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A PRÁTICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

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A <strong>PRÁTICA</strong> <strong>DA</strong> <strong>EDUCAÇÃO</strong> <strong>FÍSICA</strong> <strong>NA</strong> <strong>EDUCAÇÃO</strong> <strong>INCLUSIVA</strong><br />

PARA O DEFICIENTE VISUAL<br />

RESUMO<br />

C a d e r n o M u l t i d i s c i p l i n a r d e P ó s - G r a d u a ç ã o d a U C P , P i t a n g a , v . 1 , n . 4 , p . 1 8 4 - 1 9 3 ,<br />

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TAKATA, Fátima Ayako 1<br />

CAVALARI, Nilton 2<br />

Ao rever a história da evolução do homem, constata-se que desde a antiguidade, as pessoas<br />

que possuíam algum tipo de deficiência eram deixadas à margem da sociedade, sendo<br />

considerados seres incapacitados. O final da Segunda Guerra Mundial, apesar de trazer muitas<br />

consequências desastrosas, forçou a evolução de pesquisas e proporcionou às pessoas com<br />

deficiência, condições melhores dos que as anteriormente existentes, como por exemplo, a<br />

Educação Física Adaptada. A passos lentos, porém significativos , no Brasil também ocorreu<br />

a consciência de se proporcionar uma melhor qualidade de vida às pessoas com deficiência<br />

com a sanção de diversas leis e decretos,dando-lhes a garantia do seu direito constitucional ao<br />

acesso à educação. Porém, não basta apenas colocá-los numa sala regular, pois para haver a<br />

inclusão, a escola terá que lhe dar condições pedagógicas e estruturais para que ela a<br />

frequente, trabalhando paralelamente a conscientização com os outros alunos, seus familiares<br />

e a sociedade no geral sobre a deficiência daquela criança, no caso, a criança cega. A<br />

disciplina da Educação Física é propícia para a inclusão do aluno deficiente visual, devido à<br />

possibilidade de trabalho de seus conteúdos de diferentes formas. Este trabalho enfoca o<br />

papel do professor de Educação Física para o atendimento a esses deficientes, respeitando<br />

suas diferenças, desenvolvendo suas capacidades e promovendo a sua autonomia.<br />

Palavras-chave: Educação Física. Inclusão. Deficiente Visual.<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

Ao rever os períodos da história universal, evidenciam-se teorias e práticas sociais que<br />

se enquadram na condição de segregadoras, inclusive quanto ao acesso ao saber.<br />

O livre acesso aos espaços sociais nos quais se transmitiam e se criavam<br />

conhecimentos eram restritos, poucos usufruíam desse privilégio. A pedagogia da exclusão se<br />

fez presente em todos os momentos da história da humanidade, onde as pessoas com<br />

1 Fátima Ayako Takata, graduada em Educação Física, pela Faculdade de Ciências e Letras de Arapongas (FAFICLA) - Paraná e cursando<br />

pós-graduação em Educação Especial pela UCP e Instituto Rhema Educação em Munhoz de Mello - Paraná.<br />

2 Nilton Cavalari, orientador, mestre e ex-docente da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Universidade Paranaense (UNIPAR),<br />

Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) e Professor do Instituto Rhema Educação.


deficiência visual eram vistos como doentes e incapazes, estando em situação inferiorizada,<br />

ocupando, no imaginário coletivo, a posição de alvos de caridade popular e da assistência<br />

social, e não de sujeitos plenos e detentores de direitos sociais, entre os quais se inclui o<br />

direito à educação, ao lazer e às atividades motoras.<br />

Segundo o portal do MEC, com a sanção de várias leis e decretos-lei em favor às<br />

pessoas com deficiência como, por exemplo, a lei 9394/96, LDBN, a lei7853/89, política de<br />

integração da pessoa com deficiência, a lei 10098/00 (BRASIL, 2001), que estabelece normas<br />

gerais à acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, e outras leis,<br />

decretos, portarias, hoje, mais do que nunca,a pessoa com deficiência tem finalmente a<br />

garantia de seu direito constitucional ao acesso à educação, saúde e moradia.<br />

O princípio da Inclusão defende que a sociedade deve fornecer as condições para que<br />

todas as pessoas tenham acessibilidade de ser um agente ativo na sociedade.<br />

Assim sendo, o processo de inclusão do deficiente visual se mostra uma necessidade.<br />

A deficiência visual acarreta grande perda de informações sobre o meio, prejudicando a<br />

interação social e possíveis oportunidades de uma participação plena nos diversos aspectos da<br />

vida cotidiana. A escassez de informações visuais pode ocasionar, caso a criança não seja<br />

adequadamente estimulada, prejuízos em diversos aspectos de seu desenvolvimento, tais<br />

como atraso no campo motor, cognitivo, emocional e social, sendo de suma importância que<br />

essa criança seja amplamente estimulada para que possa alcançar níveis de desenvolvimento<br />

semelhantes ao de crianças videntes.<br />

Neste trabalho foi realizado um estudo sobre a relação entre a Educação Física e a<br />

aprendizagem em crianças com deficiência visual, num contexto de inclusão. Esse estudo se<br />

restringirá na relação do corpo do deficiente visual e nos benefícios da prática da Educação<br />

Física em classes regulares.<br />

2- PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS<br />

O presente estudo corresponde à realização de uma pesquisa bibliográfica. Na<br />

elaboração deste trabalho, a principal fonte de pesquisa foi a internet, em sites de instituições<br />

de apoio ao deficiente visual em artigos referentes ao assunto, como por exemplo:<br />

efdeportes.com; portal do MEC; site do sobama; agora.ceedo.com.br; portal educacional do<br />

estado do Paraná;bengalalegal.com; boletim da educação física; entre outros.<br />

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A pesquisa foi realizada em todas as bases de dados por assunto, utilizando como<br />

palavras-chave, “inclusão”, “deficiência visual” e “educação física escolar”. Na fase da<br />

elaboração e escrita, foi recorrida a consulta de livros e artigos impressos atualizado.<br />

O material foi estudado, objetivando abranger todas as informações relevantes para o<br />

estudo do processo de inclusão de deficientes visuais nas aulas de Educação Física escolar.<br />

3- DESENVOLVIMENTO<br />

3.1 Conceitos de Inclusão<br />

Inclusão Social é um conjunto de meios e ações que combatem a exclusão aos<br />

benefícios da vida em sociedade, provocada pela diferença de classe social, origem<br />

geográfica, educação, idade, existência de deficiência ou preconceitos raciais. Inclusão social<br />

é oferecer aos mais necessitados oportunidades de acesso a bens e serviços, dentro de um<br />

sistema que beneficie a todos e não apenas aos mais aptos.<br />

É um movimento que respeita às singularidades de cada ser humano, oferecendo<br />

respostas às suas necessidades e particularidades. A perspectiva primordial da inclusão é a<br />

certeza de que não existem pessoas iguais e são exatamente as diferenças entre os seres<br />

humanos, que o caracterizam. O aluno é então compreendido como um ser único, singular e<br />

social, que tem sua história de vida constituindo-se então em um ser histórico diferente. Para<br />

uma das defensoras da educação inclusiva no Brasil, Maria Tereza Égler Mantoan a Inclusão<br />

é:<br />

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[...] a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e assim,ter o privilégio de<br />

conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A educação inclusiva acolhe<br />

todas as pessoas sem exceção. É para o estudante com deficiência física, para os que<br />

tem comprometimento mental,para os superdotados,para todas as minorias e para a<br />

criança que é discriminada por qualquer outro motivo. Costumo dizer que estar<br />

junto é se aglomerar no cinema, no ônibus e até mesmo na sala de aula com pessoas<br />

que não conhecemos. Já a inclusão é estar com, é interagir com o outro. (2005,<br />

pg.24).


A inclusão trata-se de um novo paradigma, e consequentemente, traz de maneira geral<br />

reflexões sobre a Educação, especialmente a Educação Escolar, CARMO (2006),<br />

MANTOAN (2003), MITTLER (1999), SASSAKI (1998), STAINBACK E STAINBACK<br />

(1999).<br />

A inclusão é amparada por muitas leis, decretos e portarias, tendo como exemplo, a lei<br />

7853/89, política de integração da pessoa com deficiência, a lei 10098/00, que estabelece<br />

normas gerais à acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida e<br />

pela LDB (Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional), Lei n. 9394, que garante às<br />

pessoas com deficiência, o ingresso na rede regular de ensino ,onde nos artigos 58,59 e 60<br />

ressalta,orienta e atende aos referenciais para a Educação Especial, ficando elaborado o texto<br />

próprio para a edição, em 2001, das Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na<br />

Educação Básica em dois temas: a organização dos sistemas de ensino para o atendimento ao<br />

aluno que apresenta necessidades educacionais especiais e a formação do professor.<br />

Segundo Fonseca,<br />

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O direito à igualdade de oportunidades educacionais é o resultado da luta histórica<br />

das “militantes” dos direitos humanos, luta que implica em obrigatoriedade de o<br />

Estado garantir gratuitamente unidade de ensino para todas as crianças quer seja<br />

deficiente ou não. (1995, p.9).<br />

Para Romeu K. Sassaki torna-se necessária a autonomia das pessoas com deficiência,<br />

como condição para haver tal integração social. Para ele, autonomia consiste na condição de<br />

domínio físico e social, preservado ao máximo a privacidade e a dignidade da pessoa que a<br />

exerce. Ter maior ou menor controle nos ambientes que ela frequenta.<br />

[...]a integração social, afinal de contas, tem consistido no esforço de inserir na<br />

sociedade pessoas com deficiência que alcançaram um nível de competência<br />

compatível com os padrões sociais vigentes. A integração tinha e tem o mérito de<br />

inserir o portador de deficiência na sociedade, sim, mas desde que ele esteja de<br />

alguma forma capacitada a superar barreiras físicas, programáticas e atitudinais nela<br />

existentes. Sob a ótica dos dias de hoje, a integração constitui um esforço unilateral<br />

tão somente da pessoa com deficiência e seus aliados (a família, a instituição<br />

especializada e algumas pessoas da comunidade que abracem a causa da inserção<br />

social), sendo que eles tentam torná-la mais aceitável no seio da sociedade”. (1997,<br />

p.34).


3.2- Educação Física Adaptada<br />

Desde a antiguidade, a Educação Física foi estruturada para formar trabalhadores<br />

fortes e preparados fisicamente para a guerra e o trabalho, num enfoque militarista e<br />

higienista. Aqueles que possuíam algum tipo de deficiência (mental, visual, auditiva, física ou<br />

algum tipo de síndrome) eram deixados à margem da sociedade, considerados seres<br />

incapacitados.<br />

O grande desenvolvimento do esporte adaptado no mundo ocorreu após a II Guerra<br />

Mundial, que forçou a evolução de pesquisas e proporcionou às pessoas com deficiência<br />

visual condições melhores do que as anteriormente existentes.<br />

3.3 Caracterização do Aluno com Deficiência Visual.<br />

Deficiência refere-se a qualquer perda ou anormalidade da estrutura ou função<br />

psicológica, fisiológica ou anatômica, podendo resultar numa limitação ou incapacidade no<br />

desempenho normal de uma determinada atividade que, dependendo da idade, sexo, fatores<br />

sociais e culturais, pode se constituir numa deficiência.<br />

Desta forma, uma doença ou trauma na estrutura e funcionamento do sistema visual<br />

pode provocar no indivíduo a incapacidade de “ver” ou de “ver bem”, acarretando limitações<br />

ou impedimentos quanto à aquisição de conceitos, acesso direto à palavra escrita, à orientação<br />

e mobilidade independente, à interação social e ao controle do ambiente, o que poderá trazer<br />

atrasos no desenvolvimento normal.<br />

Para os deficientes visuais a escala oftalmológica diz respeito a: acuidade visual,<br />

aquilo que se enxerga a determinada distância e campo visual, a amplitude da área alcançada<br />

pela visão. Uma pessoa é considerada cega se a visão corrigida do melhor de seus olhos é de<br />

20/200 ou menos, isto é, se ela pode ver a 20 pés (6 metros) o que uma pessoa de visão<br />

normal pode ver a 200 pés (60 metros), ou se o diâmetro mais largo do seu campo de visão<br />

subentende um arco não maior de 20 graus,ainda que sua acuidade visual nesse estreito campo<br />

possa ser superior a 20/200. Esse campo restrito é muitas vezes chamado “visão em túnel” ou<br />

“ em ponta de alfinete”.<br />

Neste contexto, caracteriza-se como pessoa de baixa visão aquele que possui acuidade<br />

visual de 6/60 e 18/60 (escala métrica) e/ou campo visual entre 20 e 50 graus.<br />

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Pedagogicamente, delimita-se como cego aquele que, mesmo possuindo baixa visão, necessita<br />

de instrução de Braile (sistema de escrita por pontos em relevo) e como pessoa de baixa visão<br />

aquele que lê tipos impressos ampliados ou com o auxílio de potentes recursos ópticos. As<br />

defasagens no desenvolvimento do indivíduo cego, que se apresentam estatisticamente<br />

relevantes, são mais acentuadas na área motora. Estas se dão não por um déficit anátomo-<br />

fisiológico inerente à criança cega, mas sim pela limitação de experiências motoras em<br />

diversos níveis.<br />

O trabalho do professor de Ed. Física consistiria, nesse caso, em ampliar, tanto quanto<br />

possível, a experiência motora dessa criança, instigando o seu vocabulário motor, mas<br />

respeitando sempre a sua integridade física. O desafio está em criar mecanismos para que<br />

essa criança consiga conquistar tanto mais domínio de movimento quanto confiança para<br />

executá-los.<br />

Como caracterização do estágio de desenvolvimento motor do individuo cego,<br />

apresentam-se com freqüência as seguintes defasagens: equilíbrio falho, mobilidade<br />

prejudicada, esquema corporal e cinestésico não internalizados, locomoção dependente,<br />

postura defeituosa, expressão corporal e facial muito rara, coordenação motora bastante<br />

prejudicada, lateralidade e direcionalidade não estabelecidas, inibição voluntária não<br />

controlada, falta de resistência física, tônus muscular inadequado e falta de auto-iniciativa<br />

para ação motora.<br />

Como respostas sociais-afetivas apresentam-se frequentemente o medo de situações e<br />

ambientes não conhecidos; insegurança em relação as suas possibilidades de ação física,<br />

dependência, apatia, isolamento social, desinteresse pela ação motora, autoconfiança bastante<br />

prejudicada e dificuldade no estabelecimento de relações básicas com pessoas e com o<br />

ambiente. Privado do principal dos sentidos, o deficiente visual não desenvolve naturalmente<br />

os sentidos intactos de forma compensatória.<br />

O tato, as cinestesias, a audição e o olfato, sem uma adequada estimulação, não atuam<br />

de maneira fidedigna na diminuição da defasagem da captação e elaboração dos estímulos que<br />

a cegueira provoca. Além disso, a impossibilidade da imitação e do estabelecimento de<br />

modelos restringe ainda mais o seu desenvolvimento.<br />

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3.4 Algumas dicas de como trabalhar com o aluno deficiente visual dentro da Educação<br />

Física<br />

A criança com deficiência visual, como qualquer outra criança tem o direito e<br />

condições de freqüentar uma escola e bem estimulado no seu desenvolvimento psicomotor e<br />

dando-lhe condições no tempo certo, poderá se desenvolver no tempo correto. Segundo o site<br />

“Espaço Aprendizagem”, há a necessidade de se seguir algumas sugestões práticas para lidar<br />

com pessoas com deficiência visual:<br />

. Tratar a pessoa com deficiência visual da mesma forma que trata qualquer pessoa;<br />

. Nunca subestime o potencial de uma pessoa com deficiência visual, pois enquanto<br />

você pensa em suas limitações, ele está pensando em como superá-los;<br />

. Converse com eles sobre assuntos interessantes e que não faça mal a ambas as partes;<br />

. Elogie sempre que houver um motivo real para isso, evitando elogios desnecessários;<br />

. Comunique-se sempre com ele, fazendo com que ele participe integralmente das<br />

atividades;<br />

. Não demonstre insegurança, aja naturalmente;<br />

. Cobre muito dele, pois geralmente ele é pouco exigido pelas outras pessoas;<br />

. Use os mesmos estímulos motores que você usaria com outra pessoa, sem esquecerse<br />

dos fatores de segurança que a deficiência visual possui;<br />

. Comente sempre com a pessoa com deficiência visual sobre os resultados que<br />

alcançou, para que possa corrigir eventuais falhas;<br />

. As pessoas com deficiência visual não podem se sentir inúteis e descompromissadas<br />

com as coisas que as cercam.<br />

Segundo Conde (1991) a Educação Física para o deficiente visual deve ser executada<br />

em um lugar seguro, com orientações e descrições do ambiente, assegurando-se que o aluno<br />

fique familiarizado com o espaço físico, percursos, inclinações do terreno e diferenças de<br />

piso, cujas informações podem prevenir acidentes, lesões e quedas.<br />

Organização e constância são elementos essenciais em relação ao equipamento,<br />

devendo-se evitar mudanças de lugar sem avisar o aluno deficiente visual, para que ele seja<br />

capaz de se movimentar independentemente e sem receio, no ginásio e no campo.<br />

O ambiente tem que ser o mais silencioso possível, pois lugares muitos barulhentos<br />

podem desorientá-lo. É absolutamente necessário que o professor saiba o nome de seus<br />

alunos com deficiência visual, pois, além da questão afetiva, assume um papel<br />

importantíssimo na sua segurança, pois eles não responderão a expressões acompanhadas de<br />

gesticulações como: “Ei!, Você aí! ,Para!,Vem aqui!”. Uma voz de comando clara e tranqüila<br />

facilita em muito a percepção do comando solicitado.<br />

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Existindo uma limitação óbvia à demonstração, o professor, além da voz de comando,<br />

poderá utilizar a ajuda física e a percepção tátil-cinestésica, tocando em seu aluno e deixando<br />

que ele o toque.<br />

Não sair de uma conversa com seu aluno deficiente visual sem avisar e nem chegar<br />

junto de um grupo de alunos deficientes visuais sem identificar-se. Conduzir o aluno<br />

oferecendo-lhe o braço (cotovelo ou ombro), seguindo sempre em linha reta para que ele<br />

nunca perca a direção.<br />

O professor deve obter informações relativas à anamnese médica, social,<br />

familiar,psicológica e acadêmica de seu aluno,que darão parâmetros básicos para a sua<br />

intervenção. Um aluno de baixa visão, com patologia de descolamento de retina, não deverá<br />

ser submetido a exercícios nos quais haja possibilidade de traumatismo na cabeça, pois há<br />

uma grande incidência de problemas neurológicos, com crises convulsivas.<br />

As atividades físicas mais indicadas para os alunos com deficiência visual são<br />

semelhantes àquelas aconselháveis para os alunos videntes. Em qualquer classe existem<br />

variações no grau de habilidade dos alunos. Um professor que sabe adaptar a aula dentro dos<br />

limites superior e inferior das capacidades dos alunos será também capaz de integrar as<br />

crianças com deficiências visuais.<br />

Instruções individualizadas e concretizadas podem ajudar o aluno a vencer seus<br />

limites. Por exemplo, saltar à corda não exige adaptação: os alunos deficientes visuais podem<br />

ouvir o barulho da corda batendo no chão. Uma falta de batida seria interpretada como uma<br />

interrupção do ritmo. Eles também podem saltar à corda sozinhos, por ser uma atividade<br />

intrinsecamente ritmada e que não exige deslocamento.<br />

Se houver um aluno deficiente visual assistindo a um jogo, deverá ser designado um<br />

“locutor” que fique a seu lado e lhe descreva o desenrolar do jogo. Ao ensinar educação<br />

física a alunos deficientes visuais procurar selecionar atividades que não necessitem de muitas<br />

modificações como, por exemplo, futebol e beisebol, onde podem ser utilizadas bolas com<br />

guizo e de tamanho maior que a oficial, que são localizadas e acertadas com maior facilidade.<br />

As regras de pistas e corridas podem ser modificadas, permitindo que os alunos se<br />

guiem por um arame ou corda colocados à volta da parte interna da pista ou corram segurando<br />

no braço (acima do cotovelo) de um colega,com bambolês,bastões ou ainda por intermédio de<br />

pista sonora.<br />

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Bolas de cores fortes, marcadores de campo e balizas que contrastam com o fundo,<br />

possibilitam aos alunos de baixa visão a utilização da visão residual. Pelo fato de a natureza<br />

das limitações visuais variarem muito, é importante conversar com o aluno para saber quais<br />

modificações poderão ajudar mais. Há alunos que enxergam melhor objetos luminosos<br />

multicoloridos sob luzes fortes, enquanto que outros precisam de objetos coloridos sólidos<br />

sob luzes moderadas que não produzam brilho. No voleibol, a utilização de uma bola de praia<br />

facilita o seguimento visual e torna mais lento o ritmo da partida.<br />

4 CONCLUSÃO<br />

O presente trabalho nos traz a constatação de que a inclusão social é possível e que a<br />

disciplina de Educação Física é a mais propícia para promovê-la, devido à possibilidade de<br />

trabalhar os seus conteúdos de diversas formas, com diferentes tipos de atividades, podendo<br />

dessa forma, realizar modificações que permitam a participação de todos. A atividade física e<br />

a prática dos esportes são fatores vitais para a saúde física e mental dos deficientes visuais. A<br />

Educação Física tem um papel decisivo na motivação para a vida e para a busca de melhor<br />

adequação das capacidades preservadas, estimulando o desenvolvimento de estratégias para<br />

melhorar seus deslocamentos, sua independência, sua autonomia, melhorar a sua auto-estima,<br />

promover a socialização com outros grupos, vivenciar situações de sucesso e superação de<br />

situações de frustração e melhorar a qualidade de vida.<br />

ABSTRACT<br />

In reviewing the history of human evolution, a note that since antiquity, people have some<br />

type of disability was left on the margins of society and is considered to be "incapacitated.<br />

The end of World War II, although many bring disastrous consequences, has forced the<br />

evolution of research and provided to people with disabilities, the best conditions that existed<br />

previously, such as the Adapted Physical Education. The slow pace, but significant, also<br />

occurred in Brazil consciousness to provide a better quality of life for people with disabilities<br />

with the sanction of numerous laws and decrees, giving them the assurance of their<br />

constitutional right of access to education. But not enough to just put them in a regular room,<br />

because to be the inclusion, the school will have to give structural and pedagogical conditions<br />

for her to frequent, working alongside awareness with other students, their families and<br />

society in general about deficiency of that child, in this case, the blind child. The discipline of<br />

physical education is conducive to the inclusion of visually impaired students because of the<br />

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possibility of work of its content in different ways. This work focuses on the role of physical<br />

education teacher for the care of these poor, respecting their differences, developing their<br />

skills and promoting their autonomy.<br />

Keywords: Physical Education. Inclusion. Visually Impaired.<br />

REFERÊNCIAS<br />

BRASIL. Diretrizes nacionais para a educação especial na educação básica. Brasília:<br />

Secretaria de Educação Especial – MEC; SEESP, 2001. Disponível em:<br />

Acesso em: 27 jun. 2010.<br />

________. Legislação. Ministério da Educação – Portal do MEC. Disponível em:<br />

. Acesso em: 27 jun. 2010.<br />

CONDE A.J.M. A pessoa portadora de deficiência visual, seu corpo, seu movimento e seu<br />

mundo. In: PEDRINELLI V.J, et.al.(Ed.) Educação física e desportos para pessoas<br />

portadoras de deficiência. Brasília: MEC - Sedes, SESI-DN, 1994.<br />

______________. Atividades físicas adaptadas ao deficiente visual (excertos) Revista<br />

Integração. Brasília, SENEB, v. 3, n. 7, ed. esp., 1991, p.10-11. Disponível em:<br />

. Acesso em: 03 jul. 2010.<br />

ESPAÇO APRENDIZAGEM. Como lidar com um deficiente visual. Disponível em:<br />

Acesso em: 24<br />

de jun. 2010.<br />

FONSECA, Vitor da. Educação especial: programa de estimulação precoce: uma introdução<br />

às idéias de Feuerstein. 2 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.<br />

MANTOAN, Maria Tereza Egler. A integração de pessoas com deficiência: contribuições<br />

para uma reflexão sobre o tema. São Paulo: Memnon, 2005.<br />

SASSAKI, R.K. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: WVA,<br />

1997.<br />

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