-174.
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:59 Page 35<br />
O capacete é a defesa da cabeça<br />
em que a vida situa a sede<br />
de manifestação <strong>do</strong> pensamento<br />
e Paulo não podia<br />
lembrar outro símbolo<br />
mais adequa<strong>do</strong> à<br />
vestidura <strong>do</strong> cérebro<br />
cristão, além <strong>do</strong> capacete<br />
da esperança na<br />
salvação.<br />
Se o sentimento, muitas<br />
vezes, está sujeito<br />
aos ataques da cólera<br />
violenta, o raciocínio,<br />
em muitas ocasiões, sofre<br />
o assédio <strong>do</strong> desânimo, à<br />
frente da luta pela vitória <strong>do</strong><br />
bem, que não pode esmorecer<br />
em tempo algum.<br />
Raios anestesiantes são desfecha<strong>do</strong>s<br />
sobre o ânimo <strong>do</strong>s aprendizes<br />
por todas as forças contrárias<br />
ao Evangelho salva<strong>do</strong>r.<br />
....................................................<br />
Por isso mesmo, talvez, o apóstolo<br />
não se refere à touca protetora.<br />
Chapéu, quase sempre, indica<br />
passeio, descanso, lazer, quan<strong>do</strong><br />
não defina convenção no traje<br />
exterior, de acor<strong>do</strong> com a moda<br />
estabelecida.<br />
Capacete, porém, é indumentária<br />
de luta, esforço, defensiva.<br />
E o discípulo de Jesus é um<br />
combatente efetivo contra o<br />
mal, que não dispõe de muito<br />
tempo para cogitar de si mesmo,<br />
nem pode exigir demasia<strong>do</strong><br />
repouso, quan<strong>do</strong> sabe que o<br />
próprio Mestre permanece em<br />
trabalho ativo e edificante. 6<br />
Imagem retirada <strong>do</strong> site http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_de_Tarso<br />
6 XAVIER, Francisco Cândi<strong>do</strong>. Fonte viva.<br />
Paulo de Tarso,<br />
o Apóstolo <strong>do</strong>s gentios<br />
Allan Kardec, com extrema<br />
sensibilidade, ao organizar os capítulos<br />
<strong>do</strong> livro O Evangelho segun<strong>do</strong><br />
o Espiritismo, selecionou<br />
belíssima comunicação de “Um<br />
<strong>Espírito</strong> amigo”, que assevera:<br />
A vida é difícil, bem o sei.<br />
Compõe-se de mil nadas, que<br />
são outras tantas picadas de<br />
alfinetes, mas que acabam por<br />
ferir. Se, porém, atentarmos<br />
nos deveres que nos são impostos,<br />
nas consolações e compensações<br />
que, por outro la<strong>do</strong>,<br />
recebemos, havemos de reconhecer<br />
que são as bênçãos<br />
muito mais numerosas <strong>do</strong> que<br />
Pelo <strong>Espírito</strong> Emmanuel. 36. ed. Rio de<br />
Janeiro: FEB, 2007. Cap. 94, p. 243-245.<br />
as <strong>do</strong>res. O far<strong>do</strong> parece bem<br />
menos pesa<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> se olha<br />
para o alto, <strong>do</strong> que quan<strong>do</strong> se<br />
curva para a terra a fronte.<br />
Coragem, amigos! Tendes<br />
no Cristo o vosso modelo.<br />
[...] 7<br />
Para bem compreendermos<br />
as virtudes <strong>do</strong><br />
Cristo, necessitamos estudá-lo<br />
nos momentos<br />
de adversidade. Já foi dito<br />
alhures que ninguém passa<br />
pela última prova <strong>do</strong> seu<br />
caráter enquanto não sofre.<br />
A vinda <strong>do</strong> Mestre ao Orbe<br />
se deu em época de recenseamento,<br />
obrigan<strong>do</strong> seus pais a<br />
longo deslocamento, não obstante<br />
a gravidez adiantada de Maria.<br />
Não havia lugar para Ele. Sua<br />
única estalagem foi a manje<strong>do</strong>ura<br />
humilde. Tão logo é anuncia<strong>do</strong><br />
seu nascimento, o rei Herodes<br />
determina sua morte. Conserva-<br />
-se na casa simples de Nazaré, por<br />
longo tempo, em trabalho ativo<br />
na carpintaria <strong>do</strong> pai.<br />
Inicia seu ministério na Galiléia,<br />
região rural, repleta de homens<br />
simples e rústicos, pesca<strong>do</strong>res<br />
e lavra<strong>do</strong>res, gente humilde<br />
e sofrida, calejada pelo tempo<br />
e pelo trabalho árduo.<br />
Não há <strong>maio</strong>r teste à paciência<br />
de um artista <strong>do</strong> que ser obriga<strong>do</strong><br />
a utilizar instrumentos demasiadamente<br />
grosseiros à expressão<br />
<strong>do</strong> seu ideal, incompatíveis com o<br />
7 KARDEC, Allan. O evangelho segun<strong>do</strong> o<br />
espiritismo. 127. ed. Rio de Janeiro: FEB,<br />
2007. Cap. IX, item 7, p. 180-181.<br />
Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 193<br />
35
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:59 Page 36<br />
seu talento e apuro. No entanto,<br />
na edificação <strong>do</strong> Reino Divino, os<br />
ignorantes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, os fracos,<br />
os sofre<strong>do</strong>res, os desalenta<strong>do</strong>s, os<br />
<strong>do</strong>entes e os peca<strong>do</strong>res seriam, nas<br />
mãos <strong>do</strong> Embaixa<strong>do</strong>r Celeste, material<br />
de base, semelhante a formoso<br />
mármore, destina<strong>do</strong> à eterna<br />
e sublime construção.<br />
Seus companheiros de ideal,<br />
apóstolos e discípulos, mal conseguem<br />
entender a grandeza da<br />
sua missão, perden<strong>do</strong>-se em querelas<br />
sobre qual deles seria o <strong>maio</strong>r,<br />
entregan<strong>do</strong>-se ao fermento da<br />
discórdia e da traição, como no<br />
caso de Judas, aban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong> o<br />
Mestre no momento mais áspero<br />
<strong>do</strong> testemunho.<br />
Nos derradeiros instantes da<br />
sua missão divina, despede-se <strong>do</strong><br />
36 194 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />
mun<strong>do</strong> em meio a zombarias,<br />
acusações, ingratidão <strong>do</strong>s beneficiários,<br />
aban<strong>do</strong>no <strong>do</strong>s amigos e<br />
segui<strong>do</strong>res, açoites e martírios.<br />
Suas últimas palavras, no entanto,<br />
são filhas <strong>do</strong> perdão incondicional<br />
e da inabalável esperança<br />
na vitória final <strong>do</strong> bem.<br />
Toda a vida <strong>do</strong> Mestre é um<br />
cântico de esperança, a despeito<br />
das dificuldades enfrentadas.<br />
Nesse ponto, confirman<strong>do</strong> o<br />
otimismo e a esperança <strong>do</strong> Cristo,<br />
Humberto de Campos nos<br />
brinda, reproduzin<strong>do</strong> a exortação<br />
de Jesus ao discípulo Bartolomeu,<br />
conheci<strong>do</strong> pelo seu temperamento<br />
grave e sensível, porém,<br />
profundamente triste:<br />
– A nossa <strong>do</strong>utrina, entretanto,<br />
é a <strong>do</strong> Evangelho ou da<br />
Boa Nova e já viste, Bartolomeu,<br />
uma boa notícia não<br />
produzir alegria? Fazes bem,<br />
conservan<strong>do</strong> a tua esperança<br />
em face <strong>do</strong>s novos ensinamentos;<br />
mas, não quero senão<br />
acender o bom ânimo<br />
no espírito <strong>do</strong>s meus discípulos.<br />
Se já tive ocasião<br />
de ensinar que o meu Reino<br />
ainda não é deste mun-<br />
Alegria, coragem e<br />
esperança devem<br />
ser constantes a<br />
cada dia<br />
<strong>do</strong>, isso não quer dizer que eu<br />
desdenhe o trabalho de estendê-lo,<br />
um dia, aos corações<br />
que mourejam na Terra. Achas,<br />
então, que eu teria vin<strong>do</strong> a este<br />
mun<strong>do</strong>, sem essa certeza<br />
conforta<strong>do</strong>ra? [...]<br />
....................................................<br />
– A vida terrestre é uma estrada<br />
pedregosa, que conduz aos<br />
braços amorosos de Deus. O<br />
trabalho é a marcha. A luta comum<br />
é a caminhada de cada<br />
dia. Os instantes deliciosos da<br />
manhã e as horas noturnas de serenidade<br />
são os pontos de repouso;<br />
mas, ouve-me bem: na<br />
atividade ou no descanso físico,<br />
a oportunidade de uma hora,<br />
de uma leve ação, de uma<br />
palavra humilde, é o convite<br />
de nosso Pai para que semeemos<br />
as suas bênçãos sacrossantas.<br />
[...]<br />
....................................................<br />
[...] O Evangelho não poderia<br />
reclamar esta<strong>do</strong>s especiais de<br />
seus discípulos; porém, é preciso<br />
considerar que a alegria, a<br />
coragem e a esperança devem<br />
ser traços constantes de suas<br />
atividades em cada dia. Por que<br />
nos firmarmos no pesadelo de<br />
uma hora, se conhecemos a realidade<br />
gloriosa da eternidade<br />
com o nosso Pai? 8<br />
Agora, portanto, permaneça a<br />
esperança em nossos corações.<br />
8 XAVIER, Francisco Cândi<strong>do</strong>. Boa nova.<br />
Pelo <strong>Espírito</strong> Humberto de Campos. 3.<br />
ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2007.<br />
Cap. 8, p. 66-68.
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:59 Page 37<br />
Assistência e<br />
Promoção Social<br />
à luz <strong>do</strong> Evangelho<br />
“São chega<strong>do</strong>s os tempos em que todas as coisas hão de ser restabelecidas<br />
no seu verdadeiro senti<strong>do</strong>.” – O <strong>Espírito</strong> de Verdade 1<br />
Pobres e <strong>do</strong>entes sempre foram<br />
ignora<strong>do</strong>s e até toma<strong>do</strong>s<br />
como endemoninha<strong>do</strong>s.<br />
Com o Espiritismo, eles tiveram<br />
cidadania, e ajudá-los passou<br />
a ser um trabalho sociológico e<br />
ético basea<strong>do</strong> no Evangelho. As<br />
WASHINGTON LUIZ F ERNANDES<br />
A mensagem de Jesus envolveu-se ao longo <strong>do</strong>s milênios em circunstâncias<br />
temporais que tiraram a pureza inicial <strong>do</strong> seu significa<strong>do</strong>. Jesus não<br />
criou nenhuma religião, apenas ensinou a Lei de Amor – humildade, perdão,<br />
indulgência e benevolência. Mas hierarquia, ritualística, cerimonial e<br />
<strong>do</strong>gmas foram introduzi<strong>do</strong>s pelas religiões que se fundaram em seu nome.<br />
Veio uma Doutrina que restabeleceu a verdade.<br />
Os espíritas começaram a<br />
auxiliar os necessita<strong>do</strong>s<br />
1 KARDEC, Allan. O evangelho segun<strong>do</strong> o<br />
espiritismo. 127. ed. Rio de Janeiro: 2007.<br />
“Prefácio”.<br />
desigualdades sociais são uma<br />
realidade, pois poucos detêm<br />
muito e muitos detêm pouco ou<br />
nada possuem. Inspira<strong>do</strong>s e motiva<strong>do</strong>s<br />
no Evangelho, os espíritas<br />
começaram a assistir aos necessita<strong>do</strong>s.<br />
Isso se constata na denominação<br />
<strong>do</strong>s primeiros centros espíritas<br />
no Brasil. Pesquisan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s<br />
os jornais espíritas brasileiros <strong>do</strong><br />
século XIX, anotamos mais de<br />
trezentos nomes de centros espíritas<br />
funda<strong>do</strong>s. Poucos deles usaram<br />
nomes de pessoas conhecidas<br />
(Jesus, Allan Kardec, São Francisco<br />
de Assis, entre outros) ou de<br />
suas próprias cidades. Praticamente<br />
os demais retrataram no<br />
nome um sentimento ou aspiração<br />
cristã, utilizan<strong>do</strong> palavras como<br />
Caridade, Fraternidade, Luz,<br />
União, Beneficente, Esperança,<br />
Amor etc. É um indicativo e prova<br />
da motivação cristã <strong>do</strong>s primeiros<br />
trabalha<strong>do</strong>res espíritas.<br />
Foi no Brasil que o trabalho mais<br />
cresceu. 2<br />
2 Um nome que não pode ser omiti<strong>do</strong> é o<br />
de Manoel José da Costa e Cunha (1852-<br />
-?), um senhor português que foi pioneiro<br />
<strong>do</strong> Espiritismo no Paraná e criou a<br />
Assistência aos Necessita<strong>do</strong>s, no Centro<br />
Espírita de Curitiba, que aju<strong>do</strong>u a fundar,<br />
ainda no século XIX.<br />
Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 195<br />
37
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 14:59 Page 38<br />
Importantes instituições<br />
fundadas no primeiro século<br />
<strong>do</strong> Espiritismo (1857-1957)<br />
Consultan<strong>do</strong> os volumes da<br />
Revista Espírita, ao tempo<br />
de Allan Kardec, e a história<br />
<strong>do</strong> Movimento Espírita até<br />
1957, encontramos as primeiras<br />
iniciativas espíritas de assistência<br />
social, como filosofia de trabalho.<br />
1. Inicialmente houve as chamadas<br />
subscrições (em Paris), que traduzem<br />
um compromisso de contribuição<br />
com certa quantia para<br />
uma obra meritória, pessoas em<br />
necessidade, um evento, ou mesmo<br />
uma homenagem. Citações que<br />
merecem registro: em 1860, subscrição<br />
aos cristãos vítimas na Síria,<br />
por princípio de caridade, proposta<br />
de subscrição pelo Sr. Dacol; em<br />
fevereiro de 1862, subscrição em favor<br />
<strong>do</strong>s operários lioneses;<br />
em fevereiro de<br />
1863, subscrição ruanesa<br />
em favor <strong>do</strong>s<br />
residentes na cidade<br />
38 196 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />
Joseph Gabriel<br />
Prevost<br />
de Ruan, França; em dezembro de<br />
1864, subscrição em favor <strong>do</strong>s incendia<strong>do</strong>s<br />
de Limoges; em dezembro<br />
de 1865, subscrição em favor<br />
<strong>do</strong>s pobres de Lyon 3 e das vítimas<br />
<strong>do</strong> cólera; em novembro de 1866,<br />
subscrição em favor <strong>do</strong>s inunda<strong>do</strong>s.<br />
São os primeiros anseios espíritas<br />
de servir ao necessita<strong>do</strong>, com<br />
base no Evangelho. Merecem registro<br />
outras iniciativas.<br />
2. Em 19/7/1863 foi fundada a<br />
Casa de Retiro de Cempuis (ou<br />
Orfanato Prevost), voltada aos órfãos,<br />
perto de Grandvilliers, Departamento<br />
<strong>do</strong> Oise, pelo Sr. Prevost,<br />
cujo nome era Joseph Gabriel<br />
Prevost (1793-1875), rico comerciante<br />
e velho fourierista. Prevost<br />
foi membro da Sociedade Parisiense<br />
de Estu<strong>do</strong>s Espíritas (SPEE) e<br />
cita<strong>do</strong> elogiosamente por Allan<br />
Kardec na Revista Espírita de outubro<br />
de 1863; foi condecora<strong>do</strong><br />
pela prefeitura de Cempuis, e pode<br />
ser considera<strong>do</strong> um precursor<br />
<strong>do</strong> trabalho assistencial espírita,<br />
pelo seu mérito de nobreza à causa<br />
da Humanidade sofre<strong>do</strong>ra; deixou<br />
grande área rural em testamento,<br />
sob compromisso de ser<br />
utilizada no prosseguimento <strong>do</strong><br />
3<br />
Lyon chegou a possuir uma creche espírita<br />
fundada em 1903.<br />
trabalho social e educacional. Foi<br />
sucedi<strong>do</strong> pelo anarquista francês<br />
Paul Robin (1837-1912).<br />
3. No 2 o Congresso Espírita Internacional,<br />
realiza<strong>do</strong> em Paris,<br />
em 1889, um <strong>do</strong>s temas foi a assistência<br />
social.<br />
4. No Brasil, no século XIX, o<br />
fato de destaque foi a criação da<br />
Assistência aos Necessita<strong>do</strong>s iniciada<br />
pelo engenheiro Poli<strong>do</strong>ro Olavo<br />
de São Thiago (1852-1916) e inspira<strong>do</strong><br />
posteriormente pela Federação<br />
Espírita Brasileira. Este trabalho<br />
inspirou outras instituições<br />
espíritas que começavam a se criar<br />
no Brasil.<br />
Poli<strong>do</strong>ro Olavo de São Thiago<br />
5. Em Santos, o médium Benedito<br />
José de Souza Jr. (1854-1934),<br />
em 1895, criou também uma Associação<br />
de Auxílio aos Necessita<strong>do</strong>s,<br />
da Sociedade Espírita Anjo<br />
da Guarda, fundada em 1883.<br />
6. Muito interessante registrar<br />
as iniciativas educacionais <strong>do</strong>s es-
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 15:00 Page 39<br />
Benedito José de Souza Jr.<br />
píritas: o médium americano Andrew<br />
Jackson Davies (1826-1910),<br />
que fun<strong>do</strong>u em Nova York o Spiritual<br />
Lyceum (Liceu Espiritual) ou<br />
Sunday School in Spiritual Churches<br />
(Escola Dominical das Igrejas<br />
Espiritualistas), em 25/1/1865, revelan<strong>do</strong><br />
a aspiração de instruir as<br />
almas acerca da Espiritualidade;<br />
na mesma linha educacional estiveram<br />
Antônio Ugarte (1852-<br />
-1918) e a esposa Rosa Ugarte, em<br />
Buenos Aires, Argentina, que fundaram<br />
a Escola Espiritista de Argentina,<br />
na década de 1880; o educa<strong>do</strong>r<br />
espírita Eurípedes Barsanulfo<br />
(1880-1918), em Sacramento<br />
(MG), que fun<strong>do</strong>u o Colégio<br />
Allan Kardec, em 1907, a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong><br />
uma pedagogia avançada para a<br />
época, acompanhan<strong>do</strong> os alunos<br />
em observações pessoais na Natureza<br />
e despertan<strong>do</strong> neles a busca<br />
<strong>do</strong> conhecimento a partir deles<br />
mesmos; destaque-se, também, a<br />
educa<strong>do</strong>ra espírita Anália Franco<br />
(1856-1919), que criou cerca de<br />
setenta instituições (escolas, asilos,<br />
abrigos, creches e escolas maternais),<br />
em várias cidades de São<br />
Paulo e Minas Gerais, destinadas<br />
a órfãos e meninas.<br />
7. Importante destacar o Hospital<br />
Espírita de Porto Alegre, hoje<br />
com mais de 16.000m 2 .Concebi<strong>do</strong><br />
em 1912, sob coordenação<br />
de Oscar Pithan (1879-1942),<br />
aclama<strong>do</strong> seu Presidente de Honra,<br />
e <strong>do</strong> Instituto Dias da Cruz. As<br />
principais sociedades espíritas<br />
gaúchas contaram com a sua<br />
colaboração. Em 1949, ele fun<strong>do</strong>u<br />
o Abrigo Oscar Pithan, o qual<br />
ainda presta excelente trabalho<br />
na cidade de Santa Maria (RS).<br />
Por to<strong>do</strong>s os lugares onde an<strong>do</strong>u,<br />
Oscar Pithan deixou um rastro<br />
luminoso, como verdadeiro<br />
discípulo <strong>do</strong> Cristo.<br />
8. Merece referência<br />
a Sinagoga Espírita<br />
Nova Jerusalém,<br />
em São<br />
Paulo, fundada<br />
em 1916 pelo português<br />
Antônio<br />
Trindade (1882-<br />
-1962). Em 1921,<br />
na Rua Casemiro<br />
de Abreu<br />
80/82, ele inaugurou<br />
a Cozinha <strong>do</strong>s<br />
Pobres, a qual passou<br />
a fornecer cerca<br />
de quinhentas refeições diárias,<br />
sen<strong>do</strong> também pioneira na distribuição<br />
de alimentos (hoje chamadas<br />
cestas básicas) às famílias necessitadas,<br />
bem como roupas e<br />
brinque<strong>do</strong>s para as crianças.<br />
Oscar Pithan<br />
9. Com a fundação da Federação<br />
Espírita <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo,<br />
em 1936, no ano seguinte foi<br />
cria<strong>do</strong> o Departamento Damas da<br />
Caridade, nomeada a Sra. Elisa<br />
Andreucci (1901-1981) para prestar<br />
assistência à infância desfavorecida;<br />
depois veio a Sra. Nair Ambra<br />
Ferreira (1906-1997), médium, ao<br />
la<strong>do</strong> da Sra. Maria Augusta Puhlmann<br />
(1900-1982). Em 1948, estas<br />
duas senhoras criaram a admirável<br />
Instituição Beneficente Nosso Lar,<br />
na Aclimação, que trabalha com<br />
crianças especiais, 4 hoje dirigida<br />
pelas duas filhas destas grandes<br />
trabalha<strong>do</strong>ras, as Sras. Nancy Puhlmann<br />
Di Girolamo e Maria Rita<br />
Ambra Ferreira. Este Departamento<br />
Social tornou-se a Casa Transitória<br />
Fabiano de Cristo, a <strong>maio</strong>r<br />
instituição social-espírita<br />
da Capital de<br />
São Paulo, que<br />
atende a milhares<br />
de necessita<strong>do</strong>s,<br />
através de escolas,<br />
oficinas, departamentomédico<br />
e o<strong>do</strong>ntológico,<br />
orientação jurídica,<br />
distribuição<br />
de alimentos, roupas<br />
etc. Desde 1953<br />
ela aparece mencionada<br />
nos livros de<br />
Atas da Diretoria da<br />
FEESP. Seu <strong>maio</strong>r<br />
entusiasta foi José Gonçalves Pereira<br />
(1906-1989), um paulista com<br />
4 Especiais – termo preferi<strong>do</strong> para designar<br />
pessoas porta<strong>do</strong>ras de algum tipo de deficiência.<br />
Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 197<br />
39
eforma<strong>do</strong>r <strong>maio</strong> <strong>2008</strong> - b.<strong>qxp</strong> 3/6/<strong>2008</strong> 15:00 Page 40<br />
experiência industrial, nomea<strong>do</strong>,<br />
em 1952, Diretor <strong>do</strong> Departamento<br />
de Assistência Social da FEESP.<br />
Ele quis um espaço próprio, uma<br />
Casa Transitória. Recebeu mensagens<br />
espirituais de orientação<br />
através <strong>do</strong> médium Chico Xavier<br />
(1910-2002). Em 1957 foram apresentadas<br />
as primeiras plantas e o<br />
Departamento Social autorizou a<br />
obtenção de fun<strong>do</strong>s para edificá-<br />
-la. Em 10/7/1957 o Presidente da<br />
FEESP trabalhava junto à Prefeitura<br />
e ao Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> para<br />
conseguir um terreno em comodato.<br />
O trabalho social cresceu e, em<br />
1957/1958, quase cem mil pessoas<br />
foram assistidas, com alimentos,<br />
roupas, enxovais, agasalhos e berços.<br />
Em 1958 foi encontra<strong>do</strong> o<br />
terreno e o Esta<strong>do</strong> cedeu-o em comodato,<br />
inician<strong>do</strong>-se a construção<br />
<strong>do</strong>s primeiros pavilhões, inaugura<strong>do</strong>s<br />
oficialmente em 1960.<br />
10. A Mansão <strong>do</strong> Caminho,<br />
em Salva<strong>do</strong>r (BA), fundada, em<br />
1952, pelo médium Dival<strong>do</strong> Pereira<br />
Franco (1927-), começou<br />
ainda em 1947, amparan<strong>do</strong> crianças<br />
carentes e órfãs, sob o regime<br />
pioneiro <strong>do</strong>s Lares Substitutos,<br />
de mo<strong>do</strong> gratuito e voluntário.<br />
Dival<strong>do</strong> tem cerca de 600<br />
filhos a<strong>do</strong>tivos e mais de 200 netos.<br />
Com o tempo começaram dezenas<br />
de cursos e oficinas profissionalizantes<br />
e hoje possui regime<br />
de semi-internato, em 83.000m 2 ,<br />
atenden<strong>do</strong>, em 2007, a 3.500<br />
crianças e jovens, gratuitamente,<br />
to<strong>do</strong>s os dias; ganhou muitos<br />
prêmios nacionais e internacionais.<br />
40 198 Reforma<strong>do</strong>r • Maio <strong>2008</strong><br />
11. O Lar Fabiano de Cristo é<br />
uma obra social de grande porte,<br />
criada e dirigida por espíritas. Assinaram<br />
a ata de sua fundação, em 8<br />
de janeiro de 1958, entre outros, os<br />
escritores Carlos Torres Pastorino,<br />
Jorge Andréa e José Hermógenes, o<br />
cel. Jaime Rolemberg de Lima e os<br />
médiuns Dival<strong>do</strong> Franco e Chico<br />
Xavier, através <strong>do</strong>s quais, mais tarde,<br />
a Espiritualidade, especialmente<br />
o Dr. Bezerra de Menezes, enviaria<br />
numerosas orientações voltadas<br />
ao trabalho, para cuja sustentabilidade<br />
foi criada, em 1960, a Capemi<br />
(Caixa de Pecúlios <strong>do</strong>s Militares<br />
– Beneficente). Desde o início<br />
o atendimento foi centra<strong>do</strong> na família<br />
e realiza<strong>do</strong> em Unidades de<br />
Promoção e projetos sociais. Em<br />
2007 o Lar atendeu a cerca de<br />
80.000 pessoas espalhadas por to<strong>do</strong><br />
o Brasil. Seu modelo de promoção<br />
já foi leva<strong>do</strong> a outras partes<br />
<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> pela Unesco, ten<strong>do</strong><br />
o Lar recebi<strong>do</strong> vários prêmios de<br />
reconhecimento ao longo de sua<br />
existência.<br />
12. O Centro Espírita Nosso<br />
Lar Casas André Luiz, situa<strong>do</strong> em<br />
Guarulhos (SP), oferece um extraordinário<br />
exemplo de atividade<br />
cristã de ajuda ao próximo.<br />
Funda<strong>do</strong> em 1949, com orientação<br />
espiritual para abrigar crianças<br />
carentes, o trabalho iniciou-<br />
-se em 26/1/1958, quan<strong>do</strong> foi ergui<strong>do</strong><br />
o primeiro prédio (1.850m 2<br />
de área construída), num terreno<br />
de 2.000m 2 . Destacou-se um<br />
valoroso grupo: a família Castardelli<br />
e filhos; os Srs. Valério Giuli<br />
(1911-1989), Francisco Juliano<br />
(1926-1995), os ainda atuantes<br />
Cel. Jaime Rolemberg de Lima<br />
Pedro Baqui, Ana Gaspar, Gastão<br />
de Lima Neto, Osmar Marsilli e<br />
Jandira Delga<strong>do</strong> Ti<strong>do</strong>n. Os <strong>Espírito</strong>s<br />
orientaram o grupo para o<br />
atendimento às crianças especiais,<br />
as mais marginalizadas.<br />
Hoje são atendidas gratuitamente<br />
mais de setecentas crianças e<br />
jovens especiais, e outros em regime<br />
ambulatorial.<br />
Enfim, dificilmente se encontra<br />
um Centro Espírita, no Brasil, onde<br />
não se pratique o trabalho de<br />
assistência social, à luz <strong>do</strong> Evangelho<br />
(nem que seja uma sopa semanal),<br />
e certamente as onze instituições<br />
espíritas citadas servem de<br />
modelo e muito dignificam o Espiritismo.<br />
Consideran<strong>do</strong> estarmos<br />
viven<strong>do</strong> um novo contexto político-social,<br />
neste Terceiro Milênio,<br />
é necessário pensar em ampliar as<br />
formas de atendimento aos necessita<strong>do</strong>s,<br />
não esquecen<strong>do</strong> principalmente<br />
das <strong>do</strong>enças da alma,gera<strong>do</strong>ras<br />
de muitas enfermidades<br />
sociais e <strong>do</strong> corpo...
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Federação Espírita Brasileira<br />
COMPOSIÇÃO DOS ÓRGÃOS DA FEB<br />
APÓS A REUNIÃO DO SEU CONSELHO SUPERIOR DE MARÇO DE <strong>2008</strong><br />
CONSELHO DIRETOR<br />
Presidente: Nestor João Masotti. Vice-presidentes: Altivo Ferreira, Cecília Rocha, Ilcio Bianchi e José Carlos da Silva Silveira.<br />
DIRETORIA EXECUTIVA<br />
Diretores: Affonso Borges Gallego Soares, Amaury Alves da Silva, Antonio Cesar Perri de Carvalho, Arthur <strong>do</strong> Nascimento, Edna Maria<br />
Fabro, Geral<strong>do</strong> Campetti Sobrinho, João Pinto Rabelo, José Salomão Mizrahy, José Val<strong>do</strong> de Oliveira, Maria de Lourdes Pereira de<br />
Oliveira, Marta Antunes de Oliveira Moura, Norberto Pásqua, Rute Vieira Ribeiro, Sady Guilherme Schmidt e Tânia de Souza Lopes.<br />
CONSELHO FISCAL<br />
Efetivos: César Augusto Lourenço Filho, Danilo de Castro Silva e Sérgio Thiesen. Suplentes: Alamir Gomes de Abreu, Eliphas Levi<br />
Garcez Maia e Ennio de Oliveira Tavares.<br />
ASSESSORES DA PRESIDÊNCIA<br />
Evandro Noleto Bezerra e Jorge Godinho Barreto Nery.<br />
REFORMADOR<br />
Diretor: Nestor João Masotti. Editor: Altivo Ferreira. Redatores: Affonso Borges Gallego Soares, Antonio Cesar Perri de Carvalho, Evandro<br />
Noleto Bezerra e Lauro de Oliveira São Thiago. Secretário: Paulo de Tarso <strong>do</strong>s Reis Lyra. Gerência: Ilcio Bianchi.<br />
CONSELHO SUPERIOR<br />
Efetivos: Adésio Alves Macha<strong>do</strong>, Allan Eurípedes Rezende Nápoli, Allan Kardec Rezende Nápoli, Alzira Matoso de Abreu,<br />
Christo<strong>do</strong>lino da Silva, Clara Lila Gonzalez de Araújo, Délio Pereira de Souza, Francisco Bispo <strong>do</strong>s Anjos, Ismael de Miranda e<br />
Silva, Jamile Mizrahy, João de Jesus Moutinho, Jorge Godinho Barreto Nery, José Francisco <strong>do</strong>s Santos, Lauro de Oliveira São<br />
Thiago, Lucia Maria Alba da Silva, Luiz Antonio de Moura, Lydia Alba da Silva, Márcia Regina Pini de Souza, Marco Aurélio Luzio<br />
de Assis, Maria da Conceição de Carvalho, Maria Euny Herrera Masotti, Maria Luiza Priolli <strong>do</strong>s Santos Fonseca, Nilton da Costa<br />
Pereira de São Thiago, Paulo Affonso de Farias, Raimunda Maria Prata, Regina Lúcia de Souza B. Rodrigues, Salim Tannus Feres<br />
Neto, Suely Caldas Schubert, Tossie Yamashita e Yola Carvalho Borges de Souza. Efetivos indica<strong>do</strong>s pelo CFN: Ana Luiza Nazareno<br />
Ferreira, César Soares <strong>do</strong>s Reis, Darcy Neves Moreira, Dival<strong>do</strong> Pereira Franco, Hélio Ribeiro Loureiro, José Raimun<strong>do</strong> de Lima,<br />
Lacordaire Abrahão Faiad, Sandra Maria Borba Pereira, Sônia Maria Arruda Fonseca e Weimar Muniz de Oliveira. Ex-presidente:<br />
Juvanir Borges de Souza.<br />
Suplentes: Orlan<strong>do</strong> Ayrton de Tole<strong>do</strong>, Rubens André Gonçalves Dusi, Bittencourt Rezende de Nápoli, Lauro de Freitas Carvalho, Zaira<br />
Amarilis da Cruz Silveira, Marlene Silva Duarte, Roosevelt Pinto Sampaio, Aldenice Cousseiro de Carvalho Filha, Marley de Souza<br />
Lopes, Venita Abranches Simões, Eliphas Levi Garcez Maia e Maria Alves da Silva. Suplentes indica<strong>do</strong>s pelo CFN: Gerson Simões<br />
Monteiro, Pedro Valente da Cunha, Miriam Lucia Herrera Masotti Dusi, Eloy Carvalho Villela e Israel Quirino <strong>do</strong> Nascimento.<br />
CONSELHO FEDERATIVO NACIONAL<br />
Entidades Federativas Estaduais: Acre – Federação Espírita <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Acre; Alagoas – Federação Espírita <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Alagoas;<br />
Amapá – Federação Espírita <strong>do</strong> Amapá; Amazonas – Federação Espírita Amazonense; Bahia – Federação Espírita <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> da Bahia;<br />
Ceará – Federação Espírita <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Ceará; Distrito Federal – Federação Espírita <strong>do</strong> Distrito Federal; <strong>Espírito</strong> Santo – Federação<br />
Espírita <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Espírito</strong> Santo; Goiás – Federação Espírita <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Goiás; Maranhão – Federação Espírita <strong>do</strong> Maranhão;<br />
Mato Grosso – Federação Espírita <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Mato Grosso; Mato Grosso <strong>do</strong> Sul – Federação Espírita de Mato Grosso <strong>do</strong> Sul;<br />
Minas Gerais – União Espírita Mineira; Pará – União Espírita Paraense; Paraíba – Federação Espírita Paraibana; Paraná – Federação<br />
Espírita <strong>do</strong> Paraná; Pernambuco – Federação Espírita Pernambucana; Piauí – Federação Espírita Piauiense; Rio de Janeiro – Conselho<br />
Espírita <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro; Rio Grande <strong>do</strong> Norte – Federação Espírita <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Norte; Rio Grande <strong>do</strong> Sul –<br />
Federação Espírita <strong>do</strong> Rio Grande <strong>do</strong> Sul; Rondônia – Federação Espírita de Rondônia; Roraima – Federação Espírita Roraimense;<br />
Santa Catarina – Federação Espírita Catarinense; São Paulo – União das Sociedades Espíritas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo; Sergipe –<br />
Federação Espírita <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de Sergipe; e Tocantins – Federação Espírita <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Tocantins.<br />
ENTIDADES ESPECIALIZADAS DE ÂMBITO NACIONAL<br />
Associação Brasileira de Divulga<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Espiritismo; Associação Brasileira <strong>do</strong>s Magistra<strong>do</strong>s Espíritas; Associação Médico-Espírita <strong>do</strong><br />
Brasil; Cruzada <strong>do</strong>s Militares Espíritas; e Instituto de Cultura Espírita <strong>do</strong> Brasil.<br />
Maio <strong>2008</strong> • Reforma<strong>do</strong>r 199<br />
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R. G. <strong>do</strong> Sul: Sociedade comemora 95 anos<br />
A Sociedade Espírita Dom Thomé, Porto Alegre, Rio<br />
Grande <strong>do</strong> Sul, completa 95 anos. Para comemorar a<br />
data, uma série de palestras foi programada para os<br />
meses de março e abril. No dia 12 de março ocorreu<br />
exposição <strong>do</strong> tema “Lições para a felicidade”; no dia<br />
15 foi apresenta<strong>do</strong> o tema “Harmonização e Prece”;<br />
nos dias 17 e 19 foram desenvolvi<strong>do</strong>s, respectivamente,<br />
os temas “Evolução” e “Educação, a chave<br />
moral <strong>do</strong> progresso”; no dia 26, Jason de Camargo<br />
abor<strong>do</strong>u o tema “O Sermão da Montanha”. Encerran<strong>do</strong><br />
a programação, no dia 2 de abril, foi aborda<strong>do</strong><br />
o tema “Desencarnações Coletivas”.<br />
São Paulo: Seminário para Trabalha<strong>do</strong>res<br />
Espíritas<br />
“Dependência Química para Casas Espíritas”, foi o<br />
tema aborda<strong>do</strong> no seminário ocorri<strong>do</strong> dia 27 de<br />
abril na Fraternidade Espírita Auta de Souza, realiza<strong>do</strong><br />
pela USE-Distrital Jabaquara (Órgão da União<br />
das Sociedades Espíritas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo), na<br />
Capital paulista. O objetivo <strong>do</strong> evento foi ampliar o<br />
conhecimento sobre o assunto: como orientar, como<br />
tratar atividades preventivas e recursos existentes, e<br />
teve como público-alvo os dirigentes e trabalha<strong>do</strong>res<br />
de centros espíritas. Informações: (11) 3721-0098<br />
ou pelo e-mail: julianezu@globo.com<br />
Minas Gerais: Amigos de Chico Xavier<br />
Nos dias 19 e 20 de abril, a cidade de Uberaba (MG)<br />
sediou o I Encontro Nacional <strong>do</strong>s Amigos de Chico<br />
Xavier e sua Obra. Com entrada franca, a programação<br />
contou com diversos palestrantes, em uma promoção<br />
da Aliança Municipal Espírita de Uberaba e<br />
da Aliança Municipal Espírita de Pedro Leopol<strong>do</strong>.<br />
Informações: (34) 3325-4727 ou (34) 8857-2080.<br />
Rio de Janeiro: Evangeliza<strong>do</strong>res da Pessoa<br />
com Necessidades Especiais<br />
No dia 16 de março, aconteceu o Encontro de Evangeliza<strong>do</strong>res<br />
da Pessoa com Necessidades Especiais à<br />
42 200 Reforma<strong>do</strong>r • Maio 2007<br />
Seara Espírita<br />
luz <strong>do</strong> Espiritismo. Foi a quinta edição <strong>do</strong> evento,<br />
nas dependências da Ação Cristã Vicente Moretti,<br />
que contou com debates, caminhada musical, exibição<br />
de filmes e apresentação de relatos. Informações:<br />
Conselho Espírita <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro<br />
(CEERJ), pelo telefone: (21) 2224-1244.<br />
Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s: Revista Espírita em inglês<br />
No dia 19 de abril, durante o Second U. S. Spiritist<br />
Symposium (2 o Simpósio Espírita <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s),<br />
realiza<strong>do</strong> nas dependências da Historical Society,<br />
de Nova York, foi lançada a edição em inglês da Revista<br />
Espírita, fundada por Allan Kardec, com o título<br />
The Spiritist Magazine e editada pelo Conselho Espírita<br />
Internacional (CEI). Representan<strong>do</strong> o CEI, Antonio<br />
Cesar Perri de Carvalho fez a saudação inicial<br />
<strong>do</strong> evento e o lançamento da nova versão da Revista.<br />
Fundada a Associação Jurídico-Espírita<br />
(AJE-SP)<br />
No dia 8 de março, na sede da União das Sociedades<br />
Espíritas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo, foi fundada a Associação<br />
Jurídico-Espírita <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> de São Paulo<br />
(AJE-SP) com o objetivo de contribuir para o aprimoramento<br />
espiritual <strong>do</strong>s opera<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Direito espíritas<br />
e interessa<strong>do</strong>s em questões jurídico-sociais,<br />
unificação destes, melhoria da legislação vigente, defesa<br />
legal de assuntos que esbarrem em princípios essenciais<br />
da filosofia espírita, divulgação <strong>do</strong> pensamento<br />
espírita sobre questões jurídico-sociais para<br />
os meios jurídicos e sociedade em geral. Informações:<br />
ajesp.sp@gmail.com<br />
Japão: O Evangelho segun<strong>do</strong> o<br />
Espiritismo em japonês<br />
A Comunhão Espírita Cristã Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier,<br />
instituição integrante <strong>do</strong> Conselho Espírita Internacional<br />
(CEI), lançou a tradução em japonês,<br />
por Tomoh Sumi, de O Evangelho segun<strong>do</strong> o Espiritismo,<br />
publicada pela Editora Gentosha Renaissance<br />
Books. Informações: info@spiritism.jp