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alterações posturais em surfistas profissionais de ... - Fisioterapia.com

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(<br />

ALTERAÇÕES POSTURAIS EM SURFISTAS PROFISSIONAIS<br />

DE TORRES-RS<br />

POSTURAL CHANGES IN PROFESSIONAL SURFBOARDERS<br />

OF TORRES-RS<br />

Resumo<br />

GIOVANA DA LUZ JORGE 1 , LIANA PELISOLI 1 , MARCELO BAPTISTA<br />

DOHNERT 1 , TIAGO SEBASTIÁ PAVÃO 1<br />

O surf é um esporte que v<strong>em</strong> aumentando o número <strong>de</strong> participantes por todo o<br />

mundo. O gesto <strong>de</strong>sportivo realizado durante sua prática impõe sobrecargas<br />

nos <strong>com</strong>petidores, o que gera principalmente <strong>alterações</strong> <strong>posturais</strong>.<br />

OBJETIVOS: avaliar as <strong>alterações</strong> <strong>posturais</strong> encontradas nos <strong>surfistas</strong><br />

<strong>profissionais</strong> do município <strong>de</strong> Torres/RS através da fotogrametria. MÉTODOS:<br />

estudo transversal <strong>com</strong> <strong>surfistas</strong> <strong>profissionais</strong> <strong>de</strong> Torres-RS. Foi aplicado<br />

questionário padronizado para avaliar ativida<strong>de</strong> esportiva <strong>de</strong> 20 atletas, seguido<br />

<strong>de</strong> avaliação postural fotogramétrica. RESULTADOS: 65% dos atletas<br />

avaliados apresentaram <strong>de</strong>salinhamentos e <strong>de</strong>snivelamentos na postura<br />

avaliada no plano frontal, sendo 35% referentes à escoliose idiopática e 30% à<br />

escoliose funcional. Também se observou 25% dos atletas apresentaram cifose<br />

no plano sagital. CONCLUSÕES: os <strong>surfistas</strong> <strong>profissionais</strong> do Centro <strong>de</strong><br />

Excelência <strong>em</strong> Treinamento e Reabilitação do Surf FGSurf/ULBRA na cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Torres/RS apresentam elevada prevalência <strong>de</strong> <strong>alterações</strong> <strong>posturais</strong> <strong>de</strong><br />

coluna vertebral.<br />

Palavras chave: Postura, Fotogrametria, Processamento <strong>de</strong> Imag<strong>em</strong> Assistida<br />

por Computador.<br />

Abstract<br />

Surf is a sport modality which numbers of participants is increasing around the<br />

world. The sporting mov<strong>em</strong>ents performed during its practice inflict to<br />

<strong>com</strong>petitors overloads, and it generates postural changes mainly. OBJECTIVE:<br />

to assessment postural changes foun<strong>de</strong>d on professionals surfboar<strong>de</strong>rs from<br />

Torre/RS by photogrammetry. METHODS: a transversal study with professional<br />

surfboar<strong>de</strong>rs from Torres/RS. We was applied a questionnaire to assessment<br />

sporting activity of 20 athletes, followed by a photogrammetric postural<br />

assessment. RESULTS: At all, 65% of evaluated athletes were out of alignment<br />

and out of leveling for postures el<strong>em</strong>ents on frontal view while 35% referred to<br />

idiopathic scoliosis and 30% to functional scoliosis. We also observed that 25%<br />

of athletes showed kyphosis at sagital plan. CONCLUSIONS: professional<br />

surfboar<strong>de</strong>r athletes from Excellence Center of Surf Training and Rehabilitation<br />

FGSurf/ULBRA, at city of Torres/RS showed an elevated prevalence of postural<br />

changes of vertebral column<br />

Key words: Posture, Photogrammetry, Computer-Assisted Image Processing


INTRODUÇÃO<br />

Atualmente, o surf t<strong>em</strong> um expressivo número <strong>de</strong> praticantes no Brasil,<br />

<strong>com</strong> aproximadamente 2,7 milhões <strong>de</strong> <strong>surfistas</strong>. A International Surf<br />

Association (2007) estima o impressionante número <strong>de</strong> 17 milhões <strong>de</strong><br />

praticantes distribuídos por mais <strong>de</strong> 70 países e sua indústria move cerca <strong>de</strong><br />

2,5 milhões <strong>de</strong> dólares anuais. Contudo, o surf evoluiu muito nos últimos 30<br />

anos. As pranchas se tornaram mais velozes e <strong>com</strong> melhor hidrodinâmica, o<br />

que propiciou maior diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manobras e o aumento o risco <strong>de</strong> lesões<br />

(BITENCOURT et al., 2005).<br />

Como todos os esportes <strong>de</strong> nível <strong>com</strong>petitivo, a relação <strong>com</strong> a saú<strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong> ser <strong>com</strong>prometida. No surf, isso se <strong>de</strong>ve principalmente à<br />

imprevisibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manobras, contato <strong>com</strong> a prancha, fundo do mar,<br />

envolvimento <strong>com</strong> a onda e excesso <strong>de</strong> treinos (SUNSHINE, 2003; ZOLTAN et<br />

al., 2005). Segundo Grava (2009), o surf é um esporte misto, ou seja, aeróbio<br />

para m<strong>em</strong>bros superiores e anaeróbio para m<strong>em</strong>bros inferiores, praticado nas<br />

ondas do mar, rios e piscinas <strong>com</strong> ondas artificiais. Exist<strong>em</strong> duas fases<br />

distintas no surf: a passag<strong>em</strong> da arrebentação, on<strong>de</strong> o atleta r<strong>em</strong>a <strong>de</strong>itado na<br />

prancha e o surfar a onda. O esporte traz diversos benefícios a saú<strong>de</strong>, <strong>com</strong><br />

melhora da força, da resistência e explosão musculares do tronco, dos<br />

m<strong>em</strong>bros superiores e m<strong>em</strong>bros inferiores e da capacida<strong>de</strong> cardiorrespiratória.<br />

Durante horas, o surfista fica na posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>cúbito ventral, sobre a prancha,<br />

<strong>com</strong> extensão da coluna vertebral, principalmente nos segmentos lombar e<br />

cervical, associado aos movimentos explosivos <strong>de</strong> rotação, colocando assim a<br />

sua coluna <strong>em</strong> constante estresse. Ainda é necessária uma abordag<strong>em</strong> mais<br />

específica do esporte, <strong>em</strong> relação à prevenção <strong>de</strong> lesões.<br />

As afecções do sist<strong>em</strong>a músculo-esquelético, particularmente as algias<br />

vertebrais, constitu<strong>em</strong> um probl<strong>em</strong>a tão sério na socieda<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna, que<br />

equipes multidisciplinares procuram <strong>de</strong>senvolver normas para uma a<strong>de</strong>quada<br />

avaliação da coluna vértebra (BIGOS S et al., 1994; HAGEN e THUNE, 1998;<br />

GUO et al., 1999). A Acad<strong>em</strong>ia Americana <strong>de</strong> Ortopedia conceitua postura<br />

<strong>com</strong>o o estado <strong>de</strong> equilíbrio dos músculos e ossos <strong>com</strong> capacida<strong>de</strong> para<br />

proteger as d<strong>em</strong>ais estruturas do corpo humano <strong>de</strong> traumatismos, seja na<br />

posição <strong>em</strong> pé, sentada ou <strong>de</strong>itada (BRACCIALLI e VILARTA, 2000).<br />

O <strong>de</strong>sequilíbrio muscular, por sua vez, é <strong>de</strong>finido <strong>com</strong>o uma <strong>de</strong>sord<strong>em</strong><br />

do sist<strong>em</strong>a músculo-esquelético. Os movimentos corporais resultam <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias<br />

musculares e, quando há <strong>alterações</strong> <strong>posturais</strong>, o organismo se reorganiza <strong>em</strong><br />

ca<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> <strong>com</strong>pensação procurando uma resposta adaptativa a esta<br />

<strong>de</strong>sarmonia (BIENFAIT, 1995). Desse modo, a repetição <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados tipos<br />

<strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> <strong>com</strong> posições, movimentos habituais, o período e a sobrecarga <strong>de</strong><br />

treinamento provocam um processo <strong>de</strong> adaptação orgânica que resulta <strong>em</strong><br />

efeitos <strong>de</strong>letérios para a postura, <strong>com</strong> alto potencial <strong>de</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio muscular<br />

(RAGONESE, 1987). Adicionalmente, os gestos específicos do esporte e os<br />

erros na técnica <strong>de</strong> execução dos movimentos pod<strong>em</strong> aumentar a prevalência<br />

<strong>de</strong> lesões (SWOBODA, 1995).<br />

(


Boa postura po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida <strong>com</strong>o a habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manter o centro <strong>de</strong><br />

massa corporal <strong>em</strong> relação <strong>com</strong> a base <strong>de</strong> sustentação, a fim <strong>de</strong> evitar quedas<br />

e permitir a execução correta dos movimentos (WESTCOTT et al., 1997). Para<br />

Watson e Mac Donncha (2000), postura é uma situação <strong>em</strong> que o centro <strong>de</strong><br />

massa <strong>de</strong> cada segmento corpóreo está localizado verticalmente sobre o<br />

seguimento seguinte.<br />

Estudos <strong>de</strong>screv<strong>em</strong> que o alinhamento da postura corporal é<br />

estabelecido por estruturas músculo-esqueléticas que se interag<strong>em</strong> por toda<br />

vida <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> suas solicitações (TAKAHASHI et al., 1995). Com isso, os<br />

esportes <strong>de</strong> alto nível caracterizam-se por <strong>de</strong>terminar padrões corporais<br />

específicos à modalida<strong>de</strong> praticada que extrapolam as barreiras geopolíticas,<br />

sociais e culturais. Em outras palavras, vale dizer que a exposição a uma rotina<br />

intensa e específica <strong>de</strong> exercícios físicos, típicos <strong>de</strong> cada <strong>de</strong>sporto, produz um<br />

resultado estético que in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da nacionalida<strong>de</strong>, da etnia e dos hábitos <strong>de</strong><br />

vida a que estão submetidos. Estas peculiarida<strong>de</strong>s também se traduz<strong>em</strong> <strong>em</strong><br />

<strong>alterações</strong> <strong>posturais</strong> que estão associadas à eficiência do gesto <strong>de</strong>sportivo<br />

(KENDALL et al., 1995).<br />

Os estudos dos <strong>de</strong>salinhamentos e <strong>de</strong>snivelamentos da superfície<br />

corporal relacionados à má postura pod<strong>em</strong> se beneficiar <strong>de</strong> uma área da<br />

ciência que pesquisa a análise do movimento ou postura humana chamada<br />

“cin<strong>em</strong>ática”. A fotogrametria consiste na análise <strong>de</strong>ste movimento ou postura<br />

isoladamente, <strong>em</strong> fotogramas. Se analisadas seqüencialmente <strong>em</strong> ví<strong>de</strong>o<br />

recebe o nome <strong>de</strong> vi<strong>de</strong>ogrametria (RICIERI, 2000; WOLTRING, 1989; BERNE<br />

e CAPOZZO, 1990). Estudo realizado <strong>em</strong> 2002 avaliando a postura <strong>de</strong> crianças<br />

respiradoras bucais obstrutivas e funcionais através da biofotogrametria<br />

verificou a viabilida<strong>de</strong> e eficácia <strong>de</strong>sta técnica, concluindo que a técnica <strong>de</strong><br />

biofotogrametria revelou ser segura e fi<strong>de</strong>digna, permitindo a mensuração e<br />

<strong>com</strong>paração <strong>de</strong> valores (LIMA et al., 2004).<br />

No âmbito profissional do surf, vários <strong>surfistas</strong> <strong>profissionais</strong> radicados<br />

no município <strong>de</strong> Torres, município litorâneo do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul (RS), <strong>com</strong><br />

uma população <strong>de</strong> 36.000 habitantes, figuram <strong>em</strong> <strong>com</strong>petições <strong>profissionais</strong><br />

importantes e <strong>com</strong> resultados significativos. No ano <strong>de</strong> 2008, os cursos <strong>de</strong><br />

<strong>Fisioterapia</strong> e Educação Física da Universida<strong>de</strong> Luterana do Brasil-ULBRA<br />

Torres-RS, <strong>em</strong> parceria <strong>com</strong> a Fe<strong>de</strong>ração Gaúcha <strong>de</strong> Surf (FGSurf), iniciaram a<br />

execução do projeto “Centro <strong>de</strong> Treinamento dos Surfistas Profissionais <strong>de</strong><br />

Torres-RS”. Este visa disponibilizar aos atletas toda a estrutura <strong>de</strong> <strong>profissionais</strong><br />

do esporte e reabilitação, b<strong>em</strong> <strong>com</strong>o a estrutura física da Universida<strong>de</strong><br />

objetivando a melhora do condicionamento físico, prevenção e reabilitação das<br />

lesões esportivas.<br />

O objetivo <strong>de</strong>ste estudo foi avaliar as <strong>alterações</strong> <strong>posturais</strong> encontradas<br />

nos <strong>surfistas</strong> <strong>profissionais</strong> do município <strong>de</strong> Torres-RS através da<br />

biofotogrametria.<br />

MATERIAIS E MÉTODOS<br />

(<br />

DELINEAMENTO


(<br />

Estudo transversal <strong>com</strong> <strong>surfistas</strong> <strong>profissionais</strong> <strong>de</strong> Torres-RS.<br />

AMOSTRA<br />

A amostra <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>u a totalida<strong>de</strong> dos <strong>surfistas</strong> <strong>profissionais</strong> do<br />

município <strong>de</strong> Torres-RS cadastrados no Centro <strong>de</strong> Excelência <strong>em</strong> Treinamento<br />

e Reabilitação do Surf ULBRA Torres/Fe<strong>de</strong>ração Gaúcha <strong>de</strong> Surf, num total <strong>de</strong><br />

20 atletas. Nenhum dos atletas apresentou, no momento da avaliação,<br />

sintomas ou queixas <strong>de</strong> quadro doloroso na coluna vertebral.<br />

ASPECTOS ÉTICOS<br />

O estudo teve aprovação junto ao Comitê <strong>de</strong> Ética e Pesquisa<br />

envolvendo Seres Humanos da Universida<strong>de</strong> Luterana do Brasil <strong>com</strong> parecer<br />

número 2009-226H.<br />

Todos os sujeitos do estudo assinaram um Termo <strong>de</strong> Consentimento<br />

Livre e Esclarecido antes <strong>de</strong> realizar<strong>em</strong> a avaliação postural.<br />

AVALIAÇÃO POSTURAL<br />

O processo <strong>de</strong> entrevista, colocação <strong>de</strong> marcadores <strong>de</strong> superfície e<br />

aquisição <strong>de</strong> imagens foi realizado pelos autores do estudo. A coleta das<br />

imagens da postura dos <strong>surfistas</strong> foi realizada na clínica-escola da ULBRA<br />

Torres, <strong>em</strong> uma sala exclusiva e apropriada, ou seja, <strong>com</strong> iluminação natural e<br />

artificial normais, e <strong>com</strong> área física suficiente que permitiu ao entrevistador se<br />

colocar <strong>em</strong> frente ao atleta e numa distância <strong>com</strong>preendida entre 1,80 e 2,40<br />

metros.<br />

Foi utilizada uma câmera fotográfica digital, marca Sony, mo<strong>de</strong>lo P-<br />

75, <strong>com</strong> tripé fotográfico e uso <strong>de</strong> nível para alinhamento da imag<strong>em</strong>. A coleta<br />

da imag<strong>em</strong> digitalizada foi feita <strong>com</strong> auto-zoom e distância focal <strong>de</strong> 2,40 metros<br />

para as imagens nos planos antero-posterior(AP), póstero-anterior(PA) e lateral<br />

(direita e esquerda), e 1,80 metros para a imag<strong>em</strong> no plano póstero-anterior<br />

<strong>com</strong> flexão anterior <strong>de</strong> tronco. A altura da câmera foi <strong>de</strong> 90 cm do solo. O<br />

ângulo <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> imag<strong>em</strong> foi <strong>de</strong> 90º, consi<strong>de</strong>rando um grau <strong>de</strong> distorção <strong>de</strong><br />

aproximadamente 1,2%. Cada atleta realizou cinco imagens (incidências nos<br />

planos anterior, posterior, lateral direita e esquerda e <strong>em</strong> postura <strong>de</strong> flexão<br />

anterior).<br />

Os marcadores <strong>de</strong> superfície a<strong>de</strong>sivos <strong>com</strong> diâmetro <strong>de</strong> 13 mm foram<br />

colocados <strong>em</strong> pontos anatômicos na superfície corporal do atleta, nos<br />

seguintes pontos: glabela, incisão jugular, bordo anterior do acrômio, apófise<br />

xifói<strong>de</strong>, cicatriz umbilical, espinha ilíaca antero-superior (E.I.A.S), tubérculo<br />

tibial anterior (TTA), cabeça do 3º metatarsiano meato acústico externo, bordo<br />

lateral do acrômio, epicôndilo lateral do cotovelo, estilói<strong>de</strong> ulnar, gran<strong>de</strong><br />

trocânter do fêmur, côndilo lateral do fêmur, maléolo lateral tornozelo, 7ª<br />

vértebra cervical, ângulo inferior medial das escápulas, 9ª vértebra torácica, 5ª<br />

vértebra lombar, espinha ilíaca póstero-superior, linha poplítea e tubérculo<br />

calcâneo.<br />

As imagens da fotogrametria <strong>com</strong>putadorizada foram após<br />

fotointerpretadas através do Programa COREL DRAW 9.0® e cada imag<strong>em</strong><br />

microprocessada <strong>de</strong>u orig<strong>em</strong> às análises angulares dos alinhamentos e<br />

nivelamentos da superfície corporal (figura I).


Foram consi<strong>de</strong>rados <strong>com</strong>o <strong>de</strong>snivelamentos ângulos inferiores à 178º e<br />

superiores à 182º <strong>em</strong> relação ao eixo cartesiano x (180º) e <strong>de</strong>salinhamentos<br />

ângulos inferiores à 88º e superiores à 92º <strong>em</strong> relação ao eixo cartesiano y<br />

(90º).<br />

RESULTADOS<br />

(<br />

FIGURA I. Análise fotogramétrica no plano frontal anterior.<br />

A amostra foi <strong>com</strong>posta por 20 atletas <strong>com</strong> média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 26,7 ±<br />

6.32 anos, na qual 80% dos atletas praticam o esporte a mais <strong>de</strong> 11 anos<br />

(média <strong>de</strong> 15,55 ± 6,32) e 60% dos atletas treinavam seis vezes ou mais por<br />

s<strong>em</strong>ana. A média <strong>de</strong> peso foi <strong>de</strong> 73, 655 ±10,94 kg, altura média <strong>de</strong> 1,73<br />

±0,058 metro e IMC <strong>de</strong> 24,79 ± 3,3.<br />

Ida<strong>de</strong> (anos)<br />

Até 20 anos<br />

21 a 30 anos<br />

31 anos ou mais<br />

Total<br />

T<strong>em</strong>po <strong>de</strong> Surf (anos)<br />

Até 10 anos<br />

11 a 20 anos<br />

Tabela 1. Descrição dos sujeitos do estudo.<br />

N % Média <strong>de</strong>svio padrão<br />

3<br />

13<br />

4<br />

20<br />

4<br />

10<br />

15<br />

65<br />

20<br />

100<br />

20<br />

50<br />

26.70<br />

6.32


(<br />

Acima <strong>de</strong> 21 anos<br />

Total<br />

Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> treino<br />

Até dois treinos/s<strong>em</strong>ana<br />

3 a 5 treinos/s<strong>em</strong>ana<br />

6 treinos ou mais/s<strong>em</strong>ana<br />

Total<br />

6<br />

20<br />

1<br />

7<br />

12<br />

20<br />

30<br />

100<br />

15.55<br />

Peso 20 100 73.655 10.94<br />

Altura 20 100 1.73 0.058<br />

IMC 20 100 24.59 3.30<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

5<br />

35<br />

60<br />

100<br />

7.90<br />

FIGURA I. Análise postural das curvas fisiológicas sagitais através<br />

da fotogrametria.<br />

1<br />

DORSO CAVO HIPERCIFOSE<br />

DORSAL<br />

5<br />

3<br />

HIPERLORDOSE<br />

LOMBAR<br />

11<br />

SEM<br />

ALTERAÇÕES<br />

6.32<br />

4.19<br />

Número <strong>de</strong> casos<br />

Avaliando os nivelamentos e alinhamentos da superfície corporal,<br />

verificamos que 50% dos sujeitos do estudo apresentavam <strong>de</strong>salinhamento <strong>de</strong><br />

cabeça no plano frontal, sendo 40% <strong>de</strong>ste à esquerda. 40% apresentavam<br />

<strong>de</strong>salinhamento onfálico, sendo 30% para esquerda. Desnivelamento <strong>de</strong> ombro<br />

ocorreu <strong>em</strong> 30% dos atletas (todos <strong>com</strong> ombro esquerdo mais elevado). Já ao<br />

nível das escápulas, ocorreram 80% <strong>de</strong> <strong>de</strong>snivelamento (60% esquerda mais<br />

elevada) e, finalmente, a pelve <strong>de</strong>snivelada <strong>em</strong> 20%. Analisando a presença <strong>de</strong><br />

gibosida<strong>de</strong>, verificamos que esta esteve presente <strong>em</strong> 35%, sendo 20% à<br />

direita.<br />

Nove atletas apresentaram <strong>alterações</strong> <strong>posturais</strong> das curvaturas<br />

fisiológicas sagitais. Cinco (25%) apresentaram hipercifose dorsal, três (15%)<br />

<strong>com</strong> hiperlordose lombar e um dorso cavo (FIGURA I). A média <strong>de</strong> flecha<br />

cervical foi <strong>de</strong> 97,95 mm ± 13,58 e da flecha lombar 53,7 ± 16,6.


(<br />

mm<br />

120<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

FIGURA II. Valor médio das flechas lombar e cervical.<br />

96.735<br />

55.43<br />

FLECHA CERVICAL FLECHA LOMBAR<br />

Analisando a presença <strong>de</strong> curvaturas laterais no plano frontal, 65%<br />

apresentaram <strong>de</strong>svio lateral da coluna vertebral, sendo 35% <strong>de</strong>las idiopáticas,<br />

ou seja, apresentando também gibosida<strong>de</strong>. 54% das curvas laterais eram<br />

dorsal esquerda.<br />

35%<br />

FIGURA III. Alterações <strong>posturais</strong> observadas no plano frontal<br />

35%<br />

30%<br />

ESCOLIOSE FUNCIONAL<br />

ESCOLIOSE IDIOPÁTICA<br />

SEM ALTERAÇÕES<br />

Dos onze atletas que apresentaram <strong>alterações</strong> das curvas fisiológicas da<br />

coluna vertebral, sete (77.8%) também apresentaram escoliose funcional ou<br />

idiopática na biofotogrametria. 54% das curvaturas laterais eram dorsal direita.


DISCUSSÃO<br />

(<br />

FIGURA IV. Localização das curvaturas escolióticas<br />

encontradas na fotogrametria.<br />

15%<br />

54%<br />

31%<br />

ESCOLIOSE DORSAL DIREITA ESCOLIOSE DORSAL ESQUERDA<br />

DUPLA CURVATURA<br />

O surf é um esporte que, pela postura adotada nas manobras e o gesto<br />

biomecânico esportivo específico, leva a <strong>alterações</strong> <strong>posturais</strong> e lesões. Os<br />

resultados <strong>de</strong> nosso estudo d<strong>em</strong>onstram que houve uma prevalência gran<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>alterações</strong> <strong>posturais</strong> tanto das curvaturas fisiológicas quanto <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio laterais<br />

ou tridimensionais.<br />

A literatura científica pouco aborda as <strong>alterações</strong> <strong>posturais</strong> específicas<br />

do surf. Encontramos na literatura estudos que analisam <strong>alterações</strong> <strong>posturais</strong><br />

<strong>em</strong> esportes similares, <strong>com</strong>o esqui aquático, esqui alpino, etc.<br />

Um estudo realizado por RACHABAUER, STERZINGER e EIBL (2001)<br />

avaliou através da imag<strong>em</strong> radiográfica a incidência <strong>de</strong> <strong>alterações</strong> vertebrais<br />

<strong>em</strong> 120 jovens esquiadores <strong>profissionais</strong>, <strong>em</strong> <strong>com</strong>paração <strong>com</strong> 39 controles,<br />

correspon<strong>de</strong>ntes a sujeitos da mesma faixa etária não praticantes <strong>de</strong> esqui <strong>de</strong><br />

alta performance. Foi encontrada uma alta e significativa taxa <strong>de</strong> lesões do<br />

platô vertebral anterior nos esquiadores, <strong>em</strong> <strong>com</strong>paração aos sujeitos<br />

controles.<br />

Estudo analisou a postura <strong>de</strong> <strong>surfistas</strong> através <strong>de</strong> uma avaliação postural<br />

visual <strong>em</strong> 11 <strong>surfistas</strong> amadores <strong>com</strong> ida<strong>de</strong> entre 15 e 25 anos da região <strong>de</strong><br />

Imbituba-SC, obtiveram <strong>com</strong>o principais <strong>alterações</strong> <strong>posturais</strong> da coluna<br />

vertebral a atitu<strong>de</strong> escoliótica (63%), seguida <strong>de</strong> hiperlordose lombar (45%).<br />

Também verificaram que atletas que praticam surf a mais t<strong>em</strong>po também<br />

apresentam maior número <strong>de</strong> <strong>alterações</strong> <strong>com</strong>parados a atletas que praticam o<br />

esporte a menos t<strong>em</strong>po(MARTINS e ROSAS, 2007). Em nosso estudo,<br />

verificamos a presença <strong>de</strong> 65% <strong>de</strong> <strong>alterações</strong> <strong>posturais</strong> no plano lateral, sendo<br />

35% escoliose idiopática. Já no plano lateral, foi prevalente a hipercifose dorsal<br />

<strong>com</strong> 25%.<br />

Chamou a atenção, <strong>em</strong> nosso estudo, a alta prevalência <strong>de</strong> presença <strong>de</strong><br />

curvaturas laterais associadas à presença <strong>de</strong> gibosida<strong>de</strong>, caracterizando<br />

escoliose idiopática (35%). MOREIRA et AL (2004), ao avaliar a postura <strong>de</strong> um<br />

grupo <strong>de</strong> 22 atletas <strong>profissionais</strong> <strong>de</strong> basquete, relataram que <strong>de</strong>slocamentos


corporais no sentido anterior foram encontrados na maioria dos atletas, <strong>de</strong>vido<br />

provavelmente ao treinamento <strong>em</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio anterior visando maior<br />

velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contração durante recuperação ou saída <strong>de</strong> ataque. Com relação<br />

à <strong>de</strong>formida<strong>de</strong> <strong>em</strong> escoliose, 67% dos indivíduos apresentaram padrão <strong>de</strong>stro<br />

convexo lombar. Nos indivíduos <strong>de</strong>stros, 78% apresentaram este padrão<br />

<strong>de</strong>vido provavelmente à retração <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia cruzada anterior esquerda. JUNIOR<br />

et al (2004) avaliaram a postura <strong>de</strong> atletas brasileiros do sexo masculino que<br />

participam <strong>de</strong> provas <strong>de</strong> potência muscular <strong>em</strong> <strong>com</strong>petições internacionais,<br />

encontrando 73% <strong>de</strong> hiperlordose lombar, 53% <strong>de</strong> cifose torácica, 53% <strong>de</strong><br />

lordose cervical e 73% da amostra <strong>com</strong> protusão cervical. Em nosso estudo,<br />

encontramos 65% dos atletas <strong>com</strong> escoliose funcional e idiopática, 15% <strong>de</strong><br />

hiperlordose lombar, 25% <strong>de</strong> hipercifose dorsal. Uma possível justificativa <strong>de</strong>sta<br />

alta prevalência <strong>de</strong> escoliose seria o início precoce <strong>com</strong> alta carga <strong>de</strong><br />

treinamento no surf antes da adolescência, gerando uma repetitiva soma <strong>de</strong><br />

movimentos torcionais e rotacionais sobre uma estrutura esquelética imatura. A<br />

média <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> dos atletas do estudo foi <strong>de</strong> 26,7 ± 6,32 anos, o t<strong>em</strong>po médio<br />

<strong>de</strong> prática do surf foi <strong>de</strong> 15,55 ± 6,32 anos e a quantida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> treino <strong>de</strong><br />

7,9 ± 4,19 treino por s<strong>em</strong>ana. Há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolver novos<br />

estudos <strong>com</strong> amostragens maiores para confirmação <strong>de</strong>sta hipótese.<br />

Após a análise postural <strong>em</strong> jovens atletas <strong>de</strong> ginástica olímpica, foi<br />

relatado que o grupo analisado apresentou melhora do alinhamento postural do<br />

m<strong>em</strong>bro inferior (diminuição do valgo <strong>de</strong> joelho, da rotação medial <strong>de</strong> quadril e<br />

<strong>de</strong>snível <strong>de</strong> pelve), porém houve um aumento da incidência <strong>de</strong> inclinação<br />

pélvica anterior, b<strong>em</strong> <strong>com</strong>o uma tendência a hiperlordose lombar, fatores que<br />

pod<strong>em</strong> apresentar futuras implicações clinicas relevantes para essas atletas<br />

(GUIMARÃES MMB, SACCO ICN, JOÃO SMA, 2007).<br />

Segundo BRICOT (2004), na análise da postura lateral, os planos<br />

escapulares e das ná<strong>de</strong>gas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> estar alinhados entre si. Nos adultos, a<br />

lordose lombar, também <strong>de</strong>nominada flecha lombar <strong>de</strong>ve ser entre 40 e 60 mm<br />

(três <strong>de</strong>dos), enquanto que a flecha cervical entre 60 e 80 mm (largura <strong>de</strong><br />

quatro <strong>de</strong>dos). Em nosso estudo observamos uma média <strong>de</strong> flecha cervical <strong>de</strong><br />

97,95 mm e 53,5 mm <strong>de</strong> flecha lombar. Acreditamos que a postura <strong>em</strong><br />

hiperextensão cervical durante o período que o atleta encontra-se <strong>de</strong>itado<br />

sobre a prancha r<strong>em</strong>ando leva a uma <strong>com</strong>pensação da curvatura torácica,<br />

explicando a maior prevalência da hipercifose dorsal nesta população. Grava<br />

também relata o aumento da lordose cervical e lombar <strong>de</strong>vido a posição<br />

predominante <strong>em</strong> extensão sobre a prancha.<br />

Uma limitação <strong>de</strong> nosso estudo foi o tamanho da amostra. Nossa<br />

amostra baseou-se apenas nos <strong>surfistas</strong> <strong>profissionais</strong> do Centro <strong>de</strong> Excelência<br />

FGSurf/ULBRA Torres. Sugerimos a realização <strong>de</strong> novos estudos, <strong>com</strong><br />

amostragens maiores para a confirmação <strong>de</strong> nossos resultados. Também<br />

achamos importante novos estudos avaliando <strong>alterações</strong> vertebrais <strong>em</strong><br />

<strong>surfistas</strong> <strong>profissionais</strong>.<br />

Pelo presente estudo constatamos que os <strong>surfistas</strong> <strong>profissionais</strong> do<br />

Centro <strong>de</strong> Excelência <strong>em</strong> Treinamento e Reabilitação do Surf FGSurf/ULBRA<br />

Torres apresentam elevada prevalência <strong>de</strong> <strong>alterações</strong> <strong>posturais</strong> <strong>de</strong> coluna<br />

(


vertebral, sendo 65% <strong>de</strong> escoliose (funcional e idiopática) e 25% <strong>de</strong> aumento<br />

da cifose dorsal fisiológica.<br />

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