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No Encalço dos Novos Materiais - Sociedade Portuguesa de Química

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EDITORIAL 2<br />

ORIENTAÇÕES EDITORIAIS 3<br />

NOTICIÁRIO SPQ<br />

Medalhas e Menção Honrosa na XV Olimpíada Ibero-Americana<br />

<strong>de</strong> <strong>Química</strong> 5<br />

Grupo <strong>de</strong> Químicos Jovens - Activida<strong>de</strong>s para 2011 5<br />

Prémio Ferreira da Silva 2010 e Medalha Vicente <strong>de</strong> Seabra 2010 6<br />

Evolução do Número <strong>de</strong> Alunos Matricula<strong>dos</strong> em Cursos <strong>de</strong><br />

<strong>Química</strong>, 1997-2010 6<br />

3° Congresso Europeu <strong>de</strong> <strong>Química</strong> da EuCheMS 8<br />

2 nd Young Investigator's Workshop 9<br />

The European Sustainable Chemistry Award 12<br />

O Indicador 12<br />

Concessão <strong>de</strong> Diplomas <strong>de</strong> Mestrado Europeu em Ciência da<br />

Medição em <strong>Química</strong> a Alunos da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências da<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa 13<br />

Prémio <strong>No</strong>bel da <strong>Química</strong> 2010: Reacções <strong>de</strong> Acoplamento<br />

Catalisadas pelo Paládio "Arte num Tubo <strong>de</strong> Ensaio" 13<br />

A Molécula Gigante <strong>de</strong> Linus Pauling Tornada Realida<strong>de</strong>: O Prémio<br />

<strong>No</strong>bel da Física <strong>de</strong> 2010 15<br />

Ulrich Schubert Eleito <strong>No</strong>vo Presi<strong>de</strong>nte da EuCheMS 17<br />

Medições na Ciência e na Tecnologia 17<br />

LIVROS & MULTIMÉDIA<br />

Principles of Molecular Photochemistry - An Introduction 19<br />

ENTREVISTA<br />

Nicholas J. Turro - Co-autor do livro "Principles of Molecular<br />

Photochemistry - An Introduction"<br />

Entrevista conduzida por José Paulo da Silva 21<br />

ARTIGOS<br />

Metais do Grupo da Platina: História, Proprieda<strong>de</strong>s e Aplicações 27<br />

Fabrício Eugênio Alves, Priscila Pereira Silva e Wen<strong>de</strong>ll Guerra<br />

Complexos <strong>de</strong> Metais <strong>de</strong> Transição em <strong>Química</strong> Fina e Medicinal<br />

Aplicações na Indústria Farmacêutica 35<br />

Mariette M. Pereira e Maria José S. M. Moreno<br />

QUESTÕES DE NOMENCLATURA<br />

Os <strong>No</strong>mes <strong>dos</strong> Elementos Químicos 43<br />

Adélio A. S. C. M. Machado, Bernardo J. Herold, João Car<strong>dos</strong>o,<br />

Joaquim Marçalo, José Alberto L. Costa, Maria Clara Magalhães,<br />

Maria Helena Garcia, Olivier Pellegrino, Osvaldo Serra, Roberto B.<br />

Faria e Rui Teives Henriques<br />

QUÍMICA E ENSINO<br />

A <strong>Química</strong> Orgânica no Ensino Secundário: A Percepção <strong>dos</strong><br />

Professores 49<br />

Sérgio C. Leal, João Paulo Leal, Maria A. F. Faustino e Artur M. S. Silva<br />

WEBQUEST<br />

WebQuests: Incremento Pedagógico da Internet no Ensino da<br />

<strong>Química</strong> 55<br />

Carla Morais e João Paiva<br />

<strong>No</strong> <strong>Encalço</strong> <strong>dos</strong> <strong>No</strong>vos <strong>Materiais</strong> 59<br />

João Vale<br />

DESTAQUES 61<br />

AGENDA 64<br />

ÍNDICE<br />

Artigo 35<br />

Os complexos <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição<br />

actuam como fármacos e catalisadores<br />

nos domínios da <strong>Química</strong> Fina e<br />

Medicinal.<br />

QUESTÕES DE NOMENCLATURA 43<br />

O Quadro Periódico <strong>dos</strong> Elementos<br />

Químicos com os nomes <strong>dos</strong> elementos<br />

escritos na vertente europeia do<br />

português.<br />

Quadro Periódico <strong>dos</strong> Elementos Químicos<br />

55<br />

Uma estratégia <strong>de</strong> trabalho para ajudar<br />

alunos e professores a tirarem partido<br />

da riqueza <strong>de</strong> informação disponível na<br />

QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 1<br />

Web.


EDITORIAL I<br />

Hel<strong>de</strong>r Gomes<br />

bquimica@ipb.pt<br />

www.spq.pt<br />

O ano 2010 chega ao fim, é por isso tempo <strong>de</strong> balanços e <strong>de</strong> previsões para o novo<br />

ano que se aproxima. Se pu<strong>de</strong>rmos caracterizar 2010 com uma só palavra, a maioria <strong>dos</strong><br />

portugueses optarão por "crise". Foi um ano em que a crise económica e financeira mundial<br />

fez sentir os seus efeitos mais duros em Portugal, com medidas <strong>de</strong> austerida<strong>de</strong> que<br />

terão repercussões fortes em 2011 e nos anos vindouros. <strong>No</strong> que concerne à <strong>Química</strong> em<br />

Portugal, 2010 foi um ano excelente, <strong>de</strong>pois do período <strong>de</strong> acentuado <strong>de</strong>clínio do número<br />

<strong>de</strong> alunos que se verificou no início da década parece confirmar-se a tendência <strong>dos</strong> últimos<br />

anos da recuperação <strong>de</strong> alunos a ingressar em cursos superiores relaciona<strong>dos</strong> com a<br />

<strong>Química</strong>. Os jovens parecem mostrar um interesse renovado pela <strong>Química</strong>, os resulta<strong>dos</strong><br />

das participações nas várias competições das Olimpíadas <strong>de</strong> <strong>Química</strong> coor<strong>de</strong>nadas pela<br />

SPQ assim o confirmam. Pela primeira vez na história das Olimpíadas Internacionais, Portugal<br />

obteve um Menção Honrosa, na brilhante participação na prova que se realizou no<br />

Japão. Aproxima-se o Ano Internacional da <strong>Química</strong> 2011 (AIQ2011), com a sua cerimónia<br />

oficial <strong>de</strong> abertura internacional agendada para os dias 27 e 28 <strong>de</strong> Janeiro em Paris.<br />

Será uma oportunida<strong>de</strong> única, em tempos <strong>de</strong> crise, para mostrar a gran<strong>de</strong>za da <strong>Química</strong><br />

à <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Civil e provar que só por via do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta ciência se po<strong>de</strong>m<br />

ultrapassar os problemas que ameaçam a sustentabilida<strong>de</strong> do nosso planeta ao nível<br />

da alimentação, da saú<strong>de</strong>, <strong>dos</strong> recursos energéticos e do ambiente. O próximo ano será<br />

também memorável para a SPQ pela comemoração do Centenário da sua fundação. Pela<br />

coincidência <strong>de</strong>sta efeméri<strong>de</strong> com o AIQ2011, as comemorações do Centenário da SPQ<br />

serão associadas às comemorações do AIQ2011. Entrou em funcionamento no passado<br />

mês <strong>de</strong> Outubro a página oficial portuguesa do AIQ2011 (http://www.spq.pt/quimica2011)<br />

on<strong>de</strong> serão divulga<strong>dos</strong> to<strong>dos</strong> os projectos e activida<strong>de</strong>s relacionadas com as comemorações<br />

em Portugal, que terão uma cerimónia oficial <strong>de</strong> abertura no início do ano e uma<br />

cerimónia oficial <strong>de</strong> encerramento no final do ano. O ponto alto das comemorações será o<br />

Encontro Nacional da SPQ, entre 3 e 6 <strong>de</strong> Julho em Braga. Prepara-se um gran<strong>de</strong> evento,<br />

que se espera, o mais participado <strong>de</strong> sempre.<br />

Neste número do QUÍMICA <strong>de</strong>stacamos os metais do grupo da platina e os complexos <strong>de</strong><br />

metais <strong>de</strong> transição com a publicação <strong>de</strong> dois artigos sobre a história, as proprieda<strong>de</strong>s, as<br />

aplicações e a importância <strong>de</strong>stes metais para a <strong>Socieda<strong>de</strong></strong>. Surge também uma nova proposta<br />

<strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s para o ensino da química, as webquests, recursos potenciadores <strong>de</strong><br />

pesquisa <strong>de</strong> informação na Web basea<strong>dos</strong> na resolução <strong>de</strong> problemas. Com a publicação<br />

<strong>de</strong>ste recurso, completamos um ciclo <strong>de</strong> ferramentas interactivas iniciado no QUÍMICA 117<br />

com os "Roteiros <strong>de</strong> Exploração" e continuado no QUÍMICA 118 com as "Activida<strong>de</strong>s com os<br />

Pais no Computador". Preten<strong>de</strong>-se continuar este ciclo nos próximos números, <strong>de</strong>sejando-<br />

-se e incentivando-se contribuições <strong>dos</strong> nossos leitores nesta área.<br />

Não quisemos <strong>de</strong>ixar passar esta quadra festiva sem oferecer uma prenda ao nossos lei-<br />

tores, o quadro periódico <strong>dos</strong> elementos químicos com os nomes <strong>dos</strong> elementos escritos<br />

na vertente europeia do português, resultantes do trabalho <strong>de</strong> uniformização da nomenclatura<br />

<strong>dos</strong> elementos químicos levado a cabo pela comissão composta por portugueses,<br />

brasileiros e cabo-verdianos que está a traduzir e adaptar para português, nas vertentes<br />

europeia e brasileira, as Recomendações da IUPAC <strong>de</strong> 2005 da <strong>No</strong>menclatura <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />

Inorgânica. Um quadro periódico que apresenta as massas atómicas <strong>dos</strong> elementos<br />

com to<strong>dos</strong> os algarismos significativos que são conheci<strong>dos</strong> até à data, tornando-o <strong>de</strong><br />

certeza <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> para todas as pessoas que necessitam <strong>de</strong>sta ferramenta na<br />

sua activida<strong>de</strong> profissional.<br />

Resta-me <strong>de</strong>sejar a continuação <strong>de</strong> Boas Festas e que 2011 fique registado na nossa<br />

memória, não pelas razões com que iniciei este editorial, mas por muitos sucessos da<br />

<strong>Química</strong> e por uma gran<strong>de</strong> comemoração conjunta do AIQ2011 e do Centenário da SPQ.<br />

Boa leitura!<br />

BOLETIM DA<br />

SOCIEDADE PORTUGUESA<br />

DE QUÍMICA<br />

Proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Portuguesa</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />

ISSN 0870 - 1180<br />

Registo na ERC n.° 125 525<br />

Depósito Legal n.°51 420/91<br />

Publicação Trimestral<br />

N.° 119, Outubro - Dezembro 2010<br />

Redacção e Administração<br />

Av. da República, 45 - 3.° Esq.<br />

1050-187 LISBOA<br />

Tel.: 217 934 637<br />

Fax: 217 952 349<br />

bquimica@ipb.pt<br />

www.spq.pt<br />

Editor<br />

Hel<strong>de</strong>r Gomes<br />

Editores-Adjuntos<br />

Carlos Baleizão, Carlos Folha<strong>de</strong>la,<br />

Joana Amaral, João Paiva<br />

Comissão Editorial<br />

Jorge Morgado, Hugh Burrows,<br />

Joaquim L. Faria, Ana Lobo,<br />

M. N. Berberan e Santos,<br />

A. Nunes <strong>dos</strong> Santos<br />

Colaboram neste número<br />

Hugo M. Oliveira (HMO), Isabel Vieira (IV),<br />

Maria Filomena Camões (MFC),<br />

Maria Clara Magalhães (MCM), Maria Manuel<br />

Marques (MMM), Mariana Sardo (MS),<br />

Paulo Brito (PB), Paulo Ribeiro Claro (PRC),<br />

Sérgio Santos (SS), Vânia Calisto (VC)<br />

Publicida<strong>de</strong><br />

Leonardo Men<strong>de</strong>s<br />

Tel.: 217 934 637<br />

Fax: 217 952 349<br />

leonardo.men<strong>de</strong>s@spq.pt<br />

Design Gráfico e Paginação<br />

Paula Martins<br />

Impressão e Acabamento<br />

Tipografia Lousanense<br />

Rua Júlio Ribeiro <strong>dos</strong> Santos - Apartado 6<br />

3200-901 Lousã - Portugal<br />

Tel.: 239 990 260<br />

Fax: 239 990 279<br />

geral@tipografialousanense.pt<br />

Tiragem<br />

1800 exemplares<br />

Preço avulso<br />

€ 5,00<br />

Assinatura anual - quatro números<br />

€ 18,00<br />

(Continente, Açores e Ma<strong>de</strong>ira)<br />

Distribuição Gratuita aos sócios da SPQ<br />

As colaborações assinadas são da exclusiva<br />

responsabilida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> seus autores, não vinculando<br />

<strong>de</strong> forma alguma a SPQ, nem a Direcção<br />

<strong>de</strong> "<strong>Química</strong>".<br />

São autorizadas e estimuladas todas as citações e<br />

transcrições, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que seja indicada a fonte, sem<br />

prejuízo da necessária autorização por parte<br />

do(s) autor(es) quando se trate <strong>de</strong> colaborações<br />

assinadas.<br />

A Orientação Editorial e as <strong>No</strong>rmas <strong>de</strong> Colaboração<br />

po<strong>de</strong>m ser encontradas no fascículo<br />

Outubro-Dezembro <strong>de</strong> cada ano<br />

e no sítio web da SPQ.<br />

Publicação subsidiada pela<br />

FCT Fundação para a Ciência e i Tecnologia<br />

H k n n LlÍNllA TKTJUKXiW L IMUHIJ 1 I 1 •<br />

Apoio do Programa Operacional Ciência,<br />

Tecnologia, Inovação do Quadro Comunitário <strong>de</strong><br />

Apoio III<br />

2 QUÍMICA 1 1 9


QUÍMICA, o Boletim da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Portuguesa</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Química</strong>, versa to<strong>dos</strong> os assuntos relaciona<strong>dos</strong> com<br />

a <strong>Química</strong>, e em particular to<strong>dos</strong> aqueles que dizem<br />

respeito à <strong>Química</strong> em Portugal.<br />

QUÍMICA publica entrevistas, reportagens, artigos<br />

solicita<strong>dos</strong> e propostos, noticiário, recensões <strong>de</strong> livros<br />

e outras publicações e correspondência <strong>dos</strong> leitores.<br />

É incentivada a submissão voluntária <strong>de</strong> artigos <strong>de</strong><br />

carácter relativamente geral e escritos <strong>de</strong> modo a<br />

<strong>de</strong>spertar interesse a um vasto leque <strong>de</strong> leitores.<br />

QUÍMICA, não sendo especializado na história e filoso-<br />

fia da química, está aberto e preten<strong>de</strong> encorajar a publi-<br />

cação <strong>de</strong> contribuições nesta área. O QUÍMICA po<strong>de</strong><br />

também incluir artigos <strong>de</strong> autores especialmente convi-<br />

da<strong>dos</strong> para publicarem sobre temas específicos da<br />

história e da filosofia da química.<br />

NORMAS DE COLABORAÇÃO E INSTRUÇÕES PARA OS AUTORES<br />

1. Os artigos <strong>de</strong>vem ser envia<strong>dos</strong> por correio elec-<br />

trónico, para o en<strong>de</strong>reço bquimica@ipb.pt dirigi-<br />

<strong>dos</strong> ao Editor do QUÍMICA. O material submetido<br />

<strong>de</strong>verá conter o seguinte:<br />

a. Um arquivo MS Word ou PDF com as figuras e<br />

tabelas incorporadas. O texto <strong>de</strong>ve ser escrito<br />

com espaçamento duplo. Tabelas, gráficos e<br />

ilustrações <strong>de</strong>vem ser numera<strong>dos</strong> e incorpora-<br />

<strong>dos</strong> com as respectivas legendas <strong>de</strong>screvendo<br />

sumariamente o seu conteúdo. As citações lon-<br />

gas <strong>de</strong>vem ficar <strong>de</strong>stacadas no texto; as curtas<br />

<strong>de</strong>vem ser colocadas entre aspas.<br />

b. Um arquivo adicional <strong>de</strong>vidamente i<strong>de</strong>ntifica-<br />

do, por cada gráfico ou ilustração, em formato<br />

JPG, com a resolução a<strong>de</strong>quada a uma boa<br />

reprodução gráfica no tamanho original.<br />

2. Os artigos <strong>de</strong>vem conter um resumo <strong>de</strong> 50 a 200<br />

palavras com a <strong>de</strong>scrição do respectivo conteú-<br />

do. Salvo casos excepcionais, os textos não <strong>de</strong>-<br />

vem exce<strong>de</strong>r cerca <strong>de</strong> 30 000 caracteres (5 a 6<br />

páginas da revista, incluindo as figuras). As figu-<br />

ras <strong>de</strong>verão ter a qualida<strong>de</strong> indispensável.<br />

3. Os artigos <strong>de</strong>vem seguir, tanto quanto possível,<br />

as recomendações da IUPAC quanto à nomen-<br />

clatura e unida<strong>de</strong>s.<br />

4. As referências <strong>de</strong>vem ser numeradas consecuti-<br />

vamente à medida que forem citadas ao longo do<br />

texto e indicadas por um número colocado entre<br />

parênteses rectos (exemplos: [1] ou [2, 3] ou<br />

[4-8]).As referências <strong>de</strong>vem ser reunidas no fim<br />

do texto, obe<strong>de</strong>cendo aos seguintes formatos:<br />

LIVROS:<br />

ORIENTAÇÕES<br />

EDITORIAIS<br />

[1] S.J. Formosinho, Fundamentos <strong>de</strong> Cinética Quími-<br />

ca, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1982.<br />

[2] R.S. Turner, 'University Reformers and Profes-<br />

sional Scholarship in Germany, 1760-1806', in L.<br />

Stone (ed.), The University in Society, Princeton:<br />

Princeton University Press (1974) 495-531.<br />

[3] R.S. Turner, op. cit. 'University', 496-497.<br />

PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS:<br />

[4] G. Krager, Nachrichten aus <strong>de</strong>r Chemie 53 (2005)<br />

136-138.<br />

[5] A.N.L. Lopes, J.G. Ferreira, Analytical Biochemis-<br />

try 342 (2005) 195-197.<br />

FONTES MANUSCRITAS:<br />

As fontes manuscritas <strong>de</strong>vem conter todas as infor-<br />

mações necessárias que permitam a localização da<br />

fonte; referências posteriores <strong>de</strong>vem citar nome, data<br />

e abreviatura da fonte, caixa, número da página ou<br />

fólio:<br />

[6] Carta <strong>de</strong> Adolphe Wurtz a Jean-Baptiste Dumas,<br />

15 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 1864, Paris, Archives <strong>de</strong><br />

l'Académie <strong>de</strong>s Sciences, Dossier Wurtz.<br />

ENDEREÇOS ELECTRÓNICOS:<br />

A utilização <strong>de</strong> en<strong>de</strong>reços electrónicos <strong>de</strong>ve ser evi-<br />

tada e limitada a fontes institucionais fi<strong>de</strong>dignas; <strong>de</strong>ve<br />

conter o en<strong>de</strong>reço completo <strong>de</strong> modo a permitir a lo-<br />

calização da fonte e a data <strong>de</strong> acesso.<br />

[7] SDBS Web: http://www.aist.go.jp/RIODDB/SDBS<br />

(National Institute of Advanced Industrial Science<br />

and Technology, acedido em 01-01-2006).<br />

5. Os agra<strong>de</strong>cimentos <strong>de</strong>vem ser coloca<strong>dos</strong> no fim<br />

<strong>dos</strong> artigos, antes das referências.<br />

6. O corpo editorial acusará a recepção das colabo-<br />

rações propostas e os textos serão aprecia<strong>dos</strong><br />

por um ou mais avaliadores. Com base nas apre-<br />

ciações obtidas, será <strong>de</strong>cidida a aceitação, recu-<br />

sa das colaborações propostas, ou eventual-<br />

mente a revisão <strong>dos</strong> textos pelos autores antes<br />

<strong>de</strong> tomar uma <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>finitiva.<br />

7. Em casos especiais, sujeitos à concordância da<br />

Comissão Editorial do QUÍMICA, as contribuições<br />

po<strong>de</strong>rão ser publicadas em inglês, ou noutra lín-<br />

gua estrangeira, <strong>de</strong>vendo então conter um resu-<br />

mo suplementar em português.<br />

QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 3


8. Os artigos submeti<strong>dos</strong> para publicação no QUÍMI-<br />

CA não po<strong>de</strong>m ser submeti<strong>dos</strong> a outras revistas.<br />

A reprodução <strong>de</strong> figuras já publicadas carece da<br />

<strong>de</strong>vida autorização pelo <strong>de</strong>tentor <strong>dos</strong> direitos. A<br />

autorização para reproduzir imagens é inteira-<br />

mente da responsabilida<strong>de</strong> do autor, o que <strong>de</strong>-<br />

verá ser referido nos casos em que se aplique.<br />

9. Os direitos <strong>de</strong> autor <strong>dos</strong> artigos publica<strong>dos</strong> são<br />

proprieda<strong>de</strong> da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Portuguesa</strong> <strong>de</strong> Quími-<br />

ca, não se autorizando a sua reprodução total ou<br />

parcial, mesmo sob a forma <strong>de</strong> tradução numa<br />

língua diferente, salvo com autorização escrita<br />

da Comissão Editorial.<br />

10. <strong>No</strong> caso <strong>dos</strong> autores <strong>de</strong>sejarem corrigir as pro-<br />

vas <strong>dos</strong> textos aceites para publicação, <strong>de</strong>verão<br />

indicá-lo expressamente aquando da submissão<br />

do manuscrito.<br />

11. As provas tipográficas <strong>dos</strong> artigos em co-autoria<br />

bem como as separatas serão enviadas para o<br />

autor responsável, a menos que o Editor seja informado<br />

do contrário.<br />

12. A inobservância <strong>de</strong> qualquer das normas <strong>de</strong> colaboração<br />

po<strong>de</strong>rá levar à <strong>de</strong>volução do texto rece-<br />

bido.<br />

CONTACTOS:<br />

Editor do Boletim da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Portuguesa</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Química</strong>:<br />

HELDER TEIXEIRA GOMES<br />

Departamento <strong>de</strong> Tecnologia <strong>Química</strong> e Biológica<br />

Escola Superior <strong>de</strong> Tecnologia e Gestão<br />

Instituto Politécnico <strong>de</strong> Bragança<br />

Campus <strong>de</strong> Santa Apolónia - 5301-857 Bragança<br />

Tel.: 273 303 110<br />

e-mail: bquimica@ipb.pt<br />

QUÍMICA - O BoCetim da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Portuguesa</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />

4 QUÍMICA 119


MEDALHAS E MENÇÃO HONROSA NA XV OLIMPÍADA IBERO-AMERICANA DE QUÍMICA<br />

Mais uma vez, os estudantes <strong>de</strong> quí-<br />

mica portugueses viram o seu <strong>de</strong>sem-<br />

penho na Olimpíada Ibero-americana<br />

<strong>de</strong> <strong>Química</strong> recompensado com me-<br />

dalhas e menção honrosa. Assim, a<br />

<strong>de</strong>legação portuguesa regressou a<br />

Portugal com uma Medalha <strong>de</strong> Prata,<br />

uma Medalha <strong>de</strong> Bronze e uma Men-<br />

ção Honrosa na bagagem.<br />

A Medalha <strong>de</strong> Prata foi conquistada<br />

por Gonçalo Vitorino Bonifácio, da<br />

ES José Saramago (Mafra), enquanto<br />

Jorge Pedro Martins <strong>No</strong>gueiro, Analis-<br />

ta da Escola Secundária Emídio Gar-<br />

cia, <strong>de</strong> Bragança, obteve a Medalha<br />

<strong>de</strong> Bronze. Marta Aguiar, da ES Ho-<br />

mem Cristo em Aveiro, não atingiu as<br />

medalhas, mas o seu <strong>de</strong>sempenho<br />

meritório foi reconhecido pelo Júri<br />

com a atribuição <strong>de</strong> uma das Men-<br />

ções Honrosas <strong>de</strong>sta competição.<br />

De referir que Jorge Pedro Martins<br />

<strong>No</strong>gueiro já tinha obtido uma menção<br />

honrosa na 42 a Olimpíada Internacio-<br />

nal <strong>de</strong> <strong>Química</strong>, que se realizou em<br />

Tóquio, no final do passado mês <strong>de</strong><br />

Julho, tal como foi noticiado no núme-<br />

ro anterior <strong>de</strong>ste Boletim.<br />

A preparação <strong>dos</strong> participantes das<br />

Olimpíadas Internacionais e nas Olim-<br />

píadas Ibero-Americanas <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />

Durante o ano <strong>de</strong> 2010, o Grupo <strong>de</strong><br />

Químicos Jovens (GQJ) esteve en-<br />

volvido em várias activida<strong>de</strong>s que<br />

muito contribuíram para dinamizar e<br />

aproximar a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> jovens<br />

químicos portugueses. Destas activi-<br />

da<strong>de</strong>s, salientamos o 2nd Portuguese<br />

Young Chemists Meeting (2PYCheM)<br />

que se realizou em Abril <strong>de</strong> 2010, na<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro, e contou com<br />

a presença <strong>de</strong> aproximadamente 240<br />

Químicos Portugueses e a atribuição<br />

do Prémio Químicos Jovens/Gradiva<br />

2010 (PYCA) a Joana Barata e David<br />

Marçal, premiando assim a excelên-<br />

cia do trabalho <strong>de</strong>senvolvido ao longo<br />

<strong>dos</strong> seus doutoramentos.<br />

está se<strong>de</strong>ada no Departamento <strong>de</strong><br />

<strong>Química</strong> da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2002 e conta com a colabora-<br />

ção <strong>de</strong> uma equipa alargada.<br />

Neste ano lectivo, a preparação - que<br />

se esten<strong>de</strong>u <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2009 a<br />

Setembro <strong>de</strong> 2010 - teve a participa-<br />

ção <strong>dos</strong> docentes do Departamento<br />

<strong>de</strong> <strong>Química</strong> Maria Clara Magalhães,<br />

Diana Pinto, Amparo Faustino, Graça<br />

Marques e Rita Ferreira. Esta equipa<br />

contou ainda com a colaboração <strong>de</strong><br />

Ana Seca (docente da Universida<strong>de</strong><br />

<strong>dos</strong> Açores) e <strong>de</strong> Alzira Rebelo (do-<br />

cente do Colégio <strong>dos</strong> Carvalhos). A<br />

colaboração da Prof. Alzira Rebelo e<br />

do Colégio <strong>dos</strong> Carvalhos - que aco-<br />

lheu os alunos nos seus laboratórios<br />

- foi particularmente relevante na pre-<br />

paração <strong>dos</strong> alunos em técnicas labo-<br />

ratoriais básicas.<br />

De acordo com os docentes que<br />

acompanharam a equipa (mentores),<br />

Maria Clara Magalhães e Diana Pinto,<br />

da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro, "é evi<strong>de</strong>nte<br />

que a experiência adquirida nos anos<br />

anteriores torna possível optimizar<br />

o tempo <strong>de</strong> preparação <strong>dos</strong> alunos",<br />

mas essa vantagem foi particularmen-<br />

te potenciada pelas "muitas horas <strong>de</strong><br />

estudo e <strong>de</strong> entrega <strong>de</strong>sta equipa".<br />

GRUPO DE QUÍMICOS JOVENS - ACTIVIDADES PARA 2011<br />

Em 2011, o GQJ irá apostar na dina-<br />

mização <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>cor-<br />

rerão exclusivamente online, dando<br />

primazia às secções, anteriormente<br />

divulgadas neste Boletim, JobChem<br />

e ChemRUS.<br />

JobChem - Este espaço está dividido<br />

em duas componentes:<br />

NOTICIÁRIO SPQ<br />

Esta 15a edição da Olimpíada Ibero-<br />

Americana <strong>de</strong> <strong>Química</strong> <strong>de</strong>correu na<br />

Cida<strong>de</strong> do México, México, <strong>de</strong> 22 a 29<br />

<strong>de</strong> Outubro e juntou 52 Analistas do<br />

ensino secundário <strong>de</strong> 13 países ibero-<br />

americanos: Argentina, Bolívia, Brasil,<br />

Colômbia, Costa Rica, Cuba, Espa-<br />

nha, Guatemala, México, Perú, Por-<br />

tugal, Uruguai e Venezuela. Portugal<br />

foi o país organizador da competição<br />

em 2006 (na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro)<br />

e po<strong>de</strong>rá voltar a sê-lo em 2013.<br />

As Olimpíadas <strong>de</strong> <strong>Química</strong> são uma<br />

activida<strong>de</strong> promovida pela <strong>Socieda<strong>de</strong></strong><br />

<strong>Portuguesa</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong> (www.spq.pt)<br />

com o patrocínio do Ministério da Edu-<br />

cação e que visa:<br />

I - dinamizar o estudo e ensino da<br />

<strong>Química</strong> nas Escolas Básicas e<br />

Secundárias,<br />

II - proporcionar a aproximação en-<br />

tre as Escolas Básicas e Secun-<br />

dárias e as Universida<strong>de</strong>s, e<br />

III - <strong>de</strong>spertar o interesse pela Quí-<br />

mica, cativando vocações para<br />

carreiras científico-tecnológicas<br />

entre os estudantes.<br />

PRC, MCM<br />

1) Compilação <strong>de</strong> motores <strong>de</strong> busca<br />

Nacionais e Internacionais <strong>de</strong> ofertas<br />

<strong>de</strong> emprego na área da <strong>Química</strong>;<br />

2) Anúncios com oferta directa <strong>de</strong> bol-<br />

sas ou empregos por parte <strong>de</strong> entida-<br />

<strong>de</strong>s públicas ou privadas.<br />

Em especial, e relativamente à segun-<br />

da componente, o balanço do primei-<br />

ro ano <strong>de</strong> funcionamento é bastante<br />

positivo. <strong>No</strong> entanto, gostaríamos que<br />

no próximo ano a a<strong>de</strong>são fosse ain-<br />

da maior, permitindo que esta secção<br />

se estabeleça como uma compilação<br />

<strong>de</strong> bolsas e empregos que possa ser<br />

representativa das ofertas existentes<br />

a nível Nacional (tendo-se também já<br />

QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 5


ecebido várias ofertas <strong>de</strong> instituições<br />

estrangeiras). Neste sentido, <strong>de</strong>ixa-<br />

mos aqui o nosso convite a to<strong>dos</strong> os<br />

responsáveis por projectos <strong>de</strong> inves-<br />

tigação e aos gabinetes <strong>de</strong> recursos<br />

humanos <strong>de</strong> todas as Universida<strong>de</strong>s e<br />

empresas privadas para nos enviarem<br />

toda a informação acerca da bolsa ou<br />

emprego que pretendam publicitar.<br />

Contamos com a vossa a<strong>de</strong>são para<br />

o crescimento <strong>de</strong>sta plataforma!<br />

ChemRUS - Este espaço preten-<br />

<strong>de</strong> afirmar-se como uma biblioteca<br />

on-line <strong>de</strong> experiências <strong>de</strong> Quími-<br />

ca, compostas por um ví<strong>de</strong>o com<br />

a execução experimental e uma fi-<br />

cha científica contendo uma breve<br />

<strong>de</strong>scrição <strong>dos</strong> conceitos químicos,<br />

protocolo experimental <strong>de</strong>talhado e<br />

procedimentos <strong>de</strong> segurança ti<strong>dos</strong><br />

Presidido e nomeado pelo Presi<strong>de</strong>nte<br />

da SPQ, <strong>de</strong> acordo com o Regulamen-<br />

to, o júri constituído para a avaliação<br />

das candidaturas reuniu em Lisboa, na<br />

se<strong>de</strong>, em 27 <strong>de</strong> Outubro, tendo <strong>de</strong>cidi-<br />

do por unanimida<strong>de</strong> atribuir o Prémio<br />

Ferreira da Silva 2010 ao Prof. Fer-<br />

nando Jorge da Silva Pina, Professor<br />

em conta durante a sua realização.<br />

Para a dinamização <strong>de</strong>sta secção, o<br />

GQJ propõe o envolvimento activo<br />

das Escolas <strong>de</strong> Ensino Secundário,<br />

através da participação na primeira<br />

edição do concurso ChemRUS.<br />

Durante o ano lectivo 2010/2011 lan-<br />

çamos o <strong>de</strong>safio a to<strong>dos</strong> os alunos<br />

e professores <strong>de</strong> <strong>Química</strong> do Ensino<br />

Secundário a participarem, enviando<br />

um ví<strong>de</strong>o e respectiva ficha científica<br />

acerca da realização <strong>de</strong> uma experiên-<br />

cia <strong>Química</strong> escolhida por cada grupo.<br />

As Escolas Secundárias interessadas<br />

em participar <strong>de</strong>verão inscrever-se<br />

por e-mail até 31 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 2011;<br />

o prazo para o envio <strong>dos</strong> ví<strong>de</strong>os ter-<br />

mina a 31 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2011. A Escola<br />

vencedora será anunciada durante o<br />

mês <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 2011, e será premia-<br />

da com material didáctico/laboratorial<br />

que certamente ajudará ao ensino da<br />

<strong>Química</strong>.<br />

Para mais informações acerca das<br />

activida<strong>de</strong>s aqui <strong>de</strong>scritas e <strong>de</strong> outras<br />

activida<strong>de</strong>s do GQJ, po<strong>de</strong>rá ser con-<br />

sultada a página web do Grupo: www.<br />

spq.pt/gqj. Teremos também todo o<br />

prazer em respon<strong>de</strong>r a qualquer co-<br />

mentário, dúvida ou sugestão, que<br />

po<strong>de</strong>rão ser envia<strong>dos</strong> para o e-mail<br />

geral gqjovens@spq.pt.<br />

Contamos com a vossa participação<br />

e <strong>de</strong>sejamos a to<strong>dos</strong> um óptimo Ano<br />

Internacional da <strong>Química</strong>!!<br />

PRÉMIO FERREIRA DA SILVA 2010 E MEDALHA VICENTE DE SEABRA 2010<br />

Catedrático da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências<br />

e Tecnologia da Universida<strong>de</strong> <strong>No</strong>va <strong>de</strong><br />

Lisboa (Campus <strong>de</strong> Monte <strong>de</strong> Capari-<br />

ca). Decidiu ainda atribuir ex-aequo a<br />

Medalha Vicente <strong>de</strong> Seabra ao Prof.<br />

Eurico José da Silva Cabrita, Profes-<br />

sor Auxiliar da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências<br />

e Tecnologia da Universida<strong>de</strong> <strong>No</strong>va<br />

VC, SS, MS<br />

(GQJ)<br />

<strong>de</strong> Lisboa (Campus <strong>de</strong> Monte <strong>de</strong> Ca-<br />

parica) e ao Dr. José Richard Baptista<br />

Gomes, Investigador Auxiliar do CI-<br />

CECO da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro. Os<br />

premia<strong>dos</strong> proferirão conferências no<br />

próximo Encontro Nacional da SPQ, a<br />

realizar em Braga em 2011.<br />

EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE ALUNOS MATRICULADOS EM CURSOS DE QUÍMICA, 1997-2010<br />

Na 1 a fase <strong>de</strong> acesso ao ensino supe-<br />

rior <strong>de</strong> 2010, os cursos <strong>de</strong> licenciatu-<br />

ra e mestrado com a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong><br />

"<strong>Química</strong>" (Ensino <strong>de</strong> Física e Quími-<br />

ca, Bioquímica, Engenharia <strong>Química</strong><br />

e <strong>Química</strong> (inclui <strong>Química</strong> Aplicada,<br />

<strong>Química</strong> Industrial e <strong>Química</strong> Tecno-<br />

lógica)) preencheram 1224 vagas das<br />

1400 disponíveis, o que representa<br />

um aumento <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 3.8% no nú-<br />

mero <strong>de</strong> alunos relativamente ao ano<br />

anterior.<br />

A Figura 1 ilustra a evolução do núme-<br />

ro <strong>de</strong> candidatos coloca<strong>dos</strong> em 1a fase<br />

e do número <strong>de</strong> matricula<strong>dos</strong> pela pri-<br />

meira vez no 1° ano a 31 <strong>de</strong> Dezembro<br />

<strong>de</strong> cada ano, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1997, em cursos<br />

com <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> "<strong>Química</strong>": Ensi-<br />

no <strong>de</strong> Física e <strong>Química</strong>, Bioquímica,<br />

Engenharia <strong>Química</strong> e <strong>Química</strong> (inclui<br />

<strong>Química</strong> Aplicada, <strong>Química</strong> Industrial,<br />

<strong>Química</strong> Tecnológica, etc). Depois do<br />

período <strong>de</strong> acentuado <strong>de</strong>clínio do nú-<br />

mero <strong>de</strong> alunos que se verificou no<br />

início da década, os últimos 5 anos<br />

representam um período <strong>de</strong> recupe-<br />

ração sustentada, que aponta para<br />

a estabilização do número <strong>de</strong> alunos<br />

próximo <strong>dos</strong> 1500 a nível nacional.<br />

Embora o conjunto <strong>de</strong> explicações<br />

possíveis para esta recuperação do<br />

número <strong>de</strong> alunos nos cursos <strong>de</strong> Quí-<br />

mica seja vasto, não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong><br />

ser aqui salientado que o período <strong>de</strong><br />

recuperação coinci<strong>de</strong> com o Progra-<br />

ma "Atracção <strong>Química</strong>", lançado em<br />

2004 pela SPQ - em colaboração<br />

com os Departamentos <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />

das Universida<strong>de</strong>s <strong>Portuguesa</strong>s -,<br />

"com o objectivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar o inte-<br />

resse pela <strong>Química</strong> entre os jovens<br />

e cativar vocações para carreiras no<br />

âmbito da <strong>Química</strong>". Se outro mérito<br />

não teve - e não foi possível efectuar<br />

MNBS<br />

uma avaliação <strong>de</strong>talhada <strong>dos</strong> efeitos<br />

<strong>de</strong>ste programa - o "Atracção Quí-<br />

mica" terá tido o mérito <strong>de</strong> alertar os<br />

Departamentos <strong>de</strong> <strong>Química</strong> para a<br />

possibilida<strong>de</strong>/necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se pro-<br />

moverem junto <strong>dos</strong> futuros alunos e<br />

da socieda<strong>de</strong> em geral, valorizando o<br />

esforço daqueles que se <strong>de</strong>dicavam<br />

às chamadas "activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> divulga-<br />

ção".<br />

Mais significativa é a análise da evo-<br />

lução do número <strong>de</strong> alunos matricula-<br />

<strong>dos</strong> nos diferentes cursos, apresen-<br />

tada graficamente na Figura 2. Os<br />

valores para 2010 foram obti<strong>dos</strong> por<br />

estimativa, com base no número <strong>de</strong><br />

candidatos coloca<strong>dos</strong> em 1a fase.<br />

Nesta figura é evi<strong>de</strong>nte o <strong>de</strong>crésci-<br />

mo acentuado do número <strong>de</strong> alunos<br />

inscritos em Engenharia <strong>Química</strong> até<br />

2006 - o que foi acompanhado do<br />

6 QUÍMICA 119


Evolução do número <strong>de</strong> candidatos coloca<strong>dos</strong> em 1 a fase e do número <strong>de</strong> matricula<strong>dos</strong> pela primeira vez no 1° ano em cursos com <strong>de</strong>signação <strong>de</strong><br />

"<strong>Química</strong>": Ensino <strong>de</strong> Física e <strong>Química</strong>, Bioquímica, Engenharia <strong>Química</strong> e <strong>Química</strong> (inclui <strong>Química</strong> Aplicada, <strong>Química</strong> Industrial, <strong>Química</strong> Tecnológica, etc).<br />

[* Estimativa baseada no número <strong>de</strong> coloca<strong>dos</strong> em ia fase]<br />

Evolução do número <strong>de</strong> matricula<strong>dos</strong> pela primeira vez no 1° ano em cursos com <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> "<strong>Química</strong>" (Ensino <strong>de</strong> Física e <strong>Química</strong>,<br />

Bioquímica, Engenharia <strong>Química</strong> e <strong>Química</strong>) e <strong>de</strong> Biotecnologia. [* Estimativa]<br />

encerramento <strong>de</strong> diversos cursos em<br />

Institutos Politécnicos - e a sua esta-<br />

bilização actual confortavelmente aci-<br />

ma <strong>dos</strong> 500 alunos/ano. Do mesmo<br />

modo, e em idêntico período, os cur-<br />

sos <strong>de</strong> <strong>Química</strong> (diversos) per<strong>de</strong>ram<br />

mais <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> <strong>dos</strong> seus alunos, atin-<br />

gindo um patamar estável em torno<br />

<strong>dos</strong> actuais cerca <strong>de</strong> 300 alunos/ano.<br />

O <strong>de</strong>créscimo nestes dois cursos<br />

foi parcialmente compensado pelo<br />

crescimento contínuo do número <strong>de</strong><br />

alunos em cursos <strong>de</strong> Bioquímica, <strong>de</strong><br />

166 em 1997 para 576 em 2007. <strong>No</strong><br />

entanto, vale a pena referir que nos<br />

últimos dois anos a "Bioquímica" re-<br />

gistou uma diminuição <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 20<br />

alunos/ano, acompanhada pelo recuo<br />

marginal das médias <strong>dos</strong> últimos co-<br />

loca<strong>dos</strong> em 1a fase. São sinais que<br />

merecem a atenção <strong>dos</strong> <strong>de</strong>partamen-<br />

tos/universida<strong>de</strong>s, na medida em que<br />

po<strong>de</strong>m ser indício <strong>de</strong> alguma perda <strong>de</strong><br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atracção <strong>dos</strong> respecti-<br />

vos cursos.<br />

A Figura 2 mostra também a importân-<br />

cia actual <strong>dos</strong> cursos <strong>de</strong> Biotecnolo-<br />

gia. A licenciatura em Biotecnologia,<br />

embora não seja um curso tradicio-<br />

nalmente reconhecido como "<strong>de</strong> Quí-<br />

mica" está incluída na área CNAEF<br />

"Tecnologia <strong>dos</strong> Processos Quími-<br />

cos", tal como Engenharia <strong>Química</strong> (e<br />

representa já uma parte significativa<br />

da oferta <strong>de</strong> alguns Departamentos<br />

<strong>de</strong> <strong>Química</strong>).<br />

A evolução mais preocupante evi<strong>de</strong>n-<br />

ciada pelo gráfico da Figura 2 é sem<br />

qualquer dúvida o <strong>de</strong>clínio - até à qua-<br />

se extinção - <strong>dos</strong> cursos <strong>de</strong> "Ensino<br />

da Física e da <strong>Química</strong>", responsáveis<br />

pela formação <strong>dos</strong> docentes do ensi-<br />

no básico e secundário. Este <strong>de</strong>clínio<br />

está associado à imagem muito ne-<br />

gativa a que foi sujeita a profissão <strong>de</strong><br />

"professor" nos últimos anos (nos últi-<br />

mos anos, por motivos diversos, tem<br />

sido associada à profissão a imagem<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego, falta <strong>de</strong> condições <strong>de</strong><br />

trabalho, instabilida<strong>de</strong> contratual, per-<br />

da <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>, perda <strong>de</strong> prestígio<br />

social, etc...). <strong>No</strong>s anos <strong>de</strong> 2006/07, o<br />

Processo <strong>de</strong> Bolonha, durante o qual a<br />

formação <strong>de</strong> professores foi colocada<br />

em 2° Ciclo (mestrado), mascarou a<br />

falta <strong>de</strong> candidatos: como o curso <strong>de</strong>i-<br />

xou <strong>de</strong> constar na lista <strong>dos</strong> cursos <strong>de</strong><br />

"acesso ao ensino superior", passou<br />

<strong>de</strong> alguma forma <strong>de</strong>spercebido o facto<br />

<strong>de</strong> a formação <strong>de</strong> novos professores<br />

QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 7


<strong>de</strong> química estar abaixo das necessi-<br />

da<strong>de</strong>s do sistema <strong>de</strong> ensino nacional.<br />

<strong>No</strong> ano lectivo <strong>de</strong> 2009/10 encontram-<br />

-se a funcionar 7 cursos <strong>de</strong> mestrado<br />

em "Ensino <strong>de</strong> Física e <strong>Química</strong> no 3°<br />

O 3° Congresso Europeu <strong>de</strong> <strong>Química</strong>,<br />

organizado pela European Association<br />

for Chemical and Molecular Sciences<br />

(EuCheMS), <strong>de</strong>correu no centro <strong>de</strong><br />

congressos <strong>de</strong> Nuremberga entre os<br />

dias 29 <strong>de</strong> Agosto e 2 <strong>de</strong> Setembro e<br />

foi um sucesso em toda a linha. Jun-<br />

tou 2500 químicos oriun<strong>dos</strong> <strong>de</strong> mais<br />

<strong>de</strong> 60 países com um formato, já en-<br />

raizado na comunida<strong>de</strong> científica, que<br />

se iniciou em Budapeste 2006 e Tu-<br />

rim 2008. A organização do programa<br />

científico esteve a cargo <strong>de</strong> François<br />

Die<strong>de</strong>rich e Andreas Hirsch, e contou<br />

com um programa variado e ambicio-<br />

so, incluindo 7 conferências plenárias,<br />

180 conferências convidadas e 370<br />

conferências orais, em mais <strong>de</strong> 180<br />

horas <strong>de</strong> ciência e outros assuntos re-<br />

laciona<strong>dos</strong>, tais como financiamento,<br />

empregabilida<strong>de</strong> e ética.<br />

DOS SISTEMAS BIOLÓGICOS À<br />

FUSÃO NUCLEAR<br />

As 7 conferências plenárias foram<br />

muito diversificadas, tendo sido bem<br />

acolhidas pela audiência. Após a ce-<br />

rimónia <strong>de</strong> abertura, a primeira plená-<br />

Ciclo do Ensino Básico e no Ensino<br />

Secundário" com um total <strong>de</strong> apenas<br />

57 alunos, 26 <strong>dos</strong> quais nas universi-<br />

da<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Lisboa (UL e UNL) e 13 na<br />

universida<strong>de</strong> do Porto.<br />

3° CONGRESSO EUROPEU DE QUÍMICA DA EUCHEMS<br />

ria foi proferida por Barbara Imperiali<br />

(Cambridge, EUA) que mostrou como<br />

sondas moleculares aumentam o co-<br />

nhecimento sobre sistemas biológicos.<br />

De seguida, Klaus Müllen (Mainz,<br />

Alemanha) apresentou sistemas quí-<br />

micos na interface com os materiais<br />

e <strong>de</strong>stacou a procura constante <strong>de</strong><br />

novos compostos com funções con-<br />

troladas. A "EuCheMS Lecture 2010"<br />

esteve a cargo <strong>de</strong> Michael Gratzel<br />

(Lausanne, Suíça), que partilhou a sua<br />

visão da conversão <strong>de</strong> energia solar<br />

utilizando sistemas inspira<strong>dos</strong> na fo-<br />

tossíntese. Bert Meijer (Eindhoven,<br />

Holanda) apresentou exemplos <strong>de</strong> ob-<br />

tenção <strong>de</strong> quiralida<strong>de</strong> através <strong>de</strong> ar-<br />

quitecturas moleculares <strong>de</strong> polímeros<br />

e <strong>de</strong>ndrímeros. Hans-Joachim Freund<br />

(Berlim, Alemanha) mostrou como a<br />

catálise po<strong>de</strong> ser visualizada e Le-<br />

choslaw Latos-Grazynski (Cracóvia,<br />

Polónia) apresentou novos conceitos<br />

<strong>de</strong> aromaticida<strong>de</strong>. A última plenária<br />

do encontro foi proferida por Joshua<br />

Jortner (Tel Aviv, Israel), para quem a<br />

fusão nuclear é a "verda<strong>de</strong>ira" alterna-<br />

tiva energética.<br />

Cerimónia <strong>de</strong> abertura do 3° Congresso Europeu <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />

(Fonte: GPEARI - Gabinete <strong>de</strong> Planeamento,<br />

Estratégia, Avaliação e Relações<br />

Internacionais, do Ministério da Ciência e<br />

Ensino Superior, www.gpeari.mctes.pt)<br />

PRC<br />

Michael Gratzel durante a EuCheMS Lecture 2010<br />

POSTERS, "CAREER DAYS" E EVENTOS<br />

SOCIAIS<br />

Ao longo do encontro estiveram em<br />

exibição mais <strong>de</strong> 1400 posters, com a<br />

sessão <strong>de</strong> poster a <strong>de</strong>correr ao final da<br />

tar<strong>de</strong>/noite e acompanhada <strong>de</strong> "beer<br />

and preztel". Em paralelo às sessões<br />

científicas, <strong>de</strong>correram os seminários<br />

das empresas patrocinadoras, bem<br />

como a exibição das editoras, compa-<br />

nhias químicas e organizações cientí-<br />

ficas (38 no total).<br />

O "Carrer Days" foi uma excelente<br />

oportunida<strong>de</strong> para quem queria apren-<br />

<strong>de</strong>r a elaborar um curriculum apelati-<br />

vo, esclarecer dúvidas sobre uma<br />

carreira académica ou na indústria ou<br />

ainda conhecer melhor o mundo fora<br />

da Universida<strong>de</strong> com a feira <strong>de</strong> em-<br />

prego. Esta feira <strong>de</strong> emprego contou<br />

com a presença <strong>de</strong> 14 companhias,<br />

agências <strong>de</strong> financiamento e organi-<br />

zações civis e privadas.<br />

A parte social do congresso <strong>de</strong>correu<br />

em dois momentos distintos: um con-<br />

certo na igreja <strong>de</strong> St. Sebalds, num<br />

registo mais sério e contemplativo, e<br />

uma festa no estádio <strong>de</strong> futebol com<br />

activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sportivas, construção<br />

<strong>de</strong> moléculas no relvado e fogo-<strong>de</strong>-<br />

artifício.<br />

8 QUÍMICA 119


PRÉMIOS<br />

A EuCheMS atribuiu o European Sus-<br />

tainable Chemistry Award a Matthias<br />

Beller (Leibniz-Institute for Catalysis,<br />

Rostock, Alemanha) pela sua excep-<br />

cional contribuição à catálise homo-<br />

génea e sua aplicação a processos<br />

eco-compatíveis. C. N. R. Rao (Ja-<br />

waharlal Nehru Centre for Advanced<br />

Scientific Research, Bangalore, India)<br />

foi o primeiro cientista asiático a rece-<br />

ber o August Wilhelm von Hofmann<br />

Denkmünze, atribuído pela Gesells-<br />

chaft Deutscher Chemiker (GDCh).<br />

Luisa Torsi (University of Bari "Aldo<br />

Moro", Itália) foi galardoada com o<br />

Heinrich Emanuel Merck Award para<br />

ciências analíticas, pelo seu traba-<br />

lho em sensores químicos <strong>de</strong> semi-<br />

condutores orgânicos basea<strong>dos</strong> em<br />

transístores <strong>de</strong> efeito <strong>de</strong> campo em<br />

filme fino. O European Young Chemist<br />

Award foi atribuído a Nicolai Cramer<br />

(ETH Zurique, Suíça) e Sophie Caren-<br />

co (CNRS, Palaiseau, França).<br />

PRAGA 2012<br />

A cerimónia <strong>de</strong> encerramento contou<br />

com a presença <strong>de</strong> Michael Droscher,<br />

presi<strong>de</strong>nte da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Alemã <strong>de</strong><br />

<strong>Química</strong>, e Luis Oro, presi<strong>de</strong>nte da<br />

EuCheMS, que agra<strong>de</strong>ceram aos or-<br />

ganizadores o excelente trabalho rea-<br />

lizado e aos participantes a sua pre-<br />

sença. A finalizar a cerimónia <strong>de</strong> encer-<br />

ramento, o organizador do 4° Congres-<br />

so Europeu <strong>de</strong> <strong>Química</strong>, Pavel Drasar,<br />

convidou to<strong>dos</strong> os participantes a es-<br />

tarem presentes em 2012 em Praga<br />

(http://www.euchems-prague2012.cz/).<br />

(fonte: Newsletter da EuCheMS, <strong>No</strong>vembro<br />

<strong>de</strong> 2010)<br />

CB<br />

<strong>No</strong> passado mês <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong>correu<br />

em Regensburg (Alemanha), no Insti-<br />

tuto <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica, o 2nd<br />

Young Investigator's Workshop.<br />

A re<strong>de</strong> europeia <strong>de</strong> químicos orgâni-<br />

cos jovens foi a motivação para reunir<br />

27 cientistas <strong>de</strong> 17 países europeus,<br />

QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10<br />

Sessão <strong>de</strong> Posters<br />

Vencedores, finalistas e júri do European Young Chemist Award. O prémio foi patrocinado pela<br />

<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Italiana <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />

2 ND YOUNG INVESTIGATOR'S WORKSHOP<br />

num encontro que foi apoiado pela<br />

Divisão <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica da Eu-<br />

CheMS e no qual a <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Portu-<br />

guesa <strong>de</strong> <strong>Química</strong> se fez representar.<br />

Esta iniciativa, apadrinhada pela Eu-<br />

CheMS, contou com a participação <strong>de</strong><br />

jovens investigadores e professores<br />

<strong>de</strong> países como a Áustria, Alemanha,<br />

Bélgica, Chipre, Espanha, França,<br />

Grécia, Holanda, Irlanda, Israel, Itá-<br />

lia, <strong>No</strong>ruega, Portugal, Reino Unido,<br />

Republica Checa, Suécia e Suíça.<br />

Os participantes tinham to<strong>dos</strong> ida<strong>de</strong>s<br />

compreendidas entre os 30 e 40 anos,<br />

sendo que a maioria apresentava ida-<br />

<strong>de</strong> inferior a 35 anos. Ambos os sexos<br />

9


se fizeram representar, tendo havido<br />

nalguns casos dois participantes por<br />

país. Os participantes foram eleitos<br />

pelas Divisões <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica<br />

<strong>dos</strong> respectivos países, que estabe-<br />

leceram os critérios <strong>de</strong> selecção. Os<br />

requisitos para participação neste en-<br />

contro tiveram em conta a ida<strong>de</strong> do<br />

investigador (inferior a 40 anos), bem<br />

como o percurso e in<strong>de</strong>pendência<br />

científica do candidato.<br />

O Workshop foi organizado em oito<br />

sessões que focaram diferentes tópi-<br />

cos e abrangeram diversas áreas da<br />

química orgânica, tais como bioor-<br />

gânica e química medicinal, catálise,<br />

produtos naturais, oxidação e aspec-<br />

tos <strong>de</strong> química ver<strong>de</strong>, química supra-<br />

molecular e <strong>de</strong>sign <strong>de</strong> ligan<strong>dos</strong>.<br />

A escolha <strong>de</strong> Regensburg, a cida<strong>de</strong><br />

medieval mais bem preservada da<br />

Alemanha e eleita pela UNESCO pa-<br />

trimónio da Humanida<strong>de</strong>, para aco-<br />

lher este encontro, permitiu aliar uma<br />

componente cultural à intensa com-<br />

ponente científica. O convívio entre<br />

investigadores foi intenso, tendo-se<br />

proporcionado uma oportunida<strong>de</strong> ex-<br />

cepcional para os jovens investiga-<br />

dores interagirem uns com os outros,<br />

que exce<strong>de</strong>u todas as expectativas.<br />

Este evento preten<strong>de</strong>u contribuir para<br />

a promoção <strong>de</strong> colaborações interna-<br />

cionais e divulgação do estado da arte<br />

da investigação na área da química<br />

orgânica, entre os diversos membros<br />

<strong>dos</strong> países europeus. O Workshop<br />

constitui uma excelente ocasião para<br />

trocar i<strong>de</strong>ias e <strong>de</strong>bater temas da quí-<br />

mica orgânica mo<strong>de</strong>rna, não <strong>de</strong>ixando<br />

dúvidas quanto à aplicabilida<strong>de</strong> das<br />

recentes <strong>de</strong>scobertas científicas bem<br />

como quanto à preocupação com a<br />

sustentabilida<strong>de</strong> da investigação que<br />

é <strong>de</strong>senvolvida na Europa.<br />

A abertura do encontro e as boas-vin-<br />

das aos participantes foram realizadas<br />

pelos responsáveis da organização<br />

local, o Prof. Burkhard Konig, a Dr a<br />

Kristen Zeitler e a Dra Sabine Amslin-<br />

ger. O Workshop contou ainda com a<br />

presença <strong>de</strong> investigadores sénior, o<br />

Prof. Stefan Brase, a Dra Véronique<br />

Gouverneur, o Prof. Jay Siegel e o<br />

Prof. Burkhard Konig que mo<strong>de</strong>raram<br />

e contribuíram com entusiasmo para<br />

as discussões científicas que se pro-<br />

porcionaram durante o encontro.<br />

A participação portuguesa foi repre-<br />

sentada pela Dra Isabel Santos Vieira<br />

(Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro) - Oxidation<br />

of Organic Compounds with Hydrogen<br />

Peroxi<strong>de</strong>, e pela Dra Maria Manuel<br />

Marques (Requimte - Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Ciências e Tecnologia - Universida<strong>de</strong><br />

<strong>No</strong>va <strong>de</strong> Lisboa) - Rational Drug De-<br />

sign, Synthesis and Screening of <strong>No</strong>-<br />

vel COX-2 Selective Inhibitors.<br />

O Workshop iniciou-se com uma ses-<br />

são sobre bioorgânica e química medi-<br />

cinal, cuja abertura foi efectuada pela<br />

Dra Sabine Amslinger (Universida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Regensburg) - o,p-Unsaturated<br />

Carbonyl Compounds as Tool to Fine<br />

Tune Biological Activity. Decorreram<br />

duas sessões relativas a este tópico,<br />

no total <strong>de</strong> seis comunicações orais,<br />

on<strong>de</strong> foram apresenta<strong>dos</strong> resulta<strong>dos</strong><br />

<strong>de</strong> projectos que envolveram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

síntese total <strong>de</strong> compostos com acti-<br />

vida<strong>de</strong> anticancerígena, a aplicações<br />

<strong>de</strong> proteómica química para estudar<br />

sistemas biológicos complexos, pas-<br />

sando pela estratégia <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign ra-<br />

cional <strong>de</strong> pequenas moléculas, tanto<br />

para a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> novos compos-<br />

tos anti-inflamatórios como para a ob-<br />

tenção <strong>de</strong> oligómeros para mimetizar<br />

o mo<strong>de</strong>lo da hélice.<br />

Ainda nesta sessão, tivemos oportuni-<br />

da<strong>de</strong> <strong>de</strong> ver a interacção da química<br />

orgânica com outras áreas, tais como<br />

a combinação da espectroscopia <strong>de</strong><br />

RMN com simulações <strong>de</strong> dinâmica<br />

molecular para investigar a confor-<br />

mação <strong>de</strong> glicopépti<strong>dos</strong>, bem como o<br />

conhecimento do modo como a con-<br />

formação influencia o processo <strong>de</strong> re-<br />

conhecimento molecular.<br />

<strong>No</strong> <strong>de</strong>curso <strong>de</strong>ste Workshop foram<br />

apresentadas diversas comunica-<br />

ções orais sobre o tema <strong>de</strong> síntese<br />

<strong>de</strong> produtos naturais. Tivemos opor-<br />

tunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ouvir o Dr. Uwe Rinner<br />

(Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Viena) falar sobre<br />

as estratégias sintéticas <strong>de</strong>senvol-<br />

vidas para a síntese total <strong>de</strong> Eupho-<br />

salicin - um diterpeno biciclico com<br />

MRD-reversal effect. Ainda no âmbito<br />

<strong>dos</strong> produtos naturais, o Dr. Alexandro<br />

Zografos (Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Thessalo-<br />

niki) <strong>de</strong>monstrou-nos como os pro-<br />

dutos naturais po<strong>de</strong>m ser uma fonte<br />

<strong>de</strong> inspiração, tendo apresentado as<br />

vias sintéticas <strong>de</strong>senvolvidas para a<br />

obtenção <strong>de</strong> diversos produtos natu-<br />

rais com elevada complexida<strong>de</strong> es-<br />

trutural. O Dr. Jérôme Wasser (Ecole<br />

Polytechnique Fédérale <strong>de</strong> Lausanne)<br />

encerrou esta sessão - Cyclization of<br />

Aminocyclopropanes: Total Synthesis<br />

and Bioactivity of Goniomitine.<br />

Houve duas sessões <strong>de</strong>dicadas à<br />

catálise, com um total <strong>de</strong> oito apre-<br />

sentações orais, em que a primeira<br />

sessão <strong>de</strong>u ênfase à química <strong>de</strong> pa-<br />

ládio. Ficou bem patente a importân-<br />

cia do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> processos<br />

catalíticos no enquadramento <strong>de</strong> uma<br />

química sustentável, e as vantagens<br />

<strong>de</strong>stes processos na activação <strong>de</strong><br />

ligações C(sp3)-H, que foram abor-<br />

dadas pelo Dr. Rubén Martín (Institut<br />

Català d'Investigació <strong>Química</strong>, Tar-<br />

ragona), e pelo Dr. Olivier Baudoin<br />

(Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lyon), que focou a<br />

activação intramolecular <strong>de</strong> ligações<br />

sp3 C-H em reacções <strong>de</strong> arilação ca-<br />

talisadas por paládio. A catálise com<br />

ferro e cálcio também foi referida pelo<br />

Dr. Michael Schnürch (Universida<strong>de</strong><br />

Técnica <strong>de</strong> Viena), e pela Dra Meike<br />

Niggemann (Rheinisch-Westfalische<br />

Technische Hochschule, Aachen),<br />

respectivamente. A apresentação da<br />

Dra Meike Niggemann constituiu a<br />

única apresentação sobre catálise<br />

com cálcio, tendo focado a aplicação<br />

nas reacções <strong>de</strong> substituição nucleó-<br />

fila <strong>de</strong> álcoois activa<strong>dos</strong>. Outra comu-<br />

nicação interessante foi a do Dr. Paul<br />

Davies (Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Birmingham)<br />

que estudou a produção <strong>de</strong> iletos <strong>de</strong><br />

enxofre - Diazo free Reaction Develo-<br />

pment with w-Acid Catalysis.<br />

A segunda sessão <strong>de</strong>dicada à catá-<br />

lise <strong>de</strong>u especial importância à apli-<br />

cação <strong>de</strong> processos catalíticos na<br />

síntese <strong>de</strong> compostos heterocíclicos<br />

e <strong>de</strong> produtos naturais. Não po<strong>de</strong>ría-<br />

mos terminar esta sessão sem referir<br />

a organocatálise. A comunicação da<br />

Dra Kristen Zeitler (Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Regensburg) foi excepcional, tendo<br />

apresentado as vantagens <strong>dos</strong> po<strong>de</strong>-<br />

rosos organocatalisadores - carbenos<br />

W-heterocíclicos - para a formação <strong>de</strong><br />

ligações C-C, C-O e C-N.<br />

<strong>No</strong> seguimento da sessão <strong>de</strong>dicada à<br />

catálise, houve também uma sessão<br />

sobre <strong>de</strong>sign <strong>de</strong> ligan<strong>dos</strong> e <strong>de</strong> com-<br />

plexos metálicos, para a qual contri-<br />

buíram os investigadores Dr. Mark<br />

Gan<strong>de</strong>lman (Technion-Israel Institute<br />

10 QUÍMICA 119


of Technology, Haifa) - New ligands<br />

and Reactivities in Synthetic Chemis-<br />

try , o Dr. Enda Bergin (Trinity College,<br />

Dublin) - Combinatorial Catalysis e o<br />

Dr. Dimitri Gelman (The Hebrew Uni-<br />

versity of Jerusalem) - <strong>No</strong>vel C(sp2)-<br />

Metalated Transition Metal Comple-<br />

xes: Synthesis and Catalysis.<br />

A sustentabilida<strong>de</strong> em química e a<br />

preocupação <strong>dos</strong> investigadores eu-<br />

ropeus em tornar os processos quí-<br />

micos mais ver<strong>de</strong>s ficou bem clara<br />

na sessão sobre oxidação e aspec-<br />

tos da química ver<strong>de</strong>. A utilização <strong>de</strong><br />

peróxido <strong>de</strong> hidrogénio como agente<br />

oxidante foi <strong>de</strong>monstrada pela Dr a<br />

Isabel Vieira (Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Avei-<br />

ro), que focou a utilização <strong>de</strong> peróxido<br />

<strong>de</strong> hidrogénio como agente oxidante<br />

e mostrou os últimos <strong>de</strong>senvolvimen-<br />

tos, e também pela contribuição do Dr.<br />

Ra<strong>de</strong>k Cibulka (Institute of Chemical<br />

Technology, Praga) que <strong>de</strong>monstrou<br />

que o peróxido <strong>de</strong> hidrogénio po<strong>de</strong> ser<br />

utilizado para catálise <strong>de</strong> reacções <strong>de</strong><br />

sulfoxidação enantioselectiva através<br />

<strong>de</strong> sais <strong>de</strong> flavílio quirais planares.<br />

Ainda no âmbito da sustentabilida<strong>de</strong> o<br />

Dr. Luigi Vaccaro (Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pe-<br />

rugia) focou a sua apresentação nos<br />

meios reaccionais alternativos - Alter-<br />

native Reaction Media for Developing<br />

an Efficient Organic Synthesis. O Dr.<br />

Luigi Vaccaro mostrou exemplos <strong>de</strong><br />

aplicação <strong>de</strong> protocolos experimentais<br />

amigos do ambiente, incluindo o uso<br />

<strong>de</strong> água como solvente e reacções<br />

sem solvente, reacções catalisadas<br />

por organocatalisadores imobiliza<strong>dos</strong><br />

em suporte sólido, entre outros.<br />

O alcance da aplicabilida<strong>de</strong> da quími-<br />

ca orgânica mo<strong>de</strong>rna ficou explícita<br />

na sessão <strong>de</strong>dicada à química supra-<br />

molecular, que também esteve repre-<br />

sentada neste Workshop pelas contri-<br />

buições do Dr. Davidae Bonifazi (Fa-<br />

culté <strong>No</strong>tre Dame <strong>de</strong> la Paix, Namur<br />

e Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Trieste) - Theming<br />

Organic Synthesis for Supramolecular<br />

Flatlands, e pelo Dr. Rienk Eelkema<br />

(Universida<strong>de</strong> Técnica <strong>de</strong> Delft) -<br />

Control over Dynamics in Supramo-<br />

lecular Architectures. O Dr. Davidae<br />

Bonifazi focou o <strong>de</strong>sign e produção <strong>de</strong><br />

nanoestruturas multicomponentes e<br />

multidimensionais para aplicação em<br />

sensores catalíticos, células solares,<br />

sistema biomiméticos e em optoelec-<br />

trónica, enquanto que o Dr. Rienk Ee-<br />

lkema nos mostrou o enorme <strong>de</strong>safio<br />

que representa o controlo da dinâmica<br />

<strong>de</strong> materiais com arquitectura supra-<br />

molecular.<br />

Fotografia <strong>de</strong> Grupo<br />

Durante este Workshop tornou-se evi-<br />

<strong>de</strong>nte que, para os jovens químicos<br />

europeus, a química orgânica é uma<br />

área <strong>de</strong> investigação fascinante e em<br />

contínuo <strong>de</strong>senvolvimento. As comu-<br />

nicações proferidas <strong>de</strong>monstraram<br />

claramente que a química orgânica<br />

po<strong>de</strong> alcançar um papel fundamental<br />

na interacção com a química teórica e<br />

computacional, a biologia e a ciência<br />

<strong>dos</strong> materiais.<br />

O balanço final foi muito positivo! To-<br />

<strong>dos</strong> os participantes agra<strong>de</strong>cem o<br />

apoio financeiro da divisão <strong>de</strong> Quími-<br />

ca Orgânica da EuCheMS, da Gesells-<br />

chaft Deutscher Chemiker (GDCh,<br />

Liebig Vereinigung), e à organização<br />

local pela excelente coor<strong>de</strong>nação e<br />

apoio que <strong>de</strong>ram aos participantes,<br />

em particular à Dra Kristen Zeitler e à<br />

Dra Sabine Amslinger.<br />

Para terminar não po<strong>de</strong>ríamos <strong>de</strong>ixar<br />

<strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer à <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Portugue-<br />

sa <strong>de</strong> <strong>Química</strong> e à Divisão <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />

Orgânica, por apoiar estas iniciativas<br />

e nos proporcionar uma experiência<br />

única que certamente dará origem a<br />

futuras colaborações.<br />

MMM, IV<br />

QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 11


O recém criado pré-<br />

mio Europeu "The<br />

European Sustai-<br />

nable Chemistry<br />

iHiuwwsoímw Award", uma inicia-<br />

CHEMtSTRY AWARD .. , ' _ „,<br />

— tiva da EuCheMS,<br />

foi atribuído ao Pro-<br />

fessor Doutor Matthias Beller, Director<br />

do Leibniz Institute for Catalysis (LI-<br />

KAT) situado em Rostock, Alemanha,<br />

pelo seu trabalho excepcional na área<br />

da catálise homogénea. O prémio, no<br />

valor <strong>de</strong> 10 000 €, foi entregue du-<br />

rante a Cerimónia <strong>de</strong> Abertura do 3°<br />

Congresso <strong>de</strong> <strong>Química</strong> da EuCheMS,<br />

no passado dia 29 <strong>de</strong> Agosto em Nu-<br />

remberga, Alemanha.<br />

De entre as 21 nomeações avaliadas<br />

por um painel <strong>de</strong> especialistas, a es-<br />

colha recaiu neste investigador, autor<br />

ou co-autor <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 420 artigos<br />

científicos e <strong>de</strong>tentor <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 90<br />

patentes. O Prof. Dr. Matthias Beller<br />

e o seu grupo <strong>de</strong> investigação têm<br />

<strong>de</strong>senvolvido trabalho no campo da<br />

conversão <strong>de</strong> pequenas moléculas<br />

em materiais recicláveis ou reutilizá-<br />

veis, <strong>de</strong> uma forma ambientalmente<br />

sustentável. O LKAT, o maior Instituto<br />

<strong>de</strong> investigação Europeu <strong>de</strong>dicado à<br />

catálise aplicada, inci<strong>de</strong> o seu traba-<br />

lho na transferência <strong>de</strong> investigação<br />

Básico<br />

Atribui-se ao físico Rutherford, Prémio<br />

<strong>No</strong>bel para a <strong>Química</strong> em 1908, a<br />

seguinte frase, em resposta a quem<br />

comparava as condições <strong>de</strong> trabalho<br />

no seu laboratório com as <strong>de</strong> outros<br />

mais ricos: "Gentlemen, we haven't<br />

got the money, so we've got to think."<br />

Ácido<br />

O Joint Research Centre da União<br />

THE EUROPEAN SUSTAINABLE CHEMISTRY AWARD<br />

fundamental para o campo das apli-<br />

cações práticas. Na última década, o<br />

Prof. Dr. Matthias Beller e os seus co-<br />

laboradores <strong>de</strong>senvolveram três siste-<br />

mas <strong>de</strong> catálise actualmente utiliza<strong>dos</strong><br />

pela indústria, os quais permitem a<br />

produção em larga escala (toneladas)<br />

<strong>de</strong> diferentes produtos químicos. A<br />

sua investigação tem incidido sobretu-<br />

do nos seguintes aspectos: reacções<br />

<strong>de</strong> acoplamento <strong>de</strong> halogenetos <strong>de</strong><br />

arilo catalisadas por paládio, catálise<br />

oxidativa enantioselectiva, aplicações<br />

catalíticas para a obtenção <strong>de</strong> princí-<br />

pios activos para utilização farmacêu-<br />

tica e carbonilações catalíticas. Vários<br />

<strong>dos</strong> seus projectos <strong>de</strong> investigação fo-<br />

cam o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> reacções<br />

<strong>de</strong> oxidação catalítica com oxigénio<br />

ou peróxido <strong>de</strong> hidrogénio.<br />

<strong>No</strong> âmbito da exploração <strong>de</strong> reacções<br />

catalíticas para a síntese <strong>de</strong> novas<br />

substâncias com aplicação farmacêu-<br />

tica, têm investigado <strong>de</strong> forma inten-<br />

siva, e em particular, a adição regios-<br />

selectiva <strong>de</strong> aminas a ligações duplas<br />

e reacções <strong>de</strong> carbonilação. Este tra-<br />

balho, <strong>de</strong>senvolvido em cooperação<br />

com empresas farmacêuticas, tem<br />

como objectivo o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

novos analgésicos, <strong>de</strong> fármacos anti-<br />

Alzheimer e <strong>de</strong> inibidores <strong>de</strong> proteí-<br />

nas-cinase.<br />

O INDICADOR<br />

Europeia abriu há pouco tempo<br />

concurso para investigadores, com o<br />

titulo "Europe needs researchers". Uma<br />

das áreas contempladas é a <strong>Química</strong>.<br />

Entre diversos benefícios, oferece-<br />

se contrato permanente, aquilo que<br />

entre nós continua a ser uma miragem<br />

para centenas <strong>de</strong> investigadores<br />

<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> comprovada, e que<br />

vão vivendo <strong>de</strong> sucessivas bolsas e<br />

O prémio "The European Sustainable<br />

Chemistry Award", uma iniciativa da<br />

EuCheMS, com o encorajamento da<br />

Agência Europeia do Ambiente e o<br />

apoio da SusChem (Plataforma Eu-<br />

ropeia para a <strong>Química</strong> Sustentável)<br />

e do CEFIC (Associação Europeia<br />

da Indústria <strong>Química</strong>), surgiu com o<br />

intuito <strong>de</strong> aumentar a visibilida<strong>de</strong> da<br />

química sustentável e <strong>de</strong> incentivar a<br />

inovação e competitivida<strong>de</strong>. O prémio<br />

<strong>de</strong>stina-se a:<br />

* reconhecer indivíduos ou peque-<br />

nos grupos <strong>de</strong> investigação que<br />

contribuam <strong>de</strong> forma significativa<br />

para o <strong>de</strong>senvolvimento sustentá-<br />

vel mediante a aplicação da quími-<br />

ca ver<strong>de</strong> e sustentável;<br />

* promover inovações no campo<br />

da química que se traduzam em<br />

melhorias claras na produção e<br />

utilização sustentável <strong>de</strong> produtos<br />

químicos;<br />

* <strong>de</strong>monstrar que a química e os<br />

produtos químicos po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sem-<br />

penhar um papel central na con-<br />

cretização das necessida<strong>de</strong>s da<br />

socieda<strong>de</strong> e, simultaneamente,<br />

minimizar e/ou resolver problemas<br />

ambientais.<br />

(fonte: EuCheMS)<br />

JA<br />

contratos <strong>de</strong> duração fixa. O Indicador<br />

interroga-se, perplexo: mas afinal o<br />

tempo <strong>dos</strong> empregos para toda a vida<br />

não acabou, como afirmam certos<br />

senhores omniscientes que dão o<br />

exemplo, saltando - sempre com re<strong>de</strong><br />

- <strong>de</strong> job em job ? Será isto a "Europa a<br />

duas velocida<strong>de</strong>s"?<br />

12 QUÍMICA 119<br />

PH


CONCESSÃO DE DIPLOMAS DE MESTRADO EUROPEU EM CIÊNCIA DA MEDIÇÃO EM QUÍMICA<br />

A Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa é membro<br />

<strong>de</strong> um consórcio <strong>de</strong> nove universida-<br />

<strong>de</strong>s europeias que coor<strong>de</strong>nam entre<br />

si o Mestrado Europeu em Ciência<br />

da Medição em <strong>Química</strong> (MSC) -<br />

http://www.msc-euromaster.eu - sen-<br />

do a participação portuguesa coor-<br />

<strong>de</strong>nada pela Prof. Associada com<br />

Agregação em <strong>Química</strong>, da FCUL,<br />

Doutora Filomena Camões. A missão<br />

<strong>de</strong>ste consórcio é contribuir para uma<br />

melhoria radical no ensino da <strong>Química</strong><br />

Analítica através da excelência do en-<br />

sino em Ciência da Medição em Quí-<br />

mica. Um <strong>dos</strong> parceiros e forte pro-<br />

motor do consórcio é o JRC-IRMM,<br />

centro <strong>de</strong> refererência da Comissão<br />

Europeia, cuja missão é proporcionar<br />

apoio científico e técnico à concepção,<br />

<strong>de</strong>senvolvimento, implementação e<br />

monitorização das políticas da União<br />

Europeia, servindo os interesses <strong>dos</strong><br />

Esta<strong>dos</strong> Membros. Neste caso con-<br />

creto o objectivo é a promoção <strong>de</strong><br />

A ALUNOS DA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DE LISBOA<br />

Fotografia <strong>de</strong> Grupo<br />

um sistema <strong>de</strong> medições comum e<br />

credível. O ano lectivo <strong>de</strong> 2009/2010<br />

foi já o 3° ano <strong>de</strong> funcionamento do<br />

Mestrado Europeu, estando estes úl-<br />

timos alunos em fase <strong>de</strong> Projecto <strong>de</strong><br />

Tese. Dos alunos <strong>dos</strong> dois anos ante-<br />

riores, concluíram o seu Mestrado em<br />

<strong>Química</strong> Analítica da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Lisboa com o Suplemento <strong>de</strong> Mestra-<br />

do Europeu em Ciência da Medição<br />

em <strong>Química</strong>, seis alunos: Anabela<br />

Costa, Bárbara Anes, Ivânia Cabrita,<br />

Paula Gonçalves, Rute Sequeiros e<br />

Sara Sousa, que se <strong>de</strong>stacaram pelos<br />

seus bons resulta<strong>dos</strong> e que, a convite<br />

da Comissão Europeia, participaram<br />

na cerimónia <strong>de</strong> entrega <strong>dos</strong> respec-<br />

tivos Diplomas no passado dia 26 <strong>de</strong><br />

Outubro, no Joint Research Center<br />

da Comissão Europeia, em Geel, na<br />

Bélgica, em cerimónia integrada nas<br />

celebrações <strong>dos</strong> 50 anos do IRMM.<br />

A aluna Bárbara Anes, em represen-<br />

tação <strong>dos</strong> alunos europeus do Mes-<br />

trado, fez uma intervenção intitulada<br />

"O Impacto do Mestrado Europeu em<br />

Ciência da Medição em <strong>Química</strong> na<br />

minha Vida".<br />

Os alunos portugueses foram acom-<br />

panha<strong>dos</strong> pela Coor<strong>de</strong>nadora, Pro-<br />

fessora Doutora Filomena Camões<br />

e pelo Director da FCUL, Professor<br />

Doutor José Pinto Paixão. A presen-<br />

ça <strong>de</strong> representações análogas das<br />

restantes universida<strong>de</strong>s participantes<br />

proporcionou a organização <strong>de</strong> um<br />

proveitoso <strong>de</strong>bate sobre estratégias<br />

para promoção do ensino e da inves-<br />

tigação em <strong>Química</strong>, <strong>de</strong>signadamente<br />

em <strong>Química</strong> Analítica, a única sub-<br />

área da <strong>Química</strong> em que, <strong>de</strong> acordo<br />

com um estudo <strong>de</strong> 2008 elaborado<br />

pela SusChem - European Technology<br />

Platform For Sustainable Chemistry, a<br />

existência <strong>de</strong> emprego ultrapassa o<br />

número <strong>de</strong> gradua<strong>dos</strong>.<br />

PRÉMIO NOBEL DA QUÍMICA 2010: REACÇÕES DE ACOPLAMENTO CATALISADAS PELO PALÁDIO<br />

"ARTE NUM TUBO DE ENSAIO"<br />

O Prémio <strong>No</strong>bel Richard F. Heck (Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

da <strong>Química</strong> 2010 Delaware, Newark, USA), Ei-ichi Ne-<br />

foi atribuído a três gishi (Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Purdue, India-<br />

investigadores, na, USA) e Ahira Suzuki (Professor<br />

nomeadamente jubilado, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Hokkaido,<br />

aos Professores Sapporo, Japão), pela investigação<br />

MFC<br />

realizada na área da síntese orgânica,<br />

mais concretamente no que respeita<br />

a "Reacções <strong>de</strong> acoplamento catalisa-<br />

das pelo paládio utilizadas em síntese<br />

orgânica". Os seus trabalhos culmina-<br />

ram em novas formas, mais eficientes,<br />

QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 13


<strong>de</strong> formar ligações carbono-carbono,<br />

permitindo a construção <strong>de</strong> moléculas<br />

complexas, úteis no <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> novos materiais, fármacos e outras<br />

moléculas biologicamente activas.<br />

A química <strong>dos</strong> compostos <strong>de</strong> carbono<br />

(compostos orgânicos) é a base <strong>de</strong><br />

toda a vida na terra, sendo igualmen-<br />

te responsável por vários fenómenos<br />

naturais fascinantes. A química orgâ-<br />

nica permitiu ao ser humano a criação<br />

<strong>de</strong> novas moléculas <strong>de</strong> base carbo-<br />

no, tão complexas quanto as criadas<br />

pela natureza. Para tal, os químicos<br />

necessitam <strong>de</strong> estabelecer ligações<br />

entre átomos <strong>de</strong> carbono. <strong>No</strong> entan-<br />

to, <strong>de</strong>vido à estabilida<strong>de</strong> do carbono,<br />

os átomos <strong>de</strong> carbono não reagem<br />

facilmente uns com os outros. Os pri-<br />

meiros méto<strong>dos</strong> utiliza<strong>dos</strong> com este<br />

objectivo eram basea<strong>dos</strong> em técnicas<br />

que tornavam o carbono mais reacti-<br />

vo, contudo, estes méto<strong>dos</strong> permiti-<br />

ram apenas a síntese <strong>de</strong> moléculas<br />

simples, gerando <strong>de</strong>masia<strong>dos</strong> produ-<br />

tos secundários in<strong>de</strong>seja<strong>dos</strong> aquando<br />

da síntese <strong>de</strong> moléculas mais com-<br />

RX +<br />

Reagente Reagente<br />

electrofílico nucleofílico<br />

RX + R 11 M<br />

Reagente Reagente<br />

electrofílico nucleofílico<br />

Pd(O)<br />

Pd(O)<br />

plexas. As reacções <strong>de</strong> acoplamento<br />

catalisadas pelo paládio permitiram a<br />

resolução <strong>de</strong>ste problema, consistin-<br />

do numa "ferramenta" mais precisa e<br />

eficiente que po<strong>de</strong> ser utilizada pelos<br />

químicos em síntese orgânica.<br />

A importância da formação <strong>de</strong> novas<br />

ligações carbono-carbono reflecte-<br />

se no facto <strong>de</strong> vários prémios <strong>No</strong>bel<br />

terem já sido atribuí<strong>dos</strong> nesta área<br />

<strong>de</strong> trabalho, nomeadamente contem-<br />

plando a reacção <strong>de</strong> Grignard (1912),<br />

a reacção <strong>de</strong> Diels-Al<strong>de</strong>r (1950), a<br />

reacção <strong>de</strong> Wittig (1979) e a mais<br />

recente atribuição em 2005 <strong>de</strong>vido<br />

às reacções catalisadas por metais<br />

para a formação <strong>de</strong> ligações duplas<br />

carbono-carbono. Este ano, o prémio<br />

<strong>No</strong>bel da <strong>Química</strong> contemplou a for-<br />

mação <strong>de</strong> ligações simples carbono-<br />

carbono, nomeadamente a reacção<br />

<strong>de</strong> Heck, reacção <strong>de</strong> Negishi e reac-<br />

ção <strong>de</strong> Suzuki, todas elas catalisadas<br />

por paládio. O princípio das reacções<br />

<strong>de</strong> acoplamento catalisadas pelo pa-<br />

ládio consiste na agregação <strong>de</strong> duas<br />

moléculas no metal através da forma-<br />

R -R"<br />

(1)<br />

(2)<br />

ção <strong>de</strong> ligações metal-carbono. Desta<br />

forma, é muito elevada a proximida<strong>de</strong><br />

<strong>dos</strong> átomos <strong>de</strong> carbono liga<strong>dos</strong> ao<br />

paládio, permitindo que ocorra o seu<br />

acoplamento através da formação <strong>de</strong><br />

uma nova ligação simples carbono-<br />

carbono. Existem dois tipos <strong>de</strong> reac-<br />

ções <strong>de</strong> acoplamento <strong>de</strong> acordo com<br />

este princípio que se tornaram muito<br />

importantes no âmbito da síntese<br />

orgânica, as quais se encontram re-<br />

presentadas nas equações (1) e (2).<br />

Ambas as reacções <strong>de</strong>correm em<br />

condições bastante suaves uma vez<br />

que utilizam haletos orgânicos (ou<br />

compostos análogos) e olefinas ou<br />

compostos organometálicos <strong>de</strong> baixa<br />

reactivida<strong>de</strong> (R''M, em que M é tipica-<br />

mente zinco, boro ou estanho).<br />

O trabalho <strong>dos</strong> laurea<strong>dos</strong> é consi-<br />

<strong>de</strong>rado como muito significativo no<br />

campo da investigação académica e<br />

da indústria, permitindo a produção<br />

<strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> química fina incluindo<br />

fármacos e outras moléculas biologi-<br />

camente activas, produtos químicos<br />

utiliza<strong>dos</strong> nas agro-indústrias e novos<br />

materiais, os quais trouxeram gran<strong>de</strong>s<br />

benefícios à socieda<strong>de</strong> em geral. As<br />

reacções <strong>de</strong> acoplamento catalisadas<br />

pelo paládio foram revolucionárias na<br />

área da síntese orgânica, sendo que<br />

poucas reacções contribuíram tanto<br />

quanto estas para o aumento da efici-<br />

ência em síntese orgânica.<br />

(Fonte: "Press release" e "Scientific<br />

background" da Real Aca<strong>de</strong>mia Sueca<br />

<strong>de</strong> Ciências)<br />

JA<br />

Da esquerda para a direita: Professor Richard F. Heck enquanto leccionava uma aula na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Delaware; Professor Ei-ichi Negishi a leccionar<br />

uma aula na universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Purdue após a atribuição <strong>dos</strong> prémios <strong>No</strong>bel 2010; Professor Akira Suzuki a leccionar uma aula<br />

na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Hokkaido em Outubro <strong>de</strong> 1979 (Fonte: "Photo Gallery", <strong>No</strong>belprize.org, 4 <strong>No</strong>v 2010)<br />

14 QUÍMICA 119


A MOLÉCULA GIGANTE DE LINUS PAULING TORNADA REALIDADE: O PRÉMIO NOBEL DA FÍSICA DE 2010<br />

Linus Pauling, químico americano lau-<br />

reado com os Prémios <strong>No</strong>bel da Quí-<br />

mica (1954) e da Paz (1962), <strong>de</strong>se-<br />

nhou na página 235 do seu livro The<br />

Nature of the Chemical Bond um único<br />

plano <strong>de</strong> grafite, chamando-lhe uma<br />

molécula gigante. O que muito prova-<br />

velmente não ocorreu a Pauling é que<br />

um dia seria possível ter entre mãos<br />

uma tal molécula. É precisamente por-<br />

que tal se tornou realida<strong>de</strong> que a Real<br />

Aca<strong>de</strong>mia Sueca das Ciências distin-<br />

guiu com o Prémio <strong>No</strong>bel da Física <strong>de</strong><br />

2010 um mundo bidimensional povoa-<br />

do apenas por hexágonos e em cujos<br />

vértices resi<strong>de</strong>m átomos <strong>de</strong> Carbono,<br />

isto é, um único plano <strong>de</strong> grafite.<br />

Os Laurea<strong>dos</strong> com o Prémio <strong>No</strong>bel<br />

da Física <strong>de</strong> 2010 são os Professores<br />

André Geim e Kostantin <strong>No</strong>voselov<br />

(ver Figura 1), da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Manchester, no Reino Unido. A cita-<br />

ção relativa à atribuição do prémio é:<br />

"For groundbreaking experiments re-<br />

garding the two-dimensional material<br />

graphene"<br />

O que é, então, o grafeno? Esta nova<br />

forma <strong>de</strong> Carbono puro consiste num<br />

único plano <strong>de</strong> grafite e, portanto, da<br />

espessura <strong>de</strong> um único átomo, como<br />

se ilustra na Figura 2.<br />

A distribuição electrónica do Carbono<br />

é [C] = 1s 2 2s 2 2p 2 . As orbitais atómi-<br />

cas 2s, 2p e 2p hibridizam entre si<br />

formando três orbitais planares sp 2 ,<br />

as quais fazem ângulos <strong>de</strong> 120° en-<br />

tre elas; as ligações covalentes que<br />

se estabelecem entre essas orbitais<br />

<strong>de</strong>terminam a estrutura hexagonal da<br />

re<strong>de</strong>. A hibridização entre as orbitais<br />

pz dá origem às bandas <strong>de</strong> valência<br />

e condução do grafeno, n e n*, on<strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong> ocorrer o transporte <strong>de</strong> carga.<br />

Esta molécula macroscópica, para<br />

usar os termos <strong>de</strong> Pauling, é na ver-<br />

da<strong>de</strong> o sólido mais fino que alguma<br />

vez a Natureza produzirá. Na verda-<br />

<strong>de</strong>, antes <strong>de</strong> Geim e <strong>No</strong>voselov terem,<br />

em 2004, isolado e medido um cristal<br />

<strong>de</strong> grafeno, os físicos não acredita-<br />

vam que um cristal a duas dimensões<br />

pu<strong>de</strong>sse existir. Felizmente, a Nature-<br />

za não pára <strong>de</strong> surpreen<strong>de</strong>r os seus<br />

mais sábios inquiridores.<br />

Figura 2 - Re<strong>de</strong> hexagonal do grafeno. Em<br />

cada vértice <strong>de</strong> um hexágono existe um átomo<br />

<strong>de</strong> Carbono. Do ponto <strong>de</strong> vista das translações<br />

que <strong>de</strong>ixam a re<strong>de</strong> invariante, os átomos <strong>de</strong><br />

Carbono etiqueta<strong>dos</strong> com as letras A e B não<br />

são equivalentes. Os electrões po<strong>de</strong>m mover-se<br />

<strong>de</strong> Carbono em Carbono, <strong>de</strong>ntro das orbitais<br />

n, com uma energia cinética <strong>de</strong> t = 2.7 eV. A<br />

distância entre dois átomos <strong>de</strong> Carbono vizinhos<br />

é ag=1.4 angstrom<br />

O método original <strong>de</strong> produção <strong>de</strong><br />

grafeno é tão simples que chega a<br />

parecer ingénuo (na verda<strong>de</strong> é en-<br />

genhoso). A grafite é um material que<br />

consiste no empilhamento <strong>de</strong> um nú-<br />

mero gigantesco <strong>de</strong>stes planos <strong>de</strong> he-<br />

xágonos, ou seja, <strong>de</strong> grafeno. A i<strong>de</strong>ia<br />

da equipa li<strong>de</strong>rada por André Geim foi<br />

a <strong>de</strong> conseguir remover <strong>de</strong> um cristal<br />

<strong>de</strong> grafite um único <strong>de</strong>sses planos.<br />

Como? Simplesmente usando fita-co-<br />

la para esfoliar a superfície da grafite.<br />

Após a esfoliação pressiona-se a fita-<br />

cola num vidro, com pedacinhos <strong>de</strong><br />

grafite a ela a<strong>de</strong>ri<strong>dos</strong>, <strong>de</strong>ixando no vi-<br />

dro resíduos <strong>de</strong> grafite, entre os quais<br />

se po<strong>de</strong>rá encontrar um único plano<br />

<strong>de</strong> grafeno. O gran<strong>de</strong> avanço do gru-<br />

po <strong>de</strong> Andre Geim foi <strong>de</strong>monstrar que<br />

é possível i<strong>de</strong>ntificar visualmente um<br />

<strong>de</strong>sse planos com um simples micros-<br />

cópio óptico.<br />

Vejamos, agora, os motivos que le-<br />

varam a Real Aca<strong>de</strong>mia Sueca das<br />

Ciências a distinguir com o Prémio<br />

<strong>No</strong>bel da Física <strong>de</strong> 2010 Andre Geim<br />

e Konstantin <strong>No</strong>voselov pelas suas in-<br />

vestigações em grafeno. Na parte do<br />

testamento <strong>de</strong> Alfred <strong>No</strong>bel que inte-<br />

ressa para este texto po<strong>de</strong> ler-se:<br />

" The whole of my remaining realizable<br />

estate shall be <strong>de</strong>alt with in the follow-<br />

ing way (...) distributed in the form of<br />

prizes to those who, during the pre-<br />

ceding year, shall have conferred the<br />

greatest benefit on mankind."<br />

Figura 1 - Da esquerda para a direita: Konstantin <strong>No</strong>voselov e Andre Geim no Laboratório <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> magneto-transporte<br />

a baixas temperaturas on<strong>de</strong> foi <strong>de</strong>scoberto o efeito <strong>de</strong> Hall quantificado no grafeno<br />

(As fotografias são cortesia <strong>de</strong> Andre Geim e Konstantin <strong>No</strong>voselov)<br />

QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 15


A pergunta ocorre com naturalida<strong>de</strong>:<br />

quais os benefícios que o grafeno<br />

trouxe, ou trará ainda, à humanida<strong>de</strong>?<br />

Hoje em dia, o significado da palavra<br />

"benefícios" é abrangente, pois inclui,<br />

quer aplicações práticas, quer avan-<br />

ços significativos no conhecimento,<br />

mesmo que estes não estejam di-<br />

rectamente liga<strong>dos</strong> a aplicações. Na<br />

verda<strong>de</strong>, este conceito mais lato está<br />

já presente no testamento <strong>de</strong> Alfred<br />

<strong>No</strong>bel: "...important discovery or in-<br />

vention...".<br />

<strong>No</strong> caso <strong>de</strong>ste novo material encon-<br />

tramos os dois mun<strong>dos</strong> reuni<strong>dos</strong>: o do<br />

avanço do conhecimento em áreas<br />

inexploradas da Natureza e o das apli-<br />

cações úteis para a vida das pessoas,<br />

<strong>de</strong>correntes das investigações funda-<br />

mentais. Do ponto <strong>de</strong> vista da Física<br />

fundamental o aspecto mais extraor-<br />

dinário é o facto <strong>de</strong> os electrões se<br />

comportarem no grafeno como se ti-<br />

vessem perdido toda a sua massa em<br />

repouso, ou seja, estão no chamado<br />

regime ultra-relativista.<br />

As aplicações utilitárias do grafeno<br />

são também inúmeras, algumas já em<br />

processo <strong>de</strong> fabrico industrial. A atri-<br />

buição do Prémio <strong>No</strong>bel, em tempo<br />

muito curto, cerca <strong>de</strong> 6 anos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

<strong>de</strong>scoberta do grafeno, a André Geim<br />

e Konstantin <strong>No</strong>voselov, premeia quer<br />

o avanço do conhecimento em física<br />

fundamental quer, como Alfred <strong>No</strong>bel<br />

<strong>de</strong>ixou escrito, o facto do material pro-<br />

meter muitas e variadas aplicações<br />

que beneficiarão a humanida<strong>de</strong>. As<br />

aplicações do grafeno resultam <strong>de</strong><br />

uma combinação única <strong>de</strong> proprieda-<br />

<strong>de</strong>s: (i) a geometria bi-dimensional, da<br />

espessura <strong>de</strong> um átomo; (ii) o carácter<br />

livre da estrutura, que não tem <strong>de</strong> es-<br />

tar confinada no interior <strong>de</strong> um dispo-<br />

sitivo sólido, o que permite a manipu-<br />

lação mecânica e química do material,<br />

<strong>de</strong> modo a realizar certas funções; (iii)<br />

e proprieda<strong>de</strong>s electrónicas, ópticas,<br />

térmicas e mecânicas, que mais ne-<br />

nhum material possui. Com esta com-<br />

binação <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s a imagina-<br />

ção parece ser o limite.<br />

Vejamos, agora, alguns exemplos das<br />

possíveis aplicações do grafeno: (i)<br />

novos painéis tácteis (touch-screens)<br />

para monitores <strong>de</strong> computadores e<br />

aparelhos <strong>de</strong> comunicação móvel.<br />

Como o grafeno é transparente e con-<br />

dutor torna-se claro que po<strong>de</strong> ser usa-<br />

do para produzir monitores que reque-<br />

rem eléctro<strong>dos</strong> transparentes; (ii) <strong>de</strong>-<br />

tectores <strong>de</strong> radiação <strong>de</strong> banda larga,<br />

já que a resposta óptica do grafeno é<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da frequência da radia-<br />

ção inci<strong>de</strong>nte numa gama que vai do<br />

infra-vermelho ao violeta; (iii) senso-<br />

res <strong>de</strong> pequenas quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cer-<br />

tos tipos <strong>de</strong> moléculas em ambientes<br />

fecha<strong>dos</strong> (úteis para ambientes labo-<br />

ratoriais <strong>de</strong> química e bioquímica). A<br />

condutivida<strong>de</strong> eléctrica do grafeno é<br />

muito sensível ao tipo <strong>de</strong> moléculas<br />

que se ligam à sua superfície, pelo<br />

que se po<strong>de</strong>rão conceber <strong>de</strong>tectores<br />

para espécies químicas específicas.<br />

Quando a superfície do grafeno é <strong>de</strong>-<br />

corada com ADN, este tipo <strong>de</strong> nariz à<br />

base <strong>de</strong> grafeno torna-se particular-<br />

mente sensível; (iv) <strong>de</strong>finição do pa-<br />

drão <strong>de</strong> resistência eléctrica usando<br />

o efeito <strong>de</strong> Hall quantificado. <strong>No</strong> gra-<br />

feno a quantificação da condutivida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Hall po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>terminada com<br />

uma precisão relativa superior a 10 -9 ;<br />

(v) sequenciação das bases do ADN,<br />

fazendo passar ca<strong>de</strong>ias simples <strong>de</strong>sta<br />

molécula por orifícios nanométricos<br />

produzi<strong>dos</strong> no grafeno por feixes <strong>de</strong><br />

electrões; (vi) medidor <strong>de</strong> massas<br />

muito pequenas, da or<strong>de</strong>m da <strong>de</strong> dois<br />

átomos <strong>de</strong> Ouro (zepto-gramas). A<br />

lista <strong>de</strong> possíveis aplicações po<strong>de</strong>ria<br />

continuar por mais várias linhas <strong>de</strong>ste<br />

texto.<br />

Finalmente, quem são André Geim e<br />

Kostantin <strong>No</strong>voselov? São físicos para<br />

os quais o gozo está na compreensão<br />

<strong>dos</strong> mistérios da Natureza, sendo ex-<br />

tremamente exigentes consigo mes-<br />

mos e com to<strong>dos</strong> aqueles com quem<br />

colaboram. Os autores <strong>de</strong>ste texto<br />

tiveram a oportunida<strong>de</strong> rara <strong>de</strong> traba-<br />

lhar com os Laurea<strong>dos</strong> com o prémio<br />

<strong>No</strong>bel da Física <strong>de</strong> 2010, em dois pro-<br />

blemas distintos: um ligado à física da<br />

bicamada <strong>de</strong> grafeno, um sistema em<br />

que em vez <strong>de</strong> uma única folha temos<br />

duas <strong>de</strong>las, uma por cima da outra,<br />

quimicamente ligadas entre si. Este<br />

sistema é particularmente interessan-<br />

te, pois permite o controlo externo da<br />

abertura <strong>de</strong> um hiato <strong>de</strong> energia no<br />

espectro electrónico por aplicação <strong>de</strong><br />

um campo eléctrico exterior. Um siste-<br />

ma <strong>de</strong>ste tipo não era conhecido antes<br />

da <strong>de</strong>scoberta do grafeno. O segundo<br />

problema, esteve ligado à transparên-<br />

cia do grafeno, tendo sido <strong>de</strong>monstra-<br />

do que esta é dada apenas por cons-<br />

tantes universais (1-na = 0.977, on<strong>de</strong><br />

a é a constante <strong>de</strong> estrutura fina que<br />

surge em física atómica). O número<br />

1-na significa que da totalida<strong>de</strong> da<br />

luz que inci<strong>de</strong> no grafeno 97.7% <strong>de</strong>sta<br />

passa através do material, daí ele ser<br />

uma membrana transparente, como<br />

se ilustra na Figura 3. Igualmente,<br />

não há mais nenhum sistema on<strong>de</strong> tal<br />

aconteça, isto é, em que a sua trans-<br />

mitância seja controlada apenas por<br />

constantes universais.<br />

Para além <strong>dos</strong> autores, há mais dois<br />

investigadores portugueses envolvi-<br />

<strong>dos</strong> na investigação teórica do grafe-<br />

no, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da sua <strong>de</strong>scoberta<br />

no final <strong>de</strong> 2004. São eles: Eduardo<br />

Vieira <strong>de</strong> Castro e Vítor Manuel Perei-<br />

ra. Ambos foram alunos <strong>de</strong> doutora-<br />

mento <strong>dos</strong> autores <strong>de</strong>ste texto e têm<br />

feito contribuições muito relevantes<br />

em física teórica nesta área.<br />

Figura 3 - Fotografia <strong>de</strong> um orifício <strong>de</strong> 50<br />

micrómetros <strong>de</strong> diâmetro parcialmente coberto<br />

por grafeno e iluminado por <strong>de</strong>trás com luz<br />

branca. São visíveis por contraste três zonas <strong>de</strong><br />

cinzentos. A primeira à esquerda correspon<strong>de</strong><br />

à zona em que o orifício não está coberto por<br />

grafeno; a do meio correspon<strong>de</strong> ao à presença<br />

<strong>de</strong> uma mono-camada <strong>de</strong> grafeno (97.7% da luz<br />

é transmitida); a zona da direita correspon<strong>de</strong> à<br />

cobertura por uma bicamada <strong>de</strong> grafeno (95.4%<br />

da luz é transmitida). (A fotografia é cortesia <strong>de</strong><br />

Andre Geim)<br />

BIBLIOGRAFIA<br />

K. S. <strong>No</strong>voselov, A. K. Geim, S. V. Morozov,<br />

D. Jiang, Y. Zhang, S. V. Dubonos, I. V. Gri-<br />

gorieva e A. A. Firsov, Electric Field Effect<br />

in Atomically Thin Carbon Films, Science<br />

666, 306 (2004).<br />

A. H. Castro Neto, F. Guinea e N. M. R.<br />

Peres, Drawing conclusions from gra-<br />

phene, Physics World 11, 33 (2006).<br />

A. K. Geim e K. S. <strong>No</strong>voselov, The rise of<br />

graphene, Nature Materials 6, 183 (2007).<br />

16 QUÍMICA 119


A. K. Geim e A. H. MacDonald, Graphene:<br />

Exploring carbon flatland, Physics Today<br />

60, 35 (2007)<br />

A. K. Geim e Philip Kim, Carbon won<strong>de</strong>r-<br />

land, Scientific American 298, 68 (2008).<br />

A. K. Geim, Graphene: Status and Pros-<br />

pects, Science 324, 1530 (2009).<br />

N. M. R. Peres, Graphene, new physics in<br />

two dimensions, Europhysics News 40, 17<br />

(2009).<br />

A. H. Castro Neto, F. Guinea, N. M. R.<br />

Peres K. S. <strong>No</strong>voselov and A. K. Geim, The<br />

electronic properties of graphene, Reviews<br />

of Mo<strong>de</strong>rn Physics 81, 109 (2009) .<br />

N. M. R. Peres, Colloquium: The transport<br />

properties of graphene: An introduction, Re-<br />

views of Mo<strong>de</strong>rn Physics 82, 2673 (2010).<br />

N. M. R. Peres<br />

ULRICH SCHUBERT ELEITO NOVO PRESIDENTE DA EUCHEMS<br />

Em Outubro<br />

<strong>de</strong> 2011,<br />

Ulrich Schu-<br />

bert irá suce-<br />

<strong>de</strong>r a Luis Oro<br />

como Presi-<br />

<strong>de</strong>nte da Eu-<br />

CheMS, após<br />

eleição pela<br />

Assembleia Geral da EuCheMS, reali-<br />

zada em Bled, Eslovénia.<br />

Ulrich Schubert serviu a comunida<strong>de</strong><br />

científica como Vice-Presi<strong>de</strong>nte da<br />

<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Austríaca <strong>de</strong> <strong>Química</strong> en-<br />

tre 1998 e 2000 e como Presi<strong>de</strong>nte<br />

entre 2000 e 2004. Durante este perí-<br />

odo iniciou a 1 a Semana Austríaca <strong>de</strong><br />

<strong>Química</strong>. É director da Organização<br />

<strong>No</strong>s dias 4 e 5 <strong>de</strong> <strong>No</strong>vembro <strong>de</strong> 2010,<br />

realizou-se, na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciên-<br />

cias da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa, a 1a<br />

Conferência Nacional <strong>de</strong> Metrologia,<br />

CONFMET 2010 com o tema adopta-<br />

do internacionalmente para o ano <strong>de</strong><br />

2010, Medições na Ciência e na Tec-<br />

nologia. O acontecimento foi patroci-<br />

nado pela SPMet, <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Portu-<br />

guesa <strong>de</strong> Metrologia, pela RELACRE,<br />

Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Laboratórios Acredita<strong>dos</strong>, e<br />

pela SPQ, <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Portuguesa</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Química</strong>, inserindo-se nos respectivos<br />

objectivos <strong>de</strong> promover a expansão<br />

do ensino, da investigação científica<br />

e da divulgação da Metrologia Física<br />

e <strong>Química</strong>, contribuindo para a cre-<br />

dibilização <strong>dos</strong> resulta<strong>dos</strong> das medi-<br />

ções. A Comissão Organizadora e a<br />

Comissão Científica contaram com<br />

membros da três instituições. Os tra-<br />

balhos <strong>de</strong>senrolaram-se em oito ses-<br />

sões com apresentações orais e em<br />

Nacional A<strong>de</strong>rente da IUPAC na Áus-<br />

tria. Integrou vários painéis <strong>de</strong> revisão<br />

e <strong>de</strong> avaliação da União Europeia,<br />

do Conselho Europeu <strong>de</strong> Investiga-<br />

ção, da re<strong>de</strong> ERA-Chemistry e <strong>de</strong> vá-<br />

rios países Europeus. É actualmente<br />

membro do Conselho Executivo do<br />

Fundo Austríaco da Ciência, do Sena-<br />

do da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Austríaca <strong>de</strong> Investi-<br />

gação Christian-Doppler e do comité<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão da Iniciativa Alemã para a<br />

Excelência.<br />

Ulrich Schubert é Professor <strong>de</strong> Quími-<br />

ca Inorgânica no Instituto <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />

<strong>dos</strong> <strong>Materiais</strong> da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tec-<br />

nologia <strong>de</strong> Viena. Os seus interesses<br />

<strong>de</strong> investigação centram-se nos mate-<br />

riais híbri<strong>dos</strong> inorgânicos-orgânicos,<br />

MEDIÇÕES NA CIÊNCIA E NA TECNOLOGIA<br />

poster, constando a sessão <strong>de</strong> abertu-<br />

ra <strong>dos</strong> cumprimentos <strong>de</strong> boas vindas<br />

aos participante segui<strong>dos</strong> da Lição<br />

"Ciência da Medição em <strong>Química</strong>".<br />

Enquanto a Metrologia Física é um<br />

tema já bastante consolidado no meio<br />

científico, a Metrologia <strong>Química</strong>, <strong>de</strong><br />

enorme expansão e importância num<br />

mundo actual on<strong>de</strong> os resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong><br />

medições químicas dominam a Eco-<br />

nomia e a <strong>Socieda<strong>de</strong></strong>, tem-se <strong>de</strong>sen-<br />

volvido enormemente ao longo das<br />

últimas décadas, o que justificou esta<br />

opção. Seguiram-se as sessões sobre<br />

Incertezas das Medições, Metrologia<br />

e Gestão, Medições na Ciência e na<br />

Tecnologia, que integrou um animado<br />

e importante <strong>de</strong>bate sobre Compara-<br />

bilida<strong>de</strong> das Medições em <strong>Química</strong>,<br />

Metrologia em <strong>Química</strong>, Posters, Ca-<br />

libração e Ensaio e, antes do encer-<br />

ramento, uma sessão <strong>de</strong> divulgação<br />

e <strong>de</strong>bate a cargo da IMEKO, Interna-<br />

Departamento <strong>de</strong> Física e CFUM, Universi-<br />

da<strong>de</strong> do Minho, P-4710-057 Braga<br />

J. M. B. Lopes <strong>dos</strong> Santos<br />

CFP e Departamento <strong>de</strong> Física e Astrono-<br />

mia, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências da Universida<strong>de</strong><br />

do Porto, P-4169-007, Porto<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a química <strong>dos</strong> precursores às<br />

aplicações. Possui também um forte<br />

background na química organometá-<br />

lica e do silício. Supervisionou cerca<br />

<strong>de</strong> 75 estudantes <strong>de</strong> doutoramento<br />

<strong>de</strong> 11 nacionalida<strong>de</strong>s diferentes e os<br />

resulta<strong>dos</strong> científicos do seu grupo<br />

estão documenta<strong>dos</strong> em mais <strong>de</strong> 450<br />

artigos, incluindo vários artigos <strong>de</strong> re-<br />

visão e alguns livros. É membro da<br />

Aca<strong>de</strong>mia Austríaca das Ciências e<br />

da Aca<strong>de</strong>mia Alemã Leopoldina.<br />

Para mais informações consultar:<br />

http://info.tuwien.ac.at/inorganic/staff/<br />

pers_schubert_e.php.<br />

(Fonte: EuCheMS)<br />

HG<br />

tional Measurement Confe<strong>de</strong>ration,<br />

cujas comissões técnicas englobam<br />

membros portugueses e que teve o<br />

seu congresso anual em Lisboa, em<br />

2009. A Sessão <strong>de</strong> Posters teve a<br />

originalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contar com uma pe-<br />

quena apresentação pelos autores,<br />

junto do trabalho respectivo, que enri-<br />

queceu a comunicação com os partici-<br />

pantes. Antes do encerramento foram<br />

anunciadas novas iniciativas para o<br />

futuro próximo, <strong>de</strong>signadamente para<br />

2011, ano rico em efeméri<strong>de</strong>s nacio-<br />

nais e internacionais, <strong>de</strong>signadamente<br />

em <strong>Química</strong>. Salienta-se a workshop<br />

"Desenvolvimentos Recentes em In-<br />

certeza das Medições" organizada pelo<br />

Grupo <strong>de</strong> Trabalho Eurachem/CITAC<br />

sobre Medição <strong>de</strong> Incerteza e Rastrea-<br />

bilida<strong>de</strong> que terá lugar em Lisboa <strong>de</strong> 6<br />

a 7 <strong>de</strong> Junho.<br />

QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 17<br />

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PRINCIPLES OF MOLECULAR PHOTOCHEMISTRY -<br />

NICHOLAS J. TURRO, V. RAMAMURTHY E J. C . SCAIANO<br />

University Science Books, Sausalito, CA, 2009.<br />

495 páginas * ISBN 978-1891389573<br />

Quando iniciei a minha carreira <strong>de</strong> in-<br />

vestigação em fotoquímica, há mais<br />

<strong>de</strong> quatro décadas, só havia dois li-<br />

vros recentes <strong>de</strong>dica<strong>dos</strong> à área, "Mo-<br />

lecular Photochemistry" <strong>de</strong> N. J. Turro,<br />

e "Photochemistry" por J. G. Calvert e<br />

J. N. Pitts. Os dois continuam a ser ex-<br />

celentes fontes <strong>de</strong> informação, mas, o<br />

livro mais pequeno, o <strong>de</strong> Nick Turro<br />

(aproximadamente 300 páginas), ti-<br />

nha a vantagem <strong>de</strong>, além <strong>de</strong> introduzir<br />

rapidamente um aprendiz como eu na<br />

área, induzir o gosto pela fotoquímica.<br />

O livro estava muito bem escrito e per-<br />

mitia dominar com alguma facilida<strong>de</strong><br />

os conceitos básicos. Começou a ser<br />

cada vez mais difícil encontrar o livro<br />

e, com o tempo, começaram também<br />

a faltar os novos <strong>de</strong>senvolvimentos,<br />

típicos <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong> crescimento<br />

rápido e que tiveram lugar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

sua publicação, em 1964. Em 1978,<br />

Turro publicou um livro bastante maior<br />

e mais abrangente, intitulado "Mo<strong>de</strong>rn<br />

Molecular Photochemistry", que foi<br />

consi<strong>de</strong>rado por um gran<strong>de</strong> número<br />

<strong>de</strong> químicos e físicos, como eu, o livro<br />

<strong>de</strong> referência na área.<br />

Três décadas <strong>de</strong>pois temos o há mui-<br />

to esperado "Principles of Molecular<br />

Photochemistry - An Introduction".<br />

Este novo livro tem por base as mes-<br />

mas i<strong>de</strong>ias <strong>dos</strong> seus antecessores,<br />

mas beneficia <strong>de</strong> um tratamento mais<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra, burrows@ci.uc.pt<br />

abrangente das bases espectroscó-<br />

picas e fotofísicas da fotoquímica e<br />

também da inclusão <strong>dos</strong> <strong>de</strong>senvolvi-<br />

mentos mais recentes da área, nome-<br />

adamente na parte teórica. Este novo<br />

livro beneficiou também da colabora-<br />

ção <strong>de</strong> dois co-autores, V. Ramamur-<br />

thy e J. C. (Tito) Scaiano, cientistas<br />

muito respeita<strong>dos</strong> <strong>de</strong>ntro e fora da co-<br />

munida<strong>de</strong> fotoquímica.<br />

A <strong>de</strong>scrição <strong>dos</strong> conceitos mais im-<br />

portantes <strong>de</strong> espectroscopia e fotofí-<br />

sica assenta numa base pictórica, em<br />

vez <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrições matemáticas <strong>de</strong>-<br />

talhadas, e, em sete capítulos, apre-<br />

senta aos estudantes as i<strong>de</strong>ias mais<br />

importantes da fotoquímica. A filosofia<br />

<strong>de</strong>scritiva do livro fundamenta a sua<br />

utilização como um "primer" <strong>de</strong> foto-<br />

química. O livro é relativamente gran-<br />

<strong>de</strong> (495 páginas), mas é fácil estudar<br />

cada secção separadamente.<br />

O livro começa com uma visão global<br />

da fotoquímica. A seguir apresenta os<br />

esta<strong>dos</strong> electrónicos e vibracionais e<br />

a importância do acoplamento <strong>de</strong> spin<br />

<strong>dos</strong> electrões. O tratamento <strong>de</strong> tópi-<br />

cos base como o princípio <strong>de</strong> Franck-<br />

Condon e o acoplamento spin-orbital<br />

é bastante elegante, conduzindo <strong>de</strong><br />

uma forma natural aos capítulos se-<br />

guintes sobre a transições radiativas<br />

e não-radiativas entre esta<strong>dos</strong> elec-<br />

trónicos. A apresentação conceptual<br />

é excelente para disciplinas <strong>de</strong> licen-<br />

LIVROS E MULTIMÉDIA<br />

AN INTRODUCTION<br />

HUGH BURROWS*<br />

Principles of Molecular Photochemistry<br />

An Introduction<br />

Nicholas J. Turro<br />

VRamamimhy<br />

J-C. Scaiano<br />

ciatura ou <strong>de</strong> pós-graduação em foto-<br />

química. Facilitará também a sua utili-<br />

zação por estudantes <strong>de</strong> áreas afins,<br />

como a fotobiologia ou as ciências<br />

<strong>dos</strong> materiais. A bibliografia <strong>de</strong>talhada<br />

facilitará ainda o acesso a tratamen-<br />

tos mais quantitativos <strong>dos</strong> processos<br />

espectroscópicos e fotofísicos.<br />

Na sequência surge um capítulo so-<br />

bre a teoria da fotoquímica orgânica.<br />

Dado o interesse <strong>dos</strong> três autores,<br />

não surpreen<strong>de</strong> que seja dada ênfa-<br />

se a sistemas orgânicos. <strong>No</strong> entan-<br />

to serve perfeitamente como ponto<br />

<strong>de</strong> partida para estu<strong>dos</strong> <strong>de</strong> sistemas<br />

inorgânicos e organometálicos, po-<br />

<strong>de</strong>ndo facilmente ser acompanhado<br />

por livros ou artigos <strong>de</strong> revisão <strong>de</strong>stas<br />

áreas. Na secção final, há discussão<br />

<strong>de</strong> vários aspectos <strong>dos</strong> processos <strong>de</strong><br />

transferência <strong>de</strong> energia e <strong>de</strong> electrão<br />

no estado excitado, incluindo muitos<br />

exemplos relevantes e recentes.<br />

O tratamento da fotoquímica orgânica<br />

é abrangente, a apresentação exce-<br />

lente e o preço acessível. Recomen-<br />

do vivamente este livro a estudantes,<br />

professores e investigadores <strong>de</strong> foto-<br />

química, e <strong>de</strong> áreas associadas. Para<br />

os que preten<strong>de</strong>m um tratamento mais<br />

profundo, tenho o prazer <strong>de</strong> recomen-<br />

dar o livro associado, o "Mo<strong>de</strong>rn Mole-<br />

cular Photochemistry of Organic Mole-<br />

cules" (ISBN 978-1891389252), pelos<br />

mesmos autores.<br />

QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 19


Segurança para uma vida<br />

Titulação Cromatografia iónica Medidores (pH, condutivida<strong>de</strong><br />

e concentração <strong>de</strong> iões)<br />

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com capacida<strong>de</strong> para assessorar e dar apoio em diversas aplicações, não só em novos projectos como também nos<br />

existentes.<br />

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NICHOLAS J. TURRO<br />

CO-AUTOR DO LIVRO "PRINCIPLES OF MOLECULAR<br />

PHOTOCHEMISTRY - AN INTRODUCTION<br />

ENTREVISTA CONDUZIDA POR JOSÉ PAULO DA SILVA*<br />

ENTREVISTA<br />

O Professor Nicholas J. Turro e o seu grupo estão no imaginário da maior parte <strong>dos</strong><br />

estudantes <strong>de</strong> Fotoquímica ou <strong>dos</strong> que simplesmente necessitaram <strong>dos</strong> fundamentos <strong>de</strong>sta<br />

área do conhecimento. Já praticamente to<strong>dos</strong> nós consultámos o seu famoso livro ou lemos<br />

algum artigo científico <strong>dos</strong> mais <strong>de</strong> novecentos e cinquenta publica<strong>dos</strong> até agora. É o resul-<br />

tado <strong>de</strong> uma vida <strong>de</strong> trabalho on<strong>de</strong> a paixão pelo ensino e pela investigação esteve sempre<br />

presente e continua como se fosse a primeira lição ou o primeiro projecto <strong>de</strong> investigação.<br />

JPS: Professor Turro, como começou<br />

a carreira em <strong>Química</strong>?<br />

NJT: Bem, o primeiro ciclo foi numa<br />

universida<strong>de</strong> 1 na minha terra natal,<br />

em Middletown, Connecticut, on<strong>de</strong><br />

trabalhei em <strong>Química</strong> Inorgânica; fiz<br />

estu<strong>dos</strong> <strong>de</strong> oxidação-redução do fer-<br />

roceno. Depois fui fazer o doutora-<br />

mento para o Caltech 2 , pensando que<br />

ia continuar em <strong>Química</strong> Inorgânica,<br />

mas nessa altura não havia lá ne-<br />

nhum químico inorgânico e acabei por<br />

trabalhar com George Hammond.<br />

"GOSTO DE TRABALHAR EM VÁRIAS<br />

IDEIAS AO MESMO TEMPO EM VEZ<br />

DE ME FOCAR APENAS NUM ASSUNTO."<br />

JPS: Porquê George Hammond?<br />

NJT: Nessa altura Hammond estava a<br />

trabalhar em <strong>Química</strong>-Física Orgânica<br />

e eu estava interessado em mecanis-<br />

mos. Eu não sabia nada <strong>de</strong> Fotoquí-<br />

mica, mas a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r o<br />

porquê e como as moléculas reagem<br />

era bastante atractivo para mim. Co-<br />

mecei a trabalhar e ele <strong>de</strong>u-me um<br />

projecto que, na realida<strong>de</strong>, nada tinha<br />

a ver com Fotoquímica. Era mais um<br />

projecto sobre mecanismos; era sobre<br />

* Universida<strong>de</strong> do Algarve, jpsilva@ualg.pt<br />

a <strong>de</strong>composição térmica do etilpiruva-<br />

to. Ele pensava que a reacção podia<br />

ocorrer a partir do estado tripleto, que<br />

nós agora conhecemos bem, mas que<br />

na altura não estava bem compreen-<br />

dido. Eu não sabia o que era o estado<br />

tripleto, mas ele pensava que a re-<br />

acção podia ser catalisada pela pre-<br />

sença <strong>de</strong> espécies paramagnéticas.<br />

Num sábado pedi a outro investigador<br />

alguns metais, catiões metálicos que<br />

ele entretanto estava a usar, e <strong>de</strong>sco-<br />

bri que não havia qualquer relação en-<br />

tre o paramagnetismo e a catálise; era<br />

um processo <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> elec-<br />

trão. Decidimos então tentar vários<br />

<strong>de</strong>stes materiais com a benzofenona<br />

como foto-sensibilizador e come-<br />

çámos a ver uma libertação <strong>de</strong> gás;<br />

estava a ser libertado dióxido <strong>de</strong> car-<br />

bono. Telefonámos a Hammond, ele<br />

veio e percebeu imediatamente o que<br />

se estava a passar: estava a ocorrer<br />

transferência <strong>de</strong> energia da benzofe-<br />

nona para o piruvato e era assim que<br />

tudo começava. Estas coisas aconte-<br />

cem... não estavam planeadas, mas o<br />

resultado foi fantástico.<br />

JPS: Mas podia ter escolhido outro<br />

grupo.<br />

NJT: Havia vários grupos. Um <strong>de</strong>-<br />

les era o <strong>de</strong> Jack Roberts, que fazia<br />

<strong>Química</strong> Orgânica mecanística. Mas<br />

eu pensei que era muito quantitati-<br />

vo. Hammond era mais exploratório.<br />

Hammond olhava para as coisas a um<br />

nível mais qualitativo, o que era bas-<br />

tante mais atractivo para mim. Gosto<br />

<strong>de</strong> trabalhar em várias i<strong>de</strong>ias ao mes-<br />

mo tempo em vez <strong>de</strong> me focar apenas<br />

num assunto. E com Hammond eu vi<br />

um conjunto <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s que<br />

se ramificavam em várias direcções.<br />

A partir da transferência <strong>de</strong> energia, foi<br />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong> arrancámos, pensámos, "va-<br />

mos fazer transferência <strong>de</strong> energia <strong>de</strong><br />

tudo!" Por isso fomos tentando várias<br />

coisas. Necessitávamos <strong>de</strong> uma boa<br />

técnica analítica e a técnica analítica<br />

na altura era a cromatografia gasosa.<br />

Tínhamos três ou quatro cromatógra-<br />

fos a trabalhar simultaneamente até<br />

se encontrar algo <strong>de</strong> interessante que<br />

era <strong>de</strong>pois seguido.<br />

JPS: Depois regressou à Costa Este<br />

e conseguiu uma posição na Universi-<br />

da<strong>de</strong> <strong>de</strong> Colúmbia.<br />

NJT: Antes disso houve um ano <strong>de</strong><br />

pós-doutoramento com Paul D. Bar-<br />

tlett em Harvard 3 . Hammond foi estu-<br />

dante <strong>de</strong> Bartlett... Como po<strong>de</strong>s ver,<br />

Bartlett, Hammond e eu, três gerações<br />

da <strong>Química</strong>-Física Orgânica. O meu<br />

chefe, Hammond, queria que eu fi-<br />

casse na Costa Oeste. Conseguiu-me<br />

mesmo criar condições para um em-<br />

QUÍMICA 1 1 9 - OUT/DEZ 10 2 1


prego na UCLA 4 , o que foi excelente,<br />

mas a Sandy 5 não queria ficar na Cos-<br />

ta Oeste. Descobri então que havia<br />

uma posição aberta na Universida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Columbia, fiz alguns telefonemas e<br />

fui convidado a fazer uma comunica-<br />

ção oral. O engraçado é que essa co-<br />

municação oral estava para ser dada<br />

por um cientista russo que, entretanto,<br />

não veio. Por isso, consegui a comu-<br />

nicação oral e também o emprego.<br />

Mais uma vez nada estava planeado.<br />

Simplesmente aconteceu.<br />

JPS: Qual foi o seu primeiro projecto<br />

<strong>de</strong> investigação na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Columbia?<br />

NJT: A primeira coisa que <strong>de</strong>cidi foi<br />

ficar afastado da Fotoquímica, pois<br />

po<strong>de</strong>ria ser acusado <strong>de</strong> estar a fazer<br />

coisas semelhantes às do meu orien-<br />

tador <strong>de</strong> doutoramento. Comecei com<br />

um projecto que consistia em produ-<br />

zir materiais <strong>de</strong> alta energia. Um <strong>dos</strong><br />

compostos era a ciclopropanona. Nin-<br />

guém a tinha sintetizado nessa altura,<br />

mas dizia-se que podia ser obtida por<br />

reacção entre o ceteno e o diazome-<br />

tano a baixa temperatura. Trabalhei<br />

com diazometano enquanto estudan-<br />

te. É uma coisa terrível. é venenoso,<br />

é um gás, é explosivo. e o ceteno é<br />

parecido. Mas. bom, temos que vi-<br />

ver com isso. Nunca tinha sido isola-<br />

da porque reage com a água, consigo<br />

própria. faz várias coisas. Por isso<br />

nessa altura pensei: vou tentar <strong>de</strong>ter-<br />

minar os intermediários <strong>de</strong> reacção<br />

por espectroscopia <strong>de</strong> infravermelho.<br />

Tive um estudante <strong>de</strong> doutoramento<br />

fabuloso nessa altura. O seu nome<br />

era Hammond, mas não havia qual-<br />

quer relação com George Hammond.<br />

O meu primeiro estudante <strong>de</strong> douto-<br />

ramento chamava-se Willis Hammond<br />

e era espectacular! Ele foi capaz <strong>de</strong><br />

isolar a ciclopropanona e fizemos vá-<br />

rias coisas a partir daí. Foi uma gran-<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta porque era um <strong>de</strong>safio<br />

<strong>de</strong> topo e consegui trabalhar os meca-<br />

nismos <strong>de</strong> várias maneiras. Há outra<br />

coisa interessante. George Hammond<br />

<strong>de</strong>cidiu, no final da década <strong>de</strong> sessen-<br />

ta, mudar-se para outra universida<strong>de</strong><br />

da qual se tornou reitor. O seu grupo<br />

começou a diminuir. <strong>No</strong> final da déca-<br />

da <strong>de</strong> sessenta e princípios <strong>de</strong> setenta<br />

já praticamente não fazia Fotoquímica<br />

e, por isso, a área caiu-me no labo-<br />

ratório. Isto permitiu-me fazer muito<br />

mais coisas em Fotoquímica do que<br />

estava à espera. Com o livro, escrito<br />

durante o meu pós-doc, enquanto es-<br />

tava com Bartlett, e com os trabalhos<br />

sobre a ciclopropanona consegui a<br />

minha posição permanente na Univer-<br />

sida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Columbia.<br />

FAMÍLIA E PROFISSIONALISMO<br />

JPS: Está a dirigir um grupo <strong>de</strong> inves-<br />

tigação há cerca <strong>de</strong> 50 anos. Já teve<br />

mais <strong>de</strong> 75 estudantes <strong>de</strong> doutora-<br />

mento e 200 pós-docs. É uma família<br />

<strong>de</strong> químicos espantosamente gran<strong>de</strong>.<br />

Quando eu penso no grupo do Profes-<br />

sor Turro lembro-me imediatamente<br />

<strong>de</strong> duas palavras: família e profissio-<br />

nalismo. Po<strong>de</strong> explicar estes dois con-<br />

ceitos na primeira pessoa?<br />

NJT: Família e profissionalismo. Há<br />

uma tensão aqui. Se por um lado há<br />

muita família, o profissionalismo po<strong>de</strong><br />

per<strong>de</strong>r-se; se fores muito profissional<br />

per<strong>de</strong>s a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tirar partido<br />

das relações familiares. É um equilí-<br />

brio muito <strong>de</strong>licado e, por vezes, não<br />

funciona. As minha relações com os<br />

alunos são familiares no sentido <strong>de</strong> se<br />

criar uma confiança e essa confiança<br />

nunca <strong>de</strong>ve ser violada. O profissiona-<br />

lismo, para mim, é uma consciência<br />

que diz o que está correcto. Diz quan-<br />

do estás a fazer as coisas correcta-<br />

mente. A combinação <strong>de</strong> ambos tem<br />

significado para os que gostam da<br />

situação familiar, e são estimula<strong>dos</strong><br />

a interagir, e do profissionalismo, que<br />

lhes diz como interagir. Quando as<br />

coisas não correm bem <strong>de</strong>vem inter-<br />

Profissionalismo<br />

rogar-se e perceber porque não cor-<br />

reram bem. Se os estudantes aprecia-<br />

rem isto, sabem que po<strong>de</strong>m lidar com<br />

qualquer situação, por mais difícil que<br />

seja porque têm uma base <strong>de</strong> entendi-<br />

mento e boa prática. Por isso, a mistu-<br />

ra é algo que <strong>de</strong>ve ser cultivado e não<br />

são <strong>de</strong> todo incompatíveis. Po<strong>de</strong>m<br />

mesmo reforçar-se mutuamente! Uma<br />

analogia é a relação universida<strong>de</strong>-<br />

empresa. A empresa, num <strong>dos</strong> extre-<br />

mos, só preten<strong>de</strong> ganhar dinheiro. A<br />

universida<strong>de</strong> preten<strong>de</strong> trocar i<strong>de</strong>ias. A<br />

empresa preten<strong>de</strong> proteger as i<strong>de</strong>ias<br />

e a universida<strong>de</strong> também necessita<br />

<strong>de</strong> dinheiro para funcionar. Para as<br />

tornar compatíveis necessitamos <strong>de</strong><br />

compreen<strong>de</strong>r ambos os la<strong>dos</strong>, conhe-<br />

cer quais os seus objectivos. Se não<br />

concordarem com o outro lado, sim-<br />

plesmente não se envolvem.<br />

ESTUDANTES<br />

JPS: Após to<strong>dos</strong> estes anos <strong>de</strong> in-<br />

vestigação e ensino, quais consi<strong>de</strong>ra<br />

serem as principais capacida<strong>de</strong>s que<br />

os estudantes <strong>de</strong>vem ter ou adquirir<br />

durante o doutoramento para serem<br />

bem sucedi<strong>dos</strong>?<br />

NJT: Há dois tipos <strong>de</strong> faculda<strong>de</strong>s.<br />

Uma é a técnica, que tem a ver com<br />

o uso <strong>de</strong> equipamento e da literatura.<br />

A segunda é uma aptidão cognitiva,<br />

como pensar, como compreen<strong>de</strong>r,<br />

como é que os processos integra<strong>dos</strong><br />

<strong>de</strong> família e profissionalismo ajudam<br />

a avançar. A expressão que costumo<br />

usar é "relações interpessoais". Esta<br />

aptidão <strong>de</strong>senvolve-se e vem das nos-<br />

22 QUÍMICA 119


sas reuniões <strong>de</strong> grupo e da interacção<br />

pessoa a pessoa. Não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>s-<br />

crita nos livros. A noção <strong>de</strong> como fazer<br />

investigação, como <strong>de</strong>cidir o que é im-<br />

portante, como trabalhar com os ou-<br />

tros e integrar tudo isto, é realmente<br />

importante. Os estudantes que fazem<br />

o doutoramento comigo, posso dizer,<br />

não são fotoquímicos, são cientistas.<br />

Por isso não me preocupo muito se<br />

eles não arranjarem um problema <strong>de</strong><br />

Fotoquímica. "Dê-me algo que me en-<br />

tusiasme, algo que eu consiga com-<br />

preen<strong>de</strong>r a razão e eu começo a par-<br />

tir daí". É o tipo <strong>de</strong> estudante que eu<br />

quero doutorar.<br />

JPS: É fácil arranjar emprego em Quí-<br />

mica nos Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>?<br />

NJT: Bem. Não é tão fácil como cos-<br />

tumava ser. Posso dizer que to<strong>dos</strong> os<br />

meus estudantes arranjaram empre-<br />

go. Qualquer estudante que trabalhe<br />

comigo a fazer investigação conse-<br />

guirá, eventualmente, um emprego <strong>de</strong><br />

que goste. Penso que uma das razões<br />

é que as pessoas que nós temos na<br />

universida<strong>de</strong> e no grupo são reconhe-<br />

cidas como vindo <strong>de</strong> uma família com<br />

provas dadas. Isto é a melhor evi-<br />

dência da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um candida-<br />

to. Posso conseguir entrevistas, mas<br />

convencer o empregador é com eles.<br />

JPS: Teve que gerir, durante to<strong>dos</strong><br />

estes anos, estudantes diferentes,<br />

pessoas <strong>de</strong> diferentes origens. Qual o<br />

segredo para manter todas estas pes-<br />

soas unidas?<br />

NJT: Numa palavra: Sandy! A Sandy<br />

está em primeiro lugar. Tem sido uma<br />

integradora formidável. Ocasional-<br />

mente, tive alguns problemas. Cometi<br />

um erro uma vez. Tive um pós-doc da<br />

Alemanha que ficou lado a lado com<br />

outro da Rússia. Não foi boa i<strong>de</strong>ia. Não<br />

percebi logo. Quando estava por perto<br />

eles pareciam calmos, mas <strong>de</strong>scobri<br />

mais tar<strong>de</strong> que discutiam bastante por<br />

motivos políticos. Separei-os e falei<br />

com eles individualmente. Provavel-<br />

mente, até foram beber uma cerveja<br />

juntos <strong>de</strong>pois disso. Isto remete-nos<br />

outra vez para o profissionalismo. Por<br />

outras palavras, tem que se mostrar<br />

que não há lugar na ciência para isto.<br />

A família e o profissionalismo resol-<br />

vem situações <strong>de</strong>stas completamente.<br />

Esta é uma atitu<strong>de</strong>. A outra é ser aco-<br />

lhedor. A Sandy é bastante acolhedora<br />

e eu tento ser tanto quanto possível.<br />

Um <strong>dos</strong> maiores problemas é quando<br />

alguém não compreen<strong>de</strong> uma cultura<br />

on<strong>de</strong> tudo pertence a to<strong>dos</strong>. Não é<br />

bom e o profissionalismo diz "Ei, le-<br />

vaste algo emprestado, ok, mas tens<br />

que <strong>de</strong>ixar uma nota, po<strong>de</strong>s ter levado<br />

algo muito importante para uma expe-<br />

riência." Isto tem que ser explicado.<br />

JPS: Gran<strong>de</strong> parte <strong>dos</strong> estudantes <strong>de</strong><br />

<strong>Química</strong> gosta <strong>de</strong> estar no laborató-<br />

rio a fazer experiências e não gosta<br />

muito <strong>de</strong> fazer pesquisa bibliográfica.<br />

Como gere este problema no seio do<br />

seu grupo?<br />

NJT: Resolvemos o problema recor-<br />

rendo ao conceito <strong>de</strong> família. Temos<br />

no grupo uma comissão para a bi-<br />

bliografia. Esta comissão está encar-<br />

regada <strong>de</strong> nos sensibilizar e manter<br />

actualiza<strong>dos</strong> sobre novos trabalhos.<br />

Fundamental aqui é a noção da eru-<br />

dição que tens em <strong>de</strong>terminada área<br />

(scholarship). Quando alguém expõe<br />

uma <strong>de</strong>terminada i<strong>de</strong>ia, eu pergunto:<br />

O que há publicado sobre isso? As<br />

pessoas agora não aparecem sem<br />

estar preparadas! O passo a seguir<br />

é tornar efectiva e fácil a pesquisa bi-<br />

bliográfica. Po<strong>de</strong>s ir à minha página<br />

<strong>de</strong> internet. Escolhe "Info" e <strong>de</strong>pois<br />

"favourite e-journals". Vais encontrar<br />

vários motores <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong> lite-<br />

ratura. Clica em "iBookshelf" e selec-<br />

ciona por exemplo Accounts of Che-<br />

mical Research ou vai para a secção<br />

<strong>de</strong> livros... Ao escolher qualquer um<br />

<strong>de</strong>stes items, o sistema direcciona-te<br />

para a biblioteca da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Colúmbia. O que pretendo mostrar<br />

aqui é que os estudantes têm dispo-<br />

Reunião do Grupo<br />

nível esta ferramenta para pesquisar.<br />

A literatura é um recurso tremendo.<br />

Uma vez motiva<strong>dos</strong> para a pesquisa<br />

bibliográfica, a verificação <strong>de</strong> que é<br />

fácil e o estímulo intelectual associa-<br />

do fazem com que o processo tenha<br />

lugar naturalmente.<br />

O LIVRO DE FOTOQUÍMICA<br />

JPS: Veio para a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Co-<br />

lúmbia em 1964 e publicou a primeira<br />

edição do livro nesse mesmo ano.<br />

NJT: Quando escrevi o livro eu que-<br />

ria um lugar on<strong>de</strong> pu<strong>de</strong>sse encontrar<br />

tudo sobre Fotoquímica. Estava a dar<br />

um curso <strong>de</strong> Fotoquímica, juntei refe-<br />

rências e resolvi escrever o livro. Pen-<br />

sei. estas são as minhas notas, pos-<br />

so transformá-las em livro. Quando o<br />

escrevi estava convencido que sabia<br />

todas as reacções fotoquímicas pu-<br />

blicadas; e levava isso muito a sério.<br />

Em 1978, eu sabia que não era exac-<br />

tamente verda<strong>de</strong> e nos anos noventa<br />

era impossível. Em 1964 era verda<strong>de</strong><br />

que eu possuía um cartão para cada<br />

reacção fotoquímica publicada.<br />

acreditas? Era simplesmente a com-<br />

binação do conhecimento com a pe-<br />

quenez do mundo nessa altura. Mas<br />

havia outros grupos a fazer o mesmo.<br />

Se fores ver na literatura, encontrarás<br />

excelentes livros <strong>de</strong>ssa altura. Eu ti-<br />

nha seis livros na minha prateleira en-<br />

quanto estudante <strong>de</strong> doutoramento e<br />

isso era o mundo. Um livro <strong>de</strong> sínte-<br />

se, um livro <strong>de</strong> mecanismos, um livro<br />

<strong>de</strong> Espectroscopia. era <strong>de</strong> facto um<br />

mundo pequeno!<br />

JPS: A segunda edição do livro foi em<br />

1978 e agora temos a terceira edição<br />

QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 23


(2009-2010). Há um gran<strong>de</strong> intervalo<br />

<strong>de</strong> tempo entre a segunda e a tercei-<br />

ra edição. Porquê? Consi<strong>de</strong>ra que os<br />

paradigmas principais da Fotoquímica<br />

não mudaram muito?<br />

NJT: Penso que foi uma combinação<br />

<strong>de</strong> factores. Primeiro, <strong>de</strong> facto os pa-<br />

radigmas não mudaram muito. Penso<br />

que a transferência <strong>de</strong> electrão foi um<br />

<strong>dos</strong> que, entretanto, se <strong>de</strong>senvolveu<br />

durante esse tempo. À medida que<br />

comecei a escrever, verifiquei que<br />

se estava a transformar numa bola<br />

<strong>de</strong> neve e a afastar-se <strong>de</strong> mim. Por<br />

isso, nos anos noventa <strong>de</strong>cidi que ne-<br />

cessitava <strong>de</strong> ajuda. Falei então com<br />

Ramamurthy e Scaiano. Isso foi em<br />

1992-93. Começámos a trabalhar e<br />

<strong>de</strong>pois havia sempre qualquer coisa,<br />

alguém ficava doente, alguma coisa<br />

acontecia. Finalmente, há cerca <strong>de</strong><br />

quatro anos, pensei: É agora! Vou to-<br />

mar conta do assunto e vou acabar <strong>de</strong><br />

o escrever. Desbravámos o nosso ca-<br />

minho para ter algo cá fora. Não é que<br />

não quiséssemos. Foi bastante difícil.<br />

Tínhamos partes do livro, mas juntá-<br />

las foi bastante difícil!<br />

JPS: Porquê dois volumes? Preten<strong>de</strong>,<br />

com o primeiro volume, alcançar leito-<br />

res que não sejam químicos?<br />

NJT: Exactamente. Quando começá-<br />

mos a olhar para todo o material reco-<br />

lhido verificámos que iria ser excessivo<br />

para um só livro. Então pensámos: os<br />

sete primeiros capítulos serão ape-<br />

lativos para leitores <strong>de</strong> outras áreas.<br />

Vamos publicar esta parte primeiro. E<br />

publicámos (2009). Adicionámos um<br />

capítulo sobre transferência <strong>de</strong> elec-<br />

trão e transferência <strong>de</strong> energia que é<br />

novo. Não tem muitas reacções quími-<br />

cas, mas é uma mais-valia. Com o livro<br />

novo temos mecanismos, síntese, quí-<br />

mica supramolecular, etc. O capítulo<br />

da química supramolecular não estava<br />

na versão original, mas eu e Murthy<br />

compreen<strong>de</strong>mos que seria importante.<br />

JPS: Além do capítulo sobre química<br />

supramolecular, quais são as novida-<br />

<strong>de</strong>s introduzidas nesta nova edição?<br />

NJT: A primeira é o spin, que em 1978<br />

estava a ser lançado como conceito.<br />

O spin está agora incluído. Não havia<br />

praticamente nada em transferência<br />

<strong>de</strong> electrão, a teoria <strong>de</strong> Marcus ainda<br />

não estava cá fora. Decidimos inte-<br />

grá-la com a transferência <strong>de</strong> energia.<br />

Também mudámos a filosofia das re-<br />

acções no segundo volume. Em vez<br />

<strong>de</strong> uma base mecanística, <strong>de</strong>cidimos<br />

fazê-lo em termos <strong>de</strong> grupos funcio-<br />

nais. Depois <strong>de</strong> acabarmos, disse-<br />

mos: Temos que fazer um capítulo em<br />

<strong>Química</strong>/Fotoquímica Supramolecu-<br />

lar. Tivemos várias conversas. Foi di-<br />

vertido porque estávamos a criar algo.<br />

Não sabíamos exactamente por on<strong>de</strong><br />

ir. Estou bastante orgulhoso da inte-<br />

gração e da colaboração com Tito.<br />

Foi uma gran<strong>de</strong>, gran<strong>de</strong> colaboração.<br />

UMA MANEIRA TOPOLÓGICA<br />

DE ENSINAR QUÍMICA 6<br />

JPS: Nas suas aulas recorre a muitos<br />

esquemas e cartoons para explicar<br />

vários conceitos; raramente recorre a<br />

equações. Porquê?<br />

NJT: Faz parte da minha experiência<br />

como educador. Se olharmos para o<br />

ensino universitário verificamos que<br />

nem to<strong>dos</strong> os estudantes têm a mes-<br />

ma predisposição para assimilar os<br />

assuntos. Alguns são mais visuais,<br />

outros mais concretos, outros mais<br />

abstractos. Há no entanto um ní-<br />

vel comum <strong>de</strong> compreensão visual<br />

que vem do processo evolutivo. Num<br />

mundo tridimensional, o cérebro com-<br />

preen<strong>de</strong> bem relações espaciais. O<br />

método matemático para as relações<br />

espaciais é a geometria. Um método<br />

mais fundamental é a teoria <strong>dos</strong> gra-<br />

fos. Nós compreen<strong>de</strong>mos bem liga-<br />

ções, compreen<strong>de</strong>mos que algo impli-<br />

ca outra coisa. Partindo <strong>de</strong>stas i<strong>de</strong>ias<br />

po<strong>de</strong>s tornar um assunto atractivo<br />

sem qualquer matemática formal. Eu<br />

<strong>de</strong>senho um gráfico e tu tens a sen-<br />

sação <strong>de</strong> algo, mesmo que não sai-<br />

bas on<strong>de</strong> está o referencial. É uma<br />

linha recta, é uma curva, é uma figura,<br />

é uma forma. Isto vem da teoria da<br />

educação. Um cartoon tem elemen-<br />

tos básicos correctos e po<strong>de</strong> sempre<br />

ser traduzido em matemática. Se co-<br />

meçares com a matemática errada,<br />

nunca vais obter a forma correcta. É<br />

muito importante obter a forma topolo-<br />

gicamente correcta e <strong>de</strong>pois acabar o<br />

processo com matemática.<br />

INVESTIGAÇÃO E RECURSOS<br />

JPS: Sei que esteve em Portugal no<br />

XI IUPAC International Symposium on<br />

Photochemistry. Sabia que o próximo<br />

vai ter lugar outra vez em Portugal?<br />

NJT: Não, não sabia. Quando é? Da-<br />

qui a dois anos?<br />

JPS: Sim, em 2012.<br />

NJT: Excelente! Talvez vá.<br />

em Lisboa ou on<strong>de</strong>?<br />

vai ser<br />

JPS: Vai ser em Coimbra, uma cida<strong>de</strong><br />

no centro <strong>de</strong> Portugal.<br />

NJT: Ok. Lembro-me do XI Encontro<br />

bastante bem. Nessa altura, estáva-<br />

mos a entrar nos zeólitos e na Quími-<br />

ca Supramolecular.<br />

JPS: Acerca da Fotoquímica em Por-<br />

tugal, qual a sua i<strong>de</strong>ia?<br />

NJT: Bem, está a <strong>de</strong>correr trabalho<br />

em superfícies, em <strong>Química</strong> Supra-<br />

molecular. Tenho seguido a inves-<br />

tigação ao longo <strong>dos</strong> anos e tem-se<br />

<strong>de</strong>senvolvido trabalho que tenho lido<br />

e apreciado. Penso que, para um país<br />

on<strong>de</strong> os recursos são limita<strong>dos</strong>, nos<br />

<strong>de</strong>vemos focar no que pensamos fa-<br />

zer melhor. Tu e os teus colegas têm<br />

<strong>de</strong>senvolvido um bom trabalho. Penso<br />

que a chave será compreen<strong>de</strong>r as limi-<br />

tações, juntar os conceitos <strong>de</strong> família<br />

e profissionalismo para melhorar <strong>de</strong>n-<br />

tro <strong>de</strong>ssas limitações e fazer mais do<br />

que outros estariam à espera. A situa-<br />

ção é semelhante em Itália. Eles têm<br />

condições difíceis e têm <strong>de</strong>senvolvido<br />

ciência <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> nas áreas do<br />

spin, da ressonância magnética. As<br />

circunstâncias são difíceis mas a ciên-<br />

cia é excelente.<br />

FOTOQUÍMICA, UMA CIÊNCIA MADURA<br />

JPS: Quais as características que jul-<br />

ga mais importantes num projecto <strong>de</strong><br />

investigação?<br />

NJT: Primeiro que tudo <strong>de</strong>vem ser<br />

boas i<strong>de</strong>ias, compreen<strong>de</strong>r o que é im-<br />

portante e começar para ganhar visi-<br />

bilida<strong>de</strong> e arranjar financiamento. Se-<br />

gundo, é ter técnicas novas. Mas, mais<br />

importante do que ter técnicas novas,<br />

é utilizar todas as técnicas disponíveis<br />

e aplicá-las <strong>de</strong> um modo novo, diferen-<br />

te. Há pessoas que inventam méto<strong>dos</strong><br />

e há pessoas que utilizam os méto<strong>dos</strong><br />

disponíveis <strong>de</strong> modo diferente. Ambas<br />

24 QUÍMICA 119


são importantes. Se fores ver como a<br />

ciência evoluiu, verás que os gran<strong>de</strong>s<br />

avanços foram sempre resultado do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> técnicas que per-<br />

mitiram medir algo que era uma i<strong>de</strong>ia<br />

que não podia ser testada até então.<br />

Há vinte anos atrás, praticamente tudo<br />

acerca <strong>de</strong> química <strong>de</strong> superfícies não<br />

era consi<strong>de</strong>rado gran<strong>de</strong> ciência por-<br />

que não havia méto<strong>dos</strong> disponíveis.<br />

Não tínhamos a AFM 7 , não tínhamos<br />

a STM 8 . To<strong>dos</strong> estes méto<strong>dos</strong> que<br />

agora permitem ver as superfícies<br />

não estavam disponíveis. Os cientis-<br />

tas sempre foram algo conservadores<br />

e dizem que não <strong>de</strong>ves promover uma<br />

i<strong>de</strong>ia que não po<strong>de</strong>s testar. E por isso,<br />

muitas <strong>de</strong>stas i<strong>de</strong>ias sobre superfí-<br />

cies. não havia meio <strong>de</strong> as testar<br />

directamente. Assim que aparece um<br />

modo directo, a área explo<strong>de</strong>. Tens na<br />

tua universida<strong>de</strong> um <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong><br />

<strong>Química</strong> Analítica?<br />

JPS: Temos laboratórios <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />

Analítica, mas não temos um <strong>de</strong>parta-<br />

mento <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Analítica.<br />

NJT: Mas chamaste-lhe <strong>Química</strong> Ana-<br />

lítica. Agora, o que acho que aconte-<br />

ceu à <strong>Química</strong> Analítica foi que se ge-<br />

neralizou e <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser uma área <strong>de</strong><br />

investigação. Alguém que faça RMN<br />

trabalha em <strong>Química</strong> Analítica, alguém<br />

a traçar espectros <strong>de</strong> utravioleta-visível<br />

faz <strong>Química</strong> Analítica. Actualmente,<br />

consi<strong>de</strong>ro que todas estas técnicas se<br />

vulgarizaram. A Fotoquímica está-se a<br />

tornar igual. Há trinta anos atrás um fo-<br />

toquímico sabia fazer certo tipo <strong>de</strong> coi-<br />

sas como por exemplo fluorescência,<br />

medição <strong>de</strong> rendimentos quânticos.<br />

Agora a fluorescência e a Fotoquímica<br />

misturaram-se e entraram na Ciência<br />

<strong>dos</strong> <strong>Materiais</strong>, na Bioquímica. Quan-<br />

do uma área do conhecimento atinge<br />

um <strong>de</strong>terminado ponto <strong>de</strong> maturação<br />

as coisas novas começam a diminuir<br />

porque se atingiu um ponto <strong>de</strong> satura-<br />

ção. Assim, e <strong>de</strong> algum modo, o futuro<br />

da Fotoquímica é continuar a difundir-<br />

se e a ser utilizada em diferentes sis-<br />

temas e áreas. Por um lado, as coisas<br />

realmente novas virão da utilização<br />

<strong>de</strong> técnicas também novas. Os lasers<br />

tornar-se-ão cada vez mais importan-<br />

tes, equipamento sobre o spin, sobre<br />

vibrações, processos que não ocorrem<br />

apenas com um fotão. Esta será uma<br />

área <strong>de</strong> investigação nova, mas infeliz-<br />

mente cara.<br />

O que toda a gente quer fazer em ci-<br />

ência é coisas novas e baratas. É aqui<br />

que aparece a <strong>Química</strong> Supramole-<br />

cular! Po<strong>de</strong>mos tomar cada reacção<br />

fotoquímica estudada na década <strong>de</strong><br />

sessenta e setenta e fazer centenas<br />

<strong>de</strong> coisas, algumas <strong>de</strong>las mudando<br />

apenas o ambiente. Ir das micelas<br />

aos zeólitos. uma reacção fotoquí-<br />

mica po<strong>de</strong> agora ser estudada duran-<br />

te uma vida. E é barato, não é? Quí-<br />

mica Supramolecular mais algo, mais<br />

microondas, mais seja o que for. As<br />

pessoas vão começar a juntar as coi-<br />

sas. Quando se excita uma molécula<br />

ela vai para uma superfície e, <strong>de</strong>s-<br />

sa superfície, se olhares para baixo,<br />

vês várias estruturas. Se controlares<br />

o modo <strong>de</strong> ires para baixo po<strong>de</strong>s ter<br />

produtos diferentes. o produto que<br />

te interessa.<br />

"OS NOVOS PARADIGMAS SERÃO<br />

TODOS OS PARADIGMAS JUNTOS DE<br />

MODOS DIFERENTES."<br />

JPS: Está, neste momento, muito in-<br />

teressado no C60. Quais serão os prin-<br />

cipais paradigmas <strong>de</strong> investigação no<br />

seu laboratório?<br />

NJT: Sim, H2 <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> C60 em parti-<br />

cular, moléculas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> fulerenos,<br />

água... Os novos paradigmas serão<br />

to<strong>dos</strong> os paradigmas juntos <strong>de</strong> mo-<br />

<strong>dos</strong> diferentes. Por exemplo o spin,<br />

a química do spin. Partir <strong>de</strong> H2 e C60<br />

e usar o spin. Como fazer isto? Ba-<br />

sicamente o H2 tem dois isómeros <strong>de</strong><br />

spin nuclear, um singuleto e um triple-<br />

to (hidrogénios orto e para). Falámos<br />

<strong>de</strong> singuletos, tripletos e cruzamento<br />

intersistemas para electrões durante<br />

anos. Nunca falámos para núcleos<br />

porque há apenas alguns casos em<br />

que po<strong>de</strong>mos fazer alguma coisa.<br />

Po<strong>de</strong>mos fazer isso com o H2 e po<strong>de</strong>-<br />

mos interconverter os dois isómeros.<br />

Outra questão é: O que po<strong>de</strong>mos fa-<br />

zer com isto? A resposta é que esta in-<br />

terconversão gera um aumento gigan-<br />

tesco no sinal <strong>de</strong> ressonância mag-<br />

nética, o que é excelente. Uma vez<br />

que o C60 tem sido utilizado em muitas<br />

aplicações em medicina, po<strong>de</strong>s ima-<br />

ginar utilizar esse sinal em aplicações<br />

médicas como MRI 9 . Estamos a falar<br />

<strong>de</strong> algo que é conhecido para o H2 há<br />

mais <strong>de</strong> oitenta anos!! Se colocares o<br />

H2 <strong>de</strong>ntro do C60, consegues retê-lo.<br />

Po<strong>de</strong>s caminhar com ele, transportá-<br />

-lo no bolso; posso enviá-lo para ti e tu<br />

po<strong>de</strong>s enviá-lo para qualquer parte do<br />

mundo. Ainda é H2 na forma gasosa<br />

no que ao H2 diz respeito. Depois, se<br />

introduzirmos fotões, excitamos o C60<br />

e conseguimos excitação vibracional<br />

do H2. E po<strong>de</strong>mos fazer isso <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

uma célula ou noutro lado. po<strong>de</strong>mos<br />

começar a olhar para várias coisas<br />

que ninguém ainda viu. É o futuro <strong>de</strong><br />

uma molécula muito simples <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> uma molécula engraçada, o C60.<br />

Funciona bem para o H2, mas o H2<br />

não é muito popular. Uma molécula<br />

mais interessante é a água, que tem<br />

as mesmas proprieda<strong>de</strong>s que o H2. Ou<br />

seja, há duas águas, uma singuleto e<br />

outra tripleto (spin nuclear). O singule-<br />

to não apresenta sinal <strong>de</strong> RMN. Ima-<br />

gina preparar água apenas no estado<br />

singuleto. Não tem sinal <strong>de</strong> RMN. Po-<br />

<strong>de</strong>s achar engraçado, mas os físicos<br />

já fizeram isto para o H2. Prepararam<br />

H2 na forma para e utilizaram-no como<br />

matriz para fazer RMN. Depois adicio-<br />

naram moléculas que tinham sinal <strong>de</strong><br />

RMN. Agora a questão é como fazer<br />

isto com a água. É nisso que estamos<br />

a trabalhar agora. Estamos a tentar<br />

perceber como preparar água pura no<br />

estado singuleto e no estado tripleto.<br />

Será que vamos obter polarização?<br />

Será que vamos conseguir fazer o<br />

mesmo que fizemos para o H2? Co-<br />

locá-la <strong>de</strong>ntro do C60 não po<strong>de</strong>mos...<br />

não cabe. mas num C60 aberto entra!<br />

Isto é <strong>Química</strong> Supramolecular, Foto-<br />

química, química <strong>de</strong> spin. é uma<br />

combinação!! Qualquer uma <strong>de</strong>las é a<br />

mesma, era conhecida. A proeza está<br />

na combinação!<br />

JPS: O que vê no horizonte para apli-<br />

cações comerciais da Fotoquímica?<br />

NJT: É pouco provável que venha a<br />

ser comercial do ponto <strong>de</strong> vista da pro-<br />

dução <strong>de</strong> produtos por causa do custo<br />

da luz. Tão simples quanto isto. Se for<br />

possível com a luz natural consegues.<br />

Se estimares o custo da produção <strong>de</strong><br />

fotões verás que é caro. Depois temos<br />

as lâmpadas, que são caras <strong>de</strong> man-<br />

ter e limpar. Mas a Fotoquímica para<br />

aplicações biológicas ou outras on<strong>de</strong><br />

o custo já não é problema, tem possi-<br />

bilida<strong>de</strong>s tremendas. Polimerizações<br />

on<strong>de</strong> um só fotão po<strong>de</strong> induzir cente-<br />

nas <strong>de</strong> eventos. Fazer coisas espe-<br />

cíficas, on<strong>de</strong> a precisão é importante,<br />

como a fotolitografia. Para melhorias<br />

QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 25


<strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong> em <strong>de</strong>termina<strong>dos</strong><br />

processos, a Fotoquímica po<strong>de</strong> ter<br />

um papel fundamental. Existem ain-<br />

da <strong>de</strong>terminadas áreas, estou a falar<br />

do futuro, que têm bastante potencial.<br />

Em <strong>de</strong>terminadas aplicações médi-<br />

cas é necessário penetrar no corpo<br />

humano. Para o fazer necessitas <strong>de</strong><br />

radiação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong><br />

onda. Parte das microondas atraves-<br />

sam-te, as do infravermelho também<br />

um pouco e as do visível e ultravioleta<br />

praticamente não. A utilização <strong>de</strong> dois<br />

fotões no vermelho para produzir um<br />

fotão no azul é uma i<strong>de</strong>ia que, quando<br />

se conseguir manipular o processo, é<br />

muito po<strong>de</strong>rosa, tanto do ponto <strong>de</strong> vis-<br />

ta da Fotoquímica como <strong>dos</strong> sistemas<br />

biológicos.<br />

JPS: Foi realmente bom ouvi-lo falar<br />

sobre ciência e ensino com tanto pra-<br />

zer e paixão. Obrigado.<br />

NJT: Obrigado. Eu também gostei.<br />

NOTAS<br />

1 Wesleyan University<br />

2 California Institute of Technology<br />

3 Harvard University<br />

4 University of California, Los Angeles<br />

5 Sandy Turro, esposa do Professor<br />

Nicholas J. Turro<br />

6 N. J. Turro, Geometric and Topologi-<br />

cal Thinking in Organic Chemistry, An-<br />

gewandte Chemie, 25 (1986) 882<br />

7 Atomic Force Microscopy<br />

8 Scanning Tunneling Microscopy<br />

9 Magnetic Resonance Imaging<br />

NOTA BIOGRÁFICA DO PROFESSOR<br />

NICHOLAS J. TURRO<br />

Nicholas Turro nasceu em Middle-<br />

town, Connecticut, em 1938. Foi para<br />

a universida<strong>de</strong> da sua terra natal, a<br />

Wesleyan University, e obteve o grau<br />

<strong>de</strong> Bacharel summa cum lau<strong>de</strong> em<br />

VOL a www.spq.pt<br />

1960. O Doutoramento levou-o à Cos-<br />

ta Oeste on<strong>de</strong> se juntou ao grupo <strong>de</strong><br />

George S. Hammond no Caltech. Che-<br />

gou na altura em que os fundamentos<br />

da Fotoquímica Orgânica mecanística<br />

estavam a ser <strong>de</strong>fini<strong>dos</strong> por este gru-<br />

po. Obteve o grau <strong>de</strong> Doutor em 1963<br />

e regressou à Costa Este para <strong>de</strong>sen-<br />

volver trabalho <strong>de</strong> pós-doutoramento<br />

com Paul D. Bartlett na Universida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Harvard. A sua carreira in<strong>de</strong>pen-<br />

<strong>de</strong>nte começou quando se tornou Ins-<br />

trutor na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Colúmbia<br />

em 1964. Rapidamente passou para<br />

Professor Assistente (1965), Professor<br />

Associado (1967) até chegar a Profes-<br />

sor Titular em 1969. Quarenta e seis<br />

anos <strong>de</strong>pois ainda dá aulas na Univer-<br />

sida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Colúmbia e é agora o Wm.<br />

P. Schweitzer Professor of Chemistry.<br />

A sua produtivida<strong>de</strong> científica está<br />

bem patenteada nas mais <strong>de</strong> nove-<br />

centas publicações científicas. É au-<br />

tor <strong>de</strong> um <strong>dos</strong> mais influentes livros<br />

<strong>de</strong> Fotoquímica Orgânica, que publi-<br />

cou pela primeira vez em 1964 como<br />

Molecular Photochemistry, tendo evo-<br />

luído posteriormente para Mo<strong>de</strong>rn<br />

Molecular Photochemistry em 1978.<br />

<strong>No</strong> ano passado foi editada uma nova<br />

edição intitulada Mo<strong>de</strong>rn Molecular<br />

Photochemistry of Organic Molecules,<br />

em co-autoria com V. Ramamurthy e<br />

J. C. Scaiano.<br />

Entre os muitos prémios e distin-<br />

ções estão a Medalha Porter (1994),<br />

a Medalha Willard Gibbs (2000), o<br />

Prémio Pimentel da Educação em<br />

<strong>Química</strong> (2004), o Prémio Foerster<br />

em Fotoquímica (2005), a Medalha<br />

Nicholas (2006) e o Prémio Arthur C.<br />

Cope Award (2011). É membro elei-<br />

to da Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Ciências Naturais<br />

(1981) e da Aca<strong>de</strong>mia Americana <strong>de</strong><br />

Artes & Ciências (1981), duas das<br />

mais prestigiadas aca<strong>de</strong>mias <strong>dos</strong> Es-<br />

ta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>.<br />

Torne-se Sócio da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Portuguesa</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong> e beneficie <strong>de</strong>:<br />

- Pertencer a uma comunida<strong>de</strong> científica dinâmica;<br />

- Receber o boletim "QUÍMICA";<br />

- Descontos nos Encontros promovi<strong>dos</strong> pela SPQ;<br />

- Descontos nas publicações da SPQ;<br />

- Protocolos assina<strong>dos</strong> entre a SPQ e outras entida<strong>de</strong>s;<br />

- Participar na promoção da <strong>Química</strong>;<br />

- Apoiar uma <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Científica.<br />

<strong>No</strong> início, os seus interesses <strong>de</strong> inves-<br />

tigação estavam centra<strong>dos</strong> em Foto-<br />

química Orgânica, particularmente em<br />

compostos carbonílicos e dioxetanos.<br />

<strong>No</strong> final da década <strong>de</strong> setenta foi pio-<br />

neiro da Fotoquímica Supramolecular<br />

com os seus estu<strong>dos</strong> <strong>de</strong> cetonas em<br />

micelas, que posteriormente esten<strong>de</strong>u<br />

aos zeólitos, <strong>de</strong>ndrímeros, ciclo<strong>de</strong>xtri-<br />

nas e outros cavitan<strong>dos</strong>. Os seus in-<br />

teresses <strong>de</strong> investigação foram sem-<br />

pre bastante varia<strong>dos</strong> e abrangentes,<br />

incluindo tópicos como Fotoquímica<br />

Supramolecular, química do spin e<br />

efeitos <strong>de</strong> campos magnéticos em pa-<br />

res radicalares, química do oxigénio<br />

singuleto, carbenos, sondas lumines-<br />

centes para DNA e Fotoquímica <strong>de</strong><br />

polímeros e <strong>de</strong> fulerenos.<br />

Além da investigação é também um<br />

professor e um mentor marcante e<br />

<strong>de</strong>dicado. Já doutorou mais <strong>de</strong> 75<br />

estudantes e supervisionou mais <strong>de</strong><br />

200 pós-docs. Gran<strong>de</strong> parte <strong>dos</strong> seus<br />

estudantes são agora cientistas proe-<br />

minentes a <strong>de</strong>senvolver trabalho tanto<br />

em instituições académicas como na<br />

indústria.<br />

Com a ajuda da sua esposa, que co-<br />

nheceu no jardim-escola e com quem<br />

casou após o grau <strong>de</strong> Bacharel, os<br />

Turros criam um ambiente familiar a<br />

to<strong>dos</strong> os que passam pelo laboratório<br />

como estudantes ou investigadores.<br />

Com a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 72 anos não há sinais<br />

<strong>de</strong> abrandamento. Li<strong>de</strong>ra um grupo <strong>de</strong><br />

cerca <strong>de</strong> 20 estudantes e pós-docs,<br />

publica mais <strong>de</strong> 30 artigos científicos<br />

por ano e introduz constantemente<br />

inovações nos méto<strong>dos</strong> <strong>de</strong> ensino da<br />

química ao primeiro ciclo.<br />

Steffen Jockusch<br />

26 QUÍMICA 119


ARTIGOS<br />

METAIS DO GRUPO DA PLATINA: HISTÓRIA, PROPRIEDADES E APLICAÇÕES<br />

FABRÍCIO EUGÊNIO ALVES 3 , PRISCILA PEREIRA SILVA B E WENDELL GUERRA 3 *<br />

Os s metais do grupo da platina constituem-se em seis elementos (Ru, Rh, Pd,<br />

Os, Ir e Pt) e as suas proprieda<strong>de</strong>s primorosas têm sido utilizadas para as mais<br />

variadas aplicações industriais, como por exemplo na produção <strong>de</strong> catalisadores e<br />

<strong>de</strong> fármacos. Consi<strong>de</strong>rando a importância e a aplicabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes metais, este<br />

artigo <strong>de</strong>screve <strong>de</strong> forma sucinta a história, as proprieda<strong>de</strong>s e algumas das aplicações <strong>de</strong>s-<br />

tes elementos.<br />

Palavras chave<br />

Metais do grupo da platina; platina; ruténio.<br />

INTRODUÇÃO<br />

O grupo da platina é um nome dado<br />

a seis elementos metálicos que pos-<br />

suem algumas proprieda<strong>de</strong>s físicas<br />

e químicas similares e que ten<strong>de</strong>m a<br />

ocorrer juntos nos mesmos <strong>de</strong>pósitos<br />

minerais. Estes metais, também co-<br />

nheci<strong>dos</strong> como platinói<strong>de</strong>s, são o ruté-<br />

nio (Ru), o ródio (Rh), o paládio (Pd),<br />

o ósmio (Os), o irídio (Ir) e a platina<br />

(Pt) [1]. Este grupo <strong>de</strong> elementos so-<br />

ma<strong>dos</strong> ao ferro, cobalto e níquel estão<br />

entre os nove elementos pertencentes<br />

à família oito da clássica tabela peri-<br />

ódica construída por Men<strong>de</strong>leev (ac-<br />

tualmente grupos 8, 9 e 10 da tabela<br />

periódica). <strong>No</strong> entanto, as semelhan-<br />

ças horizontais existentes entre estes<br />

elementos são maiores que em qual-<br />

quer outro conjunto (grupo) da tabela<br />

periódica, exceptuando-se os lanta-<br />

ní<strong>de</strong>os. Tais semelhanças, que são<br />

<strong>de</strong>vidas principalmente a contracção<br />

lantanídica, enfatizou a classificação<br />

<strong>dos</strong> mesmos em dois grupos: o <strong>dos</strong><br />

metais ferrosos (Fe, Co e Ni) e o <strong>dos</strong><br />

metais do grupo da platina.<br />

a Instituto <strong>de</strong> <strong>Química</strong>, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

Uberlândia, Campus Santa Mônica, Bloco 1D,<br />

38400-902, Uberlândia - MG - Brasil<br />

b Departamento <strong>de</strong> <strong>Química</strong>, Instituto <strong>de</strong> Ciências<br />

Exatas, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais,<br />

Campus Pampulha, 31.270-901, Belo Horizonte - MG<br />

* e-mail: wg@iqufu.ufu.br<br />

To<strong>dos</strong> os platinói<strong>de</strong>s são classifica<strong>dos</strong><br />

como metais <strong>de</strong> transição, estão loca-<br />

liza<strong>dos</strong> nos perío<strong>dos</strong> 5 e 6, grupos 8,<br />

9 e 10, no bloco d da tabela periódica,<br />

Figura 1. São sóli<strong>dos</strong> metálicos lustro-<br />

sos à temperatura ambiente, formam<br />

ligas uns com os outros e possuem<br />

excelentes proprieda<strong>de</strong>s catalíticas.<br />

Além disso, são resistentes a ataques<br />

químicos, estáveis em altas tempera-<br />

turas e possuem boas proprieda<strong>de</strong>s<br />

eléctricas. Em solução formam gran-<br />

<strong>de</strong> número <strong>de</strong> iões complexos e com-<br />

postos <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação, incluindo li-<br />

gantes como o monóxido <strong>de</strong> carbono,<br />

entre outros. Um <strong>de</strong>stes complexos,<br />

o ião <strong>de</strong> Creutz-Taube, cuja fórmula<br />

estrutural é [(NH3)5Ru(pz)Ru(NH3)5] 5+ ,<br />

possui dois átomos <strong>de</strong> ruténio em es-<br />

ta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> oxidação diferentes, +2 e +3,<br />

ro<strong>de</strong>a<strong>dos</strong> por moléculas <strong>de</strong> amoníaco<br />

uni<strong>dos</strong> por uma molécula <strong>de</strong> m-pirazi-<br />

na (pz). Este complexo <strong>de</strong>u origem ao<br />

estudo <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> valência mista,<br />

que é hoje um campo bastante exci-<br />

tante da electrónica molecular.<br />

1<br />

H - I 2<br />

Os primorosos atributos <strong>dos</strong> metais do<br />

grupo da platina tem sido explora<strong>dos</strong><br />

para as mais variadas aplicações in-<br />

dustriais e no caso da platina, alguns<br />

<strong>de</strong> seus compostos tem até mesmo<br />

sido utiliza<strong>dos</strong> na indústria farmacêuti-<br />

ca [2, 3]. De facto, os metais do grupo<br />

da platina são usa<strong>dos</strong> em pequenas<br />

quantida<strong>de</strong>s em aplicações especiali-<br />

zadas, como na síntese <strong>de</strong> compos-<br />

tos <strong>de</strong> alto valor acrescentado, seja<br />

como reagente ou como catalisador.<br />

Isto é um reflexo da escassez <strong>de</strong>sses<br />

elementos aliada à gran<strong>de</strong> procura,<br />

que gera um alto valor <strong>de</strong> mercado.<br />

Consi<strong>de</strong>rando a importância e apli-<br />

cabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes metais, este artigo<br />

<strong>de</strong>screve <strong>de</strong> forma sucinta a história,<br />

as proprieda<strong>de</strong>s e aplicações <strong>de</strong>stes<br />

elementos.<br />

3 4 5 6 7 8 9 10 11 12<br />

bloco s bloco d Ru Rh Pd<br />

Os Ir Pt<br />

OCORRÊNCIA NA NATUREZA<br />

Os metais do grupo da platina são<br />

bastante escassos na crosta terrestre<br />

e por isso apresentam elevado valor<br />

18<br />

13 14 15 16 17 I - He<br />

bloco p<br />

Figura 1 - Tabela Periódica. Em <strong>de</strong>staque os seis metais do grupo da platina<br />

QUÍMICA 1 1 9 - OUT/DEZ 10 27


comercial. Como exemplo, a concen-<br />

tração <strong>de</strong> platina (abundância esti-<br />

mada) na crosta terrestre é <strong>de</strong> apro-<br />

ximadamente 5 ng/kg, sendo que os<br />

<strong>de</strong>mais metais do grupo são bem me-<br />

nos abundantes [3]. A maior parte <strong>dos</strong><br />

metais do grupo da platina em circula-<br />

ção no mundo é oriunda <strong>de</strong> jazidas <strong>de</strong><br />

minérios localizadas na África do Sul,<br />

Rússia, Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> e Canadá.<br />

<strong>No</strong> caso da platina, as minas da África<br />

do Sul fornecem hoje três quartos da<br />

produção mundial do metal. Quanto<br />

ao paládio, a maior parte do metal em<br />

circulação no mundo provém <strong>de</strong> jazi-<br />

das <strong>de</strong> minérios localizadas na Rússia<br />

(principal produtor), apesar da África<br />

do Sul possuir a maior reserva. A pla-<br />

tina e os <strong>de</strong>mais metais do grupo ten-<br />

<strong>de</strong>m a ocorrer em pequenas quantida-<br />

<strong>de</strong>s associadas aos minérios <strong>de</strong> cobre<br />

e níquel, sendo recupera<strong>dos</strong> através<br />

da refinação electrolítica <strong>dos</strong> princi-<br />

pais metais do minério. Neste caso,<br />

ocorre a separação do metal presente<br />

em maior quantida<strong>de</strong> (Ni, Cu) e a im-<br />

pureza (lodo anódico) é processada<br />

<strong>de</strong> modo a obter os metais do grupo<br />

da platina. As diferenças <strong>de</strong> reactivi-<br />

da<strong>de</strong> e <strong>de</strong> solubilida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> diversos<br />

compostos <strong>de</strong>stes metais são utiliza-<br />

das para separá-los [2].<br />

Na forma combinada a platina é en-<br />

contrada principalmente no mineral<br />

sperrilita (PtAs2). É importante res-<br />

saltar que minerais <strong>de</strong> platina são<br />

também uma fonte <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong><br />

paládio e outros metais do grupo,<br />

mas como dito anteriormente, estes<br />

são bem escassos. Os outros metais,<br />

Ru, Os, Ir e Rh são encontra<strong>dos</strong> em<br />

poucos minerais, principalmente na<br />

Rússia (Montes Urais) e nas Américas<br />

do Sul e do <strong>No</strong>rte, mas não são co-<br />

mercializáveis. Por exemplo, o ruténio<br />

é encontrado na laurita, RuS2, e em<br />

pequenas quantida<strong>de</strong>s na pentlandita,<br />

(Fe,Ni^8 [1].<br />

HISTÓRIA<br />

Devido ao facto <strong>dos</strong> metais do grupo<br />

da platina serem encontra<strong>dos</strong> juntos<br />

na natureza, as histórias das suas<br />

<strong>de</strong>scobertas estão interligadas. Mas<br />

antes <strong>de</strong> falar sobre a <strong>de</strong>scoberta<br />

<strong>de</strong>stes metais como elementos, é in-<br />

teressante comentar que estes metais<br />

nobres foram encontra<strong>dos</strong> em objec-<br />

tos que datam <strong>de</strong> 700 a.C. Como<br />

exemplo tem-se o famoso caixão <strong>de</strong><br />

Thebes (da antiga Grécia) que foi <strong>de</strong>-<br />

corado com hieróglifos (sinais da es-<br />

crita <strong>de</strong> antigas civilizações) em ouro,<br />

prata e uma liga contendo platina. Ou-<br />

tro exemplo é uma liga <strong>de</strong> platina/ouro<br />

que foi encontrada em Esmeraldas<br />

(Equador) no início do século XX em<br />

objectos <strong>de</strong>corativos confecciona<strong>dos</strong><br />

por povos pré-colombianos [4]. Os <strong>de</strong>-<br />

mais metais do grupo também foram<br />

utiliza<strong>dos</strong> em joalharia pelos egípcios,<br />

pelos povos antigos do Peru, Equador<br />

e índios pré-colombianos [5].<br />

Embora existam registos remotos do<br />

uso <strong>de</strong>sses metais, os estu<strong>dos</strong> e apli-<br />

cações <strong>dos</strong> mesmos são mais recen-<br />

tes. De facto, os elementos do grupo<br />

da platina só conquistaram a atenção<br />

há cinco séculos quando mineiros e<br />

cientistas sentiram a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolver méto<strong>dos</strong> capazes <strong>de</strong> se-<br />

parar esses metais do ouro. A sepa-<br />

ração constituía um gran<strong>de</strong> problema,<br />

uma vez que era difícil fazê-la <strong>de</strong>vido<br />

às proprieda<strong>de</strong>s <strong>dos</strong> platinói<strong>de</strong>s, tais<br />

como elevado ponto <strong>de</strong> fusão e gran-<br />

<strong>de</strong> resistência à corrosão.<br />

As <strong>de</strong>scobertas <strong>dos</strong> metais do gru-<br />

po da platina como novos elementos<br />

ocorreram nos séculos XVI e XVII. O<br />

primeiro passo para a <strong>de</strong>scoberta foi<br />

dado por conquistadores espanhóis<br />

que procuravam ouro nas Américas e<br />

o encontraram misturado com os me-<br />

tais do grupo da platina em quantida-<br />

<strong>de</strong>s variáveis. É conveniente <strong>de</strong>stacar<br />

que em 1557 o cientista franco-italia-<br />

no Júlio César Scaligero <strong>de</strong>screveu<br />

um metal refractário encontrado na<br />

América Central, que provavelmente<br />

se tratava da platina [4], contudo, o<br />

metal não foi estudado sistematica-<br />

mente por Scaligero. A platina, cujo<br />

nome é <strong>de</strong>vido à sua semelhança com<br />

o metal prata (platina é um diminuti-<br />

vo <strong>de</strong> plata, palavra espanhola para<br />

prata), foi <strong>de</strong>scrita como substância<br />

elementar pelo espanhol Antonio <strong>de</strong><br />

Ulloa em 1735. Ulloa, que era militar,<br />

naturalista e matemático, <strong>de</strong>scobriu a<br />

platina nas minas do Rio Pinto e ca-<br />

racterizou-a como elemento em 1748,<br />

enquanto os pesquisadores franceses<br />

consi<strong>de</strong>ravam-na uma liga [4]. A pla-<br />

tina, o oitavo metal a ser <strong>de</strong>scoberto,<br />

foi o primeiro elemento do grupo da<br />

platina a ser separado e i<strong>de</strong>ntificado<br />

[3]. Durante muitos anos a platina não<br />

teve qualquer valor excepto como um<br />

meio <strong>de</strong> falsificação <strong>de</strong> outros metais<br />

nobres.<br />

Sobre a história mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong> quatro<br />

outros platinói<strong>de</strong>s, dois nomes me-<br />

recem <strong>de</strong>staque. São eles os quími-<br />

cos ingleses Willian Hy<strong>de</strong> Wollaston<br />

e Smithson Tennant que por volta <strong>de</strong><br />

1800 formaram uma socieda<strong>de</strong> com o<br />

propósito <strong>de</strong> refinar a platina. Durante<br />

esse trabalho eles <strong>de</strong>scobriram qua-<br />

tro outros metais <strong>de</strong>sse grupo: palá-<br />

dio, ródio, irídio e ósmio. A purificação<br />

da platina consistia na adição <strong>de</strong> água<br />

régia quente ao mineral bruto, o que<br />

gerava uma solução e um precipita-<br />

do negro. A platina solubilizava-se na<br />

água régia e a maior parte <strong>de</strong>sse me-<br />

tal era removido como hexacloropla-<br />

tinato <strong>de</strong> amónio, (NH4)2[PtCl6], que<br />

era formado pela adição <strong>de</strong> cloreto <strong>de</strong><br />

amónio à solução <strong>de</strong> água régia [4].<br />

Inicialmente, após a extracção da<br />

platina, o restante da solução e o re-<br />

síduo insolúvel <strong>de</strong> coloração negra<br />

eram <strong>de</strong>spreza<strong>dos</strong>. Posteriormente,<br />

Wollaston ocupou-se do estudo da<br />

solução, enquanto Tennant investigou<br />

o precipitado negro. Wollaston <strong>de</strong>sco-<br />

briu dois metais presentes na parte<br />

solúvel: o paládio e o ródio. Tennant<br />

também <strong>de</strong>scobriu dois outros metais<br />

na porção insolúvel: irídio e ósmio.<br />

Após a extracção da platina com adi-<br />

ção <strong>de</strong> NH4Cl, era adicionado zinco<br />

à solução levando à precipitação <strong>de</strong><br />

platina residual, paládio, ródio, co-<br />

bre e chumbo. Os dois últimos eram<br />

facilmente removi<strong>dos</strong> pela adição <strong>de</strong><br />

ácido nítrico diluído ao precipitado. O<br />

resíduo, agora sem cobre e chumbo,<br />

era então redissolvido em água régia.<br />

A separação do paládio era feita pela<br />

neutralização <strong>de</strong>ssa solução, seguida<br />

da adição <strong>de</strong> cianeto <strong>de</strong> mercúrio, o<br />

que gerava um precipitado amarelo,<br />

o cianeto <strong>de</strong> paládio, Pd(CN)2. Pos-<br />

teriormente, outros processos eram<br />

feitos até a obtenção do paládio puro.<br />

Alguns propõem que esse elemento<br />

recebeu esse nome graças ao asterói-<br />

<strong>de</strong> Pallas, outros dizem que foi em ho-<br />

menagem à <strong>de</strong>usa grega da sabedoria<br />

cujo nome também é Pallas. Apesar<br />

<strong>de</strong> o paládio ter sido <strong>de</strong>scoberto em<br />

1802, o artigo que <strong>de</strong>screve a <strong>de</strong>sco-<br />

berta do elemento só foi oficialmente<br />

publicado em 1805 [5].<br />

28 QUÍMICA 119


Logo após a <strong>de</strong>scoberta do paládio,<br />

Wollaston verificou a existência do<br />

elemento ródio, que foi separado da<br />

solução pela adição do cloreto <strong>de</strong><br />

sódio, que gerava o composto rosa<br />

Na3[RhCl6].nH2O. Devido à coloração<br />

do composto formado, esse novo ele-<br />

mento recebeu o nome <strong>de</strong> ródio, do<br />

grego rhodon que significa rosa. Em<br />

1804 Wollaston publicou um artigo so-<br />

bre a <strong>de</strong>scoberta do ródio [6].<br />

Enquanto Wollaston estudou a parte<br />

solúvel, Tennant trabalhou com o re-<br />

síduo negro da dissolução da platina<br />

bruta em água régia e <strong>de</strong>scobriu em<br />

1804 dois metais. Ele aqueceu esse<br />

sólido com hidróxido <strong>de</strong> sódio, dissol-<br />

veu o resíduo em água obtendo um<br />

novo precipitado e uma solução que<br />

provavelmente continha os compos-<br />

tos cis-[Os(OH)2O4] e OsO4. O tetró-<br />

xido <strong>de</strong> ósmio, OsO4, é um sólido tó-<br />

xico, volátil <strong>de</strong> odor penetrante. Esse<br />

elemento recebeu o nome <strong>de</strong> ósmio,<br />

do grego osme, que significa cheiro,<br />

por causa do odor característico gera-<br />

do durante a separação <strong>de</strong>sse metal<br />

[7]. O resíduo insolúvel em água foi<br />

tratado com ácido clorídrico, gerando<br />

cristais vermelhos escuros. Provavel-<br />

mente tratava-se <strong>de</strong> Na2[IrCl6]nH2O.<br />

O novo metal recebeu o nome <strong>de</strong><br />

irídio <strong>de</strong>vido à impressionante varie-<br />

da<strong>de</strong> <strong>de</strong> cores que eram geradas en-<br />

quanto o sólido era dissolvido em HCl<br />

e em homenagem a Íris, <strong>de</strong>usa grega<br />

do arco-íris [8]. O nome irídio é <strong>de</strong>riva-<br />

do da palavra latina Iris que significa<br />

colorido.<br />

Além <strong>de</strong>ssas quatro <strong>de</strong>scobertas,<br />

Wollaston e Tennant <strong>de</strong>senvolveram<br />

o processo para produção <strong>de</strong> platina<br />

maleável para substituir o ouro em al-<br />

gumas aplicações on<strong>de</strong> era indispen-<br />

sável a presença <strong>de</strong> um metal inerte.<br />

A produção da platina maleável gerou<br />

gran<strong>de</strong> lucro para os ingleses. É im-<br />

portante ressaltar que a participação<br />

<strong>de</strong> Tennant nessa produção foi quase<br />

exclusivamente <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m financeira.<br />

Além <strong>dos</strong> metais <strong>de</strong>scobertos por<br />

Wollaston e Tennannt existia no mine-<br />

ral bruto <strong>de</strong> platina outro metal, o ruté-<br />

nio, que era insolúvel em água régia,<br />

assim como o ósmio e o irídio, mas<br />

que não foi i<strong>de</strong>ntificado pelos químicos<br />

ingleses. O ruténio só foi oficialmente<br />

<strong>de</strong>scoberto em 1844 pelo químico rus-<br />

so Karl Karlovith Klaus enquanto ele<br />

analisava resíduos <strong>de</strong> platina. Klaus<br />

concluiu que no resíduo do mineral <strong>de</strong><br />

platina que ele trabalhava havia 10%<br />

<strong>de</strong> platina e uma pequena fracção <strong>dos</strong><br />

seguintes metais: irídio, ósmio e palá-<br />

dio. Além <strong>de</strong>sses também estava pre-<br />

sente no resíduo um novo composto.<br />

Ele relatou os resulta<strong>dos</strong> das suas<br />

experiência a Kankrin, ministro das fi-<br />

nanças da Rússia, e ofereceu-se para<br />

extrair a platina do resíduo. Como a<br />

platina era <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> interesse eco-<br />

nómico, Klaus ganhou o apoio finan-<br />

ceiro que precisava para prosseguir<br />

as suas pesquisas e ainda recebeu<br />

8 kg <strong>de</strong> resíduo, com a condição <strong>de</strong><br />

que, após um ano, ele <strong>de</strong>volvesse os<br />

metais extraí<strong>dos</strong> e relatasse os resul-<br />

ta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> seus trabalhos. Klaus traba-<br />

lhou arduamente até que <strong>de</strong>scobriu<br />

um método para extrair o ruténio. O<br />

método consistia na precipitação do<br />

cloreto <strong>de</strong> ruténio, seguido do trata-<br />

mento com sulfureto <strong>de</strong> hidrogénio,<br />

obtendo-se então um composto <strong>de</strong>n-<br />

so com cor <strong>de</strong> safira. Nenhum outro<br />

platinói<strong>de</strong> formava compostos seme-<br />

lhantes, o que mostrava tratar-se <strong>de</strong><br />

um novo elemento. Klaus conseguiu<br />

obter 6 g do ruténio puro. O nome ru-<br />

ténio origina da palavra latina ruthenia<br />

que significa Rússia [9, 10].<br />

Klaus po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado o criador<br />

da química <strong>dos</strong> metais do grupo da<br />

platina, pois ele realizou uma ampla<br />

investigação <strong>dos</strong> platinói<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>scre-<br />

veu um método <strong>de</strong> separação <strong>dos</strong><br />

seis metais do grupo <strong>de</strong> forma pura e<br />

<strong>de</strong>scobriu as semelhanças e diferen-<br />

ças entre os elementos em tría<strong>de</strong>s:<br />

ruténio-ródio-paládio e ósmio-irídio-<br />

platina, proporcionando assim uma<br />

justificativa para Men<strong>de</strong>leev incluir<br />

to<strong>dos</strong> os seis metais no grupo VIII do<br />

sistema periódico [10].<br />

ALGUMAS PROPRIEDADES DOS METAIS<br />

DO GRUPO DA PLATINA<br />

Algumas proprieda<strong>de</strong>s atómicas e físi-<br />

cas referentes aos metais do grupo da<br />

platina encontram-se na Tabela 1.<br />

1) Platina:<br />

É um metal branco-cinza, <strong>de</strong> estru-<br />

tura cúbica compacta, brilhante, não<br />

muito duro, que po<strong>de</strong> ser trabalhado e<br />

soldado a quente. Quando combina-<br />

da exibe vários esta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> oxidação<br />

que vão <strong>de</strong> 0 a +6 embora os esta<strong>dos</strong><br />

+2 e +4 sejam os mais comuns. Por<br />

ser um metal pouco reactivo (<strong>de</strong> difícil<br />

oxidação) não reage com os áci<strong>dos</strong><br />

clorídrico (HCl) e nítrico (HNO3) mas é<br />

atacada pela mistura <strong>de</strong> ambos (água<br />

régia), formando o ácido hexacloro-<br />

platínico, H2[PtCl6]. Com flúor e oxi-<br />

génio reage a elevadas temperaturas<br />

gerando PtF6 e PtO3, respectivamen-<br />

te. Estes são os únicos compostos<br />

conheci<strong>dos</strong> on<strong>de</strong> a platina está no es-<br />

tado <strong>de</strong> oxidação +6. Apesar <strong>de</strong> pou-<br />

co reactiva, os seus iões no estado <strong>de</strong><br />

oxidação +2 e +4 formam um número<br />

extremamente elevado <strong>de</strong> complexos<br />

(compostos complexos ou <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>-<br />

nação) [11-14].<br />

2) Paládio:<br />

É um metal que possui coloração<br />

branco prateado, estrutura cúbica<br />

compacta e elemento consi<strong>de</strong>rado<br />

<strong>de</strong>nso (d = 12.26 g cm -3 ), embora seja<br />

o <strong>de</strong> menor <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> quando compa-<br />

rado aos <strong>de</strong>mais elementos do grupo<br />

da platina. Assim como a platina, este<br />

metal amolece antes <strong>de</strong> fundir, po<strong>de</strong>n-<br />

do ser trabalhado e soldado. É pouco<br />

reactivo e bastante resistente à corro-<br />

são. Dissolve-se em áci<strong>dos</strong> oxidantes,<br />

bases fundidas e em água régia (HCl/<br />

HNO3) gerando o ácido H2[PdCl4].<br />

Quando combinado, o paládio exibe<br />

os esta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> oxidação 0, +1, +2 e<br />

+4 embora o estado +2 seja o está-<br />

vel. O estado <strong>de</strong> oxidação +4 é ins-<br />

tável e é atingido quando combinado<br />

com o flúor (PdF4) e oxigénio (PdO2)<br />

po<strong>de</strong>ndo também ocorrer em alguns<br />

complexos. O estado <strong>de</strong> oxidação +2<br />

ocorre no ião hidratado [Pd(H2O)4] 2 + e<br />

num número extremamente elevado<br />

<strong>de</strong> complexos (compostos complexos<br />

ou <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação) [11-14].<br />

3) Ruténio:<br />

É um metal branco prateado, brilhan-<br />

te, muito duro e tão quebradiço que<br />

po<strong>de</strong> ser pulverizado com facilida<strong>de</strong>.<br />

Cristaliza com estrutura compacta he-<br />

xagonal. Quimicamente não é ataca-<br />

do por áci<strong>dos</strong>, nem mesmo por água<br />

régia. <strong>No</strong> entanto, é solúvel em álcalis<br />

fundi<strong>dos</strong> e em presença <strong>de</strong> clorato <strong>de</strong><br />

potássio, on<strong>de</strong> o ruténio é energetica-<br />

mente oxidado. Reage com oxigénio e<br />

halogéneos a altas temperaturas. Os<br />

esta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> oxidação mais comuns são<br />

+2, +3 e +4, sendo o estado trivalen-<br />

te o mais estável. Outros esta<strong>dos</strong> <strong>de</strong><br />

oxidação encontra<strong>dos</strong> em compostos<br />

QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 29


são +5, +7 e +8. O tetraóxido <strong>de</strong> ru-<br />

ténio, RuO4 (estado <strong>de</strong> oxidação +8),<br />

é muito oxidante, mais que o análogo<br />

ósmio, e <strong>de</strong>compõe-se violentamente<br />

a altas temperaturas. O ruténio é um<br />

metal versátil que po<strong>de</strong> facilmente for-<br />

mar ligações carbono-ruténio, forman-<br />

do compostos organometálicos que<br />

são vastamente aplica<strong>dos</strong> em catálise<br />

[12-14].<br />

4) Ródio:<br />

É um metal duro <strong>de</strong> coloração branco<br />

prateado, cristaliza com estrutura com-<br />

pacta cúbica. Este platinói<strong>de</strong> é tripositi-<br />

vo na gran<strong>de</strong> maioria <strong>de</strong> seus compos-<br />

tos, embora eventualmente ocorra nos<br />

esta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> valência +1, +2, +4 e +6.<br />

O ródio compacto é completamente in-<br />

solúvel em to<strong>dos</strong> os áci<strong>dos</strong>, inclusive<br />

em água régia. Entretanto, o negro <strong>de</strong><br />

ródio, produzido por redução <strong>de</strong> sais<br />

<strong>de</strong> ródio (VI) com formato <strong>de</strong> amónia, é<br />

solúvel em água régia, em ácido sulfú-<br />

rico concentrado a quente e em ácido<br />

clorídrico na presença <strong>de</strong> ar [12-14].<br />

5) Ósmio:<br />

É um metal branco-azulado, muito<br />

duro e quebradiço. É o mais <strong>de</strong>nso<br />

<strong>dos</strong> elementos conheci<strong>dos</strong>. Dentre os<br />

metais platínicos, é o que possui pon-<br />

to <strong>de</strong> fusão mais alto (3033°C). Assim<br />

como o ruténio, cristaliza com estrutu-<br />

ra hexagonal. É capaz <strong>de</strong> assumir um<br />

gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> esta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> valên-<br />

cia que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> +1 até +8, sendo o<br />

estado <strong>de</strong> valência tetravalente o mais<br />

estável. O ósmio não é atacado por<br />

áci<strong>dos</strong> não oxidantes, mas quando<br />

pulverizado é atacado por ácido nítri-<br />

co e pelo ácido sulfúrico concentrado<br />

a quente [12-14].<br />

6) Irídio:<br />

É um metal branco prateado, muito<br />

duro, bastante quebradiço. É entre os<br />

elementos conheci<strong>dos</strong> até ao momen-<br />

to o que apresenta maior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

(22.65 g cm -3 ) e maior resistência à<br />

corrosão. Cristaliza com estrutura<br />

compacta cúbica. O estado <strong>de</strong> valên-<br />

cia +3 é o mais comum, mas o ele-<br />

mento apresenta os esta<strong>dos</strong> +1, +2,<br />

+4 e +6. O irídio não é atacado pelos<br />

áci<strong>dos</strong> usuais, inclusive a água régia.<br />

É, entretanto, atacado pelo ácido clo-<br />

rídrico em presença <strong>de</strong> ar, se aque-<br />

cido sob pressão a 125°C. Os álcalis<br />

fundi<strong>dos</strong> não têm acção sobre o metal<br />

[12-14].<br />

Tabela 1 - Algumas proprieda<strong>de</strong>s atómicas e físicas para os metais do grupo da platina<br />

Número atómico Z = 78<br />

Platina<br />

Massa molar M = 195.08 g mol -1<br />

Ponto <strong>de</strong> fusão Tf = 1769 °C<br />

Isótopos naturais<br />

Número atómico Z = 46<br />

190 Pt (0.01%), 192 Pt (0.78%), 194 Pt (32.97%),<br />

195 Pt (33.83%), 196 Pt (25.24%) e 198 Pt (7.16%)<br />

Paládio<br />

Massa molar M = 106.42 g mol -1<br />

Ponto <strong>de</strong> fusão Tf = 1554 °C<br />

Isótopos naturais<br />

Número atómico Z = 44<br />

102 Pd (1.02%), 104 Pd (11.14%), 105 Pd (22.33%),<br />

106 Pd (27.33%), 108 Pd (26.46%) e 110 Pd (11.72%)<br />

Ruténio<br />

Massa molar M = 101.07 g mol -1<br />

Ponto <strong>de</strong> fusão Tf = 2334 °C<br />

Isótopos naturais<br />

96 Ru (5.52%), 98 Ru (1.88%), 99 Ru (12.70%),<br />

100 Ru (12.60%), 101 Ru(17.00%), 102 Ru (31.60%) e<br />

104 Ru (18.7%)<br />

Número atómico Z = 45<br />

Ródio<br />

Massa molar M = 102.90 g mol -1<br />

Ponto <strong>de</strong> fusão Tf = 1964 °C<br />

Isótopos naturais<br />

103 Rh (100%)<br />

Número atómico Z = 76<br />

Ósmio<br />

Massa molar M = 190.23 g mol -1<br />

Ponto <strong>de</strong> fusão Tf = 3033 °C<br />

Isótopos naturais<br />

Número atómico Z = 77<br />

184 Os (0.02%), 186 Os (1.59%), 187 Os (1.96%),<br />

188 Os (13.24%), 189 Os(16.15%), 190 Os (26.26%) e<br />

192 Os (40.78%)<br />

Irídio<br />

Massa molar M = 192.21 g mol- 1<br />

Ponto <strong>de</strong> fusão Tf = 2466 °C<br />

Isótopos naturais<br />

Da<strong>dos</strong> retira<strong>dos</strong> das referências [1, 3].<br />

APLICAÇÕES<br />

PLATINA E PALÁDIO<br />

A maior parte da platina e do paládio<br />

produzi<strong>dos</strong> no mundo são utiliza<strong>dos</strong><br />

na produção <strong>de</strong> catalisadores para<br />

escapes <strong>de</strong> veículos automóveis. O<br />

restante é utilizado na produção <strong>de</strong><br />

jóias, na indústria petroquímica, na<br />

indústria electrónica, na odontologia,<br />

entre outras aplicações [1, 3]. O uso<br />

do paládio e da platina nestes secto-<br />

res da indústria po<strong>de</strong> ser explicado<br />

191 Ir (37.3%), 193 Ir (62.7%)<br />

pelo facto <strong>de</strong>stes elementos serem<br />

muito resistentes à corrosão, mesmo<br />

a altas temperaturas, além <strong>de</strong> serem<br />

bastante dúcteis e maleáveis. Devido<br />

ao alto custo do paládio, a indústria<br />

tem procurado substituir o metal pelo<br />

níquel que é mais barato.<br />

<strong>No</strong> que se refere à produção <strong>de</strong> cata-<br />

lisadores, os elementos são utiliza<strong>dos</strong><br />

há muito tempo em conversores cata-<br />

líticos que reduzem a poluição emitida<br />

por automóveis. Estes catalisadores<br />

convertem os gases nocivos CO, NO,<br />

30 QUÍMICA 119


NO2 e hidrocarbonetos, presentes nos<br />

gases <strong>de</strong> escape <strong>de</strong> automóveis, nos<br />

compostos CO2 e N2 que são natural-<br />

mente encontra<strong>dos</strong> na atmosfera [2].<br />

O paládio é usado como catalisador na<br />

produção <strong>de</strong> etanal, processo Wacker<br />

(que não é mais o principal processo<br />

industrial), reacções <strong>de</strong> hidrogenação<br />

e nas reacções <strong>de</strong> acoplamento car-<br />

bono-carbono [2]. Também é utiliza-<br />

do na obtenção do ácido nítrico e do<br />

ácido tereftálico (C8H6O4) purificado<br />

que é usado na fabricação <strong>de</strong> fibras<br />

artificiais. Especula-se que converso-<br />

res catalíticos <strong>de</strong> platina possam ser<br />

utiliza<strong>dos</strong> na obtenção do hidrogénio<br />

como combustível [11].<br />

Quanto à utilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes metais na<br />

medicina, um complexo muito impor-<br />

tante <strong>de</strong> platina é o cis[(diaminodicloro)<br />

platina(II)], cis[Pt(NH3)2Cl2], comum-<br />

mente chamado <strong>de</strong> "cisplatina". A cis-<br />

platina é actualmente muito utilizada<br />

contra o cancro do testículo e do ová-<br />

rio on<strong>de</strong> se obtém até 90% <strong>de</strong> hipó-<br />

tese <strong>de</strong> cura. Outros cinco complexos<br />

(Figura 2) são também utiliza<strong>dos</strong>, po-<br />

rém são menos eficientes apesar <strong>de</strong><br />

serem menos tóxicos [11]. Devido ao<br />

sucesso da aplicação <strong>de</strong>stes compos-<br />

tos como anti-cancerígenos, muita<br />

pesquisa foi <strong>de</strong>senvolvida nesta área.<br />

Vários complexos <strong>de</strong> platina e <strong>de</strong> ou-<br />

tros metais, especialmente os metais<br />

do grupo da platina, foram e estão<br />

sendo sintetiza<strong>dos</strong> e estuda<strong>dos</strong> como<br />

agentes anti-tumorais. Po<strong>de</strong>-se dizer<br />

que a cisplatina foi o composto pre-<br />

cursor <strong>de</strong> uma nova área <strong>de</strong> pesqui-<br />

sa na química, <strong>de</strong>nominada <strong>Química</strong><br />

Inorgânica Medicinal.<br />

Devido à sua semelhança química<br />

com a platina, alguns complexos <strong>de</strong><br />

paládio têm sido estuda<strong>dos</strong> visando a<br />

obtenção <strong>de</strong> fármacos. Também exis-<br />

tem compostos <strong>de</strong> paládio que pos-<br />

suem boa activida<strong>de</strong> anti-tumoral e,<br />

além disso, são promissores agentes<br />

anti-infecciosos. <strong>No</strong> entanto, apesar<br />

das pesquisas intensas, estes não são<br />

ainda utiliza<strong>dos</strong> nas práticas médicas.<br />

Todavia, o isótopo radioactivo <strong>de</strong> 103 Pd<br />

é utilizado no tratamento do cancro da<br />

próstata em estado avançado [15].<br />

<strong>No</strong> que se refere a outras aplicações,<br />

são utilizadas ligas contendo platina<br />

em odontologia protética para implan-<br />

Figura 2 - Complexos <strong>de</strong> platina utiliza<strong>dos</strong> em clínica médica (entre parênteses o ano <strong>de</strong> introdução<br />

nas práticas clínicas). Os complexos <strong>de</strong>nomina<strong>dos</strong> cisplatina, carboplatina e oxaloplatina<br />

são utiliza<strong>dos</strong> em to<strong>dos</strong> os países do mundo<br />

tes e fixação <strong>de</strong> brocas e em outras<br />

situações on<strong>de</strong> se necessita <strong>de</strong> mate-<br />

riais resistentes à corrosão e à tem-<br />

peratura elevada. O composto inter-<br />

metálico Cr3Pt (uma liga homogénea<br />

com composição <strong>de</strong>finida) é utilizado<br />

para revestir navalhas conferindo uma<br />

maior dureza, permitindo que a lâmina<br />

fique afiada por mais tempo [11].<br />

Na indústria electrónica, o paládio é<br />

utilizado na produção <strong>de</strong> componentes<br />

eléctricos para telefones móveis, apa-<br />

relhos <strong>de</strong> fax, computadores portáteis<br />

e televisores LCD. Também é utilizado<br />

em revestimentos para conectores e na<br />

produção <strong>de</strong> circuitos híbri<strong>dos</strong> integra-<br />

<strong>dos</strong> [1, 3]. Na forma metálica, o paládio<br />

adsorve hidrogénio gasoso e quando<br />

aquecido ao rubro po<strong>de</strong> adsorver um<br />

volume <strong>de</strong> hidrogénio superior a 900<br />

vezes o seu volume. É o metal que<br />

adsorve a maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> hidro-<br />

génio e, por isso, é utilizado na purifi-<br />

cação <strong>de</strong>sse gás. Já o composto PdCl2<br />

adsorve monóxido <strong>de</strong> carbono e é usa-<br />

do em <strong>de</strong>tectores para esse gás [1].<br />

RUTÉNIO E RÓDIO<br />

Devido à sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> endu-<br />

recer platina e paládio, o ruténio é<br />

adicionado em ligas contendo esses<br />

elementos com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> torná-<br />

las resistentes ao <strong>de</strong>sgaste. Também<br />

é acrescentado um pouco <strong>de</strong> ruténio,<br />

cerca <strong>de</strong> 0.1%, à liga <strong>de</strong> titânio para<br />

melhorar a resistência da mesma à<br />

corrosão. Além disso, o ruténio é usa-<br />

do juntamente com o molibdénio na<br />

confecção <strong>de</strong> uma liga superconduto-<br />

ra a 10.6 K. Este metal também é usa-<br />

do em algumas peças <strong>de</strong> joalharia, na<br />

forma <strong>de</strong> liga com ouro. Este platinói-<br />

<strong>de</strong> é também usado como catalisador.<br />

Por exemplo, o RuO2 é usado para<br />

remoção do sulfureto <strong>de</strong> hidrogénio<br />

em refinarias <strong>de</strong> petróleo e em outros<br />

processos industriais [1].<br />

A importância <strong>de</strong> compostos <strong>de</strong> co-<br />

or<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> ruténio têm crescido<br />

muito <strong>de</strong>vido a diversas aplicações<br />

como catalisadores [14], sensibiliza-<br />

dores nos processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação<br />

fotocatalítica <strong>de</strong> compostos orgânicos<br />

[16], sensibilizadores em células so-<br />

lares [17], entre outros. Além disso,<br />

assim como a platina e o paládio, os<br />

complexos <strong>de</strong> ruténio têm sido exten-<br />

sivamente avalia<strong>dos</strong> como potenciais<br />

agentes anti-tumorais. Os primeiros<br />

compostos <strong>de</strong> ruténio testa<strong>dos</strong> como<br />

agentes anti-cancerígenos foram <strong>de</strong>-<br />

senvolvi<strong>dos</strong> por M. Clarke no início<br />

<strong>dos</strong> anos 80 [18]. Des<strong>de</strong> então, me-<br />

talodrogas <strong>de</strong> ruténio têm sido objecto<br />

<strong>de</strong> intensos estu<strong>dos</strong> quimioterapêuti-<br />

cos [19, 20].<br />

As estruturas I e II, Figura 3, mostram<br />

dois complexos <strong>de</strong> ruténio promisso-<br />

res. O complexo II encontra-se em<br />

fase <strong>de</strong> testes clínicos e exibe alta ac-<br />

tivida<strong>de</strong> em tumores sóli<strong>dos</strong> <strong>de</strong> cancro<br />

<strong>de</strong> cólon [21].<br />

QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 31


Figura 3 - Complexos <strong>de</strong> ruténio com significativa activida<strong>de</strong> anti-tumoral<br />

Figura 4 - Catalisador utilizado no processo Monsanto<br />

Figura 5 - Esquema para a hidrogenação assimétrica <strong>de</strong> alcenos pró-quirais<br />

O ródio é <strong>de</strong> longe o metal mais caro<br />

do grupo da platina, pois ele é muito<br />

usado em processos catalíticos indus-<br />

triais e nos conversores catalíticos <strong>de</strong><br />

automóveis, em conjunto com a pla-<br />

tina e o paládio. Este metal é cerca<br />

<strong>de</strong> quarenta vezes mais caro do que<br />

o paládio, que tem uma aplicação ca-<br />

talítica muito menor, mesmo embora<br />

eles ocorram com abundância similar<br />

na crosta terrestre [13, 14].<br />

Entre os compostos <strong>de</strong> ródio, os car-<br />

boxilatos <strong>de</strong> ródio(II) são bem estuda-<br />

<strong>dos</strong>, <strong>de</strong>vido às suas proprieda<strong>de</strong>s an-<br />

ti-tumorais [22, 23]. Entretanto, o ródio<br />

é estudado em outras aplicações, tais<br />

como sensores electroquímicos e ca-<br />

tálise química.<br />

Um <strong>dos</strong> sistemas catalíticos mais<br />

explora<strong>dos</strong> é o complexo <strong>de</strong> Rh(I),<br />

[RhCl(Ph3)3], frequentemente chama-<br />

do <strong>de</strong> catalisador <strong>de</strong> Wilkinson. Este<br />

importante catalisador hidrogena uma<br />

ampla varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> alcenos e alcinos<br />

[13, 14]. Os complexos organometáli-<br />

cos <strong>de</strong> ródio são os mais enantioselec-<br />

tivos, sendo vastamente usa<strong>dos</strong> em<br />

sínteses orgânicas [23]. Um exemplo<br />

mo<strong>de</strong>rno do uso do ródio como catali-<br />

sador é o processo Monsanto, on<strong>de</strong> o<br />

composto <strong>de</strong> ródio, Figura 4, catalisa<br />

a reacção <strong>de</strong> adição <strong>de</strong> monóxido <strong>de</strong><br />

carbono a metanol gerando ácido acé-<br />

tico. Outros exemplos são a hidrofor-<br />

milação, na qual a reacção entre mo-<br />

nóxido <strong>de</strong> carbono e hidrogénio mole-<br />

cular com um alceno leva à produção<br />

<strong>de</strong> al<strong>de</strong>ído e à hidrogenação assimé-<br />

trica <strong>de</strong> alcenos pró-quirais, Figura 5<br />

[2, 14]. Além disso, os compostos <strong>de</strong><br />

ródio constituem-se numa alternativa<br />

promissora na produção <strong>de</strong> sensores<br />

electroquímicos, em função da gran-<br />

<strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> variação das suas<br />

proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> elec-<br />

trões e <strong>de</strong> modulação <strong>dos</strong> potenciais<br />

redox via variação <strong>dos</strong> ligantes [24].<br />

Também é importante <strong>de</strong>stacar que<br />

a interacção <strong>dos</strong> complexos <strong>de</strong> ródio<br />

com proteínas, especialmente com<br />

enzimas, possibilita o aperfeiçoamen-<br />

to <strong>de</strong> biossensores já existentes [24].<br />

Embora o ródio tenha boas aplicações<br />

apresenta como gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>svantagem<br />

o seu alto custo.<br />

ÓSMIO E IRÍDIO<br />

Entre os metais do grupo da platina, o<br />

irídio e o ósmio são os que possuem<br />

menor número <strong>de</strong> aplicações. Isto<br />

porque o irídio é o metal mais inerte<br />

do grupo e o ósmio é o mais tóxico.<br />

<strong>No</strong> caso do irídio, o metal po<strong>de</strong> ser<br />

utilizado na produção <strong>de</strong> dispositivos<br />

que <strong>de</strong>vem possuir elevado ponto <strong>de</strong><br />

fusão, como cadinhos [1,13]. Algumas<br />

das suas ligas, como a <strong>de</strong> Pt/Ir são uti-<br />

lizadas em sistemas automóveis para<br />

aumentar a vida útil <strong>de</strong> eléctro<strong>dos</strong> <strong>de</strong><br />

velas <strong>de</strong> ignição, que possuem alto<br />

valor <strong>de</strong> mercado e são amplamente<br />

usadas em helicópteros [13, 25]. O<br />

irídio, juntamente com o ósmio, é uti-<br />

lizado na produção <strong>de</strong> uma liga muito<br />

dura para a fabricação <strong>de</strong> diversos<br />

tipos <strong>de</strong> agulhas que po<strong>de</strong>m ser uti-<br />

lizadas em gira-discos, bússolas e<br />

na ponta <strong>de</strong> canetas tinteiro. O seu<br />

isótopo 192 Ir é usadoo na obtenção <strong>de</strong><br />

radiografias [25].<br />

32 QUÍMICA 119


Para o ósmio, além das aplicações<br />

citadas acima, na forma combinada<br />

com outros elementos, tem sido uti-<br />

lizado na produção <strong>de</strong> ligas com alta<br />

resistência mecânica. Em implantes<br />

cirúrgicos, é largamente utilizada uma<br />

liga <strong>de</strong> Os/Pt em válvulas artificiais<br />

para os pulmões e em marca-passos<br />

[1, 25]. Soluções <strong>de</strong> OsO4 são usadas<br />

como corantes biológicos em técnicas<br />

biomédicas para <strong>de</strong>tecções microscó-<br />

picas <strong>de</strong> impressões digitais, pois a<br />

matéria orgânica reduz o OsO4 a OsO2<br />

que possui cor preta. O OsO4, por ser<br />

um potente agente oxidante, é utiliza-<br />

do em química orgânica como catali-<br />

sador na quebra <strong>de</strong> ligações duplas<br />

para a produção <strong>de</strong> cis-glicóis [13].<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Embora o uso <strong>de</strong> metais do grupo da<br />

platina seja antigo, principalmente da<br />

platina, que po<strong>de</strong> ocorrer na nature-<br />

za no estado nativo, o interesse nos<br />

estu<strong>dos</strong> envolvendo a aplicabilida-<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes metais é bem recente se<br />

comparada aos metais <strong>de</strong>scobertos<br />

por civilizações antigas (Cu, Au, Ag e<br />

Pb). Um factor que contribui para uma<br />

maior restrição no uso <strong>de</strong>stes metais<br />

é o seu alto valor <strong>de</strong> mercado, que é<br />

resultado da escassez na crosta ter-<br />

restre e da complexida<strong>de</strong> envolvida<br />

nos processos <strong>de</strong> extracção e purifi-<br />

cação <strong>de</strong>sses elementos. Mesmo as-<br />

sim, tem aumentado a procura <strong>de</strong>stes<br />

metais para as mais variadas aplica-<br />

ções, sendo actualmente utiliza<strong>dos</strong><br />

principalmente na produção <strong>de</strong> catali-<br />

sadores (Pt, Pd e Rh), ligas metálicas,<br />

jóias e fármacos (Pt).<br />

Quanto às perspectivas futuras da<br />

aplicação <strong>dos</strong> platinói<strong>de</strong>s, po<strong>de</strong>mos<br />

dizer que a utilização <strong>de</strong>stes metais<br />

como catalisadores tem evoluído no<br />

sentido <strong>de</strong> reduzir as emissões noci-<br />

vas ao meio ambiente provenientes <strong>de</strong><br />

automóveis. Espera-se também que<br />

compostos <strong>de</strong> ruténio sejam usa<strong>dos</strong><br />

no tratamento do cancro, pois além<br />

<strong>de</strong> apresentarem boa activida<strong>de</strong> anti-<br />

tumoral, possuem baixa toxicida<strong>de</strong>,<br />

quando compara<strong>dos</strong> aos compostos<br />

<strong>de</strong> platina que actualmente são usa-<br />

<strong>dos</strong> nas práticas médicas. Essa bai-<br />

xa toxicida<strong>de</strong> é <strong>de</strong>vida à capacida<strong>de</strong><br />

do ruténio <strong>de</strong> imitar a ligação do ferro<br />

com biomoléculas. Sendo assim, o Ru<br />

explora os mecanismos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa do<br />

organismo que seriam para a elimina-<br />

ção do ferro em excesso [26].<br />

Para suprir a crescente procura mun-<br />

dial <strong>dos</strong> metais do grupo da platina e<br />

propiciar novas aplicações para estes<br />

elementos, faz-se necessária a <strong>de</strong>s-<br />

coberta <strong>de</strong> novas reservas minerais.<br />

O Brasil, que é um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>tentor<br />

<strong>de</strong> recursos minerais tem realizado<br />

pesquisas geológicas no sentido <strong>de</strong><br />

encontrar reservas exploráveis <strong>de</strong>s-<br />

tes metais, mas até o momento o país<br />

não produz em quantida<strong>de</strong>s significa-<br />

tivas metais do grupo da platina [11].<br />

Outro factor relevante é a necessida-<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong> reciclagem <strong>dos</strong> metais <strong>de</strong>sse<br />

grupo e o uso consciente, pois além<br />

<strong>de</strong> escassos, eles possuem eleva<strong>dos</strong><br />

custos.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

À Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Uberlândia<br />

e à Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas<br />

Gerais.<br />

REFERÊNCIAS<br />

[1] SDBS Web: http://www.webelements.<br />

com (WebElements: the periodic table<br />

on the web, acedido em 06-04-2010).<br />

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Porto Alegre, 2002.<br />

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earth, acedido em 05-02-2010).<br />

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ra Conceito, Florianópolis, 2008.<br />

[5] Donald McDonald, Leslie B. Hunt,<br />

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tals, Johnson Matthey, London, 1982.<br />

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frames.html (Periodic Table Live, ace-<br />

dido em 17-02-2010).<br />

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(2003)175-183.<br />

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Hatton Gar<strong>de</strong>n, Platinum Metals<br />

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asp, acedido em 17/01/2010<br />

[9] W. P. Griffith, Platinum Metals Rev. 49<br />

(2004)182-189.<br />

[10] V. N. Pitchkov, Platinum Metals Rev.<br />

40 (1996)181-188.<br />

[11] P. P Silva, W. Guerra, <strong>Química</strong> <strong>No</strong>va<br />

na Escola, 2 (2010) 128-129.<br />

[12] Ohlweiler, Otto Alci<strong>de</strong>s, <strong>Química</strong> Inor-<br />

gânica, São Paulo, 1971.<br />

[13] J. D. Lee, <strong>Química</strong> Inorgânica não tão<br />

Concisa, Editora Edgard Blücher, São<br />

Paulo, 1999.<br />

[14] D. F. Shriver, P. W. Atkins, <strong>Química</strong><br />

inorgânica, Editora Bookman, Porto<br />

Alegre, 2003.<br />

[15] A. Garoufis, S. K. Hadjikakou, N. Had-<br />

jiliadis, Coord. Chem. Rev. 253 (2009)<br />

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[16] A. K. M. Fung, B. K. W. Chiu, M. H.<br />

W. Lam, Water Res. 37 (2003)1939-<br />

1947.<br />

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Lappin, S. Hotschandani, Langmuir<br />

13 (1997) 2398-2403.<br />

[18] M.J. Clarke, Met. Ions Biol. Syst. 11<br />

(1980) 231-283.<br />

[19] M. A. Jakupec, E. Reisner, J. Med.<br />

Chem. 48 (2005) 2831-2837.<br />

[20] R. E.Morris, R. E. Aird, J. Med. Chem.<br />

44 (2001) 3616-3621.<br />

[21] Z. ChengHe, G. LinLing, Z. YiYi, Z.<br />

FeiFei, W. GuangZhou, J. Lei, G.<br />

RongXia, Sci China Ser B-Chem. 52<br />

(2009) 415-458.<br />

[22] Najjar, R.; Quím. <strong>No</strong>va 15 (1992) 323-<br />

327 e A. R. Souza, R. Najjar, E. Olivei-<br />

ra, S. B. Zyngier, Meta-Based Drugs.<br />

4 (1997) 39-41.<br />

[23] E. S. C. Temba, I. M. F. Oliveira; C. L.<br />

Donnici, Quim. <strong>No</strong>va 26 (2003) 112-<br />

122.<br />

[24] E. S. Gil e L. T. kubota, Quim. <strong>No</strong>va<br />

21(1998) 755-760.<br />

[25] SDBS Web: http://environmentalche-<br />

mistry.com/yogi/periodic/Ir.html(En- vironmental Chemistry, acedido em<br />

03-04-2010).<br />

[26] C. S. Allardyce, P. J. Dyson, Platinum<br />

Metals Rev45 (2001) 62-69.<br />

QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 33


2 a1 Jornadas <strong>de</strong><br />

Electroquímica e Inovação<br />

s Palestrantes<br />

Herman van Leeuwen - Wageningen University<br />

Josep Galceran - Universitat<strong>de</strong> Lleida<br />

Hubert Girault — École Polytechnique Fédérale <strong>de</strong> Lausanne<br />

Inscrição - 21 <strong>de</strong> Janeiro<br />

www.e-inov.org<br />

Universida<strong>de</strong> do Algarve, Campus <strong>de</strong> Gambelas, Faro<br />

11 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 2011


COMPLEXOS DE METAIS DE TRANSIÇÃO EM QUÍMICA FINA E MEDICINAL<br />

APLICAÇÕES NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA<br />

MARIETTE M. PEREIRA 1 ' * E MARIA JOSÉ S. M. MORENO 2<br />

ste artigo contextualiza a importância <strong>dos</strong> complexos <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição nos do-<br />

mínios da <strong>Química</strong> Fina, <strong>Química</strong> Medicinal e <strong>Química</strong> Ver<strong>de</strong> e exemplifica o interesse da<br />

sua utilização em hidrogenações e hidroformilações catalíticas homogéneas que integram<br />

processos <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> fármacos. O contributo do Grupo <strong>de</strong> Catálise & <strong>Química</strong> Fina<br />

da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra (C&QF), no âmbito da utilização <strong>de</strong> complexos metálicos <strong>de</strong><br />

Rh para optimizar e ampliar a aplicação <strong>de</strong>stas mesmas reacções ao <strong>de</strong>sign e síntese <strong>de</strong><br />

compostos com potencial activida<strong>de</strong> biológica, é também referido.<br />

METAIS DE TRANSIÇÃO EM QUÍMICA<br />

FINA E MEDICINAL<br />

A legislação portuguesa estabelece<br />

que medicamento é "toda a subs-<br />

tância ou associação <strong>de</strong> substâncias<br />

apresentada como possuindo proprie-<br />

da<strong>de</strong>s curativas ou preventivas <strong>de</strong> do-<br />

enças em seres humanos ou <strong>dos</strong> seus<br />

sintomas ou que possa ser utilizada<br />

ou administrada no ser humano com<br />

vista a estabelecer um diagnóstico<br />

médico ou, exercendo uma acção far-<br />

macológica, imunológica ou metabó-<br />

lica, a restaurar, corrigir ou modificar<br />

funções fisiológicas" [1].<br />

A crescente aplicação <strong>de</strong> complexos<br />

<strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transi-<br />

ção como fármacos revela o interesse<br />

que têm suscitado em <strong>Química</strong> Me-<br />

dicinal, cuja actuação se centra na<br />

"<strong>de</strong>scoberta, <strong>de</strong>sign, i<strong>de</strong>ntificação e<br />

preparação <strong>de</strong> compostos biologica-<br />

mente activos, bem como do estudo<br />

do respectivo metabolismo e modo<br />

<strong>de</strong> acção" [2]. O trabalho <strong>de</strong>senvolvi-<br />

do por Alfred Werner (Prémio <strong>No</strong>bel,<br />

1913) na investigação <strong>de</strong> compostos<br />

contendo cobalto, cloro e amónia,<br />

bem como a <strong>de</strong>scoberta, na década<br />

<strong>de</strong> 60 do século XX, da activida<strong>de</strong> an-<br />

Departamento <strong>de</strong> <strong>Química</strong>, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra,<br />

Rua Larga, 3004-535 Coimbra<br />

E-mail: mmpereira@qui.uc.pt<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Farmácia, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra,<br />

Pólo das Ciências da Saú<strong>de</strong>, Azinhaga <strong>de</strong> Santa<br />

Comba, 3000-548 Coimbra<br />

titumoral <strong>de</strong> um complexo <strong>de</strong> Pt (II) e<br />

sua consequente introdução na clíni-<br />

ca, constituíram marcos importantes<br />

nesta área científica [3]. Para além <strong>de</strong><br />

serem os agentes antitumorais mais<br />

usa<strong>dos</strong>, os complexos <strong>de</strong> metais <strong>de</strong><br />

transição, <strong>de</strong>signa<strong>dos</strong> por metalo-<br />

fármacos, apresentam um espectro<br />

<strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s terapêuticas alar-<br />

gado, po<strong>de</strong>ndo ser utiliza<strong>dos</strong> como<br />

anti-inflamatórios, antiartríticos, anti-<br />

bacterianos, antifúngicos, antivirais,<br />

anticonvulsivantes e antidiabéticos<br />

(Figura 1). De facto, o contributo para<br />

a área da saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> compostos con-<br />

tendo metais é tão significativo que,<br />

actualmente, constitui uma indústria<br />

que movimenta biliões <strong>de</strong> Euros [4, 5].<br />

Mas os compostos <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação<br />

<strong>de</strong>stes metais, não só contribuem<br />

directamente para o arsenal <strong>de</strong> me-<br />

dicamentos disponíveis para o trata-<br />

mento <strong>de</strong> diversas patologias [6, 7],<br />

como também concorrem, enquanto<br />

catalisadores das mais distintas trans-<br />

formações químicas, para a síntese<br />

<strong>de</strong> fármacos orgânicos não isoláveis<br />

<strong>de</strong> fontes naturais, sendo igualmente<br />

importantes na duplicação sintética<br />

<strong>de</strong> outros que têm essa origem, bem<br />

como na semi-síntese <strong>de</strong> moléculas<br />

com proprieda<strong>de</strong>s terapêuticas mais<br />

favoráveis do que as que provêm <strong>de</strong><br />

matérias-primas naturais.<br />

Figura 1 - Contextualização <strong>dos</strong> complexos <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição como fármacos e catalisadores,<br />

no âmbito da <strong>Química</strong> Medicinal, <strong>Química</strong> Fina, <strong>Química</strong> Ver<strong>de</strong> e Indústria Farmacêutica,<br />

evi<strong>de</strong>nciando as inter-relações <strong>de</strong>stes domínios<br />

QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 35


Portanto, os complexos <strong>de</strong> metais <strong>de</strong><br />

transição são da maior relevância para<br />

a Indústria Farmacêutica e, num sen-<br />

so mais lato, para a <strong>Química</strong> Fina, já<br />

que esta se ocupa da síntese <strong>de</strong> mo-<br />

léculas poli-funcionalizadas, com este-<br />

reoquímica complexa e com utilização<br />

específica, on<strong>de</strong> se englobam também<br />

os fármacos, para além <strong>de</strong> pesticidas,<br />

fragrâncias, corantes e aditivos ali-<br />

mentares (Figura 1). Estes produtos,<br />

obti<strong>dos</strong> puros numa escala industrial<br />

que não exce<strong>de</strong> as 10000 toneladas<br />

anuais, caracterizam-se por terem um<br />

elevado valor acrescentado [8].<br />

Como exemplo ilustrativo <strong>de</strong>sta rea-<br />

lida<strong>de</strong> refere-se o fármaco mais utili-<br />

zado em todo o mundo no tratamen-<br />

to <strong>de</strong> níveis eleva<strong>dos</strong> <strong>de</strong> colesterol,<br />

a atorvastatina (C33), cuja síntese<br />

se inicia com metanol (C1) e ácido<br />

acético (C2), ambos matérias-primas<br />

acessíveis que são manufacturadas<br />

em larga escala pela <strong>Química</strong> Pesada<br />

(Tabela 1). Após vários passos <strong>de</strong> pre-<br />

paração, originam os intermediários I<br />

e II que, tal como a atorvastatina, são<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>dos</strong> produtos <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />

Fina. Nesta transformação há um ele-<br />

vado valor acrescentado que é ainda<br />

incrementado quando a atorvastatina<br />

é submetida ao processo subsequen-<br />

te <strong>de</strong> formulação, originando uma<br />

especialida<strong>de</strong> farmacêutica com um<br />

preço superior a 80000 $/kg [8]. Ou-<br />

tros exemplos que evi<strong>de</strong>nciam bem<br />

o papel <strong>dos</strong> metais <strong>de</strong> transição na<br />

síntese <strong>de</strong> novos fármacos centram-<br />

se na catálise com complexos <strong>de</strong> Pd<br />

na formação <strong>de</strong> ligações carbono-car-<br />

bono, passo <strong>de</strong>terminante na síntese<br />

<strong>de</strong> novas moléculas como a disco<strong>de</strong>r-<br />

molida [9], que possui proprieda<strong>de</strong>s<br />

imunossupressoras e antifúngicas e<br />

evi<strong>de</strong>ncia uma potencial activida<strong>de</strong><br />

anticancerígena. A relevância da in-<br />

vestigação realizada neste âmbito por<br />

R. F. Heck, A. Suzuki e E. Negishi le-<br />

vou a que fossem galardoa<strong>dos</strong> com o<br />

Prémio <strong>No</strong>bel da <strong>Química</strong> 2010.<br />

METAIS DE TRANSIÇÃO EM<br />

QUÍMICA VERDE<br />

A produção industrial <strong>de</strong> fármacos e<br />

<strong>de</strong> outros produtos <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Fina<br />

<strong>de</strong>corre tradicionalmente em múltiplos<br />

passos não catalíticos. A relação pro-<br />

duto acabado/matéria-prima é menor<br />

do que para um produto proveniente<br />

da indústria química pesada e, <strong>de</strong>vi-<br />

do à inerente complexida<strong>de</strong> estrutural<br />

<strong>de</strong>stas moléculas, os processos <strong>de</strong><br />

síntese são mais elabora<strong>dos</strong>, o que<br />

significa maior produção <strong>de</strong> resíduos,<br />

incluindo subprodutos e co-produtos,<br />

solventes e reagentes usa<strong>dos</strong>, assim<br />

como resíduos <strong>de</strong> limpeza <strong>dos</strong> pró-<br />

prios equipamentos utiliza<strong>dos</strong>. O <strong>de</strong>-<br />

safio actual, neste sector <strong>de</strong> produção<br />

<strong>de</strong> fármacos e seus intermediários<br />

<strong>de</strong> síntese é continuar a satisfazer as<br />

necessida<strong>de</strong>s na área da saú<strong>de</strong>, for-<br />

necendo produtos seguros e eficazes,<br />

<strong>de</strong> uma forma economicamente viável<br />

e sem os efeitos colaterais adversos<br />

para o ambiente (Figura 1).<br />

Estas novas exigências, longe <strong>de</strong><br />

estarem atendidas, requerem a apli-<br />

cação <strong>de</strong> estratégias e conceitos re-<br />

laciona<strong>dos</strong> com <strong>de</strong>senvolvimento sus-<br />

tentável e química amiga do ambien-<br />

te, também <strong>de</strong>signada por <strong>Química</strong><br />

Ver<strong>de</strong>, que contempla a utilização <strong>de</strong><br />

técnicas químicas e metodologias que<br />

promovem o <strong>de</strong>sign, <strong>de</strong>senvolvimen-<br />

to e implementação <strong>de</strong> processos <strong>de</strong><br />

produção capazes <strong>de</strong> reduzir ou elimi-<br />

nar a formação <strong>de</strong> substâncias lesivas<br />

para a saú<strong>de</strong> e ambiente [10]. Neste<br />

contexto, é essencial o uso <strong>de</strong> catali-<br />

sadores, matérias-primas renováveis,<br />

solventes alternativos/reacções sem<br />

solventes e a utilização sustentável<br />

<strong>de</strong> energia, entre outras abordagens<br />

inovadoras no âmbito da engenharia.<br />

Este conjunto <strong>de</strong> tecnologias ambien-<br />

talmente benignas tem sido explorado<br />

e integrado em investigação e <strong>de</strong>sen-<br />

volvimento <strong>de</strong> fármacos, para atingir a<br />

prevenção/redução <strong>de</strong> impactos am-<br />

bientais na sua produção [11].<br />

A título <strong>de</strong> exemplo salienta-se a sín-<br />

tese da sitagliptina, <strong>de</strong>senvolvida pela<br />

Merck em colaboração com a Sol-<br />

vias e que foi distinguida, em 2009,<br />

pela United States Environmental<br />

Protection Agency - EPA com o<br />

Greener Synthetic Pathways Award<br />

por incorporar princípios da <strong>Química</strong><br />

Ver<strong>de</strong> [12]. A obtenção <strong>de</strong>ste fármaco,<br />

utilizado no tratamento da diabetes<br />

melitus tipo 2, inclui um passo sin-<br />

tético <strong>de</strong>terminante que consiste na<br />

hidrogenação catalítica assimétrica<br />

<strong>de</strong> uma enamina intermediária <strong>de</strong>s-<br />

protegida, utilizando como catalisador<br />

um complexo <strong>de</strong> Rh/t-Bu JOSIPHOS<br />

(Esquema 1).<br />

Esta hidrogenação é altamente efi-<br />

ciente, permite o isolamento final da<br />

sitagliptina com elevada pureza óptica<br />

e química e reduz significativamente<br />

os resíduos gera<strong>dos</strong>, com eliminação<br />

completa <strong>de</strong> efluentes aquosos [13].<br />

Portanto, a adopção <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong><br />

prevenção em processos industriais,<br />

para além <strong>de</strong> promover um ganho<br />

ambiental significativo, apresenta-se<br />

como uma solução viável em termos<br />

económicos.<br />

Tabela 1 - Exemplo da transformação <strong>de</strong> moléculas mono-funcionalizadas <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Pesada em produtos poli-funcionaliza<strong>dos</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Fina<br />

Parâmetros<br />

Metanol<br />

CH4O<br />

Ácido Acético<br />

C 2 H 4 O 2<br />

Intermediários<br />

(I) (II)<br />

C 7 H 11 N O 3 C 14 H 30 N O 4<br />

Atorvastatina<br />

C 33 H 35 F N 2 O 5<br />

Passos <strong>de</strong> preparação 1 2 5 15 20<br />

Produção<br />

(toneladas/ano)<br />

32 x 10 6<br />

8 x 10 6<br />

200 300 400<br />

Preço ($/kg) 0.2 1.00 100 200 2000<br />

36 QUÍMICA 119


Os méto<strong>dos</strong> catalíticos po<strong>de</strong>m efecti-<br />

vamente melhorar a economia atómi-<br />

ca <strong>de</strong> uma reacção, que é um conceito<br />

fundamental em <strong>Química</strong> Ver<strong>de</strong> [14],<br />

traduzindo-se em maximizar a conver-<br />

são e selectivida<strong>de</strong>, minimizando ou<br />

anulando a produção <strong>de</strong> subprodutos.<br />

Este papel <strong>dos</strong> catalisadores sai refor-<br />

çado e enfatizado quando conseguem<br />

resumir uma sequência <strong>de</strong> várias eta-<br />

pas <strong>de</strong> síntese a uma conversão num<br />

único passo, reduzindo a energia ne-<br />

cessária para o processo e diminuin-<br />

do os resíduos produzi<strong>dos</strong>. Portanto,<br />

também no âmbito da <strong>Química</strong> Ver<strong>de</strong>,<br />

os complexos <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição<br />

vêm dando um contributo substancial<br />

como catalisadores passíveis <strong>de</strong> se-<br />

rem usa<strong>dos</strong> em fase homogénea ou<br />

heterogénea.<br />

Em regra, nos processos industriais,<br />

a catálise heterogénea é geralmente<br />

preferida porque facilita a recupera-<br />

ção do catalisador e permite um modo<br />

<strong>de</strong> operação contínua. <strong>No</strong> entanto, as<br />

temperaturas elevadas requeridas di-<br />

minuem significativamente a selectivi-<br />

da<strong>de</strong> <strong>dos</strong> processos. Em contraparti-<br />

da, os sistemas catalíticos homogéne-<br />

os possibilitam reacções mais rápidas<br />

e selectivas, para além <strong>de</strong> permitirem<br />

mo<strong>de</strong>lar o seu mecanismo, construin-<br />

do catalisadores "por medida" através<br />

da variação <strong>de</strong> ligan<strong>dos</strong>. De facto, o<br />

<strong>de</strong>sign a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> um catalisador<br />

po<strong>de</strong> proporcionar uma melhoria sig-<br />

nificativa do seu <strong>de</strong>sempenho numa<br />

transformação química específica<br />

[15].<br />

Como a viabilização <strong>de</strong> reacções rá-<br />

pidas e com elevada quimio-, regio- e<br />

enantiosselectivida<strong>de</strong> é <strong>de</strong> primordial<br />

Esquema 1<br />

importância na síntese industrial <strong>de</strong><br />

fármacos quirais, os complexos <strong>de</strong><br />

metais <strong>de</strong> transição cataliticamente<br />

activos, em fase homogénea, têm<br />

sido preferencialmente utiliza<strong>dos</strong><br />

na sua produção, tal como se refere<br />

em seguida, até porque também são<br />

compatíveis com o tipo <strong>de</strong> processos<br />

comummente usa<strong>dos</strong> na indústria far-<br />

macêutica.<br />

HIDROGENAÇÕES CATALÍTICAS<br />

HOMOGÉNEAS<br />

A hidrogenação <strong>de</strong> olefinas é uma<br />

das reacções catalíticas mais exten-<br />

samente estudadas, sendo os pro-<br />

cessos industriais maioritariamente<br />

heterogéneos. O primeiro sistema ca-<br />

talítico homogéneo a ser utilizado na<br />

hidrogenação <strong>de</strong> alcenos, alcinos e<br />

<strong>de</strong> al<strong>de</strong>í<strong>dos</strong> e cetonas foi o complexo<br />

Rh(PPh)3Cl, comummente conhecido<br />

como catalisador <strong>de</strong> Wilkinson (Pré-<br />

mio <strong>No</strong>bel da <strong>Química</strong>, 1973). Este<br />

catalisador permite a hidrogenação<br />

preferencial <strong>de</strong> alcenos não substitu-<br />

í<strong>dos</strong> e <strong>de</strong> alcenos terminais, à tem-<br />

M e 0<br />

Y^ r^ r-<br />

à NHAc<br />

AcO<br />

C 0 0 H<br />

L- Ph Ph<br />

MeO p p<br />

a b<br />

(R1R)-DlPAMP<br />

Rh/L<br />

250 °C<br />

IObar<br />

Esquema 2<br />

peratura ambiente e pressão atmos-<br />

férica. A hidrogenação <strong>de</strong> compostos<br />

multifuncionais tem sido e continua a<br />

ser objecto <strong>de</strong> investigação académi-<br />

ca e aplicada, visando a concepção e<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> catalisadores al-<br />

tamente activos e selectivos [16, 17].<br />

Efectivamente, a evolução ao longo<br />

das últimas duas décadas da legis-<br />

lação que regulamenta a aprovação<br />

<strong>de</strong> medicamentos tem impulsionado a<br />

indústria farmacêutica a produzir, sis-<br />

tematicamente, fármacos quirais sin-<br />

téticos na forma <strong>de</strong> compostos enan-<br />

tiomericamente puros, já que os dois<br />

enantiómeros po<strong>de</strong>m causar efeitos<br />

biológicos diferentes.<br />

A principal metodologia implementada<br />

com este objectivo envolve a catálise<br />

enantiosselectiva, permite transfor-<br />

mar matérias-primas pró-quirais em<br />

moléculas quirais, com recurso a ca-<br />

talisadores a<strong>de</strong>qua<strong>dos</strong> [18]. Pela in-<br />

vestigação realizada neste âmbito, W.<br />

Knowles e R. <strong>No</strong>yori foram distingui-<br />

<strong>dos</strong>, em 2001, com o Prémio <strong>No</strong>bel da<br />

<strong>Química</strong>. Os sistemas catalíticos mais<br />

versáteis, utiliza<strong>dos</strong> em fase homogé-<br />

nea, são constituí<strong>dos</strong> por complexos<br />

<strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição que integram<br />

ligan<strong>dos</strong> quirais, o que lhes permite o<br />

reconhecimento da conformação pre-<br />

ferencial do substrato insaturado. A<br />

primeira aplicação industrial relevante<br />

<strong>de</strong>sta metodologia consistiu na produ-<br />

ção da L-Dopa - fármaco quiral usado<br />

para o tratamento sintomático da do-<br />

ença <strong>de</strong> Parkinson - através da hidro-<br />

genação assimétrica <strong>dos</strong> <strong>de</strong>riva<strong>dos</strong> do<br />

ácido cinâmico (enamidas pró-quirais)<br />

com um complexo catiónico <strong>de</strong> Rh,<br />

contendo a difosfina quiral DIPAMP<br />

como ligando (Esquema 2) [19].<br />

MeO A / y COOH<br />

AcO<br />

L-Dopa<br />

(95% ee)<br />

QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 37<br />

NHAc


A activida<strong>de</strong> e a selectivida<strong>de</strong> conse-<br />

guidas nestas reacções catalíticas,<br />

para além <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rem da estru-<br />

tura da olefina, são também condicio-<br />

nadas pelo metal e ligando <strong>de</strong> fósforo<br />

utilizado. A experiência tem mostrado<br />

que, para o mesmo metal, a variação<br />

da estrutura do ligando po<strong>de</strong> permi-<br />

tir o ajuste das proprieda<strong>de</strong>s elec-<br />

trónicas e estéreas <strong>dos</strong> complexos<br />

cataliticamente activos, melhorando<br />

o resultado <strong>de</strong> reacções catalíticas,<br />

especialmente em termos da sua<br />

conversão, selectivida<strong>de</strong> e impacto<br />

ambiental. De facto, a exploração do<br />

efeito <strong>dos</strong> ligan<strong>dos</strong> nas proprieda<strong>de</strong>s<br />

<strong>dos</strong> complexos metálicos tem levado<br />

ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma pletora<br />

<strong>de</strong> catalisadores homogéneos, úteis<br />

na produção <strong>de</strong> uma ampla gama <strong>de</strong><br />

compostos [20].<br />

A hidrogenação catalítica homogénea<br />

<strong>de</strong> compostos carbonílicos não está<br />

tão difundida. Para este efeito, os ca-<br />

talisadores <strong>de</strong> Ru (II) são mais activos<br />

que os análogos <strong>de</strong> Rh (I). Na hidroge-<br />

nação industrial <strong>de</strong> al<strong>de</strong>í<strong>dos</strong> e cetonas<br />

contendo outros grupos polares como<br />

aminoáci<strong>dos</strong>, hidroxilo, éster, amida e<br />

sulfato, que permitem uma interação<br />

adicional com o complexo metálico,<br />

têm sido obti<strong>dos</strong> eleva<strong>dos</strong> excessos<br />

enantioméricos [21].<br />

Após a Monsanto ter introduzido a hi-<br />

drogenação enantiosselectiva no pro-<br />

cesso <strong>de</strong> síntese da L-Dopa (Esque-<br />

ma 2), outras indústrias farmacêuticas<br />

adoptaram metodologias análogas na<br />

preparação <strong>de</strong> intermediários <strong>de</strong> ou-<br />

tros fármacos, encontrando-se umas<br />

ainda em fase piloto e outras já plena-<br />

mente implementadas na sua produ-<br />

ção. Como exemplos representativos<br />

da hidrogenação catalítica enantios-<br />

selectiva <strong>de</strong> ligações C=C, refere-se<br />

a preparação <strong>de</strong> intermediários na<br />

síntese da vitamina E (Takasago), do<br />

inibidor da protease do HIV cilazapril<br />

(Roche) e do anti-hipertensor cando-<br />

xatril (Chiroteck/Pfizer). A hidrogena-<br />

ção catalítica <strong>de</strong> ligações C=O tem<br />

sido também aplicada no processo <strong>de</strong><br />

síntese do anti-<strong>de</strong>pressivo levoprotili-<br />

ne (Ciba-Geigi/Solvias) e do antibióti-<br />

co carbapenemo (Takasago) (Esque-<br />

ma 3) [21].<br />

Neste âmbito da hidrogenação, o gru-<br />

po C&QF investigou a aplicação do<br />

sistema catalítico <strong>de</strong> Rh(I) na hidro-<br />

genação <strong>de</strong> 3-oxo-esterói<strong>de</strong>s insatu-<br />

ra<strong>dos</strong> em C-4, das séries androstano,<br />

colestano e pregnano, proce<strong>de</strong>ndo à<br />

variação sistemática <strong>de</strong> ligan<strong>dos</strong> <strong>de</strong><br />

fósforo no catalisador preparado in<br />

situ. Para a mesma reacção proce<strong>de</strong>u-<br />

se ainda à mo<strong>de</strong>lação <strong>dos</strong> parâmetros<br />

razão substrato/catalisador, solvente,<br />

temperatura e pressão. Desta forma,<br />

foi possível obter as correspon<strong>de</strong>ntes<br />

cetonas saturadas com a <strong>de</strong>sejável<br />

quimio- e estereosselectivida<strong>de</strong>, si-<br />

tuando-se os rendimentos na or<strong>de</strong>m<br />

<strong>dos</strong> 80% (Esquema 4) [22]. Para este<br />

tipo <strong>de</strong> substratos, o isómero 5a-H,<br />

termodinamicamente mais estável,<br />

predomina nas reacções efectuadas<br />

com sistemas catalíticos homogéne-<br />

os, enquanto o isómero 5p-H é o prin-<br />

cipal produto resultante do processo<br />

catalítico heterogéneo. Esta inversão<br />

<strong>de</strong> estereosselectivida<strong>de</strong> tem mere-<br />

cido particular atenção pelo potencial<br />

que apresenta na síntese <strong>de</strong> hormo-<br />

nas e vitaminas.<br />

Esquema 3<br />

Esquema 4<br />

Porém, a difícil recuperação do ca-<br />

talisador na hidrogenação catalítica<br />

homogénea <strong>de</strong>stes oxo-esterói<strong>de</strong>s<br />

a,p-insatura<strong>dos</strong> condicionava o seu<br />

potencial interesse na indústria farma-<br />

cêutica. Para superar esta limitação<br />

efectuou-se a ligação do catalisador<br />

homogéneo a um suporte sólido a<strong>de</strong>-<br />

quado, <strong>de</strong> forma a viabilizar a sua<br />

heterogeneização. Assim, através da<br />

imobilização do catalisador em resinas<br />

<strong>de</strong> troca iónica ou num suporte sólido<br />

<strong>de</strong> PtO2, foi possível conseguir a sua<br />

reutilização, sem comprometimento<br />

das selectivida<strong>de</strong>s evi<strong>de</strong>nciadas em<br />

fase homogénea, o que po<strong>de</strong>rá vir a<br />

viabilizar, num futuro próximo, a trans-<br />

posição <strong>de</strong>sta heterogeneização do<br />

catalisador para uma escala prepara-<br />

tiva [23, 24].<br />

Esta metodologia <strong>de</strong> heterogeneiza-<br />

ção <strong>de</strong> catalisadores homogéneos,<br />

para além <strong>de</strong> ter interesse na indús-<br />

tria, vem sendo objecto <strong>de</strong> investiga-<br />

ção centrada no estudo <strong>de</strong> novas es-<br />

38 QUÍMICA 119


pécies catalíticas que possam revelar<br />

proprieda<strong>de</strong>s inusitadas.<br />

HIDROFOMILAÇÕES CATALÍTICAS<br />

HOMOGÉNEAS<br />

A reacção <strong>de</strong> hidroformilação foi <strong>de</strong>s-<br />

coberta, aci<strong>de</strong>ntalmente, por Otto-<br />

-Roelen em 1938 quando trabalhava<br />

no <strong>de</strong>senvolvimento da reacção <strong>de</strong><br />

Fischer-Tropsch para a indústria Ru-<br />

chermie [25]. Esta reacção consiste<br />

na adição <strong>de</strong> monóxido <strong>de</strong> carbono<br />

e hidrogénio a olefinas para formar o<br />

correspon<strong>de</strong>nte al<strong>de</strong>ído, num proces-<br />

so que po<strong>de</strong> ser catalisado por diferen-<br />

tes complexos <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição<br />

(Esquema 5). De entre os diversos ti-<br />

pos <strong>de</strong> catalisadores aplica<strong>dos</strong> a nível<br />

industrial, salientamos os complexos<br />

<strong>de</strong> cobalto e <strong>de</strong> ródio coor<strong>de</strong>na<strong>dos</strong>, ou<br />

não, com ligan<strong>dos</strong> <strong>de</strong> fósforo [26]. Este<br />

processo catalítico permite formar no-<br />

vas ligações carbono-carbono com<br />

incorporação <strong>de</strong> to<strong>dos</strong> os átomos <strong>dos</strong><br />

reagentes (H2 e CO) no produto final,<br />

sendo por isso um excelente exemplo<br />

duma transformação com completa<br />

economia atómica. Apesar <strong>de</strong> nos pri-<br />

meiros tempos esta reacção ter sido<br />

fundamentalmente aplicada à síntese<br />

<strong>de</strong> produtos pouco funcionaliza<strong>dos</strong> do<br />

foro da <strong>Química</strong> Pesada, com o <strong>de</strong>-<br />

senvolvimento <strong>de</strong> novos catalisado-<br />

res quirais (Esquema 5) passou a ser<br />

também um processo relevante para<br />

<strong>Química</strong> Fina [27-30], nomeadamente<br />

na síntese industrial <strong>de</strong> um precursor<br />

da vitamina A (BASF e Hoffmann-La<br />

Roche) [31, 32]. A sua aplicação na<br />

produção <strong>de</strong> al<strong>de</strong>í<strong>dos</strong> quirais foi, du-<br />

rante muitos anos, limitada por restri-<br />

ções resultantes das baixas regio- e<br />

sobretudo enantiosselectivida<strong>de</strong>s <strong>dos</strong><br />

processos catalíticos. Contudo, foram<br />

abertos novos horizontes com a emer-<br />

gência <strong>de</strong> ligan<strong>dos</strong> quirais que per-<br />

mitem a aplicação <strong>de</strong>sta reacção na<br />

preparação <strong>de</strong> al<strong>de</strong>í<strong>dos</strong> enantiomeri-<br />

camente puros, que são importantes<br />

building blocks/precursores <strong>de</strong> molé-<br />

culas mais complexas, farmacologica-<br />

mente activas, tais como: antibióticos,<br />

peptí<strong>de</strong>os, macrociclos antitumorais e<br />

prostaglandinas [30].<br />

Devido ao interesse crescente na ob-<br />

tenção <strong>de</strong> novos <strong>de</strong>riva<strong>dos</strong> <strong>de</strong> áci<strong>dos</strong><br />

aril-propiónicos quirais, com diversas<br />

aplicações na indústria farmacêutica<br />

para a preparação <strong>de</strong> substâncias<br />

activas com reconhecida activida<strong>de</strong><br />

inflamatória, o estireno tem sido um<br />

<strong>dos</strong> substratos mo<strong>de</strong>lo mais estuda-<br />

<strong>dos</strong> nesta reacção [26]. <strong>No</strong> entanto,<br />

para que esta possa ser aplicada a<br />

nível industrial na preparação <strong>de</strong> áci-<br />

<strong>dos</strong> aril-propiónicos [33] é importante<br />

<strong>de</strong>senvolver, não só, novos ligan<strong>dos</strong><br />

quirais/catalisadores, mas também<br />

optimizar as condições <strong>de</strong> reacção<br />

para obter elevadas regiosselectivida-<br />

<strong>de</strong>s do al<strong>de</strong>ído ramificado (Esquema<br />

5A). Neste sentido, o grupo C&QF<br />

<strong>de</strong>senvolveu recentemente estu<strong>dos</strong><br />

<strong>de</strong> optimização da regiosselectivida<strong>de</strong><br />

da hidroformilação <strong>de</strong> vinil-aromáticos<br />

como o estireno e a clorofila, recor-<br />

rendo a um planeamento factorial 2 2 ,<br />

o que permitiu atingir regiosselectivi-<br />

da<strong>de</strong>s próximas <strong>de</strong> 100% para o al<strong>de</strong>-<br />

ído ramificado do estireno e <strong>de</strong> beta<br />

vinil-porfirinas, efectuando um núme-<br />

ro reduzido <strong>de</strong> experiências (Tabela<br />

2). De facto, o planeamento factorial<br />

tem-se revelado como uma excelente<br />

ferramenta para a optimização <strong>de</strong> pro-<br />

cessos sintéticos [21, 34].<br />

A utilização <strong>de</strong> complexos organo-<br />

metálicos na funcionalização <strong>de</strong> es-<br />

terói<strong>de</strong>s foi recentemente <strong>de</strong>scrito<br />

por Kollar [35] num artigo <strong>de</strong> revisão,<br />

on<strong>de</strong> fica patente que a hidroformi-<br />

lação também permite introduzir um<br />

grupo formilo, num único passo e <strong>de</strong><br />

forma diasterosselectiva, em duplas<br />

ligações internas <strong>de</strong> núcleos <strong>de</strong> es-<br />

terói<strong>de</strong>s. A primeira hidroformilação<br />

<strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> substratos foi <strong>de</strong>scri-<br />

ta por Pike e Wen<strong>de</strong>r [36], nos anos<br />

50, utilizando como catalisador o<br />

complexo [CoH(CO)4] em quantida-<br />

<strong>de</strong>s estequiométricas e recorrendo a<br />

condições <strong>de</strong> reacção muito severas.<br />

Esquema 5<br />

Mais recentemente, surgiram outros<br />

exemplos da sua aplicação na funcio-<br />

nalização <strong>de</strong> esterói<strong>de</strong>s insatura<strong>dos</strong><br />

em C-16, utilizando catalisadores <strong>de</strong><br />

ródio coor<strong>de</strong>na<strong>dos</strong> com fosfinas al-<br />

quílicas [37]. A contribuição do grupo<br />

C&QF, neste âmbito, traduziu-se no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da hidroformilação<br />

diastereosselectiva <strong>de</strong> esterói<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

diversas séries, insatura<strong>dos</strong> em C-4,<br />

utilizando complexos <strong>de</strong> ródio/tris(o-<br />

tert-butilfenil)fosfito como catalisador<br />

(Tabela 2) [38]. Esta reacção tem<br />

constituído um exemplo <strong>de</strong> referên-<br />

cia, também a nível pedagógico, já<br />

que permite <strong>de</strong>monstrar experimen-<br />

talmente a modulação da reactivida<strong>de</strong><br />

e da regio- e diastereosselectivida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>stas reacções catalíticas. Salienta-<br />

se ainda que a hidroformilação aplica-<br />

da a terpenos naturais permite obter<br />

al<strong>de</strong>í<strong>dos</strong> que po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sempenhar<br />

um importante papel como intermedi-<br />

ários em síntese <strong>de</strong> produtos do foro<br />

da <strong>Química</strong> Fina [39].<br />

Neste domínio e no âmbito <strong>de</strong> um pro-<br />

jecto Ibero-Americano que contempla<br />

a hidroformilação diastereosselectiva<br />

<strong>de</strong> produtos naturais, o grupo C&QF<br />

<strong>de</strong>senvolveu estu<strong>dos</strong> <strong>de</strong> hidroformi-<br />

lação <strong>de</strong> mono e diterpenos tendo<br />

em vista a obtenção <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong><br />

elevado valor acrescentado, nomea-<br />

damente <strong>de</strong>riva<strong>dos</strong> do acetato <strong>de</strong><br />

mirtenol [38] (Tabela 2), assim como<br />

do ácido kaurénico e do kaurenol<br />

(Tabela 2), que é uma matéria-prima<br />

natural obtida a partir <strong>de</strong> uma planta<br />

resinosa "frailejón" nativa das monta-<br />

nhas <strong>dos</strong> An<strong>de</strong>s [41].<br />

Os exemplos aqui apresenta<strong>dos</strong><br />

evi<strong>de</strong>nciam que o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 39


ecente <strong>de</strong> catalisadores quirais al-<br />

tamente regio e enantiosselectivos<br />

po<strong>de</strong> ampliar a utilização da hidro-<br />

formilação como ferramenta sintética<br />

na obtenção <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> elevado<br />

valor acrescentado, <strong>de</strong>signadamente<br />

com potenciais aplicações no domínio<br />

da <strong>Química</strong> Fina.<br />

CONCLUSÃO<br />

A indústria farmacêutica precisa <strong>de</strong><br />

continuar a <strong>de</strong>senvolver e produzir<br />

complexos <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição que<br />

possuam uma acção terapêutica ine-<br />

rente. Em simultâneo, carece também<br />

<strong>de</strong> novos complexos <strong>de</strong> metais <strong>de</strong><br />

transição capazes <strong>de</strong> actuarem como<br />

catalisadores selectivos, recuperáveis<br />

e reutilizáveis, que permitam sintetizar<br />

novos fármacos ou optimizar a produ-<br />

ção <strong>de</strong> outros já introduzi<strong>dos</strong> na prá-<br />

tica clínica e usa<strong>dos</strong> rotineiramente.<br />

Estas necessida<strong>de</strong>s, compaginadas<br />

com estratégias e conceitos relacio-<br />

na<strong>dos</strong> com Desenvolvimento Susten-<br />

tável e <strong>Química</strong> Ver<strong>de</strong> vêm li<strong>de</strong>rando<br />

muita da investigação realizada no<br />

âmbito da <strong>Química</strong> Fina e Medicinal,<br />

no que se refere ao <strong>de</strong>sign, <strong>de</strong>sen-<br />

volvimento e produção <strong>de</strong> compostos<br />

biologicamente activos. É nesta con-<br />

fluência inter- e transdisciplinar <strong>de</strong><br />

interesses e objectivos que os com-<br />

plexos <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição têm um<br />

papel relevante a protagonizar.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

As autoras agra<strong>de</strong>cem a contribui-<br />

ção das equipas <strong>de</strong> investigação <strong>dos</strong><br />

Projectos PTDC/QUI/88015/2006 e<br />

PTDC/QUI/112913/2009 financia<strong>dos</strong><br />

pela Fundação para a Ciência e Tec-<br />

nologia (FCT); do Projecto Ibero-<br />

Americano CYTED-V-9 e <strong>dos</strong> alunos<br />

do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação do<br />

Grupo <strong>de</strong> Catálise & <strong>Química</strong> Fina do<br />

Departamento <strong>de</strong> <strong>Química</strong> - Universi-<br />

da<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra, em particular A. F.<br />

Peixoto, A. R. Almeida, A. R. Abreu, R.<br />

Nunes e R. Carrilho.<br />

REFERÊNCIAS<br />

[1] Decreto-Lei n° 176/2006 <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong><br />

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try and the Business, John Wiley &<br />

Sons, 2007.<br />

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Ver<strong>de</strong>: Teoria e Prática, Oxford Uni-<br />

versity Press: New York, 1998.<br />

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M. T. Williams), Wiley-VCH Verlag<br />

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Ikemoto, Y. Sun, F. Spindler, C. Malan,<br />

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Am. Chem. Soc. 131 (2009) 8798-<br />

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A. S. C. Chan (eds.) Wiley Inter-science,<br />

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Figueiredo, M. M. Pereira, J. Faria<br />

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Axet, M. M. Pereira, M. J. Moreno, L.<br />

40 QUÍMICA 119


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Moreno, A. P. Pieda<strong>de</strong>, M. M. Perei-<br />

ra, J. Mol. Catal. A: Chem. 307 (2009)<br />

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Pereira, M. J. S. M. Moreno, J. L. Fa-<br />

ria, J. Mol. Catal. A: Chem, aceite.<br />

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and Fine Chemicals, Wiley-VCH,<br />

Weinheim,1998, pág. 25.<br />

[28] A. Gual, C. Godard, S. Castillón, C.<br />

Os catalisadores não estão normal-<br />

mente equipa<strong>dos</strong> com um interruptor<br />

on-off. <strong>No</strong> entanto, segundo investi-<br />

gadores da <strong>No</strong>rthwestern University, é<br />

possível que complexos supramolecu-<br />

lares cataliticamente activos possam<br />

ser <strong>de</strong>senha<strong>dos</strong> <strong>de</strong> modo a transitar,<br />

reversivelmente e <strong>de</strong> uma forma con-<br />

trolável, entre configurações distintas<br />

capazes <strong>de</strong>, selectivamente, mediar<br />

ou inibir uma reacção (Science 2010,<br />

330, 66). Estes estu<strong>dos</strong> sugerem no-<br />

vas estratégias para o projecto <strong>de</strong> ca-<br />

talisadores flexíveis, reguláveis atra-<br />

vés <strong>de</strong> meios químicos triviais.<br />

Em resposta a um estímulo químico<br />

específico, como a presença <strong>de</strong> cer-<br />

tos iões, enzimas alostéricas sofrem<br />

alterações conformacionais que pos-<br />

sibilitam a regulação da activida<strong>de</strong><br />

enzimática. Estas alterações são tipi-<br />

camente <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas pela ligação<br />

<strong>de</strong> um ião ou outra espécie química, a<br />

uma localização que não seja o centro<br />

activo da enzima.<br />

Se este tipo <strong>de</strong> comportamento for<br />

extensível a substâncias organometá-<br />

licas, então o alosterismo po<strong>de</strong> funcio-<br />

Claver, Adv. Synth. Catal. 352 (2010)<br />

463-477.<br />

[29] J. Klosin, C. R. Landis, Acc. Chem.<br />

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Pike, J. Am. Chem. Soc. 81 (1959)<br />

1231-1234; b) A. L. Nussbaum, T. L.<br />

Popper, E. P. Oliveto, S. Friedman, I.<br />

CATALISADORES COMUTÁVEIS<br />

nar como uma nova abordagem para<br />

o controlo <strong>de</strong> reacções catalisadas<br />

por uma vasta gama <strong>de</strong> compostos.<br />

<strong>No</strong> entanto, a engenharia molecular<br />

relacionada com este tipo <strong>de</strong> mime-<br />

tização da Natureza tem-se revelado<br />

<strong>de</strong>veras problemática.<br />

A equipa da <strong>No</strong>rthwestern que inclui<br />

os químicos Hyo Jae Yoon, Junpei<br />

Kuwabara, Jun-Hyun Kim e Chad A.<br />

Mirkin, recorreu a méto<strong>dos</strong> <strong>de</strong> síntese<br />

supramolecular <strong>de</strong> forma a ultrapassar<br />

estes <strong>de</strong>safios. Os investigadores sin-<br />

tetizaram estruturas supramoleculares<br />

a partir <strong>de</strong> duas unida<strong>de</strong>s inertes con-<br />

tendo ciclos multi-fenil e uma unida<strong>de</strong><br />

cataliticamente activa que possui um<br />

ligando <strong>de</strong> Al(III)-salen. As secções <strong>de</strong><br />

multi-ciclos actuam como camadas <strong>de</strong><br />

bloqueio ou abas que, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da<br />

conformação especificada, po<strong>de</strong>m ex-<br />

por ou ocultar o centro metálico, que<br />

actua como um catalisador <strong>de</strong> polime-<br />

rização. Assim, a equipa <strong>de</strong>monstrou<br />

que a estrutura <strong>de</strong> três camadas po<strong>de</strong><br />

mediar reacções <strong>de</strong> polimerização por<br />

abertura <strong>de</strong> anel <strong>de</strong> £-caprolactona.<br />

O tratamento da forma fechada ou<br />

inactiva da estrutura com iões cloreto<br />

Wen<strong>de</strong>r, J. Am. Chem. Soc. 81 (1959)<br />

1228-1231.<br />

[37] S. Toros, I. G.-Pécsi, B. Heil, S. Maho,<br />

Z. Tuba, J. Chem. Soc., Chem. Commun.<br />

(1992) 858-859.<br />

[38] A. F. Peixoto, M. M. Pereira, A.M.S.<br />

Silva, C. M. Foca, J. C. Bayón, M. J.<br />

S. M. Moreno, A. M. Beja, J. A. Paixão,<br />

M. Ramos Silva, J. Mol. Cat. A:Chem<br />

275 (2007) 121-129.<br />

[39] J. L. F. Monteiro, C. O. Veloso, Topics<br />

in Catalysis 27 (2004) 169-180.<br />

[40] A. F. Peixoto, M. M. Pereira, A. F. Sou-<br />

sa, A. A. C. C. Pais, M. G. P. M. S. Neves,<br />

A. M. S. Silva, J. A. S. Cavaleiro, J.<br />

Mol. Cat. A:Chem 235 (2005) 185-193.<br />

[41] A. F. Peixoto, D. S. <strong>de</strong> Melo, T. F.<br />

Fernan<strong>de</strong>s, Y. Fonseca, E. V. Gusevskaya,<br />

A. M.S. Silva, R. R. Contreras,<br />

M. Reyes, A. Usubillaga, E. N. <strong>dos</strong><br />

Santos, M. M. Pereira, J. C. Bayón,<br />

Appl Cat. A: Gen. 340 (2008) 212-219.<br />

induz a abertura das abas, expondo o<br />

centro catalítico e <strong>de</strong>spoletando a po-<br />

limerização. Por outro lado, a adição<br />

<strong>de</strong> uma reduzida quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um<br />

agente <strong>de</strong> remoção do cloreto causa o<br />

encerramento da estrutura e a conse-<br />

quente terminação da polimerização.<br />

Através da manipulação <strong>de</strong>ste pro-<br />

cesso reversível, a equipa conseguiu<br />

sintonizar os pesos moleculares <strong>dos</strong><br />

polímeros sintetiza<strong>dos</strong>.<br />

"Este é um belo exemplo da forma<br />

como a flexibilida<strong>de</strong> da química supra-<br />

molecular po<strong>de</strong> ser usada para mime-<br />

tizar a Natureza", afirma o professor<br />

<strong>de</strong> química Wenbin Lin da University<br />

of <strong>No</strong>rth Carolina, em Chapel Hill, que<br />

acrescenta, "esta abordagem permite<br />

antecipar muitas aplicações interes-<br />

santes".<br />

(Adaptado do artigo <strong>de</strong> 4/10/2010<br />

<strong>de</strong> Mitch Jacoby: Switchable<br />

Catalysts, Chemical & Engineering<br />

News, http://pubs.acs.org/cen/news/88/<br />

i40/8840notw6.html)<br />

QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 41<br />

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Este segundo artigo sobre Questões<br />

<strong>de</strong> nomenclatura tem como objectivo<br />

informar os químicos portugueses so-<br />

bre os problemas com que se <strong>de</strong>pa-<br />

rou a comissão composta por portu-<br />

gueses, brasileiros e cabo-verdianos<br />

que está a traduzir e adaptar para<br />

português, nas vertentes europeia<br />

e brasileira, as Recomendações da<br />

IUPAC <strong>de</strong> 2005 da <strong>No</strong>menclatura <strong>de</strong><br />

<strong>Química</strong> Inorgânica [1, 2], na tradução<br />

<strong>dos</strong> nomes <strong>dos</strong> elementos químicos e<br />

opções que teve <strong>de</strong> realizar.<br />

O nome <strong>de</strong> cada elemento químico<br />

tem uma história diferente conforme<br />

exista naturalmente na Terra ou seja<br />

criado em laboratório através <strong>de</strong> reac-<br />

ções nucleares. O nome <strong>dos</strong> elemen-<br />

tos que existem naturalmente na Ter-<br />

ra está ligado à própria história <strong>de</strong>sse<br />

elemento - a sua antiguida<strong>de</strong> e a sua<br />

utilização. Não havendo, no passado,<br />

uma tradição <strong>de</strong> <strong>de</strong>signar os elemen-<br />

tos químicos <strong>de</strong> uma só forma, tanto<br />

na vertente europeia, como brasileira,<br />

do português, apesar da raiz comum<br />

da maioria <strong>dos</strong> nomes, estes foram<br />

sofrendo alterações ao longo do tem-<br />

po. Apesar das Recomendações da<br />

IUPAC <strong>de</strong> 2005 da <strong>No</strong>menclatura <strong>de</strong><br />

<strong>Química</strong> Inorgânica [1] proporem um<br />

único nome para os elementos quí-<br />

micos, elas próprias dão o exemplo,<br />

em inglês, tanto da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

compromisso entre as diversas va-<br />

riantes linguísticas ao proporem, por<br />

exemplo para o enxofre, unicamente o<br />

nome "sulfur", como da possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> aceitação <strong>de</strong> ligeiras alterações ao<br />

admitirem, por exemplo, as variantes<br />

Comissão <strong>de</strong> Tradução das Recomendações da IUPAC<br />

<strong>de</strong> 2005 da <strong>No</strong>menclatura <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Inorgânica:<br />

1 Portugal<br />

2 Cabo Ver<strong>de</strong><br />

3 Brasil<br />

mclara@ua.pt<br />

OS NOMES DOS ELEMENTOS QUÍMICOS<br />

QUESTÕES DE<br />

NOMENCLATURA<br />

ADÉLIO A. S. C. M. MACHADO 1 , BERNARDO J. HEROLD 1 , JOÃO<br />

CARDOSO 2 , JOAQUIM MARÇALO 1 , JOSÉ ALBERTO L. COSTA 1 , MARIA CLARA<br />

MAGALHÃES 1 *, MARIA HELENA GARCIA 1 , OLIVIER PELLEGRINO 1 , OSVALDO<br />

"aluminum" e "aluminium" para o alu-<br />

mínio.<br />

A comissão [2] que está a traduzir as<br />

Recomendações da IUPAC <strong>de</strong> 2005<br />

da <strong>No</strong>menclatura <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Inorgâ-<br />

nica recomenda os nomes <strong>dos</strong> ele-<br />

mentos químicos constantes do Qua-<br />

dro 1. São aqui introduzidas pequenas<br />

alterações em alguns <strong>dos</strong> nomes <strong>dos</strong><br />

elementos químicos utiliza<strong>dos</strong> actual-<br />

mente, no sentido <strong>de</strong> harmonizar a no-<br />

menclatura em português nas varian-<br />

tes europeia e brasileira. <strong>No</strong> Quadro<br />

1, na coluna das notas, apresentam-<br />

se não só as que constam das Re-<br />

comendações da IUPAC <strong>de</strong> 2005 da<br />

<strong>No</strong>menclatura <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Inorgânica<br />

[1], como alguma justificação <strong>dos</strong> pre-<br />

sentes nomes <strong>dos</strong> elementos quími-<br />

cos. É <strong>de</strong> notar que na <strong>de</strong>signação <strong>de</strong><br />

alguns elementos, como por exemplo<br />

do berkélio, a forma <strong>de</strong> o escrever foi<br />

alterada em relação a formas anterio-<br />

res, como resultado do novo texto do<br />

Acordo Ortográfico da Língua Portu-<br />

guesa (1990) 1 [3] admitir a existência<br />

da letra "k" e sugerir que, quando pos-<br />

sível, não haja gran<strong>de</strong>s adulterações<br />

na escrita, em português, <strong>de</strong> nomes<br />

próprios ou <strong>de</strong>riva<strong>dos</strong> <strong>de</strong> nomes pró-<br />

prios. As ligeiras alterações <strong>dos</strong> no-<br />

mes <strong>dos</strong> elementos com os números<br />

atómicos 99 e 110, respectivamente,<br />

einsténio (bras. einstênio) e darmstá-<br />

cio, foram propostas tendo em aten-<br />

ção razões <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m fonética.<br />

Na atribuição <strong>dos</strong> nomes, em portu-<br />

guês, aos elementos artificiais que<br />

têm vindo a ser cria<strong>dos</strong> em laborató-<br />

rio, seguiram-se três regras que se<br />

tentaram aplicar caso a caso:<br />

x a escrita <strong>dos</strong> nomes <strong>dos</strong> elemen-<br />

tos <strong>de</strong>ve seguir as regras <strong>de</strong> escri-<br />

ta das palavras em português <strong>de</strong><br />

Portugal e do Brasil;<br />

SERRA 3 , ROBERTO B. FARIA 3 E RUI TEIVES HENRIQUES 1<br />

x a adaptação ao português <strong>de</strong>ve<br />

ser feita <strong>de</strong> modo que o conjunto<br />

<strong>de</strong> caracteres possa ser i<strong>de</strong>ntifica-<br />

do em qualquer língua; e<br />

x a raiz inicial <strong>dos</strong> nomes <strong>de</strong>ve ser<br />

mantida, uma vez que estes <strong>de</strong>ri-<br />

vam <strong>de</strong> nomes próprios estrangei-<br />

ros.<br />

<strong>No</strong> sentido <strong>de</strong> simplificar a nomen-<br />

clatura, evitando a proliferação <strong>de</strong><br />

nomes, nas últimas Recomendações<br />

da IUPAC <strong>de</strong> 2005 da <strong>No</strong>menclatura<br />

<strong>de</strong> <strong>Química</strong> Inorgânica [1], é proposto<br />

um único nome para cada elemento<br />

químico. Deste modo, no caso daque-<br />

les elementos a que tradicionalmente<br />

eram atribuí<strong>dos</strong> dois nomes, como os<br />

elementos com os números atómicos<br />

7, 51 e 74, fixou-se em português os<br />

nomes, respectivamente, nitrogénio<br />

(bras. nitrogênio), antimónio (bras.<br />

antimônio) e tungsténio (bras. tungs-<br />

tênio), por serem os mais utiliza<strong>dos</strong>,<br />

na actualida<strong>de</strong>, na literatura científica<br />

em português. Com excepção <strong>dos</strong> no-<br />

mes <strong>dos</strong> elementos do grupo <strong>dos</strong> ga-<br />

ses nobres, em que há uma diferença<br />

mais acentuada nas <strong>de</strong>signações nas<br />

vertentes europeia e brasileira, a dife-<br />

rença resi<strong>de</strong> unicamente na acentua-<br />

ção das palavras. É provável que, no<br />

futuro, com a continuação <strong>de</strong> esforços<br />

<strong>de</strong> aproximação das várias vertentes<br />

do português, esta diferença na escri-<br />

ta <strong>dos</strong> nomes <strong>dos</strong> elementos venha a<br />

ser eliminada.<br />

Para os elementos com os números<br />

atómicos 24 e 85, fixaram-se agora,<br />

respectivamente, os nomes cromo e<br />

ástato. <strong>No</strong> caso da vertente europeia<br />

do português, merecem explicações<br />

as recomendações que se fazem<br />

para os nomes <strong>dos</strong> elementos com os<br />

números atómicos 7, 24 e 85, respec-<br />

tivamente, nitrogénio (bras. nitrogê-<br />

nio), cromo e ástato. A fixação <strong>de</strong>stes<br />

QUÍMICA 1 1 9 - OUT/DEZ 10 4 3


nomes tem por base os pressupostos<br />

seguintes:<br />

x no caso do elemento com o nú-<br />

mero atómico 7, propõe-se agora uni-<br />

camente o nome nitrogénio, com di-<br />

ferente acentuação em português do<br />

Brasil (nitrogênio), tendo em mente<br />

não só a imposição da IUPAC da es-<br />

colha <strong>de</strong> um único nome, mas também<br />

o facto <strong>de</strong> este ser o nome seguido no<br />

português do Brasil e actualmente em<br />

muitas universida<strong>de</strong>s e manuais es-<br />

colares <strong>de</strong> Portugal; é importante fri-<br />

sar que a IUPAC não impõe o nome,<br />

só impõe que <strong>de</strong>ve haver um único<br />

nome por elemento por língua; os dois<br />

nomes actualmente em vigor em Por-<br />

tugal foram propostos por cientistas<br />

franceses - azoto (do francês "azote",<br />

que <strong>de</strong>riva do grego "sem vida") por<br />

A. Lavoisier, em 1789 [4], e nitrogé-<br />

nio (do grego "gerador <strong>de</strong> nitro") por<br />

J.-A.-C. Chaptal, em 1790 [5], quando<br />

compreen<strong>de</strong>u que este elemento era<br />

um constituinte <strong>dos</strong> nitratos;<br />

x para o elemento com o número<br />

atómico 24 escolheu-se o nome cro-<br />

Z Símbolo<br />

<strong>No</strong>me<br />

(Var. Europeia)<br />

mo numa tentativa <strong>de</strong> aproximação<br />

da escrita do português nas duas<br />

variantes - brasileira e portuguesa. A<br />

propósito da escolha <strong>de</strong> "cromo" rela-<br />

tivamente a "crómio", é interessante<br />

ler o que A.J. Ferreira da Silva escre-<br />

veu em 1905 [6]: argumenta, seguin-<br />

do o exemplo <strong>de</strong> J.J. Berzelius, que<br />

o "chromium" latino, <strong>de</strong>via conduzir<br />

a "crómio". Vários autores portugue-<br />

ses, que ele cita (Oliveira Pimentel,<br />

Achilles Machado, Sousa Gomes e<br />

Mousinho d'Albuquerque [6]), tam-<br />

bém optaram por "crómio". <strong>No</strong> entan-<br />

to, cita o Conselheiro Álvaro Joaquim<br />

d'Oliveira que usa "cromo", A.J. Fer-<br />

reira da Silva seguiu, neste caso, o<br />

critério <strong>de</strong> respeitar a opinião da maio-<br />

ria <strong>dos</strong> autores portugueses; na sua<br />

argumentação falta, porém, mencio-<br />

nar o facto <strong>de</strong> tanto uma versão como<br />

a outra <strong>de</strong>rivarem do grego chrôma;<br />

<strong>de</strong>ste modo, "cromo" será o nome do<br />

elemento quando é <strong>de</strong>rivado por via<br />

directa do grego e "crómio" por via do<br />

latim. Em português, em regra, os ter-<br />

mos <strong>de</strong>riva<strong>dos</strong> do grego foram adap-<br />

ta<strong>dos</strong> apenas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> terem sido<br />

latiniza<strong>dos</strong>; com efeito, na sequência<br />

da Contra-Reforma e do afastamento<br />

<strong>dos</strong> "bordaleses" da Escola das Ar-<br />

tes em Coimbra, não se encorajava<br />

a tradução directa <strong>de</strong> textos gregos<br />

antigos e preferia-se traduzir textos<br />

previamente verti<strong>dos</strong> para latim, que<br />

já levavam a chancela <strong>de</strong> Roma [7].<br />

Isso justificaria o nome "crómio" mas,<br />

curiosamente, quem se parece ter<br />

atravessado no meio do caminho,<br />

<strong>de</strong>sta vez, não foi Roma mas Uppsala<br />

na pessoa do protestante iluminado<br />

J.J Berzelius [6]. Não nos parece que<br />

se tenha <strong>de</strong> seguir necessariamente<br />

A.J. Ferreira da Silva [6] e, se se fizer<br />

a adaptação directamente do grego,<br />

fica "cromo". Foi o que, segundo A.J.<br />

Ferreira da Silva [6], fizeram os espa-<br />

nhóis, os franceses e os italianos ao<br />

omitirem também o "i". A maioria <strong>dos</strong><br />

dicionários <strong>de</strong> português admite as<br />

duas variantes "cromo" e "crómio";<br />

x o nome do elemento com o núme-<br />

ro atómico 85 <strong>de</strong>ve escrever-se ásta-<br />

to, uma vez que esta é a acentuação<br />

que <strong>de</strong>vem ter as palavras <strong>de</strong>rivadas<br />

do grego.<br />

Quadro 1 - Número atómico (Z), símbolo e nome <strong>dos</strong> elementos químicos<br />

<strong>No</strong>me<br />

(Var. Brasileira)<br />

H hidrogénio hidrogênio<br />

2 He hélio<br />

3 Li lítio<br />

4 Be berílio<br />

5 B boro<br />

6 C carbono<br />

7 N nitrogénio nitrogênio<br />

8 O oxigénio oxigênio<br />

9 F flúor<br />

10 Ne néon neônio<br />

<strong>No</strong>tas<br />

2 3<br />

Os isótopos <strong>de</strong> hidrogénio (bras. hidrogênio) H e H são <strong>de</strong>nomina<strong>dos</strong>,<br />

respectivamente, <strong>de</strong>utério e trítio, para os quais po<strong>de</strong>m ser usa<strong>dos</strong> os<br />

2 3<br />

símbolos D e T; contudo são preferi<strong>dos</strong> os símbolos H e H<br />

Por imposição da IUPAC só po<strong>de</strong> haver um nome por elemento; o nome<br />

alternativo azoto origina a raiz "az" para o nitrogénio (bras. nitrogênio)<br />

11 Na sódio O símbolo Na para o elemento provém do nome latino natrium<br />

12 Mg magnésio<br />

13 Al alumínio<br />

14 Si silício<br />

15 P fósforo O símbolo P para o elemento provém do nome grego phosphóros<br />

16 S enxofre<br />

17 Cl cloro<br />

18 Ar árgon argônio<br />

O símbolo S para o elemento provém do nome latino sulphur; o nome grego<br />

theion origina a raiz "tio" para o enxofre<br />

19 K potássio O símbolo K para o elemento provém do nome latino kalium<br />

20 Ca cálcio<br />

44 QUÍMICA 119


21 Sc escândio<br />

22 Tl titânio<br />

23 V vanádio<br />

24 Cr cromo "Cromo" por <strong>de</strong>rivaçao directa do grego chrôma<br />

25 Mn manganês<br />

26 Fe ferro<br />

27 Co cobalto<br />

28 Ni níquel<br />

29 Cu cobre O símbolo Cu para o elemento provém do nome latino cuprum<br />

30 Zn zinco<br />

31 Ga gálio<br />

32 Ge germânio<br />

33 As arsénio arsênio<br />

34 Se selénio selênio<br />

35 Br bromo<br />

36 Kr crípton criptônio<br />

37 Rb rubídio<br />

38 Sr estrôncio<br />

39 Y ítrio<br />

40 Zr zircónio zircônio<br />

41 Nb nióbio<br />

42 Mo molibdénio molibdênio<br />

43 Tc tecnécio<br />

44 Ru ruténio rutênio<br />

45 Rh ródio<br />

46 Pd paládio<br />

47 Ag prata O símbolo Ag para o elemento provém do nome latino argentum<br />

48 Cd cádmio<br />

49 In índio<br />

50 Sn estanho O símbolo Sn para o elemento provém do nome latino stannum<br />

51 Sb antimónio antimônio O símbolo Sb para o elemento provém do nome latino stibium<br />

52 Te telúrio<br />

53 I iodo<br />

54 Xe xénon xenônio<br />

55 Cs césio<br />

56 Ba bário<br />

57 La lantânio<br />

58 Ce cério<br />

59 Pr praseodímio<br />

60 Nd neodímio<br />

61 Pm promécio<br />

62 Sm samário<br />

63 Eu európio<br />

64 Gd gadolínio<br />

65 Tb térbio<br />

66 Dy disprósio<br />

67 Ho hólmio<br />

68 Er érbio<br />

69 Tm túlio<br />

70 Yb itérbio<br />

71 Lu lutécio<br />

QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 45


72 Hf háfnio<br />

73 Ta tântalo<br />

74 W tungsténio tungstênio O símbolo W para o elemento provém do nome alemão wolfram<br />

75 Re rénio rênio<br />

76 Os ósmio<br />

77 Ir irídio<br />

78 Pt platina<br />

79 Au ouro O símbolo Au para o elemento provém do nome latino aurum<br />

80 Hg mercúrio O símbolo Hg para o elemento provém do nome latino hydrargyrum<br />

81 Tl tálio<br />

82 Pb chumbo O símbolo Pb para o elemento provém do nome latino plumbum<br />

83 Bi bismuto<br />

84 Po polónio polônio<br />

85 At ástato A acentuação é aquela que <strong>de</strong>vem ter as palavras <strong>de</strong>rivadas do grego<br />

86 Rn rádon radônio<br />

87 Fr frâncio<br />

88 Ra rádio<br />

89 Ac actínio<br />

90 Th tório<br />

91 Pa protactínio<br />

92 U urânio<br />

93 Np neptúnio<br />

94 Pu plutónio plutônio<br />

95 Am amerício<br />

96 Cm cúrio<br />

97 Bk berkélio Por aplicação das novas regras do acordo ortográfico<br />

98 Cf califórnio<br />

99 Es einsténio einstênio Tendo em atenção razões fonéticas<br />

100 Fm férmio<br />

101 Md men<strong>de</strong>lévio<br />

102 <strong>No</strong> nobélio<br />

103 Lr lawrêncio Por aplicação das novas regras do acordo ortográfico<br />

104 Rf rutherfórdio Por aplicação das novas regras do acordo ortográfico<br />

105 Db dúbnio<br />

106 Sg seabórgio Por aplicação das novas regras do acordo ortográfico<br />

107 Bh bóhrio Por aplicação das novas regras do acordo ortográfico<br />

108 Hs hássio<br />

109 Mt meitnério<br />

110 Ds darmstácio Tendo em atenção razões fonéticas<br />

111 Rg roentgénio roentgênio Por aplicação das novas regras do acordo ortográfico<br />

112 Cn copernício<br />

NOMENCLATURA SISTEMÁTICA E<br />

SÍMBOLOS DE ELEMENTOS QUÍMICOS<br />

ARTIFICIAIS<br />

O urânio é o último elemento químico<br />

do Quadro <strong>de</strong> Classificação Periódica<br />

que existe naturalmente na Terra, mas<br />

a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar elementos ar-<br />

tificiais tem vindo a ser investigada ac-<br />

tivamente pelos físicos nucleares com<br />

sucesso, pelo que faz sentido discutir<br />

o problema da sua <strong>de</strong>signação.<br />

<strong>No</strong> passado eram os investigadores<br />

envolvi<strong>dos</strong> na <strong>de</strong>scoberta ou na cria-<br />

ção <strong>de</strong> um elemento químico novo<br />

que tinham o direito <strong>de</strong> lhe atribuir<br />

nome. Esta situação originou que,<br />

por exemplo, o elemento químico<br />

104 tivesse dois nomes (rutherfórdio<br />

e kurchatóvio) durante cerca <strong>de</strong> trin-<br />

ta anos [8], uma vez que havia dois<br />

grupos que reclamavam a sua criação<br />

[1]. Como um elemento químico só<br />

<strong>de</strong>ve ter um único nome, uma vez que<br />

uma proliferação <strong>de</strong> nomes origina<br />

muitas confusões, em 1947, a IUPAC<br />

<strong>de</strong>cidiu que após se ter provado, sem<br />

reservas, a existência <strong>de</strong> um novo ele-<br />

mento, os criadores ou <strong>de</strong>scobridores<br />

46 QUÍMICA 119


tinham o direito <strong>de</strong> sugerir um nome<br />

à IUPAC. Contudo, somente a Co-<br />

missão <strong>de</strong> <strong>No</strong>menclatura em <strong>Química</strong><br />

Inorgânica (CNIC) podia fazer uma re-<br />

comendação ao Conselho da IUPAC,<br />

que tomaria a <strong>de</strong>cisão final [1]. Esta<br />

Comissão publicou em 2002 um con-<br />

junto <strong>de</strong> indicações para a atribuição<br />

<strong>de</strong> nomes a elementos químicos arti-<br />

ficiais, em que sugeriu que os nomes<br />

podiam ter como base um conceito mi-<br />

tológico, um mineral, um local ou país,<br />

uma proprieda<strong>de</strong> ou um cientista [8]. A<br />

Comissão foi extinta em 1 <strong>de</strong> Janeiro<br />

<strong>de</strong> 2002, aquando da reestruturação<br />

da IUPAC, mas mantém-se o direito<br />

<strong>dos</strong> criadores <strong>de</strong> um novo elemento<br />

químico sugerirem o nome, como foi<br />

reconhecido em 1990 [9].<br />

Actualmente, a reivindicação da cria-<br />

ção <strong>de</strong> um elemento artificial é primei-<br />

ro investigada por uma comissão con-<br />

junta IUPAC-1UPAP (União Interna-<br />

cional <strong>de</strong> Física Pura e Aplicada) que<br />

lhe atribui uma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> preferência.<br />

A equipa reconhecida como <strong>de</strong>scobri-<br />

dora é então convidada a sugerir um<br />

nome à Divisão <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Inorgâni-<br />

ca que elabora uma recomendação<br />

formal ao Conselho da IUPAC [1].<br />

As recomendações seguintes refe-<br />

rem-se à <strong>de</strong>nominação <strong>dos</strong> elementos<br />

artificiais até à atribuição <strong>de</strong> um nome<br />

pela IUPAC. A qualquer casa do Qua-<br />

dro Periódico a seguir ao urânio po<strong>de</strong><br />

ser atribuído provisoriamente uma <strong>de</strong>-<br />

signação temporária, quer exista ou<br />

não um elemento químico com esse<br />

número atómico. Os elementos quími-<br />

cos artificiais, po<strong>de</strong>m ser menciona<strong>dos</strong><br />

na literatura científica pela utilização<br />

<strong>de</strong>sses indicadores temporários cor-<br />

respon<strong>de</strong>ntes ao respectivo número<br />

atómico, por exemplo "elemento 120",<br />

mas a IUPAC aprovou para eles uma<br />

nomenclatura sistemática e uma série<br />

<strong>de</strong> símbolos constituí<strong>dos</strong> por três le-<br />

tras para uso provisório (ver Quadro<br />

2) [1].<br />

O nome provisório <strong>de</strong> cada elemento<br />

químico é <strong>de</strong>rivado directamente do<br />

seu número atómico por utilização<br />

das seguintes sílabas numéricas an-<br />

tepostas à terminação "io":<br />

0= nil 1 = un 2 = bi 3 = tri 4 = quad<br />

5 = pent 6 = hex 7 = sept 8 = oct 9 = enn<br />

As sílabas são colocadas pela or<strong>de</strong>m<br />

<strong>dos</strong> dígitos que constituem o número<br />

atómico e adiciona-se a terminação<br />

"io" para formar o nome. Eli<strong>de</strong>-se o<br />

"n" <strong>de</strong> "enn" quando se lhe seguir "nil"<br />

e o "i" final <strong>de</strong> "bi" e "tri" quando se<br />

lhes seguir "io". Em português, razões<br />

fonéticas exigem frequentemente a<br />

acentuação das sílabas nos nomes e<br />

exige-se a hifenação antes <strong>de</strong> "h" no<br />

meio das palavras, como se exemplifi-<br />

ca no Quadro 2. O símbolo <strong>de</strong> um ele-<br />

mento é composto pelas letras iniciais<br />

das sílabas numéricas que constituem<br />

o nome [1].<br />

Este número da revista é acompanha-<br />

do <strong>de</strong> uma separata com o Quadro<br />

Periódico <strong>dos</strong> Elementos Químicos,<br />

no qual os nomes <strong>dos</strong> elementos es-<br />

tão escritos na vertente europeia do<br />

português. Este Quadro Periódico foi<br />

concebido para ser utilizado pelos quí-<br />

micos portugueses, mas po<strong>de</strong>rá ser<br />

utilizado por to<strong>dos</strong> os que adoptem a<br />

vertente europeia do português.<br />

NOTA<br />

1 <strong>No</strong> seu artigo 2°, tanto o texto do Acor-<br />

do Ortográfico da Língua <strong>Portuguesa</strong><br />

(1990) [3a)] como o "Protocolo Modifi-<br />

cativo ao Acordo Ortográfico da Língua<br />

<strong>Portuguesa</strong> [3b)] estabelecem que Os<br />

Esta<strong>dos</strong> signatários tomarão, através<br />

das instituições e órgãos competentes,<br />

as providências necessárias com vista<br />

à elaboração <strong>de</strong> um vocabulário or-<br />

tográfico comum da língua portuguesa,<br />

tão completo quanto <strong>de</strong>sejável e tão<br />

normalizador quanto possível, no que<br />

se refere às terminologias científicas e<br />

técnicas [3b)].<br />

REFERÊNCIAS<br />

[1] N.G. Connelly, T. Damhus, R.H. Hart-<br />

shorn, A.T. Hutton, <strong>No</strong>menclature of In-<br />

organic Chemistry, IUPAC Recommen-<br />

dations 2005, Royal Society of Chemis-<br />

try Publishing, Cambridge, 2005, 378 p.<br />

[2] A.A.S.C.M. Machado, B.J. Herold,<br />

J. Car<strong>dos</strong>o, J. Marçalo, J.A.L. Cos-<br />

Quadro 2 - <strong>No</strong>mes e símbolos temporários para os elementos <strong>de</strong> número atómico superior a 112 a<br />

Número atómico <strong>No</strong>me b<br />

Símbolo<br />

113 unúntrio Uut<br />

114 ununquádio Uuq<br />

115 ununpêntio Uup<br />

116 unun-héxio Uuh<br />

117 ununséptio Uus<br />

118 ununóctio Uuo<br />

119 ununénnio Uue<br />

120 unbinílio Ubn<br />

121 unbiúnio Ubu<br />

122 unbíbio Ubb<br />

126 unbi-héxio Ubh<br />

130 untrinílio Utn<br />

140 unquadnílio Uqn<br />

150 unpentnílio Upn<br />

160 un-hexnílio Uhn<br />

170 unseptnílio Usn<br />

180 unoctnílio Uon<br />

190 unennílio Uen<br />

200 binilnílio Bnn<br />

201 binilúnio Bnu<br />

202 binílbio Bnb<br />

300 trinilnílio Tnn<br />

400 quadnilnílio Qnn<br />

500 pentnilnílio Pnn<br />

900 ennilnílio Enn<br />

a Estes nomes só são usa<strong>dos</strong> enquanto o nome <strong>de</strong>finitivo não for atribuído pela IUPAC<br />

b Po<strong>de</strong>-se escrever, por exemplo, "elemento 113"<br />

QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 47


ta, M.C. Magalhães, M.H. Garcia, O.<br />

Pellegrino, O. Serra, R.B. Faria e R.T.<br />

Henriques, A História da <strong>No</strong>menclatura<br />

<strong>Química</strong> em Português, <strong>Química</strong> - Bo-<br />

letim da SPQ 118 (2010) 53-56.<br />

[3] O Acordo Ortográfico da Língua Portu-<br />

guesa (1990) foi assinado em Lisboa a<br />

16 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1990. Em Portugal<br />

a) O texto do Acordo foi aprovado para<br />

ratificação pela Resolução da Assem-<br />

bleia da República n° 26/91, <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong><br />

Junho <strong>de</strong> 1991, publicado no Diário da<br />

República - I Série A, n° 193 <strong>de</strong> 23-<br />

08-1991, 4370-4388, e ratificado pelo<br />

Decreto do Presi<strong>de</strong>nte da República n°<br />

43/91 publicado no Diário da Repúbli-<br />

ca- I Série A, n° 193 <strong>de</strong> 23-08-1991,<br />

4370; b) A Resolução da Assembleia<br />

da República n° 8/2000 aprova o Pro-<br />

tocolo Modificativo ao Acordo Ortográ-<br />

fico da Língua <strong>Portuguesa</strong>, assinado<br />

na Praia, Cabo Ver<strong>de</strong>, em 17 <strong>de</strong> Julho<br />

<strong>de</strong> 1998, pelos Governos da Repúbli-<br />

ca <strong>de</strong> Angola, da República Fe<strong>de</strong>ra-<br />

tiva do Brasil, da República <strong>de</strong> Cabo<br />

Ver<strong>de</strong>, da República da Guiné-Bissau,<br />

da República <strong>de</strong> Moçambique, da<br />

Foi <strong>de</strong>senvolvido recentemente por<br />

cientistas italianos um sistema nano-<br />

fluídico para restaurar obras <strong>de</strong> arte,<br />

ilustrando o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> so-<br />

luções <strong>de</strong>senhadas especificamente<br />

para a conservação <strong>de</strong> arte. Anterior-<br />

mente, os conservadores <strong>de</strong> arte re-<br />

corriam a revestimentos <strong>de</strong> polímeros<br />

orgânicos sintéticos numa tentativa <strong>de</strong><br />

proteger as pinturas. Porém, sabe-se<br />

agora que esses revestimentos danifi-<br />

cam as pinturas aquando da sua <strong>de</strong>-<br />

gradação, sendo a sua remoção uma<br />

das actuais priorida<strong>de</strong>s na conserva-<br />

ção <strong>de</strong> arte.<br />

Neste contexto, foram então <strong>de</strong>sen-<br />

volvidas micro-emulsões baseadas<br />

em água que são mais efectivas na<br />

remoção <strong>dos</strong> polímeros quando com-<br />

paradas com os tradicionais solventes<br />

República <strong>Portuguesa</strong> e da República<br />

Democrática <strong>de</strong> São Tomé e Príncipe,<br />

publicado no Diário da República - I<br />

Série A, n° 23 <strong>de</strong> 28-01-2000, p. 368,<br />

e ratificado pelo Decreto do Presi<strong>de</strong>nte<br />

da República n° 1/2000 publicado no<br />

Diário da República -1 Série A, n° 23 <strong>de</strong><br />

28-01-2000, p.368; c) A Resolução da<br />

Assembleia da República n° 35/2008<br />

Aprova o Acordo do Segundo Protoco-<br />

lo Modificativo ao Acordo Ortográfico<br />

da Língua <strong>Portuguesa</strong>, adoptado na<br />

V Conferência <strong>dos</strong> Chefes <strong>de</strong> Estado<br />

e <strong>de</strong> Governo da Comunida<strong>de</strong> <strong>dos</strong><br />

Países <strong>de</strong> Língua <strong>Portuguesa</strong> (CPLP),<br />

realizada em São Tomé em 26 e 27 <strong>de</strong><br />

Julho <strong>de</strong> 2004, publicado no Diário da<br />

República -1 Série A, n° 145 <strong>de</strong> 29-07-<br />

2008, p. 4802 e 4803 foi ratificado pelo<br />

Decreto do Presi<strong>de</strong>nte da República n.°<br />

52/2008 publicado no Diário da Repú-<br />

blica -1 Série A, n° 145 <strong>de</strong> 29-07-2008<br />

p.4784. <strong>No</strong> Brasil o texto do Acordo foi<br />

aprovado pelo Congresso Nacional por<br />

meio do Decreto Legislativo n° 54, <strong>de</strong><br />

18 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 1995, e a sua execução<br />

e cumprimento foram estabeleci<strong>dos</strong><br />

PRESERVAR ARTE À NANO-ESCALA<br />

orgânicos, sem provocar qualquer<br />

dano nas obras <strong>de</strong> arte.<br />

Os cientistas da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Florença (Itália) <strong>de</strong>senvolveram uma<br />

nova formulação nanofluídica e inves-<br />

tigaram o mecanismo <strong>de</strong> limpeza em<br />

murais Mesoamericanos, no México. A<br />

formulação proposta foi composta por<br />

do<strong>de</strong>cilsulfato <strong>de</strong> sódio, pentanol, ace-<br />

tato <strong>de</strong> etilo e carbonato <strong>de</strong> propileno<br />

em água, formando um sistema mice-<br />

lar <strong>de</strong> dimensões nano-esféricas.<br />

Quando aplicada, a mistura <strong>de</strong> solven-<br />

tes é absorvida pelo revestimento po-<br />

limérico, provocando a sua dilatação e<br />

subsequente separação da superfície<br />

da pintura. A compartimentação à na-<br />

no-escala <strong>dos</strong> diferentes constituintes<br />

da mistura <strong>de</strong> limpeza permite que o<br />

polímero "escolha" a fracção <strong>de</strong> sol-<br />

pelo Decreto n° 658372008 da Presi-<br />

dência da República, <strong>de</strong> 29-09-2008.<br />

[4] A.L. Lavoisier, Traité élémentaire <strong>de</strong><br />

chimie, présenté dans un ordre nouve-<br />

au et d'après les découvertes mo<strong>de</strong>r-<br />

nes. Paris, 1789.<br />

[5] J.-A.-C. Chaptal, Éléments <strong>de</strong> chimie.<br />

Montpellier, 1790.<br />

[6] A.J. Fereira da Silva, <strong>No</strong>tas sobre a<br />

nomenclatura portugueza <strong>dos</strong> elemen-<br />

tos, compostos e funcções chimicas,<br />

Revista <strong>de</strong> Chimica Pura e Applicada,<br />

I Anno, n° 9 (1905) 401 - 404; I Anno,<br />

n° 10 (1905) 452 - 453; n° 11 (1905)<br />

501 - 502; n° 12 (1905) 533 - 535; II<br />

Anno n° 1 (1906) 26 - 29; n° 2 (1906)<br />

64 - 66; n° 6 (1906) 222 - 225.<br />

[7] R.M. Rosado Fernan<strong>de</strong>s, 2008, comu-<br />

nicação pessoal.<br />

[8] W.H. Koppenol, Naming of New Ele-<br />

ments (IUPAC Recommendations<br />

2002), Pure and Applied Chemistry<br />

74(5) (2002) 787-791.<br />

[9] G.J. Leigh (ed.), <strong>No</strong>menclature of In-<br />

organic Chemistry, IUPAC Recom-<br />

mendations 1990, Blackwell Scientific<br />

Publications, Oxford, 1990, 310 p.<br />

ventes presentes na mistura que vai<br />

absorver, <strong>de</strong> acordo com as suas pro-<br />

prieda<strong>de</strong>s físico-químicas. Isto signifi-<br />

ca que o sistema <strong>de</strong> limpeza proposto<br />

tem a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fornecer a mistu-<br />

ra <strong>de</strong> solventes óptima para remover<br />

qualquer polímero.<br />

Este é apenas um exemplo <strong>de</strong> como<br />

as nanociências po<strong>de</strong>m ser usadas <strong>de</strong><br />

forma efectiva para resolver as mais<br />

variadas questões, mesmo em apli-<br />

cações completamente inesperadas,<br />

particularmente no campo da conser-<br />

vação <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> arte.<br />

(Adaptado <strong>de</strong> http://www.rsc.org/Pu-<br />

blishing/ChemScience/Volume/2010/08/<br />

Preserving_art.asp)<br />

48 QUÍMICA 119<br />

HMO


A QUÍMICA ORGÂNICA NO ENSINO SECUNDÁRIO:<br />

A PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES<br />

QUÍMICA E ENSINO<br />

SÉRGIO C. LEAL A *, JOÃO PAULO LEAL BC ,<br />

MARIA A. F. FAUSTINO A E ARTUR M. S. SILVA 3<br />

Um m estudo realizado no âmbito do Mestrado em Ensino da Física e da <strong>Química</strong> na<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro teve como intenção analisar as percepções <strong>de</strong> alunos e professores<br />

acerca da <strong>Química</strong> Orgânica abordada no ensino secundário (ES), para além <strong>de</strong> procurar<br />

apresentar propostas que se consi<strong>de</strong>ram pertinentes e que visam a melhoria do processo<br />

ensino/aprendizagem das ciências e da <strong>Química</strong> Orgânica em particular. A escolha da<br />

<strong>Química</strong> Orgânica pren<strong>de</strong>u-se com o facto <strong>de</strong> os autores consi<strong>de</strong>rarem esta área da Quí-<br />

mica "mal amada" nos programas propostos pelo Ministério da Educação (ME), tendo em<br />

consi<strong>de</strong>ração a sua relevância no nosso dia-a-dia, situação aparentemente agravada com<br />

a reforma curricular do ES que teve início no ano lectivo <strong>de</strong> 2004/2005. A metodologia<br />

utilizada partiu da análise documental <strong>de</strong> programas curriculares e manuais escolares das<br />

áreas <strong>de</strong> <strong>Química</strong> e Biologia das últimas duas reformas curriculares e a análise quantitativa<br />

<strong>de</strong> questionários aplica<strong>dos</strong> a alunos e professores. Os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> apontam no sen-<br />

tido <strong>de</strong> mudar as práticas <strong>de</strong> ensino tradicionais e da contextualização da aprendizagem<br />

das ciências, em particular da <strong>Química</strong> Orgânica, e sugerem que a utilização das novas<br />

tecnologias e a experimentação <strong>de</strong>vem ser privilegiadas como recursos didácticos.<br />

INTRODUÇÃO<br />

<strong>No</strong> estudo realizado [1] procurou-se<br />

reflectir sobre a situação actual do<br />

ensino/aprendizagem da <strong>Química</strong> Or-<br />

gânica no ES, partindo <strong>de</strong> percepções<br />

<strong>de</strong> alunos e professores <strong>de</strong>ste nível<br />

<strong>de</strong> ensino. Analisaram-se quais as<br />

concepções, as convicções e as ati-<br />

tu<strong>de</strong>s <strong>dos</strong> professores e alunos do ES<br />

face à <strong>Química</strong> Orgânica, no sentido<br />

<strong>de</strong> apresentar propostas que visem a<br />

melhoria do processo ensino/aprendi-<br />

zagem <strong>de</strong>sta área da <strong>Química</strong>.<br />

Mais do que uma simples análise da<br />

situação da <strong>Química</strong> Orgânica no ES,<br />

este estudo é um projecto <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

curricular, consi<strong>de</strong>ran<strong>dos</strong>e<br />

como <strong>de</strong>stinatários os responsá-<br />

veis pela elaboração e revisão <strong>dos</strong><br />

Departamento <strong>de</strong> <strong>Química</strong> & QOPNA, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Aveiro, 3810-193 Aveiro<br />

b Departamento <strong>de</strong> <strong>Química</strong> e Bioquímica, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Ciências da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa, 1149-016 Lisboa<br />

c Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências <strong>Química</strong>s e Radiofarmacêuticas,<br />

Instituto Tecnológico Nuclear, 2686-953 Sacavém<br />

* Presentemente encontra-se a realizar Doutoramento no<br />

Departamento <strong>de</strong> <strong>Química</strong> e Bioquímica da Faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Ciências da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa e lecciona na<br />

Escola Secundária com 3.° ciclo Padre António Vieira<br />

em Lisboa, sergioleal20@gmail.com<br />

programas curriculares do ME, auto-<br />

res <strong>de</strong> manuais escolares que utilizam<br />

os programas como referencial para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> materiais escola-<br />

res que servem <strong>de</strong> apoio ao processo<br />

ensino/aprendizagem e professores<br />

do ES, que <strong>de</strong>vem proporcionar aos<br />

alunos a motivação necessária e<br />

promover a literacia científica para a<br />

aprendizagem da <strong>Química</strong> Orgânica.<br />

Em suma, o objecto <strong>de</strong> estudo envol-<br />

veu: (i) a análise <strong>dos</strong> programas curri-<br />

culares do ES das áreas <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />

e Biologia que contemplam conceitos<br />

específicos <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica; (ii)<br />

os manuais escolares mais represen-<br />

tativos adopta<strong>dos</strong> pelas escolas no<br />

ano lectivo 2004/2005, a fim <strong>de</strong> veri-<br />

ficar <strong>de</strong> que forma estes interpretam<br />

as orientações metodológicas <strong>dos</strong><br />

programas curriculares oficiais; e (iii)<br />

o levantamento das percepções, ati-<br />

tu<strong>de</strong>s e convicções <strong>dos</strong> intervenientes<br />

(professores e alunos).<br />

METODOLOGIA<br />

Este estudo <strong>de</strong>senvolveu-se em duas<br />

fases: uma fase <strong>de</strong> análise documen-<br />

tal <strong>dos</strong> programas curriculares pro-<br />

postos pelo ME, relativos às discipli-<br />

nas das áreas da <strong>Química</strong> e Biologia<br />

das duas últimas reformas curricula-<br />

res e <strong>de</strong> manuais escolares do ES do<br />

ano lectivo 2004/2005; e outra fase <strong>de</strong><br />

análise <strong>de</strong>scritiva <strong>de</strong> natureza quan-<br />

titativa <strong>de</strong> três questionários admi-<br />

nistra<strong>dos</strong>, respectivamente, a alunos<br />

que frequentavam o ES, a alunos que<br />

frequentavam o primeiro ano do ensi-<br />

no superior, isto é, alunos que haviam<br />

concluído o ES e o terceiro adminis-<br />

trado a professores do ES das áreas<br />

<strong>de</strong> Biologia e <strong>Química</strong>.<br />

Os programas curriculares são o ele-<br />

mento organizador do processo <strong>de</strong><br />

ensino/aprendizagem e influenciam<br />

<strong>de</strong>cisões relativas à abordagem <strong>dos</strong><br />

conteú<strong>dos</strong> programáticos, envolven-<br />

do professores, recursos e materiais<br />

didácticos.<br />

Nas duas reformas curriculares abran-<br />

gidas por este estudo, foram analisa-<br />

<strong>dos</strong> conteú<strong>dos</strong>, objectivos e suges-<br />

tõesmetodológicas/estratégias/activi- da<strong>de</strong>s/comentários relativos a tópicos<br />

<strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica e, <strong>de</strong>vido a uma<br />

QUÍMICA 1 1 9 - OUT/DEZ 10 49


estruturação diferente nos actuais<br />

programas, analisaram-se os objec-<br />

tos <strong>de</strong> ensino, objectivos <strong>de</strong> aprendi-<br />

zagem e as sugestões metodológicas.<br />

Enten<strong>de</strong>u-se como componente <strong>de</strong><br />

estudo relativa a tópicos <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />

Orgânica os aspectos concretos on<strong>de</strong><br />

se evi<strong>de</strong>ncie claramente o estudo <strong>de</strong><br />

saberes <strong>de</strong>sta área do conhecimento<br />

e não a mera referência a compostos<br />

orgânicos.<br />

Toda a informação recolhida foi sistematizada<br />

num conjunto <strong>de</strong> tabelas 1<br />

que permitiu comparar os programas<br />

<strong>de</strong> ambas as reformas curriculares<br />

[2-32], em termos <strong>de</strong> conteú<strong>dos</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Química</strong> Orgânica neles conti<strong>dos</strong>. A<br />

análise <strong>de</strong> manuais escolares [33-44]<br />

foi realizada com base num instru-<br />

mento <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> manuais escola-<br />

res adaptado <strong>de</strong> Cachapuz et. al [45]<br />

e centrado no aluno como <strong>de</strong>stinatário<br />

principal.<br />

A administração <strong>dos</strong> questionários<br />

implica uma observação indirecta. Ao<br />

respon<strong>de</strong>r às questões, o participante<br />

intervém na produção da informação<br />

que não sendo recolhida directa-<br />

mente torna-se menos objectiva [46].<br />

Existem assim dois intermediários, o<br />

participante e o instrumento (questio-<br />

nário), tendo sido necessário controlar<br />

estas duas variáveis.<br />

Para a realização <strong>de</strong>ste estudo ape-<br />

nas interessou que a amostra servis-<br />

se os objectivos <strong>de</strong> investigação pro-<br />

postos, no entanto, o estudo envolveu<br />

uma amostra aleatória <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong><br />

10% da população em estudo [alu-<br />

nos e professores do ES do Centro<br />

<strong>de</strong> Área Educativa (CAE) <strong>de</strong> Aveiro].<br />

Antes da aplicação <strong>dos</strong> inquéritos por<br />

questionário à amostra em estudo, es-<br />

tes foram valida<strong>dos</strong> previamente.<br />

A amostra abrangeu professores <strong>dos</strong><br />

antigos grupos <strong>de</strong> docência 4.° A (Fí-<br />

sica e <strong>Química</strong>) e 4.° B (<strong>Química</strong> e Fí-<br />

sica), agora pertencentes ao grupo <strong>de</strong><br />

recrutamento 510 (Física e <strong>Química</strong>)<br />

e 11.° B (Biologia e Geologia), agora<br />

pertencentes ao grupo <strong>de</strong> recruta-<br />

mento 520 (Biologia e Geologia), <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>z escolas secundárias do CAE <strong>de</strong><br />

Aveiro no ano lectivo 2004/2005. Os<br />

alunos do ES frequentavam as mes-<br />

mas escolas <strong>dos</strong> professores inquiri-<br />

<strong>dos</strong>. Os alunos que constituíam o gru-<br />

po que havia concluído o ES, faziam<br />

parte <strong>dos</strong> alunos que frequentavam o<br />

1.° ano <strong>dos</strong> cursos <strong>de</strong> ciências e en-<br />

genharias da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro,<br />

sem que no percurso universitário<br />

tivessem tido qualquer disciplina da<br />

área da <strong>Química</strong> Orgânica. O número<br />

<strong>de</strong> questionários distribuí<strong>dos</strong> e res-<br />

pondi<strong>dos</strong> por alunos e professores<br />

são apresenta<strong>dos</strong> nas Tabelas 1 e 2.<br />

Obtiveram-se boas percentagens <strong>de</strong><br />

resposta, tendo em conta o que seria<br />

expectável <strong>de</strong> acordo com a literatura<br />

[46]. Tal <strong>de</strong>veu-se, essencialmente,<br />

ao facto <strong>de</strong> os inquéritos por questio-<br />

nário terem sido entregues em mão e<br />

porque se manteve um contacto per-<br />

manente com os interlocutores das<br />

escolas intervenientes no processo.<br />

Relativamente à estrutura <strong>dos</strong> ques-<br />

tionários elabora<strong>dos</strong>, consi<strong>de</strong>rou-se<br />

importante na primeira parte <strong>dos</strong><br />

mesmos obter alguma informação <strong>de</strong><br />

or<strong>de</strong>m geral que possibilitasse uma<br />

melhor caracterização da amostra,<br />

como seja o perfil académico (alunos)<br />

e profissional (professores). Na se-<br />

gunda parte, perspectivar a situação<br />

actual da <strong>Química</strong> Orgânica e, por fim,<br />

recolher sugestões <strong>de</strong> quem intervém<br />

directamente no processo ensino/<br />

aprendizagem da <strong>Química</strong> Orgânica.<br />

Quanto ao mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> da-<br />

<strong>dos</strong>, para os programas curriculares e<br />

para os manuais escolares foram utili-<br />

zadas técnicas qualitativas, enquanto<br />

se recorreu ao tratamento estatístico<br />

para a análise das respostas às ques-<br />

tões fechadas obtidas <strong>dos</strong> inquéritos<br />

por questionário e à análise <strong>de</strong> con-<br />

teúdo para as questões abertas.<br />

O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> análise <strong>dos</strong> programas<br />

e <strong>dos</strong> manuais implicou: (i) a leitura<br />

integral <strong>dos</strong> programas/manuais e a<br />

i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> referências a tópicos<br />

<strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica; (ii) a análise<br />

valorativa do conteúdo <strong>de</strong> cada refe-<br />

rência; e (iii) a transcrição das referên-<br />

cias/preenchimento do instrumento <strong>de</strong><br />

análise.<br />

RESULTADOS OBTIDOS<br />

Da análise <strong>dos</strong> programas curricula-<br />

res do ES cuja reforma terminou no<br />

ano lectivo 2005/2006, verificou-se<br />

que 12 <strong>dos</strong> 21 programas analisa-<br />

<strong>dos</strong> não apresentava explicitamente<br />

qualquer tópico <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica<br />

apesar <strong>de</strong> alguns consi<strong>de</strong>rarem como<br />

pré-requisitos a <strong>Química</strong> <strong>dos</strong> compos-<br />

tos <strong>de</strong> carbono (Tabela 3).<br />

<strong>No</strong>s programas actualmente em vigor<br />

esta situação mantém-se com vários<br />

Tabela 1 - Número <strong>de</strong> questionários dirigi<strong>dos</strong> a alunos do ensino secundário e universitário<br />

entregues nos respectivos estabelecimentos <strong>de</strong> ensino e número <strong>de</strong> respostas obtidas<br />

N.° <strong>de</strong> questionários N.° <strong>de</strong> respostas<br />

entregues<br />

obtidas Percentagem <strong>de</strong><br />

Ano <strong>de</strong><br />

respostas obtidas<br />

escolarida<strong>de</strong> N.° <strong>de</strong> alunos do Agrupamento 1 -<br />

relativamente à<br />

Curso Geral Científico-Natural e Cursos<br />

Tecnológicos<br />

amostra (%)<br />

2<br />

Percentagem <strong>de</strong><br />

respostas obtidas<br />

relativamente à<br />

amostra (%)<br />

10.° 200 130 65,0<br />

11.° 200 115 57,5<br />

12.° 200 160 80,0<br />

ES completo 100 97 97,0<br />

Total: 700 502<br />

Tabela 2 - Número <strong>de</strong> questionários dirigi<strong>dos</strong> a professores do ensino secundário entregue nos<br />

estabelecimentos <strong>de</strong> ensino secundário e número respostas obtidas<br />

Grupo<br />

disciplinar<br />

4.° A<br />

N.° <strong>de</strong><br />

questionários<br />

entregues<br />

N.° <strong>de</strong> respostas<br />

obtidas<br />

Percentagem <strong>de</strong> respostas<br />

obtidas relativamente à<br />

amostra (%)<br />

4.° B 100<br />

4 56,0<br />

11.° B<br />

Total: 100 56 3 56,0<br />

50 QUÍMICA 119<br />

29<br />

22


Tabela 3 - Programas curriculares do ES analisa<strong>dos</strong> da reforma que terminou<br />

no ano lectivo 2005/2006<br />

Incluem conteú<strong>dos</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica<br />

Curso Geral Científico-Natural<br />

Programa <strong>de</strong> CTV 4 do 10.° ano [15]<br />

Programa TLB 5 - Bloco I do 10.° ano [18]<br />

Programa <strong>de</strong> CFQ 6 do 11.° ano [14]<br />

Programa <strong>de</strong> CTV do 11.° ano [16]<br />

Programa TLQ 7 - Bloco II do 11.° ano [22]<br />

Programa <strong>de</strong> <strong>Química</strong> do 12.° ano [17]<br />

Curso Tecnológico <strong>de</strong> <strong>Química</strong> (CTQ)<br />

Programa <strong>de</strong> Bioquímica do 10.° ano [24]<br />

Programa <strong>de</strong> Bioquímica do 11.° ano [25]<br />

Programa <strong>de</strong> Tecnologias do 12.° ano [32]<br />

Programas curriculares do ES<br />

Não incluem conteú<strong>dos</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />

Orgânica<br />

Curso Geral Científico-Natural<br />

Programa <strong>de</strong> CFQ do 10.° ano [13]<br />

Programa <strong>de</strong> TLQ - Bloco I do 10.° ano [21]<br />

Programa <strong>de</strong> TLB - Bloco II do 11.° ano [19]<br />

Programa <strong>de</strong> Biologia do 12.° ano [12]<br />

Programa <strong>de</strong> TLQ - Bloco III do 12.° ano [23]<br />

Programa <strong>de</strong> TLB - Bloco III do 12.° ano [20]<br />

Curso Tecnológico <strong>de</strong> <strong>Química</strong> (CTQ)<br />

Programa <strong>de</strong> Tecnologias do 10.° ano [30]<br />

Programa <strong>de</strong> POL 8 do 10.° ano [27]<br />

Programa <strong>de</strong> Tecnologias do 11.° ano [31]<br />

Programa <strong>de</strong> POL do 11.° ano [28]<br />

Programa <strong>de</strong> POL do 12.° ano [29]<br />

Programa <strong>de</strong> Ciências do Ambiente do 12.° ano<br />

Tabela 4 - Programas curriculares do ES analisa<strong>dos</strong> actualmente em vigor<br />

Incluem conteú<strong>dos</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica<br />

[26]<br />

Programas curriculares do ES<br />

Não incluem conteú<strong>dos</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />

Orgânica<br />

Curso <strong>de</strong> Ciências e Tecnologias Curso <strong>de</strong> Ciências e Tecnologias<br />

Programa <strong>de</strong> FQA 9 do 10.° ano [10]<br />

Programa <strong>de</strong> BG 10 do 10.° ano [3]<br />

Programa <strong>de</strong> <strong>Química</strong> do 12.° ano [9]<br />

Programa <strong>de</strong> FQA do 11.° ano [7]<br />

Programa <strong>de</strong> BG do 11.° ano [4]<br />

Programa <strong>de</strong> Biologia do 12.° ano [2]<br />

Cursos Tecnológicos Cursos Tecnológicos<br />

Programa <strong>de</strong> FQB 11 do 10.° ano [11]<br />

Programa <strong>de</strong> FQB do 11.° ano [8]<br />

Programa <strong>de</strong> BH 12 do 10.° ano [5]<br />

programas a não referirem conteú<strong>dos</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica <strong>de</strong> forma ex-<br />

plícita. Na Tabela 4 po<strong>de</strong>-se verificar<br />

que, <strong>dos</strong> <strong>de</strong>z programas curriculares<br />

actualmente em vigor das áreas <strong>de</strong><br />

Biologia e <strong>Química</strong>, quatro <strong>de</strong>les não<br />

apresentam qualquer conteúdo explí-<br />

cito <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica.<br />

Da análise <strong>dos</strong> manuais escolares<br />

das duas reformas curriculares em<br />

estudo, verificou-se que aqueles que<br />

pertencem à reforma que terminou no<br />

ano lectivo 2005/2006 apresentam um<br />

maior carácter académico, <strong>de</strong>svalori-<br />

zando as restantes componentes.<br />

Programa <strong>de</strong> BH do 11.° ano [6]<br />

Os principais aspectos negativos <strong>dos</strong><br />

manuais analisa<strong>dos</strong> referem-se à es-<br />

trutura <strong>dos</strong> mesmos, nomeadamente<br />

a <strong>de</strong>ficiente apresentação <strong>de</strong> propos-<br />

tas metodológicas, activida<strong>de</strong>s labo-<br />

ratoriais e questões, para além <strong>de</strong> não<br />

incluírem objectivos gerais e/ou espe-<br />

cíficos a atingir pelos alunos. Outros<br />

aspectos que <strong>de</strong>verão ten<strong>de</strong>ncialmen-<br />

te ser melhora<strong>dos</strong> são as dimensões<br />

referentes ao contexto histórico, so-<br />

ciocultural e tecnológico, muitas vezes<br />

esquecidas. Resta acrescentar como<br />

nota negativa ainda o facto <strong>de</strong> pou-<br />

cos serem os manuais escolares que<br />

apresentam referências bibliográficas<br />

ao longo do texto, ou mesmo no início<br />

ou no final <strong>de</strong> cada unida<strong>de</strong> temática,<br />

como apoio aos alunos que queiram<br />

saber mais sobre <strong>de</strong>terminado assun-<br />

to, apresentando, geralmente, apenas<br />

referências bibliográficas nas suas<br />

páginas finais relativas à construção<br />

do próprio manual.<br />

Também se constatou que poucos<br />

<strong>dos</strong> manuais escolares analisa<strong>dos</strong> fa-<br />

ziam recurso às novas tecnologias da<br />

comunicação e nenhum <strong>de</strong>les apre-<br />

senta um único sítio da Internet em<br />

português, o que seria uma mais-valia<br />

para o processo <strong>de</strong> ensino/aprendi-<br />

zagem. Contudo, constatámos que<br />

as editoras têm apostado na criação<br />

<strong>de</strong> portais electrónicos que procuram<br />

proporcionar um apoio complementar<br />

tanto a alunos como a professores. A<br />

gran<strong>de</strong> vantagem <strong>dos</strong> portais electró-<br />

nicos das editoras relativamente a sí-<br />

tios electrónicos genéricos pren<strong>de</strong>-se<br />

com a actualização e disponibilida<strong>de</strong><br />

permanente <strong>de</strong>stes portais.<br />

Os inquéritos por questionário possuí-<br />

am diversos tipos <strong>de</strong> resposta pelo que<br />

o seu tratamento foi diferenciado. As<br />

respostas seleccionadas <strong>dos</strong> inquéri-<br />

tos por questionário aplica<strong>dos</strong> neste<br />

estudo [1] para as questões abertas<br />

foram apresentadas em tabelas 13 , en-<br />

quanto que para as questões fecha-<br />

das se <strong>de</strong>cidiu utilizar diagramas <strong>de</strong><br />

Pareto e caixas <strong>de</strong> bigo<strong>de</strong>s (bloxplot).<br />

A correlação encontrada no questio-<br />

nário <strong>dos</strong> professores entre as variá-<br />

veis estudadas foi muito elevada, pelo<br />

que se optou por apenas analisar as<br />

relações existentes entre as variáveis<br />

grupo disciplinar e as restantes variá-<br />

veis. Apesar disso, dada a extensão<br />

<strong>dos</strong> resulta<strong>dos</strong>, apenas iremos apre-<br />

sentar alguns <strong>dos</strong> resulta<strong>dos</strong> que nos<br />

parecem mais significativos referente<br />

às percepções <strong>dos</strong> professores (apre-<br />

sentando para o efeito alguns dia-<br />

gramas <strong>de</strong> Pareto 14 ) e numa próxima<br />

comunicação serão discutidas as per-<br />

cepções <strong>dos</strong> alunos face ao estudo da<br />

<strong>Química</strong> Orgânica no ES.<br />

PROFESSORES<br />

Os professores quando questiona<strong>dos</strong><br />

sobre "É fácil motivar os alunos nas<br />

questões associadas à aprendizagem<br />

QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 51


da <strong>Química</strong> Orgânica?", a maioria <strong>dos</strong><br />

inquiri<strong>dos</strong> (71%) estiveram <strong>de</strong> acordo<br />

com a hipótese estabelecida <strong>de</strong> que<br />

os professores consi<strong>de</strong>rariam «razoa-<br />

velmente» fácil motivar os alunos nas<br />

questões associadas à aprendizagem<br />

da <strong>Química</strong> Orgânica. Apenas 9%<br />

escolheram a opção «bastante ou<br />

muito», enquanto 16% escolheram a<br />

opção «pouco» fácil.<br />

Quanto ao facto <strong>dos</strong> conteú<strong>dos</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Química</strong> Orgânica propostos pelo<br />

Ministério da Educação nos diversos<br />

anos <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> serem a<strong>de</strong>qua-<br />

<strong>dos</strong> ao nível etário <strong>dos</strong> alunos, a maio-<br />

ria <strong>dos</strong> professores inquiri<strong>dos</strong> (52%)<br />

consi<strong>de</strong>ra que estão razoavelmente<br />

adapta<strong>dos</strong> e apenas 13% consi<strong>de</strong>-<br />

ram pouco a<strong>de</strong>qua<strong>dos</strong> (9%) ou nada<br />

a<strong>de</strong>qua<strong>dos</strong> (4%). Realça-se o facto<br />

<strong>de</strong> quase 20% <strong>dos</strong> professores terem<br />

afirmado que «não sabe», isto é, não<br />

têm i<strong>de</strong>ia se os conteú<strong>dos</strong> estão ou<br />

não adapta<strong>dos</strong> ao nível etário a que<br />

se <strong>de</strong>stinam.<br />

Quando inquiri<strong>dos</strong> sobre quais as prá-<br />

ticas lectivas usadas para o ensino <strong>de</strong><br />

tópicos <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica, 30% re-<br />

feriu que a sua prática lectiva passa<br />

por «aulas teóricas com resolução <strong>de</strong><br />

exercícios» e outros tantos por «aulas<br />

teóricas com resolução <strong>de</strong> exercícios<br />

e exemplificação experimental». Dos<br />

inquiri<strong>dos</strong>, 21% <strong>dos</strong> professores refe-<br />

riram que habitualmente realizavam<br />

«aulas teóricas com exemplificação<br />

experimental». Um número reduzido<br />

<strong>de</strong> professores afirma que as suas<br />

aulas passam, essencialmente, pela<br />

realização <strong>de</strong> trabalho experimental.<br />

Já no que se refere à transposição <strong>dos</strong><br />

programas curriculares do ME para a<br />

sala <strong>de</strong> aula no que respeita ao tópico<br />

<strong>Química</strong> Orgânica observa-se que os<br />

professores inquiri<strong>dos</strong> do grupo 11.° B<br />

maioritariamente consi<strong>de</strong>ram «difícil»<br />

esta transposição, enquanto os pro-<br />

fessores <strong>dos</strong> grupos 4.° A/B ten<strong>de</strong>n-<br />

cialmente consi<strong>de</strong>ram mais «fácil»<br />

essa transposição (Gráfico 1).<br />

Quando a questão é a maior ou me-<br />

nor dificulda<strong>de</strong> experimentada pelo<br />

professor em leccionar aspectos re-<br />

laciona<strong>dos</strong> com a <strong>Química</strong> Orgânica,<br />

45% <strong>dos</strong> professores inquiri<strong>dos</strong> re-<br />

feriram sentir «poucas» dificulda<strong>de</strong>s,<br />

23% sentiram «razoáveis» dificulda<strong>de</strong>s<br />

Gráfico 1 - Respostas à questão: "Como consi<strong>de</strong>ra a transposição <strong>dos</strong> programas curriculares do<br />

Ministério da Educação para a sala <strong>de</strong> aula no que respeita ao tópico <strong>Química</strong> Orgânica?"<br />

Gráfico 2 - Razões apontadas pelos professores no que toca às dificulda<strong>de</strong>s sentidas<br />

na leccionação <strong>de</strong> conteú<strong>dos</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica<br />

e 21% referiram sentir «nenhumas<br />

ou muito poucas» dificulda<strong>de</strong>s. Isto<br />

leva-nos a inferir que os professores<br />

se consi<strong>de</strong>ram <strong>de</strong> uma maneira geral<br />

bem prepara<strong>dos</strong> e <strong>de</strong>tentores do "sa-<br />

ber necessário" para leccionar tópicos<br />

<strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica.<br />

O gráfico 2 evi<strong>de</strong>ncia as razões apon-<br />

tadas pelos professores no que toca<br />

às dificulda<strong>de</strong>s sentidas na lecciona-<br />

ção <strong>de</strong> conteú<strong>dos</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgâ-<br />

nica e correlaciona-as com a opção<br />

seleccionada pelo inquirido relativo à<br />

dificulda<strong>de</strong> sentida na leccionação. É<br />

interessante notar que, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n-<br />

temente da dificulda<strong>de</strong> sentida pelos<br />

professores, reportada na questão an-<br />

terior, para a leccionação <strong>de</strong> tópicos<br />

<strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica, a «dimensão<br />

das turmas» e o «interesse reduzido<br />

<strong>dos</strong> alunos pela <strong>Química</strong> Orgânica»,<br />

são aponta<strong>dos</strong> como factores que difi-<br />

cultam a leccionação.<br />

Por fim, no sentido <strong>de</strong> melhorar o<br />

processo ensino/aprendizagem da<br />

<strong>Química</strong> Orgânica, cerca <strong>de</strong> um ter-<br />

ço <strong>dos</strong> professores propõe alterações<br />

aos programas propostos pelo ME<br />

nas áreas <strong>de</strong> Biologia e/ou <strong>Química</strong><br />

e cerca <strong>de</strong> um quinto consi<strong>de</strong>rou ser<br />

necessário alterar a formação inicial<br />

<strong>dos</strong> professores.<br />

52 QUÍMICA 119


CONCLUSÃO<br />

Da análise aos 31 programas curri-<br />

culares das duas últimas reformas<br />

curriculares, verifica-se que 16 não<br />

abordam explicitamente qualquer<br />

conteúdo <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica. Esta<br />

constatação vem corroborar as con-<br />

clusões do Livro Branco da Física e<br />

da <strong>Química</strong> [47], que salienta o facto<br />

da componente <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgâ-<br />

nica ser reduzida tanto a nível con-<br />

ceptual, como a nível laboratorial.<br />

Esta situação parece ter-se agravado<br />

com o facto <strong>de</strong> <strong>de</strong>saparecerem <strong>dos</strong><br />

currículos as disciplinas <strong>de</strong> Técnicas<br />

Laboratoriais <strong>de</strong> Biologia e Técnicas<br />

Laboratoriais <strong>de</strong> <strong>Química</strong>, disciplinas<br />

mais orientadas para o trabalho labo-<br />

ratorial. Constatou-se ainda que os<br />

manuais escolares actuais apresen-<br />

tam mais aspectos positivos, do ponto<br />

<strong>de</strong> vista do estudante, do que os da<br />

anterior reforma. <strong>No</strong> entanto, tendo<br />

por objectivo a melhoria do proces-<br />

so ensino/aprendizagem, é necessá-<br />

rio aumentar e manter actualiza<strong>dos</strong><br />

os portais electrónicos das editoras,<br />

aumentar o número <strong>de</strong> sítios electró-<br />

nicos indica<strong>dos</strong> e capazes <strong>de</strong> conter<br />

informação relevante e, por último,<br />

melhorar significativamente a biblio-<br />

grafia complementar, nomeadamente<br />

em português.<br />

Da análise <strong>dos</strong> programas curriculares<br />

e consequentemente <strong>dos</strong> manuais es-<br />

colares analisa<strong>dos</strong> sobressai <strong>de</strong> forma<br />

evi<strong>de</strong>nte que os conteú<strong>dos</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />

Orgânica apreendi<strong>dos</strong> pelos alunos na<br />

actual reforma curricular foram reduzi-<br />

<strong>dos</strong> substancialmente. Parece indis-<br />

cutível a importância do conhecimento<br />

da <strong>Química</strong> e da <strong>Química</strong> Orgânica<br />

para as Ciências da Vida. <strong>No</strong> entanto,<br />

apenas os alunos que escolhem a dis-<br />

ciplina <strong>de</strong> <strong>Química</strong> no 12.° ano <strong>de</strong> es-<br />

colarida<strong>de</strong>, que não é obrigatória para<br />

acesso aos cursos na área da Saú<strong>de</strong>,<br />

terão contacto com uma componente<br />

<strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica satisfatória.<br />

Na análise <strong>dos</strong> questionários dirigi<strong>dos</strong><br />

a professores do ES, no qual a larga<br />

maioria referiu sentir necessida<strong>de</strong> da<br />

<strong>Química</strong> Orgânica surgir no 9.° ano <strong>de</strong><br />

escolarida<strong>de</strong>, constata-se uma falta<br />

<strong>de</strong> conhecimento <strong>dos</strong> conteú<strong>dos</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Química</strong> Orgânica que fazem parte<br />

do programa curricular <strong>dos</strong> alunos do<br />

ES, especialmente em professores<br />

do grupo <strong>de</strong> recrutamento 520 (anti-<br />

go grupo 11.° B). Os professores do<br />

grupo <strong>de</strong> recrutamento 510 (antigo<br />

4.° A/B) são os que consi<strong>de</strong>raram ser<br />

mais fácil motivar os alunos em ques-<br />

tões associadas à aprendizagem da<br />

<strong>Química</strong> Orgânica, bem como trans-<br />

por os programas curriculares para a<br />

sala <strong>de</strong> aula. <strong>No</strong> entanto, são também<br />

aqueles que em maior número consi-<br />

<strong>de</strong>raram que os programas propostos<br />

pelo ME, tal como estão formula<strong>dos</strong><br />

relativamente a tópicos <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />

Orgânica, pouco permitem aos alunos<br />

enfrentar os problemas sociais, cientí-<br />

ficos e tecnológicos <strong>dos</strong> dias <strong>de</strong> hoje.<br />

Os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> professores<br />

inquiri<strong>dos</strong> vêm, <strong>de</strong> certa forma, por em<br />

contradição o facto <strong>de</strong> estes consi<strong>de</strong>-<br />

rarem a<strong>de</strong>quada a formação que rece-<br />

bem <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica e reflectem<br />

a pouca análise <strong>dos</strong> programas que<br />

é feita ao nível <strong>dos</strong> Departamentos a<br />

que os docentes pertencem.<br />

Contrariamente às conclusões do Li-<br />

vro Branco da Física e da <strong>Química</strong><br />

[47], foram poucos os professores<br />

que referiram não ter equipamento<br />

necessário na escola para realizar<br />

activida<strong>de</strong>s laboratoriais, no entanto,<br />

0 trabalho laboratorial não está muito<br />

presente nas aulas realizadas pelos<br />

professores inquiri<strong>dos</strong> quando abor-<br />

dam conteú<strong>dos</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica.<br />

Assim, conclui-se que os resulta<strong>dos</strong><br />

<strong>de</strong>ste estudo apontam para a necessi-<br />

da<strong>de</strong> <strong>de</strong>: (i) intervenções relacionadas<br />

com a revisão <strong>dos</strong> programas curricu-<br />

lares e para um aperfeiçoamento <strong>dos</strong><br />

manuais escolares do ensino secun-<br />

dário nas áreas <strong>de</strong> Biologia e Quími-<br />

ca; (ii) promoção ao nível <strong>de</strong> escola<br />

<strong>de</strong> momentos <strong>de</strong> reflexão sobre os<br />

programas curriculares; e (iii) forma-<br />

ção inicial e contínua <strong>dos</strong> professores<br />

do ES na área da <strong>Química</strong> Orgânica.<br />

Para isto as universida<strong>de</strong>s, e as socie-<br />

da<strong>de</strong>s científicas em particular, <strong>de</strong>ve-<br />

rão <strong>de</strong>sempenhar um papel dinamiza-<br />

dor e muitas vezes <strong>de</strong> interlocutores<br />

em todo este processo.<br />

NOTAS<br />

1 Po<strong>de</strong>m ser fornecidas por solicitação<br />

aos autores <strong>de</strong>ste estudo.<br />

2 Aten<strong>de</strong>ndo à actual reforma curricular,<br />

os alunos <strong>de</strong>ste agrupamento perten-<br />

cem à área <strong>de</strong> Ciências e Tecnologias<br />

do curso Científico-Humanístico.<br />

3 Atente-se que um professor não res-<br />

pon<strong>de</strong>u à questão que permitia i<strong>de</strong>nti-<br />

ficar o seu grupo disciplinar.<br />

4 Ciências da Terra e da Vida<br />

5 Técnicas Laboratoriais <strong>de</strong> Biologia<br />

6 Ciências Físico-<strong>Química</strong>s<br />

7 Técnicas Laboratoriais <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />

8 Práticas Oficinais e Laboratoriais<br />

9 Física e <strong>Química</strong> A<br />

10<br />

11<br />

Biologia e Geologia<br />

Física e <strong>Química</strong> B<br />

Biologia Humana<br />

13 Po<strong>de</strong>m ser fornecidas por solicitação<br />

aos autores <strong>de</strong>ste estudo.<br />

14 Os Diagramas <strong>de</strong> Pareto são "gráficos<br />

<strong>de</strong> barras" or<strong>de</strong>na<strong>dos</strong> por número <strong>de</strong><br />

frequência <strong>de</strong> respostas (do maior para<br />

o menor).<br />

REFERÊNCIAS<br />

[1] S. Leal, A <strong>Química</strong> Orgânica no En-<br />

sino Secundário: percepções e pro-<br />

postas, Dissertação <strong>de</strong> mestrado<br />

inédita, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro,<br />

Aveiro, 2006.<br />

[2] A. Men<strong>de</strong>s, D. Rebelo, E. Pinheiro,<br />

Programa <strong>de</strong> Biologia - 12.° ano, Mi-<br />

nistério da Educação, Direcção-Ge-<br />

ral <strong>de</strong> Inovação e Desenvolvimento<br />

Curricular, Lisboa, 2004.<br />

[3] A. Men<strong>de</strong>s, D. Rebelo, E. Pinheiro,<br />

Programa <strong>de</strong> Biologia e Geologia -<br />

Componente <strong>de</strong> Biologia - 10.° ano,<br />

Ministério da Educação, Departa-<br />

mento do Ensino Secundário, Lis-<br />

boa, 2001.<br />

[4] A. Men<strong>de</strong>s, D. Rebelo, E. Pinheiro,<br />

Programa <strong>de</strong> Biologia e Geologia -<br />

Componente <strong>de</strong> Biologia - 11.° ano,<br />

Ministério da Educação, Departa-<br />

mento do Ensino Secundário, Lis-<br />

boa, 2001.<br />

[5] A. Men<strong>de</strong>s, D. Rebelo, E. Pinheiro,<br />

Programa <strong>de</strong> Biologia Humana -<br />

10.° ano, Ministério da Educação,<br />

Departamento do Ensino Secundá-<br />

rio, Lisboa, 2002.<br />

[6] A. Men<strong>de</strong>s, D. Rebelo, E. Pinheiro,<br />

Programa <strong>de</strong> Biologia Humana - 11.°<br />

ano, Ministério da Educação, Depar-<br />

tamento do Ensino Secundário, Lis-<br />

boa, 2003.<br />

[7] I. P. Martins, J. A. Costa, J. M. Lopes,<br />

M. O. Simões, T. S. Simões, Progra-<br />

ma <strong>de</strong> Física e <strong>Química</strong> A - Compo-<br />

nente <strong>de</strong> <strong>Química</strong> - 11.° ano, Minis-<br />

tério da Educação, Departamento do<br />

Ensino Secundário, Lisboa, 2003.<br />

[8] I. P. Martins, J. A. Costa, J. M. Lopes,<br />

M. O. Simões, T. S. Simões, Progra-<br />

ma <strong>de</strong> Física e <strong>Química</strong> B - Compo-<br />

QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 53


nente <strong>de</strong> <strong>Química</strong> - 11.° ano, Minis-<br />

tério da Educação, Departamento do<br />

Ensino Secundário, Lisboa, 2003.<br />

[9] I. P. Martins, J. A. Costa, J. M. Lopes,<br />

M. O. Simões, P. R. Claro, T. S. Si-<br />

mões, Programa <strong>de</strong> <strong>Química</strong> - 12.°<br />

ano, Ministério da Educação, Direc-<br />

ção-Geral <strong>de</strong> Inovação e Desenvol-<br />

vimento Curricular, Lisboa, 2004.<br />

[10] I. P. Martins, M. C. Magalhães, M. O.<br />

Simões, T. S. Simões, J. M. G. Lopes,<br />

J. A. L. Costa, P. Pinto, Programa <strong>de</strong><br />

Física e <strong>Química</strong> A - Componente<br />

<strong>de</strong> <strong>Química</strong> - 10.° ano, Ministério da<br />

Educação, Departamento do Ensino<br />

Secundário, Lisboa, 2001.<br />

[11] I. P. Martins, M. C. Magalhães, M. O.<br />

Simões, T. S. Simões, J. M. G. Lopes,<br />

J. A. L. Costa, P. Pinto, Programa <strong>de</strong><br />

Física e <strong>Química</strong> B - Componente<br />

<strong>de</strong> <strong>Química</strong> - 10.° ano, Ministério da<br />

Educação, Departamento do Ensino<br />

Secundário, Lisboa, 2001.<br />

[12] Ministério da Educação, Departa-<br />

mento do Ensino Secundário, Pro-<br />

grama <strong>de</strong> Biologia - 12.° ano, Autor,<br />

Lisboa, 1995.<br />

[13] Ministério da Educação, Departa-<br />

mento do Ensino Secundário, Pro-<br />

grama <strong>de</strong> Ciências Físico-<strong>Química</strong>s<br />

- 10.° ano, Autor, Lisboa, 1995.<br />

[14] Ministério da Educação, Departa-<br />

mento do Ensino Secundário, Pro-<br />

grama <strong>de</strong> Ciências Físico-<strong>Química</strong>s<br />

- 11.° ano, Autor, Lisboa, 1995.<br />

[15] Ministério da Educação, Departa-<br />

mento do Ensino Secundário, Pro-<br />

grama <strong>de</strong> Ciências da Terra e da<br />

Vida - 10.° ano, Autor, Lisboa, 1995.<br />

[16] Ministério da Educação, Departa-<br />

mento do Ensino Secundário, Pro-<br />

grama <strong>de</strong> Ciências da Terra e da<br />

Vida - 11.° ano, Autor, Lisboa, 1995.<br />

[17] Ministério da Educação, Departa-<br />

mento do Ensino Secundário, Pro-<br />

grama <strong>de</strong> <strong>Química</strong> - 12.° ano, Autor,<br />

Lisboa, 1995.<br />

[18] Ministério da Educação, Departa-<br />

mento do Ensino Secundário, Pro-<br />

grama <strong>de</strong> Técnicas Laboratoriais <strong>de</strong><br />

Biologia - Bloco I - 10.° ano, Autor,<br />

Lisboa, 1992.<br />

[19] Ministério da Educação, Departa-<br />

mento do Ensino Secundário, Pro-<br />

grama <strong>de</strong> Técnicas Laboratoriais <strong>de</strong><br />

Biologia - Bloco II - 11.° ano, Autor,<br />

Lisboa, 1992.<br />

[20] Ministério da Educação, Departa-<br />

mento do Ensino Secundário, Pro-<br />

grama <strong>de</strong> Técnicas Laboratoriais <strong>de</strong><br />

Biologia - Bloco III - 12.° ano, Autor,<br />

Lisboa, 1992.<br />

[21] Ministério da Educação, Departa-<br />

mento do Ensino Secundário, Pro-<br />

grama <strong>de</strong> Técnicas Laboratoriais <strong>de</strong><br />

<strong>Química</strong> - Bloco I - 10.° ano, Autor,<br />

Lisboa, 1992.<br />

[22] Ministério da Educação, Departa-<br />

mento do Ensino Secundário, Pro-<br />

grama <strong>de</strong> Técnicas Laboratoriais <strong>de</strong><br />

<strong>Química</strong> - Bloco II - 11.° ano, Autor,<br />

Lisboa, 1992.<br />

[23] Ministério da Educação, Departa-<br />

mento do Ensino Secundário, Pro-<br />

grama <strong>de</strong> Técnicas Laboratoriais <strong>de</strong><br />

<strong>Química</strong> - Bloco III - 12.° ano, Autor,<br />

Lisboa, 1992.<br />

[24] Ministério da Educação, Gabinete<br />

<strong>de</strong> Educação Tecnológica, Artística e<br />

Profissional, Programa <strong>de</strong> Bioquími-<br />

ca - 10.° ano - Curso Tecnológico <strong>de</strong><br />

<strong>Química</strong>, Autor, Lisboa, 1992.<br />

[25] Ministério da Educação, Gabinete<br />

<strong>de</strong> Educação Tecnológica, Artística e<br />

Profissional, Programa <strong>de</strong> Bioquími-<br />

ca - 11.° ano - Curso Tecnológico <strong>de</strong><br />

<strong>Química</strong>, Autor, Lisboa, 1992.<br />

[26] Ministério da Educação, Gabinete<br />

<strong>de</strong> Educação Tecnológica, Artística e<br />

Profissional, Programa <strong>de</strong> Ciências<br />

do Ambiente - 12.° ano - Curso Tec-<br />

nológico <strong>de</strong> <strong>Química</strong>. Lisboa, 1992.<br />

[27] Ministério da Educação, Gabinete<br />

<strong>de</strong> Educação Tecnológica, Artística<br />

e Profissional, Programa <strong>de</strong> Práticas<br />

Oficinais e Laboratoriais - 10.° ano<br />

- Curso Tecnológico <strong>de</strong> <strong>Química</strong>,<br />

Autor, Lisboa, 1992.<br />

[28] Ministério da Educação, Gabinete<br />

<strong>de</strong> Educação Tecnológica, Artística<br />

e Profissional, Programa <strong>de</strong> Práticas<br />

Oficinais e Laboratoriais - 11.° ano -<br />

Curso Tecnológico <strong>de</strong> <strong>Química</strong>, Au-<br />

tor, Lisboa, 1992.<br />

[29] Ministério da Educação, Gabinete<br />

<strong>de</strong> Educação Tecnológica, Artística<br />

e Profissional, Programa <strong>de</strong> Práticas<br />

Oficinais e Laboratoriais - 12.° ano<br />

- Curso Tecnológico <strong>de</strong> <strong>Química</strong>,<br />

Autor, Lisboa, 1992.<br />

[30] Ministério da Educação, Gabinete<br />

<strong>de</strong> Educação Tecnológica, Artística e<br />

Profissional, Programa <strong>de</strong> Tecnolo-<br />

gias - 10.° ano - Curso Tecnológico<br />

<strong>de</strong> <strong>Química</strong>, Autor, Lisboa, 1992.<br />

[31] Ministério da Educação, Gabinete<br />

<strong>de</strong> Educação Tecnológica, Artística e<br />

Profissional, Programa <strong>de</strong> Tecnolo-<br />

gias - 11.° ano - Curso Tecnológico<br />

<strong>de</strong> <strong>Química</strong>, Autor, Lisboa, 1992.<br />

[32] Ministério da Educação, Gabinete<br />

<strong>de</strong> Educação Tecnológica, Artística e<br />

Profissional, Programa <strong>de</strong> Tecnolo-<br />

gias - 12.° ano - Curso Tecnológico<br />

<strong>de</strong> <strong>Química</strong>, Autor, Lisboa, 1992.<br />

[33] A. D. da Silva, F. Gramaxo, M. E.<br />

Santos, A. F. Mesquita, Terra, Uni-<br />

verso <strong>de</strong> Vida - Biologia e Geologia<br />

- Componente <strong>de</strong> Biologia - 10.° ano<br />

(1. a ed.), Porto Editora, Porto, 2003.<br />

[34] C. Côrrea, F. P. Basto, <strong>Química</strong> 12.°ano<br />

(1.a ed.), Porto Editora, Porto, 2003.<br />

[35] H. C. Pinto, M. <strong>de</strong> J. Carvalho, M.<br />

M. Fialho, Técnicas Laboratoriais <strong>de</strong><br />

<strong>Química</strong> II - 11.° ano (1.a ed.), Texto<br />

Editora, Lisboa, 2000.<br />

[36] J. Paiva, A. J. Ferreira, G. Ventura,<br />

M. Fiolhais, C. Fiolhais, 10Q - Ci-<br />

ências Físico--<strong>Química</strong>s - <strong>Química</strong><br />

- 10.° ano (1 .a ed.), Texto Editora,<br />

Lisboa, 2003.<br />

[37] L. S. Mendonça, M. D. Ramalho, Jogo<br />

<strong>de</strong> Partículas - <strong>Química</strong> - 11.° ano<br />

(4.a ed.), Texto Editora, Lisboa, 2003.<br />

[38] O. Matias, P. Martins, Biologia e<br />

Geologia 10.° ano - Componente<br />

<strong>de</strong> Biologia (1.a ed.), Areal Editores,<br />

Porto, 2003.<br />

[39] R. Soares, L. Serra, C. Almeida, Bio-<br />

logia Humana - 10.° (1.a ed.), Porto<br />

Editora, Porto, 2004.<br />

[40] T. S. Simões, M. A. Queirós, M. O.<br />

Simões, <strong>Química</strong> em Contexto - Fí-<br />

sica e <strong>Química</strong> A - 10.° ano (1.a ed.),<br />

Porto Editora, Porto, 2003.<br />

[41] T. S. Simões, M. A. Queirós, M. O.<br />

Simões, <strong>Química</strong> em Contexto - Fí-<br />

sica e <strong>Química</strong> B - 10.° ano (1.a ed.),<br />

Porto Editora, Porto, 2004.<br />

[42] T. S. Simões, M. A. Queirós, M. O.<br />

Simões, Técnicas Laboratoriais <strong>de</strong><br />

<strong>Química</strong> - Bloco II (1 .a ed.), Porto<br />

Editora, Porto, 2001.<br />

[43] V. M. S. Gil, <strong>Química</strong> 11.° ano (2.a<br />

ed.), Plátano Editora, Lisboa, 2000.<br />

[44] V. M. S. Gil, <strong>Química</strong> 12.° ano (1. a<br />

ed.), Plátano Editora, Lisboa, 2001.<br />

[45] A. F. Cachapuz, I. M. O. Malaquias,<br />

I. P. Martins, M. F. Thomaz, N. M.<br />

Vasconcelos, Proposta <strong>de</strong> um Instru-<br />

mento para Análise <strong>de</strong> Manuais Es-<br />

colares <strong>de</strong> Física e <strong>de</strong> <strong>Química</strong>, Uni-<br />

versida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro, Aveiro, 1987.<br />

[46] A. Hill, M. M. Hill, Investigação por<br />

questionário, Gradiva, Lisboa, 2002.<br />

[47] A. Martins, I. Malaquias, D. R. Mar-<br />

tins, A. C. Campos, J. M. Lopes, E.<br />

M. Fiúza, M. M. F. da Silva, M. Ne-<br />

ves, R. Soares, Livro branco da fí-<br />

sica e da química (1.a ed.), Minerva<br />

Central, Aveiro, 2002.<br />

54 QUÍMICA 119


WEBQUESTS: INCREMENTO PEDAGÓGICO DA INTERNET<br />

NO ENSINO DA QUÍMICA<br />

WEBQUEST<br />

CARLA MORAIS 1 E JOÃO PAIVA 2,<br />

N ão obstante a possibilida<strong>de</strong> da Internet permitir o acesso a uma vasta panóplia <strong>de</strong><br />

informações e recursos, a re<strong>de</strong> das re<strong>de</strong>s, traz também, na maior parte das vezes, alguns<br />

constrangimentos no que diz respeito à selecção da informação disponível. Para fins educa-<br />

tivos, uma das estratégias mais interessantes que se tem vindo a <strong>de</strong>senhar para ajudar os<br />

alunos a tirarem partido da riqueza <strong>de</strong> informação disponível na Web sâo as WebQuests.<br />

Constituem-se como recursos potenciadores <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong> informação na Web, baseadas<br />

na resolução <strong>de</strong> problemas. O objectivo é dinamizar experiências <strong>de</strong> aprendizagem que<br />

estimulem o pensamento crítico, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uso e tratamento <strong>de</strong><br />

informação, permitindo assim analisar, sintetizar, avaliar e formular conclusões. Este artigo<br />

centra-se na reflexão em torno <strong>de</strong>sta dinâmica <strong>de</strong> trabalho colectivo que vive, essencialmen-<br />

te, <strong>de</strong> recursos provenientes da Internet. Associada a este artigo está uma proposta <strong>de</strong> uma<br />

activida<strong>de</strong> WebQuest para o ensino da <strong>Química</strong>.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A utilização da Internet tem reconheci-<br />

das potencialida<strong>de</strong>s para o ensino das<br />

Ciências, em geral, e para o ensino da<br />

<strong>Química</strong>, em particular. Descobertas<br />

recentes ou estu<strong>dos</strong> pedagógicos que<br />

até há poucas décadas atrás eram ap-<br />

enas divulga<strong>dos</strong> em revistas científi-<br />

cas, são hoje, muitas vezes, anuncia-<br />

<strong>dos</strong> ou mesmo publica<strong>dos</strong> na Internet,<br />

dispensando uma pesquisa exaustiva<br />

em diversos locais e publicações. O<br />

acesso rápido a uma imensa quanti-<br />

da<strong>de</strong> <strong>de</strong> informação integrada auxilia<br />

o professor, permitindo-lhe uma mel-<br />

hor planificação das suas aulas e pos-<br />

sibilitando ao aluno efectuar pesqui-<br />

sas sobre as <strong>de</strong>scobertas recentes,<br />

aplicações ou implicações relaciona-<br />

das com os conteú<strong>dos</strong> curriculares,<br />

envolvendo-o activamente na com-<br />

preensão do modo como a Ciência<br />

evolui. A facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação<br />

com pessoas em todas as partes do<br />

mundo é outro aspecto do qual o ensi-<br />

1 cmorais@fc.up.pt<br />

2 jcpaiva@fc.up.pt<br />

Centro <strong>de</strong> Investigação em <strong>Química</strong>, Departamento <strong>de</strong><br />

<strong>Química</strong> e Bioquímica, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências, Univer-<br />

sida<strong>de</strong> do Porto, Rua do Campo Alegre, 687,<br />

P-4169-007 Porto, Portugal<br />

no das Ciências po<strong>de</strong> tirar benefícios.<br />

Actualmente, assiste-se a um aumento<br />

da utilização da Internet no processo<br />

<strong>de</strong> ensino-aprendizagem. Sendo tão<br />

importantes as vantagens resultantes<br />

da entrada da Internet na sala <strong>de</strong><br />

aula, em particular, e na educação em<br />

geral, justifica-se consi<strong>de</strong>rar a própria<br />

Internet, ainda que não constituindo<br />

um software, como um recurso edu-<br />

cacional [1-4]. Contudo, existem tam-<br />

bém algumas dificulda<strong>de</strong>s associadas<br />

ao uso da Internet. Para os alunos, a<br />

maior dificulda<strong>de</strong> no uso da Internet,<br />

como ferramenta pedagógica, po<strong>de</strong><br />

residir na falta <strong>de</strong> incentivo por parte<br />

<strong>dos</strong> professores e em alguma falta <strong>de</strong><br />

orientação para pesquisar na Web.<br />

Os professores, por sua vez, referem<br />

a ausência <strong>de</strong> sites específicos para<br />

<strong>de</strong>terminadas áreas, a dificulda<strong>de</strong> <strong>dos</strong><br />

alunos relacionarem as informações<br />

obtidas na Internet com outras fontes<br />

<strong>de</strong> pesquisa, principalmente a pesqui-<br />

sa bibliográfica tradicional e a faci-<br />

lida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dispersão durante a nave-<br />

gação. Desta forma, impõe-se como<br />

objectivo educacional levar os alunos a<br />

proce<strong>de</strong>r a uma análise crítica <strong>de</strong> toda<br />

a informação a que têm acesso. Mais<br />

do que ensinar, é necessário educar<br />

para a auto-aprendizagem. É neste<br />

cenário que as WebQuests po<strong>de</strong>m<br />

fazer sentido, constituindo-se como<br />

elementos organizativos, evitadores<br />

<strong>de</strong> dispersão e contextualizadores<br />

<strong>de</strong> objectivos pedagógicos concretos<br />

e bem <strong>de</strong>fini<strong>dos</strong> [5-10]. Perante uma<br />

vasta diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> opções possíveis<br />

torna-se imprescindível fornecer aos<br />

alunos dicas e sugestões para que o<br />

percurso realizado, embora personali-<br />

zado e construído pelos próprios, gere<br />

aprendizagens significativas.<br />

Neste artigo começa-se por evi<strong>de</strong>n-<br />

ciar algumas generalida<strong>de</strong>s sobre as<br />

WebQuests, como sendo a sua carac-<br />

terização, estrutura e algumas mais-<br />

valias pedagógicas associadas à sua<br />

utilização (secção 2). Na secção 3 faz-<br />

se referência às WebQuests enquanto<br />

estratégias <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> alunos e <strong>de</strong><br />

professores e apresentam-se algumas<br />

dicas para a aplicação/exploração <strong>de</strong>s-<br />

tas activida<strong>de</strong>s em contexto <strong>de</strong> sala<br />

<strong>de</strong> aula. Finalmente, na última secção,<br />

fazem-se umas breves consi<strong>de</strong>rações,<br />

em jeito <strong>de</strong> síntese. Destaca-se o fac-<br />

to <strong>de</strong> que este número do Boletim da<br />

SPQ apresenta um exemplo concre-<br />

to <strong>de</strong> uma WebQuest no domínio da<br />

<strong>Química</strong>, elaborado por João Vale, em<br />

estreita ligação com este artigo.<br />

QUÍMICA 1 1 9 - OUT/DEZ 10 55


GENERALIDADES SOBRE WEBQUESTS<br />

Começamos por nos <strong>de</strong>bruçar, ainda<br />

que <strong>de</strong> forma breve, sobre algumas<br />

generalida<strong>de</strong>s que nos po<strong>de</strong>rão dar<br />

uma visão global das WebQuests,<br />

enquanto estratégia <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lação<br />

do trabalho <strong>dos</strong> alunos, mas também,<br />

como modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organização e<br />

preparação <strong>dos</strong> próprios professores<br />

[11].<br />

WEBQUESTS: CARACTERIZAÇÃO<br />

E ESTRUTURA<br />

"A WebQuest is an inquiry - oriented<br />

activity in which some or all of the in-<br />

formation that learners interact with<br />

comes from resources on the internet,<br />

optionally supplemented with vi<strong>de</strong>o-<br />

conferencing." [5]<br />

As WebQuests são originalmente ac-<br />

tivida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senhadas por professores<br />

para serem "resolvidas" pelos alunos<br />

na Web. I<strong>de</strong>alizadas por Bernie Dod-<br />

ge e Tom March, no âmbito <strong>de</strong> uma<br />

disciplina que tinha como objectivo<br />

tirar partido da tecnologia e <strong>dos</strong> re-<br />

cursos existentes na Web (Interdisci-<br />

plinary Teaching with Technology), as<br />

WebQuests consistem em activida<strong>de</strong>s<br />

motivadoras, contextualizadas e orien-<br />

tadas para a pesquisa, que os alunos<br />

<strong>de</strong>vem realizar em grupo, <strong>de</strong> acordo<br />

com uma sequência lógica previa-<br />

mente estabelecida [5-13]. Para que<br />

o aluno utilize da melhor forma o seu<br />

tempo <strong>de</strong> pesquisa na Internet, tendo<br />

em mente uma tarefa direccionada,<br />

uma WebQuest <strong>de</strong>ve contemplar os<br />

seguintes passos [5-8]:<br />

Introdução - <strong>de</strong>ve fornecer informa-<br />

ção <strong>de</strong> modo a contextualizar o <strong>de</strong>sa-<br />

fio, ser motivadora e <strong>de</strong>safiante para<br />

os alunos.<br />

Tarefa - <strong>de</strong>ve ser interessante e exe-<br />

quível. De acordo com Dodge [14], a<br />

tarefa constitui a mais importante fase<br />

<strong>de</strong> uma WebQuest, por estimular o<br />

pensamento nos alunos, ultrapassan-<br />

do a simples compreensão. Assim,<br />

po<strong>de</strong> incluir activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> diversos<br />

tipos:<br />

- Redigir o que se leu (contar).<br />

- Compilação <strong>de</strong> da<strong>dos</strong>.<br />

- Mistério (papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>tective).<br />

- Jornalismo (papel <strong>de</strong> repórter).<br />

- Criar um produto ou planear uma<br />

acção.<br />

- Produtos criativos (criar um poe-<br />

ma, canção, uma pintura).<br />

- Criar consenso.<br />

- Persuasão (ponto <strong>de</strong> vista a apre-<br />

sentar, escrever uma carta, um edi-<br />

torial; criar um ví<strong>de</strong>o publicitário).<br />

- Conhece-te! (reflexão sobre quem<br />

se é; questões éticas e morais;<br />

como melhorar <strong>de</strong>terminadas fa-<br />

cetas, etc).<br />

- Tarefas analíticas (i<strong>de</strong>ntificar se-<br />

melhanças e diferenças).<br />

- Julgar/avaliar (o aluno dispõe <strong>de</strong><br />

vários itens e tem que os or<strong>de</strong>nar<br />

ou classificar ou, ainda, escolher<br />

entre opções).<br />

- Tarefas científicas (<strong>de</strong>finir hipóte-<br />

ses, testar hipóteses; <strong>de</strong>screver<br />

os resulta<strong>dos</strong> e interpretá-los.<br />

Processo - é uma espécie <strong>de</strong> roteiro<br />

que indica passo a passo a direcção<br />

que os alunos <strong>de</strong>verão procurar tomar<br />

e os recursos a consultar. Deve conter<br />

a <strong>de</strong>finição <strong>dos</strong> papéis a realizar pelos<br />

alunos do grupo (caso existam) levan-<br />

do o aluno a compreen<strong>de</strong>r diferentes<br />

perspectivas e partilhando responsa-<br />

bilida<strong>de</strong>s na execução das tarefas.<br />

Recursos - conjunto <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> in-<br />

formação necessárias à consecução<br />

da tarefa, preferencialmente disponí-<br />

veis na Web. Convém aten<strong>de</strong>r-se à<br />

qualida<strong>de</strong> e quantida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> recursos<br />

a utilizar.<br />

Avaliação - po<strong>de</strong> incidir sobre <strong>de</strong>-<br />

sempenho e/ou sobre o produto a<br />

apresentar pelos alunos. Indicadores<br />

quantitativos e qualitativos leva<strong>dos</strong><br />

em consi<strong>de</strong>ração pelo professor na<br />

avaliação do trabalho do grupo <strong>de</strong>vem<br />

ser explicita<strong>dos</strong> com clareza.<br />

Conclusão - <strong>de</strong>ve disponibilizar-se<br />

um resumo acerca da experiência<br />

proporcionada pela WebQuest, sa-<br />

lientando as vantagens <strong>de</strong> realizar<br />

o trabalho e, se possível, lançar um<br />

novo <strong>de</strong>safio que <strong>de</strong>sperte a curiosi-<br />

da<strong>de</strong> <strong>dos</strong> alunos para outras facetas<br />

do conhecimento abordado.<br />

WEBQUESTS: MAIS-VALIAS PEDAGÓGICAS<br />

As WebQuests têm-se revelado uma<br />

boa dinâmica <strong>de</strong> trabalho para ensinar<br />

e apren<strong>de</strong>r, usando a Internet [9-13],<br />

pelas tarefas genuínas e práticas que<br />

são propostas aos alunos e os con-<br />

frontam com o mundo, pelos recursos<br />

concretos que lhes são apresenta<strong>dos</strong><br />

e pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apresentação<br />

e publicação <strong>dos</strong> seus resulta<strong>dos</strong>.<br />

A autenticida<strong>de</strong> das tarefas é, aliás,<br />

uma das mais-valias <strong>de</strong>sta estratégia<br />

pedagógica. Leva<strong>dos</strong> a investigarem<br />

activamente questões reais [15] e en-<br />

volvendo colaboração, ajuda mútua<br />

e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong><br />

diferentes papéis pelos elementos do<br />

grupo, as WebQuests permitem a in-<br />

tegração <strong>de</strong> diferentes perspectivas<br />

na aprendizagem <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termina-<br />

do assunto, contribuindo assim para<br />

a construção <strong>de</strong> uma visão plural e<br />

multifacetada sobre as temáticas em<br />

estudo [12].<br />

A investigação <strong>de</strong> questões reais, rea-<br />

lizada com recursos reais, acaba por<br />

ser talvez o maior contributo para a<br />

construção <strong>de</strong> significado pelo aluno.<br />

A motivação que estas tarefas indu-<br />

zem tem sido apresentada <strong>de</strong> uma<br />

forma bastante prática, por Dodge [8]<br />

e March [15], com base no mo<strong>de</strong>lo<br />

ARCS <strong>de</strong> Keller.<br />

O acrónimo ARCS é constituído por:<br />

Atenção, Relevância, Confiança e Sa-<br />

tisfação. March [15] refere que uma<br />

WebQuest bem concebida respeita<br />

os quatro componentes propostos por<br />

Keller, isto é que: a) seja uma activida-<br />

<strong>de</strong> que capte a atenção <strong>dos</strong> alunos; b)<br />

tenha como base um assunto relevan-<br />

te e próximo <strong>dos</strong> seus interesses; c)<br />

os alunos sintam confiança no apoio<br />

disponibilizado; d) sintam satisfação<br />

com a missão cumprida com suces-<br />

so.<br />

WEBQUESTS ENQUANTO ESTRATÉGIA<br />

DE TRABALHO DE ALUNOS E DE PRO-<br />

FESSORES<br />

De forma a tornar possível o objectivo<br />

<strong>de</strong> equacionar novas oportunida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> aprendizagem com as WebQuests<br />

à luz <strong>de</strong> uma perspectiva construtivis-<br />

ta, po<strong>de</strong>rá ser pertinente organizar a<br />

reflexão em torno <strong>de</strong> quatro aspectos<br />

centrais - Pesquisa, Comunicação,<br />

Colaboração e Participação social -<br />

cuja articulação po<strong>de</strong> ser observada<br />

na Figura 1. Estes quatro aspectos<br />

permitem-nos compreen<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> forma<br />

articulada, os principais <strong>de</strong>safios que<br />

as WebQuests po<strong>de</strong>m encerrar, en-<br />

quanto estratégia <strong>de</strong> trabalho, simul-<br />

taneamente <strong>de</strong> alunos e professores<br />

56 QUÍMICA 119<br />

[12].


WebQuests enquanto<br />

oportunida<strong>de</strong> para os<br />

alunos apren<strong>de</strong>rem:<br />

1. A pesquisar informação<br />

2. A comunicar com outras pessoas<br />

3. A colaborar <strong>de</strong>ntro e fora da sala <strong>de</strong> aulas<br />

4. A participar socialmente<br />

Tem-se assistido a um interesse cres-<br />

cente <strong>de</strong> mestran<strong>dos</strong> e doutoran<strong>dos</strong><br />

por WebQuests, pelo que inúmeras<br />

dissertações nos últimos tempos ver-<br />

sam esta temática ao nível da cons-<br />

trução, implementação e avaliação<br />

<strong>de</strong>stas activida<strong>de</strong>s [16-18].<br />

PISTAS PARA APLICAR UMA WEBQUEST<br />

NA SALA DE AULA<br />

Tal como já se referiu, consi<strong>de</strong>ramos<br />

que as WebQuests po<strong>de</strong>m proporcio-<br />

nar oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagem<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> interesse pedagógico e<br />

didáctico. Assim, apresentamos algu-<br />

mas sugestões para aplicar/explorar<br />

WebQuests na sala <strong>de</strong> aula:<br />

- Diagnosticar as apetências <strong>dos</strong><br />

alunos pela ferramenta <strong>de</strong> trabalho.<br />

- Negociar com os seus alunos a rea-<br />

lização do <strong>de</strong>safio.<br />

- Enunciar, claramente, os objecti-<br />

vos subjacentes à realização da<br />

activida<strong>de</strong>.<br />

- Percorrer com os alunos a Web-<br />

Quest, dando instruções acerca do<br />

funcionamento do hiperdocumento.<br />

- Permitir que os alunos explorem<br />

livremente o hiperdocumento.<br />

- Promover a apresentação <strong>dos</strong> tra-<br />

balhos produzi<strong>dos</strong> pelos grupos,<br />

<strong>de</strong> modo a partilhar o seu conheci-<br />

mento e conclusões.<br />

Além do exemplo concreto do João<br />

Vale apresentado neste Boletim, ou-<br />

WebQuests enquanto oportunida<strong>de</strong><br />

para os professores <strong>de</strong>senvolverem<br />

algumas competências profissionais:<br />

1. A concepção <strong>de</strong> materiais e a mo<strong>de</strong>lação da aprendizagem<br />

na Internet.<br />

2. A facilitação da comunicação interpessoal.<br />

3. A organização, promoção e gestão do trabalho colaborativo.<br />

4. A avaliação e divulgação das aprendizagens.<br />

Figura 1 - Aspectos nucleares <strong>de</strong> reflexão sobre as WebQuests (adaptado <strong>de</strong> [12])<br />

tras i<strong>de</strong>ias po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já ficar no ar,<br />

sendo certo que a palavra <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m<br />

é, em gran<strong>de</strong> parte, a imaginação e<br />

a criativida<strong>de</strong> do professor. Assim,<br />

po<strong>de</strong>m realizar-se interessantes We-<br />

bQuests relacionadas com alguns te-<br />

mas da <strong>Química</strong>, como por exemplo:<br />

- CSI <strong>Química</strong>: investigando ele-<br />

mentos ocultos<br />

- As hortênsias azuis e cor-<strong>de</strong>-rosa:<br />

mistério ou <strong>Química</strong>?<br />

- Tratamento <strong>de</strong> águas residuais<br />

- Fogo-<strong>de</strong>-artifício: uma questão <strong>de</strong><br />

<strong>Química</strong><br />

- <strong>Química</strong> e <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> - prós e<br />

contras<br />

- Biodiesel - como e para quê?<br />

- Viagem às grutas: solubilida<strong>de</strong> e<br />

reacções <strong>de</strong> precipitação<br />

- Energia nuclear: sim ou não?<br />

CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

As WebQuests constituem-se como<br />

uma interessante metodologia <strong>de</strong> tra-<br />

balho para os alunos, auxiliando-os<br />

a lidar com as dificulda<strong>de</strong>s inerentes<br />

à selecção <strong>de</strong> informação disponível<br />

na Internet. Permitem aperfeiçoar as<br />

estratégias <strong>de</strong> pesquisa, selecção e<br />

avaliação, fornecendo aos alunos o<br />

ambiente a<strong>de</strong>quado para o <strong>de</strong>senvol-<br />

vimento <strong>de</strong> competências essenciais<br />

à sua integração plena na <strong>Socieda<strong>de</strong></strong><br />

da Informação e do Conhecimento. As<br />

WebQuests po<strong>de</strong>m promover a capa-<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a pesquisar infor-<br />

mação, <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a comunicar com<br />

outras pessoas, <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a cola-<br />

borar/cooperar e <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a parti-<br />

cipar socialmente. Também os profes-<br />

sores são coloca<strong>dos</strong> perante <strong>de</strong>safios<br />

concretos, <strong>de</strong>correntes principalmen-<br />

te da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exploração do<br />

potencial pedagógico da Internet, que<br />

lhes permite usar novos recursos e<br />

equacionar novas formas <strong>de</strong> trabalho,<br />

po<strong>de</strong>ndo levar a uma reestruturação<br />

das suas concepções e ao enriqueci-<br />

mento das suas práticas lectivas. <strong>No</strong><br />

ensino da <strong>Química</strong>, em particular, são<br />

óbvias as potencialida<strong>de</strong>s. A ciência<br />

<strong>Química</strong> é em si própria dinâmica,<br />

como dinâmico é o seu ensino. A In-<br />

ternet é imprescindível como fonte <strong>de</strong><br />

informação para o (dinâmico) ensino<br />

da <strong>Química</strong> nos nossos dias. As Web-<br />

Quests, indiscutivelmente, po<strong>de</strong>m aju-<br />

dar a optimizar a eficácia pedagógica<br />

da Web no ensino da <strong>Química</strong><br />

REFERÊNCIAS<br />

[1] F. Costa. A propósito da <strong>de</strong>mocratiza-<br />

ção do acesso à internet pelas esco-<br />

las. In A. Estrela & J. Ferreira (Eds.),<br />

Tecnologias em educação. Estu<strong>dos</strong><br />

e investigações (pp. 135-145). Lis-<br />

boa: Afirse Portugaise (2001).<br />

[2] A. Gokhale. Collaborative Learning<br />

Enhances Critical Thinking. Journal<br />

of Technology Education, 7, (1995).<br />

Disponível em http://scholar.lib.<br />

vt.edu/ejournals/JTE/v7n1/gokhale.<br />

jte-v7n1.html<br />

QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 57


[3] L. Cuban. Oversold and un<strong>de</strong>rused:<br />

Computers in the classroom. Cam-<br />

bridge, Mass: Harvard University<br />

Press (2001).<br />

[4] D. Jonassen. Learning as activ-<br />

ity. Educational Technology, March-<br />

April, (2002) 45-51.<br />

[5] B. Dodge. Some Thoughts about<br />

WebQuests (1995; 1997). Disponí-<br />

vel em http://webquest.sdsu.edu/<br />

about_webquests.html<br />

[6] B. Dodge. WebQuests: a strategy<br />

for scaffolding higher level learning<br />

(1998). Disponível em http://web-<br />

quest.sdsu.edu/necc98.htm<br />

[7] B. Dodge. FOCUS: Five rules for<br />

writing a great WebQuest. Learning<br />

& Leading with Technology, May, 28<br />

(8), (2001) 6-9, 58.<br />

[8] B. Dodge. Motivational Aspects of<br />

WebQuest Design. In C. Crawford et<br />

al. (Eds.), Proceedings of Society for<br />

Information Technology and Teacher<br />

Education International Conference<br />

2003. Chesapeake, VA: AAC E,<br />

(2003) 1737-1739.<br />

[9] M. Barroso, C. Coutinho. A Web-<br />

Quest como Metodologia <strong>de</strong> Apren-<br />

dizagem no Curso <strong>de</strong> Educação e<br />

Formação <strong>de</strong> Adultos na Área So-<br />

cieda<strong>de</strong>, Tecnologia e Ciência. In P.<br />

Dias, A. J. Osório (org.) Actas da VI<br />

Conferência Internacional <strong>de</strong> TIC na<br />

Educação Challenges 2009 / Desa-<br />

fios 2009. Braga: Universida<strong>de</strong> do<br />

Minho. (2009) 697-714.<br />

[10] D. Pereira; N. Fialho; E. Matos. We-<br />

bQuest: Uma Ferramenta Criativa e<br />

Motivadora na Prática Educativa. Ac-<br />

tas do X Congresso Internacional Ga-<br />

lego-Português <strong>de</strong> Psicopedagogia.<br />

Braga: Universida<strong>de</strong> do Minho (2009).<br />

[11] A. Carvalho. WebQuest: um Desafio<br />

para Professores e para Alunos. Elo,<br />

10, (2002) 142-150.<br />

[12] A. Carvalho, org. Actas do Encontro<br />

sobre WebQuest, Braga, Portugal,<br />

2006. Braga: CIEd (2006) 8-25.<br />

[13] B. Wilson, D. Young. Webquests for<br />

reflection and conceptual change:<br />

Variations on a popular mo<strong>de</strong>l for<br />

gui<strong>de</strong>d inquiry. Paper presented at<br />

the World Conference on Education-<br />

al Multimedia, Hypermedia and Tele-<br />

communications, Denver, Colorado,<br />

USA (2002).<br />

[14] B. Dodge. WebQuest Taskonomy: A<br />

Taxonomy of Tasks (2002). Dispo-<br />

nível em http://webquest.sdsu.edu/<br />

taskonomy.html<br />

[15] T. March. The Learning Power of<br />

WebQuests. Educational Lea<strong>de</strong>r-<br />

ship, 61 (4) (2003) 42-47.<br />

[16] I. Costa. A WebQuest na aula <strong>de</strong><br />

Matemática: Um estudo <strong>de</strong> caso<br />

com alunos do 10° ano <strong>de</strong> escolari-<br />

da<strong>de</strong>. Dissertação <strong>de</strong> Mestrado em<br />

Educação - Área <strong>de</strong> Especialização<br />

em Tecnologia Educativa, Univer-<br />

sida<strong>de</strong> do Minho, Braga, Portugal<br />

(2008).<br />

[17] M. Lima. As WebQuests no ensino/<br />

aprendizagem. Tese <strong>de</strong> Doutora-<br />

mento em Ciências da Educação,<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Psicologia e Ciências<br />

da Educação da Universida<strong>de</strong> do<br />

Porto, Porto, Portugal (2007).<br />

[18] P. Quaresma. Concepção e explora-<br />

ção <strong>de</strong> uma WebQuest para a intro-<br />

dução ao ensino da física. Disserta-<br />

ção <strong>de</strong> Mestrado em Comunicação<br />

e Educação em Ciência, Univer-<br />

sida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro, Aveiro, Portugal<br />

(2007).<br />

COCAÍNA E ECSTASY DETECTADOS NAS ÁGUAS DO PARQUE L'ALBUFERA EM VALÊNCIA (ESPANHA)<br />

A água <strong>dos</strong> canais do Parque Natu-<br />

ral L'Albufera, em Valência, contém<br />

cocaína e ecstasy, para além <strong>de</strong> ou-<br />

tras seis substâncias estupefacientes.<br />

Este facto foi confirmado num estudo<br />

levado a cabo por investigadores da<br />

Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Valência que alerta-<br />

ram para a presença contínua e efei-<br />

tos nefastos <strong>de</strong>stas substâncias, quer<br />

na vida selvagem, quer na saú<strong>de</strong> hu-<br />

mana.<br />

Os investigadores da referida univer-<br />

sida<strong>de</strong>, em colaboração com o Cen-<br />

tro <strong>de</strong> Investigação em Desertificação<br />

(Espanha), analisaram catorze tipos<br />

<strong>de</strong> substâncias ilegais (incluindo co-<br />

caína, anfetaminas, co<strong>de</strong>ína, morfina<br />

e cannabis) em <strong>de</strong>zasseis cursos <strong>de</strong><br />

água e canais <strong>de</strong> irrigação do parque.<br />

O estudo procurou resíduos que che-<br />

garam à água através da urina <strong>dos</strong><br />

consumidores <strong>de</strong>stas substâncias.<br />

A cocaína e respectivos metaboli-<br />

tos foram encontra<strong>dos</strong> em todas as<br />

amostras, enquanto que o ecstasy foi<br />

<strong>de</strong>tectado muito frequentemente. Os<br />

níveis mais eleva<strong>dos</strong>, bem como a<br />

maior frequência <strong>de</strong> resulta<strong>dos</strong> positi-<br />

vos, foram encontra<strong>dos</strong> na zona norte<br />

do parque. Esta zona alberga a maior<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> populacional e é ro<strong>de</strong>ada<br />

<strong>de</strong> um pólo industrial e locais <strong>de</strong> di-<br />

versão nocturna, constituindo o maior<br />

ponto <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga <strong>de</strong> águas residuais<br />

do parque. Foram também encontra-<br />

das concentrações elevadas em algu-<br />

mas amostras recolhidas noutras áre-<br />

as do parque, resulta<strong>dos</strong> associa<strong>dos</strong><br />

a <strong>de</strong>scargas <strong>de</strong> águas residuais sem<br />

tratamento.<br />

O Parque Natural L'Albufera é umas<br />

das mais importantes zonas húmidas<br />

da Europa em virtu<strong>de</strong> da sua biodiver-<br />

sida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fauna e flora, para além <strong>de</strong><br />

ser uma área chave para as aves mi-<br />

gratórias. Paradoxalmente, este par-<br />

que está ro<strong>de</strong>ado por aglomera<strong>dos</strong><br />

populacionais, indústrias, explora-<br />

ções agrícolas, zonas comerciais e <strong>de</strong><br />

lazer, para além <strong>de</strong> ro<strong>de</strong>ado por uma<br />

<strong>de</strong>nsa re<strong>de</strong> viária. Embora ainda não<br />

existam actualmente estu<strong>dos</strong> exausti-<br />

vos sobre os efeitos ecotoxicológicos<br />

da presença das substâncias <strong>de</strong>tecta-<br />

das, estas po<strong>de</strong>m ter consequências<br />

no ecossistema do parque, tanto para<br />

os organismos terrestres, como para<br />

a fauna aquática.<br />

(Adaptado <strong>de</strong><br />

http://www.alphagalileo.org/ViewItem.as<br />

px?ItemId=85820&CultureCo<strong>de</strong>=en)<br />

58 QUÍMICA 119<br />

HMO


Introdução<br />

WebQuest<br />

<strong>No</strong> encalço <strong>dos</strong> <strong>No</strong>vos <strong>Materiais</strong> 4<br />

JQAOVALE<br />

Centro <strong>de</strong> Investigação em <strong>Química</strong>, Departamento <strong>de</strong> <strong>Química</strong> e Bioquímica,<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências, Universida<strong>de</strong> do Porto, Rua do Campo Alegre, 687, P-4169-007 Porto, Portugal<br />

* Disponível em: http://www.educhem.icpaiva.net/<br />

Longe vão os tempos em que o Homem recorria aos diversos materiais disponibiliza<strong>dos</strong><br />

livremente na Natureza, na forma bruta, para diversos fins. Aforma arrepiante como a ciência <strong>dos</strong><br />

materiais tem avançado nestes últimos tempos é capaz <strong>de</strong> amedrontar o menos culto e espantar<br />

o mais sábio. O factor necessida<strong>de</strong> terá sido o motor <strong>de</strong> impulsão, mas, provavelmente, o factor<br />

novida<strong>de</strong> será aquele que melhor explica <strong>de</strong>terminadas situações. Polímeros condutores,<br />

materiais nano-estrutura<strong>dos</strong>, novos cerâmicos, biomateriais e compósitos são<br />

ti<strong>dos</strong> como as principais categorias <strong>de</strong> <strong>No</strong>vos <strong>Materiais</strong> que emergem. A <strong>Química</strong> no cerne <strong>dos</strong><br />

<strong>de</strong>safios contemporâneos!<br />

Tarefa<br />

Existem inúmeras moléculas com proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interesse para a medicina.<br />

Perante um mundo em constante evolução, situação para a qual a química e a engenharia química<br />

juntam esforços, importa que te mantenhas informado acerca da ampliação do universo químico em geral e <strong>dos</strong><br />

"novos materiais", em particular, sob pena <strong>de</strong> não reconheceres, num futuro não muito longínquo, o planeta.<br />

Polímeros condutores, materiais nano-estrutura<strong>dos</strong>, novos cerâmicos, biomateriais, compósitos:<br />

. o que são?<br />

. que exemplos?<br />

. on<strong>de</strong> se aplicam?<br />

São estas as questões que te propomos e para as quais <strong>de</strong>verás obter resposta.<br />

Processo<br />

Para levar adiante o trabalho é fundamental que se constituam grupos <strong>de</strong> 5 alunos. Cada elemento <strong>de</strong> cada grupo<br />

ficará com uma <strong>de</strong>terminada função segundo a informação prestada na seguinte tabela:<br />

<strong>No</strong>me do aluno Função a <strong>de</strong>sempenhar<br />

Aluno ? Recolher e organizar informação sobre polímeros condutores<br />

Aluno ? Recolher e organizar informação sobre materiais nano-estrutura<strong>dos</strong><br />

Aluno ? Recolher e organizar informação sobre novos cerâmicos<br />

Aluno ? Recolher e organizar informação sobre biomateriais<br />

Aluno ? Recolher e organizar informação sobre compósitos<br />

Uma vez distribuídas as funções a <strong>de</strong>sempenhar, cada elemento usará recursos específicos para recolher e<br />

organizar informação. O grupo reunirá e sintetizará a informação por forma a que essa síntese inclua as pistas para<br />

as questões levantadas. Caberá ao grupo <strong>de</strong>cidir sobre o mol<strong>de</strong> a usar para apresentar oralmente os resulta<strong>dos</strong> da<br />

investigação e também <strong>de</strong>cidir sobre a concepção da versão escrita final, sintética, a entregar ao professor.


Recursos<br />

Como fontes <strong>de</strong> informação o grupo <strong>de</strong>ve usar os seguintes en<strong>de</strong>reços da web:<br />

<strong>Química</strong> - Polímeros condutores<br />

http://www.quimica.ufpr.br/qqm/polimeros%20condutores.htm<br />

Revista Electrónica <strong>de</strong> Ciências - Polímeros condutores<br />

http://www.cdcc.usp.br/ciencia/artiqos/art 04/polimero.html<br />

UMinho - Relatório sobre a disciplina <strong>de</strong> <strong>Materiais</strong> Nanoestrutura<strong>dos</strong><br />

http://www2.fisica.uminho.pt/Pq pessoais/Miesus/MNA/MNA proqrama.PDF<br />

Com ciência - Nanociência & nanotecnologia<br />

http://www.comciencia.br/reportaqens/nanotecnoloqia/nano13.htm<br />

INETI - <strong>No</strong>vos materiais cerâmicos<br />

http://www.sirbabvface.net/icpaiva/avulso/materiais/Proiecto cBloco.pdf<br />

UPorto - <strong>Materiais</strong> cerâmicos<br />

http://paqinas.fe.up.pt/~falves/matceramicos.pdf<br />

<strong>Química</strong> <strong>No</strong>va - Biocerâmicas<br />

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-40422000000400015&script=sci arttext<br />

Biomateriais - Integrando o conhecimento<br />

http://www.biomateriais.com.br/telas/artiqos/artiqos.asp7id artiqo=60&id assunto<br />

<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Brasileira <strong>de</strong> <strong>Química</strong> - Compósitos<br />

http://www.sbq.orq.br/ranteriores/23/resumos/0789/in<strong>de</strong>x.html<br />

Instituto <strong>de</strong> Engenharia Mecânica e Gestão Industrial - <strong>Materiais</strong> Compósitos<br />

http://www.spmateriais.pt/INEGI.htm<br />

Avaliação<br />

<strong>No</strong>ta: To<strong>dos</strong> os elementos <strong>de</strong>vem prestar atenção sobre o sentido crítico que<br />

<strong>de</strong>verão ter face ã informação na Internet.<br />

Polímeros condutores<br />

<strong>Materiais</strong> nano-estrutura<strong>dos</strong><br />

<strong>No</strong>vos cerâmicos<br />

Biomateriais<br />

Compósitos<br />

A avaliação incidirá sobre o produto <strong>de</strong>senvolvido pelo grupo. Essa avaliação reger-se-á pelos parâmetros e<br />

respectivos pesos segundo a indicação abaixo:<br />

Conclusão<br />

. Respostas às questões (20%)<br />

. Criativida<strong>de</strong> do produto (30 %)<br />

. Rigor científico <strong>dos</strong> textos (30 %)<br />

. Apresentação oral (20 %)<br />

Si<br />

Esta WebQuest terá ampliado o teu universo <strong>de</strong> conhecimentos químicos e feito com que olhes<br />

para um mundo em constante evolução <strong>de</strong> outra forma. Estarás, certamente, mais próximo da<br />

\ j ciência contemporânea no que concerne à existência <strong>de</strong> <strong>No</strong>vos <strong>Materiais</strong>, sua concepção e<br />

s'jM^jf aplicação. Terás concluído que os <strong>No</strong>vos <strong>Materiais</strong> representam soluções, mas que essas<br />

soluções, geralmente, serão substituídas daqui a uns tempos por outras melhores. Assim, a<br />

procura <strong>de</strong> soluções para problemas novos ou antigos e o estímulo à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar novos<br />

produtos levarão a que novos materiais, uma vez concebi<strong>dos</strong>, se tornem necessida<strong>de</strong>s da socieda<strong>de</strong>. Que<br />

materiais teremos na próxima década? E no próximo século? Serão semelhantes aos actuais? Até que ponto a<br />

vida humana, tal como a conhecemos, po<strong>de</strong>rá melhorar? O que irá mudar na vida das pessoas? Convém "estar<br />

atento"....<br />

[Destinatários<br />

Esta WebQuest <strong>de</strong>stina-se a alunos do 12.° ano <strong>de</strong> <strong>Química</strong>.


XXll<br />

Encontro<br />

Nacional<br />

SPQ<br />

XXII ENCONTRO NACIONAL DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE QUÍMICA<br />

(ENSPQ)<br />

3-6 JULHO 2 0 1 1 EM BRAGA<br />

A Delegação <strong>de</strong> Braga da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Portuguesa</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />

e o Departamento <strong>de</strong> <strong>Química</strong> da Universida<strong>de</strong> do<br />

Minho convidam to<strong>dos</strong> os colegas a participar no XXII EN-<br />

CONTRO NACIONAL da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Portuguesa</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />

(SPQ), que terá lugar em Braga, no Parque <strong>de</strong> Exposições,<br />

<strong>de</strong> 3 a 6 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2011. Este Encontro integra-se nas<br />

comemorações do centenário da SPQ, as quais coinci<strong>de</strong>m<br />

com as do Ano Internacional da <strong>Química</strong>, e será subordinado<br />

ao tema "Cem Anos <strong>de</strong> <strong>Química</strong> em Portugal".<br />

Associaram-se ao XXII ENSPQ as Divisões <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Alimentar,<br />

<strong>Química</strong> Analítica, <strong>Química</strong> Física, <strong>Química</strong> Inorgânica,<br />

<strong>Química</strong> Orgânica e o Grupo <strong>de</strong> Radicais Livres da<br />

SPQ, que terão os seus Encontros sob a forma <strong>de</strong> Simpósios.<br />

Dado o carácter comemorativo do Encontro, terá lugar<br />

uma lição plenária <strong>de</strong> índole histórica. Estão previstas<br />

lições plenárias, keynotes, comunicações orais e sessões<br />

<strong>de</strong> posters nas áreas científicas das Divisões e Grupos que<br />

se associaram, bem como uma lição plenária, keynotes, comunicações<br />

orais e sessões <strong>de</strong> posters nos domínios "<strong>Química</strong><br />

e <strong>Socieda<strong>de</strong></strong>" e "Ensino e Aprendizagem da <strong>Química</strong>".<br />

À semelhança <strong>dos</strong> Encontros Nacionais anteriores, o XXII<br />

ENSPQ incluirá a lição plenária do Prémio Ferreira da Silva<br />

e será igualmente atribuída a Medalha Vicente Seabra. <strong>No</strong><br />

Encontro será ainda entregue, pela primeira vez, o Prémio<br />

Romão Dias, no domínio da <strong>Química</strong> Inorgânica.<br />

A data <strong>de</strong> início <strong>de</strong> submissão <strong>de</strong> resumos para o encontro<br />

é 1 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 2011. Informações adicionais po<strong>de</strong>rão ser<br />

consultadas na página Web do Encontro.<br />

E: xxiienspq@quimica.uminho.pt<br />

URL: http://www.spq.pt/eventos/xxiienspq<br />

«E2N 2011»<br />

Encontro Nacional <strong>de</strong> Nanotoxicologia<br />

ENCONTRO NACIONAL DE NANOTOXICOLOGIA (E2N 2011)<br />

7 E 8 FEVEREIRO 2 0 1 1 EM LISBOA<br />

O Encontro Nacional <strong>de</strong> Nanotoxicologia, uma organização<br />

conjunta do Laboratório Nacional <strong>de</strong> Energia e Geologia<br />

(LNEG), Instituto Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Dr. Ricardo Jorge,<br />

Instituto Superior Técnico e da Direcção-Geral da Saú<strong>de</strong>,<br />

irá <strong>de</strong>correr nos dias 7 e 8 <strong>de</strong> Fevereiro em Lisboa, com o<br />

patrocínio da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Portuguesa</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong> (SPQ).<br />

A Nanotecnologia utiliza as proprieda<strong>de</strong>s únicas da matéria<br />

à nanoescala sendo que as nanopartículas e os nanomateriais<br />

manufactura<strong>dos</strong> oferecem potenciais benefícios<br />

sócio-económicos, ambientais e para a saú<strong>de</strong>. Sendo a nanotecnologia<br />

um <strong>dos</strong> sectores em maior <strong>de</strong>senvolvimento<br />

na actualida<strong>de</strong>, salienta-se o facto <strong>de</strong> que os aspectos re-<br />

DESTAQUES<br />

lativos aos efeitos biológicos, <strong>de</strong>stino ambiental e comportamento<br />

<strong>de</strong>stes materiais, carecem <strong>de</strong> investigação. Este<br />

Encontro tem como objectivo uma participação, alargada<br />

a to<strong>dos</strong> os campos do saber, sobre o impacto e segurança<br />

das nanopartículas e nanomateriais manufactura<strong>dos</strong><br />

para a saú<strong>de</strong> e ambiente. Serão três os principais tópicos<br />

a abordar no encontro, nomeadamente a Caracterização<br />

<strong>de</strong> Nanopartículas, a Ecotoxicologia <strong>de</strong> Nanopartículas e a<br />

Toxicologia Humana <strong>de</strong> Nanopartículas.<br />

O Encontro é dirigido a to<strong>dos</strong> os profissionais activamente<br />

envolvi<strong>dos</strong> na Investigação & Desenvolvimento <strong>de</strong> nanopartículas<br />

e nanomateriais manufactura<strong>dos</strong>, incluindo<br />

produção, aplicações, toxicologia e avaliação <strong>de</strong> riscos<br />

para a saú<strong>de</strong> e ambiente, e regulamentação, preten<strong>de</strong>ndo<br />

ser um lugar <strong>de</strong> partilha <strong>de</strong> conhecimento e discussão do<br />

estado da arte da investigação em Portugal, <strong>de</strong>safios, novas<br />

iniciativas e suas implicações.<br />

E: E2N2011@sapo.pt<br />

URL: http://e2n2011.webs.com<br />

4 A REUNIÃO IBÉRICA DE COLÓIDES E INTERFACES (RICI4)<br />

13 A 1 5 JULHO 2 0 1 1 NO PORTO<br />

Entre 13 e 15 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2011, a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências da<br />

Universida<strong>de</strong> do Porto terá o prazer <strong>de</strong> acolher a 4- Reunião<br />

Ibérica <strong>de</strong> Colói<strong>de</strong>s e Interfaces - RICI4, promovida<br />

conjuntamente pelo Grupo <strong>de</strong> Colói<strong>de</strong>s, Polímeros e Interfaces<br />

(GCPI) da SPQ e o Grupo Especializado <strong>de</strong> Coloi<strong>de</strong>s e<br />

Interfases (GECI) das Reais <strong>Socieda<strong>de</strong></strong>s Espanholas <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />

e <strong>de</strong> Física (RSEQ e RSEF).<br />

Preten<strong>de</strong>-se que o evento tenha um carácter fortemente<br />

interdisciplinar, visando dois objectivos essenciais: reunir<br />

a comunida<strong>de</strong> científica portuguesa da área <strong>de</strong> colói<strong>de</strong>s e<br />

interfaces, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da sua formação <strong>de</strong> base<br />

e abordagem científica; promover a sua interacção com a<br />

comunida<strong>de</strong> espanhola congénere, em atmosfera propícia<br />

ao intercâmbio <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias e estabelecimento <strong>de</strong> pontes <strong>de</strong><br />

colaboração. Este encontro seguir-se-á aos <strong>de</strong> Salamanca<br />

(05), Coimbra (07) e Granada (09), que obtiveram assinalável<br />

sucesso junto das duas comunida<strong>de</strong>s ibéricas. O pro-<br />

grama incluirá, entre outras, as seguintes sessões temáti-<br />

cas: sistemas auto-agrega<strong>dos</strong>, tensioactivos e polímeros;<br />

superfícies e interfaces; nanopartículas e colói<strong>de</strong>s; siste-<br />

mas biomiméticos e bio-inspira<strong>dos</strong>; teoria e mo<strong>de</strong>lação;<br />

aplicações industriais, biomédicas e farmacêuticas. As palestras<br />

serão proferidas na sua gran<strong>de</strong> maioria em inglês,<br />

dada a crescente internacionalização do encontro. Encon-<br />

tram-se já confirmadas lições plenárias pelos Professores<br />

Mário Barbosa (INEB, Porto), Margarida Telo da Gama<br />

(FCUL), Watson Loh (Unicamp, Brasil), María Vallet-Regí<br />

(U. Complutense <strong>de</strong> Madrid) e Francisco Monroy (UCM).<br />

Informações mais <strong>de</strong>talhadas po<strong>de</strong>rão ser encontradas no<br />

website do congresso, ou solicitadas à comissão <strong>de</strong> orga-<br />

QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 6 1


nização local (prof. Eduardo Marques, presi<strong>de</strong>nte - efmarque@fc.up.pt).<br />

E: rici4@fc.up.pt<br />

URL: http://rici4.fc.up.pt<br />

m * +<br />

j j j<br />

Electroquímico «• IIIOTOÇÒ©<br />

rt<br />

2 AS JORNADAS DE ELECTROQUÍMICA E INOVAÇÃO<br />

1 1 FEVEREIRO 2 0 1 1 EM FARO<br />

As 2 as Jornadas <strong>de</strong> Electroquímica e Inovação terão lugar<br />

no Campus <strong>de</strong> Gambelas, Universida<strong>de</strong> do Algarve, no dia<br />

11 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 2011, estando a <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Portuguesa</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Química</strong> (SPQ) entre os vários patrocinadores que suportam<br />

a realização das referidas jornadas. O grupo "Electroquímica<br />

e Inovação" (e-inov), constituído por vários<br />

electroquímicos Portugueses, surgiu no Verão <strong>de</strong> 2005<br />

com o intuito <strong>de</strong> estabelecer em Portugal um modo reno-<br />

vado <strong>de</strong> apresentar e discutir temas actuais e i<strong>de</strong>ias inovadoras<br />

em Electroquímica, almejando ainda constituir um<br />

ponto <strong>de</strong> encontro para electroquímicos <strong>de</strong> diversas áreas<br />

(incluindo os liga<strong>dos</strong> ao meio industrial). Em 2006 foram<br />

lançadas as "Jornadas <strong>de</strong> Electroquímica e Inovação", <strong>de</strong>dicadas<br />

à divulgação <strong>de</strong> temas <strong>de</strong> natureza inovadora e <strong>de</strong><br />

interesse actual específicos em Electroquímica, tendo sido<br />

escolhi<strong>dos</strong> nesse ano os temas "<strong>No</strong>vos Meios Electrolíticos"<br />

e "Técnicas <strong>de</strong> Sonda em Electroquímica". Em 2011<br />

regressam as "Jornadas <strong>de</strong> Electroquímica e Inovação",<br />

sendo que os temas escolhi<strong>dos</strong> para esta edição são "Sen-<br />

sores" e "Técnicas <strong>de</strong> Especiação". Para ilustrarem estes<br />

dois tópicos em lições plenárias e em lições temáticas foram<br />

convida<strong>dos</strong> conferencistas <strong>de</strong> renome, nomeadamente<br />

os Professores Herman van Leeuwen (Wageningen University),<br />

Josep Galceran (Universitat <strong>de</strong> Lleida) e Hubert<br />

Girault (École Polytechnique Fédérale <strong>de</strong> Lausanne). Algu-<br />

mas lições temáticas serão também atribuídas a trabalhos<br />

submeti<strong>dos</strong> pelos participantes e haverá também lugar a<br />

apresentações sob a forma <strong>de</strong> painel, sobre estes e outros<br />

temas actuais em electroquímica.<br />

<strong>No</strong> <strong>de</strong>curso das Jornadas, e com base na avaliação <strong>dos</strong> tra-<br />

balhos apresenta<strong>dos</strong>, será atribuído um prémio (Prémio<br />

Inovação), o qual consiste na oferta da inscrição nas próximas<br />

Jornadas <strong>de</strong> Electroquímica e Inovação e num <strong>de</strong>sconto<br />

<strong>de</strong> 10% em equipamento AUTOLAB, atribuído pela<br />

Potencial Zero. A língua oficial do evento será o Inglês.<br />

Mais informações estão disponibilizadas no Web site das<br />

Jornadas.<br />

E: info@e-inov.org<br />

URL: http://www.e-inov.org<br />

14 TH EUROPEAN CONFERENCE ON THE SPECTROSCOPY<br />

OF BIOLOGICAL MOLECULES<br />

28 AGOSTO A 3 SETEMBRO 2 0 1 1 EM COIMBRA<br />

Em 2011, cabe à Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências e Tecnologia da Uni-<br />

versida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra, acolher uma das mais prestigiadas<br />

Conferências Europeias no campo da Bioquimica - a European<br />

Conference on the Spectroscopy ofBiological Molecules.<br />

Esta Conferência, que se realiza <strong>de</strong> 2 em 2 anos numa cida<strong>de</strong><br />

Europeia, irá reunir na sua 14- Edição, especialistas<br />

<strong>de</strong> toda a Europa para <strong>de</strong>bater <strong>de</strong> forma proactiva e inovadora<br />

os mais recentes avanços científicos nas áreas <strong>de</strong><br />

Espectroscopia Óptica e Técnicas <strong>de</strong> Imagem, Espectroscopia<br />

<strong>de</strong> Ressonância Magnética, Espectroscopia Dieléctrica,<br />

Espectroscopia <strong>de</strong> Moléculas Individuais/Espectroscopia<br />

<strong>de</strong> Células Individuais, Nanotecnologia, Micro-arrays e<br />

Biosensores, Abordagens Téoricas e Simulação Computa-<br />

cional, Aplicações Espectroscópicas nos domínios da me-<br />

dicina, indústria farmacêutica e agro-indústrias.<br />

Com temas como estes, repletos <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong>, a Confe-<br />

rência é uma oportunida<strong>de</strong> única <strong>de</strong> discutir "O Estado da<br />

Arte" entre professores, colegas e estudantes. A língua<br />

oficial do congresso será o inglês e as apresentações <strong>de</strong>-<br />

correrão na forma <strong>de</strong> lições plenárias (45 min), comunicações<br />

por convite (30 min), comunicações orais (15 min) e<br />

comunicações em formato <strong>de</strong> poster. O programa <strong>de</strong>talhado<br />

será disponibilizado em breve e po<strong>de</strong>rá ser consultado<br />

no Web-site do congresso.<br />

URL: www.ecsbm2011.com<br />

IUPAC INTERNATIONAL CONGRESS ON ANALYTICAL SCIENCES 2011<br />

22-26 MAIO 2011 EM QUIOTO, JAPÃO<br />

O congresso ICAS2011, é um evento internacional <strong>de</strong> ciências<br />

analíticas co-organizado pela <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> do Japão<br />

para <strong>Química</strong> Analítica (JSAC) e a International Union of<br />

Pure and Applied Chemistry (IUPAC), que será realizado<br />

em Quioto, Japão, entre 22 e 26 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2011. Este<br />

encontro multidisciplinar reúne investigadores <strong>de</strong> renome<br />

mundial, bem como estudantes, no sentido <strong>de</strong> apresentar<br />

as inovações e avanços, bem como abordar questões contemporâneas<br />

relevantes, no campo da ciência e tecnolo-<br />

gia analítica.<br />

O programa científico inclui conferências plenárias a cargo<br />

<strong>de</strong> cientistas <strong>de</strong> renome, simpósios abordando diferentes<br />

temas, entre os quais se <strong>de</strong>stacam: Técnicas Analíticas<br />

Avançadas, Nanociência e Nanotecnologia, Bioanálises,<br />

Ciência Ambiental, Segurança e Sustentabilida<strong>de</strong>, e sessões<br />

gerais organizadas segundo os seguintes temas principais:<br />

(i) Espectroscopia/espectrometria, (ii) Separação/<br />

Micro-análise (iii) <strong>Química</strong> electroanalítica (iv) Sensores<br />

(v) Nanomateriais e nanotecnologia, (vi) Bioanálises, (vii)<br />

Análises ambientais, (viii) Análises geoquímicas, (ix) Ciência<br />

alimentar e análises (x) Análises farmacêuticas e clínicas,<br />

(xi) Validação e qualida<strong>de</strong> e (xii) Educação.<br />

To<strong>dos</strong> aqueles envolvi<strong>dos</strong> ou interessa<strong>dos</strong> em ciência e<br />

tecnologia analítica são incentiva<strong>dos</strong> a participar neste<br />

congresso internacional para troca <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias e discutir os<br />

novos <strong>de</strong>senvolvimentos.<br />

E: ICAS2011_secretary@anchem.mc.kyoto-u.ac.jp<br />

URL: http://icas2011.com<br />

62 QUÍMICA 119


17 TH EUROPEAN SYMPOSIUM ON ORGANIC CHEMISTRY<br />

(ESOC 2011)<br />

10 A 15 JULHO 2 0 1 1 EM CRETA, GRÉCIA<br />

O 17° Simpósio Europeu <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica (ESOC 2011)<br />

<strong>de</strong>correrá entre os dias 10 e 15 <strong>de</strong> Julho no "Creta Maris<br />

Hotel Conference Center" localizado em Hersonissos, Creta,<br />

na Grécia. A organização <strong>de</strong>ste simpósio está a cargo da<br />

Divisão <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica do Departamento <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />

da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Creta e tem o patrocínio da European Association<br />

for Chemical and Molecular Sciences (EuCheMS).<br />

Este é um evento <strong>de</strong>dicado à <strong>Química</strong> Orgânica e áreas<br />

afins dando, contudo, especial <strong>de</strong>staque aos seguintes tópicos:<br />

(i) Síntese Total <strong>de</strong> Produtos Naturais; (ii) Catálise<br />

em Síntese Orgânica; (iii) <strong>No</strong>vos Méto<strong>dos</strong> em Síntese Orgânica;<br />

(iv) <strong>Química</strong> Medicinal; (v) <strong>Química</strong> Bioinorgânica<br />

e <strong>Química</strong> Biológica; (vi) <strong>Química</strong> Supramolecular; (vii) Síntese<br />

<strong>de</strong> <strong>Materiais</strong> Funcionais. O programa inclui lições plenárias,<br />

oradores convida<strong>dos</strong>, comunicações orais e duas<br />

sessões <strong>de</strong> posters.<br />

Mais informações po<strong>de</strong>rão ser encontradas na página<br />

Web do simpósio.<br />

E: info@esoc2011.com<br />

URL: http://www.esoc2011.com<br />

4 TH INTERNATIONAL IUPAC SYMPOSIUM FOR TRACE ELEMENTS<br />

IN FOOD (TEF-4)<br />

19 A 22 JUNHO 2 0 1 1 EM ABERDEEN, ESCÓCIA<br />

Sob os auspícios da International Union of Pure and Applied<br />

Chemistry (IUPAC), o 4 th International IUPAC Symposium<br />

for Trace Elements in Food, realizar-se-á na Escócia<br />

entre os dias 19 e 22 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 2011. Este encontro<br />

segue-se aos já realiza<strong>dos</strong> em Varsóvia (2000), Bruxelas<br />

(2004) e Roma (2009) e preten<strong>de</strong> ser um fórum <strong>de</strong> troca<br />

<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias e experiências entre investigadores na área <strong>dos</strong><br />

oligoelementos nos alimentos.<br />

O objectivo primordial <strong>de</strong>ste simpósio interdisciplinar consiste<br />

na reunião <strong>de</strong> especialistas com diferente formação<br />

<strong>de</strong> base <strong>de</strong> forma a conseguir alcançar uma discussão alargada<br />

e abrangente sobre to<strong>dos</strong> os aspectos relaciona<strong>dos</strong><br />

com a presença <strong>de</strong>stes elementos nos alimentos, com especial<br />

ênfase para os efeitos biológicos no organismo humano.<br />

Por conseguinte, o simpósio inclui como tópicos <strong>de</strong><br />

particular interesse: fontes e transferência <strong>de</strong> elementos<br />

vestigiais para alimentos e rações animais, avanços analíticos<br />

na especiação <strong>de</strong> elementos em alimentos, oligoelementos<br />

na nutrição e saú<strong>de</strong> humanas, toxicologia e<br />

avaliação <strong>de</strong> risco, biodisponibilida<strong>de</strong>, efeitos <strong>de</strong> processamento,<br />

fortificação <strong>de</strong> alimentos, legislação internacional,<br />

biomarcadores, entre outros. Será dado especial realce<br />

aos <strong>de</strong>senvolvimentos e trabalhos <strong>de</strong> investigação leva<strong>dos</strong><br />

a cabo nos últimos anos, bem como a tópicos emergentes<br />

na área em questão.<br />

E: j.feldmann@abdn.ac.uk<br />

URL: http://www.abdn.ac.uk/tef-4<br />

4 TH EUROPEAN CONFERENCE ON CHEMISTRY FOR LIFE SCIENCES<br />

(4ECCLS)<br />

3 1 AGOSTO A 3 SETEMBRO 2 0 1 1 EM BUDAPESTE, HUNGRIA<br />

A Divisão <strong>de</strong> <strong>Química</strong> para as Ciências da Vida da Associação<br />

Europeia para as Ciências <strong>Química</strong>s e Moleculares<br />

(Division of Chemistry for Life Sciences, EuCheMS), juntamente<br />

com a <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Húngara <strong>de</strong> <strong>Química</strong>, organizam a<br />

4 th European Conference on Chemistry for Life Sciences.<br />

O sucesso das edições anteriores (Rimini/Itália, Wroclaw/<br />

Polónia e Frankfurt/Alemanha), confirma o interesse crescente<br />

por parte da comunida<strong>de</strong> científica na <strong>Química</strong> Bioorgânica<br />

e Bioinorgânica, motivando a continuação <strong>de</strong>sta<br />

série <strong>de</strong> conferências, realizando-se agora a 4- edição que<br />

irá <strong>de</strong>correr numa das maiores Universida<strong>de</strong>s da Hungria,<br />

a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Eótvós, localizada em Budapeste. Esta<br />

conferência preten<strong>de</strong> ser um encontro <strong>de</strong> elevado nível<br />

científico, no qual a participação <strong>de</strong> investigadores <strong>de</strong> renome<br />

na área possa inspirar uma audiência interdisciplinar<br />

e atrair jovens investigadores para este campo emergente<br />

e florescente da química e da biologia.<br />

O programa científico da conferência compreen<strong>de</strong> um<br />

leque muito alargado <strong>de</strong> tópicos, estando já agendadas<br />

as seguintes sessões: Biomoléculas em 3D, Dinâmica em<br />

Biologia: <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns estruturais e dinâmica molecular, Fotossíntese<br />

artificial, da organocatálise bioinspirada à catálise<br />

enzimática, <strong>No</strong>vas tendências na <strong>Química</strong> Inorgânica:<br />

metais e metaloproteínas, Aspectos computacionais <strong>de</strong><br />

biomoléculas e bioinformática química, Diversida<strong>de</strong> estrutural<br />

e funcional <strong>de</strong> áci<strong>dos</strong> nucleicos, Glicoquímica/Glicociência,<br />

Fronteiras em química medicinal: novos méto<strong>dos</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> drogas, Bioconjuga<strong>dos</strong> pépti<strong>dos</strong>/proteínas<br />

como ferramentas <strong>de</strong> diagnóstico e terapêutica, Neuroquímica:<br />

mecanismos <strong>de</strong> neuro<strong>de</strong>generação, Metais em<br />

medicina, Bio-nanotecnologia: <strong>de</strong> moléculas a células sin-<br />

téticas, Microrganismos fazem o mundo girar: biogeoquímica<br />

à escala global e diária.<br />

Para além <strong>de</strong> fornecer o contacto com a excelência da investigação<br />

<strong>de</strong>senvolvida nesta área, esta conferência preten<strong>de</strong><br />

ainda capturar o espírito do Danúbio, oferecendo<br />

uma multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> eventos culturais aos participantes.<br />

E: 4eccls@mke.org.hu<br />

URL: http://www.4eccls.mke.org.hu<br />

Secção compilada por Joana Amaral<br />

QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 63


AGENDA I<br />

30 Janeiro - 4 Fevereiro 2011 em Saragoça, Espanha<br />

2011 European Winter Conference on Plasma<br />

Spectrochemistry<br />

E: winterzar2011@unizar.es<br />

URL: http://www.winterplasmazaragoza2011.es<br />

7-8 Fevereiro 2011 em Lisboa<br />

Encontro Nacional <strong>de</strong> Nanotoxicologia (E2N 2011)<br />

E: E2N2011@sapo.pt<br />

URL: http://e2n2011.webs.com<br />

9-10 Fevereiro 2011 em Nagpur, Índia<br />

International Conference on Chemistry for Mankind:<br />

Innovative I<strong>de</strong>as in Life Sciences (ICCM-2011)<br />

E: contact@iccm2011-rtmnu.org<br />

URL: http://www.iccm2011-rtmnu.org<br />

11 Fevereiro 2011 em Faro<br />

Jornadas <strong>de</strong> Electroquímica e Inovação<br />

E: info@e-inov.org<br />

URL: http://www.e-inov.org<br />

7-11 Fevereiro 2011 em Wellington, <strong>No</strong>va Zelândia<br />

5th International Conference on Advanced Materials and<br />

Nanotechnology<br />

E: amn-5@confer.co.nz<br />

URL: http://www.confer.co.nz/amn-5/in<strong>de</strong>x.html<br />

21-22 Fevereiro 2011 em Londres, Reino Unido<br />

10th annual Conference on Advances & Progress<br />

in Drug Design<br />

URL: http://www.smi-online.co.uk/events/overview.<br />

asp?is=4&ref=3486<br />

20-24 Março 2011 em Katmandu, Nepal<br />

19th International Conference on Polymer Characterization:<br />

World Forum on Advanced Materials<br />

E: nepalpolymer@yahoo.com<br />

URL: http://polychar19-nepal.com<br />

27-31 Março 2011 em Anaheim, Califórnia, EUA<br />

American Chemical Society (ACS) Spring 2011 National<br />

Meeting & Exposition<br />

E: k.thompson@acs.org<br />

URL: www.acs.org/meetings<br />

6-8 Abril 2011 em Oxford, Reino Unido<br />

Membrane Proteins: Structure and Function<br />

E: philip.biggin@bioch.ox.ac.uk<br />

URL: http://sbcb.bioch.ox.ac.uk/mgms2011/in<strong>de</strong>x.php<br />

11-14 Abril 2011 em Manchester, Reino Unido<br />

EuCheMS Inorganic Chemistry Conference (EICC-1)<br />

URL: http://www.rsc.org/ConferencesAndEvents/<br />

RSCConferences/EICC1<br />

26-29 Abril 2011 em Stellenbosch, África do Sul<br />

11th UNESCO/IUPAC Workshop and Conference<br />

on Functional Polymeric Materials and Composites<br />

E: hpasch@sun.ac.za<br />

URL: http://aca<strong>de</strong>mic.sun.ac.za/UNESCO/Conferences/<br />

Conference2011/in<strong>de</strong>x.htm<br />

27-29 Abril 2011 em Glasgow, Reino Unido<br />

2nd European Conference on Process Analytics and Control<br />

Technology (EuroPACT 2011)<br />

E: natalie.driscoll@strath.ac.uk<br />

URL: http://events.<strong>de</strong>chema.<strong>de</strong>/en/en/Events/<br />

EuroPACT_2011.html<br />

1-6 Maio 2011 em Brunnen, Suiça<br />

46th EUCHEM Conference on Stereochemistry<br />

E: jkms@cam.ac.uk<br />

URL: http://www.stereochemistry-buergenstock.ch<br />

2-5 Maio 2011 em Seattle, EUA<br />

33rd Symposium on Biotechnology for Fuels and Chemicals<br />

URL: http://www.simhq.org/meetings/sbfc2011/in<strong>de</strong>x.asp<br />

18-20 Maio 2011 em Praga, República Checa<br />

First International Conference on Organic Food Quality<br />

and Health Research<br />

E: Monika.Tomaniova@vscht.cz<br />

URL: http://www.fqh2011.org/fqh2011_announcement.pdf<br />

22-26 Maio 2011 em Quioto, Japão<br />

IUPAC International Congress on Analytical Sciences 2011<br />

E: ICAS2011_secretary@anchem.mc.kyoto-u.ac.jp<br />

URL: http://icas2011.com<br />

23-27 Maio 2011 em Siena, Itália<br />

Third European Workshop in Drug Synthesis (III EWDSy)<br />

E: didonna2@unisi.it<br />

URL: http://www.unisi.it/eventi/ewds/in<strong>de</strong>x.html<br />

23-27 Maio 2011 em Pretória, África do Sul<br />

11th International Conference on Frontiers of Polymers<br />

and Advanced Materials<br />

E: walter.focke@up.ac.za<br />

URL: http://web.up.ac.za/<strong>de</strong>fault.asp?ipkCategoryID=13080<br />

6-10 Junho 2011 em São Petersburgo, Rússia<br />

7th International Symposium on Molecular Mobility<br />

and Or<strong>de</strong>r in Polymer Systems<br />

E: tatfil@imc.macro.ru<br />

URL: http://www.onlinereg.ru/site.<br />

php?go=158&page=2663&lang=ENG<br />

13-15 Junho 2011 no Porto<br />

4th Iberian Meeting on Colloids and Interfaces<br />

(4- Reunião Ibérica <strong>de</strong> Colói<strong>de</strong>s e Interfaces (RICI4))<br />

E: rici4@fc.up.pt<br />

URL: http://rici4.fc.up.pt<br />

19-22 Junho 2011 em Aber<strong>de</strong>en, Escócia<br />

4th International IUPAC Symposium on Trace Elements in Food<br />

E: j.feldmann@abdn.ac.uk<br />

URL: http://www.abdn.ac.uk/tef-4<br />

20-27 Junho 2011 no Porto<br />

XXXIV World Congress of the International Organisation<br />

of Vine and Wine<br />

URL: http://www.oiv2011.pt<br />

27-30 Junho 2011 em Dijon, França<br />

NanoFormulation 2011 Conference<br />

E: secretariat@ffc-asso.fr<br />

URL: http://www.ffc-asso.fr/ICCDU/in<strong>de</strong>x.html<br />

26 Junho - 1 Julho 2011 em Singapura<br />

11th International Conference on Carbon Dioxi<strong>de</strong> Utilization<br />

E: john.jones@formulation.org.uk<br />

URL: http://www.nanoformulation2011.com<br />

3-6 Julho 2011 em Braga<br />

XXII Encontro Nacional da SPQ (XXII ENSPQ)<br />

E: xxiienspq@quimica.uminho.pt<br />

URL: http://www.spq.pt/eventos/xxiienspq<br />

3-7 Julho 2011 em Estrasburgo, França<br />

XIXth International Symposium on Photophysics<br />

and Photochemistry of Coordination Compounds<br />

E: isppcc-2011@unistra.fr<br />

URL: http://isppcc-2011.unistra.fr<br />

10-15 Julho 2011 em Creta, Grécia<br />

17th European Symposium on Organic Chemistry (ESOC 2011)<br />

E: info@esoc2011.com<br />

URL: http://www.esoc2011.com<br />

30 Julho - 7 Agosto 2011 em San Juan, Porto Rico<br />

43rd IUPAC World Chemistry Congress<br />

E: ginfante@iupac2011.org<br />

URL: http://www.iupac2011.org<br />

Secção compilada por Joana Amaral<br />

64 QUÍMICA 119

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