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A prática da Educomunicação em ação intersetorial como estratégia ...

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A <strong>prática</strong> <strong>da</strong> <strong>Educomunic<strong>ação</strong></strong> <strong>em</strong> <strong>ação</strong> <strong>intersetorial</strong> <strong>como</strong> <strong>estratégia</strong> de valoriz<strong>ação</strong> <strong>da</strong><br />

cultura local: um estudo de caso do projeto Mídia Jov<strong>em</strong><br />

RESUMO<br />

Samanta Daisy Pinheiro NASCIMENTO<br />

Com o mercado globalizado, conhecer os principais aspectos culturais locais passa a ser fator<br />

decisivo para as organizações, com isso, estão se tornando parceiras e co-responsáveis pelo<br />

desenvolvimento social. O projeto Mídia Jov<strong>em</strong> apresenta-se <strong>como</strong> uma oportuni<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s<br />

organizações, <strong>em</strong> uma parceria <strong>intersetorial</strong>, promover o desenvolvimento regional a partir de<br />

uma <strong>prática</strong> educomunicativa, diss<strong>em</strong>inando entre os alunos valores relacionados à cultura local.<br />

Palavras-chave: <strong>Educomunic<strong>ação</strong></strong>. Comunic<strong>ação</strong>. Globaliz<strong>ação</strong>. Responsabili<strong>da</strong>de Social.<br />

1. INTRODUÇÃO<br />

Vive-se, hoje, <strong>em</strong> um período de transição, uma reinvenção <strong>da</strong>s organizações para que<br />

elas possam sobreviver às transformações advin<strong>da</strong>s com o século XXI e superar as consequências<br />

desencadea<strong>da</strong>s pela globaliz<strong>ação</strong>. Neste contexto, a dimensão cultural local torna-se importante<br />

fonte de inov<strong>ação</strong> e, assim, ser um diferencial competitivo.<br />

As <strong>em</strong>presas, organizações <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de e do Estado estabelec<strong>em</strong>, dessa forma, parcerias<br />

e alianças para realizar suas <strong>prática</strong>s de atu<strong>ação</strong> social. Para Fischer (2005), parcerias e alianças<br />

são entendi<strong>da</strong>s <strong>como</strong> to<strong>da</strong> forma de colabor<strong>ação</strong> ou trabalho conjunto que a <strong>em</strong>presa mantenha<br />

com outras organizações <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de e do Estado para realizar estas <strong>prática</strong>s de atu<strong>ação</strong> social.<br />

Essas alianças são constituí<strong>da</strong>s para elaborar e impl<strong>em</strong>entar projetos e programas<br />

que visam beneficiar uma comuni<strong>da</strong>de, erradicar ou minimizar algum probl<strong>em</strong>a<br />

social, atender as necessi<strong>da</strong>des de grupos carentes ou divulgar e defender uma<br />

causa de interesse público. (FISCHER, 2005, p.12)<br />

Ca<strong>da</strong> ator estratégico (Governo, iniciativa priva<strong>da</strong> e socie<strong>da</strong>de civil organiza<strong>da</strong>) assume<br />

determinado papel <strong>em</strong> um projeto e se <strong>em</strong>penham <strong>em</strong> conhecer as vocações regionais dos vários<br />

territórios, de modo que possam impulsionar a dinâmica <strong>da</strong>s organizações potencializando<br />

ativi<strong>da</strong>des e <strong>prática</strong>s socioeconômicas e culturas na região, <strong>como</strong> também o desenvolvimento<br />

regional e, mesmo indiretamente, o nacional. (HERSCHMANN, 2010).


De outro lado, surg<strong>em</strong> os consumidores-ci<strong>da</strong>dãos <strong>como</strong> fonte de pressões e mu<strong>da</strong>nças<br />

para que as organizações sejam mais comprometi<strong>da</strong>s com os interesses <strong>da</strong> popul<strong>ação</strong>, preserv<strong>ação</strong><br />

do meio ambiente, desenvolvimento social e local. De acordo com Porter (apud MURAD, 2007),<br />

os consumidores exigentes ensinam as <strong>em</strong>presas locais a melhorar seus produtos e serviços e as<br />

obrigam a melhorar de nível esses produtos e serviços, de forma que se traduz diretamente <strong>em</strong><br />

valor mais alto para os consumidores.<br />

Ou seja, existe uma interdependência entre as organizações e to<strong>da</strong> a socie<strong>da</strong>de externa,<br />

inclusive outras instituições, com que se relaciona. Estes atores sociais, <strong>em</strong> ca<strong>da</strong> caso, se<br />

requalificam-se, ora <strong>como</strong> consumidores, ora <strong>como</strong> produtores de informações, auxiliando nas<br />

<strong>estratégia</strong>s corporativas e influenciando as políticas públicas <strong>em</strong> ONGs. (SAINSAULIEU E<br />

KIRSCHNER, 2006)<br />

A identi<strong>da</strong>de uma <strong>em</strong>presa é influencia<strong>da</strong> pela cultura do seu entorno, b<strong>em</strong> <strong>como</strong> pelas<br />

instituições com as quais se relaciona, através de sequências de aprendizag<strong>em</strong> ou confrontações<br />

que surg<strong>em</strong> com este contato. Por sua vez, esta <strong>em</strong>presa reproduz esta socie<strong>da</strong>de, ao mesmo<br />

t<strong>em</strong>po <strong>em</strong> que a influencia propondo mu<strong>da</strong>nças nos valores, gerando novas identi<strong>da</strong>des e<br />

representações culturais, assim <strong>como</strong> transformações nas instituições com que se relaciona e<br />

sociabili<strong>da</strong>de profissional. Como resultado, uma socie<strong>da</strong>de nova é produzi<strong>da</strong>.<br />

Dessa forma, de acordo com Carvalho (2005), as organizações passam a ser muito mais<br />

que um mero ente produtor, convertendo-se <strong>em</strong> enti<strong>da</strong>de co-responsável pela construção de uma<br />

socie<strong>da</strong>de melhor, envolvendo funcionários, <strong>como</strong> também clientes, enfim, todo o meio ambiente<br />

que interage com a organiz<strong>ação</strong> e que compartilha significados.<br />

2. EDUCOMUNICAÇÃO EM UMA AÇÃO INTERSETORIAL<br />

Neste cenário, a <strong>Educomunic<strong>ação</strong></strong> propõe ações que envolv<strong>em</strong> comuni<strong>da</strong>des ou<br />

instituições <strong>em</strong> programas destinados a ampliar a capaci<strong>da</strong>de de expressão <strong>da</strong>s pessoas.<br />

A <strong>Educomunic<strong>ação</strong></strong> aplica<strong>da</strong> ao mundo <strong>em</strong>presarial surge <strong>como</strong> o meio mais<br />

adequado para fazer <strong>da</strong>s organizações ecossist<strong>em</strong>as comunicativos, âmbitos de<br />

particip<strong>ação</strong> e de aprendizag<strong>em</strong> que permitam às pessoas que os compõ<strong>em</strong>, a<br />

possibili<strong>da</strong>de de auto-realiz<strong>ação</strong> <strong>como</strong> seres chamados a uma vi<strong>da</strong> significativa.<br />

Trata-se, portanto, de uma <strong>ação</strong> ética de comunic<strong>ação</strong>, dirigi<strong>da</strong> às pessoas e aos<br />

segmentos sociais envolvidos com a organiz<strong>ação</strong>, e que busca desenvolvê-la<br />

<strong>como</strong> um ambiente de aprendizag<strong>em</strong> e crescimento, no qual ca<strong>da</strong> indivíduo passa<br />

a ser um agente ativo e responsável de um projeto comum. (CARVALHO, 2005,<br />

p. 2)


Nos espaços comunicacionais, esses sujeitos se tornam críticos, participativos, inserido<br />

ativamente na dinâmica do próprio meio social ao qual pertence, tornando-se capazes de avaliar<br />

suas próprias <strong>prática</strong>s, sendo as novas tecnologias <strong>da</strong> comunic<strong>ação</strong> e inform<strong>ação</strong> utiliza<strong>da</strong>s para<br />

redirecioná-las ao serviço do pleno exercício <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia.<br />

De acordo com Soares (apud VERONEZE, 2008), há dois extr<strong>em</strong>os relacionados à<br />

educomunic<strong>ação</strong> nas <strong>em</strong>presas atualmente. No ambiente interno <strong>da</strong> organiz<strong>ação</strong>, a<br />

educomunic<strong>ação</strong> não é realiza<strong>da</strong> plenamente devido à existência de hierarquia e expectativa com<br />

rel<strong>ação</strong> ao comportamento dos funcionários, no entanto, pod<strong>em</strong> ser realizados procedimentos que<br />

se aproximam do campo educomunicativo. No outro extr<strong>em</strong>o, mais relacionado com o nosso<br />

objeto de estudo, está o apoio a projetos educomunicativos que atuam com o público externo.<br />

“Estão sendo realiza<strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des significativas à medi<strong>da</strong> que o setor <strong>em</strong>presarial está<br />

descobrindo a <strong>ação</strong> de organizações sociais volta<strong>da</strong>s para o campo <strong>da</strong> educ<strong>ação</strong> pela<br />

comunic<strong>ação</strong>.” (SOARES, apud VERONEZE, 2008. Disponível <strong>em</strong> no site do Nós <strong>da</strong><br />

Comunic<strong>ação</strong>).<br />

Para Carvalho (2005), a <strong>Educomunic<strong>ação</strong></strong> nas organizações t<strong>em</strong> <strong>como</strong> um dos objetivos<br />

buscar a integr<strong>ação</strong> entre pessoas e organiz<strong>ação</strong>, através de uni<strong>da</strong>des educativas, meios de<br />

comunic<strong>ação</strong> e tecnologia <strong>da</strong> inform<strong>ação</strong>, processos e <strong>prática</strong>s organizacionais que lev<strong>em</strong> a tal<br />

alinhamento.<br />

3 ESTUDO DE CASO: PROJETO MÍDIA JOVEM<br />

O Mídia Jov<strong>em</strong> é um projeto de educomunic<strong>ação</strong> executado através de uma parceria inter-<br />

setorial entre o Instituto Recriando, Governo de Sergipe e a Oi Futuro. Desde o seu início, <strong>em</strong><br />

julho de 2008, o projeto busca atender, preferencialmente, comuni<strong>da</strong>des de baixa ren<strong>da</strong> no Estado<br />

de Sergipe, com a missão de fomentar a d<strong>em</strong>ocratiz<strong>ação</strong> <strong>da</strong> comunic<strong>ação</strong> e o engajamento social<br />

de adolescentes e jovens na faixa etária de 16 a 24 anos.<br />

Ca<strong>da</strong> edição do programa t<strong>em</strong> dur<strong>ação</strong> de um ano e é dividido <strong>em</strong> oficinas com dur<strong>ação</strong><br />

de, aproxima<strong>da</strong>mente, dois meses, sendo elas: mídia impressa, rádio, audiovisual, web e<br />

fotografia. A 1ª edição do programa contou ain<strong>da</strong> com a oficina de anim<strong>ação</strong>.<br />

São nessas oficinas educomunicativas que os alunos aprend<strong>em</strong> a manusear as novas<br />

tecnologias de inform<strong>ação</strong> e comunic<strong>ação</strong> que passam a ser instrumentos de estímulo à<br />

criativi<strong>da</strong>de, particip<strong>ação</strong> social, para que estes alunos se torn<strong>em</strong> protagonistas no campo de


interesse coletivo chamado mídia. Neste espaço, os alunos t<strong>em</strong> a oportuni<strong>da</strong>de de debater t<strong>em</strong>as<br />

que envolv<strong>em</strong> a cultura local.<br />

As técnicas de comunic<strong>ação</strong> são o instrumento para o fomento de t<strong>em</strong>as relevantes para<br />

o cotidiano <strong>da</strong>queles jovens. Enquanto aprend<strong>em</strong> noções técnicas sobre os meios de<br />

comunic<strong>ação</strong>, os jovens também são estimulados a produzir conteúdo relevante para a<br />

transform<strong>ação</strong> social <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de/bairro onde moram, a reavaliar o olhar repousado sobre a<br />

comuni<strong>da</strong>de onde viv<strong>em</strong>, a identificar as potenciali<strong>da</strong>des e deficiências <strong>da</strong> região e, o<br />

mais importante, são encorajados a adotar<strong>em</strong> uma postura pró-ativa e a engajar-se <strong>em</strong><br />

ações que possam aju<strong>da</strong>r na transform<strong>ação</strong> <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de social do local <strong>em</strong> que<br />

viv<strong>em</strong>. Seção O que é o Mídia Jov<strong>em</strong> (www.midiajov<strong>em</strong>.se.gov.br)<br />

Sergipe é o menor dos Estados brasileiros com um território de 21.910 km² e, de acordo<br />

com o Censo 2010, sua popul<strong>ação</strong> foi estima<strong>da</strong> <strong>em</strong> 2.068.031 habitantes, sendo que exist<strong>em</strong> 311<br />

mil dessas pessoas viv<strong>em</strong> abaixo <strong>da</strong> linha <strong>da</strong> pobreza. Além disso, trata-se de um Estado ain<strong>da</strong><br />

com características de uma popul<strong>ação</strong> jov<strong>em</strong>, apesar <strong>da</strong> tendência de envelhecimento de sua<br />

popul<strong>ação</strong>. De acordo com o gráfico, desenvolvido pelo IBGE, cerca de 11,5% <strong>da</strong> popul<strong>ação</strong> se<br />

encontra na faixa etária de 15 a 24 anos.<br />

Os jovens escolhidos para participar do projeto são oriundos de famílias com baixa ren<strong>da</strong>,<br />

regularmente matriculados <strong>em</strong> escola pública ou, então, que já tivess<strong>em</strong> concluído o Ensino<br />

Médio também na rede pública de ensino. Além desses requisitos, eram levados <strong>em</strong> consider<strong>ação</strong><br />

também o grau de mobiliz<strong>ação</strong> do aluno, ou seja, sua vontade de transformar o meio <strong>em</strong> que vive.<br />

A metodologia adota<strong>da</strong> na presente investig<strong>ação</strong> é o estudo de caso. Neste estudo, a<br />

uni<strong>da</strong>de de caso foram as oficinas realiza<strong>da</strong>s na 2ª edição do Mídia Jov<strong>em</strong> e, com base neste<br />

material, uma análise qualitativa do conteúdo educomunicativo, através de uma <strong>estratégia</strong> de<br />

construção iterativa de uma explic<strong>ação</strong>. O conteúdo foi coletado nas mídias sociais do projeto,<br />

<strong>como</strong> o Twitter 1 e o site do Projeto Mídia Jov<strong>em</strong>.<br />

Atualmente, o Projeto Mídia Jov<strong>em</strong> está na sua 2ª edição que iniciou no final de 2010,<br />

sendo desenvolvi<strong>da</strong> pelo Instituto Recriando, ain<strong>da</strong> com a parceria do Governo de Sergipe e a Oi<br />

Futuro. Além <strong>da</strong> permanência do projeto nos bairros Santa Maria e Coqueiral, também começou<br />

a ser desenvolvido nas ci<strong>da</strong>des históricas de Laranjeiras e São Cristóvão. Dessa forma, foram<br />

inicia<strong>da</strong>s, quatro turmas, sendo ca<strong>da</strong> uma composta por 25 alunos. Nosso objeto de estudo foram<br />

as oficinas realiza<strong>da</strong>s durante o mês de set<strong>em</strong>bro de 2010 até o mês de abril de 2011, que são<br />

1 O Twitter é uma rede social e servidor para microblogging, onde as pessoas postam pequenas mensagens do que<br />

elas estão fazendo no momento ou o que ela quer você preste atenção.


dividi<strong>da</strong>s <strong>em</strong> parte teórica e parte <strong>prática</strong>, ressaltado o conteúdo direcionado à valoriz<strong>ação</strong> <strong>da</strong><br />

cultura local.<br />

3.1.1 OFICINA DE FOTOGRAFIA<br />

Pólo Laranjeiras<br />

Na oficina de fotografia realiza<strong>da</strong> <strong>em</strong> Laranjeiras, os alunos foram estimulados a<br />

expressar o t<strong>em</strong>a <strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de cultural, a utilizar a fotografia para revelar el<strong>em</strong>entos visuais que<br />

fal<strong>em</strong> sobre a cultura e a reali<strong>da</strong>de na qual estão inseridos. Durante as aulas teóricas, os alunos<br />

puderam debater sobre t<strong>em</strong>as <strong>como</strong> o reconhecimento do Patrimônio Histórico e Cultural, assim<br />

<strong>como</strong> sobre os atrativos culturais e turísticos <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Laranjeiras, <strong>como</strong> o folclore, o centro<br />

histórico, celebrações religiosas, comi<strong>da</strong>s e produtos típicos. Dessa forma, os jovens puderam<br />

refletir sobre o valor que ca<strong>da</strong> um deles dá ao patrimônio cultural <strong>da</strong> região onde viv<strong>em</strong>.<br />

Na parte <strong>prática</strong> <strong>da</strong> oficina, os alunos puderam praticar os seus novos conhecimentos <strong>em</strong><br />

fotografia também na festa popular <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Laranjeiras chama<strong>da</strong> de Lambe Sujo, o<br />

momento <strong>em</strong> que índios caboclinhos se enfrentam <strong>em</strong> praça pública com os escravos foragidos. A<br />

oficina foi concluí<strong>da</strong> com a exposição “Laranjeiras sob o olhar <strong>da</strong> juventude” que apresentou<br />

cerca de 50 imagens registra<strong>da</strong>s durante as aulas <strong>prática</strong>s.<br />

Pólo São Cristóvão<br />

Durante as aulas teóricas, os educandos foram estimulados a analisar fotografias e<br />

reconhecer a mensag<strong>em</strong> que ca<strong>da</strong> uma transmitia. Orientados sobre as técnicas utiliza<strong>da</strong>s na<br />

fotografia, os alunos fizeram um passeio fotográfico de trinta minutos, para treinar as diversas<br />

configurações <strong>da</strong>s câmaras através dos registros de cenas que mostrass<strong>em</strong> o povo, os<br />

monumentos históricos, as paisagens naturais e o cotidiano <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de.<br />

São Cristóvão é a 4ª ci<strong>da</strong>de mais antiga do Brasil e foi a primeira capital sergipana, por<br />

isso, possui importância na história e cultura do povo brasileiro. O Diretor do Museu Histórico de<br />

Sergipe (MHS), Thiago Fragatta, contou histórias, trouxe curiosi<strong>da</strong>des e estimulou os<br />

adolescentes e jovens a perceber<strong>em</strong> São Cristóvão a partir de seu patrimônio histórico cultural e a<br />

sua valoriz<strong>ação</strong>.<br />

Através de diversos passeios fotográficos pelas ruas, casarões e igrejas de São Cristóvão,<br />

os educandos tiveram a oportuni<strong>da</strong>de de capturar mais imagens <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. A oficina foi concluí<strong>da</strong>


com a exposição “Revelando São Cristóvão” que apresentou as fotos que destacavam as belezas<br />

naturais, o potencial histórico e cultural e a reali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de onde os alunos viv<strong>em</strong>.<br />

Pólo Coqueiral<br />

Na oficina de fotografia <strong>em</strong> Coqueiral, as pautas <strong>da</strong>s fotos foram a valoriz<strong>ação</strong> <strong>da</strong> cultura<br />

do bairro e a reali<strong>da</strong>de vivencia<strong>da</strong> pelos moradores <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. Após dois meses de oficina que<br />

incluíram a apresent<strong>ação</strong> de conhecimentos técnicos no campo <strong>da</strong> fotografia e de debates acerca<br />

de t<strong>em</strong>as socialmente relevantes ligados à reali<strong>da</strong>de do bairro, o resultado foi a exposição<br />

"Coqueiral <strong>em</strong> Cliques: revelando as nossas reali<strong>da</strong>des" que reuniu 50 fotografias dos educandos<br />

do projeto.<br />

Os alunos escolheram <strong>como</strong> t<strong>em</strong>as para a exposição moradores históricos, juventude,<br />

cultura Hip-Hop, artesanato, comuni<strong>da</strong>de ribeirinha, abastecimento de água e saneamento básico.<br />

Dentre as fotos seleciona<strong>da</strong>s para fazer parte <strong>da</strong> exposição estava a <strong>da</strong> educan<strong>da</strong> Yasmyn<br />

Menezes que destacou o t<strong>em</strong>a <strong>da</strong> melhoria do saneamento básico. Em meio à fumaça gera<strong>da</strong> pela<br />

queima de pneus pelos manifestantes, a educan<strong>da</strong> registrou uma criança que observava os<br />

bombeiros tentando conter o fogo <strong>da</strong> manifest<strong>ação</strong>.<br />

3.1.2. OFICINA DE VÍDEO<br />

Pólo Laranjeiras<br />

Durante a parte teórica <strong>da</strong> oficina, os educandos do pólo Laranjeiras debateram sobre o<br />

t<strong>em</strong>a identi<strong>da</strong>de cultural. Na ocasião, O secretário de cultura de Laranjeiras, Irineu Fontes,<br />

comentou com os alunos sobre el<strong>em</strong>entos <strong>da</strong> cultura local, a importância que os jovens têm na<br />

valoriz<strong>ação</strong> <strong>da</strong> cultura local e as diferenças entre a cultura de massa e a cultura popular.<br />

Os alunos tiveram a oportuni<strong>da</strong>de de praticar os conhecimentos técnicos adquiridos para a<br />

produção de um vídeo, durante o Encontro Cultural de Laranjeiras. Oportuni<strong>da</strong>de também para<br />

colocar <strong>em</strong> <strong>prática</strong> o novo olhar adquirido no sentido de valorizar a cultura local.<br />

Os vídeo-documentários apresentado <strong>como</strong> produto final <strong>da</strong> oficina de vídeo relataram a<br />

história do Encontro Cultural de Laranjeiras, as diversas manifestações artísticas e culturais do<br />

município, e a vi<strong>da</strong> do laranjeirense Cândido Aragonês, criador do 1º cartaz de cin<strong>em</strong>a do<br />

Mundo. O documentário Cândido Aragonês foi apresentado junto a curta-metragens pr<strong>em</strong>iados<br />

<strong>em</strong> Cannes, um dos mais prestigiados festivais de cin<strong>em</strong>a do mundo.


3.1.3 OFICINA DE WEB<br />

Pólo Laranjeiras<br />

Na oficina de web, pólo Laranjeiras, os educandos aprenderam a utilizar o computador e a<br />

internet <strong>como</strong> meio de expressão. Como trabalho final <strong>da</strong> oficina, eles decidiram construir uma<br />

rede social dos educandos do Mídia Jov<strong>em</strong>. O nome do site foi escolhido através <strong>da</strong> tradução<br />

livre para o inglês de Mídia Jov<strong>em</strong> Laranjeiras, que seria Laranjeiras Midia Young, abrevi<strong>ação</strong><br />

Lamdy.<br />

No Lamdy, os alunos t<strong>em</strong> a oportuni<strong>da</strong>de de trabalhar e expor sua opinião a respeito de<br />

t<strong>em</strong>as relacionados ao local <strong>em</strong> que vive. A educan<strong>da</strong> Lizianny Vasconcelos escreveu, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, o post “Sou Laranjeirense” no seu blog ressaltando as potenciali<strong>da</strong>des <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de<br />

Laranjeiras e a necessi<strong>da</strong>de de mu<strong>da</strong>nças na infra-estrutura local.<br />

3.1.4 OFICINA DE MÍDIA IMPRESSA<br />

Pólo Coqueiral<br />

Os educandos do pólo Coqueiral receberam o psicólogo Aldo Rezende para debater<strong>em</strong><br />

sobre "Cultura de paz". Através de dinâmicas e jogos, os adolescentes e jovens foram<br />

estimulados a não ter medo de errar, a ter respeito ao próximo e a suas diferenças.<br />

Durante a parte <strong>prática</strong> <strong>da</strong> oficina, os alunos montaram o fanzine “Coqueiro Informativo”<br />

que abordou diversos t<strong>em</strong>as do cotidiano dos adolescentes e jovens do bairro Coqueiral, a<br />

ex<strong>em</strong>plo de cultura de rua. O alunos que trabalharam com o t<strong>em</strong>a cultura de rua entrevistaram o<br />

rapper Hot Black, um b-boy (breaker-boy) e um grafiteiro. Em segui<strong>da</strong>, os alunos distribuíram<br />

800 ex<strong>em</strong>plares do “Coqueiro Informativo” no Centro de Referência <strong>da</strong> Assistência Social<br />

(CRAS), o posto de Saúde, a escola 8 de Maio, no Porto Dantas, as principais ruas <strong>da</strong><br />

comuni<strong>da</strong>de e, inclusive, dentro de ônibus coletivos. Na primeira edição do fanzine, os leitores<br />

conferiram matérias sobre o nascimento do bairro Coqueiral e movimentos e cultura de rua.<br />

Pólo Santa Maria<br />

Os educandos do bairro Santa Maria, que participaram <strong>da</strong> oficina de Mídia Impressa,<br />

receberam a presença de três representantes <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Paz (UNIPAZ) para debater<strong>em</strong><br />

sobre o t<strong>em</strong>a cultura <strong>da</strong> paz. Os grupos produziram painéis com recortes de jornais e revistas


usados para ilustrar as palavras-chave <strong>como</strong> compreensão, liber<strong>da</strong>de, respeito e preconceito,<br />

elenca<strong>da</strong>s ao conceito de cultura <strong>da</strong> paz.<br />

Na parte <strong>prática</strong> <strong>da</strong> oficina, os alunos montaram o fanzine „Zoom - Aproximando e<br />

Mu<strong>da</strong>ndo o Olhar' distribuído por eles pelas ruas <strong>da</strong> comuni<strong>da</strong>de onde moram. Em 20 páginas, os<br />

educandos abor<strong>da</strong>ram t<strong>em</strong>as <strong>como</strong> a valoriz<strong>ação</strong> <strong>da</strong> música popular sergipana, a cultura, o esporte<br />

e a arte no bairro.<br />

3.1.5 OFICINA DE RÁDIO<br />

Pólo Santa Maria<br />

A identi<strong>da</strong>de cultural foi um dos t<strong>em</strong>as debatidos através <strong>da</strong> palestra <strong>da</strong> coordenadora de<br />

Educ<strong>ação</strong> Patrimonial <strong>da</strong> Subsecretaria de Estado do Patrimônio Histórico e Cultural (Subpac),<br />

Maíra Ielena Cerqueira, que trabalhou com os educandos o significado de ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia, os<br />

benefícios e malefícios <strong>da</strong> globaliz<strong>ação</strong>, inclusive <strong>como</strong> o uso <strong>da</strong>s novas tecnologias pode<br />

contribuir e ao mesmo t<strong>em</strong>po dificultar a identific<strong>ação</strong> e valoriz<strong>ação</strong> <strong>da</strong>s pessoas com a própria<br />

cultura. A palestrante contou a história do bairro Santa Maria e seu progresso <strong>como</strong> uma forma de<br />

despertar nos alunos a identi<strong>da</strong>de com a comuni<strong>da</strong>de <strong>em</strong> que viv<strong>em</strong>.<br />

Pólo São Cristóvão<br />

O produto final <strong>da</strong> oficina foi um spot, que consiste <strong>em</strong> pequenas propagan<strong>da</strong>s com o<br />

objetivo principal de tornar pública alguma ideia ou produto. Para atender ao desafio de escolher<br />

assuntos atrativos e que retrat<strong>em</strong> a reali<strong>da</strong>de <strong>em</strong> que viv<strong>em</strong>, os jovens se reuniram <strong>em</strong> círculo e<br />

juntamente com a oficineira pautaram e discutiram diversos t<strong>em</strong>as transversais, que culminou na<br />

escolha de assuntos relacionados com o universo juvenil <strong>como</strong> o folclore e o papel do adolescente<br />

na manutenção dessa cultura e de outros patrimônios históricos e culturais.<br />

3. RESULTADOS E ANÁLISES<br />

O projeto Mídia Jov<strong>em</strong> é desenvolvido <strong>em</strong> um Estado (Sergipe) com uma popul<strong>ação</strong><br />

ain<strong>da</strong> jov<strong>em</strong> que está localiza<strong>da</strong> <strong>em</strong> uma região (Nordeste) com grandes probl<strong>em</strong>as na educ<strong>ação</strong>,<br />

altos índices de evasão e defasag<strong>em</strong> escolar, principalmente no ensino médio. Neste ambiente, o<br />

Mídia Jov<strong>em</strong> não substitui a escola tradicional, mas é um canal para a melhoria <strong>da</strong> educ<strong>ação</strong> por<br />

possibilitar a esses jovens meios para que possam se expressar <strong>em</strong> rel<strong>ação</strong> à sua reali<strong>da</strong>de e se<br />

informar sobre diversos t<strong>em</strong>as relacionados à ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia.


A análise do conteúdo educomunicativo apreendido e produzido pelos alunos no Projeto<br />

Mídia Jov<strong>em</strong> destacou t<strong>em</strong>as que envolv<strong>em</strong> a valoriz<strong>ação</strong> do local, inclusive seus aspectos<br />

culturais, históricos e a cultura de rua, <strong>como</strong> também valorizam o próprio povo que vive na<br />

região. Investir na valoriz<strong>ação</strong> do local na solução de probl<strong>em</strong>as sociais r<strong>em</strong>ete as essas<br />

organizações um forte compromisso com a socie<strong>da</strong>de, com o desenvolvimento social.<br />

Percebe-se com o material, o potencial desses jovens durante as produções, a criativi<strong>da</strong>de,<br />

desenvoltura para realizar os trabalhos que, antes, não tinham oportuni<strong>da</strong>de de descobrir suas<br />

próprias capaci<strong>da</strong>des. A partir desse conhecimento, estes jovens vão des<strong>em</strong>penhar outros<br />

trabalhos, envolvendo conhecimentos de ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia adquiridos ou mesmo técnicos e, dessa forma,<br />

dev<strong>em</strong> movimentar a economia do Estado e do país.<br />

Em uma rel<strong>ação</strong> interdependente, as organizações também depend<strong>em</strong> do desenvolvimento<br />

social. Ou seja, ao investir <strong>em</strong> jovens e colaborar na construção de valores que estimulam de<br />

volta a valoriz<strong>ação</strong> do local, observa-se a tendência <strong>da</strong>s <strong>em</strong>presas deste novo século <strong>em</strong><br />

potencializar o conhecimento e a economia local e que esta possa se estender a nível global a<br />

partir <strong>da</strong>s novas tecnologias. Ou seja, o Mídia Jov<strong>em</strong> abre espaço para que vocações regionais.<br />

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Acesso <strong>em</strong> 21 de janeiro.<br />

12. Entrevista do Prof. Ismar. VERONEZE, Ad<strong>em</strong>ir. Ismar Soares e a educomunic<strong>ação</strong> nas<br />

corporações. 2008. Disponível <strong>em</strong>: http://educomambiental.blogspot.com/2008/11/ismarsoares-e-educomunicao-nas.html<br />

Acesso <strong>em</strong> 21 de janeiro.<br />

13. www.midiajov<strong>em</strong>.se.gov.br<br />

14. www.institutorecriando.org.br

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