No Encalço dos Novos Materiais - Sociedade Portuguesa de Química
No Encalço dos Novos Materiais - Sociedade Portuguesa de Química
No Encalço dos Novos Materiais - Sociedade Portuguesa de Química
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EDITORIAL 2<br />
ORIENTAÇÕES EDITORIAIS 3<br />
NOTICIÁRIO SPQ<br />
Medalhas e Menção Honrosa na XV Olimpíada Ibero-Americana<br />
<strong>de</strong> <strong>Química</strong> 5<br />
Grupo <strong>de</strong> Químicos Jovens - Activida<strong>de</strong>s para 2011 5<br />
Prémio Ferreira da Silva 2010 e Medalha Vicente <strong>de</strong> Seabra 2010 6<br />
Evolução do Número <strong>de</strong> Alunos Matricula<strong>dos</strong> em Cursos <strong>de</strong><br />
<strong>Química</strong>, 1997-2010 6<br />
3° Congresso Europeu <strong>de</strong> <strong>Química</strong> da EuCheMS 8<br />
2 nd Young Investigator's Workshop 9<br />
The European Sustainable Chemistry Award 12<br />
O Indicador 12<br />
Concessão <strong>de</strong> Diplomas <strong>de</strong> Mestrado Europeu em Ciência da<br />
Medição em <strong>Química</strong> a Alunos da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências da<br />
Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa 13<br />
Prémio <strong>No</strong>bel da <strong>Química</strong> 2010: Reacções <strong>de</strong> Acoplamento<br />
Catalisadas pelo Paládio "Arte num Tubo <strong>de</strong> Ensaio" 13<br />
A Molécula Gigante <strong>de</strong> Linus Pauling Tornada Realida<strong>de</strong>: O Prémio<br />
<strong>No</strong>bel da Física <strong>de</strong> 2010 15<br />
Ulrich Schubert Eleito <strong>No</strong>vo Presi<strong>de</strong>nte da EuCheMS 17<br />
Medições na Ciência e na Tecnologia 17<br />
LIVROS & MULTIMÉDIA<br />
Principles of Molecular Photochemistry - An Introduction 19<br />
ENTREVISTA<br />
Nicholas J. Turro - Co-autor do livro "Principles of Molecular<br />
Photochemistry - An Introduction"<br />
Entrevista conduzida por José Paulo da Silva 21<br />
ARTIGOS<br />
Metais do Grupo da Platina: História, Proprieda<strong>de</strong>s e Aplicações 27<br />
Fabrício Eugênio Alves, Priscila Pereira Silva e Wen<strong>de</strong>ll Guerra<br />
Complexos <strong>de</strong> Metais <strong>de</strong> Transição em <strong>Química</strong> Fina e Medicinal<br />
Aplicações na Indústria Farmacêutica 35<br />
Mariette M. Pereira e Maria José S. M. Moreno<br />
QUESTÕES DE NOMENCLATURA<br />
Os <strong>No</strong>mes <strong>dos</strong> Elementos Químicos 43<br />
Adélio A. S. C. M. Machado, Bernardo J. Herold, João Car<strong>dos</strong>o,<br />
Joaquim Marçalo, José Alberto L. Costa, Maria Clara Magalhães,<br />
Maria Helena Garcia, Olivier Pellegrino, Osvaldo Serra, Roberto B.<br />
Faria e Rui Teives Henriques<br />
QUÍMICA E ENSINO<br />
A <strong>Química</strong> Orgânica no Ensino Secundário: A Percepção <strong>dos</strong><br />
Professores 49<br />
Sérgio C. Leal, João Paulo Leal, Maria A. F. Faustino e Artur M. S. Silva<br />
WEBQUEST<br />
WebQuests: Incremento Pedagógico da Internet no Ensino da<br />
<strong>Química</strong> 55<br />
Carla Morais e João Paiva<br />
<strong>No</strong> <strong>Encalço</strong> <strong>dos</strong> <strong>No</strong>vos <strong>Materiais</strong> 59<br />
João Vale<br />
DESTAQUES 61<br />
AGENDA 64<br />
ÍNDICE<br />
Artigo 35<br />
Os complexos <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição<br />
actuam como fármacos e catalisadores<br />
nos domínios da <strong>Química</strong> Fina e<br />
Medicinal.<br />
QUESTÕES DE NOMENCLATURA 43<br />
O Quadro Periódico <strong>dos</strong> Elementos<br />
Químicos com os nomes <strong>dos</strong> elementos<br />
escritos na vertente europeia do<br />
português.<br />
Quadro Periódico <strong>dos</strong> Elementos Químicos<br />
55<br />
Uma estratégia <strong>de</strong> trabalho para ajudar<br />
alunos e professores a tirarem partido<br />
da riqueza <strong>de</strong> informação disponível na<br />
QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 1<br />
Web.
EDITORIAL I<br />
Hel<strong>de</strong>r Gomes<br />
bquimica@ipb.pt<br />
www.spq.pt<br />
O ano 2010 chega ao fim, é por isso tempo <strong>de</strong> balanços e <strong>de</strong> previsões para o novo<br />
ano que se aproxima. Se pu<strong>de</strong>rmos caracterizar 2010 com uma só palavra, a maioria <strong>dos</strong><br />
portugueses optarão por "crise". Foi um ano em que a crise económica e financeira mundial<br />
fez sentir os seus efeitos mais duros em Portugal, com medidas <strong>de</strong> austerida<strong>de</strong> que<br />
terão repercussões fortes em 2011 e nos anos vindouros. <strong>No</strong> que concerne à <strong>Química</strong> em<br />
Portugal, 2010 foi um ano excelente, <strong>de</strong>pois do período <strong>de</strong> acentuado <strong>de</strong>clínio do número<br />
<strong>de</strong> alunos que se verificou no início da década parece confirmar-se a tendência <strong>dos</strong> últimos<br />
anos da recuperação <strong>de</strong> alunos a ingressar em cursos superiores relaciona<strong>dos</strong> com a<br />
<strong>Química</strong>. Os jovens parecem mostrar um interesse renovado pela <strong>Química</strong>, os resulta<strong>dos</strong><br />
das participações nas várias competições das Olimpíadas <strong>de</strong> <strong>Química</strong> coor<strong>de</strong>nadas pela<br />
SPQ assim o confirmam. Pela primeira vez na história das Olimpíadas Internacionais, Portugal<br />
obteve um Menção Honrosa, na brilhante participação na prova que se realizou no<br />
Japão. Aproxima-se o Ano Internacional da <strong>Química</strong> 2011 (AIQ2011), com a sua cerimónia<br />
oficial <strong>de</strong> abertura internacional agendada para os dias 27 e 28 <strong>de</strong> Janeiro em Paris.<br />
Será uma oportunida<strong>de</strong> única, em tempos <strong>de</strong> crise, para mostrar a gran<strong>de</strong>za da <strong>Química</strong><br />
à <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Civil e provar que só por via do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sta ciência se po<strong>de</strong>m<br />
ultrapassar os problemas que ameaçam a sustentabilida<strong>de</strong> do nosso planeta ao nível<br />
da alimentação, da saú<strong>de</strong>, <strong>dos</strong> recursos energéticos e do ambiente. O próximo ano será<br />
também memorável para a SPQ pela comemoração do Centenário da sua fundação. Pela<br />
coincidência <strong>de</strong>sta efeméri<strong>de</strong> com o AIQ2011, as comemorações do Centenário da SPQ<br />
serão associadas às comemorações do AIQ2011. Entrou em funcionamento no passado<br />
mês <strong>de</strong> Outubro a página oficial portuguesa do AIQ2011 (http://www.spq.pt/quimica2011)<br />
on<strong>de</strong> serão divulga<strong>dos</strong> to<strong>dos</strong> os projectos e activida<strong>de</strong>s relacionadas com as comemorações<br />
em Portugal, que terão uma cerimónia oficial <strong>de</strong> abertura no início do ano e uma<br />
cerimónia oficial <strong>de</strong> encerramento no final do ano. O ponto alto das comemorações será o<br />
Encontro Nacional da SPQ, entre 3 e 6 <strong>de</strong> Julho em Braga. Prepara-se um gran<strong>de</strong> evento,<br />
que se espera, o mais participado <strong>de</strong> sempre.<br />
Neste número do QUÍMICA <strong>de</strong>stacamos os metais do grupo da platina e os complexos <strong>de</strong><br />
metais <strong>de</strong> transição com a publicação <strong>de</strong> dois artigos sobre a história, as proprieda<strong>de</strong>s, as<br />
aplicações e a importância <strong>de</strong>stes metais para a <strong>Socieda<strong>de</strong></strong>. Surge também uma nova proposta<br />
<strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s para o ensino da química, as webquests, recursos potenciadores <strong>de</strong><br />
pesquisa <strong>de</strong> informação na Web basea<strong>dos</strong> na resolução <strong>de</strong> problemas. Com a publicação<br />
<strong>de</strong>ste recurso, completamos um ciclo <strong>de</strong> ferramentas interactivas iniciado no QUÍMICA 117<br />
com os "Roteiros <strong>de</strong> Exploração" e continuado no QUÍMICA 118 com as "Activida<strong>de</strong>s com os<br />
Pais no Computador". Preten<strong>de</strong>-se continuar este ciclo nos próximos números, <strong>de</strong>sejando-<br />
-se e incentivando-se contribuições <strong>dos</strong> nossos leitores nesta área.<br />
Não quisemos <strong>de</strong>ixar passar esta quadra festiva sem oferecer uma prenda ao nossos lei-<br />
tores, o quadro periódico <strong>dos</strong> elementos químicos com os nomes <strong>dos</strong> elementos escritos<br />
na vertente europeia do português, resultantes do trabalho <strong>de</strong> uniformização da nomenclatura<br />
<strong>dos</strong> elementos químicos levado a cabo pela comissão composta por portugueses,<br />
brasileiros e cabo-verdianos que está a traduzir e adaptar para português, nas vertentes<br />
europeia e brasileira, as Recomendações da IUPAC <strong>de</strong> 2005 da <strong>No</strong>menclatura <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />
Inorgânica. Um quadro periódico que apresenta as massas atómicas <strong>dos</strong> elementos<br />
com to<strong>dos</strong> os algarismos significativos que são conheci<strong>dos</strong> até à data, tornando-o <strong>de</strong><br />
certeza <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> para todas as pessoas que necessitam <strong>de</strong>sta ferramenta na<br />
sua activida<strong>de</strong> profissional.<br />
Resta-me <strong>de</strong>sejar a continuação <strong>de</strong> Boas Festas e que 2011 fique registado na nossa<br />
memória, não pelas razões com que iniciei este editorial, mas por muitos sucessos da<br />
<strong>Química</strong> e por uma gran<strong>de</strong> comemoração conjunta do AIQ2011 e do Centenário da SPQ.<br />
Boa leitura!<br />
BOLETIM DA<br />
SOCIEDADE PORTUGUESA<br />
DE QUÍMICA<br />
Proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Portuguesa</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />
ISSN 0870 - 1180<br />
Registo na ERC n.° 125 525<br />
Depósito Legal n.°51 420/91<br />
Publicação Trimestral<br />
N.° 119, Outubro - Dezembro 2010<br />
Redacção e Administração<br />
Av. da República, 45 - 3.° Esq.<br />
1050-187 LISBOA<br />
Tel.: 217 934 637<br />
Fax: 217 952 349<br />
bquimica@ipb.pt<br />
www.spq.pt<br />
Editor<br />
Hel<strong>de</strong>r Gomes<br />
Editores-Adjuntos<br />
Carlos Baleizão, Carlos Folha<strong>de</strong>la,<br />
Joana Amaral, João Paiva<br />
Comissão Editorial<br />
Jorge Morgado, Hugh Burrows,<br />
Joaquim L. Faria, Ana Lobo,<br />
M. N. Berberan e Santos,<br />
A. Nunes <strong>dos</strong> Santos<br />
Colaboram neste número<br />
Hugo M. Oliveira (HMO), Isabel Vieira (IV),<br />
Maria Filomena Camões (MFC),<br />
Maria Clara Magalhães (MCM), Maria Manuel<br />
Marques (MMM), Mariana Sardo (MS),<br />
Paulo Brito (PB), Paulo Ribeiro Claro (PRC),<br />
Sérgio Santos (SS), Vânia Calisto (VC)<br />
Publicida<strong>de</strong><br />
Leonardo Men<strong>de</strong>s<br />
Tel.: 217 934 637<br />
Fax: 217 952 349<br />
leonardo.men<strong>de</strong>s@spq.pt<br />
Design Gráfico e Paginação<br />
Paula Martins<br />
Impressão e Acabamento<br />
Tipografia Lousanense<br />
Rua Júlio Ribeiro <strong>dos</strong> Santos - Apartado 6<br />
3200-901 Lousã - Portugal<br />
Tel.: 239 990 260<br />
Fax: 239 990 279<br />
geral@tipografialousanense.pt<br />
Tiragem<br />
1800 exemplares<br />
Preço avulso<br />
€ 5,00<br />
Assinatura anual - quatro números<br />
€ 18,00<br />
(Continente, Açores e Ma<strong>de</strong>ira)<br />
Distribuição Gratuita aos sócios da SPQ<br />
As colaborações assinadas são da exclusiva<br />
responsabilida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> seus autores, não vinculando<br />
<strong>de</strong> forma alguma a SPQ, nem a Direcção<br />
<strong>de</strong> "<strong>Química</strong>".<br />
São autorizadas e estimuladas todas as citações e<br />
transcrições, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que seja indicada a fonte, sem<br />
prejuízo da necessária autorização por parte<br />
do(s) autor(es) quando se trate <strong>de</strong> colaborações<br />
assinadas.<br />
A Orientação Editorial e as <strong>No</strong>rmas <strong>de</strong> Colaboração<br />
po<strong>de</strong>m ser encontradas no fascículo<br />
Outubro-Dezembro <strong>de</strong> cada ano<br />
e no sítio web da SPQ.<br />
Publicação subsidiada pela<br />
FCT Fundação para a Ciência e i Tecnologia<br />
H k n n LlÍNllA TKTJUKXiW L IMUHIJ 1 I 1 •<br />
Apoio do Programa Operacional Ciência,<br />
Tecnologia, Inovação do Quadro Comunitário <strong>de</strong><br />
Apoio III<br />
2 QUÍMICA 1 1 9
QUÍMICA, o Boletim da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Portuguesa</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Química</strong>, versa to<strong>dos</strong> os assuntos relaciona<strong>dos</strong> com<br />
a <strong>Química</strong>, e em particular to<strong>dos</strong> aqueles que dizem<br />
respeito à <strong>Química</strong> em Portugal.<br />
QUÍMICA publica entrevistas, reportagens, artigos<br />
solicita<strong>dos</strong> e propostos, noticiário, recensões <strong>de</strong> livros<br />
e outras publicações e correspondência <strong>dos</strong> leitores.<br />
É incentivada a submissão voluntária <strong>de</strong> artigos <strong>de</strong><br />
carácter relativamente geral e escritos <strong>de</strong> modo a<br />
<strong>de</strong>spertar interesse a um vasto leque <strong>de</strong> leitores.<br />
QUÍMICA, não sendo especializado na história e filoso-<br />
fia da química, está aberto e preten<strong>de</strong> encorajar a publi-<br />
cação <strong>de</strong> contribuições nesta área. O QUÍMICA po<strong>de</strong><br />
também incluir artigos <strong>de</strong> autores especialmente convi-<br />
da<strong>dos</strong> para publicarem sobre temas específicos da<br />
história e da filosofia da química.<br />
NORMAS DE COLABORAÇÃO E INSTRUÇÕES PARA OS AUTORES<br />
1. Os artigos <strong>de</strong>vem ser envia<strong>dos</strong> por correio elec-<br />
trónico, para o en<strong>de</strong>reço bquimica@ipb.pt dirigi-<br />
<strong>dos</strong> ao Editor do QUÍMICA. O material submetido<br />
<strong>de</strong>verá conter o seguinte:<br />
a. Um arquivo MS Word ou PDF com as figuras e<br />
tabelas incorporadas. O texto <strong>de</strong>ve ser escrito<br />
com espaçamento duplo. Tabelas, gráficos e<br />
ilustrações <strong>de</strong>vem ser numera<strong>dos</strong> e incorpora-<br />
<strong>dos</strong> com as respectivas legendas <strong>de</strong>screvendo<br />
sumariamente o seu conteúdo. As citações lon-<br />
gas <strong>de</strong>vem ficar <strong>de</strong>stacadas no texto; as curtas<br />
<strong>de</strong>vem ser colocadas entre aspas.<br />
b. Um arquivo adicional <strong>de</strong>vidamente i<strong>de</strong>ntifica-<br />
do, por cada gráfico ou ilustração, em formato<br />
JPG, com a resolução a<strong>de</strong>quada a uma boa<br />
reprodução gráfica no tamanho original.<br />
2. Os artigos <strong>de</strong>vem conter um resumo <strong>de</strong> 50 a 200<br />
palavras com a <strong>de</strong>scrição do respectivo conteú-<br />
do. Salvo casos excepcionais, os textos não <strong>de</strong>-<br />
vem exce<strong>de</strong>r cerca <strong>de</strong> 30 000 caracteres (5 a 6<br />
páginas da revista, incluindo as figuras). As figu-<br />
ras <strong>de</strong>verão ter a qualida<strong>de</strong> indispensável.<br />
3. Os artigos <strong>de</strong>vem seguir, tanto quanto possível,<br />
as recomendações da IUPAC quanto à nomen-<br />
clatura e unida<strong>de</strong>s.<br />
4. As referências <strong>de</strong>vem ser numeradas consecuti-<br />
vamente à medida que forem citadas ao longo do<br />
texto e indicadas por um número colocado entre<br />
parênteses rectos (exemplos: [1] ou [2, 3] ou<br />
[4-8]).As referências <strong>de</strong>vem ser reunidas no fim<br />
do texto, obe<strong>de</strong>cendo aos seguintes formatos:<br />
LIVROS:<br />
ORIENTAÇÕES<br />
EDITORIAIS<br />
[1] S.J. Formosinho, Fundamentos <strong>de</strong> Cinética Quími-<br />
ca, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1982.<br />
[2] R.S. Turner, 'University Reformers and Profes-<br />
sional Scholarship in Germany, 1760-1806', in L.<br />
Stone (ed.), The University in Society, Princeton:<br />
Princeton University Press (1974) 495-531.<br />
[3] R.S. Turner, op. cit. 'University', 496-497.<br />
PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS:<br />
[4] G. Krager, Nachrichten aus <strong>de</strong>r Chemie 53 (2005)<br />
136-138.<br />
[5] A.N.L. Lopes, J.G. Ferreira, Analytical Biochemis-<br />
try 342 (2005) 195-197.<br />
FONTES MANUSCRITAS:<br />
As fontes manuscritas <strong>de</strong>vem conter todas as infor-<br />
mações necessárias que permitam a localização da<br />
fonte; referências posteriores <strong>de</strong>vem citar nome, data<br />
e abreviatura da fonte, caixa, número da página ou<br />
fólio:<br />
[6] Carta <strong>de</strong> Adolphe Wurtz a Jean-Baptiste Dumas,<br />
15 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 1864, Paris, Archives <strong>de</strong><br />
l'Académie <strong>de</strong>s Sciences, Dossier Wurtz.<br />
ENDEREÇOS ELECTRÓNICOS:<br />
A utilização <strong>de</strong> en<strong>de</strong>reços electrónicos <strong>de</strong>ve ser evi-<br />
tada e limitada a fontes institucionais fi<strong>de</strong>dignas; <strong>de</strong>ve<br />
conter o en<strong>de</strong>reço completo <strong>de</strong> modo a permitir a lo-<br />
calização da fonte e a data <strong>de</strong> acesso.<br />
[7] SDBS Web: http://www.aist.go.jp/RIODDB/SDBS<br />
(National Institute of Advanced Industrial Science<br />
and Technology, acedido em 01-01-2006).<br />
5. Os agra<strong>de</strong>cimentos <strong>de</strong>vem ser coloca<strong>dos</strong> no fim<br />
<strong>dos</strong> artigos, antes das referências.<br />
6. O corpo editorial acusará a recepção das colabo-<br />
rações propostas e os textos serão aprecia<strong>dos</strong><br />
por um ou mais avaliadores. Com base nas apre-<br />
ciações obtidas, será <strong>de</strong>cidida a aceitação, recu-<br />
sa das colaborações propostas, ou eventual-<br />
mente a revisão <strong>dos</strong> textos pelos autores antes<br />
<strong>de</strong> tomar uma <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>finitiva.<br />
7. Em casos especiais, sujeitos à concordância da<br />
Comissão Editorial do QUÍMICA, as contribuições<br />
po<strong>de</strong>rão ser publicadas em inglês, ou noutra lín-<br />
gua estrangeira, <strong>de</strong>vendo então conter um resu-<br />
mo suplementar em português.<br />
QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 3
8. Os artigos submeti<strong>dos</strong> para publicação no QUÍMI-<br />
CA não po<strong>de</strong>m ser submeti<strong>dos</strong> a outras revistas.<br />
A reprodução <strong>de</strong> figuras já publicadas carece da<br />
<strong>de</strong>vida autorização pelo <strong>de</strong>tentor <strong>dos</strong> direitos. A<br />
autorização para reproduzir imagens é inteira-<br />
mente da responsabilida<strong>de</strong> do autor, o que <strong>de</strong>-<br />
verá ser referido nos casos em que se aplique.<br />
9. Os direitos <strong>de</strong> autor <strong>dos</strong> artigos publica<strong>dos</strong> são<br />
proprieda<strong>de</strong> da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Portuguesa</strong> <strong>de</strong> Quími-<br />
ca, não se autorizando a sua reprodução total ou<br />
parcial, mesmo sob a forma <strong>de</strong> tradução numa<br />
língua diferente, salvo com autorização escrita<br />
da Comissão Editorial.<br />
10. <strong>No</strong> caso <strong>dos</strong> autores <strong>de</strong>sejarem corrigir as pro-<br />
vas <strong>dos</strong> textos aceites para publicação, <strong>de</strong>verão<br />
indicá-lo expressamente aquando da submissão<br />
do manuscrito.<br />
11. As provas tipográficas <strong>dos</strong> artigos em co-autoria<br />
bem como as separatas serão enviadas para o<br />
autor responsável, a menos que o Editor seja informado<br />
do contrário.<br />
12. A inobservância <strong>de</strong> qualquer das normas <strong>de</strong> colaboração<br />
po<strong>de</strong>rá levar à <strong>de</strong>volução do texto rece-<br />
bido.<br />
CONTACTOS:<br />
Editor do Boletim da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Portuguesa</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Química</strong>:<br />
HELDER TEIXEIRA GOMES<br />
Departamento <strong>de</strong> Tecnologia <strong>Química</strong> e Biológica<br />
Escola Superior <strong>de</strong> Tecnologia e Gestão<br />
Instituto Politécnico <strong>de</strong> Bragança<br />
Campus <strong>de</strong> Santa Apolónia - 5301-857 Bragança<br />
Tel.: 273 303 110<br />
e-mail: bquimica@ipb.pt<br />
QUÍMICA - O BoCetim da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Portuguesa</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />
4 QUÍMICA 119
MEDALHAS E MENÇÃO HONROSA NA XV OLIMPÍADA IBERO-AMERICANA DE QUÍMICA<br />
Mais uma vez, os estudantes <strong>de</strong> quí-<br />
mica portugueses viram o seu <strong>de</strong>sem-<br />
penho na Olimpíada Ibero-americana<br />
<strong>de</strong> <strong>Química</strong> recompensado com me-<br />
dalhas e menção honrosa. Assim, a<br />
<strong>de</strong>legação portuguesa regressou a<br />
Portugal com uma Medalha <strong>de</strong> Prata,<br />
uma Medalha <strong>de</strong> Bronze e uma Men-<br />
ção Honrosa na bagagem.<br />
A Medalha <strong>de</strong> Prata foi conquistada<br />
por Gonçalo Vitorino Bonifácio, da<br />
ES José Saramago (Mafra), enquanto<br />
Jorge Pedro Martins <strong>No</strong>gueiro, Analis-<br />
ta da Escola Secundária Emídio Gar-<br />
cia, <strong>de</strong> Bragança, obteve a Medalha<br />
<strong>de</strong> Bronze. Marta Aguiar, da ES Ho-<br />
mem Cristo em Aveiro, não atingiu as<br />
medalhas, mas o seu <strong>de</strong>sempenho<br />
meritório foi reconhecido pelo Júri<br />
com a atribuição <strong>de</strong> uma das Men-<br />
ções Honrosas <strong>de</strong>sta competição.<br />
De referir que Jorge Pedro Martins<br />
<strong>No</strong>gueiro já tinha obtido uma menção<br />
honrosa na 42 a Olimpíada Internacio-<br />
nal <strong>de</strong> <strong>Química</strong>, que se realizou em<br />
Tóquio, no final do passado mês <strong>de</strong><br />
Julho, tal como foi noticiado no núme-<br />
ro anterior <strong>de</strong>ste Boletim.<br />
A preparação <strong>dos</strong> participantes das<br />
Olimpíadas Internacionais e nas Olim-<br />
píadas Ibero-Americanas <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />
Durante o ano <strong>de</strong> 2010, o Grupo <strong>de</strong><br />
Químicos Jovens (GQJ) esteve en-<br />
volvido em várias activida<strong>de</strong>s que<br />
muito contribuíram para dinamizar e<br />
aproximar a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> jovens<br />
químicos portugueses. Destas activi-<br />
da<strong>de</strong>s, salientamos o 2nd Portuguese<br />
Young Chemists Meeting (2PYCheM)<br />
que se realizou em Abril <strong>de</strong> 2010, na<br />
Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro, e contou com<br />
a presença <strong>de</strong> aproximadamente 240<br />
Químicos Portugueses e a atribuição<br />
do Prémio Químicos Jovens/Gradiva<br />
2010 (PYCA) a Joana Barata e David<br />
Marçal, premiando assim a excelên-<br />
cia do trabalho <strong>de</strong>senvolvido ao longo<br />
<strong>dos</strong> seus doutoramentos.<br />
está se<strong>de</strong>ada no Departamento <strong>de</strong><br />
<strong>Química</strong> da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2002 e conta com a colabora-<br />
ção <strong>de</strong> uma equipa alargada.<br />
Neste ano lectivo, a preparação - que<br />
se esten<strong>de</strong>u <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2009 a<br />
Setembro <strong>de</strong> 2010 - teve a participa-<br />
ção <strong>dos</strong> docentes do Departamento<br />
<strong>de</strong> <strong>Química</strong> Maria Clara Magalhães,<br />
Diana Pinto, Amparo Faustino, Graça<br />
Marques e Rita Ferreira. Esta equipa<br />
contou ainda com a colaboração <strong>de</strong><br />
Ana Seca (docente da Universida<strong>de</strong><br />
<strong>dos</strong> Açores) e <strong>de</strong> Alzira Rebelo (do-<br />
cente do Colégio <strong>dos</strong> Carvalhos). A<br />
colaboração da Prof. Alzira Rebelo e<br />
do Colégio <strong>dos</strong> Carvalhos - que aco-<br />
lheu os alunos nos seus laboratórios<br />
- foi particularmente relevante na pre-<br />
paração <strong>dos</strong> alunos em técnicas labo-<br />
ratoriais básicas.<br />
De acordo com os docentes que<br />
acompanharam a equipa (mentores),<br />
Maria Clara Magalhães e Diana Pinto,<br />
da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro, "é evi<strong>de</strong>nte<br />
que a experiência adquirida nos anos<br />
anteriores torna possível optimizar<br />
o tempo <strong>de</strong> preparação <strong>dos</strong> alunos",<br />
mas essa vantagem foi particularmen-<br />
te potenciada pelas "muitas horas <strong>de</strong><br />
estudo e <strong>de</strong> entrega <strong>de</strong>sta equipa".<br />
GRUPO DE QUÍMICOS JOVENS - ACTIVIDADES PARA 2011<br />
Em 2011, o GQJ irá apostar na dina-<br />
mização <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>cor-<br />
rerão exclusivamente online, dando<br />
primazia às secções, anteriormente<br />
divulgadas neste Boletim, JobChem<br />
e ChemRUS.<br />
JobChem - Este espaço está dividido<br />
em duas componentes:<br />
NOTICIÁRIO SPQ<br />
Esta 15a edição da Olimpíada Ibero-<br />
Americana <strong>de</strong> <strong>Química</strong> <strong>de</strong>correu na<br />
Cida<strong>de</strong> do México, México, <strong>de</strong> 22 a 29<br />
<strong>de</strong> Outubro e juntou 52 Analistas do<br />
ensino secundário <strong>de</strong> 13 países ibero-<br />
americanos: Argentina, Bolívia, Brasil,<br />
Colômbia, Costa Rica, Cuba, Espa-<br />
nha, Guatemala, México, Perú, Por-<br />
tugal, Uruguai e Venezuela. Portugal<br />
foi o país organizador da competição<br />
em 2006 (na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro)<br />
e po<strong>de</strong>rá voltar a sê-lo em 2013.<br />
As Olimpíadas <strong>de</strong> <strong>Química</strong> são uma<br />
activida<strong>de</strong> promovida pela <strong>Socieda<strong>de</strong></strong><br />
<strong>Portuguesa</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong> (www.spq.pt)<br />
com o patrocínio do Ministério da Edu-<br />
cação e que visa:<br />
I - dinamizar o estudo e ensino da<br />
<strong>Química</strong> nas Escolas Básicas e<br />
Secundárias,<br />
II - proporcionar a aproximação en-<br />
tre as Escolas Básicas e Secun-<br />
dárias e as Universida<strong>de</strong>s, e<br />
III - <strong>de</strong>spertar o interesse pela Quí-<br />
mica, cativando vocações para<br />
carreiras científico-tecnológicas<br />
entre os estudantes.<br />
PRC, MCM<br />
1) Compilação <strong>de</strong> motores <strong>de</strong> busca<br />
Nacionais e Internacionais <strong>de</strong> ofertas<br />
<strong>de</strong> emprego na área da <strong>Química</strong>;<br />
2) Anúncios com oferta directa <strong>de</strong> bol-<br />
sas ou empregos por parte <strong>de</strong> entida-<br />
<strong>de</strong>s públicas ou privadas.<br />
Em especial, e relativamente à segun-<br />
da componente, o balanço do primei-<br />
ro ano <strong>de</strong> funcionamento é bastante<br />
positivo. <strong>No</strong> entanto, gostaríamos que<br />
no próximo ano a a<strong>de</strong>são fosse ain-<br />
da maior, permitindo que esta secção<br />
se estabeleça como uma compilação<br />
<strong>de</strong> bolsas e empregos que possa ser<br />
representativa das ofertas existentes<br />
a nível Nacional (tendo-se também já<br />
QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 5
ecebido várias ofertas <strong>de</strong> instituições<br />
estrangeiras). Neste sentido, <strong>de</strong>ixa-<br />
mos aqui o nosso convite a to<strong>dos</strong> os<br />
responsáveis por projectos <strong>de</strong> inves-<br />
tigação e aos gabinetes <strong>de</strong> recursos<br />
humanos <strong>de</strong> todas as Universida<strong>de</strong>s e<br />
empresas privadas para nos enviarem<br />
toda a informação acerca da bolsa ou<br />
emprego que pretendam publicitar.<br />
Contamos com a vossa a<strong>de</strong>são para<br />
o crescimento <strong>de</strong>sta plataforma!<br />
ChemRUS - Este espaço preten-<br />
<strong>de</strong> afirmar-se como uma biblioteca<br />
on-line <strong>de</strong> experiências <strong>de</strong> Quími-<br />
ca, compostas por um ví<strong>de</strong>o com<br />
a execução experimental e uma fi-<br />
cha científica contendo uma breve<br />
<strong>de</strong>scrição <strong>dos</strong> conceitos químicos,<br />
protocolo experimental <strong>de</strong>talhado e<br />
procedimentos <strong>de</strong> segurança ti<strong>dos</strong><br />
Presidido e nomeado pelo Presi<strong>de</strong>nte<br />
da SPQ, <strong>de</strong> acordo com o Regulamen-<br />
to, o júri constituído para a avaliação<br />
das candidaturas reuniu em Lisboa, na<br />
se<strong>de</strong>, em 27 <strong>de</strong> Outubro, tendo <strong>de</strong>cidi-<br />
do por unanimida<strong>de</strong> atribuir o Prémio<br />
Ferreira da Silva 2010 ao Prof. Fer-<br />
nando Jorge da Silva Pina, Professor<br />
em conta durante a sua realização.<br />
Para a dinamização <strong>de</strong>sta secção, o<br />
GQJ propõe o envolvimento activo<br />
das Escolas <strong>de</strong> Ensino Secundário,<br />
através da participação na primeira<br />
edição do concurso ChemRUS.<br />
Durante o ano lectivo 2010/2011 lan-<br />
çamos o <strong>de</strong>safio a to<strong>dos</strong> os alunos<br />
e professores <strong>de</strong> <strong>Química</strong> do Ensino<br />
Secundário a participarem, enviando<br />
um ví<strong>de</strong>o e respectiva ficha científica<br />
acerca da realização <strong>de</strong> uma experiên-<br />
cia <strong>Química</strong> escolhida por cada grupo.<br />
As Escolas Secundárias interessadas<br />
em participar <strong>de</strong>verão inscrever-se<br />
por e-mail até 31 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 2011;<br />
o prazo para o envio <strong>dos</strong> ví<strong>de</strong>os ter-<br />
mina a 31 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2011. A Escola<br />
vencedora será anunciada durante o<br />
mês <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 2011, e será premia-<br />
da com material didáctico/laboratorial<br />
que certamente ajudará ao ensino da<br />
<strong>Química</strong>.<br />
Para mais informações acerca das<br />
activida<strong>de</strong>s aqui <strong>de</strong>scritas e <strong>de</strong> outras<br />
activida<strong>de</strong>s do GQJ, po<strong>de</strong>rá ser con-<br />
sultada a página web do Grupo: www.<br />
spq.pt/gqj. Teremos também todo o<br />
prazer em respon<strong>de</strong>r a qualquer co-<br />
mentário, dúvida ou sugestão, que<br />
po<strong>de</strong>rão ser envia<strong>dos</strong> para o e-mail<br />
geral gqjovens@spq.pt.<br />
Contamos com a vossa participação<br />
e <strong>de</strong>sejamos a to<strong>dos</strong> um óptimo Ano<br />
Internacional da <strong>Química</strong>!!<br />
PRÉMIO FERREIRA DA SILVA 2010 E MEDALHA VICENTE DE SEABRA 2010<br />
Catedrático da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências<br />
e Tecnologia da Universida<strong>de</strong> <strong>No</strong>va <strong>de</strong><br />
Lisboa (Campus <strong>de</strong> Monte <strong>de</strong> Capari-<br />
ca). Decidiu ainda atribuir ex-aequo a<br />
Medalha Vicente <strong>de</strong> Seabra ao Prof.<br />
Eurico José da Silva Cabrita, Profes-<br />
sor Auxiliar da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências<br />
e Tecnologia da Universida<strong>de</strong> <strong>No</strong>va<br />
VC, SS, MS<br />
(GQJ)<br />
<strong>de</strong> Lisboa (Campus <strong>de</strong> Monte <strong>de</strong> Ca-<br />
parica) e ao Dr. José Richard Baptista<br />
Gomes, Investigador Auxiliar do CI-<br />
CECO da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro. Os<br />
premia<strong>dos</strong> proferirão conferências no<br />
próximo Encontro Nacional da SPQ, a<br />
realizar em Braga em 2011.<br />
EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE ALUNOS MATRICULADOS EM CURSOS DE QUÍMICA, 1997-2010<br />
Na 1 a fase <strong>de</strong> acesso ao ensino supe-<br />
rior <strong>de</strong> 2010, os cursos <strong>de</strong> licenciatu-<br />
ra e mestrado com a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong><br />
"<strong>Química</strong>" (Ensino <strong>de</strong> Física e Quími-<br />
ca, Bioquímica, Engenharia <strong>Química</strong><br />
e <strong>Química</strong> (inclui <strong>Química</strong> Aplicada,<br />
<strong>Química</strong> Industrial e <strong>Química</strong> Tecno-<br />
lógica)) preencheram 1224 vagas das<br />
1400 disponíveis, o que representa<br />
um aumento <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 3.8% no nú-<br />
mero <strong>de</strong> alunos relativamente ao ano<br />
anterior.<br />
A Figura 1 ilustra a evolução do núme-<br />
ro <strong>de</strong> candidatos coloca<strong>dos</strong> em 1a fase<br />
e do número <strong>de</strong> matricula<strong>dos</strong> pela pri-<br />
meira vez no 1° ano a 31 <strong>de</strong> Dezembro<br />
<strong>de</strong> cada ano, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1997, em cursos<br />
com <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> "<strong>Química</strong>": Ensi-<br />
no <strong>de</strong> Física e <strong>Química</strong>, Bioquímica,<br />
Engenharia <strong>Química</strong> e <strong>Química</strong> (inclui<br />
<strong>Química</strong> Aplicada, <strong>Química</strong> Industrial,<br />
<strong>Química</strong> Tecnológica, etc). Depois do<br />
período <strong>de</strong> acentuado <strong>de</strong>clínio do nú-<br />
mero <strong>de</strong> alunos que se verificou no<br />
início da década, os últimos 5 anos<br />
representam um período <strong>de</strong> recupe-<br />
ração sustentada, que aponta para<br />
a estabilização do número <strong>de</strong> alunos<br />
próximo <strong>dos</strong> 1500 a nível nacional.<br />
Embora o conjunto <strong>de</strong> explicações<br />
possíveis para esta recuperação do<br />
número <strong>de</strong> alunos nos cursos <strong>de</strong> Quí-<br />
mica seja vasto, não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong><br />
ser aqui salientado que o período <strong>de</strong><br />
recuperação coinci<strong>de</strong> com o Progra-<br />
ma "Atracção <strong>Química</strong>", lançado em<br />
2004 pela SPQ - em colaboração<br />
com os Departamentos <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />
das Universida<strong>de</strong>s <strong>Portuguesa</strong>s -,<br />
"com o objectivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar o inte-<br />
resse pela <strong>Química</strong> entre os jovens<br />
e cativar vocações para carreiras no<br />
âmbito da <strong>Química</strong>". Se outro mérito<br />
não teve - e não foi possível efectuar<br />
MNBS<br />
uma avaliação <strong>de</strong>talhada <strong>dos</strong> efeitos<br />
<strong>de</strong>ste programa - o "Atracção Quí-<br />
mica" terá tido o mérito <strong>de</strong> alertar os<br />
Departamentos <strong>de</strong> <strong>Química</strong> para a<br />
possibilida<strong>de</strong>/necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se pro-<br />
moverem junto <strong>dos</strong> futuros alunos e<br />
da socieda<strong>de</strong> em geral, valorizando o<br />
esforço daqueles que se <strong>de</strong>dicavam<br />
às chamadas "activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> divulga-<br />
ção".<br />
Mais significativa é a análise da evo-<br />
lução do número <strong>de</strong> alunos matricula-<br />
<strong>dos</strong> nos diferentes cursos, apresen-<br />
tada graficamente na Figura 2. Os<br />
valores para 2010 foram obti<strong>dos</strong> por<br />
estimativa, com base no número <strong>de</strong><br />
candidatos coloca<strong>dos</strong> em 1a fase.<br />
Nesta figura é evi<strong>de</strong>nte o <strong>de</strong>crésci-<br />
mo acentuado do número <strong>de</strong> alunos<br />
inscritos em Engenharia <strong>Química</strong> até<br />
2006 - o que foi acompanhado do<br />
6 QUÍMICA 119
Evolução do número <strong>de</strong> candidatos coloca<strong>dos</strong> em 1 a fase e do número <strong>de</strong> matricula<strong>dos</strong> pela primeira vez no 1° ano em cursos com <strong>de</strong>signação <strong>de</strong><br />
"<strong>Química</strong>": Ensino <strong>de</strong> Física e <strong>Química</strong>, Bioquímica, Engenharia <strong>Química</strong> e <strong>Química</strong> (inclui <strong>Química</strong> Aplicada, <strong>Química</strong> Industrial, <strong>Química</strong> Tecnológica, etc).<br />
[* Estimativa baseada no número <strong>de</strong> coloca<strong>dos</strong> em ia fase]<br />
Evolução do número <strong>de</strong> matricula<strong>dos</strong> pela primeira vez no 1° ano em cursos com <strong>de</strong>signação <strong>de</strong> "<strong>Química</strong>" (Ensino <strong>de</strong> Física e <strong>Química</strong>,<br />
Bioquímica, Engenharia <strong>Química</strong> e <strong>Química</strong>) e <strong>de</strong> Biotecnologia. [* Estimativa]<br />
encerramento <strong>de</strong> diversos cursos em<br />
Institutos Politécnicos - e a sua esta-<br />
bilização actual confortavelmente aci-<br />
ma <strong>dos</strong> 500 alunos/ano. Do mesmo<br />
modo, e em idêntico período, os cur-<br />
sos <strong>de</strong> <strong>Química</strong> (diversos) per<strong>de</strong>ram<br />
mais <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> <strong>dos</strong> seus alunos, atin-<br />
gindo um patamar estável em torno<br />
<strong>dos</strong> actuais cerca <strong>de</strong> 300 alunos/ano.<br />
O <strong>de</strong>créscimo nestes dois cursos<br />
foi parcialmente compensado pelo<br />
crescimento contínuo do número <strong>de</strong><br />
alunos em cursos <strong>de</strong> Bioquímica, <strong>de</strong><br />
166 em 1997 para 576 em 2007. <strong>No</strong><br />
entanto, vale a pena referir que nos<br />
últimos dois anos a "Bioquímica" re-<br />
gistou uma diminuição <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 20<br />
alunos/ano, acompanhada pelo recuo<br />
marginal das médias <strong>dos</strong> últimos co-<br />
loca<strong>dos</strong> em 1a fase. São sinais que<br />
merecem a atenção <strong>dos</strong> <strong>de</strong>partamen-<br />
tos/universida<strong>de</strong>s, na medida em que<br />
po<strong>de</strong>m ser indício <strong>de</strong> alguma perda <strong>de</strong><br />
capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atracção <strong>dos</strong> respecti-<br />
vos cursos.<br />
A Figura 2 mostra também a importân-<br />
cia actual <strong>dos</strong> cursos <strong>de</strong> Biotecnolo-<br />
gia. A licenciatura em Biotecnologia,<br />
embora não seja um curso tradicio-<br />
nalmente reconhecido como "<strong>de</strong> Quí-<br />
mica" está incluída na área CNAEF<br />
"Tecnologia <strong>dos</strong> Processos Quími-<br />
cos", tal como Engenharia <strong>Química</strong> (e<br />
representa já uma parte significativa<br />
da oferta <strong>de</strong> alguns Departamentos<br />
<strong>de</strong> <strong>Química</strong>).<br />
A evolução mais preocupante evi<strong>de</strong>n-<br />
ciada pelo gráfico da Figura 2 é sem<br />
qualquer dúvida o <strong>de</strong>clínio - até à qua-<br />
se extinção - <strong>dos</strong> cursos <strong>de</strong> "Ensino<br />
da Física e da <strong>Química</strong>", responsáveis<br />
pela formação <strong>dos</strong> docentes do ensi-<br />
no básico e secundário. Este <strong>de</strong>clínio<br />
está associado à imagem muito ne-<br />
gativa a que foi sujeita a profissão <strong>de</strong><br />
"professor" nos últimos anos (nos últi-<br />
mos anos, por motivos diversos, tem<br />
sido associada à profissão a imagem<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>semprego, falta <strong>de</strong> condições <strong>de</strong><br />
trabalho, instabilida<strong>de</strong> contratual, per-<br />
da <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>, perda <strong>de</strong> prestígio<br />
social, etc...). <strong>No</strong>s anos <strong>de</strong> 2006/07, o<br />
Processo <strong>de</strong> Bolonha, durante o qual a<br />
formação <strong>de</strong> professores foi colocada<br />
em 2° Ciclo (mestrado), mascarou a<br />
falta <strong>de</strong> candidatos: como o curso <strong>de</strong>i-<br />
xou <strong>de</strong> constar na lista <strong>dos</strong> cursos <strong>de</strong><br />
"acesso ao ensino superior", passou<br />
<strong>de</strong> alguma forma <strong>de</strong>spercebido o facto<br />
<strong>de</strong> a formação <strong>de</strong> novos professores<br />
QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 7
<strong>de</strong> química estar abaixo das necessi-<br />
da<strong>de</strong>s do sistema <strong>de</strong> ensino nacional.<br />
<strong>No</strong> ano lectivo <strong>de</strong> 2009/10 encontram-<br />
-se a funcionar 7 cursos <strong>de</strong> mestrado<br />
em "Ensino <strong>de</strong> Física e <strong>Química</strong> no 3°<br />
O 3° Congresso Europeu <strong>de</strong> <strong>Química</strong>,<br />
organizado pela European Association<br />
for Chemical and Molecular Sciences<br />
(EuCheMS), <strong>de</strong>correu no centro <strong>de</strong><br />
congressos <strong>de</strong> Nuremberga entre os<br />
dias 29 <strong>de</strong> Agosto e 2 <strong>de</strong> Setembro e<br />
foi um sucesso em toda a linha. Jun-<br />
tou 2500 químicos oriun<strong>dos</strong> <strong>de</strong> mais<br />
<strong>de</strong> 60 países com um formato, já en-<br />
raizado na comunida<strong>de</strong> científica, que<br />
se iniciou em Budapeste 2006 e Tu-<br />
rim 2008. A organização do programa<br />
científico esteve a cargo <strong>de</strong> François<br />
Die<strong>de</strong>rich e Andreas Hirsch, e contou<br />
com um programa variado e ambicio-<br />
so, incluindo 7 conferências plenárias,<br />
180 conferências convidadas e 370<br />
conferências orais, em mais <strong>de</strong> 180<br />
horas <strong>de</strong> ciência e outros assuntos re-<br />
laciona<strong>dos</strong>, tais como financiamento,<br />
empregabilida<strong>de</strong> e ética.<br />
DOS SISTEMAS BIOLÓGICOS À<br />
FUSÃO NUCLEAR<br />
As 7 conferências plenárias foram<br />
muito diversificadas, tendo sido bem<br />
acolhidas pela audiência. Após a ce-<br />
rimónia <strong>de</strong> abertura, a primeira plená-<br />
Ciclo do Ensino Básico e no Ensino<br />
Secundário" com um total <strong>de</strong> apenas<br />
57 alunos, 26 <strong>dos</strong> quais nas universi-<br />
da<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Lisboa (UL e UNL) e 13 na<br />
universida<strong>de</strong> do Porto.<br />
3° CONGRESSO EUROPEU DE QUÍMICA DA EUCHEMS<br />
ria foi proferida por Barbara Imperiali<br />
(Cambridge, EUA) que mostrou como<br />
sondas moleculares aumentam o co-<br />
nhecimento sobre sistemas biológicos.<br />
De seguida, Klaus Müllen (Mainz,<br />
Alemanha) apresentou sistemas quí-<br />
micos na interface com os materiais<br />
e <strong>de</strong>stacou a procura constante <strong>de</strong><br />
novos compostos com funções con-<br />
troladas. A "EuCheMS Lecture 2010"<br />
esteve a cargo <strong>de</strong> Michael Gratzel<br />
(Lausanne, Suíça), que partilhou a sua<br />
visão da conversão <strong>de</strong> energia solar<br />
utilizando sistemas inspira<strong>dos</strong> na fo-<br />
tossíntese. Bert Meijer (Eindhoven,<br />
Holanda) apresentou exemplos <strong>de</strong> ob-<br />
tenção <strong>de</strong> quiralida<strong>de</strong> através <strong>de</strong> ar-<br />
quitecturas moleculares <strong>de</strong> polímeros<br />
e <strong>de</strong>ndrímeros. Hans-Joachim Freund<br />
(Berlim, Alemanha) mostrou como a<br />
catálise po<strong>de</strong> ser visualizada e Le-<br />
choslaw Latos-Grazynski (Cracóvia,<br />
Polónia) apresentou novos conceitos<br />
<strong>de</strong> aromaticida<strong>de</strong>. A última plenária<br />
do encontro foi proferida por Joshua<br />
Jortner (Tel Aviv, Israel), para quem a<br />
fusão nuclear é a "verda<strong>de</strong>ira" alterna-<br />
tiva energética.<br />
Cerimónia <strong>de</strong> abertura do 3° Congresso Europeu <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />
(Fonte: GPEARI - Gabinete <strong>de</strong> Planeamento,<br />
Estratégia, Avaliação e Relações<br />
Internacionais, do Ministério da Ciência e<br />
Ensino Superior, www.gpeari.mctes.pt)<br />
PRC<br />
Michael Gratzel durante a EuCheMS Lecture 2010<br />
POSTERS, "CAREER DAYS" E EVENTOS<br />
SOCIAIS<br />
Ao longo do encontro estiveram em<br />
exibição mais <strong>de</strong> 1400 posters, com a<br />
sessão <strong>de</strong> poster a <strong>de</strong>correr ao final da<br />
tar<strong>de</strong>/noite e acompanhada <strong>de</strong> "beer<br />
and preztel". Em paralelo às sessões<br />
científicas, <strong>de</strong>correram os seminários<br />
das empresas patrocinadoras, bem<br />
como a exibição das editoras, compa-<br />
nhias químicas e organizações cientí-<br />
ficas (38 no total).<br />
O "Carrer Days" foi uma excelente<br />
oportunida<strong>de</strong> para quem queria apren-<br />
<strong>de</strong>r a elaborar um curriculum apelati-<br />
vo, esclarecer dúvidas sobre uma<br />
carreira académica ou na indústria ou<br />
ainda conhecer melhor o mundo fora<br />
da Universida<strong>de</strong> com a feira <strong>de</strong> em-<br />
prego. Esta feira <strong>de</strong> emprego contou<br />
com a presença <strong>de</strong> 14 companhias,<br />
agências <strong>de</strong> financiamento e organi-<br />
zações civis e privadas.<br />
A parte social do congresso <strong>de</strong>correu<br />
em dois momentos distintos: um con-<br />
certo na igreja <strong>de</strong> St. Sebalds, num<br />
registo mais sério e contemplativo, e<br />
uma festa no estádio <strong>de</strong> futebol com<br />
activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sportivas, construção<br />
<strong>de</strong> moléculas no relvado e fogo-<strong>de</strong>-<br />
artifício.<br />
8 QUÍMICA 119
PRÉMIOS<br />
A EuCheMS atribuiu o European Sus-<br />
tainable Chemistry Award a Matthias<br />
Beller (Leibniz-Institute for Catalysis,<br />
Rostock, Alemanha) pela sua excep-<br />
cional contribuição à catálise homo-<br />
génea e sua aplicação a processos<br />
eco-compatíveis. C. N. R. Rao (Ja-<br />
waharlal Nehru Centre for Advanced<br />
Scientific Research, Bangalore, India)<br />
foi o primeiro cientista asiático a rece-<br />
ber o August Wilhelm von Hofmann<br />
Denkmünze, atribuído pela Gesells-<br />
chaft Deutscher Chemiker (GDCh).<br />
Luisa Torsi (University of Bari "Aldo<br />
Moro", Itália) foi galardoada com o<br />
Heinrich Emanuel Merck Award para<br />
ciências analíticas, pelo seu traba-<br />
lho em sensores químicos <strong>de</strong> semi-<br />
condutores orgânicos basea<strong>dos</strong> em<br />
transístores <strong>de</strong> efeito <strong>de</strong> campo em<br />
filme fino. O European Young Chemist<br />
Award foi atribuído a Nicolai Cramer<br />
(ETH Zurique, Suíça) e Sophie Caren-<br />
co (CNRS, Palaiseau, França).<br />
PRAGA 2012<br />
A cerimónia <strong>de</strong> encerramento contou<br />
com a presença <strong>de</strong> Michael Droscher,<br />
presi<strong>de</strong>nte da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Alemã <strong>de</strong><br />
<strong>Química</strong>, e Luis Oro, presi<strong>de</strong>nte da<br />
EuCheMS, que agra<strong>de</strong>ceram aos or-<br />
ganizadores o excelente trabalho rea-<br />
lizado e aos participantes a sua pre-<br />
sença. A finalizar a cerimónia <strong>de</strong> encer-<br />
ramento, o organizador do 4° Congres-<br />
so Europeu <strong>de</strong> <strong>Química</strong>, Pavel Drasar,<br />
convidou to<strong>dos</strong> os participantes a es-<br />
tarem presentes em 2012 em Praga<br />
(http://www.euchems-prague2012.cz/).<br />
(fonte: Newsletter da EuCheMS, <strong>No</strong>vembro<br />
<strong>de</strong> 2010)<br />
CB<br />
<strong>No</strong> passado mês <strong>de</strong> Agosto <strong>de</strong>correu<br />
em Regensburg (Alemanha), no Insti-<br />
tuto <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica, o 2nd<br />
Young Investigator's Workshop.<br />
A re<strong>de</strong> europeia <strong>de</strong> químicos orgâni-<br />
cos jovens foi a motivação para reunir<br />
27 cientistas <strong>de</strong> 17 países europeus,<br />
QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10<br />
Sessão <strong>de</strong> Posters<br />
Vencedores, finalistas e júri do European Young Chemist Award. O prémio foi patrocinado pela<br />
<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Italiana <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />
2 ND YOUNG INVESTIGATOR'S WORKSHOP<br />
num encontro que foi apoiado pela<br />
Divisão <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica da Eu-<br />
CheMS e no qual a <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Portu-<br />
guesa <strong>de</strong> <strong>Química</strong> se fez representar.<br />
Esta iniciativa, apadrinhada pela Eu-<br />
CheMS, contou com a participação <strong>de</strong><br />
jovens investigadores e professores<br />
<strong>de</strong> países como a Áustria, Alemanha,<br />
Bélgica, Chipre, Espanha, França,<br />
Grécia, Holanda, Irlanda, Israel, Itá-<br />
lia, <strong>No</strong>ruega, Portugal, Reino Unido,<br />
Republica Checa, Suécia e Suíça.<br />
Os participantes tinham to<strong>dos</strong> ida<strong>de</strong>s<br />
compreendidas entre os 30 e 40 anos,<br />
sendo que a maioria apresentava ida-<br />
<strong>de</strong> inferior a 35 anos. Ambos os sexos<br />
9
se fizeram representar, tendo havido<br />
nalguns casos dois participantes por<br />
país. Os participantes foram eleitos<br />
pelas Divisões <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica<br />
<strong>dos</strong> respectivos países, que estabe-<br />
leceram os critérios <strong>de</strong> selecção. Os<br />
requisitos para participação neste en-<br />
contro tiveram em conta a ida<strong>de</strong> do<br />
investigador (inferior a 40 anos), bem<br />
como o percurso e in<strong>de</strong>pendência<br />
científica do candidato.<br />
O Workshop foi organizado em oito<br />
sessões que focaram diferentes tópi-<br />
cos e abrangeram diversas áreas da<br />
química orgânica, tais como bioor-<br />
gânica e química medicinal, catálise,<br />
produtos naturais, oxidação e aspec-<br />
tos <strong>de</strong> química ver<strong>de</strong>, química supra-<br />
molecular e <strong>de</strong>sign <strong>de</strong> ligan<strong>dos</strong>.<br />
A escolha <strong>de</strong> Regensburg, a cida<strong>de</strong><br />
medieval mais bem preservada da<br />
Alemanha e eleita pela UNESCO pa-<br />
trimónio da Humanida<strong>de</strong>, para aco-<br />
lher este encontro, permitiu aliar uma<br />
componente cultural à intensa com-<br />
ponente científica. O convívio entre<br />
investigadores foi intenso, tendo-se<br />
proporcionado uma oportunida<strong>de</strong> ex-<br />
cepcional para os jovens investiga-<br />
dores interagirem uns com os outros,<br />
que exce<strong>de</strong>u todas as expectativas.<br />
Este evento preten<strong>de</strong>u contribuir para<br />
a promoção <strong>de</strong> colaborações interna-<br />
cionais e divulgação do estado da arte<br />
da investigação na área da química<br />
orgânica, entre os diversos membros<br />
<strong>dos</strong> países europeus. O Workshop<br />
constitui uma excelente ocasião para<br />
trocar i<strong>de</strong>ias e <strong>de</strong>bater temas da quí-<br />
mica orgânica mo<strong>de</strong>rna, não <strong>de</strong>ixando<br />
dúvidas quanto à aplicabilida<strong>de</strong> das<br />
recentes <strong>de</strong>scobertas científicas bem<br />
como quanto à preocupação com a<br />
sustentabilida<strong>de</strong> da investigação que<br />
é <strong>de</strong>senvolvida na Europa.<br />
A abertura do encontro e as boas-vin-<br />
das aos participantes foram realizadas<br />
pelos responsáveis da organização<br />
local, o Prof. Burkhard Konig, a Dr a<br />
Kristen Zeitler e a Dra Sabine Amslin-<br />
ger. O Workshop contou ainda com a<br />
presença <strong>de</strong> investigadores sénior, o<br />
Prof. Stefan Brase, a Dra Véronique<br />
Gouverneur, o Prof. Jay Siegel e o<br />
Prof. Burkhard Konig que mo<strong>de</strong>raram<br />
e contribuíram com entusiasmo para<br />
as discussões científicas que se pro-<br />
porcionaram durante o encontro.<br />
A participação portuguesa foi repre-<br />
sentada pela Dra Isabel Santos Vieira<br />
(Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro) - Oxidation<br />
of Organic Compounds with Hydrogen<br />
Peroxi<strong>de</strong>, e pela Dra Maria Manuel<br />
Marques (Requimte - Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Ciências e Tecnologia - Universida<strong>de</strong><br />
<strong>No</strong>va <strong>de</strong> Lisboa) - Rational Drug De-<br />
sign, Synthesis and Screening of <strong>No</strong>-<br />
vel COX-2 Selective Inhibitors.<br />
O Workshop iniciou-se com uma ses-<br />
são sobre bioorgânica e química medi-<br />
cinal, cuja abertura foi efectuada pela<br />
Dra Sabine Amslinger (Universida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Regensburg) - o,p-Unsaturated<br />
Carbonyl Compounds as Tool to Fine<br />
Tune Biological Activity. Decorreram<br />
duas sessões relativas a este tópico,<br />
no total <strong>de</strong> seis comunicações orais,<br />
on<strong>de</strong> foram apresenta<strong>dos</strong> resulta<strong>dos</strong><br />
<strong>de</strong> projectos que envolveram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />
síntese total <strong>de</strong> compostos com acti-<br />
vida<strong>de</strong> anticancerígena, a aplicações<br />
<strong>de</strong> proteómica química para estudar<br />
sistemas biológicos complexos, pas-<br />
sando pela estratégia <strong>de</strong> <strong>de</strong>sign ra-<br />
cional <strong>de</strong> pequenas moléculas, tanto<br />
para a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> novos compos-<br />
tos anti-inflamatórios como para a ob-<br />
tenção <strong>de</strong> oligómeros para mimetizar<br />
o mo<strong>de</strong>lo da hélice.<br />
Ainda nesta sessão, tivemos oportuni-<br />
da<strong>de</strong> <strong>de</strong> ver a interacção da química<br />
orgânica com outras áreas, tais como<br />
a combinação da espectroscopia <strong>de</strong><br />
RMN com simulações <strong>de</strong> dinâmica<br />
molecular para investigar a confor-<br />
mação <strong>de</strong> glicopépti<strong>dos</strong>, bem como o<br />
conhecimento do modo como a con-<br />
formação influencia o processo <strong>de</strong> re-<br />
conhecimento molecular.<br />
<strong>No</strong> <strong>de</strong>curso <strong>de</strong>ste Workshop foram<br />
apresentadas diversas comunica-<br />
ções orais sobre o tema <strong>de</strong> síntese<br />
<strong>de</strong> produtos naturais. Tivemos opor-<br />
tunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ouvir o Dr. Uwe Rinner<br />
(Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Viena) falar sobre<br />
as estratégias sintéticas <strong>de</strong>senvol-<br />
vidas para a síntese total <strong>de</strong> Eupho-<br />
salicin - um diterpeno biciclico com<br />
MRD-reversal effect. Ainda no âmbito<br />
<strong>dos</strong> produtos naturais, o Dr. Alexandro<br />
Zografos (Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Thessalo-<br />
niki) <strong>de</strong>monstrou-nos como os pro-<br />
dutos naturais po<strong>de</strong>m ser uma fonte<br />
<strong>de</strong> inspiração, tendo apresentado as<br />
vias sintéticas <strong>de</strong>senvolvidas para a<br />
obtenção <strong>de</strong> diversos produtos natu-<br />
rais com elevada complexida<strong>de</strong> es-<br />
trutural. O Dr. Jérôme Wasser (Ecole<br />
Polytechnique Fédérale <strong>de</strong> Lausanne)<br />
encerrou esta sessão - Cyclization of<br />
Aminocyclopropanes: Total Synthesis<br />
and Bioactivity of Goniomitine.<br />
Houve duas sessões <strong>de</strong>dicadas à<br />
catálise, com um total <strong>de</strong> oito apre-<br />
sentações orais, em que a primeira<br />
sessão <strong>de</strong>u ênfase à química <strong>de</strong> pa-<br />
ládio. Ficou bem patente a importân-<br />
cia do <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> processos<br />
catalíticos no enquadramento <strong>de</strong> uma<br />
química sustentável, e as vantagens<br />
<strong>de</strong>stes processos na activação <strong>de</strong><br />
ligações C(sp3)-H, que foram abor-<br />
dadas pelo Dr. Rubén Martín (Institut<br />
Català d'Investigació <strong>Química</strong>, Tar-<br />
ragona), e pelo Dr. Olivier Baudoin<br />
(Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lyon), que focou a<br />
activação intramolecular <strong>de</strong> ligações<br />
sp3 C-H em reacções <strong>de</strong> arilação ca-<br />
talisadas por paládio. A catálise com<br />
ferro e cálcio também foi referida pelo<br />
Dr. Michael Schnürch (Universida<strong>de</strong><br />
Técnica <strong>de</strong> Viena), e pela Dra Meike<br />
Niggemann (Rheinisch-Westfalische<br />
Technische Hochschule, Aachen),<br />
respectivamente. A apresentação da<br />
Dra Meike Niggemann constituiu a<br />
única apresentação sobre catálise<br />
com cálcio, tendo focado a aplicação<br />
nas reacções <strong>de</strong> substituição nucleó-<br />
fila <strong>de</strong> álcoois activa<strong>dos</strong>. Outra comu-<br />
nicação interessante foi a do Dr. Paul<br />
Davies (Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Birmingham)<br />
que estudou a produção <strong>de</strong> iletos <strong>de</strong><br />
enxofre - Diazo free Reaction Develo-<br />
pment with w-Acid Catalysis.<br />
A segunda sessão <strong>de</strong>dicada à catá-<br />
lise <strong>de</strong>u especial importância à apli-<br />
cação <strong>de</strong> processos catalíticos na<br />
síntese <strong>de</strong> compostos heterocíclicos<br />
e <strong>de</strong> produtos naturais. Não po<strong>de</strong>ría-<br />
mos terminar esta sessão sem referir<br />
a organocatálise. A comunicação da<br />
Dra Kristen Zeitler (Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Regensburg) foi excepcional, tendo<br />
apresentado as vantagens <strong>dos</strong> po<strong>de</strong>-<br />
rosos organocatalisadores - carbenos<br />
W-heterocíclicos - para a formação <strong>de</strong><br />
ligações C-C, C-O e C-N.<br />
<strong>No</strong> seguimento da sessão <strong>de</strong>dicada à<br />
catálise, houve também uma sessão<br />
sobre <strong>de</strong>sign <strong>de</strong> ligan<strong>dos</strong> e <strong>de</strong> com-<br />
plexos metálicos, para a qual contri-<br />
buíram os investigadores Dr. Mark<br />
Gan<strong>de</strong>lman (Technion-Israel Institute<br />
10 QUÍMICA 119
of Technology, Haifa) - New ligands<br />
and Reactivities in Synthetic Chemis-<br />
try , o Dr. Enda Bergin (Trinity College,<br />
Dublin) - Combinatorial Catalysis e o<br />
Dr. Dimitri Gelman (The Hebrew Uni-<br />
versity of Jerusalem) - <strong>No</strong>vel C(sp2)-<br />
Metalated Transition Metal Comple-<br />
xes: Synthesis and Catalysis.<br />
A sustentabilida<strong>de</strong> em química e a<br />
preocupação <strong>dos</strong> investigadores eu-<br />
ropeus em tornar os processos quí-<br />
micos mais ver<strong>de</strong>s ficou bem clara<br />
na sessão sobre oxidação e aspec-<br />
tos da química ver<strong>de</strong>. A utilização <strong>de</strong><br />
peróxido <strong>de</strong> hidrogénio como agente<br />
oxidante foi <strong>de</strong>monstrada pela Dr a<br />
Isabel Vieira (Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Avei-<br />
ro), que focou a utilização <strong>de</strong> peróxido<br />
<strong>de</strong> hidrogénio como agente oxidante<br />
e mostrou os últimos <strong>de</strong>senvolvimen-<br />
tos, e também pela contribuição do Dr.<br />
Ra<strong>de</strong>k Cibulka (Institute of Chemical<br />
Technology, Praga) que <strong>de</strong>monstrou<br />
que o peróxido <strong>de</strong> hidrogénio po<strong>de</strong> ser<br />
utilizado para catálise <strong>de</strong> reacções <strong>de</strong><br />
sulfoxidação enantioselectiva através<br />
<strong>de</strong> sais <strong>de</strong> flavílio quirais planares.<br />
Ainda no âmbito da sustentabilida<strong>de</strong> o<br />
Dr. Luigi Vaccaro (Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pe-<br />
rugia) focou a sua apresentação nos<br />
meios reaccionais alternativos - Alter-<br />
native Reaction Media for Developing<br />
an Efficient Organic Synthesis. O Dr.<br />
Luigi Vaccaro mostrou exemplos <strong>de</strong><br />
aplicação <strong>de</strong> protocolos experimentais<br />
amigos do ambiente, incluindo o uso<br />
<strong>de</strong> água como solvente e reacções<br />
sem solvente, reacções catalisadas<br />
por organocatalisadores imobiliza<strong>dos</strong><br />
em suporte sólido, entre outros.<br />
O alcance da aplicabilida<strong>de</strong> da quími-<br />
ca orgânica mo<strong>de</strong>rna ficou explícita<br />
na sessão <strong>de</strong>dicada à química supra-<br />
molecular, que também esteve repre-<br />
sentada neste Workshop pelas contri-<br />
buições do Dr. Davidae Bonifazi (Fa-<br />
culté <strong>No</strong>tre Dame <strong>de</strong> la Paix, Namur<br />
e Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Trieste) - Theming<br />
Organic Synthesis for Supramolecular<br />
Flatlands, e pelo Dr. Rienk Eelkema<br />
(Universida<strong>de</strong> Técnica <strong>de</strong> Delft) -<br />
Control over Dynamics in Supramo-<br />
lecular Architectures. O Dr. Davidae<br />
Bonifazi focou o <strong>de</strong>sign e produção <strong>de</strong><br />
nanoestruturas multicomponentes e<br />
multidimensionais para aplicação em<br />
sensores catalíticos, células solares,<br />
sistema biomiméticos e em optoelec-<br />
trónica, enquanto que o Dr. Rienk Ee-<br />
lkema nos mostrou o enorme <strong>de</strong>safio<br />
que representa o controlo da dinâmica<br />
<strong>de</strong> materiais com arquitectura supra-<br />
molecular.<br />
Fotografia <strong>de</strong> Grupo<br />
Durante este Workshop tornou-se evi-<br />
<strong>de</strong>nte que, para os jovens químicos<br />
europeus, a química orgânica é uma<br />
área <strong>de</strong> investigação fascinante e em<br />
contínuo <strong>de</strong>senvolvimento. As comu-<br />
nicações proferidas <strong>de</strong>monstraram<br />
claramente que a química orgânica<br />
po<strong>de</strong> alcançar um papel fundamental<br />
na interacção com a química teórica e<br />
computacional, a biologia e a ciência<br />
<strong>dos</strong> materiais.<br />
O balanço final foi muito positivo! To-<br />
<strong>dos</strong> os participantes agra<strong>de</strong>cem o<br />
apoio financeiro da divisão <strong>de</strong> Quími-<br />
ca Orgânica da EuCheMS, da Gesells-<br />
chaft Deutscher Chemiker (GDCh,<br />
Liebig Vereinigung), e à organização<br />
local pela excelente coor<strong>de</strong>nação e<br />
apoio que <strong>de</strong>ram aos participantes,<br />
em particular à Dra Kristen Zeitler e à<br />
Dra Sabine Amslinger.<br />
Para terminar não po<strong>de</strong>ríamos <strong>de</strong>ixar<br />
<strong>de</strong> agra<strong>de</strong>cer à <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Portugue-<br />
sa <strong>de</strong> <strong>Química</strong> e à Divisão <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />
Orgânica, por apoiar estas iniciativas<br />
e nos proporcionar uma experiência<br />
única que certamente dará origem a<br />
futuras colaborações.<br />
MMM, IV<br />
QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 11
O recém criado pré-<br />
mio Europeu "The<br />
European Sustai-<br />
nable Chemistry<br />
iHiuwwsoímw Award", uma inicia-<br />
CHEMtSTRY AWARD .. , ' _ „,<br />
— tiva da EuCheMS,<br />
foi atribuído ao Pro-<br />
fessor Doutor Matthias Beller, Director<br />
do Leibniz Institute for Catalysis (LI-<br />
KAT) situado em Rostock, Alemanha,<br />
pelo seu trabalho excepcional na área<br />
da catálise homogénea. O prémio, no<br />
valor <strong>de</strong> 10 000 €, foi entregue du-<br />
rante a Cerimónia <strong>de</strong> Abertura do 3°<br />
Congresso <strong>de</strong> <strong>Química</strong> da EuCheMS,<br />
no passado dia 29 <strong>de</strong> Agosto em Nu-<br />
remberga, Alemanha.<br />
De entre as 21 nomeações avaliadas<br />
por um painel <strong>de</strong> especialistas, a es-<br />
colha recaiu neste investigador, autor<br />
ou co-autor <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 420 artigos<br />
científicos e <strong>de</strong>tentor <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 90<br />
patentes. O Prof. Dr. Matthias Beller<br />
e o seu grupo <strong>de</strong> investigação têm<br />
<strong>de</strong>senvolvido trabalho no campo da<br />
conversão <strong>de</strong> pequenas moléculas<br />
em materiais recicláveis ou reutilizá-<br />
veis, <strong>de</strong> uma forma ambientalmente<br />
sustentável. O LKAT, o maior Instituto<br />
<strong>de</strong> investigação Europeu <strong>de</strong>dicado à<br />
catálise aplicada, inci<strong>de</strong> o seu traba-<br />
lho na transferência <strong>de</strong> investigação<br />
Básico<br />
Atribui-se ao físico Rutherford, Prémio<br />
<strong>No</strong>bel para a <strong>Química</strong> em 1908, a<br />
seguinte frase, em resposta a quem<br />
comparava as condições <strong>de</strong> trabalho<br />
no seu laboratório com as <strong>de</strong> outros<br />
mais ricos: "Gentlemen, we haven't<br />
got the money, so we've got to think."<br />
Ácido<br />
O Joint Research Centre da União<br />
THE EUROPEAN SUSTAINABLE CHEMISTRY AWARD<br />
fundamental para o campo das apli-<br />
cações práticas. Na última década, o<br />
Prof. Dr. Matthias Beller e os seus co-<br />
laboradores <strong>de</strong>senvolveram três siste-<br />
mas <strong>de</strong> catálise actualmente utiliza<strong>dos</strong><br />
pela indústria, os quais permitem a<br />
produção em larga escala (toneladas)<br />
<strong>de</strong> diferentes produtos químicos. A<br />
sua investigação tem incidido sobretu-<br />
do nos seguintes aspectos: reacções<br />
<strong>de</strong> acoplamento <strong>de</strong> halogenetos <strong>de</strong><br />
arilo catalisadas por paládio, catálise<br />
oxidativa enantioselectiva, aplicações<br />
catalíticas para a obtenção <strong>de</strong> princí-<br />
pios activos para utilização farmacêu-<br />
tica e carbonilações catalíticas. Vários<br />
<strong>dos</strong> seus projectos <strong>de</strong> investigação fo-<br />
cam o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> reacções<br />
<strong>de</strong> oxidação catalítica com oxigénio<br />
ou peróxido <strong>de</strong> hidrogénio.<br />
<strong>No</strong> âmbito da exploração <strong>de</strong> reacções<br />
catalíticas para a síntese <strong>de</strong> novas<br />
substâncias com aplicação farmacêu-<br />
tica, têm investigado <strong>de</strong> forma inten-<br />
siva, e em particular, a adição regios-<br />
selectiva <strong>de</strong> aminas a ligações duplas<br />
e reacções <strong>de</strong> carbonilação. Este tra-<br />
balho, <strong>de</strong>senvolvido em cooperação<br />
com empresas farmacêuticas, tem<br />
como objectivo o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />
novos analgésicos, <strong>de</strong> fármacos anti-<br />
Alzheimer e <strong>de</strong> inibidores <strong>de</strong> proteí-<br />
nas-cinase.<br />
O INDICADOR<br />
Europeia abriu há pouco tempo<br />
concurso para investigadores, com o<br />
titulo "Europe needs researchers". Uma<br />
das áreas contempladas é a <strong>Química</strong>.<br />
Entre diversos benefícios, oferece-<br />
se contrato permanente, aquilo que<br />
entre nós continua a ser uma miragem<br />
para centenas <strong>de</strong> investigadores<br />
<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> comprovada, e que<br />
vão vivendo <strong>de</strong> sucessivas bolsas e<br />
O prémio "The European Sustainable<br />
Chemistry Award", uma iniciativa da<br />
EuCheMS, com o encorajamento da<br />
Agência Europeia do Ambiente e o<br />
apoio da SusChem (Plataforma Eu-<br />
ropeia para a <strong>Química</strong> Sustentável)<br />
e do CEFIC (Associação Europeia<br />
da Indústria <strong>Química</strong>), surgiu com o<br />
intuito <strong>de</strong> aumentar a visibilida<strong>de</strong> da<br />
química sustentável e <strong>de</strong> incentivar a<br />
inovação e competitivida<strong>de</strong>. O prémio<br />
<strong>de</strong>stina-se a:<br />
* reconhecer indivíduos ou peque-<br />
nos grupos <strong>de</strong> investigação que<br />
contribuam <strong>de</strong> forma significativa<br />
para o <strong>de</strong>senvolvimento sustentá-<br />
vel mediante a aplicação da quími-<br />
ca ver<strong>de</strong> e sustentável;<br />
* promover inovações no campo<br />
da química que se traduzam em<br />
melhorias claras na produção e<br />
utilização sustentável <strong>de</strong> produtos<br />
químicos;<br />
* <strong>de</strong>monstrar que a química e os<br />
produtos químicos po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sem-<br />
penhar um papel central na con-<br />
cretização das necessida<strong>de</strong>s da<br />
socieda<strong>de</strong> e, simultaneamente,<br />
minimizar e/ou resolver problemas<br />
ambientais.<br />
(fonte: EuCheMS)<br />
JA<br />
contratos <strong>de</strong> duração fixa. O Indicador<br />
interroga-se, perplexo: mas afinal o<br />
tempo <strong>dos</strong> empregos para toda a vida<br />
não acabou, como afirmam certos<br />
senhores omniscientes que dão o<br />
exemplo, saltando - sempre com re<strong>de</strong><br />
- <strong>de</strong> job em job ? Será isto a "Europa a<br />
duas velocida<strong>de</strong>s"?<br />
12 QUÍMICA 119<br />
PH
CONCESSÃO DE DIPLOMAS DE MESTRADO EUROPEU EM CIÊNCIA DA MEDIÇÃO EM QUÍMICA<br />
A Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa é membro<br />
<strong>de</strong> um consórcio <strong>de</strong> nove universida-<br />
<strong>de</strong>s europeias que coor<strong>de</strong>nam entre<br />
si o Mestrado Europeu em Ciência<br />
da Medição em <strong>Química</strong> (MSC) -<br />
http://www.msc-euromaster.eu - sen-<br />
do a participação portuguesa coor-<br />
<strong>de</strong>nada pela Prof. Associada com<br />
Agregação em <strong>Química</strong>, da FCUL,<br />
Doutora Filomena Camões. A missão<br />
<strong>de</strong>ste consórcio é contribuir para uma<br />
melhoria radical no ensino da <strong>Química</strong><br />
Analítica através da excelência do en-<br />
sino em Ciência da Medição em Quí-<br />
mica. Um <strong>dos</strong> parceiros e forte pro-<br />
motor do consórcio é o JRC-IRMM,<br />
centro <strong>de</strong> refererência da Comissão<br />
Europeia, cuja missão é proporcionar<br />
apoio científico e técnico à concepção,<br />
<strong>de</strong>senvolvimento, implementação e<br />
monitorização das políticas da União<br />
Europeia, servindo os interesses <strong>dos</strong><br />
Esta<strong>dos</strong> Membros. Neste caso con-<br />
creto o objectivo é a promoção <strong>de</strong><br />
A ALUNOS DA FACULDADE DE CIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DE LISBOA<br />
Fotografia <strong>de</strong> Grupo<br />
um sistema <strong>de</strong> medições comum e<br />
credível. O ano lectivo <strong>de</strong> 2009/2010<br />
foi já o 3° ano <strong>de</strong> funcionamento do<br />
Mestrado Europeu, estando estes úl-<br />
timos alunos em fase <strong>de</strong> Projecto <strong>de</strong><br />
Tese. Dos alunos <strong>dos</strong> dois anos ante-<br />
riores, concluíram o seu Mestrado em<br />
<strong>Química</strong> Analítica da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Lisboa com o Suplemento <strong>de</strong> Mestra-<br />
do Europeu em Ciência da Medição<br />
em <strong>Química</strong>, seis alunos: Anabela<br />
Costa, Bárbara Anes, Ivânia Cabrita,<br />
Paula Gonçalves, Rute Sequeiros e<br />
Sara Sousa, que se <strong>de</strong>stacaram pelos<br />
seus bons resulta<strong>dos</strong> e que, a convite<br />
da Comissão Europeia, participaram<br />
na cerimónia <strong>de</strong> entrega <strong>dos</strong> respec-<br />
tivos Diplomas no passado dia 26 <strong>de</strong><br />
Outubro, no Joint Research Center<br />
da Comissão Europeia, em Geel, na<br />
Bélgica, em cerimónia integrada nas<br />
celebrações <strong>dos</strong> 50 anos do IRMM.<br />
A aluna Bárbara Anes, em represen-<br />
tação <strong>dos</strong> alunos europeus do Mes-<br />
trado, fez uma intervenção intitulada<br />
"O Impacto do Mestrado Europeu em<br />
Ciência da Medição em <strong>Química</strong> na<br />
minha Vida".<br />
Os alunos portugueses foram acom-<br />
panha<strong>dos</strong> pela Coor<strong>de</strong>nadora, Pro-<br />
fessora Doutora Filomena Camões<br />
e pelo Director da FCUL, Professor<br />
Doutor José Pinto Paixão. A presen-<br />
ça <strong>de</strong> representações análogas das<br />
restantes universida<strong>de</strong>s participantes<br />
proporcionou a organização <strong>de</strong> um<br />
proveitoso <strong>de</strong>bate sobre estratégias<br />
para promoção do ensino e da inves-<br />
tigação em <strong>Química</strong>, <strong>de</strong>signadamente<br />
em <strong>Química</strong> Analítica, a única sub-<br />
área da <strong>Química</strong> em que, <strong>de</strong> acordo<br />
com um estudo <strong>de</strong> 2008 elaborado<br />
pela SusChem - European Technology<br />
Platform For Sustainable Chemistry, a<br />
existência <strong>de</strong> emprego ultrapassa o<br />
número <strong>de</strong> gradua<strong>dos</strong>.<br />
PRÉMIO NOBEL DA QUÍMICA 2010: REACÇÕES DE ACOPLAMENTO CATALISADAS PELO PALÁDIO<br />
"ARTE NUM TUBO DE ENSAIO"<br />
O Prémio <strong>No</strong>bel Richard F. Heck (Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
da <strong>Química</strong> 2010 Delaware, Newark, USA), Ei-ichi Ne-<br />
foi atribuído a três gishi (Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Purdue, India-<br />
investigadores, na, USA) e Ahira Suzuki (Professor<br />
nomeadamente jubilado, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Hokkaido,<br />
aos Professores Sapporo, Japão), pela investigação<br />
MFC<br />
realizada na área da síntese orgânica,<br />
mais concretamente no que respeita<br />
a "Reacções <strong>de</strong> acoplamento catalisa-<br />
das pelo paládio utilizadas em síntese<br />
orgânica". Os seus trabalhos culmina-<br />
ram em novas formas, mais eficientes,<br />
QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 13
<strong>de</strong> formar ligações carbono-carbono,<br />
permitindo a construção <strong>de</strong> moléculas<br />
complexas, úteis no <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> novos materiais, fármacos e outras<br />
moléculas biologicamente activas.<br />
A química <strong>dos</strong> compostos <strong>de</strong> carbono<br />
(compostos orgânicos) é a base <strong>de</strong><br />
toda a vida na terra, sendo igualmen-<br />
te responsável por vários fenómenos<br />
naturais fascinantes. A química orgâ-<br />
nica permitiu ao ser humano a criação<br />
<strong>de</strong> novas moléculas <strong>de</strong> base carbo-<br />
no, tão complexas quanto as criadas<br />
pela natureza. Para tal, os químicos<br />
necessitam <strong>de</strong> estabelecer ligações<br />
entre átomos <strong>de</strong> carbono. <strong>No</strong> entan-<br />
to, <strong>de</strong>vido à estabilida<strong>de</strong> do carbono,<br />
os átomos <strong>de</strong> carbono não reagem<br />
facilmente uns com os outros. Os pri-<br />
meiros méto<strong>dos</strong> utiliza<strong>dos</strong> com este<br />
objectivo eram basea<strong>dos</strong> em técnicas<br />
que tornavam o carbono mais reacti-<br />
vo, contudo, estes méto<strong>dos</strong> permiti-<br />
ram apenas a síntese <strong>de</strong> moléculas<br />
simples, gerando <strong>de</strong>masia<strong>dos</strong> produ-<br />
tos secundários in<strong>de</strong>seja<strong>dos</strong> aquando<br />
da síntese <strong>de</strong> moléculas mais com-<br />
RX +<br />
Reagente Reagente<br />
electrofílico nucleofílico<br />
RX + R 11 M<br />
Reagente Reagente<br />
electrofílico nucleofílico<br />
Pd(O)<br />
Pd(O)<br />
plexas. As reacções <strong>de</strong> acoplamento<br />
catalisadas pelo paládio permitiram a<br />
resolução <strong>de</strong>ste problema, consistin-<br />
do numa "ferramenta" mais precisa e<br />
eficiente que po<strong>de</strong> ser utilizada pelos<br />
químicos em síntese orgânica.<br />
A importância da formação <strong>de</strong> novas<br />
ligações carbono-carbono reflecte-<br />
se no facto <strong>de</strong> vários prémios <strong>No</strong>bel<br />
terem já sido atribuí<strong>dos</strong> nesta área<br />
<strong>de</strong> trabalho, nomeadamente contem-<br />
plando a reacção <strong>de</strong> Grignard (1912),<br />
a reacção <strong>de</strong> Diels-Al<strong>de</strong>r (1950), a<br />
reacção <strong>de</strong> Wittig (1979) e a mais<br />
recente atribuição em 2005 <strong>de</strong>vido<br />
às reacções catalisadas por metais<br />
para a formação <strong>de</strong> ligações duplas<br />
carbono-carbono. Este ano, o prémio<br />
<strong>No</strong>bel da <strong>Química</strong> contemplou a for-<br />
mação <strong>de</strong> ligações simples carbono-<br />
carbono, nomeadamente a reacção<br />
<strong>de</strong> Heck, reacção <strong>de</strong> Negishi e reac-<br />
ção <strong>de</strong> Suzuki, todas elas catalisadas<br />
por paládio. O princípio das reacções<br />
<strong>de</strong> acoplamento catalisadas pelo pa-<br />
ládio consiste na agregação <strong>de</strong> duas<br />
moléculas no metal através da forma-<br />
R -R"<br />
(1)<br />
(2)<br />
ção <strong>de</strong> ligações metal-carbono. Desta<br />
forma, é muito elevada a proximida<strong>de</strong><br />
<strong>dos</strong> átomos <strong>de</strong> carbono liga<strong>dos</strong> ao<br />
paládio, permitindo que ocorra o seu<br />
acoplamento através da formação <strong>de</strong><br />
uma nova ligação simples carbono-<br />
carbono. Existem dois tipos <strong>de</strong> reac-<br />
ções <strong>de</strong> acoplamento <strong>de</strong> acordo com<br />
este princípio que se tornaram muito<br />
importantes no âmbito da síntese<br />
orgânica, as quais se encontram re-<br />
presentadas nas equações (1) e (2).<br />
Ambas as reacções <strong>de</strong>correm em<br />
condições bastante suaves uma vez<br />
que utilizam haletos orgânicos (ou<br />
compostos análogos) e olefinas ou<br />
compostos organometálicos <strong>de</strong> baixa<br />
reactivida<strong>de</strong> (R''M, em que M é tipica-<br />
mente zinco, boro ou estanho).<br />
O trabalho <strong>dos</strong> laurea<strong>dos</strong> é consi-<br />
<strong>de</strong>rado como muito significativo no<br />
campo da investigação académica e<br />
da indústria, permitindo a produção<br />
<strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> química fina incluindo<br />
fármacos e outras moléculas biologi-<br />
camente activas, produtos químicos<br />
utiliza<strong>dos</strong> nas agro-indústrias e novos<br />
materiais, os quais trouxeram gran<strong>de</strong>s<br />
benefícios à socieda<strong>de</strong> em geral. As<br />
reacções <strong>de</strong> acoplamento catalisadas<br />
pelo paládio foram revolucionárias na<br />
área da síntese orgânica, sendo que<br />
poucas reacções contribuíram tanto<br />
quanto estas para o aumento da efici-<br />
ência em síntese orgânica.<br />
(Fonte: "Press release" e "Scientific<br />
background" da Real Aca<strong>de</strong>mia Sueca<br />
<strong>de</strong> Ciências)<br />
JA<br />
Da esquerda para a direita: Professor Richard F. Heck enquanto leccionava uma aula na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Delaware; Professor Ei-ichi Negishi a leccionar<br />
uma aula na universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Purdue após a atribuição <strong>dos</strong> prémios <strong>No</strong>bel 2010; Professor Akira Suzuki a leccionar uma aula<br />
na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Hokkaido em Outubro <strong>de</strong> 1979 (Fonte: "Photo Gallery", <strong>No</strong>belprize.org, 4 <strong>No</strong>v 2010)<br />
14 QUÍMICA 119
A MOLÉCULA GIGANTE DE LINUS PAULING TORNADA REALIDADE: O PRÉMIO NOBEL DA FÍSICA DE 2010<br />
Linus Pauling, químico americano lau-<br />
reado com os Prémios <strong>No</strong>bel da Quí-<br />
mica (1954) e da Paz (1962), <strong>de</strong>se-<br />
nhou na página 235 do seu livro The<br />
Nature of the Chemical Bond um único<br />
plano <strong>de</strong> grafite, chamando-lhe uma<br />
molécula gigante. O que muito prova-<br />
velmente não ocorreu a Pauling é que<br />
um dia seria possível ter entre mãos<br />
uma tal molécula. É precisamente por-<br />
que tal se tornou realida<strong>de</strong> que a Real<br />
Aca<strong>de</strong>mia Sueca das Ciências distin-<br />
guiu com o Prémio <strong>No</strong>bel da Física <strong>de</strong><br />
2010 um mundo bidimensional povoa-<br />
do apenas por hexágonos e em cujos<br />
vértices resi<strong>de</strong>m átomos <strong>de</strong> Carbono,<br />
isto é, um único plano <strong>de</strong> grafite.<br />
Os Laurea<strong>dos</strong> com o Prémio <strong>No</strong>bel<br />
da Física <strong>de</strong> 2010 são os Professores<br />
André Geim e Kostantin <strong>No</strong>voselov<br />
(ver Figura 1), da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Manchester, no Reino Unido. A cita-<br />
ção relativa à atribuição do prémio é:<br />
"For groundbreaking experiments re-<br />
garding the two-dimensional material<br />
graphene"<br />
O que é, então, o grafeno? Esta nova<br />
forma <strong>de</strong> Carbono puro consiste num<br />
único plano <strong>de</strong> grafite e, portanto, da<br />
espessura <strong>de</strong> um único átomo, como<br />
se ilustra na Figura 2.<br />
A distribuição electrónica do Carbono<br />
é [C] = 1s 2 2s 2 2p 2 . As orbitais atómi-<br />
cas 2s, 2p e 2p hibridizam entre si<br />
formando três orbitais planares sp 2 ,<br />
as quais fazem ângulos <strong>de</strong> 120° en-<br />
tre elas; as ligações covalentes que<br />
se estabelecem entre essas orbitais<br />
<strong>de</strong>terminam a estrutura hexagonal da<br />
re<strong>de</strong>. A hibridização entre as orbitais<br />
pz dá origem às bandas <strong>de</strong> valência<br />
e condução do grafeno, n e n*, on<strong>de</strong><br />
po<strong>de</strong> ocorrer o transporte <strong>de</strong> carga.<br />
Esta molécula macroscópica, para<br />
usar os termos <strong>de</strong> Pauling, é na ver-<br />
da<strong>de</strong> o sólido mais fino que alguma<br />
vez a Natureza produzirá. Na verda-<br />
<strong>de</strong>, antes <strong>de</strong> Geim e <strong>No</strong>voselov terem,<br />
em 2004, isolado e medido um cristal<br />
<strong>de</strong> grafeno, os físicos não acredita-<br />
vam que um cristal a duas dimensões<br />
pu<strong>de</strong>sse existir. Felizmente, a Nature-<br />
za não pára <strong>de</strong> surpreen<strong>de</strong>r os seus<br />
mais sábios inquiridores.<br />
Figura 2 - Re<strong>de</strong> hexagonal do grafeno. Em<br />
cada vértice <strong>de</strong> um hexágono existe um átomo<br />
<strong>de</strong> Carbono. Do ponto <strong>de</strong> vista das translações<br />
que <strong>de</strong>ixam a re<strong>de</strong> invariante, os átomos <strong>de</strong><br />
Carbono etiqueta<strong>dos</strong> com as letras A e B não<br />
são equivalentes. Os electrões po<strong>de</strong>m mover-se<br />
<strong>de</strong> Carbono em Carbono, <strong>de</strong>ntro das orbitais<br />
n, com uma energia cinética <strong>de</strong> t = 2.7 eV. A<br />
distância entre dois átomos <strong>de</strong> Carbono vizinhos<br />
é ag=1.4 angstrom<br />
O método original <strong>de</strong> produção <strong>de</strong><br />
grafeno é tão simples que chega a<br />
parecer ingénuo (na verda<strong>de</strong> é en-<br />
genhoso). A grafite é um material que<br />
consiste no empilhamento <strong>de</strong> um nú-<br />
mero gigantesco <strong>de</strong>stes planos <strong>de</strong> he-<br />
xágonos, ou seja, <strong>de</strong> grafeno. A i<strong>de</strong>ia<br />
da equipa li<strong>de</strong>rada por André Geim foi<br />
a <strong>de</strong> conseguir remover <strong>de</strong> um cristal<br />
<strong>de</strong> grafite um único <strong>de</strong>sses planos.<br />
Como? Simplesmente usando fita-co-<br />
la para esfoliar a superfície da grafite.<br />
Após a esfoliação pressiona-se a fita-<br />
cola num vidro, com pedacinhos <strong>de</strong><br />
grafite a ela a<strong>de</strong>ri<strong>dos</strong>, <strong>de</strong>ixando no vi-<br />
dro resíduos <strong>de</strong> grafite, entre os quais<br />
se po<strong>de</strong>rá encontrar um único plano<br />
<strong>de</strong> grafeno. O gran<strong>de</strong> avanço do gru-<br />
po <strong>de</strong> Andre Geim foi <strong>de</strong>monstrar que<br />
é possível i<strong>de</strong>ntificar visualmente um<br />
<strong>de</strong>sse planos com um simples micros-<br />
cópio óptico.<br />
Vejamos, agora, os motivos que le-<br />
varam a Real Aca<strong>de</strong>mia Sueca das<br />
Ciências a distinguir com o Prémio<br />
<strong>No</strong>bel da Física <strong>de</strong> 2010 Andre Geim<br />
e Konstantin <strong>No</strong>voselov pelas suas in-<br />
vestigações em grafeno. Na parte do<br />
testamento <strong>de</strong> Alfred <strong>No</strong>bel que inte-<br />
ressa para este texto po<strong>de</strong> ler-se:<br />
" The whole of my remaining realizable<br />
estate shall be <strong>de</strong>alt with in the follow-<br />
ing way (...) distributed in the form of<br />
prizes to those who, during the pre-<br />
ceding year, shall have conferred the<br />
greatest benefit on mankind."<br />
Figura 1 - Da esquerda para a direita: Konstantin <strong>No</strong>voselov e Andre Geim no Laboratório <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong> magneto-transporte<br />
a baixas temperaturas on<strong>de</strong> foi <strong>de</strong>scoberto o efeito <strong>de</strong> Hall quantificado no grafeno<br />
(As fotografias são cortesia <strong>de</strong> Andre Geim e Konstantin <strong>No</strong>voselov)<br />
QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 15
A pergunta ocorre com naturalida<strong>de</strong>:<br />
quais os benefícios que o grafeno<br />
trouxe, ou trará ainda, à humanida<strong>de</strong>?<br />
Hoje em dia, o significado da palavra<br />
"benefícios" é abrangente, pois inclui,<br />
quer aplicações práticas, quer avan-<br />
ços significativos no conhecimento,<br />
mesmo que estes não estejam di-<br />
rectamente liga<strong>dos</strong> a aplicações. Na<br />
verda<strong>de</strong>, este conceito mais lato está<br />
já presente no testamento <strong>de</strong> Alfred<br />
<strong>No</strong>bel: "...important discovery or in-<br />
vention...".<br />
<strong>No</strong> caso <strong>de</strong>ste novo material encon-<br />
tramos os dois mun<strong>dos</strong> reuni<strong>dos</strong>: o do<br />
avanço do conhecimento em áreas<br />
inexploradas da Natureza e o das apli-<br />
cações úteis para a vida das pessoas,<br />
<strong>de</strong>correntes das investigações funda-<br />
mentais. Do ponto <strong>de</strong> vista da Física<br />
fundamental o aspecto mais extraor-<br />
dinário é o facto <strong>de</strong> os electrões se<br />
comportarem no grafeno como se ti-<br />
vessem perdido toda a sua massa em<br />
repouso, ou seja, estão no chamado<br />
regime ultra-relativista.<br />
As aplicações utilitárias do grafeno<br />
são também inúmeras, algumas já em<br />
processo <strong>de</strong> fabrico industrial. A atri-<br />
buição do Prémio <strong>No</strong>bel, em tempo<br />
muito curto, cerca <strong>de</strong> 6 anos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />
<strong>de</strong>scoberta do grafeno, a André Geim<br />
e Konstantin <strong>No</strong>voselov, premeia quer<br />
o avanço do conhecimento em física<br />
fundamental quer, como Alfred <strong>No</strong>bel<br />
<strong>de</strong>ixou escrito, o facto do material pro-<br />
meter muitas e variadas aplicações<br />
que beneficiarão a humanida<strong>de</strong>. As<br />
aplicações do grafeno resultam <strong>de</strong><br />
uma combinação única <strong>de</strong> proprieda-<br />
<strong>de</strong>s: (i) a geometria bi-dimensional, da<br />
espessura <strong>de</strong> um átomo; (ii) o carácter<br />
livre da estrutura, que não tem <strong>de</strong> es-<br />
tar confinada no interior <strong>de</strong> um dispo-<br />
sitivo sólido, o que permite a manipu-<br />
lação mecânica e química do material,<br />
<strong>de</strong> modo a realizar certas funções; (iii)<br />
e proprieda<strong>de</strong>s electrónicas, ópticas,<br />
térmicas e mecânicas, que mais ne-<br />
nhum material possui. Com esta com-<br />
binação <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s a imagina-<br />
ção parece ser o limite.<br />
Vejamos, agora, alguns exemplos das<br />
possíveis aplicações do grafeno: (i)<br />
novos painéis tácteis (touch-screens)<br />
para monitores <strong>de</strong> computadores e<br />
aparelhos <strong>de</strong> comunicação móvel.<br />
Como o grafeno é transparente e con-<br />
dutor torna-se claro que po<strong>de</strong> ser usa-<br />
do para produzir monitores que reque-<br />
rem eléctro<strong>dos</strong> transparentes; (ii) <strong>de</strong>-<br />
tectores <strong>de</strong> radiação <strong>de</strong> banda larga,<br />
já que a resposta óptica do grafeno é<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da frequência da radia-<br />
ção inci<strong>de</strong>nte numa gama que vai do<br />
infra-vermelho ao violeta; (iii) senso-<br />
res <strong>de</strong> pequenas quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cer-<br />
tos tipos <strong>de</strong> moléculas em ambientes<br />
fecha<strong>dos</strong> (úteis para ambientes labo-<br />
ratoriais <strong>de</strong> química e bioquímica). A<br />
condutivida<strong>de</strong> eléctrica do grafeno é<br />
muito sensível ao tipo <strong>de</strong> moléculas<br />
que se ligam à sua superfície, pelo<br />
que se po<strong>de</strong>rão conceber <strong>de</strong>tectores<br />
para espécies químicas específicas.<br />
Quando a superfície do grafeno é <strong>de</strong>-<br />
corada com ADN, este tipo <strong>de</strong> nariz à<br />
base <strong>de</strong> grafeno torna-se particular-<br />
mente sensível; (iv) <strong>de</strong>finição do pa-<br />
drão <strong>de</strong> resistência eléctrica usando<br />
o efeito <strong>de</strong> Hall quantificado. <strong>No</strong> gra-<br />
feno a quantificação da condutivida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Hall po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>terminada com<br />
uma precisão relativa superior a 10 -9 ;<br />
(v) sequenciação das bases do ADN,<br />
fazendo passar ca<strong>de</strong>ias simples <strong>de</strong>sta<br />
molécula por orifícios nanométricos<br />
produzi<strong>dos</strong> no grafeno por feixes <strong>de</strong><br />
electrões; (vi) medidor <strong>de</strong> massas<br />
muito pequenas, da or<strong>de</strong>m da <strong>de</strong> dois<br />
átomos <strong>de</strong> Ouro (zepto-gramas). A<br />
lista <strong>de</strong> possíveis aplicações po<strong>de</strong>ria<br />
continuar por mais várias linhas <strong>de</strong>ste<br />
texto.<br />
Finalmente, quem são André Geim e<br />
Kostantin <strong>No</strong>voselov? São físicos para<br />
os quais o gozo está na compreensão<br />
<strong>dos</strong> mistérios da Natureza, sendo ex-<br />
tremamente exigentes consigo mes-<br />
mos e com to<strong>dos</strong> aqueles com quem<br />
colaboram. Os autores <strong>de</strong>ste texto<br />
tiveram a oportunida<strong>de</strong> rara <strong>de</strong> traba-<br />
lhar com os Laurea<strong>dos</strong> com o prémio<br />
<strong>No</strong>bel da Física <strong>de</strong> 2010, em dois pro-<br />
blemas distintos: um ligado à física da<br />
bicamada <strong>de</strong> grafeno, um sistema em<br />
que em vez <strong>de</strong> uma única folha temos<br />
duas <strong>de</strong>las, uma por cima da outra,<br />
quimicamente ligadas entre si. Este<br />
sistema é particularmente interessan-<br />
te, pois permite o controlo externo da<br />
abertura <strong>de</strong> um hiato <strong>de</strong> energia no<br />
espectro electrónico por aplicação <strong>de</strong><br />
um campo eléctrico exterior. Um siste-<br />
ma <strong>de</strong>ste tipo não era conhecido antes<br />
da <strong>de</strong>scoberta do grafeno. O segundo<br />
problema, esteve ligado à transparên-<br />
cia do grafeno, tendo sido <strong>de</strong>monstra-<br />
do que esta é dada apenas por cons-<br />
tantes universais (1-na = 0.977, on<strong>de</strong><br />
a é a constante <strong>de</strong> estrutura fina que<br />
surge em física atómica). O número<br />
1-na significa que da totalida<strong>de</strong> da<br />
luz que inci<strong>de</strong> no grafeno 97.7% <strong>de</strong>sta<br />
passa através do material, daí ele ser<br />
uma membrana transparente, como<br />
se ilustra na Figura 3. Igualmente,<br />
não há mais nenhum sistema on<strong>de</strong> tal<br />
aconteça, isto é, em que a sua trans-<br />
mitância seja controlada apenas por<br />
constantes universais.<br />
Para além <strong>dos</strong> autores, há mais dois<br />
investigadores portugueses envolvi-<br />
<strong>dos</strong> na investigação teórica do grafe-<br />
no, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da sua <strong>de</strong>scoberta<br />
no final <strong>de</strong> 2004. São eles: Eduardo<br />
Vieira <strong>de</strong> Castro e Vítor Manuel Perei-<br />
ra. Ambos foram alunos <strong>de</strong> doutora-<br />
mento <strong>dos</strong> autores <strong>de</strong>ste texto e têm<br />
feito contribuições muito relevantes<br />
em física teórica nesta área.<br />
Figura 3 - Fotografia <strong>de</strong> um orifício <strong>de</strong> 50<br />
micrómetros <strong>de</strong> diâmetro parcialmente coberto<br />
por grafeno e iluminado por <strong>de</strong>trás com luz<br />
branca. São visíveis por contraste três zonas <strong>de</strong><br />
cinzentos. A primeira à esquerda correspon<strong>de</strong><br />
à zona em que o orifício não está coberto por<br />
grafeno; a do meio correspon<strong>de</strong> ao à presença<br />
<strong>de</strong> uma mono-camada <strong>de</strong> grafeno (97.7% da luz<br />
é transmitida); a zona da direita correspon<strong>de</strong> à<br />
cobertura por uma bicamada <strong>de</strong> grafeno (95.4%<br />
da luz é transmitida). (A fotografia é cortesia <strong>de</strong><br />
Andre Geim)<br />
BIBLIOGRAFIA<br />
K. S. <strong>No</strong>voselov, A. K. Geim, S. V. Morozov,<br />
D. Jiang, Y. Zhang, S. V. Dubonos, I. V. Gri-<br />
gorieva e A. A. Firsov, Electric Field Effect<br />
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666, 306 (2004).<br />
A. H. Castro Neto, F. Guinea e N. M. R.<br />
Peres, Drawing conclusions from gra-<br />
phene, Physics World 11, 33 (2006).<br />
A. K. Geim e K. S. <strong>No</strong>voselov, The rise of<br />
graphene, Nature Materials 6, 183 (2007).<br />
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60, 35 (2007)<br />
A. K. Geim e Philip Kim, Carbon won<strong>de</strong>r-<br />
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A. K. Geim, Graphene: Status and Pros-<br />
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N. M. R. Peres, Graphene, new physics in<br />
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A. H. Castro Neto, F. Guinea, N. M. R.<br />
Peres K. S. <strong>No</strong>voselov and A. K. Geim, The<br />
electronic properties of graphene, Reviews<br />
of Mo<strong>de</strong>rn Physics 81, 109 (2009) .<br />
N. M. R. Peres, Colloquium: The transport<br />
properties of graphene: An introduction, Re-<br />
views of Mo<strong>de</strong>rn Physics 82, 2673 (2010).<br />
N. M. R. Peres<br />
ULRICH SCHUBERT ELEITO NOVO PRESIDENTE DA EUCHEMS<br />
Em Outubro<br />
<strong>de</strong> 2011,<br />
Ulrich Schu-<br />
bert irá suce-<br />
<strong>de</strong>r a Luis Oro<br />
como Presi-<br />
<strong>de</strong>nte da Eu-<br />
CheMS, após<br />
eleição pela<br />
Assembleia Geral da EuCheMS, reali-<br />
zada em Bled, Eslovénia.<br />
Ulrich Schubert serviu a comunida<strong>de</strong><br />
científica como Vice-Presi<strong>de</strong>nte da<br />
<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Austríaca <strong>de</strong> <strong>Química</strong> en-<br />
tre 1998 e 2000 e como Presi<strong>de</strong>nte<br />
entre 2000 e 2004. Durante este perí-<br />
odo iniciou a 1 a Semana Austríaca <strong>de</strong><br />
<strong>Química</strong>. É director da Organização<br />
<strong>No</strong>s dias 4 e 5 <strong>de</strong> <strong>No</strong>vembro <strong>de</strong> 2010,<br />
realizou-se, na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciên-<br />
cias da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa, a 1a<br />
Conferência Nacional <strong>de</strong> Metrologia,<br />
CONFMET 2010 com o tema adopta-<br />
do internacionalmente para o ano <strong>de</strong><br />
2010, Medições na Ciência e na Tec-<br />
nologia. O acontecimento foi patroci-<br />
nado pela SPMet, <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Portu-<br />
guesa <strong>de</strong> Metrologia, pela RELACRE,<br />
Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Laboratórios Acredita<strong>dos</strong>, e<br />
pela SPQ, <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Portuguesa</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Química</strong>, inserindo-se nos respectivos<br />
objectivos <strong>de</strong> promover a expansão<br />
do ensino, da investigação científica<br />
e da divulgação da Metrologia Física<br />
e <strong>Química</strong>, contribuindo para a cre-<br />
dibilização <strong>dos</strong> resulta<strong>dos</strong> das medi-<br />
ções. A Comissão Organizadora e a<br />
Comissão Científica contaram com<br />
membros da três instituições. Os tra-<br />
balhos <strong>de</strong>senrolaram-se em oito ses-<br />
sões com apresentações orais e em<br />
Nacional A<strong>de</strong>rente da IUPAC na Áus-<br />
tria. Integrou vários painéis <strong>de</strong> revisão<br />
e <strong>de</strong> avaliação da União Europeia,<br />
do Conselho Europeu <strong>de</strong> Investiga-<br />
ção, da re<strong>de</strong> ERA-Chemistry e <strong>de</strong> vá-<br />
rios países Europeus. É actualmente<br />
membro do Conselho Executivo do<br />
Fundo Austríaco da Ciência, do Sena-<br />
do da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Austríaca <strong>de</strong> Investi-<br />
gação Christian-Doppler e do comité<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão da Iniciativa Alemã para a<br />
Excelência.<br />
Ulrich Schubert é Professor <strong>de</strong> Quími-<br />
ca Inorgânica no Instituto <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />
<strong>dos</strong> <strong>Materiais</strong> da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Tec-<br />
nologia <strong>de</strong> Viena. Os seus interesses<br />
<strong>de</strong> investigação centram-se nos mate-<br />
riais híbri<strong>dos</strong> inorgânicos-orgânicos,<br />
MEDIÇÕES NA CIÊNCIA E NA TECNOLOGIA<br />
poster, constando a sessão <strong>de</strong> abertu-<br />
ra <strong>dos</strong> cumprimentos <strong>de</strong> boas vindas<br />
aos participante segui<strong>dos</strong> da Lição<br />
"Ciência da Medição em <strong>Química</strong>".<br />
Enquanto a Metrologia Física é um<br />
tema já bastante consolidado no meio<br />
científico, a Metrologia <strong>Química</strong>, <strong>de</strong><br />
enorme expansão e importância num<br />
mundo actual on<strong>de</strong> os resulta<strong>dos</strong> <strong>de</strong><br />
medições químicas dominam a Eco-<br />
nomia e a <strong>Socieda<strong>de</strong></strong>, tem-se <strong>de</strong>sen-<br />
volvido enormemente ao longo das<br />
últimas décadas, o que justificou esta<br />
opção. Seguiram-se as sessões sobre<br />
Incertezas das Medições, Metrologia<br />
e Gestão, Medições na Ciência e na<br />
Tecnologia, que integrou um animado<br />
e importante <strong>de</strong>bate sobre Compara-<br />
bilida<strong>de</strong> das Medições em <strong>Química</strong>,<br />
Metrologia em <strong>Química</strong>, Posters, Ca-<br />
libração e Ensaio e, antes do encer-<br />
ramento, uma sessão <strong>de</strong> divulgação<br />
e <strong>de</strong>bate a cargo da IMEKO, Interna-<br />
Departamento <strong>de</strong> Física e CFUM, Universi-<br />
da<strong>de</strong> do Minho, P-4710-057 Braga<br />
J. M. B. Lopes <strong>dos</strong> Santos<br />
CFP e Departamento <strong>de</strong> Física e Astrono-<br />
mia, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências da Universida<strong>de</strong><br />
do Porto, P-4169-007, Porto<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a química <strong>dos</strong> precursores às<br />
aplicações. Possui também um forte<br />
background na química organometá-<br />
lica e do silício. Supervisionou cerca<br />
<strong>de</strong> 75 estudantes <strong>de</strong> doutoramento<br />
<strong>de</strong> 11 nacionalida<strong>de</strong>s diferentes e os<br />
resulta<strong>dos</strong> científicos do seu grupo<br />
estão documenta<strong>dos</strong> em mais <strong>de</strong> 450<br />
artigos, incluindo vários artigos <strong>de</strong> re-<br />
visão e alguns livros. É membro da<br />
Aca<strong>de</strong>mia Austríaca das Ciências e<br />
da Aca<strong>de</strong>mia Alemã Leopoldina.<br />
Para mais informações consultar:<br />
http://info.tuwien.ac.at/inorganic/staff/<br />
pers_schubert_e.php.<br />
(Fonte: EuCheMS)<br />
HG<br />
tional Measurement Confe<strong>de</strong>ration,<br />
cujas comissões técnicas englobam<br />
membros portugueses e que teve o<br />
seu congresso anual em Lisboa, em<br />
2009. A Sessão <strong>de</strong> Posters teve a<br />
originalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contar com uma pe-<br />
quena apresentação pelos autores,<br />
junto do trabalho respectivo, que enri-<br />
queceu a comunicação com os partici-<br />
pantes. Antes do encerramento foram<br />
anunciadas novas iniciativas para o<br />
futuro próximo, <strong>de</strong>signadamente para<br />
2011, ano rico em efeméri<strong>de</strong>s nacio-<br />
nais e internacionais, <strong>de</strong>signadamente<br />
em <strong>Química</strong>. Salienta-se a workshop<br />
"Desenvolvimentos Recentes em In-<br />
certeza das Medições" organizada pelo<br />
Grupo <strong>de</strong> Trabalho Eurachem/CITAC<br />
sobre Medição <strong>de</strong> Incerteza e Rastrea-<br />
bilida<strong>de</strong> que terá lugar em Lisboa <strong>de</strong> 6<br />
a 7 <strong>de</strong> Junho.<br />
QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 17<br />
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PRINCIPLES OF MOLECULAR PHOTOCHEMISTRY -<br />
NICHOLAS J. TURRO, V. RAMAMURTHY E J. C . SCAIANO<br />
University Science Books, Sausalito, CA, 2009.<br />
495 páginas * ISBN 978-1891389573<br />
Quando iniciei a minha carreira <strong>de</strong> in-<br />
vestigação em fotoquímica, há mais<br />
<strong>de</strong> quatro décadas, só havia dois li-<br />
vros recentes <strong>de</strong>dica<strong>dos</strong> à área, "Mo-<br />
lecular Photochemistry" <strong>de</strong> N. J. Turro,<br />
e "Photochemistry" por J. G. Calvert e<br />
J. N. Pitts. Os dois continuam a ser ex-<br />
celentes fontes <strong>de</strong> informação, mas, o<br />
livro mais pequeno, o <strong>de</strong> Nick Turro<br />
(aproximadamente 300 páginas), ti-<br />
nha a vantagem <strong>de</strong>, além <strong>de</strong> introduzir<br />
rapidamente um aprendiz como eu na<br />
área, induzir o gosto pela fotoquímica.<br />
O livro estava muito bem escrito e per-<br />
mitia dominar com alguma facilida<strong>de</strong><br />
os conceitos básicos. Começou a ser<br />
cada vez mais difícil encontrar o livro<br />
e, com o tempo, começaram também<br />
a faltar os novos <strong>de</strong>senvolvimentos,<br />
típicos <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong> crescimento<br />
rápido e que tiveram lugar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />
sua publicação, em 1964. Em 1978,<br />
Turro publicou um livro bastante maior<br />
e mais abrangente, intitulado "Mo<strong>de</strong>rn<br />
Molecular Photochemistry", que foi<br />
consi<strong>de</strong>rado por um gran<strong>de</strong> número<br />
<strong>de</strong> químicos e físicos, como eu, o livro<br />
<strong>de</strong> referência na área.<br />
Três décadas <strong>de</strong>pois temos o há mui-<br />
to esperado "Principles of Molecular<br />
Photochemistry - An Introduction".<br />
Este novo livro tem por base as mes-<br />
mas i<strong>de</strong>ias <strong>dos</strong> seus antecessores,<br />
mas beneficia <strong>de</strong> um tratamento mais<br />
Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra, burrows@ci.uc.pt<br />
abrangente das bases espectroscó-<br />
picas e fotofísicas da fotoquímica e<br />
também da inclusão <strong>dos</strong> <strong>de</strong>senvolvi-<br />
mentos mais recentes da área, nome-<br />
adamente na parte teórica. Este novo<br />
livro beneficiou também da colabora-<br />
ção <strong>de</strong> dois co-autores, V. Ramamur-<br />
thy e J. C. (Tito) Scaiano, cientistas<br />
muito respeita<strong>dos</strong> <strong>de</strong>ntro e fora da co-<br />
munida<strong>de</strong> fotoquímica.<br />
A <strong>de</strong>scrição <strong>dos</strong> conceitos mais im-<br />
portantes <strong>de</strong> espectroscopia e fotofí-<br />
sica assenta numa base pictórica, em<br />
vez <strong>de</strong> <strong>de</strong>scrições matemáticas <strong>de</strong>-<br />
talhadas, e, em sete capítulos, apre-<br />
senta aos estudantes as i<strong>de</strong>ias mais<br />
importantes da fotoquímica. A filosofia<br />
<strong>de</strong>scritiva do livro fundamenta a sua<br />
utilização como um "primer" <strong>de</strong> foto-<br />
química. O livro é relativamente gran-<br />
<strong>de</strong> (495 páginas), mas é fácil estudar<br />
cada secção separadamente.<br />
O livro começa com uma visão global<br />
da fotoquímica. A seguir apresenta os<br />
esta<strong>dos</strong> electrónicos e vibracionais e<br />
a importância do acoplamento <strong>de</strong> spin<br />
<strong>dos</strong> electrões. O tratamento <strong>de</strong> tópi-<br />
cos base como o princípio <strong>de</strong> Franck-<br />
Condon e o acoplamento spin-orbital<br />
é bastante elegante, conduzindo <strong>de</strong><br />
uma forma natural aos capítulos se-<br />
guintes sobre a transições radiativas<br />
e não-radiativas entre esta<strong>dos</strong> elec-<br />
trónicos. A apresentação conceptual<br />
é excelente para disciplinas <strong>de</strong> licen-<br />
LIVROS E MULTIMÉDIA<br />
AN INTRODUCTION<br />
HUGH BURROWS*<br />
Principles of Molecular Photochemistry<br />
An Introduction<br />
Nicholas J. Turro<br />
VRamamimhy<br />
J-C. Scaiano<br />
ciatura ou <strong>de</strong> pós-graduação em foto-<br />
química. Facilitará também a sua utili-<br />
zação por estudantes <strong>de</strong> áreas afins,<br />
como a fotobiologia ou as ciências<br />
<strong>dos</strong> materiais. A bibliografia <strong>de</strong>talhada<br />
facilitará ainda o acesso a tratamen-<br />
tos mais quantitativos <strong>dos</strong> processos<br />
espectroscópicos e fotofísicos.<br />
Na sequência surge um capítulo so-<br />
bre a teoria da fotoquímica orgânica.<br />
Dado o interesse <strong>dos</strong> três autores,<br />
não surpreen<strong>de</strong> que seja dada ênfa-<br />
se a sistemas orgânicos. <strong>No</strong> entan-<br />
to serve perfeitamente como ponto<br />
<strong>de</strong> partida para estu<strong>dos</strong> <strong>de</strong> sistemas<br />
inorgânicos e organometálicos, po-<br />
<strong>de</strong>ndo facilmente ser acompanhado<br />
por livros ou artigos <strong>de</strong> revisão <strong>de</strong>stas<br />
áreas. Na secção final, há discussão<br />
<strong>de</strong> vários aspectos <strong>dos</strong> processos <strong>de</strong><br />
transferência <strong>de</strong> energia e <strong>de</strong> electrão<br />
no estado excitado, incluindo muitos<br />
exemplos relevantes e recentes.<br />
O tratamento da fotoquímica orgânica<br />
é abrangente, a apresentação exce-<br />
lente e o preço acessível. Recomen-<br />
do vivamente este livro a estudantes,<br />
professores e investigadores <strong>de</strong> foto-<br />
química, e <strong>de</strong> áreas associadas. Para<br />
os que preten<strong>de</strong>m um tratamento mais<br />
profundo, tenho o prazer <strong>de</strong> recomen-<br />
dar o livro associado, o "Mo<strong>de</strong>rn Mole-<br />
cular Photochemistry of Organic Mole-<br />
cules" (ISBN 978-1891389252), pelos<br />
mesmos autores.<br />
QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 19
Segurança para uma vida<br />
Titulação Cromatografia iónica Medidores (pH, condutivida<strong>de</strong><br />
e concentração <strong>de</strong> iões)<br />
A MT Brandão é <strong>de</strong>s<strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 2010 a empresa responsável pela venda, assistência técnica e apoio aos produtos e<br />
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tPpceiT glãNêt]<br />
^W 0
NICHOLAS J. TURRO<br />
CO-AUTOR DO LIVRO "PRINCIPLES OF MOLECULAR<br />
PHOTOCHEMISTRY - AN INTRODUCTION<br />
ENTREVISTA CONDUZIDA POR JOSÉ PAULO DA SILVA*<br />
ENTREVISTA<br />
O Professor Nicholas J. Turro e o seu grupo estão no imaginário da maior parte <strong>dos</strong><br />
estudantes <strong>de</strong> Fotoquímica ou <strong>dos</strong> que simplesmente necessitaram <strong>dos</strong> fundamentos <strong>de</strong>sta<br />
área do conhecimento. Já praticamente to<strong>dos</strong> nós consultámos o seu famoso livro ou lemos<br />
algum artigo científico <strong>dos</strong> mais <strong>de</strong> novecentos e cinquenta publica<strong>dos</strong> até agora. É o resul-<br />
tado <strong>de</strong> uma vida <strong>de</strong> trabalho on<strong>de</strong> a paixão pelo ensino e pela investigação esteve sempre<br />
presente e continua como se fosse a primeira lição ou o primeiro projecto <strong>de</strong> investigação.<br />
JPS: Professor Turro, como começou<br />
a carreira em <strong>Química</strong>?<br />
NJT: Bem, o primeiro ciclo foi numa<br />
universida<strong>de</strong> 1 na minha terra natal,<br />
em Middletown, Connecticut, on<strong>de</strong><br />
trabalhei em <strong>Química</strong> Inorgânica; fiz<br />
estu<strong>dos</strong> <strong>de</strong> oxidação-redução do fer-<br />
roceno. Depois fui fazer o doutora-<br />
mento para o Caltech 2 , pensando que<br />
ia continuar em <strong>Química</strong> Inorgânica,<br />
mas nessa altura não havia lá ne-<br />
nhum químico inorgânico e acabei por<br />
trabalhar com George Hammond.<br />
"GOSTO DE TRABALHAR EM VÁRIAS<br />
IDEIAS AO MESMO TEMPO EM VEZ<br />
DE ME FOCAR APENAS NUM ASSUNTO."<br />
JPS: Porquê George Hammond?<br />
NJT: Nessa altura Hammond estava a<br />
trabalhar em <strong>Química</strong>-Física Orgânica<br />
e eu estava interessado em mecanis-<br />
mos. Eu não sabia nada <strong>de</strong> Fotoquí-<br />
mica, mas a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r o<br />
porquê e como as moléculas reagem<br />
era bastante atractivo para mim. Co-<br />
mecei a trabalhar e ele <strong>de</strong>u-me um<br />
projecto que, na realida<strong>de</strong>, nada tinha<br />
a ver com Fotoquímica. Era mais um<br />
projecto sobre mecanismos; era sobre<br />
* Universida<strong>de</strong> do Algarve, jpsilva@ualg.pt<br />
a <strong>de</strong>composição térmica do etilpiruva-<br />
to. Ele pensava que a reacção podia<br />
ocorrer a partir do estado tripleto, que<br />
nós agora conhecemos bem, mas que<br />
na altura não estava bem compreen-<br />
dido. Eu não sabia o que era o estado<br />
tripleto, mas ele pensava que a re-<br />
acção podia ser catalisada pela pre-<br />
sença <strong>de</strong> espécies paramagnéticas.<br />
Num sábado pedi a outro investigador<br />
alguns metais, catiões metálicos que<br />
ele entretanto estava a usar, e <strong>de</strong>sco-<br />
bri que não havia qualquer relação en-<br />
tre o paramagnetismo e a catálise; era<br />
um processo <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> elec-<br />
trão. Decidimos então tentar vários<br />
<strong>de</strong>stes materiais com a benzofenona<br />
como foto-sensibilizador e come-<br />
çámos a ver uma libertação <strong>de</strong> gás;<br />
estava a ser libertado dióxido <strong>de</strong> car-<br />
bono. Telefonámos a Hammond, ele<br />
veio e percebeu imediatamente o que<br />
se estava a passar: estava a ocorrer<br />
transferência <strong>de</strong> energia da benzofe-<br />
nona para o piruvato e era assim que<br />
tudo começava. Estas coisas aconte-<br />
cem... não estavam planeadas, mas o<br />
resultado foi fantástico.<br />
JPS: Mas podia ter escolhido outro<br />
grupo.<br />
NJT: Havia vários grupos. Um <strong>de</strong>-<br />
les era o <strong>de</strong> Jack Roberts, que fazia<br />
<strong>Química</strong> Orgânica mecanística. Mas<br />
eu pensei que era muito quantitati-<br />
vo. Hammond era mais exploratório.<br />
Hammond olhava para as coisas a um<br />
nível mais qualitativo, o que era bas-<br />
tante mais atractivo para mim. Gosto<br />
<strong>de</strong> trabalhar em várias i<strong>de</strong>ias ao mes-<br />
mo tempo em vez <strong>de</strong> me focar apenas<br />
num assunto. E com Hammond eu vi<br />
um conjunto <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s que<br />
se ramificavam em várias direcções.<br />
A partir da transferência <strong>de</strong> energia, foi<br />
<strong>de</strong> on<strong>de</strong> arrancámos, pensámos, "va-<br />
mos fazer transferência <strong>de</strong> energia <strong>de</strong><br />
tudo!" Por isso fomos tentando várias<br />
coisas. Necessitávamos <strong>de</strong> uma boa<br />
técnica analítica e a técnica analítica<br />
na altura era a cromatografia gasosa.<br />
Tínhamos três ou quatro cromatógra-<br />
fos a trabalhar simultaneamente até<br />
se encontrar algo <strong>de</strong> interessante que<br />
era <strong>de</strong>pois seguido.<br />
JPS: Depois regressou à Costa Este<br />
e conseguiu uma posição na Universi-<br />
da<strong>de</strong> <strong>de</strong> Colúmbia.<br />
NJT: Antes disso houve um ano <strong>de</strong><br />
pós-doutoramento com Paul D. Bar-<br />
tlett em Harvard 3 . Hammond foi estu-<br />
dante <strong>de</strong> Bartlett... Como po<strong>de</strong>s ver,<br />
Bartlett, Hammond e eu, três gerações<br />
da <strong>Química</strong>-Física Orgânica. O meu<br />
chefe, Hammond, queria que eu fi-<br />
casse na Costa Oeste. Conseguiu-me<br />
mesmo criar condições para um em-<br />
QUÍMICA 1 1 9 - OUT/DEZ 10 2 1
prego na UCLA 4 , o que foi excelente,<br />
mas a Sandy 5 não queria ficar na Cos-<br />
ta Oeste. Descobri então que havia<br />
uma posição aberta na Universida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Columbia, fiz alguns telefonemas e<br />
fui convidado a fazer uma comunica-<br />
ção oral. O engraçado é que essa co-<br />
municação oral estava para ser dada<br />
por um cientista russo que, entretanto,<br />
não veio. Por isso, consegui a comu-<br />
nicação oral e também o emprego.<br />
Mais uma vez nada estava planeado.<br />
Simplesmente aconteceu.<br />
JPS: Qual foi o seu primeiro projecto<br />
<strong>de</strong> investigação na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Columbia?<br />
NJT: A primeira coisa que <strong>de</strong>cidi foi<br />
ficar afastado da Fotoquímica, pois<br />
po<strong>de</strong>ria ser acusado <strong>de</strong> estar a fazer<br />
coisas semelhantes às do meu orien-<br />
tador <strong>de</strong> doutoramento. Comecei com<br />
um projecto que consistia em produ-<br />
zir materiais <strong>de</strong> alta energia. Um <strong>dos</strong><br />
compostos era a ciclopropanona. Nin-<br />
guém a tinha sintetizado nessa altura,<br />
mas dizia-se que podia ser obtida por<br />
reacção entre o ceteno e o diazome-<br />
tano a baixa temperatura. Trabalhei<br />
com diazometano enquanto estudan-<br />
te. É uma coisa terrível. é venenoso,<br />
é um gás, é explosivo. e o ceteno é<br />
parecido. Mas. bom, temos que vi-<br />
ver com isso. Nunca tinha sido isola-<br />
da porque reage com a água, consigo<br />
própria. faz várias coisas. Por isso<br />
nessa altura pensei: vou tentar <strong>de</strong>ter-<br />
minar os intermediários <strong>de</strong> reacção<br />
por espectroscopia <strong>de</strong> infravermelho.<br />
Tive um estudante <strong>de</strong> doutoramento<br />
fabuloso nessa altura. O seu nome<br />
era Hammond, mas não havia qual-<br />
quer relação com George Hammond.<br />
O meu primeiro estudante <strong>de</strong> douto-<br />
ramento chamava-se Willis Hammond<br />
e era espectacular! Ele foi capaz <strong>de</strong><br />
isolar a ciclopropanona e fizemos vá-<br />
rias coisas a partir daí. Foi uma gran-<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta porque era um <strong>de</strong>safio<br />
<strong>de</strong> topo e consegui trabalhar os meca-<br />
nismos <strong>de</strong> várias maneiras. Há outra<br />
coisa interessante. George Hammond<br />
<strong>de</strong>cidiu, no final da década <strong>de</strong> sessen-<br />
ta, mudar-se para outra universida<strong>de</strong><br />
da qual se tornou reitor. O seu grupo<br />
começou a diminuir. <strong>No</strong> final da déca-<br />
da <strong>de</strong> sessenta e princípios <strong>de</strong> setenta<br />
já praticamente não fazia Fotoquímica<br />
e, por isso, a área caiu-me no labo-<br />
ratório. Isto permitiu-me fazer muito<br />
mais coisas em Fotoquímica do que<br />
estava à espera. Com o livro, escrito<br />
durante o meu pós-doc, enquanto es-<br />
tava com Bartlett, e com os trabalhos<br />
sobre a ciclopropanona consegui a<br />
minha posição permanente na Univer-<br />
sida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Columbia.<br />
FAMÍLIA E PROFISSIONALISMO<br />
JPS: Está a dirigir um grupo <strong>de</strong> inves-<br />
tigação há cerca <strong>de</strong> 50 anos. Já teve<br />
mais <strong>de</strong> 75 estudantes <strong>de</strong> doutora-<br />
mento e 200 pós-docs. É uma família<br />
<strong>de</strong> químicos espantosamente gran<strong>de</strong>.<br />
Quando eu penso no grupo do Profes-<br />
sor Turro lembro-me imediatamente<br />
<strong>de</strong> duas palavras: família e profissio-<br />
nalismo. Po<strong>de</strong> explicar estes dois con-<br />
ceitos na primeira pessoa?<br />
NJT: Família e profissionalismo. Há<br />
uma tensão aqui. Se por um lado há<br />
muita família, o profissionalismo po<strong>de</strong><br />
per<strong>de</strong>r-se; se fores muito profissional<br />
per<strong>de</strong>s a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tirar partido<br />
das relações familiares. É um equilí-<br />
brio muito <strong>de</strong>licado e, por vezes, não<br />
funciona. As minha relações com os<br />
alunos são familiares no sentido <strong>de</strong> se<br />
criar uma confiança e essa confiança<br />
nunca <strong>de</strong>ve ser violada. O profissiona-<br />
lismo, para mim, é uma consciência<br />
que diz o que está correcto. Diz quan-<br />
do estás a fazer as coisas correcta-<br />
mente. A combinação <strong>de</strong> ambos tem<br />
significado para os que gostam da<br />
situação familiar, e são estimula<strong>dos</strong><br />
a interagir, e do profissionalismo, que<br />
lhes diz como interagir. Quando as<br />
coisas não correm bem <strong>de</strong>vem inter-<br />
Profissionalismo<br />
rogar-se e perceber porque não cor-<br />
reram bem. Se os estudantes aprecia-<br />
rem isto, sabem que po<strong>de</strong>m lidar com<br />
qualquer situação, por mais difícil que<br />
seja porque têm uma base <strong>de</strong> entendi-<br />
mento e boa prática. Por isso, a mistu-<br />
ra é algo que <strong>de</strong>ve ser cultivado e não<br />
são <strong>de</strong> todo incompatíveis. Po<strong>de</strong>m<br />
mesmo reforçar-se mutuamente! Uma<br />
analogia é a relação universida<strong>de</strong>-<br />
empresa. A empresa, num <strong>dos</strong> extre-<br />
mos, só preten<strong>de</strong> ganhar dinheiro. A<br />
universida<strong>de</strong> preten<strong>de</strong> trocar i<strong>de</strong>ias. A<br />
empresa preten<strong>de</strong> proteger as i<strong>de</strong>ias<br />
e a universida<strong>de</strong> também necessita<br />
<strong>de</strong> dinheiro para funcionar. Para as<br />
tornar compatíveis necessitamos <strong>de</strong><br />
compreen<strong>de</strong>r ambos os la<strong>dos</strong>, conhe-<br />
cer quais os seus objectivos. Se não<br />
concordarem com o outro lado, sim-<br />
plesmente não se envolvem.<br />
ESTUDANTES<br />
JPS: Após to<strong>dos</strong> estes anos <strong>de</strong> in-<br />
vestigação e ensino, quais consi<strong>de</strong>ra<br />
serem as principais capacida<strong>de</strong>s que<br />
os estudantes <strong>de</strong>vem ter ou adquirir<br />
durante o doutoramento para serem<br />
bem sucedi<strong>dos</strong>?<br />
NJT: Há dois tipos <strong>de</strong> faculda<strong>de</strong>s.<br />
Uma é a técnica, que tem a ver com<br />
o uso <strong>de</strong> equipamento e da literatura.<br />
A segunda é uma aptidão cognitiva,<br />
como pensar, como compreen<strong>de</strong>r,<br />
como é que os processos integra<strong>dos</strong><br />
<strong>de</strong> família e profissionalismo ajudam<br />
a avançar. A expressão que costumo<br />
usar é "relações interpessoais". Esta<br />
aptidão <strong>de</strong>senvolve-se e vem das nos-<br />
22 QUÍMICA 119
sas reuniões <strong>de</strong> grupo e da interacção<br />
pessoa a pessoa. Não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>s-<br />
crita nos livros. A noção <strong>de</strong> como fazer<br />
investigação, como <strong>de</strong>cidir o que é im-<br />
portante, como trabalhar com os ou-<br />
tros e integrar tudo isto, é realmente<br />
importante. Os estudantes que fazem<br />
o doutoramento comigo, posso dizer,<br />
não são fotoquímicos, são cientistas.<br />
Por isso não me preocupo muito se<br />
eles não arranjarem um problema <strong>de</strong><br />
Fotoquímica. "Dê-me algo que me en-<br />
tusiasme, algo que eu consiga com-<br />
preen<strong>de</strong>r a razão e eu começo a par-<br />
tir daí". É o tipo <strong>de</strong> estudante que eu<br />
quero doutorar.<br />
JPS: É fácil arranjar emprego em Quí-<br />
mica nos Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>?<br />
NJT: Bem. Não é tão fácil como cos-<br />
tumava ser. Posso dizer que to<strong>dos</strong> os<br />
meus estudantes arranjaram empre-<br />
go. Qualquer estudante que trabalhe<br />
comigo a fazer investigação conse-<br />
guirá, eventualmente, um emprego <strong>de</strong><br />
que goste. Penso que uma das razões<br />
é que as pessoas que nós temos na<br />
universida<strong>de</strong> e no grupo são reconhe-<br />
cidas como vindo <strong>de</strong> uma família com<br />
provas dadas. Isto é a melhor evi-<br />
dência da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um candida-<br />
to. Posso conseguir entrevistas, mas<br />
convencer o empregador é com eles.<br />
JPS: Teve que gerir, durante to<strong>dos</strong><br />
estes anos, estudantes diferentes,<br />
pessoas <strong>de</strong> diferentes origens. Qual o<br />
segredo para manter todas estas pes-<br />
soas unidas?<br />
NJT: Numa palavra: Sandy! A Sandy<br />
está em primeiro lugar. Tem sido uma<br />
integradora formidável. Ocasional-<br />
mente, tive alguns problemas. Cometi<br />
um erro uma vez. Tive um pós-doc da<br />
Alemanha que ficou lado a lado com<br />
outro da Rússia. Não foi boa i<strong>de</strong>ia. Não<br />
percebi logo. Quando estava por perto<br />
eles pareciam calmos, mas <strong>de</strong>scobri<br />
mais tar<strong>de</strong> que discutiam bastante por<br />
motivos políticos. Separei-os e falei<br />
com eles individualmente. Provavel-<br />
mente, até foram beber uma cerveja<br />
juntos <strong>de</strong>pois disso. Isto remete-nos<br />
outra vez para o profissionalismo. Por<br />
outras palavras, tem que se mostrar<br />
que não há lugar na ciência para isto.<br />
A família e o profissionalismo resol-<br />
vem situações <strong>de</strong>stas completamente.<br />
Esta é uma atitu<strong>de</strong>. A outra é ser aco-<br />
lhedor. A Sandy é bastante acolhedora<br />
e eu tento ser tanto quanto possível.<br />
Um <strong>dos</strong> maiores problemas é quando<br />
alguém não compreen<strong>de</strong> uma cultura<br />
on<strong>de</strong> tudo pertence a to<strong>dos</strong>. Não é<br />
bom e o profissionalismo diz "Ei, le-<br />
vaste algo emprestado, ok, mas tens<br />
que <strong>de</strong>ixar uma nota, po<strong>de</strong>s ter levado<br />
algo muito importante para uma expe-<br />
riência." Isto tem que ser explicado.<br />
JPS: Gran<strong>de</strong> parte <strong>dos</strong> estudantes <strong>de</strong><br />
<strong>Química</strong> gosta <strong>de</strong> estar no laborató-<br />
rio a fazer experiências e não gosta<br />
muito <strong>de</strong> fazer pesquisa bibliográfica.<br />
Como gere este problema no seio do<br />
seu grupo?<br />
NJT: Resolvemos o problema recor-<br />
rendo ao conceito <strong>de</strong> família. Temos<br />
no grupo uma comissão para a bi-<br />
bliografia. Esta comissão está encar-<br />
regada <strong>de</strong> nos sensibilizar e manter<br />
actualiza<strong>dos</strong> sobre novos trabalhos.<br />
Fundamental aqui é a noção da eru-<br />
dição que tens em <strong>de</strong>terminada área<br />
(scholarship). Quando alguém expõe<br />
uma <strong>de</strong>terminada i<strong>de</strong>ia, eu pergunto:<br />
O que há publicado sobre isso? As<br />
pessoas agora não aparecem sem<br />
estar preparadas! O passo a seguir<br />
é tornar efectiva e fácil a pesquisa bi-<br />
bliográfica. Po<strong>de</strong>s ir à minha página<br />
<strong>de</strong> internet. Escolhe "Info" e <strong>de</strong>pois<br />
"favourite e-journals". Vais encontrar<br />
vários motores <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong> lite-<br />
ratura. Clica em "iBookshelf" e selec-<br />
ciona por exemplo Accounts of Che-<br />
mical Research ou vai para a secção<br />
<strong>de</strong> livros... Ao escolher qualquer um<br />
<strong>de</strong>stes items, o sistema direcciona-te<br />
para a biblioteca da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Colúmbia. O que pretendo mostrar<br />
aqui é que os estudantes têm dispo-<br />
Reunião do Grupo<br />
nível esta ferramenta para pesquisar.<br />
A literatura é um recurso tremendo.<br />
Uma vez motiva<strong>dos</strong> para a pesquisa<br />
bibliográfica, a verificação <strong>de</strong> que é<br />
fácil e o estímulo intelectual associa-<br />
do fazem com que o processo tenha<br />
lugar naturalmente.<br />
O LIVRO DE FOTOQUÍMICA<br />
JPS: Veio para a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Co-<br />
lúmbia em 1964 e publicou a primeira<br />
edição do livro nesse mesmo ano.<br />
NJT: Quando escrevi o livro eu que-<br />
ria um lugar on<strong>de</strong> pu<strong>de</strong>sse encontrar<br />
tudo sobre Fotoquímica. Estava a dar<br />
um curso <strong>de</strong> Fotoquímica, juntei refe-<br />
rências e resolvi escrever o livro. Pen-<br />
sei. estas são as minhas notas, pos-<br />
so transformá-las em livro. Quando o<br />
escrevi estava convencido que sabia<br />
todas as reacções fotoquímicas pu-<br />
blicadas; e levava isso muito a sério.<br />
Em 1978, eu sabia que não era exac-<br />
tamente verda<strong>de</strong> e nos anos noventa<br />
era impossível. Em 1964 era verda<strong>de</strong><br />
que eu possuía um cartão para cada<br />
reacção fotoquímica publicada.<br />
acreditas? Era simplesmente a com-<br />
binação do conhecimento com a pe-<br />
quenez do mundo nessa altura. Mas<br />
havia outros grupos a fazer o mesmo.<br />
Se fores ver na literatura, encontrarás<br />
excelentes livros <strong>de</strong>ssa altura. Eu ti-<br />
nha seis livros na minha prateleira en-<br />
quanto estudante <strong>de</strong> doutoramento e<br />
isso era o mundo. Um livro <strong>de</strong> sínte-<br />
se, um livro <strong>de</strong> mecanismos, um livro<br />
<strong>de</strong> Espectroscopia. era <strong>de</strong> facto um<br />
mundo pequeno!<br />
JPS: A segunda edição do livro foi em<br />
1978 e agora temos a terceira edição<br />
QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 23
(2009-2010). Há um gran<strong>de</strong> intervalo<br />
<strong>de</strong> tempo entre a segunda e a tercei-<br />
ra edição. Porquê? Consi<strong>de</strong>ra que os<br />
paradigmas principais da Fotoquímica<br />
não mudaram muito?<br />
NJT: Penso que foi uma combinação<br />
<strong>de</strong> factores. Primeiro, <strong>de</strong> facto os pa-<br />
radigmas não mudaram muito. Penso<br />
que a transferência <strong>de</strong> electrão foi um<br />
<strong>dos</strong> que, entretanto, se <strong>de</strong>senvolveu<br />
durante esse tempo. À medida que<br />
comecei a escrever, verifiquei que<br />
se estava a transformar numa bola<br />
<strong>de</strong> neve e a afastar-se <strong>de</strong> mim. Por<br />
isso, nos anos noventa <strong>de</strong>cidi que ne-<br />
cessitava <strong>de</strong> ajuda. Falei então com<br />
Ramamurthy e Scaiano. Isso foi em<br />
1992-93. Começámos a trabalhar e<br />
<strong>de</strong>pois havia sempre qualquer coisa,<br />
alguém ficava doente, alguma coisa<br />
acontecia. Finalmente, há cerca <strong>de</strong><br />
quatro anos, pensei: É agora! Vou to-<br />
mar conta do assunto e vou acabar <strong>de</strong><br />
o escrever. Desbravámos o nosso ca-<br />
minho para ter algo cá fora. Não é que<br />
não quiséssemos. Foi bastante difícil.<br />
Tínhamos partes do livro, mas juntá-<br />
las foi bastante difícil!<br />
JPS: Porquê dois volumes? Preten<strong>de</strong>,<br />
com o primeiro volume, alcançar leito-<br />
res que não sejam químicos?<br />
NJT: Exactamente. Quando começá-<br />
mos a olhar para todo o material reco-<br />
lhido verificámos que iria ser excessivo<br />
para um só livro. Então pensámos: os<br />
sete primeiros capítulos serão ape-<br />
lativos para leitores <strong>de</strong> outras áreas.<br />
Vamos publicar esta parte primeiro. E<br />
publicámos (2009). Adicionámos um<br />
capítulo sobre transferência <strong>de</strong> elec-<br />
trão e transferência <strong>de</strong> energia que é<br />
novo. Não tem muitas reacções quími-<br />
cas, mas é uma mais-valia. Com o livro<br />
novo temos mecanismos, síntese, quí-<br />
mica supramolecular, etc. O capítulo<br />
da química supramolecular não estava<br />
na versão original, mas eu e Murthy<br />
compreen<strong>de</strong>mos que seria importante.<br />
JPS: Além do capítulo sobre química<br />
supramolecular, quais são as novida-<br />
<strong>de</strong>s introduzidas nesta nova edição?<br />
NJT: A primeira é o spin, que em 1978<br />
estava a ser lançado como conceito.<br />
O spin está agora incluído. Não havia<br />
praticamente nada em transferência<br />
<strong>de</strong> electrão, a teoria <strong>de</strong> Marcus ainda<br />
não estava cá fora. Decidimos inte-<br />
grá-la com a transferência <strong>de</strong> energia.<br />
Também mudámos a filosofia das re-<br />
acções no segundo volume. Em vez<br />
<strong>de</strong> uma base mecanística, <strong>de</strong>cidimos<br />
fazê-lo em termos <strong>de</strong> grupos funcio-<br />
nais. Depois <strong>de</strong> acabarmos, disse-<br />
mos: Temos que fazer um capítulo em<br />
<strong>Química</strong>/Fotoquímica Supramolecu-<br />
lar. Tivemos várias conversas. Foi di-<br />
vertido porque estávamos a criar algo.<br />
Não sabíamos exactamente por on<strong>de</strong><br />
ir. Estou bastante orgulhoso da inte-<br />
gração e da colaboração com Tito.<br />
Foi uma gran<strong>de</strong>, gran<strong>de</strong> colaboração.<br />
UMA MANEIRA TOPOLÓGICA<br />
DE ENSINAR QUÍMICA 6<br />
JPS: Nas suas aulas recorre a muitos<br />
esquemas e cartoons para explicar<br />
vários conceitos; raramente recorre a<br />
equações. Porquê?<br />
NJT: Faz parte da minha experiência<br />
como educador. Se olharmos para o<br />
ensino universitário verificamos que<br />
nem to<strong>dos</strong> os estudantes têm a mes-<br />
ma predisposição para assimilar os<br />
assuntos. Alguns são mais visuais,<br />
outros mais concretos, outros mais<br />
abstractos. Há no entanto um ní-<br />
vel comum <strong>de</strong> compreensão visual<br />
que vem do processo evolutivo. Num<br />
mundo tridimensional, o cérebro com-<br />
preen<strong>de</strong> bem relações espaciais. O<br />
método matemático para as relações<br />
espaciais é a geometria. Um método<br />
mais fundamental é a teoria <strong>dos</strong> gra-<br />
fos. Nós compreen<strong>de</strong>mos bem liga-<br />
ções, compreen<strong>de</strong>mos que algo impli-<br />
ca outra coisa. Partindo <strong>de</strong>stas i<strong>de</strong>ias<br />
po<strong>de</strong>s tornar um assunto atractivo<br />
sem qualquer matemática formal. Eu<br />
<strong>de</strong>senho um gráfico e tu tens a sen-<br />
sação <strong>de</strong> algo, mesmo que não sai-<br />
bas on<strong>de</strong> está o referencial. É uma<br />
linha recta, é uma curva, é uma figura,<br />
é uma forma. Isto vem da teoria da<br />
educação. Um cartoon tem elemen-<br />
tos básicos correctos e po<strong>de</strong> sempre<br />
ser traduzido em matemática. Se co-<br />
meçares com a matemática errada,<br />
nunca vais obter a forma correcta. É<br />
muito importante obter a forma topolo-<br />
gicamente correcta e <strong>de</strong>pois acabar o<br />
processo com matemática.<br />
INVESTIGAÇÃO E RECURSOS<br />
JPS: Sei que esteve em Portugal no<br />
XI IUPAC International Symposium on<br />
Photochemistry. Sabia que o próximo<br />
vai ter lugar outra vez em Portugal?<br />
NJT: Não, não sabia. Quando é? Da-<br />
qui a dois anos?<br />
JPS: Sim, em 2012.<br />
NJT: Excelente! Talvez vá.<br />
em Lisboa ou on<strong>de</strong>?<br />
vai ser<br />
JPS: Vai ser em Coimbra, uma cida<strong>de</strong><br />
no centro <strong>de</strong> Portugal.<br />
NJT: Ok. Lembro-me do XI Encontro<br />
bastante bem. Nessa altura, estáva-<br />
mos a entrar nos zeólitos e na Quími-<br />
ca Supramolecular.<br />
JPS: Acerca da Fotoquímica em Por-<br />
tugal, qual a sua i<strong>de</strong>ia?<br />
NJT: Bem, está a <strong>de</strong>correr trabalho<br />
em superfícies, em <strong>Química</strong> Supra-<br />
molecular. Tenho seguido a inves-<br />
tigação ao longo <strong>dos</strong> anos e tem-se<br />
<strong>de</strong>senvolvido trabalho que tenho lido<br />
e apreciado. Penso que, para um país<br />
on<strong>de</strong> os recursos são limita<strong>dos</strong>, nos<br />
<strong>de</strong>vemos focar no que pensamos fa-<br />
zer melhor. Tu e os teus colegas têm<br />
<strong>de</strong>senvolvido um bom trabalho. Penso<br />
que a chave será compreen<strong>de</strong>r as limi-<br />
tações, juntar os conceitos <strong>de</strong> família<br />
e profissionalismo para melhorar <strong>de</strong>n-<br />
tro <strong>de</strong>ssas limitações e fazer mais do<br />
que outros estariam à espera. A situa-<br />
ção é semelhante em Itália. Eles têm<br />
condições difíceis e têm <strong>de</strong>senvolvido<br />
ciência <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> nas áreas do<br />
spin, da ressonância magnética. As<br />
circunstâncias são difíceis mas a ciên-<br />
cia é excelente.<br />
FOTOQUÍMICA, UMA CIÊNCIA MADURA<br />
JPS: Quais as características que jul-<br />
ga mais importantes num projecto <strong>de</strong><br />
investigação?<br />
NJT: Primeiro que tudo <strong>de</strong>vem ser<br />
boas i<strong>de</strong>ias, compreen<strong>de</strong>r o que é im-<br />
portante e começar para ganhar visi-<br />
bilida<strong>de</strong> e arranjar financiamento. Se-<br />
gundo, é ter técnicas novas. Mas, mais<br />
importante do que ter técnicas novas,<br />
é utilizar todas as técnicas disponíveis<br />
e aplicá-las <strong>de</strong> um modo novo, diferen-<br />
te. Há pessoas que inventam méto<strong>dos</strong><br />
e há pessoas que utilizam os méto<strong>dos</strong><br />
disponíveis <strong>de</strong> modo diferente. Ambas<br />
24 QUÍMICA 119
são importantes. Se fores ver como a<br />
ciência evoluiu, verás que os gran<strong>de</strong>s<br />
avanços foram sempre resultado do<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> técnicas que per-<br />
mitiram medir algo que era uma i<strong>de</strong>ia<br />
que não podia ser testada até então.<br />
Há vinte anos atrás, praticamente tudo<br />
acerca <strong>de</strong> química <strong>de</strong> superfícies não<br />
era consi<strong>de</strong>rado gran<strong>de</strong> ciência por-<br />
que não havia méto<strong>dos</strong> disponíveis.<br />
Não tínhamos a AFM 7 , não tínhamos<br />
a STM 8 . To<strong>dos</strong> estes méto<strong>dos</strong> que<br />
agora permitem ver as superfícies<br />
não estavam disponíveis. Os cientis-<br />
tas sempre foram algo conservadores<br />
e dizem que não <strong>de</strong>ves promover uma<br />
i<strong>de</strong>ia que não po<strong>de</strong>s testar. E por isso,<br />
muitas <strong>de</strong>stas i<strong>de</strong>ias sobre superfí-<br />
cies. não havia meio <strong>de</strong> as testar<br />
directamente. Assim que aparece um<br />
modo directo, a área explo<strong>de</strong>. Tens na<br />
tua universida<strong>de</strong> um <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong><br />
<strong>Química</strong> Analítica?<br />
JPS: Temos laboratórios <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />
Analítica, mas não temos um <strong>de</strong>parta-<br />
mento <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Analítica.<br />
NJT: Mas chamaste-lhe <strong>Química</strong> Ana-<br />
lítica. Agora, o que acho que aconte-<br />
ceu à <strong>Química</strong> Analítica foi que se ge-<br />
neralizou e <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser uma área <strong>de</strong><br />
investigação. Alguém que faça RMN<br />
trabalha em <strong>Química</strong> Analítica, alguém<br />
a traçar espectros <strong>de</strong> utravioleta-visível<br />
faz <strong>Química</strong> Analítica. Actualmente,<br />
consi<strong>de</strong>ro que todas estas técnicas se<br />
vulgarizaram. A Fotoquímica está-se a<br />
tornar igual. Há trinta anos atrás um fo-<br />
toquímico sabia fazer certo tipo <strong>de</strong> coi-<br />
sas como por exemplo fluorescência,<br />
medição <strong>de</strong> rendimentos quânticos.<br />
Agora a fluorescência e a Fotoquímica<br />
misturaram-se e entraram na Ciência<br />
<strong>dos</strong> <strong>Materiais</strong>, na Bioquímica. Quan-<br />
do uma área do conhecimento atinge<br />
um <strong>de</strong>terminado ponto <strong>de</strong> maturação<br />
as coisas novas começam a diminuir<br />
porque se atingiu um ponto <strong>de</strong> satura-<br />
ção. Assim, e <strong>de</strong> algum modo, o futuro<br />
da Fotoquímica é continuar a difundir-<br />
se e a ser utilizada em diferentes sis-<br />
temas e áreas. Por um lado, as coisas<br />
realmente novas virão da utilização<br />
<strong>de</strong> técnicas também novas. Os lasers<br />
tornar-se-ão cada vez mais importan-<br />
tes, equipamento sobre o spin, sobre<br />
vibrações, processos que não ocorrem<br />
apenas com um fotão. Esta será uma<br />
área <strong>de</strong> investigação nova, mas infeliz-<br />
mente cara.<br />
O que toda a gente quer fazer em ci-<br />
ência é coisas novas e baratas. É aqui<br />
que aparece a <strong>Química</strong> Supramole-<br />
cular! Po<strong>de</strong>mos tomar cada reacção<br />
fotoquímica estudada na década <strong>de</strong><br />
sessenta e setenta e fazer centenas<br />
<strong>de</strong> coisas, algumas <strong>de</strong>las mudando<br />
apenas o ambiente. Ir das micelas<br />
aos zeólitos. uma reacção fotoquí-<br />
mica po<strong>de</strong> agora ser estudada duran-<br />
te uma vida. E é barato, não é? Quí-<br />
mica Supramolecular mais algo, mais<br />
microondas, mais seja o que for. As<br />
pessoas vão começar a juntar as coi-<br />
sas. Quando se excita uma molécula<br />
ela vai para uma superfície e, <strong>de</strong>s-<br />
sa superfície, se olhares para baixo,<br />
vês várias estruturas. Se controlares<br />
o modo <strong>de</strong> ires para baixo po<strong>de</strong>s ter<br />
produtos diferentes. o produto que<br />
te interessa.<br />
"OS NOVOS PARADIGMAS SERÃO<br />
TODOS OS PARADIGMAS JUNTOS DE<br />
MODOS DIFERENTES."<br />
JPS: Está, neste momento, muito in-<br />
teressado no C60. Quais serão os prin-<br />
cipais paradigmas <strong>de</strong> investigação no<br />
seu laboratório?<br />
NJT: Sim, H2 <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> C60 em parti-<br />
cular, moléculas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> fulerenos,<br />
água... Os novos paradigmas serão<br />
to<strong>dos</strong> os paradigmas juntos <strong>de</strong> mo-<br />
<strong>dos</strong> diferentes. Por exemplo o spin,<br />
a química do spin. Partir <strong>de</strong> H2 e C60<br />
e usar o spin. Como fazer isto? Ba-<br />
sicamente o H2 tem dois isómeros <strong>de</strong><br />
spin nuclear, um singuleto e um triple-<br />
to (hidrogénios orto e para). Falámos<br />
<strong>de</strong> singuletos, tripletos e cruzamento<br />
intersistemas para electrões durante<br />
anos. Nunca falámos para núcleos<br />
porque há apenas alguns casos em<br />
que po<strong>de</strong>mos fazer alguma coisa.<br />
Po<strong>de</strong>mos fazer isso com o H2 e po<strong>de</strong>-<br />
mos interconverter os dois isómeros.<br />
Outra questão é: O que po<strong>de</strong>mos fa-<br />
zer com isto? A resposta é que esta in-<br />
terconversão gera um aumento gigan-<br />
tesco no sinal <strong>de</strong> ressonância mag-<br />
nética, o que é excelente. Uma vez<br />
que o C60 tem sido utilizado em muitas<br />
aplicações em medicina, po<strong>de</strong>s ima-<br />
ginar utilizar esse sinal em aplicações<br />
médicas como MRI 9 . Estamos a falar<br />
<strong>de</strong> algo que é conhecido para o H2 há<br />
mais <strong>de</strong> oitenta anos!! Se colocares o<br />
H2 <strong>de</strong>ntro do C60, consegues retê-lo.<br />
Po<strong>de</strong>s caminhar com ele, transportá-<br />
-lo no bolso; posso enviá-lo para ti e tu<br />
po<strong>de</strong>s enviá-lo para qualquer parte do<br />
mundo. Ainda é H2 na forma gasosa<br />
no que ao H2 diz respeito. Depois, se<br />
introduzirmos fotões, excitamos o C60<br />
e conseguimos excitação vibracional<br />
do H2. E po<strong>de</strong>mos fazer isso <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />
uma célula ou noutro lado. po<strong>de</strong>mos<br />
começar a olhar para várias coisas<br />
que ninguém ainda viu. É o futuro <strong>de</strong><br />
uma molécula muito simples <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>de</strong> uma molécula engraçada, o C60.<br />
Funciona bem para o H2, mas o H2<br />
não é muito popular. Uma molécula<br />
mais interessante é a água, que tem<br />
as mesmas proprieda<strong>de</strong>s que o H2. Ou<br />
seja, há duas águas, uma singuleto e<br />
outra tripleto (spin nuclear). O singule-<br />
to não apresenta sinal <strong>de</strong> RMN. Ima-<br />
gina preparar água apenas no estado<br />
singuleto. Não tem sinal <strong>de</strong> RMN. Po-<br />
<strong>de</strong>s achar engraçado, mas os físicos<br />
já fizeram isto para o H2. Prepararam<br />
H2 na forma para e utilizaram-no como<br />
matriz para fazer RMN. Depois adicio-<br />
naram moléculas que tinham sinal <strong>de</strong><br />
RMN. Agora a questão é como fazer<br />
isto com a água. É nisso que estamos<br />
a trabalhar agora. Estamos a tentar<br />
perceber como preparar água pura no<br />
estado singuleto e no estado tripleto.<br />
Será que vamos obter polarização?<br />
Será que vamos conseguir fazer o<br />
mesmo que fizemos para o H2? Co-<br />
locá-la <strong>de</strong>ntro do C60 não po<strong>de</strong>mos...<br />
não cabe. mas num C60 aberto entra!<br />
Isto é <strong>Química</strong> Supramolecular, Foto-<br />
química, química <strong>de</strong> spin. é uma<br />
combinação!! Qualquer uma <strong>de</strong>las é a<br />
mesma, era conhecida. A proeza está<br />
na combinação!<br />
JPS: O que vê no horizonte para apli-<br />
cações comerciais da Fotoquímica?<br />
NJT: É pouco provável que venha a<br />
ser comercial do ponto <strong>de</strong> vista da pro-<br />
dução <strong>de</strong> produtos por causa do custo<br />
da luz. Tão simples quanto isto. Se for<br />
possível com a luz natural consegues.<br />
Se estimares o custo da produção <strong>de</strong><br />
fotões verás que é caro. Depois temos<br />
as lâmpadas, que são caras <strong>de</strong> man-<br />
ter e limpar. Mas a Fotoquímica para<br />
aplicações biológicas ou outras on<strong>de</strong><br />
o custo já não é problema, tem possi-<br />
bilida<strong>de</strong>s tremendas. Polimerizações<br />
on<strong>de</strong> um só fotão po<strong>de</strong> induzir cente-<br />
nas <strong>de</strong> eventos. Fazer coisas espe-<br />
cíficas, on<strong>de</strong> a precisão é importante,<br />
como a fotolitografia. Para melhorias<br />
QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 25
<strong>de</strong> alta qualida<strong>de</strong> em <strong>de</strong>termina<strong>dos</strong><br />
processos, a Fotoquímica po<strong>de</strong> ter<br />
um papel fundamental. Existem ain-<br />
da <strong>de</strong>terminadas áreas, estou a falar<br />
do futuro, que têm bastante potencial.<br />
Em <strong>de</strong>terminadas aplicações médi-<br />
cas é necessário penetrar no corpo<br />
humano. Para o fazer necessitas <strong>de</strong><br />
radiação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong><br />
onda. Parte das microondas atraves-<br />
sam-te, as do infravermelho também<br />
um pouco e as do visível e ultravioleta<br />
praticamente não. A utilização <strong>de</strong> dois<br />
fotões no vermelho para produzir um<br />
fotão no azul é uma i<strong>de</strong>ia que, quando<br />
se conseguir manipular o processo, é<br />
muito po<strong>de</strong>rosa, tanto do ponto <strong>de</strong> vis-<br />
ta da Fotoquímica como <strong>dos</strong> sistemas<br />
biológicos.<br />
JPS: Foi realmente bom ouvi-lo falar<br />
sobre ciência e ensino com tanto pra-<br />
zer e paixão. Obrigado.<br />
NJT: Obrigado. Eu também gostei.<br />
NOTAS<br />
1 Wesleyan University<br />
2 California Institute of Technology<br />
3 Harvard University<br />
4 University of California, Los Angeles<br />
5 Sandy Turro, esposa do Professor<br />
Nicholas J. Turro<br />
6 N. J. Turro, Geometric and Topologi-<br />
cal Thinking in Organic Chemistry, An-<br />
gewandte Chemie, 25 (1986) 882<br />
7 Atomic Force Microscopy<br />
8 Scanning Tunneling Microscopy<br />
9 Magnetic Resonance Imaging<br />
NOTA BIOGRÁFICA DO PROFESSOR<br />
NICHOLAS J. TURRO<br />
Nicholas Turro nasceu em Middle-<br />
town, Connecticut, em 1938. Foi para<br />
a universida<strong>de</strong> da sua terra natal, a<br />
Wesleyan University, e obteve o grau<br />
<strong>de</strong> Bacharel summa cum lau<strong>de</strong> em<br />
VOL a www.spq.pt<br />
1960. O Doutoramento levou-o à Cos-<br />
ta Oeste on<strong>de</strong> se juntou ao grupo <strong>de</strong><br />
George S. Hammond no Caltech. Che-<br />
gou na altura em que os fundamentos<br />
da Fotoquímica Orgânica mecanística<br />
estavam a ser <strong>de</strong>fini<strong>dos</strong> por este gru-<br />
po. Obteve o grau <strong>de</strong> Doutor em 1963<br />
e regressou à Costa Este para <strong>de</strong>sen-<br />
volver trabalho <strong>de</strong> pós-doutoramento<br />
com Paul D. Bartlett na Universida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Harvard. A sua carreira in<strong>de</strong>pen-<br />
<strong>de</strong>nte começou quando se tornou Ins-<br />
trutor na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Colúmbia<br />
em 1964. Rapidamente passou para<br />
Professor Assistente (1965), Professor<br />
Associado (1967) até chegar a Profes-<br />
sor Titular em 1969. Quarenta e seis<br />
anos <strong>de</strong>pois ainda dá aulas na Univer-<br />
sida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Colúmbia e é agora o Wm.<br />
P. Schweitzer Professor of Chemistry.<br />
A sua produtivida<strong>de</strong> científica está<br />
bem patenteada nas mais <strong>de</strong> nove-<br />
centas publicações científicas. É au-<br />
tor <strong>de</strong> um <strong>dos</strong> mais influentes livros<br />
<strong>de</strong> Fotoquímica Orgânica, que publi-<br />
cou pela primeira vez em 1964 como<br />
Molecular Photochemistry, tendo evo-<br />
luído posteriormente para Mo<strong>de</strong>rn<br />
Molecular Photochemistry em 1978.<br />
<strong>No</strong> ano passado foi editada uma nova<br />
edição intitulada Mo<strong>de</strong>rn Molecular<br />
Photochemistry of Organic Molecules,<br />
em co-autoria com V. Ramamurthy e<br />
J. C. Scaiano.<br />
Entre os muitos prémios e distin-<br />
ções estão a Medalha Porter (1994),<br />
a Medalha Willard Gibbs (2000), o<br />
Prémio Pimentel da Educação em<br />
<strong>Química</strong> (2004), o Prémio Foerster<br />
em Fotoquímica (2005), a Medalha<br />
Nicholas (2006) e o Prémio Arthur C.<br />
Cope Award (2011). É membro elei-<br />
to da Aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> Ciências Naturais<br />
(1981) e da Aca<strong>de</strong>mia Americana <strong>de</strong><br />
Artes & Ciências (1981), duas das<br />
mais prestigiadas aca<strong>de</strong>mias <strong>dos</strong> Es-<br />
ta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>.<br />
Torne-se Sócio da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Portuguesa</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong> e beneficie <strong>de</strong>:<br />
- Pertencer a uma comunida<strong>de</strong> científica dinâmica;<br />
- Receber o boletim "QUÍMICA";<br />
- Descontos nos Encontros promovi<strong>dos</strong> pela SPQ;<br />
- Descontos nas publicações da SPQ;<br />
- Protocolos assina<strong>dos</strong> entre a SPQ e outras entida<strong>de</strong>s;<br />
- Participar na promoção da <strong>Química</strong>;<br />
- Apoiar uma <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Científica.<br />
<strong>No</strong> início, os seus interesses <strong>de</strong> inves-<br />
tigação estavam centra<strong>dos</strong> em Foto-<br />
química Orgânica, particularmente em<br />
compostos carbonílicos e dioxetanos.<br />
<strong>No</strong> final da década <strong>de</strong> setenta foi pio-<br />
neiro da Fotoquímica Supramolecular<br />
com os seus estu<strong>dos</strong> <strong>de</strong> cetonas em<br />
micelas, que posteriormente esten<strong>de</strong>u<br />
aos zeólitos, <strong>de</strong>ndrímeros, ciclo<strong>de</strong>xtri-<br />
nas e outros cavitan<strong>dos</strong>. Os seus in-<br />
teresses <strong>de</strong> investigação foram sem-<br />
pre bastante varia<strong>dos</strong> e abrangentes,<br />
incluindo tópicos como Fotoquímica<br />
Supramolecular, química do spin e<br />
efeitos <strong>de</strong> campos magnéticos em pa-<br />
res radicalares, química do oxigénio<br />
singuleto, carbenos, sondas lumines-<br />
centes para DNA e Fotoquímica <strong>de</strong><br />
polímeros e <strong>de</strong> fulerenos.<br />
Além da investigação é também um<br />
professor e um mentor marcante e<br />
<strong>de</strong>dicado. Já doutorou mais <strong>de</strong> 75<br />
estudantes e supervisionou mais <strong>de</strong><br />
200 pós-docs. Gran<strong>de</strong> parte <strong>dos</strong> seus<br />
estudantes são agora cientistas proe-<br />
minentes a <strong>de</strong>senvolver trabalho tanto<br />
em instituições académicas como na<br />
indústria.<br />
Com a ajuda da sua esposa, que co-<br />
nheceu no jardim-escola e com quem<br />
casou após o grau <strong>de</strong> Bacharel, os<br />
Turros criam um ambiente familiar a<br />
to<strong>dos</strong> os que passam pelo laboratório<br />
como estudantes ou investigadores.<br />
Com a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 72 anos não há sinais<br />
<strong>de</strong> abrandamento. Li<strong>de</strong>ra um grupo <strong>de</strong><br />
cerca <strong>de</strong> 20 estudantes e pós-docs,<br />
publica mais <strong>de</strong> 30 artigos científicos<br />
por ano e introduz constantemente<br />
inovações nos méto<strong>dos</strong> <strong>de</strong> ensino da<br />
química ao primeiro ciclo.<br />
Steffen Jockusch<br />
26 QUÍMICA 119
ARTIGOS<br />
METAIS DO GRUPO DA PLATINA: HISTÓRIA, PROPRIEDADES E APLICAÇÕES<br />
FABRÍCIO EUGÊNIO ALVES 3 , PRISCILA PEREIRA SILVA B E WENDELL GUERRA 3 *<br />
Os s metais do grupo da platina constituem-se em seis elementos (Ru, Rh, Pd,<br />
Os, Ir e Pt) e as suas proprieda<strong>de</strong>s primorosas têm sido utilizadas para as mais<br />
variadas aplicações industriais, como por exemplo na produção <strong>de</strong> catalisadores e<br />
<strong>de</strong> fármacos. Consi<strong>de</strong>rando a importância e a aplicabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes metais, este<br />
artigo <strong>de</strong>screve <strong>de</strong> forma sucinta a história, as proprieda<strong>de</strong>s e algumas das aplicações <strong>de</strong>s-<br />
tes elementos.<br />
Palavras chave<br />
Metais do grupo da platina; platina; ruténio.<br />
INTRODUÇÃO<br />
O grupo da platina é um nome dado<br />
a seis elementos metálicos que pos-<br />
suem algumas proprieda<strong>de</strong>s físicas<br />
e químicas similares e que ten<strong>de</strong>m a<br />
ocorrer juntos nos mesmos <strong>de</strong>pósitos<br />
minerais. Estes metais, também co-<br />
nheci<strong>dos</strong> como platinói<strong>de</strong>s, são o ruté-<br />
nio (Ru), o ródio (Rh), o paládio (Pd),<br />
o ósmio (Os), o irídio (Ir) e a platina<br />
(Pt) [1]. Este grupo <strong>de</strong> elementos so-<br />
ma<strong>dos</strong> ao ferro, cobalto e níquel estão<br />
entre os nove elementos pertencentes<br />
à família oito da clássica tabela peri-<br />
ódica construída por Men<strong>de</strong>leev (ac-<br />
tualmente grupos 8, 9 e 10 da tabela<br />
periódica). <strong>No</strong> entanto, as semelhan-<br />
ças horizontais existentes entre estes<br />
elementos são maiores que em qual-<br />
quer outro conjunto (grupo) da tabela<br />
periódica, exceptuando-se os lanta-<br />
ní<strong>de</strong>os. Tais semelhanças, que são<br />
<strong>de</strong>vidas principalmente a contracção<br />
lantanídica, enfatizou a classificação<br />
<strong>dos</strong> mesmos em dois grupos: o <strong>dos</strong><br />
metais ferrosos (Fe, Co e Ni) e o <strong>dos</strong><br />
metais do grupo da platina.<br />
a Instituto <strong>de</strong> <strong>Química</strong>, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />
Uberlândia, Campus Santa Mônica, Bloco 1D,<br />
38400-902, Uberlândia - MG - Brasil<br />
b Departamento <strong>de</strong> <strong>Química</strong>, Instituto <strong>de</strong> Ciências<br />
Exatas, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais,<br />
Campus Pampulha, 31.270-901, Belo Horizonte - MG<br />
* e-mail: wg@iqufu.ufu.br<br />
To<strong>dos</strong> os platinói<strong>de</strong>s são classifica<strong>dos</strong><br />
como metais <strong>de</strong> transição, estão loca-<br />
liza<strong>dos</strong> nos perío<strong>dos</strong> 5 e 6, grupos 8,<br />
9 e 10, no bloco d da tabela periódica,<br />
Figura 1. São sóli<strong>dos</strong> metálicos lustro-<br />
sos à temperatura ambiente, formam<br />
ligas uns com os outros e possuem<br />
excelentes proprieda<strong>de</strong>s catalíticas.<br />
Além disso, são resistentes a ataques<br />
químicos, estáveis em altas tempera-<br />
turas e possuem boas proprieda<strong>de</strong>s<br />
eléctricas. Em solução formam gran-<br />
<strong>de</strong> número <strong>de</strong> iões complexos e com-<br />
postos <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação, incluindo li-<br />
gantes como o monóxido <strong>de</strong> carbono,<br />
entre outros. Um <strong>de</strong>stes complexos,<br />
o ião <strong>de</strong> Creutz-Taube, cuja fórmula<br />
estrutural é [(NH3)5Ru(pz)Ru(NH3)5] 5+ ,<br />
possui dois átomos <strong>de</strong> ruténio em es-<br />
ta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> oxidação diferentes, +2 e +3,<br />
ro<strong>de</strong>a<strong>dos</strong> por moléculas <strong>de</strong> amoníaco<br />
uni<strong>dos</strong> por uma molécula <strong>de</strong> m-pirazi-<br />
na (pz). Este complexo <strong>de</strong>u origem ao<br />
estudo <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> valência mista,<br />
que é hoje um campo bastante exci-<br />
tante da electrónica molecular.<br />
1<br />
H - I 2<br />
Os primorosos atributos <strong>dos</strong> metais do<br />
grupo da platina tem sido explora<strong>dos</strong><br />
para as mais variadas aplicações in-<br />
dustriais e no caso da platina, alguns<br />
<strong>de</strong> seus compostos tem até mesmo<br />
sido utiliza<strong>dos</strong> na indústria farmacêuti-<br />
ca [2, 3]. De facto, os metais do grupo<br />
da platina são usa<strong>dos</strong> em pequenas<br />
quantida<strong>de</strong>s em aplicações especiali-<br />
zadas, como na síntese <strong>de</strong> compos-<br />
tos <strong>de</strong> alto valor acrescentado, seja<br />
como reagente ou como catalisador.<br />
Isto é um reflexo da escassez <strong>de</strong>sses<br />
elementos aliada à gran<strong>de</strong> procura,<br />
que gera um alto valor <strong>de</strong> mercado.<br />
Consi<strong>de</strong>rando a importância e apli-<br />
cabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes metais, este artigo<br />
<strong>de</strong>screve <strong>de</strong> forma sucinta a história,<br />
as proprieda<strong>de</strong>s e aplicações <strong>de</strong>stes<br />
elementos.<br />
3 4 5 6 7 8 9 10 11 12<br />
bloco s bloco d Ru Rh Pd<br />
Os Ir Pt<br />
OCORRÊNCIA NA NATUREZA<br />
Os metais do grupo da platina são<br />
bastante escassos na crosta terrestre<br />
e por isso apresentam elevado valor<br />
18<br />
13 14 15 16 17 I - He<br />
bloco p<br />
Figura 1 - Tabela Periódica. Em <strong>de</strong>staque os seis metais do grupo da platina<br />
QUÍMICA 1 1 9 - OUT/DEZ 10 27
comercial. Como exemplo, a concen-<br />
tração <strong>de</strong> platina (abundância esti-<br />
mada) na crosta terrestre é <strong>de</strong> apro-<br />
ximadamente 5 ng/kg, sendo que os<br />
<strong>de</strong>mais metais do grupo são bem me-<br />
nos abundantes [3]. A maior parte <strong>dos</strong><br />
metais do grupo da platina em circula-<br />
ção no mundo é oriunda <strong>de</strong> jazidas <strong>de</strong><br />
minérios localizadas na África do Sul,<br />
Rússia, Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong> e Canadá.<br />
<strong>No</strong> caso da platina, as minas da África<br />
do Sul fornecem hoje três quartos da<br />
produção mundial do metal. Quanto<br />
ao paládio, a maior parte do metal em<br />
circulação no mundo provém <strong>de</strong> jazi-<br />
das <strong>de</strong> minérios localizadas na Rússia<br />
(principal produtor), apesar da África<br />
do Sul possuir a maior reserva. A pla-<br />
tina e os <strong>de</strong>mais metais do grupo ten-<br />
<strong>de</strong>m a ocorrer em pequenas quantida-<br />
<strong>de</strong>s associadas aos minérios <strong>de</strong> cobre<br />
e níquel, sendo recupera<strong>dos</strong> através<br />
da refinação electrolítica <strong>dos</strong> princi-<br />
pais metais do minério. Neste caso,<br />
ocorre a separação do metal presente<br />
em maior quantida<strong>de</strong> (Ni, Cu) e a im-<br />
pureza (lodo anódico) é processada<br />
<strong>de</strong> modo a obter os metais do grupo<br />
da platina. As diferenças <strong>de</strong> reactivi-<br />
da<strong>de</strong> e <strong>de</strong> solubilida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> diversos<br />
compostos <strong>de</strong>stes metais são utiliza-<br />
das para separá-los [2].<br />
Na forma combinada a platina é en-<br />
contrada principalmente no mineral<br />
sperrilita (PtAs2). É importante res-<br />
saltar que minerais <strong>de</strong> platina são<br />
também uma fonte <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong><br />
paládio e outros metais do grupo,<br />
mas como dito anteriormente, estes<br />
são bem escassos. Os outros metais,<br />
Ru, Os, Ir e Rh são encontra<strong>dos</strong> em<br />
poucos minerais, principalmente na<br />
Rússia (Montes Urais) e nas Américas<br />
do Sul e do <strong>No</strong>rte, mas não são co-<br />
mercializáveis. Por exemplo, o ruténio<br />
é encontrado na laurita, RuS2, e em<br />
pequenas quantida<strong>de</strong>s na pentlandita,<br />
(Fe,Ni^8 [1].<br />
HISTÓRIA<br />
Devido ao facto <strong>dos</strong> metais do grupo<br />
da platina serem encontra<strong>dos</strong> juntos<br />
na natureza, as histórias das suas<br />
<strong>de</strong>scobertas estão interligadas. Mas<br />
antes <strong>de</strong> falar sobre a <strong>de</strong>scoberta<br />
<strong>de</strong>stes metais como elementos, é in-<br />
teressante comentar que estes metais<br />
nobres foram encontra<strong>dos</strong> em objec-<br />
tos que datam <strong>de</strong> 700 a.C. Como<br />
exemplo tem-se o famoso caixão <strong>de</strong><br />
Thebes (da antiga Grécia) que foi <strong>de</strong>-<br />
corado com hieróglifos (sinais da es-<br />
crita <strong>de</strong> antigas civilizações) em ouro,<br />
prata e uma liga contendo platina. Ou-<br />
tro exemplo é uma liga <strong>de</strong> platina/ouro<br />
que foi encontrada em Esmeraldas<br />
(Equador) no início do século XX em<br />
objectos <strong>de</strong>corativos confecciona<strong>dos</strong><br />
por povos pré-colombianos [4]. Os <strong>de</strong>-<br />
mais metais do grupo também foram<br />
utiliza<strong>dos</strong> em joalharia pelos egípcios,<br />
pelos povos antigos do Peru, Equador<br />
e índios pré-colombianos [5].<br />
Embora existam registos remotos do<br />
uso <strong>de</strong>sses metais, os estu<strong>dos</strong> e apli-<br />
cações <strong>dos</strong> mesmos são mais recen-<br />
tes. De facto, os elementos do grupo<br />
da platina só conquistaram a atenção<br />
há cinco séculos quando mineiros e<br />
cientistas sentiram a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senvolver méto<strong>dos</strong> capazes <strong>de</strong> se-<br />
parar esses metais do ouro. A sepa-<br />
ração constituía um gran<strong>de</strong> problema,<br />
uma vez que era difícil fazê-la <strong>de</strong>vido<br />
às proprieda<strong>de</strong>s <strong>dos</strong> platinói<strong>de</strong>s, tais<br />
como elevado ponto <strong>de</strong> fusão e gran-<br />
<strong>de</strong> resistência à corrosão.<br />
As <strong>de</strong>scobertas <strong>dos</strong> metais do gru-<br />
po da platina como novos elementos<br />
ocorreram nos séculos XVI e XVII. O<br />
primeiro passo para a <strong>de</strong>scoberta foi<br />
dado por conquistadores espanhóis<br />
que procuravam ouro nas Américas e<br />
o encontraram misturado com os me-<br />
tais do grupo da platina em quantida-<br />
<strong>de</strong>s variáveis. É conveniente <strong>de</strong>stacar<br />
que em 1557 o cientista franco-italia-<br />
no Júlio César Scaligero <strong>de</strong>screveu<br />
um metal refractário encontrado na<br />
América Central, que provavelmente<br />
se tratava da platina [4], contudo, o<br />
metal não foi estudado sistematica-<br />
mente por Scaligero. A platina, cujo<br />
nome é <strong>de</strong>vido à sua semelhança com<br />
o metal prata (platina é um diminuti-<br />
vo <strong>de</strong> plata, palavra espanhola para<br />
prata), foi <strong>de</strong>scrita como substância<br />
elementar pelo espanhol Antonio <strong>de</strong><br />
Ulloa em 1735. Ulloa, que era militar,<br />
naturalista e matemático, <strong>de</strong>scobriu a<br />
platina nas minas do Rio Pinto e ca-<br />
racterizou-a como elemento em 1748,<br />
enquanto os pesquisadores franceses<br />
consi<strong>de</strong>ravam-na uma liga [4]. A pla-<br />
tina, o oitavo metal a ser <strong>de</strong>scoberto,<br />
foi o primeiro elemento do grupo da<br />
platina a ser separado e i<strong>de</strong>ntificado<br />
[3]. Durante muitos anos a platina não<br />
teve qualquer valor excepto como um<br />
meio <strong>de</strong> falsificação <strong>de</strong> outros metais<br />
nobres.<br />
Sobre a história mo<strong>de</strong>rna <strong>de</strong> quatro<br />
outros platinói<strong>de</strong>s, dois nomes me-<br />
recem <strong>de</strong>staque. São eles os quími-<br />
cos ingleses Willian Hy<strong>de</strong> Wollaston<br />
e Smithson Tennant que por volta <strong>de</strong><br />
1800 formaram uma socieda<strong>de</strong> com o<br />
propósito <strong>de</strong> refinar a platina. Durante<br />
esse trabalho eles <strong>de</strong>scobriram qua-<br />
tro outros metais <strong>de</strong>sse grupo: palá-<br />
dio, ródio, irídio e ósmio. A purificação<br />
da platina consistia na adição <strong>de</strong> água<br />
régia quente ao mineral bruto, o que<br />
gerava uma solução e um precipita-<br />
do negro. A platina solubilizava-se na<br />
água régia e a maior parte <strong>de</strong>sse me-<br />
tal era removido como hexacloropla-<br />
tinato <strong>de</strong> amónio, (NH4)2[PtCl6], que<br />
era formado pela adição <strong>de</strong> cloreto <strong>de</strong><br />
amónio à solução <strong>de</strong> água régia [4].<br />
Inicialmente, após a extracção da<br />
platina, o restante da solução e o re-<br />
síduo insolúvel <strong>de</strong> coloração negra<br />
eram <strong>de</strong>spreza<strong>dos</strong>. Posteriormente,<br />
Wollaston ocupou-se do estudo da<br />
solução, enquanto Tennant investigou<br />
o precipitado negro. Wollaston <strong>de</strong>sco-<br />
briu dois metais presentes na parte<br />
solúvel: o paládio e o ródio. Tennant<br />
também <strong>de</strong>scobriu dois outros metais<br />
na porção insolúvel: irídio e ósmio.<br />
Após a extracção da platina com adi-<br />
ção <strong>de</strong> NH4Cl, era adicionado zinco<br />
à solução levando à precipitação <strong>de</strong><br />
platina residual, paládio, ródio, co-<br />
bre e chumbo. Os dois últimos eram<br />
facilmente removi<strong>dos</strong> pela adição <strong>de</strong><br />
ácido nítrico diluído ao precipitado. O<br />
resíduo, agora sem cobre e chumbo,<br />
era então redissolvido em água régia.<br />
A separação do paládio era feita pela<br />
neutralização <strong>de</strong>ssa solução, seguida<br />
da adição <strong>de</strong> cianeto <strong>de</strong> mercúrio, o<br />
que gerava um precipitado amarelo,<br />
o cianeto <strong>de</strong> paládio, Pd(CN)2. Pos-<br />
teriormente, outros processos eram<br />
feitos até a obtenção do paládio puro.<br />
Alguns propõem que esse elemento<br />
recebeu esse nome graças ao asterói-<br />
<strong>de</strong> Pallas, outros dizem que foi em ho-<br />
menagem à <strong>de</strong>usa grega da sabedoria<br />
cujo nome também é Pallas. Apesar<br />
<strong>de</strong> o paládio ter sido <strong>de</strong>scoberto em<br />
1802, o artigo que <strong>de</strong>screve a <strong>de</strong>sco-<br />
berta do elemento só foi oficialmente<br />
publicado em 1805 [5].<br />
28 QUÍMICA 119
Logo após a <strong>de</strong>scoberta do paládio,<br />
Wollaston verificou a existência do<br />
elemento ródio, que foi separado da<br />
solução pela adição do cloreto <strong>de</strong><br />
sódio, que gerava o composto rosa<br />
Na3[RhCl6].nH2O. Devido à coloração<br />
do composto formado, esse novo ele-<br />
mento recebeu o nome <strong>de</strong> ródio, do<br />
grego rhodon que significa rosa. Em<br />
1804 Wollaston publicou um artigo so-<br />
bre a <strong>de</strong>scoberta do ródio [6].<br />
Enquanto Wollaston estudou a parte<br />
solúvel, Tennant trabalhou com o re-<br />
síduo negro da dissolução da platina<br />
bruta em água régia e <strong>de</strong>scobriu em<br />
1804 dois metais. Ele aqueceu esse<br />
sólido com hidróxido <strong>de</strong> sódio, dissol-<br />
veu o resíduo em água obtendo um<br />
novo precipitado e uma solução que<br />
provavelmente continha os compos-<br />
tos cis-[Os(OH)2O4] e OsO4. O tetró-<br />
xido <strong>de</strong> ósmio, OsO4, é um sólido tó-<br />
xico, volátil <strong>de</strong> odor penetrante. Esse<br />
elemento recebeu o nome <strong>de</strong> ósmio,<br />
do grego osme, que significa cheiro,<br />
por causa do odor característico gera-<br />
do durante a separação <strong>de</strong>sse metal<br />
[7]. O resíduo insolúvel em água foi<br />
tratado com ácido clorídrico, gerando<br />
cristais vermelhos escuros. Provavel-<br />
mente tratava-se <strong>de</strong> Na2[IrCl6]nH2O.<br />
O novo metal recebeu o nome <strong>de</strong><br />
irídio <strong>de</strong>vido à impressionante varie-<br />
da<strong>de</strong> <strong>de</strong> cores que eram geradas en-<br />
quanto o sólido era dissolvido em HCl<br />
e em homenagem a Íris, <strong>de</strong>usa grega<br />
do arco-íris [8]. O nome irídio é <strong>de</strong>riva-<br />
do da palavra latina Iris que significa<br />
colorido.<br />
Além <strong>de</strong>ssas quatro <strong>de</strong>scobertas,<br />
Wollaston e Tennant <strong>de</strong>senvolveram<br />
o processo para produção <strong>de</strong> platina<br />
maleável para substituir o ouro em al-<br />
gumas aplicações on<strong>de</strong> era indispen-<br />
sável a presença <strong>de</strong> um metal inerte.<br />
A produção da platina maleável gerou<br />
gran<strong>de</strong> lucro para os ingleses. É im-<br />
portante ressaltar que a participação<br />
<strong>de</strong> Tennant nessa produção foi quase<br />
exclusivamente <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m financeira.<br />
Além <strong>dos</strong> metais <strong>de</strong>scobertos por<br />
Wollaston e Tennannt existia no mine-<br />
ral bruto <strong>de</strong> platina outro metal, o ruté-<br />
nio, que era insolúvel em água régia,<br />
assim como o ósmio e o irídio, mas<br />
que não foi i<strong>de</strong>ntificado pelos químicos<br />
ingleses. O ruténio só foi oficialmente<br />
<strong>de</strong>scoberto em 1844 pelo químico rus-<br />
so Karl Karlovith Klaus enquanto ele<br />
analisava resíduos <strong>de</strong> platina. Klaus<br />
concluiu que no resíduo do mineral <strong>de</strong><br />
platina que ele trabalhava havia 10%<br />
<strong>de</strong> platina e uma pequena fracção <strong>dos</strong><br />
seguintes metais: irídio, ósmio e palá-<br />
dio. Além <strong>de</strong>sses também estava pre-<br />
sente no resíduo um novo composto.<br />
Ele relatou os resulta<strong>dos</strong> das suas<br />
experiência a Kankrin, ministro das fi-<br />
nanças da Rússia, e ofereceu-se para<br />
extrair a platina do resíduo. Como a<br />
platina era <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> interesse eco-<br />
nómico, Klaus ganhou o apoio finan-<br />
ceiro que precisava para prosseguir<br />
as suas pesquisas e ainda recebeu<br />
8 kg <strong>de</strong> resíduo, com a condição <strong>de</strong><br />
que, após um ano, ele <strong>de</strong>volvesse os<br />
metais extraí<strong>dos</strong> e relatasse os resul-<br />
ta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> seus trabalhos. Klaus traba-<br />
lhou arduamente até que <strong>de</strong>scobriu<br />
um método para extrair o ruténio. O<br />
método consistia na precipitação do<br />
cloreto <strong>de</strong> ruténio, seguido do trata-<br />
mento com sulfureto <strong>de</strong> hidrogénio,<br />
obtendo-se então um composto <strong>de</strong>n-<br />
so com cor <strong>de</strong> safira. Nenhum outro<br />
platinói<strong>de</strong> formava compostos seme-<br />
lhantes, o que mostrava tratar-se <strong>de</strong><br />
um novo elemento. Klaus conseguiu<br />
obter 6 g do ruténio puro. O nome ru-<br />
ténio origina da palavra latina ruthenia<br />
que significa Rússia [9, 10].<br />
Klaus po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado o criador<br />
da química <strong>dos</strong> metais do grupo da<br />
platina, pois ele realizou uma ampla<br />
investigação <strong>dos</strong> platinói<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>scre-<br />
veu um método <strong>de</strong> separação <strong>dos</strong><br />
seis metais do grupo <strong>de</strong> forma pura e<br />
<strong>de</strong>scobriu as semelhanças e diferen-<br />
ças entre os elementos em tría<strong>de</strong>s:<br />
ruténio-ródio-paládio e ósmio-irídio-<br />
platina, proporcionando assim uma<br />
justificativa para Men<strong>de</strong>leev incluir<br />
to<strong>dos</strong> os seis metais no grupo VIII do<br />
sistema periódico [10].<br />
ALGUMAS PROPRIEDADES DOS METAIS<br />
DO GRUPO DA PLATINA<br />
Algumas proprieda<strong>de</strong>s atómicas e físi-<br />
cas referentes aos metais do grupo da<br />
platina encontram-se na Tabela 1.<br />
1) Platina:<br />
É um metal branco-cinza, <strong>de</strong> estru-<br />
tura cúbica compacta, brilhante, não<br />
muito duro, que po<strong>de</strong> ser trabalhado e<br />
soldado a quente. Quando combina-<br />
da exibe vários esta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> oxidação<br />
que vão <strong>de</strong> 0 a +6 embora os esta<strong>dos</strong><br />
+2 e +4 sejam os mais comuns. Por<br />
ser um metal pouco reactivo (<strong>de</strong> difícil<br />
oxidação) não reage com os áci<strong>dos</strong><br />
clorídrico (HCl) e nítrico (HNO3) mas é<br />
atacada pela mistura <strong>de</strong> ambos (água<br />
régia), formando o ácido hexacloro-<br />
platínico, H2[PtCl6]. Com flúor e oxi-<br />
génio reage a elevadas temperaturas<br />
gerando PtF6 e PtO3, respectivamen-<br />
te. Estes são os únicos compostos<br />
conheci<strong>dos</strong> on<strong>de</strong> a platina está no es-<br />
tado <strong>de</strong> oxidação +6. Apesar <strong>de</strong> pou-<br />
co reactiva, os seus iões no estado <strong>de</strong><br />
oxidação +2 e +4 formam um número<br />
extremamente elevado <strong>de</strong> complexos<br />
(compostos complexos ou <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>-<br />
nação) [11-14].<br />
2) Paládio:<br />
É um metal que possui coloração<br />
branco prateado, estrutura cúbica<br />
compacta e elemento consi<strong>de</strong>rado<br />
<strong>de</strong>nso (d = 12.26 g cm -3 ), embora seja<br />
o <strong>de</strong> menor <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> quando compa-<br />
rado aos <strong>de</strong>mais elementos do grupo<br />
da platina. Assim como a platina, este<br />
metal amolece antes <strong>de</strong> fundir, po<strong>de</strong>n-<br />
do ser trabalhado e soldado. É pouco<br />
reactivo e bastante resistente à corro-<br />
são. Dissolve-se em áci<strong>dos</strong> oxidantes,<br />
bases fundidas e em água régia (HCl/<br />
HNO3) gerando o ácido H2[PdCl4].<br />
Quando combinado, o paládio exibe<br />
os esta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> oxidação 0, +1, +2 e<br />
+4 embora o estado +2 seja o está-<br />
vel. O estado <strong>de</strong> oxidação +4 é ins-<br />
tável e é atingido quando combinado<br />
com o flúor (PdF4) e oxigénio (PdO2)<br />
po<strong>de</strong>ndo também ocorrer em alguns<br />
complexos. O estado <strong>de</strong> oxidação +2<br />
ocorre no ião hidratado [Pd(H2O)4] 2 + e<br />
num número extremamente elevado<br />
<strong>de</strong> complexos (compostos complexos<br />
ou <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação) [11-14].<br />
3) Ruténio:<br />
É um metal branco prateado, brilhan-<br />
te, muito duro e tão quebradiço que<br />
po<strong>de</strong> ser pulverizado com facilida<strong>de</strong>.<br />
Cristaliza com estrutura compacta he-<br />
xagonal. Quimicamente não é ataca-<br />
do por áci<strong>dos</strong>, nem mesmo por água<br />
régia. <strong>No</strong> entanto, é solúvel em álcalis<br />
fundi<strong>dos</strong> e em presença <strong>de</strong> clorato <strong>de</strong><br />
potássio, on<strong>de</strong> o ruténio é energetica-<br />
mente oxidado. Reage com oxigénio e<br />
halogéneos a altas temperaturas. Os<br />
esta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> oxidação mais comuns são<br />
+2, +3 e +4, sendo o estado trivalen-<br />
te o mais estável. Outros esta<strong>dos</strong> <strong>de</strong><br />
oxidação encontra<strong>dos</strong> em compostos<br />
QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 29
são +5, +7 e +8. O tetraóxido <strong>de</strong> ru-<br />
ténio, RuO4 (estado <strong>de</strong> oxidação +8),<br />
é muito oxidante, mais que o análogo<br />
ósmio, e <strong>de</strong>compõe-se violentamente<br />
a altas temperaturas. O ruténio é um<br />
metal versátil que po<strong>de</strong> facilmente for-<br />
mar ligações carbono-ruténio, forman-<br />
do compostos organometálicos que<br />
são vastamente aplica<strong>dos</strong> em catálise<br />
[12-14].<br />
4) Ródio:<br />
É um metal duro <strong>de</strong> coloração branco<br />
prateado, cristaliza com estrutura com-<br />
pacta cúbica. Este platinói<strong>de</strong> é tripositi-<br />
vo na gran<strong>de</strong> maioria <strong>de</strong> seus compos-<br />
tos, embora eventualmente ocorra nos<br />
esta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> valência +1, +2, +4 e +6.<br />
O ródio compacto é completamente in-<br />
solúvel em to<strong>dos</strong> os áci<strong>dos</strong>, inclusive<br />
em água régia. Entretanto, o negro <strong>de</strong><br />
ródio, produzido por redução <strong>de</strong> sais<br />
<strong>de</strong> ródio (VI) com formato <strong>de</strong> amónia, é<br />
solúvel em água régia, em ácido sulfú-<br />
rico concentrado a quente e em ácido<br />
clorídrico na presença <strong>de</strong> ar [12-14].<br />
5) Ósmio:<br />
É um metal branco-azulado, muito<br />
duro e quebradiço. É o mais <strong>de</strong>nso<br />
<strong>dos</strong> elementos conheci<strong>dos</strong>. Dentre os<br />
metais platínicos, é o que possui pon-<br />
to <strong>de</strong> fusão mais alto (3033°C). Assim<br />
como o ruténio, cristaliza com estrutu-<br />
ra hexagonal. É capaz <strong>de</strong> assumir um<br />
gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> esta<strong>dos</strong> <strong>de</strong> valên-<br />
cia que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> +1 até +8, sendo o<br />
estado <strong>de</strong> valência tetravalente o mais<br />
estável. O ósmio não é atacado por<br />
áci<strong>dos</strong> não oxidantes, mas quando<br />
pulverizado é atacado por ácido nítri-<br />
co e pelo ácido sulfúrico concentrado<br />
a quente [12-14].<br />
6) Irídio:<br />
É um metal branco prateado, muito<br />
duro, bastante quebradiço. É entre os<br />
elementos conheci<strong>dos</strong> até ao momen-<br />
to o que apresenta maior <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />
(22.65 g cm -3 ) e maior resistência à<br />
corrosão. Cristaliza com estrutura<br />
compacta cúbica. O estado <strong>de</strong> valên-<br />
cia +3 é o mais comum, mas o ele-<br />
mento apresenta os esta<strong>dos</strong> +1, +2,<br />
+4 e +6. O irídio não é atacado pelos<br />
áci<strong>dos</strong> usuais, inclusive a água régia.<br />
É, entretanto, atacado pelo ácido clo-<br />
rídrico em presença <strong>de</strong> ar, se aque-<br />
cido sob pressão a 125°C. Os álcalis<br />
fundi<strong>dos</strong> não têm acção sobre o metal<br />
[12-14].<br />
Tabela 1 - Algumas proprieda<strong>de</strong>s atómicas e físicas para os metais do grupo da platina<br />
Número atómico Z = 78<br />
Platina<br />
Massa molar M = 195.08 g mol -1<br />
Ponto <strong>de</strong> fusão Tf = 1769 °C<br />
Isótopos naturais<br />
Número atómico Z = 46<br />
190 Pt (0.01%), 192 Pt (0.78%), 194 Pt (32.97%),<br />
195 Pt (33.83%), 196 Pt (25.24%) e 198 Pt (7.16%)<br />
Paládio<br />
Massa molar M = 106.42 g mol -1<br />
Ponto <strong>de</strong> fusão Tf = 1554 °C<br />
Isótopos naturais<br />
Número atómico Z = 44<br />
102 Pd (1.02%), 104 Pd (11.14%), 105 Pd (22.33%),<br />
106 Pd (27.33%), 108 Pd (26.46%) e 110 Pd (11.72%)<br />
Ruténio<br />
Massa molar M = 101.07 g mol -1<br />
Ponto <strong>de</strong> fusão Tf = 2334 °C<br />
Isótopos naturais<br />
96 Ru (5.52%), 98 Ru (1.88%), 99 Ru (12.70%),<br />
100 Ru (12.60%), 101 Ru(17.00%), 102 Ru (31.60%) e<br />
104 Ru (18.7%)<br />
Número atómico Z = 45<br />
Ródio<br />
Massa molar M = 102.90 g mol -1<br />
Ponto <strong>de</strong> fusão Tf = 1964 °C<br />
Isótopos naturais<br />
103 Rh (100%)<br />
Número atómico Z = 76<br />
Ósmio<br />
Massa molar M = 190.23 g mol -1<br />
Ponto <strong>de</strong> fusão Tf = 3033 °C<br />
Isótopos naturais<br />
Número atómico Z = 77<br />
184 Os (0.02%), 186 Os (1.59%), 187 Os (1.96%),<br />
188 Os (13.24%), 189 Os(16.15%), 190 Os (26.26%) e<br />
192 Os (40.78%)<br />
Irídio<br />
Massa molar M = 192.21 g mol- 1<br />
Ponto <strong>de</strong> fusão Tf = 2466 °C<br />
Isótopos naturais<br />
Da<strong>dos</strong> retira<strong>dos</strong> das referências [1, 3].<br />
APLICAÇÕES<br />
PLATINA E PALÁDIO<br />
A maior parte da platina e do paládio<br />
produzi<strong>dos</strong> no mundo são utiliza<strong>dos</strong><br />
na produção <strong>de</strong> catalisadores para<br />
escapes <strong>de</strong> veículos automóveis. O<br />
restante é utilizado na produção <strong>de</strong><br />
jóias, na indústria petroquímica, na<br />
indústria electrónica, na odontologia,<br />
entre outras aplicações [1, 3]. O uso<br />
do paládio e da platina nestes secto-<br />
res da indústria po<strong>de</strong> ser explicado<br />
191 Ir (37.3%), 193 Ir (62.7%)<br />
pelo facto <strong>de</strong>stes elementos serem<br />
muito resistentes à corrosão, mesmo<br />
a altas temperaturas, além <strong>de</strong> serem<br />
bastante dúcteis e maleáveis. Devido<br />
ao alto custo do paládio, a indústria<br />
tem procurado substituir o metal pelo<br />
níquel que é mais barato.<br />
<strong>No</strong> que se refere à produção <strong>de</strong> cata-<br />
lisadores, os elementos são utiliza<strong>dos</strong><br />
há muito tempo em conversores cata-<br />
líticos que reduzem a poluição emitida<br />
por automóveis. Estes catalisadores<br />
convertem os gases nocivos CO, NO,<br />
30 QUÍMICA 119
NO2 e hidrocarbonetos, presentes nos<br />
gases <strong>de</strong> escape <strong>de</strong> automóveis, nos<br />
compostos CO2 e N2 que são natural-<br />
mente encontra<strong>dos</strong> na atmosfera [2].<br />
O paládio é usado como catalisador na<br />
produção <strong>de</strong> etanal, processo Wacker<br />
(que não é mais o principal processo<br />
industrial), reacções <strong>de</strong> hidrogenação<br />
e nas reacções <strong>de</strong> acoplamento car-<br />
bono-carbono [2]. Também é utiliza-<br />
do na obtenção do ácido nítrico e do<br />
ácido tereftálico (C8H6O4) purificado<br />
que é usado na fabricação <strong>de</strong> fibras<br />
artificiais. Especula-se que converso-<br />
res catalíticos <strong>de</strong> platina possam ser<br />
utiliza<strong>dos</strong> na obtenção do hidrogénio<br />
como combustível [11].<br />
Quanto à utilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes metais na<br />
medicina, um complexo muito impor-<br />
tante <strong>de</strong> platina é o cis[(diaminodicloro)<br />
platina(II)], cis[Pt(NH3)2Cl2], comum-<br />
mente chamado <strong>de</strong> "cisplatina". A cis-<br />
platina é actualmente muito utilizada<br />
contra o cancro do testículo e do ová-<br />
rio on<strong>de</strong> se obtém até 90% <strong>de</strong> hipó-<br />
tese <strong>de</strong> cura. Outros cinco complexos<br />
(Figura 2) são também utiliza<strong>dos</strong>, po-<br />
rém são menos eficientes apesar <strong>de</strong><br />
serem menos tóxicos [11]. Devido ao<br />
sucesso da aplicação <strong>de</strong>stes compos-<br />
tos como anti-cancerígenos, muita<br />
pesquisa foi <strong>de</strong>senvolvida nesta área.<br />
Vários complexos <strong>de</strong> platina e <strong>de</strong> ou-<br />
tros metais, especialmente os metais<br />
do grupo da platina, foram e estão<br />
sendo sintetiza<strong>dos</strong> e estuda<strong>dos</strong> como<br />
agentes anti-tumorais. Po<strong>de</strong>-se dizer<br />
que a cisplatina foi o composto pre-<br />
cursor <strong>de</strong> uma nova área <strong>de</strong> pesqui-<br />
sa na química, <strong>de</strong>nominada <strong>Química</strong><br />
Inorgânica Medicinal.<br />
Devido à sua semelhança química<br />
com a platina, alguns complexos <strong>de</strong><br />
paládio têm sido estuda<strong>dos</strong> visando a<br />
obtenção <strong>de</strong> fármacos. Também exis-<br />
tem compostos <strong>de</strong> paládio que pos-<br />
suem boa activida<strong>de</strong> anti-tumoral e,<br />
além disso, são promissores agentes<br />
anti-infecciosos. <strong>No</strong> entanto, apesar<br />
das pesquisas intensas, estes não são<br />
ainda utiliza<strong>dos</strong> nas práticas médicas.<br />
Todavia, o isótopo radioactivo <strong>de</strong> 103 Pd<br />
é utilizado no tratamento do cancro da<br />
próstata em estado avançado [15].<br />
<strong>No</strong> que se refere a outras aplicações,<br />
são utilizadas ligas contendo platina<br />
em odontologia protética para implan-<br />
Figura 2 - Complexos <strong>de</strong> platina utiliza<strong>dos</strong> em clínica médica (entre parênteses o ano <strong>de</strong> introdução<br />
nas práticas clínicas). Os complexos <strong>de</strong>nomina<strong>dos</strong> cisplatina, carboplatina e oxaloplatina<br />
são utiliza<strong>dos</strong> em to<strong>dos</strong> os países do mundo<br />
tes e fixação <strong>de</strong> brocas e em outras<br />
situações on<strong>de</strong> se necessita <strong>de</strong> mate-<br />
riais resistentes à corrosão e à tem-<br />
peratura elevada. O composto inter-<br />
metálico Cr3Pt (uma liga homogénea<br />
com composição <strong>de</strong>finida) é utilizado<br />
para revestir navalhas conferindo uma<br />
maior dureza, permitindo que a lâmina<br />
fique afiada por mais tempo [11].<br />
Na indústria electrónica, o paládio é<br />
utilizado na produção <strong>de</strong> componentes<br />
eléctricos para telefones móveis, apa-<br />
relhos <strong>de</strong> fax, computadores portáteis<br />
e televisores LCD. Também é utilizado<br />
em revestimentos para conectores e na<br />
produção <strong>de</strong> circuitos híbri<strong>dos</strong> integra-<br />
<strong>dos</strong> [1, 3]. Na forma metálica, o paládio<br />
adsorve hidrogénio gasoso e quando<br />
aquecido ao rubro po<strong>de</strong> adsorver um<br />
volume <strong>de</strong> hidrogénio superior a 900<br />
vezes o seu volume. É o metal que<br />
adsorve a maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> hidro-<br />
génio e, por isso, é utilizado na purifi-<br />
cação <strong>de</strong>sse gás. Já o composto PdCl2<br />
adsorve monóxido <strong>de</strong> carbono e é usa-<br />
do em <strong>de</strong>tectores para esse gás [1].<br />
RUTÉNIO E RÓDIO<br />
Devido à sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> endu-<br />
recer platina e paládio, o ruténio é<br />
adicionado em ligas contendo esses<br />
elementos com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> torná-<br />
las resistentes ao <strong>de</strong>sgaste. Também<br />
é acrescentado um pouco <strong>de</strong> ruténio,<br />
cerca <strong>de</strong> 0.1%, à liga <strong>de</strong> titânio para<br />
melhorar a resistência da mesma à<br />
corrosão. Além disso, o ruténio é usa-<br />
do juntamente com o molibdénio na<br />
confecção <strong>de</strong> uma liga superconduto-<br />
ra a 10.6 K. Este metal também é usa-<br />
do em algumas peças <strong>de</strong> joalharia, na<br />
forma <strong>de</strong> liga com ouro. Este platinói-<br />
<strong>de</strong> é também usado como catalisador.<br />
Por exemplo, o RuO2 é usado para<br />
remoção do sulfureto <strong>de</strong> hidrogénio<br />
em refinarias <strong>de</strong> petróleo e em outros<br />
processos industriais [1].<br />
A importância <strong>de</strong> compostos <strong>de</strong> co-<br />
or<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> ruténio têm crescido<br />
muito <strong>de</strong>vido a diversas aplicações<br />
como catalisadores [14], sensibiliza-<br />
dores nos processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação<br />
fotocatalítica <strong>de</strong> compostos orgânicos<br />
[16], sensibilizadores em células so-<br />
lares [17], entre outros. Além disso,<br />
assim como a platina e o paládio, os<br />
complexos <strong>de</strong> ruténio têm sido exten-<br />
sivamente avalia<strong>dos</strong> como potenciais<br />
agentes anti-tumorais. Os primeiros<br />
compostos <strong>de</strong> ruténio testa<strong>dos</strong> como<br />
agentes anti-cancerígenos foram <strong>de</strong>-<br />
senvolvi<strong>dos</strong> por M. Clarke no início<br />
<strong>dos</strong> anos 80 [18]. Des<strong>de</strong> então, me-<br />
talodrogas <strong>de</strong> ruténio têm sido objecto<br />
<strong>de</strong> intensos estu<strong>dos</strong> quimioterapêuti-<br />
cos [19, 20].<br />
As estruturas I e II, Figura 3, mostram<br />
dois complexos <strong>de</strong> ruténio promisso-<br />
res. O complexo II encontra-se em<br />
fase <strong>de</strong> testes clínicos e exibe alta ac-<br />
tivida<strong>de</strong> em tumores sóli<strong>dos</strong> <strong>de</strong> cancro<br />
<strong>de</strong> cólon [21].<br />
QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 31
Figura 3 - Complexos <strong>de</strong> ruténio com significativa activida<strong>de</strong> anti-tumoral<br />
Figura 4 - Catalisador utilizado no processo Monsanto<br />
Figura 5 - Esquema para a hidrogenação assimétrica <strong>de</strong> alcenos pró-quirais<br />
O ródio é <strong>de</strong> longe o metal mais caro<br />
do grupo da platina, pois ele é muito<br />
usado em processos catalíticos indus-<br />
triais e nos conversores catalíticos <strong>de</strong><br />
automóveis, em conjunto com a pla-<br />
tina e o paládio. Este metal é cerca<br />
<strong>de</strong> quarenta vezes mais caro do que<br />
o paládio, que tem uma aplicação ca-<br />
talítica muito menor, mesmo embora<br />
eles ocorram com abundância similar<br />
na crosta terrestre [13, 14].<br />
Entre os compostos <strong>de</strong> ródio, os car-<br />
boxilatos <strong>de</strong> ródio(II) são bem estuda-<br />
<strong>dos</strong>, <strong>de</strong>vido às suas proprieda<strong>de</strong>s an-<br />
ti-tumorais [22, 23]. Entretanto, o ródio<br />
é estudado em outras aplicações, tais<br />
como sensores electroquímicos e ca-<br />
tálise química.<br />
Um <strong>dos</strong> sistemas catalíticos mais<br />
explora<strong>dos</strong> é o complexo <strong>de</strong> Rh(I),<br />
[RhCl(Ph3)3], frequentemente chama-<br />
do <strong>de</strong> catalisador <strong>de</strong> Wilkinson. Este<br />
importante catalisador hidrogena uma<br />
ampla varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> alcenos e alcinos<br />
[13, 14]. Os complexos organometáli-<br />
cos <strong>de</strong> ródio são os mais enantioselec-<br />
tivos, sendo vastamente usa<strong>dos</strong> em<br />
sínteses orgânicas [23]. Um exemplo<br />
mo<strong>de</strong>rno do uso do ródio como catali-<br />
sador é o processo Monsanto, on<strong>de</strong> o<br />
composto <strong>de</strong> ródio, Figura 4, catalisa<br />
a reacção <strong>de</strong> adição <strong>de</strong> monóxido <strong>de</strong><br />
carbono a metanol gerando ácido acé-<br />
tico. Outros exemplos são a hidrofor-<br />
milação, na qual a reacção entre mo-<br />
nóxido <strong>de</strong> carbono e hidrogénio mole-<br />
cular com um alceno leva à produção<br />
<strong>de</strong> al<strong>de</strong>ído e à hidrogenação assimé-<br />
trica <strong>de</strong> alcenos pró-quirais, Figura 5<br />
[2, 14]. Além disso, os compostos <strong>de</strong><br />
ródio constituem-se numa alternativa<br />
promissora na produção <strong>de</strong> sensores<br />
electroquímicos, em função da gran-<br />
<strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> variação das suas<br />
proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> elec-<br />
trões e <strong>de</strong> modulação <strong>dos</strong> potenciais<br />
redox via variação <strong>dos</strong> ligantes [24].<br />
Também é importante <strong>de</strong>stacar que<br />
a interacção <strong>dos</strong> complexos <strong>de</strong> ródio<br />
com proteínas, especialmente com<br />
enzimas, possibilita o aperfeiçoamen-<br />
to <strong>de</strong> biossensores já existentes [24].<br />
Embora o ródio tenha boas aplicações<br />
apresenta como gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>svantagem<br />
o seu alto custo.<br />
ÓSMIO E IRÍDIO<br />
Entre os metais do grupo da platina, o<br />
irídio e o ósmio são os que possuem<br />
menor número <strong>de</strong> aplicações. Isto<br />
porque o irídio é o metal mais inerte<br />
do grupo e o ósmio é o mais tóxico.<br />
<strong>No</strong> caso do irídio, o metal po<strong>de</strong> ser<br />
utilizado na produção <strong>de</strong> dispositivos<br />
que <strong>de</strong>vem possuir elevado ponto <strong>de</strong><br />
fusão, como cadinhos [1,13]. Algumas<br />
das suas ligas, como a <strong>de</strong> Pt/Ir são uti-<br />
lizadas em sistemas automóveis para<br />
aumentar a vida útil <strong>de</strong> eléctro<strong>dos</strong> <strong>de</strong><br />
velas <strong>de</strong> ignição, que possuem alto<br />
valor <strong>de</strong> mercado e são amplamente<br />
usadas em helicópteros [13, 25]. O<br />
irídio, juntamente com o ósmio, é uti-<br />
lizado na produção <strong>de</strong> uma liga muito<br />
dura para a fabricação <strong>de</strong> diversos<br />
tipos <strong>de</strong> agulhas que po<strong>de</strong>m ser uti-<br />
lizadas em gira-discos, bússolas e<br />
na ponta <strong>de</strong> canetas tinteiro. O seu<br />
isótopo 192 Ir é usadoo na obtenção <strong>de</strong><br />
radiografias [25].<br />
32 QUÍMICA 119
Para o ósmio, além das aplicações<br />
citadas acima, na forma combinada<br />
com outros elementos, tem sido uti-<br />
lizado na produção <strong>de</strong> ligas com alta<br />
resistência mecânica. Em implantes<br />
cirúrgicos, é largamente utilizada uma<br />
liga <strong>de</strong> Os/Pt em válvulas artificiais<br />
para os pulmões e em marca-passos<br />
[1, 25]. Soluções <strong>de</strong> OsO4 são usadas<br />
como corantes biológicos em técnicas<br />
biomédicas para <strong>de</strong>tecções microscó-<br />
picas <strong>de</strong> impressões digitais, pois a<br />
matéria orgânica reduz o OsO4 a OsO2<br />
que possui cor preta. O OsO4, por ser<br />
um potente agente oxidante, é utiliza-<br />
do em química orgânica como catali-<br />
sador na quebra <strong>de</strong> ligações duplas<br />
para a produção <strong>de</strong> cis-glicóis [13].<br />
CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
Embora o uso <strong>de</strong> metais do grupo da<br />
platina seja antigo, principalmente da<br />
platina, que po<strong>de</strong> ocorrer na nature-<br />
za no estado nativo, o interesse nos<br />
estu<strong>dos</strong> envolvendo a aplicabilida-<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>stes metais é bem recente se<br />
comparada aos metais <strong>de</strong>scobertos<br />
por civilizações antigas (Cu, Au, Ag e<br />
Pb). Um factor que contribui para uma<br />
maior restrição no uso <strong>de</strong>stes metais<br />
é o seu alto valor <strong>de</strong> mercado, que é<br />
resultado da escassez na crosta ter-<br />
restre e da complexida<strong>de</strong> envolvida<br />
nos processos <strong>de</strong> extracção e purifi-<br />
cação <strong>de</strong>sses elementos. Mesmo as-<br />
sim, tem aumentado a procura <strong>de</strong>stes<br />
metais para as mais variadas aplica-<br />
ções, sendo actualmente utiliza<strong>dos</strong><br />
principalmente na produção <strong>de</strong> catali-<br />
sadores (Pt, Pd e Rh), ligas metálicas,<br />
jóias e fármacos (Pt).<br />
Quanto às perspectivas futuras da<br />
aplicação <strong>dos</strong> platinói<strong>de</strong>s, po<strong>de</strong>mos<br />
dizer que a utilização <strong>de</strong>stes metais<br />
como catalisadores tem evoluído no<br />
sentido <strong>de</strong> reduzir as emissões noci-<br />
vas ao meio ambiente provenientes <strong>de</strong><br />
automóveis. Espera-se também que<br />
compostos <strong>de</strong> ruténio sejam usa<strong>dos</strong><br />
no tratamento do cancro, pois além<br />
<strong>de</strong> apresentarem boa activida<strong>de</strong> anti-<br />
tumoral, possuem baixa toxicida<strong>de</strong>,<br />
quando compara<strong>dos</strong> aos compostos<br />
<strong>de</strong> platina que actualmente são usa-<br />
<strong>dos</strong> nas práticas médicas. Essa bai-<br />
xa toxicida<strong>de</strong> é <strong>de</strong>vida à capacida<strong>de</strong><br />
do ruténio <strong>de</strong> imitar a ligação do ferro<br />
com biomoléculas. Sendo assim, o Ru<br />
explora os mecanismos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa do<br />
organismo que seriam para a elimina-<br />
ção do ferro em excesso [26].<br />
Para suprir a crescente procura mun-<br />
dial <strong>dos</strong> metais do grupo da platina e<br />
propiciar novas aplicações para estes<br />
elementos, faz-se necessária a <strong>de</strong>s-<br />
coberta <strong>de</strong> novas reservas minerais.<br />
O Brasil, que é um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>tentor<br />
<strong>de</strong> recursos minerais tem realizado<br />
pesquisas geológicas no sentido <strong>de</strong><br />
encontrar reservas exploráveis <strong>de</strong>s-<br />
tes metais, mas até o momento o país<br />
não produz em quantida<strong>de</strong>s significa-<br />
tivas metais do grupo da platina [11].<br />
Outro factor relevante é a necessida-<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong> reciclagem <strong>dos</strong> metais <strong>de</strong>sse<br />
grupo e o uso consciente, pois além<br />
<strong>de</strong> escassos, eles possuem eleva<strong>dos</strong><br />
custos.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
À Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Uberlândia<br />
e à Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas<br />
Gerais.<br />
REFERÊNCIAS<br />
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com (WebElements: the periodic table<br />
on the web, acedido em 06-04-2010).<br />
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earth, acedido em 05-02-2010).<br />
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Hatton Gar<strong>de</strong>n, Platinum Metals<br />
Rev.35 (1991) 141-151 e www.rsc.<br />
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asp, acedido em 17/01/2010<br />
[9] W. P. Griffith, Platinum Metals Rev. 49<br />
(2004)182-189.<br />
[10] V. N. Pitchkov, Platinum Metals Rev.<br />
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[11] P. P Silva, W. Guerra, <strong>Química</strong> <strong>No</strong>va<br />
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[12] Ohlweiler, Otto Alci<strong>de</strong>s, <strong>Química</strong> Inor-<br />
gânica, São Paulo, 1971.<br />
[13] J. D. Lee, <strong>Química</strong> Inorgânica não tão<br />
Concisa, Editora Edgard Blücher, São<br />
Paulo, 1999.<br />
[14] D. F. Shriver, P. W. Atkins, <strong>Química</strong><br />
inorgânica, Editora Bookman, Porto<br />
Alegre, 2003.<br />
[15] A. Garoufis, S. K. Hadjikakou, N. Had-<br />
jiliadis, Coord. Chem. Rev. 253 (2009)<br />
1384-1397.<br />
[16] A. K. M. Fung, B. K. W. Chiu, M. H.<br />
W. Lam, Water Res. 37 (2003)1939-<br />
1947.<br />
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Lappin, S. Hotschandani, Langmuir<br />
13 (1997) 2398-2403.<br />
[18] M.J. Clarke, Met. Ions Biol. Syst. 11<br />
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[19] M. A. Jakupec, E. Reisner, J. Med.<br />
Chem. 48 (2005) 2831-2837.<br />
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44 (2001) 3616-3621.<br />
[21] Z. ChengHe, G. LinLing, Z. YiYi, Z.<br />
FeiFei, W. GuangZhou, J. Lei, G.<br />
RongXia, Sci China Ser B-Chem. 52<br />
(2009) 415-458.<br />
[22] Najjar, R.; Quím. <strong>No</strong>va 15 (1992) 323-<br />
327 e A. R. Souza, R. Najjar, E. Olivei-<br />
ra, S. B. Zyngier, Meta-Based Drugs.<br />
4 (1997) 39-41.<br />
[23] E. S. C. Temba, I. M. F. Oliveira; C. L.<br />
Donnici, Quim. <strong>No</strong>va 26 (2003) 112-<br />
122.<br />
[24] E. S. Gil e L. T. kubota, Quim. <strong>No</strong>va<br />
21(1998) 755-760.<br />
[25] SDBS Web: http://environmentalche-<br />
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03-04-2010).<br />
[26] C. S. Allardyce, P. J. Dyson, Platinum<br />
Metals Rev45 (2001) 62-69.<br />
QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 33
2 a1 Jornadas <strong>de</strong><br />
Electroquímica e Inovação<br />
s Palestrantes<br />
Herman van Leeuwen - Wageningen University<br />
Josep Galceran - Universitat<strong>de</strong> Lleida<br />
Hubert Girault — École Polytechnique Fédérale <strong>de</strong> Lausanne<br />
Inscrição - 21 <strong>de</strong> Janeiro<br />
www.e-inov.org<br />
Universida<strong>de</strong> do Algarve, Campus <strong>de</strong> Gambelas, Faro<br />
11 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 2011
COMPLEXOS DE METAIS DE TRANSIÇÃO EM QUÍMICA FINA E MEDICINAL<br />
APLICAÇÕES NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA<br />
MARIETTE M. PEREIRA 1 ' * E MARIA JOSÉ S. M. MORENO 2<br />
ste artigo contextualiza a importância <strong>dos</strong> complexos <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição nos do-<br />
mínios da <strong>Química</strong> Fina, <strong>Química</strong> Medicinal e <strong>Química</strong> Ver<strong>de</strong> e exemplifica o interesse da<br />
sua utilização em hidrogenações e hidroformilações catalíticas homogéneas que integram<br />
processos <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> fármacos. O contributo do Grupo <strong>de</strong> Catálise & <strong>Química</strong> Fina<br />
da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra (C&QF), no âmbito da utilização <strong>de</strong> complexos metálicos <strong>de</strong><br />
Rh para optimizar e ampliar a aplicação <strong>de</strong>stas mesmas reacções ao <strong>de</strong>sign e síntese <strong>de</strong><br />
compostos com potencial activida<strong>de</strong> biológica, é também referido.<br />
METAIS DE TRANSIÇÃO EM QUÍMICA<br />
FINA E MEDICINAL<br />
A legislação portuguesa estabelece<br />
que medicamento é "toda a subs-<br />
tância ou associação <strong>de</strong> substâncias<br />
apresentada como possuindo proprie-<br />
da<strong>de</strong>s curativas ou preventivas <strong>de</strong> do-<br />
enças em seres humanos ou <strong>dos</strong> seus<br />
sintomas ou que possa ser utilizada<br />
ou administrada no ser humano com<br />
vista a estabelecer um diagnóstico<br />
médico ou, exercendo uma acção far-<br />
macológica, imunológica ou metabó-<br />
lica, a restaurar, corrigir ou modificar<br />
funções fisiológicas" [1].<br />
A crescente aplicação <strong>de</strong> complexos<br />
<strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transi-<br />
ção como fármacos revela o interesse<br />
que têm suscitado em <strong>Química</strong> Me-<br />
dicinal, cuja actuação se centra na<br />
"<strong>de</strong>scoberta, <strong>de</strong>sign, i<strong>de</strong>ntificação e<br />
preparação <strong>de</strong> compostos biologica-<br />
mente activos, bem como do estudo<br />
do respectivo metabolismo e modo<br />
<strong>de</strong> acção" [2]. O trabalho <strong>de</strong>senvolvi-<br />
do por Alfred Werner (Prémio <strong>No</strong>bel,<br />
1913) na investigação <strong>de</strong> compostos<br />
contendo cobalto, cloro e amónia,<br />
bem como a <strong>de</strong>scoberta, na década<br />
<strong>de</strong> 60 do século XX, da activida<strong>de</strong> an-<br />
Departamento <strong>de</strong> <strong>Química</strong>, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra,<br />
Rua Larga, 3004-535 Coimbra<br />
E-mail: mmpereira@qui.uc.pt<br />
Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Farmácia, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra,<br />
Pólo das Ciências da Saú<strong>de</strong>, Azinhaga <strong>de</strong> Santa<br />
Comba, 3000-548 Coimbra<br />
titumoral <strong>de</strong> um complexo <strong>de</strong> Pt (II) e<br />
sua consequente introdução na clíni-<br />
ca, constituíram marcos importantes<br />
nesta área científica [3]. Para além <strong>de</strong><br />
serem os agentes antitumorais mais<br />
usa<strong>dos</strong>, os complexos <strong>de</strong> metais <strong>de</strong><br />
transição, <strong>de</strong>signa<strong>dos</strong> por metalo-<br />
fármacos, apresentam um espectro<br />
<strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s terapêuticas alar-<br />
gado, po<strong>de</strong>ndo ser utiliza<strong>dos</strong> como<br />
anti-inflamatórios, antiartríticos, anti-<br />
bacterianos, antifúngicos, antivirais,<br />
anticonvulsivantes e antidiabéticos<br />
(Figura 1). De facto, o contributo para<br />
a área da saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> compostos con-<br />
tendo metais é tão significativo que,<br />
actualmente, constitui uma indústria<br />
que movimenta biliões <strong>de</strong> Euros [4, 5].<br />
Mas os compostos <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação<br />
<strong>de</strong>stes metais, não só contribuem<br />
directamente para o arsenal <strong>de</strong> me-<br />
dicamentos disponíveis para o trata-<br />
mento <strong>de</strong> diversas patologias [6, 7],<br />
como também concorrem, enquanto<br />
catalisadores das mais distintas trans-<br />
formações químicas, para a síntese<br />
<strong>de</strong> fármacos orgânicos não isoláveis<br />
<strong>de</strong> fontes naturais, sendo igualmente<br />
importantes na duplicação sintética<br />
<strong>de</strong> outros que têm essa origem, bem<br />
como na semi-síntese <strong>de</strong> moléculas<br />
com proprieda<strong>de</strong>s terapêuticas mais<br />
favoráveis do que as que provêm <strong>de</strong><br />
matérias-primas naturais.<br />
Figura 1 - Contextualização <strong>dos</strong> complexos <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição como fármacos e catalisadores,<br />
no âmbito da <strong>Química</strong> Medicinal, <strong>Química</strong> Fina, <strong>Química</strong> Ver<strong>de</strong> e Indústria Farmacêutica,<br />
evi<strong>de</strong>nciando as inter-relações <strong>de</strong>stes domínios<br />
QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 35
Portanto, os complexos <strong>de</strong> metais <strong>de</strong><br />
transição são da maior relevância para<br />
a Indústria Farmacêutica e, num sen-<br />
so mais lato, para a <strong>Química</strong> Fina, já<br />
que esta se ocupa da síntese <strong>de</strong> mo-<br />
léculas poli-funcionalizadas, com este-<br />
reoquímica complexa e com utilização<br />
específica, on<strong>de</strong> se englobam também<br />
os fármacos, para além <strong>de</strong> pesticidas,<br />
fragrâncias, corantes e aditivos ali-<br />
mentares (Figura 1). Estes produtos,<br />
obti<strong>dos</strong> puros numa escala industrial<br />
que não exce<strong>de</strong> as 10000 toneladas<br />
anuais, caracterizam-se por terem um<br />
elevado valor acrescentado [8].<br />
Como exemplo ilustrativo <strong>de</strong>sta rea-<br />
lida<strong>de</strong> refere-se o fármaco mais utili-<br />
zado em todo o mundo no tratamen-<br />
to <strong>de</strong> níveis eleva<strong>dos</strong> <strong>de</strong> colesterol,<br />
a atorvastatina (C33), cuja síntese<br />
se inicia com metanol (C1) e ácido<br />
acético (C2), ambos matérias-primas<br />
acessíveis que são manufacturadas<br />
em larga escala pela <strong>Química</strong> Pesada<br />
(Tabela 1). Após vários passos <strong>de</strong> pre-<br />
paração, originam os intermediários I<br />
e II que, tal como a atorvastatina, são<br />
consi<strong>de</strong>ra<strong>dos</strong> produtos <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />
Fina. Nesta transformação há um ele-<br />
vado valor acrescentado que é ainda<br />
incrementado quando a atorvastatina<br />
é submetida ao processo subsequen-<br />
te <strong>de</strong> formulação, originando uma<br />
especialida<strong>de</strong> farmacêutica com um<br />
preço superior a 80000 $/kg [8]. Ou-<br />
tros exemplos que evi<strong>de</strong>nciam bem<br />
o papel <strong>dos</strong> metais <strong>de</strong> transição na<br />
síntese <strong>de</strong> novos fármacos centram-<br />
se na catálise com complexos <strong>de</strong> Pd<br />
na formação <strong>de</strong> ligações carbono-car-<br />
bono, passo <strong>de</strong>terminante na síntese<br />
<strong>de</strong> novas moléculas como a disco<strong>de</strong>r-<br />
molida [9], que possui proprieda<strong>de</strong>s<br />
imunossupressoras e antifúngicas e<br />
evi<strong>de</strong>ncia uma potencial activida<strong>de</strong><br />
anticancerígena. A relevância da in-<br />
vestigação realizada neste âmbito por<br />
R. F. Heck, A. Suzuki e E. Negishi le-<br />
vou a que fossem galardoa<strong>dos</strong> com o<br />
Prémio <strong>No</strong>bel da <strong>Química</strong> 2010.<br />
METAIS DE TRANSIÇÃO EM<br />
QUÍMICA VERDE<br />
A produção industrial <strong>de</strong> fármacos e<br />
<strong>de</strong> outros produtos <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Fina<br />
<strong>de</strong>corre tradicionalmente em múltiplos<br />
passos não catalíticos. A relação pro-<br />
duto acabado/matéria-prima é menor<br />
do que para um produto proveniente<br />
da indústria química pesada e, <strong>de</strong>vi-<br />
do à inerente complexida<strong>de</strong> estrutural<br />
<strong>de</strong>stas moléculas, os processos <strong>de</strong><br />
síntese são mais elabora<strong>dos</strong>, o que<br />
significa maior produção <strong>de</strong> resíduos,<br />
incluindo subprodutos e co-produtos,<br />
solventes e reagentes usa<strong>dos</strong>, assim<br />
como resíduos <strong>de</strong> limpeza <strong>dos</strong> pró-<br />
prios equipamentos utiliza<strong>dos</strong>. O <strong>de</strong>-<br />
safio actual, neste sector <strong>de</strong> produção<br />
<strong>de</strong> fármacos e seus intermediários<br />
<strong>de</strong> síntese é continuar a satisfazer as<br />
necessida<strong>de</strong>s na área da saú<strong>de</strong>, for-<br />
necendo produtos seguros e eficazes,<br />
<strong>de</strong> uma forma economicamente viável<br />
e sem os efeitos colaterais adversos<br />
para o ambiente (Figura 1).<br />
Estas novas exigências, longe <strong>de</strong><br />
estarem atendidas, requerem a apli-<br />
cação <strong>de</strong> estratégias e conceitos re-<br />
laciona<strong>dos</strong> com <strong>de</strong>senvolvimento sus-<br />
tentável e química amiga do ambien-<br />
te, também <strong>de</strong>signada por <strong>Química</strong><br />
Ver<strong>de</strong>, que contempla a utilização <strong>de</strong><br />
técnicas químicas e metodologias que<br />
promovem o <strong>de</strong>sign, <strong>de</strong>senvolvimen-<br />
to e implementação <strong>de</strong> processos <strong>de</strong><br />
produção capazes <strong>de</strong> reduzir ou elimi-<br />
nar a formação <strong>de</strong> substâncias lesivas<br />
para a saú<strong>de</strong> e ambiente [10]. Neste<br />
contexto, é essencial o uso <strong>de</strong> catali-<br />
sadores, matérias-primas renováveis,<br />
solventes alternativos/reacções sem<br />
solventes e a utilização sustentável<br />
<strong>de</strong> energia, entre outras abordagens<br />
inovadoras no âmbito da engenharia.<br />
Este conjunto <strong>de</strong> tecnologias ambien-<br />
talmente benignas tem sido explorado<br />
e integrado em investigação e <strong>de</strong>sen-<br />
volvimento <strong>de</strong> fármacos, para atingir a<br />
prevenção/redução <strong>de</strong> impactos am-<br />
bientais na sua produção [11].<br />
A título <strong>de</strong> exemplo salienta-se a sín-<br />
tese da sitagliptina, <strong>de</strong>senvolvida pela<br />
Merck em colaboração com a Sol-<br />
vias e que foi distinguida, em 2009,<br />
pela United States Environmental<br />
Protection Agency - EPA com o<br />
Greener Synthetic Pathways Award<br />
por incorporar princípios da <strong>Química</strong><br />
Ver<strong>de</strong> [12]. A obtenção <strong>de</strong>ste fármaco,<br />
utilizado no tratamento da diabetes<br />
melitus tipo 2, inclui um passo sin-<br />
tético <strong>de</strong>terminante que consiste na<br />
hidrogenação catalítica assimétrica<br />
<strong>de</strong> uma enamina intermediária <strong>de</strong>s-<br />
protegida, utilizando como catalisador<br />
um complexo <strong>de</strong> Rh/t-Bu JOSIPHOS<br />
(Esquema 1).<br />
Esta hidrogenação é altamente efi-<br />
ciente, permite o isolamento final da<br />
sitagliptina com elevada pureza óptica<br />
e química e reduz significativamente<br />
os resíduos gera<strong>dos</strong>, com eliminação<br />
completa <strong>de</strong> efluentes aquosos [13].<br />
Portanto, a adopção <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong><br />
prevenção em processos industriais,<br />
para além <strong>de</strong> promover um ganho<br />
ambiental significativo, apresenta-se<br />
como uma solução viável em termos<br />
económicos.<br />
Tabela 1 - Exemplo da transformação <strong>de</strong> moléculas mono-funcionalizadas <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Pesada em produtos poli-funcionaliza<strong>dos</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Fina<br />
Parâmetros<br />
Metanol<br />
CH4O<br />
Ácido Acético<br />
C 2 H 4 O 2<br />
Intermediários<br />
(I) (II)<br />
C 7 H 11 N O 3 C 14 H 30 N O 4<br />
Atorvastatina<br />
C 33 H 35 F N 2 O 5<br />
Passos <strong>de</strong> preparação 1 2 5 15 20<br />
Produção<br />
(toneladas/ano)<br />
32 x 10 6<br />
8 x 10 6<br />
200 300 400<br />
Preço ($/kg) 0.2 1.00 100 200 2000<br />
36 QUÍMICA 119
Os méto<strong>dos</strong> catalíticos po<strong>de</strong>m efecti-<br />
vamente melhorar a economia atómi-<br />
ca <strong>de</strong> uma reacção, que é um conceito<br />
fundamental em <strong>Química</strong> Ver<strong>de</strong> [14],<br />
traduzindo-se em maximizar a conver-<br />
são e selectivida<strong>de</strong>, minimizando ou<br />
anulando a produção <strong>de</strong> subprodutos.<br />
Este papel <strong>dos</strong> catalisadores sai refor-<br />
çado e enfatizado quando conseguem<br />
resumir uma sequência <strong>de</strong> várias eta-<br />
pas <strong>de</strong> síntese a uma conversão num<br />
único passo, reduzindo a energia ne-<br />
cessária para o processo e diminuin-<br />
do os resíduos produzi<strong>dos</strong>. Portanto,<br />
também no âmbito da <strong>Química</strong> Ver<strong>de</strong>,<br />
os complexos <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição<br />
vêm dando um contributo substancial<br />
como catalisadores passíveis <strong>de</strong> se-<br />
rem usa<strong>dos</strong> em fase homogénea ou<br />
heterogénea.<br />
Em regra, nos processos industriais,<br />
a catálise heterogénea é geralmente<br />
preferida porque facilita a recupera-<br />
ção do catalisador e permite um modo<br />
<strong>de</strong> operação contínua. <strong>No</strong> entanto, as<br />
temperaturas elevadas requeridas di-<br />
minuem significativamente a selectivi-<br />
da<strong>de</strong> <strong>dos</strong> processos. Em contraparti-<br />
da, os sistemas catalíticos homogéne-<br />
os possibilitam reacções mais rápidas<br />
e selectivas, para além <strong>de</strong> permitirem<br />
mo<strong>de</strong>lar o seu mecanismo, construin-<br />
do catalisadores "por medida" através<br />
da variação <strong>de</strong> ligan<strong>dos</strong>. De facto, o<br />
<strong>de</strong>sign a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong> um catalisador<br />
po<strong>de</strong> proporcionar uma melhoria sig-<br />
nificativa do seu <strong>de</strong>sempenho numa<br />
transformação química específica<br />
[15].<br />
Como a viabilização <strong>de</strong> reacções rá-<br />
pidas e com elevada quimio-, regio- e<br />
enantiosselectivida<strong>de</strong> é <strong>de</strong> primordial<br />
Esquema 1<br />
importância na síntese industrial <strong>de</strong><br />
fármacos quirais, os complexos <strong>de</strong><br />
metais <strong>de</strong> transição cataliticamente<br />
activos, em fase homogénea, têm<br />
sido preferencialmente utiliza<strong>dos</strong><br />
na sua produção, tal como se refere<br />
em seguida, até porque também são<br />
compatíveis com o tipo <strong>de</strong> processos<br />
comummente usa<strong>dos</strong> na indústria far-<br />
macêutica.<br />
HIDROGENAÇÕES CATALÍTICAS<br />
HOMOGÉNEAS<br />
A hidrogenação <strong>de</strong> olefinas é uma<br />
das reacções catalíticas mais exten-<br />
samente estudadas, sendo os pro-<br />
cessos industriais maioritariamente<br />
heterogéneos. O primeiro sistema ca-<br />
talítico homogéneo a ser utilizado na<br />
hidrogenação <strong>de</strong> alcenos, alcinos e<br />
<strong>de</strong> al<strong>de</strong>í<strong>dos</strong> e cetonas foi o complexo<br />
Rh(PPh)3Cl, comummente conhecido<br />
como catalisador <strong>de</strong> Wilkinson (Pré-<br />
mio <strong>No</strong>bel da <strong>Química</strong>, 1973). Este<br />
catalisador permite a hidrogenação<br />
preferencial <strong>de</strong> alcenos não substitu-<br />
í<strong>dos</strong> e <strong>de</strong> alcenos terminais, à tem-<br />
M e 0<br />
Y^ r^ r-<br />
à NHAc<br />
AcO<br />
C 0 0 H<br />
L- Ph Ph<br />
MeO p p<br />
a b<br />
(R1R)-DlPAMP<br />
Rh/L<br />
250 °C<br />
IObar<br />
Esquema 2<br />
peratura ambiente e pressão atmos-<br />
férica. A hidrogenação <strong>de</strong> compostos<br />
multifuncionais tem sido e continua a<br />
ser objecto <strong>de</strong> investigação académi-<br />
ca e aplicada, visando a concepção e<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> catalisadores al-<br />
tamente activos e selectivos [16, 17].<br />
Efectivamente, a evolução ao longo<br />
das últimas duas décadas da legis-<br />
lação que regulamenta a aprovação<br />
<strong>de</strong> medicamentos tem impulsionado a<br />
indústria farmacêutica a produzir, sis-<br />
tematicamente, fármacos quirais sin-<br />
téticos na forma <strong>de</strong> compostos enan-<br />
tiomericamente puros, já que os dois<br />
enantiómeros po<strong>de</strong>m causar efeitos<br />
biológicos diferentes.<br />
A principal metodologia implementada<br />
com este objectivo envolve a catálise<br />
enantiosselectiva, permite transfor-<br />
mar matérias-primas pró-quirais em<br />
moléculas quirais, com recurso a ca-<br />
talisadores a<strong>de</strong>qua<strong>dos</strong> [18]. Pela in-<br />
vestigação realizada neste âmbito, W.<br />
Knowles e R. <strong>No</strong>yori foram distingui-<br />
<strong>dos</strong>, em 2001, com o Prémio <strong>No</strong>bel da<br />
<strong>Química</strong>. Os sistemas catalíticos mais<br />
versáteis, utiliza<strong>dos</strong> em fase homogé-<br />
nea, são constituí<strong>dos</strong> por complexos<br />
<strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição que integram<br />
ligan<strong>dos</strong> quirais, o que lhes permite o<br />
reconhecimento da conformação pre-<br />
ferencial do substrato insaturado. A<br />
primeira aplicação industrial relevante<br />
<strong>de</strong>sta metodologia consistiu na produ-<br />
ção da L-Dopa - fármaco quiral usado<br />
para o tratamento sintomático da do-<br />
ença <strong>de</strong> Parkinson - através da hidro-<br />
genação assimétrica <strong>dos</strong> <strong>de</strong>riva<strong>dos</strong> do<br />
ácido cinâmico (enamidas pró-quirais)<br />
com um complexo catiónico <strong>de</strong> Rh,<br />
contendo a difosfina quiral DIPAMP<br />
como ligando (Esquema 2) [19].<br />
MeO A / y COOH<br />
AcO<br />
L-Dopa<br />
(95% ee)<br />
QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 37<br />
NHAc
A activida<strong>de</strong> e a selectivida<strong>de</strong> conse-<br />
guidas nestas reacções catalíticas,<br />
para além <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rem da estru-<br />
tura da olefina, são também condicio-<br />
nadas pelo metal e ligando <strong>de</strong> fósforo<br />
utilizado. A experiência tem mostrado<br />
que, para o mesmo metal, a variação<br />
da estrutura do ligando po<strong>de</strong> permi-<br />
tir o ajuste das proprieda<strong>de</strong>s elec-<br />
trónicas e estéreas <strong>dos</strong> complexos<br />
cataliticamente activos, melhorando<br />
o resultado <strong>de</strong> reacções catalíticas,<br />
especialmente em termos da sua<br />
conversão, selectivida<strong>de</strong> e impacto<br />
ambiental. De facto, a exploração do<br />
efeito <strong>dos</strong> ligan<strong>dos</strong> nas proprieda<strong>de</strong>s<br />
<strong>dos</strong> complexos metálicos tem levado<br />
ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma pletora<br />
<strong>de</strong> catalisadores homogéneos, úteis<br />
na produção <strong>de</strong> uma ampla gama <strong>de</strong><br />
compostos [20].<br />
A hidrogenação catalítica homogénea<br />
<strong>de</strong> compostos carbonílicos não está<br />
tão difundida. Para este efeito, os ca-<br />
talisadores <strong>de</strong> Ru (II) são mais activos<br />
que os análogos <strong>de</strong> Rh (I). Na hidroge-<br />
nação industrial <strong>de</strong> al<strong>de</strong>í<strong>dos</strong> e cetonas<br />
contendo outros grupos polares como<br />
aminoáci<strong>dos</strong>, hidroxilo, éster, amida e<br />
sulfato, que permitem uma interação<br />
adicional com o complexo metálico,<br />
têm sido obti<strong>dos</strong> eleva<strong>dos</strong> excessos<br />
enantioméricos [21].<br />
Após a Monsanto ter introduzido a hi-<br />
drogenação enantiosselectiva no pro-<br />
cesso <strong>de</strong> síntese da L-Dopa (Esque-<br />
ma 2), outras indústrias farmacêuticas<br />
adoptaram metodologias análogas na<br />
preparação <strong>de</strong> intermediários <strong>de</strong> ou-<br />
tros fármacos, encontrando-se umas<br />
ainda em fase piloto e outras já plena-<br />
mente implementadas na sua produ-<br />
ção. Como exemplos representativos<br />
da hidrogenação catalítica enantios-<br />
selectiva <strong>de</strong> ligações C=C, refere-se<br />
a preparação <strong>de</strong> intermediários na<br />
síntese da vitamina E (Takasago), do<br />
inibidor da protease do HIV cilazapril<br />
(Roche) e do anti-hipertensor cando-<br />
xatril (Chiroteck/Pfizer). A hidrogena-<br />
ção catalítica <strong>de</strong> ligações C=O tem<br />
sido também aplicada no processo <strong>de</strong><br />
síntese do anti-<strong>de</strong>pressivo levoprotili-<br />
ne (Ciba-Geigi/Solvias) e do antibióti-<br />
co carbapenemo (Takasago) (Esque-<br />
ma 3) [21].<br />
Neste âmbito da hidrogenação, o gru-<br />
po C&QF investigou a aplicação do<br />
sistema catalítico <strong>de</strong> Rh(I) na hidro-<br />
genação <strong>de</strong> 3-oxo-esterói<strong>de</strong>s insatu-<br />
ra<strong>dos</strong> em C-4, das séries androstano,<br />
colestano e pregnano, proce<strong>de</strong>ndo à<br />
variação sistemática <strong>de</strong> ligan<strong>dos</strong> <strong>de</strong><br />
fósforo no catalisador preparado in<br />
situ. Para a mesma reacção proce<strong>de</strong>u-<br />
se ainda à mo<strong>de</strong>lação <strong>dos</strong> parâmetros<br />
razão substrato/catalisador, solvente,<br />
temperatura e pressão. Desta forma,<br />
foi possível obter as correspon<strong>de</strong>ntes<br />
cetonas saturadas com a <strong>de</strong>sejável<br />
quimio- e estereosselectivida<strong>de</strong>, si-<br />
tuando-se os rendimentos na or<strong>de</strong>m<br />
<strong>dos</strong> 80% (Esquema 4) [22]. Para este<br />
tipo <strong>de</strong> substratos, o isómero 5a-H,<br />
termodinamicamente mais estável,<br />
predomina nas reacções efectuadas<br />
com sistemas catalíticos homogéne-<br />
os, enquanto o isómero 5p-H é o prin-<br />
cipal produto resultante do processo<br />
catalítico heterogéneo. Esta inversão<br />
<strong>de</strong> estereosselectivida<strong>de</strong> tem mere-<br />
cido particular atenção pelo potencial<br />
que apresenta na síntese <strong>de</strong> hormo-<br />
nas e vitaminas.<br />
Esquema 3<br />
Esquema 4<br />
Porém, a difícil recuperação do ca-<br />
talisador na hidrogenação catalítica<br />
homogénea <strong>de</strong>stes oxo-esterói<strong>de</strong>s<br />
a,p-insatura<strong>dos</strong> condicionava o seu<br />
potencial interesse na indústria farma-<br />
cêutica. Para superar esta limitação<br />
efectuou-se a ligação do catalisador<br />
homogéneo a um suporte sólido a<strong>de</strong>-<br />
quado, <strong>de</strong> forma a viabilizar a sua<br />
heterogeneização. Assim, através da<br />
imobilização do catalisador em resinas<br />
<strong>de</strong> troca iónica ou num suporte sólido<br />
<strong>de</strong> PtO2, foi possível conseguir a sua<br />
reutilização, sem comprometimento<br />
das selectivida<strong>de</strong>s evi<strong>de</strong>nciadas em<br />
fase homogénea, o que po<strong>de</strong>rá vir a<br />
viabilizar, num futuro próximo, a trans-<br />
posição <strong>de</strong>sta heterogeneização do<br />
catalisador para uma escala prepara-<br />
tiva [23, 24].<br />
Esta metodologia <strong>de</strong> heterogeneiza-<br />
ção <strong>de</strong> catalisadores homogéneos,<br />
para além <strong>de</strong> ter interesse na indús-<br />
tria, vem sendo objecto <strong>de</strong> investiga-<br />
ção centrada no estudo <strong>de</strong> novas es-<br />
38 QUÍMICA 119
pécies catalíticas que possam revelar<br />
proprieda<strong>de</strong>s inusitadas.<br />
HIDROFOMILAÇÕES CATALÍTICAS<br />
HOMOGÉNEAS<br />
A reacção <strong>de</strong> hidroformilação foi <strong>de</strong>s-<br />
coberta, aci<strong>de</strong>ntalmente, por Otto-<br />
-Roelen em 1938 quando trabalhava<br />
no <strong>de</strong>senvolvimento da reacção <strong>de</strong><br />
Fischer-Tropsch para a indústria Ru-<br />
chermie [25]. Esta reacção consiste<br />
na adição <strong>de</strong> monóxido <strong>de</strong> carbono<br />
e hidrogénio a olefinas para formar o<br />
correspon<strong>de</strong>nte al<strong>de</strong>ído, num proces-<br />
so que po<strong>de</strong> ser catalisado por diferen-<br />
tes complexos <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição<br />
(Esquema 5). De entre os diversos ti-<br />
pos <strong>de</strong> catalisadores aplica<strong>dos</strong> a nível<br />
industrial, salientamos os complexos<br />
<strong>de</strong> cobalto e <strong>de</strong> ródio coor<strong>de</strong>na<strong>dos</strong>, ou<br />
não, com ligan<strong>dos</strong> <strong>de</strong> fósforo [26]. Este<br />
processo catalítico permite formar no-<br />
vas ligações carbono-carbono com<br />
incorporação <strong>de</strong> to<strong>dos</strong> os átomos <strong>dos</strong><br />
reagentes (H2 e CO) no produto final,<br />
sendo por isso um excelente exemplo<br />
duma transformação com completa<br />
economia atómica. Apesar <strong>de</strong> nos pri-<br />
meiros tempos esta reacção ter sido<br />
fundamentalmente aplicada à síntese<br />
<strong>de</strong> produtos pouco funcionaliza<strong>dos</strong> do<br />
foro da <strong>Química</strong> Pesada, com o <strong>de</strong>-<br />
senvolvimento <strong>de</strong> novos catalisado-<br />
res quirais (Esquema 5) passou a ser<br />
também um processo relevante para<br />
<strong>Química</strong> Fina [27-30], nomeadamente<br />
na síntese industrial <strong>de</strong> um precursor<br />
da vitamina A (BASF e Hoffmann-La<br />
Roche) [31, 32]. A sua aplicação na<br />
produção <strong>de</strong> al<strong>de</strong>í<strong>dos</strong> quirais foi, du-<br />
rante muitos anos, limitada por restri-<br />
ções resultantes das baixas regio- e<br />
sobretudo enantiosselectivida<strong>de</strong>s <strong>dos</strong><br />
processos catalíticos. Contudo, foram<br />
abertos novos horizontes com a emer-<br />
gência <strong>de</strong> ligan<strong>dos</strong> quirais que per-<br />
mitem a aplicação <strong>de</strong>sta reacção na<br />
preparação <strong>de</strong> al<strong>de</strong>í<strong>dos</strong> enantiomeri-<br />
camente puros, que são importantes<br />
building blocks/precursores <strong>de</strong> molé-<br />
culas mais complexas, farmacologica-<br />
mente activas, tais como: antibióticos,<br />
peptí<strong>de</strong>os, macrociclos antitumorais e<br />
prostaglandinas [30].<br />
Devido ao interesse crescente na ob-<br />
tenção <strong>de</strong> novos <strong>de</strong>riva<strong>dos</strong> <strong>de</strong> áci<strong>dos</strong><br />
aril-propiónicos quirais, com diversas<br />
aplicações na indústria farmacêutica<br />
para a preparação <strong>de</strong> substâncias<br />
activas com reconhecida activida<strong>de</strong><br />
inflamatória, o estireno tem sido um<br />
<strong>dos</strong> substratos mo<strong>de</strong>lo mais estuda-<br />
<strong>dos</strong> nesta reacção [26]. <strong>No</strong> entanto,<br />
para que esta possa ser aplicada a<br />
nível industrial na preparação <strong>de</strong> áci-<br />
<strong>dos</strong> aril-propiónicos [33] é importante<br />
<strong>de</strong>senvolver, não só, novos ligan<strong>dos</strong><br />
quirais/catalisadores, mas também<br />
optimizar as condições <strong>de</strong> reacção<br />
para obter elevadas regiosselectivida-<br />
<strong>de</strong>s do al<strong>de</strong>ído ramificado (Esquema<br />
5A). Neste sentido, o grupo C&QF<br />
<strong>de</strong>senvolveu recentemente estu<strong>dos</strong><br />
<strong>de</strong> optimização da regiosselectivida<strong>de</strong><br />
da hidroformilação <strong>de</strong> vinil-aromáticos<br />
como o estireno e a clorofila, recor-<br />
rendo a um planeamento factorial 2 2 ,<br />
o que permitiu atingir regiosselectivi-<br />
da<strong>de</strong>s próximas <strong>de</strong> 100% para o al<strong>de</strong>-<br />
ído ramificado do estireno e <strong>de</strong> beta<br />
vinil-porfirinas, efectuando um núme-<br />
ro reduzido <strong>de</strong> experiências (Tabela<br />
2). De facto, o planeamento factorial<br />
tem-se revelado como uma excelente<br />
ferramenta para a optimização <strong>de</strong> pro-<br />
cessos sintéticos [21, 34].<br />
A utilização <strong>de</strong> complexos organo-<br />
metálicos na funcionalização <strong>de</strong> es-<br />
terói<strong>de</strong>s foi recentemente <strong>de</strong>scrito<br />
por Kollar [35] num artigo <strong>de</strong> revisão,<br />
on<strong>de</strong> fica patente que a hidroformi-<br />
lação também permite introduzir um<br />
grupo formilo, num único passo e <strong>de</strong><br />
forma diasterosselectiva, em duplas<br />
ligações internas <strong>de</strong> núcleos <strong>de</strong> es-<br />
terói<strong>de</strong>s. A primeira hidroformilação<br />
<strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> substratos foi <strong>de</strong>scri-<br />
ta por Pike e Wen<strong>de</strong>r [36], nos anos<br />
50, utilizando como catalisador o<br />
complexo [CoH(CO)4] em quantida-<br />
<strong>de</strong>s estequiométricas e recorrendo a<br />
condições <strong>de</strong> reacção muito severas.<br />
Esquema 5<br />
Mais recentemente, surgiram outros<br />
exemplos da sua aplicação na funcio-<br />
nalização <strong>de</strong> esterói<strong>de</strong>s insatura<strong>dos</strong><br />
em C-16, utilizando catalisadores <strong>de</strong><br />
ródio coor<strong>de</strong>na<strong>dos</strong> com fosfinas al-<br />
quílicas [37]. A contribuição do grupo<br />
C&QF, neste âmbito, traduziu-se no<br />
<strong>de</strong>senvolvimento da hidroformilação<br />
diastereosselectiva <strong>de</strong> esterói<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
diversas séries, insatura<strong>dos</strong> em C-4,<br />
utilizando complexos <strong>de</strong> ródio/tris(o-<br />
tert-butilfenil)fosfito como catalisador<br />
(Tabela 2) [38]. Esta reacção tem<br />
constituído um exemplo <strong>de</strong> referên-<br />
cia, também a nível pedagógico, já<br />
que permite <strong>de</strong>monstrar experimen-<br />
talmente a modulação da reactivida<strong>de</strong><br />
e da regio- e diastereosselectivida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>stas reacções catalíticas. Salienta-<br />
se ainda que a hidroformilação aplica-<br />
da a terpenos naturais permite obter<br />
al<strong>de</strong>í<strong>dos</strong> que po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>sempenhar<br />
um importante papel como intermedi-<br />
ários em síntese <strong>de</strong> produtos do foro<br />
da <strong>Química</strong> Fina [39].<br />
Neste domínio e no âmbito <strong>de</strong> um pro-<br />
jecto Ibero-Americano que contempla<br />
a hidroformilação diastereosselectiva<br />
<strong>de</strong> produtos naturais, o grupo C&QF<br />
<strong>de</strong>senvolveu estu<strong>dos</strong> <strong>de</strong> hidroformi-<br />
lação <strong>de</strong> mono e diterpenos tendo<br />
em vista a obtenção <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong><br />
elevado valor acrescentado, nomea-<br />
damente <strong>de</strong>riva<strong>dos</strong> do acetato <strong>de</strong><br />
mirtenol [38] (Tabela 2), assim como<br />
do ácido kaurénico e do kaurenol<br />
(Tabela 2), que é uma matéria-prima<br />
natural obtida a partir <strong>de</strong> uma planta<br />
resinosa "frailejón" nativa das monta-<br />
nhas <strong>dos</strong> An<strong>de</strong>s [41].<br />
Os exemplos aqui apresenta<strong>dos</strong><br />
evi<strong>de</strong>nciam que o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 39
ecente <strong>de</strong> catalisadores quirais al-<br />
tamente regio e enantiosselectivos<br />
po<strong>de</strong> ampliar a utilização da hidro-<br />
formilação como ferramenta sintética<br />
na obtenção <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> elevado<br />
valor acrescentado, <strong>de</strong>signadamente<br />
com potenciais aplicações no domínio<br />
da <strong>Química</strong> Fina.<br />
CONCLUSÃO<br />
A indústria farmacêutica precisa <strong>de</strong><br />
continuar a <strong>de</strong>senvolver e produzir<br />
complexos <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição que<br />
possuam uma acção terapêutica ine-<br />
rente. Em simultâneo, carece também<br />
<strong>de</strong> novos complexos <strong>de</strong> metais <strong>de</strong><br />
transição capazes <strong>de</strong> actuarem como<br />
catalisadores selectivos, recuperáveis<br />
e reutilizáveis, que permitam sintetizar<br />
novos fármacos ou optimizar a produ-<br />
ção <strong>de</strong> outros já introduzi<strong>dos</strong> na prá-<br />
tica clínica e usa<strong>dos</strong> rotineiramente.<br />
Estas necessida<strong>de</strong>s, compaginadas<br />
com estratégias e conceitos relacio-<br />
na<strong>dos</strong> com Desenvolvimento Susten-<br />
tável e <strong>Química</strong> Ver<strong>de</strong> vêm li<strong>de</strong>rando<br />
muita da investigação realizada no<br />
âmbito da <strong>Química</strong> Fina e Medicinal,<br />
no que se refere ao <strong>de</strong>sign, <strong>de</strong>sen-<br />
volvimento e produção <strong>de</strong> compostos<br />
biologicamente activos. É nesta con-<br />
fluência inter- e transdisciplinar <strong>de</strong><br />
interesses e objectivos que os com-<br />
plexos <strong>de</strong> metais <strong>de</strong> transição têm um<br />
papel relevante a protagonizar.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
As autoras agra<strong>de</strong>cem a contribui-<br />
ção das equipas <strong>de</strong> investigação <strong>dos</strong><br />
Projectos PTDC/QUI/88015/2006 e<br />
PTDC/QUI/112913/2009 financia<strong>dos</strong><br />
pela Fundação para a Ciência e Tec-<br />
nologia (FCT); do Projecto Ibero-<br />
Americano CYTED-V-9 e <strong>dos</strong> alunos<br />
do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação do<br />
Grupo <strong>de</strong> Catálise & <strong>Química</strong> Fina do<br />
Departamento <strong>de</strong> <strong>Química</strong> - Universi-<br />
da<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra, em particular A. F.<br />
Peixoto, A. R. Almeida, A. R. Abreu, R.<br />
Nunes e R. Carrilho.<br />
REFERÊNCIAS<br />
[1] Decreto-Lei n° 176/2006 <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong><br />
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40 QUÍMICA 119
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[28] A. Gual, C. Godard, S. Castillón, C.<br />
Os catalisadores não estão normal-<br />
mente equipa<strong>dos</strong> com um interruptor<br />
on-off. <strong>No</strong> entanto, segundo investi-<br />
gadores da <strong>No</strong>rthwestern University, é<br />
possível que complexos supramolecu-<br />
lares cataliticamente activos possam<br />
ser <strong>de</strong>senha<strong>dos</strong> <strong>de</strong> modo a transitar,<br />
reversivelmente e <strong>de</strong> uma forma con-<br />
trolável, entre configurações distintas<br />
capazes <strong>de</strong>, selectivamente, mediar<br />
ou inibir uma reacção (Science 2010,<br />
330, 66). Estes estu<strong>dos</strong> sugerem no-<br />
vas estratégias para o projecto <strong>de</strong> ca-<br />
talisadores flexíveis, reguláveis atra-<br />
vés <strong>de</strong> meios químicos triviais.<br />
Em resposta a um estímulo químico<br />
específico, como a presença <strong>de</strong> cer-<br />
tos iões, enzimas alostéricas sofrem<br />
alterações conformacionais que pos-<br />
sibilitam a regulação da activida<strong>de</strong><br />
enzimática. Estas alterações são tipi-<br />
camente <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas pela ligação<br />
<strong>de</strong> um ião ou outra espécie química, a<br />
uma localização que não seja o centro<br />
activo da enzima.<br />
Se este tipo <strong>de</strong> comportamento for<br />
extensível a substâncias organometá-<br />
licas, então o alosterismo po<strong>de</strong> funcio-<br />
Claver, Adv. Synth. Catal. 352 (2010)<br />
463-477.<br />
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1231-1234; b) A. L. Nussbaum, T. L.<br />
Popper, E. P. Oliveto, S. Friedman, I.<br />
CATALISADORES COMUTÁVEIS<br />
nar como uma nova abordagem para<br />
o controlo <strong>de</strong> reacções catalisadas<br />
por uma vasta gama <strong>de</strong> compostos.<br />
<strong>No</strong> entanto, a engenharia molecular<br />
relacionada com este tipo <strong>de</strong> mime-<br />
tização da Natureza tem-se revelado<br />
<strong>de</strong>veras problemática.<br />
A equipa da <strong>No</strong>rthwestern que inclui<br />
os químicos Hyo Jae Yoon, Junpei<br />
Kuwabara, Jun-Hyun Kim e Chad A.<br />
Mirkin, recorreu a méto<strong>dos</strong> <strong>de</strong> síntese<br />
supramolecular <strong>de</strong> forma a ultrapassar<br />
estes <strong>de</strong>safios. Os investigadores sin-<br />
tetizaram estruturas supramoleculares<br />
a partir <strong>de</strong> duas unida<strong>de</strong>s inertes con-<br />
tendo ciclos multi-fenil e uma unida<strong>de</strong><br />
cataliticamente activa que possui um<br />
ligando <strong>de</strong> Al(III)-salen. As secções <strong>de</strong><br />
multi-ciclos actuam como camadas <strong>de</strong><br />
bloqueio ou abas que, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da<br />
conformação especificada, po<strong>de</strong>m ex-<br />
por ou ocultar o centro metálico, que<br />
actua como um catalisador <strong>de</strong> polime-<br />
rização. Assim, a equipa <strong>de</strong>monstrou<br />
que a estrutura <strong>de</strong> três camadas po<strong>de</strong><br />
mediar reacções <strong>de</strong> polimerização por<br />
abertura <strong>de</strong> anel <strong>de</strong> £-caprolactona.<br />
O tratamento da forma fechada ou<br />
inactiva da estrutura com iões cloreto<br />
Wen<strong>de</strong>r, J. Am. Chem. Soc. 81 (1959)<br />
1228-1231.<br />
[37] S. Toros, I. G.-Pécsi, B. Heil, S. Maho,<br />
Z. Tuba, J. Chem. Soc., Chem. Commun.<br />
(1992) 858-859.<br />
[38] A. F. Peixoto, M. M. Pereira, A.M.S.<br />
Silva, C. M. Foca, J. C. Bayón, M. J.<br />
S. M. Moreno, A. M. Beja, J. A. Paixão,<br />
M. Ramos Silva, J. Mol. Cat. A:Chem<br />
275 (2007) 121-129.<br />
[39] J. L. F. Monteiro, C. O. Veloso, Topics<br />
in Catalysis 27 (2004) 169-180.<br />
[40] A. F. Peixoto, M. M. Pereira, A. F. Sou-<br />
sa, A. A. C. C. Pais, M. G. P. M. S. Neves,<br />
A. M. S. Silva, J. A. S. Cavaleiro, J.<br />
Mol. Cat. A:Chem 235 (2005) 185-193.<br />
[41] A. F. Peixoto, D. S. <strong>de</strong> Melo, T. F.<br />
Fernan<strong>de</strong>s, Y. Fonseca, E. V. Gusevskaya,<br />
A. M.S. Silva, R. R. Contreras,<br />
M. Reyes, A. Usubillaga, E. N. <strong>dos</strong><br />
Santos, M. M. Pereira, J. C. Bayón,<br />
Appl Cat. A: Gen. 340 (2008) 212-219.<br />
induz a abertura das abas, expondo o<br />
centro catalítico e <strong>de</strong>spoletando a po-<br />
limerização. Por outro lado, a adição<br />
<strong>de</strong> uma reduzida quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um<br />
agente <strong>de</strong> remoção do cloreto causa o<br />
encerramento da estrutura e a conse-<br />
quente terminação da polimerização.<br />
Através da manipulação <strong>de</strong>ste pro-<br />
cesso reversível, a equipa conseguiu<br />
sintonizar os pesos moleculares <strong>dos</strong><br />
polímeros sintetiza<strong>dos</strong>.<br />
"Este é um belo exemplo da forma<br />
como a flexibilida<strong>de</strong> da química supra-<br />
molecular po<strong>de</strong> ser usada para mime-<br />
tizar a Natureza", afirma o professor<br />
<strong>de</strong> química Wenbin Lin da University<br />
of <strong>No</strong>rth Carolina, em Chapel Hill, que<br />
acrescenta, "esta abordagem permite<br />
antecipar muitas aplicações interes-<br />
santes".<br />
(Adaptado do artigo <strong>de</strong> 4/10/2010<br />
<strong>de</strong> Mitch Jacoby: Switchable<br />
Catalysts, Chemical & Engineering<br />
News, http://pubs.acs.org/cen/news/88/<br />
i40/8840notw6.html)<br />
QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 41<br />
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Este segundo artigo sobre Questões<br />
<strong>de</strong> nomenclatura tem como objectivo<br />
informar os químicos portugueses so-<br />
bre os problemas com que se <strong>de</strong>pa-<br />
rou a comissão composta por portu-<br />
gueses, brasileiros e cabo-verdianos<br />
que está a traduzir e adaptar para<br />
português, nas vertentes europeia<br />
e brasileira, as Recomendações da<br />
IUPAC <strong>de</strong> 2005 da <strong>No</strong>menclatura <strong>de</strong><br />
<strong>Química</strong> Inorgânica [1, 2], na tradução<br />
<strong>dos</strong> nomes <strong>dos</strong> elementos químicos e<br />
opções que teve <strong>de</strong> realizar.<br />
O nome <strong>de</strong> cada elemento químico<br />
tem uma história diferente conforme<br />
exista naturalmente na Terra ou seja<br />
criado em laboratório através <strong>de</strong> reac-<br />
ções nucleares. O nome <strong>dos</strong> elemen-<br />
tos que existem naturalmente na Ter-<br />
ra está ligado à própria história <strong>de</strong>sse<br />
elemento - a sua antiguida<strong>de</strong> e a sua<br />
utilização. Não havendo, no passado,<br />
uma tradição <strong>de</strong> <strong>de</strong>signar os elemen-<br />
tos químicos <strong>de</strong> uma só forma, tanto<br />
na vertente europeia, como brasileira,<br />
do português, apesar da raiz comum<br />
da maioria <strong>dos</strong> nomes, estes foram<br />
sofrendo alterações ao longo do tem-<br />
po. Apesar das Recomendações da<br />
IUPAC <strong>de</strong> 2005 da <strong>No</strong>menclatura <strong>de</strong><br />
<strong>Química</strong> Inorgânica [1] proporem um<br />
único nome para os elementos quí-<br />
micos, elas próprias dão o exemplo,<br />
em inglês, tanto da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
compromisso entre as diversas va-<br />
riantes linguísticas ao proporem, por<br />
exemplo para o enxofre, unicamente o<br />
nome "sulfur", como da possibilida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> aceitação <strong>de</strong> ligeiras alterações ao<br />
admitirem, por exemplo, as variantes<br />
Comissão <strong>de</strong> Tradução das Recomendações da IUPAC<br />
<strong>de</strong> 2005 da <strong>No</strong>menclatura <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Inorgânica:<br />
1 Portugal<br />
2 Cabo Ver<strong>de</strong><br />
3 Brasil<br />
mclara@ua.pt<br />
OS NOMES DOS ELEMENTOS QUÍMICOS<br />
QUESTÕES DE<br />
NOMENCLATURA<br />
ADÉLIO A. S. C. M. MACHADO 1 , BERNARDO J. HEROLD 1 , JOÃO<br />
CARDOSO 2 , JOAQUIM MARÇALO 1 , JOSÉ ALBERTO L. COSTA 1 , MARIA CLARA<br />
MAGALHÃES 1 *, MARIA HELENA GARCIA 1 , OLIVIER PELLEGRINO 1 , OSVALDO<br />
"aluminum" e "aluminium" para o alu-<br />
mínio.<br />
A comissão [2] que está a traduzir as<br />
Recomendações da IUPAC <strong>de</strong> 2005<br />
da <strong>No</strong>menclatura <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Inorgâ-<br />
nica recomenda os nomes <strong>dos</strong> ele-<br />
mentos químicos constantes do Qua-<br />
dro 1. São aqui introduzidas pequenas<br />
alterações em alguns <strong>dos</strong> nomes <strong>dos</strong><br />
elementos químicos utiliza<strong>dos</strong> actual-<br />
mente, no sentido <strong>de</strong> harmonizar a no-<br />
menclatura em português nas varian-<br />
tes europeia e brasileira. <strong>No</strong> Quadro<br />
1, na coluna das notas, apresentam-<br />
se não só as que constam das Re-<br />
comendações da IUPAC <strong>de</strong> 2005 da<br />
<strong>No</strong>menclatura <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Inorgânica<br />
[1], como alguma justificação <strong>dos</strong> pre-<br />
sentes nomes <strong>dos</strong> elementos quími-<br />
cos. É <strong>de</strong> notar que na <strong>de</strong>signação <strong>de</strong><br />
alguns elementos, como por exemplo<br />
do berkélio, a forma <strong>de</strong> o escrever foi<br />
alterada em relação a formas anterio-<br />
res, como resultado do novo texto do<br />
Acordo Ortográfico da Língua Portu-<br />
guesa (1990) 1 [3] admitir a existência<br />
da letra "k" e sugerir que, quando pos-<br />
sível, não haja gran<strong>de</strong>s adulterações<br />
na escrita, em português, <strong>de</strong> nomes<br />
próprios ou <strong>de</strong>riva<strong>dos</strong> <strong>de</strong> nomes pró-<br />
prios. As ligeiras alterações <strong>dos</strong> no-<br />
mes <strong>dos</strong> elementos com os números<br />
atómicos 99 e 110, respectivamente,<br />
einsténio (bras. einstênio) e darmstá-<br />
cio, foram propostas tendo em aten-<br />
ção razões <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m fonética.<br />
Na atribuição <strong>dos</strong> nomes, em portu-<br />
guês, aos elementos artificiais que<br />
têm vindo a ser cria<strong>dos</strong> em laborató-<br />
rio, seguiram-se três regras que se<br />
tentaram aplicar caso a caso:<br />
x a escrita <strong>dos</strong> nomes <strong>dos</strong> elemen-<br />
tos <strong>de</strong>ve seguir as regras <strong>de</strong> escri-<br />
ta das palavras em português <strong>de</strong><br />
Portugal e do Brasil;<br />
SERRA 3 , ROBERTO B. FARIA 3 E RUI TEIVES HENRIQUES 1<br />
x a adaptação ao português <strong>de</strong>ve<br />
ser feita <strong>de</strong> modo que o conjunto<br />
<strong>de</strong> caracteres possa ser i<strong>de</strong>ntifica-<br />
do em qualquer língua; e<br />
x a raiz inicial <strong>dos</strong> nomes <strong>de</strong>ve ser<br />
mantida, uma vez que estes <strong>de</strong>ri-<br />
vam <strong>de</strong> nomes próprios estrangei-<br />
ros.<br />
<strong>No</strong> sentido <strong>de</strong> simplificar a nomen-<br />
clatura, evitando a proliferação <strong>de</strong><br />
nomes, nas últimas Recomendações<br />
da IUPAC <strong>de</strong> 2005 da <strong>No</strong>menclatura<br />
<strong>de</strong> <strong>Química</strong> Inorgânica [1], é proposto<br />
um único nome para cada elemento<br />
químico. Deste modo, no caso daque-<br />
les elementos a que tradicionalmente<br />
eram atribuí<strong>dos</strong> dois nomes, como os<br />
elementos com os números atómicos<br />
7, 51 e 74, fixou-se em português os<br />
nomes, respectivamente, nitrogénio<br />
(bras. nitrogênio), antimónio (bras.<br />
antimônio) e tungsténio (bras. tungs-<br />
tênio), por serem os mais utiliza<strong>dos</strong>,<br />
na actualida<strong>de</strong>, na literatura científica<br />
em português. Com excepção <strong>dos</strong> no-<br />
mes <strong>dos</strong> elementos do grupo <strong>dos</strong> ga-<br />
ses nobres, em que há uma diferença<br />
mais acentuada nas <strong>de</strong>signações nas<br />
vertentes europeia e brasileira, a dife-<br />
rença resi<strong>de</strong> unicamente na acentua-<br />
ção das palavras. É provável que, no<br />
futuro, com a continuação <strong>de</strong> esforços<br />
<strong>de</strong> aproximação das várias vertentes<br />
do português, esta diferença na escri-<br />
ta <strong>dos</strong> nomes <strong>dos</strong> elementos venha a<br />
ser eliminada.<br />
Para os elementos com os números<br />
atómicos 24 e 85, fixaram-se agora,<br />
respectivamente, os nomes cromo e<br />
ástato. <strong>No</strong> caso da vertente europeia<br />
do português, merecem explicações<br />
as recomendações que se fazem<br />
para os nomes <strong>dos</strong> elementos com os<br />
números atómicos 7, 24 e 85, respec-<br />
tivamente, nitrogénio (bras. nitrogê-<br />
nio), cromo e ástato. A fixação <strong>de</strong>stes<br />
QUÍMICA 1 1 9 - OUT/DEZ 10 4 3
nomes tem por base os pressupostos<br />
seguintes:<br />
x no caso do elemento com o nú-<br />
mero atómico 7, propõe-se agora uni-<br />
camente o nome nitrogénio, com di-<br />
ferente acentuação em português do<br />
Brasil (nitrogênio), tendo em mente<br />
não só a imposição da IUPAC da es-<br />
colha <strong>de</strong> um único nome, mas também<br />
o facto <strong>de</strong> este ser o nome seguido no<br />
português do Brasil e actualmente em<br />
muitas universida<strong>de</strong>s e manuais es-<br />
colares <strong>de</strong> Portugal; é importante fri-<br />
sar que a IUPAC não impõe o nome,<br />
só impõe que <strong>de</strong>ve haver um único<br />
nome por elemento por língua; os dois<br />
nomes actualmente em vigor em Por-<br />
tugal foram propostos por cientistas<br />
franceses - azoto (do francês "azote",<br />
que <strong>de</strong>riva do grego "sem vida") por<br />
A. Lavoisier, em 1789 [4], e nitrogé-<br />
nio (do grego "gerador <strong>de</strong> nitro") por<br />
J.-A.-C. Chaptal, em 1790 [5], quando<br />
compreen<strong>de</strong>u que este elemento era<br />
um constituinte <strong>dos</strong> nitratos;<br />
x para o elemento com o número<br />
atómico 24 escolheu-se o nome cro-<br />
Z Símbolo<br />
<strong>No</strong>me<br />
(Var. Europeia)<br />
mo numa tentativa <strong>de</strong> aproximação<br />
da escrita do português nas duas<br />
variantes - brasileira e portuguesa. A<br />
propósito da escolha <strong>de</strong> "cromo" rela-<br />
tivamente a "crómio", é interessante<br />
ler o que A.J. Ferreira da Silva escre-<br />
veu em 1905 [6]: argumenta, seguin-<br />
do o exemplo <strong>de</strong> J.J. Berzelius, que<br />
o "chromium" latino, <strong>de</strong>via conduzir<br />
a "crómio". Vários autores portugue-<br />
ses, que ele cita (Oliveira Pimentel,<br />
Achilles Machado, Sousa Gomes e<br />
Mousinho d'Albuquerque [6]), tam-<br />
bém optaram por "crómio". <strong>No</strong> entan-<br />
to, cita o Conselheiro Álvaro Joaquim<br />
d'Oliveira que usa "cromo", A.J. Fer-<br />
reira da Silva seguiu, neste caso, o<br />
critério <strong>de</strong> respeitar a opinião da maio-<br />
ria <strong>dos</strong> autores portugueses; na sua<br />
argumentação falta, porém, mencio-<br />
nar o facto <strong>de</strong> tanto uma versão como<br />
a outra <strong>de</strong>rivarem do grego chrôma;<br />
<strong>de</strong>ste modo, "cromo" será o nome do<br />
elemento quando é <strong>de</strong>rivado por via<br />
directa do grego e "crómio" por via do<br />
latim. Em português, em regra, os ter-<br />
mos <strong>de</strong>riva<strong>dos</strong> do grego foram adap-<br />
ta<strong>dos</strong> apenas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> terem sido<br />
latiniza<strong>dos</strong>; com efeito, na sequência<br />
da Contra-Reforma e do afastamento<br />
<strong>dos</strong> "bordaleses" da Escola das Ar-<br />
tes em Coimbra, não se encorajava<br />
a tradução directa <strong>de</strong> textos gregos<br />
antigos e preferia-se traduzir textos<br />
previamente verti<strong>dos</strong> para latim, que<br />
já levavam a chancela <strong>de</strong> Roma [7].<br />
Isso justificaria o nome "crómio" mas,<br />
curiosamente, quem se parece ter<br />
atravessado no meio do caminho,<br />
<strong>de</strong>sta vez, não foi Roma mas Uppsala<br />
na pessoa do protestante iluminado<br />
J.J Berzelius [6]. Não nos parece que<br />
se tenha <strong>de</strong> seguir necessariamente<br />
A.J. Ferreira da Silva [6] e, se se fizer<br />
a adaptação directamente do grego,<br />
fica "cromo". Foi o que, segundo A.J.<br />
Ferreira da Silva [6], fizeram os espa-<br />
nhóis, os franceses e os italianos ao<br />
omitirem também o "i". A maioria <strong>dos</strong><br />
dicionários <strong>de</strong> português admite as<br />
duas variantes "cromo" e "crómio";<br />
x o nome do elemento com o núme-<br />
ro atómico 85 <strong>de</strong>ve escrever-se ásta-<br />
to, uma vez que esta é a acentuação<br />
que <strong>de</strong>vem ter as palavras <strong>de</strong>rivadas<br />
do grego.<br />
Quadro 1 - Número atómico (Z), símbolo e nome <strong>dos</strong> elementos químicos<br />
<strong>No</strong>me<br />
(Var. Brasileira)<br />
H hidrogénio hidrogênio<br />
2 He hélio<br />
3 Li lítio<br />
4 Be berílio<br />
5 B boro<br />
6 C carbono<br />
7 N nitrogénio nitrogênio<br />
8 O oxigénio oxigênio<br />
9 F flúor<br />
10 Ne néon neônio<br />
<strong>No</strong>tas<br />
2 3<br />
Os isótopos <strong>de</strong> hidrogénio (bras. hidrogênio) H e H são <strong>de</strong>nomina<strong>dos</strong>,<br />
respectivamente, <strong>de</strong>utério e trítio, para os quais po<strong>de</strong>m ser usa<strong>dos</strong> os<br />
2 3<br />
símbolos D e T; contudo são preferi<strong>dos</strong> os símbolos H e H<br />
Por imposição da IUPAC só po<strong>de</strong> haver um nome por elemento; o nome<br />
alternativo azoto origina a raiz "az" para o nitrogénio (bras. nitrogênio)<br />
11 Na sódio O símbolo Na para o elemento provém do nome latino natrium<br />
12 Mg magnésio<br />
13 Al alumínio<br />
14 Si silício<br />
15 P fósforo O símbolo P para o elemento provém do nome grego phosphóros<br />
16 S enxofre<br />
17 Cl cloro<br />
18 Ar árgon argônio<br />
O símbolo S para o elemento provém do nome latino sulphur; o nome grego<br />
theion origina a raiz "tio" para o enxofre<br />
19 K potássio O símbolo K para o elemento provém do nome latino kalium<br />
20 Ca cálcio<br />
44 QUÍMICA 119
21 Sc escândio<br />
22 Tl titânio<br />
23 V vanádio<br />
24 Cr cromo "Cromo" por <strong>de</strong>rivaçao directa do grego chrôma<br />
25 Mn manganês<br />
26 Fe ferro<br />
27 Co cobalto<br />
28 Ni níquel<br />
29 Cu cobre O símbolo Cu para o elemento provém do nome latino cuprum<br />
30 Zn zinco<br />
31 Ga gálio<br />
32 Ge germânio<br />
33 As arsénio arsênio<br />
34 Se selénio selênio<br />
35 Br bromo<br />
36 Kr crípton criptônio<br />
37 Rb rubídio<br />
38 Sr estrôncio<br />
39 Y ítrio<br />
40 Zr zircónio zircônio<br />
41 Nb nióbio<br />
42 Mo molibdénio molibdênio<br />
43 Tc tecnécio<br />
44 Ru ruténio rutênio<br />
45 Rh ródio<br />
46 Pd paládio<br />
47 Ag prata O símbolo Ag para o elemento provém do nome latino argentum<br />
48 Cd cádmio<br />
49 In índio<br />
50 Sn estanho O símbolo Sn para o elemento provém do nome latino stannum<br />
51 Sb antimónio antimônio O símbolo Sb para o elemento provém do nome latino stibium<br />
52 Te telúrio<br />
53 I iodo<br />
54 Xe xénon xenônio<br />
55 Cs césio<br />
56 Ba bário<br />
57 La lantânio<br />
58 Ce cério<br />
59 Pr praseodímio<br />
60 Nd neodímio<br />
61 Pm promécio<br />
62 Sm samário<br />
63 Eu európio<br />
64 Gd gadolínio<br />
65 Tb térbio<br />
66 Dy disprósio<br />
67 Ho hólmio<br />
68 Er érbio<br />
69 Tm túlio<br />
70 Yb itérbio<br />
71 Lu lutécio<br />
QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 45
72 Hf háfnio<br />
73 Ta tântalo<br />
74 W tungsténio tungstênio O símbolo W para o elemento provém do nome alemão wolfram<br />
75 Re rénio rênio<br />
76 Os ósmio<br />
77 Ir irídio<br />
78 Pt platina<br />
79 Au ouro O símbolo Au para o elemento provém do nome latino aurum<br />
80 Hg mercúrio O símbolo Hg para o elemento provém do nome latino hydrargyrum<br />
81 Tl tálio<br />
82 Pb chumbo O símbolo Pb para o elemento provém do nome latino plumbum<br />
83 Bi bismuto<br />
84 Po polónio polônio<br />
85 At ástato A acentuação é aquela que <strong>de</strong>vem ter as palavras <strong>de</strong>rivadas do grego<br />
86 Rn rádon radônio<br />
87 Fr frâncio<br />
88 Ra rádio<br />
89 Ac actínio<br />
90 Th tório<br />
91 Pa protactínio<br />
92 U urânio<br />
93 Np neptúnio<br />
94 Pu plutónio plutônio<br />
95 Am amerício<br />
96 Cm cúrio<br />
97 Bk berkélio Por aplicação das novas regras do acordo ortográfico<br />
98 Cf califórnio<br />
99 Es einsténio einstênio Tendo em atenção razões fonéticas<br />
100 Fm férmio<br />
101 Md men<strong>de</strong>lévio<br />
102 <strong>No</strong> nobélio<br />
103 Lr lawrêncio Por aplicação das novas regras do acordo ortográfico<br />
104 Rf rutherfórdio Por aplicação das novas regras do acordo ortográfico<br />
105 Db dúbnio<br />
106 Sg seabórgio Por aplicação das novas regras do acordo ortográfico<br />
107 Bh bóhrio Por aplicação das novas regras do acordo ortográfico<br />
108 Hs hássio<br />
109 Mt meitnério<br />
110 Ds darmstácio Tendo em atenção razões fonéticas<br />
111 Rg roentgénio roentgênio Por aplicação das novas regras do acordo ortográfico<br />
112 Cn copernício<br />
NOMENCLATURA SISTEMÁTICA E<br />
SÍMBOLOS DE ELEMENTOS QUÍMICOS<br />
ARTIFICIAIS<br />
O urânio é o último elemento químico<br />
do Quadro <strong>de</strong> Classificação Periódica<br />
que existe naturalmente na Terra, mas<br />
a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar elementos ar-<br />
tificiais tem vindo a ser investigada ac-<br />
tivamente pelos físicos nucleares com<br />
sucesso, pelo que faz sentido discutir<br />
o problema da sua <strong>de</strong>signação.<br />
<strong>No</strong> passado eram os investigadores<br />
envolvi<strong>dos</strong> na <strong>de</strong>scoberta ou na cria-<br />
ção <strong>de</strong> um elemento químico novo<br />
que tinham o direito <strong>de</strong> lhe atribuir<br />
nome. Esta situação originou que,<br />
por exemplo, o elemento químico<br />
104 tivesse dois nomes (rutherfórdio<br />
e kurchatóvio) durante cerca <strong>de</strong> trin-<br />
ta anos [8], uma vez que havia dois<br />
grupos que reclamavam a sua criação<br />
[1]. Como um elemento químico só<br />
<strong>de</strong>ve ter um único nome, uma vez que<br />
uma proliferação <strong>de</strong> nomes origina<br />
muitas confusões, em 1947, a IUPAC<br />
<strong>de</strong>cidiu que após se ter provado, sem<br />
reservas, a existência <strong>de</strong> um novo ele-<br />
mento, os criadores ou <strong>de</strong>scobridores<br />
46 QUÍMICA 119
tinham o direito <strong>de</strong> sugerir um nome<br />
à IUPAC. Contudo, somente a Co-<br />
missão <strong>de</strong> <strong>No</strong>menclatura em <strong>Química</strong><br />
Inorgânica (CNIC) podia fazer uma re-<br />
comendação ao Conselho da IUPAC,<br />
que tomaria a <strong>de</strong>cisão final [1]. Esta<br />
Comissão publicou em 2002 um con-<br />
junto <strong>de</strong> indicações para a atribuição<br />
<strong>de</strong> nomes a elementos químicos arti-<br />
ficiais, em que sugeriu que os nomes<br />
podiam ter como base um conceito mi-<br />
tológico, um mineral, um local ou país,<br />
uma proprieda<strong>de</strong> ou um cientista [8]. A<br />
Comissão foi extinta em 1 <strong>de</strong> Janeiro<br />
<strong>de</strong> 2002, aquando da reestruturação<br />
da IUPAC, mas mantém-se o direito<br />
<strong>dos</strong> criadores <strong>de</strong> um novo elemento<br />
químico sugerirem o nome, como foi<br />
reconhecido em 1990 [9].<br />
Actualmente, a reivindicação da cria-<br />
ção <strong>de</strong> um elemento artificial é primei-<br />
ro investigada por uma comissão con-<br />
junta IUPAC-1UPAP (União Interna-<br />
cional <strong>de</strong> Física Pura e Aplicada) que<br />
lhe atribui uma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> preferência.<br />
A equipa reconhecida como <strong>de</strong>scobri-<br />
dora é então convidada a sugerir um<br />
nome à Divisão <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Inorgâni-<br />
ca que elabora uma recomendação<br />
formal ao Conselho da IUPAC [1].<br />
As recomendações seguintes refe-<br />
rem-se à <strong>de</strong>nominação <strong>dos</strong> elementos<br />
artificiais até à atribuição <strong>de</strong> um nome<br />
pela IUPAC. A qualquer casa do Qua-<br />
dro Periódico a seguir ao urânio po<strong>de</strong><br />
ser atribuído provisoriamente uma <strong>de</strong>-<br />
signação temporária, quer exista ou<br />
não um elemento químico com esse<br />
número atómico. Os elementos quími-<br />
cos artificiais, po<strong>de</strong>m ser menciona<strong>dos</strong><br />
na literatura científica pela utilização<br />
<strong>de</strong>sses indicadores temporários cor-<br />
respon<strong>de</strong>ntes ao respectivo número<br />
atómico, por exemplo "elemento 120",<br />
mas a IUPAC aprovou para eles uma<br />
nomenclatura sistemática e uma série<br />
<strong>de</strong> símbolos constituí<strong>dos</strong> por três le-<br />
tras para uso provisório (ver Quadro<br />
2) [1].<br />
O nome provisório <strong>de</strong> cada elemento<br />
químico é <strong>de</strong>rivado directamente do<br />
seu número atómico por utilização<br />
das seguintes sílabas numéricas an-<br />
tepostas à terminação "io":<br />
0= nil 1 = un 2 = bi 3 = tri 4 = quad<br />
5 = pent 6 = hex 7 = sept 8 = oct 9 = enn<br />
As sílabas são colocadas pela or<strong>de</strong>m<br />
<strong>dos</strong> dígitos que constituem o número<br />
atómico e adiciona-se a terminação<br />
"io" para formar o nome. Eli<strong>de</strong>-se o<br />
"n" <strong>de</strong> "enn" quando se lhe seguir "nil"<br />
e o "i" final <strong>de</strong> "bi" e "tri" quando se<br />
lhes seguir "io". Em português, razões<br />
fonéticas exigem frequentemente a<br />
acentuação das sílabas nos nomes e<br />
exige-se a hifenação antes <strong>de</strong> "h" no<br />
meio das palavras, como se exemplifi-<br />
ca no Quadro 2. O símbolo <strong>de</strong> um ele-<br />
mento é composto pelas letras iniciais<br />
das sílabas numéricas que constituem<br />
o nome [1].<br />
Este número da revista é acompanha-<br />
do <strong>de</strong> uma separata com o Quadro<br />
Periódico <strong>dos</strong> Elementos Químicos,<br />
no qual os nomes <strong>dos</strong> elementos es-<br />
tão escritos na vertente europeia do<br />
português. Este Quadro Periódico foi<br />
concebido para ser utilizado pelos quí-<br />
micos portugueses, mas po<strong>de</strong>rá ser<br />
utilizado por to<strong>dos</strong> os que adoptem a<br />
vertente europeia do português.<br />
NOTA<br />
1 <strong>No</strong> seu artigo 2°, tanto o texto do Acor-<br />
do Ortográfico da Língua <strong>Portuguesa</strong><br />
(1990) [3a)] como o "Protocolo Modifi-<br />
cativo ao Acordo Ortográfico da Língua<br />
<strong>Portuguesa</strong> [3b)] estabelecem que Os<br />
Esta<strong>dos</strong> signatários tomarão, através<br />
das instituições e órgãos competentes,<br />
as providências necessárias com vista<br />
à elaboração <strong>de</strong> um vocabulário or-<br />
tográfico comum da língua portuguesa,<br />
tão completo quanto <strong>de</strong>sejável e tão<br />
normalizador quanto possível, no que<br />
se refere às terminologias científicas e<br />
técnicas [3b)].<br />
REFERÊNCIAS<br />
[1] N.G. Connelly, T. Damhus, R.H. Hart-<br />
shorn, A.T. Hutton, <strong>No</strong>menclature of In-<br />
organic Chemistry, IUPAC Recommen-<br />
dations 2005, Royal Society of Chemis-<br />
try Publishing, Cambridge, 2005, 378 p.<br />
[2] A.A.S.C.M. Machado, B.J. Herold,<br />
J. Car<strong>dos</strong>o, J. Marçalo, J.A.L. Cos-<br />
Quadro 2 - <strong>No</strong>mes e símbolos temporários para os elementos <strong>de</strong> número atómico superior a 112 a<br />
Número atómico <strong>No</strong>me b<br />
Símbolo<br />
113 unúntrio Uut<br />
114 ununquádio Uuq<br />
115 ununpêntio Uup<br />
116 unun-héxio Uuh<br />
117 ununséptio Uus<br />
118 ununóctio Uuo<br />
119 ununénnio Uue<br />
120 unbinílio Ubn<br />
121 unbiúnio Ubu<br />
122 unbíbio Ubb<br />
126 unbi-héxio Ubh<br />
130 untrinílio Utn<br />
140 unquadnílio Uqn<br />
150 unpentnílio Upn<br />
160 un-hexnílio Uhn<br />
170 unseptnílio Usn<br />
180 unoctnílio Uon<br />
190 unennílio Uen<br />
200 binilnílio Bnn<br />
201 binilúnio Bnu<br />
202 binílbio Bnb<br />
300 trinilnílio Tnn<br />
400 quadnilnílio Qnn<br />
500 pentnilnílio Pnn<br />
900 ennilnílio Enn<br />
a Estes nomes só são usa<strong>dos</strong> enquanto o nome <strong>de</strong>finitivo não for atribuído pela IUPAC<br />
b Po<strong>de</strong>-se escrever, por exemplo, "elemento 113"<br />
QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 47
ta, M.C. Magalhães, M.H. Garcia, O.<br />
Pellegrino, O. Serra, R.B. Faria e R.T.<br />
Henriques, A História da <strong>No</strong>menclatura<br />
<strong>Química</strong> em Português, <strong>Química</strong> - Bo-<br />
letim da SPQ 118 (2010) 53-56.<br />
[3] O Acordo Ortográfico da Língua Portu-<br />
guesa (1990) foi assinado em Lisboa a<br />
16 <strong>de</strong> Dezembro <strong>de</strong> 1990. Em Portugal<br />
a) O texto do Acordo foi aprovado para<br />
ratificação pela Resolução da Assem-<br />
bleia da República n° 26/91, <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong><br />
Junho <strong>de</strong> 1991, publicado no Diário da<br />
República - I Série A, n° 193 <strong>de</strong> 23-<br />
08-1991, 4370-4388, e ratificado pelo<br />
Decreto do Presi<strong>de</strong>nte da República n°<br />
43/91 publicado no Diário da Repúbli-<br />
ca- I Série A, n° 193 <strong>de</strong> 23-08-1991,<br />
4370; b) A Resolução da Assembleia<br />
da República n° 8/2000 aprova o Pro-<br />
tocolo Modificativo ao Acordo Ortográ-<br />
fico da Língua <strong>Portuguesa</strong>, assinado<br />
na Praia, Cabo Ver<strong>de</strong>, em 17 <strong>de</strong> Julho<br />
<strong>de</strong> 1998, pelos Governos da Repúbli-<br />
ca <strong>de</strong> Angola, da República Fe<strong>de</strong>ra-<br />
tiva do Brasil, da República <strong>de</strong> Cabo<br />
Ver<strong>de</strong>, da República da Guiné-Bissau,<br />
da República <strong>de</strong> Moçambique, da<br />
Foi <strong>de</strong>senvolvido recentemente por<br />
cientistas italianos um sistema nano-<br />
fluídico para restaurar obras <strong>de</strong> arte,<br />
ilustrando o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> so-<br />
luções <strong>de</strong>senhadas especificamente<br />
para a conservação <strong>de</strong> arte. Anterior-<br />
mente, os conservadores <strong>de</strong> arte re-<br />
corriam a revestimentos <strong>de</strong> polímeros<br />
orgânicos sintéticos numa tentativa <strong>de</strong><br />
proteger as pinturas. Porém, sabe-se<br />
agora que esses revestimentos danifi-<br />
cam as pinturas aquando da sua <strong>de</strong>-<br />
gradação, sendo a sua remoção uma<br />
das actuais priorida<strong>de</strong>s na conserva-<br />
ção <strong>de</strong> arte.<br />
Neste contexto, foram então <strong>de</strong>sen-<br />
volvidas micro-emulsões baseadas<br />
em água que são mais efectivas na<br />
remoção <strong>dos</strong> polímeros quando com-<br />
paradas com os tradicionais solventes<br />
República <strong>Portuguesa</strong> e da República<br />
Democrática <strong>de</strong> São Tomé e Príncipe,<br />
publicado no Diário da República - I<br />
Série A, n° 23 <strong>de</strong> 28-01-2000, p. 368,<br />
e ratificado pelo Decreto do Presi<strong>de</strong>nte<br />
da República n° 1/2000 publicado no<br />
Diário da República -1 Série A, n° 23 <strong>de</strong><br />
28-01-2000, p.368; c) A Resolução da<br />
Assembleia da República n° 35/2008<br />
Aprova o Acordo do Segundo Protoco-<br />
lo Modificativo ao Acordo Ortográfico<br />
da Língua <strong>Portuguesa</strong>, adoptado na<br />
V Conferência <strong>dos</strong> Chefes <strong>de</strong> Estado<br />
e <strong>de</strong> Governo da Comunida<strong>de</strong> <strong>dos</strong><br />
Países <strong>de</strong> Língua <strong>Portuguesa</strong> (CPLP),<br />
realizada em São Tomé em 26 e 27 <strong>de</strong><br />
Julho <strong>de</strong> 2004, publicado no Diário da<br />
República -1 Série A, n° 145 <strong>de</strong> 29-07-<br />
2008, p. 4802 e 4803 foi ratificado pelo<br />
Decreto do Presi<strong>de</strong>nte da República n.°<br />
52/2008 publicado no Diário da Repú-<br />
blica -1 Série A, n° 145 <strong>de</strong> 29-07-2008<br />
p.4784. <strong>No</strong> Brasil o texto do Acordo foi<br />
aprovado pelo Congresso Nacional por<br />
meio do Decreto Legislativo n° 54, <strong>de</strong><br />
18 <strong>de</strong> Abril <strong>de</strong> 1995, e a sua execução<br />
e cumprimento foram estabeleci<strong>dos</strong><br />
PRESERVAR ARTE À NANO-ESCALA<br />
orgânicos, sem provocar qualquer<br />
dano nas obras <strong>de</strong> arte.<br />
Os cientistas da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Florença (Itália) <strong>de</strong>senvolveram uma<br />
nova formulação nanofluídica e inves-<br />
tigaram o mecanismo <strong>de</strong> limpeza em<br />
murais Mesoamericanos, no México. A<br />
formulação proposta foi composta por<br />
do<strong>de</strong>cilsulfato <strong>de</strong> sódio, pentanol, ace-<br />
tato <strong>de</strong> etilo e carbonato <strong>de</strong> propileno<br />
em água, formando um sistema mice-<br />
lar <strong>de</strong> dimensões nano-esféricas.<br />
Quando aplicada, a mistura <strong>de</strong> solven-<br />
tes é absorvida pelo revestimento po-<br />
limérico, provocando a sua dilatação e<br />
subsequente separação da superfície<br />
da pintura. A compartimentação à na-<br />
no-escala <strong>dos</strong> diferentes constituintes<br />
da mistura <strong>de</strong> limpeza permite que o<br />
polímero "escolha" a fracção <strong>de</strong> sol-<br />
pelo Decreto n° 658372008 da Presi-<br />
dência da República, <strong>de</strong> 29-09-2008.<br />
[4] A.L. Lavoisier, Traité élémentaire <strong>de</strong><br />
chimie, présenté dans un ordre nouve-<br />
au et d'après les découvertes mo<strong>de</strong>r-<br />
nes. Paris, 1789.<br />
[5] J.-A.-C. Chaptal, Éléments <strong>de</strong> chimie.<br />
Montpellier, 1790.<br />
[6] A.J. Fereira da Silva, <strong>No</strong>tas sobre a<br />
nomenclatura portugueza <strong>dos</strong> elemen-<br />
tos, compostos e funcções chimicas,<br />
Revista <strong>de</strong> Chimica Pura e Applicada,<br />
I Anno, n° 9 (1905) 401 - 404; I Anno,<br />
n° 10 (1905) 452 - 453; n° 11 (1905)<br />
501 - 502; n° 12 (1905) 533 - 535; II<br />
Anno n° 1 (1906) 26 - 29; n° 2 (1906)<br />
64 - 66; n° 6 (1906) 222 - 225.<br />
[7] R.M. Rosado Fernan<strong>de</strong>s, 2008, comu-<br />
nicação pessoal.<br />
[8] W.H. Koppenol, Naming of New Ele-<br />
ments (IUPAC Recommendations<br />
2002), Pure and Applied Chemistry<br />
74(5) (2002) 787-791.<br />
[9] G.J. Leigh (ed.), <strong>No</strong>menclature of In-<br />
organic Chemistry, IUPAC Recom-<br />
mendations 1990, Blackwell Scientific<br />
Publications, Oxford, 1990, 310 p.<br />
ventes presentes na mistura que vai<br />
absorver, <strong>de</strong> acordo com as suas pro-<br />
prieda<strong>de</strong>s físico-químicas. Isto signifi-<br />
ca que o sistema <strong>de</strong> limpeza proposto<br />
tem a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fornecer a mistu-<br />
ra <strong>de</strong> solventes óptima para remover<br />
qualquer polímero.<br />
Este é apenas um exemplo <strong>de</strong> como<br />
as nanociências po<strong>de</strong>m ser usadas <strong>de</strong><br />
forma efectiva para resolver as mais<br />
variadas questões, mesmo em apli-<br />
cações completamente inesperadas,<br />
particularmente no campo da conser-<br />
vação <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> arte.<br />
(Adaptado <strong>de</strong> http://www.rsc.org/Pu-<br />
blishing/ChemScience/Volume/2010/08/<br />
Preserving_art.asp)<br />
48 QUÍMICA 119<br />
HMO
A QUÍMICA ORGÂNICA NO ENSINO SECUNDÁRIO:<br />
A PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES<br />
QUÍMICA E ENSINO<br />
SÉRGIO C. LEAL A *, JOÃO PAULO LEAL BC ,<br />
MARIA A. F. FAUSTINO A E ARTUR M. S. SILVA 3<br />
Um m estudo realizado no âmbito do Mestrado em Ensino da Física e da <strong>Química</strong> na<br />
Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro teve como intenção analisar as percepções <strong>de</strong> alunos e professores<br />
acerca da <strong>Química</strong> Orgânica abordada no ensino secundário (ES), para além <strong>de</strong> procurar<br />
apresentar propostas que se consi<strong>de</strong>ram pertinentes e que visam a melhoria do processo<br />
ensino/aprendizagem das ciências e da <strong>Química</strong> Orgânica em particular. A escolha da<br />
<strong>Química</strong> Orgânica pren<strong>de</strong>u-se com o facto <strong>de</strong> os autores consi<strong>de</strong>rarem esta área da Quí-<br />
mica "mal amada" nos programas propostos pelo Ministério da Educação (ME), tendo em<br />
consi<strong>de</strong>ração a sua relevância no nosso dia-a-dia, situação aparentemente agravada com<br />
a reforma curricular do ES que teve início no ano lectivo <strong>de</strong> 2004/2005. A metodologia<br />
utilizada partiu da análise documental <strong>de</strong> programas curriculares e manuais escolares das<br />
áreas <strong>de</strong> <strong>Química</strong> e Biologia das últimas duas reformas curriculares e a análise quantitativa<br />
<strong>de</strong> questionários aplica<strong>dos</strong> a alunos e professores. Os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> apontam no sen-<br />
tido <strong>de</strong> mudar as práticas <strong>de</strong> ensino tradicionais e da contextualização da aprendizagem<br />
das ciências, em particular da <strong>Química</strong> Orgânica, e sugerem que a utilização das novas<br />
tecnologias e a experimentação <strong>de</strong>vem ser privilegiadas como recursos didácticos.<br />
INTRODUÇÃO<br />
<strong>No</strong> estudo realizado [1] procurou-se<br />
reflectir sobre a situação actual do<br />
ensino/aprendizagem da <strong>Química</strong> Or-<br />
gânica no ES, partindo <strong>de</strong> percepções<br />
<strong>de</strong> alunos e professores <strong>de</strong>ste nível<br />
<strong>de</strong> ensino. Analisaram-se quais as<br />
concepções, as convicções e as ati-<br />
tu<strong>de</strong>s <strong>dos</strong> professores e alunos do ES<br />
face à <strong>Química</strong> Orgânica, no sentido<br />
<strong>de</strong> apresentar propostas que visem a<br />
melhoria do processo ensino/aprendi-<br />
zagem <strong>de</strong>sta área da <strong>Química</strong>.<br />
Mais do que uma simples análise da<br />
situação da <strong>Química</strong> Orgânica no ES,<br />
este estudo é um projecto <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
curricular, consi<strong>de</strong>ran<strong>dos</strong>e<br />
como <strong>de</strong>stinatários os responsá-<br />
veis pela elaboração e revisão <strong>dos</strong><br />
Departamento <strong>de</strong> <strong>Química</strong> & QOPNA, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Aveiro, 3810-193 Aveiro<br />
b Departamento <strong>de</strong> <strong>Química</strong> e Bioquímica, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Ciências da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa, 1149-016 Lisboa<br />
c Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências <strong>Química</strong>s e Radiofarmacêuticas,<br />
Instituto Tecnológico Nuclear, 2686-953 Sacavém<br />
* Presentemente encontra-se a realizar Doutoramento no<br />
Departamento <strong>de</strong> <strong>Química</strong> e Bioquímica da Faculda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Ciências da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lisboa e lecciona na<br />
Escola Secundária com 3.° ciclo Padre António Vieira<br />
em Lisboa, sergioleal20@gmail.com<br />
programas curriculares do ME, auto-<br />
res <strong>de</strong> manuais escolares que utilizam<br />
os programas como referencial para o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> materiais escola-<br />
res que servem <strong>de</strong> apoio ao processo<br />
ensino/aprendizagem e professores<br />
do ES, que <strong>de</strong>vem proporcionar aos<br />
alunos a motivação necessária e<br />
promover a literacia científica para a<br />
aprendizagem da <strong>Química</strong> Orgânica.<br />
Em suma, o objecto <strong>de</strong> estudo envol-<br />
veu: (i) a análise <strong>dos</strong> programas curri-<br />
culares do ES das áreas <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />
e Biologia que contemplam conceitos<br />
específicos <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica; (ii)<br />
os manuais escolares mais represen-<br />
tativos adopta<strong>dos</strong> pelas escolas no<br />
ano lectivo 2004/2005, a fim <strong>de</strong> veri-<br />
ficar <strong>de</strong> que forma estes interpretam<br />
as orientações metodológicas <strong>dos</strong><br />
programas curriculares oficiais; e (iii)<br />
o levantamento das percepções, ati-<br />
tu<strong>de</strong>s e convicções <strong>dos</strong> intervenientes<br />
(professores e alunos).<br />
METODOLOGIA<br />
Este estudo <strong>de</strong>senvolveu-se em duas<br />
fases: uma fase <strong>de</strong> análise documen-<br />
tal <strong>dos</strong> programas curriculares pro-<br />
postos pelo ME, relativos às discipli-<br />
nas das áreas da <strong>Química</strong> e Biologia<br />
das duas últimas reformas curricula-<br />
res e <strong>de</strong> manuais escolares do ES do<br />
ano lectivo 2004/2005; e outra fase <strong>de</strong><br />
análise <strong>de</strong>scritiva <strong>de</strong> natureza quan-<br />
titativa <strong>de</strong> três questionários admi-<br />
nistra<strong>dos</strong>, respectivamente, a alunos<br />
que frequentavam o ES, a alunos que<br />
frequentavam o primeiro ano do ensi-<br />
no superior, isto é, alunos que haviam<br />
concluído o ES e o terceiro adminis-<br />
trado a professores do ES das áreas<br />
<strong>de</strong> Biologia e <strong>Química</strong>.<br />
Os programas curriculares são o ele-<br />
mento organizador do processo <strong>de</strong><br />
ensino/aprendizagem e influenciam<br />
<strong>de</strong>cisões relativas à abordagem <strong>dos</strong><br />
conteú<strong>dos</strong> programáticos, envolven-<br />
do professores, recursos e materiais<br />
didácticos.<br />
Nas duas reformas curriculares abran-<br />
gidas por este estudo, foram analisa-<br />
<strong>dos</strong> conteú<strong>dos</strong>, objectivos e suges-<br />
tõesmetodológicas/estratégias/activi- da<strong>de</strong>s/comentários relativos a tópicos<br />
<strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica e, <strong>de</strong>vido a uma<br />
QUÍMICA 1 1 9 - OUT/DEZ 10 49
estruturação diferente nos actuais<br />
programas, analisaram-se os objec-<br />
tos <strong>de</strong> ensino, objectivos <strong>de</strong> aprendi-<br />
zagem e as sugestões metodológicas.<br />
Enten<strong>de</strong>u-se como componente <strong>de</strong><br />
estudo relativa a tópicos <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />
Orgânica os aspectos concretos on<strong>de</strong><br />
se evi<strong>de</strong>ncie claramente o estudo <strong>de</strong><br />
saberes <strong>de</strong>sta área do conhecimento<br />
e não a mera referência a compostos<br />
orgânicos.<br />
Toda a informação recolhida foi sistematizada<br />
num conjunto <strong>de</strong> tabelas 1<br />
que permitiu comparar os programas<br />
<strong>de</strong> ambas as reformas curriculares<br />
[2-32], em termos <strong>de</strong> conteú<strong>dos</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Química</strong> Orgânica neles conti<strong>dos</strong>. A<br />
análise <strong>de</strong> manuais escolares [33-44]<br />
foi realizada com base num instru-<br />
mento <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> manuais escola-<br />
res adaptado <strong>de</strong> Cachapuz et. al [45]<br />
e centrado no aluno como <strong>de</strong>stinatário<br />
principal.<br />
A administração <strong>dos</strong> questionários<br />
implica uma observação indirecta. Ao<br />
respon<strong>de</strong>r às questões, o participante<br />
intervém na produção da informação<br />
que não sendo recolhida directa-<br />
mente torna-se menos objectiva [46].<br />
Existem assim dois intermediários, o<br />
participante e o instrumento (questio-<br />
nário), tendo sido necessário controlar<br />
estas duas variáveis.<br />
Para a realização <strong>de</strong>ste estudo ape-<br />
nas interessou que a amostra servis-<br />
se os objectivos <strong>de</strong> investigação pro-<br />
postos, no entanto, o estudo envolveu<br />
uma amostra aleatória <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong><br />
10% da população em estudo [alu-<br />
nos e professores do ES do Centro<br />
<strong>de</strong> Área Educativa (CAE) <strong>de</strong> Aveiro].<br />
Antes da aplicação <strong>dos</strong> inquéritos por<br />
questionário à amostra em estudo, es-<br />
tes foram valida<strong>dos</strong> previamente.<br />
A amostra abrangeu professores <strong>dos</strong><br />
antigos grupos <strong>de</strong> docência 4.° A (Fí-<br />
sica e <strong>Química</strong>) e 4.° B (<strong>Química</strong> e Fí-<br />
sica), agora pertencentes ao grupo <strong>de</strong><br />
recrutamento 510 (Física e <strong>Química</strong>)<br />
e 11.° B (Biologia e Geologia), agora<br />
pertencentes ao grupo <strong>de</strong> recruta-<br />
mento 520 (Biologia e Geologia), <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>z escolas secundárias do CAE <strong>de</strong><br />
Aveiro no ano lectivo 2004/2005. Os<br />
alunos do ES frequentavam as mes-<br />
mas escolas <strong>dos</strong> professores inquiri-<br />
<strong>dos</strong>. Os alunos que constituíam o gru-<br />
po que havia concluído o ES, faziam<br />
parte <strong>dos</strong> alunos que frequentavam o<br />
1.° ano <strong>dos</strong> cursos <strong>de</strong> ciências e en-<br />
genharias da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro,<br />
sem que no percurso universitário<br />
tivessem tido qualquer disciplina da<br />
área da <strong>Química</strong> Orgânica. O número<br />
<strong>de</strong> questionários distribuí<strong>dos</strong> e res-<br />
pondi<strong>dos</strong> por alunos e professores<br />
são apresenta<strong>dos</strong> nas Tabelas 1 e 2.<br />
Obtiveram-se boas percentagens <strong>de</strong><br />
resposta, tendo em conta o que seria<br />
expectável <strong>de</strong> acordo com a literatura<br />
[46]. Tal <strong>de</strong>veu-se, essencialmente,<br />
ao facto <strong>de</strong> os inquéritos por questio-<br />
nário terem sido entregues em mão e<br />
porque se manteve um contacto per-<br />
manente com os interlocutores das<br />
escolas intervenientes no processo.<br />
Relativamente à estrutura <strong>dos</strong> ques-<br />
tionários elabora<strong>dos</strong>, consi<strong>de</strong>rou-se<br />
importante na primeira parte <strong>dos</strong><br />
mesmos obter alguma informação <strong>de</strong><br />
or<strong>de</strong>m geral que possibilitasse uma<br />
melhor caracterização da amostra,<br />
como seja o perfil académico (alunos)<br />
e profissional (professores). Na se-<br />
gunda parte, perspectivar a situação<br />
actual da <strong>Química</strong> Orgânica e, por fim,<br />
recolher sugestões <strong>de</strong> quem intervém<br />
directamente no processo ensino/<br />
aprendizagem da <strong>Química</strong> Orgânica.<br />
Quanto ao mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> da-<br />
<strong>dos</strong>, para os programas curriculares e<br />
para os manuais escolares foram utili-<br />
zadas técnicas qualitativas, enquanto<br />
se recorreu ao tratamento estatístico<br />
para a análise das respostas às ques-<br />
tões fechadas obtidas <strong>dos</strong> inquéritos<br />
por questionário e à análise <strong>de</strong> con-<br />
teúdo para as questões abertas.<br />
O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> análise <strong>dos</strong> programas<br />
e <strong>dos</strong> manuais implicou: (i) a leitura<br />
integral <strong>dos</strong> programas/manuais e a<br />
i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> referências a tópicos<br />
<strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica; (ii) a análise<br />
valorativa do conteúdo <strong>de</strong> cada refe-<br />
rência; e (iii) a transcrição das referên-<br />
cias/preenchimento do instrumento <strong>de</strong><br />
análise.<br />
RESULTADOS OBTIDOS<br />
Da análise <strong>dos</strong> programas curricula-<br />
res do ES cuja reforma terminou no<br />
ano lectivo 2005/2006, verificou-se<br />
que 12 <strong>dos</strong> 21 programas analisa-<br />
<strong>dos</strong> não apresentava explicitamente<br />
qualquer tópico <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica<br />
apesar <strong>de</strong> alguns consi<strong>de</strong>rarem como<br />
pré-requisitos a <strong>Química</strong> <strong>dos</strong> compos-<br />
tos <strong>de</strong> carbono (Tabela 3).<br />
<strong>No</strong>s programas actualmente em vigor<br />
esta situação mantém-se com vários<br />
Tabela 1 - Número <strong>de</strong> questionários dirigi<strong>dos</strong> a alunos do ensino secundário e universitário<br />
entregues nos respectivos estabelecimentos <strong>de</strong> ensino e número <strong>de</strong> respostas obtidas<br />
N.° <strong>de</strong> questionários N.° <strong>de</strong> respostas<br />
entregues<br />
obtidas Percentagem <strong>de</strong><br />
Ano <strong>de</strong><br />
respostas obtidas<br />
escolarida<strong>de</strong> N.° <strong>de</strong> alunos do Agrupamento 1 -<br />
relativamente à<br />
Curso Geral Científico-Natural e Cursos<br />
Tecnológicos<br />
amostra (%)<br />
2<br />
Percentagem <strong>de</strong><br />
respostas obtidas<br />
relativamente à<br />
amostra (%)<br />
10.° 200 130 65,0<br />
11.° 200 115 57,5<br />
12.° 200 160 80,0<br />
ES completo 100 97 97,0<br />
Total: 700 502<br />
Tabela 2 - Número <strong>de</strong> questionários dirigi<strong>dos</strong> a professores do ensino secundário entregue nos<br />
estabelecimentos <strong>de</strong> ensino secundário e número respostas obtidas<br />
Grupo<br />
disciplinar<br />
4.° A<br />
N.° <strong>de</strong><br />
questionários<br />
entregues<br />
N.° <strong>de</strong> respostas<br />
obtidas<br />
Percentagem <strong>de</strong> respostas<br />
obtidas relativamente à<br />
amostra (%)<br />
4.° B 100<br />
4 56,0<br />
11.° B<br />
Total: 100 56 3 56,0<br />
50 QUÍMICA 119<br />
29<br />
22
Tabela 3 - Programas curriculares do ES analisa<strong>dos</strong> da reforma que terminou<br />
no ano lectivo 2005/2006<br />
Incluem conteú<strong>dos</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica<br />
Curso Geral Científico-Natural<br />
Programa <strong>de</strong> CTV 4 do 10.° ano [15]<br />
Programa TLB 5 - Bloco I do 10.° ano [18]<br />
Programa <strong>de</strong> CFQ 6 do 11.° ano [14]<br />
Programa <strong>de</strong> CTV do 11.° ano [16]<br />
Programa TLQ 7 - Bloco II do 11.° ano [22]<br />
Programa <strong>de</strong> <strong>Química</strong> do 12.° ano [17]<br />
Curso Tecnológico <strong>de</strong> <strong>Química</strong> (CTQ)<br />
Programa <strong>de</strong> Bioquímica do 10.° ano [24]<br />
Programa <strong>de</strong> Bioquímica do 11.° ano [25]<br />
Programa <strong>de</strong> Tecnologias do 12.° ano [32]<br />
Programas curriculares do ES<br />
Não incluem conteú<strong>dos</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />
Orgânica<br />
Curso Geral Científico-Natural<br />
Programa <strong>de</strong> CFQ do 10.° ano [13]<br />
Programa <strong>de</strong> TLQ - Bloco I do 10.° ano [21]<br />
Programa <strong>de</strong> TLB - Bloco II do 11.° ano [19]<br />
Programa <strong>de</strong> Biologia do 12.° ano [12]<br />
Programa <strong>de</strong> TLQ - Bloco III do 12.° ano [23]<br />
Programa <strong>de</strong> TLB - Bloco III do 12.° ano [20]<br />
Curso Tecnológico <strong>de</strong> <strong>Química</strong> (CTQ)<br />
Programa <strong>de</strong> Tecnologias do 10.° ano [30]<br />
Programa <strong>de</strong> POL 8 do 10.° ano [27]<br />
Programa <strong>de</strong> Tecnologias do 11.° ano [31]<br />
Programa <strong>de</strong> POL do 11.° ano [28]<br />
Programa <strong>de</strong> POL do 12.° ano [29]<br />
Programa <strong>de</strong> Ciências do Ambiente do 12.° ano<br />
Tabela 4 - Programas curriculares do ES analisa<strong>dos</strong> actualmente em vigor<br />
Incluem conteú<strong>dos</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica<br />
[26]<br />
Programas curriculares do ES<br />
Não incluem conteú<strong>dos</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />
Orgânica<br />
Curso <strong>de</strong> Ciências e Tecnologias Curso <strong>de</strong> Ciências e Tecnologias<br />
Programa <strong>de</strong> FQA 9 do 10.° ano [10]<br />
Programa <strong>de</strong> BG 10 do 10.° ano [3]<br />
Programa <strong>de</strong> <strong>Química</strong> do 12.° ano [9]<br />
Programa <strong>de</strong> FQA do 11.° ano [7]<br />
Programa <strong>de</strong> BG do 11.° ano [4]<br />
Programa <strong>de</strong> Biologia do 12.° ano [2]<br />
Cursos Tecnológicos Cursos Tecnológicos<br />
Programa <strong>de</strong> FQB 11 do 10.° ano [11]<br />
Programa <strong>de</strong> FQB do 11.° ano [8]<br />
Programa <strong>de</strong> BH 12 do 10.° ano [5]<br />
programas a não referirem conteú<strong>dos</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica <strong>de</strong> forma ex-<br />
plícita. Na Tabela 4 po<strong>de</strong>-se verificar<br />
que, <strong>dos</strong> <strong>de</strong>z programas curriculares<br />
actualmente em vigor das áreas <strong>de</strong><br />
Biologia e <strong>Química</strong>, quatro <strong>de</strong>les não<br />
apresentam qualquer conteúdo explí-<br />
cito <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica.<br />
Da análise <strong>dos</strong> manuais escolares<br />
das duas reformas curriculares em<br />
estudo, verificou-se que aqueles que<br />
pertencem à reforma que terminou no<br />
ano lectivo 2005/2006 apresentam um<br />
maior carácter académico, <strong>de</strong>svalori-<br />
zando as restantes componentes.<br />
Programa <strong>de</strong> BH do 11.° ano [6]<br />
Os principais aspectos negativos <strong>dos</strong><br />
manuais analisa<strong>dos</strong> referem-se à es-<br />
trutura <strong>dos</strong> mesmos, nomeadamente<br />
a <strong>de</strong>ficiente apresentação <strong>de</strong> propos-<br />
tas metodológicas, activida<strong>de</strong>s labo-<br />
ratoriais e questões, para além <strong>de</strong> não<br />
incluírem objectivos gerais e/ou espe-<br />
cíficos a atingir pelos alunos. Outros<br />
aspectos que <strong>de</strong>verão ten<strong>de</strong>ncialmen-<br />
te ser melhora<strong>dos</strong> são as dimensões<br />
referentes ao contexto histórico, so-<br />
ciocultural e tecnológico, muitas vezes<br />
esquecidas. Resta acrescentar como<br />
nota negativa ainda o facto <strong>de</strong> pou-<br />
cos serem os manuais escolares que<br />
apresentam referências bibliográficas<br />
ao longo do texto, ou mesmo no início<br />
ou no final <strong>de</strong> cada unida<strong>de</strong> temática,<br />
como apoio aos alunos que queiram<br />
saber mais sobre <strong>de</strong>terminado assun-<br />
to, apresentando, geralmente, apenas<br />
referências bibliográficas nas suas<br />
páginas finais relativas à construção<br />
do próprio manual.<br />
Também se constatou que poucos<br />
<strong>dos</strong> manuais escolares analisa<strong>dos</strong> fa-<br />
ziam recurso às novas tecnologias da<br />
comunicação e nenhum <strong>de</strong>les apre-<br />
senta um único sítio da Internet em<br />
português, o que seria uma mais-valia<br />
para o processo <strong>de</strong> ensino/aprendi-<br />
zagem. Contudo, constatámos que<br />
as editoras têm apostado na criação<br />
<strong>de</strong> portais electrónicos que procuram<br />
proporcionar um apoio complementar<br />
tanto a alunos como a professores. A<br />
gran<strong>de</strong> vantagem <strong>dos</strong> portais electró-<br />
nicos das editoras relativamente a sí-<br />
tios electrónicos genéricos pren<strong>de</strong>-se<br />
com a actualização e disponibilida<strong>de</strong><br />
permanente <strong>de</strong>stes portais.<br />
Os inquéritos por questionário possuí-<br />
am diversos tipos <strong>de</strong> resposta pelo que<br />
o seu tratamento foi diferenciado. As<br />
respostas seleccionadas <strong>dos</strong> inquéri-<br />
tos por questionário aplica<strong>dos</strong> neste<br />
estudo [1] para as questões abertas<br />
foram apresentadas em tabelas 13 , en-<br />
quanto que para as questões fecha-<br />
das se <strong>de</strong>cidiu utilizar diagramas <strong>de</strong><br />
Pareto e caixas <strong>de</strong> bigo<strong>de</strong>s (bloxplot).<br />
A correlação encontrada no questio-<br />
nário <strong>dos</strong> professores entre as variá-<br />
veis estudadas foi muito elevada, pelo<br />
que se optou por apenas analisar as<br />
relações existentes entre as variáveis<br />
grupo disciplinar e as restantes variá-<br />
veis. Apesar disso, dada a extensão<br />
<strong>dos</strong> resulta<strong>dos</strong>, apenas iremos apre-<br />
sentar alguns <strong>dos</strong> resulta<strong>dos</strong> que nos<br />
parecem mais significativos referente<br />
às percepções <strong>dos</strong> professores (apre-<br />
sentando para o efeito alguns dia-<br />
gramas <strong>de</strong> Pareto 14 ) e numa próxima<br />
comunicação serão discutidas as per-<br />
cepções <strong>dos</strong> alunos face ao estudo da<br />
<strong>Química</strong> Orgânica no ES.<br />
PROFESSORES<br />
Os professores quando questiona<strong>dos</strong><br />
sobre "É fácil motivar os alunos nas<br />
questões associadas à aprendizagem<br />
QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 51
da <strong>Química</strong> Orgânica?", a maioria <strong>dos</strong><br />
inquiri<strong>dos</strong> (71%) estiveram <strong>de</strong> acordo<br />
com a hipótese estabelecida <strong>de</strong> que<br />
os professores consi<strong>de</strong>rariam «razoa-<br />
velmente» fácil motivar os alunos nas<br />
questões associadas à aprendizagem<br />
da <strong>Química</strong> Orgânica. Apenas 9%<br />
escolheram a opção «bastante ou<br />
muito», enquanto 16% escolheram a<br />
opção «pouco» fácil.<br />
Quanto ao facto <strong>dos</strong> conteú<strong>dos</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Química</strong> Orgânica propostos pelo<br />
Ministério da Educação nos diversos<br />
anos <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> serem a<strong>de</strong>qua-<br />
<strong>dos</strong> ao nível etário <strong>dos</strong> alunos, a maio-<br />
ria <strong>dos</strong> professores inquiri<strong>dos</strong> (52%)<br />
consi<strong>de</strong>ra que estão razoavelmente<br />
adapta<strong>dos</strong> e apenas 13% consi<strong>de</strong>-<br />
ram pouco a<strong>de</strong>qua<strong>dos</strong> (9%) ou nada<br />
a<strong>de</strong>qua<strong>dos</strong> (4%). Realça-se o facto<br />
<strong>de</strong> quase 20% <strong>dos</strong> professores terem<br />
afirmado que «não sabe», isto é, não<br />
têm i<strong>de</strong>ia se os conteú<strong>dos</strong> estão ou<br />
não adapta<strong>dos</strong> ao nível etário a que<br />
se <strong>de</strong>stinam.<br />
Quando inquiri<strong>dos</strong> sobre quais as prá-<br />
ticas lectivas usadas para o ensino <strong>de</strong><br />
tópicos <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica, 30% re-<br />
feriu que a sua prática lectiva passa<br />
por «aulas teóricas com resolução <strong>de</strong><br />
exercícios» e outros tantos por «aulas<br />
teóricas com resolução <strong>de</strong> exercícios<br />
e exemplificação experimental». Dos<br />
inquiri<strong>dos</strong>, 21% <strong>dos</strong> professores refe-<br />
riram que habitualmente realizavam<br />
«aulas teóricas com exemplificação<br />
experimental». Um número reduzido<br />
<strong>de</strong> professores afirma que as suas<br />
aulas passam, essencialmente, pela<br />
realização <strong>de</strong> trabalho experimental.<br />
Já no que se refere à transposição <strong>dos</strong><br />
programas curriculares do ME para a<br />
sala <strong>de</strong> aula no que respeita ao tópico<br />
<strong>Química</strong> Orgânica observa-se que os<br />
professores inquiri<strong>dos</strong> do grupo 11.° B<br />
maioritariamente consi<strong>de</strong>ram «difícil»<br />
esta transposição, enquanto os pro-<br />
fessores <strong>dos</strong> grupos 4.° A/B ten<strong>de</strong>n-<br />
cialmente consi<strong>de</strong>ram mais «fácil»<br />
essa transposição (Gráfico 1).<br />
Quando a questão é a maior ou me-<br />
nor dificulda<strong>de</strong> experimentada pelo<br />
professor em leccionar aspectos re-<br />
laciona<strong>dos</strong> com a <strong>Química</strong> Orgânica,<br />
45% <strong>dos</strong> professores inquiri<strong>dos</strong> re-<br />
feriram sentir «poucas» dificulda<strong>de</strong>s,<br />
23% sentiram «razoáveis» dificulda<strong>de</strong>s<br />
Gráfico 1 - Respostas à questão: "Como consi<strong>de</strong>ra a transposição <strong>dos</strong> programas curriculares do<br />
Ministério da Educação para a sala <strong>de</strong> aula no que respeita ao tópico <strong>Química</strong> Orgânica?"<br />
Gráfico 2 - Razões apontadas pelos professores no que toca às dificulda<strong>de</strong>s sentidas<br />
na leccionação <strong>de</strong> conteú<strong>dos</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica<br />
e 21% referiram sentir «nenhumas<br />
ou muito poucas» dificulda<strong>de</strong>s. Isto<br />
leva-nos a inferir que os professores<br />
se consi<strong>de</strong>ram <strong>de</strong> uma maneira geral<br />
bem prepara<strong>dos</strong> e <strong>de</strong>tentores do "sa-<br />
ber necessário" para leccionar tópicos<br />
<strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica.<br />
O gráfico 2 evi<strong>de</strong>ncia as razões apon-<br />
tadas pelos professores no que toca<br />
às dificulda<strong>de</strong>s sentidas na lecciona-<br />
ção <strong>de</strong> conteú<strong>dos</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgâ-<br />
nica e correlaciona-as com a opção<br />
seleccionada pelo inquirido relativo à<br />
dificulda<strong>de</strong> sentida na leccionação. É<br />
interessante notar que, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n-<br />
temente da dificulda<strong>de</strong> sentida pelos<br />
professores, reportada na questão an-<br />
terior, para a leccionação <strong>de</strong> tópicos<br />
<strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica, a «dimensão<br />
das turmas» e o «interesse reduzido<br />
<strong>dos</strong> alunos pela <strong>Química</strong> Orgânica»,<br />
são aponta<strong>dos</strong> como factores que difi-<br />
cultam a leccionação.<br />
Por fim, no sentido <strong>de</strong> melhorar o<br />
processo ensino/aprendizagem da<br />
<strong>Química</strong> Orgânica, cerca <strong>de</strong> um ter-<br />
ço <strong>dos</strong> professores propõe alterações<br />
aos programas propostos pelo ME<br />
nas áreas <strong>de</strong> Biologia e/ou <strong>Química</strong><br />
e cerca <strong>de</strong> um quinto consi<strong>de</strong>rou ser<br />
necessário alterar a formação inicial<br />
<strong>dos</strong> professores.<br />
52 QUÍMICA 119
CONCLUSÃO<br />
Da análise aos 31 programas curri-<br />
culares das duas últimas reformas<br />
curriculares, verifica-se que 16 não<br />
abordam explicitamente qualquer<br />
conteúdo <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica. Esta<br />
constatação vem corroborar as con-<br />
clusões do Livro Branco da Física e<br />
da <strong>Química</strong> [47], que salienta o facto<br />
da componente <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgâ-<br />
nica ser reduzida tanto a nível con-<br />
ceptual, como a nível laboratorial.<br />
Esta situação parece ter-se agravado<br />
com o facto <strong>de</strong> <strong>de</strong>saparecerem <strong>dos</strong><br />
currículos as disciplinas <strong>de</strong> Técnicas<br />
Laboratoriais <strong>de</strong> Biologia e Técnicas<br />
Laboratoriais <strong>de</strong> <strong>Química</strong>, disciplinas<br />
mais orientadas para o trabalho labo-<br />
ratorial. Constatou-se ainda que os<br />
manuais escolares actuais apresen-<br />
tam mais aspectos positivos, do ponto<br />
<strong>de</strong> vista do estudante, do que os da<br />
anterior reforma. <strong>No</strong> entanto, tendo<br />
por objectivo a melhoria do proces-<br />
so ensino/aprendizagem, é necessá-<br />
rio aumentar e manter actualiza<strong>dos</strong><br />
os portais electrónicos das editoras,<br />
aumentar o número <strong>de</strong> sítios electró-<br />
nicos indica<strong>dos</strong> e capazes <strong>de</strong> conter<br />
informação relevante e, por último,<br />
melhorar significativamente a biblio-<br />
grafia complementar, nomeadamente<br />
em português.<br />
Da análise <strong>dos</strong> programas curriculares<br />
e consequentemente <strong>dos</strong> manuais es-<br />
colares analisa<strong>dos</strong> sobressai <strong>de</strong> forma<br />
evi<strong>de</strong>nte que os conteú<strong>dos</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />
Orgânica apreendi<strong>dos</strong> pelos alunos na<br />
actual reforma curricular foram reduzi-<br />
<strong>dos</strong> substancialmente. Parece indis-<br />
cutível a importância do conhecimento<br />
da <strong>Química</strong> e da <strong>Química</strong> Orgânica<br />
para as Ciências da Vida. <strong>No</strong> entanto,<br />
apenas os alunos que escolhem a dis-<br />
ciplina <strong>de</strong> <strong>Química</strong> no 12.° ano <strong>de</strong> es-<br />
colarida<strong>de</strong>, que não é obrigatória para<br />
acesso aos cursos na área da Saú<strong>de</strong>,<br />
terão contacto com uma componente<br />
<strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica satisfatória.<br />
Na análise <strong>dos</strong> questionários dirigi<strong>dos</strong><br />
a professores do ES, no qual a larga<br />
maioria referiu sentir necessida<strong>de</strong> da<br />
<strong>Química</strong> Orgânica surgir no 9.° ano <strong>de</strong><br />
escolarida<strong>de</strong>, constata-se uma falta<br />
<strong>de</strong> conhecimento <strong>dos</strong> conteú<strong>dos</strong> <strong>de</strong><br />
<strong>Química</strong> Orgânica que fazem parte<br />
do programa curricular <strong>dos</strong> alunos do<br />
ES, especialmente em professores<br />
do grupo <strong>de</strong> recrutamento 520 (anti-<br />
go grupo 11.° B). Os professores do<br />
grupo <strong>de</strong> recrutamento 510 (antigo<br />
4.° A/B) são os que consi<strong>de</strong>raram ser<br />
mais fácil motivar os alunos em ques-<br />
tões associadas à aprendizagem da<br />
<strong>Química</strong> Orgânica, bem como trans-<br />
por os programas curriculares para a<br />
sala <strong>de</strong> aula. <strong>No</strong> entanto, são também<br />
aqueles que em maior número consi-<br />
<strong>de</strong>raram que os programas propostos<br />
pelo ME, tal como estão formula<strong>dos</strong><br />
relativamente a tópicos <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />
Orgânica, pouco permitem aos alunos<br />
enfrentar os problemas sociais, cientí-<br />
ficos e tecnológicos <strong>dos</strong> dias <strong>de</strong> hoje.<br />
Os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> professores<br />
inquiri<strong>dos</strong> vêm, <strong>de</strong> certa forma, por em<br />
contradição o facto <strong>de</strong> estes consi<strong>de</strong>-<br />
rarem a<strong>de</strong>quada a formação que rece-<br />
bem <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica e reflectem<br />
a pouca análise <strong>dos</strong> programas que<br />
é feita ao nível <strong>dos</strong> Departamentos a<br />
que os docentes pertencem.<br />
Contrariamente às conclusões do Li-<br />
vro Branco da Física e da <strong>Química</strong><br />
[47], foram poucos os professores<br />
que referiram não ter equipamento<br />
necessário na escola para realizar<br />
activida<strong>de</strong>s laboratoriais, no entanto,<br />
0 trabalho laboratorial não está muito<br />
presente nas aulas realizadas pelos<br />
professores inquiri<strong>dos</strong> quando abor-<br />
dam conteú<strong>dos</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica.<br />
Assim, conclui-se que os resulta<strong>dos</strong><br />
<strong>de</strong>ste estudo apontam para a necessi-<br />
da<strong>de</strong> <strong>de</strong>: (i) intervenções relacionadas<br />
com a revisão <strong>dos</strong> programas curricu-<br />
lares e para um aperfeiçoamento <strong>dos</strong><br />
manuais escolares do ensino secun-<br />
dário nas áreas <strong>de</strong> Biologia e Quími-<br />
ca; (ii) promoção ao nível <strong>de</strong> escola<br />
<strong>de</strong> momentos <strong>de</strong> reflexão sobre os<br />
programas curriculares; e (iii) forma-<br />
ção inicial e contínua <strong>dos</strong> professores<br />
do ES na área da <strong>Química</strong> Orgânica.<br />
Para isto as universida<strong>de</strong>s, e as socie-<br />
da<strong>de</strong>s científicas em particular, <strong>de</strong>ve-<br />
rão <strong>de</strong>sempenhar um papel dinamiza-<br />
dor e muitas vezes <strong>de</strong> interlocutores<br />
em todo este processo.<br />
NOTAS<br />
1 Po<strong>de</strong>m ser fornecidas por solicitação<br />
aos autores <strong>de</strong>ste estudo.<br />
2 Aten<strong>de</strong>ndo à actual reforma curricular,<br />
os alunos <strong>de</strong>ste agrupamento perten-<br />
cem à área <strong>de</strong> Ciências e Tecnologias<br />
do curso Científico-Humanístico.<br />
3 Atente-se que um professor não res-<br />
pon<strong>de</strong>u à questão que permitia i<strong>de</strong>nti-<br />
ficar o seu grupo disciplinar.<br />
4 Ciências da Terra e da Vida<br />
5 Técnicas Laboratoriais <strong>de</strong> Biologia<br />
6 Ciências Físico-<strong>Química</strong>s<br />
7 Técnicas Laboratoriais <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />
8 Práticas Oficinais e Laboratoriais<br />
9 Física e <strong>Química</strong> A<br />
10<br />
11<br />
Biologia e Geologia<br />
Física e <strong>Química</strong> B<br />
Biologia Humana<br />
13 Po<strong>de</strong>m ser fornecidas por solicitação<br />
aos autores <strong>de</strong>ste estudo.<br />
14 Os Diagramas <strong>de</strong> Pareto são "gráficos<br />
<strong>de</strong> barras" or<strong>de</strong>na<strong>dos</strong> por número <strong>de</strong><br />
frequência <strong>de</strong> respostas (do maior para<br />
o menor).<br />
REFERÊNCIAS<br />
[1] S. Leal, A <strong>Química</strong> Orgânica no En-<br />
sino Secundário: percepções e pro-<br />
postas, Dissertação <strong>de</strong> mestrado<br />
inédita, Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro,<br />
Aveiro, 2006.<br />
[2] A. Men<strong>de</strong>s, D. Rebelo, E. Pinheiro,<br />
Programa <strong>de</strong> Biologia - 12.° ano, Mi-<br />
nistério da Educação, Direcção-Ge-<br />
ral <strong>de</strong> Inovação e Desenvolvimento<br />
Curricular, Lisboa, 2004.<br />
[3] A. Men<strong>de</strong>s, D. Rebelo, E. Pinheiro,<br />
Programa <strong>de</strong> Biologia e Geologia -<br />
Componente <strong>de</strong> Biologia - 10.° ano,<br />
Ministério da Educação, Departa-<br />
mento do Ensino Secundário, Lis-<br />
boa, 2001.<br />
[4] A. Men<strong>de</strong>s, D. Rebelo, E. Pinheiro,<br />
Programa <strong>de</strong> Biologia e Geologia -<br />
Componente <strong>de</strong> Biologia - 11.° ano,<br />
Ministério da Educação, Departa-<br />
mento do Ensino Secundário, Lis-<br />
boa, 2001.<br />
[5] A. Men<strong>de</strong>s, D. Rebelo, E. Pinheiro,<br />
Programa <strong>de</strong> Biologia Humana -<br />
10.° ano, Ministério da Educação,<br />
Departamento do Ensino Secundá-<br />
rio, Lisboa, 2002.<br />
[6] A. Men<strong>de</strong>s, D. Rebelo, E. Pinheiro,<br />
Programa <strong>de</strong> Biologia Humana - 11.°<br />
ano, Ministério da Educação, Depar-<br />
tamento do Ensino Secundário, Lis-<br />
boa, 2003.<br />
[7] I. P. Martins, J. A. Costa, J. M. Lopes,<br />
M. O. Simões, T. S. Simões, Progra-<br />
ma <strong>de</strong> Física e <strong>Química</strong> A - Compo-<br />
nente <strong>de</strong> <strong>Química</strong> - 11.° ano, Minis-<br />
tério da Educação, Departamento do<br />
Ensino Secundário, Lisboa, 2003.<br />
[8] I. P. Martins, J. A. Costa, J. M. Lopes,<br />
M. O. Simões, T. S. Simões, Progra-<br />
ma <strong>de</strong> Física e <strong>Química</strong> B - Compo-<br />
QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 53
nente <strong>de</strong> <strong>Química</strong> - 11.° ano, Minis-<br />
tério da Educação, Departamento do<br />
Ensino Secundário, Lisboa, 2003.<br />
[9] I. P. Martins, J. A. Costa, J. M. Lopes,<br />
M. O. Simões, P. R. Claro, T. S. Si-<br />
mões, Programa <strong>de</strong> <strong>Química</strong> - 12.°<br />
ano, Ministério da Educação, Direc-<br />
ção-Geral <strong>de</strong> Inovação e Desenvol-<br />
vimento Curricular, Lisboa, 2004.<br />
[10] I. P. Martins, M. C. Magalhães, M. O.<br />
Simões, T. S. Simões, J. M. G. Lopes,<br />
J. A. L. Costa, P. Pinto, Programa <strong>de</strong><br />
Física e <strong>Química</strong> A - Componente<br />
<strong>de</strong> <strong>Química</strong> - 10.° ano, Ministério da<br />
Educação, Departamento do Ensino<br />
Secundário, Lisboa, 2001.<br />
[11] I. P. Martins, M. C. Magalhães, M. O.<br />
Simões, T. S. Simões, J. M. G. Lopes,<br />
J. A. L. Costa, P. Pinto, Programa <strong>de</strong><br />
Física e <strong>Química</strong> B - Componente<br />
<strong>de</strong> <strong>Química</strong> - 10.° ano, Ministério da<br />
Educação, Departamento do Ensino<br />
Secundário, Lisboa, 2001.<br />
[12] Ministério da Educação, Departa-<br />
mento do Ensino Secundário, Pro-<br />
grama <strong>de</strong> Biologia - 12.° ano, Autor,<br />
Lisboa, 1995.<br />
[13] Ministério da Educação, Departa-<br />
mento do Ensino Secundário, Pro-<br />
grama <strong>de</strong> Ciências Físico-<strong>Química</strong>s<br />
- 10.° ano, Autor, Lisboa, 1995.<br />
[14] Ministério da Educação, Departa-<br />
mento do Ensino Secundário, Pro-<br />
grama <strong>de</strong> Ciências Físico-<strong>Química</strong>s<br />
- 11.° ano, Autor, Lisboa, 1995.<br />
[15] Ministério da Educação, Departa-<br />
mento do Ensino Secundário, Pro-<br />
grama <strong>de</strong> Ciências da Terra e da<br />
Vida - 10.° ano, Autor, Lisboa, 1995.<br />
[16] Ministério da Educação, Departa-<br />
mento do Ensino Secundário, Pro-<br />
grama <strong>de</strong> Ciências da Terra e da<br />
Vida - 11.° ano, Autor, Lisboa, 1995.<br />
[17] Ministério da Educação, Departa-<br />
mento do Ensino Secundário, Pro-<br />
grama <strong>de</strong> <strong>Química</strong> - 12.° ano, Autor,<br />
Lisboa, 1995.<br />
[18] Ministério da Educação, Departa-<br />
mento do Ensino Secundário, Pro-<br />
grama <strong>de</strong> Técnicas Laboratoriais <strong>de</strong><br />
Biologia - Bloco I - 10.° ano, Autor,<br />
Lisboa, 1992.<br />
[19] Ministério da Educação, Departa-<br />
mento do Ensino Secundário, Pro-<br />
grama <strong>de</strong> Técnicas Laboratoriais <strong>de</strong><br />
Biologia - Bloco II - 11.° ano, Autor,<br />
Lisboa, 1992.<br />
[20] Ministério da Educação, Departa-<br />
mento do Ensino Secundário, Pro-<br />
grama <strong>de</strong> Técnicas Laboratoriais <strong>de</strong><br />
Biologia - Bloco III - 12.° ano, Autor,<br />
Lisboa, 1992.<br />
[21] Ministério da Educação, Departa-<br />
mento do Ensino Secundário, Pro-<br />
grama <strong>de</strong> Técnicas Laboratoriais <strong>de</strong><br />
<strong>Química</strong> - Bloco I - 10.° ano, Autor,<br />
Lisboa, 1992.<br />
[22] Ministério da Educação, Departa-<br />
mento do Ensino Secundário, Pro-<br />
grama <strong>de</strong> Técnicas Laboratoriais <strong>de</strong><br />
<strong>Química</strong> - Bloco II - 11.° ano, Autor,<br />
Lisboa, 1992.<br />
[23] Ministério da Educação, Departa-<br />
mento do Ensino Secundário, Pro-<br />
grama <strong>de</strong> Técnicas Laboratoriais <strong>de</strong><br />
<strong>Química</strong> - Bloco III - 12.° ano, Autor,<br />
Lisboa, 1992.<br />
[24] Ministério da Educação, Gabinete<br />
<strong>de</strong> Educação Tecnológica, Artística e<br />
Profissional, Programa <strong>de</strong> Bioquími-<br />
ca - 10.° ano - Curso Tecnológico <strong>de</strong><br />
<strong>Química</strong>, Autor, Lisboa, 1992.<br />
[25] Ministério da Educação, Gabinete<br />
<strong>de</strong> Educação Tecnológica, Artística e<br />
Profissional, Programa <strong>de</strong> Bioquími-<br />
ca - 11.° ano - Curso Tecnológico <strong>de</strong><br />
<strong>Química</strong>, Autor, Lisboa, 1992.<br />
[26] Ministério da Educação, Gabinete<br />
<strong>de</strong> Educação Tecnológica, Artística e<br />
Profissional, Programa <strong>de</strong> Ciências<br />
do Ambiente - 12.° ano - Curso Tec-<br />
nológico <strong>de</strong> <strong>Química</strong>. Lisboa, 1992.<br />
[27] Ministério da Educação, Gabinete<br />
<strong>de</strong> Educação Tecnológica, Artística<br />
e Profissional, Programa <strong>de</strong> Práticas<br />
Oficinais e Laboratoriais - 10.° ano<br />
- Curso Tecnológico <strong>de</strong> <strong>Química</strong>,<br />
Autor, Lisboa, 1992.<br />
[28] Ministério da Educação, Gabinete<br />
<strong>de</strong> Educação Tecnológica, Artística<br />
e Profissional, Programa <strong>de</strong> Práticas<br />
Oficinais e Laboratoriais - 11.° ano -<br />
Curso Tecnológico <strong>de</strong> <strong>Química</strong>, Au-<br />
tor, Lisboa, 1992.<br />
[29] Ministério da Educação, Gabinete<br />
<strong>de</strong> Educação Tecnológica, Artística<br />
e Profissional, Programa <strong>de</strong> Práticas<br />
Oficinais e Laboratoriais - 12.° ano<br />
- Curso Tecnológico <strong>de</strong> <strong>Química</strong>,<br />
Autor, Lisboa, 1992.<br />
[30] Ministério da Educação, Gabinete<br />
<strong>de</strong> Educação Tecnológica, Artística e<br />
Profissional, Programa <strong>de</strong> Tecnolo-<br />
gias - 10.° ano - Curso Tecnológico<br />
<strong>de</strong> <strong>Química</strong>, Autor, Lisboa, 1992.<br />
[31] Ministério da Educação, Gabinete<br />
<strong>de</strong> Educação Tecnológica, Artística e<br />
Profissional, Programa <strong>de</strong> Tecnolo-<br />
gias - 11.° ano - Curso Tecnológico<br />
<strong>de</strong> <strong>Química</strong>, Autor, Lisboa, 1992.<br />
[32] Ministério da Educação, Gabinete<br />
<strong>de</strong> Educação Tecnológica, Artística e<br />
Profissional, Programa <strong>de</strong> Tecnolo-<br />
gias - 12.° ano - Curso Tecnológico<br />
<strong>de</strong> <strong>Química</strong>, Autor, Lisboa, 1992.<br />
[33] A. D. da Silva, F. Gramaxo, M. E.<br />
Santos, A. F. Mesquita, Terra, Uni-<br />
verso <strong>de</strong> Vida - Biologia e Geologia<br />
- Componente <strong>de</strong> Biologia - 10.° ano<br />
(1. a ed.), Porto Editora, Porto, 2003.<br />
[34] C. Côrrea, F. P. Basto, <strong>Química</strong> 12.°ano<br />
(1.a ed.), Porto Editora, Porto, 2003.<br />
[35] H. C. Pinto, M. <strong>de</strong> J. Carvalho, M.<br />
M. Fialho, Técnicas Laboratoriais <strong>de</strong><br />
<strong>Química</strong> II - 11.° ano (1.a ed.), Texto<br />
Editora, Lisboa, 2000.<br />
[36] J. Paiva, A. J. Ferreira, G. Ventura,<br />
M. Fiolhais, C. Fiolhais, 10Q - Ci-<br />
ências Físico--<strong>Química</strong>s - <strong>Química</strong><br />
- 10.° ano (1 .a ed.), Texto Editora,<br />
Lisboa, 2003.<br />
[37] L. S. Mendonça, M. D. Ramalho, Jogo<br />
<strong>de</strong> Partículas - <strong>Química</strong> - 11.° ano<br />
(4.a ed.), Texto Editora, Lisboa, 2003.<br />
[38] O. Matias, P. Martins, Biologia e<br />
Geologia 10.° ano - Componente<br />
<strong>de</strong> Biologia (1.a ed.), Areal Editores,<br />
Porto, 2003.<br />
[39] R. Soares, L. Serra, C. Almeida, Bio-<br />
logia Humana - 10.° (1.a ed.), Porto<br />
Editora, Porto, 2004.<br />
[40] T. S. Simões, M. A. Queirós, M. O.<br />
Simões, <strong>Química</strong> em Contexto - Fí-<br />
sica e <strong>Química</strong> A - 10.° ano (1.a ed.),<br />
Porto Editora, Porto, 2003.<br />
[41] T. S. Simões, M. A. Queirós, M. O.<br />
Simões, <strong>Química</strong> em Contexto - Fí-<br />
sica e <strong>Química</strong> B - 10.° ano (1.a ed.),<br />
Porto Editora, Porto, 2004.<br />
[42] T. S. Simões, M. A. Queirós, M. O.<br />
Simões, Técnicas Laboratoriais <strong>de</strong><br />
<strong>Química</strong> - Bloco II (1 .a ed.), Porto<br />
Editora, Porto, 2001.<br />
[43] V. M. S. Gil, <strong>Química</strong> 11.° ano (2.a<br />
ed.), Plátano Editora, Lisboa, 2000.<br />
[44] V. M. S. Gil, <strong>Química</strong> 12.° ano (1. a<br />
ed.), Plátano Editora, Lisboa, 2001.<br />
[45] A. F. Cachapuz, I. M. O. Malaquias,<br />
I. P. Martins, M. F. Thomaz, N. M.<br />
Vasconcelos, Proposta <strong>de</strong> um Instru-<br />
mento para Análise <strong>de</strong> Manuais Es-<br />
colares <strong>de</strong> Física e <strong>de</strong> <strong>Química</strong>, Uni-<br />
versida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro, Aveiro, 1987.<br />
[46] A. Hill, M. M. Hill, Investigação por<br />
questionário, Gradiva, Lisboa, 2002.<br />
[47] A. Martins, I. Malaquias, D. R. Mar-<br />
tins, A. C. Campos, J. M. Lopes, E.<br />
M. Fiúza, M. M. F. da Silva, M. Ne-<br />
ves, R. Soares, Livro branco da fí-<br />
sica e da química (1.a ed.), Minerva<br />
Central, Aveiro, 2002.<br />
54 QUÍMICA 119
WEBQUESTS: INCREMENTO PEDAGÓGICO DA INTERNET<br />
NO ENSINO DA QUÍMICA<br />
WEBQUEST<br />
CARLA MORAIS 1 E JOÃO PAIVA 2,<br />
N ão obstante a possibilida<strong>de</strong> da Internet permitir o acesso a uma vasta panóplia <strong>de</strong><br />
informações e recursos, a re<strong>de</strong> das re<strong>de</strong>s, traz também, na maior parte das vezes, alguns<br />
constrangimentos no que diz respeito à selecção da informação disponível. Para fins educa-<br />
tivos, uma das estratégias mais interessantes que se tem vindo a <strong>de</strong>senhar para ajudar os<br />
alunos a tirarem partido da riqueza <strong>de</strong> informação disponível na Web sâo as WebQuests.<br />
Constituem-se como recursos potenciadores <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong> informação na Web, baseadas<br />
na resolução <strong>de</strong> problemas. O objectivo é dinamizar experiências <strong>de</strong> aprendizagem que<br />
estimulem o pensamento crítico, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uso e tratamento <strong>de</strong><br />
informação, permitindo assim analisar, sintetizar, avaliar e formular conclusões. Este artigo<br />
centra-se na reflexão em torno <strong>de</strong>sta dinâmica <strong>de</strong> trabalho colectivo que vive, essencialmen-<br />
te, <strong>de</strong> recursos provenientes da Internet. Associada a este artigo está uma proposta <strong>de</strong> uma<br />
activida<strong>de</strong> WebQuest para o ensino da <strong>Química</strong>.<br />
INTRODUÇÃO<br />
A utilização da Internet tem reconheci-<br />
das potencialida<strong>de</strong>s para o ensino das<br />
Ciências, em geral, e para o ensino da<br />
<strong>Química</strong>, em particular. Descobertas<br />
recentes ou estu<strong>dos</strong> pedagógicos que<br />
até há poucas décadas atrás eram ap-<br />
enas divulga<strong>dos</strong> em revistas científi-<br />
cas, são hoje, muitas vezes, anuncia-<br />
<strong>dos</strong> ou mesmo publica<strong>dos</strong> na Internet,<br />
dispensando uma pesquisa exaustiva<br />
em diversos locais e publicações. O<br />
acesso rápido a uma imensa quanti-<br />
da<strong>de</strong> <strong>de</strong> informação integrada auxilia<br />
o professor, permitindo-lhe uma mel-<br />
hor planificação das suas aulas e pos-<br />
sibilitando ao aluno efectuar pesqui-<br />
sas sobre as <strong>de</strong>scobertas recentes,<br />
aplicações ou implicações relaciona-<br />
das com os conteú<strong>dos</strong> curriculares,<br />
envolvendo-o activamente na com-<br />
preensão do modo como a Ciência<br />
evolui. A facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comunicação<br />
com pessoas em todas as partes do<br />
mundo é outro aspecto do qual o ensi-<br />
1 cmorais@fc.up.pt<br />
2 jcpaiva@fc.up.pt<br />
Centro <strong>de</strong> Investigação em <strong>Química</strong>, Departamento <strong>de</strong><br />
<strong>Química</strong> e Bioquímica, Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências, Univer-<br />
sida<strong>de</strong> do Porto, Rua do Campo Alegre, 687,<br />
P-4169-007 Porto, Portugal<br />
no das Ciências po<strong>de</strong> tirar benefícios.<br />
Actualmente, assiste-se a um aumento<br />
da utilização da Internet no processo<br />
<strong>de</strong> ensino-aprendizagem. Sendo tão<br />
importantes as vantagens resultantes<br />
da entrada da Internet na sala <strong>de</strong><br />
aula, em particular, e na educação em<br />
geral, justifica-se consi<strong>de</strong>rar a própria<br />
Internet, ainda que não constituindo<br />
um software, como um recurso edu-<br />
cacional [1-4]. Contudo, existem tam-<br />
bém algumas dificulda<strong>de</strong>s associadas<br />
ao uso da Internet. Para os alunos, a<br />
maior dificulda<strong>de</strong> no uso da Internet,<br />
como ferramenta pedagógica, po<strong>de</strong><br />
residir na falta <strong>de</strong> incentivo por parte<br />
<strong>dos</strong> professores e em alguma falta <strong>de</strong><br />
orientação para pesquisar na Web.<br />
Os professores, por sua vez, referem<br />
a ausência <strong>de</strong> sites específicos para<br />
<strong>de</strong>terminadas áreas, a dificulda<strong>de</strong> <strong>dos</strong><br />
alunos relacionarem as informações<br />
obtidas na Internet com outras fontes<br />
<strong>de</strong> pesquisa, principalmente a pesqui-<br />
sa bibliográfica tradicional e a faci-<br />
lida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dispersão durante a nave-<br />
gação. Desta forma, impõe-se como<br />
objectivo educacional levar os alunos a<br />
proce<strong>de</strong>r a uma análise crítica <strong>de</strong> toda<br />
a informação a que têm acesso. Mais<br />
do que ensinar, é necessário educar<br />
para a auto-aprendizagem. É neste<br />
cenário que as WebQuests po<strong>de</strong>m<br />
fazer sentido, constituindo-se como<br />
elementos organizativos, evitadores<br />
<strong>de</strong> dispersão e contextualizadores<br />
<strong>de</strong> objectivos pedagógicos concretos<br />
e bem <strong>de</strong>fini<strong>dos</strong> [5-10]. Perante uma<br />
vasta diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> opções possíveis<br />
torna-se imprescindível fornecer aos<br />
alunos dicas e sugestões para que o<br />
percurso realizado, embora personali-<br />
zado e construído pelos próprios, gere<br />
aprendizagens significativas.<br />
Neste artigo começa-se por evi<strong>de</strong>n-<br />
ciar algumas generalida<strong>de</strong>s sobre as<br />
WebQuests, como sendo a sua carac-<br />
terização, estrutura e algumas mais-<br />
valias pedagógicas associadas à sua<br />
utilização (secção 2). Na secção 3 faz-<br />
se referência às WebQuests enquanto<br />
estratégias <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> alunos e <strong>de</strong><br />
professores e apresentam-se algumas<br />
dicas para a aplicação/exploração <strong>de</strong>s-<br />
tas activida<strong>de</strong>s em contexto <strong>de</strong> sala<br />
<strong>de</strong> aula. Finalmente, na última secção,<br />
fazem-se umas breves consi<strong>de</strong>rações,<br />
em jeito <strong>de</strong> síntese. Destaca-se o fac-<br />
to <strong>de</strong> que este número do Boletim da<br />
SPQ apresenta um exemplo concre-<br />
to <strong>de</strong> uma WebQuest no domínio da<br />
<strong>Química</strong>, elaborado por João Vale, em<br />
estreita ligação com este artigo.<br />
QUÍMICA 1 1 9 - OUT/DEZ 10 55
GENERALIDADES SOBRE WEBQUESTS<br />
Começamos por nos <strong>de</strong>bruçar, ainda<br />
que <strong>de</strong> forma breve, sobre algumas<br />
generalida<strong>de</strong>s que nos po<strong>de</strong>rão dar<br />
uma visão global das WebQuests,<br />
enquanto estratégia <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lação<br />
do trabalho <strong>dos</strong> alunos, mas também,<br />
como modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> organização e<br />
preparação <strong>dos</strong> próprios professores<br />
[11].<br />
WEBQUESTS: CARACTERIZAÇÃO<br />
E ESTRUTURA<br />
"A WebQuest is an inquiry - oriented<br />
activity in which some or all of the in-<br />
formation that learners interact with<br />
comes from resources on the internet,<br />
optionally supplemented with vi<strong>de</strong>o-<br />
conferencing." [5]<br />
As WebQuests são originalmente ac-<br />
tivida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senhadas por professores<br />
para serem "resolvidas" pelos alunos<br />
na Web. I<strong>de</strong>alizadas por Bernie Dod-<br />
ge e Tom March, no âmbito <strong>de</strong> uma<br />
disciplina que tinha como objectivo<br />
tirar partido da tecnologia e <strong>dos</strong> re-<br />
cursos existentes na Web (Interdisci-<br />
plinary Teaching with Technology), as<br />
WebQuests consistem em activida<strong>de</strong>s<br />
motivadoras, contextualizadas e orien-<br />
tadas para a pesquisa, que os alunos<br />
<strong>de</strong>vem realizar em grupo, <strong>de</strong> acordo<br />
com uma sequência lógica previa-<br />
mente estabelecida [5-13]. Para que<br />
o aluno utilize da melhor forma o seu<br />
tempo <strong>de</strong> pesquisa na Internet, tendo<br />
em mente uma tarefa direccionada,<br />
uma WebQuest <strong>de</strong>ve contemplar os<br />
seguintes passos [5-8]:<br />
Introdução - <strong>de</strong>ve fornecer informa-<br />
ção <strong>de</strong> modo a contextualizar o <strong>de</strong>sa-<br />
fio, ser motivadora e <strong>de</strong>safiante para<br />
os alunos.<br />
Tarefa - <strong>de</strong>ve ser interessante e exe-<br />
quível. De acordo com Dodge [14], a<br />
tarefa constitui a mais importante fase<br />
<strong>de</strong> uma WebQuest, por estimular o<br />
pensamento nos alunos, ultrapassan-<br />
do a simples compreensão. Assim,<br />
po<strong>de</strong> incluir activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> diversos<br />
tipos:<br />
- Redigir o que se leu (contar).<br />
- Compilação <strong>de</strong> da<strong>dos</strong>.<br />
- Mistério (papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>tective).<br />
- Jornalismo (papel <strong>de</strong> repórter).<br />
- Criar um produto ou planear uma<br />
acção.<br />
- Produtos criativos (criar um poe-<br />
ma, canção, uma pintura).<br />
- Criar consenso.<br />
- Persuasão (ponto <strong>de</strong> vista a apre-<br />
sentar, escrever uma carta, um edi-<br />
torial; criar um ví<strong>de</strong>o publicitário).<br />
- Conhece-te! (reflexão sobre quem<br />
se é; questões éticas e morais;<br />
como melhorar <strong>de</strong>terminadas fa-<br />
cetas, etc).<br />
- Tarefas analíticas (i<strong>de</strong>ntificar se-<br />
melhanças e diferenças).<br />
- Julgar/avaliar (o aluno dispõe <strong>de</strong><br />
vários itens e tem que os or<strong>de</strong>nar<br />
ou classificar ou, ainda, escolher<br />
entre opções).<br />
- Tarefas científicas (<strong>de</strong>finir hipóte-<br />
ses, testar hipóteses; <strong>de</strong>screver<br />
os resulta<strong>dos</strong> e interpretá-los.<br />
Processo - é uma espécie <strong>de</strong> roteiro<br />
que indica passo a passo a direcção<br />
que os alunos <strong>de</strong>verão procurar tomar<br />
e os recursos a consultar. Deve conter<br />
a <strong>de</strong>finição <strong>dos</strong> papéis a realizar pelos<br />
alunos do grupo (caso existam) levan-<br />
do o aluno a compreen<strong>de</strong>r diferentes<br />
perspectivas e partilhando responsa-<br />
bilida<strong>de</strong>s na execução das tarefas.<br />
Recursos - conjunto <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> in-<br />
formação necessárias à consecução<br />
da tarefa, preferencialmente disponí-<br />
veis na Web. Convém aten<strong>de</strong>r-se à<br />
qualida<strong>de</strong> e quantida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> recursos<br />
a utilizar.<br />
Avaliação - po<strong>de</strong> incidir sobre <strong>de</strong>-<br />
sempenho e/ou sobre o produto a<br />
apresentar pelos alunos. Indicadores<br />
quantitativos e qualitativos leva<strong>dos</strong><br />
em consi<strong>de</strong>ração pelo professor na<br />
avaliação do trabalho do grupo <strong>de</strong>vem<br />
ser explicita<strong>dos</strong> com clareza.<br />
Conclusão - <strong>de</strong>ve disponibilizar-se<br />
um resumo acerca da experiência<br />
proporcionada pela WebQuest, sa-<br />
lientando as vantagens <strong>de</strong> realizar<br />
o trabalho e, se possível, lançar um<br />
novo <strong>de</strong>safio que <strong>de</strong>sperte a curiosi-<br />
da<strong>de</strong> <strong>dos</strong> alunos para outras facetas<br />
do conhecimento abordado.<br />
WEBQUESTS: MAIS-VALIAS PEDAGÓGICAS<br />
As WebQuests têm-se revelado uma<br />
boa dinâmica <strong>de</strong> trabalho para ensinar<br />
e apren<strong>de</strong>r, usando a Internet [9-13],<br />
pelas tarefas genuínas e práticas que<br />
são propostas aos alunos e os con-<br />
frontam com o mundo, pelos recursos<br />
concretos que lhes são apresenta<strong>dos</strong><br />
e pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apresentação<br />
e publicação <strong>dos</strong> seus resulta<strong>dos</strong>.<br />
A autenticida<strong>de</strong> das tarefas é, aliás,<br />
uma das mais-valias <strong>de</strong>sta estratégia<br />
pedagógica. Leva<strong>dos</strong> a investigarem<br />
activamente questões reais [15] e en-<br />
volvendo colaboração, ajuda mútua<br />
e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong><br />
diferentes papéis pelos elementos do<br />
grupo, as WebQuests permitem a in-<br />
tegração <strong>de</strong> diferentes perspectivas<br />
na aprendizagem <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termina-<br />
do assunto, contribuindo assim para<br />
a construção <strong>de</strong> uma visão plural e<br />
multifacetada sobre as temáticas em<br />
estudo [12].<br />
A investigação <strong>de</strong> questões reais, rea-<br />
lizada com recursos reais, acaba por<br />
ser talvez o maior contributo para a<br />
construção <strong>de</strong> significado pelo aluno.<br />
A motivação que estas tarefas indu-<br />
zem tem sido apresentada <strong>de</strong> uma<br />
forma bastante prática, por Dodge [8]<br />
e March [15], com base no mo<strong>de</strong>lo<br />
ARCS <strong>de</strong> Keller.<br />
O acrónimo ARCS é constituído por:<br />
Atenção, Relevância, Confiança e Sa-<br />
tisfação. March [15] refere que uma<br />
WebQuest bem concebida respeita<br />
os quatro componentes propostos por<br />
Keller, isto é que: a) seja uma activida-<br />
<strong>de</strong> que capte a atenção <strong>dos</strong> alunos; b)<br />
tenha como base um assunto relevan-<br />
te e próximo <strong>dos</strong> seus interesses; c)<br />
os alunos sintam confiança no apoio<br />
disponibilizado; d) sintam satisfação<br />
com a missão cumprida com suces-<br />
so.<br />
WEBQUESTS ENQUANTO ESTRATÉGIA<br />
DE TRABALHO DE ALUNOS E DE PRO-<br />
FESSORES<br />
De forma a tornar possível o objectivo<br />
<strong>de</strong> equacionar novas oportunida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> aprendizagem com as WebQuests<br />
à luz <strong>de</strong> uma perspectiva construtivis-<br />
ta, po<strong>de</strong>rá ser pertinente organizar a<br />
reflexão em torno <strong>de</strong> quatro aspectos<br />
centrais - Pesquisa, Comunicação,<br />
Colaboração e Participação social -<br />
cuja articulação po<strong>de</strong> ser observada<br />
na Figura 1. Estes quatro aspectos<br />
permitem-nos compreen<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> forma<br />
articulada, os principais <strong>de</strong>safios que<br />
as WebQuests po<strong>de</strong>m encerrar, en-<br />
quanto estratégia <strong>de</strong> trabalho, simul-<br />
taneamente <strong>de</strong> alunos e professores<br />
56 QUÍMICA 119<br />
[12].
WebQuests enquanto<br />
oportunida<strong>de</strong> para os<br />
alunos apren<strong>de</strong>rem:<br />
1. A pesquisar informação<br />
2. A comunicar com outras pessoas<br />
3. A colaborar <strong>de</strong>ntro e fora da sala <strong>de</strong> aulas<br />
4. A participar socialmente<br />
Tem-se assistido a um interesse cres-<br />
cente <strong>de</strong> mestran<strong>dos</strong> e doutoran<strong>dos</strong><br />
por WebQuests, pelo que inúmeras<br />
dissertações nos últimos tempos ver-<br />
sam esta temática ao nível da cons-<br />
trução, implementação e avaliação<br />
<strong>de</strong>stas activida<strong>de</strong>s [16-18].<br />
PISTAS PARA APLICAR UMA WEBQUEST<br />
NA SALA DE AULA<br />
Tal como já se referiu, consi<strong>de</strong>ramos<br />
que as WebQuests po<strong>de</strong>m proporcio-<br />
nar oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagem<br />
<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> interesse pedagógico e<br />
didáctico. Assim, apresentamos algu-<br />
mas sugestões para aplicar/explorar<br />
WebQuests na sala <strong>de</strong> aula:<br />
- Diagnosticar as apetências <strong>dos</strong><br />
alunos pela ferramenta <strong>de</strong> trabalho.<br />
- Negociar com os seus alunos a rea-<br />
lização do <strong>de</strong>safio.<br />
- Enunciar, claramente, os objecti-<br />
vos subjacentes à realização da<br />
activida<strong>de</strong>.<br />
- Percorrer com os alunos a Web-<br />
Quest, dando instruções acerca do<br />
funcionamento do hiperdocumento.<br />
- Permitir que os alunos explorem<br />
livremente o hiperdocumento.<br />
- Promover a apresentação <strong>dos</strong> tra-<br />
balhos produzi<strong>dos</strong> pelos grupos,<br />
<strong>de</strong> modo a partilhar o seu conheci-<br />
mento e conclusões.<br />
Além do exemplo concreto do João<br />
Vale apresentado neste Boletim, ou-<br />
WebQuests enquanto oportunida<strong>de</strong><br />
para os professores <strong>de</strong>senvolverem<br />
algumas competências profissionais:<br />
1. A concepção <strong>de</strong> materiais e a mo<strong>de</strong>lação da aprendizagem<br />
na Internet.<br />
2. A facilitação da comunicação interpessoal.<br />
3. A organização, promoção e gestão do trabalho colaborativo.<br />
4. A avaliação e divulgação das aprendizagens.<br />
Figura 1 - Aspectos nucleares <strong>de</strong> reflexão sobre as WebQuests (adaptado <strong>de</strong> [12])<br />
tras i<strong>de</strong>ias po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já ficar no ar,<br />
sendo certo que a palavra <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m<br />
é, em gran<strong>de</strong> parte, a imaginação e<br />
a criativida<strong>de</strong> do professor. Assim,<br />
po<strong>de</strong>m realizar-se interessantes We-<br />
bQuests relacionadas com alguns te-<br />
mas da <strong>Química</strong>, como por exemplo:<br />
- CSI <strong>Química</strong>: investigando ele-<br />
mentos ocultos<br />
- As hortênsias azuis e cor-<strong>de</strong>-rosa:<br />
mistério ou <strong>Química</strong>?<br />
- Tratamento <strong>de</strong> águas residuais<br />
- Fogo-<strong>de</strong>-artifício: uma questão <strong>de</strong><br />
<strong>Química</strong><br />
- <strong>Química</strong> e <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> - prós e<br />
contras<br />
- Biodiesel - como e para quê?<br />
- Viagem às grutas: solubilida<strong>de</strong> e<br />
reacções <strong>de</strong> precipitação<br />
- Energia nuclear: sim ou não?<br />
CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
As WebQuests constituem-se como<br />
uma interessante metodologia <strong>de</strong> tra-<br />
balho para os alunos, auxiliando-os<br />
a lidar com as dificulda<strong>de</strong>s inerentes<br />
à selecção <strong>de</strong> informação disponível<br />
na Internet. Permitem aperfeiçoar as<br />
estratégias <strong>de</strong> pesquisa, selecção e<br />
avaliação, fornecendo aos alunos o<br />
ambiente a<strong>de</strong>quado para o <strong>de</strong>senvol-<br />
vimento <strong>de</strong> competências essenciais<br />
à sua integração plena na <strong>Socieda<strong>de</strong></strong><br />
da Informação e do Conhecimento. As<br />
WebQuests po<strong>de</strong>m promover a capa-<br />
cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a pesquisar infor-<br />
mação, <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a comunicar com<br />
outras pessoas, <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a cola-<br />
borar/cooperar e <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a parti-<br />
cipar socialmente. Também os profes-<br />
sores são coloca<strong>dos</strong> perante <strong>de</strong>safios<br />
concretos, <strong>de</strong>correntes principalmen-<br />
te da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exploração do<br />
potencial pedagógico da Internet, que<br />
lhes permite usar novos recursos e<br />
equacionar novas formas <strong>de</strong> trabalho,<br />
po<strong>de</strong>ndo levar a uma reestruturação<br />
das suas concepções e ao enriqueci-<br />
mento das suas práticas lectivas. <strong>No</strong><br />
ensino da <strong>Química</strong>, em particular, são<br />
óbvias as potencialida<strong>de</strong>s. A ciência<br />
<strong>Química</strong> é em si própria dinâmica,<br />
como dinâmico é o seu ensino. A In-<br />
ternet é imprescindível como fonte <strong>de</strong><br />
informação para o (dinâmico) ensino<br />
da <strong>Química</strong> nos nossos dias. As Web-<br />
Quests, indiscutivelmente, po<strong>de</strong>m aju-<br />
dar a optimizar a eficácia pedagógica<br />
da Web no ensino da <strong>Química</strong><br />
REFERÊNCIAS<br />
[1] F. Costa. A propósito da <strong>de</strong>mocratiza-<br />
ção do acesso à internet pelas esco-<br />
las. In A. Estrela & J. Ferreira (Eds.),<br />
Tecnologias em educação. Estu<strong>dos</strong><br />
e investigações (pp. 135-145). Lis-<br />
boa: Afirse Portugaise (2001).<br />
[2] A. Gokhale. Collaborative Learning<br />
Enhances Critical Thinking. Journal<br />
of Technology Education, 7, (1995).<br />
Disponível em http://scholar.lib.<br />
vt.edu/ejournals/JTE/v7n1/gokhale.<br />
jte-v7n1.html<br />
QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 57
[3] L. Cuban. Oversold and un<strong>de</strong>rused:<br />
Computers in the classroom. Cam-<br />
bridge, Mass: Harvard University<br />
Press (2001).<br />
[4] D. Jonassen. Learning as activ-<br />
ity. Educational Technology, March-<br />
April, (2002) 45-51.<br />
[5] B. Dodge. Some Thoughts about<br />
WebQuests (1995; 1997). Disponí-<br />
vel em http://webquest.sdsu.edu/<br />
about_webquests.html<br />
[6] B. Dodge. WebQuests: a strategy<br />
for scaffolding higher level learning<br />
(1998). Disponível em http://web-<br />
quest.sdsu.edu/necc98.htm<br />
[7] B. Dodge. FOCUS: Five rules for<br />
writing a great WebQuest. Learning<br />
& Leading with Technology, May, 28<br />
(8), (2001) 6-9, 58.<br />
[8] B. Dodge. Motivational Aspects of<br />
WebQuest Design. In C. Crawford et<br />
al. (Eds.), Proceedings of Society for<br />
Information Technology and Teacher<br />
Education International Conference<br />
2003. Chesapeake, VA: AAC E,<br />
(2003) 1737-1739.<br />
[9] M. Barroso, C. Coutinho. A Web-<br />
Quest como Metodologia <strong>de</strong> Apren-<br />
dizagem no Curso <strong>de</strong> Educação e<br />
Formação <strong>de</strong> Adultos na Área So-<br />
cieda<strong>de</strong>, Tecnologia e Ciência. In P.<br />
Dias, A. J. Osório (org.) Actas da VI<br />
Conferência Internacional <strong>de</strong> TIC na<br />
Educação Challenges 2009 / Desa-<br />
fios 2009. Braga: Universida<strong>de</strong> do<br />
Minho. (2009) 697-714.<br />
[10] D. Pereira; N. Fialho; E. Matos. We-<br />
bQuest: Uma Ferramenta Criativa e<br />
Motivadora na Prática Educativa. Ac-<br />
tas do X Congresso Internacional Ga-<br />
lego-Português <strong>de</strong> Psicopedagogia.<br />
Braga: Universida<strong>de</strong> do Minho (2009).<br />
[11] A. Carvalho. WebQuest: um Desafio<br />
para Professores e para Alunos. Elo,<br />
10, (2002) 142-150.<br />
[12] A. Carvalho, org. Actas do Encontro<br />
sobre WebQuest, Braga, Portugal,<br />
2006. Braga: CIEd (2006) 8-25.<br />
[13] B. Wilson, D. Young. Webquests for<br />
reflection and conceptual change:<br />
Variations on a popular mo<strong>de</strong>l for<br />
gui<strong>de</strong>d inquiry. Paper presented at<br />
the World Conference on Education-<br />
al Multimedia, Hypermedia and Tele-<br />
communications, Denver, Colorado,<br />
USA (2002).<br />
[14] B. Dodge. WebQuest Taskonomy: A<br />
Taxonomy of Tasks (2002). Dispo-<br />
nível em http://webquest.sdsu.edu/<br />
taskonomy.html<br />
[15] T. March. The Learning Power of<br />
WebQuests. Educational Lea<strong>de</strong>r-<br />
ship, 61 (4) (2003) 42-47.<br />
[16] I. Costa. A WebQuest na aula <strong>de</strong><br />
Matemática: Um estudo <strong>de</strong> caso<br />
com alunos do 10° ano <strong>de</strong> escolari-<br />
da<strong>de</strong>. Dissertação <strong>de</strong> Mestrado em<br />
Educação - Área <strong>de</strong> Especialização<br />
em Tecnologia Educativa, Univer-<br />
sida<strong>de</strong> do Minho, Braga, Portugal<br />
(2008).<br />
[17] M. Lima. As WebQuests no ensino/<br />
aprendizagem. Tese <strong>de</strong> Doutora-<br />
mento em Ciências da Educação,<br />
Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Psicologia e Ciências<br />
da Educação da Universida<strong>de</strong> do<br />
Porto, Porto, Portugal (2007).<br />
[18] P. Quaresma. Concepção e explora-<br />
ção <strong>de</strong> uma WebQuest para a intro-<br />
dução ao ensino da física. Disserta-<br />
ção <strong>de</strong> Mestrado em Comunicação<br />
e Educação em Ciência, Univer-<br />
sida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Aveiro, Aveiro, Portugal<br />
(2007).<br />
COCAÍNA E ECSTASY DETECTADOS NAS ÁGUAS DO PARQUE L'ALBUFERA EM VALÊNCIA (ESPANHA)<br />
A água <strong>dos</strong> canais do Parque Natu-<br />
ral L'Albufera, em Valência, contém<br />
cocaína e ecstasy, para além <strong>de</strong> ou-<br />
tras seis substâncias estupefacientes.<br />
Este facto foi confirmado num estudo<br />
levado a cabo por investigadores da<br />
Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Valência que alerta-<br />
ram para a presença contínua e efei-<br />
tos nefastos <strong>de</strong>stas substâncias, quer<br />
na vida selvagem, quer na saú<strong>de</strong> hu-<br />
mana.<br />
Os investigadores da referida univer-<br />
sida<strong>de</strong>, em colaboração com o Cen-<br />
tro <strong>de</strong> Investigação em Desertificação<br />
(Espanha), analisaram catorze tipos<br />
<strong>de</strong> substâncias ilegais (incluindo co-<br />
caína, anfetaminas, co<strong>de</strong>ína, morfina<br />
e cannabis) em <strong>de</strong>zasseis cursos <strong>de</strong><br />
água e canais <strong>de</strong> irrigação do parque.<br />
O estudo procurou resíduos que che-<br />
garam à água através da urina <strong>dos</strong><br />
consumidores <strong>de</strong>stas substâncias.<br />
A cocaína e respectivos metaboli-<br />
tos foram encontra<strong>dos</strong> em todas as<br />
amostras, enquanto que o ecstasy foi<br />
<strong>de</strong>tectado muito frequentemente. Os<br />
níveis mais eleva<strong>dos</strong>, bem como a<br />
maior frequência <strong>de</strong> resulta<strong>dos</strong> positi-<br />
vos, foram encontra<strong>dos</strong> na zona norte<br />
do parque. Esta zona alberga a maior<br />
<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> populacional e é ro<strong>de</strong>ada<br />
<strong>de</strong> um pólo industrial e locais <strong>de</strong> di-<br />
versão nocturna, constituindo o maior<br />
ponto <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga <strong>de</strong> águas residuais<br />
do parque. Foram também encontra-<br />
das concentrações elevadas em algu-<br />
mas amostras recolhidas noutras áre-<br />
as do parque, resulta<strong>dos</strong> associa<strong>dos</strong><br />
a <strong>de</strong>scargas <strong>de</strong> águas residuais sem<br />
tratamento.<br />
O Parque Natural L'Albufera é umas<br />
das mais importantes zonas húmidas<br />
da Europa em virtu<strong>de</strong> da sua biodiver-<br />
sida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fauna e flora, para além <strong>de</strong><br />
ser uma área chave para as aves mi-<br />
gratórias. Paradoxalmente, este par-<br />
que está ro<strong>de</strong>ado por aglomera<strong>dos</strong><br />
populacionais, indústrias, explora-<br />
ções agrícolas, zonas comerciais e <strong>de</strong><br />
lazer, para além <strong>de</strong> ro<strong>de</strong>ado por uma<br />
<strong>de</strong>nsa re<strong>de</strong> viária. Embora ainda não<br />
existam actualmente estu<strong>dos</strong> exausti-<br />
vos sobre os efeitos ecotoxicológicos<br />
da presença das substâncias <strong>de</strong>tecta-<br />
das, estas po<strong>de</strong>m ter consequências<br />
no ecossistema do parque, tanto para<br />
os organismos terrestres, como para<br />
a fauna aquática.<br />
(Adaptado <strong>de</strong><br />
http://www.alphagalileo.org/ViewItem.as<br />
px?ItemId=85820&CultureCo<strong>de</strong>=en)<br />
58 QUÍMICA 119<br />
HMO
Introdução<br />
WebQuest<br />
<strong>No</strong> encalço <strong>dos</strong> <strong>No</strong>vos <strong>Materiais</strong> 4<br />
JQAOVALE<br />
Centro <strong>de</strong> Investigação em <strong>Química</strong>, Departamento <strong>de</strong> <strong>Química</strong> e Bioquímica,<br />
Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências, Universida<strong>de</strong> do Porto, Rua do Campo Alegre, 687, P-4169-007 Porto, Portugal<br />
* Disponível em: http://www.educhem.icpaiva.net/<br />
Longe vão os tempos em que o Homem recorria aos diversos materiais disponibiliza<strong>dos</strong><br />
livremente na Natureza, na forma bruta, para diversos fins. Aforma arrepiante como a ciência <strong>dos</strong><br />
materiais tem avançado nestes últimos tempos é capaz <strong>de</strong> amedrontar o menos culto e espantar<br />
o mais sábio. O factor necessida<strong>de</strong> terá sido o motor <strong>de</strong> impulsão, mas, provavelmente, o factor<br />
novida<strong>de</strong> será aquele que melhor explica <strong>de</strong>terminadas situações. Polímeros condutores,<br />
materiais nano-estrutura<strong>dos</strong>, novos cerâmicos, biomateriais e compósitos são<br />
ti<strong>dos</strong> como as principais categorias <strong>de</strong> <strong>No</strong>vos <strong>Materiais</strong> que emergem. A <strong>Química</strong> no cerne <strong>dos</strong><br />
<strong>de</strong>safios contemporâneos!<br />
Tarefa<br />
Existem inúmeras moléculas com proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interesse para a medicina.<br />
Perante um mundo em constante evolução, situação para a qual a química e a engenharia química<br />
juntam esforços, importa que te mantenhas informado acerca da ampliação do universo químico em geral e <strong>dos</strong><br />
"novos materiais", em particular, sob pena <strong>de</strong> não reconheceres, num futuro não muito longínquo, o planeta.<br />
Polímeros condutores, materiais nano-estrutura<strong>dos</strong>, novos cerâmicos, biomateriais, compósitos:<br />
. o que são?<br />
. que exemplos?<br />
. on<strong>de</strong> se aplicam?<br />
São estas as questões que te propomos e para as quais <strong>de</strong>verás obter resposta.<br />
Processo<br />
Para levar adiante o trabalho é fundamental que se constituam grupos <strong>de</strong> 5 alunos. Cada elemento <strong>de</strong> cada grupo<br />
ficará com uma <strong>de</strong>terminada função segundo a informação prestada na seguinte tabela:<br />
<strong>No</strong>me do aluno Função a <strong>de</strong>sempenhar<br />
Aluno ? Recolher e organizar informação sobre polímeros condutores<br />
Aluno ? Recolher e organizar informação sobre materiais nano-estrutura<strong>dos</strong><br />
Aluno ? Recolher e organizar informação sobre novos cerâmicos<br />
Aluno ? Recolher e organizar informação sobre biomateriais<br />
Aluno ? Recolher e organizar informação sobre compósitos<br />
Uma vez distribuídas as funções a <strong>de</strong>sempenhar, cada elemento usará recursos específicos para recolher e<br />
organizar informação. O grupo reunirá e sintetizará a informação por forma a que essa síntese inclua as pistas para<br />
as questões levantadas. Caberá ao grupo <strong>de</strong>cidir sobre o mol<strong>de</strong> a usar para apresentar oralmente os resulta<strong>dos</strong> da<br />
investigação e também <strong>de</strong>cidir sobre a concepção da versão escrita final, sintética, a entregar ao professor.
Recursos<br />
Como fontes <strong>de</strong> informação o grupo <strong>de</strong>ve usar os seguintes en<strong>de</strong>reços da web:<br />
<strong>Química</strong> - Polímeros condutores<br />
http://www.quimica.ufpr.br/qqm/polimeros%20condutores.htm<br />
Revista Electrónica <strong>de</strong> Ciências - Polímeros condutores<br />
http://www.cdcc.usp.br/ciencia/artiqos/art 04/polimero.html<br />
UMinho - Relatório sobre a disciplina <strong>de</strong> <strong>Materiais</strong> Nanoestrutura<strong>dos</strong><br />
http://www2.fisica.uminho.pt/Pq pessoais/Miesus/MNA/MNA proqrama.PDF<br />
Com ciência - Nanociência & nanotecnologia<br />
http://www.comciencia.br/reportaqens/nanotecnoloqia/nano13.htm<br />
INETI - <strong>No</strong>vos materiais cerâmicos<br />
http://www.sirbabvface.net/icpaiva/avulso/materiais/Proiecto cBloco.pdf<br />
UPorto - <strong>Materiais</strong> cerâmicos<br />
http://paqinas.fe.up.pt/~falves/matceramicos.pdf<br />
<strong>Química</strong> <strong>No</strong>va - Biocerâmicas<br />
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-40422000000400015&script=sci arttext<br />
Biomateriais - Integrando o conhecimento<br />
http://www.biomateriais.com.br/telas/artiqos/artiqos.asp7id artiqo=60&id assunto<br />
<strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Brasileira <strong>de</strong> <strong>Química</strong> - Compósitos<br />
http://www.sbq.orq.br/ranteriores/23/resumos/0789/in<strong>de</strong>x.html<br />
Instituto <strong>de</strong> Engenharia Mecânica e Gestão Industrial - <strong>Materiais</strong> Compósitos<br />
http://www.spmateriais.pt/INEGI.htm<br />
Avaliação<br />
<strong>No</strong>ta: To<strong>dos</strong> os elementos <strong>de</strong>vem prestar atenção sobre o sentido crítico que<br />
<strong>de</strong>verão ter face ã informação na Internet.<br />
Polímeros condutores<br />
<strong>Materiais</strong> nano-estrutura<strong>dos</strong><br />
<strong>No</strong>vos cerâmicos<br />
Biomateriais<br />
Compósitos<br />
A avaliação incidirá sobre o produto <strong>de</strong>senvolvido pelo grupo. Essa avaliação reger-se-á pelos parâmetros e<br />
respectivos pesos segundo a indicação abaixo:<br />
Conclusão<br />
. Respostas às questões (20%)<br />
. Criativida<strong>de</strong> do produto (30 %)<br />
. Rigor científico <strong>dos</strong> textos (30 %)<br />
. Apresentação oral (20 %)<br />
Si<br />
Esta WebQuest terá ampliado o teu universo <strong>de</strong> conhecimentos químicos e feito com que olhes<br />
para um mundo em constante evolução <strong>de</strong> outra forma. Estarás, certamente, mais próximo da<br />
\ j ciência contemporânea no que concerne à existência <strong>de</strong> <strong>No</strong>vos <strong>Materiais</strong>, sua concepção e<br />
s'jM^jf aplicação. Terás concluído que os <strong>No</strong>vos <strong>Materiais</strong> representam soluções, mas que essas<br />
soluções, geralmente, serão substituídas daqui a uns tempos por outras melhores. Assim, a<br />
procura <strong>de</strong> soluções para problemas novos ou antigos e o estímulo à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criar novos<br />
produtos levarão a que novos materiais, uma vez concebi<strong>dos</strong>, se tornem necessida<strong>de</strong>s da socieda<strong>de</strong>. Que<br />
materiais teremos na próxima década? E no próximo século? Serão semelhantes aos actuais? Até que ponto a<br />
vida humana, tal como a conhecemos, po<strong>de</strong>rá melhorar? O que irá mudar na vida das pessoas? Convém "estar<br />
atento"....<br />
[Destinatários<br />
Esta WebQuest <strong>de</strong>stina-se a alunos do 12.° ano <strong>de</strong> <strong>Química</strong>.
XXll<br />
Encontro<br />
Nacional<br />
SPQ<br />
XXII ENCONTRO NACIONAL DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE QUÍMICA<br />
(ENSPQ)<br />
3-6 JULHO 2 0 1 1 EM BRAGA<br />
A Delegação <strong>de</strong> Braga da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Portuguesa</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />
e o Departamento <strong>de</strong> <strong>Química</strong> da Universida<strong>de</strong> do<br />
Minho convidam to<strong>dos</strong> os colegas a participar no XXII EN-<br />
CONTRO NACIONAL da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Portuguesa</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />
(SPQ), que terá lugar em Braga, no Parque <strong>de</strong> Exposições,<br />
<strong>de</strong> 3 a 6 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2011. Este Encontro integra-se nas<br />
comemorações do centenário da SPQ, as quais coinci<strong>de</strong>m<br />
com as do Ano Internacional da <strong>Química</strong>, e será subordinado<br />
ao tema "Cem Anos <strong>de</strong> <strong>Química</strong> em Portugal".<br />
Associaram-se ao XXII ENSPQ as Divisões <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Alimentar,<br />
<strong>Química</strong> Analítica, <strong>Química</strong> Física, <strong>Química</strong> Inorgânica,<br />
<strong>Química</strong> Orgânica e o Grupo <strong>de</strong> Radicais Livres da<br />
SPQ, que terão os seus Encontros sob a forma <strong>de</strong> Simpósios.<br />
Dado o carácter comemorativo do Encontro, terá lugar<br />
uma lição plenária <strong>de</strong> índole histórica. Estão previstas<br />
lições plenárias, keynotes, comunicações orais e sessões<br />
<strong>de</strong> posters nas áreas científicas das Divisões e Grupos que<br />
se associaram, bem como uma lição plenária, keynotes, comunicações<br />
orais e sessões <strong>de</strong> posters nos domínios "<strong>Química</strong><br />
e <strong>Socieda<strong>de</strong></strong>" e "Ensino e Aprendizagem da <strong>Química</strong>".<br />
À semelhança <strong>dos</strong> Encontros Nacionais anteriores, o XXII<br />
ENSPQ incluirá a lição plenária do Prémio Ferreira da Silva<br />
e será igualmente atribuída a Medalha Vicente Seabra. <strong>No</strong><br />
Encontro será ainda entregue, pela primeira vez, o Prémio<br />
Romão Dias, no domínio da <strong>Química</strong> Inorgânica.<br />
A data <strong>de</strong> início <strong>de</strong> submissão <strong>de</strong> resumos para o encontro<br />
é 1 <strong>de</strong> Março <strong>de</strong> 2011. Informações adicionais po<strong>de</strong>rão ser<br />
consultadas na página Web do Encontro.<br />
E: xxiienspq@quimica.uminho.pt<br />
URL: http://www.spq.pt/eventos/xxiienspq<br />
«E2N 2011»<br />
Encontro Nacional <strong>de</strong> Nanotoxicologia<br />
ENCONTRO NACIONAL DE NANOTOXICOLOGIA (E2N 2011)<br />
7 E 8 FEVEREIRO 2 0 1 1 EM LISBOA<br />
O Encontro Nacional <strong>de</strong> Nanotoxicologia, uma organização<br />
conjunta do Laboratório Nacional <strong>de</strong> Energia e Geologia<br />
(LNEG), Instituto Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Dr. Ricardo Jorge,<br />
Instituto Superior Técnico e da Direcção-Geral da Saú<strong>de</strong>,<br />
irá <strong>de</strong>correr nos dias 7 e 8 <strong>de</strong> Fevereiro em Lisboa, com o<br />
patrocínio da <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Portuguesa</strong> <strong>de</strong> <strong>Química</strong> (SPQ).<br />
A Nanotecnologia utiliza as proprieda<strong>de</strong>s únicas da matéria<br />
à nanoescala sendo que as nanopartículas e os nanomateriais<br />
manufactura<strong>dos</strong> oferecem potenciais benefícios<br />
sócio-económicos, ambientais e para a saú<strong>de</strong>. Sendo a nanotecnologia<br />
um <strong>dos</strong> sectores em maior <strong>de</strong>senvolvimento<br />
na actualida<strong>de</strong>, salienta-se o facto <strong>de</strong> que os aspectos re-<br />
DESTAQUES<br />
lativos aos efeitos biológicos, <strong>de</strong>stino ambiental e comportamento<br />
<strong>de</strong>stes materiais, carecem <strong>de</strong> investigação. Este<br />
Encontro tem como objectivo uma participação, alargada<br />
a to<strong>dos</strong> os campos do saber, sobre o impacto e segurança<br />
das nanopartículas e nanomateriais manufactura<strong>dos</strong><br />
para a saú<strong>de</strong> e ambiente. Serão três os principais tópicos<br />
a abordar no encontro, nomeadamente a Caracterização<br />
<strong>de</strong> Nanopartículas, a Ecotoxicologia <strong>de</strong> Nanopartículas e a<br />
Toxicologia Humana <strong>de</strong> Nanopartículas.<br />
O Encontro é dirigido a to<strong>dos</strong> os profissionais activamente<br />
envolvi<strong>dos</strong> na Investigação & Desenvolvimento <strong>de</strong> nanopartículas<br />
e nanomateriais manufactura<strong>dos</strong>, incluindo<br />
produção, aplicações, toxicologia e avaliação <strong>de</strong> riscos<br />
para a saú<strong>de</strong> e ambiente, e regulamentação, preten<strong>de</strong>ndo<br />
ser um lugar <strong>de</strong> partilha <strong>de</strong> conhecimento e discussão do<br />
estado da arte da investigação em Portugal, <strong>de</strong>safios, novas<br />
iniciativas e suas implicações.<br />
E: E2N2011@sapo.pt<br />
URL: http://e2n2011.webs.com<br />
4 A REUNIÃO IBÉRICA DE COLÓIDES E INTERFACES (RICI4)<br />
13 A 1 5 JULHO 2 0 1 1 NO PORTO<br />
Entre 13 e 15 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2011, a Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências da<br />
Universida<strong>de</strong> do Porto terá o prazer <strong>de</strong> acolher a 4- Reunião<br />
Ibérica <strong>de</strong> Colói<strong>de</strong>s e Interfaces - RICI4, promovida<br />
conjuntamente pelo Grupo <strong>de</strong> Colói<strong>de</strong>s, Polímeros e Interfaces<br />
(GCPI) da SPQ e o Grupo Especializado <strong>de</strong> Coloi<strong>de</strong>s e<br />
Interfases (GECI) das Reais <strong>Socieda<strong>de</strong></strong>s Espanholas <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />
e <strong>de</strong> Física (RSEQ e RSEF).<br />
Preten<strong>de</strong>-se que o evento tenha um carácter fortemente<br />
interdisciplinar, visando dois objectivos essenciais: reunir<br />
a comunida<strong>de</strong> científica portuguesa da área <strong>de</strong> colói<strong>de</strong>s e<br />
interfaces, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da sua formação <strong>de</strong> base<br />
e abordagem científica; promover a sua interacção com a<br />
comunida<strong>de</strong> espanhola congénere, em atmosfera propícia<br />
ao intercâmbio <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias e estabelecimento <strong>de</strong> pontes <strong>de</strong><br />
colaboração. Este encontro seguir-se-á aos <strong>de</strong> Salamanca<br />
(05), Coimbra (07) e Granada (09), que obtiveram assinalável<br />
sucesso junto das duas comunida<strong>de</strong>s ibéricas. O pro-<br />
grama incluirá, entre outras, as seguintes sessões temáti-<br />
cas: sistemas auto-agrega<strong>dos</strong>, tensioactivos e polímeros;<br />
superfícies e interfaces; nanopartículas e colói<strong>de</strong>s; siste-<br />
mas biomiméticos e bio-inspira<strong>dos</strong>; teoria e mo<strong>de</strong>lação;<br />
aplicações industriais, biomédicas e farmacêuticas. As palestras<br />
serão proferidas na sua gran<strong>de</strong> maioria em inglês,<br />
dada a crescente internacionalização do encontro. Encon-<br />
tram-se já confirmadas lições plenárias pelos Professores<br />
Mário Barbosa (INEB, Porto), Margarida Telo da Gama<br />
(FCUL), Watson Loh (Unicamp, Brasil), María Vallet-Regí<br />
(U. Complutense <strong>de</strong> Madrid) e Francisco Monroy (UCM).<br />
Informações mais <strong>de</strong>talhadas po<strong>de</strong>rão ser encontradas no<br />
website do congresso, ou solicitadas à comissão <strong>de</strong> orga-<br />
QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 6 1
nização local (prof. Eduardo Marques, presi<strong>de</strong>nte - efmarque@fc.up.pt).<br />
E: rici4@fc.up.pt<br />
URL: http://rici4.fc.up.pt<br />
m * +<br />
j j j<br />
Electroquímico «• IIIOTOÇÒ©<br />
rt<br />
2 AS JORNADAS DE ELECTROQUÍMICA E INOVAÇÃO<br />
1 1 FEVEREIRO 2 0 1 1 EM FARO<br />
As 2 as Jornadas <strong>de</strong> Electroquímica e Inovação terão lugar<br />
no Campus <strong>de</strong> Gambelas, Universida<strong>de</strong> do Algarve, no dia<br />
11 <strong>de</strong> Fevereiro <strong>de</strong> 2011, estando a <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> <strong>Portuguesa</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Química</strong> (SPQ) entre os vários patrocinadores que suportam<br />
a realização das referidas jornadas. O grupo "Electroquímica<br />
e Inovação" (e-inov), constituído por vários<br />
electroquímicos Portugueses, surgiu no Verão <strong>de</strong> 2005<br />
com o intuito <strong>de</strong> estabelecer em Portugal um modo reno-<br />
vado <strong>de</strong> apresentar e discutir temas actuais e i<strong>de</strong>ias inovadoras<br />
em Electroquímica, almejando ainda constituir um<br />
ponto <strong>de</strong> encontro para electroquímicos <strong>de</strong> diversas áreas<br />
(incluindo os liga<strong>dos</strong> ao meio industrial). Em 2006 foram<br />
lançadas as "Jornadas <strong>de</strong> Electroquímica e Inovação", <strong>de</strong>dicadas<br />
à divulgação <strong>de</strong> temas <strong>de</strong> natureza inovadora e <strong>de</strong><br />
interesse actual específicos em Electroquímica, tendo sido<br />
escolhi<strong>dos</strong> nesse ano os temas "<strong>No</strong>vos Meios Electrolíticos"<br />
e "Técnicas <strong>de</strong> Sonda em Electroquímica". Em 2011<br />
regressam as "Jornadas <strong>de</strong> Electroquímica e Inovação",<br />
sendo que os temas escolhi<strong>dos</strong> para esta edição são "Sen-<br />
sores" e "Técnicas <strong>de</strong> Especiação". Para ilustrarem estes<br />
dois tópicos em lições plenárias e em lições temáticas foram<br />
convida<strong>dos</strong> conferencistas <strong>de</strong> renome, nomeadamente<br />
os Professores Herman van Leeuwen (Wageningen University),<br />
Josep Galceran (Universitat <strong>de</strong> Lleida) e Hubert<br />
Girault (École Polytechnique Fédérale <strong>de</strong> Lausanne). Algu-<br />
mas lições temáticas serão também atribuídas a trabalhos<br />
submeti<strong>dos</strong> pelos participantes e haverá também lugar a<br />
apresentações sob a forma <strong>de</strong> painel, sobre estes e outros<br />
temas actuais em electroquímica.<br />
<strong>No</strong> <strong>de</strong>curso das Jornadas, e com base na avaliação <strong>dos</strong> tra-<br />
balhos apresenta<strong>dos</strong>, será atribuído um prémio (Prémio<br />
Inovação), o qual consiste na oferta da inscrição nas próximas<br />
Jornadas <strong>de</strong> Electroquímica e Inovação e num <strong>de</strong>sconto<br />
<strong>de</strong> 10% em equipamento AUTOLAB, atribuído pela<br />
Potencial Zero. A língua oficial do evento será o Inglês.<br />
Mais informações estão disponibilizadas no Web site das<br />
Jornadas.<br />
E: info@e-inov.org<br />
URL: http://www.e-inov.org<br />
14 TH EUROPEAN CONFERENCE ON THE SPECTROSCOPY<br />
OF BIOLOGICAL MOLECULES<br />
28 AGOSTO A 3 SETEMBRO 2 0 1 1 EM COIMBRA<br />
Em 2011, cabe à Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências e Tecnologia da Uni-<br />
versida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra, acolher uma das mais prestigiadas<br />
Conferências Europeias no campo da Bioquimica - a European<br />
Conference on the Spectroscopy ofBiological Molecules.<br />
Esta Conferência, que se realiza <strong>de</strong> 2 em 2 anos numa cida<strong>de</strong><br />
Europeia, irá reunir na sua 14- Edição, especialistas<br />
<strong>de</strong> toda a Europa para <strong>de</strong>bater <strong>de</strong> forma proactiva e inovadora<br />
os mais recentes avanços científicos nas áreas <strong>de</strong><br />
Espectroscopia Óptica e Técnicas <strong>de</strong> Imagem, Espectroscopia<br />
<strong>de</strong> Ressonância Magnética, Espectroscopia Dieléctrica,<br />
Espectroscopia <strong>de</strong> Moléculas Individuais/Espectroscopia<br />
<strong>de</strong> Células Individuais, Nanotecnologia, Micro-arrays e<br />
Biosensores, Abordagens Téoricas e Simulação Computa-<br />
cional, Aplicações Espectroscópicas nos domínios da me-<br />
dicina, indústria farmacêutica e agro-indústrias.<br />
Com temas como estes, repletos <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong>, a Confe-<br />
rência é uma oportunida<strong>de</strong> única <strong>de</strong> discutir "O Estado da<br />
Arte" entre professores, colegas e estudantes. A língua<br />
oficial do congresso será o inglês e as apresentações <strong>de</strong>-<br />
correrão na forma <strong>de</strong> lições plenárias (45 min), comunicações<br />
por convite (30 min), comunicações orais (15 min) e<br />
comunicações em formato <strong>de</strong> poster. O programa <strong>de</strong>talhado<br />
será disponibilizado em breve e po<strong>de</strong>rá ser consultado<br />
no Web-site do congresso.<br />
URL: www.ecsbm2011.com<br />
IUPAC INTERNATIONAL CONGRESS ON ANALYTICAL SCIENCES 2011<br />
22-26 MAIO 2011 EM QUIOTO, JAPÃO<br />
O congresso ICAS2011, é um evento internacional <strong>de</strong> ciências<br />
analíticas co-organizado pela <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> do Japão<br />
para <strong>Química</strong> Analítica (JSAC) e a International Union of<br />
Pure and Applied Chemistry (IUPAC), que será realizado<br />
em Quioto, Japão, entre 22 e 26 <strong>de</strong> Maio <strong>de</strong> 2011. Este<br />
encontro multidisciplinar reúne investigadores <strong>de</strong> renome<br />
mundial, bem como estudantes, no sentido <strong>de</strong> apresentar<br />
as inovações e avanços, bem como abordar questões contemporâneas<br />
relevantes, no campo da ciência e tecnolo-<br />
gia analítica.<br />
O programa científico inclui conferências plenárias a cargo<br />
<strong>de</strong> cientistas <strong>de</strong> renome, simpósios abordando diferentes<br />
temas, entre os quais se <strong>de</strong>stacam: Técnicas Analíticas<br />
Avançadas, Nanociência e Nanotecnologia, Bioanálises,<br />
Ciência Ambiental, Segurança e Sustentabilida<strong>de</strong>, e sessões<br />
gerais organizadas segundo os seguintes temas principais:<br />
(i) Espectroscopia/espectrometria, (ii) Separação/<br />
Micro-análise (iii) <strong>Química</strong> electroanalítica (iv) Sensores<br />
(v) Nanomateriais e nanotecnologia, (vi) Bioanálises, (vii)<br />
Análises ambientais, (viii) Análises geoquímicas, (ix) Ciência<br />
alimentar e análises (x) Análises farmacêuticas e clínicas,<br />
(xi) Validação e qualida<strong>de</strong> e (xii) Educação.<br />
To<strong>dos</strong> aqueles envolvi<strong>dos</strong> ou interessa<strong>dos</strong> em ciência e<br />
tecnologia analítica são incentiva<strong>dos</strong> a participar neste<br />
congresso internacional para troca <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias e discutir os<br />
novos <strong>de</strong>senvolvimentos.<br />
E: ICAS2011_secretary@anchem.mc.kyoto-u.ac.jp<br />
URL: http://icas2011.com<br />
62 QUÍMICA 119
17 TH EUROPEAN SYMPOSIUM ON ORGANIC CHEMISTRY<br />
(ESOC 2011)<br />
10 A 15 JULHO 2 0 1 1 EM CRETA, GRÉCIA<br />
O 17° Simpósio Europeu <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica (ESOC 2011)<br />
<strong>de</strong>correrá entre os dias 10 e 15 <strong>de</strong> Julho no "Creta Maris<br />
Hotel Conference Center" localizado em Hersonissos, Creta,<br />
na Grécia. A organização <strong>de</strong>ste simpósio está a cargo da<br />
Divisão <strong>de</strong> <strong>Química</strong> Orgânica do Departamento <strong>de</strong> <strong>Química</strong><br />
da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Creta e tem o patrocínio da European Association<br />
for Chemical and Molecular Sciences (EuCheMS).<br />
Este é um evento <strong>de</strong>dicado à <strong>Química</strong> Orgânica e áreas<br />
afins dando, contudo, especial <strong>de</strong>staque aos seguintes tópicos:<br />
(i) Síntese Total <strong>de</strong> Produtos Naturais; (ii) Catálise<br />
em Síntese Orgânica; (iii) <strong>No</strong>vos Méto<strong>dos</strong> em Síntese Orgânica;<br />
(iv) <strong>Química</strong> Medicinal; (v) <strong>Química</strong> Bioinorgânica<br />
e <strong>Química</strong> Biológica; (vi) <strong>Química</strong> Supramolecular; (vii) Síntese<br />
<strong>de</strong> <strong>Materiais</strong> Funcionais. O programa inclui lições plenárias,<br />
oradores convida<strong>dos</strong>, comunicações orais e duas<br />
sessões <strong>de</strong> posters.<br />
Mais informações po<strong>de</strong>rão ser encontradas na página<br />
Web do simpósio.<br />
E: info@esoc2011.com<br />
URL: http://www.esoc2011.com<br />
4 TH INTERNATIONAL IUPAC SYMPOSIUM FOR TRACE ELEMENTS<br />
IN FOOD (TEF-4)<br />
19 A 22 JUNHO 2 0 1 1 EM ABERDEEN, ESCÓCIA<br />
Sob os auspícios da International Union of Pure and Applied<br />
Chemistry (IUPAC), o 4 th International IUPAC Symposium<br />
for Trace Elements in Food, realizar-se-á na Escócia<br />
entre os dias 19 e 22 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 2011. Este encontro<br />
segue-se aos já realiza<strong>dos</strong> em Varsóvia (2000), Bruxelas<br />
(2004) e Roma (2009) e preten<strong>de</strong> ser um fórum <strong>de</strong> troca<br />
<strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias e experiências entre investigadores na área <strong>dos</strong><br />
oligoelementos nos alimentos.<br />
O objectivo primordial <strong>de</strong>ste simpósio interdisciplinar consiste<br />
na reunião <strong>de</strong> especialistas com diferente formação<br />
<strong>de</strong> base <strong>de</strong> forma a conseguir alcançar uma discussão alargada<br />
e abrangente sobre to<strong>dos</strong> os aspectos relaciona<strong>dos</strong><br />
com a presença <strong>de</strong>stes elementos nos alimentos, com especial<br />
ênfase para os efeitos biológicos no organismo humano.<br />
Por conseguinte, o simpósio inclui como tópicos <strong>de</strong><br />
particular interesse: fontes e transferência <strong>de</strong> elementos<br />
vestigiais para alimentos e rações animais, avanços analíticos<br />
na especiação <strong>de</strong> elementos em alimentos, oligoelementos<br />
na nutrição e saú<strong>de</strong> humanas, toxicologia e<br />
avaliação <strong>de</strong> risco, biodisponibilida<strong>de</strong>, efeitos <strong>de</strong> processamento,<br />
fortificação <strong>de</strong> alimentos, legislação internacional,<br />
biomarcadores, entre outros. Será dado especial realce<br />
aos <strong>de</strong>senvolvimentos e trabalhos <strong>de</strong> investigação leva<strong>dos</strong><br />
a cabo nos últimos anos, bem como a tópicos emergentes<br />
na área em questão.<br />
E: j.feldmann@abdn.ac.uk<br />
URL: http://www.abdn.ac.uk/tef-4<br />
4 TH EUROPEAN CONFERENCE ON CHEMISTRY FOR LIFE SCIENCES<br />
(4ECCLS)<br />
3 1 AGOSTO A 3 SETEMBRO 2 0 1 1 EM BUDAPESTE, HUNGRIA<br />
A Divisão <strong>de</strong> <strong>Química</strong> para as Ciências da Vida da Associação<br />
Europeia para as Ciências <strong>Química</strong>s e Moleculares<br />
(Division of Chemistry for Life Sciences, EuCheMS), juntamente<br />
com a <strong>Socieda<strong>de</strong></strong> Húngara <strong>de</strong> <strong>Química</strong>, organizam a<br />
4 th European Conference on Chemistry for Life Sciences.<br />
O sucesso das edições anteriores (Rimini/Itália, Wroclaw/<br />
Polónia e Frankfurt/Alemanha), confirma o interesse crescente<br />
por parte da comunida<strong>de</strong> científica na <strong>Química</strong> Bioorgânica<br />
e Bioinorgânica, motivando a continuação <strong>de</strong>sta<br />
série <strong>de</strong> conferências, realizando-se agora a 4- edição que<br />
irá <strong>de</strong>correr numa das maiores Universida<strong>de</strong>s da Hungria,<br />
a Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Eótvós, localizada em Budapeste. Esta<br />
conferência preten<strong>de</strong> ser um encontro <strong>de</strong> elevado nível<br />
científico, no qual a participação <strong>de</strong> investigadores <strong>de</strong> renome<br />
na área possa inspirar uma audiência interdisciplinar<br />
e atrair jovens investigadores para este campo emergente<br />
e florescente da química e da biologia.<br />
O programa científico da conferência compreen<strong>de</strong> um<br />
leque muito alargado <strong>de</strong> tópicos, estando já agendadas<br />
as seguintes sessões: Biomoléculas em 3D, Dinâmica em<br />
Biologia: <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>ns estruturais e dinâmica molecular, Fotossíntese<br />
artificial, da organocatálise bioinspirada à catálise<br />
enzimática, <strong>No</strong>vas tendências na <strong>Química</strong> Inorgânica:<br />
metais e metaloproteínas, Aspectos computacionais <strong>de</strong><br />
biomoléculas e bioinformática química, Diversida<strong>de</strong> estrutural<br />
e funcional <strong>de</strong> áci<strong>dos</strong> nucleicos, Glicoquímica/Glicociência,<br />
Fronteiras em química medicinal: novos méto<strong>dos</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> drogas, Bioconjuga<strong>dos</strong> pépti<strong>dos</strong>/proteínas<br />
como ferramentas <strong>de</strong> diagnóstico e terapêutica, Neuroquímica:<br />
mecanismos <strong>de</strong> neuro<strong>de</strong>generação, Metais em<br />
medicina, Bio-nanotecnologia: <strong>de</strong> moléculas a células sin-<br />
téticas, Microrganismos fazem o mundo girar: biogeoquímica<br />
à escala global e diária.<br />
Para além <strong>de</strong> fornecer o contacto com a excelência da investigação<br />
<strong>de</strong>senvolvida nesta área, esta conferência preten<strong>de</strong><br />
ainda capturar o espírito do Danúbio, oferecendo<br />
uma multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> eventos culturais aos participantes.<br />
E: 4eccls@mke.org.hu<br />
URL: http://www.4eccls.mke.org.hu<br />
Secção compilada por Joana Amaral<br />
QUÍMICA 119 - OUT/DEZ 10 63
AGENDA I<br />
30 Janeiro - 4 Fevereiro 2011 em Saragoça, Espanha<br />
2011 European Winter Conference on Plasma<br />
Spectrochemistry<br />
E: winterzar2011@unizar.es<br />
URL: http://www.winterplasmazaragoza2011.es<br />
7-8 Fevereiro 2011 em Lisboa<br />
Encontro Nacional <strong>de</strong> Nanotoxicologia (E2N 2011)<br />
E: E2N2011@sapo.pt<br />
URL: http://e2n2011.webs.com<br />
9-10 Fevereiro 2011 em Nagpur, Índia<br />
International Conference on Chemistry for Mankind:<br />
Innovative I<strong>de</strong>as in Life Sciences (ICCM-2011)<br />
E: contact@iccm2011-rtmnu.org<br />
URL: http://www.iccm2011-rtmnu.org<br />
11 Fevereiro 2011 em Faro<br />
Jornadas <strong>de</strong> Electroquímica e Inovação<br />
E: info@e-inov.org<br />
URL: http://www.e-inov.org<br />
7-11 Fevereiro 2011 em Wellington, <strong>No</strong>va Zelândia<br />
5th International Conference on Advanced Materials and<br />
Nanotechnology<br />
E: amn-5@confer.co.nz<br />
URL: http://www.confer.co.nz/amn-5/in<strong>de</strong>x.html<br />
21-22 Fevereiro 2011 em Londres, Reino Unido<br />
10th annual Conference on Advances & Progress<br />
in Drug Design<br />
URL: http://www.smi-online.co.uk/events/overview.<br />
asp?is=4&ref=3486<br />
20-24 Março 2011 em Katmandu, Nepal<br />
19th International Conference on Polymer Characterization:<br />
World Forum on Advanced Materials<br />
E: nepalpolymer@yahoo.com<br />
URL: http://polychar19-nepal.com<br />
27-31 Março 2011 em Anaheim, Califórnia, EUA<br />
American Chemical Society (ACS) Spring 2011 National<br />
Meeting & Exposition<br />
E: k.thompson@acs.org<br />
URL: www.acs.org/meetings<br />
6-8 Abril 2011 em Oxford, Reino Unido<br />
Membrane Proteins: Structure and Function<br />
E: philip.biggin@bioch.ox.ac.uk<br />
URL: http://sbcb.bioch.ox.ac.uk/mgms2011/in<strong>de</strong>x.php<br />
11-14 Abril 2011 em Manchester, Reino Unido<br />
EuCheMS Inorganic Chemistry Conference (EICC-1)<br />
URL: http://www.rsc.org/ConferencesAndEvents/<br />
RSCConferences/EICC1<br />
26-29 Abril 2011 em Stellenbosch, África do Sul<br />
11th UNESCO/IUPAC Workshop and Conference<br />
on Functional Polymeric Materials and Composites<br />
E: hpasch@sun.ac.za<br />
URL: http://aca<strong>de</strong>mic.sun.ac.za/UNESCO/Conferences/<br />
Conference2011/in<strong>de</strong>x.htm<br />
27-29 Abril 2011 em Glasgow, Reino Unido<br />
2nd European Conference on Process Analytics and Control<br />
Technology (EuroPACT 2011)<br />
E: natalie.driscoll@strath.ac.uk<br />
URL: http://events.<strong>de</strong>chema.<strong>de</strong>/en/en/Events/<br />
EuroPACT_2011.html<br />
1-6 Maio 2011 em Brunnen, Suiça<br />
46th EUCHEM Conference on Stereochemistry<br />
E: jkms@cam.ac.uk<br />
URL: http://www.stereochemistry-buergenstock.ch<br />
2-5 Maio 2011 em Seattle, EUA<br />
33rd Symposium on Biotechnology for Fuels and Chemicals<br />
URL: http://www.simhq.org/meetings/sbfc2011/in<strong>de</strong>x.asp<br />
18-20 Maio 2011 em Praga, República Checa<br />
First International Conference on Organic Food Quality<br />
and Health Research<br />
E: Monika.Tomaniova@vscht.cz<br />
URL: http://www.fqh2011.org/fqh2011_announcement.pdf<br />
22-26 Maio 2011 em Quioto, Japão<br />
IUPAC International Congress on Analytical Sciences 2011<br />
E: ICAS2011_secretary@anchem.mc.kyoto-u.ac.jp<br />
URL: http://icas2011.com<br />
23-27 Maio 2011 em Siena, Itália<br />
Third European Workshop in Drug Synthesis (III EWDSy)<br />
E: didonna2@unisi.it<br />
URL: http://www.unisi.it/eventi/ewds/in<strong>de</strong>x.html<br />
23-27 Maio 2011 em Pretória, África do Sul<br />
11th International Conference on Frontiers of Polymers<br />
and Advanced Materials<br />
E: walter.focke@up.ac.za<br />
URL: http://web.up.ac.za/<strong>de</strong>fault.asp?ipkCategoryID=13080<br />
6-10 Junho 2011 em São Petersburgo, Rússia<br />
7th International Symposium on Molecular Mobility<br />
and Or<strong>de</strong>r in Polymer Systems<br />
E: tatfil@imc.macro.ru<br />
URL: http://www.onlinereg.ru/site.<br />
php?go=158&page=2663&lang=ENG<br />
13-15 Junho 2011 no Porto<br />
4th Iberian Meeting on Colloids and Interfaces<br />
(4- Reunião Ibérica <strong>de</strong> Colói<strong>de</strong>s e Interfaces (RICI4))<br />
E: rici4@fc.up.pt<br />
URL: http://rici4.fc.up.pt<br />
19-22 Junho 2011 em Aber<strong>de</strong>en, Escócia<br />
4th International IUPAC Symposium on Trace Elements in Food<br />
E: j.feldmann@abdn.ac.uk<br />
URL: http://www.abdn.ac.uk/tef-4<br />
20-27 Junho 2011 no Porto<br />
XXXIV World Congress of the International Organisation<br />
of Vine and Wine<br />
URL: http://www.oiv2011.pt<br />
27-30 Junho 2011 em Dijon, França<br />
NanoFormulation 2011 Conference<br />
E: secretariat@ffc-asso.fr<br />
URL: http://www.ffc-asso.fr/ICCDU/in<strong>de</strong>x.html<br />
26 Junho - 1 Julho 2011 em Singapura<br />
11th International Conference on Carbon Dioxi<strong>de</strong> Utilization<br />
E: john.jones@formulation.org.uk<br />
URL: http://www.nanoformulation2011.com<br />
3-6 Julho 2011 em Braga<br />
XXII Encontro Nacional da SPQ (XXII ENSPQ)<br />
E: xxiienspq@quimica.uminho.pt<br />
URL: http://www.spq.pt/eventos/xxiienspq<br />
3-7 Julho 2011 em Estrasburgo, França<br />
XIXth International Symposium on Photophysics<br />
and Photochemistry of Coordination Compounds<br />
E: isppcc-2011@unistra.fr<br />
URL: http://isppcc-2011.unistra.fr<br />
10-15 Julho 2011 em Creta, Grécia<br />
17th European Symposium on Organic Chemistry (ESOC 2011)<br />
E: info@esoc2011.com<br />
URL: http://www.esoc2011.com<br />
30 Julho - 7 Agosto 2011 em San Juan, Porto Rico<br />
43rd IUPAC World Chemistry Congress<br />
E: ginfante@iupac2011.org<br />
URL: http://www.iupac2011.org<br />
Secção compilada por Joana Amaral<br />
64 QUÍMICA 119