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uma torre entalhada que se parecia com as ruínas de algum castelo antigo; uma<br />

máscara que lembrava o rosto de uma mulher encerrada em um bloco de vidro<br />

rosado, translúcido; algo com a forma de uma garrafa e que cintilava com cores<br />

vivas, que se modificavam sob o calor da mão.<br />

Quando Hammett entrou, vindo de um cómodo adjacente, Eve concluiu que ele<br />

era tão dramático quanto os objetos que o cercavam.<br />

Estava pálido, tinha os olhos pesados, mas isto só servia para ressaltar sua<br />

aparência atraente. Era alto e elegantemente esbelto. Seu rosto era poeticamente<br />

cavado nas laterais. Ao contrário de muitos de seus contemporâneos, e Eve sabia<br />

que ele já estava na casa dos sessenta anos, George Hammett optara por deixar<br />

seu cabelo embranquecer naturalmente. Uma escolha excelente para ele, Eve<br />

pensou, ao ver que a sua juba cheia e prateada brilhava tanto quanto um dos<br />

castiçais em estilo georgiano de Roarke.<br />

Seus olhos tinham um tom de cinza que se destacava, embora estivessem<br />

embotados naquele instante por algo que poderia ser cansaço ou pesar.<br />

Ele atravessou a sala até ela e envolveu-lhe a mão, colocando-a entre as suas.<br />

- Eve. - Quando seus lábios a beijaram no rosto, rapidamente ela recuou um<br />

pouco. Ele estava tornando aquele contato muito pessoal, e ela imaginou naquele<br />

instante que ambos sabiam disso.<br />

- George - começou ela de repente, afastando-se ainda mais - agradeço pelo<br />

seu tempo.<br />

- Ora, que tolice. Eu é que me desculpo por fazê-la esperar. Havia uma ligação<br />

que eu precisava fazer. - Com um gesto, apontou para o sofá. As mangas de sua<br />

camisa larga e confortável balançaram com o movimento. Eve, resignada, se sentou.<br />

- Quer tomar alguma coisa?<br />

- Não quero nada, obrigada.<br />

- Café? - Sorriu ligeiramente. - Eu me lembro de que você gosta muito de café.<br />

Tenho um pouco, e da marca que Roarke usa.<br />

- Apertou um botão no braço do sofá. A pequena tela de um monitor surgiu. -<br />

Um bule de café Ouro Argentino - ordenou ele - e duas xícaras. Em seguida, com<br />

aquele sorriso fraco e discreto ainda nos lábios, se voltou para ela. - Isso vai me<br />

ajudar a relaxar um pouco - explicou. - Não estou surpreso por encontrá-la aqui logo<br />

de manhã, Eve. Ou talvez devesse estar tratando você de tenente Dallas, diante das<br />

circunstâncias.<br />

- Então você entendeu o motivo de eu estar aqui.

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